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SAÚDE COLETIVA


SAÚDE COLETIVA 

Este  material  é  parte  integrante  da  disciplina  “Saúde  Coletiva  I”  oferecido  pela 
UNINOVE.  O  acesso  às  atividades,  as  leituras  interativas,  os  exercícios,  chats, 
fóruns  de  discussão  e  a  comunicação  com  o  professor  devem  ser  feitos 
diretamente no ambiente de aprendizagem on­line.


SAÚDE COLETIVA 

Sumário 

AULA 01 • O PROCESSO SAÚDE­DOENÇA: CONCEITUAÇÃO BÁSICA  EM SAÚDE COLETIVA 
........................................................................................................................................................6 
Introdução ...................................................................................................................................6 
As concepções na história...........................................................................................................8 
Exercícios..................................................................................................................................10 
AULA 02 • MODELOS EXPLICATIVOS DO PROCESSO SAÚDE­DOENÇA (UNICAUSAL, 
MULTICAUSAL E DETERMINAÇÃO SOCIAL DA DOENÇA) .......................................................12 
Introdução .................................................................................................................................12 
Modelo Unicausal ou monocausal .............................................................................................13 
Modelo multicausal....................................................................................................................15 
Modelo da determinação social das doenças ............................................................................17 
Exercícios..................................................................................................................................19 
AULA 03 • A HISTÓRIA DAS POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL ..............................................21 
Introdução .................................................................................................................................21 
Brasil Colônia e Brasil Império...................................................................................................22 
Brasil República.........................................................................................................................22 
Ditadura Civil: “era Vargas” .......................................................................................................24 
A Ditadura Militar .......................................................................................................................25 
A Crise do modelo de assistência à saúde ................................................................................26 
Abertura Política e os reflexos no novo modelo de assistência à saúde ....................................27 
Exercícios..................................................................................................................................27 
AULA 04 • PANORAMA DE SAÚDE NO BRASIL..........................................................................29 
Introdução .................................................................................................................................29 
Desigualdade na transição demográfica e de indicadores sociais .............................................30 
Distribuição desigual dos estabelecimentos de saúde em 2006 ................................................31 
Carga global de doenças no Brasil: a distribuição desigual da mortalidade...............................31 
Nascimento e desigualdade no Brasil........................................................................................32 
Mortalidade infantil no Brasil: determinantes e desigualdades...................................................33 
Desigualdade e determinantes da saúde dos adolescentes ......................................................34 
Desigualdade da mortalidade materna ......................................................................................35 
Exercícios..................................................................................................................................36 
AULA 05 • SERVIÇOS DE SAÚDE E NÍVEIS DE ATENÇÃO À SAÚDE .......................................38 
Introdução .................................................................................................................................38 
Estrutura do Sistema de Serviços de Saúde..............................................................................40 
Atenção Primária à Saúde ou Atenção Básica ..........................................................................42 
Exercícios..................................................................................................................................44 
AULA 06 • PROMOÇÃO DA SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA – CIDADE SAUDÁVEL................46 
Introdução .................................................................................................................................46 
Evolução do conceito de Promoção à Saúde ............................................................................47 
Como fazer a Promoção da Saúde acontecer de fato?..........................................................50 
A Promoção da Saúde no contexto do Sistema Único de Saúde...............................................51 
Exercícios..................................................................................................................................52 
AULA 07 • REFORMA SANITÁRIA E O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE • SUS ..............................54 
Introdução .................................................................................................................................55 
Em busca da cidadania e acesso à saúde.................................................................................55 
Exercícios..................................................................................................................................58


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AULA 08 • SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: HISTÓRICO, LEGISLAÇÃO E PRINCÍPIOS E 
DIRETRIZES • PARTE 1 ...............................................................................................................60 
Introdução .................................................................................................................................60 
Um pouco de História ................................................................................................................61 
Princípios e diretrizes que norteiam o SUS................................................................................63 
Exercícios..................................................................................................................................64 
AULA 09 • SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: DIRETRIZES, OBJETIVOS, ATRIBUIÇÕES E 
COMPETÊNCIAS – PARTE 2 .......................................................................................................66 
Continuação ..............................................................................................................................66 
Objetivos, atribuições e competências do SUS..........................................................................67 
Exercícios..................................................................................................................................70 
AULA 10 • MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE – PARTE 1 ........................................................71 
Introdução .................................................................................................................................71 
Do sanitarismo campanhista ao modelo liberal­privatista ..........................................................72 
Principais Modelos de Atenção à Saúde ...................................................................................74 
Ação Programática em Saúde ou “Oferta Organizada”..............................................................74 
Exercícios..................................................................................................................................75 
AULA 11 • MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE – PARTE 2 ........................................................77 
Principais Modelos de Atenção à Saúde ...................................................................................77 
Sistemas Locais de Saúde (Silos) .........................................................................................77 
Vigilância da Saúde...................................................................................................................78 
Modelo de Atenção em Defesa da Vida (MDV)..........................................................................80 
Exercícios..................................................................................................................................82 
AULA 12 • PROGRAMA AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE ­ PACS.......................................84 
Introdução .................................................................................................................................84 
Aspectos Legais do PACS.........................................................................................................84 
A equipe do Programa Agente Comunitário de Saúde e suas atribuições .................................86 
Exercícios..................................................................................................................................88 
AULA 13 • ESF OU PSF: HISTÓRICO, DEFINIÇÃO, PRINCÍPIOS E ESTRATÉGIAS • PARTE I.90 
Introdução .................................................................................................................................90 
Um pouco de História da ESF/PSF............................................................................................91 
Conceitos Básicos .....................................................................................................................93 
AULA 14 • ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) OU PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA 
(PSF): HISTÓRICO, DEFINIÇÃO, PRINCÍPIOS E ESTRATÉGIAS – PARTE II ............................95 
Prioridades e planejamento das ações na ESF/PSF: ................................................................98 
Roteiro para planejamento das ações na ESF/PSF:..................................................................99 
Exercícios................................................................................................................................100 
AULA 15 • PACTO PELA SAÚDE ...............................................................................................102 
Introdução ...............................................................................................................................102 
O Pacto pela Vida:...................................................................................................................103 
O Pacto em Defesa do SUS: ...................................................................................................104 
O Pacto de Gestão do SUS.....................................................................................................105 
Exercícios................................................................................................................................106 
AULA 16 • SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)......................................................107 
Introdução ...............................................................................................................................107 
Algumas fontes de informação no SUS ...................................................................................108 
Principais problemas para viabilização do Sistema de Informação em Saúde .....................112 
Exercícios................................................................................................................................112 
AULA 17 • PRINCIPAIS ÓRGÃOS DE SAÚDE ...........................................................................114 
Organização Mundial da Saúde (OMS) ...................................................................................114 
Organização Pan­Americana da Saúde (OPAS)......................................................................115 
Ministério da Saúde (MS) ........................................................................................................116


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Secretarias de Saúde ..............................................................................................................119 
Exercícios................................................................................................................................120 
AULA 18 • ATUALIDADES DO SUS: CARTÃO SUS, ACOLHIMENTO E FARMÁCIA POPULAR 
....................................................................................................................................................122 
Introdução ...............................................................................................................................122 
Cartão Nacional de Saúde ou Cartão SUS ..............................................................................122 
Acolhimento.............................................................................................................................124 
Farmácia Popular ....................................................................................................................125 
Exercícios................................................................................................................................126 
AULA 19 • CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO (CRIANÇA, ADOLESCENTE, ADULTO, IDOSO E 
PROFISSIONAIS DE SAÚDE) ....................................................................................................128 
Introdução ...............................................................................................................................128 
Um pouco de História ..............................................................................................................128 
Programa Nacional de Imunização (PNI).................................................................................130 
Exercícios................................................................................................................................131 
AULA 20 • PAPEL DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE.....133 
Introdução ...............................................................................................................................133 
A prática do profissional de saúde...........................................................................................133 
Em busca de uma adequação de conduta...............................................................................136 
Exercícios................................................................................................................................139 
BIBLIOGRAFIA ...........................................................................................................................141


SAÚDE COLETIVA  

Quando se fala em doença, identifica­se, de imediato, o seu oposto: a saúde, desejo 
incontestável de todas as pessoas. A doença aparece como o lado sombrio da vida, aquele que 
poderá levar à morte. À resposta dinâmica que as sociedades manifestam, de forma diferenciada, 
essa forma de adoecer e morrer, levando em consideração a dimensão não apenas dos 
sofrimentos físicos, mas também psíquicos, morais e éticos, denominamos Processo Saúde­ 
Doença, ou seja, a síntese da totalidade das determinações que operam sobre a qualidade de 
vida e está articulado aos processos econômicos, políticos, sociais, de relacionamento familiar e 
de responsabilidade humana. 

AULA  01  •  O  PROCESSO  SAÚDE­DOENÇA:  CONCEITUAÇÃO 


BÁSICA  EM SAÚDE COLETIVA 

“Saúde  é  o  resultado  do  equilíbrio  entre  o  indivíduo  e  o  seu  meio  ambiente”.  (OMS, 
1949)

Introdução 

Quando  se  fala  em  doença,  identifica­se,  de  imediato,  o  seu  oposto:  a  saúde  –  desejo 
incontestável de todas as pessoas. A doença aparece como o lado sombrio da vida, aquele que 
poderá  levar  à  morte.  À  resposta  dinâmica  que  as  sociedades  manifestam,  de  forma 
diferenciada, essa forma de adoecer e morrer, levando em consideração a dimensão não apenas 
dos sofrimentos físicos, mas também psíquicos, morais e éticos, denominamos Processo Saúde­ 
Doença,  ou  seja,  a  síntese  da  totalidade  das  determinações  que  operam  sobre  a  qualidade  de 
vida, e está articulado aos processos econômicos, políticos, sociais, de relacionamento familiar e 
de responsabilidade humana. 

O processo saúde­doença vem apresentando diferentes significados conforme a época. O 
conceito  que  se  tem  de  saúde  depende  do  entendimento  que  há  do  organismo  vivo  e  de  suas 
relações com o meio ambiente. Como essa compreensão muda de uma cultura para outra e de 
um momento histórico para outro, as noções de saúde  e de doença também se modificam. Desse 


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modo, a  conceituação do  processo  saúde­doença  é  considerada  intelectiva do  homem em  cada 


contexto histórico e pelas condições concretas de existência em cada sociedade 

Sociedade pode ser definida como sendo o  complexo integrado por homens diferenciados 
ocupando determinado espaço geopolítico. Os homens interagem entre si a partir da inserção no 
trabalho,  no qual  eles  se  relacionam,  e  também com  a  natureza,  na  produção da  vida  material. 
Esse  trabalho  está  estruturado  pela  base  econômico­social.  Toda  essa  estruturação  está 
assentada  no  modo  de produção,  síntese concreta  ,  histórica e dinâmica das  relações  sociais e 
das  forças  produtivas.  Tal  modo  de  produção  conforma  e  é  conformado  pela  superestrutura 
jurídico­político­ideológica.  Essa  sociedade  encontra­se  em  permanente  transformação,  criando­ 
se  e  recriando­se pela  ação  humana  em  um  processo  de  criação,  no qual  o  homem  é  também 
transformado. 

A sociedade brasileira assenta­se num modo de produção capitalista periférico, existindo, 
portanto, em seu interior, agrupamentos humanos que se inscrevem em diferentes classes sociais 
conflitantes.  Diferentes  classes  sociais  têm  distintas  condições  de  vida  e,  portanto,  diferentes 
condições de saúde­doença, ou seja, diferentes condições de adoecer e morrer. 

O conceito de saúde foi definido pela Organização Mundial de Saúde – OMS – em 1948, 
como  sendo  “ um  estado  de  completo  bem­estar  físico,  mental  e  social,  e  não  a  mera 
ausência  da  doença” .  Doença  (do  latim  dolencia  =  padecimento)  é  o  estado  resultante  da 
consciência  da  perda  da  homeostasia  de  um  organismo  vivo,  total  ou  parcial.  Desse  modo,  a 
saúde  deve  ser  entendida,  em  sentido  mais  amplo,  como  componente  da  qualidade  de  vida  e, 
assim, não é um "bem de troca", mas um "bem comum", um bem e um direito social, no sentido 
de que a cada um e a todos possam ter assegurados o exercício e a prática desse direito à saúde, 
a partir da aplicação e utilização de toda a riqueza disponível, conhecimentos e tecnologia que a 
sociedade  desenvolveu e  vem  desenvolvendo  nesse  campo,  adequados às  suas  necessidades, 
envolvendo promoção e proteção da saúde, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação de 
doenças. Ou seja, considerar esse bem e esse direito como componente e exercício da cidadania, 
compreensão esta que  é  um  referencial  e  um  valor  básico  a  ser  assimilado  pelo  poder  público, 
para o balizamento e a orientação de sua conduta, decisões, estratégias e ações. 

A noção de que a saúde é um processo continuado e interdependente de preservação da 
vida,  criou  uma  nova  dimensão  social.  A  saúde  passou  a  ser  também  um  processo  de 
cidadania.  Assim,  todos  cidadãos  têm  direitos,  mas  são  igualmente  responsáveis  pela  sua 
manutenção.  A saúde,  dentro  desse  enfoque, ocorre  e é  conseqüência  de  ações  realizadas em 
toda  a  sociedade.  Isso  não  exime  o  Estado,  o  médico  e  outros  profissionais  de  saúde  de  suas 
responsabilidades,  mas  agrega  uma  variável  fundamental  de  respeito  ao  indivíduo,  doente  ou


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sadio,  através  do  compromisso  social  solidário  na  consecução  do  objeto  maior  de  garantir 
condições dignas de vida a cada ser humano. Esse modo de entender a saúde abrange aspectos 
individuais e coletivos, envolvendo questões ambientais e sociais. 

As concepções na história 

Os  povos  antigos  explicavam  a  doença  dentro  de  uma  visão  mágica  do  mundo.  Os 
demônios e espíritos malignos, motivados por um castigo, vitimavam o doente, podendo levá­lo à 
morte.  A  cura  do  doente  caberia  ao  feiticeiro  ou  xamã,  o  único  com  poderes  de  convocar  os 
espíritos  capazes  de  erradicar  o  mal.  Essas  concepções    estavam  mais  presentes    entre  os 
assírios, caldeus e hebreus, detentores de uma visão religiosa do mundo e capazes de atribuir o 
caráter  religioso  ao  surgimento  e  à  cura  das  doenças,  advinda  das  plantas  e  dos  recursos 
naturais. 

Para os hindus e chineses, a doença era causada pelo desequilíbrio entre os elementos do 
organismo  humano,  ocasionado  pelas  influências  do  ambiente  físico  –  astros,  clima,  etc.  Os 
chineses  alegavam  que  as  doenças  eram  determinadas  por  causas  externas,  as  quais, 
supostamente,  provocariam  o  desequilíbrio  entre  os  princípios  Yin  e  Yang.  Argumentavam  que 
para  o  restabelecimento  da  saúde,  que  se  daria  através  do  reequilíbrio  da  energia  interna,  a 
pessoa deveria ser sujeita às terapêuticas da acupuntura e do­in. Nesse entendimento, o homem 
atua  ativamente  no  processo  de  doença  e  cura,  e  o  caráter  mágico/religioso,  predominante  na 
idéia anterior, perde influência. 

Na  Grécia,  as  concepções  recepcionaram  as  idéias  dos  hindus  e  chineses    através  de 
explicações  que  davam  à  saúde  o  significado  de  harmonia  entre  os  quatro  elementos  que 
compõem o corpo humano – água, terra, ar e fogo. 

Hipócrates, o criador da Medicina moderna, que negou a concepção de doença causada 
por  demônios  ou  forças  sobrenaturais,  já  apontava  em  seu  livro  Dos  Ares,  das  Águas  e  dos 
Lugares  (480  a.C),  enfatizando  ser  a  base  da  arte  médica  a  compreensão  da  interação  entre 
mente, corpo e ambiente. Ele considerava que os fatores culturais – como modos de vida – e os 
fatores  psicológicos  ou  “componentes  da  natureza  humana”  –  como  humores  e  paixões  – 
somavam­se aos fatores ambientais na influência sobre o bem­estar dos indivíduos. No entanto, a 
história das ciências médicas não foi sempre linear, ou  constante, mas conflituosa e antagônica, e 
os  aspectos  da  medicina  hipocrática  foram  negligenciados  com  o  predomínio  da  ciência 
cartesiana. Porém, nas últimas décadas, a relação entre fatores sócio­ambientais e o organismo


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biológico  vem  sendo  bastante  pesquisada,  e  há  a  necessidade  da  compreensão  de  que  a 
pobreza,  condições  de  trabalho,  moradia,  alimentação,  costumes  e  práticas  de  saúde,  etc,  são 
fatores intervenientes no estado de bem­estar. 

Na  Idade  Média  ­  conhecida  como  a  Era  das  Trevas  ­  sob  influência  do  cristianismo,  a 
doença volta a ser explicada como purificação, uma forma de atingir a graça divina, que incluía a 
cura,  quando  merecida.  A  Peste  Negra  assolava  o  continente  europeu  e,  acusados  de  haver 
provocado a doença, numerosos judeus foram jogados à fogueira. Surgiram os hospitais ou asilos 
no intuito de segregar as pessoas portadoras de doenças infecciosas. 

A  Renascença  (século  XVIII),  considerada  um  período  de  transição,  convive  com  a 
dicotomia  entre  as  práticas  esotéricas  e  a  ciência.  A  percepção  hipocrática  de  organicidade 
continua relegada em favor dos elementos externos que penetram no organismo. Surge a teoria 
do contágio e, mais uma vez, prevalece  a compreensão das alterações anatômicas decorrentes 
da doença, centrando  as atenções nos sinais e sintomas, consolidando as práticas de saúde na 
abordagem particular e do indivíduo. 

No final do século XVIII, após a Revolução Francesa, com o aumento da população urbana 
nos países europeus e  a ascensão    do  sistema fabril,  surge a  explicação  social na  causalidade 
das  doenças,  relacionando­as  com  as  condições  de  vida  e  trabalho  das  populações.  Desse 
cenário, emergiu a idéia de Medicina Social, e o termo data de 1848. Dentre os defensores dessa 
abordagem, temos  Rudolph Virchow, considerado o “pai” da Patologia moderna, que se dedicou 
aos  estudos  da  Patologia  porque  a  medicina  social  mostrou­se  inócua  com  as  descobertas  do 
microorganismo por Robert Koch e Louis Pasteur, na metade do século XIX . 

Com  as  descobertas  da  Bacteriologia,  volta  prevalecer  a  idéia  das  partículas  externas 
provocando  o  aparecimento  da  doença.  As  concepções  sociais  dão  lugar  ao  agente  etiológico. 
Assim,  essa  relação  orgânica,  como  proposto  por  Hipócrates,  na  Antiguidade  clássica,  entre  o 
biológico e o social no processo saúde­doença, ficou completamente esquecida. 

Dessa  forma,  o  objeto  do  sistema  de  saúde  deve  ser  entendido  como  as  condições  de 
saúde das populações e seus determinantes, ou seja, o seu processo de saúde/doença, tendo em 
vista  produzir,  progressivamente,  melhores  estados  e  níveis  de  saúde  dos  indivíduos  e  das 
coletividades, atuando articulado e integralmente nas prevenções primária, secundária e terciária, 
com redução dos riscos de doença, seqüelas e óbito.


SAÚDE COLETIVA 

Exercícios 

1.  Hipócrates, o  criador  da  Medicina  moderna, que negou  a  concepção de doença  causada  por 


demônios ou forças sobrenaturais, já apontava em seu livro Ares, Água e Alimento, enfatizando 
ser  a  base  da  arte  médica  a  compreensão  da  interação  entre  mente,  corpo  e  ambiente.  Ele 
considerava  que  os  fatores  culturais  –  como  modos  de  vida  –  e  os  fatores  psicológicos  ou 
“componentes  da  natureza  humana”  –  como  humores  e  paixões  –  somavam­se  aos  fatores 
ambientais na influência sobre o bem­estar dos indivíduos. 
Ao  ler  o  texto,  podemos  afirmar  que  Hipócrates  valorizava  os  determinantes 
espirituais/religiosos na gênese do processo saúde­doença. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

2.  À  resposta  dinâmica  que  as    sociedades  manifestam,  de  forma  diferenciada,  essa  forma  de 
adoecer  e  morrer,  levando  em  consideração  a  dimensão  não  apenas  dos  sofrimentos físicos, 
mas  também  psíquicos  morais  e  éticos,  denominamos  Processo  Saúde­Doença,  ou  seja,  a 
síntese  da  totalidade  das  determinações  que  operam  sobre  a  qualidade  de  vida,  e  está 
articulado  aos  processos  econômicos,  políticos,  sociais,  de  relacionamento  familiar  e  de 
responsabilidade humana. 
Ao  ler  o  texto,  podemos  afirmar  que  o  processo  saúde­doença  vem  apresentando  diferentes 
significados conforme a época. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

3.  Com  as  descobertas  da  Bacteriologia,  volta  a  prevalecer  as  concepções  sociais  e  a  relação 
orgânica,  conforme  proposto  por  Hipócrates,  na  Antiguidade  clássica,  entre  o  biológico  e  o 
social no processo saúde­doença. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

Respostas dos Exercícios 

1. Hipócrates,  o criador da  Medicina  moderna, que negou  a concepção  de  doença causada por demônios  ou forças sobrenaturais, já 


apontava  em  seu  livro  Ares,  Água  e  Alimento,  enfatizando  ser  a  base  da  arte  médica  a  compreensão  da  interação  entre  mente, 
corpo e ambiente. Ele considerava que os fatores culturais – como modos de vida – e os fatores psicológicos ou “componentes da 
natureza humana” – como humores e paixões – somavam­se aos fatores ambientais na influência sobre o bem­estar dos indivíduos. 
Ao  ler  o  texto,  podemos  afirmar  que  Hipócrates  valorizava  os  determinantes  espirituais/religiosos  na  gênese  do  processo  saúde­ 
doença. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: B 
Hipócrates considerava  que  os fatores culturais  e  os fatores  psicológicos somavam­se  aos fatores  ambientais na  influência para  a 
determinação do processo saúde doença. 

2.  À  resposta  dinâmica  que  as    sociedades  manifestam,  de  forma  diferenciada,  essa  forma  de  adoecer  e  morrer,  levando  em 
consideração  a  dimensão  não  apenas  dos  sofrimentos  físicos,  mas  também  psíquicos  morais  e  éticos,  denominamos  Processo 
Saúde­Doença,  ou  seja,  a síntese  da  totalidade  das  determinações  que  operam  sobre  a  qualidade  de  vida,  e  está  articulado  aos 
processos econômicos, políticos, sociais, de relacionamento familiar e de responsabilidade humana. 
Ao ler o texto, podemos afirmar que o processo saúde­doença vem apresentando diferentes significados conforme a época. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: A 
Realmente o processo saúde­doença vem apresentando diferentes significados conforme a época.

10 
SAÚDE COLETIVA 

3.  Com  as  descobertas  da  Bacteriologia,  volta  a  prevalecer  as  concepções  sociais  e  a  relação  orgânica,  conforme  proposto  por 
Hipócrates, na Antiguidade clássica, entre o biológico e o social no processo saúde­doença. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: B 
Com as descobertas da Bacteriologia, volta a prevalecer a idéia das partículas externas provocando o aparecimento da doença. As 
concepções  sociais  dão  lugar  ao  agente  etiológico.  Assim,  essa  relação  orgânica,  como  proposto  por  Hipócrates,  na  Antiguidade 
clássica, entre o biológico e o social no processo saúde­doença, ficou completamente esquecida

11 
SAÚDE COLETIVA  

O homem sempre buscou uma maneira de explicar a origem das doenças. Assim, houve a 
teoria mística sobre a doença, superada, posteriormente, pela teoria de que a doença era um fato 
decorrente das alterações ambientais no meio físico e concreto em que o homem vivia, 
envolvendo as teorias dos miasmas e do contágio. Com os estudos de Louis Pasteur (na França), 
entre outros, veio a prevalecer a Teoria da Unicausalidade, com a descoberta dos micróbios (vírus 
e bactérias) e, portanto, do Agente Etiológico. Posteriormente, surgindo a explicação da 
multicausalidade na determinação da doença, e não apenas a presença exclusiva de um agente 
e, finalmente, uma série de outros estudos e conhecimentos provindos principalmente da 
epidemiologia social. 

AULA 02 • MODELOS EXPLICATIVOS DO PROCESSO SAÚDE­ 
DOENÇA  (UNICAUSAL,  MULTICAUSAL  E  DETERMINAÇÃO 
SOCIAL DA DOENÇA) 

Introdução 

O homem sempre buscou uma maneira de explicar a origem das doenças. Assim, houve a 
teoria  mística  sobre  a  doença,  que  os  antepassados  a  julgavam  como  um  fenômeno 
"sobrenatural",  ou  seja,  além  da  sua  compreensão  do  mundo,  superada,  posteriormente,  pela 
teoria  de  que  a  doença  era  um  fato  decorrente  das  alterações  ambientais  no  meio  físico  e 
concreto que o homem vivia, envolvendo as teorias dos miasmas e do contágio. Com os estudos 
de Louis Pasteur (na França), entre outros, veio a prevalecer a Teoria da Unicausalidade, com a 
descoberta dos micróbios (vírus e bactérias) e, portanto, do Agente Etiológico, ou seja, aquele 
que  causa  a  doença.  Teoria  esta  que,  pela  sua  incapacidade  e  insuficiência  de  explicar  a 
ocorrência de uma série de outros agravos à saúde do homem, veio a ser complementada como 
uma série de conhecimentos produzidos pela epidemiologia, que evidencia a multicausalidade na 
determinação  da  doença  e  não  apenas  a  presença  exclusiva  de  um  agente  e,  finalmente,  uma 
série de outros estudos e conhecimentos provindos, principalmente, da epidemiologia social nos 
meados  deste  século,  veio  esclarecer  melhor  a  determinação  e  a  ocorrência  das  doenças  nos 
indivíduos e, especialmente, das populações, do coletivo e entre as classes sociais.

12 
SAÚDE COLETIVA 

Desse modo, surgiram vários modelos – entende­se modelos como sínteses provisórias de 
debates  sobre  a  idéia  de  doença  e  seus  determinantes  –  expressando  a  explicação  e 
compreensão da saúde, da doença e do processo saúde/doença, como o modelo epidemiológico 
baseado  nos  três  componentes  ­  agente,  hospedeiro  e  meio,  considerados  como  "fatores 
causais",  evoluindo  para  modelos  mais  abrangentes,  como  o  do  "campo  de  saúde"  de  Lalonde 
(este modelo será estudado na disciplina Epidemiologia), envolvendo ambiente (não apenas o 
ambiente físico), estilo de vida, biologia humana e sistema/serviços de saúde, numa permanente 
inter­relação  e  interdependência.  Assim,  os  conceitos  de  contágio,  transmissão,  constituição 
epidêmica,  miasma,  risco  e  vulnerabilidade fundamentaram  as explicações  sobre  os fenômenos 
de adoecimento das populações. 

De  qualquer  modo,  e  em  última  instância,  o  importante  é  saber  e  reconhecer  essa 
abrangência e complexidade causal, que saúde e doença não são estados estanques, isolados, 
de causação aleatória, não se está com saúde ou doença por um acaso. Há uma determinação 
permanente, um processo causal, que se identifica com o modo de organização da sociedade. Daí 
se dizer que há uma produção social da saúde e ou da doença. Em última instância, "o processo 
saúde­doença constitui uma expressão particular do processo geral da vida social". 

Modelo Unicausal ou monocausal 

O  conceito  de  constituição  epidêmica  vem  dos  escritos  de  Hipócrates,  que  atribuiu  a 
uma  série    de  condições  climáticas  locais  um  estado  da  atmosfera  produtor  de  certas  doenças 
capazes  de  se  espalharem,  creditando­se  ,  portanto,  no  meio  circulante,  a  predisposição  ao 
adoecimento  de  vários  corpos  ao  mesmo  tempo.  Essa  concepção  desenvolveu­se  durante  os 
séculos  XVI  e  XVII,  período  denominado  de  epidemiologia  medieval,  e  foi  a  primeira  idéia  a 
influenciar o conhecimento médico sobre as epidemias (aumento no número de doenças acima do 
esperado, em uma população, em determinado tempo e espaço) no Ocidente. 

A teoria dos miasmas influenciou o pensamento médico até o início do século XX. Vinda 
da concepção de Aristóteles, que atribuía às entidades materiais alguns atributos inerentes à sua 
“natureza”, os “vapores” emanados dos pântanos propiciariam o aparecimento de doenças, como 
a malária, as prisões provocavam a “febre das prisões” (Tifo Exantemático), e assim por diante. 
Esse atributo dos lugares serviu por séculos como explicação para o surgimento das doenças. 

Até  o  começo  do  século  XX,  a  manutenção  de  um  fluxo  contínuo  de  mercadorias  e 
pessoas  entre  os  continentes  exigiu  um  controle  dessas  mercadorias,  de  navios  estrangeiros  e

13 
SAÚDE COLETIVA 

áreas portuárias. As florescentes cidades comerciais eram as mais vulneráveis às epidemias de 
doenças,  principalmente  aquelas  ligadas  aos  portos  (Peste  Bubônica,  Tifo,  Febre  Amarela, 
Tuberculose, Cólera, Varíola). 

Medidas foram instituídas, como quarentena e o isolamento das áreas (cordão sanitário) 
para  proteger  as  cidades  do  contágio  de  doenças  vindas  do  exterior.  Essas  medidas,  por  mais 
drásticas que fossem, eram as únicas possíveis, já que pouco se sabia efetivamente da etiologia 
(causa) das doenças  e  seus  mecanismos  de  transmissão.  De fato,  até  o  início  do  século XX, a 
teoria dos “miasmas” era o modelo médico/sanitário dominante. 

Quarentena 

Isolamento  imposto  a  um  navio  que  transporta  pessoas,  animais  ou  mercadorias 
provenientes  de  país  em  que  grassa  moléstia  contagiosa.  /  Isolamento  de  certas 
pessoas, lugares e animais que podem acarretar perigo de infecção. 

O  período  de  quarentena  depende  do  tempo  necessário  como  proteção  contra  a 
propagação  de  uma  doença  determinada.  O  nome  quarentena  provém  do  fato  de 
outrora, quando as autoridades de um porto suspeitavam  que houvesse portadores de 
infecção  entre  os passageiros  ou  tripulantes de  um  navio,  este  ter  de  ficar  40  dias  ao 
largo do porto, sem atracar.

A  teoria  do  contágio,  sistematizada  por    Hieronymus  Fracastororius  (1478  –  1548), 


também  teve  grande  influência  nas  idéias  sobre  doenças.  Segundo  essa  teoria,  seriam  os 
diminutos  agentes  infecciosos,  transmissíveis  e  que  reproduzem  por  si  mesmos  os  causadores 
das  doenças.  Essas  “sementes”  da  moléstia  ou “seminária  prima”  seriam  específicas  para  cada 
doença. A doença instalar­se­ia quando as “sementes”, transmitidas de um indivíduo a outro por 
contato  direto ou  por  meio de  roupas  e objetos,   alterassem os  humores, os  princípios  vitais  do 
corpo.  A  partir  dessa  idéia  constituiu­se  a  teoria  do  contágio,  que  concorreu  com  a  doutrina 
atmosférico­miasmática até finais do século XIX e propiciou a busca por causas específicas das 
doenças. 

A  confirmação  definitiva  da  teoria  do  contágio  viria  em  1876,  graças  aos  estudiosos  de 
Louis Pasteur (1822­1895) e Robert Koch (1843­1910), que estabeleceram a teoria dos germes 
ou teoria bacteriana, que modificou profundamente as representações sobre o corpo e sobre as 
relações homem­ambiente. Segundo esta teoria, todo germe é considerado ofensivo ou perigoso 
para a saúde e causadores de diversos agravos. 

14 
SAÚDE COLETIVA 

Até o aparecimento da teoria dos germes, a relação  saúde e ambiente era vista sob uma 
perspectiva  predominantemente determinista, estabelecendo  relações  lineares  de  causa  e  efeito 
com o meio físico. Como pode ser observado, o tratado de Hipócrates, Dos Ares, das Águas e dos 
Lugares – 480 a . C – e os escritos sobre medicina nas civilizações egípcias de Heródoto – 500 a . 
C  são  considerados  as  primeiras  abordagens  da  temática  das  relações  entre  a  saúde  e  os 
“lugares”.

O  desenvolvimento  da  Microbiologia  e  o  descobrimento  das  bactérias  e  parasitas,  por 


Pastuer  e  Koch,  levaram  a  uma  série  de  transformações  nos  conhecimentos  da  Medicina, 
instituindo  a  hegemonia  da  “teoria  bacteriana”  ou  “teoria  dos  germes”  sobre  a  “teoria  dos 
miasmas”. Esse evento levou a uma reformulação na concepção do processo saúde/doença que 
se refletia no ensino da medicina e no campo de atuação da saúde. 

Nesse processo, o campo de saber dos profissionais de saúde foi se restringindo ao corpo 
humano  e à  biologia  humana,  tornando  irrelevante  o  conhecimento  sobre  o  ambiente.  Devido  à 
crença na unicausalidade das doenças secundárias aos processos biológicos, ficaram conhecidas 
como  correntes  “biologicistas”,  pois  asseguravam  a  primazia  do  biológico  na  determinação  das 
doenças. Esse modelo centra a explicação num único fator: o agente biológico, e impõe que as 
causas sociais da doença são secundárias, não importando para o processo de cura. 

Como modelo organizador do pensamento epidemiológico, a teoria microbiana do contágio 
permaneceu incontestada até 1912, quando Casimir Funk enunciou a teoria das “deficiências” que 
se tornou base da explicação para as doenças nutricionais. Dessa forma, a observação científica, 
no  decorrer  do  tempo,  demonstrou  que  tais  teorias,  embora  apresentassem  fenômenos 
concorrentes, não eram suficientes para justificar amplamente a ocorrência de doenças; somente 
a  presença  do  agente  etiológico,  em  muitas  situações,  não    determina  o  aparecimento  de 
doenças. Portanto, a teoria unicausal foi comprovada como inconsistente. 

Modelo multicausal 

Há um avanço relativo em relação ao modelo anterior, pois ele incorpora os fatores sócio­ 
econômicos, culturais, físicos, químicos, estabelecendo nexos entre os modos de adoecer (tipos 
de  doença,  freqüência,  gravidade,  etc)  e  as  condições  de  trabalho  e  as  condições  materiais  de 
vida (moradia, salário, alimentação, educação, saneamento, etc) , embora procure traçar, entre os 
mesmos, relações de natureza apenas quantitativa.

15 
SAÚDE COLETIVA 

O  modelo  multicausal  coloca  grande  ênfase  na  avaliação  estatística  e  quantitativa  das 
variáveis do processo saúde­doença, fazendo com que os indivíduos e fatores de doença sejam 
agrupados  e  organizados,  ignorando­se,  contudo,  o  peso  e  a  hierarquia  dos  fatores  de  origem 
social  e de origem biológica.  Não  obstante, definiu  um propósito  prático para a  descoberta das 
relações que oferecem possibilidades para prevenção de doenças. 

O  complexo  processo  de  estruturação  de  saúde  é,  na  verdade,  resultado  de  interações 
multicausais,  não  se  admitindo  mais  o  conceito  de  singularidade  ,  de  unicausalidade,  que  ficou 
estrito às possíveis ações bacteriológicas dos postulados de Pasteur e Koch, mas resultantes de 
interações de ordem sócio­econômicas, culturais,  nutricionais, psicológicas, imunológicas, etc. 

Assim, o homem foi construindo os modelos de explicação causal para o processo saúde­ 
doença. Avançando cronologicamente, surge,   no início do século XX, o modelo multicausal de 
Leavel  &  Clarck,  que  se  caracteriza  por  ser  uma  variante  mais  dinâmica  e  desenvolvida  desse 
modelo  multicausal,  e  se  torna  o  pensamento  hegemônico,  apoiado  na  teoria  ecológica  de 
causação de doenças. 

Modelo da História  Natural da Doença,  desenvolvido por  Leavel & Clarck,  em 1965, 


diferencia­se dos seus antecessores pelo dinamismo dos processos de saúde doença, expressos 
na relação dos seus três elementos: o homem­hospedeiro, o agente patogênico e o meio. O meio 
ambiente  diz  respeito  a  uma  combinação  homogênea  dos  fatores  físico­químicos,  biológicos  e 
sociais, sendo caracterizado como “o que está em redor” ou “environmente” . 

Baseando­se  na  dinâmica  do  equilíbrio  ou  desequilíbrio  dos  três  fatores  considerados 
(hospedeiro, agente e meio), propõe três níveis de intervenção: prevenção primária, através da 
promoção  à  saúde  e  da  proteção  específica  em  relação  a  um  agravo  determinado  –  a  ser 
desencadeada  ainda  na  fase  pré­patogênica  da  doença  (na  qual  surge  a  doença);  prevenção 
secundária,  constante  de  diagnóstico  e  tratamento;  e  prevenção  terciária,  que  supõe  ações 
destinadas à recuperação do dano e à reabilitação. Essas duas últimas intervenções aplicam­se à 
fase patogênica (depois do aparecimento da doença). 

Surge aí a idéia de risco, definido como possibilidade de perda ou responsável pelo dano. 
A  idéia  de  risco  envolve  uma  relação  de  probabilidade  entre  eventos  e  interações  causais 
(fonte/exposição).  Esse  modelo  tornou­se  hegemônico  e  permeia  todo  o  conhecimento  das 
doenças nas populações até os dias atuais, não estando, no entanto, livre de críticas por ignorar a 
categoria  social  do  homem,  satisfazendo­se  com  correlações  biológico­ecológicas, 
independentemente  da  necessidade  de  transformações  estruturais  que  alterem  o  equilíbrio  do 
sistema, o que afasta a questão da determinação social da doença.

16 
SAÚDE COLETIVA 

Causa Direta e Indireta 

Causa Direta: picada de um  mosquito infectado. 

Causa  Indireta:  a  cegada  das  chuvas  (estações  chuvosas)  favorece  a  formação  de 
charcos  temporários  e  a  recuperação  dos  níveis  de  lagoas  e  pântanos.  Esses 
reservatórios  de  água  se  convertem  em  criadouros  de  mosquitos  adultos,  os  quais 
trazem  um  aumento  na  densidade  de  anofelinos,  e,  portanto,  um  aumento  do  IPH 
(número de picadas pessoa/noite).

Modelo da determinação social das doenças 

Neste  modelo,  supera­se  a  concepção  da  mera  relação  de  causa­efeito  para  explicar  o 
adoecimento e a morte. Aponta­se, ao contrário, para o modo de adoecer, como um processo que 
tem  como  elemento  modelador  a  estrutura  social.  Tais  abordagens  apareceram  na  literatura, 
especialmente na América Latina, nos anos de 1970, e se tornaram referência para a constituição 
de  um  novo  campo  científico,  o  da  chamada  Epidemiologia  Social  (baseada  na  determinação), 
como uma contraposição à Epidemiologia Clínica tradicional, baseada na casualidade. 

A  relação  entre  o  biológico  e  o  social  no  processo  saúde­doença  é  explicado  mais 


claramente pela pesquisadora  Asa  Cristina Laurell,  da  Universidade Autônoma  Metropolitana de 

17 
SAÚDE COLETIVA 

Xochimilco, da Cidade do México. Ao enunciar a concepção saúde­doença da coletividade como 
sendo o “ modo específico pelo qual ocorre, no grupo, o processo biológico de desgaste e 
reprodução” . Mesmo em se tratando do processo saúde­doença de um grupo, a sua expressão é 
social na medida em que não é possível focalizar a normalidade biológica do homem desvinculado 
do momento histórico por ele vivido. 

Dessa forma, a saúde­doença ganha objetividade: é uma realidade concreta, expressa em 
grupos  sociais  marcados  por  traços  sócio­econômicos  particulares,  que  evidenciam  as  suas 
similaridades em termos de condições materiais de vida e condições materiais de trabalho. Nesse 
caso,  o  processo  saúde­doença  é  a  síntese  do  conjunto  de  determinações  que  operam  numa 
sociedade  concreta,  produzindo,  nos  diferentes  grupos  sociais,  o  aparecimento  de  riscos  ou 
potencialidades característicos, por sua vez manifestos na forma de perfis ou padrões de doença 
ou saúde. 

O  modo  como  os  homens  vivem,  adoecem  e  morrem  depende  de  fatores  diversos,  tais 
como a produção de riquezas pela sociedade; as relações sociais que se estabelecem dentro dela 
e o modo como a sociedade faz a regulação e o controle de tais relações. Ao conjunto articulado 
dessas três dimensões denominamos modo de produção.O conhecimento do modo de produção 
ajuda  a  compreender  as  raízes  dos  processos  de  saúde­doença,  o  que  equivale  a  dizer  que  o 
modo  de  viver,  adoecer  e  morrer  dos  homens  constitui,  também,  um  processo  socialmente 
determinado,  embora  possam  existir  influências  de  outras  naturezas,  por  exemplo,  genéticas, 
imunológicas, agressões por parasitas, acidentes, etc. 

Certamente,  a  qualidade  de  vida  à  qual  cada  grupo  sócio­econômico  está  exposto  é 
diferente e, portanto, é igualmente diferente sua exposição a processos de risco que produzem o 
aparecimento  de  doenças  e  formas  de  morte  específicas,  assim  como  seu  acesso  a  processos 
benéficos ou potencializadores da saúde e da vida.

18 
SAÚDE COLETIVA 

Exercícios 

1. De qualquer modo, e em última instância, o importante é saber e reconhecer essa abrangência 
e  complexidade  causal,  que  saúde  e  doença  não  são  estados  estanques,  isolados,  de 
causação aleatória,  não  se está  com  saúde ou doença  por  um acaso.  Há uma determinação 
permanente, um processo causal, que se identifica com o modo de organização da sociedade. 
Daí  se  dizer  que  há  uma  produção  social  da  saúde  e  ou da  doença.  Em  última  instância,  "o 
processo saúde­doença constitui uma expressão particular do processo geral da vida social". 
Ao ler o texto, podemos afirmar que o processo saúde­doença não apresenta relações com a 
formação da sociedade em diferentes  épocas. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

2.  A  Teoria dos  Miasmas  influenciou o  pensamento  médico  até  o  início  do século  XX. Segundo 
essa teoria, seriam os diminutos agentes infecciosos, transmissíveis e que reproduzem por si 
mesmos  os  causadores  das  doenças.  Essas  “sementes”  da  moléstia  ou  “seminária  prima” 
seriam  específicas  para  cada  doença.  A  doença  instalar­se­ia  quando  as  “sementes”, 
transmitidas  de  um  indivíduo  a  outro  por  contato  direto  ou  por  meio  de  roupas  e  objetos, 
alterassem os humores, os princípios vitais do corpo. 
Pode­se dizer que essa idéia está:

19 
SAÚDE COLETIVA 

a) Correta. 
b) Incorreta. 

3.  O  Modelo  da  História  Natural  da  Doença,  desenvolvido  por  Leavel  &  Clarck,    em  1965, 
diferencia­se  dos  seus  antecessores  por  enunciar  que  o  processo  saúde­doença  da 
coletividade como sendo o “modo específico pelo qual ocorre, no grupo, o processo biológico 
de desgaste e reprodução”. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

Respostas dos Exercícios 

1. De qualquer modo, e em última instância, o importante é saber e reconhecer essa abrangência e complexidade causal, que saúde e 
doença  não  são  estados  estanques,  isolados,  de  causação  aleatória,  não  se  está  com  saúde  ou  doença  por  um  acaso.  Há  uma 
determinação  permanente,  um  processo causal,  que  se  identifica  com  o  modo  de  organização  da  sociedade.  Daí  se  dizer  que  há 
uma  produção social da saúde  e  ou da doença. Em última instância, "o processo saúde­doença constitui  uma  expressão particular 
do processo geral da vida social". 
Ao ler o texto, podemos afirmar que o processo saúde­doença não apresenta relações com a formação da sociedade em diferentes 
épocas. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: B 
O processo saúde­doença vem apresentando relações com a formação da sociedade em diferentes  épocas. 

2.  A  Teoria  dos  Miasmas  influenciou  o  pensamento  médico  até  o  início  do  século  XX.  Segundo  essa  teoria,  seriam  os  diminutos 
agentes infecciosos, transmissíveis e que reproduzem por si mesmos os causadores das doenças. Essas “sementes” da moléstia ou 
“seminária prima” seriam específicas para cada doença. A doença instalar­se­ia quando as “sementes”, transmitidas de um indivíduo 
a outro por contato direto ou por meio de roupas e objetos,  alterassem os humores, os princípios vitais do corpo. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: B 
A  teoria  dos  miasmas,  derivada  da  concepção  de  Aristóteles,  atribuía  às  entidades  materiais  alguns  atributos  inerentes  à  sua 
“natureza”.  Os  “vapores”,  emanados  dos  pântanos,  propiciariam  o  aparecimento  de  doenças,  como  a  malária,  as  prisões 
provocavam a “febre das prisões” , e assim por diante. 

3.  O  Modelo  da  História  Natural  da  Doença,  desenvolvido  por  Leavel  &  Clarck,    em  1965,  diferencia­se  dos  seus  antecessores  por 
enunciar  que  o  processo  saúde­doença  da  coletividade  como  sendo  o  “modo  específico  pelo  qual  ocorre,  no  grupo,  o  processo 
biológico de desgaste e reprodução”. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: B 
O modelo da História Natural  da Doença, desenvolvido por  Leavel & Clarck,   em 1965,  diferencia­se  dos seus  antecessores  pelo 
dinamismo  dos  processos  de  saúde­doença,  expressos  na  relação  dos  seus  três  elementos:  o  homem­hospedeiro,  o  agente 
patogênico e o meio.)

20 
SAÚDE COLETIVA  

A evolução histórica das políticas de saúde no Brasil está relacionada diretamente à 
evolução político­social e econômica da sociedade. A descoberta  e posterior colonização 
brasileira pela Coroa Portuguesa apresentou diferentes formas de exploração humana e de 
recursos naturais. Pode­se afirmar que as primeiras ações de saúde pública surgiram com a vinda 
da Família Real para a Colônia. Com o advento da Proclamação da República, e persistência de 
várias doenças infecciosas, houve a necessidade de estender as minguadas ações de saúde para 
os espaços urbanos. Gradativamente, com o controle das epidemias nas grandes cidades 
brasileiras, o modelo campanhista deslocou sua ação para o combate das endemias rurais. Com o 
governo de Getúlio Vargas vieram as investidas nas questões de saúde e previdência da massa 
assalariada. O golpe militar de 1964 trouxe a institucionalização do INPS e do INAMPS. Na 
década de 1985, o movimento da Reforma Sanitária e das “Diretas Já” clama por um Sistema de 
saúde inclusivo e integral. 

AULA 03 • A HISTÓRIA DAS POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL 

Introdução 

Sabemos  que  a  evolução  histórica  das  políticas  de  saúde  no  país  está  relacionada 
diretamente  à  evolução  político­social  e  econômica  da  sociedade  brasileira.  Em  22  de  abril  de 
1500,  chegava,  ao  Brasil,  13  caravelas  portuguesas  lideradas  por  Pedro  Álvares  Cabral.  À 
primeira vista, eles acreditavam tratar­se de um grande monte, e chamaram­no de Monte Pascoal. 
No dia 26 de abril, foi celebrada a primeira missa no Brasil. 

A  descoberta  do  Brasil  ocorreu  no  período  das  grandes  navegações,  quando  Portugal  e 
Espanha exploravam o oceano em busca de novas terras. Poucos anos antes da descoberta do 
Brasil,  em  1492,  Cristóvão  Colombo,  navegando  pela  Espanha,  chegou  a  América,  fato  que 
ampliou as expectativas dos exploradores. Diante do fato de ambos terem as mesmas ambições e 
com objetivo de evitar guerras pela posse das terras, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de 
Tordesilhas, em 1494. 

Portugal  realizava,  no  Brasil,  o  extrativismo  do  pau­brasil,  explorando  da  Mata  Atlântica 
toneladas da valiosa madeira, cuja tinta vermelha era comercializada na Europa. Nesse caso, foi 
utilizado  o  escambo,  ou  seja,  os  indígenas  recebiam  dos  portugueses  algumas  bugigangas

21 
SAÚDE COLETIVA 

(apitos, espelhos e chocalhos) e davam em troca o trabalho no corte e carregamento das toras de 
madeira até as caravelas. 

Foi  somente a partir de 1530,  com  a  expedição organizada  por  Martin  Afonso de  Souza, 


que  a  coroa  portuguesa  começou  a  interessar­se  pela  colonização  da  nova  terra.  Isso  ocorreu 
pois havia um grande receio dos portugueses em perderem as novas terras para invasores que 
haviam  ficado  de  fora  do  tratado  de  Tordesilhas,  como,  por  exemplo,  franceses,  holandeses  e 
ingleses. Navegadores e piratas desses povos estavam praticando a retirada ilegal de madeira de 
nossas matas. A colonização seria uma das formas de ocupar e proteger o território. Para tanto, 
os  portugueses  começaram  a  fazer  experiências  com  o  plantio  da  cana­de­açúcar,  visando  um 
promissor comércio dessa mercadoria na Europa. 

Brasil Colônia e Brasil Império 

Nesse  período,  a  atenção  à  saúde  limitava­se  aos  próprios  recursos  da  terra  (plantas  e 
ervas)  e  às  pessoas  que  desenvolviam  a  arte  de  curar  através  de  conhecimentos  empíricos, 
denominados  de  curandeiros. A  vinda  da família  real  para  o  Brasil  criou  a  necessidade de uma 
estrutura sanitária mínima na cidade do Rio de Janeiro. Até 1850, as atividades de saúde pública 
estavam  limitadas  em:  delegação  das  atribuições  sanitárias  às  juntas  municipais,  controle  de 
navios e saneamento dos portos. 

A carência dos profissionais médicos e de uma assistência médica estruturada, no Brasil 
Colônia  e  no  Brasil  Império,  fez  com  que  proliferassem  pelo  país  os  Boticários  (farmacêuticos). 
Não dispondo de aprendizado acadêmico, o processo de habilitação consistia em acompanhar um 
serviço  de  uma  botica  já  estabelecida  durante  certo  período  de  tempo.  Em  1808,  Dom  João  VI 
fundou, na Bahia, o Colégio médico­cirúrgico no Real Hospital Militar da Cidade de Salvador. No 
mês de novembro do mesmo ano, foi criada a Escola de Cirurgia do Rio de Janeiro, anexa ao real 
Hospital Militar. 

Brasil República 

Com  a  Proclamação  da  República,  em  1889,  observa­se  que  a  falta  de  um  modelo 
sanitário deixou as cidades brasileiras a mercê das epidemias. O Rio de Janeiro apresentava um 
quadro sanitário caótico, caracterizado pela presença de várias doenças graves, como a varíola, a 
malária, a febre amarela, e, posteriormente, a peste, o que acabou gerando sérias conseqüências

22 
SAÚDE COLETIVA 

tanto para a saúde coletiva quanto para outros setores, como o do comércio exterior, visto que os 
navios estrangeiros não mais queriam atracar no porto do Rio de Janeiro em função da situação 
sanitária existente na cidade. 

A  necessidade de  reordenação dos  espaços e  de  solucionar  a  situação  sanitária  leva as 


autoridades  à  implementação  de  um  programa  de  saneamento  conhecido  com  modelo 
campanhista,  liderado  pelo  médico  sanitarista  Oswaldo  Cruz.  A  Lei  Federal  nº  1261,  de  31  de 
outubro de 1904, instituiu a vacinação anti­varíola obrigatória para todo o território nacional. Esse 
modelo  foi  criado  dentro  de  uma  visão  militar,  na  qual  o  uso  da  força  e  da  autoridade  eram 
considerados os instrumentos preferenciais de ação, resultando em movimentos repressores em 
torno de mudanças que deflagram conflitos, entre eles a Revolta da Vacina. 

Apesar  dos  excessos  cometidos,  o  modelo  campanhista  obteve  importantes  vitórias  no 
controle das doenças epidêmicas, o que o tornou hegemônico como proposta de intervenção na 
área de saúde coletiva durante décadas. Nesse período Oswaldo Cruz organizou a diretoria geral 
de  saúde  pública,  criando uma  seção  demográfica, um  laboratório  bacteriológico,  um  serviço  de 
engenharia sanitária e de profilaxia da febre­amarela, a inspetoria de isolamento e desinfecção, e 
o instituto soroterápico federal, posteriormente transformado no Instituto Oswaldo Cruz. 

Em  1920,  Carlos  Chagas,  sucessor  de  Oswaldo  Cruz,  reestruturou  o  Departamento 
Nacional de Saúde, então ligado ao Ministério da Justiça, e introduziu a propaganda e a educação 
sanitária na técnica rotineira de ação, inovando o modelo campanhista já existente. Importam­se 
conhecimentos  dos  maiores  centros  de  saúde  do  mundo,  entre  eles  a  Escola  Jonh  Hopkins; 
segundo seus modelos, é fundado o Instituto de Higiene e Saúde Pública, hoje atual Faculdade de 
Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). 

Gradativamente, com o controle das epidemias nas grandes cidades brasileiras, o modelo 
campanhista deslocou a sua ação para o campo e para o combate das denominadas endemias 
rurais, dado ser a agricultura a atividade hegemônica da economia da época. Ainda no início do 
século XX, a economia era basicamente agroexportadora, assentada na manocultura do café. A 
acumulação  capitalista  advinda  do  comércio  exterior  tornou  possível  o  início  do  processo  de 
industrialização no país, que se deu principalmente no eixo Rio­São Paulo. 

A  industrialização  resultou  de  uma  urbanização  crescente  e  da  necessidade  de  mão­de­ 
obra  nas  indústrias.  Os  operários  da  época  não  tinham  quaisquer  garantias  trabalhistas,  o  que 
resultou  em  duas  greves  gerais  no  país:  uma  em  1917  e  outra  em  1919.  Através  desses 
movimentos, os  operários  começaram  a  conquistar  alguns direitos  sociais.  Em 24  de  janeiro  de 
1923,  foi  aprovada,  pelo  Congresso  Nacional,  a  Lei  Eloi  Chaves,  marco  inicial  da  previdência

23 
SAÚDE COLETIVA 

social  no  Brasil.  Através  dessa  lei,  foram  instituídas  as  Caixas  de  Aposentadoria  e  Pensões 
(CAP’s). 

A Lei Eloi Chaves deveria ser aplicada somente aos operários urbanos, as caixas deveriam 
ser  organizadas  por  empresa  e  não  por  categorias  profissionais,  as  CAP’s  não  eram  criadas 
automaticamente,  dependiam  do  poder  de  mobilização  e  organização  dos  trabalhadores  de 
determinada empresa para reivindicar a sua criação e eram mantidas por empregados, empresas 
e consumidores dos serviços das mesmas. 

A primeira CAP criada foi a dos ferroviários, o que pode ser explicado pela importância que 
esse  setor desempenha na  economia  do país  naquela  época e pela  capacidade  de  mobilização 
que a categoria dos ferroviários possuía. A extensão progressiva desse sistema, abrangendo cada 
vez  maior  número  de  usuários  de  serviços,  com  a  criação  de  novas  Caixas  e  Institutos,  veio, 
afinal,  fazer  o  ônus  recair  sobre  o  público  em  geral  e,  assim,  a  se  constituir  efetivamente  em 
contribuição  da  União.  O  mecanismo  de  contribuição  tríplice  (em  partes  iguais)  refere­se  à 
contribuição  pelos  empregados,  empregadores  e  União  e  foi  obrigatoriamente  instituído  pela 
Constituição Federal de 1934. 

A crise dos anos 30 imobilizou temporariamente o setor agrário­exportador, redefinindo a 
organização do estado que imprimirá novos caminhos à vida nacional. Assim é a crise do café, a 
ação dos setores agrários e urbanos que vão propor um novo padrão de uso do poder no Brasil. 

Ditadura Civil: “ era Vargas”  

Investindo na Presidência da República pela Revolução de 1930, Getúlio Vargas instalou a 
reforma política e administrativa, entre elas, a criação do Ministério da Educação e Saúde Pública. 
As  dificuldades  encontradas  para  governar  democraticamente  a  nação  levaram  à  instalação,  a 
partir  de  1937,  da  ditadura  do  Estado  Novo,  com  centralização  da  máquina  governamental  e 
também bloqueamento das reivindicações sociais. 

No que se refere à previdência social, a política do estado pretendeu estender a todas as 
categorias  do  operariado  urbano  organizado  os  benefícios  da  previdência.  Como  resultado,  as 
antigas  CAP’s  são  substituídas  pelos  Institutos  de  Aposentadorias  e  Pensões  (IAP”s).  Nesses 
institutos, os trabalhadores eram organizados por categoria profissional (marítimos, comerciários, 
bancários), e não por empresa. 

Em  1953,  foi  criado  o  Ministério  da  Saúde,  o  que,  na  verdade,  limitou­se  a  um  mero 
desmembramento do antigo Ministério da Saúde e Educação sem que isso significasse uma nova

24 
SAÚDE COLETIVA 

postura  do  governo.  Em  1960,  foi  promulgada  a  lei  3.807,  denominada  Lei  Orgânica  da 
Previdência  Social,  que  veio  estabelecer  a  unificação  do  regime  geral  da  previdência  social, 
destinado  a  abranger  todos  os  trabalhadores  sujeitos  ao  regime  da  Consolidação  das  Leis  do 
Trabalho (CLT), excluídos os trabalhadores rurais, os empregados domésticos e, naturalmente, os 
servidores  públicos  e  de  autarquias,  e  que  tivessem  regimes  próprios  de  previdência.  Os 
trabalhadores  rurais  só  viriam  a  ser  incorporados  ao  sistema  3  anos  mais  tarde,  quando  foi 
promulgada  a  lei  4.214  de  2/3/63/,  que  instituiu  o  Fundo  de  Assistência  ao  Trabalhador  Rural 
(FUNRURAL). 

A Ditadura Militar 

O  processo de  unificação dos  institutos avança com  o  golpe  militar  de  1964,  que,  nesse 


mesmo  ano,  promove  uma  intervenção  generalizada  em  todos  os  IAP’s,  sendo  os  conselhos 
administrativos substituídos por juntas interventoras nomeadas pelo governo revolucionário. Em 2 
de janeiro de 1967, ocorre  a efetivação do processo de unificação com a implantação do Instituto 
Nacional de Previdência Social (INPS),  proporcionando a unificação dos diversos benefícios ao 
nível  de  IAP’s.  Na  medida  em  que  todo  o  trabalhador  urbano  com  carteira  assinada  era 
automaticamente  contribuinte  e  beneficiário  do  novo  sistema,  foi  grande  o  volume  de  recursos 
financeiros capitalizados, gerando um grande volume de recursos financeiros. 

No  entanto,  ao  aumentar  o  número  de  contribuintes  e,  conseqüentemente,  de 
beneficiários,  era  impossível  ao  sistema  médico  previdenciário  atender  a  toda  essa  população, 
levando o governo militar a direcionar os recursos públicos para a iniciativa privada. Dessa forma, 
foram estabelecidos convênios e contratos com a maioria dos médicos e hospitais existentes no 
país, formando um complexo sistema médico­industrial. 

Esse sistema foi se tornado cada vez mais complexo dentro da estrutura do INPS, o que 
acabou  levando  a  criação  de  uma  estrutura  própria  administrativa:  o  Instituto  Nacional  de 
Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), em 1978. Nesse momento, o Ministério da 
Previdência e Assistência Social ditava as políticas de saúde; juntamente com esse ministério foi 
criado  o  Fundo  de  Apoio  ao  Desenvolvimento  Social  (FAS),  que  proporcionou  a  remodelação  e 
ampliação dos hospitais da rede privada, através de empréstimos com juros subsidiados. 

Incapacitado  de  atender  à  extensa  massa  de  usuários  com  serviços  próprios,  recorre  às 
instituições  privadas  no  sentido  de  complementar  o  atendimento  à  demanda.  A  medicina  liberal 
também  perde  espaço,  organiza­se  em  redes  de  clínicas  e  hospitais  com  caráter  lucrativo,  que

25 
SAÚDE COLETIVA 

passam a conveniar­se com a previdência e empresas, garantindo assistência a seus funcionários 
(surgem aí os primeiros seguros privados de saúde). 

A Crise do modelo de assistência à saúde 

O  modelo  econômico,  implantado  pela  ditadura  militar,  entra  em  crise  em  1975, 
caracterizada  pela  crise  econômica  internacional  e  diminuição  do  fluxo  de  capital  estrangeiro  e 
nacional. O país diminui o ritmo de crescimento resultando em desnivelamento social, os pobres 
ficaram  mais  pobres  e  os  ricos  mais  ricos,  sendo  o  país  um  dos  que  apresentavam  um  dos 
maiores índices de concentração de renda em nível mundial. 

A população com baixos salários passou a conviver com o desemprego e as suas graves 
conseqüências  sociais,  como  aumento  da  marginalidade,  das  favelas,  da  mortalidade  infantil.  O 
modelo de saúde previdenciário começa a mostrar as suas deficiências. O setor médico privado, 
que  se  beneficiou  do  modelo  médico­privatista  durante  quinze  anos,  a  partir  de  64,  observando 
que o setor público estava em crise, passou a formular novas alternativas para sua estruturação, 
direcionando o seu modelo de atenção para parcelas da população, classe média e categorias de 
assalariados, procurando através da poupança desses setores sociais organizar uma nova base 
estrutural. 

Desse  modo  foi  concebido  um  subsistema  de  Atenção  Médica­Supletiva  composto  de  5 
modalidades assistenciais: medicina de grupo, cooperativas médicas, auto­gestão, seguro­saúde 
e  plano  de  administração.  Esse  sistema  baseia­se  num  universalismo  excludente,  beneficiando 
somente aquela  parcela  da população  que tem condições financeiras de  arcar  com  o  sistema  e 
sem  investimento  na  saúde  preventiva  e  na  mudança  de  indicadores  de  saúde.  Ao  subsistema 
público  compete  atender  a  grande  maioria  da  população  brasileira  com  os  minguados  recursos 
dos governos federal, estadual e municipal. 

Nesse momento, a atuação do Ministério da Saúde resumia­se às atividades de promoção 
de  saúde  e  prevenção  de  doenças,  realizadas  em  caráter  universal,  e  à  assistência  médico­ 
hospitalar  para  poucas  doenças  servia  a  pessoas  que  não  tinham  acesso  ao  atendimento  do 
INAMPS.  Esses  indivíduos  eram  caracterizados  como  indigentes  e  encaminhados  a  serviços 
filantrópicos para atendimento.

26 
SAÚDE COLETIVA 

Abertura Política e os reflexos no novo modelo de assistência à saúde 

Ao  longo  da  década  de  1980,  o  INAMPS  passaria  por  sucessivas  mudanças,  até  a 
universalização  progressiva  do  atendimento,  prevista  pelo  Sistema  Único  e  Descentralizado  de 
Saúde  (SUDS),  defendida  na  8º  Conferencia  Nacional  de  Saúde  como  estratégia  viável  para  a 
eliminação  da  assistência  à  saúde  excludente,  conforme  vinha  sendo  imposta  pelo  Sistema  de 
Saúde  anterior,  já  numa  transição  para  o  Sistema  Único  de  Saúde  (SUS).  No  entanto,  o  que 
imprimiu a nova lógica de direitos civis e acesso aos serviços de saúde advém com a Assembléia 
Nacional Constituinte de 1986, a qual culminou com a Promulgação da Constituição da República 
Federativa do Brasil, em 5 de outubro de 1988, que garante, no Artigo 196: “ A saúde é direito de 
todos  e  dever  do  Estado,  garantido  mediante  políticas  sociais  e  econômicas  que  visem  à 
redução  do  risco  de  doença  e  de  outros  agravos  e  ao  acesso  universal  e  igualitário  às 
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação” . 

Retomaremos o assunto nas aulas 8 e 9 referente ao Sistema Único de Saúde (SUS). 

Exercícios 

1.  “Com a Proclamação da  República, em 1889, observa­se  que  a falta de  um  modelo sanitário 


deixou as cidades brasileiras a mercê das epidemias. O Rio de Janeiro apresentava um quadro 
sanitário  caótico  caracterizado  pela  presença  de  várias  doenças  graves,  como  a  varíola,  a 
malária,  a  febre  amarela,  e,  posteriormente,  a  peste,  o  que  acabou  gerando  sérias 
conseqüências  tanto  para  a  saúde  coletiva  quanto  para  outros  setores,  como  o  do  comércio 
exterior, visto que os navios estrangeiros não mais queriam atracar no porto do Rio de Janeiro 
em função da situação sanitária existente na cidade”. 
Ao  ler  o  texto,  podemos  afirmar  que  a  necessidade  de  reordenação  dos  espaços  e  de 
solucionar  a  situação  sanitária  leva  à  implementação  de  um  programa  de  saneamento 
conhecido como modelo campanhista, liderado pelo médico sanitarista Oswaldo Cruz. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

2.  “Os  operários  começaram  a  conquistar  alguns  direitos  sociais. Em  24  de  janeiro de 1923, foi 
aprovada, pelo  Congresso  Nacional, a  Lei  Eloi  Chaves,  marco  inicial  da previdência  social no 
Brasil. Através dessa lei formam instituídas as Caixas de Aposentadoria e Pensões (CAP’s). As 
CAP’s não eram criadas automaticamente, dependiam do poder de mobilização e organização 
dos trabalhadores de determinada empresa para reivindicar a sua criação e eram mantidas por 
empregados, empresas e consumidores dos serviços das mesmas”. 
Ao  ler  o  texto,  podemos  afirmar  que  as  CAP’s  eram  organizadas  pelo  Estado  e  todos  os 
operários, sem exceção, tinham direito à assistência médica. 
Pode­se afirmar que essa idéia está: 
a) Correta.

27 
SAÚDE COLETIVA 

b) Incorreta. 

3. O modelo econômico, implantado pela ditadura militar, entra em crise em 1975, caracterizada / 
Ao  ler  o  texto,  podemos  afirmar  que,  nesse  momento,  o  Estado  provia  assistência  médica  a 
toda à população. 
Pode­se afirmar que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

Respostas dos Exercícios 

1. “Com a Proclamação da República, em 1889, observa­se que a falta de um modelo sanitário deixou as cidades brasileiras a mercê 
das  epidemias. O Rio de Janeiro  apresentava  um quadro sanitário  caótico caracterizado  pela  presença de  várias  doenças  graves, 
como  a  varíola,  a  malária,  a  febre  amarela,  e,  posteriormente,  a  peste,  o  que  acabou  gerando  sérias  conseqüências  tanto  para  a 
saúde coletiva quanto para outros setores, como o do comércio exterior, visto que os navios estrangeiros não mais queriam atracar 
no porto do Rio de Janeiro em função da situação sanitária existente na cidade”. 
Ao  ler  o  texto,  podemos  afirmar  que  a  necessidade  de  reordenação  dos  espaços  e  de  solucionar  a  situação  sanitária  leva  à 
implementação  de  um  programa  de  saneamento  conhecido  como  modelo  campanhista,  liderado  pelo  médico  sanitarista  Oswaldo 
Cruz. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: A 
Realmente, reordenação  dos  espaços  e  de solucionar  a situação sanitária leva  à implementação de  um programa de saneamento 
conhecido como modelo campanhista, liderado pelo médico sanitarista Oswaldo Cruz. 

2. “Os operários começaram a conquistar alguns direitos sociais. Em 24 de janeiro de 1923, foi aprovada, pelo Congresso Nacional, a 
Lei  Eloi  Chaves,  marco  inicial  da  previdência  social  no  Brasil.  Através  dessa  lei  formam  instituídas  as  Caixas  de  Aposentadoria  e 
Pensões  (CAP’s).  As  CAP’s  não  eram  criadas  automaticamente,  dependiam  do  poder  de  mobilização  e  organização  dos 
trabalhadores de determinada empresa para reivindicar a sua criação e eram mantidas por empregados, empresas e consumidores 
dos serviços das mesmas”. 
Ao ler  o texto, podemos  afirmar que  as CAP’s  eram  organizadas pelo Estado  e  todos  os  operários, sem  exceção, tinham direito  à 
assistência médica. 
Pode­se afirmar que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: B 
As CAP’s não eram criadas automaticamente, dependiam do poder de mobilização e organização dos trabalhadores de determinada 
empresa para reivindicar a sua criação e eram mantidas por empregados, empresas e consumidores dos serviços das mesmas. 

3. O modelo econômico, implantado pela ditadura militar, entra em crise em 1975, caracterizada pela crise econômica internacional  e 
diminuição  do fluxo de capital  estrangeiro  e  nacional. O país diminui  o ritmo  de crescimento, resultando  em desnivelamento social, 
os  pobres  ficaram  mais  pobres  e  os  ricos  mais  ricos,  sendo  o  país  um  dos  que  apresentavam  um  dos  maiores  índices  de 
concentração de renda a nível mundial. 
Ao ler o texto, podemos afirmar que, nesse momento, o Estado provia assistência médica a toda à população. 
Pode­se afirmar que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: B 
No momento da crise de 1975, o modelo de atenção à saúde ainda permanecia excludente, sendo que somente na década de 1980, 
com o advento do SUS, é que o Estado provê assistência médica a toda à população indiscriminadamente.

28 
SAÚDE COLETIVA  

Há muito se sabe que a saúde e doença são processos históricos e sociais determinados 
pelo modo como vive, está organizada e produz cada sociedade humana. Assim, as profundas 
mudanças históricas e sociais, que a sociedade brasileira vem atravessando ao longo das 
décadas, têm levado a profundas alterações no perfil epidemiológico no que diz respeito à 
produção e a distribuição social dos problemas de saúde.  Quando se discute a desigualdade no 
acesso à saúde, verifica­se que sua complexidade é grande, pois se traduz em diferentes 
expressões de desigualdade, que exigem diferentes aproximações. O estudo da desigualdade em 
saúde busca entender as diferentes expressões e as determinações dessas desigualdades para 
seu melhor enfrentamento. 

AULA 04 • PANORAMA DE SAÚDE NO BRASIL 

Custa o rico a entrar no Céu, 

(Afirma o povo e não erra). 

Porém, muito mais difícil, 

É um pobre ficar na terra. 

(Mário Quintana)

Introdução 

Há  muito  sabemos  que  saúde  e  doença,  longe  de  serem  fatalidade  ou  destino,  são 
processos  históricos  e  sociais  determinados  pelo  modo  como  vive,  organiza­se  e  produz  cada 
sociedade.  Assim,  as  profundas  mudanças  históricas  e  sociais  que  a  sociedade  brasileira  vem 
atravessando ao  longo das  décadas  têm  levado a  profundas  mudanças  no perfil  epidemiológico 
no que diz respeito à produção e à distribuição social dos problemas de saúde. 

Tomados  aqui  os  problemas  de  saúde  na  dimensão  social  e  coletiva;  fica  claro  que  sua 
superação  não  é  possível  apenas  mediante  decisões  de  âmbito  hospitalar  ou  de  assistência 
médica,  mas  depende  de  ações  intersetoriais  mais  amplas.  Por  exemplo,  a  redução  da taxa  de 
mortalidade infantil para valores aceitáveis, abaixo de dez óbitos por mil nascidos vivos, só poderá 

29 
SAÚDE COLETIVA 

ocorrer com ampla articulação do setor saúde com setores governamentais e da sociedade civil, 
visto que vários determinantes do óbito infantil estão fora das ações de saúde. 

Outro exemplo é o da violência, que é hoje uma importante causa de morte no nosso país, 
o  homicídio  é  a  terceira  causa  de  óbito  entre os  homens  e  o  acidente  de  transporte  é  a  quarta 
causa.  Para  superar  esse  problema,  somente  ações  articuladas  entre  governos  e  sociedade 
podem ter resultado significativo na redução. 

Quando se discute a desigualdade na saúde como importante determinante dos problemas 
de  saúde–doença–atenção  observados,  vemos  que  sua  complexidade  é  grande,  pois  se  traduz 
em  diferentes  expressões  de  desigualdade,  que  exigem  diferentes  aproximações.  O  estudo  da 
desigualdade  em  saúde  busca  entender  as  diferentes  expressões  e  as  determinações  da 
desigualdade para seu melhor enfrentamento. 

Desigualdade na transição demográfica e de indicadores sociais 

Em 2006, o Brasil apresenta uma população de 186.770.613, com 5.564 municípios. Dos 
municípios brasileiros, 72% tinham até 20 mil habitantes e somente 4,5% tinham mais de 100 mil. 
Em  números  absolutos,  a  Região  Nordeste  tem  o  maior  número  de  municípios  com  até  20  mil 
habitantes  que  as  demais  regiões,  sendo  seguido  pela  Região  Sudeste  e  pela  Região  Sul.  Os 
municípios com mais de 100 mil habitantes estão em maior número situados na Região Sudeste. 

O  Nordeste  é  a  região  com  menor  expectativa  de  vida.  Um  nordestino  vive,  em  média, 
cinco anos a menos que um residente da Região Sul, quatro anos a menos que um residente na 
Região Sudeste e três anos a menos que uma pessoa vivendo na Região Norte. 

Nenhum  estado  brasileiro  enquadra­se  nos  níveis  ideais  de  instrução  internacionalmente 
aceitáveis, estando mais próximos destes o Distrito Federal e alguns estados das Regiões Sul e 
Sudeste.  A  proporção  da  população  com  15  anos  ou,  mais  ainda,  sem  capacidade  de  ler  ou 
escrever um bilhete simples ainda é muito alta, e mesmo estados como São Paulo, Rio Grande do 
Sul  e  Rio  de  Janeiro  mostravam,  em  2005,  que  5%  da  população  com  15  anos  ou  mais  era 
analfabeta  funcional.  As  proporções  são  ainda  maiores  no  Nordeste  e  no  Norte  –  o  estado  de 
Alagoas tinha 30% de analfabetos funcionais em 2005. 

Observa­se também que a população com maior taxa de analfabetismo concentra­se nos 
pequenos  municípios  (<  100  mil  habitantes).  Os  municípios  com  mais  de  500  mil  habitantes 
mostraram as menores taxas.  A população rural teve cobertura mais baixa de saneamento básico

30 
SAÚDE COLETIVA 

que a população urbana. Os municípios com menos de 100 mil habitantes também apresentaram 
pior cobertura. 

Distribuição desigual dos estabelecimentos de saúde em 2006 

O  Cadastro  Nacional  de  Estabelecimentos  de  Saúde  (CNES)  teve  aumento  de  49%  de 
estabelecimentos cadastrados no Brasil entre 2004 e 2006. Esse aumento no Cadastro foi mais 
concentrado  na  Região  Sudeste  e  nos  municípios  mais  populosos,  reforçando  a  distribuição 
desigual dos estabelecimentos de saúde entre as regiões e os estados. 

O  Brasil  apresentou  66,1%  do  total  de  estabelecimentos  cadastrados  como  serviço  de 
atenção  básica.  As  diferenças  entre  estados  são  imensas:  em  um  extremo,  temos  o  Distrito 
Federal, com grande concentração de unidades de atenção básica (14,5/10 mil habitantes) e, no 
outro,  o  Amazonas,  com  poucas  unidades  (1,7/10  mil  habitantes)  em  seus  municípios.  A  maior 
parte dos estabelecimentos cadastrados é privada, contudo os privados não ­ SUS representam 
pouco mais de 40% dos estabelecimentos. 

Carga global de doenças no Brasil: a distribuição desigual da 

mortalidade 

Os  resultados  apresentados  mostram  que  as  doenças  não­transmissíveis  representaram 


acima de 60% dos óbitos notificados no Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) no Brasil no 
ano de 2004. A proporção de óbitos por grupos de causas variou entre as regiões e os estados, 
por  faixa  etária  e  por  indicadores  sócio­econômicos  individuais  e  municipais.  Assim  como 
esperado,  a  proporção  de  óbitos  por  doenças  não­transmissíveis  foi  mais  prevalente  entre  as 
faixas  etárias  mais  elevadas,  nos  indivíduos  com  maior  escolaridade,  nos  indivíduos  brancos  e 
amarelos e nos municípios maiores e com melhores indicadores sócio­econômicos. 

Além disso, a carga de doenças transmissíveis mostrou­se maior que a de causa externa, 
evidenciando  a  importância  dessas  doenças  e  mostrando  a  complexidade  da  transição 
epidemiológica  no  Brasil.  De  forma  geral,  observaram­se  diferenças  relevantes  na  mortalidade 
segundo a faixa etária, o sexo e as regiões do Brasil em 2004. 

O  principal  grupo  de  causas  de  morte  no  Brasil,  em  todas  as  regiões  e  para  ambos  os 
sexos,  foram  às  doenças  do  aparelho  circulatório.  Em  seguida,  vêm  os  agravos  por  causas

31 
SAÚDE COLETIVA 

externas na Região Centro­Oeste e no Nordeste e as neoplasias no Sul e no Sudeste. O risco de 
morte  por  causas externas  difere  segundo o  sexo,  sendo  o segundo  grupo de causas de  morte 
para os homens nas Regiões Sudeste. Para as mulheres, as neoplasias foram o segundo grupo 
de causas de morte em todas as regiões. 

Os  homens  morreram  mais  precocemente  que  as  mulheres.  Entre  os  óbitos  masculinos, 
um percentual de 17,3% ocorreu na faixa etária de 15 a 39 anos, enquanto para as mulheres esse 
percentual foi de 7,4%. A partir dos 50 anos, as doenças do aparelho circulatório foram o principal 
grupo de causas de morte, seguidas das neoplasias e depois das causas externas. 

Aproximadamente 30% dos óbitos de pessoas indígenas ocorreram antes dos 5 anos de 
idade; em contrapartida, aproximadamente 55% dos óbitos de pessoas amarelas ocorreram após 
os 70 anos de idade. A população preta apresentou maior risco de morte por doenças infecciosas 
e parasitárias, gravidez, parto e puerpério, causas externas e causas mal definidas. 

Um resultado importante na análise do perfil de mortalidade dos beneficiários de planos de 
saúde  é  o  fato  das  pessoas  negras  (pardos  e  pretos)  morrerem  mais  jovens  que  os  brancos, 
mostrando a desigualdade mesmo na saúde suplementar. 

Na análise pelas causas específicas de mortalidade por doenças do aparelho circulatório, 
observou­se  que  as  doenças  cerebrovasculares  e  as  doenças  isquêmicas  do  coração  são  as 
causas  mais  incidentes  de  morte  dentre  o  grupo  de  doenças  do  aparelho  circulatório  e 
apresentam distribuição etária bastante semelhante, tanto para a população do Brasil quanto para 
beneficiários. Em comparação com a população brasileira em geral, observa­se que no grupo de 
beneficiários há  maior número de  óbitos  por  neoplasias,  reflexo  da distribuição etária,  pois essa 
doença atinge a população mais idosa. 

A condição sócio­econômica tem sido abordada como importante fator na determinação da 
situação  de  saúde  de  uma  população.  Nesse  sentido,  a  diferença  no  perfil  de  mortalidade  em 
beneficiários de plano de saúde, em face daquelas observadas para a população brasileira, deve 
ser abordada como resultado de um conjunto complexo de determinantes, que vai além do acesso 
à  rede  assistencial  suplementar,  como  as desiguais  condições  de  renda,  ocupação,  habitação e 
desenvolvimento sócio­cultural, que determinam as diferentes condições de saúde. 

Nascimento e desigualdade no Brasil 

O acesso à consulta de pré­natal foi tomado como medida da desigualdade no acesso aos 
serviços de saúde, por uma mãe, no ano de 2004. Os dados mostraram que ter tido sete ou mais

32 
SAÚDE COLETIVA 

consultas  de  pré­natal  foi  explicado  pela  maior  escolaridade  das  mães  e  pelas  boas  condições 
sócio­econômicas do município. Também as diferenças de raça/cor se mostraram determinantes 
no acesso desigual ao pré­natal. 

Os nascidos vivos negros tiveram uma maior chance de ter recebido menos consultas de 
pré­natal  comparadas  às  mães  dos  nascidos  vivos  de  cor  branca,  independentemente  da 
escolaridade e das condições sócio­econômicas dos municípios. Observa­se que ser um nascido 
vivo  negro foi fator  de  risco  para  ter  tido  menor  assistência no pré­natal e,  portanto,  a  todas  as 
situações que resultam desse menor acesso. 

Outra  diferença  que  gera  desigualdade  é  o  estado  civil  das  mães,  pois  as  solteiras 
referiram ter recebido menos consultas de pré­natal que as casadas. Da mesma forma, as mães 
adolescentes referiram ter recebido menos consultas de pré­natal em relação às mães maiores de 
19  anos.  Os  grupos  socialmente  mais  vulneráveis  receberam  atenção  pré­natal  deficiente  em 
2004. Esse resultado aponta para a necessidade de intervenções direcionadas para a redução da 
desigualdade no acesso ao pré­natal. 

Mortalidade infantil no Brasil: determinantes e desigualdades 

Os  dados  revelam  desigualdades  sociais  na  determinação  dos  riscos  de  morte  Infantil  e 
nos padrões reprodutivos no Brasil. Indicam ainda diferenciais no acesso aos serviços de saúde. 
As condições de adoecimento e morte, atingindo um maior número de crianças de grupos sociais 
desfavorecidos, são evidentes. 

Os dados apontam uma redução importante nos óbitos em crianças menores de 1 ano de 
vida em todas as regiões. Entre as faixas de idade, a maior redução verificada no Brasil ocorreu 
no  período pós­neonatal.  A  mortalidade  por  causas  perinatais  representa atualmente o  principal 
contingente  das  mortes  no  primeiro  ano  de  vida.  A  proporção  de  óbitos  decorrentes  de  causas 
perinatais apresentou aumento entre 1996 e 2004 e houve uma redução dos óbitos em menores 
de 1 ano por doenças infecciosas e respiratórias. Os óbitos das causas mal definidas caíram 39% 
no mesmo período. 

Os dados dos nascidos vivos mostram que o baixo peso e a prematuridade no Brasil têm 
uma alta freqüência, tendo aumentado no período recente. A desigualdade na mortalidade infantil 
pode  ser  expressa  pela  alta  taxa  entre  os  indígenas.  Observou­se  que  12%  dos  óbitos  das 
crianças menores de 1 ano indígenas foram por desnutrição; para os não­indígenas essa causa 
de morte foi seis vezes menor, contribuindo com 2% da mortalidade.

33 
SAÚDE COLETIVA 

Desigualdade e determinantes da saúde dos adolescentes 

Dos  nascidos  vivos,  20%  tinham  mães  adolescentes  em  2004.  As  maiores  taxas  de 
nascimento – 1.000 meninas com idade entre 10 e 19 anos – foram observadas na Região Norte; 
nessa  região,  foi  especialmente  mais  destacada  a  maior  freqüência  de  maternidade  na 
adolescência  entre  as  meninas  negras.  Já  na  Região  Sul,  a  maternidade  na  adolescência  foi 
maior entre as meninas brancas. 

Em 2004, 26.276 meninas com idade até 14 anos tornaram­se mães no Brasil, com chance 
50% maior para as meninas negras. Nessa faixa etária, a taxa de nascimentos entre as meninas 
negras chegou a 6,2/1.000 meninas na Região Norte. 

A  análise  dos  fatores  associados  a  ser  mãe  antes  dos  14  anos  sugere  que  meninas 
negras,  residentes  em  municípios  com  até  100  mil  habitantes  e  alto  índice  de  pobreza,  em 
especial  das  Regiões  Norte  e  Centro­Oeste,  estão  mais  sujeitas  a  se  tornarem  mães  tão 
precocemente.  Pode­se  supor  que  as  meninas  residentes  em  municípios  com  essas 
características  têm  menor  oferta  de  suporte  social  e  de  recursos  educacionais  e  de  saúde 
disponíveis  para  lidarem  com  o  início  de  sua  vida  sexual.  Também  é possível  que,  para  muitas 
meninas, tornar­se mãe seja a conseqüência de situações de violência doméstica. 

Apesar  de  os  óbitos  entre  adolescentes  representarem  apenas  2%  do  total  de  óbitos 
captados  pelo  SIM  em  2004,  é  alarmante  o  número  de  óbitos  em  conseqüência  de  causas 
externas,  com  especial  destaque  para  os  homicídios  e  os  acidentes  de  trânsito.  A  análise  dos 
óbitos por homicídio mostra uma grande desigualdade de gênero (rapazes têm taxa nacional de 
mortalidade  11  vezes  maior  que as  meninas) e de  raça/cor  (maior  risco para  negros).  A  análise 
dos fatores associados à morte por homicídio mostrou que esses dois fatores (sexo masculino e 
raça/cor negra) mantêm­se importantes mesmo após o ajuste por variáveis sócio­econômicas. O 
risco  de  morte  por  homicídio  também  esteve  fortemente  associado  ao  porte  do  município  de 
residência: quanto maior o município, maior o risco de morrer assassinado. 

Embora os óbitos por suicídio representem 0,8% do total de óbitos ocorridos no país, eles 
foram  a  quinta  causa  de  óbitos  em  adolescentes,  e  na  população  adulta  concentraram­se  três 
quartos dos óbitos. O principal meio utilizado para cometer suicídio foi enforcamento, para ambos 
os sexos, nas idades superiores a 9 anos. A proporção de suicídios praticados com uso de arma 
de  fogo  foi  maior  entre  os  homens,  enquanto  as  mulheres  utilizaram  mais  freqüentemente 
pesticidas  e  outras  substâncias  farmacológicas.  Em  2004,  as  maiores  taxas  padronizadas  de 
mortalidade por suicídio foram observadas no estado do Rio Grande do Sul, para ambos os sexos.

34 
SAÚDE COLETIVA 

No  caso  da  morte  por  suicídio  entre  adolescentes,  a  característica  mais  fortemente 
associada foi  ser  indígena  (mesmo  após o  ajuste  pelas  variáveis  sócio­econômicas),  mostrando 
um problema importante nesse grupo social e que tem sido pouco abordado na política social. 

Desigualdade da mortalidade materna 

A  análise  da  morte  em  conseqüência  de  causas  relacionadas  à  gravidez,  ao  parto  e  ao 
puerpério entre  adolescentes  (274 óbitos  no  país  em  2004,  o que  representa  16,4%  do  total de 
óbitos por esse grupo de causas e a terceira causa de morte entre meninas adolescentes) mais 
uma  vez  apontou  para  as  desigualdades  regionais  e  raciais  na  distribuição  dos  óbitos  (maiores 
taxas na Região Norte e entre meninas negras). Após o ajuste pelo índice de pobreza, manteve­ 
se a associação entre raça/ cor negra e morte por esse grupo de causas; todavia, apenas residir 
somente nas Regiões Sul e Centro­Oeste permaneceu como um fator de risco (ou seja, residir em 
municípios  pobres  torna  as  meninas  mais  expostas  a  morrer  por  causas  maternas  do  que  suas 
outras características). 

Quando analisamos a mortalidade associada ao ciclo gravídico­puerperal e ao aborto entre 
as  mulheres  em  idade  fértil,  observa­se  que  essa  causa  de  morte  não  aparece  entre  as  dez 
primeiras causas, somente entre as adolescentes aparece como causa importante. No entanto, a 
gravidade do problema é evidenciada quando se chama a atenção para o fato de que a gravidez é 
um evento relacionado à vivência da sexualidade, portanto, não é doença, e que, na maioria dos 
casos, as mortes maternas são evitáveis. 

Foram notificados, ao SIM, 1.645 óbitos maternos em 2004, o que significa uma razão de 
morte  materna  de  54,4/100  mil  nascidos  vivos,  com  amplo  predomínio  das  causas  obstétricas 
diretas (70,9%). O aborto contribuiu com 9,5% desses óbitos, a doença hipertensiva específica da 
gestação (a eclampsia ­ O15 e a pré­eclampsia ­ O14) foi a que mais se destacou, representando 
25,6% dentre todas as causas de óbito materno no parto ou no puerpério. 

A  situação  de  ilegalidade  na  qual  o  aborto  é  realizado  no  Brasil  afeta  a  existência  de 
estatísticas confiáveis que subsidiem a implementação de políticas públicas mais precisas para as 
diferentes realidades regionais e faixas etárias, nas quais a gravidez indesejada é mais freqüente. 
Os  resultados  encontrados  devem  ser  considerados  com  certo  cuidado,  uma  vez  que  são 
afetados pelo pequeno número de eventos notificados. 

Por  fim,  os  resultados  encontrados  pelo  relacionamento  de  banco  de  dados  de  29 
maternidades/hospitais  no  Brasil  apontam  que,  mesmo  com  políticas  de  sensibilização,  ainda  é

35 
SAÚDE COLETIVA 

considerável o número de óbitos de mulheres logo após o parto e no puerpério sem definição da 
causa básica, mesmo em mulheres que vieram a falecer no mesmo dia do parto, após intervenção 
cirúrgica. 

Exercícios 

1.  O  Nordeste  é a  região  com  menor  expectativa  de  vida.  Um nordestino  vive, em  média,  cinco 
anos  a  menos  que  um  residente  da  Região  Sul,  quatro  anos  a  menos  que  um  residente  na 
Região Sudeste e três anos a menos que uma pessoa vivendo na Região Norte. 
Ao  ler  o  texto, podemos  afirmar  que,  com  relação  à  expectativa de  vida do brasileiro, o Sul  e 
Sudeste são regiões com menor expectativa de vida. 
Podemos afirmar que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

2. Com relação à mortalidade no Brasil: entre as doenças não­transmissíveis, em todas as regiões 
do Brasil, os agravos por causas externas foram a primeira causa de óbito. 
Podemos afirmar que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

3.  Quanto  aos  determinantes  de  saúde  na  adolescência,  podemos  afirmar:  O  suicido  entre 
adolescentes  descendentes  dos  povos  indígenas  é  alto  e  a  gravidez  na  adolescência  está 
relacionada ao baixo nível sócio­econômico. 
Podemos dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

Respostas dos Exercícios 

1.  O  Nordeste  é  a  região  com  menor  expectativa  de  vida.  Um  nordestino  vive,  em  média,  cinco  anos  a  menos  que  um  residente  da 
Região Sul,  quatro  anos  a  menos que um residente  na Região  Sudeste  e três  anos  a menos que uma pessoa  vivendo na Região 
Norte. 
Ao  ler  o  texto,  podemos  afirmar  que,  com  relação  à  expectativa  de  vida  do  brasileiro,  o  Sul  e  Sudeste  são  regiões  com  menor 
expectativa de vida. 
Podemos afirmar que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: B 
Uma pessoa que vive no Nordeste vive, em média, cinco anos a menos que um residente da Região Sul, quatro anos a menos que 
um residente na Região Sudeste. 

2. Com relação  à  mortalidade  no  Brasil:  entre  as doenças não­transmissíveis,  em todas  as regiões  do  Brasil,  os  agravos  por causas 
externas foram a primeira causa de óbito. 
Podemos afirmar que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: B 
Entre as doenças não­ transmissíveis, em todas as regiões do Brasil, as doenças do sistema circulatório foram as primeiras causas 
de óbito. 

3.  Quanto  aos  determinantes  de  saúde  na  adolescência,  podemos  afirmar:  O  suicido  entre  adolescentes  descendentes  dos  povos 
indígenas é alto e a gravidez na adolescência está relacionada ao baixo nível sócio­econômico.

36 
SAÚDE COLETIVA 

Podemos dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: A 
Realmente, o suicido entre adolescentes descendentes dos povos indígenas é alto e a gravidez na adolescência está relacionada ao 
baixo nível sócio­econômico.

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SAÚDE COLETIVA  

Atenção à saúde pode ser definida como sendo tudo o que envolve o cuidado com a saúde 
do ser humano, incluindo as ações e serviços de promoção, prevenção, reabilitação e tratamento 
de doenças e/ou agravos. No sistema de saúde brasileiro, o cuidado com a saúde está ordenado 
em níveis de atenção. Essa estruturação visa à melhor programação e planejamento das ações e 
serviços do sistema. Não se deve, no entanto, considerar um desses níveis de atenção mais 
relevante que outro, porque a atenção à saúde deve ser integral.  Antes de falar sobre os níveis 
de atenção à saúde e sistema de distribuição de serviços a ela relacionados, é importante atentar 
para as variáveis que interferem sobre a saúde do indivíduo, como forma de posicionar as 
organizações de saúde dentro de um macro­ambiente. 

AULA  05  •  SERVIÇOS  DE  SAÚDE  E  NÍVEIS  DE  ATENÇÃO  À 


SAÚDE 

Introdução 

Atenção à saúde pode ser definida como sendo tudo o que envolve o cuidado com a saúde 
do ser humano, incluindo as ações e serviços de promoção, prevenção, reabilitação e tratamento 
de doenças e/ou agravos. No sistema de saúde brasileiro, o cuidado com a saúde está ordenado 
em níveis de atenção, que são a básica, a de média complexidade e a de alta complexidade. Essa 
estruturação visa à melhor programação e planejamento das ações e serviços do sistema. Não se 
deve,  no  entanto,  considerar  um  desses  níveis  de  atenção  mais  relevante  que  outro,  porque  a 
atenção à saúde deve ser integral. 

Antes de se falar sobre os níveis de atenção à saúde e sistema de distribuição de serviços 
a  ela  relacionados,  é  importante  atentar  para  as  variáveis  que  interferem  sobre  a  saúde  do 
indivíduo, como forma de posicionar as organizações de saúde dentro de um macro­ambiente. Em 
outras  palavras,  ao  analisar  a  saúde,  não  se  pode  considerar  apenas  as  instituições  que  estão 
voltadas  para  o  serviço  de  saúde  propriamente  dito  ,  mas  também  considerar  outros fatores  de 
grande  importância  que,  da  mesma  forma,  influenciam  e  atingem  a  saúde  e  o  bem­estar,  tais 
como  meio­ambiente  (ambiente  físico,  social,  econômico,  relações  de  trabalho,  etc), 
hereditariedade,  gênero,    estilo  de  vida,  dentre  outros  tantos.  Pensando  assim,  atribui­se  a

38 
SAÚDE COLETIVA 

merecida  importância  à    questão  da  intersetorialidade,  que  permite  a  interdependência  entre  os 
pressupostos econômicos, sociais, culturais, políticos, etc. 

Visando  contrastar  essa    interdependência,  Henrik  Blum  desenvolveu,  em  1970,  um 
modelo  que  ilustra  bem  a  ação  dessas  variáveis  sobre  a  saúde  do  indivíduo.  Segundo  esse 
modelo, existe uma interação dessas variáveis na definição da saúde e do bem­estar. 

O  modelo  de  Sistema  de  Saúde  de  Blum  mostra  que  há  uma  relação  de  dependência 
entre  as  variáveis:  Serviços  Médicos  (Organizações  de  Saúde),  Ambiente,  Hereditariedade  e 
Estilo  de  Vida  no  impacto  sobre  a  saúde  e bem­estar  que,    por  sua  vez,  depende dos quesitos 
social  ,  psíquico  e  somático.  O  mais  importante  deste  modelo  deve­se  à  possibilidade  de 
observação  de  que  o  Sistema  de  Serviço  de  Saúde  (Serviços  Médicos  ou  Organizações  de 
Serviços  de  Saúde)  não  é  a  única  variável  no  Sistema  de  Saúde.  Sua  ação  é  limitada  e  visa, 
principalmente,  atuar  como  um  agente  corregedor,  quando,  como  diria  Hipócrates,  influências 
negativas anulam o que deve ser feito naturalmente pelo sistema.

39 
SAÚDE COLETIVA 

Estrutura do Sistema de Serviços de Saúde 

Uma  vez  analisado  o  Sistema  de  Saúde  ou,  em  outras  palavras,  o  Macro­ambiente, 
passaremos a mostrar como está estruturado e como funciona o Sistema de Serviços de Saúde, 
suas instituições e suas principais características. 

O  Sistema  de  Serviços  de  Saúde  pode  ser  analisado  pelas  características  das 
organizações  que  o  compõem.  A  classificação  pode  ser  feita  relacionada  à  visão  de  lucro, 
lucrativa e não­lucrativa; pela composição acionária, privada, de domínio público ou composição 
mista (terceiro setor); pelo tempo de permanência do cliente, curto prazo e longo prazo; pelo corpo 
clínico, fechado e aberto; pelo tamanho, pequeno porte, médio porte e grande porte. Entretanto, a 
classificação mais utilizada é aquela que define o estágio de cuidado que demanda o cliente. 

Os  Estágios  de  Cuidados,  nos  quais  se  posicionam  as  Organizações  de  Serviços  de 
Saúde,  serão  descritos  baixo,  assim  como  suas  principais  características  e  os  tipos  de 
Organizações de Serviços de Saúde mais adequados a cada um deles: 

1)  Cuidados  Primários  ou  Preventivos  –  O  objetivo  maior,  neste  estágio,  é  evitar  o 
aparecimento  da  doença  através  de  educação  e  medidas  de  prevenção  básica.  Os 
tipos  de  Organizações  de  Serviços  de  Saúde  mais  comuns,  neste  estágio,  são: 
Unidades  Básicas  de  Saúde,  Unidades  Saúde  da  Família,  consultórios  médicos, 
Escolas de Educação em Saúde, Centros de Informação e Controle de Tóxicos, Clínicas 
de Planejamento Familiar, etc. 

2) Cuidados Secundários – Neste estágio, a preocupação já está no diagnóstico precoce 
e  tratamento  da  doença em  seu  estágio  inicial  ou  em  cuidados de  rotina, assim  como 
tratamento de urgência e emergência e cuidado intensivo, que demanda um elaborado e 
constante  processo  de  diagnóstico  e  acompanhamento  de  média  complexidade.  Os 
tipos  de  Organizações  de  Serviços  de  Saúde  mais  comuns,  neste  estágio,  são: 
Hospitais  com  serviços  médicos  e  cirúrgicos  em  geral,  Serviços  de  Tratamento  de 
Emergências. 

3)  Cuidados  Terciários  –  Está  voltado  para  cuidados  médicos  super especializados   de 
alta  complexidade,  que  atendam  pacientes  de  uma  extensa  área  geográfica.  Seu 
objetivo é o acompanhamento do cliente, seja em fase pós­operatória ou em cuidados 
de  rotina  para  reabilitação.  Os  tipos  de  Organizações  de  Serviços  de  Saúde  mais 
comuns, neste estágio, são:  Hospitais especializados em doenças crônicas ou hospitais 
geral com equipamento de alta tecnologia.

40 
SAÚDE COLETIVA 

4) Cuidados Restaurativos – Seu objetivo é o acompanhamento do cliente, seja em fase 
pós­operatória,  em  cuidados  de  rotina,  em  reabilitação  ou  cuidados  domésticos.  Os 
tipos de Organizações de Serviços de Saúde mais comuns, neste estágio, são: Clínicas 
de reabilitação/fisioterapia, clínicas para pacientes psiquiátricos e agências de Serviços 
de saúde domésticos. 

5) Cuidado Contínuo – Neste estágio, estão as pessoas que necessitam de cuidados de 
saúde  a todo  momento, em  função  de doenças crônicas,  de  cuidados  pessoais  ou  de 
problemas psiquiátricos. Os tipos de Organizações de Serviços de Saúde mais comuns, 
neste  estágio,  são:  Centros  Geriátricos  de  cuidados  diários,  serviços  de  enfermagem 
domiciliar e centros de tratamento psiquiátrico.

41 
SAÚDE COLETIVA 

Como  se  pode  observar  existem  três  grandes  grupos  de  Organizações  de  Serviços  de 
Saúde:  As  Unidades  Básicas  de  Saúde,  as  clínicas  e  os    consultórios  médicos  voltados  para 
prevenção  e  diagnóstico  de  doenças  e  com  abrangência  de  atuação  limitada  (vizinhança);  os 
hospitais  voltados  para  tratamentos  especializados  e  de  emergência  e  com  abrangência  mais 
regional e, por último, os Serviços de reabilitação e acompanhamento de atendimento domiciliar . 

No Brasil, para a consolidação do sistema de atenção à saúde pública, o eixo central do 
modelo de assistência foi direcionado para privilegiar a Atenção Primária à Saúde. 

Atenção Primária à Saúde ou Atenção Básica 

A  Atenção  Primária  à  Saúde  surgiu  na  Conferência  de  Alma­ata,  em  1978,  com  a 
proposta  de  “ Saúde  para  Todos  no  Ano  2000” ,  e  alcançou  destaque  especial  na  Primeira 
Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, com a promulgação da Carta de Otawa, em 
1986,  e  que  vem  sendo  somada  a  uma  série  de  declarações  internacionais  formuladas  em 
conferências realizadas sobre o tema. 

A Conferência de Alma­ata definiu atenção primária à saúde, como: 

“.....uma  atenção  à  saúde  essencial,  baseada  em  métodos  e  tecnologias  práticas, 


cientificamente  comprovadas  e  socialmente  aceitáveis,  cujo  acesso  seja  garantido  a 
todas  as  pessoas  e  famílias  da  comunidade  mediante  sua  plena  participação,  a  um 
custo  que  a  comunidade  e  o  país  possam  suportar,  em  todas  as  etapas  de  seu 
desenvolvimento,  com  espírito  de  auto­responsabilidade  e  auto­determinação.    A 
atenção  primária  é  parte  integrante  tanto  do  sistema  nacional  de  saúde,  do  qual 
constitui­se  como função central  e  núcleo  principal,  como  do  desenvolvimento  social  e 
econômico  global    da  comunidade.  Representa  o  primeiro  nível  de  contato  dos 
indivíduos, da família e da comunidade com o sistema de  saúde, levando a atenção  à 
saúde o mais próximo possível de onde residem e trabalham as pessoas, constituindo o 
primeiro elemento de um processo permanente de assistência sanitária”. (Organização 
Mundial de Saúde – OMS – 1979)

42 
SAÚDE COLETIVA 

Tomando alguns trechos da Declaração de Alma­ata: 

VII  1  –  A  atenção  primária  de  saúde  é,  ao  mesmo  tempo,  um  reflexo  e  uma 
conseqüência das condições econômicas e das características sócio­culturais, políticas 
do país e de suas comunidades; 

VII  3  –  Compreende,  pelo menos,  as  seguintes  áreas:  a  educação  sobre  os  principais 
problemas  de  saúde  e  sobre  os  métodos  de  prevenção  e  de  luta  correspondentes;  a 
promoção  do  aportamento  de  alimentos  e  de  uma  nutrição  apropriada;  um 
abastecimento adequado de água potável e saneamento básico; a assistência materno­ 
infantil,  com  inclusão  da  planificação  familiar;  a  imunização  contra  as  principais 
enfermidades infecciosas; a prevenção e luta contra enfermidades endêmicas locais; o 
tratamento apropriado das enfermidades e traumatismos comuns; e a disponibilidade de 
medicamentos essenciais.

No Brasil, a Atenção Primária à Saúde foi denominada, na década de 1990, de Atenção 
Básica. Expressão brasileira que, conforme consta nos princípios gerais da Política Nacional de 
Atenção Básica do Ministério da Saúde – MS – significa “ um conjunto de ações de promoção e 
proteção  da  saúde,  prevenção  de  agravos,  diagnóstico,  tratamento,  reabilitação  e 
manutenção  da  saúde,  desenvolvida  no  individual  e  nos  coletivos,  por  meio  de  práticas 
gerenciais  e  sanitárias  democráticas  e  participativas,  sob  a  forma  do  trabalho  em  equipe, 
dirigidas  a  populações  de  territórios  bem  delimitados,  pelas  quais  assume  a 
responsabilidade sanitária...orienta­se pelos princípios da universalidade, da acessibilidade 
e  da  coordenação  do  cuidado,  do  vínculo  e  da  continuidade,  da  integralidade,  da 
responsabilização, da humanização, da eqüidade e da participação social” . (Portaria nº 648, 
MS, 2006) 

Segundo o Ministério da Saúde, nem sempre um município necessita de todos os níveis de 
atenção à saúde instalados em seu território para garantir a integralidade  do atendimento à saúde 
de sua população. Isso pode ser feito por meio de pactos regionais que garantam às populações 
dessas localidades acesso a todos os níveis de complexidade do sistema. A prioridade para todos 
os municípios é ter a atenção básica operando em condições plenas e com eficácia. 

Para  tanto,  a  Política  nacional  de  Atenção  Básica  do  Ministério  da  Saúde  define  que  a 
organização  da  atenção  básica  dar­se­á  mediante  a  implementação  da  estratégia  Saúde  da 
Família (Programa Saúde da Família), como “porta de entrada” do sistema  ­  veremos PSF em 
aulas posteriores. 

43 
SAÚDE COLETIVA 

Da mesma forma, visando à operacionalização da Atenção Básica, o Ministério da Saúde 
define como áreas estratégicas para atuação em todo o território nacional: 

• a eliminação da Hanseníase; 

• o controle da Tuberculose; 

• o controle da Hipertensão Arterial; 

• o controle do Diabetes Mellitus; 

• a eliminação da Desnutrição Infantil; 

• a Saúde da Criança; 

• a Saúde da Mulher; 

• a Saúde do Idoso; 

• a Saúde Bucal; e 

• a Promoção da Saúde.

Outras  áreas  serão  definidas  regionalmente,  de  acordo  com  prioridades  e  pactuações 
definidas pelos municípios. 

Exercícios 

1. A classificação dos Sérvios de Saúde,  conforme  o estágio de cuidados que demanda o cliente, 
prevê  que  os  cuidados  primários  sejam  aqueles  instituídos  antes  que  se  instale  o  processo 
mórbido.  Dessa  forma,  podemos  concluir  que  as  Unidades  Básicas  de  Saúde  –  UBS  –  e  os 
Consultórios  Médicos  são  as  Organizações  de  Serviços  de  Saúde  mais  apropriadas  para 
prestar assistência à saúde neste estágio. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

2.  VII  3  –  Compreende,  pelo  menos,  as  seguintes  áreas:  a  educação  sobre  os  principais 
problemas de saúde e sobre os métodos de prevenção e de luta correspondentes; a promoção 
do  aportamento  de  alimentos  e  de  uma  nutrição  apropriada;  um  abastecimento  adequado  de 
água potável e saneamento básico; a assistência materno­infantil, com inclusão da planificação 
familiar; a imunização contra as principais enfermidades infecciosas; a prevenção e luta contra 
enfermidades  endêmicas  locais;  o  tratamento  apropriado  das  enfermidades  e  traumatismos 
comuns; e a disponibilidade de medicamentos essenciais. 
Ao  ler  o  texto,  podemos  afirmar  que  o  Programa  Fome  Zero  contempla  a  exigência  da 
Declaração de Alma­Ata. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 

44 
SAÚDE COLETIVA 

b) Incorreta. 

3.  Visando  à  operacionalização  da  Atenção  Básica,  o  Ministério  da  Saúde  define  como  áreas 
estratégicas para atuação em todo o território nacional a eliminação da Hanseníase; o controle 
da Tuberculose; o controle da Hipertensão Arterial e o controle da obesidade. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

Respostas dos Exercícios 

1. A classificação dos  Sérvios  de  Saúde,  conforme   o  estágio  de cuidados que  demanda  o cliente,  prevê  que  os cuidados  primários 
sejam  aqueles  instituídos  antes  que  se  instale  o  processo  mórbido.  Dessa  forma,  podemos  concluir  que  as  Unidades  Básicas  de 
Saúde – UBS – e os Consultórios Médicos são as Organizações de Serviços de Saúde mais apropriadas para prestar assistência à 
saúde neste estágio. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: A 
Realmente,  as Unidades Básicas de Saúde – UBS –  e  os Consultórios  Médicos são  as Organizações  de  Serviços  de Saúde  mais 
apropriadas para prestar assistência à saúde nos cuidados primários. 

2. VII 3 – Compreende, pelo menos, as seguintes áreas: a educação sobre os principais problemas de saúde e sobre os métodos de 
prevenção  e de luta correspondentes;  a  promoção do  aportamento de  alimentos  e  de  uma nutrição  apropriada;  um  abastecimento 
adequado de água potável e saneamento básico; a assistência materno­infantil, com inclusão da planificação familiar; a imunização 
contra  as  principais  enfermidades  infecciosas;  a  prevenção  e  luta  contra  enfermidades  endêmicas  locais;  o  tratamento  apropriado 
das enfermidades e traumatismos comuns; e a disponibilidade de medicamentos essenciais. 
Ao ler o texto, podemos afirmar que o  Programa Fome Zero contempla a 
exigência da Declaração de Alma­Ata. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: A 
Realmente,  o    Programa  Fome  Zero  contempla  a  exigência  da  Declaração  de  Alma­Ata,  uma  vez  que  recomenda  a  promoção  do 
aportamento de alimentos e de uma nutrição apropriada. 

3.  Visando  à  operacionalização  da  Atenção  Básica,  o  Ministério  da  Saúde  define  como  áreas  estratégicas  para  atuação  em  todo  o 
território  nacional  a  eliminação  da  Hanseníase;  o  controle  da  Tuberculose;  o  controle  da  Hipertensão  Arterial  e  o  controle  da 
obesidade. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: B 
O controle da obesidade não está entre as áreas estratégicas para atuação em programas de saúde para todo o território nacional.

45 
SAÚDE COLETIVA  

Promoção da Saúde é o nome dado ao processo de capacitação da comunidade para 
atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle 
desse processo.  Essa é a definição mais conhecida e aceita sobre Promoção da Saúde no 
mundo e foi cunhada na Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, na 
cidade de Ottawa, no Canadá, em 1986. Em 1984, no Congresso Canadense de Saúde Pública, 
foram definidos os princípios para o que se delineava como Promoção da Saúde. Ao final dessa 
reunião, é apresentada uma nova estratégia, denominada cidades saudáveis. 

AULA 06  •  PROMOÇÃO  DA SAÚDE  E  QUALIDADE  DE  VIDA – 


CIDADE SAUDÁVEL 

Durante  a  leitura,  acesse  os  links,  eles  vão  mostrar  para  você  coisas  muito 
interessantes, que vão complementar seu aprendizado!

Introdução 

Promoção  da  Saúde  “É  o  nome  dado  ao  processo  de  capacitação  da  comunidade  para 
atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle 
deste processo” (BRASIL, 2001). Essa é a definição mais conhecida e aceita sobre Promoção da 
Saúde no mundo e foi cunhada na Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, 
na cidade de Ottawa, no Canadá, em 1986. 

Para  um  melhor  entendimento,  precisamos  relacionar  essa  definição  com  o  conceito 
ampliado  de  saúde,  que  nos  mostra  que  saúde  ou  doença  são  resultados  de  uma  série  de 
processos  interativos  entre  o  homem  e  seu  ambiente  social,  ecológico,  biológico,  psíquico, 
cultural,  econômico,  entre  outros.  Sendo  assim,  o  homem  é  agente  ativo  de  transformação  do 
meio  em  que  vive,  da  realidade  na  qual  está  inserido  e  também  é  transformado  por  esta.  A 
Promoção da Saúde, conforme consta na Carta de Ottawa, parte do princípio de que a saúde é 
um instrumento para se viver, não um objetivo. Sendo instrumento, são necessários recursos para 
se  alcançar  a  saúde,  sejam  eles  pessoais  ou  sociais,  tornando  a  busca  pela  saúde  uma 

46 
SAÚDE COLETIVA 

responsabilidade  coletiva,  sendo  necessária  a  atuação  da  sociedade  civil  organizada,  como  um 
todo, além das ações político­técnico­administrativas desenvolvidas no setor saúde. 

Até chegar ao atual conceito de promoção de saúde, um longo caminho foi percorrido por 
várias  pessoas  ­  profissionais  da  saúde,  governantes,  pesquisadores,  usuários  dos  serviços  de 
saúde, etc. Vamos conhecer, portanto, um pouco dessa evolução histórica! 

Evolução do conceito de Promoção à Saúde 

A Promoção à Saúde foi assim denominada, pela primeira vez, por Henry Sigerist, no início 
do séc. XX, que a colocou entre as quatro funções da medicina, sendo as outras: Prevenção de 
doenças,  Tratamento  dos  doentes  e  Reabilitação.    Para  ele,  Promoção  da  Saúde  significava 
ações de educação para a saúde e ações estruturais do Estado para melhorar a qualidade de vida 
da população. 

Desde  o  século  XIX,  já  se  discutia  a  influência  das  condições  de  vida  na  saúde  das 
populações:  Rudolf Virchow,  em  seu estudo sobre  a  Epidemia  de  Tifo,  na  Prússia,  relacionou  a 
saúde com a liberdade, democracia e prosperidade da população; Thomas McKeown, ao estudar 
os fatores causais da mortalidade na Inglaterra, mostrou que os fatores que mais contribuíram pra 
a  melhoria  das  condições  de  vida foram:  o desenvolvimento econômico,  nutrição,  mudança  nos 
níveis de vida. 

A discussão da Promoção da Saúde passou também pelo modelo explicativo de Leavell e 
Clark,  a  História  Natural  da  Doença,  em  meados  do  século  XX,  que  coloca  a  Promoção  como 
parte  do  nível  Primário  de  Prevenção,  não  a  diferenciando  desse  conceito,  o  que  causou 
controvérsias  entre  os  profissionais  da  saúde  e  pesquisadores.  Mesmo  com  essa  discussão,  o 
modelo  explicativo  foi  um  avanço  considerável  para  entender  o  fenômeno  saúde­doença,  pois 
colocava  a  atuação  sobre  os  determinantes  como  parte  crucial  no  controle  das  doenças.  As 
diferenças entre esses dois conceitos estão descritas no quadro 1.

47 
SAÚDE COLETIVA 

Quadro 1. Diferenças entre os conceitos presentes nas abordagens de 
Promoção da saúde versus  Prevenção de doenças. 

Promoção da Saúde  Prevenção de Doenças 
• Saúde: conceito positivo e 
• Saúde: ausência de doença. 
multidimensional. 
• Modelo participativo de saúde.  Modelo médico. 
• Direcionado à população em seu  • Direcionado principalmente aos grupos 
ambiente total.  de alto risco da população. 
• Envolve uma rede de questões de 
• Envolve patologias específicas. 
saúde. 
• Estratégias diversas e complementares.  • Estratégia única. 
• Abordagens facilitadoras e integradoras.  • Estratégias diretivas e persuasivas. 
• Medidas incentivadoras são fornecidas  • Medidas diretivas são fortalecidas em 
para a população.  grupos­alvo. 
• Mudanças no status dos homens e de 
• Programas focalizando principalmente 
seu ambiente são buscadas nos 
tópicos individuais e de grupos. 
programas. 

• Organizações não­profissionais, grupos 
• Programas preventivos são assuntos 
cívicos e governos municipais, regionais 
dos grupos profissionais das disciplinas 
e nacionais são necessários para se 
da saúde. 
atingir as metas de promoção da saúde. 

Fonte: Stachtenko & Jenicek (1990) Extraído de: Freitas (2003) 

Na década de 1970, o ministro canadense Lalonde publica o Informe Lalonde, onde mostra 
o resultado de suas investigações sobre a causalidade do processo saúde­ doença em seu país e 
verificou que os estilos de vida e ambiente eram responsáveis por 80% das doenças e que não 
havia  investimento  sobre  esses  fatores.    Esse  informe  tornou­se  um  marco,  pois  questionava  o 
papel  da  medicina  como  principal  ator  na  resolução  dos  problemas  de  saúde  da  população  e 
atribuía  ao  governo  a  responsabilidade  de  atuar  sobre  o  controle  dos  fatores  que  influenciam  o 
meio  ambiente,  tais  como  poluição  e  tratamento  de  água  e  esgoto.  Lalonde  denominou  as 
intervenções  no  meio  ambiente  de  Proteção  da  Saúde,  aquelas  dirigidas  ao  sistema  de  saúde, 
como Prevenção e as que tinham como foco o estilo de vida, Promoção da Saúde. Cabe lembrar, 
que esta definição não corresponde ao enfoque discutido em Ottawa. 

A  Conferência  de  Alma­Ata,  Cazaquistão,  em  1978,  trouxe  mais  uma  variável  para  o 
campo  da  Promoção:  os  cuidados  primários  de  saúde,  definidos  como  cuidados  de  baixa 
complexidade tecnológica, mas alta penetração e resolutividade nas populações. Sua meta era 
“Saúde para todos no ano 2000”.

48 
SAÚDE COLETIVA 

Exigência de que, quando um indivíduo ou coletividade busca o atendimento ou quando 
surge  um  problema  de  saúde  com  impacto  sobre  a  coletividade,  o  serviço 
correspondente esteja capacitado para resolvê­lo até o nível de sua competência”. 

Em 1984, no Congresso Canadense de Saúde Pública, foram definidos princípios para o 
que  se  delineava  como  Promoção  da  Saúde:  esta  envolve  a  população  como  um  todo  e  suas 
ações  são  dirigidas  aos  determinantes  ou  causalidades  social,  econômica,  cultural,  política  e 
ambiental;  combina  abordagens  diversas  e  complementares,  objetiva  a  participação  social.  Ao 
final dessa reunião, é apresentada uma nova estratégia denominada Cidades Saudáveis. 

O objetivo dos Municípios e Comunidades Saudáveis é promover a saúde junto com as 
pessoas  e  as  comunidades,  nos  espaços  onde  as  pessoas  estudam,  trabalham,  se 
divertem,  amam...  e  onde  vivem.  A  estratégia  de  MCS    encontra­se  inserida  em  um 
processo  global  de  democratização  e  descentralização,  baseada  em  iniciativas  locais, 
sob o marco da gestão local e da participação comunitária. 

Na I Conferência Internacional de Promoção da Saúde, em 1986, em Ottawa, Canadá, é 
aprovada a Carta de Ottawa, documento marco da Promoção da Saúde, que deixa cada vez mais 
clara a necessidade de parcerias entre os setores da sociedade para a melhoria das condições de 
vida  em  todos  os  países.  Outras  conferências  se  seguiram,  como  a  Conferência  de  Adelaide, 
Austrália,  onde  de  demonstrou  que  as  políticas  públicas  de  todo  os  setores  do  governo 
influenciam os  determinantes  de  saúde.  Nessa  conferência também  se determinou quatro  áreas 
prioritárias para promover ações imediatas em políticas saudáveis: Saúde da Mulher, Alimentação 
e Nutrição, Tabaco e álcool, criando ambientes saudáveis. 

Políticas  Públicas  compreendem  as  decisões  de  governo  em  diversas  áreas  que 
influenciam a vida de um conjunto de cidadãos. São os atos que o governo faz ou deixa 
de fazer e os efeitos que tais ações ou a ausência destas provocam na sociedade.

Em 1991, na Suécia, na cidade de Sundsvall, o tema ambiente foi colocado na agenda de 
discussões  e  o  tema  central  foi  a  criação  de  “ambientes  saudáveis”.  Na  América  Latina,  as 
discussões  acontecem,  pela  primeira  vez,  em  1992,  na  I  Conferência  Latino­Americana  de 
Promoção da Saúde, realizada em Bogotá, Colômbia, onde a equidade foi tema recorrente das 
discussões, devido à enorme desigualdade social presente em todos os países da América Latina. 
Na  Conferência  de  Jacarta,  Indonésia,  em  1998,  os  problemas  relacionados  ao  processo  de 
globalização, principalmente a pobreza e a violência, foram colocados em pauta. 

49 
SAÚDE COLETIVA 

Princípio segundo o qual a distribuição de recursos é feita em função das necessidades 
de saúde de uma determinada população. 

A V Conferência de Promoção da Saúde aconteceu no México em 2000, onde houve o 
comprometimento  dos  governos  participantes  em  elaborar  Planos  Nacionais  de  Ação,  com  o 
objetivo  de  monitorar  e  incorporar  estratégias  de  ação  para  a  Promoção  da  Saúde.    A  VI 
Conferência Global ocorreu em Bancoc, Tailândia, em 2005, e seu foco de trabalho foi como a 
globalização  trouxe  impactos  positivos  e  negativos  para  a  saúde  das  populações.  O  resultado 
dessas discussões ainda não pode ser percebido. 

Você pode conhecer mais sobre esses países em: http://www.ibge.gov.br/paisesat/

Como fazer a Promoção da Saúde acontecer de fato? 

Para responder a esse questionamento, a Carta de Ottawa traz uma matriz de ação: 

Políticas públicas saudáveis que diminuam as desigualdades sociais por meio de ações 
sobre  os  determinantes  dos  problemas  de  saúde,  como,  por  exemplo:  Política  Nacional  de 
Trânsito, Política Nacional do Idoso, Estatuto da Criança e do Adolescente. 

50 
SAÚDE COLETIVA 

Reforço  da  ação  comunitária/  participação,  com  envolvimento  concreto  e  efetivo  das 
comunidades,  para  a  tomada  de  decisões,  definição  de  prioridades  e estratégias  de  ação. Para 
isso,  deve­se  aumentar o  poder  das  comunidades  para  a posse e  controle  dos  seus  esforços  e 
destino. 

Desenvolvendo habilidades pessoais, apoiando o desenvolvimento pessoal por meio de 
educação,  cultura,  intensificação  das  habilidades  vitais.  Deve­se  capacitar  as  pessoas  para 
aprenderem por toda a vida. 

Criando  ambientes  favoráveis,  melhorando  o  meio  ambiente,  conservando  recursos 


naturais  e  fazendo  o  acompanhamento  sistemático  do  impacto  que  as  mudanças  no  meio 
ambiente produzem sobre a saúde. 

Reorientação dos serviços de saúde: a responsabilidade da Promoção da Saúde deve 
ser compartilhada entre todos os níveis de atenção à saúde, governo e sociedade. O setor saúde 
deve  ser  orientado  para  a  promoção,  mas  sem  deixar  de  lado  sua  responsabilidade  em  prover 
serviços  clínicos  e  de  urgência.  Os  serviços  devem  também  conhecer  e  respeitar  as 
peculiaridades de cada região. 

A Promoção da Saúde no contexto do Sistema Único de Saúde 

Ao  conhecermos  os  princípios  e  diretrizes  do  SUS,  nos  deparamos  com  o  princípio  de 
Integralidade  da  assistência,  que  prevê  que  as  ações  de  saúde  sejam  realizadas  em  todos  os 
níveis  de  atenção,  focando  a  promoção,  prevenção,  cura,  restauração  e  reabilitação  dos 
indivíduos  e  comunidades.  No  texto  Constitucional,  assim  como  na  Lei  Orgânica  de  Saúde  n o 
8080/1990, não encontramos aprofundamento de como a Promoção deve acontecer, e isso pode 
ser  atribuído  ao  fato  desses  conceitos  serem  recentes  à  época  da  elaboração  dos  documentos 
citados. 

Atualmente,  existe  um  esforço  conjunto  entre  o  Ministério  da  Saúde,  universidades, 
serviços  de  saúde  e  organismos  internacionais  de  fomento  à  saúde  para  a  elaboração  de 
estratégias de implantação, avaliação e implementação de ações promotoras de saúde, em todos 
os  níveis  do  sistema  de  saúde.  Alguns  casos  de  sucesso  podem  ser  encontrados  no  site  do 
CEPEDOC ­ Cidades Saudáveis (Centro de Estudos, Pesquisa e Documentação). 

Ao analisar todo esse o panorama, podemos chegar a várias conclusões, e uma delas é a 
de  que  estamos  no  meio  do  caminho  para  Promover  Saúde.  Como  profissionais  de  Saúde, 
devemos repensar nosso foco de atuação e trabalhar com as populações no sentido de ajudá­las

51 
SAÚDE COLETIVA 

a  manter  e  alcançar  níveis  satisfatórios  de  saúde.  Está  na  hora  de  deixarmos  para  trás  aquela 
impressão  de  que  “não  estamos  fazendo  nada”,  quando  trabalhamos  com  pessoas  saudáveis! 
Estamos fazendo muito! Afinal, quem quer ficar doente? 

Para saber mais sobre Promoção da Saúde no Brasil: http://www.cedaps.org.br

Exercícios 

1. Saúde ou doença são resultados de uma série de processos interativos entre o homem e seu 
ambiente social, ecológico, biológico, psíquico, cultural, econômico, entre outros. Sendo assim, 
o  homem  é  agente  ativo  de  transformação  do  meio  em  que  vive,  da  realidade  na  qual  está 
inserido,  entretanto,  não  há  possibilidade  de  o  homem  sofrer  transformações  impostas  pelo 
meio em que vive. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

2. Rudolf Virchow, em seu estudo sobre a Epidemia de Tifo na Prússia, relacionou a saúde com a 
liberdade, democracia e prosperidade da população; Thomas McKeown, ao estudar os fatores 
causais  da  mortalidade  na  Inglaterra,  mostrou  que  os  fatores  que  mais  contribuíram  para  a 
melhoria das  condições de  vida foram:  o desenvolvimento  econômico,  nutrição,  mudança  nos 
níveis de vida. 
Ao  ler  o  texto,  podemos  afirmar  que,  para  Rudolf  Virchow,  os  fatores  sociais,  políticos  e 
econômicos  não  estão  diretamente  relacionados  com  a  melhoria  da  qualidade  de  vida  da 
população 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

3. Entre os elementos norteadores para fazer a Promoção da Saúde acontecer, de fato, podemos 
citar  as  Políticas  Públicas  Saudáveis,  que  diminuam  as  desigualdades  sociais  por  meio  de 
ações  sobre  os  determinantes  dos  problemas  de  saúde,  e  o  Reforço  da  ação  comunitária/ 
participação,  com  envolvimento  concreto  e  efetivo  das  comunidades,  para  a  tomada  de 
decisões, definição de prioridades e estratégias de ação. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

52 
SAÚDE COLETIVA 

Respostas dos Exercícios 

1. Saúde ou doença são resultados de uma série de processos interativos entre o homem e seu ambiente social, ecológico, biológico, 
psíquico,  cultural,  econômico,  entre  outros.  Sendo  assim,  o  homem  é  agente  ativo  de  transformação  do  meio  em  que  vive,  da 
realidade na qual está inserido, entretanto, não há possibilidade de o homem sofrer transformações impostas pelo meio em que vive. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: B 
Saúde ou doença são resultados de uma série de processos interativos entre o homem e seu ambiente social, ecológico, biológico, 
psíquico,  cultural,  econômico,  entre  outros.  Sendo  assim,  o  homem  é  agente  ativo  de  transformação  do  meio  em  que  vive,  da 
realidade na qual está inserido, e também é transformado por esta. 

2.  Rudolf  Virchow,  em  seu  estudo  sobre  a  Epidemia  de  Tifo  na  Prússia,  relacionou  a  saúde  com  a  liberdade,  democracia  e 
prosperidade da população; Thomas McKeown, ao estudar os fatores causais da mortalidade na Inglaterra, mostrou que os fatores 
que mais contribuíram para a melhoria das condições de vida foram: o desenvolvimento econômico, nutrição, mudança nos níveis de 
vida. 
Ao  ler  o  texto,  podemos  afirmar  que,  para  Rudolf  Virchow,  os  fatores  sociais,  políticos  e  econômicos  não  estão  diretamente 
relacionados com a melhoria da qualidade de vida da população 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: B 
Os trabalhos  de  Virchow  postulam que  os fatores sócio­políticos  e  econômicos  estão diretamente relacionados com  a  melhoria  da 
qualidade de vida da população. 

3. Entre os elementos norteadores para fazer a Promoção da Saúde acontecer, de fato, podemos citar as Políticas Públicas Saudáveis, 
que  diminuam  as desigualdades sociais por meio  de  ações sobre  os determinantes dos problemas  de saúde,  e  o Reforço  da  ação 
comunitária/  participação,  com  envolvimento  concreto  e  efetivo  das  comunidades,  para  a  tomada  de  decisões,  definição  de 
prioridades e estratégias de ação. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA:A 
Realmente, entre os elementos norteadores para fazer a Promoção da Saúde acontecer, de fato, podemos citar as Políticas Públicas 
Saudáveis, que diminuam as desigualdades sociais por meio de ações sobre os determinantes dos problemas de saúde, e o Reforço 
da ação comunitária/ participação, com envolvimento concreto e efetivo das comunidades, para a tomada de decisões, definição de 
prioridades e estratégias de ação.

53 
SAÚDE COLETIVA  

No alvorecer do século XX, três grandes flagelos assolavam as principais cidades 
brasileiras: a varíola, a febre amarela e a peste bubônica. Embora não fossem as únicas doenças 
a afligir as cidades e os demais estados da federação, essas enfermidades, além de atingir de 
forma indiscriminada a população e gerar grandes prejuízos ao comércio exterior, comprometiam 
a política de imigração estrangeira, considerada vital para os setores agroexportadores e para a 
incipiente indústria manufatureira. Assim, foram implementadas reformas urbanas e sanitárias no 
governo do então presidente Rodrigues Alves e colocadas em prática por Osvaldo Cruz, as quais 
obrigavam a vacinação em massa de toda a população do Rio de Janeiro. 

AULA  07  •  REFORMA  SANITÁRIA  E  O  SISTEMA  ÚNICO  DE 


SAÚDE • SUS

54 
SAÚDE COLETIVA 

Introdução 

No alvorecer do século XX (1904), três grandes flagelos assolavam as principais cidades 
brasileiras: a varíola, a febre amarela e a peste bubônica. Embora não fossem as únicas doenças 
a  afligir  as  cidades  e  os  demais  estados  da  federação,  essas  enfermidades,  além  de  atingir  de 
forma indiscriminada à população e gerar grandes prejuízos ao comércio exterior, comprometiam 
a política de imigração estrangeira, considerada vital para os setores agro­exportadores e para a 
incipiente indústria manufatureira. 

Assim,  foram  implementadas  reformas  urbanas  e  sanitárias  no  Governo  do  então 
Presidente  Rodrigues  Alves  e  colocadas  em  prática  por  Osvaldo  Cruz,  as  quais    obrigavam  a 
vacinação em massa de toda a população do Rio de Janeiro, atrelando a prática da vacinação aos 
direitos civis da sociedade, ou seja, aquele que se recusasse a receber a vacinação não poderia 
tomar o bonde, casar­se, trabalhar, transitar em locais públicos, etc. 

Fato este  que deflagrou um dos mais importantes levantes populares ocorridos no Brasil, 
a  Revolta  da  Vacina,  no  período  de  10  a  16  de  novembro  de  1904,  incrementada  pelo 
descontentamento da população  com  a  lei  da  vacinação obrigatória  contra  a  varíola e  acirrados 
ainda pela política do “bota­abaixo”, nome pelo qual ficou conhecida a reorganização do espaço 
urbano da cidade do Rio de Janeiro, empreendida pelo Prefeito Pereira Passos. 

Esse  fato  foi,  sem  duvida,  o  marco  inicial  da  participação  popular  nas  questões 
relacionadas  à  saúde.  Participação  popular  que,  desde  então,  passa  a  ser  um  elemento 
articulador  nas  relações  entre  o  Estado  e  a  Sociedade,  a  qual  evolui  até  seu  ponto  máximo:  o 
movimento denominado  Reforma Sanitária, que culminou com o Sistema Único de Saúde ­ SUS. 

Em busca da cidadania e acesso à saúde 

A Reforma Sanitária Brasileira advém de muitos anos de uma luta, e podemos encontrar 
indícios de sua existência desde o princípio do Século XX. No entanto, a conquista da proteção 
jurídica  ocorreu  na  década  de  1980,  devendo  ser  compreendida  como  início  de  uma  nova  fase 
pela conquista de direitos, e conseqüente melhoria da qualidade de vida da população. 

Lembrando  que a  lei  não  garante  a aplicabilidade  das ações e  serviços  de  saúde,  o  que 
garante  é  a  efetiva  conquista  da  democracia,  através  da  participação  e  do  exercício  de  uma 
cidadania  plena, que  advém  da  participação  consciente  dos  vários  segmentos  da  população  na

55 
SAÚDE COLETIVA 

construção de uma sociedade com menores desigualdades sociais, e na qual o SUS, certamente, 
deverá ser protegido como a mais importante conquista. 

As décadas de 1970 e 1980 são muito produtivas em estudos sobre as questões da saúde 
no Brasil. O movimento da Reforma Sanitária conta com a liderança dos intelectuais da área da 
saúde coletiva, congregando estudiosos da saúde pública e da medicina social, e de profissionais 
do setor público dos serviços de saúde. Isso se materializa numa larga produção de textos com 
forte teor de denúncia e na formulação de propostas para o setor saúde, que buscam viabilizar a 
constituição  da  saúde  como  um  direito  do  cidadão  brasileiro,  tendo,  dessa  forma,  a  cidadania 
como eixo comum de lutas. 

Essas  proposições  comuns  ao  movimento  concentram  seus  princípios  articuladores  na 
estabilização  dos  serviços  de  saúde,  na  constituição  de  um  Sistema  Único  de  Saúde,  na 
descentralização,  na  universalização  e  na  eqüidade  do  direito  à  saúde.  Princípios  esses  que, 
formulados  já  na  segunda  metade  da  década  de  1970,  vão  se  traduzindo  e  aperfeiçoando,  em 
medidas concretas, na década posterior. 

Em  1985,  o  fim  do  regime  militar  e  a  implantação  da  chamada  “Nova  República” 
trouxeram,  para  o  país,  a  perspectiva  da  reforma  da  Constituição  Federal;  a  fim  de  subsidiar  a 
discussão  da  saúde  na  Assembléia  Nacional  Constituinte,  foi  convocada  a  VIII  Conferência 
Nacional de Saúde – VIII CNS –  para o ano de1986, que contou com a participação de dirigentes 
institucionais,  técnicos,  estudiosos,  políticos,  lideranças  sindicais  e  representantes da  sociedade 
civil organizada. O relatório final da VIII CNS continha recomendações que passaram a constituir o 
projeto da Reforma Sanitária Brasileira. Esse projeto reconhecia a saúde como um direito básico 
do  cidadão  e um  dever  do  Estado, entendendo o  conceito  de  saúde  de forma  ampliada.  Dessa 
forma,    foi  levado  à  Assembléia  Nacional  Constituinte,  em  1987,  para  disputar,  com  outras 
propostas, o que seria inscrito na Constituição Federal brasileira  sobre a Saúde. 

Em  decorrência  do  ideário  do  movimento  da  Reforma  Sanitária,  foi  promulgada  a 
Constituição  da  República  Federativa  do Brasil  de  1988,  a  qual  garante,  no  artigo  196,    que  “ a 
saúde é um direito de todos e dever do Estado” ,  em contraponto com uma mera assistência 
médica que segregava a população em indigentes e segurados do INAMPS (Instituto Nacional de 
Assistência  Médica  da  Previdência  Social),  com vistas à  implementação da  cidadania e  de uma 
ordem democrática. 

A nova Constituição Brasileira criou o Sistema Único de Saúde – SUS – em conformidade 
com os princípios basilares da Reforma Sanitária e prevê, no artigo 198, que as ações e serviços

56 
SAÚDE COLETIVA 

públicos  de  saúde  integram  uma  rede  regionalizada  e  hierarquizada,  e  constituem  um  sistema 
único, organizado, de acordo com as seguintes diretrizes: 

•  Conceito  Ampliado  de  Saúde  –  A  saúde  é  resultante  das  condições  de  alimentação, 
habitação,  educação,  renda,  meio  ambiente,  trabalho,  transporte,  emprego,  lazer, 
liberdade, acesso e posse da terra, acesso aos serviços de saúde. 

•  Reconhecimento  da  Saúde  como  Direito  de  Todos  e  Dever  do  Estado  –  É  dever  do 
Estado reduzir o risco das doenças através das políticas sociais, da promoção, proteção 
e recuperação da saúde e da garantia do acesso aos serviços para todos os cidadãos. 

•  Promoção  da  Justiça  Social  –  Busca  de  soluções  que  visem  recuperar  a  cidadania  e 
promover  a  justiça  social,  acabando  com  as  desigualdades,  através  da  equidade, 
universalidade, integralidade da atenção e controle social. 

• Princípios Organizativos – Propõe estratégias para construção do SUS de acordo com os 
princípios  que  orientam  a  democracia,  cidadania  e  equidade  (descentralização, 
regionalização e hierarquização). 

Nada do que se discute no âmbito da saúde brasileira continua mais atual do que o desafio 
que se coloca para o presente e às futuras gerações: tornar concreto, no cotidiano da vida  dos 
cidadãos, os princípios que motivaram a Reforma Sanitária e o Sistema Único de Saúde. 

A viabilização das reformas acima descritas passou necessariamente pela reformulação do 
arcabouço  jurídico­constitucional  materializado  na  Constituição  Federal  de  1988,  que  se 
caracteriza  como  a  Lei  fundamental  do  nosso  país.  A  partir  dos  princípios  nela  inseridos,  foi 
possível a edição de Leis para regulamentar o funcionamento do sistema proposto pela Reforma 
Sanitária – Lei 8080/90 e Lei 8142/90. Contudo, não obstante à regulamentação legal, para que 
sejam efetivadas as reformas, urge que a sociedade exerça seu direito de cidadania, reivindicando 
a aplicação dos dispositivos constitucionais e legais reguladores da matéria. 

Metáfora: 

Maneira  de  descrever  as  coisas  de  uma forma  tal  que,  uma vez  clarificada,  analisada, 
traria a verdade, o essencial.  A metáfora contém uma mensagem a ser decodificada.

57 
SAÚDE COLETIVA 

Exercícios 

1. A Reforma Sanitária Brasileira advém de muitos anos de uma luta que não se iniciou apenas na 
década de 1970. Podemos encontrar indícios de sua existência desde o princípio do século XX. 
No  entanto,  a  conquista  da  proteção  jurídica  ocorreu  na  década  de  1980,  devendo  ser 
compreendida como início de uma nova fase pela conquista de direitos, e conseqüente melhoria 
da  qualidade  de  vida  da  população.  Lembrando  que  a  lei  não  garante  a  aplicabilidade  das 
ações  e  serviços  de  saúde,  o  que  garante  é  a  efetiva  conquista  da  democracia,  através  da 
participação e do exercício de uma cidadania plena,  e na qual o SUS, certamente, deverá ser 
protegido como a mais importante conquista. 
Ao ler o texto, podemos afirmar que a lei garante a conquista da democracia. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

2.  As  lutas  sociais  pelas  reformas  contribuíram  para  os  direitos  previstos  na    atual  Constituição 
Federal, porém a reforma sanitária não contém propostas para democratização do país. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

3. Em decorrência do ideário do movimento da Reforma Sanitária, foi  promulgada a Constituição 
da República Federativa do Brasil de 1988, a qual garante, no artigo 196,  que “a saúde é um 
direito  de  todos  e  dever  do  Estado”,    em  contraponto  com  uma  mera assistência  médica  que 
segregava a população em dependentes e não­dependentes do INAMPS (Instituto Nacional de 
Assistência Médica e Previdência Social), com vistas à implementação da cidadania e de uma 
ordem democrática. 
Ao ler o texto, podemos afirmar que  a Constituição Federal de 1988 garante o acesso de todos 
aos serviços de saúde. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

4. A mensagem que a metáfora da música de Chico Buarque, “A Banda”, pode nos passar, é a de 
que a participação popular se faz necessário para a articulação de possíveis mudanças sociais. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

Respostas dos Exercícios 

1.  A  Reforma  Sanitária  Brasileira  advém  de  muitos  anos  de  uma  luta  que  não  se  iniciou  apenas  na  década  de  1970.  Podemos 
encontrar indícios de sua existência desde o princípio do século XX. No entanto, a conquista da proteção jurídica ocorreu na década 
de 1980, devendo ser compreendida como início de uma nova fase pela conquista de direitos, e conseqüente melhoria da qualidade 
de  vida  da população. Lembrando que  a lei não garante  a  aplicabilidade das  ações  e serviços de saúde,  o que garante  é  a  efetiva 
conquista da democracia, através da participação e do exercício de uma cidadania plena,  e na qual o SUS, certamente, deverá ser 
protegido como a mais importante conquista. 
Ao ler o texto, podemos afirmar que a lei garante a conquista da democracia. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: B 
A efetiva conquista da democracia advém da participação e do exercício de uma cidadania plena.

58 
SAÚDE COLETIVA 

2. As lutas sociais pelas reformas contribuíram para os direitos previstos na  atual Constituição Federal, porém a reforma sanitária não 
contém propostas para democratização do país. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: B 
As lutas sociais pelas reformas contribuíram para  os direitos previstos na   atual Constituição Federal,  e  a reforma sanitária contém 
propostas para democratização do país. 

3. Em decorrência do ideário do movimento da Reforma Sanitária, foi  promulgada a Constituição da República Federativa do Brasil de 
1988,  a  qual  garante,  no  artigo  196,    que  “a  saúde  é  um  direito  de  todos  e  dever  do  Estado”,    em  contraponto  com  uma  mera 
assistência médica que segregava a população em dependentes e não­dependentes do INAMPS (Instituto Nacional de Assistência 
Médica e Previdência Social), com vistas à implementação da cidadania e de uma ordem democrática. 
Ao ler o texto, podemos afirmar que  a Constituição Federal de 1988 garante o acesso de todos aos serviços de saúde. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: A 
Realmente,  a  previsão,  no  texto  constitucional,  de  que  “a  saúde  é  um  direito  de  todos  e  dever  do  Estado”,    garante  o  direito  ao 
acesso de todos aos serviços de saúde. 

4. A mensagem que a metáfora da música de Chico Buarque, “A Banda”, pode nos passar, é a de que a participação popular se faz 
necessário para a articulação de possíveis mudanças sociais. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: A 
A  metáfora  da  música  “A  Banda”  representa  a  organização  popular,  quando  descreve  que  todos  saíram  de  seus  afazeres  e 
preocupações individuais e se envolveram juntos em torno da “Banda”.

59 
SAÚDE COLETIVA  

O sistema de saúde brasileiro, há duas décadas, passa por um processo de mudança, que 
foi iniciado com o movimento da Reforma Sanitária, implementada na década de 1986, tendo, 
como resultado, conquistas sociais importantes do ponto de vista jurídico legal, que definiu, entre 
outras, a reformulação das organizações prestadoras de serviços de assistência à saúde e 
estabelecimentos sanitários. A Constituição Federal de 1988 estabeleceu a saúde como um direito 
dos cidadãos e um dever do Estado, e essa universalidade de acesso aos serviços de atenção à 
saúde será possível apenas com a estruturação de um sistema unificado, integral e 
descentralizado, o SUS. 

AULA  08  •  SISTEMA  ÚNICO  DE  SAÚDE:  HISTÓRICO, 


LEGISLAÇÃO E PRINCÍPIOS E DIRETRIZES • PARTE 1 

Introdução 

O sistema de saúde brasileiro, há duas décadas, passa por um processo de mudança que 
foi  iniciado  com  o  movimento  da  Reforma  Sanitária,  implementada  na  década  de  1986,  tendo 
como resultado conquistas sociais importantes do ponto de vista jurídico legal, que definiu, entre 
outras,  a  reformulação  das  organizações  prestadoras  de  serviços  de  assistência  à  saúde  e 
estabelecimentos sanitários. Tornou­se consenso que fosse abandonada a lógica tradicional que 
definiu o funcionamento do sistema por muitos anos. Assim, foi estabelecida a  necessidade de se 
criar  condições  para  que,  de  forma  descentralizada  e  permanente,  o  sistema  de  saúde    esteja 
mais  próximo  dos  indivíduos,  tornando­se  mais  humanizado,  solidário  e,  sobretudo,  mais 
resolutivo. 

Importante  ressaltar  que  essa nova  lógica dá   prioridade à prevenção,  não   descuidando 


do  atendimento  das  demais  necessidades  de  saúde,  nos  níveis  mais  complexos  do  sistema, 
quando se pensa no cumprimento dos objetivos propostos pelo Sistema Único de Saúde, que é 
assegurar o acesso universal e igualitário a todos os níveis de assistência à saúde e prestar ações 
e serviços preventivos e curativos (Integralidade), individuais e coletivos. 

Para  integrar  a  assistência  à  saúde,  nos  diversos  níveis,  e  aproveitar  os  recursos 
disponíveis  nos  municípios,  há  que  se  considerar  a  importância    da  regionalização,  que  busca 
organizar  pólos  de  referência  para  o  atendimento  de  maior  complexidade  dentro  do  sistema  de

60 
SAÚDE COLETIVA 

referência  e  contra­referência,  assim  considerando  uma  oferta  mais  abrangente  dos  serviços 
oferecidos à população. 

Um pouco de História 

A prioridade atribuída à prevenção tem sua gênese na história da discriminação social, e 
que  leva  em  consideração  a  trajetória  da  atenção  à  saúde  no  Brasil.  O  texto  Constitucional  de 
1988  busca  resgatar  a  dívida  do  sistema  de  saúde  diante  da  prevenção  das  doenças  da 
população brasileira, necessitando que se desse um sentido de mudança radical à forma como se 
desenvolveu a assistência à saúde no Brasil. 

As organizações no setor saúde sempre dividiram suas ações em médico­assistenciais e 
preventivas,  sendo  oferecidas  de  maneira  desigual,  como  nos  lembra  a  proposta  do  primeiro 
Sistema de Saúde implementada em 1975, o qual previa que o Ministério da Saúde ficaria com as 
ações de saúde preventiva e o Ministério da Previdência e Assistência Social permaneceria com 
as  ações  curativas, ambas  oferecidas de  maneira  desigual.  Tal  situação  provocou  a hegemonia 
das ações curativas sobre as ações preventivas, caracterizadas pelo enfraquecimento financeiro e 
político do Ministério da Saúde em relação ao Ministério da Previdência  e Assistência Social, e a 
estratificação  da  oferta  de  serviços  de  saúde,  que  diferenciava  os  indivíduos  em  indigentes 
(pessoas  que  não  contribuíam  para  a  seguridade  social)  e  segurados  da  Previdência  Social 
(pessoas que contribuíam para a seguridade social). 

Os  arranjos  político­ideológicos  ocorridos  no  Brasil,  durante  a  década  de  1985,  que 
culminaram com o movimento das “Diretas Já” e, conseqüentemente, com a derrubada do regime 
militar  instituído  com  o  golpe  de  1964,  exigiam  uma  nova  perspectiva  jurídica  e  política    para  a 
nação, o que foi possível com a promulgação da Constituição Federal de 1988. 

Assim,  o  texto  constitucional  prevê  que  a  saúde  é  um  direito  de  todos  e  um  dever  do 
Estado, e que deve ser  provida mediante políticas públicas adequadas e que correspondam às 
reais necessidades da população. 

Com  o  advento  da  abertura  política  e  da  Nova  República,  sob  forte  pressão  dos 
movimentos  populares  e  da  sociedade  civil  organizada,  surge  um  novo  sistema  de  saúde,  com 
uma concepção ampliada de saúde, que incluiu os condicionantes econômicos, sociais, culturais e 
bio­ecológicos, e uma visão abrangente e integrada das ações e serviços de saúde, superando a 
visão dominante de enfocar a saúde pela doença, sobretudo nas dimensões biológica e individual. 
Esse  novo  sistema  proposto  estava  calcado  nos  direitos  fundamentais  da  pessoa  humana  e

61 
SAÚDE COLETIVA 

centrado  na  integralidade  dos  cuidados,  porém  com  franca  preferência  pelas  ações  primárias 
(básicas) de saúde. 

O Sistema Único de Saúde (SUS) foi um produto da Reforma Sanitária Brasileira, previsto 
no texto constitucional de 1988, que se dedica, desde o artigo 196 até o artigo 200, às questões 
inerentes  à  saúde.  No  artigo  196,  observamos  que  “ a  saúde  é  direito  de  todos  e  dever  do 
Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de 
doença  e  de  outros  agravos  e  ao  acesso  universal  e  igualitário  às  ações  e  serviços  para 
sua promoção, proteção e recuperação” . 

Apesar de a saúde haver sido prevista na Constituição Federal de 1988 como um direito 
dos cidadãos e um dever do Estado, e essa universalidade de acesso aos serviços de atenção à 
saúde  ser  possível  apenas  com  a  estruturação  de  um  sistema  unificado,  integral  e 
descentralizado, foi apenas no ano de 1990 que surgiu  a Lei Orgânica da Saúde nº 8080/90, que 
regulamenta  o  SUS,  e  a  Lei  8142/90,  que  prevê  a  participação  popular  no  sistema.  Porém,  a 
despeito  de  sua  normalização,  foi  implementado  apenas  no  ano  de  1993,  com  a  Norma 
Operacional Básica 93  ­ NOB 93. 

Esse  espaço  temporal  de  cinco  anos decorridos  entre a  previsão  constitucional  /legal  do 
SUS  e  sua  efetiva  implementação  técnico­política  deve­se  ao  conturbado  cenário  político 
brasileiro do começo da década de 1990. Estava ocorrendo o processo do impeachment do então 
Presidente  Fernando  Collor  de  Melo    e  a  IX  Conferência  Nacional  de  Saúde  repercutiu  a 
indignação nacional, bradando: fora Collor! Com a renúncia de Collor, assumiu Itamar Franco, que 
entregou  a  Jamil  Haddad  o  Ministério  da  Saúde.  Foi  constituído,  pelo  então  Ministro,  o  Grupo 
Especial de Descentralização (GED), que começou, de forma colegiada, a discutir uma proposta 
de  descentralização,  cuja  expressão  maior  era  a  própria  temática  da  IX  Conferência: 
" Municipalização  é  o  Caminho" .  Surge,  então,  o  documento  " Municipalização  das  ações  e 
serviços  de  saúde:  a  ousadia  de  cumprir  e  fazer  cumprir  as  leis" .  Assim,  temos  o  início 
efetivo do Sistema Único de Saúde –SUS.

62 
SAÚDE COLETIVA 

Princípios e diretrizes que norteiam o SUS 

O  Dicionário  Houaiss  da  Língua  Portuguesa  (2001)  define  “diretriz”  como  sendo  uma 
linha reguladora do traçado de um caminho ou de uma estrada; conjunto de instruções 
para  se  tratar  e  levar  a  termo  um  plano,  uma  ação,  etc.  Por  princípios,  entende­se  a 
origem,  começo;  elemento  predominante  na  constituição  de  um  corpo;  proposições 
diretoras de uma ciência, às quais todo o desenvolvimento posterior dessa ciência deve 
estar subordinado.

O SUS está assentado em diretrizes organizacionais e princípios doutrinários incorporados 
ao texto constitucional e às leis ordinárias que o regulamentam. 

Esses princípios e diretrizes se articulam e se complementam na conformação do ideário e 
da lógica de organização do sistema e podem ser considerados como “regras do jogo do SUS”, 
oferecendo a legitimidade e a direcionalidade do sistema. Tais princípios e diretrizes constituem, 
portanto,  as  regras  pétreas  do  SUS,  apresentando­se  como  linhas  de  base  às  proposições  de 
reorganização do sistema, dos serviços e das práticas de saúde. 

Os  princípios  doutrinários  do  SUS  são:  a  Universalidade,  a  Integralidade,  a  Eqüidade; 


Campos e colaboradores apontam ainda o Direito à Informação. 

•  Universalidade:  assegura  o  direito  à  saúde  a  todos  os  cidadãos  e  o  acesso  sem 


discriminação  ao  conjunto  das  ações  e  serviços  de  saúde  ofertados  pelo  sistema.  O 
exercício deste princípio traz a perspectiva da oferta, a todos os brasileiros, no sistema 
público  de  saúde,  dos  procedimentos  mais  simples  aos  mais  complexos,  alterando, 
assim, a situação anterior em que o acesso era diferenciado entre os que tinham vínculo 
com  a  previdência  e  os  demais  usuários  dos  serviços  de  saúde  tipificados  como 
indigentes. 

• Integralidade:  considera as várias dimensões do processo saúde­doença que afetam os 
indivíduos e as coletividades, e pressupõe a prestação continuada do conjunto de ações 
e  serviços,  visando  garantir  a  promoção,  a  proteção,  a  cura  e  a  reabilitação  dos 
indivíduos e da coletividade. Este princípio orientou a expansão e qualificação das ações 
e serviços de saúde do SUS, que ofertam desde um elenco ampliado de ações básicas 
de saúde até os serviços de reabilitação física e mental, além das ações de promoção da 
saúde de caráter intersetorial. 

• Eqüidade:  no acesso às ações e aos serviços de saúde, dentro do atual debate relativo 
à  igualdade,  prevista no texto da Lei, e  justifica  a  prioridade  das  ações e  serviços  aos 

63 
SAÚDE COLETIVA 

segmentos  populacionais  que  enfrentam  maiores  riscos  de  adoecer  e  morrer  em 
decorrência  da  desigualdade  na  distribuição  de  renda,  bens  e  serviços.  Inclui­se  aí  o 
princípio  da  discriminação  positiva  em  favor  dos  grupos  sociais  mais  vulneráveis, 
buscando  assegurar  prioridade  no  acesso  às  ações  e  serviços  de  saúde  aos  grupos 
excluídos  e  com  precárias  condições  de  vida,  considerando  as  desigualdades  de 
condições decorrentes da organização social. 

Designa­se por discriminação positiva a eleição de determinados grupos populacionais 
aos quais se destinam ações prioritárias, haja vista seu grau de vulnerabilidade. 

Pessoas  vulneráveis  são  pessoas  relativa  ou  absolutamente  incapazes  de  proteger 
seus  próprios  interesses.  De  modo  mais  formal,  podem  ter  poder,  inteligência, 
educação, recursos e forças insuficientes ou outros atributos necessários à proteção de 
seus  interesses.  Diante  de  tal  definição,  a  principal  característica  da  vulnerabilidade 
seria  “uma  capacidade  ou  liberdade  limitada”,  mostrando  que  os  grupos  específicos 
poderiam ser  considerados vulneráveis.

• O Direito à Informação: apontado por CAMPOS e colaboradores, em sua obra Tratado 
de Saúde Coletiva (2006), é assegurado por lei e outorga ao cidadão usuário do SUS o domínio 
das informações sobre sua saúde individual e acerca dos riscos e dos condicionantes que afetam 
a  saúde  coletiva,  atribuindo  aos  profissionais  e  aos  gestores  do  SUS  a  responsabilidade  pela 
viabilização deste direito. 

Exercícios 

1. O sistema de saúde brasileiro,  há duas décadas, passa por um processo de mudança que foi 
iniciado com o movimento da reforma sanitária implementada na década de 1986, tendo como 
resultado  conquistas  sociais  importantes  do  ponto  de  vista  jurídico  legal,  que  definiu,  entre 
outras,  a  reformulação  das  organizações  prestadoras  de  serviços  de  assistência  à  saúde  e 
estabelecimentos  sanitários.  Tornou­se  consenso  que  fosse  abandonada  a  lógica  tradicional 
que  definiu  o  funcionamento  do  sistema  por  muitos  anos.  Assim,  foi  estabelecida  a 
necessidade de se criar condições para que, de forma descentralizada e permanente, o sistema 
de  saúde    esteja  mais  próximo  dos  indivíduos,  tornando­se  mais  humanizado,  solidário  e, 
sobretudo, mais resolutivo. 
Ao  ler  o  texto,  podemos  afirmar  que,    após  a  reforma  sanitária,  fica    estabelecida  a 
necessidade de se criar condições para que o sistema de saúde se tornasse mais centralizado. 
Pode­se dizer que esta idéia está: 

64 
SAÚDE COLETIVA 

a) Correta. 
b) Incorreta. 

2. O princípio da Eqüidade considera as várias dimensões do processo saúde­doença que afetam 
os indivíduos e as coletividades, e pressupõe a prestação continuada do conjunto de ações e 
serviços, visando garantir a promoção, a proteção, a cura e a reabilitação dos indivíduos e da 
coletividade. Este princípio orientou a expansão e qualificação das ações e serviços de saúde 
do SUS, que ofertam desde um elenco ampliado de ações básicas de saúde até os serviços de 
reabilitação física e mental, além das ações de promoção da saúde de caráter intersetorial. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

3. O princípio da Universalidade assegura o direito à saúde a todos os cidadãos e o acesso sem 
discriminação ao conjunto das ações e serviços de saúde ofertados pelo sistema. O exercício 
deste princípio traz a perspectiva da oferta, a todos os brasileiros, no sistema público de saúde, 
dos procedimentos mias simples aos mais complexos, alterando, assim, a situação anterior em 
que  o  acesso  era  diferenciado  entre  os  que  tinham  vínculo  com  a  previdência  e  os  demais 
usuários dos serviços de saúde tipificados como indigentes. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

Respostas dos Exercícios 

1. O sistema de saúde brasileiro, há duas décadas, passa por um processo de mudança que foi iniciado com o movimento da reforma 
sanitária  implementada  na  década  de  1986,  tendo  como  resultado  conquistas  sociais  importantes  do  ponto  de  vista  jurídico  legal, 
que  definiu,  entre  outras,  a  reformulação  das  organizações  prestadoras  de  serviços  de  assistência  à  saúde  e  estabelecimentos 
sanitários. Tornou­se consenso que fosse abandonada a lógica tradicional que definiu o funcionamento do sistema por muitos anos. 
Assim, foi estabelecida a  necessidade de se criar condições para que, de forma descentralizada e permanente, o sistema de saúde 
esteja mais próximo dos indivíduos, tornando­se mais humanizado, solidário e, sobretudo, mais resolutivo. 
Ao  ler  o texto, podemos  afirmar  que,  após  a reforma sanitária, fica  estabelecida  a   necessidade  de se criar condições  para que  o 
sistema de saúde se tornasse mais centralizado. 
Pode­se dizer que esta idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: B 
Após  a  reforma  sanitária,  fica  estabelecida  a  necessidade  de  se  criar  condições  para  que  o  sistema  de  saúde  se  tornasse  mais 
descentralizado. 

2. O princípio  da Eqüidade considera  as  várias dimensões do  processo saúde­doença  que  afetam  os indivíduos  e  as coletividades,  e 


pressupõe a prestação continuada do conjunto de ações e serviços, visando garantir a promoção, a proteção, a cura e a reabilitação 
dos  indivíduos  e  da  coletividade.  Este  princípio  orientou  a  expansão  e  qualificação  das  ações  e  serviços  de  saúde  do  SUS,  que 
ofertam  desde um  elenco  ampliado de  ações básicas de saúde  até  os serviços de reabilitação física  e  mental,  além  das  ações de 
promoção da saúde de caráter intersetorial. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: B 
Eqüidade, no acesso às ações e aos serviços de saúde, dentro do atual debate relativo à igualdade, justifica a prioridade das ações 
e  serviços  aos  segmentos  populacionais  que  enfrentam  maiores  riscos  de  adoecer  e  morrer  em  decorrência  da  desigualdade  na 
distribuição de renda, bens e serviços. 

3. O princípio da Universalidade assegura o direito à saúde a todos os cidadãos e o acesso sem discriminação ao conjunto das ações 
e  serviços  de  saúde  ofertados  pelo  sistema.  O  exercício  deste  princípio  traz  a  perspectiva  da  oferta,  a  todos  os  brasileiros,  no 
sistema  público  de  saúde,  dos  procedimentos  mias  simples  aos  mais  complexos,  alterando,  assim,  a  situação  anterior  em  que  o 
acesso era diferenciado entre os que tinham vínculo com a previdência e os demais usuários dos serviços de saúde tipificados como 
indigentes. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: A 
Realmente, o princípio da Universalidade assegura o direito à saúde a todos os cidadãos e o acesso sem discriminação ao conjunto 
das ações e serviços de saúde ofertados pelo sistema.

65 
SAÚDE COLETIVA  

As diretrizes operacionais ou organizativas do sistema visam imprimir racionalidade ao seu 
funcionamento, e as mais significativas são: a Descentralização com comando único, a 
Regionalização e a Hierarquização dos serviços e a Participação Comunitária. O SUS tem, como 
objetivo principal, formular e implementar a política nacional de saúde destinada a promover 
condições de vida saudável, a prevenir riscos, doenças e agravos à saúde da população, e 
assegurar o acesso eqüitativo ao conjunto dos serviços assistenciais para garantir atenção 
integral à saúde. As competências específicas estão previstas com base na descentralização das 
ações e serviços de saúde. 

AULA  09  •  SISTEMA  ÚNICO  DE  SAÚDE:  DIRETRIZES, 


OBJETIVOS, ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS – PARTE 2 

Continuação 

Por  sua  vez,  as  diretrizes  operacionais  ou  organizativas  do  sistema  visam  imprimir 
racionalidade  ao  seu  funcionamento,  e  as  mais  significativas  são:  a  Descentralização  com 
comando único, a Regionalização e a Hierarquização dos serviços e a Participação Comunitária. 
Campos e colaboradores (2006) acrescentam ainda a Integração das ações e recursos, com base 
no planejamento ascendente. 

• A Descentralização com ênfase na municipalização da gestão dos serviços e ações de 
saúde  constituiu­se  na  mudança  mais  significativa  no  aspecto  político­administrativo  da 
reforma do Sistema de Saúde no Brasil.  Foi definido pelas normas regulamentadoras do 
SUS  (Lei  Orgânica da Saúde  8080/90 e  Lei  8142/90)  que a  base do  sistema de  saúde 
seria o município, o qual fica responsável pela prestação direta da maioria dos serviços 
em  ações  coordenadas  sob  a  direção  de  um  único  gestor  em  cada  espaço  político­ 
institucional,  ou  seja,  o  secretário  municipal  de  saúde  no  âmbito  do  município,  o 
secretário estadual no âmbito do estado e o ministro da saúde no âmbito da União. 

• A Regionalização se faz necessária, uma vez que a descentralização não se esgota na 
municipalização  e  a  organização  racionalizada  dos  serviços  de  saúde    é  uma 
necessidade do sistema.  O objetivo da regionalização é distribuir, de forma racionalizada 
e  equânime,  os  recursos  assistenciais  no  território,  com  base  na  distribuição  da

66 
SAÚDE COLETIVA 

população,  promovendo  a  integração  das  ações  e  das  redes  assistenciais,  de  forma  a 
garantir o acesso  aos serviços, assim como a continuidade do cuidado e economia dos 
recursos. 

•  Com  a  Hierarquização  busca­se  ordenar  o  sistema  de  saúde  por  níveis  de  atenção  e 
estabelecer  fluxos  assistenciais  entre  os  serviços,  de  modo  que  regule  o  acesso  aos 
serviços mais especializados, considerando que os serviços de atenção básica à saúde 
são  os  que  ofertam  o  contato  com  a  população  e  são  os  de  uso  mais  freqüente. 
Existindo  aí  uma  crítica  à    estrutura  piramidal  da  “porta  de  entrada”  dos  serviços  (o 
usuário entra no sistema pelas Unidades Básicas de Saúde e pelas Unidades Saúde da 
Família e “sobe” para níveis de cuidados mais complexos com o estágio de cuidados que 
demanda). 

• A Participação comunitária,  assegurada pela Constituição Federal de 1988 e regulada 
pela Lei nº 8.142/90, ocorre mediante a participação dos segmentos sociais organizados 
nas Conferências e nos Conselhos de Saúde, nas três esferas do governo, e através da 
participação  em  colegiados  de  gestão  nos  serviços  locais  de  saúde  (Conselhos 
Gestores). Isso evidencia os anseios da sociedade por uma democracia participativa de 
fato, em que os cidadãos influenciam, de maneira decisiva, a definição e a execução da 
política de saúde nas três esferas de governo. 

• A Integração das ações entre os subsistemas que conformam o sistema de saúde, e dos 
serviços em redes assistenciais integradas, é um pressuposto de idéia de sistema e uma 
condição  para  a  garantia  da  continuidade  do  cuidado  aos  usuários,  sem  a  qual  fica 
comprometida a idéia de integralidade do cuidado. A integração de recursos, de meios e 
de pessoal na gestão do sistema é preconizada nas leis e normas como condição básica 
para assegurar eficácia e eficiência ao sistema. 

Objetivos, atribuições e competências do SUS 

O  SUS  tem  como  objetivo  principal  formular  e  implementar  a  política  nacional  de  saúde 
destinada a promover condições de vida saudável, a prevenir riscos, doenças e agravos à saúde 
da  população,  e  assegurar  o  acesso  eqüitativo  ao  conjunto  dos  serviços  assistenciais  para 
garantir atenção integral à saúde. 

A atuação do sistema abrange um conjunto de serviços e ações de:

67 
SAÚDE COLETIVA 

1) Vigilância em saúde, em que se inclui a vigilância ambiental, inclusive dos ambientes de 
trabalho, a vigilância sanitária, a vigilância epidemiológica e a vigilância nutricional; 

2)  Assistência  que  integra  a  atenção  básica,  a  atenção  especializada  ambulatorial  e  a 


atenção hospitalar em seus vários níveis de complexidade; 

3)  Prestação  de  assistência  terapêutica  integral,  com  destaque  para  a  assistência 
farmacêutica; 

4) Apoio diagnóstico e de terapia (Sadt) na assistência à saúde , e nas investigações de 
interesse da vigilância em saúde pública; 

5) Formulação e execução da política de sangue e seus derivados, e a coordenação das 
redes de hemocentros; 

6) Regulação da prestação dos serviços privados de assistência à saúde; 

7)  Definição  e  implementação  de  políticas  de  Ciência  e  Tecnologia  para  o  setor  saúde, 
incluindo a definição de normas e padrões para a incorporação tecnológica; 

8)  Promoção  da  saúde  em  articulação  intersetorial  com  outras  áreas  e  órgãos 
governamentais. 

A  Lei  nº  8080/90  define  as  atribuições  comuns  e  as  competências  das  três  instâncias 
governamentais  na  gestão  do  SUS.  Entre  as  atribuições  comuns  aos  três  entes  federados 
destacam­se: 

• planejamento das ações com a formulação e atualização do plano de saúde; 

• a articulação de planos e políticas, e a coordenação das ações; 

• o financiamento, a orçamentação, a administração e o controle dos recursos financeiros; 

• a avaliação e a fiscalização sobre as ações e serviços de saúde; 

• a elaboração de normas pertinentes à saúde; 

• a organização  e coordenação dos sistemas de informação; 

• a realização de estudos e pesquisas na área de saúde; 

• a implementação de políticas específicas, como a do sangue e hemoderivados; 

• a participação na formulação e execução da política de formação e desenvolvimento de 
recursos humanos para a saúde;

68 
SAÚDE COLETIVA 

• a participação na formulação e execução das políticas de saneamento e meio ambiente 
com ênfase nas ações que repercutem na saúde da população. 

As  competências específicas estão previstas  com  base  na  descentralização das ações e 


serviços  de  saúde,  que  atribuiu  ao  município  a  responsabilidade  pela  execução  da  maioria  das 
ações  de  saúde,  e  aos  estados  e  à  União  funções  diferenciadas.  Isso  assegura  o  direito  de  o 
gestor  municipal  elaborar  políticas  de  saúde  próprias  da  realidade  de  seu  município,  sem  que 
ocorra o detrimento das políticas nacionais previstas para serem implementadas em todo território 
nacional. 

O  SUS  é  responsável  pela  oferta  do  conjunto  da  atenção  à  saúde,  que  reúne  ações 
promocionais,  preventivas  e  assistenciais.  As  ações  de  prevenção  e  vigilância  em  saúde  são 
operadas  pelos  serviços  públicos  de  saúde,  com  abrangência  nacional  e  cobertura  universal,  e 
compreendem  ações  de  vigilância  sanitária  sobre  alimentos,  produtos    e  serviços,  as  ações  de 
vigilância  epidemiológica  sobre  doenças  e  agravos,  a  vigilância  ambiental  ,  também  dos 
ambientes  de  trabalho,  e  as  ações  de  imunização  em  relação  a  um  conjunto  de  doenças,  tais 
como  Tuberculose,  Hepatite  B,  Febre  Amarela,  Rubéola,  Difteria,  Sarampo,  Caxumba,  entre 
outras. 

Os serviços do SUS são responsáveis pela atenção integral de 140 milhões de pessoas e 
ainda  oferecem  serviços  especializados  a  40  milhões  de  usuários  dos  planos  de  saúde,  em 
situações que esses planos não asseguram a prestação oportuna dos serviços, como na maioria 
das situações de emergências e urgências. Compete ao SUS, ainda, a oferta de serviços básicos 
de  atenção  à  saúde  para  a  maioria  da  população  brasileira,  ações  essas  de  responsabilidade 
intransferível  dos  municípios,  organizada  por  meio  das  Unidades  Básicas  de  Saúde  (UBS)  e 
Unidades de Saúde da Família (USF). 

Enfim, os desafios na busca do atendimento integral à saúde é reestruturar a forma como 
as organizações prestadoras de serviços de saúde  trabalham para o atendimento da população. 
Primeiro, devendo­se considerar a importância da articulação dos serviços e da integralidade da 
assistência.  Segundo,  das  práticas  dos  profissionais  da  saúde  que  devem  ser  voltadas  para  a 
humanização da assistência e a interdisciplinaridade entre os profissionais e, principalmente, que 
o sujeito e ator principal determinante do processo de estruturação das práticas integrais à saúde 
seja o usuário do serviço público e a comunidade a que pertence.

69 
SAÚDE COLETIVA 

Exercícios 

1.  Com  a  Regionalização,  busca­se  ordenar  o  sistema  de  saúde  por  níveis  de  atenção  e 
estabelecer fluxos assistenciais entre os  serviços,  de  modo que  regule o acesso  aos  serviços 
mais  especializados,  considerando  que  os  serviços  de  atenção  básica  à  saúde  são  os  que 
ofertam o contato com a população e são os de uso mais freqüente. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

2. Os serviços do SUS são responsáveis pela atenção integral de 140 milhões de pessoas e ainda 
oferecem serviços especializados a 40 milhões de usuários dos planos de saúde, em situações 
que  esses  planos  não  asseguram  a  prestação  oportuna  dos  serviços,  como  na  maioria  das 
situações de emergências e urgências. 
Ao  ler  o  texto,  podemos  afirmar  que    os  planos  de  saúde  não  contemplam  todas  as 
necessidades de saúde do usuário dos serviços. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

Respostas dos Exercícios 

1.  Com  a  Regionalização,  busca­se  ordenar  o  sistema  de  saúde  por  níveis  de  atenção  e  estabelecer  fluxos  assistenciais  entre  os 
serviços, de modo que regule o acesso aos serviços mais especializados, considerando que os serviços de atenção básica à saúde 
são os que ofertam o contato com a população e são os de uso mais freqüente. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: B 
Com  a  Hierarquização,  busca­se  ordenar  o  sistema  de  saúde  por  níveis  de  atenção  e  estabelecer  fluxos  assistenciais  entre  os 
serviços, de modo que regule o acesso aos serviços mais especializados, considerando que os serviços de atenção básica à saúde 
são os que ofertam o contato com a população e são os de uso mais freqüente. 

2. Os serviços do SUS são responsáveis pela atenção integral de 140 milhões de pessoas e ainda oferecem serviços especializados a 
40  milhões  de  usuários  dos  planos  de  saúde,  em  situações  que  esses  planos  não  asseguram  a  prestação  oportuna  dos  serviços, 
como na maioria das situações de emergências e urgências. 
Ao ler o texto, podemos afirmar que  os planos de saúde não contemplam todas as necessidades de saúde do usuário dos serviços. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: A 
Os  planos  de  saúde  não  contemplam  todas  as  necessidades  de  saúde  do  usuário  dos  serviços,  ficando  uma  boa  parte  dessa 
cobertura por conta do SUS.

70 
SAÚDE COLETIVA  

Modelos assistenciais ou Modelos de Atenção à Saúde têm sido definidos como 
combinações tecnológicas utilizadas pela organização dos serviços de saúde em determinados 
espaços­população, incluindo ações sobre o ambiente, grupos populacionais, equipamentos 
comunitários e usuários de diferentes unidades prestadoras de serviços de saúde com distinta 
complexidade. Assim, modelo de atenção é uma dada forma de combinar técnicas e tecnologias 
para resolver problemas e atender necessidades de saúde individuais e coletivas. 

AULA 10 • MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE – PARTE 1 

“Porque no final, a única forma de medir o significado de nossas vidas é valorizando a 
vida dos outros”. 

Jacques Lacan

Introdução 

Modelos  assistenciais  ou  Modelos  de  Atenção  à  Saúde  têm  sido  definidos  como 
combinações  tecnológicas  utilizadas  pela  organização  dos  serviços  de  saúde  em  determinados 
espaço­populações,  incluindo  ações  sobre  o  ambiente,  grupos  populacionais,  equipamentos 
comunitários  e  usuários  de  diferentes  unidades  prestadoras  de  serviços  de  saúde  com  distinta 
complexidade (unidades básicas de saúde, centros de saúde, hospitais, etc). Nesse sentido, não 
deveriam  ser  entendidos  como  um  padrão  nem  exemplo.  Modelo  também  não  é  uma  forma  de 
organizar serviços de saúde nem um modo de administrar o sistema e os serviços de saúde. 

Assim,  modelo  de  atenção  é  uma  dada  forma  de  combinar  técnicas  e  tecnologias  para 
resolver problemas e atender necessidades de saúde individuais e coletivas. É uma razão de ser, 
uma racionalidade, uma espécie de “lógica” que orienta a ação. É uma maneira de organizar os 
meios  de  trabalho  (saberes  e  instrumentos)  utilizados  nas  práticas  ou  processo  de  trabalho  em 
saúde.  Orienta  as  intervenções  técnicas  sobre  os  problemas  e  necessidades  de  saúde, 
constituindo  um  modo  de  intervenção  e  correspondendo,  portanto,  à  dimensão  técnica  das 
práticas de saúde. 

71 
SAÚDE COLETIVA 

De  maneira  mais  resumida,  poderíamos  utilizar  a  definição  de  Jairnilson  Paim,  que 
assegura ser o modelo de atenção à saúde uma forma de organização das relações entre sujeitos 
(profissionais de saúde e usuários) mediadas por tecnologia (materiais e não­materiais) utilizadas 
no processo de trabalho em saúde, cujo propósito é intervir sobre problemas (danos e riscos) e 
necessidades sociais de saúde historicamente definidas. 

Do sanitarismo campanhista ao modelo liberal­privatista 

No  Brasil,  durante  todo  período  colonial  e  até  meados  do  século  XIX,  os  problemas  de 
saúde  e  higiene  ficavam  sob  a  responsabilidade  das  localidades,  que  adotavam  medidas  para 
garantir  a  limpeza  das  ruas  e  quintais.  A  assistência  à  saúde  da  população  pobre  e  indigente 
ficava sob os cuidados da iniciativa filantrópica de figuras de importância econômica e social e de 
instituições  beneficentes,  ligadas  à  Igreja  Católica,  como  as  Santas  Casas  de  Misericórdia.  A 
parcela  restante da  população buscava  socorro dos  médicos  existentes,  ou então  de  cirurgiões, 
barbeiros,  sangradores,  curandeiros,  parteiras  e  curiosos.  Predominava,  nesse  período,  as 
doenças pestilenciais, como varíola, febre amarela, malária e tuberculose. 

O início da República Velha, começo do século XX, foi marcado pelo domínio dos grupos 
sociais  ligados  a agro­exportação  cafeeira,  que exigia  basicamente uma política  de  saneamento 
dos  espaços  e  circulação  das  mercadorias  exportáveis  e  o  controle  de  doenças  que 
prejudicassem  as  exportações.  Foi  aí  que  se  deu  o  nascimento  da  saúde  pública  no  Brasil, 
marcado  pela  busca  dos  saberes  fundamentados  na  bacteriologia  e  na  microbiologia  e  pelo 
questionamento dos saberes tradicionais baseados na teoria dos miasmas. 

Nessa  época,  tem  início  uma  reestruturação  do  sistema  de  saúde,  que  pode  ser 
denominado sanitarismo campanhista, e que predominou até meados dos anos de 1960. 

O processo de industrialização acelerado e o crescimento da economia brasileira a partir 
da  década  de  1950,  determinaram  um  deslocamento  da  economia  para  os  centros  urbanos, 
gerando  uma  massa  de  assalariados  para  trabalhar  na  incipiente  indústria  manufatureira, 
juntamente com suas necessidade de assistência médica e previdenciária. Dessa forma,  surge o 
modelo  denominado  médico­assistencial  privatista,  que  vigorará  hegemônico  até  meados  dos 
anos  1980.  Esse  modelo  médico­assistencial  é  predominantemente  curativo,  não  reconhece  o 
atendimento  integral  ao paciente  e  à  comunidade,  além  de não  se comprometer  com o  impacto 
sobre o  nível  de  saúde  da  população. Assenta­se  na garantia de  que o  Estado  é  o  seu  grande

72 
SAÚDE COLETIVA 

financiador  por  intermédio  da  Previdência  Social,  e    o  setor    privado  assistencial­curativo  o  seu 
grande prestador de serviços. 

Em  1975,  foi  organizado  o  primeiro  Sistema  Nacional  de  Saúde  e  estabelecidas  as 
principais  competências  das  distintas  esferas  de  governo.  Em  1977,  com  a  criação  do  Sistema 
Nacional de Previdência Social (Sinpas), a área de atenção médica fica sob a responsabilidade e 
competência  do  Instituto  Nacional  de  Assistência  Médica  e  Previdência  Social  ­  INAMPS, 
enquanto o subsistema estatal, representado pela rede de serviços assistenciais do Ministério da 
Saúde,  Secretarias  Estaduais  e  Secretarias  Municipais  de  Saúde  exerceria  a  medicina 
simplificada  destinada  à  cobertura  de  populações  não  integradas  economicamente.  Esse  fato 
aprofunda  ainda  mais  a  dicotomia  coletivo  versus  individual,  quando  reforça  a  atuação  da 
Previdência  na  atenção  médica,  por  meio  de  seus  serviços  próprios  e  dos 
contratados/conveniados. 

No  ano de  1978, foi  realizada a  conferência  de Alma­ata, que  estabeleceu  a  doutrina da 


Atenção Primária, fundamentando várias propostas  e programas  na área da saúde e exercendo 
influências no processo de expansão e articulação das Secretarias Municipais de Saúde. 

Com  o  retrocesso  do  “Milagre  Econômico”  brasileiro,  no  final  da  década  de  1970,  a 
Previdência  Social  entra  em  crise.  Por  sua  vez,  o  modelo  médico­assistencial  privatista, 
dependente da Previdência Social, igualmente explicita sua fragilidade e incoerência. 

Diante  disso,  vêm  sendo  elaboradas,  desde  a  década  de  1980,  propostas  alternativas 
visando  à  integralidade  da  atenção  e  ao  impacto  sobre  os  problemas  de  saúde,  bem  como  a 
concretização dos princípios básicos e diretrizes estabelecidos pela Constituição Federal de 1988, 
tais como: 

1) Acesso universal e igualitário às ações e serviços; 

2) Rede regionalizada e hierarquizada; 

3) Descentralização; 

4) Atendimento integral; 

5) Participação comunitária.

Essas  experiências  iniciaram­se  com  a  implantação  dos  Sistemas  Unificados  e 


Descentralizados de Saúde (SUDS) em alguns estados, como Bahia, Rio Grande do Norte e São 
Paulo, pela organização de distritos sanitários e ênfase na atenção primária à saúde. 

73 
SAÚDE COLETIVA 

Principais Modelos de Atenção à Saúde 

Há um amplo debate no Brasil sobre qual seria o modelo de atenção à saúde ideal para 
organizar a denominada rede básica (atenção primária), viabilizando, na prática, as diretrizes do 
Sistema  Único de Saúde.  Entre as  diversas propostas  experimentadas  no  país  temos as  Ações 
Programáticas  em  Saúde,  Sistemas  Locais  de  Saúde  (Silos),  Vigilância  da  Saúde,  Modelo  de 
Atenção  em  Defesa  da  Vida  (MDV),  Programa  de  Agentes  Comunitários  de  Saúde  (PACS)  e 
Programa  Saúde  da  Família  (PSF).  Aqui  descreveremos  alguns  desses  modelos  e,  em  aulas 
posteriores, desenvolveremos aqueles considerados pelo Ministério da Saúde como  norteadores 
para o compromisso das unidades básicas de saúde com a população: PACS e PSF. 

Ação Programática em Saúde ou “ Oferta Organizada”  

No modelo assistencial baseado na “demanda espontânea”, o sistema de saúde esperaria 
que um indivíduo sentisse “algo errado com sua saúde” para ter a iniciativa de procurar um serviço 
que  se  dispusesse  a  atendê­lo  prontamente.  No  modelo  assistencial,  cujos  serviços  estivessem 
voltados para  as  necessidades  de  saúde, os principais  problemas  deveriam ser  identificados na 
comunidade  mediante  estudos  que  orientariam  a  “oferta  organizada”  (ou  programada)  no  nível 
local. O melhor impacto na solução do problema seria conseguido por meio de uma combinação 
de  recursos  e  tecnologias  capazes de garantir  alto  grau  de efetividade,  sempre  estabelecidas e 
realizadas no âmbito local (unidades de saúde dos distritos sanitários ou municípios), como, por 
exemplo,  na  busca  ativa    de  sintomáticos  de  uma  determinada  doença  e  recuperação  de 
pacientes faltosos. 

Constata­se  que  a  “oferta  organizada”  tende  a  superar  as  formas  de  organização  da 
produção das ações de saúde vigentes, tais como campanhas e aqueles voltados exclusivamente 
para  a  demanda  espontânea.  Assim,  numa  unidade  local  de  saúde  ,  ao  adotar  esse  modelo, 
atenderia à demanda espontânea e também à oferta organizada. Nesse caso, estaria voltada para 
o atendimento de indivíduos, famílias e comunidade que constituem a “demanda espontânea” por 
consulta,  pronto­atendimento,  urgências/emergências,  etc,  e  voltada,  simultaneamente,  para  o 
desenvolvimento de ações sobre o ambiente e sobre o indivíduo, visando ao controle de agravos 
e  ao  atendimento  de grupos populacionais  específicos.  Desse  modo,  procuraria compatibilizar  a 
“demanda  espontânea”  à  “oferta  organizada”.  O  que  ocorre  na  proposta  do  modelo  da  Ação 
Programática em Saúde ou “ Oferta Organizada” ?

74 
SAÚDE COLETIVA 

O  modelo  da  Ação  Programática  em  Saúde  ou  “ Oferta  Organizada”   surgiu  dos 
discursos produzidos por professores do Departamento de Medicina Preventiva da Universidade 
de São Paulo – USP – e tinha como principais características tecnológicas organizar o processo 
de trabalho a partir de: 

1)  Atividades  eventuais  conforme  a  demanda  espontânea  de  quem  procurasse  o  serviço 
ou atividades de rotina para demanda organizada; 

2)  Programas  definidos  por  ciclo  de  vida,  por  doenças  especiais    ou  por  importância 
sanitária; 

3) Definição das finalidades e objetivos gerais assentados em categorias coletivas; 

4) Hierarquização interna de atividades; 

5) Articulação das atividades por equipes multiprofissionais; 

6) Padronização de fluxograma de atividades e de condutas terapêuticas principais; 

7) Sistema de informação que permita avaliação na própria unidade; 

8) Gerência da unidade por médicos­sanitaristas; e 

9) Regionalização e hierarquização das unidades 

Exercícios 

1.  Com  a  Regionalização,  busca­se  ordenar  o  sistema  de  saúde  por  níveis  de  atenção  e 
estabelecer fluxos assistenciais entre os  serviços,  de  modo que  regule o acesso  aos  serviços 
mais  especializados,  considerando  que  os  serviços  de  atenção  básica  à  saúde  são  os  que 
ofertam o contato com a população e são os de uso mais freqüente. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

2. Os serviços do SUS são responsáveis pela atenção integral de 140 milhões de pessoas e ainda 
oferecem serviços especializados a 40 milhões de usuários dos planos de saúde, em situações 
que  esses  planos  não  asseguram  a  prestação  oportuna  dos  serviços,  como  na  maioria  das 
situações de emergências e urgências. 
Ao  ler  o  texto,  podemos  afirmar  que    os  planos  de  saúde  não  contemplam  todas  as 
necessidades de saúde do usuário dos serviços. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta.

75 
SAÚDE COLETIVA 

3. No modelo assistencial baseado na “demanda espontânea”, o sistema de saúde esperaria que 
um indivíduo sentisse “algo errado com sua saúde” para ter a iniciativa de procurar um serviço 
que se dispusesse a atendê­lo prontamente. No modelo assistencial, cujos serviços estivessem 
voltados para as necessidades de saúde, os principais problemas deveriam ser identificados na 
comunidade mediante estudos que orientariam a “oferta organizada” (ou programada ) no nível 
local. 
Ao  ler  o  texto,  podemos  afirmar  que    a  busca  ativa    de  sintomáticos  de  uma  determinada 
doença e recuperação de pacientes faltosos são exemplos de “demanda espontânea”. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

Respostas dos Exercícios 

1.  Com  a  Regionalização,  busca­se  ordenar  o  sistema  de  saúde  por  níveis  de  atenção  e  estabelecer  fluxos  assistenciais  entre  os 
serviços, de modo que regule o acesso aos serviços mais especializados, considerando que os serviços de atenção básica à saúde 
são os que ofertam o contato com a população e são os de uso mais freqüente. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: B 
Com  a  Hierarquização,  busca­se  ordenar  o  sistema  de  saúde  por  níveis  de  atenção  e  estabelecer  fluxos  assistenciais  entre  os 
serviços, de modo que regule o acesso aos serviços mais especializados, considerando que os serviços de atenção básica à saúde 
são os que ofertam o contato com a população e são os de uso mais freqüente. 

2. Os serviços do SUS são responsáveis pela atenção integral de 140 milhões de pessoas e ainda oferecem serviços especializados a 
40  milhões  de  usuários  dos  planos  de  saúde,  em  situações  que  esses  planos  não  asseguram  a  prestação  oportuna  dos  serviços, 
como na maioria das situações de emergências e urgências. 
Ao ler o texto, podemos afirmar que  os planos de saúde não contemplam todas as necessidades de saúde do usuário dos serviços. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: A 
Realmente,  os planos de saúde  não contemplam todas  as necessidades de saúde do  usuário  dos serviços, ficando  uma boa parte 
dessa cobertura por conta do SUS. 

3. No modelo  assistencial  baseado  na  “demanda  espontânea”,  o sistema de saúde  esperaria que um indivíduo sentisse “algo  errado 


com  sua  saúde”  para  ter  a  iniciativa  de  procurar  um  serviço  que  se  dispusesse  a  atendê­lo  prontamente.  No  modelo  assistencial, 
cujos  serviços  estivessem  voltados  para  as  necessidades  de  saúde,  os  principais  problemas  deveriam  ser  identificados  na 
comunidade mediante estudos que orientariam a “oferta organizada” (ou programada ) no nível local. 
Ao  ler  o  texto,  podemos  afirmar  que    a  busca  ativa    de  sintomáticos  de  uma  determinada  doença  e  recuperação  de  pacientes 
faltosos são exemplos de “demanda espontânea”. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: B 
A  busca  ativa    de  sintomáticos  de  uma  determinada  doença  e  recuperação  de  pacientes  faltosos  são  exemplos  de  “demanda 
organizada”.

76 
SAÚDE COLETIVA  

Entre todas as propostas de modelos tecnoassistenciais que buscaram superar o modelo 
médico­assistencial privatista, a que talvez tenha sido a mais discutida em âmbito nacional, 
durante o processo inicial de operacionalização do SUS, foi a dos Sistemas Locais de Saúde, 
bastante difundida pela representação da Organização Pan­Americana de Saúde (OPAS) e pela 
Organização Mundial de Saúde (OMS) no Brasil e foi operacionalizada principalmente nos 
estados de Ceará e da Bahia. 

AULA 11 • MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE – PARTE 2 

Principais Modelos de Atenção à Saúde 

Sistemas Locais de Saúde (Silos) 

Entre todas as propostas de modelos tecno­assistenciais que buscaram superar o modelo 
médico­assistencial  privatista,  a  que  talvez  tenha  sido  a  mais  discutida  em  âmbito  nacional, 
durante  o  processo  inicial  de  operacionalização  do  SUS,  foi  a  dos  Sistemas  Locais  de  Saúde, 
bastante difundida pela representação da Organização Pan Americana de Saúde (OPAS) e pela 
Organização  Mundial  de  Saúde  (OMS)  no  Brasil  e  foi  operacionalizada  principalmente  nos 
estados de Ceará e da Bahia. 

A proposta de Silos caracterizou­se por formulações­chave como território e problema. O 
enfoque por problemas pressupõe a interdisciplinaridade, ou seja, a interposição de disciplinas do 
conhecimento  humano,  buscando­se  integração  conceitual  e  metodológica  entre  elas.  Há  uma 
contraposição  à  abordagem  multidisciplinar,  que  fragmenta  o  conhecimento  nas  especialidades 
envolvidas, não permitindo uma visão complexa dos problemas. De acordo com essa proposta, o 
planejamento  local  das  ações  baseia­se  na  análise  da  situação  de  saúde  e  na  definição  da 
situação desejada. 

Para tanto, desenham­se estratégias e um modelo de operação para estruturar a oferta de 
serviços  e  atender  à  demanda  identificada  (“oferta  organizada”)  e,  ao  mesmo  tempo,  captar  os 
usuários provenientes da demanda espontânea, quando se espera que o usuário ao “sentir algo 
errado  em  sua  saúde”  tenha  a  iniciativa  de    procurar  um  serviço  de  saúde  que  se  disponha  a 
atendê­lo prontamente.

77 
SAÚDE COLETIVA 

Vigilância da Saúde 

O  uso  da  Epidemiologia  tem  proporcionado  certa  racionalidade  técnico­sanitária  no 


controle das doenças, a prevenção de riscos e no exercício de técnicas que precedem e avaliam 
as ações de saúde. Essa necessidade de conhecer e elaborar propostas de assistência à saúde 
mais  integrais,  e  que  orientem  intervenções  antecipadas,  tem  conduzido  algumas  proposições 
acerca da importância da vigilância da saúde. 

http://pt.wikipedia.org/wiki/Epidemiologia

Cuidado  à  saúde  liga­se  ao  paradigma  de  Vigilância  da  Saúde  que,  entre  outras 
pretensões,  tem  por  meta  a  interconexão  dos  campos  vigilância  epidemiológica,  vigilância 
ambiental  e  vigilância  sanitária,  dentro  da  função  do  Estado  brasileiro,  definida  na  Constituição 
Federal, de cuidar da saúde e realizar a proteção e a defesa da saúde individual e coletiva. 

A  Lei  8080,  de  19  de  setembro  de  1990,  em  seu  capítulo  1,  artigo  6 o ,  inciso  onze, 
parágrafos1 o  e 2 o , define, respectivamente: 

•  Vigilância  sanitária  é  o  conjunto  de  ações  de  eliminação,  diminuição  e  prevenção  de 
riscos  à  saúde,  intervenção  em  problemas  sanitários  desencadeados  pelo  meio 
ambiente, produção e circulação de bens e prestação de serviços de interesse da saúde; 

•  Vigilância  epidemiológica é  o  conjunto de ações  de prevenção e  controle  de  agravos  à 


saúde; 

• A Vigilância Ambiental é o setor federal normatizado como Subsistema de Vigilância em 
Saúde  Ambiental  (SNVSA)  e  inclui  as  políticas  de  construção  e  de  manutenção  de 
Ambientes Saudáveis ou Ambientes Sustentáveis. 

O modelo da Vigilância da Saúde aproxima­se da construção do que tem sido chamado de 
concepção,  enfoque,  paradigma,  abordagem,  teoria  ecossocial,  ecossistêmica  de  saúde  e  cuja 
conceituação é a de saúde de ecossistemas : atualmente, o grande foco desses estudos segue 
o  desenvolvimento  teórico­político  da  Medicina  Social  e  parte  do  movimento  da  Saúde  Coletiva 
para  as  ciências  humanas  e  sociais  na  saúde.  Em  suma,  a  concepção  ecossocial  ou 
ecossistêmica  de  saúde  parte  da  tese  de  que  as  questões  sanitárias,  ambientais  e 
epidemiológicas  estão  interconexas  às  questões  sociais,  políticas,  éticas,  culturais,  econômicas, 
no  intuito  de  identificar  e  divulgar  fatores  sócio­ambientais  condicionantes  e  determinantes  de 

78 
SAÚDE COLETIVA 

problemas  de  saúde;  fatores  sócio­ambientais  condicionantes  referem­se  ao  modo  de  vida 
(condições de vida e estilos de vida). 

Essa  concepção  e  paradigma  ecossocial  ou  ecossistêmico  é  denominado,  na  América 


Latina,  de  Ecossaúde  e  seu  esforço  teórico  é  o  de  construir  uma  teoria  transdisciplinar  da 
coevolução biocultural, cuja proposta integra ciências biológicas sociais e humanas. 

Apesar do não haver consenso de concepções, programas, projetos, ações e estratégias 
no campo da Vigilância da Saúde, pelo menos seis metas o caracterizam: 

• Superação das dicotomias entre práticas coletivas de saúde (Vigilância Epidemiológica e 
Vigilância Sanitária) e práticas individuais de saúde (Assistência ambulatorial, Assistência 
hospitalar),  entre  clínica  e epidemiologia,  entre  preventivo  e  curativo,  entre  individual  e 
coletivo; 

• Descentralização e reorganização dos serviços e das práticas locais de saúde vigentes; 

•  Incorporação  de  novos  agentes  ou  sujeitos  de  mudança,  além  dos profissionais  e 
trabalhadores de saúde; 

• Atenção inseparável às determinações clínico­epidemiológicas­sociais de saúde; 

• Inclusão de conhecimentos, tecnologias, saberes e práticas não médico­sanitários; 

•  Ultrapassagem  dos  espaços  institucionalizados  dos  sistemas  de  serviços  de  atenção  à 
saúde.

79 
SAÚDE COLETIVA 

Modelo de Atenção em Defesa da Vida (MDV) 

A  proposta  Em  Defesa  da  Vida  surgiu  em  Campinas  no  final  da  década  de  1980, 
capitaneada  por  um  grupo  de  profissionais  engajados  no  Movimento  da  Reforma  sanitária,  que 
tinha  atuação  no  Centro  Brasileiro de Estudos  de  Saúde  (CEBES) e  que  criou  o Laboratório  de 
Planejamento  e  Administração  em  Saúde  (LAPA)  do  Departamento  de  Medicina  Preventiva  e 
Social  da  Faculdade de  Ciências  Médicas da  Universidade estadual  de  Campinas  (Unicamp). O 
LAPA publicou suas proposta de Modelo tecno­assistencial durante a IX Conferência Nacional de 
Saúde,  em  1992,  que  ratifica  o  conceito  de  saúde  afirmado  pela  8ª  Conferência  Nacional    de 
Saúde: “a saúde é o resultado das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio 
ambiente,  trabalho,  transporte,  emprego,  lazer,liberdade,  acesso  e posse  da  terra  e acesso  aos 
serviços de  saúde  (...)”, e que  “o direito  à  saúde  significa a garantia,  pelo Estado,  de  condições 
dignas de vida e de acesso universal e igualitário às ações de promoção, proteção e recuperação 
da saúde, em todos os seus  níveis, a todos os habitantes do território nacional (...)” .

80 
SAÚDE COLETIVA 

Assim,  reafirmando  a  necessidade  de  políticas  públicas  multisetoriais  e  Modelos  de 


Atenção  que assegurem  a universalidade,  a  integralidade e  a eqüidade  para garantir  o direito  à 
saúde. 

Sendo,  posteriormente,  aperfeiçoado  por  trabalhadores  e  dirigentes  de  instituições 


hospitalares e secretarias municipais de saúde de cidades como Campinas, Piracicaba, Ipatinga, 
Belo Horizonte, Betim, Sumaré, Hortolândia, Volta Redonda e Paulínia. 

O  Modelo  Em  Defesa  da  Vida  está  pautado  na  defesa  das  diretrizes  básicas  do  SUS, 
procurando  construir  dispositivos  e  arranjos  institucionais  com  o  objetivo  de  garantir  a  gestão 
democrática dos estabelecimentos de saúde, o acolhimento humanizado da clientela, o acesso a 
serviços  resolutivos  e  o  fortalecimento  de  vínculos  entre  profissionais  e  usuários  com  a  clara 
definição de responsabilidades. Para tanto, está fundamentado nos seguintes princípios: 

1) Gestão democrática; 

2) Saúde como direito de cidadania; 

3) Serviço público de saúde voltado para a defesa da vida individual e coletiva.

A  esses  princípios  acrescentam­se  ainda  determinadas  concepções  com  importantes 


conseqüências operacionais: 

• Valorização de ações em micro­espaços, consideradas estratégias para mudança; 

•  O  entendimento  de  que,  sem  a  participação  dos  trabalhadores,  não  é  possível  haver 
mudanças no setor público de saúde; 

• O resgate do usuário como sujeito da mudança, valorizando o papel do mesmo no dia­a­ 
dia  dos  serviços  de  saúde,  assim  como  fóruns  de  deliberação  coletiva,  tais  como  os 
conselhos de saúde; 

•  A  compreensão  de  que,  se  a  demanda  espelha,  por  um  lado,  a  oferta  de  serviços  e  a 
cultura  dominante,  por  outro  lado,  ela  traduz  as  aspirações  da  sociedade  por  novos 
padrões de direitos sociais; 

•  A  necessidade  de  se  reformular  a  clínica  e  a  saúde  pública  com  base  nas  reais 
necessidades dos usuários; 

•  A  importância  de  se  utilizarem,  de  maneira  conseqüente  e  criativa,  tecnologias 


disponíveis em outros projetos assistenciais. 

81 
SAÚDE COLETIVA 

Toda  essa  produção  catalisou  o  surgimento  de  várias  iniciativas  em  distintas  cidades 
brasileiras,  que  buscaram  construir  alternativas  de  superação  do  modelo  baseado  no  INAMPS, 
herdado após o processo de municipalização da saúde. 

Como podemos observar, o Modelo de Atenção à Saúde no Brasil tem sido historicamente 
marcado pela predominância da assistência médica curativa e individual e pelo entendimento de 
saúde como ausência de doença. O rompimento com esse entendimento veio com o ordenamento 
jurídico­constitucional  e  criação  do  Sistema  Único  de  Saúde,  ao  mesmo  tempo  que  novos 
princípios  emergiam  da  sociedade  como  apelo  à  sedimentação  do  conceito  de  saúde  como 
condição de cidadania. Nesse sentido, o  atual Modelo de Atenção à Saúde inclui elementos de 
diferentes modelos, ao propor ações de promoção, proteção, recuperação e reabilitação, tanto ao 
indivíduo,  quanto  à  família  e  comunidade,  por  meio  de  serviços  assistenciais  (ambulatoriais, 
hospitalares e de  apoio  diagnóstico), quanto  à  vigilância em  saúde  (ambiental,  epidemiológica  e 
sanitária). 

Exercícios 

1.  A  proposta  de  Silos  caracterizou­se  por  formulações­chave  como  território  e  problema.  O 
enfoque por problemas pressupõe a interdisciplinaridade, ou seja, a interposição de disciplinas 
do conhecimento humano, buscando­se integração conceitual e metodológica entre elas. 
Ao  ler  o  texto, podemos  afirmar  que há uma  contraposição  à abordagem  multidisciplinar, que 
fragmenta o conhecimento nas especialidades envolvidas, não permitindo uma visão complexa 
dos problemas. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

2. A Vigilância Ambiental é o setor federal normatizado como Subsistema de Vigilância em Saúde 
Ambiental  (SNVSA)  e  inclui  as  políticas  de  construção  e  de  manutenção  de  Ambientes 
Saudáveis ou Ambientes Sustentáveis. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

3.  O  Modelo  Em  Defesa  da  Vida  está  pautado  na  defesa  das  diretrizes  básicas  do  SUS, 
procurando  construir  dispositivos  e  arranjos  institucionais  com  o  objetivo  de  garantir  a  gestão 
democrática dos estabelecimentos de saúde, o acolhimento humanizado da clientela, o acesso 
a serviços resolutivos e o fortalecimento de vínculos entre profissionais e usuários com a clara 
definição de responsabilidades. 
Ao  ler  o texto,  podemos afirmar  que  dentro da proposta do  Modelo  Em  Defesa da  Vida, há  o 
compromisso  de responsabilidade compartilhada entre os profissionais e usuários dos serviços 
de saúde.

82 
SAÚDE COLETIVA 

Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

Respostas dos Exercícios 

1.  A  proposta  de  Silos  caracterizou­se  por  formulações­chave  como  território  e  problema.  O  enfoque  por  problemas  pressupõe  a 
interdisciplinaridade,  ou  seja,  a  interposição  de  disciplinas  do  conhecimento  humano,  buscando­se  integração  conceitual  e 
metodológica entre elas. 
Ao  ler  o  texto,  podemos  afirmar  que  há  uma  contraposição  à  abordagem  multidisciplinar,  que  fragmenta  o  conhecimento  nas 
especialidades envolvidas, não permitindo uma visão complexa dos problemas. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: A 
Realmente,  há  uma  contraposição  à  abordagem  multidisciplinar,  que,  segundo  a  visão  interdisciplinar,  fragmenta  o  conhecimento 
nas especialidades envolvidas, não permitindo uma visão complexa dos problemas. 

2.  A  Vigilância  Ambiental  é  o  setor  federal  normatizado  como  Subsistema  de  Vigilância  em  Saúde  Ambiental  (SNVSA)  e  inclui  as 
políticas de construção e de manutenção de Ambientes Saudáveis ou Ambientes Sustentáveis. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: A 
Realmente,  a  Vigilância  Ambiental  é  o  setor  federal  normatizado  que  inclui  as  políticas  de  construção  e  de  manutenção  de 
Ambientes Saudáveis ou Ambientes Sustentáveis. 

3. O Modelo Em Defesa da Vida  está  pautado na defesa  das diretrizes  básicas  do  SUS,  procurando construir dispositivos  e  arranjos 


institucionais  com  o  objetivo  de  garantir  a  gestão  democrática  dos  estabelecimentos  de  saúde,  o  acolhimento  humanizado  da 
clientela,  o  acesso  a  serviços  resolutivos  e  o  fortalecimento  de  vínculos  entre  profissionais  e  usuários  com  a  clara  definição  de 
responsabilidades. 
Ao  ler  o  texto,  podemos  afirmar  que  dentro  da  proposta  do  Modelo  Em  Defesa  da  Vida,  há  o  compromisso    de  responsabilidade 
compartilhada entre os profissionais e usuários dos serviços de saúde. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: A 
Realmente,  dentro  da  proposta  do  Modelo  Em  Defesa  da  Vida  há  o  compromisso  de  responsabilidade  compartilhada  entre  os 
profissionais e usuários dos serviços de saúde.

83 
SAÚDE COLETIVA  

O desenvolvimento do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) teve início 
em 1987, no Ceará, quando foi utilizado como “frente de trabalho”, voltado para as mulheres, em 
regiões de seca, que executavam ações básicas de saúde voltadas para a prevenção de doenças. 
A partir de 1991, o Ministério da Saúde começou a implantar o Programa Nacional de Agentes 
Comunitários de Saúde (PNAS), que em 1992 passou a se chamar Programa de Agentes 
Comunitários de Saúde (PACS). Em 1994, o Ministério da Saúde criou o Programa Saúde da 
Família (PSF). Atualmente, o PACS é visto como uma estratégia transitória para implantação do 
PSF. 

AULA  12  •  PROGRAMA  AGENTE  COMUNITÁRIO  DE  SAÚDE  ­ 


PACS 

Introdução 

O  desenvolvimento  do  Programa  de  Agentes  Comunitários  de  Saúde  (PACS)  teve  início 
em 1987, no Ceará, quando foi utilizado como “frente de trabalho”, voltado para as mulheres, em 
regiões de seca, que executavam ações básicas de saúde voltadas para a prevenção de doenças. 
A  partir  de  1991,  o  Ministério  da  Saúde  começa  a  implantar  o  Programa  Nacional  de  Agentes 
Comunitários  de  Saúde  (PNAS),  que,  em  1992,  passa  a  se  chamar  Programa  de  Agentes 
Comunitários  de  Saúde  (PACS).  Em  1994,  o  Ministério  da  Saúde  cria  o  Programa  Saúde  da 
Família (PSF).  Atualmente, o PACS é visto como uma estratégia transitória para implantação do 
PSF. 

Esse programa é considerado uma estratégia de reorientação dos serviços de saúde, com 
uma  proposta  de  consolidar  as  ações  de  atenção  básica  e  aproximar  os  serviços  de  saúde  da 
população.    É  também  um  modo  de  fazer  acontecer,  na  prática,  o  princípio  de  integralidade, 
previsto pela Lei n o  8080/90. 

Aspectos Legais do PACS 

Apesar de os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) fazerem parte das equipes de PACS 
e  PSF desde  sua  criação,  somente em  1997 foram  definidas  suas atribuições e  seus  limites de

84 
SAÚDE COLETIVA 

atuação, pela Portaria n o  1886/ GM de 18 de dezembro de 1997, que explicita, dentro do item 
Normas Operacionais: 

“O  Agente  Comunitário  de  Saúde  deve  desenvolver  atividades  de  prevenção  das 
doenças  e  promoção  da  saúde,  através  de  visitas  domiciliares  e  de  ações  educativas 
individuais  e  coletivas  nos  domicílios  e  na  Comunidade,  sob  supervisão  e 
acompanhamento  do  enfermeiro  Instrutor­Supervisor,  lotado  na  unidade  básica  de 
saúde  da  sua  referência.  É  vedado  ao  ACS  desenvolver  atividades  típicas  do  serviço 
interno das unidades básicas de saúde de sua referência”. (BRAZIL, 1997) 

E,  apenas  em  2002,  foi  criada  a  profissão  de  ACS,  pela  Lei  10.507  de  10  de  julho  de 
2002. Onde, de acordo com o art. 2º: 

“A profissão de Agente Comunitário de Saúde caracteriza­se pelo exercício de atividade 
de  prevenção  de  doenças  e  promoção  de  saúde,  mediante  ações  domiciliares  ou 
comunitárias individuais ou coletivas, desenvolvidas em conformidade com as diretrizes 
do SUS e sob supervisão do gestor local deste”. (BRASIL, 2002)

Para  ser  um  ACS,  é  necessário  cumprir  alguns  requisitos  legais  e  possuir  um  “perfil” 
adequado à função. Entre os requisitos legais, temos as seguintes exigências: 

• Residir na área da comunidade em que atuar, há pelo menos dois anos; 

•  Haver  concluído  com  aproveitamento  curso  de  qualificação  básica  para  a  formação  de 
ACS; 

• Possuir o ensino fundamental completo. 

A  exigência  em  morar  na  área  de  atuação  se  faz  necessária,  pois  o  Programa  trabalha 
com  a  lógica  de  territorialização  e  adscrição  da  clientela,  que  é  delimitar  geograficamente  uma 
área de atuação para as equipes, tornando possível o reconhecimento de todas as famílias que 
vivem na região, a fim de estabelecer vínculos entre equipe e comunidade e delimitar um perfil de 
saúde. 

Entre as características ligadas ao perfil, o ACS deve ter espírito de liderança, ser ético, ter 
boa  comunicação,  saber  trabalhar  em  equipe  e  vontade  de  aprender.  Ele  também  precisa  se 
identificar com sua comunidade, nos costumes, linguagem e modo de viver, pois somente assim 
pode cumprir seu papel de elo entre o serviço de saúde e a comunidade assistida. O Ministério da 
Saúde e pesquisadores colocam que essas competências podem ser desenvolvidas a partir de 

85 
SAÚDE COLETIVA 

programas  de  capacitação  contínua  em  serviço,  isto  é,  educar  a  equipe  dentro  de  seu  local  de 
trabalho. 

Competências  ­  “a  capacidade  pessoal  de  articular  conhecimentos,  habilidades  e 


atitudes inerentes a situações concretas de trabalho” (Brasil, 1999, p.4).

A equipe do Programa Agente Comunitário de Saúde e suas atribuições 

A equipe é composta por, no máximo, 30 ACS, sob a responsabilidade de um enfermeiro 
instrutor ­ supervisor, que deve estar lotado em uma Unidade Básica de Saúde.  Esse enfermeiro 
também  é  responsável  pelas  atividades  de  capacitação  dos  ACS.  Cada  agente  tem,  sob  sua 
responsabilidade, uma área com uma população entre 400 e 750 pessoas, devendo o ideal girar 
em torno de 550. O mesmo deve realizar ações preventivas e promotoras de saúde, individuais e 
coletivas, e suas atividades são: 

• Visitar uma vez por mês cada família de sua região; 

• Incentivar o aleitamento materno; 

• Pesar, medir e registrar todas as crianças de 0 a 2 anos de idade, mensalmente; 

• Identificar situações de risco e comunicar responsável; 

• Acompanhar vacinação de crianças e gestantes, por meio do cartão de vacina; 

• Orientar sobre prevenção de DST/ AIDS; 

• Identificar gestantes e encaminhá­las para pré­natal; 

• Orientar família sobre uso do soro de reidratação oral para prevenir desidratação; 

• Orientar sobre métodos de planejamento familiar; 

• Monitorar dermatoses e parasitoses em crianças; 

• Realizar atividade de educação nutricional na comunidade; 

• Realizar atividades de promoção e prevenção na saúde do idoso; 

• Realizar orientações sobre climatério; 

• Realizar orientações sobre prevenção de doenças em épocas endêmicas/ epidêmicas; 

•  Supervisionar  eventuais  componentes  da  família  em  tratamento  de  tuberculose, 


hanseníase, hipertensão e diabetes mellitus, e outras patologias crônicas; 

86 
SAÚDE COLETIVA 

• Realizar ações educativas para prevenção do câncer de colo uterino e mama; 

• Realizar ações preventivas de saúde bucal, voltados para o grupo infantil. 

O trabalho das equipes de PACS é organizado da seguinte forma: 

•  Cadastramento/  diagnóstico:  primeira  etapa  do  trabalho,  na  qual  os  agentes  coletam 
informações sobre as características das famílias (condições de moradia, via, presença 
de doenças, entre outros) da área adscrita. Essas informações devem ser lançadas no 
SIAB e servem para traçar um diagnóstico da área de abrangência; 

• Mapeamento: essa etapa consiste no registro de um mapa, onde devem estar as áreas 
de  risco  da  região,  e  os  pontos  de  referência,  tanto  físicos,  quanto  culturais,  da  área 
assistida. Abaixo, um exemplo de mapa. 

• Identificação das micro­áreas de risco: após o mapeamento, o agente deve identificar 
as  áreas  que  podem  se  configurar  como  fatores  de  risco  naquela  comunidade:  lixões, 
esgoto a céu aberto, etc.. 

•  Visitas  domiciliares:  Principal  instrumento  de trabalho  do  ACS.  Durante as  visitas, ele 


deve  coletar  dados  sobre  as  condições  de  saúde  e  identificar  problemas  reais  ou 
potenciais  de  saúde.  Como  é  um  programa  voltado  para  promoção  e  prevenção  de 
doenças,  todas  as  famílias  devem  ser  visitadas,  não  apenas  as  que  têm  membros 
doentes! 

•  Ações  coletivas:  consiste  em  mobilizar  a  comunidade  para  discutir  e  definir  as 
prioridades de  saúde  daquele  local,  incentivando  a  participação  de  todos,  tendo  como 
referencial a Promoção da Saúde e Prevenção de Doenças, ajudando a comunidade a 
se organizar para atuar sobre os determinantes de saúde­doença. 

Vale  lembrar  que  o  ACS  não  trabalha  sozinho!  Ele  faz  parte  de  uma  equipe,  na  qual  o 
enfermeiro  tem  o  importante  papel  de  supervisionar  e  capacitar  os  agentes,  de  uma  forma 
participativa, em que todos são responsáveis pelo próprio desenvolvimento profissional e pessoal! 

Hoje,  estima­se  que  existam  mais  de  120.000  ACS  atuando  em  todo  o  Brasil,  dentro  do 
PACS e do PSF, principalmente nas regiões Norte e Nordeste. Podemos perceber que eles são 
atores importantes para a mudança dos padrões de saúde da população, pois sua presença nas 
comunidades  possibilita  uma  discussão  maior  dos  problemas  e  estimula  a  tomada  de  decisões 
conjuntamente com os profissionais de saúde, atendendo as necessidades reais e percebidas de 
saúde do território atendido.

87 
SAÚDE COLETIVA 

Exercícios 

1.  O  Agente  Comunitário  de  Saúde  deve  desenvolver  atividades  de  prevenção  das  doenças  e 
promoção  da  saúde,  através  de  visitas  domiciliares  e  de  ações  educativas  individuais  e 
coletivas  nos  domicílios  e  na  Comunidade,  sob supervisão e acompanhamento do enfermeiro 
Instrutor­Supervisor  lotado  na  unidade  básica  de  saúde  da  sua  referência.  É  vedado  ao  ACS 
desenvolver  atividades  típicas  do  serviço  interno  das  unidades  básicas  de  saúde  de  sua 
referência. 
Ao  ler  o  texto, podemos  afirmar  que é  permitido  ao  ACS  desenvolver  atividades  relacionadas 
com  a  assistência  direta  à  saúde  do  usuário,  como,  por  exemplo,  técnica  de  curativos  em 
feridas. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

2. Para ser um ACS, é necessário cumprir alguns requisitos legais e possuir um “perfil” adequado 
à  função.  Entre  os  requisitos  legais,  temos  as  seguintes  exigências:  residir  na  área  da 
comunidade em que atuar, há pelo menos um ano, e possuir o ensino médio completo. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

3. A equipe do Programa Agente Comunitário de Saúde – PACS é composta por no máximo 30 
ACS, sob a responsabilidade de um enfermeiro instrutor ­ supervisor, que deve estar lotado em 
uma  Unidade  Básica  de  Saúde.    Esse  enfermeiro  também  é  responsável  pelas  atividades  de 
capacitação dos ACS. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

Respostas dos Exercícios 

1. O Agente Comunitário de Saúde deve desenvolver atividades de prevenção das doenças e promoção da saúde, através de visitas 
domiciliares e de ações educativas individuais e coletivas nos domicílios e na Comunidade, sob supervisão e acompanhamento do 
enfermeiro  Instrutor­Supervisor  lotado  na  unidade  básica  de  saúde  da  sua  referência.  É  vedado  ao  ACS  desenvolver  atividades 
típicas do serviço interno das unidades básicas de saúde de sua referência. 
Ao ler  o texto,  podemos  afirmar  que  é  permitido  ao ACS  desenvolver  atividades relacionadas com  a  assistência  direta  à saúde  do 
usuário, como, por exemplo, técnica de curativos em feridas. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: B 
Não  é  permitido  ao  ACS  desenvolver  atividades  relacionadas  com  a  assistência  direta  à  saúde  do  usuário,  como,  por  exemplo, 
técnicas de curativos em feridas. 

2. Para ser um ACS, é necessário cumprir alguns requisitos legais e possuir um “perfil” adequado à função. Entre os requisitos legais, 
temos  as  seguintes  exigências:  residir  na  área  da  comunidade  em  que  atuar,  há  pelo  menos  um  ano,  e  possuir  o  ensino  médio 
completo. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: B 
Para ser um ACS, é necessário cumprir alguns requisitos legais e possuir um “perfil” adequado à função. Entre os requisitos legais, 
temos  as  seguintes  exigências:  residir  na  área  da  comunidade  em  que  atuar,  há  pelo  menos  dois  anos,  e  possuir  o  ensino 
fundamental completo. 

3. A  equipe  do Programa Agente Comunitário  de Saúde – PACS  é  composta  por  no  máximo  30 ACS, sob  a  responsabilidade  de  um 
enfermeiro instrutor ­ supervisor, que deve estar lotado em uma Unidade Básica de Saúde.  Esse enfermeiro também é responsável 
pelas atividades de capacitação dos ACS.

88 
SAÚDE COLETIVA 

Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: A 
Realmente,  a  equipe  do  Programa  Agente  Comunitário  de  Saúde  –  PACS  é  composta  por  no  máximo  30  ACS,  sob  a 
responsabilidade de um enfermeiro instrutor ­ supervisor, que deve estar lotado em uma Unidade Básica de Saúde, sendo também 
responsável pelas atividades de capacitação dos ACS.

89 
SAÚDE COLETIVA  

A Estratégia Saúde da Família (ESF) surgiu no Brasil em 1994 e consiste em uma decisão 
política de reorganizar a rede de assistência à saúde mediante uma política que  apontasse para a 
universalização do acesso da população brasileira à Atenção Básica e consolidasse o recente 
progresso de descentralização, inaugurado  com o advento do Sistema Único de Saúde, foi o 
norte inspirador da implementação da ESF nos mais diversos municípios brasileiros. 

AULA 13 • ESF OU PSF: HISTÓRICO, DEFINIÇÃO, PRINCÍPIOS 
E ESTRATÉGIAS • PARTE I 

Introdução 

A Estratégia Saúde da Família (ESF) surgiu  no Brasil em 1994  e chegou ao final de 2005 
com  mais  de  24.000  equipes.  A  decisão  política  de  reorganizar  a  rede  de  assistência  à  saúde 
mediante uma política que  apontasse para a universalização do acesso da população brasileira à 
Atenção  Básica  e  consolidasse  o  recente  progresso  de  descentralização,  inaugurado    com  o 
advento do Sistema Único de Saúde, foi o norte inspirador da implementação da ESF nos mais 
diversos municípios brasileiros. 

Essa experiência, no âmbito municipal, trouxe um impacto na gestão e assistência à saúde 
representado pelo comprometimento dos recursos federais para a expansão da rede assistencial 
local  e  autonomia  municipal  na  orientação  da  estratégia;  entretanto,  impôs  novas 
responsabilidades  de  gestão  e  demanda  por  profissionais  qualificados  e  comprometidos  com  a 
filosofia proposta por essa política. 

A Estratégia de Saúde da Família é considerada um modelo de Atenção Primária à Saúde, 
focado  na  unidade  familiar  e  construído  operacionalmente  na  esfera  comunitária.  Então,  a 
experiência  brasileira  de  ESF  pode  ser  considerada  como  um  modelo  coletivo  de  atenção 
primária, com a peculiaridade de ser construído no âmbito de um sistema de saúde público com 
amplitude  nacional  e  centrado  na  universalidade,  cuja  capacidade  de  impacto  na  saúde  dos 
usuários do SUS vai depender, essencialmente, da sua capacidade de integração com as redes 
de  atenção  à  saúde:  ambulatorial  especializada,  hospitalar  secundária  e  terciária,  redes  de 
serviços  de  urgência  e  emergência  e  rede  de  serviços  de  atenção  à  saúde  mental.  Embora 
historicamente  rotulada  como  um  programa  (Programa  Saúde  da  Família  –  PSF),  a  Estratégia

90 
SAÚDE COLETIVA 

Saúde da Família, por suas especificidades, foge à concepção dos demais programas concebidos 
pelo  Ministério  da  Saúde,  já  que  não  se  trata  de  uma  intervenção  verticalizada  e  paralela  às 
atividades dos serviços de saúde. 

Pelo contrário, caracteriza­se como uma estratégia que possibilita a integração e promove 
a  organização  das  atividades  em  um  território  definido,  com  o  propósito  de  propiciar  o 
enfrentamento  e  a  resolução  dos  problemas  identificados  no  nível  local.  Nesta  aula,  iremos 
denominar de Estratégia Saúde da Família/ Programa Saúde da Família (ESF/PSF), uma vez 
que ambas as denominações são encontradas na literatura, sendo pertinentes ao tema. 

Um pouco de História da ESF/PSF 

A medicina comunitária está inserida em um dos projetos de reforma em saúde, compondo 
uma  das  ideologias  sanitárias  elaboradas  na  segunda  metade  do  século  XX,  tanto  para  as 
instituições  de  ensino,  quanto  para  a  organização  dos  serviços  de  saúde.  O  movimento 
estruturou­se em 1966, nos Estados Unidos da América (EUA), quando alguns comitês formados 
pela Associação Médica Americana (AMA) e outras entidades elaboraram documentos para uma 
política federal e estadual para o financiamento da formação de médicos de família em cursos de 
pós­graduação.  Esse  acontecimento  recebeu  um  mote  ideológico  porque  visava  responder  aos 
impasses e questionamentos sobre o modelo médico hegemônico, sobretudo no que se refere aos 
altos  custos,  sofisticação  tecnológica  e  superespecialização  do  cuidado,  assim  como  tratava  de 
questões  acerca  dos  direitos  humanos,  racismo  e  pobreza.  Nos  EUA,  sua  implantação  foi 
baseada  nos  centros  comunitários  de  saúde,  focalizando  setores  minoritários  e  permanecendo 
hegemônica a assistência médica convencional. 

A  ideologia da  medicina  comunitária  surge no  cenário  técnico­político da América  Latina. 


Programas  de  saúde  comunitária  foram  implantados  na  década  de  1960,  principalmente  na 
Colômbia, no Brasil e no Chile, sob o patrocínio de fundações norte­americanas e com apoio da 
Organização  Pan  Americana  de  Saúde  (OPAS).  Em  1978,  em  Alma­ata,  a  Conferência 
Internacional  sobre  Atenção  Primária  à  Saúde,  promovida  pela  Organização  Mundial  de  Saúde 
(OMS),  reafirmou  a  saúde  como  direito  do  homem  e  estabeleceu  a  Atenção  Primária  como 
estratégia para conseguir a meta “Saúde Para Todos no Ano 2000” . A OMS passou a ser, então, 
a  maior  difusora  do  ideário  da  atenção primária  e  o  Banco  Mundial, o  maior financiador  dessas 
políticas.  No  Brasil,  o  movimento  ideológico  contra  o  modelo  hegemônico  centrado  na  doença 
prevaleceu desde a década de 1970, e teve seu momento de apogeu com a Reforma Sanitária  e 
a VIII Conferência Nacional de Saúde, em 1986, os quais culminaram com a criação do Sistema

91 
SAÚDE COLETIVA 

Único  de  Saúde,  alicerçado  nos  princípios  de  universalidade,  integralidade,  descentralização  e 
participação popular. Estava posta, assim, uma outra lógica de sistema de saúde que exigia uma 
nova estratégia de modelo de atenção à saúde. 

A  incipiente  medicina  comunitária  deitou  raízes  quando  da  implantação  do  Programa  de 
Agentes Comunitários de Saúde (PACS), no ano de 1986, como programa institucional no estado 
do Ceará e, a partir de 1991, foi implantado em outros estados brasileiros, servindo de inspiração 
para discussão e formulação do modelo atual da Estratégia Saúde da família/Programa Saúde da 
Família. Até que, por fim, no 1994, teve início a ESF/PSF enquanto instrumento de reorganização 
do SUS, sendo definida sua implantação prioritária em áreas de risco, de acordo com o Mapa da 
Fome,  elaborado  pelo  Instituto  de  Pesquisa  Econômica    Aplicada  (IPEA),  ganhando  expressão 
nacional apenas no ano de 1995. 

A  integração  PACS/PSF  foi  apresentada  pelo  governo  como  sendo  uma  “estratégia  de 
mudança do modelo assistencial”, ou melhor, como uma estratégia de consolidação dos princípios 
do Sistema Único de Saúde. Momento este em que foi lançado, pelo governo federal, como uma 
política  de  governo  para  a  saúde,  intenção  esta  que  ficou  patente    com  o  lançamento  do 
documento, ratificando a prevenção e o atendimento básico, assim, o Ministério da Saúde admite 
a Atenção Primária de Saúde como primeiro nível de atenção e como estratégia de reorientação 
do sistema de saúde. 

Quadro: Diferenças entre o modelo hegemônico de atenção à saúde e a 
Estratégia Saúde da Família/ Programa Saúde da Família (ESF/PSF) 

Modelo Hegemônico  ESF/PSF 
• Saúde como ausência de doença.  • Saúde como qualidade de vida. 
• Base em prática freqüentemente  • Prestação dos serviços de saúde como 
clientelista, em que a prestação de  um direito de cidadania. 
serviços era realizada como favor e não 
como direito do cidadão. 
• Atenção centrada no indivíduo.  • Atenção centrada no coletivo. 
• Centrado em ações curativas  • Centrado na atenção integral à saúde, 
incluindo ações de promoção, proteção, 
cura e recuperação. 
• Hospital como serviço de saúde  • Hierarquização da rede de atendimento, 
dominante.  ou seja, garantindo níveis de atenção 
primária, secundária e terciária, 
articulados entre si. 
• Serviços de saúde centrados nos  • Serviços de saúde distribuídos em todo 
centros urbanos dos municípios.  o território dos municípios, permitindo 
acesso de toda população. 
• Predomínio da intervenção do  • Predomínio da intervenção de uma 
profissional médico.  equipe interdisciplinar.

92 
SAÚDE COLETIVA 

• Planejamento e programação  • Planejamento e programação com base 
desconsiderando o perfil de saúde da  em dados que consideram o perfil de 
população.  saúde da população e priorizando as 
famílias ou grupos com maior risco de 
adoecer e morrer. 
• Desconsideração da realidade e  • Estimulação da participação 
autonomia local, não valorização da  comunitária, garantindo autonomia das 
participação comunitária.  ações de planejamento no nível dos 
territórios das equipes de saúde da 
família . 
• Funcionamento baseado na demanda  • Funcionamento dos serviços baseado 
espontânea.  na organização da demanda e no 
acolhimento da população adscrita. 
Fonte: GASTÃO e col. , 2006. 

Conceitos Básicos 

•  Família  ­  é  o  conjunto  de  pessoas  ligadas  por  laços  de  parentesco,  dependência 
doméstica ou normas  de  convivência que  residem  na  mesma  unidade  domiciliar.  Inclui 
empregado (a) doméstico (a) que reside no domicílio, pensionistas e agregados. 

•  Domicílio  ­  Designa  o  “local  de  moradia  estruturalmente  separado  e  independente, 


constituído por um ou mais cômodos”. A separação fica caracterizada quando o local de 
moradia  é  limitado  por  paredes  (muros  ou  cercas,  entre  outros)  e  coberto  por  um  teto 
que permita que seus moradores se isolem e cujos residentes arcam com parte ou todas 
as  suas  despesas  de  alimentação  e  moradia.Considera­se  independente  o  local  de 
moradia que tem acesso direto e que permite a entrada e saída de seus moradores sem 
a  passagem  por  local  de  moradia  de    outras  pessoas.  Também  são  considerados 
domicílios,  prédio  em  construção,  embarcação,  carroça,  vagão,  tenda,  gruta  e  outros 
locais que estejam servindo de moradia para a família. 

• Microárea ­ O espaço geográfico delimitado onde residem cerca de 400 a 750 pessoas e 
corresponde à área de atuação de um agente comunitário de saúde (ACS). 

•  Área  ­  O  conjunto  de  microáreas  sob  a  responsabilidade  de  uma  equipe  de  saúde  da 
família.  A  composição  da  equipe  de  saúde  e  as  coberturas  assistenciais  variam  de 
acordo  com  o  Modelo  de  Atenção  adotado  e  a  área  pode  assumir  configurações 
distintas. 

•  Área,  no  Programa  Agentes  Comunitários  de  Saúde  (PACS)  –  é  o  conjunto  de 
microáreas cobertas por uma equipe do PACS (1 instrutor /supervisor e, no máximo, 30 
agentes comunitários de saúde) dentro de um mesmo segmento territorial. Nesse caso,

93 
SAÚDE COLETIVA 

embora  as  microáreas  sejam  referenciadas  geograficamente,  elas  nem  sempre  são 
contíguas. 

•  Área,  no  PSF  – é  o  conjunto  de  microáreas  contíguas  sob a  responsabilidade  de  uma 
equipe de saúde da família, onde residem em torno de  3.00 a 4.500 pessoas.

94 
SAÚDE COLETIVA  

Compete a ESF/PSF a coordenação/ordenação de todo o espectro assistencial em saúde, 
quando por meio da Atenção Primária à Saúde se identificam as necessidades de atendimentos 
mais especializados, coordenam­se as referências para os profissionais e serviços adequados e 
acompanham­se os resultados terapêuticos e a evolução clínica dos pacientes acompanhados. 
Assim, a existência de uma rede de Atenção Primária à Saúde permite a prevenção de um 
importante número de doenças e agravos de relevância sanitária. 

AULA  14  •  ESTRATÉGIA  SAÚDE  DA  FAMÍLIA  (ESF)  OU 


PROGRAMA  SAÚDE  DA  FAMÍLIA  (PSF):  HISTÓRICO, 
DEFINIÇÃO, PRINCÍPIOS E ESTRATÉGIAS – PARTE II 

•  Segmento  territorial  –  O  segmento  é  um  conjunto  de  áreas  contíguas  que  pode 
corresponder  à  delimitação  de  um  Distrito  Sanitário,  de  uma  zona  de  informação  do 
IBGE  ou  a  outro  nível  de  agregação  importante  para  o  planejamento  e  avaliação  em 
saúde no Município. É a divisão territorial utilizada para a análise espacial dos dados em 
um determinado município. 

•  Unidade  Saúde  da  Família  (USF)  –  A  Unidade  Saúde  da  Família  (USF)  é  o  espaço 
físico  representado  pelo  antigo  Posto  ou  Centro  de  Saúde  reestruturado,  trabalhando 
numa  nova  lógica,  que  lhe  atribui  maior  capacidade  de  resposta  às  necessidades  de 
saúde  básica  da  população  de  sua  área  de  abrangência.  A  USF  deve  se  constituir  no 
primeiro  contato  do  usuário  com  o  Sistema  de  Saúde,  isto  é,    a  “porta  de  entrada”. 
Entretanto, a USF não pode ser apenas um local de triagem e encaminhamento, onde a 
maior  parte  dos  casos  é  encaminhada  (referenciada)  para  os  serviços  especializados. 
Necessita  ser  resolutiva  (resolver  o  problema  de  saúde  do  usuário  do  serviço),  com 
profissionais  capazes  de  assistir    aos  problemas  de  saúde  mais  comuns  e  de  manejar 
novos saberes que, por meio de processos educativos, promovam a saúde  e previnam 
doenças e/ou agravos em geral. A USF deve realizar uma assistência integral, contínua e 
de qualidade, desenvolvida por uma equipe interdisciplinar na própria unidade e também 
em domicílios, em locais comunitários, como escola, asilos, presídios, dentre outros. 

• Agente Comunitário de Saúde (ACS)  – O agente comunitário de saúde (ACS) deve ser 
uma pessoa da própria comunidade, que deve estar preparado para orientar as famílias

95 
SAÚDE COLETIVA 

a cuidarem de sua própria saúde e também da saúde da comunidade. É um trabalhador 
que  faz  parte  da  equipe  de  saúde  da  família,  responsável  por  uma  determinada  área. 
Devendo  atender  os  moradores  de  cada  domicílio  em  todas  as  questões  relacionadas 
com a saúde. Como requisitos para se enquadrar no trabalho do ACS, há necessidade 
de ser maior de 18 anos; saber ler e escrever; residir na comunidade há pelo menos dois 
anos;  ter  disponibilidade  de  tempo  integral  para  exercer  suas  atividades.  Entre  as 
atividades desenvolvidas pelo ACS estão: 

• Realizar mapeamento de sua área; 

• Cadastrar as famílias e atualizar permanentemente esse cadastro; 

• Identificar indivíduos e famílias expostas a situações de risco; 

• Orientar as famílias para utilização adequada dos serviços de saúde, encaminhando­os e 
até agendando consultas, exames e atendimentos odontológicos quando necessário; 

•  Realizar  ações  e  atividades,  no  nível  de  suas  competências,  nas  áreas  prioritárias  de 
Atenção Básica; 

• Realizar, por meio da visita domiciliar, acompanhamento mensal de todas as famílias sob 
sua responsabilidade; 

• Estar sempre bem informado e informar aos demais membros da equipe sobre a situação 
das famílias acompanhadas, principalmente aquelas em situação de risco; 

• Desenvolver ações educação e vigilância à saúde, com ênfase na promoção da saúde e 
na prevenção de doenças; 

• Promover a educação e a mobilização comunitária, visando desenvolver ações coletivas 
de saneamento e melhoria do meio ambiente, entre outras; 

•  Traduzir  para  a  Equipe  Saúde  da  Família  a  dinâmica  social  da  comunidade,  suas 
necessidades, potencialidades e limites; 

•  Identificar  parceiros  e  recursos  existentes  na  comunidade  que  possam  ser 


potencializados pelas equipes. 

• Equipe Saúde da Família  – O Programa Saúde da Família está estruturado em equipes 
de  saúde,  ou  seja,  no  trabalho  interdisciplinar,  ao  invés  de  estar  centrado  na  figura  do 
médico, trata­se de equipes de saúde da família. Assim, são propostas equipes para uma 
população  de  600  até  100  famílias  ou    3.00  a  4.500  pessoas,  dispondo  de  uma 
composição  variável:  1  médico  generalista,  1  enfermeiro,  1  auxiliar  de  enfermagem,  6

96 
SAÚDE COLETIVA 

agentes  comunitários  de  saúde;  eventualmente  a  equipe  pode  ser  composta  pelos 
trabalhadores  citados  e  ainda  o  odontólogo,  além  de  técnicos  de    consultório  dentário, 
técnico  higiene  dental,  assistentes  sociais  e  psicólogos.  A  atuação  da  equipe  ocorre, 
principalmente,  nas  unidades  básicas  de  saúde,  nas  unidades  saúde  da  família,  nas 
residências e na mobilização da comunidade,  caracterizando­se: como porta de entrada 
de  um  sistema  hierarquizado  e  regionalizado  de  saúde;  por  ter  território  definido,  com 
uma população delimitada, sob a sua responsabilidade (população adscrita); por intervir 
sobre os fatores de risco aos quais a comunidade está exposta; por prestar assistência 
integral, permanente e de qualidade; por realizar atividades de educação e promoção da 
saúde. Assim, a equipe saúde da família deve estar preparada para: 

• Reconhecer o território; 

•  Conhecer  a  realidade  das  famílias  pelas  quais  é  responsável,  com  ênfase  nas  suas 
características sociais, demográficas  e epidemiológicas; 

• Identificar os problemas de saúde existentes e condições de risco às quais a população 
está exposta; 

• Prestar assistência integral, incorporando como objeto das ações o indivíduo, a família e 
o meio ambiente, buscando responder de forma contínua, racionalizada e humanizada à 
demanda organizada e espontânea; 

•  Desenvolver  processos  educativos  e  novas  tecnologias  de  intervenção  em  saúde, 


voltados à melhoria do cuidado dos indivíduos e famílias; 

•  Promover  ações  intersetoriais  para  o  enfrentamento  dos  problemas  identificados, 


fortalecendo o eixo de promoção à saúde; 

• Realizar visita domiciliar com a finalidade de monitorar a situação de saúde das famílias e 
de prestar assistência domiciliar quando indicado, garantindo conforto ao usuário; 

• Participar de grupos comunitários e educativos; 

• Resolver 100% dos problemas de saúde existentes no território, elaborando o plano local 
para atendimento de processo saúde­doença. 

•  SIAB  –  Sistema  de  Informação  da  Atenção  Básica  –  A  informação  no  PSF  constitui 
ferramenta  essencial  para  o  planejamento,  monitoramento  e  avaliação  das  ações 
desenvolvidas.  Criado  em  1998,  o  SIAB  foi  pensado  como  instrumento  gerencial  dos 
Sistemas  Locais  de  Saúde  (SILOS),  adotando  como  conceitos  básicos:  território, 
problema  e  responsabilidade  sanitária,  dentro  do  conceito de  reorganização  do  SUS.  É

97 
SAÚDE COLETIVA 

um  sistema  que,  a  parir  de  relatórios  que  produz,  possibilita  a  micro­espacialização  de 
problemas  de  saúde  e  avaliação  das  intervenções.    A  partir  da  identificação  dos 
problemas  e  da  consolidação  progressiva  da  informação,  partindo  de  níveis  menos 
agregados para níveis mais agregados, as equipes de saúde da família, as unidades  de 
saúde às quais estão ligadas e os gestores podem acompanhar o trabalho e avaliar seu 
impacto  sobre  a  saúde  da  população  adscrita.  Entre  os  instrumentos  a  serem 
preenchidos no SIAB, destaca­se a Ficha A – Ficha para cadastramento das famílias , 
que deve ser preenchida pelo Agente Comunitário de Saúde (ACS) para o cadastramento 
das  famílias  residentes  em  sua  microárea,  devendo  ser  preenchida  uma  ficha  por 
família, já nas primeiras visitas realizadas. 

As  informações  colhidas  devem  constar  de:  identificação,  cadastro  de  todos  os  seus 
membros, situação de moradia e outras informações adicionais que permitem à equipe de saúde 
conhecer as condições de vida das pessoas de sua área de abrangência e melhor planejar suas 
intervenções.  A  ficha  A  deve  ser  arquivada  pelo  ACS  no  prontuário  familiar.  Para  evitar  a 
duplicação do formulário, deve ser montado um prontuário único por família com livre acesso às 
informações para a equipe. 

Acesse  a  plataforma  de  estudo  para  visualizar  a  ficha  para  cadastramento  das 
famílias. 

O  Ministério  da  Saúde  define  algumas  prioridades  de  saúde  a  serem  consideradas  pela 
atenção  básica  –  PSF  –  em  todo  o  território  nacional,  devido  sua  relevância  sanitária.  Além 
destas,  outras  poderão  ser  identificadas  conforme  especificidades  de  cada área de atuação  das 
equipes  e unidades de saúde, assim como no contexto geral do Município, porém as bases para 
seu enfrentamento devem seguir a mesma lógica e roteiro propostos para as demais. 

Prioridades e planejamento das ações na ESF/PSF: 

• Gestantes/puérperas; 

• Saúde da Mulher – agravos ginecológicos: câncer de colo de útero e de mama; Doenças 
Sexualmente Transmissíveis (DST); 

• Crianças até dois anos;

98 
SAÚDE COLETIVA 

• Hipertensão Arterial; 

• Diabetes; 

• Tuberculose; 

• Hanseníase; 

• Saúde Mental; 

• Saúde Ambiental; 

• Pessoas com deficiência; 

• Outros detectados pela equipe/unidade/secretaria  de saúde. 

Roteiro para planejamento das ações na ESF/PSF: 

• Levantamento de dados, tendo como fonte os Sistemas de Informação disponíveis (SIAB, 
SISPRENATAL, HIPERDIA, SINAN, SINASC – ver aula 16, outros); 

• Definição de objetivos (o quê); 

• Definição de estratégias (como); 

• Definição de prazos e distribuição ao longo do ano (quando); 

• Definição de responsabilidades e competências (quem); 

• Definição de necessidades de recursos materiais (quanto); 

• Definição de necessidades em investimentos de Recursos Humanos (capacitação); 

•  Definição  de  metas  em  relação  a  cada  prioridade  –  o  que  deverá  ser  pactuado  com  a 
Secretaria Municipal de Saúde; 

• Avaliação e readequação das metas e estratégias para alcançá­las. 

Conforme  definido,  compete  à  ESF/PSF  a  coordenação/ordenação  de  todo  o  espectro 


assistencial  em  saúde,  quando  por  meio  da  Atenção  Primária  à  Saúde  identificam­se  as 
necessidades  de  atendimento  mais  especializados,  coordenam­se  as  referências  para  os 
profissionais  e  serviços  adequados  e  acompanham­se  os  resultados  terapêuticos  e  a  evolução 
clínica  dos  pacientes  acompanhados.  Assim,  a  existência  de  uma  rede  de  Atenção  Primária  à 
Saúde  permite  não  somente  a  prevenção  de  um  importante  número  de  doenças  e  agravos  de 
relevância  sanitária  e  resolutividade  direta  de  até  90%  da  demanda  comunitária,  como  também

99 
SAÚDE COLETIVA 

auxilia  a  condução  clínica  e  o  manejo  terapêutico  de  pacientes  com  demanda  de  saúde 
especializada.  Logo, uma  rede  universal  de  Atenção Primária  à  Saúde, como  está  se  buscando 
pelo modelo brasileiro de ESF, possibilita melhor controle de desperdício de recursos de saúde, 
redução da duplicação da oferta de serviços, estabilidade e confiança na relação entre usuário e o 
sistema de saúde e maior eficácia no alcance de resultados de saúde. 

Exercícios 

1.  Em  1978,  em  Alma­ata,  a  Conferência  Internacional  sobre  Atenção  Primária  à  Saúde, 
promovida  pela  Organização  Mundial  de  Saúde  (OMS),  reafirmou  a  saúde  como  direito  do 
homem e estabeleceu a Atenção Primária como estratégia para conseguir a meta “Saúde Para 
Todos no Ano 2000”. 
Ao ler o texto, podemos afirmar que o princípio da Universalidade insere o Sistema Único de 
Saúde  (SUS)  brasileiro  na  proposição  determinada  pela  Declaração  de  Alma­ata  de    “Saúde 
para todos”. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta 

2. Por ser a Microárea o espaço geográfico delimitado onde residem cerca de 400 a 750 pessoas 
e  corresponder  à área de  atuação  de  um  Agente  Comunitário  de  Saúde  (ACS),  cada Equipe 
Saúde da Família pode cobrir até seis microáreas, contemplando um total de 4.500 pessoas. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta 

3.  Entre  os  instrumentos  a  serem  preenchidos  no  SIAB,  destaca­se  a  Ficha  A  –  Ficha  para 
cadastramento  das  famílias,  que  deve  ser  preenchida  pelo  Agente  Comunitário  de  Saúde 
(ACS) para o cadastramento das famílias residentes em sua microárea, sendo uma única ficha 
por pessoa e preenchida já nas primeiras visitas realizadas. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta 

4.  Assim,  a  existência  de  uma  rede  de  Atenção  Primária  à  Saúde  permite  não  somente  a 
prevenção  de  um  importante  número  de  doenças  e  agravos  de  relevância  sanitária  e 
resolutividade  direta  de  até  90%  da  demanda  comunitária,  como  também  auxilia  a  condução 
clínica e o manejo terapêutico de pacientes com demanda de saúde especializada. 
Ao  ler  o  texto,  podemos  afirmar  que    a  resolutividade  é  a  garantia  de  que  todo  usuário  do 
Sistema  Único  de  Saúde,  que  buscar  atendimento  pelo  sistema, deverá  ter  seu problema  de 
saúde resolvido, dentro da capacidade de atenção à saúde de cada serviço. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta

100 
SAÚDE COLETIVA 

Respostas dos Exercícios 

1.  Em  1978,  em  Alma­ata,  a  Conferência  Internacional  sobre  Atenção  Primária  à  Saúde,  promovida  pela  Organização  Mundial  de 
Saúde (OMS), reafirmou a saúde como direito do homem e estabeleceu a Atenção Primária como estratégia para conseguir a meta 
“Saúde Para Todos no Ano 2000”. 
Ao ler o texto, podemos afirmar que o princípio da Universalidade insere o Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro na proposição 
determinada pela Declaração de Alma­ata de  “Saúde para todos”. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: A 
Realmente,  o  princípio  da  Universalidade  insere  o  Sistema  Único  de  Saúde  (SUS)  brasileiro  na  proposição  determinada  pela 
Declaração de Alma­ata de “Saúde para todos”, uma vez que garante o acesso irrestrito aos serviços de saúde. 

2. Por ser a Microárea o espaço geográfico delimitado onde residem cerca de 400 a 750 pessoas e corresponder à área de atuação de 
um Agente Comunitário de Saúde (ACS), cada Equipe Saúde da Família pode cobrir até seis microáreas, contemplando um total de 
4.500 pessoas. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: A 
Uma Equipe Saúde da Família pode cobrir até 6 microáreas, uma vez que conta com até seis Agentes Comunitários de Saúde, num 
total de 4.500 pessoas. 
3. Entre os instrumentos a serem preenchidos no SIAB, destaca­se a Ficha A – Ficha para cadastramento das famílias, que deve ser 
preenchida pelo Agente Comunitário de Saúde (ACS) para o cadastramento das famílias residentes em sua microárea, sendo uma 
única ficha por pessoa e preenchida já nas primeiras visitas realizadas. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: B 
Entre os instrumentos a serem preenchidos no SIAB, destaca­se a Ficha A – Ficha para cadastramento das famílias , que deve ser 
preenchida pelo Agente Comunitário de Saúde (ACS) para o cadastramento das famílias residentes em sua microárea, sendo uma 
única ficha por família e preenchida já nas primeiras visitas realizadas. 

4.  Assim,  a  existência  de  uma  rede  de  Atenção  Primária  à  Saúde  permite  não  somente  a  prevenção  de  um  importante  número  de 
doenças  e  agravos  de  relevância  sanitária  e  resolutividade  direta  de  até  90%  da  demanda  comunitária,  como  também  auxilia  a 
condução clínica e o manejo terapêutico de pacientes com demanda de saúde especializada. 
Ao  ler  o  texto,  podemos  afirmar  que    a  resolutividade  é  a  garantia  de  que  todo  usuário  do  Sistema  Único  de  Saúde,  que  buscar 
atendimento pelo sistema, deverá ter seu problema de saúde resolvido, dentro da capacidade de atenção à saúde de cada serviço. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: A 
A resolutividade é a garantia de que todo usuário do Sistema Único de Saúde, que buscar atendimento pelo sistema, deverá ter seu 
problema de saúde resolvido, dentro da capacidade de atenção à saúde de cada serviço.

101 
SAÚDE COLETIVA 

AULA 15 • PACTO PELA SAÚDE 

“ Saúde é um direito de todos e dever do estado” . 

(Constituição Federal de 1988)

Introdução 

O Sistema Único de Saúde (SUS) tem uma rede de mais de 63 mil unidades ambulatoriais 
e  cerca  de  6  mil  unidades  hospitalares,  com  mais  de  440  mil  leitos.  Sua  produção  anual  é  de, 
aproximadamente, 12 milhões de internações hospitalares; 1 bilhão de procedimentos de atenção 
primária à saúde; 150 milhões de consultas médicas; 2 milhões de partos; 300 milhões de exames 
laboratoriais; 132 milhões de atendimentos de alta complexidade e 14 mil transplantes de órgãos. 
Além  de  ser  o  segundo  país  do  mundo  em  número  de  transplantes,  é  reconhecido 
internacionalmente  pelo  seu  progresso  no  atendimento  universal  às  Doenças  Sexualmente 
Transmissíveis/AIDS, na implementação do Programa Nacional de Imunização e no atendimento 
relativo  à  Atenção  Básica.  É  avaliado  positivamente  pelos  que  o  utilizam  rotineiramente  e  está 
presente em todo território nacional. 

Transcorridas  quase  duas  décadas  do  processo  de  institucionalização  do  Sistema  Único 
de Saúde (SUS), a sua implantação e implementação evoluíram muito, especialmente em relação 
aos processos de descentralização e municipalização das ações e serviços de saúde. O processo 
de descentralização ampliou o contato do Sistema com a realidade social, política e administrativa 
do  país  e  com  suas  especificidades  regionais,  tornando­se  mais  complexo  e  colocando  os 
gestores à frente de desafios que busquem superar a fragmentação das políticas e programas de 
saúde por meio da organização de uma rede regionalizada e hierarquizada de ações e serviços e 
da  qualificação  da  gestão.  Frente  a  essa  necessidade,  o  Ministério  da  Saúde,  o  Conselho 
Nacional  de  Secretários  de  Saúde  e  o  Conselho  Nacional  de  Secretários  Municipais  de  Saúde 
pactuaram responsabilidades entre os três gestores do SUS, no campo da gestão do Sistema e 
da atenção à saúde. 

Ao  longo  de  sua  história,  houve  muitos  avanços  e  também  desafios  permanentes  a 
superar. Isso tem exigido, dos gestores do SUS, um movimento constante de mudanças, pela via 
das  reformas  incrementais.  Contudo,  esse  modelo  parece  ter  se  esgotado,  de  um  lado,  pela 

102 
SAÚDE COLETIVA 

dificuldade  de  imporem­se  normas  gerais  a  um  país  tão  grande  e  desigual;  de  outro,  pela  sua 
fixação  em  conteúdos  normativos  de  caráter  técnico­processual,  tratados,  em  geral,  com 
detalhamento excessivo e enorme complexidade. 

Na  perspectiva  de  superar  as  dificuldades  apontadas,  os  gestores  do  SUS  assumem  o 
compromisso público da construção do Pacto pela Saúde 2006, que será anualmente revisado, 
com  base  nos  princípios  constitucionais  do  SUS,  ênfase  nas  necessidades  de  saúde  da 
população  e  que  implicará  o  exercício  simultâneo  de  definição  de  prioridades  articuladas  e 
integradas  nos  três  componentes:  Pacto  pela  Vida,  Pacto  em  Defesa  do  SUS  e  Pacto  de 
Gestão  do  SUS.  Essas  prioridades  são  expressas  em  objetivos  e  metas  no  Termo  de 
Compromisso de Gestão e estão detalhadas no documento Diretrizes Operacionais do Pacto pela 
Saúde 2006. 

O Pacto pela Vida: 

O  Pacto  pela  Vida  está  constituído  por  um  conjunto  de  compromissos  sanitários, 
expressos em objetivos de processos e resultados e derivados da análise da situação de saúde 
do  país  e  das  prioridades  definidas  pelos  governos  federal,  estadual  e  municipal.  Significa  uma 
ação prioritária no campo da saúde que deverá ser executada com foco em resultados e com a 
explicitação  inequívoca  dos  compromissos  orçamentários  e  financeiros  para  o  alcance  desses 
resultados. 

O  Pacto  pela Vida  é o  compromisso  entre os gestores  do  SUS  em torno de prioridades 


que  apresentam  impacto  sobre  a  situação  de  saúde  da  população  brasileira.  A  definição  de 
prioridades  deve  ser  estabelecida  por  meio  de  metas  nacionais,  estaduais,  regionais  ou 
municipais.  Prioridades  estaduais  ou  regionais  podem  ser  agregadas  às  prioridades  nacionais, 
conforme  pactuação  local.  Os  estados/regiões/municípios  devem  pactuar  as  ações  necessárias 
para o alcance das metas e dos objetivos propostos. 

São seis as prioridades pactuadas: 

1) Saúde do idoso: Implantar a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, buscando a 
atenção integral. 

2)  Câncer  de  colo  de  útero  e  de  mama:  Contribuir  para  a  redução  da  mortalidade  por 
câncer de colo do útero e de mama.

103 
SAÚDE COLETIVA 

3) Mortalidade infantil e materna: Reduzir a mortalidade materna, infantil neonatal, infantil 
por doença diarréica e por pneumonias. 

4)  Doenças  emergentes  e  endemias,  com  ênfase  na  dengue,  hanseníase,  tuberculose, 
malária  e  influenza:  Fortalecer  a  capacidade  de  resposta  do  sistema  de  saúde  às 
doenças emergentes e endemias. 

5) Promoção de saúde: Elaborar e implantar a Política Nacional de Promoção da Saúde, 
com ênfase na adoção de hábitos saudáveis por parte da população brasileira, de forma 
a  internalizar  a  responsabilidade  individual  da  prática  de  atividade  física  regular, 
alimentação saudável e combate ao tabagismo. 

6) Atenção básica à saúde: Consolidar e qualificar a estratégia da Saúde da Família como 
modelo  de atenção  básica  à  saúde  e  como  centro  ordenador  das  redes  de  atenção  à 
saúde do SUS. 

O Pacto em Defesa do SUS: 

O Pacto em Defesa do SUS envolve ações concretas e articuladas pelas três instâncias 
federativas  no  sentido  de  reforçar  o  SUS  como  política  de  Estado  mais  do  que  política  de 
governos;  e  de  defender,  vigorosamente,  os princípios  basilares  dessa  política  pública,  inscritos 
na Constituição Federal. 

A  concretização  desse  Pacto  passa  por  um  movimento  de  repolitização  da  saúde,  com 
uma  clara  estratégia  de  mobilização  social  envolvendo  o  conjunto  da  sociedade  brasileira, 
extrapolando os limites do setor e vinculada ao processo de instituição da saúde como direito de 
cidadania, tendo o financiamento público da saúde como um dos pontos centrais. 

As prioridades do Pacto em Defesa do SUS são: 

1) Implementar um projeto permanente de mobilização social com a finalidade de: 

•  Mostrar  a  saúde  como  direito  de  cidadania  e  o  SUS  como  sistema  público  universal 
garantidor desses direitos; 

•  Alcançar,  no  curto  prazo,  a  regulamentação  da  Emenda  Constitucional  nº  29,  pelo 
Congresso Nacional; 

• Garantir, no longo prazo, o incremento dos recursos orçamentários e financeiros para a 
saúde;

104 
SAÚDE COLETIVA 

•  Aprovar  o orçamento  do  SUS,  composto pelos  orçamentos  das  três esferas de gestão, 


explicitando o compromisso de cada uma delas. 

2) Elaborar e divulgar a carta dos direitos dos usuários do SUS. 

O Pacto de Gestão do SUS 

O  Pacto  de  Gestão  estabelece  as  responsabilidades  claras  de  cada  ente  federado  de 
forma  a  diminuir  as  competências  concorrentes  e  a  tornar  mais  claro  quem  deve  fazer  o  quê, 
contribuindo, assim, para o fortalecimento da gestão compartilhada e solidária do SUS. 

Esse  Pacto  parte  de  uma  constatação  indiscutível:  o  Brasil  é  um  país  continental  e  com 
muitas  diferenças  e  iniqüidades  regionais.  Mais  do  que  definir  diretrizes  nacionais, é  necessário 
avançar  na  regionalização  e  descentralização  do  SUS,  a  partir  de  uma  unidade  de  princípios  e 
uma diversidade operativa que respeite as singularidades regionais. 

Esse  Pacto  radicaliza  a  descentralização  de  atribuições  do  Ministério  da  Saúde  para  os 
estados  e  para  os  municípios,  promovendo  um  choque  de  descentralização,  acompanhado  da 
desburocratização  dos  processos  normativos.  Reforça  a  territorialização  da  saúde  como  base 
para  organização  dos  sistemas,  estruturando  as  regiões  sanitárias  e  instituindo  colegiados  de 
gestão regional. 

Reitera a importância da participação e do controle social com o compromisso de apoio à 
sua qualificação. 

Explicita as diretrizes para o sistema de financiamento público tripartite: busca critérios de 
alocação  eqüitativa  dos  recursos;  reforça  os  mecanismos  de  transferência  fundo  a  fundo  entre 
gestores;  integra  em  grandes  blocos  o  financiamento  federal  e  estabelece  relações  contratuais 
entre os entes federativos. 

As prioridades do Pacto de Gestão são: 

1) Definir de forma inequívoca a responsabilidade sanitária de cada instância gestora dos 
SUS: federal, estadual e municipal, superando o atual processo de habilitação. 

2)  Estabelecer  as  diretrizes  para  a  gestão  do  SUS:  com  ênfase  na  Descentralização; 
Regionalização;  Financiamento;  Programação  Pactuada  e  Integrada;  Regulação; 
Participação  e  Controle  Social;  Planejamento;  Gestão  do  Trabalho  e  Educação  na 
Saúde.

105 
SAÚDE COLETIVA 

Exercícios 

1.  “O Pacto pela  Vida é  o  compromisso entre  os  gestores  do  SUS  em  torno  de prioridades  que 
apresentam  impacto  sobre  a  situação de  saúde da  população brasileira,  ele é  constituído por 
um  conjunto  de  compromissos  sanitários,  expressos  em  objetivos  de  processos  e  resultados 
derivados da análise da situação de saúde do País”. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

2. “O Pacto em Defesa do SUS envolve ações concretas e articuladas pela instância federal no 
sentido de reforçar o SUS como política de Estado mais do que política de governos”. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

3. “O Pacto de Gestão radicaliza a descentralização de atribuições do Ministério da Saúde para os 
estados e para os municípios, promovendo um choque de descentralização, acompanhado da 
desburocratização  dos processos normativos.  Reforça  a  territorialização  da  saúde  como  base 
para organização  dos  sistemas,  estruturando as regiões  sanitárias  e  instituindo  colegiados de 
gestão regional”. 
Ao  ler  o  texto,  podemos  afirmar  que  a  descentralização  é  valorizada  na  lógica  do  Pacto  de 
Gestão. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

Respostas dos Exercícios 

1. “O Pacto pela Vida é o compromisso entre os gestores do SUS em torno de prioridades que apresentam impacto sobre a situação 
de  saúde  da  população  brasileira,  ele  é  constituído  por  um  conjunto  de  compromissos  sanitários,  expressos  em  objetivos  de 
processos e resultados derivados da análise da situação de saúde do País”. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: A 
O Pacto pela Vida é o compromisso entre gestores do SUS em torno de prioridades decorrentes dos resultados derivados da análise 
da situação de saúde do país. 

2. “O Pacto em Defesa do SUS envolve ações concretas e articuladas pela instância federal no sentido de reforçar o SUS como política 
de Estado mais do que política de governos”. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: B 
Pacto em Defesa do SUS envolve ações concretas e articuladas pelas três instâncias federativas no sentido de reforçar o SUS como 
política de Estado mais do que política de governos. 

3.  “O  Pacto  de  Gestão  radicaliza  a  descentralização  de  atribuições  do  Ministério  da  Saúde  para  os  estados  e  para  os  municípios, 
promovendo  um  choque  de  descentralização,  acompanhado  da  desburocratização  dos  processos  normativos.  Reforça  a 
territorialização da saúde como base para organização dos sistemas, estruturando as regiões sanitárias e instituindo colegiados de 
gestão regional”. 
Ao ler o texto, podemos afirmar que a descentralização é valorizada na lógica do Pacto de Gestão. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: A 
A descentralização é realmente valorizada na lógica do Pacto de Gestão.

106 
SAÚDE COLETIVA  

As determinações legais vigentes no Sistema Único de Saúde mostram a descentralização 
e a participação popular como diretrizes de atuação político­administrativa que devem ser 
acatadas pelas três instâncias de governo. Os municípios são reconhecidos como entes 
governamentais autônomos que devem responsabilizar­se pelo planejamento, organização, 
controle e avaliação das ações e serviços de saúde de sua região. 

AULA 16 • SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS) 

Introdução 

A  finalidade  da  informação  em  saúde  consiste  em  identificar  problemas  individuais  e 
coletivos do quadro sanitário de uma população, propiciando elementos para análise da situação 
encontrada  e  subsidiando  a  busca  de  possíveis  alternativas  para  resoluções.  Assim,  as 
informações  em  saúde  devem  abranger  aquelas  relativas  ao  processo  saúde/doença,  e  as  de 
caráter administrativo, todas essenciais para elaboração de políticas para o setor. O Sistema de 
Informação em Saúde (SIS) pode ser entendido como um instrumento para adquirir, organizar e 
analisar  dados  necessários  à  definição  de  problemas  e  riscos  para  a  saúde,  avaliar  a  eficácia, 
eficiência e  influência que os  serviços  prestados  possam  ter  no  estado de  saúde  da população, 
além  de  contribuir  para  a  produção  de  conhecimento  acerca  da  saúde  e  dos  assuntos  a  ela 
ligados.  No  Brasil,  tradicionalmente,  a  produção  e  utilização  da  informação  em  saúde,  dando 
origem  a  diagnósticos  sobre  a  situação  sanitária  de  cada  município,  quase  sempre  foram 
realizadas  pelos  governos  federal  ou  estadual,  sem  participação  local.  Contudo,  a  própria  lei 
orgânica da saúde prevê, como competência e atribuição comuns à União, estados e municípios, 
a organização e coordenação do sistema de informação em saúde. 

Ao município é atribuído, portanto, juridicamente, um papel bem mais amplo do que o de 
mero coletor de dados, sendo capaz de produzir, organizar e coordenar a informação em saúde 
de sua região.

107 
SAÚDE COLETIVA 

Algumas fontes de informação no SUS 

O Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC) vem sendo desenvolvido desde 
1990  pela  Fundação  Instituto  Brasileiro  de  Geografia  e  Estatística  (FIBGE)  mediante  os  dados 
contidos no  Registro  Civil.  Um  dos  maiores problemas  encontrados, diz  respeito  ao  sub­registro 
de nascimentos, preocupação de alguns pesquisadores desde a década de 1940. Essa situação 
compromete  sobremaneira  a  cobertura  do  sistema,  uma  vez  que  as  informações  subestimadas 
prejudicam  a  qualidade  de  todos  os  indicadores  que  utilizam  o  número  de  nascidos  vivos, 
acarretando  falsas  conclusões  nas  análises  do  comportamento  evolutivo  dos  indicadores  no 
Brasil. A base desse sistema é a Declaração de Nascimento (DN), a qual deverá ser preenchida 
para  todos  os  nascimentos  vivos  ocorridos  no  país.  É  importante  assinalar  que  o  Estatuto  da 
Criança  e  do  Adolescente  –  Lei  8069  de  13­07­90,  em  seu  artigo  10,  no  IV  –  considerou 
obrigatória a emissão da declaração de nascido vivo com o objetivo de garantir à criança proteção 
à vida e à saúde, juntamente com outras medidas. 

O  preenchimento  da  DN  pode  ser  efetuado  por  qualquer  profissional  qualificado  do 
estabelecimento  onde  ocorreu  o  evento.  A  DN  deve  ser  preenchida  em  três  vias:  a  primeira, 
permanece  no  estabelecimento  de  saúde  para  ser  recolhida  posteriormente  pela  Secretaria 
Estadual de Saúde (SES); a segunda via é entregue à mãe ou responsável pelo recém­nascido 
para  ser  levada  ao  Cartório  com  vistas  ao  registro  de  nascimento;  a  terceira  via  é  entregue  ao 
Serviço de Saúde em que a criança receberá os primeiros cuidados, possibilitando que o pediatra 
obtenha informações adequadas referentes às condições do nascimento. A gradativa implantação 
do SINASC, em âmbito nacional, vem ocorrendo sob responsabilidade dos órgãos estaduais (SES 
ou Fundações das Secretarias de Planejamento), sendo enviado posteriormente ao Ministério da 
Saúde  para a  consolidação dos  dados. Alguns ajustes operacionais  diferenciaram a  capacidade 
de implantação do SINASC nos diversos municípios brasileiros. 

O Sistema de Informação de Mortalidade – SIM foi criado em 1976, a partir do modelo 
padronizado  de  Declaração  de  Óbito  (DO)  em  todo  o  território  nacional.  Justificado  não apenas 
para  o  atendimento  das  exigências  legais,  o  SIM  tem  o  objetivo  principal  de  fornecer  subsídios 
para  traçar  o  perfil  de  mortalidade  no  país.  Contém  informações  sobre  o  óbito,  como  a  causa 
básica,  data,  local  e  município  de  ocorrência,  assim  como  o  indivíduo  que  faleceu,  tais  como  a 
idade, sexo, grau de escolaridade, ocupação e município de residência. 

Porém um dos problemas que limitam as análises de mortalidade no Brasil é o sub­registro 
dos óbitos, sobretudo no norte e nordeste e entre as crianças menores de um ano de idade.

108 
SAÚDE COLETIVA 

O  Sistema  de  Informações  de  Agravos  de  Notificação  –  SINAN  contém  informações 
sobre  todos  os  agravos  de  notificação  compulsória  no  Brasil,  com  o  objetivo  de  fornecer  dados 
para  caracterizar  o  perfil  de  morbidade  (relativo  às  doenças)  vigente.  O  sistema  contém 
informações  relevantes  que  têm  sido  utilizadas  para  caracterizar  a  dinâmica  temporal  das 
ocorrências  das  doenças,  assim  como  para  subsidiar  as  ações  de  prevenção  e  controle  das 
mesmas. 

O Sistema de  Informação do Programa Nacional de Imunizações – SI­PNI tem como 
maior objetivo possibilitar, aos gestores envolvidos no Programa  Nacional de Imunização (PNI), 
uma avaliação dinâmica do risco quanto à ocorrência de casos das doenças possíveis de serem 
prevenidas  por  imunização,  a  partir  dos  produtos  imunizantes  (vacinas  e  soros)  aplicados  e  do 
quantitativo  populacional  que  foi  beneficiado,  os  quais  são  agregados  por  faixa  etária,  em 
determinado  período  de  tempo,  em  uma  área  geográfica.  Por  outro  lado,  possibilita  também  o 
controle  do  estoque  de  produtos  imunizantes  necessários  aos  administradores  que  têm  a 
incumbência de programar sua aquisição e distribuição. 

O DATASUS – Gerência de Informatização de Programas de Saúde – para alcançar os 
objetivos  da  informatização  das  atividades  do  Sistema  Único  de  Saúde,  dentro  das  diretrizes 
tecnológicas  adequadas,  foi  atribuída,  ao  Departamento  de  Informática  do  SUS  –DATASUS, 
órgão da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde, a responsabilidade de coletar, processar e 
disseminar  informações  sobre  saúde.        Sendo  um  órgão  de  informática  de  âmbito  nacional, 
representa  papel  importante  como  centro  tecnológico  de  suporte  técnico  e  normativo  para  a 
montagem  dos  sistemas  de  informática  e  informação  da  saúde.  Suas  extensões  estaduais 
constituem a linha de frente no suporte técnico às Secretarias Estaduais e Municipais se Saúde. 
Seu  papel  é  prover  os  órgãos  do  SUS  de  sistemas  de  informação  e  suporte  de  informática, 
necessário  ao  processo  de  planejamento,  operação  e  controle  do  Sistema  Único  de  Saúde, 
através  da  manutenção  de  base  de  dados  nacionais,  apoio  e  consultoria  na  implantação  de 
sistemas e coordenação das atividades de informática inerentes ao funcionamento integrado dos 
mesmos. 

Sistema  de  Informações  Hospitalares  do  SUS  –  SIH/SUS  é  um  sistema  gerido  pelo 
Ministério  da  Saúde,  através  da  Secretaria  de  Assistência  à  Saúde,  em  conjunto  com  as 
Secretarias Estaduais de  Saúde e  as  Secretarias  Municipais  de Saúde, fornece os dados sobre 
internações  hospitalares  do  SUS.  As  unidades  hospitalares  participantes  do  SUS  (públicas  ou 
particulares  conveniadas  e/ou  contatadas)  enviam  as  informações  das  internações  efetuadas 
através da Autorização de Internação Hospitalar – AIH, para os gestores municipais ou estaduais. 
Essas  informações  são  processadas no  DATASUS, gerando os  créditos  referentes aos  serviços

109 
SAÚDE COLETIVA 

prestados  e  construindo  uma  valiosa  base  de  dados  de  morbidade  (referente  às  doenças) 
hospitalar,  que  contém  informações  de  grande  parte  das  internações  hospitalares  realizadas  no 
Brasil. 

Sistema de Informações  Ambulatoriais do SUS (SAI/SUS) ­ Os dados disponíveis são 
gerados  a  partir  das  informações  enviadas  pelas  Secretarias  Municipais  de  Saúde  e/ou  pelas 
Secretarias  Estaduais  de Saúde. As bases de  dados  municipais  e  estaduais  são  recebidas pelo 
DATASUS,  que  gera  o  banco  de  dados  nacional  SAI/SUS  e  disponibiliza  informações  sobre  a 
rede  ambulatorial  do  SUS.  Onde  são  obtidos  dados  sobre  todas  as  unidades  ambulatoriais 
prestadoras de serviço para o SUS. O sistema compreende informações sobre toda a produção 
ambulatorial, incluindo atendimentos médicos e odontológicos, aplicação de vacinas e realização 
de exames laboratoriais. 

O  SISPRENATAL  é  o  Programa  de  Humanização  no  Pré­natal  e  Nascimento,  instituído 


pelo Ministério da Saúde, através da Portaria/GM nº 569, de 01/06/2000, e baseado nas análises 
das necessidades de atenção específica à gestante, ao recém­nascido e à mulher no período pós­ 
parto, busca: 

1) Concentrar esforços no sentido de reduzir as altas taxas de morbi­mortalidade materna 
e perinatal; 

2) Adotar medidas que assegurem a melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade do 
acompanhamento pré­natal, da assistência ao parto, puerpério e neonatal; e 

3) Ampliar as ações já adotadas pelo Ministério da Saúde na área de atenção à gestante, 
como os  investimentos nas  redes  estaduais  de assistência  à gestação de  alto  risco,  o 
incremento do custeio de procedimentos específicos e outras ações, como o Projeto de 
Capacitação  de  Parteiras  Tradicionais,  do  financiamento  de  cursos  de  especialização 
em  enfermagem obstetrícia e a  realização  de  investimentos  nas  unidades hospitalares 
integrantes dessas redes. 

O  Programa de  Humanização  no  Pré­natal  e  Nascimento  está  estruturado  nos  seguintes 


princípios: 

1) toda gestante tem o direito ao acesso a atendimento digno e de qualidade no decorrer 
da gestação, parto e puerpério; 

2) toda gestante tem direito de conhecer e ter assegurado o acesso à maternidade em que 
será atendida no momento do parto;

110 
SAÚDE COLETIVA 

3) toda gestante tem direito à assistência ao parto e ao puerpério e que seja realizada de 
forma  humanizada  e  segura,  de  acordo  com  os  princípios  gerais  e  condições 
estabelecidas pelo conhecimento médico; e 

4) todo recém­nascido tem direito à assistência neonatal de forma humanizada e segura. 

O  software  foi  desenvolvido  pelo  DATASUS  com  a  finalidade  de  permitir  o 


acompanhamento  adequado  das  gestantes  inseridas  no  Programa  de  Humanização  no  Pré­ 
Natal  e  Nascimento  (PHPN),  do  Sistema  Único  de  Saúde.  No  SISPRENATAL  está  definido  o 
elenco  mínimo  de  procedimentos  para  uma  assistência  pré­natal  adequada.  Permite  o 
acompanhamento  das  gestantes,  desde  o  início  da  gravidez  até  a  consulta  de  puerpério.  O 
SISPrenatal  é  um  banco  de  dados  dinâmico  onde  permanentemente  estão  sendo  digitados 
cadastros  de  consultas  e  exames  de  usuárias  residentes  em  um  determinado  município  em 
acompanhamento de Pré­Natal. Para obter a documentação que orienta como fazer a implantação 
do PHPN, acesse a nossa área de download. 

Para ilustrar a natureza dos dados constantes no sistema, foi selecionado os indicadores 
do SISPRENATAL do município de Porto Alegre dos anos de 2005 e 2006 (Tabela Abaixo). 

Outros Sistemas de Informações em Saúde: 

•  Sistema  de  Controle  de  Exames  Laboratoriais  ­  SISCEL  destinado  às  informações 
referentes  ao  diagnóstico,  monitoramento  e  terapia  anti­retroviral    para  pessoas 
infectadas com o vírus HIV/AIDS. 

• Sistema de Informação da Atenção Básica – visto na aula de ESF/PSF.

111 
SAÚDE COLETIVA 

Principais problemas para viabilização do Sistema de Informação em Saúde 

Apesar de haver um Sistema de Informação em Saúde nos moldes de diversos países, no 
Brasil, observam­se problemas na viabilização desse sistema nas diversas esferas de governo: no 
âmbito federal, as informações em saúde encontram­se dispersas em vários órgãos e ministérios. 
Observa­se falta de padronização nos procedimentos de obtenção, tratamento e disseminação e a 
periodicidade adotada nem sempre é a mais adequada. na esfera estadual, é possível dizer que, 
atualmente,  todas  as  secretarias  estaduais  de  saúde possuem alguma estrutura  específica para 
informação,  ainda  que  nem  sempre  com  o  grau  de  desenvolvimento  adequado;  no  âmbito  dos 
municípios, a maioria deles efetua apenas procedimentos de coleta de dados para os sistemas de 
âmbito  federal  ou  estadual.  E  entre  os  principais  problemas  que  enfrentam  para  produzir  a 
informação em saúde de sua região, encontram­se: 

• A falta ou deficiência de infra­estrutura de informática; 

• A insuficiência de recursos humanos qualificados; falta de padronização e normatização 
dos procedimentos de coleta de dados; 

•  A  falta  de  hierarquização  na  produção  e  uso  das  informações  nos  diversos  níveis  da 
rede; 

•  O  insuficiente  grau  de  utilização  dos  dados  para  análise  do  sistema  e  dos  serviços  de 
saúde; 

• Dificuldade ao acesso de informações, etc. 

É fundamental, ainda, que as três esferas de atuação governamental  (federal, estadual e 
municipal)  permitam  e  facilitem  o  acesso  às  informações  por  elas  produzidas,  inclusive  às 
instâncias de  controle  social, e  promovam o  intercâmbio de dados e  experiências.  A adoção  de 
diretrizes e práticas que permitam a utilização das informações existentes nos três segmentos de 
governo e  o  livre fornecimento de dados pode  contribuir,  significativamente,  para  a ampliação  e 
aperfeiçoamento do relacionamento entre as estruturas que compõem o SUS. 

Exercícios 

1. A finalidade da informação em saúde consiste em identificar problemas individuais e coletivos 
do  quadro  sanitário  de  uma  população,  propiciando  elementos  para  análise  da  situação 
encontrada  e  subsidiando  a  busca  de  possíveis  alternativas  para  resoluções.  Assim,  as

112 
SAÚDE COLETIVA 

informações em  saúde  devem  abranger apenas aquelas  relativas  ao  processo  saúde/doença. 


Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

2. A base do Sistema de Informação de Nascidos Vivos ­ SINASC é a Declaração de Nascimento 
(DN),  a  qual  deverá  ser  preenchida  para  todos  os  nascimentos  vivos  ocorridos  no  país.  É 
importante assinalar que o Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8069 de 13­07­90, em 
seu artigo 10, no IV – considerou obrigatória a emissão da declaração de nascido vivo com o 
objetivo de garantir à criança proteção à vida e à saúde, juntamente com outras medidas. Pode­ 
se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

3. Um dos problemas que limitam o Sistema de Informação de Mortalidade – SIM e as análises de 
mortalidade  no  Brasil  é  o  sub­registro  dos  óbitos,  sobretudo  no  norte  e  nordeste  e  entre  as 
crianças menores de um ano de idade. Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

Respostas dos Exercícios 

1.  A  finalidade  da  informação  em  saúde  consiste  em  identificar  problemas  individuais  e  coletivos  do  quadro  sanitário  de  uma 
população,  propiciando  elementos  para  análise  da  situação  encontrada  e  subsidiando  a  busca  de  possíveis  alternativas  para 
resoluções. Assim,  as informações  em saúde devem  abranger  apenas  aquelas relativas  ao processo saúde/doença. Pode­se  dizer 
que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: B 
As  informações  em  saúde  não  devem  abranger  apenas  aquelas  relativas  ao  processo  saúde/doença,  mas  também  aquelas  de 
caráter administrativo, todas essenciais para elaboração de políticas para o setor. 

2. A base do Sistema de Informação de Nascidos Vivos ­ SINASC é a Declaração de Nascimento (DN), a qual deverá ser preenchida 
para todos os nascimentos vivos ocorridos no país. É importante assinalar que o Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8069 de 
13­07­90,  em seu  artigo 10,  no IV  –  considerou  obrigatória  a  emissão  da declaração  de nascido  vivo com  o  objetivo  de garantir  à 
criança proteção à vida e à saúde, juntamente com outras medidas. Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: A 
O Estatuto da Criança  e  do Adolescente (ECA) considerou  obrigatória  a  emissão da declaração  de  nascido  vivo com  o  objetivo  de 
garantir à criança proteção à vida e à saúde, juntamente com outras medidas. 

3.  Um  dos  problemas  que  limitam  o  Sistema  de  Informação  de  Mortalidade  –  SIM  e  as  análises  de  mortalidade  no  Brasil  é  o  sub­ 
registro dos  óbitos, sobretudo no norte  e  nordeste  e  entre  as crianças  menores de um  ano  de idade. Pode­se  dizer que  essa  idéia 
está: 
RESPOSTA CORRETA: A 
Realmente, um dos problemas que limitam o Sistema de Informação de Mortalidade – SIM e as análises de mortalidade no Brasil é o 
sub­registro dos óbitos, sobretudo no norte e nordeste e entre as crianças menores de um ano de idade.

113 
SAÚDE COLETIVA 

AULA 17 • PRINCIPAIS ÓRGÃOS DE SAÚDE 

Organização Mundial da Saúde (OMS) 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) é uma agência especializada em saúde, fundada 
em 7 de abril de 1948 e subordinada à Organização das Nações Unidas (ONU). Sua sede é em 
Genebra, na Suíça. O diretor geral é, desde 2006, o sueco Anders Nordstrom. 

A  OMS  teve  sua  origem  nas  guerras  do  fim  do  século  XIX  (México,  Criméia),  após  a 
Primeira  Guerra  Mundial.  Segundo  sua  constituição,  a  OMS  tem  por  objetivo  desenvolver,  ao 
máximo  possível,  o  nível  de  saúde  de  todos  os  povos.  A  saúde,  sendo  definida  nesse  mesmo 
documento  como  um  “estado  de  completo  bem­estar  físico,  mental  e  social,  e  não  consistindo 
somente da ausência de uma doença ou enfermidade”. 

Veja  o  quadro  1  com  as  obras  que  representam  os  agravos  da  modernidade, 
disponível no ambiente de estudo. 

O desafio contido nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). 

ODM:  Síntese  do  Ciclo  de  Conferências  da  Organização  das  Nações  Unidas  (ONU)  ­ 
(década de 90). 

Os objetivos propostos pela ODM para o milênio são: 

1) Erradicar a extrema pobreza e a fome; 

2) Atingir o ensino básico universal; 

3) Promover a igualdade de gênero e a autonomia das mulheres; 

4) Reduzir a mortalidade infantil; 

5) Melhorar a saúde materna; 

6) Combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças; 

7) Garantir a sustentabilidade ambiental; 

8) Estabelecer uma Parceria Mundial para o Desenvolvimento.

114 
SAÚDE COLETIVA 

Outro  objetivo  e  apelo  da  Organização  Mundial  da  Saúde  (OMS)  é  em  relação  ao 
tabagismo,  buscando  por  medidas  mais  rígidas  no  combate  ao  fumo,  e  têm  sido  atendidas  em 
todo  o  mundo.  A  OMS  propôs  que  todos  os  países  proíbam  o  fumo  em  locais  de  trabalho  e 
ambientes  públicos  fechados.  A  sua  ampla  campanha,  nos  riscos  do  fumo  passivo,  revela  que 
cerca  de  200  mil  não­fumantes  morrem  por  ano  devido  à  exposição  à  fumaça  dos  cigarros  em 
locais  de  trabalho.  Com  outro  dado  alarmante,  a  organização  pede  que  os  pais  redobrem  os 
cuidados  com  seus  filhos:  cerca  de  metade  das  crianças  do  mundo,  aproximadamente  700 
milhões, respiram ar com fumaça de tabaco. 

Considerado uma doença gravíssima pela comunidade científica, o tabagismo figura como 
a segunda maior causa de morte em todo o mundo: a cada ano, 5 milhões de pessoas perdem a 
vida. Se os níveis de consumo atuais perdurarem, a cifra deve dobrar até 2020. 

O  Brasil  tem  participação  fundamental  na  história  da  Organização  Mundial  da  Saúde, 
criada pela ONU para elevar os padrões mundiais de saúde. A proposta de criação da OMS, em 
1948,  foi  de  autoria  dos  delegados  do  Brasil,  que  propuseram  o  estabelecimento  de  um 
"organismo  internacional  de  saúde  pública  de  alcance  mundial".  Desde  então,  Brasil  e  OMS 
desenvolvem intensa cooperação. 

A  já  tradicional  presença  da  comunidade  médico­científica  brasileira,  nos  projetos  e 


programas  incentivados  pela  OMS,  foi  especialmente  intensa  entre  1948  e  1968,  quando  o 
médico  brasileiro  Marcolino  Candau  ocupou  a  direção  geral  da  Organização.  Atualmente,  a 
atuação  brasileira  junto  à  OMS  é  de  reconhecida  importância  nas  mais  variadas  áreas, 
especialmente no combate de endemias e de doenças tropicais e no fortalecimento dos sistemas 
de  saúde  nos  países  em  desenvolvimento.  Em  nível  regional,  a  OMS  atua  na  América  Latina 
através da Organização Pan­Americana de Saúde (OPAS). 

Organização Pan­Americana da Saúde (OPAS) 

A Organização Pan­Americana da Saúde é um organismo internacional de saúde pública 
com  um  século  de  experiência,  dedicado  a  melhorar  as  condições  de  saúde  dos  países  das 
Américas. Ela também atua como Escritório Regional da Organização Mundial da Saúde para as 
Américas  e  faz  parte  dos  sistemas  da  Organização  dos  Estados  Americanos  (OEA)  e  da 
Organização das Nações Unidas (ONU). A OPAS contribui para o fortalecimento do setor saúde 
nos  países,  para  que  os  programas  prioritários  sejam  executados  e  para  que  sejam  utilizados

115 
SAÚDE COLETIVA 

enfoques  multisetoriais  e  integrais  de  saúde.  Temos  sede  da  OPAS  nos  Estados  Unidos  da 
América, sediada em Washington e, no Brasil, em Brasília, juntamente com a OMS. 

As  atividades  da  OPAS  são  dirigidas  à  busca  da  eqüidade  nas  ações  que  beneficiem 
grupos mais vulneráveis, em especial, as mães e as crianças, os trabalhadores, os mais pobres, 
os  mais  velhos,  os  refugiados  e  os  desabrigados.  A  Organização  coopera  com  os  países  nos 
preparativos para situações de emergência e na coordenação de socorro em casos de desastres, 
bem  como  no  controle  de  doenças  transmissíveis,  como  malária,  chagas,  raiva  urbana,  lepra  e 
outras que afetam a população americana. 

Ministério da Saúde (MS) 

Muito embora a história da Saúde Pública Brasileira tenha início em 1808, o Ministério da 
Saúde só veio a ser instituído no dia 25 de julho de 1953, com a Lei nº 1.920, que desdobrou o 
então Ministério da Educação e Saúde em dois ministérios: Saúde e Educação; e Cultura. A partir 
da sua criação, o Ministério passou a encarregar­se, especificamente, das atividades até então de 
responsabilidade do Departamento Nacional de Saúde (DNS), mantendo a mesma estrutura que, 
na época, não era suficiente para dar ao órgão governamental o perfil de Secretaria de Estado, 
apropriado para atender aos importantes problemas da saúde pública existentes.  Na verdade, o 
Ministério  limitava­se a  ação  legal e  a  mera divisão das  atividades de  saúde  e  educação, antes 
incorporadas num só ministério. Mesmo sendo a principal unidade administrativa de ação sanitária 
direta do Governo, essa função continuava, ainda, distribuída por vários ministérios e autarquias, 
com  pulverização  de  recursos  financeiros  e  dispersão  do  pessoal  técnico,  ficando  alguns 
vinculados a órgãos de administração direta, outros às autarquias e fundações. 

Ao longo desses cinqüenta anos de existência, o Ministério da Saúde passou por diversas 
reformas  na  estrutura.  Destaca­se  a  reforma  de  1974,  na  qual  as  Secretarias  de  Saúde  e  de 
Assistência Médica foram englobadas, passando a constituir a Secretaria Nacional de Saúde, para 
reforçar  o  conceito  de  que  não  existia  dicotomia  entre  Saúde  Pública  e  Assistência  Médica.  No 
mesmo  ano,  a  Superintendência  de  Campanhas  de  Saúde  Pública  ­  SUCAM  ­  passa  à 
subordinação  direta  do  Ministro  do  Estado,  para  possibilitar­lhe  maior  flexibilidade  técnica  e 
administrativa,  elevando­se  a  órgão  de  primeira  linha.  Foram  criadas  as  Coordenadorias  de 
Saúde, compreendendo cinco regiões: Amazônia, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro­Oeste, ficando 
as  Delegacias  Federais  de  Saúde  compreendidas  nessas  áreas  subordinadas  às  mesmas.  As 
Delegacias  Federais  de  Saúde  deixavam,  assim,  de  integrar  órgãos  de  primeira  linha.  É  criada 
também a Coordenadoria de Comunicação Social como órgão de assistência direta e imediata do

116 
SAÚDE COLETIVA 

Ministro  de  Estado,  e  instituído  o  Conselho  de  Prevenção  Antitóxico  como  órgão  colegiado, 
diretamente subordinado ao Ministro de Estado. 

Do  final  da  década  de  80  em  diante,  destaca­se  a  Constituição  Federal  de  1988,  que 
determinou ser dever do Estado garantir saúde a toda a população e, para tanto, criou o Sistema 
Único de Saúde. Em 1990, o Congresso Nacional aprovou a Lei Orgânica da Saúde, que detalha 
o funcionamento do Sistema. 

É função do Ministério da Saúde dispor de todas as condições para a promoção, proteção 
e  recuperação  da  saúde,  reduzindo  as  enfermidades,  controlando  as  doenças  endêmicas  e 
parasitárias, melhorando a vigilância à saúde e dando qualidade de vida ao brasileiro. É por causa 
dessas atribuições que o Ministério da Saúde impõe­se o desafio de garantir o direito do cidadão 
ao atendimento à saúde e prover condições para que esse direito esteja ao alcance da população, 
independente da condição social de cada um. 

A  Constituição  Federal  de 1988  deu  um  importante  passo  na garantia  do direito  à  saúde 
com  a  criação  do  Sistema  Único  de  Saúde  (SUS).  Seus  princípios  apontam  para  a 
democratização nas ações e nos serviços de saúde, que deixam de ser restritos e passam a ser 
universais,  da  mesma  forma,  deixam  de  ser  centralizados  e  passam  a  nortearem­se  pela 
descentralização. Ou seja, o objetivo é capacitar os municípios a assumir suas responsabilidades 
e prerrogativas diante do SUS, bem como desenvolver ações que dêem prioridade à prevenção e 
à promoção da saúde. 

Nem  sempre  é  possível  ao  município  executar  sozinho  todos  os  serviços  de  saúde. 
Pequenos municípios carecem de recursos humanos, financeiros e materiais, e sua população é 
insuficiente para manter um hospital ou serviços especializados. Por isso, a descentralização dos 
serviços  implica  também  em  sua  regionalização.  Num  país  imenso  como  o  nosso,  para  evitar 
desperdícios e duplicações faz­se necessário organizar os serviços, visando dar acesso a todos 
os tipos de atendimento. 

Em  1990,  o  Congresso  Nacional  aprovou  a  Lei  Orgânica  da  Saúde,  que  detalha  o 
funcionamento do  SUS.    Foram  mudanças profundas  na Saúde  Pública  brasileira  que  exigiram, 
para sua implantação e funcionamento, o aprimoramento do sistema de informação em saúde. Em 
suma, compete ao Ministério da Saúde: 

• Política nacional de saúde; 

• Coordenação e fiscalização do Sistema Único de Saúde;

117 
SAÚDE COLETIVA 

•  Saúde  ambiental  e  ações  de  promoção,  proteção  e  recuperação  da  saúde  individual  e 
coletiva, inclusive a dos trabalhadores e dos índios; 

• Informações de saúde; 

• Insumos críticos para a saúde; 

•  Ação  preventiva  em  geral,  vigilância  e  controle  sanitário  de  fronteiras  e  de  portos 
marítimos, fluviais e aéreos; 

• Vigilância de saúde, especialmente drogas, medicamentos e alimentos; 

• Pesquisa científica e tecnologia na área de saúde. 

O atual Ministro da Saúde é o Senhor José Gomes Temporão. 

Veja  o  quadro  2  com  figura  que  representa  um  programa  desenvolvido  pelo  MS, 
disponível no ambiente de estudo.

118 
SAÚDE COLETIVA 

Secretarias de Saúde 

Na  esfera  estadual,  o  gestor  é  o  Secretário  Estadual  de  Saúde  e  suas  funções  são  a 
formulação  da  política  estadual  de  saúde,  coordenação  e  planejamento  do  SUS,  bem  como  o 
financiamento  das  ações  e  serviços  de  saúde.  Na  esfera  municipal,  o  gestor  é  o  Secretário 
Municipal  de  Saúde, abrangendo a formulação  da  política  municipal  de  saúde e  a  provisão  das 
ações  e  serviços  de  saúde,  financiada  com  recursos  próprios  ou  transferida  pelo  gestor  federal 
e/ou estadual do SUS. 

A  Secretaria  de  Estado  da  Saúde  (SES)  de  São  Paulo  coordena  e  dirige  atividades  de 
assistência  à  saúde  e  prestação  de  serviços  na  área  médica  e  hospitalar  em  todo  o  Estado.  É 
responsável  pela  administração  e  pela  política  social  de  saúde  do  Hospital  das  Clínicas  da 
Faculdade de Medicina da Universidade de Ribeirão Preto e Hospital das Clínicas da Faculdade 
de Medicina da Universidade de São Paulo, os maiores do país. 

A  SES  também  faz  o  controle  de  endemias  em  todo  o  território  paulista,  além  de 
administrar  três  fundações:  a  do  Remédio  Popular,  que  fabrica  e  distribui  remédios  aos  645 
municípios; o Oncocentro de São Paulo, que desenvolve pesquisas na área da saúde pública; e a 
Pró­Sangue  Hemocentro  de  São  Paulo,  que  viabiliza  a  coleta  e  distribuição  de  sangue  aos 
hospitais.

Veja  o  quadro  3  com  figura  que  representa  um  programa  desenvolvido  pela  Secretária 
Municipal de Saúde da Cidade de São Palo, disponível no ambiente de estudo. 

Coração de Estudante,Milton Nascimento 

Composição: Wagner Tiso / Milton Nascimento 

Quero falar de uma coisa 

Adivinha onde ela anda 

Deve estar dentro do peito 

Ou caminha pelo ar 

Pode estar aqui do lado 

Bem mais perto que pensamos 

A folha da juventude

119 
SAÚDE COLETIVA 

É o nome certo desse amor 

Já podaram seus momentos 

Desviaram seu destino 

Seu sorriso de menino 

Quantas vezes se escondeu 

Mas renova­se a esperança 

Nova aurora, cada dia 

E há que se cuidar do broto 

Pra que a vida nos dê 

Flor, flor e fruto 

Coração de estudante 

Há que se cuidar da vida 

Há que se cuidar do mundo 

Tomar conta da amizade 

Alegria e muito sonho 

Espalhados no caminho 

Verdes, planta e sentimento 

Folhas, coração, 

Juventude e fé. 

Exercícios 

1. A OMS teve sua origem nas guerras do fim do século XIX (México, Criméia), após a Primeira 
Guerra  Mundial.  Segundo  sua  constituição,  a  OMS  tem  por  objetivo  desenvolver,  ao  máximo 
possível,  o  nível  de  saúde  de  todos  os  povos.  A  saúde,  sendo  definida  nesse  mesmo

120 
SAÚDE COLETIVA 

documento como um “estado de completo bem­estar físico, mental e social, e não consistindo 
somente da ausência de uma doença ou enfermidade”. 
Ao ler o texto, podemos afirmar que a OMS é responsável pelas políticas e ações de saúde de 
todos os povos. Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

2. “É função do Ministério da Saúde dispor de todas as condições para a promoção, proteção e 
recuperação  da  saúde,  reduzindo  as  enfermidades,  controlando  as  doenças  endêmicas  e 
parasitárias, melhorando a vigilância à saúde e dando qualidade de vida ao brasileiro”. 
Ao  ler  o  texto,  podemos  afirmar  que  a  MS  é  responsável  pelas  políticas  e  ações  de  saúde 
apenas dos municípios da Região Norte, Nordeste, Sul e Sudeste. Pode­se dizer que essa idéia 
está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

3.  “Na  esfera  estadual,  o  gestor  é  o  Secretário  Estadual  de  Saúde  e  suas  funções  são  a 
formulação da política estadual de saúde, coordenação e planejamento do SUS, bem como o 
financiamento  das  ações  e  serviços  de  saúde.  Na  esfera  municipal,  o  gestor  é  o  Secretário 
Municipal de Saúde, abrangendo a formulação da política municipal de saúde e a provisão das 
ações e serviços de saúde, financiada com recursos próprios ou transferida pelo gestor federal 
e/ou estadual do SUS”. 
Ao ler o texto, podemos afirmar que as Secretarias de Saúde são responsáveis pela formulação 
das políticas de saúde e a provisão das ações e serviços. Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

Respostas dos Exercícios 

1.  A  OMS  teve  sua  origem  nas  guerras  do  fim  do  século  XIX  (México,  Criméia),  após  a  Primeira  Guerra  Mundial.  Segundo  sua 
constituição, a OMS tem por objetivo desenvolver, ao máximo possível, o nível de saúde de todos os povos. A saúde, sendo definida 
nesse mesmo  documento como um “estado  de completo bem­estar físico, mental  e social,  e  não consistindo somente da  ausência 
de uma doença ou enfermidade”. 
Ao ler o texto, podemos afirmar que a OMS é responsável pelas políticas e ações de saúde de todos os povos. Pode­se dizer que 
essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: A 
A OMS tem por objetivo desenvolver, ao máximo possível, o nível de saúde de todos os povos, estabelecendo e definindo as metas 
a serem seguidas pelos Ministérios da Saúde dos países membros. 

2. “É função  do Ministério da Saúde  dispor de todas  as condições para  a  promoção, proteção  e recuperação da saúde, reduzindo  as 


enfermidades,  controlando  as  doenças  endêmicas  e  parasitárias,  melhorando  a  vigilância à  saúde  e  dando  qualidade  de  vida  ao 
brasileiro”. 
Ao ler o texto, podemos afirmar que a MS é responsável pelas políticas e ações de saúde apenas dos municípios da Região Norte, 
Nordeste, Sul e Sudeste. Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: B 
É função do Ministério da Saúde dispor de todas as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, dando qualidade 
de vida ao brasileiro, contemplando todo o território nacional. 

3.  “Na  esfera  estadual,  o  gestor  é  o  Secretário  Estadual  de  Saúde  e  suas  funções  são  a  formulação  da  política  estadual  de  saúde, 
coordenação e planejamento do SUS, bem como o financiamento das ações e serviços de saúde. Na esfera municipal, o gestor é o 
Secretário  Municipal  de  Saúde,  abrangendo  a  formulação  da  política  municipal  de  saúde  e  a  provisão  das  ações  e  serviços  de 
saúde, financiada com recursos próprios ou transferida pelo gestor federal e/ou estadual do SUS”. 
Ao ler o texto, podemos afirmar que as Secretarias de Saúde são responsáveis pela formulação das políticas de saúde e a provisão 
das ações e serviços. Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: A 
Realmente as Secretarias de Saúde são responsáveis pela formulação das políticas de saúde e a provisão das ações e serviços.

121 
SAÚDE COLETIVA  

Segundo as determinações do Ministério da Saúde, o “nível federal” deve colocar à 
disposição dos demais gestores instrumentos que possam estimular, subsidiar e dar suporte à 
administração e aperfeiçoamento dos sistemas estaduais e municipais e às transformações do 
modelo e reorganizações dos sistemas e redes de atenção” e, sob tal enfoque, o Cartão Nacional 
de Saúde é um desses instrumentos. 

AULA  18  •  ATUALIDADES  DO  SUS:  CARTÃO  SUS, 


ACOLHIMENTO E FARMÁCIA POPULAR 

Introdução 

Segundo as determinações do Ministério da Saúde, em artigo de difusão técnico­científica, 
no qual são feitos alguns apontamentos acerca da relação entre conceito e ações para promoção 
da  saúde  e  reorientação  do  modelo  de  atenção,  o  “nível  federal  deve  colocar  à  disposição  dos 
demais  gestores  instrumentos  que  possam  estimular,  subsidiar  e  dar  suporte  à  administração  e 
aperfeiçoamento  dos  sistemas  estaduais  e  municipais  e  às  transformações  do  modelo  e 
reorganizações dos sistemas e redes de atenção”, e, sob tal enfoque, o Cartão Nacional de Saúde 
é um desses instrumentos. Da mesma forma, o acolhimento do cidadão nas unidades de saúde 
deve  ser  entendido  como  instrumento  extremamente  importante  para  viabilizar  o  processo  de 
inclusão  dos  usuários dos  serviços  de  saúde  proposto pelo  SUS. Acolher  significa, entre  outras 
coisas,  “dar  crédito  a;  dar  ouvidos;  tomar  em  consideração”,  tendo  como  objetivo  principal  o 
oferecimento da assistência adequada. 

Ainda  nessa  direção,  apontamos  a  Farmácia  Popular,  programa  montado  a  partir  de 
parcerias estabelecidas entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), órgão do Ministério da Saúde 
e  executora  do  programa  e  laboratórios  farmacêuticos  públicos  ou  do  setor  privado,  quando 
necessário, que visa disponibilizar vários medicamentos  a baixo custo. 

Cartão Nacional de Saúde ou Cartão SUS 

O  Cartão  SUS  está  fundamentado  na  necessidade  de  identificação  individualizada  dos 
usuários. Segundo seus idealizadores, a partir de um Cadastro do SUS, baseado no número do

122 
SAÚDE COLETIVA 

Programa de Integração social (PIS) e do Programa de Assistência ao Servidor público (PASEP), 
cada  cidadão  terá  um  cartão  identificador  de  abrangência  nacional.  A  introdução  desse 
mecanismo de registro vem atender à necessidade apresentada, qual seja, conhecer o fluxo dos 
usuários entre os diversos serviços de saúde, na medida em que são associadas às informações 
sobre os atendimentos ou ações de saúde à clientela atendida nos diversos níveis do sistema. Ao 
vincular  a  informação  ao  usuário  (e  não  ao  procedimento),  torna­se  possível  o  cruzamento  de 
dados entre os sistemas e prestadoras, ampliando­se a capacidade de controle e auditoria. 

De  fato,  os  sistemas  de  informações  de  base  nacional  atualmente  existentes  captam, 
primeiramente,  informações  referentes  aos  eventos  da  vida  relacionados  à  saúde:  nascimentos, 
ações assistenciais, ocorrências de agravos, diagnósticos, terapias e óbitos. Entretanto, nenhum 
desses sistemas consegue identificar a clientela do Sistema Único de Saúde – SUS e explicar sua 
vinculação a um gestor sanitário ou a cobertura pretendida pelas ações praticadas. 

Nesse  sentido,  o  Cartão  Nacional  de  Saúde  tem  como  objetivo  a  modernização  dos 
instrumentos de gerenciamento da atenção à saúde e sua característica principal é a possibilidade 
de  identificação  dos  usuários.  Para  tanto,  será  utilizado  o  Cadastro  Nacional  dos  usuários, 
baseado  no  número  do  Programa  de  Integração  Social  (PIS)  e  do  Programa  de  Assistência  ao 
Serviço  Público  (PASEP).  Cada  cidadão  deve  receber  um  Cartão  identificador  que  identificará o 
usuário em todos os seus contatos com o SUS e acompanhará a sua evolução dentro do sistema, 
com  efeitos  na  atenção  individual  e  no  planejamento  das  ações  em  saúde.  Em  relação  aos 
sistemas  de  informações  de  base  nacional,  essa  identificação  permite  a  integração  entre  os 
eventos de vida e as ações desenvolvidas e a avaliação de processo e impacto dessas ações. 

O Cartão Nacional de Saúde é um cartão magnético que identifica nacionalmente todos 
os usuários do SUS. Sendo utilizado para a operacionalização do Sistema Nacional de Informação 
em Saúde (SNIS), que consiste de um sistema padronizado e articulado de informações, que visa 
subsidiar as ações em saúde, que contém informações sobre profissionais, unidades de saúde e 
procedimentos em saúde. 

O  SNIS  permite  a  identificação  do  usuário  do  SUS,  registro  de  informações  sobre  o 
histórico  clínico  deste,  agilidade  no  agendamento  de  consultas  e  exames,  encaminhamento  a 
outras  Unidades  de  Saúde,  além  do  controle  do  acesso  a  medicamentos.  Possibilita  ainda  um 
melhor  monitoramento  da  rede  assistencial,  do  fluxo  de  usuários  e  das  necessidades  de  saúde 
dos cidadãos, subsidiando as ações de planejamento e programação de saúde e permitindo maior 
integração das atividades de assistência à saúde. A utilização do cartão é simples, funciona como 
se fosse um cartão eletrônico de banco.

123 
SAÚDE COLETIVA 

Acolhimento 

Podemos  definir  Acolhimento  como  uma  técnica  de  escuta  qualificada  para  o 
gerenciamento  do  fluxo  do  usuário  dos  serviços  de  saúde,  visando  a  efetivação  do  princípio  da 
Resolutividade. Sendo necessariamente um ato coletivo, uma estratégia que visa a ampliação do 
acesso à assistência integral, com abordagem de risco e vulnerabilidade, um diálogo construído 
dentro do  serviço  com  os  profissionais de  saúde  e  com  a comunidade, fortalecendo  o poder de 
participação dos usuários, enquanto sujeitos ativos do processo. 

O  Acolhimento  surge  como  uma  estratégia  para  promover  mudanças  na  organização  do 
processo de trabalho e propõe uma recepção técnica com escuta qualificada por profissionais da 
equipe de saúde, para atender a demanda espontânea que procura os serviços, com o objetivo de 
identificar  risco/vulnerabilidade  no  adoecer  e,  desta  forma,  orientar,  priorizar  e  decidir  sobre  os 
encaminhamentos  necessários  para  a  resolução  do  problema  apresentado  pelo  usuário.  Visa 
potencializar  o  conhecimento  técnico  e  agregar  resolutividade  na  intervenção  dos  diversos 
profissionais de saúde, promovendo o vínculo e a responsabilidade com o usuário dos serviços. O 
Acolhimento está fundamentado na necessidade de melhoria da qualidade de atenção à saúde. 

No  entanto,  para  que  o  profissional  de  saúde  reconheça  as  reais  necessidades  dos 
usuários  e  estabeleça  o  Acolhimento  na  rede  de  serviços,  há  necessidade  de  conhecer  os 
fluxogramas  (figuras)  assistenciais,  rotinas  e  orientações  para  as  queixas  e  problemas  mais 
freqüentes  que  4  surgem  no  atendimento  à  demanda  espontânea  nas  unidades  de  saúde,  de 
acordo  com  os  ciclos  de  vida  e  temas  transversais,  devendo  ser  destacadas  as  dimensões 
biológicas e sociais no processo saúde­doença, as quais devem ser consideradas na identificação 
de  risco  e  vulnerabilidade  para  priorização  da  atenção,  bem  como  ações  e  orientações  de 
prevenção  e  diagnóstico  precoce    que  devem  ser  oferecidas  pelos  profissionais  de  saúde  no 
momento do acolhimento. 

O Acolhimento estabelece que o profissional de saúde deve fazer e, para fazer, tem que 
saber.  Estes  profissionais  têm  extrema  importância  nas  ações  de  acolhimento  porque  são  eles 
que  recebem  o  usuário,  conhecem  os  cuidados  e  podem  tomar  decisões.  Para  tanto,  se  faz 
necessário  que  nos  locais  de  trabalho  haja  espaços  para  discussões  coletivas  de  casos,  do 
processo de trabalho e adequação das normas, protocolos e orientações à realidade local, para o 
desenvolvimento de seus  próprios fluxogramas  e  normas  de  atendimento,  no  intuito de formular 
propostas  que  possam  romper  com  um  modelo  baseado  na  oferta  e  formulem  propostas  que 
transformem o cotidiano na construção de um modelo que tenha como eixo o usuário e suas reais 
necessidades de saúde.

124 
SAÚDE COLETIVA 

Veja  o  fluxograma  de  acolhimento  e  o  fluxograma  de  atendimento  de  casos 


suspeitosos de violência na rede ambulatorial, disponível no ambiente de estudo. 

Farmácia Popular 

A Farmácia Popular do Brasil é um programa do Governo Federal para ampliar o acesso 
da população aos medicamentos considerados essenciais. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 
órgão do Ministério da Saúde e executora do programa, adquire os medicamentos de laboratórios 
farmacêuticos  públicos  ou  do  setor  privado,  quando  necessário,  e  disponibiliza  nas  Farmácias 
Populares  a  baixo  custo.  O  programa  “Farmácia  Popular”  tem  como  principal  objetivo  facilitar  o 
acesso da população aos medicamentos básicos e essenciais, disponibilizando remédios a preço 
de  custo,  atendo,  assim,  à  parcela  população  que  não  busca  assistência  no  SUS,  mas  tem 
dificuldade  para  manter  tratamentos,  medicamentos  devido  aos  altos  preços  dos  remédios.  A 
implementação das farmácias populares é feita em parceria com governos estaduais, municipais 
ou entidades filantrópicas. 

Estão  disponíveis  95  itens  que  tratam  das  doenças  com  maior  incidência  no  país,  como 
hipertensão,  diabetes,  úlcera  gástrica,  depressão,  asma,  infecções  e  verminoses,  além  dos 
anticoncepcionais.  Em  alguns  casos,  a  economia  para  o  usuário  pode  ser  superior  a  80%, 
comparando  o  preço  do  medicamento  em  uma  farmácia  convencional.  Os  produtos 
disponibilizados  são  adquiridos  pela  Fundação  Oswaldo  Cruz  (Fiocruz),  órgão  do  Ministério  da 
Saúde  e  executora  do  programa,  e  disponibilizados  na  farmácia  a  preço  de  custo  e  em 
consignação. 

Para  utilizar  a  Farmácia  Popular,  basta  o  usuário  ter  uma  receita  da  rede  pública  ou 
particular,  contendo  medicamentos  disponíveis  no  programa.  A  Farmácia  Popular  funciona  em 
horário  comercial,  de  segunda­feira  a  sábado,  e  conta  com  farmacêuticos  e  funcionários 
qualificados para orientar o usuário sobre os cuidados com a saúde e o uso correto da medicação. 
Importante  lembrar  que,  quanto à  dispensação  dos  medicamentos,  todo  usuário  que  apresentar 
receita  oriunda  da  rede  pública  deve  ser  orientado  sobre  o  direito  à  assistência  farmacêutica 
enquanto usuário do SUS. Somente após essa informação e consulta ao usuário sobre sua opção 
pela obtenção do medicamento, por meio do programa, é que poderá ser feita a dispensação. 

Alguns  questionamentos  vêm  sendo  feitos  acerca  do  programa  Farmácia  Popular,  o  que 
fica evidente nas criticas sobre o co­pagamento de medicamentos, fato que, para teóricos como

125 
SAÚDE COLETIVA 

Eugênio  Vilaça  Mendes,  “esse  compartilhamento  de  custos  lesa  fortemente  o  princípio  da 
equidade”. 

Segue o link indicado para aprofundamento da aula: 

Cidades  atendidas  pelo  Programa  Farmácia  Popular  ­  http: 


//portal.saude.gov.br/portal/saúde/vizualizar_texto.cfm?idtxt=2582janela=1 

Exercícios 

1.  Nesse  sentido,  o  Cartão  Nacional  de  Saúde  tem  como  objetivo  a  modernização  dos 
instrumentos  de  gerenciamento  da  atenção  à  saúde  e  sua  característica  principal  é  a 
possibilidade de identificação dos usuários. Ao ler o texto, podemos afirmar que cada cidadão 
deve receber um Cartão identificador que identificará o usuário em todos os seus contatos com 
o SUS e acompanhará a sua evolução dentro do sistema, com efeitos na atenção individual e 
no planejamento das ações em saúde. Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

2. Podemos definir Acolhimento como uma técnica de escuta qualificada para o gerenciamento do 
fluxo  do  usuário  dos  serviços  de  saúde,  visando  a  efetivação  do  princípio  da  Resolutividade. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

3. Todo usuário que procurar uma Farmácia Popular e apresentar receita oriunda da rede pública 
deve  ser  orientado  sobre  o  direito  à  assistência  farmacêutica  enquanto  usuário  do  SUS. 
Somente  após  essa  informação  e  consulta  ao  usuário  sobre  sua  opção  pela  obtenção  do 
medicamento, por  meio do  programa, é que  poderá  ser feita a dispensação do  medicamento. 
Pode­se dizer que essa idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

4. Podemos definir Acolhimento como uma técnica de escuta qualificada para o gerenciamento do 
fluxo do usuário dos serviços de saúde, visando a efetivação do princípio da Resolutividade. Ao 
ler o texto, podemos afirmar que a resolutividade é a garantia de que todo usuário do Sistema 
Único  de  Saúde,  que  buscar  atendimento  pelo  sistema,  deverá  ter  seu  problema  de  saúde 
resolvido, dentro da capacidade de atenção à saúde de cada serviço. Pode­se dizer que essa 
idéia está: 
a) Correta. 
b) Incorreta. 

Respostas dos Exercícios

126 
SAÚDE COLETIVA 

1. Nesse sentido,  o Cartão Nacional  de  Saúde tem como  objetivo  a modernização  dos instrumentos de  gerenciamento da  atenção  à 


saúde  e  sua  característica  principal  é  a  possibilidade  de  identificação  dos  usuários.  Ao  ler  o  texto,  podemos  afirmar  que  cada 
cidadão deve receber um Cartão identificador que identificará o usuário em todos os seus contatos com o SUS e acompanhará a sua 
evolução dentro do sistema, com efeitos na atenção individual e no planejamento das ações em saúde. Pode­se dizer que essa idéia 
está: 
RESPOSTA CORRETA: A 
Realmente cada cidadão deve receber um Cartão identificador que identificará o usuário  em todos  os seus contatos com  o SUS  e 
acompanhará a sua evolução dentro do sistema, com efeitos na atenção individual e no planejamento das ações em saúde. 
2.  Podemos  definir  Acolhimento  como  uma  técnica  de  escuta  qualificada  para  o  gerenciamento  do  fluxo  do  usuário  dos  serviços  de 
saúde, visando a efetivação do princípio da Resolutividade. Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: A 
Podemos  definir  Acolhimento  como  uma  técnica  de  escuta  qualificada  para  o  gerenciamento  do  fluxo  do  usuário  dos  serviços  de 
saúde, visando a efetivação do princípio da Resolutividade. 

3. Todo usuário que procurar uma Farmácia Popular e apresentar receita oriunda da rede pública deve ser orientado sobre o direito  à 
assistência  farmacêutica  enquanto  usuário  do  SUS.  Somente  após  essa  informação  e  consulta  ao  usuário  sobre  sua  opção  pela 
obtenção do medicamento, por meio do programa, é que poderá ser feita a dispensação do medicamento. Pode­se dizer que essa 
idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: A 
Todo usuário que procurar uma Farmácia Popular e apresentar receita oriunda da rede pública deve ser orientado sobre o direito à 
assistência  farmacêutica  enquanto  usuário  do  SUS.  Somente  após  essa  informação  e  consulta  ao  usuário  sobre  sua  opção  pela 
obtenção do medicamento, por meio do programa, é que poderá ser feita a dispensação do medicamento. 

4.  Podemos  definir  Acolhimento  como  uma  técnica  de  escuta  qualificada  para  o  gerenciamento  do  fluxo  do  usuário  dos  serviços  de 
saúde, visando a efetivação do princípio da Resolutividade. Ao ler o texto, podemos afirmar que a resolutividade é a garantia de que 
todo usuário do Sistema Único de Saúde, que buscar atendimento pelo sistema, deverá ter seu problema de saúde resolvido, dentro 
da capacidade de atenção à saúde de cada serviço. Pode­se dizer que essa idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: A 
A resolutividade é a garantia de que todo usuário do Sistema Único de Saúde, que buscar atendimento pelo sistema, deverá ter seu 
problema de saúde resolvido, dentro da capacidade de atenção à saúde de cada serviço.

127 
SAÚDE COLETIVA 

AULA  19  •  CALENDÁRIO  DE  VACINAÇÃO  (CRIANÇA, 


ADOLESCENTE,  ADULTO,  IDOSO  E  PROFISSIONAIS  DE 
SAÚDE) 

Introdução 

Na segunda metade do século XX, criou­se na opinião pública, uma falsa expectativa de 
que todas as doenças transmissíveis estariam próximo à extinção. Esse quadro não é verdadeiro 
para o Brasil, nem mesmo para os país desenvolvidos, como demonstrado pelos movimentos de 
emergência  de  novas  doenças  transmissíveis  como  a  Aids,  de  ressurgimento,  em  novas 
condições,  de  doenças  antigas  como  a  cólera  e  o  dengue,  de  persistência  de  endemias 
importantes  ,  como  a  tuberculose,  e  de  surtos  inusitados  de  doenças,  como  a  febre  do  Nilo 
Ocidental, nos Estados Unidos, e da pneumonia atípica em várias partes do mundo.   A idéia de 
que,  naturalmente,  todas  as  doenças  transmissíveis  seriam  erradicadas  contribuiu  para  que,  no 
passado,  as  ações  de  prevenção  e  controle  fossem  sendo  subestimadas  na  agenda  de 
prioridades  em  saúde,  com  evidentes  prejuízos  para  o  desenvolvimento  de  uma  adequada 
capacidade  e  resposta  governamental  e  com  a  perda  de  oportunidade  de  tomada  de  decisão 
sobre  medidas  que  teriam  um  impacto  positivo  nessa  área.  Com  diferenças  associadas  às 
condições sociais, sanitárias e ambientais, as doenças transmissíveis ainda se constituem em um 
dos principais problemas de saúde pública no mundo. A erradicação completa de doenças, como 
no caso da varíola na segunda metade da década de 1970, ainda o único e solitário exemplo de 
erradicação  em  escala  mundial,  é  produto  de  décadas  de  esforço  continuado  de  governos,  da 
sociedade, e da disponibilidade de medidas amplamente eficazes e efetivas. 

Um pouco de História 

Nas primeiras décadas do séc. XX, houve um grande crescimento econômico no Brasil, no 
entanto , foi um período de crise sócio­econômica e sanitária, porque as epidemias ameaçavam a 
economia agro­exportadora brasileira, prejudicando principalmente, a exportação do café, pois as 
tripulações  dos  navios  estrangeiros  recusavam­se  a  atracarem  nos  portos  brasileiros,  o  que 
também reduzia a imigração de mão–de­obra. 

Eleito  presidente  da  República  Federativa  do  Brasil  em  1902,  Rodrigues  Alves,  que 
perdera  a  filha  vitimada  pela  febre  amarela,  centra  seu  programa  de  governo  na  mudança  da

128 
SAÚDE COLETIVA 

imagem do país no exterior. O programa visava melhoria do porto da Cidade do Rio de Janeiro, a 
reforma  e  o  embelezamento  da  cidade  e  combate  às  epidemias.  Sua  realização  ficou  sob  a 
responsabilidade de Oswaldo Cruz e Pereira Passos, sendo o primeiro indicado , em 1903, para a 
direção da Saúde Pública e o segundo para ocupar a Prefeitura do Distrito Federal. Esta não era a 
primeira  vez  que  Rodrigues  Alves  patrocinava  ações  de  vulto  na  área  da  saúde.  Já  em  1900, 
quando  à  frente  do  governo  do  Estado  de  São  Paulo,  apoiara  as  iniciativas  de  Emílio  Ribas  e 
Adolfo Lutz no combata à febre amarela. 

As  reformas  urbanas  e  sanitárias  atraíam  grande  oposição  e  agitavam  as  páginas  dos 
jornais  e  as  conversas  dos  moradores  da  cidade  do  Rio  de  Janeiro.  Protestos  populares  e 
sublevações  militares  resultaram na  Revolta  da Vacina, ocorrida  entre 10 a  16  de  novembro  de 
1904. Deflagrada a partir da divulgação da Lei da vacinação obrigatória contra a varíola, a Revolta 
foi  considerada  como  um  dos  maiores  levantes  populares  ocorridos  no  Brasil  no  século  XX  e 
integravam  movimentos  anti­governamentais  militares  ligados  à  Floriano  Peixoto;  intelectuais 
positivistas,  republicanos  radicais,  monarquistas  e  parcelas  da  população  afetadas  pelo  “bota­ 
abaixo”, nome pelo qual ficou conhecida a política de reorganização do espaço urbano da cidade 
do Rio de Janeiro, implementada pelo prefeito Pereira Passos. 

Não esquecendo que o Brasil havia deixado recentemente de ser uma monarquia para ser 
alçado  à  condição  de  República  Federativa  em  1989,  sendo  assim,  os  interesses  políticos  das 
diversas  ideologias  ainda  impregnavam  quaisquer  manifestações  populares.    Além  do  que,  a 
recente abolição da escravatura um ano antes (em 1888) levou para as cidades as pessoas que 
até então, exploradas e violentadas sob a condição de escravos, não possuíam qualificação para 
pleitear trabalho na incipiente manufatura a ser desenvolvida nos centros urbanos. 

Em que pese à ação desses grupos, é inegável que a obrigatoriedade da vacinação trazia 
consigo  força  suficiente  para  provocar  reações  violentas  em  defesa  da  privacidade  e  da  livre 
determinação.  Houve aproximadamente 30 mortes, 110 feridos, 945 prisioneiros, dos quais 454 
enviados  para  o  Acre  e,  dentre  os  revoltosos  destacou­se  o  lendário  “Prata  Preta”,  ex­escravo 
que,  da  mesma forma  revoltado  com a  imposição  da obrigatoriedade  da  vacinação,  enfrenta  às 
autoridades. Algumas frases foram cunhadas nessa época: “isso para não andarem dizendo que o 
povo é carneiro”, “é para mostrar ao governo que ele não põe o pé no pescoço do povo”,  “abaixo 
a  vacina”  .  Dizia­se  na  época que  a  vacina  podia  matar  ou,  no  mínimo,  deixar  a  pessoa  com  a 
cara de bezerro (isso porque Edward Jenner havia descoberto a vacina contra a varíola em 1796 
a  partir  da  observação  e  experiências  com  a  as  vacas  acometidas  pela  doença  ­  vaccinia). 
Observa­se  assim,  a  total  falta  de  informação  da  população  acerca  dos  reais  benefícios  da 
vacinação.

129 
SAÚDE COLETIVA 

Contudo  a  saúde  pública  brasileira  aprendeu  a  lição.  Informar  às  pessoas  faz  parte  de 
qualquer  programa  de  controle  de  doenças.  As  vacinas,  devidamente  aperfeiçoadas,  são  hoje 
bem  aceitas;  mães  e  pais  procuram  as  unidades  de  saúde  em  busca  do  cumprimento  do 
calendário vacinal de seus filhos, assim como os adolescentes, adultos, idosos e profissionais de 
saúde  apresentam  aceitação  para  este  eficiente  método  de  prevenção  das  doenças,  mesmo 
tendo a certeza de que ainda existem brasileiros que não podem contar com a cobertura total de 
vacinação  para  todas  as  doenças  imunopreveníveis  disponibilizadas  pela  ciência  e  tecnologia, 
uma vez que várias doenças possíveis de imunoprevenção não estão disponíveis na rede pública, 
como  é  o  caso  da  varicela;  meningite  meningocócica  (apenas  para  os  casos  de  surtos  ou 
epidemias); gripe (disponível apenas para idosos, profissionais de saúde); hepatite B (disponível 
para  pessoas  até  19  anos,  profissionais  de  saúde  e  grupos  de  risco).  Ficando  evidente  o  não 
cumprimento dos princípios filosóficos de universalidade, igualdade e integralidade contemplados 
no Sistema Único de Saúde. 

“ Eu não vou nesse arrastão 

Sem fazer o meu barulho 

Os doutores da ciência 

Terão mesmo que ir no embrulho 

Não embarco na canoa 

Que a vacina me persegue 

Vão meter ferro no boi 

Ou nos diabos que os carregue”  

(Canção popular, autor desconhecido)

Programa Nacional de Imunização (PNI) 

O  Programa  Nacional  de  Imunização  (PNI)  foi  instituído  em  1973  e  tem  como  objetivo 
proteger  a  população  contra  as  doenças  imunopreveníveis  (aquelas  que  contam  com  vacinas 
como modo de prevenção). Impulsionado pelos excelentes resultados obtidos pela Campanha da 
Erradicação da Varíola, foi transformado ao longo dos tempos, em um dos mais bem­sucedidos 
programas de vacinação do mundo. O PNI tem ampla cobertura: crianças, adolescentes, adultos, 
idosos,  moradores  de  grandes  centros  urbanos ou  das  regiões  mais  longínquas  são  da  mesma 

130 
SAÚDE COLETIVA 

forma, alvo da cobertura vacinal deste programa que conta com a FUNASA (Fundação Nacional 
de  Saúde)  como  órgão  responsável  pelas  ações  programáticas  desenvolvidas,  atuando  sempre 
em  parceria  com  estados  e  municípios,  e  totalmente  financiado  por  recursos  públicos.  O  PNI, 
como formulador e executor de políticas públicas, trabalha de maneira articulada coma vigilância 
epidemiológica  e,  entre  suas  atividades  incluem  o  monitoramento  de  efeitos  adversos 
relacionados à vacina e o incentivo ao aprofundamento dos processos de controle de qualidade e 
produção de vacinas pelos laboratórios públicos nacionais. 

Vigilância  epidemiológica  é  o  conjunto  de  atividades  que  permite  reunir  a  informação 


indispensável  para  conhecer,  a  qualquer  momento,  o  comportamento  ou  história  natural  das 
doenças, assim como detectar ou prever alterações de seus fatores condicionante salva com o fim 
de recomendar oportunamente, sobre bases firmes, as medidas indicadas e eficientes que levem 
à  prevenção  e  ao  controle  de  determinadas  doenças.  Veja  nos  quadros  abaixo,  o  Calendário 
Nacional de Vacinação do PNI. 

Veja os calendários de vacinação disponível no ambiente de estudo. 

Exercícios 

1. As reformas urbana e sanitária atraíam grande oposição e agitavam as páginas dos jornais e as 
conversas  dos  moradores  da  Cidade  do  Rio  de  Janeiro.  Protestos  populares  e  sublevações 
militares resultaram na Revolta da Vacina, ocorrida entre 10 a 16 de novembro de 1904. 
Ao ler o texto, podemos afirmar que  a Revolta da Vacina foi um importante movimento popular 
de oposição à obrigatoriedade da vacinação contra a varíola, doença considerada erradicada no 
mundo na segunda metade da década de 1970. 
Pode­se dizer que esta idéia está: 
a) correta 
b) incorreta 

2. Contudo a saúde pública brasileira aprendeu a lição. Informar às pessoas faz parte de qualquer 
programa  de  controle  de  doenças.  As  vacinas,  devidamente  aperfeiçoadas,  são  hoje  bem 
aceitas; mães e pais procuram as unidades de saúde em busca do cumprimento do calendário 
vacinal  de  seus filhos,  assim  como  os  adolescentes,  adultos,  idosos  e profissionais de  saúde 
apresentam  aceitação  para este eficiente método de prevenção das doenças, mesmo tendo a 
certeza  de  que  ainda  existem  brasileiros  que  não  podem  contar  com  a  cobertura  total  de 
vacinação para as doenças imunopreveníveis disponíveis pela ciência e tecnologia. 
Ao  ler  o  texto,  podemos  afirmar  que      todas  as  doenças  imunopreviníveis  que  a  ciência  e  a 
tecnologia possibilitam, estão disponíveis para o acesso de todos os brasileiros, indistintamente. 
Pode­se dizer que esta idéia está: 
a) Correta

131 
SAÚDE COLETIVA 

b) Incorreta 

3.  Dentre  as  vacinas  previstas  no  PNI  para  o  cumprimento  do  calendário  de  crianças  de  0  a  6 
meses,  podemos  apontar  a  BCG  (contra  as  formas  graves  de  tuberculose);  a  hepatite  B;  a 
Tetravalente; a VOP e a  febre amarela 
Pode­se dizer que esta idéia está: 
a) Correta 
b) Incorreta 

Respostas dos Exercícios 

1.  As  reformas  urbana  e  sanitária  atraíam  grande  oposição  e  agitavam  as  páginas  dos  jornais  e  as  conversas  dos  moradores  da 
Cidade do Rio de Janeiro. Protestos populares e sublevações militares resultaram na Revolta da Vacina, ocorrida entre 10 a 16 de 
novembro de 1904. 
Ao ler  o texto, podemos  afirmar que  a Revolta  da Vacina foi um  importante movimento  popular  de  oposição  à  obrigatoriedade  da 
vacinação contra a varíola, doença considerada erradicada no mundo na segunda metade da década de 1970. 
Pode­se dizer que esta idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: A 

2. Contudo a saúde pública brasileira aprendeu a lição. Informar às pessoas faz parte de qualquer programa de controle de doenças. 
As  vacinas,  devidamente  aperfeiçoadas,  são  hoje  bem  aceitas;  mães  e  pais  procuram  as  unidades  de  saúde  em  busca  do 
cumprimento  do  calendário  vacinal  de  seus  filhos,  assim  como  os  adolescentes,  adultos,  idosos  e  profissionais  de  saúde 
apresentam    aceitação    para  este  eficiente  método  de  prevenção  das  doenças,  mesmo  tendo  a  certeza  de  que  ainda  existem 
brasileiros que não podem contar com a cobertura total de vacinação para as doenças imunopreveníveis disponíveis pela ciência e 
tecnologia. 
Ao  ler  o  texto,  podemos  afirmar  que      todas  as  doenças  imunopreviníveis  que  a  ciência  e  a  tecnologia  possibilitam,  estão 
disponíveis para o acesso de todos os brasileiros, indistintamente. 
Pode­se dizer que esta idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: B 

3. Dentre as vacinas previstas no PNI para o cumprimento do calendário de crianças de 0 a 6 meses, podemos apontar a BCG (contra 
as formas graves de tuberculose); a hepatite B; a Tetravalente; a VOP e a  febre amarela 
Pode­se dizer que esta idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: B

132 
SAÚDE COLETIVA 

AULA  20  •  PAPEL  DOS  PROFISSIONAIS  DE  SAÚDE  NA 


ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE 

Introdução 

Quando se fala em paradigma, estamos falando de visão de mundo que norteiam as ações 
das pessoas. Um paradigma é um conjunto de premissas implícitas que não se pretende testar; 
na  verdade  são  essencialmente  inconscientes.  O  paradigma  é  o  que  permeia  as  nossas 
percepções,  dentro dele  está  tudo  o  que  é  considerado  verdadeiro,  um  paradigma é  sustentado 
pelo sistema de crenças, vive­se essas crenças, pensa­se e age conforme essas crenças. 

O atual paradigma que oferece suporte à maioria das práticas profissionais fundamenta – 
se  na  ciência.  Desta  forma,  as  profissões  são  baseadas  em  um  modelo  materialista  para  se 
desenvolverem,  utilizando  a  aquisição  de  conhecimento  pelo  aspecto  racional  e  objetivo.    O 
paradigma  cientifico  atual  entende o  mundo  como  sendo  mecânico, em  que  existem  recursos  a 
serem controlados e explorados. O problema é que esse modelo de paradigma não deixa espaço 
para  a  liberdade  de  escolha,  para  a  consciência  ou  espírito,  tornando  o  ser  humano  parcial  e 
incompleto. 

Entretanto, um paradigma não é estático, ele é mutável, nem sempre a ciência determinou 
o  que  é  verdade  e  o  que  é  falso,  cada  período  histórico  demonstrou  uma  visão  de  mundo  e 
paradigmas característicos. 

A sociedade contemporânea não consegue mais sustentar um paradigma científico rígido, 
em que o entendimento da natureza é de ser apenas um recurso explorável e do ser humano é de 
ser  apenas  um  corpo  separado  da  mente.  É  necessário  um  novo  paradigma  que  entenda  a 
natureza  enquanto  um  organismo  que  reage  e  tem  necessidades  e  que  entenda  o  ser  humano 
enquanto  um  ser  biopsicossocial  e  espiritual,  sem  que deixe  de  lado a  evolução e  aquisição do 
conhecimento científico, mas que ele seja flexível, e sem deixar de lado a tecnologia, mas que ela 
seja sustentável. Essa mudança de paradigma deve se estender á sociedade como um todo e não 
só á ciência, assim como na prática profissional. 

A prática do profissional de saúde

133 
SAÚDE COLETIVA 

Para  escrever  sobre  o  compromisso  dos  profissionais  de  saúde  neste  momento  de 
transição  paradigmática,  lembro  que    já  não  se  fala  de  um  compromisso    deste  ou  daquele 
profissional isoladamente , mas sim do compromisso dos profissionais de saúde e,  no intuito de 
ilustrar essa integralidade na construção de um novo paradigma ético, recorro ao poema de João 
Cabral de Melo Neto, numa assunção à metáfora da tessitura dos galos evocando o resplandecer 
da manhã: 

Tecendo a manhã 

Poema de João Cabral de Melo Neto 

Um galo sozinho não tece uma manhã: 

Ele precisará sempre de outros galos 

De um que apanhe esse grito que ele lançou 

E o lance para outro; de um outro galo que 

Apanhe o grito que um galo antes 

E o lance a outro; e de outros galos 

E que com muitos outros galos se cruzem 

Os fios de sol de seus gritos de galo, 

Para que a manhã, desde uma  teia tênue, 

Se vá tecendo, entre todos os galos. 

Se encorpando em tela, entre todos, 

Se erguendo tenda, onde entrem todos, 

Se estendendo para todos, no toldo 

(a manhã) que plana livre de armação, 

A manhã, toldo de um tecido tão aéreo 

Que, tecido, se eleva por si: luz balão.

134 
SAÚDE COLETIVA 

Da  mesma  forma  que  os  galos,  numa  necessária  ação  colaborativa,  estão  tecendo  a 
manhã, também os profissionais da saúde necessitam tecer uma teia de relações absolutamente 
produtivas,  na  perspectiva  da  construção  de  um  novo  paradigma,  que  possa  gerar  ações  que 
redundem em benefício do ser humano. 

Outra  ilustração  interessante  para  ressaltar  a  urgente  mudança  de  paradigma  prescritivo 
de  conduta  para os profissionais  da  saúde,  é a metáfora do  curador ferido.  Consta  na  mitologia 
grega,  que  a  arte  de  curar  foi  ensinada  por  Apolo  ao  centauro  Quíron.  Este,  por  sua  vez, 
transmitiu­a  para  Esculápio,  o  deus  da  Medicina.  Com  Quíron,  Esculápio  aprendeu  a  praticar  a 
cura pelas ervas. Entretanto, Quíron possuía uma ferida que jamais cicatrizava: ele vivia curando 
os outros, mas estava sempre doente, sempre sofrendo e, por isso era capaz de compreender o 
sofrimento daqueles a quem tratava. Esse mito pode ser interpretado como uma sugestão para o 
necessário envolvimento de pessoas que travam uma relação de ajuda – como  a vivenciada pelo 
profissional da saúde com as pessoas que atende. 

Temos  que  reconhecer  nossas  vulnerabilidades  e  tomarmos  consciência  de  nossas 


próprias feridas,  as  quais  representam  a  possibilidade de  também adoecermos  e  sofrermos, em 
outros termos: colocarmos no lugar do outro, para avaliar o sofrimento dele.  Recorrer ao sistema 
de saúde é, muitas vezes, uma experiência de sofrimento, principalmente num país como o Brasil, 
onde  a  saúde  pública  sempre  foi  encarada  como  uma  generosidade  dos  governantes,  devendo 
ser retribuída com a gratidão incondicional dos pobres. 

Todos  reconhecemos  a  insuficiência  dos  serviços  de  saúde,  o  que  contribui  para  os 
sentimentos de angústia, muitas vezes vivenciados pelos usuários. Sendo necessário uma relação 
de  alteridade  (alter  –  outro)  entre  profissionais    e  seus  clientes.  É  muito  produtivo  para  ambos 
quando essa relação de ajuda acontece de forma plena e afetuosa, no intuito de reconhecer as 
principais dimensões do ser humano: sentir, pensar, falar e agir, numa relação de respeito entre 
pessoas livres e iguais. 

No cotidiano das práticas de assistência à saúde podemos observar a falta de preparo  dos 
diversos profissionais. Esta inadequação de conduta pode ser atribuída à crise de valores éticos e 
morais que regem a sociedade. Isso se dá, pois as fontes de moral que orientam a sociedade, não 
mais correspondem às necessidades que surgem das relações entre as pessoas e o seu entorno 
técnico/científico, assim como de consumo. 

Interessante  ressaltar  que  este  momento  de  crise  dos  valores  morais  e  éticos  oferece  a 
possibilidade  de  revermos  as  origens  do atual  paradigma  e,  com  isso,  refletirmos  sob  que ética 
estamos vivendo. Os profissionais da saúde devem, portanto, rever sua prática baseando­se em

135 
SAÚDE COLETIVA 

uma ética critica e reflexiva e, principalmente que tenha sentido na sua existência e nos valores 
que os movem, estruturando uma ética que, segundo Leonardo Boff deve ser em torno de valores 
fundamentais ligados à vida, ao seu cuidado, ao trabalho, às relações cooperativas e a cultura da 
não­violência e da paz. 

O  desenvolvimento  social  e  a  complexidade  crescente  dos  problemas  sociais  continuam 


ressaltando a importância da comunidade como realidade social de coesão e solidariedade entre 
os homens a ser resgatada a partir dos seus núcleos de vivência e existência. Destacar as áreas 
de  moradia  e  a  dinâmica  dos  seus  grupos  e  subgrupos  levando­se  em  conta  interesses  e 
preocupações comuns como indicadores de realidade comunitária não obstante ser tarefa difícil é 
um  obstáculo  a  ser  necessariamente  transposto  pelos  profissionais  da  saúde  dentro  de  suas 
atribuições objetivando o desenvolvimento comunitário. 

A  prática  cotidiana  dos  serviços  públicos  de  saúde,  que  se  mostra  desprovida  do 
reconhecimento dos direitos dos usuários, exige um resgate de ideais humanísticos por parte dos 
profissionais de saúde. É importante que o usuário, ao procurar os serviços de saúde seja visto 
não  apenas  como um  doente ou uma  pessoa que  procura  ajuda para  sanar as  seqüelas físicas 
que o aflige. É necessário que ele seja visto como um ser integral, que seja tratado com dignidade 
que  seja  visto  como  um  ente  único  e  possuidor  de  características  físicas,  psicológicas, 
sociais,culturais, econômicas,espirituais, etc. 

Em busca de uma adequação de conduta 

A Atenção Básica ou primária se constitui em uma das principais portas de entrada para o 
sistema  de  saúde  (não  a  única,  o  pronto  socorro,  por  exemplo,  é  outra  porta  possível  e 
necessária) e,  como  sabemos, as funções da  rede de atenção básica  no  sistema  de  saúde  é à 
busca da universalidade, eqüidade e integralidade. 

No  intuito  de  colaborar  para  uma  reflexão,  provocadora  de  adequação  de  conduta,  por 
parte  daquele  que  será  “O  Profissional  de  Saúde”  destacamos,  em  nível  exemplificativo  e  não 
taxativo, o seguinte: 

Conhecer a essência dos problemas das comunidades em conformidade com a realidade 
social a que está inserida; 

• Implementar as evidências da ciência no contínuum saúde­doença;

136 
SAÚDE COLETIVA 

•  Instrumentalizar  a  população  para  elaboração  sistemática  de  projetos  reforçadores  das 


reivindicações; 

• Utilizar instrumentos necessários de comunicação com os diversos grupos sociais; 

•  Capacitar  a  população  para  que,  em  conjunto,  (re)­descubram  novas  fórmulas  de 
reavaliação social em seus enfrentamentos; 

•  Valorizar  o  diálogo  individual  e  grupal  como  elemento fundamental  para o  processo  de 


organização; 

•  Valorizar  experiências  já  desenvolvidas  nas  quais  se  faz  presente  os  processos  de 
conscientização e capacitação da comunidade; 

• Instrumentalizar tecnicamente os trabalhadores e as unidades para operarem com dados, 
informações e indicadores de saúde; 

• Travar um envolvimento baseado nas prioridades e decisões comunitárias ajudando­as a 
desenvolver  habilidades  significativas,  identificar  necessidades  e  planejar  atividades 
futuras; 

•  Encorajar  a  implementação  de  serviços  preventivos  e  de  saúde  básica  ao  invés  de 
serviços curativos; 

• Capacitar a comunidade na utilização da hierarquização do sistema – referência e contra­ 
referência; 

•  Utilizar  a  técnica  do  Acolhimento  como  uma  ação  do  campo  de  competência  e 
responsabilidades  de  todos  os  trabalhadores  das  unidades  de  saúde,  envolvendo  a 
escuta, a responsabilização pelo outro, pelo problema apresentado, pelo cuidado, assim 
como favorecendo o desenvolvimento de sua autonomia e cidadania; 

• Reforçar as ligações com os centros locais de saúde e com o pessoal de saúde da área; 

• Informar sobre os recursos formais e informais colocados à disposição da comunidade; 

• Incentivar a participação social no planejamento/programação, execução e avaliação das 
ações  de  saúde  propostas,  através  de  comissões  locais  ou  outras  modalidades  de 
organização social; 

•  Promover  a  intersetorialidade  exercida  pela  relação  com  todos  os  níveis  de  governo 
como resposta ao enfoque ampliado de saúde;

137 
SAÚDE COLETIVA 

•  Incentivar  o  desenvolvimento  de um  Novo  Modelo  de  Atenção  à  Saúde  que  contemple 
não  só  a  revisão  das  práticas  assistenciais,  mas  que  garanta  a  integração  de 
conhecimentos, o uso racional de recursos e a efetiva participação e controle social; 

•  Levar  em  consideração  as  dimensões  sociais  econômicos  e  culturais  da  população 
apreendendo  o  processo  saúde­doença  no  âmbito  familiar  e  não  apenas  no  nível 
individual; 

• Estimular que a comunidade se torne plenamente consciente e possa tomar controle do 
seu processo de desenvolvimento –“empoderamento” . 

Desta maneira, podemos afirmar que as práticas de assistência à saúde necessariamente 
dependem  de  um  conjunto de profissionais  e  procedimentos e que,  mesmo  o  mais preparado e 
valorizado entre eles, está intrinsecamente dependente dos outros para atingir seus objetivos. Os 
atendimentos  aos  usuários  dos  serviços  de  saúde  precisam  articular  diferentes  profissionais, 
desde  a  acolhida,  passando  pelo  diagnóstico,  os  exames  complementares,  as  prescrições 
terapêuticas,  os  encaminhamentos  de  referência  e  contra­referência  necessários,  promovendo 
cuidados  sem  interrupção,  até  o  total  restabelecimento  ou  o  equilíbrio  possível  da  pessoa 
atendida.  As  equipes  multiprofissionais,  com  práticas  interdisciplinares  e  conhecimentos 
transdisciplinares atuam em conjunto, diluindo­se desta maneira a hegemonia dos técnicos e das 
técnicas. 

Filme: “ Quem somos nós?” , disponível em locadoras. 

Para não finalizar, esta reflexão! 

A pedra 

O homem distraído, nela tropeçou 

O pastor, cansado da lida, usou­a como assento para descansar 

Davi  fê­la aliada no seu confronto contra Golias 

O bruto, dela instrumentalizou­se para ferir seus oponentes 

O poeta eternizou­a nos seus versos 

Michelangelo, dela se serviu para criar a mais bela das esculturas 

Em todos os casos, a diferença esteve nos homens, e não na pedra.

138 
SAÚDE COLETIVA 

Exercícios 

1. A sociedade contemporânea não consegue mais sustentar um paradigma científico rígido, em 
que o entendimento da natureza é de ser apenas um recurso explorável e do ser humano é de 
ser  apenas  um  corpo  separado  da  mente.  É  necessário  um  novo  paradigma  que  entenda  a 
natureza enquanto um organismo que reage e tem necessidades e que entenda o ser humano 
enquanto um ser biopsicossocial e espiritual, sem que deixe de lado a evolução e aquisição do 
conhecimento científico, mas que ele seja flexível, e sem deixar de lado a tecnologia, mas que 
ela seja sustentável. Essa mudança de paradigma deve se estender á sociedade como um todo 
e não só á ciência, assim como na prática profissional. 
Ao ler o texto, podemos afirmar que   a  ciência deve ser desconsiderada no contexto da prática 
do profissional de saúde. 
Pode­se dizer que esta idéia está: 
a) correta 
b) incorreta 

2. Leia o poema e responda as questões nº 2 e nº 3 
Tecendo a manhã 
Poema de João Cabral de Melo Neto 
Um galo sozinho não tece uma manhã: 
Ele precisará sempre de outros galos 
De um que apanhe esse grito que ele lançou 
e o lance para outro;  de um outro galo que 
apanhe o grito que um galo antes 
e o lance a outro; e de outros galos 
e que com muitos outros galos se cruzem 
os  fios de sol de seus gritos de galo, 
para que a manhã, desde uma  teia tênue, 
se vá tecendo, entre todos os galos. 

Se encorpando em tela, entre todos, 
Se erguendo tenda, onde entrem todos, 
Se estendendo para todos, no toldo 
(a manhã) que plana livre de armação, 
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo 
Que, tecido, se eleva por si: luz balão. 

2. Ao ler o poema Tecendo a Manhã de João Cabral de Melo Neto, podemos afirmar que, numa 
interpretação    metafórica,  quando  o  galo  tece  a  manhã  com  seus  gritos  está  favorecendo 
apenas a si mesmo. 
Pode­se dizer que esta idéia está: 
a) correta 
b) incorreta 

3.  Ainda  numa  interpretação  metafórica  do  poema  Tecendo  a  Manhã,  podemos  afirmar  que  as 
práticas de assistência à saúde necessariamente dependem de um conjunto de profissionais e 
procedimentos e  que  mesmo  o  mais  preparado e  valorizado entre  eles,  está  intrinsecamente 
dependente dos outros para atingir seus objetivos. 
Pode­se dizer que esta idéia está: 
a) correta 
b) Incorreta

139 
SAÚDE COLETIVA 

Respostas dos Exercícios 
1. A sociedade contemporânea não consegue mais sustentar um paradigma científico rígido, em que o entendimento da natureza é de 
ser apenas um recurso explorável e do ser humano é de ser apenas um corpo separado da mente. É necessário um novo paradigma 
que  entenda  a  natureza  enquanto  um  organismo  que  reage  e  tem  necessidades  e  que  entenda  o  ser  humano  enquanto  um  ser 
biopsicossocial  e  espiritual, sem que deixe  de  lado  a  evolução  e  aquisição do conhecimento científico,  mas  que  ele seja flexível,  e 
sem deixar de lado a tecnologia, mas que ela seja sustentável. Essa mudança de paradigma deve se estender á sociedade como um 
todo e não só á ciência, assim como na prática profissional. 
Ao ler o texto, podemos afirmar que   a  ciência deve ser desconsiderada no contexto da prática do profissional de saúde. 
Pode­se dizer que esta idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: B 

2. Leia o poema e responda as questões nº 2 e nº 3 
Tecendo a manhã 
Poema de João Cabral de Melo Neto 
Um galo sozinho não tece uma manhã: 
Ele precisará sempre de outros galos 
De um que apanhe esse grito que ele lançou 
e o lance para outro;  de um outro g0alo que 
apanhe o grito que um galo antes 
e o lance a outro; e de outros galos 
e que com muitos outros galos se cruzem 
os  fios de sol de seus gritos de galo, 
para que a manhã, desde uma  teia tênue, 
se vá tecendo, entre todos os galos. 

Se encorpando em tela, entre todos, 
Se erguendo tenda, onde entrem todos, 
Se estendendo para todos, no toldo 
(a manhã) que plana livre de armação, 
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo 
Que, tecido, se eleva por si: luz balão. 

Ao ler  o poema Tecendo  a Manhã  de João Cabral de  Melo Neto, podemos  afirmar que, numa interpretação   metafórica, quando  o 


galo tece a manhã com seus gritos está favorecendo apenas a si mesmo. 
Pode­se dizer que esta idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: B 

3.  Ainda  numa  interpretação  metafórica  do  poema  Tecendo  a  Manhã,  podemos  afirmar  que  as  práticas  de  assistência  à  saúde 
necessariamente  dependem de  um conjunto  de profissionais  e procedimentos  e que  mesmo  o  mais preparado  e  valorizado  entre 
eles, está intrinsecamente dependente dos outros para atingir seus objetivos. 
Pode­se dizer que esta idéia está: 
RESPOSTA CORRETA: A

140 
SAÚDE COLETIVA 

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