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O homem, ao mesmo tempo, é criatura e

criador do meio ambiente. (Conferência


Estocolmo - 1972)

A interação do homem com a natureza, ao longo da história da humanidade, em geral tem ocorrido de
forma predatória e indiscriminada, o que tem trazido desequilíbrio ao meio ambiente em escala global.
A proteção do ambiente não faz parte da cultura nem do instinto humano. Ao contrário, conquistar a
natureza sempre foi o grande desafio do homem, espécie que possui uma incrível adaptabilidade aos diversos
locais do planeta e uma grande capacidade de utilizar os recursos naturais em seu benefício. Essas características
fizeram com que, ao longo do tempo, a natureza fosse dominada pelo homem que, no entanto, não se
preocupou com os danos que esse desenvolvimento causava. (GRANZIERA, 2011, p. 22).
A necessidade de preservar o meio ambiente é fato notório. Desde a Conferência de Estocolmo, em
1972, as nações chegaram ao consenso de que a conservação do meio ambiente é condição sine qua non* para
a qualidade de vida no planeta.
* sine qua non: do Latim: sem o qual não pode ser (indispensável).

Ao discorrer sobre o exercício do poder de polícia ambiental e da questão da fiscalização, Paulo Bessa
Antunes traz à tona o fato de que, por vezes, os próprios responsáveis por essas atividades não conhecem a
legislação:
A fiscalização ambiental é uma das atividades mais relevantes para a proteção do meio ambiente, pois
é por meio dela que danos ambientais podem ser evitados e, se consumados, reprimidos. No entanto, nem
sempre a fiscalização é exercida com a observância das normas próprias, do respeito aos cidadãos e de forma
isenta. Um dos motivos mais importantes para que isso ocorra é que, simplesmente, as regras de fiscalização
são desconhecidas pelo público e, não raras vezes, até pelos próprios fiscais. (ANTUNES, 2010, p. 136, grifo
nosso).

No decorrer do curso, você aprenderá que, como agente encarregado da aplicação da lei, você deverá:

• Prender os infratores.
• Apreender os objetos do crime.
• Efetuar a condução dos envolvidos à delegacia para as providências cabíveis.
• E, se for o caso, emitir ou solicitar a emissão do auto de infração ambiental.

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É importante saber que este curso não tem a intenção de esgotar todas as modalidades de crimes
ambientais existentes, mas apresentar uma visão geral dos crimes praticados contra o meio ambiente e como a
lei deve ser aplicada nesses casos, capacitando-o para a primeira resposta no enfrentamento aos crimes
ambientais.

Para Refletir
Antes de prosseguir com o curso, pense no seguinte...
Para você, qual a importância do meio ambiente e de sua preservação?
Agora, vá até a biblioteca do curso, leia o texto Carta do Índio Seattle e reflita.

Objetivos do curso

Ao final do estudo desse curso, você será capaz de:


• Compreender a importância da preservação/conservação do meio ambiente;
• Caracterizar a biodiversidade brasileira e as leis que a protegem;
• Compreender a Política Nacional do Meio Ambiente;
• Enumerar as modalidades de crimes contra a fauna e a flora;
Identificar, a partir de noções básicas, outros crimes ambientais;
• Descrever os conhecimentos necessários à proteção do meio ambiente no enfrentamento aos
crimes ambientais;
• Listar os procedimentos a serem seguidos quando de ocorrência policial que envolva crime
ambiental.

Estrutura do curso

O curso está dividido nos seguintes módulos:


• Módulo 1 - Noções fundamentais;
• Módulo 2 - Crimes contra a fauna;
• Módulo 3 - Crimes contra a flora;
• Módulo 4 - Poluição e outros crimes ambientais.

Vá até a biblioteca do curso, e conheça a Cartilha de Crimes Ambientais.

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MÓDULO
NOÇÕES FUNDAMENTAIS
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Apresentação do módulo

Há algumas grandes esferas de preocupação que são comuns a todos os países, tais como:

• A contaminação que alcança níveis perigosos na água, no ar, no solo e nos seres vivos;
• A necessidade frequentemente urgente de conservar os recursos naturais não renováveis;
• As possíveis perturbações do equilíbrio ecológico da biosfera, emergentes da relação do homem
com o meio ambiente; e
• As atividades nocivas para a saúde física, mental e social do homem no meio ambiente por ele
criado, particularmente no ambiente de vida e de trabalho.

(Prado 2001, p.15, ao citar o informe sobre a Situação Social do


Mundo, da Organização das Nações Unidas).

Os debates atuais na ONU sobre esse assunto abordam o desenvolvimento sustentável, chamando
atenção para a necessidade de se alcançar um equilíbrio entre as necessidades econômicas, sociais e ambientais.
Na Cúpula sobre o Desenvolvimento Sustentável, realizada em Nova York, entre os dias 25 e 27 de
setembro de 2015, foi estabelecida a “Agenda 2030”, com a adoção de diversas medidas com vistas a proteger,
recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, de forma a gerir de forma sustentável as
florestas, enfrentar a desertificação, deter e reverter a degradação da Terra e frear a perda de biodiversidade.
Tudo isso por conta da crescente poluição do ar, da água e do solo; do aumento das queimadas e do
desmatamento; do aquecimento global; e por conta das projeções que apontam que, em 2025, 2,5 bilhões de
pessoas sofrerão com falta d’água no mundo.

Para compreender melhor o cenário descrito acima, neste módulo você estudará as noções
fundamentais de Meio Ambiente e a forma como a legislação nacional trata este tema.

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Objetivos do módulo

Ao final deste módulo, você será capaz de:


• Conceituar meio ambiente, crime, crime ambiental, fauna, flora, poluição, etc.;
• Descrever a importância da biodiversidade brasileira;
• Conscientizar-se da importância da preservação/conservação do meio ambiente;
• Analisar a Política Nacional do Meio Ambiente e suas diretrizes para preservação e conservação
do meio ambiente no país;
• Conhecer os órgãos que integram o Sistema Nacional de Meio Ambiente; e
• Entender por que a Lei de Crimes Ambientais é a principal
ferramenta no enfrentamento das infrações ambientais.

Estrutura do Módulo

Este módulo abrange as seguintes aulas:


• Aula 1 – O meio ambiente: direito constitucional;
• Aula 2 - Conceitos básicos;
• Aula 3 - Biodiversidade brasileira;
• Aula 4 - Política Nacional do Meio Ambiente;
• Aula 5 - Lei de Crimes Ambientais.

Aula 1 – Meio ambiente: direito constitucional

1.1 Direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado


Seguindo a tendência mundial de proteção ao meio ambiente, a Constituição Federal de 1988, de
acordo com Beltrão (2009, p. 64), “é reconhecida internacionalmente como merecedora de elogios quanto à
preocupação ambiental que ostenta”, pois em seu artigo 225, contempla a tutela jurisdicional do meio ambiente
ao prescrever que:

Art. 225 Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações. (Grifo nosso).

A Constituição Federal de 1988 implementou um novo direito na ordem constitucional: o direito


fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

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1.2 Meio ambiente: princípio da ordem econômica brasileira
De igual maneira ao tratar da ordem econômica e financeira, a Constituição Federal assevera em seu
artigo 170, inciso VI, que a defesa do meio ambiente é um princípio geral da atividade econômica brasileira:

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre


iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da
justiça social, observados os seguintes princípios:
[...]
VI – defesa do meio ambiente [...]

Importante!
A defesa do meio ambiente é princípio da ordem econômica brasileira.

A tutela jurisdicional do meio ambiente tem como embasamento o disposto no §3º, do artigo 225 da
Constituição Federal:

§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os


infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

Ao discorrer sobre o poder de polícia ambiental, Paulo Bessa Antunes ensina que:

A utilização de recursos ambientais é atividade inteiramente submetida ao poder de


polícia do Estado, não se concebendo sem a presença de diferentes mecanismos de
controle que serão manejados pelo Estado conforme as necessidades que forem se
apresentando na vida diária. O controle estatal sobre as atividades privadas se faz
pelo exercício regular do poder de polícia [...] O poder de polícia, como sabemos, é
o instrumento jurídico pelo qual o Estado define os contornos dos diferentes direitos
individuais, em benefício da coletividade, haja vista que não se conhecem direitos
ilimitados.” (ANTUNES, 2010, p. 129, grifo nosso)

1.3 Meio ambiente: direito constitucional de todos


Como observou, com a edição da Constituição Federal em 1988, o meio ambiente passou a figurar
como um direito constitucional de todos, sendo que, pela primeira vez, a tutela ambiental passou a fazer parte
da norma constitucional e o meio ambiente a ser visto como um todo. Sobre a necessidade da tutela do meio
ambiente como um todo, Silva (2001, p.111) cita Moreira Neto, que já em 1977, dizia o seguinte:

“A proteção da flora e da fauna deve ser objeto de tutela jurídica, não apenas
setorizada, como ocorre atualmente, através de diplomas legais isolados, mas com
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resultado de princípios e métodos integrados [...] Não se pode, por exemplo,
exemplo, ter uma legislação sobre pesticidas sem considerar a de água, caça, pesca,
loteamento, etc., e vice-versa. Em outras palavras: a proteção à flora deve ser
considerada em termos de ecossistema, em suas múltiplas interações com a fauna,
com a terra, com a água e com o ar. Código de Flora ou de Fauna alheios à realidade
ecológica não são senão fragmentos de solução que a pouco ou nada conduzem.”

Você, membro do sistema de segurança pública, deve entender que o equilíbrio ecológico é frágil,
delicado e que todos os elementos – ar, água, terra, luz, plantas, animais e homem – que interagem nesse
ecossistema têm influência um sobre o outro, e sobre o equilíbrio natural. Daí a importância da
conservação/preservação e do uso racional e sustentável dos recursos naturais.

Aula 2 – Conceitos Básicos

Nesta aula, você estudará os conceitos dos termos fundamentais para o desempenho de suas
atividades, durante a execução do policiamento ambiental. São eles:

• Meio ambiente
• Crime
• Crime ambiental
• Fauna
• Flora
• Poluição
• Licenciamento Ambiental

Estude a seguir, cada um deles.

2.1 Meio ambiente


O meio ambiente abrange todos os fatores que afetam diretamente o metabolismo ou o
comportamento de um ser vivo ou de uma espécie. Incluindo os fatores abióticos* (a luz, o ar, a água, o solo)
e os seres vivos que coabitam no mesmo biótopo**. (portalgeobrasil.org)
*Abióticos: elemento ou lugar que se caracteriza pela ausência de vida.
**Biótopo: lugar onde existe vida.

A Lei nº 6.938/81, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente, em seu 3° artigo, inciso I, define
Meio Ambiente como conjunto de condições, leis, influências, alterações e interações de ordem física, química
e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.
Paulo de Bessa Antunes, define que meio ambiente é:

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Um bem jurídico autônomo e unitário, que não se confunde com os diversos bens
jurídicos que o integram. O bem jurídico meio ambiente não é um simples somatório
de flora e fauna, de recursos hídricos e recursos minerais. O bem jurídico ambiente
resulta da supressão de todos os componentes que, isoladamente, podem ser
identificados, tais como florestas, animais, ar etc. [...] Meio ambiente é, portanto, uma
res communes omnium, uma coisa comum a todos, que pode ser composta por bens
pertencentes ao domínio público ou ao domínio privado. (ANTUNES, 2010, p.248)

RESUMINDO...
O meio ambiente é constituído pelos seres vivos e por tudo mais que interage com eles.

Saiba mais...
Antônio Beltrão (2009, p. 19) esclarece que: “A expressão meio ambiente, que historicamente passou a
ser utilizada no Brasil, é claramente redundante. ‘Meio’ e ‘ambiente’ são sinônimos, designam o âmbito que nos
cerca, o nosso entorno, onde estamos inseridos e vivemos”.
No Dicionário HOUAISS você encontra a definição de meio, que é: “conjunto de elementos materiais e
circunstanciais que influenciam um organismo vivo”, e, de ambiente que consiste no “que rodeia ou envolve por
todos os lados e constitui o meio em que se vive; tudo que rodeia ou envolve os seres vivos e/ou as coisas;
recinto, espaço, âmbito em que está ou vive”.

2.2 Crime
A legislação brasileira não traz um conceito legal de crime, tal atribuição ficou a cargo dos
doutrinadores que afirmam que o conceito analítico de crime é o mais completo, as duas principais teorias são:
a bipartida e a tripartida.

Para a teoria tripartida, crime é fato típico, antijurídico e culpável. Já a teoria bipartida defende que
crime é fato típico e antijurídico, sendo que a culpabilidade constitui pressuposto de aplicação da pena.
Como a corrente tripartida é majoritária no Brasil é ela que será utilizada neste curso.
Neste sentido, Rogério Greco ensina que:

Dentre as várias definições analíticas que têm sido propostas por importantes
penalistas, parece-nos mais aceitável a que considera as três notas fundamentais do
fato-crime, a saber: ação típica (tipicidade), ilícita ou antijurídica (ilicitude) e
culpável (culpabilidade). O crime, nessa concepção que adotamos, é, pois, ação
típica, ilícita e culpável. (GRECO, 2011, p. 27, grifo nosso).

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Bitencourt (2012) também define crime como a ação típica, antijurídica e culpável.
O Sistema Penal Brasileiro utiliza a teoria finalista para a conceituação de crime.

Rogério Greco ao citar Eugenio Raúl Zaffaroni, ensina que:

Delito é uma conduta humana individualizada mediante um dispositivo legal (tipo)


que revela sua proibição (típica), que por não estar permitida por nenhum preceito
jurídico (causa de justificação) é contrária ao ordenamento jurídico (antijurídica) e
que, por ser exigível do autor que atuasse de outra maneira nessa circunstância, lhe
é reprovável (culpável)”. (GRECO, 2011, p. 28).

Lembre-se que...
Crime é um fato típico, antijurídico e culpável.

2.3 Crime ambiental


Uma vez que você já estudou os conceitos de meio ambiente e de crime, crie o seu próprio conceito
de crime ambiental, respondendo à pergunta:
O que é crime ambiental?

Crime ambiental é qualquer dano ou prejuízo causado aos elementos que compõem o meio ambiente,
e, que violem a legislação ambiental.

2.4 Fauna
Fauna é o conjunto de animais de um determinado local. Difere-se de reino animal, por se limitar
aos animais de certo habitat, certo bioma*, enquanto que o reino animal** é composto por todas as espécies
de animais da Terra.
*Bioma: Silva (2001, p. 17-18) ensina que bioma, do grego bios, significa ‘vida’, e oma que significa ‘massa’,
‘proliferação’. “Denominação dada a cada uma das grandes comunidades clímax da Terra, por exemplo, aos grandes
agrupamentos faunísticos e florísticos do mundo”. São grandes superfícies “onde uma verdadeira paisagem vegetal criada
por algumas espécies dominantes, está associada uma fauna específica”.
**Reino animal: O reino animal é composto de todos os animais do planeta, quer sejam racionais ou irracionais.

Silva (2001, p. 16) ensina que animal “é todo ser vivo dotado de movimento que possua ausência de
clorofila e celulose, que se alimente de substâncias sólidas e, normalmente, seja capaz de percepções sensoriais”.

2.4.1 A fauna sob o ponto de vista legal


A fauna para fins de interpretação e aplicação da legislação se divide em quatro grupos.

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• Fauna Silvestre: É composta por animais nativos ou de rota migratória que vivem naturalmente
em determinada região, mesmo que somente durante períodos de migração; e, têm seu habitat natural nas
matas, florestas, nos rios e mares; são animais que ficam, em via de regra, afastados do convívio do meio
ambiente humano.

“São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas,


migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte
de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas
jurisdicionais brasileiras” (LCA, artigo 29, §3º).

• Fauna Exótica: É a originária de outro país (estrangeira).


• Fauna Doméstica ou Domesticada: É o conjunto de espécies passíveis de domesticação.
• Fauna Ictiológica: É composta principalmente pelos peixes, compreendendo ainda os crustáceos
e moluscos.

2.4.2 A fauna sob o ponto de vista científico


A comunidade científica zoológica agrupa a fauna em seis grupos, são eles: invertebrados, peixes,
anfíbios, répteis, aves e mamíferos.

RESUMINDO...
Fauna é o conjunto de animais de uma determinada região.

2.5 Flora
Flora é o reino vegetal localizado em determinada região, ou seja, o conjunto da vegetação de um
país ou de uma região.
Édis Milaré (2001, p. 162) conceituou flora como a:

Totalidade de espécies que compreende a vegetação de uma determinada região,


sem qualquer expressão de importância individual dos elementos que a compõem.
Elas podem pertencer a grupos botânicos os mais diversos, desde que estes tenham
exigências semelhantes quanto aos fatores ambientais, dentre eles os biológicos, os
do solo e do clima.

2.5.1 As unidades de conservação


A flora brasileira é constituída por diversos espaços protegidos por lei, que são chamados de unidades
de conservação e divididos em dois grupos:

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Unidades de Proteção Integral Unidades de Uso Sustentável
Estação Ecológica Área de Proteção Ambiental

Reserva Biológica Área de Relevante Interesse Ecológico

Parque Nacional Floresta Nacional

Monumento Nacional Reserva Extrativista

Refúgio da Vida Silvestre Reserva de Fauna

Reserva de Desenvolvimento Sustentável


Reserva Particular do Patrimônio Nacional

Você sabe qual é a diferença de Unidade de Proteção Integral e Unidade de Uso Sustentável?

Unidades de Proteção Integral: Espaços especialmente protegidos, cujo objetivo é a preservação da


natureza, sendo proibido o uso direto de seus recursos (uso, coleta, consumo, dano, destruição...), em geral, só
admitem o uso indireto dos recursos naturais;
Unidades de Uso Sustentável: Espaços especialmente protegidos, cujo objetivo é a conservação da
natureza, sendo que os recursos naturais devem ser utilizados de modo sustentável, de forma socialmente justa
e economicamente viável, com vistas a garantir a perenidade dos recursos naturais.

Lembre-se que...
Flora é o conjunto de plantas de uma determinada região.

Saiba Mais..
Antônio Beltrão, ao citar o Professor Herman Benjamin, ensina que:
A lei nº 9.985/00 incorre em imprecisão técnica ao se referir a “unidades de conservação” quando, na
realidade, deveria se referir a “espaços especialmente protegidos” (como previsto na Constituição Federal e na
Convenção da Diversidade Biológica), uma vez que “unidades de conservação” são espécies do gênero “espaços
territoriais especialmente protegidos”, ou seja, toda unidade de conservação é um espaço territorial
especialmente protegido, mas a recíproca não é verdadeira. (BELTRÃO, 2009).
Para complementar seus conhecimentos e entender mais sobre cada Unidade de Conservação, leia a
Lei nº 9.985/00 (SNUC), do artigo 7º ao 21º.

2.6 Poluição
Poluição pode ser caracterizada pela liberação de elementos, radiações, vibrações, ruídos e substâncias
ou agentes contaminantes em um ambiente. Essa contaminação prejudica os ecossistemas biológicos e/ou os
seres humanos.
A Lei nº 6.938/81, em seu artigo 3º, define poluição como:

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[...] a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que, direta ou
indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas para as atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos.

Lembre-se que...
Poluição é a contaminação do meio ambiente.

2.7 Licenciamento Ambiental


Licenciamento Ambiental é o procedimento administrativo que autoriza atividades ou
empreendimentos potencialmente poluidores ou que possam, de alguma forma, causar qualquer tipo de dano
ao meio ambiente; estabelecendo condições, restrições e medidas de controle ambiental a serem seguidas pelo
empreendedor.
É por meio do licenciamento ambiental que a administração pública busca exercer o controle das
atividades humanas que impactam nas condições ambientais, procurando a conciliação entre o
desenvolvimento econômico e o uso de recursos naturais.
Segundo o IBAMA, o licenciamento ambiental é uma obrigação legal prévia para a instalação de
qualquer empreendimento ou atividade potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente e possui
como uma de suas mais expressivas características a participação social na tomada de decisão, por meio da
realização de Audiências Públicas como parte do processo.
O licenciamento ambiental exige Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto
Ambiental (RIMA) que são realizados por técnicos habilitados e visam diminuir os danos ambientais e
aumentar o uso sustentável dos recursos naturais.
Para Edis Milaré (2001), o licenciamento ambiental, ao contrário do licenciamento simples, é ato uno,
de caráter complexo, em que vários agentes interferem nas etapas e que deverá ser precedido de EIA/RIMA,
sempre que houver significante impacto ambiental.

Saiba Mais..
Saiba mais sobre a atuação do Ibama, em conjunto com outros órgãos e instituições, no licenciamento
ambiental.
O licenciamento ambiental é uma obrigação compartilhada principalmente pelos Órgãos Estaduais de
Meio Ambiente e pelo IBAMA, como partes integrantes do SISNAMA (Sistema Nacional de Meio Ambiente). O
IBAMA atua, principalmente, no licenciamento de grandes projetos de infraestrutura que envolvam impactos em
mais de um estado e nas atividades do setor de petróleo e gás na plataforma continental. As principais diretrizes

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para a execução do licenciamento ambiental estão expressas na Lei nº 6.938/81 e nas Resoluções CONAMA nº
001/86 e nº 237/97.

2.7.1 Tipos de licença


O licenciamento ambiental compreende três tipos de licença, sendo que para cada etapa do
empreendimento/atividade é expedida um tipo de licença.
Licença Prévia (LP): Concedida na fase preliminar (no planejamento) do empreendimento ou
atividade – atesta a viabilidade ambiental, aprova sua localização, concepção e contém os requisitos básicos
a serem atendidos nas próximas fases.
Licença de Instalação (LI): Possibilita a implantação (instalação) do empreendimento ou
atividade, de acordo com as especificações constantes nos projetos aprovados.
Licença de Operação (LO): Autoriza, após as verificações necessárias, o início da atividade ou
empreendimento licenciado, de acordo com o previsto na Licença Prévia e na Licença de Instalação.
As licenças ambientais têm prazo de validade, então é importante, durante a fiscalização, que você
observe a validade da mesma:

As licenças ambientais possuem prazo de validade, podendo ser renovadas, a teor


do que estabelecem os arts. 9º, IV, da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, e
18 da Resolução CONAMA n. 237/97. Segundo esse último dispositivo, cada
modalidade de licença ambiental estaria sujeita a prazos máximos de validade (cinco
anos para a LP, seis anos para a LI e dez anos para a LO), o que lhes retiraria o caráter
de definitividade. (p. 38)

Existe uma exceção que é a seguinte, para atividades de pequeno impacto ambiental (como por
exemplo: cortar algumas árvores) é concedida uma licença única, inominada:

Excepcionalmente, tratando-se de atividades de pequeno potencial de impacto no


ambiente, poderão ser estabelecidos procedimentos simplificados [...] poderá ser
admitido um único processo de licenciamento ambiental. (BELTRÃO, 2009, p. 166)

Lembre-se que...
“O licenciamento ambiental é uma obrigação legal prévia à instalação de qualquer empreendimento
ou atividade potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente.” (IBAMA)

Aula 3 – Biodiversidade Brasileira

Nesta aula, você estudará sobre a riqueza da biodiversidade brasileira, para que comece a entender a
importância do seu papel como profissional da área de segurança pública no enfrentamento aos crimes
ambientais.

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Você sabe o que é biodiversidade e qual sua importância?
Nesta aula você conhecerá a resposta.

3.1 Biodiversidade
A biodiversidade refere-se à variedade de vida no planeta Terra, incluindo a variedade genética
dentro das populações e espécies; à diversidade de espécies da flora, da fauna, de fungos macroscópicos e de
microrganismos; à variedade de funções ecológicas desempenhadas pelos organismos nos ecossistemas; às
diferentes comunidades, habitats e ecossistemas formados pelos organismos. Ela inclui a totalidade dos recursos
vivos ou biológicos, e dos recursos genéticos e seus componentes.
A Convenção sobre Diversidade Biológica, em seu artigo 2º, define biodiversidade ou diversidade
biológica como a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os
ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem
parte; e, ainda, a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas.
Biodiversidade ou diversidade biológica (grego: bios, vida) diz respeito à variedade de vida.
Segundo informações do IBAMA, o Brasil é o país de maior biodiversidade do planeta, que é
qualificada pela diversidade de ecossistemas, de espécies biológicas, de endemismos e de patrimônio genético,
por essa razão o país é considerado megabiodiverso, reunindo pelo menos 70% das espécies vegetais e animais
do planeta.
O Brasil concentra 55 mil espécies de plantas superiores (22% de todas as que existem no mundo),
muitas delas endêmicas; 524 espécies de mamíferos; mais de 3 mil espécies de peixes de água doce; entre 10
e 15 milhões de insetos (a maioria ainda por ser descrita); e mais de 70 espécies de psitacídeos: araras, papagaios
e periquitos.
No Brasil estão quatro dos biomas mais ricos do planeta: Mata Atlântica, Cerrado, Amazônia e Pantanal
que, infelizmente, correm sérios riscos.
O Brasil possui a maior rede hidrográfica do mundo, sendo que 13% (treze por cento) da água doce do
planeta está aqui.

Biodiversidade é a variedade de todas as formas de vida existentes.

Aula 4 – Política Nacional do Meio Ambiente

A Política Nacional do Meio Ambiente trata das diretrizes para a preservação e conservação do meio
ambiente no país.

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A Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins
e mecanismos de formulação e aplicação e estabelece que sua execução se dará por intermédio do Sistema
Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA).

4.1 O SISNAMA
O Sistema Nacional de Meio Ambiente – o SISNAMA é o conjunto de instituições e órgãos públicos
responsáveis pela política nacional do meio ambiente que visa à proteção e à melhoria da qualidade do meio
ambiente nas três instâncias: federal, estadual e municipal.

O SISNAMA é o responsável pelas políticas de proteção ambiental.

4.1.1 A estrutura do SISNAMA


Como os problemas ambientais são setorizados, ou seja, cada região possui suas próprias
peculiaridades, o sistema é composto de órgãos federais, estaduais e municipais, de forma que a aplicação da
lei atenda às circunstâncias locais.

Conheça agora os órgãos que compõe o SISNAMA.


Órgão Superior: O Conselho de Governo.
Órgão Consultivo e Deliberativo: O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).
Órgão Central*: O Ministério do Meio Ambiente (MMA).
*Desde 1992, a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República foi extinta e em seu lugar
surgiu o Ministério do Meio Ambiente; embora a lei não tenha sido atualizada, quem faz as vezes de órgão
central do SINASMA é o Ministério do Meio Ambiente.
Órgão Executor: O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA)
e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Órgãos Seccionais: Os órgãos ou entidades federais/estaduais responsáveis pela execução de
programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental.
Órgãos Locais: Os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização dessas
atividades nas suas respectivas jurisdições.
É importante entender que os Estados e os Municípios participam de forma ativa do SISNAMA e são
responsáveis por elaborarem normas complementares à União.
Exemplo: Se a legislação federal estabelece que a quantidade máxima de pescado por pescador é de
15kg + 1 exemplar de qualquer tamanho, o Estado de Tocantins pode fixar em 10kg a quantidade permitida no
estado (nunca acima da norma federal, sempre de forma mais restritiva), de igual modo, o Município de
Miracema – TO, pode baixar a norma e estabelecer que nos limites do município a quantidade máxima é de 5kg.

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4.1.2 Competências do Sistema Nacional de Meio Ambiente
Os órgãos que compõem o SISNAMA são responsáveis pelo licenciamento ambiental, pela criação de
unidades de conservação, pelo controle de atividades potencialmente poluidoras, dentre outras competências.
Ao estudar a legislação que trata dos crimes ambientais, observe que as infrações são punidas nas
esferas penal e administrativa, e você, como agente encarregado da aplicação da lei, só poderá agir,
administrativamente, se o órgão ao qual pertencer for membro do SISNAMA ou tiver celebrado convênio com
órgão ou entidade membro do SISNAMA.
Assim, juntamente à União, os Estados e os Municípios têm competência para legislar em matéria
ambiental, como a Constituição Federal prescreve.

Infração ambiental
Para lavrar o auto de infração ambiental, o órgão ao qual você pertence deve estar devidamente
credenciado, portanto, quando se deparar com a ocorrência, acione a Polícia Militar Ambiental do seu Estado
ou o IBAMA, para que eles possam tomar as medidas administrativas cabíveis.
Para seu conhecimento, as infrações ambientais são punidas com as seguintes penas administrativas,
dentre outras:
• Advertência;
• Multa;
• Embargo;
• Suspensão das atividades;
• Apreensão* dos animais**; dos produtos e subprodutos da prática delituosa, inclusive os
instrumentos*** utilizados para a prática do crime;
• Destruição dos produtos e subprodutos apreendidos.

* Diferentemente das regras do Código Penal, em que a apreensão dos instrumentos e dos produtos do crime é
efeito da condenação. Nos crimes ambientais, não se espera a condenação do infrator para a realização da apreensão dos
produtos e instrumentos da infração ou crime ambiental, tendo em vista muitas vezes tratar-se de animais ou de produtos
perecíveis. Assim, de acordo com o art. 25 da Lei de Crimes Ambientais, os produtos e instrumentos serão apreendidos
logo que verificada a infração, dando-se a eles destinação estabelecida nos parágrafos do art. 25 da LCA. (GARCIA; THOMÉ,
2010, p. 310).

** A Lei n.º 13.052, 08 de dezembro de 2014, alterou o art. 25 da LCA, ao prescrever que os animais apreendidos
deverão ser prioritariamente libertados em seu habitat, e, se tal medida não for viável ou recomendada por questões
sanitárias, os animais deverão ser entregues a jardins zoológicos, fundações ou entidades assemelhadas, para guarda e
cuidados de técnicos habilitados. No período de espera da destinação o órgão que realizou a apreensão deve cuidar dos
animais e garantir seu bem-estar físico.

*** Nos crimes ambientais, qualquer instrumento utilizado na prática do crime pode ser confiscado,
independentemente de ser lícito ou ilícito, como, por exemplo, caminhão que transporta madeira ilegal. O objeto em si

16
(caminhão) é lícito, mas se é utilizado usualmente na prática de crime ambiental, será confiscado. (GARCIA; THOMÉ, 2010,
p. 310).

Quanto à competência para agir no caso de infrações ambientais, Antônio Beltrão ensina que:

O poder de polícia a ser exercido pelos entes federados insere-se nesta


competência administrativa. Logo, a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios possuem competência comum para realizar os atos derivados do
poder de polícia, como, por exemplo, os relativos à fiscalização e à autuação
administrativa das infrações ambientais. Por tal atribuição ser comum, todos estes
entes públicos possuem igual responsabilidade, não podendo renunciá-la.”
(BELTRÃO, 2009, p. 69, grifo nosso).

Aula 5 – Lei de Crimes Ambientais (LCA)

A Lei n.º 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, conhecida como a Lei de Crimes Ambientais (LCA) – A
Lei da Vida -, procurou cumprir o disposto na Constituição, e foi editada com vistas a disciplinar a proteção
jurídica do meio ambiente que, anteriormente, era constituída de leis e de decretos vagos e esparsos, o que
contribuía para a não aplicabilidade da legislação até então vigente.
A Lei de Crimes Ambientais (LCA) é um dos grandes marcos jurídicos da proteção ambiental, sendo
comparada ao Código de Defesa do Consumidor (CDC) e ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), como
legislação avançada para sua época, e é referência mundial no que diz respeito à proteção ao meio ambiente e
ao enfrentamento aos crimes ambientais.

Importante!
A Lei de Crimes Ambientais será seu principal instrumento de trabalho no enfrentamento aos Crimes
Ambientais.

4.1 As inovações da LCA

A Lei de Crimes Ambientais procurou unificar as diversas práticas lesivas ao meio ambiente e representa
um significativo avanço na tutela do meio ambiente.
Com as mudanças na LCA, as penas se tornaram mais uniformes, com gradação adequada e as infrações
mais definidas, como:

• Abuso e maus-tratos aos animais nativos e exóticos passa a ser crime;


• Experiências dolorosas e cruéis em animal vivo, mesmo que para fins didáticos são consideradas
crime;

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• Fabricar, vender, transportar e soltar balões, pelo risco de causar incêndios, sujeita o infrator à
prisão e multa
• O desmatamento não autorizado é crime;
• Pichar edificação ou monumento urbano passou a ser crime.

Veja as principais inovações da LCA:


Antes Depois
A legislação ambiental é consolidada; as penas têm
Leis esparsas e de difícil aplicação uniformização e gradação adequadas e as infrações
são claramente definidas.
Define a responsabilidade da pessoa jurídica –
Pessoa jurídica não era responsabilizada inclusive a responsabilidade penal – e permite a
criminalmente. responsabilização também da pessoa física autora ou
coautora da infração.
Pode ter liquidação forçada no caso de ser criada e/ou
Pessoa jurídica não tinha decretada liquidação utilizada para permitir, facilitar ou ocultar crime
quando cometia infração ambiental. definido na lei, e, seu patrimônio é transferido para o
Patrimônio Penitenciário Nacional.

A reparação do dano ambiental não extinguia a A punição é extinta com apresentação de laudo que
punibilidade. comprove a recuperação do dano ambiental.

A partir da constatação do dano ambiental, as penas


Impossibilidade de aplicação direta de pena
alternativas ou a multa podem ser aplicadas
restritiva de direito ou multa.
imediatamente.
É possível substituir penas de prisão até 4 (quatro)
Aplicação das penas alternativas era possível para
anos por penas alternativas, como a prestação de
crimes cuja pena privativa de liberdade fosse
serviços à comunidade. A grande maioria das penas
aplicada até 2 (dois) anos.
previstas na lei tem limite máximo de 4 (quatro) anos.

Produtos e subprodutos da fauna e flora podem ser


O destino dos produtos e instrumentos da
doados ou destruídos, e os instrumentos utilizados
infração não era bem definido.
quando da infração podem ser vendidos.

Matar animais continua sendo crime, mas não é mais


Matar um animal da fauna silvestre, mesmo para
inafiançável. No entanto, para saciar a fome do agente
se alimentar, era crime inafiançável.
ou da sua família, a lei descriminaliza o abate.

Maus-tratos contra animais domésticos e Além dos maus tratos, o abuso contra esses animais,
domesticados era contravenção. bem como aos nativos ou exóticos, passa a ser crime.

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Experiências dolorosas ou cruéis em animal vivo, ainda
Não havia disposições claras relativas a que para fins didáticos ou científicos, são
experiências realizadas com animais. consideradas crimes, quando existirem recursos
alternativos.
A prática de pichar ou de qualquer forma de poluir
Pichar não tinha pena claramente definida. edificação ou monumento urbano, sujeita o infrator a
até um ano de detenção.
Fabricar, vender, transportar ou soltar balões, pelo
A prática de soltura de balões não era punida de
risco de causar incêndios em florestas e áreas urbanas,
forma clara.
sujeita o infrator à prisão e multa.
Destruir ou danificar plantas de ornamentação em
Destruição, dano, lesão ou maus-tratos às plantas de
áreas públicas ou privadas era considerado
ornamentação é crime, punido por até 1 (um) ano.
contravenção.

O acesso livre às praias era garantido, entretanto, Quem dificultar ou impedir o uso público das praias
sem prever punição criminal a quem o impedisse. está sujeito a até 5 (cinco) anos de prisão.

Desmatamentos ilegais e outras infrações contra O desmatamento não autorizado agora é crime, além
a flora eram consideradas contravenções. de ficar sujeito a pesadas multas.
A comercialização, o transporte e o Comprar, vender, transportar, armazenar madeira,
armazenamento de produtos e subprodutos lenha ou carvão, sem licença da autoridade
florestais eram punidos como contravenção. competente, sujeita o infrator a até 1 (um) ano de
prisão e multa.
Funcionário de órgão ambiental que fizer afirmação
A conduta irresponsável de funcionários de falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar
órgãos ambientais não estava claramente informações ou dados em procedimentos de
definida. autorização ou licenciamento ambiental, pode pegar
até 3 (três) anos de cadeia.
As multas, na maioria, eram fixadas através de
instrumentos normativos passíveis de contestação A fixação e a aplicação de multas têm a força da lei.
judicial.

A multa máxima por hectare, metro cúbico ou


A multa administrativa varia de R$ 50 a R$ 50 milhões.
fração era de R$ 5 mil.

As normas de direito penal que abrangem os crimes ambientais foram adequadamente reunidas em
um único dispositivo legal, embora não seja possível prever todos os atos lesivos contra o meio ambiente, dada
a complexidade e diversidade dos crimes que podem ser praticados contra a natureza. Ainda assim, não restam
dúvidas de que se trata de uma legislação avançada, que é referência legislativa, mesmo com suas lacunas e
defeitos.

19
Saiba Mais...

Associados aos crimes ambientais, em geral, há outros crimes, como:


- Crime contra a ordem tributária;
- Porte ilegal de arma de fogo;
- Improbidade administrativa;
- Contrabando ou descaminho;
- Condescendência criminosa;
- Prevaricação, etc.

4.2 Outras leis sobre o meio ambiente


Depois da edição da LCA, surgiram outras legislações afetas ao meio ambiente, dentre essas podemos
destacar:
• Lei n.º 9.795, de 27 de abril de 1999, dispõe sobre a educação ambiental e instituiu a Política
Nacional de Educação Ambiental, prescrevendo que a educação ambiental é um componente essencial e
permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e
modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal.
• Lei nº 9985, de 18 de julho de 2000, Sistema Nacional de Unidades de Conservação,
estabelecendo critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação.
• Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, Estatuto da Cidade, estabelecendo normas de ordem
pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e
do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental.
• Lei nº. 12.651, de 25 de maio de 2012, Novo Código Florestal, que estabelece normas gerais
sobre a proteção da vegetação, áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reserva Legal; a exploração
florestal, o suprimento de matéria-prima florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle e
prevenção dos incêndios florestais.
• Lei n.º 13.123, de 20 de maio de 2015, Lei de Acesso ao Patrimônio Genético e Conhecimento
Tradicional, dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, sobre a proteção e o acesso ao conhecimento
tradicional associado e sobre a repartição de benefícios para conservação e uso sustentável da biodiversidade.

Finalizando...
Neste módulo, você estudou as noções básicas que nortearam o curso de Crimes Ambientais e
aprendeu que:

• Com a edição da Constituição Federal em 1988, o meio ambiente passou a figurar como um
direito constitucional de todos, sendo que, pela primeira vez, a tutela ambiental passou a fazer parte da norma
constitucional e o meio ambiente a ser visto como um todo;

20
• O meio ambiente é constituído pelos seres vivos e por tudo mais que interage com eles;
• Crime ambiental é qualquer dano ou prejuízo causado aos elementos que compõem o meio
ambiente, protegidos pela legislação;
• Fauna é o conjunto de animais de um determinado local, sendo que para fins de aplicação da lei
está dividida em três grupos: fauna silvestre – Conjunto de animais que vivem em determinada região, afastados
do convívio do meio ambiente humano; fauna exótica – É a originaria de outro país; e fauna Doméstica ou
domesticada – espécies passíveis de domesticação;
• Flora é o conjunto de plantas de uma determinada região, sendo que a legislação protege
diversos espaços em virtude de sua importância natural;
• Poluição é a contaminação do meio ambiente;
• Licenciamento Ambiental é o procedimento administrativo que autoriza atividades ou
empreendimentos potencialmente poluidores ou que possam, de alguma forma, causar qualquer tipo de dano
ao meio ambiente; estabelecendo condições, restrições e medidas de controle ambiental a serem seguidas pelo
empreendedor.
• Biodiversidade diz respeito à variedade de vida; o Brasil é o país de maior biodiversidade do
planeta;
• Como parte da Política Nacional do Meio Ambiente foi criado o SISNAMA, que é um conjunto de
instituições e órgãos públicos responsáveis pela política nacional do meio ambiente que visa à proteção e à
melhoria da qualidade do meio ambiente nas três instâncias: federal, estadual e municipal;
• A Lei n.º 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, conhecida como a Lei de Crimes Ambientais (LCA)
– A Lei da Vida -, procurou cumprir o disposto na Constituição, e foi editada com vistas a disciplinar a proteção
jurídica do meio ambiente que, anteriormente, era constituída de leis e de decretos vagos e esparsos, o que
contribuía para a não aplicabilidade da legislação até então vigente.
• A Lei de Crimes Ambientais (LCA) será sua principal ferramenta de trabalho para enfrentar os
crimes ambientais.

Exercícios

1. Com relação ao previsto na Constituição Federal sobre meio ambiente, assinale os itens
FALSOS.
a. A proteção ao meio ambiente não é prevista na Constituição Federal.
b. O princípio da participação da população na proteção do meio ambiente está previsto na
Constituição Federal.
c. Os municípios não detêm competência para legislar em matéria afeta ao meio ambiente.
d. A Constituição Federal implementou um novo direito na ordem constitucional: o direito
fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

21
2. De acordo com os conceitos apresentados neste módulo, arraste os itens da primeira coluna
para seu correspondente, na segunda coluna.
(1) Crimes Ambientais
(2) Fauna
(3) Flora
(4) Poluição
(5) Licença Ambiental

( ) É a autorização legal para a realização de qualquer empreendimento ou atividade potencialmente


poluidora ou degradadora do meio ambiente.
( ) Conjunto de animais de um determinado local.
( ) É a contaminação do meio ambiente.
( ) Conjunto de plantas de uma determinada região.
( ) Qualquer dano ou prejuízo causado aos elementos que compõem o meio ambiente, protegidos
pela legislação.

3. A respeito das noções fundamentais de direito ambiental, assinale as alternativas


VERDADEIRAS.
a. O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o seu relatório (RIMA) são documentos necessários para o
licenciamento ambiental e visam diminuir os danos ambientais e aumentar o uso sustentável dos recursos
naturais.
b. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), órgão consultivo e deliberativo, integra o
Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA).
c. As unidades de conservação integrantes do SNUC dividem-se em dois grupos: unidades de
proteção integral e unidades de uso sustentável.
d. O Estudo de Impacto Ambiental figura como um dos mais eficazes instrumentos de defesa do meio
ambiente, devendo ser realizado, sempre que possível, após o licenciamento da atividade.

4. De acordo com os conceitos apresentados sobre fauna silvestre, exótica e doméstica,


relacione a segunda coluna de acordo com a primeira:
(1) Fauna Silvestre
(2) Fauna Exótica
(3) Fauna Doméstica ou Domesticada

( ) Javali, cacatua, leão, urso.


( ) Papagaio, arara, águia-pescadora, baleia jubarte.
( ) Gato siamês, cachorro poodle, cavalo, galo.

22
5. De acordo com o estudado no módulo em questão, assinale as alternativas VERDADEIRAS.
a. Biodiversidade ou diversidade biológica é a variedade de todas as formas de vida existentes.
b. O SISNAMA é o conjunto de instituições e órgãos públicos responsáveis pela política nacional do
meio ambiente que visa à proteção e à melhoria da qualidade do meio ambiente nas três instâncias: federal,
estadual e municipal.
c. Os estados e os municípios não podem legislar em matéria ambiental.
d. A Lei de Crimes Ambientais (9.605/98) unificou a esparsa legislação ambiental, e, é a principal
ferramenta no enfrentamento as infrações ambientais.

23
Gabarito

1. Resposta Correta: Letras A e C


2. Resposta Correta: 5-2-4-3-1
3. Resposta Correta: Letras A, B e C
4. Resposta Correta: 2-1-3
5. Resposta Correta: Letras A, B e D

24
MÓDULO

2 CRIMES CONTRA A FAUNA

Apresentação do módulo

“Pã, divindade da Grécia antiga, com seu corpo meio homem, meio animal, com pernas e
chifres de bode, protegia os bosques e os campos, sendo a própria personificação da natureza. Seu
correspondente latino, a divindade fauno, deu origem, provavelmente, ao termo fauna, que designa
atualmente o conjunto de animais que habita uma determinada região” (BELTRÃO apud BULFINCH,
2009, p. 87)

Neste módulo você estudará sobre os crimes contra a fauna, o que é imprescindível para a sua atuação
como agente encarregado da aplicação da lei.
Seu estudo estará fundamentado na Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, lei já vista por você, e
conhecida como Lei de Crimes Ambientais.

“A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo como seus animais são tratados.”
Mahatma Ghandi

Objetivo do módulo

Ao final deste módulo, você será capaz de:

• Listar as primeiras providências a serem tomadas no caso de crime ambiental contra a fauna;
• Conscientizar-se para a importância da preservação/conservação dos recursos faunísticos;
• Descrever os principais crimes praticados contra a fauna;
• Identificar a legislação pertinente aos crimes contra a fauna;
• Identificar as infrações contra a fauna;
• Reconhecer a importância de atuar de forma correta diante dos ilícitos penais contra a fauna.

25
Estrutura do Módulo

Este módulo abrange as seguintes aulas:

• Aula 1 - Procedimentos e erros comuns nas ocorrências;


• Aula 2 – A caça;
• Aula 3 - O comércio ilegal;
• Aula 4 - Introdução de espécies exóticas;
• Aula 5 - Maus-tratos;
• Aula 6 - Degradação do ambiente aquático;
• Aula 7 - Os crimes de pesca.

Aula 1 – Procedimentos e erros comuns nas ocorrências

1.1 Procedimentos: avaliação e aplicação da LCA (se couber)


Como membro do sistema de segurança pública, você deve além de adotar os procedimentos padrões
para uma abordagem e condução de detidos, aplicar o que será exposto a seguir quando se deparar com crimes
contra a fauna.
Ao chegar no local, você deve inicialmente avaliar a situação:
1. Observe a presença de pessoas
AVALIAÇÃO

2. Identifique os possíveis infratores


3. Solicite a documentação ambiental (licenças, autorizações, relações de animais, ...)
4. Analise a documentação apresentada

A partir da avaliação inicial, se você constatar irregularidades, aplique a LCA e tome as


providências apresentadas a seguir, quando necessárias.

26
1. Prenda o infrator ou o responsável pelo empreendimento.
2. Registre toda ação policial, através de fotos ou vídeo, com vistas a registrar
toda ação criminosa, em especial porque certas provas em crimes ambientais
não são repetíveis.
3. Isole e preserve o local do crime, uma vez que a perícia é essencial para a
constatação do dano ambiental.
APLICAÇÃO DA LCA E PROVIDÊNCIAS NECESSÁRIAS

4. Identifique cada material/animal com o seu respectivo proprietário, fazendo o


registro adequado.
5. Apreenda o material/animal objeto do crime e tome as providências logísticas
para o transporte e guarda do mesmo.

6. Tome as providências necessárias para a lavratura do Termo Circunstanciado


de Ocorrência (TCO) ou Auto de Prisão em Flagrante (APF).

7. Contate o Batalhão de Polícia Ambiental (Florestal), IBAMA ou ICMBio, se for


necessário, para a confecção do auto de infração e, na ausência desses, faça
contato com outros órgãos ambientais que tenham competência para
confeccionar o auto de infração ambiental.
8. Verifique se na sua região de atuação existem Centros de Triagem de Animais
Silvestres (CETAS) ou de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), para onde
devem ser encaminhados os animais silvestres provenientes da ação
fiscalizatória, para que possam ser identificados, avaliados, tratados e
reabilitados; sendo que o relatório veterinário provavelmente virá a instruir o
procedimento a ser encaminhado ao Ministério Público para as providências
pertinentes.
9. Tome as medidas adequadas para a destinação correta do material/animal
apreendido.

Conduta criminosa? Na dúvida não decida! Peça ajuda à Polícia Ambiental ou ao IBAMA.

1.2 Erros comuns nas ocorrências de crimes contra a fauna

• Veja quais são os erros mais comuns.


• Não identificar o crime.
• Confundir as infrações.
• Deixar de agir (prevaricação).
• Não dar a destinação correta aos materiais/animais apreendidos.
• Deixar de confeccionar Boletim de Ocorrência e de proceder na lavratura do Termo
Circunstanciado ou Auto de Prisão em Flagrante.

27
• Deixar de acionar a Polícia Ambiental (Florestal) ou IBAMA para confecção do auto de infração.

Agora que já sabe como proceder, estudará, a cada aula, um dos tipos penais.

Aula 2 – Caça

Antes de iniciar seu aprendizado, reflita sobre a situação a seguir e responda o que faria:

Refletindo sobre a questão...


Você está realizando um ponto de bloqueio policial (barreira) e, ao abordar um veículo, constata que
existem diversos animais dentro de caixas de isopor, dentre eles: 2 tatus, 1 teiú e 1 caititu cortado em pedaços.
E agora, o que você deve fazer como agente encarregado da aplicação da lei?

Continue o estudo e verá como agir nessa situação.

A fauna silvestre é propriedade do Estado (artigo 1º, da Lei nº 5.197/67), portanto, a velha concepção
de que os animais são coisas de ninguém, “sem dono”, é falsa.
O primeiro crime capitulado na LCA é o crime de caça, que trata justamente da proteção jurídica dos
animais silvestres e dispõe o seguinte no artigo 29:

Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar e utilizar espécimes da fauna silvestre,
nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da
autoridade competente, ou em desacordo com a obtida.
Pena – Detenção, de seis meses a um ano, e multa. (Grifo nosso)

• Matar: Exterminar, ceifar a vida. (Prado, 2005, p.230).


• Perseguir: Incomodar, ir ao encalço, importunar, seguir de perto, correr atrás, acossar. (Prado,
2005, p.230).
• Caçar: Perseguir animais a fim de matar ou de apanhar vivos. (Prado, 2005, p.230).
• Apanhar: Recolher, colher, caçar com armadilhas, redes ou visgos. (Prado, 2005, p.230).
• Utilizar: Servir-se, tirar proveito. (Prado, 2005, p.230).

Fauna silvestre, de acordo com o parágrafo 3º, deste mesmo artigo 29, da LCA, é composta pelas
espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu
ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou em águas jurisdicionais brasileiras.

28
Atenção!
Apenas os animais aquáticos (excluindo peixes, crustáceos e moluscos) são objetos do crime de caça.
São eles: baleias, peixes-boi, golfinhos, botos, leões-marinhos, dentre outros.
Essas condutas não se aplicam aos atos de pesca.

Para a prática desse crime, como a de outros crimes ambientais, o infrator tem que agir sem licença da
autoridade competente, que no caso é o órgão ambiental estadual ou o IBAMA.

Lembre-se...
A caça profissional é proibida no Brasil.

Importante!
Para o manejo da fauna silvestre é necessária a devida licença expedida pelo órgão ambiental estadual
ou pelo IBAMA.

É importante entender que os animais domésticos e exóticos não são objetos dos crimes descritos, uma
vez que a tutela jurisdicional se limita aos animais silvestres nativos.
Cães, gatos, cachorros, bois, cavalos, elefantes, leões, coalas, cangurus e outras espécies domésticas ou
exóticas não são tutelados por esse dispositivo legal.
O parágrafo 1º, do artigo 29, da LCA e seus incisos tratam dos animais em seus habitats e visa à lei de
proteção desses animais, uma vez que sem seu abrigo ou local de reprodução natural, o animal ficará
extremamente exposto às intempéries naturais e a ações de predadores.
Além disso, alguns animais abandonam seus locais de abrigo e procriação ao perceberem que os
mesmos foram manuseados.

§ 1º Incorre nas mesmas penas:


I – Quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo
com a obtida; e
II – Quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural.

Lembre-se que...
Ao se referir à procriação da fauna, o legislador refere-se à fauna silvestre nativa, e como já citado, não
estão tutelados os animais domésticos nem exóticos, porque não é de interesse público tutelar sua procriação.

Os parágrafos quarto e quinto, do artigo 29, da LCA, tratam dos casos de aumento de pena e
prescrevem que ela triplica se o crime decorrer do exercício de caça profissional, que é proibida no Brasil e,
ainda, aumenta pela metade se praticado.
29
• Contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da
infração. Entende-se como espécie rara aquela que existe naturalmente em pequenas quantidades na natureza
e por esta razão são difíceis de se encontrar, e espécie ameaçada de extinção constante na relação da CTIS
publicada pelo IBAMA.
• Em período proibido à caça, uma vez que a caça é proibida no Brasil, toda vez que se praticar
um crime contra a fauna deve-se ter o aumento da pena.
• Durante a noite, pois durante o período noturno a fiscalização é mais difícil de ser executada e
menos eficaz.
• Com abuso de licença, pois a princípio a impressão é que nenhuma infração está sendo cometida
já que o infrator estava devidamente autorizado a praticar o ato.
• Em unidade de conservação que foi criada pelo poder público justamente para a preservação e
conservação dos ecossistemas ali existentes, pois o abate de animais pode vir a interferir no equilíbrio ecológico;
• Com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar destruição em massa.

Importante!
Não se considera como criminosa a conduta de abater um animal quando realizada:
• Em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família;
• Para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais,
desde que legal e expressamente autorizada pela autoridade competente; e
• Por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.

A caça de animais silvestres, assim como a destruição de ninhos e locais de procriação é crime; a caça
só é permitida mediante licença do IBAMA ou do órgão ambiental estadual.
Animais como o tatu, veado, paca, anta, caititu, capivara e teiú estão entre os preferidos pelos
caçadores.

Aula 3 - O Comércio ilegal

Nesta aula, você estudará sobre uma das maiores atividades criminosas do mundo.

Você sabe quais são os três maiores comércios ilegais do mundo?


Nesta aula você conhecerá a resposta.

Os artigos 29, § 1º, III e 30, da LCA, disciplinam o comércio ilegal de animais silvestres, que é considerada
uma das atividades mais ilícitas do mundo.

30
Art. 29 [...]
Pena – Detenção, de seis meses a um ano, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas:
[...]
III – Quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou
depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa
ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes
de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização
da autoridade competente.
Art. 30 Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a
autorização da autoridade ambiental competente:
Pena – Reclusão, de um a três anos, e multa.

O inciso III, do parágrafo 1º, do artigo 29, da LCA, trata do comércio da fauna silvestre, que a princípio
deve ser realizado somente por criadouros/criadores autorizados pelo órgão ambiental estadual ou IBAMA, e
de acordo com a permissão, licença ou autorização concedida.

Saiba Mais..
A Rede de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (RENCTAS), em 2001, classificou o comércio ilegal
de animais silvestres, como o terceiro comércio ilegal do mundo, só perdendo para o tráfico de drogas e de
armas, movimentando cerca de US$ 20.000.000.000,00 (vinte bilhões de dólares) por ano, sendo que a
participação do Brasil no total mundial é de 20%.
A WWF (2012), afirma que, ao se combinar o tráfico ilícito de animais selvagens (com pesca e madeira),
tem-se o quarto maior comércio ilegal do mundo, atrás de narcóticos, de seres humanos e de produtos
falsificados, movimentando até cerca de U$$ 26.500.000.000,00 (vinte e seis bilhões e quinhentos milhões de
dólares) por ano.

3.1 Transporte de animais silvestres


Para o transporte é necessária a Licença ou Autorização de Transporte emitida pelo órgão ambiental
estadual ou pelo IBAMA, bem como a Nota Fiscal que oficializou o comércio, e, quando for o caso, a Guia de
Trânsito Animal (GTA) emitida pelo órgão de defesa agropecuária competente.

Importante!
Para o transporte internacional exige-se ainda a licença de exportação, emitida pelo IBAMA.

O dispositivo tutela não somente o animal já formado, mas também as espécies em formação – ovos e
larvas. O ovo representa o primeiro estágio de vida de algumas espécies, e, portanto, a destruição do ovo implica

31
na destruição de um ser que está se formando, numa quebra no ciclo de vida do espécime, semelhantemente,
a larva é o primeiro estágio de vida dos insetos.
Aos produtos beneficiados, como bolsas, jaquetas, cintos e botas, cuja matéria-prima seja a pele ou os
couros de répteis ou anfíbios, aplica-se o disposto no artigo 29, §1º, III, por se tratar de “produto ou objeto” da
fauna silvestre.

3.2 Tráfico de animais


O tráfico de animais silvestres dá a impressão de ser uma atividade aparentemente inofensiva e algumas
autoridades não dão tratamento adequado a esse tipo de crime.
Para se ter ideia da potencialidade desta atividade, basta recorrer ao preço estimado praticado no
mercado internacional, segundo a Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (RENCTAS),
2000:
• O espécime da arara-azul-de-lear é cotado em US$ 60.000 (sessenta mil dólares);
• O grama do veneno da coral-verdadeira é cotado em mais de US$ 30.000 (trinta mil dólares);
• O grama do veneno da aranha-marrom vale cerca de US$ 20.000 (vinte mil dólares);
• O espécime do papagaio-de-cara-roxa é cotado em US$ 6.000 (seis mil dólares);
• Cada espécime de melro tem cotação em mais de US$ 2.000 (dois mil dólares).

3.3 Biopirataria
Outra vertente do tráfico de animais é a biopirataria, que se constitui na exploração, manipulação,
exportação e/ou comercialização internacional de recursos biológicos que contrariam as normas da Convenção
sobre Diversidade Biológica.
A Biopirataria se caracteriza também pela apropriação e monopolização ilegal dos conhecimentos das
populações tradicionais no que se refere ao uso dos recursos naturais.
A ação desses criminosos é facilitada pela ausência de uma legislação que defina as regras de uso dos
recursos naturais brasileiros.
A biopirataria deve ser veementemente combatida, e você deve fazer isto apoiado nesse dispositivo
legal.

Lembre-se...
A Biopirataria é uma das modalidades de tráfico de animais silvestres.

Aula 4 – Introdução de espécies exóticas

Nesta aula, você estudará sobre um dos crimes responsáveis pela destruição de ecossistemas.

Você lembra o que é fauna exótica?


Fauna exótica é a fauna originária de outro país.
32
O artigo 31, da LCA, disciplina o combate à entrada de animais exóticos no território brasileiro, uma
vez que a introdução de espécimes pode vir a alterar o equilíbrio dos ecossistemas e causar o desaparecimento
de diversas espécies.
O conceito de animal já foi delimitado, no início do curso, como sendo “todo ser vivo dotado de
movimento que possua ausência de clorofila e celulose, que se alimente de substâncias sólidas e,
normalmente, capaz de percepções sensoriais”. Já espécie é “um conjunto de indivíduos semelhantes
entre si e capazes de entrecruzarem em condições naturais produzindo descendentes férteis”.

Importante!
O objetivo do Artigo 31 é proteger a fauna nacional, porque a introdução de um único espécime
exótico pode vir a se constituir num grande problema, especialmente, se o animal introduzido não
tiver aqui um predador natural e começar a destruir a fauna e a flora local.

Não se constitui crime a introdução de espécime exótica desde que realizada com licença emitida pelo
IBAMA ou órgão ambiental com função delegada.
Essa introdução pode vir a provocar mudanças profundas no ecossistema, exemplo disso, foi a
introdução de coelhos na Austrália, o que provocou a diminuição das populações de mamíferos marsupiais
nativos da região, como os cangurus, por causa da alteração do habitat.

Exemplo
No Brasil, a introdução de javalis no sul do país é um exemplo dos danos que a introdução de espécies
exóticas pode causar, eles tornaram-se um grave problema para a flora, a agricultura e a pecuária.

Aula 5 –Maus-tratos

Nesta aula, você estudará uma das inovações da LCA: maus-tratos e abuso de animais silvestres,
exóticos e domésticos.

O que você entende que são maus-tratos aos animais?


Nesta aula você conhecerá a resposta.

Uma das inovações da legislação foi a tutela da fauna doméstica e exótica, que anteriormente não eram
protegidas pela Lei de Proteção a Fauna (Lei n.º 5.197, de 03 de janeiro de 1967).

33
A LCA dispõe que:

Art. 32 Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres,


domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:
Pena – Detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal
vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos
alternativos.
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.

No módulo anterior, você aprendeu os conceitos de fauna silvestre, exótica e doméstica.


Fauna Silvestre Nativa é o conjunto de animais que vivem em determinada região. São os que têm
seu habitat natural nas matas, florestas, nos rios e mares; são animais que ficam, em via de regra, afastados do
convívio do meio ambiente humano;
Fauna Silvestre Exótica é a originária de outro país (estrangeira);
Fauna Doméstica ou Domesticada é formada pelas espécies passíveis de domesticação.

O caput do artigo 32, da LCA, traz as condutas de abuso e maus-tratos. Vladimir Passos de Freitas e
Gilberto Passos de Freitas (2000, p. 94), assim se pronunciaram sobre as condutas previstas neste artigo:
• Praticar ato de abuso é realizar uso errado do animal. Por exemplo, cavalgar por horas sem
permitir descanso ao cavalo, nem lhe dar oportunidade de comer ou beber água;
• Lançar galo em rinha sabendo que, mesmo vencedor, ele sairá ferido, apenas para satisfazer o
desejo dos apostadores, ou transportar pássaros fechados em caixas, por horas, sem as mínimas condições de
bem-estar;
• Maus-tratos significam insultar e ultrajar. Por exemplo, manter cachorro permanentemente
fechado em lugar pequeno, sem ventilação e limpeza;
• Ferir é lesar o animal. É a ação do que exagera ao açoitar um burro, causando-lhe ferimentos; e
• Finalmente, mutilar, conduta que implica em retirar parte do corpo do animal, geralmente um
membro.

Lembre-se...
Rinha é crime! E está associada aos maus-tratos.

Atente para o fato de que:


O parágrafo primeiro, do artigo 32, da LCA, trata da utilização da fauna para fins científicos. Não se
quer coibir pesquisas científicas, o objetivo é garantir que só serão empregados métodos dolorosos e cruéis,
em animais, se não houver outra alternativa disponível, uma vez que a manipulação de novas drogas é realizada,
primeiramente, nos animais para, só depois, ser utilizada em seres humanos.

34
Exemplo
Luciana Cardoso Pilati (2011, p. 84) ao tratar do tema cita o exemplo da “farra do boi” (manifestação
cultural de Santa Catarina), e que, segundo se entende, configuraria a conduta criminosa prevista no art. 32 da
LCA. Quando do exame da matéria, o STF decidiu que a prática da “farra do boi” significa submeter os animais
à crueldade, ofendendo-se, assim, o disposto no art. 225, § 1º, VII, da Constituição da República Federativa do
Brasil (RE 153.531-8/SC, rel. Min. Marco Aurélio, DJU de 3-6-1997).
O Decreto Lei nº 24.645, de 10 de julho de 1934, embora tenha sido revogado, trazia à tona excelentes
exemplos de condutas que poderiam se constituir em maus-tratos.

Lembre-se...
Maus-tratos aos animais é crime.

Aula 6 – A degradação do ambiente aquático

Nesta aula, você estudará sobre a destruição do ambiente aquático.


A proteção à fauna ictiológica começa a ser contemplada no artigo 33, da LCA:

Art. 33 Provocar, pela emissão de efluentes ou carregamento de materiais, o


perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes,
lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras:
Pena – Detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente.

Para aplicação da legislação ambiental deve se entender que a fauna aquática engloba os mamíferos,
anfíbios e répteis aquáticos, bem como os peixes, os crustáceos e os moluscos.
O parágrafo único, do artigo 33, da LCA dispõe o seguinte:

Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas:


I – Quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações de aquicultura de
domínio público;
II – Quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, sem licença,
permissão ou autorização da autoridade competente;
III – Quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza sobre
bancos de moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta náutica.

35
Importante!
Esse dispositivo legal visa manter o equilíbrio dos ambientes aquático.
• O crime do inciso I, do artigo 33, da LCA, é bastante semelhante ao previsto no caput do artigo,
com a diferença de que não se faz necessário que da degradação ambiental resulte a morte dos
espécimes, além de que somente é praticado em ambiente aquáticos de propriedade do Estado, que
pode ser a União ou qualquer estado federado.
• O crime do inciso II, do artigo 33, da LCA, trata da exploração econômica que deve ser realizada
somente com autorização do Ministério da Pesca e Aquicultura – MPA.
• O inciso III, do artigo 33, da LCA, dispõe sobre a proteção dos arrecifes naturais que existem ao
longo da costa brasileira.

Aula 7 – Os crimes de pesca

Nesta aula, você estudará um dos grandes temas da LCA: os crimes de pesca!

O que é pesca?
Nesta aula você conhecerá a resposta.

O conceito de pesca é essencial para fins de interpretação e aplicação da lei.


De acordo com o artigo 36, da Lei de Crimes Ambientais, considera-se pesca...

Todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos
peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas
as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora.

Para configurar o crime de pesca, basta a iminência da captura dos espécimes da ictiofauna, ou
seja, o pescador que atira na água um instrumento de pesca proibido incorre no crime, mesmo que não consiga
trazer nada da água.
A pesca de vegetais não é novidade na legislação, porque o Código de Pesca já previa essa modalidade,
que a princípio parece estranha, mas a flora aquática passa a ser potencialmente objeto de pesca.

Atenção!
A pesca irregular é crime!

O artigo 34, da LCA, veda a pesca em certos períodos e locais:

36
Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares
interditados por órgão competente:
Pena – Detenção, de um ano a três anos, ou multa, ou ambas as penas
cumulativamente.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem:
I – Pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos
inferiores aos permitidos;

O que se visa nesse artigo é a proteção da ictiofauna em períodos determinados, especialmente,


durante a desova e em certos locais, para que as populações possam se desenvolver.
Diferentemente dos crimes contra a fauna é o Ministério da Pesca e Aquicultura quem estabelecerá
quais as espécies que poderão ser pescadas e quais os tamanhos mínimos permitidos para a pesca.

Importante!
Você precisa entender que o legislador visou à proteção das espécies que estejam em risco de extinção
ou que ainda não atingiram o tamanho suficiente, em especial porque ainda não se reproduziram.

Com a finalidade de garantir a continuidade das espécies de peixes, crustáceos, moluscos e vegetais
hidróbios, foi editado no inciso II, do artigo 34, da LCA, a proibição da pesca em quantidades superiores às
permitidas ou mediante a utilização de aparelhos, apetrechos, técnicas e métodos não permitidos.

Importante!
Cada região hidrográfica possui características próprias quanto aos instrumentos que são ou não
permitidos para a pesca em águas interiores, em geral, os seguintes apetrechos são proibidos: redes e
tarrafas de arrasto de qualquer natureza, redes de emalhar, espinhéis e joão bobo.
Consulte o órgão local ambiental para certificar-se dos instrumentos e apetrechos proibidos em sua
região.

Durante a atividade de fiscalização você sempre deverá observar a legislação complementar que é
divulgada pelo Ministério da Pesca e Aquicultura.

Lembre-se...
Cada bacia hidrográfica possui legislação específica por conta de suas peculiaridades e espécies
ocorrentes, por isto ao agir certifique-se das normas vigentes em sua localidade.

37
7.1 A comercialização
Quanto ao processo de comercialização dos produtos de pesca, prescreveu o legislador, no inciso III,
do artigo 34, da LCA, sobre o transporte, comercialização, beneficiamento e industrialização de espécimes
provenientes da coleta, apanha e pesca proibidas.
Reprime-se neste dispositivo a receptação dos espécimes oriundos da pesca ilegal. O dispositivo visa
punir aquele que se utiliza do recurso natural para auferir lucros, não se importando com a origem do pescado.
O tipo penal disciplina todo o ciclo de comercialização, desde o transporte, o beneficiamento, a industrialização
até a venda dos espécimes da ictiofauna. Dentro desse tipo penal tem-se a pesca ilegal de peixes ornamentais,
que alcançam valores astronômicos no mercado internacional.
A ganância dos pescadores ou das empresas que exploram a atividade pesqueira pode trazer um
malefício terrível ao meio ambiente, que é a extinção de espécies.

Lembre-se...
O Ministério da Pesca e Aquicultura é o responsável por determinar quais são as quantidades permitidas
por pescador ou por embarcação e por definir quais são os apetrechos permitidos.

Quanto à pesca predatória, a mesma está disciplinada no artigo 35, da LCA:

Art. 35. Pescar mediante a utilização de:


I – Explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeito
semelhante; e
II – Substâncias tóxicas ou outro meio proibido pela autoridade competente:
Pena – Reclusão de um ano a cinco anos.

O artigo visa combater todo tipo de pesca predatória, que destrói todo o habitat aquático da
ictiofauna, sendo esta a razão por que a pena foi agravada nesse tipo penal, pois o infrator não está
preocupado em preservar o ambiente para que ele, futuramente, possa vir a pescar, uma vez que este tipo de
pesca predatória causa danos irreversíveis ao meio ambiente, destruindo toda fauna e flora aquáticas.

Observação
Os tamanhos mínimos não se aplicam aos peixes de piscicultura. Nesse caso, é necessário comprovar
a origem do peixe, através de nota fiscal.

Atenção!
É crime capturar, transportar e comercializar espécies protegidas, peixes abaixo do tamanho mínimo e
além do limite por pescador amador, que é de 10kg mais um exemplar (ou o limite estipulado por legislação
estadual/municipal, quando inferior a 10kg).

38
Finalizando...

Neste módulo você estudou que...


• A fauna silvestre é constituída de todo e qualquer animal que tenha todo ou parte de seu ciclo
de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras. Logo, os
animais migratórios fazem parte de nossa fauna, como as aves migratórias e os cetáceos.
• Exemplos dos crimes citados neste módulo:
• A caça (sendo que a caça profissional é proibida no Brasil);
• Venda de animais silvestres em feiras livres ou lojas;
• Comercialização ilegal de sapatos, bolsas, casacos, dentre outros artefatos e objetos que são
produtos/subprodutos da fauna silvestre;
• Manutenção de animais silvestres em cativeiro;
• Transporte irregular de animais silvestres;
• Maus-tratos aos animais (rinha de galo, espancamento, etc.);
• Degradação do ambiente aquático pela emissão de detritos; e
• Pesca irregular (quantidades maiores que as permitidas, nos locais proibidos, em período de
defeso, com artefatos proibidos).
• Para o manuseio da fauna silvestre exigem-se as devidas licenças, permissões ou autorizações
dos órgãos competentes;
• Para o transporte interestadual e internacional exige-se a nota fiscal, guia de trânsito de animais
(GTA – expedida pelo Ministério da Agricultura), a licença de transporte e de exportação – se for o caso,
expedidas pelo IBAMA.

Exercícios

1. Considere as situações hipotéticas a seguir e os itens que se seguem, a respeito dos crimes
contra a fauna, e assinale as alternativas VERDADEIRAS.
a. Uma senhora idosa tem como sua única companhia um papagaio, o qual ela cria há muitos anos sem
qualquer tipo de licença. Neste caso ela comete crime ambiental, previsto no art. 29, da Lei de Crimes
Ambientais.
b. O vizinho depois de ficar aborrecido com os latidos incessantes de um pequeno chihuahua, vai até
ele e chuta sua cabeça com a intenção de fazê-lo parar de latir. Neste caso, ele não comete crime ambiental,
pois os animais domésticos não são protegidos pela legislação ambiental.
c. José disse para a esposa que ia pescar. Quando estava com os amigos as margens de determinado
rio (onde a pesca era proibida) foi abordado pela polícia quando jogava a linha com anzol na água. José e seus
amigos ainda não haviam apanhado nada. Por não terem capturado nenhum peixe, José e seus amigos não
cometeram crime ambiental.

39
d. Uma empresa brasileira de exportação e importação exportava para o exterior, sem a autorização
ambiental competente, peles e couros de anfíbios processados e industrializados. Nessa situação, houve a
prática de crime ambiental.

2. Com base no que você estudou neste módulo, analise as situações hipotéticas a seguir, e,
selecione a alternativa correta:
a. Ao realizar uma abordagem de rotina, você encontrou dentro de um veículo uma gaiola com um
pássaro da fauna silvestre ameaçada de extinção, o condutor disse que o capturou na mata. Como se trata
apenas de mais um passarinho, você liberou a pessoa e não tomou procedimento, afinal de contas era só um
passarinho.
b. Durante abordagens a táxis, nas proximidades do aeroporto, você encontrou dezenas de aranhas e
escorpiões na pasta de um dos passageiros, como se tratam apenas de pequenos animais nocivos, você liberou
o veículo e seus passageiros.
c. Ao realizar uma diligência, você observa que em determinado local está sendo realizada uma rinha
de galos de briga, chama reforço, adentram ao local, constatam a infração ambiental, prendem os envolvidos,
isolam o local para perícia e conduzem os envolvidos e todo material apreendido para a delegacia.
d. Durante operação policial, você abordou um veículo tipo caminhonete, cheio de pescado. Ao vistoriar
o veículo, você encontra redes e tarrafas, e, aproximadamente 200 Kg (duzentos quilos) de peixe, mas como seu
turno de serviço está acabando, você decide liberar o veículo e seu condutor.

3. De acordo com os conceitos apresentados neste módulo, arraste os itens da primeira coluna
relacionando-os com a segunda coluna.

(1) Tráfico de animais


(2) Biopirataria
(3) Pesca
(4) Fauna Silvestre
(5) Fauna Exótica

( ) Exploração, manipulação, exportação e/ou comercialização internacional de recursos biológicos que


contrariam as normas da Convenção sobre Diversidade Biológica.
( ) Todo e qualquer animal que tenha todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites
do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.
( ) Comércio ilegal de animais silvestres, sendo considerado o terceiro maior do mundo.
( ) Originária de outro país (estrangeira).
( ) Ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos
peixes, crustáceos, moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas
as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora.

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4. Analise os itens que se seguem, a respeito dos crimes contra a fauna, e assinale as alternativas
VERDADEIRAS.
a. A caça de animais silvestres é permitida no Brasil.
b. Os animais só podem ser capturados na natureza com permissão do IBAMA.
c. É crime destruir os ninhos das aves.
d. Abater o animal, em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família não é
crime ambiental.
e. É permitida a introdução de espécimes exóticas na natureza.

5. Assinale as alternativas FALSAS


a. Caso uma baleia ou um golfinho sejam apanhados sem autorização da autoridade competente, o
crime configurado será o referente à caça e não à pesca.
b. É permitida a venda de animais silvestres em feiras livre, como papagaios e araras, sem qualquer tipo
de licença ou autorização.
c. Para o transporte de animais silvestres um dos documentos exigidos é a Guia de Transporte Animal
(GTA) – expedida pelo IBAMA.
d. Matar animal silvestre em cativeiro, sem autorização, é crime.
e. Maus-tratos aos animais é crime.
f. É permitido pescar em qualquer lugar e em qualquer quantidade.

41
Gabarito

1. Resposta Correta: Letras A e D


2. Resposta Correta: Letra C
3. Resposta Correta: 3-1-5-2-4
4. Resposta Correta: Letras B, C e D
5. Resposta Correta: B, C e F

42
MÓDULO
CRIMES CONTRA A FLORA

Apresentação do módulo

“Flora, divindade da Roma antiga, consistia na deusa das flores. Hodiernamente, corresponde a
todas as formas de vegetação, tais como florestas, matas ciliares, cerrados, manguezais etc.” (BELTRÃO
apud BULFINCH, 2009, p. 87).

Neste módulo, você vai aprender sobre os crimes contra a flora e o que é necessário para sua atuação
como agente encarregado da aplicação da lei.
O estudo está basicamente fundamentado na Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, conhecida
como Lei de Crimes Ambientais e no Novo Código Florestal, Lei n.º 12.651, de 25 de maio de 2012.
Antes de prosseguir com o curso, leia a canção do exílio de Antônio Gonçalves Dias e pense sobre a
questão colocada:

Canção do Exílio
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,


Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,


Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,


Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite –
43
Mais prazer eu encontro lá;

Minha terra tem palmeiras,


Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Como seria a vida sem os valores naturais do Brasil?

Objetivo do módulo

Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de:


• Listar as primeiras providências a serem tomadas no caso de crime ambiental contra a flora;
• Conscientizar-se para a importância da preservação/conservação dos recursos florestais;
• Descrever os principais crimes praticados contra a flora;
• Identificar a legislação pertinente aos crimes contra a flora;
• Identificar as infrações contra a flora; e
• Reconhecer a importância de atuar de forma correta diante dos ilícitos penais contra a flora.

Estrutura do Módulo

Este módulo abrange as seguintes aulas:


• Aula 1 - Procedimentos e erros comuns nas ocorrências;
• Aula 2 - Desmatamento;
• Aula 3 - Queimadas;
• Aula 4 - Os balões juninos;
• Aula 5 - O comércio ilegal da Flora;
• Aula 6 - O uso da motosserra;
• Aula 7 - As plantas de ornamentação.

44
Aula 1 – Procedimentos e erros comuns nas ocorrências

1.1 Procedimentos: avaliação e aplicação da LCA (se couber)


Como membro do sistema de segurança pública, você deve além de adotar os procedimentos padrões
para uma abordagem e condução de detidos, aplicar o que será exposto a seguir quando se deparar com crimes
contra a flora.
Quando o crime ocorrer dentro de uma Unidade de Conservação, antes de chegar ao local, quando for
possível, faça um contato prévio com seu diretor e solicite seu apoio na questão de logística e identificação da
área (ato de criação, finalidade, limites territoriais...), bem como requeira o auxílio de um guia para
deslocamento/reconhecimento do local.

1. Observe a presença de pessoas.


AVALIAÇÃO

2. Identifique os possíveis infratores.

3. Solicite a documentação ambiental (licenças, autorizações, DOF. ...).


4. Analise a documentação apresentada.

A partir da avaliação inicial, se você constatar irregularidades, aplique a LCA e tome as providências
apresentadas a seguir, quando necessárias

1. Prenda o infrator ou o responsável pelo empreendimento.


APLICAÇÃO DA LCA E PROVIDÊNCIAS

2. Registre toda ação policial, através de fotos ou vídeo, com vistas a registrar
toda ação criminosa, em especial porque certas provas em crimes ambientais não
são repetíveis.
NECESSÁRIAS

3. Realize a aferição da área degradada mediante a retirada das coordenadas


geográficas, com uso de aparelho GPS.
4. Isole e preserve o local do crime, uma vez que a perícia é essencial para a
constatação do dano ambiental.
5. Apreenda o material do objeto do crime e tome as providências logísticas para
o transporte e guarda do mesmo.

45
6. Tome as providências necessárias para a lavratura do Termo Circunstanciado de

PROVIDÊNCIAS NECESSÁRIAS
Ocorrência (TCO) ou Auto de Prisão em Flagrante (APF).
APLICAÇÃO DA LCA E

7. Contate o Batalhão de Polícia Ambiental (Florestal), IBAMA ou ICMBio, se for


necessário, para a confecção do auto de infração e, na ausência desses, faça
contato com outros órgãos ambientais que tenham competência para
confeccionar o auto de infração ambiental.
8. Tome as medidas adequadas para a destinação correta do material/animal
apreendido.

Conduta criminosa? Na dúvida não decida! Peça ajuda à Polícia Ambiental ou ao IBAMA.

1.2 Erros comuns nas ocorrências de crimes contra a flora


• Não identificar o crime
• Confundir as infrações
• Deixar de agir (prevaricação)
• Deixar de confeccionar Boletim de Ocorrência e de proceder na lavratura do Termo
Circunstanciado ou Auto de Prisão em Flagrante
• Deixar de acionar a Polícia Ambiental (Florestal) ou IBAMA para confecção do auto de infração
• Não dar a destinação correta aos materiais apreendidos

Agora que já sabe como proceder, estudará, a cada aula, um dos tipos penais.

Aula 2 – Desmatamento

Por que o desmatamento é um dos crimes ambientais mais devastadores?


Nesta aula você conhecerá a resposta.

O desmatamento destrói todo o ecossistema, levando plantas e animais à extinção.

Veja algumas consequências do desmatamento:


• Altera as condições climáticas;
• Diminui a incidência das chuvas;
• Causa a elevação da temperatura;
• Altera o nível subterrâneo e superficial da água;
• Leva à desertificação, dentre outros efeitos.

46
Prado (2001, p. 142) ensina que o desmatamento é um dos fatores responsáveis pela deterioração do
solo, destruindo o equilíbrio dos ecossistemas e que, dificilmente, o reflorestamento consegue restaurar o
equilíbrio ecológico anterior, porque não consegue recompor a diversidade biológica perdida.
Visando à proteção jurídica das florestas, a LCA dispõe que:

Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente,


mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção:
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.
Art. 38-A. Destruir ou danificar vegetação primária ou secundária, em estágio
avançado ou médio de regeneração, do Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-la com
infringência das normas de proteção:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou ambas as penas
cumulativamente.
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.
Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem
permissão da autoridade competente:
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
[...]
Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora de
dunas, protetora de mangues, objeto de especial preservação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou degradar floresta, plantada ou
nativa, em terras de domínio público ou devolutas, sem autorização do órgão
competente:
Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa.
§ 1º Não é crime a conduta praticada quando necessária à subsistência imediata
pessoal do agente ou de sua família.
§ 2º Se a área explorada for superior a 1.000 ha (mil hectares), a pena será aumentada
de 1 (um) ano por milhar de hectare.

Segundo o Novo Código Florestal, Lei n.º 12.651, de 25 de maio de 2012, são consideradas áreas de
preservação permanente as florestas e demais formas de vegetação que estão ao longo de cursos d’água, ao
redor de lagoas, nas nascentes - “olhos d’água”, no topo de morros, montes, serras, nas encostas com mais de
45º de declividade, dentre outras.

Você deve saber que:


• O IBAMA considera que desmatamento é a operação que visa destruir a vegetação nativa de
determinada área para o uso alternativo do solo; e
• Considera-se nativa toda vegetação original, remanescente ou regenerada, caracterizada pelas
florestas, capoeiras, cerradões, cerrados, campos, campos limpos, vegetações rasteiras, etc.

47
Pelo exposto nos dispositivos legais descritos, tem-se que o corte (desmatamento) só pode ser
realizado mediante licença (autorização) do órgão ambiental competente, no caso o IBAMA, ou o órgão
ambiental estadual que desempenhe função delegada.

Importante!
Somente pode ser realizado o corte com licença do órgão ambiental. Sem licença, o corte é crime.

O artigo 40 também prevê pena de reclusão de até 5 anos se o dano for causado em unidade de
conservação:

Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas de


que trata o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, independentemente
de sua localização:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 1º Entende-se por Unidades de Conservação de Proteção Integral as Estações
Ecológicas, as Reservas Biológicas, os Parques Nacionais, os Monumentos Naturais
e os Refúgios de Vida Silvestre
§ 2º A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das
Unidades de Conservação de Proteção Integral será considerada circunstância
agravante para a fixação da pena
§ 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.

Conforme você já estudou, as unidades de conservação são espaços que por suas características
naturais são especialmente protegidos por lei visando à preservação e ao uso sustentável de seus recursos
naturais.
O IBAMA mantem, em seu sitio na internet, informações das autorizações de desmatamentos emitidas
no país. As Unidades de Conservação são de dois tipos: de proteção integral e de uso sustentável.
De acordo com o IBAMA, merecem destaque algumas espécies da flora, como o Jacarandá-da-bahia e
o Pau-brasil (que estão entre as mais valiosas do Brasil e do mundo), ambos com exploração proibida. O mogno
e o cedro têm exploração permitida, que dependerá de licenciamento pelo órgão competente, mediante
aprovação prévia de Plano de Manejo Florestal.

Atenção!
Em geral, estão associados ao desmatamento outros crimes ambientais como, por exemplo, o de
penetrar em unidade de conservação com instrumentos próprios para a exploração de produtos ou
subprodutos florestais (artigo 52 da LCA), ou de utilizar motosserra para o corte das árvores (artigo 51 da LCA).

48
Observação
Qualquer árvore pode ser declarada imune de corte por ato do poder público (federal, estadual ou
municipal), por motivo de sua localização, raridade, beleza ou condição de porta-sementes.

Aula 3 – Queimadas

Nesta aula você estudará sobre outro tipo penal relacionado aos crimes contra a flora: as queimadas.
Uma prática muito comum no Brasil.

Quais as consequências das queimadas?

Assim como o desmatamento, essa prática também é nociva aos ecossistemas. Além de causar
inúmeras doenças respiratórias no homem, e, de ser responsável pela poluição atmosférica e destruição do solo.
A queimada está associada ao crime da poluição atmosférica (art. 54 da Lei de Crimes Ambientais),
que consiste em causar poluição de qualquer natureza, em níveis que resultem danos à saúde humana,
provocando a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora.
Também haverá crime ambiental caso a queimada provoque a retirada, mesmo que momentânea, dos
habitantes das áreas afetadas ou cause danos diretos à saúde da população.
A LCA, no seu art. 41 trata como delito, a produção de fogo perigoso descontrolado e potencialmente
lesivo à flora:

Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta:


Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis meses a um
ano, e multa.

Lembre-se que...
A queimada sem autorização é crime.

O Novo Código Florestal trata da proibição do uso de fogo e do controle dos incêndios:

Art. 38. É proibido o uso de fogo na vegetação, exceto nas seguintes situações:
I - em locais ou regiões cujas peculiaridades justifiquem o emprego do fogo em
práticas agropastoris ou florestais, mediante prévia aprovação do órgão estadual
ambiental competente do Sisnama, para cada imóvel rural ou de forma
regionalizada, que estabelecerá os critérios de monitoramento e controle;
II - emprego da queima controlada em Unidades de Conservação, em conformidade
com o respectivo plano de manejo e mediante prévia aprovação do órgão gestor da
Unidade de Conservação, visando ao manejo conservacionista da vegetação nativa,
49
cujas características ecológicas estejam associadas evolutivamente à ocorrência do
fogo;
III - atividades de pesquisa científica vinculada a projeto de pesquisa devidamente
aprovado pelos órgãos competentes e realizada por instituição de pesquisa
reconhecida, mediante prévia aprovação do órgão ambiental competente do
Sisnama.
§ 1º Na situação prevista no inciso I, o órgão estadual ambiental competente do
Sisnama exigirá que os estudos demandados para o licenciamento da atividade rural
contenham planejamento específico sobre o emprego do fogo e o controle dos
incêndios.
§ 2º Excetuam-se da proibição constante no caput as práticas de prevenção e
combate aos incêndios e as de agricultura de subsistência exercidas pelas
populações tradicionais e indígenas.

No caso em concreto, pode-se ainda aplicar o art. 250, do Código Penal Brasileiro, que trata do fogo
provocado em lavoura, pastagem, mata ou floresta e que atente contra a incolumidade pública:

Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o


patrimônio de outrem:
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
§ 1º - As penas aumentam-se de um terço:
[...]
II - se o incêndio é:
[...]
h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta.
§ 2º - Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de seis meses a dois anos.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), divulgou o seguinte sobre as queimadas:


No contexto local, as queimadas destroem a fauna e a flora, empobrecem o solo, reduzem a penetração
de água no subsolo e, em muitos casos, causam mortes, acidentes e perda de propriedades. Regionalmente,
causam poluição atmosférica e prejudicam a saúde de milhões de pessoas, além de atrapalhar a aviação e os
transportes terrestres e aquáticos. São também responsáveis pela alteração e até destruição completa de
ecossistemas. Em termos mundiais, os incêndios de florestas estão relacionados a modificações na composição
química da atmosfera e no clima do planeta.

Aula 4 – Os balões juninos

Os balões são extremamente perigosos e têm causado mortes e destruição do patrimônio natural e do
privado.

50
Prado (2005, p. 328) define balão como sendo um artefato de papel, de formas variadas, lançado ao ar
e apto a subir em razão do ar quente produzido em seu interior.
Uma das grandes inovações da Lei de Crimes Ambientais é o dispositivo que trata dos balões juninos:

Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios
nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de
assentamento humano:
Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

A lei não proíbe apenas soltar o balão, a proibição atinge também o comércio, inclusa aí: a fabricação,
o transporte e a venda.

O objetivo é coibir totalmente a prática da soltura de balões.

Não importa se o balão foi lançado ou não, o simples ato de fabricá-lo já constitui a infração penal.

Lembre-se que...
Fabricar, transportar, vender e soltar balões juninos é crime.

Aula 5 – O comércio ilegal da Flora

Um dos crimes mais comuns é a fabricação, transporte e comercialização irregular do carvão.


O comércio ilegal de carvão abastece muitas indústrias e siderúrgicas. Para a fabricação e transporte
exige-se a devida licença ambiental, além da Nota Fiscal e o Documento de Origem Florestal (DOF) expedido
pelo IBAMA.
Em geral, os depredadores do meio ambiente utilizam carvoarias clandestinas. Eles constroem fornos,
deixam a madeira queimando e quando o carvão está pronto vão e retiram dos fornos.

Para coibir esta prática clandestina faz-se necessário destruir os fornos, apreender o carvão e prender
esses criminosos.
Muita atenção com o comércio ilegal de carvão!

Veja como a LCA trata desse crime:

Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim classificada por ato
do Poder Público, para fins industriais, energéticos ou para qualquer outra
exploração, econômica ou não, em desacordo com as determinações legais:
Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa.

51
Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha,
carvão e outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do
vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá
acompanhar o produto até final beneficiamento:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, tem em
depósito, transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem
vegetal, sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento,
outorgada pela autoridade competente.

5.1 Biopirataria
Outra vertente do comércio ilegal é a extração irregular de plantas (especialmente medicinais), frutos
e sementes, que é intitulada de biopirataria, ou seja, o contrabando dos recursos biológicos, em especial
para fins industriais (farmacologia, cosmética...).
A ação desses criminosos é facilitada pela ausência de uma legislação que defina as regras de uso dos
recursos naturais brasileiros.

Importante!
A Lei nº 13.123, de 20 de maio de 2015, dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, a proteção e
acesso ao conhecimento tradicional associado, e, o uso sustentável da biodiversidade é um importante
marco na regulamentação da matéria.
A biopirataria deve ser combatida com apoio desse dispositivo legal.

Os biopiratas se camuflam sob muitos disfarces: inocentes turistas, bem-intencionados cientistas; todos
com o objetivo de se apropriar e monopolizar os recursos naturais do país.

Exemplo
Um exemplo de biopirataria foi o registro de patente e o direito de uso exclusivo do nome “cupuaçu”
conseguido pela empresa japonesa Asahi Foods e que, somente depois de muita batalha em tribunais
internacionais, o governo brasileiro conseguiu quebrar a patente no Japão, nos Estados Unidos e na União
Europeia.

Um crime bastante comum é a venda de palmito in natura. Para a extração do palmito a árvore é
sacrificada. Restaurantes, pizzarias e supermercados estão entre os compradores do produto irregular.
Geralmente, o produto é acondicionado em embalagens sem indicações de origem legal (informações
sobre o produtor e registro no IBAMA).

52
Outra modalidade é o comércio ilegal de mudas coletadas diretamente da natureza, como as de
plantas medicinais e ornamentais, tais como: orquídeas, bromélias, xaxins e flores do cerrado.
A modalidade mais lucrativa é a venda de madeira nobre, como por exemplo: Mogno, Jacarandá-da-
bahia, Pau-brasil, dentre outras madeiras de alto valor econômico.
Para o transporte de madeira exige-se a Nota Fiscal e o Documento de Origem Florestal (DOF), emitido
pelo IBAMA.
No local de extração exigem-se as licenças emitidas pelo órgão ambiental que autorizem à extração da
madeira.

Lembre-se que...
Para o transporte de qualquer produto/subproduto da flora nativa exige se a Nota Fiscal e o Documento
de Origem Florestal.
Em geral, ao comércio ilegal da flora estão associados outros crimes ambientais.
• Penetrar em unidade de conservação com instrumentos próprios para a exploração de produtos
ou subprodutos florestais (Artigo 52 da LCA);
• Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e de demais formas (artigo 48 da LCA);
• Destruir ou danificar florestas nativas e plantadas ou vegetação fixadora de dunas e protetora de
mangue, objeto de especial preservação;
• Utilizar motosserra sem licença do IBAMA.

Aula 6 – O uso da motosserra

O artigo 51 da LCA dispõe que a utilização sem licença/registro da motosserra é crime:

Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e nas demais formas de


vegetação, sem licença ou registro da autoridade competente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

O Novo Código Florestal, Lei nº 12.651/12, obriga todos os estabelecimentos comerciais e proprietários
de motosserras a se registrarem no IBAMA:

Art. 69. São obrigados a registro no órgão federal competente do SISNAMA os


estabelecimentos comerciais responsáveis pela comercialização de motosserras,
bem como aqueles que as adquirirem.
§ 1º A licença para o porte e uso de motosserras será renovada a cada 2 (dois) anos.
§ 2º Os fabricantes de motosserras são obrigados a imprimir, em local visível do
equipamento, numeração cuja sequência será encaminhada ao órgão federal
competente do SISNAMA e constará nas correspondentes notas fiscais.

53
Para a utilização da motosserra, o proprietário deve possuir a Licença de Porte e Uso de Motosserra
– LPU, emitida pelo IBAMA.
Para que o uso da motosserra seja considerado crime, deve ser utilizada para cortar qualquer tipo de
árvore ou vegetação.
Não só a utilização é crime, mas também a comercialização sem a observância dos dispositivos legais.

Importante!
O uso de motosserra sem licença é crime.

Aula 7 – As plantas de ornamentação

Planta ornamental é toda planta cultivada por sua beleza.

O artigo 49 da LCA tutela a proteção das plantas de ornamentação, quer estejam em logradouro público
ou em área particular:

Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas
de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas
cumulativamente.
Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a seis meses, ou multa.

Prado (2001, p. 138) entende que plantas ornamentais são as que decoram, adornam, embelezam ou
enfeitam um local, cita ainda como exemplos destas plantas: begônias, lírios, tulipas, orquídeas, samambaias,
dentre outras.
A lei protege todos os tipos de planta de ornamentação contra qualquer tipo de dano.

Lembre-se que...
Causar danos à planta de ornamentação é crime.

Finalizando...

Neste módulo, você estudou que:


• A flora é constituída da “totalidade de espécies que compreende a vegetação de uma
determinada região, sem qualquer expressão de importância individual dos elementos que a compõem. Elas
podem pertencer aos mais diversos grupos botânicos, desde que esses tenham exigências semelhantes quanto
aos fatores ambientais, dentre eles os biológicos, os do solo e do clima.”

54
• O desmatamento sem autorização é crime e que somente pode ser realizado o corte com
licença do órgão ambiental;
• O desmatamento sem autorização é crime e que somente pode ser realizado o corte com
licença do órgão ambiental;
• A queimada sem autorização é crime;
• Em geral, um ou mais crimes ambientais estão associados a um outro crime, como por
exemplo, a poluição atmosférica, no caso das queimadas;
• Penetrar em unidade de conservação com instrumentos próprios para a exploração de
produtos ou subprodutos florestais é crime.
• Fabricar, transportar, vender e soltar balões juninos é crime;
• A fabricação clandestina de carvão é crime, assim como sua comercialização e transporte;
• A licença ambiental e o Documento de Origem Florestal – DOF, comprovam a origem do
produto/subproduto.
• O comércio de madeira de lei sem licença ambiental e sem o DOF é crime;
• A Nota Fiscal e o Documento de Origem Florestal são exigências para o transporte de qualquer
produto/subproduto da flora nativa.
• Uma das vertentes da extração irregular de plantas (especialmente medicinais), frutos e sementes
é a biopirataria, que é o contrabando dos recursos biológicos;
• A utilização de motosserra sem a LPU (Licença de Porto e Uso) é crime, bem como a
comercialização sem a observância dos dispositivos legais;
• Danificar de qualquer maneira plantas de ornamentação é crime;
• Para o manuseio da flora nativa exige-se a devida licença, permissão ou autorização do órgão
ambiental competente, o que exclui a ilicitude da conduta;
• Para o transporte de qualquer produto/subproduto da flora nativa exige-se a Nota Fiscal e o
Documento de Origem Florestal (DOF); e
• Uma vez constatada a infração ambiental prenda os infratores, apreenda os objetos do crime
e conduza tudo para a delegacia da área (de preferência a delegacia especializada em meio ambiente).

Exercícios

1. De acordo com os conceitos apresentados neste módulo, arraste os itens da primeira coluna
para seu respectivo, na segunda coluna.

(1) Desmatamento
(2) Plantas Ornamentais
(3) Balão Junino
(4) Flora
(5) Unidades de Conservação
(6) Carvão
55
(7) Biopirataria
(8) Áreas de Preservação Ambiental

( ) Espaços que por suas características naturais são especialmente protegidos por lei visando da
preservação ao uso sustentável de seus recursos naturais.
( ) Substância obtida pela carbonização ou queima de madeira.
( ) Operação que visa destruir a vegetação nativa de determinada área para o uso alternativo do solo.
( ) Contrabando de recursos biológicos.
( ) Florestas e demais formas de vegetação que estão ao longo de cursos d’água, ao redor de lagoas,
nas nascentes - “olhos d’água”, no topo de morros, montes, serras, nas encostas com mais de 45º de declividade.
( ) Artefato de papel, de formas variadas, lançado ao ar e apto a subir em razão do ar quente
produzido em seu interior.
( ) Constituída da totalidade de espécies que compreende a vegetação de uma determinada região.
( ) São plantas que decoram, adornam, embelezam ou enfeitam um local, em geral cultivadas por sua
beleza.

2. Considere as situações hipotéticas a seguir, e, julgue, a respeito dos crimes contra a flora, as
alternativas VERDADEIRAS.
a. Joaquim, ao passar por um logradouro público, em manobra imprudente, desgoverna o carro e
derruba uma árvore ornamental. Ele praticou crime ambiental, pois a conduta de destruir ou maltratar plantas
de logradouros públicos é crime ambiental.
b. Uma guarnição da polícia abordou um caminhão que transportava carvão vegetal. Durante a
fiscalização o motorista apresentou a Nota Fiscal, mas a carga não possuía o DOF (Documento de Origem
Florestal). Como não pode ser provada a origem legal da carga, ou seja, que ela não tenha vindo de uma
produção irregular, oriunda de desmatamento ilegal, houve a prática de crime ambiental.
c. Manoel, querendo ampliar a área de sua plantação, desmatou uma floresta nativa, às margens de
um curso d’água que passava por sua fazenda. Ele não praticou crime ambiental, pois como as árvores
estavam em sua propriedade ele poderia dispor delas como bem entendesse.
d. Carlos penetrou em uma unidade de conservação de proteção integral portando objetos de caça.
Não conseguiu caçar nenhum animal naquele dia. Quando estava saindo da unidade de conservação foi
abordado pela polícia. Ele cometeu o crime ambiental previsto no art. 52 da LCA.

3. De acordo com o Novo Código Florestal assinale a opção correta quanto à tutela penal das
florestas de preservação permanente:
a. É crime ambiental cortar árvores e delas extrair minerais, em quaisquer circunstâncias, não
existindo possibilidade legal de permissão ou autorização para fazê-lo.

56
b. É crime ambiental destruir ou danificar esse tipo de floresta, mesmo que em formação; cortar suas
árvores sem a permissão da autoridade competente; extrair dela, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou
qualquer espécie de mineral.
c. É crime ambiental a destruição ou danificação das florestas de preservação permanente, mas o
corte de árvores e a extração de espécies minerais constituem apenas infração administrativa.
d. Por causa das mudanças que vêm sendo efetuadas na Lei dos Crimes Ambientais, condutas como o
corte de árvores, a destruição ou a danificação das florestas de preservação permanente não são mais
consideradas crime ambiental, dada a inadequação de tal sanção com a realidade das populações tradicionais,
que necessitam dos recursos florestais para sua sobrevivência.

4. Julgue os itens que se seguem, a respeito dos crimes contra a flora, e assinale as alternativas
FALSAS.
a. Vender balão junino não é crime, só ocorre o crime se a pessoa soltar o balão.
b. O desmatamento sem licenciamento não é permitido e sua pratica é crime.
c. Para a utilização de motosserra não é preciso autorização do IBAMA.
d. Penetrar em unidade de conservação com instrumentos próprios para a exploração de produtos e
subprodutos florestais é crime.
e. Para o transporte de produto florestal nativo não se exige nota fiscal, somente o DOF (Documento
de Origem Florestal).
f. Destruir Planta de ornamentação pública não é crime.
g. As queimadas destroem a fauna e a flora, empobrecem o solo, reduzem a penetração de água no
subsolo e, em muitos casos, causam mortes, acidentes e perda de propriedades.

57
Gabarito
1. Resposta Correta: 5-6-1-7-8-3-4-2
2. Resposta Correta: Letras A, B e D
3. Resposta Correta: Letra B
4. Resposta Correta: Letras A, C, E e F

58
MÓDULO
POLUIÇÃO E OUTROS CRIMES AMBIENTAIS
4

Apresentação do módulo

Neste módulo, você vai estudar sobre a poluição - que é a forma mais nociva de degradação ambiental
- e sobre outros crimes ambientais. Verá também o que é necessário para sua atuação como encarregado da
aplicação da lei.
O estudo está basicamente fundamentado na Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, conhecida
como Lei de Crimes Ambientais.
O meio ambiente pede socorro. O homem observa a natureza e não se reconhece nela, a ponto de
destruí-la sem culpa. Precisamos da natureza para sobreviver, dela tiramos nosso sustento, tanto na alimentação
quanto no social. A natureza é a fornecedora primária dos recursos essenciais para o desenvolvimento de
qualquer projeto. Através dela, conseguimos o dinheiro para continuarmos crescendo; desmatamos para
desenvolver o potencial da sociedade.
Quando olhamos para o passado e vemos grandes erros da humanidade, ficamos horrorizados, mas
logo justificamos, dizendo que a sociedade não era desenvolvida, ainda não possuía um conhecimento, um
amadurecimento para tudo que colocava em prática, por isso os erros, as ignorâncias. Mas, e hoje, quando os
erros ainda persistem, e, às vezes, até mais graves? Será que a sociedade ainda não aprendeu com o erro do
passado?
Com as consequências atuais, percebemos que o crescimento da ganância, sempre por querer mais e
mais, persiste. Todos se solidarizam quando toneladas de peixes morrem nos rios, mas ninguém faz nada
quando mais uma indústria abre as portas e começa com mais uma poluição atmosférica. Parece que precisamos
de números, de situações catastróficas, para conseguirmos refletir sobre esse absurdo e tentar mudar uma
realidade provocada por nós, que se tornou uma prática cultural e que hoje é fundamental para nossa rotina.
Não enxergamos outra solução, outro exercício que não seja desmatar, construir, progredir e,
finalmente, obter o retorno: milhões de reais. Apenas paramos para pensar em outra proposta quando a natureza
reage de forma negativa ao nosso ato, caso contrário prosseguimos sempre em linha reta sem olhar para outros
horizontes.
Desta maneira, onde o mundo vai parar?

59
Objetivo do módulo

Ao final deste módulo, você será capaz de:


• Listar as primeiras providências a serem tomadas no caso de crimes de poluição e outros crimes
ambientais;
• Conscientizar-se para a importância da preservação/conservação dos recursos naturais;
• Descrever o crime de poluição e suas mais variadas formas;
• Listar os crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio;
• Identificar os crimes de mineração irregular;
• Apontar os crimes contra a administração ambiental;
• Reconhecer a importância de atuar de forma correta diante dos ilícitos penais ambientais.

Estrutura do Módulo

Este módulo abrange as seguintes aulas:


• Aula 1- Procedimentos e erros comuns nas ocorrências;
• Aula 2- A Poluição;
• Aula 3 - Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural;
• Aula 4 - A Mineração Irregular;
• Aula 5 - Crimes Contra a Administração Ambiental.

Aula 1 – Procedimentos e erros comuns nas ocorrências

1.1 Procedimentos: avaliação e aplicação da LCA (se couber)

Como membro do sistema de segurança pública, você deve, além de adotar os procedimentos padrões
para uma abordagem e condução de detidos, aplicar o que será exposto a seguir quando se deparar com crimes
relacionados à poluição, ordenamento urbano, mineração, dentre outros.
Nos crimes contra o patrimônio histórico, artístico e arqueológico, verifique junto ao órgão responsável
se a edificação, bem ou local é especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial.
Ao chegar no local, você deve inicialmente avaliar a situação:

60
1. Observe a presença de pessoas
AVALIAÇÃO
2. Identifique os possíveis infratores

3. Solicite a documentação ambiental (licenças, autorizações...)

4. Analise a documentação apresentada

A partir da avaliação inicial, se você constatar irregularidades, aplique a LCA e tome as providências
apresentadas a seguir, quando necessárias.

1. Prenda o infrator ou o responsável pelo empreendimento.

2. Registre toda ação policial, através de fotos ou vídeo, com vistas a registrar toda ação
APLICAÇÃO DA LCA E PROVIDÊNCIAS NECESSÁRIAS

criminosa, em especial porque certas provas em crimes ambientais não são repetíveis.

3. Realize a aferição da área degradada mediante a retirada das coordenadas geográficas,


com uso de aparelho GPS.

4. Isole e preserve o local do crime, uma vez que a perícia é essencial para a constatação
do dano ambiental; no caso de prova não repetível, colha uma amostra do produto e
encaminhe para a perícia.
5. Apreenda o material do objeto do crime, e nos crimes de poluição procure identificar a
substância tóxica;

6. Tome as providências necessárias para a lavratura do Termo Circunstanciado de


Ocorrência (TCO) ou Auto de Prisão em Flagrante (APF).

7. Contate o Batalhão de Polícia Ambiental (Florestal), IBAMA ou ICMBio, se for necessário,


para a confecção do auto de infração e, na ausência desses, faça contato com outros
órgãos ambientais que tenham competência para confeccionar o auto de infração
ambiental.
8. Tome as medidas adequadas para a destinação correta do material/animal apreendido.

Conduta criminosa? Na dúvida não decida! Peça ajuda à Polícia Ambiental ou ao IBAMA.

1.2 Erros comuns nas ocorrências ambientais

Os erros mais comuns nas ocorrências ambientais são:

61
• Não identificar o crime;
• Confundir as infrações;
• Deixar de agir (prevaricação);
• Deixar de confeccionar Boletim de Ocorrência e de proceder na lavratura do Termo
Circunstanciado ou Auto de Prisão em Flagrante;
• Deixar de acionar a Polícia Ambiental (Florestal) ou IBAMA para confecção do auto de infração;
• Não dar a destinação correta aos materiais apreendidos.

Aula 2 – A Poluição

Nesta aula, você estudará sobre os crimes relacionados à poluição.

Para você, quais as consequências da poluição?


Nesta aula você conhecerá a resposta.

A Lei nº 6.938/81 define poluição como a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades
que, direta ou indiretamente prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população:
• Criando condições adversas para as atividades sociais e econômicas;
• Afetando desfavoravelmente a biota e as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
• Lançando matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.

Helly Lopes Meirelles (2005, p. 224) ensina que: “poluição é toda alteração das propriedades naturais
do meio ambiente, causada por agente de qualquer espécie prejudicial à saúde, à segurança ou ao bem-estar
da população sujeita aos seus efeitos.”
O conceito de poluição é amplo e abrange todos os tipos de poluição: da água, do ar, da terra,
visual e sonora.

A poluição é considerada crime quando ocorre em níveis que causam danos à saúde humana, ou aos
animais e plantas.
O crime está previsto no artigo 54 da LCA:

Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam
resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais
ou a destruição significativa da flora:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

62
A poluição destrói os mais diversos ecossistemas e seus efeitos devastadores são sentidos em todo
planeta. Chuvas ácidas, aquecimento global, doenças respiratórias, destruição da camada de ozônio e o efeito
estufa são algumas das consequências do meio ambiente poluído.
Muitas são as possibilidades de poluição e a LCA, visando à manutenção da sadia qualidade de vida,
procura combater a poluição nas suas mais variadas formas.

Atenção!
Para a configuração do crime, a poluição tem que ocorrer em níveis que causem danos à saúde humana
ou aos animais e plantas.

2.1 Tipos de poluição

Poluição dos recursos hídricos – pode ser definida como qualquer alteração das propriedades da
água que a tornem imprópria para a utilização, quer dos homens ou dos animais e plantas.
Em geral é causada pelo lançamento de detritos orgânicos ou minerais na água, que causam a
degradação do ambiente, não importando se a contaminação atinge águas superficiais ou subterrâneas.
Poluição atmosférica – é o tipo mais comum de poluição. Ela se caracteriza pelo lançamento no ar de
substâncias danosas ao meio ambiente, em geral pela emissão de gases e produtos tóxicos.
Freitas (1998, p. 130) a considera a de maior relevância para a saúde humana, para ele o aquecimento
global, inversão térmica, buraco na camada de ozônio e chuva ácida são as consequências desse tipo de
poluição.
Poluição do solo – caracteriza-se pela contaminação da terra por rejeitos perigosos, quer sejam
líquidos ou sólidos, como: lixo, produtos tóxicos, agrotóxicos, dentre outros.
A LCA disciplina que, dependendo do resultado da poluição, a pena pode chegar a cinco anos de
reclusão se:
• Tornar a área (urbana ou rural) imprópria para a ocupação humana
• Causar poluição atmosférica que obrigue a retirada, mesmo que momentânea, das populações
afetadas
• Causar poluição atmosférica em níveis que causem danos diretos à saúde da população
• Causar poluição hídrica de tal forma que impeça o fornecimento de água para a população
• Impedir ou dificultar o acesso às praias
• Ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou
substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos
• Deixar de adotar as medidas de segurança para evitar riscos ao meio ambiente.
2.2 Substâncias tóxicas

O artigo 56 da LCA trata do controle de substâncias tóxicas, perigosas ou nocivas à saúde humana
ou ao meio ambiente.

63
Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer,
transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância
tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo
com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
I - abandona os produtos ou substâncias referidos no caput ou os utiliza em
desacordo com as normas ambientais ou de segurança;
II - manipula, acondiciona, armazena, coleta, transporta, reutiliza, recicla ou dá
destinação final a resíduos perigosos de forma diversa da estabelecida em lei ou
regulamento.
§ 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a pena é aumentada de
um sexto a um terço.
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Este artigo prevê punição de até quatro anos de reclusão para quem agir em desacordo com a licença
ambiental concedida ou com as normas de segurança exigidas.
Dentre as substâncias pode-se destacar: venenos, combustíveis, explosivos, agrotóxicos e produtos
radioativos.
A lei visa à proteção da saúde humana e do meio ambiente, e não se exige para a caracterização
do crime o dano efetivo ao meio ambiente, basta que não se observem normas de segurança do produto
específico.

Exemplo
Exemplo disso é o cuidado que se deve ter com os agrotóxicos: depois de utilizada, a embalagem não
pode ser jogada no lixo, ela deve ser devolvida no comércio para a remessa ao fabricante. O material nuclear
também tem normas específicas sobre seu manejo.

Lembre-se...
Poluir o meio ambiente é crime.

Aula 3 – Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio


Cultural

Nesta aula, você vai conhecer um pouco mais sobre outros crimes ambientais, em especial, contra o
ordenamento urbano e o patrimônio cultural.

64
A LCA prevê que são crimes contra o patrimônio cultural:
• Destruir, inutilizar ou deteriorar: bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou
decisão judicial; arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar protegido por
lei, ato administrativo ou decisão judicial;
• Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente protegido por lei, ato
administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico,
cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou
em desacordo com a concedida.

Exemplo
Determinada paisagem foi tombada, sendo que o ato de tombamento impede qualquer tipo de
construção. A pessoa que vier a construir (sem qualquer tipo de licença), mesmo que seja o proprietário, comete
o crime previsto no art. 64 da LCA, pois alterou o aspecto ou estrutura de local especialmente protegido por lei.
Neste sentido, a Lei de Crimes Ambientais visa à proteção, à preservação e à integridade do
patrimônio histórico, artístico e arqueológico.
O Decreto Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, define que: “constitui o patrimônio histórico e artístico
nacional, o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse público,
quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico
ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.”

Importante!
Danificar ou alterar bem tombado é crime!

Qualquer alteração das características do bem protegido só pode ser realizada com autorização do
órgão ambiental competente. O crime que prevê reclusão de até três anos, consuma-se com a efetiva alteração
do aspecto ou estrutura do bem ou local.
Outro crime contra o patrimônio cultural é pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou
monumento urbano:

Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa
§ 1º Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor
artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de
detenção e multa
§ 2º Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o
patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde que
consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário do
bem privado e, no caso de bem público, com a autorização do órgão competente e
a observância das posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos

65
governamentais responsáveis pela preservação e conservação do patrimônio
histórico e artístico nacional.

Esta é uma das inovações da LCA, a pichação passou a ser crime, a lei cuida em proteger os aspectos
estéticos da paisagem urbana contra a poluição visual.

Importante!
A pichação é crime!

Quanto à ordenação territorial, o Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001) ressalta a preocupação com
o meio ambiente, e declara que o diretor local fixará as normas urbanísticas e de utilização do solo nas cidades.
A LCA proíbe a construção em determinados locais, devido ao seu valor intrínseco, em prol da coletiva
e do meio ambiente, e prevê que são crimes contra o ordenamento urbano:
Promover construção em solo não edificável, ou no seu entorno, assim considerado em razão de seu
valor paisagístico, ecológico, turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental,
sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida.
Prado (2005, p. 513) ensina que a ordenação do território visa ao desenvolvimento sócioeconômico
equilibrado das regiões, à melhora da qualidade de vida, à gestão responsável dos recursos naturais e à proteção
do meio ambiente, através da utilização racional do território. Para ele, o dispositivo legal visa proteger a
ordenação do território, com ênfase conferida ao patrimônio cultural, artístico e arqueológico.

Aula 4 – Mineração irregular

A mineração é uma atividade de alto impacto ambiental e por essa razão é importante que ela seja
constantemente fiscalizada. Paulo de Bessa Antunes ensina que embora os danos sejam praticamente
irreversíveis, isso não faz com que “a mineração seja uma atividade proscrita ou ilegal em nosso país. Ao
contrário, a mineração é uma atividade lícita e que tem gerado muitos recursos para o Brasil”. (BESSA,
2010, p. 768)
O IBAMA e os órgãos estaduais integrantes do SISNAMA são os responsáveis pelo licenciamento da
lavra, que deverá ser previamente autorizada pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).
A LCA trata da atividade de extração irregular de minerais (pedra, cal, areia, cascalho, argila, saibro,
dentre outros) e dispõe que é crime a extração de minérios em florestas de domínio público ou nas de
preservação permanente:
Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação
permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de
minerais.
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

66
O objetivo é proteger a qualidade dos ambientes vegetais, pois a ausência ou
retirada predatória de minerais causa danos irreversíveis (erosão, assoreamento de
rios, empobrecimento do solo, dentre outros).

Exemplo
É muito comum a retirada irregular de minerais do leito dos rios, através de dragas clandestinas, que
destroem todo o ambiente aquático;
As cascalheiras clandestinas destroem toda a vegetação e o solo, causando danos irreversíveis para a
natureza.

De igual modo, o art. 55 da Leis de Crimes Ambientais, criminaliza a pesquisa, lavra ou extração mineral
irregular independentemente do local:

Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente
autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperar a área
pesquisada ou explorada, nos termos da autorização, permissão, licença, concessão
ou determinação do órgão competente.

A extração mineral é uma ação tão depredatória do meio ambiente, que a própria Constituição Federal
em seu art. 225 exige a recuperação da área explorada:

§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio


ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público
competente, na forma da lei.

A recuperação do meio ambiente degradado não passa de uma atividade de compensação, uma vez
que “raramente é possível o retorno, ao status quo ante, de um local que tenha sido submetido a
atividades de mineração.” (BESSA, 2010, p.775)

Importante!
A extração de minerais sem licença é crime.

Lembre-se que
• As licenças ambientais são exigidas para a extração mineral;
• Se a extração for realizada sem a Licença de Operação o crime descrito estará ocorrendo;
• Portanto, exija a Licença de Operação – LO, durante a fiscalização.

67
Quando houver o crime ambiental, para que a perícia possa caracterizar corretamente o dano em toda
sua extensão, é importante que o local da ocorrência seja preservado.

Aula 5: Crimes contra a Administração Ambiental

Nesta aula, você estudará sobre os crimes praticados contra a Administração Ambiental.
Os artigos 66 e 67, da LCA, tratam dos crimes contra a Administração Ambiental, que se caracteriza
quando o funcionário público:
Fizer afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados técnico-
científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental;
Conceder licença, autorização ou permissão em desacordo com as normas ambientais, para as
atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato autorizativo do Poder Público.

Exemplo
O servidor público concede a licença ambiental com algum tipo de irregularidade, por exemplo, sem o
estudo de impacto ambiental (EIA), mesmo que tenha agido sem intenção, responderá pelo crime do artigo 67
da LCA.

Os artigos 68 e 69, da LCA encerram os crimes praticados contra a administração ambiental:

Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação
de relevante interesse ambiental;
Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões
ambientais.

Exemplo
Durante determinada operação de fiscalização, um grupo de pessoas (amigos do infrator) impede que
os agentes encarregados da aplicação da lei efetuem a abordagem no barco de pesca e a pessoa acabou
fugindo. Esse grupo de amigos do infrator pratica o crime prevista no artigo 69 da LCA.

Nesses crimes, o autor deixa de ser exclusivamente o servidor público e passa a ser qualquer pessoa
que tenha obrigações ambientais a cumprir ou que tente impedir o serviço dos agentes encarregados da
fiscalização ambiental.

Importante!
Impedir ou dificultar a ação fiscalizadora ambiental é crime.

68
O artigo 69-A da Lei de Crimes Ambientais prevê o crime de falso quando do licenciamento, concessão
florestal ou qualquer outro procedimento, e prevê uma pena pesada para aqueles que assim procederem,
inclusive punindo a conduta culposa.

Exemplo
Durante a fiscalização constatou-se que em determinado empreendimento ambiental (devidamente
licenciado), os empreendedores omitiram o fato de que naquela área onde foi realizado o desmatamento
existiam espécies da fauna ameaçados de extinção. Os empreendedores responderão pelo crime do art. 69-A
da LCA.

Lembre-se que...
Estudos falsos para o licenciamento são duramente punidos.

Finalizando...

Neste módulo, você estudou que:


• Causar poluição de qualquer natureza é crime, desde que ocorra em níveis que causam danos
à saúde humana ou aos animais e plantas;
• As substâncias tóxicas, perigosas ou nocivas à saúde humana ou ao meio ambiente têm
controle especial quanto à sua comercialização, guarda e utilização;
• Danificar ou alterar bem especialmente protegido é crime;
• A pichação é crime;
• A extração de minerais sem licença é crime;
• A emissão de licenciamento em desacordo com a legislação ambiental é crime; e
• Impedir ou dificultar a ação fiscalizadora ambiental é crime.

Exercícios

1. Considere as seguintes situações hipotéticas e assinale as alternativas FALSAS.


a. Em um acidente de transporte de carga de combustíveis, um caminhão de uma empresa
transportadora tombou e espalhou óleo diesel em um riacho próximo a importante unidade de conservação,
causando grandes danos ao meio ambiente. Nessa situação não ocorreu crime ambiental, porque foi um
acidente e não houve intenção de provocar o dano pelo transportador da carga.
b. Durante operação da polícia ambiental a uma mineradora, constatou-se que a empresa estava
extraindo granito sem a licença de operação. Nessa situação, os responsáveis cometeram crime ambiental.

69
c. Douglas escalou o mais alto prédio público de determinada cidade e nele promoveu pichação com
suas iniciais, tendo sido surpreendido no ato pela segurança do edifício. Nessa situação, ele não praticou
nenhum crime ambiental, mas sim infração administrativa.
d. Várias empresas de telefonia móvel instalaram – sem licenciamento ambiental e sem se preocuparem
com as consequências que a poluição eletromagnética provocada por esses equipamentos poderia trazer ao
meio ambiente e à saúde humana – diversas torres de estações rádio bases (ERB’s) em toda cidade. Nessa
situação, as mencionadas empresas e o órgão estadual ambiental, que não adotaram nenhuma providência não
praticaram nenhum crime ambiental.

2. De acordo com os conceitos apresentados neste módulo, arraste os itens da primeira coluna
para seu correspondente, na segunda coluna.
(1) Poluição dos Recursos Hídricos
(2) Poluição Atmosférica
(3) Poluição do Solo
(4) Poluição

( ) Toda alteração das propriedades naturais do meio ambiente, causada por agente de qualquer
espécie prejudicial à saúde, à segurança ou ao bem-estar da população sujeita aos seus efeitos.
( ) Caracterizada pela contaminação da terra por rejeitos perigosos, quer sejam líquidos ou sólidos,
como: lixo, produtos tóxicos, agrotóxicos.
( ) Caracterizada pelo lançamento no ar de substâncias danosas ao meio ambiente, em geral pela
emissão de gases e produtos tóxicos.
( ) Qualquer alteração das propriedades da água que a tornem imprópria para a utilização, quer dos
homens ou dos animais e plantas.

3. Assinale a alternativa correta.


“Não é Crime Ambiental...”
a. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que possam resultar em danos à saúde humana.
b. Conceder a funcionário público licença em desacordo com as normas ambientais para obra cuja
realização dependa de ato autorizativo do Poder Púbico.
c. Grafitar com o objetivo de valorizar o patrimônio público/ privado, desde que consentido pelo
proprietário/órgão público competente, e, com a observância das demais formalidades legais previstas.
d. Destruir bem especialmente protegido por lei.
e. Fazer o funcionário público afirmação falsa em procedimento de autorização ou de licenciamento
ambiental.

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4. Julgue os itens que se seguem, e marque os VERDADEIROS.
a. Danificar bem tombado não é crime ambiental.
b. O explorador de recursos minerais é obrigado a recuperar o meio ambiente degradado de acordo
com a solução técnica exigida pelo órgão público competente.
c. A poluição eletromagnética e a poluição térmica podem ser consideradas crime, porquanto a conduta
penal referente à poluição e descrita na Lei de Crimes Ambientais fala em causar poluição de qualquer natureza,
não especificando a forma.
d. Não constitui crime executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente
autorização, permissão, concessão ou licença.
e. Impedir os encarregados da aplicação da lei de procederem em ação fiscalizatória ambiental não é
crime, constitui-se em infração administrativa.
f. Pichar ou por outro meio poluir a edificação ou monumento urbano é crime.
g. A extração de cascalho sem licenciamento é permitida por lei.
h. A extração de recursos minerais só pode ser realizada com autorização (licença) do órgão ambiental
competente.

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Gabarito

1. Resposta Correta: Letras A, C e D


2. Resposta Correta: 4-3-2-1
3. Resposta Correta: Letra C
4. Resposta Correta: Letras B, C, F e H

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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