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Excelentíssimo Senhor Desembargador 1º Vice-Presidente do Egrégio

Tribunal de Justiça do Estado do Paraná.


Juiz Subst. 2º G.

RECURSO ESPECIAL Nº 1.566.225-0/01


Agravante: CONJUNTO RESIDENCIAL MORADAIS ATENAS I - I
Agravada: COMPANHIA DE HABITAÇÃO POPULAR DE CURITIBA
Processo de Origem: nº 0010046-69.2010.8.16.0004
AÇÃO DE COBRANÇA - 4ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba.

CONJUNTO RESIDENCIAL MORADIAS ATENAS – I


CONDOMÍNIO - I, qualificado na inicial nos autos da ação sumária de
cobrança autuada sob o nº 0010046-69.2010.8.16.0004, que contende com
COMPANHIA DE HABITAÇÃO POPULAR DE CURITIBA – COHAB-CT, por
intermédio de sua procuradora judicial infra-assinada, vem perante V.Exª.
dizer que NÃO se conformando “data vênia”, com a decisão proferida, que
inadmitiu o RECURSO ESPECIAL nº 1.566.225-0/01, com fulcro no
artigo 1.042, caput, do Código de Processo Civil, vem propor o presente
AGRAVO, consoante as razões adiante aduzidas e fundamentadas.

Requer seja intimado o agravado para responder no prazo de


15 dias, a teor do art. 1.042, § 3º, do Código de Processo Civil de 2015.

Após, seja o presente agravo remetido ao Superior Tribunal de


Justiça, para que seja conhecido e provido para os fins a seguir arguidos.

N. Termos,
P. Deferimento.
Curitiba, 09 de agosto de 2017.

JOSÉLIA APARECIDA KÜCHLER


OAB/PR 21.674

1
EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

EMÉRITOS JULGADORES

Inicialmente, informa que a decisão monocrática ora agravada


fora publicada no dia 18/07/2017, terça-feira, de modo que o prazo de 15 dias
úteis para a interposição do presente recurso (art. 1.003, §5º, c/c art. 943, § 2º,
CPC) iniciou-se em 20/07/2017, quinta-feira, findando-se apenas em
09/08/2017, quarta-feira, sendo, portanto, TEMPESTIVO o presente recurso.

Conjunto Residencial Moradias Atenas – I Condomínio I –


interpõe o presente AGRAVO com fundamento no artigo 1.042, caput, do
Código de Processo Civil de 2015, insurgindo-se contra a decisão de
inadmissibilidade do recurso especial proferida com fundamento no inciso V
do artigo 1.030 do CPC/2015 (com alteração da Lei 13.256, de 4 de fevereiro
de 2016), pelo 1º Vice-Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná,
que negou seguimento ao recurso especial, sob os fundamentos, em síntese:

“CONJUNTO RESIDENCIAL MORADIAS ATENAS I- CONDOMÍNIO I interpôs


tempestivo recurso especial, com fundamento no artigo 105, inciso III, alíneas
"a" e "c", da Constituição Federal, contra o acórdão de fls. 503/514, proferido
pela Décima Câmara Cível deste Tribunal de Justiça.

2. O recorrente alegou em suas razões ocorrer violação aos artigos 305, 306,
347, 349 e 421 do Código Civil, além de dissídio jurisprudencial, sustentando
que deve ser reconhecida a ilegitimidade ativa do condomínio para a ação de
cobrança das taxas de condomínio devidas pelo condômino (fls.529).

3. Primeiramente oportuno esclarecer que não há, entre as matérias postas à


exame, nenhuma vinculação que possa acarretar o sobrestamento do presente
feito à luz do regime dos recursos repetitivos, razão pela qual passo à análise
dos tópicos recursais.

Para a que concorram a legitimidade ativa e a passiva em determinado caso


concreto é suficiente que o autor narre uma situação legitimante, e o
condomínio, no caso, narrou uma: ele menciona que é titular do crédito e que os
réus devem responder pelo pagamento das despesas, existindo, assim,
legitimidade ad causam ativa e passiva. E nessa linha de raciocínio, determinar
(i) se o demandante pode cobrar e (ii) se os demandados devem, mesmo diante

2
da antecipação das despesas, pagar ao autor interessa ao mérito, é questão de
mérito. (...). Tem legitimidade para o adimplemento o terceiro interessado ou
mesmo o terceiro não interessado (terceiro interessado é aquele que pode vir a
responder pela dívida caso o devedor não adimpla, como ocorre com o fiador
etc.). Quando realizado pelo primeiro, a sub-rogação opera-se ipso jure (art.
346, III). Independentemente de ato voluntário do credor primitivo, o terceiro se
investe na relação crédito-débito, dela se retirando aquele. O pagamento feito
pelo terceiro não interessado, isto é, pelo terceiro que de nenhum modo
responderá pelo pagamento caso o devedor permaneça inadimplente, não
implica na sub-rogação automática, legal, restando-lhe, se procedeu em nome
próprio, o direito de se reembolsar, mas não como sub- rogado (art. 305), ou, se
procedeu em nome e por conta do devedor, "tem contra este (devedor) somente
ação baseada na gestão de negócios".

Com relação à ilegitimidade da Recorrente, o entendimento do Superior


Tribunal de Justiça é no sentido de que "Inviável, em sede de recurso especial,
rever o entendimento do acórdão recorrido sobre a legitimidade ativa ad
causam (...), tendo em vista que a análise dos temas demandaria o reexame do
conjunto fático-probatório, procedimento vedado nos termos da Súmula nº
7/STJ" (STJ - AgRg no AREsp 135.674/PR, Rel. Ministro RICARDO VILLAS
BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 16/10/2014, DJe 24/10/2014).

Dessa forma, também a análise do recurso interposto com base na alínea "c",
do permissivo constitucional, pois, "Segundo jurisprudência pacífica, a
incidência da Súmula nº 7/STJ obsta o seguimento do recurso por qualquer das
alíneas do permissivo constitucional" (STJ (AgInt no AREsp 1048392/SP, Rel.
Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em
23/05/2017, DJe 29/05/2017).

Ainda a propósito: "(...) A incidência da Súmula 7 do STJ é óbice também para a


análise do dissídio jurisprudencial, o que impede o conhecimento do recurso
pela alínea "c" do permissivo constitucional." (AgInt nos EDcl no AREsp
840.132/RS, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em
25/10/2016, DJe 28/10/2016).

4. Diante do exposto, nego seguimento ao recurso especial interposto por


CONJUNTO RESIDENCIAL MORADIAS ATENAS I - CONDOMÍNIO I.”

O ora agravante não pode concordar com a referida decisão


obstando-lhe o acesso à prestação jurisdicional, pois limitou-se o 1º Vice-
Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do Paraná, a citar decisões desse
Egrégio Superior Tribunal de Justiça, sem fazer o devido cotejo com as razões
do recurso especial interposto com base na infração à legislação e ao dissídio
jurisprudencial, ocasião em que é vedada a aplicação da Súmula 7-STJ.
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I. RAZÕES DE AGRAVO

Tem o presente AGRAVO o propósito de destrancar o


processamento do Recurso Especial interposto com fundamento no inciso III,
alíneas "a" e "c" do permissivo constitucional, proposto contra acórdão
prolatado pela 10ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná.

Em resumo, a decisão ora agravada teve como fundamento


para negar seguimento ao recurso especial, a Súmula 7 desse Egrégio
Tribunal Superior de Justiça, segundo a qual restaria vedado ao STJ conhecer
de matéria sobre a legitimidade ativa e passiva das partes no processo, posto
que a análise dos temas demandaria o reexame do conjunto fático-probatório.

Outrossim, em que pese o conhecimento e inteligência do 1º


Vice-Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, no caso,
analisou superficialmente as razões recursais, se posicionando de forma
equivocada, uma vez que a questão é matéria exclusivamente de direito e
corriqueira no âmbito dos tribunais estaduais (a legitimidade do condomínio
para efetuar a cobrança das taxas de condomínio e a responsabilidade pelo
pagamento de destas dívidas) e restou fundamentada na legislação e no
dissídio, conforme se vê das razões do recurso especial de fl. 515-529 (TJPR),
procedimento que não encontra obstáculo na Súmula 07/STJ.

As razões recursais também estão fundamentadas em


decisões desse Superior Tribunal de Justiça, que, em questão idêntica a dos
presentes autos, no REsp nº 1.229.639-PR (fls. 538-546-TJPR), enfrentou a
questão, conheceu o recurso e decidiu com o seguinte fundamento legal:

“O fato de o condomínio ter supostamente recebido da


empresa terceirizada, em adiantamento (e não em pagamento), os valores
inadimplidos pela ré, não o inibe (condomínio-autor) de buscar junto ao Poder
Judiciário a quitação de tais valores pelo seu devedor (o condômino),
porquanto a circunstância de empresa terceirizada adiantar os valores
inadimplidos como forma de garantir o fluxo de caixa do Condomínio não diz
respeito à relação de crédito-débito existente entre o condomínio e o
condômino, tratando-se o adiantamento, de res inter alios para o condômino”.
4
Portanto, se esse Egrégio Superior Tribunal de Justiça já
decidiu sobre o tema, e corriqueiramente decide, por óbvio é porque a matéria
não afronta a Súmula 07, razão pela qual merece reforma o entendimento
exarado na r. decisão agravada, impondo-se o provimento do presente agravo
e o conhecimento do recurso especial obstado.

I.I. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 7-STJ – A DECISÃO


AGRAVADA INFRINGE A LEGISLAÇÃO CIVIL.

A decisão proferida pelo Tribunal de Justiça do Estado do


Paraná, declarou a ilegitimidade do condomínio, ora agravante, “para figurar
no polo ativo da ação de cobrança proposta, entendendo os julgadores que o
condomínio teria cedido seu crédito em favor da empresa contratada para
prestar serviços de cobrança das taxas de condomínio, operando-se assim a
sub-rogação, em razão de que o crédito do condomínio restou satisfeito pela
empresa, a qual se sub-rogou em todos os direitos e ações do credor primitivo,
retirando deste a legitimidade para a postulação, sendo por esta razão,
vedado ao condomínio pleitear em nome próprio o mesmo crédito, por lhe
faltar o necessário interesse (art. 988 do CC 1916/art. 349 do vigente CC)”.

Assim, a questão discutida neste agravo reside na


possibilidade desse Egrégio Superior Tribunal de Justiça julgar o recurso
especial onde se discute, se o condomínio poderia ajuizar a ação de cobrança
das taxas, na hipótese de já ter recebido referidas quantias mediante
antecipação efetuada pela empresa responsável pela cobrança das taxas.

Não tem aplicabilidade a Súmula 7-STJ, posto que não se


pretende através do recurso especial, interpretação de cláusula contratual, eis
que a interpretação em si não se faz necessária, em razão de que é ponto
pacífico que a empresa responsável pela cobrança das taxas de condomínio
antecipou ao condomínio as taxas devidas pelos condôminos, todavia,
inexistente qualquer ajuste contratual de que o condomínio estaria realizando
a transferência dos créditos para a empresa, ou, de que estaria efetuando o
pagamento em nome dos condôminos (pagamento em nome de terceiro).
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Para fundamentar a decisão que declarou a ilegitimidade ativa
do condomínio autor para cobrar judicialmente as taxas de condomínio
devidas pelos condôminos, os integrantes da 10ª Câmara Cível do Tribunal de
Justiça do Estado do Paraná, apresentaram o seguinte argumento jurídico:

[...] “o que importa no caso é que houve adimplemento pelo


terceiro, a Garante, e que, assim, o condomínio, pela extinção
da obrigação, mas sem a liberação dos condôminos, que
passaram a dever àquela, nada mais pode cobrar; pouco
importa o ajustado entre a empresa de cobrança e o autor, de
que a sub-rogação somente ocorreria quando do pagamento
das despesas pelo condômino. Se houve pagamento
antecipado, ocorreu a extinção da obrigação, por força do que
estabelece o Código Civil. A sub-rogação, aqui, é o elemento
secundário, e interessa somente às relações condomínio e
empresa de cobrança, para legitimar esta ao recebimento dos
valores ou depositados em juízo, ou pagos diretamente ao
primeiro ou provenientes da arrematação da unidade; o
elemento principal é o efeito da antecipação.[...]”

Portanto, a matéria em discussão é unicamente de direito, na


medida em que se deu interpretação equivocada aos artigos 986, I, do Código
Civil de 1916, atualmente previsto nos artigos 347, I e 349, do vigente Código
Civil, segundo o qual o instituto da sub-rogação se opera com a expressa
transferência de direitos por parte do credor e que para a sua consumação é
necessário a notificação do devedor conforme dispõe expressamente o art.
1069, CC/1916, circunstâncias estas que não restaram demonstradas.

O vigente Código Civil dispõe acerca desse instituto, in verbis:

Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor:


I - do credor que paga a dívida do devedor comum;
II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor
hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento
para não ser privado de direito sobre imóvel;
III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou
podia ser obrigado, no todo ou em parte.

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Art. 347. A sub-rogação é convencional:
I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e
expressamente lhe transfere todos os seus direitos;
II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia
precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar
o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.

O fundamento consignado no r. acórdão, de que “também


restaria configurado o pagamento por terceiro não interessado, conforme
preceitua o artigo 305 do Código Civil” é completamente ilegal, fruto da
imaginação e especulação dos nobres Desembargadores, que simplesmente
ignoraram a autonomia dos contratantes referente as regras fixadas para
cumprimento do objeto do contrato de prestação de serviços de cobrança das
taxas, inclusive sem respaldo em provas de efetivo pagamento do débito. A
decisão não se sustenta, pois além de existir um contrato válido, regulando as
obrigações ajustadas entre as partes contratantes, não há provas de
pagamento (CC, art. 319), sendo que o ajuste consigna apenas a contratação
da empresa para executar os serviços de cobrança das taxas de condomínio.

A empresa contratada para executar os serviços de cobrança,


não se enquadra no conceito de terceira não interessada, posto que na
hipótese do artigo 304, parágrafo único, do Código Civil, “terceiros não
interessados, são aqueles que não têm interesse jurídico na solução da dívida,
mas outra espécie de interesse, como o moral, por exemplo (pai que paga
dívida de filho) ”, razão pela qual não se sub-roga nos direitos do credor, e em
algumas hipóteses sequer tem direito de reembolsar o que pagou.

Assim, atendidos os pressupostos de validade, prevalece, na


espécie, o princípio da “pacta sunt servanda” e da autonomia contratual,
devendo ser respeitado o ajustado pelas partes na vigência do contrato,
considerando a livre escolha e autonomia dos contratantes referente as regras
fixadas para cumprimento do objeto do contrato conforme preceituam os
artigos 421 e seguinte do Código Civil. Não apontada nenhuma ilegalidade ou
abusividade, não havendo distorções ou desequilíbrios a serem corrigidos na
via judicial, inaplicável a disposição contida no artigo 112 do Código Civil.
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A sub-rogação convencional aqui tratada exige, como
elemento imprescindível para a sua caracterização, que seja expressamente
declarada em instrumento público ou particular. Não se pode concluir deste
modo, que o interesse do condomínio é substituído pelo da empresa
garantidora em razão de eventual contrato de cobrança e garantia firmado
entre estes, sem que haja a previsão expressa da sub-rogação.

Desse modo, a sub-rogação também não encontra


embasamento legal, ante a inocorrência do cumprimento das disposições
contidas no artigo 347, inciso I, do vigente Código Civil.

O contrato de cobrança garantida de taxas de condomínio


prevê expressamente em sua cláusula 4ª que a antecipação das contas não
implicará em sub-rogação. Não foi ajustado expressa transferência de direito,
conforme dispõem os artigos 986 e 347, ambos do Código Civil.

A administradora é mera prestadora de serviços e não tem a


intenção de solver a obrigação. Ainda, de acordo com a cláusula 9ª, § 1º,
somente na hipótese de rescisão ocorrerá sub-rogação. Se o condomínio
rescindir o contrato, ou o condomínio sucumbir em cobrança judicial, a
antecipação que a administradora efetuou estará sujeita à devolução. Não há
provas da existência de cessão de crédito, sub-rogação ou pagamento por
terceiro não interessado. Assim, o condomínio detém legitimidade ativa para
promover a cobrança das taxas de condomínio em caso de inadimplência.

Portanto, resta evidente que no caso ora exposto, não se


aplica a Súmula 7-STJ, por se tratar de interpretação da legislação civil
indicada como fundamento das razões expostas no recurso especial.

Face ao exposto, requer seja o presente agravo conhecido e


provido para o fim de reformar a decisão ora agravada, que negou seguimento
ao recurso especial, determinando a autuação do recurso especial perante
esse Superior Tribunal de Justiça, ensejando assim o seu conhecimento e
provimento pelo inciso III, alínea “a” do permissivo constitucional.
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I.II. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 7-STJ – RECURSO
ESPECIAL INTERPOSTO COM FUNDAMENTO NO
DISSIDIO JURIPSRUDENCIAL.

É vedada a incidência da Súmula 7-STJ na hipótese de


recurso especial interposto com fundamento no dissídio jurisprudencial, não
podendo obstar o conhecimento do recurso pela alínea "c" da CF/88.

Com a devida vênia, a r. decisão monocrática proferida pelo


ilustre 1º Vice-Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, não
pode perdurar como melhor sinônimo de Justiça neste recurso.

Nas razões do recurso especial o recorrente demonstrou o


dissídio jurisprudencial na forma exigida pelo artigo 255, §§ 1º e 2º, do RISTJ,
indicando os dispositivos da Lei federal violados pelo acórdão recorrido, bem
como o dissídio jurisprudencial existente acerca da matéria relativa a
legitimidade ativa do condomínio na hipótese de existir contrato de prestação
de serviços com garantia, demonstrando que é assente na jurisprudência que
a sub-rogação de direitos não desconstitui o próprio condomínio, por meio de
seu síndico, de buscar diretamente do condômino o pagamento das taxas
condominiais em atraso, ainda que antecipadas pela empresa contratada para
realizar a cobrança dos encargos. O recorrente expôs as circunstâncias que
se assemelhem com os casos confrontados, demonstrando ainda similitude
fática entre os acórdãos recorrido e paradigma (existência de contrato de
prestação de serviços de cobrança com cláusula de garantia).

Ainda, demonstrou o recorrente, que a sub-rogação defendida


pelo acórdão recorrido não encontra embasamento legal, ante a inocorrência
do cumprimento das disposições contidas nos artigos 346, inciso III ou artigo
347, inciso I, ambos do Código Civil, tampouco na jurisprudência desse
Egrégio Superior Tribunal de Justiça que, majoritariamente tem se posicionado
no sentido de que “pouco importa o fato de a administradora antecipar as
prestações condominiais ou até mesmo o fato dela constar como cedente nos
boletos bancários, já que a sub-rogação ou cessão de crédito não se
presumem”, conforme decisões recentes a seguir citadas.
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O ora agravante defendeu a tese de que a mera antecipação
dos valores das taxas de condomínio pela empresa prestadora de serviços
definida em contrato, NÃO altera a legitimidade do condomínio em figurar no
polo ativo da ação de cobrança, pois configurada duas relações jurídicas
distintas, ou seja: a primeira relação é entre condomínio e condômino e a
segunda é entre o condomínio e a empresa prestadora de serviços de
cobrança, razão pela qual a antecipação realizada não isenta o condômino do
pagamento das taxas e nem confere quitação, inexistindo, portanto, a sub-
rogação reconhecida no acórdão recorrido, ante a inocorrência do
cumprimento das disposições contidas nos artigos 346 e 347 do Código Civil.

Portanto, o r. despacho monocrático denegatório há de ser


revisto e reformado, eis que simplesmente se afirma a desconformidade da
decisão recorrida com o entendimento jurisprudencial majoritário.

Na hipótese ora discutida, de inexistência da sub-rogação da


empresa prestadora de serviços de cobrança no denominado “condomínio
garantido”, assim já se posicionou ess Superior Instância, “verbis”:

"AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM


RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COBRANÇA DE CONTAS
CONDOMINIAIS. LEGITIMIDADE ATIVA DO CONDOMÍNIO. SUB-
ROGAÇÃO. INOCORRÊNCIA. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA.
IMPROVIMENTO. 1 - Os autos informam que a agravada apenas contratou
pessoa determinada para efetuar a busca do crédito. No caso, a empresa de
cobrança. Não ocorreu de modo algum a substituição do polo ativo da
obrigação. Para incidência da sub-rogação faz-se necessário que o
pagamento resulte na substituição do credor pelo terceiro. 2 - O Agravante
não trouxe qualquer argumento capaz de modificar a conclusão alvitrada, a
qual se mantém por seus próprios fundamentos. Incidência da Súmula 7 desta
Corte. 3. - Agravo Regimental improvido" (AgRg no AREsp nº 37.709/PR, Rel.
Ministro Sidnei Beneti, Terceira Turma, julgado em 13/3/2012, DJe 12/4/2012).

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Tampouco teria o Síndico capacidade jurídica para ceder os
créditos de condomínio, somente podendo fazê-lo mediante autorização na
Convenção de Condomínio, que expressamente lhe conferisse poderes
especiais para alienar bens e direitos comuns do condomínio a terceiros.

Portanto, não configurada na hipótese, a sub-rogação dos


créditos, continuando o condomínio com legitimidade para cobrar em juízo as
cotas inadimplidas. O simples fato de empresa terceirizada efetuar a cobrança
das taxas, inclusive em atraso, não a transforma em titular do crédito, pois é
mera prestadora de serviços ao condomínio, situação que não retira a
legitimidade do condomínio autor para figurar no polo ativo da presente ação.

A ilegitimidade ativa do condomínio não se configura em


decorrência de ter formalizado contrato de prestação de serviços de cobrança
com empresa que anteciparia as taxas, em razão de que não prevista a sub-
rogação. Isto porque ocorreu a contratação apenas de serviços contábeis e
administrativos, não restando estabelecida a substituição do titular da ação de
cobrança o que caracterizaria a sub-rogação convencional (art. 347, I, do CC).
Referida relação jurídica é regida pelas regras da cessão de crédito, hipótese
em que a ausência de notificação do condômino devedor limita a eficácia da
sub-rogação às partes contratantes, não alcançando aquele.

A sub-rogação exige, como elemento imprescindível para a


sua caracterização, que seja expressamente declarada em instrumento
público ou particular. Não se pode concluir deste modo, que o interesse do
condomínio é substituído pelo da empresa garantidora em razão de eventual
contrato de garantia firmado entre estes, sem que haja a previsão expressa da
sub-rogação, que em hipótese alguma se verifica no caso em tela.

O Tribunal de Justiça do Estado do Paraná produziu decisão


rica em fundamentos jurídicos sobre a questão, nos seguintes moldes:

APELAÇÕES CÍVEIS - AÇÃO DE COBRANÇA - TAXA


CONDOMINIAL - PRELIMINAR DE CERCEAMENTO DE DEFESA

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AFASTADA - JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE - ADMISSIBILIDADE -
DESNECESSIDADE DE MAIORES DILAÇÕES PROBATÓRIAS - PROVAS
APTAS E SUFICIENTES A EXSURGIR O JULGAMENTO DO FEITO EM SEU
MÉRITO - NULIDADES - INOCORRÊNCIA - ELEMENTOS SUFICIENTES
PARA FORMAR A CONVICÇÃO DO JULGADOR MONOCRÁTICO -
EXISTÊNCIA DE CONTRATO COM EMPRESA ESPECIALIZADA EM
COBRANÇA - GARANTIA DE PAGAMENTO DAS TAXAS CONDOMINIAIS -
INEXISTÊNCIA DE SUB-ROGAÇÃO DOS CRÉDITOS - CERCEAMENTOS
DE DEFESA - RECURSO - NEGA PROVIMENTO. 1.- O contrato de cobrança
de garantia de taxas condominiais, firmado entre o condomínio e empresa
prestadora de serviços, não configura o instituto jurídico da sub-rogação, na
hipótese de inadimplemento de condômino, conforme cláusula pactuada,
sendo o condomínio parte legítima, de modo a figurar no pólo ativo da
demanda; 2.[...] (APELAÇÃO CÍVEL Nº 378301-1, 9ª Câm. Cível, TJPR, Juiz
Relator SERGIO LUIZ PATITUCCI, Curitiba, 12 de março de 2.009).

A citada decisão restou assim fundamentada:

“[...] No que pertine à análise da ilegitimidade ativa suscitada


pelo apelante, o contrato de cobrança garantida de taxas de condomínio foi
firmado entre o Condomínio Conjunto Residencial Moradias Bandeirantes e a
empresa Garante Serviços de Apoio S.C. Ltda., cujo objetivo é a cobrança de
taxas de condomínio, mediante o sistema de antecipação de contas,
independente do pagamento de débitos pelos condôminos. Sobre o instituto
da sub-rogação, necessária a transcrição da doutrina de Paulo Nader:
"Instituto análogo ao da cessão de crédito é o da sub-rogação. Em ambos
ocorre a substituição do credor, mas enquanto na cessão de crédito o
cessionário age na tutela de seu próprio interesse, na sub-rogação, o novo
credor (sub-rogado) visa a proteger o devedor. Na cessão, o vínculo
obrigacional permanece verificando-se apenas a alteração do pólo ativo.
Determina a Lei Civil, pelo art. 348, que à sub-rogação convencional se
apliquem todos os efeitos da cessão de crédito (art. 348), mas na sub-rogação
legal 'o sub-rogado não poderá exercer os direitos e as ações do credor senão
à soma que tiver desembolsado para desobrigar o devedor' (art.350)" (NADER,
Paulo. Curso de Direito Civil, volume 2: obrigações. Rio de Janeiro. Forense, 2005, p. 227.).

E ainda: "Para que a cessão de crédito produza resultados


jurídicos em face do devedor, este deve ser notificado do negócio jurídico.
Cumpre ao cessionário providenciar a sua notificação imediatamente, pois
antes da comunicação o devedor se desobriga pagando ao credor. Assim,
antes desta formalidade, para o devedor a cessão representa res inter alios; é
coisa que não lhe diz respeito." (Op. cit., p. 233.).

Assim a administradora, ao antecipar o valor do rateio das


despesas do condomínio no dia aprazado, o faz indiferentemente aos
eventuais devedores do período. Ou seja, a administradora não paga a dívida
condominial em nome de ninguém, não se sub-roga, mas somente antecipa o
valor total das taxas condominiais. Ademais, tal adiantamento se faz
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necessário para garantir a própria higidez das contas do condomínio que, em
contrapartida, fica obrigado a ressarcir à administradora os valores adiantados
e demais encargos, até porque, o devedor não deixou de ser devedor pela
mera antecipação das cotas feitas indiscriminadamente, não havendo,
portanto, vínculo obrigacional entre ele e a administradora, mas sim entre esta
e o condomínio. Vale frisar que tais contratos são livremente pactuados entre
as empresas administradoras e os condomínios que buscam uma solução
para a inadimplência de seus próprios condôminos, os quais usufruem, mas
não arcam com o rateio da despesa comum”.

No mesmo sentido decisões do TJRS:

"Condomínio. Cobrança de encargos. Legitimidade ativa.


'Condomínio garantido por administradora. Antecipação de valores que,
visando manter o fluxo de caixa do condomínio imune aos efeitos da
inadimplência, não implica em quitação do débito da ré. Tratando-se de
valores a serem ressarcidos oportunamente pelo condomínio não perde este
sua legitimidade ativa para a cobrança dos encargos condominiais. Recurso
de apelação improvido. Unânime." (TJRS - AC 70010432425, Rel. Des.
Cláudio Augusto Rosa Lopes Nunes, 18ª CC, DJ 25.05.2006).

Extrai-se do teor do julgado:

"A existência de contrato firmado entre a administradora e o


condomínio, com cláusula em que estipulado o assim designado 'condomínio
garantido', visando assegurar à comunidade condominial o aporte regular das
receitas previstas, evidentemente não destitui o condomínio de legitimidade
para cobrar da inadimplente, tendo em vista, antes de tudo, tratar-se de
referido contrato de 'res inter alios´ em relação à demandada, e, depois, em
razão de não configurada cessão de crédito do condomínio para a
Administradora”.

Decisão do Tribunal de Justiça do Espirito Santo:

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE COBRANÇA DE


TAXAS CONDOMINIAIS. PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE ATIVA
REJEITADA. ISENÇÃO DO SÍNDICO. PREVISÃO NA CONVENÇÃO DE
CONDOMÍNIO. IMPOSSIBILIDADE DE CONDENAÇÃO DAS PARCELAS
VENCIDAS DURANTE A ADMINISTRAÇÃO. RECURSO IMPROVIDO. 1. A
celebração de contrato de prestação de serviços para cobrança de cotas
condominiais não caracteriza sub-rogação ou cessão de crédito, que
devem ser expressamente convencionados. In casu não restou

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comprovada a cessão dos créditos à empresa, possuindo, assim, o
condomínio, legitimidade para cobrar dos titulares das unidades, as
despesas de manutenção e uso do edifício. Preliminar rejeitada. 2.
Restou incontroverso nos autos que a apelada exerceu a função de síndica no
período de 2007/2009 e a convenção do condomínio dispõe no § 2º do art. 43,
que o síndico está isento do pagamento das taxas condominiais, o que afasta
a possibilidade de cobrança das taxas não pagas no referido período. 3.
Recurso improvido. (TJES; APL 0004729-43.2011.8.08.0048; Segunda Câmara
Cível; Rel. Des. Carlos Simões Fonseca; Julg. 22/09/2015; DJES 29/09/2015).

Assim, as obrigações assumidas entre a administradora e o


condomínio dizem respeito tão somente a elas que livremente pactuaram, e
não ao devedor que permanece com a dívida perante o condomínio.

E conforme estipula o artigo 6º do Código de Processo Civil/73


(então vigente): "Ninguém poderá pleitear, em nome próprio, direito alheio,
salvo quando autorizado por lei", o que por certo, não é o caso dos autos.

Ademais, para que seja possível a sub-rogação com


substituição do titular do direito por um terceiro, deve ser reconhecida em
contrato celebrado entre as partes, mediante previsão expressa, conforme
exige o artigo 347 do Código Civil.

Os casos versados neste artigo tratam da sub-rogação legal,


isto é, aquelas em que a sub-rogação decorre da lei. Nos demais, trata-se de
sub-rogação convencional – do ajuste de vontades – prevista no art. 347, CC.

Em se tratando de sub-rogação convencional, faz-se


necessário a apresentação de prova, no caso instrumento particular com
cláusula expressa, o que não restou demonstrado no caso em tela.

No que tange a tese defendida no acórdão recorrido, de que


teria ocorrido pagamento em nome de terceiro, esta Corte Superior se
manifestou no seguinte sentido ((STJ; AgInt-REsp 1.229.639; Proc. 2010/0223809-
2; PR; Quarta Turma; Rel. Min. Marco Buzzi; DJE 20/10/2016).
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“Ademais, a sub-rogação consiste na substituição, mediante
pagamento, do credor primitivo por terceiro que efetua o
pagamento ou empresta o necessário para o adimplemento,
assumindo os direitos de titular da relação obrigacional.

O legislador de 2002 expôs esse instituto da seguinte maneira:

Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor:

I - do credor que paga a dívida do devedor comum;

II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor


hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento
para não ser privado de direito sobre imóvel;

III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era


ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.
Art. 347. A sub-rogação é convencional:

I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e


expressamente lhe transfere todos os seus direitos;

II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia


precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar
o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.

A sub-rogação configura uma exceção ao princípio de que o


pagamento extingue a obrigação. Com ela, o vínculo cessa
apenas para o credor primitivo, satisfeito em seu crédito. Não
é, no entanto, o que ocorre nos presentes autos, pois a mera
antecipação de valores para servir ao fluxo de caixa não
importa em pagamento da dívida nem em sub-rogação.

O fato de o condomínio ter supostamente recebido da


empresa terceirizada, em adiantamento (e não em
pagamento), os valores inadimplidos pela ré, não o inibe
(condomínio-autor) de buscar junto ao Poder Judiciário a
quitação de tais valores pelo seu devedor (o condômino),
porquanto a circunstância de empresa terceirizada adiantar os
valores inadimplidos como forma de garantir o fluxo de caixa
do Condomínio não diz respeito à relação de crédito-
débito existente entre o condomínio e o condômino,
tratando-se o adiantamento, de res inter alios para o
condômino.
15
No mesmo sentido a seguinte ementa:

"AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO EM


RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COBRANÇA DE CONTAS
CONDOMINIAIS. LEGITIMIDADE ATIVA DO CONDOMÍNIO. SUB-
ROGAÇÃO. INOCORRÊNCIA. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA.
IMPROVIMENTO. 1 - Os autos informam que a agravada apenas contratou
pessoa determinada para efetuar a busca do crédito. No caso, a empresa de
cobrança. Não ocorreu de modo algum a substituição do polo ativo da
obrigação. Para incidência da sub-rogação faz-se necessário que o
pagamento resulte na substituição do credor pelo terceiro. 2 - O Agravante
não trouxe qualquer argumento capaz de modificar a conclusão alvitrada, a
qual se mantém por seus próprios fundamentos. Incidência da Súmula 7 desta
Corte. 3. - Agravo Regimental improvido" (AgRg no AREsp nº 37.709/PR, Rel.
Ministro Sidnei Beneti, Terceira Turma, julgado em 13/3/2012, DJe 12/4/2012).

O recorrente demonstrou de forma segura que a decisão


recorrida, divergiu das teses firmadas na jurisprudência atual desse Egrégio
Superior Tribunal de Justiça conforme comprovam os acórdãos paradigmas
anexados ao especial, que demonstram que “o fato de o condomínio ter
supostamente recebido da empresa terceirizada, em adiantamento (e não em
pagamento), os valores inadimplidos pela ré, não o inibe (condomínio-autor)
de buscar junto ao Poder Judiciário a quitação de tais valores pelo seu
devedor (o condômino), porquanto a circunstância de empresa terceirizada
adiantar os valores inadimplidos como forma de garantir o fluxo de caixa do
Condomínio não diz respeito à relação de crédito-débito existente entre
o condomínio e o condômino, tratando-se o adiantamento, de res inter alios
para o condômino, ao contrário do entendimento do Tribunal de origem.

Não há qualquer dúvida que a v. decisão deva ser reformada


pela culta Turma julgadora deste ínclito Superior Tribunal, ante a inquieta
situação do agravante de ter contra si uma decisão que não merece guarida
no mundo jurídico, posto que completamente desprovida de legalidade.

Com esses fundamentos, requer a reforma da r. decisão aqui


agravada, posto que contrária ao direito e totalmente injustiça.
16
II. DO REQUERIMENTO

Isto posto, requer a Vossas Excelências, o recebimento e regular


processamento do presente agravo, e lhe deem provimento, revogando a
decisão de inadmissibilidade, para admitir o recurso especial obstado, com
fundamento na Súmula 123 desse Superior Tribunal de Justiça, e ao final seja
dado provimento ao recurso especial nos termos de sua fundamentação.

N. Termos,
P. Deferimento.
Curitiba, 9 de agosto de 2017.

JOSÉLIA APARECIDA KÜCHLER


OAB/PR 21.674

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