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Mercado de Energia

Brasília-DF.
Elaboração

Eli Siqueira Alves

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

Apresentação.................................................................................................................................. 4

Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa..................................................................... 5

Introdução.................................................................................................................................... 7

Unidade I
ASPECTOS ECONÔMICOS DA ENERGIA.................................................................................................. 9

Capítulo 1
Aspectos conceituais........................................................................................................... 9

Unidade II
O setor elétrico brasileiro: histórico e reestruturação........................................................... 17

Capítulo 1
O setor elétrico no Brasil................................................................................................. 17

Unidade Iii
Tratativas de atividade e tributos de energia................................................................................. 37

Capítulo 1
Tributações.......................................................................................................................... 37

Unidade Iv
Metodologia de custos de produção de energia...................................................................... 73

Capítulo 1
Prospecção analítica e elaboração de relatório analítico e de competitividade..... 73

Referências ................................................................................................................................ 109


Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

5
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
O Brasil necessita aumentar sua oferta de energia, entretanto esta ação estratégica de
estudo deve ser integrada, de forma a desenvolver a sociedade nas áreas econômica, social
e ambiental. As fontes renováveis de energia promovem o desenvolvimento sustentável,
porém as vantagens de sua implantação de forma distribuída são prejudicadas pela
mentalidade arraigada de fornecer energia de forma centralizada, que afeta inclusive
as iniciativas de projetos em energia solar, a qual é naturalmente dispersa, e de grande
desinteresse político energético no país. As etapas necessárias para transformação dos
recursos fósseis, nucleares e solares em energia elétrica são apresentadas, ilustrando a
simplicidade das fontes renováveis.

O preço da energia hidrotérmicas, eólicas e solar, as quais são importantes ao estudo


da necessidade de complexos sistemas de transmissão e distribuição, são calculados
e comparados com o valores diferentes, ao invés de serem confrontado com o preço
ofertado apenas pelas usinas geradoras. O custo de implantação da geração solar
será importante na prospecção analítica dos projetos, e pode ser contextualizado e
considerado no balanço proposto na prospecção analítica o custo de uma pequena
central hidrelétrica, entretanto a energia gerada durante a vida útil do sistema deverá ser
considerada nos objetivos de um projeto de comercialização de energia, especialmente
na métrica espacial e na geração interligada à rede elétrica, com vista à redução anual
crescente dos custos diretos e indiretos dos sistemas interligados, especialmente na
valoração dos custos ambientais e sociais da geração centralizada de energia.

Objetivos
»» Introduzir aos participantes no complexo ecossistema das energias e
suas novas formas de geração, processamento e distribuição de forma
contextual às variações de câmbio e os fenômenos de mercado;

»» Apresentar de forma ampla, as principais variáveis econômicas a serem


consideradas.

»» Entender o contexto dentro de uma visão mercadológica de energia,


ampliada às questões energéticas como instrumentos de desenvolvimento
setorial.

»» Combinar conhecimentos técnicos, políticos e institucionais no que tange


as questões de mercado de energia.

7
»» Proporcionar o uso da prospecção analítica econômica e de projetos em
energias renováveis, como forma de descrever e entender as problemáticas
energéticas.

»» Desenvolver uma visão geral dos problemas inerentes à comercialização


de energia, e que sejam capazes de identificar as principais características
setoriais, suas potencialidades, problemas, transformações históricas e
tendências.

»» Destacar as principais características da comercialização de energia, bem


como as ferramentas e metodologias utilizadas.

»» Conhecer as características de um sistema hidrotérmico predominantemente


hidrelétrico ampliado aos sistemas fotovoltaicos e eólicos, problemas
inerentes à formação de preços no curto prazo e o papel das restrições
na gestão de custos, orçamento, mercado e financeira na prospecção
analítica de projetos energéticos.

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ASPECTOS
ECONÔMICOS DA Unidade I
ENERGIA

Capítulo 1
Aspectos conceituais

Desde os tempos remotos, as questões de ordem econômica sempre despertaram


interesses em todos os segmentos sociais. Da mesma forma, sempre provocou
grandes inquietações em todos os mandatários, como reis, imperadores, presidentes,
ministros, políticos, filósofos e pessoas leigas, ou seja, os mais diferentes tipos de
pessoas. Os princípios e toda a condução prática da atividade econômica influenciam
diretamente no cotidiano das pessoas e consequentemente da sociedade e discutidas
dentro de uma amplitude global.

A despeito de ser considerado um campo do conhecimento complexo e hermético, por


pessoas com pouco conhecimento sobre o assunto, a economia possui um leque de
atuação bastante amplo, influenciando na vida diária das pessoas, principalmente em
um cenário em que as questões econômicas são relevantes. Aparentemente, trata-se de
uma ciência restrita a profissionais de negócios, finanças e do governo. Entretanto, a
sociedade do século XXI, começa a se conscientizar da sua importância no processo de
geração de riqueza e bem-estar social.

Na visão do conceituado economista americano John Kenneth Galbraith, “na economia,


esperança e fé coexistem com grande pretensão científica”. A partir da Revolução
Industrial, identifica-se claramente que a ciência econômica possui um pilar de
sustentação na disponibilidade de recursos energéticos, o que representa um aspecto
condicionante no desenvolvimento econômico e social de todos os países. Os recursos
energéticos caracterizam-se por apresentarem variadas dimensões econômicas
interdependentes, o que motiva as decisões estratégicas das empresas e a definição das
políticas governamentais que precisam de uma articulação que levem em consideração
a questão energética.

9
UNIDADE I │ ASPECTOS ECONÔMICOS DA ENERGIA

Definição e classificação da Economia


Atualmente, o conhecimento sobre assuntos se faz mais necessários do que nunca,
uma vez que a Economia está atrelada à maior parte dos complexos problemas das
sociedades modernas, tais como o desemprego, a inflação, a pobreza, as questões
relativas ao meio ambiente, o papel do governo no controle da atividade econômica, a
globalização, problemas esses que afetam a todos.

Entretanto, apesar de a maioria das pessoas participarem de atividades de natureza


econômica, poucos possuem conhecimento a respeito de Economia. A cada dia que
passa somos solicitados a dar opinião sobre fatos econômicos, quer por meio do voto,
quer participando de discussões nas escolas, nos lares etc. O estudo da Economia
nos proporcionará um conjunto de conhecimentos que nos ajudará a formar opiniões
sobre os grandes problemas do nosso tempo, tornando-nos cidadãos de fato em
nossa sociedade.

Provavelmente, a melhor definição de economia seja do economista britânico Lionel


Robbins. Em 1932, em seu ensaio sobre a natureza e a importância da ciência econômica,
ele a descreveu como “ciência que estuda o comportamento humano como inter-relação
entre fins e meio escassos que têm usos alternativos”.

Para o economista americano Thomas Sowell, ä primeira lição da economia é a escassez:


nunca há algo em quantidade suficiente para satisfazer os que o querem. “A primeira
lição da política é considerar a primeira lição da economia”.

Os economistas americanos Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner enfatizam que


no “fundo, a economia é o estudo dos incentivos: como as pessoas obtém o que
querem ou necessitam, ainda mais quando outras pessoas querem ou necessitam a
mesma coisa”.

A ciência econômica moderna fornece instrumentos que nos permitem compreender


os fenômenos socioeconômicos e encontrar soluções que melhoram concretamente a
vida das pessoas.

Os desdobramentos dos diferentes segmentos da economia fundamentam-se em uma


divisão atual, adotada por uma vasta corrente de economistas contemporâneos, que
compreende a microeconomia, a macroeconomia, o desenvolvimento econômico e a
economia internacional, e os consumidores domésticos em mercados delimitados.

Representa o estudo do comportamento econômico de indivíduos e empresas, ou seja,


a produção de determinados bens e serviços de empresas individuais e do dispêndio
específico com determinados produtos.

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ASPECTOS ECONÔMICOS DA ENERGIA │ UNIDADE I

Objeto de estudo da economia e mercado


da energia
A eclosão da Revolução Industrial a partir da segunda metade do século XIX, vislumbra-se
um crescimento vertiginoso das atividades industriais, como uma das consequências
da Revolução Industrial, principalmente, produtos têxteis, ferro e aço, produtos da
indústria química pesada, engenharia a vapor e transporte ferroviário começou a
perder fôlego nos países mais desenvolvidos da Europa Ocidental, principalmente na
Inglaterra e na França.

Essa perda de vitalidade foi compensada pelo surgimento de novos empreendimentos


industriais calcados em avanços extraordinários do conhecimento em química, em
eletricidade e em uma nova fonte móvel de energia, o motor de combustão interna.
A resultante desse imenso conjunto de conhecimentos, denominado de segunda
Revolução industrial, constituiu-se em um processo de transformações gigantescas que
começou no século anterior, por ocasião da Inglaterra foi o berço da Revolução Industrial,
no século XVIII, expandindo-se de forma irregular pelos países da Europa Continental
e outras de densidade populacional dentro das áreas produtivas e industriais.

O aspecto político e de fronteiras do velho continente advindo da Revolução Industrial,


essa revolução em um curto espaço de tempo, provocou mudanças estruturais na vida da
sociedade ocidental e o seu relacionamento com outros países e, especialmente com o meio
ambiente. No bojo da Revolução Industrial, constata-se uma sequência inter-relacionada
de transformações tecnológicas no campo da energia fóssil concentrou uma crise sem
precedentes no século posterior, trouxe mudanças substanciais na sociedade e na
economia, especialmente na comercialização da energia.

Na literatura sobre a Economia da Energia e Mercado, que tem o seu objeto de


estudo fundamentado na estrutura de derivativos, está relacionado com tecnologias e
commodities em princípios bastante heterogêneos, apresentando características físicas
radicalmente diferenciadas e claramente comparadas entre si por sua composição na
natureza. Elas podem ser sólidas em sua estrutura física, especialmente na queima,
como a lenha, carvão mineral, carvão vegetal e a torta de biomassa.

As que apresentam características líquidas se manifestam na forma de petróleo bruto,


e seus derivados de petróleo, álcool e sub produtos refinados. As de características
gasosas são identificadas por intermédio do gás natural como o GNV e, uma de natureza
particular, a eletricidade, que possui propriedades que a colocam em uma gama de
serviços prestados em grande escala de produção, por esses bens significam uma
enorme variedade, como a iluminação, climatização ambiental, locomoção de pessoas
e mercadorias, produção de força-motriz, aviação ou redução industrial de minerais.

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UNIDADE I │ ASPECTOS ECONÔMICOS DA ENERGIA

É possível destacar que existe uma relação direta entre os recursos energéticos
naturais e os serviços prestados. Os processos tecnológicos empregados vão dos mais
rudimentares, como a derrubada de árvores de reservas florestais nativas, aos mais
complexos, como por exemplo, a conversão Eletronuclear como matriz principal em
alguns países.

Dimensões dos sistemas econômicos

A economia sendo considerada uma ciência social não pode ser considerada como
uma ciência fechada em torno de si mesma. O seu entendimento exige uma abertura
do seu campo de atuação para às demais áreas das ciências sociais. A compreensão
das leis básicas da economia, representa um passo positivo para a assimilação das
questões econômicas que formam o arcabouço de um determinado sistema econômico.
As dimensões econômicas da energia estão vinculadas diretamente a importância da
demanda e da oferta de energia para avaliar o desempenho do sistema econômico,
diante das múltiplas interações que abrangem o setor e sua oferta. Essas dimensões
são identificadas pelo grau de interdependência entre elas e podem ser entendidas em
cinco dimensões principais.

Dimensão tecnológica

A identificação e o aproveitamento econômico do potencial energético de um país estão


diretamente vinculados ao processo de inovações e rupturas tecnológicas em variadas
técnicas de uso de equipamentos de produção, como plataformas para utilização de
diferentes fontes de energia. O binômio energia-tecnologia é indissociável na sua
totalidade produtiva. As decisões para produção de escala energética são pautadas
por esse binômio energia-tecnologia. Após os choques do petróleo na Europa oriental,
as opções à energia nuclear na França e Japão, ou ao programa de construções de
hidrelétricas no Brasil e o nascimento do Programa Nacional do Álcool (PROÁLCOOL)
foram tributárias do desenvolvimento da capacitação tecnológicas associada a essas
escolhas. Os programas de eficiência energética também dependem de políticas de
pesquisa e desenvolvimento em tecnologias mais eficientes, como abordaremos a
posteriori as energias renováveis.

Dimensão de política internacional

A distribuição de forma desregular dos recursos energéticos, inclusive renováveis,


existentes na natureza, estabelece uma série de complexas e intrincadas relações
comerciais e geopolíticas entre os continentes especialmente no Oriente Médio.

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ASPECTOS ECONÔMICOS DA ENERGIA │ UNIDADE I

O controle de importantes reservas de petróleo e de gás natural esteve sempre no


centro das relações econômicas, políticas e mesmo militares entre países produtores
e importadores de petróleo. O mesmo vale para o problema da construção de usinas
nucleares, pois o controle desta tecnologia não está dissociado das questões políticas
e militares.

Dimensão ambiental

Trata-se de uma dimensão fundamental para o desenvolvimento sustentável. Entretanto,


não existe nenhuma fonte de energia que não cause algum tipo de impacto ambiental,
seja ele direto ou indireto, que são decorrentes da exploração e do uso de energia nas
escalas local, nacional e global, (aquecimento global e cotas de produção de energia
renovável) constituindo-se em um grande desafio continental e de gerações. Os danos
ambientais generalizados provocados pela emissão de CO2 e pela inundação de áreas
para a construção de barragens para a produção hidroelétrica ou mesmo problemas
gerados pelo controle do lixo atômico, constituem exemplos dos diferentes problemas
graves com os quais se defrontam empresas, sociedade civil e governos. Por essa razão,
há um imenso debate sobre os efeitos e as formas de controle relacionadas com o
efeito estufa e as mudanças climáticas em escala global e grande incentivo à geração de
energias renováveis.

A infraestrutura e o desenvolvimento
econômico
A infraestrutura é considerada uma atividade composta por um conjunto de
elementos que possibilita a produção de bens e serviços de um país trata-se de um
setor fundamental indispensável para desenvolvimento econômico de qualquer país.
O termo desenvolvimento está vinculado à implantação de estruturas de transporte, água,
esgoto, habitação, saúde, fornecimento de energia, dando condições para as empresas
utilizem melhor os recursos, tendo como consequência a melhoria na qualidade de vida
da população. A ausência ou uma deficiência na infraestrutura representa um obstáculo
ao crescimento das organizações empresariais privadas e coloca a população de um
país ou de uma região sem perspectivas de desenvolvimento. É oportuno ressaltar que
existe uma visível diferença entre a infraestrutura social e infraestrutura econômica.

A de natureza social compreende as demandas por serviços públicos de saúde, educação,


justiça, segurança pública, defesa civil e saneamento, beneficiando amplamente as
famílias. A econômica possui forte impacto social, tem o objetivo de fornecer serviços
para a satisfação das demandas individuais e atendem as necessidades indispensáveis

13
UNIDADE I │ ASPECTOS ECONÔMICOS DA ENERGIA

das empresas de bens de atividade intermediário ou insumos de produção em larga


escala. O fornecimento de energia, transporte e comunicação são exemplos dessa
categoria de insumo energético.

O desenvolvimento da infraestrutura representa um componente vital ao estímulo


ao crescimento econômico de um país. A infraestrutura melhora a produtividade dos
agentes econômicos de um país, tornando as empresas mais competitivas na região.

O Papel do Governo no Setor de Energia


No aspecto governamental é considerado um agente econômico a razão das particularidades
que envolvem suas ações econômicas. Destaca-se como agente econômico produtor
de bens e serviços públicos, além de ser um todo e partes da geração, processamento,
distribuição de energia. Quanto a execução e julgamento de regras básicas para a sociedade
como adoção de política energética de todos os países, leva-se em consideração uma forte
interação entre as dimensões econômicas da energia mencionadas anteriormente em
governança do setor público (ANDRADE; ROSSETTI, 2007). A definição de uma política
energética está calcada na segurança do abastecimento de energia e a utilização do seu
uso racional e eficiente dos recursos naturais.

Cabe aos governos, a utilização de instrumentos como as políticas de tributação das


fontes de energia, as políticas de preços e os subsídios e os incentivos que permitem
promover o desenvolvimento de determinadas fontes de energia em detrimento de
outras, consideradas mais caras e/ou mais poluentes.

O grande responsável pelas decisões macroeconômicas, nos países em desenvolvimento,


nos últimos 30 anos, na figura do governo central se constitui no principal agente
econômico com relação ao setor energético que todos os países estão preocupados com
o aproveitamento energético existentes. Cada um o faz de acordo com as suas tradições,
os seus recursos e o seus créditos no cenário internacional. Por exemplo, a França
desenvolveu um amplo programa nuclear; os Estados Unidos construíram uma zona de
livre-comércio com os seus vizinhos do Hemisfério Norte (betuminosas do Canadá) e
do sul (solar no México), como também o Japão no Oriente, buscou maior aproximação
com os países produtores de gás e óleo do Golfo Pérsico.

As soluções dos problemas relacionados com o abastecimento energético de uma economia


nacional podem ser encontradas na reorganização industrial setorial de manufatura
primária (máquinas obsoletas), nas novas relações internacionais ou na gestão e também
na diversificação das fontes de energia. Os problemas e desafios relacionados com o
crescimento contínuo da demanda energética nos países em desenvolvimento, são a

14
ASPECTOS ECONÔMICOS DA ENERGIA │ UNIDADE I

princípio, os impactos ambientais diretos, relacionados as mudança do clima atingindo


as vazões de seca nos reservatórios, onde a dependência da matriz energética é maior.

Especificidades comparativas na
economia energética
As fontes de energia de origem solar apresentam processo de geração de eletricidade
mais simples do que a obtenção de energia através de combustíveis fósseis ou nucleares.
A sua utilização de forma distribuída apresenta as vantagens de redução de gastos com
os sistemas de transmissão e distribuição, além de permitir desenvolvimento social
para localidades não eletrificadas. O paradigma atual de que o fornecimento de energia
deve ocorrer através de linhas de transmissão e distribuição gera uma incoerência, pois
existem projetos que visam concentrar a energia solar, naturalmente dispersa, para
depois distribuí-la por um sistema interligado, deixando assim de aproveitar seus
benefícios. O preço da energia solar é comparado com o valor pago pelos consumidores
em suas residências, uma vez que a energia final consumida chega a ser 5 vezes mais
caro que o valor cobrado pela usina convencional. O custo de implantação de um
sistema solar isolado pode chegar a 50 vezes o valor de uma pequena central hidrelétrica
de mesma capacidade, entretanto fazendo o cálculo considerando a energia gerada
durante a vida útil do equipamento solar, de aproximadamente 30 anos, é obtido o valor
correspondente à 10 vezes o custo da energia entregue ao consumidor. Ao considerar
um sistema interligado à rede, a relação passa de 10 para 3. Ao serem agregados aos
impostos, custos ambientais e sociais, a energia solar fotovoltaica passa a ser, em um
futuro breve, economicamente competitiva.

»» Comparar a produtividade da geração solar FV no Brasil, com a de países


desenvolvidos quanto ao desempenho econômico e ambiental.

»» Analisar um conjunto de diretrizes e padrões para um programa de


incentivo econômico à tecnologia solar FV no Brasil.

»» Simular programas e conceitos clássicos de estudos econômicos e suas


tecnologias solares para o Brasil.

»» Projetar e classificar as tarifas dos sistemas FV, e seus aspectos


econômicos de injeção da energia FV na rede elétrica, que sejam atrativas
para potenciais investidores e os impactos econômicos da diluição dos
custos nas diferentes classes tarifárias.

»» Fazer uma prospecção analítica de estudo bibliográfico de viabilidade


normativa (marco legal) econômica e ambiental das tecnologias FV ao

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UNIDADE I │ ASPECTOS ECONÔMICOS DA ENERGIA

longo dos anos no Brasil, por meio de um estudo de paridade tarifária.


No início de outubro, a diretoria do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) que aprovou novas regras de financiamento
para o setor de energia elétrica. As alterações têm como objetivo
contribuir para a ampliação de fontes de energias alternativas na matriz
elétrica brasileira e direcionar investimentos em Taxa de Juros de Longo
Prazo(TJLP) para projetos de energia com alto retorno social e ambiental.

A prioridade concedida à energia solar, refletida em melhores condições financeiras,


deve-se ao fato de se tratar de tecnologia em fase inicial de desenvolvimento no país.
Por essa razão, demanda estímulos para alcançar economias de escala e ganhos
associados à difusão tecnológica, com preços mais competitivos.

Em relação à linha de eficiência energética, que abrange investimentos em modernização


de equipamentos, instalações e processos industriais, a prioridade dada pelo Banco
decorre da necessidade de aumentar a economia de energia no país, aliada à melhora
dos serviços oferecidos e a maior proteção ao meio ambiente.

Economia de energia associada a impacto


sensível na qualidade de vida da população
A inclusão do financiamento a projetos de iluminação pública eficientes busca propiciar
economia de energia associada a impacto sensível na qualidade de vida da população,
em aspectos como segurança pública, segurança no trânsito e lazer noturno. Além disso,
desempenha relevante papel no desenvolvimento econômico urbano e na preservação
e geração de empregos, na medida em que influencia o desempenho do comércio e dos
serviços locais. Até então, as condições de financiamento do Banco a esses investimentos
eram definidas caso a caso nos editais de concessão.

As mudanças nas condições de apoio à transmissão e distribuição têm, como plano


de fundo, a premissa de que é papel do regulador garantir retorno que remunere os
investidores pelo risco dos projetos e, ao mesmo tempo, garantir preços adequados ao
consumidor. Por essa razão, as novas condições ampliam a participação do mercado
privado no financiamento aos dois segmentos.

16
O setor elétrico
brasileiro: histórico Unidade II
e reestruturação

Capítulo 1
O setor elétrico no Brasil

A reforma do Setor Elétrico Brasileiro começou em 1993 com a Lei no 8.631, que
extinguiu a equalização tarifária vigente e criou os contratos de suprimento entre
geradores e distribuidores, e foi marcada pela promulgação da Lei no 9.074 de 1995,
que criou o Produtor Independente de Energia e o conceito de Consumidor Livre
(MME, 2009).

Em meados de 1996, o consórcio internacional Coopers e Lybrand foi contratado pelo


Ministério de Minas e Energia e a Eletrobras para realizar um estudo sobre a reforma
do setor elétrico, intitulado Projeto de Reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro,
ou Projeto RESEB, que tinha por objetivo regulamentar o setor, elaborar políticas
energéticas e transferir a responsabilidade da operação e do investimento ao setor
privado (DELGADO, 2003). Ainda segundo Delgado (2003), esses objetivos seriam
alcançados a partir de quatro áreas genéricas:

»» O novo arranjo comercial para o setor: compreende a compra e venda de


energia no atacado, o acesso às redes de transmissão e de distribuição e
os mecanismos para assegurar planejamento e expansão do setor.

»» Arcabouço legal e regulamentar: necessário para permitir a reforma


do setor, inclusive aos ajustes ao quadro jurídico e regulamentar as
concessões, monopólios naturais, a concorrência e padrões técnicos e de
atendimento ao cliente.

»» Mudanças institucionais: essas mudanças incluem uma revisão do foco de


responsabilidades ao nível do Ministério; o estabelecimento de um órgão
Regulador independente que fiscalize os serviços regulados e promova
um ambiente positivo para estimular a competição onde for possível e

17
UNIDADE II │ O setor elétrico brasileiro: histórico e reestruturação

economicamente vantajosa; a revisão do papel da Eletrobras; mudança


estrutural das empresas do setor.

»» Questões econômico-financeiras do setor: prospecção analítica sobre


mecanismos de financiamento do setor, alocação de riscos e nível de
retorno das diversas atividades.

As principais conclusões do projeto foram a necessidade de implementar a desverticalização


das corporações de energia elétrica, ou seja, dividi-las nos segmentos de geração,
transmissão e distribuição, incentivar a competição nos segmentos de geração e
comercialização, e manter sob regulação os setores de distribuição e transmissão de
energia elétrica, considerados como monopólios naturais, sob regulação do Estado.
Foi também identificada à necessidade de criação de um órgão regulador (a Agência
Nacional de Energia Elétrica ─ ANEEL), de um operador para o sistema elétrico
nacional (Operador Nacional do Sistema Elétrico ─ ONS) e de um ambiente para a
realização das transações de compra e venda de energia elétrica.

Através da Lei no 9.427 de 1996, foi criada a ANEEL, cujas atribuições são: regular e
fiscalizar a geração, a transmissão, a distribuição e a comercialização da energia elétrica,
atendendo reclamações de agentes e consumidores com equilíbrio entre as partes e em
benefício da sociedade; mediar os conflitos de interesses entre os agentes do setor elétrico
e entre estes e os consumidores; conceder, permitir e autorizar instalações e serviços
de energia; garantir tarifas justas; zelar pela qualidade do serviço; exigir investimentos;
estimular a competição entre os operadores e assegurar a universalização dos serviços
(ANEEL, 2009a). Com as propostas de mudanças institucionais, a Lei no 9.648 de
1998, altera algumas atribuições da Lei no 9.427 de 1996 e cria também o Operador
Nacional do Sistema Elétrico (ONS), responsável pelo planejamento e programação da
operação, pelo despacho centralizado da geração e pela contratação e administração
dos serviços de transmissão de energia elétrica. Concluído em agosto de 1998, o Projeto
Reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro (RE-SEB) definiu o arcabouço conceitual e
institucional do modelo a ser implantado (CCEE, 2009).

Em 2001, o setor elétrico sofreu uma grave crise de abastecimento que culminou em
um plano de racionamento de energia elétrica. Esse acontecimento gerou uma série de
questionamentos sobre os rumos que o setor elétrico estava trilhando. Visando adequar
o modelo em implantação, foi instituído em 2002 o Comitê de Revitalização do Modelo
do Setor Elétrico, cujo trabalho resultou em um conjunto de propostas de alterações
no setor elétrico brasileiro. Durante os anos de 2003 e 2004 o Governo Federal lançou
as bases de um novo modelo para o Setor Elétrico Brasileiro, sustentado pelas Leis
no 10.847 e 10.848, de 15 de março de 2004 e pelo Decreto no 5.163, de 30 de julho de
2004 (MME, 2009).
18
O setor elétrico brasileiro: histórico e reestruturação │ UNIDADE II

A Geração de Energia Elétrica no Brasil:


aspectos econômicos e normativos

A comercialização de energia elétrica no Brasil

Em 15 de março de 2004, através da Lei no10.848 e regulamentada pelo Decreto


no 5.177, de 12 de agosto de 2004, foi criada a Câmara de Comercialização de Energia
Elétrica (CCEE). Pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos e sob regulação
e fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a CCEE tem por
finalidade viabilizar a comercialização de energia elétrica no Sistema Interligado
Nacional (SIN). A CCEE sucedeu ao Mercado Atacadista de Energia Elétrica ─ MAE,
criado pela Lei no 10.433, de 24 de abril de 2002 (CCEE, 2009). Entre as principais
atribuições da CCEE estão:

»» Promover leilões de compra e venda de energia elétrica, desde que


delegada pela ANEEL.

»» Manter o registro de todos os Contratos de Comercialização de Energia


no Ambiente Regulado (CCEAR) e os contratos resultantes dos leilões
de ajuste, da aquisição de energia proveniente de geração distribuída e
respectivas alterações.

»» Manter o registro dos montantes de potência e energia objeto de contratos


celebrados no Ambiente de Contratação Livre (ACL).

»» Promover a medição e o registro de dados relativos às operações de


compra e venda e outros dados inerentes aos serviços de energia elétrica.

»» Apurar o Preço de Liquidação de Diferenças PLD do mercado de curto


prazo por submercado.

»» Efetuar a contabilização dos montantes de energia elétrica comercializados


e a liquidação financeira dos valores decorrentes das operações de compra
e venda de energia elétrica realizadas no mercado de curto prazo.

»» Apurar o descumprimento de limites de contratação de energia elétrica e


outras infrações e, quando for o caso, por delegação da ANEEL, nos termos
da convenção de comercialização, aplicar as respectivas penalidades.

»» Apurar os montantes e promover as ações necessárias para a realização


do depósito, da custódia e da execução de garantias financeiras relativas
às liquidações financeiras do mercado de curto prazo, nos termos da
convenção de comercialização.

19
UNIDADE II │ O setor elétrico brasileiro: histórico e reestruturação

A CCEE é integrada por titulares de concessão, permissão ou autorização, por


outros agentes vinculados aos serviços e às instalações de energia elétrica, e pelos
consumidores livres, assim definidos no inciso X do § 2o do art. 1o do Decreto no 5.163,
de 2004 (CCEE, 2009).

Com o objetivo de garantir tarifas menores aos consumidores e assegurar o abastecimento


e investimentos na expansão do sistema, no dia 30 de julho de 2004, o Governo Federal
assinou o Decreto no 5.163/2004, que regulamenta um novo modelo para o setor elétrico
através da Lei 10.848 de 2004 (ANEEL, 2009a). O Decreto no 5.163, de 30 de julho
de 2004, regulamenta a comercialização de energia elétrica, o processo de outorga de
concessões e de autorizações de geração de energia elétrica, e dá outras providências
(ANEEL, 2009a).

O processo de comercialização de
energia elétrica

Mercado Livre (ACL) X Mercado Cativo (ACR)

O mercado de energia no Brasil está dividido em ACR (Ambiente de Contratação


Regulada), onde estão os consumidores cativos, e ACL (Ambiente de Contratação Livre),
formado pelos consumidores livres.

Os consumidores cativos são aqueles que compram a energia das concessionárias de


distribuição às quais estão ligados. Cada unidade consumidora paga apenas uma fatura
de energia por mês, incluindo o serviço de distribuição e a geração da energia, e as
tarifas são reguladas pelo Governo.

Os consumidores livres compram energia diretamente dos geradores ou


comercializadores, por meio de contratos bilaterais com condições livremente
negociadas, como preço, prazo, volume etc. Cada unidade consumidora paga
uma fatura referente ao serviço de distribuição para a concessionária local (tarifa
regulada) e uma ou mais faturas referentes à compra da energia (preço negociado
de contrato).

O Mercado Livre de Energia se consolida como uma forma potencial de economia, meio
seguro e confiável de adquirir energia elétrica por um valor negociável. Dentro de uma
cadeia produtiva, todos os insumos devem ser objeto de negociação, e a energia elétrica
também deve assim ser tratada. A principal vantagem nesse ambiente é a possibilidade
de o consumidor escolher, entre os diversos tipos de contratos, aquele que melhor
atenda às suas expectativas de custo e benefício.

20
O setor elétrico brasileiro: histórico e reestruturação │ UNIDADE II

Tipos de Contratos no Mercado Livre de Energia

No Mercado Livre, a energia contratada pode ser convencional ou incentivada.


A energia incentivada foi estabelecida pelo Governo para estimular a expansão de
geradores de fontes renováveis limitados a 30 MW de potência, como PCH (Pequenas
Centrais Hidroelétricas), Biomassa, Eólica e Solar. Para esses geradores serem
mais competitivos, o comprador da energia proveniente deles, chamada de energia
incentivada, recebe descontos (de 50%, 80% ou 100%) na tarifa de uso do sistema
de distribuição).

A energia convencional é proveniente dos outros tipos de geradores, como usinas


térmicas a gás ou grandes hidroelétricas.

Quem pode migrar para o Mercado Livre de Energia?

Existem dois tipos de consumidores no mercado livre: Consumidor Livre e Consumidor


Especial. Consumidor Especial pode ser a unidade ou conjunto de unidades
consumidoras localizadas em área contígua ou de mesmo CNPJ, cuja carga seja maior
ou igual a 500 kW (soma das demandas contratadas) e tensão mínima de 2,3 kV.
O Consumidor Especial pode contratar apenas Energia Incentivada.

Para ter a opção de ser Consumidor Livre, cada unidade consumidora deve apresentar
demanda contratada a partir de 3.000 kW e tensão mínima de 69 kV, para data de
conexão elétrica anterior a julho/1995, ou 2,3 kV, para ligação após julho/1995.
O Consumidor Livre Convencional pode contratar Energia Convencional ou Incentivada.

A CCEE é uma instituição pública de direito privado e sem fins lucrativos, regulada pela
ANEEL, responsável pelo registro, monitoramento e liquidação de todos os contratos
e pela medição de toda energia gerada e consumida no Sistema Interligado Nacional.

Criada em 2004, a CCEE sucedeu a Administradora de Serviços do Mercado Atacadista


de Energia Elétrica – Asmae (1999) – e o Mercado Atacadista de Energia Elétrica –
MAE (2000).

a. Agentes da CCEE – Os Agentes, empresas que atuam no setor de


energia elétrica, dividem-se nas Categorias de Geração, Distribuição,
Comercialização, Consumidores Livres e Especiais, conforme definido
na Convenção de Comercialização. Os associados podem ter participação
obrigatória ou facultativa.

Geração > Distribuição > Comercialização > Consumidor Livre >


Consumidor Especial.

21
UNIDADE II │ O setor elétrico brasileiro: histórico e reestruturação

Todos os Consumidores Livres e Especiais têm participação obrigatória


na CCEE. Usinas geradoras com capacidade instalada inferior a 50 MW
têm participação facultativa.

Atualmente o Mercado Livre de Energia representa 25% de toda a carga


do SIN – Sistema Interligado Nacional.

O submercado Sudeste/Centro-Oeste responde por 64% do mercado


livre nacional, enquanto os submercados Sul e Nordeste representam
13% cada um e Norte, 10%.

b. Consumidores Livres (a cima de 3mw) – Considera-se Consumidor


Parcialmente Livre o Consumidor Livre que exerce a opção de
contratar parte das necessidades de energia e potência das unidades
consumidoras de sua responsabilidade com a distribuidora local, nas
mesmas condições reguladas aplicáveis a consumidores cativos, incluindo
tarifas e prazos.

Com relação à parcela livre, devem ser observados os mesmos itens


aplicáveis ao Consumidor Livre, incluindo a obrigatoriedade de ser
Agente da CCEE e prazos de migração.

›› Fábricas, shoppings, indústrias que estão enquadrados nesta categoria


podem hoje escolher de quem comprar energia.

›› Para migrar do mercado cativo para o livre, o consumidor deve observar


o prazo de 6 meses antes do término do contrato cativo.

›› Possuir demanda contratada igual ou maior que 3.000 kW em qualquer


horário (ponta ou fora de ponta).

›› Estar ligado à rede de distribuição ou de transmissão em nível de


tensão de fornecimento igual ou superior a 69 kV, se a data de ligação
do consumidor ocorreu até 7/7/1995.

›› Unidades consumidoras ligadas após de 7/7/1995 podem estar ligadas


em qualquer nível de tensão, bastando que possua demanda contratada
superior a 3.000kW.

›› O consumidor pode “nascer livre” desde que apresente um CUSD


com demanda contratada igual ou maior que 3.000 kW em qualquer
horário (ponta ou fora de ponta).

›› O consumidor livre deve obrigatoriamente ser Agente da CCEE.

22
O setor elétrico brasileiro: histórico e reestruturação │ UNIDADE II

›› O processo de retornar para o cativo exige que a comunicação seja feita


com 5 anos de antecedência.

Com relação à parcela livre, devem ser observados os mesmos itens


aplicáveis ao Consumidor Livre, incluindo a obrigatoriedade de ser
Agente da CCEE e prazos de migração.

O contrato de uso de energia cativa pode ter duração superior a 12 meses,


desde que seja permitida a revisão dos montantes contratados a cada
período de 12 meses.

São os Submercados: Norte, Nordeste, Sul e Sudeste/Centro-


Oeste

c. Interesse de Direito – unidades (filiais) de um mesmo CNPJ (inclusive


em distribuidoras diferentes, mas em um mesmo submercado).

Uma carga nova pode ser modelada como Especial, desde que apresente
CUSD(s) assinado(s) com montante(s) contratado(s) de 500kW. 59,3%
dos consumidores são especiais 40,7% dos consumidores são livres

d. Adesão de Matriz e Filiais:

›› A matriz pode ser Agente da CCEE para representar ativos próprios ou


de suas filiais, desde que situadas no mesmo submercado.

›› É considerada empresa filial aquela que possui o mesmo radical do


CNPJ da Matriz, a Matriz será a que tem o final /0001.

›› Caso existam filiais em submercados diferentes da Matriz que a


representa, é cadastrado um Agente Associado, representando essas
filiais (cargas) para fins de modelagem e contabilização.

›› Nesse caso será realizada uma Contabilização individual (uma do


Agente Matriz e outra do Agente Associado), com resultados separados
no CB006, porém a liquidação financeira é única.

e. Adesão somente das Filiais:

›› Empresas filiais podem ser agentes da CCEE sem a necessidade de


adesão da Matriz. Nesse caso, cada filial é um novo agente.

›› Todas as empresas filiais devem comprovar sua condição de consumidor


livre (por ativo).

23
UNIDADE II │ O setor elétrico brasileiro: histórico e reestruturação

›› Quando da adesão somente da empresa filial, deve-se enviar o Termo


de Responsabilidade da Matriz, conforme Pdc AG.01.

Modeladas como cargas embaixo do Agente Matriz. Resultado da


Contabilização será único, constante no CB006 e será igual ao resultado
da Liquidação financeira.

Adesão da Matriz representando as filiais. Duas (2) unidades instaladas


no mesmo submercado da Matriz e uma (01) instalada em outro
submercado.

Em S1, as filiais são modeladas como cargas embaixo do Agente Matriz.


No CB006 aparecerá uma contabilização separada só para esse Agente.

Em S2 é criado um Agente Associado (Matriz virtual) para representar


essa filial. Isso deve ser feito, pois a contabilização é realizada por
submercado. Dentro do CB006 também aparecerá uma contabilização
separada só para esse Agente Associado.

›› Nesse caso, o Agente deve atentar em realizar suas contratações de


forma separada no sistema.

›› A Liquidação financeira será única, soma da contabilização desses dois


Agentes.

Na adesão somente de 3 filiais, sem adesão da Matriz, presentes no mesmo submercado.


Cada filial é tratada como um Agente individual. São 3 Contabilizações (3 relatórios
CB006) e 3 Liquidações Financeiras.

O Processo de Comercialização de Energia Elétrica ocorre de acordo com parâmetros


estabelecidos pela Lei no 10.848/2004, pelos Decretos no 5.163/2004 e no 5.177/2004 (o
qual instituiu a CCEE), e pela Resolução Normativa ANEEL no 109/2004, que instituiu a
Convenção de Comercialização de Energia Elétrica (ANEEL, 2009a). A lei é baseada na
competição de preços no processo de comercialização, incentivando a livre concorrência
e a modicidade tarifária; investe na atuação do Poder Público no planejamento do
Sistema; obriga as distribuidoras e consumidores livres a pré-contratarem 100% da sua
carga; cada contrato de venda deve ter lastro físico de geração de energia. Os princípios
seguem os seguintes itens:

»» modicidade tarifária;

»» segurança de suprimento;

»» estabilidade do marco regulatório;

»» estabelecimento da inserção social.


24
O setor elétrico brasileiro: histórico e reestruturação │ UNIDADE II

As relações comerciais entre os Agentes participantes da CCEE são regidas


predominantemente por contratos de compra e venda de energia, e todos os contratos
celebrados entre os Agentes no âmbito do Sistema Interligado Nacional devem ser
registrados na CCEE. Esse registro inclui apenas as partes envolvidas, os montantes de
energia e o período de vigência; os preços de energia dos contratos não são registrados
na CCEE, sendo utilizados especificamente pelas partes envolvidas em suas liquidações
bilaterais (CCEE, 2009).

A CCEE contabiliza as diferenças entre o que foi produzido ou consumido e o que foi
contratado. As diferenças positivas ou negativas são liquidadas no Mercado de Curto Prazo
e valorado ao PLD (Preço de Liquidação das Diferenças), determinado semanalmente
para cada patamar de carga e para cada submercado, tendo como base o custo marginal de
operação do sistema, sendo esse limitado por um preço mínimo e por um preço máximo.
Dessa forma, pode-se dizer que o mercado de curto prazo é o mercado das diferenças
entre montantes contratados e montantes medidos (CCEE, 2009).

O ambiente de contratação
O novo Modelo do Setor Elétrico define que a comercialização de energia elétrica seja
realizada em dois ambientes de mercado, o Ambiente de Contratação Regulada - ACR e o
Ambiente de Contratação Livre - ACL. Os Agentes de Geração sejam concessionários de
serviço público de Geração, Produtores Independentes de Energia ou Autoprodutores,
assim como os Comercializadores, podem vender energia elétrica nos dois ambientes,
mantendo o caráter competitivo da geração, e todos os contratos, sejam do ACR ou do
ACL, são registrados na CCEE e servem de base para a contabilização e liquidação das
diferenças no mercado de curto prazo (CCEE, 2009). Uma visão geral da comercialização
de energia, envolvendo os dois ambientes de Contratação. Segundo dados da CCEE
(2009b) 23,23% da energia do SIN comercializada no mercado livre em dezembro de
2008. Foram considerados na atividade do mercado livre: consumidor livre e especial,
autoprodutor e eletrointensivos.

Em 2008, o atividade cativo atendido pelas distribuidoras totalizou 36.775 MW médios


e o atividade livre, 11.130 MW médios, representando respectivamente 77% e 23% de
todo o mercado de distribuição. Dessa atividade no mercado livre, 1.018 MW médios
foram referentes aos eletrointensivos (2%), 2.994 MW médios foram referentes aos
autoprodutores e produtores independentes (6%) e 7.117 MW médios foram referentes
aos consumidores livres e especiais (15%) (CCEE, 2009b). Na Contabilização de Janeiro
de 2009, participaram das operações na CCEE 956 Agentes, sendo 24 Autoprodutores,
58 Comercializadores, 658 Consumidores Livres, 43 Distribuidores, 29 Geradores, 143
Produtores Independentes e 1 Agente da Classe Importador/Exportador (CCEE,2009a).
25
UNIDADE II │ O setor elétrico brasileiro: histórico e reestruturação

O ambiente de contratação regulada (ACR)


A contratação no ACR é formalizada através de contratos bilaterais regulados, denominados
Contratos de Comercialização de Energia Elétrica no Ambiente Regulado (CCEAR),
celebrados entre Agentes Vendedores (comercializadores, geradores, produtores
independentes ou autoprodutores) e Compradores (distribuidores) que participam dos
leilões de compra e venda de energia elétrica (CCEE, 2009).

Participam do ACR os Agentes Vendedores e Agentes de Distribuição de energia elétrica.


Para garantir o atendimento aos seus mercados, os Agentes de Distribuição podem
adquirir energia das seguintes formas, de acordo com o art. 13 do Decreto no 5.163/2004
(ANEEL, 2009a):

»» Leilões de compra de energia elétrica proveniente de empreendimentos


de geração existentes e de novos empreendimentos de geração.

»» Geração distribuída, desde que a contratação seja precedida de chamada


pública realizada pelo próprio Agente de Distribuição e com montante
limitado a 10% do mercado do distribuidor.

»» Usinas que produzem energia elétrica a partir de fontes eólicas, pequenas


centrais hidroelétricas e biomassa, contratadas na primeira etapa do
Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica ─
PROINFA.

»» Itaipu Binacional.

Além disso, conforme descrito no mesmo artigo do Decreto no 5.163/2004, os contratos


firmados pelos Agentes de Distribuição até 16/3/2004 também são considerados como
energia contratada para atendimento à totalidade de seus respectivos mercados (ANEEL,
2009a). Nesse ambiente, as distribuidoras de energia contratam em conjunto a sua
demanda, para atendimento aos consumidores cativos. É considerado um ambiente
de negócios “conservador”, com garantia de receita em longo prazo e baixo risco
(CCEE, 2009).

O funcionamento dos leilões de energia


As concessionárias, as permissionárias e as autorizadas de serviço público de
Distribuição de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional (SIN), por meio de
licitação na modalidade de leilões, devem garantir o atendimento à totalidade de seu
mercado no Ambiente de Contratação Regulada (ACR), de acordo com o estabelecido
pelo art. 11 do Decreto no 5.163/2004 e art. 2o da Lei no 10.848/2004 (ANEEL, 2009a).
26
O setor elétrico brasileiro: histórico e reestruturação │ UNIDADE II

À ANEEL cabe a regulação das licitações para contratação regulada de energia elétrica
e a realização do leilão diretamente ou por intermédio da Câmara de Comercialização
de Energia Elétrica (CCEE), conforme determinado no parágrafo 11 do art. 2o da Lei
no 10.848/2004.

O critério de menor tarifa (inciso VII, do art. 20, do Decreto no 5.163/2004) é utilizado
para definir os vencedores de um leilão, ou seja, os vencedores do leilão serão aqueles
que ofertarem energia elétrica pelo menor preço por Mega-Watt hora para atendimento
da demanda prevista pelas Distribuidoras. Os Contratos de Comercialização de Energia
Elétrica em Ambiente Regulado (CCEAR) serão, então, celebrados entre os vencedores
e as Distribuidoras que declararam necessidade de compra para o ano de início de
suprimento da energia contratada no leilão (CCEE, 2009). Se considerarmos “A” como
o ano previsto para o início do suprimento de energia elétrica adquirida pelos Agentes
de Distribuição nos leilões de energia, o cronograma para a realização dos leilões
é o seguinte:

»» no quinto ano anterior ao ano “A” (chamado ano “A” - 5), é realizado o
leilão para compra de energia de novos empreendimentos de Geração;

»» no terceiro ano anterior ao ano “A” (chamado ano “A” - 3), é realizado o
leilão para aquisição de energia de novos empreendimentos de Geração;

»» no ano anterior ao ano “A” (chamado ano “A” - 1), é realizado o leilão para
aquisição de energia de empreendimentos de Geração existentes.

Além disso, poderão ser promovidos Leilões de Ajuste, previstos no art. 26 do Decreto
no 5.163, de 30/7/2004, tendo por objetivo complementar a carga de energia necessária
ao atendimento do mercado consumidor das concessionárias de distribuição, até o
limite de 1% dessa carga (ANEEL, 2009a).

O ambiente de contratação livre (ACL)


No ACL há a livre negociação entre os Agentes Geradores, Comercializadores,
Consumidores Livres, Importadores e Exportadores de energia, sendo que os acordos
de compra e venda de energia são pactuados por meio de contratos bilaterais.
Nesse ambiente há liberdade para se estabelecer volumes de compra e venda de energia
e seus respectivos preços, sendo as transações pactuadas através de contratos bilaterais.
Atualmente, 27,71 % da energia da capacidade instalada do SIN são comercializados
no ACL (ONS, 2009). A média de consumidores livres e especiais nos últimos 12
meses foi de 680 agentes na CCEE, enquanto que essa média foi de 664 em 2007
(CCEE, 2009).

27
UNIDADE II │ O setor elétrico brasileiro: histórico e reestruturação

Nesse ambiente, o consumidor migra por questões ambientais, associadas à imagem da


sua empresa, questões éticas e/ou, e talvez principalmente, quando vê vantagem nos
preços (CCEE, 2009).

Medições

A Medição Física é a preparação dos dados coletados por canal, a partir dos Sistemas
de Medição para Faturamento (SMF) dos agentes, transformando-os em informações
válidas para o processamento da contabilização.

A aquisição desses dados pelo SCDE é feita de forma automática, através das Unidades
de Coleta de Medição (UCM), Coleta Direta ou Inspeção Lógica dos pontos de medição
do agente.

Ao serem transferidos para o SCL, os dados são tratados por canal de consumo e de
geração (canal C e canal G, respectivamente), conforme são coletados pelo SCDE.
A ideia é utilizar os dados separados por canal e não o líquido (G-C ou C-G).

Os dados de medição são coletados pelo SCDE, por ponto de medição (canal de consumo
e canal de geração), por período de coleta (intervalos de 5 minutos), tanto para medição
de energia ativa (kWh) quanto para energia reativa (kvarh).

Existe um modelo pelo qual os pontos de medição físicos são organizados e relacionados,
a fim de se obter as medidas líquidas de energia em cada ponto de medição. As relações
entre esses pontos de medição são denominadas de “relações de parentesco”, com a
descendência/ascendência entre eles.

»» Um ponto de medição que possui descendente terá medida a quantidade


de energia própria (consumida ou gerada) e a quantidade de energia
(consumida ou gerada) de seus descendentes.

»» Essas medições devem ser separadas e cada ponto de medição deve


participar da contabilização somente com a sua quantidade de energia
(consumida ou gerada).

As perdas em uma rede compartilhada correspondem às perdas internas decorrentes


do transporte de energia elétrica e transformações elétricas dentro dessa rede.

Os pontos de medição são cadastrados como pertencentes a um caminho de uma


rede compartilhada, com o objetivo de possibilitar a distribuição das perdas entre
seus pontos.

As perdas são calculadas por rede compartilhada para cada período de comercialização.
28
O setor elétrico brasileiro: histórico e reestruturação │ UNIDADE II

É realizado cálculo de perdas para consumo e geração para cada rede compartilhada.

Os pontos de medição, além das perdas internas a uma rede compartilhada, também
são impactados pelas perdas da Rede Básica.

Nesse módulo define-se o tratamento das participações dos pontos no rateio das
perdas da Rede Básica em termos percentuais, decorrentes da localização dos pontos
de medição. Posteriormente, determina-se os volumes em energia correspondentes que
participam do rateio.

No módulo Medição Contábil é que as medições participantes desse rateio serão levados
ao centro de gravidade.

Procedimentos de migração de uma de suas


unidades para o mercado livre, deve solicitar a
modelagem do ativo na CCEE
»» A solicitação de modelagem é feita através da Ferramenta SOMA,
disponível no espaço exclusivo do site da CCEE.

»» Na Ferramenta, o agente deve preencher as principais informações


(CUSD/CUST, Instalação Compartilhada, Classe de Atendimento).

»» A informação de CUSD/ deve ser confirmada pelo Agente Conectado


(geralmente distribuidora local), assim como a vigência deste.

»» O Agente de medição deve preencher as informações dos medidores e


realizar o cadastro dos pontos de medição no SCDE.

»» Ao fim da modelagem, as informações dos ativos estarão disponíveis ao


Agente na Aba CCEE.

Responsabilidade de Instalação

»» A instalação e adequação dos pontos de medição do Consumidor para o


padrão de medição da CCEE é de responsabilidade do Agente de Medição.

Responsabilidade Custos

»» Todos os custos incorridos são de responsabilidade do Consumidor,


exceto o medidor principal.

Responsabilidade Manutenção

»» A responsabilidade de manutenção do SMF é de responsabilidade do


agente de Medição.

29
UNIDADE II │ O setor elétrico brasileiro: histórico e reestruturação

Agente de Medição

»» Distribuidor ou Transmissora — O transmissor será agente de medição


caso o Consumidor esteja conectado diretamente a Rede Básica.

»» Relatório integrante do SCDE (Sistema de Coleta de Dados de Energia).

»» Disponível a partir do primeiro dia útil do mês seguinte ao contabilizado.

»» Apresenta de forma horária, os dados de medição dos pontos cadastrados.

»» Relatório é atualizado a cada nova atualização dos dados (novos registros,


ajustes de dados de medição).

»» Fornece ao agente dados de medição preliminares.

»» Duas versões: MS+6 du (SCDE) e MS+18 du (SCDE e CliqCCEE).

»» Fornece dados de medição já ajustados do agente.

a. Premissa 10.2.5:

A penalidade de multa por Infração na Adequação do Sistema de Medição


para Faturamento – SMF aplicáveis para cada ponto de medição irregular
do Agente de medição do SCDE, corresponde a R$ 5.000,00 (cinco mil
Reais), multiplicado pelo Fator de Penalidade – FPE:

›› FPE= 1 para o nível de tensão de 2,3 kV a 25,23 kV;

›› FPE= 2 para o nível de tensão de 30,12 kV a 44,11 kV;

›› FPE= 4 para o nível de tensão de 69,50 kV;

›› FPE= 8 para o nível de tensão de 88 kV a 138 kV; e

›› FPE= 16 para o nível de tensão de igual ou superior a 230 kV.”

b. Premissa 10.3.7:

A penalidade de multa por Infração de Inspeção Lógica corresponde ao


montante de R$ 1.500,00 (hum mil e quinhentos Reais), multiplicado
pelo Fator de Penalidade – FPE, aplicável para cada ponto de medição
irregular do Agente de medição do SCDE.; sendo:

›› FPE= 1 para o nível de tensão de 2,3 kV a 25 kV;

›› FPE= 2 para o nível de tensão de 30 kV a 44 kV;

›› FPE= 4 para o nível de tensão de 69 kV;

30
O setor elétrico brasileiro: histórico e reestruturação │ UNIDADE II

O valor da penalidade de multa por Infração de Coleta de Dados de


Medição pelo SCDE Contabilização será obtido multiplicando-se o
valor monetário do PLD Mínimo pela quantidade de horas faltantes na
Contabilização e pelo Fator de Penalidade – FPE, para cada ponto de
medição irregular do Agente de medição do SCDE sendo:

›› FPE= 1 para o nível de tensão de 2,3 kV a 25 kV;

›› FPE= 2 para o nível de tensão de 30 kV a 44 kV;

›› FPE= 4 para o nível de tensão de 69 kV;

›› FPE= 8 para o nível de tensão de 88 kV a 138 kV; e

›› FPE= 16 para o nível de tensão de igual ou superior a 230 kV.”

No PLD Mínimo 2012 = R$ 12,20/MWh.

Resolução Homologatória no 1.247, de 13 de


Dezembro de 2011
»» Responsável: Ação na CCEE (Mês de Consumo — Mês de Contabilização).

»» CCEE: Relatório SCDE Origem de Dados da Coleta (MS+1 até MS+3du).


Informar Agentes sobre Medições Falantes (MS+3du).

MS: mês seguinte às operações de compra e venda de energia du: dias úteis.

Fases de determinação da geração e o consumo


de energia

1. Consumo medido (obtido os dados dos medidores).

2. Perdas em Instalações Compartilhadas (Alocação das perdas para os


AGENTES).

3. Consumo Medido Líquido Total (Geração embutida, Padronização dos


dados).

4. Consumo Isento de Perdas da Rede Básica (Instalação Compartilhada,


Conexão Compartilhada).

5. Consumo Medido Líquido (Consumo que participa de perdas da Rede


Básica).

31
UNIDADE II │ O setor elétrico brasileiro: histórico e reestruturação

6. Consumo de Referência (Consumo do Agente ajustado com perdas da


Rede Básica).

7. Tratamento do Consumidor Parcialmente Livre.

8. Consumo Total do Agente (Valor utilizado para SPOT e Penalidades).

9. Consumo Total Atendido pelo SIN (Valor utilizado para encargos).

10. Na sequência, ocorre a transferência dos dados armazenados no SCDE


para o CLIQ/CCEE

A transferência ocorre no MS+3du


O SCDE tenta uma última varredura em todos os pontos de medição e busca de
dados faltantes, antes de ocorrer à transferência para o CLIQ/CCEE. O Acrônimo
utilizado para o Consumo Medido é o C_0R e aparece no relatório ME001 – Medição
de Ativos.

Relatório ME001 – Medição por ativos

Evento: contabilização – (período).

Instalações compartilhadas: são subestações, redes de transmissão ou distribuição que


atendem a mais de um Agente.

DITCs: são linhas de transmissão e equipamentos de subestações, em tensão


inferior a 230kV, com finalidade de interligação à Rede Básica, sendo as perdas
dessas instalações rateadas proporcionalmente entre os pontos de medição dos
Agentes envolvidos. As perdas das Instalações Compartilhadas e Demais Instalações
de Transmissão Compartilhadas serão rateadas proporcionalmente entre os
pontos de medição dos Agentes envolvidos, conforme o Fluxo Líquido de energia
entrando na Instalação Compartilhada ou Demais Instalações dos Consumidores
Livres e Agentes de Geração que possuam CUSD, celebrados com a Distribuidora
estarão isentos do rateio das perdas das Instalações Compartilhadas e Demais
Instalações de Transmissão Compartilhadas, uma vez que essas perdas já estão
consideradas na TUSD serão automaticamente alocadas na medição de consumo
da Distribuidora.

Perda Compartilhada Agente = Perda Compartilhada X Somas das Medições Agente


Participação.

32
O setor elétrico brasileiro: histórico e reestruturação │ UNIDADE II

Consumo Medido Ajustado

O Consumo Medido Ajustado refere-se à alocação de perdas da Instalação Compartilhada


ou de uma DITC para os Agentes responsáveis pela perda no período:

O cálculo é feito por período de comercialização, ou seja, hora a hora. Assim, é possível
que em determinada hora o perfil consumo assuma essas perdas de uma Instalação
Compartilhada ou DITC, enquanto que na hora seguinte as perdas sejam alocadas para
o perfil de geração. O Acrônimo utilizado para o Consumo Medido Ajustado é o CR e
aparece no relatório ME001 – Medição de Ativos.

a. Medição Ajustada e Considera das Perdas Compartilhadas


(Dados disponíveis no ME018, deve ser observado o ativo que
participa da compartilhada).

Relatório ME 018

Relatório contém as informações dos ativos de Instalações Compartilhadas


e Demais Instalações de Transmissão Compartilhadas (DITCs).

No relatório ME018 apresenta dados dos ativos que participam da


Compartilhada.

Esta etapa é responsável por:

›› abater do Consumo Medido Líquido Total do Agente eventual geração


embutida, que já está considerada na modelagem;

›› realizar a Patamarização dos dados medidos.

Entretanto, como os relatórios do trabalham com valores por patamar,


quase não há casos que verifica-se diferença entre os dois valores.

A exceção ocorre quando um agente possuir uma geração embutida.


O Acrônimo utilizado para o Consumo Medido Líquido Total é o C_0T,
que aparece nos relatórios:

›› Relatórios.

›› ME001 – Medição de Ativos.

›› ME005 – Medição de Consumo por Carga.

›› GE030 – Conexões Compartilhadas da Rede Básica.

›› E016 – Rateio de Perdas em Conexões Compartilhadas da Rede Básica.


33
UNIDADE II │ O setor elétrico brasileiro: histórico e reestruturação

Consumo Isento de Perdas da Rede Básica

›› Fisicamente, a energia elétrica é conduzida pelas linhas de transmissão


e distribuição, ocasionando perdas de energia.

›› As perdas referentes ao sistema de distribuição são calculadas pela


ANEEL e compõe a TUSD – Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição.

›› Entretanto, ainda existem perdas de energia associadas ao uso da Rede


Básica (>= 230 kV).

›› Os Agentes que efetivamente utilizam a Rede Básica devem arcar com


essas perdas, de forma proporcional ao montante da Rede Básica.

›› Desta forma, existem montantes de energia que não circulam por meio
da Rede Básica (usina próxima) e que não devem ser impactados pelas
perdas da Rede Básica.

›› Há necessidade de determinar o consumo de energia que é isento do


rateio de Perdas da Rede Básica, considerando:

·· Instalações Compartilhadas com Usinas;

·· DITCs – Demais Instalações da Transmissão Compartilhada com


Usinas;

·· Conexão Compartilhada com Usinas;

·· Os parâmetros utilizados para este cálculo são definidos na modelagem


do agente, considerando o fluxo real de energia para aquele ponto
de medição.

O Consumo Isento de Perdas da Rede Básica é calculado considerando o


fluxo físico da energia de geração localizada. O Acrônimo utilizado para
o Consumo Isento de Perdas da Rede Básica é o C0L, que aparece nos
relatórios:

›› ME005 – Medição de Consumo por Carga.

›› ME016 – Rateio de Perdas em Conexões Compartilhadas da Rede


Básica.

Relatório M005

O Consumo Medido Líquido corresponde ao consumo que efetivamente


participa do Rateio de Perdas da Rede Básica.

34
O setor elétrico brasileiro: histórico e reestruturação │ UNIDADE II

Consumo Medido Líquido = Consumo Medido Líquido Total – Consumo


Isento de Perdas RB.

O Acrônimo utilizado para o Consumo Isento de Perdas da Rede Básica é


o C_0, que aparece no relatório:

São isentos do rateio de perdas:

›› Usinas não interligadas à Rede básica (Resolução ANEEL no 395, de 24


de Julho de 2002);

›› Os pontos de consumo associados às usinas não interligadas à Rede


básica (Resolução ANEEL no395 de 24 de Julho de 2002);

›› Conexões compartilhadas (total ou parcial).

Relatório GE006 – Relatório geral de medição

›› Consumo de Referência = Consumo que Participa das Perdas RB x


Fator de Perda do Consumo + Consumo Isento.

›› O Acrônimo TRC_REF é utilizado para representar o Consumo de


Referência e aparece no relatório: recompra parte de seu consumo de
energia no Mercado Livre e parte com a Distribuidora (Tarifa Regulada).

Fisicamente, a carga é suprida por um determinado ponto de medição,


que registra o consumo total do Agente.

A distribuidora precisa informar o montante cativo deste consumidor,


pois é impossível fazer isso por meio da Medição.

b. A legislação vigente estabelece duas possibilidades para a


Distribuidora informar o montante cativo do Consumidor
Parcialmente Livre

Para Consumidores Parcialmente Livres existentes, que possuam seus


contratos vigentes com as distribuidoras, o Agente de Distribuição poderá
inserir no CliqCCEE os valores horários desses contratos (variável XA_
CCER).

Para os “novos” Consumidores Parcialmente Livres ou aqueles já


existentes que tenham seu contrato de compra com a distribuidor
expirado, esse montante será informado mensalmente (variável MCCER)
no CliqCCEE e será modulado conforme o perfil de carga do Consumidor
Parcialmente Livre.

35
UNIDADE II │ O setor elétrico brasileiro: histórico e reestruturação

›› O Acrônimo MCCER – Montante do Contrato de Compra de Energia


Regulada (Mensal) aparece no Relatório.

CO022 – Energia Regulada do Consumidor Parcialmente Livre – Dados


Mensais.

Relatório CO023

O Consumo Total do Agente, por Submercado, é o valor de medição que


será contabilizado para Mercado SPOT, Penalidades e Encargo por Razão
de Segurança Energética.

›› Consumo Total do Agente = Consumo de Referência – Energia Cativa.


Para Consumidores Livres e Consumidores Especiais puros, o Consumo
Total do Agente é numericamente igual ao Consumo de Referência.

›› O Acrônimo TRC é utilizado para representar o Consumo Total do


Agente e parece nos relatórios:

·· CB005 – Contabilização do Perfil de Consumo por Patamar;

·· CB043 – Parâmetros para Rateio de Encargo por Razões de


Segurança Energética;

·· GE016 – Consumo Total dos Perfis de Consumo dos Agentes.

›› Consumo total do Agente Atendido pelo SIN

O Consumo Total do Agente Medido Atendido pelo Sistema


Interligado Nacional considera a energia que foi fornecida pelo SIN
para atendimento da carga, descontando as parcelas referentes à
alocação de geração própria e energia cativa, por Submercado, este
valor é utilizado para cálculo de encargos.

Consumo Total do Agente Atendido pelo SIN = Consumo de Referência


– Alocação de Geração Própria – Energia Cativa.

O Acrônimo TRC_ESS é utilizado para representar o Consumo Total


do Agente Medido Atendido pelo SIN e parece nos relatórios:

·· CB005 ─ Contabilização do Perfil de Consumo por Patamar;

·· GE007 ─ Componentes de Encargo de Serviço de Sistema.

36
Tratativas de atividade Unidade Iii
e tributos de energia

Capítulo 1
Tributações

Legislação associada à comercialização


de energia
A Lei no 9.074/1995 (ANEEL, 2009a) celebra a criação de um ambiente facilitador
à configuração de novos agentes no mercado brasileiro de energia elétrica e, por
consequência, à entrada de novas tecnologias e aproveitamento de fontes renováveis
de energia. Nela é criada a figura do Produtor Independente de Energia (PIE), definido
como:
Artigo II – Considera-se Produtor Independente de Energia a pessoa
jurídica ou empresas reunidas em consórcio que recebam concessão
ou autorização do poder concedente, para produzir energia elétrica
destinada ao comércio de toda ou parte da energia produzida, por sua
conta e risco.

O decreto no 2003/1996, que regulamenta a referida lei, fixa regras que dão forma
à figura do Produtor Independente de Energia, diferenciando este de um novo ator
denominado Autoprodutor de Energia Elétrica, assim definido em lei:

Considera-se Autoprodutor de Energia Elétrica, a pessoa jurídica ou empresas reunidas


em consórcio que recebam concessão ou autorização para produzir energia elétrica
destinada ao seu uso exclusivo.

Por força deste decreto, “objetivando a garantia da utilização e a comercialização da


energia produzida”, tanto o Produtor Independente de Energia quanto o Autoprodutor
passaram a ter garantido “o livre acesso aos sistemas de transmissão e distribuição de
concessionários ou permissionários de serviço público de energia elétrica, mediante o
ressarcimento do custo de transporte envolvido”.

37
UNIDADE III │ Tratativas de atividade e tributos de energia

O referido decreto em seu art. 23 define quais os possíveis clientes a terem seu
abastecimento de energia provido por um Produtor Independente de Energia:

Art 23 - A venda de Energia Elétrica por Produtor Independente poderá


ser feita para:

I - Concessionários de serviço público de energia elétrica;

II – Consumidor de energia elétrica, nas condições estabelecidas nos


artigos 15 e 16 da Lei no 9074/1995;

III – Consumidores de energia elétrica integrantes de complexo


industrial ou comercial, aos quais forneça vapor ou outro insumo
oriundo de processo de cogeração;

IV – Conjunto de consumidores de energia elétrica, independentemente


de tensão e carga, nas condições previamente ajustadas com o
concessionário local de distribuição;

V – Qualquer consumidor que demonstre ao poder concedente não ter


o concessionário local lhe assegurado o fornecimento no prazo de até
180 dias contado da respectiva solicitação.

Os arts 15 e 16 da Lei no 9.074/1995 (ANEEL, 2009a) tratam da regulamentação das


condições necessárias para que um consumidor possa ser considerado “consumidor
livre”. Este novo ator é definido como aquele consumidor que ao apresentar (na primeira
etapa da aplicação da lei) uma carga instalada igual ou superior a 10.000 kW, atendido
por uma tensão nunca inferior a 69 kV lhe fica facultado o direito de opção de compra,
total ou parcial, de um Produtor Independente de energia elétrica.

A lei estabeleceu que passado um período de três anos os consumidores livres poderão
ampliar seu leque de opção de compra também aos concessionários, permissionários ou
autorizados de energia elétrica do sistema. Cinco anos após a publicação da lei passam a
ser considerados como consumidores livres todos aqueles consumidores com potência
instalada superior a 3MW a uma tensão de fornecimento igual ou superior a 69 kV. Fica
definido também que passados oito anos de cumprimento da lei, ao poder concedente
poderá reduzir os limites de carga e tensão que condiciona o enquadramento como
consumidor livre.

É considerado Consumidor Especial, nos termos da Resolução no 247 (ANEEL, 2009a),


o responsável por:

»» Unidade consumidora (individual) do Grupo A com demanda maior


ou igual a 500 kW ou; conjunto de unidades consumidoras do Grupo A
38
Tratativas de atividade e tributos de energia │ UNIDADE III

(no mesmo submercado no SIN), reunidas por comunhão de interesses


de fato ou de direito, localizadas em áreas contíguas ou que possuam o
mesmo CNPJ, caso localizadas em áreas não contíguas. Segundo a CCEE
(2009), o Consumidor Especial poderá adquirir energia de:

›› Fontes hidráulicas de potência superior a 1.000 kW e igual ou inferior a


30.000 kW, com características de pequena central hidroelétrica (PCH);

›› Empreendimentos com potência instalada igual ou inferior a 1.000


kW;

›› Empreendimentos com base em fontes solar, eólica e biomassa, com


potência instalada menor ou igual a 30.000 kW.

A atividade energética e as tarifas de energia elétrica

O mercado de energia elétrica vem refletindo o bom momento da economia brasileira,


aquecida pelo avanço da produção industrial e pelo aumento dos investimentos.
Estes elementos têm possibilitado uma ampliação da renda média da população
ocupada e também uma diminuição na taxa de desocupação, que, juntamente com a
valorização da moeda nacional (real) em relação ao dólar, vêm estimulando as vendas
de equipamentos eletroeletrônicos e eletrodomésticos, impulsionando, dessa forma, a
atividade de energia elétrica em todo o país.

Ao se analisar a participação das cinco regiões brasileiras na atividade nacional de


energia elétrica em novembro de 2007, verificou-se que o Sudeste concentrou 55%
do montante total, seguido por Nordeste e Sul, que participaram com 17% cada uma.
As regiões Centro-Oeste e Norte representaram 6% do mercado nacional cada, na mesma
comparação. Neste mesmo mês, todas as regiões apresentaram expansão da atividade
de energia elétrica, relativamente em novembro de 2006, sendo que a maior delas foi
observada no Centro-Oeste, de 7,9%, e a menor na região Sul, de 5,1% (EPE, 2007).

A atividade residencial em 2011 no Brasil totalizou 96.541 GWh, o que significou avanço
de 5,9% frente ao mesmo mês do ano anterior. O atividade industrial anual de energia
elétrica em âmbito nacional atingiu o montante de 172.610 GWh, total 5% superior ao
registrado no ano de 2006. O atividade comercial anual de energia elétrica no Brasil
totalizou 58.627 GWh, representando aumento de 6,7% em relação ao mesmo mês do
ano anterior. O agregado “outros atividades”, que reúne o atividade das classes rural,
poder público, iluminação pública, serviços públicos e atividade próprio, alcançou um
total anual de 375.642 GWh, montante 5,4% superior ao registrado no ano de 2006.
Em 2012, foram consumidos no Brasil um total de 375.642 GWh, 5,4% a mais do que

39
UNIDADE III │ Tratativas de atividade e tributos de energia

em 2006. A tarifa média total de energia elétrica em 2013, de acordo com a Tabela 6, foi
de 388,1 R$ /MWh, com um aumento de 1,3% frente à observada em 2006, conforme
dados da ANEEL (2009a). Contribuíram para esse incremento as tarifas de todas
as classes de atividade, exceto a Residencial, para a qual houve uma queda de 0,3%.
Com os maiores aumentos na tarifa, destacam-se a classe Industrial e o Serviço Público,
com um avanço de 3,6% e 3,3%, respectivamente. Dentre as cinco regiões, Sudeste e
Centro-Oeste tiveram o maior aumento de tarifa (a primeira 1,7% e a última 1,9%) e a
menor tarifa foi verificada no Sul do país (226,3 R$ /MWh).

A atividade per capita de energia brasileira sempre foi considerada relativamente baixa,
mas o crescimento da renda nacional e sua redistribuição deverão influir no sentido
de que a atividade aumente. Esse valor ainda se mostrará reduzido, especialmente
quando comparado a países desenvolvidos. A título de comparação, a Oferta Interna de
Energia (OIE) per capita em 2030 poderá chegar a 2,33 per capita, valor ainda pouco
representativo se comparado com a atual atividade dos EUA, de 7,9 tep per capita, ou
do Japão, de cerca de 4 per capita.

Observando-se o mesmo com a atividade anual de eletricidade, para o Brasil atualmente,


em torno de 1.600 kWh per capita e apontanda para cerca de 4.321 kWh per capita
em 2030. O PNE 2030 estima, para uma população de aproximadamente 239 milhões
de habitantes, uma oferta interna de energia de cerca de 556 milhões de tep. Nessas
condições, a oferta interna de energia, em tep por habitante, evoluirá de 1,19 (2005)
para 2,33 (2030).

A composição das tarifas de energia elétrica


no Brasil
As faturas mensais emitidas pelas distribuidoras registram a quantidade de energia
elétrica consumida, em kWh, no mês anterior. O valor final a ser pago pelo consumidor
corresponde à soma de três componentes:

»» o resultado da multiplicação entre a energia elétrica consumida e o valor


do kWh;

»» os encargos do setor elétrico; e

»» os tributos determinados por lei (ANEEL, 2009a).

Os encargos do setor elétrico, embutidos na tarifa, têm aplicação específica. Os tributos


são destinados ao governo e a parcela que fica com a distribuidora, é utilizada para
os investimentos em expansão e manutenção da rede, remuneração dos acionistas e
cobertura de seus custos.

40
Tratativas de atividade e tributos de energia │ UNIDADE III

Desta maneira, a tarifa praticada remunera não apenas as atividades de distribuição, mas
também de transmissão e geração de energia elétrica (ANEEL, 2009a). Até a década de
1990, existia uma tarifa única de energia elétrica no Brasil, que garantia a remuneração
das concessionárias, independentemente de seu nível de eficiência. Esse sistema não
incentivava a busca pela eficiência por parte da distribuidora, uma vez que a integralidade
de seu custo era transferida ao consumidor.

Em 1993, com a Lei no 8.631, as tarifas passaram a ser fixadas por empresa, conforme
características específicas de cada área de concessão, por exemplo: número de
consumidores, quilômetros de rede de transmissão e distribuição, tamanho do mercado
(quantidade de unidades de atividade atendidas por uma determinada infraestrutura),
custo da energia comprada e tributos estaduais, entre outros. Portanto, se essa área
coincide com a de uma unidade federativa, a tarifa é única naquele estado. Caso
contrário, tarifas diferentes coexistem dentro do mesmo estado (ANEEL, 2009a).

Encargos e tributos
Os encargos setoriais são custos inseridos sobre o valor da tarifa de energia elétrica, como
forma de subsídio, para desenvolver e financiar programas do setor elétrico definidos
pelo Governo Federal. Esses valores são estabelecidos por Resoluções ou Despachos
da ANEEL, para efeito de recolhimento pelas concessionárias dos montantes cobrados
dos consumidores por meio das tarifas de energia elétrica. Como são contribuições
definidas em leis aprovadas pelo Congresso Nacional, são utilizados para determinados
fins específicos (ANEEL, 2008).

Alguns encargos têm, por exemplo, o objetivo de incentivar o uso fontes alternativas,
outros contribuem para a universalização do acesso à energia elétrica e/ou para reduzir
o valor da conta mensal dos consumidores localizados em áreas remotas do país, como
a região Norte, abastecida por usinas a óleo diesel e não conectadas ao SIN (ANEEL,
2008). Os tributos, conforme a ANEEL (2008) são pagamentos compulsórios devidos
ao Poder Público, a partir de determinação legal, e que asseguram recursos para que
o Governo desenvolva suas atividades. Sobre as contas mensais de energia elétrica
incidem os seguintes tributos:

»» Programas de Integração Social (PIS) e Contribuição para o Financiamento


da Seguridade Social (COFINS), federal;

»» Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) estadual;

»» Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública (CIP),


municipal. Os Encargos e Tributos, representam em média 33,4% da
fatura de energia elétrica.

41
UNIDADE III │ Tratativas de atividade e tributos de energia

A economia e os investimentos no setor


elétrico brasileiro
Por meio dos dados de previsão de crescimento da oferta estimada pela ANEEL, foi
possível gerar a Tabela 8, que apresenta um balanço do crescimento da oferta e da
demanda de energia elétrica até 2011. A hipótese simplificadora subjacente a este
cenário é a de que a atual capacidade de geração instalada é de 100.000 MW, utilizando
dados do Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica 2006-2016, mostra que o
país em 2011 tem uma diferença a menos de 13,5 mil MW entre o crescimento da oferta
e o crescimento da demanda. Tal cenário indica dificuldades crescentes de garantia
de abastecimento do mercado de energia elétrica para os próximos anos. As chuvas
que encheram todos os grandes reservatórios, a ponto de ter que verter água em suas
barragens, garantiria o suprimento do país até 2008.

Estudo divulgado pelo Instituto Acende Brasil, entidade criada em 2006 pela Câmara
Brasileira dos Investidores em Energia Elétrica, mostra que em 2009 o risco de
racionamento no Sudeste, principal região consumidora do país, subirá para 5%, limite
máximo aceitável pela ANEEL e pelo Operador Nacional do Sistema (ONS). Para o
Brasil, em 2010, este indicador aumentará para 8%, e chegará a 16% em 2016, quase
o triplo do risco máximo recomendado. Os dados oficiais gerados pela Empresa de
Pesquisa Energética (EPE) são mais conservadores: risco de déficit de 4,5% em 2010 e
de 10% em 2011 – o dobro do que o mercado de energia aceita como limite.

Portanto, o quadro de oferta futura de energia elétrica, aliado às projeções de crescimento


da demanda de 5,2% ao ano até 2011, aponta a fragilidade de garantia da oferta do
insumo. Para agravar a situação, além da baixa agregação de usinas hídricas, o parque
térmico a gás natural está pouco operante por falta do combustível.

As projeções para investimentos no setor elétrico são de R$ 78,4 bilhões até o ano de
2016, sendo R$ 65,9 bilhões para geração e R$ 12,5 bilhões para transmissão. As metas
de geração têm por objetivo aumentar a capacidade, em 12.386 MW. Os principais
projetos, que totalizam 5.617 MW (45,3% da meta de geração) e que deverão estar em
operação até 2016, são: região Norte (UHE Estreito, localizada no rio Tocantins e com
capacidade instala de 1.087 MW); região Sudeste (2 UHE – Baú I e Barra do Braúna – 4
PCH e 7 UTE, com capacidade total de 1.903 MW); e região Sul (6 UHE e 2 UTE, com
capacidade total de 2.627 MW).

Para transmissão estão previstos R$ 12,5 bilhões até 2010, e a meta física corresponde
à construção de 13.826 km de linha, assim distribuídos por região: Norte, com
investimento de R$ 5,4 bilhões para 4.721 km; Nordeste, com investimento de R$ 1,5
bilhão para 2.276 km; Sudeste, com investimento de R$ 2,7 bilhões para 2.900 km; Sul,

42
Tratativas de atividade e tributos de energia │ UNIDADE III

com investimento de R$ 1,1 bilhão para 2.078 km; e Centro-Oeste, de R$ 1,8 bilhão para
1.851 km. Como pode ser observado, o grande investimento em linha de transmissão
está direcionado para a região Norte. Esta região detém 43,2% do investimento total e
34,1% da quantidade de quilômetros a ser construída.

Quanto aos combustíveis renováveis (etanol e biodiesel), estão previstos R$ 17,4 bilhões
de investimento, assim distribuídos por região:

»» Norte, com R$ 53 milhões para biodiesel;

»» Nordeste, com R$ 140 milhões também para biodiesel;

»» Sudeste, com R$ 10,9 bilhões, sendo R$ 8,5 bilhões para etanol, R$ 316
milhões para biodiesel e R$ 2,1 bilhões para a construção de alcooldutos;

»» Sul, com R$ 958 milhões, sendo R$ 628 milhões para etanol e R$ 330
milhões para biodiesel; e

»» Centro-Oeste, com R$ 5,3 bilhões, sendo R$ 3 bilhões para etanol, R$ 2


bilhões para a construção de alcooldutos e R$ 357 milhões para biodiesel.

Na distribuição o financiamento manteve-se em até 50%, com redução da parcela em


TJLP de 70% para 50%. Para projetos de leilões de transmissão de energia elétrica, o
BNDES inova ao estruturar financiamento a custo de mercado (em vez de TJLP), com
prazo mais longo (20 anos de amortização, no sistema PRICE, ao invés de 14 anos, no
sistema SAC) e participação até 80% no financiamento total.

Essa proposta abre espaço para a emissão de debêntures de infraestrutura, cujos prazos
de financiamento são de cerca de 10 anos. Nesse sentido, para estimular a emissão de
debêntures, o valor do crédito do BNDES será calculado pelo índice de cobertura do
serviço da dívida (ICSD) mínimo de 2,0, sendo que o limite de endividamento global
(BNDES + outros credores) será dado pelo ICSD mínimo de 1,5.

As novas condições do BNDES são as seguintes

Eficiência energética e iluminação pública

Participação: até 80% dos itens financiáveis.

Custo: 100% TJLP.

Solar
Participação: até 80% (anterior 70%) dos itens financiáveis.
43
UNIDADE III │ Tratativas de atividade e tributos de energia

Custo: 100% TJLP.

Eólica, biomassa, cogeração e PCH

Participação: até 70% dos itens financiáveis.

Custo: 100% TJLP.

Hidrelétrica
Participação: até 50% (anterior 70%) dos itens financiáveis Custo: 100% TJLP.

Termelétrica a gás natural em ciclo combinado


Participação: até 50% (anterior 70%) dos itens financiáveis.

Custo: 100% TJLP.

Transmissão
Participação: até 80% dos itens financiáveis.

Para projetos de leilões públicos, estruturados na modalidade Project Finance, o valor


do crédito do BNDES será determinado pelo ICSD mínimo de 2,0, e a alavancagem
geral pelo ICSD mínimo de 1,5. Custo: Moeda de mercado (anterior 100% TJLP).
Prazo de amortização: 20 anos (anterior 14 anos), no sistema PRICE.

Distribuição
Participação: até 50% dos itens financiáveis.

Custo: 50% TJLP / 50% mercado (anterior 70% TJLP / 30% mercado). Em todas as
linhas, foi mantido spread básico de 1,5%.

As novas condições passaram a valer para os leilões de outubro e também valerão para
os que ocorrerem em dezembro de 2016. Esta matéria foi publicada no Procel/Info, do
Centro Brasileiro de Informação de Eficiência Energética.

Contratos
De acordo com o decreto no 5163 de julho/2004, o Consumidor deve garantir a 100%
da sua carga, por intermédio de geração própria ou contratos registrados na CCEE. Se
isso não for cumprido, o Agente poderá ter duas consequências:

44
Tratativas de atividade e tributos de energia │ UNIDADE III

Pagamento no Mercado de Curto Prazo (apuração por patamar) Estar sujeito ao


pagamento de Penalidades (apuração mensal). Os contratos de energia que podem
servir de lastro para fins de spot e/ou penalidades são:

»» Contratos Bilaterais.

»» Contratos de Energia Incentivada.

»» Contrato do PROINFA.

CONTRATOS QUE SERVEM DE LASTRO PARA FINS DE:


AGENTES > SPOT > PENALIDADES
CONSUMIDOR LIVRE
CONSUMIDOR ESPECIAL (EXCETO BILATERAL)

Todos esses contratos, dentro de prazos específicos, passam pelo processo de Sazonalização
e Modulação, realizadas pelo Agente, conforme estratégia comercial, ou automaticamente
pelo SCL, de acordo com as Regras de Comercialização vigentes.

Essas informações são importantes para que a CCEE aloque corretamente as quantidades
contratadas na contabilização, visto que esta é realizada por semana, patamar
e submercado.

»» Sazonalização: discretização mensal das quantidades anuais de energia


de um Contrato.

»» Modulação: distribuição da quantidade mensal de energia de um contrato


em valores horários.

»» Sazonalização Flat: divisão do bloco anual de energia, proporcionalmente


ao número de horas de cada mês.

Realizada automaticamente pelo sistema quando o Agente não realizar a sazonalização


dentro dos prazos previstos ou quando for determinação das regras.

»» Modulação: distribuição da quantidade mensal de energia de um contrato


em valores horários.

»» Modulação Flat: divisão do montante mensal de energia de um contrato


pelo número de horas do respectivo mês.

Realizada automaticamente pelo sistema quando o Agente não realizar a modulação


dentro dos prazos previstos.

Obs.: a ultrapassagem é considerado uma “exposição negativa”.

45
UNIDADE III │ Tratativas de atividade e tributos de energia

O Agente deve ter cuidado ao deixar o sistema realizar a modulação flat, pois na
contabilização, ao comparar a quantidade contratada com a quantidade de energia
consumida, pode haver exposição positiva e/ou negativa no Mercado Spot:

Contratos Bilaterais

São contratos firmados da livre negociação entre os Agentes no ACL. A CCEE não
interfere nas cláusulas contratuais acordadas entre as partes. No ato de registro de um
novo contrato bilateral, é necessário informar no SCL:

Contrapartes: vendedor e comprador.

Submercado de registro do contrato.

Vigência total:

»» Curto Prazo (< 6 meses).

»» Longo Prazo (≥ 6 meses).

Registro do Contrato Bilateral:

»» Responsável: Vendedor.

»» Prazo para registro de novo contrato: M+9du.

»» Informações obrigatórias e não editáveis: contrapartes, submercado de


registro e Vigência.

»» Informações obrigatórias e editáveis:

›› curto prazo: sazonalização (volumes mensais);

›› longo prazo: volume anual.

»» Informações facultativas e editáveis:

›› curto prazo: modulação;

›› longo prazo: Sazonalização e Modulação.

Inserção de volumes de energia:

»» responsável: vendedor;

»» prazo: MS+9du;
46
Tratativas de atividade e tributos de energia │ UNIDADE III

»» a não inserção dos volumes de energia implica em sazo/modulação


automática pelo SCL.

Validação de Contrato Bilateral:


Responsável: Comprador.
Prazo: MS+10du.

Validação do Registro: o agente comprador confirma as informações obrigatórias


inseridas pelo vendedor no ato do registro.

Validação Mensal: o agente comprador confirma às informações facultativas inseridas


pelo vendedor até a data limite.

A não validação do registro implica na desconsideração do contrato inserido pelo


Vendedor.

A não validação mensal implica em:

»» modulação flat efetuada pelo SCL;

»» sazonalização flat efetuada pelo SCL.

Sazonalização Flat de Contrato em Longo Prazo:

»» Caso o Agente não insira informações no CliqCCEE dentro dos prazos


determinados, o sistema fará a Sazonalização Flat no momento da
Contabilização do mês de referência.

SazoFlat = Δ Energia contratada (MWh) X No total de horas no mêsRef (h) Δ No de


horas do ano (h) .

Modulação Flat de Contrato de Longo e Curto Prazo:

»» Caso o Agente não insira informações de dados horários dentro dos prazos
determinados, o CliqCCEE fará a Modulação Flat para a Contabilização.

ModFlat = Energia mensal contratada (Mh).

No total de horas do mês (h).

Ajuste:

»» Inserção: Agente Vendedor.

»» Ajustes de Montantes Anuais, Sazonalização e/ou Modulação poderão


ser realizados em até MS+11du.

47
UNIDADE III │ Tratativas de atividade e tributos de energia

Validação do Ajuste:

»» avalidação do ajuste: Agente Comprador;

»» prazo: MS+12du;

»» prazo: MS+11du (anual);

»» a não validação do ajuste implica na desconsideração deste para fins de


contabilização.

Finalização de Contrato:

a. a finalização do Contrato Bilateral deve ser feita no período de ajustes do


mês de apuração em que desejam efetuar a finalização;

b. contratos de Longo Prazo: deve ser verificada a necessidade de realizar o


ajuste do montante anual (aumento ou redução);

c. a finalização deverá ser realizada pela parte vendedora e validada pela


parte compradora.

Relatórios:

CO001 e CO002.

No relatório CO001 são apresentados os montantes de energia por semana e por


patamar de carga de todos os contratos bilaterais do Agente.

Contratos do PROINFA

Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de


Energia Elétrica

O programa foi instituído com o objetivo de aumentar a participação da energia


elétrica produzida por empreendimentos de Produtores Independentes Autônomos,
concebidos com base em fontes eólica, pequenas centrais hidrelétricas e biomassa,
no SIN.

Os custos do PROINFA são rateados entre todas as classes de consumidores finais


atendidas pelo SIN, proporcionalmente ao consumo verificado. Os agentes de consumo
tem direito à quotas anuais do PROINFA, que são comercializadas na CCEE.

As quotas do PROINFA são calculadas e publicadas em resolução pela ANEEL até 32


de novembro de cada ano.

48
Tratativas de atividade e tributos de energia │ UNIDADE III

Para base de cálculo das cotas do PROINFA são utilizados os meses de setembro a
agosto. Para o cálculo das cotas de 2016 são utilizados como exemplos os meses:

SETEMBRO­/2016

AGOSTO 2017

No caso dos Consumidores Livres, Consumidores Especiais ou Agentes Autoprodutores


que optarem pela migração do Cativo para o livre, o Agente de Distribuição deverá
encaminhar para a Superintendência da CCEE os documentos estabelecido no PdC.
AC05, para que seja calculado a cota a ser transferida da distribuidora para o consumidor.
Neste caso, a CCEE que calcula e publica a transferência das cotas.

Para os consumidores que nascem Livres só será feito o cálculo das cotas nos meses de
setembro/novembro, para o ano seguinte.

Sazonalização ─ Deve ser feita pela Eletrobras até 15 dias corridos antes do início do ano.
Caso não seja realizado no prazo o SCL sazonaliza Flat Modulação PCHs fora do MRE,
Eólica e Biomassa: conforme a geração das usinas fora do MRE PCHs participantes
MRE: moduladas pela curva de geração de todas as usinas do MRE. Contrato registrado
pela CCEE no submercado da carga.

No relatório CO002 são apresentados os montantes de energia por semana e por


patamar de carga de todos os tipos de contratos do consumidor (Bilaterais + Proinfa
+ Incentivados). Com os dados deste relatório (Montantes por Patamar), mais os
dados de medição. (ME007) e os PLDs correspondentes (site da CCEE) do período
contabilizado, é possível ao Agente reproduzir o valor final de SPOT, constante no
CB006 (linha GGPR).

Já para verificar a quantidade contratada total mensal, deve-se somar os resultados de


todos os contratos da coluna ‘Montante Mensal’, valor importante, base para cálculo da
penalidade.

As fontes renováveis de energia no Brasil

No contexto de disponibilidade de FRE, podemos dizer que o Brasil é privilegiado, pois


dispõe da maior bacia hidrográfica do mundo, com grande potencial para transformação
em força motriz e em energia elétrica (MME, 2008). O país possui grandes florestas
tropicais, com áreas cultiváveis e que, exploradas sustentavelmente, poderão ser
inesgotáveis produtoras de energia; possui ainda um potencial eólico promissor, além
do que a energia solar destaca-se como grande fonte primária ainda a ser explorada em
escala mais significativa.
49
UNIDADE III │ Tratativas de atividade e tributos de energia

No Brasil, quando se fala em fontes alternativas de energia ou FRE, a referência é feita


em especial às pequenas centrais hidroelétricas, energia eólica, à biomassa e à solar.

Energia Incentivada / Especial.

Energia renovável
Energia renovável é a energia proveniente de recursos naturais como o sol, vento, chuva,
marés e energia geotérmica, que são recursos renováveis (naturalmente reabastecidos).

Para geração de energia elétrica, as fontes renováveis mais comuns são as Pequenas
Centrais Hidrelétricas – PCHs, energia térmica proveniente de biomassa, energia
eólica, solar e biogás.

Fontes de geração de energia incentivada:

»» PCHs (PIE, AP) com cuja a potência instalada 1000 kW e 30.000 kW;

»» empreendimentos com Potência Instalada até 1000 kW;

»» fonte solar, eólica ou biomassa de potência injetada na linha de distribuição


e/ou transmissão até 30.000 kW;

»» durante a operação da usina, a Potência Injetada será apurada com base


na geração verificada da usina.

Usinas: desconto permanente definido pela ANEEL:

»» existem dois níveis de desconto na energia vendida: 50% e 100%;

»» se o Agente comprar energia em contratos de energia convencional em


montante superior a 49% de sua.

Garantia Física:

»» a usina, junto à Distribuidora, não perde o seu desconto original;

»» a usina, para fins de repasse ao comprador, perde desconto original;

»» a usina perde o desconto caso ultrapasse o limite de potência de 30 MW.

Consumidores Especiais:

»» o Consumidor Especial pode comprar energia de 50%, de 100% ou de


ambos;

»» o desconto final do Consumidor Especial será a média ponderada dos


descontos associados às energias compradas;
50
Tratativas de atividade e tributos de energia │ UNIDADE III

»» se comprou somente energia de 50%, o desconto final será 50%;

»» se comprou somente energia de 100%, o desconto final será 100%;

»» se comprou ambos os tipos de energia, o desconto será um valor entre


50% e 100%.

A verificação do desconto final do Consumidor Especial será MENSAL. Não há limites


de intermediação para Comercialização da Energia Incentivada. Audiência Pública
ANEEL no 036/2008 – Resolução ANEEL no 376/2009.

Energia convencional

Foi eliminado o Conceito de “AMBIENTE INCENTIVADO” e “AMBIENTE


CONVENCIONAL” e foram criados dois novos:

“AMBIENTE ESPECIAL” e “AMBIENTE NÃO ESPECIAL”

Para dar um tratamento adequado na comercialização surgem quatro tipos de Energias:

»» incentivada especial;

»» convencional especial;

»» cogeração qualificada;

»» convencional.

Faz-se necessário tratamento na modelagem para separar a energia Convencional da


energia Incentivada e/ou Especial, por meio da criação de perfis chamados de Agentes
Vinculados.

A Contabilização e a apuração da Penalidade é realizada separadamente, ou seja,


por perfil:

»» CB006 único, porém discriminado por perfil;

»» Liquidação por CNPJ, total consolidado.

Contratos: o que pode ser vendido pelo agente Gerador/ Comercializador e para quem.
O que pode ser comprado pelo Consumidor Livre ou Especial e de quem.

CCEIE – Contrato de Compra de Energia Incentivada Especial.

CCEICQ – Contrato de Compra de Energia Incentivada de Cogeração Qualificada.

CCECE – Contrato de Compra de Energia Convencional Especial.

51
UNIDADE III │ Tratativas de atividade e tributos de energia

CB – Contrato Bilateral.

LASTRO: ponto de atenção na contratação de energia, pois nem todos os contratos


servem de lastro na apuração da penalidade.

DESCONTO: o benefício do desconto existe somente para alguns tipos de contrato e o


repasse é válido somente para alguns Agentes.

Especial e não especial

Aplicação do Desconto: consumidor

Para Consumidores Especiais, Consumidores Livres e o Perfil de Consumo do


Autoprodutor, o desconto mensal a ser efetivamente aplicado à TUST/TUSD será a
média dos descontos de toda energia comprada.

Os consumidores com insuficiência de cobertura de consumo mensal têm o desconto


reduzido proporcionalmente.

O desconto final do consumidor livre ou especial é divulgado em MS+22, por meio dos
relatórios da CCEE, após a contabilização do mês de apuração.

Pode acontecer de o desconto apurado final ser diferente do contratado com os Vendedores
de energia incentivada, pelos seguintes motivos:

»» Os vendedores repassarem desconto inferior ou superior ao contratado,


situação essa que o consumidor pode se precaver, por meio de cláusula
contratual.

»» O consumidor possuir insuficiência de cobertura de consumo, o que


impacta direta e proporcionalmente o seu próprio desconto final.

Relatórios de Desconto do Consumidor.

EI002 ─ Desconto Mensal de Energia Incentivada por Consumidor Especial.

EI004 ─ Relação dos Vendedores Incentivados.

CO001 ─ Contratos Bilaterais Inseridos.

PE021 ─ Penalidades Apuradas para Consumidores Livres e Especiais.

ME007 ─ Medição Total do Perfil de Consumo.

GE031─ Matriz de Cálculo do Desconto.


52
Tratativas de atividade e tributos de energia │ UNIDADE III

Ainda com relação ao CO001, o Agente pode observar que, se ele tiver, por exemplo, 2
contratos nesse relatório como um mesmo Agente, aparecerão dois códigos codificados,
os valores correspondentes etc. Porém, quando for verificar o relatório EI004,
responsável por mostrar os contratos que comprou, conseguirá visualizar somente a
soma total dos contratos que firmou com aquele Agente e não individualmente.

Pequenas centrais hidroelétricas - PCHs

A Resolução no 394/1998 da ANEEL define como Pequena Central Hidroelétrica (PCH)


as centrais com potência instalada total de até 30 MW e área inundada máxima de
reservatório de 3 km2. A definição de PCH no restante do mundo estabelece como
potência instalada máxima total 10 MW. Alguns benefícios foram concedidos pelo
órgão regulador no sentido de incentivar a geração de eletricidade a partir das PCH
como, por exemplo, a concessão de um desconto de 50% nas tarifas de transporte da
eletricidade gerada por este tipo de usina.

Como são empreendimentos que geralmente procuram atender demandas próximas


aos centros de carga, em áreas periféricas ao sistema de transmissão, as PCH têm papel
cada vez mais relevante na promoção do desenvolvimento da geração distribuída no
país. Em 2008, segundo dados da ANEEL, a potência instalada de PCH era de 2.399.
MW em 320 empreendimentos (ANEEL, 2009a).

De acordo com o Plano Nacional de Energia 2030, o potencial hidroelétrico a aproveitar


é de cerca de 126.000 MW. Desse total, mais de 70% estão nas bacias do Amazonas
e do Tocantins/Araguaia. As regiões Sul (PR) e Sudeste (MG) concentram o maior
potencial instalado de PCH. A nova fronteira é a região Centro-Oeste (MT, MS).
Um potencial da ordem de 15.000 MW foi identificado, para a totalidade do território
nacional, em aproximadamente 3.000 aproveitamentos de 1 a 30 MW. Até 2030,
prevê-se uma capacidade instalada de 7.800 MW (PORTO, 2007). Sob o ponto de vista
socioambiental, a construção de PCH deve ser concebida com os mesmos cuidados
que deveriam ser observados nos grandes aproveitamentos hidrelétricos. Ortiz (2005)
assinala que “é evidente que uma PCH pode causar menor impacto do que uma grande
central hidroelétrica; contudo, dentro das especificidades sócio ambientais de uma
região, pode infligir impactos muito graves e irreversíveis para um bioma determinado
e para as populações que nele e dele vivem”.

As PCH contam com os seguintes benefícios e vantagens legais:

»» autorização não onerosa para exploração do potencial hidráulico ou


simples comunicação ao poder concedente quando tiver potência até
1.000 kW (Lei no 9.074/1995 e Lei no 9.427/1996);
53
UNIDADE III │ Tratativas de atividade e tributos de energia

»» isenção da taxa de compensação financeira aos Estados e Municípios pela


exploração do recurso hídrico (Lei no 9.427/1996, alterada pela Lei no
9.648/1998);

»» isenção da aplicação anual de no mínimo 1% de sua receita operacional


líquida em Pesquisa e desenvolvimento do setor (Lei no 9.991/2000,
alterada pela Lei no. 10.438/2002);

»» quando conectada ao SIN: Pode concorrer nas chamadas públicas do


PROINFA e ter sua produção de energia comprada, pela Eletrobras, por
20 anos (Lei no 10.438/2002, alterada pela Lei no 10.762/2003, ampliou
o prazo de 15 para 20 anos);

»» redução não inferior a 50% nas tarifas de uso dos sistemas elétricos de
transmissão e de distribuição (Lei no 9.427/1996);

»» pode comercializar energia elétrica diretamente com consumidor cuja


carga seja maior ou igual a 500 kW (Lei no 9.427/1996);

»» pode participar no Mecanismo de Realocação de Energia (MRE), para


compartilhar os riscos hidrológicos com outras usinas hidroelétricas –
UHE e PCH participantes (Decreto no 2.665/1998, alterado pelos Decretos
no 3.653/00 e no 4.550/2002);

»» como geração distribuída, pode comercializar direto com distribuidoras,


por meio de leilões anuais de ajuste destas, com contratação por até dois
anos e possibilidade de repasse integral de preços às tarifas, limitados ao
valor do último leilão de energia, o Valor de Referência (VR) (Decreto no
5.163/2004);

»» como fonte alternativa, pode comercializar no Ambiente de Contratação


Regulada (ACR), nos leilões específicos de compra de energia proveniente
de fontes alternativas, com contratação de 10 até 30 anos e possibilidade
de repasse integral de preços às tarifas (Decreto no 5.163/04).

Energia eólica
O Brasil é favorecido em termos de ventos, que se caracterizam por uma presença duas
vezes superior à média mundial e pela volatilidade de 5% (oscilação da velocidade), o
que dá maior previsibilidade ao volume a ser produzido. Além disso, como a velocidade
costuma ser maior em períodos de estiagem, é possível operar as usinas eólicas em
sistema complementar com as usinas hidroelétricas, de forma a preservar a água dos

54
Tratativas de atividade e tributos de energia │ UNIDADE III

reservatórios em períodos de poucas chuvas. Sua operação permitiria, portanto, a


“estocagem” da energia elétrica.

As estimativas apresentadas pelo Atlas do Potencial Eólico de 2001, publicado pelo


CEPEL, apontaram para um potencial de geração de energia eólica de 143 mil MW no
Brasil, volume superior à potência instalada total no país, de 105 mil MW em novembro
de 2008. Isso pode ser traduzido em uma geração anual de energia da ordem de 272,2
TWh. As mais recentes medições de vento realizadas em diversas regiões do país
confirmam a existência de um grande potencial eólico ainda por ser explorado em cerca
de 8,5 mil km2 somente na costa litorânea, sem considerar vários outros mananciais de
vento em diversas áreas (CBEE, 2008). De acordo com a Figura 10, os maiores potenciais
medidos encontram-se nas regiões Nordeste, principalmente no litoral, Sudeste e Sul.

Segundo o PNE 2030, o potencial eólico brasileiro tem despertado o interesse de vários
fabricantes e representantes dos principais países envolvidos com essa tecnologia.
Tal interesse pode ser evidenciado na instalação no país de firmas que, inicialmente,
se voltavam para a construção das pás das turbinas, mas que hoje já desenvolveram
infraestrutura e parcerias que viabilizam a manufatura de geradores de 800 até 2.300
kW, com alto índice de nacionalização, tanto de matéria prima e como de mão de obra.
Várias empresas mantêm torres de medições e elaboram estudos de infraestrutura
para instalação e operação de parques eólicos. Existem cerca de 5.300 MW em projetos
eólicos autorizados pela ANEEL.

Os Valores Econômicos1 da geração eólica variam de 203 a 231 R$/MWh, para fatores
de capacidade entre 0,42 e 0,32, respectivamente, sendo superior à média de preços
dos leilões de energia nova, de 139,00 R$/MWh (MME, 2008). Entretanto, com
o desenvolvimento da indústria nacional de fabricação de aerogeradores e partes
integrantes, os custos de implantação tenderão a se reduzir, na medida em que houver
concorrência entre as empresas, consequentemente tornando o valor desta energia
mais competitivo.

A experiência brasileira de aproveitamento eólico para geração de energia elétrica ainda


é pouco expressiva. No entanto, a confirmação da existência de um grande manancial
eólico de alta qualidade técnica, distribuído em vasta parte do território nacional, em
especial na costa litorânea da região nordeste, adicionada à emergente necessidade
de expansão do sistema de abastecimento elétrico, tem apontado para uma rápida
penetração desta fonte na matriz energética nacional.

Considerando o grande potencial eólico existente no Brasil, confirmado através de


medidas de vento precisas realizadas recentemente, é possível produzir eletricidade a
custos competitivos com centrais termoelétricas, nucleares e hidroelétricas. Prospecção

55
UNIDADE III │ Tratativas de atividade e tributos de energia

analíticas dos recursos eólicos medidos em vários locais do Brasil, mostram a possibilidade
de geração elétrica com custos da ordem de 70 – 80 US$/MWh (CBEE, 2008).

Segundo dados da ANEEL (2009a), a capacidade instalada no Brasil era da ordem de 273
MW em 2008, com turbinas de médio e grande porte conectadas ao SIN, distribuídos em
17 empreendimentos. A geração eólica conta com os seguintes benefícios e vantagens:

»» Isenção da aplicação anual de no mínimo 1% de sua receita operacional


líquida em pesquisa e desenvolvimento do setor (Lei no 9.991/2000,
alterada pela Lei no 10.438/2002).

Quando conectada ao SIN:

»» pode concorrer nas chamadas públicas do PROINFA e ter sua produção


de energia comprada, pela Eletrobrás, por 20 anos (Lei no 10.438/2002,
alterada pela Lei no 10.762/2003, ampliou o prazo de 15 para 20 anos);

»» com potência até 30.000 kW, possui redução não inferior a 50% nas
tarifas de uso dos sistemas elétricos de transmissão e de distribuição (Lei
no 9.427/1996).

»» com potência até 30.000 kW, pode comercializar energia elétrica


diretamente com consumidor cuja carga seja maior ou igual a 500 kW
(Lei no 9.427/1996);

»» como geração distribuída, pode comercializar direto com distribuidoras,


por meio de leilões anuais de ajuste destas, com contratação por até 2
anos e possibilidade de repasse integral de preços às tarifas, limitados ao
valor do último leilão de energia (VR) (Decreto no 5.163/2004);

»» como fonte alternativa, pode comercializar no ACR, nos leilões específicos


de compra de energia proveniente de fontes alternativas, com contratação
de 10 até 30 anos e possibilidade de repasse integral de preços às tarifas
(Decreto no 5.163/2004).

Os grandes argumentos favoráveis à fonte eólica são, além da renovabilidade, perenidade,


grande disponibilidade, independência de importações e custo zero para obtenção de
suprimento (ao contrário do que ocorre com as fontes fósseis). O principal argumento
contrário é o custo que, embora seja decrescente, ainda é elevado na comparação com
outras fontes. Em 2008, no Brasil, considerando-se também os impostos embutidos,
o custo dessa energia era de cerca de 230,00 R$/MWh, enquanto o custo da energia
hidroelétrica estava em torno dos 116,00 R$/MWh (ANEEL, 2009a).

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Tratativas de atividade e tributos de energia │ UNIDADE III

Energia da biomassa
A biomassa voltada para fins energéticos abrange a utilização dos resíduos sólidos
urbanos, animais, vegetais, industriais e florestais para geração de energia alternativa.
As formas mais comuns de aproveitamento da biomassa são os resíduos agrícolas,
madeira e plantas, a exemplo da cana de açúcar, do eucalipto e da beterraba (de onde
se extrai álcool).

O Brasil se destaca como o segundo maior produtor de etanol que, obtido a partir da
cana de açúcar, apresenta potencial energético similar e custos muito menores que o
etanol de países como Estados Unidos e regiões como a União Europeia. Segundo o
BEN, em 2007 a produção brasileira alcançou 8.612 mil tep (toneladas equivalentes
de petróleo) contra 6.395 mil tep em 2006, o que representa um aumento de 34,7%
(MME, 2008) legais:

»» Autorização não onerosa, para potência acima de 5.000 kW, ou simples


comunicação ao poder concedente, quando tiver potência até 5.000 kW
(Lei no 9.074/1995).

A produção de biodiesel também é crescente e parte dela é exportada para países


desenvolvidos, como os membros da União Europeia. Segundo a Agência Nacional do
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em 2007 o país produziu 402.154 m3
do combustível puro (B100), diante dos 69.002 m3 de 2006 (ANEEL, 2009a).

A utilização da biomassa como fonte de energia elétrica tem sido crescente no


Brasil, principalmente em sistemas de cogeração (pela qual é possível obter energia
térmica e elétrica) dos setores industrial e de serviços. Em 2007, ela foi responsável
pela oferta de 18 TWh, segundo o Balanço Energético Nacional de 2008. Na relação
das fontes internas, a biomassa só foi superada pela hidroeletricidade, com
participação de 85,4% (incluindo importação)(MME, 2008). Em 2014 e 2015 foram
comercializados 759,3 MW em biomassa (bagaço de cana) por meio dos leilões de
energia nova. Estima-se que valores adicionais de geração elétrica por bagaço de
cana da ordem de 6.400 MW sejam inseridos na matriz elétrica brasileira até 2030
(CCEE, 2009).

Com relação aos segmentos madeireiro e arrozeiro, estima-se um potencial de 1.300


MW. O custo de geração com resíduos de arroz está em torno de 117,00 R$/MWh e o
de madeira

114,00 R$/MWh (MME, 2008). Nas regiões menos desenvolvidas, a biomassa mais
utilizada é a de origem florestal. Além disso, os processos para a obtenção de energia
se caracterizam pela baixa eficiência – ou necessidade de grande volume de matéria

57
UNIDADE III │ Tratativas de atividade e tributos de energia

prima para produção de pequenas quantidades. Uma exceção a essa regra é a utilização
da biomassa florestal em processos de cogeração industrial (ANEEL, 2009A). Já a
produção em larga escala da energia elétrica e dos biocombustíveis está relacionada
à biomassa agrícola e à utilização de tecnologias eficientes. A pré-condição para a sua
produção é a existência de uma agroindústria forte e com grandes plantações, sejam
elas de soja, arroz, milho ou cana de açúcar.

A geração de energia a partir da biomassa animal encontrava-se, em 2008, em fase


quase experimental, com poucas usinas de pequeno porte em operação no mundo.
Por isso, em estatísticas e estudos, era tratada pela designação genérica de “Outras
Fontes”. Já para a biomassa de origem vegetal, o quadro era diferente, em função da
diversidade e da aceitação de seus derivados. Apenas nos automóvel tipo flex fuel a
atividade de etanol mais que dobrou nos últimos sete anos, superando os 60 milhões
de litros em 2007 (ANEEL, 2009a).

Alternativa às fontes convencionais de energia e que está em desenvolvimento no


Brasil são os óleos vegetais. A transesterificação é a reação de óleos vegetais com um
produto intermediário ativo obtido pela reação entre metanol ou etanol e uma base
(hidróxido de sódio ou de potássio). O uso energético dessa fonte proporciona vantagens
ambientais e econômicas, caracterizando se, inclusive, pelo aspecto de viabilização
do desenvolvimento sustentável, primordialmente, em comunidades rurais. Os óleos
vegetais na sua forma in natura já estão sendo usados em motores multicombustíveis
para a geração de eletricidade na região Amazônica Brasileira, a exemplo da Comunidade
Vila Boa Esperança, no Pará, onde mais de 100 famílias utilizam eletricidade gerada a
partir de óleo de dendê, que é produzido na própria região.

Segundo o Plano Nacional de Energia 2030, o maior potencial de produção de


eletricidade, através da biomassa, encontra-se na região Sudeste, particularmente
no Estado de São Paulo, e é estimado em 609, 4 milhões GJ/ano. Na sequência estão
Paraná (65,4 milhões GJ/ano) e Minas Gerais (63,2 milhões GJ/ano).

De acordo com o PNE 2030, com a expansão e renovação das unidades de processamento
do setor sucroalcooleiro e a valorização dos resíduos agrícolas e industriais do processo,
as centrais termoelétricas de cogeração integradas aos sistemas produtivos também
deverão incorporar os avanços tecnológicos viabilizados ao longo do horizonte de
estudo, elevando significativamente o potencial de produção de energia elétrica
excedente (ofertável para a rede após o atendimento das necessidades da própria
unidade industrial) ou minimizando a atividade de biomassa para atendimento das
necessidades energéticas do processo e disponibilizando-a para uso como matéria
prima em aplicações mais rentáveis.

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Tratativas de atividade e tributos de energia │ UNIDADE III

O uso da biomassa para geração de energia elétrica conta ainda com os seguintes
benefícios e vantagens legais:

»» autorização não onerosa, para potência acima de 5.000 kW, ou simples


comunicação ao poder concedente, quando tiver potência até 5.000 kW
(Lei no 9.074/1995);

»» isenção da aplicação anual de no mínimo 1% de sua receita operacional


líquida em pesquisa e desenvolvimento do setor (Lei no 9.991/2000,
alterada pela Lei no 10.438/2002).

»» quando conectada ao SIN: Pode concorrer nas chamadas públicas do


PROINFA e ter sua produção de energia comprada, pela Eletrobras, por
20 anos (Lei no 10.438/2002, alterada pela Lei no 10.762/2003, ampliou
o prazo de 15 para 20 anos);

»» com potência até 30.000 kW, possui redução não inferior a 50% nas
tarifas de uso dos sistemas elétricos de transmissão e de distribuição (Lei
no 9.427/1996);

»» com potência até 30.000 kW, pode comercializar energia elétrica


diretamente com consumidor cuja carga seja maior ou igual a 500 kW
(Lei no 9.427/1996);

»» como geração distribuída, pode comercializar direto com distribuidoras,


por meio de leilões anuais de ajuste destas, com contratação por até 2
anos e possibilidade de repasse integral de preços às tarifas, limitados ao
valor do último leilão de energia (VR) (Decreto no 5.163/2004);

»» como fonte alternativa, pode comercializar no ACR, nos leilões específicos


de compra de energia proveniente de fontes alternativas, com contratação
de 10 até 30 anos e possibilidade de repasse integral de preços às tarifas
(Decreto no 5.163/2004). Os principais aspectos negativos da utilização
da biomassa, principalmente para o uso como combustível são a
interferência no tipo natural do solo e a possibilidade da formação de
monoculturas em grande extensão de terras ─ o que competiria com a
produção de alimentos.

Estas variáveis têm sido contornadas por técnicas e processos que aumentam a
produtividade da biomassa reduzindo, portanto, a necessidade de crescimento de áreas
plantadas (ANEEL, 2008).

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UNIDADE III │ Tratativas de atividade e tributos de energia

Energia solar fotovoltaica


Assim como ocorre com os ventos, o Brasil é privilegiado em termos de radiação solar.
O Plano Nacional de Energia 2030 reproduz dados do Atlas Solarimétrico do Brasil e
registra que essa radiação varia de 8 a 22 MJ/m2 durante o dia, sendo que as menores
variações ocorrem nos meses de maio a julho, variando de 8 a 18 MJ/m2. Além disso,
o Nordeste possui irradiação comparável às melhores regiões do mundo nessa variável,
como em Angola, e no deserto do Sudão, e a região de Dagget, no Deserto de Mojave,
Califórnia.

Os programas de eletrificação rural, atualmente existentes no país, caracterizam-se pela


magnitude dos seus objetivos e pelo uso de novas tecnologias de geração, sobretudo
as de geração distribuída, baseadas em fontes renováveis de energia. Na Bahia, dois
programas destacam-se: o Programa PRODUZIR, para eletrificação de domicílios, com
recursos do Banco Mundial, e o Programa de Desenvolvimento Energético de Estados
e Municípios (PRODEEM), do MME, agora incorporado ao Programa Luz para Todos
(ANEEL, 2008).

O estado da Bahia vem se destacando, no Brasil, no uso desses sistemas FV. Ao todo, são
aproximadamente 20 mil sistemas solares instalados ou em processo de instalação no
estado, através do Programa Luz Para Todos do governo federal, realizado em parceria
com o governo do estado e a Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (COELBA).
Isto corresponde a um investimento de R$ 15 milhões, com previsão de mais R$ 8 milhões
para os próximos anos. Com o objetivo de eletrificar todo o estado, espera-se que seja
autorizada, para os próximos anos, a contratação de aproximadamente 80.000 novos
sistemas (PEREIRA, 2008).

O direcionamento para esses nichos de mercado ─ comunidades e cargas isoladas ─


deverá permanecer ao longo do horizonte do plano, até porque a expansão, em muitos
casos, depende ainda de incentivos, o que poderá ser reduzido na medida do aumento
de escala da geração FV e consequente queda nos preços.

Apesar deste potencial estar bastante difundido em cidades do interior e na zona rural,
a participação do sol na matriz energética nacional é bastante reduzida. Tanto que
a energia solar não chega a ser citada na relação de fontes que integram o Balanço
Energético Nacional, edição de 2008 (ANEEL, 2009a). No Banco de Informações de
Geração (BIG), da Aneel, consta apenas uma usina FV – Araras, no município de Nova
Mamoré, no Estado de Rondônia, com potência instalada de 20,48 kW. O BIG não
registra qualquer outro empreendimento fotovoltaico em construção ou já outorgado.
O que existe no país são pesquisas e implantação de projetos pilotos da tecnologia, já
descritos no Capítulo 1 (Introdução e Contextualização).
60
Tratativas de atividade e tributos de energia │ UNIDADE III

A energia solar FV conectada à rede surge como uma grande promessa para a geração
distribuída. Um dos aspectos importantes será normalizar questões essenciais da geração
distribuída, nos aspectos de qualidade, segurança e proteção. Mas a maior dificuldade
ainda reside no custo dos módulos, bem como na divulgação e reconhecimento dos
benefícios que esta FRE pode trazer ao SIN.

A maior parte do território brasileiro está localizada relativamente próxima da linha


do Equador, de forma que não se observam grandes variações na duração solar do dia.
Os mapas de variabilidade do recurso solar apresentados no Atlas Brasileiro de Energia
Solar (PEREIRA et al, 2006) apontam variabilidades inferiores a 10% para a maior
parte do território nacional.

Contudo, a maioria da população brasileira e das atividades socioeconômicas do país


se concentra em regiões mais distantes do Equador. Em Porto Alegre, capital brasileira
mais meridional (cerca de 30o S), a duração solar do dia varia de 10 horas e 13 minutos
a 13 horas e 47 minutos, aproximadamente, entre 21 de junho e 22 de dezembro,
respectivamente.

No Brasil, entre os esforços mais recentes e efetivos de avaliação da disponibilidade de


radiação solar, destacam-se os seguintes:

»» Atlas Solarimétrico do Brasil: iniciativa da Universidade Federal de


Pernambuco – UFPE e da Companhia Hidroelétrica do São Francisco
– CHESF, em parceria com o Centro de Referência para Energia Solar e
Eólica Sérgio de Salvo Brito – CRESESB.

»» Atlas de Irradiação Solar do Brasil: elaborado pelo Instituto Nacional


de Meteorologia (INMET) e pelo Laboratório de Energia Solar da
Universidade Federal de Santa Catarina (LABSOLAR-UFSC), em parceria
com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

»» Atlas Brasileiro de Energia Solar: faz parte do projeto SWERA - Solar


and Wind Energy Resource Assessment, financiado pelo Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente e pelo Fundo Global para o
Meio Ambiente. O projeto foi iniciado em 2001 e envolveu o INPE e o
LABSOLAR-UFSC.

A geração solar conta com os seguintes benefícios e vantagens legais:

»» Autorização não onerosa, para potência acima de 5.000 kW, ou simples


comunicação ao poder concedente, quando tiver potência até 5.000 kW
(Lei no 9.074/1995 e Resolução ANEEL no 112/1999. Aplicam-se, por
analogia, os mesmos critérios relativos à UTE);

61
UNIDADE III │ Tratativas de atividade e tributos de energia

»» Isenção da aplicação anual de no mínimo 1% de sua receita operacional


líquida em pesquisa e desenvolvimento do setor (Lei no 9.991/2000,
alterada pela Lei no 10.438/2002).

Quando conectada ao SIN:

»» Com potência até 30.000 kW, goza de redução não inferior a 50% nas
tarifas de uso dos sistemas elétricos de transmissão e de distribuição (Lei
no 9.427/1996).

»» Com potência até 30.000 kW, pode comercializar energia elétrica


diretamente com consumidor cuja carga seja maior ou igual a 500 kW
(Lei no 9.427/1996).

»» Como geração distribuída, pode comercializar direto com distribuidoras,


por meio de leilões anuais de ajuste destas, com contratação por até dois
anos e possibilidade de repasse integral de preços às tarifas, limitados ao
valor do último leilão de energia (VR) (Decreto no 5.163/2004).

»» Como fonte alternativa, pode comercializar no ACR, nos leilões específicos


de compra de energia proveniente de fontes alternativas, com contratação
de 10 até 30 anos e possibilidade de repasse integral de preços às tarifas
(Decreto no 5.163/2004).

A geração heliotérmica (Escola Solar da UnB/MIT/GIZ. ALVES, Eli. 2014-2016)


embora apontem uma redução do custo de instalação de uma usina, não se mostra
ainda competitiva, mas em algumas regiões do Brasil apontam grande potencial, que
mostra os valores médios de radiação solar direta para todas as capitais brasileiras.
Pelo fato de utilizar sistemas concentradores, que se utilizam da fração direta da
radiação solar, esses geradores necessitam de sistemas de rastreamento da trajetória
aparente do sol e atingem desempenho ótimo em regiões com altos índices de radiação
direta (céu claro), como é o caso principalmente nas capitais de Minas Gerais, Goiás e
Mato Grosso do Sul.

O PNE 2030 considera que a geração FV vai se tornar competitiva quando seu custo
chegar a 3.000 US$/kW, tomando como base de comparação a tarifa de fornecimento.
Nessa situação, o custo do watt deveria ser de US$ 1,50, o que a curva de aprendizagem
sugere ser possível de atingir, nos Estados Unidos, somente após 2020. Nessas condições,
o PNE 2030 considerou que o aproveitamento da energia solar FV, integrada à rede,
seria marginal no horizonte de estudo.

62
Tratativas de atividade e tributos de energia │ UNIDADE III

Mercado Spot Livre e Especiais


Mercado Spot – Mercado Financeiro de Curto Prazo.

É a diferença entre os dados de medição e contratos.

Energia Contratada à Contabilizada

No caso de Consumidores Livres e Especiais, o cálculo relacionado ao Mercado SPOT


pode ser representado de forma mais detalhada.

Importante destacar que o Consumidor Especial só pode celebrar contrato


bilateral no caso de contratação com empresa de mesmo grupo econômico e
mediante comprovação de vínculo societário.

São contratos firmados pelos Consumidores Parcialmente Livres, que adquirem parte
de seu consumo junto à distribuidora, com tarifa regulada. No CliqCCEE, a distribuidora
registra apenas os montantes de energia associados a estes contratos.

Como detalhado no módulo de medição, os contratos cativos, na prática, servem para


reduzir o consumo do agente. Os mecanismos de incentivo que visam à integração das
fontes renováveis de energia no SIN

No Brasil, o sistema de preços, geralmente utilizado como mecanismo de incentivo na


maioria dos países da Europa, já existe desde a Lei no 9.648/1998. Essa lei estabeleceu
a livre negociação de compra e venda de energia elétrica entre concessionários,
permissionários e autorizadas condicionados às restrições definidas no inciso I, alíneas
a e b, o qual limitava as liberdades dos contratos para o período de 1998 a 2002. A partir
do ano de 2003 os montantes de energia e de potência passaram a ser contratados com
uma redução gradual à razão de 25% do montante referente ao ano de 2002.

Como forma de limitar o repasse dos preços da energia elétrica comprada pelas
distribuidoras e permissionárias para as tarifas de fornecimento aos consumidores
finais dentro das regras determinadas pela Lei no 9.648 de 1998, a ANEEL publicou a
Resolução n’ 266, de 13 de agosto de 1998, estabelecendo a metodologia de cálculo do
repasse, criando assim um Valor Normativo – VN, sendo este, segundo Dutra (2001,
p.148) “o custo de referência para a comparação com o preço de compra da energia e
a definição do custo a ser repassado às tarifas de fornecimento”.

A Resolução no 233, de 29 de julho de 1999, definiu um valor específico para cada


fonte, orientando, dessa forma, o Valor Normativo (VN) a ser um dispositivo favorável
ao uso de fontes energéticas renováveis de maior custo de produção, permitindo que

63
UNIDADE III │ Tratativas de atividade e tributos de energia

fossem repassados maiores custos de geração às tarifas, como forma de viabilizar o


estabelecimento competitivo dessas fontes.

Por meio da Resolução no233, de 29 de julho de 1999, foram estabelecidos Valores


Normativos que limitavam o repasse, para as tarifas de fornecimento, dos preços
livremente negociados na aquisição de energia elétrica, por parte dos concessionários e
permissionários (ANEEL, 1999). Essa Resolução contemplava as fontes: termoelétrica
a carvão nacional, pequena central hidroelétrica (PCH), termoelétrica biomassa, eólica
e solar FV.

A Resolução no 233 foi revogada e substituída pela Resolução no248, de 6 de maio de


2002, que ainda se encontra em vigor. Essa atualizou procedimentos para cálculos
dos limites de repasse dos preços de compra de energia elétrica, para as tarifas de
fornecimento, a partir da Lei no 10.438, de 26 de abril de 2002, que criou a Conta de
Desenvolvimento Energético (CDE), visando o desenvolvimento energético dos Estados
e a competitividade da energia produzida a partir das fontes eólica, PCH, biomassa,
gás natural e carvão mineral nacional (ANEEL, 2009a). Na revisão da Resolução
no 233 de 1999, que resultou na Resolução no248 de 2002, a energia solar FV não foi
contemplada, devido aos altos custos para a sua utilização.

Excedente Financeiro – Intercâmbio de energia

O Excedente Financeiro surge do intercâmbio de energia entre Submercados com


preços diferente.

Quando a geração de um vendedor ocorre em um submercado diferente do qual o


contrato foi registrado, ele vende a energia a preço do submercado onde ela foi gerada e
compra ao preço do submercado o contrato está registrado. Isso pode causar exposições
à diferença. O registro do Contrato de Itaipu é realizado no submercado onde está
localizada a carga do comprador:

Encargos de Serviços dos Sistemas

Os Encargos de Serviços do Sistema (ESS) são valores destinados ao ressarcimento


dos agentes de geração dos custos incorridos na manutenção da confiabilidade e da
estabilidade do Sistema.

»» restrições de operação;

»» serviços ancilares.

O PLD é definido na sexta-feira e válido para a próxima semana operativa (ex-ante).

64
Tratativas de atividade e tributos de energia │ UNIDADE III

»» Caso a restrição ocorra durante a semana operativa, não há como corrigir


o valor do PLD, uma vez que não existe cálculo ex-post.

»» Caso a restrição já fosse conhecida com antecedência, o valor do PLD


deveria ficar maior. Entretanto, a CCEE não considera restrições para
que a energia seja considerada igualmente disponível no submercado.

Serviços relacionados ao suprimento físico de energia:

a. Restrição de Operação: assegurar o fornecimento de energia elétrica para


determinado submercado, em função de problemas associados à transmissão.

b. Razão de Segurança Energética: contribuir para aumentar a disponibilidade


de energia hidrelétrica, através do despacho de usinas térmicas.

O encargo de serviço de sistema para restrição de operação aplica-se somente para Usinas

Termelétricas Tipo 1 ou 2.

No caso de hidrelétrica, não existe a cobrança do respectivo encargo, uma vez que é
tratado pelo MRE.

Os agentes com perfil consumo dos submercados envolvidos arcam com o custo para
atender a restrição, de forma proporcional ao consumo mensal (MWh).

As Resoluções CNPE no 8, de 20/12/2009 e no 01 de 27/3/2009 estabelecem:

O ONS poderá despachar recursos energéticos fora da ordem do mérito econômico ou


mudar o sentido do intercâmbio entre submercados, por decisão do CMSE. O CVU
de usina termelétrica despachada fora da ordem de mérito não será utilizado para a
determinação do PLD.

O custo adicional desse despacho, dado pela diferença entre o PLD, será rateado entre
todos os agentes perfil consumo do SIN, proporcionalmente ao consumo médio mensal
de energia no mês corrente e será cobrado mediante ESS por razão de segurança
energética, conforme o disposto no art. 59 do Decreto no 5.163, de 30 de julho de 2004.

»» Serviços que asseguram a confiabilidade e estabilidade do sistema:

›› serviços relacionados à qualidade e disponibilidade de energia;

›› compensação Síncrona;

›› reserva de Prontidão.

65
UNIDADE III │ Tratativas de atividade e tributos de energia

»» Serviços relacionados à instalação/adequação de equipamentos:


›› adequação para prestação de compensação síncrona;
›› controle automático de geração;
›› sistemas Especiais de proteção.

Black Start

Compensação Síncrona
O Gerador receberá o equivalente à Energia Reativa gerada ou consumida, valorizada à
Tarifa de Serviços Ancilares de R$4,73/Mvarh em 2012 ( REN homologatória 1.245/11
– 13 dezembro 2011).

O custo referente ao encargo é rateado por todos os agentes com perfil consumo do
submercado envolvido, de forma proporcional ao consumo mensal (MWh).

Ressarcimento para Prestação de Serviços Ancilares


Usinas atualmente em operação que tenham possibilidade de operar como síncrono
terão o custo de implantação ressarcido via ESS.

Esses valores de ressarcimento serão informados mensalmente pela ANEEL,


individualizados para cada usina.

Todos os agentes com perfil consumo do SIN arcam com o custo do encargo de forma
proporcional ao consumo mensal (MWh).

Reserva de Prontidão
O custo de consumo de combustível será ressarcido via ESS.

Todos os agentes com perfil consumo do SIN arcam com o custo do encargo de forma
proporcional ao consumo mensal (MWh).

Ressarcimento pelo Custo de Operação e


Manutenção dos Equipamentos de Supervisão
e Controle e de Comunicação Necessários
à Participação da Usina no CAG – Controle
Automático de Geração
Montante Financeiro que a Usina deverá ser ressarcida referente aos custos incorridos
pela operação e manutenção dos equipamentos de supervisão e controle e de
comunicação necessários à participação da usina no CAG.

66
Tratativas de atividade e tributos de energia │ UNIDADE III

Ressarcimento pelo Custo de Implantação,


Operação e Manutenção de Sistema Especial
de Proteção

Montante Financeiro que a Usina deverá ser ressarcida referente aos custos incorridos
pela implantação, operação e manutenção de SEP.

Obs.: todos os encargos, quando existirem, serão rateados por todos os agentes consumidores
de energia do SIN,de forma proporcional ao respectivo consumo mensal (MWh).

Ressarcimento pelo Custo de Operação


e Manutenção dos Equipamentos de
Autorrestabelecimento

Montante Financeiro que a Usina deverá ser ressarcida referente aos custos incorridos
pela operação e manutenção dos equipamentos de Autorrestabelecimento.

Ressarcimento pelo Custo de Implementação, Operação e Manutenção de Sistema


Especial de Proteção ou por Reposição dos Sistemas Existentes – Distribuidores (2009).

Obs.: Todos os encargos, quando existirem, serão rateados por todos os agentes do SIN,
de forma proporcional ao respectivo consumo mensal (MWh).

O montante total de ESS é formado pela soma dos Encargos por Restrição de Operação
com os Encargos de Serviços Ancilares e Razão de Segurança Energética. As receitas
advindas da sobra de Excedente Financeiro contribuirão para aliviar o ESS a ser pago
pelos Agentes.

O total de alívio pode ser menor que o montante total de ESS do mês. Neste caso, os
agentes que possuem carga pagam a diferença na proporção de seu consumo.

O total de alívio pode ser maior que o montante total de ESS do mês. Neste caso, nada
é repassado aos agentes de consumo e a sobra será utilizada para alívio de Encargos do
próximo mês.

Encargos setoriais disponibilizado pela Abrace


CCC – Origem e Finalidade – Valores Históricos e Impactos na Tarifa de Energia –
Críticas e Propostas.

RGR – Origem e Finalidade – Valores Históricos e Impactos na Tarifa de Energia –


Críticas e Propostas.

67
UNIDADE III │ Tratativas de atividade e tributos de energia

CDE – Origem e Finalidade – Valores Históricos e Impactos na Tarifa de Energia –


Críticas e Propostas.

TFSEE – Origem e Finalidade – Valores Históricos e Impactos na Tarifa de Energia –


Críticas e Propostas – P&D – Origem e Finalidade – Valores Históricos e Impactos na
Tarifa de Energia – Críticas e Propostas.

PROINFA – Origem e Finalidade – Valores Históricos e Impactos na Tarifa de Energia


Críticas e Propostas.

CFURH – Origem e Finalidade – Valores Históricos e Impactos na Tarifa de Energia –


Críticas e Propostas.

EER – Origem e Finalidade – Valores Históricos e Impactos na Tarifa de Energia –


Críticas e Propostas.

As novas regras do BNDES

As alterações anunciadas refletem a estratégia do BNDES para o setor em cooperação


com o Ministério de Minas e Energia e Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL):

»» o Banco aumentou sua participação no financiamento a energia solar, de


até 70% para até 80% em TJLP;

»» está mantida em até 80% sua participação em projetos de eficiência


energética;

»» haverá o mesmo nível de participação para projetos de iluminação pública


eficiente;

»» não haverá apoio a investimentos em termelétricas a carvão e óleo


combustível, usinas com maior emissão de poluentes;

»» o Banco também manteve elevada sua participação em até 70% em TJLP,


nas demais energias alternativas: eólica, PCH’s, biomassa e cogeração;

»» em linha com o objetivo de estimular alternativas de financiamento


privado na composição dos novos financiamentos, o Banco reduziu sua
participação para até 50%, em TJLP, em investimentos em grandes
hidrelétricas (era até 70%);

»» as condições gerais, que servirão para todos os segmentos do setor de


energia, incluem a possibilidade de o BNDES subscrever até 50% do valor
das debêntures a serem emitidas pela empresa tomadora do crédito;

68
Tratativas de atividade e tributos de energia │ UNIDADE III

»» foi definido o Índice de Cobertura do Serviço da Dívida (ICSD) mínimo


de 1,3 para geração de energia e 1,5 para transmissão;

»» haverá exigência de participação mínima de 20% de recursos próprios do


investidor;

»» o valor total do apoio do BNDES, incluindo o financiamento e as debêntures,


não poderá ser superior a 80% do valor total dos itens financiáveis.

»» o spread será de 1,5% para todos os segmentos e não haverá a concessão


de empréstimos-ponte.

Penalidades

Insuficiência de Cobertura Contratual de Consumo. Os consumidores livres devem


garantir atendimento a 100% de suas cargas através de geração própria ou de contratos
registrados na CCEE. A insuficiência de contratação de energia elétrica da Categoria
de Comercialização será apurada e notificada mensalmente com base na média das
exposições dos 12 meses precedentes ao mês de apuração.

Exemplo para o caso:

Mês de referência: janeiro de 2012(Apuração Mensal).

Período usado para apuração será janeiro/2011 a dezembro/2011.

Total Consumido: 1.220 MWh.

Total de Contratos de Compra: 1.200 MWh.

Nível de Insuficiência de Cobertura do Consumo: 1.220 – 1.200 = 20 MWh.

Maior valor entre VR (Valor de Referência) e média dos PLDs.

(VR 2012 = R$ 161,94).

Penalidade = (20*161,94)/12 = R$ 269,90.

Apuração Global da Insuficiência de Cobertura Contratual de Consumo.

As Regras de Comercialização deverão considerar, para os Agentes Consumidores Livres


e Consumidores Especiais, eventuais sobras de um determinado perfil de consumo,
para serem utilizadas como cobertura para o consumo de outros perfis deficitários da
mesma empresa, respeitado os pré-requisitos de contratação da classe de cada Agente.

69
UNIDADE III │ Tratativas de atividade e tributos de energia

Esse tratamento será dado devido à impossibilidade do registro de contratos de Venda


para Agentes Consumidores Livres e Consumidores Especiais.

Insuficiência de Cobertura Contratual de Consumo:

»» consumidor livre e especial;

»» consumidor livre: qualquer tipo de contrato (Bilateral, PROINFA e CCEI)


para lastro de penalidade;

»» consumidor especial: contratos de compra de energia incentivada,


contratos correspondentes à Geração Própria e Contratos do PROINFA.

Para efeito de cobertura de consumo, não pode transferir contrato entre o livre e o
especial.

As penalidades aprovadas após MS+18du deverão ser consideradas no próximo ciclo


de pagamento.

Caracterizada a inadimplência, incidirá sobre o valor do débito remanescente:

»» multa de 5%;

»» juros de mora de 1% ao mês pro rata dia;

»» atualização monetária com base no IGP-M.

Bandeiras Tarifárias

As bandeiras tarifárias são como um “semáforo de trânsito”: indicam a diferença de


custo de geração de energia para os consumidores. Para facilitar a compreensão das
bandeiras tarifárias, 2013 foi um ano de teste com caráter educativo. A fim de que
os consumidores se familiarizassem com o sistema, a ANEEL divulgou mês a mês as
bandeiras que estariam em funcionamento.

A partir de 1o de janeiro de 2015, as bandeiras começaram a valer em todos os Estados


onde vigoram. De janeiro a dezembro (2015) tivemos bandeira vermelha. Em dezembro
de 2016 a bandeira tarifária é a verde. A tarifa não sofre acréscimo ─ exceto para os
Estados do Amazonas, Amapá e Roraima, que estão fora do SIN (Sistema Integrado
Nacional).

Mateus Tolentino, sócio da comercializadora Prime Energy, aponta que os principais


fatores para a mudança para bandeira verde foram à evolução positiva do período
úmido de 2016, que reabasteceu os reservatórios das hidrelétricas, o aumento de

70
Tratativas de atividade e tributos de energia │ UNIDADE III

energia disponível com redução de demanda e à adição de novas usinas ao sistema


elétrico brasileiro.

Bandeira Tarifária Verde: será acionada nos meses em que o valor do CVU da última
usina a ser despachada for inferior a R$ 211,28/MWh; – sem variação da tarifa
de energia.

Bandeira Tarifária Amarela: será acionada nos meses em que o valor do CVU da última
usina a ser despachada for igual ou superior a R$ 211,28/MWh e inferior a R$ 422,56/
MWh; – variação de 15,00 R$/MWh na tarifa de energia.

Bandeira Tarifária Vermelha: será acionada nos meses em que o valor do CVU da última
usina a ser despachada for igual ou superior a R$ 422,56/MWh, conforme os seguintes
patamares de aplicação:

Patamar 1: será acionada nos meses em que o valor do Custo Variável Unitário – CVU
da última usina a ser despachada for igual ou superior a R$ 422,56/MWh e inferior a R$
610,00/MWh, resultando em um acréscimo na tarifa de consumo de R$30,00/MWh.

Patamar 2: será acionada nos meses em que o valor do Custo Variável Unitário –
CVU da última usina a ser despachada for igual ou superior ao limite a R$ 610/MWh,
resultando em um acréscimo na tarifa de consumo de R$45,00/MWh.

As bandeiras tarifárias são uma forma diferente de apresentar um custo já existente na


conta de energia, mas não devidamente informado. Os custos com compra de energia
pelas distribuidoras são incluídos no cálculo de reajuste das tarifas anualmente e são
repassados aos consumidores um ano depois de ocorridos, quando a tarifa reajustada
passa a valer. Com as bandeiras, haverá a sinalização mensal do custo de geração da
energia elétrica que será cobrada do consumidor, com acréscimo das bandeiras amarela
e vermelha.

A aplicação das bandeiras é realizada conforme os valores do Custo Marginal de Operação


(CMO) e do Encargo de Serviço de Sistema por Segurança Energética (ESS_SE) de cada
subsistema. O CMO equivale ao preço de unidade de energia produzida para atender a
um acréscimo de demanda de carga no sistema. Uma elevação desse valor indica que a
geração de energia elétrica está custando mais. Já os Encargos de Serviço do Sistema
(ESS) advêm da solicitação de despachar geração mais custosa (térmicas), visando
garantir a futura segurança do suprimento energético nacional.

Uma vez por mês, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) calcula o CMO,
e com essas informações a ANEEL aciona a bandeira tarifária que estará vigente no
mês seguinte.

71
UNIDADE III │ Tratativas de atividade e tributos de energia

Subsistema

As bandeiras tarifárias serão determinadas para cada um dos subsistemas, definidos


por grupos de regiões:

»» Subsistema Sudeste/Centro-Oeste (SE/CO): Regiões Sudeste e Centro-


Oeste, Acre e Rondônia.

»» Subsistema Sul (S): Região Sul.

»» Subsistema Nordeste (NE): Região Nordeste, exceto o Maranhão.

»» Subsistema Norte (N): Pará, Tocantins e Maranhão.

Calendário: o calendário de acionamento das bandeiras é definido conforme datas de


realização das reuniões do ONS, que podem ser alteradas. A divulgação será feita pela
ANEEL mensalmente antes do início do mês em que estará vigente. A bandeira tarifária
será válida a partir do 1o dia do mês civil até seu último dia.

Mercado Livre de Energia: no mercado livre de energia não existirá essa diferenciação,
pois os contratos de energia são negociados diretamente com o gerador. O Mercado
Livre de Energia, além da vantagem econômica, aumenta a previsibilidade de gastos
com energia para o consumidor.

72
Metodologia de
custos de produção Unidade Iv
de energia

Capítulo 1
Prospecção analítica e elaboração de
relatório analítico e de competitividade

Segundo estudos realizados, os diferentes beneficiários agregam diferentes valores à


energia FV. O consumidor compara os custos de produção e os preços da eletricidade.

No caso de um sistema integrado a edificação, haveria uma economia de investimentos,


uma vez que os módulos fotovoltaicos poderiam substituir elementos de revestimento;
a concessionária faz uma comparação entre os custos de produção e as demandas de
custos. Para as concessionárias, o valor da geração FV depende da radiação local e
da curva de carga. Um grande benefício seria a redução de linhas de transmissão e
distribuição necessárias para a rede elétrica; o governo analisa os benefícios sociais ou
custo evitado. Para o governo, o mais importante é justificar o subsidio a tecnologia
FV (HAAS, 1994). Complementa que os benefícios sociais do sistema descentralizado
e integrado a edificações urbanas são o custo evitado em área, uma vez que o sistema
pode ser integrado a edificações, a redução de investimentos, devido a um menor custo
de estrutura para suporte e o benefício de haver uma tendência indireta à conservação
de energia por parte dos consumidores.

Existem os benefícios que atendem ao governo, à concessionária e ao consumidor. Os


contínuos investimentos em caminhos antigos de produção e distribuição de energia
não reduzem os riscos do sistema centralizado, como os blackouts. Os investimentos
em novos caminhos de produção e distribuição de energia, como em sistemas
descentralizados, poderiam reduzir os grandes riscos e a possibilidade de perdas
econômicas oriundas das falhas no sistema (AITKEN; STADEN, 2005). Dessa forma,
todos estariam se beneficiando com a geração FV.

Os benefícios socioeconômicos e estratégicos, associados à geração FV devem ser


considerados no cálculo dos bem feitorias agregadas da geração como:

73
UNIDADE IV │ Metodologia de custos de produção de energia

a. o aumento da independência energética nacional;

b. as significativas demandas de empregos;

c. a diversificação e segurança no suprimento de energia;

d. o suporte na reestruturação do mercado energético, a redução da


dependência dos combustíveis importados e a aceleração da eletrificação
rural no país.

A curva de produção para o setor industrial


Essa curva é baseada na observação do processo de produção de muitas indústrias,
onde a redução desses custos está relacionada com a produção cumulativa. A curva de
aprendizado geralmente é expressada pela Equação 1:

Custo (CUM) Custo 0 CUM b.

Onde:

Custo (CUM) é o custo da unidade em função da quantidade produzida.

Custo 0 = o custo da primeira unidade.

CUM = o custo cumulativo por unidade ao longo de um determinado tempo determina


à razão da produção acumulada.

b = índice de experiência. O índice de experiência pode ser utilizado para o cálculo do


conceito de “taxa de aprendizagem”. A taxa de aprendizagem é definida como a redução
dos custos cada vez que a produção acumulada é duplicada.

Segundo Harmon (2008) as causas da redução dos custos são atribuídas a uma
combinação de melhorias da produção (processo de inovação, aprendizagem etc.),
o desenvolvimento de produto (inovação do produto, remodelagem do produto e
padronização produto) e diminuição dos custos de entrada na fabricação (peças e
materiais produzidos).

Prospecção analítica da competitividade da


geração distribuída
A competitividade da geração fotovoltaica distribuída foi analisada com base na
estimativa do custo equivalente ou nivelado da geração, expresso em R$/MWh, o qual

74
Metodologia de custos de produção de energia │ UNIDADE IV

foi comparado com os valores da tarifa paga pelo consumidor à concessionária. No


caso das aplicações residenciais e comerciais, tipicamente referidas à baixa tensão e
fisicamente distribuídas na rede, o custo nivelado corresponde, em princípio, ao valor
mínimo da tarifa de fornecimento de energia que o consumidor deve “enxergar” para
considerar viável, em termos econômicos, seu investimento na geração fotovoltaica.
Entende-se por tarifa, nesses casos, o valor final pago pelo consumidor, isto é, incluídos
os impostos que incidem sobre a tarifa básica homologada pela ANEEL.

Conforme metodologia sugerida pela EPIA1, para a determinação do custo nivelado


foram calculados os fluxos de entrada e saída de caixa correspondentes às receitas e
despesas de investimento e operacionais durante a vida útil da instalação. Nesse cálculo,
as receitas foram computadas valorando a energia produzida pelo custo nivelado de
geração. Tal custo corresponde ao valor que torna nulo o valor presente do fluxo de caixa
líquido. Principais parâmetros Foram considerados os seguintes principais parâmetros
de cálculo: parâmetros econômicos:

»» taxa de desconto: 6% ao ano (taxa real, isto é, descontada a inflação; para


uma inflação anual de 4,5%, por exemplo, a taxa nominal de desconto
seria de 10,8% ao ano);

»» vida útil das instalações: 20 anos (exceto inversores: 10 anos.)

Despesas operacionais:

»» custo anual de operação e manutenção: 1% do custo de investimento.

Parâmetros técnicos:

»» prazo de maturação do investimento (construção): 3 meses;

»» perda de eficiência dos painéis: 0,65% ao ano, com correspondente


decréscimo da energia produzida;

»» fator de capacidade: 15,1%.

Resultados

Salienta-se que os resultados inicialmente apurados, a seguir apresentados, refletem


um cálculo sob o ponto de vista estritamente econômico, isto é, não estão considerados
efeitos de alavancagem resultante de financiamentos ou de quaisquer outras medidas de
incentivo, de natureza fiscal ou tributária, que eventualmente possam ser estabelecidas

1 Solar Photovoltaics Competing in the Energy Sector ─ On the Road to Competitiveness”, EPIA, setembro de 2011.

75
UNIDADE IV │ Metodologia de custos de produção de energia

e que, por certo, afetariam o fluxo de caixa. Esses aspectos são considerados mais
adiante neste documento. Nestas condições, os resultados iniciais foram os seguintes:

Tabela 1. Competitividade da geração fotovoltaica – custo nivelado da geração (R$/kWh).

Investimento inicial (R$ Custo nivelado de geração


Aplicação Potência (kWp)
mil) (R$/MWh)
5 38 602
Residencial
10 69 541
Comercial 100 591 463
Industrial 1.000 5.185 402

Fonte: Elaboração própria.

Tarifas das concessionárias

Conforme assinalado, para efeito de avaliar a competitividade da geração fotovoltaica,


o custo nivelado dessa geração deve ser comparado com a tarifa final paga pelo
consumidor, isto é, a tarifa em que estão incluídos, a partir de determinação legal, os
pagamentos compulsórios devidos ao poder público. No fornecimento de energia elétrica
estão inclusos na tarifa tributos federais (PIS/COFINS) e estadual (ICMS). Além desses
tributos, a conta de energia elétrica é utilizada, em alguns casos, para arrecadação
da contribuição de iluminação pública (quando prevista em lei) para as prefeituras
que efetuam essa cobrança e mantém convênio com a concessionária de distribuição.
Em geral, essa contribuição é função da atividade do consumidor, o que poderia influir
na sua percepção quanto à competitividade da geração fotovoltaica, sobretudo se for
considerada uma operação do tipo net metering entre consumidor e concessionária.
Contudo, por simplificação, esse aspecto foi desconsiderado na presente prospecção
analítica.

A alíquota média dos tributos federais incidentes no fornecimento de energia elétrica


(PIS/COFINS) está entre 5 e 7%, sendo que o valor efetivamente pago possa apresentar
variação mensal, de acordo com a apuração. Tomou-se como referência o valor é de
6%. Já a alíquota do tributo estadual (ICMS) é, em geral, função da atividade. Na faixa
de atividade em que se admite haver maior suscetibilidade e disposição a investir na
geração fotovoltaica, atividade mensal igual ou superior a 500 kWh, a alíquota varia
majoritariamente entre 25 e 30%, conforme o estado. Para o setor residencial, a partir
de dados de alíquotas extraídos do sítio da ABRADEE ponderadas pela atividade de
energia elétrica, apurado pela EPE, chegou-se a uma alíquota média de ICMS da ordem
de 25%. Para os setores comercial e industrial considerou-se uma alíquota média de
ICMS igual a 21%. A tabela a seguir, sintetiza os valores médios regionais das tarifas

76
Metodologia de custos de produção de energia │ UNIDADE IV

obtidos, incluindo PIS/COFINS e ICMS, possibilitando uma visão geral dos níveis
tarifários nos setores residencial, comercial e industrial.

Tabela 2. Tarifas homologadas da ANEEL – valores médios regionais.

Setor Mínimo Máximo Média


Residencial 444 464 457
Comercial 387 43 406
Industrial 318 432 336

Nota: Valores extraídos de ANEEL (médias por região; menor e maior valor regional), incluindo PIS COFINS=6% e ICMS= 25% para o setor residencial e
21% para os setores comercial e industrial.
Fonte: Elaboração própria a partir de ANEEL. Acesso em: 7 mai.2012.

Ressalta-se que, por se tratar de valores médios, a utilização dos valores acima para a
avaliação da competitividade da fonte fotovoltaica, por comparação com os valores de
custo nivelado de geração anteriormente referido, nem sempre é aplicável. No caso do
setor residencial, por exemplo, foram também considerados os valores individualizados
das diversas concessionárias, conforme segue.

Aplicação residencial a prospecção analítica das tarifas das distribuidoras consideradas


individualmente (valores médios do setor residencial, incluindo tributos, para faixa
de atividade de 500 kWh/mês), conforme apurado no site da ANEEL, mostra que a
tarifa final das 63 concessionárias de distribuição podem variar entre R$ 240/MWh e
R$709/MWh. No início de 2011 a 2015, 10 concessionárias tinham tarifas homologadas
superiores ao custo nivelado de geração calculado para aplicações de 5kWp (R$603/
MWh), entre elas a Energisa Minas Gerais (Minas Gerais), Cemar (Maranhão), Cepisa
(Piauí), Ampla (Rio de Janeiro) e Cemig (Minas Gerais). Acima do custo nivelado de
geração calculado para aplicações de 10kWp (R$ 541/MWh) somam-se a essas mais
18 concessionárias (totalizando 28 empresas), destacando-se Coelba (Bahia) e Coelce
(Ceará). Muito próximo deste valor estão nas tarifas residenciais homologadas para a
Elektro (São Paulo), Light (Rio de Janeiro) e Celpa (Pará).

Esta avaliação indica que se, por um lado, não se pode afirmar que a geração fotovoltaica
é competitiva em qualquer condição para a aplicação residencial, por outro, percebe-se
que já existem situações objetivas em que esta competitividade se apresenta de forma
clara. Além disso, deve-se considerar que os cálculos aqui apresentados se referem a
situações típicas no que tange à produção de energia (fator de capacidade). Isto quer
dizer que é possível encontrar arranjos melhores, ou seja, sítios mais favoráveis, em
que a produtividade pode ser superior àquela aqui considerada. Por fim, conforme já
citado, ressalta-se que os resultados até aqui apresentados se referem a uma avaliação
estritamente econômica, ou seja, será possível também encontrar arranjos financeiros

77
UNIDADE IV │ Metodologia de custos de produção de energia

(condições de financiamento) e tributários (incentivos fiscais) que poderiam ampliar a


faixa de competitividade da geração fotovoltaica na aplicação residencial.

Aplicação comercial

A prospecção analítica da competitividade da geração fotovoltaica na aplicação comercial


acompanha o desenvolvimento feito para o caso anterior. Deve-se considerar, contudo,
que a tarifa comercial é, em geral, nominalmente mais baixa. De acordo com a ANEEL, a
tarifa média comercial correspondia a 89% da tarifa média residencial em 2011. Por outro
lado, o custo médio da geração fotovoltaica estimado nesta nota técnica é, na aplicação
comercial, 86% do custo calculado para a aplicação residencial. Ou seja, se por um lado, a
tarifa de fornecimento comercial é, em geral, mais baixa do que a residencial, o custo médio
da geração fotovoltaica na aplicação comercial tende a ser relativamente mais reduzido, o
que significa que permanecem válidas para esse caso as conclusões indicadas no caso da
aplicação residencial quanto à competitividade da fonte fotovoltaica distribuída.

Aplicação industrial

No caso industrial, algumas considerações merecem ser feitas. De um lado, o maior


porte das instalações de geração fotovoltaica industrial tende a acarretar valores
relativamente menores do custo nivelado de geração quando comparados com os casos
residencial e comercial. Por outro, há, grande diversidade de situações tarifárias na
indústria e, por consequência, não é possível se antecipar conclusões com base na
simples comparação de valores médios. Com efeito, a tarifa horossazonal que se aplica
a esses consumidores e a significativa diferenciação das tarifas nominais em cada
classe de tensão permite grande número de situações que podem influir decisivamente
na prospecção analítica da competitividade da geração fotovoltaica. Tal prospecção
analítica não foi efetuada no âmbito deste documento. Ressalta-se ainda que, no caso
da autoprodução industrial, há que se analisar a possibilidade de arranjos envolvendo
plantas fotovoltaicas de maior porte instaladas no solo, em locais afastados do ponto de
atividade, porém pré-selecionados com condições mais favoráveis de irradiação solar,
tendo-se, em decorrência, maior fator de capacidade e um menor custo nivelado de
geração e, portanto, com maior competitividade face à tarifa de atividade.

Prospecção analítica da competitividade da


geração centralizada

A prospecção analítica da competitividade da geração fotovoltaica de maior porte,


instalada no solo, foi efetuada com base na estimativa do preço de referência para
este tipo de planta, considerando uma metodologia de cálculo similar à adotada para

78
Metodologia de custos de produção de energia │ UNIDADE IV

a determinação do preço teto nos leilões de energia. O custo de investimento para este
tipo de fonte, com potência maior ou igual a 1,0 MW, pode ficar na faixa de 4.000 –
6.000 R$/kWp instalado26. Essa faixa corresponde a valores internacionais referentes
a 2015 e 2016, sendo a composição do custo estimada cerca de 55% para os módulos,
10% para os inversores e 35% para os demais componentes. Foi efetuado o cálculo do
preço de referência para um caso inicial, considerando a perspectiva de continuada
queda de preços no futuro próximo (2012/2014), com valor fixado em 5.200 R$/kWp.
Nesse caso inicial, adotou-se um valor de fator de capacidade igual a 18% (média de
localidades favoráveis nas diferentes regiões) e demais parâmetros similares aos que
têm sido adotados nos leilões de energia.

Tabela 3.

Parâmetros principais Unidade Valor


Potência e energia
Potência Instalada MW 30
Fator de capacidade (FC) % 18,0
Degradação da produção de energia % anual 0,65
Investimento total R$/kWp 5.200
Despesas operacionais O&M % Inv./ano 1,0
TUSD (desconto) (1) % 80% (10 primeiros anos)/50% (após)
Parâmetros financeiros
Prazo Contratual anos 20
Vida Útil do Projeto anos 20
Seguro Operacional % Invest.ano 0,3
Custo de Capital Próprio % a.a., real 10,0
Depreciação média dos componentes (2) anos 20
Financiamento, parcela do investimento total (3) % 69
Taxa de juros % aa, real 4,5
Amortização anos 16
Sistema de Amortização - SAC
Tributos / Encargos
PIS + COFINS % 3,65
TFSEE - Taxa de Fisc. ANEEL R$/kW.ano 2,092
Imposto de Renda % 25,0
Contribuição Social % 9,0
Regime de tributação Lucro Presumido

Notas:
(1) Ref.: Resolução Normativa da ANEEL no 481, de 17/04/2012.
(2) Para os inversores, o custo anualizado de O&M incorpora sua substituição após 10 anos de operação.
(3) Valor financiado compatível com Índice de Cobertura da Dívida mínimo = 1.3.

79
UNIDADE IV │ Metodologia de custos de produção de energia

Resultados parciais

Sob tais condições, o preço estimado para energia solar fotovoltaica centralizada
resulta da ordem de 400 R$/MWh. Ainda que seja considerada uma redução nos
custos de investimento (devido à queda competitiva dos preços e/ou a incentivos
de diferentes naturezas), para valores da ordem de 4.000 R$/kWp, mantidos os
demais parâmetros de cálculo, os preços permanecem em níveis da ordem de 300
R$/MWh. Tais valores são significativamente altos em relação aos verificados
nos últimos leilões de energia nova para o Ambiente de Contratação Regulado –
ACR (na faixa aproximada de R$95 e R$110 por MWh), ou mesmo em relação ao
Valor-Referência – VR para contratação pelas distribuidoras (da ordem de R$
151/MWh em 2015). Evidencia-se, assim, a dificuldade para que esta fonte se
torne competitiva no curto prazo. Ou seja, a viabilização da geração fotovoltaica
centralizada, de maior porte, e oferecida à rede pressupõe condições e objetivos
estratégicos específicos que devem ser objeto de avaliação. Referência disponível em:
<www.aneel.gov.br> .

A alíquota nominal no sistema atual (não cumulativo) é de 1,65% para o PIS e 7,6%
para o Cofins. O valor devido desses tributos é apurado pela diferença entre a aplicação
dessas alíquotas sobre o faturamento bruto e a aplicação sobre os custos e despesas.
O valor efetivamente pago varia, portanto, de empresa para empresa. Disponíveis em:
<http://www.abradee01.org/download/aliquota/ICMS_Aliquotas_Estados_Jan-
2008.xls: Acesso em: 5 abr. 2012. Disponível em:< http://www.aneel.gov.br>. Acesso
em: 23 fev. 2012.

Proposições para o Brasil: viabilizando a


Geração Distribuíd
Dentre os papéis do Estado está o de formular políticas públicas capazes de incentivar
e viabilizar projetos que sejam considerados benéficos à nação. Um exemplo bem
sucedido de política pública de incentivo a uma fonte de geração é o recente caso da
redução na tarifa praticada nos leilões para geração eólica no Brasil.

Assim, sem dúvida a política pública bem elaborada é um fator indutor de desenvolvimento
sustentável, razão pela qual serão feitas proposições capazes de subsidiar a elaboração
de uma política pública voltada para o segmento de geração fotovoltaica, simulando
impactos da adoção de medidas distintas que impactam de forma direta a atratividade
do setor do ponto de vista do investidor.

80
Metodologia de custos de produção de energia │ UNIDADE IV

Criando condições práticas para o


estabelecimento de mercado

Como já mencionado, no país, até recentemente, a geração solar conectada à rede


elétrica de distribuição não possuía o adequado respaldo regulatório. De fato, o modelo
de contratação de energia pelas concessionárias distribuidoras, com referência no
Decreto no 5.163/2004, determina que a aquisição de energia elétrica proveniente de
empreendimentos de geração distribuída seja precedida de chamada pública promovida
diretamente pelo agente de distribuição. Este decreto limita esse tipo de contratação a
10% da carga do agente de distribuição e autoriza repasse às tarifas dos consumidores
até o limite do valor-referência (VR). A limitação do volume não impõe, presentemente,
maiores restrições à contratação da energia solar fotovoltaica. Mas, como o valor do VR
em 2011 estava em R$151,20 cada MWh, e como os custos de geração solar fotovoltaica
são significativamente maiores do que tal valor, a leitura que se faz é que este limite
de repasse impede o pequeno gerador fotovoltaico distribuído de encontrar ambiente
econômico favorável para participar da chamada pública para geração distribuída.

Em vista disso, a ANEEL vem estudando propostas para redução das barreiras de
acesso aos sistemas de distribuição por parte dos pequenos geradores. Esse processo
incluiu a realização da Consulta Pública no 15/2010, finalizada em 9 de novembro de
2010, e da Audiência Pública no 42/2011, finalizada em 14 de outubro de 2011, eventos
estes que propiciaram à ANEEL receber contribuições de diversos agentes, incluindo
representantes das distribuidoras, geradoras, universidades, fabricantes, consumidores,
comercializadores, empresas de engenharia e demais instituições interessadas no
tema. Como resultado desse processo, foi publicada a Resolução Normativa no 482,
de 17/4/2012, estabelecendo as condições gerais para o acesso de microgeração e
minigeração distribuída aos sistemas de distribuição de energia elétrica. Ela visa a
reduzir as barreiras regulatórias existentes para conexão de geração de pequeno porte
disponível na rede de distribuição, a partir de fontes de energia incentivadas, bem
como introduzir um sistema de compensação de energia elétrica (net metering), além
de estabelecer adequações necessárias nos Procedimentos de Distribuição – PRODIST.

Simultaneamente, foi publicada pela ANEEL a Resolução Normativa no 481, de


17/4/2012, pela qual ficou estipulado, para a fonte solar com potência injetada nos
sistemas de transmissão ou distribuição menor ou igual a 30 MW, o desconto de 80%
(oitenta por cento) para os empreendimentos que entrarem em operação comercial
até 31/12/ 2017, aplicável nos 10 (dez) primeiros anos de operação da usina, nas
tarifas de uso dos sistemas elétricos de transmissão e de distribuição – TUST e TUSD,
incidindo na produção e na atividade da energia comercializada. Esse desconto será
reduzido para 50% (cinquenta por cento) após o décimo ano de operação da usina.

81
UNIDADE IV │ Metodologia de custos de produção de energia

Os empreendimentos que entrarem em operação comercial após 31/12/2017 farão jus


ao desconto de 50% (cinquenta por cento) nas referidas tarifas.

Na avaliação de alguns agentes importantes de mercado, o arranjo net metering


e as alterações propostas no PRODIST são suficientes para viabilizar, do ponto de
vista regulatório, a geração distribuída em unidades consumidoras da baixa tensão,
residenciais e comerciais.

Menciona-se ainda, dentre as ações recentes da ANEEL, a chamada pública referente


ao Projeto de P&D Estratégico no 13/2011, “Arranjos técnicos e comerciais para
inserção de projetos de geração solar fotovoltaica na matriz energética brasileira”, em
decorrência da qual foram selecionados 17 projetos fotovoltaicos, totalizando 23,6 MW,
a serem instalados nas diversas regiões do país até 2015, possibilitando aprimorar o
conhecimento sobre as diferentes tecnologias dessa forma de geração.

No âmbito governamental, deve-se também destacar o Plano Brasil Maior, lançado


pelo Governo Federal em agosto de 2011, visando orientar políticas de desenvolvimento
industrial que melhorem as condições competitivas do país. Nesse Plano, a dimensão
estruturante das diretrizes setoriais contempla a Cadeia de Suprimentos em Energia,
na qual se prevê o desenvolvimento de fontes renováveis, abrangendo a energia eólica
e solar.

Sistema de compensação de energia


(net metering)

A Resolução Normativa no 482 da ANEEL, de 17/4/2012, introduz as seguintes definições:

I. microgeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com


potência instalada menor ou igual a 100 kW e que utilize fontes com base
em energia hidráulica, solar, eólica, biomassa ou cogeração qualificada,
conforme regulamentação da ANEEL, conectada na rede de distribuição
por meio de instalações de unidades consumidoras;

II. minigeração distribuída: central geradora de energia elétrica, com


potência instalada superior a 100 kW e menor ou igual a 1 MW para fontes
com base em energia hidráulica, solar, eólica, biomassa ou cogeração
qualificada, conforme regulamentação da ANEEL, conectada na rede de
distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras;

III. sistema de compensação de energia elétrica: sistema no qual a energia


ativa gerada por unidade consumidora com microgeração distribuída ou
minigeração distribuída compense o atividade de energia elétrica ativa.

82
Metodologia de custos de produção de energia │ UNIDADE IV

Esse sistema tem analogia com uma “conta-corrente” de energia entre consumidor
e concessionária. Os eventuais créditos resultantes da geração excedente a atividade
própria expiram em 36 meses após a data do faturamento, não sendo ofertada ao
consumidor qualquer forma de compensação após esse prazo.

Os montantes de energia ativa injetada que não tenham sido compensados na própria
unidade consumidora poderão ser utilizados para compensar a atividade de outras
unidades previamente cadastradas para este fim e atendidas pela mesma distribuidora,
cujo titular seja o mesmo da unidade com sistema de compensação de energia elétrica,
ou cujas unidades consumidoras forem reunidas por comunhão de interesses de fato
ou de direito.

Independentemente do saldo observado entre atividade e geração, a fatura do


consumidor deve conter, no mínimo, o valor referente ao custo da disponibilidade do
sistema de distribuição (para consumidores do grupo B) ou da demanda contratada
(para consumidores do grupo A).

Esse tipo de mecanismo requer medição bidirecional. Quanto a este particular,


cabe destacar que os custos referentes à adequação do sistema de medição são de
responsabilidade do consumidor, sendo este custo igual à diferença entre o custo dos
componentes do sistema de medição requerido para o sistema de compensação de
energia elétrica e o custo do medidor convencional utilizado em unidades consumidoras
do mesmo nível de tensão.

Alterações no PRODIST

As principais alterações sugeridas no PRODIST e referem-se ao estabelecimento


dos procedimentos para acesso da micro e minigeração distribuída aos sistemas de
distribuição de eletricidade.

São contemplados os seguintes itens: etapas para a viabilização do acesso; critérios técnicos
e operacionais; requisitos dos projetos; implantação de novas conexões; requisitos para
operação, manutenção e segurança da conexão; sistema de medição; e contratos.

Dentre outros aspectos, destaca-se que é atribuída à distribuidora a responsabilidade


de realizar todos os estudos para a integração da micro e minigeração distribuída, sem
ônus para o acessante, definindo os requisitos técnicos mínimos necessários para a
conexão. Outro ponto a notar é que as fontes de geração classificadas como micro ou
minigeração estão dispensadas da celebração do CUSD (Contrato de Uso do Sistema
de Distribuição) e CCD (Contrato de Conexão) para as centrais que participem do
sistema de compensação de energia da distribuidora local. Para os minigeradores é

83
UNIDADE IV │ Metodologia de custos de produção de energia

suficiente firmar o Acordo Operativo. Para os microgeradores deverá ser formalizado o


Relacionamento Operacional, introduzido nessas alterações do PRODIST.

O sistema de preços (Feed-in Law)


De acordo com o sistema Feed-in Law ou sistema de preços, as concessionárias de
energia elétrica são obrigadas a conectar em sua rede qualquer gerador de FIL, com
a obrigatoriedade de comprar toda essa energia renovável a preços estipulados pelo
governo (geralmente um valor maior do que o preço de mercado para a geração
convencional). Esse pagamento é garantido por um período de tempo, também
previamente determinado pelo governo e devidamente regulamentado. O preço pago
pela energia renovável, ou seja, a Tarifa Prêmio (TP) tem uma relação direta com o
custo de geração da FIL. Por esse motivo, para cada FIL é pago um valor de TP (HOLM,
2005); (MENDONÇA, 2007).

Os custos desse mecanismo são diluídos entre todos os usuários finais de energia,
através de: um encargo aplicado por kWh de energia convencional consumido, encargo
destinado a empresas de serviço público (que necessitam adquirir uma energia “verde”),
por encargos destinados à compra de crédito de carbono ou por uma combinação dessas
variáveis (SAWIN, 2004).

Atualmente, esse mecanismo é aplicado na maioria dos países Europeus. Além disso,
os países que apresentam os maiores crescimentos no mercado de FIL são países que
utilizam o mecanismo baseado no sistema de preços (SAWIN, 2004).

Uma variação no sistema de preços, “net metering”, permite aos consumidores instalar
pequenos sistemas de FIL em suas residências ou empresas e vender os seus excedentes
de eletricidade para a rede. Esse excesso é vendido pelo preço de mercado. Em alguns
casos, são pagos por todo kWh que eles injetam na rede, em outros casos, eles recebem
crédito apenas quando a geração é igual à sua atividade.

O sistema de preços só pode ser aplicado aos sistemas interligados à rede elétrica (HOLM,
2005). A vantagem deste modelo é que não é necessário um investimento inicial por parte
do governo. O financiamento do sistema fotovoltaico é viabilizado pela taxa de retorno do
investimento (TIR) decorrente da tarifa prêmio do programa de incentivo.

O sistema de quotas

No sistema de quotas o governo estipula os alvos de potência, subsidia as instalações


e deixa que o mercado determine os preços. Geralmente os governantes estipulam

84
Metodologia de custos de produção de energia │ UNIDADE IV

um mínimo de potência instalada e de geração de energia, ou uma parcela de energia


oriunda de FIL. Essa determinação pode ser aplicada aos consumidores, aos produtores
ou aos distribuidores de energia (HOLM, 2005) (SAWIN, 2004).

Existem duas variações básicas de sistema de quotas utilizados hoje em dia:

»» Renewable Portfolio Standards (RPS);

»» Tendering Systems (TS).

Na categoria do RPS, é estipulada uma meta para a quantidade mínima de geração


ou de capacidade instalada de energia ou de potência oriunda de FIL. Essa meta,
geralmente aumenta a cada ano. Cabe aos investidores e aos geradores escolher como
essa meta será cumprida, ou seja, o tipo de tecnologia utilizada (exceto nas regiões
onde as metas por FIL já estão estipuladas), os preços e os contratos que estes irão
firmar. No final do período estipulado para o cumprimento das metas, os operadores
de rede (dependendo da política estabelecida), devem comprovar o cumprimento das
obrigatoriedades estipuladas, caso contrário eles estão sujeitos à uma penalidade. Os
PIE recebem créditos, na forma de “certificados verdes”, “etiquetas verdes”, ou “crédito
de FIL”. Esses créditos podem ser negociáveis ou vendidos, para servir como um
comprovante legal do cumprimento da lei estabelecida pelo mecanismo (HOLM, 2005)
(SAWIN, 2004).

Na categoria do TS o governo estipula um alvo (quota) e um preço máximo para a


eletricidade, por kWh gerado. Os produtores submetem as suas ofertas para estes
contratos. O governo subsidia a diferença entre o mercado de referência e o contrato
vencedor. As quotas podem ser aplicadas a sistemas isolados ou interligados na rede.
Comparado com o sistema de preços, existem relativamente menos experiências com
quotas, e essas são maiores nos países desenvolvidos (HOLM, 2005). Isso se deve,
principalmente, pelo fato de que nesse modelo, é necessário um investimento inicial
alto do governo, o que para os países em desenvolvimento torna-se inviável.

Método de avaliação econômico-financeira

Nesta seção serão desenvolvidas as bases teóricas dos principais métodos de avaliação
econômico-financeira de empresas e/ou projeto.

Na prospecção analítica financeira de uma companhia, segundo Damodaran (2002), para


a prospecção analítica do valor (valoração), em geral, existem três métodos de abordagem.

1. o método é o fluxo de caixa descontado, que traz a valores presentes


os fluxos esperados de um ativo em seus próximos anos, e em sua

85
UNIDADE IV │ Metodologia de custos de produção de energia

perpetuidade, assumindo-se um cenário de constância em aspectos de


crescimento do mesmo;

2. o método é a prospecção analítica de valor relativo, que estima o valor de


um ativo através de comparáveis, como lucro, fluxo de caixa, receitas etc.;

3. o método utiliza modelos de precificação de opções. Para este trabalho,


o foco será no primeiro método de prospecção analítica, através do fluxo
de caixa descontado (FCD).

Método do Fluxo de Caixa Descontado


Para Damodaran (2002), qualquer prospecção analítica de valor de um ativo tem como
princípio a prospecção analítica do fluxo de caixa descontado, que por sua vez, tem
seu fundamento na regra do valor presente, onde o valor que qualquer ativo é o valor
presente dos fluxos futuros esperado que esse ativo gera:

Valor Presente = ∑

Equação 1: cálculo do valor presente dos fluxos de caixa

Onde:

FCLt: Fluxo de Caixa Livre no período t;

n: Vida do ativo;

r: Taxa de desconto refletindo o risco dos fluxos estimados.

A partir do cálculo do valor presente, Damodaran (2002) explicita três maneiras para a
utilização do método do fluxo de caixa descontado:

I. prospecção analítica do valor patrimonial da firma (valor do acionista);

II. prospecção analítica do valor da firma como um todo, o que inclui, além
do valor patrimonial, o valor da dívida; e

III. prospecção analítica do valor da firma em partes, começando com suas 32


operações e adicionando os efeitos no valor da dívida e outras obrigações.
Para cada uma das maneiras, consideram-se fluxos de caixa e taxas de
desconto diferentes.

A prospecção analítica patrimonial da firma ou seu valor do capital próprio é obtido


descontando-se os Fluxos de Caixa Livre para o Acionista (FCLA), i.e., os fluxos de

86
Metodologia de custos de produção de energia │ UNIDADE IV

caixa residuais após todas as despesas, necessidades de reinvestimento, obrigações


tributárias e pagamentos de dívidas líquidas (juros, pagamentos de parcelas e novas
emissões de dívidas), ao custo de capital próprio, i.e., a taxa de retorno requerida pelos
acionistas da firma.

Valor do Capital Próprio =

Equação 2: Cálculo de valor do capital Próprio/do acionista

Onde:

FCLAt: Fluxo de Caixa Livre para o Acionista no período t;

ke: Custo de Capital Próprio.

O valor da firma é obtido descontando-se os Fluxos de Caixa Livre para a Firma (FCLF),
i.e., os fluxos de caixa residuais após todas as despesas, necessidades de reinvestimento
e obrigações tributárias, porém antes de quaisquer pagamentos de dívidas e aos
acionistas, à média ponderada do custo de capital, que é o custo dos diferentes
componentes de financiamento utilizados pela firma, ponderados por suas proporções
de valor de mercado.

Valor da Firma = ∑ ______________

Equação 3: Cálculo do valor da Firma

Onde:

FCLFt: Fluxo de Caixa Livre para a Firma no período t;

CMPC: Custo Médio Ponderado do Capital.

O valor da firma também pode ser obtido através do valor do acionista, conforme a
equação abaixo.

Valor da Firma (Equação 3) = Valor do Capital Próprio = (Equação 2)+ Valor do


Mercado da Dívida

Equação 4: Cálculo do Valor da Firma Através do Valor do Acionista

O valor da firma também pode ser obtido pela mensuração de partes separadamente.
Esta maneira, que é chamada de valor presente ajustado (VPA), inicia-se com a
determinação do valor do capital próprio da firma, assumindo-se que esta é financiada
apenas com capital próprio. A seguir, é considerado o valor agregado (ou reduzido) pela

87
UNIDADE IV │ Metodologia de custos de produção de energia

dívida considerando-se o valor presente dos benefícios tributários resultantes da dívida


e dos custos de falência esperados. O VPA pode ser generalizado para permitir que
diferentes fluxos de caixa para a firma sejam descontados a diferentes taxas, segundo
seus riscos.

Valor da Firma

= Valor do Capital Próprio

+ Valor Presente dos Benefícios Tributários

+ Custos de Falência Esperados

Equação 5: Cálculo do Valor da Firma pelo VPA

No presente trabalho, será considerada a prospecção analítica do valor do capital


próprio/do acionista. Foi escolhida esta maneira de avaliação uma vez que o objetivo é
mensurar o quanto um projeto típico de geração de energia fotovoltaica consegue criar
de retorno ao acionista do empreendimento.

Finalmente, Rosembaum e Pearl (2009) listam os principais prós e contras da


metodologia do fluxo de caixa descontado:

Prós

»» baseado no fluxo de caixa: reflete o valor do FCF projetado;

»» independência do mercado: essa metodologia é mais isolada de efeitos


pontuais do mercado, tais como bolhas especulativas ou períodos de
recessão;

»» autossuficiente: não depende inteiramente de companhias comparáveis


ou de transações precedentes. Trata-se de uma abordagem importante
quando não existem ou são limitados os comparáveis públicos;

»» flexibilidade: permite a prospecção analítica de diferentes cenários


econômicos sensibilizando taxas de crescimento, margens etc.

Contras

»» dependência nas projeções financeiras: trata-se de um grande desafio a


projeção do desempenho financeiro, sobretudo em longos períodos;

»» sensibilidade às premissas: pequenas variações nas premissas podem


impactar consideravelmente a gama de valores;

88
Metodologia de custos de produção de energia │ UNIDADE IV

»» valor terminal: o valor presente do valor terminal pode representar até


75% ou mais do valor total, o que diminui a relevância da projeção do
FCF;

»» assume estrutura de capital constante: o modelo básico do fluxo de caixa


descontado não permite flexibilidade de alteração da estrutura de capital
ao longo do período de projeção. Em seguida, serão definidos cada um
dos termos e os métodos de cálculo.

Fluxo de Caixa Livre (FCL)

Copeland et al (2002) definem o fluxo de caixa livre como “[...] o fluxo de caixa
operacional efetivo da empresa. O fluxo de caixa livre é o fluxo de caixa total após
impostos gerado pela empresa e disponível para todos os seus fornecedores de capital,
tanto credores quanto acionistas”.

Reforçando os conceitos de Damodaran (2002), apresentados anteriormente, pode-se


realizar a prospecção analítica por fluxo de caixa de três maneiras:

I. prospecção analítica do valor alavancado da companhia;

II. prospecção analítica do valor desalavancado da companhia; e

III. prospecção analítica pelo valor presente ajustado. A principal diferença


entre os métodos se dá pela presença da dívida nos fluxos de caixa,
tornando-se assim necessário o desconto do valor pelo custo de capital
alavancado ou pelo desconto após a eliminação da dívida, considerando
o custo de capital próprio na estrutura desalavancada. O terceiro método
considera a soma dos fluxos de caixa da operação e do benefício fiscal
descontados pelo custo de capital próprio desalavancado.

Detalhando esta metodologia, para a prospecção analítica de valor da companhia alvo,


o fluxo de caixa livre é calculado para os acionistas, i.e. a partir da prospecção analítica
do valor desalavancado da companhia, em cada período de projeção, para depois ser
descontado a valor presente pelo custo de capital.

FCL = Lucro Operacional * (1 –T) + D&A – Investimento – Delta CGL + Dívida Líquida.

Equação 6: Cálculo do Fluxo de Caixa Livre

Onde: T: Taxa de Impostos.

D&A: Depreciação e Amortização.

ΔCGL: Variação do Capital de Giro Líquido.

89
UNIDADE IV │ Metodologia de custos de produção de energia

Dívida Líquida: diferença entre as novas dívidas emitidas e o pagamento de juros e


principais.

Geralmente, utiliza-se um período de projeção entre 5 a 10 anos para empresas


estáveis, i.e. que apresentem fluxos de caixa mais estáveis. Para empresas em estágios
mais iniciais, há maior variação temporal, chegando a períodos mais longos, até a
estabilização dos fluxos de caixa.

Para fins de projeção, muitos são os casos em que não há o benefício de um conjunto de
premissas iniciais. Para empresas públicas, existem relatórios de analistas de mercados
que estimam as premissas financeiras de contas como Receita, Lucro Antes dos Juros,
Impostos, Depreciação e Amortização (LAJIDA) e Lucro Operacional, e geralmente
são utilizados para estimar uma base para as projeções. Nos casos em que essas
informações não são disponíveis, e.g. para empresas fechadas, utilizam-se informações
de desempenho histórico, tendências do setor e estimativas de consensos de analistas
de empresas abertas comparáveis. Rosembaum e Pearl (2009) detalham de forma
prática as formas de projeção mais comuns para os componentes do fluxo de caixa.

Receita para empresas abertas, os primeiros dois ou três anos de projeção podem ser
obtidos através do consenso de estimativas dos analistas do setor. Similarmente, para
empresas fechadas, consensos de estimativas para empresas semelhantes podem ser
utilizados como aproximações para taxas de crescimento de receita esperada em casos
que a linha de tendência seja consistente com o desempenho histórico e perspectivas
de mercado, caso disponíveis.

No entanto, para períodos mais longos de projeção, as taxas de crescimento devem ser
derivadas de outras fontes. Sem o benefício de uma orientação da diretoria da empresa,
geralmente se pode basear em tendências setoriais e taxas de crescimento de longo prazo.
Em situações em que não haja uma orientação precisa, Rosembaum e Pearl (2009) citam
que é típica a utilização de taxas de crescimentos decrescentes ao longo dos anos finais da
projeção até atingir uma taxa razoável de longo prazo para o ano terminal.

Além disso, as projeções variam de acordo com o setor em que a companhia atua.
Dependendo do negócio, podem existir ciclicidades e sazonalidades que devem ser
refletidos pela projeção. Independente de que parte do ciclo a projeção se inicie, é
crucial que no ano terminal o desempenho financeiro represente um nível normalizado
em oposição a um pico ou vale do ciclo.

Uma vez que as projeções de receita são estabelecidas, é essencial a realização de uma
verificação contra as taxas históricas de crescimento da companhia assim como contra
as estimativas de seus pares e panoramas de mercado/setor. Mesmo utilizando de

90
Metodologia de custos de produção de energia │ UNIDADE IV

fontes como consensos de analistas de mercado, as premissas de crescimento devem


ser justificáveis, sejam em função de tendências de mercado, mudanças no mix de
produtos, mudanças de demanda, aumento de preços, aquisições etc.

De forma a reduzir estas incertezas, e assim atrair mais investidores e permitir preços
mais “justos”, o Governo Federal organiza leilões de contratação de energia elétrica
no qual são assinados contratos de comercialização por longos períodos, no caso da
fonte fotovoltaica os contratos são por 20 anos operacionais, logo, neste caso particular
de prospecção analítica de viabilidade de projeto de energia fotovoltaica, a receita
real (sem considerar o efeito inflacionário) é fixa por 20 anos, desde que desempenhe
conforme o projeto de engenharia. Assim, não será necessário projetar preços tampouco
crescimento de mercado.

Deduções de Receita, CPV e Despesas

Para as deduções de receita, custo dos produtos vendidos e despesas gerais, de vendas e
administrativas, pode-se utilizar margens históricas como parâmetros de projeção, i.e.
como percentual da receita. É comum considerar a constância das margens, no entanto,
pode-se assumir pequenos crescimentos ou declínios como consequência de tendências
do setor.

Neste caso particular, para as estimativas de custos e despesas, este trabalho recorrerá
a dados publicados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE, empresa subordinada
ao MME, responsável pelo planejamento da expansão do setor energético brasileiro).
E, como poderá ser observada nas premissas da EPE, ela utiliza a metodologia aqui
descrita, de atribuir percentuais de receita ou valor do investimento como referência de
custos e/ou despesas.

Depreciação e Amortização (D e A)

Depreciação é um gasto econômico, i.e. sem desembolso de caixa, que reduz o


valor reportado dos ativos imobilizados ou fixos como propriedades, instalações e
equipamentos de acordo com sua vida útil. Amortização é o equivalente da depreciação
para ativos intangíveis da companhia.

Em termos de modelagem financeira, pode-se projetar a D e A como percentual da


receita ou do investimento, baseando-se em níveis históricos. Outra abordagem é a
construção de um cronograma de depreciação considerando uma base existente de
ativos imobilizados depreciáveis e de projeções incrementais de valor de investimento.

E, somando-se receitas, custos e despesas, conforme retratado nos itens acima, chega-se
ao lucro operacional. Assim como o Lucro Antes dos Juros, Impostos Depreciação e

91
UNIDADE IV │ Metodologia de custos de produção de energia

Amortização LAJIDA, por sua vez, é o Lucro Operacional acrescentando-se depreciação


e amortização.

Investimento

O valor do investimento é o fundo que a companhia utiliza para comprar, aperfeiçoar,


expandir ou substituir ativos físicos, tais como prédios, equipamentos, instalações,
veículos, entre outros. Ao contrário da D e A, o investimento representa um desembolso
de caixa, assim deve ser subtraído para o cálculo do FCL.

O investimento histórico e de projetos comparáveis podem ser bons indicadores para


sua estimativa, apesar de ser comum que hajam desvios decorrentes da estratégia, setor
ou fase das operações. Para esta prospecção analítica, o trabalho irá recorrer a dados
públicos de projetos em fase de implementação, cujas estimativas de investimento são
tornadas públicas quando da realização dos leilões de comercialização de energia.

Variação do Capital de Giro Líquido (ΔCGL)

O capital de giro líquido é tipicamente definido como a diferença entre os ativos


circulantes e os passivos circulantes, desconsiderando o caixa e as dívidas. Trata-se de
um indicador da necessidade de capital da companhia para financiar suas operações
no dia a dia. Todos os elementos necessários para se determinar o CGL podem ser
encontrados no balanço patrimonial.

CGL = (Contas a Pagar + Estoque + Imposto a Receber + Outros) – (Contas a Receber


+ Impostos a Pagar + Outros).

Equação 7: Cálculo do Capital de Giro Líquido

O cálculo da variação anual do CGL é importante para o FCF, pois ela representa a
fonte ou uso de caixa para a companhia. Uma variação positiva representa uso de caixa
e vice-versa, o que é típico de empresas em crescimento.

∆CGL = CGLn – CGL (n-1)

Equação 8: Variação do Capital de Giro Líquido

Onde:

N: Ano mais recente.


N=1: Ano anterior.

Os componentes do ativo e passivo circulantes da companhia são projetados com base em


proporções históricas e mantidos constantes na ausência de orientações sobre eficiência
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Metodologia de custos de produção de energia │ UNIDADE IV

ou declínio das mesmas. As proporções são dias implícitos em que determinada conta
demora para realizar as operações, e.g. dias implícitos de recebíveis de 30 dias implica que
a companhia, em média, recebe pagamentos depois de 30 dias após a venda ser realizada,
assim como 60 dias implícitos de estoque implica a permanência de produtos em estoque
por 60 dias antes de serem trocados.

Contas a Receber
Dias implícitos de Recebíveis = * 365
Receita Líquida

Equação 9: Dias Implícitos de Recebíveis

Estoque
Dias implícitos de Estoque = * 365
CPV

Equação 10: Dias implícitos de Estoque

Contas a Pagar
Dias Implícitos de Contas a Pagar = * 365
CPV

Equação 11: Dias implícitos de Contas a Pagar

Ressalta-se que para este caso particular, como a base de dados a ser utilizada é de
projetos a serem implementados, em consequência das características do processo
licitatório dos leilões de comercialização de energia, a variação do capital de giro a ser
considerada no projeto típico de geração de energia solar fotovoltaica abordado neste
trabalho será nula.

Dívida Líquida

A dívida líquida consiste na diferença entre os novos empréstimos realizados e o valor


correspondente dos juros e dos principais da dívida, e o saldo em caixa. Os efeitos
na mudança nos níveis da dívida devem ser considerados no fluxo de caixa, pois o
repagamento do principal sobre uma dívida existente representa uma saída de caixa,
porém o repagamento da dívida pode ser inteira ou parcialmente financiada a partir de
novos empréstimos, o que consiste uma entrada de caixa. Dessa maneira, subtraindo-se
do repagamento de uma dívida antiga pelos novos empréstimos fornecem uma medida
dos efeitos no fluxo de caixa das mudanças na dívida.

Para este caso particular, serão utilizadas as condições de financiamento apresentadas


pela EPE para projetos de energia fotovoltaica, e, por serem projetos a serem
implementados após o sucesso na comercialização em leilões, toda a dívida será nova.

Assim, descontando-se os impostos do lucro operacional, subtraindo-se o investimento


e a variação no capital de giro líquido, e somando-se a depreciação e amortização
93
UNIDADE IV │ Metodologia de custos de produção de energia

e dívida líquida, conforme a Equação 6, é possível calcular o FCL, projetá-lo e


descontá-lo pelo custo de capital da companhia. O último passo da metodologia do
fluxo de caixa descontado é calcular o Valor Terminal da companhia.

Valor Terminal

O Valor Terminal representa o valor do fluxo de caixa previsto da empresa para além
do período de projeção explícito, e conforme Damodaran (2002), é possível calculá-lo
de três maneiras. A primeira assume a liquidação dos ativos da empresa geradora no
último ano de projeção e estimar quanto se pagaria pelos ativos que a empresa acumulou
até esse ponto. A segunda maneira assume um múltiplo de saída para estimar o valor
no último ano de projeção. A terceira maneira assume uma taxa de crescimento estável
para após os anos de projeção, a taxa de perpetuidade.

O Valor Terminal é calculado como segue:

FCLn ∗ (1 + g)
Valor Terminal =
(r − g)

Equação 12. Cálculo do Valor Terminal

Onde: FCLn: Fluxo de Caixa Livre no Período n.

g: taxa de Perpetuidade.

Para este projeto, conforme indica o relatório da EPE, não há valor terminal do projeto
após os 20 anos de fornecimento de energia, pois este período de fluxo de caixa já
representa a vida útil das placas fotovoltaicas.

Custo de Capital

Para a manutenção das operações de um negócio, desde o desenvolvimento de novos


produtos, construção de novas fábricas, implementação de novos sistemas etc., é
constante a necessidade de investimentos. A empresa, por sua vez, deve estimar os
valores necessários e decidir se o investimento é adequado. Para tanto, a taxa de retorno
do investimento deve superar o valor custo de capital.

Nesse sentido, os investimentos necessários poderiam ser financiados apenas com


capital próprio, no entanto é comum que as empresas diversifiquem os tipos de capital
para diluir os riscos associados. Podemos classificar os tipos de capital em dois grandes
grupos: Dívida, proveniente de empréstimos e emissões de dívidas, e Capital Próprio,
proveniente dos acionistas.

94
Metodologia de custos de produção de energia │ UNIDADE IV

Considerando que cada provedor de capital espera um retorno sobre seu investimento,
porém, em consequência dos riscos e estruturas distintas aos quais são expostos, os
retornos variam para cada situação. Esses retornos, sob o ponto de vista da empresa
que recebe o investimento, são os custos de capital.

Assim, para contemplar as distinções, utiliza-se o CMPC (Custo Médio Ponderado do


Capital), que é ponderação dos diferentes custos de capital por sua respectiva proporção.

CMPC = Wd * (1-T) * Kd + We * Ke

Equação 13: Cálculo do CMPC

Onde:

Wd: Peso relativo do componente de dívida.

(l – T) *Kd: Componente do custo da dívida após o benefício fiscal.

We: Peso relativo do componente de capital.

Ke: Componente do custo de capital próprio.

Segundo Brigham e Ehrhardt (2011), o CMPC também é um fator-chave para a escolha


e determinação da estrutura ótima entre dívida e capital próprio para a empresa,
pois se considerarmos que não haja dívida, o CMPC seria o custo do capital próprio.
No entanto, em consequência do benefício fiscal pela dedutibilidade de impostos
da receita financeira, existe um valor para o qual o CMPC é mínimo e, portanto,
maximizando o valor da empresa.

É importante destacar também que, à medida que o valor da dívida aumenta além do
ponto ótimo, o CMPC tende a aumentar dado o aumento da probabilidade de insolvência,
aumentando os retornos exigidos pelos credores de ambos o capital próprio e dívida.

Custo da Dívida

O custo da dívida (Kd) representa a taxa com a qual a companhia pode pegar empréstimos.
No caso de empresas abertas, ele pode ser calculado como sendo a ponderação de todas
as taxas a valor de mercado dos instrumentos de dívida adotados pela empresa como
títulos e debêntures, a média ponderada dos retornos esperados pelos seus credores; ou a
partir de classificação de risco dos títulos para a obtenção de adicionais de custo padrões.

No entanto, companhias fechadas não possuem emissões de dívidas públicas e não


possuem classificação de risco, consequentemente, segundo Damodaran (2002), deve-se
utilizar uma das seguintes alternativas.

95
UNIDADE IV │ Metodologia de custos de produção de energia

Caso a companhia tenha adquirido um empréstimo recentemente (nas últimas


semanas ou meses), é possível utilizar a taxa de juros no empréstimo como custo
da dívida. Uma vez que o custo da dívida deve ser corrente, a taxa de juros contábil
(Despesas de juros / Valor contábil da dívida) sobre a dívida emitida no passado
geralmente não é uma boa medida do custo da dívida.

Se a companhia estiver sendo mensurada para uma oferta pública inicial, pode-se
assumir que o custo da dívida da companhia fechada se moverá em direção ao custo
de dívida médio da indústria na qual ela pertence. Essencialmente, assume-se que
uma vez tornada pública, ela estruturará sua política de dívida para se assemelhar às
companhias comparáveis.

A terceira alternativa consiste no cálculo do índice de cobertura de dívida (EBIT /


Despesas de juros) da companhia para estimar sua “classificação de risco sintética”
e utilizar os adicionais de custo padrões de tais classificações para chegar no custo
de dívida. Como as companhias fechadas tendem ser menores e apresentar maiores
riscos do que a maioria das companhias abertas, Damodaran (2015) resume a relação
entre o índice de cobertura de dívida, classificação de risco e adicionais de custo para
companhias não financeiras pequenas com valor de mercado inferior a US$5 bilhões,
utilizando dados de janeiro de 2015.

Após a determinação do índice de cobertura de dívida da companhia e sua classificação


de risco sintético, soma-se ao adicional de custo correspondente o valor da taxa de
retorno livre de risco para estimar o custo da dívida.

Esta terceira alternativa pode subestimar o custo da dívida se bancos cobrarem maiores
taxas para companhias fechadas do que para outras abertas similares. Nesse caso,
acrescentasse um adicional de custo que reflita essa diferença, se a avaliação financeira
for para uma transação fechada, mas não se for para uma transação aberta ou oferta
pública inicial.

Além disso, o custo da dívida deve ser deduzido do benefício fiscal, uma vez que os juros
ou sua receita financeira são dedutíveis do imposto de renda. Assim, o custo da dívida
é reduzido em função da alíquota fiscal utilizada.

Neste caso particular, a estimativa do custo da dívida não será necessária vez que será
calculado o fluxo de caixa livre para o acionista e será aplicado as condições apresentadas
pela EPE para o financiamento de projetos de energia fotovoltaica que comercializam
energia nos leilões regulados pelo governo.

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Metodologia de custos de produção de energia │ UNIDADE IV

Custo do Capital Próprio

Para Copeland et al. (2002), o custo do capital próprio é o de mais difícil estimativa,
uma vez que não pode ser diretamente observado no mercado. Trata-se do retorno
esperado pelos investidores em seus investimentos de capital.

O método recomendado pelos autores e que será utilizado neste trabalho é o modelo de
precificação de bens de capital (MPBC). Este modelo postula que o custo de demanda
do capital próprio seja igual ao retorno sobre os títulos livres de risco, mais o risco
sistêmico da empresa multiplicado pelo preço de mercado do risco (ou o prêmio pelo
risco), além do risco país de um investidor norte-americano que aplica no país e o risco
pelo tamanho da companhia:

Ke = rf + βl * (rm - rf ) + rBR + rt

Equação 14: cálculo do Custo do Capital Próprio(Ke)

Onde:

rf: Taxa de retorno livre de risco.

Βl: Risco sistêmico do capital próprio, alavancado pela estrutura de capital da firma.

rm: Taxa de retorno prevista para o portfólio do mercado como um todo.

rm – rf: Prêmio pelo risco de mercado.

rBR: Risco país.

rt: Risco pelo tamanho.

I. Taxa de Retorno Livre de Risco (rf)

Segundo Copeland et al. (2002), a taxa livre de risco é, hipoteticamente,


o retorno sobre um título ou uma carteira de títulos livres de qualquer
risco de inadimplência e totalmente desligado de qualquer outro item
encontrado na economia.

Para fins práticos, os autores explicitam três alternativas (durações)


razoáveis que empregam títulos do governo para estimar essa taxa: títulos
de curto prazo (mensal), títulos de 10 anos e títulos de 30 anos.

A taxa dos títulos de 10 anos é a mais recomendada pelos autores à primeira


alternativa dado que se trata de uma taxa de longo prazo, que geralmente
se aproxima da duração dos fluxos de caixa da empresa alvo da avaliação.

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UNIDADE IV │ Metodologia de custos de produção de energia

As de curto prazo não se equipararia bem ao período considerado. Além


disso, seu preço é menos sensível a mudanças imprevistas da taxa de
inflação do que dos títulos de 30 anos.

Já Rosembaum e Pearl (2009), apesar de reconhecer que se utilizam de


diferentes opções de período e interpolações dos mesmos, argumentam
que deve ser utilizado um instrumento de maior duração possível para
acompanhar a vida esperada da companhia.

II. Prêmio pelo Risco de Mercado (rm - rf)

O prêmio pelo risco de mercado pode ser definido com a diferença entre
a taxa prevista de retorno sobre o portfólio do mercado e a taxa livre de
risco. Copeland, Koller e Murrin (2002) explicam que seu cálculo pode
se basear em dados históricos ou em estimativas futuras. A discussão
teórica sobre qual abordagem é a mais apropriada, não está no escopo
deste trabalho.

III. Beta (βl)

O beta é definido como a razão entre a covariância entre os retornos da


ação estudada e do mercado como um todo e a variância do mercado.

cov (rm . rl)


β=
σ2

Equação 15: cálculo do Beta (β)

Onde:

rm: Taxa de retorno prevista para o portifólio do mercado como um todo.

rl: Taxa de retorno de uma ação alvo.

σm2: Variância do portfólio do mercado como um todo.

No caso brasileiro, pode-se considerar o Ibovespa como portfólio que considera o


mercado como um todo. Assim, se for considerado que o Ibovespa possui um beta de 1,
uma ação que possui beta igual a deverá ter um retorno esperado igual ao do mercado.
Da mesma forma, se uma ação possui beta menor que, ela possui risco sistêmico menor
que o do mercado e vice-versa.

Se a companhia alvo da prospecção analítica for aberta, pode-se encontrar o beta


histórico através de bases de informações financeiras como a Bloomberg ou a Thomson
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Metodologia de custos de produção de energia │ UNIDADE IV

Reuters, são provedoras globais de notícias financeiras e fontes de informações incluindo


dados de preços históricos e em tempo real, dados financeiros e cobertura de analistas.
A Thomsom Reuters é uma provedora global de informações e de profissionais em
serviços financeiros, mídia e mercados capitais.

Em termos práticos, no entanto, Brigham e Ehrhardt (2011) apresentam algumas


considerações acerca da utilização do beta histórico. Inicialmente, o beta é sensível
ao período e frequência considerados, e.g. é possível calcular os retornos de uma
companhia utilizando períodos diários, semanais ou mensais; e além disso, o número
de anos utilizados para o cálculo também influenciará o beta resultante. Os autores
reconhecem que não existe uma orientação teórica sobre um período correto para
mensuração, apesar de que na prática, seja comum a utilização de um período
entre 3 a 5 anos de retornos mensais ou 1 a 2 anos de retornos semanais, betas
calculados de maneiras distintas serão diferentes e não se pode saber ao certo qual é o
mais correto.

Finalmente, o beta de uma companhia é fortemente dependente de sua estrutura de


capital de maneira que, para a realização do cálculo de CMPC de uma companhia de
capital fechado ou uma prospecção analítica do impacto das diferentes estruturas de
capital de um ativo no custo de capital ou no próprio CMPC, utiliza-se a desalavancagem
de betas comparáveis à companhia alvo da prospecção analítica, assim removendo os
efeitos das estruturas de capital.

(1 + ∗( ))

Equação 16: Desalavancagem do beta

Onde:

βl: Beta alavancado.

D/E: Proporção Dívida-Capital Próprio.

T: Taxa de Imposto.

A partir dos betas desalavancados, é possível encontrar uma média do conjunto


escolhido e realavancá-lo com uma estrutura alvo de capital.

Βl = βu * (1 + D/E * (1 – T))

Equação 17: alavancagem de beta

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UNIDADE IV │ Metodologia de custos de produção de energia

Onde:

D/E: Proporção alvo da estrutura de capital.

Estrutura de Capital

A estrutura de capital trata-se do mix entre a dívida e o capital próprio de uma companhia,
e pode ser definido como a razão entre a dívida líquida (total do endividamento livre
dos equivalentes de caixa) pelo valor de mercado. Neste tópico, será utilizado o custo de
capital próprio apresentado pela EPE e também em Nota Técnica da Agência Nacional
de Energia Elétrica (Aneel), cuja metodologia de cálculo é a mesma apresentada no
ensaio deste módulo.

Prospecção Analítica de Viabilidade


Econômica

Premissas

A prospecção analítica de viabilidade econômico-financeira consistirá no desenvolvimento


de um modelo financeiro, que calculará o valor do projeto por meio do método de fluxo
de caixa descontado, conforme apresentado no Capítulo 2. Por meio de dados públicos
como premissas do modelo, será calculado o Fluxo de Caixa Livre para o Acionista em
cada ano de projeção e descontado a valor presente pelo seu custo de capital. Dessa
maneira, verificando-se o valor do projeto e sua taxa interna de retorno. Algumas das
características principais do projeto de referência de geração fotovoltaica (potência,
investimento e preço de comercialização), para fins desta prospecção analítica, foram
tomadas com base nos resultados do leilão de energia mais recente, pois incorporam o
atual contexto macroeconômico brasileiro.

Pode-se analisar que o fator de capacidade considerado pela EPE (18%) é bem inferior
ao encontrado nos leilões de 2014 (22,7%) e 2015 (27,8%). Essas diferenças poderão
devidamente serem tratadas na prospecção analítica de sensibilidade de um relatório
futuro. Em se tratando do modelo financeiro, as outras premissas poderão ser adotadas
e consideradas em valores reais, i.e. desconsiderando o efeito inflacionário; em valores
trazidos entre (2015 a 2016). Em seguida, é importante destacar que os cálculos a serem
realizados para a obtenção do Fluxo de Caixa Livre para o Acionista e, por conseguinte,
o valor e a taxa de retorno do projeto (TIR) deve ser destacado.

Destacamos as premissas:

1. Unidade Valor Fonte Potência Média MW.


100
Metodologia de custos de produção de energia │ UNIDADE IV

2. Fator de Capacidade %.

3. Geração Anual Média MWh/ano.

4. Degradação da Produção de Energia % anual.

5. Preço Médio R$/MW.

6. Investimento Total R$/kW.

7. Custo de Capital Próprio % aa.

8. Custo Real.

9. Operação e Manutenção (O&M) %.

Todos os demais parâmetros utilizados na modelagem foram obtidos a partir da


Nota Técnica da EPE (2012).

10. Invest./ano (desconto) % 80% (10 primeiros anos)/50% (após).

11. Prazo Contratual anos.

12. Vida Útil do Projeto anos.

13. Primeiro Ano de Operação ano.

14. Seguro Operacional % invest./ano.

15. Depreciação Média dos Componentes em anos.

16. Parcela do Investimento Total %.

17. Taxa de Juros % aa, real.

18. Amortização em anos/Sistema de Amortização.

19. PIS + COFINS % Receita Bruta %.

20. Impostos de Renda %.

21. Receita Bruta %.

22. Contribuição Social % e Receita Bruta %.

23. Regime Tributário - Lucro Presumido.

24. Potência da usina.

25. Energia solar e Parâmetros Financeiros.

101
UNIDADE IV │ Metodologia de custos de produção de energia

26. Despesas Operacionais diretas e indiretas.

27. Financiamento Tributos / Encargos.

Roteiro do Relatório

O Cálculo da Receita Inicialmente, a partir da Equação 18(calcula-se a Geração Anual


de energia, utilizando-se um Fator de Capacidade em um percentual estimado (%),
(conforme Nota Técnica da EPE), doravante denominado cenário EPE. Do resultado,
aplica-se a taxa de Degradação da Produção de Energia, cumulativa anual, multiplica-
se a Geração Anual, obtendo-se a Produção de Energia em MWh. Assim, a Receita
Bruta é calculada multiplicando-se a Produção de Energia pelo seu preço R$/MWh,
conforme o leilão de energia recente. Em seguida, aplica-se os tributos de PIS e COFINS
sobre a Receita Bruta para obter a Receita Líquida e Impostos Sobre a Receita. Quanto
ao cálculo dos Custos e Despesas do Projeto resume-se as premissas utilizadas, os três
gastos utilizados são: Custos com Operação e Manutenção (O e M), Despesas com
Seguro Operacional e o TUSD – Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição. Os gastos
com O e M e de Seguro Operacional são operacionais e calculados em função do
investimento total do empreendimento. Para tanto, a partir das premissas de múltiplo
de investimento (R$/kW) e de Potência Média (kW), obtém-se o Investimento Total
de R$ em milhões para o projeto padrão do relatório. Assim, os gastos operacionais
anuais são calculadas como um percentual deste valor. A TUSD, ou Tarifa de Uso
do Sistema de Distribuição, é definida pela Aneel e é tarifada aos consumidores,
geradores e distribuidores para a utilização do Sistema Interligado Nacional. Uma
vez que o estado a ser escolhido e indicado na maior contratação em ambos os leilões,
deve-se apresentar o mapa de insolação regional com as irradiações solares do país,
ao se utilizar a TUSD de referência da distribuidora do estado e ser escolhido no
valor de R$/kW/mês12, o que representa uma despesa anual em valores reais (R$
milhões). Cabe ressaltar que, este valor receberá um desconto nos 10 primeiros anos
de operação e nos anos seguintes. O resumo dos gastos operacionais nos seus três
primeiros anos (para o fluxo completo), conforme Resolução Homologatória no 1.916,
de 23 de junho de 2015, da Aneel: Gastos do Projeto: Depreciação do Investimento,
o investimento total em milhões é depreciado em 20 anos, o que representa uma
despesa anual. No cronograma de depreciação para os três primeiros anos (para o
fluxo completo).

Cronograma de Depreciação: Elaborado visando os Gastos do Projeto em valores


reais, exceto quando indicado Investimento (R$/kW), Valor de Potência Média (MW),
Investimento Total, Custos O e M Sobre Investimento, Custos de O e M em Despesas
Seguro Operacional, sobre Investimento percentual de despesa de Seguro Operacional.

102
Metodologia de custos de produção de energia │ UNIDADE IV

TUSD (R$/kW/mês) TUSD Anual, Desconto no TUSD (%). Despesa de TUSD.


Gastos Totais. Cronograma de Depreciação, exceto quando indicado Investimento.
Anos de Depreciação, com Taxa de Depreciação, Depreciação do Investimento.
No Financiamento, verifica-se que parte do investimento total é financiável, o que
representa um empréstimo para o projeto padrão constado no relatório, que será
amortizado em um período de anos a uma taxa de juros equivalente, através de um
sistema de amortização constante. A partir disso, constrói-se o cronograma da dívida e
calcula-se o Fluxo de Caixa do Financiamento, sendo esta a soma do aporte financeiro,
da parcela de amortização e de seus juros correspondentes.

Fluxo de Caixa Livre: a partir dos cálculos realizados, é possível obter o Fluxo de
Caixa Livre para o Acionista utilizando a Equação 6. Em seguida, calcula-se o valor
presente do mesmo para o ano base do projeto através da Equação 1 e considera o
Custo de Capital Próprio de 10%, com o Financiamento para os 3 primeiros anos
em valores reais, exceto quando indicado em Parcela Financiável do Investimento do
Financiamento do 3o ano, a uma Taxa de Juros equivalente, no Prazo de no mínimo
uma década e meia de anos, com um Aporte estimado Saldo Inicial, (-) Amortização
com o Saldo Final. A conta Principal e os Juros devem ser analisados, dentro do Fluxo
de Caixa do Financiamento e do Fluxo de Caixa Livre, e devem ser considerados os
tributos de Imposto de Renda nas médias percentuais, contemplando a conta de
Contribuição Social, sobre as presunções de lucro e a receita bruta, respectivamente.
A adoção do lucro presumido e do lucro realizado é sempre mais favorável de um ou
do outro. No lucro presumido, o total de impostos é sobre a receita bruta (0,5% de
PIS, 3,0% de COFINS, 2% de IR e 1,08% de CSLL), enquanto que no regime de lucro
real apenas as contribuições PIS e COFINS são de 9,25% sobre a receita bruta. Além
disso, conforme foi explicado anteriormente, deve ser considerada nula a Variação no
Capital de Giro do montante total. Conforme a equação 1, o Fator de Desconto refere-se
à parcela da equação que multiplica o FCL no período t. Finalmente, obtém-se o valor
do projeto e sua taxa interna de retorno (TIR). Variação do Capital de Giro Líquido
(ΔCGL) Fluxo de Caixa Livre, Receita Bruta (-) PIS + COFINS, (=) Receita Líquida
(-) Gastos do Projeto (-) O&M; (-) Seguro Operacional; (-) TUSD;(=) LAJIDA; (-)
Depreciação e (-) Amortização; (-) Juros (=) Lucro Operacional Antes dos Impostos
(-) Imposto de Renda e Contribuição Social; (+) Depreciação; (-) Investimento;(-)
Variação no Capital de Giro; (+) Dívida Líquida; (=) Fluxo de Caixa Livre para o
Acionista; Período; Fator de Desconto; Valor Presente do FCLA. Cálculo do Valor
do Projeto e da TIR. Dos cálculos a serem realizados, o cenário EPE vai apresenta
uma TIR não significativa e um valor presente negativo para um projeto de geração
fotovoltaica típico no Brasil. Cálculo do Valor do Projeto e do TIR Custo de Capital
(Real), no Valor Presente dos Fluxos de Caixa.

103
UNIDADE IV │ Metodologia de custos de produção de energia

Cenários e Resultados

Interpretação do Resultado: Tendo como exemplo o resultado a ser obtido, em uma


TIR significativa, indica que a execução de um projeto fotovoltaico típico é econômico
e financeiramente viável, uma vez que sua taxa de retorno será superior ao seu custo
de capital. No entanto, alguns fatores são essenciais para se levar em consideração.
Inicialmente, o fator de capacidade (%) a ser utilizado no cenário da EPE, tendo como
referência os dados apresentados pelo Governo Federal em Nota Técnica da EPE em
2012, enquanto os valores de mercado, doravante cenário de mercado, serão praticados
durante Leilões de Energia de Reserva, e deverá apresentar valores percentuais estimados
para cada período, com valores médios estipulados. Segundo, o preço da energia a ser
considerado no projeto, será referente ao último leilão, e será passível de alterações
devido aos inúmeros fatores tanto setoriais quanto governamentais e econômicos.
Assim como a taxa de juros e o custo de capital. Além disso, outro aspecto que deve ser
levado em consideração é valor do investimento uma vez que a maioria dos equipamentos
são de origem estrangeira e sensíveis à variação do dólar. Neste caso, cada um destes
fatores serão analisados para se verificar qual o seu impacto na taxa de retorno.

Sensibilidade do Fator de Capacidade e do


Investimento

a. Aspectos financeiro do relatório.

b. Componentes descritivos.

No leilão a ser realizado (período proposto no projeto), os fatores de capacidade por


projeto apresenta valores mínimo e máximo, com uma média de (%) (vide Anexo B).
Dessa maneira, para a prospecção analítica de sensibilidade da TIR em função do
fator de capacidade deverá ser utilizado valores da taxa de retorno como referência. A
sensibilização em função do investimento, para se verificar qual seu impacto numérico
na taxa de retorno será importante para a TIR. Sensibilidade do Fator de Capacidade e
do Investimento, podendo ser significativa e que pode considerar o fator de capacidade
médio apresentado em leilão, há um incremento de aproximadamente 20% em relação
ao cenário EPE do Governo Federal na taxa interna de retorno, resultando em uma taxa
bastante atrativa para um investidor. Além disso, o fator de capacidade deverá ter um
percentual, próximo à média dos fatores determinantes apresentados em leilão, a taxa
de retorno resulta em 7,2%, o que indica a deterioração no cenário macroeconômico em
relação ao ano posterior. Com relação à sensibilidade em função do investimento em
R$/kW, verifica-se de acordo com o projeto, que para o cenário de mercado com fator de
capacidade médio, um grande aumento nos valores ainda não é suficiente para tornar

104
Metodologia de custos de produção de energia │ UNIDADE IV

o projeto de geração fotovoltaica inviável, apresentando uma taxa de retorno (%) para
um investimento de R$/kW. Por outro lado, com o fator de capacidade fornecido pelo
Governo Federal no cenário EPE, verifica-se no projeto que mesmo com uma grande
redução no valor do investimento ainda terá margem de retorno x: com um valor muito
baixo de R$/kW a taxa de retorno apresentada é de (%), inferior ou superior ao custo
de capital.

Conclusão
Para a sensibilidade do TIR em função do preço de venda da energia, foram realizados
dois cenários de fator de capacidade: cenário EPE (%) e cenário de mercado (%).
Considerando um fator de capacidade de (%).

O Investimento em (R$/kW) em Fator de Capacidade: Sensibilidade do Preço de Energia


(FC%), significa receita positiva na verificação neste cenário, para que haja uma taxa de
retorno que viabilize a execução do projeto, se é necessário, simultaneamente, um preço
de venda acima de R$ (por MWh), e uma redução no investimento para no mínimo
R$/kW. Ainda, considerando o preço-teto de (R$) para o próximo leilão, conforme
o (Edital da Aneel), a taxa de retorno e ROI em percentual de atratividade(%). Será
verificado se é ou não suficiente para viabilizar o desenvolvimento do projeto na
região escolhida. Por outro lado, considerando um fator de capacidade R$/MWh em
percentual(%).

A Sensibilidade do Preço de Energia (FC%), para o cenário de mercado, pode ser


verificada se as taxas de retorno são bastantes atrativas mesmo considerando uma
grande redução no preço de energia para o período, com (%) de retorno para R$ para
o Preço da Energia e Investimento em R$/kW por MWh. Ademais, considerando o
preço-teto para o próximo leilão, a taxa de retorno é denominada em percentual de
atratividade (%). Dessa maneira, é possível explicar a presença da acirrada competição
nos leilões (do período) e sua bem sucedida realização, dado que no último leilão o preço
médio de venda foi de (R$) por MWh a partir de um preço inicial de (R$) apresentando
deságio de (%). Em termos de viabilização desta fonte e aumento da demanda, a forte
competição da oferta de energia fotovoltaica dirigida pelas altas taxas de retorno dos
projetos é bastante positiva? Se reflete em melhores preços para os consumidores?

Quanto a Sensibilidade do Preço do Dólar no ano reflete estabilidade no preço final do


investimento? O mercado foi surpreendido pelas históricas altas do dólar, atingindo
um valor máximo de (R$), citar o mês da prospecção analítica. Considerando que
grande parte do investimento necessário para a execução do projeto de geração
fotovoltaica é composta por equipamentos importados, torna-se fundamental

105
UNIDADE IV │ Metodologia de custos de produção de energia

verificar qual é o impacto do aumento do preço do dólar na taxa de retorno.


Para tanto, a taxa de retorno foi sensibilizada em função do preço do dólar e o
percentual do investimento que está em moeda estrangeira. Considerando o preço do
dólar base de (R$), cujo valor é referente ao fechamento em (período considerado),
data do último leilão realizado; foi analisado o impacto do aumento no preço do
dólar na TIR. Quanto ao Preço do Dólar (R$), a Parcela do Investimento Inicial em
(US$), as taxas de retorno permanecem econômica-financeiramente viáveis mesmo
considerando a situação apresentada?

Com o preço do dólar a (R$) e supondo que (%) do investimento é importado, o projeto
apresenta uma taxa de retorno de (%). Isto indica que um aumento no preço do dólar
pode diminuir a atratividade de um projeto padrão de geração fotovoltaica, mas não o
suficiente para torná-lo inviável. Além disso, é possível relacionar impacto do aumento
do preço do dólar, uma vez que um aumento de (R$) no preço do dólar corresponde a
aproximadamente um aumento de R$/kW no valor do investimento, considerando que
(%) do investimento seja importado.

A Sensibilidade da Taxa de Juros: finalmente, para a execução de um projeto deste


porte(grande), é preciso considerar que uma parte razoável do investimento está sendo
financiado pelo Governo Federal através do BNDES, conforme as premissas do modelo
econômico-financeiro, e que apesar da Nota Técnica do EPE de 2012 considerar uma
taxa de juros de (% a.a.). Conforme o site do BNDES onde são apresentadas as condições
de financiamento específicas para projetos de energia solar, a taxa de juros na operação
realizada diretamente com o BNDES é composta por três parcelas: o custo financeiro
que tem como referência a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), a remuneração básica
do BNDES de (% a.a.), e uma taxa de risco de crédito conforme o risco de crédito do
cliente (BNDES, 2016). Segundo o mesmo site, a TJLP tem período de vigência de um
trimestre-calendário e apresenta os seguintes valores estimados de referência: 5,5%
no primeiro trimestre, 6% no segundo, 6,5% no terceiro e 7% para o último trimestre
(BNDES, 2016). Dessa maneira, obtém-se taxas de juros em 2 momentos (%) e (%)
considerando a remuneração básica do BNDES para o terceiro trimestre, quando se
realizar o último leilão, e para o último trimestre, respectivamente, considerando o
cenário de mercado promissor. Ainda na Sensibilidade da Taxa de Juros (FC%). Deverá
ser verificado no resultado do relatório, então, que as taxas de retorno apresentam
valores menos ou mais atrativos, mas ainda considerada na conta econômico-financeira
mais viável. A uma taxa de juros inicial de (%) e final de (%), resultando em TIR inicial
de (%) e final de (%), respectivamente. Desses resultados, é possível perceber e relatar
a importância dos agentes governamentais (Aneel, BNDES, fundos de investimentos
públicos, entre outros) como catalisadores do desenvolvimento das fontes de energias
renováveis, especialmente fotovoltaicas.

106
Metodologia de custos de produção de energia │ UNIDADE IV

Considerações Finais

A energia solar fotovoltaica tornou-se, nos últimos anos, uma realidade em alguns países,
ainda que o desenvolvimento na totalidade dos casos tenha sido feito via incentivos
dos mais diversos. No entanto, a curva de aprendizado da indústria no mundo está em
evolução e os custos associados têm apresentado decréscimos significativos. De uma
maneira geral, considera-se que esta tendência será mantida nos próximos anos o que
pode significar que a fonte se torne competitiva, sem incentivos, no futuro. É justamente
a incerteza de quando esta competitividade se daria que justifica, no presente momento,
o início de um conjunto de medidas e estudos sobre formas de inserção desta fonte de
geração, de modo a organizar as instituições a tratarem do assunto, tanto pelo lado
do Governo como pelo lado dos agentes do mercado. No Brasil, à luz dos parâmetros
utilizados nesta nota técnica, são distintas as situações da geração fotovoltaica
centralizada e distribuída. No caso da geração distribuída, por ter seu patamar de
competitividade definido a partir das tarifas de distribuição de energia ao consumidor
final, a comparação de valores já permite dizer que está próxima à condição de viabilidade
econômica para alguns pontos da rede elétrica. O mesmo não ocorre com a geração
centralizada, de maior porte, cujos preços não são competitivos com os de outras fontes
renováveis no presente. Este estudo analisou algumas possibilidades de incentivo e
seus possíveis impactos sobre a competitividade da energia gerada, tanto para geração
fotovoltaica distribuída como para a concentrada. Entende-se que para viabilizar uma
redução mais significativa dos custos de produção dentro da cadeia fotovoltaica no
país, através de ganhos de escala, é necessário estimular um maior desenvolvimento do
mercado para a energia solar. Isto permitiria também ao país participar em alguma etapa
da cadeia de uma indústria de alto valor agregado no âmbito mundial. Como um meio
para atingir esse objetivo, poderia ser considerada a contratação da geração fotovoltaica
centralizada, de maior porte, por leilões específicos, restritos a essa fonte. Se adotada
essa estratégia, é importante que seja dada uma clara sinalização da continuidade
de contratação num período futuro imediato. Os montantes de energia contratados
deveriam ser reduzidos em relação à demanda total do Sistema Interligado Nacional,
tendo em conta os preços não competitivos com outras fontes; porém, deveriam ser
minimamente suficientes para viabilizar o desenvolvimento inicial de uma cadeia
produtiva, atrelada a objetivos estratégicos a serem estabelecidos. Complementarmente
aos leilões específicos, não deveria haver impedimento à participação da fonte solar,
fotovoltaica ou heliotérmica, nos leilões abertos às demais fontes. No que se refere à
geração heliotérmica, o levantamento efetuado indica que não se tem perspectiva de
sua aplicação de forma competitiva no país em um prazo mais imediato. Não obstante,
é de interesse que essa forma de geração seja estudada, tendo em vista sua característica
de fonte renovável com produção de montantes relativamente elevados de energia

107
UNIDADE IV │ Metodologia de custos de produção de energia

de forma concentrada, passível de ser integrada ao sistema de geração hidrotérmico


nacional. O fato de que alguns componentes do processo de geração heliotérmica ainda
estão sob desenvolvimento tecnológico no mundo, representa uma demanda para que
o país acompanhe e participe desse desenvolvimento visando sua aplicação futura.

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