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A PENÍNSULA IBÉRICA – LUGAR DE PASSAGEM E FIXAÇÃO

A Península Ibérica na Europa e no Mundo


Limites da Península Ibérica
Como qualquer península, a Península Ibérica está rodeada por mar com exceção de um lado chamado istmo.
Tem como limites naturais:
 a norte: o oceano Atlântico;
 a sul: o oceano Atlântico e o mar Mediterrâneo;
 a este: o mar mediterrâneo;
 a oeste: o Oceano Atlântico.

Posição da Península Ibérica


A Península Ibérica situa-se no extremo sudoeste da Europa. Está separada do continente africano pelo Estreito de
Gibraltar.
Encontra-se no Hemisfério Norte à mesma distância da linha do Equador e do Pólo Norte.

Características naturais da Península Ibérica


Relevo
Às diferentes formas que a superfície terrestre apresenta chamamos relevo. Alguns exemplos são:
 Planície: grande superfície plana e de pouca altitude;
 Planalto: grande superfície plana ou ondulada de média ou grande altitude;
 Montanha: elevação de terreno que se destaca do terreno circundante pela sua altitude;
 Vale: espaço compreendido entre dois montes (geralmente onde corre um rio).
 Cordilheira: conjunto de montanhas.
Através dos mapas de relevo conseguimos identificar as diferentes altitudes que uma zona pode apresentar através das suas
cores:
 verde: planícies de baixa altitude;
 amarelo: planícies onduladas e planaltos de baixa altitude;
 castanho-claro: planaltos de grande altitude e algumas serras;
 castanho: montanhas de grande altitude (quanto mais escuro for o castanho maior a altitude).
A Península Ibérica é uma região bastante montanhosa constituída por um conjunto de planaltos e montanhas que se
inclinam para ocidente. Destacam-se:
 a Cordilheira Central: cadeia montanhosa que corta a meio o Planalto Central;
 a Cordilheira dos Pirenéus: montanhas altas e escarpadas;
 o Planalto Central: mais extenso e alto dos planaltos peninsulares;
 a Planície do Ebro;
 a Planície do Guadalquivir;
 a Planície do Tejo-Sado.

Rios peninsulares
Os rios da Península Ibérica nascem nas grandes cadeias montanhosas onde abundam as nascentes e as neves. Como estão
viradas para ocidente os rios correm nessa direção e vão desaguar no Oceano Atlântico, com exceção do rio Ebro que corre
para o Mediterrâneo.
Principais rios da Península Ibérica:
 rio Minho;
 rio Douro;
 rio Tejo: rio com maior extensão;
 rio Guadiana;
 rio Sado;
 rio Guadalquivir;
 rio Ebro.

Clima
O planeta Terra apresenta diferentes zonas climáticas:
 zona quente: próxima do Equador;
 zonas frias: em redor dos polos;
 zonas temperadas: entre as zonas frias e as zonas quentes.
A Península Ibérica tem um clima temperado por isso apresenta quatro estações durante o ano:
 Primavera;
 Verão;
 Outono;
 Inverno.
Existem também diferenças regionais distinguindo-se três zonas:
 Norte e Noroeste: elevada humidade e precipitação, temperaturas suaves tanto no Inverno como no Verão;
 Interior: pouca precipitação, invernos muito frios e verões muito quentes;
 Sul: pouca precipitação, invernos suaves e verões quentes.
Estas diferenças devem-se aos seguintes fatores:
 proximidade do mar;
 ventos dominantes;
 relevo.

Vegetação natural
Sobre o tipo de vegetação que existe na Península ibérica podemos distinguir duas zonas:
 Ibéria húmida: florestas de folha caduca, prados naturais verdes e matagais com fetos, giesta, urze e tojo. Junto à costa predominam os
pinheiros;
 Ibéria seca: florestas de folha persistente, matagais e arbustos. Junto à costa predominam as palmeiras, as piteiras e os catos.

Os recursos naturais e a fixação humana


As primeiras comunidades recolectoras
Os primeiros grupos de homens e mulheres que habitaram a Península Ibérica viviam em comunidades: grupos de vinte a
quarenta pessoas que partilhavam entre si os abrigos, a comida, os utensílios e os perigos.
Para se protegerem do frio e dos animais ferozes refugiavam-se em grutas e outros abrigos existentes nas rochas. Por
vezes construíam cabanas com troncos, ramos e peles de animais.
As peles de animais também serviam para se vestirem. Faziam também utensílios de pedra e osso para se protegerem, para
caçar, esquartejar animais e raspar e cortar as suas peles.
As cenas de caça eram gravadas e pintadas nas paredes das grutas onde viviam. A estas gravuras e pinturas chamamos arte
rupestre.
Estas comunidades viviam da pesca, da caça, e da recoleção, por isso as chamamos comunidades recolectoras. Isto
significa que viviam da recolha do que a Natureza lhes oferecia.
Quando os recursos naturais de um local escasseavam tinham que procurar um novo local com mais frutos e mais animais
para sobreviverem. Por isso não tinham casa fixa e não permaneciam no mesmo local durante muito tempo. Diz-se então
que eram nómadas.
A descoberta do fogo permitiu defenderem-se melhor dos animais ferozes, para se aquecerem e assarem os animais.

As comunidades agro-pastoris
Há cerca de 10000 anos a temperatura subiu, os gelos fundiram-se e o clima tornou-se quente e seco. Os animais de clima
frio desapareceram e surgiram novas espécies vegetais e animais.
Ficaram assim reunidas condições para os homens abandonarem as grutas e melhorar a sua forma de vida.
As comunidades agro-pastoris vivam da agricultura, da pastorícia e da domesticação de animais. Como viviam perto
das terras que cultivavam deixaram de precisar de se deslocar constantemente, tornando-se assim sedentários.
Começou a haver uma maior abundância e diversidade de alimentos o que originou os primeiros povoados.
Começou-se a praticar a cestaria, a cerâmica e a tecelagem. Novos utensílios foram inventados como a foice, a enxada de
pedra, o arado de madeira e a mó manual, e deu-se maior uso da roda.
Surge também nesta época vários monumentos em pedra como antas, ou dólmenes, e os menires.
Homens dos castros
Há cerca de 2500 anos a Península Ibérica era habitada pelos:
 Celtas: povos guerreiros vindos no Centro da Europa, eram altos de cabelo e olhos claros e fixaram-se no Norte e Oeste da Península
Ibérica.
 Iberos: homens morenos e de estatura média que se fixaram no Sul e Este da Península Ibérica.
Os Iberos só conheciam o cobre e o bronze. Os celtas trouxeram o ouro e o ferro.
Com o passar do tempo estes povos acabaram por se misturar dando origem aos celtiberos.
Estas tribos viviam nos cimos dos montes rodeados por muralhas nas citânias, ou castros.

Contacto com os povos mediterrânicos


Os povos do sul da Península Ibérica viviam melhor que os do norte principalmente devido ao contacto
com Fenícios, Gregos e Cartagineses, que eram povos mais evoluídos.
Estes povos dedicavam-se ao comércio. Na Península Ibérica encontraram metais e em troca ofereciam objetos
de vidro, adornos, cerâmicas, tecidos de linho e púrpura.
Deixaram-nos novas ideias e costumes e deram a conhecer o alfabeto fenício, a moeda grega e a conservação dos
alimentos pelo sal.

A conquista romana e a resistência dos povos ibéricos


A conquista
Os romanos eram um povo proveniente da Península Itálica que conquistaram vários territórios à volta do mar
Mediterrâneo graças ao seu poderoso e organizado exército.
Atraídos pelas riquezas das Península Ibérica conquistaram-na no séc. III a.C. Desta forma conseguiram o domínio do
comércio do Mediterrâneo.

A resistência
As populações do litoral sul não ofereceram grande resistência. O mesmo não aconteceu com os povos do Centro e Norte
que lutaram contra os romanos durante quase 200 anos. Um dos povos que se distinguiu na luta contra os romanos foram
os Lusitanos, chefiados por Viriato. Estes montavam armadilhas e emboscadas aproveitando as montanhas e
desfiladeiros.

O império romano
Entretanto não foi só conquistada a Península Ibérica mas sim um conjunto de territórios à volta do Mediterrâneo que fez
com que os romanos construíssem um grande Império. A sua capital era a cidade de Roma e possuíam territórios na
Europa, Ásia e África. O chefe supremo do Império era o imperador.

A Península Ibérica romanizada


Herança romana
Os romanos permaneceram quase 700 anos na Península Ibérica e durante este tempo os costumes das pessoas alterou-se
e foram construídos edifícios e estruturas que influenciaram bastante o modo de vida da população. A todas as alterações
provocadas pela presença dos romanos na Península Ibérica chama-se romanização.
As transformações mais significativas foram:
 construção de estradas, aquedutos, pontes, teatros, balneários públicos, templos, monumentos;
 casas cobertas com telha, com jardins exteriores e com mosaicos a decorar o pavimento;
 intensificação da produção agrícola (vinho, azeite e trigo) e da exploração agrícola;
 criação de indústrias: salga do peixe, olaria, tecelagem;
 desenvolvimento do comércio;
 maior uso da moeda;
 a língua falada passa a ser o latim.

Era cristã
Este período também ficou marcado pelo surgimento de uma nova religião: o Cristianismo. Esta nova religião expandiu-se
por todo o Império e a contagem do tempo passou-se a fazer pela era cristã, ou seja, a partir do do nascimento de Jesus
Cristo (quem começou a pregar esta religião e que afirmava ser filho de Deus).
Na contagem do tempo podemos utilizar o ano, a década (10 anos), o século (100 anos) e o milénio (1000 anos).
Para fazer corresponder os anos aos séculos há duas regras bastante simples:
 quando o ano termina em dois zeros o número de centenas indica o século. Ex: ano 1500, séc. XV;
 quando o ano não termina em dois zeros, acrescenta-se uma unidade ao número das centenas. Ex: 1548, séc. XVI.

A ocupação muçulmana
O profeta Maomet e o Islamismo
No séc. VI a Arábia (península da Ásia) era bastante pobre. Foi neste local que Maomet, nascido na cidade de Meca,
anunciou-se em 612 como profeta (enviado de Deus para revelar verdades sagradas aos homens) e começou a pregar uma
nova religião – o Islamismo.
Os seguidores desta religião são os Muçulmanos e acreditam num único deus – Alá. Os princípios desta religião estão
reunidos num livro sagrado chamado Corão.
Obrigações dos Muçulmanos:
 reconhecer Alá como Deus único e Maomet como seu profeta;
 rezar cinco vezes por dia virados para Meca;
 jejuar no mês do Ramadão;
 dar esmola aos mais pobres;
 ir a Meca pelo menos uma vez na vida.

Conquista da Península Ibérica


Os Muçulmanos começaram a conquistar novos territórios de forma a:
 expandir o Islamismo, procurando converter outros povos à sua religião;
 melhorar as suas condições de vida dado que a Arábia era um território bastante pobre.
Foram conquistados territórios na Ásia, no Norte de África e em 711 iniciou-se a conquista da Península Ibérica.
Os Mouros (designação para os Muçulmanos oriundos do Norte de África) entraram pelo estreito de Gibraltar e venceram
os cristãos visigodos na batalha de Guadalete.
Muito rapidamente (em cerca de dois anos) os Muçulmanos ocuparam praticamente toda a Península Ibérica, com exceção
das Astúrias e parte dos Pirenéus devido às suas condições adversas. Esta ocupação foi realizada através do uso de armas
mas, em muitos casos, faziam-se acordos com os visigodos que lhes permitiam viver em paz e confraternizar, desde que se
submetessem aos novos conquistadores.

Cristãos e Muçulmanos no período da Reconquista Cristã


A resistência cristã
Durante a ocupação muçulmana alguns nobres visigodos conseguiram refugiar-se nas Astúrias (zona montanhosa no norte
da Península ibérica). Foi a partir deste local que os cristãos formaram núcleos de resistência contra os Muçulmanos e no
ano de 722 obtiveram a sua primeira grande vitória na batalha de Covadonga, chefiados por Pelágio. Depois deste
acontecimento formou-se o reino das Astúrias.

A Reconquista Cristã
Foi então a partir das Astúrias e junto dos Pirenéus que se iniciou a Reconquista Cristã, ou seja, os cristãos começaram a
lutar contra os Muçulmanos para voltar a conquistar as terras que perderam para os Muçulmanos.
Com o passar do tempo o reino das Astúrias deu lugar a outros reinos cristãos:
 reino de Leão;
 reino de Castela;
 reino de Navarra;
 reino de Aragão.
Cada reino tinha como objetivo conquistar terras a sul aos Muçulmanos de forma a expulsá-los da Península Ibérica.
Foram precisos quase 800 anos para o conseguirem. Entretanto também houve períodos de paz e confraternização. Cristãos
e Muçulmanos foram-se habituando a aceitar costumes e tradições diferentes dos seus.
A herança muçulmana
Influência muçulmana nos povos peninsulares
Os povos que sofreram maior influência da presença dos Muçulmanos na Península Ibérica foram os do sul pois foi aí que
permaneceram mais tempo.
As principais marcas muçulmanas foram:
 construção de mesquitas e palácios decorados com azulejos;
 casas com terraços e pátios interiores e eram caiadas de branco;
 desenvolvimento de indústrias artesanais como armas, carros e tapetes;
 desenvolvimento da agricultura com novos processos de rega, a nora, a picota e o açude;
 introdução de novas plantas como a laranjeira, o limoeiro, a amendoeira, a figueira e da oliveira;
 novos conhecimentos de medicina, navegação, astronomia e matemática;
 cerca de 600 palavras, a maior parte começadas por al.

PORTUGAL NO PASSADO

D. Afonso Henriques e a luta pela independência


Condado Portucalense
Durante a Reconquista Cristã os reis cristãos da Península Ibérica pediram auxílio a outros reinos cristãos da Europa para
reconquistar os territórios aos Muçulmanos. Os cavaleiros que vieram ajudar na luta contra os Muçulmanos chamavam-
se cruzados.
A pedido de D. Afonso VI, rei de Leão e Castela, vieram de França os cruzados D. Raimundo e D. Henrique. Em troca
pelos seus serviços os cruzados receberam:
 D. Raimundo: a mão da filha legítima do rei, D. Urraca, e o Condado de Galiza;
 D. Henrique: a mão da filha ilegítima do rei, D. Teresa, e o Condado de Portucale.
Estes condados pertenciam ao reino de Leão, por isso D. Henrique tinha que prestar obediência, lealdade e auxílio militar ao
rei D. Afonso VI. Em 1112 morre e como o seu filho, D. Afonso Henriques, apenas tinha 4 anos de idade , ficou D. Teresa a
governar o Condado Portucalense.

A luta pela independência


Em 1125, aos 16 anos, D. Afonso Henriques armou-se a si próprio cavaleiro, como só faziam os reis. D. Afonso Henriques
tinha como ambição concretizar o desejo do seu pai D. Henrique: tornar o Condado Portucalense independente do reino de
Leão e Castela.
Nesta altura, D. Teresa mantinha uma relação amorosa com um fidalgo galego, o conde Fernão Peres de Trava. Esta relação
prejudicava a ambição de tornar o Condado Portucalense independente. Por isso, apoiado por alguns nobres portucalenses,
D. Afonso Henriques revoltou-se contra a sua mãe.
Em 1128, D. Teresa é derrotada na batalha de S. Mamede por D. Afonso Henriques, que passa a governar o Condado
Portucalense.
D. Afonso Henriques passa a ter duas lutas:
 luta contra D. Afonso VI para conseguir a independência do Condado Portucalense;
 luta contra os Muçulmanos para aumentar o território para sul.

O reino de Portugal
Para a formação de Portugal foram bastante importantes as seguintes batalhas:
 1136: batalha de Cerneja onde D. Afonso Henriques vence os galegos.
 1139: batalha de Ourique onde D. Afonso Henriques derrota os exércitos de cinco reis mouros.
 1140: batalha em Arcos de Valdevez, D. Afonso Henriques vence novamente os exércitos de D. Afonso VII.
Com estas vitórias de D. Afonso Henriques, D. Afonso VII, seu primo agora rei de Leão e Castela, viu-se obrigado a fazer
um acordo de paz – o Tratado de Zamora. Neste tratado, assinado em 1143, Afonso VII concede a independência ao
Condado Portucalense que passa a chamar-se reino de Portugal, e reconhece D. Afonso Henriques como seu rei.

A conquista da linha do Tejo


Feita a paz com o rei de Leão e Castela, D. Afonso Henriques passou a preocupar-se exclusivamente em conquistar
territórios a sul aos mouros de forma a alargar o território do reino de Portugal:
 1145: conquista definitiva de Leiria;
 1147: conquista de Santarém e Lisboa.
Na reconquista das terras aos mouros participou quase toda a população portuguesa que podia pegar em armas:
 senhores nobres e monges guerreiros: combatiam a cavalo, comandavam os guerreiros e recebiam terras como recompensa pelos seus
serviços prestados ao rei;
 homens do povo: combatiam a pé e eram a grande maioria dos combatentes.
Em algumas batalhas os portugueses foram ainda ajudados por cruzados bem treinados e com armas próprias para atacar as
muralhas, vindos do Norte da Europa.

O reconhecimento do reino
Apesar de o rei Afonso VII ter reconhecido em 1143 D. Afonso Henriques como rei de Portugal, o mesmo não aconteceu
com o Papa.
O Papa era o chefe supremo da Igreja Católica e tinha muitos poderes. Os reis cristãos lhe deviam total obediência e
fidelidade. Para a independência de um reino ser respeitada pelos outros reinos cristãos teria de ser reconhecida por ele.
Para obter este reconhecimento D. Afonso Henriques mandou construir sés e igrejas e deu privilégios e regalias aos
mosteiros.
Só em 1179 é que houve o reconhecimento por parte do papa Alexandre III através de uma bula (documento escrito pelo
papa).

O reino de Portugal e do Algarve


Alargamento do território e definição de fronteiras
Portugal foi uma monarquia desde 1143 até 1910, ou seja, durante este período Portugal foi sempre governado por um rei.
A monarquia portuguesa era hereditária. Isto significa que quem sucede um rei é o seu filho mais velho (o príncipe
herdeiro).
Depois da morte de D. Afonso Henriques sucederam-lhe:
 D. Sancho I;
 D. Afonso II;
 D. Sancho II;
 D. Afonso III;
 etc…
Os primeiros 4 reis de Portugal, a seguir a D. Afonso Henriques, continuaram a conquistar territórios aos mouros até que em
1249 D. Afonso III conquista definitivamente o Algarve.
Entretanto, os limites do território não estavam totalmente definidos pois havia zonas a norte e a este que ainda estavam em
disputa com o reino de Leão e Castela.
Só em 1297, com o Tratado de Alcanises, entre D. Dinis, rei de Portugal, e D. Fernando, rei de Leão e Castela, ficaram
definidas as fronteiras do território português que assim se mantiveram aproximadamente até os dias de hoje. Apenas em
1801 Espanha ocupou Olivença que já não faz parte de Portugal.

Características naturais de Portugal


O relevo de Portugal no séc. XIII apresentava características idênticas às de hoje. De realçar os contrastes que ainda hoje
existem:
 Norte/Sul: terras altas, planaltos e serras no norte enquanto que no sul predominam terras de baixa altitude como as planícies;
 Litoral/Interior: no litoral temos pequenas planícies costeiras enquanto que no interior encontramos planaltos e serras.
Os rios correm para o Atlântico seguindo a inclinação do relevo e existem em maior número no Norte.
Sobre o clima destacam-se três zonas climáticas:
 Norte Litoral: chuvas abundantes e temperaturas amenas tanto no Verão como no Inverno;
 Norte Interior: poucas chuvas, muito frio no Inverno e quente no Verão:
 Sul: poucas chuvas, invernos suaves e temperaturas muito elevadas no verão, sobretudo no interior.
No entanto, nem todas as características naturais permanecem exatamente iguais aos dias de hoje. Ao longo dos tempos a
paisagem do território português foi-se alterando devido à influência humana e da própria Natureza. Um exemplo disso
mesmo é o facto de os rios serem antigamente mais navegáveis mas com a acumulação de areias trazidas pelos próprios
rios o litoral ficou mais alinhado tornando os rios menos navegáveis ao longo dos tempos.
No séc. XIII abundava a vegetação natural, ou seja, que ainda não tinha sido modificada pelo homem. No Norte
abundavam bosques e florestas muito densas com árvores de folha caduca e no Sul as florestas eram menos densas e
predominavam as folhas de folha persistente.
Atribuição de terras
Ao serem reconquistadas terras os reis tinham a necessidade de as povoar, defender e explorar para não voltarem a ser
ocupadas pelos mouros.
Os reis reservavam uma parte dessas terras para si e a grande parte era dada aos nobres e às ordens religiosas militares como
recompensa pela sua ajuda prestada na guerra, bem como às ordens religiosas não militares para que fossem povoadas mais
rapidamente.
Sendo assim, as terras pertenciam ao rei, à Nobreza e ao Clero. O povo trabalhava nessas terras e em troca recebiam
proteção.

Aproveitamento dos recursos naturais


O aproveitamento dos recursos naturais das terras era realizado através da:
 terrenos bravios: pastorícia, criação de gado, caça e recolha de produtos (como a lenha, a madeira, a cortiça, frutos silvestres, mel e
cera).
 terrenos aráveis: agricultura onde se produzia cereais, vinho, azeite, legumes, frutos e linho.
 mar e rios: pesca e salicultura.

Produção artesanal:
 O vestuário, calçado, instrumentos e todos os objetos necessários para o dia-a-dia dos pastores, agricultores e pescadores eram feitos por
eles mesmos à mão e através da utilização de produtos retirados diretamente da Natureza ou pelos materiais fornecidos pela agricultura e
pela pastorícia.

A vida quotidiana no séc. XIII


Ordens sociais
A população portuguesa no séc. XIII era constituída por três grupos sociais:
 nobreza: grupo privilegiado que possuía terras, não pagava impostos, recebia impostos e aplicava a justiça nas suas terras. A sua principal
atividade era combater;
 clero: grupo privilegiado que possuía terras, não pagava impostos, recebia impostos e aplicava a justiça nas suas terras. A sua principal
atividade era prestar serviço religioso;
 povo: grupo não privilegiado que trabalhava nas terras do rei, da nobreza e do clero e que ainda tinham que pagar impostos.
Todos os grupos sociais deviam ao rei fidelidade, obediência e auxílio.

Vida quotidiana nas terras senhoriais


As terras senhoriais, ou senhorios, pertenciam aos senhores nobres que viviam numa casa acastelada situada na parte mais
alta. À sua volta distribuíam-se campos cultivados, a floresta, o moinho e as casas dos camponeses que trabalhavam as
terras.
Nestas terras era o nobre que aplicava a justiça, recrutava homens para o seu exército e recebia impostos de todos os que lá
trabalhavam. Em troca, tinha como obrigação proteger as pessoas que estavam na sua dependência.
Atividades dos nobres:
 em tempo de guerra: combatiam;
 em tempo de paz: praticavam a caça, a equitação e exercícios desportivos que os preparavam para a guerra.
Distrações:
 À noite entretinham-se com jogos de sala, como o xadrez e dados, com os saltimbancos, que faziam proezas, e com os jograis, que
tocavam e cantavam.
Casa senhorial:
 o salão era o aposento mais importante e era onde o nobre dava as suas ordens, recebia os hóspedes e onde serviam-se as refeições;
 o mobiliário existente na casa era uma mesa, arcas para guardar a roupa e outros objetos domésticos, poucas cadeiras e bancos chamados
escanos;
 para a iluminação durante a noite utilizavam-se lamparinas de azeite ou tochas e velas de cera e sebo.
Alimentação dos nobres:
 faziam-se normalmente duas refeições, o jantar e a ceia, onde predominava a carne, pão de trigo, vinho, queijo e um pouco de fruta.
Por outro lado, os camponeses tinham uma vida dura e difícil. Trabalhavam seis dias por semana nos campos dos senhores
nobres e ainda tinham que lhes pagar impostos pois só assim garantiam proteção.
Atividades dos camponeses:
 trabalhar nos campos.
Distrações dos camponeses:
 ida à missa, procissões e romarias.
Casa do camponês:
 teto de colmo, paredes de madeira ou pedra, quase sem aberturas, e chão em terra batida;
 tinha só uma divisão e havia pouca mobília;
 dormia-se num recanto coberto de molhos de palha.
Alimentação dos camponeses:
 baseava-se em pão negro, feito de mistura de cereais ou castanha, acompanhado por cebolas, alhos ou toucinho. Apenas nos dias festivos
havia queijo, ovos e bocados de carne.

Vida quotidiana nos mosteiros


O clero, cuja principal função era o serviço religioso, dividia-se em dois:
 clero secular: padres, bispos e cónegos que viviam junto da população nas aldeias ou cidades;
 clero regular: frades (ou monges) e freiras que viviam nos mosteiros ou conventos.
A vida no mosteiro era dirigida pelo abade ou abadessa. Os monges dedicavam a sua vida a Deus e ao serviço religioso,
meditavam, rezavam e cantavam cânticos religiosos.
Para além do serviço religioso, os monges também se dedicavam ao ensino. Durante muito tempo, o clero foi a única ordem
social a saber ler e escrever. Fundaram-se algumas escolas junto aos mosteiros, os monges eram os professores e os alunos
eram os futuros monges. Existiam ainda os monges copistas que dedicavam-se a copiar os livros mais importantes e
ilustravam o texto com pinturas chamadas iluminuras.
Todos os mosteiros tinham enfermarias onde os doentes eram recolhidos e tratados pelos monges. Era também
dada assistência aos peregrinos que se dirigiam aos santuários para cumprir promessas ou para rezar.
O clero praticava também a agricultura. Produzia tudo o que precisava.
Alimentação dos clérigos:
 a refeição principal era tomada em comum e em silêncio, no refeitório: sopa, pão, um pouco de carne ou peixe nos dias de abstinência.

Vida quotidiana nos concelhos


Um concelho era uma povoação que tinha recebido foral ou carta de foral. A carta de foral era um documento onde
estavam descritos os direitos e os deveres dos moradores do concelho para com o senhor (dono) da terra.
Os moradores de um concelho tinham mais regalias que os que não lá viviam:
 eram donos de algumas terras;
 só pagavam os impostos exigidos no foral.
Existia ainda uma assembleia de homens-bons, formada pelos homens mais ricos e respeitados do concelho, que resolvia
os principais problemas do concelho. Elegiam juízes entre si para aplicar a justiça e os mordomos que cobravam os
impostos.
Os concelhos eram formados por uma povoação mais desenvolvida (a vila) e por localidades rurais à sua volta (o termo).
Muitos dos concelhos foram criados pelo rei mas houve alguns também criados por grandes senhores da nobreza e pelo
clero nos seus senhorios e surgiram da necessidade de garantir o povoamento e a defesa das terras conquistadas aos mouros
e para desenvolver as atividades económicas.
Principais atividades:
 agricultura, pastorícia, pesca: camponeses e pescadores;
 artesanato: havia pequenas oficinas onde os artesãos executavam trabalhos à mão (manufatura), utilizando técnicas e instrumentos muito
rudimentares;
 comércio: os camponeses e os artesãos reuniam-se para vender os seus produtos dando origem aos mercados e mais tarde às feiras (maiores
que os mercados e com maior abundância e variedade de produtos).
A criação de feiras contribuiu para o desenvolvimento do comércio interno, isto é, troca e venda de produtos dentro do
país. No entanto, nesta altura Portugal também comerciava com outros países – comércio externo.
O comércio externo contribuiu para o desenvolvimento das cidades situadas no litoral e contribuiu também para o
surgimento de um novo grupo social: a burguesia. Os burgueses eram homens do povo, mercadores e artesãos, que
enriqueceram com o comércio externo.

Vida quotidiana na corte


A corte era constituída pela família do rei, pelos conselheiros e funcionários. A corte seguia sempre o rei.
Distrações:
 Banquetes e saraus (festas à noite) onde havia espetáculos de jograis (os jograis cantavam e tocavam instrumentos musicais)
Crise de 1383-1385
Portugal na segunda metade do séc. XIV
Neste período viveram-se tempos difíceis:
 Fome: deveu-se aos maus anos agrícolas por causa das chuvas intensas;
 Epidemias – deveu-se à falta de higiene e à falta de alimentação;
 Guerras – devido ao conflito com Castela.
A pior calamidade foi a Peste Negra que em menos de três meses matou cerca de um terço da população.

Problema de sucessão
Em 1383, D. Fernando assina um tratado de paz com Castela para salvaguardar a independência do reino de Portugal –
o Tratado de Salvaterra de Magos.
Neste tratado D. Fernando deu a mão da sua única filha, D. Beatriz, a D. João I, rei de Castela, e ficou estabelecido que o
futuro rei de Portugal seria o seu neto, filho de D. Beatriz, quando atingisse os 14 anos.

População dividida e revolta popular


Quando D. Fernando morre, D. Leonor de Teles, sua esposa, assume a regência do reino e aclama D. Beatriz como rainha
de Portugal. O povo ficou descontente porque não queria ser governado por um rei estrangeiro e temia que Portugal
perdesse a independência.
 Apoiantes de D. Beatriz – alto Clero e alta Nobreza porque temiam perder os seus privilégios;
 Apoiantes de D. João, Mestre de Avis – povo, burguesia, parte do Clero e parte da Nobreza porque não queriam ser governados por um
rei estrangeiro e temiam que Portugal perdesse a independência.
Álvaro Pais planeou uma conspiração para matar o conselheiro galego de D. Leonor de Teles, o conde Andeiro. D. João,
Mestre de Avis, filho ilegítimo de D. Pedro, é escolhido para o matar. Após a morte do conde Andeiro, D. Leonor de Teles
foge para Santarém e pede ajuda a D. João I, rei de Castela. Mestre de Avis passa a Regente e Defensor do reino com o
apoio do povo.

Resistência à invasão castelhana


D. João I, rei de Castela, invade Portugal:
 ocupa Santarém;
 é vencido na batalha de Atoleiros;
 cerca Lisboa em 1384.
Lisboa esteve cercada 3 meses e só se libertou quando a peste negra atacou os soldados castelhanos.
Nas Cortes em Coimbra (1385) João das Regras provou que D. João, Mestre de Avis, era quem tinha mais direito a ser o
rei de Portugal que passa a intitular-se D. João I.
Ao saber da aclamação de Mestre de Avis como rei de Portugal, D. João I, rei de Castela, invade novamente Portugal mas é
derrotado na batalha de Aljubarrota (1385) pelos portugueses chefiados por D. Nuno Álvares Pereira.

Consolidação da independência
D. João I, Mestre de Avis, recompensou com terras, cargos e títulos os nobres e burgueses que o apoiaram e retirou
privilégios à alta Nobreza que apoiou D. Beatriz e que fugiu para Castela.
Portugal fez ainda um tratado de amizade com Inglaterra onde os dois países se comprometeram a ajudar-se mutuamente.
esta aliança foi reforçada com o casamento de D. João I com D. Filipa de Lencastre em 1387.
Entretanto, só em 1411 o problema com Castela ficou resolvido com um tratado de paz.
Muito do que sabemos sobre o que aconteceu neste período deve-se a Fernão Lopes através das suas crónicas sobre o que
se passava no reino da época.

De Portugal às ilhas atlânticas e ao cabo da Boa Esperança


O caminho do mar
No início do séc. XV, a Europa vivia isolada do resto do mundo. Apenas se conhecia, além da Europa, a Ásia e o norte de
África.
Nesta altura, Portugal era um reino pobre. No entanto, encontrava-se num período de paz e sentiu a necessidade de alargar
os seus territórios. Os portugueses não podiam alargar as suas fronteiras para território castelhano, de forma a evitar entrar
em guerra com Castela, por isso decidiram encontrar novos territórios pelo mar.
A procura de novas terras interessou todos os grupos sociais:
- a burguesia procurava riquezas e novos mercados
- a nobreza queria novos títulos e terras
- o clero pretendia converter outros povos ao cristianismo
- o povo desejava melhores condições de vida

Início da expansão portuguesa


Em 1415, Portugal conquistou Ceuta, no norte de África, com o desejo de obter ouro e dominar o comércio do mar
Mediterrâneo. Contudo, os mouros, ao perderem Ceuta, desviaram as rotas do ouro e das especiarias para outras cidades.
Para obterem as riquezas que tanto ambicionavam os portugueses tinham então que descobrir a origem dos produtos que os
mouros comerciavam mas, para isso, tinham que ir para terras desconhecidas.
Mercadores e aventureiros tinham criados várias lendas sobre o mundo desconhecido. Pensava-se que os navios que
navegassem para sul ao longo da costa africana seriam atacados por monstros marinhos e que o calor era tanto que os
homens brancos se tornavam negros. Imaginava-se também que nas terras desconhecidas existiam seres maravilhosos e
fantásticos: animais estranhos e homens sem cabeça, só com uma perna e só com um olho.
Os portugueses, aventureiros e corajosos, decidiram enfrentar os medos sobre o mundo desconhecido e navegaram para sul
ao longo da costa africana para áreas totalmente desconhecidas pelos europeus. O infante D. Henrique foi quem planeou e
organizou estas viagens e foi ele o responsável pelos Descobrimentos até à chegada a Serra Leoa, em 1460.

Acontecimentos mais importantes na época de D. Henrique:


1415 – Conquista de Ceuta – D. João I com os seus filhos D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique
1419 – Redescoberta do arquipélago da Madeira – João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira
1424 – Descoberta do arquipélago dos Açores – Diogo de Silves
1434 – Passagem do cabo Bojador – Gil Eanes
1460 – Chegada a Serra Leoa – Pedro de Cintra

Técnicas de navegação
Quando navegavam no mar alto orientavam-se pelos astros (estrela polar e sol), utilizando para isso o quadrante,
o astrolábio e a balestilha.
Passou-se a utilizar a caravela que era um navio inovador pois possuía velas triangulares que permitiam bolinar, ou seja,
navegar com ventos contrários.
Começaram a ser desenhadas as cartas náuticas com as novas terras descobertas e com informações sobre os ventos para
facilitar as viagens futuras.
Sendo assim, as viagens marítimas feitas pelos portugueses contribuíram para o desenvolvimento das técnicas de
navegação, da cartografia, da astronomia e da matemática.

Da Serra Leoa ao cabo da Boa Esperança


Depois da morte do infante D. Henrique, D. Afonso V encarregou ao burguês Fernão Gomes de continuar as descobertas
na costa africana. Em troca, tinha o direito de comerciar nas terras descobertas por ele.

Acontecimentos mais importantes na época de Fernão Gomes:


1471 – descoberta das ilhas de S. Tomé e Príncipe
1474 – chegada ao cabo de Santa Catarina

Em 1474, o infante D. João passa a dirigir os descobrimentos porque as terras descobertas tinham muitas riquezas como o
ouro, marfim e escravos. Em 1488 subiu ao trono e ordenou que nas terras descobertas se colocassem padrões (um pilar de
pedra gravado com uma cruz, as armas reais e a data de implantação). Mandou também afundar os navios de outros reinos
que se encontrassem a sul das ilhas Canárias. foi na sua época que se descobriu o limite a sul do continente africano e a
passagem para o oceano Índico.

Acontecimentos mais importantes na época de D. João II:


1482 – Chegada à foz do rio Zaire
1480 – Tratado de Alcáçovas
1488 – Passagem do cabo da Boa Esperança – Bartolomeu Dias

Tratado de Tordesilhas
O grande desejo de D. João II era chegar à Índia por mar por causa do comércio das especiarias. No entanto, também
Castela tinha o mesmo desejo. Em 1492, Cristóvão Colombo, ao serviço de Castela, chega à América quando procurava
chegar à Índia navegando para oeste. Esta descoberta criou um conflito entre Portugal e Castela porque segundo o Tratado
de Alcáçovas, assinado em 1480, as terras a sul das ilhas Canárias pertenciam a Portugal. Sendo assim, as terras descobertas
por Cristóvão Colombo deveriam pertencer a Portugal.
Para resolver este conflito foi necessária a intervenção do papa que levou os dois monarcas dos dois reinos a assinar um
novo acordo – o Tratado de Tordesilhas. Segundo este tratado o mundo ficava dividido em duas partes por um meridiano
a passar a 370 léguas a ocidente de Cabo Verde. As terras que fossem descobertas a oriente pertenceriam aos portuguese e a
ocidente seriam para Castela.

Chegada à Índia e ao Brasil


D. João II acabou por não ver o seu sonho realizado. Após a sua morte, sucedeu-lhe o seu primo D. Manuel I que decidiu
continuar os descobrimentos. Em 1497 nomeou Vasco da Gama capitão-mor de uma armada constituída por quatro navios:
as naus S. Gabriel, S. Rafael e Bérrio, mais uma embarcação com mantimentos. O objetivo desta armada era chegar
à Índia por mar. A viagem durou um ano e em maio de 1498 os portugueses chegam a Calecut.
Quando Vasco da Gama chega à Índia, os portugueses foram no início bem recebidos. No entanto, começaram a sentir
algumas hostilidades e para garantir o domínio português partiu de Portugal uma armada em Março de 1500. Esta nova
armada, chefiada por Pedro Álvares Cabral, era constituída por treze navios. Um desvio feito a ocidente levou os
portugueses a descobrirem o Brasil.

O Império português no século XVI


No fim do século XVI, Portugal tinha um império de grande extensão. Possuía territórios na África, Ásia e
na América mais as ilhas atlânticas.

Os arquipélagos da Madeira e dos Açores


Os arquipélagos da Madeira e dos Açores foram bastante importantes porque as embarcações que se dirigiam para África e
para a Índia iam-se abastecer de alimentos frescos nestas ilhas.
Na Madeira predominavam as árvores, por isso o seu nome.
Nos Açores, encontraram muitas aves de nome açores e outras.

Relevo
O relevo das ilhas atlânticas é muito montanhoso e de origem vulcânica. É na ilha do Pico que se encontra o pico mais alto
de Portugal, com 2351 metros de altitude.
Os cursos de água existentes são pouco extensos por isso têm o nome de ribeiras. Nos Açores são famosas algumas lagoas
formadas nas crateras de vulcões extintos.

Clima e vegetação
A Madeira, situada mais a sul e próximo de África, tem um verão quente e seco e um inverno ameno, com precipitações
mais elevadas na montanha e vertente norte.
Estava coberta de densas matas onde predominavam os dragoeiros, loureiros, urzes, giestas, zimbro e jasmim.

Por seu lado, nos Açores não se notam grandes diferenças de temperatura nas diferentes estações do ano. É frequente o
nevoeiro e as chuvas são abundantes, sobretudo nos meses de Outubro a Janeiro.
Nas matas predominavam os cedros, loureiros, faias, urzes, giestas e fetos gigantes.

Colonização
Quando os portugueses descobriram a Madeira e os Açores encontravam-se desabitadas. O clima ameno e as terras férteis
levaram o infante D. Henrique a realizar de imediato a sua colonização, ou seja, o povoamento e aproveitamento dos seus
recursos naturais.
As ilhas foram divididas em capitanias, cada uma com um capitão que tinha como função povoá-las e cultivar as suas
terras. As pessoas que saíram do continente para as ilhas chamavam-se colonos.

Principais atividades e produtos


Os colonos dedicaram-se sobretudo à agricultura e à criação de gado. Na Madeira introduziram-se as culturas
da vinha, cana de açúcar, árvores de fruto e cereais. Nos Açores o trigo, a criação de gado e as plantas
tintureiras foram as principais riquezas.
Territórios na África

A vida dos povos africanos


Os portugueses avistaram povos de raça negra abaixo do deserto do Sara. Estes povos viviam do aproveitamento dos
recursos naturais existentes: caçavam, criavam animais, pescavam, recolhiam frutos, cultivavam o inhame (batata-doce) e
faziam o aproveitamento de alguns minerais como o ouro e o cobre que trocavam por outros produtos.
Os povos africanos estavam organizados em reinos que se guerreavam entre si. Normalmente os vencidos eram feitos
escravos.
Na maioria dos reinos praticava-se a poligamia, ou seja, um homem podia ter várias mulheres. Andavam todos nus da
cintura para cima e vivam em palhotas.

Contatos entre portugueses e africanos


Os portugueses faziam comércio com os africanos. Ofereciam sal, trigo, objetos de cobre e latão e tecidos coloridos de
pouco valor. Em troca recebiam ouro, escravos, marfim e malagueta. Nos locais com bons portos naturais e onde o
comércio era mais intenso os portugueses estabeleceram feitorias.
Além dos contatos comerciais, os portugueses realizaram expedições, da costa africana para o interior, para dominar alguns
reis, desenvolver relações de paz e amizade e também para cristianizar os povos africanos. Os missionários fundaram
escolas, foram-se construindo igrejas, fortalezas e criaram-se alguns povoados comerciais onde viviam africanos e colonos
portugueses.

Territórios da Ásia

A vida dos povos asiáticos


Na Ásia os portugueses conquistaram Goa, Malaca e Ormuz, na Índia, e no Extremo Oriente chegaram às Molucas, ao
litoral da China, a Cantão, Timor, Japão e a Macau.
Em todos estes locais os portugueses encontraram povos de cor de pele, costumes, religião e formas de vida diferentes. Os
chineses e os japoneses foram os que causaram maior admiração.

Contatos entre portugueses e asiáticos


Os portugueses comercializavam com os asiáticos. Goa, Malaca e Macau eram as principais feitorias. Os portugueses
levavam para o Oriente vermelhão, cobre, prata e ouro (por amoedar) e em troca recebiam especiarias, pedras
preciosas, porcelanas, perfumes, sedas e madeiras.
Goa era a capital portuguesa na Índia e lá viviam aí muitos portugueses. No entanto, milhares de colonos portugueses
instalaram-se por todo o Oriente, sendo frequente os casamentos com mulheres indianas.
Também se construíram igrejas, escolas e seminários nas terras asiáticas.

Territórios da América

A vida dos índios brasileiros


O Brasil era um território com imensas florestas, aves e frutos de grande beleza. Os índios viviam de uma maneira bastante
simples em estreita relação com a natureza. Dedicavam-se à caça, à pesca e ao cultivo da mandioca. Eram pacíficos e
acolhedores e receberam os portugueses com simpatia.

Colonização
Inicialmente os portugueses deslocavam-se ao Brasil apenas para trazer o pau-brasil e aves exóticas. Em 1530, iniciou-se a
colonização. O rei dividiu as terras em capitanias, tal como nos arquipélagos da Madeira e dos Açores. Os colonos
portugueses começaram a cultivar a cana-de-açúcar e a bananeira.
Os índios não eram fáceis de escravizar por isso os portugueses levaram para o Brasil muitos escravos africanos.

A vida urbana no século XVI – Lisboa quinhentista


Importância da cidade de Lisboa no séc. XVI
No séc. XVI Lisboa era uma das cidades mais importantes da Europa devido à chegada de mercadorias oriundas
do Oriente, África e Brasil, que depois eram distribuídas pelo centro e norte da Europa.

Produtos que chegavam a Lisboa


- Oriente: especiarias, sedas, porcelanas, pedras preciosas
- África: ouro, malagueta, marfim, escravos
- Brasil: açúcar, pau-brasil, animais exóticos
Crescimento da cidade
Nos reinados de D. João II e de D. Manuel I Lisboa teve um desenvolvimento tão grande que as suas construções
começaram a ocupar espaços fora das muralhas construídas por D. Fernando (Cerca Nova ou Cerca Fernandina).
O rei D. Manuel deixou o Paço de Alcáçova, junto ao Castelo, para ir viver mais junto ao Tejo, no Paço da Ribeira, para
melhor vigiar o movimento marítimo.

Locais importantes da cidade


- Paço da Ribeira: onde se encontravam os aposentos do rei e a Casa da Índia (local abastecido de produtos vindos do
Oriente)
- Rossio: onde os camponeses vendiam os seus produtos
- Rua Nova dos Mercadores: onde havia mercadores de toda a parte do mundo
- Ribeira das Naus: onde se construíam navios
- Hospital Todos-os-Santos: recebia doentes, pobres e órfãos
- Misericórdia: recebia pobres e crianças abandonadas
- Feira da Ladra: onde se vendiam produtos usados

Movimento de pessoas
- Emigração: muitas pessoas partiram para as ilhas atlânticas, Brasil e Oriente, à procura de melhores condições de vida.
- Imigração: chegaram a Lisboa muitas pessoas vindas de todo o mundo: comerciantes, artesãos, artistas, escravos…
- Migração interna: muitos camponeses abandonaram os campos e foram para a cidade à procura de melhores condições
de vida.

Distribuição da riqueza
- Nobreza:
 recebia riquezas
 gastava dinheiro em luxos, vestuário e na habitação
 as famílias mais ricas tinham todas escravos

- Clero:
 foi beneficiado com a construção e adoração de igrejas e mosteiros

- Grande parte do povo:


 vivia em extrema pobreza
 muitos eram vagabundos, mendigos, miseráveis

- Corte:
 das mais ricas e luxuosas da Europa
 eram frequentes os banquetes e saraus com músicos, poetas e escritores
 o rei realizava ainda cortejos para exibir a sua riqueza, onde desfilavam músicos ricamente vestidos e animais raros

Cultura
- Literatura
 Luís de Camões: “Os Lusíadas”
 Fernão Mendes: “A Peregrinação”
 Pêro Vaz de Caminha: “Carta do Achamento do Brasil”
 Damião de Góis e Rui de Pina: crónicas de reis
 Bernardim Ribeiro, Sá de Miranda e Garcia de Resende
- Matemática
 Pedro Nunes
- Medicina
 Garcia de Orta e Amato Lusitano
- Geografia e Astronomia:
 Duarte Pacheco Pereira
- Zoologia e Botânica:
 Garcia da Orta
- Arte
 Arte Manuelina na arquitetura: decoração com elementos alusivos às viagens marítimas (cordas, redes, conchas, naus, caravelas, esferas
armilares) como no Mosteiro dos Jerónimos e Convento de Cristo.
 Arte Manuelina na escultura, pintura, ourivesaria, cerâmica e mobiliário: revelam também influências dos Descobrimentos

A morte de D. Sebastião e a sucessão ao trono


Perda da independência
Quando D. João III morreu, sucedeu-lhe o seu neto D. Sebastião. Como tinha apenas 3 anos, D. Catarina assume a regência
do reino, seguindo-lhe o cardeal D. Henrique.
Aos 14 anos, D. Sebastião assume ele próprio o governo do reino e decide conquistar o norte de África. No entanto, não foi
bem-sucedido e morreu na batalha de Alcácer Quibir sem deixar descendentes. D. Henrique passa a ser o rei de Portugal
mas o problema de sucessão não estava resolvido pois também ele não tinha filhos.
Surgiram então vários pretendentes ao trono:

Pretendentes ao trono
- D. Filipe II, rei de Espanha, apoiado por:
 grande parte do clero e da nobreza: porque temiam perder privilégios e aspiravam novos cargos e terras
 alta burguesia: porque pretendia novos mercados

- D. António, prior do Crato, apoiado por:


 povo e parte da nobreza: não queriam ser governados por um rei estrangeiro e temiam que Portugal perdesse a independência

- D. Catarina, duquesa de Bragança, apoiada por:


 muitos nobres e elementos do clero, mas desistiu e apoiou a candidatura filipina

O domínio filipino e os levantamentos populares


União Ibérica (1580)
Cortes em Almeirim: D. Filipe II é aclamado rei de Portugal
Batalha de Alcântara: D. António, apoiado pelo povo, enfrenta o exército de D. Filipe II mas é derrotado e foge, primeiro
para os Açores e depois para Inglaterra
Cortes de Tomar: D. Filipe II, rei de Espanha, prestou juramento como rei de Portugal, foi intitulado como D. Filipe I, rei
de Portugal, e fez várias promessas entre as quais:
 manter a moeda, língua e costumes portugueses
 cargos de governo de Portugal apenas para portugueses
D. Filipe I cumpriu a maioria das promessas que fez mas os seus sucessores, D. Filipe II e D. Filipe III, não respeitaram as
promessas feitas aos portugueses. A situação piorou quando Espanha entrou em guerras contra a Holanda, França e
Inglaterra, e surgiram revoltas dentro do próprio país. Tudo isto teve consequências para Portugal:
 aumento dos impostos
 soldados portugueses no exército espanhol
 espanhóis nomeados para cargos em Portugal
 ataque dos inimigos de Espanha às colonias portuguesas
Surgiu a revolta popular rapidamente reprimida violentamente pelo exército espanhol.
A revolta de 1º de Dezembro e a Guerra da Restauração
A União Ibérica, que durou 60 anos, acabou por trazer vários prejuízos a Portugal. À revolta popular juntou-se o
descontentamento da nobreza em muito prejudicada neste período.

1 de Dezembro de 1640
Um conjunto de nobres aproveitou o enfraquecimento da Espanha e a ausência do rei em Portugal para organizar uma
conspiração para matar a vice-rei de Portugal, a duquesa de Mântua. Bem-sucedidos, aclamaram a Restauração da
Independência.

Cortes em Lisboa
D. João, duque de Bragança, é aclamado rei de Portugal com o título de D. João IV.

Guerra da Restauração
D. João IV procurou organizar o exército, fabricou armas e fortalezas junto às fronteiras com Espanha. Durante 28 anos
Portugal esteve em guerra com Espanha, que só terminou com o Tratado de Madrid, assinado em 1668.

O IMPÉRIO COLONIAL PORTUGUÊS DO SÉC. XVIII


Colónias pertencentes a Portugal
No século XVIII o Império português era constituído por:
 Na Ásia: pelas cidades de Damão, Diu e Goa na Índia e ainda por Macau e Timor;
 Em África: por Cabo Verde, Guiné, São Tomé e Príncipe, Angola e Moçambique
 Na América: pelo Brasil

Brasil
Neste período Portugal já não obtinha grandes lucros com o comércio do Oriente (Índia) devido à concorrência com
ingleses, franceses e holandeses, por isso interessou-se mais em explorar o Brasil.
O tempo quente e húmido permitiu cultivar grandes quantidades de cana-de-açúcar que depois era trabalhada
nos engenhos para ser transformada em açúcar.
Além do açúcar, o Brasil passou a ser bastante importante por causa da descoberta de ouro e de pedras preciosas.
Bandeirantes: pessoas que foram para o interior do Brasil à procura de ouro, pedras preciosas e de índios para escravizar.
Fundaram cidades e povoações o que permitiu alargar as fronteiras do Brasil para além da linha de Tordesilhas.
Engenhos: conjunto de instalações que moem a cana-de-açúcar e a transformam em açúcar.

Comércio triangular
Neste período desenvolveu-se o comércio entre três continentes: Europa, América e África.

Movimentos da população
Da metrópole (Portugal):
 Milhares de colonos partiram para o Brasil em busca de melhores condições de vida;
 Missionários também partiram para o Brasil com a missão de expandir a fé católica.
De África:
 Milhares de escravos foram levados para o Brasil para trabalhar nas plantações de cana-de-açúcar, nos engenhos e na exploração do ouro.
Eram transportados em navios negreiros em condições desumanas.
No Brasil:
 Os bandeirantes deslocaram-se para o interior do Brasil à procura de ouro, pedras preciosas e de índios para os escravizar;
 Os missionários também foram para o interior para evangelizar os índios brasileiros e para os proteger da escravatura.
A SOCIEDADE PORTUGUESA NO TEMPO DE D. JOÃO V
Governo de D. João V
A descoberta de ouro e de pedras preciosas desenvolveu o comércio triangular que trouxe grandes riquezas a Portugal. D.
João V tornou-se num dos reis mais ricos da Europa e concentrou em si todos os poderes passando a governar como um rei
absoluto.
Monarquia absoluta: regime em que o rei concentra em si todos os poderes.
Poderes do rei:
 Legislativo: fazia as leis
 Executivo: fazia cumprir as leis
 Judicial: julgava quem não cumpria as leis

A vida da corte
 Vivia em luxo e ostentação
 Realizavam-se bailes, teatros, concertos, banquetes e cortejos para mostrar a sua riqueza

A nobreza
 Tentava imitar a corte no vestuário, na habitação e nos divertimentos.

O clero
 Construiu igrejas e conventos e adornou outras
 Tinha um grande poder e criou o Tribunal de Inquisição que perseguia e condenava à morte quem estivesse contra a Igreja Católica, quem
praticasse outra religião ou quem fosse suspeito
Cristãos-novos: nome dado a quem aceitava converter-se à religião católica. No entanto, muitos foram perseguidos e
condenados à morte por suspeita de praticarem outras religiões em segredo.
Autos-de-fé: cerimónias públicas onde os condenados eram torturados e queimados vivos.

A burguesia
 A alta burguesia enriqueceu com o comércio e tentou imitar o modo de vida da nobreza
 Estes burgueses conviviam em clubes e cafés com artistas, escritores e políticos

Povo
 Continuava a viver em grandes dificuldades

Grandes construções
Parte das riquezas obtidas com o ouro brasileiro foi gasta na construção de grandes palácios e conventos.
Por iniciativa régia (do rei):
 Aqueduto das Águas Livres
 Palácio e Convento de Mafra
 Capela de S. Batista
Por iniciativa da nobreza:
 Solar de Mateus
 Palácio dos Condes de Anadia
 Palácio do Freixo
Por iniciativa do clero:
 Torre dos Clérigos

Estilo Barroco
O estilo que caracterizava estas construções era o Barroco.
Características do estilo barroco:
 Grandiosidade
 Revestimento em talha dourada, azulejo e mármore
 Decoração abundante com curvas
 Abundância de estátuas
Verifica se já sabes o essencial: História e Geografia de Portugal 6º | A sociedade portuguesa no tempo de D. João V –
exercícios

Lisboa Pombalina
Governo de D. José I
Em 1750, D. José I sobe ao trono e nomeia Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro Marquês de Pombal, como ministro.

Terramoto de 1755
Lisboa ficou praticamente destruída após o terramoto de 1755:
 Morreram cerca de 10 000 pessoas
 Grande maior parte dos edifícios ficaram em ruínas
 Perderam-se muitos tesouros como livros, manuscritos, quadros e objetos de ouro e de prata

Ação do Marquês de Pombal após o terramoto


 Mandou enterrar os mortos e socorrer os feridos
 Mandou policiar as ruas e os edifícios mais importantes para evitar roubos
 Encarregou o engenheiro Manuel da Maia e o arquiteto Eugénio dos Santos elaborar um plano de reconstrução da baixa de Lisboa

Características da nova Lisboa


A baixa de Lisboa é conhecida por baixa pombalina porque o responsável pela sua reconstrução após o terramoto foi o
Marquês de Pombal. Esta reconstrução caracterizou-se por várias inovações:
 Ruas largas
 Passeios calcetados
 Traçado geométrico
 Prédios da mesma altura com fachadas iguais e dotados de um sistema de madeira antissísmico
 Rede de esgotos
O Terreiro do Paço deu lugar à Praça do Comércio em homenagem aos burgueses que contribuíram com dinheiro para a
reconstrução de Lisboa.

Situação de Portugal neste período


O reino português encontrava-se em crise:
 O comércio enfrentou uma grande concorrência estrangeira que impediu o seu crescimento
 A agricultura e a indústria não produziam o suficiente, portanto Portugal tinha que comprar quase tudo ao estrangeiro
 Chegava cada vez menos ouro do Brasil, por isso deixou de haver dinheiro para importar tantos produtos
 O terramoto de 1755 veio agravar ainda mais a situação do país

Reformas pombalinas
Para resolver a grave situação que enfrentava Portugal, Marquês de Pombal decidiu fazer várias reformas:
 Reformas económicas:
 Desenvolveu a indústria apoiando fábricas antigas e criando novas
 Criou companhias de comércio

 Reformas políticas e sociais


 Perseguiu e retirou poder à Nobreza (retirou cargos e riquezas e reprimiu quem se lhe opusesse)
 Diminuiu o poder do Clero, expulsando os Jesuítas
 Protegeu a Burguesia
 Extinguiu a escravatura no reino (embora continuasse a existir nas colónias portuguesas)

 Reformas no ensino
 Criou escolas primárias
 Reformou a Universidade de Coimbra
 Extinguiu a Universidade de Évora que era controlada pelos Jesuítas
Marquês de Pombal utilizou a Burguesia como motor de desenvolvimento económico do país, e retirou poder às classes
privilegiadas, ou seja, ao Clero e à Nobreza.
Todas estas medidas, a nível social, político, económico e do ensino, contribuíram para a modernização do país.

AS INVASÕES NAPOLEÓNICAS
Revolução Francesa
Em 1789 aconteceu a Revolução Francesa que pôs fim à Monarquia Absoluta em França. Esta revolução tinha como
princípios a igualdade, a liberdade e a separação dos poderes (liberalismo).
Os reis europeus absolutistas sentiram-se ameaçados com estas ideias liberais, uniram-se e declararam guerra à França.
Napoleão Bonaparte estava à frente do governo francês e conseguiu derrotar os seus opositores e passou a dominar grande
parte da Europa, com exceção da Inglaterra. Para os enfraquecer, ordenou que todos os portos europeus não permitissem a
entrada de navios ingleses – Bloqueio Continental.

Fuga da família real portuguesa para o Brasil


Neste período Portugal tinha uma rainha, D. Maria I, viúva e doente. Por isso, o reino era governado pelo seu filho, o
príncipe João.
Portugal, como era um velho aliado da Inglaterra e não queria perder o comércio com os ingleses, demorou a aderir ao
bloqueio continental imposto por Napoleão Bonaparte.
Quando o príncipe regente decidiu aderir ao bloqueio continental, já a França e a Espanha, sua aliada, tinham decidido
invadir Portugal.
A família real, com medo de ser presa pelas tropas francesas, parte para o Brasil em 1807, e é criada uma Junta de Regência
para governar Portugal.

1ª invasão francesa (1808)


Comandante: Junot
Instalou-se em Lisboa, mandou substituir a bandeira portuguesa pela francesa no castelo de S. Jorge, acabou com a Junta de
Regência e passou ele a governar Portugal.
Durante a invasão francesa destruíram-se culturas, mataram-se pessoas e foi roubado tudo o que tivesse valor.
Reação portuguesa:
Foram criados movimentos de resistência pelos populares e foi pedido auxílio aos ingleses. O exército anglo-português
venceu os franceses nas batalhas da Roliça e do Vimeiro e Junot assinou a Convenção de Sintra e abandonou Portugal.

2ª invasão francesa (1809)


Comandante: Soult
Entrou por Trás-os-Montes, chegou ao Porto mas encontrou uma forte resistência e refugiou-se na Galiza.

3ª invasão francesa (1810)


Comandante: Massena
O seu exército perdeu muitos soldados na batalha do Buçaco mas tentou na mesma a todo o custo chegar a Lisboa. No
entanto, ficou retido na linha defensiva de Torres Vedras, que era um conjunto de fortificações e canhões criados pelos
ingleses para proteger a cidade de Lisboa.
Massena foi obrigado a desistir e a retirar-se definitivamente

A REVOLUÇÃO LIBERAL DE 1820


Situação do reino português após as invasões francesas
A população encontrava-se bastante descontente:
 A família real continuava no Brasil e sem intenções de voltar
 O reino encontrava-se pobre e desorganizado
 Os ingleses não saíram de Portugal e controlavam o comércio feito com o Brasil, prejudicando assim os comerciantes portugueses
Grande parte da população, sobretudo o povo e a burguesia, começou a defender as ideias liberais vindas de França.
Revolução liberal de 1820
Em 1818 foi fundada no Porto uma sociedade secreta chamada Sinédrio que tinha como objetivo preparar uma revolução
para expulsar os ingleses e ordenar o regresso do rei que estava no Brasil.
Em 1820 iniciou-se a Revolução Liberal, no Porto, que depois se espalhou por todo o país e em Lisboa.

Monarquia Liberal
Portugal passou a ter uma monarquia liberal. Foram criadas as Cortes Constituintes que tiveram a função de criar
a Constituição de 1822, onde estavam definidos os direitos e deveres dos cidadãos. Nesta Constituição estava definido que
todos os cidadãos eram iguais perante a lei e estava estabelecida a separação de poderes.

Independência do Brasil
O rei D. João VI regressou a Portugal, ficando o seu filho D. Pedro na regência do Brasil. Durante a permanência do rei o
Brasil teve um grande desenvolvimento e os portos foram abertos aos comerciantes estrangeiros o que favoreceu a
burguesia brasileira. Estes apoiaram D. Pedro que declarou a independência do Brasil em 1822.

A LUTA ENTRE LIBERAIS E ABSOLUTISTAS


Guerra Civil
Quando D. João VI morre, D. Pedro sucede-lhe mas abdica do trono para ficar no Brasil. Passa a coroa para a sua filha
Maria da Glória mas, como tinha apenas 7 anos, fica como regente o seu irmão D. Miguel.
D. Miguel prometeu governar segundo um regime liberal mas em 1828 dissolveu as cortes e passou a governar como rei
absoluto com o apoio da nobreza e do clero e perseguiu os liberais.
Em 1831, D. Pedro abdicou do trono brasileiro e rumou à Europa, instalando-se com exilados liberais na Ilha Terceira, nos
Açores.
Em 1832 desembarcou com as suas tropas numa praia próxima do Porto e avançou sobre a cidade, sem encontrar
resistência.
Assistimos assim a uma Guerra Civil em Portugal (de um lado os Absolutistas, liderados por D. Miguel e do outro lado os
Liberais, liderados por D. Pedro).
Só depois de várias derrotas é que D. Miguel assinou a paz através da Convenção de Évora Monte em 1834.
O Liberalismo saiu vitorioso e implantou-se definitivamente no nosso país.

O ESPAÇO PORTUGUÊS
Regeneração
No início da segunda metade do séc. XIX, o Reino de Portugal encontrava-se pobre e desorganizado, principalmente devido
a três acontecimentos:
 Invasões napoleónicas
 Guerra civil entre liberais e absolutistas
 Independência do Brasil
As principais atividades económicas (agricultura, criação de gado, extração mineira) encontravam-se bastante atrasadas, por
isso Portugal tinha que importar vários produtos de outros países europeus com maior desenvolvimento. Era importante
nesta altura desenvolver estas atividades económicas para tirar o Reino desta crise.
A 1851 iniciou-se o movimento de Regeneração. Este movimento procurava o “renascer” da vida nacional, pois queria um
novo rumo para Portugal, que se encontrava muito atrasado e pouco desenvolvido.
Durante o período da Regeneração, várias medidas foram tomadas para desenvolver as atividades económicas, o que
permitiram a modernização e o progresso do país.
Este período de desenvolvimento apenas foi possível devido à:
 existência de paz no Reino
 estabilidade política após o triunfo do liberalismo

Desenvolvimento da agricultura
Para aumentar a produção de alimentos, os governos liberais tomaram várias medidas para o desenvolvimento da
agricultura e para o aumento da área cultivada.
Medidas para aumento da área cultivada:
 extinção do direito do morgadio, ou seja, do direito do filho herdar todas as terras da família. As terras passaram a ser divididas por todos
os filhos para assegurar uma melhor exploração das terras
 entrega de terras pertencentes a nobres e clérigos a burgueses
 entrega de baldios (terras incultas) aos camponeses
Novas técnicas:
 utilização de adubos químicos
 utilização de sementes selecionadas
 alternância de culturas, que pôs fim ao pousio. Desta forma as terras não precisavam de estar um período de tempo sem estarem
cultivadas
 introdução das máquinas agrícolas, inclusive a debulhadora mecânica a vapor
Novas culturas:
 batata
 arroz

Desenvolvimento da indústria
A introdução da máquina a vapor na indústria contribuiu de forma significativa para o seu desenvolvimento. Esta inovação
permitiu aumentar a produção em menos tempo, o que possibilitou o aumento de lucros.
A produção artesanal foi assim começando a dar lugar à produção industrial por ser mais lucrativa.

Principais diferenças entre produção artesanal e produção industrial:


Produção artesanal Produção industrial

Artesãos Operários

Oficinas Fábricas

Ferramentas simples Máquinas

Muito tempo de produção Pouco tempo de produção

Pouca produção Muita produção

Produtos únicos Produtos em série

Produtos mais caros Produtos mais baratos

Menor lucro Maior lucro

A maior parte das fábricas instauraram-se nas zonas do litoral, principalmente na zona de Porto /Guimarães (indústria
têxtil e calçado) e na zona de Lisboa/Setúbal (indústria química e metalúrgica)

Exploração mineira
Com o desenvolvimento da indústria tornou-se necessário desenvolver a exploração mineira por se precisar de matérias-
primas e combustíveis. Os metais mais procurados eram o cobre e o ferro. O carvão também foi muito procurado porque
nessa época era a principal fonte de energia.

Alteração da paisagem
O aumento dos campos de cultivo e o aumento do número de fábricas e de minas provocaram uma profunda alteração das
paisagens. Nas cidades predominavam as chaminés muito altas que enchiam o céu de fumos e maus cheiros.

O fontismo
Para promover o desenvolvimento da agricultura, do comércio e da indústria, era necessário a construção de uma boa rede
de transportes e de comunicações. Com esse fim, em 1852, foi criado o Ministério das Obras Públicas, dirigido
por Fontes Pereira de Melo. Esta política de construção de obras públicas (estradas, pontes, portos, caminhos-de-ferro,
ligações teleféricas, etc…) ficou conhecida por fontismo, devido ao nome do seu principal impulsionador.
Surgiram novos meios de transporte e de comunicação, o que permitiu uma maior mobilidade de pessoas, maior circulação
de ideias e informações e a deslocação de mais mercadorias em menos tempo.
Desenvolvimento dos meios de transporte e vias de comunicação

Caminhos-de-ferro
A rede de caminhos-de-ferro cresceu de forma muito rápida e ao longo da sua extensão construíram-se
várias pontes, túneis e estações.
Em 1856 realizou-se a primeira viagem de comboio, entre Lisboa e Carregado.
Em 1887 inaugurou-se a ligação direta Lisboa-Madrid-Paris. Portugal ficou assim mais próximo do centro da Europa.

Rede de estradas
Iniciou-se também a renovação e construção de novas estradas em todo o país. De forma a facilitar a circulação também se
construíram várias pontes.
A partir de 1855 começou a circular na estrada Lisboa-Porto a mala-posta, uma carruagem que transportava o correio e
algumas pessoas.
No final do século XIX surgiram os primeiros automóveis.

Portos marítimos e faróis


Para tornar mais segura a navegação costeira construíram-se vários faróis e melhoraram-se os portos marítimos.
Surgiram nesta época os barcos movidos a vapor, primeiro no Rio Tejo, depois na ligação entre Lisboa e Porto e, mais
tarde ainda, na ligação aos Açores e Madeira.

Desenvolvimento das comunicações


Os correios foram remodelados, surgindo o primeiro selo-adesivo, o bilhete-postal e os primeiros marcos de correio.
Surgiu também o telégrafo e mais tarde o telefone.

Modernização do ensino
O país encontrava-se em modernização, por isso também era necessário que a população se tornasse mais instruída e
competente para realizar as mudanças pretendidas. Tomaram-se então várias medidas no ensino:
 Ensino primário:
 Criaram-se novas escola primárias
 Tornou-se obrigatória a frequência nos primeiros 3 anos, com mais um de voluntariado
 Ensino liceal:
 Criaram-se novos liceus em todas as capitais de distrito e dois em Lisboa
 Fundaram-se escolas industriais, comerciais e agrícolas
 Ensino universitário:
 Criaram-se novas escolas ligadas à Marinha, às Artes, às Técnicas e ao Teatro

Direitos Humanos
Também foram tomadas importantes medidas relacionadas com os Direitos Humanos:
 Abolição da pena de morte para crimes políticos (1852)
 Abolição da pena de morte para crimes civis (1867)
 Extinção da escravatura em todos os territórios portugueses (1869)

Os movimentos da população

Contagem da população
Para dar melhor resposta às necessidades da população, tornou-se necessário saber o número de habitantes do país, e onde
se concentravam com maior quantidade.
Já se tinham realizadas contagens da população, mas eram pouco exatas pois tinham como base a contagem de habitações e
não de pessoas. A estas contagens dá-se o nome de numeramentos.
A primeira contagem rigorosa do número de habitantes do país realizou-se em 1864, ou seja, foi quando se realizou o
primeiro recenseamento. Em boletins próprios os habitantes tinham que colocar o nome, o sexo, a idade, o estado civil e a
profissão. A partir dessa data realizam-se recenseamentos, ou censos, de 10 em 10 anos.

Crescimento demográfico
Através dos recenseamentos verificou-se o aumento de população desde que se fez o primeiro censo. De 1864 até 1900 a
população passou de cerca de 4 milhões de habitantes para 5 milhões.
Este facto justifica-se pela melhoria de condições de vida da população:
 Período de paz e estabilidade política e social
 Melhoria da alimentação, com o aumento do consumo da batata e do milho
 Melhoria das condições de higiene, com a construção de esgotos, distribuição de água através da canalização e calcetamento das ruas
 Melhoria da assistência médica e hospitalar, com o aparecimento de novos medicamentos, divulgação de algumas vacinas e construção
de hospitais

Distribuição da população
Verificou-se também que o crescimento populacional não ocorreu de igual forma por todo o território. O aumento de
população foi maior no norte litoral, onde se encontravam os solos mais férteis, maior quantidade de portos de pesca e
unidades industriais.
Entretanto, em todas cidades verificou-se aumento de população, principalmente as do litoral.

Êxodo Rural
Apesar do desenvolvimento da agricultura, a produção continuava a ser pouca. A mecanização originou despedimentos e as
dificuldades no meio rural intensificaram-se. Sendo assim, muitas pessoas decidiram abandonar os campos para ir para as
cidades à procura de melhores condições de vida. A este fenómeno dá-se o nome de Êxodo Rural.

Emigração
Entretanto, devido ao aumento da população, não havia postos de emprego para todos nas cidades. Muitos dos trabalhos
eram mal pagos apesar de se trabalhar duramente muitas horas diárias.
Sendo assim, muitas pessoas decidiram procurar melhores condições de vida no estrangeiro, sobretudo para o Brasil, pois
falava-se a mesma língua e porque havia necessidade de mão-de-obra devido à extinção da escravatura. Muitos emigrantes
enriqueceram e ao regressar a Portugal compraram terras, palacetes e vestiam-se luxuosamente. Eram chamados os
«brasileiros».
Além do Brasil, foram destinos dos portugueses países da América Central e os Estados Unidos da América.

A VIDA QUOTIDIANA
No campo

Atividades económicas:
As principais atividades do meio rural na segunda metade do século XIX continuavam a ser agricultura, a criação de
gado e a pesca nas zonas do litoral.
Na sua maioria, os camponeses não eram donos das terras em que trabalhavam. As terras pertenciam sobretudo à antiga
nobreza, proprietários burgueses e a alguns lavradores mais abastados.
O trabalho no campo era muito duro e os rendimentos eram poucos, por isso, os camponeses viviam muito pobremente.
Com a introdução da máquina na agricultura, aumentou-se o desemprego por já não ser precisa tanta mão-de-obra,
dificultando ainda mais a vida dos homens do campo.

Alimentação:
Os camponeses alimentavam-se sobretudo do que cultivavam. Dos produtos que mais consumiam destacam-se
a batata, pão de centeio ou de milho, sopas de legumes e sardinhas. A carne, mais cara e de difícil conservação, era
apenas consumida em dias de festa.

Vestuário:
O vestuário dos camponeses variava de região para região, de acordo com o clima e com as atividades predominantes.
No interior, era frequente os homens usarem calças compridas, coletes ou jaquetas, e calçavam botas ou tamancos de
madeira. As mulheres vestiam saias compridas e usavam lenços coloridos na cabeça.
No litoral, os homens usavam calças curtas ou arregaçadas e geralmente andavam descalços, tal como as mulheres que
vestiam saias mais curtas do que as do interior, devido às suas atividades relacionadas com o mar.

Divertimentos:
Os divertimentos das pessoas do campo estavam associados sobretudo às atividades do campo (vindimas e desfolhadas) e à
religião (feiras, romarias e festas religiosas).
Nas grandes cidades

Atividades económicas:
A modernização do país influenciou mais a vida quotidiana das pessoas que viviam nas cidades.
O grupo social dominante era a burguesia, constituído
por comerciantes, banqueiros,industriais, médicos, advogados, professores, oficiais do exército e funcionários
públicos.
No entanto, a maior parte da população pertencia a grupos de menores recursos. As pessoas do povo trabalhavam sobretudo
como vendedores ambulantes, empregados de balcão ou criados nas casas de pessoas ricas.
Com o desenvolvimento da indústria, formou-se um novo grupo social: o operariado. Os operários eram homens,
mulheres e até crianças, que trabalhavam duramente nas fábricas muitas horas a troco de pouco dinheiro. Em caso de
acidente, não tinham qualquer proteção. Eram despedidos sem qualquer indemnização.

Alimentação:
A burguesia e a nobreza tinham uma alimentação abundante e variada. Faziam quatro refeições por dia: pequeno-almoço,
almoço, jantar e ceia. Comiam carne, peixe, legumes, cereais, frutas e doces. Surgiram neste período vários restaurantes
que trouxeram do estrangeiro novas receitas, como o pudim, a omelete, o puré, o bife e o soufflé.
As pessoas das classes menos privilegiadas alimentavam-se sobretudo de pão, legumes, toucinho e sardinhas.

Vestuário:
As pessoas mais ricas das cidades vestiam-se de acordo com a moda francesa. As mulheres vestiam saias até ao chão com
roda, com uma armação de lâminas de aço e batanas – a crinolina. Passou também a usar a tournoure, uma espécie de
almofada sobre os rins que levantava a saia atrás. Os homens vestiam calças, camisa, colete, casaca e chapéu.
As pessoas mais pobres vestiam roupas bastante simples, adaptadas às tarefas que desempenhavam.

Divertimentos:
Os nobres e os burgueses frequentavam os grandes jardins onde passeavam, conversavam e ouviam a música tocada nos
coretos. Reuniam-se também nos cafés e clubes, jantares, festas e bailes, iam à ópera, ao teatro e ao circo.
Os divertimentos dos populares era semelhante aos do campo: feiras, festas religiosas e passeios ao campo domingo à tarde.

A AÇÃO MILITAR NO 5 DE OUTUBRO E A QUEDA DA MONARQUIA


Formação do Partido Republicano

Descontentamento da população no fim do século XIX


A população, no fim do século XIX encontrava-se bastante descontente:
 Os camponeses e os operários continuavam a viver com grandes dificuldades enquanto que a alta burguesia recebia cada vez mais lucros.
 O rei e a família real eram acusados de gastar mal o dinheiro, o que contribuiu para o endividamento do reino.

Partido Republicano (1876)


Formou-se nesta altura o Partido Republicano que pretendia acabar com a monarquia para passar a haver uma república, ou
seja, deixaria de haver reis para haver presidentes eleitos por um determinado tempo.
Os republicanos acreditavam que desta forma conseguir-se-ia modernizar o país e melhorar as condições de vida dos mais
pobres.

Disputa pelos territórios africanos

Conferência de Berlim (1884-1885)


Vários países europeus, como a Grã-Bretanha, a Alemanha e a França, entraram em conflitos por causa dos territórios
africanos pois possuíam muitas riquezas.
Para resolver estes conflitos realizou-se a Conferência de Berlim onde ficou estabelecido que os territórios seriam
partilhados de acordo com a sua ocupação efetiva, ou seja, de acordo com quem tivesse meios para os ocupar, sem
interessar quem os descobriu.

Ultimato inglês
Portugal apresentou o Mapa Cor-de-rosa na tentativa de ocupar os territórios entre Angola a Moçambique.
Grã-Bretanha não aceitou porque queria os mesmos territórios para ligar Cabo a Cairo, e então fez um ultimato a Portugal
para abandonar aqueles territórios.
O governo português cedeu ao ultimato, o que agravou o descontentamento da população. Muitas pessoas passaram a apoiar
o Partido Republicano pois pretendiam um governo forte.

Revoltas republicanas

31 de Janeiro de 1891 – Revolta republicana


A cedência perante o Ultimato inglês foi considerado um ato de traição à pátria. Os republicanos aproveitaram ainda para
acusar o rei de gastar mal o dinheiro e deixar o país cheio de dívidas, e culpou-o também pela miséria dos mais pobres.
Dia 31 de Janeiro de 1891 surgiu uma revolta na tentativa de acabar com a monarquia mas não foi bem-sucedida. No
entanto, mostrou o crescimento do Partido Republicano.

1 de Fevereiro de 1908 – Regicídio


O rei D. Carlos I foi morto a tiro quando passava de carruagem pelo Terreiro do Paço em Lisboa. Com ele morreu o
herdeiro do trono D. Luís Filipe. Ficou a governar o seu irmão D. Manuel II. Foi mais um ato para tentar acabar com a
monarquia.

5 de Outubro de 1910 – Queda da Monarquia e implantação da República


Na madrugada de 4 de Outubro de 1910 iniciou-se a revolução republicana. Os militares republicanos (membros do exército
e da marinha) e os populares pegaram em armas e concentraram-se na Rotunda, atual praça Marquês de Pombal.
As tropas fiéis ao rei eram em maior número mas mesmo assim não conseguiram acabar com a revolta e na manhã de 5 de
Outubro de 1910 foi proclamada a República, acabando assim com a Monarquia.

A 1ª REPÚBLICA
Primeiras medidas republicanas

Formação de um Governo Provisório


Após a proclamação da República foi criado um Governo Provisório, presidido por Teófilo Braga, que tomou as seguintes
medidas:
 adotou-se uma nova bandeira;
 o hino nacional passou a ser “A Portuguesa”;
 a moeda passou a ser o escudo em vez do real.

Simbologia da nova bandeira:


 Esfera armilar: representa o mundo que os navegadores portugueses descobriram;
 Escudetes azuis: representam a bravura dos que lutaram pela independência;
 Castelos: representam a independência garantida por D. Afonso Henriques;
 Verde: cor da esperança;
 Vermelho: cor da coragem e do sangue derramado pelos portugueses mortos em combate.

A Constituição republicana

Assembleia Constituinte
Depois de criado o Governo Provisório fizeram-se eleições para formar a Assembleia Constituinte que tinha como função
elaborar a nova constituição – a Constituição de 1911.
Nesta constituição ficou estabelecido que:
 o chefe de estado de Portugal passa a ser um Presidente da República em vez de um rei;
 é eleito por um período de 4 anos;
 tem o poder de escolher o governo;
 o congresso tem o poder de eleger e demitir o Presidente da República.

Divisão de poderes
 Poder legislativo: pertence ao Congresso ou Parlamento – deputados.
 Poder executivo: pertence ao Presidente da República e o seu governo – presidente e ministros.
 Poder judicial: pertence aos Tribunais – juízes

Principais medidas

Na Educação
 criação dos primeiros jardins-escola para crianças dos 4 aos 7 anos;
 ensino obrigatório e gratuito dos 7 aos 10 anos;
 criação de escolas primárias, de um liceu em Lisboa (liceu Passos de Manuel) e de universidades (de Lisboa e do Porto);
 criação de escolas para formação de professores;
 criação de bibliotecas.
O principal objetivo destas medidas era acabar com o analfabetismo.

No Trabalho
 direito à greve;
 direito a oito horas de trabalho e a um dia semanal de descanso;
 criação de um seguro obrigatório para doença, velhice e acidentes de trabalho.

Sindicato: associação de trabalhadores de uma mesma profissão que defendia os direitos dos trabalhadores.
Greve: forma de luta mais utilizada pelos trabalhadores em que se recusavam a trabalhar para que o Governo e os patrões
cedessem às suas reivindicações.
CGT: Confederação Geral do Trabalho – união de vários sindicatos.
UON: União Operária Nacional

Dificuldades da I República
No entanto, a 1ª República atravessou vários problemas que fez crescer o descontentamento da população.

Participação de Portugal na I Guerra Mundial


A Inglaterra e a França entrou em guerra com a Alemanha por causa dos territórios africanos. Depois, vários outros países
europeus entraram na guerra, bem como países de outros continentes, por isso diz-se que foi uma Guerra Mundial.
A Inglaterra pediu a Portugal que apreendesse os navios alemães refugiados nos portos portugueses. A Alemanha, em
resposta, declarou guerra a Portugal e tentou ocupar os territórios portugueses em Angola e Moçambique.
A guerra terminou com a vitória dos ingleses, franceses e os seus aliados, e assim Portugal conseguiu manter as suas
colónias. No entanto, as despesas militares durante a guerra
contribuíram para um maior endividamento do reino.

Subida de preços e aumento de impostos


Os preços dos produtos aumentaram enquanto os salários não acompanharam essa subida.
As despesas do reino eram superiores às receitas. Os governos republicanos recorreram a empréstimos ao estrangeiro e para
os pagar aumentaram-se os impostos.
Tudo isto fez com que se tornassem frequentes as greves, revoltas e assaltos a armazéns de comida.

Instabilidade política
Os governos mudavam frequentemente e os presidentes ou se demitiam ou eram demitidos. Só entre 1910 e 1926 houve 8
presidentes e 45 governos.

GOLPE MILITAR EM 28 DE MAIO

Crise em Portugal durante a I República


 Crise social:
 subida dos preços
 redução do poder de compra
 greves e manifestações
 atentados à bomba
 Crise financeira:
 despesas superiores às receitas
 crescimento da dívida externa
 Crise política:
 mudanças sucessivas de governo – instabilidade política

Golpe militar de 28 de Maio de 1926


A 28 de Maio de 1926, o general Gomes da Costa chefiou uma revolta militar que teve início em Braga e extendeu-se até
Lisboa. Por todo o país os militares foram aderindo a este movimento. O Presidente da República, Bernardino Machado,
demitiu-se e entregou o poder aos revoltosos.

Principais medidas durante a Ditadura militar


Foram tomadas várias medidas que colocaram fim à democracia da I República:
 o Parlamento foi encerrado;
 o governo passou a ser escolhido pelos militares, sem eleições;
 os militares possuíam o poder legislativo e executivo;
 a imprensa passou a ser censurada;
 as greves e as manifestações foram proibidas.
Portugal foi governado neste período segundo uma ditadura, ou seja, segundo um governo autoritário, não democrático,
que não respeitava as liberdades e direitos dos cidadãos.
Apesar destas medidas a ditadura não veio resolver os problemas existentes em Portugal:
 os militares não se entendiam e as mudanças sucessivas de governo continuaram;
 as despesas continuavam superiores às despesas;
 continuou o recurso aos empréstimos ao estrangeiro, aumentando a dívida externa.

SALAZAR E O ESTADO NOVO

Crise em Portugal durante a I República


Em 1928 António de Oliveira Salazar foi nomeado ministro das Finanças e conseguiu equilibrar as contas
públicas aumentando as receitas, através do aumento dos impostos, e diminuindo as despesas do estado, através da redução
de gastos com a Educação, Saúde e com os salários dos funcionários públicos.
Em 1932, Salazar foi nomeado Presidente do Conselho de Ministros, ou seja, passou a ser o chefe do Governo.

Crise em Portugal durante a I República


Em 1933 foi aprovada uma nova constituição em que os direitos e liberdades dos cidadãos eram reconhecidos e ficou
estabelecido que o Presidente da República e os deputados seriam eleitos pelos cidadãos.
No entanto, as eleições não eram verdadeiramente livres e os direitos e liberdades dos cidadãos nem sempre foram
respeitados por Salazar. Foi constituído novamente o Parlamento que apenas servia para aprovar as leis impostas pelo
governo.

Crise em Portugal durante a I República


Durante o Estado Novo construíram-se estradas, barragens, hospitais e edifícios públicos. Esta política permitiu a
modernização do país e combateu o desemprego junto das áreas urbanas. Salazar aproveitou também esta política de obras
públicas para engrandecer o seu trabalho à frente do país e assim fazer propaganda.

Crise em Portugal durante a I República


Desenvolveu-se o turismo, o que permitiu a entrada de mais receitas para o Estado.
Apesar do desenvolvimento do país, muitas pessoas continuavam a viver em grandes dificuldades e decidiram emigrar. O
dinheiro enviado para Portugal pelos emigrantes foi outra fonte de receitas para o Estado.

Crise em Portugal durante a I República


Para Salazar conseguir tanto tempo no poder teve vários suportes:
 Censura: da imprensa, teatro, cinema, rádio e televisão, que impedia a divulgação de opiniões contra o regime salazarista.
 Polícia política: PVDE, que passou mais tarde a chamar-se PIDE, que vigiava, perseguia, prendia e torturava os opositores ao regime de
Salazar.
 Mocidade Portuguesa: organização com fim de desenvolver o culto do chefe, dever militar e devoção à pátria nos jovens dos 7 aos 18
anos.
 Legião Portuguesa: organização armada que defendia o Estado Novo e combatia o Comunismo.
 Propaganda Nacional: tinha como objetivo obter apoio da população.
 União Nacional: única organização política legal que apoiava Salazar.

Oposição política

Eleições legislativas de 1945


Os opositores ao salazarismo organizaram-se clandestinamente para não serem perseguidos e presos. Outros tiveram de sair
do país (exilados políticos).
A oposição cresceu em 1945 quando terminou a II Guerra Mundial, com a vitória dos países democráticos (EUA, França,
Inglaterra e seus aliados), onde os direitos e liberdades dos cidadãos eram respeitados. Estes países pressionaram Salazar e
este marcou eleições legislativas.
A oposição uniu-se e criou o MUD (Movimento de Unidade Democrática). No entanto, o governo não permitiu que a
oposição fizesse campanha eleitoral nem que a contagem dos votos fosse fiscalizada. Quem fosse suspeito de pertencer à
oposição era tirado das listas eleitorais para não puderem votar. Os dirigentes do MUD decidiram então apelar à abstenção e
assim a união Nacional conseguiu eleger todos os seus candidatos.

Eleições presidenciais de 1958


O general Humberto Delgado, com o apoio de toda a oposição, candidatou-se às eleições presidenciais de 1958. Apesar do
grande apoio que teve da população, foi Américo Tomás, pertencente à União Nacional, quem venceu as eleições, que
foram consideradas fraudulentas pela oposição.
Depois destas eleições Salazar mudou a lei e criou um colégio eleitoral que passa a eleger o Presidente da República.

A GUERRA COLONIAL

Depois da II Guerra Mundial, os países como a Bélgica, a Inglaterra e a Holanda reconheceram a independência da maioria
das suas colónias. Entretanto Salazar não fez o mesmo e a União Indiana e a população africana das colónias portuguesas
começaram a revoltar-se contra Portugal.
 1961: União Indiana ocupou Damão, Diu e Goa
 1961: revolta da Angola
 1963: revolta da Guiné
 1964: revolta de Moçambique
Salazar respondeu com o envio de muitos militares para as colónias. Esta Guerra Colonial, que durou 13 anos (1961-1974),
teve como principais consequências o ferimento e morte de muitos soldados portugueses e uma grande despesa com os
gastos militares.

A AÇÃO MILITAR E POPULAR EM 25 DE ABRIL

Saída de Salazar do poder


Salazar saiu do poder quando adoeceu gravemente em 1968. No entanto, Marcelo Caetano substituiu-o mantendo os seus
ideais: manteve a DGS (Direção Geral de Segurança – antiga PIDE) e a Guerra Colonial.

Fim da ditadura
A falta de liberdade, o aumento do custo de vida e as despesas militares e muitas mortes durante a Guerra Colonial
contribuíram para o aumento do descontentamento da população, o que levou ao fim da ditadura.

25 de Abril de 1974
Golpe militar organizado pelo MFA – Movimento das Forças Armadas – apoiado pelos populares. Várias cidades foram
dominadas sem grande resistência.
Marcelo Caetano refugiou-se no quartel do Carmo que foi cercado pelas tropas do capitão Salgueiro Maia e aceitou render-
se perante um oficial superior: general António de Spínola. Acabou por ser preso, tal como Américo Tomás (presidente da
República).

Primeiras medidas do MFA


 poder entregue a uma Junta de Salvação Nacional, presidida pelo António de Spínola
 dissolução da Assembleia Nacional
 extinção da DGS
 abolição da censura
 libertação dos presos políticos
 negociações para pôr fim à Guerra Colonial

A INDEPENDÊNCIA DAS COLÓNIAS

Colónias africanas
O novo presidente da República, António de Spínola, reconheceu o direito à independência dos povos africanos e assim se
formaram cinco novos países:
 1974 – Guiné-Bissau
 1975 – Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde

Colónias do oriente
As colónias do continente asiático tiveram outros destinos:
 1999 – Macau passou a ser território chinês
 2002 – Timor-Leste tornou-se independente depois de ter sido invadido pela Indonésia e passou a chamar-se Timor-Lorosae

A CONSTITUIÇÃO DE 1976 E O RESTABELECIMENTO DA DEMOCRACIA

Constituição de 1976
 Em 25 de Abril de 1975 – realizaram-se eleições para eleger os deputados para a Assembleia Constituinte que tinha como função elaborar
uma nova constituição
 Em 25 de Abril de 1976 – foi aprovada a Constituição de 1976 que garantiu a separação dos poderes e os direitos e liberdades dos cidadãos

Democracia
 o governo voltou a governar segundo um regime democrático, ou seja, respeitando os direitos e liberdades dos cidadãos
 assim os cidadãos voltaram a ter o direito de escolher os seus governantes – direito de voto

Poder Central
 conjunto de órgãos que exercem o seu poder sobre todo o território nacional e que abrange toda a população:
 Presidente da República
 Governo (1º ministro e restantes ministros)
 Assembleia da república (deputados)
 Tribunais (juízes)

Separação dos poderes do poder central


 Presidente da República
 promulga e manda publicar as leis
 é escolhido pelos cidadãos eleitores
 Governo
 executa as leis
 o 1º ministro é escolhido pelo presidente da República e os restantes ministros são escolhidos pelo 1º ministro
 Assembleia da República
 faz as leis
 os deputados são escolhidos pelos cidadãos eleitores
 Tribunais
 julgam quem não cumpre as leis
 os juízes não são escolhidos por eleições
Autonomia dos Açores e Madeira
A Madeira e os Açores têm os seus próprios órgãos de governo:
 Assembleia Regional
 faz as leis respeitando a Constituição e as leis gerais da República
 os deputados são escolhidos pelos cidadãos eleitores da região
 Governo Regional
 executa as leis
 o primeiro ministro é escolhido pelo partido mais votado para a Assembleia Regional que depois escolhe os restantes ministros

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