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Adestramento de Cães

Módulo I

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Sumário

Introdução..................................................................................................................... 3
Unidade 1 - Abordagem inicial: o método ..................................................................... 4
1.1 - O que é adestramento canino? .......................................................................... 5
1.2 - Como utilizar o adestramento............................................................................ 6
1.3 - História do adestramento................................................................................... 9
1.4 - Cães de trabalho.............................................................................................. 11
Unidade 2 - Comportamento Canino ........................................................................... 49
2.1 - Entendendo o cão............................................................................................ 50
2.2 - Entendendo a linguagem corporal dos cães...................................................... 52
2.3 - Socialização do cão......................................................................................... 60
2.4 - Regressão no aprendizado ............................................................................... 63
2.5 - Humanização de Cães ..................................................................................... 68
Conclusão do Módulo I............................................................................................... 71
Introdução

Olá aluno(a)!

Bem-vindo(a) ao curso de
adestramento de cães. Neste curso,
vamos abordar os métodos de
adestramento tradicional e com
clicker, considerado um dos
melhores métodos por adestradores
modernos. Falaremos sobre cães de
trabalho, o treinamento para cada
atividade e sobre o treinamento de
treinadores ou condutores de cães de trabalho.

Falaremos também sobre alimentação canina e sobre os benefícios de uma


alimentação natural e balanceada para cães. Além disso, você aprenderá como fazer
para que o cão realize suas necessidades fisiológicas em local apropriado.

Abordaremos temas sobre comportamento canino, psicologia canina e o que a


linguagem corporal dos cães podem nos sinalizar, e o que podemos fazer para que o cão
seja sociável.

Por fim, veremos exercícios práticos com o método tradicional e com clicker, os
quais você poderá decidir qual método caberá melhor a cada tipo de cão.

Esperamos que você aprenda a importância do adestramento de um cão,


independente se ele terá uma função de trabalho ou se será apenas para companhia.

Boa Sorte!

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Unidade 1 - Abordagem inicial: o método

Olá!
Nesta unidade, vamos
entender o conceito de adestramento
de cães, como utilizá-lo no
cotidiano e quais as condições que o
treinamento exige.

Vamos conhecer os cães de


trabalho mais comuns e como são os
treinamentos de cada um deles.

Por fim, você aprenderá qual


é o processo exigido de um cão para
tornar-se guia de deficientes visuais e o treinamento necessário durante essa etapa.

Bons estudos!

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1.1 - O que é adestramento canino?

Podemos considerar o adestramento de cães como um processo de ensino de


habilidades e de comportamentos para um cão através da atividade física e mental com
pretensão educacional, recreativa e social.

Na maioria das vezes, esse treinamento inclui o condicionamento operante, ou


não associa a aprendizagem com o objetivo de alcançar um comportamento desejado ou
habilidade.

Os cães podem ser adestrados para pastorear, caçar, guiar deficientes, entre
outros atributos.

O adestramento deve ser iniciado quando o cão ainda for um filhote,


aproximadamente aos dois meses de vida. A educação deve ser feita no dia a dia e de
maneira constante.

Por se parecer com uma criança, o filhote deve ser ensinado desde pequeno para
não crescer mal-educado, por isso, repreenda-o na hora certa e o elogie do mesmo
modo.

O objetivo do adestramento é fazer com que o


cão e o seu dono tenham uma melhor comunicação e
convivência, para que haja entendimento entre os
dois. Assim, é imprescindível entender como o cão vê
o mundo, não esperando que ele o enxergue da
mesma maneira que nós humanos.

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1.2 - Como utilizar o adestramento

Os cães têm aparado os humanos na execução de tarefas específicas há milhares


de anos. Com o passar do tempo, o
seu papel de “empregado” foi
transfigurado para membro de
família. Segundo a Associação
Americana de Fabricantes de
Produtos para Animais de
Estimação, os donos de cães dos
EUA gastaram cerca de quarenta
bilhões de dólares com seus pets em 2011, mais que o dobro do que gastaram em 1994.

Embora isso signifique que os cães estejam vivendo em sua melhor fase, o status
de filho também pode exigir que um cachorro siga certos padrões de comportamento.
Ao contrário do que muitos pensam, os cães não são pessoas peludas, eles possuem uma
maneira peculiar de agir e pensar.

Por seguirem sua natureza animal, milhares de cachorros são abandonados e


entregues aos abrigos de animais a cada ano, ou vivem presos no quintal dos fundos,

Certamente, é possível que cães e pessoas possam viver juntos em harmonia,


mas isso demanda o esforço de seus donos para atravessar a barreira que existe entre as
duas espécies e adestrar seus cachorros para que se comportem de maneira apropriada
em nossa sociedade.

Existem diversas maneiras de


adestrar esses animais e, apesar de
muitos treinadores afirmarem que o
seu método é o correto, a verdade é
que há dezenas de técnicas que
funcionam. A principal diferença entre

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eles é a rapidez e o prazer que o cão e o seu dono terão em realizar essa atividade.

O adestramento canino é baseado, na maioria das vezes, no condicionamento


operante. A definição desse conceito foi apresentada pelo cientista B. F. Skinner, que
explorou o trabalho do fisiologista russo Dr. Ivan Pavlov a respeito do comportamento
animal.

Condicionamento operante consiste em aprender um estímulo (no caso de


Pavlov, um sino é o que estimula os cães) como significado de que é hora de comer.
Relacionando as duas coisas, que estão naturalmente associadas (salivar e comer),
Pavlov adicionou um terceiro componente ao tocar a campainha antes da alimentação.

Após alguns testes, os cachorros aprenderam a associar o sino ao ato de serem


alimentados e salivavam ao ouvir o som do sino, prevendo, assim, que era hora da
comida, mesmo ela não estando presente naquele momento.

Os cães salivam espontaneamente ao receberem comida, que é um estímulo não


condicionado, por isso, não há necessidade de condicionamento ou adestramento para
que o cão salive. Embora o toque de um sino não costume fazer cães salivarem, ele é
considerado um estímulo condicionante, pois a reação do cão é um reflexo ao estímulo,
como observamos na imagem abaixo:

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Fonte: http://casa.hsw.uol.com.br/treinamento-para-cachorro.htm

Podemos usar como um exemplo, os cães que latem ao escutar o som da


campainha. Esses cães agem da mesma forma ao ouvirem esse som, quando transmitido
pela televisão. Isso significa que o cachorro está condicionado a associar o barulho da
campainha com a aproximação de um estranho.

Seguindo três passos simples, é possível iniciar o processo de adestramento para


qualquer finalidade, são eles:

1) Incitar seu cão a realizar o comportamento desejado. Por exemplo: não latir,
sentar, entre outros comportamentos.

2) Introduzir a palavra-comando, conciliando o comportamento com o comando


preestabelecido.

3) Reforçar positivamente, sem punição, agressão ou gritos. Instruir o cão a


repetir o comportamento desejado.

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1.3 - História do adestramento

Os cães acompanham os homens desde os


tempos mais remotos. Os nossos ancestrais nas
cavernas já associavam os lobos ao trabalho mútuo.

Na Segunda Guerra Mundial, os alemães, que


já treinavam cães para caça, tiveram a ideia de utilizar
pastores alemães como cães de guerra. Inicialmente,
o treino dos cães consistia em alimentá-los embaixo
dos tanques de guerra. Em seguida, os cães ficavam
quatro dias sem alimentos, até serem levados aos
campos de batalha com uma bomba acoplada ao
corpo. Como estavam famintos, visualizavam tanques inimigos e corriam para se
alimentar, desse modo, eram sacrificados.

Devido à diminuição de soldados, a guarda das fronteiras com a França,


Holanda, Bélgica e Espanha contou com a ajuda de trinta e quatro mil cães entre
pastores alemães e dobermanns.

Posteriormente, mesmo com a assinatura do armistício, os cães de guarda


continuaram em alta e não foi possível dispensá-los.

Em consequência do pós-guerra, o índice de delinquência avançou. Por isso, o


desenvolvimento do adestramento teve ascensão, surgindo centros de treinamento cuja
intenção era formar cães policiais.

Com o equilíbrio da economia europeia na década de 1960, esses cães policiais


perderam a sua função. Os criadores particulares, então, se interessaram em promover
competições de obediência, e assim nasceu o esporte de adestramento, bem como a
entidade VDH, que permitiu a competição de outras raças como dogue alemão, boxer,
schnauzer, entre outras.

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Pastor Alemão Boxer

Schnauzer

Dinamarquês

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1.4 - Cães de trabalho

Cão de trabalho é aquele treinado para


executar algum tipo de serviço de utilidade ao
homem, de maneira indireta, como o pastoreio, a
caça e a guarda.

O cão de companhia, que instintamente efetua


guarda em casa, pode até prestar uma tarefa benéfica,
porém não passa por um treinamento especial. Outro
exemplo é o de cães de terapia, que prestam
benefícios ao homem embora não tenham passado
por formação específica.

São considerados animais de trabalho, os cães treinados, especificamente, para


exercerem diversas funções, como cão de busca e resgate, cão policial, cão-guia, entre
outros. Esses trabalhos são executados em parceria pelo homem e o cão. Mesmo no
caso de cão-guia, em que a maioria pensa que o trabalho é exclusivo do cão, a realidade
é que o deficiente visual também passa por um processo de treinamento e criação de
vínculos com o cão e também incorpora os procedimentos de condução antes de sair à
rua. Sem um condutor habilitado, o cão não poderá executar um bom trabalho.

Iniciamos o processo de adestramento para trabalho enquanto o cão ainda é


filhote, estendendo-o durante toda a vida dele.

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O animal executa esse tipo de serviço com a intenção de agradar o seu condutor.
Se o fizesse simplesmente por gostar de trabalhar, certamente, os cães de busca, por
exemplo, estariam constantemente procurando mortos. No entanto, ele só fareja ao
comando do condutor.

Os cães de trabalho são treinados por um processo motivacional e não por


castigo. Um cão que trabalha por medo jamais será confiável, pois executará a tarefa no
nível mínimo de esforço, com medo do castigo. Para executar um serviço com o
máximo do seu potencial, ele deve ser motivado.

Algumas características são muito importantes num cão de trabalho. Como regra
geral, ele precisa gostar do que faz, ter muita energia e amar seu condutor.
Características naturais como autoconfiança, neutralidade ambiental e boa índole
também são imprescindíveis. Isso tudo é adquirido em um esforço constante dos dois:
cão e humano.

Para ser completo, um cão de trabalho deve ter a capacidade de trabalhar em


condição de estresse e de pressão, sem se preocupar com o entorno. Sem dúvida,
devemos levar em consideração as particularidades do cão, por exemplo, o cão policial
deve atender aos comandos apenas do seu condutor, caso contrário, o bandido poderá
dar uma contraordem; já o cão de busca deve ser sociável com as demais pessoas e com
os demais animais.

Para ser um condutor de cão de trabalho, é imprescindível amar o animal e


gostar do trabalho em questão. Um condutor deve entender o cão e interpretar o seu
comportamento, além de conhecer a fisiologia canina e suprir as suas diversas
necessidades, como poupar o animal de desgastes desnecessários ou excessivos.
Lembrar que um bom cão dá sua vida pela do condutor. O condutor deve ter uma
atitude condizente com a de um líder para que o cão o reconheça como tal.

Dependendo do tipo de trabalho, o desgaste pode ser muito grande. Isso


independe do ritmo físico do animal, ele não precisa correr e saltar. Por exemplo, um
cão de busca em trabalho intenso tem um desgaste físico muito grande e mesmo os
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melhores cães dessa categoria não trabalham mais que vinte minutos contínuos. Ele
deve ter um intervalo com o dobro do tempo que trabalhou e mesmo assim, a segunda
sessão não deve ultrapassar quinze minutos e a terceira sessão deve ser encerrada com
menos de dez minutos. Se o cão trabalhar além do que o recomendado, ele pode até
suportar, mas, provavelmente, a vida dele será mais curta do que o normal.

Cães de busca, resgate e salvamento

Os cães de busca, resgate e salvamento têm como característica a obediência e a


agilidade, mas o que os impulsiona
a procurar uma pessoa desaparecida
é o seu grande interesse em brincar.
A tarefa dele é descobrir a origem
do cheiro da pessoa e informar ao
condutor onde ela está.

Segundo especialistas, um
único cão de busca, resgate e salvamento pode realizar o trabalho de busca de vinte a
trinta pessoas. Esse tipo de cão não conta só com os cheiros, a audição superior e a
visão noturna também são muito importantes. Sem contar o tempo que é precioso e
pode custar uma vida.

Em caso de uma avalanche, por exemplo, cerca de 90% das vítimas podem
continuar vivas por aproximadamente quinze minutos, após o soterramento, mas cerca
de trinta e cinco minutos depois, somente 30% delas deverão sobreviver.

Mesmo que a maioria das vítimas não sobreviva, as chances são maiores quando
cães realizam as buscas. Nos casos de vítimas que estão supostamente mortas, os cães
são inestimáveis, pois eles podem localizar os corpos para que as famílias possam
realizar o funeral.

Esse tipo de cão pode fazer os mais difíceis resgates, descem desfiladeiros com
seus condutores, localizam pessoas em um raio de quinhentos metros, encontram
pessoas sob a água, sobem escadas, andam em vigas instáveis de prédios desmoronados;

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tudo isso com o objetivo de identificar, pelo cheiro, seres humanos, tanto vivos quanto
mortos, uma peça de roupa ou mesmo um dente humano. Os cães de busca e resgate
localizam pessoas desaparecidas, buscam sobreviventes e corpos em desastres e também
localizam evidências em cenas de crime usando o faro.

As buscas são feitas por diferentes tipos de cães, pois alguns são animais de
rastreamento enquanto outros são farejadores. A distinção está, principalmente, no
treinamento e na participação deles nas missões.

Os cães rastreadores trabalham com o seu focinho no solo seguindo trilhas do


cheiro humano em diferentes terrenos. Eles seguem e precisam de um ponto inicial,
como um objeto com o cheiro da vítima ou de uma trilha sem contaminação. Em casos
assim, é preciso correr contra o tempo, portanto o cão deve começar as buscas antes que
outras equipes cheguem ao local e contaminem a trilha.

Já os cães farejadores trabalham com o focinho no ar, usando o faro para captar
o cheiro humano nos arredores. Eles não necessitam de um ponto de partida, um objeto
ou uma trilha de cheiro, pois trabalham captando o cheiro transportado numa corrente
de ar, buscando sua origem.

Geralmente, são chamados para encontrar desaparecidos em diversos ambientes


amplos, como em um parque nacional, em local de soterramento ou em avalanches e
também podem se especializar em um tipo particular de busca, como:

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• Cadáveres – A busca é específica em cheiro de restos mortais, desde gotas de
sangue até o corpo da vítima;

• Vítimas de naufrágio – A busca também é específica, já que os cães buscam por


essas vítimas, cujo corpo está sob a água. As partículas de pele e de gases sobem
à tona, e os mergulhadores se orientam pelo ponto de alerta do cão;

• Avalanche – A busca se concentra em pessoas soterradas até quatro metros e


meio abaixo da neve;

Desastre urbano – Considerada a mais difícil especialidade, os cães buscam por


sobreviventes em escombros e devem percorrer por terrenos instáveis.

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Aqui no Brasil, o treinamento de cães de busca, resgate e salvamento surgiu
tardiamente, uma vez que não possuímos zonas de riscos naturais, como picos gelados,
montanhas elevadas, frequência de neve, além de estarmos situados em uma zona
geográfica onde terremotos não são frequentes.

Só a partir da segunda metade da década de 1990, algumas instituições iniciaram


projetos isolados com a intenção de qualificar cães para busca e localização de pessoas
desaparecidas em escombros. Até então, como o Corpo de Bombeiros fazia parte da
Polícia Militar, a primeira formação desses animais era única e exclusivamente baseada
nas técnicas de faro para localização de entorpecentes.

A partir do ano 2000, várias iniciativas surgem defendendo essa atividade em


nosso país e não somente associadas aos bombeiros, mas também através de grupos
voluntários, tendo como fatores fundamentais para tal implantação, o crescimento de
diversos grupos de praticantes de esportes radicais, como trilha e montanhismo;
ocorrências de edificações que desmoronaram; surgimento de competições caninas,
entre outros motivos.

A partir de 2005, tivemos uma iniciativa de expressão com a criação da


Associação Brasileira de Busca, Resgate e Salvamento com Cães que, embora fosse
uma entidade da sociedade civil, era integrada com 90% de militares e visava o
crescimento da atividade, já que nem todos os Estados possuíam cães no Corpo de
Bombeiros.

Embora já tenhamos essa iniciativa, os padrões que utilizamos para treinar cães e
condutores são internacionais, de acordo com órgãos que visam padronizar os
treinamentos em todo o mundo. Como exemplo, a Organização das Nações Unidas
(ONU) estabelece padrões mínimos de operação para um cão de busca, através do
INSARG – International Search and Rescue Advisory Group1. Esse órgão, que edita e
regula normas com padrões internacionais, visa padronizar as equipes de busca para
grandes desastres como terremotos.

1
Grupo Consultivo Internacional de Busca e Resgate em tradução livre.

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Os protocolos da INSARG direcionam o que os cães devem fazer nas operações,
porém não estabelecem a forma pela qual será medido esse potencial. Sendo assim,
alguns outros organismos estabeleceram certas provas para certificar cães e condutores.

Para os adestradores brasileiros, a IRO (Organização Internacional de Cães de


Resgate) sediada na Áustria e a FEMA (Agência Federal de Gerenciamento de
Desastres) sediada nos Estados Unidos são as organizações de maior destaque. Temos
também a ABRESC (Associação Brasileira de Busca, Resgate e Salvamento) e o Corpo
de Bombeiros do Estado de Santa Catarina, que também estão habilitados a realizarem
tal certificação.

Treinamento para cães de busca e resgate

Para o trabalho de busca e


resgate, é primordial que o cão
goste muito de brincar. Certamente,
um cão que busca uma bolinha de
tênis por horas, será um excelente
trabalhador, já que a base do
treinamento desses cães é associar o
cheiro humano a um objeto do qual
goste muito.

Entre as principais tarefas de um cão de busca e de resgate, estão a de localizar


um cheiro humano (ache) e a de alertar seu condutor para sua localização. Esse
treinamento dá a garantia de que o animal completará suas tarefas, independentemente
das distrações, do clima e de todas as adversidades possíveis e, dependendo da área de
especialidade do cão, o treinamento central pode incluir o lembrar/localizar (mostre-
me), no qual ele encontra uma vítima, retorna ao condutor e o leva até ela, ou o cão
permanece próximo à vítima e late até o condutor chegar.

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Comandos comuns
• Ache – iniciar uma busca por cheiro humano
• Suba – escalar um obstáculo
• Túnel – rastejar através de um túnel
• Deixe – ignorar uma distração em particular
• Mostre – levar o treinador de volta ao local
de uma descoberta

Durante o treinamento, é necessário que o cão e o condutor morem juntos. A


duração mínima do treinamento para que um cão esteja apto a atuar é de, no mínimo,
600 horas. É dever do condutor, saber controlar seu cão todo o tempo e nas mais
diversas situações, mas é primordial que o cachorro saiba agir por conta própria, todavia
sempre atento ao seu condutor.

No início do treinamento, uma das prioridades, é identificar qual é a recompensa


mais adequada para o cão em questão. Durante o treinamento, o condutor deve associar
a referida recompensa a cada coisa que deseja que o cão faça. Em um primeiro
momento, isso é feito com tarefas muito simples e, progressivamente, vão sendo usadas
tarefas mais complexas, conforme o cão completa cada etapa do processo de
treinamento.

Os cães possuem um instinto natural para identificar cheiros, e o treinamento


para busca e resgate permite que o cão saiba o cheiro que o condutor deseja que ele
localize.

Por exemplo, supomos que esse cão em particular trabalhe para brincar de cabo
de guerra com uma meia malcheirosa. No treinamento específico de avalanche, o
primeiro passo é fazer com que o cão a procure sob a neve. O condutor cava um buraco
na neve, e uma segunda pessoa segura o cão enquanto o condutor faz um grande
barulho, pulando e correndo para dentro do buraco. O cão não para de observar o
condutor e faz força para segui-lo. Então, o assistente solta o cão, e ele corre ao
encontro de seu condutor, brincam de cabo de guerra e, assim, estimula o interesse do
cão em buscar pessoas.

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O passo seguinte consiste em aumentar o tempo que o assistente segura o cão,
esse exercício aumenta o nível de memória e atenção exigidos para localizar o condutor.

A princípio, o assistente segura o animal por aproximadamente cinco segundos.


Depois disso, o cão encontra o condutor e brincam de cabo de guerra. Dessa vez, o
assistente segura o cão por dez segundos, depois um minuto, depois cinco minutos e
assim sucessivamente. Sempre que o cão encontra o condutor – o cão sempre tem
facilidade nessa etapa, pois observa o treinador se esconder –, ele ganha o seu cabo de
guerra.

Nessa etapa, o cão já está totalmente envolvido com o “jogo”, sendo assim, esse
é o momento para aumentar o nível de dificuldade do treinamento. O assistente cobre o
condutor com neve e dessa vez o cão não pode vê-lo, em compensação sente o seu
cheiro e assim começa a cavar. Ao achar o seu condutor, o cão encontra a sua meia
malcheirosa. Dessa forma, o cão descobre que as pessoas podem estar sob a neve e que,
se ele cavar naquele local, uma pessoa vai aparecer para brincar com ele.

Posteriormente, o condutor troca de lugar com o assistente e nesse estágio, o


“jogo” já está bem estabelecido, e o cão já sabe o que fazer para ganhar sua recompensa.

Exercício de treinamento em avalanche

A partir de agora, será mostrado como acrescentar algumas distrações ao “jogo”.


Neste exercício, os cães podem
jogar o jogo do “ache” com outros
cães, que se movimentam próximo
à área, juntamente com diversos
equipamentos de busca em
avalanche, como pás e mastros
espalhados pela neve. Esse
exercício é feito, pois numa busca
real, as distrações estarão por todos os lados e o cão deve ser capaz de se concentrar
exclusivamente na busca, mesmo que ao seu redor esteja um caos.
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Quando o cão compreende o “jogo do ache”, já podemos iniciar o treinamento
para alertá-lo sobre a descoberta, o que geralmente é um reforço, pois os cães
instintivamente já o praticam. No caso de descobertas na avalanche, os cães cavam na
área onde foi detectado o cheiro humano. Caso a recompensa seja dada imediatamente
após uma descoberta correta, o cão sempre dará o alerta desse mesmo jeito. Desse
modo, esse cão estará apto a atuar em campo, mantendo a vigilância e a dedicação à
busca, em qualquer condição e em todos os terrenos, com a maior confiança.

Esse cão treinado, sem dúvida, vai ignorar um pedaço de carne sobre uma árvore
e vai controlar o impulso de cheirar outro cão de busca e resgate se ele estiver
cumprindo o comando “ache”. Isso não tem nada a ver com achar que o serviço, em si,
é sério, mas sim levar a brincadeira a sério. Se estiver em um treinamento ou em uma
busca real, ele agirá da mesma forma.

Existe também um treinamento para o condutor de cão de busca e salvamento,


embora seja menos complexo. Dura em média mil horas e ele aprende a treinar o cão
para localizar e alertar, recebe treinamento em navegação terrestre, comunicação via
rádio, sobrevivência em áreas amplas e desabitadas, primeiros socorros, padrões
climáticos e habilidades com bússolas e mapas.

Cães de busca em ação

Quando uma equipe de busca e resgate é acionada, cão e condutor levam seus
equipamentos, que geralmente incluem diversos acessórios para intempéries, cordas,
bússolas, amarras, rádios, água, alimentos, entre outras utilidades na busca. Se a ação
acontecer numa avalanche, o transporte pode envolver um helicóptero. Se a busca
acontecer em área ampla e desocupada, geralmente o transporte é um automóvel,
caminhada e ou rapel, e se for um afogamento, cão e condutor chegam de barco.

É nesse cenário que a obediência do cão é testada, já que há distrações em toda


parte, como membros da família da vítima, pessoas e cães procurando, imprensa, entre
outros. Em caso de uma busca longa, a equipe de busca monta um acampamento base
com áreas de descanso e com comunicação por rádio.

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O líder da busca, resgate e salvamento indica a cada equipe formada por cão e
condutor, um local a ser vasculhado. Se o cão demonstrar interesse por um local em
particular, o condutor anota a localização e, caso o cão emita o alerta completo, a
mobilização passa a ser geral.

Enquanto acontece toda essa mobilização, imediatamente o cão e seu condutor


se afastam e brincam de cabo de guerra (ou a recompensa preferida do cão) para
entender que ganhou o jogo.

Se a vítima é localizada sem vida, e a família está presente, essa recompensa


deve ser feita, discretamente, distante de todos, pois enquanto a busca, resgate e
salvamento permanecer como um “jogo”, o cão vai desempenhar o seu papel de forma
prazerosa até que o seu condutor decida que chegou a hora de sua aposentadoria.

Geralmente, chega a hora da aposentadoria quando o cão não consegue mais


lidar com os rigores físicos do trabalho, o que acontece entre oito e dez anos de idade.
Cães que trabalham em buscas nos desastres urbanos podem se aposentar mais cedo –
como no caso dos cães que trabalharam nos escombros do World Trade Center, devido
ao estresse extremo e aos problemas de saúde decorrentes. Outros cães também podem
passar para uma especialidade mais tranquila.

Quando o cão de busca, resgate e salvamento se aposenta integralmente, ele


geralmente usufrui seu descanso ao lado do condutor. Caso o condutor não possa ficar
com o cão, existem organizações
que buscam um novo lar para ele.
Nos dois casos, os cães vão
desfrutar de uma vida de diversão e
lazer, o que é muito merecido para
quem teve uma carreira de trabalho
árdua.

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Cães-guia

Os cães-guia são aqueles animais que oferecem um serviço de muito valor para
o homem, contribuindo para a condução de deficientes visuais. Para ter sucesso nesse
trabalho, o cão-guia deve saber:

• Manter-se concentrado, não se distrair com as várias distrações que podem


aparecer em seu caminho;

• Posicionar-se à esquerda, em todos os momentos, mantendo-se um pouco a


frente de seu acompanhante;

• Conservar-se parado sempre que de deparar com o meio-fio, até receber o


comando seguir;

• Só realizar movimentos para os lados ou se mover para frente após o comando;

• Identificar e desviar de obstáculos;

• Levar o acompanhante em direção ao painel do elevador;

• Deitar-se sempre que o acompanhante se sentar;

• Direcionar o acompanhante no transporte coletivo;

• Reconhecer diferentes comandos de voz.

Vamos ver abaixo como é a vida, o trabalho, como são treinados e o que
acontece com eles quando se aposentam. Nessa leitura complementar, também
aprendermos como pessoas interessadas podem envolver-se na criação de cães-guia.

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Leitura Complementar

Cães-guia no Brasil

O número de deficientes visuais no Brasil está estimado em cerca de 150 mil


pessoas, sendo que existem aproximadamente 50 cães-guia no país. Um número
extremamente baixo, comparado a outros países. Atualmente, existem no Brasil poucos
centros de treinamento ou instrutores autônomos para cães-guia.

O cão-guia possui algumas vantagens, ou seja, ele proporciona mais segurança,


independência e liberdade ao deficiente visual. Garante maior velocidade e desenvoltura
na locomoção do deficiente visual e, principalmente, auxilia-o no desvio de obstáculos
aéreos, como galhos de árvores e telefones públicos, que ficam difíceis de serem
detectados pela bengala.

No Brasil, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, em 2005, um decreto


regulamentando a Lei do Cão-Guia e determinando que os deficientes visuais possam
frequentar locais públicos acompanhados de cães-guias. Somente será vetada a entrada
dos animais em centro de terapia intensiva e salas de cirurgias. Este decreto deve
garantir aos deficientes visuais o direito de ir e vir sem qualquer tipo de
constrangimento.

Para adquirir um cão-guia, o deficiente visual tem que procurar os centros de


treinamento ou os instrutores autônomos. Você pode encontrar alguns desses centros em
São Paulo, Porto Alegre e Brasília, como o INTEGRA – Instituto de Integração Social e
de Promoção da Cidadania.

Fonte: http://pessoas.hsw.uol.com.br/caes-guia1.htm

O cão deve saber, além de tudo, a desobedecer qualquer comando que coloque o
seu acompanhante em perigo. Essa habilidade tem o nome de desobediência seletiva,

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sendo o aspecto mais interessante sobre os cães-guia, que equilibram obediência com
sua própria avaliação da situação.

Em uma faixa de pedestres, por exemplo, essa capacidade é imprescindível, pois,


cão e acompanhante devem trabalhar muito próximos para que a situação seja
conduzida seguramente. Ao chegarem no meio-fio, o cão deve parar por um momento,
assim, o acompanhante poderá identificar que está diante da faixa de pedestres. Depois
desse momento, o acompanhante é quem toma a decisão de quando é seguro atravessar,
já que o cão não é capaz de discernir as fases do semáforo. A travessia só acontecerá
quando o acompanhante ouvir o fluxo de trânsito e oferecer o comando “seguir” ao cão.
Se não há perigo, o cão segue em linha reta, caso contrário, o cão espera para seguir o
comando.

Cão-guia e acompanhante trabalham juntos como uma equipe para chegar a


qualquer lugar, o cão-guia não conhece o destino, portanto, segue as instruções do
acompanhante quanto às distâncias e quando virar. O acompanhante não enxerga os
obstáculos e é o cão-guia que deve tomar essas decisões de como realizar o percurso.

Com a experiência, os cães tendem a conhecer os lugares onde o acompanhante


frequenta. Por isso, o cão logo aprende a reconhecer o comando “vá ao metrô” ou “suba
no ônibus”, seguindo a rota.

Esse tipo de cão aproveita muito seu trabalho e se satisfaz com um serviço bem
feito, porém, não há espaço para a diversão durante o dia de trabalho, e, mesmo quando
o acompanhante não precisa de assistência, o cão-guia é treinado para ser desprendido
às distrações e a não se mover. Ele deve permanecer no trabalho do acompanhante e
frequentar locais públicos sem causar transtornos.

Ao se deparar com um cão-guia trabalhando, é importante reconhecer que de


fato ele está no trabalho e que ao acariciá-lo ou falar com ele, ocorrerá a quebra de sua
concentração, prejudicando, assim, as habilidades do acompanhante. Naturalmente, as
pessoas se impressionam ao se depararem com um cão-guia e desejam acariciá-lo e

24
elogiá-lo, mas o que devemos de fato fazer é não fazê-lo, para que o foco dele seja
somente guiar seu acompanhante.

As brincadeiras e elogios são recebidos ao final do dia quando se chega em casa.


O cão-guia sabe fazer a distinção entre trabalho e brincadeira, baseando-se no peitoral.

Sabe que, quando está vestido com o acessório, é hora de trabalho, e reconhece
que, quando o peitoral é retirado, é hora de brincar. Esses cães trabalham muito duro
todos os dias, mas levam uma vida muito feliz, cheia de diversão e estímulos. Muitos
acompanhantes relatam que, todas as manhãs, os cães pulam de alegria ao vestir o
peitoral.

Os cães-guia vêm de escolas e


instituições que os fornecem para
deficientes visuais sem custo. Aqui
no Brasil, temos o Instituto de
Integração Social e de Promoção à
Cidadania, uma organização sem
fins lucrativos que se esforça ao
máximo para que cão-guia e
acompanhante se juntem. Incluindo:

• Treinar os acompanhantes;

• Criar os cães-guia;

• Avaliar os futuros cães-guia;

• Treinar os cães-guia;

• Treinar os instrutores;

• Combinar os acompanhantes com os cães adequados;


25
• Reavaliar e aposentar os cães-guia;

• Preparar programas de criação de filhotes para futuros cães-guia;

• Conseguir novos lares para os cães aposentados.

A maioria dos cães-guia é das raças Retrievers Labradores, Golden Retrievers ou


Pastores Alemães. As características mais
marcantes dessas raças é a inteligência,
obediência, força e cortesia nas relações.
A escolha dos cães para treinamento é
feita pelas escolas de cães, que cuidam
deles com todo cuidado e dedicação. Os
filhotes escolhidos não devem ser nem
muito tímidos e nem muito líderes, o
equilíbrio de temperamento é fundamental para se tornar um cão-guia.

Apesar de toda essa atenção, alguns filhotes não se tornam aptos para o trabalho,
pois não desenvolvem habilidade suficiente e acabam sendo vendidos como animais de
estimação.

A maioria dos cães, no entanto, permanece em treinamento para se tornar cães-


guia. Conforme veremos adiante, o treinamento é intenso com alto nível emocional,
todos trabalham arduamente, com resultados incríveis, que mudam completamente a
vida de seus acompanhantes.

26
Criadores de filhotes

Ao desmamarem e estarem preparados para deixar a mãe, os cães que


demonstraram ter um nível de aptidão para guias, seguem para uma casa que vai os
acolher e assim aproveitar sua fase de filhote.

Esses criadores são voluntários que passam por uma seleção e treinamento na
escola de cães-guia. A escola fornece aos criadores voluntários um manual e um vídeo
explicativo. O trabalho do criador é desenvolver habilidades, principalmente, de
obediência, direcionadas aos filhotes, exposição aos vários tipos de pessoas e
ambientes, além de dar todo amor e atenção para que ele se torne um cão confiante e
feliz e, assim, possa iniciar o treinamento de guia. Os criadores voluntários passam a
base para o treinamento extensivo que o cão terá pela frente.

O aspecto mais relevante de criar um futuro cão-guia é deixar o cão confortável


nas mais adversas situações. A socialização é importante para todos os cães, mas é
crucial aos cães-guia que devem ser capazes de ir a vários lugares sem se distraírem
com seu trabalho, devem se habituar ao som alto, intempéries, obstáculos e multidões.
Sem contar que devem ser confiantes em qualquer situação que o seu acompanhante
possa passar. Nos programas de criação de filhotes, os criadores devem expor o filhote
a, no mínimo, cinco novas experiências semanais.

Para que o cão tenha um bom desempenho no treinamento posterior, o filhote


deve passar por experiências com obediência. Os cães devem desenvolver atenção e
responsabilidade com seus acompanhantes e ter autoconfiança para lidar com comandos
complexos e situações de estresse. O papel do criador é encorajar essas qualidades.

Também é atributo do criador voluntário ensinar os comandos básicos da


obediência como: sentar, deitar e caminhar corretamente na coleira, além de acostumar
o cão a sessões extensas de treinamentos várias vezes por semana. Os criadores
voluntários ensinam um comando para o cão e o elogiam, mas recompensas não podem
ser oferecidas. Esse tipo de cão terá que trabalhar sem a expectativa de recompensa e,

27
mesmo quando estiver em restaurantes e outros locais onde há comida, ele terá que
manter a concentração.

Leitura Complementar

Criando um futuro cão-guia


por Mary Cantando

Quando meu marido e eu decidimos que queríamos criar um futuro cão-


guia, a primeira coisa que descobrimos é que todos os criadores de filhotes
passam por um completo processo de triagem. Na Olhos-guia para cegos, futuros
criadores devem completar um processo de seleção, ir a reuniões e assistir a
vídeos de treinamento. Seguindo essa orientação, os voluntários locais visitam a
casa para uma entrevista. Passamos por este processo e conhecemos Sonar, o
labrador que iria morar conosco pelos próximos 18 meses.

Usando o método de treinamento da Olhos-guia para cegos, treinamos


Sonar a fazer suas necessidades fora de casa em um dia. O processo é levar o
filhote ao mesmo ambiente ao ar livre uma vez a cada hora. Quando ele
finalmente vai, dizemos em uma voz muito positiva, "Sonar, faça" e o elogiamos
e o acariciamos bastante. Fazemos isto algumas vezes e, quando o levamos para
sair, dizemos: "Sonar, faça", e ele faz imediatamente! Agora ele somente vai com
o comando. Esta é, certamente, uma habilidade importante para um futuro cão-
guia. Além disso, um acompanhante não pode andar nas ruas da Filadélfia com
seu cachorro fazendo necessidades na calçada, isso daria às pessoas uma
impressão muito ruim dos cães-guia.

Outra coisa interessante sobre os cães-guia, é que eles passam por portas
de maneira diferente de outros cães. Antes de abrir a porta, dou os comandos
"Sonar, sente" e "Sonar, fique". Depois abro a porta e digo, "Sonar, vamos". Uma
vez que passo pela porta, digo a Sonar para sentar e ficar de novo. Depois, ao
fechar a porta, digo "Sonar, vamos". Isto permite que o acompanhante saiba
exatamente onde está o cão e o que ele está fazendo enquanto ele tranca ou
28
destranca a porta.

Os filhotes são avaliados a cada três


meses. Na avaliação de Sonar, aos oito meses,
ele recebeu um colete especial que diz "Cão-
Guia em Pré-Treino".

Desde que recebeu esse colete, Sonar nos


acompanha por toda a cidade, que é o que o
Foto cedida por Mary
programa encoraja. Ele vai comigo à mercearia
Cantando
e enquanto escolho as bananas, ele se senta no
Sonar, usando seu colete de
chão próximo aos meus pés. Digo, "Sonar,
pré-treinamento para cães-
vamos", e imediatamente ele se levanta e vem
guia
comigo para trás da loja pegar café e feijão. Ele
gosta do caixa, pois as pessoas tendem a mexer com ele lá. Educadamente tento
lembrá-las que ninguém deve tocar em um cão-guia, sem primeiro pedir a
permissão do dono. Isso é muito difícil para as crianças entenderem, mas é muito
importante, como um cão-guia não deve ser distraído enquanto ele está
trabalhando.

A pergunta que as pessoas sempre fazem quando dizemos que estamos


criando Sonar para ser um cão-guia é, "Como você será capaz de abrir mão
dele?" Aqui está como vejo isso: criamos três filhos que se mudaram para viver
suas próprias vidas independentes, e é o que estamos fazendo com Sonar. Será
difícil dizer adeus quando o tempo chegar, mas ele está destinado a coisas
grandiosas e sei que vai fazer toda a diferença no mundo como parceiro
maravilhoso de alguém.

Fonte: http://pessoas.hsw.uol.com.br/caes-guia4.htm

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Após aproximadamente um ano, o criador voluntário do filhote deve trazê-lo
novamente à escola para que o cão inicie seu treinamento de cão-guia. Os treinadores
procuram por qualidades como:

• Inteligência;

• Vontade de aprender;

• Habilidade de se concentrar por períodos longos de tempo;

• Atenção a toques e sons;

• Boa memória;

• Excelente saúde.

Todas essas qualidades podem não ser suficientes para o início do treinamento,
os cães muito inteligentes possuem qualidades indesejáveis como:

• Estranhamento de gatos ou outros cães;

• Tendências agressivas;

• Temperamento nervoso.

Após o treinamento do cão, o treinador decidirá se


ele é ou não um bom candidato, se está pronto ou não para
o treinamento para cão-guia.

Há escolas que classificam o cão como apto para o


treinamento, mas após iniciá-lo, percebem que ele ainda
não está pronto, diante disso decidem mandar o animal de

30
volta para o criador voluntário de filhote por um mês ou até que amadureça. Caso o cão
não seja adequado ao treinamento, a escola move esforços para adequá-lo em outro
trabalho, como rastreamento, por exemplo, ou ele é oferecido ao seu criador voluntário
que tem prioridade em adotá-lo.

O treinamento é muito rigoroso, mas também muito divertido. A maioria das


escolas testa os cães por um longo período para ter a certeza de sua aptidão. Os testes
avaliam o nível de autoconfiança, pois somente os cães que são extremamente
confiantes são capazes de lidar com a pressão que os cercará. Caso passe nos testes, o
cachorro inicia imediatamente o treinamento.

Basicamente, o treinamento tem a duração de quatro a cinco meses. Após o


ensinamento esperado do cão, o treinamento é, basicamente, uma questão de
recompensar o desempenho correto e punir o desempenho incorreto. Isso funciona com
os cães, pois eles são animais maleáveis e têm uma necessidade instintiva de agradar
uma figura autoritária. O instrutor e futuramente o acompanhante é colocado no lugar
do líder da matilha (grupo de cães), que é o condutor do grupo.

O treinamento do cão-guia se diferencia dos demais treinamentos, pois não usa


comida como recompensa pelo desempenho desejável. Isso porque, como vimos
anteriormente, o cão-guia deve ser capaz de trabalhar em meio à comida, sem que ela se
torne uma distração. Então, ao invés da comida, a recompensa vem com elogios ou
outros sistemas de recompensa que encorajem o desempenho desejável. Utilizando esse
sistema de recompensa/castigo básico, os instrutores focam no treinamento de
habilidades necessárias para o guia.

A primeira lição é aprender a caminhar como um cão-guia. Isso significa


caminhar em linha reta, sem se distrair com o que acontece à volta e manter o passo à
esquerda, um pouco à frente do acompanhante, respondendo também tanto às correções
da coleira quanto aos comandos verbais. Para aprenderem a caminhar, são necessárias
algumas etapas.

31
Em primeiro lugar, eles aprendem a se movimentar de um ponto para outro.
Então o instrutor, gradativamente, introduz distrações, e, finalmente, se aventuram em
ruas e avenidas corrigindo o cão quando o caminho for mudado. A maior parte do
programa consiste em desenvolver a concentração do cão, fazendo com que nem a mais
atraente distração tire o animal no curso.

Faz parte do aprendizado do cão, parar em meios-fios, desde o início do


programa. Essa é uma importante habilidade do cão-guia, pois a segurança do
acompanhante depende dessa atitude do cão. Uma vez que o cão assimila a sempre
parar no meio-fio, eles aprendem a julgar perigos em potencial quando estiverem
atravessando a rua.

Algumas escolas de treinamento possuem simulações de cruzamentos de ruas,


facilitando a exposição de cães às mais diversas situações de trânsito. Naturalmente, os
cães aprendem a lidar com carros e desenvolver habilidades de reconhecer um perigo
em potencial. Essa etapa do treinamento mostra a desobediência seletiva. Para o cão se
tornar guia, é primordial habilidade na utilização da faixa de pedestres.

Além do mais, os cães sempre devem parar em escadas e desenvolver e praticar


todas as habilidades necessárias para guiar um deficiente visual até agirem com
naturalidade.

Ao final do treinamento, os cães que dominaram todas as habilidades e


exigências passam para o passo seguinte do processo que é conhecer o seu
acompanhante.

Esse momento de integração do cão com o deficiente visual leva cerca de três
semanas. O acompanhante recebe todas as devidas orientações de como cuidar e de
como utilizar esse cão-guia.

A castração dos cães-guia deve ser feita antes de serem entregues aos
acompanhantes. Isso se deve ao fato de que castrando o animal, evita-se possíveis

32
problemas decorrentes da maturidade sexual que ocorre, normalmente, entre os doze e
os dezoito meses de vida do cão.

Também vale ressaltar que, ao nos depararmos com um cão-guia, devemos


seguir algumas regras para que o cão não perca a sua concentração no trabalho, tais
como:

• Um cão-guia nos desperta curiosidade e vontade


de acariciar e elogiar, mas lembre-se de que esse
cão é responsável por conduzir alguém que não
pode enxergar. Não distraia o cão, a segurança
do acompanhante depende da concentração do
animal;

• Pergunte ao acompanhante se pode acariciá-lo;

• Os cães-guia possuem geralmente uma dieta


específica, por isso jamais lhes forneça qualquer
tipo de alimento;

• Os cães-guia são treinados para resistir a alimentos, e assim poderem visitar


restaurantes, festas e diferentes locais onde há comida em abundância sem que
fique pedindo por comida. Quebrar essa regra enfraquece o treinamento.

• Chamar, brincar e distrair um cão-guia pode ser perigoso.

• Identificar o fluxo de tráfego com a audição tornou-se mais desafiador para os


treinadores de cão-guia devido a motores mais silenciosos e ao número
excedente de carros nas ruas. Não buzine nem o chame de seu carro para
sinalizar quando é seguro atravessar, pois com essa atitude, você pode distraí-lo
e desconcentrá-lo. Seja cuidadoso unicamente com os pedestres nos cruzamentos
e quando o farol ficar vermelho.

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• O cão-guia tem os seus momentos de lazer. Quando não estão com a coleira, são
tratados como animais de estimação. Por isso, para a própria segurança, é
aceitável brincar com brinquedos adequados ao animal. Antes de oferecer
brinquedos a esses animais, consulte o acompanhante.

Eventualmente, o cão-guia pode cometer deslizes e, por isso, deve ser corrigido,
com o objetivo de manter seu treinamento. Tal correção pode acontecer por meio de
uma punição verbal, associada a uma correção de correia. Os treinadores utilizam
métodos adequados de correção para serem usados com seus cães, por isso, não se
admire quanto a essas pequenas punições.

A aposentadoria dos cães-guia acontece quando ele tem por volta de 10 anos.
Nesse momento, os reflexos já não tão precisos, e o cansaço físico já é notável. O
acompanhante ganha um novo cão e se quiser e puder ficar com o cão aposentado ele
tem prioridade, caso não possa ficar com os dois cães, a escola de cães-guia o
encaminha para famílias cadastradas num programa de adoção.

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Bóris, primeiro cão-guia a entrar no Metrô de SP, se aposenta

Dona do cachorro, a advogada foi pioneira na luta por acesso. Diesel será o novo
companheiro dela nas ruas da capital.
Do G1, em São Paulo

Bóris (à esquerda) vai se aposentar após nove anos de serviços como cão-guia e
será substituído por Diesel, de 1 ano e sete meses (Foto: Daigo Oliva/G1)

O labrador marrom Bóris, que em 2004 abriu caminho na Justiça para


deficientes visuais terem o direito de entrar no Metrô de São Paulo com seus cães-guias,
se aposentou aos dez anos de idade.

Após nove anos de serviços prestados à sua dona, a advogada Thays Martinez,
de 34 anos, Boris, dará a vez a outro labrador, chamado Diesel, de um ano e sete meses.
Nascido nos EUA, o novo cão-guia de Thays chegou do hemisfério norte há dez
dias. Bóris sai agora apenas para passear, mas, de acordo com Thays, já superou os
ciúmes da dona com o cão gringo.

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A advogada e Bóris ganharam destaque pela primeira vez em 2000, quando seu
então cão-guia foi impedido de entrar na estação Marechal Deodoro do Metrô. A
advogada formada pela Universidade de São Paulo entrou com uma ação judicial contra
o Metrô.

Em 2006, Thays obteve vitória no Tribunal de Justiça de São Paulo, onde ela fez
a própria defesa com Bóris ao seu lado e garantiu acesso de cães-guia ao Metrô.
Enquanto o processo tramitava na Justiça, Thays conseguiu a aprovação de duas outras
leis, uma estadual 10.784, de 2001, e outra federal, a 11.126, de 2005, que garantem o
acesso de cães-guia a locais públicos.

A lei estadual foi, em 2008, absorvida pela lei 12.907, que consolida a legislação
relativa à pessoa com deficiência no estado de São Paulo. O transporte de animais no
Metrô é proibido. A única exceção diz respeito a deficientes visuais conduzidos por
cães-guias, autorizados pela lei estadual. Quando for para o Metrô, Diesel não precisará
passar pelo transtorno a que se sujeitou Bóris, quando cães-guias eram proibidos dentro
das composições. A primeira viagem deverá ocorrer na próxima semana.

"Quando peguei o Metrô pela primeira vez com o Bóris, tinha expectativa de
que não ia acontecer nada e tivemos de enfrentar uma série de obstáculos. Agora, com a
aprovação da lei tenho certeza de que com o Diesel não vai ter nenhum problema",
afirmou.

Novo nome

Thays pensa em trocar o nome de Diesel por Dodge, que considera mais sonoro,
mas antes vai abrir uma enquete em seu blog para saber a opinião dos internautas.

Deficiente visual desde a infância e presidente do Instituto de Responsabilidade


e Inclusão Social (Iris), Thays afirma que o Brasil tem atualmente cerca de 50 cães-guia.
Apesar de ainda ser pouco em comparação com as 24 mil pessoas com necessidades e
potencial para terem cães-guia, o número já é cinco vezes maior do que no início da
década, quando Thays trouxe Bóris a São Paulo. "A demanda é muito maior do que
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aquilo que a gente pode atender, que é de oito cães-guia, em média, por ano", disse
Thays.

O Iris estabelece parceria com uma instituição norte-americana, a Leader Dogs,


para trazer cães-guia ao Brasil. De acordo com Thays, a Leader Dogs é mantida por
uma entidade filantrópica e o atendimento é gratuito, mas os interessados precisam se
inscrever em um processo seletivo.

Na última viagem que fez aos Estados Unidos acompanhada pelo fundador da
Iris, Moisés Vieira, Thays levou outros três paulistanos, que também receberam cães-
guia da Leader Dogs. O Iris pretende implantar em São Paulo uma escola para
treinamento de cães-guia, mas de acordo com Thays faltam ainda apoio público e
privado.

Em um trecho de seu blog, Thays conta uma de suas primeiras experiências com
Diesel, ainda em Nova Iorque. Ela se esqueceu de pegar o endereço da casa, mas o
labrador lembrou o caminho de volta.

"Estava sozinha na casa pela manhã e resolvi dar uma volta com o Diesel.

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Descobri que tem uma loja de doces bem próxima daqui. Lá fui eu dando as orientações
para ele e pronto, conseguimos encontrar a entrada. Quando terminei o café e o Donuts
pedi para ir para a porta e tudo bem. Porém... Esqueci de um pequeno detalhe. Não
sabia o nome da rua nem o número da casa! Ops... O jeito era torcer para que o Diesel
lembrasse da casa e não desviasse do caminho. Nossa, nem acreditei quando ele virou
para entrar em uma casa e subiu os degraus que já conheço! Apesar de já ter convivido
9 anos com o Super Boris, não consigo não me surpreender com o trabalho deles
sempre! Parabéns cães-guias. Good boy, Diesel!"

Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo

Cães de guarda

Grande parte das pessoas procura um cão de guarda para ter segurança em suas casas.
Ao longo dos séculos o cão de guarda parece ser a
opção ideal para manter os intrusos distantes.

A verdade é que existem cães de guarda que


só alertam. E esses chamados cães de alerta, são os
que ladram na presença de intrusos, sinalizando o
dono, mas, em sua maioria, não são capazes de
defender o território ou seu dono, pois geralmente
são de pequeno porte e podem ser facilmente
dominados. Como os da raça Pinscher, por exemplo.

Já os cães de guarda são desconfiados em


relação a estranhos e possuem de porte médio a grande e, sem receio, enfrentam os
intrusos defendendo o território que guardam. E também há cães de guarda que, ao
mesmo tempo, são cães de alarme, possuem porte significativo e são muito sonoros.

Cães de guarda necessitam de uma interação intensa com seu dono. Apesar de
existirem diferenças entre cães de guarda e cães de companhia, a verdade é que todos os
cães precisam sempre do afago de seus donos. Mesmo os cães de guarda adoram e

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precisam que seus donos brinquem com o eles, e até os mais independentes não
dispensam um tempo com a família.

Existem diversas raças de cães de guarda e cada uma é composta por alguma
peculiaridade. Uma das ações mais frequentes desses tipos de cães é manifestar-se de
formas diferentes com os intrusos.

A aparência física não é essencial para um cão de guarda, mas é o primeiro


passo quando se trata do afastamento do intruso. Alguns cães, ainda com uma aparência
amigável, cumprem seu papel de forma adequada. No entanto, outros são facilmente
reconhecidos como cães de guarda por conta de sua aparência. Uma pesquisa realizada
nos Estados Unidos comprova que a cor do cão pode influenciar a intimidação do
intruso. Cães pretos ou de cores escuras foram considerados os que mais espantam
intrusos. O primeiro instinto do cão de guarda é ladrar, serve como um sinal para o resto
da matilha e avisa que o intruso está invadindo um território em que não é bem-vindo.

O método de neutralizar só é seguido por algumas raças como o Mastiff. Eles


saltam no intruso e permanecem nessa posição até que o dono apareça, sem tomar
alguma atitude que não seja permitida por ele.

Esse apelido de cão de guarda não é à toa, já que esses cães protegem seu
território até as últimas consequências.

Segundo o perito e psicólogo canino Stanley Coren, há três listas de raças


caninas que afirmam quais são suas capacidades de guarda. Observe as listas abaixo:

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Top de Cães de Guarda

Cães considerados eficientes na defesa de seu território:

• Bullmastiff

• Schnauzer Gigante

• Doberman

• Rottweiler

• Komondor

• Puli

• Pastor Alemão

• Rhodesian Ridgeback

• Kuvasz

• American Staffordshire Terrier

• Chow Chow

• Mastiff

• Pastor Belga – Malinois; Tervuren

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Top de Cães de Alerta

Raças que ladram muito na presença de estranhos ou situações adversas:

• Rottweiler

• Pastor Alemão

• Scottish Terrier

• West Highland White Terrier

• Chihuahua

• Schnauzer Miniatura

• Yorkshire Terrier

• Cairn Terrier

• Airedale Terrier

• Caniche, excluindo a variedade gigante

• Boston Terrier

• Shih Tzu

• Baixote

• Silky Terrier

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• Fox Terrier (as duas variedades)

Cães com fraco instinto de guarda ou de alerta

Cães que geralmente desconhece a presença de intrusos e que não latem muito:

• Bloodhound

• Newfoundland

• São Bernardo

• Pug

• Basset Hound

• Bulldog

• Antigo Cão de Pastor Inglês (Bobtail)

• Clumber Spaniel

• Irish Wolfhound

• Scottish Deerhound

• Husky Siberiano

• Malamute do Alasca

Em sua maioria, os treinos para cães de guarda são feitos por profissionais de
adestramento. Treino e socialização são muito importantes para o controle dos cães.

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É atribuição do cão de guarda não aceitar desconhecidos em seu território.
Entretanto, existem dois tipos de estranhos, os intrusos e as visitas. O cão deve ser mais
maleável com as visitas, que inclui, por exemplo, o carteiro. Por esse motivo, o cão
deve conviver com várias pessoas desde filhote, para que quando autorizada a entrada
de uma visita, o cão não ataque.

Com a natureza dominante, é necessário que o dono consiga estabelecer a sua


liderança, treinando a capacidade dos cães de imobilizarem ao invés de atacarem, pois é
uma proteção para o próprio cão, que pode ser considerado perigoso. Treinar o cão para
não aceitar alimento de estranho é de tamanha importância para a integridade física do
cão e da família, veremos ao longo do curso como efetivar essa prática.

Leitura Complementar

Conheça os cães de guarda de US$ 140 mil

24/08/2011

Apesar de parecerem simples cachorros de estimação, estes animais estão treinados para
proteger seu dono a qualquer custo.

(Crédito: Wikipedia/Divulgação)

Pastor alemão é um dos mais procurados para atuar na área de segurança

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Os cães de guarda são uma alternativa eficaz no combate ao crime ao redor do mundo.
Treinados para proteger seus donos de roubos, furtos e tentativas de agressões, esses
animais estão preparados para atacar e até mesmo matar, se for necessário. Geralmente,
este tipo de cachorro é atento e percebe rapidamente a chegada do criminoso.

O pastor alemão é uma das raças mais procuradas para atuar na área de segurança. Nos
Estados Unidos, ele faz parte da vida de policiais, celebridades, oficiais e de executivos
que precisam de segurança na hora de sair às ruas.

Pastor alemão protegendo família em aeroporto na Carolina do Sul, Estados Unidos


(Crédito: Getty Images)

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O americano Harrison Prather possui uma empresa somente para treinar esta
raça de animal. Prather afirma que os filhotes são treinados na Europa antes de serem
enviados aos Estados Unidos. O treinamento é rígido e começa na oitava semana após o
nascimento. Somente depois de quase quatro anos é que eles estarão pronto para
obedecerem as ordens de seus donos.

Harrison Prather é especialista neste tipo de treinamento e afirma já ter treinado


cães até mesmo para a Marinha e as Forças Especiais dos Estados Unidos. Os pastores
alemães de Harrison custam em média US$ 35 mil, porém há casos em que o preço dos
mesmos possa chegar a US$ 140 mil, dependendo do tipo de treinamento e das
exigências do cliente.

Fonte: http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2011/08/24/859805/conheca-os-
ces-guarda-us-140-mil.html

Cão Policial

As maiores cidades do mundo estão recorrendo aos cães policiais como um


recurso de reforço aos policiais para realizar buscas, rastrear criminosos, farejar drogas,
entre outras tarefas.

Um cão pode fazer com mais agilidade o que um policial humano levaria muito
mais tempo para fazer, sem contar que o risco também é menor. Devido a tantas
vantagens, a Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério Público vem
treinando cães desde os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro em 2007.

Enquanto um cão policial está procurando drogas, ele pode cobrir várias áreas
simultaneamente, já os agentes policiais precisariam de, em média, vinte vezes mais
tempo para fazer a busca na mesma área e mesmo assim não encontrariam tudo o que
estivessem procurando.

Vários casos demonstram as habilidades desses cães. Em um caso aqui no


Brasil, Marley, um cão policial da Polícia Civil de Santa Catarina, localizou cerca de
vinte porções de maconha e mais vinte de crack que estavam enterradas em dunas.
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Segundo a própria polícia, esconder as drogas em dunas dificulta a ação de um
agente policial e, por esse motivo, levaram Marley para essa ação, na qual os resultados
obtidos foram positivos. Marley aproveitou para fazer pose ao lado da droga apreendida.

Cão farejador localizou droga enterrada nas dunas, no norte de Florianópolis - Fonte: Polícia Civil/Divulgação

História dos cães policiais

A força policial europeia usava sabujos (cães farejadores) já no século XVIII.


Apenas na Primeira Guerra Mundial, países como Bélgica e Alemanha formalizaram o
processo de treinamento e começaram a usar os cães para tarefas específicas, como ficar
de guarda. A prática continuou até a Segunda Guerra Mundial.

Os soldados retornavam para casa trazendo notícias de que cães bem treinados
estavam sendo usados pelos dois lados do combate. Logo, os programas K-9 foram
iniciados em Londres e outras cidades europeias. O uso de cães policiais não ganhou
uma base de operações nos Estados Unidos até os anos 1970. Atualmente, os cães
policiais são reconhecidos como parte vital da força da Lei, e seu uso tem crescido
rapidamente nos últimos anos.

Fonte: http://pessoas.hsw.uol.com.br/caes-policiais1.htm

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A maior parte dos cães policiais são pastores alemães, labradores retrievers e
pastores belgas. As principais características para se tornar um cão policial bem
sucedido são: agressividade, força, olfato apurado e muita inteligência. A maioria deles
é cão macho e, frequentemente, não são castrados para não perderem sua agressividade
natural, que é controlada nos treinamentos.

O cão policial deve ter treinamento de resistência e agilidade. Ele deve ser capaz
de pular paredes e de subir escadas, mas cada um deles faz um treinamento específico
como, farejar bombas, procurar drogas, entre outros.

Os treinamentos que ocorrem no Rio de Janeiro, por exemplo, visam deixar os


cães aptos a atuarem nos diversos estados brasileiros, abrangendo toda a população. São
preparados para trabalhar principalmente em agências dos correios, portos e aeroportos.

Há pessoas que creem, de forma equivocada, que o cão que fareja drogas é
viciado. Entretanto o cão não se interessa pelas drogas e sim pelo seu brinquedo
favorito, pois o treinamento associa o odor da droga ao do brinquedo.

O brinquedo mais utilizado é uma toalha branca. Os cães adoram brincar de cabo
de guerra, como já vimos anteriormente. Para começar o treinamento, o treinador
simplesmente brinca com o cão utilizando a toalha, que deve ser lavada com sabão
neutro para que não tenha nenhum cheiro nela. Posteriormente, um saco de maconha é
enrolado na toalha e após brincar um pouco o cão já reconhece que o cheiro da maconha
é o cheiro do seu brinquedo.

A toalha então é escondida com a droga em locais diferentes, quando o cão


fareja a droga, ele cava e arranha o tempo todo, tentando pegar seu brinquedo, e logo
assimila que se encontrar terá a sua recompensa. A medida que o treinamento vai
avançando, outros diversos entorpecentes são colocados na toalha, até que o cão seja
apto a farejar diferentes drogas.

O método é o mesmo para cães farejadores de bombas. Produtos utilizados na


fabricação de artefatos explosivos são colocados na toalha no lugar de drogas.
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Alertas passivos vs. alertas agressivos

Quando um cão policial encontra o que está farejando, ele informa seu treinador
dando um sinal de alerta. Os cães farejadores de drogas usam um alerta
agressivo: cavam e passam a pata no local onde sentiram o cheiro da droga, tentando
pegar o brinquedo que pensam estar ali.

Contudo, há algumas especialidades em que um alerta agressivo não é o mais


adequado. Se um cão, que estiver farejando uma bomba, cavar e arranhar quando
encontrá-la, o resultado pode ser desastroso. Nesses casos, um alerta passivo é o mais
indicado.

Um bom exemplo de cães de alerta passivo são os beagles, usados pelo


Departamento Americano de Agricultura para farejar produtos não permitidos no país.
A Brigada Beagle, como são carinhosamente conhecidos, fareja as bagagens das
pessoas enquanto elas esperam nas filas da alfândega, nos aeroportos e nas fronteiras.
Como ninguém quer um cão cavando seus pertences, os beagles USDA foram treinados
para simplesmente sentarem quando sentirem cheiro de frutas ou legumes.

Fonte: http://pessoas.hsw.uol.com.br/caes-policiais4.htm

48
Unidade 2 - Comportamento Canino

Olá,

Neste capítulo, aprenderemos de onde vieram os cães, como são e como agem.
Além disso, vamos entender o que as descobertas genéticas mais recentes têm a nos
dizer sobre os cães.

Vamos aprender a linguagem corporal dos cães, e o que elas sinalizam de certa
forma para nós.

Por fim, falaremos sobre a causa da regressão no aprendizado dos cães, além de
simples soluções para esse transtorno.

Bons estudos!

49
2.1 - Entendendo o cão

O relacionamento entre cães e humanos se deu há pelo menos quinze mil anos,
sendo que os cães, provavelmente, foram os primeiros animais a serem domesticados.
Existe uma variedade impressionante de cães, mas são todos originados de uma única
espécie, com uma única história.

Os cães são componentes da família Canidae e são membros de uma ordem


maior chamada carnívora, que também inclui ursos, quatis, gatos e focas. Alguns fósseis
mostram que a família Canidae derivou-se dos ancestrais comuns da ordem carnívora.
Essa ordem foi subdividida em três subgrupos: animais semelhantes às raposas, animais
semelhantes aos lobos e semelhantes aos canídeos sul-americanos.

Fonte: http://www.bichosmania.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=219&Itemid=50

50
Por conta da diversidade de cães e canídeos selvagens, cientistas como Charles
Darwin comprovaram que os distintos tipos de cães seriam descendentes de diferentes
tipos de canídeos selvagens, porém a análise do DNA comprovou que os cães são
descendentes apenas dos lobos. Mesmo estando comprovado cientificamente que os
cães são descendentes dos lobos, não está evidente quando e como isso aconteceu.

Essa teoria implica que a mudança das características de lobo para cão deve ter
acontecido com muita lentidão, pois os lobos são relativamente uniformes em aparência,
por isso, as chances de aparecimento de uma mutação aleatória em uma população
cativa são pequenas. Levaria milhares ou, até mesmo, milhões de anos para surgir uma
grande diversidade, e a descoberta de fósseis prova que não faz muito tempo que os cães
tiveram origem.

Os testes de DNA indicam que os cães começaram a se separar dos lobos há


cerca de cem mil anos, e, em termos de evolução, esse tempo é considerado curto.
Também podemos ver nos cães uma diversidade física mais radical entre todas as
espécies de mamíferos, pois há mais variação em cor, tipo de pelagem, tamanho, e
outros aspectos da aparência entre os cães do que entre todas as outras espécies de
canídeos.

Mas então, quando isso aconteceu?

Livros como o de Raymond e Lorna Coppinger, "Dogs: A Startling New


Understanding of Canine Origin, Behavior, and Evolution"2 apresentam uma teoria
alternativa sobre a evolução dos cães. Os autores sugerem que alguns lobos se
"autodomesticaram".

Quando os homens se fixaram em aldeias e deixaram de ser nômades, criaram


um novo nicho ecológico para os lobos que viviam ao redor. Tradicionalmente, os

2
Cães: um entendimento totalmente novo da origem canina, comportamento e evolução em tradução
livre.

51
lobos são caçadores de animais, como cervos e alces. Esse nicho requer que os lobos
sejam inventivos, grandes, fortes e com capacidades de reproduzir comportamentos.

Os humanos produziam restos de comidas e outros resíduos, representando uma


grande fonte de alimentos para os animais, e os lobos, morando próximo aos humanos,
começaram a se aproximar dessa fonte. Os mais destemidos conseguiam mais comida e
sobreviviam melhor.

A aversão ao contato com humanos era uma eficiente estratégia para os lobos
selvagens, mas, devido a esta atitude, gastavam mais energia fugindo e não conseguiam
alimentos com tanta facilidade quanto os mais ousados e destemidos. Esses lobos
viviam melhor e na reprodução tinham mais ninhadas. Esse grupo que vivia mais
próximo ao homem evoluía de forma diferente. Já não precisavam ser tão criativos e
rápidos como seus ancestrais, pelo contrário, ser pequeno era uma vantagem, pois
necessitavam de menos comida. A principal característica para sobrevivência nesse
grupo era ser tolerante com os humanos e, assim, esse processo acabou conduzido pela
seleção natural.

A única conclusão que podemos tirar é que, de fato, o cão foi o primeiro animal
a ser domesticado pelo homem.

2.2 - Entendendo a linguagem corporal dos cães

A linguagem corporal que os cães domésticos usam se aprimora secularmente.


Os lobos desenvolveram um sistema complexo para se comunicar, através de
expressões faciais, cheiros, sons e certas posturas.

Por mais que as pessoas interpretem o fato de o cachorro balançar o rabo ser
uma demonstração de felicidade, há outras sensações que são expressas através dessa
prática. O fato é que existem diversas formas de balançar o rabo, por isso,o importante é
observar o contexto. Veja abaixo algumas dicas para entender o cão:

52
- Cabeça e orelhas viradas para uma determinada direção: o cão escutou algum
barulho e quer localizá-lo e identificá-lo;

- Cauda balançando para os lados: se ela estiver na posição normal, significa alegria;

53
- Cauda levantada: o cão está pronto para brigar com outro cão;

- Cauda levantada e balançando: está alegre e seguro;

- Cauda baixa: insegurança;

54
- Cauda parada: inquieto;

- Cauda entre as pernas: medo; ou o cão está precisando de alguma ajuda, pois está
querendo fazer as suas necessidades;

Outros sinais emitidos pelos cachorros através de ações.

- Cheirar o rabo de outro cão: é uma forma de conhecer outro cão e de cumprimentá-
lo, além de identificá-lo pelo seu cheiro pessoal, produzido pela sua glândula anal, uma
verdadeira “impressão digital”;

55
- Dar voltas e girar no mesmo lugar, antes de se deitar e, às vezes, arranhando o
local (terra, tapetes etc.): é uma prática de seus ancestrais que “arrumavam a cama”
para dormir.

- Deitar de costas, com a barriga para cima. Os cães agem assim quando:

56
1 – estão muito alegres e querem brincar sinalizando, com isso, como estão felizes com
a brincadeira;

2 – se sentem ameaçados, portando-se como seus antepassados selvagens, deitando-se


de barriga para cima, para mostrar a cor clara do seu ventre, em sinal de submissão;

3 – brigam e perdem, tomam essa posição, “se entregando”, indicando que não querem
mais brigar.

- Destruir os objetos que encontram: na maioria das vezes, é uma demonstração de


carência. Enquanto filhote, essa atitude é normal, mas é preciso ter firmeza para mudar
o comportamento dos cães;

- Enterrando e escondendo objetos: é um costume dos ancestrais para garantir


alimentação até a próxima refeição;

- Ficar se esfregando no dono, principalmente na sua perna: é uma demonstração de


que o cachorro está pedindo carinhos;

- Dar “cutucadas” com o focinho: é a maneira de chamar a atenção e certamente pedir


algo;

- Lambidas: prova de carinho peculiar dos cães;

57
- Latir sem parar: significa que o cão está disposto a atacar algum intruso, homem ou
animal, para defender o seu território, seus pertences, sua comida, sua fêmea, seu dono
ou outra pessoa de sua família. Além de latir sem parar, o cachorro, mostra os dentes,
rosnando; fica com a cara e o focinho enrugados e as orelhas para trás, demonstrando
um ataque.

Comportamento de um cão amigável:

• Orelhas relaxadas ou não,


dependendo da raça;

• Olhos abertos com olhar


quase penetrante. Faz
contato visual sem desafiar;

• A boca fica bem relaxada,


semiaberta e, às vezes, dando um "sorriso";

• O corpo fica na posição normal. Geralmente sacode o corpo todo da cabeça à


cauda;

• A cauda fica visível para cima ou ao longo do corpo.

• O som emitido pelo cão pode ser um lamento ou um latido alto e curto.

Leitura Complementar

Entenda melhor o seu cãozinho

Seu bichinho vive bocejando? Saiba o que isso significa

58
Publicado em 08/04/2011

Conteúdo do site SOU MAIS EU!

Preste mais atenção no seu bichinho: os cães se comunicam por meio de posturas
corporais

Foto: Dreamstime

Os cães se comunicam conosco de maneira constante, por meio de posturas


corporais. Entender esses sinais nos permite ter uma reação equivalente e ajudar o
animal quando necessário. Lembre-se de que os cachorros são muito mais vulneráveis
na relação cão-humano do que nós, já que possuem menos controle sobre o que
acontece com eles. Os donos devem estar cientes das sensibilidades do cão e fazer todos
os esforços para aprender a ler os seus sinais. Confira:

Lambida no nariz

Os cães lambem o nariz quando se sentem sob pressão. Por exemplo: quando
estão assustados ou a coleira está prestes a ser colocada.

Bocejos

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O bocejo pode ser uma maneira de o cachorro aliviar as tensões. Geralmente, é
um sinal de que o cão está ansioso ou aflito.

Segurança

O corpo relaxado e a cauda para cima são sinais de confiança. O cão demonstra
sua segurança quando anda tranquilo, com o rabo para cima.

Afastamento

Quando se sente oprimido, o cachorro tenta evitar o dono, desviando a cabeça


para o outro lado.

Orelhas baixas

Quando tem uma boa relação com o dono, o cão se sente confiante. Nesses
casos, ele demonstra o seu entusiasmo com a cauda para cima e as orelhas baixas. O
animal exibe uma expressão relaxada e feliz.

Fonte: http://mdemulher.abril.com.br/casa/reportagem/bichos/entenda-melhor-seu-
caozinho-624499.shtml

2.3 - Socialização do cão

Uma chateação de muitos donos é a agressividade que seus cães demonstram


quando encontram pessoas desconhecidas e outros cães na rua. Essa é uma característica
dos cães que não foram socializados como deveriam enquanto eram filhotes, então, o
cão não aceita aproximação, que para ele é um perigo potencial.

Sem querer, muitas vezes, o dono reforça esse comportamento quando, ao


observar seu cão rosnando ou latindo para estranhos, faz carinho nele para acalmá-lo.

60
Esse comportamento do dono para o cão é uma recompensa e logo, ele está sendo
recompensado pelo comportamento agressivo.

Em outras situações o dono vê alguém se aproximar e, já prevendo a


agressividade de seu cão, fica tenso e ao sentir que seu dono está tenso, o cão confirma
que essa aproximação de pessoas estranhas é perigosa, e, se é perigoso, é seu dever
protegê-lo.

Para evitar essas situações,


devemos acostumar o cão a andar
com calma entre as pessoas
desconhecidas e entre os outros
cães. O ideal é que saia com o
filhote assim que o veterinário o
liberar. Leve-o cão para passear e
permita seu contato com as mais
variadas pessoas e cães. Proporcione prazer nesse contato para que fique tranquilo e
sociável.

Esse exercício é excelente para os cães de guarda, pois o fato de ele ser sociável
permitirá que ele diferencie as visitas desejáveis dos intrusos. Esse trabalho depende de
tempo e paciência dos donos e, quando feito com frequência, terá resultados excelentes.

Tornar o cão sociável, também tem uma funcionalidade grande com machos
“adolescentes”, no caso aquele macho que era sociável quando filhote, mas com o
amadurecimento sexual se mostrou agressivo. O que faz o cão se tornar agressivo não é
o medo e sim a dominância. O exercício que será descrito a seguir é capaz de aproximar
o cão de outros machos, o procedimento é o mesmo, mas com objetivo diferente.

A intenção é fazer com que o cão assimile o contato com pessoas estranhas e
outros cães com prazer. Esse cão deve ser levado a locais públicos e ficar a uma
distância mínima de pessoas e animais que o faça sentir-se seguro. Brinque e faça
carinho, dê petiscos, que podem ser desde pedaços de frutas ou carne a biscoitos
61
próprios para cães, e distraia-o para que ele nem perceba as pessoas e os animais a sua
volta.

Vá diminuindo a distância a cada dia entre vocês e os outros, até perceber que o
cão já está se sentindo seguro o suficiente para interagir com eles. O exercício sempre
deve ser feito de forma gradativa. Deixe que as pessoas se aproximem devagar do seu
cão. Simultaneamente, faça muito carinho nele e lhe dê um petisco.

Caso ele se mostre alegre com esse contato, deixe-o brincar à vontade, mas
sempre mantendo sua vigilância. Se ele se mostrar receoso, não force nada. Afaste-se e
aguarde alguns dias para tentar outra aproximação.

Caso ainda ele se mostre agressivo, dê um tranco na guia e diga um sonoro


NÃO! Mostre a ele que você é o líder e que controla a situação. Mostre que você não
vai aceitar essa postura agressiva dele e, quando ao se acalmar, faça carinhos nele,
afastando-se das demais pessoas.

Atente-se aos sinais que seu cão dá, quando fica agressivo. Antes de atacar,
geralmente, ele fica com os pelos do dorso arrepiados e só então começará a latir ou
rosnar. Não espere que ele ataque para reprimi-lo, ao notar os sinais, dê o tranco e diga
o NÃO!

Alguns fatores são muito relevantes para que os exercícios funcionem, tais
como:

• Paciência: Seu cão não ficará sociável da noite para o dia. Isso leva tempo;

• Frequência: Só assim a lição será absorvida com sucesso;

• Liderança: Se você está no comando, seu cão não terá motivos para temer coisa
alguma, já que o líder considera tal situação como segura;

62
• Rigidez: Não permita que seu cão se mostre agressivo com os outros. Isso é uma
demonstração clara de que ele não confia na sua liderança.

2.4 - Regressão no aprendizado

Os motivos para a regressão no aprendizado dos cães são inúmeros. Caso você
não consiga identificar as causas que estão provocando essa regressão, procure o
veterinário para certificar-se de que não é um problema fisiológico. Descartando essa
possibilidade, o cão terá de passar por todo processo de educação novamente.

Alterações na casa, como a chegada ou a partida de pessoas da família, um


animal novo na casa, mudança da rotina dos moradores, entre outros, podem provocar a
regressão no cão, pois ele se sentirá inseguro. Quanto mais ele for confiante, menor será
a chance de problemas de comportamentos por mudanças. O adestramento e a
socialização são maneiras eficazes de aumentar a confiança do seu cão.

Se por algum motivo houver a necessidade de trocar a marca ou o sabor da


ração, essa troca deve ser gradual durante pelo menos uma semana. Caso você não faça
isso, o cão pode desenvolver problemas gástricos além de regredir no aprendizado.

Outro motivo que


pode causar a regressão do
treinamento é a chegada de
um novo membro na família.
Cães, assim como pessoas,
também podem sentir ciúmes,
chegando até à possibilidade
de fugirem de casa. Para evitar que isso ocorra, apresentamos algumas dicas que podem
ser seguidas durante a gravidez:

• Assim que confirmada a gravidez, mude a cama do cão para fora do quarto e
acostume-o ao novo ambiente para dormir;
63
• Não faça mais nenhuma mudança, como a da ração e de brinquedos;

• Ao chegar em casa com o bebê, faça muitos agrados e cumprimente o seu cão;

• Deixe o cão cheirar o bebê com a sua supervisão;

• Não saia correndo para atender as necessidades do bebê, o cão pode se irritar
com a sua atitude;

• Depois do nascimento, reserve um tempo diário para demonstrar ao seu cão o


quanto você gosta dele e que, mesmo com a chegada do bebê, nada mudou em
sua relação.

Psicologia Canina

O intuito da psicologia canina é estudar o comportamento natural dos cães. Para


alcançar os objetivos e conseguir adestrá-los, é necessário entendê-los. Além disso, é
preciso entender como eles se comunicam entre si e quais são as necessidades que eles
têm, por exemplo.

Precisamos ter o
entendimento de que o cão é um
animal que trouxemos para o nosso
convívio, portanto, temos o dever de
entendê-los para aprimorar a relação
que criamos com o animal. Apesar
de ter sido domesticado há tantos
anos, os seus instintos e genes não mudaram.

O objetivo da consulta comportamental é encontrar as causas do “problema” e


das dificuldades relatadas pelo proprietário do cão e propor soluções para elas.

64
Caso o cão seja indicado para fazer terapias, são utilizadas técnicas de psicologia
aplicada e linguagem animal no tratamento de distúrbios comportamentais em cães.

A seguir, uma entrevista com Alexandre Rossi, percussor da psicologia canina


no Brasil.
Artigos

Psicólogo de cachorro: coisa de doido?


Revista Cães e Cia., n. 334, março de 2007

Apesar dessa profissão ter sido amplamente divulgada pela mídia nos últimos
anos, muita gente ainda acha que é coisa de doido, e outros não têm a menor ideia do
que se trata.

Já trabalho como "psicólogo" de cachorro há uns 10 anos. Alguns chegam a me


perguntar se o cão deita no divã durante as sessões e se os donos podem ouvir a nossa
conversa!

Muitas vezes viro motivo de risada em festas e encontros, mas não me ofendo.
Acho engraçado. Também dou risada e depois explico do que se trata e mostro que não
é nada do outro mundo.

Acredito que pessoas e seus animais poderiam se beneficiar muito mais desse
tipo de serviço se a finalidade e a utilidade dele fossem mais bem conhecidas. Por isso,
procurarei desmistificar a profissão de "psicólogo" de cachorro e explicar quando é
indicado consultá-lo.

No que consiste a consulta?

No decorrer de uma consulta, o profissional procura entender qual é o problema


comportamental do cão. Por exemplo: latidos excessivos, agressividade e
automutilação. A situação é descrita em detalhes, e as pessoas dizem como tentam
solucioná-la. Nessa hora, o profissional precisa ter bastante jogo de cintura e saber lidar
65
com gente, porque frequentemente os membros da família começam a discordar. Às
vezes sai até briga.

Alguns desses problemas chegam a levar casais ao divórcio! Atendi uma moça
que tinha recebido um ultimato do marido: ele sairia de casa se ela não se livrasse do
cachorro. O motivo era que, quando o marido se aproximava da esposa, o cão o atacava.
A esposa deixou claro para mim que, se não conseguíssemos resolver o assunto, iria se
separar, já que amava o cão e não concordava com aquele tipo de imposição do marido.
Graças a Deus, o caso foi resolvido e salvamos o casamento.

Uma vez compreendido o problema e as atitudes das pessoas em relação a ele, o


profissional explica o que realmente está acontecendo e o que deve ser feito. Nessa
hora, as pessoas costumam ter um insight e dizer: nós é que precisamos ser treinados!

E é exatamente isso. O especialista em comportamento animal recomenda novos


comportamentos e atitudes para os humanos e, assim, procura alterar indiretamente o
comportamento do animal. Na maioria das vezes, as pessoas estão fazendo tudo errado.

Quando aprendem como devem se comportar, é comum ocorrer uma mudança


drástica no comportamento do cão, para melhor. Algumas pessoas dizem que até parece
mágica.

As consultas costumam levar cerca de uma hora e devem ser feitas


preferencialmente onde ocorre o problema. Normalmente, o conflito acontece na casa
onde o cão vive. Por isso, o ideal é que o profissional vá até a residência do cliente para
poder diagnosticar corretamente. A maioria dos cães se comporta de forma diferente
conforme se encontre dentro ou fora de casa. Recomenda-se que todas as pessoas que
interagem com o cão participem, para que possam colaborar com informações e ajudar
na solução do problema.

Quem são esses profissionais?

66
Não existe formação obrigatória para poder atuar nesta área. Cabe ao
contratante, portanto, verificar se o profissional tem experiência e condições para lidar
com o caso em questão. Normalmente, as pessoas procuram este tipo de especialista por
recomendação. Profissionais de nível superior que costumam atuar nesta área são:
psicólogos, biólogos, veterinários e zootecnistas.

Problemas de longa data

Os cães estão sempre aprendendo e se ajustando ao meio em que vivem, por isso
não desista de tentar resolver um problema que esteja prejudicando o cão ou a sua
relação com ele, mesmo que o animal seja idoso.

O que se pode solucionar

Numerosos problemas de comportamento podem ser solucionados pela terapia


comportamental. Os mais frequentes são a agressividade por dominância, a ansiedade
de separação, a compulsão e as fobias.

A maior dificuldade do especialista é conseguir a colaboração das pessoas que


convivem com o cão. Não é fácil mudarmos o nosso comportamento, por mais simples
que possa parecer. Algumas pessoas se sentem arrasadas quando tentam deixar de
mimar o cão, mesmo sabendo que é para o bem dele.

Duração do tratamento

Normalmente bastam algumas consultas para o profissional identificar o


problema e bolar uma estratégia para solucionar o caso. Muitas soluções acontecem em
alguns dias, outras podem demorar meses e alguns problemas só diminuem de
intensidade. Na maioria das vezes, o novo comportamento das pessoas da casa em
relação ao cão deve ser mantido depois de o problema ter sido resolvido, para que não
venha a se repetir.

Fonte: http://www.caocidadao.com.br/artigos_caes.php?id=125
67
2.5 - Humanização de Cães

A cada dia que passa, os cães estão cada vez mais humanizados, com nomes e
roupas de gente. Alguns frequentam creches de perua escolar, tomam banho de ofurô,
passeiam no shopping. Foram promovidos de melhores amigos a filhos.

Os especialistas chamam esse ato


de antropomorfismo e muitos o
condenam. O psiquiatra Elko Perissinotti,
vice-diretor do Hospital Dia do Instituto
de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de
São Paulo, diz que esse contato tem a
função de suprir carências afetivas e
afirma:

"É uma relação benéfica e


prazerosa. O simples toque em um
animal libera hormônios que aumentam a disposição para contatos sociais, entre outros
benefícios."

E aqui está o problema, segundo Álvaro Ancona, professor de psiquiatria da


Unifesp:

“O problema é idealizar a relação e projetar no animal um comportamento que


não é de sua natureza. Como é mais fácil de controlar, a pessoa acha que é uma relação
perfeita e acaba ficando desestimulada de criar outros vínculos sociais."

O pior é que o problema não é só do dono, já que esses cães já estão


desenvolvendo doenças humanas. Há diversos casos de cães que desenvolveram
depressão por algum motivo. Se há algum tempo tínhamos que nos preocupar somente
com raiva ou outras doenças caninas, hoje temos que nos preocupar com uma gama de
doenças humanas que estão se desenvolvendo em cães.

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Além de doenças emocionais, os cães também desenvolvem diabetes, artrites
entre outras doenças, o que é considerado normal pelos veterinários, que dizem que,
com a idade, o cão tende a sofrer com doenças degenerativas e o tratamento, na maioria
das vezes, é feito a base de medicamentos humanos.

O estresse, por exemplo, é uma doença que o dono pode passar para o seu cão
humanizado, já que “o cão é a cara do dono”. Especialistas recomendam que não se
humanize o cão e dão uma dica: “Humanizar o animal é um erro cada vez mais
cometido por causa da solidão”.

Leitura Complementar

"O cão é um espelho do dono"

O mexicano Cesar Millan, de 39 anos, é um "psicólogo de cachorros". No seu


programa de TV, O Encantador de Cães (exibido no Brasil pelo canal pago Animal Planet),
esse ex-imigrante ilegal convertido em celebridade nos Estados Unidos reeduca bichos com
fobias, comportamentos destrutivos e distúrbios afins. Na entrevista a seguir, Millan explica
por que a maioria dos problemas caninos tem origem nas atitudes humanas.

Quem precisa mais do outro: o cão do homem ou o homem do cão?

Os cães dependem da comida que lhes damos. Nós, contudo, desenvolvemos uma
dependência emocional em relação a eles. Mais que qualquer outro bicho, o cão é o elo que
permite ao homem moderno manter uma conexão mínima com a natureza. Os problemas
com que lido em meu programa poderiam ser resumidos assim: pessoas que aboliram a
simplicidade de sua vida procuram, por meio de seus cães, reencontrá-la – mas precisam se
reeducar para isso.

69
Qual a raiz dos problemas de relacionamento entre o homem e o cão?

É a dificuldade humana de entender como os cães veem o mundo. Os cachorros não


distinguem se seu dono é um mendigo ou o presidente dos Estados Unidos. Eles são
programados para seguir um líder. Na relação conosco, o que vale são os sinais de
afirmação ou vacilo de quem deveria exercer esse papel. Eles podem até parecer crianças,
mas pensam como membros de uma matilha: na ausência de um humano que exerça a
função de líder equilibrado e assertivo, os cães tentam se impor.

Os problemas dos cães são reflexos dos problemas de seus donos?

A maioria sim. No ambiente natural, animais não desenvolvem problemas


comportamentais. Não se veem elefantes neuróticos. Isso também se aplica aos lobos, aos
cães selvagens das savanas africanas e até aos cachorros de rua: eles podem ser magros e
sarnentos, mas não têm distúrbios psicológicos. Os cães tornaram-se problemáticos, porque
seus donos, em geral, não suprem sua necessidade de disciplina, exercícios regulares e
desafios mentais.

Quais as consequências dessa negligência?

A pior delas é a agressividade fora de controle do cachorro. Mas há outras: a


ansiedade da separação dos donos, os distúrbios alimentares, os ataques de pânico. Muita
gente até acha graça nesses desvios, por imaginar que são traços da personalidade de seu
cão. Mas eles existem e fazem os animais sofrer.

O que o comportamento de um cão pode revelar sobre a personalidade de seu dono?

Tudo. O cão é um espelho do dono. Quando as pessoas procuram minha ajuda e lhes
pergunto o que está acontecendo, elas começam a conversa por suas próprias aflições, e não
pelas do bicho. Dizem coisas como "minha filha tem um problema" ou "perdi o controle da
casa" - e nem sempre abrem toda a verdade. Percebo o que de fato está ocorrendo tão logo

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ouço o que o cão tem a dizer, por meio de sinais como tensão, ansiedade e excitação. É
incrível como essas emoções são as mesmas que, aos poucos, as pessoas à sua volta deixam
entrever. Os cães são brutalmente honestos ao expor seus sentimentos.

Qual seu maior conselho para alguém que deseja adotar um cão?

O mesmo que dei ao presidente Obama e à sua família no processo de escolha do


cão que viveria com eles na Casa Branca: opte por um animal cujo comportamento combine
com o seu estilo de vida. Nunca leve para casa um bicho que tenha mais energia que você,
pois a tendência será ele ditar as regras. Antes de acolher (o cão-d’água português) Bo, os
Obama fizeram muita pesquisa em busca de uma raça adequada. Eles queriam um animal
com pique para correr com as meninas e que não provocasse alergia na mais velha, Malia.
Pelo que venho notando, porém, a família do presidente terá trabalho para colocá-lo nos
eixos. No primeiro passeio, quem determinava o caminho era o cachorro - um péssimo
sinal.

Fonte: http://veja.abril.com.br/220709/nossa-familia-animal-p-084.shtml

Conclusão do Módulo I

Olá aluno(a)!

Você está quase chegando ao fim da primeira etapa do nosso Curso de


Adestramento de Cães, oferecido pelo Cursos 24 Horas!

Aqui falamos sobre diversos assuntos pertinentes ao adestramento de cães!


Entendemos qual é o conceito de adestramento de cães, como utilizá-lo no cotidiano e
quais as condições que o treinamento exige.

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Nesse módulo você pode conhecer os cães de trabalho mais comuns e como são
os treinamentos de cada um deles.

Além disso, você ainda viu qual é o processo exigido de um cão para tornar-se
guia de deficientes visuais e o treinamento necessário durante essa etapa.

Para passar para o próximo módulo, você deverá realizar a avaliação referente ao
primeiro. Essa avaliação encontra-se em sua sala de aula virtual. Fique tranquilo(a) e só
faça a avaliação quando se sentir preparado!

Desejamos um bom estudo, boa sorte e boa avaliação!

Até breve!

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