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DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

DISTRIBUIÇÃO DE
ENERGIA ELÉTRICA

II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica 115


Distribuição de Energia Elétrica
116
ANAIS DO II CITENEL / 2003
Contribuição ao Estudo e Aplicação de
Transformadores de Distribuição no Sistema
Elétrico da COELBA
Carlos F. Ribeiro, Marcos V. A. Alvares, Bernardo Gustavo P. Ortega e Caiuby A. Costa

RESUMO I. INTRODUÇÃO
A aplicação de transformadores de distribuição nos sistemas
Este trabalho se constitui num resumo do Projeto de
das concessionárias exige uma série de providências e avalia-
ções, sejam elas referentes aos próprios equipamentos, bem P&D-06, ciclo 2000/2001 da COELBA [1] com o mesmo
assim, aos diversos fenômenos envolvidos na operação dos título, tendo sido incluídos os capítulos de maior relevância.
referidos sistemas. Assim é que foram avaliadas as taxas de falha das di-
A ligação delta-estrela, apresenta particularidades exclusivas, versas Territoriais da COELBA, bem assim, analisados os
tais como, dificuldades na aplicação de fusíveis nos primários
e probabilidades de ferroressonâncias. diagnósticos/avarias em 1309 transformadores retirados,
Além disso, um curto fase-terra no secundário provoca cor- levantada a parte ativa, inspecionados o óleo, painel,
rentes nos enrolamentos primários iguais em p.u. às correntes enrolamentos, núcleo e fixações. A Tabela 1 a seguir resu-
dos enrolamentos secundários. Porém, as correntes nas linhas me as prováveis causas das citadas avarias.
de entrada são reduzidas pelo fator 3 , dificultando assim a
eliminação de um defeito num ponto afastado dos referidos TABELA 1
transformadores. Diagnóstico de Avarias Analisadas
Verificou-se que o carregamento de troca não deve ser superi- item Avaria/Diagnóstico Nº de unidades %
or a 140% e que o carregamento de máxima eficiência poderia
1 Penetração de água 60 4,58
ser modificado.
2 Baixo nível de isolamento 80 6,11
Foram analisadas as taxas de falha e estudados os limites
mecânicos e térmicos no curto-circuito, bem assim, as tempe- 3 Curto-circuito externo 497 37,96
raturas finais nos enrolamentos após a ocorrência das faltas. 4 Curto-circuito interno 202 15,43
Concluiu-se que nos transformadores de distribuição o limite 5 Descarga atmosférica 30 2,29
térmico é que governa os projetos das unidades para suportar 6 Interrupção no painel 16 1,22
os curto-circuitos.
7 Desequilíbrio de fases 104 7,94
O trabalho também contempla a verificação dos tempos de
operação dos fusíveis primários para defeitos fase-terra e as 8 Sobrecarga 320 24,45
sobretensões causadas nas fases não envolvidas no curto-cir- 9 TOTAL 1309 100
cuito (fases sãs).
Foram também realizados ensaios destrutivos em 7 (sete) uni-
dades, objetivando validar-se as conclusões dos estudos. II. CARREGAMENTO DE TROCA
PALAVRAS-CHAVE
O carregamento de troca pode ser definido:
Carregamento de troca. Ensaios destrutivos. Limites térmicos
e mecânicos. Sobretensões nos secundários. Transformadores
a) em função do carregamento de troca admitido, do car-
de distribuição. regamento inicial e da taxa de crescimento da carga.
b) em função do custo ao longo do ciclo de vida do trans-
formador (LCC).
c) em função da perda de vida provável das unidades.

A hipótese a) é analisada partindo-se de um dado car-


regamento de troca, um carregamento inicial e da taxa de
crescimento da carga, chegando-se facilmente ao tempo
Carlos F. Ribeiro trabalha na NORSUL Engenharia e Consultoria Ltda
de substituição em anos.
(e-mail: norsul@cpunet.com.br)
Marcos Vinicius A. Álvares trabalha na COELBA, GEM (e-mail: Por outro lado, o custo ao longo dos anos, pode ser
malvares@coelba.com.br). determinado em função do custo inicial do transformador
Bernardo Gustavo Paez Ortega é professor da Escola Politécnica da incluindo instalação, custo inicial das perdas, carregamen-
UFBa (e-mail: gpaez@uol.com.br).
to inicial, taxa de crescimento da carga, escalada de preços
Caiuby A. da Costa, Dr. Engº. é professor da Escola Politécnica da
UFBa (e-mail: caiuby@ufba.br) de energia elétrica, taxa de remuneração do capital, perdas

II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica 117


Distribuição de Energia Elétrica nominais da unidade e número de anos do período de aná- TABELA 4
lise considerado. Este método é chamado de “Life Cycle Carregamento de troca (%) Tensão máxima no primário (%)
Costing – LCC” e alguns dos resultados obtidos são mos- 120 102.8
trados na Tabela 2 a seguir, a título de exemplo. 140 100.2
160 97.2
TABELA 2
Custo dos Transformadores ao Longo da Vida Útil, “Life Em vista do exposto e levando-se em conta que os
Cycle Costing - LCC”, Classe 15 kV, 75 kVA transformadores de distribuição podem ser submetidos a
Carreg. Carreg. Taxa de Tempo de Valor presente tensões no período de ponta da ordem de 105%, não são
de troca inicial cresc. da substituição do custo recomendáveis carregamentos de troca superiores a 140%.
(%) (%) carga (%) (anos)* Total (R$) Além disso, os carregamentos iniciais deverão ser tais, para
140 40 5 25,67 30820 que o tempo de substituição esteja compreendido entre 8 e
10 13,14 22378 15 anos, no mínimo, a fim de se evitar um volume consi-
60 5 17,36 32939 derável de trocas de transformadores por ano, acarretando
10 8,9 22124 despesas adicionais e problemas com interrupções progra-
80 5 11,46 30331
madas afetando consumidores.
10 5,87 19620
160 40 5 28,41 34070
10 14,54 28519
III. CARREGAMENTO
60 5 20,1 40360
DE MÁXIMA EFICIÊNCIA
10 10,29 25745
80 5 14,2 40052 O projeto de um transformador exige a fixação de limi-
10 7,27 23797 tes iniciais das perdas no ferro e no cobre. A raiz quadrada
Custo de aquisição e instalação do transformador: R$ 2.530,35 da relação entre as perdas no ferro e as perdas no cobre
*Calculado em função do carregamento de troca, do carregamento ini- indica o carregamento de máxima eficiência em por unidade
cial e da taxa de crescimento da carga
(p.u.). Os limites da densidade de corrente nos enrolamentos
se situam entre 2,5A/mm² e 3A/mm² para transformadores
Quanto à hipótese c), a determinação da perda prová-
com resfriamento natural a óleo. A densidade de fluxo
vel de vida em função do carregamento de troca esbarra na
(indução) de trabalho é uma função do tipo e corte das cha-
perda adicional de vida em curto-circuito, conforme expli-
pas de aço e seu valor médio corresponde a 1,45 Teslas.
cado nas Tabelas 3, 4 e no item IV. Assim é que, qualquer
Partindo-se de uma dada densidade de corrente e um valor
análise a ser feita, tem que levar em conta o tempo em que
estabelecido de indução no núcleo, pode-se facilmente cal-
os transformadores são submetidos aos curto-circuitos com
cular a relação entre o peso do núcleo e o peso do cobre.
a operação retardada dos fusíveis primários de proteção.
Desta maneira, pode-se construir a Tabela V onde são
Em vista do exposto e de acordo com práticas inter-
mostradas as relações de perdas no ferro para as perdas no
nacionais, para um carregamento de troca de 140% ocorre
cobre, carregamento de máxima eficiência e a relação entre
estatisticamente uma perda de vida de 15%. Para um car-
os pesos do ferro e do cobre. Foram considerados dois valo-
regamento de troca de 160%, ocorre uma perda de vida de
res da densidade de corrente, de 2,5 A/mm² e 3 A/mm².
40%. Em qualquer caso considera-se o tempo de vida “nor-
mal” de uma unidade de 25 anos, conforme tabela a seguir. TABELA 5
TABELA 3 RELAÇÃO GF/GC DO PESO DO NÚCLEO/PESO DO COBRE, PARA
TRANSFORMADORES DE DIST. COM DENS. DE CORRENTE DE 3 A/
Carregamento de troca (%) Vida útil das unidades (anos)
mm² E 2,5 A/mm² E INDUÇÃO DE PROJETO DE 1,45 T.
120 25
Relação Carga de Relação Gf / Gc
140 21 de perdas máxima Densidade de Densidade de
160 15 (p.u.) eficiência (%) corrente de 3 A/mm2 corrente de 2,5 A/mm2
0,25 50 1,58 1,10
Quando um dado transformador é submetido a um 0,33 58 2,11 1,47
ciclo de carga dando lugar a uma ponta maior do que a 0,40 63 2,53 1,76
potência nominal e a duração desta é superior a 2 horas, há 0,50 71 3,16 2,20
que se considerar o aumento das perdas no ferro, que de- 1,00 100 6,32 4,40
pende da tensão aplicada no primário. Assim, os “taps”
deverão estar de acordo com o valor da carga de substitui- Observa-se que o carregamento de máxima eficiência
ção. Aplicando-se a expressão utilizada na Alemanha [2]. deverá ser conciliado com o carregamento de troca. As-
 λ 
2

Vmax = 110 − 5  sim, para o carregamento tradicional de troca de 100%, o


 100  projeto convencional indica uma relação de perdas de 1:3
ter-se-á que corresponde a uma carga ou máxima eficiência de 58%.

118 ANAIS DO II CITENEL / 2003


Para um carregamento de troca de 140%, a relação de per- TABELA 6
das deveria ser no mínimo de 1:2 e o carregamento de Característica de Curto-circuito em transformadores de
máxima eficiência de 71%. Isto implicará num aumento de Distribuição – Classe 15 kV, 15 kVA.
cerca de 50% na relação do peso do núcleo para o peso do Fab. Relação Corrente Máxima de Curto Circuito (p.u.) Nº de ciclos
Xk/Rk necessários para
cobre, significando um acréscimo substancial do peso e (p.u.) Componente Componente Total a componente
custo da unidade, inclusive do óleo, além de dificultar o alternada transitória transitória se
(simétrica) (contínua) tornar desprezível
manejo do transformador, em troca de um melhor rendi-
A 1,52 39,07 4,97 44,04 1,11
mento durante a vida útil do mesmo.
B 1,5 38,85 4,78 43,63 1,09
Além do exposto, a filosofia de projeto das unidades
C 1,64 41,59 6,1 47,69 1,19
teria que ser revista, sendo necessária a construção de pro-
D 1,22 40,64 3,09 43,73 0,89
tótipos, o que demandaria tempo e custos adicionais.
E 1,43 40,76 4,54 45,3 1,05
F 1,67 38,22 5,83 44,05 1,22
G 1,28 42,22 3,64 45,86 0,94
IV. LIMITES OPERACIONAIS
H 1,73 39,07 6,34 45,41 1,26
EM CURTO-CIRCUITO
J 1,36 43,25 4,27 47,52 0,99
Os limites operacionais dos transformadores são es- K 1,45 41,96 4,81 46,77 1,06
tabelecidos conhecendo-se a corrente de curto-circuito
brusco, isto é, a corrente transitória, considerando-se seu A. Solicitações Mecânicas no Curto-circuito
valor máximo. As correntes que percorrem os enrolamentos de um
Os reflexos dessa corrente se manifestam produzindo transformador dão origem a um fluxo de dispersão que se
efeitos mecânicos e térmicos. Nos transformadores de po- compõe em cada ponto das linhas de campo, de uma com-
ponente radial e uma componente axial. Estas componen-
tência, os efeitos mecânicos são predominantes, ao passo
tes são responsáveis respectivamente, pelos esforços axial
que, nos transformadores de distribuição os efeitos térmi-
e radial causados pela corrente de curto-circuito. Os esfor-
cos é que determinam os limites operacionais em curto-
ços correspondentes são proporcionais ao produto da com-
circuito. Isto é devido ao diâmetro das bobinas e a espes-
ponente considerada pela corrente de curto-circuito. Como
sura radial do enrolamento, fatores esses que são maiores
as componentes do fluxo de dispersão são proporcionais
nos transformadores de potência [3]. às correntes, estes esforços são portanto, proporcionais ao
A corrente de curto-circuito em função do tempo é dada
quadrado da corrente de curto-circuito.
pela expressão
Os esforços radiais e axiais podem ser determinados
VM  − kt
R
pelas expressões desenvolvidas por Stenkvist & Torseke,
i(t ) = cos(ωt + ϕ 0 − θ) − cos(ϕ 0 − θ) e L k  Waters e Billig [3], [4], [5]. Na Tabela 7 são indicados os
R k2 + X 2k  
valores para transformadores de 150 kVA.
Comparando os limites mecânicos com o limite tér-
onde VM é a tensão máxima senoidal, Rx e Xk são, res- mico sugerido por Stenkvist e Torseke, na Figura 1, onde
pectivamente, a resistência e reatância de curto-circuito, verifica-se que em vários transformadores de 45 kVA, por
ω a freqüência angular da tensão, ϕ 0 o ângulo de exemplo, a densidade de corrente normal de curto-circuito
chaveamento, θ o ângulo interno do circuito do transfor- supera o limite térmico.
mador e t o tempo.
TABELA 7
O valor máximo instantâneo da corrente de curto-cir- Limites Mecânicos no Curto-circuito a depender da
cuito é dado pela expressão Geometria e disposição dos enrolamentos – Classe 15 kV,
150 kVA
 R
−π k 
î= 2
V 1 + e Xk  Fab. Dens. de Dens. de Esforço Tensão de Limite mec.
Rk2 X k2  
 corrente corrente radial tração da dens. de
de projeto curto-circ. máx. (t) radial máx. corrente
onde V é o valor eficaz da tensão aplicada (A/mm²) (A/mm²) (kgf/cm²) (A/mm²)
A 2,2 67,99 65,63 338,58 94,32
O número de ciclos necessários para a componente con- B 2,2 64,4 64,76 334,07 94,14
tínua (transitória) se tornar desprezível pode ser dado por C 2,77 78,09 54,63 274,79 121,18
Xk D 2,77 77,44 59,22 297,88 118,4
N = 0.73
Rk E 2,2 61,17 58,28 196,41 118,4
F 2,77 81,3 64,31 418,82 103,5
A Tabela 6 mostra as relações X/R, as componentes G 2,2 59,19 77,22 260,23 117,58
transitória e alternada, bem assim, o número de ciclos para H 2,2 66,39 64,09 255,38 108,66
a componente aperiódica se tornar desprezível. J 2,2 63,65 78,1 281,53 104,68
K 2,2 64,59 79,25 307,56 101,92

II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica 119


Distribuição de Energia Elétrica

Dens. de Corrente (A/mm²)


140
1000 Tensão de Tração
120
Limites Radial Máxima
100 800
Mecânicos

kgf/cm²
80 600 Tensão de
Dens. de Escoamento no Cobre
60 400
Corrente a 200º C
40 Curto-Circ. Tensão de Tração
200
20 Radial Máxima
Limite 0 Admissível no Cobre
0 Térmico
A B C D E F G H J K
A B C D E F G H J K
Fabricante
Fabricante

FIGURA 1. Limites Mecânico e Térmico e Densidade de FIGURA 3. Tensão de Tração Radial Máxima em
Corrente de Curto Circuito de Transformadores Transformadores de Classe 15 kV, 45 kVA,
Classe 15 kV, 45 kVA Comparada com as Tensões de Escoamento do
Cobre a 200º C e Admissível de Projeto
B. Solicitações Térmicas no Curto-circuito
As solicitações térmicas no curto-circuito são carac- Fica portanto demonstrado que nos transformadores de
terizadas pela elevação de temperatura nos condutores e distribuição, os limites mecânicos não são críticos e que o
no isolamento das bobinas causadas basicamente pelas per- limite térmico é que governa as restrições em curto-circuito.
das ôhmicas no cobre. Tomando-se, outrossim, os limites mecânicos médios das
Os critérios e teorias em que se baseia o estudo das unidades de 15 kV pesquisadas, em comparação com o limite
solicitações térmicas apresentam pequenas variações que térmico, verifica-se que à medida que a potência das unidades
conduzem a resultados relativamente distintos. A aumenta, o limite mecânico se reduz, tendendo a alcançar o
suportabilidade dos transformadores pode ser avaliada em limite térmico, conforme mostrado na Figura 4 a seguir.
função do tempo máximo permitido no curto-circuito. Os
Densidade de Corrente

métodos utilizados neste trabalho foram o de Andé, 200

Küchler, Vidmar e da Energia Específica no Curto-circui- 170


(A/mm²)

140
to [1]. Como o método de Vidmar é bastante semelhante
110
ao de Küchler, apenas este último foi considerado na Figu- 80
ra 2 para transformadores de 15 kV, 15 kVA. 50
0 15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180 195 210 225 240

Assim, o método de Andé conduz a tempos maiores,


Potência do Transformador, kVA
o de Küchler a valores intermediários e o método da Ener-
gia Específica no Limite Térmico a tempos menores. Limite Térmico Limites Mecânicos

FIGURA 4. Transformadores de Distribuição, Classe 15 kV,


Limites Mecânicos e Térmico
Tempo Máximo Permitido no

6 O andamento da curva do limite mecânico, conforme


Curto-Circuito (s)

5 Baseado na Energia a Figura 4, se deve basicamente ao aumento do diâmetro


Específica no Limite
4
Térmico das bobinas e para as unidades maiores, ao aumento do
3 Método de Küchler
diâmetro dos condutores.
2
Método de F. Ande
Para transformadores de potência, a curva do limite
1
-
mecânico alcança valores inferiores ao limite térmico. As-
A B C D E F G H J K sim, nos transformadores de potência, a condição
Fabricante governante é o limite mecânico.
De acordo com as conclusões deste trabalho, os trans-
FIGURA 2. Tempo Máximo Permitido no Curto-Circuito, formadores de distribuição deverão resistir a um ensaio de
Transformadores de 15 kV, 150 kVA curto-circuito nos terminais conforme especificado no item
VI, apresentando apenas sinais de efeitos térmicos, sem qual-
C. Características Termomecânicas do Cobre e quer reflexos destrutivos originados por efeitos mecânicos.
Curva Combinada dos Limites Médios
Comparando-se a tensão de tração radial máxima sob D. Determinação das Temperaturas Finais em
curto-circuito das unidades, com os valores da tensão de Curto-circuito
tração radial máxima admissível no cobre (1000 kgf/cm²) e Quando são conhecidos dados referentes à tempera-
tensão de escoamento a 200º C (6,4 kgf/mm²), chega-se tura inicial, densidade da corrente de curto-circuito e o tem-
aos valores indicados na Figura 3. Verifica-se em todos os po de eliminação da falta, pode-se calcular com boa apro-
casos que os esforços mecânicos se situam bastante abaixo ximação a temperatura final nos enrolamentos dos trans-
do máximo admissível no cobre, bem assim, abaixo da ten- formadores, utilizando-se expressões matemáticas propor-
são de escoamento do cobre a 200ºC. cionadas por algumas normas.

120 ANAIS DO II CITENEL / 2003


Neste trabalho são oferecidas sugestões com base em formador aberto e portanto, considerando o retorno ape-
normas americanas e alemãs bem assim pelo método clás- nas pela terra.
sico alemão [1]. b) Curto-circuito fase-neutro ou fase-terra admitindo re-
Apesar de em alguns casos, os tempos máximos permi- torno pelo neutro e terra.
tidos pelo método da Energia Específica terem sido meno-
res do que 2 segundos, foi tomado o tempo de permanência No primeiro caso, por se tratar de uma condição ex-
dos curto-circuitos de 3 segundos para a aplicação dos mé- tremamente crítica, foram verificadas as condições de aber-
todos das Normas ANSI, DIN/VDE e do método clássico tura (queima) dos fusíveis primários e tensões nas fases sãs
alemão. Os resultados são mostrados na Figura 5 para uma para transformadores da classe de 15 kV, de 15 / 30 / 45 /
temperatura inicial de 95ºC precedendo o curto-circuito. 75 / 112,5 / 150 / 225 kVA com condutores secundários de
Observa-se uma expressiva coerência entre os três bitolas 4, 2, 1/0, 2/0 e 4/0 CA AWG e faltas a 50, 100, 150,
métodos em todas as unidades de diferentes fabricantes e 200 e 300 metros distantes dos transformadores.
potências nominais. No segundo caso, foram considerados os mesmos
transformadores, nas mesmas condições do primeiro caso,
com as mesmas bitolas e um curto-circuito fase-neutro, ou
Temperatura Final nos

300
fase-terra com contato com o neutro. As bitolas menores,
Enrolamentos, ºC

250
DIN/VDE
# 4 AWG e # 2 AWG foram consideradas mesmo nos trans-
200
formadores maiores, admitindo-se a possibilidade da exis-
150 ANSI
100 tência de ramais (derivações) eventualmente ligados ao
Método Clássico
50 Alemão condutor tronco. Além disso, foi considerada uma alta
0 resistividade do solo, de 500 Ω.m , para o cálculo das
A B C D E F G H J K
impedâncias de seqüência zero. Em todos os casos porém,
Fabricante
não foram consideradas faltas sob condições de resistência
FIGURA 5. Temperatura Final nos Enrolamentos dos de arco e sim, curto-circuitos francos.
Transformadores de 15 kV e 112,5 kVA, após Observa-se na hipótese a) que em grande parte dos
Curto-circuito nos Terminais com 3 Segundos eventos, as correntes primárias não são suficientes para
de Duração – Temperatura inicial 95 ºC
causar a queima dos fusíveis, além de ocorrer severas
sobretensões em pelo menos uma das fases não envolvidas
no curto. É claro que se esta situação se mantiver durante
V. SOBRETENSÕES NA REDE SECUNDÁRIA
um período de tempo muito longo, haverá deterioração
CAUSADAS POR FALTAS À TERRA –
dos fusíveis que certamente se queimarão após um tempo
TEMPOS DE ABERTURA DOS FUSÍVEIS
indeterminado. O problema é tanto mais grave quanto mai-
O valor da corrente de curto-circuito no caso de uma ores forem as potências nominais das unidades.
falta à terra na rede secundária depende da tensão pré-falta São dois os reflexos principais neste caso; a perda adici-
e das impedâncias de seqüências positiva, negativa e zero. onal de vida dos transformadores e a conseqüente queima dos
A impedância de seqüência zero pode limitar o valor aparelhos dos consumidores ligados a uma das “fases sãs”.
da corrente a ponto de não causar a queima dos fusíveis Também na hipótese b) ocorrem muitos casos em que
primários dos transformadores. as correntes de curto-circuito para a terra (neutro) não são
Por sua vez, a relação X0/X1 da reatância de seqüên- suficientes para causar a queima dos fusíveis primários,
cia zero para a reatância de seqüência positiva, é que de- provocando sobretensões perigosas, porém em menor in-
termina o coeficiente de aterramento e conseqüentemente, tensidade que aquelas referentes à hipótese a).
a amplitude das tensões nas fases sãs, isto é, naquelas não
afetadas diretamente pela falta. TABELA 8
Os fusíveis de proteção dos transformadores devem Valores Percentuais das Tensões nos Aparelhos
portanto ter duas funções principais: Tensão Tempo de Tensão nominal do aparelho,V
• Proteger o transformador e a rede secundária associa- resultante, abertura dos
V fusíveis, s 110 115 120 127
da, contra os efeitos das correntes de curto-circuito.
158 (b) 290 143,6 137,4 131,7 124,4
• Proteger os aparelhos dos consumidores ligados às fa-
181(a) NO(*) 164,5 157,4 150,87 142,5
ses não envolvidas pela falta, eliminando o defeito num Nota (*) o fusível não queima num tempo definido, podendo vir
tempo compatível com a suportabilidade de tensão dos a operar após deterioração do mesmo, num tempo indefinido.
referidos aparelhos.
Objetivando comparar os valores máximos das ten-
Os cálculos referentes aos níveis de curto-circuito sões indicadas na Tabela 8 com as tensões máximas permi-
monofásico foram feitos segundo as seguintes hipóteses: tidas para capacitores até 660V de acordo com as normas
a) Curto-circuito fase-terra supondo o neutro no trans- DIN/IEC 33/CO/67 e VDE 0560 [1], tem-se:

II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica 121


Distribuição de Energia Elétrica TABELA 9 As correntes primárias e secundárias foram medidas e
Tensão Máxima Permitida e Duração para Capacitores até 600 V oscilografadas, a fim de se verificar as eventuais deforma-
Tensão de operação em (p.u.) Duração ções das ondas correspondentes.
1.10 8 horas / dia Os resultados obtidos são mostrados na Tabela 10 a seguir.
1.15 30 minutos / dia
1.20 5 min TABELA 10
1.30 1 min Ensaios Destrutivos em Transformadores, Classe de 15 kV em
Curto-circuito durante 3 segundos, repetidos a cada 5 minutos
Observa-se que no caso de retorno pelo neutro e ter- Transfor- kVA Nº de Observação
ra a 300 metros do transformador, capacitores com tensão mador Aplicações
T1 15 40 Não foi observada qualquer anomalia.
nominal de 127 V estariam sujeitos a uma sobretensão de
T2 30 22 Deformação da forma de onda na 22ª aplicação.
24.4%, mesmo assim, durante 290 segundos (4,83 min),
T3 30 21 Deformação das envoltórias após a 21ª aplicação.
portanto, além dos limites das citadas normas. Este transformador tinha sido recondicionado
No caso de computadores ou qualquer dispositivo ele- na TRACOL.
T4 45 40 Óleo (interno) borbulhando após a 40ª aplicação
trônico de informática, os limites estabelecidos pela CBMA
T5 75 7 Deformação da forma de onda após 7ª aplicação.
[1] são ainda mais rígidos. Assim a tensão de 124.4% so-
T6 112,5 28 Vazamento de óleo pela tampa de inspeção do
mente poderá ser permitida durante cerca de 0.6 ciclos. comutador após a 28ª aplicação.
Pesquisas feitas por J. Harisson [1] com fabricantes T7 150 1 Após a 1ª aplicação o transformador expeliu
de computadores nos Estados Unidos, demonstraram que óleo através da tampa de inspeção da chave
comutadora (ver Fotos nº 1 e nº 2).
tensões de 150% a 200% de origem transitória, poderão
ser suportadas durante, no máximo, 0,2 ms. As Figuras 1 e 2 referentes ao transformador T7 são
Por outro lado, a Resolução Nº 505 da ANEEL [7] mostradas a seguir, verificando-se a total deformação das
estabelece que, para tensões padronizadas, o limite superi- bobinas secundárias resultantes de tensões radiais principal-
or para sistemas trifásicos de 220/127 V corresponde a mente, apresentando ainda deformações devidas às tensões
1,06 p.u. para a faixa precária, isto é, 134,62 V. Acima axiais (colapso nas bobinas). O fabricante deste transforma-
deste valor os aparelhos estariam na faixa crítica. dor tinha sido anteriormente credenciado pela COELBA, sen-
Pode-se analogamente analisar o caso de neutro in- do que após este ensaio, o mesmo foi descredenciado, não
terrompido no transformador, para o qual, em qualquer mais fazendo parte dos fornecedores da empresa.
caso, as sobretensões seriam intoleráveis.

VI. ENSAIOS DESTRUTIVOS


De acordo com o que foi demonstrado no item IV
deste trabalho, o limite térmico dos transformadores de
distribuição é mais crítico que o limite mecânico. Desta Figura 1 Figura 2
maneira, quando os transformadores forem submetidos a
curto-circuito nos terminais, deverão ocorrer vazamentos O transformador T3 tinha sido completamente danifi-
de óleo pelas juntas da tampa antes das unidades falharem cado, e foi recondicionado pela TRACOL. Mesmo assim,
mecanicamente. Quando um transformador de distribuição suportou 21 curto-circuitos após o que, apresentou defor-
apresenta inicialmente falha mecânica com danificação dos mações nas ondas de corrente, sem qualquer vazamento
enrolamentos, pode-se afirmar com segurança que a uni- de óleo. Não é possível admitir-se que unidades novas,
dade foi mal projetada e/ou mal construída. como no caso do T5 e principalmente o T7, que apresen-
Objetivando validar o que foi exposto no item IV, foram tou total deformação dos enrolamentos, tenham seus fa-
realizados ensaios destrutivos em 7 (sete) unidades da classe bricantes credenciados para fornecer transformadores de
de 15 kV, de potências nominais de 15/30(2)/45/75/112.5 e distribuição às concessionárias. No caso do transformador
150 kVA, inclusive um transformador de 30 kVA que tinha T7 de 150 kVA, tanto o projeto como a construção são de
sido danificado, tendo sido recondicionado pela TRACOL. baixíssima qualidade, provocando prejuízo às concessio-
Os ensaios foram realizados no IEE - Instituto de nárias, prejudicando a imagem das mesmas face às inter-
Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo - rupções que causam no fornecimento de energia elétrica.
USP, de acordo com especificações NORSUL, nº NS-CO- Os resultados dos ensaios destrutivos confirmam as
ESP-350-01-02, para curto-circuitos nos terminais sob ten- hipóteses expressas no item IV deste relatório.
são constante no primário. Foram aplicadas tensões cor-
respondentes ao maior “tap” do primário com o secundá- VII. Recomendações
rio em curto-circuito durante 3 segundos, repetidas a cada Tendo em vista os resultados apresentados, as seguin-
5 minutos até verificar-se qualquer anomalia. tes recomendações devem ser levadas em conta:

122 ANAIS DO II CITENEL / 2003


a) Recomenda-se fortemente uma mudança de procedimen- dades de carga, reduzindo-se na medida do possível
tos nas trocas de “tap” dos transformadores, que são comprimento dos secundários, minimizando-se o tem-
feitas por empreiteiros, possivelmente em locais e con- po de operação dos fusíveis e as sobretensões resultan-
dições meteorológicas inadequadas. É claro que o ideal tes nas fases sãs perante curto-circuitos fase-terra.
seria a COELBA entregar os transformadores aos em- l) Em áreas comerciais e industriais leves, onde possivel-
preiteiros já no “tap” adequado aos pontos dos mente existam capacitores de baixa tensão e variados
alimentadores onde os mesmos deverão ser instalados. equipamentos de informática, o desempenho dos secun-
b) Devem ser analisados os procedimentos realizados nas dários deverá ser monitorado em consonância com a
Territoriais onde as taxas de falha foram consideradas sensibilidade destas cargas. Recomenda-se ainda que
elevadas neste trabalho. sejam realizados ensaios de desempenho em
c) O número de defeitos causados por curto-circuitos ex- estabilizadores de tensão para micro-computadores no
ternos, correspondendo a 37,96% do total, indica a ne- Laboratório da UFBa - Escola Politécnica ou no
cessidade de revisão dos secundários no que se concerne IMETRO, para que sejam corretamente recomendados
a árvores, flechas diferenciais dos condutores, ocorrên- aos consumidores destes equipamentos.
cia de ventos fortes, etc., possivelmente proporcionan- m)Recomenda-se que a COELBA proceda a realização de
do-se uma maior utilização de condutores multiplexados. ensaios destrutivos, escolhendo ao acaso unidades para
d) Além do exposto no item anterior, recomenda-se inten- a realização dos referidos testes na encomenda de um
sificar o uso de proteção secundária, que é aplicada no grande número de transformadores a um determinado
interior de transformadores até 45 kVA e que se consti- fabricante, ou quando um novo fabricante quiser se
tuiu numa experiência bem sucedida. credenciar como fornecedor. Esta medida reduz as pos-
e) A COELBA está procedendo balanceamento periódico de sibilidades de aquisição de unidades de baixa qualidade.
fases e outras medidas de controle de sobrecarga, inclusive
um projeto de P&D visando a construção de um protótipo Finalmente, deve ser esclarecido que de acordo com
para possibilitar a indicação dos níveis de carregamento. a referência [7], quando as amplitudes das correntes de
Recomenda-se intensificar estas providências. curto-circuito se aproximam do valor máximo (falta nos
f) O carregamento de troca deverá ser limitado a 140%, terminais dos transformadores), os efeitos mecânicos são
tendo em vista a ocorrência de curto-circuitos nos se-
mais significativos.
cundários e o nível de tensão na hora da ponta, que re-
Para valores das correntes de defeito vizinhas da zona
duzem a probabilidade de vida das unidades.
de sobrecarga, os efeitos mecânicos são de menor impor-
g) A carga de máxima eficiência coerente com o carrega-
tância, a menos que a freqüência das faltas seja alta. Toda-
mento de troca deveria ser no mínimo 71%. Todavia,
isto provocaria um aumento de 50% da relação entre o via, o guia citado [7] reconhece que o ponto de transição
peso do núcleo e o peso do cobre, aumentando o peso entre os limites mecânico e térmico não pode ser definido
total e o custo das unidades, além de dificultar um pou- com precisão.
co a movimentação das mesmas. Por outro lado, o au- De acordo com os resultados desta pesquisa, para trans-
mento do rendimento das unidades seria considerável e, formadores de distribuição não existe “ponto de transição”,
por isso mesmo, seria recomendável um projeto de P&D pois que o fator dominante é tão somente o limite térmico.
a ser realizado com uma empresa consultora em parce- Em vista do exposto e para confirmar as conclusões
ria com um fabricante de transformadores, principalmen- do trabalho, foram realizados os ensaios destrutivos sem
te para a obtenção de protótipos a serem ensaiados e considerar-se qualquer norma existente.
aplicados no sistema de distribuição.
h) O valor presente de custo total das unidades ao longo
de suas vidas foi determinado para taxas de crescimen-
to de carga de 5% e 10% e diferentes carregamentos X. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
iniciais, devendo ser seguida esta filosofia na instalação [1] Ribeiro, C. F., Álvares, M. V. A., Ortega, B. G. P. e Costa, C. A. –
das unidades ou na troca das mesmas. Contribuição ao Estudo e Aplicação dos Transformadores de Dis-
i) Tendo em vista a dispersão dos valores encontrados nas tribuição no Sistema Elétrico da COELBA, P&D – 06, ciclo 2000/
2001, Salvador, Ba, 2002.
tabelas VI e VII, recomenda-se aplicar fusíveis de modo [2] Dietrich, W. – Permissible Overexcitation of Transformers, Semi-
a obter um tempo máximo de abertura para curto-cir- nário TUSA-IEEE-COELBA, Salvador, Ba., Agosto 1978.
cuitos nos terminais de 1 (um) segundo, objetivando [3] Stenkvist, E. e Torseke, L. – What is Known About the Ability of
prover uma segurança adequada. Transformers to Withstand a Short-circuit?, ASEA Research nº 6,
Vasteras, Sweden, 1961.
j) Recomenda-se reduzir os comprimentos máximos dos
[4] Waters, M. – The Short-circuit Strength of Power Transformers,
secundários nas regiões onde as resistividades de terra Macdonald, London, 1966.
ultrapassam 300 W.m, além de proporcionar sempre que [5] Billig, E. – Mechanical Stresses in Transformer Windings, E.R.A.
possível, uma proteção secundária, conforme recomen- Report, 1983.
dado no item d. [6] Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, Resolução nº 505
de 26 de Novembro de 2001.
k) No caso de unidades maiores, de 112,5, 150 e 225 kVA,
[7] ANSI/IEEE Standard C 57.109-1985, IEEE Guide for Transformer
recomenda-se sua utilização em áreas de maiores densi- Through-Fault-Current Duration.

II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica 123


Distribuição de Energia Elétrica

Desenvolvimento de Chave Estática em Estado


Sólido para Sistemas de Distribuição
Anderson H. de Oliveira; Carlos G. Bianchin; Ivan J. Chueiri; Bruno R. Moeller; João R. Pasqualin.

RESUMO II. DESCRITIVO OPERACIONAL DO PROJETO


Esse artigo apresenta uma opção na utilização de EPLDs para Devido à questão de isolação elétrica, o circuito de
o acionamento de chaves em estado sólido aplicados aos sis-
temas de distribuição em alta tensão, 13,8kV. Devido a pouca comando é alimentado por uma rede de 220V independen-
pesquisa envolvendo as duas tecnologias, a flexibilidade e te do ponto onde será comutado o 13.8kV, e dessa rede
precisão no projeto de circuitos de comando envolvendo dis- auxiliar é retirado o sinal de amostra para o acionamento
positivos de lógica programável tornam esta solução extre-
mamente interessante na comutação de cargas em corrente al- na passagem por zero da rede. Caso seja constatada algu-
ternada. Transientes como sobretensões, durante abertura de ma defasagem entre o sinal da rede e o sinal comutado,
circuitos indutivos e, sobrecorrentes, no acionamento de car- podem-se ajustar os sinais colocando o circuito de contro-
gas capacitivas, podem ser minimizadas através da
monitoração das características da linha de distribuição. Além le em modo de calibração, para que a EPLD compense
disso, a memorização dos estados da chave nos instantes an- essa diferença. Este ajuste é necessário para que a comuta-
teriores a alguma anomalia no fornecimento de energia, a uti- ção seja feita em 0 (zero) V na rede de 13.8kV. A EPLD
lização de um controle remoto ou qualquer outro meio de
acionamento a distância, tornaram-se possíveis devido ao uso pode compensar uma diferença de até ±90º, sendo que este
de uma EPLD em um circuito de comando isolado para con- processo deve ser feito em bancada.
trolar todo o sistema.
O acionamento das chaves semicondutoras é feita
PALAVRAS-CHAVE através de 8 cabos ópticos, pois são usados 8 LTTs (Light
Acionamento, passagem por zero, sistema de distribuição, Triggered Thyristors) de 7200V ligados em série (4 para
controle.
condução no semiciclo positivo e 4 para o negativo). A
figura 1 apresenta um diagrama simplificado da estrutu-
ra implementada. A interface com o usuário pode ser
I. INTRODUÇÃO feita através de um controle remoto infravermelho onde
existem 2 botões (liga e desliga). Se for necessário, pode-
A grande maioria dos sistemas de comutação em redes
se configurar um controle remoto para cada chave ou
de distribuição em 13.8kV utiliza equipamentos mecânicos,
utilizar um push bottom localizado no circuito. Também,
com todos os inconvenientes de uma comutação física, além
existe a possibilidade de interligar o circuito em um sis-
do problema do óleo altamente poluente que envolve gran-
de parte das chaves. O emprego de tecnologias em estado tema de automação. Através de um LED é indicado o
sólido em substituição aos aparelhos eletromecânicos cons- estado atual de acionamento da chave (ligado verme-
titui uma solução de elevado custo. Entretanto a precisão e lho, desligado verde).
a confiabilidade no acionamento, facilidade de incorporação
a sistemas de automação e, principalmente ausência de ar-
cos elétricos na comutação de cargas de característica
indutiva e capacitiva, torna essa solução atrativa.
A EPLD tem papel fundamental no comando desta,
pois a necessidade de precisão no momento do
acionamento, a memorização do estado anterior em caso
de queda de energia, e a utilização de módulos óticos para
isolação, são facilitadas com o uso da EPLD.

Este projeto foi contratado pela concessionária ELETROPAULO


Metropolitana – Eletricidade de São Paulo S.A., e desenvolvido no
Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento – LACTEC, Curitiba –
PR – Brasil. FIGURA 1. Ligação das chaves ao sistema.

124 ANAIS DO II CITENEL / 2003


III. HARDWARE demodula o sinal chaveado e envia um código invertido para
EPLD, e esta identifica o código e aciona ou desaciona as
O Hardware pode ser dividido em 4 blocos periféri-
chaves de acordo com o código enviado. A utilização de um
cos à EPLD EPM7064SLC44-10:
cristal foi necessária para gerar uma freqüência de 32,768kHz
• Amostragem da rede
para fazer a amostragem e processamento do sinal IR.
• Memória
De acordo com a concessionária, pode-se empregar
• Interface
uma outra forma de acionamento, desde que ela tenha dis-
• Controle Remoto
ponível algum sistema de comando remoto previamente
• ·Chaves
ligado ao sistema de distribuição de energia elétrica.
3.1 Amostragem da rede
Conforme constatado em testes de algumas linhas,
podem existir pequenas defasagens entre a alta tensão (13,8
kV) e a baixa tensão (220V), considerando ainda que a
amostra da rede é retirada no secundário do transformador
de alimentação do circuito por motivo de isolação. Para
gerar este sinal foi usado um comparador LM311 que aceita
alimentação simétrica e gera um sinal de 0 (zero) V quan-
do a rede está em semiciclo negativo e 5V quando a rede
esta no semiciclo positivo. A alimentação simétrica desta
parte do circuito é necessária para que haja uma maior pre-
cisão do acionamento. O momento de acionamento das
chaves pela EPLD é feito na borda positiva da subida da Figura 3. Código enviado pelo controle remoto invertido (Ch1-
5V/div) e acionamento da chave (Ch3-5V/div) no momento da
rede. Ajustando-se o duty-cycle da rede pode-se variar o
passagem da rede por 0(zero)V (Ch2).
momento de acionamento para que seja o mais próximo do
insatante em que a rede de 13.8kV passa por 0 (zero) V,
3.4 CONTROLE REMOTO
garantindo assim que não ocorram surtos de corrente.
Para enviar os códigos ao circuito de controle foi usado
um microcontrolador de 8 pinos Atmel (ATTiny12), que é
3.2 Memória
ligado somente quando é acionado um dos botões. Este
Para memorizar o estado anterior em caso de falta de
circuito está sendo alimentado por uma bateria de 6V.
energia foi empregado um relé biestável. Quando são acio-
nadas as chaves, a EPLD manda um sinal ao relé fazendo
3.5 Chaves
com que o mesmo coloque nível alto (1) em um pino da
Através de uma fibra óptica ligada a um
EPLD e quando são desacionadas as chaves, a EPLD manda
fototransmissor para fibras de 1mm, modelo IF-E91A, fo-
outro sinal fazendo que o relé mude de posição, enviando
ram acionados os LTTs que devem estar a uma distância
nível baixo (zero) nessa entrada. Em caso de queda de ener-
mínima de 2 metros para que não ocorram interferências, e
gia, logo após o reset, é feita uma leitura do sinal que o
para minimizar os riscos de operação. Também foi ligado
relé está e nviando à EPLD.
uma rede de resistores em paralelo com cada chave para
equalizar a alta tensão em todos os LTTs.
3.3 Interface
Apesar de existir um botão tipo push-bottom ligado a
EPLD para acionar as chaves, este comando pode ser feito
através de um controle remoto infravermelho IV. RESULTADOS ESPERADOS
microcontrolado, que manda um código de 3 bytes para Devido aos altos custos e períodos de importação de
acionamento e outros 3 bytes para desacionamento, que LTTs para tensões muito altas, todos os testes até o pre-
são enviados de acordo com a figura 2. sente momento foram feitos com modelos reduzidos de
tensão e corrente (1000V/ 1A), considerando que o protó-
tipo final comutará cargas de até 100A. Pela complexidade
e risco ao se trabalhar com altas tensões, está sendo neces-
FIGURA 2. Códigos enviados pelo controle remoto
sário o auxílio de pessoal especializado nessa área.
A necessidade de um código extenso é devido à possi-
bilidade de ruídos externos interferirem no acionamento das 4.1 Acionamentos em diversas cargas
chaves. Por determinação do manual do receptor de Foram executados testes em diversos tipos de cargas
infravermelho IRM8751 foi utilizado 500ms para cada bit onde a chave estática será utilizado. Os resultados podem
enviado, em uma freqüência de 38kHz. Este receptor ser observados nas figuras a seguir.

II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica 125


Distribuição de Energia Elétrica 4.1.1 Carga de Comportamento Indutivo

FIGURA 4: tensão (Ch1-100V/div) e corrente (Ch2-1A/div) sob


as chaves no momento do acionamento (esquerda)
e desacionamento (direita) em carga indutiva.

O problema maior de comutação neste tipo de carga


FIGURA 6. Foto do circuito subdimensionado.
ocorre no desacionamento, conforme figura 4. Devido a
energia armazenada no indutor, caso a chave seja
desacionada no momento de maior corrente, o
semicondutor não será desacionado enquanto a corrente V. CONCLUSÃO
não se anular espontâneamente (devido as próprias carac- O ensaio em protótipo subdimensionado foi impor-
terísticas da tecnologia de semicondutor utilizado). Foi tante para mostrar o comportamento do circuito comutan-
empregado um indutor de 1,8H. do cargas de características resistivas, capacitivas e
indutivas. Por se tratar de um projeto de 2 anos a próxima,
4.1.2 Carga de Comportamento Capacitivo
e última etapa, será a implementação do circuito para atu-
O problema maior de acionamento neste tipo de car- ação em cargas nominais (13,8kV/100A).
ga ocorre no momento da entrada em condução, que não A utilização de EPLDs permite a implementação de
pode ser nos instantes de tensão elevada, pois isso resulta- projetos de fácil adaptação a outros fins através da altera-
ria em picos de corrente muito alto (carga do capacitor) e, ção ou inclusão de funções, como sistemas de proteção ou
empregando a técnica de passagem por zero, não resulta a implementação em sistemas trifásicos.
em picos de acionamento muito maior que a corrente em
regime. Foi utilizado um capacitor de 1µF/10kV, em para-
lelo com um resistor de 2kW para descarregar possíveis
VI. REFERÊNCIAS
resíduos de tensão sobre o capacitor.
[1] ALTERA, Data Books e Max+Plus II Getting Started, 1998.
[2] ON Semiconductor, Single Comparator LM311. May , 2002
[3] Siemens, Miniature Relay P1 V23026 Jul/96
[4] Everlight Eletronics CO. Infrared remote-control Receiver Module,
Rev. 1.2
[5] Lactec, Manual de fibra óptica. Agosto/2002
[6] Gaboa, Luis R.A., Ensaio de corrente de fuga e perdas em abo de
fibra óptica plástica, Lactec, pp 3, Relatório 0939/96.
[7] Chueiri Ivan J., Localização de Faltas em Redes Aéreas de distri-
buição de Energia Elétrica, LAC-UFPR/Copel, pp. 15 04/96.
[8] Atmel, AVR Instruction Set. Jun/99
Figura 5. Tensão (Ch1-100V/div) e corrente (Ch2-1A/div) sob [9] Eupec, Phase Control Tyristor, light Trggered With integrated
as chaves no momento do acionamento (esquerda) e overvoltage protection. Octob, 2001.
desacionamento (direita) em carga capacitiva em paralelo com
carga resistiva.

4.1.4 Protótipo Reduzido


A figura 6 apresenta uma fotografia do circuito de
controle e chaves semicondutoras implementado.

126 ANAIS DO II CITENEL / 2003


Desenvolvimento de Técnicas Inteligentes para
Reconfiguração de Sistemas de Distribuição
G.Lambert Torres (UNIFEI), L.E. Borges da Silva (UNIFEI), A.R. Aoki (UNIFEI),
C.H.V. Moraes (UNIFEI), B.R. Costa (CEB) e J.A. Barbosa (CEB)

RESUMO do sistema geral do sistema. O stress e a necessidade de


Este artigo apresenta os desenvolvimentos realizados no Pro- decisões rápidas levam, via de regra, a soluções não
grama de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Com- otimizadas ou mesmo a soluções que podem comprometer
panhia Energética de Brasília (CEB) sob o mesmo título des- o sistema (ou algum de seus equipamentos). Com isto, a
te artigo. Este projeto estabeleceu um conjunto de procedi-
mentos, que foram implementados em pacotes computacionais, existência de uma ferramenta que auxilie o operador duran-
para auxílio aos operadores no restabelecimento da rede de te a falta de energia é bastante útil, pois fornece os elemen-
distribuição da CEB. Este projeto visa desenvolver um plano tos necessários para uma tomada de decisão segura sobre
de ação para ser aplicado quando da ocorrência de um defeito
o que e como fazer [2, 3].
no sistema de distribuição. O pacote computacional desen-
volvido foi baseado em técnicas de inteligência artificial e em Por outro lado, é sabido que nos centros de operação
rotinas numéricas, gerando um sistema híbrido de auxílio a existem um conjunto enorme de programas que monitoram,
tomada de decisão dos despachantes dos centros de operação. em tempo real (“on-line”), as condições de operativas do
PALAVRAS-CHAVE sistema, a posição das chaves e o suprimento de energia
Operação, Restauração de Sistemas, Suporte à Decisão, Sis- aos consumidores. Estes programas de monitoração são
temas Especialistas, Sistemas Inteligentes.
acompanhados também de outros processamentos e pro-
cedimentos externos (“off-line”), envolvendo fluxos de
potência e previsões de carga a ser atendida, análise de
I. INTRODUÇÃO contingências e estimadores de estados e outros mais. O
pacote computacional desenvolvido neste projeto foi inte-
Nos últimos anos, a complexidade da operação dos sis- grado como mais uma ferramenta de análise que pode ser
temas de distribuição tem aumentado consideravelmente, pois acessada a qualquer momento pelo despachante, seja para
além do crescimento do número de ramais, os investimentos reparar um problema na rede de distribuição, seja para fa-
neste sistema não tem acompanhado o crescimento da carga zer um estudo topológico.
atendida, fazendo com que os equipamentos trabalhem bem Para que os objetivos do projeto pudessem ser cum-
mais próximos de sua capacidade nominal. Isto faz com que pridos, inicialmente, foi desenvolvida uma versão off-line
a reconfiguração do sistema deva levar em consideração o do projeto, o qual permitiu a realização de um conjunto de
tempo reparo do defeito, a carga de cada ramal e uma testes e mudanças/ajustes na metodologia utilizada, o qual
otimização dos procedimentos operativos [1]. gerou um pacote computacional denominado “programa
Por outro lado, cada vez mais os consumidores estão de desenvolvimento”.
exigentes quanto à continuidade do fornecimento de energia Em seguida, com os conhecimentos adquiridos no
elétrica. Índices, como DEC e FEC, têm sido cada vez mais programa anterior e foi construído o “programa
fiscalizados e cobrados pelas agências reguladoras. Inclusive, operacional”, que tem finalidade de ser executado dentro
reduções dos valores desses índices estão sendo programadas do centro de operação da CEB e em consonância com o
para ocorrerem. É sabido, que ultrapassagens desses valores SAO e os demais programas existentes.
podem levar as concessionárias ao pagamento de multas.
Em adição a estes tópicos, pode-se também relacionar
o stress causado no corpo técnico da companhia durante
uma falta de energia no sistema. Os operadores devem to- II. COMPETIÇÃO ENTE
mar decisões rápidas, por vezes sem ter uma completa idéia AS TÉCNICAS INTELIGENTES
Conforme proposto neste projeto, um de seus objeti-
vos era desenvolver sistemas híbridos com a finalidade de
G. Lambert Torres, L.E Borges da Silva, A.R. Aoki e C.H.V. Moraes são unificar diferentes técnicas de inteligência artificial. Para
afiliados à Universidade Federal de Itajubá (e-mail: {germano, leborges, não perder a objetividade do projeto que era desenvolver
aoki, valerio}@iee.efei.br).
um programa computacional que pudesse ter aplicação
B.R. Costa e J.A. Barbosa trabalham na Companhia Energética de
Brasília (e-mail: Belmiro, jair@ceb.com.br). imediata no centro de operação da CEB, estabeleceu-se

II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica 127


Distribuição de Energia Elétrica que dever-se-ia estabelecer uma “competição” diversos bém representado por um grafo, onde operadores aplicados
níveis de integração técnicas inteligentes: sistemas especi- a um estado geram caminhos que levam a outros estados.
alistas e sistemas de baseado em casos. Existem duas direções segundo as quais a busca den-
tro de um espaço de estados pode ser realizada:
II.1 Sistemas Especialistas • Para frente (forward), partindo dos estados iniciais em
Um sistema especialista (SE) simular a realização da ta- direção às soluções;
refa por um especialista. A criação de tal sistema capaz de • Para trás (backward), partindo das soluções ou estados
imitar o ser humano e sua capacidade de dedução, desconhe- finais em direção aos estados iniciais.
cendo como o próprio ser humano infere, pode ser tão com-
plexo quanto o tamanho do escopo do domínio da aplicação. Num processo de diagnóstico, direcionar a busca para
frente significa obter uma determinada causa para uma série
Aconselha-se restringir o SE a um domínio pequeno
de sintomas apresentados, enquanto que direcionar a busca
de aplicação, pois quanto mais generalizado construir-se
para trás significa verificar se determinada causa atende a
esse sistema, maior a base de conhecimento, maior o tem-
uma série de condições ou características pré-estabelecidas.
po de processamento e maiores as probabilidades de erros
O encadeamento para trás é freqüentemente descrito
durante a criação e gerência de regras.
como o raciocínio orientado para o objetivo, enquanto o
Para projetar um SE, o desenvolvedor necessita de
encadeamento para frente costuma ser definido como raci-
uma estrutura básica capaz de armazenar o conhecimento,
ocínio movido pelo evento.
processá-lo e trocar mensagens com o usuário. Esta estru- A escolha da direção da busca é função do sentido do
tura pode ser visualizada na Figura 1, onde se identificam gradiente do número de estados conhecidos, ou da direção
esses elementos básicos: em que se possa justificar a resposta ou processo de solução.
A Base de conhecimento contém todos os fatos e re- Desta forma, existe basicamente três modos de busca
gras para o funcionamento adequado da aplicação; que são: Busca para Frente, Busca para Trás e Busca Mis-
A responsabilidade da Interface pode resumir-se na ta ou Bidirecional. A Busca Mista combina os dois senti-
comunicação com o usuário, permitindo a entrada de in- dos de busca descritos, podendo partir tanto de estados
formações e fornecendo os resultados do sistema; iniciais quanto de soluções.
O Motor de Inferência consulta as regras e os fatos Na grande maioria das vezes, o espaço de estados de
contidos na Base de conhecimento, infere sobre esse conhe- um problema é bastante vasto. A busca da solução de um
cimento e retorna uma conclusão ao usuário via a Interface. problema pode ser realizada a partir de uma pesquisa alea-
tória, ou de uma exaustiva pesquisa no espaço de estados,
com o risco de se ter uma explosão combinatória.
A estratégia de controle deve decidir quando as re-
gras de realização devem ser invocadas e deve resolver
quaisquer conflitos que possam ocorrer quando várias re-
gras são satisfeitas.
Para tornar o processo o mais eficiente possível, utiliza-
se a pesquisa heurística que orienta as decisões a partir de
regras heurísticas, como por exemplo, funções de avaliação
que indiquem a solução parcial mais próxima da solução final.
Regras heurísticas são aquelas que uma pessoa aprende
FIGURA 1 – Estrutura de um Sistema Especialista
com a sua experiência, profissional ou não, no dia-a-dia, e
A máquina de inferência é uma estratégia de controle que geralmente não possuem representação formal nem
que faz a gestão da base de conhecimento, especificando a estão sob domínio público [4]. São elas que realmente ca-
ordem apropriada na qual as regras serão usadas e como racterizam um perito ou especialista em determinado as-
resolver conflitos quando mais de uma regra puder ser apli- sunto. A busca heurística é uma técnica que acrescenta efi-
cada. A seguir executa estas regras aplicando as técnicas ciência ao processo de busca, mas que nem sempre leva à
melhor solução. Apesar disto, é bastante utilizada, pois na
de busca da solução de problemas, de aplicação do conhe-
grande maioria dos casos leva a um resultado satisfatório.
cimento, de tratamento de incertezas e de tratamento de
conflitos, realizando inferências (deduções). Usa métodos
II.2 Raciocínio Baseado em Casos
de pesquisa heurísticos e, quando determina que uma solu-
O paradigma Raciocínio Baseado em Casos (RBC)
ção foi obtida, apresenta as justificativas.
[5] pressupõe a existência de uma memória onde casos já
O Espaço de Estados é representado através de uma
resolvidos ficam armazenados; usa estes casos, pela recu-
estrutura do tipo “árvore”, onde cada estado‚ representado
peração, para ajudar na resolução ou interpretação de no-
por um nó, que pode ser expandido pela aplicação de opera-
vos problemas; e promove a aprendizagem, permitindo que
dores geradores de nós sucessores, que por sua vez também
novos casos (recém- resolvidos ou recém- interpretados)
podem ser expandidos. O Espaço de Estados pode ser tam- sejam incorporados à memória.

128 ANAIS DO II CITENEL / 2003


Um RBC usa casos anteriores tanto para avaliar, jus- A combinação cosseno modificado determina a simi-
tificar ou interpretar soluções propostas (RBC laridade global, denominado de “Grau de casamento”, Gcas,
interpretativo), como para propor soluções para novos pro- entre dois casos pela comparação da freqüência dos ter-
blemas (RBC solucionador de problemas). mos, isto é, o peso das descrições no novo caso e o peso
Raciocínio baseado em casos tem aberto novos cam- dos termos do caso prévio.
pos no que se refere ao suporte baseado em computador, A função mede o cosseno do ângulo entre os vetores
no contexto de problemas de decisão de uma má estrutura. pesos do novo e prévio caso, e, cujo cosseno é pesado
Esta técnica tem sido utilizada como suporte de decisão pelo grau de similaridade ao longo do espaço m-
nos mais diversos domínios do conhecimento como: pla- dimensional de descrições.
nejamento, projetos, diagnósticos, e tem se mostrado com Os termos no denominador da equação acima norma-
melhor desempenho do que outros sistemas de raciocínio.
lizam os vetores pesos pela determinação de seus compri-
O objetivo de um sistema de RBC é recuperar de sua
mentos euclidianos. A função similaridade é baseada na
memória o caso mais similar ao novo, propor a solução ou
relevância (Peso) dos valores da descrição para o diagnós-
uma adaptação deste como solução da nova situação. A
tico. A similaridade entre o valor da descrição presente no
utilidade dos casos antigos é determinada pelo acesso de
novo caso e o valor da mesma descrição presente no caso
similaridades de um caso novo com o antigo.
prévio da memória é tomada como sendo a diferença entre
A metodologia central do protótipo de recuperação é a
a unidade e uma relação entre os pesos que cada um desses
determinação da similaridade de um novo caso com todos os
casos prévios. As similaridades são determinadas por meio de valores tem para o diagnóstico do caso em memória, com
funções combinações (casamento) e ao longo das caracterís- o valor da extensão da escala da descrição.
ticas do caso novo e dos casos prévios. Nas próximas seções A determinação da importância de uma descrição é
mostraremos como tratar das similaridades e da função casa- colocada em uma escala conforme a Figura 2:
mento, bem como da arquitetura do protótipo recuperador. Pouca Muito
Importância Razoável Importante Importante Importantíssimo
Um caso pode ser considerado um esquema compre-
endendo um conjunto de pares de valor de atributos, isto é, FIGURA 2 - Determinação da Importância da Descrição.
de descrições. Por exemplo, em um cenário de decisão da
sobre uma reconfiguração, um sistema acessa vários pares Por exemplo, supondo que uma descrição de um sis-
de valores de atributos, isto é, o “tipo do defeito” tem um tema específico seja a temperatura e a determinação de sua
valor de “classificação”. Estabelece uma combinação da si- importância percorre uma escala cuja extensão está defini-
milaridade do esquema do caso novo com o esquema de um da como segue na Figura 3:
caso prévio. Essa combinação é executada em dois passos:
i) Determinar a similaridade do esquema do novo caso com Baixa Média Razoável Alta Muito alta

o esquema de um caso prévio ao longo das descrições; 1 1,25 1,50 1,75 2


ii) Determinar a similaridade global por meio de fun- FIGURA 3 - Valores Qualitativos da temperatura.
ções de combinações.
A similaridade entre o novo caso com um caso prévio A similaridade ao longo da descrição pode ser com-
ao longo das descrições tem sido determinada usando um putada, por exemplo, para um valor de Temperatura Mui-
conhecimento do domínio em forma de regras de combi- to alta (2) combinado com um valor de Temperatura Mé-
nações heurísticas e domínio-específico. dia (1,25) como:
A similaridade global de um novo caso com casos pré- Similaridade ao longo da descrição = 1 - ( 2,0 - 1,25 ) / 2,0
vios é determinada por meio de Funções de Combinação Similaridade = 0,625
agregando as similaridades ao longo das descrições, a fun-
ção utilizada neste trabalho é a de Função Cosseno Modi- O processo de recuperação em um Raciocínio Baseado
ficado, que é representada como segue: em Casos - RBC, envolve experiências de soluções
passadas armazenadas em uma memória que são
m   (xi − yi ) 
∑ω ω n
i
pk
i
1− 
  R 
 conhecidas como casos. Essa técnica visa recuperar os mais
i =1    úteis casos prévios em direção da solução do novo
Gcas=
i

problema de decisão e ignorar os casos prévios irrelevantes.


∑(ω ) ∑(ω )
m m
n 2 pk 2

i=1
i
i=1
i
A recuperação de casos se processa da seguinte manei-
ra, como esquematizada na Figura 4: baseada na descrição do
para: i =1,...m (descrições) e para: k = 1,...r (casos prévios)
e onde: novo problema de decisão (caso novo) o caso base é procura-
 (x − y i )  do pelos casos prévios a partir de um suporte de decisão. A
1 −  i  ≡ denota a semelhança na i- ésima procura é feita baseada em similaridades. Os casos prévios
 Ri 
descrição do novo caso e um caso prévio; passam pela função combinação (grau de casamento) e são
ωin ≡ peso da i- ésima descrição no vetor peso do novo caso; ordenados de forma decrescente do grau de casamento. A
ωipk ≡ peso da i- ésima descrição no vetor peso do caso função combinação determina o grau de similaridade do po-
prévio. tencial útil dos casos prévios com um novo caso.

II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica 129


Distribuição de Energia Elétrica Assim, as duas técnicas foram integradas de diferen-
tes maneiras (com diferentes graus de integração) e testa-
das ao longo do projeto no programa de desenvolvimento.
Essas integrações foram:
a) somente os sistemas especialistas
b) somente o sistema de raciocínio baseado em casos
c) pré-processamento com RBC e processamento dos
casos não encontrados com SE
d) pré-processamento com RBC e SE e ajuste com SE
e) os sistemas RBC e SE trocando informações.
FIGURA 4 – Componentes da recuperação de um RBC.
Nos casos (a) e (b) não ocorreu integração entre os
O protótipo de recuperação necessita de todo corpo
sistemas, eles foram utilizados isoladamente. Na integração
de evidências fornecido pela memória, isto é, ele necessita
(c), o RBC tinha a missão de tentar achar uma solução
que seja computado o grau de casamento do caso de en-
porém com um grau de similaridade mínimo pré-definido.
trada contra todos os casos da memória.
Se ele encontra-se a solução, o SE não era acionado; caso
Na Figura 5 visualizamos a arquitetura do Protótipo
contrário, quando ele não encontrava uma solução, o SE
Recuperador. Para cada caso da memória é definida uma
processava o sistema.
função casamento entre o caso novo e o mesmo. Essa fun-
A integração (d) era similar a integração (c), porém
ção computabiliza a Função Crença a favor do diagnóstico
colocava-se a possibilidade de haver ainda uma nova ten-
desse caso para o caso de entrada.
tativa em um problema de reconfiguração similar gerada
Os casos prévios determinados pela procura podem
pelo SE de pré-processamento, quando o problema origi-
ser combinado pelo Gcas e ordenado de forma decrescen-
nal não tinha uma solução gerada pelo RBC dentro do grau
te de similaridade global. No domínio de diagnósticos, é
de similaridade desejado. Foi tentado também aqui, que o
comum os casos em que o mesmo diagnóstico se manifes-
SE relaxasse o grau de similaridade paulatinamente, mas o
ta por grupos de sintomas ou características diferentes. É
resultado não foi bom.
suposto que o “diagnóstico mais apropriado” para a situa-
Na tentativa de integração (e), os sistemas atuam de for-
ção de entrada seja aquele que apresentar maior evidência
ma conjunta, a cada etapa da solução gerada por um deles o
a seu favor, ou seja, aquele que possuir maior Grau de Cren-
outro era acionado para encontrar a solução. Isto gerou um
ça, computada pelo Grau de casamento, Gcas.
montante de processamento muito grande e regras heurísticas
O caso sugerido como o “caso mais adequado” é aque-
foram colocadas para cotar a busca em árvore, para somente
le dentre todos os casos da classe de diagnóstico selecio-
os caminhos mais promissores serem continuados.
nado, que tiver maior Grau de casamento, Gcas. Sendo
Diversos problemas de reconfiguração foram testa-
que os casos pertencentes àquela classe de diagnóstico
dos nestas três formas de integração e as soluções analisa-
podem auxiliar na solução do problema novo.
das. As conclusões foram as seguintes:
A vantagem em se recuperar o caso é que nele pode
a) o RBC é bastante depende do número de situações
ser encontrado informações que foram úteis na solução de
previamente armazenadas e de quando estas situações
problemas anteriores e que podem ajudar na solução do
abrangem o possível estado de soluções;
novo caso.
b) o RBC responde bem quando o grau de similaridade é
alto. Deve-se incluir no grau de similaridade o patamar de
carga do sistema, isto melhora o desempenho do sistema;
c) o RBC é fortemente influenciado pelo tamanho do sis-
tema analisado. Quanto maior for o número de elemen-
tos que devem ser analisados, pior é o seu desempenho;
d) o desempenho dos SE são em geral melhor do que o
RBC, notadamente para problemas que diferem muito
dos armazenados nos exemplos do RBC;
e) o desempenho do RBC é melhor do que o SE em ca-
sos de reconfiguração bem próximos aos armazenados,
porém sem a possibilidade de criar alternativas a solução.

Com isto, optou-se por implementar no programa


operacional somente aquele que apresentava maior veloci-
dade de processamento e possibilidade de apresentar res-
FIGURA 5 - Arquitetura do Protótipo Recuperador. postas alternativas, ou seja, os sistemas especialistas. De

130 ANAIS DO II CITENEL / 2003


certa forma, as características do RBC estariam neste pro- • Desenvolver uma metodologia de análise automática,
grama, pois algumas regras práticas deveriam ser incorpo- visando diminuir o tempo de reconfiguração da rede
radas ao programa. Além disto, o SE deveria ser otimizado primária;
e “traduzido” para uma linguagem de maior velocidade e • Gerar alternativas para a solução do problema.
comunicabilidade. Inicialmente, as implementações os SE
foram escritos em Turbo-Prolog e os RBC, em Pascal. O desenvolvimento e o uso do pacote de programas visam
alcançar vários benefícios, dos quais pode-se citar:
• Aumento na qualidade dos serviços prestados ao
consumidor;
III. FERRAMENTAS COMPUTACIONAIS
• Redução do seu custo operacional nas manobras do
UTILIZADAS
sistema da CEB;
O programa de desenvolvimento foi desenvolvido uti- • A melhoria da qualidade do fornecimento de energia
lizando diversas linguagens: Pascal, Turbo-Prolog e Visu- elétrica com a redução dos tempos de interrupção de
al-Basic. Na linguagem Pascal foram escritos as rotinas energia (FEC);
numéricas mais pesadas computacionamente, como, por • Padronização dos procedimentos de reconfiguração da
exemplo, fluxo de carga. Na linguagem Turbo-Prolog fo- rede elétrica primária;
ram desenvolvidas as rotinas inteligentes; enquanto a lin- • Diminuição do tempo de reparo da rede primária;
guagem Visual-Basic tratou de reunir os vários programas, • Aumento da segurança operativa do sistema;
realizar pequenas análises e fornecer o suporte para o de- • Redução de erros operativos.
senvolvimento da interface com o usuário.
Devido a necessidade de se integrar o programa
operacional com o SAO e de ter uma velocidade de V. O PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO
processamento compatível com os demais processos que
V.1 Fluxograma do Programa
sã executados no centro de operação. Assim, optou-se para
A seguir será apresentado o fluxograma do Programa
esta versão do programa, escrevê-la integralmente em Vi-
de Desenvolvimento intitulado “Manobras”, neste será
sual-Basic.
explicitado o caminho da informação, bem como o
processamento empregado em cada parcela do conjunto
de dados para a obtenção do resultado (Figura 6).
O usuário irá gerar uma solicitação através de uma
IV. VISÃO GERAL DOS PROGRAMAS
interface apropriada no programa Manobras, para isto o
Neste pacote são apresentados dois programas, sen- usuário deverá selecionar qual linha ele deseja colocar em
do um denominado por “Programa de Desenvolvimento” falha numa lista de linhas. Há duas possibilidades de simu-
e o outro denominado por “Programa Operacional”. A prin- lação, na primeira, denominada “Simulação em Modo Bá-
cipal diferença entre os dois programas é que o Programa sico”, o usuário não precisa informar mais nada, já na se-
de Desenvolvimento constitui a plataforma onde se desen- gunda, denominada “Simulação em Modo Avançado” o
volveram todos os métodos de reconfiguração, fluxo de usuário precisa informar o alimentador, ou barra, que de-
potência, análise de subtensão e sobretensão. Nesse pro- seja usar como fonte para reestabelecer o circuito
grama é possível acessar e configurar todas as bases de desenergizado.
dados, bem como visualizar as manobras encontradas. Já o De posse desses dados o programa Percursos inicia o
Programa Operacional sintetiza todas essas funções em uma processo de busca, que será executado pelo Sistema Espe-
plataforma desenvolvida especialmente para o uso no dia- cialista de Reconfiguração (SER). O SER gerará possíveis
a-dia da operação. Todas as funções e recursos do Progra- soluções para o atendimento da solicitação, essas soluções
ma de Desenvolvimento foram incorporados de maneira serão encaminhadas para as Rotinas Numéricas (RN), as
explícita ou implícita ao mesmo. quais são responsáveis pelos cálculos de fluxos de potên-
Estes programas foram desenvolvidos em Visual Basic cias, subtensão e sobretensões. Por fim, todas as soluções
6.0 utilizando diversas ferramentas adicionais para o ma- são encaminhadas para o Sistema Ponderado de Classifi-
nuseio dos bancos de dados, das lógicas de reconfiguração cação (SPC), o qual é responsável pela classificação se-
e das interfaces de apresentação do problema. gundo critério de escolha de menores sobrecargas, e pou-
Os principais objetivos desse pacote de programas são: cas subtensões ou sobretensões.
• Estabelecer um conjunto de procedimentos para auxí- O SPC então irá apresentar as melhores soluções em
lio aos operadores no restabelecimento da rede de dis- uma janela para o usuário. O usuário também dispõe de
tribuição da CEB; ferramentas de parametrização e configuração da base de
• Avaliar as causas do defeito e definir sua extensão; dados, bem como uma ferramenta para importação dos
• Definir as ações que podem ser tomadas para a dados de barras e linhas para que seja possível atualizar
reenergização da maior parte da carga afetada; esses dados para outros circuitos da rede da CEB.

II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica 131


Distribuição de Energia Elétrica V.2 Sistema Especialista de Reconfiguração Este estado de operação consiste da:
O Sistema Especialista de Reconfiguração (SER) dis- • Determinação das tensões e ângulos para todos os
põe de meios para que, após o defeito ter sido localizado/ barramentos do sistema;
• Determinação dos fluxos de potência ativa e reativa
identificado e o trecho defeituoso desenergizado, efetue
através dos ramos do sistema;
um restabelecimento eficiente e seletivo de forma a se evi- • Determinação das potências ativas e reativas,
tar que os trechos defeituosos ou os defeitos de caráter geradas, consumidas e perdidas nos diversos
permanente se propaguem dentro do sistema. elementos do sistema.
Dependendo do defeito, deve-se o SER restabelece
apenas parte dos componentes desenergizados, ou apenas Neste projeto estaremos utilizando o método de
parte da carga. Contudo, existe uma hierarquia de Newton-Raphson com acelerações para circuitos radiais,
restabelecimento, conforme apresentado na Tabela 1. que atualmente é o mais utilizado para a solução de pro-
blemas de fluxo de potência. Desde sua primeira formula-
TABELA 1 ção ele vem sofrendo diversas complementações no senti-
Hierarquia de Restabelecimento do de torná-lo cada vez mais poderoso.
INÍCIO
Fontes LT V.4 Sistema Ponderado de Classificação
Transformação TRANSFORMADORES O Sistema Ponderado de Classificação é baseado em
AUTOTRANSFORMADORES Pesos Ponderados e foi implementado criando-se um con-
Carga LT, ALIMENTADORES junto de regras de pesos para os diversos fatores que são
Controle BANCO DE CAPACITORES limitantes na solução, por exemplo: sobrecargas, subtensões
REATORES E SÍNCRONOS e sobretensões.
FIM Cada solução obtida pelo SER passa por esse conjun-
to de regras e então é apresentada na janela de resultados
A filosofia de operação e o estado pré e pós falta dos de maneira ordenada da melhor para pior.
equipamentos, constituem a fonte de dados inicializadora
do processo de restabelecimento. Com base nesses dados e
após uma análise dos mesmos, as ações de restabelecimento VI. PROGRAMA OPERACIONAL
serão inicializadas e terão sua seqüência definida. No programa operacional, o usuário irá gerar uma so-
licitação através de uma interface apropriada no SAO da
V.3 Rotinas Numéricas CEB, essa solicitação é em forma de arquivo texto e será
As rotinas numéricas são encarregadas pelo cálculo gravada num diretório compartilhado entre o SAO e o pro-
do fluxo de potência, fluxo de carga, ou em inglês, load grama operacional.
flow, que em uma rede de energia elétrica consiste essenci- Quando o programa receber a permissão para executar a
almente na determinação do estado de operação desta rede leitura do arquivo de solicitação, o mesmo fará a leitura da
dada sua topologia e uma certa condição de carga. chave em falha e do sistema de distribuição em análise da CEB.

FIGURA 7 – Fluxograma do Programa

132 ANAIS DO II CITENEL / 2003


De posse desses dados o programa inicialmente mon- VIII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ta a base de dados do sistema, e inicia o processo de
[1] G. Peponis e M. Papadopoulos – “Application of Heuristic Methods
reconfiguração, que será executado pelo Sistema Inteligente on Large Scale Networks”, IEE Proc. Gener. Transm. Distrib., Vol.
de Reconfiguração (SIR). O SIR irá acessar a base de da- 142 No. 6 pp. 631-638, 1995.
[2] D. Srinivasan, A.C. Lievj, C.S. Chang, e J. Chen – “Intelligent
dos do sistema e irá determinar quais são as possíveis ma- Operation of Distribution Network”, IEE Proc. Ger. Transm. Distrib.,
nobras para reestabelecer a área afetada. 141, (2), pp. 106-116, 1994.
O SIR gerará possíveis soluções para todas as mano- [3] S. Curcic, C.S.Ozveren, L. Crowe e K.L. Lo – “Electric Power
Distribution Network Restoration: A Survey of Papers and A Review
bras, e essas soluções serão encaminhadas para as Rotinas of the Restoration Problem”, Electr. Power Syst. Res., 35. (2). pp.
Numéricas (RN) ), as quais são responsáveis pelos cálcu- 73-80, 1993.
los de fluxos de potências e subtensão. [4] G. Lambert-Torres, C.I.A. Costa, e H. Gonzaga - “Decision-Making
System based on Fuzzy and Paraconsistent Logics”, Logic, Artifi-
Por fim, todas as soluções são encaminhadas para o cial Intelligence and Robotics – Frontiers in Artificial Intelligence
Sistema Inteligente de Classificação (SIC), o qual é res- and Applications, LAPTEC 2001, Ed. Jair M. Abe and João I. da
Silva Filho – IOS Press, pp. 135-146 , 2001
ponsável pela classificação segundo critério de escolha de
[5] J.L. Kolodner e D.B. Leake - “A Tutorial: Introduction to Case-
menores sobrecargas e subtensões. Based Reasoning”, in Case Based Reasoning: Experiences, Lessons,
O SIC então irá apresentar as melhores soluções em and Future Directions, D. B. Leake, Ed. Menlo Park, CA: AAAI
Press, 1996.
uma janela para o usuário, e ainda irá escrever um arquivo
texto que será lido pelo SAO para apresentação do mesmo
dentro do sistema do SAO.

VII. CONCLUSÕES
O resultado esperado mais importante neste projeto
era a construção de um sistema computacional de suporte
a tomada de decisão durante o processo de reconfiguração
do sistema de distribuição da CEB, e que pudesse ser inte-
grado a sistema já utilizado pelos despachantes. Este re-
sultado foi alcançado.
O programa operacional poderá também ser utiliza-
dos pelos despachantes para reconfigurar a sistema visan-
do futuras condições operativas, como concentração de
carga em certos ramais ou desligamentos para manuten-
ções programadas. Isto leva a redução da interrupção de
energia nos clientes.

II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica 133


Distribuição de Energia Elétrica

Desenvolvimento e Implantação de Sistema


para Previsão de Carregamento e
Disponibilização de Potências Liberadas em
Tempo-real para Transformadores de Força
J. L. P. Brittes, CPFL; J. A. Jardini, EPUSP; L. C. Magrini, EPUSP; J. Yasuoka, EPUSP; F. Crispino,
EPUSP; P. S. D. Kayano, EPUSP; J. Camargo, Expertise Engenharia; R. A. Souza Jr, Expertise Engenharia;
A. Lazzarini, Expertise Engenharia

RESUMO I. INTRODUÇÃO
O presente projeto objetivou desenvolver um Sistema Atualmente, na medida em que as Concessionárias vão
automatizado de uso local em Subestações de Distribuição de
Energia Elétrica, para viabilizar o controle do carregamento sendo privatizadas, as mesmas vêem-se obrigadas a
dos transformadores de potência de forma otimizada em Tem- maximizar sua rentabilidade pelo maior ganho na
po Real. Foram implantados protótipos em duas Subestações
comercialização e pela minimização de custos através da
da CPFL, com resultados muito satisfatórios. O Sistema
disponibiliza localmente um conjunto de possibilidades de uso gestão otimizada de seus ativos. Fazer convergir interesses
futuro para cada transformador individualmente, que possibi- empresariais, necessidades de um atendimento o quanto
lita majorar o fator de utilização de cada um, dependendo das
possível ininterrupto à carga, requisitos regulatórios, e pro-
condições operativas e do histórico do equipamento, ao mes-
mo tempo que garante que a confiabilidade do transformador blemas operativos da rede elétrica requer o tratamento de
seja mantida qualquer que seja o carregamento. Além disso, um enorme número de variáveis. Mais recentemente, com a
essa ferramenta permite uma reconfiguração de rede mais
implantação de sistemas de controle digitais em subestações,
otimizada, com ganhos expressivos no planejamento da ope-
ração e expansão do sistema. Desta forma, o planejamento a essa convergência tem sido em parte viabilizada através da
longo prazo passa a prever o uso sistêmico das potências capacidade local de processamento que permite usar mo-
liberáveis de cada transformador a partir do Centro de Opera-
dernas técnicas para previsão de carga, e funções de contro-
ção da CPFL. Assim torna-se ser possível um controle
otimizado de cada transformador a partir de tomadas de deci- le automático do sistema primário da instalação. Para tanto,
sões centralizadas no despachante, passando por meio da fer- faz-se necessária a aplicação de um sistema de controle de
ramenta local de cada Subestação.
carregamento dos transformadores de potência, como pro-
O desenvolvimento da ferramenta local foi o objetivo desta
primeira fase do projeto, que está sendo concluído neste ano posto neste trabalho, com base no carregamento do trans-
de 2003 e durou quase 4 anos. Para os próximos anos estão formador concatenado com um sistema de previsão de car-
sendo previstos o refinamento e validação dos algoritmos im- ga de curta duração (de alguns minutos a algumas horas à
plantados e a integração dos sistemas locais ao Centro de
Operação da CPFL. frente), com capacidade de tratar a natureza aleatória da carga
A metodologia desenvolvida introduz um novo paradigma no nos transformadores ou no alimentador.
controle de carregamento de transformadores de potência e Até recentemente o controle do carregamento de trans-
foi a base de uma Tese de Doutorado [1] defendida pelo Ge- formadores de potência baseava-se na potência instantâ-
rente do projeto na CPFL.
nea passante pelo equipamento em relação a nominal. Isto
PALAVRAS-CHAVE
restringia sua melhor utilização, uma vez que, de forma
Carregamento de Transformadores de Potência, Previsão de
Carga, Redes Neurais Artificiais, Sistemas de Distribuição, mais determinante que a potência, a temperatura do óleo e
Sistemas inteligentes. dos enrolamentos são os fatores mais limitadores do carre-
gamento do transformador.
Hoje em dia, o carregamento passou a ser controlado
J. L. P. Brittes (PhD, Gerente do projeto), trabalha na CPFL – Compa- através de um processo híbrido que envolve a corrente e as
nhia Paulista de Força e Luz (jlpbrittes@cpfl.com.br).
temperaturas do óleo e enrolamento. Mesmo assim, os li-
J. A. Jardini (PhD, Coordenador do projeto), é Prof. Dr. Titular da
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP) e coordena- mites tradicionais adotados para as proteções de
dor do GAGTD/PEA - Grupo de Automação da Geração, Transmissão e sobretemperatura do óleo e enrolamento são conservado-
Distribuição de Energia Elétrica do Departamento de Engenharia de
Energia e Automação Elétricas (jardini@pea.usp.br). res. Para ilustrar isso, um transformador classe 55ºC com
L. C. Magrini (PhD), J. Yasuoka (MSc), F. Crispino (MSc) e P. S. D. dois estágios de ventilação, apresenta os ajustes de con-
Kayano (MSc), trabalham no GAGTD da EPUSP/PEA
(magrini@pea.usp.br).
trole de operação como mostra a Tabela 1.
J. Camargo, R. A. Souza Jr e A. Lazzarini, trabalham na empresa Estas grandes margens de segurança convencionalmen-
Expertise Engenharia (expertise@expertise-eng.com.br). te adotadas entre os níveis térmicos de desligamento e os res-

134 ANAIS DO II CITENEL / 2003


TABELA 1
Exemplo de temperaturas de ajuste para transformador
TEMPERATURAS DE CONTROLE – TRAFO CLASSE 55ºC
DISPOSITIVO AJUSTE AÇÃO LIMITE
DE CONTROLE (ºC) OPERATIVO (ºC)
VENTILAÇÃO Termostato1º Estágio 60 LIGA1º Estágio 110
Termostato2º Estágio 70 LIGA2º Estágio
CONTROLE DE TEMPERATURA DO ÓLEO Relé 261º estágio 85 Alarme
Relé 262º estágio 100 Trip
CONTROLE DE TEMPERATURA ENROLAMENTO Relé 491º estágio 105 Alarme 140
Relé 492º estágio 120 Trip

pectivos limites reais de operação decorrem de haver pouco II. DESCRIÇÃO DO SISTEMA
conhecimento das reais condições operativas do transforma-
Para este ciclo de 2003 do projeto, o objetivo foi
dor. Dados históricos, como carga pregressa para cada trans-
implantar o sistema computacional em duas Subestações
formador, se disponíveis, estão em fitas magnéticas no Cen-
da CPFL, com base na metodologia que vem sido de-
tro de Operação. Dados de confiabilidade estão em listagens
senvolvida ao longo de quase 4 anos do projeto. Sobre
no Departamento de Manutenção. Dados climáticos, em ge-
a base de um sistema de aquisição de dados e previsão
ral, não estão disponíveis. Dados instantâneos de tempo real,
de carga, foram implantados os demais módulos (des-
tais como as temperaturas do transformador, são pouco
critos a seguir) que permitem em última instância, o cál-
confiáveis em função da falta de exatidão dos termômetros. E
culo de potência adicional para os transformadores.
dados futuros tais como estimativa de temperatura e da carga
Os protótipos do Sistema foram implantados nas
não são facilmente obtidas, sobretudo em tempo real.
Subestações de Campinas Centro (SECAM) e Andori-
Assim, torna-se difícil ao operador tomar medidas
nha (SEAND) da CPFL, em face do diferente compor-
pouco conservadoras caso o nível de alarme de alguma das
tamento da carga. A SECAM possui três transformado-
proteções inerentes do transformador seja atingido. Mes-
res de 30/40/50 MVA e 20 alimentadores de 11,95 kV e
mo assim, em muitos casos, o segundo estágio pode ser
a SEAND possui dois transformadores de 30/40 MVA e
atingido, podendo provocar desligamentos de energia
10 alimentadores de 11,95 kV. Um dos transformadores
setoriais, denigrindo a imagem da Concessionária e acar-
da SECAM foi equipado com fibras óticas para monito-
retando elevadíssimos custos à sociedade como um todo,
ramento das temperaturas internas de operação. Este
principalmente porque isto tende a ocorrer na hora da ponta.
procedimento permitiu desenvolver algoritmos para cál-
Por outro lado, não se pode também relaxar os crité-
culo mais exato do aquecimento portável para transfor-
rios de operação sem nenhum controle adicional, pois ope-
madores não sensoreados.
rar um transformador com temperatura do enrolamento (da
Em cada Subestação, o Sistema consiste de uma
isolação sólida) acima de 95ºC implica em perda de vida
LAN com transdutores digitais para os alimentadores e
adicional, além da nominal, caso o ponto mais quente do
UACs para aquisição de grandezas elétricas, térmicas e
enrolamento chegue a 140ºC poderá favorecer a formação
de confiabilidade dos transformadores. Essa LAN
de bolhas, que irão provocar o desligamento do transfor-
conecta-se a dois microcomputadores operando em rede,
mador pela atuação do relê de gás.
um servindo como SCADA e outro processando a fer-
Todavia, o monitoramento de equipamentos, e a im-
ramenta computacional em tempo real.
plantação em subestações de plataformas de automação
A ferramenta computacional (figura 1) consiste de
apontam para uma tendência de mudanças nos critérios de
quatro módulos interconectados, os quais são alimenta-
controle do carregamento de transformadores
dos pela plataforma de aquisição de dados em tempo
conservativos. Novos procedimentos de carregamento mais
real. A cada 15 minutos (nos quartos de hora) é realiza-
razoáveis, centrados na confiabilidade do equipamento e
da a previsão de carga com horizonte de até 4 horas à
em limites de temperaturas de controle muito mais ousa-
frente (Módulo 1) que subsidia informações das condi-
dos começam a aparecer. Isso só se torna mais seguramen-
ções futuras de carregamento do transformador para os
te aplicável, mediante a implementação de um processo
módulos de cálculo das temperaturas do óleo e
heurístico de controle da carga do transformador.
enrolamento (Módulo 2) e cálculo dos critérios de
A seguir, apresenta-se a descrição do sistema desen-
confiabilidade do transformador (Módulo 3). De posse
volvido para controle de carregamento de transformado-
dessas informações, o sistema é capaz de fornecer valo-
res de potência em tempo real, implantados em duas das
res de potência que podem ser liberadas dentro das pró-
mais importantes subestações de distribuição da CPFL na
ximas 4 horas (Módulo 4) respeitando-se os limites de
cidade de Campinas, SP.
operação do transformador.

II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica 135


Distribuição de Energia Elétrica refinamento se dá através da sistemática de avaliação de erro
da previsão, incorporando dois conceitos diferentes do erro
relativo médio convencional: trata-se do erro térmico passivo
(avalia-se o impacto térmico do erro relativo médio para
realimentar o processo de treinamento) e do erro térmico ati-
vo, que calcula um erro que já reflete inerentemente o efeito
do fluxo de energia térmica envolvida na previsão [1].

B. Módulo 2 - ETOT: Estimador das Temperaturas


Operativas do Transformador
Este Módulo processa sobre os resultados da previsão
de carregamento do Módulo 1, uma análise térmica do trans-
formador de potência a fim de permitir o funcionamento
FIGURA 1. Estrutura da função de controle de carregamento adequado do transformador, que passa a não depender uni-
do transformador. camente de dispositivos de monitoramento. Com a curva de
carga, previsão de 24 horas e as previsões de curto prazo,
A. Módulo 1 - PCCD: Previsor de
são calculadas as temperaturas esperadas no topo do óleo e
Carga de Curta Duração
no ponto mais quente do transformador (verificando se este
Alimentado por um sistema em tempo real de medi-
está habilitado a atender a carga), que se constituem no pon-
ções de dados, este Módulo realiza a previsão de carga de
to primordial para definição da confiabilidade e conseqüen-
curta duração, utilizando-se de uma técnica de Inteligência
temente dos limites de carregamento admissível.
Artificial baseada em Redes Neurais Artificiais (RNA), para
Para o bom equacionamento térmico do transforma-
todos os transformadores e alimentadores da Subestação.
dor a CPFL adquiriu da SIEMENS um transformador com
A previsão divide-se em duas partes:
8 sensores de temperatura internas à fibra ótica, além dos
1. Previsão de Base. É uma previsão de 24 horas que é
sensores convencionais. Ensaios especiais em fábrica per-
realizada diariamente à meia-noite para o dia corrente,
mitiram determinar as constantes e expoentes das equa-
com 24 pontos horários. Este procedimento serve para
ções térmicas com maior precisão, além de permitir levan-
definir a condição geral de operação dos transformado-
tar uma metodologia alternativa para cálculo das tempera-
res e alimentadores para o dia que está por vir;
turas, que relaciona a potência passante do transformador
2. Previsão de Seguimento. Pelo fato de a previsão anteri-
com a temperatura última do óleo e enrolamento. Este es-
or ser fixa, faz-se necessário prover um procedimento
tudo gerou um artigo para uma publicação conceituada do
que acompanhe variações ocasionais da carga, e aco-
IEEE/PES [6]. As equações recomendadas pela norma
mode variações moderadas ao longo do dia. Esse pro-
PC57.119 Draft 13.2 [7] também são usadas.
cedimento visa fornecer condições mais exatas do com-
portamento da carga, a cada 15 minutos, para cinco in-
C. Módulo 3 - ACTC: Análise da
tervalos futuros - ¼ h, ½ h, 1 h, 2 h e 4h.
Confiabilidade do Transformador sob Carga

Este módulo foi bastante estudado [2], [3], [4], [5], e Este módulo é responsável pelo cálculo dos critérios de
tem dado resultados considerados muito satisfatórios, porém confiabilidade do transformador e foi implementado empre-
passíveis ainda de melhora, o que é muito importante para gando-se um processo “pseudo fuzzy” e contou com a cola-
uma função de controle automático de tempo real que envol- boração de especialistas em nível mundial e nacional, em de-
ve o transformador de potência das SEs. Hoje, ele opera com corrência de outro projeto da CPFL, além de um grande tra-
uma Rede Neural por dia da semana, sendo: uma para Previ- balho de levantamento de dados de confiabilidade dos trans-
são de Base (24 ponto quente) e cinco redes (uma para cada formadores em questão. É um módulo único que agrega uma
intervalo futuro de 15 min (¼h, ½h, 1h, 2h, 4h) para previsão visão de projeto, manutenção, operação e acessórios do trans-
de seguimento. Assim, para cada transformador ou formador para viabilizar o controle do carregamento do equi-
alimentador, pode-se ter até 42 Redes Neurais individuais pamento em tempo real baseado na confiabilidade [1].
implantadas no sistema para realizar as previsões, pois cada Para a operação deste módulo de software, foram as-
uma atende a um dado perfil de carga, sendo que não se con- sumidos quatro Blocos de Avaliação: Projeto, Manutenção,
segue um agrupamento satisfatório, de modo a reduzir o vo- Operação e Acessórios, independentes entre si, com alguns
lume da análise. Como as RNAs necessitam de um processo dados de entrada em comum. Cada Bloco possui três saí-
de “retreinamento” periódico, e isto implica em manipular pelo das: uma de classificação do Risco, outra para um campo de
menos 12 variáveis independentes (coeficiente de aprendiza- Alarmes, e outra indicando as Temperaturas de Controle. O
do, coeficiente do método, arquitetura da rede, tamanho do Bloco Projeto é exceção quanto a isso, pois não tem um
conjunto treinamento, etc.), pode-se verificar que há uma enor- campo de alarmes na saída, haja vista a imutabilidade da
me necessidade de se refinar os “settings” deste módulo. Este condição de suas variáveis de confiabilidade.

136 ANAIS DO II CITENEL / 2003


Essas saídas são independentes entre si, e a classifica- Este módulo executa uma série de operações integra-
ção do risco, não tem correlação com a obtenção da tem- das às funcionalidades dos módulos anteriores, para o qual
peratura de controle, e vice-versa. Se uma variável dos apenas definições de IHM envolveram operadores dos cen-
Blocos tiver um valor de atributo elevado (condição críti- tros de operação. O ponto que demandaria ajustes em sua
ca), um comando bloqueia a Liberação de Potências até funcionalidade reside exatamente no foco da próxima eta-
que se corrija o problema. pa do projeto, uma vez que, requisitos oriundos das neces-
sidades de operação do sistema centralizado poderão cau-
D. Módulo 4 - PPLT: Predição de Potências sar impactos até estruturais neste módulo.
Liberáveis do Transformador
Este módulo controla automaticamente os valores da
Potência Firme Disponível (PFD) de curto prazo, que for-
nece a quantidade de potência (MVA) que realmente pode III. PRÓXIMAS ETAPAS
ser extraída do transformador durante as condições de car- O esforço da CPFL em pesquisar e implantar um siste-
regamento futuro, sem implicar numa condição de operação
ma para maximização do uso dos transformadores de po-
perigosa do mesmo. Como a PFD é calculada numa janela
tência foi planejado para ser desenvolvido em duas fases:
de tempo de 0,25 até 4 horas à frente, o operador dispõe de
a) Fase I: Desenvolvimento da Ferramenta local na SE,
uma importante informação a respeito da situação individu-
para cada Transformador;
al de cada transformador. O cálculo do valor da PFD pro-
b) Fase II: Desenvolvimento de Ferramenta centralizada
porciona o controle automático do carregamento, possibili-
tando futuramente o acionamento de ventiladores e transfe- no Centro, para controle integrado e otimizado das fer-
rência de carga e/ou até mesmo sua rejeição, a fim de pre- ramentas locais.
servar o transformador em funcionamento até nas condi-
ções de operação em sobrecarga mais críticas, permitindo O projeto EficPD01 desenvolvido pela CPFL do
uma estratégia de gerenciamento otimizado. PAP&D1998-1999 ao PAP&D2001-2002 (Fase I)
Os valores de Potência Firme Disponível de curto pra- objetivou desenvolver a ferramenta computacional local em
zo (PFD) são calculados para fornecer uma potência adici- Subestações Transformadoras de Energia Elétrica, para
onal do transformador em condições seguras. Este proce- viabilizar o controle de carregamento do transformador de
dimento também leva em consideração o risco de falha do potência de forma otimizada.
transformador, como uma função de carregamento e prevê Mas as Subestações da CPFL não são assistidas. As-
a perda de vida do transformador. sim, o uso apenas local da ferramenta é limitado à mano-
Pode-se também determinar o valor máximo de potên- bras programadas, quando há operadores na SE. Além dis-
cia num dado intervalo (ex.: 0,25h ou 2h) que leve a tempe- so, um conjunto de possibilidades de uso futuro de trans-
ratura do transformador (óleo ou enrolamento) a seu limite. formadores de potência em que se permita carregamentos
Estes valores são disponibilizados ao operador para eventualmente acima do nominal para limites bem
permitir ou não uma dada sobrecarga. Uma vez aceita a flexibilizados, permite possibilidades de reconfiguração da
sobrecarga o sistema permite o acompanhamento do de- rede muito otimizadas, com ganhos expressivos no plane-
sempenho do transformador nos intervalos seguintes.
jamento da operação e expansão do sistema.
Na figura 2 pode-se ver a tela principal do módulo PPLT.
Desta forma, o planejamento de longo prazo deste
Ela é composta pela curva de demanda medida, pela curva
esforço (Fase II) prevê o uso sistêmico das potências
de previsão de carga até 4 horas à frente, pela curva de pre-
liberáveis de cada transformador individual,
visão de 24 horas e pelos valores de PFD para as próximas 4
disponibilizando-se as capacidades de uso futuro de cada
horas. Os gráficos são atualizados automaticamente a cada
equipamento no centro de operação, de modo a ser pos-
15 minutos, assim que esses valores forem recalculados.
sível um controle otimizado de cada transformador, que
passe por meio da ferramenta local de cada SE, de for-
ma coordenada por um sistema de otimização e/ou de
tomada de decisões processado a partir do Centro de
Operação, e que possa também operar chaves na rede,
algumas automatizadas.
Para isso pretende-se estender a plataforma
computacional para mais uma Subestação da CPFL, fechan-
do-se uma grande área central da cidade de Campinas. As-
sim, será possível a integração dos 3 Sistemas locais ao Cen-
tro de Operação e implementação da ferramenta centraliza-
da para tempo real no Centro de Operação da CPFL, con-
cluindo-se a ferramenta de nível sistêmico e dando o devido
FIGURA 2. Tela principal do Sistema computacional sentido à existência das ferramentas de nível local.

II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica 137


Distribuição de Energia Elétrica IV. SUMÁRIO FINAL VI. BIOGRAFIA
Para o enfoque local, a ferramenta atingiu plenamen- José Antonio Jardini, nasceu em 27 de março de 1941, formado em
Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica da USP (EPUSP) em
te os objetivos esperados. Numa primeira análise, os resul-
1963. Mestre em 1970, Doutor em 1973, Livre Docente/ Prof Asso-
tados se apresentaram satisfatórios, e a ferramenta local ciado em 1991 e Professor Titular em 1999 todos pela EPUSP De-
disponibiliza localmente um conjunto de possibilidades de partamento de engenharia de Energia e Automação Elétricas (PEA).
Trabalhou de 1964 a 1991 na Themag Eng. Ltda atuando na área
uso futuro para cada transformador individualmente, de estudos de sistemas de potência, projetos de linhas e automação.
majorando o fator de utilização de cada um, dependendo Atualmente é professor da Escola Politécnica da USP do Departa-
mento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas onde leci-
das condições operativas e do histórico do equipamento. ona disciplinas de Automação da Geração, Transmissão e Distri-
Para as próximas etapas estão sendo previstos a vali- buição de Energia Elétrica. Foi representante do Brasil no SC38 da
CIGRE, é membro da CIGRE, Fellow Member do IEEE, e
dação da funcionalidade dos protótipos desenvolvidos, Distinguished Lecturer do IAS/IEEE.
coletando as informações em tempo-real e elaborando aná- José Luiz Pereira Brittes, nasceu em 5 de fevereiro de 1959 em Ribei-
lises e diagnósticos das ferramentas implementadas refi- rão Preto, São Paulo, Brasil. Graduado em Engenharia Elétrica pela
Universidade Estadual de Campinas em 1981, recebeu em 1996 e
nando a precisão dos resultados dos algoritmos, inclusive 2002, respectivamente, o grau de Mestre (MSc) e Doutor (PhD) em
a acuidade dos algoritmos quando portados para outros Engenharia Elétrica pela Escola Politécnica da Universidade de São
Paulo. Trabalha na Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) há
transformadores. mais de 15 anos, onde têm participado de inúmeros projetos e estu-
Fica evidente a grande importância do controle de dos na área de sistemas de potência.
carregamento como base para funções automáticas em Luiz Carlos Magrini nascido em São Paulo, Brasil, a 3 de Maio de
1954. Graduado pela Escola Politécnica da Universidade de São
subestações. Para a aplicação aqui proposta, os resultados Paulo em 1977 (Engenharia Elétrica). Recebeu pela mesma insti-
finais esperados são: tuição o título de MSc e PhD em 1995 e 1999, respectivamente.
Trabalhou por 17 anos na Empresa Themag Engenharia Ltda. Atu-
(i) manter o transformador funcionando em segurança, o almente, além de Professor de Universidades faz parte, como pes-
maior tempo possível; quisador/ coordenador de Projetos do Grupo GAGTD na Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo.
(ii) manter sob controle a perda de vida adicional
Jorge Yasuoka, nascido a 14 de julho de 1974 em Guarulhos, São Pau-
estabelecida; lo, Brasil. Formado em Engenharia Elétrica pela Escola Politécni-
(iii) desconectar cargas não essenciais apenas se estrita- ca da Universidade de São Paulo (EPUSP) em 1999, obteve o grau
de Mestre em Engenharia Elétrica pela mesma instituição em 2002.
mente necessário, e em mínima quantidade; Atualmente é aluno de Doutorado da área de Sistemas de Potência
(iv) evitar o risco de danos ao transformador sob carrega- e trabalha com pesquisas em projetos no grupo GAGTD na EPUSP.
Sua área de interesse engloba a aplicação de técnicas de Inteligên-
mento máximo contínuo admissível durante um certo cia Artificial nos problemas dos Sistemas Elétricos de Potência.
intervalo de carga. Ferdinando Crispino, nasceu em Nápoles, Itália em 20 de março de
1971. Graduou-se em técnico em eletrotécnica pela Escola Técnica
Estadual Getulio Vargas em 1989. Graduado em engenharia elétri-
ca com ênfase em Energia e Automação Elétricas na Escola Poli-
V. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA técnica da Universidade de São Paulo – USP em 1998. Recebeu
pela mesma instituição o título de MSc em 2001. Atuou na área de
[1] BRITTES, José Luiz Pereira. Sistema de Automação para Gestão equipamentos para aviação no departamento de projetos especiais
do Carregamento de Transformadores baseado na Confiabilidade. da TAM, em projetos de instalação de semáforos inteligentes na
2002. Tese (Engenharia Elétrica [SP-Capital]) Universidade de São cidade de São Paulo pela SETEPLA Engenharia e atualmente tra-
Paulo, (Orientador) José Antonio Jardini. balha como pesquisador pelo grupo GAGTD na Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo.
[2] YASUOKA, Jorge. Previsão de Carga em Sistermas de Distribui-
ção de Energia Elétrica utilizando Redes Neurais Artificiais. 2002. Paula Suemi Dantas Kayano nascida em Manaus, Brasil, 9 de julho de
Dissertação (Engenharia Elétrica [SP-Capital]) Universidade de São 1972. Graduada pela Escola Politécnica da Universidade de São
Paulo, (Orientador) Hernán Prieto Schmidt. Paulo em 1995 (Engenharia Elétrica com ênfase em Energia e
Automação). Recebeu pela mesma instituição o título de MSc em
[3] YASUOKA, J.; BRITTES, J. L. P.; MAGRINI, L. C.; SCHMIDT,
1998. Trabalhou no Corpo de Engenheiros da Marinha do Brasil
H. P.; JARDINI, J.A. ANN-based Real-Time Short-Term Load
em projetos de sistemas elétricos de navios. Atualmente, faz parte,
Forecasting in Distribution Substations. In: IEEE/PES
como pesquisadora do Grupo de Automação da Geração, Trans-
TRANSMISSION & DISTRIBUTION 2002 LATIN AMERICA,
missão e Distribuição (GAGTD) na Escola Politécnica da Univer-
2002, São Paulo. 2002.
sidade de São Paulo. Membro do grupo de trabalho GTA2-23 -
[4] YASUOKA, J.; BRITTES, J. L. P.; SCHMIDT, H. P.; JARDINI, J. Monitoramento de Transformadores de Potência – do Cigré Brasil.
A. Artificial Neural Network-Based Distribution Substation and
Josué de Camargo, nascido em São Paulo - Brasil, a 28 de Abril de
Feeder Load Forecast. In: 16TH INTERNATIONAL
1958. Graduado em Engenharia Elétrica pela Universidade Esta-
CONFERENCE AND EXHIBITION ON ELECTRICITY
dual de Campinas, em 1981. Trabalhou por 18 anos na CPFL -
DISTRIBUTION - CIRED 2001, 2001, Amsterdam - The
Companhia Paulista de Força e Luz. Atualmente, além de Sócio
Netherlands. 2001.
Diretor da Expertise Engenharia, empresa de vocação tecnológica,
[5] YASUOKA, J.; BRITTES, J. L. P.; MAGRINI, L. C.; SCHMIDT, participa de Projetos de Pesquisa e Desenvolvimento junto a várias
H. P.; JARDINI, J. A. Previsão de Carga em Tempo Real em Concessionárias de Energia Elétrica.
Subestações de Distribuição - uma aplicação prática na CPFL (Bra-
Reynaldo Ayres de Souza Junior, nascido em Batatais, Estado de São
sil). In: IX ENCONTRO REGIONAL LATINO-AMERICANO DA
Paulo, Brasil, em 14 de Novembro de 1976. Graduado em Enge-
CIGRÉ - ERLAC, 2001, Foz do Iguaçu - Brasil. 2001.
nharia Elétrica em 2001 pela Faculdade de Engenharia Elétrica e
[6] JARDINI, J. A.; BRITTES, J. L. P.; MAGRINI, L. C.; BINI, M. Computação da Universidade Estadual de Campinas. Atualmente
A.; YASUOKA, J. Power Transformer Temperature Evaluation for trabalha na Expertise Engenharia Ltda., prestando serviços para
Overloading Conditions. Artigo aprovado em Julho/2003 para pu- Concessionárias de Energia Elétrica.
blicação no IEEE Transactions on Power Delivery.
André Luis Lazzarini, nascido em Batatais - SP, Brasil, a 15 de Julho de
[7] PC 57.119 “Draft Recommended Practice for Performing 1979. Graduado pela Universidade Federal de São Carlos (Engenha-
Temperature Rise Tests on Oil Immersed Power Transformers at ria de Computação) em Julho/2003. Atualmente trabalha na Empre-
Loads Beyond Nameplate Rating”, IEEE, October 1996. sa Expertise-Engenharia na área de Pesquisa e Desenvolvimento.

138 ANAIS DO II CITENEL / 2003


Determinação do Custo de Interrupção de
Energia Elétrica de Clientes Industriais AT/MT
E. Hideki, M. F. Rocha, J. Marcondes (Bandeirante) - S. E. Fronterotta, C. H. Magalhães, L. D´Agostini
Neto, J. L. Atmann, G. P. Alvarez (Mackenzie)

RESUMO significância da amostra coletada. Desta maneira, os


O projeto “Determinação do custo de interrupção de energia parâmetros populacionais se constituem em importantes
elétrica de clientes industrias AT/MT”, calculou o custo de vetores na configuração da determinação do tamanho da
interrupção no fornecimento de energia para clientes industri- amostra a ser coletada, e das posteriores inferências esta-
ais AT/MT (alta tensão e média tensão), para avaliar o im-
pacto ou prejuízo econômico deste grupo de clientes, quando
tísticas dentro da população estudada.
acontece um evento intempestivo de corte de energia. A pes- Uma das maneiras, segundo as quais se pode obter uma
quisa foi desenvolvida diretamente com clientes que são su- amostra representativa é o processo denominado
pridos pela concessionária de energia elétrica Bandeirante. “amostragem aleatória”, de acordo com o qual cada elemento
PALAVRAS-CHAVE de uma população tem a mesma probabilidade de ser inclu-
Continuidade de serviço, Custo de interrupção / prejuízos, ído na amostra. Outra técnica empregada é a da
Confiabilidade do fornecimento de energia elétrica.
“estratificação” da população, em grupos de características
semelhantes, o que possibilita direcionar a aplicação da
amostragem aleatória de forma mais eficaz. Deve ser obser-
I. IDENTIFICAÇÃO
vado que a teoria amostral para pequenos números, como
Cálculo do Custo de Interrupção de Energia Elétrica no caso da AT, difere, na sua formulação, para o caso de
populações que contenham um grande número de elemen-
tos. Nestes casos a distribuição amostral das médias dos seus
II. OBJETIVO
elementos é aproximadamente normal com média ì e desvio
Objetivou-se, calcular o custo de interrupção de cli- padrão ó, independentemente da população. Assim, a distri-
entes industriais atendidos pela Bandeirante Energia, cujos buição amostral é assintoticamente normal.
níveis de tensão de fornecimento pertencem à alta e média Com o objetivo de um direcionamento inicial ao estudo
tensão (138, 88, 13,8 e 13,2 kV), utilizando-se métodos do Cálculo da Interrupção, e com base no parâmetro de con-
estatísticos de amostragem e modelo matemático desen- sumo dos clientes envolvidos na pesquisa, calculou-se o ta-
volvido especificamente para obtenção dos resultados es- manho da amostra necessário para a realização da pesquisa.
perados (cálculo do custo do kWh interrompido), levan- Considerando o universo de 2553 consumidores in-
do-se em conta vários custos e prejuízos abarcados pelo dustriais, que compõem a população a ser analisada (AT/
cliente para suportar a interrupção de energia elétrica, como MT), através de entrevistas e questionários, estabeleceu-
por exemplo: prejuízos com perda de matéria prima, pro- se de forma preliminar a amostra para efeito de aplicação
dutos em elaboração, custo de retomada de produção, etc. da pesquisa, de acordo com uma formulação estatística,
tendo como parâmetro de estratificação, somente o consu-
mo da população estudada.
III. RESULTADOS ESPERADOS
A seguir estão relacionados os valores finais da
Os resultados esperados são os custos decorrentes de amostragem para consumidores AT (total) e MT, com o
uma interrupção, auferidos pelo consumidor devido à ener- número de elementos substitutos, onde também levou-se
gia interrompida ou não fornecida aos clientes industriais em conta para as regiões e municípios o seu DEC e FEC
AT e MT da Bandeirante Energia, estratificados por ten- que funcionaram como atributo da estratificação.
são (AT e MT), por região (Alto Tietê e Vale do Paraíba) e
TABELA 1
por atividade (química, cerâmica, farmacêutica, etc.), de
acordo com o obtido na amostra. Valores Finais da Amostragem para Consumidores AT e MT
Região Alta Tensão (AT)
Alto Tietê 21
IV. DESCRIÇÃO SUMÁRIA DA
Vale do Paraíba 48
METODOLOGIA
A. Amostragem Região Amostra Reservas Total
A teoria da amostragem é fundamentada nas relações Alto Tietê (MT) 70 19 89
e características existentes em uma população, e na Vale do Paraíba (MT) 70 17 87

II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica 139


Distribuição de Energia Elétrica B. Pesquisa Quali Custos de matéria prima ou produtos primários
Na fase qualitativa da pesquisa, foram configurados estocados deteriorados ou estragados pela interrupção
dois Grupos de Foco com clientes, tendo por objetivo iden- - é o custo direto associado à perda de produtos primários
tificar os principais impactos que a interrupção de energia ou matérias primas, estocados, por exemplo, em meio frio
elétrica acarreta nas empresas do segmento industrial, o que se deterioram ou perdem valor devido à interrupção
que subsidiou a elaboração do questionário a ser utilizado de energia. Este custo é admitido como sendo variável em
na fase quantitativa / ou de execução. função do tempo da interrupção (TTI) sofrida.
As empresas participantes foram convidadas pela Dis- Para este custo são utilizados os dados diretos dos
tribuidora e ambos os grupos foram recepcionados nas questionários.
dependências das sedes regionais da Bandeirante Energia Tem-se:
(São José dos Campos e Mogi das Cruzes): CMP(TTI) –custo de matéria prima ou produtos pri-
mários estocados deteriorados ou estragados por uma in-
terrupção com tempo de duração de TTI minutos, para
cada tipo de produto primário.
V. MODELO CONCEITUAL
Custos de produtos acabados estragados ou dani-
Para a estimativa dos custos de interrupção foi usado ficados pela interrupção - é o custo direto associado à per-
um modelo conceitual que analisa os elementos de custos da de produtos acabados, isto é, produtos saídos do pro-
diretos de forma desagregada. cesso de fabricação ou em estoque aguardando venda. Este
custo é admitido como sendo variável com o tempo de
A. Custos Considerados duração da interrupção sofrida.
Custo de geração própria - é o custo incorrido pela Para este custo são utilizados dados diretos do ques-
indústria para se suprir com energia através de geradores, tionário da pesquisa.
baterias, etc havendo a interrupção. Caso a indústria não Tem-se:
disponha de equipamentos de geração este custo é nulo. O CPA(TTI) –custo de produtos acabados estragados
custo de geração própria observado é admitido como ten- ou danificados por uma interrupção com tempo de dura-
do dois componentes: ção de TTI minutos.
CFGatual - custo fixo mensal de geração própria asso- Custo da produção perdida - é a perda de produção
ciado ao custo de capital dos equipamentos. (em valor) considerada irrecuperável seja por horas ex-
CV(HG)- custo mensal variável de geração que de- tras ou retorno dos produtos em elaboração ao processo
penderá das horas de utilização dos equipamentos de gera- de produção. Esta perda se refere aos produtos que es-
ção (HG) tão sendo processados.
O custo da produção perdida é estimado para o período
Custo de proteção - é o custo incorrido pela indústria
de pico e para diversos tempos de interrupção (1 min, 15, 60,
para se proteger das falhas do sistema de energia. Caso esta
180 ou maior que 60 min) obtendo-se uma curva empírica,
não disponha de equipamentos de proteção este custo é nulo.
CPP(TI)pico que também é analisada pelo teste de hipóteses.
Este custo é admitido como tendo um componente fixo
CPP(TI)pico - custos da produção perdida irrecuperável
mensal (CFPatual). A natureza deste custo é semelhante a do
devido a uma interrupção com TI de duração na hora de pico.
custo fixo de geração, isto é, considera-se que, para efeito de
TI – duração da interrupção na hora de pico, que pode
planejamento, este custo, embora fixo no curto prazo, varia
ser simulada pelo conceito e sazonalidade por período, de
no longo prazo com o número de interrupções sofridas. acordo com a ótica do consumidor.
Custo de reparos de equipamentos, ferramentas, etc. Custo de retomada ou reinicio da produção - é o
- são os gastos com reparos de equipamentos danificados custo devido ao tempo (TROP) que a indústria leva para
pela interrupção súbita da energia ou seu retorno em faixa retomar o ritmo normal da produção no caso de ocorrên-
de tensão fora da nominal. Este custo é admitido como cia de uma interrupção, sendo este tempo gasto com
tendo um componente variável, CRP(NI), em função do reprogramação da produção, preparo de equipamentos, lim-
número de interrupções ocorridas. Quando o reparo é im- peza de resíduos, reposição de ferramentas, aferição de pa-
possível, torna-se, pelas mesmas razões, necessário substi- drões e outros. Este custo está associado à produção não
tuir o equipamento e aí se tem o custo da substituição, realizada e é admitido como proporcional à produção per-
CSU (NI), com as mesmas características em termos de dida (associada aos produtos que estavam em elaboração).
modelo do custo de reparo. O custo é obtido, então, substituindo o tempo não
Os tipos de equipamentos considerados na pesquisa produtivo TROP no custo da produção perdida. Pode-se
sujeitos a danos por problemas de interrupção e variação perguntar também diretamente pelo TROP e pelo custo ou
de tensão são: se pode calcular indiretamente, quando o entrevistado res-
- Equipamentos de escritório ponde que há prejuízo, mas não sabe qual é o valor. Nesse
- Máquinas caso associa-se ao valor da produção perdida para um pe-
- Aparelhos eletro-eletrônicos em geral ríodo de 15 min, pelo menos.
- Aparelhos de refrigeração TROP - tempo total em minutos que a indústria leva
- Motores Elétricos para poder retomar sua produção normal após uma inter-
-Outros (especificados pelo consumidor) rupção de energia.

140 ANAIS DO II CITENEL / 2003


Aqui também se estudou a curva de ajuste pelo teste Para nível de significância =0,05 (à direita para F e bila-
de hipótese. teral para T) e graus de liberdade entre 3 e 6 (dependendo do
Custo de horas extras para compensar períodos in- número de variáveis respondidas), adotaram-se os níveis: para
terrompidos - é o custo adicional ocorrido pelo estabeleci- F= 4,2839 e para T = ±2,353 (obtidos de tabelas específicas).
mento para prolongar seu período normal de funcionamento, Verifica-se então, por comparação entre os parâmetros
pagando horas extras a seus empregados devido à ocorrência apresentados e os valores limites que, para a Bandeirante
de interrupções e atrasos na entrega da produção ao cliente. Total, tendo em vista o CPP, o melhor ajuste é a função
CHH(TI) - custos de interrupção devido à utilização exponencial. O mesmo foi feito para os outros custos
de horas extras para compensar o expediente perdido de- (CROP, CMP, etc) e para as regiões.
vido às interrupções.
Este custo é informado diretamente pelas indústrias C. Consideração da Sazonalidade (ótica do consumidor)
para interrupções com tempo de (1 min, 15, 60, 180 ou Os fatores sazonais, segundo a ótica do consumidor, fo-
maior que 60 min) ram obtidos através da tabulação das perguntas corresponden-
Custo de perdas de informação - é o custo associa- tes dos questionários e efetuados cálculos de normalização.
do a perdas de informações eletrônicas (dados, arquivos, Pelos resultados obtidos, algumas empresas têm seu
etc.) devido à ocorrência de interrupções. pico de prejuízo de madrugada e à noite, pela falta de gen-
CINF(TI) - custos de interrupção devido a perda de te técnica capacitada para fazer frente às inconveniências
informações eletrônicas causada por interrupções. de uma interrupção.
Este custo é obtido para o período de pico sendo es- Naturalmente estes fatores podem diferir dos fatores
timado para um tempo fixo de 60 minutos ou tempo de sazonais do consumo para a classe industrial em estudos
cobertura da proteção e varia com o número de interrup- econômicos, pois trata-se da ótica do consumidor, isto é,
ções. A hipótese realizada é que este custo é nulo quando como este percebe as variações do custo de interrupção de
o tempo de interrupção for inferior ao tempo de cobertura acordo com os períodos de tempo de produção.
dos equipamentos de proteção sendo constante e igual ao
valor informado para interrupções que ultrapassem o tem-
VI. RESULTADOS ALCANÇADOS
po de cobertura informado.
A. Perfil Total das Empresas Pesquisadas
Custo de outros fatores ou custos extras - é o custo
Dos 209 clientes entrevistados, após criticas e análi-
associado a outros fatores não previstos anteriormente e
depende do número de interrupções ses das respostas, foram totalmente aproveitados 168 ques-
Temos: tionários, que foram objeto de análise.
CEXTR(TI, NI) – custos dos fatores extras não con- Na análise do perfil dos consumidores selecionados
siderados anteriormente. (amostra) para a totalidade da BANDEIRANTE, obteve-
O objetivo de considerar este componente decorre da se o seguinte quadro:
possibilidade de haver itens de custos além dos acima ex-
postos, o que realmente aconteceu, como por exemplo TABELA 3
custo do meio ambiente, atraso em contratos etc. Perfil por Atividade - Total
Nesta pesquisa observou-se que os Custos Extras em Tipo de estabelecimento % Qtd.
sua maioria são dependentes de (NI) mais do que de (TI). AGROINDÚSTRIA E/OU PECUÁRIA 1,19 2,00
ALIMENTOS E/OU BEBIDAS 8,33 14,00
ALUMÍNIO 0,60 1,00
B. Ajuste de Curvas dos Custos que Dependem da
CERÂMICA 1,79 3,00
Duração (Tempo)
CIMENTO 1,19 2,00
Para definição da função de cada custo que depen-
COURO E/OU CALÇADOS 0,00 0,00
dem da duração (tempo) foram pesquisados os modelos: ELÉTRICA E/OU ELETRÔNICA 4,17 7,00
linear, logarítmico, exponencial e curvas “S” (LOGIT). EXTRAÇÃO DE MINERAIS 1,79 3,00
A escolha da função mais aderente foi realizada com FARMACÊUTICA 2,98 5,00
base nos seguintes testes de hipóteses: FIAÇÃO E/OU TÊXTIL E/OU CONFECCÇÃO 5,95 10,00
- Distribuição “T” de Student e o teste “F” ANOVA, FUNDIÇÃO E/OU SIDERURGIA 5,95 10,00
além da correlação R2 e seu valor de ajuste. MECÂNICA 13,69 23,00
MOBILIÁRIO 2,38 4,00
TABELA 2 PAPEL E CELULOSE 5,95 10,00
PLÁSTICO E/OU BORRACHA 18,45 31,00
Ajustes de Curvas – Bandeirante Total
QUÍMICA E/OU PETROQUÍMICA 10,12 17,00
CPP TOTAL R Square Standard Error F (ANOVA) T Student VIDROS 2,38 4,00
Linear 0,9994 21261,04 8164,92 90,36 METALÚRGICA 10,71 18,00
Log. 0,5707 563107,88 6,64 2,57 OUTROS (Transporte) 1,19 2,00
Exp. 0,7788 0,74 3,90 1,45 OUTROS (Gráfica) 0,60 1,00
OUTROS (Aeronáutica) 0,60 1,00
Curva s 0,4496 1,15 4,19 -2,04
TOTAL 168

II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica 141


Distribuição de Energia Elétrica De acordo com o acima descrito, observa-se uma Em média os clientes afirmaram necessitar de um avi-
participação mais significativa dos segmentos de ‘’Plástico e/ so antecipado de corte de aproximadamente 7 dias para
ou Borracha’’, ’’Mecânica’’, ‘’Metalúrgica’’, ‘’Química que seu prejuízo seja minimizado. Ao enfocar isoladamen-
e/ou Petroquímica’’, caracterizando eletrointensividade. te pelo tipo de cliente e tensão, constata-se que os perten-
centes à AT necessitam no máximo de 4 dias de aviso ante-
B. Perfil do Número de funcionários - Total cipado, enquanto os da MT solicitam até 10 dias de anteci-
Na amostra total verifica-se uma predominância da pação. Ao se comparar as regiões, observa-se uma discre-
média empresa com um número de funcionários na faixa pância acentuada de valores. No Alto Tietê a demanda de
de 51 a 300 funcionários. solicitação de antecipação de corte foi em média de 9 dias,
contra 5 do Vale do Paraíba. Estes valores estão relaciona-
C. Perfil por Dia e Turno de Trabalho – Total dos às respostas tabuladas dos clientes MT que diferiram
A maioria das empresas que participaram da pesquisa significativamente em ambas regiões. Ao se correlacionar
são empresas que trabalham em múltiplos regimes de tra- com a qualidade da energia, pode-se verificar que os clien-
balho, incluindo-se Sábado e Domingo. A não definição de tes do Vale do Paraíba responderam de modo mais positi-
uma tendência deve-se ao fato de empresas AT e MT esta- vo que os do Alto Tietê, o que pode ser considerado como
rem sendo analisadas como um conglomerado. um vetor de decisão no aviso prévio de interrupção, e po-
líticas comerciais.
D. Perfil da Utilização da Energia – Total
A utilização da energia como “Força Motriz” G. Avaliação da Intensidade do Prejuízo
(64,87%) é a de maior referência no levantamento efetuado Neste caso procura-se avaliar o peso de cada tipo de
nas indústrias, sendo que a utilização em “Fornos” (11,05%) prejuízo, que é levado em conta no modelo. Estes valores
vem a seguir com uma representatividade bem menor. foram normalizados para facilitar comparações.
E. Qualidade de Energia Elétrica / DPG – A perda de produção (produto em processo ou em
(Disposição a pagar) elaboração) é o item que mais pesa (peso máximo = 2,04)
Aqui se procurou saber a importância para a empresa , o que está coerente, pois, a força eletromotriz e fornos,
de uma melhoria no fornecimento de energia elétrica atra- ocupam a maior parte da intensidade de uso e são respon-
vés da pesquisa da qualidade e pelo método de pergunta sáveis pelo grosso da produção. O segundo lugar é ocupa-
direta do DPG (Disposição a Pagar), tentativamente, se do pela retomada da produção e atraso em entregas, mul-
havia possibilidade ou não de correlação com a necessida- tas de contrato e dano ao meio ambiente, caracterizado no
de de qualidade. Projeto como Custos Extras.
Constata-se que 80% dos clientes da Bandeirante Valem as mesmas observações anteriores para as Re-
Energia consideram de regular a boa a qualidade da ener- giões do Alto Tietê e Vale do Paraíba, sobretudo nos con-
gia fornecida e 11% classificam de ruim a péssima a quali- sumidores atendidos em Alta Tensão a perda de produção
dade do fornecimento. (produto em processo ou em elaboração) tem importância
Pelos resultados obtidos, verifica-se também que, ape- considerável.
sar de auferirem benefícios com a melhoria na qualidade
da energia (90%), a DPG (Disposição a Pagar) é pratica-
H. Consideração das Interrupções (Ótica do
mente nula (93%), mesmo tendo em vista os possíveis ga-
Consumidor e da Bandeirante)
nhos de produtividade. A correlação entre estas variáveis
As interrupções foram consideradas de acordo com a
é, portanto, inversa.
resposta do consumidor e da Bandeirante. Para melhorar a
Ao se investigar as causas desta constatação, verifi-
qualidade dos números, perguntou-se por interrupções bi-
ca-se que praticamente 85% dos clientes alegam proble-
mensais, semestrais e anuais (cliente e Bandeirante) que
mas econômicos (custo e tarifa), para a não disposição a
tiveram, através da estimação com pesos, resultados que
pagar, ou seja quase o mesmo percentual dos que afirma-
serviram de base para o cálculo dos custos mensais.
ram que obteriam mais benefícios, através de uma energia
de melhor qualidade.
I. IMPORTÂNCIA DOS CUSTOS MENSAIS AUFERIDOS
Por esta análise, a BANDEIRANTE poderia efetuar
Custos Mensais Auferidos – Alto Tietê
esta melhoria através de serviços adicionais aos clientes, o
Os custos mais altos, conforme se observa no Alto
que, de uma maneira indireta, aumentaria a DPG (Disposi-
Tietê, são os prejuízos devido à perda de produção (CPP)
ção a Pagar).
e Reinicio de Produção (CROP), sobretudo para as indús-
trias de papel, vidros, química, metalúrgica, mecânica, e
F. Aviso Prévio
fundição. Nesta última o CROP chega a ser maior que o
A seguir, procurou-se quantificar junto ao cliente qual
CPP. Na indústria de plástico o prejuízo com a matéria
o tempo mínimo de aviso de uma interrupção, através do
prima (CMP) é maior que o valor do CROP.
qual os prejuízos seriam minimizados.

142 ANAIS DO II CITENEL / 2003


Custos Mensais Auferidos – Vale do Paraíba gramada das unidades geradoras, falhas aleatórias das mes-
Os custos mais altos, conforme se observa no Vale do mas e um possível crescimento de carga diferente do valor
Paraíba, são os prejuízos, devido à perda de produção esperado. Não se deve esquecer que um elevado nível de
(CPP), Reinicio de Produção (CROP), sobretudo para as confiabilidade de suprimento requer mais investimentos o
indústrias de vidro, alimentos, fundição, elétrica, química, que implica em tarifas mais elevadas.
fiação, mecânica e farmácia. Na indústria de alumínio o O principal objetivo do planejamento é encontrar o
prejuízo mais elevado é devido ao custo de produção balanço adequado entre custos e confiabilidade, levando
(98,77%). Na industria elétrica os custos extras (CEXTRA) em consideração as incertezas das condições operativas
são maiores que o custo da produção (CPP), pelas multas futuras. Uma possível alternativa é minimizar custos de
contratuais incorridas pelo atraso de produção. investimentos e produção, mantendo o nível de
confiabilidade acima de um valor limite preestabelecido.
Exemplos típicos desta prática para o valor esperado de
VII. RESULTADOS FINAIS DO perda carga, LOLE (Loss of Load Expectation), é calcu-
CUSTO DA INTERRUPÇÃO lado em 1 dia em dez anos na América do Norte, ou de 5
horas por mês no Brasil. Outros índices de confiabilidade
Nas tabelas seguintes estão as variáveis mais impor- como, por exemplo, a Energia Esperada Não suprida, EENS
tantes para a expansão da amostra, para que se tenha uma (Expeceted Energy Not Supplied) poderiam também ter
idéia da estrutura do modelo descrito. sido usados. Entretanto, permanece um certo grau de arbi-
Em seguida estão os resultados com cálculos do cus- trariedade na definição destes valores (quem determina ou
to do kWh interrompido por consumidor por interrupção. preestabelece esses valores?). Uma metodologia mais ade-
É preciso lembrar que estes resultados foram obtidos de quada para o planejamento deve levar em consideração os
acordo às respostas do consumidor, o modelo apresentado limites de confiança associados aos índices de confiabilidade
e os dados que foram obtidos da Bandeirante. de modo a se obter uma decisão mais segura e real.
Outra desvantagem das metodologias anteriores é a
TABELA 4 interdependência entre o processo de minimização de cus-
MERCADO REGIONALIZADO POR REGIÃO E BANDEIRANTE tos e o conjunto de restrições, que envolve índices de
Mercado Regionalizado confiabilidade, visto que qualquer perda ou interrupção de
AT MT Total carga tem um custo associado.
Vale do Paraíba 150.966.543 78.126.203 229.092.746 Custos de interrupção têm sido usualmente quantificados
Alto Tietê 116.661.663 140.698.755 257.360.418 através de pesquisas aplicadas em vários países (Canadá, Es-
Bandeirante 267.628.206 218.824.958 486.453.164 tados Unidos e recentemente no Brasil). De acordo com es-
Percentuais
tas pesquisas, o custo final de interrupção depende de várias
AT MT Total
características, em particular, da quantidade de energia não
Vale do Paraíba 0,3103 0,1606 0,4709
suprida e da freqüência de duração das interrupções. Portan-
Alto Tietê 0,2398 0,2892 0,5290
to, uma avaliação precisa dos custos de perda de carga e re-
Bandeirante 0,5502 0,4498 1,0000
Número de Consumidores quer o conhecimento da evolução cronológica dos estados
MT AT Total do sistema (tanto de geração e transmissão).
Vale do Paraíba 1.012 41 1.053
Alto Tietê 1.476 24 1.500 ESTIMAÇÃO DO VALOR DA CONFIABILIDADE
Bandeirante 2.488 65 2.553 Este é uns dos mais importantes usos do custo de in-
Custos Finais - US$ kWh Interrompido/Consumidor terrupção nas análises dos sistemas elétricos, pois em vez de
(i) AT MT se trabalhar com índices de risco, ou valores prefixados de
Total
probabilidade, se trabalha com um índice econômico que
Vale do Paraíba 5,10 1,05 1,67
determina o custo de perda de carga de um sistema elétrico.
Alto Tietê 2,42 1,35 1,60
Bandeirante 4,11 1,23 1,64
B. Custo de Interrupção Unitário
O impacto econômico de uma interrupção depende da
A. Utilização dos Custos de Interrupção quantidade de energia cortada (kWh) e dos custos unitários
CÁLCULO DA ENERGIA NÃO SUPRIDA de interrupção ($/kWh interrompido) associados. Estes cus-
O principal objetivo do planejamento da expansão é tos são obtidos a partir de estudos econômicos que avaliam
estabelecer quando, onde e o tipo das novas unidades de o impacto causado pelas interrupções por categoria de con-
geração e das linhas de transmissão que devem ser instala- sumo (residencial, comercial e industrial). O custo unitário
das no sistema, de modo a manter o suprimento de carga (unit cost, UC) depende de várias características tais como
prevista, econômico e confiável. A quantidade planejada a duração, a freqüência, o período de ocorrência do corte,
de reserva estática deverá considerar a manutenção pro- como também a abrangência geográfica.

II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica 143


Distribuição de Energia Elétrica DETERMINAÇÃO DO CUSTO DE INTERRUPÇÃO Devido às restrições econômicas e ambientais, as
Uma interrupção i pode ser descrita por um conjunto empresas do setor elétrico do mundo inteiro têm encontra-
Si de cortes de potência ou energia (power shortages) re- do muitas dificuldades para expandir e manter seus siste-
lacionadas com o s sucessivos estados de falha que com- mas. Como conseqüência, os sistemas elétricos terão mui-
põem esta interrupção. O custo associado Ki ($) definido tos dos seus equipamentos operados nos limites de suas
para uma classe particular de consumidor é dado por: capacidades num horizonte muito próximo. Como forma
Ki = Função(Potência ou energia cortada, duração, de minimizar este problema,, programas para uso eficiente
custo unitário) da energia elétrica têm se popularizado, incluindo formas
Observe que: Potência cortada x Duração = quanti- mais avançadas de gerenciamento de cargas. De qualquer
dade de energia cortada associada à interrupção i. forma, o planejamento da manutenção desses equipamen-
Custo de perda de Carga (LOLC) tos e o impacto dessas políticas na operação do sistema já
O custo total de interrupção para um dado período de está despertando muito interesse das empresas concessio-
análise T, LOLCT, é avaliado por: nárias da energia elétrica.
Indubitavelmente, os métodos baseados na perda de
LOLCT = SOMATÓRIO (Ki)
carga (loss of load) foram um passo importante na deter-
Onde
minação da configuração de geração e transmissão mais
i = 1, N
confiável, entre várias possibilidades, quando comparados
sendo N o número total de interrupções no período
aos métodos determinísticos. Entretanto, a utilização dos
considerado.
índices usuais tipo energia esperada não suprida ou fre-
Este valor de LOLC representa o valor da
qüência média de falhas não tem sensibilizado os gerentes
confiabilidade do sistema elétrico em termos de custo e
dos sistemas de potência atuais, por não traduzirem perdas
não de probabilidade.
em termos de custos para a sociedade. Tendo em vista
este aspecto muito relevante no atual ambiente competiti-
C. Planejamento Otimizado da Manutenção dos
vo, pode-se portanto, implementar facilmente esta nova
Componentes de um Sistema Elétrico de Potência.
metodologia para o cálculo do custo de perda de carga
A determinação da política ótima de manutenção para
LOLC (Loss of Load Cost) que leva em conta os custos
os equipamentos de geração e transmissão de um sistema
unitários de interrupção por tipo de usuário($) e se traduz
elétrico, será então baseada no custo de interrupção (valor
imediatamente na determinação do valor de confiabilidade
da confiabilidade) e nos custos de operação.
($) de um sistema, em termos econômicos e não como va-
A manutenção é definida como a segurança de que um
lores de probabilidade. Por outro lado, pode-se também
bem físico continue fazendo as tarefas para as quais ele foi
usar os custos de interrupção na avaliação otimizada da
desenvolvido. É uma atividade que muitas vezes não é reali-
manutenção dos equipamentos, sendo seu principal objeti-
zada (ou é postergada), pois não é evidente se o benefício
vo, diminuir os custos de operação e retardar os investi-
técnico e econômico é obtido quando de sua execução.
mentos no Sistema Elétrico, além da priorização de ma-
A manutenção representa um dos pilares mais fortes
nobras e da própria manutenção, tendo em vista o prejuí-
dentro do contexto de um sistema de produção, sendo gran-
zo do consumidor.
de a preocupação e cuidado com a sua execução otimizada
nas diversas estruturas consideradas para essa atividade.
VIII. BIBLIOGRAFIA
Essa ação faz com que se consiga minimizar os custos de
manutenção (e os custos de operação), maximizando os [1] R. Billinton, R. Allan, L. Salvaderi, “Applied Reability Assessment
in Eletric Power Systems” Ed. IEEE Press, New York – USA, 1991.
lucros e garantindo os benefícios econômicos advindos de
[2] H. Willis, W. Scott, “Distributed Power Generation Planing and
sua execução. Evalution”, Ed. Marcel Dekker, Inc., New York – USA, 2000.
O grande interesse pelo planejamento, programação e [3] E. Lakev, E. Holmes, “Electricity Distribution Network Design”,
Ed. Short Run Press Ltd.,London – England, 1998.
controle da manutenção é devida aos altos investimentos
[4] J. Burke, “Power Distribution Engineering Fundaments and
realizados e à variedade dos bens físicos nos sistemas de Applications”, Ed. Marcel Dekker, Inc., New York – USA, 1994.
produção, transmissão e distribuição de energia e o sistema [5] D. Levine, M. Berenson, D. Stephan, “Estatística: Teoria e Aplica-
suporte associado. Esses sistemas estão implantados por di- ções Usando Microsoft Excel em Português”, Ed. LTC, Rio de Ja-
neiro – Brasil, 2000.
versos lugares e devem ser mantidos e analisados sob mode-
[6] M. Triolo, “Introdução à Estatística”, Ed. LTC, Rio de Janeiro –
los complexos, necessitando, portanto ser supervisionados Brasil,1999.
com novas técnicas de manutenção e que reflitam as novas
perspectivas da operação e da expansão com base na defini-
ção e organização de políticas de manutenção, para poder
atingir uma relação de custo/benefício considerada
satisfatória dentro de qualquer processo produtivo.

144 ANAIS DO II CITENEL / 2003


Estruturas de Suporte de Linhas Aéreas:
Estudos Geotécnicos e Prova de Carga em
Poste de Distribuição de Energia
T. Loddi, COPEL; A. M. Kormann, UFPR e R. B. Boszczowski, LACTEC; P. R. Chamecki, LACTEC

RESUMO e da engenharia de fundações (Orlando, 1995). Pode-se


Linhas aéreas de distribuição e transmissão de energia encon- dizer que a aplicação de esforços de tombamento provoca
tram ampla utilização no Brasil e em outros países. As funda- no poste engastado uma translação e rotação, função, den-
ções das estruturas de suporte de linhas aéreas podem apre- tre outros parâmetros, do reaterro e do solo natural do
sentar problemas, relacionados a deficiências de projeto e exe-
cução, com conseqüente comportamento inadequado durante terreno (Rojas-Gonzales et al., 1991).
a operação. Além de transferir esforços não previstos aos ele- Um dos objetivos do presente projeto é o estudo do
mentos que compõem a linha aérea, o desempenho desempenho de postes de distribuição sujeitos a esforços
insatisfatório das fundações pode levar a inclinações, defor-
mações e até ao colapso das estruturas. A presente pesquisa de tombamento. A pesquisa foi desenvolvida no Sítio Ex-
envolveu o estudo de metodologias para o projeto e execução perimental de Geotecnia da UFPR, localizado no Centro
de fundações de postes de distribuição de energia com o intui- Politécnico da Universidade Federal do Paraná, que apre-
to de recomendar procedimentos que contribuam para evitar
senta solos característicos da região de Curitiba. A apre-
problemas geotécnicos nas fundações desses elementos. O
estudo contempla investigações geotécnicas de campo e labo- sentação e informações preliminares dessa iniciativa po-
ratório e um ensaio de tombamento, em escala real, de um dem ser encontradas no trabalho de Chamecki et al. (1998).
poste de distribuição. Os ensaios foram realizados em um sí- O Sítio Experimental da UFPR é composto de três
tio experimental.
áreas, sendo que o presente estudo concentrou-se na Área
PALAVRAS-CHAVE
2, a qual possui aproximadamente 2300 m2.
Fundações, postes, geotecnia, distribuição.

II. CONTEXTO GEOLÓGICO-GEOTÉCNICO


I. INTRODUÇÃO
A região metropolitana de Curitiba situa-se sobre uma
Um fato peculiar às fundações de torres e postes de bacia sedimentar, que é preenchida em sua maior parte pela
distribuição é a alternância de esforços de compressão e Formação Guabirotuba. Os sedimentos dessa Formação
arrancamento, o que requer um dimensionamento para repousam sobre rochas do Complexo Cristalino, constitu-
ambas as condições (Paladino, 1975). Esse tipo de estru- indo-se principalmente em argilas siltosas ou siltes argilo-
tura está sujeita constantemente a carregamentos que re- sos. Materiais granulares também se fazem presentes, fato
sultam nas cargas máximas. Em outras obras, solicitações que confere uma razoável diversidade aos solos.
críticas ocorrem apenas esporadicamente e durante curtos Esses solos tipicamente exibem altas pressões de pré-
períodos de tempo. adensamento, que podem alcançar até 3000 kPa. Devido às
O problema do comportamento das fundações sub- suas características de consistência e plasticidade, as argilas
metidas a significativos esforços de arrancamento e tom- da Formação Guabirotuba receberam a denominação popular
bamento é de grande interesse. Entretanto, tal assunto ain- de “sabão de caboclo”. Freqüentemente, números de golpes
da não foi suficientemente estudado no campo da geotecnia do SPT na faixa de 15 - 30 são encontrados logo nos primei-
ros metros de sondagem. Camadas muito alteradas possuem
uma maior proporção de vazios e uma menor consistência.
Os sedimentos argilosos da Formação Guabirotuba
Este trabalho foi apoiado pela COPEL – Companhia Paranaense de
Energia e desenvolvido pelo LACTEC – Instituto de Tecnologia para o apresentam superfícies polidas (slickensides), que seguem
Desenvolvimento. um padrão de difícil identificação. Quando se manuseia o
T. Loddi trabalha na Companhia Paranaense de Energia (e-mail:
loddi@copel.com).
solo, essas feições constituem planos de fraqueza, que di-
A.M. Kormann é professor da Universidade Federal do Paraná (e-mail: videm o material em fragmentos centimétricos a
aless@cesec.ufpr.br). decimétricos. Além das superfícies polidas, os solos da
R.B. Boszczowski trabalha no Instituto de Tecnologia para o Desenvol- Bacia de Curitiba apresentam fraturamentos diversos, re-
vimento (e-mail: roberta.bomfim@lactec.org.br).
P.R. Chamecki trabalha no Instituto de Tecnologia para o Desenvolvi-
sultantes dos processos tectônicos que atuaram no Rift
mento (e-mail: chamecki@lactec.org.br). Continental do Sudeste do Brasil.

II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica 145


Distribuição de Energia Elétrica Enquanto que o sobre-adensamento e ligações como uma ferramenta de investigação geotécnica. São pro-
diagenéticas elevaram a consistência da matriz argilosa, as vavelmente os ensaios de solos mais antigos e simples.
descontinuidades reduziram a resistência dos maciços como Consistem basicamente na cravação de uma ponteira me-
um todo. Apesar da baixa compressibilidade, as argilas rijas tálica no solo, através de percussão, usando-se um peso de
e duras de Curitiba possuem características que tornam fre- massa e altura de queda padronizados (Butcher et al.,1996).
qüente a ocorrência de acidentes em obras. Comportamen- Durante o ensaio, conta-se o número de golpes necessári-
tos inesperados envolvem fundações, escavações e taludes os para cravar a ponteira, criando-se um registro de gol-
(e.g. Massad et al., 1981). Devido aos fraturamentos, a re- pes / 10 cm (N10) ao longo da profundidade.
sistência ao cisalhamento dos solos da Formação Guabirotuba Tendo-se em vista a simplicidade operacional do DPL,
é influenciada por efeitos de escala (Kormann, 2002). considerou-se oportuno incluir o ensaio na presente pes-
quisa, com vistas a uma possível utilização em investiga-
ções geotécnicas de linhas de distribuição. A Figura 2 re-
sume os resultados da sondagem. O furo em questão está
III. INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS situado a 2,7 m do poste submetido à prova de carga.
Diferentes ferramentas de investigação geotécnica se
concentraram na Área 2 do Sítio Experimental de
Geotecnia, buscando-se caracterizar adequadamente o ter-
reno. Dentre outras sondagens, os estudos envolveram
ensaios SPT, CPT e DPL.

A. Sondagens SPT
Foram executados 15 furos de sondagem a percussão
de simples reconhecimento. A profundidade das perfura-
ções variou entre 10,25 e 13,40 m. Em linhas gerais, a Área
2 do Sítio Experimental exibe um horizonte orgânico na
superfície do terreno, que em alguns pontos, chega à pro-
fundidade aproximada de 1,5 m. Imediatamente abaixo do
horizonte orgânico, pode-se identificar a presença de ma-
teriais argilosos e siltosos, com tons vermelhos, amarelos
e marrons. Tais colorações estão usualmente associadas a
processos de laterização. A profundidade até onde esse
fenômeno pode ser observado se situa tipicamente entre 2
e 5 m. O número de golpes na região de solo alterado varia
entre 2 e 18. Abaixo dos materiais alterados surgem argi-
las rijas a duras, com colorações cinza e marrom. O NSPT
desses materiais é elevado, facilmente excedendo a 20 gol-
pes. Além dos solos argilosos, o perfil da Área exibe lentes
arenosas, característica típica da Formação Guabirotuba.

B. Ensaios CPT
Os dados de ensaios de cone realizados estão apresen- FIGURA 1 - Dados de resistência de ponta das sondagens CPT
tados na Figura 1, através de um gráfico que mostra a vari- da Área 2.
ação da resistência de ponta ao longo da profundidade.
Os dados de resistência de ponta mostram um cresci-
mento contínuo da resistência com a profundidade. Em ge-
ral, os sedimentos mais superficiais que, conforme descri-
to anteriormente, exibem sinais de plintificação ou
laterização, possuem resistências de ponta inferiores a 6,0
MPa. À medida que a profundidade aumenta, ocorre um
incremento nas resistências, tendo-se alcançado 8 a 12 MPa
nas prospecções mais profundas.

C. Ensaio de DPL – Penetrômetro Dinâmico Leve


Em diversos países, particularmente na Europa, son- FIGURA 2 - Dados do ensaio DPL executado próximo ao poste
de distribuição.
dagens dinâmicas vêm sendo utilizadas há bastante tempo

146 ANAIS DO II CITENEL / 2003


IV. PROVA DE CARGA EM POSTE DE camentos e a rotação do poste eram registrados. Para efeito
DISTRIBUIÇÃO da prova de carga em questão, considerou-se aceitável que
a rotação no nível da instrumentação apresentasse uma vari-
A. Instalação do poste
ação, entre duas leituras consecutivas, igual ou inferior a
Para estudar o desempenho da fundação de uma es-
0,05º. O descarregamento foi realizado em três etapas (0,98,
trutura de distribuição, foi selecionado um poste de con-
0,49 e 0,00 kN), com uma duração de 15 minutos cada.
creto armado do tipo B-300. Esse elemento possui uma
seção transversal em forma de duplo T e seu comprimento
D. Resultados da prova de carga
é igual a 10,5 m. A escolha do poste em questão deu-se em
Na Figura 4 são apresentados os deslocamentos hori-
função de sua ampla utilização nas linhas de distribuição
zontais, obtidos a partir das informações dos relógios
urbanas da COPEL.
comparadores a 40 cm do nível do terreno. No último es-
Para a instalação do poste no Sítio Experimental, foi
tágio do carregamento, que correspondeu a uma força ho-
aberta uma escavação com seção transversal quadrada (80
rizontal de 1,45 N, a translação do poste chegou a 58 e 77
x 80 cm) e 165 cm de profundidade. Após o posicionamento
mm, respectivamente a 40 e 90 cm do nível do terreno.
do poste na cava, procedeu-se a um reaterro que, para efeito
Nessas duas posições, após o completo descarregamento,
da pesquisa, envolveu um controle da energia de
os deslocamentos permanentes resultaram em 55 e 71 mm.
compactação. O solo natural foi compactado em camadas
A Figura 5 apresenta a evolução da rotação do poste,
de 20 cm de material solto, mediante a aplicação de 50
no nível da instrumentação, em função dos momentos apli-
golpes de um peso de 106 N (10,9 kgf). A altura de queda
cados. Na figura, estão indicadas as rotações tanto na dire-
do soquete foi fixada em aproximadamente 40 cm.
ção de aplicação da carga (“A”) como no plano perpendi-
cular à mesma (“B”), obtidas com o inclinômetro.
B. Instrumentação e aplicação da carga
Após a instalação do poste de distribuição, procedeu-
se aos preparativos para a execução da prova de carga. O
arranjo do ensaio pode ser observado na Figura 3.
Para aplicar os esforços ao poste, posicionou-se um
cabo de aço a 55 cm do topo do elemento. Na outra extre-
midade, o cabo foi solidarizado a um bloco de concreto
armado, o qual serviu como reação. O ângulo formado entre
o cabo de aço e a horizontal era de 22,1º.
A aplicação de cargas de tração no cabo de aço se
deu através de uma talha manual, com capacidade de 4,9
kN (500 kgf), a qual foi instalada junto ao bloco de reação.
Os carregamentos foram controlados através de um
dinamômetro aferido, com capacidade de 9,8 kN (1000
kgf), com resolução de 98 N (10 kgf).
Para monitorar a evolução da translação e rotação do
poste durante o ensaio, foram instalados dois pares de relógi-
os comparadores, na direção de aplicação das cargas (faces
“cavadas”). A altura dos pares de extensômetros, em relação
ao nível do terreno, eram iguais a 40 e 90 cm. Além dos reló- FIGURA 3 – Arranjo da prova de carga e detalhe da
gios comparadores, as rotações do poste foram medidas tam- instrumentação.
bém com o auxílio de um inclinômetro. O inclinômetro foi
posicionado verticalmente em uma das faces lisas do poste,
situando-se seu plano médio a 65 cm do nível do terreno.
Para a medição de deslocamentos verticais, dois relógios
comparadores foram colocados nas faces lisas do poste, apoi-
ados em vigas transversais horizontais, a 30 cm do terreno.

C. Execução da prova de carga


A prova de carga foi executada aplicando-se incremen-
tos graduais de tração no cabo de aço, através do
acionamento da talha. O ensaio compreendeu seis estágios
de carregamento: 0,29, 0,59, 0,88, 1,18, 1,37 e 1,57 kN.
Procurou-se manter cada incremento de carga durante um FIGURA 4 - Evolução dos deslocamentos horizontais a 40 cm
intervalo que favorecesse a estabilização das deformações do nível do terreno, em função da componente horizontal da
do sistema. Após a aplicação de cada incremento, os deslo- força aplicada.

II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica 147


Distribuição de Energia Elétrica Além da energia de compactação, outro aspecto
interveniente na densidade do solo do reaterro refere-se à
umidade. Uma vez que, por razões de ordem prática, o
solo utilizado nas obras acaba sendo compactado sem
controle de umidade – ou seja, no estado em que o material
se encontra no momento da execução – reduções adicionais
na densidade também podem ocorrer.

VI. CONCLUSÕES
As fundações de postes diretamente engastados muitas
vezes envolvem a abertura de uma cava no terreno, com
FIGURA 5 - Evolução da rotação do poste no nível da uma profundidade de 60 cm mais 10 % da altura do
instrumentação, em função do momento aplicado – dados do elemento estrutural. Embora essa regra seja largamente
inclinômetro.
difundida, inclusive internacionalmente, a mesma não
incorpora propriedades do solo, sendo questionável a sua
aplicação irrestrita a todas as geologias. É importante um
estudo geotécnico prévio, que permita dimensionar
V. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
adequadamente o embutimento da estrutura.
Os resultados da prova de carga no poste de distribuição Além do controle de qualidade na fabricação dos
evidenciam importantes aspectos, relacionados com o elementos estruturais como peça de concreto armado,
desempenho da fundação do elemento estrutural em estudo. melhorias poderão advir intensificando-se a fiscalização das
As rotações e deslocamentos medidos na prova de carga empreiteiras que instalam postes em linhas de distribuição.
mostraram-se elevados para a magnitude das forças horizontais No caso de estruturas cuja fundação envolve a execução
e momentos aplicados. Com base nos dados disponíveis, pode- de reaterros, uma compactação eficiente do solo tenderá a
se estimar que o deslocamento horizontal no topo do poste melhorar a rigidez ao tombamento.
chegou a exceder 70 cm durante a prova de carga. Na instalação do poste de distribuição do presente
Deve-se observar que o poste em questão é dimensionado estudo – em que se procurou simular condições de execução
estruturalmente para receber cargas de 3 kN. Os resultados típicas – a energia de compactação mostrou-se em torno
da prova de carga em questão indicam que esse carregamento de 17 % do Proctor normal. Conseqüentemente, o grau de
produziria deformações significativas no solo de fundação, compactação alcançado no campo tendeu a ser reduzido.
com um elevado “desaprumo” do elemento estrutural. Na prática, a dificuldade de se conciliar o aproveitamento
A forma das curvas força x deslocamento ou momento do solo retirado da cava com as condições ideais de umidade
x rotação não permite que se proceda a uma extrapolação também contribui para reduzir a densidade do reaterro.
para a identificação da solicitação associada à condição
última. É interessante notar que, nos últimos estágios do
carregamento, a rigidez da interação fundação – elemento VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
estrutural (ou o gradiente das curvas) mantém-se
[1] BUTCHER, A. P., McElmeel, K., Powell, J. J. M. “Dynamic probing
aproximadamente constante. Esse comportamento and its use in clay soils,” in Advances in site investigation practice,
possivelmente se deve à mobilização, nos primeiros Londres: Thomas Telford, , pp. 383 – 395.
incrementos de carga, sobretudo da resistência do material [2] CHAMECKI, P.R., Kormann, A.C.M., Nascimento, N.A.,
Dyminski, A.S. “Sítio Experimental de Geotecnia da UFPR – Ob-
do reaterro. A partir de um certo nível de carregamento, jetivos e Dados Preliminares”. In Anais 1998 ABMS XI Congresso
ocorreria a plastificação plena do solo compactado, Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica.
passando-se então a solicitar mais significativamente o [3] KORMANN, A.C.M. “Comportamento geomecânico da Formação
Guabirotuba:estudos de campo e laboratório,” Tese de Doutorado,
terreno natural adjacente à fundação do poste. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 2002.
Os ensaios de compactação em laboratório mostram [4] MASSAD, F.; Rocha, J.L.R.; Yassuda, A.J. “Algumas característi-
que a reduzida energia utilizada na execução do reaterro cas geotécnicas de solos da Formação Guabirotuba”. In Anais 1981
Simpósio Brasileiro de Solos Tropicais em Engenharia, pp.706-723.
da cava (114 kNm/m3) conduz a densidades inferiores às [5] ORLANDO, C. “Fundações submetidas a esforços verticais axiais
correspondentes à condição ótima do Proctor normal (670 de tração. Análise de provas de carga de tubulões em areias poro-
sas,” Dissertação de Mestrado, Escola Politécnica da Universidade
kNm/m3). Como conseqüência, o grau de compactação
de São Paulo, 1985.
que o material pode alcançar no campo é reduzido. No [6] PALADINO, L. “Fundações para torres de linhas de transmissão”.
presente estudo, considerando-se a umidade média do solo In Anais 1975 Congresso Panamericano de Mecânica dos Solos e
Engenharia de Fundações., pp. 437 – 449.
por ocasião do reaterro (39 %) e analisando-se as curvas
[7] ROJAS-GONZALES, L. F., Digioia, A. M. Jr., Longo, V. J. “A new
de compactação do material, pode-se verificar que o grau design approach for direct embedment foundations.” IEEE
de compactação médio dificilmente excederia 75 %. Transactions on Power Delivery, vol. 6, pp. 1336 – 1340, Apr. 1991.

148 ANAIS DO II CITENEL / 2003


Malhas de Aterramento do Sistema Elétrico
da Concessionária Manaus Energia S.A.:
Estudos de Casos
J.T.D.Alkmin, N.S.Campelo, F.C.R.Souza, A.C. de Melo Jr., L.C. Cordeiro,
E.C. da Paz, D.S. Paz Jr., A.F. Aragão, NEFEN/UFAM

RESUMO Nesta oportunidade, são apresentados estudos de ca-


O presente trabalho faz uma abordagem generalizada sobre sos relativos aos valores da resistência de aterramento, das
sistemas de aterramento, tomando-se como estudos de casos, malhas do sistema de distribuição da concessionária Manaus
um determinado arranjo de malha de aterramento de rede de Energia S.A., em alguns alimentadores, medindo-se a refe-
distribuição aérea de energia elétrica, da concessionária local,
analisando-se os valores típicos de resistividade do solo, va- rida grandeza, no ponto de instalação da malha de um trans-
lores de resistência de aterramento simulados e os valores re- formador, em duas condições: quando conectada ao siste-
ais encontrados, após a implementação da malha. Finaliza-se ma (resistência de aterramento equivalente) e quando
com observações obtidas em campo, dos valores de resistên-
cia de aterramento do sistema de distribuição e dos valores
desconectada do sistema (resistência de aterramento pon-
verificados nas instalações do consumidor. tual de malha especifica).

PALAVRAS-CHAVE
Malhas de aterramento, redes de distribuição, resistividade II. METÓDOS APLICADOS
elétrica aparente do solo, sistema elétrico.
Os métodos adotados nestes estudos de casos são de
aplicação direta e imediata, ilustrando-se, a seguir, os princi-
I. INTRODUÇÃO pais tópicos necessários para o desenvolvimento do trabalho:
O projeto de um sistema de aterramento, seja ele cons- • Estudo da resistividade do solo no local da construção
tituído desde um pequeno sistema com malha de aterramento do sistema de aterramento, com o uso do resistivímetro
simples em linha, ou de pequeno porte, até aos mais com- Syscal Jr., de leitura digital, fabricado pela Íris Instruments,
plexos, compostos de grandes malhas de significativa exten- utilizando-se do método de Schlumberger [1];
são, requer efetivamente o cálculo da resistência de • Estratificação do solo em duas, três e quatro cama-
aterramento e dos potenciais na superfície do solo, sendo das, com a utilização do programa computacional
que este sistema de aterramento é elaborado com o objetivo Tecat Pro IV;
de ser um elemento ativo no circuito, devido às necessida- • Simulação da resistência de aterramento para diversos
des de segurança das pessoas, em contato ou próximas às arranjos, através do programa computacional Tecat Pro
partes condutoras, e manter a continuidade do sistema elé- IV, tendo-se como referência, a malha de terra preli-
trico. A realização de um sistema de aterramento tem como minar definida em projeto;
uma das premissas básicas, determinar o menor valor possí- • Construção da malha de aterramento definida em pro-
vel da resistência de aterramento, não permitindo que sejam jeto em diversas etapas, com a colocação dos eletro-
ultrapassados os valores de potenciais que originam corren- dos verticais, sua interligação com eletrodos horizon-
tes capazes de provocar fibrilação ventricular. tais, sendo medida a resistência de aterramento da
Todavia, é importante observar uma perfeita conexão malha em questão, em cada uma de suas etapas, con-
entre o sistema elétrico em questão e a terra (sendo o solo vergindo a construção da malha de projeto para a con-
um elemento condutor), através de um sistema de figuração obtida na simulação computacional, que
aterramento que seja viável e econômico e não coloque em otimizasse o sistema de aterramento;
risco pessoas, equipamentos e animais. • Medição da resistência de aterramento nas diversas eta-
pas da construção da malha de aterramento, utilizan-
do-se de um terrômetro MT-100 WAF, da Megabrás
Este trabalho foi financiado integralmente pela Manaus Energia S.A. Instrumentos, devidamente calibrado e aferido;
(ciclo P&D 2000-2001). • Comparação dos valores da resistência de aterramento,
Todos os autores são professores e discentes vinculados ao Núcleo de obtidos através da simulação com uso do Tecat Pro IV,
Eficiência Energética (NEFEN), da Universidade Federal do Amazonas
(UFAM) (e-mail do coordenador: ncampelo@ufam.edu.br). e os valores reais efetivamente medidos em campo.

II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica 149


Distribuição de Energia Elétrica III. ESTUDO COM MALHAS DE a conexão da malha de aterramento ao cabo de descida dos
ATERRAMENTO DO SISTEMA ELÉTRICO pára-raios, às conexões das massas do banco de capacitores,
DA MANAUS ENERGIA S.A. e ao neutro da rede de baixa tensão, realizaram-se mais duas
medidas, cujos valores de resistências de aterramento tive-
O monitoramento das malhas de aterramento do sis-
ram uma redução muito pequena, da ordem de 8 % do valor
tema de distribuição de energia da Concessionária foi rea-
de resistência de aterramento, quando na condição de malha
lizado em duas condições: quando a malha estivesse efeti-
desconectada do sistema de distribuição.
vamente interligada ao sistema e quando não estivesse. Para
Todavia, o fato pode ser melhor compreendido, quan-
tanto, foi necessária uma programação para que estes es-
do se averiguou as características da rede de distribuição
tudos fossem realizados; tal fato seria concretizado, quan-
nesta área em questão, observando-se que o neutro não era
do um determinado alimentador fosse desenergizado, para
contínuo, como também não era interligado à malha da sub-
manutenção ou provável ampliação. Para realização do
estação de origem do alimentador.A Tabela 3 ilustra os va-
evento, foi mantido contato com o departamento do COD
lores medidos e os simulados para a sonda em questão.
(Centro de Operações da Distribuição), da Manaus Ener-
Uma outra abordagem, realizada no sistema de distri-
gia S.A., onde foi determinado para o dia 15/12/2002, do-
buição da Manaus Energia, foi a de se analisar o valor de
mingo, uma paralisação do alimentador F-8, com origem
resistência de aterramento de uma malha do sistema, por
na subestação de Flores, ao longo da avenida Constantino
exemplo, de um ponto com transformador, e os valores da
Nery. Os serviços no alimentador compreendiam a transfe-
resistência de aterramento dos consumidores adjacentes a
rência do consumidor Ambev, para nova configuração do
este ponto, no intuito de se verificar as características das
sistema, e a instalação de um banco de capacitores. Na
influências do aterramento impulsivo no secundário, quan-
mesma data, na avenida Torquato Tapajós, até a confluên-
to à tensão entre neutro e terra no consumidor.
cia do anel viário do viaduto com destino ao bairro da Ci-
Para tanto, foram feitas cinco medições de resistência de
dade Nova, havia outro serviço a ser executado, que era a
aterramento de um transformador e dois consumidores ali-
recapacitação do alimentador F-4, também com origem na
mentados em baixa tensão, sendo o transformador interligado
subestação de Flores. Nesta oportunidade, o clima estava
no alimentador F-4, situado na avenida Torquato Tapajós,
ameno, com chuvas esparsas e solo úmido. Mesmo assim,
conforme referência anterior. A potência do equipamento era
foi possível realizar na avenida Constantino Nery a análise
de 30 kVA, localizado no poste 5-F-4–13 (07); os ensaios
de uma malha de aterramento, que foi construída para aten-
foram realizados quando da desenergização do alimentador.
dimento do banco de capacitores; tal malha era constituída
Ressalta-se ainda que por restrições construtivas e li-
de quatro hastes de f 5/8" x 2,40 metros, interligados entre
mitações da fiscalização dos serviços no alimentador, não
si com condutor de cobre nu, com seção de 35 mm2, inclu-
foi possível obter o valor da resistência de aterramento da
sive para a descida dos pára-raios e conexões com as mas-
malha do sistema em questão, quando desconectada do sis-
sas dos capacitores e do neutro.
tema, todavia, os valores obtidos são suficientes para aná-
As Tabelas 1 e 2 mostram os valores das resistividades
lises preliminares.
elétricas aparentes (ρa) e das várias camadas estratificadas
(ρ1, ρ2, ρ3, ρ4), além das espessuras das camadas (h1, h2, h3).
TABELA 1
Na construção da malha de aterramento para o banco Resistividade aparente das sondas da Constantino Nery e
de capacitores, foram realizadas medições da resistência Torquato Tapajós. Data: 15/12/2002.
de aterramento, para os arranjos de uma e duas hastes, Distância (m) Sonda Constantino Sonda Torquato
sem os condutores de interligação, bem como na configu- Nery ρa ( Ω x m ) Tapajós ρa ( Ω x m )
ração final da malha, sendo então comparadas com os va- 1 88,40 137,70
lores da resistência de aterramento, simulados com a ferra- 2 102,80 168,10
menta computacional (condição disponível de acordo com 3 87,30 192,20
as características de solo, obtidas na sondagem realizada). 4 95,60 223,50
Foram medidas as resistências de aterramento da malha na
5 94,90 256,80
sua concepção final, para as duas situações, interligada ao
6 98,70 292,20
sistema e quando não interligada.
7 101,00 317,10
De posse dos dados obtidos com a estratificação do
8 102,10 336,20
solo para a sonda da Constantino Nery, no ponto considera-
9 101,00 343,50
do, observa-se que são baixos os valores da resistividade do
solo; logo, para se ter um resultado otimizado para a resis- 10 100,80 354,60
tência de aterramento, não seria necessária uma malha de 15 99,80 284,70
aterramento com grande numero de hastes verticais, interli- 20 106,50 221,30
gadas entre si com condutor de cobre nu. De fato, isto ocor- 25 - 146,00
re na prática, pois a malha construída com quatro hastes e 30 - 47,40
interligada entre si com cabo de cobre nu resultou em valo- 35 - 26,60
res médios de 12,50 Ω, muito próximo do valor médio si- 40 - 381,60
mulado, que indicou um resultado igual a 12,81 Ω, quando 45 - 181,90
considerada somente a malha não conectada ao sistema. Após 50 - 26,80

150 ANAIS DO II CITENEL / 2003


TABELA 2
Estratificação do solo em camadas, das sondas da Constantino Nery e Torquato Tapajós
Estrati-ficação2 Camadas3 Camadas4 Camadas
Sondas ρ1Ω x m ρ2Ω x m h1(m) ρ1Ω x m ρ2Ω x m ρ3Ω x m h1(m) h2(m) ρ1Ω x m ρ2Ω x m ρ3Ω x m ρ4Ω x m h1(m) h2(m) η3(µ)
Constant. Nery 91,2 103,9 2,1 87,7 99,9 176,9 0,8 26,6 80,9 124,2 71,6 103,0 0,5 1,1 1,6
Torquato Tapajós 220 15,0 10,1 60,9 682,9 17,7 0,5 4,4 115,9 199,4 1000 173,4 0,5 3,1 3,7

TABELA 3
Resistências de aterramento para a malha da sonda da Constantino Nery
Valores Medidos Valores Simulados
Arranjo 1a Leitura 2a Leitura Média Leitura 2 Camadas 4 Camadas Média
Malha Ω (ohms) Ω (ohms) Ω (ohms) Ω (ohms) Ω (ohms) Ω (ohms)
R 1 Haste 67,00 70,00 68,50 37,74 45,06 41,40
R 2 Haste 70,00 69,00 69,50 20,87 26,24 23,55
R 4 HasteC/ Cabo 12,00 13,00 12,50 11,15 14,48 12,81
R Malha Desconectada 12,00 13,00 12,50 11,15 14,48 12,81
R Malha Conectada 12,00 11,00 11,50 Medições realizadas com solo úmido

Foi efetuada uma sondagem para os dois pontos em ques- TABELA 4


tão, um na Constantino Nery e outro na Torquato Tapajós, RESISTÊNCIA DE ATERRAMENTO DO SISTEMA E
com a finalidade de se obter as resistividades elétricas aparen- DO CONSUMIDOR DO ALIMENTADOR F 4
tes do solo para estas localidades, bem como proceder à Resistência Conectado Desconectado Obs.
Ω (ohms) Ω (ohms)
estratificação em duas, três e quatro camadas destes pontos.
Sistema Trafo 23 - Solo Seco
De posse dos valores de resistência de aterramento
Consumidor 1 BT 38 1065 Solo Seco
medidas no local e dos valores resultantes da simulação
Consumidor 2 BT 56 125 Solo Seco
feita para a sonda do local considerado, observa-se que a
resistência de aterra-mento medida do transformador é bem TABELA 5
próxima dos valores simulados, para uma configuração tí-
Valores de resistência de aterramento para a sonda da Torquato Tapajós
pica com quatro hastes, interligadas com condutores de Resistência Valores Simulados
cobre nu, situação esta que caracteriza os módulos de ma- da Malha 2 Camadas 3 Camadas 4 Camadas Valores Médios
lhas de aterramento da concessionária. Ω (ohms) Ω (ohms) Ω (ohms) Ω (ohms)
R 1 Haste 87,21 92,68 70,06 83,31
Para o caso dos consumidores, quando os valores são
R 2 Haste 45,96 109,73 41,85 65,84
referidos ao neutro conectado, obtêm-se valores de resis-
R 3 Hastecom cabo 27,35 42,98 25,11 31,81
tência de aterramento maiores que os valores obtidos no
R 4 Hastecom cabo 24,24 35,25 23,26 27,58
transformador. Quando se desconecta o neutro dos consu-
R 5 Hastecom cabo 17,76 30,69 16,95 21,80
midores, as resistências de aterramento assumem um valor
R 6 Haste 15,18 27,29 14,74 19,07
bem mais alto, ocorrendo uma discrepância significativa para
R 8 Haste 12,11 24,21 12,46 16,26
o consumidor 1. Esta situação pode ser caracterizada por R 10 Haste 9,66 19,61 9,95 13,07
um rompimento do condutor de interligação malha-carcaça, R 12 Haste 7,82 19,03 8,51 11,78
da caixa de medição ou até mesmo a corrosão efetiva entre R 16 Haste 6,25 14,34 6,89 9,16
condutor–haste do aterramento do consumidor.
Os outros valores de resistência de aterramento medi-
dos estão coerentes entre os dados obtidos com a medição e
IV. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
os valores encontrados com a simulação, podendo ocorrer
desvios percentuais de até 50 %. para mais ou para menos. Nas investigações realizadas no âmbito do sistema de
De uma forma geral, as condições apresentadas tanto distribuição de energia da concessionária, observou-se, de
pelo sistema quanto pelos consumidores, atendem aos re- forma generalizada, que o neutro da rede não é multi-ater-
quisitos necessários em favor da segurança do consumidor rado, pois não se interliga efetivamente à malha de
[2]. As Tabelas 4 e 5 ilustram, respectivamente, os valores aterramento na origem da fonte (subestação), no entanto,
de resistência de aterramento medidas no local, e os dados pode-se considerá-lo com predominância de neutro contí-
de resistência de aterramento definidas na simulação nuo, ocorrendo, contudo, diversas situações de
descontinuidade do neutro.
computacional, para a sonda da Torquato Tapajós, na área
Outra verificação feita no sistema de distribuição da
considerada neste estudo.

II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica 151


Distribuição de Energia Elétrica concessionária, foi a dificuldade no acesso ao ponto para a
inspeção e medição da resistência de aterramento, apre- V. AGRADECIMENTOS
sentando tais situações em diversos pontos investigados.
Os autores desejam expressar o seu agradecimento
Observa-se ainda que não é prática usual a realização
aos Srs. Engenheiros Alcyr de Pinho Corrêa e Paulo Jorge
de medições de resistência de aterramento das malhas do
Valente Caxeixa, da Manaus Energia S.A., gerentes do pro-
sistema de distribuição.
jeto P&D, cujo conteúdo gerou este artigo, pelo apoio re-
A partir dos dados obtidos no estudo realizado, tanto
cebido durante todo o desenvolvimento da pesquisa.
os valores medidos como os indicados nas simulações com
a ferramenta computacional, aliadas às verificações
efetuadas no sistema de malha de aterramento da rede de
VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIA
distribuição de energia elétrica, capacitam e permitem des-
crever algumas recomendações típicas: [1] ABNT Medição da Resistividade do Solo, ABNT NBR 7117/1981.
[2] C.L.S. Pinto, “Comportamento do aterramento de sistemas e equi-
• Para o caso de malhas de aterramento para sistema pamentos de distribuição sob impulso”, Dissertação de Mestrado,
de distribuição com neutro multi-aterrado, a resis- Escola Politécnica de São Paulo – EP/USP, São Paulo SP, 1999.
tência de aterramento da malha em questão pode as- [3] D.S.F. Gomes, F.F. Macedo e S.M. Guilliod, “Aterramento e prote-
ção contra sobretensões em sistemas aéreos de distribuição”, Cole-
sumir um valor qualquer, pois os aterramentos fica- ção Distribuição de Energia Elétrica, vol. 7, Eletrobrás, Niterói,
rão todos interligados e se auxiliam mutuamente [3]; RJ, 1990.
• Procurar efetivar de alguma forma na área urbana de
distribuição de energia, o sistema de neutro contínuo
e multi-aterrado;
• Estabelecer alguns procedimentos básicos para a
construção de malhas de aterramento para distribui-
ção, definindo sistematicamente profundidade da ma-
lha, tipo de conexão, ponto de inspeção, padroniza-
ção dos materiais, etc., e seguindo os métodos pre-
conizados neste trabalho;
• Estabelecer procedimentos para efetuar medições da
resistência de aterramento das malhas do sistema.

Desta forma, pode-se contribuir efetivamente, para


subsidiar a tomada de decisão dos departamentos de enge-
nharia e planejamento da concessionária, em relação às
ações necessárias para serem implementadas no sentido da
otimização das malhas de aterramento, do sistema elétrico
da rede distribuição.

152 ANAIS DO II CITENEL / 2003


Projeto de um Conector para servir de Massa
de Sacrifício durante Curtos-Circuitos nos
Pórticos de Saída de Alimentadores de 13,8 kV
R. M. Coutinho, F. Castro Jr., H. L. Paula, E. M. J. Vaz,
P.R.F.C.Costa CEMIG ( Companhia Energética de Minas Gerais)

RESUMO longa investigação e ensaios [1,2,3,4], constatou-se que tal


Este trabalho apresenta os resultados de um projeto de pes- fenômeno ocorre porque o arco elétrico não tem capacidade
quisa desenvolvido pela Cemig (Companhia Energética de de se propagar através de materiais isolantes, pois a sua ten-
Minas Gerais), financiado pela ANEEL, no qual foram são é muito pequena. Quando é iniciado o arco, ele propaga-
projetados e testados conectores para servirem de massa de
sacrifício na junção entre os barramentos nus e os cabos pro- se no sentido oposto ao da fonte. Normalmente não provoca
tegidos instalados nas saídas dos alimentadores de 13,8 kV danos no caminho, somente onde ele fica parado. Por isso,
das subestações. Os ensaios de arcos de potência foram reali- fins de barramentos, junção de cabos nus com isolados, pro-
zados no Cepel ( Centro de Pesquisas de Energia Elétrica) e
tegidos ou coberturas de materiais isolantes são pontos críti-
comprovaram a eficácia da solução.
cos. Nesses pontos, ele transforma a energia eletromagnética
PALAVRAS-CHAVE
em calor, agindo como se fosse uma máquina de solda, per-
Conector, arcos elétricos de potência, curtos-circuitos ,
subestações.
manecendo até que o sistema elétrico seja desligado pela atu-
ação da proteção e dos disjuntores. A Figura 2 ilustra esse
fenômeno. No caso da Cemig, esses pontos do sistema são
protegidos pelo disjuntor geral da subestação (barra de 13,8
I. INTRODUÇÃO kV), o qual, por necessitar coordenação com os disjuntores e
O setor de 13,8kV das subestações de distribuição religadores das saídas dos alimentadores, tem tempo mais ele-
externas é o que apresenta a maior quantidade de ocorrên- vado, da ordem de 1 segundo. Por várias vezes verificou-se
cias, ocasionando desligamentos, algumas vezes prolon- esse fenômeno em subestações, muitas delas cortando tubos
gados, em virtude de danos em materiais e equipamentos. espessos e até cabos com alma de aço.
As causas são os pequenos afastamentos existentes entre A idéia desse projeto é instalar uma massa nesses pon-
os centros de buchas, alturas reduzidas entre estas e carca- tos, exceto fins de barramento, chamada conector de sacri-
ça do equipamento e entre isolador de pedestal e estrutura, fício, o qual deverá suportar o arco elétrico até que o siste-
quando da presença de pássaros e pequenos animais, e ain- ma seja desligado. Ao invés do arco danificar os cabos, rom-
da, falhas no desempenho de materiais, principalmente dos pendo-os, e consequentemente desligando o alimentador, ele
isoladores de pedestal, ocasionando, em todos os casos, danificará o conector de sacrifício, evitando assim danos nos
arcos elétricos. A Figura 1 mostra um desses arcos, os quais cabos, nos equipamentos e reduzindo os tempos de desliga-
podem atingir temperaturas muito elevadas e têm um po- mento dos consumidores. Isso, evidentemente acarretará uma
der de destruição muito grande. melhoria dos índices de DEC e FEC da empresa, além de
Quando as coberturas protetoras começaram a ser ins- uma redução nos custos de manutenção.
taladas nas subestações com o objetivo de evitar curtos-cir-
cuitos provocados por pássaros e pequenos animais na região
das buchas dos equipamentos, um outro problema começou a
aparecer. Quando ocorria um arco elétrico no pórtico da
subestação, os tubos e cabos eram cortados por estes arcos,
justamente na junção entre o cabo nu e a cobertura de buchas.
Com a introdução dos cabos protegidos, o ponto de rompi-
mento passou a ser a junção entre os dois cabos. Após uma

Este trabalho foi apoiado pela ANEEL


R.M. Coutinho trabalha na Companhia Energética de Minas Gerais
(e-mail: coutinho@cemig.com.br).
F. Castro Jr. trabalha na Companhia Energética de Minas Gerais (e-mail:
frcastro@cemig.com.br). FIGURA 1 - Arco elétrico

II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica 153


Distribuição de Energia Elétrica A Figura 5 corresponde à estrutura montada para a
realização dos ensaios. Nela podem ser vistos os conectores
instalados nas três fases, na junção de cabos protegidos e
barramentos nus. A estrutura e o espaçamento entre fases
são os mesmos dos utilizados nas subestações da Cemig.

FIGURA 2 - Propagação do arco elétrico

II. PROJETO DOS CONECTORES


Para a realização dos ensaios, foram desenvolvidos 5
(cinco) protótipos de conectores, pois, por tratar-se de tes-
tes experimentais, não se sabia antecipadamente qual a for-
ma ou mesmo o material que cumpriria bem a função. Cada
modelo foi fabricado em liga de alumínio comercial ( Al
356) e em alumínio puro. A Figura 3 mostra um dos Legenda
conectores utilizados nos ensaios. ABC Barramento de 138 kV
T2 Transformadores de curto-circuito
B2 Disjuntores
M2 Chaves de fechamento síncrono
XL Reatores limitadores de corrente
Rsh Derivadores de corrente
DT Divisores de tensão
OT Objeto sob ensaio

FIGURA 4 - Circuito de ensaio

FIGURA 3 - Protótipo do conector utilizado

III. ENSAIOS
FIGURA 5 - Estrutura para realização dos ensaios
Os ensaios foram realizados no laboratório de alta
potência do Cepel, em Adrianópolis, Rio de Janeiro. A Fi-
gura 4 mostra o circuito utilizado. Foram provocados cur-
IV. RESULTADOS
tos-circuitos trifásicos de 10 kA (eficaz) em 13,8 kV, utili-
zando um pedaço de fio de cobre bastante fino, instalado Dos cinco modelos projetados, quatro realmente fo-
no barramento de forma a provocar curtos-circuitos com ram testados. O outro, por ser muito parecido com um
arco elétrico. Quando o sistema era energizado, a corrente modelo que passou nos ensaios, porém de fabricação mais
fundia o fio e o arco era formado. O valor do curto-circui- difícil, foi descartado.
to corresponde à máxima corrente que existe no sistema A Figura 6 mostra o resultado do primeiro conector
da Cemig, nesse nível de tensão. O tempo escolhido de ensaiado. É possível observar o fenômeno do corte dos
duração do arco foi 1 segundo, que está de acordo com os cabos e obviamente concluir que esse modelo de conector
tempos das proteções da empresa. não cumpriu a função a que se destinava.

154 ANAIS DO II CITENEL / 2003


FIGURA 6 - Resultado do primeiro conector ensaiado FIGURA 8 - Detalhe do cabo após o ensaio

A Figura 7 é o ensaio em dois modelos diferentes ao é possível evitar esse fenômeno com uma solução barata,
mesmo tempo. O conector em formato de cone suportou tanto do ponto de vista de material, quanto de instalação
bem o ensaio, mas não foi o escolhido porque tem mais do conector, já que ele pode ser instalado com muita faci-
massa que os demais. Os outros dois, em formato de bola, lidade e rapidez.
aparentemente protegeram os cabos, mas, na verdade, o O bom desempenho do conector escolhido deveu-se
desgaste foi muito grande e por muito pouco o cabo não ao fato dele afastar o arco elétrico do cabo.
foi atingido. Por isso, esse modelo não foi aprovado. Tanto os conectores de Alumínio 356, quanto puro,
O conector que será adotado é o das Figuras 3 e 5. A tiveram o mesmo desempenho. Por isso, a tendência é a
foto tirada após o ensaio, Figura 8, mostra com detalhes adoção da liga 356, pois é mais barata e mais fácil de en-
como ele protegeu o cabo. O arco veio pelo barramento contrar no mercado.
nu e parou na ponta do conector. Esse ensaio foi repetido
outras vezes e o resultado foi o mesmo.
VI. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem as contribuições dos colegas
V. CONCLUSÕES da Cemig S. B. Panatieri, L. F. Dias, G. M. Gontijo, C. D.
Pessoa, G. M. Brandão, F. A Ferreira, M. C. Oliveria e a
A principal conclusão desse trabalho é que realmente
todos os funcionários do laboratório do Cepel que tanto
contribuíram para a realização desse trabalho.

VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


[1] Baptista, Antônio Oswaldo Santiago e Coutinho, R. M., “Arcos de
potência em pórticos de 13,8 kV de subestações de distribuição
externas”. II Encontro Nacional de Engenharia de Alta Tensão,
UFMG
[2] McGraw, Michael G., “ Prevent line burndown with metal-mass
clamp”, Electrical World, pp. 107-109, December, 1981
[3] Relatório de ensaio UNIAP- 686/95-R
[4] Relatório de ensaio UNIAP-1052/96-R
[5] Relatório de ensaio UNIAP –812/2002-R

FIGURA 7 - Ensaio simultâneo

II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica 155


Distribuição de Energia Elétrica

Sensoriamento de Interrupções
em Redes de Distribuição Rural
J.A.Cipoli, M.A. De Marco, R. Kaminski

RESUMO ma de sensoriamento e monitoração remota de interrup-


Este trabalho apresenta um sistema autônomo de sensoria- ção no fornecimento de energia elétrica.
mento de ocorrência de interrupções em redes primárias ru- A originalidade do projeto pode ser indicada pelo de-
rais, com as seguintes características básicas:
senvolvimento do equipamento sensor que funciona inte-
a- Detecta a ocorrência de uma interrupção, seja ela
grado com o sistema de proteção e operação da CPFL na
monofásica, bifásica ou trifásica.
área rural, bem como o desenvolvimento dos equipamen-
b- Detecta a ocorrência de queda de condutor primário, mes-
mo estando o condutor rompido tocando o solo somente do tos complementares de comunicação.
lado da carga. Cabe acrescentar que os sensores e equipamentos
c- Detecta a ocorrência de uma ação de furto de condutores complementares terão de ser de baixo custo e facilidade de
primários
manutenção, pois serão utilizados em um sistema elé-
d- Comunica de forma autônoma o COD – Centro de Opera-
trico rural com mais de 50.000 Km de linhas classe 15 kV
ção da Distribuição a ocorrência detectada, utilizando o siste-
ma de telefonia celular rural incorporado ao sensor. da Companhia Paulista de Força e Luz, onde o número de
e- Auxilia a concessionária na identificação do equipamento dias de trovoadas varia de 60 a 100 por ano.
de proteção que operou. Priorizou-se a verificação em campo da funcionalida-
O sistema de sensoriamento foi desenvolvido e testado para de e do desempenho do sistema de sensoriamento face a
instalação no poste do transformador rural, ligado nos bornes
ocorrências na rede, auto-teste, influência de variação nas
secundários, antes da medição do consumidor, aproveitando
toda a infra-estrutura de transformação, proteção contra sur- condições do tempo e locais com sinal de comunicação
tos e aterramento já implantados. celular bom, regular, fraco e muito fraco.
Cumpre destacar que o conjunto completo de sensoriamento e Os testes iniciais concentraram-se no Centro de Trei-
comunicação já instalado, ainda na fase de protótipo, conse- namento da CPFL, no município de Paulínia – SP, localiza-
guiu atingir a meta prevista no projeto de P&D CPFL –
Mackenzie de não superar o valor de R$ 1500,00 por unidade. do a cerca de 20 km de Campinas.
Os testes realizados de janeiro a julho de 2002 com os 03 Em seguida o teste de campo se concentrou na pro-
protótipos foram amplamente favoráveis, estando atualmente priedade rural denominada Sítio Rio Manso, no município
a CPFL e o Mackenzie envolvidos na transformação do “pro- de Espírito Santo do Pinhal – SP, localizado a cerca de 100
tótipo” em “produto” e na certificação de fabricantes.1
km de Campinas, que é uma região onde o sinal de telefo-
PALAVRAS-CHAVE nia celular se situa na faixa de muito fraco/inexistente.
Distribuição, energia, interrupções, sensor, sensoriamento.

II. REQUISITOS ESTABELECIDOS PARA O


I . INTRODUÇÃO
SISTEMA DE SENSORIAMENTO
Este informe foi preparado a partir dos estudos e das
As premissas básicas estabelecidas para a pesquisa do
pesquisas desenvolvidos no Projeto de P&D “Sensoriamen-
sistema de sensoriamento a ser adotado conduziram às se-
to de Interrupções em Redes de Distribuição Rural”, reali-
guintes alternativas:
zado pela Universidade Mackenzie para a Companhia
Alternativa 1 - Avaliar o conjunto sensor baseado na
Paulista de Força e Luz.
tecnologia de um indicador de falta e comunicação basea-
O projeto de P&D teve por objetivo pesquisar, de-
da em rádio troncalizado e carregador solar.
senvolver, implantar em área piloto e aprimorar um siste-
Alternativa 2 – Avaliar conjunto composto por sensor e
sistemas de comunicação já disponíveis no mercado nacio-
nal e internacional.
J. A.Cipoli - engenheiro eletricista EPUSP/69, atualmente é professor e
pesquisador da Universidade Mackenzie, cipoli@lexxa.com.br. Alternativa 3 – Avaliar conjunto composto por sensor a
M. A. De Marco – engenheiro eletricista EFEI/75, atualmente é ser desenvolvido pela equipe do projeto, a ser instalado
pesquisador da Universidade Mackenzie.
nos bornes secundários do transformador, antes do medi-
R. Kaminski – engenheiro eletricista, FCTUC/79, atualmente é
engenheiro do Depto. de Operação da CPFL. dor do consumidor rural e celular rural.

156 ANAIS DO II CITENEL / 2003


Definiu-se também que a solução a ser escolhida poderia com a ocorrência de tais eventos, o sistema sensor respon-
ser o resultado de um mix de partes das alternativas anteriores. deria da seguinte forma:
Como requisito fundamental foi estabelecido que, o • Sentiria a ocorrência do evento,
sensor a ser escolhido deveria ser sensibilizado tanto por • Enviaria o correspondente sinal para o sistema de dis-
interrupções trifásicas como também por interrupções cagem automática,
monofásicas e o custo do sistema completo não poderia • O sistema de discagem acionaria o telefone programa-
exceder R$ 1500,00 por unidade. do como recebedor das chamadas e emitiria um aviso
tipo “short message” ou então mensagem de voz.

Os testes foram efetuados com o sistema de discagem


III. PESQUISA DO SENSOR
acessando tanto telefones celulares como telefones fixos.
A partir dos requisitos estabelecidos foram analisa- Os resultados obtidos foram muito bons e atenderam
dos vários sistemas de sensoriamento e o resultado é apre- as expectativas da equipe, pois foram simuladas situações
sentado a seguir. de ocorrência de falta de fase na rede de B.T e o sistema :
A alternativa 03 foi a escolhida em função da grande • a detectou,
quantidade de transformadores instalados ao longo das li- • estabeleceu a comunicação com a central de atendimento e,
nhas rurais, possibilitando a implantação de sensores • a informou que estava ocorrendo interrupção num dado
confiáveis na baixa tensão, em locais estratégicos para o ponto do sistema.
sistema elétrico.
Com referência ao sistema de comunicação, a equipe Na etapa de testes funcionais da versão 1.0 do protó-
técnica do Mackenzie, em conjunto com a equipe técnica da tipo, definiu-se que não haverá mensagem diferente para
CPFL concluiu que há grande dificuldade em se utilizar o sis- ocorrências de interrupções na rede e para o autoteste, isto
tema troncalizado, em função do preço do equipamento e tam- porque a probabilidade de ocorrer uma interrupção no exato
bém do custo de manutenção do mesmo. Em função dessa instante em que o sistema está efetuando e informando a
constatação, ficou definida que, com relação ao item comuni- central sobre o resultado do autoteste é muito baixa.
cação, seria priorizada a utilização da telefonia celular rural. Porém, o fator que mais pesou na decisão da equipe
A equipe técnica do Mackenzie efetuou pesquisa junto técnica em não manter mensagens diferenciadas para iden-
a vários prováveis fornecedores deste tipo de solução e, lo- tificação de ocorrências e para o autoteste foi o objetivo
calizou no mercado empresa que demonstrou o conhecimento pré-estabelecido, pela CPFL, de que o equipamento deve-
e a capacidade técnica necessária para executar a constru- ria ser o mais barato possível.
ção do sistema de sensoriamento proposto utilizando o sis-
tema de telefonia celular rural (que é sua especialidade). B. Versão 2.0
A versão 2.0 do protótipo do sistema “sensor / equi-
pamentos complementares”, teve implementado melhorias
IV. PROTÓTIPOS DO SISTEMA “SENSOR/ com relação à versão 1.0.
EQUIPAMENTOS COMPLEMENTARES” Ela foi submetida a situações simuladas de falta de
Os componentes básicos do protótipo são os se- fase na secundária e de falta de fase na primária e os resul-
guintes: tados atenderam às nossas expectativas e, o sistema res-
• Monitor trifásico de tensão: detecta as interrupções ori- pondeu de forma adequada.
ginadas na rede primária e no sistema de transmissão.É Durante os testes foram verificadas também as opera-
dotado de ajustes de tensão e do tempo de inibição. ções dos sistemas de temporização de discagem e de re-
• Temporizador: dispõe de ajustes de intervalos para o pouso que haviam sido implementados.
acionamento do sistema de comunicação durante as in- Quando dos testes funcionais da versão 2.0, em labo-
terrupções. ratório, verificou-se que, para algumas situações especiais
• Módulo de comunicação: composto de discadora, envolvendo a rede secundária, o sensor composto por
interface celular rural e do celular. contatores pode ficar oscilando quando a tensão de ali-
• Alimentação: bateria e fonte de alimentação. mentação dos mesmos permanece na faixa entre 80 e 180
• Autoteste: relé temporizador programável que efetua volts, mas ao atingir 60 volts o desligamento era definiti-
testes automáticos dos vários componentes do sistema. vo. Tal simulação foi efetuada com o auxílio de um varivolt.
A seguir é apresentada a evolução do equipamento : Porém, como esses testes em laboratório foram
efetuados a partir de uma rede secundária, o resultado dos
A. Versão 1.0 mesmos se aproxima do que ocorre quando da interrupção
Os testes funcionais, em bancada, da versão 1.0 do de uma fase da rede primária, mas os resultados não são
protótipo do sistema “sensor/equipamentos complementa- exatamente os mesmos.
res” consistiram de simulações de ocorrências de falta de Definiu-se por avaliar melhor tais situações especiais, nos
energia na baixa tensão, mono e bifásica e a verificação se, testes a serem efetuados no Centro de Treinamento, da CPFL,

II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica 157


Distribuição de Energia Elétrica em Paulínia. Simulando faltas de fase primárias reais. Os tes- V. INSTALAÇÃO DO IDENTIFICADOR
tes de campo confirmaram os resultados obtidos em laborató- DE CHAMADAS
rio e, conseqüentemente a necessidade de substituição dos
Visando proporcionar maior flexibilidade ao sistema de
contatores que estavam sendo utilizados como sensores.
recepção de chamadas do “Sensor/Equipamentos Comple-
mentares”, foi pesquisado no mercado sistema de identifica-
C. Versão 3.0
ção de chamadas telefônicas, de baixo custo, com recursos
Em função da utilização de contatores, verificou-se
de exportação de dados para softwares do Microsoft Office
que em situações especiais, o sensor tinha possibilidade de
e que poderiam ser acoplados a um microcomputador.
indefinição de operação numa determinada faixa de ten-
O identificador escolhido foi um modelo desenvolvi-
são. Para solucionar este problema, de forma definitiva,
do no Brasil. O mesmo é acompanhado de software, com-
optou-se pela substituição dos três contatores por um relé
patível com o Windows 95/98, e que possibilita a rápida
trifásico “monitor de tensão com inibição e retardo”.
visualização de detalhes das ligações recebidas. Tal software
Tal providência foi tomada e a versão 3.0 foi subme-
foi complementado por um aplicativo em ACCESS que
tida a testes de campo.
filtra as chamadas, identifica o local do sensor e produz
Os testes de campo mostraram que dependendo do mix
relatórios de acompanhamento.
da carga da rede secundária as tensões fase-fase e fase-neutro
que ocorrem na BT, após a abertura de um elo fusível de
proteção na MT, são muito elevadas. Esta variação é maior
com a presença de reatores e ignitores de iluminação pública. VI. TESTES DE RECEPÇÃO DE SINAL DO
Após ajustes efetuados nos controles do relé para SISTEMA DE SENSORIAMENTO
adequá-lo ao comportamento dos componentes do siste-
A. Locais dos testes
ma elétrico (reatores e ignitores de I.P) quando da ocor-
Os testes foram realizados em regiões em que o sinal
rência de interrupções monofásicas na rede primária o sis-
de comunicação do sistema de telefonia celular se situasse
tema operou de forma adequada e sem “falsos alarmes”.
nas faixas : bom, médio e muito fraco/inexistente.
Tais locais escolhidos foram os seguintes :
D. Versão 4.0
A versão 4.0 do sistema sensor (figura 1), incorpora sig-
1 – Sinal Bom :
nificativas melhorias no que se refere à alimentação de todos
Centro de treinamento da CPFL, no município de
os seus componentes, incluindo a nova fonte de 12Vcc e o
recarregador de baterias que operam de forma independente. Paulínia, localizado a cerca de 20 km de Campinas.
Com a nova concepção do sistema a bateria somente
assume a carga quando ocorre operação do relé sensor, o 2 – Sinal de Médio para Baixo
que corresponde a falta de alimentação no circuito. Na região de divisa entre os municípios de Espírito
Assim sendo, quando o sistema está fazendo o Santo do Pinhal e Mogi Guaçu, localizada a cerca de 60
autoteste a alimentação é fornecida pela fonte de 12 Vcc e km de Campinas.
a bateria está sempre carregada.
Com a adoção desta medida o tempo de operação em 3 – Sinal Extremamente Fraco/Inexistente
que o sistema permanece avisando ao COD, quando da Sítio Rio Manso, UC: 14044005, Coordenadas UTM:
ocorrência de interrupções na rede primária, foi otimizado. 315460 / 533330, Alimentador: PIN-04, Bloco: 0253, Lo-
Nos testes efetuados, com somente a bateria alimen- calização: às margens do Rio Mogi Guaçu, Município:
tando o sistema, o mesmo operou por 09:30 horas de for- Espírito Santo do Pinhal – SP, localizado a cerca de 100
ma ininterrupta, o que atendeu as expectativas e está de km de Campinas.
acordo com as características da bateria utilizada que é de
7 Ah e com uma corrente média da ordem de 500 mA. B. Verificação dos Níveis de Sinal - Primeira Bateria
de Testes – Abril/2002

1 – Sinal Bom
Nesta situação o sistema de sensoriamento opera ade-
quadamente sentindo a falta de energia, discando e avisan-
do a central, localizada em Campinas, da ocorrência.

2 – Sinal de Médio para Baixo


Nesta situação o sistema de sensoriamento continuou a
operar adequadamente sentindo a falta de energia, discando e
avisando a central, localizada em Campinas, da ocorrência.
FIGURA 1. Sensor versão 4.0

158 ANAIS DO II CITENEL / 2003


3 – Sinal Extremamente Fraco/Inexistente
Na região do Sítio Rio Manso que se situa num vale
de uma região montanhosa às margens do Rio Mogi Guaçu,
o sinal para telefonia celular se situa na faixa entre extre-
mamente fraco e inexistente, conforme informações
coletadas anteriormente na região.
Em levantamentos efetuados junto a vários proprie-
tários rurais da região confirmamos as nossas observações,
pois a informação obtida foi que no passado o sinal de ce-
lular na região era razoável, porém, de uns tempos para cá
o sinal de celular passou a praticamente inexistente.
Nesta situação o sistema de sensoriamento sentiu a fal-
ta de energia, discou, porém, não conseguiu completar a
ligação para a central, localizada em Campinas, para avisá-
la da ocorrência. Tal resultado já era esperado devido às
condições adversas de recepção existentes na região, exi-
gindo novos esforços da equipe para solucionar o problema.

C. Verificação dos Níveis de Sinal - Segunda Bateria FIGURA 2. Sítio Rio Manso
de Testes – Maio/2002
Após os testes de comunicação realizados na primeira
fase, foram introduzidos vários melhoramentos no sistema VII. COMENTÁRIOS FINAIS
de comunicação, compreendendo antena, celular e interface. A. Referentes ao Sensor
O resultado da nova bateria de testes é apresentado a • Exaustivos testes de campo desenvolvidos durante 06
seguir : meses em 03 protótipos no Centro de Treinamento da
CPFL em Paulínia, no sítio Rio Manso em Espírito San-
1 – Sinal Bom to do Pinhal e em bairro de Campinas, mostraram que o
Nesta situação tanto o sistema de sensoriamento SIR – Sensor de Interrupção Rural é eficiente e confiável
analógico como o digital operaram adequadamente, sen- na detecção e comunicação das interrupções.
tindo a falta de energia, discando e avisando a central, lo- • A utilização do SIR – Sensor de Interrupção Rural para
calizada em Campinas . detectar faltas de alta impedância e furtos de conduto-
res está em fase inicial, porém os resultados prelimina-
2 – Sinal de Médio para Baixo res são promissores.
Na região de divisa entre os municípios de Espírito
Santo do Pinhal e Mogi Guaçu o nível do sinal para telefo- B. Referente ao Sistema de Comunicação
nia celular situa-se na faixa de médio para baixo dependen- • A utilização do sistema de comunicação baseado na tele-
do da posição física com relação as montanhas. fonia celular rural mostrou ser eficiente e competitivo.
Nesta situação tanto o sistema de sensoriamento • A tendência é que a competitividade e a eficiência da co-
analógico como os digitais continuaram a operar adequa- municação via celular se torne ainda mais atrativa, com o
damente sentindo a falta de energia, discando e avisando a maior adensamento das repetidoras que vem ocorrendo.
central, localizada em Campinas, da ocorrência. C. Referentes ao conjunto Sensor / Equipamentos
Complementares
3 – Sinal Extremamente Fraco/Inexistente • A eficiência e o custo compatível dos protótipos desen-
Na região do Sítio Rio Manso ( figura 2) situado num volvidos e testados indicaram a conveniência dos “pro-
vale de uma região montanhosa às margens do Rio Mogi tótipos” serem transformados em “produtos”.
Guaçu, o sinal para telefonia celular se situa na faixa entre • A CPFL e a Universidade Mackenzie estão envidando es-
extremamente fraco e inexistente, conforme informações forços para a continuação das pesquisas e desenvolvimen-
coletadas anteriormente na região. to de fabricantes do SIR – Sensor de Interrupção Rural.
Verificou-se que os ajustes realizados durante o mês
de maio no conjunto celular/antena foram eficientes, con-
seguindo também sucesso na ligação efetuada nessa região. VIII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Convém lembrar que nos testes efetuados, na mesma re-
Relatório Técnico: “Sensoriamento de Interrupções em Redes de Distri-
gião, em abril de 2002, não foi possível estabelecer a co-
buição Rural”, Projeto de P&D ANEEL, CPFL & Universidade
municação. Mackenzie - Ciclo 2001

II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica 159


Distribuição de Energia Elétrica

Sistema de Previsão Imediata de Ocorrência de


Tempestades para Apoio a Tomada de Decisão
na Distribuição e Manutenção da Rede Elétrica
Luiz A. T. Machado, Daniel Vila, Henri Laurent, Carlos Morales, Juan Ceballos,
Fernando Mirancos e Shiguematsu Nosaki

RESUMO: Dois tipos de sistemas são reconhecidamente diferen-


Este documento apresenta um método de previsão a curto prazo tes: linhas de instabilidade, caracterizadas por uma organi-
de sistemas convectivos, usando imagens de satélites zação linear das células convectivas (e.g. Houze 1977) e
meteorológicos. Este sistema permite prever com até duas
complexos convectivos de mesoescala, caracterizados por
horas de antecedência a evolução e deslocamento de tempes-
tades severas na região de abrangência da rede de distribuição uma organização menos importante das células convectivas
de energia da Eletropaulo e Elektro. O sistema é baseado nas no interior do sistema (e.g. Maddox,1980). Embora dife-
características estruturais e morfológicas dos sistemas rentes condições dinâmicas e termodinâmicas favoreçam o
convectivos.
aparecimento de sistemas convectivos de mesoescala, um
PALAVRAS-CHAVE ponto em comum é a forte convergência em baixos níveis
Convecção, sistema convectivo, previsão de tempo.
que precede a sua formação por várias horas (Frank, 1970).
No caso das linhas de instabilidade, a forte organização
das células convectivas favorece o suprimento de ar quen-
I. INTRODUÇÃO te e úmido, e o forte cisalhamento vertical do vento separa
as regiões de “updrafts e downdrafts”. No caso dos com-
Uma característica marcante da convecção é sua or-
plexos convectivos de mesoescala, um jato em baixos ní-
ganização em diversas escalas de tempo e espaço. Obser-
veis em um fraco regime de ventos supre as células
va-se desde células isoladas da ordem de poucas centenas
convectivas de ar quente e úmido, reforçando o “warm core
de metros até grandes aglomerados convectivos da ordem
vortex”, responsável pela manutenção do sistema (Maddox,
de milhares de quilômetros com ciclos de vida da ordem
1983). Estes sistemas atingem tamanhos de 200 a 2000km
de dias e compostos de diferentes tipos nuvens. Os Siste-
e suficiente estabilidade dinâmica para se manterem por
mas Convectivos (SCs) são responsáveis pela maior parte
dezenas de horas, ocasionalmente durando vários dias
da precipitação nos trópicos e em várias regiões de latitu-
(Machado et al., 1998).
des médias durante a estação quente.
O Objetivo do trabalho é desenvolver um sistema de
O estudo das trajetórias e ciclo de vida dos SCs utili-
previsão imediata que permite prever a evolução do siste-
za imagens no canal infravermelho termal do satélite
ma convectivo e a fase do ciclo de vida de forma a apoiar
geoestacionário GOES-12, com base na similaridade das
as operações de distribuição de energia e manutenção do
características morfológicas (reconhecimento de padrões)
sistema de distribuição.
e da área de superposição entre os SCs em imagens suces-
sivas (Machado et al., 1998). Por sua vez, a análise do
ciclo de vida dos SCs baseia-se principalmente na estrutu-
ra morfológica interna dos aglomerados de nuvens. Vários II. DADOS E MÉTODOS
tipos de sistemas foram estudados na década de 70 e início
O dado básico para a elaboração do método são as ima-
dos anos 80, definindo-se diferentes tipos de SCs, tais como:
gens do satélite GOES-12 no canal infravermelho. A seguir
linhas de instabilidade (Houze, 1977), “non squall lines”
apresentamos as etapas de desenvolvimento do projeto.
(Tollerud e Esbensen, 1985) e MCC- Complexos
Convectivos de Mesoescala (Maddox, 1980).
a) Pré-processamento das imagens:
O primeiro passo para a implantação do método é a
definição dos conceitos de recepção e pré-processamento
Este trabalho foi financiado pela Eletropaulo e Elektro.. das imagens GOES. O método de acompanhamento de sis-
L. A.T Machado, J. Ceballos trabalham no CPTEC/INPE, H. Laurent no
IRD-França, C. Morales no IAG/USP, D. Vila no INA- Argentina, F.
temas convectivos necessita de imagens em alta resolução
Mirancos na ELtropaulo e S. Nosaki na ELektro. temporal e espacial e com poucas falhas (falta de imagens

160 ANAIS DO II CITENEL / 2003


e/ou de linhas na imagem). Com base nestes requisitos fo- c) Definição do modelo “Espaços Conexos” que irá
ram definidos os novos padrões de recebimento, pré- gerar os agrupamentos (clusters) de pixels.
processamento e gravação das imagens GOES. Nesta fase, a imagem do satélite GOES em 10 bits já
foi transformada em uma imagem com três informações:
b) Definição dos limiares para classificação dos Sistemas ausência de SC, SC e célula convectiva (CC). Baseado nesta
Convectivos. classificação é necessário aplicar um método que permita
O sistema convectivo é composto por diversos tipos isolar os agrupamentos de pixels classificados como SC e
de nuvens que variam segundo a fase do ciclo de vida, a CC. Machado et al. 1983 discutem e utilizam metodologias
figura 1 exemplifica o ciclo de vida médio de um SC tropi- para gerar agrupamento de pixels. Basicamente este pro-
cal. O primeiro passo na implementação do método foi gerar cesso consiste em agrupar os pixels vizinhos classificados
a definição de um SC em uma imagem GOES, neste mode- como SC ou CC.
lo utilizamos os limiares, no canal 4 do GOES, de 235 K
para definir o SC, e de 210 K, para definir as células d) Variáveis incluídas no novo modelo estatístico
convectivas imersas no SC. Esses limiares são ligeiramen- Todas as variáveis são calculadas para cada sistema
te inferiores aos utilizados por Machado et al. (1998), pois convectivo e para um dado limiar (CS) e inclui informação
neste caso, o interesse é voltado para a previsão de curto sobre os topos mais frios (CC). Uma descrição detalhada
prazo dos SCs com maior atividade convectiva. Com o dos parâmetros definidos neste modelo pode ser encontra-
processamento contínuo do modelo, poderemos realizar da em : Machado et al. 1998, Mathon and Laurent (2001)
diversos testes para verificar o efeito dos limiares na e Vila and Machado (2003). Os parâmetros básicos são:
detecção precoce dos SCs. Apesar da base do modelo tra- tamanho do sistema, centro de massa, excentricidade, Tem-
tar a convecção considerando dois limiares, um incluindo peratura de brilho mínima e média, número de células
a cobertura de nuvens altas e médias (estratiforme, cirrus, convectivas imersas no sistema e localização das regiões
cumulus congestus e cumulus nimbus) considerado, no de máxima atividade.
modelo, como o SC e as nuvens com topos mais altos e
mais ativos, considerado como as células convectivas, o e) Variáveis incluídas no novo modelo estatístico
modelo trabalha com outro limiar (260 K) para detecção O método de identificação de um mesmo SC no tem-
precoce do SC. Os sistemas de nuvens, neste limiar, são po “t” e nas imagens sucessivas em “t+Dt”, é baseado no
seguidos paralelamente ao acompanhamento utilizando os critério de máxima superposição da área dos SC em ima-
limiares 235K e 210K. Caso um SC no limiar mais quente gens sucessivas. O número de pixel mínimo para conside-
tenha um crescimento muito forte ela passará a ser acom- rar a continuidade do SC é de 1250 pixels (aproximada-
panhado e monitorado como um SC, i.e., conjuntamente mente 20.000 km 2 ) para um Dt= 30 minutos. Se a
com os SC em 235K e 210K. superposição for menor, o sistema não é considerado como
sendo o mesmo sistema no tempo anterior.
Quatro tipos de situações são considerados neste
algoritmo de acompanhamento:

f) Método de Acompanhamento no tempo


i) Sistema novo ou de geração espontânea (N): É aquele
SC que é identificado numa imagem e não esta presente
na imagem anterior ou não cumpre com o critério de
mínima superposição dos SC.
ii) Continuidade (C): E aquele SC que é identificado numa
imagem e esta presente na imagem anterior cumprindo
com o critério de mínima superposição dos SC. Essa
situação pode ser visualizada na Figura 2A.
iii) Split (S): Quando no tempo “t” existe um sistema que
cumpre com o critério de mínima superposição dos
SC com dois ou mais sistemas no tempo “t+∆t”, é
considerado um processo de “split”. Neste casso, o
maior sistema no tempo “t+∆t” é considerado como a
continuidade do SC no tempo “t”. Essa situação pode
ser visualizada na Figura 2B.
iv) Merge (M): Situação contraria com a anterior.
FIGURA 1: Representação esquemática do ciclo de vida de um Quando no tempo “t” existem dois ou mais SC que cum-
sistema convectivo prem com o critério de mínima superposição com só um

II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica 161


Distribuição de Energia Elétrica sistema no tempo”t+∆t”, é considerado um processo de A direção de propagação do SC é calculada em coor-
“merge”. Neste casso, cada um dos SC no tempo “t” são denadas meteorológicas.
considerados como a continuidade de diferentes famílias de A partir do critério de identificação de um mesmo SC
sistemas. Essa situação pode ser visualizada na Figura 2C. nos tempos “t-2∆t”, “t-∆t”, “t” (três imagens sucessivas),
Alem dessas considerações sobre o acompanhamento para cada um dos limiares é calculado o deslocamento
dos SCs, nesta etapa do processo é calculada a variação previsto a partir do seguinte procedimento:
temporal dos parâmetros estatísticos mais importantes, le- A velocidade estimada é gerada considerando o
vando em conta a continuidade do sistema com as situações deslocamento do centro de massa entre os tempos “t-2∆t”
descritas no item anterior. As variáveis incluídas numa pri- e “t-∆t”, gerando una velocidade V(t-1) de acordo com os
meira etapa são: área, temperatura média do SC, tempera- critérios definidos acima. Considerando constante essa
tura mínima e temperatura mínima do kernel de nove pixels. velocidade (em modulo e direção), é gerado uma velocidade
Outra variável calculada nesta etapa é a velocidade do siste- prevista VP(t). Além disso, é calculada a velocidade real
ma. O calculo é feito naqueles casos em que existe uma con- entre o tempo “t-∆t” e “t” (V(t)). O prognostico do
tinuidade do sistema como a diferença da posição do centro deslocamento VE (t+1) é calculado como a velocidade no
de massa no instante “t” e o instante “t+∆t” dividido “∆t”. tempo “t” mais a diferença entre o deslocamento real e
A partir desta informação é possível gerar uma lista que previsto no tempo “t” (∆V(t)= V(t)-VP(t)). Este
descreve a variação temporal do SC durante seu ciclo de vida procedimento pode ser visualizado na Figura 3.
desde de sua primeira detecção até a dissipação completa.
T-2 T T- T T T+ T

“t+ ? t”
F ig u ra 1 F ig u ra 2
“t”

“t” x VE(t+1)= V(t)+ V

x V(t)
V(t-1)
x V=V(t)-VP(t)
“t+ ? t” VP(t)
“t+ ? t”

F ig u ra 3

“t” x

“t+ ? t”
x FIGURA3: Estimativa da velocidade no tempo “t+∆t “

“t” x

h) Tendência de crescimento e desenvolvimento do SC

FIGURA 2: Imagem esquemática do método de Esta parte do trabalho baseia-se na análise da variável
acompanhamento do ciclo de vida do sistema convectivo. 1/A*(δA/ δt), onde A é a área do sistema convectivo. Este
parâmetro é indicativo do crescimento (ou decrescimento)
g) Método de calculo da velocidade e direção de
relativo do sistema com respeito a sua área média em um
propagação:
intervalo de tempo δt (tipicamente ½ hora). Se o valor é
A partir do critério de identificação de um mesmo SC
positivo o sistema está em processo de expansão, se o valor
no tempo “t” e nas imagens sucessivas em “t+∆t”, para
é próximo de zero o sistema atingiu a maturação e se o
cada um dos limiares, baseado no critério de máxima
valor for negativo o sistema está na fase de dissipação.
superposição, o calculo inicial da velocidade (em km/h) é
O objetivo desta etapa è a geração de um modelo de
gerado considerando a diferença entre a posição do centro
ciclo de vida dos sistemas baseados na informação estatística
de massa do mesmo sistema em imagens sucessivas dividi-
do comportamento dos sistemas. A partir dos trabalhos de
das pelo tempo entre as imagens. Normalmente esse tem-
Machado e Laurent (2003), o modelo do ciclo de vida de
po é de 30 minutos
um SC pode ser estimado a partir da seguinte equação.
Nos casos de “split” ou “merge”, algumas vezes, a
at 2 + bt + c
velocidade calculada não è realista, porém a velocidade é A(t ) = α ∗ e (1)
calculada como a média da velocidade dos sistemas próxi- onde α, a, b e c são parâmetros a serem definidos de
mo ao sistema em questão. O critério de vizinhança utili- acordo com o tempo de vida total do sistema. Porem, o
zado é realizado considerando um circulo de 2,5 graus de valor 1/A*(δA/ δt) são tipicamente retas.
raio centrado no centro de massa ou de quatro vezes o raio
efetivo do sistema, ou o que for maior. 1 / A ∗ ( ∂ A / ∂ t ) = mt + b (2)
No caso de um sistema novo o de geração espontâ- o valor de m e b dependem do tempo de vida total do
nea, o critério de proximidade é utilizado para a estimativa sistema. O estudo estatístico esteve focalizado na
da velocidade inicial do SC. classificação em grupos dos sistemas de acordo com o

162 ANAIS DO II CITENEL / 2003


tempo total de seu ciclo de vida: menor que 2 horas, entre Desta forma, os parâmetros que serão usados para
2 e 4 horas, 4 a 8 horas é mais que 8 horas. prever a variação da área do sistema convectivo serão fruto
Para cada grupo foi calculado o valor médio de de uma combinação da taxa de expansão da área no instante
expansão inicial, o tempo em que o parâmetro 1/A*(δA/ inicial e da função que modula o ciclo diurno.
δt) esteve próximo a zero (máxima área) e o momento de
dissipação do sistema. O resultado foi um conjunto de retas
com o valor de 1/A*(δA/ δt) para cada grupo considerado.
III. PROTÓTIPO DO MODELO
As curvas ajustadas são apresentadas na figura 4
FINAL DE MONITORAMENTO
As figuras 5A e 5B mostram um exemplo do produto
final do sistema de monitoramento e previsão imediata de
sistema convectivos. Na figura 5A observamos os sistemas
convectivos e direção de deslocamento, a cor da flecha de
direção indica uma estimativa do tempo de duração do
sistema convectivo. A cor azul corresponde a até 2 horas, a
cor vermelha a um tempo de vida de 2 a 6 horas e branca
maior que 6 horas. As cores dos sistemas convectivos indicam
a fase do ciclo de vida, amarelo corresponde a fase de
iniciação, vermelho maturação e verde dissipação. As cores
FIGURA 4 - Variação da área com o tempo com respeito ao tempo são apresentadas em degrade os pontos mais brilhantes
de vida total do sistema. Valores positivos indicam crescimento correspondem a região mais ativa do sistema convectivo. O
enquanto que os negativos significam decaimento do sistema detalhamento de cada sistema poderá ser obtido ao se clicar
no sistema. Desta forma, irá aparecer uma nova tela (Fig.
A primeira estimativa do tempo total do ciclo de vida 5B) onde pode se observar a evolução de parâmetros
e feita a partir da expansão inicial. De acordo com o modelo morfológicos e radiativos que permitem analisar a evolução
proposto, a área que o sistema terá nas próximas horas temporal do sistema convectivo. Nesta tela são apresentadas
depende do valor do parâmetro de expansão. Este valor é as posições geográficas previstas do sistema, e as evoluções
calculado com base na expansão inicial do sistema e nas temporais (incluindo a previsão) da área, temperatura do
curvas apresentadas na Figura 4. topo e expansão da área. Para as próximas duas horas. Esse
O ciclo diurno é um parâmetro extremamente sistema apresentará uma tela detalhada sobre a região de
importante para atividade convectiva. Logo, adicionalmente atuação da Eletropaulo e Elektro.
a o que foi considerado, calculou-se o comportamento geral
médio de todos os sistemas ao longo do dia. Essa
informação estatística permite o conhecimento do ciclo
diurno da convecção, que são incorporados no modelo do
ciclo de vida individual de cada sistema através de um novo
parâmetro que é determinado como a média entre a
expansão calculada a partir da reta característica de cada
sistema e o parâmetro de expansão do ciclo diurno. A figura
5 mostra esse parâmetro de expansão do ciclo diurno como
uma proporção entre a área média do sistema no tempo t e
o tempo t-1. Valores maiores que 1 mostram que os sistemas
se expandem e valores menores que 1 mostram una redução
no tamanho dos mesmos.

FIGURA 5 - Ciclo diurno da atividade convectiva FIGURA 5 A - Protótipo do produto final.

II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica 163


Distribuição de Energia Elétrica VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Frank, 1970. Frank, W. M., 1978: The life cycles of GATE convective
systems. J. Atmos. Sci., 35, 1256-1264
Houze, R.A., 1977: Structure and dynamics of a tropical squall-line
system. Mon. Wea. Rev., 105, 1540-1567.
Machado, L.A.T. e W.B. Rossow (1993). Structural characteristics and
radiative properties of tropical cloud clusters. Mon. Wea. Rev. 121,
3234-3259.
Machado, L.A.T.; W.B. Rossow; R.L. Guedes e A. Walker (1998). Life
cycle variations of convective systems over the Americas. Mon.
Wea. Rev. 126, 1630-1654.
Machado L. A. T. and H. Laurent, (2003). The convective system area
expansion over Amazonia and its relationships with convective
system life duration and high-level wind divergence Submitted to
Monthly Weather Review.
Maddox, Robert A. (1983):Large-Scale Meteorological Conditions
Associated with Midlatitude, Mesoscale Convective Complexes.
Mon. Wea. Rev: Vol. 111, No. 7, pp. 1475–1493.
FIGURA 5 B - Protótipo da tela secundária de análise do Maddox, R.A. (1980): Mesoscale convective complexes. Bull. Amer.
sistema convectivo. Meteor. Soc.,61, 1374-1387.
Mathon V. and H. Laurent, 2001. Life cycle of the Sahelian mesoscale
convective cloud systems. Quart. J. Roy. Meteo. Soc., 127, 377-
406.
IV. CONCLUSÕES Vila D. and L. A. T. Machado (2003).Pattern recognition of Convective
System. Submitted to International Journal of Remote Sensing.
Este trabalho apresenta um método para previsão
imediata, até duas horas, de tempestades severas
organizadas em escala espacial de dezenas de quilômetros.
O método baseia na evolução dos deslocamentos para
prever a direção e a expansão da área para prever a fase e
a duração do ciclo de vida do sistema convectivo. O método
será implantado operacionalmente em setembro, no
CPTEC, com o fim de atender as necessidades da
Eletropaulo e Elektro na distribuição de energia elétrica.

V. AGRADECIMENTOS
Os autores Agradecem ao CTA pelo apoio dado na
elaboração desta pesquisa e a Eletropaulo e Elektro na
adaptação do modelo às necessidades do setor elétrico e
ao financiamento da pesquisa.

164 ANAIS DO II CITENEL / 2003


Sistema para Identificação Local de
Equipamentos Instalados nas Linhas de
Distribuição por Meio de Coordenadas
Geográficas (GPS) e Acesso a Banco de Dados
Via Telefone Telular
M. E. Monteiro; E. S. Moura; A. B. Drago, L. O. B. S Santos;
P. F. S. Amaral; J. G. P. Filho; P. F. Rosa; G. D. Bazelatto

RESUMO INTRODUÇÃO
Este trabalho apresenta o projeto e a implementação de um
sistema para identificação local de equipamentos instalados Toda concessionária de distribuição de energia elé-
nas linhas de distribuição por meio de coordenadas geográfi- trica possui milhares de transformadores, chaves e outros
cas (Global Positioning System) e acesso a banco de dados equipamentos em sua rede de distribuição. Existe hoje uma
via telefone celular. O sistema desenvolvido consiste basica-
mente de um terminal portátil do tipo computador de mão enorme demanda por operações de manutenção nesses
(PDA), montado sobre uma jaqueta GPS tendo um cartão de equipamentos, exigindo uma atualização constante das
comunicação do tipo bluetooth para ligação com um telefone bases de dados contendo informações técnicas e de manu-
celular GSM, com comunicação GPRS. Este terminal portátil
é capaz de se conectar a Internet e acessar um servidor desen- tenção dos equipamentos instalados.
volvido para esta aplicação que acessa bancos de dados da Observa-se, entretanto, que essas informações não são
ESCELSA e retransmite as informações solicitadas para o ter- satisfatoriamente e nem completamente atualizadas nessa
minal portátil.Um sistema aplicativo foi desenvolvido permi-
tindo que um eletricista localizado em um ponto qualquer da base de dados, seja por inexistência de informações mais
rede de distribuição de energia, consiga obter na tela do termi- detalhadas sobre os equipamentos, seja por falta de ferra-
nal portátil um mapa dos elementos da rede de distribuição mentas apropriadas para que essa atualização seja feita re-
localizados em um quadrado com 100 metros de lado tendo o
eletricista no centro. A partir deste mapa o eletricista conse- motamente (em campo) de forma rápida e segura, ou mes-
gue obter informações técnicas de todos os equipamentos mo pela existência de inconsistências na localização geo-
mostrados na tela e ainda enviar informações de novas liga-
gráfica dos equipamentos em manutenção e das correspon-
ções efetuadas na rede. O sistema encontra-se atualmente em
fase experimental de operação na ESCELSA – Espírito Santo dentes ações preventivas e corretivas a serem tomadas.
Centrais Elétricas S. A. Nesse cenário, ocorre um grande desperdício de tem-
PALAVRAS-CHAVE po e muito esforço é despendido na busca/atualização de
Redes de comunicação de dados sem fio; Identificação de equi- informações sobre os equipamentos e nas suas operações
pamentos; Sistema de posicionamento global. de manutenção, o que degrada a disponibilidade de serviço
da empresa e retarda as operações diárias de manutenção.
O objetivo maior do projeto é desenvolver um protó-
Este trabalho teve o apoio financeiro da ESCELSA – Espírito Santo
Centrais Elétrica S. A. (Programa de P&D/ANEEL – ciclo 2001/2002).
tipo de sistema que facilite as operações de cadastro/ma-
M. Monteiro é doutorando em engenharia elétrica na UFES (e-mail: nutenção dos equipamentos de linha na rua, permitindo ao
maxmonte@terra.com.br). técnico a obtenção em tempo real de todas as identifica-
E. S. Moura é mestre em informática pela UFES (e-mail: ções e informações técnicas destes equipamentos, assim
emoura@emescam.br).
A. B. Drago é mestre em engenharia elétrica pela UFES (e-mail:
como possibilitar a atualização destas informações uma vez
adrian@inf.ufes.br). concluído o serviço.
L. O. B. S. Santos é mestrando em informática pela UFES (e-mail: Espera-se, com a disponibilização de um sistema como
lolavo@terra.com.br).
este, aumentar a confiabilidade e diminuir o tempo neces-
P. F. S. Amaral é professor do Departamento de Engenharia Elétrica da
UFES (e-mail: pfsamaral@automatica.com.br ). sário para as operações de manutenção, ganhando-se em
J. G. P. Filho é professor do Departamento de Informática da UFES (e- produtividade e eficiência do sistema como um todo.
mail: zegonc@inf.ufes.br). A existência de um banco de dados georeferenciado,
P. F. Rosa é professor do Instituto de Informática da UFU (e-mail:
frosi@ose.com.br).
contendo informações técnicas e de localização de todos
G. D. Bazelatto é engenheiro eletricista da ESCELSA(e-mail: os equipamentos da rede de distribuição de uma concessi-
geraldob@escelsa.com.br onária de energia, é obrigatória para facilidade das opera-

II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica 165


Distribuição de Energia Elétrica ções de manutenção e planejamento da rede de distribui- Uma vez estabelecida a conexão, informações são
ção. Este banco de dados georeferenciado levou à solução trocadas entre o terminal portátil e o servidor de forma
proposta neste artigo para a identificação dos equipamen- a implementar as funcionalidades básicas definidas para
tos na rede de distribuição. o projeto.
Assim, visamos neste projeto desenvolver um protó- O servidor, via intranet na concessionária, poderá
tipo de sistema integrado de hardware e software que per- acessar as informações contidas nos bancos de dados, prin-
mita a identificação de equipamentos instalados nas linhas cipalmente o banco de dados georeferenciado de forma a
de distribuição (transformadores, chaves, etc.), identifica- disponibilizar para o eletricista, em campo, as informações
dos pela posição geográfica do poste obtida por meio de importantes para o auxílio à manutenção, cadastramento e
um GPS (sistema de posicionamento global). operação da rede.
Esta posição geográfica será transmitida via telefone Visando o conforto de operação para um terminal por-
celular para um computador localizado na concessionária tátil foi definido que não deveria haver cabos de conexão en-
de energia que terá acesso a um banco de dados onde cons- tre o computador de mão e o telefone celular. Dentre as
tam as informações dos equipamentos e a sua localização tecnologias de comunicação entre computador e telefone
geográfica. Uma vez acessado o banco, as informações (infra-vermelho, rádio etc.) a tecnologia de rádio no padrão
solicitadas do equipamento serão enviadas para o terminal Bluetooth se mostrou a mais indicada pois permitiria a cone-
do operador, para consulta e posterior atualização das ope- xão mesmo com o celular no bolso ou na cintura do operador.
rações executadas nos equipamentos. Como a obtenção das imagens a partir de uma coor-
Este artigo apresenta o desenvolvimento e implemen- denada e a transmissão da mesma para o PDA em tempo
tação de um sistema para identificação local de equipa- real é uma operação custosa, foi estabelecido que o termi-
mentos instalados nas linhas de distribuição por meio de nal portátil trocaria apenas mensagens do tipo texto. En-
coordenadas geográficas (Global Positioning System) e tretanto, nestas mensagens, o servidor enviaria um arqui-
acesso a banco de dados via telefone celular. Detalhes da vo com todas as informações de equipamentos existentes
arquitetura do sistema, organização dos aplicativos e re- em uma determinada posição, incluindo informações de
sultados são apresentados nos itens a seguir. coordenadas, e o programa reconstruiria uma imagem
simplificada do mapa disponível no sistema de
geoprocessamento, como mostrado na Figura 2.

I. ARQUITETURA DO SISTEMA

A. Requisitos Gerais do Sistema


A arquitetura básica do sistema desenvolvido pode
ser vista na Figura 1.

FIGURA 1 - Arquitetura básica do sistema desenvolvido

Nesta arquitetura, terminais portáteis equipados com


GPS a serem utilizados pelos eletricistas em campo, se
comunicam com um servidor na concessionária de energia
FIGURA 2 – Tela de informações no PDA
via Internet, usando telefones celulares com tecnologia
GSM / GPRS. A partir desta imagem o usuário poderia, clicando em
Esta tecnologia foi escolhida principalmente por per- itens específicos, abrir telas para visualização de
mitir um acesso direto à Internet, eliminando a necessida- informações mais detalhadas de equipamentos, podendo,
de de um banco de modems no servidor e permitindo uma também abrir janelas para ligação / mudança de ligação de
taxa de transferência de dados mais elevada. medidores de clientes.

166 ANAIS DO II CITENEL / 2003


Os equipamentos a serem contemplados pelo sistema Desde a concepção inicial do projeto, estava previsto
incluem: o estudo sobre a possibilidade de utilização de computa-
• Transformadores dores de mão comerciais para servirem de base para o pro-
• Chaves seccionadoras jeto do terminal portátil, uma vez que este tipo de equipa-
• Postes mento já foi desenvolvido tendo como objetivo satisfazer
• Ponto de divisão de circuito a quase todos os requisitos listados anteriormente.
• Postes Fantasma O desenvolvimento de um hardware dedicado para o
• Trechos primários projeto teria que competir com estes sistemas produzidos
• Trechos secundários em larga escala e utilizados em aplicações semelhantes com
grande comodidade e confiabilidade de operação. Para o
As funcionalidades básicas do sistema desenvolvido projeto de um novo terminal portátil os seguintes
foram,definidas como as seguintes: subsistemas deveriam ser desenvolvidos:
o Placa de processador com boa capacidade de
• Área de operação e manutenção de redes de processamento e grande quantidade de memória não
distribuição: volátil e memória RAM com baixo consumo;
Para a área de manutenção, ficou definido que o sis- o Mostrador gráfico com resolução mínima de 160x160
tema deveria permitir ao eletricista obter em campo a con- pixels, colorido com baixo consumo e circuitos para
figuração da rede no ponto desejado junto com as interface do mostrador com o processador;
especificações técnicas do equipamento selecionado. o Sistema para entrada de dados de pequenas dimen-
sões ou tela sensível ao toque para o mostrador;
• Área de cadastro de equipamentos: o Sistema de alimentação com baterias recarregáveis e
A função principal do sistema para esta área deve ser com carregador de bateria embutido;
a de validação da base de dados do sistema georeferenciado, o Sistemas de comunicação com interface serial para
junto com a atualização/cadastramento de novos medido- comunicação com o GPS e interfaces de comunica-
res, como listado a seguir: ção de alta velocidade com o telefone celular;
o Obter as especificações técnicas dos equipamentos o Sistema operacional de tempo real que facilite e co-
existentes no sistema geo-referenciado; ordene a utilização de todos os sistemas listados an-
o Cadastro de novos clientes interligados ao sistema teriormente, permitindo ainda o desenvolvimento e a
de distribuição, no ato da ligação, informando em que carga de programas.
poste está ligado o seu medidor;
o Possibilitar o refinamento das informações de cadas- Comparando os recursos disponíveis em
tro, toda vez que for identificado em campo uma si- PDAs(Personal Digital Assistants) comerciais, vemos que
tuação desconforme ao cadastrado. os mesmos satisfaziam completamente as exigências de
hardware/software do projeto, tendo ainda o seu custo
O sistema deveria dispor também de uma função de minimizado em relação a um sistema desenvolvido devido
memorização que permitisse o armazenamento de uma a grande escala de fabricação dos mesmos.
coordenada geográfica em áreas sem cobertura da telefonia Assim, a solução adotada para o terminal portátil pode
celular. Com esta coordenada memorizada, o eletricista, ser vista na figura 3, sendo composta de um computador
ao chegar em uma área de cobertura, poderia recuperar as Palm M515, com uma jaqueta GPS e um cartão Bluetooth
informações de equipamentos existentes na área para comunicação com um telefone celular Ericsson T68.
memorizada com as suas demais funções.

B. Hardware do terminal portátil (cliente)


Para o sucesso do projeto, o terminal portátil deveria
satisfazer a requisitos importantes relativos a:
o Confiabilidade de operação
o Portabilidade
o Capacidade de processamento/memória instalada
o Tempo de uso sem recarga da bateria
o Interface com o operador (mostrador e entrada de
dados)
o Recursos de comunicação
o Suporte para desenvolvimento/manutenção de pro-
gramas
o Custo FIGURA 3 – Configuração do terminal portátil.

II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica 167


Distribuição de Energia Elétrica C. Software do terminal portátil (cliente) tanto é necessário selecionar a opção de login como será
Durante os estudos para a validação de tecnologias mostrado adiante.
de desenvolvimento que poderiam ser utilizadas nos dis- A figura 5 a seguir mostra as opções menu principal
positivos móveis, mais especificamente, o Palm M515, do aplicativo. Maiores detalhes de cada uma das opções
observou-se que havia algumas APIs (Application Program serão dados a seguir.
Interface) já bastante consolidadas e que poderiam ser uti-
lizadas no projeto. • Função Login:
Entre as APIs disponíveis para a plataforma Palm fo- Essa função servirá como chave de acesso ao aplicativo
ram analizadas a tecnologia J2ME/MIDP e Superwaba. cliente. Caso o usuário não se identifique através de uma
Superwaba é uma JVM (Java Virtual Machine) para conta e senha cadastradas no servidor, o software não inicia
PDAs e um conjunto de classes abertas, formando um seu funcionamento, não disponibilizando, também, algumas
pacote com um conjunto de APIs. Ela foi construída com opções do menu principal.
o intuito de promover aplicações JAVA capazes de utilizar
o maior poder de processamento que os PDAs possuem
em relação aos demais dispositivos móveis tais como tele-
fones, relógios, etc.
A capacidade maior para tratamento dos objetos grá-
ficos foi determinante para a escolha da plataforma
Superwaba para o desenvolvimento da aplicação.

D. Implementação do software no Cliente PDA


O software cliente foi concebido para operar na plata-
forma Palm, utilizando a tecnologia Java, devido a sua FIGURA 5 – Menu principal do aplicativo
portabilidade e escalabilidade. O ambiente de desenvolvimen-
to escolhido para programação Java foi o Superwaba, software Aqui, o PDA envia dados através de seu módulo de
livre, conforme explicações dadas nos relatórios anteriores. comunicação Internet/http para o servidor que verifica a
Diante das especificações do projeto, o software cli- permissão do usuário para acessar as informações.
ente foi implementado com o fluxo de eventos e funciona- A figura 6 mostra a janela do terminal durante a fun-
lidades mostrado na figura 4. ção de Login.

FIGURA 6: Interface de acesso ao sistema.

• Função Guardar Coordenada


FIGURA 4 - Fluxo de eventos e funcionalidades Essa função ativa a comunicação serial entre o PDA e o
GPS, instalado na porta serial do PDA, requisitando a leitura
A interface gráfica apresentada é bastante semelhante da posição atual do conjunto. Uma vez que a informação é
às interfaces gráficas apresentadas nas aplicações desktop retornada, a coordenada é armazenada no PDA para a busca
Windows, ou seja, seguem o padrão CUA. Esta continui- do mapa nesta posição quando a função Mapa Armazenado
dade de padrão torna a aplicação fácil de ser manipulada, for selecionada. Ela deverá ser utilizada quando o usuário
presumindo-se que usuários já tenham acessado alguma quiser guardar a posição de um equipamento onde não existe
aplicação Windows. o sinal de comunicação GPRS da rede de telefonia celular.
Haverá um ícone indicando o aplicação, este se encontra
na interface principal do PalmOS. Ao se clicar no ícone • Função Mapa Armazenado
ProjetoGPS, a interface principal do aplicativo é apresentada. Permite ao se chegar numa região com o sinal GPRS
Para que o usuário tenha acesso às funcionalidades da telefonia celular, buscar o mapa na coordenada previa-
do sistema, este deverá estar conectado ao mesmo, para mente armazenada.

168 ANAIS DO II CITENEL / 2003


• Mapa Atual
Essa função é responsável por transmitir, através do
módulo de comunicação Internet/Http, para o servidor a
posição atual (coordenadas x, y – graus,décimos de graus).
Quando essa função é acionada, o cliente fica à espera do
mapa da região formada pelo quadrado de 100 metros de
lado que envolve a coordenada transmitida para o servidor.
Segundo as especificações do projeto, os elementos
visuais que serão exibidos na tela são:
• Poste FIGURA 8: Interface com a funcionalidade Nova ligação.
• Transformador
• Ponto Significativo Fantasma • Mudança de Ligação
• Ponto Significativo de Divisão de Circuito Associa o número do medidor à nova coordenada do
• Trecho Primário poste ou ponto significativo de divisão de circuito. É apre-
• Trecho Secundário sentada uma tela semelhante à tela da figura 8, só que a
• Chaves seccionadoras operação será de mudança de ligação.

Cada um desses elementos gráficos foi transformado em


• Elementos
A figura 9 apresenta a tela contendo as informações
um objeto computacional (Paradigma da Programação Ori-
de elementos da rede de distribuição selecionados.
entada a Objeto) para que a representação gráfica pudesse
estar associada com os respectivos atributos reais (medidas,
especificações, etc.). Um vetor dinâmico recebe e armazena
esse objeto durante a operação de exibição em tela. Nenhuma
informação gráfica fica arquivada depois que a tela deixa de
ser exibida. Isso garante a impossibilidade de utilização de
informações gráficas da ESCELSA para outros fins.
Depois da exibição do mapa na tela, o usuário estará
livre para apontar e selecionar o objeto sobre o qual fará
uma operação: Nova Ligação e Mudança de Ligação (ope-
rações escolhidas para a validação do sistema).
FIGURA 9: Tela de informação de elementos de rede
A figura 7 mostra um exemplo da tela de exibição do selecionados.
mapa. O centro do mapa indica o referencial gráfico da
coordenada enviada para o servidor. • GPS Info
A figura 10 apresenta a tela contendo as informações
da vida útil da bateria do GPS e da posição atual do termi-
nal portátil.

FIGURA 7: Tela mostrando os equipamentos de uma


determinada região.

Nessa etapa o usuário, tendo previamente seleciona- FIGURA 10: Tela de informações do GPS.
do o elemento sobre o qual deseja operar, escolhe a opera-
ção desejada. As operações disponíveis nessa versão de E. Módulo de comunicação Internet/Http
validação são: Trata-se de um módulo interno, implementado atra-
vés de um objeto computacional, responsável pela comu-
• Nova Ligação nicação com o servidor do sistema. Esse módulo deve es-
Associa o número do medidor e à coordenada do poste tabelecer a conexão GPRS/Internet, através do sistema
ou ponto significativo de divisão de circuito, posto trans- GSM da operadora de celular, com o servidor, passando a
formador onde ele foi ligado, como visto na figura 8. utilizar o protocolo Http para a troca de informações.

II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica 169


Distribuição de Energia Elétrica Nesse módulo foram implementados os protocolos de Conforme a figura 11 a seguir, o software foi desen-
troca de dados entre cliente e servidor. Ele segue a seguin- volvido em camadas, garantindo escalabilidade e flexibili-
te diretriz: dade à aplicação. Cada camada possui uma função especí-
• Todo o envio de dados será feito através do método fica, como segue:
GET do protocolo Http, passando parâmetros con- • Camada de interface web – Baseada em tecnologia
forme o tipo de função acionada. JSP, essa camada é responsável pela interface de ad-
• Todo o recebimento será através de conteúdos XML ministração do sistema onde novos usuários e grupos
que será interpretado pelo Parser XML Lite Cliente de usuários são criados, excluídos e/ou modificados;
(interpretador de mensagens XML). O funcionamento • Camada de controle – Baseada em Servlets, essa ca-
do Parser será descrito mais na frente. mada possui duas funções: a primeira é receber as re-
quisições da camada de interface web e direcioná-las
Uma vez que o módulo de comunicação receba uma aos componentes adequados na camada de regras de
resposta do servidor, o conteúdo XML é separado do res- negócio. A segunda função é receber as requisições
tante das informações Http e enviado para o Parser XML diretamente dos PDAs e direcioná-las aos componen-
Lite Cliente. Esse, por sua vez, identificará o significado tes adequados da camada de regras de negócio.
de cada mensagem definida pelo sistema disponibilizando
as informações necessárias para a função que deu origem à
comunicação.

F. Parser XML Lite Cliente


Este módulo não apresenta uma visualização gráfica,
apenas faz a leitura de um arquivo XML, enviado pelo servi-
dor, analisa-o, e seleciona os campos do menu de opções que
estarão disponíveis ao usuário. Complementarmente, informa
ao usuário se o login e a senha são válidos. Estas últimas in-
formações, sim, liberam o uso das opções do sistema.
A função do Parser dá-se por encerrada no acesso,
porém, todas as transferências de mensagens que partam
do servidor, chegarão à aplicação cliente no formato XML,
e o Parser tem papel fundamental na identificação dos ele-
mentos que estão chegando.
Essa interação Módulo de Comunicação internet/http
e Parser XML pode ser melhor visualizada no exemplo da
funcionalidade Login. FIGURA 11 – Camadas de software do servidor e interação
A função login pede ao usuário o nome e a senha. Em com outros dispositivos / sistemas
seguida, solicita ao servidor, através do Módulo de Comu-
nicação a autenticação do usuário. Para tanto, envia a men- Basicamente existem três funcionalidades básicas a
sagem HTTP: serem disponibilizadas para os PDAs. Elas estão mostra-
das na figura 12.
URL para Login:
http://prjgps.escelsa.com.br/servletlogin?login=nome&
senha=senha

Mensagem de resposta:
<?xml version=”1.0" ?>
<msg>
<loginSuccess>true</loginSuccess>
FIGURA 12 – Componentes da camada de controle
</msg>

• Login - autenticação e validação dos usuários dos PDAs


G. Implementação do software no servidor para determinação dos recursos aos quais terão acesso
Do lado do servidor são executados os módulos que • Recuperação de mapas – a partir da coordenada geo-
se comunicam com os dispositivos móveis (PDAs), o ban- gráfica transmitida pelo PDA, o componente responsá-
co de dados local (MySQL) e a integração com o sistema vel pela recuperação do mapa solicita os dados ao shell
GIS da ESCELSA conforme mostrado na figura 11. disponibilizado no servidor GIS da ESCELSA que es-

170 ANAIS DO II CITENEL / 2003


creve um arquivo texto contendo os dados retornados.
A camada de persistência lê o arquivo e retorna um con-
junto de objetos ao componente responsável pela recu-
peração de mapas que encapsula os objetos num forma-
to XML e o transmite ao PDA.

URL para BuscarMapa:


http://prjgps.escelsa.com.br/servletbuscarmapa?coordx=-
20.281430094&coordy=-40.298375232&user=nome

Mensagem de resposta contendo os elementos da rede


elétrica baseado nas coordenadas passadas pela requisição:
FIGURA 13 – Página principal do mini-site.
<?xml version=”1.0" encoding=”UTF-8" ?>
<msg type=”Resp”>
A figura 14 mostra uma proposta de parte institucional
<equip>
do site apresentando o projeto e sua configuração básica.
<qtd>53</qtd>
Novas sugestões e posteriormente resultados de sua
<pa>
utilização poderão ser colocados nesta página.
<x>364416.80075</x>
<y>7756835.3626</y>
</pa>

• Registro do cadastro – após realizar suas funções no


PDA, o sistema cliente retorna ao servidor um conjunto
de dados que vincula um medidor de energia a um poste
e o componente atualiza esses dados na base de dados
Oracle da ESCELSA

H. Projeto GPS – Módulo de Gerência


O projeto GPS possui uma base de dados própria onde
são armazenados os usuários responsáveis pela operação
FIGURA 14: Uma das páginas da parte institucional
do terminal cliente – PDA com GPS e celular. Eles rece- descrevendo o projeto.
bem o terminal e o levam ao campo de onde se conectam
aos servidores através da conexão GPRS. Na parte de gerência, o administrador do sistema de
Para que essa conexão seja autenticada é necessário gerência, responsável pela inserção e edição dos usuários
que o operador informe seu login e senha no terminal e operadores do terminal cliente entra com seu login e senha
esses dados são enviados ao servidor para autorização de para acesso ao cadastro, como mostrado na figura 15.
acesso e verificação de permissões. O sistema servidor
busca o login e a senha em sua base de dados e verifica a
que grupo(s) o usuário pertence e retransmite ao terminal
os dados de validação.
Para que usuários possam ser cadastrados e editados,
foi criado um mini-site web composto de duas partes dis-
tintas:
o Institucional: informações sobre o projeto como descri-
ção do projeto, objetivo e equipe participante;
o Gerência: módulo que permite inserção e edição de usuá-
rios do terminal cliente.

A figura 13 mostra a página inicial do site da web FIGURA 15 – Tela de login para acesso ao módulo de
relativa ao projeto. gerência.

II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica 171


Distribuição de Energia Elétrica Uma vez validado o login do administrador, o sistema A comunicação entre o computador de mão e o celu-
mostra as opções – inserção de novo usuário e edição de lar usando a tecnologia bluetooth também mostrou vanta-
usuários existentes(figura 16). gens no que diz respeito à velocidade e ao conforto de
uma comunicação sem a necessidade de cabos para um ter-
minal portátil.
A programação em superwaba se revelou bastante
eficiente e simples mostrando que esta API é bastante ade-
quada para o desenvolvimento de aplicativos em platafor-
mas móveis.
A comunicação de dados usando um celular GSM/
GPRS mostrou que é bastante rápida e confiável, embora
com um celular do tipo cartão, o seu custo ficou acima do
que divulgado pela operadora. Este inconveniente pode ser
facilmente solucionado transformando o celular em pós-
pago e a empresa contratando um pacote de transmissão
FIGURA 16 – Opções do módulo de gerência. de dados mensal.
Uma constatação nos testes em campo realizados foi
que a resposta do sistema, mesmo envolvendo tantos
II. CONCLUSÕES módulos de comunicação foi rápida mesmo para regiões
Este trabalho teve por objetivo a concepção, projeto com muitos equipamentos instalados.
e implementação de um sistema para identificação local de
equipamentos instalados nas linhas de distribuição por meio
de coordenadas geográficas (GPS) e acesso a banco de III. AGRADECIMENTOS
dados de informações via telefone celular. Os autores desejam agradecer à ESCELSA e à
O sistema desenvolvido consiste basicamente de um ANEEL pelo suporte técnico e financeiro para o desenvol-
terminal portátil do tipo computador de mão (PDA), mon- vimento deste trabalho, em especial aos engenheiros Ge-
tado sobre uma jaqueta GPS tendo um cartão de comuni- raldo Dimas Bazelatto e Gustavo Endrigo Tardin pelo apoio
cação do tipo bluetooth para ligação com um telefone ce- à sua execução e aos engenheiros Jose Manoel M. de Oli-
lular GSM, com comunicação GPRS. veira e Rodrigo Mendonça Queiroga pelo suporte e suges-
Este terminal portátil é capaz de se conectar a Internet tões para este trabalho.
e acessar um servidor desenvolvido para esta aplicação que
acessa bancos de dados da ESCELSA e retransmite infor-
mações solicitadas para o terminal portátil. IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Um sistema aplicativo foi desenvolvido permitindo que
[1] Stores R.; Mattew N. Beginning Databases with PostgreSQL. Wrox
um eletricista localizado em um ponto qualquer da rede de Press, 2001.
distribuição de energia, consiga obter na tela do terminal [2] A. Taylor. JSP and Java. The Complete Guide to Web Sites
portátil um mapa dos elementos da rede de distribuição Development, Prentice Hall, 2002.
localizados em um quadrado com 100 metros de lado ten- [3] Zukowski J. The Definitive Guide to Swing for Java 2, Second
edition. A. Press, 2000.
do o eletricista no centro. [4] White S.; Fisher M.; Kattell R.; Hamilton G.; Hapner M. JDBC
A partir deste mapa o eletricista consegue obter in- API Tutorial and Reference, Second edition, Addison Wesley, 2001.
formações técnicas de todos os equipamentos mostrados [5] Cerami E. Web Services Essentials, O’Reilly & Associates, 2002.
na tela e ainda enviar informações de novas ligações [6] Newcomer E. Understanding Web Services: XML, WSDL, SOAP,
and UDDI, Addison Wesley Professional, 2002.
efetuadas na rede.
[7] Winton G. Palm OS Network Programming, O’Reilly & Associates,
Este projeto teve como finalidade principal fornecer 2001.
uma ferramenta para levar informações disponíveis no ban-
co de dados da empresa para o pessoal técnico em campo,
informações as mais atualizadas possíveis.
A escolha do hardware do terminal portátil baseada
em computadores de mão já disponíveis no mercado se
mostrou uma ótima decisão de projeto, levando-se em conta
a sua capacidade de memória e processamento, seus peri-
féricos e seu baixo custo quando comparado com o desen-
volvimento de novas soluções.

172 ANAIS DO II CITENEL / 2003


Sistemas de Segurança Contra Rompimento de
Cabos Condutores em Linhas de Distribuição
C. G. Filippin, LACTEC, R.A.Penteado Neto, LACTEC, J.N. Stenzel, LACTEC, E. Mancini Filho,
LACTEC, L.R.A. Gamboa, LACTEC, e P.C. Scarassati, CPFL

RESUMO de maneira a se ter uma visão sistêmica da situação. Não se


A configuração do sistema de distribuição de energia elétrica espera obter uma solução de aplicação universal e sim a me-
brasileiro tem por base linhas de distribuição aéreas. Esta con- lhor solução para cada aplicação, se esta existir.
figuração traz vantagens na redução de custos de implanta- Esta abordagem sistêmica necessita de informações
ção, de manutenção e de custos operacionais. Apresenta, po-
consistentes quanto ao problema, devendo-se conhecer: os
rém, desvantagens como a necessidade de adequação à
topologia dos demais equipamentos e estruturas urbanas, além tipos de falha, a freqüência com que as falhas ocorrem, a
de influir na forma estética da arquitetura das regiões por onde localização das falhas por topologia de linha de distribuição,
passa. Mas uma das principais desvantagens da linha de dis- de densidade populacional e da ocorrência de outros equi-
tribuição aérea são os riscos inerentes a essa configuração. pamentos e estruturas urbanas. Ainda, se faz necessário co-
Uma linha de distribuição convencional apresenta condutores
não isolados fixados em postes instalados na calçada. Uma nhecer a maneira como a falha é tratada, particularmente no
falha mecânica que ocorra em um condutor, no sistema de fi- aspecto de prover segurança à população. Em seguida, de-
xação ao poste ou mesmo no poste, colocará a população termina-se o maior elenco possível de princípios físicos que
circunvizinha à região onde ocorreu a falha exposta a uma podem gerar soluções para o problema, como, por exem-
condição de risco de acidentes com potencial de fatalidade ele-
plo, aspectos elétricos do processo de distribuição de ener-
vado. Apresenta-se, neste trabalho, o estágio atual do projeto
para aumentar a segurança operacional de LD’s. gia, aspectos mecânicos do sistema estrutural de distribui-
ção de energia, aspectos óticos, aspectos magnéticos, den-
PALAVRAS-CHAVE
tre outros que possam ocorrer. O passo seguinte envolve a
Falta de alta impedância. Rompimento de condutores. Segu-
rança Operacional. seleção dos princípios físicos que se mostrem mais adequa-
dos, estudando-os de forma mais profunda quanto a sua
aplicação em uma solução ao problema. Provavelmente al-
guma característica já foi estudada, como, por exemplo, pro-
I. INTRODUÇÃO teções sensíveis à faltas de alta impedância, que ainda não
A solução dos problemas de segurança operacional é solucionam o problema. Ao menos três aspectos provavel-
uma necessidade intrínseca ao processo de distribuição de mente surgirão desta seleção, que seriam: faltas de baixa
energia elétrica. Tanto a segurança envolvendo equipes de impedância, carga mecânica e sinais eletromagnéticos. Nes-
instalação e manutenção como a segurança de uso do produ- te passo surge o caráter inovador da pesquisa, onde o pro-
to junto ao consumidor. Um aspecto envolvendo a segurança blema em questão até o momento tem soluções não eficazes
do processo de distribuição de energia elétrica está relaciona- com base nas faltas de alta impedância.
do a falhas que venham a ocorrer no sistema que ponham em A obtenção de soluções técnica e economicamente
risco a população circunvizinha da região onde ocorreu a fa- factíveis de implantação exige um grande volume de testes
lha. Este aspecto tem preocupado as concessionárias de ener- em laboratório e em campo para a determinação dos
gia e não apresenta, ainda, solução adequada. A metodologia parâmetros físicos e de suas respectivas tolerâncias para o
a ser empregada neste trabalho tem por princípio o estudo e desenvolvimento de dispositivos e/ou sistemas que, ao se-
análise do problema e das possíveis soluções de forma ampla, rem implantados em uma linha de distribuição, resolvam o
problema de segurança em presença de uma falha mecâni-
ca no sistema. Os testes necessários envolvem quatro gru-
C. G. Filippin trabalha no Instituto de Tecnologia para o Desenvolvi-
pos: testes de cabos, teste eletromecânicos em protótipos
mento (e-mail: filippin@lactec.org.br). de dispositivos, testes em campo para avaliação das carac-
R.A.Penteado Neto trabalha no Instituto de Tecnologia para o Desenvol- terísticas particulares das linhas de distribuição e testes em
vimento (e-mail: renato@lactec.org.br). laboratório de linhas de distribuição, a ser implantado com
J.N. Stenzel trabalha no Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento
(e-mail: stenzel@lactec.org.br).
recursos deste projeto de P&D.
E. Mancini Filho trabalha no Instituto de Tecnologia para o Desenvolvi-
mento (e-mail: mancini@lactec.org.br). II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
L.R.A. Gamboa trabalha no Instituto de Tecnologia para o Desenvolvi-
mento (e-mail: gamboa@lactec.org.br). A preocupação das concessionárias de distribuição de
P.C. Scarassati trabalha na Companhia Paulista de Força e Luz (e-mail: energia elétrica com o rompimento de um cabo energizado
pcsca@cpfl.com.br). que cai ao solo é constante. A corrente de falta de um cabo

II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica 173


Distribuição de Energia Elétrica ao solo é muito pequena ou até nula quando este cai sobre em menor incidência que na região sudeste.
asfalto ou terra seca que rapidamente se vitrifica. A detecção b) Interrupções causadas por pipas ocorrem principalmente
desta falta por relés convencionais que dependem de uma durante as férias escolares de julho e também em agosto.
corrente alta é, portanto, impossível. Observa-se que o maior número de consumidores pre-
Na bibliografia são discutidos desde dispositivos me- judicados devido a falha em condutores se dá devido a ár-
cânicos que provocam uma falta de baixa impedância [8] e vores, pipas, descargas atmosféricas e corrosão.
[9], que fazem com que o relé de sobrecorrente atue, até a
detecção de falta de alta impedância usando o conceito de
análise fractal[5], passando por relés que analisam a forma
IV. PRINCÍPIOS FÍSICOS PRESENTES
de onda provocada pelo arco[1], [2], [5], [6], [8], [9] e
NO PROBLEMA
[13]. Mesmo assim a detecção da falta depende da conces-
sionária ser comunicada pelo consumidor da localização Analisam-se as características físicas (mecânicas ou
do cabo rompido e a quase totalidade dos autores são unâ- elétricas) do microssistema típico de distribuição – poste,
nimes que as faltas de alta impedância na maioria dos ca- isolador, condutor – buscando identificar como estas ca-
sos não são detectadas [1], [4], [6], [8] e [9]. racterísticas podem ser empregadas para o desenvolvimento
de uma metodologia para evitar a falha de um condutor ou
monitorar sua continuidade, de modo que seja possível
predizer uma falha iminente. Estas características físicas
III. ANÁLISE DE REGISTROS
estão relacionadas com o princípio de funcionamento des-
DE FALHAS NA REDE DE DISTRIBUIÇÃO
se microssistema e com as causas de rompimentos de con-
Faz-se, a seguir, uma apresentação dos registros obti- dutores, já analisadas em etapas anteriores deste projeto.
dos junto ao pessoal operacional de manutenção de redes de Como a causa de um rompimento é identificada pelo
distribuição da CPFL. Desenvolveu-se uma análise crítica atendente à ocorrência em função do aspecto da falha e
dos dados de modo a tabulá-los conforme a região de atua- das condições ambientes nesse momento, algumas falhas
ção da Companhia, Sudeste e Nordeste, a causa da falha, o são classificadas como ocorridas por “causa desconheci-
alimentador, o período da ocorrência da falha e o número de da” ou mesmo por “outras causas” (o termo “outras” refe-
consumidores que sofreram desligamento devido a falhas re-se a alguma causa não nominalmente oferecida ao
em condutores. A apresentação está assim disposta: atendente como classe).

A. Região Sudeste A. Aceleração da gravidade


Observou-se que as causas que provocam o maior Um condutor lançado entre dois postes, fixado por iso-
número de interrupções são: árvores, corrosão, defeito na ladores adequados, assume uma configuração que corresponde
secundária que derruba a primária, descarga atmosférica, a uma catenária (Figura 1). Se o condutor falha mecanica-
desconhecida, não relacionada, outros e papagaio – pipa. mente, ou seja, se rompe em um certo ponto entre as duas
É expressivo o volume atribuído a causas desconhe- fixações, separando-se em duas porções, cada porção cairá,
cidas e descargas atmosféricas que provocam “outro de- sob o efeito da aceleração da gravidade, com uma extremida-
feito com condutores”. Pode-se atribuir ao fato de que nem de restrita pelo isolador. Algumas situações podem ocorrer:
sempre é possível definir a causa. a) A menor extremidade é menor que a altura do poste
“Defeito na secundária que derruba a primária” signi- subtraída de 3,5 m (admitindo-se que uma pessoa natu-
fica que um defeito na rede secundária provoca a abertura ralmente não alcance a extremidade do condutor 3,5 m
da rede primária, desenergizando-a. acima do piso): considerando-se que o poste é não con-
Analisando-se as ocorrências durante os meses do ano dutor de eletricidade ocorre uma falta de alta impedância
pode-se observar a sazonalidade das causas: neste ponto, com risco praticamente nulo para uma pes-
a) Interrupções causadas por árvores e descargas atmos- soa sofrer uma descarga;
féricas ocorrem principalmente durante o verão. b) A menor extremidade é maior que a altura do poste sub-
b) Interrupções causadas por pipas ocorrem principalmen- traída de 3,5 m (admitindo-se que uma pessoa natural-
te durante as férias escolares: janeiro, fevereiro e julho mente não alcance a extremidade do condutor 3,5 m
e também em agosto. acima do piso), porém menor que a altura do poste: con-
siderando-se que o poste é não condutor de eletricidade
B. Região Nordeste ocorre uma falta de alta impedância neste ponto, com
Observou-se que as causas que provocam o maior grande risco de uma pessoa sofrer uma descarga;
número de interrupções são as mesmas da região sudeste. c) Uma das extremidades é maior que a altura do poste o
Analisando-se as ocorrências durante os meses do ano cabo toca o solo, podendo ocorrer duas situações:
pode-se observar a sazonalidade das causas: Observa-se, c.1) O piso é adequadamente condutor gerando uma
entretanto que: falta de baixa impedância que poderá acionar o sistema
a) Interrupções causadas por árvores e descargas atmos- de proteção da subestação desligando o ramal onde ocor-
féricas ocorrem principalmente durante o verão, porém reu a falha;

174 ANAIS DO II CITENEL / 2003


c.2) O piso apresenta condutividade insuficiente gerando tivos estarão adequadamente aterrados para permitir que o
uma falta de alta impedância que não será capaz de acionar sistema de proteção da subestação atue. Deve-se manter o
o sistema de proteção da subestação. Nível Básico de Isolamento – NBI – da linha, que poderia
levar à ocorrência de falhas por falta de isolamento.
Como o vão entre postes normalmente é maior que a
altura de um poste (Figura 2), em qualquer situação de ruptu- B. Rigidez
ra de condutor uma extremidade, pelo menos, tocará o solo. Os condutores em uma linha de distribuição são lança-
Ainda, os sistemas de distribuição podem ser radiais ou em dos em um vão, de um poste a outro, e acomodam-se segun-
anel. Nos sistemas radiais duas situações podem ocorrer: do uma catenária. Por questões operacionais e de segurança é
definida uma altura mínima para o ponto mais baixo da
catenária, em relação ao solo. Para satisfazer esta especificação
os condutores são tracionados até a altura limite. Portanto,
para manter a posição especificada o condutor estará subme-
tido a uma tensão de tração, que será função do peso especí-
fico do condutor, do tamanho do vão e da altura dos postes.
Alterações de rigidez do condutor farão com que, sob a mes-
FIGURA 1 - Acomodação do condutor em forma de catenária ao ma condição de fixação inicial – ou seja, mesma condição de
longo do vão formado por dois postes em LD. restrição geométrica dos extremos do vão – a carga de tração
se altere de forma a atender aos modelos constitutivos do
a) A falha do condutor ocorreu após o último transformador material. Conseqüentemente, a configuração geométrica apre-
de distribuição da linha, de forma que a extremidade do sentada pelo condutor será ainda uma catenária, porém com
condutor do lado da carga do vão onde houve a ruptura cota mínima diferente da inicial.
está desenergizado; Deve-se levar em conta que a configuração geométrica
b) A falha do condutor ocorreu antes do último também será alterada pela dilatação térmica do condutor em
transformador de distribuição da linha, de forma que a função da temperatura ambiente e da carga transmitida pela
extremidade do condutor do lado da carga do vão onde linha de distribuição, por efeito Joule. Portanto, o monitora-
houve a ruptura está energizado. mento da rigidez somente seria eficiente se for acompanhado
do monitoramento da temperatura do condutor, para que se
possa separar a influência da temperatura na alteração de rigi-
dez por falha mecânica do condutor.
A rigidez do condutor será alterada devido à redução de
seção transversal (rompimento de tentos do condutor, vin-
cos, escoamento ou corrosão) e/ou por variação no compri-
mento (alongamento por fluência ou por escoamento). Po-
dem-se identificar alguns defeitos geométricos no condutor
como vincos ou pitting. Vincos podem ser gerados pela ação
de galhos de árvores, que além da ação mecânica sobre os
tentos do condutor provocam abertura de arco elétrico, ainda
que de pequena intensidade em função da impedância do com-
FIGURA 2 - Configuração típica de Linha de Distribuição. plexo árvore / solo, ou pela ação abrasiva de cordões revesti-
dos com cerol (pequenos fragmentos de vidro colados na su-
Nos sistemas em anel cada extremidade do condutor perfície de cordões usados para controlar pipas em vôo).
rompido deve ser analisada individualmente, pela possibilida- Pitting pode ser originado pela ação corrosiva do meio sobre
de de que cada poste esteja instalado em terrenos com dife- o condutor ou por uma descarga atmosférica que atingiu o
rentes condutividades e as duas extremidades do condutor condutor de forma a danificá-lo superficialmente, porém sem
estarão energizadas. Poderão ocorrer as combinações apre- o rompimento de tentos. Em qualquer dos casos, vincos ou
sentadas na Tabela 1 entre sistema de distribuição, resistividade pitting, ocorre uma variação de geometria que vem a ocasio-
do solo sobre o qual repousará o condutor e comprimento nar uma concentração de tensões mecânicas na região. Esta
das extremidades do condutor rompido, identificando-se se a concentração será tão maior quanto mais severo for o gradi-
falta é de alta ou baixa impedância. ente de variação de geometria. A concentração de tensões
A falha de alta impedância sendo convertida em uma pode ser apresentada em relação às tensões reinantes na vizi-
falha de baixa impedância reduz sensivelmente o risco de aci- nhança da região afetada através de um fator de concentração
dentes envolvendo condutores ao solo. Esta conversão pode de tensões – K t – maior que a unidade, aplicado aos valores
ser feita com a instalação de dispositivos mecânicos que se- de tensões da vizinhança. Em princípio, uma estrutura mecâ-
jam atuados pelo próprio cabo ao longo de sua queda, após a nica é projetada para apresentar vida infinita quanto à fadiga.
ocorrência de uma falha com ruptura do cabo. Estes disposi- Porém, materiais não ferrosos, como é o caso do alumínio,

II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica 175


Distribuição de Energia Elétrica com o qual são produzidos os condutores de distribuição e Tensões axiais sob peso próprio
transmissão, não apresentam a possibilidade de vida infinita à
fadiga. A vida quanto à fadiga é função primária dos níveis de (5)
tensão reinantes no componente – a tensão média e a tensão
alternante. As tensões, por sua vez, são função primária dos b) Vinco semi-circunferencial
carregamentos aplicados sobre o componente, da geometria Tensão de von Mises sob tração axial
e do material do componente. Uma variação de geometria
gera um aumento de tensões poderá alterar a vida útil prevista (6)
para o componente. No caso de componentes de alumínio,
como o cabo condutor, a vida útil, que de projeto já não seria Tensões axiais sob tração axial
infinita, será reduzida.
Outro fator que pode alterar a rigidez de um condutor é (7)
o encruamento gerado por ciclos de altas temperaturas, como
o que ocorre em uma descarga atmosférica, drenada pelo con- c) Pitting
dutor, sem que este se rompa. Ainda, uma conexão inadequa- Tensões de von Mises sob tração axial
damente instalada pode apresentar superaquecimento e pro-
vocar stress térmico no condutor. Nestas situações a rigidez e (8)
o alongamento do material mudam. Com a mudança do alon-
gamento do material ocorrem diferenciações de deformações Tensões axiais sob tração axial
específicas sob carga entre as regiões com encruamento e as
regiões não afetadas. Logo, as deformações transversais, de- (9)
vidas ao efeito de Poisson, também são modificadas produ-
zindo variações nas seções transversais deformadas sob car- d) Duplo pitting
ga. Estas modificações de seção transversais equivalem a uma Tensões de von Mises sob tração axial (Figura 5)
concentração de tensões.
Para se avaliar quantitativamente a influência de defeitos (10)
geométricos inseridos em um condutor, foram realizadas al-
gumas simulações numéricas em um tento de condutor de Tensões axiais sob tração axial
alumínio com quatro tipos de defeitos: vinco circunferencial,
vinco semi-circunferencial, pitting e duplo pitting. O valor do (11)
concentrador de tensões pode ser obtido pela razão entre a
tensão máxima no defeito geométrico e a tensão nominal na
vizinhança suficientemente afastada do defeito, ou a tensão Logo, as tensões podem ser até quatro e meia vezes
no mesmo ponto para o mesmo carregamento sem o defeito, maiores do que seriam se não houvesse defeitos geométricos.
como no caso da ação do peso próprio, onde o carregamento Portanto, as tensões de fadiga também são amplificadas, po-
não é axialmente constante (Equações 1) a (11). Portanto, dendo ocorrer uma falha por ruptura do condutor algum tem-
para os defeitos analisados, tem-se o seguinte (tensões mecâ- po depois de nucleado o defeito geométrico. Ou seja, uma
nicas em Pa e deformações em µε): árvore pode, em um certo momento, nuclear um defeito geo-
métrico tipo vinco no condutor. Essa mesma árvore pode ser
podada e, algum tempo, depois, o condutor sofrer ruptura
a) Vinco circunferencial
naquele defeito nucleado. Este tipo de situação pode levar à
Deformação sob tração uniaxial classificação de falhas com defeito desconhecido ou mes-
mo como “outros”. Ainda, um defeito que seja nucleado
(1) no condutor poderá crescer em função do campo de ten-
sões reinantes de forma que a concentração de tensões
Tensão axial sob tração uniaxial
poderá ser majorada, levando ao crescimento acelerado do
defeito inicial até a falha completa da seção do condutor.
(2)

Tensão de von Mises sob tração axial (Figura 3) C. Condutividade elétrica


A continuidade do condutor somente é mantida de se o
cabo ainda apresentar estrutura suficiente para suportar as
(3)
cargas aplicadas, mesmo que esteja em processo de falha.
Tensões de von Mises sob peso próprio (Figura 4) Ou seja, a continuidade do condutor exige que este
não esteja rompido. Em situações hipotéticas poderia se
(4) considerar flechas excessivas, sem ruptura, que levariam o
condutor a oferecer alto risco de descarga elétrica particu-

176 ANAIS DO II CITENEL / 2003


larmente sobre transeuntes. Logo, um processo que verifi-
que a continuidade do condutor permite seu monitoramento
quanto à falha mecânica que leve à ruptura do cabo. Por-
tanto, o princípio físico abordado é a condutividade elétri-
ca. Um sinal enviado pelo condutor somente atingirá seu
destino se houver continuidade do cabo. Caso esse sinal
não atinja o ponto de controle esperado assume-se que há
descontinuidade na linha de distribuição. Deve-se levar em
conta as interrupções da linha para manutenção (abertura
de chave, troca de condutor) e por eventos que levaram a
sobrecarga provocando a abertura de fusíveis. Um moni-
toramento segundo este princípio não permitiria, porém, a FIGURA 5 - Tensões de von Mises sob tração axial com duplo
avaliação do grau de comprometimento da estrutura do pitting.
cabo, caso este esteja afetado mecanicamente sem ruptura
Esta rede será construída conforme os Padrões Téc-
total. Apenas seria percebida a falta ou não de continuida-
nicos da CPFL que são semelhantes às NTCs da COPEL.
de do condutor. Para se monitorar o grau de progressão da
Seu comprimento será de 108 m e encabeçada por dois
falha em um condutor seria necessário o emprego de um
postes N3 (postes 1 e 4). A 4 m do poste 1 será erguido o
sistema com análise de atenuação de sinal, que ocorreria
poste 2 onde estará instalado o transformador elevador de
devido a variações de características de condutividade do
30 kVA, 14.5 3 / 13.5 3 / 12.5 3 kV - 440 V e de-
cabo em uma região onde há uma falha em progressão. É,
mais componentes. No vão central será instalado o poste
por outro lado, um princípio útil por ser de aplicação mais
3, fixado sobre uma base sendo possível deslocá-lo para
ampla, estendendo-se por todo um ramal da linha de distri-
permitir a variação dos comprimentos do vão bem como
buição. Ainda é possível a identificação do trecho do ra-
produzir um ângulo sobre os postes 2 e 4. O poste 3 será
mal onde ocorreu a descontinuidade, com a implantação
fundido sobre um bloco de concreto munido de rodas que
de repetidores de sinal.
correrão em trilhos, permitindo que o vão possa ser varia-
do de 35 a 60 m de um lado ou 70 a 45 m de outro ou
deslocando-o a 90º de modo que cabo faça um ângulo em
V. REDE DE DISTRIBUIÇÃO EXPERIMENTAL
relação aos postes 2 e 4. O poste 3 será um N2 com isola-
A rede experimental será construída nas instalações dor de pino duplo. Os trilhos serão chumbados sobre uma
do LEME (Laboratório de Emissões Veiculares) sobre o laje em forma de T, e estruturada com tela, sobre vigas
platô na cota 930 como mostra a Figura 6. baldrame e estacas.

FIGURA 3 - Tensões de von Mises sob carga de tração axial


com vinco circunferencial.

FIGURA 6 - Linha de distribuição experimental.

VI. CONTINUIDADE DOS TRABALHOS


As atividades seguintes previstas no projeto passam pela
construção da linha de distribuição experimental, no LACTEC,
que está projetada e em andamento. Nesta linha serão realiza-
dos testes para reproduzir as características e fenômenos ob-
FIGURA 4 - Tensões de von Mises sob peso próprio com vinco servados em campo, além de experimentos para validar as
circunferencial. soluções desenvolvidas para o problema de cabos ao solo.

II Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica 177


Distribuição de Energia Elétrica TABELA 1
ANÁLISE DE RISCO DE FALHAS DE CONDUTOR DE DISTRIBUIÇÃO.
Sistema Resistividade Lado Comprimento (L) Falta Risco
Radial(falha após o último transformador) Alta Fonte L < h poste – 3,5 m Alta Nulo
h poste – 3,5 m < L< h poste Alta Alto
L > h poste Alta Alto
Carga L < h poste – 3,5 m - Nulo
h poste – 3,5 m< L < h poste - Nulo
L > h poste - Nulo
Baixa Fonte L < h poste – 3,5 m Alta Nulo
h poste – 3,5 m < L< h poste Alta Alto
L > h poste Baixa Baixo
Carga L < h poste – 3,5 m - Nulo
h poste – 3,5 m < L< h poste - Nulo
L > h poste - Nulo
Radial(falha antes do último transformador) Alta Fonte L < h poste – 3,5 m Alta Nulo
h poste – 3,5 m < L< h poste Alta Alto
L > h poste Alta Alto
Carga L < h poste – 3,5 m Alta Nulo
h poste – 3,5 m < L< h poste Alta Alto
L > h poste Alta Alto
Baixa Fonte L < h poste – 3,5 m Alta Nulo
h poste – 3,5 m < L< h poste Alta Alto
L > h poste Baixa Baixo
Carga L < h poste – 3,5 m Alta Nulo
h poste – 3,5 m < L< h poste Alta Alto
L > h poste Baixa Baixo
Anel Alta Qualquer L < h poste – 3,5 m Alta Nulo
h poste – 3,5 m < L< h poste Alta Alto
L > h poste Alta Alto
Baixa Qualquer L < h poste – 3,5 m Alta Nulo
h poste – 3,5 m < L< h poste Alta Alto
L > h poste Baixa Baixo

VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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