RESUMO
A criminalidade é um problema enfrentado por todos os países. E no Brasil é um fator
preocupante, pois expõe a fragilidade da segurança pública. Diante dessa dificuldade, os
governos adotam ações para reinserção do preso na sociedade. Este artigo propõe abordar uma
visão geral do perfil do sentenciado brasileiro e analisar os estudos de Política Comparada sobre
a situação do ensino e trabalho no sistema prisional dos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo.
Em um primeiro momento é apresentada a compreensão conceitual do que pode ser enquadrado
como estudo Políticas Comparadas. Para avaliar a situação atual da pesquisa comparativa nos
respectivos estados foi examinado quais os principais problemas enfrentados por eles face ao
ensino educacional, suas experiências, diferenças e semelhanças.
Palavras-chave: Políticas Públicas, Rio de Janeiro, São Paulo, Sistema Prisional, Trabalho e
Educação.
ABSTRACT
The crime is a problem faced by all countries. And in Brazil is a worrying factor, as it exposes
the fragility of public security. Given this magnitude, governments adopt actions to reinsert
pressure on society. This article presents an overview of the profile of the Brazilian case and
the policy studies compared the situation of education in the prison system of the states of Rio
de Janeiro and São Paulo. First is the conceptual understanding of what can be framed as a
study. The evaluation is the evaluation of the data lectures in the students are examined which
are not possible problems to their students to the educational educational, its experiences,
differences and similarities.
Keywords: Public Policies, Rio de Janeiro, São Paulo, Prison System, Labor and Education.
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1. INTRODUÇÃO
Dessa maneira, o perfil populacional carcerário consiste numa maioria negra e com o
ensino fundamental incompleto. É alarmante correlacionar o índice de pobreza e analfabetismo
com o perfil do sentenciado, mas é o que acontece se comparado os dados.
Existem diversos entendimentos do que seja Política Pública. Por exemplo, Mead
(1995), Lynn (1980), Peters (1986), Dye (1984) seguem uma mesma linha em que focam o
governo como promotor de ações que influenciam a vida dos cidadãos. A definição mais
conhecida continua sendo a de Laswell: decisões e análises sobre política pública implicam, em
linhas gerais, responder as questões: quem ganha o quê, por quê e que diferença faz. (SOUZA,
2006).
Outras definições enfatizam o papel da política pública na solução de problemas uma
Política Pública é uma diretriz elaborada para enfrentar um problema público. Ela pode ser uma
orientação à atividade ou passividade de alguém, o que decorrer dessa orientação também faz
parte da política pública.
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Então, de maneira simplificada, políticas públicas é a forma por meio da qual o estado
intervém na realidade com o intuito de conservá-la ou de alterá-la em uma ou outra direção. As
políticas públicas são uma resposta a uma situação considerada como problema.
O método comparativo tem sido empregado das mais diversas maneiras no campo das
ciências sociais. Os distintos usos da comparação refletem diferentes posições acerca das
relações existentes entre as teorias gerais e as explicações locais, os quadros conceituais e as
técnicas de pesquisa, a formulação de hipóteses e sua validação.
O acesso à Educação Básica é um direito de todos os brasileiros, inclusive aqueles que não
tiverem acesso a ela quando tinham a idade certa (CRFB, 1988, art. 205): “Art. 205. A
educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. ”
A Lei de Execução Penal (LEP) n. 7.209, de 11 de julho de 1984, trata do artigo 17º ao
20º sobre a educação:
Art. 17. A assistência educacional compreenderá a instrução escolar e a formação
profissional do preso e do internado.
Art. 18. O ensino de 1º grau será obrigatório, integrando-se no sistema escolar da
Unidade Federativa.
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Nesse sentido, faz-se a elaboração das Diretrizes Nacionais para Educação nas Prisões,
expressas na Resolução nº 03 de 11 de março de 2009, que foi aprovada pelo Conselho Nacional
de Política Criminal e Penitenciária do Ministério da Justiça do Brasil. Essas diretrizes
apresentam parâmetros nacionais relacionados a três eixos: 1) gestão, articulação e
mobilização; 2) formação e valorização dos profissionais envolvidos na oferta; e 3) aspectos
pedagógicos. As diretrizes legitimam a educação escolar nas prisões, tendo sido ratificadas pelo
Ministério da Educação do Brasil, por intermédio da Resolução nº 02 de 19 de maio de 2010
do Conselho Nacional de Educação, a fim de nortear pedagogicamente a oferta de educação
escolar para jovens e adultos em situação de privação de liberdade nos estabelecimentos penais.
Ocorre que no Brasil existe diversidade regional e política, ou seja, a realidade prisional
brasileira apresenta-se heterogênea, diferenciando-se conforme o Estado ou, até mesmo, a
unidade prisional. Assim, a aplicabilidade das normas segue os meandros locais, coexistem a
realidade de cada unidade prisional, sua gestão e o senso comum em torno da desconsideração
da educação como um direito a ser implementado.
A Lei nº 12.433 de junho de 2011, sancionado pela Presidenta da República da época
Dilma Rouseff, decreta, Altera a Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução Penal),
para dispor sobre a remição de parte do tempo de execução da pena por estudo ou por trabalho.
Sendo assim, o Gráfico 2 divulga a porcentagem de presos que estudam em cada estado
brasileiro.
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Ao analisar o Gráfico 2, tem-se Rio de Janeiro e São Paulo com menos de 10% de seus
presos nas escolas. Muitas causas podem explicar os motivos do desinteresse dos detentos em
não estudar como a idade avançada, falta de dedicação, sem tempo para conciliar com outras
atividades dento da unidade prisional e a falta de motivação com a escola e a proposta
pedagógica. (JULIÃO, 2014)
Outrossim, uma análise sobre educação nas prisões realizada pela Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), a qual é realçada por Maeyer
(2006, p. 24):
A situação legal dos internos influencia a organização de turmas. As pessoas acusadas
de um crime, mas ainda não sentenciadas têm maior dificuldade (ou menor motivação)
de entrar em turmas fixas. [...] Em alguns países, a freqüência às aulas é obrigatória,
organizada pelo estado com professores qualificados, que foram treinados para
adaptar seus métodos educacionais ao especial contexto da prisão. Na maior parte dos
países, entretanto, a educação é uma opção e compete com a possibilidade de
trabalhar. [...] A criação de programas de educação técnica leva à organização de
atividades produtivas que, por um lado, permitem desenvolver habilidades técnicas
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Cabe ainda frisar, que muitas vezes a educação escolar é entendida no âmbito da
prisão como um benefício, uma oportunidade para aqueles que acatam a norma específica do
ambiente. Contudo, esse tipo de oportunidade associa-se à existência de uma vontade ou desejo
pessoal, cujas motivações podem ser diversas, ou seja, o acesso ao direito à educação escolar
está condicionado a uma vontade pessoal associada aos bons comportamentos individuais
exigidos pelo sistema prisional.
O trabalho prisional é abordado pela LEP, nos Artigos 28 à 37,
Por isso, os esforços do Rio de Janeiro e São Paulo em cumprir a LEP, não é percebida
pela sociedade e os dados reforçam esta ideia. Exigir que o sentenciado trabalhe e estude igual
a todo cidadão é inconveniente para sua inserção na sociedade, apenas outras medidas
inovadoras podem aumentar estes índices.
O trabalho é compreendido pelos presos como uma forma de ocupar o tempo – mais que
as atividades de educação que, em geral, são realizadas em apenas um período do dia – e, em
alguns casos, como um modo de receber remuneração correspondente.
Resta claro, que deve-se intensificar a implantação das referidas políticas públicas de
forma a se tornarem efetivas e possam atingir o maior número de presos possíveis,
possibilitando a ressocialização do mesmo e que possa, quando do seu retorno ao convívio
social, encontrar um meio de buscar seu sustento e o de sua família por meio do trabalho lícito.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vale ressaltar que essas medidas adotadas são de caráter obrigatórias. Outrossim, a
análise comparativa evidenciou a ineficiência de cumprir a LEP. Porém, tem-se que são as
políticas públicas encabeçadas pelas secretarias penitenciárias de ambos os estados são as mais
promissoras para inserção do condenado na sociedade.
Uma provável explicação pode ser dada pelo fato de as secretarias entenderem quais
atividades irão criar efeito positivo no sentenciado.
Percebe-se que a legislação vigente é bastante farta no sentido de que deve ser
disponibilizada educação para os presos, bem como o trabalho. Mostra-se muito inovadora,
com frequentes alterações na LEP, sempre visando a ampliação das possibilidades, sobretudo
na última e recente alteração que determina a implantação do ensino médio nos presídios,
atendendo assim, os ditames constitucionais inerentes a universalização da educação. No
entanto, faz-se necessário que as políticas públicas acompanhem as evoluções legislativas e
concretizem suas previsões.
Não resta dúvida de que para diminuir os índices de reincidência penal é imprescindível
que os egressos tenham condições de sobrevivência no mundo livre. Permitir que eles voltem
para esse mundo sem o devido preparo é pior do que deixá-los na prisão, pois mais cedo ou
mais tarde delinquirão novamente e retornarão para o sistema prisional.
Infelizmente, conforme pode ser visto, o sistema penitenciário dos estados do Rio de
Janeiro e São Paulo, sofrem muito com a falta de efetivação da Lei de Execução Penal, que
possui como um dos principais objetivos a ressocialização dos condenados e a reinserção dos
mesmos ao convívio social. Duas formas primordiais de proporcionar um retorno a sociedade
são por meio do trabalho e da educação, onde, aproveita-se do período de cumprimento de pena
para oferecer a qualificação profissional do preso, de maneira que, no momento em que
se tornar um egresso do sistema prisional, possa encontrar possibilidades de se inserir no
mercado de trabalho, buscando melhorias para si e sua família.
As previsões legais podem atender as necessidades de ser implantada uma política de
ressocialização. O trabalho, a educação e a profissionalização contribuem muito para a
reinserção do apenado. Mas para isso, faz-se necessário que o Estado invista fortemente no
sentido de concretizar os preceitos da LEP, capaz de privilegiar e contribuir para a formação de
sujeitos com potencialidades e competências que favoreçam a mobilidade social.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
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