Síntese - processos psicossociais nas organizações
Processos psicossociais nas organizações
o POT e CO são colchas de retalho teórico e temática (Spink e Chanlat) o Resultado da base epistemológica predominante: funcionalismo positivista (Bendassoli e Malvezzi) o Compreensão parcealizada e atomizada dos processos e fenômenos. o Foco pragmático-gerencial: elevação do desempenho e produtividade o Resgate do caráter psicossocial desses processos Abordagens teórico-metodológicas e paradigmáticas críticas Buscam a dialeticidade dos processos Evidenciam e criticam a limitação da abordagem gerencial o Ganhado atenção a liderança, poder e cultura (Schein) Articulação entre liderança, poder e cultura o Atenção desde de 1920 e os dilemas militares o Quatro focos distintos: no líder (traços e comportamentos – Kurt Lewin, Ohio e Michigam), na situação (situacional, contingencial, trilha-meta), no liderado e na relação líder-liderado (transformacional, transacional e carismático). o Líder capaz de canalizar a catalisar o potencial dos membros da equipe em favor de um objetivo, sendo possível desenvolver essa habilidade. o O líder estaria ligado a outros dois processos: o de poder organizacional e o de cultura. o Poder é concebido como obediência, descolado de política e oriundos dos estudos gerenciais o O estudo proeminente no campo é o de Mitzberg que sistematiza as estratégias e táticas de uso do poder. o Nessa concepção, poder é algo que se detém e está associado aos níveis hierárquicos. o Nessa direção, o líder teria mais poder que os demais do grupo, seja por fontes objetivas (acesso a recursos, punição e recompensa), seja subjetivas (reconhecimento simbólico). o Tal poder permitiria que o líder tivesse papel fundamental na cultura organizacional o Dentro das teorias que defendem a existência de uma cultura organizacional, tendo como principal representante Schein, o líder, junto com os fundadores são responsáveis por lançar as bases da cultura. o Assim, haveria uma via de sobredeterminação entre o líder, poder e cultura: Por um lado, circularia me torno da figura do líder elementos culturais que legitimariam o poder que ele possuiria Por outro, o poder que ele possuiria permitiria manipular a cultura organizacional para facilitar o atendimento ao objetivo da empresa – maior desempenho. o Assim cultura organizacional restringiria-se ao conjunto de crenças, valores, hábitos e comportamentos compartilhados que poderiam se manifestar em níveis diferentes (artefatos visíveis, valores esposados e pressupostos básicos) o A partir de dinâmica entre esses três processos, as teorias gerenciais, com maior ou menor ênfase, relacionam a capacidade do líder, a partir do poder que detém, pode alterar a cultura de uma organização para promover mudanças no comportamento (e desempenho) dos trabalhadores para alinhamento da realidade intraorganizacional com as demandas extraorganizacionais. Crítica a partir da abordagem psicossocial o A partir de uma compreensão psicossocial dos processos de liderança, poder e cultura é possível evidenciar as limitações da teorias gerenciais- funcionalistas, superando-a. o A primeira delas é quando a compreensão sobre cultura. o Como evidencia Aktouf, a partir de uma antropologia organizacional, o conceito de cultura organizacional é limitado por: Simplificar os conceitos da antropologia Pressupor ingenuidade dos trabalhadores sobre os mitos organizacionais Desconsiderar a relação dialética entre o surgimento de uma cultura e os processos objetivos de uma sociedade. Ou seja, a necessidade de haver uma história, experiências compartilhadas para que se possa ser elaborada uma cultura – o que é impedido em um contexto de rotatividade. Pressupor a possibilidade de elaboração de uma cultura totalizante que elimine as contradições desse sistema simbólico o Em direção semelhante, autores da Escola de Estudos Críticas das Organizações, com base em Foucault, tem discutido a dissociabilidade entre cultura organizacional e a produção dos sujeitos. Ou seja, não haveria uma linearidade entre os valores defendidos pela organização e a sua capacidade de moldar a subjetividade dos trabalhadores. Da mesma forma, essa cultura não teria esse caráter homogêneo e totalizando, concebendo mais com um emaranhado de elementos simbólicos, muitas vezes contraditórios entre si, do que um todo organizado e racionalizado. o Igualmente, as teorias sobre poder têm sido problematizadas. Principalmente pelos trabalhos que tem inspiração em Marx e em Weber, como os realizados por Clegg. Neles se considera que os trabalhadores e não apenas as gerências, possuem poder e resistem as táticas utilizadas pela gerência. o Esses trabalhos focam exatamente sobre a margem que existe entre a subordinação ao trabalho – por, em último caso, necessidade econômica – e a necessidade da empresa pelo desempenho do trabalhador. Nessa margem é que emergiria o poder do trabalhador, sendo produzidas diversas táticas para reduzir ou eclipsar tal poder. o Outros trabalhos mais recentes, com base nos debates foucaltianos, como os do brasileiro Fernando Motta, ressaltam o caráter relacional do poder. Isto é, ele se constituiria como a força sobre forças e, portanto, não como um objeto ou uma qualidade de uma pessoa ou um cargo. Dessa forma, todos os membros da organização exercem, em algum momento, o poder sobre a ação de outro. o A partir desses debates é possível afirmar, portanto que: O poder não é uma atribuição ou bem de modo geral, nem de maneira específica detida pela liderança. O exercício do poder é realizado por todos dentro da organização de formas diferente, pressupondo, ao mesmo tempo, uma relação de dominação e, ao mesmo tempo, de resistência, nunca se totalizando e nunca se cristalizando. O poder tem um efeito também positivo de produção dos sujeitos que participam dessas relações. O poder exercido pela liderança e pela gerência de uma maneira geral está relacionada as técnicas de conhecimento empreendida por eles o Por fim, a própria liderança é problematizada pelas teorias que o consideram como um processo psicossocial. Essas foram produzidas tanto por teóricos ligados a psicodinâmica do trabalho – como Ketz de Vries e Pagés – e ao materialismo histórico dialético – como Marcos Figueiredo. o Para os primeiros a tarefa foi evidenciar a complexidade da liderança e o seu lado obscuro. o Quanto à primeira tarefa, criticam a simplificação cognitiva da liderança e evocam a sua função primordialmente emocional a que tornam essa figura um gestor de emoções. Nesse sentido, seria um processo que envolve identificações, projeções e resgate dos afetos mais primitivos dos membros do grupo. o Por ter esse lugar, o líder poderia tanto embarcar na ilusão construída coletivamente e perder o senso de realidade, como, pela sedução em uma liderança narcísica, mobilizar o grupo para o atendimento de seus objetivos pessoais. o Radicalizando essa análise, Figueiredo aponta que as teorias gerenciais de liderança: Naturalizam a existência de um membro do grupo com capacidade super-humanas Inferiorizam, infantilizam e apassivam os trabalhadores frente ao seu próprio trabalho Coisificação dos trabalhadores / deificação dos líderes Conclusões a partir da abordagem psicossocial o As teorias gerenciais ao mesmo tempo que desvendam processos relevantes, mascaram a sua real dinâmica. o A liderança, processo comum aos grupos, é heroísticamente valorizada, tornando-se uma tarefa super-humana e que mascara o real poder de agir dos trabalhadores. o O debate sobre poder também é centrado na legitimação das desigualdades organizacionais, reduzindo-o a processo de obediência e legitimação hierárquica. o A cultura é simplificada e vista como estratégia de coopetação subjetiva, mas que, em sua complexidade, dificilmente é rearranjada ao bel prazer da gestão. o De todo modo, são criados mecanismos simbólicos e relacionais que reforçam, tanto o lugar de superioridade da liderança como do poder da hierarquia, escondendo os processos autoorganizativos e das relações intersubjetivas próprias do ambiente organizacional (Spink). Alternativas às propostas gerenciais o Autogestão, liderança interpelável (Aktouf - autogestão) liderança dispersa (Cohen – ensinar a novos líderes, líder como facilitador do grupo)