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Proposta de revitalização de áreas degradadas: estudo de caso da Lagoa Pirapitinga Julho/2016

Proposta de revitalização de áreas degradadas: estudo de caso da


Lagoa Pirapitinga
Angelo Wander Ferreira Teixeira - angelo@aguaeterra.com.br
MBA Perícia, Auditoria e Gestão Ambiental
Instituto de Pós-Graduação e Graduação – IPOG
Uberlândia, MG, 14 de agosto de 2015

Resumo
Esse estudo teve como objetivo analisar e identificar os principais fatores de degradação da
lagoa Pirapitinga e propor medidas para revitalização desse corpo aquático. Sendo assim, a
seguinte problemática foi abordada: diante da destruição gradativa dos recursos hídricos
quais são os fatores de degradação apresentados pela lagoa e quais as principais medidas a
serem tomadas? Como hipóteses têm-se: a lagoa Pirapitinga passa por um processo de
degradação devido ao lançamento de esgoto doméstico in natura e ações antrópicas; faz- se
necessário à revitalização desse corpo aquático e o desenvolvimento de projetos de educação
ambiental. A área de estudo encontra-se localizada no perímetro urbano de Presidente
Olegário (MG), recebendo parte do esgoto doméstico desse município. A metodologia
utilizada foi o estudo de caso com abordagem qualitativa e exploratória, no qual foram
realizados visitas, levantamentos fotográficos, diálogos e pesquisa bibliográfica. Dessa forma
pode-se verificar os seguintes fatores de degradação ambiental na área: moradias,
lançamento de esgoto, macrófitas aquáticas, áreas de pastagem, presença de espécies
exóticas, resíduos sólidos. Ao final desse estudo conclui-se que as ações antrópicas e,
especialmente o lançamento de esgoto tem agravado o processo de degradação da mesma, tal
fato demostrou a importância da revitalização da lagoa.

Palavras-chave: Lagoa Pirapitinga. Degradação ambiental. Revitalização.

1. Introdução
A sociedade tem vivido um momento histórico assinalado por problemas que variam desde a
propagação de doenças até a degradação contínua dos recursos ambientais. Os causadores de
tais problemas são muitos, que vão desde os aspectos econômicos de uma região até as
questões éticas, morais e culturais que permeiam cada ser humano (MENEGUZZO, 2006).
Na visão de Silva e Crispim (2011), a questão ambiental que vem sendo discutida é de
interesse de todos, já que as modificações no meio ambiente podem acarretar tanto
consequências positivas como negativas na qualidade de vida da população.
A carência ou ineficácia de um planejamento para a exploração dos recursos ambientais pode
originar diversos problemas, como a exploração desordenada desses recursos, destruição do
habitat, desequilíbrio ecológico, dentre outros. Logo se pode considerar que o ambiente é
modificado à medida que o fluxo das ações humanas supera o fluxo correspondente às ações
naturais. Esse fluxo das ações humanas em ritmo acelerado induz a degradação do meio
ambiente, sendo esse fenômeno responsável por transformar as condições naturais da fauna,

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 11 Vol. 01/ 2016 julho/2016
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flora, clima, solo e recursos hídricos. Atualmente, essa degradação tem atingido
principalmente os ecossistemas aquáticos (ARAÚJO et al., 2012).
Perante a degradação ambiental, os recursos hídricos se tornam vulneráveis em relação às
ameaças antropogênicas e acabam servindo como um depósito de uma grande diversidade e
quantidade de poluentes que são lançados no ar, solo ou diretamente nos cursos d’água
(MESSIAS, 2010). Existem poucas regiões no mundo que ainda estão livres dos problemas da
degradação na qualidade da água e da poluição das fontes superficiais e subterrâneas. Os
problemas mais graves que afetam a quantidade e qualidade da água de rios, córregos e lagoas
procedem do lançamento de forma inadequada de esgotos domésticos e industriais, da perda e
destruição de bacias de captação, desmatamento, da agricultura migratória sem controle e de
práticas agrícolas deficientes (MORAES; JORDÃO, 2002).
No entanto, muitas metodologias e pesquisas foram desenvolvidas com a finalidade de avaliar
a condição e o grau de degradação dos corpos hídricos para posteriormente propor medidas e
soluções que auxiliem na recuperação desse meio. Além disso, é importante o monitoramento
desses corpos aquáticos, especialmente os ecossistemas lênticos que apresentam uma maior
dificuldade na capacidade de autodepuração, por isso é necessário obter informações e coletar
dados desses ambientes, para assim compreender sua dinâmica e suas características
ambientais.
Diante do exposto, esse estudo aborda uma problemática defronte às ações de poluição e
destruição gradativa dos recursos hídricos: quais são os principais fatores de degradação
apresentados pela área de estudo e as principais medidas a serem tomadas? A hipótese para o
processo de degradação que passa a lagoa Pirapitinga é que seja em decorrência de ações
antrópicas, especialmente devido ao lançamento de esgoto sanitário in natura, sendo
necessária a revitalização desse corpo aquático com ações de infraestrutura urbana aliado ao
desenvolvimento de projetos de educação ambiental.
A lagoa Pirapitinga situa-se no perímetro urbano da sede do munícipio de Presidente Olegário
(MG), e atualmente encontra-se degradada. Esse corpo hídrico recebe aproximadamente 50%
do esgoto do munícipio sem nenhum tipo de tratamento e com o passar dos anos verificou-se
a incidência de macrófitas aquáticas nesse ambiente, as quais cobrem toda a lâmina d’água da
lagoa.
Devido à preocupação com a degradação dos ecossistemas aquáticos, é importante
compreender a dinâmica e os problemas ambientais que eles apresentam, para assim ser
possível propor medidas para mitigar ou impedir essas agressões a esse ambiente. Logo, esse
estudo tem como objetivo, analisar e identificar os principais fatores de degradação da lagoa
Pirapitinga e propor medidas para revitalização desse corpo aquático.

2. Referencial Teórico
O referencial teórico que deu subsídio ao presente estudo envolve os seguintes temas:
degradação ambiental dos corpos hídricos e revitalização de áreas degradadas.

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2.1. Degradação ambiental dos corpos hídricos


O crescimento econômico e a preservação do meio ambiente são atualmente, duas questões
opostas e de preocupações para os diferentes ramos de todas as ciências. A industrialização,
urbanização, agricultura, degradação e a poluição ambiental disputam um espaço limitado da
terra e natureza (MESSIAS, 2010). Segundo Rotta (2012), aproximadamente 70% das áreas
continentais sofreram alterações, ou seja, processos relacionados a degradação em suas
condições naturais em virtude da ação humana, tanto na forma de exploração de recursos
quanto por meio de usos diversos e alterações, possuem a finalidade de atender as
necessidades da sociedade.
As ações humanas podem conduzir um ecossistema a uma condição de perturbação. A área
pode sofrer com um determinado distúrbio e conseguir manter ainda sua capacidade de
regenerar-se naturalmente ou estabilizar-se em outro estado, neste caso é comum falar-se em
áreas perturbadas. No entanto, o impacto pode impossibilitar ou limitar a capacidade do
ambiente de voltar ao seu estado original, ou ao ponto de equilíbrio através de meios naturais,
tal fenômeno pode ser denominado área degradada (DUARTE; BUENO, 2006).
Para Ziberman (1997), a degradação ambiental é um termo utilizado para qualificar os
processos resultantes de danos ambientais, pelos quais se extinguem ou reduzem algumas de
suas propriedades como, por exemplo, a qualidade ou capacidade produtiva dos recursos
ambientais.
Tratando-se dos corpos hídricos, a degradação acontece quando a qualidade e a vazão do meio
aquático são modificadas, quando alteram a dinâmica e as condições químicas, físicas,
biológicas e dos materiais geológicos, quando a fauna e a flora sofrem transformações e são
exterminadas, quando o crescimento econômico é inviabilizado, comprometimento da saúde,
qualidade de vida da população e dos usos múltiplos desse meio (MESSIAS, 2010).
O esgoto doméstico é considerado o maior causador da degradação dos corpos hídricos, sendo
que ele é constituído por uma grande quantidade de nitrogênio (N) fósforo (P). Quando em
excesso esses nutrientes favorecem o crescimento das macrófitas aquáticas, que são plantas
aquáticas superiores, visíveis a olho nu e que habitam desde brejos até ambientes aquáticos. A
níveis elevados esses vegetais comprometem os usos múltiplos do meio (VON SPERLING,
1996; CETESB, 2011).
Segundo Tucci et al., (2000), as grandes concentrações em áreas urbanas no Brasil,
apresentam condições críticas de sustentabilidade, em virtude do grau elevado de cargas
poluidoras provenientes do esgoto doméstico e industrial, das enchentes urbanas, que poluem
os corpos aquáticos, somado a uma grande demanda de água. Ainda conforme os autores,
80% da população brasileira se concentra em áreas urbanas. Nos estados mais desenvolvidos,
esses números chegam à vizinhança de 90%. Graças a essa concentração urbana, muitos
conflitos e problemas têm sido originados nesse meio, tais como a degradação ambiental das
nascentes, maior risco das regiões de abastecimento com a poluição orgânica e química,
contaminação rios e lagoas por esgotos doméstico, industrial e pluvial, enchente urbana
originada pela incorreta ocupação do espaço e pelo gerenciamento incorreto da drenagem
urbana, carência de coleta e disposição do lixo urbano.

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Costa (2008), estudando a viabilidade da revitalização do rio Córrego Grande, observou


vários fatores de degradação nesse ambiente, tais como: lançamento de efluentes, erosão das
margens, assoreamento, edificações privadas e públicas nas margens do rio, dentre outros.
Ainda conforme o autor, as áreas com maior incidência de ocupação urbana na zona de
proteção legal do rio foram às mesmas que apresentaram elevados índices de lixo urbano nas
margens do corpo aquático, lançamento de efluente e a degradação da mata ciliar, tal fato
apenas confirma o conflito que há entre o uso do solo na zona de proteção legal desse
ambiente e a degradação do mesmo.
Segundo Bello et al., (2013), o uso predatório do solo no Córrego Ribeirão, reflexo da
pecuária extensiva pouco planejada vem provocando a erosão do solo em determinados
pontos e sua compactação em extensas áreas, o que intervém nas fases superficial e
subterrânea do ciclo hidrológico local, diminuindo os percentuais de infiltração das águas
pluviais e consequentemente aumentando o escoamento superficial. Além disso, os autores
observaram que devido a esses processos, houve a redução da biodiversidade e das vazões do
córrego nos meses secos (normalmente de maio a setembro).
As áreas no entorno das lagoas e às margens de determinados córregos, ao longo dos anos,
vem sendo usadas para depósito de lixo, além de servirem como alternativas para ocupação da
população, especialmente aquelas de baixa renda, ou até mesmo como área para construção de
grandes empreendimentos, invadindo áreas de mananciais, e muitas vezes levando ao seu
aterro, sem que qualquer providência seja tomada, seja por precaução, aplicação de pena,
proibição ou até mesmo educacional (DUARTE et al., 2001).

2.2. Revitalização de áreas degradadas


No momento atual, existem modelos simples que podem auxiliar na descrição e no
entendimento da dinâmica dos processos de degradação ambiental. Aliás, em virtude das
questões como custos e acesso a informação, esses modelos representam uma maior
praticidade no seu uso, servindo como ferramenta para facilitar um diagnóstico integrado da
utilização dos ambientes aquáticos e do antropismo. A avaliação do grau e da propensão à
degradação do meio ambiente é preciso para: determinar a magnitude e extensão do problema,
a fim de despertar a atenção do poder público e da sociedade, levantar os fatores de
degradação ambiental e entender a sua natureza e suas causas e para definir uma resposta
coerente no planejamento, seleção e estabelecimento de tecnologias para reduzir/extinguir as
causas do processo de degradação (KAZMIERCZAK; SEABRA, 2007).
O desenvolvimento de métodos para recuperação e/ou revitalização de áreas degradadas
tornou-se um importante assunto para os estudos, nos últimos tempos esse tema tem
aumentando o interesse de estudantes, agricultores, poder público, pesquisadores e empresas
dos setores de mineração, geração de energia e florestal à procura de novas alternativas de
recuperação de áreas degradadas em um contexto ecológico (RODRIGUES et al., 2010).
Quando se fala no processo de revitalização de ambientes aquáticos é necessário ter em
mente: a recuperação dos corpos hídricos que foram degradados, buscando uma morfologia
mais natural, o retorno da biodiversidade por meio da mata ciliar, arborização ou
estabelecimento da vegetação, uma política de ocupação do entorno desses ambientes correta,
recuperação da qualidade dos recursos hídricos (AGNELLI, 2014)

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De acordo com Toledo e Guimarães (2010), revitalização é um processo ou um conjunto de


ações que visam uma série de transformações que englobam intervenções destinadas a
relançar a vida econômica de uma área degradada abrangendo e respeitando as suas
potencialidades sociais locais.
Na visão de Rigotti e Pompêo (2011), a revitalização consiste na recuperação da função
ecológica do meio degradado com as características do ecossistema original. Deste modo, a
revitalização dos corpos hídricos além de restaurar as funções desse ambiente precisa inserir
as necessidades da população em seu escopo.
É indispensável a participação da comunidade local no projeto de revitalização, sendo que
esse processo incentiva a mobilização e o reconhecimento do capital social local. Mas é
necessário garantir um espaço para o envolvimento das pessoas, para que as mesmas possam
acompanhar as obrar além de contribuir com um processo mais transparente (TOLEDO;
GUIMARÃES, 2010).
Ainda segundo Agnelli (2014), seja qual for o projeto de revitalização, o sucesso do mesmo
dependerá principalmente da integração e coordenação das várias atividades e entidades
envolvidas. A população tem um papel importante nesse processo, uma vez que a dedicação,
participação e paciência dos envolvidos são elementos essenciais, visto que se trata de um
processo demorado, mas que gera benefícios em longo prazo. Vale salientar que os cursos
d’água que são revitalizados não terão de volta as suas características originais, contudo esses
ambientes possuirão nova vida, uma que seja adaptada à realidade do seu município.

3. Materiais e procedimentos metodológicos

3.1. Tipo de pesquisa adotada


O presente artigo se baseia em um estudo de caso, que é uma investigação, onde se procura
entender, explorar e/ou descrever acontecimentos que demonstram um fenômeno, ou seja,
consiste em um estudo profundo de um ou poucos objetos, de modo que permita seu amplo e
detalhado conhecimento (GIL, 2002).
A abordagem de pesquisa adotada nesse estudo foi do tipo exploratório e qualitativo. De
acordo com Neves (1996), a pesquisa qualitativa não busca enumerar ou mensurar eventos e,
normalmente ela não emprega métodos e técnicas estatísticas para análise de dados, seu foco
de interesse é vasto. A obtenção de dados é feita por meio do contato direto e interativo do
pesquisador com a situação objeto de estudo. Nas pesquisas qualitativas, é comum o
pesquisador procurar compreender os fenômenos, conforme as perspectivas dos participantes
da situação estudada, e a partir desse fato, buscar interpretar os fenômenos estudados. Sendo
assim, nesse tipo de pesquisa, o ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o
pesquisador é o instrumento fundamental desse estudo (GIL, 2002).
Já a pesquisa exploratória, tem como objetivo proporcionar ao pesquisador uma maior
familiaridade com o fenômeno ou problema em estudo. Como o nome já diz, o método
exploratório busca explorar um problema ou situação para auxiliar no seu entendimento,
tornando- o mais explícito, além de ajudar na construção de hipóteses mais adequadas. Essa

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mesma pesquisa também faz uso de métodos amplos e versáteis, que compreendem: o
levantamento de fontes secundárias como fontes bibliográficas e documentais; levantamentos
de experiência, estudos de casos e observação informal, que pode ser a olho nu ou mecânico
(VIEIRA, 2002).

3.2. Descrição e localização da área de estudo


Para o desenvolvimento desse trabalho foi adotado como estudo de caso a lagoa Pirapitinga,
localizada na zona urbana de Presidente Olegário (MG). Esse corpo hídrico está inserido na
bacia hidrográfica do Rio Paranaíba, nas seguintes coordenadas geográficas 18°24’24.71” Sul
e 46°25’44.42” Oeste. A montante da lagoa encontra-se uma vereda preservada e uma
pequena extensão do córrego da Pirapitinga, que também está inserido em área urbana. As
Figuras 1 e 2 apresentam, respectivamente, uma vista panorâmica da lagoa e sua localização
em relação à cidade de Presidente Olegário.

Figura 1. Vista panorâmica da Lagoa Pirapitinga


Fonte: Dados produzidos pelo o autor (2015)

Figura 2. Imagem Google Earth com indicação da lagoa em relação ao município de Presidente Olegário
Fonte: Dados produzidos pelo o autor (2015)

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Devido à urbanização e a falta de planejamento, aproximadamente 50% do esgoto do


município é lançado sem nenhum tipo de tratamento na lagoa Pirapitinga, afluente à margem
direita do córrego da Pirapitinga, trazendo assim sérios riscos a população que vive próxima a
esse ambiente, além de contribuir com a degradação do meio.
Ao longo dos anos foi possível observar um aumento gradativo do mau cheiro exalado na
região da lagoa e o crescimento descontrolado de macrófitas aquáticas na lâmina d’água,
devido especialmente, à grande carga de nutrientes, provenientes do esgoto que ela recebe.
Atualmente esses vegetais cobrem praticamente todo o corpo hídrico, gerando uma grande
poluição visual, além de impossibilitar os usos múltiplos desse meio e favorecendo o
aparecimento de vetores.

3.3. Fonte de dados


Através de visitas em campo foram realizadas anotações e levantamentos fotográficos de
pontos acessíveis, com o intuito de identificar as áreas degradadas e/ou em processo de
degradação. Houve um diálogo com a administração municipal e com moradores próximos a
lagoa, a fim de compreender a problemática desse ambiente.
Para obtenção dos dados teóricos foram realizados levantamentos bibliográficos e leituras
específicas em monografias, livros e artigos sobre o assunto tratado nesse estudo, a fim de
entender, comparar, interpretar e analisar os dados obtidos, além de auxiliar na tomada de
decisão.

4. Apresentação e análise dos resultados do estudo

4.1. Diagnóstico ambiental


O diagnóstico da área de estudo consiste na caracterização do meio e na identificação dos
fatores de degradação ambiental.

4.1.1. Caracterização do meio biótico


O Cerrado cobre cerca de 22% do território brasileiro e é considerado o segundo maior bioma
do país. Ele abriga mais de 11.000 espécies vegetais, além de uma enorme variedade de
vertebrados aquáticos e terrestres e um alto número de invertebrados. No Cerrado a
heterogeneidade espacial é um elemento determinante para a existência dessa variedade de
espécimes. Os ambientes desse bioma variam significativamente no sentido horizontal, já que
as áreas campestres, florestais e brejosas podem subsistir em uma mesma região. O mesmo
pode ser considerado como um dos biomas que mais sofreu com a ocupação urbana, sendo
superado somente pela Mata Atlântica (MEDEIROS, 2011).
Na área de estudo encontra-se uma vereda a sua montante, e em seu entorno há a presença de
vegetação típica de cerrado, caracterizada pela presença de Sangra d’água (Crotonurucurana),
Pororoca (Rapaneaguianensis), Buriti (Mauritia flexuosa), Embaúba (Cecropiasp), dentre
outras, no atual momento é possível observar alguns locais cobertos por pastagem, entretanto

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a vereda encontra-se preservada, bem como a mata ciliar referente ao trecho urbano do
córrego da Pirapitinga.
Em relação à fauna, após consulta com a população local, foi possível concluir que na região
encontram-se os seguintes animais: sapos, pipira-vermelha (Figura 3), cobras de diversas
espécies como, jararaca, coral, caninana, dentre outros. Cabe salientar que a fauna local se
encontra escassa, devido à ocupação urbana.

Figura 3. Pipira-vermelha (Ramphocelus carbo), espécime de fauna existente na área de estudo


Fonte: Dados produzidos pelo o autor (2015)

4.1.2. Caracterização do meio físico


Os solos são formados pela decomposição de uma rocha, do mesmo modo que há diferentes
tipos de rochas existentes, consequentemente existem diferentes tipos de solos. Contudo,
existem outros agentes de formação dos solos, além das rochas, que também são responsáveis
pelos variados tipos de solos. Esses elementos são o clima, organismos, topografia e o tempo
(FIDALGO et al., 2013). O solo local pode ser caracterizado como latossolo vermelho com
textura argilosa.
O relevo é plano ondulado com ligeiro declive. Conforme administração municipal, a
distribuição de precipitação, temperatura e umidade médias anuais, o clima pode ser
considerado como chuvoso, quente, úmido e transacionando para moderadamente chuvoso a
nordeste. De acordo com a classificação de Koppen, o clima regional é classificado como Aw,
equivalente ao clima tropical úmido de savanas com inverno seco.

4.1.3. Caracterização do meio antrópico


Durante as visitas em campo, foi possível observar que a ocupação urbana não respeitou o
corpo hídrico. Além disso, parte do esgoto produzido pelo munícipio é lançado sem nenhum
tratamento na lagoa Pirapitinga, que desemboca no córrego, com o passar dos anos foi
possível evidenciar a presença de macrófitas aquáticas nesse ambiente.
Próximo as nascentes, a vereda e no entorno da lagoa, foi possível identificar uma grande
quantidade de resíduos sólidos dispostos de forma inadequada no solo (Figura 4). Inclusive

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foi observada a presença de rebanho bovino perto das nascentes desse ambiente, uma vez que
próximo à vereda pode se constatar a existência de área de pastagem.

Figura 4. Presença de lixo doméstico próximo à lagoa


Fonte: Dados produzidos pelo o autor (2015)

4.2. Fatores de degradação ambiental


Os principais fatores encontrados na lagoa Pirapitinga e em suas proximidades, responsáveis
pelo processo de degradação da mesma foram: moradias, lançamento de esgoto in natura,
macrófitas aquáticas, áreas de pastagem, presença de espécies exóticas, resíduos sólidos
dispostos de forma inadequada.

4.2.1. Moradias
Como já mencionado, existem moradias localizadas próximas à lagoa e a vereda (Figura 5).
Segundo o Código Florestal – Lei 12.651 de 25 de maio de 2012 (BRASIL, 2012), considera-
se áreas de preservação permanente as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa
com largura mínima de 100 metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20
hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 metros e 30 metros, em zonas urbanas, e
em, em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 metros,
a partir do espaço permanentemente brejoso e encharcado.
De acordo com Souza et al., (2007), com a disposição geográfica desigual, a população vem
se instalando em regiões próximas a mananciais, tal fato tem proporcionado o soterramento
das nascentes, por isso é importante o gerenciamento dos recursos ambientais, pois com sua
ausência, surge diversos problemas, como o despejo orgânico e inorgânicos em ambientes
aquáticos.
Conforme relatos de habitantes que vivem próximos a lagoa Pirapitinga, em determinadas
épocas do ano há o aparecimento de sapos, mosquitos, pernilongos e cobras. Inclusive,
moradores relataram sobre uma infestação de sapos que ocorreu durante o período chuvoso,
segundo eles, além dos sapos, a grande quantidade de mosquitos e pernilongos existentes,
provém da lagoa poluída próxima de suas residências. Ainda de acordo com um dos
moradores, não existe rede coletora em sua rua, e seu esgoto é lançado a céu aberto
diretamente na lagoa.

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Figura 5. Ocupação irregular no entorno do meio aquático


Fonte: Dados produzidos pelo o autor (2015)

4.2.2. Lançamento de esgoto in natura


Outro problema observado é o lançamento do esgoto sanitário sem nenhum tipo de tratamento
na lagoa. Os ecossistemas lênticos, como lagoas, lagos e reservatórios, em muitos casos, tem
uma dificuldade na renovação de suas massas líquidas, que sofrem com os processos de
degradação, em virtude da dificuldade de circulação a que esses ambientes estão sujeitos
(VEIGA, 2010).
A presença de esgoto a céu aberto mostra a carência ou defasagem de saneamento básico em
um município, fato esse, que está diretamente ligado as discussões relacionadas a saúde
pública, qualidade de vida e conservação dos recursos ambientais, especialmente os recursos
hídricos (SILVA et al., 2014).
Latuf (2004) constatou que a alta degradação da qualidade das águas superficiais do córrego
São Pedro, está especialmente relacionada com o despejo de esgoto sanitário in natura nesse
corpo aquático. Tal fato tem prejudicado toda a cadeia ecossistêmica do córrego, inclusive
pode ser considerado um fator de risco a propagação de doenças de veiculação hídrica para os
moradores próximos a esse ambiente. O autor também observou que o grande volume de
esgoto in natura lançado no córrego pelos habitantes residentes, proporcionam modificações
nos inúmeros parâmetros de qualidade d’água.

4.2.3. Macrófitas aquáticas


Outro fator de degradação observado no meio foi à proliferação de macrófitas aquáticas
cobrindo toda a lagoa e em suas margens, conforme Figura 6.

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Figura 6. Macrófitas aquáticas cobrindo a lâmina d’água da lagoa e em suas margens


Fonte: Dados produzidos pelo o autor (2015)

Segundo Camargo et al., (2003), o desenvolvimento excessivo de macrófitas aquáticas,


normalmente acontece em ambientes submetidos as ações antrópicas, como a eutrofização e
modificações hidrológicas do corpo hídrico.
Esses vegetais podem ser considerados como bioindicadores de poluição da água, inclusive o
crescimento intenso dessas plantas aquáticas ocasiona a degradação ambiental do corpo
aquático, as mesmas podem interferir nos parâmetros de qualidade d’água, como alteração da
cor, turbidez, diminuição do teor de oxigênio dissolvido e nos seus usos múltiplos, além de
promover o aumento de doenças de veiculação hídrica (POMPÊO, 2008).

4.2.4. Área de pastagem


A montante da lagoa se encontra uma pequena área de pastagem (Figura 7) destinada à
criação de gado de corte e de leite. Como a área de preservação não está isolada foi possível
observar a presença desses animais próximos as nascentes desse ambiente.

Figura 7. Área de pastagem a montante da lagoa


Fonte: Dados produzidos pelo o autor (2015)

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Calheiros et al., (2004) acredita que a presença desses animais próximos a mananciais é
prejudicial, o pisoteio torna a superfície do solo perto às nascentes compactada, reduzindo sua
capacidade de infiltração, ficando suscetível à processos erosivos e, por conseguinte,
ocasionando não só a contaminação dos recursos hídricos por partículas do solo, mas também
causando o soterramento das nascentes. Ainda que o gado não tenha livre acesso ao corpo
d’água, suas excreções podem contaminar o solo, e em períodos chuvosos acabam por
contaminar a água. Essa contaminação pode ocasionar o aumento no teor de matéria orgânica
na água, proliferação de organismos patógenos que infestam os animais e que podem atingir o
ser humano.

4.2.5 Presença de espécies exóticas


A presença de plantas exóticas foi observada em vários locais próximos ao corpo hídrico,
conforme Figura 8. Dentre as espécies exóticas verificadas nesse ambiente, encontram-se:
capim-braquiária (Brachiariasp.), capim-gordura (Melinisminutiflora), quaresmeira
(Tibouchina granulosa), cheflera-gigante (Scheffleraactinophylla), castanha-do-maranhão
(Bombacopsis glabra), dentre outras.

Figura 8. Presença de espécies exóticas (capim braquiária) nas margens da lagoa


Fonte: Dados produzidos pelo o autor (2015)

Na visão de Ziller (2001), à invasão por plantas exóticas em um ecossistema, se dá quando


seja qual for a espécie não natural desse ambiente estabelece no mesmo e se naturaliza,
passando dispersar e modificar esse biossistema. As infestações dessas plantas afetam o
funcionamento natural do meio e tomam o lugar das plantas nativas. Muitos problemas
ambientais provocados no meio ambiente são absorvidos e seus impactos são apaziguados
com o tempo, entretanto isso não ocorre com os processos de invasão. Pelo contrário, eles se
agravam a medida que as espécies exóticas ocupam o espaço das nativas. As principais
consequências desse processo são a perda da biodiversidade e as alterações das características
dos biossistemas atingidos, além das modificações fisionômicas da paisagem natural.

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4.2.6. Resíduos sólidos


Através das visitas também pode se constatar a presença de resíduos sólidos na área de
preservação (Figura 9), como retalhos de roupas, caixas de papelão, resíduos de construção
civil, restos de alimentos, garrafas e sacos plásticos, papel, dispostos de forma inadequada no
solo e no corpo hídrico.

Figura 9. Resíduos sólidos na área de preservação permanente da lagoa


Fonte: Dados produzidos pelo o autor (2015)

A forma inadequada de disposição de resíduos sólidos em córregos e lagoas provoca a


poluição, contaminação e degradação do ambiente aquático e do solo. Em períodos chuvosos
esse problema ainda se agrava, sendo que as enxurradas podem carregar todo o lixo para o
curso d’água (SILVA et al, 2014). Tal fato pode ser evidenciado por moradores próximo a
lagoa Pirapitinga, segundo eles o lixo descartado de forma incorreta no entorno da lagoa é
levado pela chuva e invadem as suas residências ou simplesmente são carreados para o corpo
aquático.
Segundo Lanza et al., (2010), ainda que o chorume e os gases sejam um dos principais
problemas gerados pela decomposição do lixo, outros problemas relacionados com a sua
disposição inadequada podem ser compreendidos: produção de odores desagradáveis,
proliferação de vetores biológicos, modificação da paisagem pela poluição visual,
desvalorização imobiliária da vizinhança, riscos de incêndio e poluição do solo e água.

5. Plano de Revitalização
Para o plano de revitalização da lagoa Pirapitinga é sugerido as seguintes ações: infraestrutura
básica, remoção das macrófitas aquáticas, implantação do parque ecológico, medidas de
proteção, implantação programa de educação ambiental com a comunidade local.

5.1. Infraestrutura básica


Visto que aproximadamente 50% do esgoto da cidade é lançado na lagoa, será necessário a
construção de uma estação de tratamento de esgoto para posteriormente a água tratada ser
lançada no córrego da Pirapitinga.

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Como mencionado, algumas ruas situadas próximas à lagoa ainda não possuem rede de
esgoto, e os dejetos da população escoam diretamente até esse corpo d’água. É imprescindível
a construção de uma rede coletora de esgoto e um sistema de tubulações, que serão
responsáveis por receber esse efluente e conduzi-los até a elevatória de esgoto ou diretamente
para estação de tratamento desse efluente.
Faz-se necessário a retirada do lixo urbano que se encontra disposto de forma inadequada no
entorno da lagoa e próximo à vereda. Esses resíduos devem ser coletados diariamente pelo
caminhão de lixo, inclusive a comunidade local pode organizar mutirões para auxiliar na
coleta desse material. É importante que eles sejam destinados corretamente.

5.2. Remoção das macrófitas aquáticas


Atualmente existem vários meios para a remoção das macrófitas aquáticas de um corpo
aquático. No entanto antes de decidir qual método será adotado, é necessário realizar o
monitoramento (observação das variáveis e indicadores ambientais) e o manejo, a fim de
descobrir as causas da infestação dessas plantas nesse ambiente aquático, controlar o seu
crescimento e propor soluções para esse problema.
Além disso, cabe salientar que como há uma elevada quantidade de macrófitas na lagoa,
consequentemente a remoção desses vegetais atingirá uma grande escala, sendo assim será
imprescindível o uso de procedimentos que permitam o descarte adequado ou o
aproveitamento da biomassa das mesmas.
Entretanto, seria interessante se ao invés de eliminar totalmente essas plantas aquáticas,
alguns espécimes fossem conservadas na lagoa, uma vez que esses vegetais possuem uma
elevada produtividade primária, contribuem com a estocagem e ciclagens de nutrientes de um
sistema, aumentam a heterogeneidade ambiental contribuindo com o aumento da
biodiversidade e funcionam como bioindicadores e despoluidores (SILVA et al., 2012)

5.3. Implantação do parque ecológico


O parque ecológico servirá como um lugar voltado ao lazer e recreação da população, aliado a
utilização restrita da área da área de preservação permanente.
Será necessária a remoção de espécimes de plantas exóticas observadas no local, para o
posterior plantio de mudas nativas, visando à revitalização da paisagem e o resgate da fauna
para esse ambiente. Um especialista deverá estudar a área e identificar as espécies existentes e
sugerir quais delas deverão ser utilizadas, além de definir o melhor método para o plantio. A
comunidade local poderá auxiliar no plantio de mudas.
É importante o monitoramento do processo de revitalização desse ambiente, bem como
acompanhamento da situação local e o crescimento das mudas, a fim de impedir qualquer tipo
de impacto.
Sugere-se a implantação de corredores verdes próximos ao corpo hídrico, além da
implantação de um parque infantil e aparelhos de ginástica, promovendo o incentivo a prática
de esportes, como caminhada e outras modalidades e o lazer da população. Também

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recomenda-se a construção de um coreto próximo ao parque, sendo essa cobertura voltada


para a realização de eventos.

5.4. Medidas de proteção


Em relação às moradias presentes na área de preservação permanente, o ideal seria a
desapropriação, entretanto o custo para esse desapossamento é alto, nesse caso sugere-se a
implantação de passeios com vegetações nativas regionais, a fim de reduzir essas áreas que se
encontram impermeabilizadas.
Outras medidas de proteção a serem adotadas consistem na isolação do corpo aquático e em
suas respectivas nascentes, com o intuito de impedir a entrada de pessoas e animais nesse
ambiente, que, por conseguinte pisoteiem e promovam a compactação do solo e das nascentes
e para que os mesmos não interfiram no processo de revitalização.
Em relação à pastagem presente a montante da lagoa, é importante que essa área seja bem
planejada, ou que posteriormente ocorra o abandono dessa atividade dentro da área a ser
revitalizada.

5.5. Implantação programa de educação ambiental com a comunidade local


A implantação de um programa de educação ambiental visa o acompanhamento da população
ao longo do processo de revitalização da lagoa, além delas auxiliarem nas tomadas de
decisões sobre esse projeto. Inclusive recomenda-se palestras e programas educativos
relacionadas com esse tema na tentativa de sensibilizar e despertar o interesse das pessoas,
alertando-as sobre as consequências da degradação ambiental e especialmente a importância
da conservação e preservação dos recursos hídricos, fauna e flora regional. Além disso,
devido a grande biodiversidade encontrada nesse ambiente, essa área poderá servir como
fonte de estudos e pesquisas para vários estudantes.
Outro ponto importante é o auxílio da comunidade no monitoramento e fiscalização desse
ambiente, evitando com que outras pessoas joguem lixo no corpo hídrico ou próximo as áreas
em recuperação, impedindo assim a depredação desse meio.

6. Discussão
Durante as visitas, muitos moradores se mostraram indignados com a situação atual da lagoa e
com a ausência de rede de esgoto nas ruas próximas ao corpo hídrico, o que causa a emanação
de odores desagradáveis e o aparecimento de insetos em determinados períodos do ano.
Somando-se a esse problema, muitos moradores de outros bairros depositam o seu lixo no
entorno da lagoa, o que agrava mais ainda a situação.
De acordo com Messias (2010), a carência ou deficiência do saneamento básico compromete
diretamente a qualidade de água dos ambientes aquáticos e a saúde pública. Sem o
atendimento desse tipo de serviço, a população recorre à água de poços e córregos onde a
qualidade das mesmas não se encontra em conformidade com os padrões de potabilidade. Isso
é produto do lançamento de esgotos domésticos em corpos aquáticos sem nenhum tipo de

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tratamento, o que leva a sérios problemas á saúde da população, tais como as doenças de
veiculação hídrica.
A falta de políticas públicas eficientes referentes ao processo de urbanização que considerasse
a necessidade da ocupação do solo com a preservação dos recursos hídricos agravou a
degradação desses ambientes e os efeitos deletérios dos impactos negativos dele provenientes
(SILVA et al., 2013). Um exemplo dessa situação é o crescimento do município de Brumado
que tem provocado à degradação na micro-bacia do Rio do Antônio, esse processo de
degradação está fortemente ligado com o desmatamento da mata ciliar para a construção de
novas moradias, assoreamento no rio, disposição de resíduos sólidos em seu leito, além do
lançamento de esgoto doméstico e industrial no curso d’água, sem nenhum tratamento
(MESSIAS, 2010).
O lançamento de esgoto sanitário em um corpo d’água gera vários problemas não só na
qualidade da água, mas também na qualidade de vida da população, especialmente aquelas
que moram próximas a esse meio. Um deles é o crescimento descontrolado de macrófitas
aquáticas, que apesar de terem uma grande importância ecológica, em excesso elas produzem
diversos impactos, especialmente na qualidade dos recursos hídricos. Por isso é necessário
que se faça o correto manejo dessas plantas e a revitalização desse ambiente aquático.
Segundo Selles (2005) a revitalização de ambientes aquáticos aborda principalmente a
questão da morfologia e os valores ecológicos dos sistemas fluviais e dos solos, vegetação,
valores paisagísticos e estéticos e ad dimensões culturais da conexão entre os ecossistemas
aquáticos e a comunidade. De modo geral, considera a importância da relação entre os
organismos vivos, interagindo em seu meio. Esse processo também procurar devolver aos
rios, lagoas e córregos a sua capacidade de recuperação natural, de tal forma que possa
proporcionar o equilíbrio ambiental bem como a valoração dessas áreas e da região.
A revitalização dos cursos d’água, além de buscar restabelecer as funções desse ambiente, ela
tem como objetivo inserir a população local nas tomadas de decisões, sendo que essa situação
irá afetar a qualidade de vidas das pessoas, especialmente aquelas que habitam próximo a
lagoa. Por isso é importante à interação da comunidade com o projeto, para que elas possam
auxiliar a administração municipal e os técnicos envolvidos, ao longo desse processo.

7. Conclusão
Nesse estudo foram apresentados os resultados de uma pesquisa que teve como escopo
analisar e identificar os principais fatores de degradação da lagoa Pirapitinga e propor
medidas para revitalização desse corpo aquático. Através desse trabalho pode-se concluir que
as ações antropogênicas e especialmente o lançamento de esgoto sanitário sem nenhum
tratamento na lagoa tem agravado o processo de degradação desse meio, além de outros
fatores como, moradias invadindo a área de preservação permanente, macrófitas aquáticas,
áreas de pastagem, presença de espécies exóticas, resíduos sólidos dispostos de forma
inadequada.
Esses problemas além de ocasionarem a degradação desse ambiente têm por si só impactado
na qualidade de vida da comunidade local e do corpo d’ água, é importante salientar que

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mesmo havendo leis para impedir e mitigar esses impactos, as mesmas não são respeitadas
pela população.
O esgoto sanitário lançado in natura no corpo d’água, além de alterar os parâmetros de
qualidade da água, tem provocado à emanação de odores desagradáveis e o aparecimento de
vetores. Além disso, como esse efluente contém uma grande quantidade de nutrientes,
provenientes das atividades humanas, o mesmo favorece o desenvolvimento excessivo de
macrófitas aquáticas, proporcionando efeitos deletérios a esse ambiente.
Por meio da revitalização desse corpo aquático, é possível transformar um ambiente
degradado em um local destinado a lazer, estudos e recreação, aliando a soluções que buscam
resolver os problemas ambientais encontrados, como a coleta e o tratamento do esgoto,
destinação adequada dos resíduos sólidos, criação de um parque ecológico, ações destinadas à
proteção e preservação do meio e a implantação de projetos de educação ambiental.
É indispensável à participação da comunidade nesse projeto, pois através desse
acompanhamento as pessoas criaram uma relação mais respeitosa com a natureza, além de
despertar o interesse delas na adoção de medidas e condutas condicentes com a preservação e
conservação do meio ambiente.
Vale ressaltar que revitalização da lagoa Pirapitinga não se faz apenas pelas medidas aqui
propostas, é necessário realizar estudos mais aprofundados, além de programas com o
acompanhamento de técnicos e da administração municipal, porém esse estudo pode servir de
subsídio para outras pesquisas.

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