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Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 7: 209-213, 1997.

A CARTA INTERNACIONAL DO ICOMOS SOBRE PROTEÇÃO


E GESTÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL SUBAQUÁTICO*

ICEM OS IN T E R N A T IO N A L C O U N C IL O N M O N U M E N T S A N D SIT ES
CO NSEIL IN TERN ATION AL DES M O N U M E N T S ET D E S SITES
C O N SE JO IN T E R N A T IO N A L D E M O N U M E N T O S Y S IT IO S
BRASIL CO N SEL H O IN T E R N A C IO N A L D E M O N U M E N T O S E SÍTIOS

COMITÊ TEMÁTICO DO PATRIMÔNIO CULTURAL


SUBAQUÁTICO DO ICOMOS - BRASIL:

PARA A PROTEÇÃO E GESTÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL


SUBAQUÁTICO BRASILEIRO

Sofia, Outubro de 1996

Introdução Arqueológico, de 1990. Tal Carta define o “patri­


mônio arqueológico” como parte do patrimônio
Esta Carta tem por objetivo estimular a pro­ material para o qual os métodos da arqueologia cons­
teção e a gestão do patrimônio cultural subaquáti­ tituem o meio primeiro de adquirir a informação,
co que se encontra em águas interiores, costeiras, compreendendo todos os vestígios da existência
em mares pouco profundos e em oceanos profun­ humana, os sítios vinculados a todas as manifesta­
dos. Enfatiza os atributos e circunstâncias específi­ ções de atividades humanas, estruturas abandona­
cas do patrimônio cultural subaquático e deve ser das e vestígios de toda natureza, assim como todos
interpretada como um suplemento da Carta do os objetos culturais móveis associados com os mes­
ICOMOS para a Proteção e Gestão do Patrimônio mos. Para o propósito desta Carta, o patrimônio
cultural subaquático é entendido como o patri­
mônio arqueológico que se encontra em um meio
subaquático ou que tenha sido removido dele. Ele
inclui os sítios e estruturas submersas, zonas de
(*) Ratificada pela 11a Assembléia Geral realizada em So­
naufrágios, restos de naufrágios e seu contexto ar­
fia, Bulgária, de 5 a 9 dei outubro de 1996. Tradução feita
em outubro de 1997 (da “Carta Internacional dei ICOMOS queológico e natural.
sobre Protección y Gestión del Patrimonio Cultural Suba­ Por sua própria natureza, o patrimônio cultural
cuático” - ICOMOS/ARGENTINA, Marzo de 1997) por subaquático é um recurso internacional. Grande
Gilson Rambelli (Arqueólogo, Coordenador do Comitê Te­ parte do patrimônio cultural subaquático encontra-
mático do Patrimônio Cultural Subaquático do ICOMOS/
se em território internacional e é resultado do in­
BRASIL e membro do ICOMOS/ICUCH - International Com-
mittee on the Underwater Cultural Heritage) e Profa. Ms. tercâmbio e das comunicações internacionais nas
Maria Dolores Baldini (Geógrafa/Pesquisadora - CREA quais os barcos e seus carregamentos se perderam
060.195.923-0). longe de seus lugares de origem e destino.

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Notas - Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 7: 209-213, 1997.

Concerne à arqueologia subaquática a conser­ a proteção e gestão deste patrimônio. Esta Carta
vação do local como um todo. No discurso da ges­ tem como objeto assegurar que todas as interven­
tão dos recursos, o patrimônio cultural subaquático ções arqueológicas sejam explícitas em seus obje­
é finito e não renovável. Se o mesmo deve contri­ tivos, metodologia e resultados previstos para que
buir à nossa apreciação futura, devemos assumir a intenção de cada projeto seja transparente.
no presente a responsabilidade individual e coletiva
de assegurar sua sobrevivência.
A arqueologia é uma atividade pública: todos Artigo 1 - Princípios Fundamentais
têm o direito de indagar o passado para enriquecer
suas próprias vidas, e qualquer ação que restrinja A preservação do patrimônio cultural subaquático in
esse conhecimento é uma violação à autonomia situ deverá ser considerada como a primeira opção.
pessoal. O patrimônio cultural subaquático con­ Deverá ser encorajado o acesso ao público sempre
tribui à formação da identidade cultural e pode ser­ que possível.
vir para afirmar o sentido de referência dos mem­ Deverão ser evitadas técnicas destrutivas, prospec-
bros de uma sociedade. Ao se administrar, com ções desnecessárias e a extração de amostras devem
sensibilidade, o patrimônio cultural subaquático ser feitas, preferencialmente, durante a escavação.
pode assumir um papel importante na promoção As intervenções arqueológicas não devem impactar
da recreação e do turismo. negativamente o patrimônio cultural subaquático
A arqueologia é impulsionada pela investiga­ além do necessário, seja na execução dos objeti­
ção. Enriquece o conhecimento da diversidade da vos de redução dos impactos seja no projeto de
cultura humana através dos tempos e fornece idéi­ investigação.
as novas e desafiantes sobre a vida no passado. As intervenções arqueológicas não devem remo­
Este conhecimento e estas idéias contribuem para ver inutilmente restos humanos ou perturbar luga­
o entendimento da vida de hoje e, desse modo, po­ res sagrados.
dem nos antecipar a futuros desafios. As intervenções arqueológicas devem ser acom­
Muitas atividades subaquáticas, que são pro­ panhadas por documentação adequada.
veitosas e desejáveis, podem ter conseqüências de­
sastrosas para o patrimônio cultural subaquático,
Artigo 2 - 0 Plano de Projeto
se não forem previstos seus efeitos.
O patrimônio cultural subaquático pode estar
Antes das intervenções arqueológicas deve-se ela­
ameaçado por construções que alterem as costas e
borar um plano de projeto, levando-se em conta:
os leitos marítimos, ou que alterem o fluxo das cor­
rentes, os sedimentos e os agentes contaminadores. • os objetivos de redução de impactos como do
Também pode ser ameaçado por uma exploração projeto de investigação;
insensível dos recursos naturais. Mais ainda, o aces­ • a metodologia a ser usada e as técnicas a serem
so impróprio e o crescente impacto da remoção de empregadas;
“souvenirs” podem ter um efeito destruidor. • financiamento previsto;
Muitas dessas ameaças podem ser evitadas e • cronograma completo do projeto;
reduzidas substancialmente, ao se consultar ante­ • composição, qualificação, responsabilidade e
cipadamente um arqueólogo e ao se implementar experiência da equipe de pesquisa;
projetos que atenuem estes efeitos destruidores. • conservação dos materiais;
Esta Carta tem a intenção de estabelecer normas • gestão e conservação do sítio;
arqueológicas de alto nível, as quais permitam con­ • acordos de colaboração com museus e outras ins­
testar, de forma rápida e eficiente, essas ameaças tituições;
ao patrimônio cultural subaquático. • documentação;
O patrimônio cultural subaquático também • saúde e segurança;
está ameaçado por atividades totalmente indesejá­ • apresentação de relatórios;
veis que tendem a beneficiar poucos em detrimen­ • arquivamento de informações, incluindo os ele­
to de muitos. A exploração comercial do patrimô­ mentos do patrimônio cultural subaquático removi­
nio cultural subaquático para a venda e/ou espe­ dos durante as intervenções arqueológicas ;
culação é, fundalmentalmente, incompatível com • divulgação, incluindo a participação do público.

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Notas - Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 7: 209-213, 1997.

O plano de projeto deverá ser revisado e modifi­ Artigo 6 - Qualificação, Responsabilidade e


cado se necessário. Experiência
A investigação deve ir até o fim, de acordo com o
plano de projeto. Este deverá estar disponível para Todos os membros da equipe de pesquisa devem
a comunidade arqueológica. estar perfeitamente qualificados e ter a experiência
requerida para sua participação no projeto. Devem
estar atualizados e conhecer o trabalho que realizam.
Artigo 3 - Financiamento Toda intervenção arqueológica, referente ao patri­
mônio cultural subaquático, deverá ser realizada sob
Deve ser assegurado um financiamento adequado a direção e controle de um arqueólogo especializado
antes de se iniciar o projeto, com o objetivo de na área, que tenha reconhecida qualificação e com
completar todas as etapas do mesmo, incluindo a experiência apropriada para tal intervenção.
conservação, preparação de informações e divul­
gação. O plano de projeto deve incluir planos de
intervenção, diante de qualquer eventualidade, que Artigo 7 - Estudos Preliminares
assegurem a conservação do patrimônio cultural
subaquático e da documentação produzida no caso Toda intervenção arqueológica referente ao patri­
de uma interrupção do financiamento previsto. mônio cultural subaquático deverá ser precedida
O financiamento do projeto não deve requerer a por um estudo preliminar do sítio, o qual avalie a
venda de patrimônio cultural subaquático ou o uso vulnerabilidade, importância e potencialidade do
de estratégias que possam causar dispersão irre­ mesmo, que deverá ser documentado.
mediável, tanto do patrimônio como da documen­ A avaliação do sítio deve ser acompanhada por um
tação produzida. estudo de base, que contenha observações históricas
disponíveis e evidências arqueológicas, caracterís­
ticas arqueológicas e ambientais do sítio e, a longo
Artigo 4 - Cronograma prazo, as conseqüências referentes à estabilidade da
área afetada pela investigação.
Antes do início do projeto deve-se calcular o tempo
necessário para completar todas as etapas do mes­
mo, incluindo conservação, preparação de infor­ Artigo 8 - Documentação
mações e divulgação. O plano de projeto deve pre­
ver medidas alternativas que assegurem a conser­ Todas as investigações devem estar devidamente
vação do patrimônio cultural subaquático e da documentadas de acordo com as normas profissio­
documentação produzida no caso de interrupção nais atuais da documentação arqueológica.
antecipada do cronograma. A documentação deve fornecer informações ade­
quadas do sítio, que incluam a procedência dos ele­
mentos do patrimônio cultural subaquático desloca­
Artigo 5 - Objetivos, Metodologia e Técnicas dos ou removidos no curso da investigação, notas
da Intervenção Arqueológica sobre o trabalho de campo, planos, esboços, foto­
grafias e todas as outras formas de documentação.
Os objetivos da investigação, os detalhes da meto­
dologia e as técnicas a serem empregadas, devem
estar previstos no plano de projeto. A metodologia Artigo 9 - Conservação do Material
deve ser concordante com os objetivos da investi­
gação e as técnicas empregadas devem ser o me­ O programa de conservação do material deve pre­
nos destrutivas possível. ver o tratamento dos vestígios arqueológicos du­
É parte integrante de toda investigação uma análi­ rante a intervenção arqueológica, durante o trans­
se posterior ao trabalho de campo dos “artefatos” porte e a longo prazo.
e da documentação. O plano de projeto deve pre­ A conservação do material deve ser mantida con­
ver adequadamente esta análise. forme as normas profissionais atuais.

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Notas - Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 7: 209-213, 1997,

Artigo 10 - Gestão e Conservação do Sítio tomar os cuidados necessários em relação ao depó­


sito do acervo, os quais deverão estar detalhados no
Deve-se preparar um programa de gestão do sítio, plano de projeto. Os acervos deverão ser conserva­
definindo as medidas para proteger e administrar dos de acordo com as normas profissionais atuais.
in situ o patrimônio cultural subaquático durante Deve-se assegurar a integridade científica do acer­
e depois de finalizado o trabalho de campo. O pro­ vo referente ao projeto; seu depósito em diversas
grama incluirá informações ao público, meios ra­ instituições não deve impedir seu reagrupamento
zoáveis para estabilização do sítio, vigilância e para dar prosseguimento a investigações futuras.
proteção contra perturbações. Deverá se promo­ Os objetos do acervo do patrimônio cultural suba­
ver o acesso do público ao patrimônio cultural quático não devem ser negociados como artigos
subaquático in situ exceto quando o mesmo seja de valor comercial.
incompatível com a proteção e a gestão do sítio.
Artigo 14 - Divulgação
Artigo 11 - Saúde e Segurança
O público deverá ser informado e sensibilizado
sobre os resultados das investigações e o significa­
A saúde e segurança da equipe de pesquisa e de do do patrimônio cultural subaquático, através de
terceiros é primordial. Todos os membros da equi­ campanhas de divulgação nos diversos meios de
pe de pesquisa devem trabalhar de acordo com uma comunicação.
política de segurança que satisfaça as exigências Deve-se estabelecer relação de colaboração com
legais e profissionais, as quais deverão ser deta­ as comunidades e grupos locais, especialmente
lhadas no plano de projeto. aqueles que estão diretamente ligados ao patri­
mônio cultural subaquático em questão. É interes­
sante que as investigações contem com o consenti­
Artigo 12 - Relatórios mento e apoio dessas comunidades e grupos.
A equipe de pesquisa deverá buscar comprometer
Deverão ser criados relatórios provisórios e apre­ as comunidades e integrar os grupos nas inter­
sentados segundo um cronograma detalhado no venções, na medida em que este compromisso seja
plano de projeto, sendo que estes deverão ser guar­ compatível com a proteção e a gestão. Quando pos­
dados em arquivos oficiais e de acesso ao público. sível, a equipe de pesquisa deverá dar oportunidade
Cada relatório deverá conter: para que o público desenvolva experiência arqueo­
lógica através de treinamento e educação patri­
• descrição de objetivos;
monial.
• descrição de metodologias e técnicas emprega­
Deve-se encorajar a colaboração com museus e ou­
das;
tras instituições. Antes das intervenções arqueoló­
• descrição dos resultados obtidos;
gicas, deve-se obter todos os resultados de pesqui­
• recomendações relativas a futuras investigações,
sas anteriores e os relatórios feitos por instituições
gestão do sítio e cuidados com os elementos do
colaboradoras; também deverão ser tomadas dis­
patrimônio cultural subaquático removidos durante
posições para as visitas do sítio.
a investigação. Logo que possível, deverá ser apresentada uma
síntese final da intervenção arqueológica, consi­
derando a complexidade da investigação, que deve
Artigo 13 - Recomendações ser depositada em arquivos públicos de institui­
ções relevantes.
Os elementos do patrimônio cultural subaquático
removidos durante a intervenção e uma cópia de
toda documentação pertinente deverão ser guarda­ Artigo 15 - Cooperação Internacional
dos em uma instituição que permita üvre acesso ao
público e conservação permanente do acervo. Antes A cooperação internacional é essencial para a pro­
de começar a intervenção arqueológica, devem-se teção e gestão do patrimônio cultural subaquático

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Notas — Rev. do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 7: 209-213, 1997.

e deve ser promovida no interesse das normas mais lizados na investigação do patrimônio cultural
elevadas da investigação. Deve-se facilitar a coo­ subaquático. Os programas de intercâmbio de pro­
peração internacional para melhor aproveitamen­ fissionais devem ser considerados como o meio
to de arqueólogos e outros profissionais especia­ de difusão das melhores práticas.

Recebido p ara publicação em 4 de agosto de 1997.

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