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CURSO DOS GUARDIÕES DO SABER

FAIXA I: HISTÓRIA
[THE LOREKEEPERS COURSE]
ALEXEI CONDRATIEV

(TRADUÇÃO SITE: LOREKEEPERSTRADUZIDO.WORDPRESS.COM)

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Faixa 1: História
1. Quem foram os Celtas?

2. A Origem dos Celtas – a Idade do Bronze final (1100-800 a.C. – “Campos de


Urnas”)

3. A Primeira Idade do Ferro (800-450 a.C. – “Halstatt”)

4. A Tardia Idade do Ferro (450-80 a.C. – “La Tène”)

5. A Origem dos Celtas – Arqueologia, Leitura Recomendada

6. A Origem dos Celtas – Planilha

7. Os Celtas sob o domínio romano (50 a.C. – 450 d.C.)

8. Início do Cristianismo céltico (400-1150 d.C.)

9. Os celtas sob o feudalismo (1150-1500 d.C.)

10. Os celtas sob os Estados Modernos (de 1500 até os dias de hoje)

11. Conhecimento da Comunidade: a Memória dos Lugares

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1. Quem foram os Celtas?
Celta: Aquele que vivia em uma comunidade onde uma língua Celta era usada
tradicionalmente, ou aquele que tinha fortes laços com tal comunidade.

Céltico: Qualquer coisa relacionada à identidade e tradições de tais comunidades.

Quem foram os Celtas? Essa, como se vê, é uma questão surpreendentemente difícil
de responder – a maior parte por que o termo “Celta” adquiriu uma variedade de
significados hoje em dia, e nem todos eles são compatíveis; e alguns desses são
demasiadamente vagos para serem compatíveis, ou, são baseados em hipóteses
incorretas. Isso não significa que não há, de fato, uma definição perfeitamente útil e
objetiva da palavra “Celta”, mas primeiro teremos que desfiá-la de seus muitos outros
significados que as pessoas têm dado com o tempo.

A palavra “Celta” apareceu primeiro em um escrito grego do século VI a.C., quando


os gregos estavam estabelecendo muitas novas colônias na parte ocidental do
Mediterrâneo e abrindo contatos comerciais com o povo que vivia ao norte daquela
área. Eles originalmente fizeram uma distinção entre o povo que chamaram de
“Keltoi” e aqueles que chamaram de “Galatai”, porém mais tarde foi considerado que
ambos os termos são sinônimos. Os romanos pegaram o termo anterior e o latinizou
como “Celtae”, mas eles falam mais frequentemente do povo como os “Galli” ou
“Gauleses”. Durante a Idade Média e a Renascença, o termo “Céltico” era ainda usado
ocasionalmente em um sentido geográfico, denotando pessoas ou coisas da Europa
Ocidental em geral, e da França em particular (você deve notar que “Céltico” nunca
foi usado para se referir à Irlanda ou Escócia – os países que se acredita serem os
mais “Célticos” hoje em dia).

Então, por volta do ano de 1700, Edward Lhuyd, um estudioso galês que trabalhava
em Oxford, descobriu que a língua falada pelo povo que tinha sido chamado de Celta
na antiguidade Clássica (tanto quanto se poderia dizer de nomes pessoas e lugares)
era rigorosamente relacionada com sua própria língua galesa. Ele também descobriu
que as cinco outras línguas modernas – irlandês, gaélico escocês, bretão, córnico e
manês – compartilhavam essa relação. Ele decidiu usar o termo “Céltico” para
descrever esse particular grupo de línguas, tanto antiga quanto moderna. Essa é a
definição de “Céltico” que todos os estudiosos Célticos usam hoje: uma específica
família de línguas, as comunidades que as falavam através da história, e as tradições
culturais que foram passadas através dessas línguas.

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No entanto, muitos desenvolvimentos políticos e culturais durante o século XIX
obscureceram essa definição original. O nascimento do nacionalismo liderou uma
procura por características “nacionais” que eram inatas em um povo e que sempre os
ligou a um território particular. Isso, por sua vez, conduziu a um fascínio com a noção
de “raça” como uma explicação para a forma de como essas características foram
herdadas. O nascimento do colonialismo, que procurava se justificar com o
argumento que povos colonizados eram naturalmente “inferiores” e precisavam de
instrução, apoderou-se do racismo (a crença que o povo que dividia certos traços
físicos como pele ou cor do cabelo também dividiam os mesmos traços morais e
intelectuais) como uma base “científica” para tais políticas. Racismo e nacionalismo
se tornaram uma parte da cultura popular, muitas vezes levando a uma percepção
inadequada das categorias linguísticas e culturais como categorias raciais.

Assim, as seis nações Célticas, que foram chamadas de “Célticas” por causa da língua
que servia como a base para sua cultura nacional, pensava-se agora terem
características que distinguia a premissa equivocada que elas eram compostas de um
povo racialmente separado chamado de “Celtas”. É por isso que muitas pessoas hoje
em dia acreditam que são “Celtas pelo sangue”. Rastreando sua ancestralidade aos
seis países Célticos, eles se dão uma identidade Céltica autossuficiente, que eles
assumem incluir um tipo de personalidade geralmente herdado. Na realidade, é claro,
não há uma “raça” Céltica, ou um distinto perfil genético que possa ser chamado de
“Céltico”. A língua e a cultura Céltica foram adotadas (e abandonadas) por muitas
diversas comunidades genéticas pela Europa em várias épocas: sua identidade Céltica
não era baseada em nada que eles tivessem herdado fisicamente.

Outra definição de “Céltico” – que se desenvolveu a partir de uma definição racial – é


a “espiritual”: que o “Céltico” se refere a uma “filosofia”, um “modo de vida”, que não
precisa estar ligada as tradições de uma específica comunidade linguística. Essa
“filosofia” frequentemente se relaciona com os estereótipos criados pela cultura
dominante, que geralmente são incluídos entre as características raciais atribuídas
aos Celtas: que eles são sonhadores, imaginativos, místicos, criativos, impraticáveis,
indisciplinados (devido ao seu grande amor pela liberdade), etc. Esta é realmente um
questão da cultura dominante adotando a visão Romântica de uma cultura
minoritária e projetando suas próprias esperanças e desejos nela. Os Celtas são vistos
então como uma contracultura dentro da cultura dominante ao invés de uma tradição
cultural autônoma em seu próprio direito. Mas esse tipo de definição “espiritual” é
difícil de aplicar à realidade Céltica. As pessoas em comunidades que falam uma
língua Céltica expõe uma gama completa de tipos de personalidades encontradas em

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qualquer cultura, desde os “sonhadores” até os pragmáticos de cabeça dura. Os traços
que definem sua “Celticidade” encontram-se em um nível muito mais profundo que
qualquer “filosofia” facilmente definida, e tem a ver com a consciência cultural que é
sustentada pelas línguas que falam.

A única definição “difícil” que sobrou, então, é a original linguística. As comunidades


Célticas são comunidades onde as línguas Célticas são faladas. A cultura Céltica é o
que é passada dentro dessas comunidades. Os Celtas são as pessoas que são membros
de tais comunidades ou tem fortes laços com elas. Traçar sua ascendência à uma
comunidade Céltica pode dar a uma pessoa uma motivação muito poderosa para se
identificar e aprender sobre a cultura Céltica, mas isso não dará um automático
entendimento daquela cultura. As línguas Célticas são as intermediárias da tradição
Céltica, e a chave que dá acesso a todos os outros elementos que fazem a cultura.

Isso não deve ser entendido que todas as comunidades de línguas Célticas dividem a
mesma cultura. Essas comunidades tem, através do curso da história, adaptado a
uma ampla variedade de circunstâncias, e cada uma delas desenvolveram costumes e
instituições únicas. O uso do “Celta” como um termo que as cobrem totalmente é,
como vimos, uma inovação moderna: nenhuma dessas comunidades, antes do século
XIX, se chamariam por esse nome. Durante a Antiguidade e a Idade Média eles
teriam se identificado com as unidades tribais que pertenciam – mesmo um termo
como “irlandês”, quando aplicado ao antigo período medieval, é uma projeção de um
conceito moderno aplicado ao passado, uma vez que a maioria das pessoas na Irlanda
não tinham um conceito de fidelidade à nação que envolvia toda a ilha, apenas aos
seus tribais reinados locais. No entanto, isso não significa que aplicar categorias
modernas desse tipo para a interpretação de eventos históricos no passado remoto é
necessariamente ilegítimo ou sem valor.

O termo “Céltico”, como já definimos, tem um conteúdo real e objetivo: as línguas


tem uma origem comum, as comunidades que as falam tem contínuas identidades
que remontam à Antiguidade e, devido à proximidade geográfica e às muitas
instituições compartilhadas herdadas de seu passado comum, tendem a passar por
experiências similares durante os dois últimos milênios da história europeia. Usando
“Céltico” como um termo abrangente para designar esses povos, escolhemos enfatizar
o que eles tem em comum ao invés do que os dividem. No esboço histórico que se
segue, nós iremos nos referir aos “Celtas” quando discutimos eventos ou
circunstâncias que afetavam todas ou quase todas as comunidades falantes de uma

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língua Céltica em uma dada época, e usaremos nomes de específicas comunidades
quando mencionarmos eventos locais que afetaram apenas eles.

As línguas e as culturas Célticas são por sí mesmas descendentes de uma antiga


tradição Indo-europeia, que é a ancestral da maioria das tradições linguísticas e
culturais da Europa, Irã e Índia. Ainda não há um acordo completo entre os
estudiosos sobre onde e quando os originais Indo-europeus viveram, mas a maioria
das evidências apontam para a área entre os Mar Negro e o Mar Cáspio entre 5000 e
4000 a.C. Sua economia era baseada primeiramente no pastoreio, e sua sociedade era
dominada por uma classe de guerreiros cavaleiros (daí a importância do cavalo em
sua cultura como um símbolo de soberania e liderança). Entre as características
importantes de seu sistema de crenças que podemos reconstruir são: um modelo tri
funcional de sociedade, com uma hierarquia de castas complementares (uma casta
religiosa/jurídica, uma casta guerreira e uma casta comerciante/camponesa), cada
uma com suas próprias regras internas de conduta; dois panteões de deidades em
conflito, um associado com o reino do céu, ordem e cultura, e o outro com um
Submundo aquático, caos e fertilidade; e uma deusa amamentadora associada à
específicos territórios, frequentemente associada com rios. Todos esses elementos
permaneceram como uma parte do patrimônio Celta quando os Celtas primeiro
começaram a se diferenciarem dos outros Indo-europeus como um distinto grupo
étnico, provavelmente por volta de 1200 a.C.

O irlandês, gaélico escocês e manês são referidos como línguas Goidélicas ou “Q-
Célticas”, enquanto que o galês, córnico e bretão são as Britônicas ou “P-Célticas”. Os
termos “Q-Célticas” e “P-Célticas” são uma reflexão do fato que o som original do ‘kw’
do Antigo Céltico se transformou em um ‘c’ nas línguas Goidélicas, mas se tornou um
‘p’ nas línguas Britônicas. A palavra para “cabeça”, por exemplo, é “ceann” em
irlandês, e “pen” em galês.
Tradução por Leonni Moura.

2. A Origem dos Celtas – a Idade do Bronze final (1100 – 800 a.C. –


“Campos de Urnas”)
Os Indo-europeus parecerem ter entrado na Europa em vários movimentos
diferentes, mas uma cultura que veio para dominar a Europa central e oriental depois
de 3000 a.C. é quase certamente aquela cujo os principais grupos Indo-europeus
conhecidos mais tarde na história europeia eventualmente surgiram. Essa é às vezes
chamada de Cultura do Machado de Batalha (devido às armas encontradas em seus
túmulos) assim como Cultura da Louça Cordada (devido ao seu diferente estilo de

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cerâmica). No curso da Idade do Bronze, essa cultura começou a dividir-se em
separadas culturas regionais. Uma dessas se desenvolveu na Europa central, na área
aproximadamente coincidente com o sul da Alemanha. Agora está claro que isso
marca a primeira aparição dos Celtas como uma entidade étnica distinta. Foi quando
sua língua (que chamamos de Antigo Céltico) se diferenciou dos dialetos Indo-
europeus, criando uma nova comunidade cultural e linguística.

Tanto quanto se pode dizer do registro arqueológico, esses antigos Celtas


permaneceram tipicamente Indo-europeus. Eles davam uma grande importância aos
seus guerreiros e reverenciavam os cavalos, junto com outros símbolos que mais
tarde a tradição Céltica passou a associar com o rei sagrado – um líder político que
também cumpre um dever religioso de ligar seu povo com a deusa da Terra. Neste
momento, eles abandonaram suas práticas funerárias originais (ser enterrado em
montes de terra erguidos) e adotaram a cremação, colocando as cinzas de seus
mortos em urnas que eram enterradas juntas em cemitérios. Devido a essa
característica, os arqueólogos normalmente se referem a esse período Céltico pré-
histórico como a “Cultura dos Campos de Urnas”.

Por volta do século XII a.C., grandes convulsões políticas entre as culturas urbanas
do Mediterrâneo superaram completamente os padrões tradicionais de viagem e
troca no mundo Ocidental. Apesar da maioria da troca acontecer entre os próprios
povos do Mediterrâneo, havia sempre uma demanda por produtos da Europa do
norte – âmbar, peles, escravos, animais selvagens – e especialmente, alguns
ingredientes necessários da tecnologia da Idade do Bronze – tais como estanho – que
era difícil de se encontrar, exceto no litoral Atlântico. Os Celtas rapidamente pegaram
a oportunidade de controlar a maior parte de troca da Europa de norte à sul. Eles
estabeleceram assentamentos de troca ao longo do oeste que eventualmente se
tornaria a Gália, buscando estabelecer rotas comerciais confiáveis para as áreas ricas
em metais ao longo da costa do Atlântico. Essas áreas tinham sido habitadas a muito
tempo por uma poderosa e distinta (e provavelmente não-indo-europeia) cultura
“Atlântica”, que nos deixou impressionantes monumentos como Newgrange,
Avebury, Camac, etc. (e um tempo mais tarde, o mais famoso de todos eles, a
Stonehenge). Essa cultura ocupou a península Armoricana (hoje em dia a Bretanha),
Irlanda e a Bretanha com todas as suas ilhas ao norte, Orkney e Shetland. Através
dessas alianças de troca, colonização parcial e casamentos mistos, os Celtas
conseguiram implantar sua língua e identidade cultural nessa região, provavelmente
por volta de 900 a.C. A forma de Céltico que evoluiu na área “Atlântica” é quase
certamente o Goidélico (o ancestral das línguas gaélicas modernas), mas ao longo dos

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próximos mil anos, outras formas de Céltico veio a predominar nessa região, com o
Goidélico não sobrevivendo apenas na Irlanda.

Foi também na Idade do Bronze Final que os Celtas começaram a se estabelecer na


Espanha. A língua que evoluiu em sua comunidade, o Celtibero, era escrito em um
curioso sistema (parte alfabeto, parte silábico) usado pelos seus vizinhos, os Ibéricos
não-indo-europeus. Por volta da mesma época, as colônias Célticas foram
estabelecidas muito para o norte da Itália, ao sul dos Alpes. Sua língua se tornou o
Lepôntico, que foi escrito em um alfabeto que eles pegaram emprestado dos etruscos.
Os Celtas falantes de lepôntico (a quem os arqueólogos se referem como a “cultura
Golasecca”) se tornou uma importante ligação comercial entre o coração Céltico na
Europa central e os mercados mediterrâneos mais ao sul.

Importantes locais arqueológicos


Riegsee (sul da Alemanha) e InnsbrŸck/Wilten (Áustria).

Artefatos notórios:
Uma carruagem votiva de Acholshausen (Alemanha), uma carruagem votiva de
Bujomu (Romênia), fíbulas com suspensões de Medvedze (da Hungria).

Sugestão de leitura básica:

ü CUNLIFFE, “The Ancients Celts”, pág. 39-44.

Questões
1. Usando a evidência de diversos locais arqueológicos, descreva as características
básicas de um cemitério Campo de Urna. O que significa a continuação das práticas
de inumação lado a lado com a cremação?

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2. Usando a evidência de vários locais arqueológicos, descreva um assentamento
típico do período dos Campos de Urnas.

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3. Comente quaisquer termos notáveis ou padrões que aparecerem nos artefatos


deste período.

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Tradução por Leonni Moura.

3. A Primeira Idade do Ferro (800-450 a.C. – “Halstatt”)


Por volta de 800 a.C. um novo grupo de povos Indo-europeus começaram a entrar na
Europa ocidental a partir do antigo coração Indo-europeu das estepes do Pôntico-
Cáspio. Os gregos os chamaram de Cimérios, e (alguns séculos depois) de Trácios.
Como seus ancestrais, eles eram pastores com uma “cultura de cavalo”: a necessidade
de mobilidade rápida em espaços abertos os levou a colocarem uma forte ênfase no
cuidado e treinamento de cavalos. Os Celtas do Danúbio superior entraram em
alianças com esses povos e absorveram suas técnicas de cavalaria. Por volta da
mesma época, a tecnologia do ferro os alcançou, também vindo do leste. Armados
com armas de ferro e uma sofisticada cavalaria, os Celtas da área entre as áreas do
Reno e do Danúbio gozava de uma esmagadora superioridade militar sobre os povos
ao oeste deles e facilmente estabeleceram seu controle sobre importantes rotas de
comércio entre o Atlântico e o Mediterrâneo. Uma nova aristocracia começou a
governar a Europa central e ocidental, construindo impressionantes fortalezas em

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topos de colinas, das quais eles impuseram seu poder espalhando pastoreio e
comunidades agrícolas.

No ano 600 a.C. os gregos Phocaean, sempre na busca para novos mercados no
Mediterrâneo ocidental, fundaram a cidade de Massalia (hoje em dia, Marselha) na
costa do sul da Gália, próximo a foz do Reno. Isso deu uma maravilhosa oportunidade
para os príncipes comerciantes Célticos: o Reno e seus rios tributários proporcionava
uma fácil passagem do Mediterrâneo até o coração Céltico. A frutífera troca que se
desenvolveu como resultado disso tornou-nos imensamente ricos e os permitiram
viver em um estilo de riqueza deslumbrante. Linhagens reais confirmavam seu poder
político, esbanjando presentes em seus vassalos e servos em festas onde itens de
prestígios obtidos através do comércio Mediterrâneo eram ostensivamente exibidos.
Um lampejo vívido desse mundo de riqueza e glamour pode ser obtido através de
tumbas reais datando a esse período, onde a cremação foi sendo gradualmente
abandonada em favor de (para os aristocratas, pelo menos) um enterro em câmaras
sobre um túmulo, rodeado por itens que pertenceram ao morto em vida. Os objetos
encontrados nas tumbas ilustram a beleza e brilho que príncipes mercantes Célticos
cultivaram em sua vida diária, assim como sua habilidade de obter bens de terras tão
distantes como a China. É bem possível que as descrições do esplendor das cortes
reais na tardia literatura Céltica reflita uma distante memória dessa colorida Era.
Os arqueólogos se referem a esse período no desenvolvimento Céltico como
“Halstatt”, devido a um local austríaco que construiu sua riqueza na produção de sal
– outro importante item do comércio Europeu.

Alguns importantes locais arqueológicos


Halstatt (Áustria); DŸmnberg (Áustria); Hochdorf (Alemanha); Heuneburg
(Alemanha); Hohmichele (Alemanha); Asperg (Alemanha); Magdalenenberg
(Alemanha); Ditzingen-Hirschlanden (Alemanha); Burgenrain (Suíça); Mont-Lassois
(França); Vix (França); La Garenne/Sainte-Colombe (França); Châtillon-sur-Glâne
(França); Bragny sur Saône (França); Les Jogasses (França); Golasecca (Itália); Ca’
Morta/Como (Itália); Zavist (República Checa); Manetin-Hradek (República Checa);
Blatnica (Eslováquia); SŸttš (Hungria).

Alguns artefatos notórios


Carruagem de sepultamento de Hochdorf (Alemanha); Sofá de sepultamento de
Hochdorf (Alemanha); Gigante barril grego de vinho de Vix (França); Torc dourado
de Vix (França); Bracelete espiral de SŸttš (Hungria); Efígie de tumba de Ditzingen-
Hirschlanden (Alemanha).

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Sugestões de leituras básicas:

ü CUNLIFFE, “The Ancient Celts”, pág. 44-67;

ü JAMES, “The World of the Celts”, pág. 19-28;

ü RIZZOLI, “The Celts”, pág. 72-123.

Questões
1. Descreva e discuta o significado de cada um dos seguintes locais: Hochdorf,
Heuneburg, Vix e Zavist.

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2. Das provas arqueológicas, qual era a natureza da relação entre o mundo Céltico e o
mundo Mediterrâneo na Idade do Ferro? Que itens eles comercializavam?

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3. O que a evidência arqueológica nos conta sobre a estrutura da sociedade da Idade


do Ferro?

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4. Discuta padrões e motivos nos artefatos do período. Alguns destes parecem terem
sido levados do período anterior (Tardia Idade do Bronze)?

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Tradução por Leonni Moura

4. A Tardia Idade do Ferro (450-80 a.C. – “La Tène”)


Por volta de 450 a.C. uma grande reviravolta tomou lugar no coração Céltico. Os
principais centros de poderes reais foram violentamente destruídos. Uma vez que os
Celtas não deixaram registros escritos dessa época, nós não podemos saber ao certo o
que aconteceu, mas parece provável que as velhas e estabelecidas linhagens
aristocratas foram derrotadas por outras linhagens que queriam acesso as mesmas
lucráveis rotas de comércio. O centro de poder político e econômico no mundo
Céltico mudou um pouco para o norte e oeste, para a área entre o Mame e Moselle
(havia um centro secundário em Boêmia, ao leste).

De uma forma, os Celtas foram desestabilizados pelo seu grande sucesso. O aumento
da disponibilidade de recursos levou a uma séria superpopulação do coração Céltico,
forçando grandes números de pessoas a buscarem um lar além das tradicionais
fronteiras Célticas. As vezes, inteiros grupos tribais migravam dessa forma. Um
prestigioso e rico chefe rodeava-se de clientes (“ambacti”) que jurava fidelidade a ele
e o acompanhava em suas expedições militares em troca de glória e saques. Em
alguns casos, eles se estabeleciam em um novo território; em outros, eles
continuavam mercenários sem terras, servindo aos interesses políticos dos povos
Mediterrâneos não-Célticos. A última situação pode representar a origem do que a

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literatura medieval irlandesa chama de “fianas”: fraternidades de guerreiros sem
terra que sobrevivem através da caça, saques e acordos mercenários, independentes
da maioria das instituições da principal sociedade Céltica.

Todos esses movimentos de população resultou em uma grande expansão territorial


do mundo Céltico. Uma combinação de grupos da Renânia e da Boêmia tomou
praticamente todo o norte italiano da Toscana, de forma que aquela região passou a
ser chamada de Gália Cisalpina. Em 390 a.C. eles entraram em conflito com os
romanos e até mesmo conseguiram saquear a cidade – um ultraje que os romanos
nunca esqueceram. Novas chegadas da Gália se estabeleceram ao norte da Espanha.
Ao leste, grupos que saíram do coração da Boêmia se estabeleceram nos Balcãs, por
todo o caminho sobre a planície do Danúbio até a costa do Mar Negro, e até mesmo
mais além ao que hoje é conhecido como Ucrânia, enquanto o seu avanço norte os
levou para onde hoje é conhecido como o sul da Polônia. Um desses grupos invadiu a
Grécia no início do século III a.C., e então alternadamente cooperavam com eles ou
ameaçavam as comunidades locais até o Rei Nicomedes da Bitínia dar à eles um
território na Ásia Menor onde eles podiam se estabelecer permanentemente: o local
se tornou a Galácia, a área ao redor da Anatólia, atual Ancara. Os mercenários
Célticos desempenharam um notável papel em muitos conflitos da região: alguns até
mesmo se tornaram ajudantes de Ptolomeus, no Egito.

Apesar do clima político volátil, esse foi um período de aumento de autoconfiança,


enriquecimento cultural e criatividade para os Celtas. Os artistas Célticos foram
influenciados por muitos diferentes modelos de diferentes culturas, ainda que
sintetizaram todas essas influências em uma único e instantaneamente reconhecível
estilo próprio – um vocabulário de formas geométricas fluidas, nós iremos ver que se
tornará fundamental para a tradição da “arte Céltica”. A partir de uma nova riqueza
de motivos simbólicos nessa arte (alguns dos quais nos levam até os modelos
Orientais), pode-se deduzir que foi também uma época de efervescência intelectual e
religiosa, com novos conceitos teológicos e rituais vindo para melhorar ou substituir
as velhas formas. Isto ocorreu quando começaram a escutar os Druidas como uma
classe de filósofos, ritualistas e especialistas jurídicos com enorme prestígio e poder
social, educados em escolas e organizados em uma rede que transcendeu os limites
estreitos tribais do mundo Céltico. Apesar deles serem apenas mencionados em
relação à Gália e Bretanha (onde supostamente tiveram sua origem e a maior
concentração de seu poder), eles podem ter estendido sua influência sobre outras
áreas Célticas também. Sem dúvida, tal instituição fez muito para promover
especulação e debate religioso, e deve ter dado origem a uma grande riqueza de novas

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formas mitológicas e rituais – das quais nós, infelizmente, não conhecemos
detalhadamente, uma vez que os Druidas nunca usaram a escrita para escreverem
seus ensinamentos, contando apenas com o tradicional exercício da memória.

Por volta da metade do século III a.C., os romanos, que vividamente se lembravam
de sua humilhação no ano 390 a.C., começaram a dificuldade as coisas para seus
vizinhos Célticos na Itália, que eles viam como um povo poderoso e culturalmente
alienígena que não podiam confiar. Entre 225 e 123 a.C. as campanhas militares
romanas (frequentemente sob o pretexto de defender importantes centros de
comércio gregos das supostas armadilhas Célticas) foram bem sucedidas em quebrar
o controle político Céltico sobre toda a Espanha, Gália Cisalpina e a terça parte do sul
da Gália Transalpina (Gallia Narbonensis). Apesar da feroz oposição, todas essas
áreas foram colocadas sob administração romana. Instituições Célticas foram
substituídas por instituições romanas.

Na virada do século I a.C, então, Roma se tornou uma presenta política esmagadora
na Europa ocidental. Mesmo aquelas tribos Célticas que permaneceram
independentes viram sua vida econômica moldada pelas decisões romanas. As tribos
sulistas da Gália Livre – osAruemi e Aedui, por exemplo – abandonaram seu sistema
monárquico de governo (o modelo do “sagrado rei”) em favor do governo dos
magistrados elegidos por um único termo (“uergobreti”). Alguns estudiosos veem
isso como um rendimento à pressão romana: a Roma Republicana queria garantir
que seus parceiros comerciais tivesse uma cultura política similar a sua (tornando-os
“seguros” e previsíveis), e assim, encorajavam uma instituição que era mais ou menos
baseada no conceito romano de consulado (Cunliffe, 1997). Isto parece corroborado
pelo fato das rebeliões contras as leis de Roma frequentemente envolviam tentativas
de resgatar a tradicional monarquia. Por volta dessa época, as mesmas tribos
gaulesas começar a concentrar sua vida política e econômica em grandes cidades
muradas (“oppida”).
Mudanças na população no norte da Europa (provavelmente em resposta às
mudanças climáticas) fez com que um grande número de povos falantes de Alemão
migrasse para as tradicionais terras Célticas. Isso, é claro, resultou mais tarde em
conflito e instabilidade. Em 58 a.C., Júlio César tomou vantagem da situação dando
ajuda militar a algumas tribos Célticas contra outras, eventualmente usando sua
presença no campo para estabelecer o governo romano sobre a Gália inteira — apesar
da rebelião de última hora criada contra ele pelo príncipe Aruernian, Vercingetorix.
Por volta de 50 a.C. (e apesar de, mais tarde, rebeliões ineficazes), o controle romano

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sobre a Gália foi completamente assegurado, e muitos líderes gauleses foram
persuadidos a aceitar isso.
Júlio César invadiu a Bretanha durante sua campanha gaulesa, mas falhou em
conquista-la. Isso foi realizado um século depois (43-51 d.C.), sob o reinado do
imperador Claudius. Uma vez que os Druidas, através de sua conexão intertribal,
forneciam uma sofisticada fonte ideológica que continuava se opondo as leis
romanas, estavam no interesse do governo romano em eliminá-los, e a conquista da
Bretanha (onde se localizava um dos mais prestigiosos centros de treinamento dos
Druidas) deram essa oportunidade deles assim fazerem. Em 60 d.C. Suetonius
Paulinus, o governador militar da Bretanha, destruiu o grande centro Druida em
Mona (atual Anglesey) e massacrou os Druidas lá. Isso efetivamente colocou um fim
na influência Druida por todo o mundo Céltico, e removeu um dos principais
obstáculos da completa Romanização.

Até o final do século I d.C., apenas a Irlanda, de todas as terras Célticas, ficou fora do
controle romano – embora os irlandeses comercializavam com os romanos e estavam
certamente em frequente contato com o mundo romano. Porém, devido a sua posição
marginal, a tradição irlandesa permaneceu um pouco conservadora: a instituição
Druídica sobreviveu lá, conforme o modelo do territorial “rei sagrado” governava.

Arqueólogos se referem a Tardia Idade do Bronze como período “La Tène”, devido a
um local no lago de Neuchâtelin, Suíça, onde um grande número de armas e
ornamentos foram atirados na água, aparentemente como uma oferenda religiosa.

Tradução por Leonni Moura.

5. A Origem dos Celtas – Arqueologia, Leitura recomendada


Alguns importantes locais arqueológicos
Alemanha: Schwarzenbach, Kleinaspergle, Waldalgesheim, Rodenbach, Pfalzfeld,
Fellbach-Schmiden, Manching-Steinbichel, Holzhausen, Mźnchen-Obermenzing,
Altmźhl, Giengen, Klettham, Hochscheid, Bescheid, Reinheim e Niederzier.
Dinamarca: Gundestrup e Brä (os caldeirões encontrados nesses locais são quase
todos de origem estrangeira).
Suíça: La Tène, Erstfeld, Saint-Sulpice e Yverdon.
França: Entremont, Roquepertuse, EnsŽrune, Somme-Bionne, Bussy-le-Château,
Épernay, Berru, Suippes, Conflans, Gournay-sur-Aronde, Ribemont, Amfreville,
Mont-Beuvray, Basse-Yutz, Sauniźres, BesanŤon, Aurillac, Bourges, Lasgrai’sses,
Euffigneix, Neuvy-en-Sullias, Bouray-sur-Juine, Chamaliźres, Roanne e Agris.

15
Bélgica: LŽglise, Ville-sur-Retourne, Frasne-lez-Buissenal e Leval-Trahegnies.
Luxembourg: Goeblingen-Nospelt.
Holanda: Nijmegen.
Grã-Bretanha: Maiden Castle, Uffington, Danebury, Arras/Wetwang Slack,
Aylesford, Hayling Island, Llyn Cerrig Bach, Snettisham, Dt’n Beag, Dt’n Carlobhagh.
Irlanda: Knocknashee, Caherdrinny, Dún Aonghusa, Dún Conchobhair, Dún
Eochla, Rathgall, Navan Fort (Emain Macha), Rath Cruachain, Dún Ailinne, Tara,
Benagh e Spinan Hills.
Espanha: Numantia, Botorrita, Pe-alba de Villastar, Lara de los Infantes, Las
Cogotas, Segobriga e Nemetobriga.
Portugal: Chão de Lamas, Guiaes, Lezenho, Vilas Boas e Citania de Sanfins.
Itália: Carzaghetto/Cannetto sull’Oglio, Lonato, Benacci, Monte Bibele, Ceretolo,
Saliceta San Giuliano, Montefortino, Santa Paolina di Filottrano, Moscano di
Fabriano e Santa Canosa in Puglia.
Áustria: Dźrmberg, Pottenbrźnn e Mannersdorf.
República Checa: Chynoy, Drouzkovice, Duchcov, MseckŽ Zehrovice, Homi Ksely,
Brno-Malomerice e Chlum.
Eslováquia: Iskovice, Vel’ky Grob, Drna e Plárikovo.
Hungria: Sopron, Kosd, Szárazd Regöly e Szob.
Croácia: Batina.
Sérvia: Gajic, Gomolava e Mala Vrbica-Ajmana Beograd-Karaburma.
Polônia: Iwanowice.
Romênia: Piscolt e Ciumesti.
Bulgária: Mezek.
Ucrânia: Kerch e Galis Lovacka.
Turquia: Karalar e Tabanlioglu Kale.
Lista seletiva de artefatos notórios
Recipientes: Taça de Schwarzenbach (Alemanha), Jarra de Basse-Yutz (França),
Caldeirão de Gundestrup (Dinamarca; provavelmente da Europa Oriental), Balde de
Aylesford (Grã-Bretanha), Baldes de Goeblingen-Nospelt (Luxemburgo), Molduras
de bronze para jarros de madeira de Brno-Malomerice (República Checa).
Equipamentos de guerreiros: Capacete de Agris (França), Capacete de Berru
(França), Capacete de Santa Canosa em Puglia (Itália), Capacete de Ciumesti
(Romênia), Capacete de Waterloo Bridge (Grã-Bretanha), Capacete de Benacci
(Itália), Capacete de Amfreville (França), Escudo de Battersea (Grã-Bretanha),
Escudo de Washingborough (Grã-Bretanha), Ornamento de escudo de Wandsworth
(Grã-Bretanha), Pequeno capacete hornado de Torrs (Grã-Bretanha), Máscara de
Cavalo de Stanwick (Grã-Bretanha), Bainha da espada de Standlake (Grã-Bretanha),

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Banha de bronze da armadura de Bann (Irlanda), Espada e bainha de Kosd
(Hungria), Espada de Tesson (França), Phalera (peças metálicas circulares para
ornamentar os arreios de um cavalo), Phalera de bronze de Cuperly (França), Phalera
de prata de Chão de Lamas (Portugal), Grande phalera de prata de Brescia (Itália),
Phalera de bronze de Somme-Bionne (França) e Ornamentos de arreios esmaltados e
de bronze (Ucrânia).
Adornos pessoais: Bracelete de Rodenbach (Alemanha), Bracelete de prata de
Guiaes (Portugal), Torc de Trichtingen (Alemanha), Torc de
Waldalgesheim (Alemanha), Torc de Snettisham (Grã-Bretanha), Torc de Fenouillet
(França), Torc dourado de Vilas Boas (Portugal), Torcs dourados de Erstfeld
(Suíça), Torc de Montans (França), Torc de Mailly-le-Camp (França), Torc de
Ardnaglug (Irlanda), Braceletes e brincos dourados de La Butte Sainte-Colombe
(França), Colar dourado com pingente de Szárazd Regöly (Hungria), Broche de
bronze de Carratiermes (Espanha), Pingente de bronze de Skryje (República Checa),
Brincos de Monteferrino (Itália), Diadema dourada de Elvi-a (Espanha), Coroa
“Petrie” (Irlanda) e Reserva de tesouros dourados “Broighter” (Irlanda).
Estátuas e esculturas de ritos: Cabeça de pedra de MseckŽ Zehrovice (República
Checa), Esculturas rituais do templo de Roquepertuse (França), Deidade-javali de
Euffigneix (França), Deidade sentada de Bouray-sur-Juine (França), Deidade de
Holzgerlingen (Alemanha), Veados de madeira do mastro ritual de Feldbach-
Schmiden (Alemanha), Cippus de pedra de Kermaria (Grã-Bretanha), Cippus de
pedra de Palzfeld (Alemanha), Cippus de pedra de Waldbuch (Alemanha) e Cippus de
pedra de Turoe (Irlanda).
Algumas leituras básicas:
CUNLIFFE, “The Ancient Celts”, páginas 68-90 (The Migrations); páginas 91-110
(Warfare and Society); páginas 111-132 (Arts); páginas 133-144 (Iberia), páginas 145-
167 (Atlantic Celts); páginas 163-182 (Eastern Celts); páginas 183-210 (Religion);
páginas 211-234 (Last Phases of the Iron Age).

JAMES, “The World of the Celts”, páginas 33-49 (The Celtic Lands); páginas 50-71
(The Patterns of Life); páginas 72-85 (The Celts at War); páginas 86-103 (Gods and
Afterlife); páginas 104-115 (La Tène Art and Technology).

RIZZOLI, “The Celts”, páginas 127-192 (The Formation of the La Tène Culture –
Fifth Century BC); páginas 195-300 (The First Historical Expansion – Fourth
Century BC); páginas 303-386 (The Age of the Warriors – Third Century BC);
páginas 389-408 (The Celts of Iberia); páginas 411-552 (The Era of the Oppida –
Second/First Century BC); páginas 555-618 (The Islands Celts).

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Outras fontes importantes:
CUNLIFFE, Barry: “Iron Age Communities in Britain”, Henley & Boston, 1974
(revisado em 1978).

GREEN, Miranda. Ed: “The Ancient World”. London & New York, 1995. NASH,
Daphne: “Coinage in the Celtic World”. Londres, 1987.

RAFTERY, Barry: “Pagan Celtic Ireland: The Enigma of the Irish Iron Age”.
London & New York, 1994.

ROSS, Anne: “The Pagan Celts” (originalmente: “Everyday Life of the Pagan
Celts”). Totowa, NJ. 1986 [London & New York, 1970].

O’HOGAIN, Daithi: “Celtic Warriors” (New York, 1999) tem um extremamente


útil apêndice dando uma descrição detalhada dos agrupamentos políticos dos Celtas
na tardia Idade do Bronze.

Algumas fontes Clássicas essenciais sobre a história da Idade do Ferro Céltica:


CAESAR: “De Bello Gallico” (The Gallic War).

DIODORUS SICULUS: “The Library of History” (Livro V).

LIVY (TITUS LIVIUS): The History of Rome (Livros V e XXI).

POLYBIUS: Histories (Livro II);

STRABO: Geography.

Tradução por Leonni Moura.

6. A Origem dos Celtas – Planilha


Perguntas
A. Geral
1. Identifique os seguintes lugares e indique onde eles pertencem geograficamente:
Tylis, Noricum, Allobroges, Aedui, Insubres, Ordovices, Atrebates, Gallaeci,
Tolistobogii, Carnutes, Morini, Salyes, Scordisci e Boii.
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2. Identifique os seguintes personagens e discuta seu papel histórico: Vercingetorix,
Dumnorix, Diviciacus, Acichorius, Deiotaros, Bellovesus e Segovesus, Viriathus,
Commius, Caratacus e Boudicca.
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3. Discuta as circunstâncias que levou as campanhas de César à Gália. Que migração
tribal precipitou a intervenção romana?
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4. Que comunidade Céltica na Espanha resistiu à Roma com uma ferocidade
particular? Nomeie-a e explique a história de sua derrota no contexto histórico.
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5. Descreva as circunstâncias históricas das expedições Célticas militares à: Roma,
Grécia e Ásia Menor.
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6. Compare as batalhas de Gergóvia e Alesia no contexto da conquista da Gália.
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7. O que aconteceu com as comunidades Célticas na Europa Ocidental no curso do
século I a.C.?
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8. Que locais arqueológicos ilustram a importância política da região entre Marne e
Moselle depois da metade do século V a.C.? Descreva algumas das evidências.
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9. O que foi a cultura Arras? O que a torna particularmente distinta em seu contexto
contemporâneo?
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10. Por que Barry Raftery retitulou seu livro “The Enigma of the Irish Iron Age” (O
enigma da Idade do Ferro irlandesa)? O que diferenciou a Irlanda durante esse
período?
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B. Sociedade
1. A partir da informação das fontes Clássicas, descreva uma unidade política típica
da tardia Idade do Ferro do mundo Céltico. Em que formas foi como uma “tribo”, e
em quais outras formas foi como um “estado”?
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2. O que a evidência dos locais de sepultamento nos conta sobre a sociedade Céltica
nessa época?
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3. Das fontes arqueológicas e Clássicas, descreve as típicas casas desse período. O que
pode ter diferenciado as casas aristocráticas das casas comuns?
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4. Comparte as fortificações dos seguintes tipos de estabelecimentos: um broch; casa
de tear; um ringfort; um oppidum. O que estes sugerem sobre os arranjos sociais
implicados em cada modelo? [NT: ‘casa de tear’ foi traduzido livremente
de wheelhouse.]
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5. Quais eram as principais plantações que eram cultivadas? Que tipos de animais
eram domesticados?
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6. Adoção era uma importante instituição nas comunidades Célticas aristocráticas da
Antiga Idade Média. Que evidência sugere que isso pode ter sido uma prática da
Tardia Idade do Ferro?
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C. Guerra
1. Descreva a típica panóplia do guerreiro Céltico em termos de: capacete, escudo e
espada. Como (se em tudo) a forma e o tamanho desses equipamentos mudaram
entre o século V e I a.C., e quais eram algumas das variações regionais? O que
diferenciava as armas ornamentais ou cerimoniais das bélicas?

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2. Que práticas Célticas na batalha os escritores Clássicos consideraram como
anormal ou estrangeira? O que ligava os guerreiros Célticos como uma unidade?
Descreve as similaridades e as diferenças entre os bandos de guerreiros que
defendiam um território e bandos de guerreiros que iam em expedições para saques.
Dê exemplos específicos de ambos.
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3. Dê exemplos da importância da cavalaria na guerra Céltica, e descreve provas
arqueológicas do relacionamento entre guerreiros e seus cavalos (especialmente no
campo de adornos).
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4. Discuta sobre a biga bélica. Que evidências históricas nós temos dela? Qual é a
evidência literária tardia?
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6. O que era o que os romanos chamavam de murus gallicus?
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D. Religião
1. Quais são as fontes Clássicas que se referem os Druidas? Em que partes do mundo
Céltico elas se tratam?
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2. De acordo com as fontes Clássicas, quais eram os específicos deveres religiosos dos
Druidas?
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3. Descreva o que nos convence sobre as associações religiosas dos seguintes locais
arqueológicos: Entremont, Roquepertuse, Ribemont, Gornay-sur-Aronde, Fellbach-
Schmiden e Hayling Island.
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E. Arte e Tecnologia
1. O que foi o “Estilo Vegetal”? Descreva suas origens e suas evoluções dentro do
mundo Céltico.
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2. Descreva as técnicas de metalurgia da Idade do Ferro Céltica.
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3. Liste pelo menos seis tipos de animais comumente representados na Arte Céltica,
dando específicos exemplos de cada um. O que, dado o contexto da representação,
cada animal pode ter simbolizado?
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4. Dê exemplos do uso da cabeça sem o corpo humano como um detalhe decorativo.
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5. Que detalhes na Arte da Idade do Ferro tem uma origem claramente Oriental?
Como eles mudaram quando se tornaram parte da tradição Céltica? Discuta algumas

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das imagens usadas nas moedas Célticas. Quais eram seus modelos Clássicos, e como
as representações Célticas divergem delas? Nomeie alguns dos motivos que foram
usados como imagens diferenciadores na cunhagem de diferentes grupos Célticos.
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6. Compare estilos de cerâmica de diferentes partes da Idade de Ferro do mundo
Céltico. Descreva evidências de extensivas construções de estradas no mundo Céltico
pré-Romano. Que outro importante aspecto da tecnologia Céltica se desenvolveu no
tandem com esse projeto?
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7. Como era a roupa na Tardia Idade do Ferro? Que tecidos eram usados?
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Tradução por Leonni Moura.

7. Os Celtas sob o domínio romano (50 a.C. – 450 d.C.)


A imposição do domínio romano na maior parte do mundo céltico fundamentalmente
transformou a sociedade céltica. Embora as línguas célticas parecem terem
sobrevividos no Continente por vários séculos nas áreas rurais e entre a maioria das
aristocráticas famílias conservadoras, o Latim era o único meio do discurso público.
O prestígio e a influência dos Druidas se foram, e os líderes nativos podiam ganhar o
poder apenas através de alianças com as instituições romanas.

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No entanto, alguns aspectos da tradição céltica foram capazes de permanecer, apesar
da Romanização. Os romanos reconheciam a integridade dos velhos territórios tribais
e as fizeram uma parte do novo sistema administrativo, assim, as populações locais
retinham suas identidades tribais originais (muitas das modernas províncias
francesas ainda refletem essas divisões tribais: Poitou para os Pictuai, Saintonge para
os Santones, Limousin para os Lemouices, Auvergne para os Aruemi, etc.). Além
disso, alguns historiadores sugerem que a mudança romana de República à Império
pode ter feito com que os Celtas ficassem muito mais confortáveis com o domínio
romano, uma vez que isso produziu algo grandemente comparável com o modelo
mais tradicional de “rei sagrado” da organização política (ROMAIN, “Histoire de la
Gaule”, 1996). Certamente, o Imperador Augustus parece ter sido a restauração para
esse sentimento, quando ele assumiu formalmente a soberania da Gália em 10 a.C.

No domínio religioso, os romanos tendiam a identificar as deidades locais com


personagens similares no panteão Greco-romano: nós chamamos isso de a
“interpretatio Romana”. Os povos conquistados foram então encorajados a cultuar
seus deuses tradicionais como aspectos de Mercúrio, Marte, Júpiter, Minerva, etc.,
misturando seus atributos nativos com os dos deuses Clássicos mais conhecidos.
Antigos locais de culto céltico se tornaram os locais de templos no estilo romano,
contendo representações dos deuses em seus novos disfarces, junto com as
dedicações com tanto seu nome céltico original como o romano. Uma vez que relatos
escritos da religião céltica dos tempos pré-romanos são extremamente raros, o
patrimônio da interpretatio Romana é, ironicamente, um baú de tesouro para
aqueles interessados em conseguir informação concreta sobre os Deuses célticos e seu
culto.
A investigação arqueológica dos templos de todas as áreas célticas do Continente e da
Grã-Bretanha sugere que um nativo padrão de práticas religiosas foram mantidas lá
apesar do verniz da Romanização.

O mesmo se aplicava a todos os padrões gerais da vida rural. Enquanto os romanos


espalhavam sua rede urbana para o norte da Gália e Bretanha, levando com isso um
estilo de vida que era nova aos Celtas (assim como uma população etnicamente
mista), nos campos, muitos dos mesmos bens continuaram a serem produzidos como
antes, usando métodos similares, com uma pequena interrupção da organização
comunitária. As belas esculturas representacionais (a maioria do século III d.C.)
encontradas na cidade de Trier (a capital tribal de Treueri, hoje uma parte da
Renânia alemã) mostra um povo essencialmente céltico em sua cultura material. Os

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produtos e modos célticos também se espalharam para outras partes do Império, e
muitas palavras célticas foram emprestadas para o Latim.

No curso do século V, o Império romano ocidental entra em colapso com o peso de


seus problemas políticos e econômicos. Suas instituições (incluindo sua habilidade de
se defender) caíram, seus povos vassalos se revoltaram, e as tribos alemãs que tinham
sido detidas na baía leste do Reno tornaram-se livres para invadir e tomar o controle.
O que restou da identidade céltica no Continente não foi capaz de sobreviver à agonia
da sociedade romana durante esse período.

Na Irlanda e na Grã-Bretanha, no entanto, as comunidades falantes de céltico


continuaram a prosperar. Enquanto o sudeste da Grã-Bretanha tinha sido
pesadamente Romanizado, por volta da metade do século V, os primeiros habitantes
ingleses cruzaram o Mar do Norte e se estabeleceram na ilha, colocando um fim nas
instituições romanas e nas culturas que elas sustentavam. Isso deu a cultura céltica
uma oportunidade para se reafirmar, e para os chefes do norte da Grã-Bretanha não-
romanizada tomar vantagem do vácuo político e estabelecer seu controle sobre o sul.
Eles não foram capazes de parar o ataque inglês, mas eventualmente, o movimento
ocidental de invasores diminuiu quando chegou as margens de Severn e Tamar,
deixando o que estava além para os Celtas.

Alguns importantes locais


Irlanda: Drumanagh (guarnição romana e ponto de troca) e Lambay Island.
Grã-Bretanha: Bath (Aquae Sulis), Lydney, Carrawburgh (e outros locais ao longo
do Muro de Adriano), Cirencester, Gloucester, Wroxeter, Nettleton Shrub, Corbridge,
Buxton e Hayling Island.
França: AlŽsia (Alise Ste-Reine), Autun, Grand, Bourbonne-Lancy (Bourbonne-les-
Bains), Vichy, Aix-les-Bains, Orange e N’mes.
Alemanha: Trier, Mainz, Hochscheid e Pesch.
Espanha: Lugo (e arredores).
Algumas leituras básicas
CUNLIFFE, “The Ancient Celts”, pág. 247-261;

JAMES, “The World of the Celts”, pág. 128-151;

Bons trabalhos para referências básicas nesse período


WELLS, Colin: “The Roman Empire” (1995);

28
CAMERON, Averil: “The Later Roman Empire: A.D. 284-430” (1993);

LUTTWAK, Edward M. e GILLIAM, JF: “Grand Strategy of the Roman Empire: From
the First Century A.D., to the Third” (1979);

SCARRE, Chris: “The Penguin Historical Atlas of the Ancient Rome” (1995);

STARR, Chester: “The Roman Empire, 27 BC – AD 476: A Study in Survival” (1983).

Leitura sugerida
BOWMAN, Alan K.: “Life and Letters on the Roman Frontier: Vindolanda and Its
People” (1998);

CURCHIN, L.A.: “The Roman Spain: Conquest and Assimilation” (1991);

DERKS, Tom: “Gods, Temples and Ritual Practices: The Transformation of Religious
Ideas and Values in Roman Gaul” (Amsterdam Archaeological Studies #2, 1999);

DRINKWATER, J.F.: “Roman Gaul: The Three Provinces, 58 BC – AD 200” (1983);

HALL, Jenny & JONES, Christine: “Roman Britain” (1997);

HENIG, Martin: “The Heirs of King Verica: Culture and Politics in Roman Britain”
(2002);

JONES, Barri & MATTINGLY, David: “An Atlas of Roman Britain” (1990);

KEAY, S.J.: “Roman Spain” (1998);

KING, Anthony: “Roman Gaul and Germany” (Exploring the Roman World, vol. 3 –
U of Cal., 1990);

RAFTERY, Barry: “Pagan Celtic Ireland” (Capítulo 9, “Beyond the Empire”), (1994);

SALWAY, Peter: “The Roman Era: The British Isles, 55 BC – 410 AD” (Short Oxford
History of the British Isles);

SCULLARD, H. H.: “Roman Britain: Outpost of the Empire” (1986);

29
VAN DAM, Raymond: “Leadership and Community in Late Antique Gaul” (1985);

WEBSTER, Graham: “Celtic Religion in Roman Britain” (1986)/

WIGHTMAN, E.M.: “Gallia Belgica” (1985);

WOOLF, Greg: “Becoming Roman: The Origins of Provincial Civilization in Gaul”


(2000).

Questões
1. Identifique as seguintes palavras e as coloque em um contexto histórico: Sacrovir,
Cvilis e Velleda, Carausius e Allectus, Ambrosius Aurelianus, Maximus Imperator,
“Bagaudae” e Ausonius.
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2. Imagine que você é um Celta vivendo um território sob domínio romano. Como o
domínio estrangeiro te afeta nas seguintes áreas: (a) a língua que você fala; (b) a
organização e aparência de sua comunidade; (c) liderança política em sua
comunidade; (d) suas relações econômicas com o mundo exterior; (e) a prática
formal de sua religião.
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3. O que é o ‘Plomb du Larzac’? Explique seu significado e indique o que ele nos
conta sobre a cultura céltica nos primeiros séculos de domínio romano.
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4. Imagine que você é um legionário romano servindo na guarnição no Muro de
Adriano. Que tipos de relações você tem com a população céltica local? O que te
separa deles? O que te liga a eles? Agora, imagine a situação do ponto de vista de um
nativo fazendeiro céltico.
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5. Escolha três exemplos de arte representacional da cidade de Trier. Quais as
características nas cenas sugerem continuações da cultura céltica? O que sugere a
influência romana?
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Tradução por Leonni Moura.

8. Início do Cristianismo céltico (400-1150 d.C.)


No momento em que o Império Ocidental se desmoronou, o Cristianismo se tornou
sua religião dominante. A Igreja foi organizada em um modelo hierárquico diocesano
que estava intimamente modelado a partir do sistema administrativo romano,
atraindo seus recursos quase totalmente de centros urbanos. Pouco esforço foi feito
para cristianizar a zona rural; então quando as cidades – e todas as instituições do
governo romano – caíram, a Igreja ficou com pouco no caminho de uma base de
poder. Os grandes senhores alemães eram agora cristãos hereges sem grande
incentivos que ajudasse a hierarquia romana, ou não-cristãos que tinham que ser
convertidos, e cujos caprichos tinham que ser tolerados para garantir sua cooperação.
Nesse estado enfraquecido, a Igreja romana simplesmente não tinha meios para

31
coordenar suas políticas efetivamente, ou aplicar uma conformidade de crença e
prática ao longo de sua vasta jurisdição. Assim, áreas célticas não romanizadas como
a Irlanda e o norte da Grã-Bretanha estavam livres para absorver o Cristianismo
gradualmente, através dos esforços dispersos de missionários individuais que não
tinham mangas para apoiá-los e nem uma tropa violenta para impor a nova religião à
força. Isso significa que as comunidades célticas tiveram tempo para adaptar o
Cristianismo a sua própria cultura e elaborar instituições Cristãs nativas que eram
mais bem aplicadas à sua tradição.

Originalmente, a Igreja romana tinha estabelecido um sistema diocesano similar


àquele que já existia no Continente. No entanto, esta teve uma calorosa recepção no
mundo céltico, onde não havia cidades que poderiam servir como centros diocesanos
claramente definidos. Ao invés disso, o que chamou a imaginação dos Celtas foi o
conceito de monarquismo, que se espalhou do Egito para o mundo Cristão. A ideia de
um grupo de monges que vivia como uma família estendida de um abade (seu pai
adotivo) na terra que foi garantida a eles por um chefe territorial fazia perfeito
sentido no contexto da tradição social céltica. O ascetismo monástico também foi um
ideal heroico que recorreu à casta guerreira aristocrática. Embora a história do
monaquismo céltico ser bastante complexa, parece ter se desenvolvido a partir de
duas fontes principais: 1) pobremente documentando, mas certamente autênticos
contatos com o Leste, provavelmente Egito e Síria; e 2) as comunidades fundadas por
São Martin de Tours, o grande monge missionário do século IV da Gália. No final do
século V um grupo de comunidades bem ativas no sul do País de Gales serviu como
inspiração para a maioria das primeiras fundações monásticas importantes na
Irlanda. Durante o século VI, o movimento monástico irlandês floresceu numa
extraordinária extensão, se tornando em muitas formas, a criativa vanguarda da
cultura céltica. O costume do “peregrinatio pro Deo” (“exílio por causa de Deus”)
levou muitos missionários entusiastas a viajarem para longe de suas terras nativas e
fundarem novos monastérios pelo mundo céltico e mais além. Abades eram
reverenciados como mestres espirituais que estabeleceram suas próprias normas de
conduta e seus próprios estilos de culto dentro de suas comunidades. Essa ênfase na
autonomia impediu que qualquer conjunto único de normas se estabelecesse pelo
mundo céltico cristão, que permaneceu espantosamente diverso.
Os líderes célticos cristãos eram, naturalmente, contra o encorajamento das
sobrevivências de crenças e práticas pré-cristãs, e ocasionalmente, as denunciavam
em público. Isso, no entanto, tinha pouco efeito na população em geral, que
continuou com essas práticas que eram relevantes aos ciclos agrícolas, às vezes
convertendo suas deidades em santos para torna-las mais aceitáveis as autoridades

32
cristãs. Ainda mais problemática era a relação da Igreja com as instituições
Druídicas/bárdicas, que fornecia cultura céltica com seus recursos históricos e
intelectuais, especialmente o conhecimento de precedentes mitológicos no qual as
tradições sociais e legais do mundo céltico eram baseadas (uma vez que a
cristianização não tinha vindo com a invasão e a imposição estrangeira de normas
sociais e culturais, a sociedade céltica era ainda dependente de suas instituições
nativas com claras raízes pré-cristãs). Histórias como a de São Colum Cille de Iona
defendendo privilégios bárdicos na assembleia de Druim Ceat em 580 d.C. sugere
que, depois de um conflito inicial, uma acomodação foi buscada entre as autoridades
culturais cristãs e pré-cristãs. Na Irlanda, a instituição druídica sobreviveu na forma
do filid (“videntes” – isto é, poetas), senchaide (mestres do conhecimento)
e brithemon (juízes), que transmitiam o conhecimento essencial da cultura
recompondo-a e reorganizando-a para evitar brigas com as crenças e práticas Cristãs.
O grande corpo de conhecimento consistente e oficial que servia como a justificação
para todas as leis e costumes foi “atualizado” para torna-lo eficaz em um mundo
Cristão. Um dos frutos dessa pesquisa para um novo padrão cultural foi o Lebor
Gabala Erenn (Livro das Conquistas da Irlanda), compilado entre os séculos IX e XII,
que harmonizou diversas tradições mitológicas com o quadro histórico da Bíblia,
ainda que eliminando todas as menções explícitas de culto aos deuses e outras
crenças não-cristãs. (Embora nossas evidências da Grã-Bretanha céltica é mais
desigual, os trabalhos em latim de Nennius e Geoffrey de Monmouth torna claro que
a recomposição do nativo conhecimento histórico ocorreu lá também.)
“Escrever” sobre velhas tradições foi possível pelo legado do Cristianismo. Uma vez
que este era uma religião baseada em um texto sagrado, encorajava alfabetização. No
início, o latim era o único meio de escrita, e a literatura nos vernáculos célticos
continuou a serem passados oralmente, mas gradualmente o sistema da escrita em
latim foi adotado à língua nativa também. Por volta dos séculos VIII e IX, a
alfabetização nas línguas célticas havia se tornado comum entre os clérigos educados.

Além da perda de vastos territórios para os ingleses, algumas comunidades célticas


apareceram durante esse período. Colonos da Grã-Bretanha começaram a se
estabelecerem na península armoricana da Gália por volta do século III d.C., mas na
sequência da invasão inglesa, se juntaram a eles um grande número de refugiados
que alterou significantemente a composição étnica da população, de forma que a
região foi renomeada Brittany, refletindo a origem britânica de seus habitantes. Na
outra extremidade do mundo céltico, as disputas territoriais no nordeste da Irlanda
durante o século V levou um grupo de irlandeses ao norte da Grã-Bretanha a
estabelecerem o reinado de Dál Riada, onde agora é Argyll. Por volta do século IX

33
esse reinado gaélico se fundiu com o nativo reinado dos Pictos, criando uma nova e
inteira Escócia.
Foi a partir do monastério de Columban de Iona, uma parte da nascente comunidade
gaélica escocêsa, que um movimento missionário grandemente bem sucedido foi
enviado para o reinado inglês de Northumbria, implantando ideias célticas de
comunidades cristãs no norte da Inglaterra. Um de seus frutos foi Lindisfame, um
monastério irlandês-inglês que parece ter sido o ponto de partida para a brilhante
tradição das iluminuras célticas, um novo vocabulário de entrelaçados orientais e
padrões geométricos desenvolvidos do período La Tene, que os historiadores da arte
se referem como o estilo “Hiberno-saxônico” (e o estilo em que a maioria das pessoas
pensam sempre que o termo “arte céltica” é mencionado). Esse estilo se espalhou pelo
mundo céltico (especialmente nos monastérios da linhagem de Columban),
eventualmente produzindo obras de arte como o Livro de Kells, e se adaptando por
outros intermédios, como a escultura em rochas.
Por volta do fim do século VI, missionários célticos na “peregrinatio” (a maioria da
Irlanda, mas também inicialmente do sul do País de Gales) começaram a fundar
monastérios no Continente, onde ajudavam a confirmar a obediência do povo ao
Cristianismo e forneciam uma assistência necessária aos enfraquecidos na fé e muitas
vezes aos incompetentes postos da Igreja romana na Gália e Alemanha. No entanto,
mesmo que a hierarquia romana acolhesse estes novos auxiliares, isso foi feito de
forma inquieta devido a suas práticas não conformistas. Devido a falta de
comunicação regular entre Roma e o mundo céltico a partir de 450 até 600 a.C.,
muitos dos desenvolvimentos importantes na prática romana – a mudança no
método de calcular a data da Páscoa, a padronização do rito romano (os Celtas
usavam o rito Galicano), etc. – nunca chegaram às comunidades cristãs célticas. Uma
vez que algumas ligações foram reestabelecidas, a maioria dos líderes cristãos
célticos, não impressionados pelo que viram do clérigo romano e com a inveja de sua
autonomia, se recusaram a mudar suas práticas tradicionais em favor dos padrões
romanos. Isso levou a contínuas brigas entre os eclesiásticos célticos e romanos,
embora os cristãos célticos nunca terem se anilhados em uma bem organizada “Igreja
céltica” que se opunha à jurisdição romana. As autoridades romanas ganharam a
submissão das individuais comunidades célticas aos poucos, por um período de
muitos séculos. Um grande ponto de mudança no processo foi o Sínodo de Whitby
em 664, quando o reinado inglês de Northumbria abandonou as práticas célticas e o
Sínodo recebeu as práticas romanas. Isso levou muitas outras comunidades
(especialmente os prestigiosos monastérios da linhagem de Columban) a seguir esse
padrão.

34
No entanto, isso não levou a um declínio imediato do único espírito criativo na
tradição cristã céltica. As maiores obras de arte da arte cristã céltica e a velha poesia
irlandesa (com sua apreciação incomum de sua natureza intocada) continuaram a ser
produzidos depois de Whitby. Durante os séculos VIII e IX na Irlanda, um
movimento chamado de Céli Dé(Companheiros de Deus, “Culdees”) reagiram contra
o que eles perceberam como o “mundanismo” das práticas romanas, restaurando o
ascetismo contemplativo dos séculos passados. O que realmente contribuiu para o
enfraquecimento da tradição monástica céltica foram os ataques vikings que,
começando no fim do século VIII, saqueou os monastérios e destruíram suas
bibliotecas. Com o eclipse dos monastérios, a Igreja romana podia reafirmar, com
sucesso, a importância do modelo diocesano que tinha sido apoiado a todo tempo.
Durante os séculos XI e XII, a Igreja romana fez mudanças radicais em sua estrutura
e práticas (introduzindo o celibato clerical e um papel central mais poderoso para o
Papa) que resultou em uma instituição mais parecida com a Igreja Católica dos
tempos modernos. Levou vários séculos para todas essas mudanças enraizar-se no
mundo céltico. Um dos métodos escolhidos para implantar as mudanças foi a criação
de novas ordens monásticas (como os Cistercienses) cometidas ao espírito da nova
Igreja. Uma vez que essas ordens estabeleceram monastérios chefiados por abades
não célticos em terras célticas, e não nativos prelados foram colocados nos principais
cargos administrativos em todos os lugares, as nativas práticas célticas perdeu todo o
seu suporte. Em 1152, o Sínodo de Kells oficialmente aboliu toda a nativa
idiossincrasias na liturgia irlandesa. A aquisição das instituições religiosas célticas
pela maioria dos prelados anglo-normandos preparou o chão para a aquisição política
da maioria das terras célticas pelos senhores feudais anglo-normandos.

Alguns locais importantes


Irlanda: Clonard, Clonmacnoise, Derry, Durrow, Kells, Lagore, Killeany, Clonfert e
Monasterboice.
Escócia: Iona.
País de Gales: Llanilltud, Bardsey Island (Ynys Enlli) e Caldey Island (Ynys Pyr).
Inglaterra: Sutton Hoo e Lindisfame.
Cornwall: Padstow.
Grã-Bretanha: Landevennek.
O Continente: St. Gall, Luxeuil, Annegray, PŽronne e WŽrburg.
Algumas leituras básicas
CUNLIFFE, “The Ancient Celts”, pág. 258-267;

JAMES, “The World of the Celts”, pág. 162-175;

35
RIZZOLI, “The Celts”, pág. 618-662.

Outras leituras sugeridas


História básica:
CHARLES-EDWARDS, T.M. , “Early Christian Ireland”, 2001.
CLARKE, Howard (Ed.). “Ireland and Scandinavia in the Early Viking Age”. 1998.
DAVIES, Wendy. “Wales in the Early Middle Ages”. 1982.
LAING, Lloyd & Jenny. “The Picts and the Scots”. 1993.
NIELKE, Margaret R. (Ed.) & DRISCOLL, S.T. (Ed.). “Power and Politics in Early
Medieval Britain and Ireland”. 1998.
O’CORRAN, Donnchadh. “Ireland Before the Normans”. 2003.
O’CROININ, Dubh. “Early Medieval Ireland 400-1200 (Longman History of
Ireland)”. 1995.
RICHTER, Michael. “Ireland and Her Neighbours in the Seventh Century”. 1999.
SMITH, Julia M.H. “Province and Empire: Brittany and the Carolingians”. 1992.
Sociedade, economia e visão de mundo:
AITCHISON, N.B. “Armagh and the Royal Centres in Early Medieval Ireland:
Monuments, Cosmology and the Past”. 1994.
BITEL, Lisa M. “Land of Women: Tales of Sex and Gender from Early Ireland”. 1996.
CUMMINS, W.A. “The Picts and Their Symbols”. 1999.
DAVIES, Wendy. “Small Worlds: The Village Community in Early Medieval Brittany”.
1988.
KELLY, Fergus. “Early Irish Farming”.
PATTERSON, Nerys. “Cattle Lords and Clansmen: The Social Structure of Early
Ireland”. 1994.
Lei:
KELLY, Fergus. “A Guide to Early Irish Law”. 1998.

RICHARDS, M. “The Laws of Hywel Dda”. 1954.

Cristianismo céltico:
BAMFORD, Christopher. “Celtic Christianity: Ecology and Holiness”. 1982.

BAMFORD, Christopher. “The Voice of the Eagle: The Heart of Celtic Christianity”.
1990.

BITEL, Lisa M. “Isle of the Saints: Monastic Settlement and Christian Community in
Early Ireland”. 1990.

36
BOWEN, E.G. “The Settlement of the Celtic Saints in Wales”. 1950.

BROOKS, Daphne. “Wild Men and Holy Places: St. Ninian, Whithorn and the
Mediaeval Realm of Galloway”. 1994.

CAREY, John. “A Single Ray of the Sun: Religious Speculation in Early Ireland”.
1999.

CHADWICK, Nora. “The Age of the Saints in the Celtic Church”. 1961.

FERGUSON, John. “Pelagius”. 1956.

HARDINGE, Leslie. “The Celtic Church in Britain”. 1972.

HARRINGTON, Christina. “Women in a Celtic Church: Ireland 450-1150”. 2002.

HERREN, Michael W. & BROWN, Shirley Ann. “Christ in Celtic Christianity: Britain
and Ireland from the Fifth to the Tenth Century.” 2002.

HUGHES, Kathleen & HAMLIN, Ann. “Celtic Monasticism”. 1977.

LOW, Mary. “Celtic Christianity and Nature: Early Irish and Hebridean Traditions”.
1996.

MARNELL, William H. “Light from the West”. 1978.

McNeill, John. “The Celtic Churches”. 1974.

MENZIES, Lucy. “Saint Columba of Iona.” 1920.

NAGY, Joseph Falaky. “Conversing with Angels and Ancients: Literary Miths of
Mediaeval Ireland”. 1997.

O’DWYER, Peter. “Céli Dé: Spiritual Reform in Ireland 750-900”. 1981.

O’LOUGHLIN, Thomas. “Celtic Theology: Humanity, World and God in Early Irish
Writing”. 2000.

37
REES, B.R. “Pelagius: Life and Letters”. 1998. (consiste de: “Pelagius: A Reluctant
Heretic” [1988] e “The Letters of Pelagius and his Followers” [1991]).

REES, Elizabeth. “Celtic Saints: Passionate Wanderers”. 200

RYAN, John. “Irish Monasticism”. 1972

WARREN, F.E. (Jane Stevenson, ed.). “The Liturgy and Ritual of the Celtic Church”.
1987. (originalmente publicado em 1881).

Arte:
FOSTER, Sally. “The St. Andrews Sarcophagus: A Pictish Masterpiece and its
International Connections”. 1998.

HARBISON, Peter. “The Golden Age of Irish Art: The Medieval Achievement 600-
1200”.

HIGGITT, John (Ed.) & SPEARMAN, R.M. (Ed.). “The Age of Migrating Ideas: Early
Medieval Art in Northern Britain and Ireland”. 1998.

MEEHAN, Bernard. “The Book of Durrow: A Medieval Masterpiece at Trinity College,


Dublin”. 1996.

SULLIVAN, Sir Edward. “The Book of Kells”. 1986 [originalmente publicado em


1920].

YOUNGS, Susan (Ed.). “The Work of Angels”: Masterpieces of Celtic Metalkwork, 6th-
9thcenturies AD”. 1989.
Cultura da alfabetização
McCone, Kim. “Pagan Past and Christian Present in Early Irish Literature”. 1990.

SMYTH, Marina. “Understanding the Universe in Seventh-Century Ireland”. 1996.

Questões
1. Localize e discuta sobre as seguintes entidades políticas: Dál Riada, Dal n-Araide,
Deheubarth, Bro-Waroc’h, Eoghanachta, Airgialla, DŽsi, Osraige, Elmet, Rheged,
Poher, U’ Liatháin e U’ Echan Coba.

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2. Identifique as palavras seguintes e coloque-as em um contexto histórico: Colum


Cille, Columbanus de Bobbio, Ite, Melangell, Maelgwn Gwynedd, Samson de Dol,
Caoimgen de Glenn Da Loch, Gobnait, Paul Aurelian, Kenneth McAlpine (Cinnaed
mac Albainn), Dewi Sant, Ciarán de Saigir e Ciarán de Cluain Mic Nois.
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3. Coloque-se na posição de: a) um governante local; b) sua esposa; c) um dono de


terra com atividades comerciais; d) um pequeno fazendeiro; e) um fiador; f) uma
escrava; g) um druida – em uma região céltica que está se tornando consciente do
Cristianismo. Em cada caso, que argumentos te curvariam para adotar o
Cristianismo? Que argumentos fariam o contrário?
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4. Escolha uma página do: a) Livro de Lindisfame; b) Livro de Durrow; c) Livro de


Kells. Que aspectos do estilo parecem continuar com os elementos da antiga arte
céltica? Que aspectos parecem ser inovações? Você pode sugerir de onde as inovações
específicas vem?

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5. Imagine que você é um jurista na antiga Irlanda medieval e você foi chamado para
dar um conselho nos seguintes casos: a) uma mulher se queixa de que seu marido
está divulgando detalhes íntimos de suas relações sexuais; b) o acusado é um homem
que fez um contrato de cooperação com um vizinho quando estava bêbado, e renegou
o acordo quando estava sóbrio; c) o acusado é um homem que matou um ferreiro e
manteve isso em segredo, escondendo o corpo.
Em cada caso, que ação você sugeriria ao chefe na hora de dar o julgamento?

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6. Imagine que você é um jurista no País de Gales medieval e você foi chamado para
dar um conselho nos seguintes casos: a) uma mulher se queixa de engravidar depois
de um encontro consensual com um homem que prometeu falsamente manter um
relacionamento; b) o acusado é um homem que matou um gato que guardava o
celeiro do chefe; c) o acusado é um homem que publicamente insultou o rei.
Em cada caso, que ação você sugeriria ao chefe na hora de dar o julgamento?

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7. Você é um rico fazendeiro irlandês do século VII com quatro filhos e uma filha.
Quais são algumas maneiras possíveis de lidar com a herança?
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8. Você é uma mulher e a filha única de um rico fazendeiro irlandês do século IX. O
que você irá herdar? Seu marido é um galês. O que seus filhos herdarão?
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9. Qual era o costume da “peregrinatio”? Como isso contribuiu para a propagação do


Cristianismo?
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10. O que eram os martírios verde, vermelho e branco?


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11. Dê e discuta quatro exemplos da apreciação cristã celta da natureza selvagem.
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Tradução por Leonni Moura.

9. Os celtas sob o feudalismo (1150-1500 d.C.)


Durante os séculos XII e XIII, os senhores feudais anglo-normandos tomaram o
controle da maior parte da Irlanda e do País de Gales, com a bênção da Igreja.
Normas feudais do uso da terra da hierarquia social substituiu grandemente as
pequenas monarquias tribais que eram o modelo no mundo céltico. As nativas
linhagens célticas que haviam permitido sua permanência no poder tinham que
encontrar uma colocação dentro do novo padrão do feudalismo. Até mesmo na
Escócia e na Grã-Bretanha, que permaneceram países independentes sob o governo
de seus nativos, as instituições sociais inspiradas pelo feudalismo internacional
gradualmente ganhou influência, marginalizando o nativo patrimônio céltico.

Ainda os senhores feudais, que mesmo que tenham reprimido todos os dissidentes
políticos e religiosos, não eram imperialistas culturais. Muitos deles aprenderam
línguas célticas e apreciavam as nativas tradições literárias. Os representantes de
treinadas ordens bárdicas – os filid na Irlanda e beirdd ou prydyddion no País de
Gales – recebiam o patrocínio deles e compunha poemas louvando a sua honra. As
poesias de louvor no mundo céltico não eram meramente uma bajulação ou carícias
aos egos aristocráticos: uma vez que os bardos tinham seus poderes do Outro mundo
e serviam como o porta voz das deidades da soberania, louvando publicamente um
governador que legitimou seu governo. Assim, transferindo sua lealdade aos novos
senhores, eles alisaram a transição das comunidades célticas para novas realidades
sociais da Europa feudal e adaptavam essas realidades às tradições célticas.
Embora nem todos eles fossem atraídos pela cultura de seus subordinados, muitos
aristocratas anglo-normando se viram “virando nativos” – usando as línguas célticas
como suas línguas principais, e até mesmo recorrendo à jurisprudência céltica ao
invés da lei feudal para a resolução de casos legais (especialmente uma vez que as leis
nativas eram muitas vezes mais flexíveis e convenientes do que a lei feudal no que se

42
trata de assuntos como divórcio, recasamento e heranças). Isso causou tanta
preocupação na Inglaterra que em 1366 passou aos Estatutos de Kilkenny, proibindo
que os colonizadores anglo-normandos seguissem os costumes irlandeses. Tais leis,
no entanto, foram grandemente ignoradas: a “gaelicização” dos recém-chegados
continuou sem decrescimento.

Durante esse período houve um florescimento literário maior de todas as línguas


célticas. As linhagens aristocratas (tanto nativa quanto estrangeira) se tornaram
fascinados pelas antigas tradições que aprimoravam o prestígio de suas famílias ou
dos territórios que eles governavam, e estavam mais dispostos a dar salários
generosos a qualquer um que podia expor essa evidência. Uma vez que os
monastérios perderam sua conexão especial com a cultura céltica, estes eram uma
nova classe das “famílias literárias” – profissionalmente treinados para pesquisar e
colecionar fontes de manuscritos – que tomaram o papel de passar as tradições
históricas. Muito do conhecimento antigo foi reprocessado em novas formas, tanto
em verso como em prosa. A maioria das coleções de manuscritos que servem como a
fonte de nosso conhecimento da literatura dos antigos celtas foram escritos durante
esse período (embora alguns dos textos sejam na realidade muito mais antigo).

Parte dessa criatividade literária teve um maior impacto fora da cultura céltica. Por
volta do século XI, os poetas e contadores de histórias bretões começaram a aparecer
comoentertainers nas cortes feudais francesas no continentes, presenteando seus
públicos com adaptações de contos mitológicos célticos. A maioria dessas histórias
eram centradas na figura de Artur – possivelmente um líder bélico histórico do século
V da Grã-Bretanha, mas posteriormente reverenciado pelos celtas britânicos como
um ideal de rei sagrado que era esperado voltar dos mortos para ser um salvador de
seu povo. Numerosos padrões míticos pré-cristãos relacionados ao reinado sagrado
se tornou atado ao seu conhecimento, que se desenvolveu em parte como uma
mensagem política de esperança para um povo despossuído. Embora o público não-
céltico não ressoasse a mensagem política, eles começaram a ficar fascinados pela
mitologia. Assim, novas re-contagens e elaborações desse material começaram a
aparecer na França e na Alemanha, e mais tarde, na Inglaterra. A “Questão da Grã-
Bretanha” (lt.: Matter of Britain), como essa história era chamada, começou a se
tornar uma parte essencial da cultura europeia em geral, e fez com que o público
leitor da Europa se tornasse familiar com os símbolos e temas da tradição céltica –
mesmo que estes venham a ser usados no serviço de agendas culturais e espirituais
completamente diferentes.

43
Entretanto, os camponeses de terras célticas continuaram a praticar seus tradicionais
rituais para garantir o sucesso do ciclo agrícola. Um equilíbrio era atingido entre as
sequências dos calendários cristãos e pré-cristãos, de forma que as ocasiões dos
rituais maiores podiam coincidir, sem infligir, e as práticas pré-cristãs podiam
encontrar uma legitimidade se tornando relevantes para festas cristãs. O resultado foi
uma ideologia ritual pré-cristã que se sobrepôs com a iconografia cristã. Todavia, isto
tornou possível uma real continuidade da cultura religiosa céltica.

Leituras sugeridas
História social e política em geral:
BARROW, Geoffrey W.S. “The Kingdom of the Scots: Government, Church and
Society from the Eleventh to the Fourteenth Century.” 2003.

BROUN, Dauvit. “The Irish identity of the Kingdom of the Scots in the Twelfth and
Thirteenth centuries.” 1999.

CLARKE, Howard (Ed.). “Medieval Dublin: the making of a Metropolis.” 1990.

COSGROVE, Art. “A new history of Ireland: Medieval Ireland 1169-1534.” 1993.

COWAN, Edward J. (Ed.). & McDONALD, R. Andew (Ed.). “Alba: Celtic Scotland in
the Middle Ages.” 2001.

DAVIES, J.C. “The Welsh Wars of Edward the First.”

DAVIES, R.R. “Domination and Conquest: the Experience of Ireland, Scotland and
Wales, 1100-1300.” 1990.

GRIFFITHS, Ralph Allan. “Conquerors and Conquered in Medieval Wales.” 1994.

HATCHER, J. “Rural Economy and Society in Medieval Cornwall, 1300-1500.” 1970.

JACK, R. Ian. “Medieval Wales.” 1976.

JONES, Michael. “Between France and England: Politics, Power and Society in Late
Medieval Brittany.” 2003.

MAUND, Karl. “The Welsh Kings.” 2000.

44
McDONALD, R. Andew. “The Kingdom of the Isles: Scotland’s Western Seabord, c.
1100-c. 1336.” 1997.

McNEILL, Tom. “Castles in Ireland: Feudal Power in a Gaelic World.” 2000.

MULDOON, James. “Identity on the Medieval Irish Frontier: Degenerate


Englishmen, Wild Irishmen, Middle Nations.” 2003.

NICHOLLS, K.W. “Gaelic and Gaelicised Ireland in the Middle Ages.”

ORAM, Richard. “The Canmores: Kings and Queens of the Scots, 1058-1290. 2002.

SIMS, Katherine. “From Kings to Warlords: The Changing Structures of Gaelic


Ireland in the Latter Middle Ages.”

STACEY, Robert Chapman. “From custom to Court in Medieval Ireland and Wales.”
1994.

WEBSTER, Bruce. “Medieval Scotland: The making of an Identity.”

WILLIAMS, Glanmor. “Owen Glendower.” 1996.

História religiosa:
HALL, Dianne. “Women and Church in Medieval Ireland ca. 1140-1540.” 2003.

MOONEY, Canice. “The Church in Gaelic Ireland: thirteenth to fifteenth Centuries.”

WILLIAMS, Glanmor. “The Welsh Church from Conquest to Reformation.” 1962.

Aspectos da história cultural/literária:


GOLDSTEIN, James. R. “The Matter of Scotland: Historical Narrative in Medieval
Scotland.”
HARRIS, John R. “Adaptations of Roman Epic in Medieval Ireland: Three Studies in
the Interplay of Erudition and Oral Tradition.” 1994.
O’ CUIV, Brian. “The Linguistic Training of the Medieval Irish Poet.”
Questões
1. Identifique os seguintes nomes e os coloque no contexto histórico: Owain Glyn
Dwr, Llywelyn o Grande, Llywelyn ap Gruffydd, Jeanne de Penthishire, Thomas

45
Flamank e Myghal na Gov, Ruair O’ Conchobhair, Rhys ap Gruffydd, John de Lorn, O
“Comyn Vermelho”, Somerled, Alexander III Canmore, Maolmaedoc de Armagh,
Pierre Landais, Anne da Grã-Bretanha, Andrey Moray de Bothwell, Art Og Mac
Murchaidh, Thomas Fitzgerald e Dafydd ap Gwilym.
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2. Descreva os fatores políticos e sociais que levou o aparecimento do sistema de clãs
escoceses. Que aspectos desse sistema se assemelhavam com os antigos modelos
sociais? Que aspectos eram claramente diferentes?
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3. Imagine que você é um tradicional chefe céltico em 1350 na: Irlanda, País de Gales,
Escócia e Grã-Bretanha. Diante de novos senhores que buscam impor um sistema de
governo feudal, que opções você tem para reter um pouco de seu status e de sua
autoridade?
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5. Discuta o impacto do poder político escandinavo na Escócia e na Ilha de Man.
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6. Imagine que você é um treinado e tradicional: bardo e contador de histórias em
uma área céltica com novos senhores feudais. A tradição com que você trabalha é
estranha para esses senhores, e ainda assim, você precisa conta-las para seus chefes.
Que estratégias você pode inventar para garantir que estes apreciem sua arte?
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7. Escolha qualquer região céltica (isto é, uma individual área tribal, não um país ou
província inteira) e trace em detalhes as mudanças no controle político sobre ela que
ocorreram entre os anos 1150 e 1500.
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8. Date e discuta o significado dos seguintes eventos: o Tratado de Perth, a Batalha de
St. Aubin-du-Cormier, a Batalha de Bannockburn e o Sínodo de Kells.
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Tradução por Leonni Moura.

10. Os celtas sob os Estados Modernos (de 1500 até os dias de hoje)
Por volta do final do século XV, o crescimento espetacular de uma classe média
urbana que deve seu sucesso ao capitalismo emergente, transformou o sistema feudal
em incômodo e antiquado. Em seu lugar, teve vez o conceito de um estado moderno

47
centralizado, servido por uma administração burocratizada que afetava diretamente a
vida de todos os cidadãos. A ênfase na centralização e no controle levou à um ideal de
uniformidade prescrita para a população inteira dentro das fronteiras de um estado:
todos os habitantes deviam seguir a mesma religião, falar a mesma língua e ter a
mesma cultura, dividir o mesmo senso de identidade histórica como uma nação, e
etc. Isso significava que era negado o direito de autonomia cultural às minorias
étnicas, que foram ativamente perseguidas como ameaças para a unidade da nação.
Uma vez que nenhuma comunidade céltica foi permitida de formar um estado
moderno (a Grã-Bretanha perdeu sua soberania em 1532 e a Escócia em 1707), todos
os celtas agora estavam sob o domínio de elites políticas inglêsas – ou francesas.
Elites nativas que resistiam a essa completa perda de autonomia foram massacrados
ou exilados, voltando-se para as áreas que ainda eram célticas, em comunidades
puramente camponesas. Sem o patrocínio dos aristocratas cultos, a nativa classe
literária (que permaneceu com os bardos) agora estava privada de uma audiência e de
suporte financeiro, e rapidamente diminuiu. No fim do ano 1700, a literatura em
qualquer língua céltica se tornou rara (exceto no País de Gales, onde a tradução da
Bíblia para o galês e o prevalecimento de comunidades com capelas falantes de galês
ajudaram a manter a língua viva em todos os níveis de uso até o século XX). Sistemas
de ensino centralizados e influentes cada vez mais desvalorizavam as línguas célticas
e o patrimônio cultural que vinha com elas, enquanto enfatizavam a importância
social de identidade com a cultura majoritária.

Desenvolvimentos econômicos colocaram as comunidades célticas em uma tensão


ainda maior. A revolução industrial no século XIX transformou os centros de
atividade econômicas em áreas urbanas e mergulhou as áreas rurais marginais em
profunda pobreza. Como na maioria das situações coloniais, os fazendeiros célticos
trabalhavam para sustentar os senhores estrangeiros com bens exportáveis e eram
deixados com poucos produtos para seu próprio sustento. Na Irlanda, pequenos
fazendeiros sobreviviam com batatas, então, quando um mal destruiu a maioria das
plantações de batata nos anos de 1840, seguiu-se uma terrível fome, levando à morte
um milhão de pessoas e uma massiva emigração, em sua maioria, para a América. Em
outros lugares, crises menos dramáticas (por exemplo, a expropriação de pequenos
fazendeiros para dar espaço a projetos de agronegócios em grande escala) resultou
em um igualmente grava dreno nas populações célticas. Espalhados pelo mundo, a
grande maioria desses emigrantes acabaram em cidades culturalmente estranhas,
onde eles abandonaram grande parte de sua herança céltica e assimilaram para a
cultura majoritária. Embora ainda existam falantes de gaélico em Nova Scotia e

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falantes de galês na Patagônia, estes não são mais que um pequeno remanescente
dentro de uma população em grande parte aculturada.

Nos países célticos em si, houve uma forte redução de territórios onde as línguas e a
cultura céltica eram dominante. Como resultado da Fome, muitas famílias irlandesas
evitaram de usar a língua irlandesa com seus filhos a fim de ter certeza que eles se
identificariam com a língua e a cultura inglesa. Na virada do século XIX, a língua
córnica deixou de ser uma língua da comunidade, e o mesmo aconteceu com a língua
manêsa no século XX (apesar de hoje em dia, graças a um heroico esforço de
revitalização, ambas as línguas tem falantes nativos).

No entanto, mesmo que as circunstâncias políticas e econômicas fizeram com que as


comunidades célticas declinassem, estudiosos internacionais começaram a ter
interesse na cultura céltica. Os conteúdos de manuscritos irlandeses e galeses foram
estudados e publicados por pessoas como Eoghan O’Curry, Whitley Stokes e Lady
Charlotte Guest. J.F. Campbell e Alexander Carmichael pesquisaram antigas
tradições nativas que ainda eram vivas nos Highlands da Escócia. François Luzel (Fa-
ch na Uhel) fez o mesmo na Bretanha. Traduções desse material deram ao público
leitor um sentido de que há algo excitante e valioso sobre a herança céltica. Também
resgatou o auto respeito para as próprias comunidades célticas, fazendo com que as
pessoas pensassem duas vezes em assimilar completamente os mundos falantes de
inglês ou francês. Na última parte do século XIX, isto se traduziu em movimentos
organizados que buscavam restaurar as línguas em áreas que abandonaram seu uso e
ganhar de volta a liberdade política das nações célticas. Uma dessas instituições mais
notáveis era a Gaelic League, criada em 1893, que fez com que o povo irlandês
voltasse a sua cultura nativa através de um programa de palestras e aulas de língua.
Douglas Hyde, o fundador e mentor da League, viu isso como um projeto cultural
com metas políticas de longo prazo: iria gradualmente “desenglesar” a Irlanda a um
ponto que a separação cultural levaria inexoravelmente a uma separação política.
Mas o movimento de separação política ganhou força mais rapidamente que Hyde
tinha antecipado, levando à independência de vinte e seis condados da Irlanda, sem
uma real transição de volta à cultura nativa.

Não obstante, a luta das comunidades célticas para reafirmar sua autonomia e
preservar sua cultura, continuou inabalável ao longo desse século passado. Desde
então, de todas as seis nações célticas, apenas a Irlanda alcançou uma dependência
parcial, enfrentando resistência de agências de governo centralizado que ignoravam
sua cultura ou eram ativamente hostis a ela. No entanto, nos últimos trinta anos tem

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se visto erosão nas ideologias anti-pluralistas dos estados modernos, permitindo mais
e mais a presença das línguas célticas na educação, publicações e na mídia. Periódicos
aparecem regularmente em todas as seis línguas, e todas as seis são representadas na
mídia de seus países em graus variados. A pressão dos falantes de alguma língua
céltica em aliança com os falantes de outras línguas minoritárias ganhou para as
línguas célticas o título de “Línguas Menos Usadas” dentro da União Europeia, que
por sua vez, pressionou seus estados a dar um papel mais público para essas línguas
nas comunidades onde eram faladas. O conceito de “céltico” de Edward Lhuyd se
tornou conhecido a partir do século XIX, e com isso, muitas pessoas desenvolveram
um interesse nas raízes comuns das seis modernas culturas, e viram essa unidade
original como uma fonte de força. Como resultado, organizações pan-célticas como o
Pan-Celtic Congress e a Celtic League serviu para abrir e manter ligações entre todas
as comunidades célticas sobreviventes, ajudando-as a aprender com as lutas uma das
outras, e reforçar os esforços um dos outros. Alguns desses esforços começaram a ter
frutos em um nível político, se tornando evidente em 1997 quando um referendo
permitiu que os Scots reestabelecessem seu Parlamento, e os galeses obterem uma
Assembleia Nacional. Também, descendentes de imigrantes célticos ao redor do
mundo redescobriram os valores de sua cultura ancestral e deram ajuda aos
movimentos culturais nos países célticos. O maior perigo agora, no entanto, estava no
efeito mortal dos meios de comunicação comercial anglo-americanos, que tendia a
massacrar a existência de quaisquer culturas que não são ajudadas por instituições
fortes e autônomas.

Aqueles de nós que estão envolvidos com o RC como um projeto religioso e espiritual
pode ser de grande ajuda nessa contínua renovação do mundo céltico. Os celtas
modernos são muitas vezes ambivalentes sobre seu antigo passado pré-cristão, pois
isso tem sido muitas vezes distorcido e desviado por estranhos. Enquanto não
cairmos nessa mesma armadilha de usar o mundo céltico como uma tela na qual
projetaremos fantasias e desejos estrangeiros, enquanto mantermos um verdadeiro
respeito para a essência viva da tradição céltica, nossa apreciação do valor e
viabilidade do antigo patrimônio de todos os celtas, pode dar mais autoconfiança
para as comunidades célticas, e garantir que a tradição céltica permaneça como uma
força viva no futuro.

Leituras sugeridas
Geral:
ü ELLIS, Peter Berresford. _The Celtic Revolution_. 1988.

50
ü ELLIS, Peter Berresford. _The Celtic Dawn_. 1993.

ü HECHTER, Michael. _Internal Colonialism: the Celtic Fringe in British National


Development, 1536-1966_. 1975.

Século XVI:
ü ELLIS, Steven. _Ireland in the Age of the Tudors, 1447-1603: English Expansion
and the End of Gaelic Rule_. 1998.

ü OWEN, G. Dyfnallt. _Elizabethan Wales_. 1962.

ü REES, J.F. _Tudor Policy in Wales_. 1935.

ü WILLIAMS, Glanmor. _Recovery, Reorientation, and Reformation: Wales, ca.


1415-1642_. 1987.

ü WORMALD, Jenny. _Court, Kirk, and Community: Scotland, 1470-1625_. 1991.

Século XVII:
ü COWAN, Edward J. _Montrose: For Covenant and King_. 1977.

ü CUNNINGHAM, Bernadette. _The World of Geoffrey Keating: History, Myth and


Religion in Seventeenth-Century Ireland_. 2000.

ü DICKINSON, J.R. _The Lordship of Man Under the Stanleys: Government and
Economy in the Isle of Man, 1580-1704_.

ü DODD, A.H. _Studies in Stuart Wales_. 1971.

ü FITZPATRICK, Brendan. _Seventeenth-Century Ireland_.

ü GRAINGER, John D. _Cromwell Against the Scots: The Last Anglo-Scottish War,
1650-1652_. 1997.

ü LEACH, A.L. _A History of the Civil War in Pembrokeshire, 1642-1649_. 1937.

ü LENIHAN, Padraig (Ed.). _Conquest and Resistence: War in Sevententh-Century


Ireland_. 2001.

51
ü OHLMEYER, Jane H. _Political Thought in Seventeenth-Century Ireland:
Kingdom or Colony_. 2000.

ü PREBBLE, John. _Darien: The Scottish Dream of Empire_.

ü PREBBLE, John. _Glencoe: The Story of the Massacre_.

ü ROY, David. _The Covenanters: The Fifty Years Struggle 1638-1688_. 1997.

ü WHEELER, James Scott. _Cromwell in Ireland_.

Século XVIII:
ü JENKINS, Geraint H. _The Foundations of Modern Wales: Wales 1642-1780_.

ü KEE, Robert. _The Green Flag: The Most Troublesome Nation_.

ü MORGAN, Prys. _The Eighteenth Century Renaissance_. 1981.

ü NEWTON, Michael. _We’re Indians Sure Enough: The Legacy of the Scottish
Highlanders in the United States_. 2001.

ü PITTOCK, Murray G.H. _Jacobitism_. 1998.

ü PREBBLE, John. _Culloden_.

ü SUTHERLAND, Donald W. _The Chouans: The Social Origins of Popular Counter-


Revolution in Upper Brittany, 1770-1796_.

ü WAUGHAN, W.E. (Ed.). _A New History of Ireland: Eighteenth-Century Ireland


1691-1800_.

ü WILKINS, Frances. _The Isle of Man and the Jacobites_.

ü WILLIAMS, David. _Wales and America_. 1962.

ü WILLIAMS, Gwyn A. _Madoc: The Making of a Myth_. 1980.

Século XIX:

52
ü DONNELLY, James S., Jr. _The Great Irish Potato Famine_. 2001.

ü EVANS, D. Gareth. _A History of Wales, 1815-1906_.

ü KEE, Robert. _The Green Flag: The Bold Fenian Men_.

ü LAXTON, Edward. _The Famine Ships: The Irish Exodus to America_. 1998.

ü MOLLOY, Pat. _And They Blessed Rebecca_. 1983.

ü PREBBLE, John. _The Highland Clearances_.

ü PREBBLE, John. _The King’s Jaunt: George IV in Scotland, 1822_.

ü WEBER, Eugene. _Peasants Into Frenchmen: the Modernization of Rural France,


1870-1914_. 1978.

ü WILLIAMS, David. _John Frost: A Study in Chartism_. 1939.

ü WILLIAMS, David. _The Rebecca Riots_. 1955.

ü WILLIAMS, Gwyn A. _The Merthyr Rising_. 1978.

ü WOODHAM-SMITH, Cecil. _The Great Hunger_. 1980.

Século XX:
ü BELCHAM, John (Ed.). _A New History of the Isle of Man: the Modern Period
_1830-1999_

ü DARGIE, Richard. _Explore Scottish History: Scotland Since 1900_.

ü DE FREINE, Sean. _The Great Silence_.

ü EVANS, D. Gareth. _A History of Wales, 1906-2000_.

ü KEE, Robert. _The Green Flag: Ourselves Alone_. [all three Kee titles can be
obtained in an omnibus volume from Penguin: _The Green Flag: A History of Irish
Nationalism_.]

53
ü KERMODE, David G. _Offshore Island Politics: The Constitutional and Political
Development of the Isle of Man in the Twentieth Century_.

ü McDONALD, Maryon. _We Are Not French: Language, Culture and Identity in
Brittany_.

ü MORGAN, O. Kenneth. _Rebirth of a Nation: Wales 1880-1980_. 1982.

ü REECE, Jack E. _The Bretons Against France: Ethnic Minority Nationalism in


Twentieth-Century Brittany_.

ü SMITH, David & FRANCIS, Hywel. _The Fed: The History of the South Wales
Miners in the Twentieth Century_. 1980.

ü
THOMAS, Ned. _The Welsh Extremist_. 1978.

ü WILLIAMS, David. _A Short History of Modern Wales_. 1966.

Mais histórias gerais e nacionais que podem ser úteis:

ü BLACK, Jeremy. _A New History of Wales_.

ü BREWER, Paul (Ed.). _Ireland: History, Culture, People_. DAVIES, John. _A


History of Wales_.

ü DAVIES, Norman. _The Isles: A History_.

ü FOSTER, R.F. (Ed.). _The Oxford History of Ireland_.

ü HALLIDAY, F.E. _A History of Cornwall_.

ü HARVIE, Christopher. _Scotland: A Short History_.

ü HOUSTON, R.A. (Ed.). _The New Penguin History of Scotland: From the Earliest
Times to the Present Day_.

54
ü HOWE, William. _Ireland and Empire: Colonial Legacies in Irish History and
Culture_.

ü KINVIG, R.H. _The Isle of Man: A Social, Cultural and Political History_.

ü MacLEAN, Fitzroy. _Highlanders: A History of the Scottish Clans_.

ü MacLEAN, Fitzroy & LINKLATER, Magnus. _Scotland: A Concise History_.

ü MAGNUSSON, Magnus. _Scotland: The Story of a Nation_.

ü MOODY, T.W. (Ed.). _The Course of Irish History_.

ü O’BEIRNE RANELAGH, John. _A Short History of Ireland_.

ü PITTOCK, Murray G. H. _A New History of Scotland_.

ü WILLIAMS, Gwyn A. _When Was Wales_.

Outras fontes úteis:


ü HUMPHREYS, Emyr. _The Taliesin Tradition_. NEWTON, Michael. _Handbook
of the Scottish Gaelic World_.

Questões
1. Identifique os seguintes nomes e os coloque em um contexto histórico: Gráinne Ní
Mháille, Eoin MacNeill, Arthur Griffith, Alasdair Mac Colla, Aneurin Bevan, James
Graham de Montrose, O “Bonedo-Ruz”, Richard Trevithick, Yann-Vari Perrot,
O’Donovan-Rossa, James Keir Hardie, Michael Davitt, Saunders Lewis, John
MacLean, Terence MacSwiney, Iolo Morganwg, “Illiam Dhone”, Gwynfor Evans, Os
“Whiteboys”, Cymdeithas yr laith Gymraeg e Roparz Hemon.
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2. Date e descreva o significado dos seguintes eventos: A Batalha de Prestonpans, A
Traição dos Livros Azuis, A Batalha de Aughrim, A luta dos Condes, O massacre de Le
Mans, O Endereço de “Tynghed yr laith”, Os protestos Plogoff, O afogamento de
Tryweryn, A Rebelião “Prayer Book”.
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3. O que é Gwaladfa?
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4. Imagine o caso de um emigrante de cada um dos seis países célticos em algum
ponto do século XIX. Qual seria a causa mais provável de imigração em cada caso?
Qual seria o destino mais provável de cada emigrante? Que tipo de sustento eles
encontrariam em seus novos lares? E, em cada caso, que aspectos de sua cultura era
mais provável de ser descartada, e por que? Quais aspectos, se existirem, eles
poderiam guardar?
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5. Quem eram os Madogwys? Qual foi seu impacto na história cultural da relevante
nação céltica?

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6. Imagine que você é um Highlander católico no meio do século XVII. Quais seriam
suas opções políticas e culturais?
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7. Compare os United Irishmen da época de Archibald Wolfe Tone com os Young
Irelanders da metade do século XIX. Há uma diferença em suas respectivas conexões
com a Irlanda céltica?
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8. O que o governo francês fez para o estabelecimento bretão cultural no fim da
Segunda Guerra Mundial?
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9. Examine os movimentos de revitalização das línguas de cada uma das seis nações
célticas. Quando e por quem elas começaram? Que tipo de resposta cada uma delas
obtiveram? Avalie suas conquistas nos dias de hoje.
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Tradução por Leonni Moura.

11. Conhecimento da Comunidade: a Memória dos Lugares


Até agora, estamos levantando a história do mundo céltico através de provas que os
historiadores profissionais usam para apresentar uma imagem do passado que seja
objetivamente confiável. Se desejarmos entender as práticas das comunidades
célticas apenas em tais provas objetivamente confiáveis, teremos que usar métodos
de investigação. No entanto, devemos também perceber que as tradicionais
comunidades célticas em si abordam a memória de seu passado coletivo de uma
forma muito diferente, e para propósitos diferentes. Na medida em que desejamos
obter uma perspectiva “nativa” da tradição céltica, vendo-a de dentro, diferente dos
observadores que estão “de fora”, devemos nos familiarizar com meios
especificamente célticos de reunir e transmitir conhecimento.

As tradicionais comunidades célticas sempre viam a ordem presente de suas vidas


como sendo fundadas em uma base sólida da experiência do passado. Praticamente,
cada costume institucionalizado – seja este relacionado a rituais sazonais, leis de
herança, privilégios hierárquicos, resolução de conflitos, ou qualquer outro tipo de
interação social – é justificado por um precedente: algum evento ou decisão no
passado revelou o curso correto da ação em uma circunstância em particular, e
continua ser considerado como a autoridade atrás das ações prescritas no presente. A
fim de manter um sentido coerente da legitimidade coletiva dos costumes presentes,
o conhecimento de todos esses precedentes tinha que ser passado de uma forma
sistemática. Por esse corpo de conhecimento ser tão grande, sua transmissão devia
ser confiada a “profissionais”, cuja memória é treinada especialmente para litar com

58
grandes quantias de informação, e que inventavam seus próprios métodos para
classificar a informação para que compreendê-la se tornasse mais fácil. Em Irlandês
Antigo, esse abrangente conhecimento do passado era chamado
desenchus ou senchas (em Irlandês Moderno: seanchas; em Gaélico
Escocês: seanachas) – “falar de velhas coisas”. O mestre do conhecimento cuja tarefa
era lembrar-se do conhecimento e torna-lo disponível quando fosse necessário era
um senchae ou senchaid(em Irlandês Moderno: seancha; em Gaélico
Escocês: seanachaidh). [O termo mais próximo para senchas em bretão é hengoun,
que literalmente significa “memória antiga”; as outras palavras britônicas para
“conhecimento” – em galês, llên, em córnico lyen(embora hoje o córnico
tenha hengov, modelado a partir de hengoun) – veio do latimlegendum “que precisa
ser lido”, e daí temos a palavra “lenda”].
Muitos aspectos do conhecimento que os modernos estudiosos ocidentais tendem a
ver como não relacionado como partes do senchas – tais como genealogia, lei, e
mitologia – são partes que coexistentes do senchas. Todos os eventos passados tem
repercussões tanto legais como espirituais; o que os deuses fizeram em um passado
remoto é relevante para o estado presente das coisas assim como as coisas que
comuns humanos fizeram uma geração atrás. Em comunidades que falavam irlandês
até bem recentemente (quando a mídia interrompeu as formas tradicionais de
socialização), era esperado que um seanchanão soubesse apenas dos eventos
passados que afetavam sua comunidade, mas também as narrativas mitológicas que
eram relacionadas ao ciclo sazonal, que ele então deveria recitar quando era
ritualisticamente apropriado. Tudo no passado coexistia, e este riqueza é suportada
pelo presente.
Muito do conhecimento era devoto a um propósito legal, providenciando
precedentes para julgamentos de conflitos interpessoais. Esse corpo de conhecimento
se tornou tão grande que este adquiriu seus próprios especialistas, que na antiga
Irlanda eram chamados de breithem, no plural, breitheman (em Irlandês Moderno e
Gaélico Escocês:breitheamh, em Manês briw) – o termo normalmente é inglesado
como “brehon”. Nas línguas modernas, a palavra passou a significa “juiz”, mas no
sistema tradicional, os brehons não julgavam: eles serviam como assessores para
aqueles (normalmente donos de terra) que eram autorizados a agirem como juízes,
dando-lhes o quanto de informação possível sobre os precedentes envolvendo um
tipo de caso legal. Apoiados pela informação desses profissionais, o juiz se sentia
confiante em sua habilidade de dar a decisão, que seria aceita como a correta por toda
a comunidade. Durante a Idade Média, muitas compilações de conhecimento legal
foram escritas: a mais extensa dessas é o Senchas Mór(“Grande Conhecimento”),
contendo material que pode ser tão velho como o século VI.

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Para facilitar a memorização do conhecimento em uma época em que escrever
assuntos de sagrada importância era considerado inapropriado, dispositivos
mnemônicos eram usados. Um destes dispositivos mais comuns era colocar o
conhecimento na forma de versos, assim, os padrões de métrica e aliteração tornaria
o material mais fácil de se lembrar e recitar. Um outro, era tratar a paisagem como
um tipo de “livro falante”, associando cada característica dela com um evento que
dizia-se ter acontecido lá, de forma que, simplesmente olhar para o lugar iria conjurar
uma história ou um verso descrevendo o evento. Na antiga Irlanda, isto levou ao
desenvolvimento de um corpo de conhecimento chamado dinshenchas (em Irlandês
Moderno: dinnsheanchas), o “conhecimento dos lugares”. Muito desse conhecimento
foi escrito em compilações de manuscritos medievais; muito mais continuou a ser
passado oralmente em comunidades tradicionais. O conhecimento dos lugares
também reforçou o vínculo entre as comunidades célticas e a terra onde eles viviam,
ligando-a imaginativamente com aquele passado no qual todos tinham suas raízes
mais íntimas.
Essa ideia de todos os aspectos da tradição passada sendo integrada como um todo,
não tendo fronteiras tensas entre elas (mesmo quando as áreas de especialização
eram reconhecidas), é importante manter uma visão de mundo nativamente céltico.
Quer vivamos em uma área que há muito tempo tem sido associada com a cultura
céltica, ou uma onde a presença céltica é nova, nos convém desenvolver um sentido
do conhecimento que liga a experiência do povo ao lugar através dos tempos.

Questões
1. De que forma a área ao seu redor reflete suas tradições? Que tipo de ligação você vê
entre a paisagem do lugar onde você vive e as suas raízes como um ser cultural?
Certas construções ou características naturais que você vê todos os dias sugerem
histórias significativas para você definir seu passado cultural? Se sim, examine um
pouco dessas histórias. Como você acredita que pode tornar essas relações mais ricas
e consistentes?
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Tradução por Leonni Moura.

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