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Prof.

Jean Castelo

RESUMO DE DIREITO PENAL PARA considerados maus antecedentes (nem


CONCURSO DA POLÍCIA FEDERAL circunstâncias judiciais desfavoráveis) – Súmula 442
do STJ
1. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO c. Não se exige sentença transitada em julgado
PENAL (pelo novo crime) para que o condenado sofra
O Direito Penal, na Constituição, é abordado nos regressão de regime (pela prática de novo crime)
incisos do artigo 5º. Vejamos os principais. d. Não se exige sentença transitada em julgado
(pelo novo crime) para que haja revogação da
DA ANTERIORIDADE DA LEI OU DA RESERVA suspensão condicional do processo.
LEGAL
Art. 5º... IRRETROATIVIDADE
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, Art. 5º...
nem pena sem prévia cominação legal; XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar
o réu;
PERSONALIDADE OU INTRANSCENDÊNCIA
PESSOAL OU INDIVIDUALIZAÇÃO DAS PENAS NÃO AUTO INCRIMINAÇÃO
Art. 5º... Art. 5º...
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do LXIII - o preso será informado de seus direitos,
condenado, podendo a obrigação de reparar o dano entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
e a decretação do perdimento de bens ser, nos assegurada a assistência da família e de advogado;
termos da lei, estendidas aos sucessores e contra
eles executadas, até o limite do valor do patrimônio OUTROS PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL
transferido;
Princípio da alteridade (ou lesividade)
PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA O fato deve causar lesão a um bem jurídico de
Art. 5º... terceiro. Desse princípio decorre que o DIREITO
LVII - ninguém será considerado culpado até o PENAL NÃO PUNE A AUTOLESÃO.
trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
Princípio da ofensividade - Não basta que o fato
Uma regra probatória (regra de julgamento) - Deste seja formalmente típico. É necessário que este fato
princípio decorre que o ônus (obrigação) da prova ofenda, de maneira grave, o bem jurídico
cabe ao acusador (MP ou ofendido, conforme o pretensamente protegido pela norma penal.
caso).
Uma regra de tratamento - Deste princípio decorre, Princípio da Adequação social – Uma conduta,
ainda, que o réu deve ser, a todo momento, tratado ainda quando tipificada em Lei como crime, quando
como inocente. não afrontar o sentimento social de Justiça, não seria
Dimensão interna – O agente deve ser tratado, crime (em sentido material).
dentro do processo, como inocente.
Dimensão externa – O agente deve ser tratado Princípio da Fragmentariedade do Direito Penal
como inocente FORA do processo, ou seja, o fato de - Nem todos os fatos considerados ilícitos pelo
estar sendo processado não pode gerar reflexos Direito devam ser considerados como infração
negativos na vida do réu. penal, mas somente aqueles que atentem contra
OBS.: O STF decidiu, recentemente, que o bens jurídicos EXTREMAMENTE RELEVANTES.
cumprimento da pena pode se iniciar com a mera
condenação em segunda instância por um órgão Princípio da Subsidiariedade do Direito Penal -
colegiado (TJ, TRF, etc.), relativizando o princípio O Direito Penal não deve ser usado a todo momento,
da presunção de inocência (HC 126292/SP, rel. mas apenas como uma ferramenta subsidiária,
Min. Teori Zavascki, 17.2.2016). quando os demais ramos do Direito se mostrarem
Desse princípio decorre que o ônus da prova cabe insuficientes.
ao acusador. O réu é, desde o começo, inocente, até
que o acusador prove sua culpa. Princípio da Intervenção mínima (ou Ultima
Ratio) - Decorre do caráter fragmentário e
Pontos importantes: subsidiário do Direito Penal. A criminalização de
a. A existência de prisões provisórias (prisões condutas só deve ocorrer quando se caracterizar
decretadas no curso do processo) não ofende a como meio absolutamente necessário à proteção de
presunção de inocência bens jurídicos ou à defesa de interesses cuja
b. Processos criminais em curso e inquéritos proteção, pelo Direito Penal, seja absolutamente
policiais em face do acusado NÃO podem ser
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indispensável à coexistência harmônica e pacífica da que não pode ser utilizado em crimes cuja lesão não
sociedade. é mensurável, como a violência ou valores, como a
liberdade sexual.
Princípio do ne bis in idem – Ninguém pode ser No mesmo plano, a autoridade sobre o princípio da
punido duplamente pelo mesmo fato. Ninguém insignificância no Brasil é Ivan Luiz Silva, para quem,
poderá, sequer, ser processado duas vezes pelo de início, insignificância e bagatela são termos
mesmo fato. Não se pode, ainda, utilizar o mesmo distintos: a primeira categoria se atrela a uma ideia
fato, condição ou circunstância duas vezes (como de ninharia, algo de pouca ou nenhuma significância.
qualificadora e como agravante, por ex.). A eleição de uma conduta para um processo que
discutirá esse suposto conflito representa escassa
Princípio da proporcionalidade - As penas lesividade.
devem ser aplicadas de maneira proporcional à É o princípio da insignificância que permite afastar
gravidade do fato. Além disso, as penas devem ser a incidência da lei penal, que no caso não se
cominadas de forma a dar ao infrator uma sanção justificaria. Não é, portanto, de boa técnica
proporcional ao fato abstratamente previsto. doutrinária empregar ambos os conceitos como
termos sinônimos.
Princípio da confiança - Todos possuem o direito O crime de bagatela seria uma ação formalmente
de atuar acreditando que as demais pessoas irão típica que não chegou a lesionar um bem jurídico
agir de acordo com as normas que disciplinam a vida protegido, e por isso não deve ser perseguido pela
em sociedade. Ninguém pode ser punido por agir instância penal.
com essa expectativa. Importante a atenção se voltar, nesse passo, para
a pesquisa feita por Pierpaolo Bottini, et all, que
Princípio da insignificância - As condutas que buscou verificar a identificação dos crimes de
não ofendam significativamente os bens jurídico- bagatela pelo Supremo Tribunal Federal, fez uma
penais tutelados não podem ser consideradas pesquisa a partir da análise de julgados de 2006 a
crimes (em sentido material). A aplicação de tal 2009.
princípio afasta a tipicidade MATERIAL da conduta. O trabalho identifica que, para os crimes de
bagatela, em delitos patrimoniais de furto e
Princípio da bagatela estelionato, quando analisados os valores de 0 a
O princípio da insignificância faz referência direta à R$100 a insignificância foi reconhecida, em 60% dos
existência da tipicidade, através da ultima ratio e do casos. O número é reduzido a 40% na faixa de
princípio da lesividade, o objeto destes será um R$201 a R$700 e nulo nos crimes cujo dano foi
crime de bagatela. superior a R$700,00.
Resumindo, entre o princípio da insignificância e o Quando se trata de crimes fiscais, a insignificância
processo penal, se encontra a bagatela, que se foi reconhecida na totalidade dos casos de valores
voltando a alguma troca em que não há lucro. Mas na faixa de R$3.001 a R$5.000 (...). Já que existe
lucro de quem? Lucro para quem? uma isenção de não se perseguir ilícitos fiscais até
Nessa linha, Roxin separa o princípio da R$10.000,00. 30 Casos em que a sociedade como
insignificância do crime de bagatela, já que o Direito um todo passa a ser a vítima de tal ilícito.
tem que regular o princípio da insignificância e deve A partir dos resultados da pesquisa, é possível
ser preservado pelo aplicador do direito. O direito concluir que há decisões da corte maior em relação
material contribuiria de maneira importante para a crimes de bagatela aos quais se aplicaria o
solucionar o problema jurídico-penal para os fatos de princípio da insignificância.
bagatela, só que as soluções são dadas por
remédios processuais que via de regra são poucos
satisfatórios.
Bagatela se volta a uma troca em relação ao
processo. Releva-se o valor do produto perseguido,
o valor do dano sofrido em relação a alguma coisa,
o que se refere à lógica de utilização dos remédios
processuais.
É relevante, portanto, para a ideia de crime de
bagatela, com os parâmetros traçados pelo princípio
da insignificância, lesividade, fragmentariedade do
Direito Penal e como meio de utilização da ultima
ratio, que o crime bagatelar se dá em relação a
crimes em que, no mínimo, o dano é mensurável, ou
que o dano resultado da lesão típica seja
desproporcional. Mas essa compreensão denota

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Cuidado na prova - Continuidade típico-
normativa - Em alguns casos, embora a lei nova
revogue um determinado artigo que previa um
tipo penal, a conduta pode continuar sendo
considerada crime (não há abolitio criminis):
Quando a Lei nova simultaneamente insere
esse fato dentro de outro tipo penal.
Quando, mesmo revogado o tipo penal, a
conduta está prevista como crime em outro tipo
penal.
Exemplo: O atentado violento ao pudor foi
considerado um crime, de acordo com o Código
Penal Brasileiro, e se configurava
como "Constranger alguém, mediante violência ou
grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele se
pratique ato libidinoso diverso da conjunção
carnal" (art. 214).
No entanto, para poder abranger a definição
do crime de estupro, que no Código Penal era
descrito como um ato praticado exclusivamente com
mulheres - "Constranger mulher à conjunção carnal,
mediante violência ou grave ameaça" (art. 213) - o
crime de atentado violento ao pudor foi
revogado.
Com a Lei nº 12.015, de 7 de agosto de 2009,
houve a alteração de alguns aspectos dos crimes
sexuais previstos no direito penal brasileiro.
Pontos importantes: Atualmente, o crime de estupro substitui a
a) Descaminho – Cabe aplicação do princípio da expressão "atentado violento ao pudor", e
insignificância. PATAMAR: O STJ entende que é R$ consiste em "Constranger alguém, mediante
10.000,00, enquanto o STF sustenta que é R$ violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou
20.000,00. a praticar ou permitir que com ele se pratique outro
b) Reincidência – Há divergência jurisprudencial. ato libidinoso".
STF: apenas a reincidência específica é capaz de OBS.: Importante saber que o instituto do
afastar a aplicação do princípio da insignificância (há abolitio criminis faz cessar a pena e os efeitos
decisões em sentido contrário). penais da condenação.

2. APLICAÇÃO DA LEI PENAL Lei posterior que traz benefícios e prejuízos ao


réu - Prevalece o entendimento de que não é
LEI PENAL NO TEMPO possível combinar as duas Leis. Deve ser aplicada a
Lei que, no todo, seja mais benéfica (teoria da
REGRA – Princípio da atividade: lei é aplicada ponderação unitária).
aos fatos praticados durante sua vigência.
EXCEÇÃO: Extra-atividade da Lei penal benéfica. Competência para a aplicação da Lei nova mais
Duas formas: benéfica
• Processo ainda em curso – Compete ao Juízo
RETROATIVIDADE da Lei penal benéfica – Lei que está conduzindo o processo
nova mais benéfica retroage, de forma que será • Processo já transitado em julgado – Compete
aplicada aos fatos criminosos praticados antes de ao Juízo da execução penal (enunciado nº 611 da
sua entrada em vigor. ART. 2º, PARÁGRAFO súmula do STF)
ÚNICO.
ULTRA-ATIVIDADE da Lei penal benéfica – Lei Leis excepcionais e temporárias - Continuam a
mais benéfica, quando revogada, continua a reger os reger os fatos praticados durante sua vigência,
fatos praticados durante sua vigência. ART. 2º, mesmo após expirado o prazo de vigência ou mesmo
PARÁGRAFO ÚNICO. após o fim das circunstâncias que determinaram a
edição da lei. ART. 3º DO CP. TEMPUS REGIT
Abolitio criminis – Lei nova passa a não mais ACTUM
considerar a conduta como criminosa OBS.: Se houver superveniência de lei abolitiva
(descriminalização da conduta) – ART 2. expressamente revogando a criminalização

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prevista na lei temporária ou excepcional, ela não
mais produzirá efeitos.

Tempo do crime – Considera-se praticado o delito


no momento conduta (ação ou omissão), ainda que
outro seja o momento do resultado (adoção da teoria
da ATIVIDADE). ART. 4 DO CP
A respeito do tempo do crime, existem três teorias:
a) Teoria da Atividade – O tempo do crime
consiste no momento em que ocorre a conduta
criminosa;
b) Teoria do Resultado – O tempo do crime
consiste no momento do resultado advindo da
conduta criminosa;
c) Teoria da Ubiquidade ou Mista – O tempo do
crime consiste no momento tanto da conduta
como do resultado que adveio da conduta
criminosa. Mesma conceituação para LUGAR DO
CRIME, SENDO A TERIA ADOTADA A DA
UBIQUIDADE.

Crimes continuados e permanentes – EXTRATERRITORIALIDADE – Aplicação da lei


Consideram-se como sendo praticados enquanto penal brasileira a um crime praticado fora do território
não cessa a continuidade ou permanência. nacional.
Consequência: se neste período (em que o crime Princípios norteadores:
está sendo praticado) sobrevier lei nova, mais grave, a) Princípio da nacionalidade ativa. Aplica-se a
ela será aplicada (súmula 711 do STF). lei nacional do autor do crime, qualquer que tenha
sido o local da infração.
LEI PENAL NO ESPAÇO b) Princípio da nacionalidade passiva. A lei
REGRA – Aplica-se a lei brasileira ao crime nacional do autor do crime aplica-se quando este for
cometido no território nacional (princípio da praticado contra bem jurídico de seu próprio Estado
territorialidade mitigada ou temperada, pois há ou contra pessoa de sua nacionalidade.
exceções). VER ART. 5º DO CP c) Princípio da defesa real. Prevalece a lei
referente à nacionalidade do bem jurídico lesado,
Território nacional - Espaço em que o Estado qualquer que tenha sido o local da infração ou a
exerce sua soberania política. O território brasileiro nacionalidade do autor do delito. É também chamado
compreende: de princípio da proteção.
• O Mar territorial; d) Princípio da justiça universal. Todo Estado
• O espaço aéreo (Teoria da absoluta soberania do tem o direito de punir qualquer crime, seja qual for a
país subjacente); nacionalidade do sujeito ativo e passivo, e o local da
• O subsolo infração, desde que o agente esteja dentro de seu
território (que tenha voltado a seu país, p. ex.).
Território nacional por extensão e) Princípio da representação. A lei nacional é
• Os navios e aeronaves públicos, onde quer que aplicável aos crimes cometidos no estrangeiro em
se encontrem aeronaves e embarcações privadas, desde que não
• Os navios e aeronaves particulares, que se julgados no local do crime.
encontrem em alto-mar ou no espaço aéreo Já vimos que o princípio da territorialidade
temperada é a regra em nosso direito, cujas
exceções se iniciam no próprio art. 5º (decorrentes
de tratados e convenções, nas quais a lei estrangeira
pode ser aplicada a fato cometido no Brasil). O art.
7º, por sua vez, traça as seguintes regras referentes
à aplicação da lei nacional a fatos ocorridos no
exterior:

Extraterritorialidade INCONDICIONADA - Aplica-


se aos crimes cometidos:
§ Contra a vida ou a liberdade do Presidente da
República;

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§ Contra o patrimônio ou a fé pública da União, do d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
Distrito Federal, de Estado, de Território, de domiciliado no Brasil (princípio do domicílio);
Município, de empresa pública, sociedade de
economia mista, autarquia ou fundação instituída II - os crimes:
pelo Poder Público; a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se
§ Contra a administração pública, por quem está a obrigou a reprimir;
seu serviço; b) praticados por brasileiro;
§ De genocídio, quando o agente for brasileiro ou c) praticados em aeronaves ou embarcações
domiciliado no Brasil brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
quando em território estrangeiro e aí não sejam
Estas hipóteses dispensam outras condições, julgados.
bastando que tenha sido o crime cometido contra § 1 Nos casos do inciso I, o agente é punido
estes bens jurídicos. segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou
OBS.2: Será aplicada a lei brasileira ainda que o condenado no estrangeiro
agente já tenha sido condenado ou absolvido no § 2 Nos casos do inciso II, a aplicação da lei
exterior. brasileira depende do concurso das seguintes
OBS.3: Caso tenha sido o agente condenado no condições.
exterior, a pena cumprida no exterior será abatida a) entrar o agente no território nacional;
na pena a ser cumprida no Brasil (DETRAÇÃO b) ser o fato punível também no país em que foi
PENAL). praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais
Extraterritorialidade CONDICIONADA - Aplica-se a lei brasileira autoriza a extradição;
aos crimes: d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro
§ Que por tratado ou convenção, o Brasil se ou não ter aí cumprido a pena;
obrigou a reprimir; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro
§ Praticados por brasileiro; ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade,
§ Praticados em aeronaves ou embarcações segundo a lei mais favorável.
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, § 3º A lei brasileira aplica-se também ao crime
quando em território estrangeiro e aí não sejam cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do
julgados Brasil, se, reunidas as condições previstas no
parágrafo anterior:
Condições: a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
A. Entrar o agente no território nacional; b) houve requisição do Ministro da Justiça.
B. Ser o fato punível também no país em que foi
praticado; Percebe-se, portanto, que:
C. Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a) no art. 7º, I, a, b e c, foi adotado o princípio da
a lei brasileira autoriza a extradição; real ou da defesa;
D. Não ter sido o agente absolvido no estrangeiro b) no art. 7º, II, a, foi adotado o princípio da justiça
ou não ter aí cumprido a pena; universal
E. Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro c) no art. 7º, II, b, foi adotado o princípio da
ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, nacionalidade ativa;
segundo a lei mais favorável. d) no art. 7º, II, c, adotou-se o princípio da
representação ou bandeira;
O art. 7º, por sua vez, traça as seguintes regras e) no art. 7º, §3º, foi também adotado o princípio da
referentes à aplicação da lei nacional a fatos defesa real ou proteção;
ocorridos no exterior:
Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no EXTRATERRITORIALIDADE HIPER-
estrangeiro: CONDICIONADA - ÚNICA HIPÓTESE:
I - os crimes: Crime cometido por estrangeiro contra brasileiro
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da fora do Brasil.
República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do (hiper) Condições:
Distrito Federal, de Estado, de Território, de Mesmas condições da extraterritorialidade
Município, de empresa pública, sociedade de condicionada
economia mista, autarquia ou fundação instituída +
pelo Poder Público; Não ter sido pedida ou ter sido negada a extradição
c) contra a administração pública, por quem está a Haver requisição do MJ
seu serviço;

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A norma especial é aplicada com prejuízo da norma
geral.
2. SUBSIDIARIEDADE (lex primaria derrogat
subsidiariae)
Se, entre duas normas, uma pode ser considerada
primária e a outra subsidiária (secundária), aplica-se
a primária.
3. CONSUNÇÃO
Ocorre quando um fato definido como crime atua
como fase de preparação ou de execução, ou ainda,
como exaurimento de outro crime mais grave,
ficando absorvido por este.
Ex: Lesão corporal + homicídio.
Obs.: A aplicação da ALTERNATIVIDADE como
princípio para solução para o conflito aparente de
normas não é considerado pelo direito brasileiro,
existindo inclusive divergência de entendimentos do
STJ e do STF. O primeiro considera que havendo no
tipo penal mais de um verbo, mesmo o autor do
crime praticando mais de um, responderá por um só
crime; já o segundo entende ao contrário, que o autor
pratica mais crimes quando prática mais de um verbo
presente no mesmo tipo penal – concurso material.
Quando a norma penal descreve várias formas de
execução de um mesmo delito, a prática de mais de
uma dessas condutas caracteriza crime único (não é
o entendimento do STF).
Mas cabe destacar:
O tipo penal pode ser dividido em:
• Tipo simples: ocorre quando o legislador
descreve apenas um verbo para tipificar a conduta.
Ex: art. 121 (matar alguém).
• Tipo misto: é aquele no qual o legislador descreve
dois ou mais verbos, ou seja, mais de uma forma de
se realizar o fato delituoso. Ex: art. 34 da Lei de
Drogas (o agente pratica o crime se fabricar, adquirir,
utilizar etc).

O tipo misto pode ser alternativo ou cumulativo:


• Tipo misto alternativo: o legislador descreveu
duas ou mais condutas (verbos). Se o sujeito praticar
mais de um verbo, no mesmo contexto fático e contra
o mesmo objeto material, responderá por um único
crime, não havendo concurso de crimes nesse caso.
Lugar do crime - Considera-se praticado o crime Ex: João adquire, na boca-de-fumo, uma máquina
no lugar em que ocorreu a conduta (ação ou para fazer drogas, transporta-a para sua casa e lá a
omissão), bem como onde se produziu ou deveria utiliza. Responderá uma única vez pelo art. 34 e não
produzir-se o resultado (adoção da teoria da por três crimes em concurso.
UBIQUIDADE). ART. 6º DO CP • Tipo misto cumulativo: o legislador descreveu
duas ou mais condutas (verbos). Se o sujeito incorrer
3. CONFLITO APARENTE DE NORMAS em mais de um verbo, irá responder por tantos
Quando existe uma pluralidade de normas crimes quantos forem os núcleos praticados. Ex: art.
aparentemente regulando um mesmo fato criminoso 242 do CP - Dar parto alheio como próprio; registrar
(CONFLITO APARENTE DE NORMAS), para saber como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido
qual das normas deve ser aplicada, temos que ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito
recorrer aos seguintes princípios: inerente ao estado civil (...) .
1. ESPECIALIDADE (lex specialis derrogat Ex: Participação em suicídio (art.122 CP) – instigar
generali) e auxiliar.

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Conceito - A conduta, em regra praticada por I – quando praticar atos contra a ordem
pessoa humana, que ofende um bem jurídico econômica e financeira.
penalmente tutelado, para a qual a lei estabelece II – quando praticar atos contra a economia
uma pena, seja ela de reclusão, detenção, prisão popular.
simples ou multa. III – quando praticar atos contra o meio ambiente.
APESAR DE A MAIORIA DOS DOUTRINADORES
Espécies AFIRMAREM APENAS QUE É POSSÍVEL APENAS
Crime - Infração penal a que a lei comina pena de A PRÁTICA DO CRIME DO ITEM III, PORÉM JÁ HÁ
reclusão ou de detenção, isoladamente, alternativa FORTE TENDÊNCIA NA ACEITAÇÃO TANTO
ou cumulativamente com a pena de multa (conceito DOUTRINÁRIA QUANTO JURISPRUDENCIAL
formal de crime). DOS OUTROS ITENS.
Contravenção - Infração penal a que a lei comina, Adotava-se a teoria da dupla imputação
isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, (necessidade de processar, concomitantemente , a
ou ambas, alternativa ou cumulativamente. pessoa física responsável pelo ato). STF e STJ
OBS.: Crime (conceito analítico) – adoção da abandonaram esta teoria.
teoria tripartida: fato típico, ilicitude e culpabilidade.
Há controvérsias em razão do próprio código penal, SUJEITO PASSIVO
que muitos explicam que adota a teoria bipartida – É quem sofre a ofensa causada pela infração
fato típico e ilícito, mas para prova do CESPE adotar penal. Pode ser de duas espécies:
a primeira indicação. A. Sujeito passivo mediato ou formal – É
CRIME CONTRAVENÇÃO SEMPRE o Estado, pois a ele pertence o dever de
Admitem tentativa Não se admite manter a ordem pública e punir aqueles que
(art. punição de cometem crimes.
14, II). contravenção na B. Sujeito passivo imediato ou material – É o
modalidade tentada. titular do bem jurídico efetivamente lesado (Ex.:
Ou se pratica a No furto, o dono da coisa furtada).
contravenção CUIDADO NO CONCURSO!
consumada ou se trata O Estado também pode ser sujeito passivo
de um imediato (Ex.: crimes contra o patrimônio público).
indiferente penal Tópicos importantes
Se cometido crime, A prática de Pessoa jurídica pode ser sujeito passivo
tanto contravenção no Mortos não podem ser sujeitos passivos (pois não
no Brasil quanto no exterior não são sujeitos de direitos)
estrangeiro, e vier o gera efeitos penais, Animais não podem ser sujeitos passivos (pois não
agente a cometer inclusive para fins de são sujeitos de direitos) - Crime ambiental (ex.:
contravenção, reincidência. Só há maus-tratos a animais): sujeito passivo é a
haverá efeitos penais em coletividade.
reincidência. relação à Ninguém pode ser sujeito ativo e passivo do
contravenção MESMO crime. Parte da Doutrina entende que isso
praticada no Brasil! é possível no crime de rixa, mas isso não é posição
Tempo máximo de Tempo máximo de unânime
cumprimento de cumprimento de pena:
pena: 30 05 anos. Imunidades – Regras específicas de (não)
anos. aplicação da lei penal a determinadas pessoas, em
Aplicam-se as Não se aplicam as determinadas circunstâncias.
hipóteses hipóteses de Imunidades diplomáticas – Se baseiam no
de extraterritorialidade princípio da reciprocidade.
extraterritorialidade do art. 7° do Código Conferidas em razão do CARGO, não da pessoa.
Penal. Previstas na Convenção de Viena, incorporada ao
nosso ordenamento jurídico através do Decreto
4. APLICAÇÃO DA LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS 56.435/65.
PESSOAS Imunidade TOTAL aos Diplomatas, sendo
estendida aos funcionários dos órgãos
SUJEITO ATIVO internacionais (quando em serviço) e aos seus
É a pessoa que, de alguma forma, participa do familiares, bem como aos Chefes de Governo e
crime (como autor ou como partícipe). É a pessoa Ministros das Relações Exteriores de outros países.
que pratica a infração penal. Estão sujeitos à Jurisdição de seu país apenas. É
OBS.: Pessoa Jurídica pode ser sujeito ativo de Irrenunciável, mas há a exceção quando o Estado
crimes: de origem do diplomata renúncia à imunidade de

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jurisdição de seus agentes diplomáticos (mas O regramento varia de acordo com o efeito
tem que se dar de maneira expressa pelo Estado pretendido:
e não pela pessoa que ocupa o cargo). OBS.: • Obrigação de reparar o dano (bem como
Com relação aos cônsules a imunidade só é restituições e outros efeitos civis) – Deve haver
conferida aos atos praticados em razão do requerimento da parte interessada (em regra, a
Ofício, daí não ser TOTAL, MAS RELATIVA. vítima ou seus sucessores).
• Sujeitar o infrator à medida de segurança –
Imunidades parlamentares - Prerrogativas dos Existir tratado de extradição entre o Brasil e o País
parlamentares, garantias conferidas para que em que foi proferida a sentença OU, caso não exista,
possam desempenhar suas funções de forma livre. deve haver requisição do Ministro da Justiça.
São irrenunciáveis. Duas espécies: Competência para homologação – STJ
Imunidade material - Deputados e Senadores são OBS.: Não há possibilidade de homologação da
invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas sentença penal estrangeira para fins de
opiniões, palavras e votos. Não é necessário que o cumprimento de PENA. A aplicação de pena criminal
parlamentar tenha proferido as palavras dentro do é um ato de soberania do Estado.
recinto (Congresso, Assembleia Legislativa, etc.),
bastando que tenha relação com sua função.
CUIDADO NO CONCURSO!
A imunidade material dos vereadores só abrange
os atos praticados na circunscrição do município.
Imunidade formal - Não está relacionada à
caracterização ou não de uma conduta como crime.
Está relacionada a questões processuais. São duas
espécies:
A. Imunidade formal para a prisão – “Desde a
expedição do diploma, os membros do Congresso
Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante
de crime inafiançável”. Os autos da prisão devem ser
remetidos dentro de 24h à Casa respectiva (Senado
ou Câmara), pelo voto da maioria de seus membros,
deverá resolver sobre a prisão.
Tal imunidade não impede: (1) prisão em flagrante
de crime inafiançável; (2) prisão decorrente de
condenação definitiva.

Imunidade formal para o processo –


Possibilidade de a Casa respectiva (Senado ou
Câmara) sustar o andamento de ação penal contra
um de seus membros (Senadores ou deputados
federais), relativa a crime praticado APÓS a
diplomação. Tópicos importantes:
i. Iniciativa de partido político com representação
na Casa;
II. Voto da maioria absoluta dos membros 5. DISPOSIÇÕES PRELIMINARES DO CP
III. Caso o processo seja suspenso, suspende-se Contagem de prazos – Inclui-se o dia do começo.
também a prescrição As frações de dia (do dia do começo) são
As imunidades são aplicáveis aos parlamentares computadas como dia inteiro. Ex.: Começou a correr
estaduais (Deputados estaduais). o prazo no dia 10.01.15 às 22h. O dia 10.01.15 é
Aos parlamentares municipais (vereadores) só se contado como dia inteiro. ART. 10 DO CP
aplicam as imunidades materiais! Frações não computáveis de pena – As frações
As imunidades não abrangem os suplentes. de dia (horas e minutos) são desprezadas
OBS.: Parlamentar afastado para exercer cargo de (arredonda-se para baixo). Ex.: 15 dias e 12 horas
Ministro ou Secretário de Estado NÃO mantém as viram 15 dias.
imunidades (Informativo 267 do STF). Desprezam-se as frações monetárias na pena de
multa (centavos). ART. 11 DO CP.
EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA – Aplicação subsidiária do CP – Regras gerais do
ART. 9 DO CP CP se aplicam aos crimes regidos por Lei especial,
A sentença estrangeira, para produzir efeitos no naquilo que com elas não conflitar – PRINCÍPIO DA
Brasil, precisa ser homologada. ESPECIALIDADE. ART. 12 DO CP.

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6. INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEI 3) Quanto ao resultado
PENAL - material – ação e resultados exigidos – Ex:
Interpretação da Lei penal estelionato (empregar fraude para obter vantagem
Autêntica – É aquela realizada pelo próprio ilícita)
legislador (também é chamada de interpretação - formal – ação e resultado não exigido – Ex: o
legislativa). seqüestro (independe do recebimento do resgate)
Doutrinária – É a interpretação realizada pelos - de mera conduta – simples ação – Ex: violação de
estudiosos do Direito. domicílio
Judicial – É aquela efetuada pelos membros do
Poder Judiciário, através das decisões que proferem 4) Quanto ao sujeito ativo da infração penal
nos processos que lhe são submetidos. - comum – pode ser praticado por qualquer pessoa
Gramatical – Também é chamada de literal. É – Ex: furto
aquela que decorre da natural análise da lei. - próprio – só determinada categoria de pessoas
Lógica (ou teleológica) – É aquela que busca pode cometer – Ex: corrupção passiva
entender a vontade da lei. É uma das mais confiáveis - de mão própria – só pode ser executado por uma
e técnicas. única pessoa, não admite co-autoria – Ex: falso
Declaratória – Decorre da perfeita sintonia entre o testemunho
que a lei diz e o que ela quis dizer.
Extensiva – Trata-se de uma atividade na qual o 5) Quanto à valoração da pena
intérprete estende o alcance do que diz a lei, em - simples – o legislador enumera as elementares do
razão de sua vontade ser esta. crime em sua figura fundamental
Restritiva – Por outro lado, aqui o intérprete - privilegiado – quando o legislador estabelece
restringe o alcance do texto da lei, por ser essa a sua circunstâncias que reduzem a pena
vontade - qualificado – quando o legislador estabelece
Analógica – Como o nome diz, decorre da circunstâncias que aumentam a pena
analogia, que é o mesmo que comparação. Assim,
essa interpretação irá existir somente naqueles 6) Quanto à quantidade de atos nos movimentos
casos em que a lei estabeleça uma fórmula reflexos na coação física absoluta nos estados de
casuística (um exemplo) e criminalize outras inconsciência
situações idênticas (fórmula genérica). Próprio – simples abstenção independente de um
resultado posterior. Ex: omissão de socorro
7. TEORIA GERAL DO CRIME Impróprio – simples abstenção dependente de um
resultado posterior. Ex: a mãe que deixa de
CONCEITO DE CRIME amamentar seu filho, provocando a morte
O Crime pode ser entendido sob três aspectos: Evitável diminui a pena de 1/6 a 1/3
Material, formal (legal) e analítico: Inevitável exclui a culpabilidade
a) Formal (legal) – Crime é a conduta prevista em - unissubsistente – a ação é composta por um só
Lei como crime. No Brasil, mais especificamente, é ato, não admite tentativa – Ex: injúria verbal
toda infração penal a que a lei comina pena de - plurissubsistente – a ação é representada por
reclusão ou detenção vários atos formando um processo executivo que
b) Material – Crime é a conduta que afeta, de pode ser fracionado, admite tentativa – Ex: homicídio
maneira significativa (mediante lesão ou exposição a
perigo), um bem jurídico relevante de terceira 7) Quanto à quantidade de agentes
pessoa. - unissubjetivo – pode ser praticado
c) Analítico – Adoção da teoria tripartida. Crime é individualmente pelo agente – Ex: homicídio
composto por fato típico, ilicitude e culpabilidade. - plurissubjetivo – exige o concurso de no mínimo
duas pessoas – Ex: associação para o tráfico e
7.1. CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA DOS bigamia
CRIMES
7.2. ELEMENTOS DO CRIME
1) Quanto à duração do momento consumativo: A teoria geral do crime trata de todos os elementos
- instantâneo – Ex: estupro que compõe o fato criminoso. Ex: sujeito, tipo penal,
- permanente – Ex: seqüestro conduta, nexo causal, resultado e tipicidade.
- instantâneo de efeitos permanentes – EX:
homicídio Fato Típico
é denominado como o comportamento humano
2) Quanto ao meio de execução que se molda perfeitamente aos elementos
- comissivo – praticado através de uma ação constantes do modelo previsto na lei penal.
- omissivo

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A primeira característica do crime é ser um fato Entende-se por relação de causalidade o vínculo
típico, descrito, como tal, numa lei penal. Um que une a causa, enquanto fator propulsor, a seu
acontecimento da vida que corresponde exatamente efeito, como consequência derivada. Trata-se do
a um modelo de fato contido numa norma penal liame que une a causa ao resultado que produziu. O
incriminadora, a um tipo. nexo de causalidade interessa particularmente ao
Para que o operador do Direito possa chegar à estudo do Direito Penal, pois, em face de nosso
conclusão de que determinado acontecimento da Código Penal (art. 13), constitui requisito expresso
vida é um fato típico, deve debruçar-se sobre ele e, do fato típico. Esse vínculo, porém, não se fará
analisando-o, decompô-lo em suas faces mais necessário em todos os crimes, mas somente
simples, para verificar, com certeza absoluta, se naqueles em que à conduta exigir-se a produção de
entre o fato e o tipo existe relação de adequação um resultado, isto é, de uma modificação no mundo
exata, fiel, perfeita, completa, total e absoluta. Essa exterior, ou seja, cuida-se de um exame que se fará
relação é a tipicidade. necessário no âmbito dos crimes materiais ou de
Para que determinado fato da vida seja resultado.
considerado típico, é preciso que todos os seus Nexo de causalidade – Nexo entre a conduta do
componentes, todos os seus elementos estruturais agente e o resultado. Adoção, pelo CP, da teoria da
sejam, igualmente, típicos. equivalência dos antecedentes (considera-se
Os componentes de um fato típico são a conduta causa do crime toda conduta sem a qual o resultado
humana, a consequência dessa conduta se ela a não teria ocorrido). Utilização do elemento subjetivo
produzir (o resultado), a relação de causa e efeito (dolo ou culpa) como filtro, para evitar a “regressão
entre aquela e esta (nexo causal) e, por fim, a infinita”. Adoção, subsidiariamente, da teoria da
tipicidade. causalidade adequada (art. 13, §1º do CP), na
hipótese de superveniência de causa relativamente
Conduta independente que produz, por si só, o resultado.
Considera-se conduta a ação ou omissão humana OBS.: Teoria da imputação objetiva não foi
consciente e voluntária dirigida a uma finalidade. expressamente adotada pelo CP, mas há decisões
jurisprudenciais aplicando a Teoria.
Resultado
A expressão resultado tem natureza equívoca, já
que possui dois significados distintos em matéria
penal. Pode se falar, assim, em resultado material
ou naturalístico e em resultado jurídico ou
normativo.
O resultado naturalístico ou material consiste
na modificação no mundo exterior provocada
pela conduta. Trata-se de um evento que só se faz
necessário em crimes materiais, ou seja, naqueles
cujo tipo penal descreva a conduta e a modificação
no mundo externo, exigindo ambas para efeito de
consumação.
O resultado jurídico ou normativo reside na
lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico
tutelado pela norma penal. Todas as infrações
devem conter, expressa ou implicitamente, algum
resultado, pois não há delito sem que ocorra lesão
ou perigo (concreto ou abstrato) a algum bem
penalmente protegido.
A doutrina moderna dá preferência ao exame do
resultado jurídico . Este constitui elemento implícito
de todo fato penalmente típico, pois se encontra
ínsito na noção de tipicidade material.
O resultado naturalístico, porém, não pode ser
menosprezado, uma vez que se cuida de elementar
presente em determinados tipos penais, de tal modo
que desprezar sua análise seria malferir o princípio
da legalidade.

Nexo Causal, Relação de Causalidade ou Nexo


de Causalidade

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Tipicidade ELEMENTOS DO FATO TÍPICO
Ao lado da conduta, do nexo causal e do resultado DOLOSA
constitui elemento necessário ao fato típico de O AGENTE
qualquer infração penal. PRATICA O FATO
Deve ser analisada em dois planos: formal e COM
material. CONSCIÊNCIA E
Entende-se por tipicidade a relação de subsunção VONTADE
entre um fato concreto e um tipo penal (tipicidade DOLOSA OU CULPOSA
formal) e a lesão ou perigo de lesão ao bem CULPOSA AGENTE
penalmente tutelado (tipicidade material). PRATICA UMA
Trata-se de uma relação de encaixe, de CONDUTA
enquadramento. É o adjetivo que pode ou não ser CONDUTA INOBSERVANDO
dado a um fato, conforme ele se enquadre ou não UM DEVER DE
na lei penal. CUIDADO
(NEGLIGÊNCIA,
IMPERÍCIA OU
IMPRUDÊNCIA)
COMISSIVA
COMISSIVA AGENTE ATUA
OU OMISSIVA REALIZANDO
UMA CONDUTA
OMISSIVA
AGENTE ATUA
DEIXANDO DE
REALIZAR UMA
CONDUTA
OCORRÊNCIA
NORMATIVO DO RESULTADO
PREVISTO EM
LEI
RESULTADO
OCORRÊNCIA
DE UMA
NATURALÍSTICO ALTERAÇÃO NO
MUNDO DOS
FATOS
É O ELO ENTRE
A CONDUTA DO
NEXO DE AGENTE E O
CAUSALIDADE RESULTADO
OCORRIDO
A CONDUTA DO
AGENTE SE
FORMAL AMOLDA
PERFEITAMENTE
AO TIPO PENAL
TIPICIDADE A CONDUTA DO
AGENTE CAUSA
UMA LESÃO OU
UMA AMEAÇA DE
MATERIAL
LESÃO
SIGNIFICATIVA
AO BEM
JURÍDICO
TUTELADO

EXERCÍCIOS 3122 - 11/20


CRIME DOLOSO E CRIME CULPOSO (ART. 18 agente acaba por lesar um bem jurídico de terceiro,
DO CP) cometendo crime culposo. Pode se dar por:
• Negligência – O agente deixa de tomar todas as
Crime doloso cautelas necessárias para que sua conduta não
Dolo direto de primeiro grau - composto pela venha a lesar o bem jurídico de terceiro.
consciência de que a conduta pode lesar um bem • Imprudência – É o caso do afoito, daquele que
jurídico + a vontade de violar (pela lesão ou pratica atos temerários, que não se coadunam com
exposição a perigo) este bem jurídico. a prudência que se deve ter na vida em sociedade.
Dolo direto de segundo grau - também chamado • Imperícia – Decorre do desconhecimento de uma
de “dolo de consequências necessárias”. O regra técnica profissional para a prática da conduta.
agente não quer o resultado, mas sabe que o O crime culposo é composto de:
resultado é um efeito colateral NECESSÁRIO, e • Uma conduta voluntária
pratica a conduta assim mesmo, sabendo que o • A violação a um dever objetivo de cuidado
resultado (não querido) ocorrerá fatalmente. • Um resultado naturalístico involuntário – O
Dolo eventual - consiste na consciência de que a resultado produzido não foi querido pelo agente
conduta pode gerar um resultado criminoso + a (salvo na culpa imprópria).
assunção desse risco, mesmo diante da
probabilidade de algo dar errado. Trata-se de • Nexo causal
hipótese na qual o agente não tem vontade de • Tipicidade – Adoção da excepcionalidade do
produzir o resultado criminoso, mas, analisando as crime culposo. Só haverá punição a título de culpa
circunstâncias, sabe que este resultado pode se houver expressa previsão legal nesse sentido.
ocorrer e não se importa, age da mesma maneira. • Previsibilidade objetiva - O resultado ocorrido
OBS.: diferença em relação ao dolo direto de deve ser previsível mediante um esforço intelectual
segundo grau: aqui o resultado não querido é razoável. É chamada previsibilidade do “homem
POSSÍVEL OU PROVÁVEL; no dolo direto de médio”.
segundo grau o resultado não querido é CERTO
(consequência necessária). Modalidades de culpa
O dolo pode ser, ainda: • Culpa consciente e inconsciente – Na culpa
• Dolo genérico – É, basicamente, a vontade de consciente, o agente prevê o resultado como
praticar a conduta descrita no tipo penal, sem possível, mas acredita que este não irá ocorrer
nenhuma outra finalidade. (previsibilidade SUBJETIVA). Na culpa
• Dolo específico, ou especial fim de agir – Em inconsciente, o agente não prevê que o resultado
contraposição ao dolo genérico, nesse caso o agente possa ocorrer (há apenas previsibilidade OBJETIVA,
não quer somente praticar a conduta típica, mas o não subjetiva).
faz por alguma razão especial, com alguma • Culpa própria e culpa imprópria – A culpa
finalidade específica. própria é aquela na qual o agente NÃO QUER O
• Dolo geral, por erro sucessivo, ou aberratio RESULTADO criminoso. É a culpa propriamente
causae – Ocorre quando o agente, acreditando ter dita. Pode ser consciente, quando o agente prevê o
alcançado seu objetivo, pratica nova conduta, com resultado como possível, ou inconsciente, quando
finalidade diversa, mas depois se constata que esta não há essa previsão. Na culpa imprópria, o
última foi a que efetivamente causou o resultado. agente quer o resultado, mas, por erro
Trata-se de erro na relação de causalidade, pois inescusável, acredita que o está fazendo amparado
embora o agente tenha conseguido alcançar a por uma causa excludente da ilicitude ou da
finalidade proposta, somente o alcançou através de culpabilidade. A culpa, portanto, não está na
outro meio, que não tinha direcionado para isso. execução da conduta, mas no momento de escolher
• Dolo antecedente, atual e subsequente – O praticar a conduta.
dolo antecedente é o que se dá antes do início da OBS.: crime preterdoloso (ou
execução da conduta. O dolo atual é o que está preterintencional): O crime preterdoloso ocorre
presente enquanto o agente se mantém exercendo quando o agente, com vontade de praticar
a conduta, e o dolo subsequente ocorre quando o determinado crime (dolo), acaba por praticar crime
agente, embora tendo iniciado a conduta com uma mais grave, não com dolo, mas por culpa. VER ART.
finalidade lícita, altera seu ânimo, passando a agir de 19 DO CP.
forma ilícita.
CRIME CONSUMADO, TENTADO E
Crime culposo IMPOSSÍVEL (ARTS. 14 E 17, AMBOS DO CP)
No crime culposo a conduta do agente é destinada Crime consumado – ocorre quando todos os
a um determinado fim (que pode ser lícito ou não), elementos da definição legal da conduta criminosa
mas pela violação a um dever de cuidado, o estão presentes.

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Fundamentado no artigo. 14, inciso I do Código Arrependimento eficaz - Aqui o agente já praticou
Penal, o crime consumado é o tipo penal todos os atos executórios que queria e podia, mas
integralmente realizado, ou seja, quando o tipo após isto, se arrepende do ato e adota medidas que
concreto amolda-se perfeitamente ao tipo abstrato. acabam por impedir a consumação do resultado. Se
De acordo com o artigo 14, I do Código Penal, diz-se o resultado não ocorre, o agente não responde pela
consumado o crime quando nele se reúnem todos os tentativa, mas apenas pelos atos efetivamente
elementos de sua definição legal. No homicídio, por praticados.
exemplo, o tipo penal consiste em “matar alguém” Arrependimento posterior - Não exclui o crime,
(artigo 121 do CP), assim o crime restará consumado pois este já se consumou. Ocorre quando o agente
com a morte da vítima. repara o dano provocado ou restitui a coisa.
Crime tentado – há crime tentado quando o Consequência: diminuição de pena, de um a dois
resultado não ocorre por circunstâncias alheias à terços. Só cabe:
vontade do agente. Adoção da teoria objetiva da • Nos crimes em que não há violência ou grave
punibilidade da tentativa: como regra, o agente ameaça à pessoa;
responde pela pena do crime consumado, diminuída • Se a reparação do dano ou restituição da coisa é
de um a dois terços. EXCEÇÃO: (1) crimes em que anterior ao recebimento da denúncia ou queixa.
a mera tentativa de alcançar o resultado já consuma
o delito. Ex: art. 352 do CP (Evasão mediante
violência contra a pessoa); (2) outras exceções
legais.
O crime tentado tem fundamentação no artigo 14,
inciso II do Código Penal ocorre quando o agente
inicia a execução do delito mas este não se consuma
por circunstâncias alheias à sua vontade. De acordo
com o parágrafo único do art. 14, do Código Penal,
“salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa
com a pena correspondente ao crime consumado,
diminuída de um a dois terços”. Para fixar a pena, o
magistrado deve usar como critério a maior ou menor
proximidade da consumação, de forma que quanto
mais o agente percorrer o “iter criminis”, maior será
sua punição.

8. ILICITUDE (ANTIJURIDICIDADE)
É a condição de contrariedade da conduta perante
o Direito. Em regra, toda conduta típica é ilícita. Não
o será, porém, se houver uma causa de exclusão da
Crime impossível (tentativa inidônea ou crime ilicitude. São elas:
oco) – o resultado não ocorre por ser absolutamente • Genéricas – São aquelas que se aplicam a todo
impossível sua ocorrência, em razão: (1) da absoluta e qualquer crime. Estão previstas na parte geral do
impropriedade do objeto; ou (2) da absoluta Código Penal, em seu art. 23;
ineficácia do meio. Adoção da teoria objetiva da • Específicas – São aquelas que são próprias de
punibilidade da tentativa inidônea: a conduta do determinados crimes, não se aplicando a outros.
agente não é punível.
Desistência voluntária - Na desistência voluntária CAUSAS GENÉRICAS DE EXCLUSÃO DA
o agente, por ato voluntário, desiste de dar ILICITUDE
sequência aos atos executórios, mesmo podendo
fazê-lo. ESTADO DE NECESSIDADE
FÓRMULA DE FRANK: (1) Na tentativa – O Conceito – “Considera-se em estado de
agente quer, mas não pode prosseguir; (2) Na necessidade quem pratica o fato para salvar de
desistência voluntária – O agente pode, mas não perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem
quer prosseguir. Se o resultado não ocorre, o agente podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio,
não responde pela tentativa, mas apenas pelos atos cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável
efetivamente praticados. exigir-se”.
Se bem sacrificado era de valor maior que o
bem protegido – Não há justificação. A conduta é

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ilícita. O agente, contudo, tem a pena diminuída de Espécies de legítima defesa:
um a dois terços. • Agressiva – Quando o agente pratica um fato
previsto como infração penal.
Requisitos • Defensiva – O agente se limita a se defender, não
• Não ter sido criada voluntariamente pelo atacando nenhum bem jurídico do agressor.
agente (ou seja, se foi ele mesmo quem deu causa, • Própria – Quando o agente defende seu próprio
não poderá sacrificar o direito de um terceiro a bem jurídico.
pretexto de salvar o seu). • De terceiro – Quando defende bem jurídico
• Perigo atual – O perigo deve estar ocorrendo. A pertencente a outra pessoa.
lei não permite o estado de necessidade diante de • Real – Quando a agressão a iminência dela
um perigo futuro, ainda que iminente. acontece, de fato, no mundo real.
• A situação de perigo deve estar expondo à lesão • Putativa – Quando o agente pensa que está
um bem jurídico do próprio agente ou de um sendo agredido ou que esta agressão irá ocorrer,
terceiro. mas, na verdade, trata-se de fruto da sua
• O agente não pode ter o dever jurídico de imaginação.
impedir o resultado.
• Bem jurídico sacrificado deve ser de valor ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL
igual ou inferior ao bem protegido - Se o bem Conceito – Ocorre quando o agente prati ca fato
sacrificado era de valor maior que o bem protegido, típico, mas o faz em cumprimento a um dever
não há justificação. A conduta é ilícita. O agente, previsto em lei.
contudo, tem a pena diminuída de um a dois terços. Observações importantes:
• Atitude necessária – O agente deve agir nos • Se um terceiro colabora com aquele que age no
estritos limites do necessário. Caso se exceda, estrito cumprimento do dever legal, a ele também se
responderá pelo excesso (culposo ou doloso). estende essa causa de exclusão da ilicitude (há
Espécies: comunicabilidade).
• Agressivo – Quando para salvar seu bem jurídico • O particular também pode agir no estrito
o agente sacrifica bem jurídico de um terceiro que cumprimento do dever legal.
não provocou a situação de perigo.
• Defensivo – Quando o agente sacrifica um bem EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO
jurídico de quem ocasionou a situação de perigo. Conceito – Ocorre quando o agente pratica fato
• Real – Quando a situação de perigo efetivamente típico, mas o faz no exercício de um direito seu.
existe. Dessa forma, quem age no legítimo exercício de um
• Putativo – Quando a situação de perigo não direito seu, não poderá estar cometendo crime, pois
existe de fato, apenas na imaginação do agente. a ordem jurídica deve ser harmônica.
Ex.: Lutador de vale-tudo que agride o oponente.
LEGÍTIMA DEFESA Excesso punível – Da mesma forma que nas
Conceito – “Entende-se em legítima defesa qu em, demais hipóteses, o agente responderá pelo
usando moderadamente dos meios necessários, excesso (culposo ou doloso). O excesso, aqui, irá se
repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito verificar sempre que o agente ultrapassar os limites
seu ou de outrem”. do direito que possui (não estará mais no exercício
Requisitos: REGULAR de direito).
• Agressão Injusta – Assim, se a agressão é justa,
não há legítima defesa. Art. 23 - Exclusão da ilicitude
• Atual ou iminente – A agressão deve estar Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o
acontecendo ou prestes a acontecer. fato:
• Contra direito próprio ou alheio – A agressão I - em estado de necessidade;
injusta pode estar acontecendo ou prestes a II - em legítima defesa;
acontecer contra direito do próprio agente ou de III - em estrito cumprimento de dever legal ou no
um terceiro. exercício regular de direito.
• Reação proporcional – O agente deve repelir a Excesso punível
agressão injusta, valendo-se dos meios necessários, Parágrafo único - O agente, em qualquer das
mas sem se exceder. Caso se exceda, responderá hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso
pelo excesso (culposo ou doloso). doloso ou culposo.
OBS.: Na legítima defesa, diferentemente do que A ação do homem será típica sob o aspecto
ocorre no estado de necessidade, o agredido (que criminal quando a lei penal a descreve como sendo
age em legítima defesa) não é obrigado a fugir do um delito. Numa primeira compreensão, isso
agressor, ainda que possa. também basta para se afirmar que ela está em
desacordo com a norma, que se trata de uma
conduta ilícita ou, noutros termos, antijurídica.

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Essa ilicitude ou antijuridicidade, contudo,
consistente na relação de contrariedade entre a
conduta típica do autor e o ordenamento jurídico,
pode ser suprimida, desde de que, no caso concreto,
estejam presentes uma das hipóteses previstas no
artigo 23 do Código Penal: o estado de necessidade,
a legítima defesa, o estrito cumprimento do dever
legal ou o exercício regular de direito.
O estado de necessidade e a legítima defesa são
conceituados nos artigos 24 e 25 do Código Penal,
merecendo destaque, neste tópico, apenas o estrito
cumprimento do dever legal e o exercício regular de
um direito, como excludentes da ilicitude ou da
antijuridicidade.
A expressão estrito cumprimento do dever legal,
por si só, basta para justificar que tal conduta não é
ilícita, ainda que se constitua típica. Isso porque, se
a ação do homem decorre do cumprimento de um
dever legal, ela está de acordo com a lei, não
podendo, por isso, ser contrária a ela. Noutros
termos, se há um dever legal na ação do autor, esta
não pode ser considerada ilícita, contrária ao Os elementos da Culpabilidade são:
ordenamento jurídico. IMPUTABILIDADE: é a capacidade de entender
Um exemplo possível de estrito cumprimento do e querer. Via de regra, todos nós somos imputáveis.
dever legal pode restar configurado no crime de Causa de exclusão (art. 26, CP): doença mental,
homicídio, em que, durante tiroteio, o revide dos desenvolvimento mental incompleto, de-
policiais, que estavam no cumprimento de um dever senvolvimento mental retardado e embriaguez
legal, resulta na morte do marginal. Neste sentido - completa oriunda de caso fortuito ou força maior.
RT 580/447. POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE:
O exercício regular de um direito, como “consciência profana do injusto”, basta que o agente
excludente da ilicitude, também quer evitar a tenha condições suficientes para saber que o fato
antinomia nas relações jurídicas, posto que, se a praticado está juridicamente proibido e que é
conduta do autor decorre do exercício regular de um contrário às normas mais elementares que regem a
direito, ainda que ela seja típica, não poderá ser convivência. Exemplo: tradição dos índios de matar
considerada antijurídica, já que está de acordo com criança deficiente. Excludente: erro de proibição.
o direito. EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA:
Um exemplo de exercício regular de um direito, permite a formação de um juízo de reprovabilidade
como excludente da ilicitude, é o desforço imediato, de uma conduta típica e ilícita. Entendendo
empregado pela vítima da turbação ou do esbulho culpabilidade como juízo de reprovação, só posso
possessório, enquanto possuidor que pretende estabelecer juízo de reprovação contra alguém, se
reaver a posse da coisa para si (RT - 461/341). no caso concreto, eu podia exigir dessa pessoa
A incidência da excludente da ilicitude, conduto, comportamento diverso. Excludentes: coação moral
não pode servir de salvo conduto para eventuais irresistível e obediência hierárquica.
excessos do autor, que venham a extrapolar os
limites do necessário para a defesa do bem jurídico, Causas de exclusão da culpabilidade
do cumprimento de um dever legal ou do exercício O Código Penal prevê causas que excluem a
regular de um direito. Havendo excesso, o autor do culpabilidade pela ausência de um de seus
fato será responsável por ele, caso restem elementos, ficando o sujeito isento de pena, ainda
verificados seu dolo ou sua culpa. Nesse sentido é a que tenha praticado um fato típico e antijurídico.
regra do parágrafo único do artigo 23 do Código a) inimputabilidade: a incapacidade de entender o
Penal. caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento.
9. CULPABILIDADE - doença mental, desenvolvimento mental
CONCEITO - Juízo de reprovabilidade acerca da incompleto ou retardado (art. 26);
conduta do agente, considerando-se suas - desenvolvimento mental incompleto por
circunstâncias pessoais. presunção legal, do menor de 18 anos (art. 27);
- embriaguez completa, proveniente de caso
fortuito ou força maior (art. 28, § 1º).

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b) inexistência da possibilidade de conhecimento Doença mental e Desenvolvimento mental
da ilicitude: incompleto ou retardado –
- erro de proibição (art. 21). Requisitos:
c) inexigibilidade de conduta diversa: • Que o agente possua a doença (critério
- coação moral irresistível (art. 22, 1ª parte); biológico)
- obediência hierárquica (art. 22, 2ª parte). • Que o agente seja inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato OU inteiramente
IMPUTABILIDADE incapaz de determinar-se conforme este
A imputabilidade é a possibilidade de atribuir a um entendimento (critério psicológico)
indivíduo a responsabilidade por uma infração. Obs.: Se, em decorrência da doença, o agente
Segundo prescreve o artigo 26, do Código Penal, tinha discernimento PARCIAL (semi-imputabilidade),
podemos, também, definir a imputabilidade como a NÃO É ISENTO DE PENA (não afasta a
capacidade do agente entender o caráter ilícito do imputabilidade).
fato por ele perpetrado ou, de determinar-se de Neste caso, há redução de pena (um a dois terços).
acordo com esse entendimento. Embriaguez – Requisitos:
É portanto a possibilidade de se estabelecer o • Que o agente esteja completamente
nexo entre a ação e seu agente, imputando a alguém embriagado (critério biológico)
a realização de um determinado ato. • Que se trate de embriaguez decorrente de caso
Quando existe algum agravo à saúde mental, os fortuito ou força maior
indivíduos podem ser considerados inimputáveis – • Que o agente seja inteiramente incapaz de
se não tiverem discernimento sobre os seus atos ou entender o caráter ilícito do fato OU inteiramente
não possuírem autocontrole, são isentos de pena. incapaz de determinar-se conforme este
Os semi-imputáveis são aqueles que, sem ter o entendimento (critério psicológico)
discernimento ou autocontrole abolidos, têm-nos Obs.: Se, em decorrência da embriaguez, o agente
reduzidos ou prejudicados por doença ou transtorno tinha discernimento PARCIAL (semi-imputabilidade),
mental. NÃO É ISENTO DE PENA (não afasta a
Critérios para aferição da imputabilidade: imputabilidade).
Neste caso, há redução de pena (um a dois terços).

POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE -


Possibilidade de o agente, de acordo com suas
características, conhecer o caráter ilícito do fato.
Quando o agente atua acreditando que sua conduta
não é penalmente ilícita, comete erro de proibição.

EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA - Não


basta que o agente seja imputável e que tenha
potencial conhecimento da ilicitude do fato, é
necessário, ainda, que o agente pudesse agir de
outro modo. Não havendo tal elemento, afastada
está a culpabilidade. Exemplos:

Coação MORAL irresistível – Ocorre quando uma


pessoa coage outra a praticar determinado crime,
sob a ameaça de lhe fazer algum mal grave.
Coação FÍSICA irresistível EXCLUI O FATO
TÍPICO, por ausência de vontade (ausência de
conduta).
Obediência hierárquica – É o ato cometido por
alguém em cumprimento a uma ordem não
manifestamente ilegal proferida por um superior
hierárquico. Obs.: prevalece que só se aplica aos
funcionários públicos.
Causas de inimputabilidade penal (exclusão da
imputabilidade)
Menoridade penal – São inimputáveis os menores
de 18 anos (critério biológico)

EXERCÍCIOS 3122 - 16/20


10. ERRO (ART. 20 E 21 DO CP) o objeto material do delito. Prevalece que não há
qualquer relevância para fins de afastamento do do
ERRO DE TIPO ESSENCIAL – O agente pratica dolo ou da culpa, bem como não se afasta a
um fato considerado típico, mas o faz por ter incidido culpabilidade. CONSEQUÊNCIA: A doutrina
em erro sobre algum de seus elementos. É a majoritária (há divergência) sustenta que o agente
representação errônea da realidade. O erro de tipo deve responder pela conduta efetivamente praticada
pode ser: (independentemente da coisa visada).
A. Escusável – Quando o agente não poderia
conhecer, de fato, a presença do elemento do tipo. ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO - No erro
Qualquer pessoa, nas mesmas condições, determinado (ou provocado) por terceiro o agente
cometeria o mesmo erro. erra porque alguém o induz a isso. Só responde pelo
B. Inescusável – Ocorre quando o agente incorre delito aquele que provoca o erro (modalidade de
em erro sobre elemento essencial do tipo, mas autoria mediata).
poderia, mediante um esforço mental razoável, não
ter agido desta forma. ERRO DE PROIBIÇÃO - Quando o agente age
OBS.: Erro de tipo permissivo - O erro de “tipo acreditando que sua conduta não é ilícita, comete
permissivo” é o erro sobre os pressupostos objetivos ERRO DE PROIBIÇÃO (art. 21 do CP). O erro de
de uma causa de justificação (excludente de proibição pode ser:
ilicitude). Escusável – Qualquer pessoa, nas mesmas
condições, cometeria o mesmo erro. Afasta a
ERRO DE TIPO ACIDENTAL - O erro de tipo culpabilidade (agente fica isento de pena).
acidental nada mais é que um erro na execução do Inescusável – O erro não é tão perdoável, pois era
fato criminoso ou um desvio no nexo causal da possível, mediante algum esforço, entender que se
conduta com o resultado. Pode ser: tratava de conduta penalmente ilícita. Não afasta a
Erro sobre a pessoa (error in persona) - Aqui o culpabilidade. Há diminuição de pena de um sexto
agente pratica o ato contra pessoa diversa da a um terço.
pessoa visada, por confundi-la com a pessoa que
deveria ser o alvo do delito. Não existe falha na 11. CONCURSO DE PESSOAS
execução, mas na escolha da vítima. Conceito - Colaboração de dois ou mais agentes
CONSEQUÊNCIA - O agente responde como se para a prática de uma infração penal.
tivesse praticado o crime CONTRA A PESSOA
VISADA (teoria da equivalência). Teoria adotada pelo CP – Teoria monista
temperada (ou mitigada): todos aqueles que
Erro na execução (aberratio ictus) - Aqui o participam da conduta delituosa respondem pelo
agente atinge pessoa diversa daquela que fora mesmo crime, mas cada um na medida de sua
visada, não por confundi-la, mas por ERRAR NA culpabilidade. Há exceções à teoria monista (Ex.:
HORA DE EXECUTAR O DELITO. aborto praticado por terceiro, com consentimento da
gestante. A gestante responde pelo crime do art. 126
Erro sobre o crime ou resultado diverso do e o terceiro pelo crime do art. 124).
pretendido (aberratio delicti ou aberratio
criminis) - Aqui o agente pretendia cometer um Espécies:
crime, mas, por acidente ou erro na execução, acaba EVENTUAL – O tipo penal não exige que o fato
cometendo outro. Aqui há uma relação de pessoa x seja praticado por mais de uma pessoa.
coisa (ou coisa x pessoa). Pode ser de duas NECESSÁRIO – O tipo penal exige que a conduta
espécies: seja praticada por mais de uma pessoa. Divide-se
Com unidade simples - O agente atinge apenas o em: a) condutas paralelas (crimes de conduta
resultado NÃO PRETENDIDO. O agente responde unilateral): Aqui os agentes praticam condutas
apenas por um delito, da seguinte forma: dirigidas à obtenção da mesma finalidade criminosa
Pessoa visada, coisa atingida – Responde pelo (associação criminosa, art. 288 do CPP); b)
dolo em relação à pessoa (tentativa de homicídio ou condutas convergentes (crimes de conduta
lesões corporais). bilateral ou de encontro):
Coisa visada, pessoa atingida – Responde Nesta modalidade os agentes praticam condutas
apenas pelo resultado ocorrido em relação à pessoa. que se encontram e produzem, juntas, o resultado
Com unidade complexa - O agente atinge tanto o pretendido (ex. Bigamia); c) condutas
alvo (coisa ou pessoa) quanto a coisa (ou pessoa) contrapostas: Neste caso os agentes praticam
não pretendida. Responderá por AMBOS OS condutas uns contra os outros (ex. Crime de rixa)
CRIMES, em CONCURSO FORMAL.
Erro sobre o objeto (error in objecto) - Aqui o
agente incide em erro sobre a COISA visada, sobre

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Requisitos Domínio da vontade - O agente não realiza a
Pluralidade de agentes - É necessário que conduta diretamente, mas é o "senhor do crime",
tenhamos mais de uma pessoa a colaborar para o controlando a vontade do executor, que é um mero
ato criminoso. instrumento do delito (hipótese de autoria mediata).
Relevância causal da colaboração – A Domínio funcional do fato - O agente
participação do agente deve ser relevante para a desempenha uma função essencial e indispensável
produção do resultado, de forma que a colaboração ao sucesso da empreitada criminosa, que é dividida
que em nada contribui para o resultado é um entre os comparsas, cabendo a cada um uma
indiferente penal. parcela significativa, essencial e imprescindível.
Vínculo subjetivo (ou liame subjetivo) – É
necessário que a colaboração dos agentes tenha Tópicos importantes
sido ajustada entre eles, ou pelo menos tenha havido Não se admite coautoria nos crimes de mão própria
adesão de um à conduta do outro. Trata-se do Não existe coautoria entre autor mediato e autor
princípio da convergência. imediato
Unidade de crime (ou contravenção) para todos
os agentes (identidade de infração penal) – As PARTICIPAÇÃO
condutas dos agentes, portanto, devem constituir Espécies
algo juridicamente unitário. • Moral – O agente não ajuda materialmente na
Existência de fato punível – Trata-se do princípio prática do crime, mas instiga ou induz alguém a
da exterioridade. praticar o crime.
Assim, é necessário que o fato praticado pelos • Material – A participação material é aquela na
agentes seja punível, o que de um modo geral exige qual o partícipe presta auxílio ao autor, seja
pelo menos que este fato represente uma tentativa fornecendo objeto para a prática do crime, seja
de crime, ou crime tentado. fornecendo auxílio para a fuga, etc.
Punibilidade do partícipe – Adoção da teoria da
Modalidades acessoriedade: Como a conduta do partícipe é
Coautoria – Adoção do conceito restritivo de considerada acessória em relação à conduta do
autor (teoria restritiva), por meio da teoria autor (que é principal), o partícipe deve responder
objetivo-formal: autor é aquele que pratica a pela conduta principal (na medida de sua
conduta descrita no núcleo do tipo penal. Todos os culpabilidade).
demais são partícipes. Participação de menor importância - redução da
OBS.: Autoria mediata: situação na qual alguém pena de 1/6 a 1/3
(autor mediato) se vale de outra pessoa como Participação em crime culposo – Controvertido.
instrumento (autor imediato) para a prática de um STJ entende que não cabe participação em crime
delito. culposo.
Pode ocorrer quando: UNANIMIDADE: não cabe participação dolosa
O autor imediato age sem dolo (erro provocado por em crime culposo.
terceiro)
O autor imediato age sem culpabilidade (Ex.: COMUNICABILIDADE DAS CIRCUNSTÂNCIAS
coação moral irresistível) As circunstâncias e condições de caráter pessoal
não se comunicam
Tópicos importantes:
Pode haver autoria mediata nos crimes 12. CONCURSO DE CRIMES
próprios - Desde que o autor MEDIATO reúna as O concurso de crimes acontece quando o agente
condições especiais exigidas pelo tipo penal. comete mais de um crime mediante uma ou mais
Não há possibilidade de autoria mediata nos ação ou omissão. No direito brasileiro, por questões
crimes de mão própria – Impossibilidade de se de política criminal, cada forma de concurso tem uma
executar o delito por interposta pessoa. maneira distinta no sistema de aplicação e cálculo
das penas.
AUTORIA POR DETERMINAÇÃO – Pune-se Os tipos de concurso admitidos no direito brasileiro
aquele que, embora não sendo autor nem partícipe, são o material, que pode se dividir em homogêneo e
exerce sobre a conduta domínio EQUIPARADO à heterogêneo; o formal, que pode ser dividido em
figura da autoria. próprio e impróprio; além do crime continuado.
Teoria do domínio do fato – Deve ser aplicada As formas adotadas para aplicação das penas a
para as hipóteses de autoria mediata. Para esta cada tipo de concurso são os sistemas do cúmulo
teoria, o autor seria aquele que tem poder de decisão material e o da exasperação, em alguns casos,
sobre a empreitada criminosa. Pode se dar por: também encontramos o cúmulo material benéfico,
Domínio da ação - O agente realiza diretamente a sendo este um desdobramento para evitar um
conduta prevista no tipo penal prejuízo maior ao agente, sempre que o sistema de

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exasperação for menos benéfico que o cúmulo a estes, neste caso, acontece o que a doutrina
material. chama de desígnios autônomos, que é quando se
quer todos os resultados produzidos, mesmo a título
CONCURSO MATERIAL de dolo eventual. Para que não torne benéfica a
O concurso material de crimes acontece quando o prática de mais de um crime por uma única ação, no
agente comete dois ou mais crimes mediante mais concurso formal impróprio, é utilizado o sistema de
de uma ação ou omissão. Ele pode ser tanto cúmulo material das penas, o mesmo que é utilizado
homogêneo, quando os crimes cometidos são no concurso material. Havendo apenas a soma das
idênticos (dois homicídios simples, por exemplo), ou penas aplicadas aos diversos crimes.
heterogêneo, quando os crimes são de natureza Ainda no caso do concurso formal, quando as
diversa (Um homicídio qualificado e lesões penas aplicadas por o sistema de exasperação
corporais). Esta distinção em homogêneo e hetero- superarem as que por ventura fossem aplicadas por
gêneo é apenas doutrinária, não importando na o sistema do cúmulo material, para que o apenado
forma de aplicação da pena. não saia prejudicado, sua pena será computada
Havendo concurso material, a forma de aplicação como se desta forma fosse, este é o chamado
das penas será o cúmulo material, que é aquele cúmulo material benéfico. Exemplificando, caso o
onde as penas dos diversos crimes são somadas agente cometa um homicídio simples e uma lesão
umas as outras, não havendo benefício ao agente. corporal em concurso formal próprio, sua pena seria
Desta forma, o agente que mediante duas condutas, a do homicídio (por ser maior) acrescida de um terço
cometeu o crime de furto simples e recebeu pena de até metade, o que poderia, dependendo do aumento
quatro anos de reclusão, e um homicídio qualificado, aplicado, ser maior que a do homicídio e das lesões
tendo recebido pena de doze anos de reclusão, terá corporais somadas. Assim caso a pena aplicada pelo
as penas destes crimes somadas para questões de sistema da exasperação seja maior que a que fosse
cumprimento. aplicada pelo cúmulo material, este será o aplicado.
Em caso as espécies de penas não sejam iguais, O aumento de pena no concurso formal deve ser
cumpre-se primeiro a mais grave, assim, a reclusão fundamentado pelo juiz, devendo, segundo a maioria
deve ser cumprida primeiro que a detenção. dos doutrinadores, ser aplicado levando em
Apesar dos prazos prescricionais serem consideração o número de vítimas ou a quantidade
considerados individualmente para cada crime, o de crimes praticados.
mesmo não acontece com a aplicação das penas
restritivas de direitos, que só são permitidas, caso CRIME CONTINUADO
em um dos crimes seja permitida a concessão do Conceito – Hipótese na qual o agente pratica
sursis (suspensão condicional da pena). Mas caso diversas condutas, praticando dois ou mais crimes,
sejam aplicadas, as penas restritivas serão que por determinadas condições são considerados
cumpridas simultaneamente quando compatíveis, ou pela Lei (por uma ficção jurídica) como crime único.
sucessivamente, quando houver incompatibilidade OBS.: Em relação à prescrição não há ficção
entre as mesmas. jurídica, de maneira que as condutas serão
Com relação à suspensão condicional do processo, consideradas autonomamente (a prescrição incidirá
a regra é que seja feito o somatório das penas, se a sobre cada crime individualmente).
mínima for igual ou inferior a um ano, esta será
possível. Portanto, a aplicação não é individual. Requisitos:
Pluralidade de condutas
CONCURSO FORMAL Pluralidade de crimes da mesma espécie
O concurso formal é aquele em que o agente Condições semelhantes de tempo, lugar, modo de
mediante uma única ação ou omissão, comete dois execução e outras semelhanças
ou mais crimes. Este pode se dividir em formal
próprio ou impróprio. O que seriam crimes da mesma espécie?
No próprio, era querido apenas um resultado, mas A corrente que prevalece, inclusive no STJ, é a de
por erro na execução ou por acidente, dois ou mais que crimes da mesma espécie são aqueles
são atingidos. É o exemplo do assassino que atira tipificados pelo mesmo dispositivo legal, na forma
em seu inimigo, mas por ocasião o disparo além de simples, privilegiada ou qualificada, consumados ou
atingi-lo, também atinge outra pessoa. Neste caso é tentados. Além disso, devem tutelar o mesmo bem
utilizado o sistema da exasperação, que é quando jurídico.
apenas a pena de um dos crimes é aplicada se forem Em todos se aplica o sistema da exasperação, da
iguais, ou a maior deles se diversos, sendo em seguinte forma:
qualquer dos casos elevada de um sexto até metade. Crime continuado simples – Todos os crimes
No impróprio, o agente mediante uma única ação possuem a mesma pena.
ou omissão produz mais de um resultado, tendo Nesse caso, aplica-se a pena de apenas um deles,
vontade de produzi-los ou sendo indiferente quanto acrescida de 1/6 a 2/3

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Crime continuado qualificado - As penas dos
delitos praticados são diferentes, de modo que se
aplica a pena do mais grave deles, aumentada de 1/6
a 2/3
Crime continuado específico – Ocorre nos
crimes dolosos cometidos com violência ou grave
ameaça à pessoa, sendo as vítimas diferentes. O
Juiz poderá aplicar a pena de um deles (ou a mais
grave, se diversas), aumentada até o triplo.

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