RADIODIAGNÓSTICO
Física Básica
SISTEMAS DE MEDIDAS
Múltiplos e Submúltiplos
Comprimento (m)
1kg = 1000 g
Tempo (s)
No SI, tempo é medido em segundos (s). Os submúltiplos mais comuns são ms, µs.
Outras unidades são minuto (min), hora (h), dia (d), ano (a).
1min = 60 s
1h = 60 min
1d = 24h
1a = 365d
ESTRUTURA ATÔMICA
Alguns filósofos da Grécia Antiga já admitiam que toda e qualquer matéria seria formada por minúsculas
partículas indivisíveis, que foram denominadas átomos (a palavra átomo, em grego, significa indivisível). Toda a
matéria quer seja orgânica ou inorgânica é formada de átomos. O conjunto de átomos do mesmo tipo chama-se
elemento e a combinação de átomos iguais ou diferentes formam as moléculas. A união de átomos diferentes em
proporções determinadas forma os compostos químicos.
No entanto, foi somente em 1803 que o cientista inglês John Dalton, com base em inúmeras experiências,
conseguiu provar cientificamente a idéia de átomo. Surgia então a teoria atômica clássica da matéria. Segundo essa
teoria, quando olhamos, por exemplo, para um grãozinho de ferro, devemos imaginá-lo como sendo formado por um
aglomerado de um número enorme de átomos.
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Física Básica
Rutherford concluiu que toda a massa do átomo estaria concentrada no núcleo e este seria bastante pequeno
(se compararmos um átomo a um estádio de futebol; podemos dizer que o estádio é o átomo, e a bola, o núcleo
atômico).
Em 1913, o físico dinamarquês Niels Bohr, modificou o modelo de Rutherford, introduzindo o conceito de
camadas eletrônicas, segundo ele:
• na eletrosfera os elétrons não se encontram em qualquer posição. Eles giram ao redor do núcleo em
órbitas fixas e com energia definida. As órbitas são chamadas camadas eletrônicas, representadas
pelas letras K, L, M, N, O, P e Q a partir do núcleo.
• quanto mais distante o elétron se encontra do núcleo maior o seu nível energético. Assim, para um
elétron pular de uma camada para outra mais externa ele precisa ganhar energia. Da
mesma forma, se o elétron pula de uma camada mais externa para uma mais interna ele
perde energia.
CARGA ELÉTRICA
A carga elétrica é uma das propriedades fundamentais da matéria (assim como a massa) e está associada a
algumas partículas elementares (partículas que constituem os átomos como: prótons, elétrons, nêutrons, neutrinos,
etc.). Cada partícula elementar recebe um valor numérico que representa sua quantidade de carga elétrica. Algumas
partículas não possuem carga e são chamadas de neutras. O nêutron é um exemplo desse tipo de partícula.
A unidade de carga elétrica é o Coulomb (C), em homenagem ao físico francês, Charles Augustin Coulomb. Foi
comprovada a existência de dois tipos de carga elétrica: a carga do próton e a carga do elétron. A diferença entre elas
se fez através dos sinais "+" e "-", respectivamente.
Entre as propriedades da carga elétrica podemos destacar:
Cargas elétricas opostas se atraem e cargas elétricas de mesmo sinal se repelem com uma força
determinada pela lei de Coulomb.
1.
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CORRENTE ELÉTRICA
Na verdade, embora a comparação entre corrente elétrica e água corrente seja ainda muito utilizada, esses
fenômenos têm características muito diferentes.
A corrente elétrica consiste no movimento ordenado de portadores de carga elétrica, ou seja,
elétrons nos sólidos (fios condutores) e íons nos líquidos e gases, sempre que são submetidos a uma
diferença de potencial elétrico.
A unidade de corrente elétrica no S.I é o Ampère (A)
POTENCIAL ELÉTRICO
O potencial elétrico é uma grandeza semelhante ao potencial gravitacional (cada ponto em torno da Terra
possui um potencial gravitacional) sendo que neste caso o potencial elétrico está relacionado com a energia adquirida
quando uma carga é acelerada pela força elétrica.
No S.I, o potencial é medido em volts (V). Pode-se utilizar também kV, que corresponde a 1000
V.
Em vez de considerar o potencial elétrico num ponto do campo elétrico considera-se a diferença de potencial
elétrico entre dois pontos do campo elétrico ou d.d.p.. A d.d.p também é conhecida como tensão ou voltagem. Uma
carga negativa submetida a uma d.d.p., como mostrada abaixo, sofre uma aceleração, deslocando-se da placa negativa
para a placa positiva. Portanto, é a d.d.p. que possibilita o fluxo de elétrons de um ponto a outro de um condutor, nos
equipamentos elétricos, tais como ventiladores, lâmpadas, entre outros.
O elétron-volt (eV) é uma unidade de energia usada em Física nuclear, e equivale à energia adquirida
por um elétron quando acelerado por uma ddp de 1V.
1keV = 1000 eV; 1MeV = 1000000 eV
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Tensão alternada é aquela cuja diferença de potencial entre os pontos muda constantemente de valor e de
polaridade. Ex. rede elétrica residencial e geradores de corrente elétrica. No caso da rede elétrica, essa voltagem chega
a se alternar 60 vezes a cada segundo, isto é, tem uma freqüência de 60 Hz (hertz).
São consideradas radiações ionizantes aquelas com energia suficiente para ionizar a matéria, ou seja, arrancar
elétrons dos átomos. Como exemplos, podemos citar as radiações alfa (α), beta (β), gama (γ), X e nêutrons. As
radiações não-ionizantes correspondem àquelas com menor energia, portanto, incapazes de ionizar átomos, entre as
quais podemos citar as ondas eletromagnéticas de luz, rádio (AM ou FM), TV, microondas, etc.
As radiações ionizantes podem ser classificadas como corpusculares (alfa, beta e nêutrons) ou eletromagnéticas
(raios gama e raios-X). Todas as radiações eletromagnéticas se propagam no vácuo com a velocidade da luz, ou seja,
300.000Km/s. Qual a relação entre luz, raios X, raios gama e as ondas de rádio? Todas são ondas eletromagnéticas,
contudo apenas raios-X e raios gama possuem alta energia (alta freqüência) e são capazes de ionizar.
As radiações ionizantes podem ainda ser classificadas quanto a sua origem, como artificiais ou naturais.
As fontes naturais de radiações são decorrentes de um processo denominado de radioatividade. A
radioatividade é observada em alguns elementos químicos que se encontram instáveis na natureza. Para adquirirem
estabilidade emitem radiações (alfa, beta ou gama). Na categoria de fontes naturais encontram-se os produtos de
decaimento do urânio e do tório, que são o radônio e o torônio.
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Outra fonte de origem natural é a radiação cósmica, proveniente do espaço sideral, como resultante de
explosões solares e estelares.
As fontes artificiais de radiações são provenientes de equipamentos elétricos (tubos de raios-X) ou de
equipamentos do tipo irradiadores ou bombas, que possuem, em seu interior, uma fonte natural que foi reativada, como
por exemplo, os irradiadores ou bombas de Co-60, usados em radioterapia.
Introdução
O uso dos raios x possibilitou um grande impulso nas técnicas de diagnóstico, devido a uma de suas
características: a de poder penetrar nos materiais. Na biologia e medicina, permite observar os órgãos internos sem que
se tenha que abrir (fazer uma cirurgia) o paciente. Na indústria podemos citar a irradiação de alimentos por raios x para
prolongar o período de conservação, e a análise de estruturas de engenharia, como determinar trincas internas ao
concreto, entre outras. Nas ciências, entre outras coisas, auxilia a entender como os átomos e moléculas estão ligados,
o que tem ajudado muito o desenvolvimento dos dispositivos eletrônicos, aplicados amplamente em computadores e nos
mais variados aparelhos eletrônicos. Ainda há outras aplicações (máquinas de raios x em aeroportos, monitoração
ambiental, terapias, etc.) que não cabem ser descritas aqui.
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Para a obtenção da imagem radiográfica, os raios-X atravessam o corpo do paciente e sofrem diferentes
atenuações produzindo diferentes tons de cinza no filme radiográfico que se encontra dentro do chassi.
a) Ampola ou tubo de raios-X - que se encontra dentro do cabeçote e onde são produzidos os raios-X. A
ampola é envolvida em ferro e alumínio e em uma carcaça de chumbo de 3 a 4mm de espessura, para evitar a
fuga da radiação, conforme ilustra a figura abaixo.
Ampola de raios-X
A geração de raios-X dentro da ampola ocorre da seguinte forma:
Primeiro, o filamento sofre um aquecimento, o qual permitirá a liberação de elétrons. Ao aplicar uma diferença de
potencial entre o ânodo e o cátodo da ampola, os elétrons do filamento são acelerados em direção ao alvo. Os raios X
são produzidos quando os elétrons se chocam com o alvo, conforme mostrado na figura abaixo.
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b) Fonte de alta voltagem - que tem a finalidade de fornecer a alta tensão para o funcionamento da ampola.
O tubo do equipamento de raios-X opera com tensões da ordem de milhares de volts. Para que seja possível
aplicar altas voltagens (de 30 kV a 150 kV) ao tubo de raios-X, a fonte de alimentação utiliza um transformador
elevador cuja função, é elevar a tensão de entrada da rede em centenas de vezes. Em seguida, para que a tensão não
fique mudando de polaridade, é utilizado um módulo retificador. A tensão utilizada para o tubo de raios-X é
denominada kVp, que significa “kilovolts de pico”. O esquema dessa fonte é apresentado na figura abaixo:
A ampola ou tubo de raios-X é composta por um tubo de vidro resistente a altas temperaturas, vedado, cujo
interior é realizado vácuo. Nas suas extremidades são posicionados o catodo e o anodo, regiões com polarização
negativa e positiva respectivamente.
No catodo existe o filamento, como fonte emissora de elétrons e, no anodo, existe o alvo, que é o local onde
os elétrons colidem para produzir os raios-X.
“Quando os elétrons se chocam com o alvo, 99% da energia total é convertida em calor e, apenas 1%, é
convertida em raios-X.”
Características do Catodo
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- O filamento é feito de Tungstênio Toriado (Tungstênio com mais de 1 a 2% de Tório), pois esta liga tem alto ponto de
fusão (3.370°C) e não vaporiza facilmente.
Características do Anodo
O alvo é o local do anodo que sofre o impacto dos elétrons. O material do alvo deve ter as seguintes
propriedades: Alto Z (a quantidade de raios-x produzidos é proporcional a Z), boa condutividade térmica e alto
ponto de fusão (da ordem de 20000C).
“O material que apresenta todas estas características é o Tungstênio (Z=74). Portanto, além de ser usado
no filamento, ele é também utilizado no alvo.”
a) ponto focal real - é a área do alvo onde acontece a colisão dos elétrons.
b) ponto focal efetivo - é a área que é “vista” na direção do feixe útil, conforme mostra a figura.
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“Dependendo do ângulo do alvo, podemos ter grande área de impacto com pequeno ponto focal efetivo. O
ângulo do alvo de equipamentos de diagnóstico varia entre 5 e 15 graus.”
a) Foco pequeno ou fino: de 0,3 a 1 mm. O filamento de menor dimensão faz com que os elétrons colidam apenas
em uma pequena região do anodo; com isso diz-se que os fótons de raios-X emergem de um ponto focal
pequeno ou “fino”. O foco fino permite boa qualidade de imagem (ver detalhes), mas há baixa geração de
raios-X;
b) Foco grande ou grosso: de 1 a 2,5 mm. Quando se usa o filamento maior, o ponto focal é grande ou grosso. A
qualidade de imagem é pior, mas permite alta geração de raios-X e, portanto, curto tempo de exame. O
filamento “grosso” é empregado para visualizar grandes estruturas, como o abdome, ou quando é importante
exposições com o menor tempo possível, como em pediatria ou com estruturas que não sejam totalmente
imóveis, coração, por exemplo.
PRODUÇÃO DE RAIOS-X
Quando o elétron emitido do filamento se choca com o alvo, a produção de raios-X acontece quando ocorrem
dois tipos de fenômenos:
Quando um elétron, vindo do filamento, passa nas proximidades do núcleo, a carga positiva deste age sobre a
carga negativa do elétron. Então, o elétron é atraído em direção ao núcleo e com isso é desviado. Como conseqüência,
parte (ou toda, no caso de colisão frontal) da energia cinética do elétron é convertida em um fóton de raios-X. Desta
forma, são produzidos raios-X em uma larga faixa de energia, desde energias baixas até fótons de alta energia
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Física Básica
Surgem quando o elétron, vindo do filamento, ao interagir com o átomo do alvo “arranca” um de seus elétrons
das camadas mais internas (camada K ou L). Todavia, não pode haver um espaço vazio nas camadas mais internas,
assim os elétrons das camadas externas “pulam” para a camada vazia. Ao pular de um nível de maior energia para outro
de menor energia, os elétrons perdem energia provocando a emissão de raios-X.
Como a energia dos fótons característicos corresponde à diferença entre níveis energéticos do átomo do alvo,
esta energia possui valores determinados e varia de acordo com o tipo de material utilizado no alvo.
“Ambos os processos de geração de raios-X ocorrem simultaneamente e o total de raios-X
produzidos no interior das ampolas corresponde apenas a 1% da energia cinética dos elétrons, uma vez
que a maior parte (99%) da energia é perdida sob a forma de calor.”
d) Mili-Ampér-Segundo ou mAs
- Alguns equipamentos de raios-X possuem um botão no painel de controle chamado de mAs. Este controle indica o
produto da tensão pela corrente do tubo, ou seja, mAs = corrente x tempo. Exemplo: caso seja utilizado um mA de
60 e um tempo de 0,5s, o mAs será de 60 x 0,5 = 30. O aumento do mAs aumenta, logicamente, a quantidade de
fótons gerados, aumentando o grau de escurecimento do filme, conforme apresentado na figura abaixo:
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Física Básica
• O aumento da quantidade de fótons (motivo: como o potencial é maior, então mais elétrons serão arrastados,
aumentado a corrente no tubo e produzindo o mesmo efeito produzido devido ao aumento da corrente de
filamento).
Contudo, considera-se que o efeito principal da mudança de kVp é alterar o contraste da imagem, ou
seja, a diferença de graus de escurecimento da imagem..
“Portanto, Quanto maior a tensão selecionada pelo técnico, maior será a penetração do feixe de raios-X que atravessa o
paciente, alterando o contraste da imagem.”
Na figura abaixo, note que, quando é utilizado um kVp menor, a diferença entre os tons claros e escuros da
imagem é maior, ou seja, o contraste é maior.
g) Filtração
- Os fótons gerados com energia abaixa não interessam ao radiodiagnóstico, pois têm capacidade de penetração muito
baixa, não contribuem com informações sobre o paciente e só aumentam a dose na pele do paciente. Por isso, há a
necessidade de filtragem desses raios-X que não contribuem para a formação da imagem.
- Boa parte dos fótons de baixa energia sofre uma filtração logo que são produzidos. Essa filtração é chamada filtração
inerente e ocorre na janela de vidro, no óleo ou no colimador. Para filtrar o restante dos fótons de baixa energia, os
aparelhos utilizados em radiodiagnóstico geralmente utilizam placas de alumínio, as quais são chamadas de filtros
adicionais.
Resumo
Maior Z do alvo Maior quantidade de fótons
Maior corrente Maior quantidade de fótons
do tubo ou
mAs
Maior potencial Fótons com energia mais alta e maior
do tubo quantidade de fótons
Uso de filtro Diminui fótons de mais baixa energia
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Física Básica
h) Constante do equipamento
Todo equipamento de raios-X possui um fator ou uma constante que depende de ajustes internos. Esse fator se
relaciona com o kVp e com a espessura do paciente, conforme a expressão dada a seguir.
A vida útil do tubo de raios-X pode ser diminuída substancialmente se o tubo for usado de forma inadequada.
Existem várias causas para a falha de um tubo de raios-X, todas relacionadas com as propriedades térmicas do tubo.
Uma quantidade muito grande de calor é gerada no anodo durante uma exposição de radiação. Esse calor
deve ser dissipado para que não danifique os componentes da ampola. Assim podemos destacar três principais causas
de falha do tubo:
• Importante: Uma técnica radiográfica muito alta (altos kVp e mAs) nunca deve ser usada em um anodo frio.
Sendo aconselhável uma série de 3 exposição utilizando parâmetros de tensão, corrente e tempo baixos a
médios. Outro fator importante é respeitar um intervalo de tempo entre duas exposições consecutivas.
Manter o anodo aquecido a altas temperaturas por tempos prolongados também leva a uma degradação do
tubo de raios-X. Entre as exposições, o calor é dissipado, principalmente pela condução do calor através do óleo no qual
o tubo está imerso. Uma parte do calor é transmitida através do rotor do anodo, o que aquece os rolamentos. Calor
excessivo sobre os rolamentos resulta em um desgaste mais acentuado, o que leva ao desbalanceamento e aumento do
atrito.
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Física Básica
2-Vaporização do filamento
Mesmo com o uso normal do equipamento, devido às altas temperaturas às quais o filamento está submetido,
os átomos de tungstênio irão gradativamente sendo vaporizados e depositados na superfície interna do tubo. O metal
depositado pode levar a distúrbios no balanço elétrico do tubo, levando a mudanças no fluxo dos elétrons e a faíscas.
Aquecimento excessivo provocado por mA muito grande durante tempos longos vaporiza o filamento, tornando
cada vez mais fino. Por fim, o filamento se parte, tal como acontece com uma lâmpada incandescente.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO
16. Complete: “Quanto maior o número atômico do alvo, ___________ será a eficiência de produção de raios-X de
freamento.”
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