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dossiê iphan 6 {Ofício das Baianas de Acarajé}
dossiê iphan 6 {Ofício das Baianas de Acarajé}
“... Dez horas da noite,
na rua deserta
A preta mercando
parece um lamento (...)
Na sua gamela
tem molho cheiroso
Pimenta da costa, tem acarajé
D I R E T OR A D O C E N T R O N A C I ONA L DE
FO L C LOR E E C U LT U R A POP ULA R
Claudia Marcia Ferreira
I NS T I T U T O D O P AT R I MÔNI O H I S T ÓRI C O
E AR T ÍS T I C O N A C I ON A L
SBN Quadra 2 Edifício Central Brasília
Cep: 70040-904 Brasília-DF
Telefone: (61) 3414.6176 Fax: (61) 3414.6198
www.iphan.gov.br webmaster@iphan.gov.br
Elaboração do Dossiê e dos anexos Edição do Dossiê Ficha Técnica Ofício das Baianas de Acarajé
P E SQU ISA E T E X TOS G E R ENTE DE EDITOR AÇÃO DO IP HAN R EGISTR O DO OFÍCIO D A S BA IANA S D E
ACAR AJÉ
Elizabete de Castro Mendonça Inara Vieira
Letícia Vianna Processo no. 01450008675/2004-01
Raul Lody E DI ÇÃO DE TEXTO
P R OP ONENTES:
Lucila Silva Telles
FOT OG R A FI A S Associação das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivos e
Ana Paula Pessoa RE V ISÃO DE TEXTO Similares do Estado da Bahia
Christiano Júnior Maria Helena Torres Centro de Estudos Afro-Orientais
Elisabete de Castro Mendonça Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá
C OP IDESQU E
Luís Antônio Duailibi
Maíra Mendes Galvão D ADOS DO P R OCESSO:
Francisco Moreira da Costa
Pedido de Registro aprovado na 45a. reunião do Conselho
PR OJETO GR ÁFICO
IC O NOGR A F I AS Consultivo do Patrimônio Cultural, em 01/12/2004
Victor Burton
Carybé Inscrição no Livro dos Saberes em 21/12/2004.
DI A GR AM AÇÃO
I N ST I T U I Ç ÕE S PA R C E I RA S
Gerência de Editoração do Iphan:
Associação das Baianas de Acarajé, Mingau, Re-
Inara Vieira
ceptivos e Similares do Estado da Bahia - Abam
Duda Miranda
Centro de Estudos Afro-Orientais - Ceao/
Ana Lobo (estagiária)
Universidade Federal da Bahia
João Gabriel Rocha Câmara (estagiário)
Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá
S E LEÇÃO D E IM AGENS
Elisabete de Castro Mendonça
Rebecca de Luna Guidi
PÁ GI NA 2
T A BU LE IRO DE BA IA N A ,
L A V A GE M DO BONF I M . S ÃO
C RI S T ÓV Ã O (RJ), 2 003 .
FO T O : FRA N C IS C O M OREI R A
DA C O S TA .
PÁ GI NA 4
GRA V URA S DO L IV RO “ U S O S
E C OS TU M E S DO RIO D E
JA NE IRO N AS FIGU RINH A S D E
G U IL L OBE L ” . ORGAN IZ A DO
PO R C A NDIDO GU I NL E D E
PA U L A M A C H A DO, 1 9 78.
sumário
10 APRESENTAÇÃO 52 o acarajé na 66 anexos
contemporaneidade 66 Atores sociais: os informantes
12 prefácio 67 Decreto-lei Municipal nº 12.175
56 Dinâmica e mudanças - de 25 de novembro de 1998
14 identificação o sentido do registro 72 Certidão de patrimônio
15 Ofício das baianas de acarajé imaterial nacional
19 Acarajé dos orixás 60 O desafio da salvaguarda 73 Referências bibliográficas sobre
22 Comida de santo, comida de o ofício das baianas de acarajé
gente, meio de vida 64 fontes bibliográficas
25 Relação do Ofício com a Feira
de São Joaquim 65 referências fotográficas
26 Modo de fazer e significados e iconográficas
dos principais itens alimentares
tradicionais que compõem o acarajé
32 Traje de baiana
36 Relação do ofício com as festas
de largo
44 No tabuleiro da baiana tem...
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 10
APRESENTAÇão
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 11
ABA I XO
RITU A L PA RA XAN GÔ.
IC ONOGRA F IA : C ARY BÉ .
(DE T A L H E )
de origem africana, vinda com os ça, saíam a vendê-los nas ruas de É o que a baiana tem!
escravos na colonização do Brasil. Salvador ou ofereciam aos santos e
Hoje está plenamente incorporado fiéis nas festas relacionadas ao can-
à cultura brasileira. É alimento do domblé.Hoje o ofício de baiana de Luiz Fernando de Almeida
dia-a- dia – comida de rua – em acarajé é o meio de vida para muitas Presidente do Iphan
Salvador e em tantas outras cidades, mulheres e uma profissão que sus-
vendido com acompanhamentos tenta muitas famílias.
como a pimenta, o camarão, o O registro do Ofício das baianas
vatapá e, às vezes, molho de cebola de acarajé como Patrimônio Cultu-
e tomate...Também tem sentido ral do Brasil, no Livro dos Saberes,
religioso, é comida de santo nos é ato público de reconhecimento da
terreiros de candomblé. É o bo- importância do legado dos ances-
linho de fogo ofertado puro, sem trais africanos no processo histórico
recheios, a Iansã e Xangô... e cheio de formação de nossa sociedade e do
de significados nos mitos e ritos do valor patrimonial de um comple-
universo cultural afro-brasileiro. xo universo cultural, que é também
Pela tradição que se afirmou ao expresso por meio do saber dos que
longo de séculos quem faz o acarajé mantêm vivo esse ofício.
é a mulher, a filha de santo quando
para uma obrigação, ou a baiana de Com suas comidas, sua indu-
acarajé quando para vender na rua. mentária, seus tabuleiros e a sim-
No período colonial as mulheres, patia acolhedora e carismática, as
prefácio
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 13
AB A IX O
A J E RÊ, R I TUAL P ARA XA NGÔ.
IC ON O G R AFI A: CA R YBÉ .
( DETALHE)
ACA RAJ É DE I A N SÃ , NO IL Ê
O XU MARÉ.
IC ON O G R AFI A: CA R YBÉ .
( D ETA LHE)
ofício das
baianas de
acarajé
GA N H O DE CO MI DA, SÉCUL O
XIX.
F OT O : CHR ISTI A N O J R.
B A IA NA DE A C A RA JÉ E M S EU
T A BU LE IRO . S A L V A DOR ( B A ) ,
1983.
FO T O : L U IZ A NTÔNIO
D U A L IBI.
BA IA NAS D E A C AR A J É
C OM E RC IA L IZ ANDO E M
S EU S PO NT OS DE V E NDA
- T E RRE IRO D E J E SU S ,
PE L OU RINH O .S A L V A DOR
(BA), 2001.
FOT O : E L IZ A BE T E D E
C AS T RO ME NDONÇ A .
tante componente de um sistema sem, contudo, perder seu vínculo junto arquitetônico do Pelourinho.
culinário que, além de alimentar e com um universo cultural especí- Assim, ao olhar patrimonial une-
satisfazer o paladar, articula dife- fico e fundamental na formação da se o olhar cidadão, no intuito de
rentes dimensões da vida social: liga identidade brasileira. Nesse contex- identificar ou pontuar na geografia
os homens aos deuses, o sagrado to, as baianas de acarajé integram e urbana lugares tradicionais – pon-
ao profano, a tradição à moderni- compõem o cenário urbano coti- tos de venda – onde, diariamente, é
dade. Imerso na dinâmica cultural diano e a paisagem social daque- celebrado o hábito de provar comi-
das grandes metrópoles brasileiras, la cidade. Representam tradições das de santo e de gente.
sobretudo em Salvador, o acarajé afro-descendentes fundamentais
está sujeito a variados processos de das identidades da população que
apropriações e ressignificações nos mora e transita nas áreas centrais e
diferentes segmentos da sociedade, antigas, em que se destaca o con-
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 19
acarajé
dos orixás
“O acarajé, para mim, é um ra- com ela. Então preparou novamen- disse: É fogo, Xangô come fogo. Aí
paz subjugado a uma mulher. Por- te o agerê e disse a Oiá: Você vai ele disse: Só minhas esposas podem
que na realidade acará é uma bola levar para ele, mas não olha o que saber meu segredo, só as minhas
de fogo, então acará era um segredo tem dentro. Aí ela botou na cabeça esposas comem. Mas não era bem
entre Oxum e Xangô. Só Oxum o que ela sempre levou, mas Oxum assim; Oxum preparava, mas não
sabia preparar o acarajé, porque o nunca tinha dito antes que ela não comia. Aí ele disse para ela: Você
acarajé é a forma figurada do agerê, olhasse e, então, pensou: ela vai meta sua mão aí e vai comer comi-
que é aquele fogo que é feito na olhar para ver o que Xangô come. go agora. Aí ela olha o fogo e come
segunda obrigação de Xangô no dia Aí, na metade do caminho, Oiá acarajé, um jé que quer dizer comer
do agerê, que vem representado de olhou para os lados e viu que não em iorubá; acarajé quer dizer co-
duas formas: primeiro, o orixá en- estava sendo observada, abriu a pa- mer acará. Então ela passa a usar o
tra com suas esposas levando a pa- nela e subiu aquela língua de fogo. acarajé também para ela (...) O que
nela do agerê, ou seja, a panela da Então ela disse: Eu sei o que aconteceu? Ela passou a ser uma de
comida dele, a famosa panela que ele come, ele come acará. Tampou suas esposas”. [Nancy Souza, ialaxé
Oxum preparava, tampava e dizia rápido a panela, botou na cabeça do Terreiro Ilê Axé Opô Aganju -
para Oiá que botasse na sua cabeça e se apresentou na frente de Xan- Nação Kêtu em entrevista realizada
e levasse a Xangô. Oiá sempre levava gô. Mas como todo o povo iorubá em 2001. ]
e entregava a Xangô, e Xangô se re- fala, os deuses sempre sabem o
tirava da frente de Oiá e depois ele
vinha e devolvia a panela como se já
que o outro fez ou vai fazer, eles se
entendem e se saem bem por suas N o universo do candomblé, o
acarajé é comida sagrada e ri-
tual, ofertada aos orixás, principal-
tivesse comido o que tinha dentro. astúcias. Então, quando ela che-
Um dia, já estava cansada das gou, Xangô olhou bem nos olhos mente a Xangô (Alafin, rei de Oyó)
incursões de Xangô (Oxum era dela e disse assim: Você viu o que e a sua mulher, a rainha Oiá (Ian-
mais sensual do que ligada a sexo), eu como? Ela disse: Sim, acará. sã), mas também a Obá e aos Erês,
disse: eu vou dividir esse homem Aí ele disse: O que é o acará? Ela nos cultos daquela religião.
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 20
O X UM: DEU SA DO R I O.
I C O NOG RAF I A : CA RYB É .
A JE RÊ , RIT U A L PA RA XA N G Ô.
I C ONOGRA F IA : CARY BÉ .
(D E T A L H E )
instrumento musical, chocalho, ge- quase uma centena de acarajés cada. mente, no dia da festa do orixá,
ralmente confeccionado em cobre Todas dançam, levantam ventos com as filhas de Iansã entram no cen-
–, passando a agitá-lo, sempre to- a passagem rápida das saias amplas tro do salão ou do barracão de festa
cando levemente o instrumento no e rodadas. Todos de pé começam a com pequenos tabuleiros de acara-
solo, antes de voltar a utilizá-lo. A gritar: “Eparrei, Eparrei Oiá”, sau- jé, sentam-se em um apoti (pequeno
roda vai girando, cadencialmente, e dando o orixá que retribui ofere- banco ritual) e começam a servi-los
todos aguardam, com ansiedade, as cendo acarajés para todos os presen- como as baianas de acarajé.
primeiras manifestações dos orixás. tes. É acarajé para comer, guardar Os terreiros, nessa perspectiva,
Em momento especial, começam ou passar pelo corpo e despachar além de lugares de sociabilidade e re-
a chegar os santos, iniciando por limpando, purificando, fortalecen- lação com o sagrado, são núcleos de
Xangô, em seguida Iansã, Oxossi, do compreensões desse orixá-mu- repasse de saberes que mantêm ativas
Oxum, outros e outros, todos che- lher, mulher meio homem, que as técnicas relacionadas às tradições
gam para a festa. come fogo no ajarê de Xangô. africanas e, assim, constituem-se
Os orixás são recolhidos ao sa- Antes, contudo, oferecem aca- como referências coletivas.
bagi – local para a troca das roupas rajés aos espaços sagrados do ter-
rituais e colocação dos paramentos reiro, quando cada Iansã, sedutora
e ferramentas – havendo, assim, um e viril, quase voa até as portas, em
breve intervalo. Passada uma hora, torno da pilastra coroada por Xan-
retomam os músicos os seus lugares gô, chegando com imagem de rai-
e começam a executar o daró, popu- nha até o público assistente”.
larmente chamado de ilu ou agueré
de Iansã. Então aparecem no salão Nos terreiros do Engenho
três Iansãs vestidas ritualmente, e, Velho, da Casa Branca ou da Casa
levando cada uma delas, na cabeça, de Oxumaré, vinculados às nações
uma bacia de cobre, comportando Kêtu e Nagô-Vodum, respectiva-
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 22
Comida de santo,
comida de gente,
meio de vida
“O mercado de acarajé é um
grande mercado que os orixás deram
para as mulheres de santo da Bahia”.
[Ubiratan Castro de Araújo, ex-di-
retor do Centro de Estudos Afro-
Orientais da Universidade Federal
da Bahia em entrevista realizada em
18 de dezembro de 2001]
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 23
P ÁG I N A AO LA DO
I AN SÃ, DEUSA DOS V E NTOS
E DAS TEMP ESTADES N O
C ANDOMB LÉ DO P A I ZIN HO .
IC ON O G R AFI A: CA R YBÉ .
AB A IX O
BAI A N A DE A CA RAJ É EM SE U
TAB ULEI R O. SA LV ADO R (BA),
1 9 83.
F OTO: LUI Z A N TÔ N I O
DUA LI B I.
S E DE DA A S S OC IA Ç ÃO
DA S BA IANA S D E A C AR A J É ,
M IN GA U , RE C E PT IV OS E
S IM IL A RE S DO ES T A DO DA
BA H IA . S A L V A DOR ( B A ) , 2 0 0 2 .
FOT O : FRA N C IS C O M OREI R A
DA C OS T A .
BA IA NA DE A C A RA JÉ E M S EU
TA BU L E IRO. S A L V A DOR ( B A ) , 1 9 8 3 .
FOT O : L U IZ A NTÔN IO DU A L I B I.
PÁ GINA A O L A DO
BA IA NA DE A C A RA JÉ E DNA DA
C ONC E IÇ ÃO F E RREIRA L A V AN D O O
FE IJÃ O P A RA O PRE P A RO DA M A SS A
DO A C A RA JÉ E A BA RÁ , S A L V AD OR
(BA), 2002.
FOT O : FRA N C IS C O M OREIRA D A
C OS TA .
suas, consangüíneas ou de parentes- nagô” ou “acarajé-burguer”. sem uma sujeirinha, porque mi-
co ritual, pertencentes aos terreiros Segundo as baianas, o segre- nha massa é da cor de coco. Pega o
nagôs mais tradicionais da Bahia”. do do bom acarajé reside no modo feijão, coloca numa peneira e deixa
O autor cita o acarajé no tópico so- como a massa é preparada e batida escorrer por cerca de 15 minutos
bre “os alimentos puramente afri- na panela, com colher de pau, antes (...) e depois passa [no moinho].
canos”, e descreve a receita sem os de se fritar cada porção no dendê Para cada quilo de feijão, são
acréscimos atuais, tais como vata- fervente. Clarice dos Anjos, ex- dois dentes de alho. A massa do
pá, caruru e salada, já que o acara- presidente da Abam11, explica como acarajé tem que ser massa grossa,
jé era consumido puro, protegido prepara seu acarajé: porque o acarajé tem que ser leve
por parte de uma folha de bananei- e crocante (...) Depois você pega
ra, levando, no máximo, quando “cessa o feijão, tirando todo o e bate duas cebolas pequenas para
era pedido, um pouco de “molho olho, para economizar água; para cada quilo [de feijão], acrescenta
preparado com pimenta malaguêta, lavar o feijão a gente gasta mui- na massa e bate bastante até ela fi-
sêca, cebola e camarões, moído na ta água, então no momento que car como clara de ovo. Bota o azeite
pedra e frigido em azeite de cheiro” a gente cessa o feijão, pode ligar para fritar, coloca uma cebola gran-
(Querino, 1954:31). Hoje, po- o ventilador e sacudir o feijão na de porque é o que chama o clien-
rém, incorporam-se, na forma de frente do ventilador; automatica- te, o cheiro vai longe e evita que o
recheio, outros elementos da culi- mente vão cair todas as cascas e to- azeite queime muito rápido. Vai
nária local (camarão seco, vatapá e dos os olhos que estiverem ali, vão modelando o acarajé (...) e coloca
caruru). A salada de tomate e cebola ficar as bandinhas todas inteirinhas, no fogo”. [entrevista realizada em
também foi introduzida recente- só grudadas, o que vai sair quando 13/12/01]
mente. Esses recheios ampliaram ele dilata. Bota de molho por duas
o tamanho do acarajé vendido nas horas, ele vai inchar e solta toda a E cada um dos recheios:
ruas e tornaram-no uma espécie de palha que estava grudada nele; lava
sanduíche, chamado de “sanduíche trocando de água até ficar limpo “existem dois tipos de vatapá: o
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 28
que você usa para almoço, que leva Engrossou, você coloca no fogo, não tiver, pode comprar a mistura-
amendoim, castanha, leite de coco passa a colher, ele já está fervendo; da, mas a maioria da vermelha, 80%
– eu não aconselho baiana a levar pouco tempo, ele já está cozido; o da vermelha; estala, bate no liqüi-
esse tipo de vatapá para o pon- diferencial é a gente colocar uma dificador ou no multiprocessador
to porque castanha é muito oleo- pitadinha de açúcar, o leite de coco com um pedaço de gengibre, um
sa, azeda. Baiana trabalha muito ao não é doce, o vatapá fica gostoso; dente de alho e um pouco de sal; o
sol, ao calor, então chega uma certa como a gente não coloca o leite de gengibre é que dá aquele ardor (...)
hora que isso vai estar ruim. O va- coco porque esse material vai estar a flor do azeite, é ela que vai dar o
tapá para o tabuleiro da baiana é exposto ao sol, a gente coloca uma caldo; bota em recipiente. Antiga-
feito com gengibre, cebola, cama- colher de chá de açúcar que fica mente a pimenta era torrada (...)
rão e um pouco de amendoim. equilibrado o sal e o açúcar, como eu encontrei um outro meio que dá
Bate tudo isso no liqüidifica- se você estivesse fazendo ketchup; no mesmo: bato no liqüidificador,
dor, coloca num recipiente com não tem o molho de macarrão que boto o azeite para ferver, quando ele
azeite, bota água para ferver e vem você equilibra o sal e o açúcar? A estiver fervendo, jogo dentro.
com a farinha de trigo, coloca den- mesma coisa o vatapá. (...) O caruru tem o mesmo
tro deste tempero, mexe para não (...) O camarão, é tirada a ca- tempero do vatapá (...) a gente colo-
embolar – você sabe a história do beça, os olhos, os cabelinhos da ca o azeite no fundo da panela; se fi-
vatapá: se não mexe, ele embo- barriga, que junta muita areia, e o car muito pesado, coloca meio copo
la mais no fogo; mas do meu jeito, rabo, que tem o esporão que fura a de água, sal a gosto, quiabo picado”.
é diferente: você bota a água para garganta do cliente; coloca de mo- [entrevista realizada em 13/12/01]
ferver, este tempero já está todo lho cerca de 40 minutos, escorre na
dissolvido, você vem com a água peneira (...) e refoga só com cebola
fervente, joga naquele tempero e e azeite, deixa mudar um pouco de
bate, engrossa na hora, você não cor. (...) A pimenta, de preferên-
precisa perder tempo mexendo. cia seca, que dá aquela cor escura; se
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 29
FE IJÃ O- FRA DI NH O À V E ND A
NA FE IRA D E S Ã O JOA QU I M .
S A L V A DOR ( B A ) , 2 0 0 4 .
FO T O : FRA N C IS C O M OREI R A
DA C O S TA .
PIM E NT A M A L A GU E TA E PÁ GINA A O L A DO
QUIABO , FE IRA L IV RE D E A Z E IT E -DE -D E NDÊ À V E NDA
SÁBAD O, C A C H OE I R A ( B A ) , NA FE IRA DE S Ã O JOA QU IM .
2004. S A L V A DOR (BA ), 2 004.
FOTO : FRA N C IS C O M ORE I R A FOT O : FRA N C IS C O M OREI R A
DA C OST A . DA C OS TA .
ABAI XO
FE IJÃ O, M E RC A DO
M UN IC IPA L DE C A C H OE I R A
(BA), 2004.
FOTO : FRA N C IS C O M ORE I R A
DA C OST A .
BA I A N A NA F ESTA D E SA NTA
B Á R BA RA , N A I G R EJA
D E N O SS A SEN HO RA DO
R O S Á RI O DO S P R ETOS,
PE L OU R I N HO . SALV ADO R
(B A ), 20 0 4 .
F OT O : F R AN CI SCO MO REIRA
D A C O STA.
DE T A L H E DO S A PA T O DA
B A IA NA TÂ NIA . S A L V A DOR
(BA ), 2 004.
FO T O : FRA N C IS C O M OREI R A
DA C O S TA .
TRA JE S DE BA IA NA S , S É C U L O
XIX.
FOTO : CH RI S T IANO JR.
autos dramáticos.
Batas largas, frescas e cômodas
são presenças muçulmanas, assim
como o changrim, chinelo de ponta,
de couro branco, lavrado.
Os fios-de-contas18, chama-
dos de ilequê pelo povo de santo,
especialmente os dos terreiros de
candomblé Kêtu-Nagô, são distin-
tivos de usos feminino e masculino,
embora sua maior expressão e força
estética estejam no domínio da
mulher. Acrescenta-se aos fios-de-
contas uma infinidade de objetos
que buscam reforçar os sentidos
simbólicos das cores e também dos
materiais empregados.
Nos candomblés, as roupas de
baiana ganham sentido cerimonial,
e sua elaboração costuma manter
aspectos tradicionais. Nos terreiros
Kêtu e Angola, as roupas têm ar-
mações que arredondam as saias; já
nos terreiros Jeje, as saias são mais
alongadas e com menos armação.
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 35
A C E S S ÓRIOS DO T RA JE D E
BA IA NA (FIOS - DE - C ONT A S
E P A T UÁ ). PE L OU RINH O,
S A L V A DOR ( B A ) , 2 0 0 4 .
FO T O : FRA N C IS C O M OREI R A
DA C O S TA .
FE ST A DE S A NTA BÁ RBA RA NA
IG RE JA DE NOS S A SE NH O R A
DO ROS Á RIO DOS P RE TO S ,
PE L OURINH O, S A L V A DOR
(BA), 2004.
FOTO : FRA N C IS C O M ORE I R A
DA C OST A .
festa de largo
FE STA DE SA N TA B Á RBA RA
N O MERCA DO DE SA NTA
B Á RB AR A, B A IX A DO
S AP A TEI R O, SA LV ADO R (BA),
2004.
F OTO: F RAN CI SCO MORE IRA
D A CO ST A .
FE S T A DE S A NTA BÁ RBA RA N A
IGRE JA DE NOS S A S E NH OR A
DO ROS Á RIO DOS P RE TO S ,
PE L OU RINH O. S A L V A DOR
(BA ), 2 004.
FOT O : FRA N C IS C O M OREI R A
DA C OS T A .
IM A GE M D E S A NTA BÁ RBA R A
A O L A DO DA S A CRI S T IA DA
IGRE JA DE NOS S A S E NH OR A
DO ROS Á RIO DOS P RE TO S
NO PE L OU RIN H O, S A L V A DOR
(BA ), 2 004.
FOT O : FRA N C IS C O M OREI R A
DA C OS T A .
Senhor dos Navegantes, da Lapinha ou Oiá. A Igreja católica a celebra grupo de capoeiristas e um peixei-
de Reis, do Bonfim, de São Láza- em 4 de dezembro, dia em que, no ro, e desse último seria a idéia de
ro, de Iemanjá e de Santa Bárbara, Brasil e especialmente em Salvador, oferecer um caruru a Santa Bárbara
que será ressaltada em função de se ocorrem inúmeras manifestações: e mandar celebrar uma missa. Pier-
tratar da padroeira das baianas de celebração de missas, distribuição re Verger, ainda, em Notícias da Bahia
acarajé e ser associada a Iansã, orixá de caruru e acarajés, toque de ata- – 1850 (1999:73), registra que, já
ao qual se oferta o acarajé. baques, uso de vestimentas e deco- naquela data, essa festa inaugurava o
rações nas cores vermelha e branca, ciclo festivo de Salvador.
Festa de Santa Bárbara que correspondem tanto à santa Sobre a participação de lide-
como ao orixá. ranças afro-descendentes na orga-
O culto21 a Santa Bárbara foi Existem versões distintas para a nização da festa, Josélio Santos, no
trazido ao Brasil pelos portugueses, origem dessa celebração em Salva- artigo Eparrei, Bárbara! Espetacularização
que invocavam a santa contra morte dor. Anísio Félix (1982), no livro e Confluência de Gêneros na Festa de Santa
trágica, trovoadas, raios, perigo das Bahia pra começo de conversa, afirma que Bárbara em Salvador (2005:34), locali-
armas de fogo, explosões e tempo- os festejos originaram-se em 1912 za referências na memória oral que
rais, e, assim, fizeram-na padro- por iniciativa de três mulheres que remetem a 1907, o que reafirma
eira dos artilheiros, bombeiros, vendiam mercadorias no antigo a origem da festa como anterior a
fogueteiros, fabricantes de fogos de Mercado de Santa Bárbara: Bibia- 1912: “a participação do povo de
artifícios, mineiros que lidam com na, Luzia e Pinda. Naquela época, o santo na festa de Santa Bárbara
explosivos, encarcerados, pedrei- mercado estava situado na Praça da ocorria desde a segunda metade do
ros, arquitetos, sineiros, tecelões Inglaterra, de onde saía a procissão. século XIX”.
e chapeleiros. Na Bahia, também é Entretanto, segundo o artigo Festas Independentemente da origem
protetora dos mercadores. fixas, publicado pela Bahiatursa22 – que no imaginário popular está
No contexto do candomblé, (2005), a festa se teria originado mais relacionada ao Mercado de
Santa Bárbara corresponde a Iansã de maneira informal, graças a um Santa Bárbara antes localizado na
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 39
C A PE L A DE S A NTA BÁ RBAR A ,
RIO V E RM E L H O, S A L V A DOR
(BA ), 2 004.
FO T O : FRA N C IS C O M OREI R A
DA C O S TA .
FE S T A DE S A NTA BÁ RBA R A
NO M E RC A DO D E S A NTA
BÁ RBARA , BA IXA DO
S APA T EIRO , S A L V A DOR ( B A ) ,
2 004.
FOT O : FRA N C IS C O M OREI R A
DA C OS T A .
PÁ GINA A O L A DO
AC A RA JÉ DE IA NS Ã , NO
C A NDO M BL É DO E NGE NH O
V E L H O.
IC ONOGRA F IA : CARY BÉ .
Iansã/Santa Bárbara – a cuspir fogo, para grande desgosto para, assim, evitar a aproximação
padroeira das baianas de de Xangô, que desejava guardar só de qualquer pretendente. Durante
acarajé para si esse terrível poder. Antes uma viagem do pai, Bárbara pediu
de se tornar mulher de Xangô, Oiá para ser batizada na fé cristã e,
Em “história narrada por Pai tinha vivido com Ogum. (...) Ela como na torre onde vivia existiam
Cosme, um velho pai de santo da fugiu com Xangô e Ogum enfu- duas janelas, pediu que fosse aberta
Bahia”, no livro Orixás: deuses iorubás recido, resolveu enfrentar o seu uma terceira, em homenagem à
na África e no Novo Mundo (1997:168), rival e lançou-se à perseguição dos Santíssima Trindade. A atitude
Pierre Verger descreve o orixá Ian- fugitivos e trocou golpes de varas provocou a ira do pai e ela foi
sã-Oiá (Oyá) que, na África, é mágicas com a mulher infiel que obrigada a fugir. Durante a fuga, os
foi então dividida em nove partes. rochedos da torre abriram-se para
“divindade dos ventos, das Este número 9, ligado a Oiá, está que ela escapasse. Denunciada por
tempestades e do Rio Níger que, na origem de seu nome Iansã (...) um pastor, foi capturada, julgada
em iorubá, chama-se Odò Oya. Esses nomes teriam por origem a e condenada a sofrer inúmeros
Foi a primeira mulher de Xangô expressão Aborimesan (“com nove suplícios, inclusive o de ser
e tinha um temperamento arden- cabeças”), alusão aos supostos nove exibida nua por todo o país. Deus,
te e impetuoso. Conta uma lenda braços do delta do Níger”. compadecendo-se de sua sorte,
que Xangô enviou-a em missão na vestiu-a com um manto vermelho.
terra dos baribas, a fim de buscar Segundo a liturgia católica, Depois dos castigos, foi executada
um preparado que, uma vez inge- Santa Bárbara era uma jovem por seu pai, que lhe cortou a cabeça
rido, lhe permitiria lançar fogo e natural da cidade de Nicomédia com uma espada. Pouco depois de
chamas pela boca e pelo nariz. Oiá, de Bitínia, na Ásia Menor. Como martirizá-la, ele morreu fulminado
desobedecendo às instruções do era dona de uma beleza fora do por um raio e, por causa disso,
esposo, experimentou esse prepara- comum, seu pai, enciumado, Santa Bárbara passou a ser invocada
do, tornando-se também capaz de mandou trancá-la numa torre, durante as tempestades.
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 42
FE ST A DE S A NTA BÁ RBA RA NA
IG RE JA DE NOS S A SE NH O R A
DO ROS Á RIO DOS P RE TO S ,
PE L OURINH O. S A L V A DOR
(BA), 20 0 4 .
FOTO : FRA N C IS C O M ORE I R A
DA C OST A .
Dessa perspectiva, o mito de Oiá a uma identidade sexual do que à nalidade da cultura do orixá (...)
ou Iansã e a história de Santa Bárbara correspondência de atributos, algo mulheres de Iansã quase não cho-
apresentam correspondência simbó- já assinalado, no início do século ram. Eu tiro por mim (...) Eu não
lica e se caracterizam pelos atributos 20, por Nina Rodrigues, que se me deixo esmorecer com a situação
de coragem, audácia, temperamento inquietava com a relação Xangô/São (...) [Para mim] como [para] todas
guerreiro e colérico, além de serem Jerônimo/Santa Bárbara”. as mulheres de Iansã (...) tudo pra
relacionados às tempestades. Lúcia França, uma das entrevis- gente é novidade, tudo pra gente é
Josélio Santos (op. cit.:37) afir- tadas para o Inventário da Festa de muito bonito, sabe? É tudo lindo.
ma que, até a década de 1920, essa Santa Bárbara realizado pelo E vai enfrentando, e se sente muito
associação também era feita entre CNFCP/Iphan, não estabelece rela- gostosa, se sente muito dinâmica. É
Xangô e Santa Bárbara. Entretanto, ção com o orixá masculino e descre- um processo que a própria cultura,
a partir dos anos 30, começou a de- ve as mulheres de Oiá/Iansã como a própria personalidade das mulhe-
saparecer e, atualmente, não existe res que recebem Oiá, que têm Oiá,
no Brasil referência à correspon- “muito batalhadeiras (...). têm essa performance de saída. Aí
dência com o orixá masculino. No Lutam pelos seus objetivos, pe- dizem – não tem sorte no amor.
mesmo artigo, o autor afirma que los seus ideais, não têm medo do Não é questão de ter sorte no amor,
medo, sempre são mulheres, como tem muita sorte no amor. É amada,
“Os papéis de incorporação dos diz assim, vistosas, dinâmicas (...) é muito desejada, é muito galantio-
gêneros masculino e feminino que a E suas personalidades mais fortes sa, gostosíssima, “mulher de toda
santa católica trazia, paulatinamen- é amar e às vezes não ser amada. E hora”, sabe como é que é? mas...
te, deixaram de ser a ela associados às vezes pensam que são até volú- é a situação que impõe dela ser tão
no imaginário afro-brasileiro. É veis (...) Porque não é amada e aí forte assim que às vezes as pessoas
certo que as definições de gênero você parte pra outro (...) é uma ficam em conflito de compatibilida-
no plano simbólico do sincretismo característica que elas têm daquela de. Mas que sabem amar, sabem ser
afro-religioso se reportavam menos dominação interior que é perso- excelentes mães, mulheres fantásti-
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 43
B AIANA NA FE S T A D E
SANT A BÁ RBA RA NA IGRE JA
D E N OS SA S E NH ORA DO
ROSÁRIO DOS PRE T O S ,
PE L O URIN H O. S A L V A DOR
(BA), 2 0 0 4 .
FOTO : FRA NC IS C O M OREI R A
D A C OS TA .
BA IA NA DE A C A RA JÉ TÂ NIA
BÁ RBARA E M S EU PONT O D E
VE NDA N O FA R OL DA BA RR A ,
S A L V A DOR ( B A ) , 2 0 0 4 .
FOT O : FRA N C IS C O M OREI R A
DA C OS T A .
no tabuleiro da PÁ GINA A O L A DO
baiana tem...
BA IA NA PRE P A RA NDO
A C ARA JÉ , S A L V A DOR ( B A ) ,
2 004.
FOT O : FRA N C IS C O M OREI R A
DA C OS T A .
Q U IA BOS À V E NDA N A F E I R A
DE S Ã O JOA QU IM . S A L V A DOR
(BA ), 2 004.
FOT O : FRA N C IS C O M OREI R A
DA C OS T A .
A BA IXO
C A RU RU DA F E S TA DE S A NT A
BÁ RBARA NO M E RC A DO D E
S A NTA BÁ RBA RA , BA I XA DO
S APA T EIRO , S A L V A DOR ( B A ) ,
2 004.
FOT O : FRA N C IS C O M OREI R A
DA C OS T A .
B A IA NA TÂ NIA PRE PA RA ND O
O A C ARA JÉ E M SU A C OZ INH A .
S A L V A DOR (BA ), 2 004.
FOT O : FRA N C IS C O M OREI R A
DA C OS T A .
PÁ GI N A 4 8 PÁGI N A 48 PÁ GINA 49
P R E P ARA ÇÃO DO CA MA RÃO C OE NT RO À VE NDA N A F E I R A PRE PA RO DO V AT A P Á .
PA R A O R ECHEI O DO D E SÃO JOA QU IM . S A L V A DOR S A L V A DOR (BA ), 2 002 .
A C A R AJ É E AB A RÁ. SALV ADOR (BA), 20 0 4 . FOT O : FRA N C IS C O M OREI R A
(B A ), 20 0 4 . FOTO: FRA NC IS C O M ORE I R A DA C OS T A
F OT O : F R AN CI SCO MO REIRA DA C O S TA .
D A C O STA.
C AM ARÃO S E C O, FE IRA L IV R E
T O MA TES SECO S À VEN DA D E SÁBA DO, C A C H OE I R A
NA F EI RA D E SÃO J OAQ UI M. (BA), 2004.
S A L V ADOR (BA), 2004. FOTO: FRA NC IS C O M ORE I R A
F OT O : F R AN CI SCO MO REIRA DA C O S TA .
D A C O STA.
17. Tecido confeccionado por proces- nagem a divindades ligadas às religiões de é exprimir o mundo, e as práticas do
so artesanal ou de feitura industrializada, um grupo social. Pode exaltar uma parte da culto têm a função de estreitar os laços
mantém características de padronagem e existência do homenageado, um aconteci- que unem o fiel a seu deus. Essas práticas
formato retangular. O pano pode ser bico- mento ou outros aspectos. É caracterizada também estreitam os laços que unem o
lor, listrado ou em madras, ou totalmen- pelo poder associativo. Engloba, entre ou- indivíduo à sociedade de que é membro.
te branco, bordado – em crivo, richelieu, tras, as esferas de lazer, estética e tradição. 22. A Bahiatursa (Empresa de Tu-
ponto cheio – ou com aplicação de renda Possibilita a aproximação entre indivíduos, rismo da Bahia S/A) é “o órgão oficial de
de bilro e outras técnicas. É confeccionado divertimento que reaviva tradições, reforça turismo da Bahia sendo responsável pela
em tiras que depois são costuradas – cada laços de origem, mas também incorpora coordenação e execução de políticas de
pano tem em média seis, oito ou mais novos elementos e anseios. Acontece de promoção, fomento e desenvolvimento do
tiras, de acordo com o uso – e explicita modo extracotidiano, mas a partir de ele- turismo no Estado, de acordo com as di-
hierarquia, uso festivo, tipo ou qualidade mentos característicos do dia-a-dia retrizes governamentais” (site http://www.
do orixá, vodum ou inquice patrono. 20. Segundo Carlos Rodrigues bahiatursa.ba.gov.br).
18. Os fios-de-contas são, como Brandão (1987), em O festim dos bruxos: estudos 23. Oferecimento de um alimento a
o próprio nome diz, contas enfiadas sobre a religião no Brasil, catolicismo popular Exu, caracteriza o início das cerimônias
em cordões ou fios de náilon. Conven- é um sistema quase autônomo de crenças nos terreiros de candomblé. O padê é
cionalmente, as contas eram enfiadas e práticas de vivência popular da reli- composto por farofa-de-dendê, farofa
na palha-da-costa, em etapa posterior gião católica, que, em especial, enfatiza o branca e água; pode ser complementado
substituída pelo cordão feito de algodão, caráter de culto aos santos. Núbia Gomes com acaçá e acarajé.
e recentemente pelo náilon. As cores e os e Edimilson Pereira (1988), em Negras raízes 24. Almir Sant’Anna mantém a tra-
materiais que formam cada fio-de-contas mineiras: os Arturos, ressaltam que esse modelo dição iniciada por sua família junto com
variam conforme a intenção, podendo popular é “permeável à influência de outros comerciantes do Mercado de Santa
marcar hierarquia, situações especiais, uso outras estruturas religiosas, que se amal- Bárbara, há 22 anos, quando o estabele-
cotidiano, além da combinação de certas gamam de maneira a formar um todo cuja cimento foi vendido para particulares que
contas especiais, como canutilhos de coral, autonomia se definirá sempre em relação proibiram o caruru.
seguis e firmas africanas que servem como às estruturas religiosas anteriores, que lhe 25. A expressão “sentada no tabulei-
arremates dos fios. forneceram elementos de representação”. ro” é nativa, utilizada para a mulher que
19. Segundo o Tesauro de Folclore e 21. Segundo Émile Durkheim (1989), bate e frita a massa do acarajé no ponto
Cultura Popular, festa religiosa é atividade no clássico As formas elementares da vida religiosa, de venda, independente de estar ou não
ritual freqüentemente realizada em home- o culto é um sistema de idéias cujo objetivo atendendo a clientela.
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 52
o acarajé na contemporaneidade
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 53
M OE ND O O FE IJÃ O P A R A
FAZ E R A M AS S A DO A C A R A J É .
SAL VADOR (BA ), 2 003 .
FOTO: FRA N C IS C O M ORE I R A
DA C OST A .
PÁGI NA A O L A DO
TABUL EIRO D E BA IA N A ,
L AVAGEM DO B ONFI M , S Ã O
C RI STÓ V Ã O (RJ), 2 003 .
FOTO : FRA N C IS C O M ORE I R A
DA C OST A .
te as que são ligadas ao candomblé, puta no espaço simbólico entre eles clientes que respeitam isso [a tra-
por acreditarem que a venda em ta- e as baianas de acarajé, defensoras da dição] só querem comer no tradi-
buleiro deve permanecer restrita às tradição ancestral. Os dois grupos cional tabuleiro da baiana (...). Eu
mulheres. fazem uso do discurso religioso para estou, assim como as baianas e um
No entanto, por razões econô- defender suas crenças e sua reserva vereador, reivindicando que o aca-
micas, não só “baianos” de acarajé, de mercado. rajé tem que ficar no tabuleiro da
mas também evangélicos buscaram Para as baianas de acarajé, a ven- baiana”. [Clarice dos Anjos em en-
espaço nesse mercado. Ignoram, as- da do alimento em outros estabele- trevista realizada em 13/12/01]
sim, as questões religiosas que, ini- cimentos parece invasão de seu es-
cialmente, atribuíam apenas à mu- paço e, assim, fazem uso do mesmo O processo de produção e co-
lher “filha-de-santo do orixá Oiá” a discurso da tradição para defender mercialização do acarajé, nas últimas
obrigação e depois o direito de ven- sua reserva de mercado: décadas do século XX, diversificou-
der acarajé. se muito. A introdução e/ou subs-
Os evangélicos, grupo cada vez “Você vê que hoje tem acarajé em tituição de instrumentos de traba-
mais crescente em todos os estados Perine, Supermercado do Acarajé & lho, o crescimento considerável do
do país, têm entrado nesse mercado, Cia., acarajé do não sei onde, isso número de pessoas que o comercia-
o que lhe atribui novos significados tudo quer dizer que, se a gente não lizam não só nos espaços da rua, mas
e o vincula a outro universo religio- se cuidar, não tiver o pé no chão, de também nos estabelecimentos co-
so. Com esse caráter, atendem a uma que isso é tradição, a gente perde o merciais, e o interesse que despertou
clientela que compartilha suas cren- tabuleiro para os grandes empresá- em entidades civis e públicas apon-
ças e recusa-se a consumir o acara- rios (...) e as baianas viram escravas tam para inúmeras transformações.
jé relacionado ao candomblé. A esse no momento em que lavam feijão,
produto dá-se o sugestivo nome de catam camarão, fazem acarajé e eles
“acarajé de Jesus”. A ressignificação pagam uma taxa irrisória para [elas]
elaborada pelos evangélicos gera dis- e eles ficam mais ricos (...). Mas os
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 56
dinâmica e mudanças
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 57
B A IA NA N A FE S T A DE S A NT A
BÁ RBARA , N A IGRE J A
D E NOS S A SE NH ORA DO
ROS Á RIO DOS P RE TO S ,
PE L OURIN H O. S A L V A DOR
(BA ), 2 004.
o sentido
FOT O : FRA N C IS C O M OREI R A
DA C O S TA .
do registro
GRA V URA S DO L IV RO “ U S O S
E C OS T UM E S DO RIO D E
JA NEIRO NAS FIGU RIN H A S D E
G U IL L OBE L” . ORGA N IZ A DO
POR C A NDIDO GU I NL E D E
PA U L A M A C H A DO, 1 9 78.
ta no processo de transformação de seleção, classificação e preparo dos des regionais, no caso, em Salvador.
produtos da natureza em alimentos e alimentos, assim como os modos de Embora na cidade de Salva-
na transformação dos alimentos em servi-los e até mesmo de comê-los, dor o acarajé já tenha sido institu-
comida. Assim, opera-se a passagem mostrou-se a mais adequada para ído como patrimônio cultural, de
do natural ao cultural, do biológi- dar conta da complexidade do uni- acordo com o Projeto de lei mu-
co ao social, a ligação do indivíduo verso do acarajé. nicipal nº 229/01, o registro do
à sociedade. Ao tornar-se comida, O uso dessa categoria tornou Ofício das Baianas de Acarajé no
o alimento deixa de ser considerado possível perceber a articulação das Livro de Saberes do Iphan significa
por si mesmo e passa, então, a inte- diferentes dimensões desse univer- o reconhecimento de sua dimen-
grar um sistema culinário, ou seja: so, tanto na esfera da culinária votiva são mais ampla. É perceptível o fato
torna-se “parte inseparável de um (presente na prática religiosa do can- de a preservação do valor patrimo-
sistema articulado de relações so- domblé), em que se configura como nial desse bem estar relacionada à
ciais e de significados coletivamente bolinho de feijão frito em azeite- atenção ao universo da baiana de
partilhados” (Gonçalves, 2002:9), de-dendê sem recheio, ofertado aos acarajé, à valorização e transmissão
cujos códigos reproduzem valores orixás (em especial a Xangô e Oiá), permanente dos saberes associados
fundamentais da sociedade. quanto na esfera comercial – pre- a esse universo. E entendemos que
A partir desse ponto de vista, a sente em cada esquina da cidade de o registro do bem enquanto pa-
categoria “sistema culinário” foi o Salvador – em que é recheado com trimônio cultural nacional poderá
eixo condutor que orientou a pes- vatapá, caruru, salada, camarão seco, mobilizar a sociedade a reconhecer,
quisa para este dossiê. Essa noção, e está relacionado à culinária local. recolher, sistematizar, proteger e
por apresentar de modo estrutura- Articulam-se, ainda, aspectos rela- salvaguardar esses saberes tradicio-
do os itens constitutivos da alimen- cionados às diferentes etapas de sua nais sem frear o fluxo natural das
tação e permitir que se apreendam produção, comercialização e consu- re-apropriações simbólicas que se
as várias etapas de um mesmo pro- mo, sua importância na alimentação processam inevitavelmente na dinâ-
cesso, como o modo de obtenção, popular e na construção de identida- mica das culturas.
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 60
o desafio da salvaguarda
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 61
O Centro Nacional de Folclore ceptivos e Similares e o Terreiro Ilê em paralelo com estatutos munici-
e Cultura Popular tem convicção da Axé Opô Afonjá. Nessa perspectiva, pais e estaduais que visem à promo-
viabilidade de políticas nesse senti- na fase de implantação do plano de ção de igualdade social, do trabalho
do, tendo como base a experiência salvaguarda do ofício, estão sen- e da identidade cultural e discus-
acumulada de políticas de salva- do desenvolvidas propostas pauta- são com órgãos de vigilância sanitá-
guarda das culturas populares, em das em três linhas de ação: direito, ria. No âmbito do patrimônio e da
que se destacam os resultados ob- patrimônio e educação. No âmbi- educação, discutir questões relacio-
tidos nos recentes projetos desen- to do direito, pretende-se oferecer nadas a gênero, bens associados e
volvidos em parceria com o Progra- suporte jurídico para: formação/ religião, com prioridade na valori-
ma Artesanato Solidário, Governo instrumentalização de quadros da zação, difusão e divulgação junto à
do Estado da Bahia, Associação das Abam; demandas de implementa- sociedade mais ampla.
Baianas de Acarajé, Mingau, Re- ção e obrigatoriedade do decreto,
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 63
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 64
FONTES
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dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 65
Art. 8 – A renovação do alvará de II. em passeios fronteiros a monu- pública e a segurança da população;
autorização será exigida anual- mentos em geral ou prédios tomba-
mente, mediante apresentação da dos pela União e junto a organiza- VI. em vias expressas com elevado
Carteira de Saúde atualizada e dos ção de segurança; fluxo de veículos.
respectivos comprovantes de qui-
tação da taxa e preços públicos do III. em frente, fundos e laterais, Art. 11 – A SESP poderá alterar, em
exercício anterior. em um raio de 50m (cinqüenta caráter provisório ou definitivo, a
metros), de colégios, hospitais, localização do equipamento utili-
Art. 9 – Os equipamentos utilizados repartições públicas, quartéis e zado pela baiana de acarajé ou de
pelas baianas de acarajé e de mingau entradas de instalações residenciais, mingau, caso o seu funcionamento
deverão ser instalados diariamente salvo autorização, por escrito, do se torne prejudicial ao trânsito de
para funcionamento no horário responsável por qualquer um desses veículos ou circulação de pedestres,
fixado no alvará de autorização, estabelecimentos, atendida, entre- à estética dos logradouros ou por
vedada a colocação de engenhos tanto, a conveniência pública; outros motivos considerados de
publicitários, salvo os referentes interesse público.
às logomarcas da PMS e entidades IV. em calçadas, onde a faixa livre
representativas da categoria. de circulação de pedestre, após a Art. 12 – A baiana de acarajé ou de
implantação do equipamento, seja mingau fica obrigada a manter os
Art. 10 – O equipamento utilizado inferior a 1m (um metro); utensílios de trabalho e área onde se
para o exercício da atividade do co- encontra instalada em perfeito estado
mércio pela baiana de acarajé ou de V. em locais em que, a critério do de limpeza e conservação e a recolher,
mingau não pode ser localizado: poder público municipal, compro- em recipiente apropriado e especifi-
metam a estética urbana, histórica, cado pela LIMPURB, os detritos pro-
I. em áreas que possam perturbar a paisagística, a higiene, a preservação venientes do exercício da atividade.
visão dos condutores de veículos; do meio ambiente, a tranqüilidade
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 70
Art. 13 – São infrações puníveis higiene - 30 UFIRs Colocar copos, garrafas e cigarros
com multa, aplicada de forma dentro do tabuleiro - 20 UFIRs
cumulativa, as seguintes: VII. Deixar de manter no equipa-
mento recipiente apropriado ao Art. 14 – As baianas de acarajé ou
I. Instalar-se no logradouro pú- recolhimento de detritos prove- de mingau deverão guardar, entre
blico, sem o respectivo alvará de nientes do exercício da atividade, si, uma distância mínima de 50m
autorização - 4O UFIRs inclusive para coleta de azeite fervi- (cinqüenta metros).
do, óleos e gorduras - 30 UFIRs
II. Comercializar produtos diversos Art. 15 – A administração, quando
dos especificados no alvará de auto- VIII. Ceder, locar ou transferir para ter- entender conveniente, expedirá Noti-
rização - 40 UFIRs ceiros a autorização obtida - 30 UFIRs ficação Preliminar, visando alertar ou
esclarecer situações relativas a este De-
III. Comercializar bebida alcoólica IX. Fazer uso externo de banco, creto, junto ao titular da autorização.
e refeição em geral - 40 UFIRs caixotes, tábuas, mesas e cadeiras de
qualquer tipo ou similar - 20 UFIRs Art. 16 – As infrações às normas
IV. Utilizar tabuleiro com dimen- deste Decreto sujeitarão os in-
sões superiores a 1,20x0,60 ou X. Alterar a localização do equipa- fratores às seguintes penalidades,
tabuleiros abertos - 30 UFIRs mento, sem prévia e expressa auto- independentemente de aplicação de
rização da SESP - 20 UFIRs multas previstas no Artigo 13:
V. Usar vestimenta em desacordo
com a tradição da baiana de acarajé XI. Utilizar aparelhagem de som, I. Em caso de irregularidade cons-
ou de mingau - 30 UFIRs de qualquer tipo, que venha a cau- tatada pela 1ª vez, advertência e
sar perturbações à tranqüilidade da concessão de prazo de até 03 (três
VI. Não manter o equipamento em população - 20 UFIRs dias) úteis para a regularização após
perfeito estado de conservação e expedição de Notificação Preliminar;
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 71
II. Quando for verificada a reinci- neste Decreto, competindo-lhe, da titular ou cópia, para apresenta-
dência, ou uma 2ª irregularidade, o inclusive, apurar eventuais infra- ção aos prepostos da SESP.
alvará de autorização será suspenso ções e lavrar os respectivos autos,
por até 30 (trinta) dias úteis corri- quando for o caso. Art. 20 – Fica estabelecido o prazo
dos, mediante embargo da atividade; de até 360 (trezentos e sessenta)
Parágrafo único – Os autores de dias para que as baianas de acarajé
III. Após expirado o prazo do infração serão julgados, em primei- e de mingau se adequem às nor-
inciso anterior e permanecendo a ra instância, pelo Coordenador da mas estabelecidas neste Decreto e
irregularidade, a autorização será CLF, e, em grau de recurso, desde demais legislação aplicável.
cassada pela SESP; que apresentado no prazo de 10
(dez) dias, contados a partir da ciên- Art. 21 – Compete ao titular da
IV. Em caso de instalação de equi- cia da decisão, pelo titular da SESP. SESP baixar normas complemen-
pamento sem autorização prévia tares às disposições do presente
da SESP, o infrator ficará sujeito à Art. 18 – A taxa municipal e os pre- Decreto, inclusive quanto à defi-
apreensão do mesmo. ços públicos devidos para instalação nição de modelos de equipamentos
e funcionamento da atividade serão padronizados, vestimenta típica e
Parágrafo único – Em caso de cobrados conforme as disposições decidir sobre os casos omissos.
aplicação de penalidade, o infra- do Código Tributário e de Rendas
tor terá o prazo máximo de 10 dias do Município de Salvador e demais Art. 22 – Este decreto entra em
para apresentação de defesa junto à normas específicas. vigor na data de sua publicação.
SESP, contando-se o prazo a partir
do 1° dia útil da data da notificação. Art. 19 – A baiana de acarajé ou de Art. 23 – Revogam-se as disposi-
mingau deve portar o respectivo al- ções em contrário, especialmente o
Art. 17 – A SESP fiscalizará a fiel vará, os comprovantes de pagamen- Decreto n. 10.928/95.
execução das normas estabelecidas to devidos e a prova de identidade
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 72
anexo 3
certidão de
patrimônio
imaterial
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 73
principais ingredientes (pimenta, DIAS, T. M. C. A baiana de acarajé, uma no Nordeste canavieiro do Brasil. Rio de
dendê) destaca o acaçá, acarajé, aba- empresa familiar de sucesso. 1997. Disser- Janeiro: Instituto do Açúcar e do
rá como ricos em vitaminas A e C.] tação (Mestrado em Administração) Álcool, 1969, 286 p.
– Escola de Administração, Univer- [Estudo sociológico sobre os doces
CAYMMI, D. Cancioneiro da Bahia. sidade Federal da Bahia, Salvador. no Nordeste brasileiro. Receitas,
São Paulo: Livraria Martins, [s.d.]. [Estudo em administração. Sobre o entre elas, algumas típicas baianas
[Canções de Caymmi. Trecho que acarajé como uma pequena empresa como: quindins de Yayá, queijadi-
fala em acarajé, “...Todo mundo familiar que conseguiu sobreviver e al- nhas, munguzá.]
gosta de acarajé, o trabalho que dá cançar o sucesso mantendo-se fiel aos
pra fazer é que é!...”.] seus padrões de origem afro-baiana.] INSTITUTO Brasileiro de Geo-
grafia e Estatística. Enciclopédia dos
COSTA LIMA, V. As dietas africanas EPEGA, S. M. Comida de orisá CON- Municípios Brasileiros. v. XXI. Rio de
no sistema alimentar brasileiro. In: CAR- GRESSO AFRO-BRASILEIRO Janeiro: IBGE, 1958. p. 182-272.
DOSO, C; BACELAR, J (org.) Fa- (4: 1994). Anais... Recife: Fundaj, [Descrição e explicação dos municí-
ces da tradição afro-brasileira: religiosidade, Massangana, 1996. v. 4, p. 50-65. pios do Brasil.]
sincretismo, anti-sincretismo, reafricanização, [Os orixás e suas comidas corres-
práticas terapêuticas, etnobotânica e comida. pondentes em vários países latino- LODY, R. A culinária baiana. Rio de
Rio de Janeiro: Pallas; Salvador: americanos e na África. A tradição Janeiro: Salamandra, 1977. 130 p.
CEAO, 1999. p. 319-326. iorubá e a relação com as palavras [Estudo de antropologia da alimenta-
[Estudo de antropologia da alimen- para comidas. Ex: je akará que deu ção. O livro introduz o amplo campo
tação. Expõe a presença dos pratos origem ao acarajé.] da cozinha baiana e reúne receitas.]
de origem africana que participam
do sistema alimentar brasileiro FERNANDES, C. Viagem gastronômica _________. Ao som do adjá. 1. Ed. Salva-
desde o século XVIII e define a através do Brasil. São Paulo: Senac, dor: Departamento de Cultura da
expressão cozinha baiana, o azeite- Estúdio Sônia Robatto, 2000. SMEC, 1975, 101p.
de-dendê e as pimentas.] [O acarajé como alimento da cozi- [Estudo etnográfico. Vários temas
nha africana que é vendido nas ruas afro-descendentes. Destaca-se capí-
DIAS, T. M. C et alii. Ambulantes: da Bahia desde o século 18.] tulo sobre a culinária dos terreiros.]
história das gentes e de seus negócios no Car-
naval da Bahia. In: O carnaval baiano, ne- FERRETTI, S.F. Querebetan de Zo- _________. Baianas de tabuleiro. Rio de
gócios e oportunidades. Brasília: Sebrae, madonu: etnografia da Casa das Minas. São Janeiro: Prefeitura Municipal, 1977.
1996. p. 27-34. Luís: Universidade do Maranhão, [Estudo etnográfico. Sobre as baia-
[Estudo em administração. Fala sobre 1985, 324 p. nas que vendem publicamente suas
o comércio ambulante em Salvador [Estudo etnográfico. Descrição e comidas, destaca o tipo na cidade
durante o carnaval: descreve a venda explicação de alimentos rituais.] do Rio de Janeiro.]
de acarajé, de churrasquinho de gato,
de queijinho na brasa, cerveja, refri- FREYRE, G. Açúcar: em torno da _________. Bordados de Mel: arte e técnica do
gerante, amendoim e pipoca.] etnografia, da história e da sociologia do doce richelieu. Texto de Raul Lody. Rio de
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 75
Janeiro: Funarte, CFCP, 1995. 20p. gô e do acarajé de Iansã e aspectos da les, estudos de gestos e ritmos afro-
il. (Sala do Artista Popular; 54). etno-estética ritual do candomblé.] brasileiros, retratados a baiana, seus
[Técnica de confecção do richelieu.] trajes típicos e seu tabuleiro.]
_________. Pencas de balangandãs da Bahia:
_________. Eparrei, Bárbara: fé e festas um estudo etnográfico das jóias-amuletos. Rio NETTO, J. C. P. Cadernos de comidas
de largo do São Salvador. Curadoria e de Janeiro: Funarte; Salvador: Mu- baianas. Rio de Janeiro: Tempo Bra-
texto de Raul Lody. Rio de Janeiro: seu Carlos Costa Pinto, 1988. 167p. sileiro; Salvador: Fundação Cultu-
Iphan, CNFCP, 2004. [Estudo etnográfico das pencas de ral do Estado da Bahia, 1986.
[Catálogo de exposição. Sobre as balangandãs pertencentes ao Museu [História do azeite-de-cheiro e sua
festas de largo em Salvador, estabele- Carlos Costa Pinto.] inserção na cozinha.]
ce um paralelo entre a festa de Santa
Bárbara e as baianas de tabuleiro.] _________. Santo também come: estudo sócio- OTT, C. B. Formação e evolução étnica
cultural da alimentação cerimonial em terreiros da cidade do Salvador: o folclore bahiano.
_________. O atabaque no candomblé baia- afro-brasileiros. Rio de Janeiro: Arteno- Salvador: Tip. Manu, 1955-1957,
no. Rio de Janeiro: Funarte/INF, va; Recife: Instituto Joaquim Nabuco 2 v. il. (Evolução hist. da cid. do
1988, 59 p. de Pesquisas Sociais, 1979. 135 p. Salvador; 5).
[Estudo etnográfico. Atabaque e [Estudo de antropologia da ali- [Estudo folclórico sobre a cidade de
seus significados simbólicos no mentação. Cardápios rituais dos Salvador. O autor trabalha a questão
candomblé, com destaque para a terreiros de candomblé da Bahia, da cultura material: O vestuário e a
alimentação ritual dos atabaques de mina do Maranhão, do xangô alimentação baiana. Há desenho mos-
rum, rumpi e lé, segundo tradições de Pernambuco, Alagoas e Sergipe, trando o sistema de fiar pano-da-cos-
dos terreiros de candomblé.] com destaque para o capítulo que ta de Mestre Abdias e ainda duas fotos
reúne 100 alimentos integrados ao de baianas, uma com o tabuleiro.]
_________. O povo do santo: religião, âmbito religioso afro-descendente.]
história e cultura dos orixás, voduns, inquices QUERINO, M. A arte culinária na
e caboclos. Prefácio de Peter Fry. Rio _________. Tem dendê, tem axé: etnografia Bahia. Série ensaios miniatura.
de Janeiro: Pallas, 1995, 260 p. do dendezeiro. Rio de Janeiro: Pallas, [S.l.]: Progresso, 1957.
[Estudo etnográfico. O universo 1992, 120p. (Raízes, v. 2). [Estudo antropológico.]
religioso afro-descendente, desta- [Estudo etnográfico. O dendezeiro
que para os capítulos “Mulheres de como um dos símbolos mais deter- _________. A raça africana e seus costumes.
gamela, caixa e tabuleiro” e “Ibejis: minantes da África no Brasil; situa Salvador: Progresso, 1955.
orixás gêmeos e infantis”.] diferentes aspectos sociais, culturais [Estudo antropológico.]
e religiosos.]
_________. O rei come quiabo e a rainha _________. Costumes africanos no Brasil. Prefácio,
come fogo. In: Leopardo dos olhos de fogo. MEIRELES, C. Batuque, samba e ma- notas de Artur Ramos. Rio de Janei-
São Paulo: Ateliê Editorial, 1998. cumba. Nova Iguaçu: Funarte, INF, ro: Civilização Brasileira, 1938. 351p.
[Estudo de antropologia da alimen- 1983. 104 p. il. (Btheca. de divulgação científica, v. 15)
tação. Semiologia do amalá de Xan- [Livro de pinturas de Cecília Meire- [Estudo antropológico.]
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 76
RAMOS, A. As culturas negras no Novo SIDNEY, D’Oxossi (babalorixá). VARELLA, J. S. C. Cozinha de santo
Mundo. Rio de Janeiro: Civilização Sabores da África no Brasil. Ilustrações de (culinária de umbanda e candomblé). Rio de
Brasileira, 1937. Sérgio Soares. Belo Horizonte: Mazza, Janeiro: Espiritualista, 1972, 113 p. il.
[Estudo antropológico.] 2002, 63 p. [Estudo sobre os orixás e suas comi-
[O mito dos principais orixás e suas co- das correspondentes, a preparação,
RIBEIRO, J. Comida de santo e oferenda. midas correspondentes, com receitas.] a maneira de servir. Entre outros,
Rio de Janeiro: ECO/UFRJ, [s.d.]. Iansã (acarajé e abará), Ogum (va-
[Verbete sobre acará e acarajé. Relacio- SOUTO MAIOR, M. Comes e bebes do tapá), Abaluaiê (cuscuz de tapioca)
na acarajé com Iansã e o destaca como Nordeste. Recife: Bagaço, 1955. e Oxalá (munguzá).]
comida especial dessa divindade.] [Estudo folclórico. A cozinha nor-
destina, verbetes sobre as comidas, VERGER, P. Orixás: deuses iorubás
_________. Amalás: a cozinha africana. Rio de com seus modos de preparo, suas na África e no Novo Mundo. Salvador:
Janeiro : Espiritualista, 1969, 109 p. origens e seus usos religiosos.] Corrupio; São Paulo: Círculo do
[Estudo sobre as comidas de santo, Livro, 1981, 295p.
referências a comidas de azeite-de- SOUZA JR, V. C. Usos e abusos das [Estudo etnográfico.]
dendê e em ordem alfabética, várias mulheres de saia e do povo do azeite: notas
comidas de santo, suas receitas e os sobre a comida de orixá no terreiro de Can- _________. Orixás: deuses iorubás na África
orixás correspondentes.] domblé. 1997. Dissertação (Mestrado e no Novo Mundo. Tradução de Maria
em Ciências Sociais) – Pontifícia Aparecida da Nóbrega. 5. ed. Salva-
SANTOS, A. Tempero da Dadá. Salva- Univ. Católica, São Paulo. dor: Corrupio, 1997. 295p.
dor: Corrupio, 1998. [Dissertação em Ciências Sociais. O [Estudo etnográfico.]
[Biografia de Dadá e suas receitas.] acarajé como comida de santo e sua
relação com as baianas de tabuleiro VIANNA, H. A Bahia já foi assim. Sal-
SANTOS, J. E. Os nagô e a morte: e a comida baiana.] vador: Itapuã, 1973.
pàde, asèsè e o culto Egum na Bahia, 2 ed. [Estudo folclórico.]
Petrópolis: Vozes, 1977. TEIXEIRA, M; LODY, R. La présence
[Estudo antropológico.] des symboles judéo-chrétiens dans pesoterisme _________. Breve notícia sobre a cozinha
d’une religion afro-brasilenne. In Le Dèfi baiana. In: CASCUDO, Luís da
SELJAN, Z. Influência da alimentação Magique: esoterism de recherches et d’études Câmara (org.). Antologia da alimenta-
brasileira na Nigéria. Colóquio sobre as anthropologiques, v. 1. France: Presses ção no Brasil. Rio de Janeiro: Livros
relações entre os países da América Universitaires de Lyon, 1994. Técnicos e Científicos, 1977, 254p.
Latina e da África (1963: Rio de [Estudo antropológico. Situa o ima- (Raízes do Brasil).
Janeiro). Anais... Rio de Janeiro: ginário multicultural judaico-cris- [Descrição de várias comidas baia-
Unesco, Ibecc, 1963. p. [90-93] tão em âmbito religioso, especial- nas. Aborda, também, o cheiro de
[Relaciona sabores do acarajé baia- mente nos candomblés, aponta para azeite-de-dendê nas esquinas de
no e africano.] a culinária votiva dos terreiros.] Salvador e os vários quitutes pre-
sentes no tabuleiro da baiana.]
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 77
_________. A cozinha bahiana: seu folclore, Regina do ponto onde vende acara- Bahiatursa. Palavra-chave: baiana
suas receitas. S/L: Fundação Gonçalo jé há 13 anos. Palavra-chave: baiana de tabuleiro.]
Moniz, 1955, 151p. de tabuleiro.]
[Estudo folclórico. A culinária A RICA história da freguesia da esquina. Ga-
baiana, preceitos alimentares, as “BAIANAS” concluem curso sobre noções de hi- zeta do Turista, Bahia, abr. 1992.
mulheres de mingau e mulheres de giene. A Tarde, Salvador, 11 abr. 1992. [Breve histórico da venda de acarajé.
cuscuz, receitas de várias comidas da [Curso de higiene para manipula- Palavra-chave: baiana de tabuleiro.]
culinária baiana.] dores de alimento oferecido a 538
baianas de acarajé. Palavra-chave: A RICA história da freguesia da esquina.
_________. Breve notícia da alimentação na baiana de tabuleiro.] Jornal da Bahia, Salvador, 1983.
Bahia. Aracaju: Fundação Estadual de [A baiana de tabuleiro como parte
Cultura, [1995]. p. 63-71. Encontro “BAIANAS” condenam discriminação na da cidade de Salvador e seus qui-
Cultural de Laranjeiras – 20 anos. vendagem de comida típica. A Tarde, Sal- tutes como consumo obrigatório e
[Estudo sobre a alimentação na vador, 31 jan. 1978. diário dos baianos e turistas. Venda
Bahia (recôncavo, sul e sertão baia- [Baianas de acarajé reagem desfa- de acarajé como ritual. Palavra-
nos). Em relação a Salvador e ao voravelmente à determinação da chave: acarajé.]
recôncavo aborda a influência das Federação do Culto Afro-Baiano de
comidas de azeite-de-dendê.] que elas tenham que estar vincu- ACARAJÉ: tradição assassinada. [S.n.],
ladas a terreiros de Candomblé. [s.l.], jun. 1988.
_________. Folclore brasileiro: Bahia. Rio de Palavra-chave: baiana de tabuleiro.] [A desfiguração do acarajé com a
Janeiro: Funarte, INF, 1981, 94p. introdução de outros elementos, ex.:
[Estudo folclórico sobre a Bahia. Na “BAIANAS” explicam razão do alto preço do aca- miolo de pão na massa, devido à crise
parte culinária, trata do que é típico rajé. A Tarde, Salvador, 02 dez. 1977. econômica. Palavra-chave: acarajé.]
na culinária baiana. O cardápio ba- [Venda de acarajé. Palavra-chave:
seado no azeite-de-dendê e no leite baiana de tabuleiro.] ALICE, S. Acarajé: quitute abençoado por
de coco, o acarajé e o abará.] todos os santos e orixás. O Globo, Rio de
“BAIANAS” pedem apoio de uma cooperati- Janeiro, 30 mai. 1991.
VILHENA, L. S. A Bahia no século va. A Tarde, Salvador, 06 fev. 1985. [Matéria jornalística. Origem do
XVIII. Salvador: Itapuã, 1969. v. I. [Pedido de implantação de uma co- termo acarajé, sua introdução no
[Crônicas do século 18.] operativa para adquirir os gêneros Brasil, suas mudanças, preparo e
alimentícios e peças de vestuário a ritual para a venda do acarajé. Pala-
Publicações seriadas preços baixos. Palavra-chave: baiana vra-chave: acarajé.]
de tabuleiro.]
“BAIANA” divide opinião dos moradores da Gra- ALIMENTAÇÃO ritual. Ciência & Tró-
ça. A Tarde, Salvador, 17 jun. 1997. “DIA da baiana do acarajé” para estimular o tu- pico, Recife, v. 5, n. 1, p. 37-47,
[Dois abaixo-assinados de mora- rismo. A Tarde, Salvador, 21 nov. 1982. jan. / jun. 1977.
dores do bairro da Graça, um para [Dia criado para difundir a culiná- [Aspectos das relações sociais e a
manter, outro para tirar a baiana ria, cultura e costumes baianos pela alimentação.]
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 78
ALMEIDA, R. O Lorogum num candomblé festa da Ribeira e a presença do acara- de José Valadares, com desenhos de
baiano. Diário de Pernambuco. Reci- jé nesta festa. Palavra-chave: acarajé.] Carybé. Palavra-chave: baianas.]
fe, 13 jun. 1954, 2º cad., p. 1 e 2.
[Fala do cerimonial Lorogum que AS MARAVILHOSAS festas da Bahia. O BAHIA, as cores de todos os santos. O Glo-
acontece no 1º domingo da qua- Jornal, Rio de Janeiro, 28 set. 1969. bo, Rio de Janeiro, 07 out. 1971.
resma. Neste dia faz-se uma festa [As festas da Bahia, a presença do [Primavera marca o fluxo turístico
de fechamento dos trabalhos nos acarajé nelas. Palavra-chave: acarajé.] para Salvador e dá início ao ciclo
terreiros. No artigo o autor chama dos Orixás, acarajé servido nas festas
atenção para as indumentárias usa- As Vestes da baiana de Acarajé... O Globo, dos santos. Palavra-chave: acarajé.]
das na festa, entre elas estão o pano- Rio de Janeiro, 10 abr 1953.
da-costa. Palavra-chave: pano.] [Nota de jornal. Secretária de Saú- BAHIA faz hoje homenagem à mulher do tabu-
de defende-se por nota que estaria leiro. A Tarde, Salvador, 25 nov. 1993.
ANDRADE, C. D. Defesa da baiana. A obrigando as vendedoras a trocar os [Comemoração do dia da baiana.
Tribuna, Santos, 14 jan. 1968. trajes típicos por capa e gorro bran- Palavra chave: baiana de tabuleiro.]
[Baiana de tabuleiro como elemen- co; só estaria exigindo proteção
to constitutivo da paisagem urbana contra moscas e poeira nos tabulei- BAHIA, todos os santos chamam para a festa.
do Rio de Janeiro. Palavra-chave: ros. Palavra-chave: acarajé.] Jornal do Comércio, Porto Alegre,
baiana de tabuleiro.] 05 nov. 1976.
Ascenso Ferreira e sua Contribuição à Antropofa- [Influência africana na comida e
ANGRA dos Reis vai reavivar folclore. O gia. Jornal Universitário, Recife, ago, nos rituais populares. A oferta das
fluminense, Niterói, 21/22 jul. [Reportagem sobre o poema “Bahia” baianas de tabuleiro do primeiro
1968. Supl. 1. de Ascenso Ferreira, que fala das acarajé do dia ao santo. Palavra-
[O rico folclore em Angra dos comidas baianas e sua repercussão na chave: acarajé.]
Reis, a venda de acarajé presente época. Palavra-chave: Abará.]
na encenação de “As pastorinhas”. BAHIA. Lei n. 5.454 de 25 de novembro de
Palavra-chave: baiana de tabuleiro.] ASPECTOS gerais do nosso folclore. Diário 1998. Dispõe sobre a localização, o
Popular, São Paulo, 28 ago. 1983. funcionamento do comércio infor-
ANTROPOLOGIA da alimentação. A Tar- [Origem da palavra folclore. Exem- mal exercido pelas baianas de tabu-
de, Salvador, 28 jan. 1996. Cad. 2, plos típicos de aspectos imateriais. A leiro e de mingau em logradouros
Seção Comes e bebes, p. 10. lavagem do Bonfim. O acarajé como públicos e dá outras providências.
[Trabalho de antropologia da ali- uma das comidas que chegou com os Diário Oficial do Município, Salva-
mentação desenvolvido no CEAO/ africanos e se transformou em tradi- dor, BA, 25 nov. 1998.
UFBA e relação do acarajé com ção brasileira. Palavra-chave: acarajé.]
divindades no Candomblé.] BAHIA: o retrato de uma época de riquezas. Jor-
AUGUSTO, J. Como as baianas colocam o nal do Brasil, Rio de Janeiro, 02 dez.
AS MARAVILHOSAS festas da Bahia. O torço. A Tarde, Salvador, 9 jan 1972. [As festas da Bahia, entre elas, cita a fes-
Jornal, [s.l.], 28 set. 1969. [Matéria jornalística sobre a publi- ta de Iansã. O acarajé presente na festa
[As festas da Bahia, em destaque a cação do livro O torço da baiana, do cachimbo. Palavra-chave: acarajé.]
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 79
BAIANA de acarajé inova para vencer concor- cia entre tabuleiros. Palavra-chave: Palavra-chave: baiana de tabuleiro.]
rência. A Tarde, Salvador, 13 set. 1996. baiana de tabuleiro.]
[Venda a quilo, refrigerante gra- BARRETO, F. A humilhação de um
tuito etc., modernizam a forma de BAIANAS: o acarajé pela hora da morte. Jornal “malé” criou o traje das baianas. A noite,
venda do acarajé. Palavra-chave: Universitário, Recife, set. 1977. n. 1. Guanabara, 19 dez. 1957.
baiana de tabuleiro.] [A venda de acarajé na Bahia como [Lenda do traje das baianas usado du-
obrigação contraída com os santos. rante a venda. Palavra-chave: acarajé.]
BAIANA de acarajé será cadastrada pela Palavra-chave: acarajé.]
Prefeitura. A Tarde, Salvador, 16 jul. BARROS, J. R. O que é que a baiana
1975, p. 5. BANDEIRA, C. Baianas querem tem. Diário Carioca, 21 fev 1960.
[Cadastro de baiana de tabuleiro resgatar o antigo perfil. A Tarde, [Aborda a roupa de baiana tradicio-
pela Prefeitura de Salvador. Pala- Salvador, 11 fev. 2000, p.7. nal, de influência maometana, utili-
vra-chave: baiana de tabuleiro.] [O acarajé como comércio. A Abam zada pelas baianas de tabuleiro e sua
lutando contra a venda em restau- estilização, por meio do carnaval,
BAIANA de acarajé, a reconquista da fama. rantes e bares e a luta pelo traje e do turismo e da figura de Carmem
A Tarde, Salvador, 02 dez. 1998. pela qualidade. Cita Pelourinho, Miranda. Palavra-chave: acarajé.]
Seção Turismo, p. 3. Itapuã, Rio Vermelho, Pituba e
[A evidência na mídia local e nacio- Amaralina como points do acarajé. BASTIDE, R. A cozinha dos deuses.
nal da baiana de acarajé depois de Palavra-chave: baiana de tabuleiro.] Nova Iguaçu: SAPS, 1952. 27 p.
briga entre Dinha e Regina. Pala- (Ensaio e debate alimentar ; 8).
vra-chave: baiana de tabuleiro.] BANDEIRA, C. Decreto acaba com “guerra [Estudo Antropológico. As comi-
do acarajé” em Salvador. A Tarde, Sal- das nos candomblés, usos rituais,
BAIANA é aquela de blusa rendada e saia vador, 25 nov. 1998. os modos de preparo, a maneira de
rodada. Jornal do Brasil, Rio de [A assinatura do decreto que regu- servir, os tabus alimentares.]
Janeiro, jan. 1969. Suplemento lamenta o uso e ocupação do solo
Especial, Bahia Turismo. pelas baianas de tabuleiro. Palavra- BASTOS, W. L. Alimentos de receita
[Considera as baianas como símbolo chave: baiana de tabuleiro.] folclórica. Gazeta Comercial, Belo
internacional do Brasil e as autênti- Horizonte, 9 dez. 1973.
cas como aquelas que são vistas tam- BANDEIRA, C. Sabor do acarajé fascina os turistas. [Verbetes de comidas folclóricas,
bém nas esquinas da cidade de Sal- A Tarde, Salvador, 19 jan. 2001, p.7. entre elas o acarajé. Palavra-chave:
vador com seus tabuleiros vendendo [O encanto do acarajé sobre os turistas. baiana de tabuleiro.]
acarajé. Palavra-chave: acarajé.] Palavra-chave: baiana de tabuleiro.]
BOLOGNINI, D. Comidas e bebidas:
BAIANA vai à Justiça para ficar no Largo de BARRETO, A. C. Profissão de fé: um estudo da alimentação no folclore bra-
Santana. A Tarde, Salvador, 21 out. baianas de acarajé fazem festa no Pelourinho. sileiro. Folclore, Guarujá, n.22, p.
1998, p.7. Correio da Bahia, Bahia, 26 nov. 11-19, 1997.
[Briga entre duas baianas de tabu- 1997. Cad. Aqui Salvador. [Cita acarajé de Iansã.]
leiro (Dinha e Regina) por distân- [Comemoração do Dia da Baiana.
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 80
BOLOGNINI, D. S. Comidas e bebidas: Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 17 CAXIAS capital do nordeste. O Jornal,
um estudo da alimentação no folclore brasi- jul. 1972. Rio de Janeiro, 23 mar. 1969. 1.
leiro . Folclore, Guarujá, n. 22, p. [Aborda as festas das baianas de ter- cad, p. 8-9.
11-19, 1997. reiros, que ocorrem em julho, em [Grande feira realizada em Caxias-
[Estudo Folclórico. A alimentação homenagem a Omolure. Palavra- RJ, aos domingos. Acarajé citado
no folclore brasileiro. A culiná- chave: tabuleiro.] como fonte de sustento de uma
ria votiva, a comida de santo e sua mulher mãe de seis filhos. Palavra-
relação com a culinária baiana. CARNEIRO, E. O caruru de Cosme e Da- chave: acarajé.]
Referência à Festa de Santa Bárbara, mião. In: Província de São Pedro, n. 5. Rio
onde são servidos acarajés.] de Janeiro: Livraria do Globo, 1940. CELESTINO, M. Tabuleiro promocional.
[Cosme e Damião, os Ibejis nagôs Correio da Bahia, Salvador, 04 mar.
BRAGA, I. População rejeita “reserva de culto familiar. Acarajé como 2002. Seção Aqui Salvador, p. 1.
de mercado” para o acarajé. A Tarde, parte constitutiva do “caruru dos [Promoção de acarajé depois do carnaval
Bahia, 8 abr. 2000. 1. Cad., p. 5. meninos”. Palavra-chave: acarajé.] e criação do certificado de qualificação.]
[Matéria jornalística. População da Hemeroteca da Biblioteca Amadeu
Bahia não concorda com a venda de Amaral do Centro Nacional de Fol- CIDADE homenageia baianas do acarajé com
acarajé restrita às filhas de santo.] clore e Cultura Popular muito samba. A Tarde, Salvador, 24
nov. 1985, p. 3.
CAETANO, S. Jornal de Brasí- [Homenagem às baianas de acarajé.
lia. Brasília, 18 jan 1976, Caderno CARVALHO, N. Baianas do acarajé são Palavra-chave: baiana de tabuleiro.]
Especial, página 20. românticas e integram folclore mas não tem
[Aborda a festa da Lavagem das Es- asseio. [s.n.], [s.l], p. 1 e 2, [s.d.]. COLOMBO, S. Africanos foram forçados
cadarias do Bonfim que conta com a [Discussão sobre a relação baiana de ta- a reinventar sua culinária. Folha de São
presença das baianas, mães de santo, buleiro e os problemas sociais da Bahia. Paulo, São Paulo, 02 abr. 2000.
usando as indumentárias típicas Palavra-chave: baiana de tabuleiro.] Seção Tradição.
– saias rodadas, panos da costa, co- [Influência africana na culinária
lares etc. Palavra-chave: pano.] CASCUDO, L. C. Conversa para o brasileira. Transformação da culi-
estudo afro-brasileiro. Cadernos Brasi- nária africana pela brasileira. Cita o
CAMELLO, N. Folclore – Ciência do leiros, Rio de Janeiro, v. 12, n. 57, acarajé como hit da cozinha afro-
Povo. O Povo, Fortaleza, 2 jun 1961. p. 65-76, jan./fev. 1970. brasileira. Palavra-chave: acarajé.]
[Trata da origem e tradução da [Estudo folclórico. Artigo sobre
palavra folclore e de pratos típicos Salvador; entre outros aspectos, fala COMEÇAM a aparecer as inéditas de Lupicí-
de cada estado, abordando, assim, a da influência africana na cozinha nio. Jornal do Brasil, Rio de Janei-
culinária baiana e consecutivamente baiana, o hábito de oferecer comi- ro, 2 ago. 1982. Caderno B.
o acarajé. Palavra-chave: acarajé.] das aos transeuntes, as comidas, e [Músicas inéditas de Lupicínio.
ainda a baiana e sua indumentária.] Transcrição dos versos de uma músi-
CANDOMBLÉS saem à rua por Omolu ca do compositor onde aparece a pa-
enquanto etnólogo diz que há desvirtuamento. lavra acarajé. Palavra-chave: acarajé.]
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 81
COMEMORAÇÃO do Mês do Folclore. Diá- CONTAMINAÇÃO de acarajé e abará é CRISE já chegou ao comércio das baianas, em
rio da Noite. São Paulo, 8 ago. 1967. acima do aceitável. A Tarde, Salvador, Salvador. O Globo, Rio de Janeiro,
[Dia do Folclore. Exposição. Iguarias 30 nov. 1998, p.9. 09 set. 1984.
da Bahia servidas na exposição, entre [Pesquisa no Laboratório de Micro- [Dificuldade de lucro na venda de
elas o acarajé. Palavra-chave: acarajé.] biologia de Alimentos da Faculdade acarajé, pelo aumento do custo dos
de Farmácia da UFBA. Palavra-cha- ingredientes e pela exigência da Fe-
COMIDAS à base de feijão. O Globo, ve: baiana de tabuleiro.] deração do Culto Afro-Baiano do
Rio de Janeiro, 19 fev. 1999. Ca- uso do traje típico. Palavra-chave:
derno Rio Show, p. 14-15. CORDEIRO, N. C. O que o negro Baiana de tabuleiro.]
[Comidas à base de feijão, entre elas africano nos legou. Gazeta Comercial,
o acarajé. Palavra-chave: acarajé.] Belo Horizonte, 10 set. 1967. CULINÁRIA baiana. Boletim da Casa
[Contribuição da cultura africana da Bahia, Rio de Janeiro, n. 54,
COMIDA baiana: um roteiro sem preconceitos. O (crenças, festas e comidas) na cultu- out/nov/dez 1960.
Globo, Rio de Janeiro, p. 1, 12 set. 1974. ra brasileira. Entre as comidas, cita [Culinária baiana, apresenta receita
[Mapeamento dos considerados me- o acarajé. Palavra-chave: acarajé.] de acarajé.]
lhores vendedores de comida e bebida
típica da Bahia, incluindo a venda CORDEIRO, T. Acarajé de Cris- CULINÁRIA folclórica. [S.n.], [s.l.], [s.d.].
de acarajé feito segundo os costumes to. Época, Rio de Janeiro, 25 fev. [Culinária baiana, apresenta receita
ortodoxos. Palavra-chave: acarajé.] 2002. Seção Tradição, p. 63. de acarajé.]
[A venda de acarajé por evangélicos
COMIDAS e bebidas de santo. Revista Mi- que se recusam a usar a indumentá- DANNEMANN, M. F. “Baianas-empre-
ronga – Anuário de 1970, Guanaba- ria de baiana.] sárias” esquecem tradição. A Tarde, Salva-
ra/R.J., p. 52 e 53. Edição Especial. dor, 22 set. 1997. Seção Local, p.7.
[Comidas rituais da cultura africa- CÔRTES, C. Cardápio de santo: an- [A venda de acarajé por homens, en-
na, usadas em nossos dias. Explica o tropólogo ensina como associar receitas da tre eles Gregório, e a não utilização
preparo e identifica o santo para o culinária africana à devoção das entidades do traje típico no tabuleiro de Cira.
qual se oferta; cita o acarajé. Pala- religiosas. [s.n.], São Paulo, n. 1496, Palavra-chave: baiana de tabuleiro.]
vra-chave: acarajé.] 13 jun. 1998. Seção Tradição.
[Relação entre a comida e celebra- DANTAS, C. O Senhor dos Navegantes:
CONDE, A. P. A mesa com os santos: ção religiosa. Receita de acarajé e uma tradição da Bahia. Correio da Ma-
livro ensina a fazer as receitas que agradam às sua relação com Iansã. Palavra-cha- nhã, Rio de Janeiro, 12 mar. 1967.
entidades do Candomblé. O Dia, Rio de ve: acarajé.] 5 cad., p. 2.
Janeiro, 29 ago. 1998. Caderno D+ [A procissão marítima de Nosso Se-
Mulher, Seção Culinária. Cozinha. O Globo, Rio de Janeiro, 3 nhor do Bonfim. A venda de acarajé
[Importância da comida nas cerimô- jul. 1974. nesta festa. Palavra-chave: acarajé.]
nias religiosas afro-brasileiras. Receita [Reportagem jornalística sobre a co-
de acarajé. Palavra-chave: acarajé.] mida baiana. Palavra-chave: acarajé.] DELICATESSEN invadida por baiana de acarajé. A
Tarde, Salvador, 04 fev. 1996, p.6.
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 82
[A venda de acarajé na delicatessen no candomblé da Bahia; entre seus FRAZÃO, H. Baianas combatem evan-
Perine Master no bairro Vasco da Gama. quitutes, destaca o acarajé. Palavra- gélicos: para quituteiras, acarajé é negócio
Palavra-chave: baiana de tabuleiro.] chave: acarajé.] privativo de orixás. Jornal do Brasil,
Rio de Janeiro, 20 mar. 2000.
DIÁRIO Popular. São Paulo, 22 ESTUDOS do Folclore Brasileiro: Origem dos [Comércio de acarajé. Disputa de
jun. 1969. Trajes Regionais Baianos. Vamos ler, Rio mercado entre filhas de santo e
[Fala de um batizado de capoeira de janeiro, 3 abr 1948. evangélicas. Acarajé como meio de
realizado em São Paulo onde esteve [Reportagem sobre as pesquisas subsistência. Atividade feminina.
presente Dona Maria Raimunda, da Comissão Nacional de Folclore Palavra-chave: acarajé.]
baiana famosa pelos quitutes que faz. acerca da origem do traje de baiana, a
Foi dado enfoque ao traje típico das tradição malê, e a especulação de seu FREYRE, G. Pratos típicos brasileiros.
baianas de tabuleiro da parte baixa significado: profissional, profano ou Casa Grande Sabor, n. 3, p. 22-
da Bahia. Palavra-chave: tabuleiro.] infame. Palavra-chave: baianas.] 23, jan/fev. 1975.
[Pratos típicos baianos. Cita o aca-
DIAS, T. M. C. Baianas de acarajé, FESTA para a baiana de acarajé. Jornal da rajé. Palavra-chave: acarajé.]
negócios locais, negócios globais. In: Pré- Bahia, Salvador, 25 nov 1983.
textos para discussão. UNIFACS, [A baiana de tabuleiro como parte GASPAR, L. O sabor da terra: uma
UFBA, Coord. de Pesquisa, Ano I, da cidade de Salvador e seus quitutes bibliografia sobre a culinária brasileira. Ci-
v. 1, n.1 (jul/dez 1996). Salvador: como consumo obrigatório e diário ência & Trópico, Recife, v. 25, n.
UNIFACS/ UFBA, 1996. p. 27-34. dos baianos e turistas. Venda de acarajé 2, p. 327-393, jul./dez. 1997.
[Estudo de administração. Aborda a como ritual. Palavra-chave: acarajé.] [O artigo traz uma bibliografia sobre a
baiana de tabuleiro como uma pe- culinária brasileira, contendo algumas
quena empresária local de sucesso.] FESTAS e presentes para Xangô, o deus do referências sobre a culinária baiana.]
ouro. Diário da Tarde, Belo Hori-
Efegê, J. O ouro e o Luxo das Baianas zonte, 01 out. 1974. GOMES, O. A lavagem do Bonfim. Jornal
exaltadas com poesia e música. O Globo, [A festa de Xangô e a doação das do Brasil, Rio de Janeiro, 17 jan. 1974.
24 abr 1977. comidas típicas do santo, venda de [A lavagem do adro e da escadaria
[Aborda a representação das baianas acarajé e de pipoca, sem sal e sem da Igreja do N. Sr. do Bonfim. As
em músicas populares compostas tempero. Sincretismo de Xangô baianas do acarajé participando da
por Dorival Caymmi, Ary Barroso e com Nosso Senhor do Bonfim. procissão. Palavra-chave: acarajé.]
outros. Palavra-chave: baianas.] Palavra-chave: acarajé.]
GUERRA do acarajé na disputa de ponto no
ENFEITE vivo da Bahia numa praça da cida- FOLCLORE e Curiosidade do Brasileiro Fanta- Largo de Santana. A Tarde, Salvador,
de. Diário de São Paulo, São Paulo, sioso. A Tribuna Jovem, 13 jun 1976. 16 out. 1998, p. 2.
09 dez. 1977. n. 1. [Reportagem sobre tipos populares [Disputa entre as baianas de tabu-
[Reportagem sobre uma filha de brasileiros: padeiro flutuante, ne- leiro Dinha e Regina por ponto no
santo de Iansã, Tânia, que foi gra baiana, lavadeiras e jangadeiros. Largo de Santana. Palavra-chave:
iniciada com babalaôs aos 10 anos Palavra-chave: acarajé.] baiana de tabuleiro.]
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GUIMARÃES, G. Caruru de São Cos- [História de vida e ascensão da [Estudo etnográfico. O imaginário
me. A Tarde, Salvador, 13 set. 1966. baiana de tabuleiro Dinha. Palavra- do candomblé, destacando os capí-
[A oferta de caruru. Palavra-chave: chave: Baiana de tabuleiro.] tulos: A comida do dono da terra;
acarajé.] Acarajé de Iansã; O feijão; Caruru
LIMA, J.J.T. Santos também têm comida. de Cosme; Dia do Pilão.]
GUIMARÃES, R. Os Pregões. Jornal Jornal de Piracicaba, Piracicaba, 24
do Brasil, Guanabara, 20 jan. 1957. dez. 1967. LODY, R. No tabuleiro da baiana
[Pregões entoados na venda de alimen- tem... pelo reconhecimento do acarajé como
tos na rua. Palavra-chave: acarajé.] LIMA, N.C. À mesa com os orixás do Can- patrimônio cultural brasileiro. Seminário
domblé: como os pratos de terreiros brasileiros Alimentação e Cultura. (2001: Rio
Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 28 ago. influenciaram os hábitos alimentares. Gazeta de Janeiro). Rio de Janeiro: Funar-
a 03 set. 1998. Revista Programa, p.26. Mercantil, Belo Horizonte, 04, 05 e te, CNFCP, 2002. (Encontros e
[Entrevista com o antropólogo 06 ago. 2000. Seção Tradição. estudos; 4) p. 37-40.
Raul Lody. Ingredientes (pimenta e [Relação comida e santo. Relação [Aborda o acarajé e as suas representa-
dendê). Comida baiana, entre elas religião afro-brasileira e mitologia ções e significados ligados aos orixás.]
o acarajé. Palavra-chave: acarajé.] grega (deuses quase humanos em
suas paixões, carregadas de ciúmes, LODY, R. O dendê e a comida afro-
LACERDA, L. Dinha do acarajé: 20 traições e vinganças). Quadro relacio- brasileira. Recife: Instituto Joaquim
anos de luta e muita garra para vencer. Sho- nando entidade, sincretismo e comida Nabuco de Pesquisas Sociais, Depar-
pping News da Bahia, Salvador, 31 predileta. Palavra-chave: acarajé.] tamento de Antropologia. (Micro-
ago. 1992, p. 4. monografia folclórica; 43), 1977.
[Entrevista com a baiana de tabulei- LIRA, M. São Cosme-São Damião. [Estudo de antropologia da alimen-
ro Dinha. Palavra-chave: baiana de Correio da Manhã, Rio de Janeiro, tação. Dendezeiro e seus produtos,
tabuleiro.] 30 set. 1951. especialmente o azeite-de-dendê.]
[A história e o culto a São Cosme e
LEANDRO, P. Decreto regulamenta comér- São Damião, a oferenda de acarajé a LODY, R. Tem dendê, tem axé. Revis-
cio de acarajé nas ruas de Salvador. Estado de estes Ibejis. Palavra-chave: acarajé.] ta da Bahia, Salvador, v. 3, n. 16,
S. Paulo, São Paulo, 01 dez. 1998. mar./jun. 1990.
[Prefeito de Salvador assina de- LIZA, M. Miss Brasil e o traje de “Baia- [A importância do dendê no uni-
creto-lei determinando distância na”. Correio da Manhã, Rio de verso afro-descendente.]
mínima entre tabuleiros devido a Janeiro, 7 ago de 1955.
briga entre duas baianas de tabulei- [Especulação sobre o traje de baia- LODY, R. Tudo come e de tudo se come: em
ro (Dinha e Regina). Palavra-chave: na, sua origem, suas diferenças. torno do conceito de comer nas religiões afro-
Baiana de tabuleiro.] Palavra-chave: baianas.] brasileiras. In: Congresso Afro-Bra-
sileiro (4.: 1994). Anais. Recife:
LESSA, C. Imperatriz do acarajé. Cor- LODY, R. Candomblé: religião e resistên- Fundação Joaquim Nabuco, Mas-
reio da Bahia, Bahia, 29 mar. 1996, cia cultural. São Paulo: Ática, 1987. sangana, v.4, p. 44-49.
Folha Perfil. 87 p. (Princípios; 108). [Estudo de antropologia da alimenta-
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 84
ção. Diferentes conceitos sobre alimen- MATTOS, F. Exposição da Bahia abafou MIRANDA, G. Os quitutes da Bahia.
tação em âmbito sagrado dos terreiros.] São Paulo ao som de berimbaus e cheiro de Diário de São Paulo, São Paulo, 03
acarajé. Diário de Notícias. Salvador, mar. 1956.
LODY, R. Um mês com sabor de milho. 25 set. 1956. [O lançamento do livro “A cozinha
Diário Pernambucano, Recife, 24 [Exposição. Acarajé servido como baiana: seu folclore, suas receitas” de
jun. 1992. arte baiana ao governador Carvalho Hildegardes Vianna, que aborda a
[Fala das receitas e comidas feitas de Pinto e ao Presidente Kubitscheck. culinária folclórica e, entre as comi-
milho para o ciclo junino, chama Palavra-chave: acarajé.] das, o acarajé. Palavra-chave: acarajé.]
atenção para um dos doces típicos
do tabuleiro, o lelé ou lelê de mi- MENDONÇA, E.; PINTO, M. D. MONTEIRO, A. O culto a Exu. A
lho. Palavra-chave: tabuleiro.] N. Sistema culinário e patrimônios culturais: Tarde, Salvador, 12 jan. 1956, 1
variações sobre o mesmo tema. Seminário cad., p. 5 e 9.
LOURDES, M. I. G; RIBEIRO, G. Alimentação e Cultura. (2001: Rio de [O culto a Exu, a lenda africana
C., HORTA, L. C. Comidas Brasilei- Janeiro). Rio de Janeiro: Funarte, sobre Exu, o ritual para a venda de
ras. Gazeta Comercial, 10 mar 1968. CNFCP, 2002. (Encontros e estu- acarajé e a oferenda a Exu. Palavra-
[Glossário de alimentos da culinária dos; 4) p. 37-40. chave: acarajé.]
brasileira. Palavra-chave: acarajé.] [Apresenta uma reflexão sobre os
ofícios e modos de fazer dos atores MONTEIRO, A; CABRAL, O.
LUEDY, M. O que é que a baiana tem. A sociais envolvidos com a produção, Propagadores da tradição: o folclore. [s.n.],
Tarde, Salvador, 08 jul. 1977. comercialização e consumo do aca- [s.l.], [s.d.].
[O preparo e a venda de acarajé, o rajé e da farinha, assim como seus [Manifestações folclóricas, entre
modo de as baianas se relacionarem universos.] elas, os pregões das negras do acara-
com seus clientes e a quantificação jé. Palavra-chave: acarajé.]
de tabuleiro por área. Palavra-cha- MENDONÇA, J. Missa para homena-
ve: baiana de tabuleiro.] gear as baianas revela sincretismo. A Tarde, MONTEIRO, J. Lendas, Mitos e Cren-
Salvador, 26 nov. 1998, p. 2. dices do Brasil. Folha da Tarde, São
MAGALHÃES JUNIOR, R. A [Sincretismo presente na festa em Paulo, 15 ago 1959.
Fantasia de Baiana. Diário de Notícias, homenagem às baianas de acarajé. [Jerônimo Monteiro dá duas recei-
Rio de Janeiro, 28 fev 1954. Palavra-chave: baiana de tabuleiro.] tas de pratos afro-baianos: o abará
[A vulgarização da fantasia de e o acaçá. Palavra-chave: abará.]
baiana por meio da música e do MENEZES, B. Cira dá mais o que falar
cinema, a nacionalização da roupa na briga entre as baianas instalando-se em MOREIRA, P. Fábrica de acarajé poderá
das negras quituteiras, diferentes Rio Vermelho. A Tarde, Salvador, 17 ser realidade até o fim do ano. A Tarde,
de outros trajes como vaqueiro, nov. 1998, p. 7. Salvador, 16 mai 1996.
gaúcho e caipira, que mantiveram [Cira entra na briga entre as baia- [A possibilidade da criação de uma
sua característica regionalizada. nas Dinha e Regina, instalando-se fábrica de acarajé.]
Palavra-chave: baianas.] em Rio Vermelho. Palavra-chave:
baiana de tabuleiro.]
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SÃO COSME e São Damião: viva a criança, Folclore, Florianópolis, v. 26, n. VALADARES, J. Culinária. [S.n.],
vivam os Ibejis. Última Hora. Rio de 39-40, p. 138-139, dez. 1988. [s.l.], [s.d].
Janeiro, 27 set. 1980. 1. ed. [Estudo Folclórico. O coco, também [Alimentação dos baianos. Trecho
[Cosme e Damião são Ibejis nos chamado de coco da Bahia, seus usos do livro “Beabá da Bahia” – Guia
candomblés, a eles se oferece o caru- no nordeste brasileiro, sua impor- Turístico, 1961 p. 99. Palavra-cha-
ru no qual está presente o acarajé.] tância na cozinha, tanto em pratos ve: acarajé.]
salgados como o vatapá e em pratos
SÃO PAULO comemora o Mês do Folclore. doces, quindins de iaiá, cuscuz etc.] VEIGA, A. Mistura Muito: comida
Diário da Noite. São Paulo, 17 ago. também é cultura, e nova fornada de livros
1967. 1. ed. SOUZA, J. A festa de Iemanjá na enseada pesquisa o caldeirão multicultural que resultou
[Dia do Folclore. Exposição. Aca- do Rio Vermelho da Baía de Todos os Santos. na bem temperada culinária brasileira. Veja,
rajé servido na exposição. Palavra- Revista AABB, Rio de Janeiro, n. 1585, 17 fev. 1999. Seção Gas-
chave: acarajé.] 33(1/2): 96-97, abr./mai. 1967. tronomia.
[Festa de Iemanjá. A venda de acarajé [Influência estrangeira na culinária
SCHNEIDER, R. Benção tempera nesta festa. Palavra-chave: acarajé.] brasileira. Cita o acarajé como influ-
Vatapá. Correio da Manhã, Rio de ência africana. Palavra-chave: acarajé.]
Janeiro, 12 fev. 1967. Tipos e aspectos brasileiros: folclore e curio-
[Fala sobre a baiana Helena, cozinhei- sidades do brasileiro fantástico. A Tribuna VIANNA, H. A. A cozinha goiana. A
ra de restaurante, e seus pratos. Cita o Jovem, [s.l.], p. 6 e 7, 13 jun. 1976. Tarde, Salvador, 23 jan. 1968. 1
acarajé. Palavra-chave: acarajé.] [Tabuleiro como tipo folclórico brasilei- cad., p. 14.
ro. Palavra-chave: Baiana de tabuleiro.] [Cita a presença do acarajé na culiná-
SILVA, M. T. Culinária. Seminário de ria goiana. Palavra-chave: acarajé.]
Culinária promovida pela Bahiatursa. Ma- TOURINHO, E. As “Fadas do dendê”.
terial não publicado. A Tribuna, Santos, 6 jul 1958. VIANNA, H. Baianas da Conceição. A
[Influência cultural no Brasil. Valor [Reportagem sobre o uso do dendê e Tarde, Salvador, 5 dez 1967.
nutritivo da cozinha baiana. Acara- da pimenta no preparo das comidas tí- [Artigo fala sobre a Festa da Con-
jé com 300 calorias por unidade. picas da Bahia. Palavra-chave: baiana.] ceição da Praia e a roupa da baiana,
Palavra-chave: culinária.] em especial as rendas e barafundas.
UMA das mais requintadas culinárias do Palavra-chave: baianas.]
SOFISTICAÇÃO já chegou à ”república dos aca- mundo é certamente a baiana. Jornal da
rajés”. A Tarde, Salvador, 01 set. 1995. Bahia/Shell, Salvador/BA., p. 5, 21 VIANNA, H. O tempo do Acaçá. A
[A modernização do instrumental abr. 1978. Tarde, Salvador, 8 nov 1971.
para a fabricação do acarajé. Pala- [Requinte da culinária brasileira. [Reportagem sobre o Acaçá vendido
vra-chave: baiana de tabuleiro.] Influência luso-afro-ameríndia nas ruas por mulheres, suas formas
que a diversifica. Cita autores como de comer, sua receita, sua forma de
SOUTO MAIOR, M. Coco: sua Jorge Amado, que aborda a comida preparo. Palavra Chave: Acaçá.]
importância na cozinha do Nordeste. Bo- baiana em suas obras e destaca o
letim da Comissão Catarinense de acarajé. Palavra-chave: acarajé.]
dossiê iphan 6 { Ofício das Baianas de Acarajé } 89
ISBN : 978-85-7334-056-3