Anda di halaman 1dari 12

PREFEITURA DE SÃO GONÇALO

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

HISTORIANDO AS ARTES IX

ARTE MAIA

A sociedade maia considerada a mais importante civilização pré-colombiana,


era composta de muitas tribos as quais colonizaram a Guatemala, a península de Iucatã,
partes dos Estados mexicanos de Tabasco e Chiapas, Belize, bem como regiões parciais
de Honduras e El Salvador.
A história desse povo está classificada em:

 Antigo período pré-clássico – 2000 a.C. - 1200 a.C.


 Médio período pré-clássico – 1200 a.C. - 400 a.C. Durante esses dois períodos
surgiram os mais antigos centros de cultura.
 Novo período pré-clássico - 400 a.C . -300 d.C
 Antigo período clássico - 300 - 600
 Novo período clássico - 600 - 900
 Antigo período pós-clássico - 900 - 1200
 Novo período pós-clássico - 1200 - 1520 (chegada dos espanhóis).

Surpreendente é a afinidade com as grandes civilizações mediterrâneas da


Antiguidade clássica, razão pela qual os Maias são chamados de "os Gregos da
América".
No período clássico, que coincide com o apogeu da civilização Maia, fundaram-
se numerosas cidades, grandes complexos urbanos que funcionavam como centros
comerciais, políticos, religiosos e culturais. Por volta do século X, entretanto, os Maias
emigraram para a parte setentrional da península de Yucatãn, abandonando suas
magníficas cidades, que foram invadidas pela floresta.
Existem muitas hipóteses sobre os motivos dessa migração. Segundo alguns
historiadores, teria sido provocada por uma súbita mudança das condições climáticas ou,
então, pelo empobrecimento dos solos devido à falta de adubagem e de rotatividade de
culturas. Uma das teorias mais plausíveis explica essa migração como sendo decorrência
de uma invasão externa por parte dos Toltecas. A partir dessa época teve início o
processo de declínio da civilização Maia, interrompido apenas por um efêmero período de
renascimento que ocorreu por volta de 1200, na península de Yucatãn.
O conhecimento que se tem da cultura Maia baseia-se em pesquisas
arqueológicas e no estudo das estelas e dos códigos manuscritos elaborados por esse
povo. Os documentos mais antigos são as estelas, monólitos que apresentam um grande
número de inscrições e sinais de calendário.
Entre os Maias, a cronologia tinha como ponto de partida um acontecimento
mitológico. A contagem dos anos baseava-se na ideia de que o mundo tivera três idades,
que haviam terminado em catástrofes. A partir de um sistema que tem, no seu princípio

1
básico, afinidades com a cronologia atual, o início do mundo para as Maias estaria situado
no ano 3113 a.C.
Os Maias possuíam uma concepção dualista da vida, no qual se digladiavam as
potências favoráveis ao homem (chuva, luz) e as forças contrárias a ele (seca, guerra,
morte).
A divindade suprema era Itzamna, senhor do céu, inventor da escrita e patrono
da ciência. Mas, no grande panteão Maia, onde cada aspecto da vida era presidido por
uma divindade, havia outras figuras de grande destaque, como Uxchel, deusa da lua e
esposa de Itzamna, o deus da chuva Chac, a deusa da morte Ah Puh, e Kukulcãn, deus
do vento e da vida. A essas divindades eram oferecidos sacrifícios de animais e sangue
humano extraído de diferentes partes do corpo. O sacrifício de vidas humanas, porém, era
muito raro, tendo essa prática assumido grandes proporções só depois que a cultura Maia
sofreu fortes influências da Tolteca.
A sociedade Maia organizou-se com base em uma complexa estrutura político-
social. Da mesma forma que os gregos, os Maias reuniam-se em pequenos
agrupamentos políticos semelhantes às cidades-Estado, que podiam associar-se em
federações.
Cada cidade-estado tinha um chefe, intitulado Halac Uinic. Esse cargo era
hereditário e frequentemente ligado à dignidade sacerdotal mais elevada.
Os Maias praticavam a agricultura em larga escala, embora desconhecessem o
arado, a adubagem e a rotatividade das lavouras, cultivando basicamente milho, cacau,
algodão agave. Além disso, desenvolviam uma intensa atividade comercial, marítima e
terrestre, utilizando grãos de cacau, penas de pássaro quetzal e conchas como moeda.

Arquitetura

A estrutura urbana dessa civilização revela uma nítida diferença entre as


cidades Maias antigas e as do período pós-clássico, sobretudo na península de Yucatãn.
As primeiras eram essencialmente Centros Culturais, entrepostos para trocas comerciais
e núcleos de atividades políticas, não tendo aparentemente funções residenciais. Embora
nelas existissem palácios e casas de chefes e sacerdotes, havia uma grande
predominância de templos, observatórios astronômicos, praças e campos para o jogo de
péla (de caráter sagrado era associado ao tempo: disputado em um campo retangular,
consistia no arremesso de uma pesada bola de borracha através de anéis de pedra,
fixados nos dois lados do campo. As mãos e os pés não podiam tocar a bola, que devia
ser movimentada com a cabeça, com os braços e com as pernas. Esse jogo era
disputado em local próximo aos templos e representava o movimento das estrelas). Já as
cidades de construção mais recente eram fortificadas e cercadas por muros, sendo os
palácios bem mais numerosos que os templos. Estudo de ruínas indicam nitidamente a
transformação das cidades cerimoniais em centros predominantemente residenciais.
A maior parte da população Maia vivia em pequenas comunidades dispersas
- aldeias, vilórias agrícolas, etc. Nos centros cerimoniais habitavam os membros da classe
nobre, senhores e sacerdotes, funcionários da complicada hierarquia civil e religiosa,
guerreiros, mercadores, além dos serviçais e, com toda a probabilidade, artífices
especializados.

2
Os templos eram construídos no alto de
pirâmides, imitação da colina, lugar sagrado
por excelência. Os palácios chegavam a ter
várias dezenas de quartos, dispostos em
algumas filas e, às vezes, em andares; são, na
realidade, apertadas galerias divididas
transversalmente, obscuras e pouco
ventiladas, pois quase sempre lhes faltam
aberturas ou só possuem estreitas entradas.
Edificaram-se também recintos para o jogo de
péla, observatórios, arcos de triunfo,
balneários de vapor.
O templo era o edifício mais importante, mas a que o povo não tinha acesso. Daí
que o espaço interior fosse sacrificado em proveito do aspecto exterior, que devia ter a
maior imponência possível. Esta prática chegou a tal grau, que os templos de Petén (Tikal
em particular), coroando altas pirâmides, de faces inclinadíssimas, só contêm minúsculos
santuários; alguns deles de pouco mais de 1m de largura, enquanto as paredes chegam a
ter 6m e 7m de espessura, para suportarem a tremenda carga de platibanda maciça que
se ergue sobre o teto e que apenas servia aumentar a superfície ornamentada da
fachada.

Escultura

Ao falar da arte escultórica dos Maias deve-se sublinhar a


diferença fundamental que separa as obras da região central,
por um lado, e as do Norte de Yucatãn, por, outro. Assim, no
Petén, na região do Rio Motagua e na bacia do Usumacinta, a
escultura, representa mais os homens que os deuses, mostra-
nos seres que existiram realmente, e não conceitos religiosos,
abstratos ou personalizados; pelo contrário, a escultura
clássica da região setentrional é essencialmente religiosa, e
são as divindades - quase poderíamos dizer uma única
divindade, Chac, nume da chuva, ou símbolos que sob forma
abstrata as sugerem, os principais temas esculpidos. Enquanto
nas grandes cidades do Centro as manifestações escultóricas
se apresentam isoladamente, em estelas, dintéis e tabuleiros,
no Iucatãn a escultura é arquitetônica e cobre os frisos das
fachadas.
Nas terras secas do Yucatãn, em que a vida das plantas e dos animais dependia
da benevolência de Chac, provedor da chuva, era necessário render-lhe homenagem
permanente, demonstrar-lhe a devoção do povo pelo seu culto, cobrindo as fachadas com
os seus mascarões e diminuindo a importância dos homens, mesmo dirigentes, os quais
raramente foram representados nos monumentos do Yucatãn.
Uma síntese de arte Maia, por breve que seja, não pode deixar de lado as
maravilhosas esculturas que apesar do seu limitado tamanho e da fragilidade do material
de que são feitas, não deixam de ser obras-primas: as estatuetas de barro que foram
encontradas em numerosos locais. Modeladas à mão ou moldadas, e talvez
policromadas, apresentam uma variedade incrível de seres (animais, vegetais, humanos,
sobrenaturais), uma extraordinária fantasia no aparatoso vestuário, uma notável
diversidade de indivíduos (homens e mulheres; senhores e gente do povo, sacerdotes,
divindades, pares humanos ou mistos - homem ou mulher com um animal, jogadores de
3
péla, tecelões, etc.). Fabricadas para acompanhar os mortos nas sepulturas, são
representações da vida, pelo seu realismo.

Pintura

Devido ao seu caráter perecível, a


pintura mural raramente se conservou, embora seja
provável que fosse utilizada em todos os centros
cerimoniais. São conhecidas as composições de
tema histórico (cerimônias, palacianas, batalhas,
julgamento e sacrifícios de prisioneiros, cenas
pacíficas, chegada de invasores) executadas com
grande realismo e perícia técnica. Afrescos alusivos
a divindades e rituais religiosos aparecem também.
A pintura também foi profusamente
utilizada na decoração das vasilhas de barro, desde
o período proto-clássico - cerca do início da nossa
era - até o clássico tardio, em que floresceu como as
outras artes. Os motivos policromados foram
primeiramente simbólicos, geométricos ou estilizados
quando correspondiam a figuras animais; vieram a
ser, depois, naturalistas, apresentando temas
sobretudo laicos (senhores recebendo oferendas,
mercadores ambulantes, ricos proprietários, etc.)
durante o período clássico tardio.

Fonte:

LHUILLIER, Alberto Ruz. HISTÓRIA DA ARTE. Salvat Editora do Brasil Ltda. Tomo 1, Capítulo
10, Páginas 267 a 282. 1978.

4
PREFEITURA DE SÃO GONÇALO
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

HISTORIANDO AS ARTES IX

ARTE MAIA

Seus domínios englobavam toda a Península do Yucatán, parte do moderno


território do México, como Tabasco e Chiapas, toda a Guatemala, Belize e as regiões
ocidentais de Honduras e El Salvador – isto é, mais de 300 mil quilômetros quadrados.
A diversidade física desse território era enorme. O sul era constituído de
planaltos vulcânicos cortados por gargantas profundas e áridos vales. Ao norte e ao leste
dessas montanhas ficavam as cerradas florestas das terras baixas, que podiam receber
até 4 mil milímetros de chuva anual, água essa que era canalizada para o Golfo do
México e para o Caribe por grandes bacias fluviais. Ao norte, o terreno mais plano e seco
da Península do Yucatán, vasta plataforma calcária coberta de arbustos e árvores baixas,
oferecia pouca água além da que podia ser retirada de raras cisternas cavadas na pedra
macia, pontilhando o local de grandes e profundos poços circulares.
Sob todos os aspectos, essa região era uma das menos hospitaleiras do
hemisfério; seus rigores eram intensificados pela multidão de insetos, serpentes
venenosas, aranhas e escorpiões. Apesar disso, os antigos maias conseguiram prosperar
ali e, em seu apogeu, a população local chegara a 10 ou 20 milhões. Ao longo de seu
desenvolvimento, moldaram uma civilização de extraordinária vitalidade. Haviam
emergido como sociedade identificável cerca de mil anos antes de Cristo e alcançaram
seu apogeu por volta do ano de 250 da era cristã. Estabeleceram uma elaborada
hierarquia política e social e dispunham de avançadas técnicas de agricultura intensiva;
ampliaram os tentáculos de sua rede comercial para lugares distantes e aperfeiçoaram
sua original arquitetura – pirâmides escalonadas, palácios com arcos de pedra e campos
pavimentados para o jogo de bola.
Ao mesmo tempo, expandiram os domínios da mente humana, fazendo uso
de poderosos instrumentos intelectuais. De todas as antigas culturas que floresceram na
América, a maia foi a única a criar um sistema de escrita totalmente desenvolvido.
Utilizavam uma complexa combinação de calendários e outros ciclos de tempo, para
registrar datas históricas importantes e acompanhar os eventos astronômicos, fitando o
passado e o futuro, imaginando tempos que pareceriam remotos até mesmo para os
perspicazes cosmólogos modernos. Seus cálculos e registros se baseavam em um
sistema aritmético sofisticado – que incluía um símbolo para o número zero,
desconhecido de gregos e romanos – e a precisão de suas observações celestes
suplantava em muito as de todas as civilizações da época.
Tudo isso, e muito mais, distinguia os maias como um povo de gênio.
Porém, por volta do ano 900 d.C. – mais cedo em algumas localidades, mais tarde em
outras -, começou seu declínio, causado provavelmente por uma mescla de fatores que
incluíam a superpopulação, a decorrente destruição dos recursos naturais necessários a
sua sobrevivência, a ambição desenfreada de seus governantes e a invasão de vizinhos
hostis. As cidades das terras baixas do sul e centrais se esvaziaram, e maioria da
população maia se deslocou para o norte, em direção ao Yucatán. Por volta de 1450, a

5
velha ordem, com sua elaborada ideologia e sua complexa máquina governamental,
também entrou em colapso.
Os maias acreditavam que o universo atual tivesse se formado na data que
corresponderia a 11 de agosto de 3114 a.C., no calendário Juliano, e seu sistema
cósmico demonstrava que terminaria em 21 de dezembro de 2012 d.C. Na realidade, a
morte do mundo conhecido por eles chegou no século 16, juntamente com os soldados
espanhóis, os monges colonizadores decididos a refazer o Novo Mundo de acordo com
suas ambições e suas crenças.
O primeiro contato entre essas duas culturas tão diferentes foi breve, com a
participação da figura de Cristóvão Colombo. Apesar de o grande marinheiro jamais ter
aportado nas terras da América Central, em 1502 ele se aproximou da costa norte de
Honduras, em sua quarta viagem para o local que ainda se acreditava ser as Índias. Perto
da Ilha de Guanaja encontrou uma canoa equipada para o comércio, com 2,5 metros de
comprimento, aparentemente escavada em um só gigantesco tronco de árvore. A
embarcação levava vários homens, mulheres e crianças, além de pilhas de mercadorias
arrumadas sob uma coberta de esteiras trançadas. A carga incluía pratos de cobre,
machadinhas de pedra, espadas de madeira com lâminas de sílex afiadas como navalha,
vasilhas de cerâmica, sementes de cacau e coloridos tecidos de algodão. Os relatos são
contraditórios; não se sabe se o contato foi amigável, com troca de presentes, ou se os
europeus simplesmente se apossaram daquilo que lhes interessava. O que se sabe
realmente é que o encontro foi breve e que os estrangeiros logo se afastaram, dando
pouca importância ao incidente nos registros do diário de bordo. Mas ficaram sabendo
pelo menos de um dado significativo a respeito desse povo: vinha de uma região por eles
denominada Maia, ou Maiam.
Um confronto posterior teve conseqüências mais graves. Em 1517, três
navios espanhóis que navegavam por perto do litoral norte do Yucatán, à procura de
escravos, fizeram escala em uma ilha, encontrando templos que foram saqueados pela
tripulação e acabaram aportando no continente. Atacados por hordas de guerreiros, os
110 tripulantes conseguiram rechaçá-los com a artilharia dos navios. Quando os europeus
voltaram para sua base, firmemente estabelecida em Cuba, e exibiram o produto do
saque – que incluía ornamentos em ouro -, o destino dos maias estava traçado. Havia
riquezas a conquistar no continente, e ninguém iria impedir os estrangeiros de se
apoderar delas, em nome da coroa espanhola.
Hernán Cortés, que já havia destruído o grande império asteca do México
Central em quatro anos, enviou então um de seus capitães para conquistar o novo
território, na região que hoje engloba a Guatemala e El Salvador. A missão foi cumprida,
rápida e brutalmente. Em 1524, o próprio Cortés marchou para leste, para a atual região
de Honduras, dispersando os maias que encontrava pelo caminho e, em 1526, outro
conquistador desencadeou o processo que permitiria subjugar o Yucatán.
A conquista do Yucatán terminou em 1547, embora alguns maias tenham se
embrenhado nas densas florestas do interior, onde sobreviveram por mais de 150 anos,
juntamente com seus descendentes.
A guerra e os selvagens surtos epidêmicos de doenças européias, como
caxumba, varíola e gripe – contra as quais o povo local não possuía imunidade natural -,
ceifaram as vidas de milhões de maias. A maioria dos sobreviventes foi despojada de
suas terras e reduzida praticamente à condição escrava. Os senhores espanhóis também
estavam decididos a erradicar todos os traços da religião nativa. Templos e santuários
foram arrasados, os missionários puniam os suspeitos de idolatria com chicotadas,
esticavam suas articulações com roldanas, ou lançavam-lhes água fervente. No Yucatán,
o líder desses atos de “limpeza” do paganismo foi um franciscano chamado Diego de
Landa.

6
Além dos dados recolhidos por Landa, praticamente nada que se
relacionasse com os maias sobreviveu à conquista. A cultura maia foi sufocada, de todas
as formas possíveis. O saber ancestral dos matemáticos e astrônomos foi esquecido – a
única escrita autorizada era a européia – e os conhecimentos acerca dos antigos
hieróglifos definharam. Enquanto isso, os cipós e as trepadeiras continuavam a invadir as
antigas pirâmides escalonadas e os palácios de pedra.
Cerca de um século após a chegada dos europeus, as glórias do passado
maia não mais existiam, haviam sido apagadas até da memória dos homens. A partir do
final do século 18, pouco a pouco os maias começaram a emergir do esquecimento,
graças aos esforços de alguns pesquisadores – aventureiros românticos, ou estudiosos e
arqueólogos profissionais.
Uma das estruturas mais bem
restauradas, a partir desses esforços, é a
quadra para o jogo de bola, que possui
várias esculturas de cabeça de arara, um
símbolo real aparentemente exclusivo de
Copán. Os especialistas ainda não sabem
muito bem as regras do jogo praticado
naquela quadra e em outras semelhantes,
encontradas por toda a América Central.
Pinturas em cerâmica sugerem que os
jogadores arremessavam uma pesada bola de borracha apenas com os quadris e as
nádegas, fazendo com que a bola ricocheteasse nas rampas que formavam a parede
lateral da quadra, mas evitando que tocasse na parte central. Parece que às vezes a
partida era disputada com grande risco, pois a derrota significava a morte por sacrifício.
Alguns relevos indicam que um prisioneiro nobre, ou um rei, poderia ser amarrado como
uma bola e arremessado de um lado para outro até suas costas se quebrarem.
Mesmo em uma partida rotineira, o jogo era encarado como uma espécie de
combate ritual, no qual eram reproduzidos os dramas da religião maia. Afinal de contas,
os Heróis Gêmeos haviam enfrentado os senhores do Mundo Subterrâneo em um jogo de
bola. Patrocinando, e talvez até participando desses eventos, o monarca daria sua
contribuição para que prosseguissem os movimentos do Sol, da Lua e de outros corpos
celestes.

ESPELHOS DO POVO

Os maias encaravam o mundo com uma mescla de terror e admiração. A


seus olhos, os três níveis do cosmo – o mundo superior dos céus, o mundo intermediário
da Terra e o Mundo Subterrâneo dos mortos – transbordavam de energia sagrada. A
ordem cósmica seria mantida apenas com a troca de atos generosos entre deuses e
homens. Em outras palavras, os deuses continuariam a abençoá-los com alimentos,
filhos, sol, chuva e outras graças, desde que os maias lhes dedicassem culto e respeito.
Com o tempo, esse dever passou a ser responsabilidade da nobreza ou da elite que, em
nome do povo, realizavam os atos rituais de devoção necessários à manutenção do
equilíbrio entre o mundo terreno e o sobrenatural.

7
O desenvolvimento da civilização maia coincidiu com a evolução de um
sistema extremamente estratificado de classes sociais. As famílias da realeza,
consideradas de origem divina, controlavam todos os aspectos da vida da comunidade,
da agricultura à guerra. No topo da aristocracia estava o rei, soberano supremo. De
linhagem sagrada, o monarca se comunicava diretamente com os outros mundos; como
deus encarnado e líder temporal, estava no centro do universo maia. A tradição
determinava que a sucessão deveria ser hereditária, por linha paterna, mas as famílias
reais compunham importantes alianças por meio de casamentos, frequentemente, as
mulheres da nobreza ocupavam posição de destaque. Em Palenque, duas mulheres
chegaram ao mais alto posto do governo.
O vestuário e os ornamentos da sagrada pessoa
do rei representavam muito mais que sinais exteriores de
riqueza. Significavam seu poder sobrenatural. A vestimenta da
nobreza maia, bem como de seus súditos e cativos, é
representada com riqueza de detalhes em figuras de cerâmica
– encontradas nas tumbas da Ilha de Jaina, ao largo da costa
do Yucatán. Emblemas de poder, os espelhos simbolizavam
brilho e soberania. Na verdade, o grande senhor era
considerado como o “espelho de seu povo”.

MÚSICA E DANÇA: ALEGRIA PARA OS DEUSES

A música e a dança eram vitais entre


os maias, que recorriam a elas para louvar, rezar e
agradecer às divindades. Os rituais de iniciação, a
caça, a semeadura e a comunicação com os
deuses sempre eram acompanhados de
composições musicais e coreográficas apropriadas
à ocasião.
Apesar de os sons musicais e o ritmo
dos movimentos terem se perdido, os músicos e
bailarinos são onipresentes em esculturas, murais e
cerâmicas. Em todas as representações, músicos
tocam tambores, trombetas, flautas e apitos,
enquanto os bailarinos executam seus passos –
sozinhos, em pares, ou em grupos.
Os tambores eram feitos de madeira,
cerâmica, concha ou carapaça de tartaruga; as
trombetas, de concha ou de longas cabaças fixadas
a varas ocas; as flautas e os apitos, de madeira ou
de ossos de cervo.

8
I. A BUSCA DE VISÕES NO MUNDO DOS ESPÍRITOS

Em sua condição de intermediária entre os vivos, os deuses


e os ancestrais, a realeza maia executava diversos rituais destinados a
abrir os portais entre o mundo terreno e o dos espíritos. Nesses rituais,
os participantes procuravam atingir um estado de alteração de
consciência acompanhado de visões, buscando contato direto com o
sobrenatural. Os nobres utilizavam intoxicantes bebidas fermentadas e
plantas alucinógenas, não só para induzir essas visões, mas também
para atingir uma condição preliminar, propícia a mais importante prática
ritual: a sangria.
Havia inúmeras ocasiões para essa prática. Todo evento
significativo, do nascimento à morte, da semeadura do milho à ascensão
de um rei, requeria uma oferenda de sangue. Mais que um ato simbólico,
essa oferenda servia para que os humanos dedicassem aos deuses seu
mais valioso dom.

UM JOGO DE VIDA OU MORTE

O clássico jogo de bola maia,


praticado pelos nobres, não era um
passatempo inocente para uma amena
tarde de verão. Nas quadras
meticulosamente construídas em locais
escolhidos, entre edifícios cerimoniais da
cidade, os participantes rememoravam o
mítico jogo dos Heróis Gêmeos contra os
senhores da morte do Mundo
Subterrâneo. Como no mito, que conta a
batalha entre a vida e a morte, às vezes o
vencido era sacrificado no final do jogo
ritual.
Os detalhes desse jogo não são conhecidos, mas a arte maia representa os
jogadores com grande detalhe: os braços, os joelhos e o abdome estão sempre
protegidos com espessos acolchoados, para amortecer os golpes da sólida bola de
borracha maciça, do tamanho de uma bola de basquete.
As atitudes estáticas que agradavam aos artistas maias não impedem que
as pinturas transmitam a intensa atividade necessária para manter a bola em movimento.
Apesar de, por muitos anos, os arqueólogos se recusarem a admitir que o
jogo tinha caráter sacrificial, a arte e as inscrições maias demonstram que as partidas às
vezes terminavam em morte. Os prisioneiros, às vezes identificados nos glifos por seu
nome e sua posição social, enfrentavam outros cativos ou um grupo de nobres locais. Há
várias representações do final sangrento dessas partidas. O perdedor poderia ser atingido
com a pesada bola até a morte, ser decapitado ou servir como bola em um segundo jogo.
Enrolado e amarrado, firmemente, era atirado pelas escadarias do templo, ou lançado de
um lado a outro da quadra.

9
OS DEVERES DA REALEZA NA VIDA MILITAR

Durante muito tempo, a falta de fortificações e de vestígios de grandes


conflitos levou os arqueólogos a concluir que os maias, ao contrário dos astecas, levavam
uma utópica vida pacífica. Mas o exame detalhado da arte e da literatura maia
demonstrou mais tarde que, longe de se dedicar apenas aos violentos jogos de bola, eles
guerreavam com freqüência e perpetravam sacrifícios humanos. Ao longo de quase toda
sua história, as campanhas militares apresentaram as mesmas características, com uma
preparação elaborada, batalhas curtas e grande número de prisioneiros.
Um período de intensa atividade ritualística, na qual invocavam a proteção
dos deuses, precedia cada ataque. Depois, os guerreiros se cobriam com seus
magníficos adornos de batalha – capacetes enfeitados com penas, vestes em pele de
jaguar, jóias trabalhadas, berloques e outros adereços simbólicos. Em contrapartida, as
armas eram simples e funcionais – principalmente lanças, facas, maças e escudos.
Como a prioridade era capturar o inimigo – e não matá-lo
no campo de batalha – os reis maias, que lutavam ao lado de seus
soldados, confiavam mais na estratégia e na astúcia que na força bruta.
As pessoas comuns se convertiam em escravos dos vencedores,
enquanto os prisioneiros nobres eram despojados de seus adornos e
mutilados, para ser depois sacrificados aos deuses maias,
presumivelmente para o bem de todos.

UM CÉU CHEIO DE SINAIS E DE PRESSÁGIOS NORTEIA A VIDA

Desde o início da história maia, os sacerdotes perscrutavam, nos complexos


movimentos dos corpos celestes, os caminhos celestiais dos deuses. Acreditavam que
podiam interpretar os sinais dos céus – mensagens das divindades – para prever reveses,
saber o futuro das dinastias e identificar o momento mais propício para a semeadura, os
casamentos e os rituais sagrados.
A premente necessidade de organizar e decodificar
esses sinais originou o desenvolvimento de um sofisticado sistema
astronômico. Com o tempo, consignaram seus cálculos e sua
sabedoria em códices, dos quais apenas quatro fragmentos
sobreviveram, revelando um sistema de calendários baseado nos
movimentos do sol, da lua e do planeta Vênus.

OS TESOUROS MAIAS

Os artistas maias criaram inúmeras obras-primas, não apenas para o deleite


dos olhos, mas também para homenagear seus deuses e soberanos em rituais de
veneração, confissão e proteção. Modeladas em argila, gravadas em pedra, em conchas
e em minerais coloridos e freqüentemente pintadas em cores vivas, suas obras
apresentam enorme variedade de formas – míticas, humanas e animais. Todos os
elementos do projeto eram imbuídos de significado espiritual ou simbólico. Por exemplo,
supunha-se que a máscara de jade colocada sobre a face de um rei morto conferisse vida
eterna a sua alma.
Sem dispor de utensílios de metal, nem da roda de oleiro, os artesãos
criaram trabalhos de grande beleza e precisão com o uso de moldes, de técnicas de
enrolamento e aplicação, ou mesmo modelando à mão livre. Implementos de pedra e
abrasivos eram empregados não só para moldar minerais duros, como o jade, mas
10
também sílex e conchas. A tradição definia a forma e mesmo a decoração da maioria dos
projetos; no entanto, os artistas se expressavam com notável liberdade criativa ao tratar
de pequenos detalhes.
Na verdade, a maioria das obras de arte maias conta uma história cheia de
ação e sensibilidade. Os homens e mulheres que a produziram se exprimiram em um
estilo narrativo e naturalista, no qual todos os assuntos são permeados de forma
marcante por ferocidade, humor e delicadeza.

O INIGUALÁVEL PERCURSO DOS SÉCULOS MAIAS

Pouco após o final da última Idade Glacial, há cerca de 10 mil anos, os


primeiros habitantes da atual América Latina se deslocaram do norte para as terras que
mais tarde seriam o domínio dos maias. A área, marcada pela diversidade – com
montanhas e planícies, densas florestas e terrenos de escassa vegetação, abrange a
Península do Yucatán inteira, todo o território da Guatemala e de Belize, partes do
México, de Honduras e de El Salvador. Ao longo de cerca de 6 mil anos, os habitantes
transformaram gradualmente sua vida seminômade de caçadores e coletores em uma
cultura agrícola, mais sedentária. Aqueles agricultores principiantes passaram a cultivar
principalmente milho e feijão, criaram uma série de implementos para moer e preparar os
alimentos e começaram a se organizar em pequenas aldeias.
Por volta de 1500 a.C., começaram a construir as primeiras verdadeiras
cidades, marcando o início do chamado período pré-clássico, época em que nasceu a
civilização maia.

PERÍODO PRÉ-CLÁSSICO
1500 a.C – 250 d.C.

À medida que os primeiros habitantes se tornavam mais hábeis no cultivo e


no aperfeiçoamento de seus produtos agrícolas, começaram a aparecer aldeias de denso
povoamento nas terras e nas planícies da região maia. Por volta de 1000 a.C., os
habitantes de Cuello, no norte de Belize, já dominavam a arte da cerâmica e faziam o
enterro cerimonial de seus mortos. A arte maia antiga revela a influência dos olmecas –
uma evoluída civilização do Golfo do México, que mantinha relações comerciais com toda
a América Central. Segundo alguns especialistas, as idéias de monarquia e de sociedade
hierarquizada surgidas entre os maias poderiam resultar da presença olmeca na parte sul
da região maia, entre 900 e 400 a.C.
Enquanto o poderio olmeca declinava, os centros maias cresciam e
prosperavam. Por volta de 300 ou 250 a.C., grandes cidades como Nakbé, El Mirador e
Tikal começaram a tomar forma. Os calendários sagrado e solar já eram utilizados;
começava a se desenvolver um sistema hieroglífico e principiava a construção de templos
ornamentados com esculturas dos deuses maias e, mais tarde, de seus monarcas. As
tumbas reais desse período contêm soberbas oferendas.

PERÍODO CLÁSSICO ANTIGO (250 – 600 d.C.)

Por volta de 250 d.C., Tikal e a vizinha Uaxactún estavam entre os centros
de poder econômico e político das terras baixas do centro do território. A sociedade era
estratificada, com uma nobreza dominante e a classe de camponeses, agricultores,
artesãos e outros trabalhadores. A partir do século 3º, os reis ganharam status de
divindades e passaram a erigir templos-pirâmides e estelas, nos quais gravaram imagens
e inscrições para homenagear a si mesmos e a seus reinos. Rituais envolvendo sangria e
11
sacrifícios humanos desempenhavam o papel de oferendas. A mais antiga Estela
conhecida, datada de 292 d.C., provém de Tikal e registra a memória de um descendente
do Senhor Yax-Moch-Xoc, que no início daquele século fundara uma dinastia que reinou
por seiscentos anos. O nono rei dessa dinastia, Grande-Jaguar-Pata conquistou Uaxactún
em 378. Nessa época, Tikal estava sob a influência de grupos de comerciantes guerreiros
da grande metrópole de Teotihuacán, dos quais parece ter absorvido o costume das
guerras rituais.
Durante o século 6º, um misterioso período de letargia se abateu sobre
Tikal: de 534 a 593, foram eregidos poucos edifícios.
II. PERÍODO CLÁSSICO TARDIO (600 – 900 d.C.)
Anunciada por um frenesi de construção de novos palácios e templos, a
cultura maia clássica alcançou altos níveis nos séculos 7º e 8º. Tikal reencontrou sua
glória, porém evoluíram também vários outros centros poderosos. Na região ocidental,
Palenque floresceu sob o reinado do Senhor Pacal, que subiu ao trono em 615 d.C. e foi
sepultado, com a pompa de um deus, em 683. A cidade de Copán alcançou proeminência
no século 7º, sob o governo de Jaguar-Fumaça, ao longo de 67 anos. Embora se unissem
em casamentos reais e partilhassem aspectos culturais – incluindo estilos artísticos e
concepções religiosas, esses centros permaneceram independentes e em guerras
freqüentes.
A arte progredia, à medida que habilidosos artesãos atendiam às
necessidades da elite dominante, produzindo uma variedade de objetos finamente
talhados. Os monarcas continuaram a erigir edifícios cerimoniais e inúmeras estelas para
sua própria glória. No entanto, a partir do início do século 8º e culminando no século
seguinte, a turbulência invadiu a cultura maia das terras baixas. O colapso político atingiu
Copán por volta de 822; e 869 é a última data inscrita em Tikal.
III. PERÍODO PÓS-CLÁSSICO (900 – 1500 d.C.)
Falência da agricultura, superpopulação, doenças, invasões estrangeiras,
revolução social e guerras incontroláveis – estas são algumas hipóteses que explicariam
o colapso da civilização maia nas terras baixas do sul. Por volta de 900 d.C., já não se
erguiam edifícios, e as grandes cidades antigas, abandonadas por seus habitantes, se
transformavam em ruínas. Mas a cultura maia continuava a prosperar em alguns centros
do norte do Yucatán. Caracterizadas por um estilo arquitetônico ricamente ornamentado,
as cidades de Uxmal, Kabah, Sayil e Labná, aninhadas entre as Colinas de Puuc,
continuaram a se desenvolver até o século 11 da era cristã.
Por volta dessa época, a cidade de Chichén Itzá conheceu dois séculos de
progresso. Depois da misteriosa queda de Chichén Itzá, em 1200, a cidade murada de
Mayapán se converteu em poder dominante no Yucatán. Governada pela família Cocom
por 250 anos, Mayapán foi destruída em 1441, por uma coalizão de chefes rivais. A partir
daí, a civilização maia tombou no caos e não tardaria a enfrentar uma catástrofe ainda
maior: a chegada dos espanhóis, no início do século 16.

Fonte:

CIVILIZAÇÕES PERDIDAS – O ESPLENDOR DOS MAIAS. Abril Coleções. 1998, RJ

12

Anda mungkin juga menyukai