GRUPOS DE
ESTUDOS
SERVIÇO SOCIAL
E
PSICOLOGIA
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
Presidente
Desembargador PAULO DIMAS DE BELLIS MASCARETTI
Número 14
SÃO PAULO
2017
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
Sumário
OFENSIVA NEOLIBERAL: IMPACTOS PARA QUEM ATENDE E PARA QUEM É ATENDIDO NO SETOR
TÉCNICO DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ................ 137
Introdução ...................................................................................................................................... 140
1 - “Você olhou bem para ela?”: preconceitos .............................................................................. 142
2 - “Vocês não sabem de nada”: famílias....................................................................................... 146
3 - “É mais fácil gostar dele (...) Ele não dá trabalho”: neoliberalismo.......................................... 154
4 - Considerações finais.................................................................................................................. 161
Referências ..................................................................................................................................... 164
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
13
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
COORDENAÇÃO
AUTORES
14
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
INTRODUÇÃO
16
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
19
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
Azevedo (s. d.) relata que o Código Mello Mattos perdurou por 42 anos,
entre 1927 e 1979, sendo substituído pelo Código de Menores, gestado no período
final da Ditadura Militar. Este Código manteve, em grande parte o poder normativo
do Juiz, além de retirar alguns direitos do adolescente infrator, podendo estender,
automaticamente, a pena por crime cometido na adolescência para a idade adulta.
O acolhimento de menores ficou pautado nos Códigos Mello Mattos e de
Menores na proteção da sociedade do risco dos adolescentes infratores e das
crianças expostas e abandonadas que eram consideradas, potencialmente, futuras
infratoras.
O texto “Fios da Vida” (SCHRITZMEYER, 2015) aponta para esta
realidade, que é muito recente em nossa História, em que, no Regime Militar foram
criadas as FEBEM’s, nas quais as crianças abandonadas conviviam com
adolescentes infratores. A autora descreve sua pesquisa realizada por meio de
acesso a prontuários de pessoas que moraram nas FEBEM´S e buscaram por algum
motivo esses documentos. A antropóloga percebe que os profissionais que atuavam
nos casos costumavam ressaltar as dificuldades das crianças/adolescentes
rotulando-as de forma negativa, consequentemente estigmatizando-as para a vida
social.
Em discussão no Grupo de Estudos, refletimos sobre nossa atuação
profissional e, entendemos que, quando vislumbramos apenas as fragilidades tanto
dos sujeitos como de suas famílias, tendemos a manter a institucionalização como a
única saída para essas crianças e adolescentes.
Em contraponto, em 1990, surge o Estatuto da Criança e do Adolescente,
pautado na Doutrina de Proteção Integral da Criança e do Adolescente. Pela
primeira vez, a criança passa a não ser simples objeto do direito, mas sim um sujeito
de direitos. Esta legislação, por sua vez, retira o poder normativo dos Juízes das
Varas de Infância e Juventude, obrigando, a seguirem os procedimentos legais tanto
para o acolhimento institucional como para recolocação da criança/adolescente na
família de origem ou em família substituta.
O Estatuto da Criança e do Adolescente também contraria os Códigos
anteriores, apontando o acolhimento, no caso da criança e adolescente a serem
protegidos, como medida emergencial, excepcional e provisória, não devendo durar
mais de dois anos, e realizado em instituições que seguem um ordenamento que
20
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
21
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
22
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
23
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
24
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
25
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
27
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
4 - CONCLUSÃO
28
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
cada vez mais enxuta e vemos que o “poder paralelo” vem ganhando mais espaço,
atuando no lugar do Estado.
À guisa de conclusão, notamos que o percurso de estudo sobre a história
dos direitos de crianças e adolescentes e de seu acolhimento familiar ou
institucional, forneceram subsídios para a discussão do atendimento atual em
instituições de acolhimento, além da discussão sobre a temática cada vez mais
urgente do acolhimento de adolescentes. Notamos que esta discussão trouxe novos
fundamentos para a prática dos profissionais que participaram do Grupo de Estudos,
além de que desejamos que esta reflexão possa ser aproveitada por outros técnicos
do Judiciário.
29
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
REFERÊNCIAS
ASSIS, Simone Gonçalves; FARIAS, Luís Otávio Pires. Levantamento Nacional das
Crianças e Adolescentes em Serviço de Acolhimento. São Paulo: Hucitec, 2013.
AZEVEDO, Maurício Maia de. O código Mello Matos e seus reflexos na legislação
posterior. Rio de Janeiro: Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, s. d. Disponível em
<http://www.tjrj.jus.br/documents/10136/30354/codigo_mello_mattos_seus_reflexos.
pdf> Acesso em 05 de abril de 2017.
30
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
<http://www.neca.org.br/images/Eunice%20F%C3%A1vero_RELATORIO_FINAL_R
EALIDADE_SOCIAL.pdf> Acesso em: 09 abr. 2016.
MADEIRA, Eliane Maria Agati. As leis das XII tábuas. In Revista da Faculdade de
Direito de São Bernardo do Campo, 2007, p. 128-138.
31
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
SCHRITZMEYER, Ana Lúcia Pastore. Fios da vida: crianças abrigadas, hoje adultas,
diante de seus prontuários. In Vivência: revista de antropologia, nº 46, 93-212, Natal,
2015.
32
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
33
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
COORDENAÇÃO
AUTORES
34
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
INTRODUÇÃO
35
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
A procura incessante por pretendentes faz com que a busca ativa possa
ter várias formas de acontecer, inclusive formas nada convencionais de se encontrar
possíveis adotantes, como por exemplo, a apresentação de crianças e adolescentes
em jogos de futebol. As mais comuns envolvem exposição dos acolhidos nos
diversos tipos de mídia existentes. A exposição da história de vida é justificada com
o argumento de que é necessário proporcionar a visibilidade para essas crianças e
adolescentes.
2 - PALESTRANTES CONVIDADAS
36
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
37
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
38
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
40
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
41
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
Além dessas ações, vale citar o projeto de Lei da Câmara nº 101 – 2017
que foi encaminhado em 01/11/2017 para sanção presidencial. Tal projeto dispõe
sobre adoção alterando a legislação vigente sobre o tema. Dentre as propostas,
pode-se destacar a sugestão de promover a celeridade do procedimento de
destituição do poder familiar, bem como a celeridade processual. Propõe que a
reavaliação psicossocial de crianças e adolescentes acolhidos ocorra
trimestralmente; que a permanência na instituição de acolhimento não ultrapasse 18
meses (exceto nos casos de melhor interesse da criança e adolescente); que sejam
cadastrados para adoção as crianças e recém-nascidos não procurados por suas
famílias no prazo máximo de 30 dias a partir da data do acolhimento.
Este projeto propõe também a regulamentação de ações como
apadrinhamento afetivo e entrega voluntária. Apesar de prever a participação de
grupos de apoio, devidamente formalizados, em cursos preparatórios para adoção, o
projeto de lei não faz referência a possível parceria para o procedimento de busca
ativa e também não faz nenhuma referência a tal ação.
42
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
4 - REFLEXÕES
43
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
44
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
45
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
46
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
5 - CONCLUSÃO
47
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
48
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
49
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei 12010, de 03 de Agosto de 2009. Dispõe sobre adoção. Brasília, DF,
2009.
BRASILIA, DF. Camara dos Deputados. Projeto de lei nº 101 – 2017. Dispõe sobre
adoção e altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do
Adolescente), a Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº
5.452, de 1º de maio de 1943, e a Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código
Civil). Disponível em: http://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-
/materia/130811
2017
51
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
COORDENAÇÃO
Paula Puertas Beltrame – Psicóloga Judiciário – Comarca de São José dos Campos
Thabata Dapena Ribeiro – Assistente Social Judiciário – Comarca de Jacareí
AUTORES
52
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
53
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
INTRODUÇÃO
54
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
55
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
criança e adolescente tem direito a ser criado e educado por sua família e, na falta
desta, por família substituta.
Lembramos que a colocação em família substituta é uma medida jurídica
aplicada nos casos em que não é possível o retorno de crianças e adolescentes à
sua família natural. Das modalidades de colocação em família substituta, a adoção é
o último recurso e, conforme prevê o ECA no artigo 39, § 1º, constitui medida
excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotadas as
possibilidades de manutenção de crianças e adolescentes na família natural ou
extensa, visto que representa a ruptura definitiva de vínculos construídos entre
crianças e adolescentes e sua família biológica.
Neste contexto, constituir vínculos numa nova configuração forma a base
dos desafios inerentes à colocação de crianças e adolescentes em família substituta,
na modalidade de adoção, apresentados cotidianamente na prática profissional das
equipes técnicas das Varas da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça de São
Paulo.
Dentre as diferentes percepções acerca do tema, destacamos aspectos
objetivos e subjetivos que envolvem o trabalho profissional na adoção: a avaliação
psicológica e social, a preparação dos pretendentes, o perfil da criança ou
adolescente pretendido, a escuta e preparação das crianças e adolescentes, o
trabalho dos serviços de acolhimento com crianças e adolescentes disponíveis à
adoção, a aproximação entre adotantes e adotados, as orientações e
acompanhamento no estágio de convivência e até mesmo os casos que envolvem a
“devolução” de crianças e adolescentes.
Consideramos de extrema importância a fase que precede o momento da
colocação da criança ou adolescente em família substituta; é nessa etapa de
preparação e avaliação que podem ser observados diversos aspectos objetivos e
subjetivos relacionados às fantasias, preconceitos, medos e expectativas, sendo
fundamental que sejam aprofundados à medida em que os vínculos e os papéis vão
se construindo e sendo definidos.
Segundo Faleiros e Moraes (2014, p. 30), o vínculo é uma relação
particular com o objeto desejado.
56
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
57
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
diferentes estados da federação. Acreditamos que tais práticas precisam ser vistas
com criticidade e ressalvas, considerando que a adoção deve ser fruto de uma
decisão amadurecida, e não resultado de sensibilização e apelo emocional. Nestas
situações, onde não se prevê um período de preparação dos postulantes, as
consequências, de eventual dano, serão apresentadas durante a evolução de uma
tentativa de aproximação, o que poderá gerar frustação na constituição de novos
laços socioafetivos, responsabilizando crianças e adolescentes pelo fracasso.
Salientamos que a promoção de adoção nestes moldes poderá trazer
sérios prejuízos às crianças e adolescentes (principais interessados). Isso não
significa que as adoções tardias não devam ser incentivadas, porém deve-se ter
cautela e buscar estratégias que não exponham as crianças e adolescentes,
respeitando-as enquanto sujeitos de direitos.
Outra questão premente se refere ao lugar de relevância que a escuta de
crianças e adolescentes ocupa neste processo de colocação em família substituta,
bem como na indefinição a respeito de quem seria essa atribuição: do serviço de
acolhimento, do judiciário ou dos demais atores da rede. Quanto a este aspecto, não
existe consenso nas diversas comarcas do estado.
Em contrapartida aos desafios encontrados, existem indicadores que
podem contribuir para a efetivação da adoção de forma exitosa. Um deles é o apoio
da família extensa dos pretendentes no processo da adoção. Outro seria a rede de
atendimento, tanto na preparação da criança como no acompanhamento pós-
adoção. A recepção e acolhimento pelos familiares em relação à criança ou
adolescente e aos adotantes podem ser fundamentais em alguns casos e a rede de
serviços também contribui, principalmente na atenção psicológica mais direcionada
às crianças e adolescentes sob medida de acolhimento e em processo de adoção.
A preparação psicossocial e jurídica dos pretendentes, se realizada com
qualidade e de forma a proporcionar reflexão, também é um espaço que pode
favorecer o processo de adoção, que se caracteriza por ser um ato cercado de
incompreensões que, se não trabalhadas, poderão se revelar negativamente nas
relações cotidianas entre adotantes e adotados. É de conhecimento que, em
algumas comarcas, tal procedimento ainda não foi sequer implementado.
58
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
59
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
61
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
62
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
63
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
que não se propõe a escutar o que aquela criança tem a dizer, mas apenas a ouvi-
la, buscando conduzi-la a falar sobre determinado assunto.
Observamos que no âmbito das Varas da Infância e Juventude a escuta
da criança e adolescente ainda está em processo de construção e consideramos
que deve envolver todos os atores que atuam com esse público, especialmente
quando se trata de crianças e adolescentes que estão em medida protetiva.
Ademais, as famílias de origem também devem ser escutadas, o que nem sempre
ocorre: vários são os fatores que concorrem para essa situação. Um deles se
relaciona à perspectiva sob a qual família é vista: tal como na lida com crianças e
adolescentes, a concepção do profissional (leia-se especificidade técnica e
consequentes compromissos éticos-políticos) também influencia a visão sobre o
tema.
Outrossim, além de questões subjetivas, é importante pontuarmos os
entraves objetivos, como a insuficiência e precariedade dos serviços públicos. É
realidade majoritária que os equipamentos de saúde, educação, assistência social e
demais políticas públicas não estão estruturados conforme previsto na legislação
correlata. Nessa esteira, nós, assistentes sociais e psicólogos do judiciário, também
enfrentamos precariedades cotidianas e de várias modalidades para o desempenho
da função.
Compreendemos que, para que crianças e adolescentes ocupem o lugar
de sujeito diante da situação vivenciada e possam ter um espaço de escuta e
acolhida para expressar seus desejos, medos e fantasias, é necessário que o
profissional reflita sobre suas concepções de infância e que esteja preparado –
técnica e eticamente – para verdadeiramente escutar aquela criança ou adolescente.
Não obstante, para que o trabalho seja efetivo, é necessário que todos os
envolvidos estejam alinhados a essa concepção, destacando-se a necessária
64
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
se levava o filho na perspectiva de que ele tivesse uma realidade futura diferente da
que teria caso permanecesse sob os cuidados de sua família de origem (Cardoso,
2017).
Foi com o advento do Estatuto da Criança e do Adolescente que a cultura
da institucionalização começou a ser combatida, priorizando a convivência familiar e
comunitária e reconhecendo a família enquanto grupo fundamental e ambiente mais
propício ao desenvolvimento de seus membros. No entanto, a realidade atual aponta
um grande número de acolhimentos de crianças e adolescentes realizados devido à
situação de “negligência familiar”. Diante do fato, é necessário refletir a respeito
deste conceito, visto que engloba visões subjetivas e culturais.
O último levantamento nacional de Crianças e Adolescentes em Serviço
de Acolhimento - 2010, realizado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome (MDS) em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz),
apontou a negligência como a causa mais frequente de acolhimento. Dentre os
acolhidos, observou-se a predominância de meninos pardos e negros e com idades
entre 6 a 11 anos - perfil este que dificilmente é aceito pelos pretendentes à adoção,
dos quais 92,7% desejam crianças de até 5 anos (CNJ, 2013).
Diante da ausência de políticas públicas efetivas, muitas vezes a adoção é
vista como uma resolução mágica de todos os problemas, enquanto deveria ser uma
medida excepcional, destinada a situações muito específicas. Além disso,
analisando os dados mencionados, constatamos que as chances de adoção são
remotas para muitas das crianças e adolescentes acolhidos. Assim,
independentemente do encaminhamento tomado, no serviço de acolhimento os
potenciais das crianças e adolescentes podem e devem ser desenvolvidos.
Neste sentido, deve-se estar atento para não se assumir um discurso
extremista, seja pela supervalorização da adoção seja pela desvalorização do
acolhimento, podendo este último, do nosso ponto de vista, ser entendido como um
lugar de promoção de autonomia, reparação e desenvolvimento, ainda que possua
caráter provisório. O serviço de acolhimento deve ser o local onde as crianças e os
adolescentes conseguem se sentir fortalecidos, sendo, muitas vezes, o único espaço
em que podem receber cuidados e afeto.
Souza et al (2016, p. 42), fundamentada nos apontamentos de Winnicott,
concebe o serviço de acolhimento como:
66
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
67
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
68
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
REFERÊNCIAS:
70
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
COORDENAÇÃO
AUTORAS
72
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
INTRODUÇÃO
1
Cabe salientar que algumas dessas trabalhadoras, anterior a vinculação ao Tribunal de
Justiça, tiveram experiência profissional vinculada à Fundação CASA e que no decorrer da discussão
anual, pontuaram a diferença de olhares quando, como trabalhadora, encontram-se no Executivo e
em outro momento no Judiciário e o quanto essas discussões se complementam, salientando a
importância da relação entre os Poderes Públicos.
2
Disponível em:
http://www.tjsp.jus.br/Download/PrimeiraInstancia/FolhetosInformativos/Capital/FolhetoForunsCentrais
eRegionais.pdf. Acesso: 12/10/2017.
3
Medidas de Semiliberdade (Artigo 120 do ECA) e Internação (Artigos 121 ao 125 do ECA).
4
Medidas de liberdade assistida (Artigo 118 e 119 do ECA) e Prestação de Serviços à
Comunidade (Artigo 117 do ECA).
5
O Decreto-Lei nº 200 de 25 de Fevereiro de 1967 que implantou a Reforma Administrativa
Federal traz a diferença entre Administração Direta (artigo 4º - I) e Administração Indireta (artigo 4º - II
– a – d). A Constituição Federal de 1988 em seu artigo 175 reafirma a possibilidade da gestão indireta
através de licitação. Ainda determina que a competência da União se restrinja à coordenação
nacional e à formulação de regras gerais do atendimento, enquanto os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios deverão gerenciar, coordenar e executar programas de atendimento no âmbito de suas
competências. Aproximando-se do nosso objeto de estudo, o ECA traz em seu artigo 88 a
municipalização do atendimento como uma das diretrizes da política de atendimento.
73
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
6
É a segunda fase de tratamento destinado às crianças e adolescentes no Brasil, de forma
tardia a partir da Constituição Federal de 1988 em seu artigo 227, que é complementado pelo ECA
em seu artigo 4º que traz o dever da família, da sociedade e do Estado no assegurar à criança, ao
adolescente e ao(a) jovem direitos por meio de políticas de promoção e de defesa. Importante
salientar que há uma diferença temporal entre a visão normativa e a visão sociocultural, que não
caminham na mesma velocidade levando às mudanças de paradigma.
74
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
75
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
76
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
7
Disponível em: http://www.cfess.org.br/visualizar/noticia/cod/1268 - Em tempos desiguais, não
temeremos! O Serviço Social brasileiro e o contexto de Retrocessos. Acesso em 28/09/2017 às
10h15 min.
77
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
8
Disponível em: http://site.cfp.org.br/nota-do-cfp-sobre-o-atual-momento-da-conjuntura-politica-e-
social-brasileira/. Acesso: 28/09/17 às 09h47.
9
Disponível em: http://justificando.cartacapital.com.br/2016/12/15/juristas-comentam-atual-conjuntura-
politica-no-brasil/ Acesso em: 27/07/2017 às 17h30 min.
78
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
consenso, mesmo que provisórios. Ela não se reduz à implantação de serviços, pois
engloba projetos de natureza ético-política e compreende níveis diversos de
relações entre o Estado e a sociedade civil na sua constituição.
No Brasil, compreendendo a adolescência a partir da própria Constituição
Federal de 1988 e os aparatos legais que na sequência se colocam como uma
conquista recente, podemos observar uma discrepância a partir da dificuldade de
implementação daquilo que as bases legais preveem, mantendo-se os olhares ainda
distantes da própria adolescência e juventude, denotando a ausência de serviços e
instituições voltadas para a demanda desta faixa etária.
Mesmo com toda esta dificuldade identificada, aponta-se que esse
cenário passa a se alterar no final dos anos de 1990 e início da década atual.
Iniciativas públicas são observadas, algumas envolvendo parcerias com instituições
da sociedade civil e as várias instâncias do Poder Executivo são mobilizadas.
No Brasil, ainda se observa ausência de estudos de como foram
concebidas as políticas públicas no século XX destinadas aos jovens, reiterando
algumas das orientações latino-americanas que foram determinadas pelos
problemas de exclusão dos (as) jovens da sociedade e os desafios de como facilitar-
lhes processos de transição e integração ao mundo adulto (Abad, 2002 apud Sposito
e Carrano, 2003).
O descaso para com os direitos essenciais ao desenvolvimento básico da
nossa juventude reafirma importante descaso com as vidas de jovens e famílias
vulnerabilizadas. Violências sucessivas se instalam em seus cotidianos e a
banalização da violência paralela ao desfoque das questões primordiais aos
avanços garantistas continua vitimizando gerações e promovendo retrocessos
históricos.
No caso das ações que envolvem a juventude, dois aspectos importantes
precisam ser levados em conta. De um lado, a ideia de que qualquer ação destinada
aos(às) jovens exprime parte das representações normativas correntes que
determinada sociedade constrói. Por outro lado, a conformação das ações e
programas públicos não sofre apenas os efeitos de concepção, mas pode, ao
contrário, provocar modulações nas imagens dominantes que a sociedade constrói
sobre seus sujeitos jovens. Assim as políticas de juventude não seriam apenas o
80
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
2 - VIOLÊNCIA E JUVENTUDE
81
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
82
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
11
Ressalta-se que esse número está concentrado na medida de internação: 7.267 adolescentes e
jovens.
83
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
84
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
85
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
86
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
87
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
88
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
REFERÊNCIAS
FERRÃO, Iara da Silva; SANTOS, Samara Silva dos e DIAS, Ana Cristina Garcia.
Psicologia e práticas restaurativas na socioeducação: relatos de experiências.
Psicologia: Ciência e Profissão, abr-jun 2016, vol. 36, nº 2, p. 354 e 363.
89
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
COORDENAÇÃO
AUTORES
Ana Maria Iria Leite de Ávila Camargo – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Miracatu
Andreza Cristina Oliveira da Silva Calixto – Assistente Social Judiciário – Comarca
de Campinas
Claudia Belardo Colatrella – Psicóloga Judiciário – Comarca de São Vicente
Egli Maria Micheski – Psicóloga Judiciário – Comarca de Registro
Erica Fragoso Pacca – Assistente Social Judiciário – Comarca de Juquiá
Jaqueline Fernanda Verônica de Jesus – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Taubaté
Kherley Dacylane Val Lima – Psicóloga Judiciário – Comarca de São José dos
Campos
Letícia Cortes de Souza – Psicóloga Judiciário – Comarca de Taubaté
Lucy Vianna Alcebíades – Assistente Social Judiciário – Comarca de Guarujá
Márcia Aparecida Thomé Garcia – Psicóloga Judiciário – Comarca de Botucatu
Paula Melissa Cunha Tosta – Psicóloga Judiciário – Comarca de Jacareí
Rosangela Maria Lenharo – Assistente Social Judiciário – Comarca de Ibitinga
Rosenilda Maria da Silva – Psicóloga Judiciário – Comarca de Mogi das Cruzes
Rosibel Maria de Moraes – Assistente Social Judiciário – Comarca de Agudos
Sueli Aparecida Correa – Psicóloga Judiciário – Comarca de Sorocaba
Talita Afonso Chaves – Psicóloga Judiciário – Comarca de Guarujá
91
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
INTRODUÇÃO
93
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
94
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
95
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
96
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
97
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
quanto melhor for a relação entre os pais, melhores serão os indicadores de saúde
mental da criança.
A guarda compartilhada deve ser tomada como uma postura, como o
reflexo de uma mentalidade segundo a qual pai e mãe são igualmente importantes
para o filho de qualquer idade, devendo essas relações ser preservadas para a
garantia de que o adequado desenvolvimento integral das crianças e adolescentes
venha a ocorrer.
Outro aspecto importante é a distinção entre compartilhamento e
alternância de guarda física. Um casal pode decidir ter os mesmos direitos e deveres
decorrentes do poder familiar sobre os filhos e manter uma residência principal.
Outros podem alternar períodos na residência de um ou de outro genitor. De
qualquer modo, ambos os pais devem se responsabilizar pelo atendimento às
necessidades dos seus filhos.
Conforme salientado pela Juíza Angela Gimenez12 :
12
Juíza da Primeira Vara de Família de Cuiabá em entrevista à IBDFAM, em 05/10/2016.
www.ibdfam.org.br/notícias/6151/Lei+13.058-2014. Conheça as principais características da norma
que regulamentou a guarda compartilhada no Brasil.
98
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
99
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
100
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
101
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
13
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/.../recurso-especial.../inteiro-teor-21086251
102
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
103
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
104
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
105
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
106
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
107
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
Antes de mais nada, vale a pena lembrar que a disposição litigante, em si,
provoca inúmeras situações de violência no âmbito familiar, podendo referir-se a
atos de maus tratos, de agressão verbal e/ou física, abuso sexual e violência
psicológica. A inegável superioridade da força física do homem quando comparada à
força de uma mulher ou de uma criança evidencia uma situação de possível risco,
havendo necessidade do desenvolvimento de recursos protetivos.
No Brasil, a Lei n 11.340 de 07 de agosto de 2006, conhecida como lei
Maria da Penha, trouxe avanços no sentido de instrumentalizar as mulheres que
108
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
sofrem por não conseguir desvincular-se de uma relação conjugal opressora que a
coloca numa posição de submissão e à mercê do desejo do outro. No entanto, é
comum ocorrer a denúncia sem a continuidade da representação processual e o
retorno ao relacionamento conturbado. Observamos que os casos graves de
violência doméstica, geralmente, tramitam nas Varas da Infância e Juventude e
podem ocasionar acolhimento das crianças e, até mesmo, destituição do poder
familiar.
Nos casos altamente litigiosos é comum a apresentação de Boletins de
Ocorrência para instruir o processo e comprovar violações de direitos a fim de obter-
se vantagens processuais e afastar o outro genitor. Nesses casos, verificamos o
mau uso tanto da Lei Maria da Penha como da Lei de Alienação Parental.
Johnston (2005), uma das maiores pesquisadores sobre o divórcio
litigioso e os seus desdobramentos, alerta-nos sobre a importância de avaliar todos
os fatores que estão presentes quando uma criança recusa-se a visitar um dos
genitores uma vez que isso pode ocorrer em decorrência de situações de violência e
não de alienação parental.
Neste mesmo sentido, Silva (2013) teceu considerações sobre a lei de
alienação e recomendou clareza na descrição de sinais e indícios que apontam para
esse comportamento; mas, por outro lado, sinalizou que o profissional deve
considerar se o caso refere-se a alienação ou a proteção da criança/adolescente
contra violação de direitos diante de genitores que podem expor os filhos a riscos.
Ressaltamos que a análise sobre a veracidade da denúncia (denúncias
de abuso sexual, de maus tratos, de alienação parental, etc.,) compete ao
magistrado, cabendo aos setores técnicos a elucidação da situação sobre a
perspectiva do seu campo de conhecimento.
Diante dos diferentes casos, Johnston (2005) e Silva (2013) preconizam
que os técnicos devem assumir postura neutra e não ter concepções prontas. Em
relação à guarda compartilhada, por exemplo, Silva evidencia que não é uma zona
de conforto ou ideal comum para todos, pois cada caso é um caso, não dá para
generalizar ou unificar, sendo necessária uma avaliação criteriosa que esteja atenta
as características únicas e necessidades próprias de cada caso.
Lima (2015) também explanou sobre a necessária ampliação da visão
sobre as questões emergentes e reais trazidas pelos atores que estão vivenciando
109
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
110
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
111
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua
autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao
estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este.
Apesar da Alienação Parental configurar-se como uma das expressões da
questão social, tem sido cada vez mais judicializada, sendo necessário o
desenvolvimento de estudos sobre o tema para a construção de alternativas que
garantam a efetivação dos direitos da criança e do adolescente.
Observa-se que a lei da alienação parental, assim como a lei Lei nº 11.
698, de 13 de junho de 2008, que dispõe sobre a guarda compartilhada,
complementada pela Lei nº 13.058, de 22 de dezembro de 2014, podem ser
utilizadas como ferramentas possíveis para combater-se a violência engendrada
pelos atos de alienação parental.
Hoje, o ordenamento jurídico brasileiro busca focar o melhor interesse da
criança recomendada pela Declaração Universal dos direitos da criança. Com
respaldo da leis acima citadas, pois, de acordo com a estas leis, quando não houver
acordo entre a mãe e o pai em relação à guarda do filho, será aplicada, sempre que
possível, a guarda compartilhada. Entende-se por guarda compartilhada a
responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que
não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns.
Estudos comprovam que para os filhos o mais importante é gerar na criança e ou
adolescente um sentimento de conforto, bem estar, independente da questão
geográfica, pois é no cenário familiar, mesmo modificado após a separação
conjugal, que ocorre e perdura o desenvolvimento psicossocial destes.
114
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
115
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
fez alguns questionamentos, entre eles: no que isso contribuiria para o melhor
interesse da criança ou adolescente? Qual seria o benefício de uma lei sobre os
atos de Alienação Parental e de Guarda Compartilhada se não o de favorecer que
as crianças e adolescentes tenham convivência saudável com ambos os
genitores?
A palestrante citou o livro de 2014 da autora Analícia Martins de Sousa
com: Bullying, Assédio Moral e Alienação Parental - A Produção de Novos
Dispositivos de Controle Social, onde são explanadas reflexões sobre tais
questões.
117
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
118
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
119
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
assinalou que, com relação à atuação de peritos judiciários nos casos de alienação
parental, realizar a leitura da complexidade da dinâmica familiar, bem como
encaminhar proposições que garantam o direito à convivência familiar das crianças
e adolescentes, são contribuições dos psicólogos e assistentes sociais aos
magistrados.
A profissional indica prudência ao realizarem apontamentos categóricos
na elaboração dos laudos, visto que o conflito pode ser ainda mais acirrado diante
destes. Diante disso, questiona acerca da possibilidade de “criminalizar as relações
familiares”, ao exemplificar casos nos quais advogados usam atos e fatos isolados,
buscando o enquadre jurídico da alienação parental, por vezes, pressionando os
peritos a darem respostas em curto espaço de tempo.
A palestrante discorreu também acerca de se trabalhar em instituições
(hospitais e tribunais) onde existem profissionais de outras áreas (médicos e juízes),
cujos saberes são considerados “dominantes” e, muitos se posicionam como
“conhecedores de tudo”. No entanto, observou que estes carecem do conhecimento
específico (psicológico ou social) e necessitam ser assessorados para a tomada de
decisão. Diante disso, o grupo destacou que, em muitas cidades, observam que os
juízes esperam justamente que o laudo seja conclusivo e também aponte sugestões.
A importância do trabalho interdisciplinar é destacada por Ferreira e
Macedo (2016), os quais asseveram que, quando o perito se mobiliza com o
trabalho, posicionando-o (o trabalho) na direção da resolução não adversarial dos
conflitos, não só atuando ética e tecnicamente de forma competente, ele fornece
elementos de reflexão não só ao juiz, mas também aos advogados, ao promotor de
Justiça e aos pais. Salientam que tal ajuda que pode ser efetiva, objetivando-se o
melhor interesse dos menores envolvidos na pendência judicial.
Na obra “Guarda Compartilhada: uma visão psicojurídica”, os autores
supramencionados refletem que o perito pode aproveitar o momento da perícia para
mobilizar e refletir com as partes sobre suas atitudes, buscando transformar a
situação em prol da criança. Com base nesta leitura, o Grupo identificou ser comum
que algumas queixas citadas na petição inicial se diferenciam das verbalizadas
durante a perícia ou mesmo nunca foram expostas entre as partes. Considerou-se
que o perito poderia trabalhar com as partes a capacidade de comunicação através
de um treino assertivo: falar o que precisa para quem precisa utilizando a
120
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
comunicação não-violenta, ou seja, não focar na crítica e sim nos sentimentos que
aquele comportamento suscita. Por exemplo, atenta-se para a importância dos
genitores em disputa de guarda habituar-se a verbalizar o termo “nosso filho”,
gerando assim o sentimento de pertencimento e não de exclusão.
Outra convidada a participar de uma Roda de Conversa com o Grupo, a
psicóloga judiciária Evani Zambon Silva, autora do livro Paternidade Ativa na
Separação Conjugal e de vários artigos, abordou a amplitude da contribuição da
Psicologia Jurídica nos Tribunais de Justiça considerando os diferentes aspectos da
atuação do psicólogo nesse campo e atentou para o movimento que reduz tais
profissionais a meros “produtores de laudos”. Nesse sentido enfatizou, citando
referências bibliográficas, a necessidade dos profissionais desenvolverem uma
reflexão crítica quanto ao seu papel na instituição, dentro da lógica de uma
“sociedade laudatória” que demanda laudos com diferentes objetivos, inclusive de
buscar legitimar a hegemonia das estruturas formais de suas organizações. Nas
palavras da autora:
121
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
Assim, aceitar realizar essa tarefa é compreender o âmbito da exposição tanto para
o bem como para o mal, no sentido de desagradar uma das partes e poder receber
diversos tipos de ameaças e/ou representações no conselho de classe.
Ressaltou ainda a importância do profissional se atualizar continuamente
e estar respaldado, do ponto de vista teórico científico de sua área, como uma
recomendação para se resguardar de questionamentos formalizados, bem como
primar pelo reconhecimento da classe nesse campo de atuação.
O Grupo de Estudos considerou um desafio tentar tornar o laudo
psicossocial um elemento apaziguador do litígio. Para tanto, sugeriu cuidados na
produção escrita, com o uso das palavras amenas ou esclarecimentos quanto aos
termos utilizados. Recomendou-se ainda, pontuar no laudo que o sistema judiciário
favorece o sistema adversarial que é nocivo a qualquer reestruturação pós-divórcio.
Nosso Grupo ressaltou sobre a importância do perito buscar seu próprio
tratamento psicológico para minimizar a interferência de questões pessoais e
subjetivas (inconscientes) quando da realização de seu trabalho. Discutiu-se sobre
os afetos contratransferenciais que costumam ocorrer nas relações de atendimento
e sobre os quais devemos cuidar para que não tragam prejuízo na avaliação do caso
e na elaboração do laudo. Nesse sentido, apontou-se para a importância de
reconhecer a própria violência e ir ao encontro da violência dos outros, conforme
explicitado por Jacqueline Morineau14 (2016), o que requer ousadia e coragem para
penetrar no nível profundo das próprias sombras e partir deste lugar para
transformar, cientes de que o que não é transformado é transferido ao outro,
perpetuando-se, assim, a transmissão da violência.
14
La mediation humaniste
122
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
124
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
125
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
15
Através do Comunicado 250/17, processo n. 2017/86837, o TJSP veda a participação dos
profissionais do Setor Técnico como conciliadores ou mediadores nos Centros Judiciários de Solução
de Conflitos e Cidadania (CEJUSC).
16
Método instituído por meio da Resolução n 225 do Conselho Nacional de Justiça e regulamentado
no TJSP pelo Provimento 35/14.
17
O Provimento CSM n 2327/2016 dispõe sobre a implantação da Oficina da Parentalidade nos
Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC) e, não sendo possível o
comparecimento das partes para a Oficina de Pais e Filhos, recomenda-se o acesso por via da rede
mundial de computadores (www.cnj.jus.br/eadcnj).
126
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
18
http://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/conciliacao-e-mediacao-portal-da-conciliacao
127
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
breve, que busca uma efetiva harmonização social e a restauração, dentro dos
limites possíveis, da relação social das partes.
As duas técnicas são norteadas por princípios como informalidade,
simplicidade, economia processual, celeridade, oralidade e flexibilidade processual e
os mediadores e conciliadores atuam de acordo com princípios fundamentais
estabelecidos na Resolução nº 125/2010 de confidencialidade, decisão informada,
competência, imparcialidade, independência e autonomia, respeito à ordem pública
e às leis vigentes, empoderamento e validação.
A Mediação e a Conciliação têm por objetivo alterar a cultura da
litigiosidade e promover a busca de soluções para os conflitos mediante a
construção de acordos. São considerados instrumentos efetivos de pacificação
social, solução e prevenção de litígios e sua implementação nas comarcas tem
reduzido a excessiva judicialização dos conflitos de interesses, a quantidade de
recursos e de execução de sentenças.
Acerca da Mediação, Perissini da Silva (2015) destaca a sua
imprescindibilidade para que seja viável a guarda compartilhada, principalmente nos
casos de disputa de guarda.
Apesar de concordar com o posicionamento da autora acima citada, o
nosso Grupo ponderou que a mediação dos conflitos familiares seria de
competência do Poder Executivo, já que no Poder Judiciário vigora a lógica
adversarial, solicitando-se a um terceiro elemento (juiz) que resolva a disputa.
Comentou-se, ainda, sobre algumas experiências no exterior, mas por
serem dispendiosas, acredita-se serem difíceis de implantar em nosso país, apesar
de que estas poderiam encurtar os processos e torna-los mais baratos para o
Estado. Exemplos dessas experiências foram estudados pelo nosso Grupo em 2016
e, neste ano, ao discutirmos o livro Cezar-Ferreira e Macedo (2016), soubemos de
outras duas iniciativas:
a) Cooperação ordenada – Distrito Alemão (2004). Ressalta a importância
de os profissionais envolvidos com casos de separação e divórcio manterem relação
de cooperação e coerência. Reuniões frequentes promovidas sob orientação do Juiz
de família, onde técnicos e advogados e outros colaboradores tenderam a afastar-se
do raciocínio binário de que deveria haver ganhador e perdedor, e os diálogos
interdisciplinares tornaram-se mais construtivos em busca de soluções.
128
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
129
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
130
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
visa à substituição da visão atual do sistema judiciário nas Varas de Família, qual
seja o da adversidade, onde cada uma das partes, representada legalmente, disputa
a guarda dos filhos, como principal objetivo da ação, pela real preparação das partes
para uma nova realidade parental, onde a partir de uma comunicação efetiva, toda a
rede do judiciário juntamente com as partes se direciona para o melhor interesse da
criança ou adolescente.
Como suporte à sentença judicial, os assistentes sociais e psicólogos do
Setor Técnico de cada Comarca, procuram avaliar, com base no conhecimento das
ciências afins e preparo para o trabalho com partes que litigam, diagnosticar o (real)
desejo do outro e leva-los a uma reflexão para que possam chegar a um acordo
efetivo. Em termos psicanalíticos, tratar-se-ia de ocupar o lugar de suposto saber
que dá sustentação ao discurso universitário (ou discurso técnico/científico) na
tentativa de promover/facilitar uma mudança. Supõe-se que o profissional, portador
dessas condições, poderia apoiar-se na literatura científica e interpretar que, muitas
vezes, a outra cena pode representar o desejo de dar continuidade ao
relacionamento com a(o) ex-parceira(o) e, desta forma, preservar os conflitos
anteriores evitando se confrontar com penosos sentimentos de perda.
Essa avaliação dos Setores Técnicos se dá juntamente com um esforço
não só para promover a reflexão com as partes sobre as representações dos papeis
sociais e da guarda compartilhada, como também para propor e incentivar a
participação dos genitores em programas alternativos como a importante oficina de
pais e filhos, que vêm sendo implantadas em diversas Comarcas, bem como a
participação em sessões de mediação, terapias individuais ou em grupo e em
dinâmicas de atuação da justiça restaurativa, quando praticadas nos municípios em
que atuam as Varas de Família responsáveis pelas ações.
Os técnicos podem e fazem ainda, quando oportuno, um esforço conjunto
com as partes no sentido de atuar na construção de um plano inicial de divisão de
tarefas e responsabilidades.
A produção/escrita do laudo requer desses técnicos precaução e cautela
a fim de não permitir que os representantes das partes se valham das informações
do laudo para acirrar o litígio.
O estudo do tema levou o grupo a pensar que a perda de referenciais e a
mudança de valores da sociedade atual, requer a reeducação dos genitores para
131
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
132
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
mas poderá auxiliar as crianças a terem pais e mães na medida em que indicará a
direção norteadora das ações dos pais em relação aos filhos.
Uma das maiores críticas em relação à guarda compartilhada nos casos
altamente litigiosos é a ineficácia de sua aplicabilidade. No entanto, conforme
argumentação apresentada pela Ministra Nancy Andrighi que consolidou o
entendimento que a guarda deve ser compartilhada mesmo quando os genitores não
tenham diálogo favorável, o sentido da determinação legal ultrapassa o litigio entre
as partes e vislumbra à reordenação futura das relações entre os membros
familiares.
A Lei como instância reguladora das relações sociais fornece as bases
fundamentais para preservação do direito à dignidade humana. Porém, a guarda
compartilhada nos casos altamente litigiosos requer trabalho prévio, como a
mediação, e o judiciário poderia atuar ao final desse trabalho. Fato é que o judiciário
não seria o melhor espaço para realização desse trabalho inicial na medida em que
no judiciário vigora, ainda, a lógica adversarial, requerendo ao juiz a resolução da
disputa. Portanto, a mediação dos conflitos familiares seria uma forma de trabalho
proposto para anteceder o acordo, poderia até mesmo contar com a competência
dos técnicos da rede de atendimento do município, no entanto, há carência desses
serviços, bem como falta de interesse político neste âmbito.
As reflexões sobre como a atuação do Setor Técnico podem auxiliar as
crianças e aliviar a carga emocional decorrente da relação paterna litigante não
cessam. O grupo reconhece que as intransigências das partes alimentam o
processo, prejudicam os filhos e que a guarda compartilhada mesmo nestes casos
tem aplicação referendada tanto em textos estudados como amparo legal.
Cientes de que não basta apontar as dificuldades e procurando formas de
atuação no campo do judiciário, o grupo iniciou reflexão sobre a necessidade da
criação de um fluxo processual consistente iniciando pela tentativa de preparação
das partes para uma nova fase de vida que se inicia com o rompimento conjugal
tendo como objetivo a instauração da guarda compartilhada em benefício dos filhos.
O grupo pontuou sobre a existência de diversas experiências dos
profissionais que compõem o judiciário atualmente e da importância destas serem
compartilhadas, utilizando-se de recursos como, jornadas temáticas, seminários e
palestras, além dos grupos de estudos em andamento. O interesse comum pela
133
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
temática e o intuito de diminuir o número de ações em litígio pela guarda dos filhos,
levou o grupo a sugerir que ideia seja levada ao Núcleo para articular um evento
destinado à troca de experiências.
A globalidade dos encontros, somada ao esforço conjunto para a criação
de uma rede no judiciário com uma nova visão de trabalho voltado ao superior
interesse da criança e adolescente, tem sido o alvo do trabalho deste Grupo de
Estudo que espera possa conquistar efetivamente a substituição da postura da
adversidade e do litígio por uma nova visão onde haja maior e melhor qualidade no
diálogo, evitando-se a violência e as situações de risco aos filhos.
134
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
REFERÊNCIAS:
JOHNSTON, Janet R. Children of divorce who reject a parent and refuse visitation:
recent research and social policy implications for the alienated child. Family Law
Quarterly, vol.38,n.4 (winter 2005), p.757-775.
LIMA, Edna Fernandes da Rocha. Alienação Parental sob o olhar do Serviço Social:
limites e perspectivas da atuação profissional nas varas de família. Tese de
Doutorado, PUC-SP, 2016.
135
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
136
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
OFENSIVA NEOLIBERAL:
IMPACTOS PARA QUEM ATENDE E PARA QUEM É
ATENDIDO NO SETOR TÉCNICO DE SERVIÇO SOCIAL E
PSICOLOGIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO
137
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
COORDENAÇÃO
AUTORES
138
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
139
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
INTRODUÇÃO
140
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
141
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
142
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
143
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
144
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
145
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
Relato de experiência: Era um dia quente de fevereiro, quando a mulher adentrou a sala
de audiências. Sua relação com a burocracia, sobretudo judiciária, nunca foi tranquila, o
que se agravava a cada olhar estigmatizador: a mãe-que-entrega, a mãe-que-entrega-de-
novo. Para aquela plateia, pouco importava a história, os abandonos, as potencialidades, a
subjetividade existente naquela “escolha” (?). Após a sessão, enquanto esperava o
despacho do juiz, a mulher ouve, em forma de burburinho, sua história sendo
compartilhada. E nem era a história completa, eram fragmentos escritos a partir do olhar
de quem reproduzia: “é o 10º filho (risos), daqui a pouco pode fazer um time de futebol”,
“foi pega na rua catando latinha com os filhos atrás”, “já não é a primeira vez que dá a
criança”, “tem que laquear essas mulheres todas”. Com o incômodo instalado e como a
única forma de resistência possível naquele momento, gritou: “vocês não sabem de nada,
eu trabalho!”.
19
“De um modo geral o que se pode perceber entre as camadas mais atingidas pela desigualdade é
que o modelo idealizado de família (‘pai, mãe, filhos’) quase não existe. Há uma maior quantidade de
famílias marcadas pelo falecimento, adoecimento ou abandono do pai ‘provedor’, lares chefiados por
mulheres (mãe, tia ou irmã mais velha), crianças com inserção precoce no mercado de trabalho
visando compor a renda familiar e consumo pessoal”. (MENDONÇA, 2013, p. 100).
146
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
20
Já em seu primeiro artigo o Código de Menores trazia: “o menor, de um ou outro sexo, abandonado
ou delinquente, que tiver menos de 18 anos de idade, será submetido pela autoridade competente às
medidas de assistência e proteção contidas neste código”.
147
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
elas o olhar e o lugar desviante, que modela, criminaliza, culpabiliza, como sua única
forma de existência. Além disso, ao invés de dar foco nas faltas das famílias,
despotencializando-as, talvez seria mais interessante e producente dar olhar as suas
potências, criando formas alternativas de viver que funcionem, de fato, para elas. As
famílias podem absorver esse lugar impotente que lhes é dado através das noções
normativas do que é considerado negligência.
149
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
das pessoas em situação de pobreza. Porém, cabe lembrar que o poder não se
reduz ao controle governamental e institucional, o poder é exercido também
150
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
21
Joana Maria Gouveia Franco Duarte possui graduação (2002), mestrado (2012) e doutorado (2017)
em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. É docente em cursos de
graduação e pós-graduação em Serviço Social. Participação em grupos de pesquisa. Consultoria,
assessoria e supervisão técnica. Experiência profissional nas políticas de Assistência Social
(Proteção Social Especial), Habitação (Pós Ocupação e Regularização Fundiária), Saúde (Ouvidoria,
violência doméstica), questões sócio-ambientais e resíduos sólidos. Experiência em elaboração de
projetos (Projeto de Trabalho Técnico Social e Sócio Ambiental).
151
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
153
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
154
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
155
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
157
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
2016, p.17, grifo nosso). É norma geral da vida porque não está presente apenas
nas estruturas macrossocietárias (assumindo o papel de uma coerção extra
econômica) pelo contrário, está presente em todas as dimensões da vida, inclusive
nos discursos, práticas e dispositivos cotidianos, constituindo simultaneamente
objetividades e subjetividades.
O neoliberalismo é, portanto, o fio condutor da atual lógica societária,
entendendo conduta como “tanto aquela que se tem para consigo mesmo quanto
aquela que se tem para com os outros” (DARDOT; LAVAL, 2016, p.18). E é aí
mesmo que reside a potencialidade do neoliberalismo: o que está em jogo não são
apenas os mecanismos externos capazes de manter as relações de poder
existentes, mas como mobilizar os próprios indivíduos (suas vontades, desejos,
afetos, sua vida) nesta manutenção e tudo isso “em nome da liberdade” (DARDOT;
LAVAL, 2016, p. 21).
E o eixo central que conduz esse novo modo de existência é o modelo de
empresa na totalidade da vida: trata-se não apenas de trabalhar de maneira
funcional e produtiva em uma empresa, trata-se não apenas de ser governado por
um Estado que se organiza se uma empresa fosse, mas trata-se de se auto
organizar como uma empresa.
Nos termos de Dardot e Laval (2016): “trata-se de produzir uma relação
do sujeito individual com ele mesmo que seja homóloga à relação do capitalismo
com ele mesmo, ou, mais precisamente, uma relação do sujeito com ele mesmo
como um ‘capital humano’ que deve crescer indefinidamente, isto é, valorizar-se
cada vez mais” (p.31).
Há um personagem contemporâneo que certamente não se encaixa no
perfil do sujeito neoliberal: Daniel Blake. Este é o protagonismo do filme “Eu, Daniel
Blake”, dirigido por Ken Loach. Este impactante filme foi tema de um cine debate
realizado no encontro de agosto do Grupo de Estudos “Cotidiano da prática
profissional”. O filme apresenta a trajetória de um trabalhador em busca de um
benefício social, uma vez que se encontra sem condições de saúde para retornar ao
trabalho, mas também fala da desumanização das relações.
No filme “Eu, Daniel Blake” também são apresentados valores como
solidariedade, que na discussão posterior foi entendida pelo grupo como um
“sentimento em extinção”, talvez em decorrência do próprio sistema econômico em
158
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
que vivemos e que, conforme Dardot e Laval (2016) indicam, vem moldando o
mundo atuando diretamente nos modos de ser e de viver das pessoas.
O filme tem vigor porque consegue traduzir as consequências do
neoliberalismo, que afeta diretamente a vida dos trabalhadores. Dentre os diversos
aspectos que tem relação com o cotidiano profissional, um deles se destaca: Daniel
é apenas um trabalhador comum que precisa enfrentar a fria e labiríntica burocracia
estatal. Não é por acaso que o filme é pungente, uma vez servidores públicos,
compomos todos esta tal burocracia estatal (em alguns aspectos agravada em suas
fragilidades no Brasil).
Em entrevista ao El País, o cineasta Ken Loach afirmou: “As grandes
corporações dominam a economia e isso cria uma grande leva de pessoas pobres.
O Estado deve apoiá-las, mas não quer ou não tem recursos. Por isso cria a ilusão
de que, se você é pobre, a culpa é sua. Porque você não preencheu seu currículo
direito ou chegou tarde a uma entrevista” (Ken Loach, El País, 05/01/2017). Daniel
Blake passa por muitos enfrentamentos, resistências e fracassos, mas nunca
consegue se tornar um sujeito neoliberal, ele nunca funcionaria como uma empresa.
Como atinge a totalidade da vida social, essa nova conjuntura apresenta
rebatimentos concretos para a reprodução de toda classe trabalhadora, com a
redução dos postos de trabalho, aumento do desemprego, subempregos, da
terceirização (que bate à porta dos setores técnicos) e de diversas formas de
trabalho sem a garantia dos direitos inerentes aos empregos com vínculos formais.
Pois, conforme indica Raichelis (2011):
159
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
22
Cf. BARROCO, Lucia. Barbárie e neoconservadorismo: os desafios do projeto ético-político.
Serviço Social e Sociedade, nº 106, abr./jun. 2011.
160
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
161
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
162
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
163
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
REFERÊNCIAS
DUARTE, Joana Maria Gouveia Franco. Trabalho Social com Famílias: das
determinações sóciohistóricas aos subsídios para o trabalho profissional cotidiano.
Tese de Doutorado em Serviço Social. São Paulo: PUC-SP, 2017.
164
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
IAMAMOTO, Marilda Villela; CARVALHO, Raul de. Relações sociais e Serviço Social
no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica. São Paulo: Cortez,
2012.
LOACH, Ken (direção); LAVERTY, Paul (roteiro). Eu, Daniel Blake. 1h41min. Reino
Unido / França / Bélgica, 2017.
NASCIMENTO, Maria Lívia do; CUNHA, Fabiana Lopes da; VICENTE, Laila Maria
Domith A Desqualificação da Família Pobre como Prática de Criminalização da
Pobreza. In: Revista psicologia política, v.7, n.14, São Paulo, dez. 2007.
NETTO, José Paulo. Para a crítica da vida cotidiana. In: NETTO, José Paulo;
CARVALHO, Maria Carmo Brant de. Cotidiano: conhecimento e crítica (Orgs.). 6. Ed.
São Paulo: Cortez, 2005.
165
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
COORDENAÇÃO
Carlos Henrique de Francisco – Assistente Social Judiciário – Foro das Varas
Especiais
João Carlos Ferreira – Assistente Social Judiciário – Comarca de Itanhaém
AUTORES
Alana Beatriz Ferreira – Assistente Social Judiciário – Comarca de Catanduva
INTRODUÇÃO
168
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
169
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
1
O primeiro estágio do capitalismo – século XVI até meados do século XVIII - que se inicia com a
acumulação primitiva e vai até os primeiros passos do capital para controlar a produção de
mercadorias e, assim, comandar o trabalho mediante o estabelecimento da manufatura. Nessa
primeira fase do capitalismo o papel dos mercadores/comerciantes foi decisiva, tanto que este estágio
foi designado como capitalismo comercial ou mercantil. A partir da oitava década do século XVIII,
configura-se o segundo estágio do capitalismo nominado como capitalismo concorrencial ou chamado
de liberal ou clássico. Nesta fase do capitalismo se observou uma fusão dos capitais monopolistas
170
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
industriais com os bancários que constituem o capital financeiro, cuja centralidade se deu no terceiro
estágio evolutivo do capitalismo, bem como, o capitalismo monopolista possui o estágio imperialista,
que se gestou nas ultimas três décadas do século XIX, com transformações durante o século XX se
prolongando na entrada do século XXI. Os autores corroboram que a configuração do capitalismo que
se designa como contemporânea inicia-se nos anos setenta do século XX (NETTO; BRAZ, 2007, p.
170-179).
171
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
173
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
174
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
175
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
176
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
177
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
178
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
24
A palavra gentrificação (do inglês gentrification) pode ser entendida como o processo de mudança
imobiliária, nos perfis residenciais e padrões culturais, seja de um bairro, região ou cidade. Esse
processo envolve necessariamente a troca de um grupo por outro com maior poder aquisitivo em um
determinado espaço e que passa a ser visto como mais qualificado que o outro. O termo é derivado
de um neologismo criado pela socióloga britânica Ruth Glass em 1963, em um artigo onde ela falava
sobre as mudanças urbanas em Londres (Inglaterra). Ela se referia ao “aburguesamento” do centro
da cidade, usando o termo irônico “gentry”, que pode ser traduzido como “bem-nascido”, como
consequência da ocupação de bairros operários pela classe média e alta londrina.
(https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/gentrificacao-o-que-e-e-de-que-
maneira-altera-os-espacos-urbanos).
179
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
180
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
25
Quando tratamos desse conceito de “questão social”, é interessante a perspectiva trazida no II
Seminário Nacional: o serviço social no campo sociojurídico, na perspectiva da concretização de
direitos em sua conferencia de abertura, em que o Procurador de Justiça aposentado Sr. Wanderlino
Nogueira Neto nos traz: “Reconheçamos: A questão social não é senão as expressões do processo
de formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da
sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e do Estado”.
(CARVALHO e IAMAMOTO. 1983). E mais se afirme: “A questão social é a aporia das sociedades
182
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
modernas que põe em foco a disjunção, sempre renovada, entre a lógica do mercado e a dinâmica
societária, entre a exigência ética dos direitos e os imperativos de eficácia da economia, entre a
ordem legal que promete igualdade e a realidade das desigualdades e exclusões tramada na
dinâmica das relações de poder e dominação” (TELES.1996).” Contudo, o autor continua “Ou como
ressalva Potyara PEREIRA diante da nova conjuntura mundial: “- Questão Social NÃO é sinônimo da
contradição entre capital e trabalho e entre forças produtivas e relações de produção – que geram
pobreza, desigualdades, desemprego e necessidades sociais - mas de embate político, determinado
por essas contradições”. [...].” (CFESS, 2011a, p. 26).
183
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
junho de 1993 que dispõe sobre a profissão de assistente social e estabelece sua
regulamentação, determina no artigo 4º, as competências do assistente social e no
artigo 5º, as atribuições privativas, como se segue, principalmente o item IV:–
realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações e pareceres sobre
a matéria de Serviço Social e, por Resoluções dos Conselhos Profissionais –
Estadual e Federal, notadamente a Resolução CFESS nº 559/2009 que “Dispõe
sobre a atuação do Assistente Social, inclusive na qualidade de perito judicial [...]”
(Conselho Federal de Serviço Social, 2011b, p. 105).
Os assistentes sociais que atuam no âmbito do Poder Judiciário são
considerados peritos judiciais e, como tais, auxiliares do Juízo e regulados pela
portaria nº 9.277/2016 que dispõe sobre as atribuições profissionais e pelas
resoluções e provimentos da corregedoria geral, além das legislações vigentes em
nosso país.
184
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
186
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
188
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
REFERÊNCIAS
CARVALHO, M.C.B. Família e Políticas Públicas. In: ACOSTA, Ana Rojas, VITALE,
Maria Amália Faller (org). Família Redes, Laços e Políticas Públicas. 3. ed. São
Paulo: Cortez: Instituto de Estudos Especiais. PUC/SP, 2007.
_______. Questão Social e perda do poder familiar. São Paulo: Veras Editora, 2007.
189
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
NETO, J.P.; BRAZ, M. Economia política: uma introdução crítica. Biblioteca Básica
do Serviço Social. São Paulo: Cortez, 2007.
190
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
2017
191
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
COORDENAÇÃO:
AUTORES
Alessandra Pissoli Assaly Abilel – Psicóloga Judiciário – Comarca de Itapecerica da
Serra
Axel Gregoris de Lima – Assistente Social Judiciário – Secretaria da Área da Saúde
Carlos Francisco Lombardi – Psicólogo Judiciário – Comarca de Embú das Artes
Cristiane Andrade Garcia – Assistente Social Judiciário – Comarca da Lapa
Lídia Maria Vieira dos Santos – Assistente Social Judiciário – Comarca de Caçapava
Marcelo Messias dos Santos – Assistente Social Judiciário – Comarca de Santo
André
Maria José Graciliano da Silva Oliveira – Assistente Social Judiciária – Fórum
Regional Nossa Senhora do Ó
Regina Rodrigues Rinaldi – Assistente Social Judiciário – Comarca de Registro
192
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
INTRODUÇÃO
26
A doutrina da situação irregular foi adotada antes do estabelecimento do atual Estatuto da
Criança e do Adolescente. Ela foi sustentada pelo antigo Código de Menores (Lei 6697/79), que
admitia situações absurdas de não proteção à criança e ao adolescente. Naquele ínterim, os menores
infratores eram afastados da sociedade, sendo segregados, de forma generalizada, em
193
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
194
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
195
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
196
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
Martin, apud, Carvalho (2006) ressalta que nos fixamos nesta promessa
na qual Estado e trabalho centralizam-se como protagonistas do desenvolvimento e
promoção dos indivíduos em sujeitos de direitos, desse modo o Estado significou o
‘grande tutor’ na distribuição do Bem Estar Social e o trabalho integrador e vetor da
inclusão social.
197
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
4 – FAMÍLIA E CONSTITUCIONALIDADE
199
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
seu alcance desde a União estável as relações formadas por pessoas do mesmo
sexo.
Ao princípio do superior interesse da criança considerando a doutrina de
proteção integral cita o artigo 227 e suas previsões assim como os artigos 229 e 239
da CF que evidenciam, em seu entendimento, o relevo constitucional dado a família.
Citando Paulo Lobo, o desembargador traz a tona o princípio da
afetividade que se insere no texto constitucional, embora de forma implícita,
emergindo na esteira das transformações que ocorreram e estão ainda em curso no
direito da família.
O autor cita a jurisprudência onde é observado esse princípio tanto nos
casos de reconhecimento das uniões homoafetivas quanto nas situações que
envolvem colocação em família substituta/extensa, guarda, adoção post mortem,
unilatareal (por padrasto) e ainda o “reconhecimento da maternidade por aquela que
não tinha vínculo biológico com a criança”. Inserindo assim a supremacia dos laços
afetivos sobre o biológico nas decisões que envolvem o melhor interesse da
crianca/adolescente.
Esclarece o autor que a Carta Constitucional reconhece a família não
mais como entidade singular, mas atribui-lhe significação plural, embora caracterize
avanços a CF não individualizou o limite cabível quanto ao conceito do “em que
consiste a família”, tendo em vista principalmente as mudanças recorrentes na
sociedade atualmente.
Considerando a família como instituto aberto, ressalta que as decisões
proferidas pelo STF, pelo STJ e demais cortes nacionais, seguem os princípios
constitucionais e jurídicos cabíveis, observando a necessidade de dialogar com
outras ciências sociais partindo do sentido plural atribuído ao ente familiar na
constituição.
Na Constituição federal de 1988, um dos maiores avanços foi a
incorporação de políticas sociais como responsabilidade do estado. Nesta direção, a
Constituição cidadã enfatiza a seguridade social e retira a família do espaço privado,
colocando-a como alvo de políticas públicas e afirma direitos da população infanto -
juvenil, compreendendo-os como sujeitos de direitos, em condição peculiar de
desenvolvimento, e por isso, possuindo prioridade absoluta.
200
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
27
Projeto de pesquisa de doutorado: Vergonha: um estudo em três gerações. Programa de Estudos
de Pós-graduação em Serviço Social da PUC-SP.
201
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
A autora destaca que a família não é o único canal pelo qual se pode
tratar a questão da socialização, no entanto, em sua opinião, é um ambiente
privilegiado, uma vez que este tende a ser o primeiro grupo responsável pela tarefa
socializadora.
202
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
203
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
No artigo produzido por Lygia Santa Maria Ayres é proposta uma reflexão
a cerca da forma como os personagens atuantes nos processos de adoção pronta
são retratados pelos técnicos do judiciário.
Nos referidos laudos, são ressaltados os aspectos positivos da família
que acolhe, “A família afetuosa”, na maioria das vezes permeados de juízos de valor
o que se contrapõe com a imagem da mãe que entrega o filho, “mãe desnaturada”
caracterizada como irresponsável, desprovida de afeto ou de sentimentos que são
tidos como necessários para ser uma boa mãe. A desqualificação de uma para
enaltecer as qualidades do outro são aspectos recorrentes nestes processos de
acordo com a autora.
O ato de deixar os filhos sob os cuidados dos avós ou outros parentes
próximos de confiança que tem sido amplamente estudado por diversos profissionais
204
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
205
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
206
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
O autor aponta mais adiante em seu texto o significado que cada filho tem
na fantasia consciente e inconsciente dos pais, que os levam a apresentar
sentimentos e atitudes diferentes em relação a cada um deles. Afirma que esta
situação depende do relacionamento dos pais à época da concepção e nascimento
de cada filho. Acrescenta que estas alterações no relacionamento leva os pais ao
que podemos chamar de amadurecimento do sentido de responsabilidade de cada
um.
208
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
7 - CONCLUSÃO
209
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
REFERÊNCIAS
FREIRE, Gilberto. Casa-Grande & Senzala, 17ª ed. Rio de Janeiro, Livraria Editora
José Olympio, 1975.
NEDER, G. Ajustando o Foco das Lentes: um novo olhar sobre a organização das
famílias no Brasil. In: KALOUSTIAN, S.M. Família Brasileira a Base de Tudo, 7ª ed.
Cortez, São Paulo, 2005.
SALES, Mione Apolinário; MATOS, Maurílio Castro de; LEAL, Maria Cristina (Orgs.).
Política social, Família e Juventude: uma questão de direitos. São Paulo: Cortez,
2004.
SARTI, Cynthia Andersen. A Família Como Espelho – um estudo sobre a moral dos
pobres. Editora Cortez – 3ª ed. 2005.
210
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
211
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
212
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
COORDENAÇÃO:
AUTORES
213
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
A Justiça Restaurativa...
Tem foco nos danos e consequentes necessidades (da vítima, comunidade e ofensor)
Trata das obrigações resultantes desses danos (obrigações do ofensor, mas também da comunidade
e da sociedade)
Utiliza processos inclusivos e cooperativos.
Envolve todos os que têm interesse na situação (vítimas, ofensores, comunidade, sociedade)
INTRODUÇÃO
214
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
28
ESCRITORES da LIBERDADE. Direção: Richard Lagravenese, 2007.
215
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
216
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
217
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
218
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
220
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
mais diversos contextos. “Estou certa de que esses valores não são ensinados,
estão em nosso DNA”29.
Os participantes em um Círculo têm o papel principal na concepção de
seu próprio espaço, criando as diretrizes para sua discussão. As diretrizes articulam
os acordos entre os participantes sobre como eles se conduzirão no diálogo. O
objetivo das diretrizes é descrever os comportamentos que os participantes elegem
como aquilo que contribuirá para que o espaço do círculo seja um lugar seguro para
que eles falem suas verdades. Não são limites rígidos, mas são lembretes para que
os participantes tenham em mente um compromisso mútuo de criar um lugar seguro
e protegido que viabilize o diálogo, especialmente para diálogos de temas sensíveis,
e sendo os valores e as diretrizes revisitados quando há continuidade de encontros,
sempre em consenso.
A guarda destes valores e diretrizes, em caso de sua violação, no entanto,
cabe ao facilitador e ao co-facilitador, que figuram como os guardiões da sacralidade
ou seguridade do círculo, assim como da manutenção das condições ideais da
comunicação.
Os valores e as diretrizes que sustentaram os encontros deste grupo de
estudos foram firmados logo nas primeiras reuniões. Escolhidos a partir de uma
questão norteadora, anotados em papéis coloridos, verbalizados com a circulação
do bastão da fala e colocados junto à peça de centro. Os valores e as diretrizes
acordados por nós foram:
Valores: respeito ao próximo, compromisso, empatia, solidariedade,
generosidade, honestidade, verdade, parceria, disciplina, metamorfose.‘
29
PRANIS, Kay. Fala proferida no curso de formação em Processo Cirular na Palas Athena em maio de 2017,
São Paulo.
221
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
[...] Cada pessoa tem uma história, e cada história oferece uma lição.
(...) As histórias unem as pessoas pela sua humanidade comum e as
ajudam a apreciar a profundidade e beleza da experiência humana
(PRANIS, 2010, p. 16)
223
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
224
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá o fim dela
ninguém sabe bem ao certo onde vai dar. Vamos todos numa linda
passarela de uma aquarela que um dia enfim descolorirá... (Trecho da
música Aquarela).
Imaginamos que a Justiça Restaurativa seja como uma “linda aquarela”, que
vai se abrindo, conduzindo-nos pela mão, bastando ter sensibilidade para dar cada
passo no rumo certo.
225
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
estudos - ainda que conduzido com o uso da própria metodologia, como fizemos,
não substituem a necessidade de capacitação específica.
227
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
REFERÊNCIAS
PRANIS, Kay. Processos Circulares: Teoria e Prática. Palas Athena. São Paulo,
2010.
ZEHR, Howard. Trocando as lentes - um novo foco sobre o crime e a justiça. Palas
Athena. São Paulo, 2008.
228
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
2017
229
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
230
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
COORDENAÇÃO:
RITA DE CÁSSIA SILVA OLIVEIRA – Assistente Social Judiciário – Seção Técnica
de Serviço Social da Vara da Infância e da Juventude - Foro Regional IV – Lapa
PARTICIPANTES:
BIANCA DA SILVA OLIVEIRA – Assistente Social Judiciário- FR Jabaquara
CRISTIE PRISCILA AMORIM CEBALLOS – Assistente Social Judiciário - F. N.
Senhora do Ó
DINA DA SILVA BRANCHINI - Assistente Social Judiciário – FR Poá
DULCE ALVES TAVEIRA KOLLER - Assistente Social Judiciário – FR Mogi Cruzes
GLAUCIA CRISTINA DE MELO - Assistente Social Judiciário- FR Cordeirópolis
GREICIELI RAMOS ALMEIDA RUFINO - Assistente Social Judiciário- FR Sto.
Amaro
HELENA CRISTINA FIGUTI – Assistente Social Judiciário - Taubaté
ISABEL CRISTINA SILVA COHEN - Assistente Social Judiciário- FR Central
JOSIANE DACOME – Assistente Social Judiciário – Hortolândia
KARINA MARINHO DOS SANTOS – Assistente Social Judiciário – S. Luiz do
Paraitinga
MARCIA CAMPOS DE OLIVEIRA – Assistente Social Judiciário - Barueri
MARIA VALERIA DE BARROS CASTANHO - Assistente Social Judiciário - FR
Central
MARIA ZENAIDE RIBEIRO – Assistente Social Judiciário – FR S. Miguel Paulista
MARTHA REGINA ALBERNAZ - Assistente Social Judiciário- FR Lapa
MONICA GIACOMETTI SECCO – Assistente Social Judiciário - Hortolândia
QUELLI FOLLES DE OLIVEIRA - Assistente Social Judiciário- FR Sto. Amaro
REGINA CELIA ANDREAZZI - Assistente Social Judiciário- F.Varas Especiais
RITA DE CASSIA SILVA OLIVEIRA – Assistente Social Judiciário – FR Lapa
SILVANIA TEIXEIRA DE CARVALHO MENDES - Assistente Social Judiciário- FR
Central
SIMEI DA SILVA- Assistente Social Judiciário – Jundiaí
TAINAH ROSA RESPLANDE – Assistente Social Judiciário - Jacareí
THAIS FELIPE SILVA DOS SANTOS - Assistente Social Judiciário- FR Central
VIVIANE DE PAULA – Assistente Social Judiciário - F. N. Senhora do Ó
VIVIANE SOUZA DUQUE GARCIA – Assistente Social Judiciário - Taubaté
231
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
INTRODUÇÃO
Com esse objetivo convidamos para refletir conosco Dalva Gois e Eunice
Fávero32, assistentes sociais do TJSP, doutoras, com pesquisas e publicações
relevantes sobre a temática família, estudo social e inserção profissional na área
sociojuridica. Pensando na elaboração do laudo social, tomando-o como mais que
um instrumento técnico e de escrita, fomos provocadas por Fávero a discernir em
cada demanda qual é a sua finalidade profissional para além da institucional e com
Gois a refletir sobre as relações das famílias em litígio judicial e como realizamos
nossas análises dos conflitos que vivenciam.
30
Este grupo é constituído por vinte assistentes sociais mulheres, trazendo, à tona a identidade de
gênero na composição do grupo e o questionamento de como esta identidade influi nas relações
profissionais e na prática profissional dentro do espaço do TJSP.
31
Utilizaremos estudo e perícia social como sinônimos.
32
Ao nos referirmos as autoras sem indicação de publicação, estaremos registrando conteúdo de
reflexões feitas no grupo de estudos.
232
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
(2010) nos ajuda a compreender o tamanho do desafio posto pelo nosso grupo de
estudos, visto que repensar a relação do Serviço Social com as famílias sob novas
bases e perspectivas é um desafio coletivo da profissão.
233
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
33
Caderno 13 dos Grupos de Estudos disponibilizado em 2016 referente a produção de 2015.
34
Utilizaremos relatório e laudo social como sinônimo.
234
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
Serviço Social, bem como refletir sobre o que os conflitos, que emergem nas ações
processuais na justiça de família, trazem como expressões da questão social.
35
O texto foi elaborado por Dina da Silva Branchini, Glaucia Cristina de Mello, Martha Albernaz e Rita
Oliveira, recebendo contribuições das demais participantes do grupo, durante leitura coletiva no
ultimo encontro de 2017.
235
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
36
Para a geração de gráficos contamos com a colaboração de Jonathas Albernaz, irmão de uma
participante do grupo.
236
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
GRÁFICO 1
37
Sobre esta temática é possível consultar artigo escrito pelas assistentes sociais Edna Fernandes
da Rocha e Thais Felipe Silva dos Santos intitulado Transexualidades e travestilidades: contribuições
do Serviço Social no exercício da cidadania, publicado no livro Trasnpolíticas Públicas, sob
organização de Antonio Deusivam de Oliveira e Cristiano Rosalino Braule Pinto, Editora Papel Social.
237
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
GRÁFICO 2
238
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
38
O censo demográfico 2010 define família como conjunto de pessoas que residem no mesmo local,
com laços de parentesco, dependência doméstica ou normas de convivência
239
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
241
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
foram transmitidos a ela e também para a filha cuja guarda se discutia. Ou seja: um
valor transmitido por três gerações.
242
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
243
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
GRÁFICO 3
244
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
(...) é ela quem mediará sua relação com o mundo e poderá auxiliá-la a
respeitar e introjetar regras, limites e proibições necessárias à vida em
sociedade. O modo como os pais e/ou os cuidadores reagirão aos novos
comportamentos apresentados pela criança nesse “treino socializador”, em
direção à autonomia e à independência, influenciará o desenvolvimento de
seu autoconceito, da sua autoconfiança, da sua auto-estima, e, de maneira
global, a sua personalidade. (PNCFC, 2006, p.27)
40
No caso da criança, os outros significativos são os adultos responsáveis por educa-la, são os que
estabelecem as condições iniciais, ou prévias, à sua vida.
41
O PNCFC tem como importante diretriz o controle social das políticas públicas, reconhecendo que
para a família proteger seus membros, deve ser destinatária da proteção social do poder publico.
245
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
246
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
pessoa que colabora nos cuidados, mas não mora na casa e 19% (14) não contam
com tal apoio.
Tais dados indicam que tanto o pai como a mãe, possivelmente a partir da
separação conjugal, retome o convívio com sua respectiva mãe, contando com a
mesma para dar conta da reprodução social e material da vida familiar. Tal
conclusão nos remete a refletirmos sobre o significado do arranjo familiar para as
relações que se estabelecem entre os seus membros.
247
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
núcleos conjugais residem na mesma casa. Nesse arranjo pode ocorrer mais
conflitos relacionados às regras de convívio e autoridade, questões essas
importantes para nossa compreensão quando realizamos o estudo/perícia social de
determinada família, inclusive para que eles próprios possam compreender melhor
os conflitos que vivenciam. Em relação a família extensa na qual convivem no
mesmo teto avós, netos e filhos se destaca a relação entre duas ou mais gerações
convivendo, o que também pode representar conflitos e tensões a serem
compreendidos no estudo social.
Gois pondera que a organização de uma família tem a ver com questões
morais, regras, inclusive financeiras, requerendo a compreensão da dinâmica
desses núcleos a partir de um refinamento de entendimento capaz de garantir
profundidade de análise.
Outro dado que referenda ainda mais a feminização desses cuidados foi o
resultante da identificação de quem seriam as pessoas (requerentes e
requeridos/as) com quem residem: 54,7% (41) das crianças e adolescentes moram
com as mães42; 17,3% (13) residem com os pais43; 16% (12) moram com avós;
sendo 9,3% (7) maternas e 6,7% (5) paternas, e outros 6,7% (5) alternam moradia
com mãe e pai.
42
Dentre elas 22 são requerentes e 19 são requeridas no processo.
43
Dentre eles 9 são requerentes e 4 são requeridos no processo.
248
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
44
Mirla Cisne – trecho de entrevista exclusiva ao CRESS-MG, em função do Dia das Mulheres. No
dia 8 de março de 2017. Acessível em:
http://www.cress-mg.org.br/Conteudo/c321f5fc-51d1-45ee-85f9-28ef74bf9be3/Serviço-Social-e-as-
mulheres-uma-profissão-construída-por-elas! É autora do livro “Gênero, divisão sexual do trabalho e
Serviço Social”, Ed. Outras Expressões (2012).
249
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
Das pessoas que requereram a guarda dos filhos, 53% (28) eram mães e
47% (31) eram pais, podendo-se concluir que houve equilíbrio entre os requerentes,
apesar de pequena prevalência do número de pais. Em relação a quem foi
requerido(a) temos que as mães (42) superam numericamente os pais nessa
condição (32).
A empiria nos mostra que tanto aquele que está cuidando da criança
como o que não está, podem ser requerentes a sua guarda, mas a incidência maior
é da primeira situação por ser recorrente o pedido de guarda para regularizar a
situação assim que ocorre a separação. Este levantamento comprova tal apreensão
do cotidiano mas chama a atenção quanto as diferenças entre a situação do pai-
requerente e da mãe-requerente.
Da maioria das mães requerentes a guarda 82% (23 de 28) estava com a
criança/adolescente sob seus cuidados e apenas cinco (18%) não moravam com a
filha/filho, requerendo nesses casos que deixassem a casa do requerido. Dos pais
requerentes a guarda somente 9 de 31 estavam com o filho/a sob seus cuidados,
58% (18) não estavam e 13% (quatro) compartilhavam cuidados com a mãe. Assim,
é possível concluir que, quando a mãe é a requerente da guarda, a tendência é que
esteja com o/a filho/a sob seus cuidados, porém o mesmo não ocorre com o pai,
sendo que os dados do levantamento indicam que a maioria deles não estava com a
guarda do/a filho/a requerendo portanto que saíssem do convívio com as mães. Este
seria um importante enfoque para pesquisa pois certamente indica questões
relacionadas à desigualdade de gênero que precisam ser melhor compreendidas.
250
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
Sobre a escolaridade:
- dos pais requerentes a guarda: 42% (13) tinham ensino médio (completo
ou não), para 35% (11) não havia a informação, 32% (10) ensino superior (completo
ou não), 2 pós-graduados.
251
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
252
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
3 – CONCLUSÃO
O trajeto percorrido ate aqui pelo Grupo de Estudos nos mostrou que há
ainda muito a se aprofundar no que diz respeito a aportes teóricos sobre família
condizentes com o projeto ético politico do Serviço Social, tais conhecimentos
podem enriquecer nossos estudos e analises que devem estar sempre direcionadas
a defesa dos direitos [sociais] dos usuários.
253
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
45
A síntese dos indicadores sociais do IBGE 2016 está disponível para consulta
file:///C:/Users/Asus/Desktop/ind%20sociais%20ibge%202016.pdf
254
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
255
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
REFERÊNCIAS
257
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
258
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
COORDENAÇÃO
Cristina Benedetti Sampaio – Assistente Social Judiciário – Varas de Família Foro
Central
AUTORES
“Num mundo letrado, ser adulto implica ter acesso a segredos culturais
codificados em símbolos não naturais. Num mundo letrado, as crianças
precisam transformar-se em adultos.” (POSTMAN, 1999, p. 27)
INTRODUÇÃO
“Por que existem processos judiciais incitados por conflitos entre pais e
avós a respeito da Guarda de crianças?”.
Tentando encontrar uma compreensão (ou muitas), elencou-se que os
três agentes inalteráveis dentro de uma família precisariam ser investigados, sendo
eles: os avós, os pais e os netos.
As reflexões no grupo de estudos Vara de Família trouxeram diversas
hipóteses e questionamentos sobre este universo compartilhado entre profissionais
do Judiciário. O que motiva tais processos? Existiriam desejos por parte dos avós de
reparar o mal que fizeram a seus filhos, investindo-se agora em seus netos? Por
outro lado, existe outro universo de avós, comumente encontrados nos casos de
Vara da Infância onde são tidos como uma alternativa saudável para a criança,
sendo assim, qual o nosso papel e lugar neste paradoxo? Qual o papel do Estado
nestas famílias?
Contudo, ao tentarmos encontrar as respostas para estas perguntas,
compreendemos que algo muito mais amplo precisaria ser entendido: a família.
Partimos do microcosmo das Varas de Família para buscar respostas sobre a
identidade desta Instituição secular.
Tendo em vista a pluralidade de situações, decidiu-se buscar as origens
das tramas sociais em que estas pessoas vieram se constituindo, para hoje
despontarem nas disputas de guarda.
260
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
261
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
262
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
46
“Informação instantânea, do regional para o global”
263
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
47
“Baby Boomers ou Boomers”: termo forjado para caracterizar a geração nascida na pós-Segunda
Guerra Mundial, durante ascensão da curva demográfica ocorrida entre as décadas de 1950 e 1960,
especialmente nos Estrados Unidos, Canadá, Austrália e algumas regiões da Europa. O movimento
dos Boomers surgiu por volta dos anos 40, filhos do pós-guerra, famosa geração de 1968, iniciaram
os movimentos de contestação, influenciando pessoas no mundo inteiro através da propagação de
seus valores pelo entretenimento e bens de consumo.
264
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
autor, impedindo que novos papéis sejam agregados a identidade de seus membros,
subjugando-os aos ditames de uma ordem familiar que não propaga o
desenvolvimento.
Percebe-se que os efeitos deletérios da criação sem limites ao desejo,
acarretam comportamentos de rivalidade e dependências que fatalmente fomentarão
conflitos, podendo estes se judicializarem ou não.
Uma hipótese bastante coerente é a de que na oportunidade de
educarem os netos, avós tentam modificar o suposto engano na educação dos
filhos, tirando destes o direito de exercerem a parentalidade, inferindo-se que o
legado que tem sido deixado para estes pais é o da insegurança por falta de
modelos sobre autoridade e a incompreensão sobre seus lugares frente as crianças.
Rocha (2016) relata que dinâmicas como estas, onde avós querem
assumir cuidados efetivamente na figura de pais, observa-se um contexto
potencialmente alienador. Sentimentos como orgulho, vaidade e arrogância, assim
como defesas primitivas como a Negação, também foram trazidos como uma
constante em casos assim. Tais análises da dinâmica com viés psicanalítico e clínico
teriam que ser mais bem aprofundados.
Por exemplo, relatou-se um caso de disputa judicial entre avós e filhos
pela guarda do neto, em que os avós criticavam em seus filhos o uso de substâncias
psicoativas, afirmando em seus discursos que, diferentes de seus filhos, ele teriam
hábitos de uma saúde psíquica libada. Contudo, tinham um hábito semelhantemente
identificável: o uso problemático de álcool, mas negavam sobre sua falta de controle.
Os participantes observaram também que dentro destas famílias, existe
uma pobreza de projetos de longo prazo, uma vez que, sob a justificativa do
amor, eles se tornam prisioneiros de competições veladas, sendo a Guarda das
crianças, um “prêmio” para o vencedor e o vexame de seus rivais. Existe também
uma ausência da percepção dos papéis, capacidade e lugar de cada um na
família: avós que parecem ser motivados a avançarem para o lugar dos filhos; filhos
que se mantiveram infantis por um tempo, mas agora precisam da Justiça para
lutarem; e, em meio a isso, os netos que ficam violentados e desprotegidos
assistindo o duelo intrafamiliar.
Ao que parece, estes avós não se dão conta de que eles são a prova viva
do Poder da passagem do Tempo. Pensam menos ainda no legado que deixarão
266
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
aos seus entes procedentes, que não tardiamente se tornarão órfãos, conforme a
sucessão lógica do tempo, denunciando a pobreza de seus projetos existenciais.
2.2 - MAS E QUEM SÃO AS CRIANÇAS DE HOJE QUE AVÓS E PAIS PRECISAM
LIDAR, SEJA ATRAVÉS DO LITÍGIO OU NÃO?
267
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
268
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
48
Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária, Brasil, 2006
269
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
Como o estado protegerá o que não foi previamente conhecido? Como nós, os
profissionais, agiremos nestes casos?
Acreditamos que não podemos reforçar o lugar de vítima dos entes
familiares, mas ajuda-los a resgatarem seu poder familiar, através de ações sócio-
educativas no processo de empoderamento da família e refletiu-se que adultos
“desempoderados”, tornam-se “desprotetores” de suas crianças.
Notou-se que a temática do tempo e envelhecimento, também causa
resistência ao desenvolvimento dos assuntos para os profissionais. Somando isso
ao anteriormente exposto, compreendeu-se que os técnicos devem ficar atentos e
precisam conversar entre si sobre suas idealizações e preconceitos, justamente para
não serem pegos numa armadilha que prejudicará tanto eles quanto seus atendidos,
pois compreendemos que a única forma de se trabalhar no lugar da imparcialidade,
é se fortalecendo enquanto grupos, “desidealizando” nossas próprias convicções,
buscando construir conhecimento baseado na Ética.
Um sentimento de desesperança também acompanhou as discussões
sobre o fazer profissional tendo em vista o modelo clássico de pericias e seus limites
frente as necessidades observadas nas famílias. Em contrapartida, tal sentimento foi
discutido, percebendo-se que existe uma evolução grandiosa no desenvolvimento
do trabalho pericial ao longo das décadas, pois os profissionais vieram
construindo um know-hall importante no trabalho com as Famílias no Poder
Judiciário e portanto a desesperança pode dar lugar a esperança de que
profissionais éticos e comprometidos, podem sim fazer a diferença na vida dos
sujeitos das Varas de Família, mesmo que pequenas de início.
Na experiência deste grupo de estudos, o Serviço Social, percebe uma
necessidade de melhorar a visão sobre a transversalidade da questão social nas
dinâmicas psicológicas das famílias, auxiliando os psicólogos nesta tarefa, assim
como os Psicólogos podem ajudá-los na compreensão dos afetos e pactos velados
no interior do grupo familiar. Complementando-se, as duas áreas podem
vislumbrar os potenciais da família e suas fragilidades, sempre se lembrando
que o tempo da infância é curto e precioso.
O grupo de estudos de Vara de Família compreendeu que as leituras e
interpretações sobre as dinâmicas ilustradas neste estudo exploratório, não se
encerram aqui, mas espera-se que através do exercício contínuo de enfrentamento
270
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
271
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
4 - CONCLUSÃO
E novamente os segredos...
Neste estudo, tentou-se abordar a complexidade dos papéis assumidos e
atribuídos aos avós, pais e crianças no universo atendido nas Varas de Família, mas
percebeu-se um tema muito mais abrangente, que versava sobre a transgressão e
mudança das identidades destes três agentes inalteráveis.
Abordou-se que a dificuldade de se delimitarem as fronteiras entre a
Adultez e a Infância na sociedade, coloca dificuldades ao exercício parental e isto
pode acarretar na judicialização dos conflitos familiares.
Cedo ou tarde, filhos acessam os ditos segredos adultos, tendo em
vista o apelo e facilidade com que lidam com os veículos de informação e meios
eletrônicos de comunicação. Neste sentido, cabe aos pais serem conscientizados de
seus lugares na hierarquia familiar, qual seja, o de transmitir o significado destes
ditos segredos no momento adequado para os filhos. O exercício parental é a forma
de se manterem os segredos, dentro de seu momento adequado para a criança, e
isso não é ruim. Ainda cabe-nos outra reflexão: quais seriam os segredos a
Infância está tentando nos mostrar, e muitas vezes não os enxergamos pela
solidez do viés adultocêntrico em nosso olhar?
A família que vem sendo tão alvo de contingências disruptivas e o
enfraquecimento do Estado, só tende a se tornar mais frágil com as dinâmicas
descritas ao longo deste trabalho, correndo-se o risco de fragmentarem e
sofrerem violações. Incentivar o fortalecimento dos pais enquanto sujeitos adultos e
responsáveis também é parte do papel do perito dentro da visão compartilhada pelo
grupo de estudos, já que adultos cedendo aos apelos dos filhos e da
exterioridade da família, produzem falta de proteção para as crianças e
adolescentes. Os profissionais, devem se lembrar de seus compromissos éticos-
políticos e lutarem para que os pais se vejam responsáveis e exerçam, de fato, a
autoridade parental.
Este também deve ser olhado pelos profissionais, não apenas pelo viés
legalista, mas como sendo o exercício da convivência com empatia, cooperação,
tolerância, escuta, respeito aos papeis e limites de cada ente familiar e atitudes que
os façam unidos, para juntos transformarem suas crianças em adultos saudáveis.
272
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
Por fim, por mais desafetos, vitorias, gostos, e desafios que apresente a
seus membros, fato é que a família é reivindicada como um valor a qual ninguém
quer renunciar (Roudinesco, 2003).
273
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
REFERÊNCIAS
MELLO, Sylvia Leser de Mello, Família: uma incógnita familiar in Família: conflitos,
reflexões e intervenções, Casa do Psicólogo, São Paulo, 2002.
274
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
VIOLÊNCIA DE GÊNERO
275
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
COORDENAÇÃO
Lucimara de Souza – Psicóloga Judiciário – Vara da Região Norte de Violência Doméstica
e Familiar contra a Mulher – Fórum de Santana
Maria de Fátima de Jesus Agostinho Ferreira – Assistente Social Judiciário – Vara do
Foro Central de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher – Fórum Criminal da
Barra Funda
AUTORES
Aline da Silva Fernandes – Assistente Social Judiciário – Vara da Região Leste 2 de
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher – Fórum de São Miguel Paulista
Camille Soares de Aguiar – Assistente Social Judiciário – Núcleo de Apoio Profissional de
Serviço Social e Psicologia
Célia Pereira de Lemos – Assistente Social Judiciário – Comarca de Santana do Parnaíba
Claudia Figliagi Sellmann Nazareth – Psicóloga Judiciário – Comarca de Embu das Artes
Cristina de Carvalho Cruz – Assistente Social Judiciário – Comarca de Monte Azul
Paulista
Estevam Colacicco Holpert – Psicólogo Judiciário – Vara da Infância e Juventude de
Itaquera
Fausto Santos Borges – Psicólogo Judiciário – Vara da Infância e Juventude de Itaquera
Jucilene Alves Neves Pokojski – Assistente Social Judiciário – Vara de Infância e
Juventude, Família e Sucessões de Ferraz de Vasconcelos
Katia Regina Dias da Silva Freitas – Assistente Social Judiciário – Vara da Infância e
Juventude e Vara de Família e Sucessões de Itu
Maria Cristina Marques Ribeiro – Psicóloga Judiciário – Comarcas de Ribeirão Pires
Marta Rosana de Souza – Assistente Social Judiciário – Vara da Infância e Juventude da
Comarca de São José do Rio Preto
Vanessa Ferreira Lopes – Assistente Social Judiciário – Vara da Infância e Juventude de
Itaquera
Viviana Eugenia Gualtieri – Assistente Social Judiciário – Comarca de Jundiaí
276
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
INTRODUÇÃO
49
Dra. Graziela, docente da Faculdade de Serviço Social da PUC/SP – apresentou a sua experiência e
trajetória acerca do período em que atuou como assistente social do Tribunal de Justiça de São Paulo e na
política de assistência social, em que trabalhou como assistente social na Casa Eliane de Grammont
atendendo mulheres vítimas de violências e, por fim, a intervenção como docente. Ressaltou várias
questões sobre “A reprodução da violência doméstica e suas interfaces com a lógica da dominação”.
Socializou reflexões importantes sobre a interface da violência e o modo de ser capitalista, entendendo a
violência no âmbito de um conjunto de opressões que são produzidas e reproduzidas no cotidiano.
Discorreu ainda acerca da hierarquia das relações sociais que pressupõe a manutenção de esquemas
patriarcais de pensamento, reforçando, sobretudo, as expressões da questão social e a sociabilidade regida
pela mercadoria, produtora de comportamentos coisificados, expressos na valorização da posse mercantil,
na competitividade e no individualismo.
277
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
50
Dra. Damares, estudiosa sobre o adoecimento dos profissionais da saúde apresentou sua experiência
quando trabalhou na Secretaria da Saúde da cidade de São Paulo, em que atuou na UBS da Freguesia do
Ó com um grupo de Gays a respeito de prevenção de DST/AIDS no Centro de Referência de AIDS. Este
trabalho teve início devido a epidemia de AIDS e posteriormente agregou outras pessoas. Mencionou sobre
o trabalho doméstico que as mulheres realizam e a divisão sexual do trabalho. Em seguida comentou sobre
a identidade política e a visibilidade para o modo de estar no mundo. Falou a respeito do sexo biológico, da
orientação hetero e homossexual, das relações afetivas, da população bissexual, o conservadorismo, o
direito de ter uma família, o casamento, a adoção, a desigualdade, o interesse do capitalismo, a construção
social, o uso de drogas, o suicídio, as injustiças, a exploração econômica, as políticas públicas para a
população LGBT no Brasil, especialmente a política de assistência social. Reafirmou a necessidade dos
profissionais que atuam no CREAS, CRAS, da área da saúde, dos Centros de Referência da Diversidade
Sexual e de Violência contra a Mulher compreenderem a dimensão da atuação com esta população, e, por
último, a invisibilidade da mulher lésbica. Ressaltou que para trabalhar com esta população é necessário ter
uma mente mais aberta, reconhecer que eles têm um lugar e que precisam do nosso respeito.
278
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
relação aos direitos das mulheres, passando a “visibilizar a questão da violência, tirando-a
do espaço privado para transformá-la em política pública”. (LISBOA, 2014, p. 35).
Para (Velásquez, 2006, apud Cisne, 2015) a violência de gênero engloba a
violência doméstica, violência contra a mulher, violência familiar ou intrafamiliar, violência
conjugal, violência sexual, psicológica, patrimonial em que a coerção, a ameaça, a
coação, o abuso, a força, o controle e o poder são caracterizados como violência de
gênero. A desigualdade entre homens e mulheres é a chave da discriminação sexista e a
origem de toda a violência de gênero identificada com pautas culturais e sociais
diferenciadas para homens e mulheres.
Segundo a autora:
281
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
da mulher, à anulação do casamento pelo homem, caso ele desconheça o fato de já ter
sido a mulher deflorada e à deserdação de filho desonesto que viva na casa paterna.
Além disso, em 2015 a lei 13.104/15 sobre o feminicídio alterou o Código Penal
Brasileiro ao tipificar o feminicídio cometido com requintes de crueldade contra as
mulheres, por motivações de gênero incluindo-o no rol de crimes hediondos, aumentando
a pena para autores de crimes por razões de menosprezo e discriminação da condição de
sexo feminino, passando para um terço até a metade se for praticado durante a gestação;
nos três meses posteriores ao parto, para pessoa menor de 14 anos ou maior de 60 anos,
pessoa com deficiência, como também se o crime ocorrer diante de um descendente ou
ascendente da vítima.
Segundo a Organização Mundial da Saúde - OMS, o Brasil ocupa a 5ª
colocação de país que mais mata mulheres por questão de gênero e segundo o Mapa da
Violência de 2015 o homicídio de mulheres no Brasil entre 2003 e 2013, o número de
vítimas do sexo feminino passou de 3.937 para 4.762, incremento de 21% na década que
representam 13 feminicídios diários. A Organização dos Estados Americanos - OEA
afirma que para combater o feminicídio é preciso reforçar a vigilância, sensibilizar
profissionais da saúde e policiais, aumentar a prevenção, reduzir a posse de armas e
incentivar a investigação desses assassinatos em nome da honra.
Nessa mesma perspectiva, o relatório de “assassinatos LGBT no Brasil”
concluiu que de 2008 a 2016 nosso país foi o maior em número de mortes à população
LGBT. Mata-se mais no Brasil esta população do que no Oriente e na África, onde existe
a pena de morte contra este segmento. Dos 343 assassinatos ocorridos no Brasil em
2016, 173 vítimas eram homens gays (50%), 144 (42%) pessoas Trans (Travestis e
Transexuais), 10 Lésbicas (3%) e 4 bissexuais (1%), incluindo 12 heterossexuais, como
amantes de Transexuais.
Logo, a série “Assistente Social no combate ao preconceito” Caderno 4
denominado de “Transfobia” (CFESS, 2014-2017) pretende dar suporte aos assistentes
sociais e a outras profissões para que se mantenham permanentemente vigilantes aos
seus posicionamentos éticos e políticos, de modo a transformá-los em ações que
combatam as diversas manifestações do preconceito, refletidas no moralismo exacerbado
e no controle de corpos e mentes, tão presentes nas dinâmicas socioinstitucionais.
(CFESS, 2014-2017, p. 5).
282
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
283
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
Para o artigo, entendemos que a teoria social crítica é o que nos norteia para o
estudo da categoria gênero, tendo em vista sua perspectiva de totalidade e de
transformação societária como possibilidade de desconstrução das relações de poder
entre homem e mulher como ocorrem historicamente. Cisne aponta:
284
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
Assim, considerando que “a tradição marxista possibilita uma ruptura real com
o conservadorismo ao analisar criticamente e a subordinação da mulher, percebendo
suas determinações reais e não apenas aparente” (Cisne, 2015, p. 102), levantaremos de
forma breve como as determinações sócio-históricas atuais estão contribuindo ou não
para o avanço da ruptura dessa relação patriarcal51.
A sociedade capitalista hoje, diante de sua crise estrutural, apela para uma
renovação conservadora, objetivando a manutenção dos privilégios de poucos em
detrimento da exploração da classe trabalhadora. Barroco descreve sobre esta questão,
que no caso brasileiro se inicia na década de 90, do século passado:
51
“O patriarcado refere-se a milênios da história mais próxima, nos quais se implantou uma hierarquia
entre homens e mulheres, com primazia masculina” (Saffioti, 2015, p. 145).
285
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
52
“A heterossexualidade alimenta ainda, a ideologia de naturalização dos sexos e, como tal, reproduz de
forma ‘natural’ as desigualdades que marcam as relações sociais de sexo, historicamente apropriadas pelo
capital para a superexploração da força de trabalho feminina, bem como do segmento trans. Isso ocorre
porque ao serem desvalorizados (as) como pessoas, consequentemente também sua força de trabalho é
desvalorizada e até mesmo não reconhecida como trabalho...” (Cisne; Santos, 2014, p.155)
287
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
Fica evidente, portanto, que o repensar das formas em que estão construídas
as relações de gênero nessa sociedade não pode ser feito de forma isolada, já que as
perspectivas que estas relações foram estabelecidas objetivam a manutenção de uma
ordem social, ordem esta que está pautada nas mais diversas formas de exploração e
opressão.
288
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
290
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
Assim, de início, o que vale ser destacado a partir desta observação freudiana
é a relação subjetiva dos indivíduos com a lei e as proibições. Tal relação pode ser
confirmada pelo próprio fato de que, mesmo no direito moderno, o julgamento constitui
uma ocasião em que são cuidadosamente analisadas as circunstâncias e motivações
específicas para cada possível situação de violação da lei – bem como a medida corretiva
mais adequada. Ao mesmo tempo, cada indivíduo possui sua própria concepção de ‘certo’
e ‘errado’, o que não raramente pode variar de acordo com as circunstâncias ou ao longo
de um mesmo dia. Então, o que Freud destaca, a partir do estudo dos tabus nas
sociedades primitivas, é a estreita relação entre as proibições e os impulsos humanos, e
como esta relação pode ocorrer de maneira completamente inconsciente.
Seguindo em seu esforço de confrontar o estudo das leis e das proibições com
os dados oriundos da prática clínica, Freud parte das informações sobre a psicanálise
com crianças chega à relação entre o totem e o pai. Nesta relação, para Freud, o primeiro
passo seria a identificação do menino com o animal totêmico. Então:
292
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
A seguir, Freud passa, então, ao estudo dos “festins sacrificatórios”, nos quais
“os indivíduos passavam alegremente por cima dos seus próprios interesses e
acentuavam a dependência mútua existente entre eles e o seu deus”. Assim,
293
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
Assim, o final de sua análise dos totens e tabus nas sociedades primitivas,
Freud conclui que:
pela subordinação das mulheres e dos filhos” (Michaelis, 1998). De fato, Freud não hesita
em afirmar que “a família constitui uma restauração da antiga horda primeva e devolveu
aos pais uma grande parte de seus antigos direitos” (Freud, 1913-1914/2002).
Quando observamos os casos de violência doméstica, não se pode deixar de
notar que o autor da violência é caracteristicamente o homem, normalmente o chefe da
família, enquanto as vítimas tendem a serem as mulheres e as crianças. Tal situação
tende a se agravar em sociedades mais tipicamente patriarcais, quando toda a estrutura
social – as religiões, o Estado, as instituições - se organizam em torno do estabelecimento
e manutenção do poder masculino. Nestes casos, a tentação de restaurar o poder e a
onipotência do pai da horda primitiva em torno de um único indivíduo passa a ser mais
forte do que os impulsos para reprimi-la.
Se, por um lado, o estudo freudiano dos totens e tabus, lança luz sobre a
relação do homem com as leis e a moral, alguns desenvolvimentos posteriores da
psicanálise freudiana aprofundam esta compreensão. Em ‘Psicologia de Massas e Análise
do Ego’, Freud (1921 / 2002) lança mão de conceitos psicanalíticos já mais maduros -
como identificação, narcisismo e ideal de ego – à formação e manutenção dos grupos
humanos. Tal articulação se mostra fundamental na medida em que relaciona o psiquismo
individual à sociedade. Então, a relação do sujeito com a imagem ideal, antes associada
ao totem e ao deus, passa ao domínio do narcisismo e do ideal do ego, enquanto a
relação com os semelhantes ocorre pela identificação. Ao mesmo tempo, mantém-se a
característica de ambivalência afetiva, já observada em relação aos totens. Tal
característica (que será extensivamente examinada por Lacan a propósito do seu ‘estádio
do espelho’) passa pela função do narcisismo na constituição do psiquismo, ou seja,
unificar as pulsões em torno de uma imagem de totalidade, sem a qual o ego não pode se
formar. Tal imagem permanece ativa na vida adulta por meio do ideal de ego. A
identificação, por outro lado, reforça a alienação do sujeito à imagem, por vezes
substituindo ou competindo com a relação objetal (como observado por Freud em ‘Luto e
Melancolia’, 1917[1915]/2002). Ao correlacionar estes conceitos com a formação dos
grupos, Freud avança sua compreensão da instabilidade afetiva característica dos grupos
humanos. Assim:
Cada vez que duas famílias se vinculam por matrimônio, cada uma delas
se julga superior ou de melhor nascimento do que a outra. De duas
cidades vizinhas, cada uma é a mais ciumenta rival da outra; cada
295
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
Se tal fato ocorreu nos Estados Unidos, nos anos 70, poderíamos pensar em
quantos outros casos envolvendo uso da violência contra mulheres, crianças, idosos,
negros, homossexuais e deficientes mentais não há ação de homens e pessoas que
entendem que a garantia de direitos das minorias sociais constitui um ataque pessoal ao
seu ideal narcísico. Ou daqueles que necessariamente devem associar a lei à imagem
masculina. De fato, tal resposta não pode ser obtida ‘a priori’. No entanto, a própria
evolução da psicanálise aponta direções. Como colocado, seus desenvolvimentos mais
recentes entendem o pai como uma função, não uma pessoa. O exercício desta função,
portanto pode ser, e é efetivamente cumprido por mães solteiras, famílias monoparentais,
homossexuais e demais possíveis arranjos existentes na sociedade moderna. Como,
mais tarde, Lacan vai apontar ao distinguir o pai simbólico do pai real e o pai imaginário.
Então, a relação do sujeito com a lei, essencial para a vida em sociedade, deixa de estar
necessariamente associada à figura masculina. Ao mesmo tempo, alguns psicanalistas
consideram que os diferentes mecanismos de defesa – recalque, denegação e foraclusão
– correspondem a diferentes estruturas psíquicas, que marcam relações distintas do
sujeito com a castração e consequentemente com a lei e a vida em sociedade.
O último texto de Freud abordado aqui se trata de uma carta aberta trocada
com o físico Albert Einstein sobre o tema ‘Por que a guerra?’ (1933[1932]/2002). Tendo
como pano de fundo a ascensão do nazismo na Alemanha e o prenuncio da Segunda
Guerra Mundial, este diálogo guarda um tom pessimista, ao mesmo tempo em que a
teoria freudiana já alcançara maturidade. Neste ponto, os dados oriundos da clínica,
marcadamente a compulsão à repetição, já haviam levado Freud a mudar a sua teoria
pulsional e sugerir a pulsão de morte. Em contraposição a Eros, as pulsões de morte
visariam o retorno ao mesmo, à separação e à destruição. Mesmo assim, em cada ser
humano, ambas as pulsões – Eros e Thanatos – seriam ativas, e agiriam frequentemente
em conjunto, o que dificultaria a sua distinção. Assim, diante da pergunta de Einstein
sobre se “é possível controlar a evolução da mente do homem de modo a torna-lo à prova
das psicoses do ódio e da destrutividade?”, Freud é claro em argumentar que esta
resposta não pode ser teórica, mas prática, já que envolveria um esforço constante.
Neste sentido, Freud é coerente. Desde seus primeiros movimentos na
intenção de escutar o sofrimento psíquico onde só se mostrava uma paralisia motora que
contrariava o conhecimento de anatomia, ou de compreender a sexualidade infantil como
a de um ‘perverso polimorfo’, Freud não hesitou em seguir o conhecimento trazido pela
297
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
298
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
5 - CONCLUSÃO
299
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
300
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei Maria da Penha. Lei nº 11.340, de 07 de agosto de 2006. Cria mecanismos
para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art.
226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e
Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal
e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências. Disponível em: <
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11340.htm>. Acesso em:
09 nov. 2017.
301
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
FREUD,S. Luto e Melancolia [CD-ROM]. Trad. sob a direção geral de Jaime Salomão. In:
Edição eletrônica brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de
Janeiro: Imago. V.14. 1917/1915/2002.
FREUD,S. Psicologia de grupo e análise do ego [CD-ROM]. Trad. sob a direção geral de
Jaime Salomão. In: Edição eletrônica brasileira das obras psicológicas completas de
Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago. V.18.1921/2002.
FREUD,S .Por que a Guerra? [CD-ROM]. Trad. sob a direção geral de Jaime Salomão. In:
Edição eletrônica brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de
Janeiro: Imago. V.22.1933/1932/2002.
LISBOA, Teresa Kleba. Violência de Gênero, políticas públicas para seu enfrentamento e
o papel do serviço social. Temporalis. Ano 14, n. 27 (jan./jun. 2014). Brasília: ABEPSS,
2000, p. 33-56.
MELLO, L. ; BRITO, W.; MAROJA, D. Políticas públicas para a população LGBT no Brasil:
notas sobre alcances e possibilidades. Cad. Pagu, nº 39. Campinas, julho/dezembro de
302
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
MINAYO, Maria Cecília de Souza. Violência: um problema para a saúde dos brasileiros.
In: MINAYO, M. C. S.; SOUZA, E. R. (Org.). Impacto da Violência na saúde dos
brasileiros. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. p. 9-41.
NOBRE, Miriam & FARIA, Nalu. O que é ser mulher? O que é ser homem? subsídios para
uma discussão das relações de gênero. Mimeo. PUC. São Paulo, 2003.
303
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
304
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
COORDENAÇÃO
AUTORAS
Ana Beatriz Benetti Salesse dos Santos – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Araçatuba
Cássia Regina de Souza Preto – Psicóloga Judiciário – Comarca de Araçatuba
Graciela Ap. Franco Ortiz – Assistente Social Judiciário – Comarca de Araçatuba
Lianara Carmona Vallego – Psicóloga Judiciário – Comarca de Guararapes
Márcia Kioko Hiraga – Assistente Social Judiciário – Comarca de Guararapes
Nair Yayoi Haikawa – Assistente Social Judiciário – Comarca de Pereira Barreto
Regiane Silvério da Silva – Assistente Social Judiciário – Comarca de Guararapes
Susana Maria de Souza Moraes Borges – Psicóloga Judiciário – Comarca de
Araçatuba
305
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
INTRODUÇÃO
306
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
tiver tutor, que a sua pessoa e seus bens sejam confiados à curatela dos agnados 53
e, se não houver agnados, à dos gentis”.
53
A definição de agnados é: Parente pela linha de descendência masculina. Dicionário
Priberam da Língua Portuguesa. Disponível em: https://www.priberam.pt/dlpo/agnado>. Acesso
em 14-12-2017.
307
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
309
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
O Código Civil de 1916 impedia – via interdição, que “os loucos de todos
os gêneros” praticassem qualquer ato da vida civil por si mesmos, sistema no qual o
incapaz era protegido pelo direito, contudo, o advento do Estatuto da Pessoa com
310
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
312
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
313
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
O Código Civil pressupõe, também, em seu artigo 1771, que nos casos de
curatela “Antes de pronunciar-se acerca da interdição, o juiz, assistido por especia-
listas, examinará pessoalmente o arguido de incapacidade”.
Fávero (2013) aponta questionamentos acerca dos conteúdos que são
pertinentes ao Serviço Social na realização de perícia, qual o profissional domina,
investiga e sistematiza? O que busca conhecer acerca de relações e de vínculos
sociais presentes (ou ausentes) na vida dos sujeitos, no que se refere ao trabalho,
com a cidade e com o território, com as políticas sociais? Como acontecem as
relações com a família, qual sua capacidade protetiva, com qual social o indivíduo
e/ou a família, qual conta?
Atualmente, no âmbito legal, há critérios que definem as características para se
considerar pessoa com deficiência, os quais devem nortear a avaliação nos casos de
interdição; porém, a partir da reflexão baseada na formação profissional do assistente social,
no Código de Ética profissional, na Lei de Regulamentação da Profissão e nas referências
bibliográficas estudadas, entende-se que tal avaliação extrapola o objeto do estudo social,
sobretudo no concerne à defesa de direitos. Dentre estes aspectos, o que mais se aproxima
dessa premissa é o inciso IV do Art. 2º da Lei da pessoa com deficiência, abaixo explicitado.
314
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
315
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
5 - CONCLUSÃO
316
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
317
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
REFERÊNCIAS
LÔBO, Paulo. Com avanços legais, pessoas com deficiência mental não são mais
incapazes. Consultor Jurídico. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2015-ago-
16/processo-familiar-avancos-pessoas-deficiencia-mental-nao-sao-incapazes>.
Acesso em: 30 de novembro de 2017.
ONUBR. ONU lembra 10 anos de convenção dos direitos das pessoas com
deficiência. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/onu-lembra-10-anos-de-
convencao-dos-direitos-das-pessoas-com-deficiencia/>. Acesso em: 30 de novembro
de 2017.
319
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
320
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
COORDENAÇÃO
AUTORAS
321
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
DEDICATÓRIA
322
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
Zygmunt Bauman
INTRODUÇÃO
323
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
324
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
325
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
326
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
327
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
328
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
O termo vínculo tem sua origem no latim “vinculum”, que significa ligar,
unir. Quanto à sua raiz morfológica está relacionado a vinco, ou seja, marcar algo
que está unido, um laço capaz de formar uma espécie de cadeia invisível, formada a
partir de ligação moral ou afetiva entre pessoas, partes ou instituições.
Analogicamente é como observarmos a própria letra do início deste termo, a letra V,
é unida e inseparável em sua base, porém com destinos independentes.
A noção de vínculo é bem antiga e mesmo com outros termos, aparece
em várias ciências como a filosofia, mitologia, biologia, religião entre outras, sempre
se destacando a sua relevância em função de algo vivo, dinâmico que se forma, se
articulam e funcionam durante toda a vida.
Portanto, ao se considerar que “o ser humano se constitui a partir do
outro”, o Vínculo como estado mental, torna-se essencial ao desenvolvimento
saudável da mente humana e pode ser estudado através de vários modelos com
vários vértices de abordagem.
Nossa abordagem será a psicológica e ou psicanalítica e para tanto é
importante destacar que vários são os autores que trabalharam direta ou
indiretamente com o conceito de vínculo, como não é este o nosso enfoque
principal, apenas delinearemos alguns que nos aludem à evolução do termo:
Freud, embora não utilizasse o termo vínculo desde o início de seus
trabalhos, deixou evidente a importância que atribuiu a eles, desde o Projeto em
1895 até seus últimos escritos, de maneira que durante todo o seu percurso e todas
as suas teorias havia menção a vínculo ao se considerar a teoria pulsional e, com
isso, possibilitou grande referencia ao que hoje entendemos como vínculo de Amor.
Em seguida temos Melanie Klein, que aborda a valorização do vínculo de
ódio como integrante de toda relação objetal, intra ou interpessoal.
Por longo período nos estudos da psicanálise se dizia que “nada é
querido sem ser primeiro conhecido”, a partir dos estudos de Freud e Melanie Klein
se inverteu para: “Nada é conhecido sem ser primeiro querido” (REZENDE, 2000
P.166), ou seja, os afetos antecedem o conhecimento. Com isto, Wilfred Ruprecht
Bion, propôs uma terceira natureza dos vínculos, ou seja, Conhecimento.
329
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
330
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
331
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
333
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
CASO 1
A família compunha-se pelo pai (se encontra preso), uma tia paterna (que
foi responsável pela criança e devido a um A.V.C. passou a demandar cuidados
especiais e se encontra acolhido num asilo local), um tio paterno, uma prima e o filho
dela (3 anos) e a criança acolhida (10 anos).
A criança possui dois irmãos por parte de pai que se encontra com a
genitora deles, nesta cidade; e quatro irmãos por parte de mãe, que são filhos de
quatro genitores diferentes, sendo que apenas a filha caçula (um ano de idade) se
encontra na companhia materna, enquanto os demais irmãos, assim como a criança
em tela, foram criados pelos familiares paternos, em diferentes cidades do estado.
Em relação à questão socioeconômica, temos que o pai trabalhava
informalmente como auxiliar de serviços gerais, sem renda fixa, com escolaridade
equivalente ao ensino fundamental. Seu grupo familiar contava com auxílio
governamentais tais como LOAS e bolsa família.
A moradia, em processo de aquisição pelo programa “Minha casa – Minha
vida”, é de alvenaria, possui dois quartos, um banheiro, sala, e cozinha, com
mobiliário mínimo.
A criança menor frequenta creche em período integral e a acolhida no ano
correspondente a sua idade, no ensino público.
No que se refere aos papeis desempenhados pelos membros da família,
temos que a manutenção dos membros da família era garantida pelo trabalho do
genitor e pelos auxílios provenientes dos programas governamentais; a ocupação da
criança era frequentar a escola em período integral e brincar nos arredores da casa.
334
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
- uma tia paterna - casada, com dois filhos, auxiliava nos cuidados em
relação à irmã, por ocasião do acolhimento do sobrinho não visitou, nem se dispôs a
acolhê-lo;
335
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
O genitor não pode se opor, não teve respaldo familiar para que o
acolhimento não ocorresse.
CASO 2
336
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
337
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
CASO 3
338
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
339
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
CASO 4
340
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
CASO 5
341
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
342
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
CASO 6
343
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
344
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
345
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
346
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
347
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
frequente de bebida alcoólica e o uso da “maconha”, todavia, foi observada que essa
fala, por muitas vezes acontecia no intuito de se empoderar dentro da casa e
amedrontar os demais acolhidos. A permanência do acolhido no serviço foi
caracterizada por ameaças de violência física perante os demais acolhidos, conflitos
intensos com os colaboradores, culminando em sua Internação Compulsória;
Posterior ao retorno da internação, o acolhido coabitou melhor com as regras
institucionais, demais acolhidos e colaboradores, contudo passou a manifestar
extrema ansiedade em retomar o convívio familiar, levando-o a cravar boicotes em
Tratamento Medicamentoso e Acompanhamento Psicológico.
CASO 7
350
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
4 - CONCLUSÃO
351
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
adolescente deverá ser “moldado”, ou seja, transfere para o estado o papel parental
e esquece sua co-responsabilidade.
352
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
REFERÊNCIAS
FÁVERO, Eunice Teresinha. Questão Social e Perda do Poder Familiar. São Paulo:
Veras, 2007.
SANTOS, Clara Cruz. Intervenção social junto das famílias com crianças
institucionalizadas. In: MENDES, Tiago de Sousa; SANTOS, Pedro Vaz (orgs.).
Acolhimento de Crianças e Jovens em Perigo. Lisboa: Climepsi Editores, 2014.
Capítulo 10, p. 185-200.
353
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
354
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
COORDENAÇÃO
AUTORES
355
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
AGRADECIMENTOS
356
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
INTRODUÇÃO
357
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
1 - O ESTATUTO DO IDOSO
358
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
359
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
361
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
54
Comportamento que compreende atitudes que as pessoas tomam, voluntariamente, para ajudar os
demais.
362
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
363
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
Proteção Social Básica em domicílio para pessoas com deficiência e idosas; Serviço
de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosas e suas Famílias;
Serviço de Acolhimento Institucional, nas seguintes modalidades: abrigo institucional
e Casa-Lar (BRASIL, 2014). Estes referem-se a coberturas regulamentadas
nacionalmente. Em relação ao Governo do Estado de São Paulo, observa-se a
criação do Programa Amigo do Idoso vinculado à Secretaria Estadual de Assistência
Social.
No tocante à política de Educação, verificou-se a existência de programa
de educação de jovens e adultos, contudo não há um recorte específico para
atendimento a este público. Em alguns campus da Universidade de São Paulo - USP
há o Programa Universidade Aberta à Terceira Idade.
Os estudos sobre a política de Esporte, Cultura e Lazer indicam em
âmbito Federal a existência: do Programa Vida Saudável (prática de exercícios
físicos, atividades culturais e de lazer); o direito de idosos participarem de eventos
culturais e esportivos e de lazer, pagando apenas 50% do valor total e o programa
Viaja Mais - Melhor Idade (BRASIL, 2017).
No campo da política Federal de Habitação, o Programa Minha Casa
Minha Vida – PMCMV estabelece a reserva de pelo menos 3% das unidades
habitacionais do programa para idosos. No âmbito estadual, a Companhia de
Desenvolvimento Habitacional e Urbano – CDHU prevê reserva de 5% e estabelece
o Desenho Universal; há também uma parceria entre a Secretaria de Habitação -
SH, a CDHU, a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social – SEDS e as
Prefeituras dos Municípios Paulistas, com o Programa Vila Dignidade que é voltado
ao atendimento a idosos independentes, de baixa renda.
Lembra-se também que idosos gozam de direitos no transporte público
terrestre: em âmbito nacional, transportes urbanos e semiurbanos: acesso gratuito
para maiores de 65 anos de idade. No município de Bauru esse direito se estende a
idosos entre 60 e 64 anos de idade. Nos transportes interestaduais a Lei obriga que
as empresas reservem duas vagas gratuitas para idosos com renda igual ou inferior
a dois salários mínimos, ou desconto de 50%, no mínimo, quando essas duas vagas
gratuitas estiverem comprometidas.
Frente ao atual contexto político de possíveis alterações no âmbito da
Previdência Social não se aprofundou esta abordagem, todavia, destaca-se que as
364
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
366
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
por mobilizar uma função implícita de garantir a instituição familiar. Diante disso, a
presença dos avós pode ter um efeito tranquilizador do ponto de vista das crianças.
Há também a geração de avós divorciados ou em situação monoparental,
em muitos casos, estão recasados ou formando novas famílias. Novos arranjos e
novas convivências incluem igualmente os netos, que passam muitas vezes a ter
avós emprestados, step grands parentings (IBIDEM, 2013).
Em casos de regulamentação de guarda, os avós costumam ser as
principais figuras a serem solicitadas. No entanto, a figura dos avós não pode ser
idealizada, pois existem os que são abusivos, negligentes ou destrutivos para a vida
familiar, bem como idosos que são maltratados pela família.
Por conta do aumento da longevidade e a convivência mais prolongada
de três ou mais gerações, o idoso participa mais ativamente da família,
especialmente as mulheres, que costumam ter participação ativa na vida familiar ao
longo do ciclo vital e essa participação é renovada quando se tornam avós, afirma
Oliveira (2013).
Segundo a autora, as avós sucedem aos pais na importância nos papéis
familiares pela ligação afetiva que mantém em relação aos netos e se fazem
presentes na vida dos mesmos pela transmissão de histórias de vida e na tarefa de
cuidar deles no caso de mães que trabalham fora ou oferecendo cuidados e apoio à
família quando do nascimento de uma criança com problemas de saúde ou com
necessidades especiais.
Os motivos pelos quais algumas avós são cuidadoras integrais e
assumem legalmente a guarda dos netos se relacionam muitas vezes aos casos em
que os genitores são adolescentes despreparados para cuidar dos filhos,
desempregados, usuários de drogas, em conflito com a lei, portadores de doenças
mentais, falecidos precocemente, separados, recasados sem a aceitação das
crianças por parte do novo cônjuge ou em casos de abuso infantil e/ou abandono
(IDEM, 2008).
Alguns fatores considerados negativos na criação de netos pelos avós
seriam a sobrecarga financeira, os conflitos com os filhos devido a divergências na
educação das crianças, a queda na qualidade de saúde física e emocional dos avós,
a incidência de depressão e baixa saúde percebida, como também, interferência na
vida social e familiar, cansaço e esgotamento emocional (SANTOS & MELO, 2013)
367
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
368
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
A legislação prevê que a curatela deve ser atribuída a quem melhor possa
atender aos interesses do interdito, além de buscar tratamento especializado e apoio
apropriado para garantir sua qualidade de vida, prestando contas bienalmente
quando solicitado. Em casos de extrema gravidade, como suspeita de violência, o
curador poderá ser suspenso (SARMENTO, 2008).
Outro ponto importante destacado pela Lei diz respeito à prova pericial,
pois o juiz determina a perícia para avaliar a capacidade do interditando para
praticar atos da vida civil. A perícia é realizada por profissionais de diferentes áreas,
inclusive psicólogos e assistentes sociais judiciários.
O objetivo do laudo pericial é indicar para o juiz, os atos para os quais
haverá necessidade de curatela. Assim, cada interdição deve ser individualmente
analisada para limitar o mínimo possível o exercício dos interesses existenciais do
interditando, garantindo-lhe uma maior integração social incidindo a restrição tão
somente sobre determinados atos e situações pontuais.
Dessa forma, com base nas informações do laudo pericial, o juiz terá
elementos para melhor definir a medida a ser adotada, determinando a interdição
integral ou parcial. A interdição ocasiona a perda total de autonomia do indivíduo e,
caso o idoso apresente certo nível de lucidez, tal situação pode ser geradora do
agravamento de seu quadro de saúde e piora na qualidade de vida, devido à
percepção da perda de sua autonomia. Em tais situações, munido de informações
suficientes, o juiz pode aderir à interdição parcial, que abrange somente aspectos
administrativos do gerenciamento dos bens do curatelado.
369
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
370
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
371
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
refere-se a Tomada de Decisão Apoiada que também pode ser aplicada no caso da
pessoa idosa.
Trata-se do processo pelo qual a pessoa com deficiência, idosa ou não,
dotada de certo grau de discernimento, elege pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas,
com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe
apoio na tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e
informações necessários para que possa exercer sua capacidade. Neste caso não
há o que se falar em interdição.
372
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
5 - CONCLUSÃO
373
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
374
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
REFERÊNCIAS
____, Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União. Brasília (DF).
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. 2001.
Acessos em: 19 de agosto de 2017.
____, Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Diário Oficial da União. Brasília (DF).
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.741.htm>. 2003.
Acessos em: 20 de abril de 2017.
____, Lei nº. 13.105, de 16 de março de 2015. Diário Oficial da União. Brasília (DF).
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13105.htm>. 2015. Acessos em: 19 de agosto de 2017.
____, Lei nº 13.146, de 6 de junho de 2015. Diário Oficial da União. Brasília (DF).
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13146.htm>. Acessos em: 12 de dezembro de 2017.
375
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
SANTOS, Jeanini de Sales & MELO, Lígia Maria Cavalcante Carneiro. O aumento
significado da guarda dada aos avós: uma questão social. Refletindo o Direito:
Revista Eletrônica do Curso de Direito do Centro Universitário CESMAC (Centro de
Estudos Superiores de Maceió), Maceió, v.1, n.1, 2013. Disponível em:
<http://revistas.cesmac.edu.br/index.php/refletindo/article/view/189> Acessos em: 11
de dezembro de 2017.
SILVA, Cirlene Francisca Sales & DIAS, Cristina Maria de Souza Brito. Violência
contra idosos na família: motivações, sentimentos e necessidades do agressor.
Psicologia: Ciência e Profissão, 36(3): 637-652. 2016. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/pcp/v36n3/1982-3703-pcp-36-3-0637.pdf>. Acesso em: 10
de julho de 2017.
377
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
“FAMÍLIA”
2017
378
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
COORDENAÇÃO
AUTORAS
379
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
INTRODUÇÃO
380
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
381
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
382
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
Quando nasce uma criança nascem também um pai e uma mãe com seus
sonhos e medos e a bagagem de sua história e de seus antepassados. A ideia de
quem esta criança é, sua personalidade e identidade se inicia na infância e no
imaginário de seus pais, em seus laços de pertencimento a sua família, nas crenças,
ditos e não ditos transmitidos culturalmente pelas gerações.
384
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
Deste modo, vimos que a gravidez pode trazer à tona muitos sentimentos,
como a questão do pertencimento e da acolhida que se teve no mundo por seus
próprios pais. Uma mulher sozinha no parto e no pós-parto, reclusa na
penitenciária, sem o apoio e alegria de sua família pela chegada de um novo
membro, pode experimentar uma enorme sensação de desamparo. Há relatos de
mães detentas, às quais é negada a possibilidade de acalentar os filhos que choram,
situação desumana para mãe e criança, na contramão da proteção prevista na lei.
Tais questões caminham junto à previsão de condições mais humanizadas, onde se
favorece a relação mãe e filho, pós-nascimento até seis meses de idade. Não por
acaso, na atualidade tem-se refletido e defendido a necessidade de se ter um olhar
especial e diferenciado para a primeira infância, relevando sua importância para um
desenvolvimento sadio.
total insegurança sobre o presente e futuro de uma criança que irá nascer de quanto
apoio tais famílias necessitariam. Porém, o que se observa com frequência é o
temor e a rejeição por parte de quem poderia lhes dar suporte, além de um avanço
tímido em relação às ações e politicas publicas.
Tomamos conhecimento, através de texto de Marie Rose Moro – Os
ingredientes da parentalidade, do caso de uma jovem mãe do Congo, de 18 anos,
que deu a luz em um hospital em Paris. Foi acolhida por uma psicóloga e um
interprete; no princÍpio, não conseguia olhar para seu bebê. Contou do estupro de
soldados de seu país, após ter presenciado o mesmo com sua própria mãe, que veio
a falecer. Havia desenvolvido medo de escuro e vomitava com frequência, depois de
ser ouvida e expressar suas emoções, pôde passar a se relacionar com seu bebê.
Uma das profissionais que a atendeu foi capaz de lançar a esta jovem um olhar de
mãe, de modo que ela se sentiu autorizada a ser mãe de seu bebê. Em situações
tão difíceis, revela-se a importância dos tutores de resiliência, enquanto pessoas que
podem sustentar a angústia e proporcionar consolo e escuta. Infelizmente, em nossa
experiência profissional, raramente se encontra uma rede de proteção organizada,
que possa contar com profissionais em número suficiente e preparados para esta
função tão importante quando nos deparamos com casos similares ou bem próximos
deste trazido pela autora. Nesse sentido, as ponderações e pontuações quanto à
relevância de uma rede de proteção social articulada, integrada e bem estruturada
pode fazer a diferença para que se produzam e se consolidem resultados exitosos.
386
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
387
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
388
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
389
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
REFERÊNCIAS
SILVA, Maria Cecília Pereira da; Solis-ponton, Leticia. Ser Pai, Ser Mãe -
Parentalidade - Um Desafio para o Terceiro Milênio. Casa do Psicólogo
390
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
391
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
COORDENAÇÃO
AUTORAS
392
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
INTRODUÇÃO
393
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
394
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
396
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
397
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
398
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
diversas comarcas do interior, a mesma equipe técnica atua nas Varas de Família e
também nas de Infância a e Juventude.
O estudo psicossocial no SERAF consiste em: leitura do processo judicial
encaminhado pelo magistrado, realização de cerca de oito atendimentos
psicossociais à família envolvida no processo judicial, visitas domiciliares e
institucionais e elaboração de relatório a ser encaminhado ao magistrado que
determinou a realização do estudo. Essa atividade tem dois objetivos principais:
promover intervenção junto às famílias ao longo dos atendimentos psicossociais e
assessorar os magistrados do Tribunal em suas decisões com informações
psicossociais por meio de relatório (JURAS, 2009, p.47)
A autora expõe ainda como os profissionais programam as etapas dos
estudos psicossociais, preocupando-se sempre em fazer em dupla interdisciplinar
(Serviço Social e Psicologia). Propõem que o primeiro atendimento seja realizado
com o par parental, onde além da escuta e diálogo entre as partes, há também a
possibilidade dos técnicos fazerem uma mediação do conflito. Em seguida, realizam
os atendimentos individuais, com o par parental, familiares e as crianças e
adolescentes envolvidos. E o último atendimento, conjunto com o par parental, é
voltado para devolução das percepções profissionais.
O grupo considerou que alguns aspectos são similares ao que cada
técnica realiza em suas comarcas, na elaboração dos estudos psicossociais nas
Varas de Família. Porém, destacando que nem sempre os atendimentos são
realizados em dupla, principalmente nas comarcas menores, que não contam com
psicólogos em seu quadro funcional. Também não predomina entre as profissionais
do grupo o atendimento do par parental conjuntamente, nem a realização de
entrevistas devolutivas.
Outro aspecto discutido foi a questão da mediação, que aparece como
parte intrínseca no desenrolar dos estudos psicossociais no SERAF, e é um
instrumental técnico não utilizado em nosso contexto, inclusive por orientação
normativa do próprio TJSP.
Em relação aos sujeitos da pesquisa, as três famílias selecionadas
apresentavam as seguintes demandas judiciais no contexto do divórcio:
regulamentação de visitas, disputa de guarda e separação litigiosa. Além da
399
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
400
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
401
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
402
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
403
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
404
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
REFERÊNCIAS
BRADT, J. O. Tornando-se pais: famílias com filhos pequenos. In: B. CARTER & M.
McGOLDRICK (Orgs.). As mudanças no ciclo de vida familiar: uma estrutura para
terapia familiar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. (Trabalho original publicado em
1989).
SARTI, C. A. (2007) Famílias enredadas In: ACOSTA, Ana Rojas, VITALE, Maria
Amália Faller (Org.). Famílias: redes, laços e políticas públicas. 3 ed. São Paulo:
Cortez/Instituto de Estudos Especiais/PUC-SP, 2007.
405
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
406
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
COORDENAÇÃO
AUTORES
407
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
INTRODUÇÃO
408
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
409
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
410
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
411
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
412
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
A temática família, quer seja por sua amplitude e contradições, quer seja
pelos desafios que enseja, nos remete a ampliar as reflexões para avanços mais
consistentes tendo em vista a complexidade do modo de vida contemporâneo.
Como evidenciado a família apresenta seu constructo histórico e se
apresenta como espaço plural, com significâncias ao seu tempo e cujo fruto é a sua
edificação através da quebra de paradigmas, que vêm à tona no tempo presente,
permeada por transformações econômicas e sociais, pelas mudanças no aparato
jurídico, que regulamentam e desregulamentam, juntamente com o Estado que
protege, desprotegendo.
413
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
414
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
55
“O Welfare State ao garantir os bens e serviços destinados à reprodução social, além de assegurar
benefícios aos que perderam a renda do trabalho, mediante o seguro-desemprego, indenizações por
acidente de trabalho, aposentadorias, garantia as condições básicas de vida, ao mesmo tempo que
regulava as forças das desigualdades sociais produzidas pelo mercado” (DRAIBE, 1994).
415
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
418
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
419
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
420
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
421
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
422
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
423
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
REFERÊNCIAS
_______ (2013). Presidência da República. Lei 8.742 de 2013. Brasília: Diário Oficial
da União. Brasília/DF.
______. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Anexo. atual. nov. 2017. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm>. Acesso em: 30 nov. 2017.
______. Lei nº 11.698, de 13 de junho de 2008. Altera os arts. 1.583 e 1.584 da Lei
no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil, para instituir e disciplinar a
guarda compartilhada. . Diário Oficial da União, Brasília, DF, 16 jun. 2008.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2008/lei/l11698.htm >. Acesso em: 30 nov. 2017.
424
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
425
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
<http://www.mds.gov.br/cnas/legislacao/resolucoes/arquivos-2014/cnas-2014-013-
13-05-2014.pdf/download>. Acesso em: 30 nov. 2017.
DRAIBE, Sônia. Por uma contribuição à reforma dos programas de assistência social
no Brasil in KALOUSTIAN, Sílvio Manoug (org.). Família Brasileira: a base de tudo.
São Paulo/Brasília: Cortez/Unicef, 1994.
GUARÁ, Isa Maria Ferreira da Rosa. Família e Território, eixos centrais do trabalho
social in GUARÁ, Isa Maria Ferreira da Rosa (coord.). Redes de proteção social. 1.
ed. São Paulo: Associação Fazendo História: NECA – Associação dos
Pesquisadores de Núcleos de Adolescente, 2010. p. 52-63. Coleção Abrigos em
Movimento.
MATA, Lídice da. Projeto de Lei do Senado nº 470, de 2013. Dispõe sobre o Estatuto
das Famílias e dá outras providências. Brasilia, DF, 2013. Disponível em
<https://legis.senado.leg.br/sdleg-getter/documento?dm=4590857>. Acesso em: 12
dez. 2016.
426
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
SIMÕES, Carlos. Curso de Direito do Serviço Social. São Paulo: Cortez, 2014.
427
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
428
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
COORDENAÇÃO
AUTORES
429
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
INTRODUÇÃO
430
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
431
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
432
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
434
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
435
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
436
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
4 - CONCLUSÃO
437
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
REFERÊNCIAS
AQUINO, Luseni. O território como referência para (re) pensar o judiciário: o caso da
Justiça da Infância e da Juventude. Relatório IPEA e CNA, 2012.
438
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
439
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
COORDENAÇÃO
AUTORES
440
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
INTRODUÇÃO
441
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
442
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
56
Termo que inspirou a titulação do presente item.
443
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
prévia comunicação do divórcio aos filhos, o que tende a tornar o processo mais
difícil de ser compreendido e elaborado.
Nesse sentido, compreendemos que falar com as crianças a respeito da
separação pode oferecer-lhes palavras para tratar do assunto tornando-o mais
humanizável, fazendo com que elas saibam que o divórcio é um mal menor e lhes
possibilite expressarem seu sofrimento, bem como se sentirem autorizadas a
conversar sobre seus problemas com outras pessoas, estranhas à família.
É importante que se saiba que o divórcio pode provocar alterações
diversas na rotina e no meio social dos filhos. Desta vivência podem decorrer
sintomas psicossomáticos, manifestações comportamentais e lingüísticas que
evidenciam um abalo profundo nos filhos pela trama familiar, o que muitas vezes
tem sido mal interpretado pelo genitor contínuo e levado aos tribunais como motivo
para privar, monitorar ou diminuir o seu convívio com o genitor descontínuo.
Frequentemente, para sofrer menos com a ausência imprevista de um
dos pais, os filhos podem recordar-se apenas de lembranças ruins do convívio
anterior, manifestando pouca ou nenhuma vontade de estabelecer a convivência
com o não guardião. Também é comum que os filhos criem uma aliança
inconsciente com o genitor que percebem como mais frágil ou prejudicado, tomando
para si as dores daquele que pensa estar sofrendo mais.
Ainda conforme Dolto, a percepção infantil do tempo cronológico é muito
diferente da de um adulto: uma semana para um adulto pode corresponder a um
mês para uma criança. Trata-se de tempo suficiente para gerar nesta o medo do
abandono e o desapego daquele com quem menos convive.
São vários os aspectos que podem ser identificados como consequências
do cenário da separação, seja para os pais, seja para os filhos. A equipe técnica, via
de regra, acessa esse grupo familiar em um momento bastante doloroso e de
mudanças expressivas para todos. Quando a separação ocorre de modo conflituoso
e as questões de guarda, convivência familiar e pensão tornam-se elementos de
uma enorme lista de disputas, pode ocorrer de um dos pais afirmar que o outro não
possui condições de manter a convivência com os filhos.
De modo geral, percebemos que na maioria dos casos que as
profissionais do grupo já atuou, ainda que essas dificuldades pudessem ter
444
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
57
Entendida como resultado da equação da sociedade capitalista e de sua renda desigualmente
distribuída, através da exploração do homem sobre o homem.
445
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
446
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
447
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
448
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
genitor na vida do filho. Alguns pais alegam que a criança teria começado a
apresentar prejuízos comportamentais tais como: hostilidade, tristeza, inibições e/ou
reações psicossomáticas durante a visita ou após o contato com o genitor
descontínuo. Diante dessas reações dessa criança supõe que a presença do outro
causa prejuízos e acreditam que as visitas deveriam ser espaçadas ou
interrompidas. Desconsideram que (...) essas reações revelam a importância do
genitor descontínuo na subjetividade da criança e expressam a necessidade da
mesma de se aproximar fisicamente” e que, desta forma, a ampliação da
convivência seria benéfica (TJSP, 2016).
Em casos que ocorreram graves conflitos e/ou problemas de
comunicação entre os genitores, torna-se questionável a aplicabilidade da guarda
compartilhada, sendo o tema polêmico e relativamente novo no Brasil, tornando
fundamental a análise do caso por equipes multidisciplinares.
Quando uma determinação judicial estabelece a guarda compartilhada,
fixa a responsabilidade de ambos os genitores pelo bem estar e educação dos filhos,
podendo se configurar como inibidor do agravamento de conflitos. Contudo, este
modelo de guarda nem sempre soluciona, tampouco ameniza, os conflitos
vivenciados no âmbito familiar. Deste modo, seria importante que o poder público
estabelecesse políticas que auxiliassem essas famílias a superarem suas
dificuldades e terem seus papéis fortalecidos.
Quando se verifica as práticas de alienação parental, observam-se
diversas alternativas para conter ou barrar os sentimentos de satisfação do genitor
em suas manobras perversas, sendo o encaminhamento à psicoterapia altamente
recomendado, não apenas ao genitor alienador, mas também às crianças e ao
sujeito que foi alienado, objetivando o reestabelecimento dos vínculos que foram
prejudicados. O princípio da Lei da alienação parental58 se refere à convivência
familiar, sendo as garantias previstas na legislação brasileira, pela doutrina da
proteção integral da criança e adolescente e o sistema de garantia de direitos.
Verifica-se, também, como estratégia de enfrentamento, técnicas de
mediação familiar com psicanalista (ambiente extra-judicial), propondo que este
profissional conduza a intervenção e sensibilize ambas as figuras parentais. Em
58
Lei nº 12.318/2010.
449
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
59
As Oficinas de Parentalidade, também conhecida como Oficinas de Pais e Filhos, iniciou-se no
judiciário na Comarca de São Vicente e foi instituída pelo Conselho Nacional de Justiça como política
pública, como forma de promover a conciliação entre as famílias, na resolução e prevenção de
conflitos familiares.
450
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
451
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
revelar uma realidade até então não percebida ou mesmo reforçar uma situação já
notada pelo técnico, além de possibilitar que, enquanto sujeitos de direitos que são,
participem das decisões que dizem respeito a sua vida.
Os referenciais de cuidados de cada genitor para com os filhos são
elementos fundamentais a serem analisados nos casos litigiosos, para que a
convivência familiar possa ser vivenciada em consonância com a proteção integral,
indicando estratégias para a efetivação dos direitos destes sujeitos.
A contextualização da situação familiar e das pessoas envolvidas no
litígio, relacionadas às queixas apresentadas e às demandas reais, são elementos
de relevância considerados no parecer técnico. Desta maneira, as questões sociais
e psicológicas que se apresentam e as transformações que nelas se revelam são
fundamentais na realização deste trabalho. Por esta razão considerou-se a
importância do estudo social e psicológico acontecer simultaneamente, o que nem
sempre ocorre tendo em vista as discrepâncias entre as agendas das categorias
profissionais por conta do excesso de trabalho e falta de recursos humanos.
O trabalho dos técnicos em situações que envolvem alienação parental
precisa contextualizar os aspectos psicossociais mais amplos e não direcionar seu
trabalho para identificar ou não os atos presentes na lei, devendo se ter cautela para
não estigmatizar ou culpabilizar, mas sim, apontar potencialidades que assegurem a
garantia de direitos.
452
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
4 – Considerações
453
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
REFERÊNCIAS
LIMA, Edna Fernandes da Rocha. Alienação Parental sob o olhar do Serviço Social:
limites e perspectivas da atuação profissional nas varas de família. Tese de
doutorado PUC-SP, São Paulo, 2016. (Capitulo 3 e 4)
454
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
455
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
COORDENAÇÃO
AUTORES
456
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
INTRODUÇÃO
O inferno dos vivos não é algo que será; se existe, é aquele que já
está aqui, o inferno no qual vivemos todos os dias, que formamos
estando juntos. Existem duas maneiras de não sofrer. A primeira é
fácil para a maioria das pessoas: aceitar o inferno e tornar-se parte
dele, até o ponto de deixar de percebê-lo. A segunda é arriscada e
exige atenção e aprendizagem contínuas: tentar saber reconhecer,
de dentro do inferno, o que não é inferno, preservá-lo, e abrir espaço.
(Calvino, 1990, p. 148).
458
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
459
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
460
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
traço estrutural do modo de produção capitalista. (...) e não se reduz tão somente à
questão salarial, mas também à precarização existencial e do homem-que-trabalha”.
De acordo com este sociólogo marxista, vivemos uma profunda crise do
capitalismo. A longa depressão iniciada em 2008/2009 é parte da crise estrutural do
capital iniciada em meados da década de 1970. De lá para cá, o capitalismo global
tem promovido mudanças cruciais nas mais diversas instâncias da vida social.
Em 2015 e 2016 o Brasil viveu uma profunda recessão da economia que
fez dobrar o índice de desemprego. O fenômeno do desemprego é a forma mais
terrível de degradação do mercado de trabalho, principalmente no Brasil, onde não
existe historicamente uma rede de proteção social eficaz contra os efeitos danosos
do desemprego. O desemprego torna as pessoas desamparadas, à mercê da
irracionalidade social que prolifera nas metrópoles. Aqui podemos pensar na
violência urbana vitimando contingentes cada vez maiores, o uso disseminado de
drogas e as variadas formas de destruição.
A precarização do trabalho implica também na disseminação do trabalho
flexível por meio das remunerações flexíveis vinculadas a metas de produção. Cada
vez mais as organizações púbicas ou privadas vinculam a forma-salário a metas de
produtividade, contribuindo para o estresse da pessoa-que-trabalha. A precarização
do trabalho se expressa também na jornada de trabalho inflexível onde a pessoa-
que-trabalha reduz seu tempo de vida a tempo de trabalho. Os locais de trabalho
reestruturados, tanto no setor privado como no setor público, incorporam novos
métodos de gestão de caráter toyotista, acoplados às novas tecnologias
informacionais que intensificam o trabalho.
O Brasil é hoje um território privilegiado para observarmos a barbárie
social que caracteriza o capitalismo global no século XXI.
A ampliação da informalidade é o espectro do aumento da nossa miséria
social caracterizada não apenas pela alta desigualdade social, marca distintiva do
Brasil no cenário mundial, mas a crescente concentração de renda. A informalização
do mercado de trabalho representa superexploração da força de trabalho, outra
marca distintiva do capitalismo retardatário no Brasil. O processo de combate às
desigualdades sociais deve se arrefecer também caso um governo neoliberal reduza
ou extinga programas sociais de combate à pobreza absoluta ou pobreza extrema.
462
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
463
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
464
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
465
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
“Um grupo psicológico pode ser definido como duas ou mais pessoas
que se reúnem e satisfazem as seguintes condições: 1) as relações
entre os membros são interdependentes: comportamento de cada
membro influi no comportamento de todos os outros; 2) os membros
aceitam uma ideologia: um conjunto de crenças, valores e normas
que regulam sua conduta mutu”. (KRECH CRUTCHFIELD
BALLACHEY, 1975, P.443).
467
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
468
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
sua vez, produzem novos processos” (ALVES et al., 2006). Sendo assim, o autor
afirma que a organização do pequeno grupo pode constranger afetiva e
ideologicamente seus participantes. Deste modo, ao pensarmos nos grupos de
trabalho, isto tem impacto direto na saúde do trabalhador.
469
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
4 - CONCLUSÃO
470
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
471
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
REFERÊNCIAS
472
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
LAGO, V.M. et all. Um breve histórico da psicologia jurídica no Brasil e seus campos
de atuação. Estudos de Psicologia, Campinas, 26 (4), out/set. 2009, P. 483-491.
LUKÁCS, G. Para uma Ontologia do Ser Social. Volume 2. São Paulo: Boitempo
editorial, 2014.
473
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
474
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
COORDENAÇÃO
AUTORAS
475
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
INTRODUÇÃO
476
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
477
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
1 - HABILITAÇÃO
1.1 - AVALIAÇÃO
479
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
em seus aspectos demográficos (raça/ sexo/ idade /estado civil /situação conjugal/
procedência), psicossociais e culturais (religião/ crenças/ discriminações/
preconceitos/ arranjos/ dinâmica familiar/ relações familiares/ relações sociais/
planejamento familiar/ ansiedades, expectativas e preocupações/ problemas de
saúde).
Neste sentido alguns elementos se destacam como importantes no
processo de avaliação: a qualidade das inter-relações estabelecidas na dinâmica
familiar e no convívio social; o posicionamento e envolvimento da família extensa no
projeto de adoção; figuras de maior referência e apoio; conceitos e preconceitos,
sentimentos, expectativas, resistências e disponibilidades no universo pessoal,
familiar e social.
As questões subjetivas, do ponto de vista social, dizem respeito à
construção das relações sociofamiliares e o processo de como se deu a socialização
dos indivíduos, com todas as suas peculiaridades, trajetórias, modelos, vínculos,
arranjos, dinâmica, relações, redes de apoio, que tornam a identidade dos indivíduos
singular.
Observa-se a necessidade de maior aprofundamento no conhecimento de
aspectos culturais dos pretendentes, para, segundo Graciano (2013), se verificar o
grau de enraizamento/ pertencimento social, potencialidades familiares, capacidade
de convivência / acolhimento e aceitação na convivência social e abrangência desta
com diferentes grupos sociais.
Ressalta-se que os pretendentes à adoção, na maioria das vezes,
apresentam condição socioeconômica favorável e praticamente nenhuma
vulnerabilidade, portanto, os aspectos objetivos da avaliação geralmente são
favoráveis ao atendimento das necessidades materiais de uma criança/adolescente.
Sendo assim, são as questões subjetivas que devem ocupar um lugar de destaque
nessa avaliação social e o reconhecimento disso favorece uma escuta qualificada e
comprometida com o outro em atendimento (SILVA, 2017).
Desta forma, a intervenção social se dá na avaliação das potencialidades
e fragilidades dos interessados em proporcionar a convivência familiar às crianças
que tiveram sua história marcada pela violação desse direito fundamental e em
algum momento de seu desenvolvimento foram afastadas de sua família de origem.
Segundo Silva (2017, p.157):
480
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
482
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
483
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
2 - PREPARAÇÃO
484
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
485
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
486
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
487
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
488
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
489
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
Nesse sentido, pode-se supor que se por um lado existe certa dificuldade
das entidades em propiciar que a criança/adolescente acolhido vivencie e elabore
sua tristeza e sua dor, por outro se pode pensar que o acolhimento é um período de
transição necessária para a criança concretizar ou perceber o desligamento da
família de origem e poder sonhar/se abrir para a perspectiva de uma família
substituta.
3 - APROXIMAÇÃO
490
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
491
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
492
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
494
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
4 - ESTÁGIO DE CONVIVÊNCIA
Esta etapa se inicia com o Termo de Guarda com fins de Adoção, sendo
definida pelo Tribunal (Portal da Adoção) como:
497
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
Ghirardi (2015, p.33) aponta outros aspectos que permeiam esta etapa:
498
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
499
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
500
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
501
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
502
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
503
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
504
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
REFERÊNCIAS
ABRÃO, Maria Salete. Construindo vínculos entre Pais e filhos adotivos, p.165.
Primavera Editorial, 2011.
ANDREI, Decebal. Reflexões sobre a “adoção tardia”. Folhetim nº 94, ano IX,
26/5/97, A Adoção em Terre des Hommes.
505
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
LEVINSON, Gina Khafif. Adoção. Coleção Clínica Psicanalítica. São Paulo: Casa do
Psicólogo, 2004.
506
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
507
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
508
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
COORDENAÇÃO
AUTORES
509
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
INTRODUÇÃO
510
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
511
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
512
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
515
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
516
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
517
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
e adolescentes (filhos) envolvidos. Sua atuação visa subsidiar, através dos estudos
psicossociais as decisões judiciais.
518
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
519
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
520
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
521
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
A lei de alienação parental, Lei 12.318 de agosto de 2010, foi criada com
o objetivo de impedir que, em casos de divórcio, um dos genitores dificulte o contato
e o convívio da criança com o outro, como por exemplo, mudar de endereço sem
justificativa ou apresentar falsa denúncia.
Na maioria das vezes as falsas denúncias são relativas a abuso sexual,
havendo grande dificuldade para se obter provas com relação a isso pois, na maioria
das vezes, o abuso ocorre em locais privados e não deixam lesões aparentes. Além
523
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
disso, a demora para realizar o exame de corpo delito prejudica as evidências, que
tendem a desaparecer e o depoimento das crianças, que não conseguem repetir
uma mesma história detalhadamente por várias vezes, acabando por serem
desqualificados pelos defensores dos réus.
Desta forma, tais situações podem ocasionar uma falsa
impressão de impunidade do alienador, uma vez que podem ocorrer acusações
falsas em que existam dificuldades para ser provadas como tal.
No entanto, um abuso que realmente tenha ocorrido, também encontra a
mesma dificuldade em ser comprovado e pode ter gravíssimas consequências,
como a inversão da guarda para o abusador, evidenciando, assim, que diante da
incerteza, a proteção da criança e do adolescente sempre deve ser priorizada.
524
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
525
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
61
Prova testemunhal só é produzida na presença do juiz e das partes.
526
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
527
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
528
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
529
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
530
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
531
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
532
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
533
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
534
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
535
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
536
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
REFERÊNCIAS
BOBBIO, N. A Era dos Direitos. Traduzido por Carlos Nelson Coutinho. Rio de
Janeiro: Campus, 1992.
537
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-
98932011000200006&lng=pt_BR&nrm=iso. Acesso em 30 de novembro de 2017.
TÓTORA, S. Velhice: uma estética da existência. São Paulo: EDUC: FAPESP, 2015.
539
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
FAMÍLIA NA CONTEMPORANEIDADE:
PRINCIPAIS CONCEITOS, PROBLEMÁTICAS E
PERSPECTIVAS
540
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
COORDENAÇÃO
Camila Ferreira Messias Lelis – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Pitangueiras
Vitor Alex Salerno – Assistente Social Judiciário – Comarca de Pirangi
AUTORAS
Angelica Cristina de Oliveira Micheletti de Andrade – Assistente Social Judiciário
Comarca de Itápolis
Carla Andreza Kelade Mezzina – Assistente Social Judiciário – Comarca de Porto
Ferreira
Cristiane Ferreira Carvalho – Assistente Social Judiciário – Comarca de Sertãozinho
Eliana Binhardi Zanineli da Rocha – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Sertãozinho
Estela Cabral Sargento – Psicóloga Judiciário – Comarca de Ribeirão Preto
Fernanda Aguiar Pizeta – Psicóloga Judiciário – Comarca de Ribeirão Preto
Fernanda Neisa Mariano – Psicóloga Judiciário – Comarca de Ribeirão Preto
Fernanda Renata Paziani Pereira – Psicóloga Judiciário – Comarca de Ribeirão
Preto
Gilza Lepri Inacio Rodrigues – Assistente Social Judiciário – Comarca de Borborema
Heloisa Chaves Nascimento de Oliveira – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Ribeirão Preto
Ildebrando Moraes de Souza – Psicólogo Judiciário – Comarca de Cravinhos
Janaina Correa – Psicóloga Judiciário – Comarca de Ribeirão Preto
Juliana Bezzon da Silva – Psicóloga Judiciário – Comarca de Sertãozinho
Maria Luisa da Costa Fogari – Assistente Social Judiciário – Comarca de Santa Rita
do Passa Quatro
Maria Stela Setti Moreira – Assistente Social Judiciário – Comarca de Tambaú (in
memorian)
Marli de Seixas Ferro – Assistente Social Judiciário – Comarca de Sertãozinho
Priscila Mara de Araujo Gualberto – Psicóloga Judiciário – Comarca de Porto
Ferreira
Tatiane Patricia Cintra – Assistente Social Judiciário – Comarca de Sertãozinho
541
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
DEDICATÓRIA
542
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
INTRODUÇÃO
543
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
544
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
545
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
546
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
547
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
548
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
550
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
551
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
552
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
com o mesmo status, sem qualquer hierarquia apriorística. A partir disso, não resta
possível afirmar aprioristicamente que uma modalidade prevalece sobre a outra, de
modo que apenas o caso concreto apontará a melhor solução para a situação fática
que esteja em análise. Não havia consenso sobre isso e até então, imperava a
posição do STF, que indicava uma prevalência do vínculo biológico sobre o
socioafetivo nos casos de pedido judicial de reconhecimento de paternidade
apresentado pelos filhos. Esta equiparação prestigia o princípio da igualdade entre
os filhos, prevista no art. 227, parágrafo 6º da CF/88 e reiterado no art. 1596 do
Código Civil e art. 20 do ECA.
E, por fim, um terceiro reflexo apresentou-se na possibilidade jurídica da
multiparentalidade que é um dos novos temas do Direito de Família e vem sendo
objeto de debate em diversos países. Essas situações de manutenção de dois pais
ou duas mães já vinham sendo objeto de algumas decisões judiciais e estavam
figurando com intensidade na doutrina. Há inclusive um enunciado do Instituo
Brasileiro de Direito de Família aprovado sobre o assunto: enunciado nº 09 – “A
multiparentalidade gera efeitos jurídicos”, no X Congresso Brasileiro de Direito de
Família.
Inegável que houve significativo progresso com a referida decisão. Mas
há também alguns pontos que não restaram acolhidos, como a distinção entre o
papel de genitor e pai, bem destacado no voto divergente do Ministro Edson Fachin
ao deliberar sobre o caso concreto, mas que não teve aprovação do plenário. Esta é
uma questão que seguirá em pauta para ser mais esclarecida, sendo que caberá à
doutrina digerir o resultado do julgamento a partir de então.
A decisão do STF certamente remete a outras questões e a novos
desafios, mas nos traz a esperança de uma nova perspectiva para o Direito de
Família brasileiro. Por outro lado, este debate também reflete nas adoções prontas
simuladas.
O debate sobre a socioafetividade aparece nos Tribunais de Justiça
geralmente atrelado aos conflitos, por exemplo, em casos de negatória de
paternidade, regulamentação de visitas de uma madrasta, entre outros, sejam
relações intrafamiliares (padrasto, madrasta) ou envolvendo pessoas de fora da
família (vizinhos, madrinha, etc.). Tal debate implica em trazer para o judiciário um
vínculo socioafetivo de filiação, de convivência, de “desfiliação”.
553
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
554
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
555
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
556
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
557
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
558
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
5 - PARENTALIDADE NA ADOÇÃO
559
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
560
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
6 - HOMOPARENTALIDADE E ADOÇÃO
562
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
563
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
564
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
REFERÊNCIAS
ANDERLE, Elisabeth Nass. A posse de estado de filho e a busca pelo equilíbrio das
verdades da filiação. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 7, n.
60, 1 nov. 2002. Disponível em <https://jus.com.br/artigos/3520>. Acesso em 4 jun.
2017.
565
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
LACHARITE, C., FAFARD, G., BOURASSA, L.., BIZIER, M., DURACHER, F.,
COSSETE, F. & LESSARD, D. Programme d’aide personnelle, familiale et
communitaire: nouvelle génération. Trois-Rivières (Québec): GRIN/UQTR, 2005.
566
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
OLIVEIRA, Nayara Hakime Dutra de. Recomeçar: família, filhos e desafios [online].
São Paulo: Editora UNESP; São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009.
567
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
SANCHES, Helen Crystine Corrêa; VERONESE, Josiane Rose Petry. Dos filhos de
criação à filiação socioafetiva. Editora Lumen Juris, Rio de Janeiro, 2012.
568
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
COORDENAÇÃO
Mariana Sato dos Reis – Assistente Social Judiciário – Comarca de José Bonifácio
Priscila Silveira Duarte Pasqual – Psicóloga Judiciário – Comarca de São José do
Rio Preto
AUTORES
Ana Carolina Petrolini André – Psicóloga Judiciário – Serviço Psicossocial Clínico de
São José do Rio Preto
Brás Miguel Barbosa – Assistente Social Judiciário – Comarca de Catanduva
Carolina Silva Gaspar – Psicóloga Judiciária – Comarca de Votuporanga
Claudinéia Pereira – Assistente Social Judiciário – Comarca de Potirendaba
Cláudio Luís Garcia da Silva – Psicólogo Judiciário – Comarca de São José do Rio
Preto
Daniele Feres Adami – Assistente Social Judiciário – Comarca de Votuporanga
Diviane Luiza Santana – Assistente Social Judiciário – Comarca de São José do Rio
Preto
Edna Bentina Garcia da Silva – Assistente Social Judiciário – Comarca de São José
do Rio Preto
Elaine Cristina dos Santos de Souza – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Tanabi
Emeline Duo Riva – Psicóloga Judiciário – Comarca de Catanduva
Evelisi Tavoloni – Psicóloga Judiciário – Comarca de São José do Rio Preto
Luciana de Oliveira – Psicóloga Judiciário – Comarca de Tabapuã
Marli Salvador Correa da Silva – Assistente Social Judiciário – Comarca de Novo
Horizonte
Mirian Cristina Scapa – Assistente Social Judiciário – Comarca de Catanduva
Renata Fazani Sabbatini Pessoa – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Urupês
Rosangela Cristina Alves – Assistente Social Judiciário – Comarca de Tabapuã
Sheila Barreiros Pereira Metz – Assistente Social Judiciário – Comarca de São José
do Rio Preto
Tatiana Aparecida da Silva – Assistente Social Judiciário – Comarca de Guaíra
Thais Del Giudice Maurutto – Psicóloga Judiciário – Comarca de Tanabi
570
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
INTRODUÇÃO
571
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
criminais em que crianças aparecem como vítimas e fornecerá dados concretos para
a punição do agressor.
Esta prática, desde que começou a ser implantada, trouxe em seu bojo
uma série de polêmicas, sofrendo críticas principalmente dos conselhos de classe
tanto do Serviço Social quanto da Psicologia, que a acusam de não ser protetiva e
visar apenas a punição do agressor em detrimento da proteção à infância e
juventude. Questiona-se o ônus para a criança submetida à produção de provas
contra seu agressor, levando-se ainda a questionar a efetividade deste caminho
como forma de punir aquele que ofende.
572
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
ao sistema de justiça brasileiro para que o direito da criança de ser ouvida em juízo
seja garantido e sua opinião considerada. Eis o artigo:
574
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
575
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
576
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
Nesse sentido, considera-se que o estudo social é o método mais indicado para se
garantir uma avaliação autônoma e garantidora de direito.
Apesar do posicionamento do CFESS/CRESS, a Resolução 554/2009
(que vedava a participação do assistente social no DSD), foi suspensa, em
30/04/2013, por determinação de sentença pelo Juiz da 1ª Vara Federal da Seção
Judiciária do Ceará. (CFESS, 2009, pág.1).
Em 04 de abril de 2017 foi aprovada a Lei 13.431/2017 que estabelece e
normatiza o Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente, vítimas
de violência e, faz alterações no ECA. No título III estão dispostas as definições da
escuta especializada e do depoimento especial e suas aplicabilidades.
Diante da legislação supracitada, em 07 de agosto desse ano o CFESS,
através de seu site na internet, reafirmou seu posicionamento contrário ao
Depoimento Especial, avaliando que a Lei não obriga a participação de assistentes
sociais nesta metodologia, o que certamente ainda será alvo de muita discussão. Na
referida lei aparece a figura de “profissionais especializados”, que terão a função de
atuar junto às crianças e adolescentes e deverão explicar todos os procedimentos a
serem realizados para no procedimento de depoimento especial.
O CFESS/CRESS, a partir de então, recomenda que os profissionais
façam uso da autonomia profissional para continuar resistindo a assumir esta
atividade como uma das atribuições e competências da categoria que prima pela
Doutrina da Proteção Integral da criança e do adolescente. Além disso, o conjunto
CFESS/CRESS orienta que os assistentes sociais tenham atuações profissionais
cada vez mais qualificadas, com avaliações técnicas que possibilitem criar
condições objetivas para uma intervenção técnico-ético-política em consonância
com o projeto ético politico profissional.
579
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
Porto Alegre – RS
sala especial de audiência
inquirição por assistentes sociais e psicólogos
fone de ouvido com assistentes sociais ou psicólogos.
sala espelhada (semelhante a câmera de Gesell)
criança bem posicionada para facilitar a filmagem
transcrição do depoimento nos autos
brinquedos não ficam visíveis para a criança para que ela “fique quieta no lugar”,
facilitando a filmagem. Caso ela relute, são oferecidos os brinquedos
outros setores, além da Vara da Infância ouvem a criança, como delegacias e
órgãos especializados
582
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
Natal – RN
o equipamento de escuta estava quebrado à época (2011) e a psicóloga havia
entendido que devia prosseguir fazendo as perguntas à criança no lugar do Juiz
Curitiba - PR
a criança é quem ficava com o fone de ouvido e acabava ouvindo tudo que se
passava na sala de audiência
sala sem estímulos
inquirição direta feita pelo juiz
o psicólogo acompanha a criança na sala somente para fazer companhia, não faz
perguntas
serviço especializado em delegacia com brinquedos e áudio onde a criança também
era entrevistada antes de ir para a Vara da Infância. Em algumas cidades do interior
a criança assinava o depoimento
Brasília – DF
antes da audiência havia uma entrevista da criança com assistentes sociais e
psicólogos
as perguntas feitas pelo Juiz eram elaboradas junto com os técnicos
o fone de ouvido ficava com os profissionais
na sala de depoimento ficavam os profissionais que tinham feito a avaliação
psicossocial anteriormente com a criança
dois profissionais participavam da audiência, sendo que um deles permanecia na
sala com os operadores do direito e outro com a criança na sala especial
gravação em áudio
delegacia especializada e Vara da Infância faziam a escuta (duas tomadas de
depoimento da criança)
espaço temporal grande entre o fato ocorrido até a realização do depoimento
São Paulo – SP
denominado como “atendimento não revitimizante”
583
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
São Luís – MA
criação do “centro de pericias técnicas” para ouvir a criança, o qual funcionava no
mesmo espaço da Delegacia, porém independente. Os centros contavam com
muitos brinquedos e a presença de equipe interdisciplinar, inclusive médico
na delegacia ouvia-se apenas os casos envolvendo adolescentes-vitimas. As
crianças eram atendidas no “centro de pericias”
os técnicos entrevistavam a criança e/ou adolescente no centro de pericia e/ou na
delegacia. Os técnicos não participavam de audiência de depoimento sem dano
o primeiro atendimento sempre era realizado com o responsável que levou criança
os técnicos não atendiam o acusado
584
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
585
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
586
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
587
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
588
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
589
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
62
Nota Técnica sobre a participação de assistente social no depoimento sem dano. CRESS –SP.
2016. p. 9.
63
C3FESS Manifesta. Agosto 2017.
590
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
591
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
REFERÊNCIAS
592
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
593
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
594