Gustavo Pereira
INTRODUÇÃO
1
OLIVA, Anderson Ribeiro. O que as lições de história ensinam sobre a África? Reflexões
acerca das representações da história da África e dos africanos nos manuais escolares
brasileiros e portugueses. Revista Solta a Voz, v.20,n.2. pp. 197-214
tráfico de escravos para a América; o uso de conceitos adotados na história
ocidental para explicar o passado africano, entre outros.
2
GARRIDO, Míriam C. M. História que os livros didáticos contam depois do PNLD (2007-2011).
História e Perspectivas, vol. 54, Uberlândia, 2016. Pp. 239-268
3
TERTO, Amauri. 'Segundo Sol': A Bahia branca da novela é bem diferente da Bahia real, com
76% de negros. Huffpost Brasil, 30 de abril de 2018. Disponível em
<https://www.huffpostbrasil.com/2018/04/30/a-ausencia-de-atores-negros-em-segundo-sol-
novela-da-globo-ambientada-na-bahia_a_23424010/> Acesso em 11/07/2018.
Contrariando esses pesquisadores, Alexander R. Galloway, em seu livro
Gaming: Essays on Algorithmic Culture (2006)4, utiliza o jogo Civilization para
demonstrar que jogos digitais não podem ser utilizados para produzir narrativas
históricas. A crítica de Galloway baseia-se no fato de que games são
construídos através de algoritmos, ou seja, representam a informação através
de variáveis quantificáveis e, portanto, codificam a história em variáveis
matemáticas, não possuindo, deste modo, qualquer relação com uma
interpretação ideológica da história.
4
GALLOWAY, Alexander. R.. Gaming. Essays on Algorithmic Culture. University of Minnesota
Press: Minnesota, 2006.
5
BOGOST, Ian. Persuasive Games: The expressive power of videogames. Massachusetts
Institute of Technology Press: Massachussets, 2007.
6
MURRAY, Janet. Hamlet no Holodeck: o futuro da narrativa no ciberespaço. São Paulo: Itaú
Cultural: Editora Unesp, 2003. p. 78-93
algoritmos são capazes de criar argumentos, descrever processos e, portanto,
servirem como instrumento de criação de narrativas.
7
LOSSADA, Merlyn; LUGO, Jairo; SAMPSON, Tony. Latin America's New Cultural Industries
still Play Old Games: From the Banana Republic to Donkey Kong. Game Studies, vol.2, nº2,
dez. de 2002.
A forma como a indústria eletrônica influencia os conflitos sociais na
África é ainda mais cruel. No Congo, por exemplo, ricas jazidas de minerais
como a columbita-tantalina, a cassiterita e o ouro, muito utilizados na
construção de equipamentos eletrônicos como celulares e computadores,
ensejam disputas envolvendo grupos armados divididos por rivalidades étnicas.
Esses minerais cruzam as fronteiras com Ruanda, Burundi e Uganda e
desaparecem através do contrabando.8
11
SILVA, Cristiani Bereta da. Jogos digitais e outras metanarrativas históricas na elaboração do
conhecimento histórico por adolescentes. Antíteses, vol.3, n.6, jul.-dez. de 2010, pp. 925-946
12
Ibid., p.932
avós” em contraposição a “hoje em dia”, “nosso tempo”, mas com dificuldades
em traçar relações entre esses diferentes tempos.13
13
Ibid., p.937
14
Ibid., p.940
15
Ibid., p.945
O jogo Age of Empires II recebeu, no ano de 2015, uma expansão
chamada “The African Kingdoms” que torna possível ao jogador explorar
histórias do passado africano como a epopeia de Sundjata, a conquista da
Península Ibérica por Tariq ibn Ziyad e a revolta de Yodit no reino de Axum.
Embora abra o leque de representações do passado para além do medievo
europeu, fazendo com que os estudantes e jogadores em geral entrem em
contato com histórias as quais não estão acostumados, a estrutura do jogo
torna esse contato problemático. Criado com enfoque em partidas onde dois ou
mais jogadores se enfrentam, o jogo possui uma padronização de unidades de
forma a balancear todas as civilizações e permitir uma partida justa entre
quaisquer delas. Dessa forma, como o jogo foi criado em 1999 e com a
temática estrita do período medieval europeu, as unidades representam
soldados de infantaria e cavaleiros europeus, aldeões brancos, monges
cristãos, navios europeus como galeões, entre outros. Ao lançar a expansão
“African Kingdoms”, os desenvolvedores alegaram que era inviável modificar as
características dessas unidades para as civilizações africana, embora existam
projetos independentes de jogadores que implementaram modificações no jogo
de forma a corrigir algumas dessas falhas.16
CONCLUSÃO
16
Como é o caso da modificação “Recolored Villagers”, que modifica o tom de pele dos aldeões
das civilizações africanas para o negro: <
https://steamcommunity.com/sharedfiles/filedetails/?id=546646257> Acesso em 12/07/2018.
estudos no Brasil e, até onde foi possível pesquisar, na literatura de língua
anglófona que abordem a questão das narrativas sobre a África em jogos
digitais. Esse tipo de estudo, entretanto, torna-se cada vez mais necessário. A
indústria dos jogos digitais já superou a da música e do cinema em faturamento
no mundo, alcançando quase 100 bilhões de dólares no ano de 2016, conforme
o estudo divulgado pela Newzoo mencionado anteriormente.
17
Harlan, David. “Historical Fiction and academic history” In: Manifestos for History edited by Keith
Jenkins, Sue Morgan and Alun Munslow. Abingdon: Routledge, 2007. p. 108
18
BOGOST, Ian. Persuasive Games: The expressive power of videogames. Massachusetts Institute of
Technology Press: Massachussets, 2007. p.340
BIBLIOGRAFIA
BOGOST, Ian. Persuasive Games: The expressive power of videogames.
Massachusetts Institute of Technology Press: Massachussets, 2007
HARLAN, David. “Historical Fiction and academic history” In: Manifestos for
History edited by Keith Jenkins, Sue Morgan and Alun Munslow. Abingdon:
Routledge, 2007. p.108-130