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RELATO DE EXPERIÊNCIA DO SERVIÇO DE PSICOLOGIA SOB A PESPECTIVA

DA ENTREVISTA MOTIVACIONAL DOS DEPENDENTES QUIMICOS


INTERNADOS NO INSTITUTO NOVA ALIANÇA.

Gabriel Adolfo Bassul Bonella


Tutor(a) Orientador(a): Regina Mamede Costa
Wiverson Coimbra Silveira
Professora Orientadora: Profª Drª Rita de Cássia Ribeiro Gonçalves

Resumo
Nos últimos anos o uso de drogas transformou-se em um problema de gestão pública
implicando em diversas áreas, principalmente com o aparecimento do crack. Diante da
gravidade deste cenário entram em cena discussões sobre abordagens terapêuticas na
internação e tratamento do dependente químico. No entanto sabe-se ainda, que para se ocorrer
a reabilitação deve ser haver mudanças comportamentais, e para tal devem-se haver estímulos
que levam a motivação, sendo esse um estado de prontidão, que podem ser classificados em
estágios por Prochaska e Diclement. Neste contexto o presente estudo visa apresentar a
experiência vivenciada pelo serviço de psicologia da unidade de adolescentes do Instituto
Nova Aliança localizada em Piúma/ES sob perspectiva da entrevista motivacional na
respectiva adesão dos pacientes internados. A partir do estudo verificou-se que o uso da
intervenção traz retornos satisfatórios para as internações compulsórias e involuntárias, mas
alguns fatores devem ser observados pelo Estado para gerar políticas mais efetivas.

Palavras-chave: Dependência Química. Entrevista Motivacional. Motivação.

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos o uso de drogas transformou-se em um problema de gestão pública com
desdobramentos tanto nas áreas social, quanto na econômica e política, situação agravada
após o surgimento do “crack” (forma de cocaína fumada) considerado atualmente por muitos
especialistas uma substância complexa de tratar em fase de dependência, devido aos seus
efeitos estimulantes e compulsivos. De acordo com as Diretrizes Gerais Médicas para
Assistência Integral ao Dependente do Uso do Crak do Conselho Federal de Medicina (CFM),
a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que no Brasil existam 3% de usuários de
crack, o que implicaria em 6 milhões de brasileiros. Destarte, a dependência química tornou-
se uma doença grave, necessitando de um modelo diferenciado de atuação terapêutica, pois os
métodos tradicionais como tratamento ambulatorial não há resultados satisfatórios como se
observa.
Para Kalivas; Volkow (2005 apud, Laranjeiras, 2010, p.15) a dependência química conceitua-
se como “uma doença crônica recidivante do cérebro, na qual o uso continuado de substância
psicoativa provoca mudança na estrutura e no funcionamento desse órgão”. De acordo com a
Organização Mundial de Saúde, através do CID – 10, a dependência química pode ainda ser
diagnosticada através dos seguintes fatores: forte desejo ou compulsão pelo uso da substância,
dificuldade para controlar a quantidade do uso, falta de controle tanto para início quanto para
término do uso, abandono de outros interesses da vida devido à compulsão pelo uso e, por
fim, persistência no uso apesar de todas as situações adversas trazidas pelo mesmo (SABINO;
CAZENAVE, 2005 apud CATUNGA, 2011, p.2).

Ronaldo Laranjeira (2010) salienta que a dependência química é considerada complexa, pois
necessita de modelos de atenção específicos para que se possa atingir um bom prognóstico.
Sobre a reabilitação, não existem indicadores oficiais de recuperação dos dependentes
químicos, sabe-se que segundo especialistas, no Brasil há uma baixa adesão do usuário ao
tratamento, principalmente o usuário de crack, Ribeiro (2012, p.3) evidencia esta questão ao
afirmar que:

O perfil dos consumidores de crack no País – jovens, desempregados,


com baixa escolaridade e baixo poder aquisitivo, provenientes de
famílias desestruturadas, com antecedentes de uso de múltiplas drogas
e comportamento sexual de risco, dificulta sua adesão ao tratamento,
sendo necessárias abordagens mais intensivas e diversificadas. Outras
dificuldades do usuário de cocaína e crack para a adesão ao tratamento
é o não reconhecimento do consumo como um problema, passando
pelo status de ilegal e a criminalidade relacionada a essas drogas, pela
estigmatização e pelos preconceitos, pela falta de acesso ou pela não
aceitação dos tipos de serviços existentes.

Sabe-se ainda, que para que se ocorram mudanças há a necessidades de estímulos


motivacionais. De acordo com Oliveira; Szupszynski; DiClemente, (2010) Prochaska e
Diclemente desenvolveram o modelo transteórico que baseia-se na premissa que a mudança
comportamental é um processo, que transita de forma não linear, estando o paciente em
tratamento ou não, onde as pessoas tem diversos níveis de motivação de prontidão para
mudança, esses níveis são denominados estágios motivacionais que são: pré-contemplação,
contemplação, determinação (preparação), ação, manutenção e recaída.
Com o propósito de atingir a motivação no paciente o profissional utiliza a intervenção
denominada Entrevista Motivacional (EM), uma abordagem psicológica desenvolvida e
difundida na Europa, nos Estados Unidos e há quase uma década, no Brasil (Sales, 2009 apud
Nepomuceno et al., 2010, p.2). A EM foi criada com o propósito de fazer com que os
pacientes reconheçam os problemas atuais e potenciais quando há ambivalência quanto à
mudança comportamental, e estimular o comprometimento para realização dessa mudança por
meio de abordagem psicoterápica persuasiva e encorajadora (Miller WR, Rollnick S, 2007
apud Nepomuceno et al., 2010, p.2). Assim indaga-se: a intervenção através de abordagem
utilizando a entrevista motivacional provoca estímulos motivacionais para os pacientes
internados em tratamento de dependência química?

Em razão da mudança está associada a motivação, a EM tem sua base proposta inicialmente
pelo psicólogo americano Miller (Miller, 1983 apud Maciel, 2011, p.2), a qual visa motivar o
cliente para a mudança do comportamento dependente (Maciel, 2011 apud Miller, 1991, p.2)
utilizando do modelo transteórico proposto por Prochaska e DiClemente. Para (Prochasca;
Diclemente, 1983, apud Nepomuceno et al., 2010) a motivação caracteriza-se como processo
dinâmico segundo o modelo transteórico. A motivação é uma posição de presteza ou
disposição para mudança, pode variar conforme acontecimentos na vida do individuo, sua
influência pode ser externa (pressões, ações coercitivas) ou interna (motivação que vem do
próprio indivíduo) (Ryan; Plant, 1995 apud Castro; Passos, 2005, p.1). Desta forma a
Entrevista Motivacional procura identificar o grau de motivação rumo à mudança por meio
dos chamados estágios de mudança

a) pré-contemplação, na qual o cliente ainda não está considerando a


possibilidade de mudança, não encarando o seu uso de drogas como
um problema em si, numa atitude de resistência e negação; b)
contemplação, quando já há alguma consciência sobre o problema e
alguma consideração sobre a possibilidade de mudança mas, ao
mesmo tempo, com rejeição sobre a mesma. Nesta fase, a
ambivalência atinge o seu ápice e deve ser prontamente trabalhada e
gerenciada; c) preparação, que é iniciada após a ambivalência ser
trabalhada, estando o cliente pronto e compromissado com a mudança;
d) ação, aonde se dá as atitudes práticas de mudança planejadas na
fase anterior, utilizando a terapia como meio de assegurar a eficácia
dos seus planos; e) manutenção, que é a estabilidade dentro do
processo de mudança. A recaída é algo que pode ocorrer e coexistir
dentro de qualquer fase desse processo. A experiência dos autores
demonstra que algumas pessoas necessitam passar várias vezes pela
recaída para manterem e/ou alcançarem a longa permanência dentro
do estágio de manutenção. (Prochaska e Diclement, 1983 apud
Catunga, 2011, p.4).
A partir do exposto o presente trabalho tem por objetivo relatar as experiências vivenciadas
pelo serviço de psicologia da unidade de adolescentes no Instituto Assistencial ao Uso de
Drogas Nova Aliança– Instituto Nova Aliança (INA) em Piúma/ES , instituição especializada
que atua no tratamento de dependentes químicos compulsórios e involuntários adultos e
adolescentes do sexo masculino encaminhados pelo Poder Judiciário.

METODOLOGIA

O Instituto Assistencial ao Uso de Drogas Nova Aliança – Instituto Nova Aliança (INA)
criado em 18/09/2003, trata-se de uma Instituição classificada como OSCIP (Organização da
Sociedade Civil de Interesse Público) com o objetivo de prestar serviços através de equipe
multidisciplinar desenvolvendo e promovendo assistência, tratamento, recuperação e
integração social, das pessoas que usam ou abusam de substâncias psicoativas. Sua equipe
Multidisciplinar é formada por médico psiquiatra, clínico geral, enfermeiros, psicólogos,
assistentes sociais, nutricionista, farmacêuticos, conselheiro em dependência química,
monitores, pedagogos, terapeutas e professores. Atualmente dispõe de 04 unidades de
acolhimento que atendem as modalidades de internação voluntárias, involuntárias e
compulsórias na forma de regime fechado.
A metodologia seguida consiste na abordagem e atividades focadas no Modelo Minnesota
denominado 12 (doze) passos do NA (Narcóticos Anônimos), porém, também são utilizadas
técnicas de Terapia Cognitivo Comportamental e Entrevista Motivacional, além de dinâmicas
de grupo, terapias ocupacionais, atividades físicas, oficinas recreativas, atividades
psicopedagógicas e outras, conforme demanda do paciente em regime disciplinar de direitos e
deveres. O tempo de internação previsto é de 12 meses dividido por etapas de quatro meses
cada. A primeira é denominada grupo de adaptação e aceitação, a segunda grupo de
preparação para mudanças e para reinserção social, enquanto que a terceira e última fase é
denominada grupo de reinserção social e prevenção a recaída.
Durante três meses do ano de 2013 o serviço de psicologia da unidade de adolescentes relatou
experiências vivencias sob a perspectiva da entrevista motivacional e seus respectivos
estágios.
A entrevista motivacional é uma abordagem psicológica não confrontativa que permite a
condução da ambivalência como algo normal no processo de mudança, onde através de uma
escuta crítica e atitude empática por parte do psicólogo, o mesmo conduz o paciente ao
despertar da motivação a partir de direcionamentos, levando a enxergar as perdas causadas
pela drogadição, assim desenvolvendo o desejo, a vontade e esforço de promover atitudes
objetivando mudar seu estilo de vida.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No período dos três meses foram totalizados 117 pacientes em tratamento na unidade de
adolescentes do Instituto Assistencial ao Uso de Drogas Nova Aliança, todos do sexo
masculino, com a seguintes faixas etárias:

Idade Quantidade %
10 a 12 8 7
13 a 15 27 23
16 a 18 82 70
Tabela 1 – Relação da Idade dos Pacientes Internados

Todos os adolescentes internados foram encaminhados por medida proteção previstas no


ECRIAD1 oriundos de processos judiciais, com registros de conflito com a lei e quadro
sugestivo de transtorno mental comportamental devido ao uso de substâncias psicoativas
(CID 10 F 19.5) . Sobre o uso de drogas a prevalência é de crack na fase de internação,
contudo destacando as etapas do uso de drogas, primeiro maconha, após um período o “fristo”
(maconha com crack), e por fim o crack “na lata”, fase esta já dispensável pelo tráfico, devido
a forte compulsão desta droga, sendo classificado pelo traficante como “nóia”, pois já não
possui condições para a venda da droga.

A realidade brasileira tem demonstrado que alem do aumento do


numero de adolescentes usuários de drogas e as dificuldades
apresentadas no tratamento dos mesmos, há um reconhecimento
generalizado sobre o fato da droga induzir ao jovens a delinquência.
Em estudo realizado por Mariano da Rocha em 2003 foi possível
constatar que há uma prevalência do uso de drogas ilícitas em
adolescentes infratores apresentando em 51 % dos casos pesquisados.
(OLIVEIRA; SZUPSZYNSKI; DICLEMENTE, 2010. )

Outra característica identificada foi à estrutura familiar e situação socioeconômica e


demográfica, seguindo o padrão de núcleo familiar de genitores separados, alto números de

1
Estatuto da Criança e Adolescente
irmãos, problemas com álcool e outras drogas na família, residência em periferias e locais de
risco, baixa escolaridades dos pais, baixo poder aquisitivo, falta de afetividade, ausência de
orientação sobre hábitos saudáveis, ideação por coisas ilícitas e meio contrapodecente.

Estimular a mudança de estilo de vida para esses adolescentes é um “desafio”, devido a serem
ambivalentes e por crenças criadas a partir do contexto vivido, principalmente o meio ilícito,
pois ora aceitam, ora não, regredindo quando contrariado ou advertido, apresentam ser
imediatistas e logo burlam regras.

A ambivalência não significa apenas a dúvida sobre o desejo ou a


decisão de parar ou não com o uso da substância, mas sim com o
conflito psicológico sobre a decisão de seguir dois caminhos
diferentes. A EM propõe o seu gerenciamento, já que a ambivalência,
de acordo com os pressupostos da técnica, não é mau em si mesma,
sendo algo normal dentro de um processo de modificação de
comportamento. Já a prontidão para mudança é algo que deve ser
trabalhado de acordo com o estágio de cada indivíduo ( Catunga,
apud ROLLNICK et al, 1993).

Quando admitidos chegam com comportamentos explosivos, hábitos de ruas, sem


reconhecimentos a regras e autoridades, visando à mudança de tais, se iniciam intervenções
terapêuticas com base na entrevista motivacional, com dois atendimentos semanais. As
abordagens iniciais visam aproximação, sem rotulação, com o objetivo de estabelecer vínculo
de confiança, Catunga (apud Laranjeira 2010) salienta:

[...] algumas estratégias são fundamentais para o sucesso da técnica,


considerando-se sempre a motivação como um processo dinâmico e
mutável, mas tendo-se em mente que não há soluções mágicas e que
uma abordagem efetiva, muitas vezes, associa várias dessas
estratégias. As mesmas incluem o aconselhamento claro e preciso e a
remoção de barreiras que sejam obstáculos para o tratamento. Para o
mesmo autor, é importante que o terapeuta ofereça opções de escolha
para o cliente, tornando claro ao mesmo a sua liberdade e conseqüente
responsabilidade de cada escolha do caminho a ser seguido, de
maneira empática, mas também dando os retornos (feed-backs) sobre
o estado presente do dependente químico, clarificando objetivos
através de uma ajuda ativa.

No início dos atendimentos os adolescentes agem de forma introvertida, com dificuldades


para se expressar, sendo necessária a utilização de outras técnicas associadas, como desenhos,
jogos entre outros. Ao longo das entrevistas os profissionais incentivam os adolescentes a
falarem sobre suas vidas, os prazeres, os relacionamentos, a família, os problemas, a escola,
os amigos, os heróis, o envolvimento com as drogas, as angústias, as expectativas e outras
informações com o propósito de construção da sua história.
Em seguida, procuram levar o paciente a identificar as perdas causadas pelo uso de drogas e
refletir sobre tais e os fatos que levaram ao uso. Neste processo também conduz a entender o
seu corpo, os efeitos das substâncias no organismo, os estímulos que podem causar a
compulsão, entre outros, nesta fase o indivíduo está transitando entre a pré-contemplação para
contemplação, ou seja, reconhecendo o problema gerado em sua vida devido ao uso de drogas
e seus comportamentos inadequados, possui um período de aproximadamente quatro meses
contando a partir da data de internação.
Com o alcance de algumas mudanças comportamentais e comprometimento com o
tratamento, estas elaboradas pelos profissionais em conjunto com o paciente, o mesmo é
encaminhado para o grupo de preparação para mudança, composto por mais quatro meses,
esta etapa se enquadra às fases motivacionais de preparação e ação, iniciam com o desejo para
elaboração de objetivos e metas com base na sua realidade e aptidões onde colocadas em
práticas no dia a dia, com exemplos do cotidiano os profissionais em psicologias apresentam
como pequenas ações diárias fazem diferença, no entanto quando há situações na rotina, que
são contrariados ou advertidos regridem no processo motivacional, retornando as intervenções
motivacionais, conduzindo-o para refletir sobre os impulsos.
O modelo disciplinar preconizado pelo Instituto Nova Aliança constitui uma ferramenta que
auxilia os estágios motivacionais provocando estímulos, com o objetivo levar o entendimento
dos direitos e deveres, tais são trabalhados através de um sistema de pontuação, avaliados
semanalmente, podendo gerar benefícios ou sansões disciplinares. Os benefícios de forma
breve estão associados a laser com saídas externas assistidas como: praia, igreja, cinema,
caminhadas diárias, visitas, recreações, saída para almoço com os familiares entre outros.
Este modelo de educação compensatória gera entendimento sobre a mudança de estilo de vida
e sua capacidade de gerar ações para tal, através das entrevistas motivacionais o profissional
conduz a esta reflexão, contudo pontuando o contexto fora da clinica com suas adversidades.
Depois de verificado a estabilidade das ações ao longo da internação, o comprometimento
inicia-se o trabalho de prevenção a recaída e reinserção social, por mais quatro meses, o
paciente é colocado de formar progressiva ao meio familiar com acompanhamento da equipe,
nesta fase vale destacar os aspectos vividos durante a internação relacionadas à família, como
exposto grande parte do perfil possui uma estrutura familiar com diversos problemas.
Na internação há uma forte carência afetiva do paciente devido a ausência da figura dos pais,
muitos foram criados pelos avós, e outros oriundos de abrigos municipais. Tais características
provocam a substituição por profissionais da instituição, dificultando o processo de reinserção
social, estando o paciente resistente ao retorno a família.
Através deste, percebe a grande importância da presença familiar como estimulo motivacional
para evolução das fases, quando ficam sem tal regridem e retornam aos comportamentos
inadequados. Por isso, busca-se a aproximação dos familiares no tratamento, conscientizando
e orientando sobre a importância da presença e das mudanças de comportamentos para retorno
do paciente, Contudo uma tarefa complexa, pois há registros de abandono sendo necessário
recorrer a justiça para aproximação e/ou mudança de comportamento dos entes.
Comparando as datas internações com os estágios motivacionais dos pacientes, perbece-se
que o tempo proposto de cada fase estipuladas nos objetivos do tratamento do Instituído Nova
Aliança se torna satisfatório, conforme parecer serviço de psicologia, o grupo assistido objeto
deste trabalho apresenta o seguinte estágios motivacional.

Estagio Motivacional % Tempo de Internação %


Pré-contemplação 40 Menos de 1 mês 8
Contemplação 20 1 a 4 meses 40
Ação 20 5 a 8 meses 20
Manutenção 20 9 a 12 meses 22

Tabela 2 – Estágios Motivacionais. Tabela 3 – Tabela de Internação

Visando verificar se a efetividade do tempo proposto nas fases descritas dos objetivos do
tratamento foi contemplado, o serviço de psicologia cruzou os dados dos estágios
motivacionais com o tempo de internação.
Assim verificou-se que os indicadores do estágio motivacional se aproximam do tempo
proposto nas fases que visam a evolução. A Pré-contemplação fase em que há a negação do
problema representa 40%, percentual idêntico ao dos que encontram-se internados de 1 a 4
meses, período este que são desenvolvidos os objetivos da primeira etapa aceitação e
adaptação. 20% e 22% representando 5 e 8 , 9 e 12 meses respectivamente se aproximam da
fase de contemplação, ação e motivação.
[...] Com a implantação desta forma de tratamento, têm sido
pesquisada a controvérsia existente entre o adolescente ser coagido a
ingressar em um programa de tratamento e a eficácia apresentada
pelos tratamentos impostos legalmente. Burke e Gregoire (2007)
mostraram melhoras significativas em pacientes submetidos a um
tratamento imposto legalmente. Os resultados desse estudo mostram
que sujeitos coagidos a um tratamento apresentaram diminuição no
consumo de drogas e uma menor severidade na dependência, em
comparação a sujeitos que se submeteram ao tratamento
voluntariamente. (OLIVEIRA; SZUPSZYNSKI; DICLEMENTE,
2010. )

Concomitante com a internação, visando a inserção de valores educacionais é ofertado


educação através de uma escola no interior da unidade na metodologia Educação de Jovens e
Adultos (EJA) seguindo o currículo base, mas com vertentes no trabalho em equipe, na
exploração de aptidões, no empreendedorismo e profissionalização conforme demandas
geradas. A prevalência de escolaridade entre os internos é o ensino fundamental incompleto
com relatos de evasão. Dentre os diversos aspectos positivos que a educação proporciona ao
educando, na reabilitação tem-se a missão de apresentar ao paciente que o mesmo possui
condições intelectuais e que estas levarão ao desenvolvimento. Na percepção dos
profissionais quando o paciente toma conhecimento de suas aptidões, esta gera mudança
significativa de comportamento evoluindo nos estágios motivacionais.
A equipe de psicologia relata que todos possuem dificuldades na aprendizagem, memorização
e concentração requerendo dos profissionais da educação metodologias diversificadas no
processo de ensino e aprendizagem como o uso de softwares para aprendizagem, a utilização
de atividades visuais com desenhos, atividades recreativas, jogos pedagógicos sempre
direcionando o conteúdo exemplificando o cotidiano para melhor assimilação.
Outro aspecto registrado é a carência afetiva pela figura familiar, onde muitos foram criados
pelos avós ou sem presença da mãe e pai, e outros oriundos de abrigos municipais. Muitas
vezes essa característica provoca a substituição por profissionais da Instituição, este aspecto é
fundamental para motivação e evolução das fases, quando ficam sem assistência familiar
regridem e retornam aos comportamentos inadequados. Por isso, procura-se aproximar os
familiares do tratamento, conscientizando e orientando sobre a importância da presença dos
mesmos para a reabilitação dos internos, contudo uma tarefa difícil, pois há registros de
abandono sendo necessário a recorrência a justiça para aproximação e/ou mudança de
comportamento dos entes. Segundo os profissionais a taxa de participação é regular, contudo
o grande dificultador são as mudanças comportamentais para receberem o filho.
Como observado a reabilitação é complexa, pois a motivação pode variar, e o ambiente é fator
fundamental para tal.

A entrevista motivacional como ferramenta terapêutica para mudança comportamental no


processo de reabilitação em regime fechado apresenta ser satisfatória nos estágios de adesão
do paciente, no entanto, visando evitar recaídas, fase pertencente ao processo motivacional, o
setor de psicologia recomenda o acompanhamento desses adolescentes de forma sistêmica,
pois quando identificados sinais que possam levar a recaída, intervenções são colocadas em
práticas.

CONCLUSÃO

A partir desse estudo percebemos que a abordagem terapêutica da entrevista motivacional


possui resultados satisfatórios para clientela compulsória/involuntária encaminhada
judicialmente para o Instituto Nova Aliança, tendo em vista os indicadores de adesão
apresentados, onde a evolução dos estágios ocorrem com o passar no tempo em consonância
aos objetivos e fases do tratamento preconizado pelo Instituto Nova Aliança. Para Burke;
Gregoire (2007 apud Burke e Oliveira et al, 2010) resultados de internação impostas
legalmente apresentam melhoras significativas se comparados aos que se submeteram a
tratamento voluntário. Um fator a ser considerado, é o modelo disciplinar, pois este auxilia no
processo de estabilidade e motivação através dos benefícios, sendo também uma ferramenta
terapêutica para o psicólogo levando o paciente a refletir as perdas e visualizar o ganhos a
partir das mudanças. No aspecto perfil verifica-se que existem grandes dificultadores para
processo de reabilitação, sendo de fundamental importância a estruturação familiar do mesmo
para recebimento do paciente, e recomendado o acompanhamento do paciente de forma
sistêmica evitando a recaída do mesmo.

REFERÊNCIAS
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