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Valorize seu tédio

Por Rodrigo Focaccio

Na escada rolante vejo alguém tropeçar na saída porque olhava


atentamente para o celular. Nas ruas, diariamente uma multidão
tenta conciliar a caminhada com a checagem de mensagens. Até
na ciclovia é preciso estar atento para não trombar com ciclistas
que usam simultaneamente os pés para pedalar e as mãos para
cutucar o telefone.

Espantar qualquer fração de tempo que possa ser detectada como


ociosa é uma rotina silenciosa e cada vez mais presente e o celular
em mãos é um antídoto para o tédio. Conectados em tempo
integral, não toleramos ficar meros segundos inativos.

Mesmo que a atividade de manter os olhos grudados em uma tela


não se converta em nada realmente produtivo, sentimos alívio ao
expurgar nossos microtédios com doses de wi-fi grátis.
No entanto, será que nossos momentos de tédio são tão ruins?

Em um desses momentos, resolvi desfrutar meu tédio. Encontrei


um texto que descrevia um estudo onde um grupo de pessoas era
convidado a fazer alguma coisa tão entediante quanto copiar
números de uma lista telefônica. Em seguida, essas pessoas
passavam por um teste de criatividade. Coisa simples, como
pensar em diferentes utilidades para o um par de xícaras.
O resultado mostrou que aqueles que atravessaram uma atividade
entediante tiveram soluções mais criativas do que o grupo de
controle que não foi induzido à chateação.

Especialistas afirmam que uma pessoa entediada fica em uma


espécie de “estado de busca”, mais ou menos como crianças que,
sem ter um brinquedo em mãos, se veem impelidas a inventar
uma brincadeira do nada, muitas vezes com os objetos mais
inusitados.

Se olharmos para a História do pensamento, antes de tantos


aparelhos digitais se apoderarem do nosso tédio, veremos que o
ócio pode ser extremamente produtivo.

Arrisco a dizer que mais importante do que a maçã ter ou não


caído na cabeça de Newton, foram suas horas temperadas com um
pouco de aborrecimento que o permitiram observar o mundo ao
redor de tal maneira que ele fosse capaz de traçar as linhas da Lei
Gravitacional.

Também aposto que antes de sair nu e eufórico gritando Eureka!,


Arquimedes experimentou momentos de tédio em busca da
resposta que só encontraria dentro de uma banheira, ao notar o
deslocamento de água que seu corpo provocava ao entrar.

Não me parece exagero pensar que as fugas mais criativas só se


tornaram possíveis graças a prisioneiros verdadeiramente
entediados.
É claro que há também o tédio ruim, aquele que atrapalha nossos
movimentarmos em direção a um objetivo. Aquela ociosidade que
nos causa letargia e que é melhor evitarmos.

No entanto, fugir do tédio arrumando visitas despropositadas às


redes sociais ou checando e-mails não só é desperdício de tempo
como também dificulta que nossa mente fique arejada e preparada
para receber estímulos capazes de instigar novas soluções.

Em um mundo onde o tempo disponível é cada vez mais raro,


usar nossos minutos ociosos com sabedoria pode ser uma
excelente maneira de aumentar a produtividade.

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