Teoria Geral do Direito Constitucional – DIREITO CONSTITUCIONAL

Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online

TEORIA GERAL DO DIREITO CONSTITUCIONAL

Esta aula abordará o que a doutrina denomina teoria geral do direito cons-
titucional, e o conceito, a origem e o objeto de estudo desse direito. Para uma
melhor compreensão de seus conceitos, é necessário conhecer sua contextua-
lização histórica.

1. BREVES NOTAS ACERCA DA ORIGEM DA DENOMINAÇÃO

O direito constitucional é fruto do triunfo das Revoluções Liberais, principal-

mente as ocorridas no século XVIII, como a Revolução Americana e a Declara-
ção de Independência, de 1976, e a Revolução Francesa de 1789. As revoluções
liberais recebem esse nome porque se caracterizam como uma luta da socie-
dade, em especial a burguesa, contra o poder absoluto do Estado, a fim de reti-
rar tal poder absoluto do rei e trazê-lo para a lei. Sabe-se que no antigo regime,
que vigorou na França até o momento da Revolução, as monarquias absolutas
centralizavam toda a soberania estatal na figura do Rei, o representante de Deus
na Terra, que tinha o poder total de julgar, legislar e administrar. Esse regime
absoluto recebe uma derrota das revoluções liberais, e apresenta a necessidade
de se organizar politicamente como um novo Estado, baseado na separação
funcional de poderes e das funções básicas do estado e na previsão dos direitos
fundamentais.
Uma ideologia muito presente nas revoluções liberais era a de separação e
divisão funcional dos poderes. Com a queda do antigo regime e a instauração
de um novo regime baseado no parâmetro do Estado governado pela lei, surge
então, de forma muito presente, baseada em especial na teoria de Montesquieu,
a ideia de separação de funções como forma de limitação do poder do Estado.
Através dessas revoluções, a burguesia buscava limitar o poder do Estado a fim
de proteger os seus direitos e liberdades públicas, por meio de direitos individu-
ais que exigiriam do Estado uma abstenção em relação aos direitos individuais,
os chamados direitos de primeira geração.
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Constituições Escritas

Com a necessidade de se reformular o Estado, surge a opção de criar uma

constituição que tenha por objeto trazer uma nova configuração para este. A
Revolução Francesa ocorre em 1789, mas já em 1787 ocorre a promulgação
da primeira constituição escrita, assim vista pela doutrina dominante, a Consti-
tuição dos Estados Unidos da América. A partir de então, surge com uma força
mais presente na sociedade a ideia de organizar um novo Estado com funções
definidas em um documento. Em sua versão original, a Constituição dos Esta-
dos Unidos não possuía um catálogo de direitos fundamentais, que são inseridos
posteriormente com as primeiras dez emendas.
Logo após a Revolução Francesa, a França edita sua primeira constituição
em 1791. Em 1789 foi criada a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão,
que dizia, em seu art. 16, que a sociedade na qual não havia previsão de direitos
fundamentais e de separação de poderes não possuía uma constituição. Então,
a ideologia reinante na Revolução Francesa visava inserir esses dois elementos
na Constituição. A Assembleia Nacional Constituinte Francesa, em 26 de setem-
bro de 1791, após a promulgação da primeira Constituição Francesa, determina
que as faculdades de direito ensinem o conteúdo da constituição para os estu-
dantes, surgindo assim a ideia do direito constitucional. A difusão do termo Direito
Constitucional ocorreu na Itália (1797), na Universidade de Ferrara, e retornou
para a França, onde se tornou uma Cadeira Dominante de Direito Constitucional,
com Pellegrino Rossi (1834). No Brasil, o direito constitucional torna-se uma dis-
ciplina autônoma por meio do Decreto-Lei n. 2.639/1940. O Direito Público Cons-
titucional era formado pela Teoria Geral do Estado e pelo direito constitucional
propriamente dito. O Decreto n. 2.639/1940 proporcionou que cada um tivesse
uma ideia autônoma. Surge então a figura de um documento fundamental, que é
a Constituição, e uma ciência jurídica que estuda, sistematiza e interpreta essa
nova lei fundamental do estado.
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2. CONCEITO E NATUREZA

2.1. Conceito

“É Direito Público Fundamental por referir-se diretamente à organização e

funcionamento do Estado, à articulação dos elementos primários do mesmo e ao
estabelecimento das bases da estrutura política” (Jorge Xifras Heras).
O direito constitucional é fundamental por se referir diretamente à organização e
ao funcionamento, ou seja, à articulação dos elementos primários constitutivos do
Estado. A doutrina divide os elementos primários do Estado em quatro: um governo
soberano, que será exercido em face de um território, visando regular as relações
sociais de um povo, e as finalidades de um interesse público primário.
“É o ramo do direito público que expõe, interpreta e sistematiza os princípios
e normas fundamentais do Estado” (José Afonso da Silva), que se encontram na
Constituição.
“O direito constitucional é a ciência positiva das Constituições. Estuda
os princípios básicos que presidem à regulação técnica das instituições políticas,
jurídicas e sociais dos sistemas constitucionais” (Pinto Ferreira).
Há uma compreensão convergente de que o direito constitucional é o direito
da Constituição, que visa estruturar o Estado:
“É o ramo fundamental do direito que investiga, estuda e sistematiza as
normas e instituições que dispõem sobre as bases e elementos fundamentais
do Estado, determinando sua estrutura, organização, seus fins, a composição e
o funcionamento de seus órgãos superiores, disciplinando o modo de aquisição
e ascensão ao poder e os limites de sua atuação, assim como os direitos e as
garantias fundamentais do indivíduo e da coletividade” (Dirley da Cunha Júnior).
Todo ordenamento jurídico é válido se estiver em conformidade com a Cons-
tituição Federal:
“O direito constitucional é o ramo do estudo jurídico dedicado à estrutura
básica do ordenamento normativo” (Gonet Branco).

Obs.: Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos
Online, de acordo com a aula preparada e ministrada pelo professor
Wellington Antunes.
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