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M1.

111ter, a Cultur~ 8 a Slocaledade:


Ã

A uma Rovlslu Teur C


Jichelle Zimbalist Rosaldo
\
l

'•
ct· - aren-
Desde o início nos defrontamos com uma contra 1~ª?dªPd f
~
te no modo como os antropologos veem
' I
os pa péis e as a tl Vl a es e-
r

mínína·s. Por um lado, através do tra alho de Mead e o;utra_s, a~ren-


demos a extraordinária diversidade dos papéis sex ua1s n ao so. em
1
nossa própria cultura como em outras. Por outro, somos h~rde1ros
1
de uma tradição sociológica que trat a a mulheí como essenctalmen-
te desinteressante e irrelev~~te, acei~ando como necessário, natural
e profundamente problemat1co o fato de que, em toda ·.a cultura hu-
m a na, .a mulher de alguma forma é subordinada ao :homem.
0 1objetivo desse artigo é desenvolver uma perspectiva que in-
corpora observações anteriores enq~anto ao mesmo tempo sugere
dimensões sistemáticas nas quais as jr~ações sociais dos sexos pos-
sam ser investigadas e compreendid~s. A pós uma breve argumenta-
ção sobre as variações pretendo dotumentar aspecto_s daquilo que
eu considero uma desigualda.de uni~ersal nas avaliações culturais
dos sex os. A mulher pode ser importante, poderosa e influente\ mas
parece que em relação ao homem de isua idade e de seu status social ,
1

a mulher em todo o Iu.ga~ carece de,~_oder reconhecido e valorizado


culturalmente. A aval1açao secunda 1a da mulher pode ,
ser aborda-
,:1

33
1
1

da por inúmeras perspeci as A . . .


pies expla nação causal prop~nhqui, ao inves de oferecer uma sim- ticos que levarão às donzelas, que tomam a iniciativa da corte, a se
do a aspectos periódic~s da . o
1
tn:
modelo est rutura\ relaciona- interessa rem por el_es.

!
social, uma oposição entre a p;; ~ºn~ag e..d a or_ga~iz,~ção cul tural e Mas também limites de variação. T o d a sociedade~onhecida
llomésti cos ou "públicos" d Ih çao domestica e laços extra. reconhece e elabo ra alguma s diferenças en tre o s sexos e embora ha-
sã~ primordialmente 3:cessív!s~~s ~~~~~~
e;ss;~~as dsoci edades,
jam grupos onde os homens vestem saias e as mulheres calças, cm
todo lugar há tarefas, maneiras e responsabilidades características,
tenormen_te desenvolvida em alguns dos ou.tros artig~rs ~!;t;,li~~~- especialmente associadas com as mulh eres ou com os homens. Es-
nos p~rmite compr~ende_r irúmeras características gerais dos papéi~ tudos transculturais da educação dos filhos ( Barry, Bacon e Child,
sexuais humanos e 1dent1ficar certas estratégias e motivações, assim 1957) revelam certas d iferenças de temperamento entre os sexos e
como fontes de ~a\or e poder que s ão acessíveis às mulheres em oru. estudos sobre os adultos indicam que é a mulher e n ão o homem
pos hum a nos diferentes . Como tal, prop.orcionam uma 1·n•rod º - que possu i a responsabili dade principal de criar os filhos; este fato
· · "f d • uça o
p a r a varias antes e P?der" para a mulher, as quais serão deta- parece tornar improvável que na sociedade as mu lheres possam ser
lhadamente tratadas ma,s r rde nesse livro. caçadoras, guerreiras ou algo semelhante (Brown, 1970b). D iferen-
ças na constituição física e especialmente na resistência e força, po-
dem também levar a diferenças na características das atividades
i Desigualdade nas Avaliações Culturais dos S exos masculinas e femininas.
1as, o que talvez seja mais notável e surpreendente é o fato de

\ 1
O fat o de que os Ocidentais começam a aceitar os dons "natu-
rai s" d o homem e da mulher como fortemente necessários, natu-
que as atividades masculinas, opostas às feminina s, sejam sempre
reconhecidas como predominantemente impo rtan tes e os sistemas
culturais dêem poder e valor aos papéis e atividades dos hom ens.
\ . rais , ou universais (como se deve ser leva.do a esperar de uma pers- Contrariamente à algumas concepções populares, há pouca razão
pectiva etnocêntrica), primeiramente foi enfatizado no trabalho de para se acreditar que ex istem, ou ex is tiram, sociedades primitivas

\
M a rgaret Mead . Em suas 'palavras "se aquelas a titudes tempera- matriarcais, o nde a mulher predominava da ·mesma forma como o
m entais tradicionalmente considerad as femininas - tais como passi- homen: nas sociedades atua lmente conhecidas (veja Bamberger,
vidade, sensibilidade e disposição p ara alimentar os filh os - podem ness~ livro) . Parece ser universal uma diferença nas avaliações cul-
facilmente ser colocadas como padrões masculinos numa tribo e em turais do homem . e da mulher, na im p ortância atribuída a eles.
11 outra assimilados pela maioria das mulheres assim como pela maio- Me~d reco~ heceu 1~so ~o obser~ar que "qualquer que seja a o rgani-
\ ria d o s h o mens. n ã o temos mais qualquer base para considerar os zaçao relac1_ona9a a origem ou a posse da propriedade e mesmo se
aspectos de tal comportamento como ligados ao sexo (1935: 279- e~sas orga_n1zaçoes aparentemente fo rmais sejam reílexos das rela-
80) . A té certo ponto Mead estava certa. De fa10, há grupos, como çoes _coníl1tu_osas_ e~tre os sexos, os va lores de prestígio estão sem-
os Anapesh da Nova Guiné, 1
onde nenhum sexo mostra muita pre ltg~do_s as at1v1dades do homem" ( 1935: 302). ·
agressão ou despotismo e h á soc~ed ad~s sem,elhacnes às nossas o_nde ao e somente esta a dificuldade a ser do cum entada Encon-
as crianças de ambos os sexos sao mais ego1stas do que os meninos tramos em al~umas partes da ova Guiné, por exempl~; que as
de out ras partes do mu ndo (Chodorow, 197.l). O mesmo tipo deva- mu_lheres c~l~1vam_ba_tat~ doce e os homens inhame, alimento de
ri ação relaciona-se a quase t odo tipo de comportamento que se pos-
;ator prest1_g10 e d1stribu1d o nas festas. a socied ade Filipina estu-
sa pensar, ·há socied ades onde as m ul heres comerciam ou cultivam e
ada p~r mim, os homens caçavam em grupos enquanto as ~ulhe-
o utras onde os homens o fazem; há sociedades onde as mul heres
!.ão rainhas e outras nas qu'ais elas sempre se submetem ao homem· res ~ultivavam, em sua maioria individualmen te e embora o arroz
cm alguns luga res da ova Guiné, os homens (como as mulhere~ c_ulu_vado por _elas tenh~ _se torna do o suprimento alimentar de sua
vitorianas~ são ao mesmo tempo puritanos e namoradores, receosos f,imi lta: seu ahmen_to basico, a carne sempre foi compartilhada pela
de sexo. :11nda preocupados com a magia do amor e com os cosmé- tmun1dade e o ah_mento mais valorizado. O mesmo padrão preva-
34 ece em outras sociedades caçadoras, onde as mulheres podem aju-

35
~ , h· - à política conseguem iníluenciar decisões
ue sao estran a~
. . m ,s su.1 d1smbu1~lu cumpete au hurnem e a carne, .l~ rcs q. . l en'"' gritando o que pensam.
fi . considere as comunidades do gueto ju-
d.H nJ ~.1 -~~. r·aw: nutntiv.1s e nuLes coletadas' pelas mulheres, e
C\)~~::~:nt~ vdlomida e uistnbuidJ Entre os grupos aborigc~es na
públicas simp esm
I
Para ~m c:\crnp o ::t
1
Zborowsk1 e Herzog, 1955). essas co-
datco da Europa Onen _ issuiam extraordinána influência. Elas
e
Au tr:lh.1. •ornente J c.irnc, J qu.il o homem distribui. considera-
mun1dad1.;; JS mulheres P fiantes cuJ~S filhos eram seus arnmos
d.i um "llhrnento" .1dequado (ICtbc:rry. \939).
E\pre oc cu\tunm da desigualdade_ sexual podem cc;tar asso- c::ratn fortes, mães J~t~~c:e~enque1ra• condunam a maioria dos
ci.1d.1 - :t ecunomi..1, mas freqüentemente sao encontradas cm outros k.J1!'>, como_ comun1 t mulher man~inha o controle da contab1-
dom,1110 de ,1t1vidade Entre os arapcsh. c~tudados por ~\cJd c,cntm pofhucos . not adr:,tªava as despe as familiares; e finalmen te,
(\Q3, \91\),ospapéisdohorncr e da mulher à?vi t~scomocoo-
hdade e e el1vamcn e I b Ih d •
n.1~ famílias prósperas elas e não os homens eram os tra a a -~res,
pcrat1vos e comp\ementános. m.i.s umu esposa e considerada pelo cuidan<lo dos negócios familiares. geratmc:r.te uma pequena loJa lo-
seu m.1rido cumo uma 1rmà e durante os ntua1s masculinos dom1•
c.tl Ainda, Jpesar de tudo isto, as espotas se sub~euam a seus ma-
n,mtcs \qu.1ndo o homem toca nauta sccret.is) ela tem de agir ridos e sua maior alegna n.1 vida era • r um \ arao. O trabalho de::
como um,1 criança ignoran te. Entre o vmnhos Tchambu\i (Mead.
uma mulher era recompensado ao ter I m filho es~udant~. um_~?-
\935), liS mulheres eram negociantes controlando a economia fam1-
mcm cuJas at1v1dadcs rc-ais tivessem pouca rnílue_ncia na vida diana
liar. Jà os homens eram artistas e: e pec1ahstas cm r11ua1s. e: embora
dS mulheres tivessem pouco respeito pelos cgredos ma culinos. elas dJ comunid:idc, mas quem permanc:ccic:, todavia, co1110 sua fonte
aindu achavdm necess:irio aderir e se cngaJar na ordem rnual que :?.S de orgulho e valor moral. seu ideal cJltural
ca rJctenza~a como inferiores aos homens. na moral e no conheci- Tomados 1ndiv1dualmente, nenhúm de:)ses exemplos é sur-
mento. Em algumas sociedade afncanas .:orno Yoruba (Llo~ d. preendente. embora esteJ..im todos 1nt~rligados. Em todo o lugar.
1965). novamente. as mulheres podem contrclar uma boa parte do dessa) sociedades poderíamos denominar mais 1gual1tánas aquelas
suprimento a li mentar. acumular d1nhc1ro e negociar cm mercados na!) quais a estratificação suual é ma1s rmarcada, os homens são os
distan tes e im portantes, mas quando Junto a seus mandes, devem focos d-:> valor cultural Alguma área de c1t1, idade sempr~ é er.cara-
aparentar 1gnorânc1a e obc:d1ênc1a. ajoelhando-se para servi-los as- j da como exclusiva ou predommant;:rn;:,te masculi na e então opres-
sim que se sentam ~ esmo os l roqu1s quem. segundo ~t urdock, ~1va e provavelmente importante. Esta ob );:-. ação tem seu ¼OfOlá-
.. de todas as pessoas da terra se aproximam mais :numamente da f ..LJ.O no fato de que em toda a parte os t, Jm~n · lcm alguma au1onda-
formJ. h1potét1ca de sociedade conhecida \:Orno matnarcado" ( 1934· de obre as mulheres. po::.::.uc:m düc:ito lcg1t1mado cuhuralmente
302), não eram governados pelas mulheres; lá as mulheres podero- para a subor_di~a .à.o e confiança dcl Ao mesmo teP1po. cena-
sas podi am 1nst1tu1r e destnuir suas lc:1s. mas os chefes lroquis eram ment_e , as p_ropr~as ~ulheres e~tàa longe de necessitar a;uda e seja
homl!ns. ou nao sua 1níluenc1a rei.:0nhec1da, elas exercem pressões importan-
Uma outr a lorma de subordinação cultural é revelada ros cos- 1 t:s n_a vida soc~al do grupo Em o utr.1s palavras. em .,árias circuns-
tumes ltngüíst1cos das mulheres da tnbo Mcnna cm \.iadaga\Car tancias a auto~1dade masi.:ulina pod1..1 ser muigada e talvez reduzida
(Keen am. 1974). Percebe-se ali que elas precisam aprender como fa- 4uase a 1n<;1gniftcància pelo fato das mulheres (atra é d ·
lar indiretamente a fim de serem cultas, sofüt1cadas e respcitávc1~. • · - 1 v s os mexen-
.:os ou gntu!I, .:o ocaçào dos filhos contra os irmãos, d1ri indo o
Ao invés de serem ag ressivos, os homens são mestres no c~tilc for-
mal e insin uan te no discurso públtco. As mt.lhcres, ao contrário,
1 negócios ou recus<1ndo-sc d cozmhar podere
lante mfiuenc1a nãa form:.11.ud. e õ.i '
. g .
m possuir uma tmpor
s

são aconselhadas a não aprender as sutilezas da linguagem polida . autoridade masculln 1 " mu)h P ~: · E~quanto reconhecem a
· · .. ., eres pu ue»1 dt · t
São, com efeito, culturalmente idiotas, supondo-se que ela., falam pnos 1ntcrcs1es. e em lermos de :: .. c ...,(h • ngi~ a para seus p ró-
sem pensar. E na ideologia pública, novamente, a, mulheres do in- 1níluem.:1.1 quem e como O pod ' ~s e decisocs reais de que m
feriores. Contudo elas também possuem seus métodos de inílucn- ,
con 1dc:ravcl e sistemático · er ex.erodo po r e Ies po d e ter efeno
.
cia; nas reu_ni ões pú~hcas os homens se agrupam murmurando pa- bta d1,t1nçào, entre DOdcr ~ a . . . .
lavras evasivas e pohdas de opin1õcs discretas, enquanto as mulhc- l.c, habl11dadc cm ganha li lll.Qridade leg1L1mada cultural-
36 r con ian e reconhecimento de qu e é

1 37
\CJa 1nportantc e a sociedade cstcJa constrangida e dirigida em seu
dcscnvo!v,mento por fato, de natureza física. acho d1fic1l perceber
como c~~cs dados poderiam induzir a J\·ahaçõe morais A pesquisa
'1111 ,. • . \Ln é necec.,ár,o lembrar que b10!6 1c.1 pode ilu,trar .a ocorrcnc1a na~ tcndênc1.as e pornbtlidades
tor1cl.1dc lc{t1llm., o u,n do poder. n.lo o e, otA e humJnu,, mJ, nfo pode considerar a interpretação desses fatos
lente d~ r~ump~..n'4à11,, tnn\foLc \k-•níor ; ~. e ~~- 9":~idJ!i num.1 ordem cultural Pode contar-nos sobre a proporção das dota-
Çl' , dos grupo\ ou de 1nd1víduos put1cul rcs. mas não pode cxpli-
m w,p~\4l o dt t\lienl~ pod~ Kf. A..Ui~ta •• mulhc,c.a
CM o (ato de que cm todo, o, lugarc u t ltur,H lem determinado o
ter con,o\ .iu\ humcn E,tc ,Hpccto ,erà clabor do cm •·r•,, o, po,-
"-'ITI
IIHt, · qu, e nccc,\.\no ,in,plomcn:c o ,cn•r que onhcc ndo Homem como uma categoria opost á \ 1ulher err. valor social e 1m-
0 í., \ n I n 1~e r ,., \ li., .iu\or ubdc .,,,ucuhn n o c,t.imo, nc .. nd a port nc1,1 moral .
1mp1H\,1nc 1,1 fcm1nin.1 f ntrclanto, obscnc1 a 'Jr anruçio cultural e social humana
(h tipo, d(' pndcr .-ccu,,c,, a, mulhcru e .u ru~, rela, qu 111 Pir.iírnc ndo Par,on, (1964 5 ), eu sugcrrria que qualquer coisa
c:lc, tcn "liº tradic,onalmentc 1 ,norado,. \trio ndarcc,do, lo tJn gcr,11 como a de11 uald,dc uni.,,ersal dos papéis soua,, prova.
c,tudo lln, .,,pcc.to, d1 por.,:;lo feminina auc arre cnlam pro lc· "'cimente sCJJ o rc,L.ltado de uma conJunç·o de diferentes fatores,
m.1, cc.pcc1,H\ .i in,e,11 ar Cc-mc..amo, per unlando o que fucr f.itorcs cHcs profundamente Crt\lOl\lido, no cstabcJcc1mcn10 das so-
com J ..autorid,ulc maic.uhn•" c,cd ele~ ,\ b1olog1a pode 1er um dclcJ, rnu ela se torna significante
f .:a:itm;tvim~l;-n:õlS:~Ol~i(iS.~" Qual ,u, 1mrort6ncia e: cc-m<' cl• c,ti • ,omcnte se for interpretada por protagonistu humanos e associada
rel.lc1on,1d..a .a nutro, .1,pcclo\ di1 ,,da mucuhn e feminina" L"·:u co~ modos carac,erisuco, de aç.lo (De Bcau~o1r. 196 29-JJ), Pelo
..,e, 4uc n,.t, rclaçÕC\ t.ompln.u cuei,ur co.-nprccnd1du. podemo, ÍJl0 d.i B1olog1a ditar que as mulhere, ,crio mies, parece que uma
pcrgunt.ir corno e cm qu11\ ,,tua õci o, \l\tcrra, muc:ihno1 de .au• an.i 11,c do balanço das for as no, s1Stcma, soc1a1s humanos e da .or-
torid,Hlc ,ào rcdu11do, ou rr.1\1 d0t cry, ,u;a amportAncia, q l.iniu à d;u f.\m1ll.u ô ~ cm partJcul r. prop1oarA resulta-
1~..-,"-"",,,,., g!O't~~lo:..n::tlP>C!~.ilS'.~m1rJ::.cc::c q u .1, \ Upo1 de a; u 1: e 1 dos muito prom1srnru · a d,.scuss.io que segue sugerirei que as de-
,nc,a,, d~o que \1po de \&lorn h \tdu du mulhcrc, s, Jald.tde, .;.iractc:ist1c s n.l upenenc, dos homens e das mulhe-
/1. rnjlflflil do, rei.\\"' d,,pona,c, 1o'l~c .1, ~ela õc do1"ualitá• re, - tki1g.:ald di;s dctcrmm.id.u por s1.1.u or1cnlaçoo cmoc1onais
11,1\ do, -.c,o, tcnl..ar.lrn c,phca lu cm tcrrT•(I• de 1..m,1 ..:au~ un1\·cr• d\) f.i:o de que o 11omen possuem autoridade publica - pode ser
,l\ e nc\.C!,!. Hld E,u, c11pl:.1na óc, dccorrcT d 11 .1firmi1çlo pouco cntcntl1da c1T1 termo . nio d1rct mc"ltc da biolo ia. mude uma rea-
p\.iu,;ivc\ tle que c:m dl "'m momento n.1 h,,tóru h ... m.ara o, homcn 1 l d.ide l..jUJ~C U'll\Cf a: da npcnencaa hum.1n1o o ruo de que cm
"1om.ir.1m" o pot}er d.t, mulhcrc, ll·nKcl, 1~91) '. r:o, rcli110, m 411 r1u1t.i, ~oc1cdad .s trad1c1ona1s • .Jm.a randc parte da \Ida adulta fe-
,up.e,11...,,), rcl,1c,on do, • dna .ialdaJc v.~ual 1 1nve1.1 do homem m,nin.1 e g.istJ n.i er• io e cna~Ao do, filhos. le\a i d1fe~enc1ações
do, p0dcrc, rc:protlut1vo\ fcm,'l,'10\ (tk'tclhc1m, 19q) ou .10, U• d.a, c,fcr.u domcH1.:• e publa~ de .u1"'iJ1odn que podem cu penso
pcLlm dm d01e, h1oló •~o, humano, ( BH'1•1ck. 197 l) [),ferente, ,cr mo\trad,H pu.i. d·lanco1r ,.ànos upcctos relevantes d~ cstrutur~
\:1c\o'i hormon.11,, ni"c" de .11,..,,ú•dc ,rÍ•nt.l, capa .. 11!.nte1 \C\Uill\ e dit p .:olo •1a 1X1<1I humu•• •
llU oricnl.&<;ÕC:\ crnoC1on111 foram propottr>• tomo fontu poutvcu
de ,ubordrnuç.\o da, mulhcrc, .1n, homt'"I
MJ, parece ruo.ivcl pcq~unt.u o que o, f.1ro, ó11pon1.,cu ou•
rHomcs,a de 1nfo~m,1çõc1 futura, (dcr1v:.1du, d11•mo1, de ""'lln ·o,
n o, e<;ludo~ b1olog1co, ou na pc:,qu1u .1rquc,1l611 a\ podem no,
conlar Ele, c,plicanam o fator con,t1ntc no, t "'' ~., n • ~ ~.uc ~ uc sera ,isto que uma opos1~ão entre "doméstico" e
• •u 1a, •e ~ prop rcaonarâ I ba~ ..,1 ~ 1 ..
creias d o~ Ar,1pc~h. J falta de ,utdcu da rT'lulhcr \1cr,n h 1dcntif,c• io d .,, .JMl e 5 lrutura n ecessana para
1 laçã o da c!>po,a Yoruba" Embora não h.iJA du..., 1 ,~ d• • oub• •Ju• 'pc 'iu,s.1 o lugar do ho d 1
~ ~uc • 10 10 •• tos ps,col6 cos culturais merr. e a mu her nos aspec-
)8 . Domt~t1co" .' . \0<:1a1s_e econôm•cos da vida humana)

\ • 1;orn0 e usado aqui. \e refere àquelas instituições e


39
modo!. mínimos de atividades que são organizadas 1med1atamente
cm torno de uma ou mais mães e seus filhos: "público", se refere à
at1v1dades, instituições e formas de associações que ligam. classifi-
cam , organizam ou incluem grupos mãe-filh o particulares. Entre-
tanto, essa oposição serâ mais ou menos saliente em diferentes siste-
mas sociais e ideológicos, propiciando um a est rutura unl\-er ai para
co nceitualização das ativid ades dos sexos. A oposição nào determi-
na estereótipos cultu rais ou desigu aldades na \ aloriza õe do~ se-
xos, mas an tes, subordina-as a sustentar uma 1dent1ficaçào muito
geral (e para as mulheres, freqüentemente humilhante) das mulhe-
res com a vida domésttca e dos homens com a pública. E sas 1dent1-
ficações, por si mesmas, elas próprias nem nece ánas nem deseJá·
veis, podem ser ligadas ao papel femtntno de criar os filho : uam1-
nando suas múltiplas ram1f1cações, pode-se come ar a ente nder a
nalurew da subordinação feminina e os meios pelos quais pode ser
superada.
Embora o fato das mulheres gerarem e alim entarem os filhos
1
aparentemente não acarretar vínculos predeterminados é oportuno
proporcionar um enfoque para a mais 1mples d1sunçào na d1stn-
bu1ção .idulta do trabalho de todo grupo humano A mulheres s.àQ
absorvidas pnnc1palmcn~ cm ativid des domés 1cas devido ao-\CU
papel de mie uas at1v1dades econõm,cas e polittcas são restringi-
das pelas responsab1ltdades nos cuidados com os filhos e o enfoque
de suas emoções e atcn õcs é paniculamt.a e dirigido para os tílhQs
e o lar. Assim. Durk.he1 m, por nemplo. fo, capaz de especular que
.. hâ mutlo tempo atrá.:. a mulher foi re~irada dos af.ucre~ m,htares
e públicos e consagrada a vida in teira à St;a fa~11ia· 1964 60 E
Stmmcl salienta que a mulher .. por cau~ de s:.ias funções pcculi.1-
res ..fo1 relegada à Jll\ 1dades l1m1tadas ao 5<t. lar, confinada a devo-
tara s1 !Tlesma a um único ind1,·iduo e 1mped1da de transcender as
_rel~çõcs grupa1s estabclec1das pelo casarr.ento (e) familia' ( 1955

Sa •O relatos historicos e funcionais. é surpreendente r.c\se1


dois ~s. como e'TI 1nurneros outros. que a onenuçio domestica
da mulr.e: ~ Ja percebida como um fator crit.co :u cc:nprccndo de
sua p<>slÇao soaal Elia orienlaç1o é dc1tacada d.u esferas de 1t1v1-
!ªª~
=
40
e i-:tere$SCS e,rra-domcsucos. políti.:os e :n1lt:ares pnnc1pal-
cr. ._c associadas aos ho:-:iens. S :nplifiando os homen, nlo •cm
tTa unico comprometimento tio duradouro: :lo cons~m1dor de
emooonalmente tio subrnetcdor - tio pr6,.~o j c parece:
0

no e natural - qC,an:o .i ~la,;io de ;J!'TU mulher com ~u fi-

41
com os Jovens que tendo algu ..
rodem cri ar grupos de com I nh1~s respo_nsab!l1dades na infância i',: O fato de que as crianças em todo lugar realmente crescem
.. " oan eiras horizo t . f - ' , 1'.
com suas mães, pode ser responsável pelas diferenças marcant~s en-
compel1t1vo s que atravcssarri e _n ais e reqüentementc
tabcleccm ·l aços "públic;s .. e cortam as unidades dom'êsticas e es- 1 tre psicologias masculina e feminina e pode também pr?porctonar
. 'd d . super engenho os A . um motivo psicológico formal para os_homens, os quais, _nos ter-
at1v1 a cs e organizações infantis \cnd . esse respeito , as mos de Mead (1949: 168), "necessitam" alcançar um senso indepen-
adultos. cm ª espelhar o mundo dos
1 dente de valor e identidade a fim de se tornarem adultos plenos.
Segundo. Chodorow esclarece o se 'd Autoridade. Uma segundiyconseqüência da º:ientação famili!r
menta precoce de uma jovem d nt1 o no qual o desenvolvi-
ou domést_ica,1retaciona_-se aos aspectos sob os qu~1s ~s mulheres sao
provocação num gruno que nupo e se p_rocessar sem conílilo ou
nca questiona seus memb d vistas pelo resto da sociedade. Percebe-se que estao liga~as a seus fi-
. 1'
sua idade tanto quanto sua habilidade ou suas realizações~~~· on t lhos· elas têm acesso a um tipo de segurança , a um sentido de posse
mente _d ~r~n?m seu status. Isto tanto é uma respon abilid;de q~:~~~ difu;a não acessíveis aos homens. Estes que estão física e social-
un:_i privi\eg_io. Crescer co rno subordi nada pode ser difícil mente distantes de seus filhos podem ter reivindicações políticas e
mac assumiu un,a auto-imagem depreciadora a i'dent'fi e
•I · dT ·1 - . . . •
:e uma
1 1caçao com
econômicas sobre eles; mas suas reivindicações tendem a ser basea-
das mais em sua autoridade abstrata do que no comprometimento
eLI a 1 1c1 mente n ao - sera problemat1 ca. Tais
. mulheres , n un d'1n-
co f
_o -s~ com s;uas rnaes, freqüentemente tem um ego frágil ou um sen- pessoal. Em sua ausência ou falha no desempenho como provedor e
tido 1n~eno do self. Ao mesmo tempo, elas podem desfrutar de uma como símbolo de status, eles podem deixar seu lugar no lar. Isto
sensaçao t.l e bem estar. amor e aceitação durante o processo de se pode ser ·visto em nossa própria sociedade, num pai que desajeita-
tornare':' adult~ ~- _O s grupos de companheiros masculinos, em GOn- damente acaricia seu filho ou nas famílias negras enfocando a mu-
t~aste. sao_ de ?1_f1c~I acesso: status, poder e sentido de valor freqüen- lher (Lisbow, 1967 e Stack, neste livro) e outros grupos urbanos
temente sao d1f1ce1s de alcançar . O grupo de companheiros dos me- pobres. Em partes da Indonésia, os homens gastavam muito de seu
ninos. assim corno as associações masculinas adul t~s. ê definido em tempo em negócios distantes e são tratados como estranhos ou hós-
parte atra vés de sua oposição' à família; e para se estabelecer "come pedes no lar.
homem ... freqüentemente é preciso que o menino se dissocie, ritual- , Mas a própria di tância pode, e freqüentemente o faz, propor-
mente ou de fato. de sua família. este sentido, então, um status fe- ciona r uma base de interação para a reivindicação masculina da au-
minino surge .. naturalmente',' (e mesmo em sociedades que prati- toridade. Em muitas partes do mundo há uma quebra radical entre
cam a iniciação feminina, essas cerimôn ias parecem ser mais uma a vida dos homens - corno reíletida em sua política, nos quartos de
celebração do desenvolvimento natural e biológico do que uma · dormir sepa rad os e nos rituais:... e a do grupo doméstico. Na medi-
.. prova" de ieminilidade -ou um desafio aos vínculos passados), en- da em que os homens vivem à parte das mulheres, certamente, eles
quanto "tornar-se homem" é um feito. não podem controlá-las e elas podem ser capazes de formar grupos
Finalmente, crescendo numa família a jovem provavelmente informais delas próprias. Já os homens estão livres para elaborar ri-
tem mais experiência dos outros como indivíduos do que como pos- tuais de autoridade que os definem como superiores, especiais e se-
suid ores de papéis institucionalizad os form ais; en tã o, ela aprende parados. a I ova Guiné, por exemplo, os homens freqüentemente
como perseguir seus própriosiinteresses obtendo a simpatia de ou- tem quartos de dormir coletivos, uma prática associada com rituais
tras pessoas, sendo educada, compreensiva e amável. Ela desenvol- secretos e a tradição que ensina aos jovens que sua grande força e
ve uma psico logia "femi_nina" . Os meninos, ao contrário, são capa- beleza são prejudicadas e diminuídas através de seus laços com o
zes de conhei:;er a maturidade como uma colocação de direitos e de- lar. Em alguns lugares do mundo árabe (Fernea, 1965) as mulheres
veres _abstratos, de aprender que o status traz auto ridade formal e interagem mais com mulheres e homens com homens, as esposas
de agir em termos de papéis (armais. Se_u sucesso ou fracasso é jul- encontram seus maridos brevemente quando servem o jantar e oca-
gado em termos de hierarquias masculinas, enquanto muitas mu - sionalmente por algumas horas na cama. A interação é altamente
lheres_. como esposas, mães ou irmãs, obtém respeito, poder e status estruturada e limitada e sujeita ao humor do homem . Entre os Tua-
atraves de suas relações pessoais com os homens. reg (Murphy, 1964) do Saara Central, arreba nhadores.de camelos,
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darlc. e:Z poce es-..zbelecer o :-espe::o ac,-::JCO :o:c. 2. a:::o:icaé::. ::~.5ca ~ t: ..::ur a so 1ai que ~ela:a o que são. na m aior pane , as a ti-
,, daces ::os :tome::is. ê.es são . .1•..:m senudo real, 1dcmificados com.
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e através desses grupos de fa . 1.
.d d mt ias ou comp h .
uni a es domésticas· c\assilicad . an eiras que cruzam as
- d'f · ' os em h1erar · d . os homens . A alegação q·ue tem sido fei ta é que esta diferença é uma
sao I erenc1ados e m seus a éis E . qu,as e conquista, eles
agrupamento e diferenciaça-po p . sses sistemas de classificação ,, . necessidade fu ncional da família como um grupo social (Zelditch,
compreendem a O d · 1955, 1964). Ainda, o aumento da evidência desmente essa suposi-
ta que os cientistas sociais ti . r em oc1a 1explíci-
seu lado, relati vamente d i ri:~~a~~nte descrev~m: As mulheres, por ção e sugere que o caráter "expressivo" das mulheres é tanto uma
tura, quanto de uma cul t ura a out ª\c~mpara_v~1s tanto numa cu l-
ração com as dos h
enuncia -
- - ra . ..,uas atividades, em compa-
011:ens, ºª? sao relativamente envolvidas com a
ír
i'
interpretação cultural ou clichê, quanto um reflexo exato dos meios
pelos quais elas agem e pensam.
Seguindo Ourkheim, se d"esejarmos supor que a estrutura e a
mos p çao ~ expre~sao das diferenças sociais. Portanto, encontra- 1
na tu reza das próprias relações sociais influenciam as percepções
r ·; muitas soc,edades relati vamente poucos papéis institucio ,, culturais e os modos de pensamento, podemos agora ilustrar essa
na 12 ª ~s para as mulheres e poucos con textos nos quais possa~ 1~ rei vindicação da ciência social longamente sua tentada. Isso reflete,
verd~de1ram,:nte clamar,p o r seus direitos. As contribuições femini-
nas as relaçoes ext_ra domésticas raramente são explícitas, à el as é
t não uma tendência natural e necessária, mas um terna cultural mui-
to geral. Desde que as mulheres necessitam trabalhar num sistema
dado um papel social e uma definição em vi rtude tanto de sua idade ~
~
social que obstrui seus objetivos e interesses, elas tendem a desen-
volver meio~r. sentir e agir que parecem ser "intuitivos" e não
quanto de seu relacionamento com os homens. Portanto as mu lhc-
re~ são concebidas quase exclusivamente como irmãs.' esposas e '
1
! sistemáticos - com uma sensibilidade à ou tra pessoa que lhes per-
rnaes . Enquanto os homens alcançam classificações como um resul- l mite sobreviver. Elas podem , então, ser "expressivas" . Mas tam-
tado de conquista explícita, as difere~ças entre as mu lheres gera l- bém é importante compreender q ue estereótipos culturais ordenam
mente são vistas como o produto de características idiossincráticas, as pró prias observações dos observadores. Ê porque os homens en-
tais co_mo temperamento . personalidade e aparência'. tram no mund o de relações sociais distintas que{para nós se confi- '/-
P elo fato das culturas não proporcionarem urna classiftcação gu ram como jntelectuais, racionais ou instrume'm.ai s:;le o fato das
social distinta para tipos de mulheres e seus interesses, elas são vis- m ulheres serem exclu ídas d este mundo faz com que elas pareçam
tas e passam a se ver como idiossincráticas e irracionais. Bateson, pen sa r e comportar de um outro modo.
por exemplo, relata que "frases estruturais" de mot ivos e relações !'atureza e ~ulrura. Há ainda uma outra implicação dessa dis-
são pronunciadas entre os homens na cultura latmul ( ova Guiné), cussao. a medida em que os homens são definidos em termos de
enquanto "entre as mulheres as frases ,emocio nais das razões d os sua conquista nas instituições sociais elaboradas, eles são partici-
comportamentos são muito mais freqüentes do que entre os ho- pantes, por excelência. nos sistemas das experiências humanas feitos
mens" ( 1958: 253). Também sabemos que os homens la tmuls são pelos homens: um nível moral, o mundo da "cu ltura" é deles. As
dados a exibições teatrais de status, enquanto as mulheres se com- mulhere~, ~o~ o~tro lado, dirigem as vidas, que parecem ser irrele-
portam de um modo despreocupado . Novamente, Landcs fala _vantes, a distmçao formal da ordem social. Seus status é derivado
sobre os Ojibwa que "somente a metade masculina da população e d_e seu estágio no ciclo da vida, de suas funções biológicas e, em par-
suas atividades enquadram-se nas regras tradicionais, enquanto a tic~lar, de seus laç~s sexuais e biológicos a homens específicos. E
metade feminina é deixada a um comportamento espontâneo e con- n:'_ª_1s,.~s ~u.l,heres ~ao mais env olvidas do que os homens nos rnate-
fuso'·': as mulheres bem sucedidas podem rivalizar os homens cm nats SUJOS e per_igosos da existência social, dando a luz e pra n-
suas conquistas mas "elas não as perseguem da forma sistemática tean d_o a morte, alimentando, cozinhando, desfazendo-se das fezes
masculina" ( 1971 : v). As vidas feminin as parecem desestruturadas e e ~quival'!ntes. Conseqüentemente, encontramos em sistemas cultu-
"espontâneas·· em comparação com as dos homens. _._ ~ X C, rais_un:ia op.~siçào d,:corrente entre o homem, que em última análi-
Tais percepções, certamenle, não são exclusivas de culturas se st gnt0ca cultura . e a mulher que (definida através de símbolos
exóticas. mas parecem ser quase gerais. o Oeste, estudioso de qu.: saltent_~m suas funções sexuais e biológicas) significa "nature-
Ourk.heim e Parsons disseram que as mulheres são mais " afetivas" za e frequentemente desordem 10 _
ou "expressivas", menos "intelectuais" ou "instrumenta is" do que . Este ponto é elaborado no artigo de Ortner nesse li vro. Mas
46 isso pode ter valor enquanto uma revisão de algumas de suas impli-
47
nidas como perigosas, ujas e profanas, como algo a ser colocado
c.1.;.xs aqui. O qt.:.e tal,u seJl mais surp~endente e_o fato de que de lado.
- • , ~ rr· ...... r · fr ü nt m .~~ ~1:a:n em or~o Alguns exemplos podem esclarecer est~ posição. Em m u1t2~
-- -· - g, .;~ o · :-:~... ~ : · fcrt? \id2dt ma ernidade. ideologias patrilineare (veja Oenich, nesse livro) as m ulheres são
5'c,.::- : :-r.cnstru:i Ao. E J mulheres. como e po a . mães. b ru, as. e nca radas como desneces árias ou supérfluas, enquanto ao mes m o
~.1r:c.:-as. irc1r3s u r stituta , sã definida ua e c."<clu ivamente
~r.. te:m . de su.1 f r., · · e,uais. Uma bruu. na tradição euro-
1 tempo vitalm e nte importantes aos homen · ão n ecess_ária como
espo a . irmã a e r trocada p o~ e po as e como procrradoras ~ue
póa. e m.1 :nulr.cr que d rmc: om o diabo e uma freira é um2 mu-
produzem trabalh adores e herdeiro para o grupos. P~r serem im-
!::c: -.ic ;:JS.? c"n seu D e . Além di o . pureza e profan ação ão
portantes, e las são poderosa . em bora eus poderes seJam º: s: s
:de,.?· .!ph das pnnc1palm c:nte à mulheres que pre i avam negar
i n ;m.1s f :-:r.:ii . Uma mulher. por exemplo. pode se r medi adora
se-.:s - rp.:>s ou -irc-.:.ns.:re'"er ·ua sc"<ualidade perigosa .
.\{~-:~ es c,'r>:,, .vwmalias. O iato dos h ~ cns, ao ontràrio da
1~ entre seu própr io grupo familiar e aquele do home m com quem ca-
·ou: suas manipu laçõe e esco lha dos a liado_ mascu li nos pode se:-
de importância de i i, .:! para ua familia Em tais itua ões, as cu l-
mt!lheres.. poderem ·cr ! ::tado - m 2 cultura. rc etc um outro
..li?O::..:) cas .::ciin: '.3es e l:ura:s das mu lheres. E slUdos recentes da
.:L.!: r.? .::r.:~ ,.. l:ca _:.:gen:3::i que p r .-:.a:s que viole o sentido de or-
i tuia podem e labor.:ir 2 idéia de ua profana ão: as atividades fem i-
nina ão re tnng1dJ pelJ denomina ão de pÚigosa-. por torná-las
ct~ da s.: - ed3ce. e.a : · :2 , 1s,3 .:cm am es adora, sord1da, de or- a lgo para 5e temer. D oug la ( 1966). p o r e,cmplo, fala sobre os Lele
de:.2ca 0 .. er..ad l... D :.;glas li ~ ) chamou i· de ··anômalo··. A de · asai no su l da .\ fn.::a o nde o hom e ns. que são d e per.denies das
tCC!!. de o:.::e::: depcr:àe log1camente cia "desordem·· orno eu mJnq:rn la õc poh t1ca · iem m ina . têm medo d e omer os a limer:=os
;:-o. tc . J?. .! ~ --:~2.àc :c:.l :0~r 1 o de ?ado . oz1d o· pel:! :n ulh ere -ien tru.1da e ngor sarnente ·e abstêm àe
g0ra e:.: · .1gcr:;:2 c.:c a :nulhcres err. .::ui.as sociedades io· - ·e,o e do. on:at o cem --n ulheres profana ar.:e · de qua lqu~r c,en ;o
se::-- ,.s:2-5 c~7::c a:g H2.n · ms: ·~ ~ 3 med1Cla e:r. ~Lo.e os humcns. •~porta,,.e C:n cas0 e,::cr.io e .1_o r a ela ic e r~la,ad o ;:,or >!~-
:.::: SL.:S ~a-5c$ .:- ..:: · nah 2ad da iarn1i:2. p h:ic.1 e 2 ·s::-:; p r '
1 g~ , ( 196-!) ~~ :-.: 0, .1 G.::ne . O \ Ll e Enga cos ;,ai es a lt _ ~!denta;_
l:CJ!.. 2s ;nciheres :ic se:i cpost O nde 1 ~1zer:1 q ..1c ele .::Jsam .::o:11 seu m1 m 1go ·· . a - m ulhe;:-•s •ão aran-
er.:. :e::n ê c -b s 1:: a;ões e p iooes t,_
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:.~
menta, mas são as mulheres e não os hom
mente considerada uma bruxa. Em seu estudo dos up e na 1ge-
tempo e mais alto, ou por outro lado são fns q~e choram por m~is '
it•
ria, ade! ( 1952) descreveu uma situação onde, a despeito de um a
sofrimento à morte Eml M d ' orça as a mostrar maior ?
d· · ª agascar, por exemplo, as mulheres , , política e um sistema religioso orientados pelo homem, as mulheres
~nçam com os ossos de pessoas mortas (Block 1971 )· M d' . se transformaram em "caixeiros -viajantes'', adquirindo um a renda
raneo as que pe d , , no e 1ter-
' . r eram um parente próximo são obrigadas a usar substancial para si mesmas. E mais, essas mulheres tinham acesso a
roupa_s n~gras_ o resto de suas vidas. Em algumas partes da ova contraceptivos e sexo ilícito nos mercados afastados , desa fian do
Guine as Junç?~s dos dedos de uma jovem são rompidas quando há uma norma dominante que determina a reprodução como prer ro-
~orte na farrnlia;_as mulhe:e~ índias de castas altas costumavam se gativa e direito do marido. Eptão, os upe passaram a con~iderar
arremessar nas_ ~1ras funeranas de seus maridos e em outras partes as sociedades das mulheres negociantes como comun idades de bru-
do mundo as viuvas eram estranguladas, cometiam suicídio ou algo xas. Desse modo eles reconheceram o poder real das m u lheres en-
semelhante. 1
quanto o classificavam como ilegítimo e errô neo .
O conceito de que a ,viúva é anômala - de que ela, ao invés do
fant~sma da pessoa morta ou de outro parente próximo da familia, Produção. Um reílexo fina l da oposição entre as esferas domés-
precisa suportar o peso d a perda - parece ser mais elaborado nos tica e pública de atividades é observado nas relações de pro dução,
grupos nos quais uma muther é definida exclusivamente em e atra- no lugar do homem e da mulher na vida econôm ica. Aq u i h á u ma
vés de suas relações masculinas. Harper ( 1969) ilustrou isto num a r- dificuldade especial de generalização porque as atividades econ ô m i-
t igo sob re as altas castas Bramanes no sul d·a l n d ia. Entre os cas femininas são realmente variad as, desde as tarefas domésticas
membros deste grupo, o casamento é visto como uni fato necessário da mu lher americana aos negócios de longa d istância d a africana .
ma s terrível da maturidade feminina. As meninas são perdoadas Mesmo que a organ ização econômica femin ina pareça ser menos
co mo crianças peq~enas porque seu·s pais se compadecem de seu pública que a do homem, as mu lheres tendem a tra ba lh a r indiv i-
destino 1.minente: antes da puberdade elas são casadas num grupo dualmente ou em pequenos grupo s organizados livremente. E os
que não contenha nenhuma de suas parentes; elas são suboidinadas produtos do trabalho feminino tendem a ser destinados à famíl ia e
a uma sogra hostil e para assegurar sua pureza e dedicação exclusi- ao lar. Mesmo quando estes são d istribuídos na comunidade am-
va a um único h omem, lhes é negado um papel nas a tividades pro- pla, freqµentemente é para maºnter o prestígio masculi no .
dutiva s I! são confinadas no lar. Diz-se que uma mulher deveria re- Vários artigos neste _li vro m o stram as conseqÚênéias dos dife-
rnr para morrer antes de seu marido . Se ele morresse primeiro, ela rentes tipos de trabalhe feminin o, assim como o s .meios d i fere n tes
c o mo uma estranha é a mais provável de ser suspeita como fonte a través dos quais as próprias ,capacidades reproduti vas Je m iniria s
mí s tica da m o rte . Quando estas po bres mulheres, excluídas de-qual- são integradas na vida eco nôm ica da sociedade (en t re outras, vej a
q•Jer pape\ social como indivíduo. enviuvam . de fato tornam-se Sacks). Mas qu alq uer que sej a a variação , es tá claro que a o rien ta-
an o malia",, so ciais, ~em significado ou lugar . Os outros as vêem ç ão relativamente doméstica e particu lar feminina con segue uma
co m o p á rias, endemoniadas e envenenadoras, elas são desprezadas vasta amplitude nos grupos sociais . Em mu itos grupos caçadores.
e temidas . Ê significante que os grupos de casta baixa, na mesma á- p o r exemplo, tanto o homem q uanto a mulher podem caçar e cole-
rea, nã o p ossuem tais crenças sobre as viú vas; ali as mu lheres tem t a r, mas so mente a coleta é c o nsidera da um trab alh o fe min ino . A
u~ pa pel na vida e na produção soci a l e as viúvas casam nova- c oleta re_q~er p ouco p lanej amen to o u orga nização for mal ; os gru-
mente. · · pos fem1_nin os procuram giavetos em conj u nto , cada um a fa z o
F1mdmcnte , as mulheres podem ser ·•ano mal ias" po rq ue asso- mes~o t_ 1po_ de t ra ba lho e ca da um a a dquire os gêneros que po~em
c1eda'1 e\, q ue as li m itam como carentes de auto ridade legal não ser d1stnb u1dos infor mal mente com o s viz inhos mas são usados
possuem meios de reco nhecer a realidade do poder feminino . Essa principalm ente para sa t is fazer.as necessidades indi vid uai s d a famí -
d iferença entre a lei e a realid ade é reflet ida cm nossa pró pria socie- li a. Entre o s llonRo ts. o Rrupo fil ipi no est u d a do por mim, o arroz é
dade quand o nos referimos às mulhere~ poderosas como "feiticei- um prod uto e uma possessão feminina, as mulheres adultas usual-
ra, ··: c1,n oulro'i lugarc, do mund o , a mulher po derosa é freqücntc - (.. men te poss uem suas pró p ri as horta s e celeiros individ uais onde o
50 & ,u.,z,u...ptb<Qf)/ ~ b>Y\& ...cu> ~ 0 b . s1

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----------

.\! ~-::-:o a · c omp leúiad es dos casos p ar~icula~es. n20 erríra-


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cs:c..:a..:!a. ~!es~v Qj,.J..nCo ~s t:o::::c::s :a.;.!::-..r:d:, :::t:a!men:e, se- phca ões do pode r. do ,alor e do s ta :us :-er:-: !:1 1::_o _er:-: v2n2.s e::un-
-~::-. e , e::éen: i · .;. ~,;.1 . e le:; .! t.r - • , :ic- $ de ?--CS~gio -½l!e · - o ci;...;õe · :u ,scu.:u:Jis cos ;JJ:J;:1s dom est1ccs e ; u_bncos. E r-ibo:-a o
:.:.,;.ad ?ilª pagaa:;.e-t - ·_ <l -es, - e i;idenizações e.. cas0 r.1vde lo n ão ;enh a 1;-:1phcaç õ es r. ecess:ir:as om o ruwro . :ios permi-
de ror.,e:!da Fina'. me:ne. Ba:eson .:cr.1e:-:: :i. ~:1e n.1 .:iedJce LH- te ,den :ifica~ d ois i1Do d e ar ra:i~os e·: ru: ura :s q:.:e e '. e \·3 iJ1 o scat.rs
::,ul {~ C\ :1 Gume) ,3:: 0 o home::, q:13.1,.:- .:;. ::-.utl:e: ?e;.:.;.r.1 ;:: .1: :1 .1
rem:nino: a s n1 ulhe~cs p ode::. ~::::-ar :1 0 :n Lr.do pC::::,l!co ou os ho-
a!i:-:e-:::1,;ão. poren quando .1s r:1dheres ;;e;~m "não h:i nen!-:.1r.1
men· :1 0 la r .:_ Ob -er\ ando co :-:-.o as :1;ulhe:-es r:13:::pul2.r::.m , e(3bo-
c os es:::71ulos que os home::s :ntroduze::-. e:1, si.::;.; e~pedi-ccs ce
pes.::i . .:.ld;i. r.: ul her Jnóa po: ; : :r.esma pa;a fa:c: ;eu ::abalr.o diá- rarJ:n ou c:;i fraq ..;ecera:n s uas ligaç õ es dor.;és:1cas. in:ciamos a
n o'" (1 º5S· \.!3). Jpre.::ia ão do p a pe i !·e:n:ninos cor.:o p ro : 2go.:1istas e m v:inos sis-
Er.bo:-a se ~ossa e::.:,x1:rar e, ~.;ões, a si:ua,;.io e:7: ge r.::.I ~ de terr.as soci Jis e tar:1bé:r. :, :ée:itific.:!çfo dos :1pos de !'TI .!dança q:1e as
u m .1 orienta ;io econômica. s cial e e:n -· ~a! fer.a nina, re a t·\ .l· m.i:heres podem rea li zar em :,osso b e:ieficio.
mente r.:ai. individual e p..ticularis.te que a dos homens. Isso rr.e O m odelo me le,·a a s1,;gerir, prime iro . qL: e e s : atus feminino se-
k\a a e'l:p0r novamente ;i. tese sugestiva de E ngels (vej a ad.s . r..:sse rá m:llS ba1'.o nas ·oc:edadcs o n de hã:. :-:,::: iirm e d::-erenci2ção e:1 :r::
li\ rc). segundo a qual a; mulhe:es c~am en\ e h :d.1s nJ "'prcd:..;ão as esfe ras de: at1\·1dades do:n est: c a :: pú b lica e once êS rr:u)n ces são
s0<:1a l"' e com o desen, o lvime:.to da tecnolog:a e óo ca pital fo : a:n isoladas u mas das o ut ras e sub o rd 1r.2das à aL:toridade d e u:n único
relegadas i? esfera domestica. '.\lelhor. parece que :i diferença do-
h~~em. no_lar. ua p osi,;ào e e levada q ua ::co pocie r.i di:.pu: u ess :.!s
més:1co público é tão geral nas formas e.:onõmicas da orgar.:z:i-ão
r~'. ~1nd1ca o es de autondade._ :issu r:i :n d c os papéi_ :nas:ulinos ou
human.! como e:-:: o u:ro s mod 2:los. ciedaées 3,·a r. adas e ca p11a-
e , ... belece:ido la ços soc1.1:s. c:1 a:1 d0 u :-:-. se::tido d e classifica ão or-
hs·tas. embora sejam radicais a esse respeito. não s:lo únicas.
dem e valo r _nu m m u r. d o o nde as rr.'Jlhe:-e;; pre valeçam. P o n a~w
uma .poss1bd1da de .oara a s mul he-es · .:.- er.·-~r •~d o mJ , cu 1·rno'
••- ~ no ........
m

o t: cn ar um mundo p ú :::,!1co para s1 -~-rr. , _ \ la· tal - · d


Fontes de Poder e Valor d es mJ1.s 1.g uahta
. . . . ......
J . ... J . • ez as soc1e a-
~ - \

n as se•am aq uel-, s ", , ~ ua 1·_ - • ~ - - - · b 1·


d . . - - . - - . · • - J '1 J 1e ra~ pu ,ca e
.., ~ ...

A discussão precedente sugeriu que ;i.s;:iecw s caracteris,icos ~~est_1ca sa~ tra g1lmente di re ren -1J dJs. ond e :-ier:hu d .
dos papeis femininos e mas.:ulinos nos sisterr.as sociais. culturais e re:,·rnd 1ca muna a t: t0rid dd e e onde 0 e ~foqe ~ ~".l oro _m _dos se,_o~
eJa o lar. .. '"'-'- . pna v1 a soc1:il
econômicos podem ser relacionados a uma oposi ão universal e es-
trutural en tre o s dom ínios de atividades domc:sti.:as e públi as. ob Pa ra in iciar (e sem es pcciticaç:i.o d ~s _ - . . . .
muitos aspectos esta tese é ba stante simples. Ê :-ãcil. na ociedade "a~·alia;:i.o do StJt l!5 fem. ;·nr.o) e daro \ :.~n~~r~:1~:niculJ:-e: para
amer:.:.lna por e 'l:emplo. ide ntific:u a esfera do mes:,ca da do r:a de clu1das dos '. aço - .:om " • ..,.., .. ~: . - _ .res que s.10 e,-
. " - '- ..• p .!:1.i. rc~ e ----un -cr1r•
casa suburbana e opô-la ao mundo públi co e social da indúsm a . fi - \ 1me ntos e at i, idJde- ,.:.m um _.; e,.ino .. '-'·d'-a . •~--<>Sem
J , . .... , ... na · l set.s mo-
nança e prestigio. Entretanto. os próprios grupo s domésuco s ·ão exemplo \'em da e , cele:ite d escri .lo de C am ~nv_,_JJ\e. Lm bom
altamente variados. indo do a lpendre dos '.\I bu u c;ue são fü r:,emen- oe o velha grego· ·a,al.. .1:sani ll'lo4). Os hopb.11_ ~~~re os pastores
te dissociados da vida de comunidade às .:asas d1s:an:e· do l roq u1s n:is mont.inhas pastore.lr.ao. e n UJ t - men~ '°a~1arr~ seus dias
mente conrin.1d.l· JO lar Uma ~ 1 n o .l~ mulhe res estao e s trita-
( Bro ,, n . 19..,0a). que suste:nam vá nas fa milias e compõe m em si
mesrr.os uma e spécie de cla sse socia l. De fa to, como LJ m phere
mostr.l num artigo p osterior, 3.S \ ana ões n:i est ru:•.!ra do gn:po
lirrn t:.1r seus monm-:m~s. anctaªr
eL ,e, o e o alimento do diab0 .
~~:.n~e. e er.sinada desde cedo a
-T-u.lme rrte e nunca correr
domesuco são principa lmente re::1c1onados :is ,·;mações nos tipos mc:nte la\ a seu dor.·o e se ela oi'h~acu corplho e tào temido que eLI rara~
de poder femin ino. lo nos o os de u:n ho
tempo, pen sa -se: que eia o està convid d . mem por mui-
s:: ., an o para possuí-la. Uma

------,---
vez. casada, entra em negóc ios domésticos ho tis e d istantes onde
ela, podem incitar os homens a agirem de acordo com seus deseJOS.
home~s e mulheres igualmente e ressentem da man ifestaçõ~s que
ou estabelecer uma sociedade dela propnas. Portanto. por e,em-
aproximam o casal Para ela. a unica alegria na vida é o filho que
plo. a mulhe, tradicional ame ricana po~e obte_r o poder enco_bcna-
cresce pa_ra susten á-la. gara ntindo o conforto para quando ela fic;r·
rr.ente. bajula'ldo a vaidade de seu mando (pnvauva_me_nte dmg1n-
velha . A inda. o status futuro de seu filho também depende de su as do sua vida púbhcJ). Ou ela pode forJar um mundo publico para ela
ações .e ela precisa gua rdar sua p rópria pureza e preservar o bom própna . desde 1nmtu1ções de ca ridade até campeonatos de assad os
nom e do marido. Ela não pode se queixar dos abusos de seu mar ido Em outros luga res . t:las podem formar sociedades oc negocios. clu-
a fim d e não difamá-lo. Efetivamen te ela é sua serva e como Camp- bes de ig reja -ou me mo o rganizações polit1cas. através dos quais
bell sugere (\964 ) ele é seu Deµs (Veja Denich, nesse livro) ''. elas forçam os ho mens imprudentes a entrar na linha Entre os Iro-
Entreta nto. out ros a rr anJOS sociais. dão às mulheres mais po- quis (Brown. 1970:i). o poder feminino foi dirigido P?r uma organi-
der e valor. Em algu ns , as opiniões femininas e sua habil idade em zação predominantemente feminina da vida doméstica e do traba-
t ra Lcr um al to dote ou em estabelecer laços com homens específicos lho agrícola; os homen gastavam muit o tempo fo ra de casa caçan-
são fatores importa nt es para forjar alianças políticas ent re grupos. do o u guerreando e as mulheres trabalhavam em conJunto. contro-
Em o utras. sua contribuição e, em particular, seu controle dos gê- lava m a distnbui ão do alimentos. decidiam os casamentos e ge-
neros alim en tícios lhe perm item iníluenciar os homens. O nde ases- ral mente domina\ am os inter esses da com unidad e. ;-,.; ova mente,
feras dom ésticas e pública são firm emente diferenciadas. as mulhe- com o prestigio feminino das sociedades políticas e religrosas do
res podem manipular o s homens e iníl uenci ar suas decisões at ravés oeste africano (Lebeuf. 1963) as mulheres enaram m uitas hierar-
d e estratégi as as mais diversas co mo recusa r a cozi nh ar para seus quias sociais distintas delas próprias.
marid o s (veja Paulme. 1963), ganhar a lealdade de seus filhos. colo- As idéias de pureza e rrofanação tão freqüentemen te usadas
ca r o ma rido co ntra os homens da famí lia ou instigar o que o resto para restringir as atividades femininas. podem também ser usadas
da sociedade pode· reconhcer como uma "tragéd ia .. no lar (veja como base à afirm ação da solidariedade, poder e valor feminino .
W olf. 1972: Collier, 1973 e este livro) Fi nal mente há sociedade Como o mais simples exemplo. poderíamos notar q ue uma mulher
como a nossa. onde as esfe ras d om ést ica e pública são d isti ntas. que é temida freqüentemente detem poder; muitos homens da 'o-
mas or.de as m ulheres são privilegiadas to mand o os papéis mas:ul!- va Guiné acatarão os desejos de suas esposas por medo de que uma
nos ( to rn am-se médicas, advogadas o·u mesmo membros do exeic1- mulher zangada poderá lhe servir comida enquanto esti ver mens-
to) atingem co nsiderável status e p~der. Esse parece ser o caso das truada. ou andar sobre ele deixando o sangue go teja r enquanto ele
rain has cl ássicas e das chefes na Afnca (Lebeu f, 1963). Ent re os Lo- dorme. ovamente. papéis semelhantes a os de bruxa o u pa'rte1ra
ved u (Kr ige e Krige, 1943) por e_x emplo,_ ui:n ~ mu lh er pode_ obter parecem ser usados pelas mulheres que. salientando os aspectos de
r oder. stat us e au to no mi a assumindo a pos1çao de seu marido ou sua posi ão especial ou anômala, empregam poderes unicamente
acum ula ndo ca pital e casando-se com mulheres (os Lovedu pos- delas mesmas. E mais, crenças profanas podem proporcionar cam-
suem ra inhas q ue. nos aspectos ritu ais do casamento, desempe- po para a sol idariedade en tre as mulhe res . Elas podem. por exem-
nh a m o papel de um ho mem ). . plo, colher quand o nas cabanas menstruais, relaxar ou mexericar.
Mulheres desempenhando fu nções mascul1n~s. entreta_n~o . ten - criando um mundo liv re do controle masculino. ovamente. como
dem a co ns tituir um segmento de elite da hu man1_d~de fem_inina: al- Lewis (1971 ) indicou, as mu lheres anômalas ou sem pode r. em mui-
gumas m ul heres na história alcançaram um a_pos1çao do minan te~? tas partes do mundo, podem ser especialmente vulneráveis à posses-
mun do do trab a lho e mesmo poucas co mp~t1ra m co ~ homens po 1- são de espíritos: com base em tal posição, elas formam grupos ri -
ticos ~ se tornara m líderes políticos o u ~a1_n has. !',)ai~ co1:_1un:ente. tuais que rivalizam com as organiz.ações religiosas masculinas. Fi-
nessas sociedades o nde as esferas do mestica e publica sao f_1r~e- nalm ente, as mulheres, tanto as prostitutas mundanas ou rel igiosas
mente d iferen ciadas. as mulheres podem obter poder e valo r salien- quanto as que nunca casaram mas já tiveram relações se>.uais com
tando suas di ferença s dos homens. Acei ta ndo e el_a~orando os uma grande quantidade de homens. novamente podem fazer uso
~ímbolos e as ex pecta ti vas associadas com sua defi n1çao cultural. rosi tivo de sua sexualidade "anômal a" . Por serem temida. e deseja-
54 55
::~2.5 s:::.açêes o 00:-
..::.!.S.. :::~ .:~~:.::::.:::-::a._::-.::::: é: ?-OCe:-: ~:- ,
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: ! .:. ,:...-=::-=..:..;:i: .::.:. S-;.'\..:~=i;::e ;.J:e ca.:- ;;c i:er i.s ::!Jl~!i!S.

~~~:~::;~~~:-::~!::;_~~~~-- ~~c~i/~!~~~?:/~~~~::~~:
:_~~~::-~-~'~ -~:-~~-~~~~ .7:~~,~~~e~~
x:-::_~ 1-i - .:~.:.S ~-!.:-!::::::::: i ;:.:.._~ l.5 e.~ ::e x::!::!iz e ·.e.s:::-::!->
:..i:..5 ~-S.:~.?S.. .:~ =~~:..~ ..:.~ ::..s._~--= te~ ~-Co :- ~-e :.:.s2.::: .:-J::-.~ _:-:,
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C .:,_ ~ =:: .: .:._.;. : ~ -=-f::=: =~~-.: ~ ~{~::~:-:-i::e~.. !::~ \ ~ .!..~ .=. ~: p:-o-
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-:-:- .!..:S ::.::-:.: ~~1-!' ~s Oc:::er.5 ! es-
.!::: -.:~ .::t__.;:-cs. :-1:~ ! ~i.2~.!S- ~:~'-.!...-::?. =-~-a.--=~:::~ pe:--:o ~: -
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=---=..:~ .:-_s :~::.;.:-..5 ~:-z.=..:~:S ~ 2...:-.:.:.~.:~ e 5~_: , ~: _i .r~c ~ -:\L3.: 1
:~~!-_::=.!•L-:: s-=. ;~~ ~ ~=--~-~=:~~5 ::0=e::s ~ :;..::.:.,e.=.. ::e
:..-~=-=- -=~. --=~ ~.::::;::J::::..-;:s ~s ~ ~=:~:i.;õcs ;Ji:bl:.:25. ~ :::~:::~:-~
;,.:53_.:_- _:-..: !:5:·-:.:-~ =-:1~ :.:éi ::e:as. T::..:\ ez e.,:..-e:::c Ce e ~~
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:·~ · :2. .:.!
:·=-::-::::~ :·::_-:.:.:2 S~:!=-~· C2 0 : : : 0 :::.!
..:~::: ,:5 :':c=~::s. ~ v .:.J::v~::~o . .~s :--.;~:·. ~ .:e
:":.!:""eU • ..:0 ::-.

C :-.i:~ -::1.:- ::!"-~: :..:..::: ~ :!":::.:=:!.5 ; ~=- f:cçt.:aE.S :::.!Q..!O.!S :112.S.:~:i-


::..:.:5_ --\~ ~:::...--=..-:~. ~~ e5:...! ~ ...~~ ~~.:. ~ ...:eC.;.de ~ :-2 e 70ral.

e,~ =te-::;:vs s-.:g-e~::: ~:.:=


~ ~:...:'!;:.;~ :-r::...::0 s::::bélt~ ~::
~;.!...-o..~~. ;i~~ ~e :~:-~ :::::]:e~ 2 ;,a:-:e t :-~::--:r:g::-
5 ...."'C.1-S ~ .!~
s.:~ 1.::,:w?.C~. ~~e~ s.e:- :.:~C:?..S ?º=- ~:~ ..:~:::C' :'25,e ;,~=-~ ~ ·olic..:.-

F-~:e:s_ ~~ :·2:.J ~:es ::l.:i


Ce=: .:-..:-=::- L~-~::.s ~ !::.:\J~·--:~:::~:::~~:~ ;k."-
: ~ :·.::-::~:-:::es ~
:·~:-::~ s:..-::~~~:~..2s ~ s~.::a:s .: brc i :S u2is e:..:.s
::.x·.s:::-,:c:: :.::::2 s~ -:~.;.e: ; ~õp.i2. T2s g:J~cs f: rr.inir:o·. la--:r:-
~.:os ~ei~e ~i : .J::,..-~~:0s t. ~o:-Céii ii ~r::1:z.a.Ces (:e \iZ:r.: a:i a !n-
:·.:,::-:2:.s :: 2 C:1: ;::2 r,:_-:; Wo!:, ,cr.:. ::esse !t,ro' Oc! cs cu l,\.!S: .!5 o r-
p .:::::::rocs ;:,.J::::..:as 2frie1..,.ll. sj,J 2-:"eSS'.\ e:s -!5 ::-:1.,Ihere:s ::2 :.!:1 ·en-
55
como obrigatório, nem é desejável para u h é mantido sem muita convicção. E entre os Arapesh. hornen~ ~ rnu-
uma cabeça mais de uma vez O matadorm om_em apoderar~se de L
-
considerado . e o escalpo
agressivo · não excessivamente
- ansioso e· r·
'.
lh eres em ConJ·unto "dão a luz" e "criam"- seus filhos,

part1c1parn
unidos da vida doméstica. ovamente aqui o env~ v~rnento mutuo

. .1 . proporciona uma base sobre . rio de ambos nas atividades domesticas, promove
a qua ?s homens facilmente classificam um ao outro ou e comp 1cm enta , · · 1· · ·
entre s1. 1 competem um sentido de igualdade. Urna caractenst1ca 1gua 1tana ~arece
possível na medida em que os homens assumem o papel d_ornesllco.
Em ;:,u~ra_s palavras, paiece que o envolvimento masculino na
esfera ~omest1ca e, c_or~espondentemente. a participação feminina
e~ munos eventos publtcos, possuem inúmeras conseqüências rela- Conclusão
cio~adas umayarte do mundo onde os homens tradicionalmente
obtiveram autoridade através de seu sucesso competitivo nas lutas Tentei relacionar desigualdades universais, nas ativida?:s reai_s
· os llongot_s escalpado~es não parecem dar grande importância à éti~ e nas avaliações culturais de homens e m~lheres,_ co_m opos1ça_o um-
ca masculina de autoridade e realização de sistemas de classificação vasal e estrutural entre esferas doméstica e publica. _Sugeri tam-
~ntre el~s.- Devido às p rimeiras experiências dos meninos serem vivi- bém que as mulheres parecem ser oprimidas ou necess~tada_s ?eva-
das dentro de uma ligação estreita tanto com os pais como com as lo ri zação e status na medida em que são confinados as at1v_1dades
mães eles são relativamente despreocupados em relação a necessi- domésticas, separadas de outras mulheres_ e do mundo social d?s
dade de "realização" ou de difamar as mulheres: os homens envol- homens. Elas adquirem o poder e um sentido de valor quando sao
vi dos em ta refas domésticas não reclamam a submissão de suas es- capazes de transcender os limites domésticos, tanto penetrando no
posas. a vida social e política os llongots revelam pouca estratifi- mundo masculino como criando uma sociedade entre elas m~smas.
cação e embora a desiguld ade sexual esteja, certamente. presente, é Finalmente sugeri que as sociedades mais igualitárias não são aque-
minim izada pelo fato de que as mulheres tem o direito e a confiança las nas quais homens e mulheres se opõem ou mesmo competem,
rara emi ti r seus pensâmentos. Finalmente. no lar encontramos mas sim aquelas onde os homens valorizam e participam na vida
relações entre os sexos relativamente igualitárias, cooperação ao doméstica do lar. Correspondentemente, são sociedades onde as
invés de competição e uma intimidade verdadeira entre marido e mulheres podem realmente participar em eventos públicos impor-
mulher. tantes.
Eu penso que o mesmo aspecto pode ser levantado sobre ou- Ê interessante notar que a sociedade americana participa, de .
tras sociedades consideradas "igualitárias" nã literatura antropoló- alguma forma, especialmente no nível da ideologia (embora não.
gica. essas, como na sociedade llongot. os hom ens controlam os certamente. na economia ou em outras formas de administração)
rituais e os símbolos de prestígio. mas a aura da autoridade mascu- do último ideal complementar. Os Americanos falam sobre igual-
lina é minimizada pelo envolvimento masculino no lar. Então. por -dade sexual e rnuais americanos de ida à igreja para jantares do-
exemplo. os pigmeus M buti da África (Turnbull. 1961) vivem em ·mingueiro . pretendendo envolver a fami lia nuclear corno um todo.
gruros onde as unidades domésticas são separadas umas das outras Schneider. num estudo inovativo ( 196 ) sugeriu que a idéia de "re-
arenas ror um alpendre e homens e mulheres cooperam_ tãnto nas r lação sexual" e de solidariedade conjugal é urna metáfora central
ocupaçõe- domésticas quanto econõm icas. Os homens M buti pos- no parentesco americano: marido e mulher formam uma alma úni-
suem um culto da flauta secreta, porém ele não é usado para domi- ca , um principio ordenador para a avaliação de relações e também
nar as mulheres ou criar classificações entre eles próprios. Um ou- de ideal cultural. ' uma forma similar, indiquei que "aqueles que
tro exemplo são os Arapesh. assim como outrns grupos da ova tem relações sexuais juntos" significa "família'' para os llongots .
Guiné (por e'<emplo os Wogeo. descritos por Hogb in . 1970) que.
Ali também. a união de homem com mulher é vista como decisiva e.
numa área cultural caracterizada por expressões elaboradas e insti-
novamente. associada com uma ideologia sexual igualitária.
tucionalizadas de antagonismo sexual, parecem ter enfatizado a
cornpler.ien taçào das mulheres e dos homens. Aí. ao contrário de Entretanto, semelhante à ! longot. a sociedade americana de
outros grupos na área. o ".segredo" dos culto de flauta mascul!nos fato é organizada de forma a criar e explorar uma distância radica\
5 ·9
. . 'O, 0 d omc. ·t·~c'o e o social
entre o pri v.1do e o publt - . .' o homem ea
·u,al en-
mulher Em um nível a sociedade cons1dern n f~ m_11ts conJ ~\é;cito
qu.1nto em outro dc:tinc: :is mulheres como dom1:s11cas (um e. d
invisível de desempregadas) e impele seus homens .ª um n~u~ 0
püblico e de trabnlho. Este onflito entre ide:il e renhdade.cn:i Ilu-
sões e desapon tamentos ta nto para os homens quanto p:ira as mu-
lheres. · ll · · 1
Concluindo, gostaria de sugerir que este con iio seja o nuc eo
de uma revisão contemporânea dos papéis sexuais: falamos que ho-
mens e mulheres seriam iguais e mesmo companheiros. mas tam-
bém falamos em valorizar o homem por seu trabalho. Até agora. as
mulheres ansiosas em obter sua igualdade se concentraram na se-
g unda metade desse paradoxo e procuraram campos para a solida-
riedade feminina e a oportunidade para elas no mundo de trabalho
masculino. Concebemos nossa liberação no modelo das sociedades NOTAS /
femininas e das rai nhas africanas. Contudo, urna vez que a esfera
doméstica permaneça da mulher, as sociedades femininas, embora
poderosas, nu nca serão equ ivalentes às políticas dos homens e,
· como no passado, a soberania pode ser metáfora somente para uma
el ite feminina. Se o mundo público é para abrir as portas para mais
do que uma elite entre as mulheres, a própria natureza do trab~lho
deverá ser alterada e a desigualdade entre trabalho e lar reduzida.
Por isto, como os Ilongots, necessitamos frazer os homens para a
esfera das preocupações e responsabilidades domésticas. Certamen- cm esse artigo, nem esse hvro. seriam concebidos se eu não uvcssc a oportuni-
te é difícil imaginar como modelo para nossa sociedade a dos llon- ' dadc, cm 197 1, na Un1vcrs1dadc de Staníord. de da r um curso sobre as mulheres,
gots agricultores e caçadores. No entanto necessitamos em r.ossos ,. jun1amen1c com Ellen Lcwin, Julia D . H owcll. Jan e Coher. Janet Shephcrd 1-jcll-
:;.
dias combinar objetivos políticos com visões utópicas e para esse man e Kim Kramcr. M unas d e suas idéias aparecem numa coletâ nea de a r tigos
''
I· fim o exemplo dos Ilongots pode ajudar. Ele nos proporciona uma
imagem de um mundo onde a opos·içào doméstico-público é mini-
"Power St ratcgies and Sex Roles. (Lewin ct ai. , 1971 ) e são e vocadas na discussão
que segue. Desde este tempo, discussões com' Jane At inson, A my, Burce, ancy
mizada e dissociada da atribuição sexual. E sugere que, os homens ., Chodorow, Jane Collier, Peggy Co mstock. M ary Felstincr, Carol Nagy Jacklin.
que no passado dedicaram suas vidas à realização púb!ica_ rec~nhe- t, Louisc Lamphcrc, Bndgct O 'Laughlin. Sherry Ortner e Ellen Rogai inílut:ncia-
cerão as mulheres como iguais somente quando eles pro~r~os aJuda- ti: rarn o desenvolvimento das idéias aqui apresentadas. Es1ou cm divida com todas
1 · 1
rem a criar as novas gerações assumindo as respo nsabilidades do e as, assim corno com Renato Rosa Ido. Arthu r Wolf.Karl Hei der e Harumi Bcíu
lar. por seus comentá rios sobre este manuscrito'.
O íato da cole ta ícminina melhor que a caça mascu lina poder forn ece r a maio r
pa rte d_as necessidades nu tritivas de um grupo, íoi sugerido por Lcc ( 1968) e ou-
tr,os. Ltnto n ( 1973) usa isso, assim como a ocorrência do desenvolvimento de rc-
cem-nascidos humanos , para criticar o ponto de vis1a do "Caçador·· da evolução
humana.

2 A clássica di~tinçào entre poder, autoridade ~ iníluência íoi des~nvolvida po r


\ Weber (1947). M. G . Smnh propõe a seguin1c defin ição: ·· No abstra to . autorida-
'. de é o direito de tomar uma d ecisão especifica e cx1gir ·obcdiência ... Poder ... é a
't.. ~
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