'•
ct· - aren-
Desde o início nos defrontamos com uma contra 1~ª?dªPd f
~
te no modo como os antropologos veem
' I
os pa péis e as a tl Vl a es e-
r
33
1
1
\ 1
O fat o de que os Ocidentais começam a aceitar os dons "natu-
rai s" d o homem e da mulher como fortemente necessários, natu-
que as atividades masculinas, opostas às feminina s, sejam sempre
reconhecidas como predominantemente impo rtan tes e os sistemas
culturais dêem poder e valor aos papéis e atividades dos hom ens.
\ . rais , ou universais (como se deve ser leva.do a esperar de uma pers- Contrariamente à algumas concepções populares, há pouca razão
pectiva etnocêntrica), primeiramente foi enfatizado no trabalho de para se acreditar que ex istem, ou ex is tiram, sociedades primitivas
\
M a rgaret Mead . Em suas 'palavras "se aquelas a titudes tempera- matriarcais, o nde a mulher predominava da ·mesma forma como o
m entais tradicionalmente considerad as femininas - tais como passi- homen: nas sociedades atua lmente conhecidas (veja Bamberger,
vidade, sensibilidade e disposição p ara alimentar os filh os - podem ness~ livro) . Parece ser universal uma diferença nas avaliações cul-
facilmente ser colocadas como padrões masculinos numa tribo e em turais do homem . e da mulher, na im p ortância atribuída a eles.
11 outra assimilados pela maioria das mulheres assim como pela maio- Me~d reco~ heceu 1~so ~o obser~ar que "qualquer que seja a o rgani-
\ ria d o s h o mens. n ã o temos mais qualquer base para considerar os zaçao relac1_ona9a a origem ou a posse da propriedade e mesmo se
aspectos de tal comportamento como ligados ao sexo (1935: 279- e~sas orga_n1zaçoes aparentemente fo rmais sejam reílexos das rela-
80) . A té certo ponto Mead estava certa. De fa10, há grupos, como çoes _coníl1tu_osas_ e~tre os sexos, os va lores de prestígio estão sem-
os Anapesh da Nova Guiné, 1
onde nenhum sexo mostra muita pre ltg~do_s as at1v1dades do homem" ( 1935: 302). ·
agressão ou despotismo e h á soc~ed ad~s sem,elhacnes às nossas o_nde ao e somente esta a dificuldade a ser do cum entada Encon-
as crianças de ambos os sexos sao mais ego1stas do que os meninos tramos em al~umas partes da ova Guiné, por exempl~; que as
de out ras partes do mu ndo (Chodorow, 197.l). O mesmo tipo deva- mu_lheres c~l~1vam_ba_tat~ doce e os homens inhame, alimento de
ri ação relaciona-se a quase t odo tipo de comportamento que se pos-
;ator prest1_g10 e d1stribu1d o nas festas. a socied ade Filipina estu-
sa pensar, ·há socied ades onde as m ul heres comerciam ou cultivam e
ada p~r mim, os homens caçavam em grupos enquanto as ~ulhe-
o utras onde os homens o fazem; há sociedades onde as mul heres
!.ão rainhas e outras nas qu'ais elas sempre se submetem ao homem· res ~ultivavam, em sua maioria individualmen te e embora o arroz
cm alguns luga res da ova Guiné, os homens (como as mulhere~ c_ulu_vado por _elas tenh~ _se torna do o suprimento alimentar de sua
vitorianas~ são ao mesmo tempo puritanos e namoradores, receosos f,imi lta: seu ahmen_to basico, a carne sempre foi compartilhada pela
de sexo. :11nda preocupados com a magia do amor e com os cosmé- tmun1dade e o ah_mento mais valorizado. O mesmo padrão preva-
34 ece em outras sociedades caçadoras, onde as mulheres podem aju-
35
~ , h· - à política conseguem iníluenciar decisões
ue sao estran a~
. . m ,s su.1 d1smbu1~lu cumpete au hurnem e a carne, .l~ rcs q. . l en'"' gritando o que pensam.
fi . considere as comunidades do gueto ju-
d.H nJ ~.1 -~~. r·aw: nutntiv.1s e nuLes coletadas' pelas mulheres, e
C\)~~::~:nt~ vdlomida e uistnbuidJ Entre os grupos aborigc~es na
públicas simp esm
I
Para ~m c:\crnp o ::t
1
Zborowsk1 e Herzog, 1955). essas co-
datco da Europa Onen _ issuiam extraordinána influência. Elas
e
Au tr:lh.1. •ornente J c.irnc, J qu.il o homem distribui. considera-
mun1dad1.;; JS mulheres P fiantes cuJ~S filhos eram seus arnmos
d.i um "llhrnento" .1dequado (ICtbc:rry. \939).
E\pre oc cu\tunm da desigualdade_ sexual podem cc;tar asso- c::ratn fortes, mães J~t~~c:e~enque1ra• condunam a maioria dos
ci.1d.1 - :t ecunomi..1, mas freqüentemente sao encontradas cm outros k.J1!'>, como_ comun1 t mulher man~inha o controle da contab1-
dom,1110 de ,1t1vidade Entre os arapcsh. c~tudados por ~\cJd c,cntm pofhucos . not adr:,tªava as despe as familiares; e finalmen te,
(\Q3, \91\),ospapéisdohorncr e da mulher à?vi t~scomocoo-
hdade e e el1vamcn e I b Ih d •
n.1~ famílias prósperas elas e não os homens eram os tra a a -~res,
pcrat1vos e comp\ementános. m.i.s umu esposa e considerada pelo cuidan<lo dos negócios familiares. geratmc:r.te uma pequena loJa lo-
seu m.1rido cumo uma 1rmà e durante os ntua1s masculinos dom1•
c.tl Ainda, Jpesar de tudo isto, as espotas se sub~euam a seus ma-
n,mtcs \qu.1ndo o homem toca nauta sccret.is) ela tem de agir ridos e sua maior alegna n.1 vida era • r um \ arao. O trabalho de::
como um,1 criança ignoran te. Entre o vmnhos Tchambu\i (Mead.
uma mulher era recompensado ao ter I m filho es~udant~. um_~?-
\935), liS mulheres eram negociantes controlando a economia fam1-
mcm cuJas at1v1dadcs rc-ais tivessem pouca rnílue_ncia na vida diana
liar. Jà os homens eram artistas e: e pec1ahstas cm r11ua1s. e: embora
dS mulheres tivessem pouco respeito pelos cgredos ma culinos. elas dJ comunid:idc, mas quem permanc:ccic:, todavia, co1110 sua fonte
aindu achavdm necess:irio aderir e se cngaJar na ordem rnual que :?.S de orgulho e valor moral. seu ideal cJltural
ca rJctenza~a como inferiores aos homens. na moral e no conheci- Tomados 1ndiv1dualmente, nenhúm de:)ses exemplos é sur-
mento. Em algumas sociedade afncanas .:orno Yoruba (Llo~ d. preendente. embora esteJ..im todos 1nt~rligados. Em todo o lugar.
1965). novamente. as mulheres podem contrclar uma boa parte do dessa) sociedades poderíamos denominar mais 1gual1tánas aquelas
suprimento a li mentar. acumular d1nhc1ro e negociar cm mercados na!) quais a estratificação suual é ma1s rmarcada, os homens são os
distan tes e im portantes, mas quando Junto a seus mandes, devem focos d-:> valor cultural Alguma área de c1t1, idade sempr~ é er.cara-
aparentar 1gnorânc1a e obc:d1ênc1a. ajoelhando-se para servi-los as- j da como exclusiva ou predommant;:rn;:,te masculi na e então opres-
sim que se sentam ~ esmo os l roqu1s quem. segundo ~t urdock, ~1va e provavelmente importante. Esta ob );:-. ação tem seu ¼OfOlá-
.. de todas as pessoas da terra se aproximam mais :numamente da f ..LJ.O no fato de que em toda a parte os t, Jm~n · lcm alguma au1onda-
formJ. h1potét1ca de sociedade conhecida \:Orno matnarcado" ( 1934· de obre as mulheres. po::.::.uc:m düc:ito lcg1t1mado cuhuralmente
302), não eram governados pelas mulheres; lá as mulheres podero- para a subor_di~a .à.o e confiança dcl Ao mesmo teP1po. cena-
sas podi am 1nst1tu1r e destnuir suas lc:1s. mas os chefes lroquis eram ment_e , as p_ropr~as ~ulheres e~tàa longe de necessitar a;uda e seja
homl!ns. ou nao sua 1níluenc1a rei.:0nhec1da, elas exercem pressões importan-
Uma outr a lorma de subordinação cultural é revelada ros cos- 1 t:s n_a vida soc~al do grupo Em o utr.1s palavras. em .,árias circuns-
tumes ltngüíst1cos das mulheres da tnbo Mcnna cm \.iadaga\Car tancias a auto~1dade masi.:ulina pod1..1 ser muigada e talvez reduzida
(Keen am. 1974). Percebe-se ali que elas precisam aprender como fa- 4uase a 1n<;1gniftcància pelo fato das mulheres (atra é d ·
lar indiretamente a fim de serem cultas, sofüt1cadas e respcitávc1~. • · - 1 v s os mexen-
.:os ou gntu!I, .:o ocaçào dos filhos contra os irmãos, d1ri indo o
Ao invés de serem ag ressivos, os homens são mestres no c~tilc for-
mal e insin uan te no discurso públtco. As mt.lhcres, ao contrário,
1 negócios ou recus<1ndo-sc d cozmhar podere
lante mfiuenc1a nãa form:.11.ud. e õ.i '
. g .
m possuir uma tmpor
s
são aconselhadas a não aprender as sutilezas da linguagem polida . autoridade masculln 1 " mu)h P ~: · E~quanto reconhecem a
· · .. ., eres pu ue»1 dt · t
São, com efeito, culturalmente idiotas, supondo-se que ela., falam pnos 1ntcrcs1es. e em lermos de :: .. c ...,(h • ngi~ a para seus p ró-
sem pensar. E na ideologia pública, novamente, a, mulheres do in- 1níluem.:1.1 quem e como O pod ' ~s e decisocs reais de que m
feriores. Contudo elas também possuem seus métodos de inílucn- ,
con 1dc:ravcl e sistemático · er ex.erodo po r e Ies po d e ter efeno
.
cia; nas reu_ni ões pú~hcas os homens se agrupam murmurando pa- bta d1,t1nçào, entre DOdcr ~ a . . . .
lavras evasivas e pohdas de opin1õcs discretas, enquanto as mulhc- l.c, habl11dadc cm ganha li lll.Qridade leg1L1mada cultural-
36 r con ian e reconhecimento de qu e é
1 37
\CJa 1nportantc e a sociedade cstcJa constrangida e dirigida em seu
dcscnvo!v,mento por fato, de natureza física. acho d1fic1l perceber
como c~~cs dados poderiam induzir a J\·ahaçõe morais A pesquisa
'1111 ,. • . \Ln é necec.,ár,o lembrar que b10!6 1c.1 pode ilu,trar .a ocorrcnc1a na~ tcndênc1.as e pornbtlidades
tor1cl.1dc lc{t1llm., o u,n do poder. n.lo o e, otA e humJnu,, mJ, nfo pode considerar a interpretação desses fatos
lente d~ r~ump~..n'4à11,, tnn\foLc \k-•níor ; ~. e ~~- 9":~idJ!i num.1 ordem cultural Pode contar-nos sobre a proporção das dota-
Çl' , dos grupo\ ou de 1nd1víduos put1cul rcs. mas não pode cxpli-
m w,p~\4l o dt t\lienl~ pod~ Kf. A..Ui~ta •• mulhc,c.a
CM o (ato de que cm todo, o, lugarc u t ltur,H lem determinado o
ter con,o\ .iu\ humcn E,tc ,Hpccto ,erà clabor do cm •·r•,, o, po,-
"-'ITI
IIHt, · qu, e nccc,\.\no ,in,plomcn:c o ,cn•r que onhcc ndo Homem como uma categoria opost á \ 1ulher err. valor social e 1m-
0 í., \ n I n 1~e r ,., \ li., .iu\or ubdc .,,,ucuhn n o c,t.imo, nc .. nd a port nc1,1 moral .
1mp1H\,1nc 1,1 fcm1nin.1 f ntrclanto, obscnc1 a 'Jr anruçio cultural e social humana
(h tipo, d(' pndcr .-ccu,,c,, a, mulhcru e .u ru~, rela, qu 111 Pir.iírnc ndo Par,on, (1964 5 ), eu sugcrrria que qualquer coisa
c:lc, tcn "liº tradic,onalmentc 1 ,norado,. \trio ndarcc,do, lo tJn gcr,11 como a de11 uald,dc uni.,,ersal dos papéis soua,, prova.
c,tudo lln, .,,pcc.to, d1 por.,:;lo feminina auc arre cnlam pro lc· "'cimente sCJJ o rc,L.ltado de uma conJunç·o de diferentes fatores,
m.1, cc.pcc1,H\ .i in,e,11 ar Cc-mc..amo, per unlando o que fucr f.itorcs cHcs profundamente Crt\lOl\lido, no cstabcJcc1mcn10 das so-
com J ..autorid,ulc maic.uhn•" c,cd ele~ ,\ b1olog1a pode 1er um dclcJ, rnu ela se torna significante
f .:a:itm;tvim~l;-n:õlS:~Ol~i(iS.~" Qual ,u, 1mrort6ncia e: cc-m<' cl• c,ti • ,omcnte se for interpretada por protagonistu humanos e associada
rel.lc1on,1d..a .a nutro, .1,pcclo\ di1 ,,da mucuhn e feminina" L"·:u co~ modos carac,erisuco, de aç.lo (De Bcau~o1r. 196 29-JJ), Pelo
..,e, 4uc n,.t, rclaçÕC\ t.ompln.u cuei,ur co.-nprccnd1du. podemo, ÍJl0 d.i B1olog1a ditar que as mulhere, ,crio mies, parece que uma
pcrgunt.ir corno e cm qu11\ ,,tua õci o, \l\tcrra, muc:ihno1 de .au• an.i 11,c do balanço das for as no, s1Stcma, soc1a1s humanos e da .or-
torid,Hlc ,ào rcdu11do, ou rr.1\1 d0t cry, ,u;a amportAncia, q l.iniu à d;u f.\m1ll.u ô ~ cm partJcul r. prop1oarA resulta-
1~..-,"-"",,,,., g!O't~~lo:..n::tlP>C!~.ilS'.~m1rJ::.cc::c q u .1, \ Upo1 de a; u 1: e 1 dos muito prom1srnru · a d,.scuss.io que segue sugerirei que as de-
,nc,a,, d~o que \1po de \&lorn h \tdu du mulhcrc, s, Jald.tde, .;.iractc:ist1c s n.l upenenc, dos homens e das mulhe-
/1. rnjlflflil do, rei.\\"' d,,pona,c, 1o'l~c .1, ~ela õc do1"ualitá• re, - tki1g.:ald di;s dctcrmm.id.u por s1.1.u or1cnlaçoo cmoc1onais
11,1\ do, -.c,o, tcnl..ar.lrn c,phca lu cm tcrrT•(I• de 1..m,1 ..:au~ un1\·cr• d\) f.i:o de que o 11omen possuem autoridade publica - pode ser
,l\ e nc\.C!,!. Hld E,u, c11pl:.1na óc, dccorrcT d 11 .1firmi1çlo pouco cntcntl1da c1T1 termo . nio d1rct mc"ltc da biolo ia. mude uma rea-
p\.iu,;ivc\ tle que c:m dl "'m momento n.1 h,,tóru h ... m.ara o, homcn 1 l d.ide l..jUJ~C U'll\Cf a: da npcnencaa hum.1n1o o ruo de que cm
"1om.ir.1m" o pot}er d.t, mulhcrc, ll·nKcl, 1~91) '. r:o, rcli110, m 411 r1u1t.i, ~oc1cdad .s trad1c1ona1s • .Jm.a randc parte da \Ida adulta fe-
,up.e,11...,,), rcl,1c,on do, • dna .ialdaJc v.~ual 1 1nve1.1 do homem m,nin.1 e g.istJ n.i er• io e cna~Ao do, filhos. le\a i d1fe~enc1ações
do, p0dcrc, rc:protlut1vo\ fcm,'l,'10\ (tk'tclhc1m, 19q) ou .10, U• d.a, c,fcr.u domcH1.:• e publa~ de .u1"'iJ1odn que podem cu penso
pcLlm dm d01e, h1oló •~o, humano, ( BH'1•1ck. 197 l) [),ferente, ,cr mo\trad,H pu.i. d·lanco1r ,.ànos upcctos relevantes d~ cstrutur~
\:1c\o'i hormon.11,, ni"c" de .11,..,,ú•dc ,rÍ•nt.l, capa .. 11!.nte1 \C\Uill\ e dit p .:olo •1a 1X1<1I humu•• •
llU oricnl.&<;ÕC:\ crnoC1on111 foram propottr>• tomo fontu poutvcu
de ,ubordrnuç.\o da, mulhcrc, .1n, homt'"I
MJ, parece ruo.ivcl pcq~unt.u o que o, f.1ro, ó11pon1.,cu ou•
rHomcs,a de 1nfo~m,1çõc1 futura, (dcr1v:.1du, d11•mo1, de ""'lln ·o,
n o, e<;ludo~ b1olog1co, ou na pc:,qu1u .1rquc,1l611 a\ podem no,
conlar Ele, c,plicanam o fator con,t1ntc no, t "'' ~., n • ~ ~.uc ~ uc sera ,isto que uma opos1~ão entre "doméstico" e
• •u 1a, •e ~ prop rcaonarâ I ba~ ..,1 ~ 1 ..
creias d o~ Ar,1pc~h. J falta de ,utdcu da rT'lulhcr \1cr,n h 1dcntif,c• io d .,, .JMl e 5 lrutura n ecessana para
1 laçã o da c!>po,a Yoruba" Embora não h.iJA du..., 1 ,~ d• • oub• •Ju• 'pc 'iu,s.1 o lugar do ho d 1
~ ~uc • 10 10 •• tos ps,col6 cos culturais merr. e a mu her nos aspec-
)8 . Domt~t1co" .' . \0<:1a1s_e econôm•cos da vida humana)
41
com os Jovens que tendo algu ..
rodem cri ar grupos de com I nh1~s respo_nsab!l1dades na infância i',: O fato de que as crianças em todo lugar realmente crescem
.. " oan eiras horizo t . f - ' , 1'.
com suas mães, pode ser responsável pelas diferenças marcant~s en-
compel1t1vo s que atravcssarri e _n ais e reqüentementc
tabcleccm ·l aços "públic;s .. e cortam as unidades dom'êsticas e es- 1 tre psicologias masculina e feminina e pode também pr?porctonar
. 'd d . super engenho os A . um motivo psicológico formal para os_homens, os quais, _nos ter-
at1v1 a cs e organizações infantis \cnd . esse respeito , as mos de Mead (1949: 168), "necessitam" alcançar um senso indepen-
adultos. cm ª espelhar o mundo dos
1 dente de valor e identidade a fim de se tornarem adultos plenos.
Segundo. Chodorow esclarece o se 'd Autoridade. Uma segundiyconseqüência da º:ientação famili!r
menta precoce de uma jovem d nt1 o no qual o desenvolvi-
ou domést_ica,1retaciona_-se aos aspectos sob os qu~1s ~s mulheres sao
provocação num gruno que nupo e se p_rocessar sem conílilo ou
nca questiona seus memb d vistas pelo resto da sociedade. Percebe-se que estao liga~as a seus fi-
. 1'
sua idade tanto quanto sua habilidade ou suas realizações~~~· on t lhos· elas têm acesso a um tipo de segurança , a um sentido de posse
mente _d ~r~n?m seu status. Isto tanto é uma respon abilid;de q~:~~~ difu;a não acessíveis aos homens. Estes que estão física e social-
un:_i privi\eg_io. Crescer co rno subordi nada pode ser difícil mente distantes de seus filhos podem ter reivindicações políticas e
mac assumiu un,a auto-imagem depreciadora a i'dent'fi e
•I · dT ·1 - . . . •
:e uma
1 1caçao com
econômicas sobre eles; mas suas reivindicações tendem a ser basea-
das mais em sua autoridade abstrata do que no comprometimento
eLI a 1 1c1 mente n ao - sera problemat1 ca. Tais
. mulheres , n un d'1n-
co f
_o -s~ com s;uas rnaes, freqüentemente tem um ego frágil ou um sen- pessoal. Em sua ausência ou falha no desempenho como provedor e
tido 1n~eno do self. Ao mesmo tempo, elas podem desfrutar de uma como símbolo de status, eles podem deixar seu lugar no lar. Isto
sensaçao t.l e bem estar. amor e aceitação durante o processo de se pode ser ·visto em nossa própria sociedade, num pai que desajeita-
tornare':' adult~ ~- _O s grupos de companheiros masculinos, em GOn- damente acaricia seu filho ou nas famílias negras enfocando a mu-
t~aste. sao_ de ?1_f1c~I acesso: status, poder e sentido de valor freqüen- lher (Lisbow, 1967 e Stack, neste livro) e outros grupos urbanos
temente sao d1f1ce1s de alcançar . O grupo de companheiros dos me- pobres. Em partes da Indonésia, os homens gastavam muito de seu
ninos. assim corno as associações masculinas adul t~s. ê definido em tempo em negócios distantes e são tratados como estranhos ou hós-
parte atra vés de sua oposição' à família; e para se estabelecer "come pedes no lar.
homem ... freqüentemente é preciso que o menino se dissocie, ritual- , Mas a própria di tância pode, e freqüentemente o faz, propor-
mente ou de fato. de sua família. este sentido, então, um status fe- ciona r uma base de interação para a reivindicação masculina da au-
minino surge .. naturalmente',' (e mesmo em sociedades que prati- toridade. Em muitas partes do mundo há uma quebra radical entre
cam a iniciação feminina, essas cerimôn ias parecem ser mais uma a vida dos homens - corno reíletida em sua política, nos quartos de
celebração do desenvolvimento natural e biológico do que uma · dormir sepa rad os e nos rituais:... e a do grupo doméstico. Na medi-
.. prova" de ieminilidade -ou um desafio aos vínculos passados), en- da em que os homens vivem à parte das mulheres, certamente, eles
quanto "tornar-se homem" é um feito. não podem controlá-las e elas podem ser capazes de formar grupos
Finalmente, crescendo numa família a jovem provavelmente informais delas próprias. Já os homens estão livres para elaborar ri-
tem mais experiência dos outros como indivíduos do que como pos- tuais de autoridade que os definem como superiores, especiais e se-
suid ores de papéis institucionalizad os form ais; en tã o, ela aprende parados. a I ova Guiné, por exemplo, os homens freqüentemente
como perseguir seus própriosiinteresses obtendo a simpatia de ou- tem quartos de dormir coletivos, uma prática associada com rituais
tras pessoas, sendo educada, compreensiva e amável. Ela desenvol- secretos e a tradição que ensina aos jovens que sua grande força e
ve uma psico logia "femi_nina" . Os meninos, ao contrário, são capa- beleza são prejudicadas e diminuídas através de seus laços com o
zes de conhei:;er a maturidade como uma colocação de direitos e de- lar. Em alguns lugares do mundo árabe (Fernea, 1965) as mulheres
veres _abstratos, de aprender que o status traz auto ridade formal e interagem mais com mulheres e homens com homens, as esposas
de agir em termos de papéis (armais. Se_u sucesso ou fracasso é jul- encontram seus maridos brevemente quando servem o jantar e oca-
gado em termos de hierarquias masculinas, enquanto muitas mu - sionalmente por algumas horas na cama. A interação é altamente
lheres_. como esposas, mães ou irmãs, obtém respeito, poder e status estruturada e limitada e sujeita ao humor do homem . Entre os Tua-
atraves de suas relações pessoais com os homens. reg (Murphy, 1964) do Saara Central, arreba nhadores.de camelos,
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-- ~~ -- :!~ .. i: ~ ;-- · .:-: :.:-;-~::::~:..: ~ 5 -::.!._, _:::-. ~ =!~_;:v5:5'..:: .::-::~-
- ~ L:?:-_:-2: .:-...:.: ~,.:.. -5:-.. -=-.-::~:"! 2e: ~i;:e ~ w:;1;-;?n..'le::1SJTIO .. o;-ce-
- ~ .... - a-~ - - - - .... e CSI.2.~oç;..:. ..:e:.;. .::a.:!e:3 Ce -::OI..!:?C0_ ~o
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,::. :-::ec...;:;;. e::- Ç- c-= :.:,::.:;- .s:z :-. e5,e ~ :::,do e.:::: :;,re- requ1sno c:a
:::-a:or.cê: c :,1::s::_,Jin2.. : ::::2c cs ho:ne,s .:,::-:.?::. e ~o.::rnlam uma or-
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C.25 -: s_;ei:z.s as ~:-:-.. .: Êe::::~ :::2. :=:.!':"2.Ç2" _ ,. ...... !:....e.... .--\5 .~ '-H··-· i 1
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darlc. e:Z poce es-..zbelecer o :-espe::o ac,-::JCO :o:c. 2. a:::o:icaé::. ::~.5ca ~ t: ..::ur a so 1ai que ~ela:a o que são. na m aior pane , as a ti-
,, daces ::os :tome::is. ê.es são . .1•..:m senudo real, 1dcmificados com.
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e através desses grupos de fa . 1.
.d d mt ias ou comp h .
uni a es domésticas· c\assilicad . an eiras que cruzam as
- d'f · ' os em h1erar · d . os homens . A alegação q·ue tem sido fei ta é que esta diferença é uma
sao I erenc1ados e m seus a éis E . qu,as e conquista, eles
agrupamento e diferenciaça-po p . sses sistemas de classificação ,, . necessidade fu ncional da família como um grupo social (Zelditch,
compreendem a O d · 1955, 1964). Ainda, o aumento da evidência desmente essa suposi-
ta que os cientistas sociais ti . r em oc1a 1explíci-
seu lado, relati vamente d i ri:~~a~~nte descrev~m: As mulheres, por ção e sugere que o caráter "expressivo" das mulheres é tanto uma
tura, quanto de uma cul t ura a out ª\c~mpara_v~1s tanto numa cu l-
ração com as dos h
enuncia -
- - ra . ..,uas atividades, em compa-
011:ens, ºª? sao relativamente envolvidas com a
ír
i'
interpretação cultural ou clichê, quanto um reflexo exato dos meios
pelos quais elas agem e pensam.
Seguindo Ourkheim, se d"esejarmos supor que a estrutura e a
mos p çao ~ expre~sao das diferenças sociais. Portanto, encontra- 1
na tu reza das próprias relações sociais influenciam as percepções
r ·; muitas soc,edades relati vamente poucos papéis institucio ,, culturais e os modos de pensamento, podemos agora ilustrar essa
na 12 ª ~s para as mulheres e poucos con textos nos quais possa~ 1~ rei vindicação da ciência social longamente sua tentada. Isso reflete,
verd~de1ram,:nte clamar,p o r seus direitos. As contribuições femini-
nas as relaçoes ext_ra domésticas raramente são explícitas, à el as é
t não uma tendência natural e necessária, mas um terna cultural mui-
to geral. Desde que as mulheres necessitam trabalhar num sistema
dado um papel social e uma definição em vi rtude tanto de sua idade ~
~
social que obstrui seus objetivos e interesses, elas tendem a desen-
volver meio~r. sentir e agir que parecem ser "intuitivos" e não
quanto de seu relacionamento com os homens. Portanto as mu lhc-
re~ são concebidas quase exclusivamente como irmãs.' esposas e '
1
! sistemáticos - com uma sensibilidade à ou tra pessoa que lhes per-
rnaes . Enquanto os homens alcançam classificações como um resul- l mite sobreviver. Elas podem , então, ser "expressivas" . Mas tam-
tado de conquista explícita, as difere~ças entre as mu lheres gera l- bém é importante compreender q ue estereótipos culturais ordenam
mente são vistas como o produto de características idiossincráticas, as pró prias observações dos observadores. Ê porque os homens en-
tais co_mo temperamento . personalidade e aparência'. tram no mund o de relações sociais distintas que{para nós se confi- '/-
P elo fato das culturas não proporcionarem urna classiftcação gu ram como jntelectuais, racionais ou instrume'm.ai s:;le o fato das
social distinta para tipos de mulheres e seus interesses, elas são vis- m ulheres serem exclu ídas d este mundo faz com que elas pareçam
tas e passam a se ver como idiossincráticas e irracionais. Bateson, pen sa r e comportar de um outro modo.
por exemplo, relata que "frases estruturais" de mot ivos e relações !'atureza e ~ulrura. Há ainda uma outra implicação dessa dis-
são pronunciadas entre os homens na cultura latmul ( ova Guiné), cussao. a medida em que os homens são definidos em termos de
enquanto "entre as mulheres as frases ,emocio nais das razões d os sua conquista nas instituições sociais elaboradas, eles são partici-
comportamentos são muito mais freqüentes do que entre os ho- pantes, por excelência. nos sistemas das experiências humanas feitos
mens" ( 1958: 253). Também sabemos que os homens la tmuls são pelos homens: um nível moral, o mundo da "cu ltura" é deles. As
dados a exibições teatrais de status, enquanto as mulheres se com- mulhere~, ~o~ o~tro lado, dirigem as vidas, que parecem ser irrele-
portam de um modo despreocupado . Novamente, Landcs fala _vantes, a distmçao formal da ordem social. Seus status é derivado
sobre os Ojibwa que "somente a metade masculina da população e d_e seu estágio no ciclo da vida, de suas funções biológicas e, em par-
suas atividades enquadram-se nas regras tradicionais, enquanto a tic~lar, de seus laç~s sexuais e biológicos a homens específicos. E
metade feminina é deixada a um comportamento espontâneo e con- n:'_ª_1s,.~s ~u.l,heres ~ao mais env olvidas do que os homens nos rnate-
fuso'·': as mulheres bem sucedidas podem rivalizar os homens cm nats SUJOS e per_igosos da existência social, dando a luz e pra n-
suas conquistas mas "elas não as perseguem da forma sistemática tean d_o a morte, alimentando, cozinhando, desfazendo-se das fezes
masculina" ( 1971 : v). As vidas feminin as parecem desestruturadas e e ~quival'!ntes. Conseqüentemente, encontramos em sistemas cultu-
"espontâneas·· em comparação com as dos homens. _._ ~ X C, rais_un:ia op.~siçào d,:corrente entre o homem, que em última análi-
Tais percepções, certamenle, não são exclusivas de culturas se st gnt0ca cultura . e a mulher que (definida através de símbolos
exóticas. mas parecem ser quase gerais. o Oeste, estudioso de qu.: saltent_~m suas funções sexuais e biológicas) significa "nature-
Ourk.heim e Parsons disseram que as mulheres são mais " afetivas" za e frequentemente desordem 10 _
ou "expressivas", menos "intelectuais" ou "instrumenta is" do que . Este ponto é elaborado no artigo de Ortner nesse li vro. Mas
46 isso pode ter valor enquanto uma revisão de algumas de suas impli-
47
nidas como perigosas, ujas e profanas, como algo a ser colocado
c.1.;.xs aqui. O qt.:.e tal,u seJl mais surp~endente e_o fato de que de lado.
- • , ~ rr· ...... r · fr ü nt m .~~ ~1:a:n em or~o Alguns exemplos podem esclarecer est~ posição. Em m u1t2~
-- -· - g, .;~ o · :-:~... ~ : · fcrt? \id2dt ma ernidade. ideologias patrilineare (veja Oenich, nesse livro) as m ulheres são
5'c,.::- : :-r.cnstru:i Ao. E J mulheres. como e po a . mães. b ru, as. e nca radas como desneces árias ou supérfluas, enquanto ao mes m o
~.1r:c.:-as. irc1r3s u r stituta , sã definida ua e c."<clu ivamente
~r.. te:m . de su.1 f r., · · e,uais. Uma bruu. na tradição euro-
1 tempo vitalm e nte importantes aos homen · ão n ecess_ária como
espo a . irmã a e r trocada p o~ e po as e como procrradoras ~ue
póa. e m.1 :nulr.cr que d rmc: om o diabo e uma freira é um2 mu-
produzem trabalh adores e herdeiro para o grupos. P~r serem im-
!::c: -.ic ;:JS.? c"n seu D e . Além di o . pureza e profan ação ão
portantes, e las são poderosa . em bora eus poderes seJam º: s: s
:de,.?· .!ph das pnnc1palm c:nte à mulheres que pre i avam negar
i n ;m.1s f :-:r.:ii . Uma mulher. por exemplo. pode se r medi adora
se-.:s - rp.:>s ou -irc-.:.ns.:re'"er ·ua sc"<ualidade perigosa .
.\{~-:~ es c,'r>:,, .vwmalias. O iato dos h ~ cns, ao ontràrio da
1~ entre seu própr io grupo familiar e aquele do home m com quem ca-
·ou: suas manipu laçõe e esco lha dos a liado_ mascu li nos pode se:-
de importância de i i, .:! para ua familia Em tais itua ões, as cu l-
mt!lheres.. poderem ·cr ! ::tado - m 2 cultura. rc etc um outro
..li?O::..:) cas .::ciin: '.3es e l:ura:s das mu lheres. E slUdos recentes da
.:L.!: r.? .::r.:~ ,.. l:ca _:.:gen:3::i que p r .-:.a:s que viole o sentido de or-
i tuia podem e labor.:ir 2 idéia de ua profana ão: as atividades fem i-
nina ão re tnng1dJ pelJ denomina ão de pÚigosa-. por torná-las
ct~ da s.: - ed3ce. e.a : · :2 , 1s,3 .:cm am es adora, sord1da, de or- a lgo para 5e temer. D oug la ( 1966). p o r e,cmplo, fala sobre os Lele
de:.2ca 0 .. er..ad l... D :.;glas li ~ ) chamou i· de ··anômalo··. A de · asai no su l da .\ fn.::a o nde o hom e ns. que são d e per.denies das
tCC!!. de o:.::e::: depcr:àe log1camente cia "desordem·· orno eu mJnq:rn la õc poh t1ca · iem m ina . têm medo d e omer os a limer:=os
;:-o. tc . J?. .! ~ --:~2.àc :c:.l :0~r 1 o de ?ado . oz1d o· pel:! :n ulh ere -ien tru.1da e ngor sarnente ·e abstêm àe
g0ra e:.: · .1gcr:;:2 c.:c a :nulhcres err. .::ui.as sociedades io· - ·e,o e do. on:at o cem --n ulheres profana ar.:e · de qua lqu~r c,en ;o
se::-- ,.s:2-5 c~7::c a:g H2.n · ms: ·~ ~ 3 med1Cla e:r. ~Lo.e os humcns. •~porta,,.e C:n cas0 e,::cr.io e .1_o r a ela ic e r~la,ad o ;:,or >!~-
:.::: SL.:S ~a-5c$ .:- ..:: · nah 2ad da iarn1i:2. p h:ic.1 e 2 ·s::-:; p r '
1 g~ , ( 196-!) ~~ :-.: 0, .1 G.::ne . O \ Ll e Enga cos ;,ai es a lt _ ~!denta;_
l:CJ!.. 2s ;nciheres :ic se:i cpost O nde 1 ~1zer:1 q ..1c ele .::Jsam .::o:11 seu m1 m 1go ·· . a - m ulhe;:-•s •ão aran-
er.:. :e::n ê c -b s 1:: a;ões e p iooes t,_
:-:5:.:- - o::.!: · ~ :m lcsrne:1:e ::: ...lhc:-cs e S'-J S 2 t1, 1-
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--:--.:e ~ ::.;::::.de::l _:::: :-.:gs.r ?,E-:-E. se_s .:::e..-s-..~. • E.s ::i.~ si..-- pJnli- _Em .::-u: ro J _ 3.."CS. ~u'.7! c-en c.za .._ _ _
,·e-·· .::,.- x· .., . . , h ~ r.: l .. :--es · - .... , ~-
.:L--:---.:e - '!1:. rcc:nc das.. ··- - -- • • .3 -.:" .a ~ "':e,,:: >s.,, L-:n., - - . ....H t _.._ ~ ~ ;,-
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-•-s ~.S.:-: ,: '"'!.. :-1~. l) ~ .. ,..~ ~
:: ,-:a;:i.:- j~ e:-~. ~.E.S ~~ :·- :..~,.,::....J.:E.~ .:.a .!_:.::-:~:.~- ~:!: ':'".2. ::1 - .._ - - - -
,. _ e ~ •"'·- -- · -
- --~~ -= ~ ~' .:-'""' .....·---~ 0 .- .s. re5::\..::,- -1h~
E: ~ l - .._: .• : · ..... - ..,-.---• . . . . ..,...s::, ;n,oo
- -. ........
.
!":,
... ' :
r · ".IV'l.-v\s- -
----------
A discussão precedente sugeriu que ;i.s;:iecw s caracteris,icos ~~est_1ca sa~ tra g1lmente di re ren -1J dJs. ond e :-ier:hu d .
dos papeis femininos e mas.:ulinos nos sisterr.as sociais. culturais e re:,·rnd 1ca muna a t: t0rid dd e e onde 0 e ~foqe ~ ~".l oro _m _dos se,_o~
eJa o lar. .. '"'-'- . pna v1 a soc1:il
econômicos podem ser relacionados a uma oposi ão universal e es-
trutural en tre o s dom ínios de atividades domc:sti.:as e públi as. ob Pa ra in iciar (e sem es pcciticaç:i.o d ~s _ - . . . .
muitos aspectos esta tese é ba stante simples. Ê :-ãcil. na ociedade "a~·alia;:i.o do StJt l!5 fem. ;·nr.o) e daro \ :.~n~~r~:1~:niculJ:-e: para
amer:.:.lna por e 'l:emplo. ide ntific:u a esfera do mes:,ca da do r:a de clu1das dos '. aço - .:om " • ..,.., .. ~: . - _ .res que s.10 e,-
. " - '- ..• p .!:1.i. rc~ e ----un -cr1r•
casa suburbana e opô-la ao mundo públi co e social da indúsm a . fi - \ 1me ntos e at i, idJde- ,.:.m um _.; e,.ino .. '-'·d'-a . •~--<>Sem
J , . .... , ... na · l set.s mo-
nança e prestigio. Entretanto. os próprios grupo s domésuco s ·ão exemplo \'em da e , cele:ite d escri .lo de C am ~nv_,_JJ\e. Lm bom
altamente variados. indo do a lpendre dos '.\I bu u c;ue são fü r:,emen- oe o velha grego· ·a,al.. .1:sani ll'lo4). Os hopb.11_ ~~~re os pastores
te dissociados da vida de comunidade às .:asas d1s:an:e· do l roq u1s n:is mont.inhas pastore.lr.ao. e n UJ t - men~ '°a~1arr~ seus dias
mente conrin.1d.l· JO lar Uma ~ 1 n o .l~ mulhe res estao e s trita-
( Bro ,, n . 19..,0a). que suste:nam vá nas fa milias e compõe m em si
mesrr.os uma e spécie de cla sse socia l. De fa to, como LJ m phere
mostr.l num artigo p osterior, 3.S \ ana ões n:i est ru:•.!ra do gn:po
lirrn t:.1r seus monm-:m~s. anctaªr
eL ,e, o e o alimento do diab0 .
~~:.n~e. e er.sinada desde cedo a
-T-u.lme rrte e nunca correr
domesuco são principa lmente re::1c1onados :is ,·;mações nos tipos mc:nte la\ a seu dor.·o e se ela oi'h~acu corplho e tào temido que eLI rara~
de poder femin ino. lo nos o os de u:n ho
tempo, pen sa -se: que eia o està convid d . mem por mui-
s:: ., an o para possuí-la. Uma
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vez. casada, entra em negóc ios domésticos ho tis e d istantes onde
ela, podem incitar os homens a agirem de acordo com seus deseJOS.
home~s e mulheres igualmente e ressentem da man ifestaçõ~s que
ou estabelecer uma sociedade dela propnas. Portanto. por e,em-
aproximam o casal Para ela. a unica alegria na vida é o filho que
plo. a mulhe, tradicional ame ricana po~e obte_r o poder enco_bcna-
cresce pa_ra susten á-la. gara ntindo o conforto para quando ela fic;r·
rr.ente. bajula'ldo a vaidade de seu mando (pnvauva_me_nte dmg1n-
velha . A inda. o status futuro de seu filho também depende de su as do sua vida púbhcJ). Ou ela pode forJar um mundo publico para ela
ações .e ela precisa gua rdar sua p rópria pureza e preservar o bom própna . desde 1nmtu1ções de ca ridade até campeonatos de assad os
nom e do marido. Ela não pode se queixar dos abusos de seu mar ido Em outros luga res . t:las podem formar sociedades oc negocios. clu-
a fim d e não difamá-lo. Efetivamen te ela é sua serva e como Camp- bes de ig reja -ou me mo o rganizações polit1cas. através dos quais
bell sugere (\964 ) ele é seu Deµs (Veja Denich, nesse livro) ''. elas forçam os ho mens imprudentes a entrar na linha Entre os Iro-
Entreta nto. out ros a rr anJOS sociais. dão às mulheres mais po- quis (Brown. 1970:i). o poder feminino foi dirigido P?r uma organi-
der e valor. Em algu ns , as opiniões femininas e sua habil idade em zação predominantemente feminina da vida doméstica e do traba-
t ra Lcr um al to dote ou em estabelecer laços com homens específicos lho agrícola; os homen gastavam muit o tempo fo ra de casa caçan-
são fatores importa nt es para forjar alianças políticas ent re grupos. do o u guerreando e as mulheres trabalhavam em conJunto. contro-
Em o utras. sua contribuição e, em particular, seu controle dos gê- lava m a distnbui ão do alimentos. decidiam os casamentos e ge-
neros alim en tícios lhe perm item iníluenciar os homens. O nde ases- ral mente domina\ am os inter esses da com unidad e. ;-,.; ova mente,
feras dom ésticas e pública são firm emente diferenciadas. as mulhe- com o prestigio feminino das sociedades políticas e religrosas do
res podem manipular o s homens e iníl uenci ar suas decisões at ravés oeste africano (Lebeuf. 1963) as mulheres enaram m uitas hierar-
d e estratégi as as mais diversas co mo recusa r a cozi nh ar para seus quias sociais distintas delas próprias.
marid o s (veja Paulme. 1963), ganhar a lealdade de seus filhos. colo- As idéias de pureza e rrofanação tão freqüentemen te usadas
ca r o ma rido co ntra os homens da famí lia ou instigar o que o resto para restringir as atividades femininas. podem também ser usadas
da sociedade pode· reconhcer como uma "tragéd ia .. no lar (veja como base à afirm ação da solidariedade, poder e valor feminino .
W olf. 1972: Collier, 1973 e este livro) Fi nal mente há sociedade Como o mais simples exemplo. poderíamos notar q ue uma mulher
como a nossa. onde as esfe ras d om ést ica e pública são d isti ntas. que é temida freqüentemente detem poder; muitos homens da 'o-
mas or.de as m ulheres são privilegiadas to mand o os papéis mas:ul!- va Guiné acatarão os desejos de suas esposas por medo de que uma
nos ( to rn am-se médicas, advogadas o·u mesmo membros do exeic1- mulher zangada poderá lhe servir comida enquanto esti ver mens-
to) atingem co nsiderável status e p~der. Esse parece ser o caso das truada. ou andar sobre ele deixando o sangue go teja r enquanto ele
rain has cl ássicas e das chefes na Afnca (Lebeu f, 1963). Ent re os Lo- dorme. ovamente. papéis semelhantes a os de bruxa o u pa'rte1ra
ved u (Kr ige e Krige, 1943) por e_x emplo,_ ui:n ~ mu lh er pode_ obter parecem ser usados pelas mulheres que. salientando os aspectos de
r oder. stat us e au to no mi a assumindo a pos1çao de seu marido ou sua posi ão especial ou anômala, empregam poderes unicamente
acum ula ndo ca pital e casando-se com mulheres (os Lovedu pos- delas mesmas. E mais, crenças profanas podem proporcionar cam-
suem ra inhas q ue. nos aspectos ritu ais do casamento, desempe- po para a sol idariedade en tre as mulhe res . Elas podem. por exem-
nh a m o papel de um ho mem ). . plo, colher quand o nas cabanas menstruais, relaxar ou mexericar.
Mulheres desempenhando fu nções mascul1n~s. entreta_n~o . ten - criando um mundo liv re do controle masculino. ovamente. como
dem a co ns tituir um segmento de elite da hu man1_d~de fem_inina: al- Lewis (1971 ) indicou, as mu lheres anômalas ou sem pode r. em mui-
gumas m ul heres na história alcançaram um a_pos1çao do minan te~? tas partes do mundo, podem ser especialmente vulneráveis à posses-
mun do do trab a lho e mesmo poucas co mp~t1ra m co ~ homens po 1- são de espíritos: com base em tal posição, elas formam grupos ri -
ticos ~ se tornara m líderes políticos o u ~a1_n has. !',)ai~ co1:_1un:ente. tuais que rivalizam com as organiz.ações religiosas masculinas. Fi-
nessas sociedades o nde as esferas do mestica e publica sao f_1r~e- nalm ente, as mulheres, tanto as prostitutas mundanas ou rel igiosas
mente d iferen ciadas. as mulheres podem obter poder e valo r salien- quanto as que nunca casaram mas já tiveram relações se>.uais com
tando suas di ferença s dos homens. Acei ta ndo e el_a~orando os uma grande quantidade de homens. novamente podem fazer uso
~ímbolos e as ex pecta ti vas associadas com sua defi n1çao cultural. rosi tivo de sua sexualidade "anômal a" . Por serem temida. e deseja-
54 55
::~2.5 s:::.açêes o 00:-
..::.!.S.. :::~ .:~~:.::::.:::-::a._::-.::::: é: ?-OCe:-: ~:- ,
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~Xe-=. 5-::- =s:-~:-:!5 c~~c e~as ;,:e a.e.ça.m.
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