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Amélia

Rio de Janeiro, Século XIX, 1811.

Aterrorizada, a vítima fugia, fugia das próprias consequências de seus atos,


fugia desesperadamente com a esperança de escapar do terrível destino. No entanto,
sua ambição não deixaria seu amo impune, a sua incontestável ambição criou vida e se
revoltou contra a vítima. O horror encobriu suas expressões e ela não conseguia de
maneira alguma se esconder.

Quando fatores abstratos harmonizam com seres concretos, a junção que tiver
fins benéficos terá bons resultados, porém, os outros fins que são buscados não
trazem consequências positivas. A ambição sempre volta, especialmente se o detentor
dela for maquiavélico.

Amélia da Fonseca, filha do Visconde da Fonseca, herdeira de toda fortuna


acumulada de seu pai, estimava-se cerca de 200 contos de réis. Vívida, alegre e
esplendorosa, desde criança adorava o filho da governanta de seu pai, Manoel.
Brincavam no jardim, ela muito extrovertida e ele extremamente recatado. No ápice
da sua juventude, rica e muito bela, era constantemente cortejada, muito cobiçada,
entretanto ela não tinha interesse nenhum nos fidalgos da capital. Um tanto imatura,
se apaixonou pelo filho da governanta, esta, muito hábil e até má, aproveitou-se do
estado de coração de Amélia. Usou de estratégias para que o visconde deixasse a vida
e não interferisse em seus planos.

Dona de todas as riquezas, mesmo que angustiada, fez o que bem pareceu aos
seus olhos, casou-se com Manoel. Amélia herdara o símbolo, o dom, a joia mais
preciosa que sua família possuía, desde os primórdios da colonização. Conhecida na
colônia e na metrópole, a família da Fonseca perdia sua dignidade quando Amélia se
casava com um plebeu, tomando o nome plebeu e perdendo o sobrenome nobre. A
única honra que lhe restava era o anel de rubi, o símbolo da Fonseca, mesmo que
fosse nomeada Amélia Arruda.

A alegria das núpcias se esvaiu em pouco tempo. A influência da sogra de


Amélia sobre Manoel era tão evidente que até a tolinha percebeu, desconfiada, ela
interrogou o marido, o qual lhe dirigiu a palavra com sarcasmo e grosseria. Chateada, a
Sra. Arruda recorreu ao padre da paróquia que frequentava e confessou tudo
implorando ajuda e carecendo de conselhos. Com muita sabedoria, o padre lhe disse
para ter prudência, não obstante, recomendou-lhe que cuidasse das palavras.
Contudo, ao ver a preocupação da esposa, Manoel tratou de mudar suas atitudes
receando entristecê-la, e consequentemente, perdê-la.
Confortável em relação à nova posição do marido, Amélia parou de se
preocupar com a influência da governanta sobre seu marido. Limitou-se a observá-la
cautelosamente, concentrou sua mente e suas ideias em negócios visando adquirir
mais bens. Não tirava o anel, era o que restava da sua família. Objetivando preservá-la,
precisava de um herdeiro que não estivesse ameaçado pela mãe de Manoel.

Antes de completar um ano de casados, Amélia comenta com seu esposo sobre
ter um filho. Ciente dos planos de sua mulher, Manoel alega não estar sob influência
da mãe, mas, ainda que relutante, concorda em ter um filho. Apreensivo, comunica à
mãe da decisão, esta, revoltada, o repreende e lembra-o de todas as humilhações que
sofreram quando o visconde era vivo. O pai de Amélia odiava Manoel tanto quanto a
mãe dele, só não os dispensava por serem seus parentes distantes, detestando-os,
eram alvos de humilhação e repugnância por parte da família. A pequena Amélia
gostava de Manoel, e ele a retribuía, no entanto, a governanta a odiava e ordenava
seu filho com o mesmo intuito. A meta era simples, destruir a família da Fonseca, não
obstante, precisava de Manoel para isso, e um filho da nova Sra. Arruda destruiria seus
planos.

Um herdeiro por vir, Manoel estava aparentemente feliz, entretanto, ele temia
por sua mãe. Ela não ficaria nada contente com as novas. Tristonho, procurou
esconder a gravidez de sua mãe, conseguiu até o quarto mês. A governanta se
enraiveceu de forma muito brusca, amaldiçoava tudo e todos, uma criança acabaria
com seus objetivos. Buscou refúgio em feitiços e bruxarias, desejava freneticamente a
destruição daquela família, todavia, Amélia tinha a benção do padre e não foi atingida.
Notou que não conseguiria sozinha, observando os resultados, então, persuadiu
Manoel o máximo. Resistente às palavras da mãe, Manoel sofre um feitiço, escuta a
mãe e suas ideias diabólicas. Era algo forte e maligno que o impulsionava, sua mãe
desejava a morte de Amélia e a riqueza que possuía, com o filho enfeitiçado
conseguiria ambas as ambições.

Noite de domingo, sexto mês de gravidez, A gestante compartilhava toda a


alegria que sentia com Manoel, este sequer sorria com sinceridade, como costumava
fazer. Decepcionada com ele, ela se retira para dormir mais cedo, ele a acompanha e a
espera adormecer. Não controlava o corpo, e o pensamento lhe vinha muito fraco,
outra pessoa pensava por ele, mas ainda assim pôde vê-la adormecer e teve noções de
suas belas feições, desejou-a, no entanto, não tinha domínio próprio.

Asfixiou-a, não deixou vestígios de assassinato. Uma perda inconsolável para


todos, ela era muito amada. O anel deveria ser enterrado junto a ela, era o patrimônio
familiar que lhe era deixado, seria do bebê, o qual não chegou nem a ver a luz. Manoel
teria a riqueza, porém o anel seria enterrado com ela como sinal de respeito.

Devido a esse ato de respeito, sua mãe o ordenou que terminasse o trabalho.
O que sucedeu nos dias seguintes: um túmulo violado; um cadáver
desaparecido; um viúvo em estado de loucura; uma governanta, mãe do viúvo louco,
morta; uma misteriosa criança órfã ao lado do túmulo violado, e nenhuma explicação
racional para esses fatos. Com um mês, já existiam diversas versões criadas para
explicar os fatos, explicações da imaginação dos cariocas, considerando que a mais
aceita era a mais fantasiosa, visto que a massa gosta de superstição. Todavia, parecia
ser a mais real, pois todas as vezes que mencionavam essa versão da história perto do
viúvo louco, ele empalidecia e ninguém fazia o obséquio de ajudá-lo.

O túmulo violado era uma ação atribuída ao próprio Manoel, o qual, ainda sob
efeito da mãe, teria desenterrado Amélia para pegar o anel. O corpo dela já estava
decompondo, portanto, foi necessário que o viúvo cometesse um ato brusco,
profanando o cadáver. Manoel corta-lhe o dedo fora para ter o anel, o cadáver perde o
anelar esquerdo. Atônito, o Sr. Arruda foge numa coupé com o anel.

O cemitério era distante da cidade, e a madrugada estava em suas horas mais


altas. Desesperado ele gritava para o cocheiro ir mais depressa quando avistou uma
senhora lívida toda coberta a beira da estrada. Se as ninfas não dormissem, juraria que
fosse uma, não parecia ser humana. Estranhando-a perguntou-lhe se queria ir à
cidade, ela aceita e entra na coupé com o rosto coberto. Ambos ficaram calados a
maior parte do tempo, por inexplicáveis instintos ele fitava as mãos dela, que estavam
cobertas de seda. Podia distinguir as feições familiares sob o tecido quase
transparente que encobria seu rosto, contudo não podia reconhecê-la. Enfeitiçado ele
balança a mão esquerda no ar. Ela afirmou com uma voz fraca e tímida que seu pai
possuía um anel exatamente igual ao que o bom senhor portava.

Descrever as sensações que Manoel sentiu naquele momento tomar-nos-ia


muito tempo, limitemo-nos a dizer que o feitiço foi quebrado ao fitar os olhos dela, e
que lhe escapou um gemido alto e aterrorizante quando a senhora estranha descobriu
a seda branca da mão esquerda e mostrou a ele a alvura e deficiência de sua magra e
aleijada mão, faltava-lhe o anelar esquerdo.

Sem reações, surpreso com a situação de Amélia e ignorante dos próprios atos,
Manoel mantém-se imóvel.

- Amei-te, Manoel. – A Sra. Arruda estava mais bela e mais alva, seu colo agora
descoberto do tecido resplandecia e competia com a lua. Manoel apresentou indícios
de loucura naquele mesmo momento, não compreendia, mas sentia que dividia a
carruagem com um cadáver, com a morta amada.

Pararam em frente da casa onde estava a governanta, Manoel entregou o anel


à sua mãe, a qual ria e amaldiçoava Amélia em seu sepulcro, esta apareceu na frente
da velha e rasgou a seda branca, com a qual se vestia, mostrando a barriga, alva e reta,
com um corte. A sogra de Amélia fugia do cadáver, gritava aterrorizada, ninguém a
ouvia. Ambos iam atrás da governanta, Manoel e Amélia lutavam para destruí-la.

- O bebê? – Manoel indagava a fantasma, a qual sorria pra ele confirmando-lhe


as esperanças.

Voltemos ao início, a vítima que fugia da própria ambição, amedrontada,


rogando maldições e feitiços, clamando a Deus com ironia em meio ao desespero,
fugia do improvável, do inexistente. Pragas não atingiriam um cadáver, um fantasma.
Fugia do medo, do abstrato, das lendas, do terror. Não podia fugir, não podia vencer.
Plutão a estava aguardando. Deixou a Terra, morreu através da própria arma. Junto a
sua alma, foi-se a lucidez de Manoel, todos para Plutão. Morta pelo seu filho, jazia a
governanta.

Nunca mais se viu o fantasma de Amélia, nem seu cadáver, a lucidez nunca
retornou a Manoel, a morte da governanta não foi esclarecida e o surgimento de uma
criança com o anel de rubi tornou-se um mistério.

Elisa crescia, dona de um anel enigmático que recebera no nascimento,


presente de seus pais, os quais ela não sabia serem adotivos. Era nisso que acreditava
a criança que nasceu no lar dos espíritos adormecidos.

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