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Aula 08

Direito Administrativo p/ DPU (Conhecimentos Básicos - Nível Médio e Superior)

Professor: Herbert Almeida


Direito Administrativo
Analista Técnico e Agente Administrativo - DPU
Teoria e exercícios comentados
Prof. Herbert Almeida – Aula 08

AULA 8: Responsabilidade civil e Improbidade


Administrativa

Sumário

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO............................................................................................................. 2


NOÇÕES INTRODUTÓRIAS .......................................................................................................................................... 2
EVOLUÇÃO HISTÓRICA .............................................................................................................................................. 3
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO NO DIREITO BRASILEIRO .......................................................................................... 9
REQUISITOS PARA A DEMONSTRAÇÃO DA RESPONSABILIDADE DO ESTADO ......................................................................... 13
CAUSAS EXCLUDENTES OU ATENUANTES DA RESPONSABILIDADE DO ESTADO ...................................................................... 19
RESPONSABILIDADE POR OMISSÃO DO ESTADO ............................................................................................................ 21
REPARAÇÃO DO DANO ............................................................................................................................................ 26
DIREITO DE REGRESSO............................................................................................................................................. 27
PRESCRIÇÃO ......................................................................................................................................................... 32
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA ...................................................................................................................34
NOÇÕES GERAIS E PREVISÃO CONSTITUCIONAL ............................................................................................................. 34
ESPÉCIES DE ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA ................................................................................................... 43
SANÇÕES CABÍVEIS ................................................................................................................................................. 50
DECLARAÇÃO DE BENS E VALORES ............................................................................................................................. 53
REPRESENTAÇÃO ................................................................................................................................................... 54
AÇÃO DE IMPROBIDADE .......................................................................................................................................... 54
COMPETÊNCIA ...................................................................................................................................................... 57
PRESCRIÇÃO ......................................................................................................................................................... 57
QUESTÕES COMENTADAS NA AULA ................................................................................................................72
GABARITO.......................................................................................................................................................79
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................................79

Olá pessoal, tudo bem?


Nesta aula, vamos estudar os seguintes itens do edital: “5.1
Responsabilidade civil da administração: evolução doutrinária e
reparação do dano. 5.2 Enriquecimento ilícito e uso e abuso de
poder. 5.3 Sanções penais e civis. 5.4 Improbidade administrativa.”.
Com isso, fica faltando apenas o complemento de agentes públicos,
que em breve será postado.
Espero que gostem da aula.
Chega de papo e vamos lá. Aproveitem!

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RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO

Noções introdutórias

Quando se fala em responsabilidade, quer-se dizer que alguém deverá


responder por algo que fez ou deixou de fazer. A responsabilidade, no
Direito, representa a necessidade de alguém responder por algum dano que
causou. Por conseguinte, a pessoa poderá sofrer uma restrição de liberdade
por ter cometido algum crime ou uma contravenção (responsabilidade
penal); um servidor público poderá perder o cargo por algum ilícito
disciplinar ou falta funcional (responsabilidade administrativa); ou alguém
poderá responder com o próprio patrimônio, devendo indenizar o dano
causado (responsabilidade civil).
Portanto, a responsabilidade civil é a obrigação de reparar os
danos lesivos a terceiros, seja de natureza patrimonial ou moral.
Cumpre frisar, desde já, que a responsabilidade do Estado pode ser
contratual ou extracontratual. Na primeira situação, há um vínculo
contratual entre o Estado e o terceiro. Por exemplo, se a Administração
descumprir os termos de um contrato administrativo, a sua
responsabilidade será contratual, regulamentada pela Lei 8.666/1993 e
pelos termos do contrato. Não é esse o tipo de responsabilidade que
estamos tratando nesta aula.
Por outro lado, na responsabilidade civil do Estado, não existe vínculo
contratual entre as partes, ou melhor, a obrigação de indenizar não decorre
de algum contrato firmado entre o causador do dano e o terceiro lesado.
Por esse motivo, a responsabilidade civil do Estado também é chamada de
responsabilidade extracontratual do Estado ou responsabilidade
Aquiliana, que é a obrigação jurídica que o Estado possui de reparar danos
morais e patrimoniais causados a terceiros por seus agentes, atuando nessa
qualidade.
No Estado Democrático de Direito, não se pode cogitar a
irresponsabilidade do Estado por seus comportamentos lesivos a terceiros.
Todavia, nem sempre foi assim, existindo momentos históricos em que o
Estado era irresponsável civilmente. Nessa linha, vamos estudar a evolução
histórica da responsabilidade civil do Estado.

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Evolução histórica

Teoria da irresponsabilidade do Estado

A teoria da não responsabilização do Estado, ou teoria regaliana,


ocorreu durante o período dos regimes absolutistas. Nesse período, a
autoridade do monarca era incontestável e, por conseguinte, as ações do
rei ou de seus auxiliares não poderiam ser responsabilizadas. Entendia-se
que o rei não cometia erros – decorre da máxima The king can do no wrong
ou Lê Roi ne peut mal faire (o Rei não pode errar).
A ideia de irresponsabilidade do Estado era tão absurda e injusta que
começou a ruir no século XIX, dando lugar aos regimes democráticos de
Direito. Atualmente, essa teoria encontra-se totalmente superada, sendo
que os Estados Unidos e a Inglaterra foram os últimos países a abandoná-
la, por meio, respectivamente, do Federal Tort Claim Act, de 1946, e do
Crown Proceeding Act, de 1947.
Com o enfraquecimento e superação da teoria da irresponsabilidade,
surgem as teorias civilistas.

Teoria (civilista) da responsabilidade por atos de gestão

A ideia de responsabilização do Estado surge, inicialmente, com base


no direito privado. Surgem, assim, as teorias civilistas, também conhecidas
como teorias intermediárias ou mistas. Neste momento, o Estado é
equiparado ao indivíduo, sendo obrigado a indenizar os danos causados a
terceiros nas mesmas hipóteses em que os indivíduos também seriam, ou
seja, de acordo com as regras do Direito Civil – daí o nome de teorias
civilistas.
Inicialmente, a teoria fazia a diferenciação de atos de império e atos
de gestão. Naqueles, o Estado atuaria utilizando-se de sua soberania,
como ocorre nas desapropriações ou na imposição de sanções; enquanto
nestes o Estado se coloca em situação de igualdade perante o particular,
como em um contrato de locação ou na alienação de um bem.
Assim, a teoria considerava que o Estado só poderia ser
responsabilizado pelos atos de gestão, ou seja, quando estivesse em
condições de igualdade perante o particular.
Essa teoria logo foi superada, tendo em vista a inadequação de separar
os atos de império dos atos de gestão, uma vez que o Estado é um só.

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Teoria da culpa civil teoria da responsabilidade subjetiva

Após a superação da distinção entre os atos de império e de gestão


para fins de responsabilização do Estado, emergiu a teoria da culpa civil, ou
da responsabilidade subjetiva.
Por essa teoria, a responsabilidade do Estado dependia da
comprovação de dolo ou, pelo menos, a culpa na conduta do agente
estatal. Assim, a responsabilização do Estado, isto é, o dever de indenizar
danos causados a terceiros, dependia da comprovação de dolo ou culpa
(negligência, imprudência ou imperícia), cabendo ao particular prejudicado
o ônus de comprovar a existências desses elementos subjetivos.
A teoria civilista da culpa ainda é adotada nos países do common law,
como nos Estados Unidos e Inglaterra. Todavia, em outros lugares, como
no Brasil, essa teoria foi superada pelas teorias publicistas, ou seja,
aquelas fundamentadas na autonomia do Direito Administrativo.

Teoria da culpa administrativa

A teoria da culpa administrativa, também conhecida como culpa


do serviço ou culpa anônima (faute du servisse) é a primeira teoria
publicista, representando a transição entre a doutrina subjetiva da culpa
civil e a responsabilidade objetiva adotada atualmente na maioria dos
países ocidentais.
Por essa teoria, a culpa é do serviço e não do agente, por isso que a
responsabilidade do Estado independe da culpa subjetiva do agente. A culpa
administrativa se aplica em três situações:
a) o serviço não existiu ou não funcionou, quando deveria funcionar;
b) o serviço funcionou mal; ou
c) o serviço atrasou.
Em qualquer uma dessas situações, ocorrerá a culpa do serviço (culpa
administrativa, culpa anônima), implicando a responsabilização do Estado
independentemente de qualquer culpa do agente.
Com efeito, temos uma espécie de culpa especial da Administração, ou
seja, existe sim uma responsabilidade subjetiva, porém ela é do Estado. A
particularidade é que não se trata de uma culpa individual do agente
público, mas uma culpa anônima do serviço, que não é individualizada

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pessoalmente. Porém, caberá ao particular prejudicado pela falta


comprovar sua ocorrência para reclamar o direito à indenização.

Teoria do risco administrativo

Pela teoria do risco, basta a relação entre o comportamento estatal


e o dano sofrido pelo administrado para que surja a responsabilidade
civil do Estado, desde que o particular não tenha concorrido para o dano.
Ela representa o fundamento da responsabilidade objetiva ou sem
culpa do Estado.
Essa teoria surge de dois aspectos:
a) a atividade estatal gera um potencial risco para os administrados;
b) é necessário repartir tanto os benefícios da atuação estatal quanto
os encargos suportados por alguns, pelos danos decorrentes dessa
atuação (solidariedade social).
Nas palavras do Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello,
[...] entendemos que o fundamento da responsabilidade estatal é garantir
uma equânime repartição dos ônus provenientes de atos ou efeitos
lesivos, evitando que alguns suportem prejuízos ocorridos por ocasião ou
por causa de atividades desempenhadas no interesse de todos. De
conseguinte, seu fundamento é o princípio da igualdade, noção básica
do Estado de Direito. (grifos nossos)

Dessa forma, se um particular for prejudicado pela atuação estatal, os


danos decorrentes deverão ser compartilhados por toda a sociedade,
justificando o direito à indenização custeada pelo Estado. Nesse caso, não
é preciso cogitar se o serviço funcionou, se funcionou mal, se demorou ou
se não existiu, uma vez que se presume culpa da Administração. Além
disso, não se questiona se houve culpa ou dolo do agente, se o
comportamento foi lícito ou ilícito, se o serviço funcionou bem ou mal. Basta
que seja evidenciado o nexo de causalidade entre o comportamento
estatal e o dano sofrido pelo terceiro para se configurar a
responsabilidade civil do Estado.
Pode-se dizer ainda que se exige a presença de três requisitos para
gerar a responsabilidade do Estado:
a) dano;
b) conduta administrativa – fato do serviço; e
c) nexo causal.

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Devemos destacar que o comportamento estatal pode ser lícito, e


ainda assim poderá gerar o dever de indenizar. Por exemplo, se um policial,
durante a perseguição de um suposto criminoso, perder o controle da
viatura e atingir o veículo de um terceiro, que estava corretamente
estacionado, surgirá o dever de indenizar o dano sofrido pelo proprietário
do veículo. Nesse caso, mesmo que não exista dolo ou culpa do policial, e
ainda que a perseguição estivesse ocorrendo de forma lícita, no exercício
dos deveres funcionais do agente público, o Estado deverá indenizar o dano
sofrido pelo particular.
A teoria do risco pode ser dividida em teoria do risco administrativo e
do risco integral, distinguindo-se pelo fato de a primeira admitir as causas
de excludentes de responsabilidade, enquanto a segunda não admite.
Dessa forma, pela teoria do risco administrativo, o Estado poderá
eximir-se da reparação se comprovar culpa exclusiva do particular. Poderá
ainda ter o dever de reparação atenuado, desde que comprove a culpa
concorrente do terceiro afetado. Em qualquer caso, o ônus da prova caberá
à Administração.
Dessa forma, na teoria do risco administrativo, presume-se a
responsabilidade da Administração. No entanto, é possível que o Estado
comprove que a culpa é exclusiva do particular, eximindo-se do dever de
indenizar; ou comprove que a culpa é concorrente, atenuando a obrigação
de reparação.

A teoria do risco administrativo1 é o


fundamento da responsabilidade objetiva do
Estado.

Teoria do risco integral

A teoria do risco integral diferencia-se da teoria do risco


administrativo pelo fato de não admitir causas excludentes da
responsabilidade civil da Administração. Nesse caso, o Estado funciona
como um segurador universal, que deverá suportar os danos sofridos
por terceiros em qualquer hipótese.
Assim, mesmo que se comprove a culpa exclusiva do particular, ou nos
casos de caso fortuito ou força maior, o Estado terá o dever de ressarcir o

1
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particular pelos danos sofridos. Com efeito, alguns doutrinadores afirmam


que a responsabilidade integral não depende nem do nexo causal entre a
conduta e o dano2.

A teoria do risco integral é criticada pela maioria da


doutrina administrativa. Segundo Hely Lopes
Meirelles, essa teoria “jamais foi acolhida entre nós”.
José dos Santos Carvalho Filho, por sua vez, informa
que ela só é “admissível em situações raríssimas e excepcionais”. Já a
Prof. Maria Sylvia Zanella Di Pietro, inicialmente, não faz a diferenciação
entre risco administrativo e risco integral, mencionando simplesmente a
teoria do risco como fundamento da responsabilidade objetiva do
Estado. Em seguida, porém, a doutrinadora faz algumas considerações
sobre essas duas modalidades de risco nos ensinamentos dos demais
doutrinadores.
De qualquer forma, o que podemos concluir é que a teoria do risco integral
só é admitida em casos excepcionais. No texto constitucional, a única
hipótese se refere aos acidentes nucleares (CF, 21, XIII, “d”). A
doutrina menciona também os atos terroristas e atos de guerra ou
eventos correlatos, contra aeronaves brasileiras como hipóteses da teoria
do risco integral decorrentes da legislação infraconstitucional (leis
10309/2001 e 10744/2003).

Vejamos como este assunto pode ser cobrado em provas.

1. (Cespe - Ag Adm/PF/2014) Considere que, durante uma operação policial, uma


viatura do DPF colida com um carro de propriedade particular estacionado em via
pública. Nessa situação, a administração responderá pelos danos causados ao
veículo particular, ainda que se comprove que o motorista da viatura policial dirigia
de forma diligente e prudente.
Comentário: pela teoria do risco administrativo, que fundamenta a
responsabilidade objetiva do Estado, existirá o dever de indenizar o terceiro
prejudicado independentemente de dolo ou culpa do agente público. Nesse
caso, mesmo que o motorista estivesse dirigindo de forma diligente e

2
Carvalho Filho, 2014, p. 557.

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prudente, o Estado terá o dever de indenizar o particular, uma vez que a


sociedade deve suportar os encargos decorrentes da atuação estatal.
Gabarito: correto.

2. (Cespe - AJ/TRT 10/2013) A teoria do risco integral obriga o Estado a reparar


todo e qualquer dano, independentemente de a vítima ter concorrido para o seu
aperfeiçoamento.
Comentário: pela teoria do risco integral o Estado tem o dever de indenizar
todo e qualquer dano suportado pelos terceiros, ainda que resulte de culpa ou
dolo da vítima. Dessa forma, não há nenhum tipo de excludente ou atenuante
de responsabilidade, não importante o fato de a vítima ter contribuído ou não
para o dano. Logo, o item está correto.
Gabarito: correto.

3. (Cespe - AJ/TRT 10/2013) Pela teoria da faute du service, ou da culpa do


serviço, eventual falha é imputada pessoalmente ao funcionário culpado, isentando
a administração da responsabilidade pelo dano causado.
Comentário: a teoria da faute du servisse, também denominada de teoria da
culpa administrativa, da culpa do serviço ou da culpa anônima, decorre de
uma responsabilidade subjetiva atribuída ao Estado, ou seja, não há
imputação pessoal ao agente. Assim, trata-se de uma culpa anônima do
serviço, que ocorre nas seguintes situações: (a) o serviço não existiu ou não
funcionou; (b) o serviço funcionou mal; ou (c) o serviço atrasou. Dessa forma,
a responsabilidade é atribuída ao Estado, sem necessidade de individualizar
o agente. Dessa forma, o item está errado.
Destaca-se, por fim, que cabe ao particular prejudicado pela falta comprovar
sua ocorrência para reclamar o direito à indenização.
Gabarito: errado.

4. (Cespe - ATA/MJ/2013) A teoria que impera atualmente no direito


administrativo para a responsabilidade civil do Estado é a do risco integral, segundo
a qual a comprovação do ato, do dano e do nexo causal é suficiente para determinar
a condenação do Estado. Entretanto, tal teoria reconhece a existência de
excludentes ao dever de indenizar.
Comentário: a questão descreveu a teoria do risco administrativo, essa sim é
que impera no direito administrativo. Nesse caso, bastará a comprovação do
ato, do dano e do nexo causal para a condenação do Estado, sendo
reconhecida a existência de excludentes ao dever de indenizar.

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A teoria do risco integral, por outro lado, não reconhece a possibilidade de


excludentes do dever de indenizar.
Gabarito: errado.

5. (Cespe - Analista/Bacen/2013) De acordo com a teoria da culpa administrativa,


existindo o fato do serviço e o nexo de causalidade entre esse fato e o dano sofrido
pelo administrado, presume-se a culpa da administração.
Comentário: na teoria da culpa administração não se presume a culpa da
administração. Deve o particular comprovar que o serviço não existiu, ou não
funcionou, ou funcional mal ou que atrasou. Trata-se, ademais, de uma culpa
anônima, uma vez que não precisa ser individualizada, bastante que se
comprove a responsabilidade subjetiva do Estado.
A existência do fato do serviço e o nexo de causalidade entre o fato e o dano
sofrido são pressupostos da teoria do risco administrativo, em que se
presume a culpa da Administração.
Gabarito: errado.

Responsabilidade civil do Estado no direito brasileiro

No Brasil, vigora a responsabilidade objetiva do Estado, na


modalidade de risco administrativo, nos termos do art. 37, §6º, da
Constituição Federal, vejamos:
§6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Essa modalidade não alcança, porém, os danos decorrentes de


omissão da Administração Pública, que, nesses casos, serão indenizados
conforme a teoria da culpa administrativa.
Como se percebe, o dispositivo alcança as pessoas jurídicas de direito
público e de direito privado prestadoras de serviços públicos. Portanto, a
abrangência alcança:
a) a administração direta, as autarquias e as fundações públicas de direito
público, independentemente das atividades que realizam;
b) as empresas públicas, as sociedades de economia mista, quando forem
prestadoras de serviços públicos;

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c) as delegatárias de serviço público (pessoas privadas que prestam


serviço público por delegação do Estado – concessão, permissão ou
autorização de serviço público).
Como se observa, a responsabilidade objetiva alcança até mesmo os
agentes de empresas particulares, que não integram a Administração
Pública, quando prestarem serviços públicos por delegação do Estado.
Todavia, é imprescindível que a atuação decorra da qualidade de prestador
de serviço público, não alcançando atividades estranhas ao desempenho da
atividade delegada.
Dessa forma, se uma empresa fornecedora de energia elétrica causar
danos ao patrimônio de terceiros em decorrência da prestação do serviço
público, terá o dever de indenizar, a não ser que comprove o dolo ou culpa
do prejudicado.
Entretanto, essa responsabilidade não alcança as empresas públicas e
sociedades de economia mista exploradoras de atividade econômica,
cuja responsabilidade será regida pelas normas do Direito Civil e do Direito
Comercial. Por exemplo, se o Banco do Brasil causar prejuízos a terceiros,
a sua responsabilidade não será objetiva, devendo o particular comprovar
o dolo ou culpa do agente dessa entidade (responsabilidade subjetiva).
A norma permite ainda o direito de regresso, isto é, o direito de
reaver do seu agente ou responsável o que pagou ao lesado, quando aquele
procedeu com dolo ou culpa. Para exemplificar, imagine que o Estado (ou
uma entidade administrativa ou as delegatárias de serviço público) seja
obrigado a indenizar um dano causado por um agente. Posteriormente, se
ficar comprovado que o agente agiu de maneira dolosa (com intenção) ou
culposa (imperícia, imprudência ou negligência), a quem realizou a
indenização (Estado, entidade administrativa ou delegatárias de serviço
público) caberá o direito de regresso contra esse agente, buscando reaver
os valores gastos com a indenização.
Quanto à responsabilidade objetiva das pessoas jurídicas de direito
privado prestadoras de serviço público, o entendimento atual do STF é que

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ela alcança os usuários e os não usuários do serviço3. Nesse sentido, vale


transcrever parte da ementa do RE 591.874/MS4:
I - A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de serviço público é objetiva relativamente a terceiros usuários
e não-usuários do serviço, segundo decorre do art. 37, § 6º, da Constituição
Federal. II - A inequívoca presença do nexo de causalidade entre o ato
administrativo e o dano causado ao terceiro não-usuário do serviço público,
é condição suficiente para estabelecer a responsabilidade objetiva da
pessoa jurídica de direito privado.

Dessa forma, se o ônibus de uma empresa que presta o serviço público


de transporte municipal, por delegação do município, colidir com um
ciclista, causando-lhe prejuízos, a empresa será responsabilizada
objetivamente, ou seja, não será necessário comprovar dolo ou culpa do
motorista, bastando o nexo de causalidade entre o ato administrativo e o
dano causado ao terceiro, mesmo que o ciclista não seja usuário do serviço.
Vejamos com isso cai em prova.

6. (Cespe - DP DF/2013) Segundo o ordenamento jurídico brasileiro, todas as


pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado que integrem a
administração pública responderão objetivamente pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros.
Comentário: vejamos o conteúdo do art. 37, §6º, da CF:
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. (grifos nossos)
Portanto, no caso das pessoas jurídicas de direito privado, somente aqueles
que prestam serviços públicos é que respondem objetivamente, ou seja, as
empresas públicas, as sociedades de economia mista prestadoras de serviços

3
No RE 262.651-SP, 2ª Turma, o STF havia entendido que a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito
privado prestadoras de serviço público alcançava somente os usuários do serviço, não se estendendo a outras
pessoas que não ostentassem a condição de usuário. Todavia, esse entendimento foi superado. No RE
459.749/PE, Pleno, o voto do Ministro Relator Joaquim Barbosa acenou para mudança desse entendimento,
aplicando a responsabilidade objetiva também aos não usuários do serviço. Todavia, esse RE foi arquivado sem
julgamento conclusivo, em decorrência de acordo entre as partes. Posteriormente, no RE 591.874/MS, o STF
superou definitivamente o entendimento anterior, comprovando que a responsabilidade civil das pessoas
jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é objetiva relativamente a terceiros usuários e não
usuários do serviço.
4
RE 591.874/MS.

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públicos, assim como as delegatárias de serviço público por concessão,


permissão ou autorização.
As empresas públicas e as sociedades de economia mista exploradoras de
atividade econômica não respondem objetivamente.
Gabarito: errado.

7. (Cespe - Adm/MIN/2013) Considere que determinado prefeito municipal,


abusando de seu poder ao exercer suas atribuições, execute ato que cause prejuízo
patrimonial a terceiros. Nessa situação, caberá ao município restaurar o patrimônio
diminuído.
Comentário: pela responsabilidade civil objetiva, é o Poder Público que possui
o dever de indenizar, ou, nos termos do art. 37, §6º, da CF, as “pessoas
jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos”. Portanto, o prejuízo decorrente da atuação do prefeito deverá ser
indenizado pelo município, que terá o direito de regresso contra o prefeito.
Gabarito: correto.

8. (Cespe - AnaTA/MJ/2013) Por ostentarem natureza pública, apenas as


pessoas jurídicas de direito público responderão objetivamente pelos danos que
seus agentes causarem a terceiros.
Comentário: vejamos quem responde objetivamente pelos danos que seus
agentes causarem a terceiros:
a) a administração direta, as autarquias e as fundações públicas de
direito público, independentemente das atividades que realizam;
b) as empresas públicas, as sociedades de economia mista, quando
forem prestadoras de serviços públicos;
c) as delegatárias de serviço público (pessoas privadas que prestam
serviço público por delegação do Estado – concessão, permissão ou
autorização de serviço público).
Portanto, as pessoas jurídicas de direito privado também podem responder,
desde que sejam prestadoras de serviço público.
Gabarito: errado.

9. (Cespe - Ana/BACEN/2013) A responsabilidade civil objetiva do Estado não


abrange as empresas públicas e sociedades de economia mista exploradoras de
atividade econômica.

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Comentário: exatamente! As empresas públicas e as sociedades de economia


mista, quando exploradoras de atividade econômica, respondem na forma do
Direito Civil e do Direito Comercial. Portanto, não respondem objetivamente.
Gabarito: correto.

10. (Cespe - AnaTA/CADE/2014) No direito pátrio, as empresas privadas


delegatárias de serviço público não se submetem à regra da responsabilidade civil
objetiva do Estado.
Comentário: as delegatárias de serviço público, quando no exercício da
atividade delegada (prestação de serviço público), respondem objetivamente.
Logo, o item está errado.
Gabarito: errado.

Requisitos para a demonstração da responsabilidade do Estado

A responsabilidade objetiva do Estado exige a presença dos seguintes


pressupostos: conduta, dano e nexo causal. Dessa forma, se alguém
desejar obter o ressarcimento por dano causado pelo Estado, em
decorrência de uma ação comissiva, deverá comprovar que: (a) existiu a
conduta de um agente público agindo nessa qualidade (oficialidade da
conduta causal); (b) que ocorreu um dano; e (c) que existe nexo de
causalidade entre a conduta do agente público e o dano sofrido, ou seja,
que foi aquela conduta do agente estatal que gerou o dano.

Dano

Para que ocorra a responsabilidade civil do Estado, a pessoa deverá


comprovar que sofreu algum dano – ou resultado. Esse dano deve afetar
um direito juridicamente tutelado pelo Estado, ou seja, o dano deve
ser jurídico, e não apenas econômico5. Portanto, a ação estatal deve
infringir um direito do particular para que exista o dever de indenizar. Se
o dano sofrido não representar um direito juridicamente tutelado, não há
que se falar em responsabilidade estatal.
Nesse contexto, o Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello apresenta o
exemplo da mudança de uma escola, de um museu, de um teatro, de uma
biblioteca ou de uma repartição que pode representar prejuízo para um

5
Scatolino e Trindade, 2014, p. 817.

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comerciante do local, na medida em que subtrai toda a clientela natural


derivada dos usuários daqueles estabelecimentos transferidos. Nesse caso,
não há dúvida sobre o dano patrimonial sofrido pelo particular. No entanto,
não há um dano jurídico, motivo pelo qual não se fala em indenização.
Com efeito, o dano pode decorrer de uma ação lícita do Estado.
Porém, quando gerar conflito de interesses ou de direitos, poderá gerar o
dever de indenizar. Um exemplo de Lucas Rocha Furtado6 é interessante
nesse ponto. No caso da construção de uma represa que inundará
propriedades privadas, trata-se de uma ação lícita do Estado – o que não
legitima uma ação para impedir a execução dessa obra, haja vista ser lícito
ao Estado construir represas. No entanto, haverá clara violação ao direito
de propriedade privada, o que, aliado ao dano sofrido pelo particular com a
destruição dos bens, justifica o direito de pedir indenização.
Portanto, no primeiro caso – mudança da escola e outras repartições –
não houve violação a direito juridicamente tutelado; no segundo caso –
construção da represa que inundará propriedades privadas –, ocorreu
violação ao direito juridicamente tutelado de propriedade.
Com efeito, o dano a ser indenizado pode ser de natureza patrimonial
(dano material) ou moral. Dessa forma, se uma família for humilhada
por um agente público durante o atendimento em uma repartição pública
ou se alguém for submetido a uma revista policial, de maneira vexatória,
poderá ocorrer o dever de indenizar decorrente de dano moral.
Vamos ver uma questão sobre o tema.

11. (Cespe - Analista/MPU/2013) A responsabilidade civil do Estado incide


apenas se os danos causados forem de caráter patrimonial.
Comentário: a responsabilização civil do Estado pode decorrer de dano
patrimonial (material) ou moral. Nessa esteira, vejamos os ensinamentos de
Lucas da Rocha Furtado7:
A possibilidade de propositura de ação de indenização contra o poder
público não se restringe, todavia, ao dano patrimonial. É pacífico o
entendimento de que o dano moral decorrente de conduta atribuível ao
poder público, que importe em violação da propriedade, da intimidade,

6
Furtado, 2012, p. 858.
7
Furtado, 2012, p. 858.

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da honra, da imagem etc., igualmente legitimam a responsabilidade civil


do Estado.
Gabarito: errado.

Conduta

Para reclamar a indenização, o terceiro prejudicado deverá comprovar


que houve a conduta de um agente público agindo nessa qualidade.
O primeiro ponto se refere ao conceito de agente público, que, como
vimos, deve ser considerado em acepção ampla, incluindo os agentes da
administração direta, das autarquias, das fundações públicas; das
empresas públicas e sociedades de economia mista, quando prestadoras de
serviço público; dos delegatários de serviço público.
Além disso, deve ser comprovado que a conduta foi praticada na
qualidade de agente público. Por essa razão, alguns autores falam em
oficialidade da conduta causal.
Para fins de responsabilidade extracontratual do Estado, considera-se
que a atuação ocorreu na qualidade de agente estatal não somente no
exercício das funções – da competência funcional do agente –, mas também
fora do exercício das funções, desde que a atuação decorra da qualidade de
agente público. Nesse sentido, diz-se que o Estado possui culpa in eligiendo
(culpa em escolher o agente) e culpa in vigilando (culpa em não vigiar o
agente).
Nesse contexto, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal, no RE
160.401/SP, considerou a incidência da responsabilidade objetiva do Estado
em decorrência de agressão praticada por soldado, com a utilização de arma
da corporação militar. No caso em análise, o STF ressaltou que, não
obstante fora do serviço, foi na condição de policial militar que o soldado foi
corrigir as pessoas. Dessa forma, o que deve ficar assentado é que o
preceito inscrito no art. 37, § 6º, da CF, não exige que o agente público
tenha agido no exercício de suas funções, mas na qualidade de agente
público8.
Em outro caso, porém, a 1ª Turma do STF afastou a responsabilidade
objetiva do Estado, em decorrência de disparo de arma de fogo de policial,
uma vez que o agente não se encontrava na qualidade de agente público9.

8
RE 160.401/SP.
9
RE 363.423/SP.

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A diferença para o primeiro caso foi que, nessa segunda situação, o disparo
decorreu de “interesse privado movido por sentimento pessoal do agente
que mantinha relacionamento amoroso com a vítima”.
Dessa forma, o que define a responsabilidade, no caso de disparo de
arma de fogo, não é a origem da arma, mas a conduta na qualidade de
agente pública. Na primeira hipótese, mesmo em horário de folga e sem
farda, o agente só agiu por ser policial e, dessa forma, chamou a
responsabilidade objetiva do Estado. Na segunda situação, por outro lado,
a conduta decorreu inteiramente de sentimento pessoal, não ocorrendo na
qualidade de agente público.
Analisando os dois julgados mencionados acima, Lucas da Rocha
Furtado conclui que restará caracterizada a oficialidade da conduta do
agente quando10:

a) estiver no exercício das funções públicas;


b) ainda que não esteja no exercício da função pública, proceda como
se estivesse a exercê-la;
c) quando o agente tenha-se valido da qualidade de agente público para
agir.

Por fim, outro questionamento importante se refere à conduta


praticada por agente de fato, ou seja, aquele investido na função pública
irregularmente. Nesse caso, o Estado será responsabilizado objetivamente,
desde que o Poder Público tenha consentido ou, de algum modo, permita a
atuação do agente de fato.
Nesse caso, podemos mencionar o exemplo de uma grande catástrofe,
em que o Estado permite que um particular auxilie o Corpo de Bombeiros
no socorro a vítimas. Eventual conduta danosa praticada por esse
particular, decorrente da atividade de apoio a vítimas, poderá ensejar a
responsabilidade extracontratual do Estado.
Todavia, nas situações em que não é possível ao Poder Público impedir
que determinado indivíduo se faça passar por servidor público, não haverá
como responsabilizar o Estado por falta de nexo de causalidade11.
Vejamos algumas questões.

10
Furtado, 2012, p. 863.
11
Furtado, 2012, p. 864.

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12. (Cespe - AnaTA/MJ/2013) Para configurar a responsabilidade civil do Estado,


é irrelevante que o agente público causador do dano atue no exercício da função
pública. Estando o agente, no momento em que tenha realizado a ação ensejadora
do prejuízo, dentro ou fora do exercício da função pública, seu comportamento
acarretará responsabilidade ao Estado.
Comentário: para configurar a responsabilidade civil do Estado é necessário
que o agente esteja no exercício da função pública ou que sua conduta pelo
menos decorra dessa condição (atuar na qualidade de agente público). Assim,
se um policial, em sua hora de folga, realizar um disparo de arma de fogo,
ainda que da corporação, contra sua companheira, por causa de uma
discussão pessoal, não se falará em responsabilidade do Estado.
Por outro lado, se, também em sua hora de folga, o agente tentar amenizar um
tumultuo, agindo na qualidade de agente público, e acabar ferindo particulares
com sua arma de fogo, ocorrerá a responsabilidade objetiva do Estado.
No primeiro caso, o policial não atuou na qualidade de agente público, mas no
segundo sim. Logo, o exercício da função pública é relevante.
Gabarito: errado.

Nexo de causalidade

O nexo causal ocorre quando há relação entre a conduta estatal


e o dano sofrido pelo terceiro. Dessa forma, deve-se comprovar que foi
a conduta estatal que causou o dano.
Vamos dar um exemplo. Durante o socorro a vítimas de um acidente
de trânsito, a maca utilizada para transportar um dos feridos quebra e a
vítima se choca contra o solo. Posteriormente, a pessoa vem a falecer.
Entretanto, ficou comprovado que a queda não teve relação com a morte
da pessoa, mas sim a pancada que ela sofreu na cabeça no acidente de
trânsito. No caso, não há relação entre a conduta estatal e o óbito, uma vez
que a causa foi, na verdade, o acidente.
Nesse contexto, ao se afirmar que a responsabilidade civil do Estado é
objetiva, dispensa-se a comprovação do elemento subjetivo, ou seja, do
dolo ou culpa. Entretanto, o terceiro que deseja obter indenização deverá
comprovar o nexo causal.

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13. (Cespe - ATA/MJ/2013) Para a configuração da responsabilidade civil do


Estado, é irrelevante licitude ou a ilicitude do ato lesivo. Embora a regra seja a de
que os danos indenizáveis derivam de condutas contrárias ao ordenamento jurídico,
há situações em que a administração pública atua em conformidade com o direito
e, ainda assim, produz o dever de indenizar.
Comentário: a licitude ou ilicitude do ato não é um dos pressupostos para a
indenização. Nessa linha, mesmo diante da licitude, se configurado os três
requisitos (dano, conduto e nexo causal), haverá o dever de indenizar.
Nesse sentido, vejamos um trecho da ementa do RE 456.302-AgR/RR12: “É da
jurisprudência do Supremo Tribunal que, para a configuração da
responsabilidade objetiva do Estado não é necessário que o ato praticado seja
ilícito”.
A mesma linha é seguida no RE 113.587/SP (STF, 2ª Turma)13:
I. A responsabilidade civil do Estado, responsabilidade objetiva, com base
no risco administrativo, que admite pesquisa em torno da culpa do
particular, para o fim de abrandar ou mesmo excluir a responsabilidade
estatal, ocorre, em síntese, diante dos seguintes requisitos: a) do dano;
b) da ação administrativa; c) e desde que haja nexo causal entre
o dano e a ação administrativa. A consideração no sentido da
licitude da ação administrativa e irrelevante, pois o que interessa,
e isto: sofrendo o particular um prejuízo, em razão da atuação estatal,
regular ou irregular, no interesse da coletividade, e devida a indenização,
que se assenta no princípio da igualdade dos ônus e encargos sociais. II.
Ação de indenização movida por particular contra o Município, em virtude
dos prejuízos decorrentes da construção de viaduto. Procedência da ação.
(grifos nossos)
Gabarito: correto.

14. (Cespe - Ana/CNJ/2013) No ordenamento jurídico brasileiro, a


responsabilidade do poder público é objetiva, adotando-se a teoria do risco
administrativo, fundada na ideia de solidariedade social, na justa repartição dos
ônus decorrentes da prestação dos serviços públicos, exigindo-se a presença dos
seguintes requisitos: dano, conduta administrativa e nexo causal. Admite-se
abrandamento ou mesmo exclusão da responsabilidade objetiva, se coexistirem
atenuantes ou excludentes que atuem sobre o nexo de causalidade.
Comentário: no ordenamento jurídico brasileiro, aplica-se, em regra, a
responsabilidade civil objetiva do poder público, adotando-se o risco

12
RE 456.302 AgR/RR.
13
RE 113.587/SP.

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administrativo. Essa teoria fundamenta-se na noção de solidariedade social


ou de igualdade, motivo pelo qual os riscos decorrentes da atividade estatal
devem ser compartilhados por todos. Nessa perspectiva, para que o lesado
reclame a indenização, deverá comprovar os seguintes elementos:
a) dano;
b) conduta administrativa; e
c) nexo causal entre o dano e a conduta.
Por fim, a teoria do risco administrativo admite hipóteses atenuantes ou
excludentes da responsabilidade, conforme observaremos no tópico seguinte
desta aula. Portanto, a questão está correta.
Gabarito: correto.

15. (Cespe - Tec/MPU/2013) Considere que veículo oficial conduzido por servidor
público, motorista de determinada autoridade pública, tenha colidido contra o
veículo de um particular. Nesse caso, tendo o servidor atuado de forma culposa e
provados a conduta comissiva, o nexo de causalidade e o resultado, deverá o
Estado, de acordo com a teoria do risco administrativo, responder civil e
objetivamente pelo dano causado ao particular.
Comentário: novamente, a questão apresentou todos os elementos para gerar
a responsabilidade civil objetiva do Estado, na modalidade de risco
administrativo: conduta comissiva, nexo de causalidade e resultado (dano).
Com efeito, a forma culposa é irrelevante para que o Estado responda
objetivamente, mas isso não torna o item errado, pois, existindo ou não a
forma culposa, ocorrerá a responsabilidade objetiva.
Gabarito: correto.

16. (Cespe - Ana/BACEN/2013) Para que se configure a responsabilidade objetiva


do Estado, é necessário que o ato praticado seja ilícito.
Comentário: essa é para fixação. A responsabilidade civil pode decorrer de
atos lícitos ou ilícitos. Portanto, a questão está errada.
Gabarito: errado.

Causas excludentes ou atenuantes da responsabilidade do Estado

A teoria do risco administrativo admite as seguintes hipóteses de


exclusão da responsabilidade civil do Estado:
a) caso fortuito ou força maior;

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b) culpa exclusiva da vítima; e


c) ato exclusivo de terceiro.
Cumpre frisar que essas hipóteses são de exclusão da responsabilidade
objetiva, mas admitem, em algumas situações, que o particular demonstre
a responsabilidade subjetiva (dolo ou culpa), conforme veremos a seguir.

Caso fortuito ou força maior

Sem adentrarmos na diferenciação dessas duas situações, uma vez


que há grande divergência na literatura, podemos considerar o caso fortuito
ou a força maior como eventos humanos ou da natureza dos quais não
se poderia prever ou evitar. Por exemplo: uma grande enchente que
ocorreu repentinamente em um local em que esse tipo de evento nunca
ocorreu; ou um grande terremoto fora de proporções; ou ainda uma
tsunami.
Imagine, por exemplo, que uma grande enchente carregue um veículo
público, que veio a colidir contra uma propriedade particular. Não há que
se falar em responsabilidade objetiva do Estado, uma vez que o evento
decorreu de caso fortuito ou força maior.
Todavia, o caso fortuito ou força maior exclui a responsabilidade
objetiva, mas admite a responsabilização subjetiva em decorrência de
omissão do Poder Público.
Para José dos Santos Carvalho Filho14, se o dano decorrer, em
conjunto, da omissão culposa do Estado e do fato imprevisível, teremos as
chamadas concausas, não se podendo falar, nesse caso, em excludente
de responsabilidade. Assim, a responsabilidade do Estado não será
afastada, mas apenas atenuada.
Portanto, a responsabilidade do Estado em consequência de fenômenos
da natureza é sempre do tipo subjetiva, necessitando a comprovação de
omissão culposa do Estado.
Dessa forma, voltando ao exemplo da enchente, a vítima deverá
comprovar a omissão culposa do Estado. Deverá demonstrar, por exemplo,
que se a prefeitura tivesse realizado a devida manutenção de bueiros, os
danos seriam inexistentes ou menores.

14
Carvalho Filho, 2014, p. 568.

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Culpa exclusiva da vítima

A Administração pode se eximir da responsabilidade se comprovar que


a culpa é exclusiva da vítima. Todavia, o ônus da prova cabe ao Estado,
que deverá demonstrar que foi o particular que deu causa ao dano.
Nesse contexto, em um acidente de trânsito, envolvendo um veículo
oficial, se ficar demonstrado que foi o particular que lhe deu causa, ao furar
um sinal ou ao ultrapassar em local proibido, por exemplo, o Estado ficará
isento da indenização. Da mesma forma, se um veículo oficial atropelar uma
pessoa, mas ficar comprovado que ela se jogou contra o veículo, também
ocorrerá a exclusão da responsabilidade civil do Estado.
Deve-se destacar, contudo, que somente a culpa exclusiva do
particular exclui a responsabilidade civil do Estado, sendo que a culpa
concorrente ensejará, no máximo, a atenuação dessa responsabilidade.
Em qualquer situação, porém, o ônus da prova é da Administração.

Para excluir a responsabilidade civil do


Estado, a culpa deve ser exclusiva do terceiro
afetado.

Ato exclusivo de terceiro

Por fim, o ato exclusivo de terceiro também exclui a responsabilidade


objetiva da Administração. Como exemplo temos os atos de multidões,
que podem provocar danos ao patrimônio de terceiros.
Novamente, o Estado pode ser responsabilizado, mas somente de
forma subjetiva. Assim, o particular lesado deverá comprovar a omissão
culposa do Estado, como ocorreria em um tumultuo, em localidade com um
grande número de policiais que, evidentemente, nada fizeram para conter
o dano.

Responsabilidade por omissão do Estado

No caso de omissão do Estado (faute du servisse) a


responsabilidade será subjetiva.
Dessa forma, é necessário que o lesado comprove a omissão do Estado,
que deixou de agir quando tinha obrigação. Entretanto, há que se destacar
que essa deve ser uma omissão ilícita, ilegal, uma verdadeira falta de

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serviço, isto é, o serviço não existiu, ou funcionou mal ou funcionou


atrasado.
Nessa esteira, pode-se dizer que a responsabilidade do Estado em
decorrência de omissão fundamenta-se na teoria da culpa
administrativa (culpa do serviço, culpa anônima ou faute du servisse).
Os exemplos mais comuns de aplicação da responsabilidade subjetiva
ocorrem nos atos de multidões, de terceiros ou decorrentes de
fenômenos da natureza, inclusive aqueles classificados como de força
maior. Nesses casos, caberá ao lesado comprovar que a atuação normal,
ordinária, do Estado seria suficiente para afastar o dano por ele sofrido.
Deve, portanto, demonstrar uma omissão culposa da Administração
Pública.
Por exemplo, se um evento da natureza, totalmente imprevisível,
derrubar uma ponte, construída dentro das especificações para as
condições climáticas do local e com a devida manutenção em dia, não há
que se falar em omissão do Poder Público. Não se pode esperar, por
exemplo, que o Estado construa uma ponte que suporte um terremoto, em
um local onde esse tipo de incidente nunca ocorreu.
Por outro lado, no caso de uma enchente, se ficar demonstrado que
todos os bueiros da cidade estavam entupidos, por falta de manutenção, e
que isso gerou o alagamento, poderá o Poder Público ser responsabilizado
pelos danos. Nesse caso, porém, a responsabilidade é subjetiva, pois há
que ser demonstrada a omissão ilegal do Estado. Se, por outro lado, todos
os bueiros estavam limpos e em perfeitas condições, e mesmo assim a
enchente causar danos aos particulares, não se pode atribuir culpa ao
Estado por omissão, uma vez que suas obrigações foram devidamente
cumpridas, decorrendo o prejuízo exclusivamente do fenômeno da
natureza.
Nesse contexto, é interessante transcrever o RE 179.147/SP, em que
o STF demonstra a diferenciação entre a responsabilidade objetiva por ato
comissivo e a responsabilidade subjetiva em decorrência de omissão do
Poder Público15:
I. - A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito público e das
pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público,
responsabilidade objetiva, com base no risco administrativo, ocorre
diante dos seguintes requisitos: a) do dano; b) da ação administrativa;
c) e desde que haja nexo causal entre o dano e a ação

15
RE 179.147/SP.

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administrativa. II. - Essa responsabilidade objetiva, com base no risco
administrativo, admite pesquisa em torno da culpa da vítima, para o fim de
abrandar ou mesmo excluir a responsabilidade da pessoa jurídica de direito
público ou da pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço
público. III. - Tratando-se de ato omissivo do poder público, a
responsabilidade civil por tal ato é subjetiva, pelo que exige dolo ou
culpa, numa de suas três vertentes, negligência, imperícia ou imprudência,
não sendo, entretanto, necessário individualizá-la, dado que pode ser
atribuída ao serviço público, de forma genérica, a faute de service dos
franceses.

Com efeito, como bem se observa do precedente acima, não há


necessidade de se individualizar a omissão culposa, pois é aplicável a teoria
da culpa administrativa (culpa anônima), bastando que se comprove,
genericamente, a culpa do serviço público.

17. (Cespe - AJ/TRT 10/2013) Todos os anos, na estação chuvosa, a região


metropolitana de determinado município é acometida por inundações, o que causa
graves prejuízos a seus moradores. Estudos no local demonstraram que os fatores
preponderantes causadores das enchentes são o sistema deficiente de captação
de águas pluviais e o acúmulo de lixo nas vias públicas.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item subsequente.
De acordo com a jurisprudência e a doutrina dominante, na hipótese em pauta, caso
haja danos a algum cidadão e reste provada conduta omissiva por parte do Estado,
a responsabilidade deste será subjetiva.
Comentário: no caso de omissão do Estado, a responsabilidade será
subjetiva, ou seja, o lesado deverá comprovar a omissão culposa do poder
público, aplicando-se a chamada teoria da culpa administrativa, também
conhecida como culpa do serviço ou culpa anônima (faute du servisse). Este
é o entendimento majoritário da doutrina e da jurisprudência.
Gabarito: correto.

18. (Cespe - Adm/MIN/2013) O caso fortuito e a força maior não possibilitam a


exclusão da responsabilidade do poder público, visto ser objetiva a responsabilidade
do Estado.
Comentário: o caso fortuito ou força maior, genericamente denominados de
“eventos imprevisíveis”, representam hipótese de excludente de
responsabilidade do poder público. Portanto, o item está errado.

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Lembrando, porém, que, nesses casos, poderá existir as denominas


concausas, ou seja, o dano decorreu simultaneamente do caso imprevisível e
de uma omissão culposa do Estado. Nessa situação, teremos a
responsabilidade subjetiva, sendo que o dever de indenizar será atenuado.
Gabarito: errado.

O Estado como garante

A posição de garante ocorre quando alguém assume o dever de guarda


ou proteção de alguém. No Poder Público, aplica-se quando há o dever de
zelar pela integridade de pessoas ou coisas sob a guarda ou custódia do
Estado. Nessa linha, podemos mencionar como exemplos a guarda de
presos ou o dever de cuidado sobre os alunos em uma escola pública.
Nessas situações, a responsabilidade é objetiva, com base na teoria
do risco administrativo, mesmo que o dano não decorra de uma atuação de
qualquer agente. Presume-se, portanto, uma omissão culposa do Estado.
Isso porque existia o dever de garantir a integridade das pessoas ou coisas
sob custódia da Administração.

Quando o Estado atua como garante, sua


responsabilidade é objetiva.

Dessa forma, a responsabilidade subjetiva por omissão ocorre


como regra, mas admite a forma objetiva no caso em que o Estado
atue como garante.
É exemplo o caso de um aluno de escola pública que, dentro das
dependências da instituição e durante o seu horário normal de
funcionamento, vier a sofrer lesões em decorrência de agressão de outro
aluno ou de qualquer pessoa que não seja do quadro funcional da escola.
Nesse caso, a lesão não decorreu de ação de agente estatal, mas existirá a
responsabilidade civil objetiva, na modalidade de risco administrativo, uma
vez que a instituição tinha o dever de manter a integridade física do aluno.
Situação semelhante ocorrerá com o preso que, dentro da
penitenciária, sofrer lesões durante uma briga com outros detentos. Mesmo
não existindo envolvimento de agente público, o Estado possuía o dever de
prover os meios para garantir a integridade do preso, gerando a
responsabilidade civil objetiva.

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Ademais, aplica-se o risco administrativo, ou seja, é possível que o


Estado comprove que era impossível evitar o dano, como numa situação
decorrente de força maior.

19. (Cespe – ACE/TC-DF/2012) A responsabilidade do Estado por danos causados


por fenômenos da natureza é do tipo subjetiva.
Comentário: a responsabilidade do Estado em decorrência de fenômenos da
natureza é sempre do tipo subjetiva, uma vez que caberá ao particular
comprovar a omissão culposa do Estado.
Gabarito: correto.

20. (Cespe - ACE/TCE RO/2013) É objetiva a responsabilidade da administração


pública pelos danos causados por fenômenos da natureza.
Comentário: agora ficou de graça! A responsabilidade do Estado pelos danos
causados por fenômenos da natureza é subjetiva.
Gabarito: errado.

21. (Cespe - AJ/TRT 10/2013) Todos os anos, na estação chuvosa, a região


metropolitana de determinado município é acometida por inundações, o que causa
graves prejuízos a seus moradores. Estudos no local demonstraram que os fatores
preponderantes causadores das enchentes são o sistema deficiente de captação
de águas pluviais e o acúmulo de lixo nas vias públicas.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item subsequente.
Caso algum cidadão pretenda ser ressarcido de prejuízos sofridos, poderá propor
ação contra o Estado ou, se preferir, diretamente contra o agente público
responsável, visto que a responsabilidade civil na situação hipotética em apreço é
solidária.
Comentário: o cidadão prejudicado deverá interpor ação contra o Estado,
somente. Dessa forma, não se admite que ele mova ação direta ou
simultaneamente contra o agente público.
Caberá ao poder público, se condenado a indenizar, verificar se houve dolo
ou culpa do agente e, se for o caso, mover a ação de regresso. Por
conseguinte, o item está errado.
Gabarito: errado.

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Reparação do dano

A reparação do dano poderá ocorrer de forma amigável ou por meio de


ação judicial movida pelo terceiro prejudicado contra a pessoa jurídica de
direito público ou de direito privado prestadora de serviço público. Dessa
forma, o particular lesionado deve propor a ação contra a Administração
Pública e não contra o agente causador do dano.
Nesse contexto, se Fulano de Tal, servidor público da União, causar um
dano a terceiro, agindo na qualidade de agente público, a ação deverá ser
movida contra a União, e não contra Fulano de Tal.

A ação de indenização é movida contra a


pessoa jurídica de direito público ou de direito
privado prestadora de serviço público.

Dessa forma, o entendimento atual na jurisprudência é de que não é


cabível direta contra o agente público, conforme podemos perceber pela
leitura do RE 327.904/SP do STF16:
O § 6º do artigo 37 da Magna Carta autoriza a proposição de que somente
as pessoas jurídicas de direito público, ou as pessoas jurídicas de direito
privado que prestem serviços públicos, é que poderão responder,
objetivamente, pela reparação de danos a terceiros. Isto por ato ou omissão
dos respectivos agentes, agindo estes na qualidade de agentes públicos, e
não como pessoas comuns. Esse mesmo dispositivo constitucional
consagra, ainda, dupla garantia: uma, em favor do particular,
possibilitando-lhe ação indenizatória contra a pessoa jurídica de direito
público, ou de direito privado que preste serviço público, dado que bem
maior, praticamente certa, a possibilidade de pagamento do dano
objetivamente sofrido. Outra garantia, no entanto, em prol do servidor
estatal, que somente responde administrativa e civilmente perante
a pessoa jurídica a cujo quadro funcional se vincular. Recurso
extraordinário a que se nega provimento. (grifos nossos)

Dessa forma, o particular não pode mover ação de indenização contra


o agente público, nem mesmo se for simultaneamente, em litisconsórcio,
com a pessoa jurídica.
Por fim, o valor da indenização deve abranger o que a vítima
efetivamente perdeu e o que gastou para obter o ressarcimento – por
exemplo, os valores com advogado –, bem como o que deixou de ganhar
em consequência direta do ato lesivo causado pelo agente – os
denominados lucros cessantes17.

16
RE 327904/SP.
17
Alexandrino e Paulo, 2011, p. 778..

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Dessa forma, se um veículo oficial colidir contra um taxista, danificando


totalmente o veículo de trabalho deste, a indenização deverá cobrir o
prejuízo material (como o custo de reparação do veículo), os gastos
realizados para obter o direito (como os custos do advogado), bem como
os meses em que o taxista ficar impossibilitado de trabalhar. Se houver
eventual morte da vítima, a indenização deverá cobrir também os custos
de sepultamento, bem como a prestação alimentícia devida pela a quem o
falecido devia, durante o período apurado de expectativa de vida.

Direito de regresso

Analisando o §6º, art. 37, da CF, podemos perceber que existem dois
tipos de responsabilidade:
a) a responsabilidade objetiva do Estado perante os terceiros
lesados;
b) a responsabilidade subjetiva dos agentes causadores de dano,
amparando o direito de regresso do Estado, nos casos de dolo ou
culpa.
No primeiro caso, temos a responsabilidade civil do Estado, conforme
estudamos ao longo da aula. Entretanto, se ficar comprovado dolo ou culpa
do agente causador do dano, assegura-se o direito de regresso do Estado
perante esse agente, ou seja, a Administração Pública poderá reaver os
custos da indenização do dano.
Dessa forma, podemos fazer o seguinte esquema sobre as ações de
ressarcimento:

T R R A
E

Além da necessidade de comprovar o dolo ou culpa do agente público,


o Estado – ou delegatária de serviço público – deverá ter sido condenado
ao ressarcimento do dano. Nessa linha, existem dois pressupostos para a
Administração ingressar com a ação regressiva18:
a) ter sido condenada a indenizar a vítima pelo dano; e

18
Alexandrino e Paulo, 2011, p. 780.

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b) que tenha havido culpa ou dolo por parte do agente cuja atuação
ocasionou o dano.

Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo


destacam quatro aspectos sobre a ação
regressiva19:
a) a obrigação de ressarcir a Administração Pública (ou delegatária de
serviços públicos), em ação regressiva, por ser uma ação de natureza
cível, transmite-se aos sucessores do agente que tenha atuado
com dolo ou culpa, porém até o limite do valor do patrimônio
transferido (CF, art. 5º, XLV) – assim, mesmo após a morte do agente,
os seus sucessores podem ser chamados a responder pelo valor da
indenização;
b) pelo mesmo motivo – ter natureza cível -, pode a ação regressiva ser
ajuizada mesmo depois de ter sido alterado ou extinto o vínculo
entre o servidor e a Administração Pública; assim, nada impede que o
agente responsável, ainda que tenha pedido exoneração, esteja
aposentado, ou em disponibilidade, seja responsabilizado pelo
ressarcimento em ação de regresso;
c) as ações de ressarcimento ao erário movidas pelo Estado contra
agentes, servidores ou não, que tenham praticado ilícitos dos quais
decorram prejuízos aos cofres públicos são imprescritíveis; destaca-
se que somente a ação de ressarcimento é imprescritível, mas o ilícito
não;
d) é inaplicável a denunciação da lide pela Administração e seus
agentes.

Sobre este último ponto, há notória contradição na doutrina, porém o


posicionamento dominante é o que se demonstrou acima.
A denunciação da lide está regulada no art. 70, III, do CPC, nos
seguintes termos: “A denunciação da lide é obrigatória: [...] III - àquele
que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação
regressiva, o prejuízo do que perder a demanda”. Trata-se, portanto, de
uma intervenção de terceiros, no processo civil, por meio da qual o réu (no
caso o Estado) busca garantir, caso seja condenado, que será ressarcido

19
Alexandrino e Paulo, 2011, p. 780-781.

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pelo denunciado (o agente que atuou com dolo ou culpa), em virtude do


direito de regresso.
Dessa forma, já na primeira ação – ou seja, na ação movida pelo
terceiro lesado em face do Estado – a Administração buscaria demonstrar
que o agente agiu com dolo ou culpa, garantindo o seu direito de regresso.
Essa medida poderia retardar sobremaneira a indenização do
particular, uma vez que, além de discutir a responsabilidade objetiva do
Estado perante o particular, também se discutiria a responsabilidade
subjetiva do agente público, na mesma ação. Por esse motivo, tal medida
é contestada pela doutrina.
Com efeito, o STJ, no EREsp 313.886/RN, não é obrigatória e, portanto,
não está obrigado o julgador a processá-la, se concluir que a tramitação de
duas ações em uma só onerará em demasia uma das partes, ferindo os
princípios da economia e da celeridade na prestação jurisdicional. Por
conseguinte, a Corte manteve decisão que indeferiu a denunciação20.
Ou seja, no caso em concreto, não foi permitida a denunciação da lide.
Em resumo, a denunciação da lide é incabível, principalmente por
ocasionar retardamento no direito à indenização.
Por fim, especialmente para os servidores estatutários federais, a Lei
8.112/1992 estabelece que (art. 122, §2º) “Tratando-se de dano causado
a terceiros, responderá o servidor perante a Fazenda Pública, em ação
regressiva”. Uma vez que a própria norma obriga a reparação perante a
Fazenda Pública por meio de ação regressiva, não há que se falar em
denunciação da lide.
Outro ponto relevante é que mover a ação regressiva é uma obrigação
do Estado, em decorrência do princípio da indisponibilidade do interesse
público. No caso específico do Governo Federal, a Lei 4.619/1965 determina
que os Procuradores República são obrigados a propor as competentes
ações regressivas, que deverão ser movidas no prazo de sessenta dias a
partir da data em que transitar em julgado a condenação imposta à
Fazenda. O decurso desse prazo não causa extinção do direito de regresso
(uma vez que as ações de ressarcimento do Estado são imprescritíveis),
mas poderá gerar a responsabilização funcional do agente que deveria
propô-la.

20
EREsp 313.886/RN.

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22. (Cespe - Ag Adm/SUFRAMA/2014) Um veículo da SUFRAMA, conduzido por


um servidor do órgão, derrapou, invadiu a pista contrária e colidiu com o veículo de
um particular. O acidente resultou em danos a ambos os veículos e lesões graves
no motorista do veículo particular.
Com referência a essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
Provado que o motorista da SUFRAMA não agiu com dolo ou culpa, a
superintendência não estará obrigada a indenizar todos os danos sofridos pelo
condutor do veículo particular.
Comentário: como se trata de responsabilidade civil objetiva, não importa se
houve dano ou culpa, a Suframa terá o dever de indenizar todos os danos
sofridos pelo condutor do veículo particular. Nesse caso, a única coisa que a
Suframa não poderá fazer é mover a ação regressiva contra o seu agente.
Em resumo: a responsabilidade do Poder Público independe de dolo ou culpa
(nos atos comissivos); a ação regressiva – o direito do Estado de reaver os
recursos gastos com a indenização – depende da comprovação de dolo ou
culpa do agente.
Gabarito: errado.

23. (Cespe - Ana/BACEN/2013) Os efeitos da ação regressiva movida pelo Estado


contra o agente que causou o dano transmitem-se aos herdeiros e sucessores, até
o limite da herança, em caso de morte do agente.
Comentário: no caso de morte do agente, os efeitos da ação regressiva
persistem contra os herdeiros e sucessores, até o limite do valor do
patrimônio transferido (herança). Aquilo que exceder ao valor da herança não
poderá ser exigido, por força do art. 5º, XLV, da CF. De qualquer forma, o item
está correto.
Gabarito: correto.

24. (Cespe - ATA/MDIC/2014) Considere que o motorista de um veículo oficial de


determinado ministério, ao trafegar em velocidade acima do limite legal, tenha
colidido contra um veículo de particular que estava devidamente estacionado.
Nessa situação, embora o Estado seja obrigado a indenizar o dano, somente haverá
o direito de regresso do Estado caso se comprove o dolo específico na conduta do
servidor.

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Comentário: o direito de regresso pode ocorrer em caso de dolo ou culpa.


Com efeito, para o Estado mover a ação de regresso, devem estar presentes
dois pressupostos:
a) ter sido condenada a indenizar a vítima pelo dano; e
b) que tenha havido culpa ou dolo por parte do agente cuja atuação
ocasionou o dano.
Gabarito: errado.

25. (Cespe - ACE/TC DF/2014) De acordo com o sistema da responsabilidade civil


objetiva adotado no Brasil, a administração pública pode, a seu juízo discricionário,
decidir se intenta ou não ação regressiva contra o agente causador do dano, ainda
que este tenha agido com culpa ou dolo.
Comentário: propor a ação de indenização é obrigação do Estado. Assim, se
o agente causador do dano atuou com dolo ou culpa e isso gerou a
responsabilidade civil do Estado, deverá haver a ação regressiva.
Gabarito: errado.

26. (Cespe - PRF/2013) Um PRF, ao desviar de um cachorro que surgiu


inesperadamente na pista em que ele trafegava com a viatura de polícia, colidiu com
veículo que trafegava em sentido contrário, o que ocasionou a morte do condutor
desse veículo.
Com base nessa situação hipotética, julgue o item a seguir.
Em razão da responsabilidade civil objetiva da administração, o PRF será obrigado
a ressarcir os danos causados à administração e a terceiros, independentemente
de ter agido com dolo ou culpa.
Comentário: a responsabilidade civil objetiva é do Estado e não do agente.
Assim, o PRF só será obrigado a ressarcir os danos causados à administração
e a terceiros (não diretamente, mas apenas pela ação regressiva), se houver
dolo ou culpa. No exemplo da questão, não foram identificados esses
elementos subjetivos, motivo pelo qual não se falará em regresso.
Gabarito: errado.

27. (Cespe - PT/PM CE/2014) A responsabilidade civil do servidor público por dano
causado a terceiros, no exercício de suas funções, ou à própria administração, é
subjetiva, razão pela qual se faz necessário, em ambos os casos, comprovar que
ele agiu de forma dolosa ou culposa para que seja diretamente responsabilizado.
Comentário: creio que o item foi mal formulado, uma vez que o termo
“diretamente” dá a entender que o agente será responsabilizado diretamente,

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por meio de ação em que ele figurará no polo passivo da lide. Entretanto, o
entendimento atual majoritário é de que as ações devem ser interpostas
contra o Estado e, somente depois, será movida a ação de regresso. Dessa
forma, o item estaria errado.
Por outro lado, o diretamente poderia ser empregado no sentido de o agente
responder com seus próprios recursos para reaver o dano, após a ação de
regresso. Nesse segundo sentido, a questão estaria correta.
De qualquer forma, será necessário demonstrar que o agente agiu de forma
dolosa ou culposa.
Ressalta-se, ademais, que o STF21 e o STJ22 já admitiram a possibilidade de o
particular mover a ação diretamente contra o agente público, mas esse não
parece ser o posicionamento dominante e inclusive representaria contradição
do Cespe com suas outras questões.
Infelizmente, o item foi dado como correto.
Gabarito: correto.

Prescrição

No que se refere à prescrição, devemos considerar que duas ações


podem ser propostas: (a) em face do Estado, movida pelo terceiro lesado;
(b) ação regressiva contra o agente, nos casos de dolo ou culpa, movida
pelo Estado quando condenado a reparar prejuízos causados.
Quanto ao prazo prescricional da ação movida pelo terceiro lesado em
face do Estado, há alguma divergência na jurisprudência, mas a tendência
atual é de considerar que o prazo é de cinco anos, conforme consta o
Decreto 20.910/1932 e no art. 1º-C da Lei 9.494/1997. O STJ chegou a
considerar que este prazo teria sido revogado pelo Código Civil de 2002,
que estabelecia, no art. 206, o prazo de três anos23. Porém, em embargos
de divergência em recurso especial, a Corte reconheceu a divergência da
matéria e reconheceu o prazo quinquenal24.
Também nesse sentido, vale a leitura da ementa do agravo regimental
no REsp 1.256.676/SC25:

21
RE 90.071/SC.
22
REsp 1.325.862/PR .
23
REsp 1.137.354/RJ.
24
EREsp 1.137.354/RJ.
25
AgRg no REsp 1.256.676/SC.

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Verifica-se que o Tribunal a quo decidiu de acordo com jurisprudência desta
Corte no sentido de que o prazo prescricional referente à pretensão de
reparação civil contra a Fazenda Pública é quinquenal, conforme previsto
no art. 1º do Decreto-Lei n. 20.910/1932, e não trienal, nos termos do art.
206, § 3º, inciso V, do Código Civil de 2002, que prevê a prescrição em
pretensão de reparação civil. Incidência da Súmula 83 do STJ. Agravo
regimental improvido.

Por outro lado, o STJ entende que é imprescritível a pretensão de


recebimento de indenização por dano moral e patrimonial decorrente de
atos de tortura ocorridos durante o regime militar de exceção26.
Por outro lado, as ações movidas pelo Estado em face do agente
causador da ação, em caso de dolo ou culpa, são imprescritíveis, nos termos
do art. 37, §5º, da CF: “§ 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição
para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem
prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de
ressarcimento”.

28. (Cespe - Proc DF/PGDF/2013) No âmbito da responsabilidade civil do Estado,


são imprescritíveis as ações indenizatórias por danos morais e materiais
decorrentes de atos de tortura ocorridos durante o regime militar de exceção.
Comentário: em regra, as decisões do STJ mencionam apenas que as ações
por danos morais são imprescritíveis. No entanto, no EREsp 816.209/RJ ficou
claro que “As ações indenizatórias por danos morais e materiais decorrentes
de atos de tortura ocorridos durante o Regime Militar de exceção são
imprescritíveis”. Dessa forma, o item está correto.
Gabarito: correto.

29. (Cespe - Proc/PGE BA/2014) Suponha que viatura da polícia civil colida com
veículo particular que tenha ultrapassado cruzamento no sinal vermelho e o fato
ocasione sérios danos à saúde do condutor do veículo particular. Considerando
essa situação hipotética e a responsabilidade civil da administração pública, julgue
o item subsequente.
No caso, a ação de indenização por danos materiais contra o Estado prescreverá
em vinte anos.
Comentário: nessa questão, não importa a análise de quem deu culpa ao
acidente, o centro da questão é o prazo prescricional.

26
REsp 1.374.376-CE; Informativo 523-STJ; EREsp 816.209/RJ.

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Quando o estado busca o ressarcimento, a ação é imprescritível, por força do


§5º, art. 37 da CF.
Por outro lado, as ações movidas contra o Estado prescrevem em cinco anos,
conforme Decreto 20.910/1932 e no art. 1º-C da Lei 9.494/1997 – e também a
jurisprudência do STJ, como o REsp 1.256.676/SC.
Portanto, o prazo é de cinco anos, e não vinte como consta na questão.
Gabarito: errado.

30. (Cespe - Proc DF/PGDF/2013) Aplica-se a prescrição quinquenal no caso de


ação regressiva ajuizada por autarquia estadual contra servidor público cuja
conduta comissiva tenha resultado no dever do Estado de indenizar as perdas e
danos materiais e morais sofridos por terceiro.
Comentário: a questão também é muito simples, mas demanda cuidado. Não
se aplica o prazo quinquenal para a ação regressiva do Estado, uma vez que
são imprescritíveis as ações de ressarcimento do Poder Público.
Gabarito: errado.

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Noções gerais e previsão constitucional

A Constituição Federal deu importância relevante à moralidade


administrativa, incluindo-a como princípio constitucional previsto no art. 37,
caput, do Texto Maior. Com efeito, a exigência de uma atuação moral se
relaciona com o dever de probidade, ética e honestidade da Administração
Pública.
Nesse sentido, a Constituição da República se referiu à improbidade
administrativa como forma de violação à moralidade administrativa,
incluindo diversos dispositivos sobre o tema. No art. 15, V, a improbidade
administrativa é tratada como forma de suspensão dos direitos políticos:
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão
só se dará nos casos de:
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.

O art. 85, V, dispõe que são crimes de responsabilidade os atos do


Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e,
especialmente, contra a probidade na administração; enquanto o art. 14,

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§9º, trata a proteção da probidade administrativa como um dos parâmetros


para definição dos casos de inelegibilidade.
Todavia, o dispositivo de importância maior é o §4º, art, 37, da
Constituição, que estabelece a base para a responsabilização dos atos de
improbidade administrativa:
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos
direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e
o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem
prejuízo da ação penal cabível.

Uma vez que se insere no texto constitucional, essa norma alcança a


administração pública direta e indireta, de qualquer dos Poderes, de todos
os entes da Federação. Por conseguinte, foi editada a Lei 8.429/1992,
norma de caráter nacional, alcançando, portanto, todos os entes da
Federação (União, estados, Distrito Federal e municípios).
Nesse contexto, a Lei 8.429/1992 (Lei de Improbidade Administrativa)
define os sujeitos ativo e passivo do ato de improbidade (arts. 1º ao 3º); o
próprio ato de improbidade, ainda que não o faça de maneira tão clara (arts.
9ª ao 11º); as sanções cabíveis (art. 12); e as normas da ação judicial em
decorrência da prática do ato de improbidade (art. 17).
Com efeito, apesar de mencionarmos a relação entre a probidade
administrativa e a moralidade, os casos considerados como atos de
improbidade administrativa são muito mais amplos. Segundo Maria Sylvia
Zanella Di Pietro,
Comparando a moralidade com a probidade, pode-se afirmar que, como
princípios, significam praticamente a mesma coisa, embora algumas leis
façam referência às duas separadamente [...].
No entanto, quando se fala em improbidade como ato ilícito, como infração
sancionada pelo ordenamento jurídico, deixa de haver sinonímia entre as
expressões improbidade e imoralidade, porque aquela tem um sentido
muito mais amplo e muito mais preciso, que abrange não só atos
desonestos ou imorais, mas também e principalmente ilegais.

Dessa forma, a Lei de Improbidade Administrativa (LIA) estabeleceu


inúmeras hipóteses de atos de improbidade, sendo que a violação à
moralidade administrativa é apenas uma delas. Nesse contexto, a Lei
8.429/1992 estabeleceu três tipos de atos considerados como de
improbidade administrativa: (a) os que importam enriquecimento ilícito
(art. 9º); (b) os que causam prejuízo ao erário (art. 10); (c) os que
atentam contra os princípios da Administração Pública (art. 11).

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A partir daí, vamos começar a analisar todos os aspectos da Lei


8.429/199227.

Sujeito passivo do ato de improbidade

Os sujeitos passivos dos atos de improbidade administrativa são todas


as entidades que podem ser atingidas por atos dessa natureza, ou seja, são
as entidades contra as quais os atos de improbidade administrativa podem
ser praticados.

De acordo com o art. 1º da Lei 8.429/1992, os atos de


improbidade administrativa podem ser praticados contra
(sujeitos passivos):
a) a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território;
b) empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou
custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cento
do patrimônio ou da receita anual;
c) entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de
órgão público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja
concorrido ou concorra com menos de cinquenta por cento do patrimônio ou
da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão
do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.

Portanto, os sujeitos passivos abrangem todas as pessoas políticas


(União, estados, Distrito Federal e municípios); os órgãos dos três Poderes
(incluindo o Tribunal de Contas e o Ministério Público); as administrações
direta e indireta (autarquias, fundações públicas, empresas públicas e
sociedades de economia mista); as empresas que, mesmo não pertencendo
ao Poder Público, estão sob controle deste – no caso em que o erário
concorreu com mais de 50% do patrimônio ou da receita anual28 –;
entidades que não pertencem à Administração Pública, mas que recebam
algum tipo de subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de
órgão público, ou então aquelas em cuja criação ou custeio o erário haja

27
Nesta aula, qua L
um artigo, sem especificar a lei, considere que estamos falando da Lei 8.429/1992 (Lei de Improbidade
Administrativa).
28
Segundo a Pro. Maria Di Pietro, trata-se das D
Pietro, 2014, p. 910).

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concorrido com menos de cinquenta por cento do patrimônio ou da


receita anual, nos quais a sanção patrimonial limitar-se-á à repercussão do
ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.
Apenas esclarecendo um pouco mais, no último tipo de sujeito passivo
dos atos de improbidade administrativa mencionado acima, estão as
entidades privadas em relação às quais o Estado exerce a função de
fomento, concedendo algum tipo de subsídio, benefício ou incentivo ou que
tenha contribuído com a criação ou custeio (com menos de 50%). Podemos
mencionar como exemplos os serviços sociais autônomos (Sesi, Senai,
Sesc, etc.), as organizações sociais, as organizações da sociedade civil de
interesse público e qualquer outro tipo de entidade criada ou mantida com
recursos públicos29. Nesse caso, a Lei limita a sanção patrimonial à
repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos. Aquilo que
exceder às contribuições do erário, deverá ser pleiteado por outra via que
não a ação de improbidade.

Sujeito ativo do ato de improbidade

O sujeito ativo é representado pelas pessoas que podem praticar os


atos de improbidade administrativa e, por consequência, sofrer as devidas
sanções previstas na Lei 8.429/1992. Nesse contexto, existem dois tipos de
sujeitos ativos dos atos de improbidade:

a) os agentes públicos (art. 2º);


b) os terceiros que, mesmo não sendo agentes públicos, induzam ou
concorram para a prática do ato de improbidade administrativa ou
dele se beneficiem sob qualquer forma direta ou indireta (art. 3º).

Em primeiro lugar, devemos destacar que a Lei de Improbidade


Administrativa permite a aplicação de sanções a pessoas que não sejam
agentes públicos. No entanto, não é possível que o terceiro atue
isoladamente. Em outras palavras, uma pessoa que não seja agente público
somente cometerá atos de improbidade administrativa quando se observar
alguma relação com agentes públicos. Nesse caso, a Lei 8.429/1992
apresenta três tipos de relação: (a) quando a pessoa induz um agente a
praticar ato de improbidade administrativa; (b) quando pratica o ato
juntamente com o agente público, ou seja, quando concorre para o ato; e

29
Di Pietro, 2014, p. 910-911.

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(c) quando a pessoa se beneficia de um ato de improbidade praticado por


um agente público.
Por outro lado, o conceito de agente público da Lei 8.429/1992 é
amplo, abrangendo todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou
sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego
ou função nas entidades mencionadas que podem ser enquadrados como
sujeito passivo dos atos de improbidade administrativa (art. 2º).
Apesar da abrangência do conceito de agente público, o Supremo
Tribunal Federal, em decisão proferida na Reclamação 2.138/DF, declarou
que os agentes políticos passíveis de responder por crime de
responsabilidade, na forma prevista no art. 102, I, “c”, da Constituição
Federal, e na Lei 1.079/1950, não se sujeitam às disposições da Lei
8.429/1992. Nesse contexto, vejamos parte do Informativo 471, que
noticiou o julgado30:
Quanto ao mérito, o Tribunal, por maioria, julgou procedente a reclamação
para assentar a competência do STF para julgar o feito e declarar extinto o
processo em curso no juízo reclamado. Após fazer distinção entre os
regimes de responsabilidade político-administrativa previstos na CF, quais
sejam, o do art. 37, § 4º, regulado pela Lei 8.429/92, e o regime de crime
de responsabilidade fixado no art. 102, I, c, da CF e disciplinado pela Lei
1.079/50, entendeu-se que os agentes políticos, por estarem regidos por
normas especiais de responsabilidade, não respondem por improbidade
administrativa com base na Lei 8.429/92, mas apenas por crime de
responsabilidade em ação que somente pode ser proposta perante o STF
nos termos do art. 102, I, c, da CF.

Todavia, não devemos entender que todos os agentes políticos não


estão alcançados pela Lei de Improbidade Administrativa, mas apenas
aqueles que podem responder por crime de responsabilidade. Com
efeito, o art. 102, I, “c”, da CF, abrange os Ministros de Estado, os
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, os membros dos
Tribunais Superiores, os membros do Tribunal de Contas da União e os
chefes de missão diplomática de caráter permanente. Já a Lei 1.079/1950
define como crimes de responsabilidade aqueles cometidos pelo Presidente
da República, por Ministro de Estado, pelos Ministros do STF, pelo
Procurador-Geral da República, pelos governadores e secretários estaduais
(incluindo o governador e os secretários do Distrito Federal).
Por conseguinte, os magistrados em geral, os membros do
Ministério Público e os parlamentares (senadores, deputados e

30
Informativo 471 do STF; veja também a Rcl 2.138/DF.

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vereadores), mesmo sendo agentes políticos, podem responder por ato de


improbidade administrativa.
Ademais, vale dizer que a Lei 1.079/1950 não alcança as autoridades
municipais, ou seja, ela não trata dos prefeitos31 e secretários municipais.
Portanto, não é possível estender o entendimento a essas autoridades.
Nessa linha, na jurisprudência do STJ, há entendimento de que a Lei
8.429/1992 alcança os agentes políticos municipais32, tais como
prefeitos, ex-prefeitos e vereadores33. O STJ também entende que a Lei
8.429/1992 aplica-se aos membros dos Tribunais de Contas34.
Além disso, é importante destacar que, no entendimento do STJ, as
disposições da Lei 8.429/1992 alcançam os magistrados, inclusive no
exercício da função judicante. Nesse sentido, vejamos o trecho do
precedente do Superior Tribunal de Justiça constante no REsp
1.127.182/RN:
1. Sejam considerados agentes comuns, sejam considerados
agentes políticos, a Lei n. 8.429/92 é plenamente incidente em face
de magistrados por atos alegadamente ímprobos que tenham sido
cometidos em razão do exercício de seu mister legal.
[...]
3. Em segundo lugar porque, admitindo tratar-se de agentes não políticos,
o conceito de "agente público" previsto no art. 2º da Lei n. 8.429/92 é
amplo o suficiente para albergar os magistrados, especialmente, se, no
exercício da função judicante, eles praticarem condutas enquadráveis,
em tese, pelos arts. 9º, 10 e 11 daquele diploma normativo.
4. Despiciendo, portanto, adentrar, aqui, longa controvérsia doutrinária e
jurisprudencial acerca do enquadramento de juízes como agentes políticos,
pois, na espécie, esta discussão demonstra-se irrelevante. (REsp
1127182/RN, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA
TURMA, julgado em 28/09/2010, DJe 15/10/2010) (grifos nossos)

Por fim, vale mencionar que parte da doutrina questiona o


posicionamento do Superior Tribunal Federal, entendendo que não há
nenhuma exceção à aplicação da Lei de Improbidade Administrativa35. Além
disso, o Superior Tribunal de Justiça, na Reclamação 2.790/SC, admitiu
a possibilidade de governador de estado (agente político) responder por ato
de improbidade administrativa36.

31
Os crimes de responsabilidade de prefeitos e vereadores são disciplinados no Decreto-Lei 201/1967. Todavia,
este normativo não consta como fundamento da Reclamação 2.138/DF preferida pelo STF.
32
REsp 1119143/MG.
33
AgRg no REsp 1158623/RJ.
34
QO na AIA 27/DF.
35
e.g. Cunha Júnior, 2014, p. 560.
36
Rlc 2.790/SC.

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Portanto, é importante atentar para qual a referência da questão, uma


vez que os entendimentos do STF e do STJ são divergentes, em alguns
pontos, sobre o assunto, principalmente pela maior abrangência dos
sujeitos ativos segundo esta última Corte.

Natureza da ação de improbidade administrativa e cumulação de instâncias

De acordo com o art. 37, §4º da Constituição Federal, os atos de


improbidade administrativa importarão: (a) a suspensão dos direitos
políticos; (b) a perda da função pública; (c) a indisponibilidade dos bens; e
(d) o ressarcimento ao erário, “sem prejuízo da ação penal cabível”.
Adicionalmente, a Lei 8.429/1992 apresentou outras penalidades, que
serão discutidas a seguir.
Portanto, a natureza da ação não é penal. Claro que se a conduta for
tipificada como crime, não haverá prejuízo de interpor ação própria
buscando a aplicação das sanções penais. Nesse caso, teremos duas ações
distintas, uma de improbidade administrativa e outra de natureza penal.
Nesse contexto, devemos destacar que existem três esferas
independentes: penal, civil e administrativa. Essas esferas são, em
regra, independentes, ou seja, é possível que uma pessoa seja absolvida
em uma, e não na outra. Também é possível que alguém seja sancionado
nas três esferas, ou em apenas duas.

A regra é a independência das instâncias penal, civil e


administrativa, motivo pelo qual uma pessoa poderá
sofrer ações nas três esferas. Todavia, a ação penal, que
possui um procedimento mais solene, poderá interferir nas demais instâncias da
seguinte forma37:
a) a condenação criminal, invariavelmente, acarreta a condenação nas esferas civil
e administrativa;
b) a absolvição na esfera penal estende-se às outras instâncias exclusivamente
quando fundada na inexistência do fato ou na ausência de autoria.

Assim, um agente público poderá, na mesma conduta, cometer um


crime previsto no Código Penal (esfera penal); ser responsabilizado

37
Alexandrino e Paulo, 2011, p. 898-899.

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civilmente pelo dano causado ao erário (esfera civil); e ser punido com pena
de demissão do serviço público (esfera administrativa).
Quanto à natureza da ação de improbidade, alguns doutrinadores a
consideram como de natureza civil. Todavia, a Prof. Maria Sylvia Zanella
Di Pietro ensina que o ato de improbidade administrativa caracteriza um
ilícito de natureza civil e política, uma vez que pode implicar a suspensão
dos direitos políticos, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao
erário.
De forma mais ampla, Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo consideram
que as penalidades previstas na Lei 8.429/1992 possuem natureza:
a) administrativa: perda da função pública, proibição de contratar
com o Poder Público, proibição de receber do Poder Público
benefícios fiscais ou creditícios;
b) civil: ressarcimento ao erário, perda dos bens e valores acrescidos
ilicitamente ao patrimônio, multa civil; e
c) política: suspensão dos direitos políticos.
Independentemente do que se considera por “natureza”, o fato é que
os atos de improbidade administrativa não geram sanções penais, sendo
necessário, para tanto, a interposição de ação própria.

31. (Cespe - Proc/TC DF/2013) O ato de improbidade, que, em si, não constitui
crime, caracteriza-se como um ilícito de natureza civil e política.
Comentário: o art. 37, §4º, da LIA determina que as penalidades decorrentes
dos atos de improbidade administrativa devem ser aplicadas “sem prejuízo da
ação penal cabível”. Portanto, a ação e suas penalidades não possuem
natureza penal.
De acordo com Maria Di Pietro, o ato de improbidade administrativa
caracteriza um ilícito de natureza civil e política, uma vez que pode implicar a
suspensão dos direitos políticos, a indisponibilidade dos bens e o
ressarcimento ao erário. Dessa forma, o item está correto.
Gabarito: correto.

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32. (Cespe - ATA/MIN/2013) Os agentes políticos cujos atos puderem configurar


crimes de responsabilidade não se submetem ao regime da Lei de Improbidade
Administrativa.
Comentário: o conceito de agente público da Lei 8.429/1992 é amplo,
abrangendo todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer
outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função
nas entidades alcançadas pela Lei.
Todavia, o STF, na Reclamação 2.138/DF, declarou que os agentes políticos
passíveis de responder por crime de responsabilidade, na forma prevista no
art. 102, I, “c”, da Constituição Federal, e na Lei 1.079/1950, não se sujeitam
às disposições da Lei 8.429/1992.
Assim, em linhas gerais, podemos considerar a assertiva correta.
Gabarito: correto.

33. (Cespe - AnaTA/MJ/2013) Um ato de improbidade administrativa praticado por


servidor público não pode ser simultaneamente enquadrado como um ilícito
administrativo, o que exime a autoridade competente de instaurar qualquer
procedimento para apuração de responsabilidade de natureza disciplinar.
Comentário: as instâncias são independentes. Logo, um ato de improbidade
administrativa também poderá ser enquadrado nas esferas administrativa e
penal. Por exemplo, um servidor público federal que dispensar ou inexigir
licitação fora das hipóteses previstas em lei poderá ser responsabilizado na
esfera penal (Lei 8.666/1993, art. 89); na esfera administrativa (Lei 8.112/1990,
art. 132, I e IV); e por ato de improbidade administrativa – esfera civil (Lei
8.429/1992, art. 10, VIII).
Logo, o servidor público poderá ser enquadrado simultaneamente pelo ilícito
administrativo.
Gabarito: errado.

34. (Cespe - AnaTA/MJ/2013) A Lei de Improbidade Administrativa é aplicável a


qualquer agente público que seja servidor estatutário vinculado às pessoas jurídicas
de direito público, não abrangendo os empregados públicos vinculados à
administração indireta.
Comentário: a Lei 8.429/1992 abrangem todas as pessoas políticas (União,
estados, Distrito Federal e municípios); os órgãos dos três Poderes (incluindo
o Tribunal de Contas e o Ministério Público); as administrações direta e
indireta (autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de

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economia mista); as empresas que, mesmo não pertencendo ao Poder


Público, estão sob controle deste – no caso em que o erário concorreu com
mais de 50% do patrimônio ou da receita anual –; entidades que não
pertencem à Administração Pública, mas que recebam algum tipo de
subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público, ou
então aquelas em cuja criação ou custeio o erário haja concorrido com menos
de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual, nos quais a sanção
patrimonial limitar-se-á à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos
cofres públicos.
Com efeito, o art. 2º estabelece o seguinte:
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele
que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por
eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de
investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas
entidades mencionadas no artigo anterior.
Dessa forma, o conceito é amplo, abrangendo quase todos os tipos de agentes
públicos. A Lei também abrange toda a administração direta e indireta, as
entidades controladas e aquelas que recebam recursos para fomento.
Gabarito: errado.

Espécies de atos de improbidade administrativa

A Lei 8.429/1992 classifica os atos de improbidade administrativa em


três grandes grupos.

Os arts. 9º, 10 e 11 estabelecem os grupos de


atos de improbidade, dividindo-os em atos
que:
a) importam enriquecimento ilícito (art. 9º);
b) causam prejuízo ao erário (art. 10);
c) atentam contra os princípios da Administração Pública (art. 11).

A partir do enquadramento do ato em um desses grupos, serão


aplicadas as penalidades previstas no art. 12 da Lei. Nesse caso, há uma
verdadeira hierarquia das sanções, sendo que as penalidades mais
rigorosas se aplicam aos atos que importam enriquecimento ilícito, e as
penas mais brandas aos que atentam contra os princípios da Administração
Pública.

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Além disso, a Lei estabelece, para cada um desses grupos, uma rápida
definição e, em seguida, lista alguns exemplos de atos que neles poderiam
ser enquadrados. Nesse contexto, após a definição, em cada um dos
artigos, consta a expressão “e notadamente”. Dessa forma, podemos
perceber que o rol de condutas previstas em cada um dos artigos que
estabelecem os atos de improbidade administrativa é apenas
exemplificativo, podendo existir casos que não constem expressamente
nesses dispositivos, mas igualmente possam ser considerados como
improbidades.
Agora, vamos analisar as condutas enquadráveis em cada um desses
grupos.

Atos que importam enriquecimento ilícito

De acordo com o art. 9º da Lei 8.429/1992, constitui ato de


improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito “auferir
qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício
de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas entidades”
abrangidas pela Lei e, notadamente:
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer
outra vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem,
gratificação ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser
atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente
público;
II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição,
permuta ou locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas
entidades referidas no art. 1° por preço superior ao valor de mercado;
III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação,
permuta ou locação de bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal
por preço inferior ao valor de mercado;
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou
material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das
entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidores
públicos, empregados ou terceiros contratados por essas entidades;
V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para
tolerar a exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de

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contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de


tal vantagem;
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para
fazer declaração falsa sobre medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer
outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de
mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1º
desta lei;
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou
função pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à
evolução do patrimônio ou à renda do agente público;
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou
assessoramento para pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser
atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente
público, durante a atividade;
IX - perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de
verba pública de qualquer natureza;
X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente,
para omitir ato de ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado;
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou
valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1°
desta lei;
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do
acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei.

Essas são as condutas mais graves e, por conseguinte, receberão as


penalidades mais gravosas.

Atos que causam lesão ao erário

Consoante o art. 10 da LAI, constitui ato de improbidade administrativa


que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou
culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades
abrangidas pela Lei, e notadamente:

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I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio


particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores
integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens,
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades
mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância das formalidades legais ou
regulamentares aplicáveis à espécie;
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que
de fins educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio
de qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das
formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do
patrimônio de qualquer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a
prestação de serviço por parte delas, por preço inferior ao de mercado;
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço
superior ao de mercado;
VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e
regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidônea;
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente;
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou
regulamento;
X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que diz
respeito à conservação do patrimônio público;
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir
de qualquer forma para a sua aplicação irregular;
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas,
equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de
qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de
servidor público, empregados ou terceiros contratados por essas entidades.

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XIV celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de
serviços públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades
previstas na lei;
XV celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia
dotação orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas na lei.

Esses são os casos intermediários, que geram penas de nível médio,


conforme escalonamento prevista na Lei de Improbidade Administrativa.
Com efeito, o art. 10 foi claro em mencionar que este grupo alcança
qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa. A doutrina e a
jurisprudência consideram que é necessário demonstrar a existência do
elemento subjetivo do ato, ou seja, o dolo ou a culpa. O dolo ocorre
quando o agente possui a intenção de praticar a conduta prevista na lei;
por outro lado, a culpa ocorre quando ele atua com negligência,
imprudência ou imperícia.
No caso dos atos de improbidade administrativa, só se admite conduta
culposa naqueles que causam lesão ao erário; enquanto, nos outros casos
(os que importam enriquecimento ilícito e os que atentam contra os
princípios da Administração Pública) só admitem conduta dolosa. O dolo, no
entanto, conforme entendimento do STJ, não precisa ter finalidade
específica (dolo específico), basta o dolo genérico38.
Nesse sentido, vale transcrever o trecho da ementa do REsp
805.080/SP, que mostra-se bastante esclarecedor39:
7. A configuração de qualquer ato de improbidade administrativa exige a
presença do elemento subjetivo na conduta do agente público, pois não é
admitida a responsabilidade objetiva em face do atual sistema jurídico
brasileiro, principalmente considerando a gravidade das sanções contidas
na Lei de Improbidade Administrativa. Portanto, é indispensável a presença
de conduta dolosa ou culposa do agente público ao praticar o ato de
improbidade administrativa, especialmente pelo tipo previsto no art. 11 da
Lei 8.429/92, especificamente por lesão aos princípios da Administração
Pública, que admite manifesta amplitude em sua aplicação. Por outro lado,
é importante ressaltar que a forma culposa somente é admitida no ato de
improbidade administrativa relacionado à lesão ao erário (art. 10 da LIA),
não sendo aplicável aos demais tipos (arts. 9º e 11 da LIA). (REsp
805080/SP, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em
23/06/2009, DJe 06/08/2009)

38
REsp 951389/SC.
39
REsp 805.080/SP.

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Assim, antes de partirmos para o próximo grupo, vamos apresentar


um pequeno resumo:

Tipo de ato de improbidade Elemento subjetivo


Atos que importam enriquecimento ilícito (art. 9º) Dolo
Atos que causam prejuízo ao erário (art. 10) Dolo ou culpa
Atos que atentam contra os princípios da Administração Dolo
Pública (art. 11).

Atos que atentam contra os princípios da Administração Pública

Constitui ato que atenta contra os princípios da Administração Pública


qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,
imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente
(art. 11º):
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele
previsto, na regra de competência;
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que
deva permanecer em segredo;
IV - negar publicidade aos atos oficiais;
V - frustrar a licitude de concurso público;
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da
respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar
o preço de mercadoria, bem ou serviço.

Essas são as condutas cuja a Lei impõe as penalidades mais simples,


ou seja, são consideradas menos gravosas.
Devemos notar que frustrar a licitude de procedimento licitatório ou
dispensá-la indevidamente enquadra-se como ato que causa lesão ao
erário, enquanto frustrar a licitude de concurso público é um ato que
atenta contra os princípios da Administração Pública.

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Vamos resolver questões!

35. (Cespe - Adm/MJ/2013) Com relação aos agentes públicos e à improbidade


administrativa, julgue o item que se segue conforme entendimento do Superior
Tribunal de Justiça.
Para a caracterização de ato de improbidade por ofensa a princípios da
administração pública, exige-se a demonstração do dolo lato sensu ou genérico.
Comentário: de acordo com o STJ, para a configuração de improbidade
administrativa censurada nos termos do art. 11 da Lei 8.429/1992 (ato de
improbidade por ofensa a princípios da administração pública), basta a
demonstração do dolo genérico de realizar a conduta. Nesse sentido, vejamos
um trecho da ementa do REsp 951389/SC
2. Conforme já decidido pela Segunda Turma do STJ (REsp 765.212/AC),
o elemento subjetivo, necessário à configuração de improbidade
administrativa censurada nos termos do art. 11 da Lei 8.429/1992, é o
dolo genérico de realizar conduta que atente contra os princípios da
Administração Pública, não se exigindo a presença de dolo específico.
Logo, o item está correto.
Gabarito: correto.

36. (Cespe - AA/IBAMA/2013) A utilização de cargo público para favorecer


enriquecimento ilícito de amigo ou parente é considerada improbidade
administrativa que causa prejuízo ao erário.
Comentário: constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao
erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda
patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou
haveres das entidades do Poder Público. Além disso, a Lei 8.429/1992 cita
como exemplo de ato de improbidade dessa natureza: “XII - permitir, facilitar
ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente”.
Portanto, o caso descrito na questão: “utilização de cargo público para
favorecer enriquecimento ilícito de amigo ou parente”, enquadra-se nas
hipóteses de atos que causam prejuízo ao erário.
Gabarito: correto.

37. (Cespe - AnaTA/SUFRAMA/2014) Considere que determinada regra exige


licença ambiental para liberação de financiamento de projeto empresarial na cidade
de Manaus. Nesse caso, se um servidor da SUFRAMA autorizar a liberação de

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verba da autarquia para financiamento de atividade empresarial cuja licença


ambiental esteja irregular, ele poderá figurar como réu em ação de improbidade.
Comentário: vamos ao conteúdo do art. 10 da LIA:
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao
erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda
patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos
bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e
notadamente:
[...]
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas
pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular;
Além disso, por ser servidor de autarquia da União, se enquadra no conceito
de agente público da Lei. Portanto, ele poderá figurar como réu em ação de
improbidade.
Gabarito: correto.

Sanções cabíveis

A Constituição Federal apresentou quatro tipos de sanções cabíveis em


decorrência do ato de improbidade administrativa:
a) a suspensão dos direitos políticos;
b) a perda da função pública;
c) a indisponibilidade dos bens; e
d) o ressarcimento ao erário.
Adicionalmente, a Lei 8.429/1992 acrescentou outros dois tipos de
penas: (a) pagamento de multa civil; e (b) proibição de contratar com o
Poder Público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios,
direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da
qual seja sócio majoritário.
Essas penas são aplicadas pelo Poder Judiciário, de acordo com a
autonomia que lhe é atribuída40. Nesse sentido, o parágrafo único do art.
12 da LAI dispõe que “na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará
em conta a extensão do dano causado, assim como o proveito patrimonial
obtido pelo agente”.

40
Scatolinho, 2014, p. 739.

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Entretanto, é possível a aplicação de pena de demissão de servidor


público por ato de improbidade administrativa, em processo
administrativo disciplinar, mesmo sem decisão judicial prévia. Nessa
linha, o STJ entendeu, com base na independência das instâncias
administrativa e instância judicial civil e penal, que é possível que servidor
seja demitido, com fundamento no art. 132, IV41, da Lei 8.112/1990,
independentemente de processo judicial prévio. Todavia, para as penas não
previstas no Estatuto do Servidor, será indispensável o processo judicial42.
Após essa exposição, vamos analisar as penas previstas, de acordo
com cada tipo de ato de improbidade praticado.

De acordo com o art. 12 da Lei 8.429/1992,


independentemente das sanções penais, civis e
administrativas previstas na legislação específica, está o
responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem
ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato:

a) para os atos que importam enriquecimento ilícito:


 perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio;
 ressarcimento integral do dano, quando houver;
 perda da função pública;
 suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos;
 pagamento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial;
e
 proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos
fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;

b) para os atos que causam prejuízo ao erário:


 ressarcimento integral do dano;
 perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer
esta circunstância;
 perda da função pública;
 suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos;

41
Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes casos: [...] IV - improbidade administrativa;
42
MS 15.054/DF.

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 pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano; e


 proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos
fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;

c) para os atos atentam contra os princípios da Administração Pública:


 ressarcimento integral do dano, se houver;
 perda da função pública;
 suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos;
 pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida
pelo agente; e
 proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos
fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.

As penas de perda da função pública e a suspensão dos direitos


políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença
condenatória. Todavia, a autoridade judicial ou administrativa competente
poderá determinar o afastamento do agente público do exercício do cargo,
emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se
fizer necessária à instrução processual (art. 20, caput e parágrafo único).
Ademais, o art. 21 determina que a aplicação das sanções previstas na
Lei independe:
a) da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, salvo quanto à
pena de ressarcimento;
b) da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de controle interno
ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
Com efeito, a Lei impõe que, ocorrendo lesão ao patrimônio público por
ação ou omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro, dar-se-á o
integral ressarcimento do dano (art. 5º). Além disso, no caso de
enriquecimento ilícito, perderá o agente público ou terceiro beneficiário os
bens ou valores acrescidos ao seu patrimônio.
Por fim, o sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público
ou se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações da LIA até o limite
do valor da herança (art. 8º). Portanto, nesses dois casos específicos (lesão

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ao patrimônio público ou enriquecimento ilícito), é possível que o sucessor


seja atingido pelas penalidades da Lei de Improbidade Administrativa.

38. (Cespe - TJ/TJDFT/2013) Com base no disposto na Lei n.º 8.429/1992, julgue
o item seguinte.
As penalidades aplicadas ao servidor ou a terceiro que causar lesão ao patrimônio
público são de natureza pessoal, extinguindo-se com a sua morte.
Comentário: de acordo com o art. 8º da Lei 8.429/1992, o sucessor daquele
que causar lesão ao patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente está
sujeito às cominações da Lei de Improbidade até o limite do valor da herança.
Portanto, mesmo com a morte do servidor ou do agente que causar lesão ao
patrimônio, é possível que as penalidades alcancem o seu sucessor. Logo, o
item está errado.
Gabarito: errado.

Declaração de bens e valores

O art. 13 da LAI determina que a posse e o exercício de agente público


ficam condicionados à apresentação de declaração dos bens e valores
que compõem o seu patrimônio privado, a fim de ser arquivada no
serviço de pessoal competente.
Quando for o caso, a declaração abrangerá os bens e valores
patrimoniais do cônjuge ou companheiro, dos filhos e de outras pessoas
que vivam sob a dependência econômica do declarante, excluídos apenas
os objetos e utensílios de uso doméstico (art. 13. §1º).
Ademais, a declaração de bens deverá ser atualizada: (a) anualmente
e (b) na data em que o agente público deixar o exercício do mandato, cargo,
emprego ou função. A Lei determina ainda que será punido com a pena de
demissão, a bem do serviço público, sem prejuízo de outras sanções
cabíveis, o agente público que se recusar a prestar declaração dos
bens, dentro do prazo determinado, ou que a prestar falsa.
Por fim, é facultado ao declarante entregar cópia da declaração anual
de bens apresentada à Delegacia da Receita Federal na conformidade da
legislação do Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer natureza.

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Representação

Conforme consta no art. 14, é facultado a qualquer pessoa


representar à autoridade administrativa competente para que seja
instaurada investigação destinada a apurar a prática de ato de
improbidade.
Por outro lado, a Lei considera como crime a representação por ato de
improbidade contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor
da denúncia o saiba inocente (art. 19).
Como requisito de validade, a representação deverá ser escrita ou
reduzida a termo e assinada, contendo a qualificação do representante, as
informações sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que
tenha conhecimento. Caso não contenha essas formalidades, a autoridade
administrativa rejeitará a representação, em despacho fundamentado.
Todavia, a rejeição não impede a representação ao Ministério Público.
Casos sejam atendidos os requisitos da representação, a autoridade
determinará a imediata apuração dos fatos. Nesse caso, a decisão é
vinculada, pois, casos sejam atendidos os requisitos da Lei,
obrigatoriamente a autoridade deverá apurar a representação, utilizando-
se do devido processo administrativa disciplinar. Em se tratando de servidor
público federal, o processo deverá ocorrer nos moldes dos arts. 148 ao 182
da Lei 8.112/1990.

Ação de improbidade

O art. 15 da LIA prevê a existência de uma comissão encarregada de


realizar a instrução do processo administrativo, que deverá dar
conhecimento ao Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da
existência de procedimento administrativo para apurar a prática de ato de
improbidade, os quais poderão designar representante para acompanhar o
procedimento administrativo.
Casos existam fundados indícios de responsabilidade, a comissão
representará ao Ministério Público ou à procuradoria do órgão para que
requeira ao juízo competente a decretação do sequestro dos bens do
agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano
ao patrimônio público (art. 16). O sequestro é uma medida cautelar que
incide sobre bens específicos, com a finalidade de garantir a futura
execução.

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Adicionalmente, quando for o caso, o pedido incluirá a investigação,


o exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações
financeiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei e
dos tratados internacionais.
Até agora, estamos tratando da instrução do processo administrativo.
Todavia, o Ministério Público não depende somente de provocação para
pleitear as medidas cautelares ou para mover a ação de improbidade.
Conforme dispõe o art. 22 da Lei, para apurar qualquer ilícito de
improbidade, o Ministério Público, de ofício, a requerimento de autoridade
administrativa ou mediante representação, poderá requisitar a
instauração de inquérito policial ou procedimento administrativo.
Nesse contexto, vale mencionar que a apuração administrativa não
deve se confundir com a ação judicial interposta pelos legitimados para
punir os responsáveis. De acordo com o art. 17 da LIA, são legitimados
ativos ad causam para propor ação de improbidade administrativa:
a) o Ministério Público;
b) a pessoa jurídica interessada – no caso, é uma daquelas
entidades que podem sofrer o ato de improbidade administrativa,
isto é, que se enquadram como sujeitos passivos dos atos de
improbidade administrativa.
Caso exista medida cautelar, a ação principal deverá ser movida em
até 30 dias a contar da efetivação da medida (art. 17, caput). Com efeito,
a ação judicial terá rito ordinário, sendo vedada a transação, acordo ou
conciliação nas ações por ato de improbidade administrativa (art. 17, §1º).

A LIA veda a transação, acordo ou conciliação


em ações de improbidade administrativa.

Quando for o caso, a Fazenda Pública promoverá as ações necessárias


à complementação do ressarcimento do patrimônio público.
Quanto ao rito do processo, o §3º, art. 17, determina que, no caso de
a ação principal ter sido proposta pelo Ministério Público, a pessoa jurídica
interessada poderá optar por abster-se de contestar o pedido de
impugnação do ato ou atuar ao lado do MP, “desde que isso se afigure útil
ao interesse público, a juízo do respectivo representante legal ou dirigente”
(Lei 4.717/1965, art. 6º, 3º). Nesse caso, a pessoa jurídica poderá compor

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o polo ativo da ação, ao lado do MP, ou permanecer inerte diante da


instauração do processo.
Contudo, quando for a pessoa interessada quem interpôs a ação, o
Ministério Público, se não intervir no processo como parte, atuará
obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena de nulidade.
Os §§5º ao 12 estabelecem outras regras sobre o andamento da ação,
vejamos:
§ 5o A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas as
ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou
o mesmo objeto. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)
§ 6o A ação será instruída com documentos ou justificação que contenham
indícios suficientes da existência do ato de improbidade ou com razões
fundamentadas da impossibilidade de apresentação de qualquer dessas
provas, observada a legislação vigente, inclusive as disposições inscritas
nos arts. 16 a 18 do Código de Processo Civil.
§ 7o Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará
a notificação do requerido, para oferecer manifestação por escrito, que
poderá ser instruída com documentos e justificações, dentro do prazo de
quinze dias.
§ 8o Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias, em decisão
fundamentada, rejeitará a ação, se convencido da inexistência do ato de
improbidade, da improcedência da ação ou da inadequação da via eleita.
§ 9o Recebida a petição inicial, será o réu citado para apresentar
contestação.
§ 10. Da decisão que receber a petição inicial, caberá agravo de
instrumento.
§ 11. Em qualquer fase do processo, reconhecida a inadequação da ação
de improbidade, o juiz extinguirá o processo sem julgamento do mérito.
§ 12. Aplica-se aos depoimentos ou inquirições realizadas nos processos
regidos por esta Lei o disposto no art. 221, caput e § 1o, do Código de
Processo Penal.

A sentença que julgar procedente ação civil de reparação de dano ou


decretar a perda dos bens havidos ilicitamente determinará o pagamento
ou a reversão dos bens, conforme o caso, em favor da pessoa jurídica
prejudicada pelo ilícito (art. 18).
Por fim, vale mencionar os ensinamentos de George Sarmento, que
dispõe que a ação judicial por ato de improbidade administrativa possui
natureza de ação civil pública, sendo-lhe cabível, subsidiariamente, as
regras da Lei 7.347/1995 (Lei da Ação Civil Pública).

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Competência

A competência para processar e julgar a ação civil por ato de


improbidade administrativa é do juiz de 1º grau (Federal ou estadual) com
jurisdição na sede da lesão. A ação tramitará na Justiça Federal se houver
interesse da União, autarquias ou empresas públicas federais (CF, art. 109,
I); caso contrário, será de competência da justiça estadual.
Vale mencionar que a Lei 10.628/2002 acrescentou o §2º no art. 84
do Código de Processo Penal, determinando que a ação de improbidade
deveria ser proposta perante o tribunal competente para processar e julgar
criminalmente o funcionário ou autoridade na hipótese de foro em razão do
exercício de função pública.
Ocorre que as ações de improbidade possuem natureza civil e,
portanto, não existe amparo constitucional para conceder foro especial. Por
conseguinte, o STF, ao julgar a ADI 2797/DF43 declarou o dispositivo
inconstitucional, afirmando a competência do juiz de 1ª instância para
julgar as ações de improbidade.
Entretanto, o STF entende que essa regra não alcança o julgamento de
ações de improbidade contra os seus membros, que devem ser julgadas
pelo próprio STF, isto é, eventual ação de improbidade praticada por
Ministro do STF deverá ser julgada pelo próprio Superior Tribunal Federal.
Finalmente, o STJ entendeu que o julgamento de governador de
estado, no caso de ação de improbidade administrativa, deverá ser julgado
pelo próprio STJ44.

Prescrição

O art. 23 da Lei 8.429/1992 determina que as ações destinadas a levar


a efeitos as sanções previstas em decorrência de ato de improbidade
administrativa podem ser propostas:
a) em até cinco anos após o término do exercício de mandato, de
cargo em comissão ou de função de confiança;
b) dentro do prazo prescricional previsto em lei específica para faltas
disciplinares puníveis com demissão a bem do serviço público,
nos casos de exercício de cargo efetivo ou emprego.

43
ADI 2797/DF.
44
Rcl 2.790/SC.

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Esse prazo previsto no item “b” varia conforme o ente da Federação.


No caso da União, o prazo prescricional é de cinco anos, conforme consta
no art. 142, I, da Lei 8.112/199045.

39. (Cespe - AJ/CNJ/2013) Segundo jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça


(STJ), o reconhecimento de ato de improbidade administrativa, nos moldes
previstos pela Lei de Improbidade Administrativa (Lei n.º 8.429'1992), requer o
exercício de função específica (administrativa), não se admitindo sua extensão à
atividade judicante.
Comentário: no entendimento do STJ, as disposições da Lei 8.429/1992
alcançam os magistrados, inclusive no exercício da função judicante. Nesse
sentido, vejamos o trecho do precedente do Superior Tribunal de Justiça
constante no REsp 1.127.182/RN
[...] o conceito de "agente público" previsto no art. 2º da Lei n. 8.429/92 é amplo o
suficiente para albergar os magistrados, especialmente, se, no exercício da função
judicante, eles praticarem condutas enquadráveis, em tese, pelos arts. 9º, 10 e 11
daquele diploma normativo.
Portanto, o reconhecimento de ato de improbidade pode alcançar até mesmo
o exercício da função judicante.
Gabarito: errado.

40. (Cespe - TJ/TJDFT/2013) O servidor que estiver sendo processado


judicialmente pela prática de ato de improbidade somente perderá a função pública
após o trânsito em julgado da sentença condenatória.
Comentário: isso mesmo! As penas de perda da função pública e a suspensão
dos direitos políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença
condenatória. Todavia, a autoridade judicial ou administrativa competente
poderá determinar o afastamento do agente público do exercício do cargo,
emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer
necessária à instrução processual (art. 20, caput e parágrafo único).
Gabarito: correto.

41. (Cespe - AJ/TJDFT/2013) Somente são sujeitos ativos do ato de improbidade


administrativa os agentes públicos, assim entendidos os que exercem, por eleição,

45
Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade
e destituição de cargo em comissão;

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nomeação, designação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato,


cargo, emprego ou função na administração direta, indireta ou fundacional de
qualquer dos poderes da União, dos estados, do DF e dos municípios.
Comentário: podemos considerar como sujeitos ativos dos atos de
improbidade administrativa os terceiros que, mesmo não sendo agentes
públicos, induzam ou concorram para a prática do ato de improbidade
administrativa ou dele se beneficiem sob qualquer forma direta ou indireta, e
os agentes públicos, ou seja, todo aquele que exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato,
cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no art. 1º da Lei.
Portanto, não são apenas os agentes públicos os sujeitos ativos do ato de
improbidade.
Gabarito: errado.

42. (Cespe - AJ/TRT 10/2013) Apuração interna realizada descobriu que um


empregado público federal de uma sociedade de economia mista recebeu vantagem
indevida de terceiros, em troca do fornecimento de informações privilegiadas e
dados sigilosos do ente de que ele fazia parte. O relatório de conclusão da apuração
foi enviado ao Ministério Público para providências cabíveis.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
O terceiro beneficiado poderá ser responsabilizado nas esferas cível e criminal, mas
não por improbidade administrativa, visto que esta não abrange particulares.
Comentário: podem ser responsabilizados por ato de improbidade
administrativa os agentes públicos e os terceiros que, mesmo não sendo
agentes públicos, induzam ou concorram para a prática do ato de improbidade
administrativa ou dele se beneficiem sob qualquer forma direta ou indireta.
Dessa forma, o terceiro beneficiado poderá ser responsabilizado também por
improbidade administrativa, sem prejuízo das sanções penais.
Gabarito: errado.

43. (Cespe - ACE/TC DF/2014) O herdeiro de deputado distrital que tenha, no


exercício do mandato, ocasionado lesão ao patrimônio público e enriquecido
ilicitamente está sujeito às cominações da Lei de Improbidade Administrativa, mas
somente até o limite do valor da herança recebida.
Comentário: o sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou
se enriquecer ilicitamente está sujeito às cominações da LIA até o limite do
valor da herança (art. 8º). Dessa forma, o herdeiro poderá ser atingido pelas
penalidades da LIA, até o limite do valor da herança recebida. Com feito, vale

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mencionar que não há nenhuma vedação para a responsabilização de


deputado por improbidade administrativa.
Gabarito: correto.

44. (Cespe - TJ/CNJ/2013) A configuração da improbidade exige os seguintes


elementos: o enriquecimento ilícito, o prejuízo ao erário e o atentado contra os
princípios fundamentais (legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência), presente o elemento subjetivo doloso.
Comentário: a questão foi mal elaborada e, infelizmente, o gabarito foi infeliz.
O avaliador tomou por base a ementa do REsp 654.721/MT46 do STJ, vejamos:
ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. RECURSOS ESPECIAIS. IMPROBIDADE
ADMINISTRATIVA. LEI 8.429/92. CONTRATAÇÃO E MANUTENÇÃO DE PESSOAL SEM A
REALIZAÇÃO DE CONCURSO PÚBLICO. AUSÊNCIA DE DOLO E DE PREJUÍZO AO ERÁRIO.
ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA NÃO CONFIGURADO. RECURSOS PROVIDOS.
1. "A improbidade administrativa consiste na ação ou omissão intencionalmente
violadora do dever constitucional de moralidade no exercício da função pública, tal como
definido por lei" (Marçal Justen Filho in Curso de Direito Administrativo, 3 ed. rev. e
atual., São Paulo: Saraiva, 2008, p. 828). 2. Para que se configure a improbidade,
devem estar presentes os seguintes elementos: o enriquecimento ilícito, o
prejuízo ao erário e o atentado contra os princípios fundamentais (legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência). 3. O ato de improbidade,
na sua caracterização, como de regra, exige elemento subjetivo doloso, à luz
da natureza sancionatória da Lei 8.429/92. 4. No caso dos autos, as instâncias
ordinárias afastaram a existência de dolo, bem como de prejuízo ao erário, razão por
que não há falar em ocorrência de ato de improbidade administrativa. 5. Recursos
especiais providos. (grifos nossos)
Ocorre que o texto do REsp deixa claro que a presenta do elemento subjetivo
doloso ocorre apenas “como regra”. Isso porque no caso do ato de
improbidade administrativa que causa lesão ao erário admite-se tanto o dolo
quanto a culpa. É o que consta no art. 10 da Lei 8.429/1992:
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer
ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio,
apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades
referidas no art. 1º desta lei, e notadamente: (grifos nossos)
Dessa forma, a questão deveria ser dada como errada, pois a redação deu a
entender que deverá sempre estar presente o dolo, o que não é verdadeiro.
Além disso, o enunciado tanto da questão quanto da ementa do REsp
654.721/MT dão a entender que todos os três elementos devem estar
presentes para a condenação por improbidade: “o enriquecimento ilícito, o
prejuízo ao erário e o atentado contra os princípios fundamentais”. O mais
adequado seria utilizar o “ou” no lugar do “e”.

46
REsp 654.721/MT.

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Assim, o item foi dado como correto, mas entendemos que deveria ser errado.
Não adianta “brigar” com a banca, por isso a revisão acima serve apenas para
aprofundarmos nossos estudos.
Gabarito: correto.

45. (Cespe - AJ/CNJ/2013) Constituem improbidade administrativa não apenas os


atos que geram enriquecimento ilícito, mas também os que atentam contra os
princípios da administração pública.
Comentário: acabamos de ver isso em questão anterior. Além dos atos que
geram enriquecimento ilícito, podemos considerar também os atos que
atentam contra os princípios da administração e os que causam prejuízo ao
erário.
Gabarito: correto.

46. (Cespe – TJ/TJDFT/2013) O servidor que, estando obrigado a prestar contas


referentes a recursos recebidos, deixa de fazê-lo incorre em ato de improbidade
administrativa passível de demissão do serviço público.
Comentário: deixar de prestar contas quando deve fazê-lo se enquadra na
relação de atos que atentam contra os princípios da administração pública
(art. 11, VI). Dentre as sanções cabíveis a quem comete tal ato, encontra-se a
perda da função público, nos termos do art. 12, III, da Lei 8.429/1992:
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na
legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a
gravidade do fato:
III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver, perda da função
pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil
de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar
com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
majoritário, pelo prazo de três anos. (grifos nossos)
Com efeito, na esfera federal, a pena de demissão do serviço público, prevista
na Lei 8.112/1990, poderá ser aplicada em caso de improbidade administrativa
(art. 132, IV).
Gabarito: correto.

47. (Cespe – TJ/TJDFT/2013) Os atos típicos de improbidade administrativa


restringem-se ao descumprimento do princípio do sigilo e da confidencialidade de
informações.

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Comentário: essa é para não esquecer! Constituem atos típicos de


improbidade administrativa aqueles que causam prejuízo ao erário,
enriquecimento ilícito e que atentam contra os princípios administrativos.
Dessa forma, os atos de improbidade não se restringem ao descumprimento
do princípio do sigilo e da confidencialidade de informações, existindo muitas
outras hipóteses.
Gabarito: errado.

48. (Cespe – AJ/TJDFT/2013) A procrastinação é uma conduta que pode


configurar ato de improbidade administrativa que causa prejuízo ao erário, por gerar
atrasos e ineficiência do serviço público.
Comentário: a procrastinação se refere ao atraso, adiamento de alguma ação
que deveria ser tomada. Como vimos em nossa aula, retardar ou deixar de
praticar ato de ofício constitui ato de improbidade administrativa. Contudo,
essa ação se enquadra nos atos que atentam contra os princípios
administrativos (art. 11, II) e não nos que causam prejuízo ao erário. Logo, o
item está errado.
Gabarito: errado.

49. (Cespe – AJ/TJDFT/2013) O oficial de justiça que, no exercício do cargo


público, aufira vantagem patrimonial indevida estará sujeito, além das sanções
penais, civis e administrativas previstas na legislação específica, às cominações
arroladas na Lei n.º 8.429/1992, por configurar a situação ato de improbidade
administrativa que importa enriquecimento ilícito.
Comentário: o recebimento ilícito de vantagem econômica de qualquer
natureza, seja ela direta ou indireta, configura ato de improbidade
administrativa por enriquecimento ilícito, sujeitando o agente às sanções da
Lei de Improbidade.
Para reforçar, vejamos o conteúdo do art. 9º da Lei 8.429/1992 (ato de
improbidade administrativa que importa enriquecimento ilícito) com as
respectivas penalidades (art. 12, I):
Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito
auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo,
mandato, função, emprego ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei,
e notadamente:
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra
vantagem econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação
ou presente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou
amparado por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público;

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II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição, permuta


ou locação de bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades
referidas no art. 1° por preço superior ao valor de mercado;
III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, permuta
ou locação de bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço
inferior ao valor de mercado;
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou
material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades
mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidores públicos,
empregados ou terceiros contratados por essas entidades;
V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar
a exploração ou a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando,
de usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer
declaração falsa sobre medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro
serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de mercadorias
ou bens fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei;
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou
função pública, bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do
patrimônio ou à renda do agente público;
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou assessoramento
para pessoa física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado
por ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público, durante a atividade;
IX - perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba
pública de qualquer natureza;
X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para
omitir ato de ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado;
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores
integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei;
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei.
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na
legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a
gravidade do fato:
I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao
patrimônio, ressarcimento integral do dano, quando houver, perda da função pública,
suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três
vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público ou
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;
Dessa forma, o item está correto.
Gabarito: correto.

50. (Cespe - Tec/MPU/2013) Cometerá ato de improbidade administrativa que


atenta contra os princípios da administração pública o servidor público que revelar
a seus familiares, durante um jantar em família, os detalhes de processo que tramite

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em segredo de justiça contra seu chefe e do qual tenha tomado conhecimento em


razão de suas atribuições.
Comentário: segundo o art. 11, III, da Lei, revelar fato ou circunstância de que
tem ciência em razão das atribuições e que deva permanecer em segredo,
constitui ato que viola os princípios da administração.
Gabarito: correto.

51. (Cespe - Ana/MPU/2013) A perda da função pública é sanção aplicável àqueles


que pratiquem atos de improbidade administrativa que importem enriquecimento
ilícito ou que gerem lesão ao erário, mas não aos que pratiquem atos de
improbidade que atentem contra os princípios da administração pública.
Comentário: a perda da função pública é sanção aplicável a qualquer tipo de
ato de improbidade administrativa (art. 12, I, II e III). No entanto, é importante
reafirmar que ela só se efetiva com o trânsito em julgado da sentença
condenatória (art. 20).
Gabarito: errado.

52. (Cespe - Ana/MPU/2013) A lei caracteriza como ato de improbidade


administrativa que importa enriquecimento ilícito a conduta do servidor público que
implique o uso, em proveito próprio, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes
do acervo patrimonial de órgãos e entidades da administração pública.
Comentário: essa é para não esquecer! De acordo com o art. 9º, XII, da Lei
8.429/1992, constitui ato de improbidade administrativa importando
enriquecimento ilícito “XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou
valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art.
1° desta lei.”
Gabarito: correto.

53. (Cespe - Deleg/PC BA/2013) Considere que um agente de polícia tenha


utilizado uma caminhonete da polícia civil para transportar sacos de cimento para
uma construção particular. Nesse caso, o agente cometeu ato de improbidade
administrativa que importa em enriquecimento ilícito.
Comentário: na situação em questão o que ocorre é o uso indevido de veículo
pertencente à Administração para finalidade própria. No rol de atividades que
configuram improbidade administrativa por enriquecimento ilícito, temos a
utilização, em obra ou serviço particular, de veículos, máquinas,
equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à
disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1°da Lei. Portanto,
correta a assertiva.

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Gabarito: correto.

54. (Cespe - PF/2013) O servidor público que revelar fato ou circunstância que
tenha ciência em razão das suas atribuições, e que deva permanecer em segredo,
comete ato de improbidade administrativa.
Comentário: revelar qualquer informação obtida no uso de suas atribuições e
que deva permanecer em segredo configura ato de improbidade
administrativa que atenta contra os princípios da Administração (art. 11, III).
Gabarito: correto.

55. (Cespe - DP DF/2013) Segundo entendimento do STJ, se o governo do DF,


amparado em legislação local, realizar contratações temporárias de servidores sem
concurso público, tal ação configurará, por si só, ato de improbidade administrativa.
Comentário: frustrar a licitude de um concurso público é admitido como ato
que atenta contra os princípios da administração, ou seja, o caso da questão
poderia ser considerado como ato de improbidade administrativa. No entanto,
é necessária a comprovação de dolo latu senso ou dolo genérico para a
confirmação da improbidade.
Nesse sentido, no REsp 1.231.150-MG47, o STJ entendeu que é difícil
identificar a presença do dolo genérico do responsável, se sua conduta estava
amparada em lei municipal que, ainda que de constitucionalidade duvidosa,
autorizava a contratação temporária dos servidores públicos.
Assim, como a decisão do Governo foi embasada em legislação local, torna-
se difícil identificar o dolo genérico e, sem ele, não é possível a condenação
por improbidade administrativa.
Gabarito: errado.

56. (Cespe - ATA/MIN/2013) Atos que atentem contra os princípios da


administração pública constituem atos de improbidade administrativa,
independentemente de implicarem malversação de recursos públicos.
Comentário: vamos rever o texto do art. 11 da Lei
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os
princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres
de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente:
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto,
na regra de competência;
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;

47
REsp 1.231.150/MG.

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III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que
deva permanecer em segredo;
IV - negar publicidade aos atos oficiais;
V - frustrar a licitude de concurso público;
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva
divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de
mercadoria, bem ou serviço.
Já vimos em nossa aula, já resolvemos várias questões e está claro que a
primeira parte da assertiva está correta. Além disso, nesses atos não importa
se houve malversação de recursos públicos. Por exemplo, negar publicidade
aos atos oficiais é um exemplo de ato que atenta contra os princípios da
administração públicas, mas não necessariamente envolve a malversação de
recursos públicos.
Com efeito, o art. 21, I, da Lei 8.429/1992, dispõe que a aplicação das sanções
previstas na Lei de Improbidade independe da efetiva ocorrência de dano ao
patrimônio público, salvo quanto à pena de ressarcimento.
Gabarito: correto.

57. (Cespe - AnaTA/MIN/2013) A liberação de verba pública para terceiros sem a


devida observância das formalidades legais configura ato de improbidade
administrativa que enseja enriquecimento ilícito do agente público e prejuízo ao
erário.
Comentário: liberar verba pública sem a estrita observância das normas
pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular
constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário, nos
termos do art. 10, XI, da Lei 8.429/1992. Logo, o item está errado.
Gabarito: errado.

58. (Cespe - Proc DF/PGDF/2013) Presidente de autarquia estadual que deixar de


prestar as contas anuais devidas responderá, desde que comprovada a sua má-fé
e a existência de dano ao erário, pelo cometimento de ato de improbidade
atentatório aos princípios da administração pública.
Comentário: conforme vimos em nossa aula, deixar de prestar contas quando
esteja obrigado a fazê-lo constitui ato contra os princípios da administração
pública. No entanto, o art. 21 da Lei 8.429/1992 estabelece que salvo quanto à
pena de ressarcimento, a aplicação de penas/sanções não necessita da efetiva
ocorrência de dano ao erário. Dessa forma, a questão está incorreta.
Gabarito: errado.

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59. (Cespe - ACE/TCE RO/2013) Constitui ato de improbidade administrativa


qualquer ação dolosa que resulte em perda patrimonial para a União, não sendo
prevista a omissão culposa para esse tipo de delito.
Comentário: sobre a exigência de dolo ou culpa para a penalidade por
improbidade administrativa, podemos fazer o seguinte resumo:
 atos que importam enriquecimento ilícito (art. 9º) – dolo;

 atos que causam prejuízo ao erário (art. 10) – dolo ou culpa; e

 atos que atentam contra os princípios da Administração Pública (art. 11)


– dolo.
Dessa forma, admite-se o elemento subjetivo de culta nos atos que causam
prejuízo ao erário. Com efeito, a Lei abrange tanto a ação ou omissão nos
casos do art. 10 e 11. Para concluir, vejamos o que estabelece o art. 10, que
trata do tema da questão:
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer
ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio,
apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades
referidas no art. 1º desta lei. (grifos nossos)
Assim, os atos que causam prejuízo ao erário admitem ação ou omissão,
dolosa ou culposa. Logo, o item está errado.
Gabarito: errado.

60. (Cespe - ACE/TC DF/2014) Constitui ato de improbidade administrativa a


aquisição de imóvel por valor notoriamente superior ao de mercado por auditor de
controle externo do TCDF.
Comentário: essa questão é uma pegadinha. Veja que, em momento algum, o
texto demonstra alguma relação com o Poder Público. Não há como saber qual
o destino do imóvel, dando a entender que se tratava de uma relação do
auditor em sua seara privada. Logo, se o agente não pesquisou antes de
comprar um bem particular, para si, nada há de relação com a Administração
Pública.
O item tentou confundir o candidato com a redação do art. 10, V, da Lei
8.429/1992: “V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem
ou serviço por preço superior ao de mercado”. Nesse caso, estamos falando
de recurso público, coisa que não ocorreu na questão. Motivo pelo qual ela
está errada,
Gabarito: errado.

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61. (Cespe - TA/ICMBio/2014) Considere que um servidor doe para uma biblioteca
comunitária uma série de livros da repartição pública na qual ele trabalha. Nesse
caso, mesmo sem observar as formalidades legais, o servidor não incorre em
improbidade administrativa uma vez que os livros destinam-se a fins educativos e
assistenciais.
Comentário: doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente
despersonalizado, ainda que de fins educativos ou assistências, bens, rendas,
verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entidades mencionadas no
art. 1º da Lei, sem observância das formalidades legais e regulamentares
aplicáveis à espécie (art. 10, III) configura ato de improbidade administrativa
que causa lesão ao erário.
Gabarito: errado.

62. (Cespe - Adm/MIN/2013) A sanção a ser aplicada ao administrador público que


praticar ato que importe em enriquecimento ilícito e, ao mesmo tempo, cause
prejuízo ao erário e atente contra os princípios da administração pública deverá ser
equivalente à cumulação das penalidades previstas para esses três tipos de atos
de improbidade.
Comentário: o art. 12 da Lei 8.429/1992 trata das penalidades aplicáveis em
decorrência de ato de improbidade administrativa:
Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas previstas na
legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de acordo com a
gravidade do fato:
I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao
patrimônio, ressarcimento integral do dano, quando houver, perda da função pública,
suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de multa civil de até três
vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o Poder Público ou
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de dez anos;
II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função
pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento de multa civil
de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou
receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco
anos;
III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver, perda da função
pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil
de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar
com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
majoritário, pelo prazo de três anos.
Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará em conta a
extensão do dano causado, assim como o proveito patrimonial obtido pelo agente.

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O trecho “isolada ou cumulativamente” refere-se às penalidades previstas em


cada inciso, ou seja, um servidor que cometer ato que importa enriquecimento
ilícito poderá receber várias das penalidades constantes do inc. I – por
exemplo: perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio +
ressarcimento integral do dano + perda da função pública + multa civil de até
três vezes o valor do acréscimo patrimonial.
Todavia, se ele cometer um ilícito que se enquadre, simultaneamente, nos três
tipos de atos de improbidade (arts. 9º, 10 e 11), as penas não são cumulativas,
por vedação ao bis in idem. Nessa esteira, a Prof. Maria Sylvia Zanella Di Pietro
depende que deverão ser aplicadas as penalidades da infração mais
gravosa48. Portanto, o item está errado.
Gabarito: errado.

63. (Cespe - AnaTA/MIN/2013) Qualquer ato de improbidade administrativa sujeita-


se a penas que podem ser aplicadas, isolada ou cumulativamente, conforme a
gravidade do fato. Além disso, prevê-se o ressarcimento integral pelo agente
responsável pelo ato dos danos por ele causados.
Comentário: o gabarito inicial dessa questão foi dado como correto, mas
posteriormente a banca o alterou para errado. O erro é bem sútil, pois não são
todos os atos de improbidade que geram a necessidade de ressarcimento
integral, mas somente naqueles em que houver dano. No art. 12, III, consta o
seguinte: “ressarcimento integral do dano, se houver”. Logo, não é “qualquer
ato de improbidade”, mas apenas aqueles em que há dano que configuram a
necessidade de ressarcimento integral.
Gabarito: errado.

64. (Cespe - Proc/AGU/2013) Se um agente público conceder benefício


administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades legais ou
regulamentares aplicáveis à espécie, ficará caracterizado ato de improbidade
administrativa, mesmo que o agente não tenha atuado de forma dolosa, ou seja,
sem a intenção deliberada de praticar ato lesivo à administração pública.
Comentário: de acordo com o art. 10, VII, da Lei de Improbidade
Administrativa:
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer
ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º
desta lei, e notadamente:
[...]

48
Di Pietro, 2014, 922.

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VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das


formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; (grifos nossos)
Vale lembrar, o ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário
pode ocorrer por dolo (com intenção deliberada) ou culpa (por negligência,
imprudência ou imperícia). Neste último caso, não ocorre a intenção
deliberada de praticar ato lesivo à administração pública. Assim, o item está
correto.
Gabarito: correto.

65. (Cespe - Tec APU/TC DF/2014) Servidor público que omitir ou negar a
publicidade de qualquer ato oficial incorre em improbidade administrativa.
Comentário: o inc. IV, art. 11, da LIA inclui como ato de improbidade
administrativa que atenta contra os princípios da administração pública
“negar publicidade aos atos oficiais”. Entretanto, nem todos os atos oficiais
devem ser publicados, pois existem exceções na Constituição que admitem o
sigilo. Por exemplo, no caso da preservação da segurança nacional. Nesses
casos, não ocorrerá improbidade. Logo, não é “qualquer ato oficial”.
Gabarito: errado.

66. (Cespe - Deleg/PC BA/2013) Um agente público que, agindo de forma culposa,
gere lesão ao patrimônio público, estará obrigado a ressarcir integralmente o dano
causado.
Comentário: novamente, nos casos de dano ao erário, admite-se o elemento
subjetivo culposo. Com efeito, uma das sanções para este tipo de ilícito é o
ressarcimento integral do dano (art. 12, II).
Gabarito: correto.

67. (Cespe - EPF/PF/2013) As penas aplicadas a quem comete ato de improbidade


não podem ser cumuladas, uma vez que estaria o servidor sendo punido duas vezes
pelo mesmo ato.
Comentário: segundo o art. 12 da Lei 8.429/1992, as sanções em decorrência
de atos de improbidade administrativa podem ser aplicadas isolada ou
cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato. Dessa forma, um agente
pode sofrer várias sanções, cumulativamente, pela prática de um ato de
improbidade administrativa, motivo pelo qual o item está errado.
Todavia, um mesmo ato pode, simultaneamente, importar enriquecimento
ilícito (art. 9º); causar prejuízo ao erário (art. 10) e atentar contra os princípios
da Administração Pública (art. 11). Nesse caso, deverão ser aplicadas as
penas previstas para o ilícito mais grave.

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Gabarito: errado.

68. (Cespe - AFT/MTE/2013) Caso um servidor público deixe de praticar,


indevidamente, ato de ofício, e isso enseje o ajuizamento de ação de improbidade
contra esse servidor, então, independentemente das sanções penais, civis e
administrativas previstas na legislação específica, ele estará sujeito à perda da
função pública, mas não à suspensão dos direitos políticos.
Comentário: deixe de praticar, indevidamente, ato de ofício se enquadra como
ato de improbidade que atenta contra os princípios da administração pública.
Para esse caso, existem as seguintes penalidades (art. 12, III):
 ressarcimento integral do dano, se houver;
 perda da função pública;
 suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos;
 pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração
percebida pelo agente; e
 proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três
anos.
Assim, o agente também estará sujeito à suspensão dos direitos políticos,
motivo pelo qual o item está errado.
Gabarito: errado.

É isso! Em nosso próximo encontro finalizaremos o nosso curso.


Espero por vocês!
Bons estudos.
HERBERT ALMEIDA.
herbert@estrategiaconcursos.com.br
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QUESTÕES COMENTADAS NA AULA

1. (Cespe - Ag Adm/PF/2014) Considere que, durante uma operação policial, uma


viatura do DPF colida com um carro de propriedade particular estacionado em via
pública. Nessa situação, a administração responderá pelos danos causados ao
veículo particular, ainda que se comprove que o motorista da viatura policial dirigia de
forma diligente e prudente.
2. (Cespe - AJ/TRT 10/2013) A teoria do risco integral obriga o Estado a reparar
todo e qualquer dano, independentemente de a vítima ter concorrido para o seu
aperfeiçoamento.
3. (Cespe - AJ/TRT 10/2013) Pela teoria da faute du service, ou da culpa do serviço,
eventual falha é imputada pessoalmente ao funcionário culpado, isentando a
administração da responsabilidade pelo dano causado.
4. (Cespe - ATA/MJ/2013) A teoria que impera atualmente no direito administrativo
para a responsabilidade civil do Estado é a do risco integral, segundo a qual a
comprovação do ato, do dano e do nexo causal é suficiente para determinar a
condenação do Estado. Entretanto, tal teoria reconhece a existência de excludentes
ao dever de indenizar.
5. (Cespe - Analista/Bacen/2013) De acordo com a teoria da culpa administrativa,
existindo o fato do serviço e o nexo de causalidade entre esse fato e o dano sofrido
pelo administrado, presume-se a culpa da administração.
6. (Cespe - DP DF/2013) Segundo o ordenamento jurídico brasileiro, todas as
pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado que integrem a
administração pública responderão objetivamente pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros.
7. (Cespe - Adm/MIN/2013) Considere que determinado prefeito municipal,
abusando de seu poder ao exercer suas atribuições, execute ato que cause prejuízo
patrimonial a terceiros. Nessa situação, caberá ao município restaurar o patrimônio
diminuído.
8. (Cespe - AnaTA/MJ/2013) Por ostentarem natureza pública, apenas as pessoas
jurídicas de direito público responderão objetivamente pelos danos que seus agentes
causarem a terceiros.
9. (Cespe - Ana/BACEN/2013) A responsabilidade civil objetiva do Estado não
abrange as empresas públicas e sociedades de economia mista exploradoras de
atividade econômica.
10. (Cespe - AnaTA/CADE/2014) No direito pátrio, as empresas privadas
delegatárias de serviço público não se submetem à regra da responsabilidade civil
objetiva do Estado.
11. (Cespe - Analista/MPU/2013) A responsabilidade civil do Estado incide apenas
se os danos causados forem de caráter patrimonial.

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12. (Cespe - AnaTA/MJ/2013) Para configurar a responsabilidade civil do Estado, é


irrelevante que o agente público causador do dano atue no exercício da função
pública. Estando o agente, no momento em que tenha realizado a ação ensejadora
do prejuízo, dentro ou fora do exercício da função pública, seu comportamento
acarretará responsabilidade ao Estado.
13. (Cespe - ATA/MJ/2013) Para a configuração da responsabilidade civil do Estado,
é irrelevante licitude ou a ilicitude do ato lesivo. Embora a regra seja a de que os danos
indenizáveis derivam de condutas contrárias ao ordenamento jurídico, há situações
em que a administração pública atua em conformidade com o direito e, ainda assim,
produz o dever de indenizar.
14. (Cespe - Ana/CNJ/2013) No ordenamento jurídico brasileiro, a responsabilidade
do poder público é objetiva, adotando-se a teoria do risco administrativo, fundada na
ideia de solidariedade social, na justa repartição dos ônus decorrentes da prestação
dos serviços públicos, exigindo-se a presença dos seguintes requisitos: dano, conduta
administrativa e nexo causal. Admite-se abrandamento ou mesmo exclusão da
responsabilidade objetiva, se coexistirem atenuantes ou excludentes que atuem sobre
o nexo de causalidade.
15. (Cespe - Tec/MPU/2013) Considere que veículo oficial conduzido por servidor
público, motorista de determinada autoridade pública, tenha colidido contra o veículo
de um particular. Nesse caso, tendo o servidor atuado de forma culposa e provados a
conduta comissiva, o nexo de causalidade e o resultado, deverá o Estado, de acordo
com a teoria do risco administrativo, responder civil e objetivamente pelo dano
causado ao particular.
16. (Cespe - Ana/BACEN/2013) Para que se configure a responsabilidade objetiva
do Estado, é necessário que o ato praticado seja ilícito.
17. (Cespe - AJ/TRT 10/2013) Todos os anos, na estação chuvosa, a região
metropolitana de determinado município é acometida por inundações, o que causa
graves prejuízos a seus moradores. Estudos no local demonstraram que os fatores
preponderantes causadores das enchentes são o sistema deficiente de captação de
águas pluviais e o acúmulo de lixo nas vias públicas.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item subsequente.
De acordo com a jurisprudência e a doutrina dominante, na hipótese em pauta, caso
haja danos a algum cidadão e reste provada conduta omissiva por parte do Estado, a
responsabilidade deste será subjetiva.

18. (Cespe - Adm/MIN/2013) O caso fortuito e a força maior não possibilitam a


exclusão da responsabilidade do poder público, visto ser objetiva a responsabilidade
do Estado.
19. (Cespe – ACE/TC-DF/2012) A responsabilidade do Estado por danos causados
por fenômenos da natureza é do tipo subjetiva.

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20. (Cespe - ACE/TCE RO/2013) É objetiva a responsabilidade da administração


pública pelos danos causados por fenômenos da natureza.
21. (Cespe - AJ/TRT 10/2013) Todos os anos, na estação chuvosa, a região
metropolitana de determinado município é acometida por inundações, o que causa
graves prejuízos a seus moradores. Estudos no local demonstraram que os fatores
preponderantes causadores das enchentes são o sistema deficiente de captação de
águas pluviais e o acúmulo de lixo nas vias públicas.

Considerando essa situação hipotética, julgue o item subsequente.


Caso algum cidadão pretenda ser ressarcido de prejuízos sofridos, poderá propor
ação contra o Estado ou, se preferir, diretamente contra o agente público responsável,
visto que a responsabilidade civil na situação hipotética em apreço é solidária.

22. (Cespe - Ag Adm/SUFRAMA/2014) Um veículo da SUFRAMA, conduzido por um


servidor do órgão, derrapou, invadiu a pista contrária e colidiu com o veículo de um
particular. O acidente resultou em danos a ambos os veículos e lesões graves no
motorista do veículo particular.
Com referência a essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
Provado que o motorista da SUFRAMA não agiu com dolo ou culpa, a
superintendência não estará obrigada a indenizar todos os danos sofridos pelo
condutor do veículo particular.

23. (Cespe - Ana/BACEN/2013) Os efeitos da ação regressiva movida pelo Estado


contra o agente que causou o dano transmitem-se aos herdeiros e sucessores, até o
limite da herança, em caso de morte do agente.
24. (Cespe - ATA/MDIC/2014) Considere que o motorista de um veículo oficial de
determinado ministério, ao trafegar em velocidade acima do limite legal, tenha colidido
contra um veículo de particular que estava devidamente estacionado. Nessa situação,
embora o Estado seja obrigado a indenizar o dano, somente haverá o direito de
regresso do Estado caso se comprove o dolo específico na conduta do servidor.
25. (Cespe - ACE/TC DF/2014) De acordo com o sistema da responsabilidade civil
objetiva adotado no Brasil, a administração pública pode, a seu juízo discricionário,
decidir se intenta ou não ação regressiva contra o agente causador do dano, ainda
que este tenha agido com culpa ou dolo.
26. (Cespe - PRF/2013) Um PRF, ao desviar de um cachorro que surgiu
inesperadamente na pista em que ele trafegava com a viatura de polícia, colidiu com
veículo que trafegava em sentido contrário, o que ocasionou a morte do condutor
desse veículo.
Com base nessa situação hipotética, julgue o item a seguir.

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Em razão da responsabilidade civil objetiva da administração, o PRF será obrigado a


ressarcir os danos causados à administração e a terceiros, independentemente de ter
agido com dolo ou culpa.

27. (Cespe - PT/PM CE/2014) A responsabilidade civil do servidor público por dano
causado a terceiros, no exercício de suas funções, ou à própria administração, é
subjetiva, razão pela qual se faz necessário, em ambos os casos, comprovar que ele
agiu de forma dolosa ou culposa para que seja diretamente responsabilizado.
28. Cespe - Proc DF/PGDF/2013) No âmbito da responsabilidade civil do Estado, são
imprescritíveis as ações indenizatórias por danos morais e materiais decorrentes de
atos de tortura ocorridos durante o regime militar de exceção.
29. (Cespe - Proc/PGE BA/2014) Suponha que viatura da polícia civil colida com
veículo particular que tenha ultrapassado cruzamento no sinal vermelho e o fato
ocasione sérios danos à saúde do condutor do veículo particular. Considerando essa
situação hipotética e a responsabilidade civil da administração pública, julgue o item
subsequente.
No caso, a ação de indenização por danos materiais contra o Estado prescreverá em
vinte anos.

30. (Cespe - Proc DF/PGDF/2013) Aplica-se a prescrição quinquenal no caso de


ação regressiva ajuizada por autarquia estadual contra servidor público cuja conduta
comissiva tenha resultado no dever do Estado de indenizar as perdas e danos
materiais e morais sofridos por terceiro.
31. (Cespe - Proc/TC DF/2013) O ato de improbidade, que, em si, não constitui crime,
caracteriza-se como um ilícito de natureza civil e política.
32. (Cespe - ATA/MIN/2013) Os agentes políticos cujos atos puderem configurar
crimes de responsabilidade não se submetem ao regime da Lei de Improbidade
Administrativa.
33. (Cespe - AnaTA/MJ/2013) Um ato de improbidade administrativa praticado por
servidor público não pode ser simultaneamente enquadrado como um ilícito
administrativo, o que exime a autoridade competente de instaurar qualquer
procedimento para apuração de responsabilidade de natureza disciplinar.
34. (Cespe - AnaTA/MJ/2013) A Lei de Improbidade Administrativa é aplicável a
qualquer agente público que seja servidor estatutário vinculado às pessoas jurídicas
de direito público, não abrangendo os empregados públicos vinculados à
administração indireta.
35. (Cespe - Adm/MJ/2013) Com relação aos agentes públicos e à improbidade
administrativa, julgue o item que se segue conforme entendimento do Superior
Tribunal de Justiça.

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Para a caracterização de ato de improbidade por ofensa a princípios da administração


pública, exige-se a demonstração do dolo lato sensu ou genérico.
36. (Cespe - AA/IBAMA/2013) A utilização de cargo público para favorecer
enriquecimento ilícito de amigo ou parente é considerada improbidade administrativa
que causa prejuízo ao erário.
37. (Cespe - AnaTA/SUFRAMA/2014) Considere que determinada regra exige
licença ambiental para liberação de financiamento de projeto empresarial na cidade
de Manaus. Nesse caso, se um servidor da SUFRAMA autorizar a liberação de verba
da autarquia para financiamento de atividade empresarial cuja licença ambiental
esteja irregular, ele poderá figurar como réu em ação de improbidade.
38. (Cespe - TJ/TJDFT/2013) Com base no disposto na Lei n.º 8.429/1992, julgue o
item seguinte.
As penalidades aplicadas ao servidor ou a terceiro que causar lesão ao patrimônio
público são de natureza pessoal, extinguindo-se com a sua morte.
39. (Cespe - AJ/CNJ/2013) Segundo jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça
(STJ), o reconhecimento de ato de improbidade administrativa, nos moldes previstos
pela Lei de Improbidade Administrativa (Lei n.º 8.429'1992), requer o exercício de
função específica (administrativa), não se admitindo sua extensão à atividade
judicante.
40. (Cespe - TJ/TJDFT/2013) O servidor que estiver sendo processado judicialmente
pela prática de ato de improbidade somente perderá a função pública após o trânsito
em julgado da sentença condenatória.
41. (Cespe - AJ/TJDFT/2013) Somente são sujeitos ativos do ato de improbidade
administrativa os agentes públicos, assim entendidos os que exercem, por eleição,
nomeação, designação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato,
cargo, emprego ou função na administração direta, indireta ou fundacional de
qualquer dos poderes da União, dos estados, do DF e dos municípios.
42. (Cespe - AJ/TRT 10/2013) Apuração interna realizada descobriu que um
empregado público federal de uma sociedade de economia mista recebeu vantagem
indevida de terceiros, em troca do fornecimento de informações privilegiadas e dados
sigilosos do ente de que ele fazia parte. O relatório de conclusão da apuração foi
enviado ao Ministério Público para providências cabíveis.
Considerando essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
O terceiro beneficiado poderá ser responsabilizado nas esferas cível e criminal, mas
não por improbidade administrativa, visto que esta não abrange particulares.
43. (Cespe - ACE/TC DF/2014) O herdeiro de deputado distrital que tenha, no
exercício do mandato, ocasionado lesão ao patrimônio público e enriquecido
ilicitamente está sujeito às cominações da Lei de Improbidade Administrativa, mas
somente até o limite do valor da herança recebida.

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44. (Cespe - TJ/CNJ/2013) A configuração da improbidade exige os seguintes


elementos: o enriquecimento ilícito, o prejuízo ao erário e o atentado contra os
princípios fundamentais (legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência), presente o elemento subjetivo doloso.
45. (Cespe - AJ/CNJ/2013) Constituem improbidade administrativa não apenas os
atos que geram enriquecimento ilícito, mas também os que atentam contra os
princípios da administração pública.
46. (Cespe – TJ/TJDFT/2013) O servidor que, estando obrigado a prestar contas
referentes a recursos recebidos, deixa de fazê-lo incorre em ato de improbidade
administrativa passível de demissão do serviço público.
47. (Cespe – TJ/TJDFT/2013) Os atos típicos de improbidade administrativa
restringem-se ao descumprimento do princípio do sigilo e da confidencialidade de
informações.
48. (Cespe – AJ/TJDFT/2013) A procrastinação é uma conduta que pode configurar
ato de improbidade administrativa que causa prejuízo ao erário, por gerar atrasos e
ineficiência do serviço público.
49. (Cespe – AJ/TJDFT/2013) O oficial de justiça que, no exercício do cargo público,
aufira vantagem patrimonial indevida estará sujeito, além das sanções penais, civis e
administrativas previstas na legislação específica, às cominações arroladas na Lei n.º
8.429/1992, por configurar a situação ato de improbidade administrativa que importa
enriquecimento ilícito.
50. (Cespe - Tec/MPU/2013) Cometerá ato de improbidade administrativa que atenta
contra os princípios da administração pública o servidor público que revelar a seus
familiares, durante um jantar em família, os detalhes de processo que tramite em
segredo de justiça contra seu chefe e do qual tenha tomado conhecimento em razão
de suas atribuições.
51. (Cespe - Ana/MPU/2013) A perda da função pública é sanção aplicável àqueles
que pratiquem atos de improbidade administrativa que importem enriquecimento ilícito
ou que gerem lesão ao erário, mas não aos que pratiquem atos de improbidade que
atentem contra os princípios da administração pública.
52. (Cespe - Ana/MPU/2013) A lei caracteriza como ato de improbidade
administrativa que importa enriquecimento ilícito a conduta do servidor público que
implique o uso, em proveito próprio, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes
do acervo patrimonial de órgãos e entidades da administração pública.
53. (Cespe - Deleg/PC BA/2013) Considere que um agente de polícia tenha utilizado
uma caminhonete da polícia civil para transportar sacos de cimento para uma
construção particular. Nesse caso, o agente cometeu ato de improbidade
administrativa que importa em enriquecimento ilícito.

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54. (Cespe - PF/2013) O servidor público que revelar fato ou circunstância que tenha
ciência em razão das suas atribuições, e que deva permanecer em segredo, comete
ato de improbidade administrativa.
55. (Cespe - DP DF/2013) Segundo entendimento do STJ, se o governo do DF,
amparado em legislação local, realizar contratações temporárias de servidores sem
concurso público, tal ação configurará, por si só, ato de improbidade administrativa.
56. (Cespe - ATA/MIN/2013) Atos que atentem contra os princípios da administração
pública constituem atos de improbidade administrativa, independentemente de
implicarem malversação de recursos públicos.
57. (Cespe - AnaTA/MIN/2013) A liberação de verba pública para terceiros sem a
devida observância das formalidades legais configura ato de improbidade
administrativa que enseja enriquecimento ilícito do agente público e prejuízo ao erário.
58. (Cespe - Proc DF/PGDF/2013) Presidente de autarquia estadual que deixar de
prestar as contas anuais devidas responderá, desde que comprovada a sua má-fé e
a existência de dano ao erário, pelo cometimento de ato de improbidade atentatório
aos princípios da administração pública.
59. (Cespe - ACE/TCE RO/2013) Constitui ato de improbidade administrativa
qualquer ação dolosa que resulte em perda patrimonial para a União, não sendo
prevista a omissão culposa para esse tipo de delito.
60. (Cespe - ACE/TC DF/2014) Constitui ato de improbidade administrativa a
aquisição de imóvel por valor notoriamente superior ao de mercado por auditor de
controle externo do TCDF.
61. (Cespe - TA/ICMBio/2014) Considere que um servidor doe para uma biblioteca
comunitária uma série de livros da repartição pública na qual ele trabalha. Nesse caso,
mesmo sem observar as formalidades legais, o servidor não incorre em improbidade
administrativa uma vez que os livros destinam-se a fins educativos e assistenciais.
62. (Cespe - Adm/MIN/2013) A sanção a ser aplicada ao administrador público que
praticar ato que importe em enriquecimento ilícito e, ao mesmo tempo, cause prejuízo
ao erário e atente contra os princípios da administração pública deverá ser equivalente
à cumulação das penalidades previstas para esses três tipos de atos de improbidade.
63. (Cespe - AnaTA/MIN/2013) Qualquer ato de improbidade administrativa sujeita-
se a penas que podem ser aplicadas, isolada ou cumulativamente, conforme a
gravidade do fato. Além disso, prevê-se o ressarcimento integral pelo agente
responsável pelo ato dos danos por ele causados.
64. (Cespe - Proc/AGU/2013) Se um agente público conceder benefício
administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades legais ou regulamentares
aplicáveis à espécie, ficará caracterizado ato de improbidade administrativa, mesmo
que o agente não tenha atuado de forma dolosa, ou seja, sem a intenção deliberada
de praticar ato lesivo à administração pública.

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65. (Cespe - Tec APU/TC DF/2014) Servidor público que omitir ou negar a
publicidade de qualquer ato oficial incorre em improbidade administrativa.
66. (Cespe - Deleg/PC BA/2013) Um agente público que, agindo de forma culposa,
gere lesão ao patrimônio público, estará obrigado a ressarcir integralmente o dano
causado.
67. (Cespe - EPF/PF/2013) As penas aplicadas a quem comete ato de improbidade
não podem ser cumuladas, uma vez que estaria o servidor sendo punido duas vezes
pelo mesmo ato.
68. (Cespe - AFT/MTE/2013) Caso um servidor público deixe de praticar,
indevidamente, ato de ofício, e isso enseje o ajuizamento de ação de improbidade
contra esse servidor, então, independentemente das sanções penais, civis e
administrativas previstas na legislação específica, ele estará sujeito à perda da função
pública, mas não à suspensão dos direitos políticos.

GABARITO

1. C 11. E 21. E 31. C 41. E 51. E 61. E


2. C 12. E 22. E 32. C 42. E 52. C 62. E
3. E 13. C 23. C 33. E 43. C 53. C 63. E
4. E 14. C 24. E 34. E 44. C 54. C 64. C
5. E 15. C 25. E 35. C 45. C 55. E 65. E
6. E 16. E 26. E 36. C 46. C 56. C 66. C
7. C 17. C 27. C 37. C 47. E 57. E 67. E
8. E 18. E 28. C 38. E 48. E 58. E 68. E
9. C 19. C 29. E 39. E 49. C 59. E
10. E 20. E 30. E 40. C 50. C 60. E

REFERÊNCIAS

ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito administrativo descomplicado. 19ª Ed. Rio de
Janeiro: Método, 2011.

BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 31ª Ed. São Paulo:
Malheiros, 2014.

BARCHET, Gustavo. Direito Administrativo: teoria e questões. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 27ª Edição. São Paulo: Atlas,
2014.

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CUNHA JÚNIOR, Dirley. Curso de Direito Administrativo. 13ª Edição. Salvador-BA: JusPodivm,
2014.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 27ª Edição. São Paulo: Atlas, 2014.

FURTADO, Lucas Rocha. Curso de Direito Administrativo. 3ª Edição. Belo Horizonte: Fórum, 2012.

JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de direito administrativo. 10ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2014.

MEIRELLES, H.L.; ALEIXO, D.B.; BURLE FILHO, J.E. Direito administrativo brasileiro. 39ª Ed. São
Paulo: Malheiros Editores, 2013.

SCATOLINO, Gustavo; TRINDADE, João. Manual de Direito Administrativo. 2ª Edição. Salvador-BA:


JusPodivm, 2014.

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