A DEUSA DOS
SIMBIONTES
Autor
H. G. EWERS
Tradução
AYRES CARLOS DE SOUZA
Digitalização
VITÓRIO
Revisão
ARLINDO_SAN
(De acordo, dentro do possível, com o Acordo Ortográfico válido desde 01/01/2009)
Julho do ano 3.441 — tempo terrano — está chegando
ao fim. Perry Rhodan, que voltou há pouco tempo da galáxia
Gruelfin para a Terra, viu-se diante das ruínas daquilo que
fora construído com muito trabalho durante séculos. Ele
deixou para trás a experimentada Marco Polo, no
espaçoporto de Terrânia City, e junto com 60 companheiros,
entre os quais Gucky e Atlan, partiu novamente para o
Incerto, com a Good Hope II, uma astronave pequena,
especialmente equipada.
Perry Rhodan tem por objetivo investigar o misterioso
“Enxame” que irresistivelmente penetra, cada vez mais, na
galáxia. Ele parte da hipótese de que poderiam encontrar um
antídoto contra as manipulações da constante de gravitação,
que partem do “Enxame”, e que provocam a imbecilização
da maioria das inteligências, ou então, pelo menos dissuadir
os dominadores do “Enxame”, de atravessarem a Via-Láctea.
O primeiro avanço de Perry Rhodan foi para o
“Planeta dos Cavadores”, um mundo na periferia da galáxia,
pelo qual o “Enxame” já tinha passado. Agora, depois das
aventuras naquele mundo desértico, pretendem investigar um
Sistema Solar que está sendo iminentemente ameaçado pelo
“Enxame”.
A Good Hope toma a rota do Sistema Lignan, onde
novamente acontece um encontro decisivo — um encontro
com A Deusa dos Simbiontes...
Push-Push 2301 parou de mastigar. Uma metade do animal parecido com um sapo
ele segurava na mão, a outra metade ainda emergia em parte da comporta de digestão
acima do estômago.
De dentro dos véus de poeira, que nublavam o deserto de Tromirab, penetravam os
ruídos abrasivos de amelners correndo. Junto com estes, porém, ainda havia outros ruídos
que Push-Push 2301 não conseguiu definir imediatamente.
O tonturster enfiou a metade do bicho que sobressaía da comporta de digestão para
dentro do estômago, com seu punho nodoso, de modo que a tampa de pele pudesse
fechar-se. A outra metade do animal ele deixou cair. Depois ele virou o rosto em formato
de concha, abaulado para dentro, para os véus de poeira. O órgão múltiplo dos sentidos,
com o olho em forma de lente na ponta, a concha do ouvido em formato de funil e o setor
do olfato, tremeram ligeiramente.
Push-Push 2301 arrebanhou a sua capa trançada e retirou-se, caminhando de costas,
para trás das aletas da popa, cinza embotadas, da nave interplanetária. Ele não sentia
medo, pois nenhum tonturster temia os amelners. Estes seres existiam apenas para servir
de escravos aos tontursters. Porém havia os outros ruídos, que ele não conseguia se
explicar. Push-Push procurou nos fragmentos de memória que lhe haviam sobrado depois
da catástrofe. Naturalmente ele não se dava conta da catástrofe. Apenas sabia vagamente
que a sua memória, cada vez mais o deixava na mão, de uma maneira fatal.
O crepúsculo caiu sobre a paisagem, quando nuvens cinza-azuladas passaram
lentamente pelo céu. Pouco depois caiu uma tromba-d'água, engoliu os véus de poeira e
transformou o deserto de Tromirab num mar de lama, pois a região do deserto
encontrava-se dentro de um caldeirão chato de pedras permeáveis à água. Com a mesma
velocidade que a trovoada viera, desapareceu novamente.
A vista clareou, e Push-Push 2301 viu dois amelners que, com suas pernas em
forma de tripé, passavam pela lama na direção da margem pedregosa. Estas criaturas,
com seus troncos globulares, pescoços compridos e as cabeças entalhadas como um grão
de café, tinham — em medidas terranas — cerca de 2,70 m de altura e possuíam quatro
asinhas vibratórias semitransparentes, com as quais naturalmente não podiam voar, mas
que os ajudavam a não afundar na lama.
O amelner que vinha na frente usava uma cobertura de costas, confeccionada de
pérolas coloridas. O seu pescoço estava pintado em cores berrantes, o que o destacava
como caçador-Coch. O segundo amelner estava envolvido num cobertor de cabelos
pretos, brilhando azulado. As placas de ouro em ambos os lados do crânio indicavam que
ele era um sacerdote de Borro Gane.
Push-Push não se preocupou em saber de onde tinha tirado estes conhecimentos,
apesar de anteriormente ter procurado inutilmente em seus fragmentos de memória. Ele
também não se admirou em ver aquela coisa que pairava atrás dos dois amelners por cima
do mar de lama, um cone duplo de metal dourado, com uma mossa na superfície básica
do cone superior, de pé na ponta, de dentro do qual emergia uma ânfora de cristal,
brilhando iridescente. O tonturster sabia que aquele cone duplo pairante era um Lap, o
protetor robótico da Borro Gane, que se encontrava dentro da ânfora de cristal.
Ele saiu detrás da aleta de popa, cruzou os braços sobre o torso, de modo que as
mãos nodosas estavam às suas costas, e disse em amelnico:
— Eu te saúdo, Borro Gane. Push-Push 2301 é teu servo. O que devo fazer?
— A Borro Gane manda retribuir a sua saudação através de mim — ecoou uma voz
estranhamente modulada, vinda do robô de cones duplos, que se chamava Lap. — O
caçador-Coch chama-se Mugeirach. O Sacerdote chama-se Allaleit. Você vai conduzir-
nos para dentro da nave interplanetária e nos levará para o seu mundo, Tonturst.
— Eu sigo as suas ordens, Borro Gane — retrucou Push-Push 2301. Quando
mencionaram Tonturst ele deu-se conta de que esperara muito tempo por isso, pelo
conhecimento de que ele não pertencia a este mundo.
Além do mais, isso despertou uma vaga lembrança do seu antigo Kamlest, seu
território de atividades. Ele tivera alguma coisa a ver com um negócio que se chamava
ciência, era membro da casta-chave de Tonturst, de sete cabeças, e através de um
comércio de sucesso com escravos amelnicos, tinha chegado a grande fortuna e respeito.
A ele pertencia o único estaleiro em Tonturst capaz de construir naves interplanetárias.
Push-Push tentou lembrar-se de como funcionava uma espaçonave, mas isso parecia-lhe
extremamente difícil. Ele sabia apenas que com elas era possível vencer as gigantescas
distâncias entre os planetas do Sistema Lignan.
Mesmo assim ele virou-se obedientemente, e caminhou objetivamente para a
plataforma do elevador que ficava entre as aletas da popa. Os dois amelners, bem como o
robô com a Borro Gane, o seguiram. Os amelners pareciam inseguros, eles se
movimentavam como se fossem marionetes guiados por fios invisíveis.
Quando todos se encontravam sobre a plataforma, Push-Push 2301 apertou um
botão na caixa que estava montada sobre a placa de cobertura entre o elevador e a parede
de bordo. Um forte eletromotor rugiu, e a plataforma arrastou-se nos trilhos-guias para
cima, na direção da escotilha da eclusa fechada.
Push-Push 2301 sabia como o elevador funcionava. O seu quociente de inteligência
original excepcionalmente elevado, também fora diminuído pela manipulação da
constante gravitacional — o que ele também não podia saber, porque lhe faltavam
possibilidades de reconhecimento para isso — mas ainda era praticamente tão alto como
o de um tonturster médio antes da catástrofe.
Isto ainda era suficiente também para manipular o mecanismo da eclusa, e para
subir para a central de comando, com o elevador do eixo horizontal, no interior da nave.
Ali, entretanto, diante da quantidade desconcertante dos controles e comutadores, a
inteligência retardada do mercador de escravos era insuficiente.
Para isso estabeleceu-se uma outra coisa, algo que já dormitava nele há muito
tempo e que era guiado de fora do seu corpo — uma diminuta estaca daquilo que se
chamava Borro Gane e que era dominado por ela.
Push-Push 2301 sentou-se no assento do piloto e afivelou-se, sem que este
movimento lhe fosse inteiramente consciente. Mugeirach e Allaleit tomaram lugar em
outras poltronas e também se afivelaram. Os seus longos braços e pernas destacavam-se
em ângulos estranhos dos seus torsos globulares. Lap pairou para trás de Push-Push 2301
e permaneceu ali.
Hesitantes a princípio, mas depois com uma segurança cega cada vez maior, as
mãos do tonturster se movimentaram. Elas apertaram teclas e puseram em movimento um
mecanismo complicado, do qual o proprietário somente sabia ainda pouca coisa.
Dos reatores azul-negros e manchados da popa da nave saíram feixes de labaredas.
Dois membros imbecilizados da tripulação, que tentavam voltar, instintivamente, para a
nave, saíram correndo em fuga, daquele calor infernal. Eles acabaram caindo no mar de
lama, e dentro de segundos tinham desaparecido.
A nave tremia sob as vibrações dos aparelhos funcionando. O fogo dos propulsores
foi encoberto pelo vapor e pela fumaça, além de terra turbilhonada, depois o elegante
corpo do foguete subiu, tomou-se mais rápido e finalmente varreu para os céus,
impulsionado pelas suas turbinas.
Push-Push 2301 agia como num sonho. Ele guiava a nave com mão segura, sem
saber muito bem o que estava fazendo, isoladamente. No limiar do espaço, foi separado o
primeiro estágio. O segundo estágio levou a nave para uma órbita, na qual esperava a
aparelhagem de fusão que fora deixada para trás. Depois que Push-Push 2301 também
tinha separado o segundo estágio, ele executou a manobra de docking, ativou a ligação de
controle e de comando para a aparelhagem de fusão, e com ajuda do pequeno computador
quântico, colocou a rota para Tonturst, ligando o propulsor de fusão exatamente no
momento certo.
Mais uma vez a nave estremeceu, quando a primeira série de descargas de fusão
receberam ignição em pequenos espaços de tempo, dentro do refletor semi-esférico do
aparelho principal, e as ondas de choque das explosões nucleares se transmitiram à nave.
Dentro de poucos minutos a nave alcançou a velocidade que devia levá-la a
Tonturst em duas semanas e meia — cálculo de tempo terrano. Porém apenas poucas
horas se passaram quando tocou o apito de alarme. As telas de vídeo dos refletores a laser
ativaram-se automaticamente e mostraram diversos objetos espaciais curiosos, que Push-
Push 2301, se fosse um terrano, teria comparado, devido a sua forma, com arraias de
aguilhão terranas.
As “arraias de ferrão” simplesmente estavam no meio do Sistema Lignan, sem que
tivessem voado para dentro dele. Push-Push 2301 naturalmente não podia saber que além
do espaço normal, tridimensional, ainda existiam outros tipos, e que espaçonaves com a
propulsão correspondente eram capazes de se movimentarem através destes outros
espaços.
Fascinado, o tonturster observou aquelas formações que pairavam como que à
deriva, preguiçosamente — até que uma delas se virou e apontou o seu longo “ferrão”
diretamente para sua nave.
Push-Push 2301 viu raios luminosos berrantes, e logo ficou completamente escuro.
Ele quis levantar-se e gritar, mas alguma coisa pressionou-se palpavelmente contra o seu
cérebro e obrigou-o a permanecer quieto, no seu assento. No momento seguinte a
escuridão se foi, e através da viseira trapezoidal da proa, o tonturster reconheceu, logo
abaixo de si, um cenário de crateras, parecendo verde-acinzentadas e bastante imprecisas,
e por cima e muito distante, a foice escondida por nuvens, de um planeta.
Tonturst!
O pensamento veio de fora à sua consciência. Ele achou que era o seu próprio. A
circunstância de que a sua nave tinha deixado para trás a distância Ameln-Tonturst, para
a qual ele geralmente precisava de duas semanas, no decorrer de apenas poucas horas,
deixou o mercador de escravos perplexo. Para mais que isso a sua inteligência retardada
não servia. Provavelmente para sorte sua. Alguém que não tinham nenhuma ideia a
respeito de espaços supradimensionados, de dobras espaciais ou de curvaturas do tempo,
talvez acabasse completamente doido.
Deste modo passaram-se apenas poucos minutos até que Push-Push 2301,
novamente com exclusão de seu consciente, executou as comutações seguintes. Com
ajuda do computador quântico ele guiou a nave para a órbita de rendez-vous em volta de
Tonturst e acoplou a mesma na unidade de aterrissagem, depois de haver desacoplado a
aparelhagem de fusão. Depois disso, ele e seus acompanhantes embarcaram na unidade
de desembarque, que logo em seguida separou-se da nave interplanetária.
Push-Push 2301 pediu sinais de goniometragem, para poder orientar-se. Os sinais de
goniometragem não vieram. Ninguém respondia lá de baixo. O tonturster ficou assustado.
E aquilo não veio dele mesmo, mas de fora.
— Não é de se excluir — disse Borro Gane com ajuda de Lap — que o
retardamento das inteligências não se limitou apenas ao planeta Ameln. Você precisa
tentar levar a unidade de aterrissagem sozinho para baixo, e, se possível, para bem perto
do seu espaçoporto. Eu vou ajudá-lo.
Novamente Push-Push 2301 movimentou-se como um autômato. Ele deu início ao
pouso. Logo o plasma em chamas congestionou-se diante do escudo de calor da unidade
de aterrissagem. A nave foi ricocheteada de volta pela atmosfera, e depois mergulhou
mais lentamente e num outro ângulo na camada atmosférica. Quando passou pela densa
coberta de nuvens, Push-Push 2301 viu as bandeiras de fumaça dos inúmeros vulcões.
Por baixo da nave rebrilhava a superfície azul-cinza de um oceano. No horizonte surgiu
uma serra de montanhas. Quando a nave se aproximou mais, o tonturster viu, diante da
cadeia de montanhas, uma planície levemente ascendente, com pântanos e florestas
alternadas. Nem em cima de uma colina em forma de escudo, toda branca, amontoavam-
se estreitamente edificações de pedra em forma de cubos, envoltas em um cocar de largos
muros de pedra.
Isso devia ser Ashlush, pensou Push-Push 2301. Se isso estava correto, então o
espaçoporto ficava ainda para além da cadeia de montanhas. Ele começara muito cedo
com a aterrissagem, devido a falta dos sinais de goniometragem. Nisto ele não podia
mudar mais nada. O combustível da unidade de pouso não era mais suficiente para
“saltar por cima” da serra de montanhas, para aterrissar suavemente por trás dela. O
tonturster resolveu pousar ainda antes das montanhas. Ele ativou os propulsores de
frenagem.
Poucos minutos mais tarde a nave pairou em cima de suas colunas de chamas dos
propulsores de frenagem, logo acima da floresta virgem, cortou seu movimento
horizontal por cima do largo banco de areia de uma torrente e desceu lentamente para o
solo. Com um leve solavanco, os pratos de aterrissagem tocaram o chão. A nave curvou-
se ligeiramente para bombordo e depois ficou parada.
Push-Push 2301 ativou os microfones externos e ficou escutando os múltiplos
ruídos da mata virgem. Ele estava novamente em casa, mas sabia, que não era o mesmo
que antes...
***
A nave globular de cem metros de diâmetro tinha deixado para trás de si, nestes
últimos dois dias, o sol Rubi ômega com os planetas da HiddenWorld (Mundo Oculto),
tinha voado em volta do gigantesco Enxame e agora voava na direção de um sol amarelo
do tipo GO. Durante este voo, entrementes, tinham deixado para trás exatamente cento e
sessenta e cinco dias — e em algum lugar deste trecho, vencido em grande parte em voo
linear, tinha-se rastreado um robô à deriva no espaço, tomando-o a bordo.
Quatro pessoas estavam de pé em volta do robô, grampeado em cima de uma mesa
de testes — os “gêmeos cósmicos” Kasom e Kosum, o Mestre da Fauna kamashita
Lesska Lokoshan e o halutense Icho Tolot, que usava o colar de brilhantes eufolitas, que
Flinder Text Grupo, da Hidden World I, lhe havia deixado.
— Nenhuma adição de plasma? — perguntou Kasom.
O ertrusiano havia se acocorado, devido ao seu tamanho enorme, para não precisar
constantemente olhar Kosum de cima.
Kosum sacudiu a cabeça.
— Somente sua positrônica, só que não é terrana. Eu gostaria de saber de onde veio
essa coisa!
Tolot deu uma gargalhada homérica, apesar de não haver nenhum motivo para
graça, nem mesmo para a mentalidade halutense. Mas a eufolite de Hidden World I, não
apenas anulava o retardamento de sua inteligência, como também lhe dava uma euforia
adicional, como já revelava o próprio nome do colar.
Kosum e Lokoshan colocaram ambas as mãos nos ouvidos. Kasom colocou sua mão
enorme sobre a boca do halutense, até que a risada de Tolot parou.
— Desculpem-me, amigos — declarou Icho. — Mas a ideia de que esse robô possa
ser originário de uma civilização que nos seja desconhecida, pareceu-me tão absurda
que...
— O robô que através do cosmo caiu... — declamou Mentro Kosum, — ... o
mistério não diminuiu.
— Eu não consigo me livrar da suspeita de que o quociente de inteligência de
Kosum sofreu com a manipulação da constante de gravidade, apesar das afirmações em
contrário — murmurou Lesska Lokoshan. — De qualquer modo, ele antigamente fazia
versos melhores, apesar de serem sempre ruins.
Ele abaixou-se quando o emocionauta fez menção de golpeá-lo e disse rapidamente:
— Eu sou muito menor que o senhor. Deixe-me em paz, ou grito por socorro!
Mentro Kosum baixou a mão, sorriu irônico e retrucou:
— Neste caso faça o possível para que a sua boca, de futuro, tenha uma relação
mais saudável com o seu corpo de anão, Loki. Nem sempre eu sou tão condescendente.
Ele quis dizer mais alguma coisa, mas uma leve cotovelada nas costelas, da parte de
Kasom, lembrou-lhe que ele tinha um trabalho a fazer. Nem os dedos de Kasom nem de
Tolot eram adequados para desmontar a cobertura do cérebro do robô, com ferramentas
comparativamente diminutas, sem causar-lhe danos. O emocionauta pegou novamente na
sua ferramenta, anuiu para o kamashita e depois os dois homens continuaram o seu
trabalho.
Cerca de dez minutos mais tarde, o cérebro positrônico do robô estava liberado. Era
um complexo compacto, encaixado de modo a oferecer segurança contra impactos, que
mostrava similaridades bastantes com cérebros positrônicos conhecidos, para ser
identificado como tal, mas por outro lado mostrava certas diferenças, que revelavam que
ele não fora construído por uma civilização conhecida.
— Talvez ele venha de dentro do Enxame — observou Tolot, pensativo, batendo
levemente contra o corpo verde-garrafa do robô.
Lesska Lokoshan pegou um potenciômetro e testou o potencial eletrônico das
ligações cerebrais. Também aqui ele verificou divergências das normas conhecidas,
apesar de serem apenas diminutas, uma vez que toda tecnologia, ainda que fosse muito
exótica, tinha que ater-se sempre às leis da natureza, válidas em todas as partes, para
todas as construções.
O kamashita ficou refletindo se a última observação de Tolot poderia aproximar-se
da verdade. Ele chegou a conclusão de que, pelo menos, não era de se excluir a mesma.
Talvez o robô viesse de um mundo que tinha sido destruído pelo Enxame.
— Se, pelo menos, ele falasse! — disse ele, amargo.
— Talvez não tenha sido destinado a isso, por seus construtores — achou Tolot. —
Ligue-o simplesmente ao setor de comunicações do computador positrônico de bordo,
Lokoshan.
Lesska olhou, interrogativo, para o ertrusiano. Toronar Kasom era, deles, quem
tinha que tomar as decisões.
— Sabe fazê-lo? — perguntou Kasom.
Lesska anuiu, silenciosamente.
— Então faça-o!
O kamashita fez as ligações e comutações necessárias. Mentro Kosum ajudou-o
nisso. O emocionauta é que conhecia melhor as positrônicas de todos os tipos, e dava
valiosas indicações a Lesska.
Poucos minutos mais tarde, a positrônica estranha estava ligada com o setor de
comunicações do computador de bordo. O circuito de acoplamento passava através de um
aparelho de tradução, uma vez que não se podia esperar que um robô vindo de uma
civilização desconhecida falasse intercosmo.
Toronar Kason tomou o microfone na mão e perguntou:
— Você pode me entender, robô?
O alto-falante ficou mudo. Quando Kasom começou a ficar impaciente, o
computador de bordo avisou pelo intercomunicador, que estava trabalhando junto, e com
a colaboração do robô estranho, na produção de uma base de tradução, e que levaria
ainda mais ou menos uns cinco minutos, até que fosse possível um entendimento acústico
em intercosmo.
Exatamente decorridos cinco minutos, o robô disse, através da comutação conjunta
com o computador positrônico de bordo:
— Eu consigo ouvir e entender as suas palavras, parceiro de comunicação. Vocês
conservaram minha existência. O que me pedem em contrapartida?
— Somente algumas informações — declarou o ertrusiano. — Qual foi o povo que
criou você, robô?
— O povo dos Zakh. Você o conhece?
— Não. Ele vive nesta galáxia?
— Eu não sei. Qual é o número-código desta galáxia?
Os três seres humanos e o halutense se entreolharam e encolheram os ombros.
— Ela não tem um número-código — respondeu Kasom. — Não tem sequer um
nome. Nós a chamamos de galáxia da Humanidade, porque civilizações criadas por seres
humanos preponderam na mesma. Mas, qual é o nome da galáxia na qual vivem os seus
construtores?
— Ele é designada por um símbolo matemático, que não é possível reproduzir
acusticamente. A sua positrônica poderá expressá-lo.
— Isso não nos ajudará muito — interveio Kosum. — Essa civilização poderia
existir na nossa galáxia, sem que isso fosse possível de ser determinado numa conversa,
porque as suas designações e as nossas não coincidem. De qualquer maneira não poderia
tratar-se de terranos, ou seja, de seres viventes parecidos com os humanos.
Lesska Lokoshan anuiu, concordando.
O corpo do robô era, no máximo, aproximadamente humanóide. Ele possuía duas
pernas na parte inferior do torso triarticulado, porém o torso do meio continha quatro
braços e o superior dois, e o crânio de aço tinha o formato de uma bola de futebol
elíptica, cada uma com dois órgãos de visão na frente e atrás. O material do corpo
também era desconhecido. Parecia ser um metalplástico semitransparente.
Mentro Kosum descreveu ao robô o Enxame, na medida em que isso lhe era
possível, depois das observações óticas insuficientes, e as telemedições frequentemente
interferidas. Depois perguntou se ele tinha vindo deste Enxame.
— Indiretamente, sim — respondeu o robô. — Eu acompanhava uma alcontana, e
durante uma passagem de lentes nós acabamos sendo apanhados por uma sucção
hiperenergética. Os meus circuitos de comutação sofreram uma sobreposição de ondas
desconhecidas e somente funcionaram novamente quando eu já estava à deriva, do lado
de fora do Enxame. Por isso não sei dizer o que aconteceu com a alcontana e qual é o
aspecto interior dessa formação que vocês chamam de “Enxame”. Eu o conheço somente
de fora, com exceção de uma diminuta unidade de tempo, quando eu me encontrei no
interior de uma bolha de energia, de múltipla reflexão.
— O que é uma alcontana? — perguntou Toronar Kasom.
— Eu não estou autorizado a fornecer essa informação. Uma alcontana possui
grande poder, mas ela precisa poder trabalhar sem ser perturbada, para poder aplicar este
poder utilmente.
— Você desconfia de nós, apesar de o termos salvo? — perguntou Mentro Kosum.
— Eu não desconfio nunca — retrucou o robô. — Eu apenas me mantenho fiel aos
meus princípios básicos, e minha existência não preenche qualquer outro sentido, além
do de proteger as alcontanas contra qualquer interferência.
Kasom assobiou estridentemente, entre os dentes.
— Quer dizer que você também está atado a princípios básicos, como os nossos
próprios robôs! Interessante! Como se chamam as leis robóticas estabelecidas para você?
— Não se trata de leis robóticas, mas de leis de vigilantes — retrucou o robô. — A
primeira diz: Um vigilante não deve causar danos a qualquer alcontana ou a um dos seus
logoportadores, ou permitir, através de atividades secundárias e passividade, que uma
alcontana ou um dos seus logoportadores sejam prejudicados.
— Isso corresponde, no seu sentido, às nossas leis robóticas — interveio Kosum. —
Qual é a segunda lei, robô?
— Um vigilante tem que executar todas as ordens que lhe são transmitidas por uma
alcontana, ou então aquelas que ele mesmo pode se dar para o benefício de uma
alcontana.
— Aí não falta a restrição de que tais ordens somente podem ser executadas quando
elas não estão em contradição com a primeira lei? — perguntou Tolot.
— Isso é supérfluo, pois a primeira lei tem a primazia sobre todas as outras leis.
— E há mais algumas outras leis? — perguntou Lesska Lokoshan.
— Há mais uma — disse o robô. — Um vigilante tem que esforçar-se em proteger
sua própria existência, enquanto for sensato, ou enquanto existe a previsão de que possa
vir a ser sensata novamente. Ele somente poderá trabalhar em conjunto com inteligências
estranhas, se isso não possa trazer desvantagens previsíveis às alcontanas e seus
logoportadores. Essa é minha última informação. Como não estou em situação de decidir,
se uma cooperação continuada com vocês possa ou não trazer desvantagens às alcontanas
e seus logoportadores, terei que me manter passivo, até que tenha novas e decisivas
informações à disposição.
Houve um ruído seco no alto-falante, depois o robô silenciou. As quatro pessoas se
entreolharam.
— O que são alcontanas? — murmurou Mentro Kosum, pensativo.
— E o que são logoportadores?
— E o que é uma passagem de lentes? — concluiu Kasom.
Ele olhou interrogativamente para o halutense.
Icho Tolot disse:
— Eu nunca ouvi estas designações. Pela coordenação do sentido, entretanto,
podemos concluir que os logoportadores estão, em posto, abaixo das alcontanas, e que
existem mais logoportadores do que alcontanas.
— E essas passagens de lentes... — interveio Lesska Lokoshan — ...provavelmente
são alguma coisa adequada a transmissões.
Antes que alguém pudesse responder alguma coisa a respeito, a central de comando
avisou pelo intercomunicador que a Good Hope II, dentro de poucos minutos, voaria para
dentro do Sistema Lignan. Kasom e Kosum, Lokoshan e o halutense foram chamados à
central de comando.
Eles desconectaram as ligações, através das quais o robô estranho estava ligado com
o computador positrônico de bordo, e ativaram o gerador do campo de escudos, que
envolvia o robô junto com a mesa de testes num casulo de energia de quinta dimensão.
Quando entraram na central de comando, foram saudados por Aronte, que pediu-
lhes que se aproximassem da mesa de mapas.
***
Aronte, pedotransferidor takerer e ex-piloto da cápsula de comando de Vascalo,
chamado o Torto, tinha sido feito prisioneiro pelos terranos durante as lutas em Titã,
depois de ter salvo a vida de Álea Onandere, chefe das estações de rastreamento de Titã.
Depois do fim da guerra, Aronte decidiu ficar na galáxia da Humanidade. Disto,
Álea Onandere não era inocente. Ela e Aronte tinham assinado um contrato matrimonial
— e levavam uma vida muito feliz, antes da constante de gravitação galáctica ter sido
manipulada, e com isso se provocou uma imbecilização galáctica. Álea não fora imune
contra isso, como Aronte. Ela se transformara numa menina artificial, faladeira, com a
maturidade psíquica de uma criança de doze anos de idade, sem possuir a mesma
sabedoria de uma criança dessas. Como, devido a situação caótica reinante em toda parte,
não havia ninguém que pudesse cuidar dela, Aronte a tinha levado consigo na viagem.
Ela ficava na cabine dele, e ele sempre a trancava cuidadosamente, quando a deixava
sozinha. Logo depois do começo da catástrofe, ele se colocara à disposição de Roi
Danton.
Perry Rhodan olhou, sério, para os presentes. Atlan estava sentado ao seu lado, e
parecia perdido nos seus pensamentos.
— Conforme eu já mencionei há dois dias atrás, depois de termos examinado um
mundo tocado pelo Enxame, deveríamos voar para um planeta que se encontra pouco
antes da passagem do Enxame. O sistema solar, no qual agora estamos penetrando,
preenche este pressuposto. Os cálculos, que fizemos baseados no Enxame, resultaram em
que o Sistema Lignan provavelmente será tocado por um braço lateral do Enxame. Isso
vai acontecer entre uma ou no máximo duas semanas. Portanto, temos tempo de procurar
um planeta no qual, tomando em conta todas as medidas de precaução, vamos poder
pousar com a Good Hope.
— Na realidade não temos muita escolha — interveio Atlan, sem olhar para o
terrano. — Dos três planetas de Lignan, de acordo com o Catálogo Árcon, somente um é
desabitado, ou seja, Caraprien. Em Ameln e Tonturst existem populações relativamente
pequenas, que não são descendentes de colonizadores e sim nativos.
— Isso é bastante incomum, não é mesmo? — observou Lokoshan. —
Normalmente uma helioecosfera reúne entre dois ou três planetas, mas somente um deles
desenvolve os pressupostos de uma evolução de seres vivos conscientemente pensantes.
O resto geralmente só apresenta formas de vida menores — sempre que não se trate de
um gigante de alta pressão do tipo Júpiter.
O arcônida somente agora parecia estar acordando de sua distração. Ele virou a
cabeça e olhou atentamente para o kamashita. Depois sorriu e disse:
— A sua objeção é absolutamente correta, Lokoshan; entretanto não posso
concordar com ela. Eu não sei mais o que se encontra no velho Catálogo Árcon. Os
comandos de investigação de meu povo podem ter feito muita coisa errada, mas eles
registraram os fatos exatamente. Ao que parece eles nem sempre procuraram pelas causas
que haviam por trás dos fatos.
Perry sorriu.
— Sinto muito, mas eu quero pedir que todas as discussões científicas, a respeito de
heliosferas e coisas assim, sejam deixadas de lado.
— Justamente você, diz uma coisa dessas — interrompeu-o Atlan. O arcônida
parecia muito sério. — Geralmente você nunca desistiu de procurar por respostas a
perguntas em aberto.
Perry baixou a cabeça.
— É que as coisas nunca foram tão ruins para a Humanidade — murmurou ele. —
Nós gostaríamos e precisaríamos fazer tanta coisa, e não conseguimos liquidar nem o
mais premente, se é que vamos conseguir liquidar alguma coisa.
Ele suspirou e ergueu a cabeça.
— Vamos tomar os fatos como eles são. Ameln e Tonturst são habitados por
inteligências, portanto não servem para uma aterrissagem. Nós sabemos, através de
experiências dolorosas em Hidden World I, que mesmo inteligências pacíficas, devido à
imbecilização, conseguem cair numa agressividade patológica, atacando até mesmo
aqueles que querem ajudá-los.
— Caraprien, o terceiro e mais externo planeta, é um mundo sem atmosfera, sem
flora e sem fauna. De acordo com o Catálogo Árcon ali nunca existiu vida. Nós vamos
pousar ali, e nos preparar para observar a passagem do Enxame. Antes, naturalmente,
vamos fazer uma teleobservação dos dois outros planetas.
Ele ligou o intercomunicador para a central de rastreamentos e perguntou se já havia
resultados de medições.
— Nenhuma emissão energética suspeita — avisou o técnico do rastreamento. —
Em Tonturst, naturalmente, reina uma forte atividade vulcânica. Eu não sei se isto é
significativo para nós.
— Não — respondeu Rhodan. — Tonturst, de acordo com o Catálogo Árcon, é um
mundo jovem em relação com a Terra, com forte atividade vulcânica.
Ele interrompeu a ligação e virou-se para Senco Ahrat.
— Mande voar diretamente para Caraprien, Ahrat. Eu acho que, até entrarmos em
voo de aproximação para o pouso, já estaremos sabendo de muito mais a respeito do
Sistema Lignan.
Ahrat anuiu e ordenou, através do seu telecomunicador de pulso, a um dos seus
assistentes, um rapazote de dezesseis anos, de cabelos ruivos, único de um grupo de
saltadores que não fora infantilizado, a levar a Good Hope para um voo de aproximação.
Evlesan (era este o nome do jovem saltador) entendia surpreendentemente bem da
pilotagem de astronaves terranas, razão porque Perry Rhodan julgara a princípio que o
seu clã antigamente praticara pirataria. Mas Evlesan não falou a respeito e os dois
telepatas se recusaram a espionar nos pensamentos do jovem saltador. Eles eram de
opinião que não era importante o que alguém fizera antes da catástrofe, e que contava
apenas como ele se comportava depois da catástrofe.
O Administrador-Geral ergueu os olhos quando Ras Tschubai e Gucky entraram na
central de comando. Isto é, eles naturalmente entraram na central, mas não através da
escotilha, e sim através do hiperespaço.
Enquanto o rato-castor se dirigiu à poltrona reservada para eles, onde se sentou,
Tschubai aproximou-se da mesa de mapas e entregou a Rhodan um pequeno rolo de
laminados de avaliações.
Rhodan colocou a mão sobre o rolo de laminados.
— E então, Ras, nossos temores se confirmaram?
O teleportador sentou-se entre Tolot e Atlan, colocou as mãos espalmadas em cima
da mesa e respondeu:
— Sim e não. Se reduzimos a um ponto de saída hipotético as modificações de rota
do Enxame até então conhecida por nós, para a qual este ponto de partida se amplia, a
probabilidade de que está sendo tangenciado ou mesmo atravessado em voo, fica em
cerca de cinquenta por cento.
Rhodan franziu a testa.
— Teoricamente isso quer dizer a mesma coisa que responder à nossa pergunta com
um “sim-não”, Ras.
— Mas foi exatamente isso que Ras disse logo! — gritou Gucky de sua poltrona. —
Nós precisamos de mais informações, muito mais informações do que possuímos, Perry.
— Esses criminosos! — murmurou Alaska Saedelaere, gemendo abafado.
Rhodan ergueu as sobrancelhas.
— O que está querendo dizer, Alaska?
— Tudo que pertence a esse Enxame — respondeu o lesado por transmissor, com
um gesto que tudo abrangia.
O takerer Aronte olhou para Saedelaere e disse, baixinho:
— De onde tira esta segurança, Saedelaere, de fazer estas afirmações? Quero dizer,
a afirmação de que as inteligências que regem o Enxame sejam criminosas?
Alaska riu curto e com desprezo.
— Eles cometem crimes, consequentemente são criminosos.
Aronte sacudiu a cabeça, pensativo, um gesto que ele adotara na sua convivência
com os terranos.
— Isso é pintura preto-e-branco. Provavelmente dizem isso na sua terra quando
alguém atribui aos outros todas as ações malévolas. Eu falo por experiência própria, pois
eu já fui — como a maioria dos takerers — de opinião que todos os terranos eram
bárbaros semicivilizados, cujos chefes queriam o domínio de todo o Universo.
Atlan sorriu, indefinível.
— Eu tenho que concordar com Aronte — disse Icho Tolot.
— Nós não estamos em situação de julgar objetivamente as ações do Enxame. Nós
nem sabemos o que o Enxame deve ser, em sua essência.
— Consequentemente devemos colher mais informações — declarou Perry Rhodan.
— Isso eu já lhe disse, ainda há pouco — fez-se ouvir o rato-castor.
Icho Tolot riu. O seu corpo formidável foi literalmente abalado, e as demais pessoas
repuxaram dolorosamente a cara. Depois de algum tempo o halutense notou que sua
gargalhada provocava dores físicas nas outras pessoas. Ele parou abruptamente e
desculpou-se.
Perry Rhodan terminou a discussão. Cada um foi atrás de suas atividades normais,
sempre que não precisasse ocupar algum posto de alerta. O Lorde-Almirante Atlan ficou
com Rhodan.
— Nós estamos indefesos contra este novo adversário — disse Perry, desanimado.
— Quando eu me lembro que com sessenta homens e um cruzador reformado da classe
planetas, estamos procurando verificar o que está vindo ao nosso encontro...
— O que vem aí ao nosso encontro, também vem ao encontro de inúmeros outros
povos galácticos, meu amigo — retrucou Atlan.
— Eu compreendo você, quando diz que não sabe o que deve fazer primeiro, Perry,
mas eu não compreendo você, quando você se deixa desanimar.
— Palavras! — retrucou Perry, amargo.
— Certamente. O que mais!
— Nós precisamos da antiga frota de robôs do regente-robô de Árcon. Algumas
centenas de milhares de naves de combate. Com isso acho que poderíamos mudar o
caminho do Enxame.
— Mudar o caminho? — A voz de Atlan parecia irônica. — Algumas centenas de
milhares de formigas seriam capazes de mudar o caminho do Mississipi? Não, terrano de
sangue quente, com uma tentativa dessas você chamaria ao plano forças contra as quais
tudo o que aconteceu até agora seriam apenas fracas pontadas de agulhas. Até agora o
Enxame se manteve relativamente pacífico, se não levarmos em conta as radiações dos
Manipuladores. É um monstro dormindo, e eu não gostaria de ficar sabendo o que
acontece, se mexermos com ele.
— Você acha que devíamos esperar, termos esperanças de que o Enxame abandone
esta galáxia novamente, e que a constante de gravitação volte a normalidade outra vez?
— Não inteiramente. Naturalmente nós devíamos coletar o maior número de
informações possíveis, e procurar por meios e maneiras de afastar o perigo. No fundo, eu
uso os seus argumentos, Perry. A diferença é apenas que você, até agora, não falou deles.
Rhodan sorriu.
— Eu não tinha certeza de que eram os argumentos certos.
— E agora, tem certeza?
— Mais ou menos, Atlan. E agora vamos nos preparar para a aterrissagem.
Caraprien, chama-se o planeta... Hum! É um vocábulo Arconídico?
— Sim.
— E o que significa essa palavra — traduzida em intercosmo?
— Jardim de Pedra de Cara, sendo Cara o nome de um moloque de uma velha
lenda. Primeiramente Cara devora o calor, depois o ar, e transforma o Universo num
monte de pedras frias.
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