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Participação das mulheres na política representativa

Maria Laci Kunzler (UNIOESTE)


Representação política; histórico cultural; direitos da mulher
ST 29 - Relações de poder e de gênero

A história está marcada pela inferioridade e submissão da mulher, em relação ao homem.


Vários filósofos, tais como; Tomás de Aquino, Rousseau, Kant, Schopenhauer e a Igreja Católica
pregavam teses que diziam que a inclinação da mulher devia ser para cuidar da casa, filhos e
marido; que deviam deviam ser submissas ao marido; que eram destinadas ao casamento e à
maternidade; e que a mulher era somente para a recreação do homem. Classificavam a mulher como
segunda categoria, destinada a viver sob a tutela do homem e sua submissão. Pois a sua natureza
biológica a faria inferior ao homem, em força e dignidade.
Esta história foi escrita por homens, que excluíram as mulheres, ou simplesmente não lhes
deram valor, este foi motivo da falta de registros e documentos oficiais. E esta história foi escrita
por homens de elite e das classes dominantes e a serviço dessas classes.

“Foi assim que desde a antiguidade até nossos dias, os primeiros elaboravam
teorias, defendiam idéias e opiniões que muito influenciaram na formação de uma
imagem de mulher para justificar o lugar da segunda categoria que ela sempre
ocupou na sociedade. Eles foram políticos, filósofos, religiosos, pensadores de
todas aos tipos”. (ALAMBERT. 2004, p.02)

Somente no século XX, é que várias mulheres começaram a levantar a questão da igualdade
de gênero com mais ênfase, através de livros, debates, artigos e discursos feitos para provar a sua
capacidade, o que nos afirma Zuleika Alambert, em sua obra “Feminismo”.
Nesta época surgem outras teses que tentam acabar com as desigualdades entre mulheres e homens,
em todos os setores da sociedade, as quais afirmam que homens e mulheres nascem iguais e que a
desigualdade sofrida pela mulher, é fruto de uma cultura histórica machista e dentre elas destacou-
se: Simone de Beauvoir e Juliet Mitchell, escritoras com várias produções em questão de gênero e
debates, também Chistine de Pisan que tem como obra “ O espelho de Cristina”, viveu de sua arte
de escritora compôs inúmeras baladas e poemas, além de obras educativas para mulheres ,
Flora Tristan que trabalhava como operária,quase é morta pelo ex-marido, esta vivência é um
estímulo para o pensamento que será importante depois no movimento feminista com suas obras:”
A União Operária, Emancipação da Mulher.”
A história das mulheres no Brasil, desde o descobrimento até a República, é de importação
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das idéias e ideologias do mundo europeu, vindo com os portugueses. Que usavam inicialmente a
mulher índia, como mulher e doméstica. Nesta época elas não tinham direito de escolher o marido,
e nem tão pouco andavam sozinhas nas ruas, isto sem falar do trabalho além do doméstico. Podiam
ser donas de casa, mas se alguma se rebelasse ou não arrumassem marido, eram mandadas para
conventos. Sua instrução era a mínima possível, apenas para ler o missal e as receitas de geléias
caseiras. Devido a isto, eram ignorantes, tímidas e submissas aos homens, acentuando cada vez
mais a supremacia destes contra a mulher, pois eles conviviam com reuniões políticas em bares,
cafés, e vários lugares exclusivos aos homens, aos quais as mulheres não tinham acesso inclusive às
idéias políticas que ali borbulhavam.
Apesar disso, tivemos mulheres na administração de capitanias por vários anos, com sucesso,
enquanto seus maridos se ausentavam também em lutas e batalhas algumas mulheres estavam
presentes, com feitos notáveis, como por exemplo: Anita Garibaldi, na Guerra dos Farrapos A partir
da República as mulheres começam a se destacar mais na vida política e social, ainda assim eram
discriminadas, com ostentação de inferioridade, não só pelos homens, mas por elas mesmas. As que
se destacavam eram consideradas loucas, bruxas, isto como uma forma de abafar o crescimento de
outras mulheres no espaço de poder.
Cora Coralina foi escritora e luta para sustentar a família,depois que enviuvou, vendia livros
nas ruas e fazia debates, bradando pela formação de um partido feminino, escreveu até o manifesto
da agremiação. Essas são apenas algumas dentre muitas que fizeram sua história e foram heroínas
do seu tempo, na luta pela igualdade de gênero, sem o reconhecimento pela história oficial, que a
história e a própria humanidade. Cora Coralina morreu em 1985, e nos deixou além de sua coragem
as obras: Estórias da Casa Velha da Ponte, Meu Livro de Cordel, Poemas dos Becos de Goiás e
Estórias Mais, O Tesouro da Casa Velha e Villa Boa de Goyaz; os infantis A Moeda de Ouro que o
Pato Engoliu, Prato Azul-pombinho, Poema do Milho, Os Meninos Verdes e As Cocadas.
Com o desenvolvimento industrial, houve grande inserção das mulheres na produção, com
jornadas extensas e baixos salários, motivando movimentos grevistas pela melhoria das condições
de vida. Já a partir de 1920, ocorreram vários movimentos: a Semana da Arte Moderna, onde houve
grande participação de artistas homens e artistas mulheres e a exposição de Anita Malfatti, recém
chegada dos Estados Unidos e da Europa, foi um marco para o modernismo brasileiro. É dessa
mesma época a fundação do Partido Comunista Brasileiro, em que houve grande participação
feminina, tudo isso motivou Maria Lacerda de Moura e Bertha Lutz a fundarem no Rio de Janeiro a
Liga pela Emancipação Internacional da Mulher, que era um grupo de estudos, com o intento de
lutar pela igualdade das mulheres. Criou-se a Revista Renascença, pregando o pacifismo, o amor
livre, e a emancipação da mulher. A partir deste momento, aderiram mulheres ao movimento, que
teve forte influência de idéias feministas que circulam na Europa. Todos estes eventos ajudaram
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para trazer mais mulheres para a luta, numa evolução em busca de igualdade e assim também terem
poder de decisão.
Uma grande conquista foi o voto feminino, incorporado à Constituição Brasileira de 1934, e
a participação ativa das mulheres na II Guerra Mundial, como enfermeiras e também atuavam na
frente de batalha. Finda a Guerra, as mulheres, meio de comitês, encamparam várias lutas: pela
democracia, anistia, constituinte, eleições livres e democráticas, e contra a carestia, mas com todos
estes movimentos e lutas, nenhuma mulher se elegeu para a Constituinte de 1946.
Com o golpe de 64, as organizações de mulheres praticamente desapareceram, retornando na
década de 70, muito especialmente no ano de 1975 é instituído o Ano Internacional da Mulher.
“Somente com o aparecimento em cena do movimento feminista, as coisas começaram a mudar e a
luta das mulheres a ganhar uma nova conotação.” (ALAMBERT. 2004. P.2004).
Assim ao final da década de 70, abre-se o campo de estudos de gênero, com a explosão do
movimento feminista no país.

“A década de 70 tem uma importância decisiva na história do movimento


feminista, Foi nesta época que a discussão da problemática feminina se colocou de
forma efetiva e concreta no cenário mundial. Uma série de eventos contribuiu para
introduzir neste debate as questões relativas à condição da mulher, seu papel social
e sua posição no contexto internacional ou específico de cada região.” ( TABAK,
Fanny. p. 35, 1983.)

O movimento feminista era ambicioso, seu objetivo era revolucionar o mundo todo, para que
de vez pudesse ser resolvido o problema das desigualdades dos sexos, inclusive participando na
representação política do mesmo jeito que os homens.
A presença feminina foi forte nos movimentos sociais, a partir daí o que desmente as
afirmações de que a mulher não se interessa por política. Nestes movimentos a mulher se faz
presente através de suas reivindicações para as camadas sociais mais baixas, praticam a política,
intervindo muitas vezes, diretamente nas ações governamentais, com possíveis soluções. Mas ao
mesmo tempo estas mulheres só servem para este tipo de serviços, conforme diagnostica Tabak.

“Por outro lado, as instituições “tradicionais”, como os partidos políticos e os


sindicatos , no caso particular da América Latina e do Brasil em especial,não têm
estimulado a participação feminina. Ao contrário, críticas sérias são feitas ao
desinteresse que tais instituições tem revelado muitas vezes, pelas questões que
interessam especialmente às mulheres, em geral não incluídas na agenda das
reuniões e conferências”. (TABAK. 2002. p. 40)

Assim raramente a mulher chega à direção de sindicatos, partidos políticos. Apesar de existirem
departamentos onde as mulheres se encaixam, onde só servem para ornamentar ou cozinhar. Isto é
bastante questionado pelos grupos feministas, porque mantendo a mulher nestes órgãos, perpetua-se
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uma forma de segregação, pois ela não terá chance de progredir. Desta maneira estas organizações
atendem normalmente as exigências da participação da mulher, mas sem a oportunidade de
demonstrar sua igualdade com o homem e do que ela é capaz de produzir numa direção. Isto faz
com que o resultado da atuação no movimento feminista, após os anos 70, houvesse um aumento
significativo de mulheres candidatas, mas poucas foram eleitas. Nos anos 80 a discussão de gênero
tornou-se mais abrangente e democrática, com noção de direitos, com incorporação de políticas
sociais e programas governamentais, dirigidas para as mulheres, nas áreas de saúde, raça, etnia, etc.,
que foram incorporadas às políticas públicas, para atender as necessidades específicas e
diferenciadas das mulheres, usando a perspectiva de gênero.
Nesta época, o Estado cria instâncias no Poder Legislativo e no Poder Executivo para o
enfrentamento das desigualdades e descriminações de gênero, elaborando leis e implementando
políticas públicas para mulheres. Surgem então, os Conselhos da Mulher, Secretarias e
Coordenadorias da mulher e mais recentemente as Conferências de Políticas Públicas para
Mulheres, com propostas elaboradas pelas próprias mulheres, as quais fazem avaliação destas metas
e com a elaboração e apresentação de um Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, O que vai
dar a estas políticas seriam permanentes e não um caráter esporádico Através de ações contínuas,
nas diversas esferas, gerenciando, controlando e avaliando as ações através de comissões criadas
pelas próprias mulheres, com a finalidade de conseguir direitos iguais.
Este trabalho vem sendo feito pela sociedade civil organizada, tornando-se menos
problemática a organização de comissões, facilitando a participação das coletividades, que desejam
se vincularem a defesa dos direitos das mulheres. São espaços construídos pela história de exclusão
da ampla maioria das mulheres, são seletos e fechados, principalmente no Executivo e Legislativo.
Assim o grande desafio é derrubar a cultura histórica “de que a mulher não serve para a política”,
que persistem, achando formas de ação política em conexão com as múltiplas influências, pressões
e convergências, para transformar em expressões de democracia e exercício da cidadania e
articuladas podendo provocar mudanças rumo a construção da justiça social e da cidadania.

“Desse modo, assim como cidadania universal é verdadeiramente um mito, também


o ativismo e a participação igual para todos também o são. Na prática e na teoria,
participação refere-se àquela do mundo masculino, de classe média alta, da
população branca. Esta é a razão pela qual muitas formas de envolvimento político
em que há predominância de mulheres não são vistas como formas de participação.
“ ( AVELAR, Lúcia. 2001. p. 48)

As mulheres são a maioria do eleitorado brasileiro (51,5 %) segundo o TSE. Mas o Brasil é
um dos países da América Latina com menor participação feminina no Parlamento.
Esta baixa representatividade das mulheres é discutida em várias ocasiões, partindo de uma
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reflexão acerca da política e da democracia representativa, onde ocorre a exclusão do elemento
feminino, dos processos decisórios. São identificados as características da história, formação
política e o contexto da política local, tudo embasado num processo histórico cultural, onde que as
mulheres são estigmatizadas como inferiores e incapazes de serem dirigentes de órgãos de poder, ou
qualquer outro, em que ela se encontre acima do poder do homem.
Realizadas três eleições federais no Brasil deste a implantação da lei de cotas, que reserva
30% para gênero nas listas de candidatos, ocorre que ao mesmo tempo em que a Legislação adotou
este sistema, também aumentou o número de candidaturas possíveis, o que possibilitou o mesmo
número de candidaturas masculinas, e não existindo punição para o partido que não completa o
número mínimo de candidaturas por gênero, isto possibilitou a continuação do mesmo esquema,
sem conflitar com a reivindicação das mulheres pelos seus direitos nos partidos, mesmo sem dar-
lhes condições de competir, que resultou em poucos debates sobre as cotas.
Propostas e leis estão vinculadas às políticas públicas para mulheres, é de suma importância
à organização das mulheres em busca da exigência de cumprimento dos seus direitos. Observando
que a nível municipal o vínculo é maior com a sociedade, sendo mais fácil o acesso das mulheres às
posições de lideranças nas comunidades e serem reconhecidas como tal, o que pode fazer o
contraponto à precariedade de recursos financeiros e de influência política. Embora, a candidatura
das mulheres tiver que enfrentar resquícios da cultura patriarcal mais arraigada em pequenos e
médios municípios, a visibilidade política das mulheres tende a ser reconhecida e valorizada.
Analisando ao longo do tempo a trajetória feminina na história de superações, gradativas e
lentas, há a constatação que a partir da década de 70, nas estatísticas, jornais, pesquisas, livros,
artigos, que nos são apresentados, que as mulheres aos poucos ocuparam lugares nos espaços do
trabalho, academias, negócios, e chefes de família, inclusive. Na política esta evolução ocorreu num
determinado momento, que depois estagnou de alguns anos para cá. E estes índices são bastante
baixos, na participação representativa onde que o processo é mais lento.
É preciso aprofundar o debate sobre a sub-representação das mulheres nos espaços de
poder: cultura patriarcal, desvantagens das mulheres nos processos políticos eleitorais. Para
favorecer o envolvimento das mulheres com a política representativa é necessário levantar algumas
propostas para a realização de uma ampla e democrática Reforma Política. Vários elementos são
essenciais, para a atuação política das mulheres seria a disponibilidade de tempo, buscando
informações, formação política, planejamento de trabalho político. Outro elemento é o gosto pela
política, que é adquirido pelo trabalho em conjunto, compartilhando projetos, esperanças e
conquistas, como também privações e frustrações. A mulher nesta questão usa da sensibilidade para
lidar com certas questões, devido a sua história de opressão, enquanto que os homens precisam
dominar e se impor, existe a divisão moral de trabalho entre razão e sentimento, identificando
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masculinidade com razão e feminilidade com sentimento. Esta base é que justifica que a política é
lugar privilegiado dos homens.
A campanha eleitoral feminina é de forma antiga e costumeira, visitas domiciliares,
propaganda na rua com som, panfletagem, etc. O setor financeiro da campanha, também é um
empecilho, pois nem sempre o partido financia e apóia as candidaturas femininas. Há ainda aquelas
mulheres que tem muito incutido o sistema machista e não se identificam com o movimento das
mulheres por seus direitos, simplesmente tencionam para ocupar um lugar de poder, usando os
mesmos artifícios masculinos, só que o homem já vem trabalhando desde muito tempo sua
candidatura, usando tipos de conquistar o eleitor com almoços, jantares, jogos de futebol, doação de
material esportivo, o que caracteriza de certo modo o clientelismo, enquanto que a mulher se
reserva mais à família, ou movimentos sociais, uma característica de ocupação da mulher segundo a
cultura histórica, que está presente na sociedade.
Há a necessidade de repensar o sistema político partidário brasileiro, para que seja
eliminado e combatido todas as formas de discriminação, desigualdade e abuso, lutando pela
construção de uma sociedade democrática , ética e acolhedora da representação de diversos
segmentos sociais.

Referências
ALAMBERT, Zuleika. A mulher na história. A história da mulher. Fundação Astrogildo
Pereira/FAP; Abaré. 2004.
ALAMBERT, Zuleika. Feminismo. O ponto de vista marxista. ED. Nobel.
AVELAR, Lúcia. Mulheres na elite política brasileira. São Paulo: Fundação Konrad Adenauer,
Editora da UNESP, 2001.
JUCOVSKY, Vera Lucia Rocha Souza. Representação política da mulher. São Paulo: Editora
Juarez de Oliveira, 2000.
TABAK, Fanny. Autoritarismo e participação política da mulher. Rio de Janeiro: Edições Graal,
1983.
TABAK, Fanny. Mulheres públicas: participação política e poder.Rio de Janeiro:Letra
Capital,2002.
NAZZARI, Rosana Kátia. Partidos e comportamento político no Brasil. Cascavel:
EDUNIOESTE, 2006.
SALVATTI, Ideli. Direitos da mulher. Senado Federal: Secretaria Especial de Editoração e
Publicações. Brasília, 2004.
FARAH, Marta Ferreira Santos. Gênero e políticas públicas. Rev. Estud. Fem. Abr 2004, vol.12,
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CEPAT. Guerreiras. Herança sem Testamento. Boletim de circulação interna. Curitiba, 2005.

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