seus clientes em legítima defesa. Seu advogado alega que ela não deve ir a julgamento pois é incapacitada
mentalmente, porém Claudia discorda veementemente, chegando a agredi-lo e fazendo com que ele
abandone sua defesa. O caso, então, se torna tarefa do defensor público Aaron Levinsky. À primeira vista,
a personagem parece insuportável, com um comportamento debochado, agressivo e, as vezes, vulgar.
Internada em uma instituição para loucos, ela se recusa a colaborar com os médicos e com seus
advogados, pois quer ser julgada como uma pessoa normal ao invés da alegação de insanidade, que a faria
ficar internada em uma instituição para doentes mentais.
Logo fica claro para o público e para Aaron que Claudia é uma mulher instável e imprevisível que
obviamente precisa de ajuda psicológica, mas que está perfeitamente ciente dos fatos ocorridos e que não
está incapacitada como seu médico diagnosticou. Em sua maior parte, o filme se passa no tribunal, onde a
vida pregressa da personagem é esmiuçada, trazendo acontecimentos de seu passado à tona através de
flashbacks e nos ajudando a entender um pouco melhor o seu comportamento. Como foi dito antes, o foco
do julgamento não é sua inocência, e sim provar que ela está em seu juízo perfeito e apta para ir a júri
popular. Todas as provas são apresentadas diante de um juiz, que deverá decidir se a personagem está ou
não em condições de arcar com as consequências de seus atos. Um filme instigante e despretensioso com
ótimas atuações, que trata de hipocrisia, de questões psicológicas e das consequências de abafarmos
questões importantes.
Ao contrário da primeira impressão dada pelo título, trata-se, como a matéria explica, de uma
avaliação e não de uma condenação.
Em casos onde possa haver a possibilidade de o suspeito não ser mentalmente capaz, o
magistrado precisa saber se ele tinha ciência do que estava fazendo quando cometeu o delito.
Se, no momento do crime, a pessoa era totalmente incapaz mentalmente, ela se torna
inimputável, ou seja, ela não pode ser punida, ainda que tenha cometido o crime. O que não
quer dizer que ela será solta: ela poderá ser internada ou submetida a tratamento ambulatorial.
Ao contrário do que vemos em filmes americanos, alegar que o suspeito é louco, no Brasil,
pode não ser uma boa estratégia de defesa. É verdade que a pessoa não vai ser enviada para
a prisão, mas ela pode sofrer uma consequência que, na prática, pode ser ainda pior,
especialmente para os crimes mais graves. Isso porque as pessoas condenadas por crimes
têm penas claras determinadas pelo magistrado no momento da condenação. Coisas como 5,
8, 15, 29 anos. E mais: já vimos que, pelo princípio do somatório de penas, ela não poderá
cumprir mais de 30 anos.
Já se a pessoa for considerada louca, ela será enviada ao manicômio. Só que, nesse caso,
não há um tempo certo para a internação. Ela pode ser para sempre se o louco não se
recuperar e se continuar sendo considerado um perigo para si ou para a sociedade. Uma junta
técnica é que fará essa avaliação periodicamente. Por causa da precariedade de muitas de
nossas instituições mentais, o resultado é que o louco internado acaba piorando, o que se
torna, na prática, uma internação perpétua.
Se ele, ao contrário, tinha apenas uma perturbação mental parcial (ou seja, se tinha
capacidade de entender o que estava fazendo, mas não completamente), ele será punido
como um criminoso comum, mas sua pena será reduzida de um a dois terços.
há 4 anos
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