SERVIÇO SOCIAL
Paracatu
2016
ELIANA MARIA DA SILVA NEIVA
Paracatu
2016
Dedico este trabalho...
Ao Deus de minha vida
Ao meu filho, meu maior
tesouro,
À minha mãe e amigos.
Agradecimentos
RESUMO
ABSTRACT
The importance of the testimonies directly involved in cases of child exploitation has
always divided opinions, both professional psychologists how many social workers
and even of legal professionals. Concern about psychosocial damage in the lives of
those involved fomented it bringing great debates, seminars, articles and publications
of several authors and professionals. On the one hand, the figure of justice that
seeks the culprits to blame them for the heinous action and on the other hand,
professionals who care about and need to protect the child's rights protection and
adolescents at risk, without further increasing its exposure and victimization during
the investigation process, if necessary become. This study is at the heart of
sóciojurídica role of the social worker the concern for children and adolescents who
had their rights violated and must be conducted in a manner that does not encroach
further its core and further deterioration of their socio-emotional side, still leaving the
most indelible marks in your life. the literature with some of the authors who have
spoken on Sexual Violence will be held, "Project Testimony Without Harm," which
brought important notes to understand the operation and the possible consequences
of the child's life and adolescents and especially to their environment . The purpose
of this study, which includes the bibliographic and documentary research
methodology is to analyze the social worker position that recognizes the importance
of their professional practice regarding the topic discussed, but knows to follow
above all, what is it because the Code of ethics and always making it possible to
guarantee rights of those in vulnerable situations.
MP Ministério Público
INTRODUÇÃO............................................................................................................10
3 A QUEBRA DO SILÊNCIO......................................................................................28
3.1 Fluxo da Notificação do Abuso Sexual.............................................................31
3.1.1 Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente.....................................33
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................52
REFERÊNCIAS...........................................................................................................54
10
INTRODUÇÃO
interpessoal”.
Dessa forma, o ambiente familiar em que a vítima está inserida,
deixa de ser o espaço destinado à rede de socialização, segurança e proteção
social, para se tornar um ambiente opressor, de violência emocional, física e sexual.
Para os autores (Day, et tal., 2003), existem quatro formas que são as
mais comuns de violência intrafamiliar: física, psicológica, negligência e sexual e
eles as discorrem como sendo Violência física, psicológica, sexual e a negligência.
Como já se sabe, a violência física ocorre quando a intenção de causar qualquer
dano a outrem, usando qualquer objeto que inflija lesões que possam causar a
morte ou ferimento leve ou profundo. A violência psicológica como já indica, causa
dano à autoestima, à sua identidade ou até o desenvolvimento da pessoa em
formação. A violência sexual, diz respeito a pratica sexual com menores de 14 anos,
que por consentimento (configura abuso do mesmo jeito, por ser incapaz), que a
chamada “violência presumida”, ou não das mesmas. E por último, a chamada
negligência, que ocorre quando o guardião legal ou outro membro da família deixa
de assumir as responsabilidades, por aqueles que por algum motivo não se
enquadram no item capaz, seja por questão da idade, seja por condição física,
permanente ou temporária.
E de acordo com alguns estudos, a violência contra a criança em
sua maioria começa dentro de casa, e o abuso sexual intrafamiliar na modalidade
“incesto”, constitui a forma mais comum que desponta como fator corriqueiro nas
estatísticas apuradas. Essa categoria de abuso é caracterizada por abuso sexual
sistêmico, a criança é levada com o consentimento da própria família, sendo
abusada sexualmente várias vezes e por vários abusadores. A família incentiva e
acoberta as ações que a criança vitimizada, chega até a fase adulta sem ter a
consciência que foi abusada, considerando normais suas vivências. (AMAZARRAY;
KOLLER, 1998 apud WATSON 1994).
Em relação ao incesto pode-se encontrar o seguinte esclarecimento:
abuso sexual.
A exploração sexual de uma criança implica que esta seja uma vítima
de um adulto ou de uma pessoa sensivelmente mais idosa do que
ela com a finalidade de satisfação sexual desta. O crime pode
assumir diversas formas: ligações telefônicas obscenas, ofensa ao
pudor e voyeurismo, imagens pornográficas, relações ou tentativas
de relações sexuais, incesto ou prostituição de menores. (GABEL,
1997, p.11).
Para Azevedo (2001), quem passa por esse tipo de experiência, que
traz para sua vida muito sofrimento, vergonha e até descrédito das pessoas que, no
momento de desespero, pede ajuda, as marcas serão indeléveis. Insta lembrar que
muitas das vezes a vítima por uma questão de cultura, deixa de ser a abusada para
se tornar a sedutora, ou seja, são tratadas como culpadas, como responsáveis pela
agressão por ser jovem, pelos trajes, pela sensualidade, pelo olhar.
Os estudos as consequências do abuso sexual para a criança
podem ser divididas em físicas, emocionais, sexuais e sociais. Cabe dizer que várias
são as consequências apresentadas e que se manifestam tanto fisicamente,
socialmente, quanto psicologicamente como disposto a seguir: É preciso anotar que
os sintomas podem surgir a curto, médio e longo prazo e também podem apresentar
formas diferenciadas conforme a personalidade e idade das vítimas. Dentre esses
sintomas, pode-se enumerar: lesões genitais, anais, gestação precoce ou não, DST
(doenças sexualmente transmissíveis), consequência psicológicas, agressividade,
condutas sexuais inadequadas, dificuldades nos relacionamentos interpessoais
(ligação afetiva e amorosa), dificuldades escolares, distúrbios alimentares, os
afetivos (apatia, depressão, crises de choro, vergonha, culpa, baixa estima e
desvalorização pessoal), dificuldades de adaptação, insônia, envolvimento com
prostituição, mudanças de comportamento e de vocabulário, queixas de ordem
psicossomática, e uso de drogas,
Do ponto de vista de Vieira (2016), o caminho percorrido pela
criança e adolescente abusado sexualmente configura como árduo e longo e ainda
incerto:
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Qualquer vítima, haja vista que realmente ao ter que expor todos os
fatos novamente, faz com que lembranças sejam retomadas e consequentemente o
sofrimento revivido. Sabe-se que esta exposição não será rápida, pois, a vítima não
será ouvida apenas por um e sim por vários profissionais, onde será montado um
processo investigativo, em que novas situações podem surgir, mudando o curso dos
fatos, alterando inclusive, a sua rotina, podendo chegar até a uma ruptura de laços
de família.
Dentre as consequências advindas do abuso sexual, é possível
definir que as respostas estarão presentes pela vida toda. Cada pessoa reagirá de
uma forma, mas pode-se dizer que nada será como antes, na vida de quem foi
abusada sexualmente. As palavras abaixo sintetizam de forma concisa todas as
reações presumíveis:
1 A QUEBRA DO SILÊNCIO
“[...]
Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de
atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de
comunicar à autoridade competente os casos de que tenha
conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos
contra criança ou adolescente:
Pena: multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o
dobro em caso de reincidência. [...]. (ECA, artigo 245).
Social onde são atendidas famílias e pessoas que estão em situação de risco social
ou tiveram seus direitos violados. O público alvo dessa unidade são as famílias e
indivíduos em situação de risco pessoal e social, com violação de direitos, como:
violência física, psicológica e negligência; violência sexual; afastamento do convívio
familiar devido à aplicação de medida de proteção; situação de rua; abandono;
trabalho infantil; discriminação por orientação sexual e/ou raça/etnia;
descumprimento de condicionalidades do Programa Bolsa Família em decorrência
de violação de direitos; cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto de
Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços à Comunidade por adolescentes,
entre outras. (ZART: VIEIRA E AMARAL, 2011)
membros da Sociedade das Nações são chamados a guiar-se pelos princípios deste
documento, que posteriormente passou a ser conhecido por Declaração de
Genebra, a saber:
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com
menor de 14 (catorze) anos:
Devido à precoce iniciação sexual, muitos têm a falsa ideia que não
tem violência porque a criança já sabe tudo sobre sexo, portanto, já está preparada,
mas conforme o artigo 217-A será imputado pena nos rigores da Lei para faixa etária
mencionada acima se houver estupro.
Mas, no entendimento de Nucci (2009) [...]. “O legislador brasileiro
encontra-se travado na idade de 14 anos, no cenário dos atos sexuais, há décadas.
É incapaz de acompanhar a evolução dos comportamentos na sociedade”. [...].
O autor faz um comparativo entre o Código Penal e o ECA ao
demonstrar que o Estatuto da Criança e do Adolescente coloca o adolescente como
maior de 12 anos e a proteção penal ao menor de 14 anos continua sendo rígida.
Sua manifestação dá-se favorável à unificação do entendimento, estendendo ao
maior de 12 anos a capacidade de consentir ou não aos atos sexuais. Continua o
autor que a proteção à criança menor de 12 anos merece ser considerada absoluta
no cenário sexual. (NUCCI, 2009, p. 37-38).
38
[...]
Art. 2º O atendimento deverá proporcionar à criança e ao
adolescente a escolha e a oportunidade de expressar livremente
suas opiniões e demandas sobre os assuntos a eles relacionados,
levando-se em consideração os fatores idade, maturidade e
interesse.
§ 1º Será garantida à criança e ao adolescente o tempo e o lugar
condizentes com sua condição de pessoa em fase especial de
desenvolvimento para a realização do atendimento, garantindo-lhes a
privacidade necessária.
§ 2º O atendimento deverá ser uma prática ética e profissional, de
acordo com a regulamentação dos respectivos órgãos profissionais,
não podendo agravar o sofrimento psíquico de crianças e
adolescentes vítimas ou testemunhas de crimes, devendo-se
respeitar o tempo e o silêncio de quem é ouvido, prevalecendo-se as
43
importantes.
Eunice Teresinha Fávero: Possui graduação em Serviço Social pela Pontifícia
Universidade Católica de Campinas (1979), Mestrado em Serviço Social pela
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1995) e doutorado em Serviço Social
pela Pontifícia Universidade Católica/SP (2000). Atualmente é professora do
Mestrado Acadêmico em Políticas Sociais, e líder do grupo de pesquisa Políticas e
Práticas Sociais com Famílias, da Universidade Cruzeiro do Sul - São Paulo. Atuou
como assistente social no Tribunal de Justiça do Est. São Paulo de agosto de 1985 a
fevereiro de 2012. Participou da diretoria executiva da Associação dos Assistentes
Sociais e Psicólogos do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo - AASPTJ-SP,
nas gestões 2001/2005 e 2009/2011. É pesquisadora CNPq PQ2. Tem experiência
de atuação, docência e pesquisa na área de Serviço Social, com ênfase em
Fundamentos do Serviço Social, principalmente nos seguintes temas: família,
infância e juventude, área sóciojurídica, questão social, trabalho, prática profissional,
rompimento de vínculos sociais e familiares. Emitiu parecer desfavorável e apontou
como pontos principais:
Maria Palma Wolff: Possui graduação em Serviço Social pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul (1980), especialização em Supervisão e mestrado em
Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1990) e
doutorado em Direitos Humanos e Liberdades Fundamentais pela Universidade de
Zaragoza/ES(2003) e pós-doutorado pela Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo. Foi presidente do Conselho Penitenciário do Estado do RS e Diretora Geral
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merecedoras de considerações.
Mas, conforme resolução 554/2009, o Conselho Federal de Serviço
Social, artigo 1º, não reconhece o uso de atribuição legal e nem competência dos
Assistentes Sociais para atuar na metodologia do projeto “depoimento sem dano”.
E continua no artigo 2º que, conforme os artigos 4º e 5º da Lei 8662/93, fica vedado
vincular ou associar ao exercício de Serviço Social e ao Assistente Social a
participação em metodologia de inquirição especial. Também no artigo 3º, explicita
que o descumprimento dos termos da Resolução em questão, implicará, em
apuração de responsabilidades disciplinares e/ou éticas, nos termos do Código de
Ética do Assistente Social.
Afirma categoricamente, em documento publicado, que a sua
posição em relação à participação do assistente social na inquirição Especial, ao
projeto “Depoimento Sem Dano” é contrária, pois existem dois aspectos
fundamentais que devem ser levados em conta, que seriam principalmente o direito
à proteção integral da criança e do adolescente que configuram como vítimas e que
esta metodologia de intervenção não faz parte das atribuições privativas e
competências do assistente social. (CFESS).
Para Azambuja (2010, p.74), “Lamentavelmente, carece a iniciativa
de elemento essencial e que se constitui em um dos pilares do novo direito da
criança, a tão falada, mas tão pouco praticada, interdisciplinaridade”.
E ela continua em oposição ao método, com indagações pertinentes
e deixando claro a sua posição frente aos chamados “técnicos” pelo judiciário, no
que diz respeito às atribuições do assistente social e do psicólogo como mediadores
(?) nas situações jurídicas. E indaga ainda, como conciliar essa interdisciplinaridade
com a autoridade judicial, e ainda não garantir direitos:
Para BORGIANNI (2013), Existe uma diferença muito grande entre o trabalho
do judiciário e o escopo do trabalho do Assistente social.
Considerações Gerais
52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
54
CEZAR, José Antonio Daltoé. Depoimento sem dano: uma alternativa para
inquirição crianças e adolescentes no processo judiciais – Porto Alegre: Livraria
do Advogado Editora, 2007.
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60
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ZART, Rafael Lampert; VIEIRA, Margarete Cutrim; AMARAL, Maria Luiza Rizzotti.
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