DOS SÉCULOS
POR
H . H . M u í r h e a d , A . B . , T h . D>, D . D . ,
Ex-dlretor dos Seminários Teológicos Batistas do Recife
e Rio de Janeiro
VOLUME 1
3." EDIÇÃO
Refundida e ampliada
E' deveras raro que uma obra didática no Brasil chegue à ter-
ceira edição. O autor aproveita a oportunidade para -agradecer
esta generosidade por parte dos leitores brasileiros e faz votos a
Deus que esta humilde obra contribua para o engrandecimento de
sua causa nas terras onde se fala o português.
Dallas, Texas, U. S. A .
1 de janeiro de 1948.
O AUTOR
Í N D I C E
INTRODUÇÃO Págs
I . DEFINIÇÃO 13
n . PONTOS DE VISTA 14
1. Do romanista 14
2. Do anglo-católico 15
3. Do defensor do desenvolvimento eclesiástico progressivo 16
4. Do defensor do Novo Testamento como a norma auto-
rizada 16
n i . PERÍODOS HISTÓRICOS 17
IV VALOR DO ESTUDO DA HISTÓRIA ECLESIÁSTICA .. 17
V. AMBIENTE E M QUE APARECEU O CRISTIANISMO .. 19
1. Governo 20
2. Raças 20
3. Condições sociais 21
4. Cultura .. .. .. 21
5. Religião 22
V I . PREPARAÇÃO DO MUNDO P A R A O CRISTIANISMO
1. O mundo pagão 23
2, O mundo judáico 29
PRIMEIRO PERÍODO
Do nascimento de Cristo até o fim da Idade Apostólica, 1 —100
CAPÍTULO I
Fundando o Cristianismo
I. OBSERVAÇÕES GERAIS 3!
H. O PRECURSOR 3í
m. O FUNDADOR 3(
rv\ OS CONTINUADORES 4í
1, O programa do Senhor ressuscitado 4í
2. O Dia de Pentecostes 4í
3. O evangelho transpondo Jerusalém 4<
4, O evangelho levado aos gentios 45
V A IGREJA DE ROMA 5(
CAPÍTULO n
O Cristianismo em Atividade
I . UMA NOVA FORÇA 55
I I . O CONCÍLIO DE JERUSALÉM 5c
H I . PERSEGUIÇÃO
CAPÍTULO III
Organizando o Cristianismo
I. O REINO E A IGREJA 5f
H . A IGREJA E AS IGREJAS - ., .. . . . . ...... 55
III, CARATERÍSTICOS DAS IGREJAS . .. 59
IV, OFICIAIS DAS IGREJAS 60
V , ORDENANÇAS DAS IGREJAS 62
VI-. L I T E R A T U R A DO PERÍODO: — O NOVO T E S T A M E N T O 63
V I I . V I D A CRISTA 65
SEGUNDO PERÍODO
Desde os tempos dos apóstolos até a adoção do Cristianismo como
Religião do Estado, 100 — 333
CAPÍTULO I
« P o r fora combates, temores por dentro»
I . PERSEGUIÇÃO 67
1. Causas da perseguição 67
2. Os imperadores e os cristãos 68
I I . CRESCIMENTO E CORRUPÇÃO 74
1. Observações gerais .. 74
2. Duas linhas históricas 75
- I I I . REAÇÃO A N T I - C R I S T A 77
1. Os ebionitas 77
2. Os gnósticos 79
3. Os maniqueus .. 82
4. Os monarquianos 84
IV COMEÇOS DA IGREJA CATÓLICA 85
V MOVIMENTOS REFORMADORES 85
1. Os montanistas 85
2. Os novacianos *. 87
3. Os donatistas • •• • • 88
CAPÍTULO II
Literatura do Período
I. OBSERVAÇOES GERAIS 89
II. PERÍODO E D I F I C A T I V O 90
1. Primeira Epístola de Clemente de Roma 90
2. Epístola de Barnabé .. 91
3. Epístolas de Inácio 91
4. O Pastor de Hermas 92
5. Epístola de Policarpo aos Filipenses 93
6. Ensino dos Doze Apóstolos ou A Didache 93
III. PERÍODO APOLOGSTICO .. .. 94
1. Ari5tides 96
2. Justino Mártir 98
IV. PERÍODO POLÊMICO 98
1. Irineu 9®
2. Hipólito 100
3. Tertuliano 102
4. Cipriano 104
V- PERÍODO CIENTIFICO 105
Págs.
1. Clemente de Alexandria .. . . .. .. 106
2. Orígenes .. 107
3. As Constituições Eclesiásticas e os Cânones dos
Apóstolos 109
CAPÍTULO III
Condições no fim do Período
I . EXTENSÃO DO CRISTIANISMO 111
I I . POSIÇÃO SOCIAL „ , 114
H I . ALTERAÇÕES N A D O U T R I N A E P R A T I C A 114
1. Ponto de partida .. .. .. 115
2. Ordenanças convertidas em sacramentos 11G
3. Catecumenato .. 118
4. Mudanças no ministério 119
5. Sacerdotalismo 122
6. Culto 122
I V O CREDO 123
V- O CÁNON DO NOVO T E S T A M E N T O 124
•VI. A V I D A CRISTÃ 124
1. Mundanísmo .. 124
2. Analfabetismo 125
3. Ascetismo 126
VIL SUMÁRIO 126
TERCEIRO PERÍODO
Da adoção do Cristianismo como Religião do Estado até a
coroação de Carlos Magno, 323 — 800.
CAPÍTULO I
A Igreja e o Império
í. C O N S T A N T I N O E SEUS SUCESSORES 129
1. Constantino e o Cristianismo 129
2. Os filhos de Constantino .. .. 135
3. Reação sob Juliano 135
4. Teodósio, primeiro imperador ortodoxo .. .; 136
H . TRANSIÇÃO P O L Í T I C A 136
I I I . A IGREJA O F I C I A L I Z A D A 138
CAPÍTULO II
Desenvolvimento da Teologia
I . OBSERVAÇÕES GERAIS .. 141
I I . CONTROVÉRSIAS 143
1. Controvérsia administrativa — Os donatistas 143
2. Controvérsia trinitaríana — Arianismo 146
•3. Controvérsia cristológica 149
1) Apolinarianismo 150
2) Nestorianismo 150
3) Eutiquianismo ou monofisismo .. ... ., 151
Págs.
4) Controvérsia monotelita .. . . . . — 152
4. Controvérsia antropológica — Agostinho e Pelágio . . 153
CAPÍTULO m
Reações e Movimentos Reformadores
I. OBSERVAÇÕES GERAIS 159
II. REAÇÃO DE AÊRIO 159
III. REAÇAO JOVINIÁNICA 160
IV. REAÇÃO VTGILÁNCIANA 163
V REAÇÃO P A U L I C I A N A 164
VI. REAÇAO C O N T R A A ADORAÇÃO DE IMAGENS 171
CAPÍTULO IV
Crescimento do Poder Papal
I . A IGREJA E O BISPO DE R O M A 173
I I . POLÍTICA DOS BISPOS DE ROMA 173
1. Concilio de Nicéia 173
2. Concilio de Sardes 174
3. Concilio de Éfeso 175
4. Concilio de Cali:edônia 175
5. Segundo Concilio de Constantinopla 177
6. Terceiro Concilio de Constantinopla 177
7. Quarto Concilio de Constantinopla 177
8. Atitude de outros papas .. . 179
I I I . JUSTINIANO E O P A P A D O 181
IV O REINO MEROV1NGIO .. 181
V INVASÃO DOS BARBAROS .. 182
V I . GREGÓRIO I, O GRANDE 182
V I I . O REINO CARLOV1NGIO 184
V I I I . CARLOS MAGNO E O P A P A D O 186
CAPÍTULO y
Missões no Período
I . OBSERVAÇÕES GERAIS 189
I I . MISSÕES N A B R E T A N H A 190
1. O Cristianismo primitivo na Bretanha 190
1) Origem 190
2) Intervenção papai 191
3) Doutrinas e práticas 192
2. Missionários britânicos 194
1) Patricio 194
2) Coiumba 201
3) Coiumbano 202
I I I . MISSÕES A R I A N A S E P A P A I S .. 203
1. Métodos missionários 203
2. Nas margens do Danúbio — Ulfilas .. 204
3. N a Inglaterra — Agostinho 206
4. Em Frísa — Wilibrord 210
5. Na Alemanha — Bonifácio 211
6. N a Escandinávia — Ansgar 215
CAPÍTULO VI
O Maometismo: — Um Rival do Cristianismo
I. OBSERVAÇOES GERAIS 219
II. O FUNDADOR 219
IU. EXPANSÃO PELA ESPADA 220
IV, DOUTRINAS E P R Á T I C A S 220
V CONQUISTAS 222
CAPÍTULO VII
Condições Internas do Cristianismo no fim do Período
I . MUDANÇAS NAS DOUTRINAS E P R A T I C A S 223
1. Sistematização da doutrina 223
2. Mudanças no batismo e na ceia. — Novos sacramentos 224
3. Veneração aos anjos, mártires, santos e relíquias .. .. 225
4. Culto € V i r g e m Maria 226
5. Adoração de imagens e peregrinações 227
I I . V I D A CRISTÃ — MONAQUISMO 228
QUARTO PERÍODO
Da Coroação de Carlos Magno até a Reforma Protestante,
800 — 1517
CAPÍTULO I
Idade Média
I . OBSERVAÇÕES GERAIS 231
I I . A CIVILIZAÇÃO M E D I E V A L 233
I I I . O SANTO I M P É R I O R O M A N O E A S A N T A IGREJA CA-
TÓLICA 235
I V . DIVISÃO E N T R E AS IGREJAS O R I E N T A L E OCI-
DENTAL 238
V- O FEUDALISMO 240
V I . DECRETOS FALSIFICADOS 241
V I I . A L E I CANONICA E A L E I C I V I L 243
V I I I . A CÜRIA R O M A N A 245
I X . A V I D A MONASTICA N A IDADE MÉDIA .. • 247
X . AS CRUZADAS 252
X I . A INQUISIÇÃO : 257
X I I . AS UNIVERSIDADES D A IDADE M É D I A 260
X H I . TEOLOGIA E CULTO CATÓLICO D A IDADE M É D I A .. 261
1. Escoíasticismo 261
2. Misticismo medieval 266
XIV O PAPADO DURANTE A ERA MEDIEVAL 268
XV O P A P A D O NO SEU AUGE 275
X V I . D E C L f N I O NO PODER P A P A L - 277
X V I I . O C A T I V E I R O BABILÕNICO (1305—1376) 278
X V I I I . O CISMA P A P A L (1378 — 1449) 279
1 CAPÍTULO n
f Missões Católicas do Período Págs.
[ I . OBSERVAÇÕES GERAIS 285
I I . CARLOS MAGNO E A CRISTIANIZAÇÃO DOS SAXOES 286
i n . QUINHENTOS ANOS MAGROS .. .. 287
I V . MOVIMENTOS DOS POVOS E SUA CRISTIANIZAÇÃO .. 288
1. No Ocidente 289
! 1) Os mouros na Espanha .. .. 289
2) Os normandos na França e Inglaterra 289
2. Na Europa Central 290
' 1) Os magiares 290
j; 2) Avanço dos turcos 291
U 3. No Oriente — Invasão dos mongóis .. .. .. 292
V. O CRISTIANISMO E N T R E OS ESLAVOS 294
V I . O CRISTIANISMO NO I N T E R I O R D A ASIA 295
V I I . MISSÕES N A Á F R I C A O C I D E N T A L E N A S I L H A S .. 296
f V I I I . RESUMO .. .. 297
CAPÍTULO III
; Reformadores antes da Reforma
j| I . OBSERVAÇÕES GERAIS 301
([ I I . DISSIDÊNCIA D U A L I S T A .. 302
i 1. Os bogomilos 302
2. Os cátaros 303
! I I I . DISSIDÊNCIA E V A N G É L I C A 305
1. Cláudio de Turim 305
X 2. Os albigenses ^ 305
ií % 3. Os petrobucianos e henríquenses 307
| 4. Os amaldistas 310
5. Tanqueimo e Eudo de Stella .. 313
< x. 6. Os Valdenses 3*5
•Ú yt 7. Wiclif e os lolardos .. 323
8. Marcilo de Pádua 329
í 9. Movimentos evangélicos na Boêmia 331
1) Situação geral .. 331
í 2) Plêiade de reformadores .. 331
i Os taboristas 337
». 4) Os irmãos boêmios .. ,. .. 338
10. Outros movimentos 341
ij 1) Os irmãos da vida comum .. .. . . 341
!; A 2) Savonarola 341
i! 3) João Puper de Goch 342 v
4) João de Wesel 342
l ii 5) João de Wessel 342
H / * ^ A w» -ILvV^H^ Conclusão
:! A O R A I A R DO NOVO D I A 343
uj { BIBLIOGRAFIA 349
jj x , , T. t ^
Introdução
I . DEFINIÇÃO
I I . PONTOS DE V I S T A
I I I . PERÍODOS HISTÓRICOS
Por conveniência dividiremos em sete períodos,
os desenove séculojggta era cristã, fazendo ressaltar de
cada um deles, os tópicos mais importantes para o nos-
so estudo:
1. D o nascimento de Cristo até o f i m da idade apos-
tólica, 1 — 100.
2. Do f i m da idade apostólica até a adoção do Cristia-
nismo como religião do Estado, 100 — 3 2 3 .
3. Da adoção do Cristianismo como religião do Estado
até a fundação do Santo Império por Carlos Magno,
323 — 800.
4. Da coroação de Carlos Magno até a Reforma Pro-
testante, 800 — 1517.
5. Da Reforma Protestante até a Paz de Westfália,
1517 <— 1648.
6. Período de transição da Idade Média aos tempos
modernos, 1648 — 1789.
7. O Cristianismo contemporâneo, 1789 — 1946.
I V . V A L O R DO E S T U D O D A H I S T Ó R I A
ECLESIÁSTICA
V . O AMBIENTE EM QUE A P A R E C E U O
CRISTIANISMO
1
IS
I N T R O D U Ç Ã O IS
3) João 1 : 3 .
4) Col. 1:16
25
23 O CRISTIANISMO ATRAVÉS DOS S£CUIX)S
G) Atos 17:27
25 O CRISTIANISMO ATRAVÉS DOS S£CUIX)S
PRIMEIRO PERÍODO
CAPÍTULO I
FUNDANDO O CRISTIANISMO
#
I. OBSERVAÇÕES GERAIS
I I . O PRECURSOR
0 ministério de Jesus foi precedido pelo curto mi-
nistério de seu primo João Batista, jovem das monta-
nhas da Judéia, que passou muito tempo de sua vida,
no deserto fora do contacto dos homens. Tinha êle
cerca de 2fi anos quando começou a pregar o que era
-•» .-í • •• - •'• •" • ••-••••< •
III. O FUNDADOR
2) 2:1-12
3) João 2 0:4; 12:1
39 O CRISTIANISMO ATRAVÉS DOS S£CUIX)S
i) João 2:13-4:42.
FUNDANDO O CRISTIANISMO 41
9) Atos 13:1-19:20
1Ü) Atos 9:21-28:31
11) Atos h:h
12) Atos 6:7
F U N D A N D O O CRISTIANISMO 47
V , A IGREJA D E ROMA
O CRISTIANISMO EM ATIVIDADE
I . UMA N O V A F ô R Ç A
I I . 0 CONCiLIO DE JERUSALÉM
III. PERSEGUIÇÃO
I I . A IGREJA E AS IGREJAS
V I I . V I D A CRISTÃ
I . PERSEGUIÇÃO
1. Causais da perseguição
2. Os imperadores e os cristãos
I I . CRESCIMENTO E CORRUPÇÃO
1. Observações gerais
2} Mat. 16:18.
<dPOR FORA COMBATES, TEMORES POR D E N T R O » 77
I I I . REAÇÃO ANTI-CRÍSTÃ
1. Os ebionitas
4. Os monarquianos
3. Os donatistas
LITERATURA DO PERÍODO
I. OBSERVAÇÕES GERAIS
I I I . PERÍODO APOLOGÉTICO
I V , PERÍODO POLÊMICO
" /
V . PERÍODO CIENTÍFICO
Alexandria foi, no comêço da era cristã, & cidade
mais cosmopolita do mundo. A sua situação geográ-
fica tornava-a o ponto de convergência da cultura ori-
ental com a ocidental. As portas da cidade estavam
sempre abertas a qualquer religião ou filosofia, não
lhe faltando prosélitos e defensores. Tudo que era bom
ou ruim ocupava um lugar naquele formigueiro huma-
no. Grande empório comercial que foi a cidade, tor-
nou-se por isso, o chamariz para os aventureiros, que
lhe transpunham as portas em grossas correntes, ávidos
por coisas novas e fáceis êxitos mercantis ( 5 ) . Eístas
circunstâncias nos levam a supor que o Cristianismo
entrou na formosa metrópole africana sem encontrar
grande resistência ; Faltam-nos entretanto, dados his-
tóricos. A tradição aponta Marcos como o fundador da
igreja de Alexandria. Mas; de positivo e certo, coisa al-
guma se sabe.
Os primeiros conhecimentos históricos que possuí-
mos do movimento cristão na capital africana, datam
mais ou menos do meado do segundo século. Neste
tempo foi fundada uma escola de catecisino com o f i m
de instruir os filhos dos crentes e os convertidos vindos
do paganismo, nas doutrinas fundamentais do Crislia-
I. EXTENSÃO DO CRISTIANISMO
E mais adiante:
0 que é evidente é que o ensino de Jesus de Nazaré era o do
novo tipo que começou com os profetas hebraicos. Não «ra sa-
cerdotal, não idependia de templos nem de altares. Nada tinha tíe
ritos nem de cerimônias. Seu sacrifício era "um coração que-
brantado e contrito". Sua única organização era a de pregadores
e a sua função principal era a do sermão. Mas o Gristianismo do
quarto século, ainda que preservasse o núcleo dos ensinos de Je-
sus nos evangelhos, foi em grande parte uma religião sacerdotal
do tipo já familiar no mundo, durante milôníos. O centro do seu
ritual era o aliar, e o ato essencial do culto era o sacrifício mi-
nistrado pelo sacerdote, na celebração da missa (3) .
1. Ponto de partida.
4. Mudanças no ministério
5, Sacerdotalismo
6. Culto
I V , O CREDO
Ja notamos, páginas atrás, que em oposição à here-
sia observava-se nas igrejas forte corrente que pugnava
pelo estabelecimento de uma confissão clara e concisa,
com tendências a formar um credo em periodo não
muito remoto.
0 credo mais antigo é o chamado "credo dos após-
tolos". Não foi escrito pelos apóstolos nem tâo pouco
foi obra de um concilio, como acontecera com os ou-
tros credos. Surgiu no meio das atividades missioná-
rias como breve exposição de fé cristã, que devia ser
aceita pelos candidatos antes do batismo. Apareceram
vestígios dêste credo antes do ano 200, mas a forma
em que aparece na atualidade, data do quarto ou quinto
século. E' mais uma confissão de f é do que um credo.
Até o dia de hoje, milhares de pessoas em muitas par-
tes do mundo repetem-na cada domingo como a ex-
pressão da sua crença. Por causa do seu valor histó-
rico, como o primeiro credo, e por seu uso geral na
atualidade, transcrevemo-lo integralmente:
123 O CRISTIANISMO A T R A V É S DOS S£CUIX)S
V I . V I D A CRISTÃ
1. Mundanismo
E' deveras importante o conteúdo dos chamados Câ-
nones dos Santos Apóstolos, os quais provavelmente to-
maram a sua forma atual no f i m dêste período. Por
CONDIÇÕES NO FEYt DO PERÍODO 125
2. Analfabetismo
3. Ascetismo
V I I . SUMÁRIO
A IGREJA E O IMPÉRIO
I. CONSTANTINO E SEUS SUCESSORES
1. Constantino e o Cristianismo
ano lhe escreveu insis lindo que eles dois reagissem para
reconquistar o trono, o ex-imperador respondeu-lhe:
"Se viesses a Salone e vísses as couves que tenho plan-
tado com as minhas próprias mãos, nunca mais me fa-
larías em imiiério". Automaticamente os dois Césares,
Galério e Constâncío, subiram a Augustos, mas um ano
depois falecendo Constâncio, seus soldados, não le-
vando em conta a lei de sucessão decretada por Dio-
cleciano, proclamaram imperador o filho, Constantino,
o qual durante dezoito anos pelejou contra seus con-
correntes.
Pouco se sabe da vida privada de Constantino. Zó-
simo, historiador do quinto século, diz que ele era filho
ilegítimo, sendo seu pai egrégio general e sua mãe, He-
lena, filha dum estalajadeiro de Nish na Sérvia, Gibbon,
historiador inglês, 110 entanto, acha que eleve ter havido
casamento. Em todo o caso foi casamento humilde e
Constantino teve que pelejar contra sérios obstáculos
desde a infância, e, o fato de ele ter alcançado a posi-
ção mais alta 110 govêrno, revela que era homem de
valor Sua educação era bem limitada. Sabia pouco
ou nada de grego. Gibbon, por causa de sua aversão
ao Cristianismo, é hostil a Constantino, mas admite
que ele era sóbrio e casto. Acusa-o de prodigalidade
por causa das suas grandes construções, e de vaidade e
dissolução porque, na sua velhice, usou cabelo postiço
e diadema e túnica luxuosa. 0 próprio Gibbon amar-
rava o cabelo com laço de fita preta, e todos os impe-
radores depois de Constantino usaram diademas e tú-
nicas luxuosas.
Constantino foi mais autocrálico que os predeces-
sores. Reinou sem senado nem conselheiros. Como Di-
ocleciano, ele reconheceu que o seu império estava em
decadência, e assim como aquele procurou a força uni-
ficadora na religião pagã, este procurou-a no Cristia-
nismo.
A IGREJA 3E O IMPÉRIO iâi
2. Os filhos de Constantino
II. T R A N S I Ç Ã O POLÍTICA
I I I . A IGREJA OFICIALIZADA
DESENVOLVIMENTO DA TEOLOGIA
I. OBSERVAÇÕES GERAIS.
CONCÍLIOS ECUMÊNICOS
Reconhecidos pelas igrejas católica romana e grega
II. CONTROVÉRSIAS
1. Controvérsia administrativa — Os donalislas
(3) Idem..
6 O CRISTIANISMO ATRAVÉS DOS S£CUIX)S
3. Controvérsia cristológica
O HOMEM P R I M I T I V O
PELÁGIO AGOSTINHO
A QUEDA
L I V R E ARBÍTRIO
O PEGADO
A GIIAÇA
 "graça divina" consiste A graça é a operação da von-
nos privilégios que Deus ou- tade do Espirito Santo no h o -
torga ao homem. mem, pela qual a vida espiri-
A salvação a pessoal, sem lei tual começa e se aperfeiçoa.
nem evangelho. A vantagem Sem ela o homem não pode ar-
do evangelho é que por êle so repender-se nem tão pouco
lorna mai« fácil ser crente. crer. A graça redentora é m -
quebrantável em sua operação
sôbre os eleitos: nada lhe pode
resistir,
A ELEIÇÃO
BATISMO I N F A N T I L
IV, REAÇÃO V I G I L A N C I A N A
Conybeare afirma:
Que a igreja pauliciana não era uma igreja nacional nem de
uma raça particular, mas uma velha forma da igreja apostólica,
que abrangia no seu seio, sírios, gregos, armênios, africanos, lati-
nos e diversas outras raças. Encontrando r e f ú g i o no sudoeste
romano, o paulicianismo ali concentrou suas fôrças com relativa
segurança debaixo da proteção dos persas e, árabes, preparando-
se para uma arrojada emprêsa missionária no mundo grego ( 1 2 ) .
2. O Concilio de Sardes
3. Concilio de Éfeso
4. O Concilio de Calcedònia
C. A. S. — 1 2
178 O CRISTIANISMO ATRAVÉS DOS S£CUIX)S
II [. JUSTINIANO E O P A P A D O (527-565)
V I I I . CARLOS MAGNO E O P A P A D O
Carlos Magno (768-814), destruiu o império dos
lombardos, em 773, confirmou e aumentou os estados
papais e se declarou "rei de Itália", Depois de muitas
conquistas, foi coroado imperador pelo pTÓprio papa
Leão III, ressurgindo assim o velho Império Romano
d 0 ocidente. O Santo Império Romano, assim formado,
compreendendo, agora, a maior parte da França e
X/ MISSÕES NO PERÍODO
I. OBSERVAÇÕES GERAIS
C. A . S. — 13
190 O CRISTIANISMO ATRAVÉS DOS S£CUIX)S
2. Missionários britânicos
I I I . MISSÕES A R I A N A S E P A P A I S
1. Métodos Missionários
V 3. Na Inglaterra — Agostinho
4. Em Frisa — Wilibrord •
Do sétimo até o nono século a Irlanda foi o centro de
atividade missionária, porém a igreja papal estabelecida
por Agostinho na Inglaterra não andou muito a-tr^s. O
espirito de aventura que inspirou os anglos e saxoes a
deixarem o continente e se firmarem na (Bretanha, in-
flamou a religião dos ingleses; e talvez fosse este es-
pirito de tanto zelo pela causa de Cristo que os tornou
os missionários incansáveis da época.
Ainda que a Inglaterra já tivesse sido nominal-
mente cristianízada, por alguns séculos não chegou ao
nível de cultura e piedade atingidas em outras partes
da Buropa e especialmente na Irlanda. Os mosteiros
dêste pais gozavam de bom conceito no sétimo século.
Os jovens ingleses que almejavam preparo melhor do
que podiam obter no seu pais, internavam-se nos mos-
teiros irlandeses. Alguns destes emheberam o espirito
missionário que levou Columba aos pictos e Columbano
aos burgundos. Entre outros foi o presbítero Wilibrord.
Debaixo da proteção de Pepino e amparado pela
sé de Roma começou Wilibrord o seu trabalho entre
os frísios em 690. Nomeado ax*cebispo de Utrecht em
696, teve o gosto de ver convertidos antes de sua morte
os frísios meridionais, apesar da oposição continua do
seu príncipe. O bom êxito de Wilibrord e dos seus su-
5. Na Alemanha — Bonifácio
E cumpriu.
Passou êle o ano de 724 em Hesse subjugando os pa-
gãos escoceses para organizar sôbre suas práticas idola-
tras uma igreja submissa ao Papa; de 725-735, ocupou-se
com a mesma tarefa na Turingía. Os anos de 735-741
não lhe foram muito favoráveis. Depois de lutar com
uma tenacidade assombrosa, afim de fundar na Ba-
vária, uma igreja sujeita a Roma, terminou êste
período sem nada ter conseguido, Mais tarde organi-
zou a igreja dos francos sujeita a Roma. Em 742 a
Austrásia, e em 744 a Nèustria, adotaram por meio de
sinodos organizados em diversas partes, as suas idéias,
as quais foram depois gradualmente postas em prática.
Morreu êste célebre monge em 755 quando ia em
viagem missionária para o meio dosírãncos. Nenhum
outro legou ao absolutísmo papal tão grande soma de
esforços e dedicação, assim como nenhum outro lhe
prestou tão servil submissão. A grandeza dos ex-
pedientes e da empresa deste missionário anglo-
saxão é incontestável. Os seus atos eram caracteriza-
dos por uma vontade de ferro e sobretudo por uma
cega e fanática obediência a 0 Papa. Que êle foi um
6. Na Escandinávia — Ansgar
O MAOMETISMO: - UM RIVAL DO
CRISTIANISMO
I, OBSERVAÇÕES GERAIS
No momento em que o Cristianismo papal procu-
rava conquistar os povos bárbaros, derribar ou assimi-
lar as crenças tradicionais idolatras e preparar o ca-
minho para uma sólida organização polííico-eclesiás-
tica, capaz de enfrentar qualquer poder humano e exer-
cer jurisdição autoritária sôbre tôda a Europa, eis que
surge no Oriente um forte contrapeso aos seus propó-
sitos. Era uma bem principiada organização político-
religiosa que acabava de ser fundada, ameaçando to-
mar proporções assombrosas, fechar as portas ao Cris-
tianismo no Oriente, e paralisar ou mesmo exterminar
a obra crista.
A seita nascente, guardada e defendida pelas ci-
mitarras de centenas de fanáticos, surgia cheia
de poder agressivo, pretendendo até disputar ao
Cristianismo a posse da Europa.
II. O FUNDADOR
O Maometismo foi fundado por Maomé, (571-632),
que descendia duma ilustre família árabe. Dizia ter-
lhe sido revelada esta nova doutrina pelo arcanjo Ga-
briel. O seu característico básico é um monoteismo
fatalista. Maomé dizia ser o último e maior profeta.
Maomé, reputado por sua probidade, passou de pas-
tor de ovelhas a guia de caravanas e mercador. A prin-
cipio, quando apregoava suas idéias, f o i perseguido pe-
los próprios sacerdotes a cuja classe pertencia, sendo
obrigado a fugir de Meca para Medina. Esta fuga, ocorri-
190
190 O CRISTIANISMO ATRAVÉS DOS SÉCULOS
1. Sístematização da doutrina
C. A . S. — 15
222 O CRISTIANISMO ATRAVÉS DOS S£CUIX)S
IDADE MÉDIA
{ :í I . OBSERVAÇÃO GERAL
Chama-se período medieval os mil anos desde a
queda de Roma até o romper da Reforma protestante
por causa da sua posição cronológica entre os tempos
antigos e modernos e que forma a transição da civili-
zação greco-romana para a civilização romano-germâ-
nica destinada a controlar o futuro do mundo ociden-
tal.
Como já se notou, a queda do Império Romano pe-
las tribos íeutônicas em 476, politicamente falando, ini-
ciou a era medieval, enquanto a coroação de Carlos
Magno e a fundação do Santo Império Romano marcam
seu principio na história eclesiástica, ainda que suas
raizes tivessem começado a se formar desde o pontifi-
cado de Gregório, o Grande, iniciado em 590. Foi êle
o último dos país da igreja e o primeiro teólogo medi-
eval; o último bispo de Roma e o primeiro Papa me-
dieval.
O teatro do Cristianismo medieval limita-se
quase exclusivamente ao Ocidente. Foi no Ocidente —
Itália, Espanha, Gália, Grã Bretanha e Alemanha —
onde os povos teutônico-latinos desenvolveram a ci-
vilização ocidental.
As invasões destrutivas iniciaram o período me-
232 O CRISTIANISMO ATRAVÉS DOS S£CUIX)S
I I I . O S A N T O IMPÉRIO R O M A N O E A S A N T A
IGREJA C A T Ó L I C A
V . FEUDALISMO
V I . DECRETOS FALSIFICADOS
C. A . S. — 16
238 O CRISTIANISMO ATRAVÉS DOS S£CUIX)S
MfiMifliifittKflíiMKiKHH
244
IDADE MÉDIA 239
X I . A INQUISIÇÃO
c . a . s . — 17
258 O CRISTIANISMO ATRAVÉS DOS S£CUIX)S
1. O Escolasticismo
2. 0 Misticismo medieval
X I V . 0 P A P A D O D U R A N T E A ERA MEDIEVAL
(800-1268)
A coroação de Carlos Magno abriu na história po-
litico-eclesiástica da Europa, um período novo, no qual
os dois poderes, o civil e o papal, aparecem intima-
mente ligados, em busca do ideal comum de poderio
e domínio.
Leão III (795-816). — O periodo começa com Leão
I I I assentado na cadeira pontificai. Leão mostrou-se
favorável à coroação do grande rei franco, e foi de suas
próprias mãos que Carlos Magno recebeu, em Roma, a
coroação imperial. Èste fato ocorreu em 800. Bem agi-
\
IDADE MÉDIA ! 269
c . a . s . — 18
, 274 O CRISTIANISMO ATRAVÉS DOS SÉCULOS IDADE MÉDIA 275
X V I I . O CATIVEIRO B A B I L ô N l C O (1305-1376)
c . a . s . — 19
200 O CRISTIANISMO ATRAVÉS DOS S£CUIX)S
2. Na Europa Central
X) Invasão dos inagíares. A origem dos magíares
ou húngaros é questão disputada. Parecem ter sido uma
mistura de elementos fino-hungaros e turcos, sendo a
controvérsia principal sobre qual desses elementos pre-
domina.
Na última década do século nono os magiares co-
meçaram a saquear a Moravia e a Panônia ( 3 ) , Em cerca
de 895 emigraram em grande número para o território
.agora conhecido como a Hungria e ali estabeleceram
colônias permanentes. A transferência de tãO(:grande
número de asiáticos para a Europa Central era possível
neste tempo devido ao enfraquecimento politico do go-
verno. O Impérro Carlovingío estava se desintegrando
pelas dissenções internas e por fora estava sendo aper-
tado pelos normandos. Os reis saxões ainda não haviam
restabelecido a ordem. Nestas circunstâncias as portas
estavam abertas a novas invasões do Oriente. Do lugar
que hoje se chama Hungria cfomo base, os magiares in-
vadiram repetidas vezes a Itália e a Europa Ocidental.
Pilharam até as terras tão longínquas como Saxônía e
penetraram até o Mar do Norte, Queimaram igrejas e
saquearam mosteiros. Alguns padres foram mortos di-
ante dos altares e outros levados cativos junto com mui-
tos leigos. Na Panônia reduziram as igrejas a ruinas.
Mais tarde penetraram nos Bálcãs.
No século dez os alemães ressurgiram sob a lide-
rança dos chefes saxões e a onda dos magiares foi de-
lida. Por fim, em 955, Oto I esmagou-os de tal maneira,
(3) Região da Europa antiga entre o Danúbio ao norte e a
ílíria ao suí.
MISSÕES CATÓLICAS D O PERÍODO 2&tt
3. No Oriente
Invasão dos mongóis ou tártaros. No principio do
século treze surgiu no interior da Ásia, ao norte da China,
um novo império, que exerceu poderosíssima influência
sôbre o Cristianismo n'o Oriente por alguns séculos.
Sob a liderança de Gengíscã, os mongóis, ainda pa-
gãos, conquistaram todo o norte da China e todo o In-
MISSÕES CATÓLICAS DO PERÍODO 2&tt
V . O CRISTIANISMO E N T R E OS ESLAVOS
VIII. RESUMO
1. Os bogomilos
Dizem que a palavra "bogomilos" significa na lín-
gua eslava "amigos de Deus:"\ Outros dizem que o povo
que assim se chamava recebeu o apelido de um seu líder
por nome Bogomil no décimo século.
2. Os cátaros
1. Cláudio de Turim
2. Os Albigenses
C. A . S. — 20
306 O C R I S T I A N I S M O A T R A V É S DOS S£CUIX)S
4. Os arnaldistas
(12) "Não foi sem razão -que a Igreja de Roma, no seu ponto
de vista, condenasse a Abelardo; porque se Ôle não foi estrita-
mente herege, foi certamente quem espalhou o germe de heresia
para outros. As mais sérias rebeliões do século doze contra a Igre-
ja podem ?cr traçadas diretamente ao seu salão de conferências."
— Vedder, Breve História dos Batistas', per. 42.
(13) Bernardo de Clairvoux, primeiro abade do Convento
de Ciaravel, França {jda ordem de Gister): promotor da segunda
cruzada (1147-1153); pregador eloqüente e violento contra a he-
resia no sul da França. Investiu-se contra Alebardo e Arnaldo,
•obrigando aquôle a retratar-se e pedir perdão à Igreja, e ôste a
sair do território francês.
(14) O Papa e o Concilio, E d . 1930, pg. 31.
REFORIVIADORES ANTES DA REFORMA 300
X,
314 O CRISTIANISMO ATRAVÉS DOS S£CUIX)S
6. Os valdenses
C. A . S. — 21
318
311 O CRISTIANISMO ATRAVÉS DOS S£CUIX)S
7, Wiclif e os lolardos
8. Marcilo de Pádua
330
^ t O CRISTIANISMO ATRAVÉS DOS SÉCULOS
C. A . S. — 22
327 O CRISTIANISMO ATRAVÉS DOS S£CUIX)S
Carver, W . C., All the World in All the Word; The Course of Crip-
Man Missions; How the New Testament Came To Be Writfcm
Catholic Encyclopedia
Encyclopedia Britannica
Gibbon, Edward, History of the Rise and Fall of the Roman Empire