Trata-se de artigo de autoria de André Rufino do Vale, Doutor em Direito pela Universidad
de Alicante (Espanha) e pela Universidade de Brasília, denominado Aspectos do
Neoconstitucionalismo, publicado na Revista Brasileira de Direito Constitucional – RBDC n. 09 – jan./jun. 2007. O autor dá início ao artigo comparando a ideia do Neoconstitucionalismo em diferentes aspectos nas teorias de nomes importantes para o direito constitucional citando Ronald Dworkin, Robert Alexy, Gustavo Zagrebelsky, Luis Prieto Sanchís, Carlos Nino, Luigi Ferrajoli, que, apesar das diferentes formas de pensar, encontra tendências comuns denominada por Pietro Sanchís como uma “nova cultura jurídica” sendo que estas similaridades podem ser resumidamente descritas como: a)importância dada aos princípios e valores como componentes elementares dos sistemas jurídicos constitucionalizados; b) a ponderação como método de interpretação/aplicação dos princípios e de resolução dos conflitos entre valores e bens constitucionais; c) a compreensão da Constituição como norma que irradia efeitos por todo o ordenamento jurídico, condicionando toda a atividade jurídica e política dos poderes do Estado e até mesmo dos particulares em suas relações privadas; d) o protagonismo dos juízes em relação ao legislador na tarefa de interpretar a Constituição; e) enfim, a aceitação de alguma conexão entre Direito e moral. Diante destas tendências o autor descreve que, o Neoconstitucionalismo não diz respeito a um movimento, mas sim a um conjunto de teorias em sentido comum que definem o direito dos Estados constitucionais, e fundamentado neste modelo elenca aspectos de importância para a teoria, sendo seu ponto inicial a adoção de uma Constituição como Norma, sendo ela marcada pela presença de princípios, especificamente, de normas de direitos fundamentais que, por constituírem a positivação de valores da comunidade, tem como característica um conteúdo normativo de caráter material ou axiológico, tendente a influenciar todo o ordenamento jurídico vinculando seus atos. Em havendo um Estado de Direto fundamentado em uma Constituição que organiza e dita as regras para o ordenamento jurídico, segue então parâmetros que observam os direitos fundamentais traduzindo em linguagem normativa todos os atos políticos e normativos de seus entes e considera que a existência de normas de direitos fundamentais nos sistemas jurídicos constitucionalizados é resultado da transformação de uma moral crítica para uma moral legalizada. Diante destas afirmações observa o autor que o positivismo jurídico passa por modificações importantes a fim de torná-lo mais adequado ao neoconstitucionalismo, pois neste modelo a validade de uma norma não está restrita apenas a critérios formais, mas deve corresponder aos valores intrínsecos que envolve o ordenamento jurídico, implicando em uma superação da dicotomia positivismo/jusnaturalismo fazendo convergirem rumo a uma compreensão integradora de teorias antes consideradas contraditórias entre si. O Estado constitucional de Direito é uma necessidade urgente para a evolução das sociedades, pois a observância de princípios éticos e morais comuns são definidores de uma objetividade jurídica coerente com valores fundamentais inerentes a toda a raça humana. Estados onde as normas são impostas de maneira positivista acabam se tornando autoritários e causando repulsa na maioria das situações conhecidas mundialmente. O equilíbrio entre o poder-dever, deve fundamentar as decisões tomadas pelos entes estatais, criando assim um arcabouço de valores como a vida e a dignidade da pessoa humana, acima de qualquer outra justificativa. A ponderação de valores e a conjugação de ideias e teorias somente acrescentam e afirmam a ideia de democracia e constitucionalidade de uma nação.