Itajaí, SC
2009
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ - UNIVALI
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, EXTENSÃO E CULTURA -
ProPPEC
GERÊNCIA DE PÓS-GRADUAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO PARA FORMAÇÃO PARA O MAGISTÉRIO SUPERIOR
Itajaí, SC
2009
Dedico este trabalho aos meus pais Antonio e
Maria Teresa, que sempre me incentivaram.
Ao meu marido Claudio, por todo carinho e
apoio.
À minha irmã e amiga Valéria, por sempre
acreditar em mim e me ajudar em todos os
momentos.
AGRADECIMENTOS
Introdução: Nos últimos anos, a alimentação fora do lar tem se tornado algo cada vez mais
crescente e, em contrapartida, os clientes buscam estabelecimentos onde qualidade e
variedade dos produtos e serviços, bem como as questões higiênico-sanitárias, são
fundamentais. Nos serviços de alimentação hoteleira, o objetivo principal é fornecer alimentos
saborosos, em condições higiênico-sanitárias adequadas, garantindo uma alimentação
saudável a quem se alimenta. Ressalta ainda a importância de se preservar os aspectos
culturais, garantir a satisfação dos indivíduos em qualidade e quantidade. A alimentação tem o
poder de oferecer lembranças inesquecíveis ao turista, podendo ser extremamente agradáveis
ou desagradáveis. Para garantir que estes quesitos sejam atendidos, estas unidades têm por
obrigação seguir a legislação em vigor, que determina que as UAN’S possuam manual de
boas práticas e dos procedimentos operacionais padronizados. Objetivo: Avaliar os pré-
requisitos necessários à implantação do Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de
Controle (APPCC) dos produtos cárneos de um restaurante hoteleiro. Metodologia: O
trabalho constitui-se de um estudo de caso realizado a partir da avaliação do manual de boas
práticas e dos procedimentos operacionais padronizados de uma UAN hoteleira e da aplicação
de check list para avaliar as conformidades e não conformidades com foco nos produtos
cárneos. Resultados: Através da aplicação do check list higiênico-sanitário, constatou-se que,
na UAN hoteleira, apenas 64, 93% dos procedimentos estavam sendo realizados na prática,
33,12% de não conformidades e 1,95% de não se aplica. Considerações finais: A partir dos
resultados, recomenda-se que o manual de boas práticas e os procedimentos operacionais
padronizados sejam incorporados à rotina, com o objetivo de garantir a segurança alimentar,
em especial dos produtos cárneos, para posterior implantação do sistema APPCC.
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1
1.1 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................. 1
1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA .......................................................................................... 3
1.2.1 Objetivo Geral ........................................................................................................... 3
1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................................................ 3
1.3 METODOLOGIA............................................................................................................. 3
1.3.1 Tipo de Pesquisa ........................................................................................................ 3
1.3.2 Instrumento de Pesquisa ............................................................................................ 4
1.3.3 Coleta de Dados ......................................................................................................... 4
2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................................... 6
2.1 SERVIÇO HOTELEIRO.................................................................................................. 6
2.2 PRÉ-REQUISITOS PARA A ANÁLISE DE PERIGOS E PONTOS CRÍTICOS DE
CONTROLE (APPCC) .......................................................................................................... 7
2.2.1 Segurança Alimentar ................................................................................................. 7
2.2.2 Boas Práticas e Procedimentos Operacionais Padronizados (POP’S) ....................... 8
2.2.2.1 POP higienização de instalação, equipamentos e móveis .................................. 9
2.2.2.2 POP controle integrado de vetores e pragas urbanas:....................................... 10
2.2.2.3 POP higienização do reservatório .................................................................... 11
2.2.2.4 POP higiene e saúde dos manipuladores .......................................................... 12
2.3 CRITÉRIOS DE SEGURANÇA NA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS ....................... 14
2.3.1 Aquisição ................................................................................................................. 14
2.3.2 Recebimento ............................................................................................................ 15
2.3.3 Armazenamento ....................................................................................................... 17
2.3.4 Manipulação ............................................................................................................ 20
2.3.5 Cocção ..................................................................................................................... 21
2.3.5 Distribuição ............................................................................................................. 23
2.4 PROGRAMAS DE QUALIDADE ................................................................................ 23
2.5 ANÁLISE DE PERIGOS E PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE (APPCC) ........... 25
2.5.1 Análise de perigos e pontos críticos de controle em produtos cárneos ................... 30
2.5.2 Perigos Biológicos, Químicos e Físicos em Produtos Cárneos ............................... 35
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 42
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 50
APÊNDICE .............................................................................................................................. 54
APÊNDICE A ...................................................................................................................... 55
1
1 INTRODUÇÃO
1.1 JUSTIFICATIVA
Nos últimos anos, a alimentação fora do lar tem se tornado algo cada vez mais
crescente. Proporcional a este fator, depara-se com a exigência do usuário por
estabelecimentos onde qualidade e variedade dos produtos e serviços, bem como as questões
higiênico-sanitárias são fundamentais ou até quesito de escolha (POPOLLIM, 2006).
Segundo a ABERC (2008), o serviço de refeições coletivas no Brasil em 2007
atendia diariamente 7,5 milhões de refeições. Este setor tem se mantido estável nos últimos
anos e o crescimento anual previsto é de 10%, duplicando-se em sete anos, isto representa
uma participação significativa do setor de refeições coletivas no Brasil no desenvolvimento
do país.
De acordo com Teixeira et al. (2004, p.15), as Unidades de Alimentação e
Nutrição (UAN) são uma unidade de trabalho ou órgão dentro de uma empresa que
desempenham atividades de alimentação e nutrição independente da situação ou escala
hierárquica que ocupe.
Proença (2005) define as UAN’S como responsáveis por oferecer refeições
equilibradas do ponto de vista nutricional e do controle higiênico-sanitário dos mesmos. Estes
estabelecimentos devem zelar pela saúde dos usuários, oferecendo alimentos saudáveis,
promovendo ações de educação nutricional e favorecendo a melhoria dos hábitos alimentares
da população atendida.
A definição da atribuição do nutricionista em UAN, segundo a resolução
380/2005 do Conselho Federal de Nutrição (CFN, 2008), é gerenciar os serviços de nutrição e
dietética, englobando atividades técnico-administrativas (planejar, organizar, dirigir,
supervisionar), atingindo tanto a população sadia como a enferma, além de atendimento
ambulatorial e a pacientes internados.
As UAN’S devem seguir alguns princípios básicos para produção de alimentos, de
acordo com Proença (2000, p. 31). Os produtos utilizados no preparo precisam ser sadios, a
higiene ambiental e dos manipuladores controladas, bem como o binômio tempo x
temperatura durante a manipulação e conservação dos alimentos monitorados. A estrutura
física necessita ser planejada, evitando o cruzamento de fluxo entre alimentos crus e cozidos,
além de cuidado na manipulação de resíduos e utensílios sujos.
De acordo com Franco e Landgraf (2005), a carne apresenta uma composição
2
química que favorece o crescimento de microrganismos, devido a alta atividade de água, meio
rico em substâncias nitrogenadas, minerais e fatores de crescimento, além de ph favorável aos
microrganismos. Leitão (2002) cita que os diversos fatores observados anteriormente
favorecem o desenvolvimento de uma microbiota extremamente variada.
Segundo Moretto et al. (2002), a carne é caracterizada como a parte comestível
dos mamíferos e aves, incluindo os ossos, devendo ser abatida sob inspeção sanitária e
manipulada dentro de padrões higiênico-sanitários. A carne pode atingir um percentual de
água de 75%, proteínas aproximadamente 20%, cinza 1% e lipídeos (gordura intercelular) 3%.
Franco e Landgraf (2005, p. 94) referem que a qualidade da carne está diretamente
relacionada com a tecnologia aplicada desde a produção dos animais e do abate, transporte e
condições de comercialização. Proença (2005, p. 134) refere que nos processos de pré-
preparo, preparo e cocção, as carnes podem perder quantidades significativas de líquidos e,
conseqüentemente, valor nutricional das mesmas.
Leitão (2002) alerta para a grande dificuldade no aspecto sanitário das carnes,
sendo necessárias várias ações para reduzir os riscos de contaminação por bactérias. Ações
como: boa qualidade microbiológica dos animais e das rações e assistência veterinária aos
rebanhos, além de programa de sanificação dos equipamentos e instalações, visando à redução
da disseminação e proliferação de patógenos.
A implantação da metodologia de análise de perigos e pontos críticos de controle
(APPCC) em todas as etapas da produção constitui instrumento importante para auxiliar na
garantia da qualidade deste alimento. Segundo Leitão (2002 apud LEITÃO, 1995; ICMSF,
1988, p. 5), o sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle mostra-se uma das
melhores alternativas na prevenção de contaminação dos alimentos ao longo do
processamento, por definir claramente os pontos críticos de controle. Leitão (2002) acredita
que a filosofia do APPCC favorecerá as empresas fornecer carnes frescas seguras ao
consumidor final.
Através do controle do binômio tempo x temperatura durante a manipulação,
processamento e distribuição dos alimentos, especialmente os cárneos, é possível evitar a
contaminação, manter características sensoriais, bem como preservar os nutrientes por meio
de técnicas de manuseio corretas (TEIXEIRA et al., 2004, p. 193; SILVA JUNIOR, 2005, p.
305 - 306).
Com base nos dados apresentados, fez-se um diagnóstico da situação atual de uma
UAN hoteleira, justificando a necessidade do levantamento dos pré-requisitos para
implantação do APPCC dos produtos cárneos. De acordo com a RDC 216 (BRASIL, 2004),
3
1.3 Metodologia
De acordo com Gil (2002), as pesquisas podem ser classificadas com base nos
objetivos, podendo ser exploratória, descritiva ou explicativa. Este estudo classifica-se como
exploratório, pois, segundo Gil (2002, p. 41), “as pesquisas exploratórias tem como objetivo
proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a
4
Conforme Yin (2005, p. 19), o estudo de caso tenta esclarecer uma decisão ou
conjunto de decisões, que já foram implementadas e se quer saber os resultados. Ou, ainda, os
estudos de caso fazem questionamentos do tipo “como” e “por quê”. O trabalho foi realizado
por meio de um estudo de caso em uma UAN hoteleira, com o objetivo de levantar os dados
por meio de check list próprio e após realizar a análise dos dados coletados.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
A hotelaria surge com o objetivo de alojar as pessoas que estavam fora de seus
lares e buscavam um quarto, uma cama e banho. Com o aparecimento de novos
empreendimentos, os hotéis sentem a necessidade de atender não apenas aos hóspedes, mas
também focar as pessoas residentes próximas a estes estabelecimentos. Surge a necessidade
de oferecer outros tipos de serviços e, em alguns, casos a terceirização foi o caminho. A
estrutura organizacional hoteleira é composta, portanto, por processos comerciais,
hospedagem, alimentos e bebidas e administrativos (DUARTE, 1996, p. 18; 37).
Castelli (2000, p. 54) diz que a missão da empresa hoteleira é suprir as
necessidades humanas e pode ser entendida como uma organização que oferece alojamento à
clientela mediante pagamento. Dentro desta organização, tem-se o setor de A & B, que tem o
objetivo de suprir uma das necessidades do ser humano, a alimentação. Ainda segundo a
OMT (1996, p. 6):
compra de alimentos e bebidas, em virtude do volume atendido. Neste caso passa a ser mais
um subprocesso deste setor.
De acordo com Santos (2003, p. 11), os serviços de alimentação hoteleira têm
como objetivo fornecer alimentos saborosos, em condições higiênico-sanitárias adequadas,
garantindo uma alimentação saudável a quem se alimenta. Ressalta ainda a importância de se
preservar os aspectos culturais, além de garantir a satisfação dos indivíduos em qualidade e
quantidade. Outro ponto a ser lembrado é que a alimentação tem o poder de oferecer
lembranças inesquecíveis ao turista, podendo ser extremamente agradáveis ou desagradáveis
(OMT, 2003, p. XII).
Segundo Proença et al. (2005), a segurança alimentar significa que todos poderão
ter acesso a uma alimentação suficiente e adequada do ponto de vista nutricional, isenta de
contaminações, que podem causar doenças. É contrária ao risco alimentar, ou seja, à
probabilidade de a pessoa não desenvolver alguma doença proveniente do consumo de
alimento. De acordo com Nardin et al. (1997) e Proença (1999, p. 59), a segurança alimentar
refere-se também à saúde do cliente, incluindo cuidados com higiene, escolha dos alimentos,
armazenamento, preparo e distribuição, bem como a responsabilidade pela contratação e
capacitação da equipe de manipuladores.
Para controlar a qualidade da água nas UAN’S, deve ser elaborado o POP de
higienização do reservatório. A higienização dos reservatórios deve ser feita a cada seis
meses, por empresa terceirizada e o certificado de realização do serviço arquivado. No caso
deste POP, devem ser elaboradas planilhas para controle da higienização dos reservatórios e
freqüência da análise da potabilidade da água, sendo todas as planilhas arquivadas na UAN
(BRASIL, 2004).
12
(2004).
Nos estudos realizados por Panetta (1998), o autor ressalta a importância do
manipulador como o principal responsável na contaminação dos alimentos, especialmente nas
contaminações de origem microbiana. Mostra também que controle higiênico-sanitário ocupa
local de destaque neste processo, pois é no momento da manipulação que as maiores
contaminações ocorrem. Para que a qualidade dos alimentos seja melhorada, uma das
maneiras é a capacitação constante dos manipuladores e dos demais funcionários (FAO)
(OMS) apud PANETTA (1998).
Conforme ABERC (2003, p. 63), BRASIL (2004) para garantir a segurança dos
alimentos os colaboradores da UAN precisam tomar alguns cuidados básicos diariamente
quanto à estética e asseio, como:
a. Tomar banho e lavar a cabeça com freqüência;
b. Barba feita;
c. Manter as unhas curtas, limpas e sem esmalte, incluindo base incolor;
d. Escovar os dentes após as refeições, antes de acordar e antes de dormir;
e. Não utilizar perfumes;
f. Trocar o uniforme no mínimo diariamente e usá-lo apenas nas dependências da
UAN;
g. Utilizar desodorante inodoro;
h. Não aplicar maquiagem em excesso;
i. Manter a higiene adequada das mãos.
2.3.1 Aquisição
necessita cuidados na aquisição são os vegetais. Quanto ao estado higiênico, estes alimentos
podem sofrer contaminações microbiológicas (microrganismos fecais de origem animal ou
humana) e ambientais. Os alimentos consumidos in natura são veículos de muitos
microrganismos patogênicos (SILVA JUNIOR, 2005, p.173).
O mesmo autor refere que, de acordo com as Portaria 1428 e Codex Alimentarius
(FAO), as matérias primas são prioridade para a manipulação segura dos alimentos. Alguns
cuidados devem ser tomados no momento da aquisição como: visita técnica aos fornecedores,
controle sensorial, controle microbiológico e físico-químico e transporte (BRASIL, 1993).
Segundo a RDC 216, os critérios de avaliação e seleção de fornecedores de matérias-primas,
ingredientes e embalagens devem estar bem claros. Não se esquecendo de avaliar o transporte
dos produtos, quanto às condições adequadas de higiene e conservação (BRASIL, 2004).
ABERC (2003, p. 53) define os critérios para a avaliação dos fornecedores, estes
podem ser subsídios para qualificação e triagem dos fornecedores. Os critérios de estrutura
física, normas de higiene e procedimentos operacionais devem ser os mesmos utilizados nas
UAN’S acrescidos de alguns itens específicos, como alvará de funcionamento, razão social
completa, endereço, CNPJ e Inscrição Estadual (IE), referências de clientes, comprovantes de
atendimento a legislação pertinente e critérios técnicos estabelecidos entre fornecedor e
cliente.
Na avaliação técnica do fornecedor, além de condições ambientais devem ser
verificadas as boas práticas de fabricação, armazenamento, distribuição, higiene pessoal e dos
alimentos, transporte, manipulação dos alimentos, matéria-prima utilizada, fluxo de produção,
armazenamento dos produtos processados, empacotamento do produto final, controle de
qualidade do produto final, visitantes e transporte dos produtos (ABERC, 2003, p. 54-55).
2.3.2 Recebimento
1
Cinestesia segundo ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR 12806 – 02/93 apud (SILVA
JUNIOR, 2005, p. 178) é o conjunto de sensações resultante da pressão aplicada na amostra produzida pelo
movimento.
17
No caso dos ovos, não podem apresentar trincas, rachaduras ou resíduos que comprovem falta
de higiene do fornecedor, o acondicionamento dos mesmos deve se dar preferencialmente em
embalagens plásticas (SILVA JUNIOR, 2005, p. 179).
ABERC (2003, p. 96) e SILVA JUNIOR (2005, p. 178) recomendam que caso
chegue vários fornecedores ao mesmo tempo, siga-se o seguinte critério para o recebimento:
a. Alimentos perecíveis resfriados e refrigerados;
b. Alimentos perecíveis congelados;
c. Alimentos perecíveis permitidos em temperatura ambiente;
d. Alimentos “não perecíveis”.
Os diferentes critérios necessários para o recebimento de mercadorias já foram
descritos. O Quadro 1 apresenta um resumo com as temperaturas a serem observadas no
recebimento de matérias primas.
MATÉRIA-PRIMA TEMPERATURA
Carnes refrigeradas (bovina, suína, ave, pescado) até 6o.C com tolerância até 7o.C
Frios e embutidos industrializados até 10oC ou de acordo com o fabricante
Hortifrutigranjeiros in natura Temperatura ambiente
Hortifrutigranjeiros pré-processados resfriados até 10o.C ou de acordo com o fabricante
Laticínios e derivados até 10o.C ou de acordo com o fabricante
Massas frescas até 6o.C com tolerância até 7o.C
Produtos congelados (carnes, peixes, hortifruti, sucos - 18o.C com tolerância até -12o.C
etc
Produtos refrigerados de 6o.C a 10o.C ou de acordo com o fabricante
Produtos “estoque seco” temperatura ambiente
Produtos industrializados registrada na embalagem
Produtos salgados, defumados, curados registrada na embalagem
Sobremesas refrigeradas até 6o.C com tolerância até 7o.C
Sucos concentrados estabilizados registrada na embalagem
Sucos concentrados resfriados até 10o.C ou de acordo com o fabricante
Quadro 1: Critérios de temperatura no recebimento da matéria-prima – quadro resumo
Fonte: ABERC (2003, p. 99).
2.3.3 Armazenamento
Sob Congelamento – etapa onde os alimentos são Alimentos armazenados em temperatura de:
o
armazenados à temperatura de 0 .C ou menos 0 a -5o.C por 10 dias
-5o.C a -10o.C por 20 dias
-10o.C a – 18o.C por 30 dias
< - 18o.C por 90 dias
Sob refrigeração – etapa onde os alimentos são Pescados refrigerados e seus produtos crus – até 4o.C
armazenados a temperatura de 0o.C a 10o.C por 24 horas
Carne bovina, suína, aves e outras e produtos crus –
até 4o.C por 72 horas
Frios e laticínios – até 8o.C (seguir recomendação do
Fornecedor)
Hortifruti – até 10o.C (seguir recomendação do
Fornecedor)
Alimentos pós-cocção – até 4o.C por 24 horas
Ovos até 10o.C por 14 dias
Sobremesas, frios e laticínios manipulados – até 8o.C
por 24 horas; até 6o.C por 48 horas; até 4o.C por 72
horas.
Maionese e misturas com outros alimentos – até 6o.C
por 24 hora; até 4o.C por 48 horas
Estoque Seco Armazenamento a temperatura ambiente
Quadro 2 – Tipos de armazenamento e os prazos de validade
Fonte: Adaptado de Silva Junior (2005, p. 182).
Nesta etapa, existem vários critérios a serem seguidos como o sistema PVPS, que
significa o primeiro que vence é o primeiro que sai: portanto, no armazenamento, os produtos
que vencerão primeiro devem estar na frente, e os com data posterior atrás. Os produtos
devem ser organizados de acordo com o tipo, favorecendo a retirada e a localização dos
19
2.3.4 Manipulação
seguidos corretamente, portanto a higienização das tábuas de corte, facas e demais utensílios
que entrarão em contato com os alimentos devem ser realizadas com rigor (SILVA JUNIOR,
2005); (SENAC/DN, 2001).
2.3.5 Cocção
cárneos devem ser abertas após serem lavadas em água corrente. Depois deste processo, os
alimentos sofrem as manipulações como a limpeza, porcionamento e depois tempero dos
cortes. Para garantir que esta etapa ocorra com segurança, os lotes para manipulação devem
ser retirados de forma que não ultrapassem trinta minutos em temperatura ambiente. Caso esta
manipulação ocorra em sala climatizada (entre 12º. C e 18º. C), o tempo não deve exceder 2
horas.
Outro procedimento para garantir a manipulação segura dos produtos cárneos é a
utilização de utensílios durante esta etapa. De preferência evitar as preparações de véspera,
mas caso isto não seja possível, devem ser armazenadas em recipientes cobertos.
O objetivo do tratamento térmico dos produtos cárneos, de acordo com Proença
(2005, p. 135 -136), é melhorar o sabor da carne, a digestibilidade e garantir que os
microrganismos presentes naturalmente neste produto não ocasionem nenhum dano à saúde
do consumidor.
De acordo com Knight e Kotschevar (2005, p. 346), os métodos de cocção são por
meio de calor seco (grelhar, assar, saltear e fritar) e por calor úmido (brasear, guisar, ensopar
e escaldar). O tipo de corte dos produtos cárneos irá determinar qual o melhor método de
cocção. Ao atingir cerca de 74º. C, a carne começa a mudar de coloração devido à Reação de
Maillard, ou seja, conversão do colágeno em gelatina e a desnaturação da proteína que se
completa quando a temperatura atinge 78,6º.C. Quanto maior o tempo e a temperatura de
exposição da carne ao calor maiores as perdas de líquidos e alterações de textura.
Proença (2005, p. 136) indica que o calor úmido seja utilizado para cortes de
carne que contêm pouco colágeno, como paleta, acém, fraldinha, o peito e a capa de filé. O
calor seco é recomendado para cortes de carnes macios como alcatra, lagarto ou tatu, peito de
frango e os peixes. Os cortes mais macios, como contra filé, patinho e filé mignon podem
sofrer cocção por meio de calor seco. Griswold (1972 apud PROENÇA, 2005, p.137) mostra
que os experimentos realizados com baixas temperaturas de cozimento, conferem maior
maciez às carnes. Ao contrário do que diz Lajolo e Tirapegui (1998 apud PROENÇA, 2005,
p. 137), que acreditam que baixas temperaturas por tempo prolongado alteram a textura das
carnes, ao contrário de altas temperaturas por um curto período de tempo, mas para que seja
comprovada estas teorias são necessários mais estudos sobre o assunto.
23
2.3.5 Distribuição
(FERREIRA, 2002, p. 1)
De acordo com Ferreira (2002, p. 36 ), “qualidade é aquilo que satisfaz o cliente,
controle da qualidade é a manutenção do produto dentro dos níveis de tolerância aceitáveis
para o consumidor ou comprador.”
sistema de gestão da qualidade. Esta norma é mais uma ferramenta para assegurar alimentos
íntegros e seguros em âmbito mundial, embora cada país elabore suas diretrizes, conforme
características próprias (GIORDANO e GALHARDI, 2007, p. 83).
O controle é reativo, em que ações corretivas são O controle é proativo, em que ações corretivas podem
tomadas depois que o problema ocorreu. ser tomadas antes que o problema ocorra.
Considerável experiência pode ser necessária para Controle é feito por características que são fáceis de
interpretar os resultados dos testes. serem monitoradas, como tempo, temperatura e
aparência.
A realização dos testes pode ser muito lenta. O controle é tão rápido que ações corretivas podem
ser tomadas quando necessário.
O custo da amostra do produto depende do tipo de O controle é barato em comparação com métodos e as
análise. análises químicas e microbiológicas.
Somente um número limitado de amostras pode ser Muitas medidas podem ser tomadas para cada grupo
avaliado. de produtos porque o controle é focado nos pontos
críticos da operação.
Nenhum perigo em potencial é tomado em APPCC pode ser usado para predizer um perigo
consideração. potencial.
Quadro 3: Comparação do Sistema APPCC com o método tradicional de inspeção
Fonte: Roque-Specht apud Pietrowsky (2002).
De acordo com Ornellas (2001, p. 130), a carne é todo o músculo estriado que
recobre o esqueleto, língua, esôfago e vísceras de diferentes animais. Compreende o tecido
muscular adiposo e conjuntivo, portanto a carne é toda a parte comível do animal.
Os alimentos cárneos são meio de cultura ideal para o desenvolvimento
microbiano, devido à alta atividade de água, substâncias nitrogenadas, minerais e fatores de
crescimento, além do pH favorável (5,6) à maioria dos microorganismos, cujo
desenvolvimento dependerá das condições de abate, estresse do animal e higiene na
manipulação. As deteriorações mais comuns neste alimento são provocadas por bactérias,
bolores ou leveduras. Em condições de aerobiose, as bactérias produzem modificações na
cor, sabor, aroma e gordura presente na carne (PIERSON; CORLETT JR., 1992 apud
BORGES e FREITAS, 2002).
A temperatura e a umidade da superfície da carne e do ar podem favorecer o
crescimento de microorganismos causadores da mucosidade ou limo superficial (BORGES e
FREITAS, 2002). Segundo Evangelista (1994, p. 213), os fatores que favorecem a
proliferação dos microrganismos na carne são pH, umidade superficial do produto,
temperatura de armazenamento, entre outros. O elevado pH da carne oferece condições ideais
para o crescimento de diversos microrganismos como as Pseudômonas. Quanto maior a
atividade de água, mais rápido este produto sofrerá deterioração, por isto as carnes frescas são
mais perecíveis. As alterações de cor, sabor, textura e do aspecto da carne são ocasionados
pelas bactérias, leveduras e mofos aeróbios e anaeróbios. A carne é um excelente substrato
para o crescimento dos microrganismos.
Os produtos de origem animal estão sujeitos à contaminação microbiológica a
partir de várias fontes, o próprio animal contribui com organismos patógenos ou deteriorantes,
podendo ocorrer através da água, instalações, equipamentos e manipuladores. Somente
conhecendo as possíveis fontes de contaminação e os meios de difusão é possível controlá-los
31
TEMPERATURA DE
PRODUTO CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS
RECEBIMENTO
Carnes bovinas resfriadas Aspecto: firme, não amolecido e nem 6o.C com tolerância até
pegajoso. 7o.C
Cor: vermelho vivo, sem escurecimento.
Odor: característico
Aves resfriadas Aspecto: firme, não amolecido e nem 6o.C com tolerância até
pegajoso. 7o.C
Cor: amarelo-rosado, sem escurecimento ou
manchas esverdeadas.
Odor: característico
Pescados resfriados Aspecto: firme, não amolecido e nem 6o.C com tolerância até
pegajoso; olhos brilhantes e salientes, guelras 7o.C
róseas ou vermelhas úmidas e escamas
brilhantes, aderentes e firmes.
Cor: branco ou ligeiramente róseo.
Odor: característico
Pescados resfriados (postas ou Aspecto firme, não amolecido e nem 6o.C com tolerância até
filetados) pegajoso; frio ao toque. 7o.C
Cor: branco ou ligeiramente róseo, sem
resíduos de sangue
Odor: característico, não amoniacal.
Carnes congeladas (aves, peixes, Embalagem íntegra, sem sinais de rachaduras -18o.C com tolerância
bovinas, suínas, vísceras) na superfície, sem Acúmulos de líquidos no até -12o.C
interior da embalagem ou cristais de gelo na
superfície do produto.
No caso dos suínos recomenda-se o
recebimento preferencialmente congelado,
importante observar formações redondas
brancas de cisticercos, semelhantes a
“canjicas”.
Frios embutidos industrializados Sem formação de cristais de gelo, água dentro até 10o.C ou de acordo
da embalagem e sinal de recongelamento; com o fabricante
Firmes não pegajosos, com odor
característico, sem odor de ranço
Cor característica de cada espécie, sem
manchas pardecentes, esbranquiçadas, verdes
ou cinzas
Produtos salgados, curados ou Aspecto: firme, não amolecido e nem Temperatura ambiente
defumados pegajoso. ou recomendada pelo
Cor característica, sem manchas pardecentes, fabricante
esbranquiçadas, verdes ou cinzas.
Odor: característico.
Quadro 4: Características sensoriais e temperaturas no recebimento de produtos cárneos.
Fonte: Adaptado de SENAC/DN (2001, p. 131); Silva Junior (2005, p. 179); ABERC (2003, p. 97).
descongelamento pode demorar de 4 a 5 dias, após este período o produto deve ser consumido
no menor tempo possível (EVANGELISTA, 1994, p. 384).
Segundo a RDC 216 de 15 de setembro de 2004, o descongelamento deve ser
realizado com cuidado, para que a superfície do alimento não favoreça o crescimento
microbiano. Portanto, este processo deve ser realizado sob refrigeração ou à temperatura
inferior a 5o.C, ou em forno de microondas, mas neste caso a cocção precisa ser feita
imediatamente (BRASIL, 2004).
Durante esta etapa, cuidado especial deve ser tomado quanto à contaminação
cruzada a partir do gotejamento e crescimento de microrganismos na parte externa do
alimento, antes mesmo que o interior esteja completamente descongelado. Os produtos
cárneos e aves merecem atenção freqüente durante todo este processo, pois caso o alimento
não esteja totalmente descongelado antes do preparo, o tempo e temperatura de cozimento
precisam ser aumentados (ABERC, 2003).
Os alimentos, depois de descongelados, deverão ser mantidos sob refrigeração a
4º. C pelo prazo máximo de 72 horas. Os peixes e crustáceos devem ser consumidos em no
máximo 24 horas, mantidos em refrigeração a 4º. C. Uma vez descongelados, os alimentos
não devem ser recongelados crus (SANTOS JUNIOR, 2008).
Silva, Andrade e Guimarães (2007) referem que o descongelamento, se realizado
em água corrente deve, ter sua temperatura monitorada e inferior a 21o.C por no máximo 4
horas. Caso este processo seja realizado em câmara ou geladeira, a temperatura permitida é de
no máximo 4O.C. Se o processo de descongelamento ocorrer em temperatura ambiente, ao
alimento atingir 3 - 4O.C deve ser colocado sob refrigeração para finalizar o degelo.
Os mesmos autores demonstram que outro cuidado necessário é a manipulação de
alimentos perecíveis não ultrapassar 30 minutos à temperatura ambiente. Caso a área de
manipulação seja climatizada (12 o.C a 18o.C), este tempo pode se estender até 2 horas.
No caso de produtos cárneos que necessitam dessalgue, o procedimento deve ser:
dessalga em água sob refrigeração ou dessalga em água quente, por meio de troca de água de
fervura (SANTOS JUNIOR, 2008).
Segundo Proença (2002), os alimentos são essenciais à vida humana, mas podem
sofrer alterações que o tornem inadequados ao consumo humano. Estas alterações são
36
3. No processamento de alimentos
1. Das instalações
2. Dos equipamentos
1. Instalações e equipamentos
2. Pessoal
até a distribuição dos alimentos. Alguns produtos químicos são utilizados nos alimentos
seguindo proporções e diluições conforme determinação do fabricante, sem causar nenhum
dano ao consumidor final. Outro risco da contaminação química é o efeito cumulativo no ser
humano, podendo acarretar conseqüências em longo prazo, como o mercúrio e outros ainda
em curto prazo como os efeitos alergênicos, conforme Mortimore & Wallace (apud
CONTRERAS et al. , 2002, p. 93). De acordo com SENAC/DN (2001), os perigos químicos
podem ser produtos de toxinas de moluscos, metabólitos de origem microbiana, além de
pesticidas, herbicidas, tintas, lubrificantes, sanitizantes, detergentes, entre outros.
Contreras et al. (2002), no Quadro 6, lista alguns dos perigos químicos
encontrados em alimentos.
1. Em produtos agrícolas
1. Bactérias
2. Vírus
3. Parasitas
Bactérias
Vibrio cholerae, Clostridium botulinum (botulismo infantil), C. perfringens, E.coli verotoxigênicas etc.
Bactérias
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 1: Percentual de conformidade encontrado com a aplicação do check list higiênico-sanitário em uma UAN
hoteleira em novembro de 2008
Fonte: Elaborado pela autora (2008).
paredes da UAN são de revestimento liso, de cor clara e lavável, mas apresentam alguns deles
quebrados, trincados e até mesmo com falta. Conforme Teixeira et al. (2004, p. 88), sugere-se
a colocação de cantoneiras de alumínio ou aço inox para que ao circular com carrinhos de
transporte e materiais, as paredes não sejam danificadas. O teto encontra-se em bom estado de
conservação. Nas áreas destinadas à confeitaria e pré-estoque de secos, o material no teto
utilizado são placas de PVC laváveis.
Todas as janelas da UAN são do tipo basculante, com telas removíveis
milimétricas, mas não se encontram, em perfeito estado de conservação, além da
periodicidade de limpeza não estar de acordo com o recomendado pelo MBP.
Segundo Teixeira et al. (2004), a iluminação deve ser distribuída de maneira
uniforme, sem sombras, reflexos ou ofuscamentos, as janelas não devem permitir penetração
direta do sol. Ao avaliar a iluminação da UAN, de acordo com a avaliação do PPRA
(programa de prevenção de riscos ambientais), esta atende a legislação. Ao realizar a
observação, constatou-se que na área da coifa, manipulação de carnes e na área de saladas a
iluminação é insuficiente e alguns pontos apresentaram sombra e ofuscamento. Quanto às
lâmpadas, parte delas possuem proteção contra queda, outras, por sua vez, apresentam apenas
grade, o que não garante, em caso de explosão da lâmpada, que os alimentos não sejam
contaminados com fragmentos de vidro da mesma, ou seja, neste ponto a UAN atende
parcialmente às exigências da legislação.
O piso é do tipo cerâmico, anti derrapante, mas as condições de conservação
encontram-se precárias, há necessidade de substituição de alguns destes, pois se encontram
quebrados ou trincados. Quanto à higienização, a periodicidade não segue as determinações
presentes no MBP.
Em relação às portas da UAN, estas são do tipo vai e vem, conforme
determinação da legislação, mas não se encontram devidamente reguladas quanto ao
espaçamento das aberturas. Observou-se necessidade de manutenção nas telas milimétricas
das mesmas, pois se apresentam soltas e algumas rasgadas. A UAN encontra-se em desacordo
com o que recomenda a Portaria no. 6 (SÃO PAULO, 1999, p. 4):
[...] as portas devem ter superfície lisa, de cores claras, de fácil limpeza, ajustadas
aos batentes, de material não absorvente, com fechamento automático (mola ou
similar) e protetor no rodapé. As entradas principais e os acessos às câmaras devem
ter mecanismos de proteção contra insetos e roedores.
não estão sendo realizadas com freqüência, quando elas ocorrem seguem os critérios descritos
no formulário para aprovação dos mesmos.
A área de recebimento de mercadorias da UAN possui um responsável pelo
recebimento dos produtos refrigerados e congelados e no caso dos demais produtos a
responsabilidade pela conferência e recebimento é do comprador. Para as bebidas a
conferência é realizada pelo maitre ou garçom designado pelo mesmo. O estoquista e o
comprador recebem treinamento constante quanto aos quesitos a serem seguidos nesta etapa.
Verificou-se a presença de caixas de papelão dentro da câmara de congelamento junto com as
caixas plásticas, além de alguns produtos sem identificação e data de validade. O critério do
PVPS (primeiro que vence primeiro que sai) é respeitado na maioria das vezes, nesta etapa.
Em relação às medidas de controle de temperatura no recebimento, a mesma não está
ocorrendo por resistência do colaborador, o MBP orienta como deve ser realizado este
procedimento e apresenta formulário próprio de controle de recebimento de matéria-prima.
No caso dos hortifrutis, os que são recebidos em caixas de madeira são
imediatamente transferidos para caixas plásticas da unidade. Foram encontrados, porém
algumas caixas mal higienizadas nesta etapa.
Nas UAN’S, recomenda-se a instalação de duas câmaras frigoríficas, uma para
armazenamento de carnes e outra para armazenamento de frutas e verduras, a instalação de
câmara para os laticínios deve ser estudada, analisando volume do produto utilizado,
freqüência de abastecimento e quantidade adquirida (TEIXEIRA et al., 2004, p. 93). Na UAN
estudada, o armazenamento dos alimentos refrigerados e congelados acontece em duas
câmaras frigoríficas, sendo uma de resfriamento para acondicionamento de frutas, verduras,
legumes, laticínios e sucos; e outra câmara para congelamento, onde são armazenados carnes,
frutos do mar e aves. Para o armazenamento de sorvetes, massas e batatas congeladas,
utilizam-se frízeres horizontais.
Quanto ao POP de higiene de instalações, equipamentos, móveis e utensílios
constatou-se que o formulário de monitoramento de higienização de superfícies não ocorre na
freqüência indicada neste POP e as técnicas de higienização não são seguidas. Os produtos
utilizados nos processos de higienização conforme exige a RDC 216 (BRASIL, 2004), são
registrados no Ministério da Saúde e as fichas técnicas encontram-se no procedimento
operacional.
O POP de controle da potabilidade da água não é seguido corretamente, apesar de
descrito corretamente neste procedimento. A responsabilidade da higienização dos
reservatórios de água é do hotel onde a UAN é terceirizada, mas os certificados de realização
45
los, são reaquecidos, ou seja, as temperaturas na manutenção dos alimentos não são
monitoradas. Já em relação aos molhos e arroz os mesmos são colocados em balcão térmico a
espera da distribuição, mas as temperaturas também não são monitoradas.
A UAN estudada faz uso do sistema cook chill2, portanto grande parte do cardápio
encontrava-se pré-preparado, sendo apenas finalizado quando o cliente fazia o pedido. Neste
processo, apenas as carnes que serão grelhadas não estão prontas, mas as que sofreram
empanamento encontram-se já pré-preparadas.
O pré-preparo de carnes engloba o descongelamento e manipulação, constatou-se
nestas etapas que as recomendações do MBP e da legislação são seguidas parcialmente, ou
seja, as carnes, muitas vezes, permaneciam descongelando por um longo período em
temperatura ambiente ou mesmo em água corrente, sem controle de temperatura. Observou-se
também, no caso dos peixes, a realização do descongelamento direto na água, comprometendo
as qualidades nutricionais e higiênico-sanitárias do produto.
De acordo com o observado na UAN, o descongelamento constitui o momento de
maior risco no processo de manipulação dos alimentos cárneos, visto que o binômio tempo x
temperatura não é observado nem controlado. Os lotes de carnes retirados para manipulação
são grandes, e o tempo de manipulação excede os trinta minutos recomendados pela
legislação. Silva; Andrade e Guimarães (2007) em uma UAN na cidade do Rio de Janeiro
encontraram as mesmas condições com relação ao descongelamento dos alimentos, em que o
tempo e a temperatura dos alimentos foram inadequados, mas nas etapas subseqüentes os
controles foram rigorosos. Em relação ao tempo de manipulação, este foi superior a trinta
minutos, mas o ambiente de manipulação era climatizado.
Após a manipulação das carnes, as mesmas, algumas vezes, permaneciam em
temperatura ambiente já porcionadas, esperando o pedido do cliente, ao invés de estar sob
refrigeração. Silva Junior (2005, p. 186) recomenda que, após porcionar os alimentos e
temperar, os mesmos devem retornar imediatamente à refrigeração de no máximo 4º. C. Em
relação a atingir a temperatura de segurança de 74o.C no interior do alimento, a maioria dos
produtos atendiam este critério, exceto quando os clientes solicitavam carnes mal passadas,
neste momento não é possível garantir que o interior do alimento atinja à temperatura
recomendada.
As causas predominantes das DTA’s em serviços de alimentação são refrigeração
2
Cook chill “sistema de produção que consiste na preparação e cocção normais dos alimentos, seguido de
imediato porcionamento, refrigeração em condições controladas de temperatura superiores ao ponto de
congelamento e armazenamento sob refrigeração, com posterior reaquecimento logo antes do alimento ser
consumido.” (KINTON et al., 1998 apud SILVA JUNIOR, 2005, p. 411).
47
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da analise dos resultados obtidos neste estudo, onde inicialmente foi
proposto a leitura e verificação do manual de boas práticas e dos procedimentos operacionais
padronizados, pôde-se concluir que, apesar da UAN possuir os dois instrumentos exigidos
pela legislação vigente, na prática diária os mesmos não estão sendo efetivamente utilizados.
Na avaliação da estrutura física, a mesma apresenta alguns problemas a serem
resolvidos, que podem ajudar a melhorar o fluxo de produção e garantir a segurança dos
alimentos, inclusive facilitando a higienização de superfícies e equipamentos. Em relação aos
critérios de segurança, observou-se inadequação no descongelamento e manipulação dos
produtos cárneos, interferindo diretamente na qualidade dos mesmos.
Sugere-se a modificação nos processos de descongelamento e manipulação dos
produtos cárneos, visando atender à legislação vigente e à manutenção da qualidade do
produto final.
Em relação aos controles de binômio tempo x temperatura, observa-se pouco
interesse em realizá-los e desconhecimento da importância dos mesmos para segurança
alimentar. Outro fator a ser considerado é a higienização das mãos dos manipuladores, ou
seja, freqüência e maneira de realizá-la, tendo em vista os problemas encontrados, sugere-se a
realização de treinamento de boas práticas aos colaboradores da UAN, além de
acompanhamento diário com os registros dos procedimentos.
A partir dos resultados, recomenda-se que o manual de boas práticas e os
procedimentos operacionais padronizados sejam devidamente praticados no dia a dia da
UAN, tendo em vista a melhoria das não conformidades, com foco na qualidade da
alimentação produzida e na manutenção do valor nutricional e sensorial dos alimentos, em
especial os produtos cárneos, para posterior implantação do sistema APPCC.
50
REFERÊNCIAS
EVANGELISTA, José Tecnologia de Alimentos. 2. ed. Rio de Janeiro – São Paulo – Belo
Horizonte: Atheneu, 1994.
GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo : Atlas, 2002.
ORNELLAS, L.H. Técnica Dietética: seleção e preparo de alimentos. 7. ed. rev. e ampl. São
Paulo: Atheneu, 2001.
SANTOS JUNIOR, Clever Jucene Manual de Segurança Alimentar. Rio de Janeiro: Rubio,
2008, p.1-3, 82-84.
YIN, ROBERT K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman,
2005, p.19
54
APÊNDICE
55
APÊNDICE A
1. EDIFICAÇÃO E INSTALAÇÕES
1.2 ACESSO:
1.4 PISO:
1.5 TETOS:
1.7 PORTAS:
1.9.5 Coletores dos resíduos dotados de tampa e acionados sem contato manual.
1.17.2 Ralos sifonados e grelhas com dispositivo que permitam seu fechamento.
59
1.18 LEIAUTE:
1.18.3 Separação entre as diferentes atividades por meios físicos ou por outros meios
eficazes de forma a evitar a contaminação cruzada.
OBSERVAÇÕES:_________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________
2.1 EQUIPAMENTOS:
2.1.1 Os que entram em contato com alimentos são de materiais que não transmitam
substâncias tóxicas, odores, nem sabores, conforme estabelecido em legislação
específica.
2.2.1 Os que entram em contato com alimentos são de materiais que não transmitem
substâncias tóxicas, odores, nem sabores, conforme estabelecido em legislação
60
específica.
OBSERVAÇÕES:_________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
3 MANIPULADORES
3.1 VESTUÁRIO:
3.1.3 Asseio pessoal: mãos limpas, unhas curtas, sem esmalte ou base, sem adornos
61
(anéis, pulseiras, brincos, etc.). Maquiagem; cabelos presos e protegidos por redes,
tocas ou outro acessório apropriado para esse fim, não sendo permitido o uso de
barba.
3.5 VISITANTES:
OBSERVAÇÕES:_________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
4.2 RECEPÇÃO:
5.2.4 Adoção de medidas para evitar que esses insumos contaminem o alimento
preparado.
4.3 ARMAZENAMENTO:
OBSERVAÇÕES:________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
_______________________________ ___________________________________________________
5 PREPARAÇÃO DO ALIMENTO
5.4.2 Antes de iniciar a preparação dos alimentos, é realizada adequada limpeza das
embalagens primárias das matérias-primas e dos ingredientes, quando aplicável,
minimizando o risco de contaminação.
5.6.1 Existem medidas que garantam que o óleo e a gordura utilizados na fritura não
constituem uma fonte de contaminação química do alimento preparado.
64
5.13 RESPONSABILIDADE:
OBSERVAÇÕES:_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
6.3 TRANSPORTE:
OBSERVAÇÕES:_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
7.3 UTENSÍLIOS:
OBSERVAÇÕES:
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
8.2 REGISTROS:
8.2.1 Registros mantidos por período mínimo de 30 (trinta) dias contados a partir da
data de preparação dos alimentos.
OBSERVAÇÕES:________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________
C – CONSIDERAÇÕES FINAIS
_______________________________________________________________________________________
69
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________
D - CLASSIFICAÇÃO DO ESTABELECIMENTO
Compete aos órgãos de Vigilância Sanitária estaduais e municipais, em articulação com o órgão competente
no âmbito estadual, a construção do panorama sanitário dos estabelecimentos de serviço de alimentação,
mediante sistematização dos dados obtidos nesse item. O panorama sanitário será utilizado como critério
para definição e priorização das estratégias institucionais de intervenção.
() GRUPO 1 - 76 A 100% de atendimento dos itens () GRUPO 2 - 51 A 75% de atendimento dos itens ()
GRUPO 3 - 0 A 50% de atendimento dos itens.