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Capacidades da TI para o Processo de Inovação na Empresa: um Estudo de Casos Múltiplos


em Empresas Inovadoras 
 
Autoria: Cíntia Frigo Petuco, Norberto Hoppen
 
 
RESUMO: 
A inovação assume um importante papel nas empresas na busca por vantagem competitiva. A
Tecnologia da Informação (TI) é um dos recursos capaz de apoiar esse processo. Neste
contexto, procurou-se analisar que capacidades da TI contribuem para a inovação na empresa
e adotaram-se estudos de caso em três empresas inovadoras. Os resultados confirmaram
parcialmente as capacidades de TI citadas na literatura – software, redes, entendimento dos
negócios, gestão da informação e do conhecimento - e também revelaram capacidades de TI
novas – desenvolvimento de indicadores estratégicos -, permitindo estruturar um modelo
ampliado com contribuições para a academia e o campo profissional. 
 
Palavras-chave: Visão baseada em recursos. Capacidades. Inovação. Tecnologia da
informação. 
 


 
 
 

1. INTRODUÇÃO 
O tema inovação recebe atenção nos meios acadêmico e profissional. Conforme
destacado por Crossan & Apaydin (2010), a inovação é reputada como sendo fundamental
para a sobrevivência da empresa e para o seu sucesso. Também é considerada chave de
vantagem competitiva e pode assumir um papel fundamental no desempenho econômico das
empresas (Lendel & Varmus, 2011; Prajogo & Ahmed, 2006; Panne, Beers & Kleinknecht,
2003; Chae, Koh & Prybutok, 2014). Por sua vez, a Tecnologia da Informação (TI) é um
recurso da empresa capaz de apoiar este processo (Tarafdar & Gordon, 2004).
Para Weill (1992), a TI consiste em hardware, software, rede e telecomunicação, bem
como todo pessoal e recursos dedicados às suas atividades meio, atividades fim e aos seus
produtos e serviços. Além de uma questão fundamental para a sua operação, é vista cada vez
mais como uma necessidade estratégica, oferecendo vantagem competitiva para quem a
utiliza e causando desvantagem competitiva para quem não a utiliza (Lunardi, Dolci &
Maçada, 2010).
A TI tem caráter intrinsecamente inovador e está em constante mudança e evolução,
tendo capacidade de alterar processos produtivos e de modificar a maneira como as pessoas
trabalham e decidem (Rasera & Cherobim, 2011). Com isso, frequentemente a utilização da
TI é acompanhada por mudanças significativas na empresa, como alterações em políticas e
regras, na estrutura e práticas organizacionais e na cultura. Sendo assim, a TI e outros
recursos existentes, em sinergia, melhoram os processos de negócio e podem aumentar os
resultados da organização (Melville, Kraemer & Gurbaxani, 2004; Moreno Jr., Cavazotte &
Arruda, 2014). E Soto-Acosta & Meroño-Cerdon (2008) constataram que empresas com
capacidade superior de TI exibem um resultado superior. Ainda, empresas que querem ser
inovadoras precisam identificar e cultivar as competências da TI, para que as mesmas
suportem esse processo (Gordon & Tarafdar, 2007). No entanto, o papel da TI no processo de
inovação e sua potencial contribuição permanece amplamente sem estudo (Gordon &
Tarafdar, 2007; Xue, Ray & Sambamurthy, 2012), existindo um potencial considerável para
pesquisas que contribuam com o entendimento do papel da TI no processo de inovação
(Nambisan, 2013).
Com isso, existe o entendimento de que empresas podem usar diferencialmente a TI
para obter eficiência e inovação (Xue, Ray & Sambamurthy, 2012) e que líderes da TI podem
influenciar a inovação nas empresas a partir do desenvolvimento apropriado de capacidades
de TI (Tarafdar & Gordon, 2004). No entanto, conforme King (2002), investir simplesmente
em TI ao invés de investir nas capacidades da TI, é como adquirir componentes de TI sem
realmente entender ou ser capaz de utilizar esses componentes a fim de alcançar os objetivos
de negócio.
Considerando o contexto apresentado, esta pesquisa contempla as capacidades da TI e
a inovação na empresa, em um momento em que investimentos são realizados para
desenvolver capacidades efetivas de TI, que possam contribuir com a inovação na empresa
para obter vantagem competitiva e aumentar o desempenho. O objetivo geral do estudo é de
analisar que capacidades da TI contribuem para a inovação na empresa e como essa
contribuição acontece. Além disso, o mesmo pretende avaliar se as empresas estudadas
identificam capacidades da TI que possam estar inibindo, isto é, impedindo ou dificultando o
processo de inovação.
Para isso foi realizado um estudo de casos múltiplos, em três empresas consideradas
inovadoras, as quais estão localizadas no sul do país. Com o propósito de detalhar o estudo
realizado, na sequência desenvolve-se o referencial teórico, a metodologia de pesquisa, a
análise dos resultados obtidos – em especial o modelo expandido das capacidades da TI - e
sua discussão, além de uma conclusão.
 


 
 
 

2. REFERENCIAL TEÓRICO 
O referencial teórico aborda questões sobre inovação, sobre a teoria da visão baseada
em recursos (RBV), que é a base para o estudo das capacidades da empresa, e sobre as
capacidades da TI, com o propósito de vincular estas capacidades à inovação na empresa.

2.1 INOVAÇÃO
Existe um entendimento, tanto na academia quanto no campo profissional, de que
organizações deveriam inovar para serem efetivas, ou até mesmo para sobreviverem, e que a
pesquisa tem condições de guiar a gestão da inovação nas organizações (Damanpour &
Schneider, 2006). O tema inovação tem sido abordado por autores clássicos como
Schumpeter, que criou obras importantes como “A teoria do desenvolvimento econômico”,
publicada pela primeira vez em 1911. Para Schumpeter (1985), produzir significa, tanto
econômica quanto tecnologicamente, combinar materiais e forças ao alcance das empresas e
produzir outras coisas, significa efetuar novas combinações. Essas combinações foram por ele
classificadas em introdução de um novo bem, introdução de um novo método de produção,
abertura de um novo mercado, conquista de uma nova fonte de oferta de matérias-primas ou
de bens semimanufaturados e estabelecimento de uma nova organização em qualquer
indústria, sendo combinadas com o objetivo de gerar desenvolvimento e mudanças.
Mais recentemente Zawislak et al. (2008) definiram inovação como a aplicação de
conhecimento para gerar mudanças técnicas ou organizacionais, capazes de ofertar vantagens
para as empresas que as utilizam. Para os autores, inovação é a aplicação de conhecimento
novo para a empresa, e não necessariamente novo para as demais empresas. Dessa forma,
pequenas e incrementais mudanças aparecem no núcleo do processo da inovação, mais do que
as mudanças radicais.
No presente estudo, foram utilizadas as definições contidas no Manual de Oslo
(OCDE, 2005), que caracteriza a inovação como a implementação de um novo produto (bem
ou serviço), novo processo, novo método de marketing, ou novo método organizacional nas
práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas da empresa.
A inovação de produto diz respeito à criação de bens e serviços totalmente novos, bem como
melhorias nas características ou nos usos previstos em bens e serviços já existentes. Já a
inovação de processo, engloba a implementação de um novo método de produção e de
distribuição, ou a melhoria significativa de algum já existente. Normalmente envolve a
implementação de novos equipamentos, softwares, técnicas ou procedimentos. Inovação de
marketing consiste na utilização de novos métodos de marketing, como mudanças no desenho
e na embalagem do produto, na promoção e no posicionamento do mesmo, e na forma de
estabelecer preços de bens e serviços. E a inovação organizacional lida, sobretudo, com
pessoas e com a organização do trabalho. Contempla a implementação de novos métodos
organizacionais que não tenham sido utilizados anteriormente na empresa, tais como
mudanças nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações
externas da empresa.
No entanto, inovações organizacionais e tecnológicas são interligadas (Lam, 2004).
Isso reforça a necessidade de entender a inovação organizacional de uma forma mais
abrangente, visto que a empresa inova por meio de diversos tipos de inovação para atingir
seus objetivos mais amplos. Como existe o entendimento de que as empresas inovam a partir
da combinação dos tipos de inovações, o presente trabalho não tem como objetivo classificar
o tipo de inovação utilizado nas empresas estudadas, e sim, analisar a inovação na empresa
como um todo. Por esse motivo, foi utilizado o termo inovação na empresa ou inovação
empresarial (Silva et al., 2005), que faz referência à inovação de forma mais ampla, seja ela
do tipo de produto, processo, marketing ou organizacional.
 


 
 
 

2.2 VISÃO BASEADA EM RECURSOS 


A RBV pode ser considerada como a origem do tema de capacidades. Para Penrose
(2009), um dos autores seminais desta teoria, a empresa é definida basicamente como uma
coleção de recursos e por consequência, é importante conhecer os recursos com os quais
trabalha para aumentar sua eficiência e rentabilidade. Para esta autora, os recursos são
variados e podem ser físicos e tangíveis (como plantas, equipamentos, produtos e matéria-
prima) ou intangíveis (como serviços de gestão, habilidades técnicas e recursos humanos).
Wernerfelt (1984), por sua vez, coloca que recursos e produtos são dois lados da mesma
moeda para a empresa. Muitos produtos requerem os serviços de vários recursos e muitos
recursos podem ser usados em vários produtos. Ele define recurso como qualquer coisa que
possa ser pensada como força ou fraqueza de uma dada empresa. Define também como sendo
ativos tangíveis e intangíveis que estão vinculados de forma semipermanente com a empresa,
tais como nome da marca, pessoal qualificado, produtores eficientes, conhecimento
tecnológico, contatos comerciais, maquinário e capital.
Já Barney (1991), examina a ligação entre os recursos da empresa e a vantagem
competitiva sustentada. Para isso, define quatro indicadores do potencial de recursos da
empresa: valor, raridade, imitabilidade e substituibilidade, a fim de avaliar o potencial dos
mesmos para a geração da vantagem competitiva. Sugere que a empresa obtém vantagem
competitiva implementando estratégias que explorem suas forças internas como respostas às
oportunidades do ambiente, enquanto neutralizam ameaças externas e previnem suas
fraquezas internas. Segundo ele, recursos da empresa incluem todos ativos, capacidades,
processos organizacionais, atributos, informação e conhecimento, que são controlados e que
possibilitam conceber e implementar estratégias que aumentem sua eficiência e eficácia.
Em resumo, a RBV permite visualizar a empresa como um conjunto específico de
recursos e habilidades, de valor, raros, difíceis de serem imitados e de serem substituídos,
buscando a partir deles diferenciação, vantagem competitiva e desempenho organizacional.

2.3 CAPACIDADES DA TI
Grant (1991) distingue capacidades de recursos. Para ele, recursos são entradas para os
processos de produção, sendo unidades básicas de análise. Os recursos individuais da empresa
incluem de capital, habilidades individuais dos empregados, patentes, marcas e finanças.
Capacidade, por sua vez, é definida pelo autor como sendo a ação na qual um conjunto de
recursos desempenha alguma tarefa ou atividade. Colaborando com essa definição, Amit e
Schoemaker (1993) definem recursos como um estoque de fatores disponíveis que são
próprios ou controlados pela empresa e que são convertidos em produtos ou serviços finais.
Para eles capacidades se referem às ações da empresa para implantar recursos, normalmente
em combinação e usando processos organizacionais.
Em relação às capacidades da TI, a presente pesquisa fundamenta-se em Stoel e
Muhanna (2009), que as definem como um complexo feixe de recursos, habilidades e
conhecimentos utilizados pelos processos de negócios, possibilitando a empresa coordenar
atividades e fazer uso dos ativos de TI para fornecer os resultados desejados. Outros autores
que estudaram as capacidades da TI também contribuíram para o estudo. Bharadwaj (2000),
por exemplo, desenvolveu o conceito de TI como uma capacidade organizacional e examinou
a associação entre a mesma e o desempenho da empresa. Para ela, investimentos em TI são
facilmente copiados pelos concorrentes, mas eles por si só não fornecem nenhuma vantagem
sustentada. Dessa forma, as empresas direcionam seus investimentos para criar recursos de TI
únicos e habilidades que determinam a eficácia global da empresa. Seu trabalho defende que
empresas que alcançam vantagem competitiva a partir da TI aprenderam a combinar seus
recursos para criar capacidade de TI. Seu trabalho também assume a RBV para classificar as


 
 
 

capacidades de TI em três dimensões: infraestrutura de TI, recursos humanos da TI e TI como


viabilizadora de intangíveis.
Já Tarafdar & Gordon (2004), ao estudar como as capacidades de TI podem
influenciar a inovação na empresa, utilizaram como base o trabalho de Bharadwaj (2000), e
desagregaram a dimensão infraestrutura em governança de TI e coordenação de TI. Dessa
forma consideraram cinco dimensões: infraestrutura de TI, recursos humanos da TI, recursos
intangíveis relacionados a TI, governança de TI e coordenação de TI.
Posteriormente, Gordon e Tarafdar (2007) usaram o termo competências para fazer
referência à expressão capacidades, no entanto com o mesmo significado. Para eles,
competências são rotinas e atividades que usam os recursos com habilidades. Nesse trabalho,
eles destacam novas capacidades que podem influenciar o processo de inovação da empresa.
São elas: informação e gestão do conhecimento; gestão de projeto; colaboração e
comunicação; envolvimento nos negócios.
Para descrever capacidades de TI e seus impactos no valor de negócios, Yin & Yang
(2010) construíram um modelo baseado na RBV com o propósito de fornecer sugestões para
as empresas de como identificar e melhorar as capacidades de TI. Estas sugestões ajudariam
as organizações a obter melhor valor de negócio por meio do investimento em TI e por
conseqüência, ganhar vantagem competitiva. Os autores dividem as capacidades de TI em três
grupos: capacidades de infraestrutura de TI, habilidades gerenciais de TI e parceria entre TI e
negócios.
Adicionalmente, o trabalho de Kim et al. (2011) avaliou as capacidades de TI como
fonte para transformar recursos em valor de negócio, com processos de negócios melhores do
que os concorrentes, para alcançar desempenho financeiro. Eles destacaram três categorias de
capacidades de TI: capacidade de gestão de TI, capacidade de flexibilidade de infraestrutura
de TI e capacidade de pessoal de TI especialista.
Dessa forma, alguns autores analisaram as capacidades da TI relacionadas diretamente
à inovação e outros as analisaram relacionadas a outras questões, como o desempenho da
empresa.
Para estruturar a base teórica da pesquisa, os construtos relacionados às capacidades
de TI foram classificados, conforme similaridade e entendimento, em capacidades de
infraestrutura de TI, de recursos humanos da TI, de governança de TI e capacidades
viabilizadoras de recursos intangíveis. As definições dos construtos adotadas neste estudo
foram extraídas dos autores referenciados. Como decorrência da classificação e das definições
adotadas, alguns construtos foram reclassificados em categorias diferentes das originalmente
descritas pelos autores. O conjunto de capacidades, construtos e definições, sintetizado na
Figura 1, formou o modelo teórico da pesquisa.

CAPACIDADES DEFINIÇÕES AUTORES

Hardware e plataforma Hardwares e plataformas com capacidades de Bharadwaj


aumento da inovação das equipes (2000);
Software Softwares que possam aumentar a capacidade Tarafdar e
de inovação da TI, como sistemas de apoio a Gordon
criatividade, sistemas de simulação, (2004);
tecnologias colaborativas, sistemas de gestão Yin e
INFRA de relacionamento com clientes e plataformas Yang
ESTRUTURA
que interligam clientes e fornecedores (2010);
DE TI
Rede e telecomunicação Tecnologias de rede e de comunicação como Kim et al.
fonte de suporte à inovação (2011)
Dados Precisão Capacidade em gerar informações precisas
Disponibili Capacidade em fornecer informações
dade disponíveis
Confiança Capacidade em fornecer informações


 
 
 

confiáveis
Confidencia Capacidade em disponibilizar informações de
lidade forma confidencial, somente para quem tem
privilégio de acesso
Flexibilidade Conectivida Capacidade de conectar elementos da TI,
de internos ou externos
Compatibili Capacidade de troca de informações compatí-
dade veis apesar da diferença entre os sistemas
Modularida Capacidade dos sistemas e componentes do
de software serem facilmente trabalhados em
módulos
Adaptabilidade Capacidade de adaptar a infraestrutura às
necessidades de negócio
RECURSOS Habilida Análise Capacidade técnica de análise de sistemas Bharadwaj
HUMANOS des Projeto Capacidade técnica de projeto de sistemas (2000);
DA TI técnicas Programação Capacidade técnica de programação de Tarafdar e
sistemas Gordon
Tecnologias Capacidade para trabalhar com tecnologias (2004);
emergentes emergentes Gordon e
SGBD Capacidade para trabalhar com sistemas de Tarafdar
gerenciamento de Banco de Dados (SGBD) (2007);
Rede Capacidade para trabalhar com a gestão e Yin e
administração de redes de computadores Yang
Sistemas Capacidade para trabalhar com sistemas (2010);
operacionais operacionais Kim et al.
Habilida Gestão de Capacidade com gestão de projetos (2011)
des projetos
gerenciais Gestão dos Capacidade de gestão dos sistemas de
sistemas de informação utilizados na empresa
informação
Gestão de Capacidade de gestão dos recursos humanos
recursos que compõem a TI
humanos da TI
Habilida Entendimento e Capacidade de entendimento e envolvimento
des de envolvimento por parte da TI com o negócio da empresa
gestão de com o negócio
negócios da empresa
Contribuição Capacidade de contribuição da TI com novas
com novas ideias para os negócios da empresa
ideias
Interface com Capacidade de realizar interface da TI com
área usuária área usuária
Novas soluções Capacidade para desenvolver novas soluções e
e resolução de resolver problemas
problemas
Suporte aos Capacidade em fornecer suporte aos usuários
usuários sobre as soluções disponibilizadas
Treinamento Capacidade de treinar os usuários em relação
aos usuários às soluções disponibilizadas
Relacionamen Capacidade de relacionamento da TI com as
to com a área áreas de negócio
de negócio
Planejamento da TI Capacidade referente a definições de Tarafdar e
procedimentos e protocolos para alcance das Gordon
GOVERNAN metas estabelecidas de como a TI pode (2004);
ÇA suportar ou reforçar a posição estratégica da Kim et al.
DE TI empresa (2011)
Decisões de investimento da Capacidade de realizar decisões sobre os
TI investimentos a serem feitos na TI


 
 
 

Coordenação da TI Capacidade de coordenação sobre as questões


planejadas para a TI, por meio do compartilha-
mento de informações (no tempo e espaço)
Controle da TI Capacidade de realizar atividades de controle
sobre as questões planejadas para a TI
Capacidade de utilização de ferramentas de Bharadwaj
gestão de cliente interagindo com as áreas de (2000);
Orientação para o cliente
decisões, para acompanhamento rápido das Tarafdar e
escolhas dos clientes Gordon
Capacidade para registro, formalização e (2004);
TI COMO Gordon e
Gestão da informação e do disseminação de conhecimento e soluções pela
VIABILIZA Tarafdar
conhecimento empresa, agilizando a comunicação e
DORA (2007);
explicitando conhecimentos tácitos
DE
Capacidade de colaboração e comunicação
RECURSOS
para compartilhamento de informações e
INTANGÍ Colaboração e comunicação
conhecimento nos departamentos,
VEIS
possibilitando a entrega de serviços inovadores
Sinergia Compartilhamento de recursos e capacidades
entre as unidades organizacionais,
possibilitando mais flexibilidade e rapidez em
resposta as necessidades do mercado
Figura 1 – Modelo Teórico de Pesquisa: Construtos das Capacidades da TI.
Fonte: Elaborado pelos autores.

O modelo teórico de pesquisa da Figura 1 possibilitou um entendimento mais claro


sobre os principais conceitos abrangidos neste estudo. Estes conceitos também
fundamentaram a pesquisa empírica ao serem utilizados como base de entendimento comum
quando da realização das entrevistas durante a coleta de dados.

3. METODOLOGIA DE PESQUISA 
A pesquisa empírica seguiu uma abordagem qualitativa e adotou estudo de casos
múltiplos como método, representados por três empresas consideradas inovadoras, com
receita entre R$ 500 milhões e R$ 2360 milhões, e com um número de empregados variando
entre 1900 e 24000. O estudo de caso permite analisar o que acontece naturalmente em um
ambiente (Silverman, 2009; Yin, 2001).
A seleção dos casos para estudo fundamentou-se no critério de empresas inovadoras.
Para tanto, a pesquisa baseou-se nas empresas indicadas ao prêmio de inovação da revista
Amanhã, referente ao ano de 2012 (AMANHÃ, 2013), que já se encontrava em sua 10ª
edição. Para que obter uma melhor comparabilidade de resultados, foram selecionadas
empresas do setor industrial. Assim as eventuais diferenças encontradas tem a chance de
representar fatores de análise e de comparação.
Para a coleta das informações nas três empresas analisadas, foram realizadas
entrevistas com pessoas consideradas chave no processo dentro da organização. As entrevistas
seguiram um roteiro (semiestruturado). As questões deste roteiro basearam-se no modelo
teórico apresentado na Figura 1 e também permitiram a troca de informações adicionais. Ao
todo foram realizadas 12 entrevistas, com duração de 13 horas e 34 minutos, resultando em 196
páginas transcritas a partir das gravações realizadas Além das entrevistas, foram consultados
documentos disponibilizados pelas empresas e seus sites institucionais, fazendo-se uso da
análise de dados secundários.
As entrevistas foram realizadas com pessoas que trabalham diretamente com o
processo de inovação nas empresas bem como com pessoas das áreas da TI que contribuem
para esse processo, respectivamente gerentes da área de negócios, de TI, de engenharia e de


 
 
 

design e inovação. Com isso, foi possível validar o entendimento das áreas envolvidas,
possibilitando uma visão completa do processo.
Referente à análise do conteúdo, Gibbs (2009) entende que a análise dos dados
qualitativos sugere algum tipo de transformação. Para ele, a codificação retrata a maneira
como o pesquisador classifica os dados que estão em análise, o que representa uma forma de
categorizar o texto e lhe atribui uma estrutura de ideias temáticas. Visando auxiliar o processo
de análise e com o objetivo de facilitar a identificação e a classificação do conteúdo utilizou-
se o software Nvivo versão 10. As principais técnicas adotadas foram a análise de conteúdo e
a análise categórica (Neuendorf, 2002). Como categorias de análise iniciais foram
selecionadas as capacidades da TI (e seus respectivos construtos) apresentadas na Figura 1.
 
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS 
A análise das capacidades da TI foi feita com base no modelo teórico de pesquisa
gerado a partir da revisão da literatura. A partir desta base, capacidades mencionadas na
literatura foram identificadas bem como novas capacidades foram encontradas. E algumas
capacidades foram caracterizadas como inibidoras do processo de inovação na empresa.
Mesmo atuando em segmentos diferentes, as empresas industriais selecionadas
evidenciaram a valorização da inovação de seus produtos como característica comum. As
áreas da TI destas empresas apresentam estruturas bem diferenciadas. A Empresa 2 tem os
processos e as ferramentas de TI muito maduros. A Empresa 1 possui uma estrutura adequada
mas ainda procura melhorá-la. A Empresa 3 tem uma TI estruturada para atender os processos
da empresa e está desenvolvendo o atendimento dos processos de inovação.
Inicialmente cabe destacar que, mesmo a inovação sendo um tema ligado à vantagem
competitiva, as empresas estudadas facilitaram o acesso às suas informações e aos seus
procedimentos de trabalho. Esse fato corrobora a definição de capacidade, para a qual o
recurso em si, sem a habilidade de saber utilizá-lo, não é visto como fonte de vantagem
competitiva. Além disso, o mesmo recurso pode ser utilizado de forma diferente pelas
diferentes empresas, de acordo com as capacidades específicas de cada uma. Também cabe
ressaltar que existem muitas oportunidades para a TI contribuir com os processos da empresa,
sejam os mesmos específicos de inovação ou não.
Todas as entrevistas foram direcionadas no sentido de entender como a TI contribui
para a inovação. No entanto, as respostas evidenciaram que muitas vezes a TI tem o papel de
apoiar processos e oferecer soluções que não são exclusivas de inovação. Estas contribuem
para a maturidade e qualidade da empresa como um todo e a deixam mais preparada para
realizar inovação.

4.1 ANÁLISE DAS CAPACIDADES CONTIDAS NO MODELO INICIAL DE PESQUISA 


Analisando as capacidades de infraestrutura de TI do modelo de pesquisa inicial, a
capacidade contribuidora para inovação que foi mencionada de forma mais enfática e por
todas as empresas é a capacidade da TI prover softwares. Estes últimos contribuem inovando
e agilizando os processos, sendo considerados fundamentais. Já o hardware e as plataformas
não foram enfatizados, talvez por serem elementos que já estão supridos nas empresas
estudadas. No entanto, tanto para o software como para o hardware e as plataformas, não tê-
los pode se tornar um fator inibidor para a inovação na empresa. Em relação às redes e às
telecomunicações, foi dada ênfase à utilização da Intranet como forma centralizada para
disponibilizar ferramentas e informações. Quanto à capacidade de telecomunicação, como a
videoconferência, foi ressaltado que a mesma possibilita a comunicação entre as unidades das
empresas. Em relação aos dados, existe o entendimento que os mesmos são fontes
fundamentais para a empresa, que precisam ser facilmente resgatados. Ainda, a adaptabilidade


 
 
 

foi vista como forma de deixar a infraestrutura preparada para receber as demandas,
agilizando o processo de liberação das soluções.
Analisando as capacidades de recursos humanos da TI, a gestão de projetos contribui
para que os mesmos alcancem seus objetivos, através da utilização de metodologias e
ferramentas de gerenciamento. A capacidade de entendimento e envolvimento com o negócio
da empresa teve sua importância salientada, pois a mesma aproxima a TI das áreas de
negócio, facilitando a busca de soluções adequadas. Ainda, a capacidade da TI em contribuir
com novas ideias foi relatada como tendo um grande potencial, principalmente porque
envolve tecnologia e inovação. Adicionalmente, foi enfatizada a importância de se ter um
suporte adequado aos usuários, bem como um bom relacionamento da TI com as demais áreas
da empresa.
As empresas estudadas apresentam níveis de capacidades de governança da TI
diferentes. Independentemente de serem mais ou menos formais e de seguirem ou não
modelos de mercado, as empresas entendem que o objetivo é disponibilizar uma TI mais
estruturada e preparada para apoiar a empresa no atingimento dos seus objetivos, atuando
quando possível, como área estratégica. Nesse sentido, em relação à dimensão de governança
contida no modelo teórico de pesquisa original, foram destacadas as capacidades de
planejamento e controle da TI.
As capacidades viabilizadoras de intangíveis são concretizadas pela gestão do
conhecimento e da informação, representando uma maneira de garantir que o conhecimento
seja da empresa e não dos indivíduos. Para isso, a TI contribui com ferramentas para o
registro e a gestão dessas informações. Além dessa, a capacidade de possibilitar a
comunicação na empresa, principalmente em relação aos projetos de inovação, além de
reportar o que acontece com os mesmos, pode fomentar novas ideias e ações.

4.2 ANÁLISE DAS CAPACIDADES NÃO CONTIDAS NO MODELO INICIAL DE


PESQUISA 
As novas capacidades identificadas foram classificadas segundo a sua afinidade com
as dimensões geradas previamente a partir da revisão da literatura, sendo elas: infraestrutura,
recursos humanos, governança e viabilizadora de intangíveis.
Analisando a dimensão de infraestrutura de TI, foi identificada primeiramente a
capacidade de soluções de mobilidade, relatada como fonte de inovação, agilidade e
sustentabilidade. Além dessa, as capacidades de redundância e de monitoramento foram
mencionadas como viabilizadoras de alta disponibilidade para a infraestrutura e as soluções
de TI, um problema recorrente para as empresas dadas as deficiências existentes na
infraestrutura de comunicação no país.
Ainda, nessa dimensão foram identificadas outras novas capacidades. A capacidade de
insourcing é definida como a capacidade de possuir equipe interna para desenvolver soluções
e para atender as necessidades das áreas usuárias. Ela foi identificada como uma capacidade
em si só, que também resulta em outras capacidades, como a customização de soluções e a
preservação de soluções diferenciadas. Por outro lado, a capacidade de terceirização contribui
para viabilizar o atendimento das necessidades das diversas áreas da empresa quando a opção
é de não desenvolver internamente as soluções e os serviços, sendo também uma alternativa
para complementar a capacidade anterior.
Adicionalmente, a capacidade de integração entre as soluções da TI foi mencionada
como forma de dar agilidade, segurança e confiabilidade aos processos da empresa,
fornecendo o acesso às informações de forma integrada e compartilhada. Por fim, na
dimensão infraestrutura de TI também foi identificada a capacidade da TI de gerar e
disponibilizar indicadores estratégicos, como forma de propiciar o acompanhamento dos
resultados da empresa, especificamente os decorrentes das ações de inovação.


 
 
 

Analisando a dimensão relativa às capacidades dos recursos humanos da TI, foram


identificadas novas capacidades voltadas ao entendimento dos processos de negócios, através
de uma visão integrada, visando soluções mais adequadas para a empresa como um todo.
Contribuindo para um melhor entendimento da empresa, encontrou-se a capacidade de
mapeamento de processos, a qual consiste em documentar e padronizar os mesmos, gerando a
base para a busca de melhores soluções. Esta capacidade é complementada pela capacidade de
gestão de mudança do processo, a qual envolve avaliar e adaptar os processos da empresa,
para que fiquem aderentes às novas ferramentas e práticas de trabalho, possibilitando colher
os benefícios das mudanças. Da mesma forma, foi identificada a capacidade de incentivar e
facilitar a inovação, a qual envolve disponibilizar soluções que consigam suportar mudanças e
melhorias nos processos, sendo complementada pela capacidade de visão integrada, a qual
viabiliza que as mudanças aconteçam e pela capacidade de qualificar a demanda, a qual
consiste em entender melhor as demandas e definir as soluções mais adequadas para as
mesmas.
Em relação à governança de TI, três novas capacidades foram identificadas: a
continuidade das ações planejadas, a qual é uma das responsáveis pela maturidade na gestão e
nas metodologias de trabalho da área, através de uma entrega de maior qualidade e sem
rupturas; a capacidade de visão estratégica, na qual a TI assume um papel de viabilizadora da
estratégia de negócio; e a capacidade de segurança da informação, que obteve destaque
porque inovar é tão importante quanto garantir que a inovação seja da empresa.
Em relação à dimensão da TI como viabilizadora de intangíveis, nenhuma nova
capacidade foi mencionada.
Adicionalmente, analisando as capacidades que foram identificadas como inibidoras
da inovação na empresa, percebe-se que a maioria delas consiste em fatores que dificultam a
inovação, não sendo impeditivas. Esse é o caso das capacidades referente aos bloqueios da
internet, deficiência da rede e das telecomunicações, fila para atendimento de solicitações dos
usuários, excesso de demanda e limitação de orçamento. Já a falta de apoio para disponibilizar
soluções pode ser impeditiva, como foi mencionado pela Empresa 3 ao relatar o exemplo
sobre o processo de inovação aberta. A empresa não realiza este tipo de inovação devido à
falta de ferramentas de TI que suportem esse processo.

4.3 O MODELO RESULTANTE DAS CAPACIDADES DA TI


Para sintetizar a análise das capacidades efetuadas, propomos um modelo de
capacidades de TI que contribuem para a inovação (Figura 2). Esse modelo sintetiza as
principais capacidades encontradas nas empresas estudadas e ressalta os atributos que
caracterizam o como as capacidades contribuem para a inovação.
Para a elaboração deste modelo ampliado, foram mantidas as capacidades
identificadas na literatura (contidas no modelo teórico de pesquisa inicial) e as verificadas
durante a investigação empírica, bem como foram adicionadas novas capacidades
identificadas nas empresas. Na Figura 2, as capacidades originais do modelo teórico são
identificáveis pela cor preta e as novas capacidades pela cor vermelha. Além disso, em ambas
as categorias de capacidades, foram sublinhadas aquelas que foram identificadas em mais de
uma empresa, pois revelam um achado mais consistente.
No que se refere ao como as capacidades da TI contribuem para a inovação, atributos
como agilidade, velocidade e disponibilidade da TI foram evidenciados. Os exemplos a
seguir, que são transcrições das discussões com gerentes de TI das empresas estudadas,
ilustram estes atributos: (1) “[...] um dos motivos de ter essa fábrica de software, justamente,
é responder rapidamente às demandas das áreas de negócio [...]”; e (2) “Então, onde é que
entra a TI nisso? Entra em agregar essa inovação de ter um software mais ágil, que eu possa
trabalhar com menos gente e ter uma assertividade maior [...]”.

10 
 
 
 

Uma estrutura adequada e a maturidade também foram citados como atributos


importantes. As duas transcrições de discussões com gerentes da TI, apresentadas a seguir,
ilustram a contribuição da infraestrutura da TI: (1) “Hoje se fala muito em ter uma
infraestrutura adaptável ao negócio, responder rapidamente com a entrega de uma solução
que venha a atender a uma demanda”; e (2) “Como é que a gente atende a inovação da
empresa, como é que a gente está preparado para atender? É trabalhando com uma
infraestrutura, tanto de datacenter e de comunicação, com alta disponibilidade”.

Figura 2 – Modelo das Capacidades da TI


Fonte: Elaborada pelos autores.
 
5. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO 
A importância atribuída ao tema inovação foi evidenciada empiricamente nos estudos
de casos realizados. As três empresas visualizaram a inovação como fonte de vantagem
competitiva e como forma de sustentabilidade e continuidade. Além disso, o fato de a
inovação estar voltada à obtenção de melhores resultados foi corroborado, visto que o novo
por si só, sem uma melhoria no desempenho, não é foco das empresas.
Em relação às capacidades da TI, as três empresas revelaram um entendimento sobre
os possíveis benefícios trazidos em relação à inovação. Das principais capacidades da TI que
contribuem para a inovação, muitas já haviam sido mencionadas na literatura e outras foram
identificadas na pesquisa. Além disso, foi feita a análise de como as capacidades da TI

11 
 
 
 

participam do processo de inovação e, ainda, foram avaliadas capacidades consideradas como


inibidoras da inovação. As empresas estudadas, tanto na área da TI como nas áreas usuárias,
também demonstraram preocupação em investir no desenvolvimento e aprimoramento dessas
capacidades, com o objetivo de melhor apoiar a inovação e de alcançar melhores resultados.
No que se refere às capacidades da TI contidas no modelo teórico original, as mais
citadas (por ao menos duas empresas) em relação à infraestrutura foram as de hardware e
plataforma, de software, e de rede e telecomunicação. Em relação aos recursos humanos,
foram as habilidades de entendimento e envolvimento com o negócio da empresa pela busca
de novas soluções e resolução de problemas, bem como a capacidade de contribuição com
novas ideias. Na dimensão da governança, as mais citadas foram as de planejamento e
controle da TI. Quanto às capacidades viabilizadoras de intangíveis destacou-se a gestão da
informação e do conhecimento, presente nas três empresas, o que refletiu a preocupação para
que o conhecimento seja registrado, aprimorado e compartilhado entre seus colaboradores,
contribuindo para a empresa como um todo. Dessa forma, capacidades identificadas na
revisão teórica e também evidenciadas neste estudo, em mais de uma empresa, contribuíram
para a reafirmação da sua importância para a inovação.
Além dessas capacidades, as referentes à dimensão de infraestrutura - dados e
adaptabilidade -, à dimensão de recursos humanos - gestão de projetos, suporte aos usuários e
relacionamento com a área de negócio -, bem como a capacidade de comunicação contida na
dimensão de intangíveis, foram identificadas em uma das empresas analisadas, colaborando
também para a estruturação do modelo proposto.
Quanto às capacidades da TI não contempladas no modelo original, as mais
enfatizadas foram as de oferecer soluções de mobilidade, a capacidade de integração, e a
capacidade de gerar e disponibilizar indicadores estratégicos, que permitem ampliar a
dimensão de infraestrutura definida no modelo teórico de pesquisa inicial. A disponibilização
de indicadores estratégicos, em especial, tem o potencial de contribuir para a difusão do
conhecimento sobre a inovação e seu impacto. Além dessas, as capacidades novas de
infraestrutura - redundância, monitoramento, insourcing, customização, soluções
diferenciadas e terceirização -, as da dimensão de recursos humanos - mapeamento dos
processos, gestão de mudança do processo, incentivo à inovação, visão integrada e
qualificação da demanda –, bem como as da dimensão de governança - continuidade das
ações planejadas, visão estratégica e segurança da informação -, foram identificadas em pelo
menos uma das empresas. As capacidades da TI de infraestrutura, pelas suas características,
permitem melhor adequar o modelo às condições de infraestrutura de comunicação existentes
no país, bem diferentes das condições que deram origem aos estudos revisados. As
capacidades de TI referentes aos recursos humanos evidenciam, por sua vez, a necessidade de
apoiar a organização de processos em empresas que inovam e se expandem.
Em relação às capacidades inibidoras da inovação, foram identificadas a fila para
atendimento e o excesso de demanda, que podem resultar em demora na disponibilização das
soluções. Além dessas, as capacidades de bloqueios da internet, deficiência da infraestrutura
de rede e telecomunicação, limitação e rigidez orçamentária e falta de apoio e de
disponibilização de soluções da TI, identificadas em uma das empresas, destacaram elementos
que inibem na sua ausência ou que habilitam outras capacidades da TI quando estão presentes.
A confirmação das capacidades da TI mais importantes, a inclusão de capacidades da
TI oriundas do meio ambiente de negócios nas quais as empresas estudadas se encontram e a
evidenciação de algumas capacidades que habilitam a emergência de outras no processo de
inovação, representaram a principal contribuição deste estudo para os gestores de empresas. O
estudo procurou propiciar uma visão ampliada das capacidades que potencialmente
contribuem com a inovação, como mostra o modelo das capacidades de TI (Figura 2). Além
disso, o estudo procurou trazer subsídios para o processo decisório de priorização das

12 
 
 
 

capacidades da empresa. Ele também contribuiu para a avaliação das capacidades inibidoras
por parte dos gestores, a fim de minimizá-las ou até mesmo eliminá-las, pois estas
capacidades revelam uma outra faceta de como a inovação se dá, o que vai além dos atributos
de agilidade, velocidade, disponibilidade, estrutura adequada e maturidade mostradas no
modelo.
No contexto da academia, o presente trabalho contribuiu com a ampliação do modelo
teórico de pesquisa, gerado inicialmente a partir de uma revisão da literatura. Novas
capacidades foram identificas, as quais não tinham sido apontadas inicialmente. Além disso,
foram destacadas capacidades inibidoras, que não foram abordadas no modelo teórico de
pesquisa inicial. Com isso, o novo modelo gerado retrata uma visão ampliada das capacidades
da TI, podendo ser utilizado em novos estudos, com o objetivo de validá-lo para levar em
conta, mais explicitamente, as condições locais de empresas inovadoras. Ainda, a revisão da
literatura feita resumiu temas significativos, com um potencial considerável para serem
adotadas em futuras pesquisas.
Analisando as limitações desta pesquisa, o número de empresas estudadas e a sua
atuação industrial representaram um fator restritivo aos resultados obtidos, visto que com um
maior número de casos e o estudo de empresas não industriais, outras capacidades poderiam
ter sido identificadas. Também, algumas das capacidades, oriundas da literatura e emergentes
do campo, atualmente de somenos importância (porque foram identificadas em somente uma
das três empresas), poderiam ter sua importância melhor avaliada. Além disso, o acesso às
informações e às rotinas das empresas ficou limitado às entrevistas e aos materiais obtidos
(site, relatórios internos), porque os pesquisadores não integram o quadro de funcionários de
nenhuma das empresas estudadas. Ainda, o nível de maturidade da TI, além de ser um fator
que colaborou para a abrangência dos objetivos específicos do trabalho, pode ser mencionado
como uma limitação, visto que diferentes empresas possuem capacidades variadas da TI que
efetivamente contribuem para a inovação, muitas das quais resultam do nível de maturação e
consolidação da TI.
Por outro lado, existe espaço para novas pesquisas que analisem as capacidades da TI
e sua relação com a inovação da empresa, conforme já mencionado por Gordon & Tarafdar
(2007), Nambisan (2013) e Xue, Ray & Sambamurthy (2012). Deste modo, novos estudos
podem ser realizados, a fim de minimizar as limitações citadas anteriormente. Ainda, estudos
quantitativos podem ser desenvolvidos com base nos dois modelos gerados - o inicial fruto da
revisão da bibliografia e o ampliado, que incorporou os resultados do estudo -, a fim de buscar
uma maior generalização dos resultados. Existe, também, espaço para novos estudos
analisarem com maior profundidade as relações intra e inter dimensões das capacidades
apresentadas no modelo proposto, bem como a própria relação das mesmas com a inovação.
Concluindo, o trabalho abordou dois temas relevantes e relacionados, voltados em
última instância para a melhoria do desempenho das organizações, tema que, conforme Chae,
Koh & Prybutok (2014), ainda embute resultados controversos. Como já mencionado, no
estudo aqui desenvolvido as capacidades da TI são vistas pelas empresas como grandes
contribuidoras para a inovação.
No entanto, mesmo na empresa com a TI mais madura, existe a expectativa de que as
capacidades da TI possam contribuir cada vez mais, não só com soluções que apoiem, mas
com ideias e ações voltadas diretamente à inovação. Por outro lado, os gestores da TI estão
cientes do potencial da sua área, demonstrando uma preocupação em estar cada vez mais
alinhados com os objetivos da empresa. Sendo assim, conclui-se que a TI contribui e tem
potencial para contribuir ainda mais para a inovação, porque representa uma das áreas
importantes para o sucesso da inovação na empresa.

13 
 
 
 

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