UTILIZAÇÃO DA ESCÓRIA NA
PAVIMENTAÇÃO ASFÁLTICA
BELO HORIZONTE
2
2010
UTILIZAÇÃO DA ESCÓRIA NA
PAVIMENTAÇÃO ASFÁLTICA
BELO HORIZONTE
3
2010
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
Ao nosso orientador, Prof. Antônio Fontana, pelo acompanhamento e direção durante todo o
trabalho.
As nossas colaboradoras, Profª Elaine Carballo Correa e Profª Ivete Peixoto Pinheiro, pela
paciência e informações preciosas.
A todos aqueles que nos apoiaram: família, amigos colegas do Curso de Engenharia de
Materiais.
5
EPÍGRAFE
RESUMO
ABSTRACT
The increasing development of society and the decreasing supply of raw - materials are
visible problems in our present life. The various industrial processes aims reduce the level of
waste and, consequently, reduce environmental impacts. What was once considered waste, is
now considered as a source of material for recycling and posterior use in several areas. This
way, it is possible to ally develop and sustainability. The slag is today one of the most
generated residues worldwide. As development requires an appropriate infrastructure, the
asphalt pavement with slag aggregate, appears as a good and viable alternative. This work
aimed to analyze and study this feasibility. It was performed an extensive research of
literature through the reading of scientific and technical books, papers and articles, in addition
to web content. We also went in a technical visit with the intention of ally theoretical
knowledge with practice. It was pretended to show the characteristics and processes related to
the obtaining of all kinds of slag, focusing in the analysis of the advantages and disadvantages
of the utilization of slags in highway construction and also emphasizing the feasibility of it
and environmental gains. It was realized that the research in this area is recent and, although
there is a cost-benefit, the investments can be considered scarce. However, much remains to
be researched and worked.
LISTA DE FIGURAS
3
4
Figura 6 - Relação expansão vertical X Tempo de cura, para escória LD 3
5
Figura 7 – Diferentes granulometrias da escória
3
Figura 8 – Comparativo do percentual de expansão ACERITA® X Escória LD
7
Figura 9 – Fluxograma dos ensaios para caracterização da escória de aciaria
3
Figura 10 – Fórmula para cálculo da resistência mecânica com agregado escórico 9
4
1
4
1
4
2
9
10
LISTA DE QUADROS
LISTA DE TABELAS
3
4
3
6
12
Esc. = Escória
LISTA DE SÍMBOLOS
ºC = Graus Celsius
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 13
2. JUSTIFICATIVA 14
3. OBJETIVOS 15
4. PAVIMENTAÇÃO ASFÁLTICA 16
4.1. Pavimentação 16
4.1.2 O Asfalto 17
4.2.1 Agregados 18
5. ESCÓRIA 19
5.3.1. Produção 31
6. CONCLUSÃO 43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 45
1. INTRODUÇÃO
A escória é considerada como “resíduo silicoso que se forma juntamente com a fusão dos
metais” (FERREIRA, 2004, p.364). Segundo o Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS) a
produção mundial desse rejeito já supera 945 x 106 t (2004). Até os anos 70, era tudo
15
descartado, sem qualquer tratamento ou cuidado, na natureza. “No Brasil, cada tonelada de
aço produz entre 70 e 170 kg de escória de aciaria e por ano são produzidas mais de 4 milhões
de toneladas deste material”.( BRANCO, 2004, p. 1).
Percebeu – se então que era necessário dar – se uma destinação correta a todo este “lixo”. As
pesquisas são recentes, datadas da década de 70, no Japão e buscam a utilização da escória,
seja de aciaria, de alto – forno ou não – ferrosa, na pavimentação asfáltica e em outros setores
da construção civil, que se expande diariamente, mediante a necessidade humana de se
desenvolver de maneira cômoda e dinâmica.
2. JUSTIFICATIVA
16
Não se pode esquecer que, além da reciclagem, é nos exigido progresso e lucro. Na tentativa
de conciliar estes aspectos, pesquisou-se sobre a utilização da escória na pavimentação
asfáltica. Tal uso pode ser vantajoso e gerar um lucro considerável. Esta pesquisa também foi
conduzida pois a busca de conhecimento é sempre contínua e necessária. Por fim, queria – se
demonstrar que muitos estudos ainda estão caminhando a passos curtos e faltam
investimentos e divulgação.
3. OBJETIVOS
17
4. PAVIMENTAÇÃO ASFÁLTICA
Antes de iniciar nosso estudo sobre o uso da escória na produção do asfalto, iremos estudar
um pouco sobre pavimentação e sobre alguns aspectos do asfalto.
4.1. Pavimentação
Pavimento (também conhecido pelo termo menos técnico e menos exacto “chão”) do latim
pavimentu designa em arquitectura a base horizontal de uma determinada construção, ou seja,
é a camada constituída por um ou mais materiais que se coloca sobre o terreno natural ou
terraplenado, que tem como objetivo principal da pavimentação é garantir a trafegabilidade
em qualquer época do ano e condições climáticas, e proporcionar aos usuários conforto ao
rolamento e segurança. Uma vez que o solo natural não é suficientemente resistente para
suportar a repetição de cargas de roda sem sofrer deformações significativas, torna-se
necessária a construção de uma estrutura, denominada pavimento, que é construída sobre o
subleito para suportar as cargas dos veículos de forma a distribuir as solicitações às suas
diversas camadas e ao subleito (Croney, 1977). Os pavimentos podem ser divididos
basicamente em dois grupos: flexível e rígido.
Os pavimentos flexíveis são aqueles que são revestidos com materiais betuminosos ou
asfálticos estes são chamados "flexíveis", uma vez que a estrutura do pavimento "flete”
devido às cargas do tráfego. Uma estrutura de pavimento flexível é composta geralmente de
diversas camadas de materiais que podem acomodar esta flexão da estrutura.
Por outro lado, há os pavimentos rígidos que são compostos de um revestimento constituído
por placas de Concreto de Cimento Portland (CCP). Tais pavimentos são substancialmente
"mais rígidos" do que os pavimentos flexíveis, devido ao elevado Módulo de Elasticidade do
CCP. Eventualmente estes pavimentos podem ser reforçados por telas ou barras de aço, que
são utilizadas para aumentar o espaçamento entre as juntas usadas ou promover reforço
estrutural.
19
A escolha e emprego de cada um dos tipos de pavimento depende de uma série de fatores. Os
pavimentos rígidos são mais freqüentes em áreas de tráfego urbanas e de maior intensidade.
Porém, na maior parte das aplicações o pavimento flexível tem menor custo inicial e são
executados mais rapidamente.
4.1.2 O Asfalto
Define-se asfalto como sendo um produto orgânico composto por hidrocarbonetos pesados,
fuel oil, graxas, carvão e petrolato, oriundos de resíduos da destilação fracionada do petróleo.
Genericamente, podemos dizer tratar-se de um material composto de hidrocarbonetos não
voláteis, possuidor de uma elevada massa molecular com propriedades que variam
dependendo da origem do petróleo e do processo de sua obtenção. Asfaltos são materiais
aglutinantes, de cor escura, sólidos, semi-sólidos ou líquidos obtidos por um processo de
destilação. Existem alguns tipos de asfalto, dos quais podemos listar:
4.2.1 Agregados
20
5. ESCÓRIA
21
• Alto-forno: resultante da fusão redutora dos minérios para obtenção do ferro gusa, obtido
diretamente do alto forno, em geral com elevado teor de carbono e várias impurezas, obtidas
em altos-fornos;
Segundo Branco (2004), durante o processo de produção do aço são eliminados carbono, CaO
e os íons de alumínio, silício e fósforo que tornam o aço frágil, quebradiço e difícil de ser
transformado em barras. Todos estes elementos e compostos eliminados entram na
composição da escória. Dentre as impurezas do processo que formarão a escória estão
silicatos de cálcio (CaSiO3), óxido de silício (SiO2), ferrita cálcica (CaFe2O4), óxido de
magnésio (MgO) e outros. Os altos teores de CaO e MgO livres, presentes nas escórias, são
devidos ao fato de que, depois que o fósforo e o silício se oxidam, estes elementos precipitam
porque ultrapassam os limites de solubilidade da escória fundida. As escórias, tanto de alto
forno quanto elétrica, depois de beneficiadas tornam-se agregados siderúrgicos.
Os agregados são definidos como material não metálico e podem ser classificados como
agregado bruto; graduado de alto forno, oriundo da escória de alto forno; ou como agregado
graduado de aciaria, oriundo da escória de aciaria elétrica. Em 2000, cerca de 85×10 6
toneladas de escória foram geradas no mundo. No Brasil, em 1998, foram produzidas mais de
22
4×106 toneladas deste rejeito, Branco (2004). Segundo a mesma autora, em média, cada
tonelada de aço gera 150 kg de escória. A parte metálica da escória de aciaria, 20,0%, é
removida com um imã e recirculada no processo, enquanto que 80,0% ficam sem utilidade e
são armazenados em grandes áreas e vendidos como rejeito.
Tanto a produção quanto a composição da escória dependem de alguns fatores, dentre eles: o
processo ou tipo de forno utilizado no beneficiamento do aço, o tipo de matéria-prima
utilizada, a especificação do aço produzido, o resfriamento do rejeito, etc. Este material sai do
forno com uma temperatura, aproximada, de 1500ºC. O tipo de resfriamento deste rejeito
afeta também a granulometria deste material, porque é neste momento que ocorre a maior
parte das reações químicas. Escórias que são resfriadas ao ar são, geralmente, inertes devido à
cristalização de seus óxidos. Escórias resfriadas rapidamente, ar ou vapor, possuem natureza
expandida e tornam-se leves. Escórias resfriadas bruscamente, jato d’água, são vítreas, com
granulometria semelhante a areia de rio, estrutura porosa e textura áspera. As escórias ácidas
costumam ser mais densas, enquanto que as básicas são mais porosas, com estrutura vesicular,
Geyer (2001). A composição química de uma determinada escória pode variar, para um
mesmo dia de produção, de 30,0% a 60,0% para o CaO, de 0,0% a 35,0% para o óxido de
ferro (Fe2O3) e de 15,0% a 30,0% para o SiO2 (MACHADO apud BRANCO, 2004). Segundo
o Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) (1994), a escória para uso em
pavimentação deve obedecer aos seguintes limites:
• Isentas de impurezas orgânicas, contaminação com escórias de alto forno, solos e outros
materiais;
• Granulometria: 40,0% até 12,7 mm e 60,0% entre 12,7 e 50,8 mm de abertura nominal e
atender a granulometria de projeto;
• Desgaste por abrasão Los Angeles: no máximo igual a 25,0% para sub-base, base e
revestimento;
23
Vale salientar que, as normas do DNER para uso de escória de aciaria e escória de alto-forno
em pavimentos rodoviários não especifica o tipo de processo de refino utilizado na fabricação
do fundido que será responsável pela geração da escória.
Outros países já especificaram o uso da escória para construção rodoviária. A França, por
exemplo, especificou o que chamam de grave-laitier que consiste na mistura deste rejeito com
agregados comuns ou com cal hidratada, Ca(OH)2, que também é chamada de hidróxido de
cálcio, para ser utilizada em construções de base ou sub-base de pavimentos. Cerca de 65,0%
das rodovias francesas utilizam este material.
milhões de toneladas de escória para 700 milhões de toneladas de aço. A produção brasileira é
de cerca de 5,7 milhões de toneladas de escória de alto-forno por ano. A figura 1 apresenta o
esquema representativo de um alto-forno e da produção da escória.
(Fonte:MASSUCATO,2005.)
A cura da escória de alto-forno é de extrema relevância para a sua posterior utilização. Ela
consiste no tratamento ao qual a escória é submetida com o intuito de solidificá-la e promover
a liberação dos gases retidos nela. Esse processo influencia consideravelmente na
determinação das propriedades da escória, no que diz respeito principalmente à estrutura do
material e à sua hidraulicidade. Deste modo, existem certas técnicas de resfriamento, as quais
geram escórias com características diferentes.
De acordo com John (1995), a escória sai do alto-forno na forma de um líquido viscoso com
temperatura entre 1350ºC a 1500ºC e com aproximadamente 1700 kJ/kg de energia térmica. O
25
Por último, o resfriamento rápido por ar sobre pressão, que é utilizado quando se pretende
obter a “lã de vidro”, uma escória com propriedades isolantes, térmicas e acústicas. Tal tipo
não é de significativa relevância para este trabalho.
especiais, como lã mineral, lastro ferroviário, material para cobertura, isolamento, vidro,
filtros, condicionamento de solo e produtos de concreto.
Entretanto, a França é o país do qual maior parte dos registros sobre esse emprego das
escórias de alto-forno se referem. Além disso, a maior parte da bibliografia encontrada sobre
o assunto é proveniente desse país. O fornecimento de escória granulada para algumas regiões
da França é controlada pelo laboratório Ponts et Chaussés, que inclusive, importa e distribui
escória da Bélgica.
Paulo, onde a escória é vendida à indústria de cimento, para que se proceda a fabricação de
Cimento de Alto-Forno (CAF). A própria Companhia Siderúrgica Paulista (COSIPA), limita a
utilização da escória à pavimentação de ruas internas da fábrica. No caso brasileiro, ainda não
é possível a apresentação de exemplos marcantes da utilização da escória de alto-forno em
pavimentação, o que não impede de se encarar com algum otimismo esse emprego, tendo em
vista a larga produção nacional de aço e a tendência de se utilizar ao máximo os materiais
abundantes nas proximidades dos serviços, além das preocupações ambientais. A alternativa
pode vir a ser uma solução mais econômica para a pavimentação de vias, principalmente nas
proximidades das grandes indústrias siderúrgicas. Seguindo o exemplo da reconstrução da
rodovia Duarte na República Dominicana, citada por Wang (2004).
Para o uso na pavimentação, elas são classificadas em granulada e bruta. A escória granulada,
que tem alto poder aglomerante devido à sua reatividade pode ser utilizada como base ou sub-
base de pavimentos, desde que misturada com brita e cal. Enquanto a escória bruta, que é
composta de grãos com as dimensões habituais das britas utilizadas em pavimentação, pode
ser empregada na construção de bases e sub-bases de pavimentos, apenas com adição de cal.
Segundo Velten (2005), para o emprego da escória como aglomerante, é necessário que a
escória seja solúvel, isto é, passível de ataque pela água, para que os elementos formadores
dos compostos hidráulicos sejam liberados. Tal solubilidade é favorecida pelo teor de óxido
de cálcio presente na escória. Dessa forma, a reação é lenta, mas, em meio fortemente alcalino
e/ou através da ação de sulfatos, torna-se acelerada, sendo a velocidade de reação favorecida
pela finura da escória.
Segundo o mesmo autor, constata-se que a adição de uma mistura de escória de alto-forno
granulada moída, amostra de solo residual jovem de gnaisse e cal hidratada a camada de
pavimento de estradas, aumenta consideravelmente a resistência mecânica do pavimento.
Esse fator comprova a ação positiva da escória como agente estabilizante do solo utilizado.
Neste contexto, a cal atua como agente de ativação de reações de hidratação da escória.
Velten (2005) constatou também que o tempo de cura da escória tem efeito positivo na
resistência mecânica da mistura, devido à ocorrência de reações de cimentação, o que é
comprovado nas tabelas 2 e 3, que mostram o comportamento mecânico de três corpos-de-
30
A Norma Técnica NBR 12253 destaca que a resistência mecânica dessa mistura para emprego
em camadas de base e sub-base de pavimentos deve ser igual ou superior a 2,1 MPa para um
período de cura de 7 dias. Portanto, as tabelas 2 e 3 mostram que este índice é alcançado
quando a mistura é constituída por 10% de escória e 10% de cal.
Figura 3 – Resultado dos ensaios de resistência à compressão, com até 28 dias de cura.
Tabela 4 – Umidade ótima (hot) e peso específico aparente seco máximo (γdmax) das misturas.
5.3.1. Produção
Figura 4 – Convertedor LD
Assim como no alto – forno, o refino do aço se processa através de reações de oxidação dos
elementos “indesejados”, como Fósforo, Enxofre, Cálcio, etc... Depois dos adequados
processos, devido à diferença de densidade, a escória continua suspensa no banho. Daí, ela é
separada e basculada no local reservado para seu tratamento. No entanto, ela pode ainda
conter partes metálicas, que são separadas ao final, antes da destinação para pavimentação e
outros fins.
Além do tipo de forno utilizado para produção de aço, podem afetar as propriedades finais da
escória o tipo de matéria-prima utilizada, o resfriamento do rejeito, etc. A temperatura média
com que este resíduo sai do LD é de 1500ºC. Seu resfriamento afeta significativamente sua
granulometria, porque é neste momento que ocorre a maior parte das reações químicas (LIMA
et al., 2000).
Expansão total =
H amostra
Tem – se:
Leitura tempo desejado = Leitura realizada após o tempo determinado para ensaio;
Relacionando – se os dados obtidos através dos ensaios pode–se montar o seguinte gráfico,
descrito na figura 6, que relaciona a taxa de expansão com o tempo de cura. Conforme
demonstrado, vê – se que, quanto maior o tempo de cura, maior será o teor de expansão. Tal
valor, embora em constante ascensão, tem um ponto limite, determinado de acordo com a
aplicação final, em que a expansão se regulariza.
proporciona economia. Além disso, não prejudica a resistência, devido ao fenômeno citado
acima. A tabela 7 apresenta uma breve relação das propriedades da escória com sua
aplicações finais. Como foi dito, não há, portanto, um material melhor ou pior, mas um
diferente e adequado para cada fim.
(Fonte: ARCELORMITTAL-CST.2008)
Para que o fenômeno de expansão seja, de certa forma, contido, a escória deve ser
previamente curada. “Faz-se uma pré-hidratação do material denominada cura, que pode ser
realizada a céu aberto submetendo-se o material ao contato com a água. Este processo tem
41
O processo de cura é recomendado apenas quando o material final será destinado para obras
rodoviárias, de maneira geral. O mesmo gera um volume de passivo ambiental muito grande,
o que acarreta sanções do Conselho Nacional de Meio – Ambiente (CONAMA) e de outros
órgãos do ramo. Após ser curado, o material final é reprocessado, fazem – se as devidas
adições e, de acordo com a granulometria, mostrada abaixo na figura 7, é separado e
classificado, conforme NORMA EM 262/DNER(1994).
(Fonte: ARCELORMITTAL-CST.2010,)
- Máximo de 3% de expansão;
- Isenção de impurezas orgânicas e de resíduos provenientes do solo e escórias de alto –
forno;
- Até 40% deve estar na faixa granulométrica de 12,70mm de abertura nominal;
- Os outros 60% não devem ultrapassar a faixa de 50,8mm;
- Absorção de água de 1 a 2%, em peso;
- A densidade deve estar entre 3,00 e 3,50 g/cm3;
“Desde 1979 a escória de aciaria vem sendo utilizada na infraestrutura de estradas em países
como Estados Unidos, Inglaterra, Japão e Canadá. No Brasil, baseado nas informações
disponíveis, este uso teve início em 1986 com a execução de 100 km de base e sub-base no
estado do Espírito Santo (BRANCO apud SILVA, 1994; SILVA e MENDONÇA, 2001b).
Países como Grã-Bretanha, Alemanha, Polônia, França, Japão, Estados Unidos e Rússia
utilizam escória de aciaria, sozinha ou combinada, como agregado em revestimentos
asfálticos. Pavimentos construídos com este material suportaram tráfego pesado, como, por
exemplo, o transporte de placas de aço, por 16 anos.” (BRANCO, 2004).
Algumas obras, como a BR-393 (Volta Redonda-Três Rios), RJ-157 (Barra Mansa- Divisa
RJ/SP), RJ-141 (BR-393-Vargem Alegre), BR-116 (Volta Redonda-Divisa RJ/SP), várias
ruas dos municípios de Volta Redonda, Resende, Barra do Piraí, Itaguaí, Barra Mansa e Magé
(RJ) e no município de Mogi das Cruzes (SP), vias no interior da CST receberam agregado
escórico na sua construção.( ALVARENGA,2001).
Como já mencionado, não se pode utilizar a escória sem antes realizar um tratamento para
minimizar seu potencial expansivo. A fim de padronizar este comportamento e os
tratamentos, além das normas, hoje encontra – se no mercado o que se chama de ACERITA ®,
definida como escória de aciaria com redução de expansão.
A figura 8 mostra alguns dados comparativos entre a ACERITA ® e as demais escórias LD.
Conforme demonstrado e relatado, a escória apresenta um ponto de estabilidade de expansão.
Através de pesquisas e da busca por este ponto (Determinado para aplicações em pavimentos
43
rígidos), é que se obteve o material relacionado abaixo. Mesmo assim, nota – se ainda uma
pequena instabilidade, mas que já é bem menor se comparada ao material sem tratamento.
Como os pavimentos estarão sobre a ação de fadiga, um dado relevante é a relação entre o
percentual de escória utilizado e a resistência mecânica final. Uma maneira simples de se
realizar este cálculo é apresentada na figura 10.
Figura 10 – Fórmula para cálculo da resistência mecânica dos corpos de prova com agregado escórico
Fonte: BRANCO, 2004
Na equação acima:
RT=Resistência à Tração(Kgf/cm2);
F=Força aplicada resultante;
D=Diâmetro do corpo de prova(cm);
H=Altura do corpo de prova(cm);
Fonte:PEIXOTO; PADULA,2009
temperatura, que altera os resultados e o volume dos corpos de prova devido à sensibilidade
da escória e de seus óxidos.
6. CONCLUSÃO
Conclui – se que a escória, que antes era tida como rejeito, pode ser sim reaproveitada, seja na
pavimentação asfáltica, seja em outros processos, tais como correção de pH do solo e lastro de
ferrovias. Um dos principais entraves, sua expansão, pode ser controlada e
verificada(BRANCO,2004), porém o volume de passivo ambiental seria muito grande. Mas,
isto também não é um grande problema, visto que a escória é um material não – inerte e não
polui o ambiente ao seu redor (DNER, 2004).
Outro grande problema, a heterogeneidade do produto, uma vez que são fundidos diversos
gusas e aços, pode ser controlada, separando – se previamente lotes com composições
químicas diferentes(BRANCO,2004). Para se obter uma matéria final devidamente controlada
e certificada, deve – se trabalhar segundo as normas estabelecidas tanto pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e pelo Departamento Nacional de Estradas de
Rodagem (DNER) quanto por outras associações de âmbito internacional, como o
Departamento de Trânsito da Pensilvânia. Não se pode definir onde será melhor utilizar a
escória, pois sua utilização é ampla e diversificada, e em todos os aspectos traz tanto
vantagens quanto desvantagens (ARCELORMITTAL – CST, 2008).
Quanto à resistência mecânica, os resultados são positivos, seja para escória de alto – forno e
para de aciaria. (BRANCO,2004), (PEIXOTO; PADULA, 2009). Os ensaios realizados
demonstram ganhos significativos, sem perdas consideráveis das demais propriedades. Como
a produção de escória, seja brasileira, seja mundial, é volumosa, há ainda grande parte deste
48
resíduo sem destinação correta. Vendo isso, pode – se concluir que realmente as pesquisas
estão em fase inicial. Outro fato que comprova tal afirmação é a ausência / escassez de dados
e estudos sobre a escória de alto – forno, que mostra – se tão boa quanto a de aciaria
(MASSUCATO,2005).
Percebeu – se grande disparidade entre o Brasil e os demais países que já usufruem desta
tecnologia de reaproveitamento; este iniciou as pesquisas por volta da década de 90, enquanto
Japão, França, Estados Unidos, entre outros, iniciaram os estudos em 70 e hoje possuem
extensas rodovias com agregado escórico. Além disso, caminha – se a curtos passos, pois não
há grandes investimentos tampouco incentivos.
Portanto, está mais do que comprovado que, mesmo mediante custos de análises periódicas e
processamentos (moagem, britagem, separação, armazenamento...), a pavimentação asfáltica
com escória, tanto de aciaria quanto de alto – forno é vantajosa e reduz custos. Como ela é
mais densa, consome – me uma menor quantidade de mistura para uma mesma área
pavimentada, evitando uso de outros agregados e reduzindo gastos com CCP.
Sugere – se que haja mais pesquisas na área de altos – fornos, uma vez que a quantidade de
dados encontrada foi restrita se comparada aos demais resultados. Viu – se também que as
empresas não têm grandes preocupações em separar e processar este rejeito (BRANCO,2004);
portanto, seria bom que fosse feita uma correta separação e destinação, o que proporcionaria
um aumento da qualidade do produto final. Como hoje busca – se o desenvolvimento
sustentável seria bom também que esta tecnologia fosse mais difundida e os incentivos
fossem maiores, possibilitando o surgimento de novos produtos e a conciliação progresso X
sustentabilidade.
49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARCELORMITTAL - CST . Escória de aciaria LD. Catálogo de produtos. Serra – ES. 2010.
Disponível em: <www. cst. com.br /produtos/ co_produtos/ catalogo_produtos/
escoria_aciaria_ld> Acesso em : 16 maio 2010.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12253: Solo-Cimento -
Dosagem para Emprego como Camada de Pavimento. Rio de Janeiro, 1992.
BRANCO, V. T. F C. Caracterização de misturas asfálticas com o uso de escória de
aciaria como agregado. 2004. 153f. Dissertação (Mestrado) – Engenharia Civil,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM, EM260: escórias de
alto forno para pavimentos rodoviários. Brasília,1994.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM, EM262: escórias de
aciaria para pavimentos rodoviários. Brasília,1994.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio: o dicionário da língua portuguesa.
6.ed. revista e atualizada. Curitiba: Positivo, 2004.
FILEV, Rodrigo. Escória de aciaria. Disponível em: <http://www. reciclagem. pcc.
usp.br/escoria_de_aciaria.htm> Acesso em 22 mar. 2010.
FUSINATO, Joni. Estudo da viabilidade técnico-ambiental para incorporação da escória
férrica na pavimentação asfáltica como agregado miúdo. 2004. 153 f. Dissertação
(Mestrado) - Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
GEYER, R. M. T. Estudo sobre a potencialidade de uso das escórias de aciaria como
adição ao concreto. 2001. Tese (Doutorado), Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, RS.
JOHN, Vanderley Moacyr; CINCOTTO, Maria Alba. Escórias de alto forno como
aglomerante. Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP. 1995.
MACHADO, A.T. Estudo comparativo dos métodos de ensaio para avaliação da
expansibilidade das escórias de aciaria. 2000. Tese (Mestrado). Engenharia Civil-
Universidade de São Paulo, São Paulo.