INSTITUTO DE TECNOLOGIA
FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA
INDÚSTRIA DO VIDRO
Belém / 2018
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1.1. História do vidro
O vidro começou a ser utilizado há mais de 75000 anos pelos homens primitivos por
uma característica que hoje é considerada um defeito do vidro: o seu poder de corte. O vidro
utilizado na época era feito de pequenas pedras de obsidiana na forma de facas ou pontas de
lança, com o advento da produção de metais o vidro se tornou obsoleto para seu propósito e
foi esquecido. Apenas setenta mil anos depois, por volta de 2500 a.C o homem começou a
produzir o vidro conhecido hoje em dia, em uma origem de produção que gera conflitos entre
os historiadores e os vidreiros, algumas pessoas acreditam que foram os fenícios os pioneiros
na produção do vidro, enquanto que outros relatam que os egípcios foram os responsáveis
pela produção do material.
Na época dos egípcios o vidro era um material extremamente caro e utilizado apenas
pela nobreza com finalidade estética para a confecção de joias e artigos de decoração, apenas
cerca de dois mil anos atrás começou-se a utilizar vidro de maneira popularizada devido o
descobrimento do sopro no processo de produção do vidro, o sopro foi descoberto na síria e
fez com que o vidro começasse a ser utilizado para diversas finalidades principalmente como
embalagem.
2. PROCESSOS DA FABRICAÇÃO
De forma resumida a fabricação do vidro pode ser dividida em três partes principais: a
fusão, moldagem e têmpera.
- Fusão: Nessa etapa a matéria-prima para a produção do vidro é colocada dentro de um
forno, que pode ser um forno de cadinho ou um forno tanque, e a mistura é aquecida até que o
material fique liquido o suficiente para a moldagem.
- Moldagem: O vidro é resfriado até uma temperatura de 800°C para a moldagem. Existe
várias maneiras de se moldar o vidro desde a moldagem por flutuação até a moldagem por
sopro.
- Têmpera: Depois que o vidro estar conformado ele chega àúltima fase, têmpera, onde ele é
resfriado gradualmente até uma temperatura onde possa ser manejado e depois armazenado
para a venda.
A primeira fase do processo é simplesmente o aquecimento das matérias primas à uma
temperatura aproximada de 1600°C para misturá-los e possibilitar a moldagem. Esta, por sua
vez, consiste na manipulação do material para dar a forma do produto final. O resfriamento da
peça é um processo meticuloso que dá a ela suas propriedades mecânicas, de resistência a
impactos e formação e propagação de trincas de acordo com a velocidade e a temperatura
dessa etapa. A escolha da matéria prima, isto é, aquilo que será adicionado além daquelas que
constituem a “base” de um vidro, varia de acordo com o produto final desejado. Desse modo,
pode-se adicionar outros elementos à composição original com o objetivo de se alterar
propriedades do vidro, como por exemplo propriedades óticas, mecânicas, etc. A matéria
prima é então misturada em um misturador e levada aos fornos. A fusão do vidro ocorre em
uma faixa entre 1600°C a 1800°C. Dependendo do processo de fabricação, o material pode
ser retirado do forno antes de fundir (tornar-se fluido).
A moldagem define o formato final do produto, sendo essa etapa a que definirá as
demais durante a produção. Os processos de moldagem podem ser o sopro, o recozimento
(que aborda diferentes métodos) e também processos artesanais:
- Sopro: consiste na injeção de ar dentro de uma “gota” de vidro fundido, forçando-o
contra um molde. Pode ser feito em escala industrial (por meio de maquinário - exemplo:
produção de garrafas, como ilustrado pela figura 2) ou artesanal;
- Recozimento: pode dar origem à chapas planas que podem ser laminadas (receber
outras camadas de vidro e polímeros) ou temperadas (recebem um tratamento térmico);
- Artesanais: consiste na moldagem do vidro de maneira manual, resultando em
formas complexas e difíceis de serem produzidas por moldes.
O resfriamento é uma etapa determinante para as propriedades mecânicas do vidro, o
tempo desse processo, bem como a temperatura do jato de ar empregado em cada passo. Sua
importância pode ser verificada na produção dos vidros chamados temperados: esta variedade
tem resistência a impactos muito maior que o vidro comum por conta de tensões internas
geradas num tratamento térmico por um aquecimento a 600ºC seguido de um resfriamento
brusco com jatos de ar frio. Por outro lado, resfriar vidros com temperaturas muito elevadas
recém moldados rapidamente ou com jatos frios pode gerar tensões internas tão grandes que
podem originar trincas no interior do vidro. Por tanto nessa etapa da produção do vidro o que
ocorre é um resfriamento em longas esteiras com jatos de temperaturas cada vez menores para
que a peça resfrie gradualmente de forma a evitar a formação dessas tensões. Uma vez
resfriado, o vidro pode passar por processos de acabamento, que podem envolver, por
exemplo, o corte ou lapidação por jato d’água (figura 3). Isso resulta na presença de partículas
em suspensão que precisam ser separadas da água.
É importante lembrar que o vidro não possui limite de ciclos de reciclagem, ou seja,
ele pode ser reutilizado como matéria prima indefinidas vezes para o mesmo uso, o que não
acontece com plásticos e borrachas, por exemplo. Então, para baratear os custos de produção,
adiciona-se pó de vidro à mistura na etapa de fusão diminuindo a demanda de extração de
matéria prima, evitando uma degradação maior do meio ambiente.
Todo o processo descrito está esquematizado nos fluxogramas a seguir:
Figura 1: Fluxograma representando a atividade da indústria do vidro.
2.1.6 Espelho
Espelhos são produzidos a partir de um vidro float que recebe uma camada a base de
prata. Em seguida essa camada é protegida por camadas de tinta, para prolongar a vida útil do
espelho, para que não haja oxidação. Podem ser produzidos em cores verde, fume e bronze.
2.2 COMPOSIÇÃO
O vidro é uma substância inorgânica, homogênea e amorfa, obtida através do
resfriamento de uma massa a base de sílica em fusão. As propriedades do vidro são função
direta de sua composição química. Quando se conforma o vidro se joga com sua viscosidade.
Esta, no início, não pode ser muito baixa, pois não seria possível dar-lhe forma. Por outro
lado, ele não pode estar muito viscoso, pois também dificultaria a conformação. Durante a
conformação o vidro vai se esfriando e ficando mais viscoso até que ele fique viscoso o
bastante para não continuar a fluir.
Os componentes e suas funções são as seguintes:
- Sílica (SiO2): Matéria prima básica com função vitrificante.
- Alumina (Al2O3): Aumenta resistência mecânica.
- Magnésio (MgO): Garante resistência ao vidro para suportar mudanças bruscas de
temperatura e aumenta a resistência mecânica.
- Cálcio (CaO): Proporciona estabilidade ao vidro contra-ataques de agentes
atmosféricos.
3.2. Indústria
Existem diversas indústrias no Brasil que trabalham no setor de produção de vidro
para os mais diferentes tipos de uso, temos por exemplo a Nadir Figueiredo, Duralex, Owens-
Illinois entre diversas outras.
A Nadir Figueiredo é uma das principais indústrias brasileiras no ramo de vidros
domésticos, também conhecida como NF Brasil, Nadir NF ou apenas NF, a indústria é a
responsável pela criação do famoso “copo americano”, muito comum nos bares e botecos do
Rio de Janeiro, a indústria foi fundada em 1912 e teve momentos conturbados em sua história,
entretanto a partir do início da década de 70 a empresa cresceu e ampliou sua linha de
produção, comprou fábricas e na década de 80 exportavam seus produtos para mais de 70
países além de atender o mercado interno, receberam o prêmio Enaex – Empresa Destaque no
Comércio Exterior, em 2011 compraram uma indústria pertencente ao grupo francês Saint-
Gobain, detentores da marca Duralex, fazendo com que a Nadir Figueiredo recebesse o direito
de vender no território brasileiro com o nome da marca Duralex.
4. CONCLUSÃO
A opção pelo vidro está cada vez maior devido ao relacionamento com as
características, que nos proporciona como a translucidez, integração com o meio externo,
eficiência energética (proporcionada pela redução da necessidade de iluminação e uso de ar-
condicionado), acústico e de segurança. Com as técnicas atuais de fabricação, podemos
fabricar vidros com diversas características e para todos os tipos de finalidade.
Pode-se concluir que, o vidro, por ser um material 100% reciclável, é um dos poucos
materiais do qual é possível amenizar os impactos ambientais -apesar do grande tempo de
decomposição- de forma mais simples, sem precisar de tratamento com transformação.
Apesar da falsa concepção de que investir em uma cadeia produtiva mais ecológica
prejudica financeiramente as empresas, vemos que a preservação ambiental pode sim trazer
benefícios econômicos. Investir em tecnologia para a reutilização de água é uma forma de
poupar recursos e, consequentemente, dinheiro, o que ilustra com precisão a capacidade da
engenharia de construir soluções para a crise ambiental sem prejudicar a qualidade de vida,
um dos conceitos principais apresentados em nosso curso.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS