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Editora UEA

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Inquietações filosóficas
sobre o mundo que nos cerca
Todos os direitos reservados.
Copyright ⓒ 2006 Editora UEA Ltda.

Nenhuma parte deste livro poderá ser


reproduzida sem a autorização por escrito da
editora.

Organização: Katya Hom Lyn Su


Capa e Projeto Gráfico: Mahaday
Revisão: Idione Cossa
Alessandra Domingues Juliano

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Mak'Gregor, Will'S
Sacou, bicho?! : inquietações
filosóficas sobre o mundo que nos cerca /
Will'S Mak'Gregor.
Florianópolis: Editora UEA, 2006.

146p. ; 21cm

ISBN 978-85-89663-03-8

1. Crônicas. I. Título.

CDD ( 21ºed.)
B869.85

Bibliotecária responsável: Mara Rejane Vicente Teixeira


Biblioteca Pública do Paraná

Editora UEA Ltda


Rua Osvaldo Calixto de Lima, 82
Florianópolis - SC - Cep. 88.030-540
Fone: (48) 3364-8683

Na Internet:
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Impresso no Brasil
Printed in Brazil
Sumário

h
Apresentação ............................09
h
Inteligência ............................19
h
Amor não existe .........................23
h
O normal é anormal ......................27
h
Crença ontem, hoje e amanhã .............31
h
A fluência do ter .......................35
h
Sem peias, nem maneias ..................39
h
Utopia ..................................43
h
Um problema psicopatológico .............47
h
Eis o fundamentalismo ...................51
h
O pano de linho e a fé ..................55
h
O super-homem genético ..................59
h
Do pó ao pó; das cinzas às cinzas .......63
h
O reino encantado da mentira ............69
h
Os dois lados estão certos ..............75
h
Um bom amanhecer ........................79
h
Parâmetros a discutir ...................83
h
Anticonformismo .........................87
h
A medicina desfalcada ...................93
h
A construção de um deus .................99
h
Posturas idiossincrásicas da linguagem ..103
h
Meio ambiente transgressor da mente .....107
h“Quem conta um conto, aumenta um ponto”.
(Brasa para sua sardinha).................111
h
Psicologismo ............................115
h
Lacunas da linguagem ....................119
h
Moral x Ética ...........................123
h
Festas pagãs ............................127
h
Kubernêtes ..............................133
h
Achismo .................................137
h
O sexo deve ser livre, porém, racional ..141
h
Práticas (i)legais? .....................145
h
Paz e amor, bicho! ......................149
h
Brasil: o país da CPI ...................153
APRESENTAÇÃO

Apresentar uma obra é sempre algo intrinca-


do, tanto mais o é apresentar uma obra do Dr.
Will'S Mak'Gregor.

Seu estilo irreverente e crítico é contagi-


ante, mas eu estaria equivocada se falasse única e
exclusivamente sobre o estilo. Pois a profundida-
de das suas análises, a abordagem prática de temas
complexos e a atualidade e urgência dos assuntos
discutidos, fixa a atenção do leitor até o final.

Todo aquele que analisa o universo em que


vive percebe que a humanidade é incoerente, hete-
rogênea, excêntrica, volúvel; e estas "qualida-
des" acentuam-se mais com o adentrar dos séculos.
Trabalhar com o humano é uma arte, e fazê-lo de
forma eficaz é premente, uma vez que se justifica
a função evolutiva por meio do convívio em socie-
dade, do entendimento dos costumes, da habilidade
de relacionamento.
O ato de analisar tem como objetivo princi-
pal tornar claro algo que é obscuro, pois a análi-

- 09 -
se remete a uma conclusão. Entretanto, embora o
autor faça aqui a análise, sua abordagem não
propõe estabelecer uma conclusão, pois se sabe que
esta, na medida em que novas análises são feitas,
torna-se inconclusiva. O que ele propõe é conhecer
o mundo, as normas sociais e as regras de conduta,
para então as questionar; uma vez que as investi-
das decisórias são feitas sem o consentimento
global, e a humanidade, na quase totalidade de sua
população, vive à mercê dessas decisões.

Percebe-se essa preocupação na retórica do


autor, bem como na escolha dos temas, uma vez que
estes são todos centrais na nossa sociedade moder-
na, e atuais na discussão nos meios de comunicação
e da mídia.
O comportamento humano é pitoresco, seu
estilo de vida ainda mais. Embora descontente com
as leis, não consegue viver sem elas. Pugna por
uma liberdade desconhecida e por uma autonomia
discutível. O que faria se as conquistasse?
A experiência que se adquire do trato, da
lida, do convívio com pessoas, nos mais variados
meios e atividades, confere ao pesquisador uma
gama de variáveis inconstantes de conhecimentos
que levam à nominação de cultura. E nossa cultura
social é frágil, medrosa, e, portanto, perigosa.

- 10 -
Dr. Mak'Gregor melhor coloca, dizendo que ela é
uma amante fervorosa do escravagismo. Ela flerta
com a liberdade, enquanto se pretende liberal, mas
no seu uso corrente, não consegue se libertar dos
grilhões.
O Dr. Mak'Gregor pesquisa as posturas
filosóficas, antropológicas e científicas da
humanidade e do universo que nos cerca. Sua lin-
guagem é, muitas vezes, rebuscada, outras vezes,
simples. Este estilo de escrita vem da convivência
com pessoas de diversas classes culturais. Desde
que trabalho com ele, ouvi muitas histórias sobre
suas peripécias. Ex-residente de países como
Somália, Rússia, Canadá, EUA, Alemanha, França,
Laos, Camboja, Índia, Brasil... suas atividades
profissionais também foram variadas. Esta plura-
lidade cultural favorece muito, no sentido de que
confere visão cristalina e multifacetada do
universo, senso abstrato e concreto, conceitos
descentralizados, ângulo de raciocínio focado no
indivíduo, em seu meio e na liberdade.
Um indivíduo eclético, esta é uma definição
que poderia ser dada ao Dr. Mak'Gregor. Gostaria
de saber um pouco mais sobre sua história para
poder apresentar com mais propriedade este livro,
e, como ele mesmo cita: "Se no corpo não sei, se

- 11 -
fora do corpo não sei, deus o sabe", é veterano de
três guerras, uma como paramédico e duas como
capelão; o despotismo, a miséria, as atrocidades,
as drogas e os traumas foram conhecidos em sua
essência. Após uma experiência de guerra, sempre
se tem muito a dizer, especialmente quanto à dor e
ao sofrimento, que são lembranças fortes. E, ao
perguntar-lhe, cita novamente: "Se no corpo não
sei, se fora do corpo não sei, deus o sabe".
Deixando a neurose de guerra para trás, pegou sua
Harley-Davidson e viajou aos EUA, pela famosa Rota
66, ouvindo rock, puxando baseado e fazendo ami-
gos. Esta fase de contracultura do Ocidente foi
crucial para o desenvolvimento da filosofia de
amor, paz, liberdade. Mas sua vinda ao Brasil,
país mergulhado na ditadura militar e na política
de proibição, trouxe objetivos diferentes.
Novamente ele me diz: "Se no corpo não sei, se fora
do corpo não sei, deus o sabe", a filiação a grupos
de esquerda e o tornar-se guerrilheiro urbano foi
a escolha de uma personalidade ativa e extensio-
nista.
É interessante notar que aquilo que foi
combatido em uma situação, logo se torna heróico
em outra. Por este parâmetro percebemos que não é
adequado seguir as normas vigentes, as teorias

- 12 -
populares, ou o modelo atual. Quem sabe qual é o
certo, uma vez que este certo só serve para manter
a ordem social por uma fase curta de espaço e
tempo? As opiniões logo se divergem, e os jovens
que eram do contra se acham caretas, o governo se
vê tirânico, as religiões ultrapassadas, a
mulher, velha, e o homem, pobre. Dr. Mak'Gregor
diz "que há de se ter liberdade e bons costumes". E
pelo que já conhecemos das lideranças e dos lide-
rados, sabemos que não há possibilidade de se
fazer um estado sem leis se não há predominância
dos bons costumes. Então voltamos à antiga luta
por "mais" direitos, mas não por direitos "tota-
is".
Ao lhe perguntar sobre a estrutura normati-
va para seu viver atual ele me disse: sou monista,
pesquisador, cético. Algo importante no seu ponto
de vista sobre o mundo religioso é ele ensinar que
as religiões, embora o "ópio do povo" (parafrase-
ando Marx) devem ser mantidas porque são a susten-
tação moral e ética dos povos necessitados e
crentes. Pois uma vez conhecedor, a necessidade do
indivíduo de firmar-se em uma filosofia torna-se a
criação de sua filosofia própria, e esta tem
completa liberdade de aplicação, sendo apenas
limitada pela liberdade de outrem.

- 13 -
Quando conquistamos uma prerrogativa no
viver, percebemos que nada é em vão. As experiên-
cias valem o tempo dedicado a elas. O autor dá
aulas três vezes por semana, e os novos conceitos
científicos propostos vêm acompanhados de novos
termos, embasados por teorias diversas. Portanto,
quando leio sobre os avanços científicos entendo o
que o Dr. Mak'Gregor quer dizer sobre a evolução
do universo, quando coloca que esta foi tecnológi-
ca, e não social.

É certo que como pesquisador, sua postura


não pode ser preconceituosa, muito menos rígida. E
isto se verifica ao ler esta obra. Mais do que
opiniões, os doxas formam base para novas pesqui-
sas, que devem incentivar a busca, o questionamen-
to, devem alçar vôo, permitindo que cada pessoa
pergunte, responda, aja, estabeleça, contra-
rie... por si e para si. Assim, havendo a possibi-
lidade de argumentar, mostra-se que existem
posturas ou conceitos fora dos padrões (mas nem
por isso inverossímeis ou inválidos), e que estes
servem para a construção do mundo do porvir.

O presente livro surgiu da coletânea de


colunas literárias publicadas no site da Editora
nos anos de 2003 a 2005. Cada crônica se encontra
em um capítulo específico, respeitando os temas

- 14 -
abordados e facilitando a leitura.

Brilhantemente bem colocadas, as análises


dos temas não devem ser aviltantes, mas antes,
inspiradoras. Em "Inteligência", Dr. Mak'Gregor
fala sobre o preconceito acerca dos menos inteli-
gentes, e pergunta o que é, afinal, a inteligên-
cia. Em "Amor não existe", diferencia o sentimento
humano mais honroso, o amor, do mais danoso, o
ódio. A anormalidade e a normalidade são confron-
tadas em "O normal é anormal", onde o julgamento
não é permitido, pois os padrões de normalidade
não são válidos. Baseado no fundamentalismo e no
fanatismo, "Crença ontem, hoje e amanhã" explici-
ta as crenças humanas. O medo da perda e o conceito
do ter são vistos em "A fluência do ter". Em "Sem
peias nem maneias", vemos o mundo dual do bem e do
mal, onde o indivíduo perde-se tentando encontrar
a liberdade. "Utopia", defensora do bom e do
agradável, mostra-nos o mundo como deveria ser:
aquele que reside em nossos sonhos mais doces. A
análise da vítima, da pessoa que não consegue
viver sem um algoz, que não sabe ser feliz, é bem
colocada em "Um problema psicopatológico". "Eis o
fundamentalismo" retoma a questão da crença
fundamentalista das religiões, inclusive nomi-
nando algumas e criticando seu estado de leis e

- 15 -
posturas. Ainda na onda religiosa, "O pano de
linho e a fé" analisa um tema controverso e cen-
tral no cristianismo: o Sudário. Hitler, engenha-
ria genética e o super-homem: "O super-homem
genético" vislumbra o mundo pela ciência. Em "Do
pó ao pó; das cinzas às cinzas" está na mira do
autor os cemitérios e a cremação, esta ainda pouco
difundida. Tema do seu último livro publicado por
esta casa, "O reino encantado da mentira" defende
uma tese: a sociedade não sobrevive sem ela. Mais
uma vez a dualidade das questões humanas é aborda-
da em "Os dois lados estão certos", que convida a
um sentido mais amplo para o viver. "Um bom ama-
nhecer", poesia pura, mostra que apesar das duras
críticas e das dificuldades que todos enfrentam,
há um amanhecer a cada novo dia. A humanidade foi
criada ou sofreu mutação evolutiva? Quem é predo-
minante, o homem ou a mulher? A resposta está em
"Parâmetros a discutir". Ah! O "Anticonformis-
mo"... sim, sim, a pessoa não deve se acomodar
nunca! E "A medicina desfalcada" coloca em cheque
esta profissão vituperada. Deus, deuses, profetas
e gurus... a humanidade precisa deles e é assim
que se faz "A construção de um deus". Em "Posturas
idiossincrásicas da linguagem" nossa comunicação
é analisada por duas posturas: a fala e a palavra.

- 16 -
Enquanto vivemos como bons espécimes sociais, e
nossos pensamentos são enquadrados na ordem
global é hora de ler "Meio ambiente transgressor
da mente". E a história? Há um lugar para ela em
"Quem conta um conto, aumenta um ponto". O humano
sempre precisou de apoio, e o estudo de sua mente
foi levado aos psi; tema abordado em "Psicologis-
mo". A comunicação volta à tona em "Lacunas da
linguagem", que pede mais critério no uso, para
talvez melhorar o costume. "Moral e ética" coloca
estes dois conceitos em linha, confrontando-os e
colocando-os onde são úteis. "Festas pagãs" olha
para as festividades religiosas e tira sua misti-
ficação. Base e fundamento da Universidade funda-
da pelo autor, a Cybernetyka e a Cibernética são
explicadas em "Kubernêtes". Uma nova ciência está
nascendo, descubra qual em "Achismo". Perca a
falsa moral e teste sua filosofia em "O sexo deve
ser livre, porém racional". O aborto, à luz da
bioética, um tema sempre atual e importante em
vista do excesso de crianças abandonadas é discu-
tido em "Práticas (i)legais?". Em vista do viver
agitado, da falta de objetivo, do medo frente ao
inesperado; "Paz e amor, bicho!" acalma os ânimos.
E para finalizar, vemos o país em que vivemos sob
uma ótica crítica e política: "Brasil: o país da

- 17 -
CPI".
Com uma variedade tão grande de assuntos,
percebemos que nossos conceitos sobre o Universo
Terra precisam ser revistos. Este mundo, esta
sociedade, esta construção modular e caótica
exigem pensamentos atuais que façam frente ao
conformismo.

Katya Hom Lyn Su


Organizadora

Nota explicativa:

Acompanhando a evolução da linguagem, como será

visto nos capítulos, Dr. Mak'Gregor faz uso de algumas

palavras com significado diverso do corrente, e para

demonstrar isso sua grafia é alterada. É o caso de fato

e facto. O autor faz claramente a distinção, quando

explica que o fato é na verdade um neologismo e o facto é

valor. Há diferenciação também entre crear e criar,

onde se vê que a criação provêm de uma cópia, de um

número e a creação ocorre quando se promove o descobri-

mento do valor interno e o aplica. O carácter envolve-se

no indivíduo, enquanto sincero e uno, o caráter é do

mundo cotidiano, na multiplicidade dos eventos.

- 18 -
INTELIGÊNCIA

Os pais gostam de se gabar de seus filhos,


considerando-os muito inteligentes porque tiram
notas altas no colégio, e certamente irão para a
faculdade fazer um curso muito importante.
A medida da inteligência (QI) foi um método
amplamente aplicado no mundo todo para determinar
quem era inteligente e quem era “mais do que
isso”. O que significa ser “mais do que isso?”
Ora, possuir genialidade, ou ser considerado
superdotado. Tenho visto uma série de erros na
tentativa de definir e conceituar a inteligência,
a sabedoria, a genialidade, a burrice, a tolice e
a idiotice. Não existe um consenso popular -
embora exista consenso para os especialistas -
sobre esses termos, pois eles são usados da forma
que seja mais conveniente a cada um. Entretanto, é
importante ressaltar que existem diferenças sim.

Hoje está comprovado que o Quociente de


Inteligência de Binet e Simon não é a única, nem
uma medida insofismável, que pode determinar tudo

- 19 -
como sucesso ou fracasso, ou que denote a superio-
ridade intelectual de alguém.

Depois da enxurrada de livros de Howard


Gardner sobre Inteligência Emocional, abriram-se
frestas para que se aceitasse a tese de que pesso-
as diferentes, com peculiaridades diferentes,
possuem, por sua vez, capacidades diferentes que
não são necessariamente medidas pelo teste de QI.
Enquanto um é bom em cálculos, outro o é em rela-
ções humanas, mas isso ainda não indica que, por
ter habilidade em relações humanas, a pessoa tenha
um bom relacionamento amoroso. Vemos com isso que
o mundo das relações é bastante complexo. Mas o
que quero verdadeiramente dizer é que inteligên-
cia todos têm, uns mais em um campo, outros mais em
outro.
Quando alguém me diz que seu filho é muito
inteligente porque passou no vestibular, eu digo
para a pessoa que isso não é grande coisa, porque
inteligente até meu cachorro é. A determinação
numérica da inteligência de alguém não é um indi-
cador de superioridade. O que dizer dos portadores
da Síndrome de Savant, ou dos autistas, entre os
quais muitos apresentam atividades geniais? Da
mesma forma, retardo mental não é sinônimo de
burrice; somente indica que ocorreram falhas

- 20 -
genéticas, má formação fetal, infecções ou trau-
ma, entre outros.
Sabedoria, palavra que amiúde está na boca
do povo, não tem nada a ver com inteligência. Um
sábio é aquele que galgou mais distância, mais
terreno no universo presente, possui experiência
de vida, que pode ou não ter vindo de atividades
intelectuais. Freqüentemente, usa-se o termo
“sábio” para designar a pessoa de idade que fica
sentada no canto da sala de estar de um parente, ou
para elogiar alguém que teve uma grande idéia para
a publicidade de uma empresa. Ambos os conceitos
são errôneos. Velhice não é sinônimo de sabedoria,
pois se alguém viveu muitos anos, mas não soube
aprender com os seus erros e acertos, com as
próprias experiências, ele não possui sabedoria;
diz-se que é vivido - embora seja verdade que a
sabedoria ocorra com mais freqüência em pessoas de
mais idade. Também a facilidade para lidar com
situações estressantes, com desafios e mesmo com
problemas, não indica que a pessoa tenha sabedo-
ria, pois essas habilidades são características
de um intelecto apurado, esperteza ou insights.
Sabedoria implica em muitos fatores desconhecidos
da maioria da população.
O conceito de inteligência, como a maioria

- 21 -
admite, não é um fator primordial para que uma
pessoa tenha bom desempenho, ou seja bem-
sucedida; assim como é um equívoco esperar fra-
cassos de quem é considerado menos inteligente. E
como afirmei anteriormente, a medida de inteli-
gência não é determinante, pois a própria teoria
admite deixar de lado muitos fatores importantes
para o reconhecimento de gênios em uma dada
arte/atividade. São inúmeros os exemplos de
pessoas bem-qualificadas - empresários, artis-
tas, professores - que seriam classificadas em um
patamar abaixo da marca considerada alta, e que,
no entanto, demonstram ótimo desempenho.
Antes de julgar alguém pelo seu QI é melhor
que se procure saber o que essa pessoa pode fazer e
como o fará, porque o que verdadeiramente tem
importância é a eficiência e a eficácia na ação.

- 22 -
AMOR NÃO EXISTE

Paixão não é amor. A idéia que as pessoas


têm de se casarem enquanto estão apaixonadas é o
maior “furo” que podem cometer. A paixão é passa-
geira, dura alguns dias, meses, ou, para alguns,
anos; mas acaba, sempre acaba. É claro que uma
pessoa pode se apaixonar muitas vezes, pode até
acontecer de se apaixonar novamente pela mesma
pessoa, o que também pode não acontecer. E o que
vem depois é acomodação. Quando o fogo da paixão
acaba, os casais começam a querer filhos, ter sua
individualidade (coisa difícil na cultura do
casamento), sair sozinho de vez em quando.
Alguns dizem que depois da paixão vem o
amor. Ora, amor não existe, o que existe é humor.
Você tem bom ou mau humor para alguém. Quando as
coisas vão bem em casa, você tem bom humor para a
esposa ou o marido, para os filhos, para o animal
de estimação. Mas se algo estiver ruim - a mulher
gastou demais, o marido voltou muito tarde e não
explicou o porquê, o filho saiu sem autorização -,

- 23 -
o humor se desestabiliza. O Mestre Osho estava
certo ao afirmar que amor e ódio andam juntos, que
um não pode existir sem o outro. E não é apenas
como referenciais - se existir o ódio, haverá a
percepção do amor - que eles servem, mas também
como indicativos de que eles são uma e a mesma
coisa, só muda a percepção. Schopenhauer já dizia
que o mal só nos parece ruim porque conhecemos o
bem; portanto, o amor é só uma questão de ponto de
vista. Prefiro o termo humor que denota exatamente
o estado de espírito - por assim dizer - da pessoa
portadora do sentimento. Ela pode estar bem-
humorada ou mal-humorada com alguém. Na verdade,
não deixamos de amar quando estamos com ódio, nem
de odiar, quando estamos amando. E mais certo
ainda é que até mesmo o ódio é um estado de cuidado
e precaução.

A carência, a necessidade de irmanação, de


união, entre a mesma espécie, ou mesmo entre nós e
outras espécies, faz com que procuremos um par,
uma companhia. A afinidade existe, mas é perigosa
se levada ao extremo - como nos casos em que o
marido mata a esposa quando descobre que foi
traído. Também é comum pessoas viverem sem ter um
sentimento direcionado, sendo um tanto neutros
pelas coisas. E isso não quer necessariamente

- 24 -
dizer que não haja objetivo ou meta, que essas
pessoas caminham sem saber o que querem, ou o que
fazem. E existem aqueles que gostam de pensar que
possuem amor universal, isto é, gostam de tudo e
de todos, nada é ruim, tudo está em harmonia. Isso
não existe, o que existe é compreensão universal.
Amar é compreender, sem compreensão não pode
existir o chamado amor (ou bom humor).
Quando Jesus supostamente disse: amai aos
outros como a si mesmo, é certo que, ou ele não
sabia o que estava dizendo, ou a tradução está
errada, pois ninguém pode amar outros como a si
mesmo; é impossível. E não amar dessa forma não
significa que não haja bom humor por parte da
pessoa; só demonstra que o ego estabelecido pela
psicanálise - que não deve ser tirado - faz-se
presente; e isso é bom. Se houver o mesmo humor por
si próprio do que pelos outros, não haverá cresci-
mento, e sem crescimento não há evolução. A liber-
dade e a individualidade devem existir e são
benéficas, pois conservam a pessoa sã. Romeu e
Julieta certamente é o romance preferido dos
apaixonados; porém, analisando-o com mais frieza,
percebe-se que o sacrifício por algo tão volúvel
como o humor, especialmente o humor humano, é um
desperdício; principalmente se levarmos em conta

- 25 -
aquilo que foi dito: que para haver amor deve
haver compreensão, e esta só acontece com os mais
evoluídos e não precisa de sacrifícios.

- 26 -
O NORMAL É ANORMAL

Normal é, segundo o dicionário: o “que é


segundo a norma; habitual, natural”. E anormal é
muito mais que seu antônimo, é o “que não é normal;
que está fora da norma ou padrão; contrário às
regras; fora do costume; incomum”. Essas duas
palavras são tão usadas que podemos ouvi-las em
qualquer gênero de conversação.
Quando levei minha caminhonete à concessio-
nária porque pensei que estivesse muito acelerada
(fora do normal), o técnico da oficina disse-me
que a rotação apresentada no conta-giro era nor-
mal. Então indaguei o engenheiro da empresa, e
ele, por sua vez, respondeu-me que era normal
aquele modelo de caminhonete ter rotação mais alta
do que os demais modelos. Opa! O que era normal,
afinal de contas, ter maior rotação, ou apresentar
aquela rotação acelerada? Como não fiquei conten-
te com as explicações, procurei outra concessio-
nária e o chefe da oficina disse-me que “a rotação
pode ser regulada segundo o gosto do freguês”. Mas

- 27 -
o que é isso, perguntei: não é necessário um
padrão para que o motor funcione bem, dentro da
'normalidade'?

Por certo o leitor deve estar se perguntando


o que tem a ver a mecânica de funcionamento da
minha caminhonete, com os conceitos mundanos de
normalidade. Ora, a mecânica é uma ciência exata
que necessita trabalhar dentro de certos padrões,
mas estes não são imutáveis. O conceito de normal
e anormal apresenta tanta disparidade, que é
impossível deixar de fazer uma analogia qualquer
para servir de exemplo. Esses termos são aplicados
em muitos campos mais sutis do saber, portanto
fica difícil estabelecer padrões. E se não existem
padrões, como determinar o que é normal e o que não
é? E mesmo quando existem padrões, como podemos
comprovar se eles estão corretos, uma vez que pode
acontecer como no terceiro caso (da concessioná-
ria), em que: “tudo depende do gosto do freguês?”

É evidente para todos que as populações do


planeta são tão divergentes entre si no que con-
cerne à proibição, ao direito, à arbitrariedade,
aos padrões de estética e à beleza... que seria
quase impossível dizer que algo é proibido em
todos os lugares do mundo. Mesmo assim, nesta era
globalizada, em que a pessoa se veste com uma

- 28 -
marca famosa, tanto aqui, quanto em qualquer outro
lugar, seja em países de regime ditatorial, ou de
religiões diversas, fica difícil determinar o que
está ou não fora dos padrões. Se mesmo estes mudam
constantemente, não se pode afirmar se as pessoas
estão erradas ou certas.

O facto é que estão todos tão preocupados em


fazer com que tudo caminhe dentro da 'normalidade'
para que não sejam cometidos disparates, que
ninguém se pergunta, hoje, o que é normal, além da
própria concepção que tem da palavra. Julgam
outras pessoas que não partilham da mesma opinião,
mas duvidam que a sua própria esteja sendo julgada
por outrem. Parece quase certo aceitar que as leis
que regem o país em que se vive são suficientes
para mostrar, pelo menos em parte, o que está ou
não errado, e, portanto, é ou não normal, é ou não
aceitável. Muitos, porém, concordam que existem
situações que estão fora do campo do 'permitido'
ou 'certo', e incluem-se no campo do 'proibido' ou
'errado', e, não obstante, são normais para a
maioria das pessoas. Por exemplo, se eu perguntar
se é normal ver pessoas traficando drogas no
bairro onde você mora, provavelmente você dirá que
sim; mas isso é permitido?
Está na hora de revermos nossas concepções

- 29 -
de normalidade e anormalidade, uma vez que o
normal hoje é o anormal de ontem, e não há quem
discorde de que cada um faz o que quer, desde que
ninguém esteja olhando. É anormal hoje, para os
povos ditos civilizados, comer carne humana; mas
não o era para os índios da Amazônia nos idos
séculos. E é até normal jogar sobras de alimentos
na lixeira, mesmo que haja pobres ao redor da
casa. Nossas concepções estão mais do que ultra-
passadas, e ainda assim, insistimos em pensar que
tudo é como deve ser, que está tudo normal. Hoje,
no mundo das esquisitices, normal é ser anormal;
ou talvez seja o contrário.

- 30 -
CRENÇA ONTEM, HOJE E AMANHÃ

As crenças fazem parte da caminhada evolu-


tiva da humanidade. Ninguém vive sem crenças;
sejam religiosas, políticas ou sociais; crenças
baseadas no medo, na confiança, nos paradigmas,
nas convenções... A crença que cada um possui é
própria e insubstituível, ao mesmo tempo em que é
incompreensível para outra pessoa.
Portanto, não se devem eliminar as crenças,
elas não devem ser sacrificadas, porque sem elas
por certo ficaria o vago, a falta de objetivo e a
descentralização de si próprio. No entanto, elas
não devem ser transformadas em crendices, em
superstições; se fizer isso, a pessoa se tornará
subserviente, terá de prestar obediência ao que
acredita, e daí virá a obcecação. Pior que entrar
por esse caminho é adentrar em uma liturgia ainda
maior e mais poderosa: o fanatismo, palavra que
está bastante em voga, hoje, por causa dos atenta-
dos terroristas que vêm acontecendo numa cadeia
sucessiva de eventos, e está profundamente ligada

- 31 -
à concepção de religiosidade. Isso não deixa de
estar certo, embora existam conotações muito mais
amplas para “fundamentalismo”.

Digo que não está errado porque o messianis-


mo, corrente religiosa que espera a vinda de um
messias; o milenarismo, que crê no fim do mundo
após o grande apocalipse; e o fundamentalismo, que
é o literalismo cego dos crentes, são todos frutos
de religiões arcaicas e baseadas em dogmas. E como
todos sabem, os dogmas são irredutíveis, e insis-
tem, numa doutrina quase sem palavras, que a
crença deve vir por meio da fé nas escrituras
chamadas “sagradas”. Todos esses conceitos são
perigosos porque acabam, cedo ou tarde, gerando
conflitos.
Mas, de qualquer modo, a crença, que é mais
flexível que a fundamentalização, deve ser manti-
da como meio de apaziguar os ânimos. Ela está
baseada naquilo que a psicanálise chamou de ego; e
este não deve ser tirado, mas sim, burilado.

Enquanto algumas pessoas não conseguem


viver sem o que acreditam, tornando-se quase
totalmente escravas das suas crenças e das bases
que as mantêm, muitas outras não possuem objetivos
concretos e, portanto, vivem vagando por este
universo sem saber ao certo como e porquê agem

- 32 -
desta ou daquela forma; acreditando em uma postura
agora, e em outra assim que viram a esquina.
Entretanto, as pessoas dos exemplos acima
são inócuas; não são perigosas, mas também não são
benéficas; elas simplesmente vivem, ocupando
espaço e seguindo seu caminho, nem sinuoso nem
reto. Aquelas que fazem a diferença crêem firme-
mente em algo que, se direcionado para o bem, se
torna o seu ideal; se para o mal, a sua sina. Ambas
são fundamentalistas na sua forma de ver e conce-
ber os acontecimentos, bem como na forma de execu-
tarem as suas ações.
Quem, quando criança, não quebrou um osso do
corpo, ou teve uma contusão ao cair, porque acre-
ditou firmemente que poderia voar? E quem, na fase
adulta, não olha para cima procurando uma resposta
para a sua dor, acreditando, com a mesma firmeza
que a criança, que as suas preces serão atendidas?
(E isso independe de que denominação se dá para
essa força superior da qual se espera auxílio).

Aquele que acredita em tudo é tão tolo


quanto o outro que diz não acreditar em nada.
Niilismo exacerbado, ou fundamentalismo armado,
ambos estão tão próximos um do outro, que é impos-
sível encontrar a linha tênue que os separa. Como
ensinam algumas doutrinas orientais, especial-

- 33 -
mente o Budismo, o melhor é o caminho do meio. Para
os ocidentais, pode ser bem difícil entender esse
caminho ensinado pela doutrina budista, mas é
fácil imaginar o que acontece nos extremos das
situações; aliás, hoje, nem é preciso imaginar, é
só ligar a televisão.

- 34 -
A FLUÊNCIA DO TER

A busca do ter leva as pessoas a fazer os


mais variados sacrifícios para manter aquilo que
conquistaram. Nas discussões acerca do que deve ou
não ser mantido, daquilo que é ou não importante,
faz-se imperativo trazer em pauta o assunto sobre
o andamento da economia moderna. Nesta época de
crise global em que um enfrentamento beligerante
entre nações parece iminente, existe o outro lado,
o lado daqueles que não fazem parte do corpo
armado, ou melhor dito, que não estão envolvidos
diretamente com as guerras e as guerrilhas, em que
a discussão favorita é o preço do dólar, a bolsa de
mercadorias e futuros, as ações de determinada
empresa, o preço do barril de petróleo...
A maioria das pessoas não faz idéia do que
pode acontecer depois de uma guerra, pois os
resultados - embora sejam levados em conta os
prognósticos - são sempre incertos. Só uma coisa é
certa: a presença dos analistas de mercado, dos
experts em relações exteriores, e outros, que

- 35 -
fazem uma análise do antes, do depois, do porquê,
do quando e do onde, de forma totalmente leviana,
buscando satisfazer as cabeças ávidas de conheci-
mento e oferecendo um pequeno vislumbre do porvir.
E é pela percepção desses acontecimentos que digo
que a preocupação com o futuro econômico dos
países como um todo, e das pessoas, de forma
particular, aparece mais acentuada do que antes. O
medo da desvalorização, da supervalorização, da
perda, do ganho, do lucro, faz as pessoas pensa-
rem, quase unicamente, no quanto vão ter de gastar
para encher o tanque de seu carro.

O ter é imperativo. O ter monetário rege a


conduta social de alguém, da mesma forma que rege
as parcerias mundiais. Todos têm medo de perder. A
perda é, por assim dizer, uma chaga que precisa
ser imediatamente fechada. E como se faz isso?
Adquirindo de volta o que se perdeu ou algo seme-
lhante àquilo. E surgem os mais variados meios de
obtenção: a engenharia genética pode trazer de
volta (ilusoriamente se pensa assim) o cão ou gato
de estimação, ou até um filho que pereceu; a
trapaça entre duas pessoas que querem o mesmo
cargo na empresa; o desafio de apostar tudo num
“jogo de azar”; o roubo do funcionário na empresa
em que trabalha; os recém-separados que brigam

- 36 -
para determinar quem fica com o quê; a corrupção
ativa da política, quer dos países ricos, quer dos
pobres.

O desespero é injustificado se o ganho e a


perda forem encarados de outra forma. Para viver
tranqüilamente no universo de hoje, a pessoa deve
ter, mas também deve ser. Dessa forma ela nunca
perde, porque não está apegada ao que possui. Ela
sabe que era necessário, sabe que fará falta, mas
também compreende que pode viver sem aquilo que
perdeu, pois, como o universo é circunstancial, as
coisas vêm e vão com a mesma fluidez que o ar, que
não é percebido e simplesmente penetra nos pul-
mões. Quando se compreende a situação do ter pelas
leis probabilísticas, percebe-se que a mudança
não pode ser evitada, da mesma forma que se perce-
be que ela nunca é boa ou ruim, ela simplesmente é;
e a perda não existe, o objeto apenas passa para
outras mãos; acontece da mesma forma como quando
veio à pessoa, por intermédio de outrem.
Mas, as pessoas estão tão apegadas ao que
possuem, tão temerosas com o resultado das ações
dos outros, que não percebem a fluidez do ter a que
me referi anteriormente: assim como vai, vem;
assim como vem, vai. Não há como prender as coi-
sas, pois ainda não se compreende perfeitamente

- 37 -
como tudo funciona; o que se conhece são, unica-
mente, as regras dos mercados.

A matéria é plasmada e o apego impede a


transmissão. Assim, o provérbio que diz: “dinhei-
ro parado não gera frutos” é válido e deve ser
aplicado. Na medida em que se obtém a visão ampli-
ada do todo ao redor, o medo se esvai, e pode-se
perceber que o valor sobre um objeto é dado pela
pessoa que o possui, e tudo é passível de mudança.
Ganhar e perder é só uma transferência que tem
como resultado o acúmulo envolvendo a riqueza, e é
interessante saber que não estamos mais no mundo
dos ricos, do feudo, dos senhores - pois ninguém é
escravo, ninguém é servo -; é um mundo livre
dentro da mudança, é uma situação dentro do para-
digma que está envolvido em muitas premissas.
Aceitar as premissas e estudá-las leva-nos à
compreensão de que o tempo dos ricos e dos senho-
res já passou; o tempo das religiões, do domínio
dogmático, das imposições, das ordens já entrou em
derrocada; agora estamos no grande momento de
fluir no ter e no ser, na caminhada crofálica da
prosperidade. Cabe aqui um alerta: prosperidade
não é riqueza. Explica-se: riqueza é o ter envol-
vido no perder; prosperidade é o ter e o ser, sem o
envolvimento do perder.

- 38 -
SEM PEIAS, NEM MANEIAS

Em nosso universo, tudo é uma troca.


Poderíamos até admitir a filosofia maniqueísta
que embasou grande parte das culturas ocidentais.
No Maniqueísmo existem dois deuses, o do bem -
Ahura Mazda - e o do mal - Angra Mainyu. Cada qual
domina um terreno, onde é o senhor supremo. Não
pretendo enquadrá-los na filosofia religiosa -
embora seja evidente esta conotação - mas sim no
viver quotidiano das pessoas. Mesmo que alguém
faça o bem está sujeito a receber o mal. Esta é a
troca maniqueísta a que me referi, é uma idéia
bem-enquadrada na filosofia cartesiana: dois
pólos em um mesmo magneto, duas fases de um mesmo
aparelho, duas posições de uma mesma opinião.
Tudo é duplo. Enquanto alguns enquadram
este como um mundo paradisíaco; outros o vêem como
um universo atrasado e difícil de viver. Eu sou um
dos que não se enquadra em nenhuma das duas con-
cepções. A idéia de confiança é perigosa, portan-
to, hoje, confia-se desconfiando.

- 39 -
Não se pode confiar em nada do que é dito,
pois as informações são transmitidas da mesma
forma como foi feito nas últimas guerras: tudo é
filtrado para que seja apresentado somente o
necessário. E assim é o mundo em que vivemos. Um
cosmético só apresenta no rótulo a informação
necessária para o consumo, os alimentos enlatados
da mesma forma; as instruções de uso e manutenção
de um parelho eletrônico são simples (ou pretendem
ser) o suficiente para que qualquer um possa usá-
lo, e não se alongam mais; os medicamentos têm a
indicação adequada à apresentação comercial...
Esta não é uma prática totalmente errada.
Certamente ninguém é um livro aberto, e todos
aqueles que dizem ser são falsos, pois pretendem
mostrar algo que é impossível, a saber, o que
verdadeiramente são. A pessoa não pode ser um
livro aberto, não há jeito de assim proceder; cedo
ou tarde alguém de fora se apropria de algo que lhe
pertence, e aí nem sempre coisas boas acontecem. A
pessoa, para viver bem, deve ser hipócrita.

Tão presa está em seus conceitos, que a


pessoa oprime e é oprimida, e tenta, ainda assim,
provar que é liberal. Isso é falsidade, e isso é o
que o humano é.

Para bem viver no universo como ele se

- 40 -
apresenta hoje, devemos, antes de absorver as
informações, estudá-las, pesquisar sobre elas,
verificar a sua autenticidade e também a sua
validade. Devemos, antes de usá-las, fazer uma
previsão, mesmo que falha, sobre a sua aplicabili-
dade. Faz-se premente que cada um se conduza de
forma totalmente livre, tomando as próprias
decisões e arcando com as conseqüências que essas
decisões irão gerar. Mas como já disse alguém:
“Liberdade implica em responsabilidade, por isso
todos têm medo dela.”
Do mesmo modo que existe a dualidade, existe
a possibilidade de viver de forma diferente, isto
é, sem ela, descartando o bem e o mal, o certo e o
errado, o bom e o ruim, o bonito e o feio... Como
fazer isso? Deixando de lado o programa estabele-
cido pela sociedade em que se vive e aceitando os
novos paradigmas. Deixe-se perder por alguns
instantes e se encontre mais tarde, totalmente
livre das peias e das maneias. Não é fácil enter-
rar o inútil, eu sei. Mas é necessário. Quando
vivemos segundo o programa pré-estabelecido,
vivemos nos dogmas, nas imposições, nos preconce-
itos. E estes geram o que temos visto: guerrilhas,
guerras, levantes, atentados, e demais tentativas
de exercer controle à força. São situações extre-

- 41 -
madas que geram mais desavenças e que só têm fim
quando um dos lados cede.
Viva você, livre dessas limitações, aprenda
a viver livre.
Uma proposta da Internacional
Situacionista que compartilho: “O que queremos de
fato é que as idéias voltem a ser perigosas.”

- 42 -
UTOPIA

Ah! Doce utopia. É possível que muitas


pessoas - professores, filósofos, pesquisadores e
pensantes no geral, pessoas acostumadas a manejar
folhas grafadas - possam explicar e talvez até
compreender o que seja utopia, cujo conceito pode
ser embasado pelo conhecimento que veio do esco-
lasticismo, através das marcas deixadas por
tantas canetas que discorreram no frio nu do
papel, ou de linhas traçadas, em um grosseiro
pergaminho, pelas pessoas que deram passos na
terra, com os olhos fitos à distância, em busca de
alguma coisa que, verdadeiramente, jamais puderam
explicar.

Dessa busca surgiram muitas cabeças pensan-


tes que estabeleceram livros chamados sagrados e
dogmas, esperando que eles trouxessem a compreen-
são, por mínima que fosse, referente a esse termo.
No dealbar dos seres e, posteriormente, da cultu-
ra, fez-se necessário à pessoa, caminhar e viver
enfronhada na filosofia utópica.

- 43 -
Olhando para o cosmos, com os olhos nus ou
auxiliados por aparelhos, não se vê nada mais,
nada menos, que uma série de movimentos inexplicá-
veis. Caminha-se em um universo que esconde as
respostas. Os caminheiros - que chamo de nômades
ou andarilhos itinerantes -, no torvelinho e na
ânsia de alcançar o brilho de uma estrela, buscam
algo e contam as histórias de suas viagens no
movimento do mar. Eles estão envolvidos numa
grande utopia.

Se os sutras forem lidos, poderá ser visto


que seus fundamentos são utópicos. Todos os seus
predicadores possuíam um sonho que não poderia ser
explicado pelo estado palpável ou material.

Tudo o que o humano faz hoje, dentro das


novas tecnologias, é utópico. Por quê? Porque tudo
o que é divertido, tudo o que não está única e
exclusivamente envolvido no cuido diário, para
saciar as necessidades do corpo - comer, beber,
fazer sexo, eliminar os dejetos... -, alegra,
diverte, leva a pessoa a descobertas e a novas
perspectivas. Tudo o que leva ao prazer, junto à
tecnologia, é uma brincadeira, é um faz-de-conta,
é utopia. Pode parecer estranho no começo, pois é
um facto ainda pouco discutido. O que fez o filme
Matrix? Entre outras coisas, criou um mundo utópi-

- 44 -
co, no qual o humano vivia uma utopia - um programa
de computador - e os seus pretensos salvadores -
os humanos rebelados - queriam, utopicamente,
livrar toda a humanidade desse faz-de-contas. A
analogia empregada no filme, baseada no livro de
Lewis Carroll (Alice no país das Maravilhas) foi,
e ainda é, extensamente discutida por inúmeros
pesquisadores, cientistas e filósofos. O que
existe do outro lado do espelho?

A utopia traz serenidade, tira da aflição.


Ela é o amanhã, o futuro incerto, a probabilidade.
O passado não retorna mais; a sua marca deixou
cicatrizes; não se pode mais ouvir a voz forte do
velho pai que dizia: “filho, quer ir à luta? Então
não pare, não espere por ninguém, seja forte e
resistente, ouça a mensagem acalentosa que vem da
voz da sua mãe e prossiga”.

Ora, isso é utópico, a sociedade humana vive


utopicamente. Um intelectual poderá questionar se
isso leva a algum lugar. A resposta é: sim e não. A
pessoa fez um plano, traçou uma idéia, cotejou a
beleza do momento e sonhou. Sonhou alto demais,
sonhou grande, e quando deu os passos, as pernas
não puderam alcançar, e ela caiu no vale. Aí veio a
derrocada, veio a aflição, veio a angústia. Mas,
depois que passa o momento difícil, nota que novo

- 45 -
sonho vem à mente.

Muitos formuladores de teorias políticas


fizeram uso da filosofia utópica para se embasa-
rem, e, mesmo sem o saberem, lançaram idéias
totalmente ilusórias, sonhadoras, distantes.
Mesmo assim, essas idéias não deixaram de ser
incorporadas aqui e ali. O estabelecimento de um
País Único, abrangendo todo o Universo Terra,
centralizado em um único governo e fazendo uso de
uma única língua, é uma utopia. E a ONU tem bases
bem próximas dessas idéias. Talvez isso jamais
seja possível, talvez... Não se pode dizer como
será o futuro, apenas se pode dizer que ele é
probabilístico e será construído sobre o sonho
humano de que tudo de melhor acontecerá.
A utopia, neste contexto, firma-se no
alicerce da esperança, pois a esperança baseada na
espera daquilo que se sabe, que se espera, pode
frustrar; mas se utopicamente se espera, o que não
se sabe que se espera, tudo que vier será surpre-
sa. E assim, pela forte compreensão filosófica, a
pessoa firma-se na alegria de receber aquilo que
não sabia que viria.

- 46 -
UM PROBLEMA PSICOPATOLÓGICO

O estado de “vitimação” é amplamente apli-


cável em qualquer estrutura de trabalho ou linha
de pensamento. Pode acometer qualquer tipo de
pessoa de qualquer classe social ou nível intelec-
tual. É difícil de ser trabalhado, pois demanda
uma considerável habilidade por parte do psicote-
rapeuta, ao mesmo tempo em que demanda disposição
da vítima, porque ela perdeu a cognitiva do ambi-
ente personal, de seu viver pessoal; deixou-se
envolver pelas condições do ambiente, entrou na
influência da sua psicopatologia.

O que predispõe alguém à vitimação? Em


primeiro lugar, é importante ressaltar que algu-
mas pessoas são mais propensas a essa condição do
que outras. Em segundo, pode-se dizer que a vítima
está num momento de fraqueza do qual nem tem
conhecimento. A vítima é um instrumento de confu-
são que tenta vencer seu oponente através do
sentimentalismo, da apelação - “coitada de mim”,
ela diz constantemente.

- 47 -
Como estamos todos numa situação contingen-
cial neste universo, qualquer pessoa é vitimável.
A única coisa que impede de o ser é a percepção da
pessoa no momento em que está sendo fisgada pela
isca sutil desta maranha (arapuca) psicológica.
Na verdade, alguns consideram adequado fazer uso
da vitimação e até julgam ser uma espécie de
método, propriamente enquadrado, para conseguir
seus objetivos.

Quando você tomar ciência da existência


desse artifício, começará a perceber, nos seus
atos, ou nos dos outros, traços da “vítima”; e
quando estiver bem experimentado, poderá distin-
guir facilmente uma vítima em qualquer lugar. Se
você puder oferecer-lhe algo que minimize o sofri-
mento e a angústia, faça-o, caso contrário não se
envolva, não mexa, não se exponha. Para uma pessoa
que não esteja gabaritada para lidar com essa
situação, o melhor a fazer é não se envolver, para
não ter uma experiência frustrante quando perce-
ber que todos os atos resultam em nada. Isto
porque a vítima não quer mudar, não porque não
tenha forças para tal, mas porque lhe convém ser
assim, ou ainda, porque não tem conhecimento do
facto. Não acredite em nada do que ela disser,
desconfie de todas as promessas, não aceite nenhu-

- 48 -
ma proposta. Pois, por mais que você dê, nunca
será o suficiente e aquele que for manipulável
terá tudo sacado de si: suas crenças, seus pensa-
mentos, suas vontades e seus desejos, seu livre-
arbítrio, sua determinação, sua auto-estima...
Até que haja a completa aceitação dos termos da
vítima.

Se você ouvir da sua companheira ou compa-


nheiro a frase: “então é assim que você age comigo
depois de tudo que lhe dei?” “depois de ter dito
que hoje não poderia sair para jantar porque
precisava trabalhar ou estudar?” Cuidado, ela ou
ele é uma vítima em potencial. Fuja dessas situa-
ções; invista em você e em ninguém mais; mas saiba
que você também pode cair nessa armadilha.
A vítima pode estar tão escondida que se
torna difícil descobri-la. Ela pode levantar-se
em meio a uma reunião e dizer de forma determinada
e até emocionada: “é assim, meus companheiros,
devemos todos somar para o bem de todos”. E quando
lhe for requisitado auxílio, quando a chamarem
para levantar peso; será aquela que pega na ponta
da mesa, bufa, geme e não faz força alguma; será
aquela que põe a mão na algibeira e não tira tos-
tão, ou, que depois do trabalho feito, aparece no
meio da turma dizendo: “Puxa! Que trabalho difí-

- 49 -
cil, mas vencemos a parada”.

Sim, é irônico, porém verdadeiro. Para não


se deixar apanhar pela vitimação, preste atenção
nos seus atos, gestos, palavras, sentimentos;
policie-se. Saiba que todo aquele que pensa que
tirar de outro é lei natural, é perigoso; mas
também é perigosa a ignorância. E a vítima está à
espreita, esperando uma oportunidade para se
manifestar: chorar, reclamar, angustiar seus
ouvintes. Todos somos vítimas de alguma coisa, mas
aquela a que me refiro é a vítima de si própria.

- 50 -
EIS O FUNDAMENTALISMO

Há alguns séculos atrás, acreditava-se que


para quem não fizesse parte do corpo de seguidores
da Igreja Católica Romana, não haveria salvação (o
lema era: “fora de Igreja Católica Romana, não há
salvação”); caminhava-se pela tradição. E, hoje,
aqueles que pararam de se movimentar, que permane-
ceram estabelecidos nas idéias de então, nas
prefigurações e nas posições dogmáticas, cercea-
ram-se e registraram sua linha de conduta pelo
fundamento aplicado: “O que ela faz?” “Pratica
bruxaria.” “Então faremos churrasquinho dela,
queimando-a na fogueira.”
Mas o fundamentalismo não existe somente na
Igreja Católica Romana, ou na religião Islâmica -
como se convencionou há poucos anos. A Congregação
Cristã no Brasil é um exemplo do fundamentalismo
abestalhado das religiões. Neta da Igreja
Católica Romana, foi fundada por um visionário - o
italiano Luigi Francescon (assim como outros
visionários fundaram tantas outras religiões,

- 51 -
entre elas a Adventista, os Testemunhas de Jeová,
os Mórmons, das quais falaremos em outra oportuni-
dade). A cúpula de dirigentes da Congregação
Cristã no Brasil é constituída, em sua maioria,
por italianos. Essa religião constrói templos
suntuosos; sua política é capitalista, ditatori-
al, dogmática, antipatriota e neoliberal; além de
ser “dinheirista”, o que é arrecadado não é dis-
tribuído para obras de assistência à comunidade,
portanto, não beneficia a sociedade. E, se alguém
conversar com um membro dessa igreja, notará que,
para eles, somente seus membros estão escolhidos
para a salvação, somente eles têm o direito à
ressurreição; os demais são todos marcados com o
selo da besta, o número 666; estão condenados à
primeira morte.
Tanto o Ocidente, quanto o Oriente são
fundamentalistas; quer o mundo cristão, o islâmi-
co, o judeu, o hinduísta, o bramanista... Mas, o
que quer dizer então, fundamentalismo? Uma pessoa
que comemora seu aniversário é fundamentalista,
pois está baseada nos fundamentos de um calendá-
rio; uma pessoa que tem lugar reservado no restau-
rante que freqüenta há cinco anos é fundamentalis-
ta, pois está centrada numa tradição. Alguém
poderá dizer: “Porém, não somos violentos!”

- 52 -
Evidente que sim! Ser fundamentalista implica em
seguir os preceitos de um fundamento instituído
por um terceiro, ou pela própria pessoa que os
pratica. Alguém centralizado em seus fundamentos
é irredutível e perigoso, pois se algo o forçar às
mudanças, ele se tornará violento.
Todas as pessoas necessitam de bases para
caminhar, é como a necessidade de um chão firme
para pisar. Mas quando se torna impossível aceitar
os paradigmas, torna-se visível o fundamentalis-
mo, que se ativa como autodefesa.

Aristóteles foi fundamentalista. Ele


possuía suas próprias idéias, suas próprias
pesquisas e estabeleceu ordem sobre elas. E toda
idéia que se estabelece em ordem, passa a ser
dogmática. Abra e leia a Declaração Universal dos
Direitos Humanos: são fundamentos, e quem os
pratica são fundamentalistas. É certo afirmar que
essas condutas favorecem o bom andamento e a
harmonia (pelo menos parcial), mas, se levadas a
extremo, também causam danos. Contrários de
opinião são sacrificados e impedidos de sua liber-
dade - da mesma liberdade que o Direito
Internacional procura garantir - pelo facto de não
seguir as normas, a ordem.
Cuba sofre represálias desde a revolução.

- 53 -
Por que a China não sofre as mesmas sanções? Qual
dos dois países ofende mais a Declaração dos
Direitos Humanos? Entretanto, ambos estão centra-
dos em seus fundamentos, assim como o estão os
países que aceitaram as sanções impostas a Cuba, e
nenhum deles revê sua política.

À parte destes detalhes internacionais,


observe que o fundamentalista mora na sua casa,
dorme com você, trabalha na mesma empresa, fre-
qüenta os mesmos restaurantes... Você é um funda-
mentalista de carteira, assim como os seus próxi-
mos. Isso não é de todo mal, porém, assim como pode
não causar danos (e na maioria das vezes, não
causa), é importante que esteja ciente disto, a
fim de não incorrer em preconceito.

- 54 -
O PANO DE LINHO E A FÉ

As religiões fazem uso freqüente de uma


série de símbolos, a fim de tentar explicar (ou
mascarar) factos inexplicáveis ou mesmo para
aumentar a crença nos momentos em que esta se
encontra em declínio. Posso dar alguns exemplos
para ilustrar: a Missa do Sétimo Dia, o ato de
acender velas em uma capela,... E um assunto
polêmico, que exerce fascínio nos seguidores e que
tem reacendido a discussão entre os pesquisado-
res, é o Manto de Turin ou Santo Sudário. Esse pano
de linho medieval cobriu o corpo do Grão Mestre da
Ordem Templária, Jacques de Molay, que foi cruci-
ficado e queimado pela Inquisição da Igreja Romana
(pesquise), facto que contraria a crença cristã de
que ele teria coberto o corpo de Jesus. Existe até
uma página brasileira na internet com o nome de
“Santo Sudário”, que tenta provar, de forma sucin-
ta, a veracidade das informações cristãs. Afinal,
na internet encontra-se muita coisa a esse respei-
to, bem como podemos encontrar o assunto bastante

- 55 -
detalhado em diversos livros, de cunho científico
a religioso.

Não é difícil entender o porquê da agitação


em torno desse assunto: o Manto de Turin seria uma
prova, ainda que contestável, da existência de
Jesus fora dos escritos bíblicos (pois se sabe que
a existência física de Jesus ainda não pode ser
comprovada se deixarmos de lado a Bíblia). E por
falar em existência física... Denomina-se o
mensageiro cristão como “Senhor Jesus Cristo”,
adaptando o seu nome para o Ocidente Moderno.
Analisemos: Cristo não é um sobrenome, é um título
honorífico de glória e louvor, assim como Buda. Os
judeus da época não possuíam sobrenomes, ele
usavam nomes de referência como complemento. Por
exemplo: Saulo de Tarso (chamado Paulo de Tarso),
Simão, o Curtidor, Maria de Megdala (a Maria
Madalena), ou ainda Jesus de Nazareth. Tarso era o
lugar de procedência, assim como Megdala e
Nazareth, e Curtidor era o nome que indicava o
ofício de Simão, porque ele curtia couro.
Portanto, dizer que o manto cobriu o corpo de
Cristo é um erro, pois Cristo não possuiu um
corpo.
Fora do contexto crítico, cristãos de
várias igrejas e detentores de diversas especia-

- 56 -
lizações científicas - além de não-cristãos -,
tentam discernir as manchas no sudário e fazem
comparações com a feição de Jesus, bem como procu-
ram dar uma palavra final para essa discussão. Mas
como costuma acontecer a todo assunto polêmico,
nesse tocante também nunca haverá uma resposta
final, principalmente porque não existe uma
testemunha ocular do acontecido. O post mortem no
pano de linho continua a gerar controvérsias, da
mesma forma que o faz qualquer outro assunto que
tenha a impressão digital de alguma religião.
Comprovar pela fé? É a única forma que se aplica
para provar o que não pode ser provado. Comprovar
pela ciência? Somente quando for deixada de lado a
fé. Sabemos que dificilmente teremos um mundo
livre da dominação metafísica. Isso acontece
justamente porque a metafísica cega o conceito e o
embebe em uma solução abstrata.

Enfatizar a tolerância religiosa, hoje, é


importantíssimo, pois as grandes guerras foram
influenciadas por questões religiosas.
Entretanto, desde que seja possível, é desejável
que, paulatinamente, se instruam as pessoas, a
ponto de elas não necessitarem mais do consolo da
religião e terem a capacidade de se desenvolverem
sozinhas, efetuando suas buscas longe dos dogmas.

- 57 -
A religião existe para o povo, para a horda, não
para os esclarecidos. Quem crê está sujeito ao
fanatismo, porque está longe da compreensão.

Entretanto, no início das pesquisas, a


pessoa tem de crer, porque o universo em que
vivemos é muito influenciado pela crença - pois
ela ludibria o incauto. Mas quando as pesquisas
estão avançadas e o esclarecimento de muitos
factos vai acontecendo, o ideal é que a pessoa
deixe a crença de lado e permita que surja em seu
lugar o saber. E, quem sabe não precisa mais crer,
pois sabe...

- 58 -
O SUPER-HOMEM GENÉTICO

As sociedades classistas de hoje pretendem


reunir, umas em torno das outras, pessoas que se
assemelhem, seja pela aparência física, gosto
musical ou classe econômica.
Hitler procurou elitizar a raça germânica.
Cientistas do Reichstag trabalharam em experiên-
cias secretas em torno de um tema intensamente
debatido hoje: a eugenia. Pretendiam criar uma
raça pura de alemães perfeitos, gerados pelos
melhores pares genéticos de então. Esses pares
incluíam artistas, cientistas e intelectuais,
combinados com atletas competentes e passíveis de
grande desempenho físico. Além de preparar essa
prole, provinda de genes combinados - através da
escolha dos progenitores -, em diversas áreas do
conhecimento, o Reich oferecia treinamento com-
pleto nas artes da guerra. Seria uma “produção” em
larga escala, a fim de preencher a Europa com
homens e mulheres capazes de representar a elite
da raça branca (como se dizia na época).

- 59 -
No ano de 2003, o DNA Humano completou 50
anos. Vários artigos foram escritos sobre o assun-
to nas mais diversas revistas e jornais mundiais,
exaltando a pesquisa de Francis Crick e James
Watson. Estamos na era da biologia molecular,
nossos genes estão sendo destrinchados e conheci-
dos a fundo. E qual é o objetivo? Ativistas dos
direitos humanos e organismos internacionais
pugnam pela elaboração de leis de proteção ao
indivíduo que garantam a integridade humana.
Muitos temem que se não houver garantias legais,
grandes empresas poderão manipular as pessoas,
segundo o conteúdo de seus códigos genéticos.
Alguns dizem que a clonagem humana será um caminho
para a discriminação social, e outros argumentam
que através dela será possível reviver a eugenia.
Pensando em termos práticos, ninguém poderá
conter a revolução que se avizinha, e não serão os
protestos que irão impedir novas descobertas ou
mesmo pesquisas acerca da clonagem.

O que seria o tratamento genético, já em


vias de ser concretizado, senão uma tentativa
humana de driblar as leis naturais? Pesquisas com
células-tronco mostram a incrível capacidade
humana de não se sujeitar àquilo que está marcado
como irremediável. E a pergunta formulada acima

- 60 -
encontra uma resposta.

Cultos extraterrestres, visões apocalípti-


cas, grupos de discussão ou políticos católi-
cos... Nada, nem ninguém, pode explicar ou rejei-
tar as descobertas, pois todos serão beneficia-
dos. Como alguém disse certa vez: “não é papel do
cientista pensar nas aplicações práticas de suas
descobertas; seu papel é descobrir”. E assim, a
forma como conduzimos o futuro da humanidade
depende das opiniões e resoluções de órgãos supos-
tamente competentes.

Possivelmente, Hitler estava certo em uma


coisa, e ninguém quer admitir: que a melhoria da
raça é necessária para a perpetuação da espécie.
Hoje existem as exclusões, mascaradas pelas
classes; amanhã possivelmente ainda existirão,
embasadas em outras características. Mas ninguém
controlará a tecnologia, menos ainda a ciência -
grande prêmio da evolução humana. Aliás, a humani-
dade não evoluiu; o que evoluiu foi a ciência.
Provavelmente não serão criados seres
humanos à semelhança do plano do Reich, e sim por
manipulação genética. Construir-se-á corpos
perfeitos com cérebros especializados. O humano
futuro será o super-homem descrito por Nietzsche,
com capacidades inimaginadas por esse filósofo.

- 61 -
Terá mais possibilidades e mais desafios, mas será
considerado perfeito. Os pais comprarão seus
filhos em grandes bancos de embriões. O alimento
será de tamanho diminuto, mas com o dobro de
nutrientes. As estruturas física e química, após a
melhoria genética, sofrerão pequenas modifica-
ções com grandes repercussões.

Pode-se pensar que essa descrição se encon-


tre no âmbito da ficção científica. Mas não é ela
mesma que impulsionou as descobertas aplicadas
hoje? Não é a ficção a grande precursora da ciên-
cia?

Eu vejo coisas das quais duvidava, ou nem


imaginava quando menino. Quanto a futura juventu-
de verá daqui a 60 anos?
Sim, crescemos em escala, tendo em vista os
nossos irmãos menores (os animais), e somos os
reis da selva. Agora, se isso tudo trará a destru-
ição da humanidade, já é outra história.

- 62 -
DO PÓ AO PÓ;
DAS CINZAS ÀS CINZAS

Qual é a forma certa de se acabar com os


restos orgânicos? Enterrá-los? Reciclá-los? E
como caracterizar o corpo humano? É orgânico, isso
se sabe. E a partir dessa definição, não sei se por
respeito, medo ou devoção, ele é enterrado. Embora
seja uma prática pouco freqüente no Ocidente, a
cremação adquire partidários lentamente e é
considerada um meio “limpo” para se livrar dos
defuntos.

Parece fria a expressão acima, mas um corpo


morto é matéria orgânica em decomposição. E como
sabemos, a decomposição gera inúmeros organismos
que, por sua vez, liberam gases tóxicos e produzem
doenças.
A fim de dirimir as dúvidas pertinentes a
este assunto, pode-se tentar esclarecer uma
pergunta polêmica, pelo menos do ponto de vista
material: o que é a morte? Segundo a disciplina de
Patologia, a morte somática apresenta peculiari-

- 63 -
dades que caracterizam “verdadeiramente” a morte
de uma pessoa (como desaparecimento dos movimen-
tos, parada da respiração e dos batimentos cardía-
cos, perda de estímulos e parada da atividade
cerebral). Após esta, ocorrem certos processos ou
“alterações cadavéricas” que “provam”, pelo tempo
decorrido, que houve morte material (frio da
morte, rigidez da morte, manchas cadavéricas,
alterações oculares e putrefação).

Deixando a Patologia de lado e adentrando


pela problemática sanitária, é justamente a
putrefação que desperta mais atenção. Durante
essa fase, o organismo começa a se decompor atra-
vés de um processo chamado “autólise” (quando os
tecidos se autodigerem) e cresce a multiplicação
bacteriana produzindo gases como o gás sulfídri-
co, hidrogênio fosforado e amônia. Segundo análi-
ses forenses, as larvas e os microrganismos podem
destruir um corpo em até quatro semanas. Se for
observado um animal morto em uma rodovia, por
exemplo, pode-se presenciar o forte odor e o
inchaço de seu corpo. E quando este está dilacera-
do, pode-se perceber claramente a ação dos micror-
ganismos. De forma que qualquer pessoa que coma um
pedaço de carne estragada, sofrerá problemas de
saúde. Semelhante a do animal é a decomposição

- 64 -
humana. O material pernicioso liberado de um corpo
putrefato é enorme. Somem-se muitos corpos,
milhões deles, para que haja uma idéia da atual
situação dos cemitérios.

Poucos, mas importantes estudos têm sido


feitos acerca da poluição dos lençóis freáticos,
causada pelos cemitérios (os quais têm sua implan-
tação regulada pelo Código Sanitário). E é a
partir daí que vem a controvérsia: o que fazer com
os corpos depois do desencarne? Mesmo sendo o
corpo humano biodegradável, muitos discordam da
cremação, mas também sentem ojeriza só de pensar
em usar a matéria como adubo ou fonte de combustí-
vel. E o problema continua em aberto. Dentre as
doenças veiculadas através da água, podem ser
citadas a toxi-infecção alimentar, a disenteria
bacilar, a hepatite A, a gangrena gasosa e muitas
outras.
Afinal, o que se espera fazer com aquilo que
sobra depois da decomposição? De que se serve a
família de um ente desencarnado, além das lembran-
ças, fotos e recordações que possuem dele?
O corpo humano não produz nada além do que
vimos acima, resumindo-se a restos que só servem
para alimentar organismos microscópicos. Além
disso, serve de adubo nas plantações de alface,

- 65 -
repolho e outros vegetais. Certamente poucos
(pouquíssimos, na verdade) comeriam verduras e
legumes que têm origem em campos desse tipo, mas
você sabe exatamente qual a probabilidade de a
água que alimenta as plantações não estar vindo de
um cemitério?
O único ponto a favor do enterro é o legal.
Isto é, quando existe a necessidade de exumação de
uma vítima de um crime, a fim de dirimir dúvidas na
necropsia.
Agora, se se espera que um deus venha à
Terra reavivar almas “puras”, certamente não as
reavivaria em corpos putrefatos ou em esqueletos.

E o respeito aos mortos? O maior respeito a


eles são as lembranças e, nos casos particulares
de cada religião, as cerimônias feitas em seu
louvor.

O problema da poluição provocada pelos


restos humanos (e animais) é sério, e deixá-lo de
lado não é sensato. Mormente hoje, quando o cuida-
do com o meio ambiente cresceu a ponto de desper-
tar preocupação com o futuro do planeta no caso de
a humanidade prosseguir seu ritmo frenético de
desenvolvimento não-auto-sustentável, ou seja,
se ela prosseguir despejando no solo, na água e na
atmosfera resíduos tóxicos que se acumulam.

- 66 -
No Oriente, a prática da incineração é
usada há milênios. Qual a necessidade de se espe-
rar a fossilização do ente querido? Deve-se
pensar nisso, analisar melhor a situação. Pois
após a incineração, as cinzas serão semeadas no ar
totalmente limpas, destituídas de toda toxicidade
(graças à alta temperatura do processo). Isto
está enquadrado nos planos do universo, e mais...

- 67 -
O REINO ENCANTADO DA MENTIRA

Comecei um estudo sobre a mentira há cerca


de duas décadas. O assunto sempre me foi interes-
sante e percebi, através de certos despertamen-
tos, que a humanidade é vitima da mentira desde
seus primórdios, ou, pelo menos, desde que a
história teve sua primeira linha escrita. Como sou
adepto da experimentação, parti do pressuposto de
que deveria testar aquilo que, até o momento, era
teoria: mentir e observar a reação das pessoas.
Deixando de lado a idéia de sadomasoquismo,
o experimento rendeu frutos (o livro Inadequatum
est), no sentido de que facilitou a compreensão
sobre as necessidades e os anseios da humanidade,
as quais foram preenchidas com superstições,
engodos, crenças...

Embora todos pugnem pela “verdade”, a


maioria das pessoas se contenta com uma explicação
dada por uma “autoridade” em um assunto específi-
co, como é o caso de padres e pastores (“autorida-
des” das igrejas).

- 69 -
Existem vários tipos de mentirosos: aqueles
que visam a se autopromover, aqueles que querem
esconder algo, aqueles que querem mostrar algo,
aqueles que tentam provar algo que não tem compro-
vação, e assim prossegue.
Embora a pessoa seja levada a pensar no mal
e naquilo que dele deriva, a mentira tem sua face
boa. Mas é evidente que depende muito de que
aplicação essa face terá.

A humanidade agarrou-se na mentira e tem


dificuldade de se desprender daquilo que viu ou
ouviu por anos, ou mesmo décadas e se apega ferre-
nhamente a um pedaço de papel ou a uma palavra
proferida.
Enquanto se analisa este tema, em vias
gerais de observação, alguém tenta desesperada-
mente desfazer-se do labirinto pelo qual entrou
por meio de algo que o guiou até o indiscutível...
Mas tudo é discutível. Explica-se: todas as coisas
neste universo são passíveis de mensuração, todas
elas podem ser abordadas dialeticamente. O que não
puder, não é digno de crédito.
A pessoa crê desde seu nascimento, desde sua
primeira doutrinação, quer seja ela social, quer
religiosa. Ela foi induzida através de preceitos
místicos e religiosos que nem sequer admitem

- 70 -
discussão, simplesmente porque estão desprovidos
de antítese. Foi enfiada na sua cabeça a idéia de
salvadores, de redentores, de um Deus que tudo
provê.

Falta análise das situações, falta coragem


de mudar. É cômodo acreditar naquilo que está
preconcebido, naquilo que está encalacrado;
difícil, mas imprescindível, é pesquisar e crear a
própria filosofia.

Muitas pessoas com as quais discuti o assun-


to imaginavam que a maior fonte de mentira está na
política. Entretanto não é somente este o seu meio
prolífico de crescimento. As religiões, as seitas
místicas, os grupos científicos e até mesmo os
institutos de pesquisa, as autoridades (assim
constituídas), os governos, as forças armadas e a
polícia estão entre os meios mais cotados. Essas
organizações atingem várias pessoas de uma só vez
e ainda levam nas suas costas um selo de autenti-
cidade, fatores que tornam difícil o conteste. Mas
ainda assim existe outro grupo, bastante numero-
so, que também aplica suas mentiras: o grupo de
indivíduos comuns. Estes mentem e acreditam
naquilo que mentiram (e eu estou incluído entre
estes). Enfim... O mundo está alicerçado no pro-
gresso da mentira.

- 71 -
O clero chama a mentira de “inadequatum” e,
é claro, dá carta branca para que seja aplicado
pelos seus altos postos. Declaradamente imperia-
listas, a Igreja e o Estado ajustam o indivíduo em
suas normas e prendem-no com seus grilhões. Por
este motivo, cada um deve seguir um preceito
declaradamente anarquista.

Não vale simplesmente deixar de acreditar,


deve-se fazer algo muito mais difícil: deve-se
aprender a pensar, a pesquisar, a concluir.
A pessoa deve ter os olhos atentos para tudo
que está sendo diariamente estabelecido como
verdade, para tudo aquilo que parece suspeito ou
bom/mau demais, deve ter a ousadia de se estabele-
cer com a liberdade de escolha e deve aproveitar
isso.

Como disse Maxim Gorki: “A mentira é a


religião dos senhores e dos escravos; a verdade é
a divindade do homem livre”.
Entenda-se que daí parte o pressuposto
máximo de qualquer filosofia de direitos humanos:
pugnar pela manutenção da ordem, sem que através
desta seja necessário o desenvolvimento de um povo
obtuso e canhestro.

Voltando ao assunto da experiência que fiz


em diversos setores e com várias pessoas (de alto

- 72 -
ou baixo gabarito, da várzea ou do centro), che-
guei à conclusão de que tudo está envolto no prin-
cípio teológico da Metafísica (esta já é um estado
da mentira). Haja vista que - como já tenho falado
e escrito - tudo é psicopatológico.
Volto a dizer, o meu parecer é que antes de
acreditar em tudo que ouvir, antes de engolir tudo
que vier da boca do outro, a pessoa deve examinar o
assunto para não entrar em uma “fria”.
O nosso Universo Terra - pela globalização -
está envolvido em um neoliberalismo e fundado
somente na crença, não na sapiência.

- 73 -
OS DOIS LADOS ESTÃO CERTOS

As respostas para discussões onde se anali-


sa o bem e o mal, o certo e o errado, estão na forma
como cada pessoa vê. Aquilo que, pelo programa, se
estabelece como certo para um lado; para outro,
está errado.

Como é o Universo, ele está em expansão, ou


é estacionário? Houve um Big-Bang? O Universo tem
um chamado criador? O Universo terá um fim, como
se julga teve um começo?

Entre essas posturas e outras, que geram


concórdia ou discórdia, existe um meio (sabe-se
que tudo tem um meio). É justamente esse “meio”
que concede o direito de, em uma discussão, cada
um pugnar pelo seu lado. O meio é uma molécula em
movimento (subentenda-se a designação usada para
molécula neste texto). Compreendendo o meio,
chega-se à conclusão de que tudo está certo e tudo
está errado. Assim, tudo passa a ser “divino”
(desculpe-me pelo termo).

A visão de algo, em particular, depende de

- 75 -
onde a pessoa estiver estacionada e da forma como
ela concebe as coisas; pois, a partir do seu ponto
de conclusão, assim será o universo para ela. Se
outra pessoa estiver em lugar oposto, olhando o
mesmo alvo, evidente é que sua visão será diferen-
te; entretanto não se pode afirmar que uma está
certa e outra errada; pois existe o meio, existe a
molécula. Entre um ponto e outro de uma concepção
existe uma molécula, e esta dá o “direito” de
pesquisar e compreender melhor o que existe entre
o certo e o errado.
Tomemos, como exemplo de discussão, a
eugenia (trabalho científico que corre e se perde
na noite dos tempos), que pode ser classificada
como a procura pela melhora - melhorar nos estu-
dos, na saúde, no corpo, na vida econômica...
Melhorar, melhorar, melhorar, eis a busca da
eugenia. No entanto, o referencial de melhor é
pior; de bom é ruim - (note-se que aqui existe um
referencial, um meio, que é a molécula). Se a
eugenia for estudada mais profundamente, poder-
se-á perceber que é justamente no meio que se
oferece mais condições para elevar os estudos.
Entenda-se que isso ocorre porque o estudo é o
meio, é a molécula, é a antítese da tese, e é onde
se faz necessário boa dose de pesquisas - sem

- 76 -
preconceitos - para encontrar a conclusão mais
apropriada ao nível dos ciclos da história.

Pela tecnologia, existe melhora - que é um


estado eugênico -, esta melhora é, mais propria-
mente dito, IA (Inteligência Artificial). É
verdade que a eugenia não está completamente
influenciada pela tecnologia, que é fruto da
ciência, e sua melhora está nas mãos da cibernéti-
ca, conceito de onde se conclui que a tecnologia é
um forte trabalho de explosão molecular pela alo-
poiese. Para não alongar demais a colocação, digo
simplesmente que: é importante levar em conside-
ração a necessidade humana da eugenia.
Para melhorar a raça, tem-se, pela ciência,
o braço carinhoso da genética, e, junto à compre-
ensão, o resultado: melhorada a espécie humana (e
outras espécies, de modo geral), haverá um mundo
em melhores condições para compreender a beleza
evolutiva. Pois, só os fortes vencem; os pusilâni-
mes caem.
Entre o prisma e a base prismática existe um
espectro onde pulsa o estado medível da molécula,
e esta pode ser injetada com a posição dos dois
oponentes: o certo e o errado - e pelo procedimen-
to deste trabalho (como foi dito anteriormente:
sem preconceitos), sabe-se que o vencedor conta

- 77 -
uma história; e o vencido, outra. Neste meio,
entre vencido e vencedor, os dois têm razão. Só se
pode concluir sobre qual é o melhor ponto, através
da base prismática molecular, haja vista que, no
universo em que se habita, tudo é psicopatológi-
co.
Está aí uma oportunidade, caro leitor, para
derrubar os preconceitos político-social-
religiosos e enveredar-se para os estudos e as
pesquisas mais profundas.

- 78 -
UM BOM AMANHECER

Nascemos no “Cogito ergo sun”. Pensar é a


prova da existência. Este mundo é dual; tirando-se
o sinal de igualdade de uma equação, dá-se morte
ao referencial, e, sem ele não se consegue viver,
não se consegue entender as posturas.

Visando não ficar preso ao preestabelecido,


pugna-se pela liberdade. Bob Dylan diz através de
suas canções: deve-se ser livre para pensar, para
andar, para comer, para falar, transar... Este é o
encanto da vida (“vida” biográfica, pois ainda
ninguém sabe explicar, satisfatoriamente, o que é
a vida; faz-se biografia do viver).

Sou fruto de Woodstock, da cultura de con-


tracultura; viajei por quatro vezes pela Rota 66,
tomando vento no peito, sobre o lombo de uma
Harley-Davidson. Sonhei, e sonho, com um amanhã
brilhante na presença de novos seres. Minha ale-
gria é a alegria de outro, minha poesia é a filoso-
fia de outrem (ou minha filosofia é a sua poesia).

Aquele que encara o mundo olhando os vales

- 79 -
da altura das montanhas, poderá ver o sucesso em
tudo; e o referencial do sucesso é o insucesso,
assim como a beleza daquele está neste. Funciona
para quem vê a luz nas trevas. Se o dia estiver
plúbleo; a noite será maravilhosa. Se houver uma
noite “maldormida”; o dia será de bonança.
No espaço e no tempo, voam as aves; no
tempo/espaço, acelera-se para a partida.

Sonhe e continue a sonhar, pois sem sonhos


não há realizações.

Uma casa só é boa quando alguém está nela; o


jardim só floresce quando plantado; a flor só é
bela quando se a observa. Ao morrer uma semente,
sob o afago carinhoso da terra que a absorve,
brilha a beleza no fruto que se colhe.

Hoje está aqui, amanhã será ali... Na sexta


dobra do tempo, zumbe a nave - no gorjear dos
pássaros, no canto das aleluias, no esvoaçar das
libélulas. Quem planta hoje, colhe amanhã; se não
neste campo, naquele. Qualquer um é tão capaz
quanto eu, qualquer um é tão bom quanto eu. Se as
lágrimas caírem, rolando face abaixo, que não seja
por tristeza, nem por lamento, mas, por saudades
do futuro que espera.

Minha guitarra soa, suas cordas timbram


dizendo: tudo muda...

- 80 -
A tecnologia é fruto da ciência, que, por
sua vez, não tem dialética (somente depois de
mensurada). Mas, um indivíduo tem dialética,
pois, pela cybernetyka do seu cérebro, sabe usar a
tecnologia em benefício próprio e daqueles que o
cercam.
Ora, toda lei não compreendida pelo infra-
tor, prova que não é uma boa lei; toda estrada que
marca uma curva perigosa, no alerta de cuidado,
mostra que foi mal-locada. Da mesma forma, limite
de velocidade é inútil - pois cada um é dono de si
próprio e responsável pelos seus atos -; mandar
não é bom, pedir é melhor e obedecer, jamais.
Rebelando-se contra as normas ditadas,
busca-se também poetizar o viver, e então, dá-se
atenção ao que disse Che: “Hay que endurecer, pero
sin perder la ternura jamás.”

- 81 -
PARÂMETROS A DISCUTIR

A sociedade moderna está organizada segundo


algumas leis bem-determinadas no campo científi-
co-antropológico, que estabelecem a espécie
humana como se tendo desenvolvido através dos
ancestrais símios. A teoria difundida pela Origem
das Espécies, de Darwin, enquadra o humano como
homo sapiens. Embora convenientemente embasada,
possui uma forte oposição - esta, por sua vez,
embasada na crença -, defendida por muitas reli-
giões monoteístas de que a humanidade foi criada
por Deus, à sua imagem e semelhança.

Coloco-me entre estas duas teorias, tentan-


do analisar o surgimento e a evolução da espécie
humana na Terra, por um novo prisma: a humanidade,
enquadrada no reino animal, veio fisiológica e
estruturalmente pronta ao universo em que habita;
aqui, houve uma evolução orgânica, culminando na
forma que conhecemos atualmente. Não digo que a
espécie veio pronta, depois de ter sido engendrada
por um Deus poderoso, como querem as religiões;

- 83 -
mas que o projeto humano básico estava pronto,
quando implantado aqui - tese defendida por inúme-
ros pesquisadores que admitem a implantação de
espécies neste planeta, através de outras civili-
zações, ou por vestígios destas, trazidos por meio
de corpos siderais.
No campo sociológico, o termo homo deveria
ser considerado uma ofensa. A origem latina da
palavra quer dizer homem; e então onde fica a
mulher, fora? Já se sabe que o Universo Terra,
tanto o oriental quanto o ocidental, sempre foi
governado pelo homo, pelo poder patriarcal,
alicerçado no monoteísmo das religiões reveladas.
O governo do “macho” coloca a fêmea fora do âmbito
da liderança ou comando, posicionando-a como mero
objeto a ser manipulado. Enquanto sociedades
menos avançadas lutam pelos direitos das mulhe-
res, as sociedades ditas civilizadas escondem,
sob a máscara do “direitos iguais para todos”, um
profundo preconceito contra a mulher.

Nesta discussão, não poderia deixar de lado


o facto de que a estrutura patriarcal também é
desastrosa para todas as minorias. Tudo aquilo que
possui uma estrutura pouco convencional, que
participa de movimentos não-ortodoxos, que não
tem a mesma aparência da maioria, que não está na

- 84 -
lista dos “donos” do mundo, é visto como espúria.
O macho abomina o homossexual e a lésbica; abomina
a mulher; o inferior ao seu comando; o doente; o
fraco. Vencer, ou provar a superioridade através
da competição - pressuposto básico de toda espécie
baseada na dominação do macho -, demonstra a
lógica do “sexo dominante”.

Vale ressaltar que o homo, habilmente


multicultural, se vê às portas do abismo existen-
cial. Não porque o movimento feminista vá desban-
cá-lo, mas porque tudo ao seu redor está provando
sua inconsistência ou sua queda.

O medo que impera na consciência do macho e


o faz subjugar todos os outros a si é maior do que o
medo que os outros possuem dele. Portanto, a
supremacia machista não permanecerá por muito
tempo, será subjugada por outro regime ditatori-
al.

Quem sabe, quando chegar o ponto de ruptura,


poder-se-á chamar a humanidade de “humu sapien”.

- 85 -
ANTICONFORMISMO

A autoridade, enquanto constituída como


tal, está eivada de subterfúgios os quais lhe
permitem fazer valer seu poder. Muitos são os
caminhos usados, e muitas são as autoridades que
fazem uso deles. Entre as “autoridades maiores”
(aquelas que se estendem sobre um maior número de
pessoas ao mesmo tempo) podem-se citar as
Religiões e o Estado; e entre as “autoridades
menores”, algumas profissões “de elite” como
medicina e advocacia, e, ainda, empresas gigantes
de atuação mundial.

A pessoa, comparada a um cordeiro de um


rebanho, é subjugada pelo poder dessas autorida-
des, e exime-se de inquirir e requerer direitos.
Michael Jackson aguardava julgamento sob a
acusação de ter abusado sexualmente de menores.
Pediam, como fiança, três milhões de dólares para
que pudesse ser julgado em liberdade. E então se
pode perguntar: por que não levar a julgamento
também os padres, pastores, bispos e tantos outros

- 87 -
clérigos auto-intitulados sucessores de Cristo, e
que cometeram o mesmo crime? Por que ainda existe
tanto medo em expor estes charlatães que se escon-
dem sob a égide do puritanismo, enquanto são os
maiores acionistas de empresas que fabricam a
Camisa de Vênus e outros contraceptivos?
Escondidos atrás do anonimato, cada um faz e fala,
prega e doutrina com isenção de culpa.
Os políticos, defensores dos direitos do
povo, segundo se diz, cometem as mais variadas
falcatruas e são julgados (quando o são) pelos
seus iguais, sem imparcialidade, e sobra para o
povo que os elegeram, somente desculpas. A situa-
ção está tão agravante que qualquer pessoa, quando
vê um político, pensa rápido em corrupção.
Voltando os olhos para a Política Internacional (a
de escrúpulos, não a de jogo de impérios e não a de
poder hegemônico), devem-se analisar os discursos
dos laureados da paz. Quantos predicaram pela paz,
e quantos anos de paz teve o Universo Terra desde
que os anais da história registraram a existência
da espécie humana? Tome-se como exemplo a “Terra
Santa” e perceba-se que é o local onde mais se
derramou e derrama sangue humano, através de
guerras e disputas por palmos de terra.

Poucos são os que cogitam a verdadeira

- 88 -
situação mundial, poucos se rebelam contra as
autoridades, maiores ou menores. Existe até mesmo
ocasião em que funcionários de empresas, privadas
ou públicas, escondem-se atrás de um guichê,
maltratando e humilhando pessoas, porque se
sentem em posição superior. Ou aqueles bancos que
proporcionam aos clientes que necessitam pagar
suas contas, uma desagradável estadia no interior
de seus recintos, devidamente arrefecidos pelo ar
condicionado, esperando em pé durante horas,
aguardando ser o “próximo”.
Poucos são os que mandam analisar em labora-
tório o leite que bebem todos os dias, para saber a
droga química que está ali, ou que se esforçam por
conhecer os insumos adicionados à lavoura, a
terra, forçando-a a dar o que ela não quer dar.
Poucos reparam na potencial intoxicação que está
servida em suas mesas e que ingerem todos os dias.
Para isso basta prestar bem atenção nos talheres,
pratos, copos, guardanapos, inclusive dos mais
finos restaurantes e na bagunça e sujeira de suas
cozinhas.

Poucos sabem que o alimento que se come aqui


no Brasil em restaurantes chineses ou japoneses,
não é comida chinesa ou japonesa; é comida típica,
mas não original. Ela é feita com produtos brasi-

- 89 -
leiros; poucos ingredientes ou nenhum são impor-
tados. O jogo de temperos leva ao condicionamento
internacional e globaliza o alimento. Alemanha,
China, Líbia, França, Turquia... Pagamos caro
pelo alimento e jogamos tudo no vaso sanitário da
globalização. Quanto engodo, quanto engano...
Quem já contou os palitos de fósforo de uma
caixa, para saber se existe verdadeiramente o
número marcado? Quem reclama para o fabricante
sobre as tampas de água mineral, refrigerante ou
remédio que não consegue abrir, e que, muitas
vezes, cortam os dedos quando da tentativa?

Parecem coisas pequenas e sem sentido, mas,


com o inconformismo, a pessoa prepara-se para o
que está por vir. Cada um deve cogitar, pesquisar
e estudar para saber se as propostas são válidas
ou não. Deve voltar aos anais da história e procu-
rar saber se o que foi dito no passado, no presente
se confirma e lança a caminhada para o futuro.
Porque aquilo que não serve e não ajuda, deve ser
eliminado. Deve-se deixar de ser uma marionete, um
escravo... O melhor é ser tolo; pois, pela tolice,
pode-se tornar sábio entre os pseudo-sábios,
entre os especialistas tacanhos.

Por que ficar calado frente às opressões?


Deve-se pedir a revolução seguida de paz, tranqüi-

- 90 -
lidade e honestidade. Não é justificativa, o
facto de morar no Brasil, que ao contrário do que
dizem, é uma pátria maravilhosa, bonita e rica.
Dizer que o país não cresce porque é terceiro
mundo, não convence, pois, até os planos sociais
são fachada para arrecadar dinheiro para o paga-
mento de juros da dívida externa. Aqui, não impor-
ta qual o partido, não existe Ordem, além da
inscrita na legenda nacional, e por isso não
existe Progresso.
A pessoa deve procurar conhecer mais, e
assim estará apta para melhor servir.

- 91 -
A MEDICINA DESFALCADA

“O padre de uma cidade passava pela praça


vestindo sua típica roupa, carregando, na mão, uma
maleta preta. Ao cruzar com o médico da cidade,
que vestia sua típica roupa branca, entrelaçado ao
pescoço um estetoscópio, e, na mão, também uma
maleta preta, cumprimentou-o: - Bom dia, colega! O
médico, estranhando o cumprimento, não disse
nada. No outro dia, repetiu-se o encontro e o
padre cumprimentou o médico dizendo: - Bom dia,
colega! E a mesma forma de cumprimento aconteceu
durante toda a semana, no momento em que os dois
cruzavam seus caminhos na praça. O médico não
compreendendo o que o padre queria dizer, resolveu
perguntar: - Padre, por que todos os dias você me
cumprimenta e me chama de colega? Você, por acaso,
é médico? Ao que o padre respondeu: - Não! Sou
padre; somos colegas porque compartilhamos da
renda da cidade e trabalhamos em conjunto. - Como
assim? - Perguntou o médico. - Ora, você mata e eu
enterro - respondeu o padre!”

- 93 -
Medicina foi um dos cursos universitários
de maior prestígio no mundo ocidental (em parte
porque muitos dos que optam por essa disciplina, o
fazem buscando enriquecimento financeiro e nada
mais). Há muito tempo, o médico, assim chamado,
tem exercido uma influência considerável na
sociedade e possui poder que só pode ser comparado
ao do sacerdote religioso local. Com a demanda
aumentada e o grande número de formandos, a pro-
fissão sofreu declínio.

Desde sempre, Igreja e Medicina andam


juntas. Considerados pessoas de respeito, o
clérigo e o médico estão sofrendo a punição do
desgaste gerado pelos erros e falcatruas de ambas
as atividades.
Preste bem atenção nos seus sintomas...
Provavelmente, você não está tão doente quanto o
“médico” consultado diz. Isso porque a maioria
deles não sabe fazer diagnóstico. Destituídos de
poder, o dom de curar - que se envolve no imanente
é apenas nominativo.

Há alguns anos atrás, foi abordada, em


estudos, a atuação de três tipos de doenças defla-
gradas através do sistema de saúde. São elas:
doenças iatrogênicas - as quais foram provocadas
pelos “médicos” (estes, encarquilhados em quere-

- 94 -
las, ira, desrespeito pela espécie humana; afun-
dados em excessos com álcool, fumo e drogas ilega-
is) no exercício de sua profissão, são causadas
por receitas de medicamentos, cirurgias, transfu-
sões de sangue, exames inadequadamente aplica-
dos...; doenças psicogênicas - provocadas por
“médicos” de diversas especialidades que acarre-
tam medo, somatização, traumas... Enfim, tudo o
que pode influenciar negativamente o chamado
“paciente”; doenças farmacogênicas - desencadea-
das exclusivamente através dos efeitos colaterais
dos medicamentos utilizados na terapêutica (os
farmacêuticos e balconistas de farmácia também
estão envolvidos neste exemplo, quando, vestidos
de branco, postam-se como conhecedores do produto
a ser vendido, tentando interpretar receitas mal-
traçadas dos “médicos” e vendendo medicamentos
errados, vencidos, ou indicados por eles mesmos
sem o total conhecimento do quadro do “paciente”).
Não é difícil notar a situação desconcer-
tante de quem necessita de atendimento dos profis-
sionais da saúde. Nenhuma pessoa consegue tomar
seguramente um produto, quando lê a bula, tão
complexa, agravante e amedrontadora, que deveria
incentivar a cura; mas, ao contrário, corrobora
com o “médico”, estimulando a doença já incutida

- 95 -
na cabeça da pessoa. Os convênios de saúde não
respeitam a integridade do cidadão, e, sem esses
convênios, é ainda mais desesperadora a flagela-
ção cometida pelo sistema de saúde pública. Para
ser bem-atendida, a pessoa deve apelar para propi-
nas, desde o atendimento em pronto-socorro, até o
transplante de órgãos. Isso, por si só, deixa
entrever a soma de dinheiro partilhada entre os
especialistas e os laboratórios, os laboratórios
de exames e os planos de saúde, os planos e os
hospitais, os representantes de laboratórios
farmacêuticos e os “médicos”, e assim sucede.

E a psiquiatria? Verdadeiro flagelo da


medicina, não tem nada de especial podendo ser
comparada à psicologia ou à psicanálise. A psiqui-
atria adquiriu o direito de separar uma pessoa da
sua família, tirá-la do convívio com a sociedade,
inutilizá-la para o restante de seu viver. Seu
antro de atividade são os hospitais psiquiátricos
que muitos gostam de chamar “pinel” ou “hospício”.
E, no mesmo segmento, pode-se tomar conhecimento
do ramo leigo: os psicoterapeutas.

A enorme quantidade de medicinas alternati-


vas que proliferaram em muitos países, somente
comparada com a quantidade de igrejas, é fruto do
descontentamento com os meios convencionais.

- 96 -
Muitos dos movimentos alternativos - de igrejas,
seitas ou medicinas - apregoam a cura divina, a
cura através de óleos, da imposição das mãos... O
milagre.
Propus-me a chamar os “médicos” de “conven-
cionais da saúde”, ou simplesmente, “convenciona-
is”, reservando o termo médico para aqueles
poucos que ainda merecem o título de doutor; e
alterar o termo de “paciente” para “consulente”.
Isso objetiva minimizar a reverência pela classe
e enquadrá-los em nomenclatura atualizada e
compatível com nosso idioma; afinal, quem, no
mundo veloz de hoje, quer ser paciente?
Quando se vê um médico vestido de branco,
imediatamente se pensa em doença e morte. Propôs-
se a curar, então, porque não cura? Quando se vê um
padre ou pastor, pensa-se em pedofilia e contas
bancárias estufadas com dinheiro dos fiéis.
Propôs-se a salvar, e então, porque não salva?

Como mudar esta imagem?

- 97 -
A CONSTRUÇÃO DE UM DEUS

Jesus não existiu. Esta é a conclusão a que


muitos chegam depois de procurar e não encontrar
provas cabais da existência de Jesus, fora dos
escritos bíblicos (e estes foram organizados
“apenas” 260 anos após o seu desencarne, vindo de
fontes variadas e de compilações de textos de
outras religiões mais antigas).
Todas as religiões e crenças sempre tiveram
o desejo de possuir um messias, um salvador, um
redentor apenas para si, à semelhança dos egípcios
que criaram deuses e pediram a constituição de um
deus autoritário.

Embasadas na premissa de um filho único, ou


de um profeta escolhido, que se estabeleceu no
Universo Terra depois de enviado por um deus
imaterial que tudo provê, muitas religiões e
seitas traçaram seus caminhos, impondo respeito
através do medo. Isto é, fizeram os fiéis acredi-
tarem nas doutrinas - que não podiam ser comprova-
das - forçando a crença através da fé, ou seja:

- 99 -
acredite para não ser condenado, mesmo que não
possa ser dada uma explicação para isso.

Com o estabelecimento do poder nas mãos


dessas “autoridades” eclesiásticas, muito desa-
tino foi cometido, em nome de um “não sei o quê”
qualquer. Perceba os casos de pedofilia registra-
dos e trazidos à tona pela mídia. “Próximo de onde
resido atualmente, um padre foi linchado pela
comunidade local, acusado de pedofilia. Este
padre, evidentemente, morreu devido aos ferimen-
tos e quando chegou ao céu, a primeira coisa que
perguntou foi: onde está o menino Jesus?”

A despeito deste tipo de atitude, vale


ressaltar que não se pode nem mesmo provar que
Deus existe. Pode parecer heresia essa afirmação,
mas é uma verdade. O deus estabelecido pelos
cristãos, pelos muçulmanos, pelos judeus é carni-
ceiro, maléfico, maldoso; tem a morte como lei,
manda perdoar mas não perdoa, estabelece casti-
gos, criou o inferno eterno, manda destruir os
povos contrários a sua doutrina, amaldiçoa os que
não rezam segundo sua cartilha...
Os precursores de todas as religiões foram
verdadeiros fanáticos, fundamentalistas.
Tentaram disseminar a crença sob muitos levantes e
muitas guerras. E isso está registrado nos anais

- 100 -
da história, para que aquele que não se convence
possa pesquisar e apreender os factos. As maiores
guerras, os maiores derramamentos de sangue foram
causados entre irmãos por causa das religiões. Os
ignorantes e supersticiosos entraram por uma
mistificação, endeusando reis, imperadores,
generais, conquistadores, “profetas”, “mestres”,
“gurus”... Dando-lhes poder que jamais possuíram.
Para não perderem a força perante o povo,
essas mesmas religiões de domínio e de conquista,
apelam para todo tipo de subterfúgio. Suas cerimô-
nias perderam muito do oculto e mágico que as
permeava em tempos idos, o comum e o vulgar insta-
laram-se, abrigando uma série infindável de novas
“tendências”. No altar, que antes era destinado a
sacrifícios e oferendas, depois passou a abrigar
prédicas inflamadas e orações, hoje são as brinca-
deiras, danças e desfiles que predominam.
Os seus representantes vestem-se com roupas
típicas, impregnam-se de odores, enchem o estôma-
go com símbolos, dizem “meia dúzia” de palavras e
pronto: são os oficiais conhecedores e represen-
tantes de seu deus.
É certo que isso representa o rito e o mito
de cada crença, mas será suficiente? Geralmente a
fachada é mais bonita que o interior, não é verda-

- 101 -
de? Da mesma forma, as crenças aparentam mais
sentido do que verdadeiramente têm.
O mundo precisa delas, mas quem constrói
este mesmo mundo são as cabeças esclarecidas e
livres, que atualmente não se abrigam mais numa
religião específica, mas estudam de tudo e absor-
vem de tudo, num verdadeiro sincretismo; e melhor
que este é o monismo, livre de qualquer pressão de
subserviência.

- 102 -
POSTURAS IDIOSSINCRÁSICAS
DA LINGUAGEM

Palavra e fala são duas coisas distintas em


comunicação. A palavra é a expressão escrita em
letras ou símbolos e a fala é a expressão fonética
das palavras, a sua condução oral.

Nota-se, nessa diferenciação, uma seme-


lhança: ambas as formas destinam-se a transmitir
dados e ambas sofrem com o mesmo problema concer-
nente às propriedades da construção de uma frase.
Destinada à transmissão, a frase (ou mesmo uma
palavra isolada) está fadada a ser mal-
compreendida, porque o entendimento humano não
interpreta os símbolos (fonéticos ou distribuídos
no papel) de igual forma.

Não obstante essa semelhança, não se deve


confundir palavra - que é lingüística - com fala -
que é psicolingüística. A fala compromete, impli-
ca em responsabilidade, forma um registro fre-
qüencial; pois ela é entoada, e, portanto, dá
música, tom, som, beleza (sim, é na fala que está a

- 103 -
beleza). O que é dito torna-se imediatamente
prometido e deve ser cumprido.

Já a palavra só compromete o seu interlocu-


tor quando ela for infra-assinada, somente assim
ela passa a gozar do peso da responsabilidade. A
palavra é rabiscada e não dá canto.

Não se articula a palavra, e sim a fala; mas


a palavra está na fala, enquanto esta não está
naquela.
Note-se que ambas contém caráter implícito
e explícito e transmitem algo específico.
Entretanto, uma palavra, um termo, só complica uma
situação, quando passa a ser registrado pela
palavra, ou pela fala. Os termos são apenas símbo-
los criados que denotam algo concebido pela mente
humana; a designação usada tornou-se convencio-
nal, e se ofende é porque o seu contexto foi siste-
matizado. Perceba-se o quanto o termo complica: se
alguém chama outra pessoa de “filho-da-puta”
causa ofensa. E entram na lista de palavras ofen-
sivas ou “perigosas”, muitos outros termos consi-
derados de “baixo calão” - embora sejam simples
palavras e nada mais do que isso, sem nenhum poder
- porque o seu peso, a sua força de comunicação
estão somente na denotação da palavra escrita
apreendida através da dicionarização. Quando

- 104 -
usados através da fala, o seu sentido depende da
entonação da voz, dos gestos e movimentos corpora-
is e uma série de outros fatores.
A fala pode produzir muitos efeitos em seus
ouvintes; ela é usada para curar, libertar, ensi-
nar, entreter,... Destarte, sua importância
cresce, na medida em que cresce o seu uso.
Com a palavra, pode-se fazer filosofia,
ciência, e ficar ausente; com a fala se faz pre-
sença, e pode-se fazer poesia, beleza, paz,
paciência, sinceridade, honestidade, força,
poder, pois o poder está na fala e não na palavra.
Por isso já é dito: “Pronto para ouvir, tardio
para falar”.
O ato de escrever amor, não faz amor; mas no
falar amor, compreende-se a flor.
Assim, entendendo essa diferença na aplica-
ção, o conhecimento lingüístico adentra-se por
campos pouco discutidos e considerados por
alguns, o cerne da nova linguagem. A psicolingüís-
tica não consiste em uma disciplina dissociada da
lingüística, e sim em um complemento, em nenhum
momento vulgar, que possibilita compreender com
suavidade o sentido mais sutil das palavras.

- 105 -
MEIO AMBIENTE
TRANSGRESSOR DA MENTE

Todo o humano é programado desde o seu


nascimento. A inserção dos programas ocorre das
mais variadas formas e através dos mais variados
meios. Muitas são suas origens, porém um só é o
caminho através do qual eles se fazem presentes: a
mente.

Para esclarecer o processo: o cérebro


material é o hardware, a máquina em funcionamento;
enquanto a mente é o software. O programador é o
meio ambiente (as doutrinas, os dogmas, as idéias,
os conceitos, as experiências...). O ambiente
programa a mente; é uma situação alo-poiética.
Todo trabalho ou doutrina estabelecida pela mente
impregna-se na pessoa de tal forma, que se torna
difícil libertar.

Mas, por que sair do programa? Esta é uma


pergunta que algumas pessoas fazem, em minhas
conferências. Verdadeiramente, a desprogramação
não é para todos, mas somente para os inconformis-

- 107 -
tas que buscam sair do condicionamento da mente.

Desprogramar-se é necessário para que


outras informações, muitas das quais incompatíve-
is - diga-se incompatíveis, mas não desnecessári-
as ou desinteressantes - com o programa estabele-
cido, possam ser absorvidas, e, então, analisa-
das. Sem sair do programa é impossível adotar
novas posturas, o que leva a pessoa a ter idéias,
conceitos, filosofia, arcaica e bolorenta.

Faz-se necessário dizer que existem duas


formas de remover um programa antigo: a desprogra-
mação e a reprogramação.
Existem algumas técnicas que ensinam a
reprogramação. O problema inerente a elas é que:
ensinando somente a reprogramar, inserem, desper-
cebidamente, outro programa. Nesse caso, ocorre a
alo-programação, exatamente da mesma forma, como
tem ocorrido durante todo o viver anterior da
pessoa. Entretanto, quando se ensina a desprogra-
mação, acontece o contário; pois, desprogramada,
a pessoa fica livre para se autoprogramar (é
imprescindível perceber a diferença entre alo -
outro - e auto - si mesmo).

Para haver a desprogramação, é necessário


que a pessoa esteja no momento do impacto; ainda
que a mensagem transmitida não preencha e não

- 108 -
penetre. Entretanto, uma pregação, uma nova
mensagem, uma nova doutrina, não desprograma. Não
o faz, porque esses meios levam à doutrinação, e
esta conduz à reprogramação.

É mais fácil haver a desprogramação quando a


pessoa não consegue se adequar ao meio em que
vive; porque, ocorrendo a inadequação, ela procu-
rará reestruturar-se, tomar nova posição, nova
atividade de ações. E, a cada momento, a cada dia
que passa, novas reestruturação vão ocorrendo.
Essa pessoa deixará de ser bitolada e, a partir
daí, fará a diferença.

Está registrado nos Corifeus que, não


havendo doutrina, o povo endoidece, emburrece.
Não existindo um ser, ou uma doutrina que imponha,
pela crença, o medo; a liberdade concedida sofre
abusos. Daí percebe-se que a desprogramação é
passível de ter bom êxito, apenas nas cabeças mais
evoluídas; nas demais, haverá apenas a reprogra-
mação.
Os programas inseridos na mente humana são
concebidos como se fossem formulados, com a pura
intenção de doutrinar. A doutrina, por mais libe-
ralista, tende a cercear o crescimento. Este mundo
está subjugado à mecânica do cartesianismo, e
quando se chega à condição de clareza, nada mais é

- 109 -
errado, nada é pecaminoso.

A mente humana é um computador biológico que


aceita e processa qualquer tipo de informação. O
problema essencial nesse processo é o corpo (e por
extensão, as ações) é dirigido pela mente... E
esta controla os pensamentos.

Se a pessoa não se torna senhora de seus


próprios pensamentos, ela só pode seguir pelas
trilhas demarcadas, só pode pensar naquilo que foi
programada para pensar, só pode criar o que foi
ensinada. E acontecendo desta forma não há cresci-
mento, não há inovação, não há evolução.
Sem evolução a humanidae fica estagnada, e
então, a única saída provável é a extinção.

- 110 -
“QUEM CONTA UM CONTO,
AUMENTA UM PONTO”.
(BRASA PARA SUA SARDINHA)

Os registros históricos são o principal


veículo para a aquisição de conhecimento. Desde um
historiador - que se fixa na pesquisa científica,
a fim de comprovar o que até o momento eram faláci-
as -; um colecionador - que se baseia no conheci-
mento prévio, pesquisas e muita curiosidade -; até
um leitor - interessado em aprimorar seu entendi-
mento, ou apenas deleitar-se com uma boa leitura -
a História traça sua História. Sabe-se que é
difícil comprovar todos os factos; o que torna
perigoso aceitá-los ou descartá-los simplesmen-
te.

Quando se analisam os livros de História


oficializados nas universidades, percebe-se que o
conhecimento estabelecido para o estudante faz-se
por anotações que vêm sendo reestruturadas duran-
te os anos, pois, como se costuma dizer, a
História é reescrita dia-a-dia.

- 111 -
O principal ponto a ser analisado é aquele
em que os registros de um mesmo acontecimento
divergem, quando narrados em países e em culturas
diferentes. E então vem a pergunta: até onde se
pode confiar nesses registros?
Cada cultura, cada país, cada território,
cada seita, cada pessoa, individualmente ou em
grupo, toma conta dos acontecimentos e os torna
públicos, conforme lhe convém. Transforma “cau-
sos” em factos, e estes ficam registrados como
verídicos. A grande maioria das pessoas que irá
absorver estes factos - através dos meios disponí-
veis - não se importa com a sua veracidade, e, por
isso, não pesquisa. Basta ver os programas sensa-
cionalistas na televisão, jornal ou rádio, para
saber a que me refiro. Rapidamente um acontecimen-
to qualquer toma proporções gigantescas e ainda
com mais rapidez, julga-se os envolvidos.
O que mais causa danos progressivos à
História são os registros impressos, e não se deve
esquecer que estes, em sua quase totalidade, foram
escritos pelos vencedores e não pelos vencidos;
portanto, só existe uma versão a ser lida.

Para o brasileiro que estudou a Guerra da


Tríplice Fronteira, Francisco Solano Lopes é um
criminoso; para o paraguaio ele é um herói que

- 112 -
lutou pela defesa de seu país. Napoleão Bonaparte,
dono de um regime imperialista, considerado um
déspota e exilado na ilha de Santa Helena depois
de perder a Batalha de Waterloo; hoje é considera-
do um grande líder e símbolo nacional. E o que
dizer de George Custer, tido pelos norte-
americanos como um grande e destemido general na
luta contra as tribos indígenas, mas que, na
verdade, o que promoveu foi genocídio?

Estes são apenas alguns exemplos que ilus-


tram como pode ser dúbia a História. Até hoje
ainda não há consenso mundial acerca de quem foi o
primeiro homem a voar. Foi o brasileiro Santos
Dumont, ou os irmãos americanos Wright?

Poder-se-ia então dizer que a História é, em


grande parte, mentirosa. Mas, afinal, quem pode
viver sem a mentira? Como já foi dito em outra
feita, não é vantagem combater a mentira; melhor é
jornadear ao seu lado, para encontrar a verdade;
da mesma forma que se encontra: surto ao lado da
queda, plenitude ao lado da vacuidade, bonança ao
lado da tempestade.
Ah! História, História, História... Ela se
repete, ou é cíclica? Em quem acreditar? No venci-
do ou no vencedor?

Enquanto se espera que alguém diga às pesso-

- 113 -
as como elas devem conceber os acontecimentos -
que se insinuam ao receptor e são absorvidos
segundo a maneira como são conduzidos e reportados
-, os protagonistas continuam traçando a história
e marcando com suas pegadas este universo.
Quase ninguém se importa com a verdade por
detrás do mito, ou com as verdades e mentiras da
História; mas para o investigador atento, o ditado
é válido: “Pode-se colocar chifre na cabeça de um
cavalo, mas isso não o transforma em um unicór-
nio”.

- 114 -
PSICOLOGISMO

Para explicar o inconsciente coletivo,


muitas maneiras semelhantes são utilizadas. O
tema, incorporado ao estudo de Psicologia, foi o
fundamento das pesquisas de Freud e Jung.
Segundo eles, o inconsciente coletivo é
herança, é um registro que se traz ao nascer, de
experiências que toda a humanidade já teve, prin-
cipalmente relacionado aos temas humanos centra-
is. Esta teoria choca com uma outra bastante
popular entre os cristãos: a de que toda criança
nasce como tabula rasa. Como disse São Tomás de
Aquino (enfronhado nas suas hipérboles e copiando
Aristóteles): “Tabula rasa in qua nihil est scrip-
tum”(Uma tábua lisa, em que nada foi escrito).
Essa é uma discussão que gera muitos concei-
tos, preconceitos, teorias diversas, estudos,
análises, divergências, e envolve o evolucionis-
mo, o geneticismo, a sociobiologia, entre outros.
No entanto, o interesse aqui é analisar o
conceito individualizado sobre o inconsciente

- 115 -
coletivo e os “psicologismos”.

Enquanto Jung, depois de pesquisas acerca


do assunto, separou o inconsciente coletivo do
individual e ofereceu conceitos e bases para
caracterizá-los; outros pesquisadores ofereceram
conceitos similares e ao mesmo tempo diferencia-
dos sobre o assunto. O termo logo se estendeu para
o uso popular, e “inconscientemente” muitos
praticam ações proibidas pela sociedade.

Um indivíduo possui: o corpo físico, a alma


- que chamo de Kath's - e o espírito - que chamo de
Hunny. Ao contrário do que comumente se diz, o
Kath's não está presente no corpo físico, nem está
constantemente em contato com a pessoa. Durante o
viver no Universo Terra, a força - por assim dizer
- que rege as ações e pensamentos do humano, é o
programa inserido (ver coluna “Meio ambiente
transgressor da mente”). A pessoa diz-se incons-
ciente, quando o Kath's não está presente, e,
portanto, a sua índole não pode ser controlada.
Admitindo-se dois centros de comando no
corpo, pode-se dizer que a índole trabalha do hara
(epigástrio) para baixo, isto é, trabalha na parte
animalesca do corpo. Conse-qüentemente, ela não
denota somente as qualidades, mas também os defei-
tos inerentes ao carácter da pessoa. Dessa forma,

- 116 -
a índole é uma fase de fraqueza da espécie humana -
que tem sua formação sociológica fora dos
Princípios Cibernéticos; é animal, possui um
comando mecânico e vive segundo o programa.

O inconsciente coletivo não existe, é


apenas uma teoria proposta, a fim de tentar expli-
car os programas nos quais a humanidade está
inserida, e pelos quais suas atividades são regi-
das. A origem de muitos conceitos e programas está
na Grécia Antiga, região de cultura intensamente
povoada por mistificações e crenças não científi-
cas. Donde se pode afirmar que a Psicologia está
mal-embasada e sua credibilidade comprometida; o
que sucede não só com a Psicologia, mas com todas
as disciplinas que estudam os mecanismos mentais,
psicológicos, como a Psiquiatria e a Psicanálise,
que praticamente não funcionam, quando aplicados
como tratamento.
A maioria das pessoas que procura o curso de
Psicologia é desencontrada, tem a mente conturba-
da e está em desespero de causa. Precisa ser
tratada antes que, como formanda, se arvore o
direito de “consertar” a mente de terceiros.
Os psicologismos são charlatanismo e menti-
ra usados contra aqueles que se encontram preci-
sando de ajuda e estão longe do conhecimento.

- 117 -
O mundo está envolvido nestas pseudociên-
cias, e, mais de 100 anos depois da criação das
psicoterapias, analisa-se a situação caótica de
hoje, e pergunta-se: o mundo está verdadeiramente
melhor? Ora, não é necessária nenhuma outra
comprovação além da resposta honesta: Não.

Presa nas teorias de engodo, a humanidade


reza para uma nova religião (tão incompleta
quanto qualquer outra): a da mente.

- 118 -
LACUNAS DA LINGUAGEM

No peso da conversação filosófica, pode-se


fazer distinção entre a filosofia histórica e a
filosofia estórica. Todo indivíduo tem uma filo-
sofia de vida que lhe é própria e essa filosofia se
faz presente por idéias.

Na medida em que o indivíduo cresce em


conhecimento, dá largueza a sua própria filoso-
fia, tornando-se mais preparado para a sua aplica-
ção. E, quando aplicada, a filosofia própria
insere o indivíduo na consciência especial.

À parte da individualização existe a horda


humana, a massa, que, por não ter filosofia pró-
pria, se insere na consciência simples. No entan-
to, com ela também existe um ponto de apoio que,
embora não seja especial, nem utópica, podemos
chamar de filosofia, pois, pela lingüística,
divide-se a posição explicativa do termo, enqua-
drando-o como filosofia popular. Então se conclui
que uma verseta da filosofia popular faz-se, na
sua citação, como um provérbio que, muitas vezes,

- 119 -
sem ser filosófico, é aceito filosoficamente
pelos aspectos do provérbio que apresenta.

Os provérbios da filosofia popular, muito


usados em cidades do interior, já se estendem para
os centros urbanos mais desenvolvidos. Neles há a
citação de termos que estão grafados e gravados no
linguajar específico de cada povo ou região.
Eis uma citação bastante usada no sul, em
estado de comparação, na qual se pode perceber a
distinção mencionada: “Aquela menina é bonita
igual a uma laranja de amostra”. Nesta citação,
não há filosofia, nem adágio, nem provérbio... O
que há é uma aborresca. Esta dificilmente se
apresenta na palavra escrita, ela se apresenta
mais na fala. E uma fala regional, ainda que
registrada, não deixa de ser regional.

A citação acima não é lógica, não funciona


pelo “logo”. Observe a extensão: Logo, as meninas
bonitas se parecem com laranjas. Está correto,
pela lógica? Não! A citação é aborresca, porquanto
é uma comparação não descritiva que não possibili-
ta a aplicação do silogismo. Quando a postura sai
do “logo” comparativo, adentra-se ao “logo”
aritmético do signatário da palavra, e este pode
ser registrado, mas não é filosofia.

As comparações, os termos, os provérbios

- 120 -
são usados indiscriminadamente de forma tacanha e
obtusa, sem o conhecimento adequado e sem a noção
de seu significado. Procura-se adequar às normas,
embora as normas lingüísticas não sejam semelhan-
tes às normas filosóficas.
A obtusidade do resultado final é marcante:
palavras vazias, sem nenhum significado; discur-
sos regados de “não sei o quê”, pois, “não entendi
nada mesmo”. Pergunta-se por que um determinado
público não está apto para entender um conferen-
cista em particular, quando deveria ser pergunta-
do se o conferencista tem mesmo algo para dizer.
Pois, quem não tem o que dizer, dificilmente
consegue ser compreendido. E quando há excesso de
palavras na fala pensa-se que o nível intelectual
dos ouvintes é baixo.
Olhe-se para o Presidente Brasileiro: Quem
pode entender o que ele quer verdadeiramente
dizer?

Quando se vive na consciência simples e não


se tem autenticidade; vira-se uma casca aqui,
outra acolá.
Já dizia Abraham Lincoln: “É melhor calar-
se e deixar que as pessoas pensem que você é um
idiota, do que falar e acabar com a dúvida”.

- 121 -
MORAL X ÉTICA

“A índole é, muitas vezes, ocultada, outras


vezes, subjugada, quase nunca extinta. Em repre-
sália, a força faz a índole mais violenta; a
doutrina e o discurso a tornam menos inoportuna;
somente o costume alcança alterá-la e refreá-la”.
A frase é de Francis Bacon e encaixa-se adequada-
mente na abertura do texto que segue abaixo.
Após o nascimento, conforme a pessoa vai se
formando, a índole vai se apresentando através das
suas tendências. Essa mesma pessoa também está
sujeita a outras duas posturas: a ética e a moral.
Embora muitas orientações filosóficas as estabe-
leçam como similares, algumas escolas, como a de
Kant, faz uma distinção deveras importante.
Tendo em vista que todas as profissões
possuem seu próprio código de ética, pode-se
admitir que a conduta e o estilo de vida também a
têm. Pois a ética é um esquema, um sistema, um
procedimento; ela não individualiza nada, a não
ser o estilo; ela não personaliza nem abranda a

- 123 -
consciência (não personaliza, mas segura o estilo
de vida). Quando não há ética, a moral é violada.
Na ética temos as funções dos exemplos.
Já, a moral é personalizada e individuali-
zada, e portanto personaliza a atividade humana
social, o bem-querer, a assistência, a consciên-
cia; não tem exemplos, porque uma pessoa não
aplica determinada atitude a exemplo, e sim porque
já está implícito nela, a fluidez do universo em
ser reta, nobre, boa ou pura.
A ética é antropológica e trabalha mais a
nível sociológico. Ela oferece dialética na
aplicação. A moral é personal. Com ela, pode-se
dominar a situação, pode-se dar paz e tranqüilida-
de à consciência. Ambas, porém, trabalham em
conjunto na atuação humana neste universo. Pode-
se dizer que a moral está sociologicamente ativan-
do-se no viver particularizado, e que a ética
socializa-se para que a pessoa consiga viver entre
as demais. Tem-se a moral como estado de consciên-
cia, e a ética, como estado social. Não existe uma
hierarquia entre elas, porque ambas auxiliam no
bom andamento e funcionam como auxílio para a
compreensão do mundo em que se vive.

No Vietnã, os soldados tomavam drogas para


ficarem morais na ética do procedimento: “aqui, ou

- 124 -
se mata, ou se morre” dizia um comandante.

Se for estudada a aplicação dos conceitos,


possivelmente haverá incompreensão ou incoerên-
cias. Especialmente porque os conceitos se dife-
renciam de país para país, de religião para reli-
gião, de cultura para cultura. Observando de forma
crua, poderia afirmar que as regras de conduta, ou
mesmo as leis são todas inúteis. Não se bastam a si
mesmas e não norteiam o funcionamento individual
nem social da pessoa. O que na verdade o faz é o
condicionamento, que pode ou não ser concorde com
as regras ou leis.

E estendendo ainda mais o raciocínio, diria


que aquilo que se chama de impropriedade, ou se
classifica como mentira; é ou não condenável.
Depende de sua aplicação. Até parece uma análise
calculada para dar margem aos argumentos dos
influentes sobre os influenciáveis.

A assertiva é: “Se a sua consciência está


tranqüila, a moral está em pé; mas a ética anun-
cia: não leve ninguém com você!” Ou seja, ética e
moral são argumentos individuais trabalhando no
coletivo.

- 125 -
FESTAS PAGÃS

Estando no Ocidente, não posso deixar de


perceber as festas celebradas, ano após ano, em
datas especiais do cristianismo. A maioria das
pessoas nem se pergunta o verdadeiro sentido do
que está fazendo nessas épocas do ano eivadas de
posições supersticiosas. Sim, supersticiosas;
pois grande parte dessas datas nem tem origem
cristã, e as que têm e que deveriam ser celebradas
apenas pelos crentes nesse princípio religioso,
tornaram-se “comerciais” e “oficiais” a toda
sociedade.

Levando-se em conta que a democracia respe-


ita os argumentos da maioria, diz-se que os feria-
dos se referem às datas que atendem a maioria da
população; portanto, no Brasil, respeitam-se as
datas católicas, nos EUA, as datas protestantes,
na Inglaterra, datas anglicanas... Ora, determi-
nar se o Brasil é um país de maioria católica, já é
discussão antiga e não resolvida. Também não se
pode esquecer que o católico é um cristão, mas nem

- 127 -
todo cristão é um católico. O país é formado por um
pluralismo religioso, fortemente dividido entre
seitas e religiões cristãs, muitas das quais não
observam as mesmas datas.

A partir deste ponto, levanta-se um questi-


onamento: A população sabe verdadeiramente o
sentido das datas que comemora, ou está ela a
esmo, seguindo para onde os costumes levam?

Na sua totalidade, as festas ditas cristãs


hoje, já foram consideradas pagãs pela Igreja
Católica Romana. Note-se que paganismo não quer
dizer “aquele que não é cristão”. Paganismo era
uma religião que cultuava a natureza, era polite-
ísta e não teve profetas. Celebrava, através de
cultos e festas populares, a vários deuses, acon-
tecimentos como colheita ou chegada da primavera,
e respeitava as demais doutrinas existentes.
Com o objetivo de evangelizar (doutrinar),
os costumes antigos foram suplantados pelos da
“nova religião”.

O ano-novo, comemorado em 1º de janeiro, é


uma data relacionada com o calendário ocidental.
Muitas culturas possuem calendários diferentes do
Gregoriano, de origem cristã. O 25 de dezembro,
dito nascimento de Jesus, é data de comemoração ao
deus Sol (Natalis Solis Invicti, Natalício do

- 128 -
Grande Sol), e marca as Saturnálias (festas ao
deus Saturno). O cristianismo ainda não sabe
quando nasceu seu messias, e, ainda, era costume
pagão comemorar a data de aniversário, o que a
Igreja desaprovava. Como o povo não conseguia se
desprender desse festejo antigo, a Igreja viu por
bem oficializá-lo. A Páscoa era uma festa com
oferendas para os deuses da colheita, posterior-
mente foi lembrada pelos judeus pela travessia do
Mar Vermelho, e somente então, introduzida pelos
cristãos no séc. IV desta era “calendarial”. Ela
precede o Carnaval (originalmente Bacchanalia, ou
bacanal, festival dedicado a Baco, deus do vinho e
da orgia) e a Quaresma (quarenta dias para se
purificar do bacanal).

Também os símbolos, utilizados em todas


estas e outras festividades, foram introduzidos
posteriormente, ou absorvidos do paganismo, com
um significado novo.

As interpretações sobre as datas comemora-


tivas ocidentais estão mais do que equivocadas. O
culto a um deus, a um profeta, a um messias,... é
mais do que uma comemoração, é um envolvimento
comprometido por uma crença.

É reclame antigo meu, o facto de a pessoa


não pensar por si própria, não desenvolver um

- 129 -
conhecimento acerca do que está praticando, e
aceitar doutrinas sem questionar. Para ser um
sapiente, o indivíduo deve buscar, acima de tudo,
o conhecimento; pois o conhecimento leva à liber-
dade. E como pode ser livre, verdadeiramente, quem
não conhece o que está seguindo, e não tem plena
consciência de suas “escolhas”? Há validade em
fazer o que faz, se não há crença, se não traz
benefício a si, ou aos seus?

Quanto se perde com essas comemorações?


Quantos morrem durante viagens desesperadas?
Quantos se endividam por presentes e glutonarias?
Quanto é desperdiçado em festas?...
O mais triste é que não vejo solidariedade,
não vejo melhora humana, não vejo compromisso
sério para boas concretizações futuras. O que vejo
é uma forma de mentir para o povo, a fim de tentar
mantê-lo em uma falsa crença. Vejo uma forma de
aumentar o comércio, uma fuga para o desespero
social.
Não é espanto que as Igrejas e o Estado
prefiram um povo tacanho a um povo esclarecido.
A espécie humana continua a mesma há milêni-
os. Não mudou, não cresceu, não evoluiu. Só muda-
ram as vestes, a condução, os nomes... Retifico,
uma única coisa mudou: o facto de não ser comum o

- 130 -
sacrifício humano. Entretanto, animais continuam
sendo sacrificados e oferendas continuam sendo
feitas.

- 131 -
KUBERNÊTES

A Universidade que idealizei, e cujas


atividades vem sendo desenvolvidas desde 1998,
finalmente está registrada junto aos órgãos
competentes. Isto é motivo de alegria e satisfação
para mim.

Alguma dificuldade ainda encontro em expli-


car a Cybernetyka. Note-se que é grafada de forma
diferente da convencional (Cibernética), justa-
mente porque seu significado está fora do usual.

A teoria da Cibernética tornou-se popular


pela aplicação dada por Norbert Wiener, no fim da
década de 40. Com ele o tema atingiu o cerne dos
debates que culminariam com Roger Penrose.
Divergências à parte, o termo é muito mais antigo.
Platão foi o primeiro a utilizar-se dele (em grego
kubernêtes), dando-lhe a acepção de “timoneiro”.

Como a Universidade por mim idealizada


utiliza-se do conceito e dos princípios da
Paidéia, nada mais natural do que se firmar no
conceito de Platão para Cybernetyka.

- 133 -
Enquanto as diversas teorias são debatidas
nos meios acadêmicos, e esta nova acepção é estru-
turada pelo tempo (como todas hão de ser), regis-
tro este assunto como completo, conduzindo este
texto através daquilo que se percebe atualmente:
que se fez da Cibernética um grande bibelô comer-
cial (como haveria de ser na era do hardware e do
software em larga escala e das palavras contidas
nos dicionários de cibernetiquês).

Não sabendo mais como posicionar a quanti-


dade sempre crescente de novas palavras, o humano
ainda cria coragem para encontrar novos signifi-
cados às velhas palavras. E, mesmo, brincar com as
palavras é um caminho popular do poeta e do bom
mentiroso.
Qualquer pessoa que se empenhe em pesquisar
sobre a Cibernética encontrará conotações diver-
sas (e absurdas) que derivam (ou não) dos princi-
pais conceitos. Há desde guerra cibernética, até
vaca cibernética (?), passando por cirurgia
cibernética, cibernética bucal, cibernética
mental, diplomacia cibernética, mãe cibernética,
quadrilha cibernética, passeata cibernética,
religião cibernética, cibernética pastoral...

Analisando a vassoura cibernética da bruxa


moderna (uma versão pouco glamourosa para o roman-

- 134 -
ce de Harry Potter), pode-se dizer que a imagina-
ção popular é mais fértil do que se poderia supor.
A criatividade humana não tem limites, nem mesmo
para criar lixo.

Não me considero um purista, nem mesmo um


preconceituoso quanto à evolução da linguagem.
Faz-se necessário que o estudioso se desenvolva na
filosofia e nas letras, a fim de dar embasamento
às novas construções do saber. Como se costuma
dizer: “Uma nova ciência, necessita de novos
cientistas e de nova nomenclatura”. Entretanto,
não sei o que uma vaca cibernética poderia fazer
de útil para a sociedade humana. É necessário que
uma vaca monitorizada via satélite, transforme-se
numa vaca cibernética? Ela não poderia ser sim-
plesmente uma vaca monitorada via satélite? Bem,
tentando compreender por uma ótica mais ficcional
(e a ficção é a predecessora do facto) como mos-
travam George Orwell, H.G.Wells ou Isaac Asimov,
talvez a vaca se tornando cibernética acabe por
liderar a próxima “Revolução dos Bichos”. Se assim
for, faz-se premente acabar com a possibilidade,
mesmo que remota, de outras espécies (biológicas
ou não) controlarem a espécie humana, deixando
unicamente para ela a incrível tarefa de enganar-
se a si mesma, fazendo da sua mente um acampamento

- 135 -
de novas e velhas tendências emburrecedoras que
levem definitivamente e com grande galhardia ao
caos, à desordem e à aniquilação total.

Não será tarefa fácil, mas tenho certeza de


que a humanidade está no caminho certo para
concluir tal “missão”. Basta continuar abarro-
tando as mentes incautas com superstições calca-
das em “Novas Ordens Mundiais”.

- 136 -
ACHISMO

A espécie humana está vivendo em uma época


de profusão cultural. Encontra-se banhada por
conceitos gerais e conceitos específicos, e está
embasada pelo conhecimento de intelectuais das
mais variadas áreas.

Tudo isso, pode-se supor, leva a um maior


entendimento das questões fundamentais da socie-
dade como um todo, e do indivíduo, em particular.
Acredita-se que é mais difícil cometer erros de
julgamento, assim como é mais fácil encontrar a
melhor solução para uma crise. Entretanto, nem um
nem outro o é de facto.

Essa profusão cultural foi criada pela


ânsia de conhecimento, pela necessidade emergen-
cial de encontrar um guia, um sábio, um douto, um
alguém que pudesse responder a uma pergunta cruci-
al, em um momento de conflito. Nunca, porém, em
nenhum momento, houve o gabarito necessário para
uma abordagem séria e despretensiosa; nunca
alguém foi capaz de dar a certeza ao seguidor e

- 137 -
necessitado cidadão globalizado.

Quando se assiste a reportagens televisivas


tem-se a oportunidade de conhecer a opinião dos
ilustres representantes da sociedade. Sempre tão
leais à sua “ciência meio-exata”, qual um político
à sua legenda.

De um lado, o entrevistador; e do outro,


dois especialistas em economia internacional: -
“Então, senhores, a Argentina quebra, ou não
quebra?” Pergunta seriamente o entrevistador. -
“Acho que quebra, porque...” - disse um dos entre-
vistados. - “Acho que não quebra, porque...” -
disse o outro.

Agora o entrevistado é um embaixador: - “O


que o senhor acha da guerra no Iraque?” - “Acho que
nossos governos não sabem o que estão fazendo!” -
“É mesmo, e o que o senhor acha que deveriam
fazer?” - “Acho que deveriam mudar de estratégia!”

A pluralidade de opiniões sobre um determi-


nado assunto, especialmente se opiniões divergen-
tes, evidencia um maior preparo da sociedade. Se
toda uma população estiver de acordo, é aparente o
conhecimento pobre dessa população. Pois, além de
compreender de forma diferente uma mesma posição,
articular de forma diferente e externar de forma
diferente, os componentes intelectualizados são

- 138 -
sempre diferentes, uma vez que são formados pelas
experiências de cada indivíduo. Porém, quando as
análises adentram ao campo lógico, quando preten-
dem ser exatas, pode-se perceber de forma mais
patente que nada de lógica possuem, e que o conhe-
cimento não é, de forma alguma, exato.
Para manter o caráter de legalidade, o
humano, viciado em exatidão, procurou fazer
ciência em todas as áreas do saber.

As figuras de linguagem, os eufemismos, os


sofismas são gerados pela incompreensibilidade
racional humana. São recursos trazidos para
amenizar assertivas irreconciliáveis. O que é um
asserto? Justamente uma “opinião emitida como
verdadeira, ou assim considerada”, segundo o
Dicionário Houaiss.

O “Acho que” demonstra mais do que uma


opinião. É mais do que um som vocálico composto.
Possui um significado intrínseco. É um símbolo da
moderna linguagem; é uma forma de dizer: Não sei
quem, disse-me que não sei o quê, custa não sei
quanto, não sei onde.
Tudo é uma questão de pressuposição. O
achismo tornou-se o bode expiatório do analista
especializado moderno. E assim nasce mais uma
ciência lógica: a Achologia. Esta é a “ciência

- 139 -
meio-exata” a que me referi. E se o leitor nunca
ouviu falar nesta ciência, tente “Achometria” ou,
simplesmente, “Achismo”.

Qualquer um pode ser um especialista em


Achologia, qualquer um pode fazer análises sobre
qualquer assunto, enfim... Qualquer um pode se
tornar doutor. Basta para isto ter opinião sobre o
que quer comentar, não estar certo se esta opinião
tem embasamento ou não, e sair propagando aos
quatro ventos: Eu acho!

Minha recomendação para aquele que quer se


manter são, que não quer se perder em posturas
(in)verossímeis: seja campeão de ilógica!

- 140 -
O SEXO DEVE SER LIVRE,
PORÉM, RACIONAL

O sexo, como qualquer outra coisa, sofre


influência dos costumes, do ecossistema e da
própria região. Concernente a este assunto há uma
clara distinção entre Oriente e Ocidente. Há
também, hoje, a procura por um certo equilíbrio
entre as partes, mesmo em relação a situações tão
díspares como as práticas sexuais (algumas gozam
de liberdade apenas aqui no Ocidente, enquanto
outras, apenas no Oriente).

No Ocidente, o sexo esteve sob o jugo das


religiões que o estabeleceram como tabu, como
perigoso e pecaminoso. Não se pode atribuir a
culpa a uma organização específica, mas a uma
situação religiosa dominante. O homem e a mulher
ocidentais vieram reprimidos desde o berço. Com a
abertura das "sacristias", o povo jogou-se ao sexo
totalmente despreparado. Daí surgiram a pornogra-
fia, a função sexual desregrada, vilipendiada.

A moralidade religiosa manteve a personali-

- 141 -
dade individual; não há o casal, e sim a pessoa.
Durante o sexo era (é) comum ouvir: "Ai meu Deus!"
Ou pior do que isso: "Que boca suja, que posição
profana..." e por aí segue. A mulher, sempre
objeto temeroso por todas as religiões machistas,
era mero vaso de descarga. E ela, fazendo jus a
estes preconceitos, acomodava-se formando estig-
mas sociais: boa mulher é a dona de casa, que cuida
dos filhos, das roupas, da comida, e deita-se com
o homem para satisfazer seus desejos. Apenas os
desejos masculinos, nota-se. Pois uma mulher que
possuía desejos era considerada promíscua. A
mulher de desejos era a mulher perfeita para ser a
"amante", nunca a esposa. As mães ainda ensinam as
filhas a fazerem greve de sexo para castigar seus
maridos. Francamente, isso só os leva para os
braços de outra.
O Tantra oriental veio propondo mudanças. E
ele veio com a liberação feminina e com sua con-
quista de espaço na sociedade e no mercado de
trabalho. O Tantra preceitua que não se deve levar
ao ato sexual os fantasmas da repressão comumente
liberados nessas ocasiões, tais como o pai, o
deus, o padre, o livro religioso... Ali deve ir
apenas o amante e sua amada, a amada e seu amante.
Ali eles devem ser livres das peias, eles, lite-

- 142 -
ralmente, atiram-se "de cabeça" ao que é belo.
Nesta predicação tudo está liberado, desde que
exista o amor da entrega e da troca. Pois no ato
sexual a personalidade, até então mantida pelas
religiões, é sacrificada. A linguagem fica solta,
desreprimida; o pejorativo deixa de sê-lo.
Hoje a mulher caminha a passos largos para a
plena liberdade de escolha, da mesma forma que o
homem, apesar dos movimentos que visam a impedir
isto. E para fazer frente ao novo mundo que se
apresenta, a primeira necessidade a ser respondi-
da é a necessidade de decretar o fim da repressão
sexual.
O sexo deve ser livre, sem bloqueios. Chega
do "Crescei e multiplicai-vos e povoai a terra". A
Terra já está povoada, não precisa de mais nasci-
turos, então para que permanecer no preceito de
que sexo é só para procriação? E se não for para
constituir família, porque o casamento? Para
dizer: você é minha, você é meu, não pode dar para
mais ninguém? Haverá, como há, em grande propor-
ção, a traição.
Não concordo com a visão de que os casais
morem sob o mesmo teto, nem que compartilhem tudo.
Deve haver liberdade entre eles. Havendo liberda-
de, não há traição, há compreensão. Entendem-se, e

- 143 -
aceitam-se mutuamente. Cada um pode ter outro
parceiro sexual, ou o casal pode ter mais pessoas
juntas no seu momento de sexo. Podem praticar sexo
com animais, ou tantas outras modalidades que
existem, e, talvez, criar uma modalidade total-
mente diferente. Por que não?

Às vezes é bom liberar aquele desejo secre-


to, a tara escondida; quebrar a rotina e mergulhar
no momento, mantendo sempre o cuidado para não
levar o ato à banalização, para não ofender o
companheiro, a companheira e não complicar outras
pessoas.

A pessoa que tem uma vida sexual boa e larga,


uma vida sexual plena, é uma pessoa feliz e próspe-
ra. Sua sexualidade é ativa e organizada, não
existe o martírio da impotência ou da frigidez.
Sexo é celebração. Se estiver sob a prédica
do medo, do pecado, do horror, não há celebração.

- 144 -
PRÁTICAS (I)LEGAIS?

Freqüentemente a humanidade é assolada por


questões que não podem ser facilmente resolvidas.
Isto porque para se resolverem estas questões,
serão mexidos com os costumes, os conceitos e as
crenças de toda uma sociedade. Uma delas, sem
dúvida bastante explorada, refere-se a determinar
satisfatoriamente o que é vida.
Vida seria aquilo que está em movimento?
Organismos biológicos? Objetos animados? Há quem
diga que a vida é um mistério; que a vida é infini-
ta; que é finita; que é inexplicável, sempre na
ânsia de tentar explicá-la.

Com evidência, se não é possível encontrar


um conceito universal para vida, as questões
abordadas pela bioética permanecem incompletas,
entre elas, o aborto.

Retirar um embrião do útero é crime condená-


vel, não o seria também retirar e comercializar
ovas, em forma de caviar? E o vitelo, criado para
ser comido no farnel farto dos antropófagos e

- 145 -
canibais humanos "racionais", que se dizem filhos
de um deus que adorava o sacrifício dos vitelos e
dos fetos, e se regozijava com o cheiro da carne e
do sangue queimando?

Se for analisada biologicamente a formação


de um organismo humano, pode-se perceber que
durante os primeiros meses logo após a fecundação,
aquilo que cresce e se desenvolve no útero não é um
"ser", como se costuma dizer, é um embrião. O
embrião não é ainda um feto, ele é um punhado de
células multiplicando-se. É indistinto, disforme
e completamente destituído de qualquer função.

Os cristãos em geral, e os fundamentalistas


de todas as organizações religiosas (com raríssi-
mas exceções), insistem em dizer que o aborto é
proibido porque a alma será perdida; e os purita-
nos, que se está matando uma vida. Ora, nem um, nem
outro.

Em vez de tentar refutar estas colocações


com uma explicação lógica, argumenta-se de forma
diferente:
h Não é próprio da liberdade democráti-
ca fazer todo um povo seguir uma lei baseada em
princípios religiosos, uma vez que esse mesmo povo
não segue essa dogmática religião.

h A ciência se faz com ou sem consenti-

- 146 -
mento. A história já mostra que se for bloqueada
em um lugar, ela encontra asas em outro.

h O que fazer com as mães que foram


vítima de estupro, e não querem o filho? Ou com as
crianças com má formação, e que irão desencarnar
ao nascer? E o que dizer da gestação de risco?

h E as jovens que, por mero descuido,


engravidam antes de terminar o colegial?

Ouve-se que o sexo é somente para a procria-


ção, que o descuido não é obra do acaso, que a
religião "tal" é a maior expressão dos desejos de
deus, e assim prossegue indefinidamente. Isto não
minimiza a dor, não diminui o sofrimento, não
resolve os problemas que a sociedade humana
enfrenta, porém.

Se cada indivíduo é livre para escolher


aquilo que lhe convém, se ele tem responsabilidade
para arcar com essas escolhas, então porque é
necessário bloquear algumas práticas, enquanto se
liberam outras?
É interessante notar que muitos dos que
legislam já recorreram às práticas que condenam.
Tratar as situações como acasos genéricos é
mais fácil e rápido, porém, não o melhor.
O Brasil observa as normas de outros países,
porque não tem noção, não tem filosofia própria.

- 147 -
Por conseguinte, torna-se cego quando precisa ver
que está seguindo o atraso, o descaso e a hipocri-
sia.

- 148 -
PAZ E AMOR, BICHO!

Amor, Poesia e Liberdade funcionam recipro-


camente, além dos sensores humanos.

Tudo, no viver individual, se parece com


poesia. Sim, poesia da liberdade e do amor. Falar
ou cantar a liberdade é cantar poeticamente o
amor.
Ao atingir as elevadas alturas do sublime,
do transcendental, sem as orientações espiritua-
is, o indivíduo não pode viver. É somente por meio
dos viajantes espirituais dos mundos adiantados
que ele encontra êxito nas lutas evolutivas.

Isso porque, pelas experiências humanas, os


programas da matéria e os programas sociais impe-
dem o indivíduo de caminhar para o mais além. Ele
se condiciona ao plano, fica bloqueado na visuali-
zação deste além (chamado de além da compreensão,
além do alcance dos olhos humanos).
E, pela poética busca deste além, é necessá-
rio fazer utopia, que impulsiona à plena realiza-
ção.

- 149 -
Viver é isto, buscar constantemente a
evolução; é galgar o cume das montanhas. Na evolu-
ção, a poesia acompanha o caminhante que descobre
cada vez mais novos modelos.

É bem certo que na compreensão da ciência,


haja um nobre baluarte para orientar a evolução. A
ciência, pelas suas constantes descobertas,
oferece todos os dias um modo diferente de encarar
as coisas da natureza e de compreender o universo.
Nenhuma lei é fixa, constante; todas elas são
portas entreabertas, fácil de serem escancaradas.

Este estágio de constante mutação evolutiva


é próprio de todos os seres. Nada é eterno. Tudo é
singular.
Sabe-se que a compreensão humana pôde
apenas imaginar uma pequena parcela do Todo, e
está longe da compreensão do mesmo. Portanto,
todas as vivências existenciais são ainda efême-
ras se comparadas ao que está desconhecido.
Mesmo assim, deve-se viver mais leve, deve-
se galgar a montanha sem bagagem pesada. Então
virá a propriedade de mover-se entre o complicado
e o simples, entre o difícil e o fácil, entre a
essência e a existência. A vivência far-se-á
intuitiva, e esta será por demais fecunda.

Onde está a liberdade está a repreensão. E

- 150 -
esta, sendo demasiadamente pesada, incorre na
perda da vontade de prosseguir. Caminhando intui-
tivamente, utopicamente, será mais difícil perder
a liberdade pelas duras repreensões.

Libertando-se dos grilhões, desenvolve-se


o direito à liberdade, pela poesia e pelo amor.
Pois se estivesse procurando a liberdade pelas
leis estabelecidas, não a encontraria.

O humano, aprisionado às regras existencia-


is, pugna instintivamente pelos seus direitos
constitucionalizados. O indivíduo, liberto pela
poesia e pelo amor, busca a compreensão e a reali-
zação essencial, isto é, desgarra-se rumo ao
indefinido.
Isto não é dogma, não é seita, não é norma;
isto não é uma religião, mas é religiosidade no
seu sentido mais pleno: não se limita a um só
mundo, a um só povo. É universal. Sem nome, sem
marca, sem título, sem hierarquia patrimonial; é
livre. É amor e é liberdade.

Abaixo à religião, à política; "não faça


guerra, faça amor".

- 151 -
BRASIL: O PAÍS DA CPI

O Regime Militar terminou no Brasil apenas


em 1985. O país tem um tempo curto de democracia, e
é relativamente novo em sua formação. Este não
deveria ser um facto que demonstrasse a fragilida-
de do sistema, mas é. Na tentativa de explicar os
motivos que levam ao alto grau de corrupção entre
as bases governistas, imagina-se de tudo.
Não é segredo que qualquer país do mundo
sofre o mal da corrupção, nem novidade quando um
"escândalo" político é veiculado ao público.
Porém, é de espantar o facto de este país fazer
tanto estardalhaço com seus problemas internos,
mostrando à comunidade nacional e internacional,
sem vexame algum tantos desvios, tantas falcatru-
as, e, principalmente, CPIs. Como conseqüência,
não é de espantar que analistas vejam o governo
nacional como "inabilitado" para manter a ordem e
a estabilidade.

A América Latina, (ou, não seria melhor


América Latrina), analisada como um bloco inte-

- 153 -
gral, é corruptível porque foi formada sem filoso-
fia. Todo país que teve suas riquezas materiais
exploradas sem retorno em investimento, foi
largado à deriva, qual um barco sem capitão.
Destituídos de amor pela pátria, o povo contentou-
se em aceitar do governo um nome: "democracia",
neste caso, menos que um conceito. O direito ao
voto foi e é visto como substitutivo de boa gover-
nança.

A Constituição Brasileira dá margem para a


corrupção. Isto porque suas bases foram estabele-
cidas sobre regimes falidos de outros Estados
colonialistas e de religiões.
Além da proliferação de partidos políticos,
não há fidelidade partidária, facto que denota: ou
os políticos não possuem mais o idealismo necessá-
rio para bem executar suas ações, ou os ideais dos
partidos são todos iguais, isto é, não existem.

Ultimamente, o que tem sido possível perce-


ber é que o Brasil ganhou uma caracterização
negativa: O país da CPI. Note-se que grande parte
dos brasileiros nem sabe o que quer dizer CPI.
"Comissão Política de Investigação", "Crimes
Políticos Investigados", "Comitê Público de
Investigação", "Conjunto Político Imoral",
"Conselho Público Ineficiente", e assim segue.

- 154 -
Pela Constituição de 1988, a Comissão Parlamentar
de Inquérito tem os mesmos poderes que qualquer
autoridade judicial, e é caracterizada como
"temporária"... Emendar uma à outra ainda é tempo-
rário?
Os acusadores dessa comissão são, em sua
grande maioria, mais culpados do que os próprios
acusados. O depoente é considerado réu criminoso
de alta periculosidade, mas é chamado de Vossa
Excelência. Se todos os acusados forem cassados ou
renunciarem, não haverá alguém para governar este
país. Se o congresso e as câmaras forem sacudidos
e peneirados, não sobrará o suficiente para o povo
contar vantagem da pureza do governo brasileiro.

Mas em uma coisa todos concordam: o inquéri-


to é importantíssimo para demonstrar como são
despreparados e incultos os "representantes do
povo". Quantas perguntas infames, sem contar o já
famoso resultado: "pizza".

Com juramento ou sem, a condução é a mesma.


Se o povo se rebela, pede impeachment, se não,
"atura" a situação. Vive na esperança de que "o
próximo governo será melhor". E sempre insatisfe-
ito, procura encontrar uma razão para os aconteci-
mentos, forjando respostas frágeis.

É muita bagunça o que se assiste, no mínimo,

- 155 -
deveria haver vergonha de mostrar!

Apesar de ter sofrido durante a ditadura,


estou quase a favor de novo Regime Militar, pois
isso traria um pouco de ordem. Ou talvez, podería-
mos tentar o anarquismo, embora este não seja um
governo e sim um sistema em que ninguém governa.
Se nenhuma das duas sugestões funcionar, convido o
leitor a sair deste país, vislumbrar outros, de
preferência, a Europa - Suécia, Mônaco, Áustria,
Inglaterra - ou até a Finlândia. Ou ainda, vamos
dar uma demão ao Timor Leste, formando uma boa
comunidade de brasileiros. A França não. É um país
muito frouxo, e por sinal temos algo de francês no
Brasil. Descoberto por portugueses - fracos na
governança - misturados com espanhóis, piores que
os portugueses (quando penso na Espanha, lembro
das atrocidades de Fernão Cortez e da famosa
inquisição espanhola). Mas a roça é velha e já se
diz: "burro velho não recebe cangalha nova".
Existe a frase: "Brasil, ame-o ou deixe-o". Com
toda esta corrupção, com toda essa traição, essa
infidelidade não há como amar é melhor deixar!

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Arrojadas, provocantes e revolucionári-
as; assim são as crônicas reunidas neste
livro. Enfocando temas atuais na nossa
sociedade, como a inteligência, o amor, o
normal e o anormal, as crenças, o ter, o
bem e o mal, a utopia, a vitimação, o fun-
damentalismo, o sudário, a engenharia
genética e o aborto, a mentira, deus, a
linguagem e a psicoterapia, o sexo, a
liberdade e a política, o autor remete-
nos a uma análise irreverente sobre o
mundo que nos cercaa.
Sacou, bicho?! oferece originalidae e
modernidade ao destacar e criticar o

ISBN 978-85-89663-03-8

Visite-nos na Internet:
www.editorauea.com.br
Outras obras:
O Choque do Presente - Fure o esquema
e encontre espaço no seu universo
Dr. Will’S Mak’Gregor
282 pags

O CHOQUE DO PRESENTE é um livro que


não deixa o leitor se tornar passivo,
isto é, inquire e faz inquirir.
Desmontando os padrões do conhecimen-
to humano, ele investe de frente
contra o convencionalismo subvencionado da moderni-
dade, imergindo num complexo sistema de pesquisas
que vai além, muito além da imaginação humana.
“Dr. Will’S Mak’Gregor desestrutura todas as formas
consagradas do pensar. As suas análises retomam
todos os temas da atualidade a fim de revisálos pela
raiz. Este é um livro que não apazigua. Provocador,
polêmico, crítico e revisionista, levará o leitor à
inquietação para que reveja e se reveja.”

Haytchãna - A vida pelos ensinamentos


Organização: Edeuta SynGonda e Mirdad
ISBN 978-85-62336-06-5
364 pags

Esta obra traz os ensinamentos de


Haytchãna pelas mãos e interpretação
de duas edeutas-mor da UEA –
Universidade de Estudos Avançados. Ao
longo dos anos de estudo e das horas
dedicadas à pesquisa livre, é possível, àquele que
busca compreender este mundo e os mistérios que o
transcendem, abrir um leque maior de conhecimentos
rumo à evolução kósmica. “Haytchãna – A vida pelos
ensinamentos” é sensível aos mais atentos, pois
transcorre vários e produtivos anos de mensagens
altruístas que não visam outra coisa, senão trazer o
despertar, o crescimento e a superação de cada um
que trilhe esse caminho. Leia, pesquise, sinta-se
bem. O que lhe serve, acrescente, procure interpre-
tar. E que a força do universo esclareça sua cami-
nhada
Nem Ciência, Nem Religião
Mestre Haytchãna
ISBN 978-85-62336-00-3
176 pags

O despertar para a Consciência é um


ato voluntário do indivíduo. Para
perceber que existem caminhos além dos
trilhados tradicionalmente, é preciso
despertar. "Nem ciência, nem religião"
é um título que representa toda a essência da obra.
Permeados entre a ciência e a religião, os ensina-
mentos trazem uma variedade grande de opções para a
pesquisa de fenômenos pouco compreendidos e tidos
como inexplicáveis. Este universo é misterioso, e
por isso mesmo desperta o sentido aguçado da vibra-
ção e da busca.

Herdânly - Caminho ao 5º Universo


Mestre Haytchãna
ISBN 978-85-6233-601-0
330 pags

Herdãnly é um Universo ímpar de nível


evolutivo acelerado, localizado na
terceira virada da Galáxia. Deste
centro de força partem seres em
missão a outros Universos, com o
objetivo de auxiliar no crescimento de novas civili-
zações que ainda estão em menor grau eolutivo. As
missões a outros mundos (paralelos) comportam levar
ensinamentos que promovam o despertar da consciên-
cia, e, através desse caminho, a iluminação. Pois,
somente seres iluminados têm a clareza do crescimen-
to e do sentido da vida. A mensagens contidas neste
livro são colocações breves, mas profundas, em
vários âmbitos orientativos do saber humano, que
tocam o tri-cérebro. Foram escritas para meditações
diárias que visam esses despertar da consciência do
indivíduo em escala superior.
Livro e Audio-Livro -
Encontro com a Sabedoria -
Em demanda ao 5º Universo
Dr. Will’S Mak’Gregor
ISBN 978-85-89663-04-5
200 pags

Este livro traz à compreensão o mundo


em que estamos vivendo, esta Nova
Era. A pessoa se sente confortável
quando há estabilidade, mas esta Era é avessa à
estabilidade, ela é de mudanças constantes, onde não
há estagnação. Isso é bem comprovado pela necessida-
de sempre presente de tornar a ficção uma ciência,
ou seja, procurar a comprovação científica em todos
os lugares, mesmo nas visões, ou, abordagens,
diferentes dos grandes mistérios humanos. O autor
visita muitas dessas questões investigativas da
humanidade e apresenta posturas excêntricas que
explicitam o desejo humano de alcançar as respostas,
que estão justamente naquilo que não se espera ser
comum. Faz uma interessante análise sobre a missão e
onde se encaixa o destino e a pré-destinação; o que
consiste a evolução, passando pela origem da maté-
ria. Assim, também analisa a Realidade e o
Indefinido à luz da Ontologia, deixando de lado a
Metafísica. Propõe novo método para a compreensão do
lado obscuro deste universo, indicando caminhos para
evoluir e trilhar o crescimento espiritual, intelec-
tual e emocional. É necessário se adaptar, aceitar e
acompanhar as mudanças se quiser triunfar. Por isso
é tão importante estar aberto e pronto para a
evolução. Nada é impossível para aquele que deseja e
age.
O Mundo Maravilhoso do Cérebro-
Ciência
Dr. Will’S Mak’Gregor
ISBN 978-85-89663-10-6
190 pags

“O mundo maravilho do cérebro-


ciência” é o nosso mundo. O cérebro é
o principal órgão do corpo e o menos
conhecido. A ciência, atual e sempre ativa é respon-
sável por tudo o que temos hoje. Se falamos ao
telefone, usamos o microfone, vemos o horário
digital é porque a ciência esteve lá. E em algum
momento, quando todos estiverem acostumados com o
que já existe, haverá um louco criando coisas novas.
E seremos obrigados a aceitá-las; até iremos desejá-
las. Você quer saber sobre a mente, os programas da
máquina, a ressonância, os três cérebros e as
revoluções tecnológicas? Então não pode deixar de
ler este livro!

E a vaca foipro brejo


José da Silva Filho
ISBN 978-85-89663-12-0
220 pags

Este livro é vetado para menores de


18 anos.
Cuidado:
A leitura deste livro pode causar
ansiedade, ataques de riso e raiva,
euforia, mal-estar...
Não recomendado para pessoas portadoras de: Doenças
cardíacas, Nervosismo, Depressão, Síndrome do
pânico, Pudor, Timidez.Não espere seguir padrões,
regras, métodos, seqüências lógicas, parâmetros de
comodismo ou conformismo. Neste livro você vai
encontrar muito mais o non-sense, o lugar nenhum, a
falta de lógica e muito, muito bom humor.
Não abra o livro com conceitos formados, preconcei-
tos ou dúvidas.
Pois, coisa alguma é ofensa para o espírito livre.
E, daquilo que você discordar, ria!
Quinta-Essência do
Método Mak’Gregor
Dr. Will’S Mak’Gregor
ISBN 978-85-89663-11-3
357 pags

Existem muitas formas de transmitir


um conhecimento. Como sabemos, essa
transmissão não é exclusiva da espé-
cie humana. Entretanto, um fator que diferenciou
fortemente as características de aprendizado e
conhecimento entre as espécies foi a linguagem. O
humano pensa, experiencia, conclui e julga; ele é
capaz de transmitir isso a qualquer um que esteja
interessado, apto ou mesmo presente, através da
linguagem. Falada ou escrita, ela passou a ser muito
mais eficiente do que os gestos apenas. Aqui está um
texto assaz importante, não só do ponto de vista
intelectual, mas também prático. O Método, que
recebeu o nome do seu pesquisador, parece propor
novas premissas para os antigos conceitos. Ele
utiliza uma nomenclatura diferenciada e, inclusive,
cria novos termos, discute cientificamente algumas
posturas e analisa a própria ciência com proprieda-
de. Aquele que estiver lendo é recomendado a abertu-
ra de consciência e despretensão. Estude, pesquise e
debata, vá às fontes históricas, filosóficas e
científicas antes de conjecturar e emitir qualquer
opinião. Lembremo-nos do que disse Carl Sagan: “O
que hoje começou como novela de ficção científica,
amanhã terminará como reportagem”. Os sensores
humanos determinam o comportamento, a vontade, a
direção, as preferências. Isso porque os sensores
fazem o contato do meio externo com o corpo, e, ao
captar as alterações, promovem internamente um
reflexo. Este reflexo não é apenas sensorial, pois
promove uma mudança mais profunda.
Sim, Sim; Não, Não
Não sou a favor nem contra, muito
pelo contrário
Dr. Will’S Mak’Gregor
ISBN 978-85-89663-01-9
214 pags

Sim, Sim; Não, Não foi escrito para


cabeças pensantes. Objetivo e claro, o
livro trata da cultura Ocidental tecnológica e
criativa e olha para a cultura Oriental expansiva e
ao mesmo tempo dependente.
Ciência e Tecnologia, Religião, Engenharia e
Arquitetura, Música; são algumas áreas discutidas
segundo suas bases históricas e seu desenvolvimento
durante os séculos. A aplicação sócio-cultural
dessas áreas, bem como sua influência sobre o
conhecimento humano, são discutidos como objetos de
modelação do caráter e dos costumes.
A tensão gerada pelos assuntos explosivos é descon-
traída pelas passagens bem humoradas, seguidas por
questionamentos, incluídos para que, aquele que se
aventura na leitura, pense sobre si e suas conven-
ções, que foram estabelecidas de forma sutil.
Além da riqueza de argumentos, Dr. Will’S Mak’Gregor
insiste em fazer o leitor perceber o livro pela sua
proposta original: cada um deve tirar suas própria
conclusões sem se apegar ao que vem pré-
estabelecido.
Pelo fato de pugnar pela descentralização do poder,
outorgado há muito tempo aos mais diversos tipos de
autoridade, este texto faz e propõem uma revisão –
para usar as palavras do autor – que leve a uma
maior tolerância para com as necessidades, desejos e
escolhas de cada um. Pode-se dizer com segurança que
o exposto neste livro vai muito além do: públi-
co/privado, bem/mal, certo/errado, bonito/feio...
isso quer dizer que faz jus ao seu título.
CD - PROTÓTIPO
Mestre Haytchãna
ISBN 978-85-62336-02-7
55:28 minutos

Esta mensagem visa acelerar os seus conhecimentos


pelos caminhos da inteligência na busca da sabedoria
cósmica. Cada indivíduo é único, pois é Protótipo.

CD - MEDITAÇÃO ORIENTADA
Mestre Haytchãna
ISBN 978-85-62336-04-1
55:31 minutos

Meditação não é concentração; não é reflexão; não é


contemplação. Meditar não é orar nem rezar. Meditar
é ir ao Divino, conscientemente. Celebre a vida!!

Audio-Livro - Sacou, Bicho?!


Dr. Will’S Mak’Gregor
ISBN 978-85-89663-03-5
190:27 minutos

Arrojadas, provocantes e revoluci-


onárias; assim são as crônicas
reunidas neste livro. Enfocando
temas atuais na nossa sociedade,
com a inteligência, o amor, o
normal e o anormal, as crenças, o ter, o bem e
o mal, a utopia, a vitimação, o fundamentalis-
mo, o sudário, a engenharia genética e o abor-
to, a mentira, deus, a linguagem e a psicotera-
pia, o sexo, a liberdade e a política, o autor
remete-nos a uma análise irreverente sobre o
mundo que nos cerca.

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