3) Discricionariedade X Arbitrariedade:
A Discricionariedade é a liberdade que o ordenamento jurídico confere ao administrador para
atuar em certas situações de acordo com o juízo de conveniência e oportunidade, mas
sempre dentro dos limites da lei. Já Arbitrariedade é a atuação fora dos limites impostos por
lei.
Conceito de Direito Administrativo
O conceito de Direito Administrativo irá depender dos critérios
utilizados para a formulação do próprio conceito:
Critério Legalidade (Escola Legalista): Para os integrantes da
corrente legalista, o Direito Administrativo consiste na disciplina
jurídica responsável pelo estudo das normas administrativas (leis,
decretos, regulamentos) de um determinado país. Esta definição
padece por não esclarecer o que são normas administrativas.
Autorização X Permissão
Responsabilidade do Parecerista
Efeitos da Invalidação/Anulação
Tal entendimento aplica-se tanto para atos nulos como atos anuláveis.
Assim, em regra, a anulação opera efeitos ex tunc (retroage à data de origem do ato,
aniquilando todos os efeitos produzidos, ressalvados os direitos adquiridos de terceiros de
boa-fé). Sendo assim, como forma de garantia do princípio da segurança jurídica e, com o
intuito de evitar enriquecimento ilícito por parte da Administração Pública em detrimento
de particulares que estejam de boa-fé, alguns efeitos do ato nulo serão mantidos, mesmo
depois de declarada a sua nulidade. A isto, se dá o nome de “Teoria da Estabilização dos
Efeitos do ato Administrativo”, que não se confunde com a Teoria do Fato Consumado, que
não é admitida pela jurisprudência.
Teoria das Nulidades
- Basta que a finalidade da organização seja a prática dos crimes, não sendo
necessário que haja efetivamente a prática do crime. Havendo a prática dos
crimes, as penas da organização são somadas às penas do crime praticado.
- STF: A homologação não representa juízo de valor sobre as declarações
eventualmente já prestadas pelo colaborador à autoridade judicial ou ao MP. Ou seja,
quando o juiz homologa o acordo de colaboração premiada, não significa que esteja
concordando ou afirmando que as declarações prestadas pelo colaborador são
verdadeiras. Tais declarações ainda serão objeto de apuração (HC 127483 – INFO
796).
- STF Impossibilidade de o acordo ser impugnado por terceiros: O acordo de
colaboração premiada é um negócio jurídico processual personalíssimo, e, por si só,
não vincula o delatado nem afeta diretamente sua situação jurídica. Assim, o acordo
não pode ser impugnado por terceiros, ainda que venham a ser mencionados (HC
127483). Negar ao delatado a possibilidade de impugnar acordo de colaboração
premiada assinado por outro acusado não significa negar-lhe direito ao contraditório,
pois a lei estabelece que nenhuma sentença condenatória será proferida com
fundamento apenas nas declarações de agente colaborador. O que deve ser
assegurado ao delatado é o direito de defesa e de contraditar as informações do
acordo, inclusive com a possibilidade de efetuar perguntas ao colaborador.
- Recusa à homologação: O juiz poderá recusar homologação à proposta que não
atender aos requisitos legais, ou adequá-la ao caso concreto. Na análise da
homologação, o juiz deverá se ater ao exame da regularidade, legalidade e
voluntariedade do acordo. Assim, não pode o magistrado imiscuir-se em questões de
discricionariedade investigatória ou fazer incursões sobre a conveniência e
oportunidade da colaboração premiada. Esta não é sua competência.
- Recurso contra a decisão do juiz que recusa a homologação do acordo: a lei
não prevê. Diante desse silêncio, a doutrina afirma que cabe, por analogia, recurso
em sentido estrito (art. 581, I, do CPP). Nesse sentido: Pacelli.
- Personalidade do colaborador: A personalidade do colaborador ou o fato de ele já
ter descumprido um acordo anterior de colaboração premiada não têm o condão de
invalidar o acordo atual. Não importa a idoneidade do colaborador, mas sim a
idoneidade das informações que ele fornecer e isso ainda será apurado no decorrer do
processo. Os delatores são pessoas envolvidas em delitos, tanto que também estão
sendo acusados. Assim, em regra, são indivíduos que não têm bons antecedentes
criminais e apresentam personalidade desajustada ao convívio social. Dessa forma, se
a colaboração processual estivesse subordinada à boa personalidade do colaborador,
o instituto teria poucos efeitos práticos e quase nenhum acordo seria aceito.
Obs.: Segundo a Lei nº 12.850/2013, a personalidade do colaborador irá
influenciar apenas na escolha do benefício que será concedido a ele (art. 4º, §
1º), mas não interfere na validade do acordo de colaboração. O que importa
não é a “confiança” do poder público no agente colaborador. O que interessa
é a análise da idoneidade e utilidade das informações prestadas por ele, o que
será aferido apenas posteriormente, no curso do processo.
Espécies de Dolo
- Dolo Direto: O agente quer, efetivamente, cometer a conduta descrita no tipo (preencher
os elementos objetivos descritos no tipo penal), conforme preceitua a primeira parte do art.
18, inciso I, do CP. Assim o agente pratica sua conduta dirigindo-se finalisticamente à
produção do resultado por ele pretendido incialmente.
- O dolo direto poderá ser de primeiro grau ou de segundo grau. Neste sentido “o
dolo direto em relação ao fim proposto e aos meios escolhidos é classificado como de
primeiro grau, e em relação aos efeitos colaterais, representados como necessários, é
classificado como de segundo grau” (Bitencourt). O dolo de segundo grau recebe tal
nome, pois tal finalidade não era a principal do agente, mas apenas consequência
necessária do meio escolhido. Daí porque também é reconhecido como dolo de
consequências necessárias (Consequências necessárias do dolo direto de 1º Grau).
Porém, a certeza com relação aos efeitos concomitantes ou colaterais faz com que o
dolo do agente seja tido como direto, já que presentes todos os elementos objetivos e
normativos.
Obs.: Para haver dolo de 2º grau é necessário que haja dolo de 1º grau.
Obs.2: Este não se confunde com aberratio ictus (erro acidental na execução – art.
73), porque elege um meio que necessariamente causará a morte de um número
indeterminado de pessoas. De qualquer modo, no dolo direito de 2º grau o autor quer
diretamente o resultado, embora possa não o desejar ou resultar desagradável.
Obs.3: Este também não se confunde com o dolo eventual, uma vez que reside
diferença na potência da ocorrência do resultado colateral. No dolo direto de
segundo grau, é certo que este resultado não primário vai ocorrer, ou seja, é um
resultado necessário daquela conduta. No dolo eventual, o resultado poderá ocorrer
ou não, sendo que o agente assume o risco consciente de que este venha a ocorrer.
Assim, no dolo eventual, não se pode identificar a vontade do agente como um de
seus elementos integrantes, havendo, tão somente, a consciência da possível
realização do tipo legal, apesar de se conformar com ela.
- Dolo Indireto: Ocorre quando o agente, mesmo sem atuar diretamente na busca daquele
resultado, o aceite como consequência possível de sua ação. Em suma, não se busca o
resultado (pois isto seria dolo direto), mas sabe-se que está presente o risco daquele resultado
ser alcançado, e com ele se conforma (agente sabe – elemento cognitivo – e assume o risco –
elemento volitivo reflexo).
- Dolo Alternativo: Aspecto volitivo do agente se encontra direcionado, de maneira
alternativa, seja em relação ao resultado (alternatividade objetiva) ou em relação à
pessoa (alternatividade subjetiva) contra a qual o crime é cometido. O conceito de dolo
alternativo é um misto de dolo direto com dolo eventual, uma vez que o agente quer
ferir ou matar a vítima (dolo direto), porém, no que diz respeito ao resultado,
encontramos uma “pitada” de dolo eventual, haja vista que o agente não se importa com
a ocorrência de um ou de outro resultado. Nestes casos, o agente sempre responderá
pelo resultado mais grave, tentado ou consumado.
- Dolo Eventual: Embora não querendo diretamente praticar a infração penal, não se
abstém de agir e, com isso, assume o risco de produzir o resultado que por ele já havia
sido previsto e aceito. O agente não quer o resultado, querendo somente realizar uma
conduta, porém prevê que, realizando tal conduta, poderá causar um determinado
resultado, consentindo na produção de tal resultado (opção pela conduta em detrimento
do resultado).
Obs.: Dolo Eventual X Culpa Consciente: Esta consiste em uma situação em que o
agente sabe do resultado, o qual se demonstra previsível, mas crê, realmente, que
este não vá acontecer. Não há a aceitação, pelo agente, do risco: ele, levianamente,
acredita na sua não ocorrência. É, portanto, um delito de imprudência.
- Dolo de Dano e de Perigo: Onde há dolo de dano, necessariamente há dolo de perigo, pois
na causação do dano sempre se expõe a perigo o bem jurídico antes que o resultado venha
sequer a ocorrer – pois do contrário a tentativa sequer seria criminalizada. Ao contrário, onde
há dolo de perigo não há dolo de dano, ou a tipificação decerto se alteraria.
- Os crimes de perigo constituem uma antecipação da punição levada a efeito pelo
legislador, a fim de que o mal maior, consubstanciado no dano, seja evitado.
- Se o dolo for de perigo, mas há resultado de dano, a ocorrência deste resultado só
poderá ser atribuída ao agente a título de culpa. Isto porque não há dolo eventual nos
crimes de perigo em relação ao dano, vez que os crimes de perigo são subsidiários
aos crimes de dano, se o crime de dano é mais grave.
- Dolo Geral: Ocorre quando o autor acredita haver consumado o delito quando na realidade
o resultado somente se produz por ação posterior, ou seja, quando o agente, julgando ter
obtido o resultado intencionado, pratica segunda ação com diverso propósito e só então é
que efetivamente o dito resulta se produz. Segundo a doutrina, trata-se de um problema de
causalidade (desvio de causalidade), pois houve causa, dolo e resultado. O dolo
acompanhará todos os seus atos até a produção do resultado, respondendo o agente, portanto,
por um único homicídio doloso, independentemente da ocorrência do resultado aberrante.
- De acordo com Welzel, em tais situações o agente age com o chamado dolo geral,
que acompanhava sua ação em todos os instantes, até a efetivação do resultado
desejado ab initio. O dolo da primeira conduta se estende para a segunda conduta,
imputando ao agente resultado a título de dolo geral.
Obs.: Para Roxin e Cirino, se a primeira conduta é praticada com dolo
eventual, não é possível falar em dolo geral, pois o evento ocorrido não
fazia parte da intenção do agente.
- Crítica: Ocorre que o dolo do agente é sempre contemporâneo à conduta. No
momento do segundo ato não havia dolo de matar (mas sim dolo de esconder o
corpo). O argumento do dolo geral não corresponde (totalmente) à realidade. Se
não havia dolo no segundo ato, a solução seria tentativa de homicídio (primeiro
ato) + homicídio culposo (segundo ato). Se a causa da morte foi o segundo ato e se
nesse segundo ato não houve dolo, o correto (para uma corrente minoritária) seria
a última combinação, que acaba de ser aventada.
- Fundamento: O fundamento para que haja crime único é que no segundo ato há
um desvio causal acidental (não essencial), que não aproveita ao agente . A
situação do erro sucessivo resolve-se, portanto, pela teoria do erro sobre nexo
causal (ou desvio causal acidental). Há, nesse caso, como se vê, um erro sobre o
nexo causal. Nexo causal imaginado (como causa do resultado): disparo. Nexo
causal que efetivamente matou: afogamento. A morte, de qualquer modo, está na
linha de desdobramento do risco criado. A solução seria o crime único
(homicídio doloso).
o Delitos de Resultado Cortado: O agente realiza uma conduta prévia, típica, visando
a realização de outro resultado, por outra pessoa, que não ele próprio. Assim, espera
que o resultado externo, querido e perseguido (e que se situa fora do tipo), se produza
sem a sua intervenção direta (Ex.: Extorsão Mediante Sequestro – art. 159 – a vantagem
não precisa concretizar-se, mas se vier a concretizar-se, será por ato de outrem).
O nome “resultado cortado” vem da seguinte lógica: o segundo ato não tem
qualquer relevância penal para a tipificação da conduta do agente praticante da primeira
ação – desta, é mero exaurimento. Não há necessidade de que haja nada mais, sendo
dispensado o resultado posterior, que se transforma em exaurimento. O resultado foi
cortado, sendo suficiente o que já ocorreu para a tipificação.
o Delitos Mutilados de Dois Atos: O agente quer alcançar, por ato próprio, o
resultado fora do tipo (Ex.: Falsificação de moeda – art. 289 – supõe a intenção de uso
ou de introdução na circulação do dinheiro falsificado).
O legislador percebe duas condutas que são reprováveis, e que são interligadas,
em regra. Prefere, porém, tipificá-las em mais de um tipo, a fim de prevenir a ocorrência
de uma sem a outra – o que pode ocorrer. Prefere fazer com que ambas as condutas
possam se consumar em tipos autônomos, pois se reunidas em um só poderiam ser
tidas por exaurimento uma da outra, ou preparação uma da outra, ou post factum
impunível, ou mesmo tentativa um do outro.
Resumindo: no crime mutilado de dois atos, o agente realiza uma conduta ( por
si só típica), como passo prévio para outra conduta (Ex.: Falsificação de moeda e
postura em circulação – art. 289, caput e §1º, CP - A conduta de quem falsifica é prévia
à sua própria conduta em usar a moeda, pondo-a em circulação – se realizar ambas
ações descritas, responderá somente pelo crime tipificado no caput do art. 289 do
Código Penal, pelo princípio da consunção). O legislador mutilou o tipo, não
descrevendo a conduta inteira no caput (“falsificar e pôr em circulação”).
Obs.: Há uma particular interpretação dos Crimes Habituais (Ex.: Exercício ilegal da
medicina – art. 282), para quem os entende como crime de tendência (corrente minoritária).
Nestes, como se sabe, é necessária a reiteração da conduta típica a fim de haver a
consumação. Entendendo-os como crime de tendência, na primeira conduta já seria
possível a verificação da tendência, da especial finalidade implícita da ação, pelo que, de
acordo com a presença desta tendência, seria possível entender-se o crime consumado já
na primeira conduta, dispensada a reiteração. Inclusive, seria uma inversão do clássico
entendimento de que crimes habituais não admitem tentativa: se a primeira conduta for
frustrada, mas ficar revelada a tendência, estará clara a tentativa.
Questão 1: Durante roubo a mão armada, a vítima, Maria, perde a bolsa para o meliante e,
assustada com a arma de fogo que lhe era apontada, morre em fulminante ataque cardíaco.
Diante da situação hipotética, é CORRETO afirmar que: O ataque cardíaco é causa
concomitante à conduta relativamente independente e não exclui o nexo causal,
respondendo o meliante pelo roubo em concurso formal com o homicídio doloso ou
culposo se caracterizado o dolo ou a culpa quanto ao resultado morte no caso concreto.
Questão 4: Responderá apenas pelo roubo. Haja vista que o infarto é uma causa
superveniente relativamente independente, que por si só produziu o resultado (morte) de
acordo com o art.13, § 1°, CP. Nestes casos, aplica-se a teoria da causalidade adequada (e
não a teoria da equivalência dos antecedentes), uma vez que o infarto foi causado “por si
só”. Nesta hipótese, rompe-se o nexo causal em relação ao resultado (morte) e o agente só
responde pelos atos até então praticados (não sendo possível responder por tentativa em
homicídio culposo).
Erro
Erro de Tipo Essencial
de Tipo Essencial
Incriminador (art.
Incriminador (art. 20,
20, caput)
caput)
Essencial
Essencial
Erro
Erro de Tipo Essencial
de Tipo Essencial Cuidado
Cuidado -- Poder ser Erro
Poder ser Erro de
de
Permissivo // Descriminante
Descriminante Proibição Indireto
Indireto (art. 19, Exp.
Erro de Tipo
Permissivo Proibição (art. 19, Exp.
Putativo
Putativo (art.
(art. 20, §1º)
20, §1º) Motivos
Motivos c/c
c/c art.
art. 21,
21, CP)
CP)
Sobre
Sobre aa Pessoa
Pessoa // Error in
Error in
Persona
Persona (art.
(art. 20, §3º)
20, §3º)
Sobre
Sobre oo Objeto
Objeto // Error
Error in objecto
in objecto
(irrelevante para tipificação)
(irrelevante para tipificação)
Sobre
Sobre as
as Qualificadoras
Qualificadoras Divergente
Divergente
(desaparece a
(desaparece a qualificadora)
qualificadora)
Acidental
Acidental
Sobre o Nexo
Sobre o Nexo Causal
Causal // Aberratio
Aberratio
Causae
Causae (irrelevante para
(irrelevante para
tipificação)
tipificação)
na
na Execução
Execução // Aberratio
Aberratio Ictus
Ictus
(art.
(art. 73)
73)
Resultado Diverso do
Resultado Diverso do
Pretendido
Pretendido // Aberratio
Aberratio Delicti
Delicti //
Aberratio
Aberratio Criminis
Criminis (art.
(art. 74)
74)
1) Erro de Tipo Essencial:
a) Erro de Tipo Essencial Incrimnador (art. 20): Quer cometer fato atípico (erro sobre
elemento constitutivo do tipo). É possível em crime omissivo impróprio. Se
escusável/invencível excluirá dolo e culpa; se inescusável/vencível excluirá só o dolo.
1ª Corrente: Incide somente sobre as elementares do tipo penal.
2ª Corrente – Damásio: Incide sobre elementares e circunstâncias (qualific. e
agravantes).
b) Erro de Tipo Essencial Permissivo / Descriminante Putativo (art. 20, §1º): Quer
cometer fato típico, porém lícito (erro sobre a pressupostos de fato de causa de exclusão da
ilicitude). Se escusável/invencível excluirá dolo e culpa; se inescusável/vencível excluirá só
o dolo. (Teoria Limitada da Culpabilidade – art. 19, Exposição de Motivos – Damásio e
Assis Toledo – pág. 501) (Para a Teoria Normativa Pura da Culpabilidade / Teoria Unitária
do Erro, toda descriminante putativa é erro de proibição, conforme art. 21 – Nucci e
Bitencourt).
Cuidado: Se for erro relativo à existência jurídica ou limites da causa de exclusão da
ilicitude, haverá erro de proibição indireto (subsiste o dolo e culpa, exluindo-se a
culpabilidade se o erro for inevitável; se o erro for evitável, não se afasta a
culpabilidade, e o agente responde por crime doloso, com causa de diminuição de pena
– art. 21).
2) Erro de Tipo Acidental: Quer cometer fato típico e ilícito. Erro recai sobre dados diversos
dos elementos constitutivos do tipo penal (sobre circunstância* e fatores irrelevantes da
figura típica – elementos secundários ou acessórios). Não afasta a responsabilidade penal.
a) Erro sobre a Pessoa / Error in Persona (art. 20, §3º): Atinge pessoa diversa. Leva-se em
conta a vítima virtual e não a real.
b) Erro sobre o Objeto / Error in Objecto: É irrelevante para tipificação.
c) Erro sobre as Qualificadoras (Divergente): Não afasta o dolo nem a culpa relativamente
à modalidade básica do delito. Desaparece a qualificadora, mas mantém intacto o tipo
fundamental. Esta modalidade somente é admitida para aqueles que consideram de natureza
acidental o erro sobre circunstância (≠ Damásio – é erro de tipo essencial incriminador).
d) Erro sobre o Nexo Causal / Aberratio Causal: Não há erro quanto a elementar do tipo ou
ilicitude do fato. É erro penalmente irrelevante (queria resultado naturalístico e o alcançou).
O dolo abrange todo o desenrolar da ação típica, do início da execução até a consumação.
Aberratio Causae X Dolo Geral: No primeiro há um único ato; neste há 2 atos distintos.
Porém há conduta única em ambos (Para LFG ambos são sinônimos).
e) Erro na Execução / Aberratio Ictus (art. 73): O agente não se engana quanto à pessoa que
desejava atacar (≠ Error in Persona – Existem 2 pessoas), mas age de modo desastrado (Erro
Pessoa X Pessoa – Existem 3 pessoas). Leva-se em conta a vítima virtual e não a real.
f) Resultado Diverso / Aberratio Criminis (art. 74): Atinge bem jurídico não pretendido.
Responde pelo crime efetivamente praticado, na modalidade culposa (se houver previsão).
Desdobramentos do Princípio da Culpabilidade / Imputação Pessoal
O princípio da Culpabilidade estabelece balizas para a responsabilidade penal,
levando em consideração o juízo de censura, o juízo de reprovabilidade que se faz sobre a
conduta típica e ilícita praticada pelo agente.
O princípio se desdobra em 3 aspectos: Culpabilidade como Pressuposto de Pena /
Princípio da Imputação Pessoa l (Capacidade de Culpabilidade – Culpabilidade como
elemento integrante do conceito analítico de crime), Culpabilidade como Medida de Pena,
e Culpabilidade como oposto à Responsabilidade Objetiva / Princípio da
Responsabilidade Penal Subjetiva (Alguns autores como LFG falam em Responsabilidade
Subjetiva, e não mais em princípio da Culpabilidade).
Culpabilidade como Pressuposto de Pena / Princípio da Imputação Pessoal
(Capacidade de Culpabilidade – Culpabilidade como elemento integrante do
conceito analítico de crime): Falar em Culpabilidade é falar que o homem responde por
fatos que derivam de sua conduta. Somente o homem imputável pode efetivamente
responder por um delito, e quem não compreende como deve se portar perante o direito
não pode, obviamente, atuar conforme esse entendimento, logo, não merece um juízo de
reprovação pelo fato praticado. Um comportamento só pode ser reprovado quando o
agente tenha possibilidade de agir conforme o direito. Tanto os inimputáveis quanto
aqueles que se encontram em erro de proibição não podem se sujeitar a juízo de censura,
se não era possível comportar-se segundo a norma (nulla poena sine culpa). Em outras
palavras, o Direito Penal não pode castigar um fato cometido por agente que atue sem
culpabilidade, ou seja, não se admite a punição quando se tratar de agente inimputável,
sem potencial consciência da ilicitude ou de quem não possa exigir conduta diversa.
Neste sentido, culpabilidade está presente como a terceira característica/elemento
integrante do conceito analítico de crime, sendo estudada após a análise do fato típico e
da ilicitude. Assim, uma vez concluído que a conduta do agente é típica e antijurídica,
inicia-se um novo estudo, que agora terá seu foco dirigido à possibilidade ou não de
censura sobre o fato praticado (culpabilidade).
Culpabilidade com Medida de Pena (princípio medidor da pena – art. 59, CP): Uma
vez concluído que o fato praticado pelo agente é típico, ilícito e culpável (existe a
infração penal), a culpabilidade também deve ser tomada em contexto de medida de
pena, estabelecendo limites, ou seja, o quanto de culpa que a pessoa possui sobre o fato
deverá repercutir na pena que o sujeito recebe (art. 59 do CP). A culpabilidade exercerá
uma função medidora da sanção penal que a ele será aplicada, devendo ser realizado
outro juízo de censura sobre a conduta por ele praticada.
Culpabilidade como oposto à Responsabilidade Objetiva / Princípio da
Responsabilidade Penal Subjetiva (Culpabilidade como princípio impedidor da
responsabilidade penal sem culpa, objetiva): Para Bittencourt, um dos aspectos
relacionados com a culpabilidade indica o oposto à responsabilidade penal objetiva. O
Código Penal adota o princípio da culpabilidade no art. 19, quando limita a atribuição
de resultados às hipóteses em que o agente agiu com culpa. Assim sendo, toda
responsabilidade penal exige a presença de dolo ou de culpa (art. 19 CP). Isso significa
que para determinado resultado ser atribuído ao agente é preciso que a sua conduta
tenha sido dolosa ou culposa. Neste sentido também é o STJ (Resp 154.137/PB).
Nessa vertente, que tem por finalidade afastar a responsabilidade penal objetiva, a
culpabilidade deve ser entendida somente como um princípio em si, pois, uma vez
adotada a teoria finalista da ação, dolo e culpa foram deslocados para o tipo penal ,
não pertencendo mais ao âmbito da culpabilidade, que é composta, segunda a
doutrina majoritária, pela imputabilidade, potencial conhecimento da ilicitude do fato e
pela exigibilidade de conduta diversa.
Provas Inominadas
A prova inominada é aquela não disciplinada na lei processual penal, mas cuja
utilização é admitida por se tratar de meio moralmente legítimo de comprovar a alegação. Sua
admissão é baseada no princípio da liberdade das provas, mas, como alerta Aury Lopes
Junior, tem como pressuposto a redobrada atenção para que não se violem princípios básicos
que regem a produção probatória:
“(...) somente as provas previstas no CPP podem ser admitidas no processo penal? O rol é
taxativo? Como regra, sim, é taxativo. Entendemos que, excepcionalmente e com
determinados cuidados, podem ser admitidos outros meios de prova não previstos no CPP.
Mas, atente-se: com todo o cuidado necessário para não violar os limites constitucionais e
processuais da prova, sob pena de ilicitude ou ilegitimidade dessa prova, conforme será
explicado nos próximos itens. Feita essa ressalva, ao lado das provas nominadas (previstas
expressamente no CPP ou em legislação específica, tais como a prova testemunhal,
documental, acareações, reconhecimentos, interceptações telefônicas etc.), admitimos –
excepcionalmente – a existência de outras inominadas (não contempladas, portanto, na lei),
como a inspeção judicial”.