Para o feto, as patologias maternas prévias costumam ser piores porque podem afetar a embriogênese e o
desenvolvimento.
Recomenda-se, atualmente, que o recém-nascido permaneça durante 30 segundos na mesma altura da placenta para
que sua volemia aumente (Um recém-nascido tem, em média, 300 mL de volume sanguíneo)
O recém-nascido que está bem pode ir diretamente para sua mãe
O recém-nascido nasce com uma camada de gordura chamada de vérnix que serve como proteção térmica e contra
microorganismos. Dessa forma, não deve ser retirada, ou seja, o bebê só deve tomar banho um dia depois do seu
APGAR: É um índice ou uma escala que avalia cinco sinais do recém-nascido no primeiro e no quinto minuto de vida do
mesmo, conferindo uma pontuação total de 0 a 10. Os sinais avaliados são: frequência cardíaca, esforço respiratório,
tônus muscular, irritabilidade reflexa e cor.
Sinais 0 1 2
Frequência cardíaca - < 100 bpm > 100 bpm
Esforço respiratório - Choro fraco Choro forte
Tônus muscular Flácido Alguma flexão Flexão boa
Irritabilidade reflexa Sem resposta Algum movimento Choro
Cor Cianótico Extremidades cianóticas, Corado
corpo corado
A avaliação do primeiro minuto só vai indicar se há necessidade de reanimação ou outro procedimento. A avaliação do
quinto minuto é um indicador de morbidade do bebê.
Sepse precoce:
Caso a mãe tenha relato de GBS+, bolsa rota > 18h ou o bebê seja prematuro
Realizar hemograma completo e PCR com 24 e 48h
ATENDIMENTO NO BERÇÁRIO
A classificação do recém-nascido pode ser baseada em seu peso, idade gestacional ou crescimento intrauterino
Classificação pelo peso:
- Muito baixo peso < 1.500 g - Alto peso > 4.000 g (Macrossômico)
Adequação peso/idade gestacional: Gráfico de Fenton – Esse gráfico é o mais utilizado e classifica o bebê como peso
pequeno (menor que p10), peso adequado (entre p10 e p90) e peso aumentado (maior do que p90)
Exemplos:
1) Peso: 510g, idade gestacional: 28 semanas
- Extremo baixo peso - PIG
- Extremo pré-termo
2) Peso: 4580 g, idade gestacional: 39 semanas
- Macrossômico - GIG
- A termo
3) Peso: 3.100 g, idade gestacional 38 semanas e 5 dias
- AIG
- A termo
Idade gestacional:
Ballard é o método mais usado para calcular a idade gestacional
O padrão ouro é a data da última menstruação e a ultrassonografia do
primeiro trimestre
O Capurro é pouco usado porque é muito subjetivo e só pode ser feito
4h depois do nascimento
Hemangioma flameus: Pode se manifestar como mancha salmão Stork Bite (Bico da Cegonha – na nuca do recém-
nascido) ou mancha salmão Angel’s kiss (beijo do anjo – na testa no recém-nascido)
Disrafismo: Mielomeningocele dimple - São defeitos congênitos de fechamento do canal medular, com gravidade
variável. O seio dérmico é pequena malformação que se apresenta como uma depressão ("dimple") e um canal fistuloso
que liga o saco dural à parte externa da pele. A lesão pode terminar em fundo cego (dimple raso) quando não há
comunicação com o saco dura
Fontanelas: A fontanela anterior ou bregmática deve se fechar entre 9 e 18 meses. A fontanela posterior ou lambdoide
costuma fechar entre um e dois meses de idade. O fechamento precoce da fontanela (craniossinostose) pode ocasionar
comprometimento do crescimento cerebral.
Cefalohematoma x Bossa:
O cefalohematoma é um acúmulo de sangue limitado a superfície de um osso craniano, podendo haver uma
pequena fratura associada. Normalmente o sangue é reabsorvido com o tempo e não é necessário nenhum
tratamento. É macio a palpação.
A bossa é uma tumefação na zona de apresentação da cabeça ao nascimento por edema do couro cabeludo. Não
respeita as suturas, como o cefalohematoma. Desaparece nas primeiras 24h de vida.
Palato: Fenda palatina (pode ser em cristal)
Dentes: A presença de dentes gera a necessidade de retirá-los uma vez que o recém-nascido pode broncoaspirar esses
dentes. Sempre esclarecer para a mãe que a dentição de leite retirada não irá nascer outra vez. O dente retirado só
nascerá novamente na dentição definitiva.
Fratura da clavícula: Pode ocorrer na macrossomia fetal ou no parto pélvico. A
crepitação local é facilmente palpada. O calo aparece algumas semanas após a
fratura e desaparece em uma semana, não precisa de tratamento, apenas de
cuidado ao mobilizar o braço do recém-nascido.
Paralisia braquial de Erb-Duchene: Paralisia de C5 e C6. O braço do recém-nascido
fica em adução e rotação interna com pronação do antebraço e flexão do punho
(‘’posição de gorjeta do garçom’’)
Frequência cardíaca: 100-160 bpm
Frequência respiratória: até 60 irpm. É essencial avaliar durante um minuto porque o recém-nascido pode ter períodos
de até 10 segundos de apneia.
O recém-nascido pode ter fígado palpável em até 1 cm do rebordo costal. O baço não deve ser palpável.
PRIMEIRA PRESCRIÇÃO
ALOJAMENTO CONJUNTO
Os primeiros casos de AIDS surgiram em pacientes homossexuais e em pacientes submetidos a transfusão sanguínea.
Em 1977 todas as bolsas sanguíneas passaram a ser testadas e, por isso, houve uma queda acentuada dos casos de
transmissão de HIV por transfusão sanguínea. O trabalho de educação sexual reduziu muito a transmissão sexual. A
transmissão vertical, no entanto, permanece ocorrendo muito;
Proporção:
- Em 1985 – 35 homens: 1 mulher - Em 2002 – 2 homens: 1 mulher - Em 2015 – Praticamente 1 homem:1 mulher
Cesárea eletiva x Parto vaginal: Protege 50% a mais em relação ao parto vaginal (e em relação à cesárea de
emergência)
Risco de transmissão de HIV de acordo com a duração da infecção materna:
Carga viral: Vírus livre no sangue.
O HIV é um vírus RNA que se multiplica no
sangue e ataca o linfócito CD4 e se torna um
vírus DNA, destruindo o linfócito, o que
compromete a resposta imunológica do
paciente.
Infecção aguda: Ocorre um pico de carga viral e
não há, ainda, uma resposta imune por parte
do paciente
Latência: A carga vira diminui e estabiliza,
enquanto a resposta imune aumenta (formação
de anticorpos) e atinge um platô.
AIDS: A resposta imune cai e o paciente adoece,
ocorrendo um pico da carga vira.
O fundo azul no gráfico mostra as taxas de transmissão de acordo com cada período de infecção. Sendo assim, o
maior risco de transmissão vertical do HIV ocorre na infecção aguda da mãe e no período de adoecimento (AIDS)
da mesma.
O principal fator de risco de transmissão do HIV é a carga viral materna!!
Amamentação:
Mãe HIV: Orientar a não amamentar!!
Enfaixe das mamas – 10 dias
Cabergolina 0,5 mg (2 comprimidos) – Inibição da lactação
Um estudo feito na África do Sul revelou que o risco de amamentação exclusiva (materna ou fórmula) é menor do
que a amamentação mista (materna e fórmula) em cerca de três vezes. Provavelmente isso se deve ao fato da
água usada na fórmula não ser potável e, portanto, causou infecções que deixaram os bebês mais suscetíveis à
infecção por HIV.
Toda gestante com carga viral desconhecida ou > 1000 no final da gestação (35-36 semanas) deve ser submetida a
cesárea eletiva. Se a mãe for muito imunossuprimida, seu risco de infecção na cesárea pode ser muito elevado,
fazendo com que o parto vaginal seja mais indicado. Sempre analisar cada caso!
35% 31,60%
30%
25%
25%
20%
15%
9,50%
10%
5% 5,30%
5%
0%
AP + IP + RN IP + RN RN < 48h RN > 48h Sem AZT
Esse estudo mostra que há uma importante redução da transmissão vertical mesmo que a única intervenção feita seja a
profilaxia realizada para o recém-nascido em menos de 48h. O esquema feito antes do parto, periparto e com o recém-
nascido, no entanto, é o ideal (apenas 5% de transmissão). A mensagem final desse estudo é que é possível intervir até 48h
após o nascimento.
O que há de novo?
Antirretroviral sempre deve ser feito na gestação (mesmo se a mãe estiver assintomática, com carga viral
indetectável etc.): deve ser feito o melhor esquema possível para a mãe (3 medicamentos)
AZT em monoterapia: Se a gestante não precisar de antirretroviral (a monoterapia não é muito utilizada
atualmente)
AZT no parto e para o recém-nascido sempre
NVP para o recém-nascido caso a mãe não tenha utilizado antirretroviral durante a gestação e durante o parto
Resumindo:
Teste anti-HIV deve ser pedido para todas as gestantes no pré-natal e teste rápido anti-HIV no parto
Cesareana eletiva caso a carga viral seja desconhecida ou maior do que 1000 próximo ao parto
Antirretroviral na gestação, no parto e para o recém-nascido
Evitar procedimentos invasivos e tempo de bolsa rota > 4h
Contraindicar o aleitamento materno
Atenção: Até 48h de vida ainda é possível agir!!
O que é consulta?
Momento no qual o paciente ou o responsável busca uma avaliação, orientação ou opinião sobre a saúde.
Para uma boa consulta é preciso:
- Comunicação – escuta qualificada - Relação – empatia - Vínculo - confiança
Na consulta pediátrica há, em geral, mais um ator em jogo, a cuidadora ou o cuidador da criança, que pode ser a
mãe, o pai, avós, tios etc.
Marcos do desenvolvimento:
Lactente de 12 a 24 meses:
- Alimentação da família - Desfralde, abandono da chupeta
- Vacinação - Temperamento e comunicação
- Crescimento e desenvolvimento - Fechamento da fontanela anterior
- Genitália - Membros inferiores
Pré escolar (3 a 6 anos):
- Alimentação - Visão e audição
-Vacinação - Crescimento e desenvolvimento
- Desempenho escolar - Pressão arterial
- Édipo (Criança passa a despertar interesse na diferença entre o sexo masculino e feminino, além da existência
de órgãos genitais. Normalmente, nessa época, se aproxima do progenitor do sexo oposto)
Escolar (7 a 9 anos):
- Alimentação - Desempenho escolar
- Vacinação - Crescimento e desenvolvimento
- Visão e audição - Pressão arterial
Prescrição: Deve ser feita em casos de necessidade, mas nem sempre é para melhorar a criança e sim para
tranquilizar o cuidador. Sempre avaliar os benefícios e os efeitos adversos dos medicamentos. O médico deve se
certificar de que o cuidador entendeu completamente como o tratamento deve ser realizado e, por isso, o médio
deve não apenas prescrever, mas também orientar
Tipos de crescimento:
O crescimento geral obedece a uma curva em forma de S
com dois momentos de maior velocidade (0-2 anos e 12-18
anos)
O crescimento neural é mais veloz nos primeiros anos de
vida, atingindo um platô por volta dos 12 anos
O crescimento linfoide tem um pico e decresce
O crescimento puberal é basal por muitos anos, até que sua
velocidade aumenta acentuadamente.
Crescimento pós-natal:
1) Fase do lactente
VC elevada com progressiva desaceleração
Crescimento compatível com o potencial genético familiar (se os pais
tiverem baixa estatura, o lactente pode apresentar desaceleração do
crescimento para ficar compatível com o potencial genético. Isso
ocorre entre 9-18 meses)
Oferta alimentar e hormônios tireoidianos
2) Fase pré puberal
Diferenças:
Meninas Meninos
Pico da VC: Estágios 2-3 (12 anos) Pico da VC: 2 anos após as meninas (Estágio 4)
Média da VC: 9 cm/ano Média da VC: 10,3 cm/ano
Ganho total de altura: 25 cm Ganho total de altura: 28 cm
Desaceleração da VC Desaceleração da VC
Estatura final: Idade óssea de 15 anos Estatura final: Idade óssea de 17 anos
Obs: Na fase puberal final, o crescimento é lento (1-1,5cm/a), dura em média 3 anos e é principalmente do
tronco.
Estirão puberal:
Monitoração do crescimento:
- Aferição das medidas antropométricas - Referenciais de normalidade
- Curvas de Crescimento - Velocidade de crescimento
Medidas antropométricas:
Peso
- Na primeira semana de vida há uma redução de até 10% do peso corporal
- Aos 4 meses, o bebê deve ter dobrado seu peso. Aos 12 meses, deve ter triplicado.
- Dos 18 aos 24 meses deve haver um ganho de 2,5 kg. Dos 2 aos 5 anos, o ganho deve ser de 2kg/ano. Dos 6
aos 11 anos, o ganho deve ser de 3-3,5 kg/ano
- Até os 2 anos a medida é feita na balança de mesa e após os dois anos usa-se a balança comum (digital ou
não)
- Peso na puberdade: Ocorre um ganho de 50% do peso adulto na puberdade. O pico do ganho de peso das
meninas ocorre 6 meses após o pico de VC, enquanto o dos meninos ocorre junto com o pico de VC. Meninas
ganham 8,5 kg/ano e meninos ganham 9kg/ano
Estatura:
- Até os dois anos, a medida é denominada comprimento, uma vez que ocorre com a criança deitada. Após os
2 anos, chama-se de altura.
Proporções corporais:
- Perímetro cefálico: O recém-nascido tem perímetro cefálico, em média, entre 34-35cm. No primeiro ano de
vida há aumento de 10 cm e até os 20 anos, de mais 10 cm.
- Relação SS/SI: Nascimento = 1,7; 12 meses = 1,5; 3 anos = 1,3; 10 anos = 1,0 (O segmento inferior é a
distância da sínfise pubiana até o pé. O superior é a estatura total menos o segmento inferior). O tronco cresce
mais durante a puberdade
- Envergadura: Distância entre os dois dedos médios da mão quando os braços estão
estendidos. É 3 nos 7 primeiros anos, 0 dos 8 nos 12 anos, +1 aos 14 anos nas meninas e
+4 aos 14 anos nos meninos
Potencial genético – Relação entre a altura da criança e a altura dos pais (marcar no gráfico)
Herança de altura poligênica (aumento da variação no tamanho da criança nascida de pais com alturas
díspares)
A contribuição da hereditariedade na EF varia com circunstâncias ambientais
Parâmetros auxológicos:
Idade estatural e idade peso: Traçar uma linha do peso/estatura da criança até o peso no percentil 50
(p50) para ver qual é a idade estatural e a idade peso.
Idade óssea: Maturação óssea mais característica para uma determinada IC. Ocorre uma maturação
progressiva dos núcleos epifisários de crescimento e desenvolvimento puberal. A maturação óssea avalia
potencial de crescimento. A avaliação é feita por radiografia do punho e mão esquerda, observando os
núcleos de ossificação. A estatura final da menina ocorre com idade óssea de 15 anos e, do menino, de 17
anos.
Desvios fisiológicos:
Mudanças Fisiológicas de Canal
- Peso e estatura ao nascer se correlacionam melhor com as condições de vida intrauterina
- 9-18 Meses de vida – alvo genético
Parada ou diminuição fisiológica do crescimento pré puberal
Crescimento deficiente:
Baixa estatura: Altura 2 ou mais DP abaixo da média. Altura abaixo do p3 na curva de crescimento.
Diminuição da velocidade de crescimento: Desvio do canal de crescimento
Crescimento em um canal inferior ao esperado: Abaixo do alvo genético
Padrões de crescimento:
Baixa estatura intrínseca: Curva de crescimento sempre
abaixo do p3
Crescimento lento: Curva abaixo do p3 e, depois,
crescimento de recuperação
Crescimento atenuado: Mudança da curva. Exemplo:
curva entre p3 e p97 desvia e passa a ser abaixo do p3
80% das crianças cujo crescimento segue um canal
próximo ao limite inferior da normalidade (percentil 3)
não têm qualquer patologia
Variantes do crescimento:
1) Baixa Estatura Familiar
- Crescimento próximo ao p3 - VC normal
- Os pais são baixos - Idade óssea = Idade cronológica
- Puberdade e estirão ocorrem na época normal - Estatura final baixa
- Pode ocorrer em crianças PIGs, por síndromes genéticas (Silver-Russel, Prader-Willi, Síndrome de Down
etc.), osteocondrodisplasias etc.
PIG: O recém-nascido com estatura e/ou peso < -2DP para a idade gestacional. Ocorre aceleração de
crescimento até os 6 meses de idade (80%), mas 10-15% não apresentam recuperação do crescimento. 40-
50% atingem baixa estatura na vida adulta.
3) Crescimento atenuado:
- Problema atual
- Afastar os diversos fatores que podem atenuar o crescimento antes de investigar causas endócrinas
- Causas: Desnutrição, privação emocional, baixa estatura associada a doenças sistêmicas (respiratória,
gastrintestinal, renal, cardiopatia congênita, hematológica, hepática etc.), tratamento com glicocorticoides,
Deficiências hormonais (hipotireoidismo, síndrome de Cushing, deficiência de Hormônio de crescimento), que
correspondem a 10% das crianças com baixa estatura (< 1% - Deficiência de GH).
Deficiência de GH: Baixa estatura, baixa VC, pode ter fenótipo característico (fáscies de querubim, voz aguda)
Aula 5 – Vacinação
Vacina atenuada x Vacina inativada:
As vacinas vivas atenuadas são obtidas a partir de cepas naturais (selvagens) do microorganismo. Essas cepas são
atenuadas por passagens em meios de cultura especiais. A vacinação com cepas atenuadas produz uma infecção
parecida com a natural, porém mais branda. Assim, a vacinação desencadeia uma forte imunidade a longo prazo,
possivelmente por toda a vida (não necessitando, nesses casos, de doses de reforço). Exemplos: Sarampo, caxumba,
rubéola, poliomielite oral, febre amarela, BCG, varicela e rotavírus (A vacina da poliomielite oral e a tríplice viral
precisam de reforço)
As vacinas inativadas podem ser produzidas de diversas formas, como por exemplo: com microorganismos inteiros
inativados, com toxinas inativadas, com fragmentos ou subunidades dos agentes, com polissacarídeos das cápsulas de
algumas bactérias etc. São exemplos de vacinas inativadas: Hepatite A e B, influenza, pneumocócicas, meningocócicas,
HPV, difteria, tétano, coqueluche.
Obs: Vacinas atenuadas conferem riscos elevados para pacientes imunossuprimidos, uma vez que eles não vão
desenvolver a forma branda da infecção
PEDIATRIA – PROVA 1 - [SELECIONAR DATA] 21
Vacinas conjugadas x vacinas combinadas:
Vacinas conjugadas são aquelas em que um antígeno pouco potente é anexado a outro de maior poder
imunogênico com a finalidade de induzir uma resposta imune T-dependente duradoura e eficaz. Os antígenos
proteicos mais utilizados são o toxoide tetânico, toxoide diftérico avirulento e proteína da membrana externa
do meningococo. Esses antígenos, no entanto, estão com concentrações muito baixas para fornecer proteção
contra tétano, difteria e meningite. Exemplos de vacinas conjugadas: Anti-pneumocócica, anti-meningocócica.
As vacinas combinadas são aquelas em que em um mesmo frasco são misturadas vacinas vivas atenuadas ou
vacinas inativadas. Nunca se combina uma vacina atenuada com uma inativada!
Obs: Vacinação simultânea - É aquela em que duas ou mais vacinas são aplicadas com seringas diferentes em locais
diferentes em um mesmo dia de atendimento. Por exemplo: Aplicação das vacinas tetra (tétano + coqueluche +
difteria + anti-hemófila) e pólio oral e tríplice viral (sarampo + rubéola + caxumba)
Mudanças:
1) Hepatite B: A oferta da vacina foi ampliada para toda a população, independentemente da idade e/ou condições de
vulnerabilidade, justificada pelo aumento da frequência de atividade sexual em idosos e do aumento de DST nesta
população.
BCG
A BCG é uma vacina composta pela cepa da Mycobacterium bovis atenuada. No Brasil, a estirpe da bactéria
utilizada é altamente imunogênica, sendo capaz de estimular a resposta humoral e a resposta celular, mas sua
eficácia não pode ser medida por meio da dosagem de anticorpos. O Ministério da Saúde não recomenda a
realização rotineira de teste tuberculínico após a vacinação com BCG.
Indicações:
A BCG deve ser dada ao nascimento, uma vez que a vacina não previne adoecimento em indivíduos já
infectados. É importante observar, 6 meses após a aplicação, se houve formação de cicatriz no braço direito.
Na ausência de cicatriz, a vacina deve ser aplicada novamente e, 6 meses depois, deve-se avaliar outra vez o
surgimento de cicatriz. Na ausência de cicatriz, não se aplica a vacina uma terceira vez e a criança é
considerada imunizada (mesmo sem formação de cicatriz)
Indicada caso haja contato intradomiciliar de portadores de hanseníase. Esquema de duas doses por via
intradérmica na inserção do músculo deltoide direito com intervalo de 6 meses entre as doses.
Administração: Dose única na inserção do músculo deltoide no braço direito via intradérmica.
Contraindicações:
Relativas (Adiar a vacinação até a resolução dessas situações):
- Recém-nascidos com peso menor do que 2 kg
- Afecções dermatológicas extensas no local da aplicação
- Uso de imunossupressores (tratamento com corticosteroides em dose elevada, quimioterapia, radioterapia):
Nesses casos, adiar a vacina até 3 meses após a suspensão da medicação.
- Neoplasias malignas
- Recém-nascidos de mães bacilíferas: Não é necessário contraindicar a amamentação, desde que a máscara
apropriada seja utilizada. A criança recebe quimioprofilaxia com Isoniazida na dose de 10 mg/kg/dia. Se não for
reator aos 3 meses de idade, aplica-se a BCG. Se for reator, assintomático e com radiografia normal aos 3
meses, mantém-se a Isoniazida até a criança completar 6 meses (não aplica a BCG). Se o lactente apresentar
sinais clínicos ou radiológicos de adoecimento, usar o esquema RIP.
Absolutas: Crianças HIV positivas sintomáticas ou crianças com imunodeficiências congênitas ou adquiridas.
Efeitos adversos:
Formação de cicatriz no local de aplicação. É normal. O local deve ser lavado apenas com água e sabão.
Pode ocorrer enfartamento ganglionar em região axilar, supra ou infraclavicular durante a evolução.
Reações locais: Geralmente ocorrem devido técnica inadequada ou por aplicação com dose ou profundidade
excessiva.
HEPATITE B
A vacina deve ser aplicada nas primeiras horas de vida, idealmente nas primeiras 3 horas.
É uma vacina recombinante produzida pela inserção do plasmídeo contendo o gene para o HBsAg no interior de
leveduras. Essas células passam a produzir o antígeno recombinante de superfície, que é purificado por vários
métodos e sofre adições.
Em pessoas imunocompetentes, verifica-se títulos elevados de anticorpos protetores (Anti-HBs > 10 UL/ml) em
90% dos adultos jovens vacinados com 3 doses e em mais de 95% dos lactentes e crianças vacinados. No entanto,
com o avançar da idade, a eficácia vacinal diminui (principalmente após os 40 anos)
A sorologia após a vacinação só é recomendada de rotina para indivíduos no grupo de risco (hepatopatia crônica,
nefropatia crônica, transplantados, imunossuprimidos, politransfundidos e profissionais da saúde).
É uma vacina segura e eficaz, permitindo que a mãe amamente seu filho.
Existe eficácia na vacinação após exposição porque o vírus da hepatite B tem um longo período de incubação
Indicações e esquemas:
Indicada para todos os recém-nascidos nas primeiras 12-24h de vida.
Esquema antigo: Ao nascimento, com 1 e com 6 meses.
Esquema atual: Ao nascimento, com 2, 4 e 6 meses
Outras indicações:
- Vítimas de abuso sexual - Vítimas de acidentes com materiais biológicos
- Profissionais de saúde, bombeiros, PMs, policiais civis e rodoviários envolvidos em atividades de resgate,
carcereiros, usuários de drogas ilícitas, pacientes psiquiátricos, garis.
- Indivíduos com hepatopatias crônicas e portadores de hepatite C
- Doadores de sangue - Transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea
- Potenciais receptores de múltiplas transfusões de sangue
- Indivíduos com nefropatias crônicas, dialisados ou com síndrome nefrótica etc.
Contraindicações: Reação anafilática com dose anterior, PTI após dose administrada anteriormente.
Administração: Via intramuscular, na região deltoide ou no vasto lateral da coxa, em crianças pequenas. As vias
subcutânea e intramuscular na região glútea estão associadas a menor imunogenicidade (a via subcutânea, no
entanto, pode ser usada em pacientes com doenças hemorrágicas).
Efeitos adversos: São raros e resumem-se a reações locais (29%), febre (6%), mal-estar leve. Podem ocorrer nas
primeiras 48h após a aplicação.
Prevenção da infecção perinatal: Recém-nascidos a termo de mães com HBsAg positivo devem receber as vacinas
contra a hepatite B e a imunoglobulina de preferência dentro das primeiras 12-24h de vida. A imunoglobulina tem
prazo máximo de 7 dias. A proteção conferida é próxima de 100%. Recém-nascidos de mãe com sorologia
desconhecida ou negativa devem receber apenas a vacina
POLIOMIELITE
HEMÓFILOS (HIB)
ROTAVÍRUS
O rotavírus é um vírus RNA pertencente à família Reoviridae; possui 7 sorogrupos (A, B, C, D, E, F e O), sendo o A, B
e C os de maior importância epidemiológica por causarem doença nos humanos
É a principal causa de morbidade e mortalidade por diarreia em menores de 5 anos, produzindo doença grave
principalmente em crianças menores de 2 anos, em países desenvolvidos e em desenvolvimento. A transmissão do
vírus é fecal-oral e possivelmente por via respiratória.
A vacina é destinada ao grupo de crianças menores de 6 meses de idade (entre 1 mês e 15 dias e 5 meses e 15 dias
de vida) para proteger de forma antecipada as crianças da faixa etária de 6 a 24 meses, nas quais se observa a
maior carga de complicações decorrentes da infecção pelo rotavírus. É produzida a partir de cepas atenuadas do
vírus, e possui apenas um sorotipo. A vacina deve ser mantida entre 2-8 °C, não podendo sofrer congelamento.
Quanto à eficácia, a VORH em duas doses foi eficaz em prevenir a gastrenterite por rotavírus de qualquer
gravidade tanto na prevenção de gastrenterites provocadas por rotavírus da cepa G quanto por outros sorotipos
em função da proteção cruzada.
Obs: A infecção duas vezes pelo mesmo rotavírus confere imunidade contra os outros sorotipos (proteção cruzada)
Tanto a vacina tríplice viral (SRC) quanto a dupla viral (SR) são compostas por vírus vivos atenuados. São pouco
reatogênicas, bem toleradas e eficazes.
Cerca de 95% dos pacientes apresentam soroconversão.
Os vírus do sarampo e caxumba são cultivados em células de embrião de galinha, e o vírus da rubéola em células
diploides humanas. A relevância desta informação remonta à possibilidade teórica de reação de hipersensibilidade
quando se aplica a vacina em pessoas alérgicas a ovo, provavelmente desencadeada por reação cruzada com
traços de proteínas nela contida. A vacina precisa ser conservada entre +2 e +8ºC e protegida da luz.
Indicação e Esquema de Aplicação:
Ministério da Saúde/ PNJ (2014): Esquema com duas doses: 12 meses e 15 meses. Aos 12 meses administra-se
a TRÍPLICE VIRAL e aos 15 meses, administra-se a TETRAVIRAL (sarampo, caxumba, rubéola e varicela)
A dose é de 0,5 mi que deve ser administrado por via subcutânea, preferencialmente na região do deltoide, na
face externa superior do braço, ou na face anterolateral externa do antebraço, podendo, também, ser
administrada na região glútea, no quadrante superior extem o. Após diluição, a aplicação deve ser feita em um
prazo máximo de oito horas
Eventos Adversos
Locais: São pouco frequentes. Raramente sinais de maior intensidade como edema e/ou hiperemia extensos e
limitação de movimentos. Podem ocorrer ardência, eritema, hiperestesia, enduração e linfadenopatia regional.
A formação de abscessos está associada com infecção secundária e erros na técnica de aplicação. O
aparecimento de nódulo ou pápula eritematosa está relacionada a uma reação de hipersensibilidade a algum
componente da vacina.
Contraindicações:
Adiamento da vacina:
- Doença febril moderada a grave
- Após uso de sangue, hemoderivados e imunoderivados, deve-se adiar a vacinação em até 3 meses
Contraindicações absolutas:
- Anafilaxia em dose anterior.
- Gravidez, pelo risco teórico da vacina causar dano ao feto. Se a mulher for revacinada contra a rubéola,
recomenda-se aguardar 30 dias para engravidar, mas se a vacina for aplicada inadvertidamente em mulheres
grávidas, não há indicação para o aborto
- Pessoas com imunodeficiências congênitas ou adquiridas. Na possibilidade de exposição ao vírus selvagem
avaliar risco benefício individual. Infecção assintomática pelo HIV não constitui contraindicação
- Pessoas em uso de corticosteroides em doses imunossupressoras devem ser vacinadas com intervalo de pelo
menos 1 mês após a suspensão da droga
- Pessoas em uso de quimioterapia imunossupressora só devem ser vacinadas 3 meses após a suspensão do
tratamento
- Transplantados de medula óssea recomenda-se vacinar com intervalo de 2 anos após o transplante.
Profilaxia Pós-Exposição:
Sarampo: A profilaxia pós-exposição é indicada em todos os contactantes íntimos suscetíveis de um indivíduo
com sinais/sintomas sugestivos de sarampo. São eles: pessoas do mesmo domicílio do caso suspeito, vizinhos
próximos, creches ou, quando for o caso, pessoas da mesma sala de aula, mesmo quarto de alojamento, sala
de trabalho sem história prévia de sarampo. A profilaxia pode ser feita de duas formas:
- Vacinação de Bloqueio. É feita com a administração da vacina (Tríplice Viral) até 72 h após o contato,
podendo ser usada de 6 meses a 39 anos. Sua eficácia baseia-se no fato de imunizar o susceptível em prazo
menor que o tempo de incubação da doença. Quando for administrada em criança menor de 12 meses, não
deve ser considerada como dose válida e a criança deverá ser revacinada aos 12 meses com a tríplice viral.
- Imunização Passiva. É realizada com a administração de imunoglobulina humana até 6 dias após a exposição
em uma dose intramuscular de 0,25 ml/kg (imunocompetentes) a 0,5 mi/kg (imunodeprimidos). A imunização
passiva está indicada em contatos íntimos que tenham alguma contraindicação à vacina (< 6 meses, grávidas,
AIDS, transplantados, imunodeficiências congênitas etc.), independente de seu status de imunização, ou se
houver mais de 72 h até seis dias da exposição.
Rubéola: A profilaxia pós-exposição a casos suspeitos de rubéola encontra-se também indicada aos
contactantes íntimos susceptíveis. Faz-.se através da administração da vacina tríplice até 3 dias após o contato.
A população alvo para vacinação de bloqueio é aquela compreendida entre 6 e 39 anos. Mulheres grávidas
susceptíveis (lgG para rubéola negativo) expostas a um caso suspeito de rubéola não podem receber vacinação
de bloqueio, e a imunoglobulina não é rotineiramente recomendada pela razão de não garantir
completamente a proteção do feto
FEBRE AMARELA
A vacina contra a febre amarela é constituída de vírus vivos atenuados, e assim como na vacina contra o sarampo e
a caxumba, os vírus são cultivados em ovos embrionados de galinha. Conservação entre 2 e 8 °C. A vacina de FA é
Obs: Recomenda-se que a vacina contra a febre amarela não seja feita simultaneamente (mesmo dia) com as
vacinas tríplice virai ou tetraviral. O ideal é aguardar um intervalo mínimo de 30 dias entre elas.
Efeitos adversos:
Locais: A manifestação local mais comumente relatada é dor na região de aplicação (4% dos adultos), de
caráter leve e transitório.
Sistêmicos:
- Febre, mialgias e cefaleia surgem em média 3 dias após a vacinação contra a FA em cerca de 4% dos
indivíduos
- Reações de hipersensibilidade podem ser desencadeadas em pessoas com alergia ao ovo ou algum outro
componente da vacina. Pessoas com história pregressa de alergia ao ovo deverão receber a vacina dentro de
unidades de saúde recursos materiais e humanos para tratamento destas reações caso haja necessidade
- A manifestação mais temida associada à vacina contra a FA é a encefalite. Surge com sinais de meningismo,
convulsão, paresia iniciada 7 a 2 1 dias após a aplicação. Geralmente evolui para a cura sem sequelas. Há
contraindicação absoluta em relação a doses subsequentes.
Contraindicações:
Crianças com menos de 6 meses de idade
lmunodepressão transitória ou permanente, induzida por doenças (neoplasias, AIDS e infecção pelo HIV com
comprometimento da imunidade) ou pelo tratamento
Gestação em qualquer fase constitui contraindicação relativa (analisar em casos de surtos)
Reação anafilática a dose anterior ou a ingestão de ovo de galinha (Contraindicação relativa!)
Amamentação: Devido à identificação de 2 possíveis casos de doença neurológica em recém-nascidos ele mães
recentemente vacinadas contra a febre amarela, conforme analisado pela Coordenação do PNI (Programa Nacional
de imunizações), concluiu--se a provável transmissão do vírus vacinal pelo leite materno possivelmente durante o
período de viremia, que acontece entre o 3" e 6º d ia após a imunização. Assim, determinou-se que por medidas
de precaução:
Adiamento da vacinação de mulheres que estão amamentando até a criança completar 6 meses de idade
Na impossibilidade de adiar a vacinação, durante o aconselhamento deve-se apresentar à mãe opções para
evitar o risco de transmissão do vírus vacinal pelo aleitamento materno, tais como:
- Previamente à vacinação praticar a ordenha do leite, de preferência manualmente, e mantê-lo congelado por
15 dias em freezer ou congelador para planejamento de uso durante o período da viremia, ou seja, por 14 dias
após a vacinação, ou
PNEUMOCOCO
Existem quatro tipos de vacinas antipneumocócicas disponíveis no mercado: a polissacarídica 23 valente (Pn23), a
conjugada heptavalente (Pnc7) e a conjugada decavalente (Pn1o) e a conjugada 13 valente (Pn 13).
Esquema: Duas doses (2 e 4 meses) a decavalente (Pn10). Reforço com 12 meses
Eventos Adversos
Locais: eritema, enduração e dor no local da injeção podem ocorrer em 30% a 50% das pessoas vacinadas
Sistêmicos: Febre baixa, astenia, mialgia, dor nas articulações e cefaleia (raros: < 1%). Essas manitestações são leves
e transitórias, duram no máximo 24 horas.
Contraindicação: Reação de hiperssensibilidade a algum componente da vacina.
MENINGOCOCO
A vacina antimeningocócica tipo C conjugada deve ser a plicada a partir dos 2 meses de idade, por via IM, em dose de
0,5 mL. Em crianças com menos de l ano, na região anterolateral da coxa e em crianças maiores e adultos, na região
deltoide ou na região anterolateral da coxa.
Esquema: Primeira dose aos 3 meses, segunda dose aos 5 meses e reforço aos 12 meses.
Eventos Adversos São raros. Quanto aos efeitos locais podemos observar eritema, enduração e dor. Também podem
ocorrer febre baixa e irritabilidade.
Contraindicações Reação de hipersensibilidade a algum componente da vacina
Quimioprofilaxia: Está indicada para contatos domiciliares, contatos escolares e para os profissionais de saúde que
tiveram expostos a secreções orais sem a devida proteção (intubação, respiração boca-a-boca, aspiração de orofaringe)
durante 7 dias antes do início dos sintomas. Deve ser iniciada o mais precocemente possível após o diagnóstico do caso
índice. Os principais antibióticos usados com esta finalidade são A rifampicina, o ceftriaxone e o ciprofloxacino
INFLUENZAE
As vacinas são trivalentes e inativadas, obtidas a partir de culturas em ovos embrionados de galinha. Podem ser feitas a
partir de vírus fracionados ou de subunidades. Na composição das vacinas entram antibióticos.
Indicações:
1 dose nas Campanhas anuais para todas as crianças de 6 meses a 5 anos, todas as gestantes, puérperas (até 45 dias
após o parto), todos os profissionais de saúde, índios, idosos a partir de 60 anos, pessoas privadas de liberdade,
portadores de doenças crônicas.
As crianças < 9 anos recebem duas doses na primovacinação com intervalo de 4 a 6 semanas entre elas e,
posteriormente, apenas a dose anual
A dose da vacina inativada é de 0,25 ml para < 3 anos de idade e de 0,5 ml a partir desta idade. A vacina pode ser
aplicada a partir dos 6 meses de idade, por via intramuscular.
HEPATITE A
A vacina inativada contra hepatite A é eficaz, de baixa reatogenicidade, e com taxas de soroconversão d e 94 a 100%. A
proteção é de longa duração após a aplicação de duas doses
Esquema:
Ministério da Saúde/ PNI (2014): Uma dose aos 12 meses.
Ministério da Saúde/ Calendário Vacinal das Crianças Verticalmente Expostas (2014): Esquema com duas
doses: 12 e 18 meses.
SBP (2014): Esquema com duas doses: 12 e 18 meses
Administração: São preconizadas duas doses, de 0,5 ml cada, aplicadas com intervalo de 6 meses, por via IM no
músculo deltoide ou vasto lateral da coxa, a partir de um ano. Pode ser feita por via SC em crianças com coagulopatias.
Se combinada com vacina contra hepatite B, deve ser administrada em três doses no esquema O, 1 e 6 meses.
Efeitos adversos: Raros
Contraindicações: Reação anafilática a algum componente da vacina e gestação, mesmo sendo o risco baixo para o feto
Exame:
Diagnóstico laboratorial
2) Ultrassonografia
Exame de baixo custo, operador-dependente
Principal alteração: Translucência nucal (TN).
Outras alterações: Membros encurtados, braquicefalia
3) Teste triplo
Beta-hCG maior do que o esperado no segundo trimestre de gravidez
Alfa-fetoproteína e estradiol não-conjugado diminuídos. Os níveis normais são indicadores de boa saúde
do feto.
4) Amniocentese
Coleta do líquido amniótico para análise
Mortalidade: 1%
Só fazer quando há indicação: História na família, diagnóstico suspeito etc.
5) Cordocentese: Mortalidade maior do que a da amniocentese
6) Biópsia do vilo corial
Acompanhamento clínico:
1) Acompanhamento clínico do lactente (0-2 anos)
Cariótipo: É o exame solicitado para diagnóstico laboratorial da SD. Deve ser solicitado no primeiro ano de vida.
Ecocardiograma: Sempre deve ser realizado! Cerca de 50% das crianças portadoras da Síndrome de Down
apresentam cardiopatias, que podem estar presentes mesmo que não haja nenhuma alteração de exame físico do
Metabolismo da bilirrubina:
Produção: Ocorre no ambiente reticulo-endotelial. A degradação das hemácias libera o grupamento heme
(outras cromoproteínas também liberam). O heme, então, é convertido em biliverdina pela oxigenase. A
redutase converte, então, a biliverdina em bilirrubina.
- 1g de hemoglobina = 35 mg de bilirrubina
Mecanismo fisiopatológico:
Com o nascimento, há a transição do metabolismo da bilirrubina do estágio fetal para o neonatal, ou seja, a
bilirrubina indireta, que era totalmente eliminada pela placenta, passará agora a ser conjugada no fígado
Além da sobrecarga de bilirrubina a ser metabolizada pelo fígado do recém-nascido, há fisiologicamente
imaturidade do sistema de captação, conjugação e excreção da bilirrubina. Geralmente, nos recém-nascidos,
a atividade enzimática é diminuída quando comparada a atividade de crianças e adultos
Alterações que propiciam o surgimento de icterícia fisiológica:
1. Diminuição da perfusão hepática por fechamento do ducto venoso
2. Maior demanda de bilirrubina indireta aos hepatócitos por maior número e menos sobrevida de
hemácias
3. Menor captação de bilirrubina indireta (proteína Y reduzida)
4. Sistema glucoronil-transferase imaturo
5. Aumento da circulação entero-hepática de bilirrubinas (beta-glucuronidase intestinal – atividade maior
do que em crianças e adultos)
Defeitos da conjugação
Icterícia familiar hereditária
Distúrbios metabólicos (filho de mãe diabética, galactosemia, hipotireoidismo, intolerância hereditária a
frutose), etc.
DIAGNÓSTICO
Os níveis de hematócrito e hemoglobina elevados (Policitemia) dificultam a visualização da coloração
amarelada da pele.
Crianças maiores e adultos: clinicamente ictéricos com níveis de bilirrubina >2 mg/dl.
Recém-nascidos: clinicamente ictéricos com níveis de bilirrubina >7 mg/dl (normalmente já é visível a partir
de 5)
Como pesquisar clinicamente? Pequena pressão sobre a pele, com a ponta dos dedos, preferencialmente com
a luz natural.
Zonas de Kramer: Zonas clínicas dérmicas que se correlacionam bem com os níveis séricos de bilirrubina
Exames laboratoriais:
Mãe: Grupo sanguíneo, Fator Rh, Coombs indireto.
Recém-nascido: Grupo sanguíneo, Fator Rh, Coombs direto, hemograma completo com contagem de
reticulócitos, bilirrubina totais e frações.
Obs: podem ser necessários outros exames para diagnóstico etiológico e tratamento adequados (por
exemplo,TORCHS – Infecções como toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, herpes simples e sífilis)
Patológica:
- Pode surgir nas primeiras 24 horas de vida
- Dura mais do que uma semana no recém-nascido e duas semanas no prematuro
- Pode estar associada a outros sinais clínicos ou doenças do recém-nascido como anemia,
hepatoesplenomegalia, plaquetopenia, RN que “não vai bem”.
- A progressão diária pode ultrapassar 5 mg/dl ou 0.5 mg/dl por hora
- A bilirrubina direta está maior do que 1,5 mg/dL ou 10% da bilirrubina total
Níveis de bilirrubina: Esse gráfico mostra o limite de tolerância nos níveis de bilirrubina de acordo com o
tempo de vida e com o risco que o recém-nascido tem.
Médio risco: Fatores de risco possíveis: mãe com infecção, hipotonia muscular etc.
Interpretando um gráfico: Um recém-nascido de 48 horas de vida de baixo risco com bilirrubina total de
10 mg/dL não necessita de tratamento (dentro da curva de tolerância). Se a bilirrubina estivesse acima de
15, um tratamento precisaria ser iniciado.
Recém-nascidos saudáveis com icterícia fisiológica: Tratamento domiciliar aleitamento materno e banho de
sol
Icterícia patológica:
Internação hospitalar
Aumento da excreção por via alternativa (fototerapia)
Retirada mecânica: exsanguíneotransfusão
Casos clínicos:
Conduta diagnóstica e terapêutica: Analisar no gráfico se é necessário tratamento. No caso, não é. Orientar a mãe
que essa icterícia é fisiológica e pode persistir até o décimo dia de vida, permitir o retorno para a casa.
Hipótese diagnóstica: Icterícia patológica, provavelmente por alguma doença do grupo TORCHS
Equipamentos:
Sala de parto e/ou de reanimação com temperatura ambiente de 26 °C
Mesa de reanimação com acesso por 3 lados
Fonte de calor radiante, fontes de oxigênio umidificado e de ar comprimido, com fluxômetros
Aspirador a vácuo com manômetro, relógio de parede com ponteiro de segundos
Termômetro digital para mensuração da temperatura ambiente
Material necessário para a reanimação do recém-nascido na sala de parto
- Material para aspiração (sondas traqueais e gástricas curtas, dispositivo para aspiração de mecônio,
seringa de 20 mL)
2) Posicionar a cabeça
Prematuros, hipotônicos
Decúbito dorsal, pescoço ligeiramente estendido
Se o occipital for proeminente usar coxim (1 a 2 cm nos
ombros)
Evitar a hiperextensão ou flexão do pescoço (obstruem a via
aérea)
4) Secar e remover os campos úmidos: Primeiro secar o colo cefálico e, depois, o dorso e o abdome
5) Reposicionar a cabeça: Posição neutra
Ventilação:
‘’The Golden Minute’’: Ventilação nos primeiros 60 segundos de vida
Ventilar os pulmões é o procedimento mais simples, importante e efetivo da reanimação na sala de parto.
A cada 10 recém-nascidos ventilados com balão e máscara, 9 melhoram (se a técnica estiver correta)
Para ventilar o recém-nascido é necessário decidir qual a concentração de oxigênio a ser ministrada
(100%, ar ambiente, concentração intermediária). Usar o oxímetro.
Ventilação com pressão positiva:
1) Balão autoinflável
- Vantagens: Baixo custo, fácil manuseio e não necessita de fonte de gás para funcionar
- Desvantagens: PIP fornecida não é constante, falta de PEEP, ativação variável da válvula de segurança,
concentração de oxigênio 21 ou 90 a 100%
- Deve estar presente em toda sala de parto
2) Balão anestésico:
Desvantagens: Manuseio difícil, necessita de fonte de gás para inflar, as pressões variam
consideravelmente
2) Ventilação manual em T:
Vantagens: Fácil manuseio, fornece PIP e PEEP constantes
Empregado de maneira crescente
Obs: A máscara deve cobrir a área da boca e nariz, mas não os olhos
Sonda orogástrica
- Inserir para diminuir a distensão gástrica durante períodos prolongados de ventilação
- Medir a distância da base do nariz ao lóbulo da orelha e desta até a metade da distância do apêndice
xifoide ao coto umbilical
Questões éticas:
Não iniciar e/ou interromper manobras de reanimação neonatal é controverso e depende do contexto
nacional, social, cultural e religioso
Interrupção da reanimação: Só pode ser realizada após 10 minutos de assistolia, quando todos os
procedimentos indicados na reanimação neonatal foram conduzidos de forma apropriada
Aula 7 – Amamentação
Situação de caso-controle: A mãe ofereceu amamentação a um filho e leite de vaca a filha (irmãos gêmeos). A menina,
cuja alimentação era leite de vaca, não sobreviveu.
Observa-se que o risco de morte por diarreia em menores de um ano de idade é menor quando a amamentação é
exclusiva. A associação com suplemento não lácteo, leite em pó ou leite fluido eleva a mortalidade infantil. A alimentação
exclusiva de leite em pó confere mortalidade maior do que a alimentação exclusiva de leite fluido porque o leite em pó
não é estéril, ou seja, contém bactérias que podem causar infecções.
Um estudo analisou a proporção de mortes evitáveis de menores de 5 anos com acesso universal a intervenções
selecionadas, como: ressuscitação neonatal, antibióticos para a sepsia, controle da temperatura, parto limpo,
amamentação exclusiva etc. O resultado obtido foi que o maior responsável pela redução do número de mortes é a
amamentação exclusiva
The Lancet: Mais investimentos em aleitamento poderiam salvar a vida de 800 mil crianças por ano
Agentes e funções antimicrobianas do leite humano:
Lactoferrina: Absorção do ferro
IgA secretora: Blindagem antigênica no intestino, vias urinárias e respiratórias
Fator anti rotavírus
Único líquido que tem leucócitos, linfócitos, Interferon, citocinas etc. Nenhuma fórmula tem essas substâncias
vivas.
O leite também tem fatores antiinflamatórios. Por isso, caso a mãe tenha fissuras nos seios, recomenda-se passar
o próprio leite na região fissurada.
O leite materno não é, portanto, apenas um alimento, é também um imunomodulador, um alimento funcional e
simbiótico. Componentes:
- Água - Ferro - Sais
- Lipídios - Proteína - Lactobacilos
- Enzimas - Vitaminas - Anticorpos
100%
80%
60%
40%
20%
0%
Leite humano Leite de vaca
Ferro: O leite humano e o leite de vaca têm cerca de 50-70 ug a cada 100 mL, mas a biodisponibilidade é distinta, de
forma que a absorção é diferente (o bebê absorve 50% do ferro existente no leite humano e apenas 10% do ferro
existente no leite de vaca)
Vantagens da amamentação para a mulher:
A amamentação estimula involução uterina (reduz a hemorragia pós-parto)
Prazeroso: Aumenta a liberação de ocitocina
Se associa a menor resposta neuroendócrina a fatores estressantes, melhorando a saúde física e mental
Contracepção (ajuda a retardar uma nova gravidez)
Menor risco de síndrome metabólica (diabetes, doença coronariana, IAM etc.)
Menor risco de artrite reumatoide (para mulheres que amamentaram durante 13 meses ou mais)
Perda de peso
Reduz o risco de câncer de mama e de ovário
Toda mulher é capaz de amamentar: Indução a lactação ou lactação adotiva: Sonda pelo qual o leite passa enquanto o
bebê suga o peito da mãe. Isso estimula a produção de leite pela mãe.
Causas reais para o desmame precoce:
- Falta de informação - Falta de apoio dos familiares
- Falta de apoio dos profissionais de saúde - Uso de chupeta
- Atuação da indústria de leite (mídia agressiva)
Berçário: Barreira física que impede o estabelecimento da amamentação – Bebê deve ficar com a mãe
A amamentação não é um ato instintivo ou inato a mulher. É um ato cultural
ANATO-PSICO-FISIOLOGIA DA LACTAÇÃO
100%
80%
60%
40%
20%
0%
Colostro Leite maduro Leite maduro
anterior posterior
O leite maduro posterior é mais gorduroso porque a ocitocina age nas células mioepiteliais (células que contraem os
alvéolos), aumentando a contração, de forma que as células alveolares (produtoras de leite) ‘’arrebentam’’ e o leite passa
a ter o conteúdo celular, elevando o teor de gordura
10 passos para o sucesso do aleitamento materno – O hospital que cumpre esses 10 passos ganha o título de Hospital
Amigo da Criança:
Política – Norma escrita sobre aleitamento materno, que deve ser rotineiramente transmitida a toda a equipe de
saúde
Capacitação – Equipe treinada em técnica de lactação
Gestantes – Informar as gestantes e seus familiares sobre a importância do aleitamento e orientação sobre a
técnica
Sala de parto – Ajudar as mães a iniciar o aleitamento na primeira meia-hora após o nascimento
Manter a lactação – Mostrar as mães como manter a lactação mesmo que ela tenha que se separar do filho para
trabalhar, por exemplo
Sem complementos – Não oferecer ao recém-nascido nenhum tipo de líquido ou comida além do leite materno, a
exceção de casos com indicação clínica.
Alojamento conjunto – Permitir que as mães e os bebês permaneçam juntos 24h por dia
Livre demanda - Encorajar o aleitamento materno sob livre demanda
Sem bicos – Não dar bicos artificiais ou chupetas (contaminação, cárie de mamadeira, mordida cruzada)
Apoio – Encorajar o estabelecimento de grupos de apoio ao aleitamento, para onde as mães deverão ser
encaminhadas por ocasião de alta do hospital ou do ambulatório
Alimentação complementar:
Desjejum Amamentação
Colação Água de coco, sucos
Almoço Purê de legumes
Lanche Papa de frutas + leite materno ordenhado
Jantar Papa de legumes
Ceia e madrugada Amamentação
Recomendação atual:
Amamentação exclusiva até os 6 meses de idade
Amamentação continuada até os dois anos ou mais – O aleitamento materno no segundo ano de vida não supre
todas as necessidades nutricionais e, por isso, a alimentação complementar é essencial.
No adulto, chegam cerca de 2500 mL na luz intestinal e esta quantidade é quase completamente absorvida, de forma que
apenas 100 mL são eliminados nas fezes (fezes normais)
Doenças do intestino delgado: O intestino delgado normalmente consegue compensar o aumento de líquido na luz
intestinal, mas a alteração da unidade funcional do intestino delgado impede que ocorra absorção suficiente, de forma
que 1500 mL podem ser eliminados nas fezes (diarreia)
Doenças do cólon: Nas doenças do cólon, a quantidade de líquido que chega ao intestino não está aumentada, mas ainda
assim há uma eliminação aumentada nas fezes (diarreia), seja por dificuldade de absorção ou por dificuldade de absorção
associada a aumento da secreção (diarreia mais grave)
Diarreia osmótica: Excesso de solutos. É a única diarreia que se beneficia com o jejum
Diarreia secretória
Diarreia invasora: Aquela na qual o agente entra e agride a mucosa
Obs: E. coli hemorrágica – lesão vascular – sangramento intenso. O uso de ATB nesses casos eleva em 5x o risco de
ocorrência de síndrome hemolítico-urêmica (SHU)
Cultura de fezes: Salmonella e E. coli (sem classificação). A Shigella não aparece porque morre após 20 minutos fora do
organismo
Giardia
Crypyosporidium: Dá diarreia aguda em crianças e em indivíduos imunossuprimidos
Diagnóstico laboratorial da diarreia aguda - Ajuda caso o resultado seja rápido
Fezes diarreicas
Profilaxia:
- Saneamento básico - Vacinas - Alimentação complementar adequada
- Higiene - Aleitamento materno
TRATAMENTO
Manejo adequado:
Prevenção da desidratação
Tratamento da desidratação
Hidratação:
2) Plano B
O tratamento de escolha é reidratação oral (SRO – 50 a 100ml/kg de peso em 4 a 6 horas sem
alimentação durante esse momento)
Lactentes amamentados ao seio deverão continuar recebendo leite materno + SRO, e os demais, com
outro tipo de alimentação, somente solução reidratante
Se o paciente vomitar: volume e frequência da administração
Evitar uso de antitérmicos
Esta fase termina quando desaparecem os sinais de desidratação (manter como no plano A, usando
SRO)
3) Plano C
Indicações:
- Alteração do estado de consciência
- Vômitos persistentes após o uso de SNG
Indicações de gastróclise:
Perda de peso após as primeiras duas horas de TRO
Vômitos incoercíveis
Distensão abdominal acentuada com peristalse presente
Dificuldade de ingestão do SRO - Iniciar a administração pela sonda com 20 a 30 ml/kg/h
Condutas especiais:
Hidratação venosa
Fórmulas especiais: Hidrolizados proteicos, fórmulas de aminoácidos
Antimicrobianos
Outros medicamentos: Vitamina A, Zinco, Probióticos, Racecadotril, Smectite
Sulfato de zinco a 10% (em água de hortelã): 1 gota = 5 mg de zinco (1,15 mg de zinco elementar)
Shigella - OMS/2007: Ciprofloxacin (5 dias)
- Acima de 2 meses de idade/sem desnutrição grave/sem sinais de septicemia - 15 mg/kg/dose VO 2 vezes/dia
(máximo 500 mg/dose). Ceftriaxone (5 dias)
- Abaixo de 2 meses de idade/desnutrição grave/sinais de septicemia: 100 mg/kg/dia IM 1x/dia
Uso de medicamentos:
Anti-eméticos: NÃO (diminuem a capacidade de reidratação)
Anti-térmicos: NÃO
Antidiarreicos: NÃO
Antibióticos: Giardíase, amebíase, cólera e disenteria com comprometimento sistêmico após reidratação.
Probióticos: Não há consenso. (metanálise: Lact. GG e Sb)
Zinco: Há indicação (melhora a imunidade)
Manejo da Diarreia aguda em 2014 - Guideline baseado em evidências. Avaliação de condutas de tratamento
Reidratação e dieta normal: sim
Anti-eméticos (Ondasetrona): Podem ser considerados
Probióticos (com eficácia documentada): Podem ser considerados
Racecadotril e Smectite: Podem ser considerados
Subsalicilato de bismuto e drogas antidiarreicas (loperamida): não
Zinco: não na Europa e sim em países em desenvolvimento
Tanato de gelatina; não
Antimicrobianos: excepcionalmente. “Azitromicina”
DIARREIA PERSISTENTE
Incidência de Diarreia Aguda no Brasil: em média, três episódios/criança/ano
Episódios diarreicos que evoluem por período superior a 14 dias - Aproximadamente 10%
Responsáveis por mais da metade das mortes por diarreia
AT - Acidentes de Transporte Agressões - inclui homicídios CE - Causas Externas Outras CE - inclui quedas, afogamentos, queimaduras
A violência contra crianças e adolescentes é definida como qualquer ato ou omissão dos pais, parentes,
responsáveis, instituições e, em última instância, da sociedade em geral, que cause ou tenha o potencial de causar
dano físico, emocional, sexual e moral às vítimas. (MS, 2001)
A OMS estabelece uma tipologia de três grandes grupos, conforme quem comete o ato violento:
Violência contra si mesmo (autoprovocada ou autoinfligida)
Violência interpessoal (intrafamiliar, doméstica e comunitária)
Violência coletiva (grupos políticos, organizações terroristas, milícias)
Notificações de violência autoprovocada e interpessoal:
CRIANÇAS
Tipo de violência:
Crianças do sexo feminino: A mais comum é a sexual (39%) e a menos comum é a psicológica (19,7%), mas pode
haver subnotificação
Crianças do sexo masculino: A mais comum é a negligência (58,8%) e a menos comum é a psicológica (15%). Em
média, para ambos os sexos, o tipo mais comum é a negligência. Uma criança pode sofrer mais de um tipo de
violência
Adolescentes do sexo feminino: O tipo mais comum é a física (56,5%) e o menos comum é a negligência (9%), mas
a mais importante atualmente é a sexual (34,1%)
Adolescentes do sexo masculino: O tipo mais comum é a física (75,6%) e o menos comum é a sexual (5,2% -
subnotificação?). Em média, para ambos os sexos, o tipo mais comum é a física.
A maior parte das violências é perpetuada por familiares ou conhecidos da criança ou do adolescente, não deixa
evidências físicas e causa efeitos a curto e/ou longo prazos
VIOLÊNCIA FÍSICA:
A violência física é o uso da força física ou atos de omissão intencionais, não acidentais, cujo objetivo é ferir, lesar,
provocar dor ou destruir a criança ou o adolescente, deixando ou não marcas evidentes
Atentar para contradições nos relatos e demora na procura de ajuda
Sinais de alerta para violência física:
Lesões ditas como “acidentais” não compatíveis com a idade ou desenvolvimento psicomotor da criança
Lesões que não podem ser explicadas pelo acidente relatado
Lesões em vários estágios de cicatrização ou cura
Marcas de violências:
Diagnósticos diferenciais:
Patologias:
- Doenças de pele: manchas mongólicas, impetigo bolhoso, fitofotodermatose
- Doenças hematológicas: coagulopatias, leucemias
- Outras doenças: Síndrome da pele escaldada, púrpura da meningococcemia, osteogênese imperfecta, lesões
decorrentes de fisioterapia, lesões auto-infligidas (distúrbios psiquiátricos, retardo mental)
Acidentes Lesões acidentais: áreas de atrito, compatíveis com desenvolvimento da criança, formas mal definidas,
procura de ajuda imediata
Punição corporal: O abuso físico quase invariavelmente ocorre num contexto de interação disciplinar/punição.
Apesar dos resultados negativos da punição física, é alta a prevalência do uso em diversos países. O castigo corporal
não favorece o desenvolvimento e expõe a criança ao risco de uma série de resultados negativos
Lei Menino Bernardo (2014): A ideia central é acabar com a disciplina associada à violência
Síndrome de Munchausen por procuração: “Doença fabricada ou induzida pelos cuidadores”. Cursa com
aparecimento de um conjunto de sintomas e sinais, em geral dificilmente explicáveis, que foram produzidos ou
simulados pela mãe (maioria) ou outra pessoa. A criança normalmente é submetida a diversos exames para elucidar
o diagnóstico
VIOLÊNCIA SEXUAL:
Definição: Todo ato ou jogo sexual com intenção de estimular sexualmente a criança ou o adolescente, visando
utilizá-lo para obter satisfação sexual; os autores da violência estão em estágio de desenvolvimento psicossexual
mais adiantado que vítima e/ou exercem coerção.
Diagnóstico diferencial:
Lesões em genitália: traumas em geral (quedas, masturbação, esporte), infecções, dermatite de fraldas,
oxiuríase, má higienização
Lesões anais: Doença de Crohn, constipação
Lesões uretrais: hemangiomas, pólipos, prolapso de uretra
DST de transmissão por parto vaginal, direta ou auto inoculação
Obs: Condilomas acuminados – Normalmente o contexto é de transmissão vertical em crianças menores de 5 anos.
Raramente ocorre por abuso sexual. O condiloma plano, por sua vez, já indica transmissão sexual.
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA:
Definição: é toda ação que coloca em risco ou causa dano à autoestima, à identidade ou ao desenvolvimento da
criança ou do adolescente. Pode se apresentar como rejeição, depreciação, discriminação, desrespeito, utilização da
criança para atender às necessidades psicológicas de adultos, falta de receptividade emocional (ignorar), ameaças,
isolamento
Tem caráter subjetivo e não tem marcas físicas
Tem manifestações inespecíficas, que podem ocorrer em qualquer tipo de transtorno psíquico (enurese,
constipação, dor abdominal, etc.)
Muitas formas são vistas como maneiras legítimas de cuidado
Dificuldade em determinar a intencionalidade
Geralmente está presente nos demais tipos de violência
NEGLIGÊNCIA:
Definição: Caracteriza-se pelas omissões dos adultos (pais ou outros responsáveis, inclusive institucionais), ao
deixarem de prover as necessidades básicas para o desenvolvimento físico, emocional e social de crianças e
adolescentes.
Presença de dois critérios: cronicidade e omissão
Formas: Cuidados pessoais (higiene, vestuário); atenção médica; alimentação (desnutrição, obesidade); condições
ambientais (promiscuidade, acidentes, tabagismo passivo); educação; lazer; supervisão
É o tipo de violência contra crianças mais frequente em todo o mundo
Diagnóstico diferencial: Dificuldades sócio econômicas, acidentes, patologias crônicas de difícil controle
IMPACTOS DA VIOLÊNCIA:
Notificação de violência contra crianças e adolescentes: Lei 8069/90 - ECA art. 13 – obriga a notificação de casos
suspeitos ou confirmados. Deve ser feita ao Conselho Tutelar mais próximo à residência da criança ou a outra
autoridade local (Meios para acionar o CT: telefone, Disque 100, pessoalmente, receituário, ficha de notificação)
Histórico:
1960: Os alimentos sólidos eram oferecidos as crianças a partir dos 3 meses de idade
1970: Recomendação de adiar a introdução dos alimentos sólidos (introdução precoce do glúten x doença
celíaca)
Marcos no Desenvolvimento x Aptidão a alimentação complementar: Senta-se com apoio e tem bom controle da
cabeça e pescoço
Malefícios da introdução tardia da alimentação complementar:
Diminuição do crescimento devido ao baixo consumo energético
Deficiência de ferro (déficit cognitivo) – 70-80% do ferro advém dos alimentos complementares nessa fase
Atraso da função oral motora
Aversão a alimentos sólidos
Atraso na introdução dos cereais (depois dos 7 meses) aumenta o risco do desenvolvimento de DM tipo 1 e
doença celíaca
Malefícios da introdução precoce
Diminui o tempo de amamentação
Interfere na absorção de zinco e ferro proveniente do leite materno
Reduz a eficácia da lactação da prevenção de novas gestações
Imaturidade do sistema imune para receber novos alérgenos (maior ocorrência de episódios alérgicos)
Recomendações:
A comida não deve ser liquidificada nem peneirada e não se deve misturar diferentes alimentos para que a
criança reconheça diferentes texturas, cheiros e sabores.
A introdução deve ser gradual (com todos os nutrientes), sob a forma de papas. Evitar comidas ralas e
amolecidas. Alimentos alérgenos como gema de ovo e peixe devem ser introduzidos aos 6 meses, mesmo com
história familiar de atopia. A introdução desses alimentos após os 12 meses ou antes dos 6 meses aumenta a
Evitar:
O consumo de leite de vaca não é recomendado antes dos 12 meses, pois causa sangramento intestinal, anemia
ferropriva e é responsável por 20% das alergias alimentares no primeiro ano de vida.
Alimentos duros e redondos (castanha, uva, cenoura crua e etc.) não devem ser oferecidos antes do 1º ano,
devido ao risco de asfixia.
Mel de abelhas não devem ser consumidos por bebês com menos de 12 meses, pelo risco de botulismo.
Evitar alimentos pré-preparados, refrigerantes, café, chás, embutidos, entre outros. Que o consumo de sucos
ultrapasse 240 mL (a professora corrigiu, dizendo que o ideal é no máximo 100 mL) devido a competição
nutricional com alimentos mais ricos que são ingeridos. Obs: Sempre preferir a fruta ao suco (o suco é mais
calórico – 3 laranjas para fazer um suco)
Substituir a água pelo coco, devido ao baixo teor calórico e por conter sódio e potássio
Segurança Alimentar:
Os responsáveis devem ser orientados a lavar bem as mãos antes de manusear os alimentos e também a
cozinhar bem os alimentos para evitar contaminação por germes patogênicos.
Uso de mamadeira deve ser desaconselhado devido à dificuldade de limpeza, sendo esta uma importante fonte
de infecção (além de prejudicar o desenvolvimento oral da criança)
A contaminação de alimentos é uma das principais causas de diarreia em crianças pequenas
SUPLEMENTO
Ferro:
As crianças não conseguem ingerir a quantidade adequada, pois normalmente os primeiros alimentos
introduzidos são de origem vegetal, os quais possuem um tipo de composto de ferro mais difícil de ser absorvido.
Além disso, alimento como carne vermelha e vísceras possuem maior biodisponibilidade e concentração, porém
são mais caros, restringindo o consumo por grande parte da população.
Feijão, soja e lentilha apresentam boa concentração, porém baixa biodisponibilidade.
O leite atrapalha na absorção do ferro heme e não-heme pela elevada concentração de cálcio.
Déficit cognitivo: decorre da deficiência de ferro até os 2 anos e idade
A reposição ocorre de 6 meses aos 2 anos. Os recém-nascidos prematuros iniciam a reposição no nascimento
(bebês a termo que usam fórmula podem precisar de reposição desde o nascimento e em quantidades
diferenciadas, uma vez que algumas fórmulas já contêm suplemento de ferro)
Reposição:
- 6 meses-2 anos (a termo): 1mg/kg/dia - Prematuros: 2mg/kg/dia até 1 ano e depois 1 mg/kg/dia
- Prematuros com peso < 1,5 kg: 3-4 mg/kg/dia Obs: Prematuros iniciam a reposição aos 2 meses da idade
Vitamina A:
Presente em alimentos como fígado, gema de ovo, produtos lácteos, folhas escuras e vegetais de cor laranja.
A reposição exógena é realizada somente se a criança residir em área de alta prevalência da deficiência. A
vitamina A é mais bem absorvida se for dada próximo a amamentação
Vitamina B12: Recomenda-se a suplementação para crianças em aleitamento materno cujas mães são vegetarianas
estritas. A deficiência dessa vitamina pode geral consequências neurológicas desastrosas e irreversíveis.
Vitamina D:
A absorção de vitamina D depende primariamente da exposição solar.
Conclusões:
A má realização ou a não realização da alimentação complementar predispõe a várias doenças na infância
quanto na vida adulta, como: diabetes, obesidade, susceptibilidade a infecções, aterosclerose, AVC etc.
Ainda não h evidências suficientes para o estabelecimento definitivo do melhor momento para a introdução de
alimentos sólidos e alergênicos. A maioria dos guidelines recomenda que a alimentação complementar se inicie a
partir dos 6 meses de idade, sem abandonar o aleitamento materno até os 2 anos.
Caso a criança não esteja crescendo satisfatoriamente nos primeiros 6 meses é necessário, antes de iniciar
qualquer alimentação complementar, verificar se a mãe está realizando a mamada de forma correta. Sempre
lembrar que a dieta da mãe impacta diretamente no peso do lactente pois muitas substâncias passam através do
leite materno (ex: gordura trans)
No momento em que for orientar o responsável quanto `a alimentação complementar, sempre considerar a
situação socioeconômica da família
B.S., sexo masculino, nasceu há 2 meses com 3200 g e 49 cm. Recebe exclusivamente leite materno. Atualmente
pesa 4400 g e tem 55 cm. Sua mãe é professora particular autônoma, devendo voltar ao trabalho dentro de uma
Geladeira 12 horas
Condutas complementares:
- Volume de leite requerido: aproximadamente 140 mL por mamada (capacidade gástrica: 30 ml/Kg.)
- Marcar consulta de revisão em 2 semanas
- Adaptação alimentar e psicológica imediata (o ideal é que dispuséssemos de mais tempo)
- Se na consulta de revisão, constatar-se a total impossibilidade de ordenha, introduzir água de coco na colação
(não substitui uma mamada) 100 mL na xícara ou copo e/ou - tentar papa de frutas: 140 g na colher
Comentários: É comum que a criança perca 10% do peso corporal na primeira semana de vida. Depois disso, o
emagrecimento não deve ser visto como algo normal. O leite deve ser armazenado em recipientes de vidro e não de
plástico e deve ser descongelado em banho maria, evitando a perda de nutrientes.
Caso 2:
H.G., feminina, 1 mês, está sendo alimentada com leite materno. Sua mãe recorreu ao pediatra porque o bebê
chora muito e quer mamar a cada 2h. Ela começou a dar leite “maternizado” (fórmula) uma vez ao dia. A criança
nasceu com 3100g e está pesando 3500g. Ao exame físico está normal. Não foram observadas as mamas e a
técnica usada para amamentação.
Marcando-se o peso no gráfico: crescimento suspeito – insuficiente
É importante conhecer a situação familiar e o tipo de apoio que vem recebendo, além de esclarecer e orientar a respeito
da livre demanda, digestibilidade do LM x LV e ritmo de fome do lactente. Explicar que existe um período de adaptação
Mostrar curva de crescimento e monitorizar o desenvolvimento; perguntar quantas fraldas com presença de urina são
trocadas por dia (6-8?) para avaliar a ingestão alimentar. É essencial enfatizar as vantagens e benefícios da
amamentação.
Tentar descobrir (ver por trás) da queixa da mãe, o verdadeiro motivo pelo qual está com dificuldade de amamentar: -
crenças/tabus: “leite fraco”, “pouco leite” - receio de ficar com o “peito caído” - falta de tempo - rejeição ao bebê -
opiniões desfavoráveis do companheiro e de outros familiares - erro na técnica de AM Ter bom senso e
encaminhamentos diferentes para cada “caso
Questionar uso do termo “maternizado” (que NÃO pode ser empregado) e juízo favorável ao uso de substitutos
Técnicas da lactação: - livre demanda - revezamento dos seios para início da mamada - cuidados com a mama para evitar
fissuras (mamas ingurgitadas: aréola endurecida; evitar higiene com qualquer produto antes das mamadas, usar sutiã,
fazer expressão manual do excesso, introdução do dedo para retirada do lactente da mama) - tratamento de fissuras
(reepitelização dos mamilos, evitar o uso de roupas coladas, sutiã com janela, mudar posições das mamadas, monilíase?)
– Observar a mamada (pega adequada?)
B) Qual orientação neste caso? Justifique. Orientar a mãe sobre a necessidade de amamentação exclusiva e em livre
demanda nos primeiros 6 meses de vida.
Obs: A presença de fissura não contraindica a amamentação. A recomendação é passar o leite na região da fissura para
que ocorra cicatrização.
Boa pega: Posição confortável, bebê de frente para a mama da mãe, com a boca bem aberta, lábio inferior invertido e
queixo apoiado na parte inferior da mama. As sucções realizadas pelo bebê devem ser longas e profundas.
Caso 3:
C.F., masculino, completou 4 meses ontem. Sua alimentação consta de leite materno de 3 em 3h (6x/dia) e suco de
laranja lima uma vez ao dia. O lactente está em bom estado geral. Com crescimento e desenvolvimento normais.
Sua mãe precisa voltar a trabalhar fora entre 8h e 17h, pois é funcionária de uma indústria têxtil onde trabalham
cerca de 100 mulheres. Esta fábrica fica a 1h da casa da família. Não há creche no local de trabalho da mãe.
A) Como avaliar a alimentação atual do lactente? A alimentação está incorreta. Questionar horário (rígido) das mamadas
e suco de laranja introduzido. O aleitamento materno exclusivo deve ser mantido até 6 meses de vida.
B) Como deverá ser traçada a conduta dietética para a nova situação? A mãe fica um período longo fora de casa (8 - 17h
= 9 horas). Com base na legislação de proteção a mulher, discutir as alternativas. A CLT garante que toda empresa com
mais de 30 empregadas com mais de 16 anos tenha um local reservado para os bebês até 6 meses, com, no mínimo, um
berçário, uma sala de amamentação, uma cozinha dietética e uma instalação sanitária (Art. 389 e 400). Além disso, a
mulher que está amamentando, durante os 6 meses iniciais, tem direito a dois descansos de 30 minutos, além de seus
intervalos normais.
Perguntar quem vai tomar conta de lactente e avaliar possibilidade de ordenhar e estocar LM no trabalho e condições de
transporte (isopor, gelo). Atenção: Não ordenhar no banheiro.
RMC, sexo masculino, com 10 dias de vida. RN foi trazido por sua mãe com queixa de diarreia, apesar da
amamentação exclusiva. ‘’Mama e faz cocô. Está com muita cólica, não aceita água nos intervalos das mamadas’’.
Puérpera de 22 anos recebeu alta da maternidade sem nenhuma prescrição medicamentosa ou dietética especial.
HGP: Gestação sem intercorrências (G1/ P1). Parto vaginal, bolsa rota 4h antes. Apgar 8 e 10, AIG e Capurro
somático de 38 semanas. HPF: negam enfermidades infecciosas, doenças hereditárias e alérgicas. HSE: família de
baixos recursos, morando em favela, com saneamento básico. Pais jovens, trabalhadores, com cuidados higiênicos
adequados.
Exame Físico: RN ativo, hidratado, afebril, reativo, ictérico +/4+, acianótico, com reflexos primitivos presentes
e desenvolvimento adequado. Durante o exame evacuou fezes amareloesverdeadas, líquidas, explosivas.
Diurese presente com líquido claro sem odor característico. A mãe relata que até agora à tarde foram 6
episódios semelhantes. Peso igual ao do nascimento: 3.300g. Ausculta cardíaca sem alterações e ausculta
respiratória sem ruídos adventícios. Abdome plano, flácido, sem visceromegalias. SNC sem anormalidades
1) Qual a principal hipótese diagnóstica? Reflexo gastro-cólico exacerbado = Diarreia fisiológica do RN
2) Cite quatro dados que o fizeram pensar nesta hipótese: Amamentação exclusiva, bom estado geral, hidratado,
adequada recuperação ponderal e evacuações típicas
Gastroenterite: Levaria a queda do estado geral, quadro infeccioso com desidratação, vômitos e febre
Intolerância à lactose: Apresentaria diarreia aquosa explosiva, distensão abdominal, flatulência excessiva,
vômitos e não recuperação de peso
Fenilcetonúria: Urina com odor característico (bolor ou biotério), atraso no crescimento e desenvolvimento
Infecção urinária: Comprometimento do estado geral, febre, vômitos, não recuperação ponderal
4) Qual a conduta que você recomendaria? Continuar o apoio à amamentação exclusiva, marcar revisão aos 30 dias de
vida e solicitar teste do pezinho, da orelhinha e do olhinho
Obs: A criança pode ter perda ponderal de até 10% na primeira semana de vida e ela tem até 14 dias para
recuperar esse peso. A partir da recuperação, a criança passa a engordar cerca de 30g por dia.
1- A conduta médica mais adequada para um RN de mãe com tuberculose bacilífera em tratamento é:
a) Manter a amamentação, iniciar izoniazina por 3 meses e realizar PPD após esse período.
b) Manter amamentação e vacinar com BCG.
c) Suspender a amamentação e realizar PPD após 3 meses.
d) Suspender a amamentação, administrar hidrazida por 6 meses e realizar PPD após esse período
2- Para uma amamentação eficaz, são considerados sinais de “boa pega” do lactente ao seio materno, EXCETO:
a) Queixo tocando o seio
b) Lábio inferior virado para fora
3- Recém-nascido com 14 dias, em aleitamento materno exclusivo, chega ao ambulatório para revisão, sem nenhuma
intercorrência. Durante o exame, observa- se que ele está pesando 12% menos em relação ao peso de nascimento. A primeira
medida a ser tomada, é:
a) Tranquilizar a mãe e agendar retorno em 15 dias
b) Prescrever complementação com leite artificial
c) Solicitar EAS, urinocultura e antibiograma
d) Solicitar hemograma completo e glicemia
e) Avaliar a pega e posição da mamada
4- O leite materno ordenhado pode ser guardado com segurança no congelador (freezer) por um período de até:
A) 24 horas B) 72 horas C) 6 dias D) 9 dias E) 15 dias
Esquema corporal:
Esquema somatossensorial primário: Áreas 3,1 e 2 de Brodmann
Córtex motor primário: Área 4 de Brodmann
Estudos de Michael Merzenich nos anos 80: Plasticidade do mapa cortical
Teste de Gesell: Avalia motricidade grosseira, motricidade fina, linguagem, relação pessoal e social
Outros: Bailey, Brunet-Lézine, Stranford-Binet etc.
3 meses:
Controle da cabeça (Sinal de alerta: Controle ausente aos 4 meses)
Simetria corporal (Começa com a junção das mãos da linha média. É pré-requisito para sentar e andar)
Junção das duas mãos na linha média (Até os 3 meses, as mãos não fazem parte do esquema corporal da criança)
Transferência do peso corporal
Sorriso social (Inicia, em geral, com dois meses)
Vocalização e gritos
Aspectos a examinar:
- Presença do reflexo: A persistência além dos 5-6 meses de idade constitui sinal de alerta (exceção: preensão palmar
e cutâneo plantar estão presentes até um ano de idade)
- Simetria aos três meses (Exceção: RTCA)
- Intensidade: A exacerbação dos reflexos é um sinal de alerta para alguma anormalidade (Moro, RTCA etc.)
- Ausência de reflexo: Pode significar lesão no córtex
6 meses:
Permanece sentado quando é colocado nessa posição (Sinal de alerta: Ausência aos 7 meses)
Rola
Alcança e segura objetos, usando alternadamente as duas mãos (Sinal de alerta: Usar sempre a mesma mão)
Localiza sons, dirigindo o olhar em direção a fonte sonora
Balbucio
9 meses:
Passa de sentado para a postura de pé
Engatinha (Nem todas as crianças engatinham)
Permanece de pé com apoio
Duplicidade nas sílabas no balbucio
Reações de retificação:
2 meses: Não sustenta a cabeça (peso
corporal concentrado na cabeça)
3 meses: Controle da cabeça (peso se
posterioriza, se concentrando na linha
escapular)
6 meses: Peso se concentra na cintura
pélvica, de forma que a criança consegue
elevar a cabeça e o tronco
Distúrbio social: Falta de contato visual, ausência de sorriso, movimentos estereotipados, não gosta muito de colo
etc. (Espectro de autismo)
Deficiência intelectual: Atraso no contato visual, atraso no sorriso social, atraso na vocalização
Disfunção motora: A mãe dizia ‘’Acho que meu filho vai ser canhoto’’
Fatores ambientais (carência afetiva, carência de experiências)
INTERVENÇÃO DO PEDIATRA
Excesso do padrão postural extensor – Conduta do pediatra: Posturamento em flexão. Atuação na integração
sensorial e facilitação do uso das mãos, coordenação viso-motora, afeto
Falha na retificação postural (assimetria) – Conduta do pediatra: Simetria postural. Atuação na propriocepção
corporal, junção das mãos na linha média, facilitação da retificação corporal e alinhamento ocular, afeto
Falha no controle da cabeça – Conduta do pediatra: Uso de rolo debaixo da parte superior do tórax (Fortalecimento
dos paravertebrais, prevenção de retração de flexores da coxa) e afeto
Falha no controle de tronco – Conduta do pediatra: Estabilização da cintura pélvica, afeto
Déficit de função visual – Conduta do pediatra: Estimulação com uso de objetos, alto contraste (alinhamento
corporal, facilitação da fixação ocular, afeto)
Déficit de função auditiva – Conduta do pediatra: Estimulação via óssea e aérea (Posturamento, organização,
atenção e afeto)
Obs: Sempre fortalecer o afeto e o vínculo entre a criança e os responsáveis. O afeto está comprometido, muitas vezes,
pela decepção dos pais com o atraso da criança
Conclusão: O conhecimento do desenvolvimento neuropsicomotor normal permite a detecção precoce dos desvios,
facilitando a elaboração das intervenções necessárias para minimizar déficits funcionais
Fontes energéticas
Açúcares:
- Simples: Glicose, frutose, galactose
- Dissacarídeos (40-50%): Maltose, sacarose, lactose
Amido: Fonte de glicose por grande encadeamento deste monômero em diversas formas espaciais
Ácido graxo: Essenciais (Alfa, ômega), com tamanho variável
- Isomeria em ácidos graxos: A dupla ligação impõe uma mudança espacial
- Ácido graxo saturado: Aterosclerose
- Para crianças: Ácidos graxos poli-insaturados (permitem uma membrana celular mais fluida) e ácidos graxos
essenciais
- Os ácidos graxos essenciais linoleico e α-linolênico são os precursores dos ácidos araquidônico (AA) e
docosahexaenóide (DHA). Várias evidências justificam o seu uso como nutrientes no lactente:
1) suas altas concentrações no cérebro e na retina
2) seus elevados teores no plasma e nas hemácias de lactentes alimentados com leite materno
3) a relação entre a concentração do DHA e o aumento da acuidade visual
4) A evolução do tamanho do crânio em função de suas concentrações
5) Suas relações com a inflamação.
Proteínas: Estruturas orgânicas, não estocáveis, formadas a partir do encadeamento de aminoácidos, forma
espacial variável. São utilizadas como capital (estrutura, ferramenta enzimas, globulinas, transportador), aplicado
a construção e ao funcionamento orgânico. Toda proteína com ferro é oxidante. Toda proteína com zinco tem
função enzimática. Composição das proteínas:
Vitaminas:
Lipossolúveis: Encontram-se na membrana fosfolipídica. Exemplos: vitaminas A, D, E, K
Hidrossolúveis: Encontram-se no citoplasma (cofatores de reações bioquímicas). Exemplos: Tiamina, riboflavina,
niacina, piridoxina, ácido fólica, cobalamina, ácido ascórbico
A importância do jejum:
- Adaptação normal à obtenção de alimentos - É utilizado frequentemente como ferramenta religiosa
- Como adaptação à exames laboratoriais - Terapêutico
- Nas cirurgias - Profissionalmente
O jejum prolongado provoca cetose
Monogênicas:
Oncogenética: BRCA 1 e 2, Neoplasias endócrinas múltiplas
Neurogenética: X-frágil, Machado-Joseph, Tay-Sachs
Displásicas ou malformativas
SÍNDROME DE EDWARDS
Trissomia do cromossomo 18
1: 5.000 nascimentos
Segunda síndrome polimalformativa mais comum
Hipotonia, deficiência intelectual, occípito proeminente, estreitamento bifrontal, micrognatia, orelhas pequenas e
displásicas, esterno curto, má-formações cardíacas, mãos em garra típica, pés com háluces em gatilho, pés em mata-
borrão
SÍNDROME DE PATAU
SÍNDROME DE WILLIAMS
- Estenose aórtica supravalvar ou outras má-formações arteriais - Hipercalcemia no primeiro ano de vida
- Déficit cognitivo, com QI verbal maior do que global (ouvido absoluto: reconhecimento de vários sons, timbres
distintos)
SÍNDROME VELOCARDIOFACIAL
Aneuploidias sexuais:
SÍNDROME DE TURNER
Monossomia do cromossomo X – ou outros rearranjos envolvendo perdas
parciais do X/Y
Maioria sofre aborto espontâneo
Baixa estatura, tórax em escudo, linfedema
Disgenesia ovariana, pescoço alado, defeitos de aorta (pp)
Síndromes Monogenéticas
ONCOGENÉTICA - BRCA
Monogênicas – Neurogenética
SÍNDROME DO X FRÁGIL:
Manifestações podem ser por ganho de função, perda de função, redução de produção
Mesmo gene – mutações diferentes – doenças diferentes? Múltiplos genes – mesma doença?
ACONDROPLASIA
SÍNDROME DE MARFAN
Investigação diagnóstica:
Radiografia de tórax:
Sistema de pontuação - Diagnóstico de TB em crianças menores que 10 anos ou adolescentes com pesquisa para
BAAR negativo. Leva em consideração a apresentação clínica, apresentação radiográfica, contato com adulto
com tuberculose, prova tuberculínica e estado nutricional.
- 40 pontos ou mais: Diagnóstico muito provável. O tratamento pode ser iniciado
- > 30 pontos: Diagnóstico possível. O tratamento fica a critério do clínico
- < 30 pontos: Diagnóstico pouco provável. Prosseguir com a investigação diagnóstica para outras doenças
pulmonares e empregar métodos complementares, como lavado gástrico, broncoscopia, escarro induzido,
punções e métodos rápidos
TB em crianças HIV +:
Maior risco de adoecimento por TB
Menor rendimento da pesquisa por BAAR no escarro
Maior prevalência de infecção por micobactérias não tuberculosas
Maior incidência de TB multirresistente.
Na suspeita diagnóstica, solicitar BAAR, cultura e teste de sensibilidade. Após o diagnóstico, priorizar o
tratamento para tuberculose e iniciar a terapia antirretroviral após 2 a 4 semanas do início do tratamento. O
esquema terapêutico é o mesmo para as crianças não infectadas pelo HIV
Tratamento:
A adesão familiar é muito importante
Informação sobre efeitos adversos dos medicamentos
Avaliação mensal com controle clínico e radiológico
Identificar, tratar e acompanhar o indivíduo bacilífero que esteve em contato com a criança para anulação do
risco de contágio
Atentar para o risco de abandono do tratamento: < 1 ano com história prévia de abandono, pais ausentes ou
usuários de drogas
Esquema terapêutico:
Rifampicina Rifampicina
Isoniazida Isoniazida
Pirazinamida Pirazinamida
Prevenção da Tuberculose: Prevenção da infecção latente, vacinação com BCG, controle de contatos
Definição:
A infecção depende do grau de exposição, da infectividade do caso índice e de fatores imunológicos individuais
Ao se infectar, as pessoas em geral permanecem saudáveis por muitos anos, com imunidade parcial ao bacilo
São reconhecidas por testes que detectam a imunidade contra o bacilo
Indivíduos assintomáticos e que não transmitem a doença
O maior risco de adoecimento se concentra nos primeiros dois anos após a primo-infecção
Fatores relacionados à competência do sistema imunológico podem aumentar o risco de adoecimento: Infecção pelo
HIV, ser portador de doenças ou estar sob tratamento imunossupressores, idade menor que 2 anos ou maior que 60
anos, diabetes mellitus e desnutrição.
Não há indicação de investigação indiscriminada de ILTB na população em geral, mas somente em populações que
potencialmente se beneficiarão do tratamento
Diagnóstico por prova tuberculínica:
Exame para diagnóstico de ILTB, e também pode auxiliar o diagnóstico de tuberculose ativa em crianças, mas não
há evidências para utilizar como método auxiliar no diagnóstico de TB pulmonar e extrapulmonar no adulto
Inoculação intradérmica de um derivado proteico do M. tuberculosis, para medir a resposta imune celular a estes
antígenos
A PT é feita no terço médio da face anterior do antebraço esquerdo, na dose de 0,1ml, que contém 2 unidades
de tuberculina (2UT)
Leitura em 48-72h, podendo ser estendida até 96h: Medir o maior diâmetro transverso do endurado palpável,
registrando em milímetros.
Interpretação da prova tuberculínica:
- Especificidade de 97% - Reações falso-positivas podem ocorrer em 3% dos casos, geralmente em indivíduos
infectados por outras micobactérias ou vacinados com a BCG, principalmente se vacinados (ou revacinados) após
o primeiro ano de vida
- Entretanto, 10 anos após a BCG, apenas 1% das PT positivas podem ser atribuídas à BCG, e isso significa que em
adolescentes e adultos não revacinados, a PT positiva pode ser considerada com infecção tuberculosa
- Reações falso-negativas podem ocorrer em até 23% (sensibilidade de 77%), principalmente nas seguintes
circunstâncias: Tuberculina mal conservada, leitor inexperiente ou com vício de leitura, tuberculose grave ou
disseminada, outras doenças infecciosas agudas virais, bacterianas ou fúngicas, imunodepressão avançada (AIDS,
uso de corticosteroides ou outros imunossupessores e quimioterápicos), vacinação com vírus vivo em período
menor que 15 dias, neoplasias, especialmente as de cabeça e pescoço e as doenças linfoproliferativas,
desnutrição, diabetes mellitus, insuficiência renal e outras condições metabólicas, gravidez, crianças com menos
de 3 meses de vida, febre durante o período da realização da PT e nas horas que a sucedem etc.
Quimioprofilaxia secundária
1) Crianças contatos de casos bacilíferos:
PT > ou = a 5mm em crianças não vacinadas com BCG, vacinadas há mais de 2 anos ou qualquer condição
imunossupressora
PT = ou > 10mm em crianças vacinadas com BCG há menos de 2 anos
2) Crianças que adquirem ILTB até os 5 anos – grupo prioritário de tratamento. 2) Adolescentes que façam parte de
grupo de risco
VACINAÇÃO
Vacinação com BCG:
- Prioritariamente indicada para crianças de 0 a 4 anos - Obrigatória para menores de 1 ano
- Preferencialmente, ainda na maternidade - Alta prevalência de infecção tuberculosa.
Micobacterium bovis atenuado Bacilo de Calmette e Guérin (BCG)
Protege contra as manifestações graves da primoinfecção: meningoencefalite e disseminações hematogênicas
Não evita ILTB
Proteção por 10-15 anos (Eficácia de aproximadamente 80%)
Dose única, com administração: intradérmica (local: inferior ao músculo deltoide direito). Conservar entre 2 e 8 °C
(volume: 0,1 mL)
Indicações: RN com peso ≥ 2 Kg, sem intercorrências clínicas, inclusive os RN de mães com HIV Crianças menores de
5 anos não vacinadas. Indivíduos que tiveram contato intradomiciliar com portadores de hanseníase
Contraindicações:
Relativas: RN com peso inferior a 2 Kg Afecções dermatológicas no local da vacinação ou generalizadas Uso de
imunossupressores
Absolutas: Infectados por HIV: crianças sintomáticas e adultos sintomáticos ou não Imunodeficiência congênita
Obs: RN contatos de pessoas com TB bacilífera antes da vacina farão o tratamento da infecção latente ou quimioprofilaxia.
Efeitos adversos:
- Pouco frequentes - Abscessos no local de aplicação - Reação lupoide
- Úlceras com diâmetro maior de 1 cm - Gânglios flutuantes e fistulizados - Cicatriz queloide
Tratamento das complicações: Isoniazida 10 mg/ kg de peso diariamente até a regressão da lesão. Abscessos frios e
gânglios enfartados fistulizados podem ser puncionados
Controle de contatos:
Identificar e avaliar as pessoas que convivem com o paciente com TB pulmonar ativa (caso índice)
- Entrevista com o caso índice identificando contatos, além de anamnese e exame físico
- Contatos devem ser listados com suas idades, tipo de convívio com o caso índice e formas e localização
(telefone e/ou endereço)
- Sempre que possível, visita domiciliar
Objetivo: prevenir adoecimento e diagnosticar precocemente
Avaliação realizada fundamentalmente pela atenção básica: unidade de saúde ou visita domiciliar
Criança assintomática: realizar PT e radiografia de tórax na primeira consulta
Criança sintomática: radiografia de tórax, baciloscopia do escarro e/ou outros exames. Utilizar o quadro de
pontuação
Adolescente assintomático: PT e tratar ou não ILTB após afastada a doença ativa pela radiografia
Adolescente sintomático: radiografia de tórax, baciloscopia, escarro e outros exames de acordo com o caso
BCG Hepatite B
Rotavírus Anti-hemófilos
Varicela Anti-pneumococo
Anti-meningococo
Hepatite A
As vacinas atenuadas geram imunidade celular e humoral, enquanto as vacinas inativadas geral imunidade
apenas humoral.
Importante: As vacinas atenuadas apresentam risco para indivíduos imunossuprimidos (podem desenvolver a
doença)
Contraindicações gerais:
À vacinação: Alergia grave em dose prévia da vacina, alergia grave a um componente da vacina e/ou doença
aguda moderada/grave
Às vacinas atenuadas: Gravidez (exceto febre amarela), imunossupressão (avaliar caso a caso) e/ou transfusão
recente de produtos sanguíneos (vacina não será eficaz – o indivíduo pode adquirir anticorpos do doador e esses
anticorpos vão combater o antígeno vacinal, impedindo que o organismo crie memória imunológica)
Falsas contraindicações: Desnutrição, doenças benignas comuns, prematuridade, história de convulsão, história
de atopia, nutrizes etc.
Poliomielite: Substituição da terceira dose, antes administrada com a vacina oral da poliomielite (VOP), pela vacina
inativada da poliomielite
Pneumocócica 10-valente: Adoção do esquema básico de duas doses (aos 2 e 4 meses) e reforço preferencialmente aos
12 meses, podendo ser administrado até os 4 anos de idade.
Vacina meningocócica C (conjugada): Primeiro reforço deverá ser administrado, preferencialmente, aos 12 meses
(podendo ser feito aos 4 anos)
Caso clínico 1:
Criança com história pregressa de convulsão, mesmo que febril, tem um risco maior de apresentar crises
convulsivas após receber vacina contra:
a) Tétano b) Meningite c) Coqueluche d) Hepatite B e) Sarampo
Comentário: A vacina DPT, principalmente por conta do componente pertussis, oferece um risco aumentado para efeitos
adversos graves, como: anafilaxia, febre alta de difícil controle, síndrome hipotônica hiporreativa, convulsões e/ou
encefalopatia. Crianças com algum antecedente de doença neurológica progressiva devem ser observadas com mais
atenção.
Caso clínico 2:
Uma criança recebeu a vacina BCG intradérmica aos 7 dias de vida. Após 6 meses de idade, não se notava
nenhuma cicatriz no braço direito. Foi levada ao Posto de Saúde, onde foi revacinada e, estando a vacina em
condições ideais para uso, outra vez não se observou a cicatriz. Nesse caso, a conduta é:
a) Revacinar, utilizando a vacina BCG oral
b) Revacinar, utilizando BCG intradérmica
c) Revacinar, com BCG intradérmica, após fazer PPD
d) Não revacinar e prescrever Isoniazida durante 6 meses
e) Não revacinar e considerar essa criança imunizada
Comentário: A criança que, após a segunda aplicação da BCG, não apresentar cicatriz, pode ser considerada imunizada da
mesma forma (confirmação desse fato por estudos in vitro). Isso só pode ser considerado se a vacina for de boa
procedência, tiver sido bem conservada e aplicada com técnica correta.
Obs: A observação de cicatriz na região da administração da vacina permite considerar a criança imunizada. Assim, não é
necessária a realização de teste tuberculínico
Caso clínico 3:
Menino de 9 anos chega na emergência com escoriações nos joelhos e no cotovelo esquerdo. Há também uma
ferida contusa, profunda em região tibial anterior na perna esquerda. A tia afirma que o menino se machucou
ao saltar do pedalinho da Lagoa. Ele se feriu na mureta de proteção e provavelmente cortou a perna com
algum ferro ou prego (não tem certeza). Na queda, ele molhou a roupa na água (a tia disse não ter achado a
água muito suja). O acidente ocorreu há cerca de 1h e meia. A tia telefonou para a mãe, que acabou de chegar
com a carteira de vacinação. A criança recebeu a vacina DPT aos 2, 4, 7 e 18 meses de idade. A conduta
adequada em relação à prevenção ao tétano é:
Caso clínico 4:
A mãe de uma criança de 2 meses de idade não permitiu a aplicação da vacina tríplice (DPT) porque seu filho
havia sido internado em UTI neonatal, onde apresentara um episódio de crise convulsiva. Diante dessa
situação, o adequado é:
a) Solicitar relatório médico detalhado. No caso de relato de meningite, postergar a vacinação
b) Comunicar o fato, por escrito, à secretaria de saúde local, que certamente irá elucidar a questão
c) Diminuir a apreensão materna, reduzindo ao máximo o risco de convulsão, prescrevendo
anticonvulsivante por 7 dias
d) Explicar a mãe que qualquer das doenças preveníveis pela vacina traria risco maior para possível
convulsão
e) Vacinar a criança com a dupla (DT), uma vez que o risco de convulsão se deve ao componente pertussis
Obs: A dupla de criança (DT) é diferente da dT do adulto.
Comentário: O risco das doenças é muito maior do que o risco das vacinas.
Caso clínico 5:
Os pais de um recém-nascido pré-termo chegam ao ambulatório com seu filho e estão apreensivos pois
ouviram ‘’muitas coisas’’ sobre a aplicação de vacinas em pré termos. Eles perguntam qual é o momento ideal
para iniciar as vacinas no seu filho. A orientação deve ser:
a) Administrar as vacinas na mesma idade pós-concepcional das crianças nascidas a termo
b) Administrar as vacinas na mesma idade cronológica das crianças nascidas a termo
c) Adiar as vacinações até que a criança tenha 40 semanas de idade pós-concepcional
d) Adiar as vacinações até que a criança tenha alta completa da maternidade
e) Adiar as vacinações até que a criança esteja bem por 2 meses consecutivos
Comentário: Esperar que a criança tenha alta do hospital ou atinja um determinado peso só irá adiar
desnecessariamente a proteção que a vacina pode conferir. Se a criança chega aos 2 meses ainda internada, deve
receber a vacina pentavalente e a VIP. A rotavírus deve ser adiada para evitar o risco de transmissão para as outras
crianças internadas.
Obs: A idade pós-concepcional é uma idade corrigida pelo pediatra de forma que exista uma contagem diferenciada até
que ele atinja as 37 semanas (gestação a termo). Isso é importante para o acompanhamento do desenvolvimento dessa
criança. O calendário vacinal, no entanto, deve acompanhar a idade cronológica
Fatores de risco:
Sinusite – NÃO É UMA INFECÇÃO Tosse e secreção purulenta na Celulite facial, sinais de irritação
AGUDA! É SUBAGUDA nasofaringe por mais de 7 dias meníngea
Rinofaringite aguda (resfriado Hiperemia de orofaringe, Otite média aguda (OMA), sinusite
comum) obstrução nasal, secreção nasal
Epiglotite (Síndrome do Crupe) Tosse, rouquidão, estridor, sem Toxemia, cornagem (tiragem
sibilância extrema com estridor), salivação
RESFRIADO COMUM
LARINGITES VIRAIS
Agentes etiológicos: Parainfluenza 1,2 e 3, adenovírus, VSR, Influenza A, vírus do Sarampo, Cocxakie
São, em sua maioria, não-complicadas e de fácil resolução
Tratamento:
- Vasoconstrictor: adrenalina racêmica ou comum 1:1000 (1ml de sorofisiológico + 2ml de adrenalina) – Reduz o edema
- Corticoesteroides (dexametasona VO, IM ou EV, budesonida via inalatória, ou seja, por nebulização)
EPIGLOTITE AGUDA
PNEUMONIA
Sinais Sem tiragem e sem FR elevada (ou seja, com FR < Tiragem intercostal ou FR > 60 irpm
60 irpm)
Classificar como Não é pneumonia Pneumonia grave
Conduta Orientar as mães a respeito dos cuidados em casa Internar para tratamento
Cuidados em casa: Manter o bebê aquecido, limpar o nariz com soro fisiológico, manter o aleitamento materno e
retornar à consulta caso a criança apresente sinais de aumento do esforço respiratório.
Obs: O diagnóstico de pneumonia pode ser confirmado por radiografia de tórax – A radiografia geralmente fica
reservada para casos mais graves
Sinais de gravidade: Hipoxemia, hiporexia, cianose, batimento de asa de nariz, prostração, convulsões etc.
Causas de desidratação:
Aporte reduzido
Aumento das perdas gastrointestinais (diarreia, vômito), renais (cetoacidose diabética – diurese osmótica
acentuada), cutâneas e/ou respiratórias
Translocação de líquidos corpóreos
Sódio 125-145 20
Cloro 98-110
Uma perda aguda (< 3 dias) decorre de uma perda do líquido extracelular (em torno de 80%)
Uma perda subaguda (>3 dias) decorre de uma perda do líquido extracelular (60%) e do intracelular (40%)
Classificação da desidratação:
Quando ao grau – Relaciona-se à extensão do déficit:
- Leve: Perda ponderal de até 5% - Grave: Perda ponderal de mais de 10%
Quanto ao tipo – Relaciona-se à alteração do sódio sérico:
- Isotônica: Sódio 135-150 mEq/L - Hipotônica: Sódio < 130 mEq/L - Hipertônica: Sódio > 150 mEq/L
Estado geral Um pouco irritada, com Irritada, com muita sede, Deprimido, comatoso
sede, dorme pouco quase não dorme
Enchimento capilar Normal (até 3 segundos) Lento (> 3 segundos) Muito lento (> 10 segundos)
Tratamento:
Tipo Tratamento
Leve TRO
Moderada TRO
Grave Venosa
Obs: Em casos de vômitos incoercíveis, tratar com hidratação venosa mesmo se a desidratação for leve/moderada
1ª fase: Expansão/reparação: Visa retornar aos níveis de água e eletrólitos anteriores às perdas. É uma expansão
rápida do volume extracelular
- Volume: 80-100 mL/kg/2h (velocidade: 50 mL/kg/h), com reavaliação em 20-30 minutos (casos graves) ou 1h
- Controle rigoroso da diurese (urina concentrada – sinal de que não está reidratado: 2 urinas com coloração clara
indica hidratação) e sinais vitais Obs: A sonda de alívio pode ser necessária
- Soluções cristaloides (SF a 0,9% ou Ringer lactato) – Se o paciente estiver muito acidótico, preferir o Ringer. Caso o
paciente esteja com desidratação hipertônica, preferir o SF 0,9%
- Exames complementares após a expansão: Hemograma, eletrólitos, ureia, creatinina, gasometria, EAS, fezes
(coprocultura, EAF, EPF, pesquisa de rotavírus)
- Holliday-Segar: Baseia-se no peso corpóreo. Para cada 100 calorias metabolizadas, 100 mL de água são
necessários. É inadequado para prematuros e RN com menos de 14 dias de vida. Cálculo da necessidade hídrica
diária:
Até 10kg: 100 mL/kg 10-20kg: 1L + 20 mL/kg para cada kg > 20 kg: 1,5 L + 20 mL/kg acima dos 20 kg
acima dos 10 kg da criança da criança, até um máximo de 2,5 L
- Eletrólitos utilizados na manutenção inicial: Sódio (2-4 mEq/kg/dia; o NaCl a 20% tem 3,4 mEq) e potássio (1-3
mEq/kg/dia; o KCl a 10% tem 1,3 mEq, sendo o máximo 100 mL – 4 mEq)
Atenção: O mais importante na hidratação é a observação rigorosa (observar diurese, sinais vitais etc.)
Evitar fazer antieméticos, principalmente em crianças em terapia de reidratação oral, uma vez que eles podem
provocar reação extrapiramidal e são depressores do SNC (os antieméticos dificultam a hidratação)
Evitar soluções hipotônicas em relação ao líquido extracelular
Caso clínico:
Lactente de 1 ano dá entrada na emergência com história de diarreia (8x, sem sangue, sem muco) e vômitos (6x). Nega
febre. Sem diurese há >12horas. Peso: 10 kg
Ao exame: prostrado, acianótico, levemente taquipneico, taquicárdico, perfusão: 4 segundos, chorando sem lágrimas,
saliva muito espessa, turgor pastoso. Exame segmentar sem alterações. FC=170bpm; FR=64irpm;
Diagnóstico: Desidratação grave
Tratamento na emergência: TR venosa
Etapas da hidratação:
- Expansão: Volume de 50 mL/kg, qualidade: SF 0,9 %, por 30 minutos-1h
- Manutenção – Até 10 kg: 1L/24h
Prescrição:
- Dieta zero
- Hidratação oral: Soro fisiológico 0,9% - 500 mL: Correr em uma hora. Medir diurese e sinais vitais (de hora em
hora). Dipirona para sintomáticos. Evitar antieméticos
- Hidratação venosa: SG 5% - 250 mL: NaCl a 20% (3,6 mL) e KCl a 10% (3,8 mL). Correr em 6h em bomba infusora
a 42,9 mL/hora. Se for em microfix: Dividir o volume por número de horas.
Fatores de risco:
Meninos (2:1) a partir dos 2 anos de idade
Condições especiais: TDAH, deficiência visual ou auditiva, déficit neuropsicomotor
Fatores de risco socioeconômicos: Criação por apenas um responsável, sendo este jovem, baixo nível de
instrução do cuidador, desemprego, habitações desfavorecidas, famílias numerosas, família com história de uso
de drogas
4-6 meses:
- Idade do despertar - Apreensão de objetos, pega objetos com a mão - Capacidade de rolar
- Principais causas de acidentes: Quedas, sufocações/asfixia, afogamentos, acidentes de trânsito
Obs: O lactente ‘’vê com a boca’’, tem um mundo para explorar e tem capacidade motora limitada. Uso muito a
boca para explorar o ambiente.
7-12 meses:
1-2 anos:
2-5 anos:
6-12 anos:
- Principais acidentes: Quedas, afogamentos, fogo/queimaduras, acidentes de trânsito, acidentes com arma de fogo
Escolar: Inicia conceitos de segurança, dimensiona mal velocidade e distância (perigo: atravessar a rua), tem
visão periférica diminuída. Além disso, é influenciado pelo grupo, é distraído, comportamento pouco previsível
Adolescentes:
- Idade da rebeldia - Necessidade de autoafirmação - Pressão dos grupos - Mais tempo sem supervisão
PEDIATRIA – PROVA 1 - [SELECIONAR DATA] 97
- Contestação - Insegurança - Onipotência - Impulsividade
- Principais acidentes: Acidentes de trânsito, abuso de drogas/álcool, DSTs, lesões relacionadas à prática de
esportes, acidentes com armas de fogo
Intervenções:
Prevenção passiva: Barreias - Redes, grades, prendedores de tampa de vaso, barreiras de quinas de móveis etc.
Quedas: São graves quando altura é três vezes maior que superfície corporal
AFOGAMENTO: É a 2ª causa geral de óbito entre 1 e 9 anos, a 3ª causa nas faixas de 10 a 19 anos
- Saídas “breves”: Atender a porta/interfone, apagar a chama do fogão, estender roupa no varal, buscar
material de higiene
- 10 segundos são suficientes para que uma criança dentro da banheira fique submersa (deixar a criança na
banheira para buscar uma toalha)
- 2 minutos são suficientes para que a criança submersa na banheira perca a consciência (Exemplo: Saída para
atender o telefone)
- Uso de coletes na piscina (bóias não conferem proteção total), natação após 2-4 anos
Acidentes de trânsito são a principal causa de morte até 14 anos de idade
- Dar as mãos à criança ao atravessar
- Bicicleta: os pés da criança devem alcançar o chão, enquanto ela estiver sentada. Usar capacete, sapatos
fechados, evitar cadarços folgados ou soltos
Transporte seguro
Acidentes com animais:
- Pequena estatura > “olhos nos olhos” > desafio para o animal - Imaturidade reflexa
- Tentativa de defesa e/ou fuga
- Cães muitas vezes não distinguem quando a criança está brincando ou provocando
Acidentes x Violência:
Estima-se que 10% das crianças atendidas em emergências por trauma sejam vítimas de injúrias físicas
intencionais
Caso essas vítimas não sejam identificadas e não haja nenhum tipo de ajuda, 5% morrerão por abusos
repetidos.
Diferenças:
- A postura da família está adequada à gravidade do ocorrido? - Houve retardo na busca de auxílio?
Intervenção:
Identificar as crianças mais vulneráveis e de risco
Fornecer orientação antecipatória de segurança, apropriada para as diversas fases do desenvolvimento
Indicar aos pais fontes de mais orientação sobre segurança e recursos práticos
Obs: Em alguns países como USA a presença de sibilância é fundamental para o diagnóstico.
Epidemiologia:
Sexo: Meninas e meninos são igualmente acometidos, mas os meninos costumam apresentar quadros mais
graves
Idade < 2 anos
Sazonalidade: No Brasil, a maioria dos casos ocorre no Outono e, em regiões com estações bem demarcadas, a
maioria dos casos no Inverno e início da Primavera
Favorecido por aglomerações (ex. creches)
Repercussões:
- É a principal causa de internação em lactentes
- Apenas 2 a 3% dos casos necessitam hospitalização
- Observa-se associação entre bronquiolite viral aguda e posterior recorrência de sibilância (ainda não há
explicação)
Etiologia:
VSR (vírus sincicial respiratório): etiologia mais frequente. Até os 2 anos (geralmente entre 2 e 6 meses) a
grande maioria das crianças já é infectada por esse vírus
Outras, em ordem decrescente: metapneumovirus humanos, parainfluenza vírus, influenza vírus, adenovírus e
rinovírus
No caso de etiologia não viral/bacteriana, devemos pensamos em Mycoplasma pneumoniae
Transmissão do VSR:
Transmissão por contato direto e por gotículas: Atentar para a lavagem de mãos!
Período de incubação: 2 a 8 dias
Prevenção:
Aleitamento materno, evitar tabagismo passivo e lavagem de mãos
Vacinação contra influenzavírus: Indicada para maiores de 6 meses. Protege apenas contra bronquiolite causada
por esse vírus
Palivizumabe: Anticorpo monoclonal IM contra proteína do VSR. Não previne a infecção, mas evita as formas
graves nas populações de alto risco – redução da internação em bebês com comorbidades. O Ministério da
Saúde libera essa medicação nas seguintes situações: Pré termos com IG < 28 semanas, até completarem 12
meses, pré termos com IG entre 28 e 30 semanas, que não tenham completado 6 meses até o início da época de
risco, crianças com displasia broncopulmonar (durante primeiro ano de vida ou durante o segundo ano de vida
se nos 6 meses anteriores à época de risco tiver havido necessidade de O2 suplementar, diuréticos,
corticosteroides ou broncodilatadores durante mais de uma semana consecutiva), cardiopatia congênita ou
adquirida hemodinamicamente significativa com idade < 2 anos e em casos particulares: alguns lactentes com
patologia pulmonar ou imunodeficiência. Não deve ser usado na profilaxia de surtos nosocomiais por VSR
Quadro clínico:
Inicial (3 a 7 dias):
- Tosse paroxística - Coriza - Rinorreia (secreção é clara!) - Diminuição do apetite
- Apneia pode ser mais proeminente do que a sibilância, principalmente em bebês mais novos
- Febre (38,5-39 °C)
Evolução:
- Piora da tosse - Sibilância/chiado
- Grau variado de dispneia, com angústia respiratória e irritabilidade → dificuldade na alimentação
- Queixas sistêmicas (raras): Náuseas e vômitos
Exame físico:
- Batimento de asa de nariz - Sibilos e estertores finos - Hiperressonância à percussão torácica na fase sibilante
Exames complementares:
Apesar de os testes de rotina não serem específicos para o diagnóstico da bronquiolite e, assim, não serem
necessários ao diagnóstico, alguns achados auxiliam na investigação
Hemograma: Leucometria normal ou apenas uma leucocitose branda (até 16.000/µL). Não há linfopenia. Não
auxilia na diferenciação entre infecção viral e bacteriana
Testes virais: Imunofluorescência rápida, ELISA ou PCR feitos a partir de secreção nasofaríngea e testes de alta
sensibilidade para detecção de infecção. Costumam ser indicados apenas para internados
Rx tórax: Sinais de hiperinsuflação pulmonar, como aumento do espaço claro esternal, hipertransparência,
retificação de cúpulas diafragmáticas e pequenas áreas bilaterais de atelectasia. Crianças com quadro clínico
típico e sem sinais de insuficiência respiratória, não internados em UTI, não necessitam de Rx de tórax para
investigação
Gasometria e Oximetria de pulso: Importantes em casos mais graves. Nem sempre o grau de hipoxemia e
hipercapnia se relaciona com o grau de taquipneia
Diagnóstico: Em crianças 0 a 2 anos o diagnóstico é exclusivamente clínico, a intervenção não deve aguardar por
exames complementares
Diagnósticos diferenciais - Outras causas de sibilância no período da infância:
Asma brônquica: Apresentação geralmente se dá após 2 anos de idade, não há febre e há história familiar
positiva para asma ou atopia
Asma cardiogênica: Sibilo decorrente de congestão pulmonar secundária a insuficiência cardíaca
Fibrose cística: Sibilo acompanhado de diarreia crônica, história familiar positiva e há déficit de crescimento
DRGE: História de vômito e sibilo crônico e recorrente
Corpo estranho: Rx de tórax evidencia área com aprisionamento de ar
Outros: Má-formações de vias respiratórias (anéis vasculares, traqueomalácia, pneumocistose), coqueluche,
pneumonia viral
Causas de sibilância crônica funcional: Asma, DRGE, aspiração recorrente, fibrose cística, imunodeficiências,
retenção de corpo estranho, bronquiolite obliterante, edema pulmonar, displasia broncopulmonar etc.
Tratamento:
A maior parte dos casos é moderada e autolimitada, podendo ser tratada em casa, atentando principalmente à
capacidade de alimentação e ao padrão respiratório
Sinais de alerta para hospitalização:
- Febre alta em < 3 meses - Hipoxemia (S02 < 92% ou PO2 < 60 mmHg) - Apneia
- Incapacidade de ingerir líquidos - Recusa de seio materno em < 3 meses -Circunstâncias locais e sociais
- Pacientes de alto risco: Lactentes < 3 meses, prematuros < 35 semanas, bebês com displasia broncopulmonar,
cardiopatias congênitas cianogênicas ou com repercussão hemodinâmica, imunodeprimidos etc.
- NBZ com agonistas B2 adrenérgicos no caso de desconforto respiratório (Poucas crianças se beneficiam. Suspender
se não houver melhora com as primeiras doses)
- Indicada: criança hipoxêmica (Sat02 < 90% se previamente hígida) - Objetivo: Sat02 > 92%
- Descontinuação: Sat02 > 90% sem esforço respiratório - Reduz tempo de internação
2) Hidratação - Objetivo: reposição e fluidificação de secreções. A 1ª opção é sempre via oral. Correção de equilíbrio
ácido-base
5) Fisioterapia respiratória após a fase aguda caso haja atelectasias ou retenção de secreções: Falta de comprovação
de benefícios clínicos na fase aguda. Diminui a resistência e esforço respiratório e aumenta a troca gasosa e
eliminação de secreções
Obs: Critérios para alta hospitalar: SO2>94% em ar ambiente >12h e ingestão por VO acima de 75% do basal
Novidades:
Nebulização com solução salina hipertônica: NaCl 3% seria alternativa terapêutica com influência sobre o curso
da doença, uma vez que reduz edema de vias aéreas, melhora propriedades reológicas do muco, melhora o
funcionamento mucociliar e reduz a obstrução. Tem poucos efeitos colaterais e é uma medida de baixo custo.
Em pacientes com bronquiolite aguda, diminui o tempo de internação e o número de internações
Corticosteroides inalatórios – não são indicados. Não foi comprovado efeito benéfico a curto prazo ou
prevenção da sibilância recorrente a longo prazo
Corticosteroides sistêmicos – não devem ser usados. Testes clínicos não comprovaram seus benefícios
Antagonistas de receptores de Leucotrienos – não devem ser usados. Há aumento de leucotrienos cisteinil nas
secreções respiratórias de crianças com bronquiolite
Drogas como Montelucast atuam nesse ponto, no entanto, não tiveram eficácia comprovada
Furosemida – não há vantagem em seu uso (Usada em diversas condições respiratórias)
Imunoglobulina – Respigam: Capaz de prevenir infecções graves, mas tem algumas desvantagens em relação ao
Palivizumabe: limitação de infusão IV, Sobrecarga hídrica, transmissão de patógenos derivados do plasma
humano, interferência com vacinas
Surfactante – seu uso ainda não é indicado. A bronquiolite viral aguda grave pode resultar em insuficiência
secundária de surfactante. Não há dados que comprovem sua eficácia
Heliox – seu uso ainda não é indicado. É uma mistura de gás Hélio e Oxigênio que melhora o fluxo de ar em vias
aéreas de alta resistência, reduzindo o esforço respiratório. Em adição à terapia de suporte pode reduzir o
desconforto respiratório. Não há comprovação de redução na taxa de intubação, necessidade de ventilação
mecânica ou tempo de permanência em unidade de terapia intensiva ainda
Combinação de epinefrina e dexametasona: Não recomendada ainda (falta comprovação)
CPAP – seu uso ainda não é indicado, mas é promissor. É bem tolerado e tem poucas complicações. São
necessários mais testes clínicos para comprovar sua capacidade de reduzir a necessidade de ventilação invasiva
Certezas:
Base do tratamento Administração de oxigênio e de fluidos: Nenhuma outra intervenção tem eficácia
comprovada no curso da doença ou prevenção de posterior sibilo residual ainda
Medidas preventivas transmissão nosocomial do VSR Precaução de contato: Lavagem de mãos, uso de luvas,
máscaras e aventais
Complicações:
Agudas:
- Insuficiência respiratória - Pneumotórax - Pneumomediastino
- Atelectasias - Infecções secundárias - Apneia
Crônicas:
- Bronquiolite obliterante - Hiperreatividade pós-viral
- Síndrome do Bebê Chiador (Síndrome do Lactente Sibilante)
Definição: Crianças com menos de 2 anos que apresentam sibilância contínua por mais de um mês, ou três ou mais
episódios em intervalo de dois meses
Sibilos são muito comuns em lactentes devido à presença de fatores predisponentes:
Anatômicos: pequeno calibre de vias respiratórias, o que indica alta resistência ao fluxo aéreo
Ambientais: poluição, tabagismo passivo, aglomerações, falta de aleitamento materno
Imunológicos: imaturidade imunológica do lactente e alta frequência de infecções virais de vias respiratórias
Outros: sexo masculino, menor idade, condição socioeconômica desfavorável, atopia
A maioria dessas crianças apresentará a remissão do quadro até a idade escolar salvo exceções (asma)
São manifestação de um grupo heterogêneo de distúrbios
Fenótipos de sibilância:
Chiadores transitórios: sibilância nos primeiros anos de vida com resolução espontânea por volta dos 3 anos de
idade. Grande associação com infecções virais de vias respiratórias. Consequências: Comprometimento do
desenvolvimento pulmonar, diminuição do calibre das vias aéreas e maior suscetibilidade de sibilância diante de
inflamações como as causadas por VSR. Com o crescimento e o desenvolvimento pulmonar, a predisposição à
sibilância tende a cessar.
Chiadores persistentes: Episódios recorrentes de sibilância associados a infecções virais de vias aéreas que
persiste até a idade escolar. Sem história familiar ou pessoal de atopia. Os sintomas podem ser associados a um
1º episódio de bronquiolite viral
Chiadores tardios: Sintomas persistem na vida adulta. Costumam apresentar outras doenças atópicas (ex.
eczema atópico) e alterações sugestivas de asma nas vias respiratórias
Asma do lactente: Determinar quais lactentes sibilantes irão desenvolver asma no futuro é um desafio aos pediatras
Grupos de risco para desenvolvimento da doença na idade escolar apresentam Sibilância 2 critérios principais
ou 1 critério principal + 2 critérios secundários
Critérios principais: Pai ou mãe com diagnóstico de asma, lactente com diagnóstico de dermatite atópica,
sensibilização a inalantes
Presunção do diagnóstico:
Anamnese + exame físico + história epidemiológica
Evidências clínicas – A maioria das parasitoses é assintomática
Sintomas inespecíficos: Dor abdominal, distensão abdominal, alteração do ritmo intestinal (constipação ou
diarreia), náuseas, vômitos, anorexia
Laboratório: Hemograma com anemia e eosinofilia (não ocorrem em todos os casos)
Outros sinais e sintomas:
- Sub-oclusão: Ascaridíase (O Ascaris forma um bolo que pode ocluir parcial ou totalmente a luz intestinal)
- Epigastralgia: Estrongiloidíase ou Ancilostomíase
- Palidez intensa (‘’Amarelão’’): Ancilostomíase
- Prurido anal ou vaginal: Enterobíase (No período da noite, as fêmeas migram do cólon para a região anal, onde
deixam ovos, provocando prurido. Esses ovos podem migrar para a região vaginal)
- Síndrome disabsortiva: Giardíase (Não invade a mucosa intestinal, mas forma uma barreira – ‘’tapete’’ - entre
a luz e as vilosidades intestinais, causando uma síndrome disabsortiva)
- Disenteria, abcessos hepáticos: Amebíase
- Anemia intensa: Ancilostomíase
- Prolapso retal: Tricuríase
- Hidrocefalia e epilepsia: Neurocisticercose
- Meningite por gram-negativo: Estrongiloidíase
Tratamento:
Princípios gerais: É polivalente, considera o tratamento de toda a família (evitando a reinfecção da criança) e
conta com a orientação e a educação sanitárias. O controle de cura é desnecessário (não existem métodos
suficientemente sensíveis)
O Albendazol cobre praticamente todas as parasitoses (Exceto: Amebíase e esquistossomose)
Ivermectina: Crianças com mais de 5 anos e 15 kg
Questões:
Criança do sexo feminino, 3 anos, vem apresentando falta de apetite e dor abdominal há um mês e, na mesma
época, eliminou vermes. Evacua 2x/dia, fezes pastosas. Reside a 20 km do posto de saúde, em um barraco de
madeira e sem saneamento básico. Qual é a conduta mais adequada?
a) Prescrever imediatamente um antiparasitário como teste terapêutico
b) Iniciar investigação radiológica para invaginação intestinal
c) Solicitar 3 amostras de fezes para análise parasitológica e solicitar retorno em um mês
d) Tratar provável amebíase, forma intestinal
e) Iniciar investigação radiológica para infecção urinária
Escolar de 7 anos é admitido na enfermaria para investigação de palidez cutâneo-mucosa (3+/4+). O
hemograma mostra: hemácias = 2,9 milhões/mm³, Hb= 7 g/dL, VCM= 60 fL, RDW= 19%, Leucócitos=
Casos clínicos:
DCB, masculino, negro, 4 anos, natural do RJ, reside em Itaboraí. QP: ‘’Dor na barriga’’
HDA: Há um mês iniciou cólica abdominal esporádica, de fraca intensidade, acompanhada de distensão
abdominal. Há 10 dias passou a apresentar diarreia pastosa, com cerca de 10 evacuações diárias, acompanhada
de sangue vivo em raias. Há 3 dias notou ‘’bola’’ na região do ânus. Nega náuseas, vômitos ou febre.
HP: Reside em área rural, sem saneamento básico. Hábitos higiênicos bastante precários.
Exame físico: Paciente em regular estado geral, hipocorado (+/4+), anictérico, acianótico, eupneico, afebril, FC=
100 bpm, FR= 20 irpm, Tax= 36,3 °C. Orofaringe e otoscopia sem anormalidades.
AR: MVUA, sem RA. ACV: Pulsos periféricos palpáveis, RCR em 2T, SS 2+/6+, pancardíaco (anemia!!)
Abdome: Atípico, flácido, indolor a palpação superficial e profunda, sem visceromegalias ou massas.
Peristáltico. Traube timpânico. Presença de prolapso retal ao exame da região perianal. Membros sem
anormalidades
Diagnóstico: Tricuríase (Trichuris trichiura)
Conduta: Medicação (Albendazol, Ivermectina ou nitazoxamida), correção do prolapso retal (normalmente é manual),
tratamento da anemia (sulfato ferroso – 4-5 mg/kg/dia, por 60-90 dias). Orientar o uso de medicação antiparasitária por
toda a família.
NKS, 4 anos, branco, natural do RJ, reside em Nilópolis. QP: ‘’Barriga inchada’’
HDA: Segundo a mãe, a criança iniciou, há cerca de 4 horas, abdominal difusa, de forte intensidade, em cólicas,
acompanhada de náuseas, vômitos, distensão abdominal e parada súbita de eliminação de fezes e gases
- Sinais e sintomas: Náuseas, vômitos, distensão abdominal, parada súbita de eliminação de fezes e gases
- Exame físico: Peristalse débil, abdome distendido, doloroso à palpação, massa palpável em forma de ‘’salsicha’’
Conduta:
- Tratar a sub-oclusão: Internação em dieta zero, SNG em sifonagem, hidratação venosa (IV), óleo mineral (15-20 mL de
3/3h), piperazina (75-100 mg/kg/dia após eliminação do óleo, com máximo de 3g/dia). Se não desobstruir, tentar
desobstruir via endoscópica
Lactente de 1 ano e 5 meses foi internado com sepse de foco intestinal que, após uso de ATB, evoluiu com
resolução. No entanto, após um mês apresentou novo caso de sepse que, após desfervescência com 2º
esquema de ATB, apresentou outra recaída.
Parasitose comumente associada a esse tipo de caso: Storngyloides stercoralis (Estrongiloidíase)
Há necessidade de profilaxia? Sim. Hábitos de higiene, parasitológicos seriados periodicamente (após EPF positivo,
tratar com tiabendazol por 10 dias e repetir o tratamento por 3 dias, mensalmente) e eosinofilia periférica, mesmo que
o EPF seja negativo. Fazer controle no 7º, 14º e 21º dias.