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LÍNGUA PORTUGUESA Normalmente, numa prova, o candidato é


convidado a:
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO
1. IDENTIFICAR – é reconhecer os elementos
DE TEXTOS DE GÊNEROS fundamentais de uma argumentação, de um
VARIADOS. processo, de uma época (neste caso, procuram-
se os verbos e os advérbios, os quais definem o
É muito comum, entre os candidatos a um
tempo).
cargo público a preocupação com a
interpretação de textos. Isso acontece porque
2. COMPARAR – é descobrir as relações de
lhes faltam informações específicas a respeito
semelhança ou de diferenças entre as situações
desta tarefa constante em provas relacionadas a
do texto.
concursos públicos.

3. COMENTAR - é relacionar o conteúdo


Por isso, vão aqui alguns detalhes que poderão
apresentado com uma realidade, opinando a
ajudar no momento de responder as questões
respeito.
relacionadas a textos.

4. RESUMIR – é concentrar as ideias centrais


TEXTO – é um conjunto de ideias organizadas e
e/ou secundárias em um só parágrafo.
relacionadas entre si, formando um todo
significativo capaz de produzir INTERAÇÃO
5. PARAFRASEAR – é reescrever o texto com
COMUNICATIVA (capacidade de CODIFICAR E
outras palavras.
DECODIFICAR).

CONTEXTO – um texto é constituído por EXEMPLO


diversas frases. Em cada uma delas, há uma
certa informação que a faz ligar-se com a
anterior e/ou com a posterior, criando condições TÍTULO DO
para a estruturação do conteúdo a ser PARÁFRASES
TEXTO
transmitido. A essa interligação dá-se o nome
de CONTEXTO. Nota-se que o relacionamento A INTEGRAÇÃO DO MUNDO
entre as frases é tão grande, que, se uma frase A INTEGRAÇÃO DA
for retirada de seu contexto original e analisada HUMANIDADE
separadamente, poderá ter um significado "O HOMEM
A UNIÃO DO HOMEM
diferente daquele inicial. UNIDO ”
HOMEM + HOMEM = MUNDO
A MACACADA SE UNIU
INTERTEXTO - comumente, os textos (SÁTIRA)
apresentam referências diretas ou indiretas a
outros autores através de citações. Esse tipo de
recurso denomina-se INTERTEXTO.
CONDIÇÕES BÁSICAS PARA INTERPRETAR
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO - o primeiro
objetivo de uma interpretação de um texto é a Fazem-se necessários:
identificação de sua ideia principal. A partir daí,
localizam-se as ideias secundárias, ou a) Conhecimento Histórico – literário (escolas e
fundamentações, as argumentações, ou gêneros literários, estrutura do texto), leitura e
explicações, que levem ao esclarecimento das prática;
questões apresentadas na prova.
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b) Conhecimento gramatical, estilístico é um conjunto de ideias, o que pode ser


(qualidades do texto) e semântico; insuficiente para o total do entendimento do
OBSERVAÇÃO – na semântica (significado das tema desenvolvido.
palavras) incluem-se: homônimos e parônimos,
denotação e conotação, sinonímia e antonimia, c) Contradição
polissemia, figuras de linguagem, entre outros. Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às
do candidato, fazendo-o tirar conclusões
c) Capacidade de observação e de síntese e equivocadas e, conseqüentemente, errando a
questão.
d) Capacidade de raciocínio.

OBSERVAÇÃO - Muitos pensam que há a ótica


INTERPRETAR x COMPREENDER do escritor e a ótica do leitor. Pode ser que
existam, mas numa prova de concurso
INTERPRETAR COMPREENDER qualquer, o que deve ser levado em
SIGNIFICA SIGNIFICA consideração é o que o AUTOR DIZ e nada mais.

- EXPLICAR, COESÃO - é o emprego de mecanismo de


- INTELECÇÃO,
COMENTAR, JULGAR, sintaxe que relacionam palavras, orações,
ENTENDIMENTO,
TIRAR CONCLUSÕES, frases e/ou parágrafos entre si. Em outras
ATENÇÃO AO QUE
DEDUZIR. palavras, a coesão dá-se quando, através de
REALMENTE ESTÁ
- TIPOS DE um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS),
ESCRITO.
ENUNCIADOS ou um pronome oblíquo átono, há uma relação
- TIPOS DE
• Através do texto, correta entre o que se vai dizer e o que já foi
ENUNCIADOS:
INFERE-SE que... dito.
• O texto DIZ que...
• É possível DEDUZIR
• É SUGERIDO pelo autor
que...
que... OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão
• O autor permite
• De acordo com o texto, no dia-a-dia e, entre eles, está o mau uso do
CONCLUIR que...
é CORRETA ou ERRADA a pronome relativo e do pronome oblíquo átono.
• Qual é a INTENÇÃO
afirmação... Este depende da regência do verbo; aquele do
do autor ao afirmar
• O narrador AFIRMA... seu antecedente. Não se pode esquecer
que...
também de que os pronomes relativos têm,
cada um, valor semântico, por isso a
ERROS DE INTERPRETAÇÃO necessidade de adequação ao antecedente.

Os pronomes relativos são muito importantes


É muito comum, mais do que se imagina, a
na interpretação de texto, pois seu uso
ocorrência de erros de interpretação. Os mais
incorreto traz erros de coesão. Assim sendo,
freqüentes são:
deve-se levar em consideração que existe um
pronome relativo adequado a cada
a) Extrapolação (viagem)
circunstância, a saber:
Ocorre quando se sai do contexto, acrescentado
ideias que não estão no texto, quer por
conhecimento prévio do tema quer pela
QUE (NEUTRO) - RELACIONA-SE COM
imaginação.
QUALQUER ANTECEDENTE. MAS DEPENDE DAS
CONDIÇÕES DA FRASE.
b) Redução
É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção
QUAL (NEUTRO) IDEM AO ANTERIOR.
apenas a um aspecto, esquecendo que um texto
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QUEM (PESSOA) Objetivamente, dizemos que o tipo textual é


a forma como o texto apresenta-se.
CUJO (POSSE) - ANTES DELE, APARECE O
POSSUIDOR E DEPOIS, O OBJETO POSSUÍDO. Podem variar entre cinco e nove tipos, contudo,
os mais estudados e exigidos nas diferentes
COMO (MODO) provas de vestibular e concursos no Brasil são
a narração, a dissertação, a descrição, a
ONDE (LUGAR) injunção e a exposição. Veja as principais
características de cada um deles:
QUANDO (TEMPO)
► Narração: Sua principal característica é
contar uma história, real ou não, geralmente
QUANTO (MONTANTE)
situada em um tempo e espaço, com
personagens, foco narrativo, clímax, desfecho,
EXEMPLO:
entre outros elementos. Os gêneros que se
apropriam da estrutura narrativa são: contos,
Falou tudo QUANTO queria (correto)
crônicas, fábulas, romance, biografias etc.
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE,
deveria aparecer o demonstrativo O ). ► Dissertação: Tipo de texto opinativo em que
ideias são desenvolvidas por meio de
• VÍCIOS DE LINGUAGEM – há os vícios de estratégias argumentativas. Sua maior
linguagem clássicos (BARBARISMO, finalidade é conquistar a adesão do leitor aos
SOLECISMO,CACOFONIA...); no dia-a-dia, argumentos apresentados. Os gêneros que se
porém , existem expressões que são mal apropriam da estrutura dissertativa são: ensaio,
empregadas, e, por força desse hábito carta argumentativa, dissertação, editorial etc.
cometem-se erros graves como:
► Descrição: Têm por objetivo descrever
- “ Ele correu risco de vida “, quando a verdade objetiva ou subjetivamente coisas, pessoas ou
o risco era de morte. situações. Os gêneros que se apropriam da
- “ Senhor professor, eu lhe vi ontem “. Neste estrutura descritiva são: laudo, relatório, ata,
caso, o pronome correto oblíquo átono correto é guia de viagem etc. Também podem ser
O. encontrados em textos literários por meio da
- “ No bar: “ME VÊ um café”. Além do erro de descrição subjetiva.
posição do pronome, há o mau uso
► Injunção: São textos que apresentam a
RECONHECIMENTO DE TIPOS E finalidade de instruir e orientar o leitor,
utilizando verbos no imperativo, no infinitivo ou
GÊNEROS TEXTUAIS.
presente do indicativo, sempre indeterminando
Você sabe o que são tipos textuais? o sujeito. Os gêneros que se apropriam da
estrutura injuntiva são: manual de instruções,
Podemos chamar de tipos textuais o conjunto receitas culinárias, bulas, regulamentos, editais,
de enunciados organizados em uma estrutura códigos, leis etc.
bem definida e facilmente identificada por suas
características predominantes. O ► Exposição: O texto expositivo tem por
termo tipologia textual (outra nomenclatura finalidade apresentar informações sobre um
possível) designa uma sequência definida pela objeto ou fato específico, enumerando suas
natureza linguística de sua composição, ou seja, características por meio de uma linguagem clara
está relacionado com questões estruturais da e concisa. Os gêneros que se apropriam da
língua, determinadas por aspectos lexicais, estrutura expositiva são: reportagem, resumo,
sintáticos, relações lógicas e tempo verbal. fichamento, artigo científico, seminário etc.
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Para que você conheça com detalhes cada um Se conseguirmos completar a frase “ELE É”, a
dos tipos textuais citados, o sítio de Português palavra será com “S”.
preparou uma seção sobre tipologia textual.
Nela você encontrará vários artigos que têm Ex: Ele é cortês. Ele é burguês. Ele é francês.
como objetivo discutir as características que
Palavras que se escrevem com “EZ”
compõem a narração, a dissertação, a
descrição, a injunção e a exposição, bem como altivez, embriaguez, estupidez, intrepidez,
apresentar as diferenças entre tipos e gêneros palidez, morbidez, pequenez, talvez, vez,
textuais. Esperamos que você aproveite o viuvez, sisudez, rigidez, surdez, maciez.
conteúdo disponibilizado e, principalmente,
desejamos que todas as informações aqui Palavras que se escrevem com “OSO”,
encontradas possam transformar-se em “OSA”
conhecimento.
audacioso, brioso, cauteloso, delicioso, formoso,
DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA gostoso, perigoso, pomposo, teimoso, valioso
etc
OFICIAL.
Palavras que se escrevem com “ISAR”
A ortografia oficial de uma língua é o conjunto
de regras e padrões que definem a forma alisar, analisar, bisar, paralisar, pesquisar, pisar
correta de escrita das palavras (emprego das etc.
letras), bem como o uso correto dos sinais de
acentuação, emprego do sinal indicativo de Para que estes vocábulos se escrevam com “S”,
crase e dos sinais de pontuação. As regras é necessário que no próprio radical já haja a
ortográficas têm como base características letra “S”.
etimológicas e fonológicas da língua portuguesa,
Ex.: AVISAR-AVISO, ANALISAR-ANÁLISE,
encontrando-se convencionadas em acordos
BISAR-BIS, PARALISAR-PARALISIA, CATÁLISE-
ortográficos.
CATALISADOR-CATALISANTE, PORTUGUÊS-
Emprego das letras PORTUGUESINHO, CASA-CASEBRE..

Palavras que se escrevem com “ESA” Palavras que se escrevem com “IZAR”
(formador de verbos) “IZAÇÃO” (formador
burguesa, chinesa, despesa, escocesa, francesa, de substantivos).
inglesa, japonesa, holandesa, mesa, pequinesa,
portuguesa etc. amenizar, avalizar, catequizar, desmobilizar,
despersonalizar, esterilizar, estigmatizar,
Se conseguirmos completar a frase “ELA É”, a finalizar, generalizar, harmonizar, poetizar,
palavra será sempre com “S”. Ex. Ela é profetizar, racionalizar, sensacionalizar, civilizar,
chinesa. Ela é pequinesa. civilização; humanizar, humanização; colonizar,
colonização; realizar, realização.
Palavras que se escrevem com “EZA”.
Obs. Não confunda com os casos em que se
alteza, avareza, beleza, crueza, fineza, firmeza,
acrescenta o sufixo -ar a palavras que já
lerdeza, proeza, pureza, singeleza, tristeza,
apresentam S: analisar, pesquisar, avisar.
rijeza etc.
Apesar de CATEQUIZAR se derivar de
Palavras que se escrevem com “ÊS”
CATEQUESE, aquele termo se escreve com Z e
burguês, chinês, cortês, escocês, francês, este, com S.
inglês, irlandês, montanhês, pedrês, português
As palavras POETIZAR e PROFETIZAR não se
etc.
derivam de POETISA e PROFETISA, mas sim de
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POETA e PROFETA. Por isso as primeiras se deslize, falaz, fezes, fugaz, gazeta, giz, gozar,
escrevem com Z e as últimas, com S. hipnotizar, tez, algazarra, foz, prazerosamente,
ojeriza, perspicaz, proeza, desprezar, vazar,
Palavras que se escrevem com “S” revezar, xadrez, azia, aziago, talvez, cuscuz,
coalizão, assaz, bissetriz.
A letra S representa o fonema /z/ quando é
intervocálica: asa, mesa, riso. Palavras que se escrevem com “X”

Usa-se a letra S: bexiga, coxo, engraxar, sintaxe, caxumba,


faxina, maxixe, muxoxo, paxá, praxe, xale,
a) nas palavras que derivam de outra em que já
xícara, excitante, xavante, xereta, baixo,
existe S. (bizu 1.7)
trouxe, enxada, enxaguar, enxame, enxaqueca,
b) nos sufixos: enxerto, enxortar, enxoval, enxugar, enxurrada,
enxuto, seixo, faixa, exacerbar, exotérmico,
-ês, -esa (para indicação de nacionalidade, exorcismo, expletivo, expirar, expelir,
título, origem) expectativa, expor, explicar, extasiar,
exterminar, extensão, extenso, extorsivo,
-ense, -oso, -osa (formadores de adjetivos)
exuberante, exalar, exaltar, exame, exarar,
-isa (indicador de ocupação feminina): poetisa, exaustão, exéquias, exílio, exímio, êxito, êxodo,
profetisa, papisa exonerar, exótico, exumação, broxa(pincel),
buxo (arbusto ornamental), xá (título de
c) após ditongos: lousa, coisa, Neusa, soberano do Oriente), xeque (incidente no
ausência, naúsea. xadrez), xampu, xangai, expiar, baixeza, graxa,
exsurgir, extirpar, extorsão, roxo, xavante.
d) nas formas dos verbos pôr (e derivados)
e querer: pus, pusera, pusesse; repus, Palavras que se escrevem com “CH”
repusera, repusesse; quis, quiséra. quisesse.
enchova, encharcar, encher, enchiqueirar,
Algumas palavras enchoçar, enchente, enchouriçar, chave,
chuchu, chicote, chifre, chispar, chimpanzé,
anis, atrás, brasa, compreensão, conversível, choupana, chorumela, chulo, chumaço, chusma,
coser(costurar), esôfago, esotérico, esoterismo, chavão, charuto, champanha, chacina,
espectador, esplêndido, esterco, estéril, chantagem, chaminé, chicana, chibata, chiar,
estorvo, extravasar, fusível, gás, gasolina, bricha (prego), bucho (estômago de animais),
guisado, heresia, hesitar, hipnose, hipocrisia, chá (arbusto), cheque (ordem de pagamento),
imersão, misto, revés, sesta, asilo, isolar, cocha (gamela), tacha (prego), debochar,
isquemia, oscular, querosene, quis, quiser, fachada, fantoche, linchar, arrocho, brecha,
puser, siso, poetisa, profetisa, sacerdotisa, pechincha, pichar, salsicha, chicória, cachimbo,
submerso, usina, usufruir, usura, usurpar, broche, bochecha, flecha, mochila, chute,
inserto (inserido), consertar(reparar), servo chope, apetrecho, comichão.
(servente), serração (ato de serrar), intensão
(intensidade), colisão, impulso, imersão, Palavras que se escrevem com “Ç” ou “C”
inversão, maisena, pretensão, expansão,
pretensioso, obsessão (mas obcecado), lilás, à beça, almoço, terçol, ressurreição, exceção,
revisão, vaso, através, Isabel, ourivesaria. cessação, açucena, joça, camurça, mormaço,
presunção, torção, trança, soçobrar, troço, joça,
Palavras que se escrevem com “Z” pança, maçarico, maciço, ruço (grisalho),
aguçar, caçula, seção(departamento), retenção,
azar, azenha, azeitona, azeite, azinhavre, abstenção, disfarçar, cerração (nevoeiro), cervo
balizar, bizantino, bizarro, buzina, cozer (veado), decertar (lutar), empoçar (formar
(cozinhar), dezena, dizimar, fuzil, aprazível,
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poça), intenção (propósito), oaço (palácio), infrigir, bugiganga, viagem (substantivo),


sucinto, silêncio. vagem, estiagem, folhagem, geringonça, ginete,
gengiva, sargento, coragem, ferrugem,
Palavras que se escrevem com “SS” tragédia, gesto.

admissão, demissionário, transmissão, emissor, Palavras que se escrevem com “J”


expressão, expresso, impressionismo,
compressor, assado, passar, ingressar, a) nas formas dos verbos terminados em -jar:
progresso, sucesso, discussão, repercussão, arranjar (arranjo, arrajem, por exemplo);
promessa, remessa, agressivo, transgressão, enferrujar (enferruje, enferrujem), viajar (verbo
antiqüíssimo, tenacíssimo, excesso, dissensão, -> viajo, viaje, viajem);
sossego, pêssego, massagem, secessão,
necessário, escasso, escassez, sessão (reunião), b) nas palavras oriundas do Tupi, africana e
cessão (ceder), sessar (peneirar), russo (natural árabe ou de origem exótica: Jibóia, pajé, jirau,
da Rússia), passo (passada), empossar (dar alfanje, alforje, canjica, jerico, manjericão, Moji.
posse), cassar (anular) dissertar (discorrer).
OUTRAS igrejinha, laje, lajeado, varejista,
Palavras que se escrevem com “SC” sarjeta, gorjeta, anjinho, canjica, viajem
(verbo), encorajem (verbo), enferrujem
abscissa, abscesso, adolescente, ascensão, (verbo), cafajeste, cerejeira, injeção, enrijecer,
acrescentar, acréscimo, ascese, ascetismo, berinjela, jejuar, jérsei, interjeição, jesuíta,
ascensorista, consciência, cônscio, descendente, jibóia, lambujem, majestade, jirau, ultraje,
descensão, descentralizar, descente (vazante), traje, ojeriza, jenipano, pajé, pajem, jeito,
discente, disciplina, discípulo, fascículo, fascínio, granja, projétil (ou projetil), rejeição, sarjeta,
fascinante, isósceles, nascer, obsceno, traje, jerimum.
oscilação, piscina, piscicultura, imprescindível,
intumescer, irascível, miscigenação, seiscentos, A letra “H”
transcender, rescindir, rescisão, ressuscitar,
hálito, hangar, harmonia, harpa, haste,
suscitar.
hediondo, hélice, hemisfério, hemorragia,
Palavras que se escrevem com “G” herbívoro (mas ervas), hérnia, herói, hesitar,
hífen, hipismo, hipocondria, hilaridade,
a) nos substantivos terminados hipocrisia, hipótese, histeria, homenagem,
em agem, igem, ugem: aragem, barragem, horror, horta, hostil, humor, húmus.
contagem, coragem, malandragem, miragem,
fuligem, origem, vertigem, ferrugem, lanugem, Em “Bahia”, o H sobrevive por tradição
rabugem. Cuidado com as exceções pajem e histórica. Observe que nos derivados ele não é
lambujem. usado: baiano, baianismo.

b) nas palavras terminadas em ágio, égio, DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE


ígio, ógio, úgio: adágio, contágio, estágio, COESÃO TEXTUAL. EMPREGO DE
pedágio; colégio, egrégio; litígio, prestígio; ELEMENTOS DE REFERENCIAÇÃO,
necrológico, relógio; refúgio, subterfúgio. SUBSTITUIÇÃO E REPETIÇÃO, DE
CONECTORES E DE OUTROS
Outras
ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO
angelical, aborígine, agilidade, algema, agir, TEXTUAL.
agiota, apogeu, argila, bege, cogitar, drágea,
faringe, fugir, geada, gengibre, gíria, tigela, Palavras como preposições, conjunções e
rigidez, monge, ogiva, herege, genuíno, pronomes possuem a função de criar um
algemas, gergelim, gesso, egípcio, gironda, sistema de relações, referências e retomadas no
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interior de um texto; garantindo unidade entre entanto, não obstante.O período reescrito de
as diversas partes que o compõe. Essa relação, forma adequada, fica assim:A escola possui um
esse entrelaçamento de elementos no texto excelente time de futebol, mas até hoje não
recebe o nome de Coesão Textual. conseguiu vencer o campeonato….,porém até
hoje não conseguiu vencer o campeonato.
Há, portanto, coesão, quando seus vários
elementos estão articulados entre si, …,contudo até hoje não conseguiu vencer o
estabelecendo unidade em cada uma das campeonato.
partes, ou seja, entre os períodos e entre os
parágrafos. …,todavia até hoje não conseguiu vencer o
campeonato.
Tal unidade se dá pelo emprego de conectivos
ou elementos coesivos, cuja função é evidenciar …,entretanto até hoje não conseguiu vencer o
as várias relações de sentido entre os campeonato.
enunciados. Veja um exemplo de um texto
…, no entanto até hoje não conseguiu vencer o
coeso:
campeonato.
“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse
…, não obstante até hoje não conseguiu vencer
neste domingo que o Brasil não vai atender ao
o campeonato.
governo interino de Honduras, que deu prazo de
dez dias para uma definição sobre a situação do A palavra texto provém do latim”textum”, que
presidente deposto Manuel Zelaya, abrigado na significa tecido, entrelaçamento. Expondo de
embaixada brasileira desde que retornou a forma prática, podemos dizer que texto é um
Tegucigalpa, há uma semana. Caso contrário, o entrelaçamento de enunciados oracionais e não
governo de Micheletti ameaça retirar a oracionais organizados de acordo com a lógica
imunidade diplomática da embaixada brasileira do autor.
no país, segundo informou comunicado da
chancelaria hondurenha divulgado na noite de Há de se convir que um texto também deve ser
sábado, em Tegucigalpa”. claro, estando essa qualidade relacionada
diretamente aos elementos coesivos (ligação
(Jornal O Globo – 27/09/2009) entre as partes).

Quando um conectivo não é usado Falar em coesão é necessariamente falar


corretamente, há prejuízo na coesão. Observe: em endófora e exófora. Aquela se impõe no
emprego de pronomes e expressões que se
A escola possui um excelente time de futebol,
referem a elementos nominais presentes na
portanto até hoje não conseguiu vencer o
superfície textual; esta faz remissão a um
campeonato. O conectivo “portanto” confere ao
elemento fora dos limites do texto.
período valor de conclusão, porém não há
verdadeira relação de sentido entre as duas A referenciação ocorre, basicamente, por meio
frases: a conclusão de não vencer não é possuir de dois movimentos, chamados de movimentos
um excelente time de futebol. Analisaremos, a retrospectivo e progressivo, respectivamente
seguir, o problema na coesão: anáfora e catáfora. Tomando como objeto de
análise o mesmo exemplo, vamos observar
É óbvio que existem duas ideias que se opõem,
agora as anáforas e catáforas.
são elas: possuir um time de futebol x não
vencer o campeonato. Vejamos as principais características de cada
uma delas:
Logo, só podemos empregar um conector que
expresse ideia adversativa, são eles: mas, Endófora é dividida em: anáfora e catáfora.
porém, contudo, todavia, entretanto, no
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a) Anáfora: expressão que retoma uma ideia elemento(s) do texto, ou até mesmo de uma
anteriormente expressa. oração inteira.

“Secretária de Educação escreve pichação com Ele comprou um carro. Eu também quero
“x”. Ela justifica a gafe pela pressa”. comprar um.

Observe que o pronome “Ela” retoma uma Ele comprou um carro novo e eu também.
expressão já citada anteriormente – Secretária
de Educação – , portanto trata-se de uma Observe que ocorre uma redefinição, ou seja,
retomada por anáfora.Dica: vale lembrar que a não há identidade entre o item de referência e o
expressão retomada (no exemplo acima item pressuposto. O que existe, na verdade, é
representada pela porção Secretária de uma nova definição nos termos: um, também.
Educação) é, também, chamada, em provas de Comparemos com outro exemplo:
Concurso, de referente ideológico.
Comprei um carro vermelho, mas Pedro preferiu
b) Catáfora: pronome ou expressão nominal um verde.
que antecipa uma expressão presente em
O termo “vermelho” é o adjunto adnominal de
porção posterior do texto. Observe:
carro. Ele é, então, o modificador do
Só queremos isto: a aprovação! substantivo.

No exemplo, o pronome “isto” só pode ser Todavia, esse termo é silenciado e, em seu
recuperado se identificarmos o termo lugar, faz-se presente a porção especificativa
aprovação, que aparece na porção posterior à “verde”. Logo, trata-se de uma redefinição do
estrutura. É, portanto, um exemplo clássico de referente.
catáfora. Vejamos outros:
2) Coesão por elipse: ocorre quando elemento
Eu quero ajuda de alguém: pode ser de você. do texto é omitido em algum dos contextos em
que deveria ocorrer.
(catáfora ou remissão catafórica) Não viu seu
amigo na festa. -Pedro vai comprar o carro?

(catáfora ou remissão catafórica) – Vai!

“A manicure Vanessa foi baleada na Tijuca. Ela Houve a omissão dos termos Paulo (sujeito) e
levou um tiro no abdome”. comprar o carro (predicado verbal), todavia
essa não prejudicou nem a correção gramatical
(anáfora ou remissão anafórica) nem a clareza do texto. Exemplo clássico de
coesão por elipse.
Três homens e uma mulher tentaram roubar um
Xsara Picasso na Tijuca: deram 10 tiros no 3) Coesão por Conjunção: estabelece relações
carro, mas não conseguiram levá-lo. (anáfora significativas entre os elementos ou orações do
ou remissão anafórica) texto, através do uso de marcadores formais –
as conjunções. Essas podem exprimir valor
Exófora: a remissão é feita a algum elemento semântico de adição, adversidade, causa,
da situação comunicativa, ou seja, o referente tempo…
está fora da superfície textual.
Perdeu as forças e caiu. (adição)
Mecanismos de coesão: é meio pelo qual
ocorre a coesão em um texto. Os principais são: Perdeu as forças, mas permaneceu firme.
(adversidade)
1) Coesão por substituição: : consiste na
colocação de um item em lugar de outro(s)
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Perdeu as forças, porque não se alimentou. eventualmente, os efeitos estilísticos que se


(causa) deseja obter.

Perdeu as forças, quando soube a verdade. b)Coesão por colocação ou contiguidade:


(tempo) consiste no uso de termos pertencentes a um
mesmo campo semântico.
Observe que todas as relações de sentido
estabelecidas entre as duas porções textuais Houve um grande evento nas areias de
são feitas por meio dos conectores: e, mas, Copacabana, no último dia 02.
porque, quando.
O motivo da festa foi este: o Rio sediará as
4) Coesão Lexical: é obtida pela seleção olimpíadas de 2016
vocabular. Tal mecanismo é garantido por dois
tipos de procedimentos: EMPREGO DE TEMPOS E MODOS
VERBAIS.
a)Reiteração (repetição): ocorre por
repetição do mesmo item lexical ou através de O verbo indica um processo localizado no
hiperônimos, sinônimos ou nomes genéricos. tempo. Podemos distinguir: presente, pretérito
e futuro.
O aluno estava nervoso. O aluno havia sido
assaltado. (repetição do mesmo item Tempo presente: exprime um fato que ocorre
lexical)Uma menina desapareceu. A garota no momento da fala.
estava envolvida com drogas. Ex.: Estou fazendo exercícios diariamente.

(coesão resultante do uso de sinônimo)Havia


muitas ferramentas espalhadas, mas só
precisava achar o martelo. Tempo passado: exprime um fato que ocorreu
antes do momento da fala.
(coesão por hiperônimo: ferramentas é o
Ex.: Ontem eu fiz uma série de exercícios.
gênero de que martelo é a espécie)

Todos ouviram um barulho atrás da porta. Tempo futuro: exprime um fato que irá ocorrer
Abriram-na e viram uma coisa em cima da depois do ato da fala.
mesa. Ex.: Daqui a quinze minutos irei para a
academia fazer exercícios.
(coesão resultante de um nome genérico)

Observação: nos exemplos acima, observamos O pretérito (ou passado) subdivide-se em:
que retomar um referente por meio de uma
expressão genérica ou por hiperônimo é um • Pretérito perfeito: indica um fato passado
recurso natural de um texto. totalmente concluído.
Ex.: Ninguém relatou o seu delírio.
Muitos estudantes de concursos ou vestibulares
perguntam se é errado repetir palavras em suas
• Pretérito imperfeito: indica um processo
redações. A resposta é simples: se houver, na
passado não totalmente concluído, revela o fato
repetição, finalidade enfática você não será
em sua duração.
penalizado.
Ex.: Ele conversava muito durante a palestra.
Todavia, a escolha dos recursos coesivos mais
adequados deve ser feita, levando-se em • Pretérito mais-que-perfeito: indica um
consideração a articulação geral do texto e, processo passado anterior a outro também
passado.
10

Ex.: “... sempre nos faltara aquele - pode exprimir ideia de dúvida, incerteza.
aproveitamento da vida...” (Mário de Andrade) Ex.: O rapaz que processou o patrão por
racismo, receberá uns trinta mil de
O futuro subdivide-se em: indenização.

• Futuro do presente: indica um fato posterior - pode ser usado com valor de imperativo.
ao momento em que se fala. Ex.: Não levantarás falso testemunho.
Ex.: Não tenho a intenção de esconder nada,
assim que seus pais chegarem contarei o fato • Futuro do pretérito:
ocorrido. - pode ocorrer com valor de presente,
exprimindo polidez ou cerimônia.
• Futuro do pretérito: indica um processo futuro Ex.: Você me faria uma gentileza?
tomado em relação a um fato passado.
Ex.: Ontem você ligou dizendo que viria ao
hospital. Modos verbais

Empregos especiais:
• Modo indicativo: exprime certeza, precisão
• Presente: do falante perante o fato.
- pode ocorrer com valor de perfeito, indicando Ex.: Eu gosto de chocolate.
um processo já ocorrido no passado (presente
histórico). • Modo subjuntivo: exprime atitude de
Ex.: Em 15 de agosto de 1769 nasce Napoleão incerteza, dúvida, imprecisão do falante perante
Bonaparte. (nasce = nasceu) o fato.
Ex.: Espero que você esteja bem.
- pode indicar futuro próximo.
Ex.: Amanhã eu compro o doce pra você. • Modo imperativo: exprime atitude de
(compro = comprarei) ordem, solicitação, convite ou conselho.
Exs.: Não cante agora!
- pode indicar um processo habitual, Empreste-me 10 reais, por favor.
ininterrupto. Venha ao hospital agora, seu amigo vai ser
Ex.: Os animais nascem, crescem, operado.
se reproduzem e morrem. Não ponha tanto sal, isso pode lhe fazer mal.

• Imperfeito:
- pode ocorrer com valor de futuro do pretérito. Infinitivo pessoal ou impessoal
Ex.: Se eu não tivesse motivo, calava. (calava
= calaria) • Infinitivo impessoal: terminado em r para
qualquer pessoa.
• Mais-que-perfeito: Ex.: comprar, comer, partir.
- pode ser usado no lugar do futuro do pretérito
ou do imperfeito do subjuntivo. Emprega-se o infinitivo impessoal:
Ex.: Mais fizera se não fora pouco o dinheiro
que dispunha. (fizera = faria, fora = fosse) a) Quando ele não estiver se referindo a sujeito
algum.
- pode ser usado em orações optativas. Ex.: É preciso amar.
Quem me dera ter um novo amor!
b) Na função de complemento nominal (regido
• Futuro do presente: de preposição).
11

Ex.: Esses exercícios não são fáceis de resolver. mantém relação sintática com outra, chamada
principal.Ex. Sabemos que eles estudam muito.
c) Quando faz parte de uma locução verbal. (oração que funciona como objeto direto).
Ex.: Ele deve ir ao dentista.
Relações de coordenação entre orações e
d) Quando, dependente dos verbos deixar, entre termos da oração.
fazer, ouvir, sentir, mandar, ver, tiver por
Período Composto por Coordenação
sujeito um pronome oblíquo.
Um período composto por coordenação é
Sujeito formado por orações coordenadas, que são
Deixei-as passear. orações independentes sintaticamente, ou seja,
= eles não há qualquer relação sintática entre as
orações do período.Há dois tipos de orações
coordenadas:
e) Quando tiver valor de imperativo.
Ex.: Não fumar neste recinto. 1. Orações Coordenadas Assindéticas

• Infinitivo pessoal: além da desinência r vem São as orações não iniciadas por conjunção
marcado com desinência de pessoa e número. coordenativa.Ex. Chegamos a casa, tiramos a
roupa, banhamo-nos, fomos deitar.
Ex.: cantar – ø
2. Orações Coordenadas Sindéticas
cantar - es
cantar - ø São cinco as orações coordenadas, que são
cantar - mos iniciadas por uma conjunção coordenativa.
cantar - des
cantar – em A) Aditiva: Exprime uma relação de soma, de
adição.
Ex.: Com esse calor convém tomarmos um
sorvete. Conjunções: e, nem, mas também, mas ainda.
- Usa-se o infinitivo pessoal quando o seu
Ex. Não só reclamava da escola, mas também
sujeito é diferente do sujeito do verbo da oração
atenazava os colegas.
principal.
Ex.: A única solução era ficarmos em casa. B) Adversativa: exprime uma ideia contrária à
da outra oração, uma oposição.
DOMÍNIO DA ESTRUTURA
MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO. Conjunções: mas, porém, todavia, no entanto,
entretanto, contudo.
Período composto é aquele formado por duas ou
mais orações. Há dois tipos de períodos Ex. Sempre foi muito estudioso, no entanto não
compostos: se adaptava à nova escola.

1) Período composto por coordenação: C) Alternativa: Exprime ideia de opção, de


Quando as orações não mantêm relação escolha, de alternância.
sintática entre si, ou seja, quando o período é
formado por orações sintaticamente Conjunções: ou, ou…ou, ora… ora, quer… quer.
independentes entre si.Ex. Estive à sua procura,
Ex.Estude, ou não sairá nesse sábado.
mas não o encontrei.
D) Conclusiva: Exprime uma conclusão da
2) Período composto por subordinação:
ideia contida na outra oração.
quando uma oração, chamada subordinada,
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Conjunções: logo, portanto, por isso, por João saiu e encontrou o irmão mais velho.
conseguinte, pois – após o verbo ou entre
vírgulas. Vi, vi e venci.

Ex. Estudou como nunca fizera antes, por isso Não só comprei balas como também comprei
conseguiu a aprovação. bombons.

E) Explicativa: Exprime uma explicação. Ela não avisou, mas também não faria isso.

Conjunções: porque, que, pois – antes do Não estudou nem descansou.


verbo.
EMPREGO DAS CLASSES DE
Ex. Conseguiu a aprovação, pois estudou como PALAVRAS.
nunca fizera antes.
As classes de palavras ou classes gramatica
is são dez: substantivo, verbo, adjetivo,
pronome, artigo, numeral, preposição,
Um pequeno resumo para fixar melhor a
conjunção, interjeição e advérbio.
matéria:
Essas categorias são divididas
É preciso que seja compreendido que entre
em palavras variáveis (aquelas que variam
ambos os termos ou orações envolvidas haverá
em gênero, número ou grau)
a dependência um do outro para que seja
e palavras invariáveis (as que não variam).
exercida qualquer função sintática. A relação é,
pois, simbiótica. Palavras Variáveis e Flexões

Em contrapartida, uma segunda situação Substantivo


ocorre: a independência entre elementos
sintáticos. Veja bem: falamos da autonomia É a palavra que nomeia os seres em geral,
que existe quanto às funções que podem ser desde objetos, fenômenos, lugares, qualidades,
desempenhadas entre palavras, expressões e ações, dentre outros.
orações. Em relação ao sentido, já há outra
Exemplos: Ana, Brasil, beleza.
conversa: como há a construção de um
contexto, as relações de sentido se fazem. É a Flexões: Gênero (masculino e feminino),
relação semântica dentro da coordenação. número (singular e plural) e grau (aumentativo
e diminutivo).
No Período Simples:
Verbo
Herculano e eu vamos sair. – Sujeito composto,
elementos coordenados entre si. É a palavra que indica ações, estado ou
fenômeno da natureza.
Comprei balas e bombons para mim. – Objeto
direto coordenados entre si. Exemplos: existir, sou, chovendo.

Mãe, só tem uma! – Vocativo, termo Flexões: Pessoa (primeira, segunda e terceira),
coordenado à oração com quem se relaciona. número (singular e plural), tempo (presente,
passado e futuro), modo (indicativo, subjuntivo
Raul, irmão mais velho, aconselhou-o a ficar. –
e imperativo) e voz (ativa, passiva e reflexiva).
Aposto, termo coordenado em relação à oração
com quem se relaciona. Adjetivo

No Período Composto: É a palavra que caracteriza, atribui qualidades


aos substantivos.
13

Exemplos: feliz, superinteressante, amável. É a palavra que modifica o verbo, o adjetivo ou


outro advérbio, exprimindo circunstâncias de
Flexões: Gênero (uniforme e biforme), número tempo, modo, intensidade, entre outros.
(simples e composto) e grau (comparativo e
superlativo). Exemplos: melhor, demais, ali.

Pronome Embora seja considerado invariável porque não


sofre flexão de gênero e número, os advérbios
É a palavra que substitui ou acompanha o apresentam flexões de grau: comparativo e
substantivo, indicando a relação das pessoas do superlativo.
discurso.
RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO
Exemplos: eu, contigo, aquele.
ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS
Flexões: Gênero, número e pessoa. DA ORAÇÃO.
Artigo Primeiro, antes de entender sobre a
coordenação entre orações precisamos saber o
É a palavra que antecede o substantivo.
que é uma oração:
Exemplos: o, as, uns, uma.
Oração: é todo enunciado que possua
Flexões: Gênero e número. um verbo.

Numeral Orações coordenadas: são aquelas


“independentes” sintaticamente entre si, ou
É a palavra que indica a posição ou o número de seja, uma não depende da outra para fazer
elementos. sentido. Exemplo:

Exemplos: um, primeiro, dezena. Eu deitei e dormi profundamente.

Flexões: Gênero, número e grau. (Veja que as orações “eu deitei” e “dormi
profundamente” fariam sentido se ficassem
Palavras Invariáveis separadas.)
Preposição Classificação:
É a palavra que liga dois elementos da oração. Orações coordenadas aditivas: indicam um
acréscimo de alguma informação. Ex:
Exemplos: a, após, para.
Eu fechei os olhos e sonhei com você.
Conjunção
Maria estuda à noite e trabalha durante o dia.
É a palavra que liga dois termos ou duas
orações de mesmo valor gramatical.

Exemplos: mas, portanto, conforme. Orações coordenadas adversativas: traduzem


uma idéia de oposição e contraste. Ex:
Interjeição
Ele estudou bastante, porém não foi aprovado.
É a palavra que exprime emoções e
sentimentos. Joana se preparou para a entrevista,
mas acabou não sendo contratada.
Exemplos: Olá!, Viva! Psiu!

Advérbio
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Orações coordenadas alternativas: expressam I. Orações Subordinadas Substantivas:São


um sentido de alternância. Ex: seis as orações subordinadas substantivas, que
são iniciadas por uma conjunção subordinativa
Ora falta ao trabalho, ora chega atrasado. integrante (que, se)

Quer esteja com fome, quer não esteja, você A) Subjetiva: funciona como sujeito da oração
precisa comer. principal.Existem três estruturas de oração
principal que se usam com subordinada
substantiva subjetiva:verbo de ligação +
Orações coordenadas conclusivas: passam predicativo + oração subordinada substantiva
uma idéia de conclusão. Ex: subjetiva.

Eu me esforcei muito para estar aqui, Ex. É necessário que façamos nossos deveres.
portanto não vou desistir.
verbo unipessoal + oração subordinada
Eu não o conheço, por isso não posso julgá-lo. substantiva subjetiva.Verbo unipessoal só é
usado na 3ª pessoa do singular; os mais
comuns são convir, constar, parecer, importar,
interessar, suceder, acontecer.
Orações coordenadas explicativas: justificam e
explicam o que é apresentado. Ex: Ex. Convém que façamos nossos deveres.

Não saia à noite, porque é perigoso. verbo na voz passiva + oração subordinada
substantiva subjetiva.
Deixe a janela aberta, pois está fazendo calor.
Ex. Foi afirmado que você subornou o guarda.
RELAÇÕES DE SUBORDINAÇÃO
ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS B) Objetiva Direta: funciona como objeto
DA ORAÇÃO. direto da oração principal.(sujeito) + VTD +
oração subordinada substantiva objetiva direta.
Domínio da estrutura morfossintática do
período. Ex. Todos desejamos que seu futuro seja
brilhante.
subordinação.
C) Objetiva Indireta: funciona como objeto
Período composto por subordinação: indireto da oração principal.(sujeito) + VTI +
quando uma oração, chamada subordinada, prep. + oração subordinada substantiva
mantém relação sintática com outra, chamada objetiva indireta.
principal.
Ex. Lembro-me de que tu me amavas.
Ex. Sabemos que eles estudam muito. (oração
que funciona como objeto direto) D) Completiva Nominal: funciona como
complemento nominal de um termo da oração
Relações de subordinação entre orações e principal.(sujeito) + verbo + termo intransitivo
entre termos da oração. + prep. + oração subordinada substantiva
completiva nominal.
Período Composto por Subordinação
Ex. Tenho necessidade de que me elogiem.
A uma oração principal podem relacionar-se
sintaticamente três tipos de orações E) Apositiva: funciona como aposto da oração
subordinadas: substantivas, adjetivas e principal; em geral, a oração subordinada
adverbiais. substantiva apositiva vem após dois pontos, ou
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mais raramente, entre vírgulas.oração principal III. Orações Subordinadas Adverbiais


+ : + oração subordinada substantiva apositiva.
São nove as orações subordinadas adverbiais,
Ex. Todos querem o mesmo destino: que que são iniciadas por uma conjunção
atinjamos a felicidade. subordinativa

F) Predicativa: funciona como predicativo do A) Causal: funciona como adjunto adverbial de


sujeito do verbo de ligação da oração causa.
principal.(sujeito) + VL + oração subordinada
substantiva predicativa. Conjunções: porque, porquanto, visto que, já
que, uma vez que, como, que.
Ex. A verdade é que nunca nos satisfazemos
com nossas posses. Ex. Saímos rapidamente, visto que estava
armando um tremendo temporal.
Nota: As subordinadas substantivas podem vir
introduzidas por outras palavras: B) Comparativa: funciona como adjunto
adverbial de comparação. Geralmente, o verbo
Pronomes interrogativos (quem, que, qual…) fica subentendido

Advérbios interrogativos (onde, como, Conjunções: (mais) … que, (menos)… que,


quando…) (tão)… quanto, como.

Perguntou-se quando ele chegaria.Não sei onde Ex. Diocresildo era mais esforçado que o
coloquei minha carteira. irmão(era).

II. Orações Subordinadas Adjetivas C) Concessiva: funciona como adjunto


adverbial de concessão.
As orações subordinadas adjetivas são sempre
iniciadas por um pronome relativo. Conjunções: embora, conquanto, inobstante,
não obstante, apesar de que, se bem que,
São duas as orações subordinadas adjetivas: mesmo que, posto que, ainda que, em que
pese.
A) Restritiva: é aquela que limita, restringe o
sentido do substantivo ou pronome a que se Ex. Todos se retiraram, apesar de não terem
refere. A restritiva funciona como adjunto terminado a prova.
adnominal de um termo da oração principal e
não pode ser isolada por vírgulas. D) Condicional: funciona como adjunto
adverbial de condição.
Ex. A garota com quem simpatizei está à sua
procura. Conjunções: se, a menos que, desde que, caso,
contanto que.
Os alunos cujas redações foram escolhidas
receberão um prêmio. Ex. Você terá um futuro brilhante, desde que se
esforce.
B) Explicativa: serve para esclarecer melhor o
sentido de um substantivo, explicando mais E) Conformativa: funciona como adjunto
detalhadamente uma característica geral e adverbial de conformidade.
própria desse nome. A explicativa funciona
como aposto explicativo e é sempre isolada por Conjunções: como, conforme, segundo.
vírgulas.
Ex. Construímos nossa casa, conforme as
Ex. Londrina, que é a terceira cidade do região especificações dadas pela Prefeitura.
Sul do país, está muito bem cuidada.
16

F) Consecutiva: funciona como adjunto Divisão e emprego dos sinais de


adverbial de consequência. pontuação:

Conjunções: (tão)… que, (tanto)… que, 1 - Ponto ( . )


(tamanho)… que. Ex. Ele fala tão alto, que não
precisa do microfone. a) indicar o final de uma frase declarativa.

G) Temporal: funciona como adjunto adverbial Ex.: Lembro-me muito bem dele.
de tempo.
b) separar períodos entre si.
Conjunções: quando, enquanto, sempre que,
Ex.: Fica comigo. Não vá embora.
assim que, desde que, logo que, mal.
c) nas abreviaturas
Ex. Fico triste, sempre que vou à casa de
Juvenildo. Ex.: Av.; V. Ex.ª

H) Final: funciona como adjunto adverbial de 2 - Dois-pontos ( : )


finalidade.
a) iniciar a fala dos personagens:
Conjunções: a fim de que, para que, porque.
Ex.: Então o padre respondeu:
Ex. Ele não precisa do microfone, para que - Parta agora.
todos o ouçam.
b) antes de apostos ou orações apositivas,
I) Proporcional: funciona como adjunto enumerações ou sequência de palavras que
adverbial de proporção. explicam, resumem ideias anteriores.

Conjunções: à proporção que, à medida que, Ex.: Meus amigos são poucos: Fátima, Rodrigo
tanto mais. À medida que o tempo passa, mais e Gilberto.
experientes ficamos.
c) antes de citação
IV – Orações Reduzidas
Ex.: Como já dizia Vinícius de Morais: “Que o
Quando uma oração subordinada se apresenta amor não seja eterno posto que é chama, mas
sem conjunção ou pronome relativo e com o que seja infinito enquanto dure.”
verbo no infinitivo, no particípio ou no gerúndio,
dizemos que ela é uma oração reduzida, 3 - Reticências ( ... )
acrescentando-lhe o nome de infinitivo, de
a) indicar dúvidas ou hesitação do falante.
particípio ou de gerúndio.
Ex.: Sabe... eu queria te dizer que... esquece.
Ex. Ele não precisa de microfone, para o
ouvirem. b) interrupção de uma frase deixada
gramaticalmente incompleta.
EMPREGO DOS SINAIS DE
PONTUAÇÃO. Ex.: - Alô! João está?
- Agora não se encontra. Quem sabe se ligar
mais tarde...
Os sinais de pontuação são sinais gráficos
empregados na língua escrita para tentar c) ao fim de uma frase gramaticalmente
recuperar recursos específicos da língua falada, completa com a intenção de sugerir
tais como: entonação, jogo de silêncio, pausas, prolongamento de ideia.
etc.
17

Ex.: “Sua tez, alva e pura como um foco de b) Às vezes, juntamente com o ponto de
algodão, tingia-se nas faces duns longes cor-de- exclamação
rosa...” (Cecília - José de Alencar)
Ex.: - Quem ganhou na loteria?
d) indicar supressão de palavra (s) numa - Você.
frase transcrita. - Eu?!

Ex.: “Quando penso em você (...) menos a 7 - Vírgula ( , )


felicidade.” (Canteiros - Raimundo Fagner)
É usada para marcar uma pausa do enunciado
4- Parênteses ( ( ) ) com a finalidade de nos indicar que os termos
por ela separados, apesar de participarem da
a) isolar palavras, frases intercaladas de mesma frase ou oração, não formam uma
caráter explicativo e datas. unidade sintática.
Exemplos:
Ex.: Lúcia, esposa de João, foi a ganhadora
Na 2ª Guerra Mundial (1939-1945), ocorreu única da Sena.
inúmeras perdas humanas.
Dicas:
"Uma manhã lá no Cajapió (Joca lembrava-se Podemos concluir que quando há uma
como se fora na véspera), acordara depois relação sintática entre termos da oração,
duma grande tormenta no fim do verão.” (O não se pode separá-los por meio de
milagre das chuvas no Nordeste- Graça Aranha) vírgula.
Dicas: Não se separam por vírgula:
Os parênteses também podem substituir a
vírgula ou o travessão. a) predicado de sujeito;
b) objeto de verbo;
5- Ponto de Exclamação ( ! ) c) adjunto adnominal de nome;
d) complemento nominal de nome;
a) Após vocativo
e) predicativo do objeto do objeto;
Ex.: “Parte, Heliel!” (As violetas de Nossa Srª. - f) oração principal da subordinada
Humberto de Campos) substantiva (desde que esta não seja
apositiva nem apareça na ordem inversa)
b) Após imperativo
A vírgula no interior da oração
Ex.: Cale-se! É utilizada nas seguintes situações:

c) Após interjeição a) separar o vocativo.


Exemplos:
Ex.: Ufa! Ai!
Maria, traga-me uma xícara de café.
d) Após palavras ou frases que denotem
A educação, meus amigos, é fundamental para
caráter emocional
o progresso do país.
Ex.: Que pena!
b) separar alguns apostos.
6- Ponto de Interrogação ( ? ) Ex.: Valdete, minha antiga empregada, esteve
aqui ontem.
a) Em perguntas diretas
c) separar o adjunto adverbial antecipado
Ex.: Como você se chama? ou intercalado.
Exemplos:
18

Chegando de viagem, procurarei por você. dar ênfase, o uso da vírgula passa a ser
As pessoas, muitas vezes, são falsas. obrigatório.

d) separar elementos de uma enumeração. Ex.: Não fui nem ao velório, nem ao enterro,
nem à missa de sétimo dia.
Ex.: Precisa-se de pedreiros, serventes, mestre-
de-obras. A vírgula entre orações

e) isolar expressões de caráter explicativo É utilizada nas seguintes situações:


ou corretivo.
a) separar as orações subordinadas
Ex.: Amanhã, ou melhor, depois de amanhã
adjetivas explicativas.
podemos nos encontrar para acertar a viagem.

f) separar conjunções intercaladas. Ex.: Meu pai, de quem guardo amargas


lembranças, mora no Rio de Janeiro.
Ex.: Não havia, porém, motivo para tanta raiva.
b) separar as orações coordenadas
g) separar o complemento pleonástico
sindéticas e assindéticas (exceto as
antecipado.
iniciadas pela conjunção “e”).
Ex.: A mim, nada me importa. Exemplos:

h) isolar o nome de lugar na indicação de Acordei, tomei meu banho, comi algo e saí para
datas. o trabalho.
Estudou muito, mas não foi aprovado no
Ex.: Belo Horizonte, 26 de janeiro de 2001. exame.

i) separar termos coordenados


Atenção:
assindéticos.
Há três casos em que se usa a vírgula
Ex.: "Lua, lua, lua, lua, antes da conjunção e:
por um momento meu canto contigo
compactua..." (Caetano Veloso) 1) quando as orações coordenadas
possuírem sujeitos diferentes.
j) marcar a omissão de um termo
(normalmente o verbo). Ex.: Os ricos estão cada vez mais ricos, e os
pobres, cada vez mais pobres.
Ex.: Ela prefere ler jornais e eu, revistas.
(omissão do verbo preferir)
2) quando a conjunção “e” vier repetida
Dicas: com a finalidade de dar ênfase
Termos coordenados ligados pelas (polissíndeto).
conjunções: e, ou, nem dispensam o uso da
vírgula. Ex.: E chora, e ri, e grita, e pula de alegria.
Exemplos:
3) quando a conjunção “e” assumir valores
Conversaram sobre futebol, religião e política. distintos que não retratarem sentido de
Não se falavam nem se olhavam. adição (adversidade, consequência, por
Ainda não me decidi se viajarei para Bahia ou exemplo)
Ceará.
Ex.: Coitada! Estudou muito, e ainda assim não
Entretanto, se essas conjunções foi aprovada.
aparecerem repetidas, com a finalidade de
19

inexpressivas, numa quietude apática, era


c) separar orações subordinadas pronunciadamente vultuoso, o que mais se
adverbiais (desenvolvidas ou reduzidas), acentuava no fim da vida, quando a bronquite
principalmente se estiverem antepostas à crônica de que sofria desde moço se foi
oração principal. transformando em opressora asma cardíaca; os
lábios grossos, o inferior um tanto tenso (...) "
Ex.: "No momento em que o tigre se lançava, (O visconde de Inhomerim - Visconde de
curvou-se ainda mais; e fugindo com o corpo Taunay)
apresentou o gancho." (O selvagem - José de
Alencar) 9- Travessão ( — )

d) separar as orações intercaladas. a) dar início à fala de um personagem

Ex.: "- Senhor, disse o velho, tenho grandes Ex.: O filho perguntou:
contentamentos em estar plantando-a...” — Pai, quando começarão as aulas?

Dicas: b) indicar mudança do interlocutor nos


Essas orações poderão ter suas vírgulas diálogos
substituídas por duplo travessão.
Ex.: - Doutor, o que tenho é grave?
Ex.: "Senhor - disse o velho - tenho grandes - Não se preocupe, é uma simples infecção. É só
contentamentos em estar plantando-a...” tomar um antibiótico e estará bom

e) separar as orações substantivas c) unir grupos de palavras que indicam


antepostas à principal. itinerários

Ex.: Quanto custa viver, realmente não sei. Ex.: A rodovia Belém-Brasília está em péssimo
estado.
8- Ponto e vírgula ( ; )
Dicas:
a) separar os itens de uma lei, de um decreto, Também pode ser usado em substituição à
de uma petição, de uma sequência, etc. virgula em expressões ou frases
explicativas
Ex.: Art. 127 – São penalidades disciplinares:
I- advertência; Ex.: Xuxa — a rainha dos baixinhos — será
II- suspensão; mãe.
III- demissão;
IV- cassação de aposentadoria ou 10- ASPAS ( “ ” )
disponibilidade;
V- destituição de cargo em comissão; a) isolar palavras ou expressões que fogem
VI- destituição de função comissionada. (cap. V à norma culta, como gírias,
das penalidades referentes ao Direito estrangeirismos, palavrões, neologismos,
Administrativo) arcaísmos e expressões populares.
Exemplos:
b) separar orações coordenadas muito
extensas ou orações coordenadas nas Maria ganhou um apaixonado “ósculo” do seu
quais já tenham utilizado a vírgula. admirador.
A festa na casa de Lúcio estava “chocante”.
Ex.: “O rosto de tez amarelenta e feições Conversando com meu superior, dei a ele um
20

“feedback” do serviço a mim requerido. Conheça as principais regras em cada caso:

b) indicar uma citação textual Concordância Verbal

1. Sujeito composto antes do verbo


Ex.: “Ia viajar! Viajei. Trinta e quatro vezes, às
pressas, bufando, com todo o sangue na face, Quando o sujeito é composto e vem antes do
desfiz e refiz a mala”. (O prazer de viajar - Eça verbo, esse verbo deve estar sempre no plural.
de Queirós)
Exemplo:
Dicas:
Maria e José conversaram até de madrugada.
Se dentro de um trecho já destacado por
aspas, se fizer necessário a utilização de 2. Sujeito composto depois do verbo
novas aspas, estas serão simples. (' ')
Quando o sujeito composto vem depois do
Recursos alternativos para pontuação: verbo, o verbo tanto pode ficar no plural como
pode concordar com o sujeito mais próximo.
Parágrafo ( § )
Chave ( { } ) Exemplos:
Colchete ( [ ] )
Discursaram diretor e professores.
Barra ( / )
Discursou diretor e professores.
CONCORDÂNCIA VERBAL E 3. Sujeito formado por pessoas gramaticais
NOMINAL. diferentes

Concordância verbal e nominal é a parte da Quando o sujeito é composto, mas as pessoas


gramática que estuda a conformidade gramaticais são diferentes, o verbo também
estabelecida entre cada componente da oração. deve ficar no plural. No entanto, ele concordará
com a pessoa que, a nível gramatical, tem
Enquanto a concordância verbal se ocupa da prioridade.
relação entre sujeito e verbo, a concordância
nominal se ocupa da relação entre as classes de Isso quer dizer que 1.ª pessoa (eu, nós) tem
palavras: prioridade em relação à 2.ª (tu, vós) e a 2.ª
tem prioridade em relação à 3.ª (ele, eles).
concordância verbal = sujeito e verbo
concordância nominal = classes de palavras Exemplos:

Exemplo: Nós estudaremos regras e exemplos Nós, vós e eles vamos à festa.
complicados juntos. Tu e ele falais outra língua?

Na oração acima, temos esses dois tipos de Veja também:


concordância:
Concordância Verbal
Ao concordar o sujeito (nós) com o verbo
(estudaremos), estamos diante de um caso de Exercícios de Concordância Verbal
concordância verbal.
Concordância Nominal
Já, quando os substantivos (regras e exemplos)
1. Adjetivos e um substantivo
concordam com o adjetivo (complicados),
estamos diante de um caso de concordância
nominal.
21

Quando há mais do que um adjetivo para um complemento (termo regido) através do uso de
substantivo, os adjetivos devem concordar em uma preposição.
gênero e número com o substantivo.
Exemplos de regência verbal
Exemplo: preposicionada:

Adorava comida salgada e gordurosa. assistir a;

2. Substantivos e um adjetivo obedecer a;

No caso inverso, ou seja, quando há mais do avisar a;


que um substantivo e apenas um adjetivo, há
duas formas de concordar: agradar a;

2.1. Quando o adjetivo vem antes dos morar em;


substantivos, o adjetivo deve concordar com o
apoiar-se em;
substantivo mais próximo.
transformar em;
Exemplo:
morrer de;
Linda filha e bebê.
constar de;
2.2. Quando o adjetivo vem depois dos
substantivos, o adjetivo deve concordar com o sonhar com;
substantivo mais próximo ou com todos os
substantivos. indignar-se com;

Exemplos: ensaiar para;

Pronúncia e vocabulário perfeito. apaixonar-se por;


Vocabulário e pronúncia perfeita.
cair sobre.
Pronúncia e vocabulário perfeitos.
Vocabulário e pronúncia perfeitos. Exemplos de regência nominal:

REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL. favorável a;

apto a;
Entre os diversos termos de uma oração ocorre
regência verbal e regência nominal. Há um livre de;
termo regente que apresenta um sentido
incompleto sem o termo regido, que atua como sedento de;
seu complemento.
intolerante com;
A regência verbal indica a relação que um
compatível com;
verbo (termo regente) estabelece com o seu
complemento (termo regido) através do uso ou interesse em;
não de uma preposição. Na regência verbal os
termos regidos são o objeto direto (sem perito em;
preposição) e o objeto indireto
mau para;
(preposicionado).
pronto para;
A regência nominal indica a relação que um
nome (termo regente) estabelece com o seu
22

respeito por; As preposições mais utilizadas na regência


verbal são: a, de, com, em, para e por.
responsável por.
Preposição a: perdoar a, chegar a, sujeitar-se
Regência verbal com verbos transitivos a,...
diretos
Preposição de: vangloriar-se de, libertar de,
Os verbos transitivos diretos apresentam um precaver-se de,...
objeto direto como termo regido, não sendo
necessária uma preposição para estabelecer a Preposição com: parecer com, zangar-se com,
regência verbal. O objeto direto responde, guarnecer com,...
principalmente, às perguntas o quê? e quem?,
indicando o elemento que sofre a ação verbal. Preposição em: participar em, teimar em,
viciar-se em,...
Exemplos:
Preposição para: esforçar-se para, convidar
Você já fez os deveres? para, habilitar para,...

Eu quero um carro novo. Preposição por: interessar-se por, começar


por, ansiar por,...
A criança bebeu o suco.
Veja também: Outros exemplos de regência
Regência verbal com verbos transitivos verbal preposicionada.
indiretos
Regência nominal: principais preposições
Os verbos transitivos indiretos apresentam um
objeto indireto como termo regido, sendo As preposições mais utilizadas na regência
obrigatória a presença de uma preposição para nominal são, também: a, de, com, em, para,
estabelecer a regência verbal. O objeto indireto por.
responde, principalmente, às perguntas de quê?
para quê? de quem? para quem? em quem?, Preposição a: anterior a, contrário a,
indicando o elemento ao qual se destina a ação equivalente a,...
verbal.
Preposição de: capaz de, digno de, incapaz
Exemplos: de,...

O funcionário não se lembrou da reunião. Preposição com: impaciente com, cuidadoso


com, descontente com,...
Ninguém simpatiza com ele.
Preposição em: negligente em, versado em,
Você não respondeu à minha pergunta. parco em,...

As preposições usadas na regência verbal Preposição para: essencial para, próprio para,
podem aparecer na sua forma simples, bem apto para,...
como contraídas ou combinadas com artigos e
pronomes. Preposição por: admiração por, ansioso por,
devoção por,...
Preposições simples: a, de, com, em, para,
por, sobre, desde, até, sem,... EMPREGO DO SINAL INDICATIVO
Contração e combinação de preposições: à, DE CRASE.
ao, do, das, destes, no, numa, nisto, pela,
pelo,... CRASE: é uma palavra de origem grega e
significa “mistura”, “fusão”. Nos estudos de
23

Língua Portuguesa, é o nome dado à fusão ou Refiro-me a você. (sem crase) – Gosto de você
contração de duas letras “a” em uma só. A / Penso em você / Apaixonei-me por você.
crase é indicada pelo acento grave (`) sobre o
“a”. Crase, portanto, NÃOé o nome do acento, Refiro-me à menina. (com crase) – Gosto da
mas do fenômeno (junção a + a) representado menina / Penso na menina / Apaixonei-me pela
através do acento grave. menina.

A crase pode ser a fusão da preposição a com: Começou a gritar. (sem crase) – Gosta de gritar
/ Insiste em gritar / Optou por gritar.
1) o artigo feminino definido a (ou as): Fomos à
cidade e assistimos às festas. 3 – Substitua verbos que transmitem a idéia de
movimento (ir, voltar, vir, chegar etc.) pelo
2) o pronome demonstrativo a (ou as): Irei às verbo voltar. Ocorrendo a
(lojas) do centro. preposição “de”, NÃOhaverá crase. E se ocorrer
a preposição “da”, HAVERÁ crase:
3) os pronomes
demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo: Vou a Roma. / Voltei de Roma.
Refiro-me àquele fato.
Vou à Roma dos Césares. / Voltei da Roma dos
4) o a dos pronomes relativos a qual e as Césares.
quais: Há cidades brasileiras às quais não é
possível enviar correspondência. Voltarei a Paris e à Suiça. / Voltarei de Paris
e da Suiça.
Observe que a ocorrência da crase depende da
verificação da existência de duas Ocorrendo a preposição “de”, NÃO haverá
vogais “a” (preposição + artigo ou crase. E se ocorrer a preposição “da”, HAVERÁ
preposição+ pronome) no contexto sintático. crase:

REGRAS PRÁTICAS Vou a Roma. / Voltei de Roma.

1 – Substitua a palavra feminina por uma Vou à Roma dos Césares. / Voltei da Roma dos
masculina, de mesma natureza. Se aparecer a Césares.
combinação ao, é certo que OCORRERÁ crase
Voltarei a Paris e à Suiça. / Voltarei de Paris
antes do termo feminino:
e da Suiça.
Amanhã iremos ao colégio / à escola.
4 – A crase deve ser usada no caso de
Prefiro o futebol ao voleibol / à natação. locuções, ou seja, reunião de palavras que
equivalem a uma só idéia. Se a locução começar
Resolvi o problema / a questão. por preposição e se o núcleo da locução for
palavra feminina, então haverá crase:
Vou ao campo / à praia.
Gente à toa.
Eles foram ao parque / à praça.
Vire à direita.
2 – Substitua o termo regente da
preposição a por outro que exija uma Tudo às claras.
preposição diferente (de, em, por). Se essas
preposições não se contraírem com o artigo, ou Hoje à noite.
seja, se não surgirem as
Navio à deriva.
formas da(s), na(s) ou pela(s), não haverá
crase: Tudo às avessas.
24

No caso da locução “à moda de”, a Exemplo:


expressão “moda de” pode vir subentendida,
deixando apenas o “à” expresso, como nos Jamais se pode falar mal dos outros.
exemplos que seguem: Nunca me preocupei com isso.

Sapatos à Luiz XV. • Quando o verbo estiver antecedido de


um advérbio:
Relógios à Santos Dummont.
Exemplo:
Filé à milanesa.
Realmente, preocupei-me com isso.
Churrasco à gaúcha.
Exemplo:
No caso de locuções relativas a
horários, somente no caso de horas definidas e Pouco me importa o que você pensa.
especificadas ocorrerá a crase:
Quando houver pausa (vírgula) entre o advérbio
À meia-noite. e o verbo usa-se a ênclise.

À uma hora. • Em orações com palavras exclamativas, ou em


orações que exprimem desejos (optativas):
À duas horas.
Exemplo:
Às três e quarenta.
Como nos divertiu este palhaço!
COLOCAÇÃO DOS PRONOMES Que seu novo amor lhe faça feliz!
ÁTONOS.
• Em orações iniciadas por palavras que tenham
sentido de perguntas interrogativas.
II. Colocação dos pronomes átonos
Exemplo:
Os pronomes oblíquos átonos são: me, nos, te,
vos, o, a, os, as, lhe, lhes, se. Estes pronomes Quem lhe deu este anel?
podem se encontrar em três posições
diferentes, em relação ao verbo: • Quando o gerúndio estiver antecedido de
uma preposição, geralmente “em”.
Próclise: pronomes oblíquos átonos antes do
verbo Exemplo:
Ex.: Não se imaginava o tamanho daquele
ônibus. Em se tratando de casamento, quero o mais
rápido possível.
Ênclise: pronomes oblíquos átonos depois do
verbo Alguns casos em que ocorre mesóclise

Ex.: Vou buscá-la na escola hoje. • Somente usamos a mesóclise em verbos no


futuro do pretérito do indicativo ou no futuro do
Mesóclise: pronomes oblíquos átonos entre o presente, e quando não ocorrer na frase
verbo próclise.

Ex.: Dar-lhe-ei tudo o que você quiser. Ex.: Os advogados entregar-nos-ão os


documentos amanhã.
Alguns casos em que ocorre próclise
• Quando o verbo estiver antecedido de • Casa houver a necessidade de ter uma
palavras com sentido negativo (nem, não, próclise na frase, a mesóclise será
ninguém, nada, jamais e etc.).
25

desconsiderada, mesmo o verbo estando no Figuras de palavras


futuro.
As figuras de palavra consistem no emprego de
Exemplo: um termo com sentido diferente daquele
Ninguém lhe mostraria, pois você não foi convencionalmente empregado, a fim de se
sincera. conseguir um efeito mais expressivo na
comunicação.
Alguns casos em que ocorre ênclise
São figuras de palavras:
• No inicio de uma frase, ou depois de uma
vírgula (pausa) Comparação:

Exemplo: Ocorre comparação quando se estabelece


aproximação entre dois elementos que se
Ex.: Vi-me apaixonado por aquela linda moça. identificam, ligados por conectivos comparativos
Quase chorei quando a vi, emocionei-me com explícitos – feito, assim como, tal, como, tal
sua presença. qual, tal como, qual, que nem – e alguns verbos
– parecer, assemelhar-se e outros.
• Em verbos sem preposição (em) e no
gerúndio. Exemplos: “Amou daquela vez como se fosse
máquina. / Beijou sua mulher como se fosse
Exemplo:
lógico.” (Chico Buarque);
Ex.: Já estava esquecendo-me do seu
“As solteironas, os longos vestidos negros
aniversário.
fechados no pescoço, negros xales nos ombros,
• Em orações coordenadas. pareciam aves noturnas paradas…” (Jorge
Amado).
Exemplo:
Metáfora:
Ex.: Eles dirigiram-se até a festa de um amigo.
Ocorre metáfora quando um termo substitui
• Quando um substantivo ou pronome precedido outro através de uma relação de semelhança
do verbo estiver representando o sujeito: resultante da subjetividade de quem a cria. A
metáfora também pode ser entendida como
Exemplo:
uma comparação abreviada, em que o conectivo
O cliente queixou-se do pouco caso do não está expresso, mas subentendido.
atendente.
Exemplo: “Supondo o espírito humano uma
vasta concha, o meu fim, Sr. Soares, é ver se
REESCRITA DE FRASES E
posso extrair pérolas, que é a razão.” (Machado
PARÁGRAFOS DO TEXTO. de Assis).
Reescritura de frases e parágrafos do texto Metonímia:
Figuras de estilo, figuras ou Desvios de Ocorre metonímia quando há substituição de
linguagem são nomes dados a alguns processos uma palavra por outra, havendo entre ambas
que priorizam a palavra ou o todo para tornar o algum grau de semelhança, relação,
texto mais rico e expressivo ou buscar um novo proximidade de sentido ou implicação mútua.
significado, possibilitando uma reescritura Tal substituição fundamenta-se numa relação
correta de textos. objetiva, real, realizando-se de inúmeros
modos:
Podem ser:
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– o continente pelo conteúdo e vice-versa: – o indivíduo pela espécie (nome próprio pelo
Antes de sair, tomamos um cálice (o conteúdo nome comum): Para os artistas ele foi um
de um cálice) de licor. mecenas (protetor).

– a causa pelo efeito e vice-versa: “E assim o Catacrese:


operário ia / Com suor e com cimento (com
trabalho) / Erguendo uma casa aqui / Adiante A catacrese é um tipo de especial de metáfora,
um apartamento.” (Vinicius de Moraes). “é uma espécie de metáfora desgastada, em
que já não se sente nenhum vestígio de
– o lugar de origem ou de produção pelo inovação, de criação individual e pitoresca. É a
produto: Comprei uma garrafa do legítimo porto metáfora tornada hábito linguístico, já fora do
(o vinho da cidade do Porto). âmbito estilístico.” (Othon M. Garcia).

– o autor pela obra: Ela parecia ler Jorge Amado São exemplos de catacrese: folhas de livro /
(a obra de Jorge Amado). pele de tomate / dente de alho / montar em
burro / céu da boca / cabeça de prego / mão de
– o abstrato pelo concreto e vice-versa: Não direção / ventre da terra / asa da xícara / sacar
devemos contar com o seu coração dinheiro no banco.
(sentimento, sensibilidade).
Sinestesia:
– o símbolo pela coisa simbolizada: A coroa (o
poder) foi disputada pelos revolucionários. A sinestesia consiste na fusão de sensações
diferentes numa mesma expressão. Essas
– a matéria pelo produto e vice-versa: Lento, o sensações podem ser físicas (gustação, audição,
bronze (o sino) soa. visão, olfato e tato) ou psicológicas (subjetivas).

– o inventor pelo invento: Edson (a energia Exemplo: “A minha primeira recordação é um


elétrica) ilumina o mundo. muro velho, no quintal de uma casa indefinível.
Tinha várias feridas no reboco e veludo de
– a coisa pelo lugar: Vou à Prefeitura (ao
musgo. Milagrosa aquela mancha verde
edifício da Prefeitura).
[sensação visual] e úmida, macia [sensações
– o instrumento pela pessoa que o utiliza: Ele é táteis], quase irreal.” (Augusto Meyer)
um bom garfo (guloso, glutão).
Antonomásia:
Sinédoque:
Ocorre antonomásia quando designamos uma
Ocorre sinédoque quando há substituição de um pessoa por uma qualidade, característica ou fato
termo por outro, havendo ampliação ou redução que a distingue.
do sentido usual da palavra numa relação
Na linguagem coloquial, antonomásia é o
quantitativa. Encontramos sinédoque nos
mesmo que apelido, alcunha ou cognome, cuja
seguintes casos:
origem é um aposto (descritivo, especificativo
– o todo pela parte e vice-versa: “A cidade etc.) do nome próprio.
inteira (o povo) viu assombrada, de queixo
Exemplos: “E ao rabi simples (Cristo), que a
caído, o pistoleiro sumir de ladrão, fugindo nos
igualdade prega, / Rasga e enlameia a túnica
cascos (parte das patas) de seu cavalo.” (J.
inconsútil; (Raimundo Correia). / Pelé (= Edson
Cândido de Carvalho)
Arantes do Nascimento) / O Cisne de Mântua (=
– o singular pelo plural e vice-versa: O paulista Virgílio) / O poeta dos escravos (= Castro Alves)
(todos os paulistas) é tímido; o carioca (todos / O Dante Negro (= Cruz e Souza) / O Corso (=
os cariocas), atrevido. Napoleão)
27

Alegoria: Exemplo: “Não nos movemos, as mãos é que se


estenderam pouco a pouco, todas quatro,
A alegoria é uma acumulação de metáforas pegando-se, apertando-se, fundindo-se.”
referindo-se ao mesmo objeto; é uma figura (Machado de Assis).
poética que consiste em expressar uma situação
global por meio de outra que a evoque e Elipse:
intensifique o seu significado. Na alegoria, todas
as palavras estão transladadas para um plano Ocorre elipse quando omitimos um termo ou
que não lhes é comum e oferecem dois sentidos oração que facilmente podemos identificar ou
completos e perfeitos – um referencial e outro subentender no contexto. Pode ocorrer na
metafórico. supressão de pronomes, conjunções,
preposições ou verbos. É um poderoso recurso
Exemplo: “A vida é uma ópera, é uma grande de concisão e dinamismo.
ópera. O tenor e o barítono lutam pelo soprano,
em presença do baixo e dos comprimários, Exemplo: “Veio sem pinturas, em vestido leve,
quando não são o soprano e o contralto que sandálias coloridas.” (elipse do pronome ela (Ela
lutam pelo tenor, em presença do mesmo baixo veio) e da preposição de (de sandálias…).
e dos mesmos comprimários. Há coros
Zeugma:
numerosos, muitos bailados, e a orquestra é
excelente…” (Machado de Assis). Ocorre zeugma quando um termo já expresso
na frase é suprimido, ficando subentendida sua
Figuras de sintaxe ou de construção:
repetição.
As figuras de sintaxe ou de construção dizem
Exemplo: “Foi saqueada a vida, e assassinados
respeito a desvios em relação à concordância
os partidários dos Felipes.” (Zeugma do verbo:
entre os termos da oração, sua ordem,
“e foram assassinados…”) (Camilo Castelo
possíveis repetições ou omissões.
Branco).
Elas podem ser construídas por:
Anáfora:
a) omissão: assíndeto, elipse e zeugma;
Ocorre anáfora quando há repetição intencional
b) repetição: anáfora, pleonasmo e polissíndeto; de palavras no início de um período, frase ou
verso.
c) inversão: anástrofe, hipérbato, sínquise e
hipálage; Exemplo: “Depois o areal extenso… / Depois o
oceano de pó… / Depois no horizonte imenso /
d) ruptura: anacoluto; Desertos… desertos só…” (Castro Alves).

e) concordância ideológica: silepse. Pleonasmo:

Portanto, são figuras de construção ou sintaxe: Ocorre pleonasmo quando há repetição da


mesma idéia, isto é, redundância de significado.
Assíndeto:
a) Pleonasmo literário:
Ocorre assíndeto quando orações ou palavras
deveriam vir ligadas por conjunções É o uso de palavras redundantes para reforçar
coordenativas, aparecem justapostas ou uma idéia, tanto do ponto de vista semântico
separadas por vírgulas. quanto do ponto de vista sintático. Usado como
um recurso estilístico, enriquece a expressão,
Exigem do leitor atenção maior no exame de dando ênfase à mensagem.
cada fato, por exigência das pausas rítmicas
(vírgulas).
28

Exemplo: “Iam vinte anos desde aquele dia / Exemplo: “Passeiam à tarde, as belas na
Quando com os olhos eu quis ver de perto / Avenida. ” (As belas passeiam na Avenida à
Quando em visão com os da saudade via.” tarde.) (Carlos Drummond de Andrade).
(Alberto de Oliveira).
Sínquise:
“Morrerás morte vil na mão de um forte.”
(Gonçalves Dias) Ocorre sínquise quando há uma inversão
violenta de distantes partes da frase. É um
“Ó mar salgado, quando do teu sal / São hipérbato exagerado.
lágrimas de Portugal” (Fernando Pessoa).
Exemplo: “A grita se alevanta ao Céu, da gente.
b) Pleonasmo vicioso: ” (A grita da gente se alevanta ao Céu )
(Camões).
É o desdobramento de idéias que já estavam
implícitas em palavras anteriormente expressas. Hipálage:
Pleonasmos viciosos devem ser evitados, pois
não têm valor de reforço de uma idéia, sendo Ocorre hipálage quando há inversão da posição
apenas fruto do descobrimento do sentido real do adjetivo: uma qualidade que pertence a um
das palavras. objeto é atribuída a outro, na mesma frase.

Exemplos: subir para cima / entrar para dentro Exemplo: “… as lojas loquazes dos barbeiros.”
/ repetir de novo / ouvir com os ouvidos / (as lojas dos barbeiros loquazes.) (Eça de
hemorragia de sangue / monopólio exclusivo / Queiros).
breve alocução / principal protagonista.
Anacoluto:
Polissíndeto:
Ocorre anacoluto quando há interrupção do
Ocorre polissíndeto quando há repetição plano sintático com que se inicia a frase,
enfática de uma conjunção coordenativa mais alterando-lhe a seqüência lógica. A construção
vezes do que exige a norma gramatical do período deixa um ou mais termos – que não
(geralmente a conjunção e). É um recurso que apresentam função sintática definida –
sugere movimentos ininterruptos ou desprendidos dos demais, geralmente depois de
vertiginosos. uma pausa sensível.

Exemplo: “Vão chegando as burguesinhas Exemplo: “Essas empregadas de hoje, não se


pobres, / e as criadas das burguesinhas ricas / e pode confiar nelas.” (Alcântara Machado).
as mulheres do povo, e as lavadeiras da
Silepse:
redondeza.” (Manuel Bandeira).
Ocorre silepse quando a concordância não é
Anástrofe:
feita com as palavras, mas com a idéia a elas
Ocorre anástrofe quando há uma simples associada.
inversão de palavras vizinhas
a) Silepse de gênero:
(determinante/determinado).
Ocorre quando há discordância entre os gêneros
Exemplo: “Tão leve estou (estou tão leve) que
gramaticais (feminino ou masculino).
nem sombra tenho.” (Mário Quintana).
Exemplo: “Quando a gente é novo, gosta de
Hipérbato:
fazer bonito.” (Guimarães Rosa).
Ocorre hipérbato quando há uma inversão
b) Silepse de número:
completa de membros da frase.
29

Ocorre quando há discordância envolvendo o Exemplo: “Amor é fogo que arde sem se ver; /
número gramatical (singular ou plural). É ferida que dói e não se sente; / É um
contentamento descontente; / É dor que
Exemplo: Corria gente de todos lados, e desatina sem doer;” (Camões)
gritavam.” (Mário Barreto).
Eufemismo:
c) Silepse de pessoa:
Ocorre eufemismo quando uma palavra ou
Ocorre quando há discordância entre o sujeito expressão é empregada para atenuar uma
expresso e a pessoa verbal: o sujeito que fala verdade tida como penosa, desagradável ou
ou escreve se inclui no sujeito enunciado. chocante.
Exemplo: “Na noite seguinte estávamos Exemplo: “E pela paz derradeira (morte) que
reunidas algumas pessoas.” (Machado de Assis). enfim vai nos redimir Deus lhe pague”. (Chico
Buarque).
Figuras de pensamento:
Gradação:
As figuras de pensamento são recursos de
linguagem que se referem ao significado das Ocorre gradação quando há uma seqüência de
palavras, ao seu aspecto semântico. palavras que intensificam uma mesma ideia.
São figuras de pensamento: Exemplo: “Aqui… além… mais longe por onde eu
movo o passo.” (Castro Alves).
Antítese:
Hipérbole:
Ocorre antítese quando há aproximação de
palavras ou expressões de sentidos opostos. Ocorre hipérbole quando há exagero de uma
ideia, a fim de proporcionar uma imagem
Exemplo: “Amigos ou inimigos estão, amiúde,
emocionante e de impacto.
em posições trocadas. Uns nos querem mal, e
fazem-nos bem. Outros nos almejam o bem, e Exemplo: “Rios te correrão dos olhos, se
nos trazem o mal.” (Rui Barbosa). chorares!” (Olavo Bilac).
Apóstrofe: Ironia:
Ocorre apóstrofe quando há invocação de uma Ocorre ironia quando, pelo contexto, pela
pessoa ou algo, real ou imaginário, que pode entonação, pela contradição de termos, sugere-
estar presente ou ausente. Corresponde ao se o contrário do que as palavras ou orações
vocativo na análise sintática e é utilizada para parecem exprimir. A intenção é depreciativa ou
dar ênfase à expressão. sarcástica.
Exemplo: “Deus! ó Deus! onde estás, que não Exemplo: “Moça linda, bem tratada, / três
respondes?” (Castro Alves). séculos de família, / burra como uma porta: /
um amor.” (Mário de Andrade).
Paradoxo:
Prosopopeia:
Ocorre paradoxo não apenas na aproximação de
palavras de sentido oposto, mas também na de Ocorre prosopopeia (ou animização ou
idéias que se contradizem referindo-se ao personificação) quando se atribui movimento,
mesmo termo. É uma verdade enunciada com ação, fala, sentimento, enfim, caracteres
aparência de mentira. Oxímoro (ou oximoron) é próprios de seres animados a seres inanimados
outra designação para paradoxo. ou imaginários.
30

Também a atribuição de características Obs 2: A preposição “como” também gera


humanas a seres animados constitui confusão com o verbo “comer” na 1ª pessoa do
prosopopeia o que é comum nas fábulas e nos singular.
apólogos, como este exemplo de Mário de
Quintana: “O peixinho (…) silencioso e A ambiguidade normalmente é indesejável na
levemente melancólico…” comunicação unidirecional, em particular na
escrita, pois nem sempre é possível contactar o
Exemplos: “… os rios vão carregando as queixas emissor da mensagem para questioná-lo sobre
do caminho.” (Raul Bopp) sua intenção comunicativa original e assim
obter a interpretação correta da mensagem.
Um frio inteligente (…) percorria o jardim…”
(Clarice Lispector) Barbarismo

Perífrase: Barbarismo, peregrinismo, idiotismo ou est


rangeirismo (para os latinos qualquer
Ocorre perífrase quando se cria um torneio de estrangeiro era bárbaro) é o uso de palavra,
palavras para expressar algum objeto, acidente expressão ou construção estrangeira no lugar
geográfico ou situação que não se quer nomear. de equivalente vernácula.
Exemplo: “Cidade maravilhosa / Cheia de De acordo com a língua de origem, os
encantos mil / Cidade maravilhosa / Coração do estrangeirismos recebem diferentes nomes:
meu Brasil.” (André Filho).
galicismoou francesismo, quando
Até este ponto retirei informações do site PCI provenientes do francês (de Gália, antigo nome
cursos da França);

Vícios de Linguagem anglicismo, quando do inglês;

Ambiguidade castelhanismo, quando vindos do espanhol;

Ambiguidade é a possibilidade de uma Ex:


mensagem ter dois sentidos. Ela geralmente é
provocada pela má organização das palavras na Mais penso, mais fico inteligente (galicismo; o
frase. A ambiguidade é um caso especial de mais adequado seria “quanto
polissemia, a possibilidade de uma palavra mais penso, (tanto) mais fico inteligente”);
apresentar vários sentidos em um contexto.
Comeu um roast-beef(anglicismo; o mais
Ex: adequado seria “comeu um rosbife“);

“Onde está a vaca da sua avó?” (Que vaca? A Havia links para sua página (anglicismo; o mais
avó ou a vaca criada pela avó?) adequado seria “Havia ligações (ou vínculos)
para sua página”.
“Onde está a cachorra da sua mãe?” (Que
cachorra? A mãe ou a cadela criada pela mãe?) Eles têm serviço de delivery. (anglicismo; o
mais adequado seria “Eles têm serviço de
“Este líder dirigiu bem sua nação”(“Sua”? Nação entrega”).
da 2ª ou 3ª pessoa (o líder)?).
Premiê apresenta prioridades da Presidência
Obs 1: O pronome possessivo “seu(ua)(s)” gera lusa da UE (galicismo, o mais adequado
muita confusão por ser geralmente associado ao seria Primeiro-ministro)
receptor da mensagem.
Nesta receita gastronômica
usaremos Blueberries e Grapefruits.
31

(anglicismo, o mais adequado “Bata com um mamão para mim, por favor.”
seria Mirtilo e Toranja)
“Deixe ir-me já, pois estou atrasado.”
Convocamos para a Reunião do Conselho
de DA’s(plural da sigla de Diretório Acadêmico). “Não tem nada de errado a cerca dela“
(anglicismo, e mesmo nesta língua não se
“Vou-me já que está pingando. Vai chover!”
usa apóstrofo ‘s’ para pluralizar; o mais
adequado seria AA. ou DAs.) “Instrumento para socar alho.”

Há quem considere barbarismo também “Daqui vai, se for dai.”


divergências de pronúncia, grafia, morfologia,
etc., tais como “adevogado” ou “eu sabo“, Não são cacofonia:
pois seriam atitudes típicas de estrangeiros, por
“Eu amo ela demais !!!”
eles dificilmente atingirem alta fluência no
dialeto padrão da língua. “Eu vi ela.”
Em nível pragmático, o barbarismo “você veja”
normalmente é indesejável porque os
receptores da mensagem frequentemente Como cacofonias são muitas vezes cômicas,
conhecem o termo em questão na língua nativa elas são algumas vezes usadas de propósito em
de sua comunidade linguística, mas nem certas piadas, trocadilhos e “pegadinhas”.
sempre conhecem o termo correspondente na
língua ou dialeto estrangeiro à comunidade com Plebeísmo
a qual ele está familiarizado. Em nível político,
O plebeísmo normalmente utiliza palavras de
um barbarismo também pode ser interpretado
baixo calão, gírias e termos considerados
como uma ofensa cultural por alguns receptores
informais.
que se encontram ideologicamente inclinados a
repudiar certos tipos de influência sobre suas Exemplos:
culturas. Pode-se assim concluir que o conceito
de barbarismo é relativo ao receptor da “Ele era um tremendo mané!”
mensagem.
“Tô ferrado!”
Em alguns contextos, até mesmo uma palavra
“Tá ligadonas quebradas, meu chapa?”
da própria língua do receptor poderia ser
considerada como um barbarismo. Tal é o caso “Esse bagulho é ‘radicaaaal’!!! Tá ligado
de um cultismo (ex: “abdômen”) quando mano?”
presente em uma mensagem a um receptor que
não o entende (por exemplo, um indivíduo não ‘Vô piá lá’mais tarde ‘ !!! Se ligou maluko?
escolarizado, que poderia compreender melhor
os sinônimos “barriga”, “pança” ou “bucho”). Por questões de etiqueta, convém evitar o uso
de plebeísmos em contextos sociais que
Cacofonia requeiram maior formalismo no tratamento
comunicativo.
A cacofonia é um som desagradável ou
obsceno formado pela união das sílabas de Prolixidade
palavras contíguas. Por isso temos que cuidar
quando falamos sobre algo para não É a exposição fastidiosa e inútil de palavras ou
ofendermos a pessoa que ouve. São exemplos argumentos e à sua superabundância. É o
desse fato: excesso de palavras para exprimir poucas
idéias. Ao texto prolixo falta objetividade, o qual
“Ele beijou a boca dela.”
32

quase sempre compromete a clareza e cansa o causar uma reação notável nos receptores
leitor. (como a geração de uma frase de efeito ou
mesmo o humor proposital). A maestria no uso
A prevenção à prolixidade requer que se tenha do pleonasmo para que ele atinja o efeito
atenção à concisão e precisão da mensagem. desejado no receptor depende fortemente do
Concisão é a qualidade de dizer o máximo desenvolvimento da capacidade de
possível com o mínimo de palavras. Precisão é a interpretação textual do emissor. Na dúvida, é
qualidade de utilizar a palavra certa para dizer melhor que seja evitado para não se incorrer
exatamente o que se quer. acidentalmente em um uso vicioso.
Pleonasmo vicioso Solecismo
O pleonasmo é uma figura de linguagem. Solecismo é uma inadequação na estrutura
Quando consiste numa redundância inútil e sintática da frase com relação à gramática
desnecessária de significado em uma sentença, normativa do idioma. Há três tipos de
é considerado um vício de linguagem. A esse solecismo:
tipo de pleonasmo chamamos pleonasmo
vicioso. De concordância:

Ex: “Fazem três anos que não vou ao médico.” (Faz


três anos que não vou ao médico.)
“Ele vai ser o protagonista principal da peça”.
(Um protagonista é, necessariamente, a “Aluga-se salas nesse edifício.” (Alugam-se
personagem principal) salas nesse edifício.)

“Meninos, entrem já para dentro!” (O verbo De regência:


“entrar” já exprime ideia de ir para dentro)
“Ontem eu assisti um filme de época.” (Ontem
“Estou subindo para cima.” (O verbo “subir” já eu assisti a um filme de época.)
exprime ideia de ir para cima)
De colocação:
“Não deixe de comparecer pessoalmente.” (É
impossível comparecer a algum lugar de outra “Me empresta um lápis, por favor.” (Empresta-
forma que não pessoalmente) me um lápis, por favor.)

“Meio-ambiente” – o meio em que vivemos = o “Me parece que ela ficou contente.” (Parece-me
ambiente em que vivemos. que ela ficou contente.)

Não é pleonasmo: “Eu não respondi-lhe nada do que perguntou.”


(Eu não lhe respondi nada do que perguntou.)
“As palavras são de baixo calão“. Palavras
podem ser de baixo ou de alto calão. Eco

O pleonasmo nem sempre é um vício de O Eco vem a ser a própria rima que ocorre
linguagem, mesmo para os exemplos supra quando há na frase terminações iguais ou
citados, a depender do contexto. Em certos semelhantes, provocando dissonância.
contextos, ele é um recurso que pode ser útil
“Falar em desenvolvimento é pensar em
para se fornecer ênfase a determinado aspecto
alimento, saúde e educação.”
da mensagem.
“O aluno repetente mente alegremente.”
Especialmente em contextos literários, musicais
e retóricos, um pleonasmo bem colocado pode
33

O presidente tinha dor de A sinonímia indica a capacidade das palavras


dente constantemente. apresentarem significados semelhantes.
A antonímia indica a capacidade das palavras
Colisão apresentarem significados opostos. Assim,
através da sinonímia e da antonímia as palavras
O uso de uma mesma vogal ou consoante em
estabelecem relações de proximidade e
várias palavras é denominado aliteração.
contrariedade.
Aliterações são preciosos recursos estilísticos
quando usados com a intenção de se atingir Exemplos de palavras sinônimas:
efeito literário ou para atrair a atenção do
receptor. Entretanto, quando seus usos não são importante: significativo, considerável,
intencionais ou quando causam um efeito prestigiado, indispensável, fundamental,...
estilístico ruim ao receptor da mensagem, a
aliteração torna-se um vício de linguagem e necessário: essencial, fundamental, forçoso,
recebe nesse contexto o nome de colisão. obrigatório, imprescindível,...
Exemplos:
Exemplos de palavras antônimas:
“Eram comunidades camponesas com cultivos c
dedicado: desinteressado, desapegado, faltoso,

desaplicado, relapso,...
“O papa Paulo VI pediu a p”
pontual: atrasado, retardado, durável, genérico,
Uma colisão pode ser remediada com a irresponsável,...
reestruturação sintática da frase que a contém
Homonímia e paronímia
ou com a substituição de alguns termos ou
expressões por outras similares ou sinônimas. A homonímia se refere à capacidade das
palavras serem homônimas (som igual, escrita
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS. igual, significado diferente), homófonas (som
SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS OU igual, escrita diferente, significado diferente) ou
DE TRECHOS DE TEXTO, homógrafas (som diferente, escrita igual,
REORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA significado diferente).
DE ORAÇÕES E DE PERÍODOS DO
TEXTO,REESCRITA DE TEXTOS DE Exemplos de palavras homônimas:
DIFERENTES GÊNEROS E NÍVEIS DE
rio (curso de água) e rio (verbo rir);
FORMALIDADE
caminho (itinerário) e caminho (verbo
O significado das palavras é estudado pela caminhar).
semântica, a parte da gramática que estuda não
só o sentido das palavras como as relações de Exemplos de palavras homófonas:
sentido que as palavras estabelecem entre si:
cem (100) e sem (indica falta)
relações de sinonímia, antonímia, paronímia,
homonímia,... senso (sentido) e censo (levantamento
estatístico)
Compreender essas relações nos proporciona o
alargamento do nosso universo semântico, Exemplos de palavras homógrafas:
contribuindo para uma maior diversidade
vocabular e maior adequação aos diversos colher (talher) e colher (apanhar);
contextos e intenções comunicativas.
acerto (correção) e acerto (verbo acertar);
Sinonímia e antonímia
34

A paronímia se refere a palavras que são Você é o meu porto.


escritas e pronunciadas de forma parecida, mas
que apresentam significados diferentes. Pense pela sua própria cabeça, sua anta!

Exemplos de palavras parônimas: Hiperonímia e hiponímia

Comprimento (tamanho) e cumprimento A hiperonímia e a hiponímia indicam a


(saudação); capacidade das palavras estabelecerem relações
hierárquicas de significado. Um hiperônimo,
Imigrar (entrar num novo país) e emigrar (sair palavra superior com um sentido mais
do seu país). abrangente, engloba um hipônimo, palavra
inferior com sentido mais restrito.
Polissemia e monossemia
Fruta é hiperônimo de morango.
A polissemia indica a capacidade de uma Morango é hipônimo de fruta.
palavra apresentar uma multiplicidade de
significados, conforme o contexto frásico em Exemplos de hiperônimos:
que ocorre. A monossemia indica que
determinadas palavras apresentam apenas um ferramenta
significado.
ave
Exemplos de palavras polissêmicas:
Exemplo de hipônimos:
Cabeça (parte do corpo humano e líder do
martelo, serrote, alicate, enxada, chave de
grupo, com origem comum na palavra em
fenda,...
latim capitia);
papagaio, gaivota, bem-te-vi, arara, coruja,...
Letra (símbolo de escrita e documento
substituto de dinheiro, com origem comum na Formas variantes
palavra em latim littera).
As formas variantes se referem a palavras que
Exemplos de palavras monossêmicas: possuem mais do que uma grafia correta, sem
que haja alteração do seu significado.
Estetoscópio (instrumento médico);
Exemplos de formas variantes:
Eneágono (polígono com nove ângulos).
abdome e abdômen;
Denotação e conotação
bêbado e bêbedo;
A denotação indica a capacidade das palavras
apresentarem um sentido literal e objetivo. embaralhar e baralhar;
A conotação indica a capacidade das palavras
apresentarem um sentido figurado e simbólico. enfarte e infarto;

Exemplos de palavras com sentido louro e loiro.


denotativo:
EXERCICIOS
O navio atracou no porto.
1 Estão corretamente empregadas as palavras
A anta é um mamífero. na frase:

Exemplos de palavras com sentido a) Receba meus cumprimentos pelo seu


conotativo: aniversário.
35

b) Ele agiu com muita descrição. Bandeira).


c) O pião conseguiu o primeiro lugar na e) A Avenida Afonso Pena, em Belo Horizonte,
competição. foi ornamentada na época de natal.
d) Ele cantou uma área belíssima.
e) Utilizamos as salas com exatidão. 6. Marque a opção cm que todas as palavras
estão grafadas corretamente:
2. Todas as alternativas são verdadeiras quanto
ao emprego da inicial maiúscula, exceto: a) enxotar - trouxa - chícara.
b) berinjela - jiló - gipe.
a) Nos nomes dos meses quando estiverem nas c) passos - discussão - arremesso.
datas. d) certeza - empresa - defeza.
b) No começo de período, verso ou alguma e) nervoso - desafio - atravez.
citação direta.
c) Nos substantivos próprios de qualquer 7. A alternativa que apresenta erro(s) de
espécie ortografia é:
d) Nos nomes de fatos históricos dos povos em
geral. a) O experto disse que fora óleo em excesso.
e) Nos nomes de escolas de qualquer natureza. b) O assessor chegou à exaustão.
c) A fartura e a escassez são problemáticas.
3. Indique a única seqüência em que todas as d) Assintosamente apareceu enxarcado na sala.
palavras estão grafadas corretamente: e) Aceso o fogo, uma labareda ascendeu ao céu.

a) fanatizar - analizar - frizar. 8. Assinale a opção cm que a palavra está


b) fanatisar - paralizar - frisar. incorretamente grafada:
c) banalizar - analisar - paralisar.
d) realisar - analisar - paralizar. a) duquesa.
e) utilizar - canalisar - vasamento. b) magestade.
c) gorjeta.
4. A forma dual que apresenta o verbo grafado d) francês.
incorretamente é: e) estupidez.

a) hidrólise - hidrolisar. 9. Dos pares de palavras abaixo, aquele em que


b) comércio - comercializar. a segunda não se escreve com a mesma letra
c) ironia - ironizar. sublinhada na primeira é:
d) catequese - catequisar.
e) análise - analisar. a) vez / reve___ar.
b) propôs / pu__ eram.
5. Quanto ao emprego de iniciais maiúsculas, c) atrás / retra __ ado.
assinale a alternativa em que não há erro de d) cafezinho/ blu __ inha.
grafia: e) esvaziar / e___ tender.

a) A Baía de Guanabara é uma grande obra de 10. Indique o item em que todas as palavras
arte da Natureza. devem ser preenchidas com x:
b) Na idade média, os povos da América do Sul
não tinham laços de amizade com a Europa. a) pran__a / en__er / __adrez.
c) Diz um provérbio árabe: "a agulha veste os b) fei__e / pi__ar / bre__a.
outros e vive nua." c) __utar / frou__o / mo__ila.
d) "Chegam os magos do Oriente, com suas d) fle__a / en__arcar / li__ar.
dádivas: ouro, incensos e mirra " (Manuel e) me__erico / en__ame / bru__a.
36

11. Todas as palavras estão com a grafia c) umor.


correta, exceto: d) erdeiro.
e) iena.
a) dejeto.
b) ogeriza. 17. (CFS/95) Assinalar o par de palavras
c) vadear. parônimas:
d) iminente.
e) vadiar. a) céu - seu
b) paço - passo
12. A alternativa que apresenta palavra grafada c) eminente - evidente
incorretamente é: d) descrição - discrição

a) fixação - rendição - paralisação. 18. (CFS/95) Assinalar a alternativa em que


b) exceção - discussão - concessão. todas as palavras devem ser escritas com "j".
c) seção - admissão - distensão.
d) presunção - compreensão - submissão. a) __irau, __ibóia, __egue
e) cessão - cassação - excurção. b) gor__eio, privilé__io, pa__em
c) ma__estoso, __esto, __enipapo
13. Assinale a alternativa em que todas as d) here__e, tre__eito, berin__ela
palavras estão grafadas corretamente:
19. (CFC/95) Assinalar a alternativa que
a) analizar - economizar - civilizar. preenche corretamente as lacunas do seguinte
b) receoso - prazeirosamente - silvícola. período: "Em _____ plenária, estudou-se a
c) tábua - previlégio - marquês. _____ de terras a _____ japoneses."
d) pretencioso - hérnia - majestade.
e) flecha - jeito - ojeriza. a) seção - cessão - emigrantes
b) cessão - sessão - imigrantes
14. Assinale a alternativa em que todas as c) sessão - secção - emigrantes
palavras estão grafadas corretamente: d) sessão - cessão - imigrantes

a) atrasado - princesa - paralisia. 20. (CFC/95) Assinalar a alternativa que


b) poleiro - pagem - descrição. apresenta um erro de ortografia:
c) criação - disenteria - impecilho.
d) enxergar - passeiar - pesquisar. a) enxofre, exceção, ascensão
e) batizar - sintetizar - sintonisar. b) abóbada, asterisco, assunção
c) despender, previlégio, economizar
15. Assinale a alternativa em que todas as d) adivinhar, prazerosamente, beneficente
palavras estão grafadas corretamente:
a) tijela - oscilação - ascenção. 21. (CFC/95) Assinalar a alternativa que contém
b) richa - bruxa - bucha. um erro de ortografia:
c) berinjela - lage - majestade.
d) enxada - mixto - bexiga. a) beleza, duquesa, francesa
e) gasolina - vaso - esplêndido. b) estrupar, pretensioso, deslizar
c) esplêndido, meteorologia, hesitar
16. Marque a única palavra que se escreve sem d) cabeleireiro, consciencioso, manteigueira
o h:
22. (CFC/96) Assinalar a alternativa correta
a) omeopatia. quanto à grafia das palavras:
b) umidade.
37

a) atraz - ele trás 27. (CFS/97) O antônimo para a expressão


b) atrás - ele traz "época de estiagem" é:
c) atrás - ele trás
d) atraz - ele traz a) tempo quente
b) tempo de ventania
23. (CFS/96) Assinalar a palavra graficamente c) estação chuvosa
correta: d) estação florida

a) bandeija 28. (CFS/96) Quanto à sinonímia, associar a


b) mendingo coluna da esquerda com a da direita e indicar a
c) irrequieto seqüência correta.
d) carangueijo
1 - insigne ( ) ignorante
24. (CESD/97) Assinalar a alternativa que 2 - extático ( ) saliente
completa as lacunas da frase abaixo, na ordem 3 - insipiente ( ) absorto
em que aparecem. "O Brasil de hoje é diferente, 4 - proeminente ( ) notável
_____ os ideais de uma sociedade _____ justa
ainda permanecem". a) 2-4-3-1
b) 3-4-2-1
a) mas - mas c) 4-3-1-2
b) mais - mas d) 3-2-4-1
c) mas - mais
d) mais - mais 29. (ITA/SP) Em que caso todos os vocábulos
são grafados com "x" ?
25. (CESD/98) Cauda/rabo, calda/açúcar
derretido para doce. São, portanto, palavras a) __ícara, __ávena, pi__e, be__iga
homônimas. Associe as duas colunas e assinale b) __enófobo, en__erido, en__erto, __epa
a alternativa com a seqüência correta. c) li__ar, ta__ativo, sinta__e, bro__e
d) ê__tase, e__torquir, __u__u, __ilrear
1 - conserto ( ) valor pago
2 - concerto ( ) juízo claro
3 - censo ( ) reparo
GABARITO
4 - senso ( ) estatística
5 - taxa ( ) pequeno prego
1A/2A/3C/4D/5D/6C/7D/8B/9
6 - tacha ( ) apresentação musical
D / 10 E / 11 B / 12 E / 13 E / 14 A / 15 E / 16
B / 17 D / 18 A / 19 D / 20 C / 21 B / 22 B / 23
a) 5-4-1-3-6-2
C / 24 C / 25 A / 26 C / 27 C / 28 B / 29 B
b) 5-3-2-1-6-4
c) 4-2-6-1-3-5
d) 1-4-6-5-2-3
1. A alternativa que apresenta classes de
26. (CFC/98) Assinalar o par de palavras palavras cujos sentidos podem ser modificados
antônimas: pelo advérbio são:

a) adjetivo – advérbio – verbo.


a) pavor - pânico
b) verbo – interjeição – conjunção.
b) pânico - susto
c) conjunção – numeral – adjetivo.
c) dignidade - indecoro
d) adjetivo – verbo – interjeição.
d) dignidade - integridade
e) interjeição – advérbio – verbo.
38

2. Das palavras abaixo, faz plural como 8. Dos verbos abaixo apenas um é regular,
“assombrações” identifique-o:

a) perdão. a) pôr.
b) bênção. b) adequar.
c) alemão. c) medir.
d) cristão. d) reaver.
e) capitão. e) brigar.

3. Na oração “Ninguém está perdido se der 9. A alternativa que não apresenta erro de
amor…”, a palavra grifada pode ser classificada flexão verbal no presente do indicativo é:
como:
a) reavejo (reaver).
a) advérbio de modo. b) precavo (precaver).
b) conjunção adversativa. c) coloro (colorir).
c) advérbio de condição. d) frijo (frigir).
d) conjunção condicional. e) fedo (feder).
e) preposição essencial.
10. A classe de palavras que é empregada para
4. Marque a frase em que o termo destacado exprimir estados emotivos:
expressa circunstância de causa:
a) adjetivo.
a) Quase morri de vergonha. b) interjeição.
b) Agi com calma. c) preposição.
c) Os mudos falam com as mãos. d) conjunção.
d) Apesar do fracasso, ele insistiu. e) advérbio.
e) Aquela rua é demasiado estreita.
11. Todas as formas abaixo expressam um
5. “Enquanto punha o motor em movimento.” O tamanho menor que o normal, exceto:
verbo destacado encontra-se no:
a) saquitel.
a) Presente do subjuntivo. b) grânulo.
b) Pretérito mais-que-perfeito do subjuntivo. c) radícula.
c) Presente do indicativo. d) marmita.
d) Pretérito mais-que-perfeito do indicativo. e) óvulo.
e) Pretérito imperfeito do indicativo.
12. Em “Tem bocas que murmuram preces…”, a
6. Aponte a opção em que muito é pronome seqüência morfológica é:
indefinido:
a) verbo-substantivo-pronome relativo-verbo-
a) O soldado amarelo falava muito bem. substantivo.
b) Havia muito bichinho ruim. b) verbo-substantivo-conjunção integrante-
c) Fabiano era muito desconfiado. verbo-substantivo.
d) Fabiano vacilava muito para tomar decisão. c) verbo-substantivo-conjunção coordenativa-
e) Muito eficiente era o soldado amarelo. verbo-adjetivo.
d) verbo-adjetivo-pronome indefinido-verbo-
7 . A flexão do número incorreta é: substantivo.
a) tabelião – tabeliães. e) verbo-advérbio-pronome relativo-verbo-
b) melão – melões substantivo.
c) ermitão – ermitões.
d) chão – chãos.
e) catalão – catalões.
39

13. A alternativa que possui todos os e) Os jovens gostam de cantar música moderna
substantivos corretamente colocados no plural – (verbo).
é:
18. Quanto à flexão de grau, o substantivo que
a) couve-flores / amores-perfeitos / boas-vidas. difere dos demais é:
b) tico-ticos / bem-te-vis / joões-de-barro.
c) terças-feiras / mãos-de-obras / guarda- a) viela.
roupas. b) vilarejo.
d) arco-íris / portas-bandeiras / sacas-rolhas. c) ratazana.
e) dias-a-dia / lufa-lufas / capitães-mor. d) ruela.
e) sineta.
14. “…os cipós que se emaranhavam…” . A
palavra sublinhada é: 19. Está errada a flexão verbal em:

a) conjunção explicativa. a) Eu intervim no caso.


b) conjunção integrante. b) Requeri a pensão alimentícia.
c) pronome relativo. c) Quando eu ver a nova casa, aviso você
d) advérbio interrogativo. d) Anseio por sua felicidade.
e) preposição acidental. e) Não pudeste falar.

15. Indique a frase em que o verbo se encontra 20. Das classes de palavra abaixo, as
na 2ª pessoa do singular do imperativo invariáveis são:
afirmativo:
a) interjeição – advérbio – pronome possessivo.
a) Faça o trabalho. b) numeral – substantivo – conjunção.
b) Acabe a lição. c) artigo – pronome demonstrativo –
c) Mande a carta. substantivo.
d) Dize a verdade. d) adjetivo – preposição – advérbio.
e) Beba água filtrada. e) conjunção – interjeição – preposição.

16. Em “Escrever é alguma coisa extremamente 21. Todos os verbos abaixo são defectivos,
forte, mas que pode me trair e me abandonar.”, exceto:
as palavras grifadas podem ser classificadas
a) abolir.
como, respectivamente:
b) colorir.
a) pronome adjetivo – conjunção aditiva. c) extorquir.
b) pronome interrogativo – conjunção aditiva. d) falir.
c) pronome substantivo – conjunção alternativa. e) exprimir.
d) pronome adjetivo – conjunção adversativa.
22. O substantivo composto que está
e) pronome interrogativo – conjunção
indevidamente escrito no plural é:
alternativa.
a) mulas-sem-cabeça.
17. Marque o item em que a análise morfológica
b) cavalos-vapor.
da palavra sublinhada não está correta:
c) abaixos-assinados.
a) Ele dirige perigosamente – (advérbio). d) quebra-mares.
b) Nada foi feito para resolver a questão – e) pães-de-ló.
(pronome indefinido).
23. A alternativa que apresenta um substantivo
c) O cantar dos pássaros alegra as manhãs –
invariável e um variável, respectivamente, é:
(verbo).
d) A metade da classe já chegou – (numeral).
40

a) vírus – revés. 29. Na frase: “Apieda-te qualquer sandeu”, a


b) fênix – ourives. palavra sandeu (idiota, imbecil) é um
c) ananás – gás. substantivo:
d) oásis – alferes.
e) faquir – álcool. a) comum, concreto e sobrecomum
b) concreto, simples e comum de dois gêneros.
24. “Paula mirou-se no espelho das águas”: c) simples, abstrato e feminino.
Esta oração contém um verbo na voz: d) comum, simples e masculino
e) simples, abstrato e masculino.
a) ativa.
b) passiva analítica. 30. A alternativa em que não há erro de flexão
c) passiva pronominal. do verbo é:
d) reflexiva recíproca.
e) reflexiva. a) Nós hemos de vencer.
b) Deixa que eu coloro este desenho.
25. O único substantivo que não é sobrecomum c) Pega a pasta e a flanela e pole o meu carro.
é: d) Eu reavi o meu caderno que estava perdido.
e) Aderir, eu adiro; mas não é por muito tempo!
a) verdugo.
b) manequim. 31. Em “Imaginou-o, assim caído…” a palavra
c) pianista. destacada, morfologicamente e sintaticamente,
d) criança. é:
e) indivíduo.
a) artigo e adjunto adnominal.
26. A alternativa que apresenta um verbo b) artigo e objeto direto.
indevidamente flexionado no presente do c) pronome oblíquo e objeto direto.
subjuntivo é: d) pronome oblíquo e adjunto adnominal.
e) pronome oblíquo e objeto indireto.
a) vade.
b) valham. 32. O item em que temos um adjetivo em grau
c) meçais. superlativo absoluto é:
d) pulais.
e) caibamos. a) Está chovendo bastante.
b) Ele é um bom funcionário.
27. A alternativa que apresenta uma flexão c) João Brandão é mais dedicado que o vigia.
incorreta do verbo no imperativo é: d) Sou o funcionário mais dedicado da
repartição.
a) dize. e) João Brandão foi tremendamente inocente.
b) faz.
c) crede. 33. A alternativa em que o verbo abolir está
d) traze. incorretamente flexionado é:
e) acudi.
a) Tu abolirás.
28. A única forma que não corresponde a um b) Nós aboliremos.
particípio é: c) Aboli vós.
d) Eu abolo.
a) roto. e) Eles aboliram.
b) nato.
c) incluso. 34. A alternativa em que o verbo “precaver”
d) sepulto. está corretamente flexionado é:
e) impoluto.
41

a) Eu precavejo. 34. E
b) Precavê tu. 35. C
c) Que ele precavenha.
d) Eles precavêm. FUNDAMENTOS DE
e) Ela precaveu.
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
35. A única alternativa em que as palavras são,
respectivamente, substantivo abstrato, adjetivo
biforme e preposição acidental é: LEI FEDERAL Nº 13.019/14
(ESTABELECE O REGIME JURÍDICO
a) beijo-alegre-durante
DAS PARCERIAS ENTRE A
b) remédio-inteligente-perante
c) feiúra-lúdico-segundo ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E AS
d) ar-parco-por ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE
e) dor-veloz-consoante CIVIL), ALTERADA PELA LEI
GABARITO
FEDERAL Nº 13.204/15.
1. A
2. A A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço
saber que o Congresso Nacional decreta e eu
3. D
sanciono a seguinte Lei:
4. A
5. E Art. 1o Esta Lei institui normas gerais para
6. B as parcerias entre a administração pública e
7. E organizações da sociedade civil, em regime de
8. E mútua cooperação, para a consecução de
9. D finalidades de interesse público e recíproco,
10. B mediante a execução de atividades ou de
projetos previamente estabelecidos em planos
11. D
de trabalho inseridos em termos de
12. A colaboração, em termos de fomento ou em
13. B acordos de cooperação. (Redação dada
14. C pela Lei nº 13.204, de 2015)
15. D
16. D CAPÍTULO I
17. C
18. C DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
19. C
Art. 2o Para os fins desta Lei, considera-se:
20. E
21. E
I - organização da sociedade
22. C civil: (Redação dada pela Lei nº 13.204,
23. A de 2015)
24. E
a) entidade privada sem fins lucrativos que
25. C
não distribua entre os seus sócios ou
26. D associados, conselheiros, diretores,
27. B empregados, doadores ou terceiros eventuais
28. D resultados, sobras, excedentes operacionais,
29. D brutos ou líquidos, dividendos, isenções de
30. E qualquer natureza, participações ou parcelas do
31. C seu patrimônio, auferidos mediante o exercício
de suas atividades, e que os aplique
32. E
integralmente na consecução do respectivo
33. D
42

objeto social, de forma imediata ou por meio da III-B - projeto: conjunto de operações,
constituição de fundo patrimonial ou fundo de limitadas no tempo, das quais resulta um
reserva; (Incluído pela Lei nº 13.204, de produto destinado à satisfação de interesses
2015) compartilhados pela administração pública e
pela organização da sociedade civil;
b) as sociedades cooperativas previstas (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
na Lei no 9.867, de 10 de novembro de 1999;
as integradas por pessoas em situação de risco
IV - dirigente: pessoa que detenha poderes
ou vulnerabilidade pessoal ou social; as
de administração, gestão ou controle da
alcançadas por programas e ações de combate
organização da sociedade civil, habilitada a
à pobreza e de geração de trabalho e renda; as
assinar termo de colaboração, termo de
voltadas para fomento, educação e capacitação
fomento ou acordo de cooperação com a
de trabalhadores rurais ou capacitação de
administração pública para a consecução de
agentes de assistência técnica e extensão rural;
finalidades de interesse público e recíproco,
e as capacitadas para execução de atividades ou
ainda que delegue essa competência a
de projetos de interesse público e de cunho
terceiros; (Redação dada pela Lei nº
social. (Incluído pela Lei nº 13.204, de
13.204, de 2015)
2015)
c) as organizações religiosas que se V - administrador público: agente público
dediquem a atividades ou a projetos de revestido de competência para assinar termo de
interesse público e de cunho social distintas das colaboração, termo de fomento ou acordo de
destinadas a fins exclusivamente cooperação com organização da sociedade civil
religiosos; (Incluído pela Lei nº 13.204, para a consecução de finalidades de interesse
de 2015) público e recíproco, ainda que delegue essa
competência a terceiros; (Redação dada
II - administração pública: União, Estados, pela Lei nº 13.204, de 2015)
Distrito Federal, Municípios e respectivas
autarquias, fundações, empresas públicas e VI - gestor: agente público responsável pela
sociedades de economia mista prestadoras de gestão de parceria celebrada por meio de termo
serviço público, e suas subsidiárias, alcançadas de colaboração ou termo de fomento, designado
pelo disposto no § 9o do art. 37 da Constituição por ato publicado em meio oficial de
Federal; (Redação dada pela Lei nº comunicação, com poderes de controle e
13.204, de 2015) fiscalização; (Redação dada pela Lei nº
13.204, de 2015)
III - parceria: conjunto de direitos,
responsabilidades e obrigações decorrentes de VII - termo de colaboração: instrumento por
relação jurídica estabelecida formalmente entre meio do qual são formalizadas as parcerias
a administração pública e organizações da estabelecidas pela administração pública com
sociedade civil, em regime de mútua organizações da sociedade civil para a
cooperação, para a consecução de finalidades consecução de finalidades de interesse público e
de interesse público e recíproco, mediante a recíproco propostas pela administração pública
execução de atividade ou de projeto expressos que envolvam a transferência de recursos
em termos de colaboração, em termos de financeiros; (Redação dada pela Lei nº
fomento ou em acordos de cooperação; 13.204, de 2015)
(Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
III-A - atividade: conjunto de operações que VIII - termo de fomento: instrumento por
se realizam de modo contínuo ou permanente, meio do qual são formalizadas as parcerias
das quais resulta um produto ou serviço estabelecidas pela administração pública com
necessário à satisfação de interesses organizações da sociedade civil para a
compartilhados pela administração pública e consecução de finalidades de interesse público e
pela organização da sociedade recíproco propostas pelas organizações da
civil; (Incluído pela Lei nº 13.204, de sociedade civil, que envolvam a transferência de
2015) recursos financeiros; (Redação dada pela
Lei nº 13.204, de 2015)
43

VIII-A - acordo de cooperação: instrumento XIV - prestação de contas: procedimento em


por meio do qual são formalizadas as parcerias que se analisa e se avalia a execução da
estabelecidas pela administração pública com parceria, pelo qual seja possível verificar o
organizações da sociedade civil para a cumprimento do objeto da parceria e o alcance
consecução de finalidades de interesse público e das metas e dos resultados previstos,
recíproco que não envolvam a transferência de compreendendo duas fases: (Redação
recursos financeiros; (Incluído pela Lei dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
nº 13.204, de 2015)
a) apresentação das contas, de
IX - conselho de política pública: órgão responsabilidade da organização da sociedade
criado pelo poder público para atuar como civil;
instância consultiva, na respectiva área de
atuação, na formulação, implementação, b) análise e manifestação conclusiva das
acompanhamento, monitoramento e avaliação contas, de responsabilidade da administração
de políticas públicas; pública, sem prejuízo da atuação dos órgãos de
controle;
X - comissão de seleção: órgão colegiado
destinado a processar e julgar chamamentos XV - (revogado). (Redação dada pela
públicos, constituído por ato publicado em meio Lei nº 13.204, de 2015)
oficial de comunicação, assegurada a
participação de pelo menos um servidor Art. 2o-A. As parcerias disciplinadas nesta
ocupante de cargo efetivo ou emprego Lei respeitarão, em todos os seus aspectos, as
permanente do quadro de pessoal da normas específicas das políticas públicas
administração pública; (Redação dada setoriais relativas ao objeto da parceria e as
pela Lei nº 13.204, de 2015) respectivas instâncias de pactuação e
deliberação. (Incluído pela Lei nº 13.204,
XI - comissão de monitoramento e de 2015)
avaliação: órgão colegiado destinado a
monitorar e avaliar as parcerias celebradas com Art. 3o Não se aplicam as exigências desta
organizações da sociedade civil mediante termo Lei:
de colaboração ou termo de fomento,
constituído por ato publicado em meio oficial de
I - às transferências de recursos
comunicação, assegurada a participação de pelo
homologadas pelo Congresso Nacional ou
menos um servidor ocupante de cargo efetivo
autorizadas pelo Senado Federal naquilo em que
ou emprego permanente do quadro de pessoal
as disposições específicas dos tratados, acordos
da administração pública; (Redação dada
e convenções internacionais conflitarem com
pela Lei nº 13.204, de 2015)
esta Lei; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de
2015)
XII - chamamento público: procedimento
destinado a selecionar organização da sociedade
II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº
civil para firmar parceria por meio de termo de
13.204, de 2015)
colaboração ou de fomento, no qual se garanta
a observância dos princípios da isonomia, da
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, III - aos contratos de gestão celebrados com
da igualdade, da publicidade, da probidade organizações sociais, desde que cumpridos os
administrativa, da vinculação ao instrumento requisitos previstos na Lei nº 9.637, de 15 de
convocatório, do julgamento objetivo e dos que maio de 1998; (Redação dada pela Lei nº
lhes são correlatos; 13.204, de 2015)

XIII - bens remanescentes: os de natureza IV - aos convênios e contratos celebrados


permanente adquiridos com recursos financeiros com entidades filantrópicas e sem fins lucrativos
envolvidos na parceria, necessários à nos termos do § 1o do art. 199 da Constituição
consecução do objeto, mas que a ele não se Federal; (Incluído pela Lei nº 13.204, de
incorporam; (Redação dada pela Lei nº 2015)
13.204, de 2015)
44

V - aos termos de compromisso cultural Art. 5o O regime jurídico de que trata esta
referidos no § 1o do art. 9o da Lei no 13.018, de Lei tem como fundamentos a gestão pública
22 de julho de 2014; (Incluído pela Lei nº democrática, a participação social, o
13.204, de 2015) fortalecimento da sociedade civil, a
transparência na aplicação dos recursos
VI - aos termos de parceria celebrados com públicos, os princípios da legalidade, da
organizações da sociedade civil de interesse legitimidade, da impessoalidade, da moralidade,
público, desde que cumpridos os requisitos da publicidade, da economicidade, da eficiência
previstos na Lei no 9.790, de 23 de março de e da eficácia, destinando-se a
1999; (Incluído pela Lei nº 13.204, de assegurar: (Redação dada pela Lei nº
2015) 13.204, de 2015)
VII - às transferências referidas no art. 2o da
Lei no 10.845, de 5 de março de 2004, e I - o reconhecimento da participação social
nos arts. 5º e 22 da Lei no 11.947, de 16 de como direito do cidadão;
junho de 2009; (Incluído pela Lei nº
13.204, de 2015) II - a solidariedade, a cooperação e o
respeito à diversidade para a construção de
VIII - (VETADO); (Incluído pela Lei nº
valores de cidadania e de inclusão social e
13.204, de 2015)
produtiva;
IX - aos pagamentos realizados a título de
anuidades, contribuições ou taxas associativas III - a promoção do desenvolvimento local,
em favor de organismos internacionais ou regional e nacional, inclusivo e sustentável;
entidades que sejam obrigatoriamente
constituídas por: (Incluído pela Lei nº IV - o direito à informação, à transparência e
13.204, de 2015) ao controle social das ações públicas;
a) membros de Poder ou do Ministério
Público; (Incluída pela Lei nº 13.204, de V - a integração e a transversalidade dos
2015) procedimentos, mecanismos e instâncias de
participação social;
b) dirigentes de órgão ou de entidade da
administração pública; (Incluída pela Lei VI - a valorização da diversidade cultural e
nº 13.204, de 2015) da educação para a cidadania ativa;
c) pessoas jurídicas de direito público
interno; (Incluída pela Lei nº 13.204, de VII - a promoção e a defesa dos direitos
2015) humanos;

d) pessoas jurídicas integrantes da VIII - a preservação, a conservação e a


administração pública; (Incluída pela Lei proteção dos recursos hídricos e do meio
nº 13.204, de 2015) ambiente;
X - às parcerias entre a administração
pública e os serviços sociais IX - a valorização dos direitos dos povos
autônomos. (Incluído pela Lei nº 13.204, indígenas e das comunidades tradicionais;
de 2015)
X - a preservação e a valorização do
(Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015) patrimônio cultural brasileiro, em suas
dimensões material e imaterial.
CAPÍTULO II
Art. 6o São diretrizes fundamentais do
DA CELEBRAÇÃO DO TERMO DE COLABORAÇÃO regime jurídico de parceria: (Redação
OU DE FOMENTO dada pela Lei nº 13.204, de 2015)

Seção I I - a promoção, o fortalecimento


institucional, a capacitação e o incentivo à
Normas Gerais
45

organização da sociedade civil para a a: (Redação dada pela Lei nº 13.204, de


cooperação com o poder público; 2015)
I - administradores públicos, dirigentes e
II - a priorização do controle de resultados;
gestores; (Incluído pela Lei nº 13.204, de
2015)
III - o incentivo ao uso de recursos
atualizados de tecnologias de informação e II - representantes de organizações da
comunicação; sociedade civil; (Incluído pela Lei nº
13.204, de 2015)
IV - o fortalecimento das ações de III - membros de conselhos de políticas
cooperação institucional entre os entes públicas; (Incluído pela Lei nº 13.204, de
federados nas relações com as organizações da 2015)
sociedade civil;
IV - membros de comissões de seleção;
V - o estabelecimento de mecanismos que (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
ampliem a gestão de informação, transparência
V - membros de comissões de
e publicidade;
monitoramento e avaliação; (Incluído pela
Lei nº 13.204, de 2015)
VI - a ação integrada, complementar e
descentralizada, de recursos e ações, entre os VI - demais agentes públicos e privados
entes da Federação, evitando sobreposição de envolvidos na celebração e execução das
iniciativas e fragmentação de recursos; parcerias disciplinadas nesta Lei. (Incluído pela
Lei nº 13.204, de 2015)
VII - a sensibilização, a capacitação, o Parágrafo único. A participação nos
aprofundamento e o aperfeiçoamento do programas previstos no caput não constituirá
trabalho de gestores públicos, na
condição para o exercício de função envolvida
implementação de atividades e projetos de na materialização das parcerias disciplinadas
interesse público e relevância social com nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.204, de
organizações da sociedade civil; 2015)

VIII - a adoção de práticas de gestão Art. 8o Ao decidir sobre a celebração de


administrativa necessárias e suficientes para parcerias previstas nesta Lei, o administrador
coibir a obtenção, individual ou coletiva, de público: (Redação dada pela Lei nº
benefícios ou vantagens 13.204, de 2015)
indevidos; (Redação dada pela Lei nº
I - considerará, obrigatoriamente, a
13.204, de 2015)
capacidade operacional da administração
pública para celebrar a parceria, cumprir as
IX - a promoção de soluções derivadas da obrigações dela decorrentes e assumir as
aplicação de conhecimentos, da ciência e respectivas responsabilidades; (Incluído
tecnologia e da inovação para atender pela Lei nº 13.204, de 2015)
necessidades e demandas de maior qualidade
de vida da população em situação de II - avaliará as propostas de parceria com o
desigualdade social. rigor técnico necessário; (Incluído pela
Lei nº 13.204, de 2015)
Seção II
III - designará gestores habilitados a
controlar e fiscalizar a execução em tempo hábil
Da Capacitação de Gestores, Conselheiros e e de modo eficaz; (Incluído pela Lei nº
Sociedade Civil Organizada 13.204, de 2015)

Art. 7o A União poderá instituir, em IV - apreciará as prestações de contas na


coordenação com os Estados, o Distrito Federal, forma e nos prazos determinados nesta Lei e na
os Municípios e organizações da sociedade civil, legislação específica. (Incluído pela Lei nº
programas de capacitação voltados 13.204, de 2015)
46

Parágrafo único. A administração pública VI - quando vinculados à execução do objeto


adotará as medidas necessárias, tanto na e pagos com recursos da parceria, o valor total
capacitação de pessoal, quanto no provimento da remuneração da equipe de trabalho, as
dos recursos materiais e tecnológicos funções que seus integrantes desempenham e a
necessários, para assegurar a capacidade remuneração prevista para o respectivo
técnica e operacional de que trata exercício. (Incluído pela Lei nº 13.204,
o caput deste artigo. de 2015)

Seção III Art. 12. A administração pública deverá


divulgar pela internet os meios de
Da Transparência e do Controle representação sobre a aplicação irregular dos
recursos envolvidos na parceria.
(Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015) (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)

Art. 10. A administração pública deverá Seção IV


manter, em seu sítio oficial na internet, a
relação das parcerias celebradas e dos Do Fortalecimento da Participação Social e
respectivos planos de trabalho, até cento e da Divulgação das Ações
oitenta dias após o respectivo
encerramento. (Redação dada pela Lei nº Art. 13. (VETADO).
13.204, de 2015)
Art. 14. A administração pública divulgará,
Art. 11. A organização da sociedade civil na forma de regulamento, nos meios públicos
deverá divulgar na internet e em locais visíveis de comunicação por radiodifusão de sons e de
de suas sedes sociais e dos estabelecimentos sons e imagens, campanhas publicitárias e
em que exerça suas ações todas as parcerias programações desenvolvidas por organizações
celebradas com a administração da sociedade civil, no âmbito das parcerias
pública. (Redação dada pela Lei nº previstas nesta Lei, mediante o emprego de
13.204, de 2015) recursos tecnológicos e de linguagem
adequados à garantia de acessibilidade por
Parágrafo único. As informações de que pessoas com deficiência. (Redação dada
tratam este artigo e o art. 10 deverão incluir, no pela Lei nº 13.204, de 2015)
mínimo:
Art. 15. Poderá ser criado, no âmbito do
I - data de assinatura e identificação do Poder Executivo federal, o Conselho Nacional de
instrumento de parceria e do órgão da Fomento e Colaboração, de composição
administração pública responsável; paritária entre representantes governamentais e
organizações da sociedade civil, com a
II - nome da organização da sociedade civil finalidade de divulgar boas práticas e de propor
e seu número de inscrição no Cadastro Nacional e apoiar políticas e ações voltadas ao
da Pessoa Jurídica - CNPJ da Secretaria da fortalecimento das relações de fomento e de
Receita Federal do Brasil - RFB; colaboração previstas nesta Lei.

III - descrição do objeto da parceria; § 1o A composição e o funcionamento do


Conselho Nacional de Fomento e Colaboração
serão disciplinados em regulamento.
IV - valor total da parceria e valores
liberados, quando for o caso; (Redação
dada pela Lei nº 13.204, de 2015) § 2o Os demais entes federados também
poderão criar instância participativa, nos termos
deste artigo.
V - situação da prestação de contas da
parceria, que deverá informar a data prevista
para a sua apresentação, a data em que foi § 3o Os conselhos setoriais de políticas
apresentada, o prazo para a sua análise e o públicas e a administração pública serão
resultado conclusivo. consultados quanto às políticas e ações voltadas
ao fortalecimento das relações de fomento e de
47

colaboração propostas pelo Conselho de que possível, indicação da viabilidade, dos custos,
trata o caput deste artigo. (Incluído pela dos benefícios e dos prazos de execução da
Lei nº 13.204, de 2015) ação pretendida.

Seção V Art. 20. Preenchidos os requisitos do art. 19,


a administração pública deverá tornar pública a
Dos Termos de Colaboração e de Fomento proposta em seu sítio eletrônico e, verificada a
conveniência e oportunidade para realização do
Art. 16. O termo de colaboração deve ser Procedimento de Manifestação de Interesse
adotado pela administração pública para Social, o instaurará para oitiva da sociedade
consecução de planos de trabalho de sua sobre o tema.
iniciativa, para celebração de parcerias com
organizações da sociedade civil que envolvam a Parágrafo único. Os prazos e regras do
transferência de recursos procedimento de que trata esta Seção
financeiros. (Redação dada pela Lei nº observarão regulamento próprio de cada ente
13.204, de 2015) federado, a ser aprovado após a publicação
desta Lei.
Parágrafo único. Os conselhos de políticas
públicas poderão apresentar propostas à Art. 21. A realização do Procedimento de
administração pública para celebração de termo Manifestação de Interesse Social não implicará
de colaboração com organizações da sociedade necessariamente na execução do chamamento
civil. público, que acontecerá de acordo com os
interesses da administração.
Art. 17. O termo de fomento deve ser
adotado pela administração pública para § 1o A realização do Procedimento de
consecução de planos de trabalho propostos por Manifestação de Interesse Social não dispensa a
organizações da sociedade civil que envolvam a convocação por meio de chamamento público
transferência de recursos financeiros. para a celebração de parceria.
(Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
§ 2o A proposição ou a participação no
Seção VI Procedimento de Manifestação de Interesse
Social não impede a organização da sociedade
Do Procedimento de Manifestação de civil de participar no eventual chamamento
Interesse Social público subsequente.

Art. 18. É instituído o Procedimento de § 3o É vedado condicionar a realização de


Manifestação de Interesse Social como chamamento público ou a celebração de
instrumento por meio do qual as organizações parceria à prévia realização de Procedimento de
da sociedade civil, movimentos sociais e Manifestação de Interesse
cidadãos poderão apresentar propostas ao Social. (Incluído pela Lei nº 13.204, de
poder público para que este avalie a 2015)
possibilidade de realização de um chamamento
público objetivando a celebração de parceria. Seção VII

Art. 19. A proposta a ser encaminhada à Do Plano de Trabalho


administração pública deverá atender aos
seguintes requisitos: Art. 22. Deverá constar do plano de
trabalho de parcerias celebradas mediante
I - identificação do subscritor da proposta; termo de colaboração ou de fomento:
(Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
II - indicação do interesse público envolvido;
I - descrição da realidade que será objeto da
III - diagnóstico da realidade que se quer parceria, devendo ser demonstrado o nexo
modificar, aprimorar ou desenvolver e, quando entre essa realidade e as atividades ou projetos
48

e metas a serem atingidas; (Redação Parágrafo único. Sempre que possível, a


dada pela Lei nº 13.204, de 2015) administração pública estabelecerá critérios a
serem seguidos, especialmente quanto às
II - descrição de metas a serem atingidas e seguintes características: (Redação dada
de atividades ou projetos a serem pela Lei nº 13.204, de 2015)
executados; (Redação dada pela Lei nº
13.204, de 2015) I - objetos;
II-A - previsão de receitas e de despesas a
II - metas;
serem realizadas na execução das atividades ou
dos projetos abrangidos pela
parceria; (Incluído pela Lei nº 13.204, de III - (revogado); (Redação dada
2015) pela Lei nº 13.204, de 2015)

III - forma de execução das atividades ou IV - custos;


dos projetos e de cumprimento das metas a
eles atreladas; (Redação dada pela Lei V - (revogado); (Redação dada pela
nº 13.204, de 2015) Lei nº 13.204, de 2015)

IV - definição dos parâmetros a serem VI - indicadores, quantitativos ou


utilizados para a aferição do cumprimento das qualitativos, de avaliação de
metas. (Redação dada pela Lei nº resultados. (Redação dada pela Lei nº
13.204, de 2015) 13.204, de 2015)

V - (revogado); (Redação dada pela Art. 24. Exceto nas hipóteses previstas
Lei nº 13.204, de 2015) nesta Lei, a celebração de termo de colaboração
ou de fomento será precedida de chamamento
VI - (revogado); (Redação dada pela público voltado a selecionar organizações da
Lei nº 13.204, de 2015) sociedade civil que tornem mais eficaz a
VII - (revogado); (Redação dada pela execução do objeto. (Redação dada pela
Lei nº 13.204, de 2015) Lei nº 13.204, de 2015)

VIII - (revogado); (Redação dada pela § 1o O edital do chamamento público


Lei nº 13.204, de 2015) especificará, no mínimo:
IX - (revogado); (Redação dada pela
Lei nº 13.204, de 2015) I - a programação orçamentária que autoriza
e viabiliza a celebração da parceria;
X - (revogado). (Redação dada pela (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
Lei nº 13.204, de 2015)
II - (revogado); (Redação dada pela
Parágrafo único. Lei nº 13.204, de 2015)
(Revogado). (Redação dada pela Lei nº
13.204, de 2015) III - o objeto da parceria;

Seção VIII IV - as datas, os prazos, as condições, o


local e a forma de apresentação das propostas;
Do Chamamento Público
V - as datas e os critérios de seleção e
Art. 23. A administração pública deverá julgamento das propostas, inclusive no que se
adotar procedimentos claros, objetivos e refere à metodologia de pontuação e ao peso
simplificados que orientem os interessados e atribuído a cada um dos critérios estabelecidos,
facilitem o acesso direto aos seus órgãos e se for o caso; (Redação dada pela Lei
instâncias decisórias, independentemente da nº 13.204, de 2015)
modalidade de parceria prevista nesta Lei.
(Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
49

VI - o valor previsto para a realização do administração pública na internet, com


objeto; antecedência mínima de trinta
dias. (Redação dada pela Lei nº 13.204,
VII - (revogado); (Redação dada de 2015)
pela Lei nº 13.204, de 2015)
Parágrafo único. (Revogado).
a) (revogada); (Redação dada pela (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
Lei nº 13.204, de 2015)
b) (revogada); (Redação dada pela Lei Art. 27. O grau de adequação da proposta
nº 13.204, de 2015) aos objetivos específicos do programa ou da
ação em que se insere o objeto da parceria e,
c) (revogada); (Redação dada pela Lei quando for o caso, ao valor de referência
nº 13.204, de 2015) constante do chamamento constitui critério
VIII - as condições para interposição de obrigatório de julgamento. (Redação
recurso administrativo; (Incluído pela Lei dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
nº 13.204, de 2015)
§ 1o As propostas serão julgadas por uma
IX - a minuta do instrumento por meio do comissão de seleção previamente designada,
qual será celebrada a parceria; (Redação nos termos desta Lei, ou constituída pelo
dada pela Lei nº 13.204, de 2015) respectivo conselho gestor, se o projeto for
X - de acordo com as características do financiado com recursos de fundos
objeto da parceria, medidas de acessibilidade específicos. (Redação dada pela Lei nº
para pessoas com deficiência ou mobilidade 13.204, de 2015)
reduzida e idosos. (Redação dada pela
Lei nº 13.204, de 2015) § 2o Será impedida de participar da
comissão de seleção pessoa que, nos últimos
§ 2o É vedado admitir, prever, incluir ou cinco anos, tenha mantido relação jurídica com,
tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou ao menos, uma das entidades participantes do
condições que comprometam, restrinjam ou chamamento público. (Redação dada pela
frustrem o seu caráter competitivo em Lei nº 13.204, de 2015)
decorrência de qualquer circunstância
impertinente ou irrelevante para o específico § 3o Configurado o impedimento previsto no
objeto da parceria, admitidos: (Redação § 2o, deverá ser designado membro substituto
dada pela Lei nº 13.204, de 2015) que possua qualificação equivalente à do
I - a seleção de propostas apresentadas substituído.
exclusivamente por concorrentes sediados ou
com representação atuante e reconhecida na § 4o A administração pública homologará e
unidade da Federação onde será executado o divulgará o resultado do julgamento em página
objeto da parceria; (Incluído pela Lei nº do sítio previsto no art. 26. (Redação
13.204, de 2015) dada pela Lei nº 13.204, de 2015)

II - o estabelecimento de cláusula que § 5o Será obrigatoriamente justificada a


delimite o território ou a abrangência da seleção de proposta que não for a mais
prestação de atividades ou da execução de adequada ao valor de referência constante do
projetos, conforme estabelecido nas políticas chamamento público. (Incluído pela Lei
setoriais. (Incluído pela Lei nº 13.204, de nº 13.204, de 2015)
2015)
§ 6o A homologação não gera direito para a
(Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015) organização da sociedade civil à celebração da
(Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015) parceria. (Incluído pela Lei nº 13.204,
(Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015) de 2015)
(Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015)
(Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015) Art. 28. Somente depois de encerrada a
etapa competitiva e ordenadas as propostas, a
Art. 26. O edital deverá ser amplamente administração pública procederá à verificação
divulgado em página do sítio oficial da dos documentos que comprovem o atendimento
50

pela organização da sociedade civil selecionada IV - (VETADO).


dos requisitos previstos nos arts. 33 e 34.
(Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) V - (VETADO); (Incluído pela Lei nº
13.204, de 2015)
§ 1o Na hipótese de a organização da
sociedade civil selecionada não atender aos VI - no caso de atividades voltadas ou
requisitos exigidos nos arts. 33 e 34, aquela vinculadas a serviços de educação, saúde e
imediatamente mais bem classificada poderá assistência social, desde que executadas por
ser convidada a aceitar a celebração de parceria organizações da sociedade civil previamente
nos termos da proposta por ela credenciadas pelo órgão gestor da respectiva
apresentada. (Redação dada pela Lei nº política. (Incluído pela Lei nº 13.204, de
13.204, de 2015) 2015)
Art. 31. Será considerado inexigível o
§ 2o Caso a organização da sociedade civil chamamento público na hipótese de
convidada nos termos do § 1o aceite celebrar a inviabilidade de competição entre as
parceria, proceder-se-á à verificação dos organizações da sociedade civil, em razão da
documentos que comprovem o atendimento aos natureza singular do objeto da parceria ou se as
requisitos previstos nos arts. 33 e 34. metas somente puderem ser atingidas por uma
(Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) entidade específica, especialmente
quando: (Redação dada pela Lei nº
§ 3o (Revogado). (Redação dada 13.204, de 2015)
pela Lei nº 13.204, de 2015)
I - o objeto da parceria constituir
incumbência prevista em acordo, ato ou
Art. 29. Os termos de colaboração ou de compromisso internacional, no qual sejam
fomento que envolvam recursos decorrentes de indicadas as instituições que utilizarão os
emendas parlamentares às leis orçamentárias recursos; (Incluído pela Lei nº 13.204,
anuais e os acordos de cooperação serão de 2015)
celebrados sem chamamento público, exceto,
em relação aos acordos de cooperação, quando II - a parceria decorrer de transferência para
o objeto envolver a celebração de comodato, organização da sociedade civil que esteja
doação de bens ou outra forma de autorizada em lei na qual seja identificada
compartilhamento de recurso patrimonial, expressamente a entidade beneficiária, inclusive
hipótese em que o respectivo chamamento quando se tratar da subvenção prevista
público observará o disposto nesta no inciso I do § 3o do art. 12 da Lei no 4.320, de
Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.204, 17 de março de 1964, observado o disposto
de 2015) no art. 26 da Lei Complementar n o 101, de 4 de
maio de 2000. (Incluído pela Lei nº
Art. 30. A administração pública poderá 13.204, de 2015)
dispensar a realização do chamamento público:
Art. 32. Nas hipóteses dos arts. 30 e 31
I - no caso de urgência decorrente de desta Lei, a ausência de realização de
paralisação ou iminência de paralisação de chamamento público será justificada pelo
atividades de relevante interesse público, pelo administrador público. (Redação dada
prazo de até cento e oitenta dias; pela Lei nº 13.204, de 2015)
(Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
§ 1o Sob pena de nulidade do ato de
II - nos casos de guerra, calamidade pública, formalização de parceria prevista nesta Lei, o
grave perturbação da ordem pública ou ameaça extrato da justificativa previsto
à paz social; (Redação dada pela Lei nº no caput deverá ser publicado, na mesma data
13.204, de 2015) em que for efetivado, no sítio oficial da
administração pública na internet e,
III - quando se tratar da realização de eventualmente, a critério do administrador
programa de proteção a pessoas ameaçadas ou público, também no meio oficial de publicidade
em situação que possa comprometer a sua da administração pública. (Redação
segurança; dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
51

§ 2o Admite-se a impugnação à justificativa, V - possuir: (Incluído pela Lei nº


apresentada no prazo de cinco dias a contar de 13.204, de 2015)
sua publicação, cujo teor deve ser analisado
pelo administrador público responsável em até a) no mínimo, um, dois ou três anos de
cinco dias da data do respectivo protocolo. existência, com cadastro ativo, comprovados
(Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) por meio de documentação emitida pela
Secretaria da Receita Federal do Brasil, com
§ 3o Havendo fundamento na impugnação, base no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica -
será revogado o ato que declarou a dispensa ou CNPJ, conforme, respectivamente, a parceria
considerou inexigível o chamamento público, e seja celebrada no âmbito dos Municípios, do
será imediatamente iniciado o procedimento Distrito Federal ou dos Estados e da União,
para a realização do chamamento público, admitida a redução desses prazos por ato
conforme o caso. específico de cada ente na hipótese de nenhuma
organização atingi-los; (Incluído pela Lei
§ 4o A dispensa e a inexigibilidade de nº 13.204, de 2015)
chamamento público, bem como o disposto no
b) experiência prévia na realização, com
art. 29, não afastam a aplicação dos demais
efetividade, do objeto da parceria ou de
dispositivos desta Lei. (Incluído pela Lei
natureza semelhante; (Incluído pela
nº 13.204, de 2015)
Lei nº 13.204, de 2015)

Seção IX c) instalações, condições materiais e


capacidade técnica e operacional para o
Dos Requisitos para Celebração do Termo desenvolvimento das atividades ou projetos
de Colaboração e do Termo de Fomento previstos na parceria e o cumprimento das
metas estabelecidas. (Incluído pela Lei nº
Art. 33. Para celebrar as parcerias previstas 13.204, de 2015)
nesta Lei, as organizações da sociedade civil § 1o Na celebração de acordos de
deverão ser regidas por normas de organização cooperação, somente será exigido o requisito
interna que prevejam, previsto no inciso I. (Incluído pela Lei nº
expressamente: (Redação dada pela Lei 13.204, de 2015)
nº 13.204, de 2015)
§ 2o Serão dispensadas do atendimento ao
I - objetivos voltados à promoção de disposto nos incisos I e III as organizações
atividades e finalidades de relevância pública e religiosas. (Incluído pela Lei nº 13.204,
social; de 2015)
§ 3o As sociedades cooperativas deverão
III - que, em caso de dissolução da atender às exigências previstas na legislação
entidade, o respectivo patrimônio líquido seja específica e ao disposto no inciso IV, estando
transferido a outra pessoa jurídica de igual dispensadas do atendimento aos requisitos
natureza que preencha os requisitos desta Lei e previstos nos incisos I e III. (Incluído
cujo objeto social seja, preferencialmente, o pela Lei nº 13.204, de 2015)
mesmo da entidade extinta; (Redação
dada pela Lei nº 13.204, de 2015) § 4o (VETADO). (Incluído pela Lei
nº 13.204, de 2015)
IV - escrituração de acordo com os princípios § 5o Para fins de atendimento do previsto
fundamentais de contabilidade e com as Normas na alínea c do inciso V, não será necessária a
Brasileiras de Contabilidade; (Redação demonstração de capacidade instalada
dada pela Lei nº 13.204, de 2015) prévia. (Incluído pela Lei nº 13.204, de
2015)
a) (revogada); (Redação dada pela
Lei nº 13.204, de 2015) Art. 34. Para celebração das parcerias
previstas nesta Lei, as organizações da
b) (revogada); (Redação dada pela Lei sociedade civil deverão apresentar:
nº 13.204, de 2015)
52

I - (revogado); (Redação dada pela II - indicação expressa da existência de


Lei nº 13.204, de 2015) prévia dotação orçamentária para execução da
parceria;
II - certidões de regularidade fiscal,
previdenciária, tributária, de contribuições e de III - demonstração de que os objetivos e
dívida ativa, de acordo com a legislação finalidades institucionais e a capacidade técnica
aplicável de cada ente federado; e operacional da organização da sociedade civil
foram avaliados e são compatíveis com o
III - certidão de existência jurídica expedida objeto;
pelo cartório de registro civil ou cópia do
estatuto registrado e de eventuais alterações IV - aprovação do plano de trabalho, a ser
ou, tratando-se de sociedade cooperativa, apresentado nos termos desta Lei;
certidão simplificada emitida por junta
comercial; (Redação dada pela Lei nº V - emissão de parecer de órgão técnico da
13.204, de 2015) administração pública, que deverá pronunciar-
se, de forma expressa, a respeito:
IV - (revogado); (Redação dada pela
Lei nº 13.204, de 2015) a) do mérito da proposta, em conformidade
com a modalidade de parceria adotada;
V - cópia da ata de eleição do quadro
dirigente atual; b) da identidade e da reciprocidade de
interesse das partes na realização, em mútua
VI - relação nominal atualizada dos cooperação, da parceria prevista nesta Lei;
dirigentes da entidade, com endereço, número e
órgão expedidor da carteira de identidade e c) da viabilidade de sua
número de registro no Cadastro de Pessoas execução; (Redação dada pela Lei nº
Físicas - CPF da Secretaria da Receita Federal 13.204, de 2015)
do Brasil - RFB de cada um deles;
d) da verificação do cronograma de
VII - comprovação de que a organização da desembolso; (Redação dada pela Lei nº
sociedade civil funciona no endereço por ela 13.204, de 2015)
declarado; (Redação dada pela Lei nº
13.204, de 2015) e) da descrição de quais serão os meios
disponíveis a serem utilizados para a
VIII - (revogado). (Redação dada fiscalização da execução da parceria, assim
pela Lei nº 13.204, de 2015) como dos procedimentos que deverão ser
adotados para avaliação da execução física e
Parágrafo único. (VETADO): financeira, no cumprimento das metas e
objetivos;
I - (VETADO);
f) (Revogada); (Redação dada pela Lei
II - (VETADO); nº 13.204, de 2015)

III - (VETADO). g) da designação do gestor da parceria;

Art. 35. A celebração e a formalização do h) da designação da comissão de


termo de colaboração e do termo de fomento monitoramento e avaliação da parceria;
dependerão da adoção das seguintes
providências pela administração pública: i) (Revogada); (Redação dada pela
Lei nº 13.204, de 2015)
I - realização de chamamento público,
ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei; VI - emissão de parecer jurídico do órgão de
assessoria ou consultoria jurídica da
administração pública acerca da possibilidade de
53

celebração da parceria. (Redação dada civil, mantida a integral responsabilidade da


pela Lei nº 13.204, de 2015) organização celebrante do termo de fomento ou
de colaboração, desde que a organização da
§ 1o Não será exigida contrapartida sociedade civil signatária do termo de fomento
financeira como requisito para celebração de ou de colaboração possua: (Incluído pela
parceria, facultada a exigência de contrapartida Lei nº 13.204, de 2015)
em bens e serviços cuja expressão monetária
será obrigatoriamente identificada no termo de I - mais de cinco anos de inscrição no
colaboração ou de fomento. (Redação CNPJ; (Incluído pela Lei nº 13.204, de
dada pela Lei nº 13.204, de 2015) 2015)

§ 2o Caso o parecer técnico ou o parecer II - capacidade técnica e operacional para


jurídico de que tratam, respectivamente, os supervisionar e orientar diretamente a atuação
incisos V e VI concluam pela possibilidade de da organização que com ela estiver atuando em
celebração da parceria com ressalvas, deverá o rede. (Incluído pela Lei nº 13.204, de
administrador público sanar os aspectos 2015)
ressalvados ou, mediante ato formal, justificar a
preservação desses aspectos ou sua Parágrafo único. A organização da
exclusão. (Redação dada pela Lei nº sociedade civil que assinar o termo de
13.204, de 2015) colaboração ou de fomento deverá celebrar
termo de atuação em rede para repasse de
§ 3o Na hipótese de o gestor da parceria recursos às não celebrantes, ficando obrigada a,
deixar de ser agente público ou ser lotado em no ato da respectiva formalização:
outro órgão ou entidade, o administrador (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
público deverá designar novo gestor,
assumindo, enquanto isso não ocorrer, todas as I - verificar, nos termos do regulamento, a
obrigações do gestor, com as respectivas regularidade jurídica e fiscal da organização
responsabilidades. executante e não celebrante do termo de
colaboração ou do termo de fomento, devendo
§ 4o (Revogado). (Redação dada comprovar tal verificação na prestação de
pela Lei nº 13.204, de 2015) contas; (Incluído pela Lei nº 13.204, de
2015)
§ 5o Caso a organização da sociedade civil
adquira equipamentos e materiais permanentes II - comunicar à administração pública em
com recursos provenientes da celebração da até sessenta dias a assinatura do termo de
parceria, o bem será gravado com cláusula de atuação em rede. (Incluído pela Lei nº
inalienabilidade, e ela deverá formalizar 13.204, de 2015)
promessa de transferência da propriedade à
administração pública, na hipótese de sua Art. 36. Será obrigatória a estipulação do
extinção. destino a ser dado aos bens remanescentes da
parceria.
§ 6o Será impedida de participar como
gestor da parceria ou como membro da Parágrafo único. Os bens remanescentes
comissão de monitoramento e avaliação pessoa adquiridos com recursos transferidos poderão, a
que, nos últimos 5 (cinco) anos, tenha mantido critério do administrador público, ser doados
relação jurídica com, ao menos, 1 (uma) das quando, após a consecução do objeto, não
organizações da sociedade civil partícipes. forem necessários para assegurar a
continuidade do objeto pactuado, observado o
§ 7o Configurado o impedimento do § 6 o, disposto no respectivo termo e na legislação
deverá ser designado gestor ou membro vigente.
substituto que possua qualificação técnica
equivalente à do substituído. Art. 37. (Revogado). (Redação dada
pela Lei nº 13.204, de 2015)
Art. 35-A. É permitida a atuação em rede,
por duas ou mais organizações da sociedade
54

Art. 38. O termo de fomento, o termo de V - tenha sido punida com uma das
colaboração e o acordo de cooperação somente seguintes sanções, pelo período que durar a
produzirão efeitos jurídicos após a publicação penalidade:
dos respectivos extratos no meio oficial de
publicidade da administração a) suspensão de participação em licitação e
pública. (Redação dada pela Lei nº impedimento de contratar com a administração;
13.204, de 2015)
b) declaração de inidoneidade para licitar ou
Seção X contratar com a administração pública;

Das Vedações c) a prevista no inciso II do art. 73 desta


Lei;
Art. 39. Ficará impedida de celebrar
qualquer modalidade de parceria prevista nesta d) a prevista no inciso III do art. 73 desta
Lei a organização da sociedade civil que: Lei;

I - não esteja regularmente constituída ou, VI - tenha tido contas de parceria julgadas
se estrangeira, não esteja autorizada a irregulares ou rejeitadas por Tribunal ou
funcionar no território nacional; Conselho de Contas de qualquer esfera da
Federação, em decisão irrecorrível, nos últimos
II - esteja omissa no dever de prestar 8 (oito) anos;
contas de parceria anteriormente celebrada;
VII - tenha entre seus dirigentes pessoa:
III - tenha como dirigente membro de Poder
ou do Ministério Público, ou dirigente de órgão a) cujas contas relativas a parcerias tenham
ou entidade da administração pública da mesma sido julgadas irregulares ou rejeitadas por
esfera governamental na qual será celebrado o Tribunal ou Conselho de Contas de qualquer
termo de colaboração ou de fomento, esfera da Federação, em decisão irrecorrível,
estendendo-se a vedação aos respectivos nos últimos 8 (oito) anos;
cônjuges ou companheiros, bem como parentes
em linha reta, colateral ou por afinidade, até o b) julgada responsável por falta grave e
segundo grau; (Redação dada pela Lei nº inabilitada para o exercício de cargo em
13.204, de 2015) comissão ou função de confiança, enquanto
durar a inabilitação;
IV - tenha tido as contas rejeitadas pela
administração pública nos últimos cinco anos, c) considerada responsável por ato de
exceto se: (Redação dada pela Lei nº improbidade, enquanto durarem os prazos
13.204, de 2015) estabelecidos nos incisos I, II e III do art. 12 da
Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992.
a) for sanada a irregularidade que motivou a
rejeição e quitados os débitos eventualmente § 1o Nas hipóteses deste artigo, é
imputados; (Incluído pela Lei nº 13.204, igualmente vedada a transferência de novos
de 2015) recursos no âmbito de parcerias em execução,
excetuando-se os casos de serviços essenciais
b) for reconsiderada ou revista a decisão que não podem ser adiados sob pena de
pela rejeição; (Incluído pela Lei nº prejuízo ao erário ou à população, desde que
13.204, de 2015) precedida de expressa e fundamentada
autorização do dirigente máximo do órgão ou
c) a apreciação das contas estiver pendente entidade da administração pública, sob pena de
de decisão sobre recurso com efeito responsabilidade solidária.
suspensivo; (Incluído pela Lei nº 13.204,
de 2015) § 2o Em qualquer das hipóteses previstas
no caput, persiste o impedimento para celebrar
parceria enquanto não houver o ressarcimento
55

do dano ao erário, pelo qual seja responsável a Art. 41. Ressalvado o disposto no art. 3o e
organização da sociedade civil ou seu dirigente. no parágrafo único do art. 84, serão celebradas
nos termos desta Lei as parcerias entre a
§ 3o (Revogado). (Redação dada pela administração pública e as entidades referidas
Lei nº 13.204, de 2015) no inciso I do art. 2o. (Redação dada pela
Lei nº 13.204, de 2015)
§ 4o Para os fins do disposto na alínea a do
inciso IV e no § 2o, não serão considerados Parágrafo
débitos que decorram de atrasos na liberação único. (Revogado). (Redação dada pela
de repasses pela administração pública ou que Lei nº 13.204, de 2015)
tenham sido objeto de parcelamento, se a
organização da sociedade civil estiver em CAPÍTULO III
situação regular no parcelamento.
(Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) DA FORMALIZAÇÃO E DA EXECUÇÃO

§ 5o A vedação prevista no inciso III não se Seção I


aplica à celebração de parcerias com entidades
que, pela sua própria natureza, sejam Disposições Preliminares
constituídas pelas autoridades referidas naquele
inciso, sendo vedado que a mesma pessoa
Art. 42. As parcerias serão formalizadas
figure no termo de colaboração, no termo de
mediante a celebração de termo de
fomento ou no acordo de cooperação
colaboração, de termo de fomento ou de acordo
simultaneamente como dirigente e
de cooperação, conforme o caso, que terá como
administrador público. (Incluído pela Lei
cláusulas essenciais: (Redação dada
nº 13.204, de 2015)
pela Lei nº 13.204, de 2015)

§ 6o Não são considerados membros de


I - a descrição do objeto pactuado;
Poder os integrantes de conselhos de direitos e
de políticas públicas. (Incluído pela Lei nº
13.204, de 2015) II - as obrigações das partes;

Art. 40. É vedada a celebração de parcerias III - quando for o caso, o valor total e o
previstas nesta Lei que tenham por objeto, cronograma de desembolso; (Redação
envolvam ou incluam, direta ou indiretamente, dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
delegação das funções de regulação, de
fiscalização, de exercício do poder de polícia ou IV -(revogado); (Redação dada pela
de outras atividades exclusivas de Lei nº 13.204, de 2015)
Estado. (Redação dada pela Lei nº
13.204, de 2015) V - a contrapartida, quando for o caso,
observado o disposto no § 1o do art.
I - (revogado); (Redação dada pela 35; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de
Lei nº 13.204, de 2015) 2015)

II - (revogado). (Redação dada pela VI - a vigência e as hipóteses de


Lei nº 13.204, de 2015) prorrogação;

Parágrafo único. VII - a obrigação de prestar contas com


(Revogado): (Redação dada pela Lei nº definição de forma, metodologia e
13.204, de 2015) prazos; (Redação dada pela Lei nº
13.204, de 2015)
I - (revogado); (Redação dada pela
Lei nº 13.204, de 2015) VIII - a forma de monitoramento e
avaliação, com a indicação dos recursos
II - (revogado). (Redação dada pela humanos e tecnológicos que serão empregados
Lei nº 13.204, de 2015) na atividade ou, se for o caso, a indicação da
56

participação de apoio técnico nos termos participação de órgão encarregado de


previstos no § 1o do art. 58 desta Lei; assessoramento jurídico integrante da estrutura
da administração pública; (Redação
IX - a obrigatoriedade de restituição de dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
recursos, nos casos previstos nesta Lei;
XVIII - (revogado); (Redação dada
X - a definição, se for o caso, da titularidade pela Lei nº 13.204, de 2015)
dos bens e direitos remanescentes na data da
conclusão ou extinção da parceria e que, em XIX - a responsabilidade exclusiva da
razão de sua execução, tenham sido adquiridos, organização da sociedade civil pelo
produzidos ou transformados com recursos gerenciamento administrativo e financeiro dos
repassados pela administração pública; recursos recebidos, inclusive no que diz respeito
(Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) às despesas de custeio, de investimento e de
pessoal;
XI - (revogado); (Redação dada pela
Lei nº 13.204, de 2015) XX - a responsabilidade exclusiva da
organização da sociedade civil pelo pagamento
XII - a prerrogativa atribuída à dos encargos trabalhistas, previdenciários,
administração pública para assumir ou transferir fiscais e comerciais relacionados à execução do
a responsabilidade pela execução do objeto, no objeto previsto no termo de colaboração ou de
caso de paralisação, de modo a evitar sua fomento, não implicando responsabilidade
descontinuidade; (Redação dada pela Lei solidária ou subsidiária da administração pública
nº 13.204, de 2015) a inadimplência da organização da sociedade
civil em relação ao referido pagamento, os ônus
XIII - (revogado); (Redação dada pela incidentes sobre o objeto da parceria ou os
Lei nº 13.204, de 2015) danos decorrentes de restrição à sua
execução. (Redação dada pela Lei nº
13.204, de 2015)
XIV - quando for o caso, a obrigação de a
organização da sociedade civil manter e
movimentar os recursos em conta bancária Parágrafo único. Constará como anexo do
específica, observado o disposto no art. termo de colaboração, do termo de fomento ou
51; (Redação dada pela Lei nº 13.204, do acordo de cooperação o plano de trabalho,
de 2015) que deles será parte integrante e
indissociável. (Redação dada pela Lei nº
13.204, de 2015)
XV - o livre acesso dos agentes da
administração pública, do controle interno e do
Tribunal de Contas correspondente aos I - (revogado); (Redação dada pela
processos, aos documentos e às informações Lei nº 13.204, de 2015)
relacionadas a termos de colaboração ou a
termos de fomento, bem como aos locais de II - (revogado). (Redação dada pela
execução do respectivo objeto; (Redação Lei nº 13.204, de 2015)
dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
Seção II
XVI - a faculdade dos partícipes rescindirem
o instrumento, a qualquer tempo, com as Das Contratações Realizadas pelas
respectivas condições, sanções e delimitações Organizações da Sociedade Civil
claras de responsabilidades, além da estipulação
de prazo mínimo de antecedência para a (Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015)
publicidade dessa intenção, que não poderá ser (Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015)
inferior a 60 (sessenta) dias; (Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015)
(Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015)
XVII - a indicação do foro para dirimir as (Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015)
dúvidas decorrentes da execução da parceria, (Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015)
estabelecendo a obrigatoriedade da prévia
tentativa de solução administrativa, com a Seção III
57

Das Despesas I - remuneração da equipe encarregada da


execução do plano de trabalho, inclusive de
Art. 45. As despesas relacionadas à pessoal próprio da organização da sociedade
execução da parceria serão executadas nos civil, durante a vigência da parceria,
termos dos incisos XIX e XX do art. 42, sendo compreendendo as despesas com pagamentos
vedado: (Redação dada pela Lei nº de impostos, contribuições sociais, Fundo de
13.204, de 2015) Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, férias,
décimo terceiro salário, salários proporcionais,
I - utilizar recursos para finalidade alheia ao verbas rescisórias e demais encargos sociais e
objeto da parceria; (Redação dada pela trabalhistas; (Redação dada pela Lei nº
Lei nº 13.204, de 2015) 13.204, de 2015)

II - pagar, a qualquer título, servidor ou a) (revogada); (Redação dada pela Lei


empregado público com recursos vinculados à nº 13.204, de 2015)
parceria, salvo nas hipóteses previstas em lei
específica e na lei de diretrizes orçamentárias; b) (revogada); (Redação dada pela Lei
nº 13.204, de 2015)
III - (revogado); (Redação dada pela
Lei nº 13.204, de 2015) c) (revogada); (Redação dada pela Lei
nº 13.204, de 2015)
IV - (VETADO);
II - diárias referentes a deslocamento,
V - (revogado); (Redação dada pela Lei hospedagem e alimentação nos casos em que a
nº 13.204, de 2015) execução do objeto da parceria assim o
exija; (Redação dada pela Lei nº 13.204,
de 2015)
VI - (revogado); (Redação dada pela
Lei nº 13.204, de 2015)
III - custos indiretos necessários à execução
do objeto, seja qual for a proporção em relação
VII - (revogado); (Redação dada pela
ao valor total da parceria; (Redação dada
Lei nº 13.204, de 2015)
pela Lei nº 13.204, de 2015)
VIII - (revogado); (Redação dada pela
IV - aquisição de equipamentos e materiais
Lei nº 13.204, de 2015)
permanentes essenciais à consecução do objeto
e serviços de adequação de espaço físico, desde
IX - (revogado): (Redação dada pela que necessários à instalação dos referidos
Lei nº 13.204, de 2015) equipamentos e materiais.

a) (revogada); (Redação dada pela § 1o A inadimplência da administração


Lei nº 13.204, de 2015) pública não transfere à organização da
sociedade civil a responsabilidade pelo
b) (revogada); (Redação dada pela pagamento de obrigações vinculadas à parceria
Lei nº 13.204, de 2015) com recursos próprios. (Redação dada
pela Lei nº 13.204, de 2015)
c) (revogada); (Redação dada pela
Lei nº 13.204, de 2015) § 2o A inadimplência da organização da
sociedade civil em decorrência de atrasos na
d) (revogada). (Redação dada pela liberação de repasses relacionados à parceria
Lei nº 13.204, de 2015) não poderá acarretar restrições à liberação de
parcelas subsequentes. (Redação dada
Art. 46. Poderão ser pagas, entre outras pela Lei nº 13.204, de 2015)
despesas, com recursos vinculados à
parceria: (Redação dada pela Lei nº § 3o O pagamento de remuneração da
13.204, de 2015) equipe contratada pela organização da
sociedade civil com recursos da parceria não
58

gera vínculo trabalhista com o poder Art. 49. Nas parcerias cuja duração exceda
público. (Redação dada pela Lei nº um ano, é obrigatória a prestação de contas ao
13.204, de 2015) término de cada exercício. (Redação
dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
§ 4o (Revogado). (Redação dada pela
Lei nº 13.204, de 2015) I - (revogado); (Redação dada pela
Lei nº 13.204, de 2015)
§ 5o (VETADO).
II - (revogado); (Redação dada pela
(Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015) Lei nº 13.204, de 2015)
(Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015)
(Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015) III - (revogado). (Redação dada pela
(Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015) Lei nº 13.204, de 2015)
(Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015)
(Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015) Art. 50. A administração pública deverá
(Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015) viabilizar o acompanhamento pela internet dos
(Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015) processos de liberação de recursos referentes às
(Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015) parcerias celebradas nos termos desta Lei.
(Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015)
(Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015) Seção V
(Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015)
(Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015)
Da Movimentação e Aplicação Financeira
dos Recursos
Seção IV
Art. 51. Os recursos recebidos em
Da Liberação dos Recursos decorrência da parceria serão depositados em
conta corrente específica isenta de tarifa
Art. 48. As parcelas dos recursos bancária na instituição financeira pública
transferidos no âmbito da parceria serão determinada pela administração
liberadas em estrita conformidade com o pública. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de
respectivo cronograma de desembolso, exceto 2015)
nos casos a seguir, nos quais ficarão retidas até
o saneamento das Parágrafo único. Os rendimentos de ativos
impropriedades: (Redação dada pela Lei financeiros serão aplicados no objeto da
nº 13.204, de 2015) parceria, estando sujeitos às mesmas condições
de prestação de contas exigidas para os
I - quando houver evidências de recursos transferidos. (Redação dada
irregularidade na aplicação de parcela pela Lei nº 13.204, de 2015)
anteriormente recebida; (Redação dada
pela Lei nº 13.204, de 2015) Art. 52. Por ocasião da conclusão, denúncia,
rescisão ou extinção da parceria, os saldos
II - quando constatado desvio de finalidade financeiros remanescentes, inclusive os
na aplicação dos recursos ou o inadimplemento provenientes das receitas obtidas das aplicações
da organização da sociedade civil em relação a financeiras realizadas, serão devolvidos à
obrigações estabelecidas no termo de administração pública no prazo improrrogável
colaboração ou de fomento; (Redação de trinta dias, sob pena de imediata
dada pela Lei nº 13.204, de 2015) instauração de tomada de contas especial do
responsável, providenciada pela autoridade
III - quando a organização da sociedade civil competente da administração
deixar de adotar sem justificativa suficiente as pública. (Redação dada pela Lei nº
medidas saneadoras apontadas pela 13.204, de 2015)
administração pública ou pelos órgãos de
controle interno ou externo. (Redação Art. 53. Toda a movimentação de recursos
dada pela Lei nº 13.204, de 2015) no âmbito da parceria será realizada mediante
transferência eletrônica sujeita à identificação
59

do beneficiário final e à obrigatoriedade de Parágrafo único. (Revogado). (Redação


depósito em sua conta bancária. dada pela Lei nº 13.204, de 2015)

§ 1o Os pagamentos deverão ser realizados Seção VII


mediante crédito na conta bancária de
titularidade dos fornecedores e prestadores de Do Monitoramento e Avaliação
serviços. (Redação dada pela Lei nº
13.204, de 2015) Art. 58. A administração pública promoverá
o monitoramento e a avaliação do cumprimento
§ 2o Demonstrada a impossibilidade física do objeto da parceria. (Redação dada pela
de pagamento mediante transferência Lei nº 13.204, de 2015)
eletrônica, o termo de colaboração ou de
fomento poderá admitir a realização de § 1o Para a implementação do disposto
pagamentos em espécie. (Incluído pela no caput, a administração pública poderá valer-
Lei nº 13.204, de 2015) se do apoio técnico de terceiros, delegar
competência ou firmar parcerias com órgãos ou
(Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015) entidades que se situem próximos ao local de
(Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015) aplicação dos recursos. (Redação dada
(Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015) pela Lei nº 13.204, de 2015)
(Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015)
(Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015) § 2o Nas parcerias com vigência superior a 1
(Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015) (um) ano, a administração pública realizará,
(Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015) sempre que possível, pesquisa de satisfação
(Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015) com os beneficiários do plano de trabalho e
(Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015) utilizará os resultados como subsídio na
avaliação da parceria celebrada e do
Seção VI cumprimento dos objetivos pactuados, bem
como na reorientação e no ajuste das metas e
Das Alterações atividades definidas.

Art. 55. A vigência da parceria poderá ser § 3o Para a implementação do disposto no §


o
alterada mediante solicitação da organização da 2 , a administração pública poderá valer-se do
sociedade civil, devidamente formalizada e apoio técnico de terceiros, delegar competência
justificada, a ser apresentada à administração ou firmar parcerias com órgãos ou entidades
pública em, no mínimo, trinta dias antes do que se situem próximos ao local de aplicação
termo inicialmente previsto. (Redação dada dos recursos.
pela Lei nº 13.204, de 2015)
Art. 59. A administração pública emitirá
Parágrafo único. A prorrogação de ofício da relatório técnico de monitoramento e avaliação
vigência do termo de colaboração ou de de parceria celebrada mediante termo de
fomento deve ser feita pela administração colaboração ou termo de fomento e o
pública quando ela der causa a atraso na submeterá à comissão de monitoramento e
liberação de recursos financeiros, limitada ao avaliação designada, que o homologará,
exato período do atraso independentemente da obrigatoriedade de
verificado. (Redação dada pela Lei nº apresentação da prestação de contas devida
13.204, de 2015) pela organização da sociedade
civil. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de
(Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015) 2015)
(Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015)
§ 1o O relatório técnico de monitoramento e
Art. 57. O plano de trabalho da parceria avaliação da parceria, sem prejuízo de outros
poderá ser revisto para alteração de valores ou elementos, deverá conter: (Redação
de metas, mediante termo aditivo ou por dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
apostila ao plano de trabalho original.
(Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
60

I - descrição sumária das atividades e metas Art. 61. São obrigações do gestor:
estabelecidas;
I - acompanhar e fiscalizar a execução da
II - análise das atividades realizadas, do parceria;
cumprimento das metas e do impacto do
benefício social obtido em razão da execução do II - informar ao seu superior hierárquico a
objeto até o período, com base nos indicadores existência de fatos que comprometam ou
estabelecidos e aprovados no plano de trabalho; possam comprometer as atividades ou metas da
parceria e de indícios de irregularidades na
III - valores efetivamente transferidos pela gestão dos recursos, bem como as providências
administração pública; (Redação dada adotadas ou que serão adotadas para sanar os
pela Lei nº 13.204, de 2015) problemas detectados;

IV - (revogado); (Redação dada pela III – (VETADO);


Lei nº 13.204, de 2015)
IV - emitir parecer técnico conclusivo de
V - análise dos documentos comprobatórios análise da prestação de contas final, levando
das despesas apresentados pela organização da em consideração o conteúdo do relatório técnico
sociedade civil na prestação de contas, quando de monitoramento e avaliação de que trata o
não for comprovado o alcance das metas e art. 59; (Redação dada pela Lei nº
resultados estabelecidos no respectivo termo de 13.204, de 2015)
colaboração ou de fomento; (Redação
dada pela Lei nº 13.204, de 2015) V - disponibilizar materiais e equipamentos
tecnológicos necessários às atividades de
VI - análise de eventuais auditorias monitoramento e avaliação.
realizadas pelos controles interno e externo, no
âmbito da fiscalização preventiva, bem como de Art. 62. Na hipótese de inexecução por
suas conclusões e das medidas que tomaram culpa exclusiva da organização da sociedade
em decorrência dessas auditorias. civil, a administração pública poderá,
(Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) exclusivamente para assegurar o atendimento
de serviços essenciais à população, por ato
§ 2o No caso de parcerias financiadas com próprio e independentemente de autorização
recursos de fundos específicos, o judicial, a fim de realizar ou manter a execução
monitoramento e a avaliação serão realizados das metas ou atividades
pelos respectivos conselhos gestores, pactuadas: (Redação dada pela Lei nº
respeitadas as exigências desta 13.204, de 2015)
Lei. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
I - retomar os bens públicos em poder da
Art. 60. Sem prejuízo da fiscalização pela organização da sociedade civil parceira,
administração pública e pelos órgãos de qualquer que tenha sido a modalidade ou título
controle, a execução da parceria será que concedeu direitos de uso de tais bens;
acompanhada e fiscalizada pelos conselhos de
políticas públicas das áreas correspondentes de II - assumir a responsabilidade pela
atuação existentes em cada esfera de execução do restante do objeto previsto no
governo. (Redação dada pela Lei nº plano de trabalho, no caso de paralisação, de
13.204, de 2015) modo a evitar sua descontinuidade, devendo ser
considerado na prestação de contas o que foi
Parágrafo único. As parcerias de que trata executado pela organização da sociedade civil
esta Lei estarão também sujeitas aos até o momento em que a administração
mecanismos de controle social previstos na assumiu essas
legislação. responsabilidades. (Redação dada pela
Lei nº 13.204, de 2015)
Seção VIII

Das Obrigações do Gestor


61

Parágrafo único. As situações previstas causalidade entre a receita e a despesa


no caput devem ser comunicadas pelo gestor realizada, a sua conformidade e o cumprimento
ao administrador público. das normas pertinentes.

CAPÍTULO IV § 3o A análise da prestação de contas deverá


considerar a verdade real e os resultados
DA PRESTAÇÃO DE CONTAS alcançados.

Seção I § 4o A prestação de contas da parceria


observará regras específicas de acordo com o
Normas Gerais montante de recursos públicos envolvidos, nos
termos das disposições e procedimentos
estabelecidos conforme previsto no plano de
Art. 63. A prestação de contas deverá ser
trabalho e no termo de colaboração ou de
feita observando-se as regras previstas nesta
fomento.
Lei, além de prazos e normas de elaboração
constantes do instrumento de parceria e do
plano de trabalho. Art. 65. A prestação de contas e todos os
atos que dela decorram dar-se-ão em
plataforma eletrônica, permitindo a visualização
§ 1o A administração pública fornecerá
por qualquer interessado. (Redação dada
manuais específicos às organizações da
pela Lei nº 13.204, de 2015)
sociedade civil por ocasião da celebração das
parcerias, tendo como premissas a simplificação
e a racionalização dos Art. 66. A prestação de contas relativa à
procedimentos. (Redação dada pela Lei nº execução do termo de colaboração ou de
13.204, de 2015) fomento dar-se-á mediante a análise dos
documentos previstos no plano de trabalho, nos
termos do inciso IX do art. 22, além dos
§ 2o Eventuais alterações no conteúdo dos
seguintes relatórios:
manuais referidos no § 1o deste artigo devem
ser previamente informadas à organização da
sociedade civil e publicadas em meios oficiais de I - relatório de execução do objeto,
comunicação. elaborado pela organização da sociedade civil,
contendo as atividades ou projetos
desenvolvidos para o cumprimento do objeto e
§ 3o O regulamento estabelecerá
o comparativo de metas propostas com os
procedimentos simplificados para prestação de
resultados alcançados; (Redação dada
contas. (Redação dada pela Lei nº 13.204,
pela Lei nº 13.204, de 2015)
de 2015)

II - relatório de execução financeira do


Art. 64. A prestação de contas apresentada
termo de colaboração ou do termo de fomento,
pela organização da sociedade civil deverá
com a descrição das despesas e receitas
conter elementos que permitam ao gestor da
efetivamente realizadas e sua vinculação com a
parceria avaliar o andamento ou concluir que o
execução do objeto, na hipótese de
seu objeto foi executado conforme pactuado,
descumprimento de metas e resultados
com a descrição pormenorizada das atividades
estabelecidos no plano de trabalho.
realizadas e a comprovação do alcance das
(Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
metas e dos resultados esperados, até o período
de que trata a prestação de contas.
Parágrafo único. A administração pública
o deverá considerar ainda em sua análise os
§ 1 Serão glosados valores relacionados a
seguintes relatórios elaborados internamente,
metas e resultados descumpridos sem
quando houver: (Redação dada pela Lei nº
justificativa suficiente. (Redação dada pela
13.204, de 2015)
Lei nº 13.204, de 2015)

I - relatório de visita técnica in


§ 2o Os dados financeiros serão analisados
loco eventualmente realizada durante a
com o intuito de estabelecer o nexo de
62

execução da parceria; (Redação dada Parágrafo único. Durante o prazo de 10


pela Lei nº 13.204, de 2015) (dez) anos, contado do dia útil subsequente ao
da prestação de contas, a entidade deve manter
II - relatório técnico de monitoramento e em seu arquivo os documentos originais que
avaliação, homologado pela comissão de compõem a prestação de contas.
monitoramento e avaliação designada, sobre a
conformidade do cumprimento do objeto e os Seção II
resultados alcançados durante a execução do
termo de colaboração ou de fomento. Dos Prazos

Art. 67. O gestor emitirá parecer técnico de Art. 69. A organização da sociedade civil
análise de prestação de contas da parceria prestará contas da boa e regular aplicação dos
celebrada. recursos recebidos no prazo de até noventa dias
a partir do término da vigência da parceria ou
§ 1o No caso de prestação de contas única, no final de cada exercício, se a duração da
o gestor emitirá parecer técnico conclusivo para parceria exceder um ano. (Redação
fins de avaliação do cumprimento do dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
objeto. (Redação dada pela Lei nº
13.204, de 2015) § 1o O prazo para a prestação final de
contas será estabelecido de acordo com a
§ 2o Se a duração da parceria exceder um complexidade do objeto da parceria.
ano, a organização da sociedade civil deverá (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
apresentar prestação de contas ao fim de cada
exercício, para fins de monitoramento do § 2o O disposto no caput não impede que a
cumprimento das metas do administração pública promova a instauração de
objeto. (Redação dada pela Lei nº tomada de contas especial antes do término da
13.204, de 2015) parceria, ante evidências de irregularidades na
execução do objeto. (Redação dada pela
§ 3o (Revogado). (Redação dada Lei nº 13.204, de 2015)
pela Lei nº 13.204, de 2015)
§ 3o Na hipótese do § 2o, o dever de prestar
o
§ 4 Para fins de avaliação quanto à eficácia contas surge no momento da liberação de
e efetividade das ações em execução ou que já recurso envolvido na parceria. (Redação
foram realizadas, os pareceres técnicos de que dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
trata este artigo deverão, obrigatoriamente,
mencionar: (Redação dada pela Lei nº § 4o O prazo referido no caput poderá ser
13.204, de 2015) prorrogado por até 30 (trinta) dias, desde que
devidamente justificado.
I - os resultados já alcançados e seus
benefícios; § 5o A manifestação conclusiva sobre a
prestação de contas pela administração pública
II - os impactos econômicos ou sociais; observará os prazos previstos nesta Lei,
devendo concluir, alternativamente,
III - o grau de satisfação do público-alvo; pela: (Redação dada pela Lei nº 13.204,
de 2015)
IV - a possibilidade de sustentabilidade das
ações após a conclusão do objeto pactuado. I - aprovação da prestação de contas;

Art. 68. Os documentos incluídos pela II - aprovação da prestação de contas com


entidade na plataforma eletrônica prevista no ressalvas; ou (Redação dada pela Lei nº
art. 65, desde que possuam garantia da origem 13.204, de 2015)
e de seu signatário por certificação digital, serão
considerados originais para os efeitos de III - rejeição da prestação de contas e
prestação de contas. determinação de imediata instauração de
63

tomada de contas especial. (Redação dada sido apreciadas: (Redação dada pela Lei
pela Lei nº 13.204, de 2015) nº 13.204, de 2015)

§ 6o As impropriedades que deram causa à I - não significa impossibilidade de


rejeição da prestação de contas serão apreciação em data posterior ou vedação a que
registradas em plataforma eletrônica de acesso se adotem medidas saneadoras, punitivas ou
público, devendo ser levadas em consideração destinadas a ressarcir danos que possam ter
por ocasião da assinatura de futuras parcerias sido causados aos cofres públicos;
com a administração pública, conforme definido
em regulamento. (Redação dada pela Lei nº II - nos casos em que não for constatado
13.204, de 2015) dolo da organização da sociedade civil ou de
seus prepostos, sem prejuízo da atualização
Art. 70. Constatada irregularidade ou monetária, impede a incidência de juros de
omissão na prestação de contas, será concedido mora sobre débitos eventualmente apurados, no
prazo para a organização da sociedade civil período entre o final do prazo referido neste
sanar a irregularidade ou cumprir a obrigação. parágrafo e a data em que foi ultimada a
apreciação pela administração
§ 1o O prazo referido no caput é limitado a pública. (Redação dada pela Lei nº 13.204,
45 (quarenta e cinco) dias por notificação, de 2015)
prorrogável, no máximo, por igual período,
dentro do prazo que a administração pública Art. 72. As prestações de contas serão
possui para analisar e decidir sobre a prestação avaliadas:
de contas e comprovação de resultados.
I - regulares, quando expressarem, de forma
§ 2o Transcorrido o prazo para saneamento clara e objetiva, o cumprimento dos objetivos e
da irregularidade ou da omissão, não havendo o metas estabelecidos no plano de
saneamento, a autoridade administrativa trabalho; (Redação dada pela Lei nº
competente, sob pena de responsabilidade 13.204, de 2015)
solidária, deve adotar as providências para
apuração dos fatos, identificação dos II - regulares com ressalva, quando
responsáveis, quantificação do dano e obtenção evidenciarem impropriedade ou qualquer outra
do ressarcimento, nos termos da legislação falta de natureza formal que não resulte em
vigente. dano ao erário; (Redação dada pela Lei nº
13.204, de 2015)
Art. 71. A administração pública apreciará a
prestação final de contas apresentada, no prazo III - irregulares, quando comprovada
de até cento e cinquenta dias, contado da data qualquer das seguintes
de seu recebimento ou do cumprimento de circunstâncias: (Redação dada pela Lei nº
diligência por ela determinada, prorrogável 13.204, de 2015)
justificadamente por igual
período. (Redação dada pela Lei nº a) omissão no dever de prestar contas;
13.204, de 2015)
b) descumprimento injustificado dos
§ 1o (Revogado). (Redação dada pela objetivos e metas estabelecidos no plano de
Lei nº 13.204, de 2015) trabalho; (Redação dada pela Lei nº
13.204, de 2015)
§ 2o (Revogado). (Redação dada pela
Lei nº 13.204, de 2015) c) dano ao erário decorrente de ato de
gestão ilegítimo ou antieconômico;
§ 3o (Revogado). (Redação dada pela
Lei nº 13.204, de 2015) d) desfalque ou desvio de dinheiro, bens ou
valores públicos.
§ 4o O transcurso do prazo definido nos
termos do caput sem que as contas tenham
64

§ 1o O administrador público responde pela todas as esferas de governo, enquanto


decisão sobre a aprovação da prestação de perdurarem os motivos determinantes da
contas ou por omissão em relação à análise de punição ou até que seja promovida a
seu conteúdo, levando em consideração, no reabilitação perante a própria autoridade que
primeiro caso, os pareceres técnico, financeiro e aplicou a penalidade, que será concedida
jurídico, sendo permitida delegação a sempre que a organização da sociedade civil
autoridades diretamente subordinadas, vedada ressarcir a administração pública pelos prejuízos
a subdelegação. (Incluído pela Lei nº resultantes e após decorrido o prazo da sanção
13.204, de 2015) aplicada com base no inciso II. (Redação
dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
§ 2o Quando a prestação de contas for
avaliada como irregular, após exaurida a fase § 1o As sanções estabelecidas nos incisos II
recursal, se mantida a decisão, a organização e III são de competência exclusiva de Ministro
da sociedade civil poderá solicitar autorização de Estado ou de Secretário Estadual, Distrital ou
para que o ressarcimento ao erário seja Municipal, conforme o caso, facultada a defesa
promovido por meio de ações compensatórias do interessado no respectivo processo, no prazo
de interesse público, mediante a apresentação de dez dias da abertura de vista, podendo a
de novo plano de trabalho, conforme o objeto reabilitação ser requerida após dois anos de
descrito no termo de colaboração ou de fomento aplicação da penalidade. (Redação dada
e a área de atuação da organização, cuja pela Lei nº 13.204, de 2015)
mensuração econômica será feita a partir do
plano de trabalho original, desde que não tenha § 2o Prescreve em cinco anos, contados a
havido dolo ou fraude e não seja o caso de partir da data da apresentação da prestação de
restituição integral dos recursos. (Incluído contas, a aplicação de penalidade decorrente de
pela Lei nº 13.204, de 2015) infração relacionada à execução da
parceria. (Incluído pela Lei nº 13.204, de
CAPÍTULO V 2015)

DA RESPONSABILIDADE E DAS SANÇÕES § 3o A prescrição será interrompida com a


edição de ato administrativo voltado à apuração
Seção I da infração. (Incluído pela Lei nº 13.204,
de 2015)
Das Sanções Administrativas à Entidade
Seção II
Art. 73. Pela execução da parceria em
desacordo com o plano de trabalho e com as Da Responsabilidade pela Execução e pela
normas desta Lei e da legislação específica, a Emissão de Pareceres Técnicos
administração pública poderá, garantida a
prévia defesa, aplicar à organização da Art. 74. (VETADO).
sociedade civil as seguintes sanções: (Redação
dada pela Lei nº 13.204, de 2015) (Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015)

I - advertência; (Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015)

II - suspensão temporária da participação Seção III


em chamamento público e impedimento de
celebrar parceria ou contrato com órgãos e Dos Atos de Improbidade Administrativa
entidades da esfera de governo da
administração pública sancionadora, por prazo
Art. 77. O art. 10 da Lei no 8.429, de 2 de
não superior a dois anos; (Redação dada
junho de 1992, passa a vigorar com as
pela Lei nº 13.204, de 2015)
seguintes alterações: (Vigência)

III - declaração de inidoneidade para


participar de chamamento público ou celebrar
parceria ou contrato com órgãos e entidades de
65

“Art. Art. 78. O art. 11 da Lei no 8.429, de 2 de


10............................................................... junho de 1992, passa a vigorar acrescido do
............ seguinte inciso VIII: (Vigência)

................................................................... “Art.
........................... 11...............................................................
............
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório
ou de processo seletivo para celebração de ...................................................................
parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou ..........................
dispensá-los indevidamente;
VIII - descumprir as normas relativas à
................................................................... celebração, fiscalização e aprovação de contas
........................... de parcerias firmadas pela administração
pública com entidades privadas.” (NR)
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma,
para a incorporação, ao patrimônio particular de Art. 78-A. O art. 23 da Lei nº 8.429, de 2
pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, de junho de 1992, passa a vigorar acrescido do
verbas ou valores públicos transferidos pela seguinte inciso III: (Incluído pela Lei nº
administração pública a entidades privadas 13.204, de 2015) (Vigência)
mediante celebração de parcerias, sem a
observância das formalidades legais ou "Art. 23.
regulamentares aplicáveis à espécie; ..................................................................
....
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa
física ou jurídica privada utilize bens, rendas, ...................................................................
verbas ou valores públicos transferidos pela .......................
administração pública a entidade privada
mediante celebração de parcerias, sem a III - até cinco anos da data da apresentação à
observância das formalidades legais ou administração pública da prestação de contas
regulamentares aplicáveis à espécie; final pelas entidades referidas no parágrafo
único do art. 1o desta Lei.’ (NR)”
XVIII - celebrar parcerias da administração
pública com entidades privadas sem a CAPÍTULO VI
observância das formalidades legais ou
regulamentares aplicáveis à espécie;
DISPOSIÇÕES FINAIS

XIX - agir negligentemente na celebração,


Art. 79. (VETADO).
fiscalização e análise das prestações de contas
de parcerias firmadas pela administração
pública com entidades privadas; (Redação Art. 80. O processamento das compras e
contratações que envolvam recursos financeiros
dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
provenientes de parceria poderá ser efetuado
por meio de sistema eletrônico disponibilizado
XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela
pela administração pública às organizações da
administração pública com entidades privadas
sociedade civil, aberto ao público via internet,
sem a estrita observância das normas
que permita aos interessados formular
pertinentes ou influir de qualquer forma para a
propostas. (Redação dada pela Lei nº
sua aplicação irregular. (Redação dada
13.204, de 2015)
pela Lei nº 13.204, de 2015)
Parágrafo único. O Sistema de
XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela
Cadastramento Unificado de Fornecedores -
administração pública com entidades privadas
SICAF, mantido pela União, fica disponibilizado
sem a estrita observância das normas
aos demais entes federados, para fins do
pertinentes ou influir de qualquer forma para a
disposto no caput, sem prejuízo do uso de seus
sua aplicação irregular.” (NR)
66

próprios sistemas. (Incluído pela Lei nº I - substituídas pelos instrumentos previstos


13.204, de 2015) nos arts. 16 ou 17, conforme o caso;
(Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
Art. 81. Mediante autorização da União, os
Estados, os Municípios e o Distrito Federal II - objeto de rescisão unilateral pela
poderão aderir ao Sistema de Gestão de administração pública. (Incluído pela Lei
Convênios e Contratos de Repasse - SICONV nº 13.204, de 2015)
para utilizar suas funcionalidades no
cumprimento desta Lei. Art. 83-A. (VETADO). (Incluído pela
Lei nº 13.204, de 2015)
Art. 81-A. Até que seja viabilizada a
adaptação do sistema de que trata o art. 81 ou Art. 84. Não se aplica às parcerias regidas
de seus correspondentes nas demais unidades por esta Lei o disposto na Lei nº 8.666, de 21
da federação: (Incluído pela Lei nº de junho de 1993. (Redação dada pela Lei
13.204, de 2015) nº 13.204, de 2015)

I - serão utilizadas as rotinas previstas antes Parágrafo único. São regidos pelo art. 116
da entrada em vigor desta Lei para repasse de da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993,
recursos a organizações da sociedade civil convênios: (Redação dada pela Lei nº
decorrentes de parcerias celebradas nos termos 13.204, de 2015)
desta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.204, de
2015) I - entre entes federados ou pessoas
jurídicas a eles vinculadas; (Incluído pela
II - os Municípios de até cem mil habitantes Lei nº 13.204, de 2015)
serão autorizados a efetivar a prestação de
contas e os atos dela decorrentes sem utilização II - decorrentes da aplicação do disposto no
da plataforma eletrônica prevista no art. inciso IV do art. 3o. (Incluído pela Lei nº
65. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) 13.204, de 2015)

Art. 82. (VETADO). Art. 84-A. A partir da vigência desta Lei,


somente serão celebrados convênios nas
Art. 83. As parcerias existentes no momento hipóteses do parágrafo único do art.
da entrada em vigor desta Lei permanecerão 84. (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
regidas pela legislação vigente ao tempo de sua
celebração, sem prejuízo da aplicação Art. 84-B. As organizações da sociedade
subsidiária desta Lei, naquilo em que for civil farão jus aos seguintes benefícios,
cabível, desde que em benefício do alcance do independentemente de
objeto da parceria. certificação: (Incluído pela Lei nº 13.204,
de 2015)
§ 1o As parcerias de que trata
o caput poderão ser prorrogadas de ofício, no I - receber doações de empresas, até o
caso de atraso na liberação de recursos por limite de 2% (dois por cento) de sua receita
parte da administração pública, por período bruta; (Incluído pela Lei nº 13.204, de
equivalente ao atraso. (Redação dada 2015)
pela Lei nº 13.204, de 2015)
II - receber bens móveis considerados
§ 2o As parcerias firmadas por prazo irrecuperáveis, apreendidos, abandonados ou
indeterminado antes da data de entrada em disponíveis, administrados pela Secretaria da
vigor desta Lei, ou prorrogáveis por período Receita Federal do Brasil; (Incluído pela
superior ao inicialmente estabelecido, no prazo Lei nº 13.204, de 2015)
de até um ano após a data da entrada em vigor
desta Lei, serão,
III - distribuir ou prometer distribuir
alternativamente: (Redação dada pela Lei
prêmios, mediante sorteios, vale-brindes,
nº 13.204, de 2015)
concursos ou operações assemelhadas, com o
67

intuito de arrecadar recursos adicionais XI - promoção da ética, da paz, da


destinados à sua manutenção ou cidadania, dos direitos humanos, da democracia
custeio. (Incluído pela Lei nº 13.204, de e de outros valores universais; (Incluído
2015) pela Lei nº 13.204, de 2015)

Art. 84-C. Os benefícios previstos no art. XII - organizações religiosas que se


84-B serão conferidos às organizações da dediquem a atividades de interesse público e de
sociedade civil que apresentem entre seus cunho social distintas das destinadas a fins
objetivos sociais pelo menos uma das seguintes exclusivamente religiosos; (Incluído pela
finalidades: (Incluído pela Lei nº 13.204, Lei nº 13.204, de 2015)
de 2015)
XIII - estudos e pesquisas, desenvolvimento
I - promoção da assistência social; de tecnologias alternativas, produção e
(Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) divulgação de informações e conhecimentos
técnicos e científicos que digam respeito às
II - promoção da cultura, defesa e atividades mencionadas neste
conservação do patrimônio histórico e artigo. (Incluído pela Lei nº 13.204, de
artístico; (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
2015)
Parágrafo único. É vedada às entidades
III - promoção da educação; (Incluído beneficiadas na forma do art. 84-B a
pela Lei nº 13.204, de 2015) participação em campanhas de interesse
político-partidário ou eleitorais, sob quaisquer
IV - promoção da saúde; (Incluído pela meios ou formas. (Incluído pela Lei nº
Lei nº 13.204, de 2015) 13.204, de 2015)

V - promoção da segurança alimentar e Art. 85. O art. 1o da Lei nº 9.790, de 23 de


nutricional; (Incluído pela Lei nº 13.204, março de 1999, passa a vigorar com a seguinte
de 2015) redação: (Vigência)

VI - defesa, preservação e conservação do “Art. 1o Podem qualificar-se como Organizações


meio ambiente e promoção do desenvolvimento da Sociedade Civil de Interesse Público as
sustentável; (Incluído pela Lei nº 13.204, pessoas jurídicas de direito privado sem fins
de 2015) lucrativos que tenham sido constituídas e se
encontrem em funcionamento regular há, no
mínimo, 3 (três) anos, desde que os respectivos
VII - promoção do
objetivos sociais e normas estatutárias atendam
voluntariado; (Incluído pela Lei nº
aos requisitos instituídos por esta Lei.” (NR)
13.204, de 2015)

Art. 85-A. O art. 3o da Lei nº 9.790, de 23


VIII - promoção do desenvolvimento
de março de 1999, passa a vigorar acrescido do
econômico e social e combate à
seguinte inciso XIII: (Incluído pela Lei nº
pobreza; (Incluído pela Lei nº 13.204, de
13.204, de 2015) (Vigência)
2015)

"Art. 3o
IX - experimentação, não lucrativa, de novos
...................................................................
modelos socioprodutivos e de sistemas
....
alternativos de produção, comércio, emprego e
crédito; (Incluído pela Lei nº 13.204, de
2015) ...................................................................
.......................
X - promoção de direitos estabelecidos,
construção de novos direitos e assessoria XIII - estudos e pesquisas para o
jurídica gratuita de interesse suplementar; desenvolvimento, a disponibilização e a
(Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015) implementação de tecnologias voltadas à
68

mobilidade de pessoas, por qualquer meio de VII - demonstração das mutações do patrimônio
transporte. social;

................................................................... VIII - notas explicativas das demonstrações


..............’ (NR)” contábeis, caso necessário;

Art. 85-B. O parágrafo único do art. IX - parecer e relatório de auditoria, se for o


4o da Lei nº 9.790, de 23 de março de 1999, caso.”
passa a vigorar com a seguinte
redação: (Incluído pela Lei nº 13.204, de Art. 87. As exigências de transparência e
2015) (Vigência) publicidade previstas em todas as etapas que
envolvam a parceria, desde a fase preparatória
‘Art. até o fim da prestação de contas, naquilo que
4o .............................................................. for necessário, serão excepcionadas quando se
........ tratar de programa de proteção a pessoas
ameaçadas ou em situação que possa
Parágrafo único. É permitida a participação de comprometer a sua segurança, na forma do
servidores públicos na composição de conselho regulamento. (Redação dada pela Lei nº
ou diretoria de Organização da Sociedade Civil 13.204, de 2015)
de Interesse Público.’ (NR)”
Art. 88. Esta Lei entra em vigor após
o
Art. 86. A Lei n 9.790, de 23 de março de decorridos quinhentos e quarenta dias de sua
1999, passa a vigorar acrescida dos seguintes publicação oficial, observado o disposto nos §§
arts. 15-A e 15-B: (Vigência) 1o e 2o deste artigo. (Redação dada pela
Lei nº 13.204, de 2015)
“Art. 15-A. (VETADO).”
§ 1o Para os Municípios, esta Lei entra em
“Art. 15-B. A prestação de contas relativa à vigor a partir de 1o de janeiro de 2017.
execução do Termo de Parceria perante o órgão (Incluído pela Lei nº 13.204, de 2015)
da entidade estatal parceira refere-se à correta
aplicação dos recursos públicos recebidos e ao § 2o Por ato administrativo local, o disposto
adimplemento do objeto do Termo de Parceria, nesta Lei poderá ser implantado nos Municípios
mediante a apresentação dos seguintes a partir da data decorrente do disposto
documentos: no caput. (Incluído pela Lei nº 13.204, de
2015)
I - relatório anual de execução de atividades,
contendo especificamente relatório sobre a Brasília, 31 de julho de 2014; 193 o da
execução do objeto do Termo de Parceria, bem Independência e 126o da República.
como comparativo entre as metas propostas e
os resultados alcançados; DILMA ROUSSEFF
José Eduardo Cardozo
II - demonstrativo integral da receita e despesa Guido Mantega
realizadas na execução; Miriam Belchior
Tereza Campello
III - extrato da execução física e financeira; Clélio Campolina Diniz
Vinícius Nobre Lages
Gilberto Carvalho
IV - demonstração de resultados do exercício;
Luís Inácio Lucena Adams
Jorge Hage Sobrinho
V - balanço patrimonial;
LEI FEDERAL Nº 13.204/15
VI - demonstração das origens e das aplicações
de recursos;
69

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço forma imediata ou por meio da constituição de


saber que o Congresso Nacional decreta e eu fundo patrimonial ou fundo de reserva;
sanciono a seguinte Lei:
b) as sociedades cooperativas previstas na Lei
Art. 1o A ementa da Lei no 13.019, de 31 de no 9.867, de 10 de novembro de 1999; as
julho de 2014, passa a vigorar com a seguinte integradas por pessoas em situação de risco ou
redação: vulnerabilidade pessoal ou social; as alcançadas
por programas e ações de combate à pobreza e
“Estabelece o regime jurídico das parcerias de geração de trabalho e renda; as voltadas
entre a administração pública e as organizações para fomento, educação e capacitação de
da sociedade civil, em regime de mútua trabalhadores rurais ou capacitação de agentes
cooperação, para a consecução de finalidades de assistência técnica e extensão rural; e as
de interesse público e recíproco, mediante a capacitadas para execução de atividades ou de
execução de atividades ou de projetos projetos de interesse público e de cunho social.
previamente estabelecidos em planos de
trabalho inseridos em termos de colaboração, c) as organizações religiosas que se dediquem a
em termos de fomento ou em acordos de atividades ou a projetos de interesse público e
cooperação; define diretrizes para a política de de cunho social distintas das destinadas a fins
fomento, de colaboração e de cooperação com exclusivamente religiosos;
organizações da sociedade civil; e altera as Leis
nos 8.429, de 2 de junho de 1992, e 9.790, de II - administração pública: União, Estados,
23 de março de 1999.” Distrito Federal, Municípios e respectivas
autarquias, fundações, empresas públicas e
Art. 2o A Lei nº 13.019, de 31 de julho de sociedades de economia mista prestadoras de
2014, passa a vigorar com as seguintes serviço público, e suas subsidiárias, alcançadas
alterações: pelo disposto no § 9o do art. 37 da Constituição
Federal;
“Art. 1º Esta Lei institui normas gerais para as
parcerias entre a administração pública e III - parceria: conjunto de direitos,
organizações da sociedade civil, em regime de responsabilidades e obrigações decorrentes de
mútua cooperação, para a consecução de relação jurídica estabelecida formalmente entre
finalidades de interesse público e recíproco, a administração pública e organizações da
mediante a execução de atividades ou de sociedade civil, em regime de mútua
projetos previamente estabelecidos em planos cooperação, para a consecução de finalidades
de trabalho inseridos em termos de de interesse público e recíproco, mediante a
colaboração, em termos de fomento ou em execução de atividade ou de projeto expressos
acordos de cooperação.” (NR) em termos de colaboração, em termos de
fomento ou em acordos de cooperação;
“Art.
2o .............................................................. III-A - atividade: conjunto de operações que se
......... realizam de modo contínuo ou permanente, das
quais resulta um produto ou serviço necessário
I - organização da sociedade civil: à satisfação de interesses compartilhados pela
administração pública e pela organização da
a) entidade privada sem fins lucrativos que não sociedade civil;
distribua entre os seus sócios ou associados,
conselheiros, diretores, empregados, doadores III-B - projeto: conjunto de operações,
ou terceiros eventuais resultados, sobras, limitadas no tempo, das quais resulta um
excedentes operacionais, brutos ou líquidos, produto destinado à satisfação de interesses
dividendos, isenções de qualquer natureza, compartilhados pela administração pública e
participações ou parcelas do seu patrimônio, pela organização da sociedade civil;
auferidos mediante o exercício de suas
atividades, e que os aplique integralmente na IV - dirigente: pessoa que detenha poderes de
consecução do respectivo objeto social, de administração, gestão ou controle da
organização da sociedade civil, habilitada a
70

assinar termo de colaboração, termo de participação de pelo menos um servidor


fomento ou acordo de cooperação com a ocupante de cargo efetivo ou emprego
administração pública para a consecução de permanente do quadro de pessoal da
finalidades de interesse público e recíproco, administração pública;
ainda que delegue essa competência a
terceiros; XI - comissão de monitoramento e avaliação:
órgão colegiado destinado a monitorar e avaliar
V - administrador público: agente público as parcerias celebradas com organizações da
revestido de competência para assinar termo de sociedade civil mediante termo de colaboração
colaboração, termo de fomento ou acordo de ou termo de fomento, constituído por ato
cooperação com organização da sociedade civil publicado em meio oficial de comunicação,
para a consecução de finalidades de interesse assegurada a participação de pelo menos um
público e recíproco, ainda que delegue essa servidor ocupante de cargo efetivo ou emprego
competência a terceiros; permanente do quadro de pessoal da
administração pública;
VI - gestor: agente público responsável pela
gestão de parceria celebrada por meio de termo ...................................................................
de colaboração ou termo de fomento, designado ..........................
por ato publicado em meio oficial de
comunicação, com poderes de controle e XIII - bens remanescentes: os de natureza
fiscalização; permanente adquiridos com recursos financeiros
envolvidos na parceria, necessários à
VII - termo de colaboração: instrumento por consecução do objeto, mas que a ele não se
meio do qual são formalizadas as parcerias incorporam;
estabelecidas pela administração pública com
organizações da sociedade civil para a XIV - prestação de contas: procedimento em
consecução de finalidades de interesse público e que se analisa e se avalia a execução da
recíproco propostas pela administração pública parceria, pelo qual seja possível verificar o
que envolvam a transferência de recursos cumprimento do objeto da parceria e o alcance
financeiros; das metas e dos resultados previstos,
compreendendo duas fases:
VIII - termo de fomento: instrumento por meio
do qual são formalizadas as parcerias ...................................................................
estabelecidas pela administração pública com ..........................
organizações da sociedade civil para a
consecução de finalidades de interesse público e XV - (revogado).” (NR)
recíproco propostas pelas organizações da
sociedade civil, que envolvam a transferência de
“Art. 2º-A. As parcerias disciplinadas nesta Lei
recursos financeiros;
respeitarão, em todos os seus aspectos, as
normas específicas das políticas públicas
VIII-A - acordo de cooperação: instrumento por setoriais relativas ao objeto da parceria e as
meio do qual são formalizadas as parcerias respectivas instâncias de pactuação e
estabelecidas pela administração pública com deliberação.”
organizações da sociedade civil para a
consecução de finalidades de interesse público e
“Art.
recíproco que não envolvam a transferência de
3o ..............................................................
recursos financeiros;
..........

...................................................................
I - às transferências de recursos homologadas
.........................
pelo Congresso Nacional ou autorizadas pelo
Senado Federal naquilo em que as disposições
X - comissão de seleção: órgão colegiado específicas dos tratados, acordos e convenções
destinado a processar e julgar chamamentos internacionais conflitarem com esta Lei;
públicos, constituído por ato publicado em meio
oficial de comunicação, assegurada a
II - (revogado);
71

III - aos contratos de gestão celebrados com da publicidade, da economicidade, da eficiência


organizações sociais, desde que cumpridos os e da eficácia, destinando-se a assegurar:
requisitos previstos na Lei no 9.637, de 15 de
maio de 1998; ...................................................................
..........” (NR)
IV - aos convênios e contratos celebrados com
entidades filantrópicas e sem fins lucrativos nos “Art. 6º São diretrizes fundamentais do regime
termos do § 1o do art. 199 da Constituição jurídico de parceria:
Federal;
...................................................................
V - aos termos de compromisso cultural ........................
referidos no § 1o do art. 9o da Lei no 13.018, de
22 de julho de 2014; VIII - a adoção de práticas de gestão
administrativa necessárias e suficientes para
VI - aos termos de parceria celebrados com coibir a obtenção, individual ou coletiva, de
organizações da sociedade civil de interesse benefícios ou vantagens indevidos;
público, desde que cumpridos os requisitos
previstos na Lei no 9.790, de 23 de março de ...................................................................
1999; ..............” (NR)

VII - às transferências referidas no art. 2o da Lei “Art. 7º A União poderá instituir, em


no 10.845, de 5 de março de 2004, e nos arts. coordenação com os Estados, o Distrito Federal,
5o e 22 da Lei no 11.947, de 16 de junho de os Municípios e organizações da sociedade civil,
2009; programas de capacitação voltados a:

VIII - (VETADO); I - administradores públicos, dirigentes e


gestores;
IX - aos pagamentos realizados a título de
anuidades, contribuições ou taxas associativas II - representantes de organizações da
em favor de organismos internacionais ou sociedade civil;
entidades que sejam obrigatoriamente
constituídas por:
III - membros de conselhos de políticas
públicas;
a) membros de Poder ou do Ministério Público;
IV - membros de comissões de seleção;
b) dirigentes de órgão ou de entidade da
administração pública;
V - membros de comissões de monitoramento e
avaliação;
c) pessoas jurídicas de direito público interno;
VI - demais agentes públicos e privados
d) pessoas jurídicas integrantes da envolvidos na celebração e execução das
administração pública; parcerias disciplinadas nesta Lei.

X - às parcerias entre a administração pública e Parágrafo único. A participação nos programas


os serviços sociais autônomos.” (NR) previstos no caput não constituirá condição
para o exercício de função envolvida na
“Art. 5º O regime jurídico de que trata esta Lei materialização das parcerias disciplinadas nesta
tem como fundamentos a gestão pública Lei.” (NR)
democrática, a participação social, o
fortalecimento da sociedade civil, a “Art. 8º Ao decidir sobre a celebração de
transparência na aplicação dos recursos parcerias previstas nesta Lei, o administrador
públicos, os princípios da legalidade, da público:
legitimidade, da impessoalidade, da moralidade,
72

I - considerará, obrigatoriamente, a capacidade representação sobre a aplicação irregular dos


operacional da administração pública para recursos envolvidos na parceria.” (NR)
celebrar a parceria, cumprir as obrigações dela
decorrentes e assumir as respectivas “Art. 14. A administração pública divulgará, na
responsabilidades; forma de regulamento, nos meios públicos de
comunicação por radiodifusão de sons e de sons
II - avaliará as propostas de parceria com o e imagens, campanhas publicitárias e
rigor técnico necessário; programações desenvolvidas por organizações
da sociedade civil, no âmbito das parcerias
III - designará gestores habilitados a controlar e previstas nesta Lei, mediante o emprego de
fiscalizar a execução em tempo hábil e de modo recursos tecnológicos e de linguagem
eficaz; adequados à garantia de acessibilidade por
pessoas com deficiência.” (NR)
IV - apreciará as prestações de contas na forma
e nos prazos determinados nesta Lei e na “Art. 15.
legislação específica. ..................................................................
...
...................................................................
..............” (NR) ...................................................................
........................
“Art. 10. A administração pública deverá
manter, em seu sítio oficial na internet, a § 3º Os conselhos setoriais de políticas públicas
relação das parcerias celebradas e dos e a administração pública serão consultados
respectivos planos de trabalho, até cento e quanto às políticas e ações voltadas ao
oitenta dias após o respectivo encerramento.” fortalecimento das relações de fomento e de
(NR) colaboração propostas pelo Conselho de que
trata o caput deste artigo.” (NR)
“Art. 11. A organização da sociedade civil
deverá divulgar na internet e em locais visíveis “Art. 16. O termo de colaboração deve ser
de suas sedes sociais e dos estabelecimentos adotado pela administração pública para
em que exerça suas ações todas as parcerias consecução de planos de trabalho de sua
celebradas com a administração pública. iniciativa, para celebração de parcerias com
organizações da sociedade civil que envolvam a
Parágrafo único. transferência de recursos financeiros.
.........................................................
...................................................................
................................................................... ..............” (NR)
........................
“Art. 17. O termo de fomento deve ser adotado
IV - valor total da parceria e valores liberados, pela administração pública para consecução de
quando for o caso; planos de trabalho propostos por organizações
da sociedade civil que envolvam a transferência
de recursos financeiros.” (NR)
...................................................................
........................
“Art. 21.
..................................................................
VI - quando vinculados à execução do objeto e
.
pagos com recursos da parceria, o valor total da
remuneração da equipe de trabalho, as funções
que seus integrantes desempenham e a .
remuneração prevista para o respectivo ...................................................................
exercício.” (NR) ...................

“Art. 12. A administração pública deverá § 3º É vedado condicionar a realização de


divulgar pela internet os meios de chamamento público ou a celebração de
73

parceria à prévia realização de Procedimento de III - (revogado);


Manifestação de Interesse Social.” (NR)
...................................................................
“Art. 22. Deverá constar do plano de trabalho ........................
de parcerias celebradas mediante termo de
colaboração ou de fomento: V - (revogado);

I - descrição da realidade que será objeto da VI - indicadores, quantitativos ou qualitativos,


parceria, devendo ser demonstrado o nexo de avaliação de resultados.” (NR)
entre essa realidade e as atividades ou projetos
e metas a serem atingidas; “Art. 24. Exceto nas hipóteses previstas nesta
Lei, a celebração de termo de colaboração ou de
II - descrição de metas a serem atingidas e de fomento será precedida de chamamento público
atividades ou projetos a serem executados; voltado a selecionar organizações da sociedade
civil que tornem mais eficaz a execução do
II-A - previsão de receitas e de despesas a objeto.
serem realizadas na execução das atividades ou
dos projetos abrangidos pela parceria; §
1o ..............................................................
III - forma de execução das atividades ou dos ..............
projetos e de cumprimento das metas a eles
atreladas; I - a programação orçamentária que autoriza e
viabiliza a celebração da parceria;
IV - definição dos parâmetros a serem utilizados
para a aferição do cumprimento das metas. II - (revogado);

V - (revogado); ...................................................................
........................
VI - (revogado);
V - as datas e os critérios de seleção e
VII - (revogado); julgamento das propostas, inclusive no que se
refere à metodologia de pontuação e ao peso
VIII - (revogado); atribuído a cada um dos critérios estabelecidos,
se for o caso;
IX - (revogado);
...................................................................
X - (revogado). ........................

Parágrafo único. (Revogado).” (NR) VII - (revogado);

“Art. 23. A administração pública deverá adotar a) (revogada);


procedimentos claros, objetivos e simplificados
que orientem os interessados e facilitem o b) (revogada);
acesso direto aos seus órgãos e instâncias
decisórias, independentemente da modalidade c) (revogada);
de parceria prevista nesta Lei.
VIII - as condições para interposição de recurso
Parágrafo único. Sempre que possível, a administrativo;
administração pública estabelecerá critérios a
serem seguidos, especialmente quanto às IX - a minuta do instrumento por meio do qual
seguintes características: será celebrada a parceria;

...................................................................
........................
74

X - de acordo com as características do objeto § 4º A administração pública homologará e


da parceria, medidas de acessibilidade para divulgará o resultado do julgamento em página
pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida do sítio previsto no art. 26.
e idosos.
§ 5º Será obrigatoriamente justificada a
§ 2º É vedado admitir, prever, incluir ou seleção de proposta que não for a mais
tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou adequada ao valor de referência constante do
condições que comprometam, restrinjam ou chamamento público.
frustrem o seu caráter competitivo em
decorrência de qualquer circunstância § 6º A homologação não gera direito para a
impertinente ou irrelevante para o específico organização da sociedade civil à celebração da
objeto da parceria, admitidos: parceria.” (NR)

I - a seleção de propostas apresentadas “Art. 28. Somente depois de encerrada a etapa


exclusivamente por concorrentes sediados ou competitiva e ordenadas as propostas, a
com representação atuante e reconhecida na administração pública procederá à verificação
unidade da Federação onde será executado o dos documentos que comprovem o atendimento
objeto da parceria; pela organização da sociedade civil selecionada
dos requisitos previstos nos arts. 33 e 34.
II - o estabelecimento de cláusula que delimite
o território ou a abrangência da prestação de § 1º Na hipótese de a organização da
atividades ou da execução de projetos, sociedade civil selecionada não atender aos
conforme estabelecido nas políticas setoriais.” requisitos exigidos nos arts. 33 e 34, aquela
(NR) imediatamente mais bem classificada poderá
ser convidada a aceitar a celebração de parceria
“Art. 26. O edital deverá ser amplamente nos termos da proposta por ela apresentada.
divulgado em página do sítio oficial da
administração pública na internet, com § 2º Caso a organização da sociedade civil
antecedência mínima de trinta dias. convidada nos termos do § 1o aceite celebrar a
parceria, proceder-se-á à verificação dos
Parágrafo único. (Revogado).” (NR) documentos que comprovem o atendimento aos
requisitos previstos nos arts. 33 e 34.
“Art. 27. O grau de adequação da proposta aos
objetivos específicos do programa ou da ação § 3º (Revogado).” (NR)
em que se insere o objeto da parceria e, quando
for o caso, ao valor de referência constante do “Art. 29. Os termos de colaboração ou de
chamamento constitui critério obrigatório de fomento que envolvam recursos decorrentes de
julgamento. emendas parlamentares às leis orçamentárias
anuais e os acordos de cooperação serão
§ 1º As propostas serão julgadas por uma celebrados sem chamamento público, exceto,
comissão de seleção previamente designada, em relação aos acordos de cooperação, quando
nos termos desta Lei, ou constituída pelo o objeto envolver a celebração de comodato,
respectivo conselho gestor, se o projeto for doação de bens ou outra forma de
financiado com recursos de fundos específicos. compartilhamento de recurso patrimonial,
hipótese em que o respectivo chamamento
§ 2º Será impedida de participar da comissão público observará o disposto nesta Lei.” (NR)
de seleção pessoa que, nos últimos cinco anos,
tenha mantido relação jurídica com, ao menos, “Art. 30.
uma das entidades participantes do ..................................................................
chamamento público. ...

................................................................... I - no caso de urgência decorrente de


........................ paralisação ou iminência de paralisação de
atividades de relevante interesse público, pelo
prazo de até cento e oitenta dias;
75

II - nos casos de guerra, calamidade pública, § 2o Admite-se a impugnação à justificativa,


grave perturbação da ordem pública ou ameaça apresentada no prazo de cinco dias a contar de
à paz social; sua publicação, cujo teor deve ser analisado
pelo administrador público responsável em até
................................................................... cinco dias da data do respectivo protocolo.
.......................
...................................................................
V - (VETADO); ........................

VI - no caso de atividades voltadas ou § 4o A dispensa e a inexigibilidade de


vinculadas a serviços de educação, saúde e chamamento público, bem como o disposto no
assistência social, desde que executadas por art. 29, não afastam a aplicação dos demais
organizações da sociedade civil previamente dispositivos desta Lei.” (NR)
credenciadas pelo órgão gestor da respectiva
política.” (NR) “Seção IX
Dos Requisitos para
“Art. 31. Será considerado inexigível o
Celebração
chamamento público na hipótese de
inviabilidade de competição entre as de Parcerias
organizações da sociedade civil, em razão da
natureza singular do objeto da parceria ou se as "Art. 33. Para celebrar as parcerias previstas
metas somente puderem ser atingidas por uma nesta Lei, as organizações da sociedade civil
entidade específica, especialmente quando: deverão ser regidas por normas de organização
interna que prevejam, expressamente:
I - o objeto da parceria constituir incumbência
prevista em acordo, ato ou compromisso ...................................................................
internacional, no qual sejam indicadas as ........................
instituições que utilizarão os recursos;
II - (revogado);
II - a parceria decorrer de transferência para
organização da sociedade civil que esteja III - que, em caso de dissolução da entidade, o
autorizada em lei na qual seja identificada respectivo patrimônio líquido seja transferido a
expressamente a entidade beneficiária, inclusive outra pessoa jurídica de igual natureza que
quando se tratar da subvenção prevista preencha os requisitos desta Lei e cujo objeto
no inciso I do § 3o do art. 12 da Lei no 4.320, de social seja, preferencialmente, o mesmo da
17 de março de 1964, observado o disposto entidade extinta;
no art. 26 da Lei Complementar no 101, de 4 de
maio de 2000.” (NR)
IV - escrituração de acordo com os princípios
fundamentais de contabilidade e com as Normas
“Art. 32. Nas hipóteses dos arts. 30 e 31 desta Brasileiras de Contabilidade;
Lei, a ausência de realização de chamamento
público será justificada pelo administrador
a) (revogada);
público.

b) (revogada);
§ 1o Sob pena de nulidade do ato de
formalização de parceria prevista nesta Lei, o
extrato da justificativa previsto V - possuir:
no caput deverá ser publicado, na mesma data
em que for efetivado, no sítio oficial da a) no mínimo, um, dois ou três anos de
administração pública na internet e, existência, com cadastro ativo, comprovados
eventualmente, a critério do administrador por meio de documentação emitida pela
público, também no meio oficial de publicidade Secretaria da Receita Federal do Brasil, com
da administração pública. base no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica -
CNPJ, conforme, respectivamente, a parceria
seja celebrada no âmbito dos Municípios, do
76

Distrito Federal ou dos Estados e da União, ...................................................................


admitida a redução desses prazos por ato ........................
específico de cada ente na hipótese de nenhuma
organização atingi-los; VII - comprovação de que a organização da
sociedade civil funciona no endereço por ela
b) experiência prévia na realização, com declarado;
efetividade, do objeto da parceria ou de
natureza semelhante; VIII - (revogado).

c) instalações, condições materiais e capacidade ...................................................................


técnica e operacional para o desenvolvimento ..............’ (NR)
das atividades ou projetos previstos na parceria
e o cumprimento das metas estabelecidas. ‘Art. 35.
..................................................................
§ 1o Na celebração de acordos de cooperação, ....
somente será exigido o requisito previsto no
inciso I. ...................................................................
........................
§ 2o Serão dispensadas do atendimento ao
disposto nos incisos I e III as organizações V-
religiosas. ...................................................................
.............
§ 3o As sociedades cooperativas deverão
atender às exigências previstas na legislação ...................................................................
específica e ao disposto no inciso IV, estando ........................
dispensadas do atendimento aos requisitos
previstos nos incisos I e III.
c) da viabilidade de sua execução;

§ 4o (VETADO).
d) da verificação do cronograma de
desembolso;
§ 5o Para fins de atendimento do previsto na
alínea c do inciso V, não será necessária a
...................................................................
demonstração de capacidade instalada prévia.’
........................
(NR)
f) (revogada);
‘Art. 34.
..................................................................
... ...................................................................
........................
I - (revogado);
i) (revogada);
...................................................................
........................ VI - emissão de parecer jurídico do órgão de
assessoria ou consultoria jurídica da
administração pública acerca da possibilidade de
III - certidão de existência jurídica expedida
celebração da parceria.
pelo cartório de registro civil ou cópia do
estatuto registrado e de eventuais alterações
ou, tratando-se de sociedade cooperativa, § 1o Não será exigida contrapartida financeira
certidão simplificada emitida por junta como requisito para celebração de parceria,
comercial; facultada a exigência de contrapartida em bens
e serviços cuja expressão monetária será
obrigatoriamente identificada no termo de
IV - (revogado);
colaboração ou de fomento.
77

§ 2o Caso o parecer técnico ou o parecer "Art. 38. O termo de fomento, o termo de


jurídico de que tratam, respectivamente, os colaboração e o acordo de cooperação somente
incisos V e VI concluam pela possibilidade de produzirão efeitos jurídicos após a publicação
celebração da parceria com ressalvas, deverá o dos respectivos extratos no meio oficial de
administrador público sanar os aspectos publicidade da administração pública.’ (NR)”
ressalvados ou, mediante ato formal, justificar a
preservação desses aspectos ou sua exclusão. “Art. 39.
..................................................................
................................................................... ...
........................
...................................................................
§ 4o (Revogado). ........................

................................................................... III - tenha como dirigente membro de Poder ou


..............’ (NR) do Ministério Público, ou dirigente de órgão ou
entidade da administração pública da mesma
"Art. 35-A. É permitida a atuação em rede, por esfera governamental na qual será celebrado o
duas ou mais organizações da sociedade civil, termo de colaboração ou de fomento,
mantida a integral responsabilidade da estendendo-se a vedação aos respectivos
organização celebrante do termo de fomento ou cônjuges ou companheiros, bem como parentes
de colaboração, desde que a organização da em linha reta, colateral ou por afinidade, até o
sociedade civil signatária do termo de fomento segundo grau;
ou de colaboração possua:
IV - tenha tido as contas rejeitadas pela
I - mais de cinco anos de inscrição no CNPJ; administração pública nos últimos cinco anos,
exceto se:
II - capacidade técnica e operacional para
supervisionar e orientar diretamente a atuação a) for sanada a irregularidade que motivou a
da organização que com ela estiver atuando em rejeição e quitados os débitos eventualmente
rede. imputados;

Parágrafo único. A organização da sociedade b) for reconsiderada ou revista a decisão pela


civil que assinar o termo de colaboração ou de rejeição;
fomento deverá celebrar termo de atuação em
rede para repasse de recursos às não c) a apreciação das contas estiver pendente de
celebrantes, ficando obrigada a, no ato da decisão sobre recurso com efeito suspensivo;
respectiva formalização:
...................................................................
I - verificar, nos termos do regulamento, a ........................
regularidade jurídica e fiscal da organização
executante e não celebrante do termo de § 3o (Revogado).
colaboração ou do termo de fomento, devendo
comprovar tal verificação na prestação de § 4o Para os fins do disposto na alínea a do
contas; inciso IV e no § 2o, não serão considerados
débitos que decorram de atrasos na liberação
II - comunicar à administração pública em até de repasses pela administração pública ou que
sessenta dias a assinatura do termo de atuação tenham sido objeto de parcelamento, se a
em rede." organização da sociedade civil estiver em
situação regular no parcelamento.
...................................................................
........................ § 5o A vedação prevista no inciso III não se
aplica à celebração de parcerias com entidades
"Art. 37. (Revogado)." que, pela sua própria natureza, sejam
constituídas pelas autoridades referidas naquele
78

inciso, sendo vedado que a mesma pessoa VII - a obrigação de prestar contas com
figure no termo de colaboração, no termo de definição de forma, metodologia e prazos;
fomento ou no acordo de cooperação
simultaneamente como dirigente e ...................................................................
administrador público. ........................

§ 6o Não são considerados membros de Poder X - a definição, se for o caso, da titularidade dos
os integrantes de conselhos de direitos e de bens e direitos remanescentes na data da
políticas públicas.” (NR) conclusão ou extinção da parceria e que, em
razão de sua execução, tenham sido adquiridos,
“Art. 40. É vedada a celebração de parcerias produzidos ou transformados com recursos
previstas nesta Lei que tenham por objeto, repassados pela administração pública;
envolvam ou incluam, direta ou indiretamente,
delegação das funções de regulação, de XI - (revogado);
fiscalização, de exercício do poder de polícia ou
de outras atividades exclusivas de Estado. XII - a prerrogativa atribuída à administração
pública para assumir ou transferir a
I - (revogado); responsabilidade pela execução do objeto, no
caso de paralisação, de modo a evitar sua
II - (revogado). descontinuidade;

Parágrafo único. (Revogado): XIII - (revogado);

I - (revogado); XIV - quando for o caso, a obrigação de a


organização da sociedade civil manter e
II - (revogado).” (NR) movimentar os recursos em conta bancária
específica, observado o disposto no art. 51;
“Art. 41. Ressalvado o disposto no art. 3o e no
parágrafo único do art. 84, serão celebradas nos XV - o livre acesso dos agentes da
termos desta Lei as parcerias entre a administração pública, do controle interno e do
administração pública e as entidades referidas Tribunal de Contas correspondente aos
no inciso I do art. 2o. processos, aos documentos e às informações
relacionadas a termos de colaboração ou a
Parágrafo único. (Revogado).” (NR) termos de fomento, bem como aos locais de
execução do respectivo objeto;
“Art. 42. As parcerias serão formalizadas
mediante a celebração de termo de ...................................................................
colaboração, de termo de fomento ou de acordo ......................
de cooperação, conforme o caso, que terá como
cláusulas essenciais: XVII - a indicação do foro para dirimir as
dúvidas decorrentes da execução da parceria,
................................................................... estabelecendo a obrigatoriedade da prévia
........................ tentativa de solução administrativa, com a
participação de órgão encarregado de
assessoramento jurídico integrante da estrutura
III - quando for o caso, o valor total e o
da administração pública;
cronograma de desembolso;

XVIII - (revogado);
IV - (revogado);

...................................................................
V - a contrapartida, quando for o caso,
........................
observado o disposto no § 1o do art. 35;

XX - a responsabilidade exclusiva da
...................................................................
organização da sociedade civil pelo pagamento
........................
79

dos encargos trabalhistas, previdenciários, I - remuneração da equipe encarregada da


fiscais e comerciais relacionados à execução do execução do plano de trabalho, inclusive de
objeto previsto no termo de colaboração ou de pessoal próprio da organização da sociedade
fomento, não implicando responsabilidade civil, durante a vigência da parceria,
solidária ou subsidiária da administração pública compreendendo as despesas com pagamentos
a inadimplência da organização da sociedade de impostos, contribuições sociais, Fundo de
civil em relação ao referido pagamento, os ônus Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, férias,
incidentes sobre o objeto da parceria ou os décimo terceiro salário, salários proporcionais,
danos decorrentes de restrição à sua execução. verbas rescisórias e demais encargos sociais e
trabalhistas;
Parágrafo único. Constará como anexo do
termo de colaboração, do termo de fomento ou a) (revogada);
do acordo de cooperação o plano de trabalho,
que deles será parte integrante e indissociável. b) (revogada);

I - (revogado); c) (revogada);

II - (revogado).” (NR) II - diárias referentes a deslocamento,


hospedagem e alimentação nos casos em que a
“Art. 45. As despesas relacionadas à execução execução do objeto da parceria assim o exija;
da parceria serão executadas nos termos dos
incisos XIX e XX do art. 42, sendo vedado: III - custos indiretos necessários à execução do
objeto, seja qual for a proporção em relação ao
I - utilizar recursos para finalidade alheia ao valor total da parceria;
objeto da parceria;
IV - (VETADO).
II - (VETADO);
§ 1o A inadimplência da administração pública
III - (revogado); não transfere à organização da sociedade civil a
responsabilidade pelo pagamento de obrigações
................................................................... vinculadas à parceria com recursos próprios.
........................
§ 2o A inadimplência da organização da
V - (revogado); sociedade civil em decorrência de atrasos na
liberação de repasses relacionados à parceria
VI - (revogado); não poderá acarretar restrições à liberação de
parcelas subsequentes.
VII - (revogado);
§ 3o O pagamento de remuneração da equipe
contratada pela organização da sociedade civil
VIII - (revogado);
com recursos da parceria não gera vínculo
trabalhista com o poder público.
IX - (revogado):
§ 4o (Revogado).
a) (revogada);
...................................................................
b) (revogada); ..............” (NR)

c) (revogada); “Art. 48. As parcelas dos recursos transferidos


no âmbito da parceria serão liberadas em estrita
d) (revogada).” (NR) conformidade com o respectivo cronograma de
desembolso, exceto nos casos a seguir, nos
“Art. 46. Poderão ser pagas, entre outras quais ficarão retidas até o saneamento das
despesas, com recursos vinculados à parceria: impropriedades:
80

I - quando houver evidências de irregularidade §


na aplicação de parcela anteriormente 1o ..............................................................
recebida; .............

II - quando constatado desvio de finalidade na § 2o Demonstrada a impossibilidade física de


aplicação dos recursos ou o inadimplemento da pagamento mediante transferência eletrônica, o
organização da sociedade civil em relação a termo de colaboração ou de fomento poderá
obrigações estabelecidas no termo de admitir a realização de pagamentos em
colaboração ou de fomento; espécie.” (NR)

III - quando a organização da sociedade civil “Art. 55. A vigência da parceria poderá ser
deixar de adotar sem justificativa suficiente as alterada mediante solicitação da organização da
medidas saneadoras apontadas pela sociedade civil, devidamente formalizada e
administração pública ou pelos órgãos de justificada, a ser apresentada à administração
controle interno ou externo.” (NR) pública em, no mínimo, trinta dias antes do
termo inicialmente previsto.
“Art. 49. Nas parcerias cuja duração exceda um
ano, é obrigatória a prestação de contas ao Parágrafo único. A prorrogação de ofício da
término de cada exercício. vigência do termo de colaboração ou de
fomento deve ser feita pela administração
I - (revogado); pública quando ela der causa a atraso na
liberação de recursos financeiros, limitada ao
II - (revogado); exato período do atraso verificado.” (NR)

III - (revogado).” (NR) “Art. 57. O plano de trabalho da parceria


poderá ser revisto para alteração de valores ou
de metas, mediante termo aditivo ou por
“Art. 51. Os recursos recebidos em decorrência
apostila ao plano de trabalho original.
da parceria serão depositados em conta
corrente específica isenta de tarifa bancária na
instituição financeira pública determinada pela Parágrafo único. (Revogado).” (NR)
administração pública.
“Art. 58. A administração pública promoverá o
Parágrafo único. Os rendimentos de ativos monitoramento e a avaliação do cumprimento
financeiros serão aplicados no objeto da do objeto da parceria.
parceria, estando sujeitos às mesmas condições
de prestação de contas exigidas para os § 1o Para a implementação do disposto
recursos transferidos.” (NR) no caput, a administração pública poderá valer-
se do apoio técnico de terceiros, delegar
“Art. 52. Por ocasião da conclusão, denúncia, competência ou firmar parcerias com órgãos ou
rescisão ou extinção da parceria, os saldos entidades que se situem próximos ao local de
financeiros remanescentes, inclusive os aplicação dos recursos.
provenientes das receitas obtidas das aplicações
financeiras realizadas, serão devolvidos à ...................................................................
administração pública no prazo improrrogável ............” (NR)
de trinta dias, sob pena de imediata
instauração de tomada de contas especial do “Art. 59. A administração pública emitirá
responsável, providenciada pela autoridade relatório técnico de monitoramento e avaliação
competente da administração pública.” (NR) de parceria celebrada mediante termo de
colaboração ou termo de fomento e o
“Art. 53. submeterá à comissão de monitoramento e
.................................................................. avaliação designada, que o homologará,
.. independentemente da obrigatoriedade de
apresentação da prestação de contas devida
pela organização da sociedade civil.
81

§ ...................................................................
1o .............................................................. ............” (NR)
...............
“Art. 62. Na hipótese de inexecução por culpa
................................................................... exclusiva da organização da sociedade civil, a
........................ administração pública poderá, exclusivamente
para assegurar o atendimento de serviços
III - valores efetivamente transferidos pela essenciais à população, por ato próprio e
administração pública; independentemente de autorização judicial, a
fim de realizar ou manter a execução das metas
IV - (revogado); ou atividades pactuadas:

V - análise dos documentos comprobatórios das ...................................................................


despesas apresentados pela organização da .......................
sociedade civil na prestação de contas, quando
não for comprovado o alcance das metas e II - assumir a responsabilidade pela execução
resultados estabelecidos no respectivo termo de do restante do objeto previsto no plano de
colaboração ou de fomento; trabalho, no caso de paralisação, de modo a
evitar sua descontinuidade, devendo ser
VI - análise de eventuais auditorias realizadas considerado na prestação de contas o que foi
pelos controles interno e externo, no âmbito da executado pela organização da sociedade civil
fiscalização preventiva, bem como de suas até o momento em que a administração
conclusões e das medidas que tomaram em assumiu essas responsabilidades.
decorrência dessas auditorias.
...................................................................
o
§ 2 No caso de parcerias financiadas com ..............” (NR)
recursos de fundos específicos, o
monitoramento e a avaliação serão realizados “Art. 63.
pelos respectivos conselhos gestores, ..................................................................
respeitadas as exigências desta Lei.” (NR) ..

“Art. 60. Sem prejuízo da fiscalização pela § 1o A administração pública fornecerá manuais
administração pública e pelos órgãos de específicos às organizações da sociedade civil
controle, a execução da parceria será por ocasião da celebração das parcerias, tendo
acompanhada e fiscalizada pelos conselhos de como premissas a simplificação e a
políticas públicas das áreas correspondentes de racionalização dos procedimentos.
atuação existentes em cada esfera de governo.
...................................................................
................................................................... .......................
..............” (NR)
§ 3o O regulamento estabelecerá
“Art. 61. procedimentos simplificados para prestação de
.................................................................. contas.” (NR)
...
“Art. 64.
................................................................... .................................................................
........................ ..

IV - emitir parecer técnico conclusivo de análise § 1o Serão glosados valores relacionados a


da prestação de contas final, levando em metas e resultados descumpridos sem
consideração o conteúdo do relatório técnico de justificativa suficiente.
monitoramento e avaliação de que trata o art.
59; ...................................................................
..............” (NR)
82

“Art. 65. A prestação de contas e todos os atos trata este artigo deverão, obrigatoriamente,
que dela decorram dar-se-ão em plataforma mencionar:
eletrônica, permitindo a visualização por
qualquer interessado.” (NR) ...................................................................
..............” (NR)
“Art. 66.
.................................................................. “Art. 69. A organização da sociedade civil
... prestará contas da boa e regular aplicação dos
recursos recebidos no prazo de até noventa dias
I - relatório de execução do objeto, elaborado a partir do término da vigência da parceria ou
pela organização da sociedade civil, contendo as no final de cada exercício, se a duração da
atividades ou projetos desenvolvidos para o parceria exceder um ano.
cumprimento do objeto e o comparativo de
metas propostas com os resultados alcançados; § 1o O prazo para a prestação final de contas
será estabelecido de acordo com a
II - relatório de execução financeira do termo complexidade do objeto da parceria.
de colaboração ou do termo de fomento, com a
descrição das despesas e receitas efetivamente § 2o O disposto no caput não impede que a
realizadas e sua vinculação com a execução do administração pública promova a instauração de
objeto, na hipótese de descumprimento de tomada de contas especial antes do término da
metas e resultados estabelecidos no plano de parceria, ante evidências de irregularidades na
trabalho. execução do objeto.

Parágrafo único. A administração pública § 3o Na hipótese do § 2o, o dever de prestar


deverá considerar ainda em sua análise os contas surge no momento da liberação de
seguintes relatórios elaborados internamente, recurso envolvido na parceria.
quando houver:
...................................................................
I - relatório de visita técnica in ........................
loco eventualmente realizada durante a
execução da parceria; § 5o A manifestação conclusiva sobre a
prestação de contas pela administração pública
................................................................... observará os prazos previstos nesta Lei,
..............” (NR) devendo concluir, alternativamente, pela:

“Art. 67. ...................................................................


.................................................................. ........................
...
II - aprovação da prestação de contas com
§ 1o No caso de prestação de contas única, o ressalvas; ou
gestor emitirá parecer técnico conclusivo para
fins de avaliação do cumprimento do objeto. III - rejeição da prestação de contas e
determinação de imediata instauração de
§ 2o Se a duração da parceria exceder um ano, tomada de contas especial.
a organização da sociedade civil deverá
apresentar prestação de contas ao fim de cada § 6o As impropriedades que deram causa à
exercício, para fins de monitoramento do rejeição da prestação de contas serão
cumprimento das metas do objeto. registradas em plataforma eletrônica de acesso
público, devendo ser levadas em consideração
§ 3o (Revogado). por ocasião da assinatura de futuras parcerias
com a administração pública, conforme definido
§ 4o Para fins de avaliação quanto à eficácia e em regulamento.” (NR)
efetividade das ações em execução ou que já
foram realizadas, os pareceres técnicos de que
83

“Art. 71. A administração pública apreciará a § 1o O administrador público responde pela


prestação final de contas apresentada, no prazo decisão sobre a aprovação da prestação de
de até cento e cinquenta dias, contado da data contas ou por omissão em relação à análise de
de seu recebimento ou do cumprimento de seu conteúdo, levando em consideração, no
diligência por ela determinada, prorrogável primeiro caso, os pareceres técnico, financeiro e
justificadamente por igual período. jurídico, sendo permitida delegação a
autoridades diretamente subordinadas, vedada
§ 1o (Revogado). a subdelegação.

§ 2o (Revogado). § 2o Quando a prestação de contas for avaliada


como irregular, após exaurida a fase recursal,
§ 3o (Revogado). se mantida a decisão, a organização da
sociedade civil poderá solicitar autorização para
que o ressarcimento ao erário seja promovido
§ 4o O transcurso do prazo definido nos termos
por meio de ações compensatórias de interesse
do caput sem que as contas tenham sido
público, mediante a apresentação de novo plano
apreciadas:
de trabalho, conforme o objeto descrito no
termo de colaboração ou de fomento e a área
................................................................... de atuação da organização, cuja mensuração
....................... econômica será feita a partir do plano de
trabalho original, desde que não tenha havido
II - nos casos em que não for constatado dolo dolo ou fraude e não seja o caso de restituição
da organização da sociedade civil ou de seus integral dos recursos.” (NR)
prepostos, sem prejuízo da atualização
monetária, impede a incidência de juros de “Art. 73. Pela execução da parceria em
mora sobre débitos eventualmente apurados, no desacordo com o plano de trabalho e com as
período entre o final do prazo referido neste normas desta Lei e da legislação específica, a
parágrafo e a data em que foi ultimada a administração pública poderá, garantida a
apreciação pela administração pública.” (NR) prévia defesa, aplicar à organização da
sociedade civil as seguintes sanções:
“Art. 72.
.................................................................. ...................................................................
.. .......................

I - regulares, quando expressarem, de forma II - suspensão temporária da participação em


clara e objetiva, o cumprimento dos objetivos e chamamento público e impedimento de celebrar
metas estabelecidos no plano de trabalho; parceria ou contrato com órgãos e entidades da
esfera de governo da administração pública
II - regulares com ressalva, quando sancionadora, por prazo não superior a dois
evidenciarem impropriedade ou qualquer outra anos;
falta de natureza formal que não resulte em
dano ao erário; III - declaração de inidoneidade para participar
de chamamento público ou celebrar parceria ou
III - irregulares, quando comprovada qualquer contrato com órgãos e entidades de todas as
das seguintes circunstâncias: esferas de governo, enquanto perdurarem os
motivos determinantes da punição ou até que
................................................................... seja promovida a reabilitação perante a própria
....................... autoridade que aplicou a penalidade, que será
concedida sempre que a organização da
b) descumprimento injustificado dos objetivos e sociedade civil ressarcir a administração pública
metas estabelecidos no plano de trabalho; pelos prejuízos resultantes e após decorrido o
prazo da sanção aplicada com base no inciso II.
...................................................................
........................ § 1o As sanções estabelecidas nos incisos II e
III são de competência exclusiva de Ministro de
84

Estado ou de Secretário Estadual, Distrital ou final pelas entidades referidas no parágrafo


Municipal, conforme o caso, facultada a defesa único do art. 1o desta Lei.’ (NR)”
do interessado no respectivo processo, no prazo
de dez dias da abertura de vista, podendo a “Art. 80. O processamento das compras e
reabilitação ser requerida após dois anos de contratações que envolvam recursos financeiros
aplicação da penalidade. provenientes de parceria poderá ser efetuado
por meio de sistema eletrônico disponibilizado
§ 2o Prescreve em cinco anos, contados a partir pela administração pública às organizações da
da data da apresentação da prestação de sociedade civil, aberto ao público via internet,
contas, a aplicação de penalidade decorrente de que permita aos interessados formular
infração relacionada à execução da parceria. propostas.

§ 3o A prescrição será interrompida com a Parágrafo único. O Sistema de Cadastramento


edição de ato administrativo voltado à apuração Unificado de Fornecedores - SICAF, mantido
da infração.” (NR) pela União, fica disponibilizado aos demais
entes federados, para fins do disposto
“Art. 77. no caput, sem prejuízo do uso de seus próprios
.................................................................. sistemas.” (NR)
..
“Art. 81-A. Até que seja viabilizada a adaptação
‘Art. 10. do sistema de que trata o art. 81 ou de seus
.................................................................. correspondentes nas demais unidades da
.. federação:

................................................................... I - serão utilizadas as rotinas previstas antes da


....................... entrada em vigor desta Lei para repasse de
recursos a organizações da sociedade civil
XIX - agir negligentemente na celebração, decorrentes de parcerias celebradas nos termos
fiscalização e análise das prestações de contas desta Lei;
de parcerias firmadas pela administração
pública com entidades privadas; II - os Municípios de até cem mil habitantes
serão autorizados a efetivar a prestação de
XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela contas e os atos dela decorrentes sem utilização
administração pública com entidades privadas da plataforma eletrônica prevista no art. 65.”
sem a estrita observância das normas
pertinentes ou influir de qualquer forma para a “Art. 83. (VETADO).
sua aplicação irregular.
§ 1o As parcerias de que trata o caput poderão
................................................................... ser prorrogadas de ofício, no caso de atraso na
...’ (NR) ” (NR) liberação de recursos por parte da
administração pública, por período equivalente
“Art. 78-A. O art. 23 da Lei no 8.429, de 2 de ao atraso.
junho de 1992, passa a vigorar acrescido do
seguinte inciso III: § 2o As parcerias firmadas por prazo
indeterminado antes da data de entrada em
‘Art. 23. vigor desta Lei, ou prorrogáveis por período
.................................................................. superior ao inicialmente estabelecido, no prazo
.... de até um ano após a data da entrada em vigor
desta Lei, serão, alternativamente:
...................................................................
....................... I - substituídas pelos instrumentos previstos nos
arts. 16 ou 17, conforme o caso;
III - até cinco anos da data da apresentação à
administração pública da prestação de contas II - objeto de rescisão unilateral pela
administração pública.” (NR)
85

“Art. 83-A. (VETADO).” V - promoção da segurança alimentar e


nutricional;
“Art. 84. Não se aplica às parcerias regidas por
esta Lei o disposto na Lei no 8.666, de 21 de VI - defesa, preservação e conservação do meio
junho de 1993. ambiente e promoção do desenvolvimento
sustentável;
Parágrafo único. São regidos pelo art. 116 da
Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, VII - promoção do voluntariado;
convênios:
VIII - promoção do desenvolvimento econômico
I - entre entes federados ou pessoas jurídicas a e social e combate à pobreza;
eles vinculadas;
IX - experimentação, não lucrativa, de novos
II - decorrentes da aplicação do disposto no modelos socioprodutivos e de sistemas
inciso IV do art. 3o.” (NR) alternativos de produção, comércio, emprego e
crédito;
“Art. 84-A. A partir da vigência desta Lei,
somente serão celebrados convênios nas X - promoção de direitos estabelecidos,
hipóteses do parágrafo único do art. 84.” construção de novos direitos e assessoria
jurídica gratuita de interesse suplementar;
“Art. 84-B. As organizações da sociedade civil
farão jus aos seguintes benefícios, XI - promoção da ética, da paz, da cidadania,
independentemente de certificação: dos direitos humanos, da democracia e de
outros valores universais;
I - receber doações de empresas, até o limite de
2% (dois por cento) de sua receita bruta; XII - organizações religiosas que se dediquem a
atividades de interesse público e de cunho social
II - receber bens móveis considerados distintas das destinadas a fins exclusivamente
irrecuperáveis, apreendidos, abandonados ou religiosos;
disponíveis, administrados pela Secretaria da
Receita Federal do Brasil; XIII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de
tecnologias alternativas, produção e divulgação
III - distribuir ou prometer distribuir prêmios, de informações e conhecimentos técnicos e
mediante sorteios, vale-brindes, concursos ou científicos que digam respeito às atividades
operações assemelhadas, com o intuito de mencionadas neste artigo.
arrecadar recursos adicionais destinados à sua
manutenção ou custeio.” Parágrafo único. É vedada às entidades
beneficiadas na forma do art. 84-B a
“Art. 84-C. Os benefícios previstos no art. 84-B participação em campanhas de interesse
serão conferidos às organizações da sociedade político-partidário ou eleitorais, sob quaisquer
civil que apresentem entre seus objetivos meios ou formas.”
sociais pelo menos uma das seguintes
finalidades: “Art. 85-A. O art. 3o da Lei no 9.790, de 23 de
março de 1999, passa a vigorar acrescido do
I - promoção da assistência social; seguinte inciso XIII:

II - promoção da cultura, defesa e conservação ‘Art. 3o


do patrimônio histórico e artístico; ...................................................................
....
III - promoção da educação;
...................................................................
IV - promoção da saúde; .......................
86

XIII - estudos e pesquisas para o ...................................................................


desenvolvimento, a disponibilização e a .......................
implementação de tecnologias voltadas à
mobilidade de pessoas, por qualquer meio de §
transporte. 2o ..............................................................
..............
...................................................................
..............’ (NR)” ...................................................................
.......................
“Art. 85-B. O parágrafo único do art. 4o da Lei
no 9.790, de 23 de março de 1999, passa a III -
vigorar com a seguinte redação: ...................................................................
..........
‘Art.
4o .............................................................. ...................................................................
........ ......................

Parágrafo único. É permitida a participação de c) a entidade beneficiária deverá ser


servidores públicos na composição de conselho organização da sociedade civil, conforme a Lei
ou diretoria de Organização da Sociedade Civil no 13.019, de 31 de julho de 2014, desde que
de Interesse Público.’ (NR)” cumpridos os requisitos previstos nos arts. 3o e
16 da Lei no 9.790, de 23 de março de 1999,
“Art. 87. As exigências de transparência e independentemente de certificação.” (NR)
publicidade previstas em todas as etapas que
envolvam a parceria, desde a fase preparatória Art. 4o A alínea a do § 2o do art. 12 da Lei
até o fim da prestação de contas, naquilo que o
n 9.532, de 10 de dezembro de 1997, passa a
for necessário, serão excepcionadas quando se vigorar com a seguinte redação:
tratar de programa de proteção a pessoas
ameaçadas ou em situação que possa “Art. 12.
comprometer a sua segurança, na forma do ..................................................................
regulamento.” (NR) ...

“Art. 88. Esta Lei entra em vigor após ...................................................................


decorridos quinhentos e quarenta dias de sua ......................
publicação oficial, observado o disposto nos §§
1o e 2o deste artigo.
§
2o ..............................................................
§ 1o Para os Municípios, esta Lei entra em vigor ...............
a partir de 1o de janeiro de 2017.
a) não remunerar, por qualquer forma, seus
§ 2o Por ato administrativo local, o disposto dirigentes pelos serviços prestados, exceto no
nesta Lei poderá ser implantado nos Municípios caso de associações, fundações ou organizações
a partir da data decorrente do disposto da sociedade civil, sem fins lucrativos, cujos
no caput.” (NR) dirigentes poderão ser remunerados, desde que
atuem efetivamente na gestão executiva e
Art. 3o A alínea c do inciso III do § 2o do desde que cumpridos os requisitos previstos nos
art. 13 da Lei no 9.249, de 26 de dezembro de arts. 3o e 16 da Lei no 9.790, de 23 de março de
1995, passa a vigorar com a seguinte redação: 1999, respeitados como limites máximos os
valores praticados pelo mercado na região
“Art. 13. correspondente à sua área de atuação, devendo
.................................................................. seu valor ser fixado pelo órgão de deliberação
.... superior da entidade, registrado em ata, com
comunicação ao Ministério Público, no caso das
fundações;
87

................................................................... à vigência desta Lei, desde que o preço


.............” (NR) contratado seja compatível com o praticado no
mercado.
Art. 5o O § 2o do art. 21 da Lei no 12.101,
de 27 de novembro de 2009, passa a vigorar ...................................................................
com a seguinte redação: .............” (NR)

“Art. 21. Art. 7o As entidades filantrópicas e sem fins


.................................................................. lucrativos conveniadas ou contratadas nos
... termos do § 1o do art. 199 da Constituição
Federal poderão aderir, no prazo de três meses,
................................................................... contados da data de publicação desta Lei, ao
....................... programa de que trata o art. 23 da Lei
no 12.873, de 24 de outubro de 2013.
§ 2o A tramitação e a apreciação do
requerimento deverão obedecer à ordem Art. 8o Esta Lei entra em vigor na data de
cronológica de sua apresentação, salvo em caso sua publicação.
de diligência pendente, devidamente justificada,
ou no caso de entidade ou instituição sem fins Art. 9o Ficam revogados:
lucrativos e organização da sociedade civil que
celebrem parceria para executar projeto, I - a Lei no 91, de 28 de agosto de 1935; e
atividade ou serviço em conformidade com
acordo de cooperação internacional do qual a II - o inciso XV do art. 2º; o inciso II do art.
República Federativa do Brasil seja parte. 3º; o art. 4º; o art. 9º; os incisos V a X e o
parágrafo único do art. 22; os incisos III e V do
................................................................... parágrafo único do art. 23; os incisos II e VII do
..............” (NR) § 1º do art. 24; o art. 25; o parágrafo único do
art. 26; o § 3º do art. 28; o inciso II do art. 33;
Art. 6o O art. 24 da Lei no 8.666, de 21 de os incisos I, IV e VIII do art. 34; as alíneas f e i
junho de 1993, passa a vigorar acrescido do do inciso V e o § 4o do art. 35; o art. 37; o §
seguinte inciso XXXIV: 3o do art. 39; o parágrafo único do art. 40;
o parágrafo único do art. 41; os incisos
“Art. 24. IV, XI,XIII e XVIII do caput do art. 42; o art.
.................................................................. 43; o art. 44; os incisos III e V a IX do art. 45;
... o § 4o do art. 46; o art. 47; o art. 54; o art. 56;
o parágrafo único do art. 57; o inciso IV do
................................................................... parágrafo único, ora renumerado para § 1o, do
....................... art. 59; o § 3o do art. 67; os §§ 1o a 3o do art.
71; o art. 75; o art. 76; todos da Lei no 13.019,
de 31 de julho de 2014.
XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de
direito público interno de insumos estratégicos
para a saúde produzidos ou distribuídos por Brasília, 14 de dezembro de 2015; 194o da
fundação que, regimental ou estatutariamente, Independência e 127o da República.
tenha por finalidade apoiar órgão da
administração pública direta, sua autarquia ou DILMA ROUSSEFF
fundação em projetos de ensino, pesquisa, José Eduardo Cardozo
extensão, desenvolvimento institucional, Joaquim Vieira Ferreira Levy
científico e tecnológico e estímulo à inovação, Nelson Barbosa
inclusive na gestão administrativa e financeira João Luiz Silva Ferreira
necessária à execução desses projetos, ou em Patrus Ananias
parcerias que envolvam transferência de Gilberto Kassab
tecnologia de produtos estratégicos para o Nilma Lino Gomes
Sistema Único de Saúde – SUS, nos termos do Ricardo Berzoini
inciso XXXII deste artigo, e que tenha sido Valdir Moysés Simão
criada para esse fim específico em data anterior
88

LEI ESTADUAL COMPLEMENTAR Nº III – as pessoas jurídicas de direito privado e as


119/2012, ALTERADA PELA LEI pessoas físicas que recebam recursos
COMPLEMENTAR Nº 178/2018. financeiros mediante convênios e instrumentos
congêneres;
O GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ
IV – Organização da Sociedade Civil de que
Faço saber que a Assembléia Legislativa trata a Lei Federal nº 13.019, de 31 de julho de
decretou e eu sanciono a seguinte Lei: 2014.

Art. 1º A ementa da Lei Complementar nº 119, § 2º Além do estabelecido nesta Lei


de 28 de dezembro de 2012, passa a vigorar Complementar, deverão ser obedecidas as
com a seguinte redação: regras dispostas na Constituição Federal, na Lei
Complementar Federal nº 101/2000 e na
“DISPÕE SOBRE REGRAS PARA CONVÊNIOS, Constituição Estadual, bem como atendidas às
INSTRUMENTOS CONGÊNERES, TERMO DE condições estabelecidas na Lei de Diretrizes
COLABORAÇÃO, TERMO DE FOMENTO E Orçamentárias vigente à época da celebração.
ACORDO DE COOPERAÇÃO CELEBRADOS EM
REGIME DE MÚTUA COOPERAÇÃO PELOS § 3º As normas estabelecidas nesta Lei se
ÓRGÃOS E ENTIDADES DO PODER EXECUTIVO aplicam às parcerias previstas na Lei Federal nº
ESTADUAL.”(NR) 13.019, de 31 de julho de 2014, naquilo em que
não houver conflito.
Art. 2º A Lei Complementar nº 119/2012 passa
a vigorar com a seguinte redação: § 4º As disposições contidas nesta Lei
Complementar não se aplicam:
“CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS
I – às transferências obrigatórias decorrentes de
Art. 1º Esta Lei Complementar define as regras determinação constitucional e legal, bem como
para convênios, instrumentos congêneres, às destinadas ao Sistema Único de Saúde, para
termo de colaboração, termo de fomento e as quais fica dispensada a celebração de
acordo de cooperação, que envolvam ou não convênios ou quaisquer instrumentos
transferência de recursos financeiros, congêneres;
celebrados entre os órgãos e entidades do
Poder Executivo Estadual e entes e entidades II – aos Contratos de Gestão firmados com
públicas, pessoas jurídicas de direito privado, Organizações Sociais, nos termos da Lei
pessoas físicas e organização da sociedade civil Estadual nº 12.781, de 30 de dezembro de
para consecução de finalidades de interesse 1997, e suas alterações;
público e recíproco no regime de mútua
III – aos contratos de rateio firmados com
cooperação.
consórcios públicos nos termos da Lei Federal
§ 1º Subordinam-se ao regime desta Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005;
Complementar:
IV – aos contratos de subvenção habitacional
I – os órgãos públicos integrantes da firmados com instituições financeiras, nos
administração direta; termos da Lei Estadual nº 15.143, de 23 de
abril de 2012;
II – as autarquias, as fundações públicas, os
fundos e as empresas estatais dependentes, na V – aos contratos de subvenção econômica e
forma do art. 2º, inciso III, da Lei aos termos de concessão de auxílio à pesquisa
Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000; firmados com empresas e pessoas físicas, nos
termos da Lei Estadual nº 14.220, de 16 de
outubro de 2008.
89

Art. 2º Para os efeitos desta Lei Complementar, dependentes, na forma do inciso III do art. 2º
entende-se como: da Lei Complementar nº 101/2000;

I – Convênio: instrumento que disciplina a VIII – Pessoa Jurídica de Direito Privado: pessoa
relação de mútua cooperação entre órgãos e jurídica de direito privado sem fins lucrativos
entidades estaduais e entes, entidades públicas, legalmente constituída, não albergada pela Lei
pessoas jurídicas de direito privado e pessoas Federal nº 13.019/2014 e as empresas estatais
físicas, visando à execução de finalidades de não dependentes, na forma do inciso III do art.
interesse público e recíproco; 2º da Lei Complementar nº 101/2000;

II – Instrumento Congênere: instrumento que, IX – Organização da sociedade civil: pessoa


independente da terminologia estabelecida na jurídica de que trata o inciso I do art. 2º da Lei
legislação, disciplina a relação de mútua Federal nº 13.019/2014;
cooperação entre os órgãos e entidades
estaduais e entes, entidades públicas, pessoas X – Parceiro: ente, entidade pública, pessoa
jurídicas de direito privado e pessoas físicas, jurídica de direito privado, pessoa física ou
visando à execução de finalidades de interesse organização da sociedade civil interessada em
público e recíproco; executar ações em regime de mútua cooperação
com órgãos e entidades do Poder Executivo
III – Termo de Colaboração: instrumento por Estadual;
meio do qual são formalizadas as parcerias
estabelecidas pela administração pública com XI – Concedente: órgão ou entidade do Poder
organizações da sociedade civil para a Executivo Estadual responsável por realizar
consecução de finalidades de interesse público e ações em regime de mútua cooperação com
recíproco, propostas pela administração pública, ente, entidade pública, pessoa jurídica de direito
que envolvam a transferência de recursos privado, pessoa física ou organização da
financeiros; sociedade civil;

IV – Termo de Fomento: instrumento por meio XII – Convenente: parceiro que celebra por
do qual são formalizadas as parcerias meio de convênio, instrumento congênere,
estabelecidas pela administração pública com termo de colaboração, termo de fomento ou
organizações da sociedade civil para a acordo de cooperação à execução de ações em
consecução de finalidades de interesse público e regime de mútua cooperação com órgãos e
recíproco, propostas pelas organizações da entidades do Poder Executivo Estadual;
sociedade civil, que envolvam a transferência de
XIII – Interveniente: participante do convênio
recursos financeiros;
ou instrumento congênere, que manifesta
V – Acordo de Cooperação: instrumento por consentimento ou assume obrigações em nome
meio do qual são formalizadas as parcerias próprio, podendo assumir a execução do objeto
estabelecidas pela administração pública com pactuado e realizar os atos e procedimentos
organizações da sociedade civil para a necessários, inclusive a movimentação de
consecução de finalidades de interesse público e recursos financeiros, desde que tenha sido
recíproco que não envolvam a transferência de submetido às mesmas exigências do
recursos financeiros; convenente;

VI – Ente: União, Estado, Distrito Federal e XIV – Regularidade cadastral: situação de


Município, compreendidos os órgãos integrantes atendimento das exigências cadastrais, inclusive
das respectivas administrações diretas; documentais, pelo parceiro;

VII – Entidade Pública: as fundações, os fundos, XV – Programa: instrumento de organização


as autarquias, as empresas estatais governamental que articula um conjunto de
90

ações visando ao alcance do objetivo nele recebidos para execução de ações em regime de
estabelecido; mútua cooperação;

XVI – Plano de Trabalho: parte integrante do XXIV – Agente Político: é o detentor de cargo
convênio, instrumento congênere, termo de eletivo, eleito por mandatos transitórios, como
colaboração, termo de fomento e acordo de os Chefes de Poder Executivo e membros do
cooperação que contém a descrição detalhada Poder Legislativo, além de cargos de Ministros
das metas, etapas ou fases do objeto a ser de Estado e de Secretários dos entes
executado, definindo todos os aspectos físicos e federativos.
financeiros da sua execução;
Art. 3º As ações em regime de mútua
XVII – Liberação de Recursos: aporte financeiro cooperação executadas por meio de convênios,
realizado pelo concedente na conta específica instrumentos congêneres, termo de
do convênio, instrumento congênere, termo de colaboração, termo de fomento e acordo de
colaboração e termo de fomento, conforme cooperação deverão obedecer às seguintes
cronograma de desembolso do Plano de etapas:
Trabalho;
I – divulgação de programas;
XVIII – Liquidação da despesa: comprovação,
pelo convenente, da execução do objeto e do II – cadastramento de parceiros;
direito adquirido pelo credor, tendo por base
III – seleção;
títulos e documentos comprobatórios do
respectivo crédito; IV – celebração do instrumento;

XIX – Pagamento de Despesa: ato praticado V – execução;


pelo convenente após a liquidação da despesa,
que consiste no desembolso do valor devido ao VI – monitoramento;
credor;
VII – prestação de contas.
XX – Contrapartida: parcela economicamente
CAPÍTULO II DA DIVULGAÇÃO DE PROGRAMAS
mensurável de participação do convenente na
consecução do objeto do convênio, instrumento Art. 4º Até 30 (trinta) dias após o início da
congênere, termo de colaboração ou termo de vigência da Lei Orçamentária Anual, os órgãos e
fomento; entidades estaduais deverão divulgar na rede
mundial de computadores, os programas
XXI – Adimplência: situação que indica o
governamentais que deverão ser executados em
cumprimento das obrigações de prestar contas
regime de mútua cooperação com outros entes,
do convenente e do interveniente perante o
entidades públicas, pessoas físicas, pessoas
concedente;
jurídicas de direito privado e organizações da
XXII – Inadimplência: situação que indica o não sociedade civil.
cumprimento das obrigações de prestar contas
Parágrafo único. A divulgação de programas
do convenente e do interveniente perante o
deverá conter os elementos mínimos
concedente;
estabelecidos e ser permanentemente
XXIII – Tomada de Contas Especial: processo atualizada em função da disponibilidade
instaurado pelo conce- dente, destinado à orçamentária, na forma do Regulamento.
apuração dos fatos, quantificação do dano ao
CAPÍTULO III DO CADASTRO DE PARCEIROS
erário e identificação dos responsáveis por sua
ocorrência, decorrente da não comprovação da Art. 5º Fica instituído o Cadastro Geral de
boa e regular aplicação dos recursos financeiros Parceiros, gerido pelo órgão central de controle
91

interno do Poder Executivo Estadual, que V – região de planejamento orçamentário;


conterá as informações necessárias à verificação
da regularidade cadastral. VI – valor de referência para execução do
objeto;
Art. 6º Aplicam-se as regras de cadastramento
estabelecidas nesta Lei Complementar aos VII – classificação orçamentária;
parceiros identificados como:
VIII – as condições para interposição de recurso
I – entes ou entidades públicas; administrativo no âmbito do processo de
seleção;
II – pessoas jurídicas de direito privado;
IX – as datas e os critérios de seleção e
III – pessoas físicas; julgamento das propostas, inclusive no que se
refere à metodologia de pontuação e ao peso
IV – organizações da sociedade civil. atribuído a cada um dos critérios estabelecidos,
se for o caso;
§ 1º Compete aos parceiros registrar e manter
atualizadas as informações cadastrais. X – a data, o prazo, as condições, o local e a
forma de apresentação das propostas;
§ 2º O ato de cadastramento regular não
estabelece qualquer vantagem ou garantia na XI – prazo para divulgação de resultados da
celebração de convênios ou instrumentos seleção e condições para interposição de
congêneres, termo de colaboração, termo de recursos, no âmbito do processo de seleção;
fomento e acordo de cooperação e o
consequente repasse de recursos financeiros XII – regra de contrapartida, quando houver;
por parte do Estado.
XIII – a minuta do instrumento a ser celebrado;
Art. 7º Regulamento disporá sobre as
exigências para fins de cadastramento e XIV – as medidas de acessibilidade para
regularidade cadastral, inclusive as pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida
documentais. e idosos, de acordo com as características do
objeto.
CAPÍTULO IV DA SELEÇÃO
§ 1º Os órgãos e entidades do Poder Executivo
Art. 8º A seleção de proposta para execução de Estadual indicarão a previsão dos créditos
ação em regime de mútua cooperação deverá orçamentários necessários para garantir as
ser realizada pelos órgãos e entidades do Poder execuções nos orçamentos dos exercícios
Executivo Estadual por meio de chamamento seguintes, quando os convênios, instrumentos
público, devendo observar as condições e congêneres, termos de colaboração e termos de
exigências estabelecidas na Lei de Diretrizes fomento tiverem vigência plurianual ou forem
Orçamentárias. celebrados em exercício financeiro seguinte ao
da seleção.
Art. 9º O edital de chamamento público
especificará, no mínimo: § 2º Para seleção das propostas, poderão ser
privilegiados critérios de julgamento como
I – órgão ou entidade; inovação e criatividade, conforme previsão no
edital.
II – o objeto com indicação da política, do
programa ou da ação correspondente; § 3º O edital de chamamento público deverá
conter dados e informações sobre a política, o
III – justificativa;
programa ou a ação em que se insira o
IV – público-alvo;
92

instrumento para orientar a elaboração das Art. 15. A Comissão de Seleção do órgão ou a
metas e indicadores da proposta pelo parceiro. entidade do Poder Executivo Estadual divulgará
o resultado preliminar do processo de seleção
Art.10. O edital de chamamento público será no seu sítio eletrônico oficial.
amplamente divulgado no sítio eletrônico oficial
do órgão ou da entidade pública estadual, no Art. 16. Os parceiros participantes do processo
mínimo por 30 (trinta) dias, antes do início do de seleção poderão apresentar recurso contra o
prazo para apresentação de propostas, devendo resultado preliminar.
seu extrato ser publicado no Diário Oficial do
Estado. Parágrafo único. O prazo para a Art. 17. Após o julgamento dos recursos ou o
apresentação de propostas será de, no mínimo, transcurso do prazo para interposição de
15 (quinze) dias. Seção I Da Comissão de recurso, o órgão ou a entidade do Poder
Seleção Executivo Estadual deverá homologar e divulgar
o resultado definitivo do processo de seleção no
Art. 11. Os órgãos ou entidades do Poder Diário Oficial do Estado.
Executivo Estadual designarão, em ato
específico, comissão de seleção para processar Seção III Da Dispensa e da Inexigibilidade
e julgar os chamamentos públicos.
Art. 18. O chamamento público poderá ser
Art. 12. A comissão de seleção será composta dispensado pelos órgãos ou entidades do Poder
por, no mínimo, 3 (três) membros, detentores Executivo Estadual nas seguintes situações:
de capacidade técnica, sendo pelo menos 1
I – urgência decorrente de paralisação ou
(um) servidor ocupante de cargo efetivo ou
iminência de paralisação de atividades de
emprego permanente do quadro de pessoal da
relevante interesse público;
Administração Pública Estadual.
II – nos casos de guerra, calamidade pública,
Seção II Do Processo de Seleção
grave perturbação da ordem pública ou ameaça
Art. 13. O processo de seleção abrangerá a à paz social;
avaliação das propostas, a divulgação e a
III – quando se tratar da realização de
homologação dos resultados.
programa de proteção a pessoas ameaçadas ou
Art. 14. A avaliação das propostas terá caráter em situação que possa comprometer a sua
eliminatório e classificatório. Parágrafo único. A segurança;
proposta deverá conter, no mínimo, as
IV – quando o parceiro for ente ou entidade
seguintes informações:
pública, inclusive as empresas estatais não
I – a descrição da realidade objeto e o nexo dependentes, na forma do inciso III do art. 2º
com a atividade ou o projeto proposto; da Lei Complementar nº 101/2000.

II – as ações a serem executadas e as metas a Art. 19. O chamamento público será


serem atingidas; considerado inexigível na hipótese de
inviabilidade de competição entre os parceiros,
III – os prazos para a execução das ações e em razão da natureza singular do objeto do
para o cumprimento das metas; convênio ou instrumento congênere ou se as
metas somente puderem ser atingidas por um
IV – o valor total; e parceiro específico, especialmente quando:

V – projeto básico para execução de obra ou I – o objeto do convênio ou instrumento


serviço de engenharia, quando pertinente. congênere constituir incumbência prevista em
acordo, ato ou compromisso internacional, no
93

qual sejam indicados os parceiros que utilizarão II – a descrição de metas quantitativas e


os recursos; mensuráveis a serem atingidas;

II – o convênio ou instrumento congênere III – forma de execução do objeto com a


decorrer de transferência para parceiro que descrição das etapas com seus respectivos
esteja autorizada em lei na qual seja itens;
identificado expressamente o parceiro
beneficiário, inclusive quando se tratar da IV – parâmetros a serem utilizados para a
subvenção prevista no inciso I do § 3º do art. aferição do cumprimento das metas;
12 da Lei nº. 4.320, de 17 de março de 1964,
V – a previsão de receitas e a estimativa de
observado o disposto no art. 26 da Lei
despesas a serem realizadas na execução das
Complementar nº. 101, de 4 de maio de 2000.
ações, incluindo os encargos sociais e
Art. 20. As hipóteses de dispensa e de trabalhistas e a discriminação dos custos
inexigibilidade previstas nos arts. 18 e 19 indiretos necessários à execução do objeto,
deverão ser justificadas pelo administrador respeitadas as vedações previstas no art.42;
público, exceto no caso de dispensa de que
VI – cronograma de desembolso;
trata o inciso IV do art. 18.
VII – valor total do Plano de Trabalho;
§ 1º. Admite-se a impugnação à justificativa ao
enquadramento das hipóteses de dispensa e VIII – valor da contrapartida, quando houver;
inexigibilidade.
IX – previsão de início e fim da execução do
§ 2º O gestor dará publicidade, com objeto, bem como da conclusão das etapas
antecedência de, no mínimo, 15 (quinze) dias, programadas.
dos motivos que justificaram as hipóteses de
dispensa e inexigibilidade e, somente após esse Parágrafo único. Deverão ser apresentados
prazo, não havendo contestação, dará juntamente com o Plano de Trabalho:
seguimento aos atos conforme previsto nos
I – comprovação de que a contrapartida
arts. 18 e 19.
financeira, quando houver, está devidamente
CAPÍTULO V DA CELEBRAÇÃO DO assegurada;
INSTRUMENTO
II – projeto executivo, se exigido.
Seção I Da Celebração
Art. 23. Na hipótese da proposta selecionada
Art. 21. A celebração de convênios, não atender às exigências dos arts. 22 e 24,
instrumentos congêneres, termo de aquela imediatamente melhor classificada
colaboração, termo de fomento e acordo de poderá ser convidada a aceitar a celebração dos
cooperação somente poderá ser efetivada com instrumentos nos termos da proposta por ela
parceiros cujos planos de trabalho tenham sido apresentada.
aprovados.
Parágrafo único. Caso o parceiro convidado nos
Art. 22. O plano de trabalho deverá conter, no termos do caput aceite celebrar o instrumento,
mínimo: aplicam-se os mesmos procedimentos
estabelecidos nos arts. 22 e 24.
I – descrição da realidade que será objeto do
instrumento, devendo ser demonstrado o nexo Art.24. Para a celebração de convênios,
entre essa realidade e as atividades ou projetos instrumentos congêneres, termo de
e metas a serem atingidas; colaboração, termo de fomento e acordo de
cooperação será exigida a regularidade
94

cadastral e a adimplência do convenente e do I – esteja em situação de irregularidade


interveniente, quando este assumir a execução cadastral e inadimplência;
do objeto.
II – tenha, como dirigentes efetivos ou
Art.25. Os convênios, instrumentos congêneres, controladores, agentes políticos de Poder ou do
termo de colaboração e termo de fomento Ministério Público, dirigentes de órgão ou
celebrados pelos órgãos e entidades estaduais, entidade da Administração Pública de qualquer
inclusive termos aditivos de valor, terão como esfera governamental, ou respectivo cônjuge ou
vigência o respectivo crédito orçamentário. companheiro, bem como parente em linha reta,
colateral ou por afinidade, até o terceiro grau do
§ 1º Excepcionalmente, os convênios, gestor do órgão responsável para celebração do
instrumentos congêneres, termo de colaboração convênio ou instrumento congênere;
e termo de fomento inclusive termos aditivos de
valor, celebrados para execução de ações de III – tenha tido as contas rejeitadas pela
natureza continuada e de metas estabelecidas administração pública nos últimos 5 (cinco)
no Plano Plurianual, poderão ter vigência anos, exceto se: a) for sanada a irregularidade
superior à estabelecida no caput, limitada à que motivou a rejeição e quitados os débitos
vigência do referido Plano. eventualmente imputados; b) for reconsiderada
ou revista a decisão pela rejeição; c) a
§ 2º O cronograma de desembolso do Plano de apreciação das contas estiver pendente de
Trabalho dos convênios, instrumentos decisão sobre recurso com efeito suspensivo;
congêneres, termo de colaboração e termo de
fomento celebrados deverá respeitar a IV – tenha sido punido com uma das seguintes
capacidade de execução do objeto pelo sanções, pelo período que durar a penalidade:
convenente e a disponibilidade orçamentária do a) suspensão de participação em licitação e
concedente. impedimento de contratar com a administração;
b) declaração de inidoneidade para licitar ou
§ 3º Até que editada a lei a que se refere o contratar com a admi nistração pública; c)
inciso I do § 9º do art. 165 da Constituição suspensão temporária, determinada por órgãos
Federal, versando sobre a organização do Plano e entidades do Poder Executivo Estadual, da
Plurianual, ficam autorizados, no último ano de participação em chamamento público e
vigência do referido Plano, o aditamento e a impedimento de celebrar parceria ou contrato
celebração de convênios, instrumentos com estes, por prazo não superior a 2 (dois)
congêneres, termo de colaboração e termo de anos; d) declaração de inidoneidade para
fomento cuja vigência ultrapasse o exercício participar de chamamento público ou celebrar
financeiro, desde que o objeto respectivo esteja parceria ou contrato com órgãos e entidades de
contemplado no Plano Plurianual vigente, e todas as esferas de governo, enquanto
condicionada eventual prorrogação à previsão perdurarem os motivos determinantes da
de produtos e metas correspondentes no Plano punição ou até que seja promovida a
Plurianual subsequente. reabilitação perante a própria autoridade que
aplicou a penalidade, que será concedida
Art. 26. É vedada a celebração de convênios,
sempre que o convenente ressarcir a
instrumentos congêneres, termo de colaboração
administração pública pelos prejuízos
e termo de fomento com previsão de liberação
resultantes e após decorrido o prazo da sanção
de recursos financeiros em parcela única, com
aplicada com base na alínea “c”;
exceção dos instrumentos com vigência de até
60 (sessenta) dias. V – tenha tido contas de parceria julgadas
irregulares ou rejeitadas por Tribunal ou
Art. 27. Ficará impedido de celebrar o parceiro
Conselho de Contas de qualquer esfera da
que:
95

Federação, em decisão irrecorrível, nos últimos Seção II Da Publicidade


8 (oito) anos;
Art. 30. É obrigatória a publicidade pelo órgão
VI – tenha entre seus dirigentes ou responsável concedente, da íntegra dos convênios e
legal pessoa: a) cujas contas relativas ao instrumentos congêneres, termo de
instrumento tenham sido julgadas irregulares colaboração, termo de fomento e acordo de
ou rejeitadas por Tribunal ou Conselho de cooperação celebrados, inclusive termos
Contas de qualquer esfera da Federação, em aditivos, mediante divulgação nas ferramentas
decisão irrecorrível, nos últimos 8 (oito) anos; de transparência previstas na Lei Complementar
b) julgada responsável por falta grave e Federal nº 131, de 27 de maio de 2009 e na Lei
inabilitada para o exercício de cargo em Estadual nº 14.306, de 2 de março de 2009.
comissão ou função de confiança, enquanto
durar a inabilitação; c) considerada responsável Parágrafo único. A publicidade, de que trata o
por ato de improbidade, enquanto durarem os caput, incluirá informações referentes à
prazos estabelecidos nos incisos I, II e III do execução orçamentária e financeira dos
art. 12 da Lei nº. 8.429, de 2 de junho de 1992. instrumentos celebrados.
Parágrafo único. A vedação prevista no inciso II
Art. 31. A publicidade de que trata o art. 30
deste artigo não se aplica aos entes e entidades
antecederá obrigatoriamente a publicação
públicas.
resumida dos instrumentos na imprensa oficial.
Art. 28. Para fins de celebração do convênio e Parágrafo único. Para convênio e instrumentos
instrumentos congêneres com as pessoas congêneres a publicidade prevista no caput
jurídicas de direito privado será exigido, no conferirá integral eficácia aos instrumentos
mínimo: celebrados para fins de início da liberação de
recursos financeiros pelo concedente e da
I – 2 (dois) anos de existência, com cadastro execução pelo convenente.
ativo, comprovados por meio de documentação
emitida pela Secretaria da Receita Federal do Art. 32. O atendimento ao disposto no
Brasil, com base no Cadastro Nacional da parágrafo único do art. 160, da Constituição
Pessoa Jurídica - CNPJ, admitida a redução Estadual, e no § 2º do art. 116, da Lei nº
desse prazo por ato específico de cada órgão ou 8.666, de 21 de junho de 1993, dar-se-á
entidade do Poder Executivo Estadual, na mediante o envio, em meio eletrônico, pelo
hipótese de nenhuma entidade atingi-lo; órgão central de controle interno, das
informações previstas no art. 30.
II – experiência prévia na realização, com
efetividade, do objeto do convênio e Art. 33. Os convenentes deverão disponibilizar
instrumento congênere ou de natureza ao cidadão, na rede mundial de computadores e
semelhante e instalações, condições materiais e em sua sede, informações referentes à parcela
capacidade técnica e operacional para o dos recursos financeiros recebidos e à sua
desenvolvimento das atividades ou projetos destinação, sem prejuízo das prestações de
previstos no convênio ou instrumento contas a que estejam legalmente obrigados, nos
congênere e o cumprimento das metas termos da Lei Estadual nº 15.175, de 28 de
estabelecidas. junho de 2012.

Art. 29. As pessoas jurídicas de direito privado e Art. 34. O Poder Executivo poderá exigir, a
as organizações da sociedade civil cujos planos qualquer tempo e a seu exclusivo critério, que
de trabalho tenham sido aprovados serão todos os atos das licitações e das respectivas
submetidas à vistoria de funcionamento para dispensas ou contratações por inexigibilidade
comprovação do seu regular funcionamento nos sejam publicadas no Diário Oficial do Estado e
termos do Regulamento. na ferramenta estadual de transparência exigida
96

pela Lei Complementar nº 131, de 27 de maio atendimento pelo convenente e pelo


de 2009. interveniente, quando este assumir a execução
do objeto, dos seguintes requisitos:
Seção III Das Alterações
I – regularidade cadastral;
Art. 35. O órgão ou a entidade do Poder
Executivo Estadual poderá autorizar ou propor a II – situação de adimplência;
alteração do convênio, instrumento congênere,
termo de colaboração, termo de fomento e III – comprovação de depósito da contrapartida,
acordo de cooperação, após, respectivamente, quando for o caso.
solicitação fundamentada do convenente ou sua
Art. 38. Os recursos financeiros serão mantidos
anuência, desde que não haja alteração de seu
em conta bancária específica do convênio,
objeto.
instrumento congênere, termo de colaboração e
§ 1º A alteração, de que trata o caput, será termo de fomento em instituição financeira
formalizada por meio de apostilamento ou pública, cuja movimentação se dará mediante
termo aditivo, durante a vigência do Ordem Bancária de Transferência, para
instrumento, assegurada a publicidade prevista pagamento de despesas previstas no Plano de
nesta Lei. Trabalho, para ressarcimento de valores ou para
aplicação no mercado financeiro.
§ 2º Para a celebração de aditivos de valor será
exigida a regularidade cadastral e a adimplência § 1º O pagamento de despesas previstas no
do convenente e do interveniente, quando este Plano de Trabalho dar-se-á nos termos do
assumir a execução do objeto. disposto no art. 41.

Art. 36. O convênio, instrumento congênere, § 2º O ressarcimento de valores de que trata o


termo de colaboração, termo de fomento deverá caput compreende:
ser alterado por apostilamento,
I – a devolução de valores decorrentes de
independentemente de anuência do convenente,
glosas efetuadas no âmbito do monitoramento
nas hipóteses de:
ou da prestação de contas;
I – prorrogação de ofício, quando o órgão ou a
II – devolução de saldos remanescentes, a título
entidade do Poder Executivo Estadual tiver dado
de restituição.
causa ao atraso na liberação de recursos
financeiros, ficando a prorrogação da vigência § 3º A aplicação no mercado financeiro dos
limitada ao exato período do atraso verificado; recursos, de que trata o caput, somente poderá
ocorrer em caderneta de poupança ou em
II – alteração da classificação orçamentária;
fundos de aplicação lastreados em títulos
III – alteração do gestor e do fiscal do públicos.
instrumento. Parágrafo único. Configura o
Art. 39. Para contratação e aquisição de bens e
atraso de que trata o inciso I do caput a
serviços necessários à execução do convênio ou
liberação parcial de valores previstos no
instrumento congênere, os entes e entidades
cronograma de desembolso.
públicas deverão observar as disposições da Lei
CAPÍTULO VI DA EXECUÇÃO Federal nº 8.666, de 21 de junho de 1993 e a
Lei Federal nº 13.303, de 30 de junho de 2016,
Art. 37. A liberação de recursos para a conta conforme o caso, bem como as demais normas
específica do convênio, instrumento congênere, federais e estaduais vigentes.
termo de colaboração e termo de fomento
deverá obedecer ao cronograma de desembolso Parágrafo único. Os entes e entidades públicas
do Plano de Trabalho e estar condicionada ao deverão realizar a contratação e aquisição de
97

bens e serviços comuns, utilizando, exclusivamente pelo órgão ou entidade


preferencialmente a modalidade pregão, nos concedente;
termos da Lei nº 10.520, de 17 de julho de
2002, prioritariamente, na sua forma eletrônica. IV – clubes, associações ou quaisquer entidades
congêneres, cujos dirigentes ou controladores
Art. 40. As pessoas jurídicas de direito privado e sejam agentes políticos de Poder ou do
as pessoas físicas deverão realizar a Ministério Público, dirigentes de órgão ou
contratação e aquisição de bens e serviços na entidade da Administração Pública de qualquer
forma do Regulamento. esfera governamental, ou respectivo cônjuge ou
companheiro, bem como parente em linha reta,
Art. 41. O pagamento das despesas previstas no colateral ou por afinidade, até o terceiro grau do
Plano de Trabalho deve ser realizado durante a gestor do órgão responsável para celebração do
vigência do instrumento e está condicionado à convênio ou instrumento congênere;
liquidação da despesa pelo convenente,
mediante comprovação da execução do objeto, V – publicidade, salvo as de caráter educativo,
nos termos do Regulamento. informativo ou de orientação social,
relacionadas com o objeto do convênio ou
§ 1º É vedado o pagamento de despesas instrumento congênere, das quais não constem
referentes a ações executadas antes ou após a nomes, símbolos ou imagens que caracterizem
vigência do convênio ou instrumento congênere. promoção pessoal de autoridades e servidores
do concedente, do convenente e do
§ 2º Excepcionalmente, o pagamento poderá
interveniente;
ser efetuado após a vigência do instrumento,
desde que a execução tenha se dado durante a VI – bens e serviços fornecidos pelo
vigência do instrumento, observados o limite do convenente, interveniente, seus dirigentes ou
saldo remanescente e o prazo estabelecido no responsáveis, bem como parente em linha reta,
inciso I do art. 55. colateral ou por afinidade, até o terceiro grau.
Art. 42. É vedada a utilização de recursos CAPÍTULO VII DO MONITORAMENTO
transferidos para a execução de objeto diverso
do pactuado e para pagamento de despesas Art. 43. O monitoramento da execução dos
com: instrumentos referidos nesta Lei será realizado
pelo órgão ou entidade do Poder Executivo
I – taxa de administração, de gerência ou Estadual, com vistas a garantir a regularidade
similar, salvo situações específicas previstas em dos atos praticados e a adequada execução do
Regulamento; objeto, sem prejuízo da atuação dos órgãos de
controle interno e externo.
II – remuneração, a qualquer título, a servidor
ou empregado público ou seu cônjuge, Art. 44. O servidor designado como gestor do
companheiro ou parente em linha reta, colateral instrumento é o responsável pelo
ou por afinidade, até o segundo grau, monitoramento do convênio, instrumento
ressalvadas as hipóteses previstas em lei congênere, termo de colaboração, termo de
específica e na Lei de Diretrizes Orçamentárias, fomento e, quando couber, do acordo de
por serviços de consultoria, assistência técnica, cooperação, e será realizado tendo como base o
gratificação ou qualquer espécie de instrumento pactuado, plano de trabalho e o
remuneração adicional; correspondente cronograma de execução do
objeto e de desembolso de recursos financeiros,
III – multas, juros ou correção monetária,
nos termos do Regulamento.
referente a pagamentos e recolhimentos fora
dos prazos, exceto quando decorrer de atraso Parágrafo único. O descumprimento do
na liberação de recursos financeiros, motivado estabelecido no caput ensejará a proibição de
98

celebração de novos convênios e instrumentos I – visitar o local da execução do objeto;


congêneres pelo concedente.
II – atestar a execução do objeto;
Art. 45. O monitoramento compreenderá as
atividades de acompanhamento e fiscalização, III – registrar quaisquer irregularidades
nos quais o servidor designado como gestor do detectadas.
instrumento será responsável pelas informações
§ 1º Para a realização da atividade de
prestadas acerca da celebração, incluindo
fiscalização será permitida a designação, a
expedição de relatórios circunstanciados de
contratação de terceiros ou a celebração de
vistoria, termos de recebimento de objeto, total
acordo com outros órgãos para assistir o gestor
e parcial, e atestado de cumprimento de metas,
do instrumento ou subsidiá-lo.
nos termos do Regulamento.
§ 2º Nos casos em que a realização do objeto
Seção I Do Acompanhamento
envolver a execução de obra ou serviço de
Art. 46. Diante de quaisquer irregularidades na engenharia, o responsável pela fiscalização deve
execução do convênio, instrumento congênere, ser profissional legalmente habilitado.
termo de colaboração, termo de fomento e
CAPÍTULO VIII DA RESCISÃO
acordo de cooperação decorrentes do uso
inadequado dos recursos ou de pendências de Art. 48. Os instrumentos de que trata esta Lei
ordem técnica, o responsável pelo poderão ser rescindidos, a qualquer tempo, por
acompanhamento suspenderá a liberação dos acordo entre os partícipes, unilateralmente
recursos financeiros e o pagamento de despesas pelos órgãos e entidades do Poder Executivo
do respectivo instrumento e notificará o Estadual ou em decorrência de determinação
convenente para adoção das medidas judicial.
saneadoras, fixando-lhe prazo de até 30 (trinta)
dias, podendo ser prorrogado por igual período. § 1º A rescisão amigável por acordo entre as
partes e a rescisão determinada pelos órgãos e
§ 1º Caso não haja o saneamento da pendência entidades do Poder Executivo Estadual por meio
no prazo fixado, o responsável pelo de ato unilateral serão formalmente motivadas
acompanhamento deverá, no prazo máximo de nos autos do processo.
60 (sessenta) dias:
§ 2º Nas rescisões unilaterais deverá ser
I – quantificar e glosar o valor correspondente à assegurado o contraditório e a ampla defesa.
pendência;
§ 3º A rescisão implica o final da vigência do
II – notificar o convenente para ressarcimento instrumento, independente do motivo que a
do valor glosado no prazo máximo de 15 originou.
(quinze) dias, contados do recebimento da
notificação. CAPÍTULO IX DA PRESTAÇÃO DE CONTAS, DA
INADIMPLÊNCIA E DA TOMADA DE CONTAS
§ 2º O não atendimento pelo convenente do ESPECIAL
disposto no inciso II do parágrafo anterior
ensejará a rescisão do instrumento, a Seção I Da Prestação de Contas
inadimplência e a instauração de Tomada de
Art. 49. Os entes, entidades públicas, pessoas
Contas Especial.
jurídicas de direito privado e pessoas físicas que
Seção II Da Fiscalização receberem recursos financeiros, na forma
estabelecida nesta Lei, estarão sujeitos a
Art. 47. A atividade de fiscalização prestar contas da sua boa e regular aplicação,
compreenderá: no prazo de até 30 (trinta) dias após o
99

encerramento da vigência do convênio ou falta de natureza formal que não resulte em


instrumento congênere, sob pena de dano ao erário;
inadimplência e instauração de Tomada de
Contas Especial, na forma do Regulamento. III – irregulares, quando comprovada qualquer
das seguintes circunstâncias: a) omissão no
Art. 50. Os saldos financeiros remanescentes, dever de prestar contas; b) descumprimento
inclusive os provenientes das receitas obtidas injustificado dos objetivos e metas estabelecidos
nas aplicações financeiras realizadas, deverão no Plano de Trabalho; c) dano ao erário
ser devolvidos pelos entes, entidades públicas, decorrente de ato de gestão ilegítimo ou
pessoas jurídicas de direito privado, pessoas antieconômico; d) desfalque ou desvio de
físicas e organizações da sociedade civil no dinheiro, bens ou valores públicos.
prazo máximo de 30 (trinta) dias após o
término da vigência ou rescisão. Art. 53. A prestação de contas avaliada como
irregular ensejará a inadimplência do
§ 1º A devolução, prevista no caput, será convenente e do interveniente, quando este
realizada observando-se a proporcionalidade assumir a execução do objeto, e a instauração
dos recursos financeiros transferidos e da de Tomada de Contas Especial.
contrapartida, na forma do Regulamento.
Art. 54. A prestação de contas e todos os atos
§ 2º A não observância do disposto no caput que dela decorram dar-se-ão no sistema
implicará a inadimplência do convenente e do corporativo de gestão de parcerias, permitindo
interveniente, quando este assumir a execução a visualização por qualquer interessado.
do objeto, e a instauração de Tomada de Contas
Especial. Seção II

Art. 51. Cabe ao órgão ou entidade concedente Da Inadimplência Do Convenente


analisar a prestação de contas, no prazo de até
Art. 55. Será considerado inadimplente o
60 (sessenta) dias, contados da data de
convenente que:
apresentação pelos entes, entidades públicas,
pessoas jurídicas de direito privado e pessoas I – deixar de devolver os saldos financeiros
físicas, mediante pareceres técnico e financeiro remanescentes, no prazo de 30 (trinta) dias
expedidos pelas áreas competentes. Parágrafo após o término da vigência ou rescisão;
único. O descumprimento do prazo estabelecido
no caput ensejará a proibição de celebração de II – deixar de apresentar a prestação de contas
novos convênios e instrumentos congêneres até 30 (trinta) dias após o término da vigência;
pelo concedente.
III – tiver a prestação de contas avaliada como
Art. 52. Concluída a análise da prestação de irregular;
contas, o gestor do instrumento deverá emitir
IV – tiver o instrumento rescindido, nos termos
parecer conclusivo da prestação de contas para
do § 2º do art. 46.
embasar a decisão do dirigente máximo do
órgão ou entidade do Poder Executivo Estadual Art. 56. É vedada a celebração de novos
que avaliará as contas: convênios e quaisquer instrumentos
congêneres, inclusive aditivos de valor, com
I – regulares, quando expressarem, de forma
parceiro inadimplentes.
clara e objetiva, o cumprimento dos objetivos e
metas estabelecidos no plano de trabalho; Art. 57. Constatadas as situações previstas no
art. 55, compete ao órgão ou entidade do Poder
II – regulares com ressalva, quando
Executivo Estadual registrar a inadimplência do
evidenciarem impropriedade ou qualquer outra
convenente e do interveniente, quando este
100

assumir a execução do objeto, sem prejuízo da Art. 61. Identificada a situação de dano ao
atuação do órgão central de controle interno, na erário, o dirigente máximo do órgão ou entidade
forma do Regulamento. do Poder Executivo Estadual competente, sob
pena de responsabilidade solidária, deverá
Art. 58. A baixa da inadimplência do convenente adotar providências com vistas à instauração da
e do interveniente, quando este assumir a Tomada de Contas Especial para apuração dos
execução do objeto, fica condicionada ao fatos, identificação dos responsáveis e
saneamento das pendências que lhe deram quantificação do dano, observado o disposto no
causa. Parágrafo único. Independentemente do regramento específico estabelecido pelo
saneamento da pendência que lhe deu causa, a Tribunal de Contas do Estado e nesta Lei.
inadimplência do convenente e do interveniente,
quando este assumir a execução do objeto, será Parágrafo único. Previamente à instauração da
baixada após 8 (oito) anos, contados do seu Tomada de Contas Especial, de que trata o
registro, sem prejuízo do prosseguimento das caput, deverão ser exauridas as medidas
ações necessárias à recuperação do dano. administrativas para saneamento das
pendências, observado o seguinte:
Art. 59. Exceto quando se tratar de gestor
reeleito, a inadimplência de que trata o art. 55 I – notificação do convenente para saneamento
fica suspensa para entes e entidades públicas, das pendências no prazo máximo de 30 (trinta)
independente da instauração ou conclusão do dias, contados do recebimento da notificação,
processo de Tomadas de Contas Especial, nos podendo ser prorrogado por até 30 (trinta) dias;
casos em que a nova gestão:
II – apreciação e decisão pelo concedente
I – mantém-se adimplente com todas as quanto ao saneamento da pendência no prazo
exigências relativas ao seu mandato; máximo de 60 (sessenta) dias, contados do
recebimento das informações apresentadas pelo
II – comprove a adoção das medidas convenente;
administrativas ou judiciais aplicáveis para
apurar as responsabilidades dos seus III – notificação ao convenente para
antecessores. ressarcimento ou devolução de valores, no caso
de não saneamento da pendência, no prazo
§ 1º A suspensão da inadimplência em máximo de 15 (quinze) dias da notificação.
decorrência da adoção de medida administrativa
de que trata o inciso II do caput terá validade Art. 62. A Tomada de Contas Especial deverá
pelo prazo improrrogável de 180 (cento e ser instaurada no prazo máximo de até 180
oitenta) dias contados da instauração da (cento e oitenta) dias, contados do registro da
medida. § 2º O novo gestor comprovará, inadimplência.
semestralmente, ao concedente o
prosseguimento das medidas judiciais, sob pena § 1º O prazo de que trata o caput incluirá os
de retorno à situação de inadimplência. prazos previstos no art. 46, quando a Tomada
de Contas Especial for motivada pela situação
Art. 60. O débito apurado por ocasião da análise prevista no inciso IV do art. 55.
da prestação de contas poderá,
excepcionalmente, ser parcelado, a critério do § 2º O ato que determinar a instauração da
concedente, conforme Regulamento. Parágrafo Tomada de Contas Especial deverá estabelecer
único. O parcelamento do débito de que trata o prazo para sua conclusão.
caput suspenderá a inadimplência e a contagem
§ 3º Caso as pendências que motivaram a
do prazo para a instauração da Tomada de
Tomada de Contas Especial tenham sido
Contas Especial, nos termos do Regulamento.
sanadas antes da publicação do ato de
Seção III Da Tomada De Contas Especial
101

instauração, o processo deverá ser arquivado com órgãos e entidades do Poder Executivo
por perda do objeto. Estadual, por prazo não superior a 2 (dois)
anos;
Art. 63. Concluída a instrução pelo órgão
concedente, o processo de Tomada de Contas III – declaração de inidoneidade para participar
Especial deverá ser encaminhado: em chamamento público ou celebrar convênio,
instrumento congênere, ou contratos com
I – à Procuradoria-Geral do Estado, quando órgãos e entidades de todas as esferas de
comprovado o dano ao erário, observado o governo, enquanto perdurarem os motivos
prazo máximo de 30 (trinta) dias; determinantes da punição ou até que seja
promovida a reabilitação perante a própria
II – ao Tribunal de Contas do Estado, observado
autoridade que aplicou a penalidade, que será
o disposto em regramento específico
concedida sempre que o convenente ressarcir a
estabelecido pela aquela Corte de Contas.
administração pelos prejuízos resultantes, e
Art. 64. Concluído o julgamento da Tomada de após decorrido o prazo da sanção aplicada com
Contas Especial pelo Tribunal de Contas do base no inciso II deste artigo.
Estado e caso o responsável não seja o gestor
§ 1º As sanções estabelecidas são de
atual do ente, poderá ser procedida a retirada
competência exclusiva de Secretário de Estado
da inadimplência do ente.
facultada a defesa do interessado no respectivo
Art. 65. A instauração de Tomada de Contas processo, no prazo de 10 (dez) dias da abertura
Especial poderá ser dispensada nas hipóteses de vista, podendo a reabilitação ser requerida
previstas em regramento específico estabelecido após 2 (dois) anos de aplicação da penalidade.
pelo Tribunal de Contas do Estado.
§ 2º Prescreve em 5 (cinco) anos, contados a
Art. 66. Não se aplica à Tomada de Contas partir da data da apresentação da prestação de
Especial de que trata esta Lei o disposto no contas, a aplicação de penalidades decorrentes
inciso III do art. 9º da Lei Estadual nº 12.509, de infrações relacionadas à execução dos
de 6 de dezembro de 1995 e legislação instrumentos firmados a partir da vigência desta
derivada. Lei, ressalvadas as respectivas ações de
ressarcimento.
Art. 67. Regulamento disporá sobre a
responsabilização dos agentes e os § 3º A prescrição será interrompida com a
procedimentos de Tomada de Contas Especial edição de ato administrativo voltado à apuração
dos instrumentos celebrados no âmbito do da infração.
Poder Executivo Estadual.
§ 4º As sanções estabelecidas neste artigo não
CAPÍTULO X DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS se aplicam aos entes e entidades públicas.

Art. 68. Pela execução do instrumento em CAPÍTULO XI DISPOSIÇÕES FINAIS


desacordo com o Plano de Trabalho e com as
Art. 69. Caberá ao órgão central de controle
normas desta Lei e da legislação específica, a
interno atuar complementarmente no
administração poderá, garantida a prévia
monitoramento do processo instituído por esta
defesa, aplicar às pessoas jurídicas de direito
Lei, de modo a exercer ações preventivas
privado e pessoas físicas as seguintes sanções:
visando a evitar a ocorrência de dano ao erário.
I – advertência;
Art. 70. As disposições desta Lei poderão ser
II – suspensão temporária da participação em excepcionadas naquilo que for necessário para o
chamamento público e impedimento de celebrar atendimento das exigências ou regras próprias
convênio, instrumento congênere, ou contrato dos órgãos financiadores.
102

Art. 71. As exigências de regularidade cadastral disposto nesta Lei, até que o sistema de que
e de adimplência previstas nesta Lei não se trata o caput esteja plenamente adaptado às
aplicam para transferência de recursos novas rotinas.” (NR) Art. 3º Ficam preservados
financeiros para entes e entidades públicas, os efeitos e as regras de aplicabilidade previstas
quando destinados a atender, exclusivamente, nos arts. 57, 58, 58-A e 58 – B, na redação
às situações de emergência ou calamidade vigente imediatamente anterior à publicação
pública reconhecidas pelo Poder Executivo desta Lei. Art. 4º Esta Lei entra em vigor 30
Estadual e à execução de programas e ações de (trinta) dias após a data de sua publicação,
educação, saúde e assistência social. observadas as condições estabelecidas na Lei de
Diretrizes Orçamentárias vigente e, quanto à
Art. 72. Na contagem dos prazos estabelecidos sua aplicabilidade e efeitos, no que couber, o
nesta Lei, excluir-se-á o dia de início e incluir- disposto na Lei Federal n.º 13.019, de 31 de
se-á o do vencimento e considerar-se-ão os dias julho de 2014. Art. 5º Revogam-se as
consecutivos. disposições em contrário.
Art. 73. A declaração falsa de informações, PALÁCIO DA ABOLIÇÃO, DO GOVERNO DO
inclusive mediante inserção, modificação ou ESTADO DO CEARÁ, em Fortaleza, 10 de maio
alteração de dados nos sistemas de de 2018.
informações, deverá ser punida nos termos dos
art. 313-A e art. 313-B do Código Penal Camilo Sobreira de Santana GOVERNADOR DO
Brasileiro. ESTADO

Art. 74. Os agentes designados para o LICITAÇÕES E CONTRATOS (LEI


monitoramento da execução dos convênios,
FEDERAL Nº 8.666/93 E SUAS
instrumentos congêneres, termo de
ALTERAÇÕES).
colaboração, termo de fomento e acordo de
cooperação são responsáveis pelos atos ilícitos
O PRESIDENTE DA
que praticarem, respondendo, para todos os
REPÚBLICA Faço saber que o Congresso
efeitos, pelos danos causados a terceiros, Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
decorrentes de culpa ou dolo.
Capítulo I
Art. 75. Os processos, documentos ou
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
informações referentes à execução de convênio,
instrumento congênere, termo de colaboração, Seção I
termo de fomento e acordo de cooperação não Dos Princípios
poderão ser sonegados pelo convenente aos
servidores dos órgãos e entidades públicas Art. 1o Esta Lei estabelece normas gerais
concedentes e dos órgãos de controle interno e sobre licitações e contratos administrativos
externo, sob pena de irregularidade cadastral. pertinentes a obras, serviços, inclusive de
publicidade, compras, alienações e locações no
Art. 76. O disposto nesta Lei será objeto de âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios.
Regulamento pelo Poder Executivo.

Art. 77. Os procedimentos operacionais Parágrafo único. Subordinam-se ao regime


necessários ao cumprimento desta Lei serão desta Lei, além dos órgãos da administração
direta, os fundos especiais, as autarquias, as
realizados por meio de sistema corporativo de
fundações públicas, as empresas públicas, as
gestão de parcerias. sociedades de economia mista e demais
entidades controladas direta ou indiretamente
Parágrafo único. A Controladoria e Ouvidoria pela União, Estados, Distrito Federal e
Geral do Estado expedirá normas Municípios.
complementares para o efetivo cumprimento do
103

Art. 2o As obras, serviços, inclusive de no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de outubro de


publicidade, compras, alienações, concessões, 1991.
permissões e locações da Administração Pública,
quando contratadas com terceiros, serão § 2o Em igualdade de condições, como
necessariamente precedidas de licitação, critério de desempate, será assegurada
ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei. preferência, sucessivamente, aos bens e
serviços:
Parágrafo único. Para os fins desta Lei,
considera-se contrato todo e qualquer ajuste I- (Revogado pela Lei nº
entre órgãos ou entidades da Administração 12.349, de 2010)
Pública e particulares, em que haja um acordo
de vontades para a formação de vínculo e a II - produzidos no País;
estipulação de obrigações recíprocas, seja qual
for a denominação utilizada.
III - produzidos ou prestados por empresas
brasileiras.
Art. 3o A licitação destina-se a garantir a
observância do princípio constitucional da
IV - produzidos ou prestados por empresas
isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa
que invistam em pesquisa e no desenvolvimento
para a administração e a promoção do
de tecnologia no País. (Incluído
desenvolvimento nacional sustentável e será
pela Lei nº 11.196, de 2005)
processada e julgada em estrita conformidade
com os princípios básicos da legalidade, da
impessoalidade, da moralidade, da igualdade, V - produzidos ou prestados por empresas
da publicidade, da probidade administrativa, da que comprovem cumprimento de reserva de
vinculação ao instrumento convocatório, do cargos prevista em lei para pessoa com
julgamento objetivo e dos que lhes são deficiência ou para reabilitado da Previdência
correlatos. (Redação dada pela Lei Social e que atendam às regras de
nº 12.349, de acessibilidade previstas na legislação.
2010) (Regulamento) (Regulamento) (Incluído pela Lei nº 13.146, de
(Regulamento) 2015) (Vigência)

§ 1o É vedado aos agentes públicos: § 3o A licitação não será sigilosa, sendo


públicos e acessíveis ao público os atos de seu
procedimento, salvo quanto ao conteúdo das
I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos
propostas, até a respectiva abertura.
atos de convocação, cláusulas ou condições que
comprometam, restrinjam ou frustrem o seu
caráter competitivo, inclusive nos casos de § 4º (Vetado). (Incluído pela
sociedades cooperativas, e estabeleçam Lei nº 8.883, de 1994)
preferências ou distinções em razão da
naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes § 5o Nos processos de licitação, poderá ser
ou de qualquer outra circunstância impertinente estabelecida margem de preferência
ou irrelevante para o específico objeto do para: (Redação dada pela Lei nº
contrato, ressalvado o disposto nos §§ 5 o a 12 13.146, de 2015) (Vigência)
deste artigo e no art. 3o da Lei no 8.248, de 23
de outubro de 1991; (Redação I - produtos manufaturados e para serviços
dada pela Lei nº 12.349, de 2010) nacionais que atendam a normas técnicas
brasileiras; e (Incluído pela Lei nº
II - estabelecer tratamento diferenciado de 13.146, de 2015)
natureza comercial, legal, trabalhista,
previdenciária ou qualquer outra, entre II - bens e serviços produzidos ou prestados
empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive no por empresas que comprovem cumprimento de
que se refere a moeda, modalidade e local de reserva de cargos prevista em lei para pessoa
pagamentos, mesmo quando envolvidos com deficiência ou para reabilitado da
financiamentos de agências internacionais, Previdência Social e que atendam às regras de
ressalvado o disposto no parágrafo seguinte e acessibilidade previstas na
104

legislação. (Incluído pela Lei nº 13.146, de serviços cuja capacidade de produção ou


2015) prestação no País seja inferior:
(Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
§ 6o A margem de preferência de que trata (Vide Decreto nº 7.546, de 2011)
o § 5o será estabelecida com base em estudos
revistos periodicamente, em prazo não superior I - à quantidade a ser adquirida ou
a 5 (cinco) anos, que levem em contratada; ou (Incluído pela Lei
consideração: (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)
nº 12.349, de 2010) (Vide Decreto nº
7.546, de 2011) (Vide Decreto nº II - ao quantitativo fixado com fundamento
7.709, de 2012) (Vide Decreto nº no § 7o do art. 23 desta Lei, quando for o
7.713, de 2012) (Vide Decreto nº caso. (Incluído pela Lei nº
7.756, de 2012) 12.349, de 2010)

I - geração de emprego e § 10. A margem de preferência a que se


renda; (Incluído pela Lei nº refere o § 5o poderá ser estendida, total ou
12.349, de 2010) parcialmente, aos bens e serviços originários
dos Estados Partes do Mercado Comum do Sul -
II - efeito na arrecadação de tributos Mercosul. (Incluído pela Lei nº
federais, estaduais e municipais; (Incluído 12.349, de 2010) (Vide Decreto nº
pela Lei nº 12.349, de 2010) 7.546, de 2011)

III - desenvolvimento e inovação tecnológica § 11. Os editais de licitação para a


realizados no País; (Incluído pela Lei nº contratação de bens, serviços e obras poderão,
12.349, de 2010) mediante prévia justificativa da autoridade
competente, exigir que o contratado promova,
IV - custo adicional dos produtos e serviços; em favor de órgão ou entidade integrante da
e (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) administração pública ou daqueles por ela
indicados a partir de processo isonômico,
V - em suas revisões, análise retrospectiva medidas de compensação comercial, industrial,
de resultados. (Incluído pela Lei nº 12.349, tecnológica ou acesso a condições vantajosas de
de 2010) financiamento, cumulativamente ou não, na
forma estabelecida pelo Poder Executivo
federal. (Incluído pela Lei nº
§ 7o Para os produtos manufaturados e
12.349, de 2010) (Vide Decreto nº
serviços nacionais resultantes de
7.546, de 2011)
desenvolvimento e inovação tecnológica
realizados no País, poderá ser estabelecido
margem de preferência adicional àquela § 12. Nas contratações destinadas à
prevista no § 5o. (Incluído pela Lei implantação, manutenção e ao aperfeiçoamento
nº 12.349, de 2010) (Vide Decreto dos sistemas de tecnologia de informação e
nº 7.546, de 2011) comunicação, considerados estratégicos em ato
do Poder Executivo federal, a licitação poderá
ser restrita a bens e serviços com tecnologia
§ 8o As margens de preferência por
desenvolvida no País e produzidos de acordo
produto, serviço, grupo de produtos ou grupo
com o processo produtivo básico de que trata a
de serviços, a que se referem os §§ 5o e 7o,
Lei no 10.176, de 11 de janeiro de 2001.
serão definidas pelo Poder Executivo federal,
(Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010) (Vide
não podendo a soma delas ultrapassar o
Decreto nº 7.546, de 2011)
montante de 25% (vinte e cinco por cento)
sobre o preço dos produtos manufaturados e
serviços estrangeiros. (Incluído pela § 13. Será divulgada na internet, a cada
Lei nº 12.349, de 2010) (Vide exercício financeiro, a relação de empresas
Decreto nº 7.546, de 2011) favorecidas em decorrência do disposto nos §§
5o, 7o, 10, 11 e 12 deste artigo, com indicação
do volume de recursos destinados a cada uma
§ 9o As disposições contidas nos §§ 5o e
o
7 deste artigo não se aplicam aos bens e aos
105

delas. (Incluído pela Lei nº orçamentárias que atenderam aos créditos a


12.349, de 2010) que se referem. (Redação dada
pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 14. As preferências definidas neste artigo
e nas demais normas de licitação e contratos § 3o Observados o disposto no caput, os
devem privilegiar o tratamento diferenciado e pagamentos decorrentes de despesas cujos
favorecido às microempresas e empresas de valores não ultrapassem o limite de que trata o
pequeno porte na forma da lei. inciso II do art. 24, sem prejuízo do que dispõe
(Incluído pela Lei Complementar nº 147, de seu parágrafo único, deverão ser efetuados no
2014) prazo de até 5 (cinco) dias úteis, contados da
apresentação da fatura. (Incluído
§ 15. As preferências dispostas neste artigo pela Lei nº 9.648, de 1998)
prevalecem sobre as demais preferências
previstas na legislação quando estas forem Art. 5o-A. As normas de licitações e
aplicadas sobre produtos ou serviços contratos devem privilegiar o tratamento
estrangeiros. (Incluído pela Lei diferenciado e favorecido às microempresas e
Complementar nº 147, de 2014) empresas de pequeno porte na forma da
lei. (Incluído pela Lei
Art. 4o Todos quantos participem de licitação Complementar nº 147, de 2014)
promovida pelos órgãos ou entidades a que se
refere o art. 1º têm direito público subjetivo à Seção II
fiel observância do pertinente procedimento Das Definições
estabelecido nesta lei, podendo qualquer
cidadão acompanhar o seu desenvolvimento,
Art. 6o Para os fins desta Lei, considera-se:
desde que não interfira de modo a perturbar ou
impedir a realização dos trabalhos.
I - Obra - toda construção, reforma,
fabricação, recuperação ou ampliação, realizada
Parágrafo único. O procedimento licitatório
por execução direta ou indireta;
previsto nesta lei caracteriza ato administrativo
formal, seja ele praticado em qualquer esfera
da Administração Pública. II - Serviço - toda atividade destinada a
obter determinada utilidade de interesse para a
Administração, tais como: demolição, conserto,
Art. 5o Todos os valores, preços e custos
instalação, montagem, operação, conservação,
utilizados nas licitações terão como expressão
reparação, adaptação, manutenção, transporte,
monetária a moeda corrente nacional,
locação de bens, publicidade, seguro ou
ressalvado o disposto no art. 42 desta Lei,
trabalhos técnico-profissionais;
devendo cada unidade da Administração, no
pagamento das obrigações relativas ao
fornecimento de bens, locações, realização de III - Compra - toda aquisição remunerada de
obras e prestação de serviços, obedecer, para bens para fornecimento de uma só vez ou
cada fonte diferenciada de recursos, a estrita parceladamente;
ordem cronológica das datas de suas
exigibilidades, salvo quando presentes IV - Alienação - toda transferência de
relevantes razões de interesse público e domínio de bens a terceiros;
mediante prévia justificativa da autoridade
competente, devidamente publicada. V - Obras, serviços e compras de grande
vulto - aquelas cujo valor estimado seja
§ 1o Os créditos a que se refere este artigo superior a 25 (vinte e cinco) vezes o limite
terão seus valores corrigidos por critérios estabelecido na alínea "c" do inciso I do art. 23
previstos no ato convocatório e que lhes desta Lei;
preservem o valor.
VI - Seguro-Garantia - o seguro que garante
o
§ 2 A correção de que trata o parágrafo o fiel cumprimento das obrigações assumidas
anterior cujo pagamento será feito junto com o por empresas em licitações e contratos;
principal, correrá à conta das mesmas dotações
106

VII - Execução direta - a que é feita pelos b) soluções técnicas globais e localizadas,
órgãos e entidades da Administração, pelos suficientemente detalhadas, de forma a
próprios meios; minimizar a necessidade de reformulação ou de
variantes durante as fases de elaboração do
VIII - Execução indireta - a que o órgão ou projeto executivo e de realização das obras e
entidade contrata com terceiros sob qualquer montagem;
dos seguintes regimes: (Redação
dada pela Lei nº 8.883, de 1994) c) identificação dos tipos de serviços a
executar e de materiais e equipamentos a
a) empreitada por preço global - quando se incorporar à obra, bem como suas
contrata a execução da obra ou do serviço por especificações que assegurem os melhores
preço certo e total; resultados para o empreendimento, sem
frustrar o caráter competitivo para a sua
b) empreitada por preço unitário - quando se execução;
contrata a execução da obra ou do serviço por
preço certo de unidades determinadas; d) informações que possibilitem o estudo e a
dedução de métodos construtivos, instalações
c) (Vetado). (Redação dada provisórias e condições organizacionais para a
pela Lei nº 8.883, de 1994) obra, sem frustrar o caráter competitivo para a
sua execução;
d) tarefa - quando se ajusta mão-de-obra
para pequenos trabalhos por preço certo, com e) subsídios para montagem do plano de
ou sem fornecimento de materiais; licitação e gestão da obra, compreendendo a
sua programação, a estratégia de suprimentos,
as normas de fiscalização e outros dados
e) empreitada integral - quando se contrata
necessários em cada caso;
um empreendimento em sua integralidade,
compreendendo todas as etapas das obras,
serviços e instalações necessárias, sob inteira f) orçamento detalhado do custo global da
responsabilidade da contratada até a sua obra, fundamentado em quantitativos de
entrega ao contratante em condições de serviços e fornecimentos propriamente
entrada em operação, atendidos os requisitos avaliados;
técnicos e legais para sua utilização em
condições de segurança estrutural e operacional X - Projeto Executivo - o conjunto dos
e com as características adequadas às elementos necessários e suficientes à execução
finalidades para que foi contratada; completa da obra, de acordo com as normas
pertinentes da Associação Brasileira de Normas
IX - Projeto Básico - conjunto de elementos Técnicas - ABNT;
necessários e suficientes, com nível de precisão
adequado, para caracterizar a obra ou serviço, XI - Administração Pública - a administração
ou complexo de obras ou serviços objeto da direta e indireta da União, dos Estados, do
licitação, elaborado com base nas indicações Distrito Federal e dos Municípios, abrangendo
dos estudos técnicos preliminares, que inclusive as entidades com personalidade
assegurem a viabilidade técnica e o adequado jurídica de direito privado sob controle do poder
tratamento do impacto ambiental do público e das fundações por ele instituídas ou
empreendimento, e que possibilite a avaliação mantidas;
do custo da obra e a definição dos métodos e do
prazo de execução, devendo conter os seguintes XII - Administração - órgão, entidade ou
elementos: unidade administrativa pela qual a
Administração Pública opera e atua
a) desenvolvimento da solução escolhida de concretamente;
forma a fornecer visão global da obra e
identificar todos os seus elementos constitutivos XIII - Imprensa Oficial - veículo oficial de
com clareza; divulgação da Administração Pública, sendo
para a União o Diário Oficial da União, e, para
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, o
107

que for definido nas respectivas leis; obedecerão ao disposto neste artigo e, em
(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) particular, à seguinte seqüência:

XIV - Contratante - é o órgão ou entidade I - projeto básico;


signatária do instrumento contratual;
II - projeto executivo;
XV - Contratado - a pessoa física ou jurídica
signatária de contrato com a Administração III - execução das obras e serviços.
Pública;
§ 1o A execução de cada etapa será
XVI - Comissão - comissão, permanente ou obrigatoriamente precedida da conclusão e
especial, criada pela Administração com a aprovação, pela autoridade competente, dos
função de receber, examinar e julgar todos os trabalhos relativos às etapas anteriores, à
documentos e procedimentos relativos às exceção do projeto executivo, o qual poderá ser
licitações e ao cadastramento de licitantes. desenvolvido concomitantemente com a
execução das obras e serviços, desde que
XVII - produtos manufaturados nacionais - também autorizado pela Administração.
produtos manufaturados, produzidos no
território nacional de acordo com o processo § 2o As obras e os serviços somente poderão
produtivo básico ou com as regras de origem ser licitados quando:
estabelecidas pelo Poder Executivo
federal; (Incluído pela Lei nº 12.349, de I - houver projeto básico aprovado pela
2010) autoridade competente e disponível para exame
dos interessados em participar do processo
XVIII - serviços nacionais - serviços licitatório;
prestados no País, nas condições estabelecidas
pelo Poder Executivo II - existir orçamento detalhado em planilhas
federal; (Incluído pela Lei nº que expressem a composição de todos os seus
12.349, de 2010) custos unitários;

XIX - sistemas de tecnologia de informação III - houver previsão de recursos


e comunicação estratégicos - bens e serviços de orçamentários que assegurem o pagamento das
tecnologia da informação e comunicação cuja obrigações decorrentes de obras ou serviços a
descontinuidade provoque dano significativo à serem executadas no exercício financeiro em
administração pública e que envolvam pelo curso, de acordo com o respectivo cronograma;
menos um dos seguintes requisitos relacionados
às informações críticas: disponibilidade,
IV - o produto dela esperado estiver
confiabilidade, segurança e
contemplado nas metas estabelecidas no Plano
confidencialidade. (Incluído pela
Plurianual de que trata o art. 165 da
Lei nº 12.349, de 2010)
Constituição Federal, quando for o caso.

XX - produtos para pesquisa e


§ 3o É vedado incluir no objeto da licitação a
desenvolvimento - bens, insumos, serviços e
obtenção de recursos financeiros para sua
obras necessários para atividade de pesquisa
execução, qualquer que seja a sua origem,
científica e tecnológica, desenvolvimento de
exceto nos casos de empreendimentos
tecnologia ou inovação tecnológica,
executados e explorados sob o regime de
discriminados em projeto de pesquisa aprovado
concessão, nos termos da legislação específica.
pela instituição contratante.
(Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
§ 4o É vedada, ainda, a inclusão, no objeto
da licitação, de fornecimento de materiais e
Seção III
serviços sem previsão de quantidades ou cujos
Das Obras e Serviços
quantitativos não correspondam às previsões
reais do projeto básico ou executivo.
Art. 7o As licitações para a execução de
obras e para a prestação de serviços
108

§ 5o É vedada a realização de licitação cujo II - empresa, isoladamente ou em consórcio,


objeto inclua bens e serviços sem similaridade responsável pela elaboração do projeto básico
ou de marcas, características e especificações ou executivo ou da qual o autor do projeto seja
exclusivas, salvo nos casos em que for dirigente, gerente, acionista ou detentor de
tecnicamente justificável, ou ainda quando o mais de 5% (cinco por cento) do capital com
fornecimento de tais materiais e serviços for direito a voto ou controlador, responsável
feito sob o regime de administração contratada, técnico ou subcontratado;
previsto e discriminado no ato convocatório.
III - servidor ou dirigente de órgão ou
§ 6o A infringência do disposto neste artigo entidade contratante ou responsável pela
implica a nulidade dos atos ou contratos licitação.
realizados e a responsabilidade de quem lhes
tenha dado causa. § 1o É permitida a participação do autor do
projeto ou da empresa a que se refere o inciso
§ 7o Não será ainda computado como valor II deste artigo, na licitação de obra ou serviço,
da obra ou serviço, para fins de julgamento das ou na execução, como consultor ou técnico, nas
propostas de preços, a atualização monetária funções de fiscalização, supervisão ou
das obrigações de pagamento, desde a data gerenciamento, exclusivamente a serviço da
final de cada período de aferição até a do Administração interessada.
respectivo pagamento, que será calculada pelos
mesmos critérios estabelecidos § 2o O disposto neste artigo não impede a
obrigatoriamente no ato convocatório. licitação ou contratação de obra ou serviço que
inclua a elaboração de projeto executivo como
§ 8o Qualquer cidadão poderá requerer à encargo do contratado ou pelo preço
Administração Pública os quantitativos das previamente fixado pela Administração.
obras e preços unitários de determinada obra
executada. § 3o Considera-se participação indireta, para
fins do disposto neste artigo, a existência de
§ 9o O disposto neste artigo aplica-se qualquer vínculo de natureza técnica, comercial,
também, no que couber, aos casos de dispensa econômica, financeira ou trabalhista entre o
e de inexigibilidade de licitação. autor do projeto, pessoa física ou jurídica, e o
licitante ou responsável pelos serviços,
Art. 8o A execução das obras e dos serviços fornecimentos e obras, incluindo-se os
deve programar-se, sempre, em sua totalidade, fornecimentos de bens e serviços a estes
previstos seus custos atual e final e necessários.
considerados os prazos de sua execução.
§ 4o O disposto no parágrafo anterior aplica-
Parágrafo único. É proibido o retardamento se aos membros da comissão de licitação.
imotivado da execução de obra ou serviço, ou
de suas parcelas, se existente previsão Art. 10. As obras e serviços poderão ser
orçamentária para sua execução total, salvo executados nas seguintes
insuficiência financeira ou comprovado motivo formas: (Redação dada pela Lei nº
de ordem técnica, justificados em despacho 8.883, de 1994)
circunstanciado da autoridade a que se refere o
art. 26 desta Lei. (Redação dada I - execução direta;
pela Lei nº 8.883, de 1994)
II - execução indireta, nos seguintes
Art. 9o Não poderá participar, direta ou regimes: (Redação dada pela Lei nº
indiretamente, da licitação ou da execução de 8.883, de 1994)
obra ou serviço e do fornecimento de bens a
eles necessários: a) empreitada por preço global;

I - o autor do projeto, básico ou executivo, b) empreitada por preço unitário;


pessoa física ou jurídica;
109

c) (Vetado). (Redação dada pela Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-
Lei nº 8.883, de 1994) se serviços técnicos profissionais especializados
os trabalhos relativos a:
d) tarefa;
I - estudos técnicos, planejamentos e
e) empreitada integral. projetos básicos ou executivos;

Parágrafo II - pareceres, perícias e avaliações em


único. (Vetado). (Redação dada geral;
pela Lei nº 8.883, de 1994)
III - assessorias ou consultorias técnicas e
Art. 11. As obras e serviços destinados aos auditorias financeiras ou
mesmos fins terão projetos padronizados por tributárias; (Redação dada pela
tipos, categorias ou classes, exceto quando o Lei nº 8.883, de 1994)
projeto-padrão não atender às condições
peculiares do local ou às exigências específicas IV - fiscalização, supervisão ou
do empreendimento. gerenciamento de obras ou serviços;

Art. 12. Nos projetos básicos e projetos V - patrocínio ou defesa de causas judiciais
executivos de obras e serviços serão ou administrativas;
considerados principalmente os seguintes
requisitos: (Redação dada pela Lei VI - treinamento e aperfeiçoamento de
nº 8.883, de 1994) pessoal;

I - segurança; VII - restauração de obras de arte e bens de


valor histórico.
II - funcionalidade e adequação ao interesse
público; VIII - (Vetado). (Incluído pela Lei nº
8.883, de 1994)
III - economia na execução, conservação e
operação; § 1o Ressalvados os casos de inexigibilidade
de licitação, os contratos para a prestação de
IV - possibilidade de emprego de mão-de- serviços técnicos profissionais especializados
obra, materiais, tecnologia e matérias-primas deverão, preferencialmente, ser celebrados
existentes no local para execução, conservação mediante a realização de concurso, com
e operação; estipulação prévia de prêmio ou remuneração.

V - facilidade na execução, conservação e § 2o Aos serviços técnicos previstos neste


operação, sem prejuízo da durabilidade da obra artigo aplica-se, no que couber, o disposto no
ou do serviço; art. 111 desta Lei.

VI - adoção das normas técnicas, de saúde e § 3o A empresa de prestação de serviços


de segurança do trabalho técnicos especializados que apresente relação
adequadas; (Redação dada pela de integrantes de seu corpo técnico em
Lei nº 8.883, de 1994) procedimento licitatório ou como elemento de
justificação de dispensa ou inexigibilidade de
VII - impacto ambiental. licitação, ficará obrigada a garantir que os
referidos integrantes realizem pessoal e
Seção IV diretamente os serviços objeto do contrato.
Dos Serviços Técnicos Profissionais
Especializados Seção V
Das Compras
110

Art. 14. Nenhuma compra será feita sem a que deles poderão advir, ficando-lhe facultada a
adequada caracterização de seu objeto e utilização de outros meios, respeitada a
indicação dos recursos orçamentários para seu legislação relativa às licitações, sendo
pagamento, sob pena de nulidade do ato e assegurado ao beneficiário do registro
responsabilidade de quem lhe tiver dado causa. preferência em igualdade de condições.

Art. 15. As compras, sempre que possível, § 5o O sistema de controle originado no


deverão: quadro geral de preços, quando possível, deverá
(Regulamento) (Regulamento) (Regulam ser informatizado.
ento) (Vigência)
§ 6o Qualquer cidadão é parte legítima para
I - atender ao princípio da padronização, que impugnar preço constante do quadro geral em
imponha compatibilidade de especificações razão de incompatibilidade desse com o preço
técnicas e de desempenho, observadas, quando vigente no mercado.
for o caso, as condições de manutenção,
assistência técnica e garantia oferecidas; § 7o Nas compras deverão ser observadas,
ainda:
II - ser processadas através de sistema de
registro de preços; I - a especificação completa do bem a ser
adquirido sem indicação de marca;
III - submeter-se às condições de aquisição e
pagamento semelhantes às do setor privado; II - a definição das unidades e das
quantidades a serem adquiridas em função do
IV - ser subdivididas em tantas parcelas consumo e utilização prováveis, cuja estimativa
quantas necessárias para aproveitar as será obtida, sempre que possível, mediante
peculiaridades do mercado, visando adequadas técnicas quantitativas de estimação;
economicidade;
III - as condições de guarda e
V - balizar-se pelos preços praticados no armazenamento que não permitam a
âmbito dos órgãos e entidades da Administração deterioração do material.
Pública.
§ 8o O recebimento de material de valor
o
§ 1 O registro de preços será precedido de superior ao limite estabelecido no art. 23 desta
ampla pesquisa de mercado. Lei, para a modalidade de convite, deverá ser
confiado a uma comissão de, no mínimo, 3
§ 2o Os preços registrados serão publicados (três) membros.
trimestralmente para orientação da
Administração, na imprensa oficial. Art. 16. Será dada publicidade,
mensalmente, em órgão de divulgação oficial ou
§ 3o O sistema de registro de preços será em quadro de avisos de amplo acesso público, à
regulamentado por decreto, atendidas as relação de todas as compras feitas pela
peculiaridades regionais, observadas as Administração Direta ou Indireta, de maneira a
seguintes condições: clarificar a identificação do bem comprado, seu
preço unitário, a quantidade adquirida, o nome
I - seleção feita mediante concorrência; do vendedor e o valor total da operação,
podendo ser aglutinadas por itens as compras
feitas com dispensa e inexigibilidade de
II - estipulação prévia do sistema de controle
licitação. (Redação dada pela Lei
e atualização dos preços registrados;
nº 8.883, de 1994)
III - validade do registro não superior a um
Parágrafo único. O disposto neste artigo não
ano.
se aplica aos casos de dispensa de licitação
previstos no inciso IX do art. 24.
§ 4o A existência de preços registrados não (Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
obriga a Administração a firmar as contratações
111

Seção VI h) alienação gratuita ou onerosa,


Das Alienações aforamento, concessão de direito real de uso,
locação ou permissão de uso de bens imóveis
Art. 17. A alienação de bens da de uso comercial de âmbito local com área de
Administração Pública, subordinada à existência até 250 m² (duzentos e cinqüenta metros
de interesse público devidamente justificado, quadrados) e inseridos no âmbito de programas
será precedida de avaliação e obedecerá às de regularização fundiária de interesse social
seguintes normas: desenvolvidos por órgãos ou entidades da
administração pública; (Incluído
I - quando imóveis, dependerá de pela Lei nº 11.481, de 2007)
autorização legislativa para órgãos da
administração direta e entidades autárquicas e i) alienação e concessão de direito real de
fundacionais, e, para todos, inclusive as uso, gratuita ou onerosa, de terras públicas
entidades paraestatais, dependerá de avaliação rurais da União e do Incra, onde incidam
prévia e de licitação na modalidade de ocupações até o limite de que trata o § 1 o do
concorrência, dispensada esta nos seguintes art. 6o da Lei no 11.952, de 25 de junho de
casos: 2009, para fins de regularização fundiária,
atendidos os requisitos legais; e
a) dação em pagamento; (Redação dada pela Lei nº 13.465, 2017)

b) doação, permitida exclusivamente para II - quando móveis, dependerá de avaliação


outro órgão ou entidade da administração prévia e de licitação, dispensada esta nos
pública, de qualquer esfera de governo, seguintes casos:
ressalvado o disposto nas
alíneas f, h e i; (Redação dada a) doação, permitida exclusivamente para
pela Lei nº 11.952, de 2009) fins e uso de interesse social, após avaliação de
sua oportunidade e conveniência sócio-
c) permuta, por outro imóvel que atenda aos econômica, relativamente à escolha de outra
requisitos constantes do inciso X do art. 24 forma de alienação;
desta Lei;
b) permuta, permitida exclusivamente entre
d) investidura; órgãos ou entidades da Administração Pública;

e) venda a outro órgão ou entidade da c) venda de ações, que poderão ser


administração pública, de qualquer esfera de negociadas em bolsa, observada a legislação
governo; (Incluída pela Lei nº específica;
8.883, de 1994)
d) venda de títulos, na forma da legislação
f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, pertinente;
concessão de direito real de uso, locação ou
permissão de uso de bens imóveis residenciais e) venda de bens produzidos ou
construídos, destinados ou efetivamente comercializados por órgãos ou entidades da
utilizados no âmbito de programas habitacionais Administração Pública, em virtude de suas
ou de regularização fundiária de interesse social finalidades;
desenvolvidos por órgãos ou entidades da
administração pública; (Redação f) venda de materiais e equipamentos para
dada pela Lei nº 11.481, de 2007) outros órgãos ou entidades da Administração
Pública, sem utilização previsível por quem
g) procedimentos de legitimação de posse de deles dispõe.
que trata o art. 29 da Lei no 6.383, de 7 de
dezembro de 1976, mediante iniciativa e § 1o Os imóveis doados com base na alínea
deliberação dos órgãos da Administração Pública "b" do inciso I deste artigo, cessadas as razões
em cuja competência legal inclua-se tal que justificaram a sua doação, reverterão ao
atribuição; (Incluído pela Lei nº patrimônio da pessoa jurídica doadora, vedada
11.196, de 2005) a sua alienação pelo beneficiário.
112

§ 2o A Administração também poderá I - só se aplica a imóvel situado em zona


conceder título de propriedade ou de direito real rural, não sujeito a vedação, impedimento ou
de uso de imóveis, dispensada licitação, quando inconveniente a sua exploração mediante
o uso destinar-se: (Redação atividades agropecuárias; (Incluído pela Lei
dada pela Lei nº 11.196, de 2005) nº 11.196, de 2005)

I - a outro órgão ou entidade da II – fica limitada a áreas de até quinze


Administração Pública, qualquer que seja a módulos fiscais, desde que não exceda mil e
localização do imóvel; (Incluído quinhentos hectares, vedada a dispensa de
pela Lei nº 11.196, de 2005) licitação para áreas superiores a esse
limite; (Redação dada pela Lei nº 11.763,
II - a pessoa natural que, nos termos de lei, de 2008)
regulamento ou ato normativo do órgão
competente, haja implementado os requisitos III - pode ser cumulada com o quantitativo
mínimos de cultura, ocupação mansa e pacífica de área decorrente da figura prevista na alínea
e exploração direta sobre área rural, observado g do inciso I do caput deste artigo, até o limite
o limite de que trata o § 1o do art. 6o da Lei previsto no inciso II deste parágrafo. (Incluído
no 11.952, de 25 de junho de pela Lei nº 11.196, de 2005)
2009; (Redação dada pela
Lei nº 13.465, 2017) IV – (VETADO) (Incluído pela Lei nº
11.763, de 2008)
§ 2º-A. As hipóteses do inciso II do §
2o ficam dispensadas de autorização legislativa, § 3o Entende-se por investidura, para os fins
porém submetem-se aos seguintes desta lei: (Redação dada pela Lei
condicionamentos: (Redação dada nº 9.648, de 1998)
pela Lei nº 11.952, de 2009)
I - a alienação aos proprietários de imóveis
I - aplicação exclusivamente às áreas em que lindeiros de área remanescente ou resultante de
a detenção por particular seja obra pública, área esta que se tornar
comprovadamente anterior a 1o de dezembro de inaproveitável isoladamente, por preço nunca
2004; (Incluído pela Lei nº inferior ao da avaliação e desde que esse não
11.196, de 2005) ultrapasse a 50% (cinqüenta por cento) do
valor constante da alínea "a" do inciso II do art.
II - submissão aos demais requisitos e 23 desta lei; (Incluído pela Lei
impedimentos do regime legal e administrativo nº 9.648, de 1998)
da destinação e da regularização fundiária de
terras públicas; (Incluído pela Lei nº II - a alienação, aos legítimos possuidores
11.196, de 2005) diretos ou, na falta destes, ao Poder Público, de
imóveis para fins residenciais construídos em
III - vedação de concessões para hipóteses núcleos urbanos anexos a usinas hidrelétricas,
de exploração não-contempladas na lei agrária, desde que considerados dispensáveis na fase de
nas leis de destinação de terras públicas, ou nas operação dessas unidades e não integrem a
normas legais ou administrativas de categoria de bens reversíveis ao final da
zoneamento ecológico-econômico; concessão. (Incluído pela Lei nº
e (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) 9.648, de 1998)

IV - previsão de rescisão automática da § 4o A doação com encargo será licitada e


concessão, dispensada notificação, em caso de de seu instrumento constarão, obrigatoriamente
declaração de utilidade, ou necessidade pública os encargos, o prazo de seu cumprimento e
ou interesse social. (Incluído cláusula de reversão, sob pena de nulidade do
pela Lei nº 11.196, de 2005) ato, sendo dispensada a licitação no caso de
interesse público devidamente
§ 2o-B. A hipótese do inciso II do § 2o deste justificado; (Redação dada pela
artigo: (Incluído pela Lei nº 11.196, de Lei nº 8.883, de 1994)
2005)
113

§ 5o Na hipótese do parágrafo anterior, caso Parágrafo único. O disposto neste artigo não
o donatário necessite oferecer o imóvel em impedirá a habilitação de interessados
garantia de financiamento, a cláusula de residentes ou sediados em outros locais.
reversão e demais obrigações serão garantidas
por hipoteca em segundo grau em favor do Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos
doador. (Incluído pela Lei nº editais das concorrências, das tomadas de
8.883, de 1994) preços, dos concursos e dos leilões, embora
realizados no local da repartição interessada,
§ 6o Para a venda de bens móveis avaliados, deverão ser publicados com antecedência, no
isolada ou globalmente, em quantia não mínimo, por uma vez: (Redação
superior ao limite previsto no art. 23, inciso II, dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
alínea "b" desta Lei, a Administração poderá
permitir o leilão. (Incluído pela Lei I - no Diário Oficial da União, quando se
nº 8.883, de 1994) tratar de licitação feita por órgão ou entidade da
Administração Pública Federal e, ainda, quando
§ 7o (VETADO). (Incluído pela se tratar de obras financiadas parcial ou
Lei nº 11.481, de 2007) totalmente com recursos federais ou garantidas
por instituições federais; (Redação
Art. 18. Na concorrência para a venda de dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
bens imóveis, a fase de habilitação limitar-se-á
à comprovação do recolhimento de quantia II - no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito
correspondente a 5% (cinco por cento) da Federal quando se tratar, respectivamente, de
avaliação. licitação feita por órgão ou entidade da
Administração Pública Estadual ou Municipal, ou
Parágrafo único. (Revogado do Distrito Federal; (Redação dada
pela Lei nº 8.883, de 1994) pela Lei nº 8.883, de 1994)

Art. 19. Os bens imóveis da Administração III - em jornal diário de grande circulação no
Pública, cuja aquisição haja derivado de Estado e também, se houver, em jornal de
procedimentos judiciais ou de dação em circulação no Município ou na região onde será
pagamento, poderão ser alienados por ato da realizada a obra, prestado o serviço, fornecido,
autoridade competente, observadas as alienado ou alugado o bem, podendo ainda a
seguintes regras: Administração, conforme o vulto da licitação,
utilizar-se de outros meios de divulgação para
I - avaliação dos bens alienáveis; ampliar a área de
competição. (Redação dada pela
Lei nº 8.883, de 1994)
II - comprovação da necessidade ou utilidade
da alienação;
§ 1o O aviso publicado conterá a indicação
do local em que os interessados poderão ler e
III - adoção do procedimento licitatório, sob
obter o texto integral do edital e todas as
a modalidade de concorrência ou
informações sobre a licitação.
leilão. (Redação dada pela Lei
nº 8.883, de 1994)
§ 2o O prazo mínimo até o recebimento das
propostas ou da realização do evento será:
Capítulo II
Da Licitação
I - quarenta e cinco dias
para: (Redação dada pela Lei nº
Seção I
8.883, de 1994)
Das Modalidades, Limites e Dispensa

a) concurso; (Incluída pela Lei


Art. 20. As licitações serão efetuadas no
nº 8.883, de 1994)
local onde se situar a repartição interessada,
salvo por motivo de interesse público,
devidamente justificado. b) concorrência, quando o contrato a ser
celebrado contemplar o regime de empreitada
114

integral ou quando a licitação for do tipo § 1o Concorrência é a modalidade de


"melhor técnica" ou "técnica e licitação entre quaisquer interessados que, na
preço"; (Incluída pela Lei nº fase inicial de habilitação preliminar,
8.883, de 1994) comprovem possuir os requisitos mínimos de
qualificação exigidos no edital para execução de
II - trinta dias seu objeto.
para: (Redação dada pela Lei nº
8.883, de 1994) § 2o Tomada de preços é a modalidade de
licitação entre interessados devidamente
a) concorrência, nos casos não especificados cadastrados ou que atenderem a todas as
na alínea "b" do inciso condições exigidas para cadastramento até o
anterior; (Incluída pela Lei nº terceiro dia anterior à data do recebimento das
8.883, de 1994) propostas, observada a necessária qualificação.

b) tomada de preços, quando a licitação for § 3o Convite é a modalidade de licitação


do tipo "melhor técnica" ou "técnica e entre interessados do ramo pertinente ao seu
preço"; (Incluída pela Lei nº 8.883, de 1994) objeto, cadastrados ou não, escolhidos e
convidados em número mínimo de 3 (três) pela
III - quinze dias para a tomada de preços, unidade administrativa, a qual afixará, em local
nos casos não especificados na alínea "b" do apropriado, cópia do instrumento convocatório e
inciso anterior, ou leilão; (Redação o estenderá aos demais cadastrados na
dada pela Lei nº 8.883, de 1994) correspondente especialidade que manifestarem
seu interesse com antecedência de até 24 (vinte
e quatro) horas da apresentação das propostas.
IV - cinco dias úteis para
convite. (Redação dada pela Lei nº
8.883, de 1994) § 4o Concurso é a modalidade de licitação
entre quaisquer interessados para escolha de
trabalho técnico, científico ou artístico,
§ 3o Os prazos estabelecidos no parágrafo
mediante a instituição de prêmios ou
anterior serão contados a partir da última
remuneração aos vencedores, conforme
publicação do edital resumido ou da expedição
critérios constantes de edital publicado na
do convite, ou ainda da efetiva disponibilidade
imprensa oficial com antecedência mínima de
do edital ou do convite e respectivos anexos,
45 (quarenta e cinco) dias.
prevalecendo a data que ocorrer mais
tarde. (Redação dada pela Lei nº
8.883, de 1994) § 5o Leilão é a modalidade de licitação entre
quaisquer interessados para a venda de bens
móveis inservíveis para a administração ou de
§ 4o Qualquer modificação no edital exige
produtos legalmente apreendidos ou
divulgação pela mesma forma que se deu o
penhorados, ou para a alienação de bens
texto original, reabrindo-se o prazo inicialmente
imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o
estabelecido, exceto quando,
maior lance, igual ou superior ao valor da
inqüestionavelmente, a alteração não afetar a
avaliação. (Redação dada pela Lei
formulação das propostas.
nº 8.883, de 1994)
Art. 22. São modalidades de licitação:
§ 6o Na hipótese do § 3o deste artigo,
existindo na praça mais de 3 (três) possíveis
I - concorrência; interessados, a cada novo convite, realizado
para objeto idêntico ou assemelhado, é
II - tomada de preços; obrigatório o convite a, no mínimo, mais um
interessado, enquanto existirem cadastrados
III - convite; não convidados nas últimas
licitações. (Redação dada pela
IV - concurso; Lei nº 8.883, de 1994)

V - leilão.
115

§ 7o Quando, por limitações do mercado ou c) concorrência - acima de R$ 650.000,00


manifesto desinteresse dos convidados, for (seiscentos e cinqüenta mil
impossível a obtenção do número mínimo de reais). (Redação dada pela Lei nº 9.648,
licitantes exigidos no § 3o deste artigo, essas de 1998)
circunstâncias deverão ser devidamente
justificadas no processo, sob pena de repetição § 1o As obras, serviços e compras efetuadas
do convite. pela Administração serão divididas em tantas
parcelas quantas se comprovarem técnica e
§ 8o É vedada a criação de outras economicamente viáveis, procedendo-se à
modalidades de licitação ou a combinação das licitação com vistas ao melhor aproveitamento
referidas neste artigo. dos recursos disponíveis no mercado e à
ampliação da competitividade sem perda da
§ 9o Na hipótese do parágrafo 2o deste economia de escala. (Redação
artigo, a administração somente poderá exigir dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
do licitante não cadastrado os documentos
previstos nos arts. 27 a 31, que comprovem § 2o Na execução de obras e serviços e nas
habilitação compatível com o objeto da licitação, compras de bens, parceladas nos termos do
nos termos do edital. (Incluído pela parágrafo anterior, a cada etapa ou conjunto de
Lei nº 8.883, de 1994) etapas da obra, serviço ou compra, há de
corresponder licitação distinta, preservada a
Art. 23. As modalidades de licitação a que se modalidade pertinente para a execução do
referem os incisos I a III do artigo anterior objeto em licitação. (Redação
serão determinadas em função dos seguintes dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
limites, tendo em vista o valor estimado da
contratação: § 3o A concorrência é a modalidade de
licitação cabível, qualquer que seja o valor de
I - para obras e serviços de seu objeto, tanto na compra ou alienação de
engenharia: (Redação dada pela Lei bens imóveis, ressalvado o disposto no art. 19,
nº 9.648, de 1998) como nas concessões de direito real de uso e
nas licitações internacionais, admitindo-se neste
a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e último caso, observados os limites deste artigo,
cinqüenta mil reais); (Redação a tomada de preços, quando o órgão ou
dada pela Lei nº 9.648, de 1998) entidade dispuser de cadastro internacional de
fornecedores ou o convite, quando não houver
fornecedor do bem ou serviço no
b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00
País. (Redação dada pela Lei nº
(um milhão e quinhentos mil
8.883, de 1994)
reais); (Redação dada pela Lei nº
9.648, de 1998)
§ 4o Nos casos em que couber convite, a
Administração poderá utilizar a tomada de
c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00
preços e, em qualquer caso, a concorrência.
(um milhão e quinhentos mil reais);
(Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
§ 5o É vedada a utilização da modalidade
"convite" ou "tomada de preços", conforme o
II - para compras e serviços não referidos no
caso, para parcelas de uma mesma obra ou
inciso anterior: (Redação dada
serviço, ou ainda para obras e serviços da
pela Lei nº 9.648, de 1998)
mesma natureza e no mesmo local que possam
ser realizadas conjunta e concomitantemente,
a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil sempre que o somatório de seus valores
reais); (Redação dada pela Lei nº caracterizar o caso de "tomada de preços" ou
9.648, de 1998) "concorrência", respectivamente, nos termos
deste artigo, exceto para as parcelas de
b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 natureza específica que possam ser executadas
(seiscentos e cinqüenta mil reais); por pessoas ou empresas de especialidade
(Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) diversa daquela do executor da obra ou
116

serviço. (Redação dada pela III - nos casos de guerra ou grave


Lei nº 8.883, de 1994) perturbação da ordem;

§ 6o As organizações industriais da IV - nos casos de emergência ou de


Administração Federal direta, em face de suas calamidade pública, quando caracterizada
peculiaridades, obedecerão aos limites urgência de atendimento de situação que possa
estabelecidos no inciso I deste artigo também ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança
para suas compras e serviços em geral, desde de pessoas, obras, serviços, equipamentos e
que para a aquisição de materiais aplicados outros bens, públicos ou particulares, e somente
exclusivamente na manutenção, reparo ou para os bens necessários ao atendimento da
fabricação de meios operacionais bélicos situação emergencial ou calamitosa e para as
pertencentes à União. (Incluído parcelas de obras e serviços que possam ser
pela Lei nº 8.883, de 1994) concluídas no prazo máximo de 180 (cento e
oitenta) dias consecutivos e ininterruptos,
§ 7o Na compra de bens de natureza divisível contados da ocorrência da emergência ou
e desde que não haja prejuízo para o conjunto calamidade, vedada a prorrogação dos
ou complexo, é permitida a cotação de respectivos contratos;
quantidade inferior à demandada na licitação,
com vistas a ampliação da competitividade, V - quando não acudirem interessados à
podendo o edital fixar quantitativo mínimo para licitação anterior e esta, justificadamente, não
preservar a economia de escala. (Incluído puder ser repetida sem prejuízo para a
pela Lei nº 9.648, de 1998) Administração, mantidas, neste caso, todas as
condições preestabelecidas;
§ 8o No caso de consórcios públicos, aplicar-
se-á o dobro dos valores mencionados no caput VI - quando a União tiver que intervir no
deste artigo quando formado por até 3 (três) domínio econômico para regular preços ou
entes da Federação, e o triplo, quando formado normalizar o abastecimento;
por maior número. (Incluído pela
Lei nº 11.107, de 2005) VII - quando as propostas apresentadas
consignarem preços manifestamente superiores
Art. 24. É dispensável a aos praticados no mercado nacional, ou forem
licitação: (Vide Lei nº 12.188, de incompatíveis com os fixados pelos órgãos
2.010) Vigência oficiais competentes, casos em que, observado
o parágrafo único do art. 48 desta Lei e,
I - para obras e serviços de engenharia de persistindo a situação, será admitida a
valor até 10% (dez por cento) do limite previsto adjudicação direta dos bens ou serviços, por
na alínea "a", do inciso I do artigo anterior, valor não superior ao constante do registro de
desde que não se refiram a parcelas de uma preços, ou dos serviços; (Vide §
mesma obra ou serviço ou ainda para obras e 3º do art. 48)
serviços da mesma natureza e no mesmo local
que possam ser realizadas conjunta e VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica
concomitantemente; (Redação de direito público interno, de bens produzidos
dada pela Lei nº 9.648, de 1998) ou serviços prestados por órgão ou entidade
que integre a Administração Pública e que tenha
II - para outros serviços e compras de valor sido criado para esse fim específico em data
até 10% (dez por cento) do limite previsto na anterior à vigência desta Lei, desde que o preço
alínea "a", do inciso II do artigo anterior e para contratado seja compatível com o praticado no
alienações, nos casos previstos nesta Lei, desde mercado; (Redação dada pela
que não se refiram a parcelas de um mesmo Lei nº 8.883, de 1994)
serviço, compra ou alienação de maior vulto que
possa ser realizada de uma só IX - quando houver possibilidade de
vez; (Redação dada pela Lei comprometimento da segurança nacional, nos
nº 9.648, de 1998) casos estabelecidos em decreto do Presidente
da República, ouvido o Conselho de Defesa
Nacional; (Regulamento)
117

X - para a compra ou locação de imóvel específico; (Incluído pela Lei nº 8.883, de


destinado ao atendimento das finalidades 1994)
precípuas da administração, cujas necessidades
de instalação e localização condicionem a sua XVII - para a aquisição de componentes ou
escolha, desde que o preço seja compatível com peças de origem nacional ou estrangeira,
o valor de mercado, segundo avaliação necessários à manutenção de equipamentos
prévia; (Redação dada pela Lei nº durante o período de garantia técnica, junto ao
8.883, de 1994) fornecedor original desses equipamentos,
quando tal condição de exclusividade for
XI - na contratação de remanescente de indispensável para a vigência da
obra, serviço ou fornecimento, em conseqüência garantia; (Incluído pela Lei nº 8.883, de
de rescisão contratual, desde que atendida a 1994)
ordem de classificação da licitação anterior e
aceitas as mesmas condições oferecidas pelo XVIII - nas compras ou contratações de
licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, serviços para o abastecimento de navios,
devidamente corrigido; embarcações, unidades aéreas ou tropas e seus
meios de deslocamento quando em estada
XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão eventual de curta duração em portos,
e outros gêneros perecíveis, no tempo aeroportos ou localidades diferentes de suas
necessário para a realização dos processos sedes, por motivo de movimentação operacional
licitatórios correspondentes, realizadas ou de adestramento, quando a exiguidade dos
diretamente com base no preço do dia; prazos legais puder comprometer a normalidade
(Redação dada pela Lei nº 8.883, de e os propósitos das operações e desde que seu
1994) valor não exceda ao limite previsto na alínea "a"
do inciso II do art. 23 desta Lei: (Incluído
XIII - na contratação de instituição brasileira pela Lei nº 8.883, de 1994)
incumbida regimental ou estatutariamente da
pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento XIX - para as compras de material de uso
institucional, ou de instituição dedicada à pelas Forças Armadas, com exceção de
recuperação social do preso, desde que a materiais de uso pessoal e administrativo,
contratada detenha inquestionável reputação quando houver necessidade de manter a
ético-profissional e não tenha fins padronização requerida pela estrutura de apoio
lucrativos; (Redação dada pela Lei logístico dos meios navais, aéreos e terrestres,
nº 8.883, de 1994) mediante parecer de comissão instituída por
decreto; (Incluído pela Lei nº 8.883, de
XIV - para a aquisição de bens ou serviços 1994)
nos termos de acordo internacional específico
aprovado pelo Congresso Nacional, quando as XX - na contratação de associação de
condições ofertadas forem manifestamente portadores de deficiência física, sem fins
vantajosas para o Poder Público; lucrativos e de comprovada idoneidade, por
(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) órgãos ou entidades da Admininistração Pública,
para a prestação de serviços ou fornecimento
XV - para a aquisição ou restauração de de mão-de-obra, desde que o preço contratado
obras de arte e objetos históricos, de seja compatível com o praticado no
autenticidade certificada, desde que compatíveis mercado. (Incluído pela Lei nº 8.883, de
ou inerentes às finalidades do órgão ou 1994)
entidade.
XXI - para a aquisição ou contratação de
XVI - para a impressão dos diários oficiais, produto para pesquisa e desenvolvimento,
de formulários padronizados de uso da limitada, no caso de obras e serviços de
administração, e de edições técnicas oficiais, engenharia, a 20% (vinte por cento) do valor de
bem como para prestação de serviços de que trata a alínea “b” do inciso I do caput do
informática a pessoa jurídica de direito público art. 23; (Incluído pela Lei nº 13.243, de
interno, por órgãos ou entidades que integrem a 2016)
Administração Pública, criados para esse fim
118

XXII - na contratação de fornecimento ou envolvam, cumulativamente, alta complexidade


suprimento de energia elétrica e gás natural tecnológica e defesa nacional, mediante parecer
com concessionário, permissionário ou de comissão especialmente designada pela
autorizado, segundo as normas da legislação autoridade máxima do órgão.
específica; (Incluído pela Lei nº 9.648, (Incluído pela Lei nº 11.484, de 2007).
de 1998)
XXIX – na aquisição de bens e contratação
XXIII - na contratação realizada por empresa de serviços para atender aos contingentes
pública ou sociedade de economia mista com militares das Forças Singulares brasileiras
suas subsidiárias e controladas, para a empregadas em operações de paz no exterior,
aquisição ou alienação de bens, prestação ou necessariamente justificadas quanto ao preço e
obtenção de serviços, desde que o preço à escolha do fornecedor ou executante e
contratado seja compatível com o praticado no ratificadas pelo Comandante da Força.
mercado. (Incluído pela Lei nº 9.648, de (Incluído pela Lei nº 11.783, de 2008).
1998)
XXX - na contratação de instituição ou
XXIV - para a celebração de contratos de organização, pública ou privada, com ou sem
prestação de serviços com as organizações fins lucrativos, para a prestação de serviços de
sociais, qualificadas no âmbito das respectivas assistência técnica e extensão rural no âmbito
esferas de governo, para atividades do Programa Nacional de Assistência Técnica e
contempladas no contrato de gestão. Extensão Rural na Agricultura Familiar e na
(Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) Reforma Agrária, instituído por lei
federal. (Incluído pela Lei nº
XXV - na contratação realizada por 12.188, de 2.010) Vigência
Instituição Científica e Tecnológica - ICT ou por
agência de fomento para a transferência de XXXI - nas contratações visando ao
tecnologia e para o licenciamento de direito de cumprimento do disposto nos arts. 3o, 4o, 5o e
uso ou de exploração de criação 20 da Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004,
protegida. (Incluído pela Lei nº observados os princípios gerais de contratação
10.973, de 2004) dela constantes. (Incluído pela Lei
nº 12.349, de 2010)
XXVI – na celebração de contrato de
programa com ente da Federação ou com XXXII - na contratação em que houver
entidade de sua administração indireta, para a transferência de tecnologia de produtos
prestação de serviços públicos de forma estratégicos para o Sistema Único de Saúde -
associada nos termos do autorizado em contrato SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de 19 de
de consórcio público ou em convênio de setembro de 1990, conforme elencados em ato
cooperação. (Incluído pela Lei da direção nacional do SUS, inclusive por
nº 11.107, de 2005) ocasião da aquisição destes produtos durante as
etapas de absorção tecnológica.
XXVII - na contratação da coleta, (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012)
processamento e comercialização de resíduos
sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em XXXIII - na contratação de entidades
áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, privadas sem fins lucrativos, para a
efetuados por associações ou cooperativas implementação de cisternas ou outras
formadas exclusivamente por pessoas físicas de tecnologias sociais de acesso à água para
baixa renda reconhecidas pelo poder público consumo humano e produção de alimentos,
como catadores de materiais recicláveis, com o para beneficiar as famílias rurais de baixa renda
uso de equipamentos compatíveis com as atingidas pela seca ou falta regular de
normas técnicas, ambientais e de saúde água. (Incluído pela Lei nº
pública. (Redação dada pela Lei 12.873, de 2013)
nº 11.445, de 2007). (Vigência)
XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica
XXVIII – para o fornecimento de bens e de direito público interno de insumos
serviços, produzidos ou prestados no País, que estratégicos para a saúde produzidos ou
119

distribuídos por fundação que, regimental ou no inciso XXI do caput. (Incluído


estatutariamente, tenha por finalidade apoiar pela Lei nº 13.243, de 2016)
órgão da administração pública direta, sua
autarquia ou fundação em projetos de ensino, Art. 25. É inexigível a licitação quando
pesquisa, extensão, desenvolvimento houver inviabilidade de competição, em
institucional, científico e tecnológico e estímulo especial:
à inovação, inclusive na gestão administrativa e
financeira necessária à execução desses I - para aquisição de materiais,
projetos, ou em parcerias que envolvam equipamentos, ou gêneros que só possam ser
transferência de tecnologia de produtos fornecidos por produtor, empresa ou
estratégicos para o Sistema Único de Saúde – representante comercial exclusivo, vedada a
SUS, nos termos do inciso XXXII deste artigo, e preferência de marca, devendo a comprovação
que tenha sido criada para esse fim específico de exclusividade ser feita através de atestado
em data anterior à vigência desta Lei, desde fornecido pelo órgão de registro do comércio do
que o preço contratado seja compatível com o local em que se realizaria a licitação ou a obra
praticado no mercado. (Incluído ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou
pela Lei nº 13.204, de 2015) Confederação Patronal, ou, ainda, pelas
entidades equivalentes;
XXXV - para a construção, a ampliação, a
reforma e o aprimoramento de estabeleciment II - para a contratação de serviços técnicos
os enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza
penais, desde que configurada situação de gr singular, com profissionais ou empresas de
ave e iminente risco à segurança notória especialização, vedada a inexigibilidade
pública. (Incluído pela Lei nº para serviços de publicidade e divulgação;
13.500, de 2017)
III - para contratação de profissional de
§ 1o Os percentuais referidos nos incisos I e qualquer setor artístico, diretamente ou através
II do caput deste artigo serão 20% (vinte por de empresário exclusivo, desde que consagrado
cento) para compras, obras e serviços pela crítica especializada ou pela opinião
contratados por consórcios públicos, sociedade pública.
de economia mista, empresa pública e por
autarquia ou fundação qualificadas, na forma da
§ 1o Considera-se de notória especialização
lei, como Agências Executivas.
o profissional ou empresa cujo conceito no
(Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012)
campo de sua especialidade, decorrente de
desempenho anterior, estudos, experiências,
§ 2o O limite temporal de criação do órgão publicações, organização, aparelhamento,
ou entidade que integre a administração pública equipe técnica, ou de outros requisitos
estabelecido no inciso VIII do caput deste artigo relacionados com suas atividades, permita
não se aplica aos órgãos ou entidades que inferir que o seu trabalho é essencial e
produzem produtos estratégicos para o SUS, no indiscutivelmente o mais adequado à plena
âmbito da Lei no 8.080, de 19 de setembro de satisfação do objeto do contrato.
1990, conforme elencados em ato da direção
nacional do SUS. (Incluído pela Lei
§ 2o Na hipótese deste artigo e em qualquer
nº 12.715, de 2012)
dos casos de dispensa, se comprovado
superfaturamento, respondem solidariamente
§ 3o A hipótese de dispensa prevista no pelo dano causado à Fazenda Pública o
inciso XXI do caput, quando aplicada a obras e fornecedor ou o prestador de serviços e o
serviços de engenharia, seguirá procedimentos agente público responsável, sem prejuízo de
especiais instituídos em regulamentação outras sanções legais cabíveis.
específica. (Incluído pela Lei nº
13.243, de 2016)
Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2o e
o
4 do art. 17 e no inciso III e seguintes do art.
§ 4o Não se aplica a vedação prevista no 24, as situações de inexigibilidade referidas no
inciso I do caput do art. 9o à hipótese prevista art. 25, necessariamente justificadas, e o
retardamento previsto no final do parágrafo
120

único do art. 8o desta Lei deverão ser I - cédula de identidade;


comunicados, dentro de 3 (três) dias, à
autoridade superior, para ratificação e II - registro comercial, no caso de empresa
publicação na imprensa oficial, no prazo de 5 individual;
(cinco) dias, como condição para a eficácia dos
atos. (Redação dada pela Lei nº III - ato constitutivo, estatuto ou contrato
11.107, de 2005) social em vigor, devidamente registrado, em se
tratando de sociedades comerciais, e, no caso
Parágrafo único. O processo de dispensa, de de sociedades por ações, acompanhado de
inexigibilidade ou de retardamento, previsto documentos de eleição de seus
neste artigo, será instruído, no que couber, com administradores;
os seguintes elementos:
IV - inscrição do ato constitutivo, no caso de
I - caracterização da situação emergencial, sociedades civis, acompanhada de prova de
calamitosa ou de grave e iminente risco à diretoria em exercício;
segurança pública que justifique a dispensa,
quando for o caso; (Redação dada V - decreto de autorização, em se tratando
pela Lei nº 13.500, de 2017) de empresa ou sociedade estrangeira em
funcionamento no País, e ato de registro ou
II - razão da escolha do fornecedor ou autorização para funcionamento expedido pelo
executante; órgão competente, quando a atividade assim o
exigir.
III - justificativa do preço.
Art. 29. A documentação relativa à
IV - documento de aprovação dos projetos regularidade fiscal e trabalhista, conforme o
de pesquisa aos quais os bens serão caso, consistirá em: (Redação dada
alocados. (Incluído pela Lei nº 9.648, pela Lei nº 12.440, de 2011) (Vigência)
de 1998)
I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas
Seção II Físicas (CPF) ou no Cadastro Geral de
Da Habilitação Contribuintes (CGC);

Art. 27. Para a habilitação nas licitações II - prova de inscrição no cadastro de


exigir-se-á dos interessados, exclusivamente, contribuintes estadual ou municipal, se houver,
documentação relativa a: relativo ao domicílio ou sede do licitante,
pertinente ao seu ramo de atividade e
I - habilitação jurídica; compatível com o objeto contratual;

II - qualificação técnica; III - prova de regularidade para com a


Fazenda Federal, Estadual e Municipal do
III - qualificação econômico-financeira; domicílio ou sede do licitante, ou outra
equivalente, na forma da lei;
IV – regularidade fiscal e
trabalhista; (Redação dada pela IV - prova de regularidade relativa à
Lei nº 12.440, de 2011) (Vigência) Seguridade Social e ao Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço (FGTS), demonstrando
situação regular no cumprimento dos encargos
V – cumprimento do disposto no inciso
sociais instituídos por lei. (Redação
XXXIII do art. 7o da Constituição
dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
Federal. (Incluído pela Lei nº
9.854, de 1999)
V – prova de inexistência de débitos
inadimplidos perante a Justiça do Trabalho,
Art. 28. A documentação relativa à
mediante a apresentação de certidão negativa,
habilitação jurídica, conforme o caso, consistirá
nos termos do Título VII-A da Consolidação das
em:
Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei
121

no5.452, de 1o de maio de 1943. II - (Vetado). (Incluído pela Lei


(Incluído pela Lei nº 12.440, de nº 8.883, de 1994)
2011) (Vigência)
a) (Vetado). (Incluído pela Lei nº
Art. 30. A documentação relativa à 8.883, de 1994)
qualificação técnica limitar-se-á a:
b) (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, de
I - registro ou inscrição na entidade 1994)
profissional competente;
§ 2o As parcelas de maior relevância técnica
II - comprovação de aptidão para e de valor significativo, mencionadas no
desempenho de atividade pertinente e parágrafo anterior, serão definidas no
compatível em características, quantidades e instrumento convocatório. (Redação
prazos com o objeto da licitação, e indicação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
das instalações e do aparelhamento e do
pessoal técnico adequados e disponíveis para a § 3o Será sempre admitida a comprovação
realização do objeto da licitação, bem como da de aptidão através de certidões ou atestados de
qualificação de cada um dos membros da obras ou serviços similares de complexidade
equipe técnica que se responsabilizará pelos tecnológica e operacional equivalente ou
trabalhos; superior.

III - comprovação, fornecida pelo órgão § 4o Nas licitações para fornecimento de


licitante, de que recebeu os documentos, e, bens, a comprovação de aptidão, quando for o
quando exigido, de que tomou conhecimento de caso, será feita através de atestados fornecidos
todas as informações e das condições locais por pessoa jurídica de direito público ou
para o cumprimento das obrigações objeto da privado.
licitação;
§ 5o É vedada a exigência de comprovação
IV - prova de atendimento de requisitos de atividade ou de aptidão com limitações de
previstos em lei especial, quando for o caso. tempo ou de época ou ainda em locais
específicos, ou quaisquer outras não previstas
§ 1o A comprovação de aptidão referida no nesta Lei, que inibam a participação na
inciso II do "caput" deste artigo, no caso das licitação.
licitações pertinentes a obras e serviços, será
feita por atestados fornecidos por pessoas § 6o As exigências mínimas relativas a
jurídicas de direito público ou privado, instalações de canteiros, máquinas,
devidamente registrados nas entidades equipamentos e pessoal técnico especializado,
profissionais competentes, limitadas as considerados essenciais para o cumprimento do
exigências a: (Redação dada pela objeto da licitação, serão atendidas mediante a
Lei nº 8.883, de 1994) apresentação de relação explícita e da
declaração formal da sua disponibilidade, sob as
I - capacitação técnico-profissional: penas cabíveis, vedada as exigências de
comprovação do licitante de possuir em seu propriedade e de localização prévia.
quadro permanente, na data prevista para
entrega da proposta, profissional de nível § 7º (Vetado). (Redação dada
superior ou outro devidamente reconhecido pela pela Lei nº 8.883, de 1994)
entidade competente, detentor de atestado de
responsabilidade técnica por execução de obra I - (Vetado). (Incluído pela Lei
ou serviço de características semelhantes, nº 8.883, de 1994)
limitadas estas exclusivamente às parcelas de
maior relevância e valor significativo do objeto
II - (Vetado). (Incluído pela Lei
da licitação, vedadas as exigências de
nº 8.883, de 1994)
quantidades mínimas ou prazos
máximos; (Incluído pela Lei nº
8.883, de 1994)
122

§ 8o No caso de obras, serviços e compras § 1o A exigência de índices limitar-se-á à


de grande vulto, de alta complexidade técnica, demonstração da capacidade financeira do
poderá a Administração exigir dos licitantes a licitante com vistas aos compromissos que terá
metodologia de execução, cuja avaliação, para que assumir caso lhe seja adjudicado o
efeito de sua aceitação ou não, antecederá contrato, vedada a exigência de valores
sempre à análise dos preços e será efetuada mínimos de faturamento anterior, índices de
exclusivamente por critérios objetivos. rentabilidade ou
lucratividade. (Redação dada pela
§ 9o Entende-se por licitação de alta Lei nº 8.883, de 1994)
complexidade técnica aquela que envolva alta
especialização, como fator de extrema § 2o A Administração, nas compras para
relevância para garantir a execução do objeto a entrega futura e na execução de obras e
ser contratado, ou que possa comprometer a serviços, poderá estabelecer, no instrumento
continuidade da prestação de serviços públicos convocatório da licitação, a exigência de capital
essenciais. mínimo ou de patrimônio líquido mínimo, ou
ainda as garantias previstas no § 1o do art. 56
§ 10. Os profissionais indicados pelo licitante desta Lei, como dado objetivo de comprovação
para fins de comprovação da capacitação da qualificação econômico-financeira dos
técnico-operacional de que trata o inciso I do § licitantes e para efeito de garantia ao
1º deste artigo deverão participar da obra ou adimplemento do contrato a ser ulteriormente
serviço objeto da licitação, admitindo-se a celebrado.
substituição por profissionais de experiência
equivalente ou superior, desde que aprovada § 3o O capital mínimo ou o valor do
pela administração. (Incluído pela Lei nº patrimônio líquido a que se refere o parágrafo
8.883, de 1994) anterior não poderá exceder a 10% (dez por
cento) do valor estimado da contratação,
§ 11. (Vetado). (Incluído pela devendo a comprovação ser feita relativamente
Lei nº 8.883, de 1994) à data da apresentação da proposta, na forma
da lei, admitida a atualização para esta data
§ 12. (Vetado). (Incluído através de índices oficiais.
pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 4o Poderá ser exigida, ainda, a relação dos
Art. 31. A documentação relativa à compromissos assumidos pelo licitante que
qualificação econômico-financeira limitar-se-á a: importem diminuição da capacidade operativa
ou absorção de disponibilidade financeira,
calculada esta em função do patrimônio líquido
I - balanço patrimonial e demonstrações
atualizado e sua capacidade de rotação.
contábeis do último exercício social, já exigíveis
e apresentados na forma da lei, que comprovem
a boa situação financeira da empresa, vedada a § 5o A comprovação de boa situação
sua substituição por balancetes ou balanços financeira da empresa será feita de forma
provisórios, podendo ser atualizados por índices objetiva, através do cálculo de índices contábeis
oficiais quando encerrado há mais de 3 previstos no edital e devidamente justificados
(três) meses da data de apresentação da no processo administrativo da licitação que
proposta; tenha dado início ao certame licitatório, vedada
a exigência de índices e valores não usualmente
adotados para correta avaliação de situação
II - certidão negativa de falência ou
financeira suficiente ao cumprimento das
concordata expedida pelo distribuidor da sede
obrigações decorrentes da
da pessoa jurídica, ou de execução patrimonial,
licitação. (Redação dada pela Lei nº
expedida no domicílio da pessoa física;
8.883, de 1994)
III - garantia, nas mesmas modalidades e
§ 6º (Vetado). (Redação dada
critérios previstos no "caput" e § 1o do art. 56
pela Lei nº 8.883, de 1994)
desta Lei, limitada a 1% (um por cento) do
valor estimado do objeto da contratação.
123

Art. 32. Os documentos necessários à concedido por organismo financeiro


habilitação poderão ser apresentados em internacional de que o Brasil faça parte, ou por
original, por qualquer processo de cópia agência estrangeira de cooperação, nem nos
autenticada por cartório competente ou por casos de contratação com empresa estrangeira,
servidor da administração ou publicação em para a compra de equipamentos fabricados e
órgão da imprensa oficial. (Redação entregues no exterior, desde que para este caso
dada pela Lei nº 8.883, de 1994) tenha havido prévia autorização do Chefe do
Poder Executivo, nem nos casos de aquisição de
§ 1o A documentação de que tratam os arts. bens e serviços realizada por unidades
28 a 31 desta Lei poderá ser dispensada, no administrativas com sede no exterior.
todo ou em parte, nos casos de convite,
concurso, fornecimento de bens para pronta § 7o A documentação de que tratam os arts.
entrega e leilão. 28 a 31 e este artigo poderá ser dispensada,
nos termos de regulamento, no todo ou em
§ 2o O certificado de registro cadastral a que parte, para a contratação de produto para
se refere o § 1o do art. 36 substitui os pesquisa e desenvolvimento, desde que para
documentos enumerados nos arts. 28 a 31, pronta entrega ou até o valor previsto na alínea
quanto às informações disponibilizadas em “a” do inciso II do caput do art.
sistema informatizado de consulta direta 23. (Incluído pela Lei nº 13.243,
indicado no edital, obrigando-se a parte a de 2016)
declarar, sob as penalidades legais, a
superveniência de fato impeditivo da Art. 33. Quando permitida na licitação a
habilitação. (Redação dada pela Lei participação de empresas em consórcio,
nº 9.648, de 1998) observar-se-ão as seguintes normas:

§ 3o A documentação referida neste artigo I - comprovação do compromisso público ou


poderá ser substituída por registro cadastral particular de constituição de consórcio,
emitido por órgão ou entidade pública, desde subscrito pelos consorciados;
que previsto no edital e o registro tenha sido
feito em obediência ao disposto nesta Lei. II - indicação da empresa responsável pelo
consórcio que deverá atender às condições de
§ 4o As empresas estrangeiras que não liderança, obrigatoriamente fixadas no edital;
funcionem no País, tanto quanto possível,
atenderão, nas licitações internacionais, às III - apresentação dos documentos exigidos
exigências dos parágrafos anteriores mediante nos arts. 28 a 31 desta Lei por parte de cada
documentos equivalentes, autenticados pelos consorciado, admitindo-se, para efeito de
respectivos consulados e traduzidos por qualificação técnica, o somatório dos
tradutor juramentado, devendo ter quantitativos de cada consorciado, e, para
representação legal no Brasil com poderes efeito de qualificação econômico-financeira, o
expressos para receber citação e responder somatório dos valores de cada consorciado, na
administrativa ou judicialmente. proporção de sua respectiva participação,
podendo a Administração estabelecer, para o
§ 5o Não se exigirá, para a habilitação de consórcio, um acréscimo de até 30% (trinta por
que trata este artigo, prévio recolhimento de cento) dos valores exigidos para licitante
taxas ou emolumentos, salvo os referentes a individual, inexigível este acréscimo para os
fornecimento do edital, quando solicitado, com consórcios compostos, em sua totalidade, por
os seus elementos constitutivos, limitados ao micro e pequenas empresas assim definidas em
valor do custo efetivo de reprodução gráfica da lei;
documentação fornecida.
IV - impedimento de participação de
§ 6o O disposto no § 4o deste artigo, no empresa consorciada, na mesma licitação,
§ 1o do art. 33 e no § 2o do art. 55, não se através de mais de um consórcio ou
aplica às licitações internacionais para a isoladamente;
aquisição de bens e serviços cujo pagamento
seja feito com o produto de financiamento
124

V - responsabilidade solidária dos integrantes § 2o A atuação do licitante no cumprimento


pelos atos praticados em consórcio, tanto na de obrigações assumidas será anotada no
fase de licitação quanto na de execução do respectivo registro cadastral.
contrato.
Art. 37. A qualquer tempo poderá ser
§ 1o No consórcio de empresas brasileiras e alterado, suspenso ou cancelado o registro do
estrangeiras a liderança caberá, inscrito que deixar de satisfazer as exigências
obrigatoriamente, à empresa brasileira, do art. 27 desta Lei, ou as estabelecidas para
observado o disposto no inciso II deste artigo. classificação cadastral.

§ 2o O licitante vencedor fica obrigado a Seção IV


promover, antes da celebração do contrato, a Do Procedimento e Julgamento
constituição e o registro do consórcio, nos
termos do compromisso referido no inciso I Art. 38. O procedimento da licitação será
deste artigo. iniciado com a abertura de processo
administrativo, devidamente autuado,
Seção III protocolado e numerado, contendo a
Dos Registros Cadastrais autorização respectiva, a indicação sucinta de
seu objeto e do recurso próprio para a despesa,
Art. 34. Para os fins desta Lei, os órgãos e e ao qual serão juntados oportunamente:
entidades da Administração Pública que
realizem freqüentemente licitações manterão I - edital ou convite e respectivos anexos,
registros cadastrais para efeito de habilitação, quando for o caso;
na forma regulamentar, válidos por, no
máximo, um ano. (Regulamento) II - comprovante das publicações do edital
resumido, na forma do art. 21 desta Lei, ou da
§ 1o O registro cadastral deverá ser entrega do convite;
amplamente divulgado e deverá estar
permanentemente aberto aos interessados, III - ato de designação da comissão de
obrigando-se a unidade por ele responsável a licitação, do leiloeiro administrativo ou oficial,
proceder, no mínimo anualmente, através da ou do responsável pelo convite;
imprensa oficial e de jornal diário, a
chamamento público para a atualização dos IV - original das propostas e dos documentos
registros existentes e para o ingresso de novos que as instruírem;
interessados.
V - atas, relatórios e deliberações da
§ 2o É facultado às unidades administrativas Comissão Julgadora;
utilizarem-se de registros cadastrais de outros
órgãos ou entidades da Administração Pública.
VI - pareceres técnicos ou jurídicos emitidos
sobre a licitação, dispensa ou inexigibilidade;
Art. 35. Ao requerer inscrição no cadastro,
ou atualização deste, a qualquer tempo, o
VII - atos de adjudicação do objeto da
interessado fornecerá os elementos necessários
licitação e da sua homologação;
à satisfação das exigências do art. 27 desta Lei.
VIII - recursos eventualmente apresentados
Art. 36. Os inscritos serão classificados por
pelos licitantes e respectivas manifestações e
categorias, tendo-se em vista sua
decisões;
especialização, subdivididas em grupos,
segundo a qualificação técnica e econômica
avaliada pelos elementos constantes da IX - despacho de anulação ou de revogação
documentação relacionada nos arts. 30 e 31 da licitação, quando for o caso, fundamentado
desta Lei. circunstanciadamente;

§ 1o Aos inscritos será fornecido certificado, X - termo de contrato ou instrumento


renovável sempre que atualizarem o registro. equivalente, conforme o caso;
125

XI - outros comprovantes de publicações; previsto no art. 64 desta Lei, para execução do


contrato e para entrega do objeto da licitação;
XII - demais documentos relativos à
licitação. III - sanções para o caso de inadimplemento;

Parágrafo único. As minutas de editais de IV - local onde poderá ser examinado e


licitação, bem como as dos contratos, acordos, adquirido o projeto básico;
convênios ou ajustes devem ser previamente
examinadas e aprovadas por assessoria jurídica V - se há projeto executivo disponível na
da Administração. (Redação dada data da publicação do edital de licitação e o
pela Lei nº 8.883, de 1994) local onde possa ser examinado e adquirido;

Art. 39. Sempre que o valor estimado para VI - condições para participação na licitação,
uma licitação ou para um conjunto de licitações em conformidade com os arts. 27 a 31 desta
simultâneas ou sucessivas for superior a 100 Lei, e forma de apresentação das propostas;
(cem) vezes o limite previsto no art. 23, inciso
I, alínea "c" desta Lei, o processo licitatório será VII - critério para julgamento, com
iniciado, obrigatoriamente, com uma audiência disposições claras e parâmetros objetivos;
pública concedida pela autoridade responsável
com antecedência mínima de 15 (quinze) dias
VIII - locais, horários e códigos de acesso
úteis da data prevista para a publicação do
dos meios de comunicação à distância em que
edital, e divulgada, com a antecedência mínima
serão fornecidos elementos, informações e
de 10 (dez) dias úteis de sua realização, pelos
esclarecimentos relativos à licitação e às
mesmos meios previstos para a publicidade da
condições para atendimento das obrigações
licitação, à qual terão acesso e direito a todas
necessárias ao cumprimento de seu objeto;
as informações pertinentes e a se manifestar
todos os interessados.
IX - condições equivalentes de pagamento
entre empresas brasileiras e estrangeiras, no
Parágrafo único. Para os fins deste artigo,
caso de licitações internacionais;
consideram-se licitações simultâneas aquelas
com objetos similares e com realização prevista
para intervalos não superiores a trinta dias e X - o critério de aceitabilidade dos preços
licitações sucessivas aquelas em que, também unitário e global, conforme o caso, permitida a
com objetos similares, o edital subseqüente fixação de preços máximos e vedados a fixação
tenha uma data anterior a cento e vinte dias de preços mínimos, critérios estatísticos ou
após o término do contrato resultante da faixas de variação em relação a preços de
licitação antecedente. (Redação referência, ressalvado o disposto nos parágrafos
dada pela Lei nº 8.883, de 1994) 1º e 2º do art. 48; (Redação
dada pela Lei nº 9.648, de 1998)
Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o
número de ordem em série anual, o nome da XI - critério de reajuste, que deverá retratar
repartição interessada e de seu setor, a a variação efetiva do custo de produção,
modalidade, o regime de execução e o tipo da admitida a adoção de índices específicos ou
licitação, a menção de que será regida por esta setoriais, desde a data prevista para
Lei, o local, dia e hora para recebimento da apresentação da proposta, ou do orçamento a
documentação e proposta, bem como para início que essa proposta se referir, até a data do
da abertura dos envelopes, e indicará, adimplemento de cada
obrigatoriamente, o seguinte: parcela; (Redação dada pela Lei nº
8.883, de 1994)
I - objeto da licitação, em descrição sucinta e
clara; XII - (Vetado). (Redação dada
pela Lei nº 8.883, de 1994)
II - prazo e condições para assinatura do
contrato ou retirada dos instrumentos, como XIII - limites para pagamento de instalação e
mobilização para execução de obras ou serviços
126

que serão obrigatoriamente previstos em unitários; (Redação dada pela


separado das demais parcelas, etapas ou Lei nº 8.883, de 1994)
tarefas;
III - a minuta do contrato a ser firmado
XIV - condições de pagamento, prevendo: entre a Administração e o licitante vencedor;

a) prazo de pagamento não superior a IV - as especificações complementares e as


trinta dias, contado a partir da data final do normas de execução pertinentes à licitação.
período de adimplemento de cada
parcela; (Redação dada pela Lei § 3o Para efeito do disposto nesta Lei,
nº 8.883, de 1994) considera-se como adimplemento da obrigação
contratual a prestação do serviço, a realização
b) cronograma de desembolso máximo por da obra, a entrega do bem ou de parcela
período, em conformidade com a disponibilidade destes, bem como qualquer outro evento
de recursos financeiros; contratual a cuja ocorrência esteja vinculada a
emissão de documento de cobrança.
c) critério de atualização financeira dos
valores a serem pagos, desde a data final do § 4o Nas compras para entrega imediata,
período de adimplemento de cada parcela até a assim entendidas aquelas com prazo de entrega
data do efetivo até trinta dias da data prevista para
pagamento; (Redação dada pela apresentação da proposta, poderão ser
Lei nº 8.883, de 1994) dispensadas: (Incluído pela Lei nº
8.883, de 1994)
d) compensações financeiras e penalizações,
por eventuais atrasos, e descontos, por I - o disposto no inciso XI deste
eventuais antecipações de pagamentos; artigo; (Incluído pela Lei nº
8.883, de 1994)
e) exigência de seguros, quando for o caso;
II - a atualização financeira a que se refere a
XV - instruções e normas para os recursos alínea "c" do inciso XIV deste artigo,
previstos nesta Lei; correspondente ao período compreendido entre
as datas do adimplemento e a prevista para o
XVI - condições de recebimento do objeto da pagamento, desde que não superior a quinze
licitação; dias. (Incluído pela Lei nº 8.883,
de 1994)
XVII - outras indicações específicas ou
peculiares da licitação. § 5º A Administração Pública poderá, nos
editais de licitação para a contratação de serviços
, exigir da contratada que um percentual mínimo
§ 1o O original do edital deverá ser datado,
de sua mão de obra seja oriundo ou egress
rubricado em todas as folhas e assinado pela
o do sistema prisional, com afinalidade de re
autoridade que o expedir, permanecendo no
ssocialização do reeducando, na forma estab
processo de licitação, e dele extraindo-se cópias
elecida em regulamento. (Incluído
integrais ou resumidas, para sua divulgação e
pela Lei nº 13.500, de 2017)
fornecimento aos interessados.

Art. 41. A Administração não pode


§ 2o Constituem anexos do edital, dele
descumprir as normas e condições do edital, ao
fazendo parte integrante:
qual se acha estritamente vinculada.
I - o projeto básico e/ou executivo, com
§ 1o Qualquer cidadão é parte legítima para
todas as suas partes, desenhos, especificações
impugnar edital de licitação por irregularidade
e outros complementos;
na aplicação desta Lei, devendo protocolar o
pedido até 5 (cinco) dias úteis antes da data
II - orçamento estimado em planilhas de fixada para a abertura dos envelopes de
quantitativos e preços habilitação, devendo a Administração julgar e
127

responder à impugnação em até 3 (três) dias § 5o Para a realização de obras, prestação


úteis, sem prejuízo da faculdade prevista no de serviços ou aquisição de bens com recursos
§ 1o do art. 113. provenientes de financiamento ou doação
oriundos de agência oficial de cooperação
§ 2o Decairá do direito de impugnar os estrangeira ou organismo financeiro multilateral
termos do edital de licitação perante a de que o Brasil seja parte, poderão ser
administração o licitante que não o fizer até o admitidas, na respectiva licitação, as condições
segundo dia útil que anteceder a abertura dos decorrentes de acordos, protocolos, convenções
envelopes de habilitação em concorrência, a ou tratados internacionais aprovados pelo
abertura dos envelopes com as propostas em Congresso Nacional, bem como as normas e
convite, tomada de preços ou concurso, ou a procedimentos daquelas entidades, inclusive
realização de leilão, as falhas ou irregularidades quanto ao critério de seleção da proposta mais
que viciariam esse edital, hipótese em que tal vantajosa para a administração, o qual poderá
comunicação não terá efeito de contemplar, além do preço, outros fatores de
recurso. (Redação dada pela Lei nº avaliação, desde que por elas exigidos para a
8.883, de 1994) obtenção do financiamento ou da doação, e que
também não conflitem com o princípio do
§ 3o A impugnação feita tempestivamente julgamento objetivo e sejam objeto de
pelo licitante não o impedirá de participar do despacho motivado do órgão executor do
processo licitatório até o trânsito em julgado da contrato, despacho esse ratificado pela
decisão a ela pertinente. autoridade imediatamente
superior. (Redação dada pela Lei
nº 8.883, de 1994)
§ 4o A inabilitação do licitante importa
preclusão do seu direito de participar das fases
subseqüentes. § 6o As cotações de todos os licitantes serão
para entrega no mesmo local de destino.
Art. 42. Nas concorrências de âmbito
internacional, o edital deverá ajustar-se às Art. 43. A licitação será processada e
diretrizes da política monetária e do comércio julgada com observância dos seguintes
exterior e atender às exigências dos órgãos procedimentos:
competentes.
I - abertura dos envelopes contendo a
o
§ 1 Quando for permitido ao licitante documentação relativa à habilitação dos
estrangeiro cotar preço em moeda estrangeira, concorrentes, e sua apreciação;
igualmente o poderá fazer o licitante brasileiro.
II - devolução dos envelopes fechados aos
o
§ 2 O pagamento feito ao licitante brasileiro concorrentes inabilitados, contendo as
eventualmente contratado em virtude da respectivas propostas, desde que não tenha
licitação de que trata o parágrafo anterior será havido recurso ou após sua denegação;
efetuado em moeda brasileira, à taxa de câmbio
vigente no dia útil imediatamente anterior à III - abertura dos envelopes contendo as
data do efetivo propostas dos concorrentes habilitados, desde
pagamento. (Redação dada pela que transcorrido o prazo sem interposição de
Lei nº 8.883, de 1994) recurso, ou tenha havido desistência expressa,
ou após o julgamento dos recursos interpostos;
§ 3o As garantias de pagamento ao licitante
brasileiro serão equivalentes àquelas oferecidas IV - verificação da conformidade de cada
ao licitante estrangeiro. proposta com os requisitos do edital e,
conforme o caso, com os preços correntes no
§ 4o Para fins de julgamento da licitação, as mercado ou fixados por órgão oficial
propostas apresentadas por licitantes competente, ou ainda com os constantes do
estrangeiros serão acrescidas dos gravames sistema de registro de preços, os quais deverão
conseqüentes dos mesmos tributos que oneram ser devidamente registrados na ata de
exclusivamente os licitantes brasileiros quanto à julgamento, promovendo-se a desclassificação
operação final de venda. das propostas desconformes ou incompatíveis;
128

V - julgamento e classificação das propostas indiretamente elidir o princípio da igualdade


de acordo com os critérios de avaliação entre os licitantes.
constantes do edital;
§ 2o Não se considerará qualquer oferta de
VI - deliberação da autoridade competente vantagem não prevista no edital ou no convite,
quanto à homologação e adjudicação do objeto inclusive financiamentos subsidiados ou a fundo
da licitação. perdido, nem preço ou vantagem baseada nas
ofertas dos demais licitantes.
§ 1o A abertura dos envelopes contendo a
documentação para habilitação e as propostas § 3o Não se admitirá proposta que apresente
será realizada sempre em ato público preços global ou unitários simbólicos, irrisórios
previamente designado, do qual se lavrará ata ou de valor zero, incompatíveis com os preços
circunstanciada, assinada pelos licitantes dos insumos e salários de mercado, acrescidos
presentes e pela Comissão. dos respectivos encargos, ainda que o ato
convocatório da licitação não tenha estabelecido
§ 2o Todos os documentos e propostas serão limites mínimos, exceto quando se referirem a
rubricados pelos licitantes presentes e pela materiais e instalações de propriedade do
Comissão. próprio licitante, para os quais ele renuncie a
parcela ou à totalidade da
§ 3o É facultada à Comissão ou autoridade remuneração. (Redação dada
superior, em qualquer fase da licitação, a pela Lei nº 8.883, de 1994)
promoção de diligência destinada a esclarecer
ou a complementar a instrução do processo, § 4o O disposto no parágrafo anterior aplica-
vedada a inclusão posterior de documento ou se também às propostas que incluam mão-de-
informação que deveria constar originariamente obra estrangeira ou importações de qualquer
da proposta. natureza. (Redação dada pela Lei
nº 8.883, de 1994)
§ 4o O disposto neste artigo aplica-se à
concorrência e, no que couber, ao concurso, ao Art. 45. O julgamento das propostas será
leilão, à tomada de preços e ao objetivo, devendo a Comissão de licitação ou o
convite. (Redação dada pela Lei responsável pelo convite realizá-lo em
nº 8.883, de 1994) conformidade com os tipos de licitação, os
critérios previamente estabelecidos no ato
§ 5o Ultrapassada a fase de habilitação dos convocatório e de acordo com os fatores
concorrentes (incisos I e II) e abertas as exclusivamente nele referidos, de maneira a
propostas (inciso III), não cabe desclassificá-los possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos
por motivo relacionado com a habilitação, salvo órgãos de controle.
em razão de fatos supervenientes ou só
conhecidos após o julgamento. § 1o Para os efeitos deste artigo, constituem
tipos de licitação, exceto na modalidade
§ 6o Após a fase de habilitação, não cabe concurso: (Redação dada pela Lei
desistência de proposta, salvo por motivo justo nº 8.883, de 1994)
decorrente de fato superveniente e aceito pela
Comissão. I - a de menor preço - quando o critério de
seleção da proposta mais vantajosa para a
Art. 44. No julgamento das propostas, a Administração determinar que será vencedor o
Comissão levará em consideração os critérios licitante que apresentar a proposta de acordo
objetivos definidos no edital ou convite, os quais com as especificações do edital ou convite e
não devem contrariar as normas e princípios ofertar o menor preço;
estabelecidos por esta Lei.
II - a de melhor técnica;
o
§ 1 É vedada a utilização de qualquer
elemento, critério ou fator sigiloso, secreto, III - a de técnica e preço.
subjetivo ou reservado que possa ainda que
129

IV - a de maior lance ou oferta - nos casos § 1o Nas licitações do tipo "melhor técnica"
de alienação de bens ou concessão de direito será adotado o seguinte procedimento
real de uso. (Incluído pela Lei nº claramente explicitado no instrumento
8.883, de 1994) convocatório, o qual fixará o preço máximo que
a Administração se propõe a pagar:
§ 2o No caso de empate entre duas ou mais
propostas, e após obedecido o disposto no I - serão abertos os envelopes contendo as
§ 2o do art. 3o desta Lei, a classificação se fará, propostas técnicas exclusivamente dos licitantes
obrigatoriamente, por sorteio, em ato público, previamente qualificados e feita então a
para o qual todos os licitantes serão avaliação e classificação destas propostas de
convocados, vedado qualquer outro processo. acordo com os critérios pertinentes e adequados
ao objeto licitado, definidos com clareza e
§ 3o No caso da licitação do tipo "menor objetividade no instrumento convocatório e que
preço", entre os licitantes considerados considerem a capacitação e a experiência do
qualificados a classificação se dará pela ordem proponente, a qualidade técnica da proposta,
crescente dos preços propostos, prevalecendo, compreendendo metodologia, organização,
no caso de empate, exclusivamente o critério tecnologias e recursos materiais a serem
previsto no parágrafo utilizados nos trabalhos, e a qualificação das
anterior. (Redação dada pela equipes técnicas a serem mobilizadas para a
Lei nº 8.883, de 1994) sua execução;

§ 4o Para contratação de bens e serviços de II - uma vez classificadas as propostas


informática, a administração observará o técnicas, proceder-se-á à abertura das
disposto no art. 3o da Lei no 8.248, de 23 de propostas de preço dos licitantes que tenham
outubro de 1991, levando em conta os fatores atingido a valorização mínima estabelecida no
especificados em seu parágrafo 2o e adotando instrumento convocatório e à negociação das
obrigatoriamento o tipo de licitação "técnica e condições propostas, com a proponente melhor
preço", permitido o emprego de outro tipo de classificada, com base nos orçamentos
licitação nos casos indicados em decreto do detalhados apresentados e respectivos preços
Poder Executivo. (Redação unitários e tendo como referência o limite
dada pela Lei nº 8.883, de 1994) representado pela proposta de menor preço
entre os licitantes que obtiveram a valorização
§ 5o É vedada a utilização de outros tipos de mínima;
licitação não previstos neste artigo.
III - no caso de impasse na negociação
o
§ 6 Na hipótese prevista no art. 23, § 7º, anterior, procedimento idêntico será adotado,
serão selecionadas tantas propostas quantas sucessivamente, com os demais proponentes,
necessárias até que se atinja a quantidade pela ordem de classificação, até a consecução
demandada na licitação. (Incluído de acordo para a contratação;
pela Lei nº 9.648, de 1998)
IV - as propostas de preços serão devolvidas
Art. 46. Os tipos de licitação "melhor intactas aos licitantes que não forem
técnica" ou "técnica e preço" serão utilizados preliminarmente habilitados ou que não
exclusivamente para serviços de natureza obtiverem a valorização mínima estabelecida
predominantemente intelectual, em especial na para a proposta técnica.
elaboração de projetos, cálculos, fiscalização,
supervisão e gerenciamento e de engenharia § 2o Nas licitações do tipo "técnica e preço"
consultiva em geral e, em particular, para a será adotado, adicionalmente ao inciso I do
elaboração de estudos técnicos preliminares e parágrafo anterior, o seguinte procedimento
projetos básicos e executivos, ressalvado o claramente explicitado no instrumento
disposto no § 4o do artigo convocatório:
anterior. (Redação dada pela Lei
nº 8.883, de 1994) I - será feita a avaliação e a valorização das
propostas de preços, de acordo com critérios
130

objetivos preestabelecidos no instrumento compatíveis com a execução do objeto do


convocatório; contrato, condições estas necessariamente
especificadas no ato convocatório da
II - a classificação dos proponentes far-se-á licitação. (Redação dada pela Lei
de acordo com a média ponderada das nº 8.883, de 1994)
valorizações das propostas técnicas e de preço,
de acordo com os pesos preestabelecidos no § 1º Para os efeitos do disposto no inciso II
instrumento convocatório. deste artigo consideram-se manifestamente
inexeqüíveis, no caso de licitações de menor
§ 3o Excepcionalmente, os tipos de licitação preço para obras e serviços de engenharia, as
previstos neste artigo poderão ser adotados, propostas cujos valores sejam inferiores a 70%
por autorização expressa e mediante (setenta por cento) do menor dos seguintes
justificativa circunstanciada da maior autoridade valores: (Incluído pela Lei nº
da Administração promotora constante do ato 9.648, de 1998)
convocatório, para fornecimento de bens e
execução de obras ou prestação de serviços de a) média aritmética dos valores das
grande vulto majoritariamente dependentes de propostas superiores a 50% (cinqüenta por
tecnologia nitidamente sofisticada e de domínio cento) do valor orçado pela administração,
restrito, atestado por autoridades técnicas de ou (Incluído pela Lei nº 9.648,
reconhecida qualificação, nos casos em que o de 1998)
objeto pretendido admitir soluções alternativas
e variações de execução, com repercussões b) valor orçado pela
significativas sobre sua qualidade, administração. (Incluído pela Lei
produtividade, rendimento e durabilidade nº 9.648, de 1998)
concretamente mensuráveis, e estas puderem
ser adotadas à livre escolha dos licitantes, na § 2º Dos licitantes classificados na forma do
conformidade dos critérios objetivamente parágrafo anterior cujo valor global da proposta
fixados no ato convocatório. for inferior a 80% (oitenta por cento) do menor
valor a que se referem as alíneas "a" e "b", será
§ 4º (Vetado). (Incluído pela Lei nº 8.883, exigida, para a assinatura do contrato,
de 1994) prestação de garantia adicional, dentre as
modalidades previstas no § 1º do art. 56, igual
Art. 47. Nas licitações para a execução de a diferença entre o valor resultante do
obras e serviços, quando for adotada a parágrafo anterior e o valor da correspondente
modalidade de execução de empreitada por proposta. (Incluído pela Lei nº
preço global, a Administração deverá fornecer 9.648, de 1998)
obrigatoriamente, junto com o edital, todos os
elementos e informações necessários para que § 3º Quando todos os licitantes forem
os licitantes possam elaborar suas propostas de inabilitados ou todas as propostas forem
preços com total e completo conhecimento do desclassificadas, a administração poderá fixar
objeto da licitação. aos licitantes o prazo de oito dias úteis para a
apresentação de nova documentação ou de
Art. 48. Serão desclassificadas: outras propostas escoimadas das causas
referidas neste artigo, facultada, no caso de
I - as propostas que não atendam às convite, a redução deste prazo para três dias
exigências do ato convocatório da licitação; úteis. (Incluído pela Lei nº
9.648, de 1998)
II - propostas com valor global superior ao
limite estabelecido ou com preços Art. 49. A autoridade competente para a
manifestamente inexeqüiveis, assim aprovação do procedimento somente poderá
considerados aqueles que não venham a ter revogar a licitação por razões de interesse
demonstrada sua viabilidade através de público decorrente de fato superveniente
documentação que comprove que os custos dos devidamente comprovado, pertinente e
insumos são coerentes com os de mercado e suficiente para justificar tal conduta, devendo
que os coeficientes de produtividade são anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por
131

provocação de terceiros, mediante parecer fundamentada e registrada em ata lavrada na


escrito e devidamente fundamentado. reunião em que tiver sido tomada a decisão.

§ 1o A anulação do procedimento licitatório § 4o A investidura dos membros das


por motivo de ilegalidade não gera obrigação de Comissões permanentes não excederá a 1
indenizar, ressalvado o disposto no parágrafo (um) ano, vedada a recondução da totalidade
único do art. 59 desta Lei. de seus membros para a mesma comissão no
período subseqüente.
§ 2o A nulidade do procedimento licitatório
induz à do contrato, ressalvado o disposto no § 5o No caso de concurso, o julgamento será
parágrafo único do art. 59 desta Lei. feito por uma comissão especial integrada por
pessoas de reputação ilibada e reconhecido
§ 3o No caso de desfazimento do processo conhecimento da matéria em exame, servidores
licitatório, fica assegurado o contraditório e a públicos ou não.
ampla defesa.
Art. 52. O concurso a que se refere o § 4o do
o
§ 4 O disposto neste artigo e seus art. 22 desta Lei deve ser precedido de
parágrafos aplica-se aos atos do procedimento regulamento próprio, a ser obtido pelos
de dispensa e de inexigibilidade de licitação. interessados no local indicado no edital.

Art. 50. A Administração não poderá § 1o O regulamento deverá indicar:


celebrar o contrato com preterição da ordem de
classificação das propostas ou com terceiros I - a qualificação exigida dos participantes;
estranhos ao procedimento licitatório, sob pena
de nulidade. II - as diretrizes e a forma de apresentação
do trabalho;
Art. 51. A habilitação preliminar, a inscrição
em registro cadastral, a sua alteração ou III - as condições de realização do concurso
cancelamento, e as propostas serão e os prêmios a serem concedidos.
processadas e julgadas por comissão
permanente ou especial de, no mínimo, 3 § 2o Em se tratando de projeto, o vencedor
(três) membros, sendo pelo menos 2 deverá autorizar a Administração a executá-lo
(dois) deles servidores qualificados quando julgar conveniente.
pertencentes aos quadros permanentes dos
órgãos da Administração responsáveis pela
Art. 53. O leilão pode ser cometido a
licitação.
leiloeiro oficial ou a servidor designado pela
Administração, procedendo-se na forma da
§ 1o No caso de convite, a Comissão de legislação pertinente.
licitação, excepcionalmente, nas pequenas
unidades administrativas e em face da
§ 1o Todo bem a ser leiloado será
exigüidade de pessoal disponível, poderá ser
previamente avaliado pela Administração para
substituída por servidor formalmente designado
fixação do preço mínimo de arrematação.
pela autoridade competente.
§ 2o Os bens arrematados serão pagos à
§ 2o A Comissão para julgamento dos
vista ou no percentual estabelecido no edital,
pedidos de inscrição em registro cadastral, sua
não inferior a 5% (cinco por cento) e, após a
alteração ou cancelamento, será integrada por
assinatura da respectiva ata lavrada no local do
profissionais legalmente habilitados no caso de
leilão, imediatamente entregues ao
obras, serviços ou aquisição de equipamentos.
arrematante, o qual se obrigará ao pagamento
do restante no prazo estipulado no edital de
§ 3o Os membros das Comissões de licitação convocação, sob pena de perder em favor da
responderão solidariamente por todos os atos Administração o valor já recolhido.
praticados pela Comissão, salvo se posição
individual divergente estiver devidamente
132

§ 3o Nos leilões internacionais, o pagamento V - o crédito pelo qual correrá a despesa,


da parcela à vista poderá ser feito em até vinte com a indicação da classificação funcional
e quatro horas. (Redação dada programática e da categoria econômica;
pela Lei nº 8.883, de 1994)
VI - as garantias oferecidas para assegurar
§ 4o O edital de leilão deve ser amplamente sua plena execução, quando exigidas;
divulgado, principalmente no município em que
se realizará. (Incluído pela Lei nº VII - os direitos e as responsabilidades das
8.883, de 1994) partes, as penalidades cabíveis e os valores das
multas;
Capítulo III
DOS CONTRATOS VIII - os casos de rescisão;

Seção I IX - o reconhecimento dos direitos da


Disposições Preliminares Administração, em caso de rescisão
administrativa prevista no art. 77 desta Lei;
Art. 54. Os contratos administrativos de que
trata esta Lei regulam-se pelas suas cláusulas e X - as condições de importação, a data e a
pelos preceitos de direito público, aplicando-se- taxa de câmbio para conversão, quando for o
lhes, supletivamente, os princípios da teoria caso;
geral dos contratos e as disposições de direito
privado. XI - a vinculação ao edital de licitação ou ao
termo que a dispensou ou a inexigiu, ao convite
§ 1o Os contratos devem estabelecer com e à proposta do licitante vencedor;
clareza e precisão as condições para sua
execução, expressas em cláusulas que definam XII - a legislação aplicável à execução do
os direitos, obrigações e responsabilidades das contrato e especialmente aos casos omissos;
partes, em conformidade com os termos da
licitação e da proposta a que se vinculam.
XIII - a obrigação do contratado de manter,
durante toda a execução do contrato, em
§ 2o Os contratos decorrentes de dispensa compatibilidade com as obrigações por ele
ou de inexigibilidade de licitação devem atender assumidas, todas as condições de habilitação e
aos termos do ato que os autorizou e da qualificação exigidas na licitação.
respectiva proposta.
§ 1º (Vetado). (Redação dada
Art. 55. São cláusulas necessárias em todo pela Lei nº 8.883, de 1994)
contrato as que estabeleçam:
§ 2o Nos contratos celebrados pela
I - o objeto e seus elementos característicos; Administração Pública com pessoas físicas ou
jurídicas, inclusive aquelas domiciliadas no
II - o regime de execução ou a forma de estrangeiro, deverá constar necessariamente
fornecimento; cláusula que declare competente o foro da sede
da Administração para dirimir qualquer questão
III - o preço e as condições de pagamento, contratual, salvo o disposto no § 6o do art. 32
os critérios, data-base e periodicidade do desta Lei.
reajustamento de preços, os critérios de
atualização monetária entre a data do § 3o No ato da liquidação da despesa, os
adimplemento das obrigações e a do efetivo serviços de contabilidade comunicarão, aos
pagamento; órgãos incumbidos da arrecadação e fiscalização
de tributos da União, Estado ou Município, as
IV - os prazos de início de etapas de características e os valores pagos, segundo o
execução, de conclusão, de entrega, de disposto no art. 63 da Lei no 4.320, de 17 de
observação e de recebimento definitivo, março de 1964.
conforme o caso;
133

Art. 56. A critério da autoridade da garantia deverá ser acrescido o valor desses
competente, em cada caso, e desde que bens.
prevista no instrumento convocatório, poderá
ser exigida prestação de garantia nas Art. 57. A duração dos contratos regidos por
contratações de obras, serviços e compras. esta Lei ficará adstrita à vigência dos
respectivos créditos orçamentários, exceto
§ 1o Caberá ao contratado optar por uma quanto aos relativos:
das seguintes modalidades de
garantia: (Redação dada pela Lei I - aos projetos cujos produtos estejam
nº 8.883, de 1994) contemplados nas metas estabelecidas no Plano
Plurianual, os quais poderão ser prorrogados se
I - caução em dinheiro ou em títulos da houver interesse da Administração e desde que
dívida pública, devendo estes ter sido emitidos isso tenha sido previsto no ato convocatório;
sob a forma escritural, mediante registro em
sistema centralizado de liquidação e de custódia II - à prestação de serviços a serem
autorizado pelo Banco Central do Brasil e executados de forma contínua, que poderão ter
avaliados pelos seus valores econômicos, a sua duração prorrogada por iguais e
conforme definido pelo Ministério da sucessivos períodos com vistas à obtenção de
Fazenda; (Redação dada pela Lei preços e condições mais vantajosas para a
nº 11.079, de 2004) administração, limitada a sessenta
meses; (Redação dada pela Lei
II - seguro-garantia; (Redação nº 9.648, de 1998)
dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
III - (Vetado). (Redação dada
III - fiança pela Lei nº 8.883, de 1994)
bancária. (Redação dada pela Lei
nº 8.883, de 8.6.94) IV - ao aluguel de equipamentos e à
utilização de programas de informática,
§ 2o A garantia a que se refere o caput deste podendo a duração estender-se pelo prazo de
artigo não excederá a cinco por cento do valor até 48 (quarenta e oito) meses após o início da
do contrato e terá seu valor atualizado nas vigência do contrato.
mesmas condições daquele, ressalvado o
previsto no parágrafo 3o deste V - às hipóteses previstas nos incisos IX,
artigo. (Redação dada pela Lei XIX, XXVIII e XXXI do art. 24, cujos contratos
nº 8.883, de 1994) poderão ter vigência por até 120 (cento e vinte)
meses, caso haja interesse da
§ 3o Para obras, serviços e fornecimentos de administração. (Incluído pela Lei
grande vulto envolvendo alta complexidade nº 12.349, de 2010)
técnica e riscos financeiros consideráveis,
demonstrados através de parecer tecnicamente § 1o Os prazos de início de etapas de
aprovado pela autoridade competente, o limite execução, de conclusão e de entrega admitem
de garantia previsto no parágrafo anterior prorrogação, mantidas as demais cláusulas do
poderá ser elevado para até dez por cento do contrato e assegurada a manutenção de seu
valor do contrato. (Redação equilíbrio econômico-financeiro, desde que
dada pela Lei nº 8.883, de 1994) ocorra algum dos seguintes motivos,
devidamente autuados em processo:
§ 4o A garantia prestada pelo contratado
será liberada ou restituída após a execução do I - alteração do projeto ou especificações,
contrato e, quando em dinheiro, atualizada pela Administração;
monetariamente.
II - superveniência de fato excepcional ou
§ 5o Nos casos de contratos que importem imprevisível, estranho à vontade das partes,
na entrega de bens pela Administração, dos que altere fundamentalmente as condições de
quais o contratado ficará depositário, ao valor execução do contrato;
134

III - interrupção da execução do contrato ou V - nos casos de serviços essenciais, ocupar


diminuição do ritmo de trabalho por ordem e no provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal
interesse da Administração; e serviços vinculados ao objeto do contrato, na
hipótese da necessidade de acautelar apuração
IV - aumento das quantidades inicialmente administrativa de faltas contratuais pelo
previstas no contrato, nos limites permitidos por contratado, bem como na hipótese de rescisão
esta Lei; do contrato administrativo.

V - impedimento de execução do contrato § 1o As cláusulas econômico-financeiras e


por fato ou ato de terceiro reconhecido pela monetárias dos contratos administrativos não
Administração em documento contemporâneo à poderão ser alteradas sem prévia concordância
sua ocorrência; do contratado.

VI - omissão ou atraso de providências a § 2o Na hipótese do inciso I deste artigo, as


cargo da Administração, inclusive quanto aos cláusulas econômico-financeiras do contrato
pagamentos previstos de que resulte, deverão ser revistas para que se mantenha o
diretamente, impedimento ou retardamento na equilíbrio contratual.
execução do contrato, sem prejuízo das sanções
legais aplicáveis aos responsáveis. Art. 59. A declaração de nulidade do
contrato administrativo opera retroativamente
§ 2o Toda prorrogação de prazo deverá ser impedindo os efeitos jurídicos que ele,
justificada por escrito e previamente autorizada ordinariamente, deveria produzir, além de
pela autoridade competente para celebrar o desconstituir os já produzidos.
contrato.
Parágrafo único. A nulidade não exonera a
o
§ 3 É vedado o contrato com prazo de Administração do dever de indenizar o
vigência indeterminado. contratado pelo que este houver executado até
a data em que ela for declarada e por outros
§ 4o Em caráter excepcional, devidamente prejuízos regularmente comprovados, contanto
justificado e mediante autorização da que não lhe seja imputável, promovendo-se a
autoridade superior, o prazo de que trata o responsabilidade de quem lhe deu causa.
inciso II do caput deste artigo poderá ser
prorrogado por até doze Seção II
meses. (Incluído pela Lei nº Da Formalização dos Contratos
9.648, de 1998)
Art. 60. Os contratos e seus aditamentos
Art. 58. O regime jurídico dos contratos serão lavrados nas repartições interessadas, as
administrativos instituído por esta Lei confere à quais manterão arquivo cronológico dos seus
Administração, em relação a eles, a prerrogativa autógrafos e registro sistemático do seu
de: extrato, salvo os relativos a direitos reais sobre
imóveis, que se formalizam por instrumento
I - modificá-los, unilateralmente, para lavrado em cartório de notas, de tudo juntando-
melhor adequação às finalidades de interesse se cópia no processo que lhe deu origem.
público, respeitados os direitos do contratado;
Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito
II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos o contrato verbal com a Administração, salvo o
especificados no inciso I do art. 79 desta Lei; de pequenas compras de pronto pagamento,
assim entendidas aquelas de valor não superior
a 5% (cinco por cento) do limite estabelecido no
III - fiscalizar-lhes a execução;
art. 23, inciso II, alínea "a" desta Lei, feitas em
regime de adiantamento.
IV - aplicar sanções motivadas pela
inexecução total ou parcial do ajuste;
Art. 61. Todo contrato deve mencionar os
nomes das partes e os de seus representantes,
a finalidade, o ato que autorizou a sua
135

lavratura, o número do processo da licitação, da de seu valor, nos casos de compra com entrega
dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição dos imediata e integral dos bens adquiridos, dos
contratantes às normas desta Lei e às cláusulas quais não resultem obrigações futuras, inclusive
contratuais. assistência técnica.

Parágrafo único. A publicação resumida do Art. 63. É permitido a qualquer licitante o


instrumento de contrato ou de seus aditamentos conhecimento dos termos do contrato e do
na imprensa oficial, que é condição respectivo processo licitatório e, a qualquer
indispensável para sua eficácia, será interessado, a obtenção de cópia autenticada,
providenciada pela Administração até o quinto mediante o pagamento dos emolumentos
dia útil do mês seguinte ao de sua assinatura, devidos.
para ocorrer no prazo de vinte dias daquela
data, qualquer que seja o seu valor, ainda que Art. 64. A Administração convocará
sem ônus, ressalvado o disposto no art. 26 regularmente o interessado para assinar o
desta Lei. (Redação dada pela termo de contrato, aceitar ou retirar o
Lei nº 8.883, de 1994) instrumento equivalente, dentro do prazo e
condições estabelecidos, sob pena de decair o
Art. 62. O instrumento de contrato é direito à contratação, sem prejuízo das sanções
obrigatório nos casos de concorrência e de previstas no art. 81 desta Lei.
tomada de preços, bem como nas dispensas e
inexigibilidades cujos preços estejam § 1o O prazo de convocação poderá ser
compreendidos nos limites destas duas prorrogado uma vez, por igual período, quando
modalidades de licitação, e facultativo nos solicitado pela parte durante o seu transcurso e
demais em que a Administração puder substituí- desde que ocorra motivo justificado aceito pela
lo por outros instrumentos hábeis, tais como Administração.
carta-contrato, nota de empenho de despesa,
autorização de compra ou ordem de execução § 2o É facultado à Administração, quando o
de serviço. convocado não assinar o termo de contrato ou
não aceitar ou retirar o instrumento equivalente
§ 1o A minuta do futuro contrato integrará no prazo e condições estabelecidos, convocar os
sempre o edital ou ato convocatório da licitação. licitantes remanescentes, na ordem de
classificação, para fazê-lo em igual prazo e nas
§ 2o Em "carta contrato", "nota de empenho mesmas condições propostas pelo primeiro
de despesa", "autorização de compra", "ordem classificado, inclusive quanto aos preços
de execução de serviço" ou outros instrumentos atualizados de conformidade com o ato
hábeis aplica-se, no que couber, o disposto no convocatório, ou revogar a licitação
art. 55 desta Lei. (Redação dada independentemente da cominação prevista no
pela Lei nº 8.883, de 1994) art. 81 desta Lei.

§ 3o Aplica-se o disposto nos arts. 55 e 58 a § 3o Decorridos 60 (sessenta) dias da data


61 desta Lei e demais normas gerais, no que da entrega das propostas, sem convocação para
couber: a contratação, ficam os licitantes liberados dos
compromissos assumidos.
I - aos contratos de seguro, de
financiamento, de locação em que o Poder Seção III
Público seja locatário, e aos demais cujo Da Alteração dos Contratos
conteúdo seja regido, predominantemente, por
norma de direito privado; Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei
poderão ser alterados, com as devidas
II - aos contratos em que a Administração justificativas, nos seguintes casos:
for parte como usuária de serviço público.
I - unilateralmente pela Administração:
§ 4o É dispensável o "termo de contrato" e
facultada a substituição prevista neste artigo, a
critério da Administração e independentemente
136

a) quando houver modificação do projeto ou § 2o Nenhum acréscimo ou supressão


das especificações, para melhor adequação poderá exceder os limites estabelecidos no
técnica aos seus objetivos; parágrafo anterior,
salvo: (Redação dada pela Lei nº
b) quando necessária a modificação do valor 9.648, de 1998)
contratual em decorrência de acréscimo ou
diminuição quantitativa de seu objeto, nos I - (VETADO) (Incluído pela
limites permitidos por esta Lei; Lei nº 9.648, de 1998)

II - por acordo das partes: II - as supressões resultantes de acordo


celebrado entre os
a) quando conveniente a substituição da contratantes. (Incluído pela Lei
garantia de execução; nº 9.648, de 1998)

b) quando necessária a modificação do § 3o Se no contrato não houverem sido


regime de execução da obra ou serviço, bem contemplados preços unitários para obras ou
como do modo de fornecimento, em face de serviços, esses serão fixados mediante acordo
verificação técnica da inaplicabilidade dos entre as partes, respeitados os limites
termos contratuais originários; estabelecidos no § 1o deste artigo.

c) quando necessária a modificação da forma § 4o No caso de supressão de obras, bens ou


de pagamento, por imposição de circunstâncias serviços, se o contratado já houver adquirido os
supervenientes, mantido o valor inicial materiais e posto no local dos trabalhos, estes
atualizado, vedada a antecipação do deverão ser pagos pela Administração pelos
pagamento, com relação ao cronograma custos de aquisição regularmente comprovados
financeiro fixado, sem a correspondente e monetariamente corrigidos, podendo caber
contraprestação de fornecimento de bens ou indenização por outros danos eventualmente
execução de obra ou serviço; decorrentes da supressão, desde que
regularmente comprovados.
d) para restabelecer a relação que as partes
pactuaram inicialmente entre os encargos do § 5o Quaisquer tributos ou encargos legais
contratado e a retribuição da administração criados, alterados ou extintos, bem como a
para a justa remuneração da obra, serviço ou superveniência de disposições legais, quando
fornecimento, objetivando a manutenção do ocorridas após a data da apresentação da
equilíbrio econômico-financeiro inicial do proposta, de comprovada repercussão nos
contrato, na hipótese de sobrevirem fatos preços contratados, implicarão a revisão destes
imprevisíveis, ou previsíveis porém de para mais ou para menos, conforme o caso.
conseqüências incalculáveis, retardadores ou
impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, § 6o Em havendo alteração unilateral do
em caso de força maior, caso fortuito ou fato do contrato que aumente os encargos do
príncipe, configurando álea econômica contratado, a Administração deverá
extraordinária e restabelecer, por aditamento, o equilíbrio
extracontratual. (Redação dada econômico-financeiro inicial.
pela Lei nº 8.883, de 1994)
§ 7o (VETADO)
o
§ 1 O contratado fica obrigado a aceitar,
nas mesmas condições contratuais, os § 8o A variação do valor contratual para
acréscimos ou supressões que se fizerem nas fazer face ao reajuste de preços previsto no
obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e próprio contrato, as atualizações, compensações
cinco por cento) do valor inicial atualizado do ou penalizações financeiras decorrentes das
contrato, e, no caso particular de reforma de condições de pagamento nele previstas, bem
edifício ou de equipamento, até o limite de 50% como o empenho de dotações orçamentárias
(cinqüenta por cento) para os seus acréscimos. suplementares até o limite do seu valor
corrigido, não caracterizam alteração do
mesmo, podendo ser registrados por simples
137

apostila, dispensando a celebração de do contrato em que se verificarem vícios,


aditamento. defeitos ou incorreções resultantes da execução
ou de materiais empregados.
Seção IV
Da Execução dos Contratos Art. 70. O contratado é responsável pelos
danos causados diretamente à Administração ou
Art. 66. O contrato deverá ser executado a terceiros, decorrentes de sua culpa ou dolo na
fielmente pelas partes, de acordo com as execução do contrato, não excluindo ou
cláusulas avençadas e as normas desta Lei, reduzindo essa responsabilidade a fiscalização
respondendo cada uma pelas conseqüências de ou o acompanhamento pelo órgão interessado.
sua inexecução total ou parcial.
Art. 71. O contratado é responsável pelos
Art. 66-A. As empresas enquadradas no encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e
inciso V do § 2o e no inciso II do § 5o do art. comerciais resultantes da execução do contrato.
3o desta Lei deverão cumprir, durante todo o
período de execução do contrato, a reserva de § 1o A inadimplência do contratado, com
cargos prevista em lei para pessoa com referência aos encargos trabalhistas, fiscais e
deficiência ou para reabilitado da Previdência comerciais não transfere à Administração
Social, bem como as regras de acessibilidade Pública a responsabilidade por seu pagamento,
previstas na legislação. (Incluído nem poderá onerar o objeto do contrato ou
pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) restringir a regularização e o uso das obras e
edificações, inclusive perante o Registro de
Parágrafo único. Cabe à administração Imóveis. (Redação dada pela Lei
fiscalizar o cumprimento dos requisitos de nº 9.032, de 1995)
acessibilidade nos serviços e nos ambientes de
trabalho. (Incluído pela Lei nº § 2o A Administração Pública responde
13.146, de 2015) solidariamente com o contratado pelos encargos
previdenciários resultantes da execução do
Art. 67. A execução do contrato deverá ser contrato, nos termos do art. 31 da Lei nº 8.212,
acompanhada e fiscalizada por um de 24 de julho de 1991. (Redação
representante da Administração especialmente dada pela Lei nº 9.032, de 1995)
designado, permitida a contratação de terceiros
para assisti-lo e subsidiá-lo de informações § 3º (Vetado). (Incluído pela
pertinentes a essa atribuição. Lei nº 8.883, de 1994)

§ 1o O representante da Administração Art. 72. O contratado, na execução do


anotará em registro próprio todas as contrato, sem prejuízo das responsabilidades
ocorrências relacionadas com a execução do contratuais e legais, poderá subcontratar partes
contrato, determinando o que for necessário à da obra, serviço ou fornecimento, até o limite
regularização das faltas ou defeitos observados. admitido, em cada caso, pela Administração.

§ 2o As decisões e providências que Art. 73. Executado o contrato, o seu objeto


ultrapassarem a competência do representante será recebido:
deverão ser solicitadas a seus superiores em
tempo hábil para a adoção das medidas I - em se tratando de obras e serviços:
convenientes.
a) provisoriamente, pelo responsável por seu
Art. 68. O contratado deverá manter acompanhamento e fiscalização, mediante
preposto, aceito pela Administração, no local da termo circunstanciado, assinado pelas partes
obra ou serviço, para representá-lo na execução em até 15 (quinze) dias da comunicação escrita
do contrato. do contratado;

Art. 69. O contratado é obrigado a reparar, b) definitivamente, por servidor ou comissão


corrigir, remover, reconstruir ou substituir, às designada pela autoridade competente,
suas expensas, no total ou em parte, o objeto mediante termo circunstanciado, assinado pelas
138

partes, após o decurso do prazo de observação, Parágrafo único. Nos casos deste artigo, o
ou vistoria que comprove a adequação do recebimento será feito mediante recibo.
objeto aos termos contratuais, observado o
disposto no art. 69 desta Lei; Art. 75. Salvo disposições em contrário
constantes do edital, do convite ou de ato
II - em se tratando de compras ou de normativo, os ensaios, testes e demais provas
locação de equipamentos: exigidos por normas técnicas oficiais para a boa
execução do objeto do contrato correm por
a) provisoriamente, para efeito de posterior conta do contratado.
verificação da conformidade do material com a
especificação; Art. 76. A Administração rejeitará, no todo
ou em parte, obra, serviço ou fornecimento
b) definitivamente, após a verificação da executado em desacordo com o contrato.
qualidade e quantidade do material e
conseqüente aceitação. Seção V
Da Inexecução e da Rescisão dos Contratos
§ 1o Nos casos de aquisição de
equipamentos de grande vulto, o recebimento Art. 77. A inexecução total ou parcial do
far-se-á mediante termo circunstanciado e, nos contrato enseja a sua rescisão, com as
demais, mediante recibo. conseqüências contratuais e as previstas em lei
ou regulamento.
§ 2o O recebimento provisório ou definitivo
não exclui a responsabilidade civil pela solidez e Art. 78. Constituem motivo para rescisão do
segurança da obra ou do serviço, nem ético- contrato:
profissional pela perfeita execução do contrato,
dentro dos limites estabelecidos pela lei ou pelo I - o não cumprimento de cláusulas
contrato. contratuais, especificações, projetos ou prazos;

§ 3o O prazo a que se refere a alínea "b" do II - o cumprimento irregular de cláusulas


inciso I deste artigo não poderá ser superior a contratuais, especificações, projetos e prazos;
90 (noventa) dias, salvo em casos excepcionais,
devidamente justificados e previstos no edital. III - a lentidão do seu cumprimento, levando
a Administração a comprovar a impossibilidade
§ 4o Na hipótese de o termo circunstanciado da conclusão da obra, do serviço ou do
ou a verificação a que se refere este artigo não fornecimento, nos prazos estipulados;
serem, respectivamente, lavrado ou procedida
dentro dos prazos fixados, reputar-se-ão como IV - o atraso injustificado no início da obra,
realizados, desde que comunicados à serviço ou fornecimento;
Administração nos 15 (quinze) dias anteriores à
exaustão dos mesmos.
V - a paralisação da obra, do serviço ou do
fornecimento, sem justa causa e prévia
Art. 74. Poderá ser dispensado o comunicação à Administração;
recebimento provisório nos seguintes casos:
VI - a subcontratação total ou parcial do seu
I - gêneros perecíveis e alimentação objeto, a associação do contratado com outrem,
preparada; a cessão ou transferência, total ou parcial, bem
como a fusão, cisão ou incorporação, não
II - serviços profissionais; admitidas no edital e no contrato;

III - obras e serviços de valor até o previsto VII - o desatendimento das determinações
no art. 23, inciso II, alínea "a", desta Lei, desde regulares da autoridade designada para
que não se componham de aparelhos, acompanhar e fiscalizar a sua execução, assim
equipamentos e instalações sujeitos à como as de seus superiores;
verificação de funcionamento e produtividade.
139

VIII - o cometimento reiterado de faltas na prazos contratuais, bem como das fontes de
sua execução, anotadas na forma do § 1o do materiais naturais especificadas no projeto;
art. 67 desta Lei;
XVII - a ocorrência de caso fortuito ou de
IX - a decretação de falência ou a força maior, regularmente comprovada,
instauração de insolvência civil; impeditiva da execução do contrato.

X - a dissolução da sociedade ou o XVIII – descumprimento do disposto no


falecimento do contratado; inciso V do art. 27, sem prejuízo das sanções
penais cabíveis. (Incluído pela
XI - a alteração social ou a modificação da Lei nº 9.854, de 1999)
finalidade ou da estrutura da empresa, que
prejudique a execução do contrato; Parágrafo único. Os casos de rescisão
contratual serão formalmente motivados nos
XII - razões de interesse público, de alta autos do processo, assegurado o contraditório e
relevância e amplo conhecimento, justificadas e a ampla defesa.
determinadas pela máxima autoridade da esfera
administrativa a que está subordinado o Art. 79. A rescisão do contrato poderá ser:
contratante e exaradas no processo
administrativo a que se refere o contrato; I - determinada por ato unilateral e escrito
da Administração, nos casos enumerados nos
XIII - a supressão, por parte da incisos I a XII e XVII do artigo anterior;
Administração, de obras, serviços ou compras,
acarretando modificação do valor inicial do II - amigável, por acordo entre as partes,
contrato além do limite permitido no § 1o do art. reduzida a termo no processo da licitação,
65 desta Lei; desde que haja conveniência para a
Administração;
XIV - a suspensão de sua execução, por
ordem escrita da Administração, por prazo III - judicial, nos termos da legislação;
superior a 120 (cento e vinte) dias, salvo em
caso de calamidade pública, grave perturbação IV - (Vetado). (Redação dada
da ordem interna ou guerra, ou ainda por pela Lei nº 8.883, de 1994)
repetidas suspensões que totalizem o mesmo
prazo, independentemente do pagamento
§ 1o A rescisão administrativa ou amigável
obrigatório de indenizações pelas sucessivas e
deverá ser precedida de autorização escrita e
contratualmente imprevistas desmobilizações e
fundamentada da autoridade competente.
mobilizações e outras previstas, assegurado ao
contratado, nesses casos, o direito de optar pela
suspensão do cumprimento das obrigações § 2o Quando a rescisão ocorrer com base
nos incisos XII a XVII do artigo anterior, sem
assumidas até que seja normalizada a situação;
que haja culpa do contratado, será este
ressarcido dos prejuízos regularmente
XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias
comprovados que houver sofrido, tendo ainda
dos pagamentos devidos pela Administração
direito a:
decorrentes de obras, serviços ou fornecimento,
ou parcelas destes, já recebidos ou executados,
salvo em caso de calamidade pública, grave I - devolução de garantia;
perturbação da ordem interna ou guerra,
assegurado ao contratado o direito de optar II - pagamentos devidos pela execução do
pela suspensão do cumprimento de suas contrato até a data da rescisão;
obrigações até que seja normalizada a situação;
III - pagamento do custo da desmobilização.
XVI - a não liberação, por parte da
Administração, de área, local ou objeto para § 3º (Vetado). (Redação dada
execução de obra, serviço ou fornecimento, nos pela Lei nº 8.883, de 1994)
140

§ 4º (Vetado). (Redação dada Capítulo IV


pela Lei nº 8.883, de 1994) DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E DA TUTELA
JUDICIAL
§ 5o Ocorrendo impedimento, paralisação ou
sustação do contrato, o cronograma de Seção I
execução será prorrogado automaticamente por Disposições Gerais
igual tempo.
Art. 81. A recusa injustificada do
Art. 80. A rescisão de que trata o inciso I do adjudicatário em assinar o contrato, aceitar ou
artigo anterior acarreta as seguintes retirar o instrumento equivalente, dentro do
conseqüências, sem prejuízo das sanções prazo estabelecido pela Administração,
previstas nesta Lei: caracteriza o descumprimento total da
obrigação assumida, sujeitando-o às
I - assunção imediata do objeto do contrato, penalidades legalmente estabelecidas.
no estado e local em que se encontrar, por ato
próprio da Administração; Parágrafo único. O disposto neste artigo não
se aplica aos licitantes convocados nos termos
II - ocupação e utilização do local, do art. 64, § 2o desta Lei, que não aceitarem a
instalações, equipamentos, material e pessoal contratação, nas mesmas condições propostas
empregados na execução do contrato, pelo primeiro adjudicatário, inclusive quanto ao
necessários à sua continuidade, na forma do prazo e preço.
inciso V do art. 58 desta Lei;
Art. 82. Os agentes administrativos que
III - execução da garantia contratual, para praticarem atos em desacordo com os preceitos
ressarcimento da Administração, e dos valores desta Lei ou visando a frustrar os objetivos da
das multas e indenizações a ela devidos; licitação sujeitam-se às sanções previstas nesta
Lei e nos regulamentos próprios, sem prejuízo
IV - retenção dos créditos decorrentes do das responsabilidades civil e criminal que seu
contrato até o limite dos prejuízos causados à ato ensejar.
Administração.
Art. 83. Os crimes definidos nesta Lei, ainda
o
§ 1 A aplicação das medidas previstas nos que simplesmente tentados, sujeitam os seus
incisos I e II deste artigo fica a critério da autores, quando servidores públicos, além das
Administração, que poderá dar continuidade à sanções penais, à perda do cargo, emprego,
obra ou ao serviço por execução direta ou função ou mandato eletivo.
indireta.
Art. 84. Considera-se servidor público, para
o
§ 2 É permitido à Administração, no caso os fins desta Lei, aquele que exerce, mesmo
de concordata do contratado, manter o que transitoriamente ou sem remuneração,
contrato, podendo assumir o controle de cargo, função ou emprego público.
determinadas atividades de serviços essenciais.
§ 1o Equipara-se a servidor público, para os
§ 3o Na hipótese do inciso II deste artigo, o fins desta Lei, quem exerce cargo, emprego ou
ato deverá ser precedido de autorização função em entidade paraestatal, assim
expressa do Ministro de Estado competente, ou consideradas, além das fundações, empresas
Secretário Estadual ou Municipal, conforme o públicas e sociedades de economia mista, as
caso. demais entidades sob controle, direto ou
indireto, do Poder Público.
§ 4o A rescisão de que trata o inciso IV do
artigo anterior permite à Administração, a seu § 2o A pena imposta será acrescida da terça
critério, aplicar a medida prevista no inciso I parte, quando os autores dos crimes previstos
deste artigo. nesta Lei forem ocupantes de cargo em
comissão ou de função de confiança em órgão
da Administração direta, autarquia, empresa
pública, sociedade de economia mista, fundação
141

pública, ou outra entidade controlada direta ou da punição ou até que seja promovida a
indiretamente pelo Poder Público. reabilitação perante a própria autoridade que
aplicou a penalidade, que será concedida
Art. 85. As infrações penais previstas nesta sempre que o contratado ressarcir a
Lei pertinem às licitações e aos contratos Administração pelos prejuízos resultantes e
celebrados pela União, Estados, Distrito Federal, após decorrido o prazo da sanção aplicada com
Municípios, e respectivas autarquias, empresas base no inciso anterior.
públicas, sociedades de economia mista,
fundações públicas, e quaisquer outras § 1o Se a multa aplicada for superior ao
entidades sob seu controle direto ou indireto. valor da garantia prestada, além da perda
desta, responderá o contratado pela sua
Seção II diferença, que será descontada dos pagamentos
Das Sanções Administrativas eventualmente devidos pela Administração ou
cobrada judicialmente.
Art. 86. O atraso injustificado na execução
do contrato sujeitará o contratado à multa de § 2o As sanções previstas nos incisos I, III e
mora, na forma prevista no instrumento IV deste artigo poderão ser aplicadas
convocatório ou no contrato. juntamente com a do inciso II, facultada a
defesa prévia do interessado, no respectivo
§ 1o A multa a que alude este artigo não processo, no prazo de 5 (cinco) dias úteis.
impede que a Administração rescinda
unilateralmente o contrato e aplique as outras § 3o A sanção estabelecida no inciso IV
sanções previstas nesta Lei. deste artigo é de competência exclusiva do
Ministro de Estado, do Secretário Estadual ou
§ 2o A multa, aplicada após regular processo Municipal, conforme o caso, facultada a defesa
administrativo, será descontada da garantia do do interessado no respectivo processo, no prazo
respectivo contratado. de 10 (dez) dias da abertura de vista, podendo
a reabilitação ser requerida após 2 (dois) anos
de sua aplicação. (Vide art 109 inciso
§ 3o Se a multa for de valor superior ao
III)
valor da garantia prestada, além da perda
desta, responderá o contratado pela sua
diferença, a qual será descontada dos Art. 88. As sanções previstas nos incisos III
pagamentos eventualmente devidos pela e IV do artigo anterior poderão também ser
Administração ou ainda, quando for o caso, aplicadas às empresas ou aos profissionais que,
cobrada judicialmente. em razão dos contratos regidos por esta Lei:

Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do I - tenham sofrido condenação definitiva por
contrato a Administração poderá, garantida a praticarem, por meios dolosos, fraude fiscal no
prévia defesa, aplicar ao contratado as recolhimento de quaisquer tributos;
seguintes sanções:
II - tenham praticado atos ilícitos visando a
I - advertência; frustrar os objetivos da licitação;

II - multa, na forma prevista no instrumento III - demonstrem não possuir idoneidade


convocatório ou no contrato; para contratar com a Administração em virtude
de atos ilícitos praticados.
III - suspensão temporária de participação
em licitação e impedimento de contratar com a Seção III
Administração, por prazo não superior a 2 Dos Crimes e das Penas
(dois) anos;
Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora
IV - declaração de inidoneidade para licitar das hipóteses previstas em lei, ou deixar de
ou contratar com a Administração Pública observar as formalidades pertinentes à dispensa
enquanto perdurarem os motivos determinantes ou à inexigibilidade:
142

Pena - detenção, de 3 (três) a 5 Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2


(cinco) anos, e multa. (dois) anos, e multa.

Parágrafo único. Na mesma pena incorre Art. 94. Devassar o sigilo de proposta
aquele que, tendo comprovadamente concorrido apresentada em procedimento licitatório, ou
para a consumação da ilegalidade, beneficiou-se proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:
da dispensa ou inexigibilidade ilegal, para
celebrar contrato com o Poder Público. Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos,
e multa.
Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante
ajuste, combinação ou qualquer outro Art. 95. Afastar ou procura afastar licitante,
expediente, o caráter competitivo do por meio de violência, grave ameaça, fraude ou
procedimento licitatório, com o intuito de obter, oferecimento de vantagem de qualquer tipo:
para si ou para outrem, vantagem decorrente
da adjudicação do objeto da licitação: Pena - detenção, de 2 (dois) a 4
(quatro) anos, e multa, além da pena
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 correspondente à violência.
(quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena
Art. 91. Patrocinar, direta ou indiretamente, quem se abstém ou desiste de licitar, em razão
interesse privado perante a Administração, da vantagem oferecida.
dando causa à instauração de licitação ou à
celebração de contrato, cuja invalidação vier a Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda
ser decretada pelo Poder Judiciário: Pública, licitação instaurada para aquisição ou
venda de bens ou mercadorias, ou contrato dela
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 decorrente:
(dois) anos, e multa.
I - elevando arbitrariamente os preços;
Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a
qualquer modificação ou vantagem, inclusive II - vendendo, como verdadeira ou perfeita,
prorrogação contratual, em favor do mercadoria falsificada ou deteriorada;
adjudicatário, durante a execução dos contratos
celebrados com o Poder Público, sem
III - entregando uma mercadoria por outra;
autorização em lei, no ato convocatório da
licitação ou nos respectivos instrumentos
contratuais, ou, ainda, pagar fatura com IV - alterando substância, qualidade ou
preterição da ordem cronológica de sua quantidade da mercadoria fornecida;
exigibilidade, observado o disposto no art. 121
desta Lei: (Redação dada pela Lei V - tornando, por qualquer modo,
nº 8.883, de 1994) injustamente, mais onerosa a proposta ou a
execução do contrato:
Pena - detenção, de dois a quatro anos, e
multa. (Redação dada pela Lei Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) anos,
nº 8.883, de 1994) e multa.

Parágrafo único. Incide na mesma pena o Art. 97. Admitir à licitação ou celebrar
contratado que, tendo comprovadamente contrato com empresa ou profissional declarado
concorrido para a consumação da ilegalidade, inidôneo:
obtém vantagem indevida ou se beneficia,
injustamente, das modificações ou prorrogações Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2
contratuais. (dois) anos, e multa.

Art. 93. Impedir, perturbar ou fraudar a Parágrafo único. Incide na mesma pena
realização de qualquer ato de procedimento aquele que, declarado inidôneo, venha a licitar
licitatório: ou a contratar com a Administração.
143

Art. 98. Obstar, impedir ou dificultar, Art. 103. Será admitida ação penal privada
injustamente, a inscrição de qualquer subsidiária da pública, se esta não for ajuizada
interessado nos registros cadastrais ou no prazo legal, aplicando-se, no que couber, o
promover indevidamente a alteração, suspensão disposto nos arts. 29 e 30 do Código de
ou cancelamento de registro do inscrito: Processo Penal.

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 Art. 104. Recebida a denúncia e citado o


(dois) anos, e multa. réu, terá este o prazo de 10 (dez) dias para
apresentação de defesa escrita, contado da data
Art. 99. A pena de multa cominada nos arts. do seu interrogatório, podendo juntar
89 a 98 desta Lei consiste no pagamento de documentos, arrolar as testemunhas que tiver,
quantia fixada na sentença e calculada em em número não superior a 5 (cinco), e indicar
índices percentuais, cuja base corresponderá ao as demais provas que pretenda produzir.
valor da vantagem efetivamente obtida ou
potencialmente auferível pelo agente. Art. 105. Ouvidas as testemunhas da
acusação e da defesa e praticadas as diligências
§ 1o Os índices a que se refere este artigo instrutórias deferidas ou ordenadas pelo juiz,
não poderão ser inferiores a 2% (dois por abrir-se-á, sucessivamente, o prazo de 5
cento), nem superiores a 5% (cinco por (cinco) dias a cada parte para alegações finais.
cento) do valor do contrato licitado ou celebrado
com dispensa ou inexigibilidade de licitação. Art. 106. Decorrido esse prazo, e conclusos
os autos dentro de 24 (vinte e quatro) horas,
§ 2o O produto da arrecadação da multa terá o juiz 10 (dez) dias para proferir a
reverterá, conforme o caso, à Fazenda Federal, sentença.
Distrital, Estadual ou Municipal.
Art. 107. Da sentença cabe apelação,
Seção IV interponível no prazo de 5 (cinco) dias.
Do Processo e do Procedimento Judicial
Art. 108. No processamento e julgamento
Art. 100. Os crimes definidos nesta Lei são das infrações penais definidas nesta Lei, assim
de ação penal pública incondicionada, cabendo como nos recursos e nas execuções que lhes
ao Ministério Público promovê-la. digam respeito, aplicar-se-ão, subsidiariamente,
o Código de Processo Penal e a Lei de Execução
Art. 101. Qualquer pessoa poderá provocar, Penal.
para os efeitos desta Lei, a iniciativa do
Ministério Público, fornecendo-lhe, por escrito, Capítulo V
informações sobre o fato e sua autoria, bem DOS RECURSOS ADMINISTRATIVOS
como as circunstâncias em que se deu a
ocorrência. Art. 109. Dos atos da Administração
decorrentes da aplicação desta Lei cabem:
Parágrafo único. Quando a comunicação for
verbal, mandará a autoridade reduzi-la a termo, I - recurso, no prazo de 5 (cinco) dias úteis a
assinado pelo apresentante e por duas contar da intimação do ato ou da lavratura da
testemunhas. ata, nos casos de:

Art. 102. Quando em autos ou documentos a) habilitação ou inabilitação do licitante;


de que conhecerem, os magistrados, os
membros dos Tribunais ou Conselhos de Contas b) julgamento das propostas;
ou os titulares dos órgãos integrantes do
sistema de controle interno de qualquer dos c) anulação ou revogação da licitação;
Poderes verificarem a existência dos crimes
definidos nesta Lei, remeterão ao Ministério
d) indeferimento do pedido de inscrição em
Público as cópias e os documentos necessários
registro cadastral, sua alteração ou
ao oferecimento da denúncia.
cancelamento;
144

e) rescisão do contrato, a que se refere o § 6o Em se tratando de licitações efetuadas


inciso I do art. 79 desta na modalidade de "carta convite" os prazos
Lei; (Redação dada pela Lei nº estabelecidos nos incisos I e II e no
8.883, de 1994) parágrafo 3o deste artigo serão de dois dias
úteis. (Incluído pela Lei nº
f) aplicação das penas de advertência, 8.883, de 1994)
suspensão temporária ou de multa;
Capítulo VI
II - representação, no prazo de 5 (cinco) dias DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
úteis da intimação da decisão relacionada com o
objeto da licitação ou do contrato, de que não Art. 110. Na contagem dos prazos
caiba recurso hierárquico; estabelecidos nesta Lei, excluir-se-á o dia do
início e incluir-se-á o do vencimento, e
III - pedido de reconsideração, de decisão de considerar-se-ão os dias consecutivos, exceto
Ministro de Estado, ou Secretário Estadual ou quando for explicitamente disposto em
Municipal, conforme o caso, na hipótese contrário.
do § 4o do art. 87 desta Lei, no prazo de 10
(dez) dias úteis da intimação do ato. Parágrafo único. Só se iniciam e vencem os
prazos referidos neste artigo em dia de
§ 1o A intimação dos atos referidos no inciso expediente no órgão ou na entidade.
I, alíneas "a", "b", "c" e "e", deste artigo,
excluídos os relativos a advertência e multa de Art. 111. A Administração só poderá
mora, e no inciso III, será feita mediante contratar, pagar, premiar ou receber projeto ou
publicação na imprensa oficial, salvo para os serviço técnico especializado desde que o autor
casos previstos nas alíneas "a" e "b", se ceda os direitos patrimoniais a ele relativos e a
presentes os prepostos dos licitantes no ato em Administração possa utilizá-lo de acordo com o
que foi adotada a decisão, quando poderá ser previsto no regulamento de concurso ou no
feita por comunicação direta aos interessados e ajuste para sua elaboração.
lavrada em ata.
Parágrafo único. Quando o projeto referir-se
§ 2o O recurso previsto nas alíneas "a" e "b" a obra imaterial de caráter tecnológico,
do inciso I deste artigo terá efeito suspensivo, insuscetível de privilégio, a cessão dos direitos
podendo a autoridade competente, incluirá o fornecimento de todos os dados,
motivadamente e presentes razões de interesse documentos e elementos de informação
público, atribuir ao recurso interposto eficácia pertinentes à tecnologia de concepção,
suspensiva aos demais recursos. desenvolvimento, fixação em suporte físico de
qualquer natureza e aplicação da obra.
§ 3o Interposto, o recurso será comunicado
aos demais licitantes, que poderão impugná-lo Art. 112. Quando o objeto do contrato
no prazo de 5 (cinco) dias úteis. interessar a mais de uma entidade pública,
caberá ao órgão contratante, perante a entidade
§ 4o O recurso será dirigido à autoridade interessada, responder pela sua boa execução,
superior, por intermédio da que praticou o ato fiscalização e pagamento.
recorrido, a qual poderá reconsiderar sua
decisão, no prazo de 5 (cinco) dias úteis, ou, § 1o Os consórcios públicos poderão realizar
nesse mesmo prazo, fazê-lo subir, devidamente licitação da qual, nos termos do edital,
informado, devendo, neste caso, a decisão ser decorram contratos administrativos celebrados
proferida dentro do prazo de 5 (cinco) dias por órgãos ou entidades dos entes da Federação
úteis, contado do recebimento do recurso, sob consorciados. (Incluído pela Lei nº 11.107, de
pena de responsabilidade. 2005)

§ 5o Nenhum prazo de recurso, § 2o É facultado à entidade interessada o


representação ou pedido de reconsideração se acompanhamento da licitação e da execução do
inicia ou corre sem que os autos do processo contrato. (Incluído pela Lei nº
estejam com vista franqueada ao interessado. 11.107, de 2005)
145

Art. 113. O controle das despesas competente, deverão ser publicadas na


decorrentes dos contratos e demais imprensa oficial.
instrumentos regidos por esta Lei será feito pelo
Tribunal de Contas competente, na forma da Art. 116. Aplicam-se as disposições desta
legislação pertinente, ficando os órgãos Lei, no que couber, aos convênios, acordos,
interessados da Administração responsáveis ajustes e outros instrumentos congêneres
pela demonstração da legalidade e regularidade celebrados por órgãos e entidades da
da despesa e execução, nos termos da Administração.
Constituição e sem prejuízo do sistema de
controle interno nela previsto. § 1o A celebração de convênio, acordo ou
ajuste pelos órgãos ou entidades da
§ 1o Qualquer licitante, contratado ou Administração Pública depende de prévia
pessoa física ou jurídica poderá representar ao aprovação de competente plano de trabalho
Tribunal de Contas ou aos órgãos integrantes do proposto pela organização interessada, o qual
sistema de controle interno contra deverá conter, no mínimo, as seguintes
irregularidades na aplicação desta Lei, para os informações:
fins do disposto neste artigo.
I - identificação do objeto a ser executado;
§ 2o Os Tribunais de Contas e os órgãos
integrantes do sistema de controle interno II - metas a serem atingidas;
poderão solicitar para exame, até o dia útil
imediatamente anterior à data de recebimento
III - etapas ou fases de execução;
das propostas, cópia de edital de licitação já
publicado, obrigando-se os órgãos ou entidades
da Administração interessada à adoção de IV - plano de aplicação dos recursos
medidas corretivas pertinentes que, em função financeiros;
desse exame, lhes forem
determinadas. (Redação dada V - cronograma de desembolso;
pela Lei nº 8.883, de 1994)
VI - previsão de início e fim da execução do
Art. 114. O sistema instituído nesta Lei não objeto, bem assim da conclusão das etapas ou
impede a pré-qualificação de licitantes nas fases programadas;
concorrências, a ser procedida sempre que o
objeto da licitação recomende análise mais VII - se o ajuste compreender obra ou
detida da qualificação técnica dos interessados. serviço de engenharia, comprovação de que os
recursos próprios para complementar a
§ 1o A adoção do procedimento de pré- execução do objeto estão devidamente
qualificação será feita mediante proposta da assegurados, salvo se o custo total do
autoridade competente, aprovada pela empreendimento recair sobre a entidade ou
imediatamente superior. órgão descentralizador.

§ 2o Na pré-qualificação serão observadas as § 2o Assinado o convênio, a entidade ou


exigências desta Lei relativas à concorrência, à órgão repassador dará ciência do mesmo à
convocação dos interessados, ao procedimento Assembléia Legislativa ou à Câmara Municipal
e à analise da documentação. respectiva.

Art. 115. Os órgãos da Administração § 3o As parcelas do convênio serão liberadas


poderão expedir normas relativas aos em estrita conformidade com o plano de
procedimentos operacionais a serem observados aplicação aprovado, exceto nos casos a seguir,
na execução das licitações, no âmbito de sua em que as mesmas ficarão retidas até o
competência, observadas as disposições desta saneamento das impropriedades ocorrentes:
Lei.
I - quando não tiver havido comprovação da
Parágrafo único. As normas a que se refere boa e regular aplicação da parcela
este artigo, após aprovação da autoridade anteriormente recebida, na forma da legislação
146

aplicável, inclusive mediante procedimentos de regem-se pelas normas desta Lei, no que
fiscalização local, realizados periodicamente couber, nas três esferas administrativas.
pela entidade ou órgão descentralizador dos
recursos ou pelo órgão competente do sistema Art. 118. Os Estados, o Distrito Federal, os
de controle interno da Administração Pública; Municípios e as entidades da administração
indireta deverão adaptar suas normas sobre
II - quando verificado desvio de finalidade na licitações e contratos ao disposto nesta Lei.
aplicação dos recursos, atrasos não justificados
no cumprimento das etapas ou fases Art. 119. As sociedades de economia mista,
programadas, práticas atentatórias aos empresas e fundações públicas e demais
princípios fundamentais de Administração entidades controladas direta ou indiretamente
Pública nas contratações e demais atos pela União e pelas entidades referidas no artigo
praticados na execução do convênio, ou o anterior editarão regulamentos próprios
inadimplemento do executor com relação a devidamente publicados, ficando sujeitas às
outras cláusulas conveniais básicas; disposições desta Lei.

III - quando o executor deixar de adotar as Parágrafo único. Os regulamentos a que se


medidas saneadoras apontadas pelo partícipe refere este artigo, no âmbito da Administração
repassador dos recursos ou por integrantes do Pública, após aprovados pela autoridade de
respectivo sistema de controle interno. nível superior a que estiverem vinculados os
respectivos órgãos, sociedades e entidades,
§ 4o Os saldos de convênio, enquanto não deverão ser publicados na imprensa oficial.
utilizados, serão obrigatoriamente aplicados em
cadernetas de poupança de instituição Art. 120. Os valores fixados por esta Lei
financeira oficial se a previsão de seu uso for poderão ser anualmente revistos pelo Poder
igual ou superior a um mês, ou em fundo de Executivo Federal, que os fará publicar no Diário
aplicação financeira de curto prazo ou operação Oficial da União, observando como limite
de mercado aberto lastreada em títulos da superior a variação geral dos preços do
dívida pública, quando a utilização dos mesmos mercado, no período. (Redação
verificar-se em prazos menores que um mês. dada pela Lei nº 9.648, de 1998)

§ 5o As receitas financeiras auferidas na Art. 121. O disposto nesta Lei não se aplica
forma do parágrafo anterior serão às licitações instauradas e aos contratos
obrigatoriamente computadas a crédito do assinados anteriormente à sua vigência,
convênio e aplicadas, exclusivamente, no objeto ressalvado o disposto no art. 57, nos
de sua finalidade, devendo constar de parágrafos 1o, 2o e 8o do art. 65, no inciso XV
demonstrativo específico que integrará as do art. 78, bem assim o disposto no "caput" do
prestações de contas do ajuste. art. 5o, com relação ao pagamento das
obrigações na ordem cronológica, podendo esta
§ 6o Quando da conclusão, denúncia, ser observada, no prazo de noventa dias
rescisão ou extinção do convênio, acordo ou contados da vigência desta Lei, separadamente
ajuste, os saldos financeiros remanescentes, para as obrigações relativas aos contratos
inclusive os provenientes das receitas obtidas regidos por legislação anterior à Lei no 8.666, de
das aplicações financeiras realizadas, serão 21 de junho de 1993. (Redação
devolvidos à entidade ou órgão repassador dos dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
recursos, no prazo improrrogável de 30
(trinta) dias do evento, sob pena da imediata Parágrafo único. Os contratos relativos a
instauração de tomada de contas especial do imóveis do patrimônio da União continuam a
responsável, providenciada pela autoridade reger-se pelas disposições do Decreto-lei
competente do órgão ou entidade titular dos no 9.760, de 5 de setembro de 1946, com suas
recursos. alterações, e os relativos a operações de crédito
interno ou externo celebrados pela União ou a
Art. 117. As obras, serviços, compras e concessão de garantia do Tesouro Nacional
alienações realizados pelos órgãos dos Poderes continuam regidos pela legislação pertinente,
Legislativo e Judiciário e do Tribunal de Contas aplicando-se esta Lei, no que couber.
147

Art. 122. Nas concessões de linhas aéreas, CAPÍTULO I


observar-se-á procedimento licitatório Das Disposições Gerais
específico, a ser estabelecido no Código
Brasileiro de Aeronáutica. Art. 1° Os atos de improbidade praticados
por qualquer agente público, servidor ou não,
Art. 123. Em suas licitações e contratações contra a administração direta, indireta ou
administrativas, as repartições sediadas no fundacional de qualquer dos Poderes da União,
exterior observarão as peculiaridades locais e os dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios,
princípios básicos desta Lei, na forma de de Território, de empresa incorporada ao
regulamentação específica. patrimônio público ou de entidade para cuja
criação ou custeio o erário haja concorrido ou
Art. 124. Aplicam-se às licitações e aos concorra com mais de cinqüenta por cento do
contratos para permissão ou concessão de patrimônio ou da receita anual, serão punidos
serviços públicos os dispositivos desta Lei que na forma desta lei.
não conflitem com a legislação específica sobre
o assunto. (Redação dada pela Parágrafo único. Estão também sujeitos às
Lei nº 8.883, de 1994) penalidades desta lei os atos de improbidade
praticados contra o patrimônio de entidade que
Parágrafo único. As exigências contidas nos receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal
incisos II a IV do § 2o do art. 7o serão ou creditício, de órgão público bem como
dispensadas nas licitações para concessão de daquelas para cuja criação ou custeio o erário
serviços com execução prévia de obras em que haja concorrido ou concorra com menos de
não foram previstos desembolso por parte da cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita
Administração Pública anual, limitando-se, nestes casos, a sanção
concedente. (Incluído pela Lei patrimonial à repercussão do ilícito sobre a
nº 8.883, de 1994) contribuição dos cofres públicos.

Art. 125. Esta Lei entra em vigor na data de Art. 2° Reputa-se agente público, para os
sua publicação. (Renumerado por efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda
força do disposto no art. 3º da Lei nº 8.883, de que transitoriamente ou sem remuneração, por
1994) eleição, nomeação, designação, contratação ou
qualquer outra forma de investidura ou vínculo,
Art. 126. Revogam-se as disposições em mandato, cargo, emprego ou função nas
contrário, especialmente os Decretos-leis nos entidades mencionadas no artigo anterior.
2.300, de 21 de novembro de 1986, 2.348, de
24 de julho de 1987, 2.360, de 16 de setembro Art. 3° As disposições desta lei são
de 1987, a Lei no 8.220, de 4 de setembro de aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo
1991, e o art. 83 da Lei no 5.194, de 24 de não sendo agente público, induza ou concorra
dezembro de 1966.(Renumerado por força do para a prática do ato de improbidade ou dele se
disposto no art. 3º da Lei nº 8.883, de 1994) beneficie sob qualquer forma direta ou indireta.

Brasília, 21 de junho de 1993, 172o da Art. 4° Os agentes públicos de qualquer


Independência e 105o da República. nível ou hierarquia são obrigados a velar pela
estrita observância dos princípios de legalidade,
ITAMAR FRANCO impessoalidade, moralidade e publicidade no
Rubens Ricupero trato dos assuntos que lhe são afetos.
Romildo Canhim
Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio
público por ação ou omissão, dolosa ou culposa,
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
do agente ou de terceiro, dar-se-á o integral
(LEI FEDERAL Nº 8429/92). ressarcimento do dano.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito,


que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono perderá o agente público ou terceiro beneficiário
a seguinte lei:
148

os bens ou valores acrescidos ao seu serviço por ente estatal por preço inferior ao
patrimônio. valor de mercado;

Art. 7° Quando o ato de improbidade IV - utilizar, em obra ou serviço particular,


causar lesão ao patrimônio público ou ensejar veículos, máquinas, equipamentos ou material
enriquecimento ilícito, caberá a autoridade de qualquer natureza, de propriedade ou à
administrativa responsável pelo inquérito disposição de qualquer das entidades
representar ao Ministério Público, para a mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o
indisponibilidade dos bens do indiciado. trabalho de servidores públicos, empregados ou
terceiros contratados por essas entidades;
Parágrafo único. A indisponibilidade a que
se refere o caput deste artigo recairá sobre V - receber vantagem econômica de
bens que assegurem o integral ressarcimento qualquer natureza, direta ou indireta, para
do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial tolerar a exploração ou a prática de jogos de
resultante do enriquecimento ilícito. azar, de lenocínio, de narcotráfico, de
contrabando, de usura ou de qualquer outra
Art. 8° O sucessor daquele que causar atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal
lesão ao patrimônio público ou se enriquecer vantagem;
ilicitamente está sujeito às cominações desta lei
até o limite do valor da herança. VI - receber vantagem econômica de
qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer
CAPÍTULO II declaração falsa sobre medição ou avaliação em
Dos Atos de Improbidade Administrativa obras públicas ou qualquer outro serviço, ou
sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou
Seção I característica de mercadorias ou bens
Dos Atos de Improbidade Administrativa fornecidos a qualquer das entidades
que Importam Enriquecimento Ilícito mencionadas no art. 1º desta lei;

Art. 9° Constitui ato de improbidade VII - adquirir, para si ou para outrem, no


administrativa importando enriquecimento ilícito exercício de mandato, cargo, emprego ou
auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial função pública, bens de qualquer natureza cujo
indevida em razão do exercício de cargo, valor seja desproporcional à evolução do
mandato, função, emprego ou atividade nas patrimônio ou à renda do agente público;
entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e
notadamente: VIII - aceitar emprego, comissão ou
exercer atividade de consultoria ou
I - receber, para si ou para outrem, assessoramento para pessoa física ou jurídica
dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer que tenha interesse suscetível de ser atingido
outra vantagem econômica, direta ou indireta, a ou amparado por ação ou omissão decorrente
título de comissão, percentagem, gratificação ou das atribuições do agente público, durante a
presente de quem tenha interesse, direto ou atividade;
indireto, que possa ser atingido ou amparado
por ação ou omissão decorrente das atribuições IX - perceber vantagem econômica para
do agente público; intermediar a liberação ou aplicação de verba
pública de qualquer natureza;
II - perceber vantagem econômica, direta
ou indireta, para facilitar a aquisição, permuta X - receber vantagem econômica de
ou locação de bem móvel ou imóvel, ou a qualquer natureza, direta ou indiretamente,
contratação de serviços pelas entidades para omitir ato de ofício, providência ou
referidas no art. 1° por preço superior ao valor declaração a que esteja obrigado;
de mercado;
XI - incorporar, por qualquer forma, ao
III - perceber vantagem econômica, direta seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores
ou indireta, para facilitar a alienação, permuta integrantes do acervo patrimonial das entidades
ou locação de bem público ou o fornecimento de mencionadas no art. 1° desta lei;
149

XII - usar, em proveito próprio, bens, VII - conceder benefício administrativo ou


rendas, verbas ou valores integrantes do acervo fiscal sem a observância das formalidades legais
patrimonial das entidades mencionadas no art. ou regulamentares aplicáveis à espécie;
1° desta lei.
VIII - frustrar a licitude de processo
Seção II licitatório ou de processo seletivo para
Dos Atos de Improbidade Administrativa celebração de parcerias com entidades sem fins
que Causam Prejuízo ao Erário lucrativos, ou dispensá-los
indevidamente; (Redação dada pela Lei
Art. 10. Constitui ato de improbidade nº 13.019, de 2014) (Vigência)
administrativa que causa lesão ao erário
qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, IX - ordenar ou permitir a realização de
que enseje perda patrimonial, desvio, despesas não autorizadas em lei ou
apropriação, malbaratamento ou dilapidação regulamento;
dos bens ou haveres das entidades referidas no
art. 1º desta lei, e notadamente: X - agir negligentemente na arrecadação
de tributo ou renda, bem como no que diz
I - facilitar ou concorrer por qualquer respeito à conservação do patrimônio público;
forma para a incorporação ao patrimônio
particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, XI - liberar verba pública sem a estrita
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo observância das normas pertinentes ou influir
patrimonial das entidades mencionadas no art. de qualquer forma para a sua aplicação
1º desta lei; irregular;

II - permitir ou concorrer para que pessoa XII - permitir, facilitar ou concorrer para
física ou jurídica privada utilize bens, rendas, que terceiro se enriqueça ilicitamente;
verbas ou valores integrantes do acervo
patrimonial das entidades mencionadas no art. XIII - permitir que se utilize, em obra ou
1º desta lei, sem a observância das serviço particular, veículos, máquinas,
formalidades legais ou regulamentares equipamentos ou material de qualquer
aplicáveis à espécie; natureza, de propriedade ou à disposição de
qualquer das entidades mencionadas no art. 1°
III - doar à pessoa física ou jurídica bem desta lei, bem como o trabalho de servidor
como ao ente despersonalizado, ainda que de público, empregados ou terceiros contratados
fins educativos ou assistências, bens, rendas, por essas entidades.
verbas ou valores do patrimônio de qualquer
das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, XIV – celebrar contrato ou outro
sem observância das formalidades legais e instrumento que tenha por objeto a prestação
regulamentares aplicáveis à espécie; de serviços públicos por meio da gestão
associada sem observar as formalidades
IV - permitir ou facilitar a alienação, previstas na lei; (Incluído pela Lei nº
permuta ou locação de bem integrante do 11.107, de 2005)
patrimônio de qualquer das entidades referidas
no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de XV – celebrar contrato de rateio de
serviço por parte delas, por preço inferior ao de consórcio público sem suficiente e prévia
mercado; dotação orçamentária, ou sem observar as
formalidades previstas na lei. (Incluído pela
V - permitir ou facilitar a aquisição, Lei nº 11.107, de 2005)
permuta ou locação de bem ou serviço por
preço superior ao de mercado; XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer
forma, para a incorporação, ao patrimônio
VI - realizar operação financeira sem particular de pessoa física ou jurídica, de bens,
observância das normas legais e rendas, verbas ou valores públicos transferidos
regulamentares ou aceitar garantia insuficiente pela administração pública a entidades privadas
ou inidônea; mediante celebração de parcerias, sem a
150

observância das formalidades legais ou conceder, aplicar ou manter benefício financeiro


regulamentares aplicáveis à ou tributário contrário ao que dispõem
espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei
2014) (Vigência) Complementar nº 116, de 31 de julho de
2003. (Incluído pela Lei Complementar nº 157,
XVII - permitir ou concorrer para que de 2016) (Produção de efeito)
pessoa física ou jurídica privada utilize bens,
rendas, verbas ou valores públicos transferidos Seção III
pela administração pública a entidade privada Dos Atos de Improbidade Administrativa
mediante celebração de parcerias, sem a que Atentam Contra os Princípios da
observância das formalidades legais ou Administração Pública
regulamentares aplicáveis à
espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de Art. 11. Constitui ato de improbidade
2014) (Vigência) administrativa que atenta contra os princípios
da administração pública qualquer ação ou
XVIII - celebrar parcerias da administração omissão que viole os deveres de honestidade,
pública com entidades privadas sem a imparcialidade, legalidade, e lealdade às
observância das formalidades legais ou instituições, e notadamente:
regulamentares aplicáveis à
espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de I - praticar ato visando fim proibido em lei
2014) (Vigência) ou regulamento ou diverso daquele previsto, na
regra de competência;
XIX - agir negligentemente na celebração,
fiscalização e análise das prestações de contas II - retardar ou deixar de praticar,
de parcerias firmadas pela administração indevidamente, ato de ofício;
pública com entidades privadas; (Incluído
pela Lei nº 13.019, de 2014, com a redação III - revelar fato ou circunstância de que
dada pela Lei nº 13.204, de 2015) tem ciência em razão das atribuições e que
deva permanecer em segredo;
XX - liberar recursos de parcerias firmadas
pela administração pública com entidades IV - negar publicidade aos atos oficiais;
privadas sem a estrita observância das normas
pertinentes ou influir de qualquer forma para a
V - frustrar a licitude de concurso público;
sua aplicação irregular. (Incluído pela Lei nº
13.019, de 2014, com a redação dada pela Lei
nº 13.204, de 2015) VI - deixar de prestar contas quando
esteja obrigado a fazê-lo;
XXI - liberar recursos de parcerias firmadas
pela administração pública com entidades VII - revelar ou permitir que chegue ao
privadas sem a estrita observância das normas conhecimento de terceiro, antes da respectiva
pertinentes ou influir de qualquer forma para a divulgação oficial, teor de medida política ou
sua aplicação irregular. (Incluído pela Lei nº econômica capaz de afetar o preço de
13.019, de 2014) (Vigência) mercadoria, bem ou serviço.

Seção II-A VIII - descumprir as normas relativas à


(Incluído pela Lei Complementar nº 157, de celebração, fiscalização e aprovação de contas
2016) (Produção de efeito) de parcerias firmadas pela administração
pública com entidades
privadas. (Redação dada pela Lei nº
Dos Atos de Improbidade Administrativa
13.019, de 2014) (Vigência)
Decorrentes de Concessão ou Aplicação
Indevida de Benefício Financeiro ou
Tributário IX - deixar de cumprir a exigência de
requisitos de acessibilidade previstos na
legislação. (Incluído pela Lei nº 13.146, de
Art. 10-A. Constitui ato de improbidade
2015) (Vigência)
administrativa qualquer ação ou omissão para
151

X - transferir recurso a entidade privada, em pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário,
razão da prestação de serviços na área de pelo prazo de três anos.
saúde sem a prévia celebração de contrato,
convênio ou instrumento congênere, nos termos IV - na hipótese prevista no art. 10-A, perda
do parágrafo único do art. 24 da Lei nº 8.080, da função pública, suspensão dos direitos
de 19 de setembro de 1990. (Incluído políticos de 5 (cinco) a 8 (oito) anos e multa
pela Lei nº 13.650, de 2018) civil de até 3 (três) vezes o valor do benefício
financeiro ou tributário concedido. (Incluído pela
CAPÍTULO III Lei Complementar nº 157, de 2016)
Das Penas
Parágrafo único. Na fixação das penas
Art. 12. Independentemente das previstas nesta lei o juiz levará em conta a
sanções penais, civis e administrativas previstas extensão do dano causado, assim como o
na legislação específica, está o responsável pelo proveito patrimonial obtido pelo agente.
ato de improbidade sujeito às seguintes
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou CAPÍTULO IV
cumulativamente, de acordo com a gravidade Da Declaração de Bens
do fato: (Redação dada pela Lei nº
12.120, de 2009). Art. 13. A posse e o exercício de agente
público ficam condicionados à apresentação de
I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens declaração dos bens e valores que compõem o
ou valores acrescidos ilicitamente ao seu patrimônio privado, a fim de ser arquivada
patrimônio, ressarcimento integral do dano, no serviço de pessoal
quando houver, perda da função pública, competente.(Regulamento) (Regulamento)
suspensão dos direitos políticos de oito a dez
anos, pagamento de multa civil de até três § 1° A declaração compreenderá imóveis,
vezes o valor do acréscimo patrimonial e móveis, semoventes, dinheiro, títulos, ações, e
proibição de contratar com o Poder Público ou qualquer outra espécie de bens e valores
receber benefícios ou incentivos fiscais ou patrimoniais, localizado no País ou no exterior,
creditícios, direta ou indiretamente, ainda que e, quando for o caso, abrangerá os bens e
por intermédio de pessoa jurídica da qual seja valores patrimoniais do cônjuge ou
sócio majoritário, pelo prazo de dez anos; companheiro, dos filhos e de outras pessoas
que vivam sob a dependência econômica do
II - na hipótese do art. 10, ressarcimento declarante, excluídos apenas os objetos e
integral do dano, perda dos bens ou valores utensílios de uso doméstico.
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se
concorrer esta circunstância, perda da função § 2º A declaração de bens será
pública, suspensão dos direitos políticos de anualmente atualizada e na data em que o
cinco a oito anos, pagamento de multa civil de agente público deixar o exercício do mandato,
até duas vezes o valor do dano e proibição de cargo, emprego ou função.
contratar com o Poder Público ou receber
benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios,
§ 3º Será punido com a pena de
direta ou indiretamente, ainda que por
demissão, a bem do serviço público, sem
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
prejuízo de outras sanções cabíveis, o agente
majoritário, pelo prazo de cinco anos;
público que se recusar a prestar declaração dos
bens, dentro do prazo determinado, ou que a
III - na hipótese do art. 11, ressarcimento prestar falsa.
integral do dano, se houver, perda da função
pública, suspensão dos direitos políticos de três
§ 4º O declarante, a seu critério, poderá
a cinco anos, pagamento de multa civil de até
entregar cópia da declaração anual de bens
cem vezes o valor da remuneração percebida
apresentada à Delegacia da Receita Federal na
pelo agente e proibição de contratar com o
conformidade da legislação do Imposto sobre a
Poder Público ou receber benefícios ou
Renda e proventos de qualquer natureza, com
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou
as necessárias atualizações, para suprir a
indiretamente, ainda que por intermédio de
152

exigência contida no caput e no § 2° deste § 1º O pedido de seqüestro será


artigo . processado de acordo com o disposto nos arts.
822 e 825 do Código de Processo Civil.
CAPÍTULO V
Do Procedimento Administrativo e do Processo § 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a
Judicial investigação, o exame e o bloqueio de bens,
contas bancárias e aplicações financeiras
Art. 14. Qualquer pessoa poderá mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos
representar à autoridade administrativa da lei e dos tratados internacionais.
competente para que seja instaurada
investigação destinada a apurar a prática de ato Art. 17. A ação principal, que terá o rito
de improbidade. ordinário, será proposta pelo Ministério Público
ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de
§ 1º A representação, que será escrita ou trinta dias da efetivação da medida cautelar.
reduzida a termo e assinada, conterá a
qualificação do representante, as informações (Vigência encerrada)
sobre o fato e sua autoria e a indicação das
provas de que tenha conhecimento. § 1º É vedada a transação, acordo ou
conciliação nas ações de que trata o caput.
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará
a representação, em despacho fundamentado, § 2º A Fazenda Pública, quando for o caso,
se esta não contiver as formalidades promoverá as ações necessárias à
estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição complementação do ressarcimento do
não impede a representação ao Ministério patrimônio público.
Público, nos termos do art. 22 desta lei.
§ 3o No caso de a ação principal ter sido
§ 3º Atendidos os requisitos da proposta pelo Ministério Público, aplica-se, no
representação, a autoridade determinará a que couber, o disposto no § 3o do art. 6o da Lei
imediata apuração dos fatos que, em se no 4.717, de 29 de junho de
tratando de servidores federais, será 1965. (Redação dada pela Lei nº 9.366, de
processada na forma prevista nos arts. 148 a 1996)
182 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de
1990 e, em se tratando de servidor militar, de § 4º O Ministério Público, se não intervir
acordo com os respectivos regulamentos no processo como parte, atuará
disciplinares. obrigatoriamente, como fiscal da lei, sob pena
de nulidade.
Art. 15. A comissão processante dará
conhecimento ao Ministério Público e ao § 5o A propositura da ação prevenirá a
Tribunal ou Conselho de Contas da existência de jurisdição do juízo para todas as ações
procedimento administrativo para apurar a posteriormente intentadas que possuam a
prática de ato de improbidade. mesma causa de pedir ou o mesmo
objeto. (Incluído pela Medida provisória nº
Parágrafo único. O Ministério Público ou 2.180-35, de 2001)
Tribunal ou Conselho de Contas poderá, a
requerimento, designar representante para § 6o A ação será instruída com
acompanhar o procedimento administrativo. documentos ou justificação que contenham
indícios suficientes da existência do ato de
Art. 16. Havendo fundados indícios de improbidade ou com razões fundamentadas da
responsabilidade, a comissão representará ao impossibilidade de apresentação de qualquer
Ministério Público ou à procuradoria do órgão dessas provas, observada a legislação vigente,
para que requeira ao juízo competente a inclusive as disposições inscritas nos arts. 16 a
decretação do seqüestro dos bens do agente ou 18 do Código de Processo Civil. (Incluído
terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001)
causado dano ao patrimônio público.
153

§ 7o Estando a inicial em devida forma, o Art. 19. Constitui crime a representação


juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação por ato de improbidade contra agente público
do requerido, para oferecer manifestação por ou terceiro beneficiário, quando o autor da
escrito, que poderá ser instruída com denúncia o sabe inocente.
documentos e justificações, dentro do prazo de
quinze dias. (Incluído pela Medida Pena: detenção de seis a dez meses e
Provisória nº 2.225-45, de 2001) multa.

§ 8o Recebida a manifestação, o juiz, no Parágrafo único. Além da sanção penal, o


prazo de trinta dias, em decisão fundamentada, denunciante está sujeito a indenizar o
rejeitará a ação, se convencido da inexistência denunciado pelos danos materiais, morais ou à
do ato de improbidade, da improcedência da imagem que houver provocado.
ação ou da inadequação da via eleita. (Incluído
pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001) Art. 20. A perda da função pública e a
suspensão dos direitos políticos só se efetivam
§ 9o Recebida a petição inicial, será o réu com o trânsito em julgado da sentença
citado para apresentar condenatória.
contestação. (Incluído pela Medida
Provisória nº 2.225-45, de 2001) Parágrafo único. A autoridade judicial ou
administrativa competente poderá determinar o
§ 10. Da decisão que receber a petição afastamento do agente público do exercício do
inicial, caberá agravo de cargo, emprego ou função, sem prejuízo da
instrumento. (Incluído pela Medida remuneração, quando a medida se fizer
Provisória nº 2.225-45, de 2001) necessária à instrução processual.

§ 11. Em qualquer fase do processo, Art. 21. A aplicação das sanções previstas
reconhecida a inadequação da ação de nesta lei independe:
improbidade, o juiz extinguirá o processo sem
julgamento do mérito. (Incluído pela I - da efetiva ocorrência de dano ao
Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001) patrimônio público, salvo quanto à pena de
ressarcimento; (Redação dada pela Lei nº
§ 12. Aplica-se aos depoimentos ou 12.120, de 2009).
inquirições realizadas nos processos regidos por
esta Lei o disposto no art. 221, caput e § 1o, do II - da aprovação ou rejeição das contas
Código de Processo Penal. (Incluído pela pelo órgão de controle interno ou pelo Tribunal
Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001) ou Conselho de Contas.

§ 13. Para os efeitos deste artigo, Art. 22. Para apurar qualquer ilícito
também se considera pessoa jurídica previsto nesta lei, o Ministério Público, de ofício,
interessada o ente tributante que figurar no a requerimento de autoridade administrativa ou
polo ativo da obrigação tributária de que tratam mediante representação formulada de acordo
o § 4º do art. 3º e o art. 8º-A da Lei com o disposto no art. 14, poderá requisitar a
Complementar nº 116, de 31 de julho de instauração de inquérito policial ou
2003. (Incluído pela Lei Complementar nº 157, procedimento administrativo.
de 2016)
CAPÍTULO VII
Art. 18. A sentença que julgar procedente Da Prescrição
ação civil de reparação de dano ou decretar a
perda dos bens havidos ilicitamente
Art. 23. As ações destinadas a levar a
determinará o pagamento ou a reversão dos
efeitos as sanções previstas nesta lei podem ser
bens, conforme o caso, em favor da pessoa
propostas:
jurídica prejudicada pelo ilícito.

CAPÍTULO VI
Das Disposições Penais
154

I - até cinco anos após o término do no âmbito da Administração Pública Estadual,


exercício de mandato, de cargo em comissão ou DECRETA:
de função de confiança;
TÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
II - dentro do prazo prescricional previsto
em lei específica para faltas disciplinares CAPÍTULO I DOS PRINCÍPIOS E VALORES
puníveis com demissão a bem do serviço FUNDAMENTAIS DA CONDUTA ÉTICA
público, nos casos de exercício de cargo efetivo
ou emprego. Art. 1º Fica instituído o Código de Ética e
Conduta da Administração Publica Estadual, na
III - até cinco anos da data da apresentação forma disposta neste Decreto, cujas normas
à administração pública da prestação de contas aplicam-se aos agentes públicos civis e às
final pelas entidades referidas no parágrafo
seguintes autoridades da Administração Pública
único do art. 1o desta Lei. (Incluído pela
Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência) Estadual:

I - Secretários de Estado, Secretários Adjuntos,


CAPÍTULO VIII
Das Disposições Finais Secretários Executivos e quaisquer ocupantes
de cargos equiparados a esses, segundo a
Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de legislação vigente;
sua publicação.
II - Superintendente da Polícia Civil, Delegado
Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s Superintendente Adjunto da Polícia Civil, Perito
3.164, de 1° de junho de 1957, e 3.502, de 21 Geral do Estado, Perito Geral Adjunto do Estado
de dezembro de 1958 e demais disposições em e quaisquer ocupantes de cargos equiparados a
contrário. esses, segundo a legislação vigente;

Rio de Janeiro, 2 de junho de 1992; 171° III - Dirigentes de Autarquias, inclusive as


da Independência e 104° da República. especiais, fundações mantidas pelo Poder
Público, empresas públicas e sociedades de
FERNANDO COLLOR economia mista.
Célio Borja
Parágrafo Único. Está também sujeito ao Código
DECRETO ESTADUAL Nº 31.198, DE de Ética e Conduta da Administração Pública
30 DE ABRIL DE 2013 (INSTITUI O Estadual todo aquele que exerça atividade,
CÓDIGO DE ÉTICA E CONDUTA DA ainda que transitoriamente e sem remuneração,
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA por nomeação, designação, contratação ou
ESTADUAL, E DÁ OUTRAS qualquer outra forma de investidura ou vínculo
PROVIDÊNCIAS). em órgão ou entidade da Administração Pública
Direta e Indireta do Estado.
O GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ, no
uso da atribuição que lhe confere o art. 88, Art. 2º A conduta ética dos agentes públicos
inciso IV, da Constituição Estadual, submetidos a este Decreto reger-se-á,
especialmente, pelos seguintes princípios:
CONSIDERANDO o Decreto nº 29.887, de 31 de
agosto de 2009, que institui o Sistema de Ética I – boa-fé - agir em conformidade com o direito,
e Transparência do Poder Executivo Estadual e com lealdade, ciente de conduta correta;
dá outras providências, e
II – honestidade – agir com franqueza,
CONSIDERANDO a necessidade de regulamentar realizando suas atividades sem uso de mentiras
as regras de conduta dos agentes públicos civis ou fraudes;
155

III – fidelidade ao interesse público – realizar TÍTULO II DA CONDUTA ÉTICA DAS


ações com o intuito de promover o bem público, AUTORIDADES ADMINISTRAÇÃO ESTADUAL
em respeito ao cidadão;
CAPÍTULO I DAS NORMAS ÉTICAS
IV – impessoalidade – atuar com senso de FUNDAMENTAIS
justiça, sem perseguição ou proteção de
pessoas, grupos ou setores; Art. 5º As normas fundamentais de conduta
ética das Autoridades da Administração Estadual
V – moralidade – evidenciar perante o público visam, especialmente, às seguintes finalidades:
retidão e compostura, em respeito aos
costumes sociais; I – possibilitar à sociedade aferir a lisura do
processo decisório governamental;
VI – dignidade e decoro no exercício de suas
funções – manifestar decência em suas ações, II – contribuir para o aperfeiçoamento dos
preservando a honra e o direito de todos; padrões éticos da Administração Pública
Estadual, a partir do exemplo dado pelas
VII – lealdade às instituições – defender autoridades de nível hierárquico superior;
interesse da instituição a qual se vincula;
III – preservar a imagem e a reputação do
VIII – cortesia – manifestar bons tratos a administrador público cuja conduta esteja de
outros; acordo com as normas éticas estabelecidas
neste Código;
IX – transparência – dar a conhecer a atuação
de forma acessível ao cidadão; IV – estabelecer regras básicas sobre conflitos
de interesses públicos e privados e limitações às
X – eficiência – exercer atividades da melhor atividades profissionais posteriores ao exercício
maneira possível, zelando pelo patrimônio de cargo público;
público;
V – reduzir a possibilidade de conflito entre o
XI – presteza e tempestividade – realizar interesse privado e o dever funcional das
atividades com agilidade; autoridades públicas da Administração Pública
Estadual;
XII – Compromisso – comprometer-se com a
missão e com os resultados organizacionais. VI – criar mecanismo de consulta destinado a
possibilitar o prévio e pronto esclarecimento de
Art. 3º É vedado às pessoas abrangidas por este
dúvidas quanto à conduta ética do
Código auferir qualquer tipo de vantagem
administrador.
patrimonial ou financeira, salvo nesse último
caso a contraprestação mensal, em razão do Art. 6º No exercício de suas funções, as pessoas
exercício de cargo, mandato, função, emprego abrangidas por este código deverão pautar-se
ou atividade nos Órgãos e Entidades do Poder pelos padrões da ética, sobretudo no que diz
Executivo Estadual, devendo eventuais respeito à integridade, à moralidade, à clareza
ocorrências serem apuradas e punidas nos de posições e ao decoro, com vistas a motivar o
termos da legislação disciplinar, se também respeito e a confiança do público em geral.
configurar ilícito administrativo.
Parágrafo único. Os padrões éticos de que trata
Art. 4º Considera-se conduta ética a reflexão este artigo são exigidos no exercício e na
acerca da ação humana e de seus valores relação entre suas atividades públicas e
universais, não se confundindo com as normas privadas, de modo a prevenir eventuais
disciplinares impostas pelo ordenamento conflitos de interesses.
jurídico.
CAPÍTULO II DOS CONFLITOS DE INTERESSES
156

Art. 7º Configura conflito de interesse e conduta Art. 12. A autoridade pública, ou aquele que
aética o investimento em bens cujo valor ou tenha sido, poderá consultar previamente a CEP
cotação possa ser afetado por decisão ou a respeito de ato específico ou situação
política governamental a respeito da qual a concreta, nos termos do Art. 7º, Inciso I, do
autoridade pública tenha informações Decreto nº 29.887, de 31 de agosto de 2009,
privilegiadas, em razão do cargo ou função. que instituiu o Sistema de Ética e Transparência
do Poder Executivo Estadual.
Art. 8º Configura conflito de interesse e conduta
aética aceitar custeio de despesas por CAPÍTULO III DO RELACIONAMENTO ENTRE AS
particulares de forma a permitir configuração de AUTORIDADES PÚBLICAS
situação que venha influenciar nas decisões
administrativas. Art. 13. Eventuais divergências, oriundas do
exercício do cargo, entre as autoridades
Art. 9º No relacionamento com outros Órgãos e públicas referidas no Art. 1º, devem ser
Entidades da Administração Pública, a resolvidas na área administrativa, não lhes
autoridade pública deverá esclarecer a cabendo manifestar-se publicamente sobre
existência de eventual conflito de interesses, matéria que não seja afeta a sua área de
bem como comunicar qualquer circunstância ou competência.
fato impeditivo de sua participação em decisão
coletiva ou em órgão e entidade colegiados. Art. 14. É vedado à autoridade pública, referida
no Art. 1º, opinar publicamente a respeito:
Art. 10. As propostas de trabalho ou de negócio
futuro no setor privado, bem como qualquer I - da honorabilidade e do desempenho
negociação que envolva conflito de interesses, funcional de outra autoridade pública; e
deverão ser imediatamente informadas pela
II - do mérito de questão que lhe será
autoridade pública à Comissão de Ética Pública -
submetida, para decisão individual ou em órgão
CEP, independentemente da sua aceitação ou
e entidade colegiados, sem prejuízo do disposto
rejeição.
no Art. 13.
Art. 11. As autoridades regidas por este Código
TÍTULO III DA CONDUTA ÉTICA DOS AGENTES
de Ética, ao assumir cargo, emprego ou função
PÚBLICOS
pública, deverão firmar termo de compromisso
de que, ao deixar o cargo, nos 6 meses CAPÍTULO I DOS DIREITOS E GARANTIAS DO
seguintes, não poderão: AGENTE PÚBLICO

I - atuar em benefício ou em nome de pessoa Art. 15. Como resultantes da conduta ética que
física ou jurídica, inclusive sindicato ou deve imperar no ambiente de trabalho e em
associação de classe, em processo ou negócio suas relações interpessoais, são direitos do
do qual tenha participado, em razão do cargo, agente público:
nos seis meses anteriores ao término do
exercício de função pública; I - liberdade de manifestação, observado o
respeito à imagem da instituição e dos demais
II - prestar consultoria a pessoa física ou agentes públicos;
jurídica, inclusive sindicato ou associação de
classe, valendo-se de informações não II - manifestação sobre fatos que possam
divulgadas publicamente a respeito de prejudicar seu desempenho ou sua reputação;
programas ou políticas do Órgão ou da Entidade
III - representação contra atos ilegais ou
da Administração Pública Estadual a que esteve
imorais;
vinculado ou com que tenha tido
relacionamento direto e relevante.
157

IV - sigilo da informação de ordem não VII – Não ceder às pressões que visem a obter
funcional; quaisquer favores, benesses ou vantagens
indevidas;
V - atuação em defesa de interesse ou direito
legítimo; VIII – comunicar imediatamente a seus
superiores todo e qualquer ato ou fato contrário
VI - ter ciência do teor da acusação e vista dos ao interesse público.
autos, quando estiver sendo apurada eventual
conduta aética. Seção II Das Vedações ao Agente Público

Art. 16. Ao autor de representação ou denúncia, Art. 18. É vedado ao Agente Público:
que tenha se identificado quando do seu
oferecimento, é assegurado o direito de obter I – utilizar-se de cargo, emprego ou função, de
cópia da decisão da Comissão de Ética e, às facilidades, amizades, posição e influências,
suas expensas, cópia dos autos, resguardados para obter qualquer favorecimento, para si ou
os documentos sob sigilo legal, e manter para outrem em qualquer órgão público;
preservada em sigilo a sua identidade durante e
II – imputar a outrem fato desabonador da
após a tramitação do processo.
moral e da ética que sabe não ser verdade;
CAPÍTULO II DOS DEVERES E DAS VEDAÇÕES
III – ser conivente com erro ou infração a este
AO AGENTE PÚBLICO
Código de Ética e Conduta da Administração
Seção I Dos Deveres Éticos Fundamentais do Estadual;
Agente Público
IV – usar de artifícios para procrastinar ou
Art. 17. São deveres éticos do agente público: dificultar o exercício regular de direito por
qualquer pessoa;
I – agir com lealdade e boa-fé;
V – permitir que interesses de ordem pessoal
II – ser justo e honesto no desempenho de suas interfiram no trato com o público ou com
funções e em suas relações com demais colegas;
agentes públicos, superiores hierárquicos e com
os usuários do serviço público; VI – Faltar com a verdade com qualquer pessoa
que necessite do atendimento em serviços
III – atender prontamente às questões que lhe públicos;
forem encaminhadas;
VII – dar o seu concurso a qualquer instituição
IV – aperfeiçoar o processo de comunicação e o que atente contra a moral, a honestidade ou a
contato com o público; dignidade da pessoa humana;

V – praticar a cortesia e a urbanidade nas VIII – exercer atividade profissional antiética ou


relações do serviço público e respeitar a ligar o seu nome a empreendimentos que
capacidade e as limitações individuais dos atentem contra a moral pública.
usuários do serviço público, sem qualquer
espécie de preconceito ou distinção de raça, TÍTULO IV DAS SANÇÕES ÉTICAS
sexo, orientação sexual, nacionalidade, cor,
Art. 19. A violação das normas estipuladas
idade, religião, preferência política, posição
neste Código acarretará as seguintes sanções
social e quaisquer outras formas de
éticas, sem prejuízo das demais sanções
discriminação;
administrativas, civis e criminais aplicadas pelo
VI – respeitar a hierarquia administrativa; poder competente em procedimento próprio,
158

observado o disposto no Art. 26 do Decreto PALÁCIO DA ABOLIÇÃO, DO GOVERNO DO


Estadual nº 29.887, de 31 de agosto de 2009: ESTADO DO CEARÁ, aos 30 dias do mês de abril
de de 2013.
I - advertência ética, aplicável às autoridades e
agentes públicos no exercício do cargo, que Cid Ferreira Gomes
deverá ser considerada quando da progressão
ou promoção desses, caso o infrator ocupe GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ
cargo em quadro de carreira no serviço público
João Alves de Melo
estadual;
CONTROLADOR E OUVIDOR GERAL DO ESTADO
II - censura ética, aplicável às autoridades e
agentes públicos que já tiverem deixado o LEI ESTADUAL Nº 9.826, DE 14 DE
cargo. Parágrafo Único. As sanções éticas
MAIO DE 1974 (ESTATUTO DOS
previstas neste artigo serão aplicadas pela
Comissão de Ética Pública - CEP e pelas SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DO
Comissões Setoriais de Ética Publica - CSEPs, ESTADO DO CEARÁ) E SUAS
que poderão formalizar Termo de Ajustamento ALTERAÇÕES.
de Conduta, para os casos não previstos no
Estatuto dos servidores públicos civis, O GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ, faço
encaminhar sugestão de exoneração do cargo saber que a Assembléia Legislativa decretou e
em comissão à autoridade hierarquicamente eu sanciono e promulgo a seguinte Lei:
superior ou rescindir contrato, quando aplicável.
TÍTULO I Do Regime Jurídico do Funcionário
Art. 20. Os preceitos relacionados neste Código
CAPÍTULO ÚNlCO Dos Princípios Gerais
não substituem os deveres, proibições e
sanções constantes dos Estatutos dos Art. 1º - Regime Jurídico do Funcionário Civil é
Funcionários Públicos Civis do Estado do Ceará. o conjunto de normas e princípios,
estabelecidos por este Estatuto e legislação
Art. 21. As infrações às normas deste Código,
complementar, reguladores das relações entre o
quando cometidas por terceirizados, poderão
Estado e o ocupante de cargo público.
acarretar na substituição destes pela empresa
prestadora de serviços. *Art. 2º - Aplica-se o regime jurídico de que
trata esta lei:
TÍTULO V DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
*Ver Lei nº 1.712, de 24.7.1990 - D. O. de
Art. 22. Os códigos de ética profissional
4.9.1990 - Resolução nº 252, de 30.4.1991 - D.
existentes em Órgãos e Entidades específicos
O. 6.5.1991, Lei nº 12.062, de 12.1.1993 - D.
mantêm a vigência no que não conflitem com o
O. 13.1.1993 e Lei nº 12.482, de 31.7.1995 -
presente Decreto.
D. O. 1.8.1995 - Apêndice.
Art. 23. A Controladoria e Ouvidoria Geral do
I - aos funcionários do Poder Executivo; I - aos
Estado do Ceará deverá divulgar as normas
funcionários autárquicos do Estado; I - aos
contidas neste decreto, de modo a que tenham
funcionários administrativos do Poder
amplo conhecimento no ambiente de trabalho
Legislativo;
de todos os Órgãos e Entidades Estaduais.
*IV - aos funcionários administrativos do
Art. 24. Este Decreto entra em vigor na data de
Tribunal de Contas do Estado e do Conselho de
sua publicação.
Contas dos Municípios. *Ver Emenda
Art. 25. Revogam-se as disposições em Constitucional nº 9, de 16.12.1992 - D. O. de
contrário. 2.12.1992.
159

Art. 3º - Funcionário Público Civil é o ocupante *§ 1º - A escolha dos ocupantes de cargos em


de cargo público, ou o que, extinto ou declarado comissão poderá recair, ou não, em funcionário
desnecessário o cargo, é posto em do Estado, na forma do regulamento.
disponibilidade.
*Ver Constituição Federal art. 37, inciso V com
Art. 4º - Cargo público é o lugar inserido no a redação dada pela Emenda Constitucional
Sistema Administrativo Civil do Estado, Federal nº 19, de 4.6.1998 – D. O. U. de
caracterizando-se, cada um, por determinado 5.6.1998 e art. 26 da Lei nº 1.966 de 17.6.1992
conjunto de atribuições e responsabilidades de - D. O. 17.6.1992 – Apêndice.
natureza permanente.
§ 2º - No caso de recair a escolha em servidor
Parágrafo único - Exclui-se da regra conceitual de entidade da Administração Indireta, ou em
deste artigo o conjunto de empregos que, funcionário não subordinado à autoridade
inserido no Sistema Administrativo Civil do competente para nomear, o ato de nomeação
Estado, se subordina à legislação trabalhista. será precedido da necessária requisição.

Art. 5º - Para os efeitos deste Estatuto, § 3º - A posse em cargo em comissão


considera-se Sistema Administrativo o complexo determina o concomitante afastamento do
de órgãos dos Poderes Legislativo e Executivo e funcionário do cargo efetivo de que for titular,
suas entidades autárquicas. ressalvados os casos de comprovada
acumulação legal.
TÍTULO I Do Provimento dos Cargos
Art. 9º - Os cargos públicos são providos por:
CAPÍTULO I Das Disposições Preliminares
I - nomeação; I - promoção;
Art. 6º - Os cargos públicos do Estado do Ceará
são acessíveis a todos brasileiros, observadas *I - acesso;
as condições prescritas em lei e regulamento.
*Ver Constituição Federal art. 37, inciso I e
Art. 7º - De acordo com a natureza dos cargos, Constituição Estadual art. 154, inciso I.
o seu provimento pode ser em caráter efetivo
ou em comissão. *IV - transferência;

*Art. 8º - Os cargos em comissão serão *Ver Constituição Federal art. 37, inciso I e
providos, por livre nomeação da autoridade Constituição Estadual art. 154, inciso I.
competente, dentre pessoas que possuam
V - reintegração; VI - aproveitamento; VII -
aptidão profissional e reunam as condições
reversão; VIII - transposição; IX -
necessárias à sua investidura, conforme se
transformação.
dispuser em regulamento.
Art. 10 - O ato de provimento deverá indicar a
*Ver Constituição Federal art. 37, inciso V, com
existência de vaga, com os elementos capazes
a redação dada pela Emenda Constitucional
de identificá-la.
Federal nº 19, de 4.6.1998 – D. O. U. de
5.6.1998; art. 26 da Lei nº 1.966 de 17.6.1992 Art. 1 - O disciplinamento normativo das formas
– D. O. 17.6.1992; art. 34 da Lei nº 12.075, de de provimento dos cargos públicos referidos nos
15.2.1993 – D. O. 18.2.1993; arts. 28 e 29 da itens VIII e IX do art. 9º é objeto de legislação
Lei nº 12.262, de 2.2.1994 – D. O. 3.2.1994; específica.
art. 64 da Lei nº 12.482, de 31.7.1995 – D. O.
1.8.1995 e arts. 1 e 56 da Lei nº 12.483, de CAPÍTULO I Do Concurso
3.8.1995 – D. O. 1.8.1995 – Apêndice.
*Art. 12 - Compete a cada Poder e a cada
Autarquia ou órgão auxiliar, autônomo, a
160

iniciativa dos concursos para provimento dos limite de idade dos candidatos, que poderá
cargos vagos. variar de 18 (dezoito) anos completos até 45
(quarenta e cinco) anos incompletos,
*Ver Lei nº 1.449, de 2.6.1988 - D. O. dependendo da natureza do cargo a ser provido,
10.6.1988; Lei n º 1.462, de 8.6.1988 - D. O. ficando a critério da Administração ampliar o
10.6.1988; Lei de nº 1.551, de 18.5.1989 - D. limite máximo, em cada caso; I – o grau de
O. 19.5.1989; Lei nº 1.925, de 13.3.1992 - D. instrução exigível, mediante apresentação do
O. 13.3.1992; arts. 3, 34, 35, 36 da Lei de nº respectivo certificado; I – a quantidade de
1.714 de 25.7.1990 - D. O. 4.9.1990 e arts. 15, vagas a serem preenchidas, distribuídas por
16, 17, 18 e 19 da Lei nº 12.386, de 9.12.1994 especialização da disciplina, quando referentes
- D. O. 9.12.1994 - Apêndice. a cargos de magistério e de atividades de nível
superior ou outros de denominação genérica; IV
Art. 13 - A realização dos concursos para
– o prazo de validade do concurso, de dois
provimento dos cargos da Administração Direta
anos, prorrogável a juízo da autoridade que o
do Poder Executivo competirá ao Órgão Central
abriu ou o iniciou; V – descrição sintética do
do Sistema de Pessoal.
cargo, incluindo exemplificação de tarefas
§ 1º - A execução dos concursos para típicas, horário, condições de trabalho e
provimento dos cargos da lotação do Tribunal retribuição; VI – tipos e programas das provas;
de Contas do Estado, do Conselho de Contas VII – exigências outras, de acordo com as
dos Municípios e das Autarquias receberá a especificações do cargo.
orientação normativa e supervisão técnica do
I - para a inscrição em concurso para o Grupo
órgão central referido neste artigo.
de Tributação e Arrecadação a idade limite é de
§ 2º - O Órgão Central do Sistema de Pessoal trinta e cinco (35) anos.
poderá delegar a realização dos concursos aos
*I - e para inscrição em concurso destinado ao
órgãos setoriais e seccionais de pessoal das di-
ingresso nas categorias funcionais do Grupo
versas repartições e entidades, desde que estes
Segurança Pública, são fixados os seguintes
apresentem condições técnicas para efetivação
limi-
das atividades de recrutamento e seleção,
permanecendo, sempre, o órgão delegante, com
a responsabilidade pela perfeita execução da
atividade delegada. a) de vinte e cinco (25) anos, quando se tratar
de ingresso em categoria funcional que importe
*Art. 14 - É fixada em cinqüenta (50) anos a
em exigência de curso de nível médio; e b) de
idade máxima para inscrição em concurso
trinta e cinco (35) anos, quando se tratar de
público destinado a ingresso nas categorias
ingresso nas demais categorias; c) independerá
funcionais instituídas de acordo com a Lei
dos limites previstos nas alíneas anteriores a
Estadual nº. 9.634, de 30 de outubro de
inscrição do candidato que já ocupe cargo
1972, ressalvadas as exceções a seguir integrante do Grupo Segurança Pública.
indicadas: *Redação dada pela Lei nº 10.340,
§ 1º - Das inscrições para o concurso constarão,
de 2.1.1979 - D. O. 3.12.1979 - Apêndice.
obrigatoriamente:
*A Constituição Federal de 1988 não prevê
*I - o limite de idade dos candidatos, que
idade máxima para inscrição em Concurso
poderá variar de dezoito (18) anos completos
Público.
até cinqüenta (50) anos incompletos, na forma
*Redação anterior: (Lei nº 9.826, de estabele- cida no caput deste artigo; *Ver
14.5.1974): Art. 14 – Das instruções para o Constituição Estadual, art. 155.
concurso constarão, obrigatoriamente: I – o
161

I - o grau de instrução exigível, mediante da Lei nº 1.714, de 25.7.1990 - D. O. 4.9.1990


apresentação do respectivo certificado; - Apêndice.

I - a quantidade de vagas a serem preenchidas, I - em caráter vitalício, nos casos


distribuídas por especialização da disciplina, expressamente previstos na Constituição;
quando referentes a cargo do Magistério e de
atividades de nível superior ou outros de I - em caráter efetivo, quando se tratar de
denominação genérica; nomeação para cargo da classe inicial ou
singular de determinada categoria funcional;
IV - o prazo de validade do concurso, de dois
(2) anos, prorrogável a juízo da autoridade que *I - em comissão, quando se tratar de cargo
o abriu ou o iniciou; que assim deve ser provi- do.

V - descrição sintética do cargo, incluindo *Ver Emenda Constitucional Federal nº 19, de


exemplificação de tarefas típicas, horário, 4.6.1998 – D. O. de 4.6.1998; Constituição
condições de trabalho e retribuição; Federal art. 37, inciso V; Constituição Estadual
art. 154, item V; art. 38 da Lei nº 1.714, de
VI - tipos e Programa das Provas; VII - 25.7.1990 – D. O. 4.9.1990; e art. 26 da Lei nº
exigências outras, de acordo com as 1.966 de 17.6.1992 - D. O. 17.6.1992 –
especificações do cargo. Apêndice.

§ 2º - Independerá de idade, a inscrição do Parágrafo único - Em caso de impedimento


candidato que seja servidor de Órgãos da temporário do titular do cargo em comissão, a
Administração Estadual Direta ou Indireta. autoridade competente nomeará o substituto,
exonerando-o, findo o período da substituição.
§ 3º - Na hipótese do parágrafo anterior, a
habilitação no concurso somente produzirá Art. 18 - Será tornada sem efeito a nomeação
efeito se, no momento da posse ou exercício no quando, por ato ou omissão do nomeado, a
novo cargo ou emprego, o candidato ainda posse não se verificar no prazo para esse fim
possuir a qualidade de servidor ativo, vedada a estabelecido.
aposentadoria concomitante para elidir a
acumulação do cargo. CAPÍTULO IV Da Posse

Art. 15 - Encerradas as inscrições, legalmente Art. 19 - Posse é o fato que completa a


processadas, para concurso destinado ao investidura em cargo público.
provimento de qualquer cargo, não se abrirão
Parágrafo único - Não haverá posse nos casos
novas inscrições antes da realização do
de promoção, acesso e reintegração.
concurso.
Art. 20 - Só poderá ser empossado em cargo
Art. 16 - Ressalvado o caso de expressa
público quem satisfizer os seguintes requisitos:
condição básica para provimento de cargo
prevista em regulamento, independerá de limite I - ser brasileiro;
de idade a inscrição, em concurso, de ocupante
em cargo público. *I - ter completado 18 anos de idade; *Ver
Constituição Estadual - art. 155.
CAPÍTULO I Da Nomeação
I - estar no gozo dos direitos políticos; IV -
*Art. 17 - A nomeação será feita: estar quite com as obrigações militares e
eleitorais; V - ter boa conduta;
*Ver Emenda Constitucional Federal nº 19, de
4.6.1998 – D. O. de 5.6.1998; Lei nº 1.462, de VI - gozar saúde, comprovada em inspeção
8.6.1988 - D. O. 10.6.1988 e art. 36, § 1º e 2º médica, na forma legal e regulamentar;
162

VII - possuir aptidão para o cargo; patrimônio, nos termos da regulamentação


própria. *Regulamentado pelo Decreto nº
VIII - ter-se habilitado previamente em 1.471, de 29.9.1975 - D. O. 4.12.1975 -
concurso, exceto nos casos de nomeação para Apêndice.
cargo em comissão ou outra forma de
provimento para a qual não se exija o concurso; Art. 23 - Poderá haver posse por procuração,
quando se tratar de funcionário ausente do País
IX - ter atendido às condições especiais, ou do Estado, ou, ainda, em casos especiais, a
prescritas em lei ou regulamento para juízo da autoridade competente.
determinados cargos ou categorias funcionais.
Art. 24 - A autoridade de que der posse
§ 1º - A prova das condições a que se refere os verificará, sob pena de responsabilidade:
itens I e I deste artigo não será exigida nos
casos de transferência, aproveitamento e I - se foram satisfeitas as condições legais para
reversão. a posse;

Territórios, de Autarquias, sociedades de I - se do ato de provimento consta a existência


empresas públicas e econo- de vaga, com os elementos capazes de
identificá-la;
§ 2º - Ninguém poderá ser empossado em
cargo efetivo sem declarar, previamente, que I - em caso de acumulação, se pelo órgão
não ocupa outro cargo ou exerce função ou competente foi declarada lícita.
emprego público da União, dos Estados, dos
Municípios, do Distrito Federal, dos mia mista, Art. 25 - A posse ocorrerá no prazo de 30
ou apresentar comprovante de exoneração ou (trinta) dias da publicação do ato de provimento
dispensa do outro cargo que ocupava, ou da no órgão oficial.
função ou emprego que exerce, ou, ainda, nos
Parágrafo único - A requerimento do funcionário
casos de acumulação legal, comprovante de ter
ou de seu representante legal, a autoridade
sido a mesma julgada lícita pelo órgão
competente para dar posse poderá prorrogar o
competente.
prazo previsto neste artigo, até o máximo de 60
Art. 21 - São competentes para dar posse: I - o (sessenta) dias contados do seu término.
Governador do Estado, às autoridades que lhe
CAPÍTULO V Da Fiança
são diretamente subordinadas; I - os
Secretários de Estado, aos dirigentes de Art. 26 - O funcionário nomeado para cargo cujo
repartições que lhes são diretamente provimento dependa de prestação de fiança não
subordinadas; I - os dirigentes das Secretarias poderá entrar em exercício sem a prévia
Administrativas, ou unidades de administração satisfação dessa exigência.
geral equivalente, da Assembléia Legislativa, do
Tribunal de Contas do Estado, e do Conselho de § 1º - A fiança poderá ser prestada em: I -
Contas dos Municípios, aos seus funcionários, se dinheiro;
de outra maneira não estabelecerem as
I - título da divida pública da União ou do
respectivas leis orgânicas e regimentos
Estado, ações de sociedade de economia mista
internos; IV - o Diretor-Geral do órgão central
que o Estado participe como acionista, e
do sistema de pessoal, aos demais funcionários
da Administração Direta; V - os dirigentes das I - apólice de seguro-fidelidade funcional,
Autarquias, aos funcionários dessas entidades. emitida por instituição oficial ou legalmente
autorizada para esse fim.
*Art. 2 - No ato da posse será apresentada
declaração, pelo funcionário empossado, dos
bens e valores que constituem o seu
163

§ 2º - O seguro poderá ser feito pela própria desempenho das atribuições do cargo, realizada
repartição em que terá exercício o funcionário. em treinamento de iniciação ou das técnicas do
cargo; I - equilíbrio emocional e capacidade de
§ 3º - Não se admitirá o levantamento da fiança integração grupal, bem como de desenvolver
antes de tomada de contas do funcionário. boas relações humanas no trabalho; I -
cumprimento dos deveres gerais e especiais do
§ 4º - O responsável por alcance ou desvio de
funcionário.
bens do Estado não ficará isento da ação
administrativa que couber, ainda que o valor da *§ 2º - A avaliação especial de desempenho do
fiança seja superior ao dano verificado ao servidor será realizada:
patrimônio público.
a) extraordinariamente, ainda durante o estágio
CAPÍTULO VI Do Estágio Probatório probatório, diante da ocorrência de algum fato
dela motivador, sem prejuízo da avaliação
*Art. 27 - Estágio probatório é o triênio de
ordinária; b) ordinariamente, logo após o
efetivo exercício no cargo de provimento
término do estágio probatório, devendo a
efetivo, contado do início do exercício funcional,
comissão ater-se exclusivamente ao
durante o qual é observado o atendimento dos
desempenho do servidor durante o período do
requisitos necessários à con- firmação do
estágio. *Redação dada pela Lei nº 13.092, de
servidor nomeado em virtude de concurso
8.1.2001 – D. O. 8.1.2001 – Apêndice.
público *Redação dada pela Lei nº 13.092, de
8.1.2001 – D. O. 8.1.2001 – Apêndice. *Redação anterior: (Lei nº 9.826, de
14.5.1974): § 2º - O estágio probatório
*Ver arts. 37, I, 39, § 3º e 41 da Constituição
corresponderá a uma complementação do
Federal.
processo seletivo, devendo ser obrigatoriamente
*Ver art. 28 da Emenda Constitucional Federal supervisionado pela autoridade a que estiver
nº 19, de 4.6.1998 – D. O. U. 5.6.1998; art. 20 sujeito hierarquicamente o funcionário, ou nos
da Lei nº 12.386, de 9.12.1994 - D. O. termos do Regulamento.
9.12.1994 - Apêndice.
*§ 3º - Além de outros específicos indicados em
*Redação anterior: (Lei nº 9.826 de lei ou regulamento, os requisitos de que trata
14.5.1974): Art. 27 - Estágio probatório é o este artigo são os seguintes:
período nunca superior a dois anos, contado do
I - adaptação do servidor ao trabalho, verificada
início do exercício funcional durante o qual são
por meio de avaliação da capacidade e
apurados os requisitos necessários à
qualidade no desempenho das atribuições do
confirmação do funcionário no cargo de
cargo;
provimento efetivo para o qual foi nomeado.
I - equilíbrio emocional e capacidade de
*§ 1º - Como condição para aquisição da
integração;
estabilidade, é obrigatória a avaliação especial
de desempenho por comissão instituída para I - cumprimento dos deveres e obrigações do
essa finalidade. *Redação dada pela Lei nº servidor público, inclu- sive com observância da
13.092, de 8.1.2001 – D. O. 8.1.2001 – ética profissional. *Redação dada pela Lei nº
Apêndice. 13.092, de 8.1.2001 – D. O. 8.1.2001 –
Apêndice.
*Redação anterior: (Lei nº 9.826, de
14.5.1974): § 1º - Os requisitos de que trata *Redação anterior:
este artigo são os seguintes: I - adaptação do
funcionário ao trabalho, verificada através de *§ 5º - Durante o estágio probatório, os cursos
avaliação objetiva da capacidade de de treinamento para formação profissional ou
164

aperfeiçoamento do servidor, promovidos do servidor, em qualquer dos procedimentos,


gratuitamente pela Administração, serão de restará prejudi- cado o que estiver ainda em
participação obrigatória e o resul- andamento. *Acrescentado pela Lei nº 13.092,
de 8.1.2001 – D. O. 8.1.2001 – Apêndice.
(Lei nº 9.826, de 14.5.1974): § 3º - No estágio
probatório, os cursos de treinamento para *Art. 28 - O servidor que durante o estágio
formação profissional ou aperfeiçoamento do probatório não satisfizer qualquer dos requisitos
funcionário são de caráter competitivo e previstos no § 3º do artigo anterior, será
eliminatório. exonerado, nos casos dos itens I e I, e demitido
na hipótese do item II.
*§ 4º - O estágio probatório corresponderá a
uma complementação do concurso público a que *Parágrafo único - O ato de exoneração ou de
se submeteu o servidor, devendo ser obrigatori- demissão do servidor em razão de reprovação
amente acompanhado e supervisionado pelo na avaliação especial de desempenho será ex-
Chefe Imediato. *Acrescentado pela Lei nº pedido pela autoridade competente para
13.092, de 8.1.2001 – D. O. 8.1.2001 – nomear. *Alterado pela Lei nº 13.092, de
Apêndice. 8.1.2001 – D. O. 8.1.2001 – Apêndice.

tado obtido pelo servidor será considerado por *Redação anterior:


ocasião da avaliação es- pecial de desempenho,
tendo a reprovação caráter eliminatório. Art. 29 – O ato administrativo declaratório da
*Acrescentado pela Lei nº 13.092, de 8.1.2001 estabilidade do servidor no cargo de provimento
– D. O. 8.1.2001 – Apêndice. efetivo, após cumprimento do estágio
probatório e aprovação na avaliação especial de
*§ 6º - Fica vedada qualquer espécie de desempenho, será expedido
afastamento dos servidores em estágio
probatório, ressalvados os casos previstos nos (Lei nº 9.826, de 14.5.1974): O funcionário
incisos I, I, II, IV, VI, X, XII, XIII, XV e XXI do que, em estágio probatório, não satisfizer
art. 68 da Lei nº 9.826, de 14 de maio de 1974. qualquer dos requisitos previstos no artigo
*Acrescentado pela Lei nº 13.092, de 8.1.2001 anterior, será exonerado, nos casos dos itens I
– D. O. 8.1.2001 – Apêndice. e I desse artigo, e demitido, na hipótese do
item II do mesmo artigo, cabendo a iniciativa
*§ 7º - O servidor em estágio probatório não do procedimento de sindicância ao dirigente da
fará jus a ascensão funcio- nal. *Acrescentado repartição, sob pena de sua responsabilidade.
pela Lei nº 13.092, de 8.1.2001 – D. O. Parágrafo único - Na ausência da providência de
8.1.2001 – Apêndice. que trata este artigo, a iniciativa poderá ser de
qualquer interessado, não excluindo a apuração
*§ 8º - As faltas disciplinares cometidas pelo da responsabilidade da autoridade omissa.
servidor após o decurso do estágio probatório e
antes da conclusão da avaliação especial de pela autoridade competente para nomear,
desempenho serão apuradas por meio de retroagindo seus efeitos à data do término do
processo administrativo- disciplinar, precedido período do estágio probatório. *Alterado pela
de sindicância, esta quando necessária. Lei nº 13.092, de 8.1.2001 – D. O. 8.1.2001 –
*Acrescentado pela Lei nº 13.092, de 8.1.2001 Apêndice.
– D. O. 8.1.2001 – Apêndice.
*Redação anterior: (Lei nº 9.826, de
*§ 9º - São independentes as instâncias 14.5.1974): Art. 29 - A qualquer tempo do
administrativas da avaliação especial de período de estágio probatório, a critério do
desempenho e do processo administrativo- dirigente da repartição onde o estagiário estiver
disciplinar, na hipótese do parágrafo anterior, em exercício, poderá ser declarado cumprido o
sendo que resultando exoneração ou demissão estágio e o funcionário confirmado no seu
165

cargo, desde que satisfaça os requisitos Municípios e respectivas entidades da


estabelecidos no art. 27 e seus parágrafos. § 1º administração indireta;
- De qualquer modo, caso não tenham sido
adotadas quaisquer providências para a I - quando à disposição da Presidência da
supervisão objetiva do estágio probatório, este República;
será encerrado após o decurso do prazo referido
I - quando para exercer mandato eletivo,
no art. 27 deste Estatuto, confirmando-se o
estadual, federal ou municipal, observado,
funcionário no cargo. § 2º - O ato de
quanto a este, o disposto na legislação especial
confirmação do funcionário no cargo, cumprido
pertinente;
o estágio probatório, será expedido pela
autoridade competente para nomear. IV - quando convocado para serviço militar
obrigatório;
Art. 30 - O funcionário estadual que, sendo
estável, tomar posse em outro cargo para cuja V - quando se tratar de funcionário no gozo de
confirmação se exige estágio probatório, será licença para acompanhar o cônjuge.
afastado do exercício das atribuições do cargo
que ocupava, com suspensão do vínculo § 2º - Preso preventivamente, pronunciado por
funcional nos termos do artigo 6, item I, alíneas crime comum ou denunciado por crime
a, b e c desta lei. inafiançável, em processo do qual não haja
pronúncia, o funcionário será afastado do
Parágrafo único - Não se aplica o disposto neste exercício, até sentença passada em julgado.
artigo aos casos de acumulação lícita.
§ 3º - O funcionário afastado nos termos do
CAPÍTULO VII Do Exercício parágrafo anterior terá direito à percepção do
benefício do auxílio-reclusão, nos termos da
*Art. 31 - O início, a interrupção e o reinício do
legislação previdenciária específica.
exercício das atribui- ções do cargo serão
registrados no cadastro individual do Art. 35 - Para os efeitos deste Estatuto,
funcionário. *Ver art. 67 da Lei nº 12.386, de entende-se por lotação a quantidade de cargos,
9.12.1994 - D. O. 9.12.1994 – Apêndice. por grupo, categoria funcional e classe, fixada
em regulamento como necessária ao
Art. 32 - Ao dirigente da repartição para onde
desenvolvimento das atividades das unidades e
for designado o funcionário compete dar-lhe
entidades do Sistema Administrativo Civil do
exercício.
Estado.
Art. 3 - O exercício funcional terá início no prazo
Art. 36 - Para entrar em exercício, o funcionário
de trinta dias, contados da data:
é obrigado a apresentar ao órgão de pessoal os
I - da publicação oficial do ato, no caso de elementos necessários à atualização de seu
reintegração; I - da posse, nos demais casos. cadastro individual.

Art. 34 - O funcionário terá exercício na CAPÍTULO VIII Da Remoção


repartição onde for lotado o cargo por ele
*Art. 37 - Remoção é o deslocamento do
ocupado, não podendo dela se afastar, salvo
funcionário de uma para outra unidade ou
nos casos previstos em lei ou regulamento.
entidade do Sistema Administrativo, processada
§ 1º - O afastamento não se prolongará por de ofício ou a pedido do funcionário, atendidos o
mais de quatro anos consecutivos, salvo: interesse público e a conveniência
administrativa.
I - quando para exercer as atribuições de cargo
ou função de direção ou de Governo dos
Estados, da União, Distrito Federal, Territórios e
166

*O instituto da remoção foi regulamentado pela exceder de 30 dias, quando então será
Lei nº 10.276, de 3.7.1979 - D. O. 3.7.1979 - remunerada por todo o período. *
Apêndice. Regulamentado pelo Decreto nº 19.168, de
4.3.1988 - D. O. 7.3.1988 – Apêndice.
§ 1º - A remoção respeitará a lotação das
unidades ou entidades administrativas Art. 41 - Em caso de vacância do cargo em
interessadas e será realizada, no âmbito de comissão e até seu provimento, poderá ser
cada uma, pelos respectivos dirigentes e chefes, designado, pela autoridade imediatamente
conforme se dispuser em regulamento. superior, um funcionário para responder pelo
expediente.
§ 2º - O funcionário estadual cujo cônjuge,
também servidor público, for designado ex- Parágrafo único - Ao responsável pelo
officio para ter exercício em outro ponto do expediente se aplicam as disposições do art. 40,
território estadual ou nacional ou for detentor § 3º.
de mandato eletivo, tem direito a ser removido
ou posto à disposição da unidade de serviço Art. 42 - Pelo tempo da substituição
estadual que houver no lugar de domicílio do remunerada, o substituto perceberá o
cônjuge ou em que funcionar o órgão sede do vencimento e a gratificação de representação do
mandato eletivo, com todos os direitos e cargo, ressalvado o caso de opção, vedada,
vantagens do cargo. porém, a percepção cumulativa de vencimento,
gratificações e vantagens.
Art. 38 - A remoção por permuta será
processada a pedido escrito de ambos os Da Progressão e Ascensão Funcionais
interessados e de acordo com as demais
*SEÇÃO I Da Progressão Horizontal
disposições deste Capítulo.
*Revogada a SEÇÃO I, compreendendo os
CAPÍTULO IX Da Substituição
artigos 43 a 45, pela Lei nº 12.913, de
Art. 39 - Haverá substituição nos casos de 17.6.1999 – D. O. de 18.6.1999.
impedimento legal ou afastamento de titular de
Artigos Revogados:
cargo em comissão.
*Art. 43 - Progressão horizontal é o percentual
Art. 40 - A substituição será automática ou
calculado sobre o vencimento, a que fará jus o
dependerá de nomeação.
funcionário, por quinquênio de efetivo exercício,
§ 1º - A substituição automática é estabelecida caracterizando-se como recompensa da
em lei, regulamento, regimento ou manual de antigüidade funcional.
serviço, e proceder-se-á independentemente de
*Ver Lei nº 10.802, de 13.6.83 - D. O. 14.6.83
lavratura de ato.
- Apêndice.
*§ 2º - Quando depender de ato da
§ 1º - A cada cinco anos de efetivo exercício
administração, o substituto será nomeado pelo
corresponderá 5 % (cinco por cento) calculados
Governador, Presidente da Assembléia,
sobre a retribuição correspondente ao padrão,
Presidente do Tribunal de Contas, Presidente do
nível ou símbolo do cargo a que esteja
Conselho de Contas dos Municípios, ou dirigente
vinculado o funcionário.
autárquico, conforme o caso. *Ver Emenda
Constitucional nº 9, de 16.12.1992 – D. O. § 2º - A progressão horizontal é devida a partir
2.12.1992 – Apêndice. do dia imediato àquele em que o funcionário
completar cinco anos de efetivo exercício, quer
*§ 3º - A substituição, nos termos dos
ocupe cargo efetivo ou em comissão e será
parágrafos anteriores, será gratuita, salvo se
incluída automaticamente em folha de
167

pagamento, após a devida opção do funcionário, *Ver arts. 21, 2, 23, 29 e Parágrafo único da Lei
independente de requerimento da parte de nº 12.386, de 9.12.1994 - D. O. 9.12.1994,
interessada. e Decreto nº 2.793 de 1º.10.1993 - D. O.
4.10.1993 – Apêndice.
§ 3º - A progressão horizontal é extensiva aos
servidores, remanescentes das antigas Tabelas Art. 47 - São formas de ascensão funcional: I -
Numéricas de Mensalistas em extinção, e aos a promoção;
demais servidores estáveis do Sistema
Administrativo Estadual. *I - o acesso;

Art. 4 - A promoção, o acesso, a transferência *Ver Constituição Federal art. 37, inciso I -
ou qualquer outra forma de ascensão do Constituição Estadual art. 154, inciso I.
funcionário não interromperá a progressão
I - a transferência.
horizontal, que passará a ser calculada pelo
vencimento básico do novo cargo. Art. 48 - A promoção é a elevação do
funcionário à classe imediatamente superior
*Art. 45 - Será computado, para efeito de
àquela em que se encontra dentro da mesma
progressão horizontal, aposentadoria ou
série de classes na categoria funcional a que
disponibilidade, o tempo de serviço prestado em
pertencer.
cargo, emprego ou função integrantes da
Administração Direta ou Indireta, Federal, Art. 49 - Acesso é a ascensão do funcionário de
Estadual ou Municipal e das Fundações classe final da série de classes de uma categoria
instituídas ou encampadas pelo poder público, funcional para a classe inicial da série de classes
mesmo que submetido ao regime da legislação ou de outra categoria profissional afim.
trabalhista.
Art. 50 - Transferência é a passagem do
*Redação dada pela Lei nº 10.312, de funcionário de uma para outra categoria
26.9.1979 D. O. 27.9.1979 - Apêndice. funcional, dentro do mesmo quadro, ou não, e
atenderá sempre aos aspectos da vocação
*Redação anterior:
profissional.
*Art. 46 - Ascensão funcional é a elevação do
Art. 51 - As formas de ascensão funcional
funcionário de um cargo para outro de maiores
obedecerão sempre a critério seletivo, mediante
responsabilidades e atribuições mais complexas,
provas que sejam capazes de verificar a
ou que exijam maior tempo de preparação
qualificação e aptidão necessárias ao
profissional, de nível de ven-
desempenho das atribuições do novo cargo,
(Lei nº 9.826, de 14.5.1974): Art. 45 – conforme se dispuser em regulamento.
Somente será computado para efeito da
CAPÍTULO XI Do Reingresso no Sistema
progressão horizontal o tempo de efetivo
Administrativo Estadual
exercício nas atribuições de cargo estadual.
Parágrafo único – não se aplica o disposto neste SEÇÃO I Da Reintegração
artigo aos casos de conversão das atuais
gratificações adicionais por tempo de serviço, Art. 52 - A reintegração, que decorrerá de
em que se levará em conta todo o tempo de decisão administrativa ou judicial, é o
serviço pelo qual o funcionário fez jus às reingresso do funcionário no serviço
referidas vantagens. administrativo, com ressarcimento dos
vencimentos relativos ao cargo.
SEÇÃO I Da Ascensão Funcional cimento mais
elevado, ou de atribuições mais compatíveis Parágrafo único - A decisão administrativa que
com as suas aptidões. determinar a reintegração será proferida em
168

recurso ou em virtude de reabilitação funcional Estadual sem que se verifique, previamente, a


determinada em processo de revisão nos inexistência de funcionário a aproveitar,
termos deste Estatuto. possuidor da necessária habilitação.

Art. 53 - A reintegração será feita no cargo Art. 58 - Na ocorrência de vagas nos quadros de
anteriormente ocupado, o qual será pessoal do Estado o aproveitamento terá
restabelecido caso tenha sido extinto. precedência sobre as demais formas de
provimento, ressalvadas as destinadas à
Art. 54 - Reintegrado o funcionário, quem lhe promoção e acesso.
houver ocupado o lugar será reconduzido ao
cargo anteriormente ocupado, sem direito a Parágrafo único - Havendo mais de um
qualquer indenização, ou ficará como excedente concorrente à mesma vaga, preferência pela
da lotação. ordem:

Art. 5 - O funcionário reintegrado será I - o de melhor classificação em prova de


submetido a inspeção médica e aposentado, se habilitação;
julgado incapaz.
I - o de maior tempo de disponibilidade; I - o de
SEÇÃO I Do Aproveitamento maior tempo de serviço público; IV - o de maior
prole.
Art. 56 - Aproveitamento é o retorno ao
exercício do cargo do funcionário em Art. 59 - Será tornado sem efeito o
disponibilidade. aproveitamento e cassada a disponibilidade do
funcionário, se este, cientificado,
*Art. 57 - A juízo e no interesse do Sistema expressamente, do ato de aproveitamento, não
Administrativo, os funcionários estáveis, tomar posse no prazo legal, salvo caso de
ocupantes de cargos extintos ou declarados doença comprovada em inspeção médica.
desnecessários, poderão ser compulsoriamente
aproveitados em outros cargos compatíveis com Parágrafo único - Provada em inspeção médica
a sua aptidão funcional, mantido o vencimento a incapacidade definitiva, a disponibilidade será
do cargo, ou postos em disponibilidade nos convertida em aposentadoria, com a sua
termos do art. 109, parágrafo úni- co da conseqüente decretação.
Constituição do Estado.
SEÇÃO I Da Reversão
*Ver § 3º do art. 41 da Constituição Federal e §
3º do art. 172 da Constituição Estadual. Art. 60 - Reversão é o reingresso no Sistema
Administrativo do aposentado por invalidez,
§ 1º - O aproveitamento dependerá de provas quando insubsistentes os motivos da
de habilitação, de sanidade e capacidade física aposentadoria.
mediante exames de suficiência e inspeção
médica. Art. 61 - A reversão far-se-á de ofício ou a
pedido, de preferência no mesmo cargo ou
§ 2º - Quando o aproveitamento ocorrer em naquele em que se tenha transformado, ou em
cargo cujo vencimento for inferior ao do cargo de vencimentos e atribuições equivalentes
anteriormente ocupado, o funcionário perceberá aos do cargo anteriormente ocupado, atendido o
a diferença a título de vantagem pessoal, requisito da habilitação profissional.
incorporada ao vencimento para fins de
progressão horizontal, disponibilidade e Parágrafo único - São condições essenciais para
aposentadoria. que a reversão se efetive:

§ 3º - Não se abrirá concurso público, nem se a) que o aposentado não haja completado 60
preencherá vaga no Sistema Administrativo (sessenta) anos de idade; b) que o inativo seja
169

julgado apto em inspeção médica; c) que a IV - da vigência do ato que extinguir cargo e
Administração considere de interesse do autorizar que sua dotação permita o
Sistema Administrativo o reingresso do preenchimento de cargo vago.
aposentado na atividade.
Parágrafo único - Verificada a vaga serão
*d) que o início do processo de aposentadoria, consideradas abertas, na mesma data, todas as
nos termos do art. 153 desta Lei, tenha se dado que decorrerem de seu preenchimento.
em até 2 (dois) anos.
CAPÍTULO I Da Suspensão do Vínculo Funcional
*Acrescentado pela Lei Complementar nº 92, de
25/1/ 2011. – D.O. 27.1.2011 - Apendice. Art. 65 - O regime jurídico estabelecido neste
Estatuto não se aplicará, temporariamente, ao
TÍTULO I Da Extinção e da Suspensão do funcionário estadual:
Vínculo Funcional
I - no caso de posse ou ingresso em outro
CAPÍTULO I Da Vacância dos Cargos cargo, função ou emprego não acumuláveis com
o cargo que vinha ocupando;
Art. 62 - A vacância do cargo resultará de: I -
exoneração; *I - no caso de opção em caráter temporário,
pelo regime a que alude o art. 106 da
*I - demissão; *Ver art. 37 da Lei nº 1.714, de Constituição Federal ou pelo regime da
25.7.1990 - D. O. de 4.9.1990 – Apêndice. legislação trabalhis- ta; *Ver art. 37, inciso IX,
da Constituição Federal.
I - ascensão funcional; IV - aposentadoria; V -
falecimento. I - no caso de disponibilidade; IV - no caso de
autorização para o trato de interesses
Art. 63 - Dar-se-á exoneração: I - a pedido do
particulares.
funcionário; I - de ofício, nos seguintes casos:
a) quando se tratar de cargo em comissão; b) Art. 6 - Os casos indicados no artigo anterior
quando se tratar de posse em outro cargo ou implicam em suspensão do vínculo funcional,
emprego da União, do Estado, do Município, do acarretando os seguintes efeitos:
Distrito Federal, dos Territórios, de Autarquia,
de Empresas Públicas ou de Sociedade de I - em relação ao item I, do artigo anterior:
Economia Mista, ressalvados os casos de
substituição, cargo de Governo ou de direção, a) dar-se-á, automaticamente, a suspensão do
cargo em comissão e acumulação legal desde vínculo funcional até que seja providenciada a
que, no ato de provimento, seja mencionada exoneração ou demissão;
esta circunstância; c) na hipótese do não
*b) enquanto vigorar a suspensão do vínculo, o
atendimento do prazo para início de exercício,
servidor não fará jus aos vencimentos do cargo
de que trata o artigo 3; d) na hipótese do não
desvinculado, não computando, quanto a este,
cumprimento dos requisitos do estágio, nos
para nenhum efeito, tempo de contribuição;
termos do art. 27.
*Redação dada pela Lei nº 13.578, de
Art. 64 - A vaga ocorrerá na data: I - da 21.1.2005 D. O. 25.1.2005 - Apêndice.
vigência do ato administrativo que lhe der
*Redação anterior: (Lei nº 9.826, de
causa; I - da morte do ocupante do cargo;
14.5.1974): b) enquanto vigorar a suspensão
I - da vigência do ato que criar e conceder do vínculo, o funcionário não fará jus aos
dotação para o seu provimento ou do que vencimentos do cargo desvinculado, não
determinar esta última medida, se o cargo já computando, quanto a este, para nenhum
estiver criado; efeito, tempo de serviço; c) o funcionário
reingressará no exercício das atribuições do
170

cargo de que se desvinculou na hipótese de não *§ 1° - A autorização de afastamento, de que


lograr confirmação no cargo para o qual se trata o inciso IV deste artigo, poderá ser
tenha submetido a estágio probatório. concedida sem a obrigatoriedade do
recolhimento mensal da alíquota de 3 % (trinta
I - na hipótese do item I do artigo anterior, o e três por cento), não sendo, porém, o referido
funcionário não fará jus à percepção dos tempo computado para obtenção de qualquer
vencimentos, computando-se, entretanto, o benefício previ- denciário, inclusive
período de suspensão do vínculo para fins de aposentadoria. *Acrescentado pela Lei nº
disponibilidade e aposentadoria, obrigando o 13.578, de 21.1.2005 D. O. 25.1.2005 -
funcionário a continuar a pagar a sua Apêndice.
contribuição de previdência com base nos
vencimentos do cargo de cujas atribuições se *§ 2° - Os valores de contribuição, referidos no
desvinculou; inciso IV deste artigo, serão reajustados nas
mesmas proporções da remuneração do
*I - no caso de disponibilidade, o servidor servidor no respectivo cargo. *Acrescentado
continuará sendo considerado como em pela Lei nº 13.578, de 21.1.2005 D. O.
atividade, computando-se o período de 25.1.2005 - Apêndice.
suspensão do vín- culo para aposentadoria;
*Redação dada pela Lei nº 13.578, de TÍTULO IV Dos Direitos, Vantagens e
21.1.2005 D. O. 25.1.2005 - Apêndice. Autorizações

*Redação anterior: (Lei nº 9.826, de CAPÍTULO I *Do Cômputo do Tempo de Serviço


14.5.1974): I - no caso do item I do artigo
anterior, o funcionário continuará sendo *Ver § 9º do art. 40 da Constituição Federal,
considerado como em atividade, computandose com redação dada pela Emenda Constitucional
o período de suspensão do vínculo para nº 20, de 15.12.1998 – D. O. U. 16.12.1998 –
aposentadoria, nova disponibilidade, se for o Apêndice.
caso, e progressão horizontal;
Art. 67 - Tempo de serviço, para os efeitos
*IV - na hipótese de autorização de deste Estatuto, compreende o período de
afastamento para o trato de interesses efetivo exercício das atribuições de cargo ou
particulares, o servidor não fará jus à percepção emprego público.
de vencimentos, tendo porém que recolher
Art. 68 - Será considerado de efetivo exercício o
mensalmente o percentual de 3 % (trinta e três
afastamento em virtude de:
por cento) incidente sobre o valor de sua última
remuneração para fins de contribuição I - férias;
previdenciária, que será destinada ao Sistema
Único de Previdência Social e dos Membros de I - casamento, até oito dias;
Poder do Estado do Ceará –
I - luto, até oito dias, por falecimento de
SUPSEC. *Redação dada pela Lei nº 13.578, de cônjuge ou companheiro, parentes,
21.1.2005 D. O. 25.1.2005 - Apêndice. consangüíneos ou afins, até o 2º grau, inclusive
madrasta, padrasto e pais adotivos;
*Redação anterior: (Lei nº 9.826, de
14.5.1974): IV - na hipótese do item IV do IV - luto, até dois dias, por falecimento de tio e
artigo anterior, o funcionário não fará jus à cunhado;
percepção de vencimentos nem ao cômputo do
V - exercício das atribuições de outro cargo
período de suspensão do vínculo como tempo
estadual de provimento em comissão, inclusive
de serviço, para nenhum efeito.
da Administração Indireta do Estado;
171

VI - convocação para o Serviço Militar; VII - júri § 1º - Para os efeitos deste Estatuto, entende-
e outros serviços obrigatórios; se por acidente de trabalho o evento que cause
dano físico ou mental ao funcionário, por efeito
VIII - desempenho de função eletiva federal, ou ocasião do serviço, inclusive no
estadual ou municipal, observada quanto a esta, deslocamento para o trabalho ou deste para o
a legislação pertinente; domicílio do funcionário.
IX - exercício das atribuições de cargo ou § 2º - Equipara-se a acidente no trabalho a
função de Governo ou direção, por nomeação do agressão, quando não provocada, sofrida pelo
Governador do Estado; funcionário no serviço ou em razão dele.
X - licença por acidente no trabalho, agressão § 3º - Por doença profissional, para os efeitos
não provocada ou doença profissional; deste Estatuto, entende-se aquela peculiar ou
inerente ao trabalho exercido, comprovada, em
XI - licença especial; XII - licença à funcionária
qualquer hipótese, a relação de causa e efeito.
gestante; XIII - licença para tratamento de
saúde; § 4º - Nos casos previstos nos § 1º, 2º e 3º
deste artigo, o laudo resultante da inspeção
XIV - licença para tratamento de moléstias que
médica deverá estabelecer, expressamente, a
impossibilitem o funcionário definitivamente
caracterização do acidente no trabalho da
para o trabalho, nos termos em que estabelecer
doença profissional.
Decreto do Chefe do Poder Executivo;
*Art. 69 – Será computado para efeito de
XV - doença, devidamente comprovada, até 36
disponibilidade e aposentado- ria: *Redação
dias por ano e não mais de 3 (três) dias por
dada pela Lei nº 13.578, de 21.1.2005 D. O.
mês;
25.1.2005 - Apêndice.
XVI - missão ou estudo noutras partes do
*Redação anterior: (Lei nº 9.826, de
território nacional ou no estrangeiro, quando o
14.5.1974): Art. 69 – Para efeito de
afastamento houver sido expressamente
disponibilidade e aposentadoria será
autorizado pelo Governador do Estado, ou pelos
computado:
Chefes dos Poderes Legislativo e Judiciário;
*Ver Emendas Constitucionais Federal n° 41, de
XVII - decorrente de período de trânsito, de
19.12.2003 e Estadual n° 56, de 7.1.2004 -
viagem do funcionário que mudar de sede,
Apêndice.
contado da data do desligamento e até o
máximo de 15 dias; *I - o tempo de contribuição para o Regime
Geral de Previdência Social – RGPS, bem como
XVIII - prisão do funcionário, absolvido por
para os Regimes Próprios de Previdência Social
sentença transitada em julgado;

XIX - prisão administrativa, suspensão
RPPS; *Redação dada pela Lei nº 13.578, de
preventiva, e o período de suspensão, neste
21.1.2005 D. O. 25.1.2005 - Apêndice.
último caso, quando o funcionário for reabilitado
em processo de revisão; *Redação anterior: (Lei nº 9.826, de
14.5.1974): I - SIMPLESMENTE: a) o tempo de
X - disponibilidade;
serviço público federal, estadual ou municipal;
*XXI - nascimento de filho, até um dia, para b) o período de serviço ativo das Forças
fins de registro civil. *Ver Constituição Federal, Armadas prestado durante a paz; c) o tempo de
art. 10, inciso I, § 1º dos ADCT. serviço prestado, sob qualquer forma de
admissão, desde que remunerado pelos cofres
172

públicos; d) o tempo de serviço prestado em *Redação anterior: (Lei nº 9.826, de


Autarquia, Empresa Pública e Sociedade de 14.5.1974): § 1º - O tempo de serviço a que
Economia Mista, nas órbitas federal, estadual e aludem as alíneas “c”, "d" e "e" do inciso I deste
municipal; artigo será computado à vista de certidões
passadas com base em folha de pagamento.
*e) o período de trabalho prestado a instituição
de caráter privado que tiver sido transformada *§ 2° - Na contagem do tempo, de que trata
em estabelecimento de serviço público; este artigo, deverá ser ob- servado o seguinte:
*Redação dada pela Lei nº 13.578, de
*Redação dada pela Lei nº 9.911, de 16.6.1975 21.1.2005 D. O. 25.1.2005 - Apêndice.
- D. O. 20.6.1975 - Apêndice. f) o tempo da
aposentadoria, desde que ocorra reversão; g) o *Redação anterior: (Lei nº 9.826, de
tempo de licença especial e o período de férias, 14.5.1974): § 2º - Somente será admitida a
gozadas pelo funcionário; h) o tempo de licença contagem de tempo de serviço apurado através
para tratamento de saúde; de justificação judicial quando se verificar a
inexistência, nos registros de pessoal, de
*Ver Emendas Constitucionais Federal n° 41, de elementos comprobatórios de freqüência
19.12.2003 e Estadual n° 56, de 7.1.2004 -
Apêndice. *Ver Emendas Constitucionais Federal n° 41, de
19.12.2003 e Estadual n° 56, de 7.1.2004 -
*I - o período de serviço ativo das Forças Apêndice.
Armadas; *Redação dada pela Lei nº 13.578, de
21.1.2005 D. O. 25.1.2005 - Apêndice. I - não será admitida a contagem em dobro ou
em outras condições especiais;
*Redação anterior: (Lei nº 9.826, de
14.5.1974): I - EM DOBRO: I - é vedada a contagem de tempo de
contribuição, quando concomitantes;
a) o tempo de serviço ativo prestado às Forças
Armadas em período de operações de guerra; I - não será contado, por um sistema, o tempo
de contribuição utilizado para a concessão de
*b) o período de férias não gozadas; algum benefício, por outro.

*c) o período de licença especial não usufruído *§ 3° - O tempo de contribuição, a que alude o
pelo funcionário. inciso I deste artigo, será computado à vista de
certidões passadas com base em folha de paga-
*Ver Emendas Constitucionais Federal n° 41, de
mento. *Redação dada pela Lei nº 13.578, de
19.12.2003 e Estadual n° 56, de 7.1.2004 -
21.1.2005 D. O. 25.1.2005 - Apêndice.
Apêndice.
*Redação anterior: (Lei nº 9.826, de
I – o tempo de aposentadoria, desde que ocorra
14.5.1974): § 3º - As férias e períodos de
reversão;
licença especial não gozados, referentes a
IV – a licença por motivo de doença em pessoa tempo de serviço anterior ao reingresso de
da família, conforme previsto no art. 9 desta funcionário no Sistema Administrativo Estadual,
Lei, desde que haja contribuição. relativo a tempo de serviço estranho ao Estado,
não serão considerados para efeito do disposto
*§ 1° - No caso previsto no inciso IV, o nas alíneas "b" e "c" do inciso I deste artigo,
afastamento superior a 6 (seis) meses salvo se, na origem, assim tenham sido
obedecerá o previsto no iniso IV, do art. 6, computados aqueles períodos.
desta Lei. *Redação dada pela Lei nº 13.578, de
21.1.2005 D. O. 25.1.2005 - Apêndice.
173

*Ver Emendas Constitucionais Federal n° 41, de simultaneamente, em cargos ou empregos da


19.12.2003 e Estadual n° 56, de 7.1.2004 - União, dos Estados, Distrito Federal, Territórios,
Apêndice. Municípios, Autarquias, Empresas Públicas,
Sociedades de Economia Mista, e instituições de
*Art. 70 – A apuração do tempo de contribuição caráter privado que hajam sido transformadas
será feita em anos, meses e dias. *Redação em unidades administrativas do Estado.
dada pela Lei nº 13.578, de 21.1.2005 D. O.
25.1.2005 - Apêndice. *Ver Emendas Constitucionais Federal n° 41, de
19.12.2003 e Estadual n° 56, de 7.1.2004 -
*Redação anterior: (Lei nº 9.826, de Apêndice.
14.5.1974): Art. 70 – A apuração do tempo de
serviço será feita em dias: *I - o cômputo de tempo fictício para o cálculo
de benefício previdenci- ário; *Acrescentado
*Ver Emendas Constitucionais Federal n° 41, de pela Lei nº 13.578, de 21.1.2005 D. O.
19.12.2003 e Estadual n° 56, de 7.1.2004 - 25.1.2005 - Apêndice.
Apêndice.
*Ver Emendas Constitucionais Federal n° 41, de
*§ 1° - O ano corresponderá a 365 (trezentos e 19.12.2003 e Estadual n° 56, de 7.1.2004 -
sessenta e cinco) dias e o mês aos 30 (trinta) Apêndice.
dias. *Modificado pela Lei nº 13.578, de
21.1.2005 D. O. 25.1.2005 - Apêndice. *I - a concessão de aposentadoria especial, nos
termos no art. 40, §4° da Constituição Federal,
*Redação anterior: (Lei nº 9.826, de até que Lei Complementar Federal discipline a
14.5.1974): Parágrafo único - O número de dias matéria; *Acrescentado pela Lei nº 13.578, de
será convertido em anos, considerado o ano de 21.1.2005 D. O. 25.1.2005 - Apêndice.
365 (trezentos e sessenta e cinco) dias,
permitido o arredondamento para um ano, após *Ver Emendas Constitucionais Federal n° 41, de
a conversão, o que exceder a 182 dias, para 19.12.2003 e Estadual n° 56, de 7.1.2004 -
fins de aposentadoria ou disponibilidade. Apêndice.

*Ver Emendas Constitucionais Federal n° 41, de *I - a percepção de mais de uma aposentadoria


19.12.2003 e Estadual n° 56, de 7.1.2004 - à conta do Sistema Único de Previdência Social
Apêndice. dos Servidores Públicos Civis e Militares, dos
Agentes Públicos e dos Membros de Poder do
*§ 2° - Para o cálculo de qualquer benefício, Estado do Ceará – SUPSEC, ressalvadas as
depois de apurado o tempo de contribuição, decorrentes dos cargos acumuláveis previstos
este será convertido em dias, vedado qualquer na Constituição Federal; *Acrescentado pela Lei
forma de arredondamento. *Acrescentado pela nº 13.578, de 21.1.2005 D. O. 25.1.2005 -
Lei nº 13.578, de 21.1.2005 D. O. 25.1.2005 - Apêndice.
Apêndice.
*Ver Emendas Constitucionais Federal n° 41, de
*Ver Emendas Constitucionais Federal n° 41, de 19.12.2003 e Estadual n° 56, de 7.1.2004 -
19.12.2003 e Estadual n° 56, de 7.1.2004 - Apêndice.
Apêndice.
*IV - a percepção simultânea de proventos de
*Art. 71 – É vedado: *Redação dada pela Lei nº aposentadoria decorrente de regime próprio de
13.578, de 21.1.2005 D. O. 25.1.2005 - servidor titular de cargo efetivo, com a
Apêndice. remuneração de cargo, emprego ou função
pública, ressalvados os cargos acumuláveis
*Redação anterior: (Lei nº 9.826, de
previstos na Constituição Federal, os eletivos e
14.5.1974: Art. 71 - É vedado o cômputo de
os cargos em co- missão declarados em Lei de
tempo de serviço prestado, concorrente ou
174

livre nomeação e exoneração. *Acrescentado *§ 4° - O aposentado pelo Sistema Único de


pela Lei nº 13.578, de 21.1.2005 D. O. Previdência Social dos Servidores Públicos Civis
25.1.2005 - Apêndice. e Militares, dos Agentes Públicos e dos Membros
de Poder do Estado do Ceará – SUPSEC, que
*Ver Emendas Constitucionais Federal n° 41, de estiver exercendo ou que voltar a exercer
19.12.2003 e Estadual n° 56, de 7.1.2004 - atividade abrangida por este regime é segurado
Apêndice. obrigatório em relação a esta atividade, ficando
sujeito às contribuições, de que trata esta Lei,
*§ 1° - Não se considera fictício o tempo
para fins de custeio da Previdência So- cial, na
definido em Lei como tempo de contribuição
qualidade de contribuinte solidário.
para fins de concessão de aposentadoria quando
*Acrescentado pela Lei nº 13.578, de 21.1.2005
tenha havido, por parte do servidor, a prestação
D. O. 25.1.2005 – Apêndice
de serviço ou a corresponden- te contribuição.
*Acrescentado pela Lei nº 13.578, de 21.1.2005 *Ver Emendas Constitucionais Federal n° 41, de
D. O. 25.1.2005 - Apêndice. 19.12.2003 e Estadual n° 56, de 7.1.2004 -
Apêndice.
*Ver Emendas Constitucionais Federal n° 41, de
19.12.2003 e Estadual n° 56, de 7.1.2004 - *Art. 72 – Observadas as disposições do artigo
Apêndice. anterior, o servidor poderá desaverbar, em
qualquer época, total ou parcialmente, seu
*§ 2° - A vedação prevista no inciso IV, não se
tempo de contribuição, desde que não tenha
aplica aos membros de Poder e aos inativos,
sido computado este tempo para a concessão
servidores e militares que, até 16 de dezembro
de qualquer benefício.
de 1998, tenham ingressado novamente no
serviço público por concurso público de provas *O artigo 72 teve sua redação original alterada
ou de provas e títulos, e pelas demais formas pela Lei 10.226, de 12.12.1978 - D. O.
previstas na Constituição Federal, sendo-lhes 21.12.1978, e, posteriormente pela Lei 10.340,
proibida a percepção de mais de uma de 2.1.1979 - D. O. 3.12.1979, Lei 10.589, de
aposentadoria pelo Sistema Único de 23.1.1981 – D. O. 24.1.1981 e Lei 13.578, de
Previdência Social dos Servidores Públicos Civis 21.1.2005 – D. O. 25.1.2005 – Apêndice.
e Militares, dos Agentes Públicos e dos Membros
de Poder do Estado do Ceará – SUPSEC, exceto *Redação anterior: (Lei nº 10.589, de
se decorrentes de cargos acumuláveis previstos 23.1.1981): Art. 72 – Observadas as
na Constituição Federal. *Acrescentado pela Lei disposições do artigo anterior, para todos os
nº 13.578, de 21.1.2005 D. O. 25.1.2005 - efeitos, o funcionário em regime de acumulação
Apêndice. de cargos poderá transferir, total ou
parcialmente, tempo de serviço de um para
*Ver Emendas Constitucionais Federal n° 41, de outro cargo, desde que o período não seja
19.12.2003 e Estadual n° 56, de 7.1.2004 - simultâneo ou concomitante.
Apêndice.
*Ver Emendas Constitucionais Federal n° 41, de
*§ 3° - O servidor inativo para ser investido em 19.12.2003 e Estadual n° 56, de 7.1.2004 -
cargo público efetivo não acumulável com Apêndice.
aquele que gerou a aposentadoria deverá
renunciar aos proventos desta. *Acrescentado CAPÍTULO I Da Estabilidade e da Vitaliciedade
pela Lei nº 13.578, de 21.1.2005 D. O.
25.1.2005 - Apêndice. Art. 73 - Estabilidade é o direito que adquire o
funcionário efetivo de não ser exonerado ou
*Ver Emendas Constitucionais Federal n° 41, de demitido, senão em virtude de sentença judicial
19.12.2003 e Estadual n° 56, de 7.1.2004 - ou inquérito administrativo, em que se lhe
Apêndice. tenha sido assegurada ampla defesa.
175

Art. 74 - A estabilidade assegura a permanência *Redação anterior: (Lei nº 12.913, de


do funcionário no Sistema Administrativo. 17.6.1999): I - 1/35 (um trinta e cinco avos) da
remuneração, por cada ano, se homem; e,
*Art. 75 - O funcionário nomeado em virtude de
concurso público ad- quire estabilidade depois *I - 1/10.950 (hum dez mil, novecentos e
de decorridos dois anos de efetivo exercício. cinqüenta avos) da remune- ração por cada dia
trabalhado, se mulher. *Redação dada pela Lei
*Ver Constituicão Federal, art. 41, com a nº 13.578, de 21.1.2005 – D. O. de 25.1.2005.
redação dada pela Emenda Constitucional nº Apêndice.
19, de 4.6.1998 – D. O. U. de 5.6.1998 –
Apêndice. *Redação anterior: (Lei nº 12.913, de
17.6.1999): I - 1/30 (um trinta avos) da
*Ver Lei nº 13.092, de 13.092, de 8.1.2001 – remuneração, por cada ano, se mulher.
D. O. 8.1.2001 – Apêndice.
*§ 2º - A apuração do tempo de serviço será
Parágrafo único - A estabilidade funcional é feita em dias, sendo o número de dias
incompatível com o cargo em comissão. convertido em anos, considerando-se o ano de
365 (trezentos e sessenta e cinco) dias,
Art. 76 - O funcionário perderá o cargo vitalício
permitido o arredondamento para um ano, na
somente em virtude de sentença judicial.
conclusão da conversão, o que exceder a 182
CAPÍTULO I Da Disponibilidade (cento e oitenta e dois) dias. *Redação dada
pela Lei nº 12.913, de 17.6.1999 – D. O. de
*Art. 7 - Disponibilidade é o afastamento de 18.6.1999 – Apêndice.
exercício de funcionário estável em virtude da
extinção do cargo, ou da decretação de sua *Redação anterior: (Lei nº 9.826, de
desne- cessidade. 14.5.1974): § 2º - Para efeito de fixação dos
vencimentos da disponibilidade será obedecida
*Ver § 3º do art. 41 da Constituição Federal a proporcionalidade, quanto ao tempo, prevista
com a redação dada pela Emenda Constitucional para a aposentadoria compulsória.
Federal nº 19, de 4.6.1998 – D. O. U. 5.6.1998
– Apêndice. § 3º - Aplicam-se aos vencimentos da
disponibilidade os mesmos critérios de
*§ 1º - Extinto o cargo ou declarada sua atualização, estabelecidos para os funcionários
desnecessidade, o servidor ficará em ativos em geral.
disponibilidade percebendo remuneração
proporcional por cada ano de serviço, à razão CAPÍTULO IV Das Férias
de: *Redação dada pela Lei nº 13.578, de
*Art. 78 - O funcionário gozará trinta dias
21.1.2005 – D. O. de 25.1.2005. Apêndice.
consecutivos, ou não, de férias por ano, de
*Redação anterior: (Lei nº 12.913, de acordo com a escala organizada pelo dirigente
17.6.1999): § 1° - Extinto o cargo ou declarado da Uni- dade Administrativa, na forma do
sua desnecessidade, o servidor ficará em regulamento.
disponibilidade percebendo remuneração
*Ver art. 7º, inciso XVII da Constituição Federal
proporcional por cada ano de serviço, a razão
e art. 167, inciso VII da Constituição Estadual,
de:
bem como Decreto nº 20.769, de 1.6.1990 - D.
*I - 1/12.775 (um doze mil, setecentos e O. de 12.6.1990 - Apêndice.
setenta e cinco avos) da remu- neração por
§ 1º - Se a escala não tiver sido organizada, ou
cada dia trabalhado, se homem; e *Redação
houver alteração do exercício funcional, com a
dada pela Lei nº 13.578, de 21.1.2005 – D. O.
movimentação do funcionário, a este caberá
de 25.1.2005. Apêndice.
176

requerer, ao superior hierárquico, o gozo das obrigatório; VI - para acompanhar o cônjuge;


férias, podendo a autoridade, apenas, fixar a VII - em caráter especial.
oportunidade do deferimento do pedido, dentro
do ano a que se vincular o direito do servidor. Art. 81 - A licença dependente de inspeção
médica terá a duração que for indicada no
§ 2º - O funcionário não poderá gozar, por ano, respectivo laudo.
mais de dois períodos de férias.
§ 1º - Findo esse prazo, o paciente será
§ 3º - O funcionário terá direito a férias após submetido a nova inspeção, devendo o laudo
cada ano de exercício no Sistema concluir pela volta do funcionário ao exercício,
Administrativo. pela prorrogação da licença ou, se for o caso,
pela aposentadoria.
§ 4º - É vedado levar à conta de férias qualquer
falta ao serviço. § 2º - Terminada a licença o funcionário
reassumirá imediatamente o exercício.
*§ 5º - REVOGADO.
Art. 82 - A licença poderá ser determinada ou
*Revogado o § 5º pelo art. 2º da Lei nº 12.913, prorrogada, de ofício ou a pedido.
de 17.6.1999 - D. O. de 18.6.1999. – Apêndice.
Parágrafo único - O pedido de prorrogação
*Parágrafo Revogado: deverá ser apresentado antes de finda a licença,
e, se indeferido, contar-se-á como licença o
*§ 5º - Os períodos de férias não gozadas serão
período compreendido entre a data do término e
computados em dobro para fins de progressão
a do conhecimento oficial do despacho.
horizontal, aposentadoria e disponibilidade,
incluindo-se, na norma ora estabelecida, Art. 83 - A licença gozada dentro de sessenta
períodos referentes a anos anteriores, quer já dias, contados da determinação da anterior será
estejam averbados ou não. considerada como prorrogação.
*Redação dada pela Lei nº 10.312, de Art. 84 - O funcionário não poderá permanecer
26.9.1979 - D. O. de 27.9.1979 - Apêndice. em licença por prazo superior a vinte e quatro
meses, salvo nos casos dos itens I, II, V e VI do
Art. 79 - A promoção, o acesso, a transferência
art. 80, deste Estatuto.
e a remoção não interromperão as férias.
*Art. 85 – REVOGADO. *Artigo revogado pela
CAPÍTULO V *Das Licenças
Lei n° 13.578, de 21.1.2005 – D. O. 25.1.2005.
*Ver art. 10, inciso I, letra b, § 1º dos ADCT da – Apêndice.
Constituição Federal e Lei nº 10.738, de
*Redação anterior
26.10.1982 - D. O. de 10.1.1982.
*Art. 89 – O servidor será compulsoriamente
SEÇÃO I Das Disposições Preliminares
licenciado quando sofrer uma dessas doenças
Art. 80 - Será licenciado o funcionário: I - para graves, contagiosas ou incuráveis: tuberculose
tratamento de saúde; ativa, alienação mental, neoplasia malígna,
cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e
*I - por acidente no trabalho, agressão não incapacitante, cardiopatia grave, doença de
provocada e doença profis- sional; *Ver art.98, Parkson, espondiloartrose anquilosante,
revogado pelo art. 16 da Lei nº 13578, de epilepsia vera, nefropatia grave, estado
21.1.2005 – D.O. 25.1.2005. avançado da doença de Paget (osteite
deformante), síndrome da deficiencia
I - por motivo de doença em pessoa da família;
imunológica adquirida – Aids, contaminação por
IV - quando gestante; V - para serviço militar
radiação, com
177

: (Lei n° 9.826, de 14.5.1974): Art. 85 - O outras que forem determinadas em


ocupante de cargo em comissão, mesmo que Regulamento, de acordo com indicações da
não titular de cargo efetivo, terá direito às medicina especializada. *Regulamentado pelo
licenças referidas nos itens I a IV, do art. 80. Decreto nº 14.058, de 30.9.1980 - D. O.
10.10.1980 - Apêndice.
Art. 86 - São competentes para licenciar o
funcionário os dirigentes do Sistema Art. 90 - Verificada a cura clínica, o funcionário
Administrativo Estadual, admitida a delegação, licenciado voltará ao exercício, ainda quando
na forma do Regulamento. deva continuar o tratamento, desde que
comprovada por inspeção médica capacidade
Art. 87 - VETADO. § 1º - VETADO. para a atividade funcional.
§ 2º - VETADO. Art. 91 - Expirado o prazo de licença previsto no
laudo médico, o funcionário será submetido a
§ 3º - VETADO.
nova inspeção, e aposentado, se for julgado
SEÇÃO I Da Licença para Tratamento de Saúde inválido. *Redação dada pela Lei nº 13.578, de
21.1.2005 – D. O. de 25.1.2005. Apêndice.
*Art. 88 - A licença para tratamento de saúde *Parágrafo único – Na hipótese prevista neste
precederá a inspeção médica, nos termos do artigo, o tempo necessário para a nova inspeção
Regulamento. *Ver Lei nº 10.738, de será considerado como de prorrogação da
26.10.1982 – D. O. de 10.11.1982 - Apêndice. licença e, no caso de invalidez, a inspeção
ocorrerá a cada 2 (dois) anos. *Redação
*Art. 89 – O servidor será compulsoriamente
anterior: (Lei nº 9.826, de 14.5.1974):
licenciado quando sofrer uma dessas doenças
Parágrafo único - Na hipótese deste artigo, o
graves, contagiosas ou incuráveis: tuberculose
tempo necessário para a nova inspeção será
ativa, alienação mental, neoplasia malígna,
considerado como de prorrogação da licença.
cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e
incapacitante, cardiopatia grave, doença de Art. 92 - No processamento das licenças para
Parkson, espondiloartrose anquilosante, tratamento de saúde será observado sigilo no
epilepsia vera, nefropatia grave, estado que diz respeito aos laudos médicos.
avançado da doença de Paget (osteite
deformante), síndrome da deficiencia Art. 93 - No curso da licença, o funcionário
imunológica adquirida – Aids, contaminação por abster-se-á de qualquer atividade remunerada,
radiação, com base em conclusão da medicina sob pena de interrupção imediata da mesma
especializada, hepatopatia e outras que forem licença, com perda total dos vencimentos, até
disciplinadas em Lei. *Redação dada pela Lei nº que reassuma o exercício.
13.578, de 21.1.2005 – D. O. de 25.1.2005.
Art. 94 - O funcionário não poderá recusar a
Apêndice. *Redação anterior: (Lei nº 9.826, de
inspeção médica determinada pela autoridade
14.5.1974):
competente, sob pena de suspensão do
Art. 89 - O funcionário será compulsoriamente pagamento dos vencimentos, até que seja
licenciado quando sofrer de uma das seguintes realizado exame.
moléstias: Tuberculose ativa, alienação mental,
Art. 95 - Considerado apto em inspeção médica,
neoplasia maligna, cegueira ou redução de vista
o funcionário reassumirá o exercício
que praticamente lhe seja equivalente,
imediatamente, sob pena de se apurarem como
hanseniase, paralisia irreversível e
faltas os dias de ausência.
incapacitante, cardiopatia grave, doença de
Parkinson, espondiloartrose anquilosante, Art. 96 - No curso da licença poderá o
epilepsia vera, nefropatia grave, estados funcionário requerer inspeção médica, caso se
avançados de Paget (osteite deformante) e julgue em condições de reassumir o exercício.
178

Art. 97 - Serão integrais os vencimentos do § 2º - A necessidade de assistência ao doente,


funcionário licenciado para tratamento de na forma deste artigo, será comprovada
saúde. mediante parecer do Serviço de Assistência
Social, nos termos do Regulamento.
*Art. 98 – REVOGADO. *Artigo revogado pela
Lei n° 13.578, de 21.1.2005 – D. O. 25.1.2005. *§ 3° - O funcionário licenciado, nos termos
– Apêndice. *Redação anterior: (Lei n° 9.826, desta seção, perceberá vencimentos integrais
de 14.5.1974): até 6 (seis) meses. Após este prazo o servidor
obedecerá o disposto no inciso IV, do art. 66
Art. 98 -À licença para tratamento de saúde desta Lei, até o limite de 4 (quatro) anos,
causada por doença profissional, agressão não devendo retornar a suas atividades funcionais
provocada e acidente no trabalho aplica-se o imediatamente ao fim do período. *Redação
disposto nesta Seção sem prejuízo das regras dada pela Lei nº 13.578, de 21.1.2005 – D. O.
estabelecidas nos arts. 105, item IV e 151, 152 de 25.1.2005. Apêndice. *Redação anterior:
e 169 e parágrafos, deste Estatuto. *Ver Lei nº (Lei nº 9.826, de 14.5.1974):
12.913. de 17.6.1999 – D. O. 18.6.1999, que
revoga o art. 105 – Apêndice. § 3º - O funcionário licenciado, nos termos
desta Seção, perceberá vencimentos integrais
SEÇÃO III Da Licença por Motivo de Doença em até dois anos. Depois desse prazo, não lhe será
Pessoa da Família pago vencimento.
*Art. 99 – O servidor poderá ser licenciado por *Art. 100 – Fica garantida a possibilidade de
motivo de doença na pessoa dos pais, filhos, prorrogação, por mais 60 (sessenta) dias, da
cônjuge do qual não esteja separado e de licença-maternidade, prevista nos art. 7º, inciso
companheiro(a), desde que prove ser XVIII, e 39, §3º, da Constituição Federal
indispensável a sua assistência pessoal e esta destinada às servidoras públicas estaduais.
não possa ser prestada simultaneamente com *Redação dada pela Lei nº 13.881, de
exercício funcional. *Redação dada pela Lei nº 24.4.2007 – D. O. de 15.5.2007. - Apêndice.
13.578, de 21.1.2005 – D. O. de 25.1.2005. *Ver Decreto nº 29.652, de 17.2.2009 – D.O.
Apêndice. *Redação anterior: (Lei nº 9.826, de de 19.02.2009. *Redação anterior: (Lei nº
14.5.1974): 13.578, de 21.1.2005):
Art. 99 - O funcionário poderá ser licenciado por Art. 100 - A servidora gestante será licenciada
motivo de doença na pessoa de ascendente, por 120 (cento e vinte) dias, com remuneração
descendente colateral, consangüíneo ou afim, integral, exceto vantagens decorrentes de cargo
até o segundo grau, de cônjuge do qual não comissionado. Parágrafo único - Salvo
esteja separado, de dependente que conste do prescrição médica em contrário, a licença será
seu assentamento individual e de companheiro deferida a partir do oitavo mês de gestação.
ou companheira, desde que prove ser
indispensável a sua assistência pessoal e esta §1° - A prorrogação de que trata este artigo
não possa ser prestada simultaneamente com será assegurada à servidora estadual mediante
exercício funcional. *Ver Leis nº 10.738, de requerimento efetivado até o final do primeiro
26.10.1982 - D. O. 10.11.1982 e nº 10.985, de mês após o parto, e concedida imediatamente
14.12.1984 - D. O. 18.12.1984 - Apêndice. após a fruição da licençamaternidade de que
trata o art. 7º, inciso XVIII, da Constituição
§ 1º - Provar-se-á a doença mediante inspeção Federal.(NR)
médica realizada conforme as exigências
contidas neste Estatuto quanto à licença para §2° - Durante o período de prorrogação da
tratamento de saúde. licença-maternidade, a servidora estadual terá
direito à sua remuneração integral, nos mesmos
moldes devido no período de percepção do
179

salário-maternidade pago pelo Sistema Único de SEÇÃO VI Da Licença do Funcionário para


Previdência Social dos Servidores Públicos Civis Acompanhar o Cônjuge
e Militares, dos Agentes Públicos e dos Membros
de Poder do Estado do Ceará – SUPSEC.(NR) *Art. 103 - O funcionário terá direito a licença
sem vencimento, para acompanhar o cônjuge,
§3° - É vedado durante a prorrogação da também servidor público, quando, de ofício, for
licença-maternidade tratada neste artigo o mandado servir em outro ponto do Estado, do
exercício de qualquer atividade remunerada Território Nacional, ou no Exterior. *Ver Lei nº
Pela servidora beneficiária, e a criança não 10.738, de 26.10.1982 – D. O. 10.11.1982 -
poderá ser mantida em creches ou organização Apêndice.
similar, sob pena da perda do direito do
benefício e conseqüente apuração da § 1º - A licença dependerá do requerimento
responsabilidade funcional.(NR) devidamente instruído, admitida a renovação,
independentemente de reassunção do exercício.
SEÇÃO V Da Licença para Serviço Militar
Obrigatório § 2º - Finda a causa da licença, o funcionário
retornará ao exercício de suas funções, no prazo
Art. 101 - O funcionário que for convocado para de trinta dias, após o qual sua ausência será
o serviço militar será licenciado com considerada abandono de cargo.
vencimentos integrais, ressalvado o direito de
opção pela retribuição financeira do serviço § 3º - Existindo no novo local de residência
militar. repartição estadual, o funcionário nela será
lotado, enquanto durar a sua permanência ali.
*§1° - Ao servidor desincorporado conceder-se-
á prazo não excedente a 30 (trinta) dias para Art. 104 - Nas mesmas condições estabelecidas
que reassuma o exercício do cargo, sem perda no artigo anterior o funcionário será licenciado
de vencimentos. *Redação dada pela Lei nº quando o outro cônjuge esteja no exercício de
13.578, de 21.1.2005 – D. O. de 25.1.2005. mandato eletivo fora de sua sede funcional.
Apêndice. *Redação anterior: (Lei nº 9.826, de
*SEÇÃO VII Da Licença Especial *Revogado a
14.5.1974): Parágrafo único - Ao funcionário
Seção VII, compreendendo os artigos 105 a
desincorporado conceder-se-á prazo não
108, pela Lei nº 12.913, de 17.6.1999 - D. O.
excedente de trinta dias para que reassuma o
18.6.1999 – Apêndice. Artigos Revogados: Da
exercício, sem perda dos vencimentos.
Licença Especial
*§2° - O servidor, de que trata o caput deste
*Art. 105 - Ao funcionário público que contar 5
artigo, contribuirá para o Sistema Único de
(cinco) anos de serviço ininterruptos será
Previdência Social dos Servidores Públicos Civis
concedida licença especial de 3 ( três ) meses
e Militares, dos Agentes Públicos e dos Membros
com vencimentos integrais, assistindo-lhe, no
de Poder do Estado do Ceará – SUPSEC, mesmo
caso de desistência, o direito de contar em
que faça opção pela retribuição financeira do
dobro o tempo respectivo para os efeitos de
serviço militar. *Acrescentado pela Lei nº
aposentadoria, disponibilidade e progressão
13.578, de 21.1.2005 – D. O. de 25.1.2005.
horizontal.”
Apêndice.
*O art. 105, teve sua redação dada pelo art. 12
Art. 102 - O funcionário, Oficial da Reserva não
da Lei de nº 11.745, de 30.10.1990 - D. O.
remunerada das Forças Armadas, será
6.12.1990 - Apêndice. *Redação anterior: (Lei
licenciado, com vencimentos integrais, para
nº 9.826, de 14.5.1974):
cumprimento dos estágios previstos pela
legislação militar, garantido o direito de opção. Art. 105 - VETADO.

§ 1º - VETADO.
180

§ 2º - Considera-se serviço ininterrupto, para os sem prejuízo dos vencimentos quando: a) for
efeitos deste artigo, quando, prestado no estudante, para incentivo à sua formação
período correspondente ao qüinqüênio, não profissional e dentro dos limites estabelecidos
tenha o funcionário: I - faltado ao serviço sem neste Estatuto; *b) for estudar em outro ponto
justificação; II - sofrido qualquer sanção, salvo do território nacional ou no estrangeiro;
a de repreensão; III - gozado licença por motivo *Redação dada pela Lei nº 13.578, de
de doença em pessoas da família, ou para 21.1.2005 – D. O. de 25.1.2005. Apêndice.
acompanhar o cônjuge; IV - gozado licença para *Redação anterior: (Lei nº 9.826, de
tratamento de saúde por prazo superior a seis 14.5.1974): b - for realizar missão ou estudo
meses, salvo os casos de licença por motivo de em outro ponto do território nacional ou no
agressão não provocada, acidente no trabalho e estrangeiro; c) por motivo de casamento, até o
doença profissional; V - tido o seu vínculo máximo de 8 (oito) dias; d) por motivo de luto
funcional suspenso. até 8 (oito) dias, em decorrência de falecimento
de cônjuge ou companheiro, parentes
§ 3º - A licença especial poderá ser gozada, a consangüíneos ou afins, até o 2º grau, inclusive
pedido do funcionário, de uma só vez, ou madrasta, padrasto e pais adotivos; e) por luto,
parceladamente, atendidas as conveniências do até 2 (dois) dias, por falecimento de tio e
requerente e do Sistema Administrativo. cunhado; *f) for realizar missão oficial em outro
ponto do território nacional ou no estrageiro.
§ 4º - Convertido, no todo ou em parte, em
*acrescida pela Lei nº 13.578, de 21.1.2005 –
tempo de serviço, é irretratável a desistência da
D.O. de 25.1.2005 Apêndice. II - sem direito à
licença especial.
percepção dos vencimentos, quando se tratar
Art. 106 - Caberá ao Chefe da repartição onde o de afastamento para trato de interesses
funcionário é lotado, tendo em vista particulares; III - com ou sem direito à
conveniência do Sistema Administrativo, percepção dos vencimentos, conforme se
determinar a data do início da licença especial. dispuser em regulamento, quando para o
exercício das atribuições de cargo, função ou
Art. 107 - O direito de requerer licença especial emprego em entidades e órgãos estranhos ao
não está sujeito a caducidade. Sistema Administrativo Estadual.

Art. 108 - A licença especial poderá ser *§1° - Nos casos previstos nas alíneas a e b, o
interrompida, de ofício, quando o exigir servidor só poderá solicitar exoneração após o
interesse público superveniente, ou a pedido do seu retorno, desde que trabalhe no mínimo o
funcionário, preservado, em qualquer caso, o dobro do tempo em que esteve afastado, ou
direito do servidor ao gozo do período restante reembolse o montante corrigido
da licença. monerariamente que o Estado desembolsou
durante seu afastamento. *Redação dada pela
Art. 109 - VETADO.
Lei nº 13.578, de 21.1.2005 – D. O. de
Parágrafo único – VETADO. 25.1.2005. Apêndice. *Redação anterior: (Lei
nº 10.815, de 19.7.1983): Parágrafo único - Os
CAPÍTULO VI Das Autorizações dirigentes do Sistema Administrativo Estadual
poderão, ainda, autorizar o funcionário,
SEÇÃO I Das Disposições Preliminares ocupante do cargo efetivo ou em comissão, a
integrar ou assessorar comissões, grupos de
*Art. 110 - Os dirigentes do Sistema
trabalho ou programas, com ou sem
Administrativo Estadual autorizarão o
afastamento do exercício funcional e sem
funcionário a se afastar do exercício funcional
prejuízo dos vencimentos.
de acordo com o disposto em Regulamento:
*Regulamentado pelo Decreto nº 25.851 de
12.4.2000 – D. O. 12.4.2000 - Apêndice. I -
181

*Ver Decreto nº 18.055, de 29.7.1986 - D. O. a autorização, na dependência da comprovação


13.8.1986 posteriormente modificado pelo posterior, sem que esta tenha sido efetuada no
Decreto nº 18.096, de 22.8.1986 – D. O. prazo estipulado, a autoridade anulará a
26.8.1986 - Apêndice. autorização, sem prejuízo de outras
providências que considerar cabíveis.
*§ 2° - Os dirigentes do Sistema Administrativo
Estadual poderão, ainda, autorizar o servidor, SEÇÃO III Do Afastamento para o Trato de
ocupante do cargo efetivo ou em comissão, a Interesses Particulares
integrar ou assessorar comissões, grupos de
trabalho ou programas, com ou sem *Art. 115 – Depois de três anos de efetivo
afastamento do exercício funcional e sem exercício e após declaração de aquisição de
prejuízo dos vencimentos. *Acrescentado pela estabilidade no cargo de provimento efetivo, o
Lei nº 13.578, de 21.1.2005 – D. O. de servidor poderá obter autorização de
25.1.2005. Apêndice. afastamento para tratar de interesses
particulares, por um período não superior a
SEÇÃO II Das Autorizações para Incentivo à quatro anos e sem percepção de remuneração.
Formação Profissional do Funcionário *Redação dada pela Lei nº 13.092, de 8.1.2001
– D. O. 8.1.2001 – Apêndice. *Redação
*Art. 111 - Poderá ser autorizado o anterior: (Lei nº 9.826, de 14.5.1974):
afastamento, até duas horas diárias, ao
funcionário que freqüente curso regular de 1º e Art. 115 - Depois de dois anos de efetivo
2º graus ou de ensino superior. *Ver Lei nº exercício, o funcionário poderá obter
11.160, de 20.12.1985 - D. O. 24.12.1985 – autorização de afastamento para tratar de
Apêndice. *Ver Lei nº 11.182, de 9.6.1986 - D. interesses particulares, por um período não
O. 18.6.1986 - Apêndice. Parágrafo único - A superior a quatro anos e sem percepção de
autorização prevista neste artigo poderá dispor vencimentos. Parágrafo único - O funcionário
que a redução do horário dar-se-á por aguardará em exercício a autorização do seu
prorrogação do início ou antecipação do término afastamento.
do expediente, diário, conforme considerar mais
conveniente ao estudante e aos interesses da Art. 116 - Não será autorizado o afastamento do
repartição. funcionário removido antes de ter assumido o
exercício.
Art. 112 - Será autorizado o afastamento do
exercício funcional nos dias em que o Art. 117 - O funcionário poderá, a qualquer
funcionário tiver que prestar exames para tempo, desistir da autorização concedida,
ingresso em curso regular de ensino, ou que, reassumindo o exercício das atribuições do seu
estudante, se submeter a provas. cargo.

Art. 113 - O afastamento para missão ou estudo Art. 118 - Quando o interesse do Sistema
fora do Estado em outro ponto do território Administrativo o exigir, a autorização poderá
nacional ou no estrangeiro será autorizado nos ser cassada, a juízo da autoridade competente,
mesmos atos que designarem o funcionário a devendo, neste caso, o funcionário ser
realizar a missão ou estudo, quando do expressamente notificado para apresentar-se ao
interesse do Sistema Administrativo Estadual. serviço no prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável
por igual período, findo o qual caracterizar-se-á
Art. 114 - As autorizações previstas nesta Seção o abandono do cargo.
dependerão de comprovação, mediante
documento oficial, das condições previstas para Art. 119 - A autorização para afastamento do
as mesmas, podendo a autoridade competente exercício para o trato de interesses particulares
exigi-la prévia ou posteriormente, conforme somente poderá ser prorrogada por período
julgar conveniente. Parágrafo único - Concedida
182

necessário para complementar o prazo previsto parte da remuneração do servidor, assim


no art. 115 deste Estatuto. entendida como o vencimentobase, acrescido
das vantagens fixas e de caráter pessoal.
Art. 120 - O funcionário somente poderá
receber nova autorização para o afastamento *§4° - Redação alterada pela Lei nº 13.369, de
previsto nesta Seção após decorridos, pelo 22.9.2003 - D. O. 24.9.2003 – Apêndice.
menos, dois anos de efetivo exercício contado *Redação anterior: (Lei nº 9.826, de
da data em que o reassumiu, em decorrência do 14.5.1974):
término do prazo autorizado ou por motivo de
desistência ou de cassação de autorização §4° - As reposições e indenizações à Fazenda
concedida. Pública serão descontadas em parcelas mensais
não excedentes da 10ª parte do vencimento.
CAPÍTULO VII Da Retribuição
§ 5º - Se o funcionário for exonerado ou
SEÇÃO I Disposições Preliminares demitido, a quantia por ele devida será inscrita
como dívida ativa para os efeitos legais. SEÇÃO
Art. 121 - Todo funcionário, em razão do vínculo II Do Vencimento
que mantém com o Sistema Administrativo
Estadual, tem direito a uma retribuição *Art. 123 - Considera-se vencimento a
pecuniária, na forma deste Estatuto. retribuição correspondente ao padrão, nível ou
símbolo do cargo a que esteja vinculado o
Art. 122 - As formas de retribuição são as funcionário, em razão do efetivo exercício de
seguintes: I - vencimento; II - ajuda de custo; função pública. *Ver art. 7º, inciso VIII, da
III - diária; *IV - REVOGADO. *IV - Revogado Constituição Federal e art. 167, incisos I e XIV
pela Lei nº 12.913, de 17.6.1999 - D. O. da Constituição Estadual, e arts. 42 e 43 da Lei
18.6.1999 – Apêndice. Inciso Revogado: IV- nº 12.386, de 9.12.94 - D. O. 9.12.94 –
auxílio para diferença de caixa; V - Apêndice.
gratificações.
*Art. 124 - O funcionário perderá: *Ver Decreto
§ 1º - O conjunto das retribuições constitui os nº 18.590, de 18.3.87 - D. O. 19.3.1987 -
vencimentos funcionais. Apêndice. I - o vencimento do cargo efetivo,
quando nomeado para cargo em comissão,
§ 2º - A retribuição do funcionário disponível
salvo o direito de opção e de acumulação lícita;
constitui vencimentos para todos os efeitos
II - o vencimento do cargo efetivo, quando no
legais.
exercício de mandato eletivo, federal ou
§ 3º - A retribuição pecuniária atribuída ao estadual; *III - o vencimento do cargo efetivo,
funcionário não sofrerá descontos além dos quando dele afastado para exercer mandato
previstos expressamente em lei, nem serão eletivo municipal remunerado; *Ver art. 38,
objetos de arresto, seqüestro ou penhora, salvo inciso III da Constituição Federal e art. 175,
quando se tratar de: I - prestação de alimentos inciso III da Constituição Estadual. IV - o
determinada judicialmente; II - reposição de vencimento do dia, se não comparecer ao
indenização devida à Fazenda Estadual; *III – serviço, salvo motivo legal ou doença
auxílios e benefícios instituídos pela comprovada, de acordo com o disposto neste
Administração Pública. *III – Acrescentado pela Estatuto; V - um terço do vencimento do dia, se
Lei nº 13.369, de 22.9.2003 - D. O. 24.9.2003 comparecer ao serviço dentro da hora seguinte
– Apêndice. à fixação para o início do expediente, quando se
retirar antes de findo o período de trabalho; VI -
*§ 4º - As reposições e indenizações devidas à um terço do vencimento, durante o afastamento
Fazenda Pública Estadual serão descontadas em por motivo de prisão administrativa, prisão
parcelas mensais, não excedentes da décima preventiva, pronúncia por crime comum,
183

denúncia por crime funcional ou condenação por comprovada, ou quando o mesmo for
crime inafiançável em processo no qual não exonerado a pedido, após 90 (noventa) dias de
haja pronúncia, tendo direito à diferença, se exercício na nova sede. SEÇÃO IV Das Diárias
absolvido; VII - dois terços do vencimento
durante o período de afastamento em virtude *Art. 129 - Ao funcionário que se deslocar da
de condenação por sentença passada em sua repartição em objeto de serviço, conceder-
julgado à pena de que não resulte em se-á diária a título de indenização das despesas
demissão. Parágrafo único - O funcionário de alimentação e hospedagem, na forma do
investido em mandato gratuito de vereador fará Regulamento. *Ver Decreto nº 23.651, de
jus à percepção dos seus vencimentos nos dias 28.3.1995 - D. O. 31.3.1995 – Apêndice
em que comparecer às sessões da Câmara.
Art. 130 - O funcionário que receber diária
SEÇÃO III Da Ajuda de Custo indevida será obrigado a restituí-la de uma só
vez, ficando, ainda, sujeito à punição disciplinar.
Art. 125 - Será concedida ajuda de custo ao
funcionário que for designado, de ofício, para *SEÇÃO V Do Auxílio para Diferença de Caixa
ter exercício em nova sede, mesmo fora do *Revogada a
Estado. Parágrafo único - A ajuda de custo
SEÇÃO V, do Capítulo VII, do Título IV,
destina-se à indenização das despesas de
compreendendo o art. 131 e seu parágrafo
viagem e de nova instalação do funcionário.
único, pela Lei nº 12.913 de 17.6.1999 - D. O.
Art. 126 - A ajuda de custo não excederá de 18.6.1999 – Apêndice. Artigo revogado:
três meses de vencimentos, salvo nos casos de
*Art. 131 - Ao funcionário que, no desempenho
designação do funcionário para: a) ter exercício
de suas atribuições, pagar ou receber em
fora do Estado; b) serviço fora do Estado.
moeda corrente, será concedido um auxílio para
*Parágrafo único - A ajuda de custo será
compensar diferença de caixa. *Ver Lei nº
arbitrada, dentro das respectivas áreas de
11.063, de 15.7.1985 - D. O. 8.8.1985 -
competência, pelo Governador do Estado,
Apêndice. Parágrafo único - O auxílio referido
Presidente da Assembléia Legislativa, do
neste artigo será fixado de acordo com o
Tribunal de Justiça, do Tribunal de Contas, do
volume dos valores manipulados, não podendo
Conselho de Contas dos Municípios e das
exceder de 10% (dez por cento) do vencimento
Autarquias. *Ver Emenda Constitucional nº 9,
do cargo.
de 16.12.1992 – D. O. 22.12.1992 – Apêndice.
SEÇÃO VI Das Gratificações
Art. 127 - A ajuda de custo para serviço fora do
Estado será calculada na forma disposta em Art. 132 - Ao funcionário conceder-se-á
Regulamento. gratificação em virtude de: I - prestação de
serviços extraordinários; II - representação de
Art. 128 - O funcionário restituirá a ajuda de
Gabinete; III - exercício funcional em
custo: I - quando não se transportar para a
determinados locais; IV - execução de trabalho
nova sede no prazo determinado; II - quando,
relevante, técnico ou científico; *V - serviço ou
antes de terminada a incumbência, regressar,
estudo fora do Estado ou do País;
pedir exoneração ou abandonar o serviço.
*Regulamentado pelo Decreto nº 12.765, de
§ 1º - A restituição é de exclusiva 19.5.1978 - D. O. 26.5.1978 – Apêndice. Ver
responsabilidade pessoal e poderá ser feita Art. 9º da Lei 13.578 de 21.1.2005 – D.O.
parceladamente. 25.1.2005. VI - execução de trabalho em
condições especiais, inclusive com risco de vida
§ 2º - Não haverá obrigação de restituir, ou saúde; VII - participação em órgão de
quando o regresso do funcionário for deliberação coletiva; VIII - participação em
determinado de ofício ou por doença comissão examinadora de concurso; *IX -
184

exercício de magistério, em regime de tempo subordinados envolvidos, que ficarão


complementar; ou em cursos especiais, solidariamente obrigados a restituir ao tesouro
legalmente instituídos, inclusive para estadual as quantias pagas a maior. *Redação
treinamento de funcionários; *Ver Decreto nº dada pela Lei nº 12.913, de 17.6.1999 - D. O.
23.695, de 6.6.1995 - D. O. 7.6.1995 - 18.6.1999 – Apêndice. *Ver art. 7º, XVI, da
Apêndice. X - representação; XI - regime de Constituição Federal e art. 167, VI, da
tempo integral; XII - de aumento de Constituição Estadual. *Redação anterior: (Lei
produtividade; XIII - exercício em órgãos nº 9.826, de 14.5.1974):
fazendários. *Parágrafo único - As gratificações
não definidas nesta lei serão objeto de Art. 133 - A gratificação por prestação de
regulamento. *Ver Decreto nº 12.765, de serviços extraordinários é a retribuição de
19.5.1978 - D. O. 26.5.1978 - Apêndice. serviços executados fora do expediente normal
a que estiver sujeito o funcionário e será
*Art. 133 - A gratificação pela prestação de atribuída: I - por hora de trabalho prorrogado
serviço extraordinário é a retribuição de serviço ou antecipado; II - por tarefa especial.
cuja execução exija dedicação além do
expediente normal a que estiver sujeito o § 1º - O valor hora de trabalho para efeito do
servidor e será paga proporcionalmente: I - por item I será obtido dividindo-se o vencimento
hora de trabalho adicional; ou, II - por tarefa mensal do funcionário por 140 (cento e
especial, levando-se em conta estimativa do quarenta).
número de dias e de horas necessários para sua
§ 2º - A gratificação por hora de trabalho
realização.
extraordinário não poderá exceder de 1/3 do
§ 1º - O valor da hora de trabalho adicional será vencimento mensal do funcionário, salvo nas
50% (cinqüenta por cento) maior que o da hora repartições de natureza industrial.
normal de trabalho, apurado através da divisão
§ 3º - Em se tratando de serviço extraordinário
do valor da remuneração mensal do servidor
noturno, o valor da hora será acrescido de 30%
por 30 (trinta) e este resultado pelo número de
(trinta por cento).
horas correspondentes à carga horária ou
regime do servidor. § 4º - Na hipótese do item II, a gratificação
será arbitrada previamente pelo chefe da
§ 2º - No caso do inciso II, a gratificação será
repartição na forma de acréscimo proporcional
arbitrada previamente pelo dirigente do órgão
ao valor do nível de vencimento do cargo ou
ou entidade da administração pública de
função, nos limites mínimos de 40% (quarenta
qualquer dos Poderes, através de ato que
por cento) e máximo de 60% (sessenta por
demonstre a proporcionalidade do pagamento,
cento) e somente será concedida por execução
com indicação da estimativa dos dias e dos
de trabalho de evidente destaque das tarefas de
horários que serão necessários à consecução
rotina e de acordo com o previsto em
dos serviços.
Regulamento.
§ 3º - A despesa total mensal com o pagamento
*Art. 134 - A gratificação pela representação de
da gratificação de que trata este artigo em
Gabinete poderá ser concedida a funcionários e
nenhuma hipótese poderá exceder a 1,5% (um
a pessoas estranhas ao Sistema Administrativo,
e meio por cento) do valor total da despesa
sem qualquer vínculo, com exercício nos
mensal com pagamento de pessoal, do órgão ou
gabinetes e órgãos de assessoramento técnico
entidade considerado.
do referido Sistema, na forma do Regulamento.
§ 4º - O descumprimento ao disposto neste *Ver art. 21 da Lei nº 10.416, de 8.9.1980 - D.
artigo acarretará responsabilidade para o O. 8.9.1980 - Apêndice.
dirigente do órgão ou entidade e seus
185

*Art. 135 - A gratificação pela elaboração ou de 9.6.1993 - D. O. 11.6.1993; Decreto nº


execução de trabalho relevante, técnico ou 22.799, de 4.10.1993 - D. O. 6.10.1993;
científico, será arbitrada e atribuída pelos Decreto nº 22.899, de 12.11.1993 - D. O.
dirigentes do Sistema Administrativo Estadual. 17.11.1993; Art. 48 do Decreto nº 22.934, de
*Ver arts. 10 e 11 da Lei nº 11.346, de 6.12.1993 - D. O. 7.12.1993; Decreto nº
3.9.1987 - D. O. 4.9.1987; e art. 6º da Lei nº 22.961, de 22.12.1993 - D. O. 22.12.1993;
11.428, de 22.3.1988 - D. O. 23.3.1988; Art. Decreto nº 22.965, de 22.12.1993 - D. O. de
39 da Lei nº 11.714 de 25.7.1990 - D. O. 23.12.1993; Decreto nº 24.118, de 19.6.1996 -
4.9.1990;; Decreto nº 22.121 de 2.9.1992 - D. D. O. 21.6.1996- Decreto nº 24.414, de
O. 3.9.1992 - Apêndice. 24.3.1997 – D. O. 26.3.1997; Decreto nº
25.615, de 15.9.1999 – D. O. 17.9.1999.
*Art. 136 - A gratificação pela execução de
trabalho em condições especiais, inclusive com Art. 137 - A gratificação de representação é
risco de vida ou de saúde, será atribuída pelos uma indenização atribuída aos ocupantes de
dirigentes do Sistema Administrativo Estadual, cargos em comissão e outros que a lei
observado o disposto em Regulamento. determinar, tendo em vista despesas de
natureza social e profissional determinadas pelo
*LEIS QUE DISPÕEM SOBRE A GRATIFICAÇÃO exercício funcional.
PELA EXECUÇÃO DE TRABALHO EM CONDIÇÕES
ESPECIAIS COM RISCO DE VIDA OU SAÚDE: Lei Art. 138 - A gratificação por regime de tempo
nº 6.423, de 23.1.1963 - D. O. 28.1.1963; Lei integral, que se destina ao incremento das
nº 6.775, de 20.11.1963 - D. O. 3.12.1963; Lei atividades de investigação científica, ou
nº 6.887, de 13.12.1963 - D. O. 23.12.1963; tecnológica, e aumento da produtividade, no
Lei nº 7.013, de 26.12.1963 - D. O. 13.2.1963; Sistema Administrativo Estadual, será objeto de
Lei nº 8.484, de 13.6.1966 - D. O. 22.6.1966; regulamentação específica.
Lei nº 9.599, de 28.6.1972 - D. O. 3.7.1972;
Lei nº 9.608, de 4.7.1972 - D. O. 10.7.1972; § 1º - No Regulamento de que trata este artigo
Lei nº 9.695, de 22.5.1973 - D. O. 29.5.1973; serão obedecidas as seguintes diretrizes gerais;
Lei nº 11.142, de 13.12.1985 - D. O. *I - proporcionalidade que variará de 60 %
16.12.1985; §§ 1º e 2º do Art. 12 da Lei nº (sessenta por cento) a 100 % (cem por cento)
11.720, de 28.8.1990 - D. O. 28.8.1990; Art. do valor do nível de vencimento ou função,
45 da Lei nº 12.075, de 15.2.1993 - D. O. observando-se os seguintes fatores de variação;
18.2.1993; Art. 5º da Lei nº 12.122, de *O inciso I, do § 1º, do art. 138 foi
29.6.1993 - D. O. 30.6.1993; Art. 8º da Lei nº regulamentado pela Lei nº 9.901, de 26.5.1975
12.207, de 11.11.1993 - D. O. 16.11.1993; Art. - D. O. 3.6.1975 e posteriormente o art. 19 da
61 da Lei nº 12.386, de 9.12.1994 - D. O. Lei nº 10.416 de 8.9.1980 deu nova redação ao
9.12.1994; Art. 4º da Lei nº 12.567, de art. 138 – Apêndice. *Ver arts. 41 e 42 da Lei
3.4.1996 - D. O. 29.4.1996; Art. 6º da Lei nº nº 11.714, de 25.7.1990 - D. O. 4.9.1990 -
12.581, de 30.4.1996 - D. O. 30.4.1996. Apêndice. a) complexidade da tarefa; b)
DECRETOS QUE REGULAMENTAM A deslocamentos exigidos para execução das
GRATIFICAÇÃO POR EXECUÇÃO DE TRABALHO tarefas; c) a situação no mercado de trabalho;
EM CONDIÇÕES ESPECIAIS, INCLUSIVE COM d) as condições de trabalho; e) as prioridades
RISCO DE VIDA OU SAÚDE: Decreto nº 10.794, dos programas, do cargo ou grupo de cargos; e
de 14.5.1974 - D. O. 16.5.1974; Decreto nº f) a especialização exigida do funcionário. II - A
11.528, de 5.11.1975 - D. O. 5.11.1975 - atribuição da gratificação a ocupantes de cargos
Decreto nº 14.835, de 5.11.1981 - D. O. ou grupos de cargos será condicionada a
10.11.1981; Decreto nº 22.077/A, de 4.8.1992 procedimentos administrativos que possibilitem
- D. O. 4.8.1992; Decreto nº 22.362, de a verificação das prioridades dos programas,
2.2.1993 - D. O. 3.2.1993; Decreto nº 22.588, para aumento da produtividade ou incremento à
investigação científica ou tecnológica, com as
186

justificativas dos programas e subprogramas, a § 2º - É vedado repetir pedido de


relação dos servidores indispensáveis à sua reconsideração ou recurso perante a mesma
execução, o prazo de duração do regime e a autoridade.
despesa dele decorrente.
Art. 144 - Caberá recurso: I - do indeferimento
§ 2º - Excepcionalmente e até a aplicação do do pedido de reconsideração; II - das decisões
Plano de Classificação de Cargos de que trata a sobre os recursos sucessivamente interpostos,
Lei nº 9.634, de 30 de outubro de 1972, o nos termos do § 1º deste artigo.
regime de tempo integral poderá ser atribuído a
servidores mensalistas, rema- nescentes das § 1º - O recurso, interposto, perante a
extintas Tabelas Numéricas de Mensalistas, autoridade que tiver praticado o ato ou
inclusive tendo como base de cálculo o nível de proferido a decisão, será dirigido à autoridade
vencimentos do cargo correspondente à imediatamente superior e, sucessivamente, em
respectiva qualificação profissional. escala ascendente, às demais autoridades.

Art. 139 - A gratificação de produtividade § 2º - No encaminhamento do recurso


destina-se a incentivar o aumento de observar-se-á o disposto na parte final do art.
arrecadação dos tributos estaduais, devendo ser 142.
objeto de Regulamentação.
Art. 145 - O pedido de reconsideração e o
Art. 140 - A gratificação de exercício, atribuída recurso não têm efeito suspensivo, salvo
aos funcionários fazendários, constantes da Lei disposição em contrário, e o que for provido
nº 9.375, de 10.07.70, será objeto de retroagirá, nos efeitos, à data do ato
regulamentação própria. impugnado.

CAPÍTULO VIII Do Direito de Petição Art. 146 - O direito de pleitear na esfera


administrativa prescreverá em 120 (cento e
Art. 141 - É assegurado ao funcionário e ao vinte) dias, salvo estipulação em contrário,
aposentado o direito de requerer, representar, prevista expressamente em lei ou regulamento.
pedir reconsideração e recorrer.
Art. 147 - Os prazos estabelecidos neste
Art. 142 - A petição será dirigida à autoridade Capítulo são fatais e improrrogáveis, e o pedido
competente para decidir do pedido e de reconsideração e o recurso, quando cabíveis,
encaminhada por intermédio daquela a quem interrompem a prescrição.
estiver imediatamente subordinado o
requerente se for o caso. Art. 148 - Ao funcionário ou ao seu
representante legalmente constituído é
Art. 143 - O direito de pedir reconsideração, assegurado, para efeito de recurso ou pedido de
que será exercido perante a autoridade que reconsideração, o direito de vista ao processo
houver expedido o ato, ou proferido a primeira na repartição competente durante todo o
decisão, decairá após 60 (sessenta) dias da expediente regulamentar, assegurado o livre
ciência do ato pelo peticionante, ou de sua manuseio do processo em local conveniente. Se
publicação quando esta for obrigatória. o representante do funcionário for advogado,
aplica-se o disposto na Lei Federal pertinente.
§ 1º - O requerimento e o pedido de
reconsideração de que tratam os artigos Art. 149 - O disposto neste Capítulo se aplica,
anteriores deverão ser despachados no prazo de no que couber, aos procedimentos disciplinares.
5 (cinco) dias e decididos dentro de 30 (trinta)
dias improrrogáveis. TÍTULO V Da Previdência e da Assistência

CAPÍTULO I Das Disposições Preliminares


187

*Art. 150 – O Estado assegurará um sistema de Apêndice. *Redação anterior: (Lei n° 9.826, de
previdência público que será mantido com a 14.5.1974):
contribuição de seus servidores, ativos, inativos,
pensionistas e do orçamento do Estado, o qual § 2° - Enquanto não for reformulado o Plano de
compreenderá os seguintes benefícios: I – Custeio da autarquia previdenciária do Estado,
quanto ao servidor: a) aposentadoria; b) será admitido o sistema misto, competindo ao
salário-família; c) salário maternidade; d) Tesouro o ônus decorrente dos benefícios
auxílio-doença. II – quanto ao dependente: *a) previstos nos incisos I, VI, VII, VIII e X deste
pensão por morte; *Ver Emenda Constitucinal artigo, e, ao IPEC, os enunciados nos demais
nº 69, de 18.1.2011 – D. O. de 9.2.2011 - incisos, observadas as normas da legislação
Apêndice. b) auxílio-reclusão. *Redação dada específica.
pela Lei nº 13.578, de 21.1.2005 – D. O. de
*Art. 151 – O Estado assegurará a manutenção
25.1.2005. Apêndice *Ver Emenda
de um sistema de assistência que, dentre
Constitucional Federal nº 20, de 15.12.1998 –
outros, preste os seguintes benefícios e serviços
D. O. U. de 16.12.1998; Emenda Constitucional
aos servidores e aos seus dependentes: I –
Estadual nº 39, de 5.5.1999 – D. O. 10.5.1999;
assistência médica; II – assistência hospitalar;
Emenda Constitucional Estadual nº 69, de
III – assistência odontológica; IV – assistência
18.1.2011 – D. O. 9.2.2011; Lei Complementar
social; V – auxílio funeral. *Redação dada pela
38, de 31.12.2003 – D. O. 31.12.2003;.
Lei nº 13.578, de 21.1.2005 – D. O. de
*Redação anterior: (Lei nº 9.826, de
25.1.2005. Apêndice. *Redação anterior: (Lei
14.5.1974):
nº 9.826, de 14.5.1974): Art. 151 - É
Art. 150 - O Estado assegurará a manutenção assegurada pensão especial integral aos
de um sistema de previdência e assistência que, beneficiários de funcionário falecido em
dentre outros, preste os seguintes benefícios e conseqüência de acidente no trabalho ou doença
serviços ao funcionário e à sua família: I - profissional, na forma em que se acham
aposentadoria; II - pensão; III - pecúlio; IV - conceituados nos §§ 1º, 2º, 3º e 4º do artigo
auxílio-reclusão; V - auxílio-natalidade; VI - 68, e corresponderá ao valor percebido pelo
auxíliodoença; VII - auxílio-funeral; VIII - funcionário, a título de vencimentos, na data do
salário-família: IX - assistência médica; X - óbito, reajustável nos termos da legislação
assistência hospitalar; XI - assistência específica.
obstétrica (pré-natal); XII - assistência
§ 1º - A triagem dos casos apresentados para
odontológica; XIII - assistência financeira; XIV -
internamento hospitalar e conseqüente
assistência social; XV - assistência jurídica. *§
fiscalização e controle será realizado por um
1º - REVOGADO. *Revogado pela Lei n° 13.578,
Grupo de Trabalho, cuja composição e
de 21.1.2005 – D. O. 25.1.2005. – Apêndice.
atribuições será determinado pelo Gover- no do
*Redação anterior: (Lei n° 8.926, de
Estado através do Instituto de Previdência do
14.5.1974):
Estado – IPEC, mediante ato próprio. *Redação
§ 1° - A triagem dos casos apresentados para dada pela Lei nº 13.578, de 21.1.2005 – D. O.
internamento hospitalar e conseqüente de 25.1.2005. Apêndice. *Redação anterior:
fiscalização e controle serão realizados por um (Lei nº 9.826, de 14.5.1974):
Grupo de Trabalho, cuja composição e
§ 1° - Da mesma forma será prestada
atribuições serão determinados pelo Governo do
assistência médica gratuita ao funcionário
Estado através da Secretaria de Saúde ou
acidentado em serviço, ou que tenha contraído
Instituto de Previdência do Estado, mediante
doença profissional.
ato próprio.
§ 2º - É assegurado assistência médica gratuita
*§ 2º - REVOGADO. *Revogado pela Lei n°
ao servidor acidentado em serviço ou que tenha
13.578, de 21.1.2005 – D. O. 25.1.2005. –
188

contraído doença profissional, através do Apêndice. *Redação anterior: (Lei n° 9.826, de


Estado. *Redação dada pela Lei nº 13.578, de 14.5.1974):
21.1.2005 – D. O. de 25.1.2005. Apêndice.
*Redação anterior: (Lei nº 9.826, de § 2° - A aposentadoria por invalidez será
14.5.1974): sempre precedida de licença por período
contínuo não inferior a 24 (vinte e quatro)
§ 2° - Até que legislação específica estipule o meses, salvo quando a junta médica declarar a
contrário, a pensão e a assistência médica incapacidade definitiva para o serviço, ou na
referidas neste artigo serão custeadas pelo hipótese prevista no artigo 68, inciso X.
Estado, independentemente de contraprestação
por contribuição de previdência. *Art. 153 – O processo de aposentadoria se
inicia: *Redação dada pela Lei Complementar
§ 3º - VETADO. n° 92, de 25.1.2011 – D. O. 27.1.2011. –
Apêndice. *Redação anterior: (Lei n° 13.578, de
CAPÍTULO II Da Aposentadoria 21.1.2005):
*Art. 152 – O servidor será aposentado, Art. 153 - O processo de aposentadoria, iniciado
conforme as regras estabelecidas no art. 40 da com o requerimento do interessado ou de ofício,
Constituição Federal. *Ver Emendas nos casos de aposentadoria por invalidez,
Constitucionais Federal n° 41, de 19.12.2003 e deverá ser devidamente informado pelo setor
Estadual n° 56, de 7.1.2004 - Apêndice. competente do órgão de origem do servidor,
*Parágrafo único – A aposentadoria por especialmente quanto à contagem do tempo de
invalidez será sempre precedida de licença por contribuição, às comprovações documentais
período contínuo não inferior a 24 (vinte e necessárias, à indicação precisa dos respectivos
quatro) meses, salvo quando a junta médica proventos e a satisfação dos demais requisitos
declarar a incapacidade definitiva para o legais para a passagem à inatividade tendo, a
serviço, ou na hipótese prevista no art. 68, partir daí, a seguinte tramitação: *I – com o
incisco X. *Redação dada pela Lei n° 13.578, de requerimento do interessado, no caso de
21.1.2005 – D. O. 25.1.2005. – Apêndice. inatividade voluntária; *Redação dada pela Lei
*Redação anterior: (Lei n° 9.826, de Complementar n° 92, de 25.1.2011 – D. O.
14.5.1974): 27.1.2011. – Apêndice. *Redação anterior: (Lei
n° 13.578, de 21.1.2005): I - o processo, já
Art. 152 – O funcionário será aposentado: *I -
contendo a minuta da portaria ou do ato de
por invalidez; *II - compulsoriamente, aos 70
aposentadoria, será encaminhado,
(setenta) anos de idade; *III - voluntariamente,
respectivamente, ao setor jurídico da Entidade
aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço público.
ou à Procuradoria Geral do Estado, para exame
*Ver art. 40, inciso III, alíneas “a”, “b”, “c” e
e parecer; *II – automaticamente, quando o
“d” da Constituição Federal, com a redação
servidor atinge a idade de 70 (setenta) anos;
dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
*Redação dada pela Lei Complementar n° 92,
15.12.1998 – D. O. U. 16.12.1998 – Apêndice.
de 25.1.2011 – D. O. 27.1.2011. – Apêndice.
§ 1º - REVOGADO. *Revogado pela Lei n°
*Redação anterior: (Lei n° 13.578, de
13.578, de 21.1.2005 – D. O. 25.1.2005. –
21.1.2005): II – opinando o setor jurídico da
Apêndice. *Redação anterior: (Lei n° 9.826, de
Entidade ou a Procuradoria Geral do Estado –
14.5.1974):
PGE, após cumpridas as diligências acaso
§ 1° - O tempo de serviço para a aposentadoria requisitadas, favoravelmente encaminhará o
voluntária das mulheres é de 30 (trinta) anos. processo ao setor previdenciário da Secretaria
da Administração; *III – automaticamente,
§ 2º - REVOGADO. *Revogado pela Lei n° quando o servidor for considerado inválido, na
13.578, de 21.1.2005 – D. O. 25.1.2005. – data fixada em laudo emitido pela Perícia
Médica Oficial do Estado ou na ocasião, em que
189

verificada as demais hipóteses do art. 152, dispensadas, quanto a estas, a ouvida da


parágrafo único, desta Lei. (NR) *Redação dada Procuradoria-Geral do Estado. §6° - No caso de
pela Lei Complementar n° 92, de 25.1.2011 – aposentadoria compulsória, o processo inicia-se
D. O. 27.1.2011. – Apêndice. *Redação automaticamente aos 70 (setenta) anos de
anterior: (Lei n° 13.578, de 21.1.2005): III – o idade do servidor.
setor previdenciário verificará se o processo é
passívo de compensação previdenciária e, caso *Art. 154 - O funcionário quando aposentado
afirmativo, retirará cópia dos documentos por invalidez terá provento integral,
necessários à compensação previdenciária e correspondente aos vencimentos, incorporáveis
remeterá o processo à origem para assinatura do cargo efetivo, se a causa for doença grave,
do Ato ou Portaria de aposentadoria pelo Titular incurável ou contagiosa, a que se refere o artigo
do Órgão e publicação no Diário Oficial do 89, ou acidente no trabalho, ou doença
Estado; *IV – REVOGADO profissional, nos termos do inciso X do artigo
68; o provento será proporcional ao tempo de
*Revogado pela Lei Complementar nº 92. De serviço, nos demais casos. *Ver inciso I do art.
25.1.2011 – D. O. de 27.1.2011. – Apêndice 40 da Constituição Federal, com a redação dada
*Redação Anterior: (Lei nº 13.578, de pela Emenda Constitucional nº 20, de
21.1.2005): IV - publicado Ato ou Portaria de 15.12.1998 – D. O. U. 16.12.1998 – Apêndice.
aposentadoria, afastar-se-á o servidor da
atividade e será o processo encaminhado ao § 1º - Somente nos casos de invalidez
Tribunal de Contas do Estado, para fins de decorrente de acidente no trabalho ou doença
registro e controle de sua legalidade. profissional, como configurados nos §§ 1º, 2º,
3º e 4º do artigo 68, será aposentado o
§ 1º - Caberá ao servidor interessado, prestar ocupante do cargo de provimento em comissão,
ao setor competente de seu órgão de origem hipótese em que o respectivo provento será
todo o auxílio para a correta e diligente integral.
tramitação de seu processo de aposentadoria.
*§ 2º - O funcionário aposentado em
§ 2º - Nas hipóteses de aposentadoria decorrência da invalidez por acidente em
compulsória ou por invalidez, o servidor se serviço, por moléstia profissional, ou por doença
afastará da atividade tão logo iniciado o grave contagiosa ou incurável, especificada em
processo, sem que o tempo de afastamento Lei, é considerado como em efetivo exercício,
possa ser considerado para qualquer efeito. assegurando-se-lhe todos os direitos e
vantagens atribuídas aos ocupantes de cargo de
§ 3º - Ressalvado o disposto no parágrafo igual categoria em atividade, ainda que o
anterior, caso o processo de aposentadoria não mencionado cargo tenha ou venha a mudar a
esteja concluído no prazo de 90 (noventa) dias, denominação de nível de classificação ou padrão
o servidor se afastará da atividade sem prejuízo de vencimento.
de sua remuneração, sem direito a contar o
tempo de afastamento para qualquer efeito. *O § 2º do art. 154 foi acrescentado pela Lei nº
10.361, de 6.12.1979 - D. O. 13.12.1979, tendo
§ 4º - Havendo parecer desfavorável da sua redação atual pela Lei nº 10.932, de
Procuradoria-Geral do Estado ou tendo o 3.10.1984 - D. O. 15.10.1984 - Apêndice.
Tribunal de Contas julgado ilegal o Ato de *Redação anterior: (Lei nº 10.361, de
aposentadoria, deverá o servidor retornar à 6.12.1979):
atividade, inclusive quando, no primeiro caso,
se haja valido da prerrogativa do parágrafo § 2º - O funcionário aposentado em decorrência
anterior. de invalidez por acidente em serviço, por
moléstia profissional, ou por doença grave
§ 5º - Aplica-se o disposto neste artigo aos contagiosa ou incurável, especificada em Lei, é
servidores das autarquias e fundações públicas,
190

considerado como em efetivo exercício § 4º - O funcionário que contar tempo de


assegurado-se-lhe todos os direitos e vantagens serviço igual ou superior ao fixado para
atribuídos ao ocupante de cargo de igual aposentadoria voluntária com proventos
denominação, em atividade. integrais ou 70 (setenta) anos de idade e/ou se
invalidar por acidente de serviço, por moléstia
*Art. 155 – REVOGADO. *Revogado pelo art. 2º profissional ou doença grave, contagiosa ou
da Lei nº 12.913, de 17.6.1999 - D. O. incurável, especificada no art. 89 desta Lei, ao
18.6.1999 – Apêndice. *Artigo revogado: Art. se aposentar terá incluído em seus proventos
155 - O funcionário, quando aposentado por valor idêntico ao da gratificação pelo regime de
tempo de serviço, terá provento integral, tempo integral ou da gratificação por execução
correspondente aos vencimentos e vantagens de trabalho relevante, técnico ou científico ou,
do cargo em que se aposentar. ainda, ao da gratificação pela representação de
gabinete que venha percebendo, desde que
§ 1º - O funcionário que contar tempo de
tenha usufruído esse benefício durante 5 (cinco)
serviço igual ou superior ao fixado para
anos ininterruptos ou 10 (dez) anos
aposentadoria voluntária com proventos
intercalados.
integrais aposentar-se-á com as vantagens da
comissão em cujo exercício se encontrar, desde § 5º - Para efeito de aposentadoria serão
que haja ocupado, durante 5 (cinco) anos computados os períodos prestados aos órgãos
ininterruptos, ou 10 (dez) intercalados, cargos da Administração Estadual e remunerados por
de provimento em comissão ou de direção no verba de Representação de Gabinete, desde que
Sistema Administrativo Civil do Estado, nas não sejam cumulativos.
Autarquias, Empresas Públicas, Sociedades de
Economia Mista, Fundações instituídas pelo *Art. 156 - O servidor aposentado
Poder Público Estadual, bem como os compulsoriamente por motivo de idade, ou nos
relacionados nos artigos 85 e seu parágrafo termos do art. 154, terá os seus proventos
único e 88, parágrafo 1º, da Constituição proporcionais ao tempo de contribuição.
Estadual.
*Redação dada pela Lei n° 13.578, de
§ 2º - Atendidos os requisitos estabelecidos 21.1.2005 – D. O. 25.1.2005. – Apêndice.
pelos §§ 1º e 4º deste artigo, estender-se-ão as *Redação anterior: (Lei n° 9.826, de
vantagens neles constantes aos beneficiários do 14.5.1974):
art. 213 da CARTA MAGNA ESTADUAL, bem
como ao funcionário atingido pela compulsória, Art. 156 - O funcionário aposentado
aos 70 anos de idade, ou que se invalidar por compulsoriamente por motivo de idade, ou por
acidente em serviço, por moléstia profissional invalidez decorrente de doença não prevista no
ou doença grave, contagiosa ou incurável artigo anterior, terá provento proporcional ao
especificada no art. 89 desta Lei. tempo de serviço. *Ver Emenda Constitucional
nº 20, de 15.12.1998 – D. O. U. 16.12.1998 –
§ 3º - Somente para integralização do tempo Apêndice.
exigido nos parágrafos deste artigo e do art. 22
da Lei nº 10. 644, de 20 de abril de 1982, *§ 1º - A proporcionalidade dos proventos, com
computar-se-á o período em que o funcionário base no tempo de contribuição, é a fração, cujo
haja exercido cargo de Secretário de Estado, ou numerador corresponde ao total de dias de
a nível deste, função de Assessoramento contribuição e o denominador, o tempo de dias
Técnico do Poder Executivo, ou de membro de necessários à respectiva aposentadoria
órgão de deliberação coletiva, bem como o voluntária com proventos integrais. *Redação
período em que tenha exercido cargo em dada pela Lei n° 13.578, de 21.1.2005 – D. O.
comissão. 25.1.2005. – Apêndice. *Redação anterior: (Lei
n° 9.826, de 14.5.1974):
191

§ 1° - A proporcionalidade dos proventos, com decisão em processo de enquadramento ou de


base no tempo de serviço, obedecerá, sempre, reclassificação.
os seguintes percentuais sobre o vencimento do
cargo: I - até 10 anos de tempo de serviço 50% § 2º - O provento decorrente de aposentadoria
(cinqüenta por cento); II - de 10 a 15 anos de por implementação de tempo de serviço não
tempo de serviço, 60% (sessenta por cento); III poderá ser inferior à remuneração auferida por
- de 15 a 20 anos de tempo de serviço, 70% servidor titular de cargo de igual categoria,
(setenta por cento); IV - de 20 a 25 anos de ainda que os mencionados cargos tenham ou
tempo de serviço, 80% (oitenta por cento); V - venham a mudar de denominação, de nível de
de mais de 25 anos de tempo de serviço, e classificação ou de padrão de vencimento.
menos de 30 ou 35 anos, conforme o caso, 90%
CAPÍTULO III Do Salário-Família
(noventa por cento).
*Art. 158 - O salário-família é o auxílio
*§ 2º - A fração de que trata o parágrafo
pecuniário especial concedido pelo Estado ao
anterior será aplicada sobre o valor dos
funcionário ativo e ao aposentado como
proventos calculados conforme a média
contribuição ao custeio das despesas de
aritmética simples das maiores remunerações
manutenção de seus dependentes. *Ver Decreto
ou subsídios, observando-se, previamente, que
nº 20.768, de 11.6.1990 - D. O. 12.6.1990 -
o valor encontrado não poderá exceder à
Apêndice. *Ver Art. 5ºda Lei Complementar
remuneração do servidor no cargo efetivo em
nº38, de 31.12 2003 - D. O. 31.12.2003 -
que se der a aposentadoria. *Redação pela Lei
Apêndice.
n° 13.578, de 21.1.2005 – D. O. 25.1.2005. –
Apêndice. *Redação anterior: (Lei n° 9.826, de Art. 159 - A cada dependente relacionado no
14.5.1974): artigo seguinte corresponderá uma cota de
salário-família de acordo com o valor fixado em
§ 2° - O provento proporcional assim calculado
lei.
será acrescido das vantagens que, por lei, lhe
devam ser incorporadas. Art. 160 - Conceder-se-á salário-família: I -
pela esposa que não exerça atividade
*Art. 157 – Os proventos de aposentadoria e as
remunerada; II - por filho menor de 21 anos
pensões serão reajustados na mesma data em
que não exerça atividade remunerada; III - por
que se der o reajuste dos benefícios do regime
filho inválido; IV - por filho estudante que
geral de previdência social, ressalvadas as
freqüente curso secundário ou superior e que
aposentadorias concedidas conforme os arts. 6°
não exerça atividade lucrativa, até a idade de
e 7° da Emenda Constitucional Estadual n° 56,
24 (vinte e quatro) anos; V - pelo ascendente
de 7 de janeiro de 2004. (NR). *Redação dada
sem rendimento próprio que viva às expensas
pela Lei n° 13.578, de 21.1.2005 – D. O.
do funcionário; VI - por enteados, netos,
25.1.2005. – Apêndice. *Redação anterior: (Lei
irmãos, sobrinhos menores ou incapazes que
n° 9.826, de 14.5.1974):
vivam às expensas do funcionário, bem como
Art. 157 - O provento da inatividade será pessoa menor ou incapaz que, igualmente assim
reajustado, automaticamente, sempre que se viva sob sua guarda atribuída judicialmente; VII
modificar o vencimento dos funcionários em - pelo companheiro ou companheira, na forma e
atividade, e, na mesma proporção, por motivo conceituação da legislação previdenciária.
de alteração do poder aquisitivo da moeda.
§1º - Quando pai e mãe forem ambos
§ 1º - O provento, salvo o caso do reajuste funcionários do Estado e viverem em comum, o
previsto neste artigo, não poderá ser superior salário-família será concedido ao pai; se não
aos vencimentos, nem será objeto de reajuste viverem em comum, o salário-família será
quando o vencimento for alterado em virtude de concedido ao que tiver os dependentes sob sua
192

guarda e, se ambos os tiverem, de acordo com dependente: I - nome completo, data e local de
a distribuição dos dependentes. nascimento, comprovado por certidão do
registro civil; II - grau de parentesco ou
§2º - Equipara-se ao pai e a mãe, o padrasto, a dependência; III - no caso de se tratar de maior
madrasta e os representantes legais dos de 21 anos, se total e permanentemente
menores e dos incapazes. incapaz para o trabalho, hipótese em que
informará a causa e a espécie de invalidez; IV -
§3º - A cota de salário-família por filho inválido
se o dependente vive sob a guarda do
corresponderá ao duplo da cota dos demais.
declarante.
Art. 161 - O salário-família será pago, ainda,
Art. 166 - A declaração do servidor será
nos casos em que o funcionário deixar de
prestada a seu chefe imediato que a examinará
perceber vencimento ou proventos, sem perda
e, após o seu visto, a encaminhará ao órgão
do cargo.
competente para o processamento e
Art. 162 - Em caso de falecimento do atendimento da concessão.
funcionário, o salário-família continuará a ser
Art. 167 - O salário-família será concedido à
pago aos seus beneficiários. Parágrafo único -
vista das declarações prestadas, mediante
Se o funcionário falecido não se houver
simples despacho que será comunicado ao
habilitado ao salário-família, a administração ou
órgão incumbido da elaboração de folhas de
interessados tomarão as medidas necessárias
pagamento. §1º - Será concedido ao declarante
para que seja pago aos seus beneficiários,
ativo ou inativo o prazo de 120 (cento e vinte)
desde que atendam aos requisitos necessários a
dias para o esclarecimento de qualquer dúvida
partir da data em que fizerem jus ao benefício,
na declaração, o que poderá ser feito por meio
observada, a prescrição qüinqüenal.
de quaisquer provas admitidas em direito. §2º -
Art. 163 - O salário-família não servirá de base Não sendo apresentado no prazo o
para qualquer contribuição, ainda que para fim esclarecimento de que trata o § 1º, a
de previdência social. autoridade concedente determinará a imediata
suspensão do pagamento do salário-família, até
Art. 164 - Será suspenso o pagamento do que seja satisfeita a exigência.
salário-família ao funcionário que
comprovadamente descurar da subsistência e Art. 168 - Verificada, a qualquer tempo, a
educação dos seus dependentes. inexatidão das declarações prestadas, será
suspensa a concessão do salário-família e
§1º - Mediante autorização judicial a pessoa determinada a reposição do indevidamente
que estiver mantendo os dependentes do recebido, mediante o desconto mensal de 10%
funcionário poderá receber o salário-família (dez por cento) da remuneração líquida, em
enquanto durar a situação prevista neste artigo. folha de pagamento. *Redação dada pela Lei n°
13.369, de 22 .9.2003 – D. O. 24.9.2003 -
§2º - O pagamento voltará a ser feito ao
Apêndice. *Redação anterior: (Lei nº 9.826, de
funcionário tão logo comprovado o
14.5.1974): Art. 168 – Verificada, a qualquer
desaparecimento dos motivos determinantes da
tempo, a inexatidão das declarações prestadas,
suspensão.
será suspensa a concessão do saláriofamília e
Art. 165 - Para se habilitar à concessão do determinada a reposição do indevidamente
salário-família o funcionário, o disponível, ou o recebido, mediante o desconto mensal de 10%
aposentado apresentarão uma declaração de do vencimento ou provento,
dependentes, indicando o cargo que exercer, ou independentemente dos limites estabelecidos
no qual estiver aposentado ou em para as consignações em folha de pagamento.
disponibilidade, mencionando em relação a cada
193

Art. 169 - O funcionário e o aposentado são *Art. 173 - Será concedido auxílio funeral à
obrigados a comunicar a autoridade concedente, família do funcionário falecido, correspondente a
dentro do prazo de quinze dias, qualquer 01 (um) mês de seus vencimentos ou
alteração que se verifique na situação dos proventos, limitado o pagamento à quantia de
dependentes, da qual decorra supressão ou R$ 1.200,00 (um mil e duzentos reais).
redução do salário-família. Parágrafo único - A Parágrafo único - Quando não houver pessoa da
não observância desta disposição acarretará as família do funcionário no local do falecimento, o
mesmas providências indicadas no artigo auxílio-funeral será pago a quem promover o
anterior. enterro, mediante comprovação das despesas.
*Redação dada pela Lei nº 12.913, de
Art. 170 - O salário-família será devido em 17.6.1999 - D. O. de 18.6.1999 – Apêndice.
relação a cada dependente, a partir do mês em *Regulamentado pelo Decreto nº 11.630, de
que tiver ocorrido o ato ou fato que lhe der 12.12.1975 - D. O. 19.12.1975 e
origem, deixando de ser devido igualmente em posteriormente pelo Decreto nº 20.768, de
relação a cada dependente no mês seguinte ao 11.6.1990 - D. O. 12.6.1990 - Apêndice.
ato ou fato que determinar a sua supressão. *Redação anterior: (Lei nº 9.826, de
14.5.1974):
Art. 171 - O salário-família será pago
juntamente com os vencimentos ou proventos, Art. 173 - Será concedido auxíliofuneral
pelos órgãos pagadores, independentemente de correspondente a um mês de vencimentos ou
publicação do ato de concessão. CAPÍTULO IV proventos à família do funcionário falecido,
Do Auxílio-Doença mesmo que aposentado. § 1º - Os vencimentos
ou proventos serão aqueles que o funcionário
Art. 172 – REVOGADO. *Revogado pelo Art. 16
fizer jus na data do óbito. § 2º - Em caso de
da Lei n° 13.578, de 21.1.2005 – D. O.
acumulação legal o auxíliofuneral será pago
25.1.2005. – Apêndice.
somente na razão do cargo de maior
*Redação anterior: (Lei n° 9.826, de 9.826, de vencimento do servidor falecido. § 3º -
14.5.1974): Enquanto continuar como ônus do Tesouro
Estadual a despesa correrá pela dotação própria
Art. 172 - O funcionário terá direito a um mês do cargo do funcionário falecido, não podendo,
de vencimentos, a título de auxílio-doença, após por conseguinte, ser provido o cargo antes de
cada período de 12 (doze) meses consecutivos decorridos 30 dias de sua vacância. § 4º -
de licença para tratamento de saúde. § 1º - O Quando não houver pessoa da família do
pagamento do auxílio-doença será autorizado a funcionário no local do falecimento, o auxílio-
partir do dia imediato àquele em que o funeral será pago a quem promover o enterro,
funcionário completar o período a que se refere mediante prova das despesas.
o caput deste artigo, independentemente de
requerimento do interessado, em folha de TÍTULO VI Do Regime Disciplinar
pagamento que obedecerá às mesmas normas
CAPÍTULO I Dos Princípios Fundamentais
das folhas de pagamento de vencimentos e
proventos. Se o funcionário ocupar mais de um Art. 174 - O funcionário público é
cargo, o auxílio-doença será pago apenas pelo administrativamente responsável, perante seus
de maior vencimento. §2º - Quando ocorrer o superiores hierárquicos, pelos ilícitos que
falecimento do funcionário o auxílio-doença a cometer.
que fez jus será pago de acordo com as normas
que regulam o pagamento de vencimento ou Art. 175 - Considera-se ilícito administrativo a
provento não recebidos. conduta comissiva ou omissiva, do funcionário,
que importe em violação de dever geral ou
CAPÍTULO V Do Auxílio-Funeral especial, ou de proibição, fixado neste Estatuto
194

e em sua legislação complementar, ou que respectivas cominações. §1º - Sob pena de


constitua comportamento incompatível com o responsabilidade, o funcionário que exercer
decoro funcional ou social. Parágrafo único - O atribuições de chefia, tomando conhecimento de
ilícito administrativo é punível, um fato que possa vir a se configurar, ou se
independentemente de acarretar resultado configure como ilícito administrativo, é obrigado
perturbador do serviço estadual. a representar perante a autoridade competente,
a fim de que esta promova a sua apuração. §2º
Art. 176 - A apuração da responsabilidade - A apuração da responsabilidade funcional será
funcional será promovida, de ofício, ou feita através de sindicância ou de inquérito. §3º
mediante representação, pela autoridade de - Se o comportamento funcional irregular
maior hierarquia no órgão ou na entidade configurar, ao mesmo tempo, responsabilidade
administrativa em que tiver ocorrido a administrativa, civil e penal, a autoridade que
irregularidade. Se se tratar de ilícito determinou o procedimento disciplinar adotará
administrativo praticado fora do local de providências para a apuração do ilícito civil ou
trabalho, a apuração da responsabilidade será penal, quando for o caso, durante ou depois de
promovida pela autoridade de maior hierarquia concluídos a sindicância ou o inquérito. §4º -
no órgão ou na entidade a que pertencer o Fixada a responsabilidade administrativa do
funcionário a quem se imputar a prática da funcionário, a autoridade competente aplicará a
irregularidade. Parágrafo único - Se se imputar sanção que entender cabível, ou a que for
a prática do ilícito a vários funcionários lotados tipificada neste Estatuto para determinados
em órgãos diversos do Poder Executivo, a ilícitos. Na aplicação da sanção, a autoridade
competência para determinar a apuração da levará em conta os antecedentes do funcionário,
responsabilidade caberá ao Governador do as circunstâncias em que o ilícito ocorreu, a
Estado. gravidade da infração e os danos que dela
provierem para o serviço estatal de terceiros.
Art. 177 - A responsabilidade civil decorre de
§5º - A legítima defesa e o estado de
conduta funcional, comissiva ou omissiva,
necessidade excluem a responsabilidade
dolosa ou culposa, que acarrete prejuízo para o
administrativa. §6º - A alienação mental,
patrimônio do Estado, de suas entidades ou de
comprovada através de perícia médica oficial
terceiros. §1º - A indenização de prejuízo
excluirá, também, a responsabilidade
causado ao Estado ou às suas entidades, no que
administrativa, comunicando o sindicante ou a
exceder os limites da fiança, quando for o caso,
Comissão Permanente de Inquérito à autoridade
será liquidada mediante prestações mensais
competente o fato, a fim de que seja
descontadas em folha de pagamento, não
providenciada a aposentadoria do funcionário.
excedentes da décima parte do vencimento, à
§7º - Considera-se legítima defesa o revide
falta de outros bens que respondam pelo
moderado e proporcional à agressão ou à
ressarcimento. §2º - Em caso de prejuízo a
iminência de agressão moral ou física, que
terceiro, o funcionário responderá perante o
atinja ou vise a atingir o funcionário, ou seus
Estado ou suas entidades, através de ação
superiores hierárquicos ou colegas, ou o
regressiva proposta depois de transitar em
patrimônio da instituição administrativa a que
julgado a decisão judicial, que houver
servir. §8º - Considera-se em estado de
condenado a Fazenda Pública a indenizar o
necessidade o funcionário que realiza atividade
terceiro prejudicado.
indispensável ao atendimento de uma urgência
Art. 178 - A responsabilidade penal abrange os administrativa, inclusive para fins de
crimes e contravenções imputados, por lei, ao preservação do patrimônio público. §9º - O
funcionário, nesta qualidade. exercício da legítima defesa e de atividades em
virtude do estado de necessidade não serão
Art. 179 - São independentes as instâncias excludentes de responsabilidade adminis-
administrativas civil e penal, e cumuláveis as trativa quando houver excesso, imoderação ou
195

desproporcionalidade, culposos ou dolosos, na Art. 185 - A defesa do funcionário no


conduta do funcionário. procedimento disciplinar, que é de natureza
contraditória, é privativa de advogado, que a
Art. 180 - A apuração da responsabilidade do exercitará nos termos deste Estatuto e nos da
funcionário processar-seá mesmo nos casos de legislação federal pertinente (Estatuto da Ordem
alteração funcional, inclusive a perda do cargo. dos Advogados do Brasil). § 1º - A autoridade
competente designará defensor para o
Art. 181 - Extingue-se a responsabilidade
funcionário que, pobre na forma da lei, ou revel,
administrativa: I - com a morte do funcionário;
não indicar advogado, podendo a indicação
II - pela prescrição do direito de agir do Estado
recair em advogado do Instituto de Previdência
ou de suas entidades em matéria disciplinar.
do Estado do Ceará (IPEC). §2º - O funcionário
Art. 182 - O direito ao exercício do poder poderá defender-se, pessoalmente, se tiver a
disciplinar prescreve passados cinco anos da qualidade de advogado.
data em que o ilícito tiver ocorrido. Parágrafo
Art. 186 - O funcionário público fica sujeito ao
único - São imprescritíveis o ilícito de abandono
poder disciplinar desde a posse ou, se esta não
de cargo e a respectiva sanção.
for exigida, desde o seu ingresso no exercício
Art. 183 - O inquérito administrativo para funcional.
apuração da responsabilidade do funcionário
Art. 187 - Se no transcurso do procedimento
produzirá, preliminarmente, os seguintes
disciplinar outro funcionário for indiciado, o
efeitos: I - afastamento do funcionário indiciado
sindicante ou a Comissão Permanente de
de seu cargo ou função, nos casos de prisão
Inquérito, conforme o caso, reabrirá os prazos
preventiva ou prisão administrativa; II -
de defesa para o novo indiciado.
sobrestamento do processo de aposentadoria
voluntária; III - proibição do afastamento do Art. 188 - A inobservância de qualquer dos
exercício, salvo o caso do item I deste artigo; IV preceitos deste Capítulo relativos à forma do
- proibição de concessão de licença, ou o seu procedimento, à competência e ao direito de
sobrestamento, salvo a concedida por motivo de ampla defesa acarretará a nulidade do
saúde; V - cessação da disposição, com retorno procedimento disciplinar.
do funcionário ao seu órgão de origem.
Art. 189 - Aplica-se o disposto neste Título ao
*Art. 184 - Assegurar-se-á ao funcionário, no procedimento em que for indiciado aposentado
procedimento disciplinar, ampla defesa, ou funcionário em disponibilidade.
consistente, sobretudo: *Ver art. 5º, inciso LV,
da Constituição Federal. I - no direito de prestar CAPÍTULO II Dos Deveres
depoimento sobre a imputação que lhe é feita e
sobre os fatos que a geraram; II - no direito de Art. 190 - Os deveres do funcionário são gerais,
apresentar razões preliminares e finais, por quando fixados neste Estatuto e legislação
escrito, nos termos deste Estatuto; III - no complementar, e especiais, quando fixados
direito de ser defendido por advogado, de sua tendo em vista as peculiaridades das atribuições
indicação, ou por defensor público, também funcionais.
advogado, designado pela autoridade
Art. 191 - São deveres gerais do funcionário: I -
competente; IV - no direito de arrolar e inquirir,
lealdade e respeito às instituições
reinquirir e contraditar testemunhas, e requerer
constitucionais e administrativas a que servir; II
acareações; V - no direito de requerer todas as
- observância das normas constitucionais, legais
provas em direito permitidas, inclusive as de
e regulamentares; III - obediência às ordens de
natureza pericial; VI - no direito de argüir
seus superiores hierárquicos; IV - continência
prescrição; VII - no direito de levantar
de comportamento, tendo em vista o decoro
suspeições e argüir impedimentos.
funcional e social; V - levar, por escrito, ao
196

conhecimento da autoridade superior Executivo, do Presidente do Tribunal de Contas


irregularidades administrativas de que tiver e do Presidente do Conselho de Contas dos
ciência em razão do cargo que ocupa, ou da Municípios, o funcionário justificará perante
função que exerça; VI - assiduidade; VII - essas autoridades a escusa da obediência.
pontualidade; VIII - urbanidade; IX - discrição;
X - guardar sigilo sobre a documentação e os CAPÍTULO III Das Proibições
assuntos de natureza reservada de que tenha
Art. 193 - Ao funcionário é proibido: *I - salvo
conhecimento em razão do cargo que ocupa, ou
as exceções constitucionais pertinentes,
da função que exerça; XI - zelar pela economia
acumular cargos, funções e empregos públicos
e conservação do material que lhe for confiado;
remunerados, inclusive nas entidades da
XII - atender às notificações para depor ou
Administração Indireta (autarquias, empresas
realizar perícias ou vistorias, tendo em vista
públicas e sociedades de economia mista); *Ver
procedimentos disciplinares; XIII - atender, nos
art. 37 inciso XVI e XVII da Constituição
prazos de lei ou regulamentares, as requisições
Federal, com a redação dada pela Emenda
para defesa da Fazenda Pública; XIV - atender,
Constitucional Federal nº 19, de 4.6.1998 – D.
nos prazos que lhe forem assinados por lei ou
O. U. 5.6.1998 – Apêndice. II - referir-se de
regulamento, os requerimentos de certidões
modo depreciativo às autoridades em qualquer
para defesa de direitos e esclarecimentos de
ato funcional que praticar, ressalvado o direito
situações; XV - providenciar para que esteja
de crítica doutrinária aos atos e fatos
sempre em ordem, no assentamento individual,
administrativos, inclusive em trabalho público e
sua declaração de família; XVI - atender,
assinado; III - retirar, modificar ou substituir
prontamente, e na medida de sua competência,
qualquer documento oficial, com o fim de
os pedidos de informação do Poder Legislativo e
constituir direito ou obrigação, ou de alterar a
às requisições do Poder Judiciário; XVII -
verdade dos fatos, bem como apresentar
cumprir, na medida de sua competência, as
documento falso com a mesma finalidade; IV -
decisões judiciais ou facilitar-lhes a execução.
valer-se do exercício funcional para lograr
Art. 192 - O funcionário deixará de cumprir proveito ilícito para si, ou para outrem; V -
ordem de autoridade superior quando: I - a promover manifestação de desapreço ou fazer
autoridade de quem emanar a ordem for circular ou subscrever lista de donativos, no
incompetente; II - não se contiver a ordem na recinto do trabalho; VI - coagir ou aliciar
área da competência do órgão a que servir o subordinados com objetivos político-partidários;
funcionário seu destinatário, ou não se referir a VII - participar de diretoria, gerência,
nenhuma das atribuições do servidor; III - for a administração, conselho técnico ou
ordem expedida sem a forma exigida por lei; IV administrativo, de empresa ou sociedades
- não tiver sido a ordem publicada, quando tal mercantis; VIII - pleitear, como procurador ou
formalidade for essencial à sua validade; V - intermediário, junto aos órgãos e entidades
não tiver a ordem como causa uma necessidade estaduais, salvo quando se tratar de percepção
administrativa ou pública, ou visar a fins não de vencimentos, proventos ou vantagens de
estipulados na regra de competência da parente consangüíneo ou afim, até o segundo
autoridade da qual promanou ou do funcionário grau civil; IX - praticar a usura; X - receber
a quem se dirige; VI - a ordem configurar abuso propinas, vantagens ou comissões pela prática
ou excesso de poder ou de autoridade. § 1º - de atos de oficio; XI - revelar fato de natureza
Em qualquer dos casos referidos neste artigo, o sigilosa, de que tenha ciência em razão do
funcionário representará contra a ordem, cargo ou função, salvo quando se tratar de
fundamentadamente, à autoridade depoimento em processo judicial, policial ou
imediatamente superior a que ordenou. § 2º - administrativo; XII - cometer a outrem, salvo os
Se se tratar de ordem emanada do Presidente casos previstos em lei ou ato administrativo, o
da Assembléia Legislativa, do Chefe do Poder desempenho de sua atividade funcional; XIII -
197

entreter-se, nos locais e horas de trabalho, com CAPÍTULO IV Das Sanções Disciplinares e seus
atividades estranhas às relacionadas com as Efeitos
suas atribuições, causando prejuízos a estas;
XIV - deixar de comparecer ao trabalho sem Art. 196 - As sanções aplicáveis ao funcionário
causa justificada; XV - ser comerciante; XVI - são as seguintes: I - repreensão; II -
contratar com o Estado, ou suas entidades, suspensão; III - multa; *IV - demissão; *Ver
salvo os casos de prestação de serviços técnicos art. 37 da Lei nº 11.714, de 25.7.1990 – D. O.
ou científicos, inclusive os de magistério em 4.9.1990 – Apêndice. V - cassação de
caráter eventual; XVII - empregar bens do disponibilidade; VI - cassação de aposentadoria.
Estado e de suas entidades em serviço
Art. 197 - Aplicar-se-á a repreensão, sempre
particular; XVIII - atender pessoas estranhas ao
por escrito, ao funcionário que, em caráter
serviço, no local de trabalho, para o trato de
primário, a juízo da autoridade competente,
assuntos particulares; XIX - retirar bens de
cometer falta leve, não cominável, por este
órgãos ou entidades estaduais, salvo quando
Estatuto, com outro tipo de sanção.
autorizado pelo superior hierárquico e desde
que para atender a interesse público. Parágrafo Art. 198 - Aplicar-se-á a suspensão, através de
único - Excluem-se da proibição do item XVI os ato escrito, por prazo não superior a 90
contratos de cláusulas uniformes e os de (noventa) dias, nos casos de reincidência de
emprego, em geral, quando, no último caso, falta leve, e nos de ilícito grave, salvo a
não configurarem acumulação ilícita. expressa cominação, por lei, de outro tipo de
sanção. Parágrafo único - Por conveniência do
Art. 194 - É ressalvado ao funcionário o direito
serviço, a suspensão poderá ser convertida em
de acumular cargo, funções e empregos
multa, na base de 50% (cinqüenta por cento)
remunerados, nos casos excepcionais da
por dia de vencimento, obrigado, neste caso, o
Constituição Federal. §1º - Verificada, em
funcionário a permanecer em exercício.
inquérito administrativo, acumulação proibida e
provada a boa-fé, o funcionário optará por um *Art. 199 - A demissão será obrigatoriamente
dos cargos, funções ou empregos, não ficando aplicada nos seguintes casos: *Ver § 1º do art.
obrigado a restituir o que houver percebido 41 da Constituição Federal, com a redação dada
durante o período da acumulação vedada. §2º - pela Emenda Cons- titucional nº 19, de
Provada a má-fé, o funcionário perderá os 4.6.1998 – D. O. U. 5.6.1998 – Apêndice.I -
cargos, funções ou empregos acumulados crime contra a administração pública; II - crime
ilicitamente devolvendo ao Estado o que houver comum praticado em detrimento de dever
percebido no período da acumulação. inerente à função pública ou ao cargo público,
quando de natureza grave, a critério da
Art. 195 - O aposentado compulsoriamente ou
autoridade competente; III - abandono de
por invalidez não poderá acumular seus
cargo; IV - incontinência pública e escandalosa
proventos com a ocupação de cargo ou o
e prática de jogos proibidos; V - insubordinação
exercício de função ou emprego público.
grave em serviço; VI - ofensa física ou moral
Parágrafo único - Não se compreendem na
em serviço contra funcionário ou terceiros; VII -
proibição de acumular nem estão sujeitos a
aplicação irregular dos dinheiros públicos, que
quaisquer limites: I - a percepção conjunta de
resultem em lesão para o Erário Estadual ou
pensões civis e militares; II - a percepção de
dilapidação do seu patrimônio; VIII - quebra do
pensões com vencimento ou salário; III - a
dever de sigilo funcional; IX - corrupção
percepção de pensões com vencimentos de
passiva, nos termos da lei penal; X - falta de
disponibilidade e proventos de aposentadoria e
atendimento ao requisito do estágio probatório
reforma; IV - a percepção de proventos, quando
estabelecido no art. 27, § 1º, item III; XI -
resultantes de cargos legalmente acumuláveis.
desídia funcional; XII - descumprimento de
dever especial inerente a cargo em comissão. §
198

1° - Considera-se abandono de cargo a em geral, nos casos de repreensão, suspensão


deliberada ausência ao serviço, sem justa até 30 (trinta) dias e multa correspondente.
causa, por trinta (30) dias consecutivos ou 60
(sessenta) dias, interpoladamente, durante 12 Art. 203 - Além da pena judicial que couber,
(doze) meses. § 2º - Entender-se-á por serão considerados como de suspensão os dias
ausência ao serviço com justa causa não só a em que o funcionário, notificado deixar de
autorizada por lei, regulamento ou outro ato atender à convocação para prestação de
administrativo, como a que assim for serviços estatais compulsórios, salvo motivo
considerada após comprovação em inquérito ou justificado.
justificação administrativa, esta última
Art. 204 - Será cassada a aposentadoria ou
requerida ao superior hierárquico pelo
disponibilidade se ficar provado, em inquérito
funcionário interessado, valendo a justificação,
administrativo, que o aposentado ou disponível:
nos termos deste parágrafo, apenas para fins
I - praticou, quando no exercício funcional,
disciplinares.
ilícito punível com demissão; II - aceitou cargo
Art. 200 - Tendo em vista a gravidade do ilícito, ou função que, legalmente, não poderia ocupar,
a demissão poderá ser aplicada com a nota "a ou exercer, provada a má-fé; III - não assumiu
bem do serviço público", a qual constará o disponível, no prazo legal, o lugar funcional
sempre nos casos de demissão referidos nos em que foi aproveitado, salvo motivo de força
itens I e VII do artigo 199. Parágrafo único - maior; IV - perdeu a nacionalidade brasileira.
Salvo reabilitação obtida em processo disciplinar Parágrafo único - A cassação da aposentadoria
de revisão, o funcionário demitido com a nota a ou disponibilidade extingue o vínculo do
que se refere este artigo não poderá reingressar aposentado ou do disponível com o Estado ou
nos quadros funcionais do Estado ou de suas suas entidades autárquicas.
entidades, a qualquer título.
Art. 205 - A suspensão preventiva será
*Art. 201 - Ao ato que cominar sanção, ordenada pela autoridade que determinar a
precederá sempre procedimento disciplinar, abertura do inquérito administrativo, se, no
assegurada ao funcionário indiciado ampla transcurso deste, a entender indispensável, nos
defesa, nos termos deste Estatuto, pena de termos do § 1º deste artigo. § 1º - A suspensão
nulidade da cominação imposta. *Ver art. 5º, preventiva não ultrapassará o prazo de 90
inciso LV da Constituição Federal. Parágrafo (noventa) dias e somente será determinada
único - As sanções referidas nos itens II e VI do quando o afastamento do funcionário for
artigo 196 serão cominadas por escrito e necessário, para que, como indiciado, não
fundamentalmente, pena de nulidade. venha a influir na apuração de sua
responsabilidade. § 2º - Suspenso
Art. 202 - São competentes para aplicação das preventivamente, o funcionário terá, entretanto,
sanções disciplinares: I - os Chefes dos Poderes direito: I - a computar o tempo de serviço
Legislativo e Executivo, em qualquer caso, e relativo ao período de suspensão para todos os
privativamente, nos casos de demissão e efeitos legais; II - a computar o tempo de
cassação de aposentadoria ou disponibilidade, serviço para todos os fins de lei, relativo ao
salvo se se tratar de punição de funcionário período que ultrapassar o prazo da suspensão
autárquico; II - os dirigentes superiores das preventiva; III - a perceber os vencimentos
autarquias, em qualquer caso, e, relativos ao período de suspensão, se
privativamente, nos casos de demissão e reconhecida a sua inocência no inquérito
cassação, da aposentadoria ou disponibilidade; administrativo; IV - a perceber as gratificações
III - os Secretários de Estado e demais por tempo de serviço já prestado e o salário-
dirigentes de órgãos subordinados ou auxiliares, família.
em todos os casos, salvo os referidos nos itens I
e II; IV - os chefes de unidades administrativas
199

Art. 206 - Os Chefes dos Poderes Legislativo, estatutários que disciplinam o inquérito
Executivo e Judiciário, os Presidentes do administrativo, reduzidos os prazos neles
Tribunal de Contas e do Conselho de Contas dos estabelecidos, à metade. § 2º - Aberta a
Municípios, os Secretários de Estado e os sindicância, suspende-se a fluência do período
dirigentes das Autarquias poderão ordenar a do estágio probatório. § 3º - A sindicância será
prisão administrativa do funcionário responsável realizada por funcionário estável, designado
direto pelos dinheiros e valores públicos, ou pela autoridade que determinar a sua abertura.
pelos bens que se encontrarem sob a guarda do § 4º - A sindicância precede o inquérito
Estado ou de suas Autarquias, no caso de administrativo, quando for o caso, sendo-lhe
alcance ou omissão no recolhimento ou na anexada como peça informativa e preliminar. §
entrega a quem de direito nos prazos e na 5º - A sindicância será realizada no prazo
forma da lei. § 1º - Recolhida aos cofres máximo de 15 (quinze) dias, prorrogável por
públicos a importância desviada, a autoridade igual período, a pedido do sindicante, e a
que ordenou a prisão revogará imediatamente o critério da autoridade que determinou a sua
ato gerador da custódia. § 2º - A autoridade abertura. § 6º - Havendo ostensividade ou
que ordenar a prisão, que não poderá indícios fortes de autoria do ilícito
ultrapassar a 90 (noventa) dias, comunicará administrativo, o sindicante indiciará o
imediatamente o fato à autoridade judiciária funcionário, abrindo-lhe o prazo de 3 (três) dias
competente e providenciará a abertura e para defesa prévia. A seguir, com o seu
realização urgente do processo de tomada de relatório, encaminhará o processo de sindicância
contas. à autoridade que determinou a sua abertura. §
7º - O sindicante poderá ser assessorado por
Art. 207 - A prisão, a que se refere o artigo técnicos, de preferência pertencentes aos
anterior, será cumprida em local especial. Art. quadros funcionais, devendo todos os atos da
208 - Aplica-se à prisão administrativa o sindicância serem reduzidos a termo por
disposto no § 2º do art. 205 deste Estatuto. secretário designado pelo sindicante, dentre os
funcionários do órgão a que pertencer. § 8º -
CAPÍTULO V Da Sindicância
Ultimada a sindicância, não apurada a
Art. 209 - A sindicância é o procedimento responsabilidade administrativa, ou o
sumário através do qual o Estado ou suas descumprimento dos requisitos do estágio
autarquias reúnem elementos informativos para probatório, o processo será arquivado, fixada a
determinar a verdade em torno de possíveis responsabilidade funcional, a autoridade que
irregularidades que possam configurar, ou não, determinou a sindicância encaminhará os
ilícitos administrativos, aberta pela autoridade respectivos autos para a Comissão Permanente
de maior hierarquia, no órgão em que ocorreu a de Inquérito Administrativo, que funcionará: I -
irregularidade, ressalvadas em qualquer caso, no Poder Executivo, na Governadoria, nas
permitida a delegação de competência: I - do Secretarias de Estado, órgãos desconcentrados
Governador, em qualquer caso; II - dos e nas autarquias; II - no Poder Legislativo, na
Secretários de Estado, dos dirigentes Diretoria Geral; III - no Tribunal de Contas e no
autárquicos e dos Presidentes da Assembléia Conselho de Contas dos Municípios.
Legislativa, Tribunal de Contas e do Conselho de
CAPÍTULO VI Do Inquérito Administrativo
Contas dos Municípios, em suas respectivas
áreas funcionais. Art. 210 - O inquérito administrativo é o
procedimento através do qual os órgãos e as
§ 1º - Abrir-se-á, também, sindicância para
autarquias do Estado apuram a
apuração das aptidões do funcionário, no
responsabilidade disciplinar do funcionário.
estágio probatório, para fins de demissão ou
exoneração, quando for o caso, assegurada ao Parágrafo único - São competentes para
indiciado ampla defesa, nos termos dos artigos instaurar o inquérito: I - o Governador, em
200

qualquer caso; II - os Secretários de Estado, os o citado, ser-lhe-á designado defensor, nos


dirigentes das Autarquias e os Presidentes da termos do art. 184, item III e § 1º do art. 185.
Assembléia Legislativa, do Tribunal de Contas e
do Conselho de Contas dos Municípios, em suas Art. 215 - Citado, o indiciado poderá requerer
áreas funcionais, permitida a delegação de suas provas no prazo de 5 (cinco) dias, podendo
competência. renovar o pedido, no curso do inquérito, se
necessário para demonstração de fatos novos.
Art. 211 - O inquérito administrativo será
realizado por Comissões Permanentes, Art. 216 - A falta de notificação do indiciado ou
instituídas por atos do Governador, do de seu defensor, para todas as fases do
Presidente da Assembléia Legislativa, do inquérito, determinará a nulidade do
Presidente do Tribunal de Contas, do Presidente procedimento.
do Conselho de Contas dos Municípios, dos
Art. 217 - Encerrada a fase probatória, o
dirigentes das Autarquias e dos órgãos
indiciado será notificado para apresentar, por
desconcentrados, permitida a delegação de
seu defensor, no prazo de 10 (dez) dias, suas
poder, no caso do Governador, ao Secretário de
razões finais de defesa.
Administração.
Art. 218 - Apresentadas as razões finais de
Art. 212 - As Comissões Permanentes de
defesa, a Comissão encaminhará os autos do
Inquérito Administrativo compor-se-ão de três
inquérito, com relatório circunstanciado e
membros, todos funcionários estáveis do Estado
conclusivo, à autoridade competente para o seu
ou de suas autarquias, presidida pelo servidor
julgamento.
que for designado pela autoridade competente,
que colocará à disposição das Comissões o Art. 219 - Sob pena de nulidade, as reuniões e
pessoal necessário ao desenvolvimento de seus as diligências realizadas pela Comissão de
trabalhos, inclusive os de secretário e Inquérito serão consignadas em atas.
assessoramento.
Art. 220 - Da decisão de autoridade julgadora
Art. 213 - Instaurado o inquérito administrativo, cabe recurso no prazo de 10 (dez) dias, com
a autoridade encaminhará seu ato para a efeito suspensivo, para a autoridade hierárquica
Comissão de Inquérito que for competente, imediatamente superior, ou para a que for
tendo em vista o local da ocorrência da indicada em regulamento ou regimento.
irregularidade verificada, ou a vinculação Parágrafo único - Das decisões dos Secretários
funcional do servidor a quem se pretende de Estado e do Presidente do Conselho de
imputar a responsabilidade administrativa. Contas dos Municípios caberá recurso, com
efeito suspensivo, no prazo deste artigo, para o
Art. 214 - Abertos os trabalhos do inquérito, o
Governador. Das decisões do Presidente da
Presidente da Comissão mandará citar o
Assembléia Legislativa e do Tribunal de Contas
funcionário acusado, para que, como indiciado,
caberá recurso, com os efeitos deste parágrafo,
acompanhe, na forma do estabelecido neste
para o Plenário da Assembléia e do Tribunal,
Estatuto, todo o procedimento, requerendo o
respectivamente.
que for do interesse da defesa. Parágrafo único
- A citação será pessoal, mediante protocolo, Art. 221 - O inquérito administrativo será
devendo o servidor dele encarregado consignar, concluído no prazo máximo de 90 (noventa)
por escrito, a recusa do funcionário em recebê- dias, podendo ser prorrogado por igual período,
la. Em caso de não ser encontrado o a pedido da Comissão, ou a requerimento do
funcionário, estando ele em lugar incerto e não indiciado, dirigido à autoridade que determinou
sabido, a citação far-se-á por edital, publicado o procedimento.
no Diário Oficial do Estado, com prazo de 15
(quinze) dias, depois do que, não comparecendo
201

Art. 222 - Em qualquer fase do inquérito será Art. 230 - O requerimento devidamente
permitida a intervenção do indiciado, por si, ou instruído será dirigido à autoridade que aplicou
por seu defensor. a sanção, ou àquela que a tiver confirmado, em
grau de recurso. Parágrafo único - Para
Art. 223 - Havendo mais de um indiciado e processar a revisão, a autoridade que receber o
diversidade de sanções caberá o julgamento à requerimento nomeará uma comissão composta
autoridade competente para imposição da de três funcionários efetivos, de categoria igual
sanção mais grave. Neste caso, os prazos ou superior à do requerente.
assinados aos indiciados correrão em comum.
Art. 231 - Na inicial, o requerente pedirá dia e
Art. 224 - O funcionário só poderá ser hora para inquirição das testemunhas que
exonerado, estando respondendo a inquérito arrolar. Parágrafo único - Será considerada
administrativo, depois de julgado este com a informante a testemunha que, residindo fora da
declaração de sua inocência. sede onde funcionar a comissão, prestar
depoimento por escrito.
Art. 225 - Recebidos os autos do inquérito, a
autoridade julgadora proferirá sua decisão no Art. 232 - Concluído o encargo da comissão, no
prazo improrrogável de 20 (vinte) dias. prazo de 60 (sessenta) dias, prorrogável por
trinta (30) dias, nos casos de força maior, será
Art. 226 - Declarada a nulidade do inquérito, no
o processo, com o respectivo relatório,
todo ou em parte, por falta do cumprimento de
encaminhado à autoridade competente para o
formalidade essencial, inclusive o
julgamento. Parágrafo único - O prazo para
reconhecimento de direito de defesa, novo
julgamento será de 20 (vinte) dias, prorrogável
procedimento será aberto.
por igual período, no caso de serem
Art. 227 - No caso do artigo anterior e no de determinadas novas diligências.
esgotamento do prazo para a conclusão do
Art. 233 - Das decisões proferidas em
inquérito, o indiciado, se tiver sido afastado de
procedimento de revisão cabe recurso, na forma
seu cargo, retornará ao seu exercício funcional.
do art. 220.
CAPÍTULO VII Da Revisão
TÍTULO VII Das Disposições Finais
Art. 228 - A qualquer tempo poderá ser
CAPÍTULO ÚNICO Das Disposições Gerais e
requerida a revisão do procedimento
Transitórias
administrativo de que resultou sanção
disciplinar, quando se aduzam fatos ou Art. 234 - O órgão central do sistema de
circunstâncias que possam justificar a inocência pessoal do Poder Executivo e os assemelhados
do requerente, mencionados ou não no do Poder Legislativo e entidades autárquicas
procedimento original. Parágrafo único - fornecerão ao funcionário cartão de identidade,
Tratando-se de funcionário falecido ou dele devendo constar o retrato, a impressão
desaparecido, a revisão poderá ser requerida digital, a filiação, a data de nascimento e a
pelo cônjuge, companheiro, descendente, qualificação funcional do identificado. Parágrafo
ascendente colateral consangüíneo até o 2º único - Será recolhido o cartão do funcionário
grau civil. que for exonerado, demitido ou aposentado.
Art. 229 - Processar-se-á a revisão em apenso Art. 235 - Salvo disposição expressa em
ao processo original. Parágrafo único - Não contrário, os prazos previstos neste Estatuto
constitui fundamento para a revisão a simples somente correrão nos dias úteis, excluindo-se o
alegação de injustiça da sanção. dia inicial.
202

Art. 236 - Nos dias úteis, só por determinação Art. 241 - São isentos de qualquer tributo ou
dos Chefes dos Poderes Executivo e Legislativo emolumentos os requerimentos, certidões e
poderão deixar de funcionar os órgãos e outros papéis que interessem ao funcionário
entidades estaduais. público ou a aposentado, nessas qualidades.

Art. 237 - É assegurado aos funcionários o Art. 242 - Nenhum tributo estadual incidirá
direito de se agruparem em associação de sobre os vencimentos, proventos ou qualquer
classe, sem caráter sindical ou político- vantagem do funcionário ou do aposentado,
partidário. Parágrafo único - Essas Associações, nem sobre os atos ou títulos referentes à sua
que deverão ter personalidade jurídica de direito vida funcional.
privado, representarão os que integrarem o seu
quadro social perante as autoridades Art. 243 - As normas do regime disciplinar
administrativas, em matéria de interesse da previstas neste Estatuto, salvo as de natureza
coletividade funcional. adjetiva, não se aplicam aos casos pendentes.

*Art. 238 - O dia 28 de outubro será Art. 244 - O afastamento do funcionário


consagrado ao funcionário público estadual e ocupante de cargo de chefia, direção,
comemorado, oficialmente, na forma do que for fiscalização ou arrecadação, para disputar
disposto em Regulamento. *Regulamentado mandato eletivo, darse-á nos termos da
pelo Decreto nº 11.472, de 29.9.1975 – D. O. legislação eleitoral pertinente. Parágrafo único -
2.10.1975 – Apêndice. Durante o afastamento de que trata este artigo
o funcionário não perceberá os vencimentos ou
*Art. 239 - Ressalvadas as exceções constantes vantagens do cargo que momentaneamente
de disposição expressa em lei, bem como os detinha ou de que for ocupante efetivo, exceto
casos de acumulação lícita, o funcionário não o salário-família, considerando-se o
poderá receber, mensalmente, importância total afastamento como autorização para o trato de
superior a noventa por cento da percebida pelos interesses particulares.
Secretários de Estado. *O art. 239 teve sua
redação alterada pelo art. 25 da Lei nº 10.416, *Art. 245 - Ao ex-combatente da Força do
de 8.9.1980 - D. O. 8.9.1980 – Apêndice. § 1º - Exército, da Expedicionária Brasileira, da Força
Ficam excluídas do limite deste artigo: I - a Aérea Brasileira, da Marinha de Guerra e da
gratificação representação; II - salário-família; Marinha Mercante do Brasil, que tenha
III - progressão horizontal; IV- diárias e ajuda participado efetivamente de operações bélicas
de custo; V - gratificação pela participação em na segunda Guerra Mundial, e cuja situação se
órgão de deliberação coletiva; VI - gratificação encontra definida na Lei Federal nº 5.315, de 12
de exercício; VII - gratificação por prestação de de setembro de 1967, são assegurados os
serviço extraordinário. § 2º - O funcionário não seguintes direitos: *Ver art. 53 dos ADCT da
perceberá, a qualquer título, importância Constituição Federal e art. 20 dos ADCT da
mensal superior à recebida pelo Governador do Constituição Estadual. I - estabilidade, se
Estado, não se computando, entretanto, no funcionário público; *II - aproveitamento no
cálculo, diárias, ajudas de custo, gratificação serviço público, sem a exigência do disposto no
por serviço ou estudo fora do Estado e a art. 106, § 1º da Constituição do Estado; *Ver
progressão horizontal. art. 53, inciso I, dos ADCT da Constituição
Federal e art. 20, inciso I da Constituição
Art. 240 - É vedado pôr o funcionário à Estadual. III - aposentadoria com proventos
disposição de entidade de direito privado, integrais aos 25 (vinte e cinco) anos de serviço
estranha no Sistema Administrativo, salvo em efetivo, se funcionário público da Administração
caso de convênio, ou para exercer função direta ou autárquica; IV - benefício do Instituto
considerada pelo sistema de relevante interesse de Previdência; V - promoção após interstício
social. legal, e se houver vaga; VI - assistência
203

médica, hospitalar e educacional, se carente de Art. 250 - Reduzida a capacidade do funcionário


recurso. para o exercício das atribuições do cargo que
ocupa, comprovada através de perícia médica
Art. 246 - As atuais funções gratificadas passam oficial, será ele readaptado, mediante
à categoria de cargos em comissão, transferência, em cargo de atribuições
convertendo-se automaticamente os valores das compatíveis com o seu novo estado psíquico ou
gratificações em gratificações de representação, somático. Parágrafo único - A readaptação
mantida a simbologia vigente até definição obedecerá ao disposto nos arts. 50 e 51 deste
regulamentar. Estatuto. *Art. 251 – É permitida a consignação
facultativa em folha de pagamento inerente à
Art. 247 - Aplica-se o regime desta lei aos
remuneração, subsídios, proventos. *Redação
estabilizados nos termos do § 2º do Art. 177 da
dada pela Lei n° 13.369, de 22 .9.2003 – D. O.
Constituição Federal de 1967, com a redação
24.9.2003 - Apêndice. *Redação anterior: (Lei
dada pelo art. 194 da Emenda Constitucional nº
nº 9.826, de 14.5.1974):
1, de 17 de outubro de 1969, desde que
sujeitos ao regime do Estatuto anterior, quando Art. 251. É permitida a consignação em folha de
da aquisição da estabilidade. *Parágrafo único - vencimentos, salários, proventos, subsídios,
Com a estabilidade, as funções de caráter pensões e montepios. *§ 1º - A soma das
eventual dos servidores em geral passam a ser consignações facultativas não excederá de 40%
de natureza permanente, caracterizando-se (quarenta por cento) da remuneração, subsídios
como cargo, devendo como tal, serem e proventos, deduzidas as consignações
consideradas, para todos os efeitos. *Ver obrigatórias. *Redação dada pela Lei n° 13.369,
Decreto nº 11.870, de 31.5.1976 - D. O. de 22 .9.2003 – D. O. 24.9.2003 - Apêndice.
8.6.1976 e Decreto nº 13.271. de 12.6.1979 – *Redação anterior: (Lei nº 9.826, de
D. O. 15.6.1979 - Apêndice. 14.5.1974): §1° - A soma das consignações não
excederá de 30% (trinta por cento) dos
Art. 248 - O funcionário que esteja com o seu
vencimentos, salários, proventos, subsídios,
vínculo funcional suspenso, ou no gozo de
pensões e montepios. *§ 2º - Serão
licença, poderá ser, a qualquer tempo, citado
computados, para efeito do cálculo previsto
para se defender em procedimento disciplinar,
neste artigo, o vencimento-base, as vantagens
ou notificado para nele prestar depoimento, ou
fixas e as de caráter pessoal. *Redação dada
realizar ou se submeter a provas de natureza
pela Lei n° 13.369, de 22 .9.2003 – D. O.
pericial, salvo manifesta impossibilidade por
24.9.2003 - Apêndice. *Redação anterior: (Lei
motivo de doença, justificada perante o
nº 9.826, de 14.5.1974): §2° - Esse limite será
sindicante ou Comissão Permanente de
elevado até 70% (setenta por cento) para
Inquérito.
prestação alimentícia, educação, aluguel de
Art. 249 - São considerados concursos públicos, casa ou aquisição de imóvel destinado a
gerando todos os efeitos que lhe são atinentes, moradia própria. *§ 3º - Não se aplica o
os exames de provas de habilitação ou seleção disposto neste artigo aos ocupantes
realizados para a admissão de candidatos a exclusivamente de cargo de provimento em
funções das extintas TNM e que se revestiram comissão, bem como aos contratados por tempo
das características essenciais dos concursos determinado, de que trata o inciso XIV do art.
públicos, consideradas, como tais, a 154 da Constituição do Estado do Ceará.
acessibilidade a todos os brasileiros, o caráter *Redação dada pela Lei n° 13.369, de 22
competitivo e eliminatório e ampla divulgação. .9.2003 – D. O. 24.9.2003 - Apêndice.
Parágrafo único - A declaração de equivalência *Redação anterior: (Lei nº 9.826, de
será feita pelo órgão central do sistema de 14.5.1974): §3° - Serão computados para
pessoal, mediante provocação do interessado. efeito do cálculo previsto neste artigo as
204

vantagens pecuniárias acessórias de caráter determinados cargos técnicos ou científicos.


permanente. *Ver art. 7º, §§ 1º, 2º e 3º e 4º da Lei nº
12.386, de 9.12.1994 – D. O. 9.12.1994 –
Art. 252 - A partir de 1º. de janeiro de 1974, Apêndice.
todas as gratificações adicionais por tempo de
serviço percebidas pelos funcionários deverão Art. 255 - Continuam em vigor as Leis e
ser convertidas na progressão horizontal Regulamentos que disciplinam os institutos
prevista no Capítulo X, Seção I, do Titulo II, previstos neste Estatuto, desde que com ele não
deste Estatuto. colidam, até que novas normas sejam
expedidas.
Art. 253 - O Estado, na forma que dispuser
Decreto do Governador do Estado, poderá Art. 256 - Os Poderes Legislativo e Executivo,
assegurar bolsa de estudo ao funcionário, como no âmbito de suas respectivas competências,
incentivo à sua profissionalização, em cursos expedirão os atos necessários a
não regulares de formação, treinamento, aper- complementação e explicitação deste Estatuto.
feiçoamento e de especialização profissionais,
mantidos por entidades oficiais ou particulares, Art. 257 - Aplicam-se as disposições deste
de reconhecida e notória idoneidade. Parágrafo Estatuto subsidiariamente, no que couber, ao
único - O Decreto a que se refere este artigo Magistério Estadual em todos os graus de
poderá dispor sobre a concessão de bolsas de ensino, ao pessoal da Policia Civil de carreira e
estudo para funcionários em cursos de extensão aos funcionários administrativos do Poder
universitária e de pós-graduação. Judiciário.

*Art. 254 – A carga horária de trabalho de Art. 258 - Esta lei entrará em vigor a 1º de
trinta (30) horas semanais, a que estão janeiro 1974, ficando revogadas todas as
obrigados os servidores públicos do Sistema disposições legais ou regulamentares que,
Administrativo Estadual, será prestada, em implícita ou explicitamente, colidam com este
período e tempo corrido das segundas às Estatuto, especialmente a Lei nº 4.196, de 5 de
sextas-feiras. Parágrafo único – Os servidores setembro de 1958; a Lei nº 4.658, de 19 de
que ocupam cargo de magistrado, procurador, novembro de 1959; a Lei nº 7.999, de 11 de
assessor jurídico, professor, médico, maio de 1965; a Lei nº 8.384, de 10 de janeiro
engenheiro, agrônomo, servidores públicos de 1966; a Lei nº 9.226, de 27 de novembro de
estatutários e demais atividades assemelhadas, 1968; a Lei nº 9.260, de 12 de dezembro de
bem como os que exercem cargo em comissão 1968, no que diz respeito ao funcionário
terão seus regimes de trabalho definidos em autárquico; a Lei nº 9.381, de 27 de julho de
regulamento próprio. 1970; a Lei nº 9.443, de 9 de março de 1971 e
a Lei nº 9.496, de 19 julho de 1971.
*O art. 254 teve sua redação alterada pela Lei
nº 10.647, de 13.5.1982 –D. O. 19.5.1982 – PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ,
Apêndice. *Redação anterior: (Lei nº 9.826, de em Fortaleza, 14 de maio de 1974.
14.5.1974):
ADMINISTRAÇÃO DIRETA E
Art. 254 – A carga horária de trabalho do INDIRETA.
funcionário será de 30 (trinta) horas semanais,
no mínimo, cabendo a fixação do expediente A expressão Administração Pública possui vários
diário aos dirigentes do Sistema Administrativo sentidos, mas o que nos interessa, neste
Estadual, permitida a delegação. Parágrafo momento, é o conceito estrito, em sentido
único – O Regulamento definirá as exceções a subjetivo, formal ou orgânico, segundo o
esta norma em face da natureza das atribuições qual a Administração Pública é o conjunto de
e condições de trabalho de ocupantes de pessoas jurídicas, órgãos e agentes
205

públicos que exercem a função forma centralizada. As entidades políticas


administrativa. Portanto, corresponde ao podem criar entes descentralizados, as
“quem” exerce tal função. chamadas entidades administrativas, que
são entes com personalidade jurídica própria e
Com efeito, a função que formam a Administração indireta ou
administrativa é instrumento de realização descentralizada. No Brasil, os entes
direta e imediata dos direitos fundamentais, por administrativos são: autarquias, fundações
meio do qual a Administração Pública executa públicas, empresas públicas e sociedades
as leis para prestar serviços à população ou de economia mista.
gerencia a máquina administrativa. Por
exemplo: quando um órgão faz uma licitação Portanto, podemos dizer que a expressão
pública, estará exercendo a função “Administração Pública”, em sentido formal,
administrativa. Da mesma forma, quando o subjetivo ou orgânico, compreende os agentes
INSS presta o atendimento de segurados do públicos, os órgãos da Administração
regime geral de previdência social, estará direta e as entidades integrantes da
exercendo a função administrativa. Por fim, Administração indireta.
quando um empresa pública presta o serviço
público de distribuição de energia elétrica, Sem querer aprofundar muito, ou ainda
estará exercendo a função administrativa. confundi-los, devemos observar que o conceito
de Administração Pública, majoritariamente
Ainda nesse contexto, podemos ter em mente adotado pela doutrina, não é tão preciso
que, classicamente, o sentido formal considera assim! Como assim, professor, você está nos
os agentes, órgãos e pessoas jurídicas dizendo que a doutrina não apresente um
encarregados da atividade administrativa. conceito técnico sobre o tema? É mais ou
menos isso!
Em que pese a função administrativa seja
realizada principalmente pelos órgãos do Poder Se levássemos o conceito apresentado acima ao
Executivo, precisamos saber que há órgãos "pé da letra", também estaria abrangido pelo
responsáveis por essa função nos demais conceito subjetivo, formal ou orgânico
poderes. Assim, as “secretarias” ou “mesas” as entidades privadas, prestadoras de
encarregadas da função administrativa nos serviços públicos. Refiro-me, aqui,
Poderes Legislativo e Judiciário também se especialmente às concessionárias e às
enquadram no conceito subjetivo. Da mesma permissionárias de serviços públicos (ex.:
forma, os Tribunais de Contas e o Ministério empresas de telefonia: Oi, Vivo, Tim, Claro,
Público, quando exercem a função etc.), uma vez que, quando estão atuando na
administrativa (ex.: quando realizam um prestação desses serviços, tais empresas
concurso público para ingresso de servidores), estarão exercendo a função administrativa.
também se enquadram no conceito subjetivo,
formal ou orgânico. Ocorre que, na verdade, o conceito subjetivo,
formal ou orgânico NÃO inclui essas entidades.
Esses órgãos integrantes dos Poderes e Vale dizer, as empresas privadas, que prestam
responsáveis pela função administrativa fazem serviços mediante delegação, NÃO integram a
parte da Administração direta ou Administração Pública em sentido formal.
centralizada, pois estão subordinados
diretamente às pessoas jurídicas Por esse motivo, Marcelo Alexandrino e Vicente
políticas (União, estados, municípios e Distrito Paulo definem Administração Pública, em
Federal). sentido formal, como o “conjunto de órgãos,
pessoas jurídicas e agentes que o nosso
Contudo, devemos saber que a função ordenamento jurídico identifica como
administrativa não é realizada somente de
206

administração pública, não importa a XIX – somente por lei específica poderá ser
atividade que exerçam”. criada autarquia e autorizada a instituição
de empresa pública, de sociedade de
Portanto, para eles, a natureza da atividade é economia mista e de fundação, cabendo à lei
irrelevante, pois o Brasil adota o critério formal, complementar, neste último caso, definir as
segundo o qual é Administração Pública aquilo áreas de sua atuação;
que o nosso direito assim considera.
Portanto, as autarquias são efetivamente
Ressalto, contudo, que, para fins de prova, criadas por lei, motivo pelo qual possuem
tanto um, como o outro conceito poderá personalidade jurídica de direito público.
aparecer. O que nos importa é que o conceito
subjetivo, formal ou orgânico trata "das Por outro lado, a criação de empresas públicas e
pessoas" que exercem a função administrativa, de sociedades de economia mista
excluídas as entidades privadas que prestam é autorizada por lei, sendo que a efetiva
serviços públicos por delegação. criação ocorrerá por um ato posterior, isto é,
pelo registro do ato de criação no órgão
Além disso, a Administração direta é formada competente. Assim, essas entidades possuem
pelos órgãos subordinados diretamente às personalidade de direito privado.
pessoas políticas. No âmbito federal, por
exemplo, integram a Administração direta a Por fim, a instituição das fundações públicas,
Presidência da República, os Ministérios, os ao "pé da letra" do texto constitucional, seria
órgãos subordinados aos ministérios (exemplo: autorizada por lei específica. Contudo, o STF já
Secretaria da Receita Federal, Polícia Federal, decidiu que, atualmente, podem ser criadas
etc.), a Câmara dos Deputados e seus órgãos fundações de direito público e de direito
administrativos, o STF, demais tribunais do privado. As primeiras, seriam criadas por lei,
Judiciário, etc. Nos municípios, são exemplos de ao passo que as de direito privado teriam a
órgãos da Administração direta a prefeitura criação autorizada em lei.
municipal, as secretarias municipais e as
câmaras municipais. Enfim, os órgãos que Observa-se, ainda, que a "lei complementar"
integram as pessoas políticas (isto é, a União, mencionada no art. 37, XIX, não serve para
os estados, o Distrito Federal e os municípios), criar as fundações. Estas são criadas ou
independentemente do Poder, fazem parte da autorizadas por lei específica, isto é, por uma lei
Administração direta ou centralizada. ordinária. A "lei complementar", não editada até
hoje, servirá para definir as áreas de atuação
Por outro lado, a Administração indireta ou dessas entidades.
descentralizada é formada pelas entidades
administrativas, ou seja,
pelas autarquias, fundações
públicas, empresas públicas e sociedades
de economia mista.

Tais entidades são criadas pelas pessoas


políticas, como mecanismos de especialização,
para que prestem determinada atividade
específica, com maior autonomia em relação ao
ente central.

Sobre o tema, é indispensável a leitura do art.


37, XIX, que estabelece que:
207

Após abordar parte da criação, vejamos os semelhante à Administração centralizada,


conceitos dessas entidades: porém com maior autonomia e especialização,
dada a sua própria personalidade jurídica. Com
autarquia: pessoa jurídica de direito público, efeito, anota-se que é comum chamar as
criada por lei, com capacidade de autarquias de serviço público personificado,
autoadministração, para o desempenho de justamente porque são criadas por meio da
serviço público descentralizado, mediante descentralização de um serviço público
controle administrativo exercido nos limites da específico, ao qual é atribuída a personalidade
lei (Prof. Maria Sylvia Zanella Di Pietro); jurídica própria. Por exemplo: o INSS é uma
autarquia criada para realizar atividades
fundação pública: é a fundação instituída pelo
relacionadas ao serviço de previdência social.
Poder Público como o patrimônio, total ou
parcialmente público, dotado de Por outro lado, as fundações públicas
personalidade jurídica de direito público ou representam um patrimônio personificado.
privado e destinado, por lei, ao desempenho de Isso porque as fundações são criadas a partir de
atividades do Estado de ordem social, com um patrimônio, ao qual é dada a personalidade
capacidade de autoadministração e mediante jurídica específica. Por exemplo: uma prefeitura
controle da Administração Pública, nos limites poderia "pegar" um prédio e equipamentos de
da lei (Prof. Maria Sylvia Zanella Di Pietro); um hospital público e dar-lhe sua própria
personalidade jurídica, criando uma fundação
empresa pública: é a entidade dotada de
pública para gerir o hospital de forma
personalidade jurídica de direito privado, com
descentralizada.
criação autorizada por lei e com patrimônio
próprio, cujo capital social é integralmente Lembra-se ainda que as fundações podem ter
detido pela União, pelos Estados, pelo Distrito personalidade de direito público ou de direito
Federal ou pelos Municípios. Ademais, desde privado. No primeiro caso, elas são, na
que a maioria do capital votante permaneça em verdade, espécies de autarquias, ao ponto de
propriedade do ente político, será admitida, no serem chamadas de "autarquias fundacionais"
capital da empresa pública, a participação de ou "fundações autárquicas".
outras pessoas jurídicas de direito público
interno, bem como de entidades da Por fim, as empresas públicas e as sociedades
administração indireta da União, dos Estados, de economia mista são criadas para atuar
do Distrito Federal e dos Municípios (Lei na exploração de atividade econômica ou
13.303/16, art. 3º); na prestação de serviços públicos, podendo
atuar em um regime muito parecido com o
sociedade de economia mista: é a entidade aplicado na iniciativa privada. Lembra-se,
dotada de personalidade jurídica de direito ademais, que a Constituição Federal dispõe que
privado, com criação autorizada por lei, sob a as empresas públicas e sociedades de economia
forma de sociedade anônima, cujas ações mista que atuarem na exploração de atividade
com direito a voto pertençam em sua econômica deverão se sujeitar ao regime
maioria à União, aos Estados, ao Distrito jurídico próprio das empresas privadas,
Federal, aos Municípios ou a entidade da inclusive quanto aos direitos e obrigações
administração indireta (Lei 13.303/16, art. 4º). civis, comerciais, trabalhistas e tributários.
Nessa linha, as autarquias representam, Um ponto que aparece muito em prova trata
basicamente, um braço, ou prolongamento da das diferenças entre as empresas públicas e as
Administração direta, uma vez sociedades de economia mista. Na verdade, tais
que possuem natureza de direito público e entidades possuem muito mais semelhanças do
podem realizar atividades típicas de Estado. que diferenças.
Portanto, as autarquias podem atuar de forma
208

Porém, elas se diferenciam, basicamente, DISCIPLINA CONSTITUCIONAL DOS


por dois pontos (veremos que, no âmbito AGENTES PÚBLICOS.
federal, são três diferenças):
Disposições constitucionais aplicáveis.
as empresas públicas somente admitem capital
público, ao passo que as sociedades de Agente público é toda pessoa física que presta
economia mista admitem a conjugação de serviços ao Estado e às pessoas jurídicas da
capital público e privado, desde que o ente Administração Indireta, conforme elencado no
instituidor mantenha a maioria do capital texto do Art.37, CF.
votante;
Conceito.
as empresas públicas podem ser constituídas
sob qualquer forma prevista em direito, Agente Público é todo aquele que exerce, ainda
enquanto as sociedades de economia mista que transitoriamente ou sem remuneração, por
admitem apenas a forma de sociedade anônima eleição, nomeação, designação, contratação ou
(S.A.). qualquer forma de investidura ou vínculo,
mandato, cargo, emprego ou função pública. Tal
Além disso, no âmbito federal, há uma terceira definição tem origem na Lei 8.429/1992 (Lei de
diferença. As empresas públicas federais Improbidade Administrativa), em seu art. 2º.
possuem foro na justiça federal, ao passo que De forma sucinta, percebemos que agente
as sociedades de economia mista federais público é toda pessoa física que presta serviços
possuem foro na justiça estadual. Essa é a ao Estado, remuneradamente ou gratuitamente,
regra, que é excepcionada por alguns casos permanentemente ou transitoriamente,
específicos, como as competências das justiças politicamente ou administrativamente.
especializadas (exemplo: causas trabalhistas
dos empregados públicos, das duas entidades, Percebemos que a expressão agente público
são resolvidas na justiça do trabalho). agrega vários segmentos do serviço público,
sendo bem mais ampla que a definição de
servidor público, normalmente, adotada pelos
Estatutos, que os definem como a pessoa
legalmente investida em cargo público. De fato,
o servidor público integra uma das categorias
dos agentes públicos.

O agente público é uma pessoa natural


mediante a qual o Estado se faz presente. O
agente manifesta uma vontade que, afinal, é
imputada ao próprio Estado. Agentes públicos
são, assim, todas as pessoas físicas que
manifestam, por algum tipo de vínculo, a
vontade do Estado, nas três esferas do Governo
(União/Estados e Distrito Federal/Municípios) e
nos três Poderes do Estado
(Executivo/Legislativo/Judiciário). Trata-se,
desse modo, de uma expressão utilizada em
sentido amplo e genérico.

Espécies.
209

Agentes Políticos: Celso Antônio Bandeira de Militares: pessoas físicas que prestam serviços
Mello “Agentes políticos são os titulares dos às Forças Armadas (Exército, Marinha e
cargos estruturais à organização política do Aeronáutica), e às Polícias Militares e Corpos de
Estado, isto é, são os ocupantes dos cargos que Bombeiros Militares dos Estados, Distrito
compõem o arcabouço constitucional do Federal e Territórios, com vínculo estatutário
Estado”. São agentes políticos os Chefes dos sujeito a regime jurídico próprio, mediante
Poderes executivos de todas as esferas de remuneração paga pelo Governo.
governo e seus auxiliares, além dos Senadores,
Deputados e Vereadores. Existe uma tendência Particulares em Colaboração com o Poder
de se reconhecer também como agentes Público: não fazem parte do Estado, eles
políticos os membros da Magistratura e do exercem função pública, entretanto, não deixam
Ministério Público. de ser particulares. Celso Antônio Bandeira de
Mello define estes particulares em colaboração
Servidores Públicos: Maria Sylvia Zanella Di da seguinte forma: em primeiro lugar, os
Pietro, “Servidor público em sentido amplo, são requisitados, que exercem munus público e são
as pessoas físicas que prestam serviços ao os recrutados para o serviço militar obrigatório;
Estado e às entidades da Administração os jurados e os que trabalham nos cartórios
Indireta, com vínculo empregatício e mediante eleitorais, quando daxs eleições; os gestores de
remuneração paga pelos cofres públicos”. negócios públicos que assumem a gestão da
Estatutários ou servidor público em sentido coisa pública livremente, em situações anormais
estrito, são os titulares de cargo público efetivo e urgentes; os contratados por locação civil de
e em comissão, com regime jurídico estatutário serviços; os concessionários e os
geral ou peculiar definidos em lei, integrantes permissionários de serviços públicos, os
da Administração Direta, autarquias e fundações delegados de função ou ofício público, os que
públicas com personalidade jurídica de Direito praticam atos que são de competência do
Público. Estado e têm força jurídica oficial.

Empregados Públicos são os titulares de Cargo, emprego e função pública.


emprego público da Administração Direta e
Indireta, regidos pela CLT, não ocupam cargo As expressões cargo, emprego e função pública,
público e não possuem estabilidade. Embora embora possam confundir não possuem o
regidos pela CLT, submetem-se às normas mesmo significado e são empregadas para
constitucionais referentes a requisitos iminentes retratar realidades diferentes dentro da
do cargo, investidura, acumulação, vencimentos estrutura da administração pública.
entre outros. Enquadram-se no regime geral da
Os servidores públicos são aqueles que
previdência tais como comissionados e
ocupam cargo público perante a Administração
temporários. Com exceção das funções de
Pública direta (União, Estados, DF e Municípios)
direção e de confiança das pessoas jurídicas da
e à Administração Pública indireta autárquica e
Administração Indireta, os empregados públicos
fundacional (Autarquias e Fundações Públicas).
são admitidos mediante concurso público ou
Eles estão sujeitos ao regime estatutário e são
processo seletivo.
escolhidos através de concurso público. Além
Temporários, exercem função sem vinculação a disso, possuem estabilidade, que é uma
cargo ou emprego público e são submetidos a garantia constitucional de permanência no
regime jurídico especial a ser disciplinado em lei serviço público após 3 (três) anos de estágio
de cada unidade da federação. Atualmente, esse probatório e aprovação em avaliação especial de
tipo de contratação só poderá ocorrer com a desempenho.
finalidade de atender a necessidade temporária
de excepcional interesse público.
Por sua vez, os empregados públicos são os que
210

ocupam emprego público e também são constituída para essa finalidade. É por isso que
selecionados mediante concurso público. se diz que estabilidade se dá no Serviço Público
Entretanto, são regidos pela CLT – Consolidação e não no cargo – é o direito de permanência no
das Leis Trabalhista – e estão localizados na Serviço Público, mas não é o direito de
administração pública indireta, especialmente permanência no mesmo cargo para o qual o
nas Empresas Públicas e Sociedades de Servidor foi nomeado.
Economia Mista. Os empregados públicos não
gozam da garantia constitucional da A vitaliciedade somente é aplicável a algumas
estabilidade. categorias de agentes públicos, quais sejam,
magistrados, membros do Ministério Público e
Por fim, sobre as funções públicas , Dirley da dos Tribunais de Contas; é adquirida pelos
Cunha Junior: “Todo cargo ou emprego público magistrados de primeira instância e membros
tem função, mas pode haver função sem cargo do MP após dois anos de exercício. O vitalício
e sem emprego. A função sem cargo e sem somente perderá o cargo por sentença judicial
emprego é denominada função autônoma, que transitada em julgado. O estável também
na forma da Constituição atual, abrange: A poderá perder o cargo por decisão
função temporária – exercida por servidores administrativa.
temporários na forma do art. 37, IX da CF – e a
função de confiança – prevista no art. 37, V, da
CF, e exercida exclusivamente por servidores Remuneração.
públicos titulares de cargos efetivos e que se
É composto pelo vencimento (retribuição
destinam a apenas às atribuições de direção,
pecuniária pelo exercício de cargo público,
chefia e assessoramento”.
fixada em lei); acrescido das vantagens
pecuniárias permanentes estabelecidas em lei.
Provimento.
A Constituição Federal assegura aos servidores
O Provimento é o preenchimento do cargo o direito de receber salários ou vencimentos
público. pelo trabalho ou serviço prestado, a eles
estendendo o direito ao salário mínimo e ao
décimo terceiro salário ou gratificação natalina.
Vacância. Além do vencimento próprio do cargo que
ocupa, o servidor público tem direito a receber
É o ato de tornar o cargo vago ou desocupado.
vantagens: adicionais gratificações e
indenizações. O vencimento acrescido das
Efetividade, estabilidade e vitaliciedade. vantagens permanentes ou temporárias
corresponde à remuneração do servidor. O
Efetividade é uma característica do provimento direito à irredutibilidade do vencimento (CF, art,
do cargo, os cargos públicos podem ser 37, XV) implica a garantia de não redução do
providos em caráter efetivo ou em valor do vencimento do cargo público acrescido
comissão. Efetivos são aqueles cargos em que das vantagens permanentes. As gratificações
se exige aprovação em concurso público e podem ser temporais, ou seja, pela prestação
pressupõem uma situação de permanência. de serviços próprios do cargo em condições
Comissão: são os livremente nomeados, mas especiais, ou por função – pelo exercício de
em caráter provisório. São de livre nomeação e função que, não é própria do cargo, deve ser
exoneração. desempenhada por servidor efetivo, como
vimos anteriormente, direção, chefia e
Estabilidade é a permanência do Servidor assessoramento. As indenizações são valores
Público que satisfez o estágio probatório e exige devidos ao servidor em virtude de deslocamento
avaliação especial de desempenho por comissão
211

ou viagens a serviço. São três os tipos mais do normal; gozo de férias anuais remunerada
comuns: ajuda de custo, transporte e diárias. com, pelo menos, um terço a mais do que o
As indenizações não se incorporam á salário normal; licença a gestante, sem prejuízo
remuneração. do emprego e do salário, com duração de cento
e vinte dias; licença paternidade, nos termos
fixados em lei; proteção do mercado de trabalho
Direitos e deveres. da mulher; redução de riscos inerentes ao
trabalho; proibição de diferença de salários,
MEIRELLES (2004), salienta que os regimes
idade, cor ou estado civil. A Constituição
jurídicos modernos impõem uma série de
admitiu, agora, o direito de greve ao servidor
deveres aos servidores públicos como requisitos
público que será exercido nos termos e nos
para o bom desempenho de seus encargos e
limites definidos em lei agora específica, e não
regular funcionamento dos serviços públicos.
mais em lei complementar (art. 37, VI da CF).
O dever de lealdade exige do servidor maior
dedicação ao serviço e o integral respeito às leis
e as instituições. O dever de obediênciaimpõe Responsabilidade.
ao servidor o acatamento ás ordens legais de
seus superiores e sua fiel execução. Dever de O servidor Público está sujeito à
conduta ética decorre do princípio constitucional responsabilidade Civil, Penal e administrativa
da moralidade administrativa e impõem ao decorrente do exercício do cargo, emprego ou
servidor de jamais desprezar o elemento ético função.
de sua conduta. Dever de eficiência, decorre do
inciso LXXVIII do art. 5º da CF, acrescentado No que concerne à responsabilidade Civil, esta é
pela EC 45/2004. Outros deveres são de ordem patrimonial e decorre do art. 186 do
comumente especificados nos estatutos, CC, segundo a qual todo aquele que causa dano
procurando adequar a conduta do servidor. a outrem é obrigado a repará-lo. Para se
configurar o ilícito exige-se do Servidor Público
Quantos aos Direitos MEIRELLES (2004) afirma a ação ou omissão antijurídica; culpa ou dolo;
que: A Constituição da Republica, ao cuidar do relação de causalidade entre a ação ou omissão
servidor público (art.37 a 41), detalhou seus e o dano verificado; ocorrência de um dano
direitos, indicando especificamente os que lhe material ou moral.
são extensivos dentre os reconhecidos aos
trabalhadores urbanos e rurais. De modo geral, É necessário, quando o dano é causado por
pode-se dizer que os servidores públicos têm os servidor público, distinguir duas hipóteses: se o
mesmos direitos reconhecidos aos cidadãos, dano é causado ao Estado ou a terceiros. No
porque cidadãos também o são, apenas com primeiro caso, a sua responsabilidade é apurada
certas restrições exigidas para o desempenho pela própria administração, por meio de
da função. Com a Constituição de 1988 gozam processo administrativo, cercado de todas as
dos seguintes direitos assegurados aos garantias de defesa do servidor. As leis
trabalhadores do setor privado: salário mínimo estatutárias estabelecem procedimentos auto-
garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, executórios, pelos quais a administração
para os que percebem remuneração variável; desconta o prejuízo dos vencimentos do
décimo terceiro salário; remuneração do servidor, respeitado o seu limite mensal, fixado
trabalho noturno superior ao diurno; salário em lei
família para os dependentes; jornada de
trabalho não superior a oito horas diária e Quando se trata de dano causado a terceiros,
quarenta e quatro semanais, repouso semanal aplica-se o art. 37 § 6◦ da CF, em decorrência
remunerado; remuneração extraordinária da qual o Estado responde objetivamente, ou
superior, no mínimo, em cinqüenta por cento a seja independente de culpa ou dolo, podendo
212

haver o direito de regresso. O servidor criminal. Em consonância com esta norma, a lei
responde administrativamente pelos ilícitos 8112/90 determina que a responsabilidade
administrativos definidos na legislação administrativa será afastada no caso de
estatutária e que apresentam os mesmos absolvição no juízo criminal. Contudo, vale
elementos da resp. Civil. Nesse caso, a infração salientar que, a absolvição no juízo criminal
será apurada pela própria administração pautada na ausência de prova não exclui a
pública, que deverá instaurar procedimento punição administrativa, bem como o mesmo
adequado a esse fim, assegurado ao servidor o fato que não constitui crime pode corresponder
contraditório e a ampla defesa. Os meios de a uma infração disciplinar, sem prejuízo da
apuração previstos nas leis estatutárias são os punição administrativa. Lembrando-se também
sumários, e o processo administrativo que o indivíduo pode vir a ser punido pelas três
disciplinar. Na esfera Federal, a lei 8112/90 esferas cumulativamente.
prevê as penas de advertência, destituição de
cargo em comissão, destituição de função
comissionada, suspensão, demissão e cassação Processo administrativo disciplinar.
de aposentadoria.
O Processo Administrativo Disciplinar é o
instrumento de exercício do poder disciplinar,
Segundo a professora Di Pietro, não há, com
constituindo-se em uma conjugação ordenada
relação ao ilícito administrativo, a mesma
de atos na busca da correta e justa aplicação do
tipicidade que caracteriza o ilícito penal, sendo a
regime disciplinar para apuração e punição de
maior parte das infrações não definidas com
infrações praticadas pelos servidores públicos
precisão. Isso significa que a administração
no exercício de suas atribuições, ou que tenham
dispõe de certa margem de apreciação no
relação com as atribuições do cargo em que se
enquadramento da falta dentre os ilícitos
encontre investido.
previstos em lei, o que não significa
possibilidade de arbitrariedade, já que são PODERES ADMINISTRATIVOS
impostos critérios a serem observados. Sendo
(HIERÁRQUICO, DISCIPLINAR,
assim, essa discricionariedade deve ser pautada
no princípio da motivação, que representa um REGULAMENTAR E DE POLÍCIA).
verdadeiro termômetro da Administração USO E ABUSO DO PODER.
Pública.
PODERES ADMINISTRATIVOS
O servidor responde penalmente quando pratica (HIERÁRQUICO, DISCIPLINAR,
crime ou contravenção, possui os mesmos REGULAMENTAR E DE POLÍCIA).
elementos que as responsabilidades anteriores,
Introdução: Poderes da Administração.
porém acrescidas de peculiaridades como: a
ação ou omissão deve ser antijurídica e típica; Os poderes de que dotada a Administração
dolo ou culpa sem possibilidade de Pública são necessários e proporcionais às
responsabilidade objetiva; relação de funções à mesma determinados. Em outras
causalidade; dano ou perigo de dano. A palavras, a Administração Pública é dotada de
responsabilidade criminal do servidor é apurada poderes que se constituem em instrumentos de
pelo poder judiciário. trabalho.

No que diz respeito à comunicabilidade de Os poderes administrativos surgem com a


instâncias, a regra fundamental sobre a matéria Administração e se apresentam conforme as
está contida no artigo 935 do CC, que diz que, demandas dos serviços públicos, o interesse
não haverá mais questionamentos sobre a público e os fins aos quais devem atingir. São
existência do fato ou quem seja o autor, quando classificados em poder vinculado e poder
essas questões estiverem decididas no juízo discricionário, segundo a necessidade de prática
213

de atos, poder hierárquico e poder disciplinar, Já a fiscalizar é o poder de vigiar


de acordo com a necessidade de se organizar a permanentemente os atos praticados pelos seus
Administração ou aplicar sanções aos seus subordinados. Tal se dá com o intuito de mantê-
servidores, poder regulamentar para criar los de acordo com os padrões legais
normas para certas situações e poder de polícia, regulamentares instituídos para a atividade
quando necessário se faz a contenção de administrativa.
direitos individuais em prol da coletividade.
Delegar é conferir a outrem delegações
Poder hierárquico. originalmente competentes ao que delega. No
nosso sistema não se admitem delegações entre
Poder hierárquico é o de que dispõe o Executivo os diferentes poderes, nem de atos de natureza
para organizar e distribuir as funções de seus política.
órgãos, estabelecendo a relação de
subordinação entre o servidores do seu quadro As delegações devem ser feitas nos casos em
de pessoal. que as atribuições objeto das primeiras forem
genéricas e não fixadas como privativas de
Inexistente no Judiciário e no Legislativo, a certo executor.
hierarquia é privativa da função executiva,
sendo elemento típico da organização e Avocar é trazer para si funções originalmente
ordenação dos serviços administrativos. atribuídas a um subordinado. Nada impede que
seja feita, entretanto, deve ser evitada por
O poder hierárquico tem como objetivo ordenar, importar desprestígio ao seu inferior.
coordenar, controlar e corrigir as atividades
administrativas, no âmbito interno da Rever os atos dos inferiores hierárquicos é
Administração Pública. Ordena as atividades da apreciar tais atos em todos os seus aspectos
administração ao repartir e escalonar as funções para mantê-los ou invalidá-los.
entre os agentes do Poder, de modo que cada
qual exerça eficientemente o seu cargo, MEIRELLES destaca subordinação de vinculação
coordena na busca de harmonia entre todos os administrativa. A subordinação é decorrente do
serviços do mesmo órgão, controla ao fazer poder hierárquico e admite todos os meios de
cumprir as leis e as ordens e acompanhar o controle do superior sobre o inferior. A
desempenho de cada servidor, corrige os erros vinculação é resultante do poder de supervisão
administrativos dos seus inferiores, além de agir ministerial sobre a entidade vinculada e é
como meio de responsabilização dos agentes ao exercida nos limites que a lei estabelece, sem
impor-lhes o dever de obediência. retirar a autonomia do ente supervisionado.

Pela hierarquia é imposta ao subalterno a estrita Poder disciplinar.


obediência das ordens e instruções legais
Faculdade de punir internamente as infrações
superiores, além de se definir a
funcionais dos servidores, o poder disciplinar é
responsabilidade de cada um.
exercido no âmbito dos órgãos e serviços da
Do poder hierárquico são decorrentes certas Administração. É considerado como supremacia
faculdades implícitas ao superior, tais como dar especial do Estado.
ordens e fiscalizar o seu cumprimento, delegar e
Correlato com o poder hierárquico, o poder
avocar atribuições e rever atos dos inferiores.
disciplinar não se confunde com o mesmo. No
Quando a autoridade superior dá uma ordem, uso do primeiro a Administração Pública
ela determina, de maneira específica, os atos a distribui e escalona as suas funções executivas.
praticar ou a conduta a seguir em caso Já no uso do poder disciplinar, a Administração
concreto. Daí é decorrente o dever de simplesmente controla o desempenho dessas
obediência. funções e a conduta de seus servidores,
214

responsabilizando-os pelas faltas porventura Explica o autor que poder de polícia é o


cometidas. mecanismo de frenagem de que dispõe a
Administração Pública para conter os abusos do
Marcelo CAETANO já advertia: direito individual.

"o poder disciplinar tem sua origem e razão de Já em relação à polícia sanitária, não há como
ser no interesse e na necessidade de se medir o seu campo de atuação.
aperfeiçoamento progressivo do serviço
público." Podemos falar a respeito das situações de
perigo presente ou futuro que lesem ou
O poder disciplinar da Administração não deve ameacem lesar a saúde e a segurança dos
ser confundido com o poder punitivo do Estado , indivíduos e da comunidade. Amplo é o poder
realizado por meio da Justiça Penal. O discricionário decorrente em virtude da
disciplinar é interno à Administração, enquanto amplitude própria do bem a ser protegido pelo
que o penal visa a proteger os valores e bens Estado.
mais importantes do grupo social em questão.
DI PIETRO explica que o poder de polícia do
A punição disciplinar e a penal têm fundamentos Estado pode agir em duas áreas de atuação
diversos. A diferença é de substância e não de estatal. São as áreas administrativa e judiciária.
grau.
Polícia administrativa.
Poder regulamentar.
A polícia administrativa tem um caráter
Poder regulamentar é o poder dos Chefes de preventivo. Seu objetivo será não permitir as
Executivo de explicar, de detalhar a lei para sua ações anti-sociais. Entretanto, a diferença não é
correta execução, ou de expedir decretos absoluta. A polícia administrativa protege os
autônomos sobre matéria de sua competência interesses maiores da sociedade ao impedir, por
ainda não disciplinada por lei. É um poder exemplo, comportamentos individuais que
inerente e privativo do Chefe do Executivo. É, possam causar prejuízos maiores à coletividade.
em razão disto, indelegável a qualquer
subordinado. DI PIETRO se utiliza da seguinte opinião de
Álvaro Lazzarini para distinguir a polícia
O Chefe do Executivo regulamenta por meio de administrativa da polícia judiciária:
decretos. Ele não pode, entretanto, invadir os
espaços da lei. "a linha de diferenciação está na ocorrência ou
não de ilícito penal. Com efeito, quando atua na
MEIRELLES conceitua que regulamento é ato área do ilícito puramente administrativo
administrativo geral e normativo, expedido (preventivamente ou repressivamente), a
privativamente pelo Chefe do Executivo, por polícia é administrativa. Quando o ilícito penal é
meio de decreto, visando a explicar modo e praticado, é a polícia judiciária que age".
forma de execução da lei (regulamento de
execução) ou prover situações não disciplinadas A polícia administrativa é regida pelo Direito
em lei (regulamento autônomo ou Administrativo, agindo sobre bens, direitos ou
independente). atividades.

Poder de polícia.Conceito. A polícia administrativa é dividida entre


diferentes órgãos da Administração Pública. São
MEIRELLES conceitua: "Poder de polícia é a incluídos aqui a polícia militar e os vários órgãos
faculdade de que dispõe a Administração Pública de fiscalização como os das áreas da saúde,
para condicionar e restringir o uso e gozo de educação, trabalho, previdência e assistência
bens, atividades e direitos individuais, em social.
benefício da coletividade ou do próprio Estado".
215

Polícia judiciária. indissociavelmente ligada à auto-


executoriedade.
A polícia judiciária é de caráter repressivo. Sua
razão de ser é a punição dos infratores da lei Lembra a autora: "O ato de polícia só é auto-
penal. executório porque dotado de força coercitiva".

A polícia judiciária se rege pelo Direito Conclusões.


Processual Penal. Ela incide sobre pessoas.
Em primeiro lugar, pressupõe-se que todos são
A polícia judiciária é exercida pelas corporações iguais perante a lei. No Brasil, desde 1988,
especializadas, chamadas de polícia civil e realmente o são. Entretanto, o povo brasileiro
polícia militar. conquistou o direito de viver uma democracia
republicana, onde os esforços do governo
Características. devem se dirigir ao atendimento do bem,
comum. Isto porque o povo é o soberano nas
As características do poder de polícia que
relações sociais e políticas que se sucedem
costumam ser apontadas são, segundo Maria
dentro do nosso conjunto de leis em vigor, de
Sylvia Zanella DI PIETRO, a discricionariedade,
leis que devem ser observadas.
a auto-executoriedade e a coercibilidade.
Há de se considerar que os poderes da
A discricionariedade é uma liberdade existente
administração o são em razão mesmo da
ao administrador para agir quando a lei deixa
organização política e social estabelecida a
certa margem de liberdade para a escolha da
partir da nossa Constituição. O poder de polícia
oportunidade ou da conveniência de agir, ou,
é aquela capacidade, é aquele poder que o
como diz DI PIETRO, "o motivo ou o objeto", do
Estado tem de delimitar a utilização das
ato a ser realizado. Quando a Administração
liberdades individuais em prol do bem comum.
Pública tiver que decidir "qual o melhor
momento de agir, qual o meio de ação mais Dentro do contexto atual, de que vivemos
adequado, qual a sanção cabível diante das dentro de um Estado de Direito, há de haver um
previstas na norma legal. Em tais verdadeiro respeito às leis pelo Poder Público
circunstâncias, o poder de polícia será para que prevaleçam as raízes, os próprios
discricionário". pensamentos sobre os quais foi elaborado o
modelo de Estado adotado em nossa
Pode-se dizer, no entanto, que o poder de
Constituição.
polícia pode ser discricionário ou vinculado.
São notórios os exemplos de desrespeito à lei
Outra característica é a auto-executoriedade.
por parte de órgãos e agentes públicos em
Ela é a possibilidade da Administração utilizar
prejuízo não só aos indivíduos que fazem parte
seus próprios meios para executar as suas
das relações onde o poder é verdadeiramente
decisões sem precisar recorrer ao Poder
desviado, mas também a toda a nação
Judiciário.
brasileira.
Como opina DI PIETRO:
Todos os nossos esforços devem ser efetivados
"Pelo atributo da auto-executoriedade, a no sentido de que tais desvios sejam
Administração compele materialmente o detectados, e que se punam os responsáveis.
administrado, usando meios diretos de coação.
USO E ABUSO DO PODER
Por exemplo, ela dissolve uma reunião,
apreende mercadorias, interdita uma fábrica". Uso do Poder
Finalmente, o poder de polícia tem como
característica a coercibilidade
216

O uso de poder é uma prerrogativa do agente Preliminarmente, responsabilidade civil é aquela


público. Concomitantemente à obtenção da que se traduz na obrigação de reparar danos
prerrogativa de "fazer" o agente atrai patrimoniais e se exaure com a indenização.
o "dever" de atuar (o denominado poder-
dever). Atualmente é pacífico o entendimento, nos mais
diversos ordenamentos jurídicos do mundo, de
Importante salientar que o agente público só que o Estado é responsável pelos atos
pode fazer aquilo que a lei determina e o que a praticados por seus agentes, tendo,
lei não veda, ou seja, não pode atuar contra consequentemente, o dever de ressarcir às
legem (de forma contrária à Lei), ultra vítimas, eventuais danos causados.
legem (além da Lei), mas
exclusivamente secundum legem (de acordo A responsabilidade é inerente ao Estado de
com a Lei). Direito. É também consequência necessária,
devido à crescente presença do Estado nas
Abuso de Poder relações sociais, interferindo cada vez mais nas
relações individuais.

O abuso de poder corresponde a um desvio de Esse dever de responder caracteriza a


conduta, à inobservância, por parte do agente “responsabilidade extracontratual” que não
público, de seu poder-dever de agir "secundum decorre de um contrato anterior, mas de uma
legem". obrigação imposta ao Estado de reparar
eventuais danos causados por atos praticados
Há 3 (três) formas de expressão do por seus agentes, no exercício de suas
chamado abuso de poder: atribuições.

1) Excesso: quando a autoridade competente Esse é, inclusive, o conceito utilizado por Celso
vai além do permitido na legislação, ou seja, Antônio Bandeira de Mello.
atua ultra legem ;
É importante entender que a atuação estatal é
2) Desvio de finalidade: quando o ato é imposta aos administrados, que não tem como
praticado por motivos ou com fins diversos dos recusar a presença do Estado. O Estado age de
previstos na legislação, ou seja, contra legem, forma imperativa, independente da vontade do
ainda que em seu "espírito", normalmente com indivíduo.
violação de atuação discricionária;
Por isso surge um tratamento especial para o
3) Omissão: quando constata-se a inércia da administrado, e para o Estado um maior rigor
Administração em fazer o que lhe compete, quanto à responsabilização dos seus atos.
injustificadamente (com violação de seu poder-
dever). A responsabilidade civil do Estado tem princípios
próprios e compatíveis com a sua posição
RESPONSABILIDADE CIVIL DO jurídica, por isso é mais extensa que a aplicável
ESTADO NO DIREITO BRASILEIRO às pessoas privadas.
(RESPONSABILIDADE POR ATO
Segue as mesmas linhas da responsabilidade
COMISSIVO DO ESTADO; civil privada, mas com algumas regras
RESPONSABILIDADE POR OMISSÃO específicas que visam dar mais proteção aos
DO ESTADO). administrados, considerando que a presença do
Estado acontece quase todo dia, e a intensidade
1. Aspectos gerais dos danos suscetíveis de serem causados aos
administrados é bem maior.
217

A ordem jurídica nacional é una, sujeita a todos, Como o próprio nome diz, fundamenta-se no
inclusive o Estado. Trata-se da aplicação do elemento subjetivo, na intenção do agente
princípio da isonomia. representante do Estado, e causador do dano.

Ainda dentro do contexto da isonomia, o Estado Para o Estado ser chamado à responsabilidade
também é obrigado a indenizar um determinado era necessária a comprovação de quatro
administrado que sofre um prejuízo em razão elementos: a conduta estatal; o dano; o nexo
de uma ação que trará benefícios para toda a causal entre a conduta e o dano; e o elemento
sociedade. subjetivo, a culpa ou o dolo do agente.

O princípio da isonomia também serve como A existência cumulativa dos quatro elementos
fundamento para a responsabilidade civil do era indispensável para não causar exclusão da
Estado. Lembrando que a legalidade para o responsabilidade.
administrador é fazer tudo aquilo que a lei
autoriza. Logo, se praticar algum ato fora dos Note que nesse momento a responsabilidade
padrões estabelecidos na lei, o Estado terá de baseava-se na comprovação da culpa ou dolo do
arcar com eventuais danos causados. agente, o que para a vítima era um desafio
enorme.
Hely Lopes Meirelles prefere a designação
“responsabilidade civil da Administração Com isso a responsabilidade evolui, mas
Pública”, já que em regra, essa responsabilidade continua dentro do campo da
surge de atos da Administração e não de atos subjetividade. Passa de subjetiva na culpa
do Estado como entidade política. do agente para subjetiva na culpa do
serviço. Nesse momento a vítima não precisa
Esse, porém, não é o melhor entendimento, já apontar o agente, basta demonstrar que o
que Administração é a máquina estatal e não a serviço não foi prestado; ou não foi prestado
pessoa jurídica dotada de personalidade. quando deveria; ou, ainda, foi prestado de
forma ineficiente (mal feito).
2. Evolução teórica
É o que Hely Lopes Meirelles chama de “Teoria
O tema passou por longo período de evolução, e da Culpa Administrativa”.
ainda hoje recebe elementos de adaptação ao
desenvolvimento social. Muito embora essa evolução tenha facilitado o
conjunto probatório, ainda era muito difícil
2.1. Teoria da irresponsabilidade do Estado demonstrar que o serviço havia sido prestado
abaixo dos padrões.
Num primeiro momento da história, aplica-se a
teoria da irresponsabilidade do Estado, onde o Com isso a responsabilidade evolui mais uma
governante era quem dizia o que era certo ou vez, e a culpa passa a ser presumida em
errado. Agia, segundo a máxima americana “the hipóteses que a vítima ficava desobrigada
king do noto wrong” (o rei não erra nunca). do ônus da prova.
Ocorre que as sociedades evoluíram, e Mas vale ressaltar que nem todo funcionamento
passaram a não mais aceitar esse modelo de defeituoso do serviço acarretava essa
Estado. A teoria da responsabilização do Estado responsabilidade. Era necessário analisar o caso
começa a ganhar força. O Estado passa a ser concreto e observar a diligência média que se
responsabilizado em situações pontuais. No poderia exigir do serviço.
Brasil esse reconhecimento ocorre com o
surgimento do Tribunal de Conflitos, em 1.873. É o que Hely Lopes Meirelles classifica como
“Teoria do Risco Administrativo”.
2.2. Teoria da responsabilidade subjetiva
do Estado
218

Hely nos ensina, ainda, a “Teoria do Risco Destaca-se, também, a hipótese de exclusão da
Integral”, que é uma modalidade extremada responsabilidade objetiva, quando ausente um
da doutrina do risco administrativo, abandonada dos três requisitos.
na prática, por conduzir ao abuso e à iniquidade
social. Por essa doutrina a Administração ficaria Hoje, no Brasil, a responsabilidade civil do
obrigada a indenizar todo e qualquer dano Estado está prevista no art. 37, §6º, da
suportado por terceiros, ainda que resultante de Constituição Federal.
culpa ou dolo da vítima. Essa teoria jamais foi
A responsabilidade objetiva é a regra no país,
aceita entre nós, embora haja quem sustente
acatada como padrão a teoria do risco
sua admissibilidade no texto das constituições
administrativo.
anteriores (Mário Massagão, Curso do Direito
Administrativo, 1960, p. 339; Otávio de Barros, Entretanto, doutrina e jurisprudência admitem a
Responsabilidade Pública, 1956, p. 103). possibilidade de compatibilizá-la com a
responsabilidade subjetiva, nos casos de danos
Com o passar do tempo a atuação estatal se
decorrentes de atos omissivos, seguindo, nesse
torna cada vez mais incisiva. Surge com isso a
caso, a teoria da culpa do serviço.
necessidade de aumentar a proteção em relação
aos administrados, e para isso a Subsistem atualmente, portanto, de forma
responsabilidade evolui novamente. harmônica, as duas teorias, apesar de
preferencialmente se reconhecer a teoria
2.3. Teoria da responsabilidade objetiva do
objetiva.
Estado
2.4. Outras teorias
Embora já reconhecida como regra no Brasil,
tornou-se constitucional com a Constituição a) Teorias civilistas (Maria Sylvia Zanella Di
Federal de 1.946, sendo adotada até hoje. Pietro)

A Constituição de 1.988 aperfeiçoou essa teoria Teoria que teria sucedido a da


utilizando a expressão “agente”. Mais ampla ao irresponsabilidade do Estado (meados do século
se referir àqueles que atuam em nome do XIX).
Estado. E também reconhecendo a
responsabilidade civil decorrente tanto do dano Tinha sua base no Direito Civil.
material quanto do dano moral, reconhecendo
Distinguia os atos do Estado em atos de império
este último como figura autônoma.
e atos de gestão. Os primeiros seriam
Nessa teoria, a caracterização se condiciona ao praticados com todas as prerrogativas e
preenchimento de três requisitos: conduta privilégios, sendo regidos por um direito
estatal, dano e nexo de causalidade entre a especial.
conduta e o dano.
Os segundos, praticados pela Administração em
Note que não se exige a comprovação do situação de igualdade com os particulares.
elemento subjetivo do agente que age em nome
Essa teoria foi alvo de grande oposição, quer
do Estado. Não há se falar em culpa ou dolo no
pelo reconhecimento da impossibilidade de se
dano causado.
dividir a personalidade do Estado; quer pela
É importante ressaltar que na responsabilidade dificuldade de enquadrar-se o ato como sendo
objetiva a obrigação de indenizar surge em de império ou de gestão.
razão de um procedimento lícito ou ilícito, que
b) Teorias publicistas (Maria Sylvia Zanella Di
produza lesão na esfera juridicamente protegida
Pietro):
de outrem.
219

Que se subdividem em “Teoria da Culpa do 2º. O poder legislativo edita normas gerais e
Serviço (ou da Culpa Administrativa) e Teoria abstratas dirigidas a toda a coletividade; o ônus
do Risco (que Hely Lopes Meirelles desdobra em delas decorrentes é igual para todas as pessoas
Teoria do Risco Administrativo e Teoria do Risco que se encontram na mesma situação, não
Integral)”. quebrando o princípio da igualdade de todos
perante os ônus e encargos sociais.
3. Responsabilidade por ação e por
omissão. 3º. Os cidadãos não podem responsabilizar o
Estado por atos de parlamentares por eles
O Estado pode causar danos aos particulares mesmo eleitos.
por ação ou por omissão. Quando o fato
administrativo é comissivo, podem os danos ser Críticas:
gerados por conduta culposa ou não. Nesse
caso a responsabilidade objetiva do Estado se - Mesmo exercendo parcela da soberania, o
dará pela presença dos seus pressupostos: o Poder Legislativo tem que se submeter à
fato administrativo, o dano e o nexo causal. Constituição, de modo que acarreta
responsabilidade do Estado quando edita leis
Todavia, quando a conduta estatal for omissiva, inconstitucionais.
será preciso distinguir se a omissão constitui ou
não fato gerador da responsabilidade civil do - Nem sempre a lei produz efeitos gerais e
Estado. Nem toda conduta omissiva retrata um abstratos, de modo que o Estado deve
desleixo do Estado em cumprir um dever legal. responder por danos causados por leis que
atinjam pessoas determinadas, mesmo que se
Segundo José dos Santos Carvalho Filho, trate de normas constitucionais.
“somente quando o Estado se omitir diante do
dever legal de impedir a ocorrência do dano é - A eleição de parlamentar implica delegação
que será responsável civilmente e obrigado a para fazer leis constitucionais.
reparar os prejuízos”.
5. Responsabilidade do Estado por atos do
O entendimento mais correto, portanto, é de Poder Judiciário.
que a responsabilidade civil do Estado, no caso
Em relação aos atos praticados pelo Poder
de conduta omissiva, só ocorrerá quando
Judiciário, também há divergência doutrinária.
presentes os elementos que caracterizam a
culpa. Há quem defenda que o Poder Judiciário é
soberano. Que os juízes têm de agir com
*Artigos 927, parágrafo único, CC; art. 43, CC;
independência no exercício das suas funções.
art. 37, §6º, CF – esses dispositivos aplicam-se
Sem temor de que suas decisões possam
apenas às condutas comissivas.
ensejar a responsabilidade do Estado.
4. Responsabilidade do Estado por atos do
Para essa corrente da doutrina os magistrados
Poder Legislativo.
não são funcionários públicos e, portanto, a
Em relação aos atos legislativos a regra é da indenização por dano decorrente de decisão
irresponsabilidade, sob os seguintes judicial infringiria a regra da imutabilidade da
argumentos: coisa julgada, porque implicaria no
reconhecimento de que a decisão foi proferida
1º. O poder legislativo atua no exercício da com violação da lei.
soberania, podendo alterar, revogar, criar ou
extinguir situações, sem qualquer limitação que Críticas:
não decorra da Constituição Federal.
- A soberania é do Estado, não dos poderes.
220

- A ideia de independência não é aceita, já que A responsabilidade civil em casos excepcionais


inerente aos três poderes. Logo, o mesmo pode existir sem a relação de causalidade entre
temor poderia ser utilizado como argumento o dano e o respectivo evento danoso.
pelos poderes Executivo e Legislativo.
( ) Certo ( ) Errado
- O argumento de não ser o juiz funcionário
público não encontra respaldo do direito
brasileiro, pois o magistrado ocupa cargo
Questão 03
público criado por lei e se enquadra no conceito
legal dessa categoria funcional. Ainda que se
entenda ser ele agente político, estaria
abrangido pela norma do art. 37, §6º, CF, que CESPE - 2009 - DETRAN-DF - Analista -
emprega precisamente o vocábulo “agente” Advocacia
para abranger todas as categorias de pessoas
A omissão do Estado em debelar um incêndio
que prestam serviço ao Estado.
poderá ser a condição da ocorrência do dano,
EXERCICIOS mas causa não será e, assim, a
responsabilidade do respectivo ente público
Questão 01 quanto à reparação do dano será subjetiva.

( ) Certo ( ) Errado

CESPE - 2011 - Correios - Analista de Correios


- Advogado
Questão 04
No que concerne a disciplinamento jurídico dos
atos ilícitos, a teoria da imprevisão, a
inadimplemento das obrigações e do
CESPE - 2010 - DPU - Defensor Público
condomínio, a registros públicos e alienação
fiduciária em garantia e a bens, julgue os itens Julgue os itens que se seguem, acerca da
que se seguem. responsabilidade civil de hospitais, médicos e
seguradoras de saúde.
Segundo jurisprudência dominante no STJ, a
demora na busca pela reparação por dano moral Em se tratando de plano de saúde previsto em
é fato a ser considerado para a redução do valor regime de livre escolha de médicos e hospitais e
da indenização. de reembolso das despesas médico-
hospitalares, a seguradora não é responsável
( ) Certo ( ) Errado
pela deficiência de atuação de médico ou de
hospital.

Questão 02 ( ) Certo ( ) Errado

CESPE - 2009 - DETRAN-DF - Analista - Questão 05


Advocacia

A respeito do direito civil, julgue os seguintes


CESPE - 2009 - TRF - 5ª REGIÃO - Juiz
itens.
Acerca da disciplina da responsabilidade civil,
assinale a opção correta.
221

a) Considere que Paulo, agindo em estado de devedor metade do valor do débito, esperar o
necessidade, abalroe o veículo de Fernando, o prazo faltante e arcar com eventuais custas.
que venha a deflagrar uma série de eventos que
culmine na morte de Fernando, após dez dias
de sua internação em hospital. Considere,
Questão 06
ainda, que Fernando fosse casado com Cláudia,
dona de casa, e pai de Henrique, de sete anos
de idade. Nessa situação hipotética, a
indenização deve consistir no pagamento das CESPE - 2010 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Juiz -
despesas com o tratamento da vítima, seu Parte I
funeral e o luto da família, além da prestação de
Acerca da responsabilidade extracontratual do
alimentos à esposa e ao filho do falecido, sendo
empregador por danos causados a terceiros,
a reparação correspondente ao dano moral
assinale a opção correta.
limitada ao valor da paga pelo luto da família.
a) A responsabilidade objetiva do empregador
b) É entendimento corrente que o valor do
independe da atuação culposa do empregado.
seguro obrigatório recebido por vítima de
evento danoso ocorrido em acidente com b) Para responsabilização do empregador, é
veículo automotor, em razão de sua natureza necessário que a relação com o empregado
especial, não deve ser descontado da possua caráter oneroso.
indenização comum.
c) A razoável aparência do cargo é insuficiente
c) Considere que Rodolfo, ator, tenha sido para acarretar a responsabilidade do
atropelado por Adriano e, por isso, não tenha empregador.
conseguido chegar a tempo para uma
apresentação que seria realizada em d) Para responsabilização do patrão, basta que
determinado teatro. Nessa situação hipotética, o ato tenha sido causado em razão do trabalho,
de acordo com a teoria da causalidade mesmo que não guarde com suas atribuições
adequada, Adriano não deve ser obrigado a mais do que simples relação incidental.
indenizar o dono do teatro pelos prejuízos
decorrentes da ausência de Rodolfo na e) Exclui-se a responsabilidade do patrão se o
apresentação, ainda que seja possível entender dano causado pelo empregado ocorrer com
que se trata de dano material reflexo. abuso de atribuições.

d) Considere que Maura, estando de férias fora


da cidade em que reside, alugue um carro de
Questão 07
determinada locadora de veículos e, durante o
período de locação, colida o veículo alugado
com o veículo de Joaquim, causando-lhe danos.
Nessa situação hipotética, como Maura detinha CESPE - 2010 - Caixa - Advogado
a posse direta do veículo juridicamente
Com relação aos atos jurídicos ilícitos, à
transferida e a exercia sem vigilância da
responsabilidade civil do Estado e do particular,
locadora, não há lugar para a responsabilidade
ao direito das obrigações e dos contratos e à
solidária entre a locatária e a locadora, dada a
responsabilidade civil por dano causado ao meio
inexistência de relação de preposição.
ambiente, assinale a opção correta.
e) Se o credor demandar o devedor antes de
a) É indevida a transmissão do direito
estar vencida a dívida, fora dos casos em que a
patrimonial de exigir a reparação do dano moral
lei permita, ficará o credor obrigado a pagar ao
decorrente de ato ilícito já que os herdeiros não
222

sucedem na dor, no sofrimento, na angústia b) A teoria do risco integral somente é prevista


e(ou) no aborrecimento suportados pelo pelo ordenamento constitucional brasileiro na
ofendido e, além do mais, os sentimentos não hipótese de dano nuclear, caso em que o poder
constituem um bem capaz de integrar o público será obrigado a ressarcir os danos
patrimônio do de cujus. causados, ainda que o culpado seja o próprio
particular.
b) A embriaguez do segurado, por si só, não
enseja a exclusão da responsabilidade da c) Segundo a jurisprudência atual do STF, o art.
seguradora prevista no contrato de seguro de 37, § 6.º, da Constituição Federal de 1988 (CF)
veículo, ficando condicionada a perda da deve ser interpretado no sentido de definir que
cobertura à efetiva constatação de que o a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de
agravamento do risco foi condição determinante direito privado prestadoras de serviço público é
para a ocorrência do sinistro. objetiva somente em relação aos usuários do
serviço, não se estendendo tal entendimento
c) Não se pode responsabilizar por dano para os não usuários.
causado ao meio ambiente o novo proprietário
de área de reserva florestal legal já desbastada, d) Segundo a jurisprudência majoritária do STJ,
pois não há nexo de causalidade entre a sua nas ações de indenização fundadas na
conduta e o resultado danoso. responsabilidade civil objetiva do Estado, é
obrigatória a denunciação à lide do agente
d) A indenização pela publicação não autorizada supostamente responsável pelo ato lesivo, até
de imagem de pessoa, com fins econômicos ou mesmo para que o poder público possa exercer
comerciais, depende de prova concreta do o direito de regresso.
prejuízo.
e) Na hipótese de falha do serviço público
e) O artigo 940 do Código Civil, que trata da prestado pelo Estado, é desnecessária a
responsabilidade civil do credor por dívida já comprovação do nexo de causalidade entre a
solvida ou por quantia superior à devida, é ação omissiva atribuída ao poder público e o
aplicável independentemente da alegação de ter dano causado a terceiro.
agido de má-fé.

Questão 09
Questão 08

CESPE - 2009 - BACEN - Procurador


CESPE - 2010 - Caixa - Advogado
A respeito da responsabilidade civil e da
Com relação às teorias acerca da obrigação por atos ilícitos, assinale a opção
responsabilidade civil do Estado, assinale a correta.
opção correta.
a) O desvio de atribuições por parte do
a) No caso de danos causados por rebelião em empregado, por si só, não exonera o patrão do
presídio, que resulte na morte de detento, o STJ dever de indenizar.
possui entendimento pacificado de que a
responsabilidade do Estado somente ocorrerá b) O inadimplemento contratual, dada a sua
na hipótese de restar demonstrada a culpa (ou natureza, é incompatível com o dano moral.
dolo) do agente público responsável pela
guarda. c) De acordo com a jurisprudência do STJ, a
absolvição criminal por insuficiência de provas
gera dano moral.
223

d) Os pais não possuem legitimidade GABARITO


concorrente com o filho para pleitear
indenização por danos morais quando este 1-E
sobrevive ao sinistro. 2-E
3-C
e) O dono de prédio locado possui 4-C
responsabilidade subsidiária por coisas que dele 5-C
caiam e causem dano a terceiros. 6-D
7-B
8-B
Questão 10 9-A
10 - B

01. (AL-SP/2010 – FCC – Procurador) NÃO


CESPE - 2008 - PGE-CE - Procurador de Estado se inclui, dentre as expressões da supremacia
do interesse público, como princípio
A respeito da responsabilidade civil, assinale a
constitucional do Direito Administrativo:
opção correta.
(A) A exigibilidade, significando a previsão legal
a) O ato praticado com abuso de poder, mesmo
de sanções ou providências indiretas que
quando não causa dano à vítima, resulta no
induzem o administrado a acatá-los.
dever de indenizar, em virtude da violação a
dever de conduta. (B) A constituição de terceiros em obrigações
mediante atos unilaterais.
b) As pessoas jurídicas de direito privado,
quaisquer que sejam a sua natureza e os seus (C) Dentro de certos limites, a revogação dos
fins, respondem objetivamente pelos atos de atos inconvenientes e inoportunos.
seus dirigentes, administradores e empregados
ou prepostos que, nessa qualidade, causem (D) O dever de anular ou convalidar os atos
dano a outrem. inválidos que haja praticado.

c) A responsabilidade daquele que provocar (E) A ideia de que a Administração tem que
acidente por exercício de atividade de risco é tratar todos os administrados sem distinção.
objetiva, independentemente de conduta do
Gabarito: E.
agente provocador ou da vítima e da
demonstração do nexo de causalidade entre a Comentário
conduta perigosa e o dano por ela causado.
A) Certo. As normas constitucionais impõem ao
d) A fixação judicial do valor da indenização a Estado a consecução de diversos objetivos, e,
título de danos morais está vinculada ao para atingi-los, a Administração Pública,
prejuízo experimentado e demonstrado pela inúmeras vezes, utiliza-se de poderes especiais
vítima. Para a sua adequada fixação, não conferidos aos particulares. O princípio da
consideram-se o poder econômico do réu e o supremacia do interesse público constitui o
caráter educativo da sanção. fundamento de tais prerrogativas (exclusivas da
Administração Pública), as quais devem ser
e) Se, em um acidente, um dos envolvidos é o
exercidas nos limites da lei, apenas na medida
veículo de uma empresa de transporte coletivo,
necessária ao cumprimento das finalidades
portanto, prestadora de serviços públicos,
impostas ao Estado. Como consequência do
independentemente da culpa do motorista ou da
princípio da supremacia do interesse público,
vítima, a empresa responderá objetivamente
tem-se a verticalidade existente nas relações
pelos danos causados no acidente.
224

entre a administração e os administrados – uma para os destinatários, ressalvada a


vez que, havendo conflito entre interesse comprovação de má-fé.
público e interesses particulares, aquele deverá
prevalecer –, bem como a exigibilidade dos atos E) Errado. O princípio da impessoalidade
administrativos, os quais podem ser impostos a insere-se no âmbito do princípio da isonomia,
terceiros através de meios indiretos de coerção. não se relacionando, diretamente, à supremacia
do interesse público. Segundo o princípio da
B) Certo. Em razão do princípio da supremacia impessoalidade, a Administração deve conferir o
do interesse público sobre os interesses mesmo tratamento aos administrados que se
privados, a Administração Pública pode impor encontrem em uma mesma situação jurídica,
seus atos diretamente a terceiros (desde que sem discriminações, sejam elas benéficas ou
nos limites da lei), independentemente de prejudiciais. O princípio da impessoalidade
qualquer consentimento, criando obrigações impede, ainda, que o agente público se
para os administrados. Trata-se do atributo da promova às custas das realizações da
imperatividade, característico dos atos Administração Pública. Nos termos do art. 37, §
administrativos. 1º, da CRFB/88, a publicidade dos atos,
programas, obras, serviços e campanhas dos
C) Certo. A revogação consiste no órgãos públicos deverá ter caráter educativo,
desfazimento de um ato válido que, segundo informativo ou de orientação social, dela não
critério discricionário da Administração Pública, podendo constar nomes, símbolos ou imagens
tornou-se inoportuno ou inconveniente para o que caracterizem promoção pessoal de
interesse público. Como todo ato discricionário, autoridades ou servidores públicos.
a revogação deve ser feita nos limites em que a
lei permite, implícita ou explicitamente, sempre 02. (MPU/2007 – FCC – Analista de
considerando a proporcionalidade e a orçamento) A reiteração dos julgamentos num
razoabilidade. Constituem limitações ao poder mesmo sentido, influenciando a construção do
de revogar: a) o respeito aos direitos Direito, sendo também fonte do Direito
adquiridos, razão pela qual a revogação produz Administrativo, diz respeito à:
efeitos ex nunc (Súmula n.º 473/STF); b) não
podem ser revogados os atos vinculados; c) não a) jurisprudência.
podem ser revogados os atos que exauriram os
b) doutrina.
seus efeitos; d) a revogação não pode atingir os
meros atos administrativos, como certidões e c) prática costumeira.
atestados, porque os efeitos deles decorrentes
são estabelecidos pela lei; e) a revogação não d) analogia.
pode ser promovida após o exaurimento da
e) lei.
competência, no que tange ao objeto do ato.
Gabarito: A.
D) Certo. Consoante entendimento firmado
pela Súmula n.º 473/STF, a administração pode Comentário
anular seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornam ilegais, porque deles não No Brasil, o Direito Administrativo não se
se originam direitos; ou revogá-los, por motivo encontra codificado. Sua formação norteia-se
de conveniência ou oportunidade, respeitados por quatro fontes principais – a lei, a
os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos jurisprudência, a doutrina e os costumes. Em
os casos, a apreciação judicial. Segundo o art. razão da força do princípio da legalidade no
54 da Lei nº 9.784/99, a Administração Pública âmbito administrativo, tem-se a lei (regras
tem o prazo de 5 (cinco) anos para anular ato constitucionais e atos normativos primários e
administrativo gerador de efeitos favoráveis secundários) como fonte primordial do Direito
Administrativo. A jurisprudência, por sua vez, é
225

representada pelas reiteradas decisões judiciais a) Reintegração


em um mesmo sentido. Quando tais decisões
não possuem eficácia erga omnes, nem efeito b) Readaptação
vinculante, somente se impondo às partes
c) Recondução
integrantes da respectiva relação processual,
são consideradas fontes secundárias do Direito d) Redistribuição
Administrativo. Por outro lado, são consideradas
fontes principais as decisões com efeitos e) Reversão, no interesse da Administração
vinculantes (art. 102, §§ 1º e 2º, c/c o art. 103-
GABARITO: B
A da CRFB/88), por serem de observância
obrigatória pela Administração Pública. A 3. (ESAF_ANALISTA DE FINANÇAS E
doutrina compõe-se das teses e construções CONTROLE – AFC/CGU – 2003/2004) A
teóricas de juristas, constituindo fonte destituição de cargo em comissão é
secundária do Direito Administrativo, prevista na Lei nº 8.112/90,
influenciando a produção legislativa e o especificamente, para quando o servidor
julgamento de demandas. Também os costumes
administrativos (praxe administrativa) a) perde o fator confiança.
funcionam como fonte secundária, podendo,
inclusive, gerar direitos para os administrados. b) comete falta grave, no seu cargo efetivo.
Por outro lado, os costumes sociais – conjunto
c) comete falta grave, mas não detém cargo
de normas não-escritas respeitadas de modo
efetivo.
uniforme por determinado grupo social –
constituem fonte meramente indireta, por vezes d) for demitido do seu cargo efetivo.
influenciando a doutrina e a jurisprudência.
e) renuncia ao exercício do seu
1. (ESAF_ADMINISTRADOR –ENAP_2006) comissionamento.
O regime jurídico dos servidores públicos
federais, de que trata a Lei n. 8.112/90, GABARITO: C
prevê a possibilidade de aplicação da
4. (ESAF_ANALISTA DE FINANÇAS E
penalidade de suspensão, no caso de
CONTROLE – AFC/CGU – 2003/2004) O
a) inassiduidade habitual. nome que a Lei nº 8.112/90 dá ao instituto
jurídico, pelo qual o servidor público,
b) insubordinação grave em serviço. estável, retorna ao seu cargo
anteriormente ocupado, por ter sido
c) ofensa física a servidor em serviço.
inabilitado no estágio probatório, relativo a
d) reincidência em falta punida com outro efetivo exercido, também, na área
advertência. federal, é

e) servidor primário na inobservância de a) aproveitamento


violação da proibição de recusar fé a documento
b) readaptação
público.
c) readmissão
GABARITO: D
d) reversão
2. (ESAF_ADVOGADO – IRB BRASIL RE –
2005/2006) Relativamente às formas de e) recondução
provimento do servidor público, assinale a
opção em que o servidor passa a exercer GABARITO: E
suas atribuições como excedente.
226

5. (ESAF_AUDITOR DA RECEITA FEDERAL- d) um cargo de provimento em comissão, de


TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA_2005) O recrutamento amplo, e os proventos de servidor
sistema de remuneração dos servidores aposentado.
públicos, sob a forma de parcela única, ou
subsídio, permite o pagamento somente da e) dois cargos ou empregos privativos de
seguinte vantagem: profissionais de saúde, com profissões
regulamentadas.
a) gratificação por hora extra.
GABARITO: E
b) verba de representação.
8. (ESAF_AGENTE EXECUTIVO – SUSEP –
c) diária por deslocamento de sua sede. 2006) Aos servidores públicos civis da
União, regidos pelo regime jurídico da Lei
d) gratificação de função. n. 8.112/90, são assegurados alguns
direitos sociais, instituídos a favor dos
e) adicional de periculosidade.
trabalhadores em geral, inclusive o de
GABARITO: C
a) seguro desemprego.
6. (ESAF_AUDITOR DA RECEITA FEDERAL-
b) aviso prévio.
TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA_2005) No
âmbito do Regime Jurídico dos Servidores c) fundo de garantia.
Públicos Civis da União (Lei n. 8.112/90), a
vantagem que se caracteriza como d) participação nos lucros.
indenização é
e) licença paternidade.
a) ajuda de custo.
GABARITO: E
b) adicional de insalubridade.
9. (ESAF_ANALISTA -ADMINISTRATIVO
c) gratificação natalina. MPU – 2004) No processo administrativo
disciplinar, conforme expressa previsão
d) abono pecuniário. contida na Lei nº 8.112/90, a indiciação do
servidor será formulada,
e) adicional noturno.
a) no ato de constituição da comissão.
GABARITO: A
b) após tipificada a infração, para citação do
7. (ESAF_AUDITOR DA RECEITA FEDERAL-
indiciado.
TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA_2005) A
Emenda Constitucional n. 34/2001 alterou c) no relatório final, para julgamento.
uma regra relativa à exceção ao princípio
de não-acumulação remunerada de cargos d) após inquisição das testemunhas para
públicos. Essa alteração referiu-se à orientar o interrogatório do acusado.
possibilidade da acumulação lícita de
e) na ata de instalação da comissão.
a) um cargo de juiz e um de professor.
GABARITO: B
b) um cargo técnico e outro de provimento em
comissão. 10. (ESAF_ANALISTA –PROCESSUAL_MPU
– 2004) Com referência a férias de
c) um cargo de professor e outro de provimento servidor, assinale a afirmativa falsa.
em comissão.
227

a) O período de 30 dias de férias pode ser b) O direito de requerer prescreve em três anos
acumulado, por necessidade do serviço, pelo quanto aos atos de demissão.
máximo de dois períodos.
c) A prescrição é de ordem pública, não
b) É vedado levar à conta de férias qualquer podendo ser relevada pela administração.
falta ao serviço.
d) O pedido de reconsideração e o recurso, em
c) Após o primeiro período aquisitivo de férias, qualquer caso, interrompem a prescrição.
não se exigirá mais doze meses de exercício,
passando ao regime de anualidade. e) O pedido de reconsideração deve ser dirigido
à autoridade que houver proferido a primeira
d) O parcelamento das férias em até três etapas decisão, podendo ser renovado uma única vez.
é direito do servidor, independente da
aquiescência da Administração.

e) As férias poderão ser interrompidas por GABARITO: C


motivo de comoção interna ou por necessidade
13. (ESAF_ANALISTA ADMINISTRATIVO –
do serviço, declarada pela autoridade máxima
ÁREA “A” – ANEEL – 2004) De acordo com
do órgão ou entidade.
expressa previsão, contida na Lei nº
GABARITO: D 8.112/90, os prazos de prescrição,
previstos na lei penal, aplicam-se às
11. (ESAF_ANALISTA –PROCESSUAL_MPU infrações disciplinares, capituladas
– 2004) Nos termos do Regime Jurídico também como crime, desde que sejam
Único do servidor público da União (Lei nº inferiores a cinco anos.
8.112/90), não é possível conceder-se a
seguinte licença ao servidor em estágio a) Está correta essa assertiva.
probatório
b) Está incorreta a assertiva, porque só se
a) para capacitação. aplica o prazo da lei penal, desde que essa seja
superior a cinco anos.
b) para o serviço militar.
c) Está incorreta a assertiva, porque se aplica o
c) para atividade política. prazo da lei penal, sem a ressalva de ser ele
inferior a cinco anos.
d) por motivo de afastamento do cônjuge ou
companheiro. d) Está incorreta a assertiva, porque não se
aplicam os prazos da lei penal, por serem
e) por motivo de doença em pessoa da família. independentes as instâncias.

e) Está incorreta a assertiva, porque, sendo a


prescrição de ordem pública, aplica-se a que
GABARITO: A
primeiro ocorrer.
12. (ESAF_ANALISTA –PROCESSUAL_MPU
– 2004) Quanto ao direito de petição,
previsto no Estatuto dos Servidores GABARITO: C
Públicos da União, Lei nº 8.112/90,
assinale a afirmativa verdadeira. 14. (ESAF_ANALISTA DE FINANÇAS E
CONTROLE – AFC/CGU – 2008) São formas
a) O recurso interposto quanto ao indeferimento de provimento de cargo público, exceto:
do pedido de reconsideração será recebido com
efeito suspensivo. a) aproveitamento.
228

b) transferência. e) remunerada, até o limite de quatro meses,


entre a escolha em convenção partidária e a
c) recondução. data da eleição.
d) promoção.

e) reversão. GABARITO: B

17. (ESAF_ AUDITOR DO TESOURO


MUNICIPAL –PB_2003) O servidor público
GABARITO: B
no exercício de mandato eletivo de
15. (ESAF_ ANALISTA DE FINANÇAS E Vereador:
CONTROLE – AFC – CGU – 2006) A
a) afasta-se, em qualquer situação, de seu
exoneração de ofício de servidor público,
cargo, emprego ou função.
ocupante de cargo efetivo, dar-se-á
b) havendo compatibilidade de horários,
a) a pedido do próprio servidor.
perceberá as vantagens de seu cargo, emprego
b) quando, tendo tomado posse, não entrar em ou função, sem prejuízo da remuneração do
exercício no prazo estabelecido. cargo eletivo.

c) a juízo da autoridade competente. c) será afastado de seu cargo, emprego ou


função, havendo compatibilidade ou não de
d) em razão de processo administrativo, sendo- horários, sendo-lhe facultado optar pela sua
lhe assegurada ampla defesa. remuneração.

e) em virtude da extinção do cargo. d) terá seu tempo de serviço contado para


todos os efeitos, em caso de afastamento.

e) só terá seu tempo de serviço contado para


GABARITO: B
todos os efeitos, caso não se afaste do exercício
16. (ESAF_ ANALISTA DE FINANÇAS E de seu cargo.
CONTROLE – AFC – CGU – 2006) A licença a
favor do servidor público para o exercício
de atividade política será GABARITO: B

a) não-remunerada, até o limite de três meses. 18. (ESAF_ EPPGG – MP/2005) Tratando-
se do benefício do auxílio-reclusão,
b) remunerada, até o limite de três meses,
previsto na legislação federal sobre
entre o registro de sua candidatura e o décimo
servidores públicos, é incorreto afirmar:
dia seguinte ao da eleição.
a) o benefício é pago à família do servidor ativo.
c) remunerada, desde a escolha em convenção
partidária, até o décimo dia seguinte ao da b) quando se tratar de sentença definitiva, o
eleição. valor corresponderá à metade da remuneração,
em decorrência de condenação por qualquer
d) não-remunerada, entre o dia da escolha em
pena.
convenção partidária até o décimo dia seguinte
ao da eleição. c) seu valor corresponderá a 2/3 de sua
remuneração quando se tratar de prisão em
flagrante ou preventiva, enquanto durar a
prisão.
229

d) caso seja absolvido, o servidor receberá a a) Incontinência pública e conduta escandalosa,


diferença de sua remuneração, quando cessar a na repartição.
prisão provisória.
b) Revelação de segredo do qual se apropriou
e) o auxílio-reclusão cessa quando o servidor é em razão do cargo.
colocado em liberdade, ainda que condicional.
c) Inassiduidade habitual.

d) Acumulação ilegal de cargos, empregos ou


GABARITO: B funções públicas.

19. (ESAF_ANALISTA DE FINANÇAS E e) Manter sob sua chefia imediata, em cargo ou


CONTROLE – AFC/CGU – 2008) São formas função de confiança, cônjuge, companheiro ou
de provimento de cargo público, exceto: parente até o segundo grau civil.

a) promoção. GABARITO: E

b) aproveitamento. 22. (FEPESE_TECNICO JÚDICIARIO_TRT


12ª REGIÃO_2005) Assinale a
c) recondução. alternativa correta:
d) transferência. A ( ) A recondução é uma forma de provimento
de cargo público.
e) reversão.
B ( ) A investidura em cargo público é exclusiva
GABARITO: D
para brasileiros natos.
20. (ESAF_PROCURADOR DA FAZENDA
C ( ) A posse é o efetivo desempenho das
NACIONAL_2006) Nos termos da Lei n.
atribuições do cargo público ou da função de
8.112/90, entende-se como o
confiança.
deslocamento de cargo de provimento
efetivo, ocupado ou vago no âmbito do D ( ) A nomeação, em caráter efetivo ou em
quadro geral de pessoal, para outro órgão comissão, depende de prévia habilitação em
ou entidade do mesmo Poder concurso público.
a) a redistribuição. E ( ) O prazo de validade do concurso público é
de 4 anos, prorrogáveis por mais 2 anos.
b) a remoção.
GABARITO: A
c) a cessão.
23. (FEPESE_TECNICO JÚDICIARIO_TRT
d) a disponibilidade.
12ª REGIÃO_2005) Sobre o estágio
e) a substituição. probatório e a estabilidade, assinale a
alternativa correta:
GABARITO: A
a) Ao entrar em exercício, o servidor nomeado
21. (ESAF_PROCURADOR DA FAZENDA para cargo de provimento em comissão ficará
NACIONAL _2006) Entre as opções abaixo, sujeito a estágio probatório por período de 24
assinale aquela que, consoante estabelece (vinte e quatro) meses.
a Lei n. 8.112/90, não constitui, por si só,
razão para demissão de servidor público b) Na avaliação do desempenho do cargo, serão
federal. observados única e exclusivamente os seguintes
230

fatores: assiduidade, disciplina e capacidade de 25. (FEPESE_TECNICO JÚDICIARIO_TRT


iniciativa. 12ª REGIÃO_2005) Assinale a
alternativa correta.
c) O servidor estável só perderá o cargo em
virtude de sentença judicial. a) O vencimento do cargo efetivo, acrescido das
vantagens de caráter permanente, é redutível.
d) O servidor estatutário, habilitado em
concurso público e empossado em cargo de b) Mesmo com a autorização do servidor, não
provimento efetivo, adquirirá estabilidade no poderá haver consignação em folha de
serviço público ao completar 2 (dois) anos de pagamento a favor de terceiros.
efetivo exercício.
c) Além dos vencimentos, poderão ser pagas ao
e) O servidor em estágio probatório poderá servidor vantagens decorrentes de
exercer quaisquer cargos de provimento em indenizações, gratificações e adicionais.
comissão ou função de direção, chefia ou
assessoramento no órgão ou entidade de d) O servidor fará jus a trinta dias de férias, que
lotação. podem ser acumuladas até o máximo de quatro
períodos, no caso de necessidade do serviço,
GABARITO: E ressalvadas as hipóteses em que haja legislação
específica.
24. (FEPESE_TECNICO JÚDICIARIO_TRT
12ª REGIÃO_2005) Sobre o regime e) A licença para desempenho de mandato
disciplinar do servidor público, assinale a classista terá duração igual à do mandato, não
alternativa correta: sendo permitida sua prorrogação.

a) A acumulação de cargos, ainda que lícita, GABARITO: C


independe da comprovação da compatibilidade
de horários. 26.
(FCC_TÉCNICO_JUDICIÁRIO_TRF_1ª_REGI
b) Ao servidor é proibido recusar fé a ÃO_2006) É certo que a vacância do cargo
documentos públicos. público NÃO decorrerá,dentre outras
hipóteses, da
c) A responsabilidade administrativa do servidor
não será afastada no caso de absolvição a) exoneração e da aposentadoria.
criminal que negue a existência do fato ou sua
autoria. b) promoção e da readaptação.

d) A advertência ao servidor é uma penalidade c) disponibilidade e do aproveitamento.


disciplinar aplicada no caso de improbidade
d) demissão e da posse em outro cargo
administrativa.
inacumulável.
e) É dever do servidor representar contra
e) posse em outro cargo inacumulável e do
ilegalidade, omissão ou abuso de poder, sendo
falecimento.
que a representação será apreciada pela
autoridade contra a qual é formulada. GABARITO: C

GABARITO: B 27. (JFP_TJ- AM_2005) Lei nº 8112/90, a


acumulação ilegal de cargos públicos é
punida com:

a) demissão
231

b) suspensão mental, verificada em inspeção médica,


dar-se-á mediante
c) advertência
a) recondução.
d) disponibilidade
b) transferência.
e) destituição de cargo em comissão
c) reversão.
GABARITO: A
d)readaptação.
28. (JFP_TJ- AM_2005) O servidor que for
demitido e estiver em débito com a e) reintegração.
Administração terá o seguinte prazo
máximo, em dias, para efetuar o
pagamento:
GABARITO: D
a) 10
31. (FCC_ANALISTA_JUDICIÁRIO)TRF_1ª
b) 15 REGIÃO_2006)Túlio, servidor público
federal sofreu pena disciplinar em julho de
c) 30 2003, sendo que seis meses depois teve
declarada sua ausência na esfera cível.
d) 45 Nesse caso, tendo em vista a Lei no 8.112
de 11/12/1990, esse processo
e) 60
administrativo
GABARITO: E
a) não poderá ser revisto porque esse direito é
29. (JFP_TJ- AM_2005) A Lei nº 8112/90 personalíssimo, salvo se houver comprovação
estabelece que o prazo máximo, em dias, de seu falecimento.
contado da data da posse, para que o
b) não pode ser revisto de ofício, porque
servidor empossado em cargo público
depende de pedido formal e exclusivo dos
entre em exercício, é de:
sucessores ou terceiros interessados.

c) não é mais passível de revisão tendo em


a) 5 vista a ocorrência da prescrição e decadência.

b) 10 d) poderá ser revisto a qualquer tempo, e por


requerimento de qualquer pessoa da família.
c) 15
e) estará sujeito a revisão desde que o servidor
d) 20 seja encontrado ou justifique seu
desaparecimento.
e) 30

GABARITO: D
GABARITO: C
32.
30. (FCC_EXECUTOR MANDADOS_TRT-
(COPS_ADVOGADO_CONGONHINHAS_PR_
AM_11_2005) A investidura do servidor em
2007) Em relação à estabilidade do
cargo de atribuições se responsabilidades
servidor, assinale a alternativa correta:
compatíveis com a limitação que tenha
sofrido em sua capacidade física ou
232

a) Se o cargo ocupado pelo servidor estável for b) (1) Cargo público corresponde ao conjunto
extinto, _cará ele em disponibilidade, com de atribuições e responsabilidades previstas na
remuneração integral até a seu aproveitamento estrutura organizacional que devem ser
em outro cargo. cometidas a um servidor; (2) Os cargos públicos
são criados por lei ou decreto regulamentar,
b) Se o cargo ocupado pelo servidor estável for para provimento em caráter efetivo ou em
extinto, perderá ele o cargo, assegurada a comissão.
ampla defesa e o contraditório.
c) (1) Servidor é a pessoa legalmente investida
c) A avaliação periódica de desempenho é em cargo público; (2) Cargo público
requisito para aquisição da estabilidade e não corresponde ao conjunto de responsabilidades,
pode dar causa à perda da estabilidade, pois poderes e deveres estabelecidos mediante ato
esta ainda não existe. normativo individual, de competência exclusiva
dos Chefes dos Poderes Executivo, Legislativo e
d) O servidor estável, ocupante de vaga de
Judiciário.
cargo na qual deva ser reintegrado outro
servidor em virtude de sentença judicial que d) (1) O diploma legal supracitado veda a
invalidara sua demissão, poderá vir a ser prestação de serviços gratuitos, podendo essa
reconduzido ao cargo de origem, sem direito a regra ser excepcionada por lei; (2) O mesmo
indenização. diploma legal instituiu o regime jurídico dos
servidores públicos civis da União, exclusive os
e) O servidor público estável perde o cargo em
da administração indireta.
virtude da discricionariedade do administrador
público, mediante processo administrativo que e) (1) O citado diploma legal dispõe sobre o
obrigatoriamente deverá ser revisto regime jurídico dos servidores públicos civis da
judicialmente, quando então caberá direito de União e das autarquias federais, excluídas
defesa ao servidor. aquelas sob regime especial e as fundações
públicas federais e distritais; (2) Servidor é a
GABARITO: D
pessoa legalmente investida em cargo público.
33. (FCC_ANALISTA_TRT22ª_PI_2006) Em
conformidade com a Lei Federal no 8.112,
de 11 de dezembro de 1990, e suas GABARITO: E
posteriores alterações, indique, dentre as
alternativas a seguir, aquela que 34.
contém, respectivamente, uma afirmação (SOCIESC_ADVOGAD0_JOINVILLE_2007)
INCORRETA (1) e outra CORRETA (2): Com relação ao regime dos servidores
públicos, assinale a alternativa correta:

a) a Constituição não prevê limites


a) (1) Os cargos públicos, acessíveis a todos os remuneratórios para os servidores concursados;
brasileiros, são criados por lei, com
denominação própria e vencimento pago pelos b) em regra não podem acumular cargos
cofres públicos, para provimento em caráter públicos;
efetivo ou em comissão; (2) Para efeitos do
diploma legal supracitado, servidor é a pessoa c) somente podem ser contratados por concurso
física ou jurídica legalmente investida em cargo público, em quaisquer casos;
público, emprego, função ou mediante
d) possuem constitucionalmente o direito de
delegação.
greve em iguais condições com os empregados
da iniciativa privada;
233

e) não podem participar de associações e) posse, o provimento de cargo público


sindicais. dependerá do aproveitamento e do exercício.

e) nomeação, a promoção acarretará, dentre


outras formas, o provimento de cargo público.
GABARITO: B

35. (FCC_ANALISTA_TRT-MST-24_2006)
Com relação às penalidades disciplinares GABARITO: B
previstas na Lei no 8.112/90, é
INCORRETO afirmar que 37. (CONESUL_ADVOGADO
JR_CORREIOS_2007) Em se tratando de
agentes públicos e agentes políticos da
Administração Pública, considere as
a) o ato de imposição da penalidade mencionará afirmações seguintes:
sempre o fundamento legal e a causa da sanção
disciplinar. I. Servidor público da administração direta,
autárquica e fundacional, no exercício de
b) a suspensão será aplicada em caso de mandato eletivo, aplica-se a disposição
reincidência das faltas punidas com advertência, constitucional quando tratar-se de
não podendo ultrapassar 90 dias. mandato eletivo federal, estadual ou
municipal, ficando afastado de seu cargo,
c) a ausência intencional do servidor ao serviço
emprego ou função.
por mais de 30 dias consecutivos, configura
abandono de cargo. II. Em qualquer caso que exija o
afastamento de servidor público para o
d) será cassada a aposentadoria ou a
exercício de mandato eletivo, seu tempo de
disponibilidade do inativo que houver praticado,
serviço não será contado para os efeitos
na atividade, falta punível com a demissão.
legais, exceto para promoção por
e) o servidor de plantão que ausentar-se do merecimento.
serviço durante o expediente, sem prévia
III. O servidor público investido no
autorização do chefe imediato, será suspenso
mandato de Prefeito, será afastado do
por até 120 dias.
cargo, emprego ou função, podendo
perceber as vantagens de seu cargo,
emprego ou função cumulativamente.
GABARITO: E
Assim, das alternativas propostas,
36. (FCC_ANALISTA-TRTCE-2005) Como a
investidura em cargo público ocorre com a

a) estão corretas a I, a II e a III.

a) nomeação, o provimento de cargo público b) estão corretas somente a I e a III.


dar-se-á com a posse e o exercício.
c) estão incorretas somente a II e a III.
b) posse, constitui forma de provimento de
d) estão incorretas a I, a II e a III.
cargo público, além de outras, a readaptação.

c) reintegração, a reversão caracteriza o


provimento de cargo público. GABARITO: D
234

38. (FCC_ANALISTA JUDICIARIO-9ª REG.- 39. (FCC_ANALISTA JUDICIARIO-9ª REG.-


TRT_2004) Quatro servidores públicos TRT_2004) João, servidor público
federais, lotados no Tribunal Regional do responsável pela fiscalização em
Trabalho da 9a Região, discutem durante o estabelecimentos comerciais, sofreu
horário de almoço a respeito do prazo legal acidente automobilístico que o deixou
para o candidato aprovado em concurso impossibilitado de andar e, portanto, de
público tomar posse, bem como a partir de continuar a exercer suas funções.
quando será contado o respectivo prazo. A Conseqüentemente, foi investido em cargo
esse respeito, considere as proposições de atribuições e responsabilidades
abaixo. compatíveis com a limitação sofrida em
sua capacidade física. Referido provimento
I. O primeiro servidor entende que a posse derivado corresponde ao ato denominado
deverá ocorrer no prazo de até 15 (quinze)
dias, contados da publicação do ato de
provimento, ou seja, do ato de
homologação do respectivo concurso. A) readaptação.

II. O segundo servidor sustenta que o B) reversão.


aprovado em concurso público deve tomar
C) reintegração.
posse no dia subseqüente ao da publicação
do ato de provimento. D) recondução.

III. O terceiro desses servidores é E) disponibilidade.


favorável ao entendimento de que o
candidato aprovado em concurso público
deve tomar posse no prazo de 30 (trinta)
GABARITO: A
dias contados da publicação do ato de
provimento. 40. (FCC_ANALISTA JUDICIÁRIO- 22ª
TRT_2004) Após regular processo
IV. O último servidor sustenta que o
disciplinar, Aristóteles Mendes, servidor
aprovado em concurso público deve tomar
estável, foi demitido do cargo de técnico
posse no prazo de 7 (sete) dias, contados
administrativo, que passou, então, a ser
da publicação do ato de nomeação.
ocupado por Hércules Júnior, também
É correto o que se contém APENAS em detentor de estabilidade. Posteriormente,
decisão administrativa invalidou a
A) IV, mas o prazo pode ser prorrogado por penalidade de demissão acima
igual período. mencionada. Em virtude desse fato,
Aristóteles foi reinvestido no cargo de
B) III, conforme previsão legal.
técnico administrativo e Hércules retornou
C) II, porque o edital do concurso assim prevê. ao cargo anterior. Essas duas formas de
provimento descritas correspondem,
D) I, porém esse prazo é improrrogável. respectivamente, à

E) I, mas o prazo pode ser prorrogado por igual


período.
A) recondução e à reversão.
GABARITO: B
B) readaptação e à recondução.

C) reversão e à reintegração.
235

D) reintegração e à readaptação. D) a revisão do processo poderá resultar no


agravamento da penalidade.
E) reintegração e à recondução.
E) a comissão tem prazo improrrogável de 60
(sessenta) dias para concluir o processo
disciplinar.
GABARITO: E
GABARITO: C
41. (FCC_ANALISTA JUDICIÁRIO- 22ª
TRT_2004) Servidor público de autarquia 43.
federal foi investido no cargo de vereador (FUNIVERSA_ADASA_ADVOGADO_2009) P
da cidade de Vento Forte. Como a Câmara edro e João, servidores efetivos da ADASA,
Municipal se reúne apenas 2 (duas) vezes entraram com o pedido de afastamento
por semana, no período da noite, o para participação em programa de pós-
servidor passou a exercer ambos os graduação stricto sensu no país. Pedro
cargos, uma vez que havia compatibilidade quer se afastar para cursar o doutorado, e
de horários. João, o mestrado. Ambos os servidores já
cumpriram o período de estágio probatório,
Em virtude desse fato,
sendo que Pedro tem três anos e meio de
A) apenas receberá as vantagens do cargo serviço na Agência, e João, três anos. De
eletivo. acordo com disposição da Lei n.º
8.112/1990, assinale a alternativa correta.
B) terá que optar por uma das duas
remunerações.

C)) perceberá as vantagens correspondentes (A) Pedro e João já têm direito ao afastamento.
aos dois cargos.
(B) Somente Pedro tem direito ao afastamento
D) somente receberá as vantagens inerentes ao no momento.
cargo ocupado na autarquia.
(C) João terá de trabalhar por mais um ano
E) perceberá 50% (cinqüenta por cento) de para adquirir o direito ao afastamento.
cada remuneração.
(D) Nem Pedro nem João têm direito ao
afastamento.

GABARITO: C (E) Pedro terá de trabalhar por mais seis meses


para adquirir o direito ao afastamento.
42. (FCC_ANALISTA JUDICIÁRIO- 22ª
TRT_2004) Em relação ao processo
administrativo disciplinar regulado pela Lei
GABARITO: E
no 8.112/90, pode-se afirmar que
44. (FUNIVERSA_APEX-BRASIL_ANALISTA
A) apenas o cônjuge do indiciado não poderá
JÚNIOR_2006) O art. 1º da Lei nº 8.212, de
participar da comissão de inquérito.
24/07/1991, que dispõe sobre a organização da
B) o julgamento fora do prazo legal implica Seguridade Social, institui o Plano de Custeio, e
nulidade do processo. dá outras providências, afirma que a Seguridade
Social obedecerá aos seguintes princípios e
C) o processo disciplinar é considerado diretrizes, exceto:
instaurado com a publicação do ato de
constituição da comissão de inquérito.
236

(A) universalidade da cobertura e do GABARITO: D


atendimento.

(B) eqüidade na forma de participação do


POLÍTICAS CULTURAIS
custeio.
CONCEITOS E DIMENSÕES DA
(C) diversidade da base de financiamento. CULTURA.
(D) atendimento integral, com prioridade para
O desafio das diferenças: saiba como a cultura
as atividades
local influencia na gestão
preventivas.
Você já ouviu falar de Geert Hofstede? Não se
(E) uniformidade e equivalência dos benefícios e preocupe caso o nome deste psicólogo holandês
serviços às soe absolutamente estranho. Na verdade, o que
é mais conhecido é o pensamento que ele
populações urbanas e rurais. desenvolveu sobre a dimensão cultural. A
teoria teve como base um importante estudo
realizado para a IBM, entre os anos 1967 e
1973, para explicar diferenças de culturas entre
GABARITO: D
filiais de países distintos. E, em tempos de
45. (FUNIVERSA _ SEJUS_TÉCNICO globalização e internacionalização, ganhou
PENITENCIÁRIO_2007) Relativamente ao ainda mais relevância. Por isso é o assunto
regime disciplinar dos servidores regidos pela deste nosso post.
Lei n.° 8.112/1990, assinale a afirmativa
O que é a teoria das dimensões culturais?
correta.
É um pensamento desenvolvido por Hofstede a
(A) As penalidades de demissão e cassação de
partir de um dos maiores estudos
aposentadoria serão aplicadas pelo Presidente
empíricos já desenvolvidos sobre diferenças
da República ou, havendo delegação, pelo
culturais, aquele já referido da IBM. A empresa,
Ministro de Estado.
que nos anos 70 já era multinacional, recorreu à
(B) Ao servidor é proibido manter sob sua chefia análise para tentar entender porque suas filiais
imediata, em cargo ou função de confiança (no Brasil e na Ásia, por exemplo) continuavam
cônjuge, companheiro ou a ser geridas de maneira completamente
diferente, apesar de todos os esforços para
parente até o terceiro grau. colocar um único modelo de gestão em prática.

(C) Tratando-se de servidor ocupante de cargo De posse desse estudo, o psicólogo Geert
em comissão, a penalidade será aplicada pela Hofstede dedicou-se a investigar as diferenças
autoridade que houver feito a nomeação. no funcionamento dessas unidades. Concluiu,
então, que as diferenças ocorriam devido às
(D) Tratando-se de dano causado a terceiros,
culturas dos empregados e, em grande parte,
responderá o servidor perante a Fazenda
do país que as sediava. Na época, o estudioso
Pública, em ação regressiva.
descreveu a cultura como “a programação
(E) Entende por inassiduidade habitual a falta coletiva dos espíritos que distingue os membros
ao serviço, sem causa justificada, por trinta de um grupo humano do outro”.
dias, durante o período de
As cinco dimensões culturais
doze meses…
Teve origem, aí, o famoso modelo das
dimensões culturais de Hofstede. Que é um
237

quadro-referência com cinco tipos – dimensões associados ao gênero masculino ou ao gênero


– de diferenças/perspectivas de valores entre as feminino. No primeiro grupo, temos a
culturas nacionais. agressividade, a busca por patrimônio e a
competitividade. Já entre os valores femininos,
1. Distância ao poder podemos citar a valorização pelos
relacionamentos, a sensibilidade e a
Também conhecida por “distância hierárquica”,
preocupação com o bem estar dos outros.
essa dimensão dá a medida de quanto os
membros menos poderosos de uma civilização A teoria aponta que são características comuns
aceitam e esperam distribuição desigual de das culturas femininas: foco em qualidade de
poder na sociedade. vida; prazer pelas atividades pequenas e lentas;
compaixão para com os menos afortunados;
Aqui, Hofstede estabele o sistemas de valores
resolução de conflitos por meio do compromisso
daqueles que têm menos poder como medida. É
e da negociação. E entre os países em que
uma dimensão mais relacionada a diferentes
valores femininos prevalecem, podemos citar:
sociedades que buscam por formas para lidar
Suécia, Noruega, Finlândia, Dinamarca e
com a questão fundamental de gerir as
Holanda.
desigualdades entre os indivíduos.
São características comuns das culturas
Exemplo de países com alto índice de Distância
masculinas: foco na ambição; viver para
do Poder: países nórdicos, Nova Zelândia e
trabalhar; “coisas” grandes e rápidas são
Austrália. Características comuns: a
admiradas; admiração pelo o sucesso;
desigualdade é aceita; há uma hierarquia por
resolução de conflitos de modo a permitir que
necessidade; aqueles que têm poder têm
os mais fortes ganhem. Exemplo de países:
privilégios; a mudança acontece por meio de
Japão, Venezuela, Itália, Irlanda e México. Além
revoluções.
disso, de acordo com Hofstede, quanto mais
2. Individual X coletivo masculina for a cultura, mais forte é a tendência
de separação.
Esta dimensão leva em consideração as relações
entre individualidade e coletividade. Aqui, 4. Evitar a incerteza
mede-se até que ponto as pessoas sentem que
Hofstede definiu esta dimensão como o grau de
têm de tomar conta somente de si próprias, ou
ameaça percebido por membros de uma cultura
de suas famílias e das organizações a que
em situações incertas ou desconhecidas. Ou
pertencem.
seja, reflete o sentimento de desconforto ou
Em outras palavras, essa dimensão avalia se as insegurança que as pessoas demonstram diante
organizações sociais são mais coletivas ou de riscos e imprevistos. O quão ameaçados
individuais. São características comuns das esses indivíduos sentem-se por situações
culturas coletivistas: foco em “nós”; desconhecidas.
relacionamentos são mais importantes do que
Exemplo de países mais avessos a incertezas:
as tarefas; cumprir com as obrigações impostas
Jamaica e Singapura. Características comuns:
pelo grupo é fundamental; manter a harmonia e
alto estresse ao enfrentar situações
evitar o confronto direto é imperativo.
imprevistas; a incerteza é uma ameaça contínua
Exemplo de países coletivistas: Guatemala, e deve ser combatida; há necessidade de
Paquistão e Indonésia. consenso; há necessidade de evitar o fracasso;
há grande necessidade de regras e leis.
3. Masculinidade X feminilidade
5. Orientação a longo prazo X a curto prazo
Dimensão que mede, em diferentes culturas, o
grau de prevalência de valores comumente
238

A última dimensão cultural elaborada por exemplo, os funcionários-modelo devem ser


Hofstede indica em qual medida uma sociedade apresentados e destacados.
baseia as suas tradições sobre os
acontecimentos do passado ou do presente, A importância de se construir a confiança em
sobre os benefícios apresentados. Ou, ainda, uma cultura diferente
sobre o que é desejável para o futuro.
Já David Kerpen, CEO da startup de softwares
Em poucas palavras, essa dimensão verifica o Likeable Local, enfatiza, neste textoda Inc., a
quão pragmática/científica ou o quão passiva a importância de se construir a confiança em cada
explicações uma sociedade é, contraponto novo mercado localmente.
orientações de curto e longo prazo. São
Para Kerpen, os consumidores tendem a preferir
características comuns de culturas de curto
marcas que forneçam serviços adaptados
prazo: a necessidade de esforços que produzam
regionalmente e que correspondam às suas
resultados imediatos; a pressão social para
necessidades. Ou seja, você não pode abrir mão
gastar mais; a prevalência de lucros imediatos
de conhecer as particularidades do mercado em
diante das relações. Exemplos de países:
que pretende atuar – daquelas dimensões
Estados Unidos, Inglaterra e Espanha.
culturais de Hofstede.
E entre as características comuns de culturas de
Trata-se do processo de “localização”, que tem
longo prazo, podemos citar: a perseverança e o
o sentido de “tornar local”: uma aproximação
esforço que produzem resultados lentamente; a
multifacetada de um mercado específico, o que
importância de se economizar e ser cuidadoso
requer tempo, desenvolvimento e suporte.
com os recursos e a disposição para adiar seus
próprios desejos por uma boa causa. São A mesma ferramenta para culturas diferentes
exemplos: países do Leste da Ásia, como China,
Coréia e Japão. Independentemente da dimensão cultural, uma
coisa é certa: o Runrun.it é o seu braço direito
Dimensão cultural X internacionalização em qualquer lugar do mundo.

Por mais que falemos de globalização, de aldeia O Runrun.it realiza a gestão de projetos e
global, as distâncias culturais ainda trazem tarefas por meio da gestão das pessoas. Com
muitos desafios para empresas que decidem se ele, você organiza seu trabalho, motiva sua
internacionalizar. E quanto maior a distância, equipe e otimiza a relação com seus clientes.
maiores são as diferenças nas práticas
organizacionais, administrativas e nas tentativas POLÍTICAS CULTURAIS NO BRASIL
de interpretar e responder a questões E NO CEARÁ.
estratégicas.
Introdução
As dimensões culturais de Hofstede ajudam a
entender essas diferenças. No entanto, para Uma série de estudos apresentados na última
gerenciá-las, você pode contar com a década indicam a emergência de um novo
experiência de quem já passou por isso. Jack cenário histórico para as políticas culturais
Welch, por exemplo, traz dicas importantes do brasileiras (Rubim, 2007; 2011; Barbalho,
ex-CEO da General Electric para se manter a 2007; Calabre, 2009; Cury, 2002; Barbosa,
cultura forte quando se parte para a 2008), no qual tem sido reorganizadas as
internacionalização. institucionalidades políticas e ocorrido
mudanças nas possibilidades de ação e nos
Welsh diz que é preciso repetir a sua projetos implementados por agentes culturais
mensagem, até engasgar. A visão e os valores engajados.
que levam a ela têm que ser articulados
repetidamente. Nas reuniões internas, por
239

Essas mudanças político-institucionais atinentes brasileiras na contemporaneidade, em escala


às ações de governo à cultura, intensificadas na nacional, e compreender como tais
gestão presidencial de Lula, tiveram como configurações produziram novas formas de
diretrizes: a reinserção da cultura na pauta agenciamento cultural2 e de ação política, em
política da nação, a interiorização destas escalas locais. Para tal, na primeira seção,
iniciativas e a pluralização identitária. Tais apresentaremos uma revisão histórica das
modificações têm reorientado a ação dos políticas culturais no Brasil, conforme estudos
diversos atores atuantes no setor. Secretarias em literatura específica, a fim de delinearmos
municipais de cultura foram criadas, fundações apontamentos sobre a natureza diacrônica das
passaram por consideráveis atualizações para mudanças político-institucionais transcorridas
ajustar-se a modelos normativos e operativos no segmento. Na sequência, a partir do relato
nacionais, diversos agentes profissionalizaram- de pesquisa etnográfica realizada em duas
se em produção cultural ou em gestão política cidades brasileiras - Gramado (RS) e São Luiz
da cultura, ou mesmo a produção de projetos do Paraitinga (SP) - , analisaremos a
tornou-se uma técnica de vida (simmel, 1946) implementação e os modos de ação dos atores
permanente nestes meios (Silva, nesses processos políticos.
2012a).1 Porém, estas redefinições políticas
acompanharam mudanças locais, observadas Importa destacar, como prerrogativa teórico-
nas práticas culturais diversificadas e nas metodológica, nosso interesse em compreender
disputas por recursos econômicos necessários os tensionamentos, contrastes e ambivalências
para a manutenção das mesmas, mas, em igual presentes na proposição destas políticas, no
teor, nas mudanças globais que parecem âmbito nacional, e os modelos de ação que são
atribuir à cultura espaço estratégico nas ajustados ou regulados nos campos de atuação
propostas de desenvolvimento (Yúdice, 2004), dos diversos atores, no local. No que se refere
de revitalização das urbanidades e de outras às políticas culturais, visamos acompanhar
formas de consumo de bens culturais (Canclini, recentes estudos sociológicos que demonstram
2003). o quanto tais mudanças políticas reorientam a
ação dos atores sociais e potencializam a
O ordenamento destas mudanças políticas, em irradiação de diversos agenciamentos culturais
âmbitos estatais, exigiu uma nova organização (Canclini, 2003; Yúdice, 2004; Silva, 2011;
das agendas políticas, tomando as questões Silva, 2012a).
culturais a partir de percepções intersetoriais e
interdisciplinares. Além do Programa Cultura
Viva, operacionalizado em corresponsabilidade
Políticas culturais brasileiras: um diagnóstico
com diversos setores do Estado, outras
iniciativas procuraram recorrentes aproximações Na década de 1930, ocorreram as primeiras
com as políticas culturais. Poucas foram tão experiências institucionalizadas de políticas
intensas quanto às aproximações e culturais no Brasil. A primeira se deu no âmbito
colaborações entre os setores educacionais e de municipal (Calabre, 2009), quando Mário de
cultura, onde a perspectiva de educar para a Andrade assumiu o recém-criado Departamento
cultura, educar para a diversidade, educar para de Cultura e Recreação da cidade de São Paulo,
a diferença ou educar para a conservação no ano de 1935. Esta iniciativa inaugurou uma
patrimonial ou das culturas tradicionais ocupou tendência das políticas culturais, que se estende
centralidade nas narrativas socioculturais de à atualidade, qual seja: seu interesse de
nosso tempo. institucionalização. A segunda, no plano
nacional, correspondeu à criação do Ministério
Neste sentido, o presente artigo visa
da Educação e da Saúde, por Getúlio Vargas,
diagnosticar um conjunto de mudanças
sobretudo a partir de 1934, quando Gustavo
institucionais sofridas pelas políticas culturais
Capanema assumiu o setor (Calabre, 2009).
240

Tais exemplaridades inauguraram as ações do Se o período histórico compreendido entre os


Estado no âmbito cultural, independentemente anos de 1930 e 1980, mesmo que de maneira
de sua regularidade (Rubim, 2011). descontínua, pode ser definido como período de
responsabilização institucional pelas políticas
As duas primeiras experiências brasileiras culturais, especialmente pelo Estado, o ano de
expressaram uma forte relação entre o Estado e 1990 ficou marcado pelo desmonte dos setores
as políticas culturais. Os projetos desenvolvidos governamentais responsáveis pela área. No
atribuíram centralidade ao Estado, enquanto início deste ano, o presidente Fernando Collor
agente político-cultural, enfaticamente voltados de Mello modificou a estrutura de gestão do
à construção institucional das políticas culturais, Estado brasileiro, desencadeando duas medidas.
embora o ministro Capanema reiterasse que A primeira foi a dissolução do Ministério da
suas prioridades fossem a educação nacional, a Cultura, que fora criado no governo de José
saúde pública e a assistência social. Na ocasião Sarney (1985-1989), e a criação da Secretaria
em que Mário de Andrade atuava no de Cultura. A segunda consistiu na extinção de
Departamento de Cultura, em São Paulo, entidades e organizações públicas atinentes ao
Gustavo Capanema solicitou-lhe auxílio na setor (Calabre, 2009; Rubim, 2011). Competia,
formulação do projeto de criação do Serviço do pois, a esta nova Secretaria de Cultura:
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional "preservar e desenvolver o patrimônio cultural
(Sphan), concluído ainda em 1936 e brasileiro, estimular a criatividade artística e
oficialmente criado em 1937. Essa entidade promover a preservação da identidade cultural
assumiu inúmeras incumbências no âmbito da do país" (Calabre, 2009: 108). No entanto, esta
administração da cultura, enquanto instância de reformulação do ordenamento institucional da
política pública, tanto na defesa das obras de gestão cultural foi acompanhada por
arte patrimoniais, monumentos, paisagens, considerável redução orçamentária,
folclore, quanto em seu tombamento (Calabre, afastamento de servidores e esvaziamento de
2009). Nos percursos históricos que se inúmeros projetos e programas, o que se
seguiram, realizar política cultural, sobretudo no intensifica se considerarmos o quadro de
plano federal, fazia-se sinônimo de políticas restrição de recursos experimentados nas
patrimoniais, como nas iniciativas de décadas anteriores. A mudança, contudo,
tombamento oficial e em suas priorizações a revelou-nos a inauguração de um modelo de
obras, objetos e edificações remanescentes do orientação neoliberal (Anderson, 1998) nas
Brasil colonial, face à crescente urbanização. políticas públicas.
No mesmo contexto, as questões culturais É do ponto de vista do financiamento que
adquiriram maior importância dentro do campo mudanças radicais são observadas. Ainda no
de planejamento do Estado, passando a figurar governo Sarney, em 1986, na gestão de Celso
entre aquelas áreas vinculadas ao Furtado à frente do ministério, foi promulgada a
desenvolvimento (Calabre, 2009). Outra Lei n.o 7.505, a qual passou a conceder
questão pertinente, face à ampliação dos benefícios e concessões fiscais no imposto de
dispositivos institucionalizados de administração renda para iniciativas operacionalizadas no setor
da cultura, era a falta de recursos financeiros cultural ou artístico, isto é, foi instaurado um
para o setor, traço que configurou uma mecanismo de financiamento das políticas
tendência comum a todas as políticas públicas públicas de cultura através de renúncia fiscal. O
de cunho social (Vieira, 1983). Esses novos governo admitia a carência de recursos públicos
arranjos governamentais potencializaram e para o setor, ao reduzir seu financiamento
permitiram a consolidação de um "mercado de direto, mas observava que as verbas
bens simbólicos" (Ortiz, 1988) no Brasil, já alternativas deveriam ser buscadas no mercado
iniciado nos anos de 1920, com o rádio. (Rubim, 2011). As palavras do ministro Celso
Furtado reiteraram o sentido das mudanças
241

transcorridas nos processos de financiamento, audiovisual, patrimônio histórico, artes cênicas


pois enfatizara que em "uma sociedade e produção editorial (Cury, 2002).
democrática as funções do Estado no campo da
cultura são de natureza supletiva" (Furtado Embora o incentivo fiscal seja uma estratégia
apud Calabre, 2009: 102). Assim entendido, as que pode trazer benefícios às pessoas
comunidades e os agentes culturais seriam envolvidas, dois problemas acompanham tal
responsáveis pelos esforços de ação expediente: a exclusividade desta estratégia
patrocinadora, sendo este um pressuposto como política cultural de governo reduz o poder
fundamental da lógica de implementação das de intervenção do Estado no setor, bem como a
leis de incentivo à cultura. potencial intervenção do mercado realiza-se
sem utilização importante de recursos privados,
Com a chegada de Fernando Collor à apenas com recursos de renúncia fiscal (Rubim,
Presidência da República, a Lei Sarney foi 2011). O Estado omite-se assim de um papel
dissolvida. Porém, tal dissolução não pode ser mais propositivo nas temáticas do setor,
pensada como um ocaso desta estratégia caracterizando uma evidente retração de sua
política de financiamento, mas sua passagem ação (estatal). Em todo caso, observamos um
por um curto período de atualização. Vários movimento de reversão à tendência das
estados e municípios propuseram programas de políticas culturais efetuadas no período histórico
financiamento semelhantes, caso da Lei anterior, as quais estavam baseadas na
Mendonça,3 em São Paulo, e o Faz Cultura, na responsabilização institucional das iniciativas
Bahia. Por outro lado, desde a Constituição de políticas e, neste momento, desde a
1988, maior autonomia foi atribuída aos consolidação das leis de incentivo e iniciativas
municípios nos processos de gestão e correlatas, os próprios atores responsabilizam-
procedimentos de elaboração das políticas se pela busca de recursos, em fontes diversas,
públicas de cultura, no entanto, ao recorrerem que subsidiem seus projetos culturais, havendo,
às lógicas das leis de incentivo, "estes governos pois, uma responsabilização individual.
ajudaram a consolidar no imaginário brasileiro
de que o Estado não deveria ser o responsável Em 2003, Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a
direto pelo financiamento da cultura" (Rubim, Presidência da República e Gilberto Gil
2011: 28). incumbiu-se da pasta da Cultura. O ministério
foi reformulado e foram criadas novas
As políticas de incentivo foram a única secretarias, dentre essas a de Políticas
estratégia de financiamento das iniciativas Culturais, a de Fomento e Incentivo à Cultura, a
culturais no governo Fernando Henrique, diante de Programa e Projetos Culturais, a do
de uma grande demanda por projetos versus a Audiovisual e a de Identidade e Diversidade
limitação de recursos (Yúdice, 2004). Então, a Cultural, com ênfase na produção de uma
saída foi o estímulo permanente para que postura ativa do Estado no setor. Associado ao
grandes empresas investissem no setor, não manifesto e efetivo interesse ministerial em
apenas por renúncia fiscal, mas também democratização cultural (Chauí, 2006), uma
associando a iniciativa à visão empresarial, nova lógica de distribuição de recursos e
através de marketing cultural. Em pesquisa implementação de políticas passava então a ser
realizada pela Fundação João Pinheiro sobre o efetuada:
decênio 1985-1995 acerca de investimentos da
iniciativa privada em cultura, 53% das Ao longo da primeira gestão do ministro Gil,
empresas consultadas nomeou algumas medidas foram tomadas para buscar
o marketing cultural como principal meio de diminuir o processo de concentração regional e
divulgação de suas marcas, preferindo mesmo setorial. Uma delas foi investir no processo de
investir prioritariamente em: música, seleção de projetos por meio de editais, tanto
internos, quanto por intermédio dos maiores
242

investidores na lei, como é o caso da Petrobras de projetos davam-se através de editais, como
(Calabre, 2009: 122). ilustra a citação abaixo:

As mais consistentes críticas da equipe As seleções seriam feitas por meio de editais
ministerial aos governos anteriores referiam-se públicos e cada projeto de Ponto de Cultura
aos mecanismos de financiamento através das selecionado receberia recursos da ordem de R$
leis de incentivo. Segundo estes, "os incentivos 150 mil ao longo de cinco semestres e também
fiscais não direcionariam recursos segundo passaria a ser beneficiado por ações e parcerias
prioridades políticas, deixando às empresas a formalizadas pelo Ministério da Cultura (MinC),
decisão sobre a alocação final dos recursos visando à ampliação das atividades realizadas
públicos" (Barbosa, 2008: 78), o que fragilizava (Calabre, 2009: 124).
a ação do Estado. Outra limitação observada
dizia respeito à sua reduzida abrangência Embora o financiamento das políticas
territorial, sobretudo se considerarmos a governamentais ainda estivesse dependente das
concentração dos recursos na Região Sudeste leis de incentivo, estas ações realizaram uma
do Brasil. Estava na agenda do novo ministério aproximação e um diálogo com setores da
uma reestruturação mais ampla das políticas sociedade que antes não estavam presentes na
culturais, a qual estava baseada em dois agenda de discussões públicas, além de
procedimentos, fundamentalmente: o Plano contemplar financiamento e interesse político a
Nacional de Cultura e o Sistema Nacional de agentes culturais que não receberiam em
Cultura. Desde o início de 2005, as ações circunstâncias anteriores, como mestres da
ministeriais estavam voltadas para um Plano cultura popular, interiorizando geograficamente
Nacional, mediante este interesse, foi realizada estas políticas, como explicita Silva (2011).
a I Conferência Nacional de Cultura, cujas Embora o quadro de redução orçamentária não
reuniões preliminares seriam municipais, tenha sido alterado com consistência, o
estaduais e interestaduais, com a finalidade de Programa Cultura Viva ampliou as possibilidades
colher subsídios para o plano (Calabre, 2008). de obtenção de recursos e permitiu que
Consoante ao processo, encontrava-se o inúmeros projetos recebessem fomento estatal,
Sistema Nacional de Cultura, com o objetivo de constituindo um campo concorrencial mais
voltar-se para ações integradas no setor, ampliado. Em nossa análise, este campo
evitando distorções e sobreposições de concorrencial - observado nos projetos de
iniciativas e legislações, o que vinha ocorrendo Pontos de Cultura - reforça a tendência à
com as leis de patrimônio histórico e cultural, responsabilização individual por seus projetos e
por exemplo. pela obtenção de financiamento público ou
privado para sua implementação. Mesmo com a
Não obstante as inúmeras ações sugeridas para nova atitude ministerial, a escassez de
a cultura no período administrativo do financiamento, associada aos dispositivos
presidente Lula, uma delas, a nosso ver, concorrenciais através de editais, conformam e
tornou-se exemplar das novas estratégias acentuam estes campos de disputa por
postas em operação pelo Ministério da Cultura: recursos.
o Programa Cultura Viva. Criado pela Portaria
Ministerial n.o 156/2004, este programa visava Além disso, o Programa Cultura Viva incorpora
à articulação de cinco ações: Pontos de Cultura, uma segunda mudança fundamental no período
Agentes Cultura Viva, Cultura Digital, Escola administrativo de Lula: a pluralização da
Viva e Griôs-Mestres dos Saberes, com o questão identitária. A própria identidade
objetivo de promover o acesso à fruição, nacional - tema prioritário das políticas culturais
produção e difusão cultural, por meio de na era Vargas - torna-se pluralizada, como
mecanismos de cooperação social. As seleções diagnostica Alexandre Barbalho (2007):
243

A diversidade não se torna uma síntese, como através de exercício investigativo entre os anos
no recurso à mestiçagem durante a era Vargas de 2009 e 2011.
e na lógica integradora dos governos militares,
nem se reduz à diversidade de ofertas em um Os dados sobre as questões citadas advêm do
mercado globalizado. A preocupação da gestão acompanhamento sistemático das formas de
Gilberto Gil está em revelar os brasis, trabalhar implementação destas políticas culturais, tanto
com as múltiplas manifestações culturais, em mediante a coleta de dados etnográficos,
suas variadas matrizes étnicas, religiosas, de quanto de realização de entrevistas
gênero, regionais etc. (Barbalho, 2007: 52). semiestruturadas com agentes e gestores
atuantes no campo, ou mesmo da coleta de
Esta percepção revela o interesse do Estado em material de divulgação das mesmas na mídia
contemplar, em seus campos de intervenção, regional. Neste sentido, as duas próximas
atores e grupos antes não reconhecidos pelas seções terão como fundamento empírico a
ações ministeriais - caso das culturas populares investigação citada.
(Silva, 2012). Na visão de Célio Turino, então
coordenador do programa, essa perspectiva
implica um Estado ampliado, promotor de
Agenciamentos culturais de Estado: a
acesso aos meios de formação, criação e fruição
experiência de Gramado (RS)
de experiências culturais, mediante vínculos de
parceria com agentes culturais, artistas, Situada na região serrana do estado do Rio
professores e militantes sociais, atento às Grande do Sul, distante cerca de 120km da
mudanças culturais de nosso tempo. No capital, Porto Alegre, Gramado é um dos
entanto, algumas questões acabam ficando em principais polos culturais e turísticos regionais.
aberto: Por um registro histórico, cumpre
mencionarmos que foi no ano de 1875 que
Como alcançar essas metas em contextos de
chegaram às terras do atual município os
limitações de recursos?
primeiros colonizadores, fixando-se no local
Como obter democratização cultural, na conhecido como Linha 28. Eram
acepção de Chauí (2006), em programas predominantemente imigrantes italianos e
consolidados por lógicas concorrenciais por alemães que ali se estabeleceram, os quais
projetos e recursos? foram, pouco a pouco, fundando as primeiras
localidades e distritos rurais. As décadas de
Como estas mudanças contemporâneas nas 1910 e 1920 trouxeram possibilidades de
lógicas de implementação das políticas culturais construção de espaços mais urbanizados, com
são incorporadas às cidades brasileiras, na as instalações de uma capela da Igreja Católica,
atualidade? uma agência dos Correios e outra do Banco
Nacional do Comércio, seguidas por exatoria
Quais possibilidades de ação efetivamente se estadual, iluminação pública, a chegada da
colocam para os agentes e as instituições viação férrea e, na esteira destas
culturais? transformações, a sede distrital passa ao atual
centro do município. Às décadas posteriores
Diante deste campo de problematizações
estavam reservadas novas mudanças: a
sociológicas, constatamos que estas mudanças
presença de um cinema, de escolas, a
institucionais sofridas pelas políticas culturais
construção da Igreja Matriz, de dois hospitais, o
brasileiras na contemporaneidade se traduzem
primeiro asfaltamento da rua central, além do
em diversas lógicas e princípios de ação nas
crescente desenvolvimento industrial e
escalas locais. Para tal análise, estaremos
comercial.
expondo as experiências em políticas culturais
de duas cidades brasileiras, Gramado (RS), e
São Luiz do Paraitinga (SP), as quais estudamos
244

Em 1958, Gramado produziu o primeiro evento culturais interessantes aos exigentes viajantes
de rua que serviu de alavanca para o de hoje. A "Abertura" de um encarte especial
desenvolvimento de eventos culturais e veiculado pelo Grupo Editorial Sinos, de
turísticos: a "Festa das Hortênsias", evento circulação estadual, chamado "Roteiros da
realizado até meados da década de 1980 e, Serra", dá destaque aos usos potenciais da
como vemos, inseriu o município nas lógicas do cultura em um contexto situacional "Onde tudo
turismo nacional, até a contemporaneidade. Na acontece":
sequência histórica, uma série intensa de
eventos passou a ocupar a população local e os Onde tudo acontece
turistas: Festival de Cinema, Festa da Colônia,
Durante o inverno, a Serra Gaúcha se
Natal Luz, Gramado Cine Vídeo, além de
transforma num dos destinos turísticos mais
inúmeros eventos de turismo de negócios e de
desejados do país. Para isso, centenas de
outras naturezas. Este crescente exigiu um
agências e operadoras de turismo criam pacotes
significativo desenvolvimento de setores
buscando atrair diversos públicos. Muitas
voltados à prestação de serviços e ao
famílias programam alguns dias de descanso
atendimento aos públicos turísticos, como
nesta época do ano, e aproveitam para
atividades dirigidas à hospitalidade, hotelaria,
conhecer esse destino que é tão propagado
gastronomia, infraestrutura urbana, transportes
Brasil afora.
e comunicação social.
O viajante de hoje está cada vez mais exigente
Esta situação explicita, em boa medida, os
e conectado a um mundo de opções em se
interesses sociais, econômicos, políticos e
tratando de viagens. Por isso, é preciso ser bom
culturais em jogo nas atividades turísticas
nesse negócio chamado turismo.
(Silva, 2012a). Para complementarmos o
diagnóstico, precisamos ainda considerar os Ao longo de décadas, a vocação para bem-
dados recentemente disponibilizados pela receber que surgiu em cidades como Gramado,
Secretaria Municipal de Turismo, a saber: Canela e Nova Petrópolis passou a impulsionar a
economia dessas comunidades com cada vez
1. no primeiro semestre de 2011, de janeiro à
mais ênfase.
julho, Gramado recebeu 2,1 milhões de turistas;
Por isso, muito antes da chamada alta
2. a primeira quinzena de julho do mesmo ano,
temporada, esses municípios planejam novas
recebeu 200 mil turistas;
atrações para surpreender quem chega. E esse
3. a expectativa de recebimento de turistas para desafio é superado graças à sintonia dos
o ano de 2011 é de 3,6 milhões; poderes públicos com a iniciativa privada.

4. os indicadores de fluxos turísticos são Assim, a todo o momento surgem novos


crescentes a cada ano, caso da ocupação eventos e novos negócios. Compras,
hoteleira que tem o aumento médio de 2% hospedagem, gastronomia, lazer e
(2010-2011). entretenimento estão combinados com
elegância. É na Serra Gaúcha onde tudo
O turismo, em Gramado e na Serra Gaúcha, é acontece.
evidenciado como vetor e prerrogativa das
políticas de desenvolvimento da região, O provocativo editorial do encarte parece
tomando principalmente as atividades e construir apenas uma narrativa de publicidade
manifestações culturais como "reserva turística dirigida a um público regional,
disponível" (Yúdice, 2004) para projetos sobretudo por enfatizar virtuosidades destas
culturais neste tempo, produzidos a partir de cidades situadas geograficamente na Serra
narrativas de permanente atratividade ao Gaúcha. Revela-nos que as ideologias da
público visitante e na captação de projetos "vocação natural" e da "latência dos potenciais
245

de atratividade" são discursos produzidos desde de recursos na iniciativa privada e em leis de


práticas observadas em situações empíricas incentivo.
específicas, ou seja, são construções ou
reconstruções político-sociais que inventam e Em 2009, a subsecretaria inicia atividades e
promovem um dos destinos turísticos mais suas primeiras ações demonstram indícios de
visitados do país, notadamente explicitadas em uma técnica de vida que determina os
técnicas de vida (Simmel, 1946) que o texto agenciamentos culturais contemporâneos, qual
acima parece expor: planejamento permanente, seja, a racionalização. A primeira iniciativa foi
eminência de operadoras de turismo e viagens, então a produção de diagnósticos sobre a
projetos de novos eventos e negócios, "sintonia" produção, a circulação e o consumo culturais
entre os poderes públicos e a iniciativa privada. em Gramado, envolvendo os próprios agentes
nestes procedimentos e, segundo seu
Se a Festa das Hortênsias, no fim da década de idealizador, invertendo o processo de produção
1950, inaugura uma lógica de intervenção dessas políticas públicas, no que respeita a
cultural na cidade, com a presença cada vez concepção, a execução e a gestão dessas
maior de turistas e visitantes, o Festival de políticas desde os implementadores (Souza,
Cinema, iniciado em 1973, e o Natal Luz, em 2003). Neste sentido, foram criadas instâncias
1987, consolidam estes cursos de ação participativas no intuito de possibilitar a
possíveis (Schutz, 1974). O turismo, em suas incorporação de indivíduos aos processos - os
diversas frentes de trabalho (cultural, eventos, fóruns culturais - , onde cada segmento teve
agroturismo, ecoturismo etc.), enraizava-se seu próprio fórum de representação. Estes
como potencial estratégia política, econômica e eventos tiveram um primeiro caráter global,
cultural em Gramado. É neste período que se com a participação de todos os segmentos que
torna setor e, a posteriori, adquire estatuto de contribuíram ao trazerem suas críticas,
secretaria na gestão pública do município. O sugestões e ideias para a composição de um
mesmo não aconteceu com a cultura. Enquanto plano de gestão, com viabilidade, a ser
intervenção de Estado, esta área não conseguia desenvolvido nos quatro anos da gestão, e, em
fortalecer-se como unidade autônoma de seguida, fóruns especializados focalizados em
gerenciamento de recursos econômicos e demandas pontuais para cada um dos
políticos, ora atrelada à educação, ora segmentos.
subordinada ao turismo, aliás, tendência
presente em várias localidades do país. Através destes instrumentos, foram coletados
indicadores de prioridade, recebidas sugestões e
Somente no fim da primeira década de 2000 foi objetivos que deveriam ser considerados no
observada a necessidade de construir uma processo de produção destas políticas culturais,
Secretaria Municipal de Cultura, ainda que, ou seja, obtiveram informações que subsidiaram
mediante os arranjos políticos locais, verificou- parâmetros e orientaram ordens de prioridade.
se a implementação desde um estágio Identificaram alguns segmentos com
intermediário, uma subsecretaria. O advento de dificuldades de implementação de programas e
mudanças na organização das políticas iniciativas e estes foram destacados, com o
nacionais para a cultura, associadas a uma série objetivo de fortalecer a produção cultural.
de editais para fomento cultural publicados na Frente a esta meta, as parcerias com a iniciativa
gestão Gilberto Gil e sua necessidade de privada foram utilizadas.
autonomizar as políticas culturais nos âmbitos
locais trouxeram a exigência desta ação, isto é, O relato de nossos informantes explicita o
a formação da subsecretaria representava a interesse de encaminhamento da produção
inserção em modelos de gerenciamento cultural cultural aos mercados turísticos locais,
que, até então, não eram estabelecidos no consubstanciados pela necessidade de
município, pois sua ênfase estava na captação permanente atratividade em cidades turísticas,
o que produziria novos arranjos nas relações
246

entre o local e o global, sobretudo por terem promover a inserção de agentes em fluxos da
identificado, anteriormente, uma predominância economia da indústria do turismo (Urry, 1996) e
de produtos importados. O artesanato, por a produção de circuitos alternativos para
exemplo, deveria operar constantemente pela aqueles que não se enquadram nos modelos
construção de uma imagem idealizada de cidade turísticos, atribuindo-lhes conteúdos de
turística, assim sendo, os bordados, as finalidade social. Em todo caso, a secretaria
camisetas, os artefatos domésticos (como centraliza os modos de produção cultural do
aventais, facas, xícaras, suportes diversos) município.
reproduziriam ícones e imagens de Gramado,
assim como pressupostos de uma produção Neste campo de agenciamentos, a secretaria
racional, formalizada e viável economicamente, estabeleceu uma hierarquia de prioridades, as
o que evidencia o interesse pela comercialização quais desencadearam a criação do Sistema
destes produtos. Nesta ótica, são impostos Municipal de Cultura, inspirado no Sistema
limites ou determinantes à produção cultural da Nacional de Cultura. Esta discussão tem
cidade sob os ditames de construção de uma subsidiado a formulação do Plano Municipal de
cidade turística, ou para o olhar do turista Cultura, em fase de redação, que visa planejar
(Urry, 1996). o próximo decênio. No entanto, um dos grandes
desafios impostos a este modelo de
Atualmente, a entidade dispõe de um agenciamentos de Estado, mobilizado pela
levantamento sobre os agentes culturais, secretaria, refere-se ao financiamento cultural.
quantos são, seu gênero, em que eventos Neste sentido, aliadas a uma narrativa de
trabalham. A secretaria assumiu um papel escuta ao agente cultural, como informante
central nos agenciamentos culturais da cidade: privilegiado, modalidades de financiamento
estão sendo "inventadas". A lógica concorrencial
A partir de hoje, a secretaria também começou de projetos submetidos a leis de incentivo, cuja
a atuar como agente, porque um promotor liga historicidade mencionamos anteriormente,
pra cá e diz que está precisando de um músico adquire repercussão no contexto municipal,
tradicionalista, nós temos uma relação e sobretudo por identificarmos estas leis ainda
encaminhamos, hoje o promotor de eventos como instrumento privilegiado para provimento
tem acesso a essas informações diferentemente financeiro dos principais eventos turístico-
de outros anos. Além disso, nós percebíamos culturais de Gramado.
que apesar de atuar como agente, algumas
bandas, principalmente as independentes e Este modelo de agenciamento cultural,
aquelas juvenis de rock e pop, não tinham como observado neste contexto, atribui centralidade
se encaixar nesse perfil de eventos que aos agentes estatais como mediadores de
habitualmente se utilizam de Gramado como projetos e iniciativas culturais na
sede, os congressos, as feiras e os encontros contemporaneidade, ou seja, agenciamentos
(Daniel, gestor cultural). culturais de Estado. Estes agenciamentos são
tangenciados por técnicas de vida (Simmel,
A entidade detém e centraliza informações 1979), evidentes nos fragmentos discursivos
detalhadas dos atores culturais da cidade, assim expostos e significativos como determinantes às
como agencia produtos e práticas culturais nos ações culturais, uma vez que o modelo
mercados turísticos locais. Para aqueles que não estabelece limites específicos que condicionam
se enquadram nas ações solicitadas, outros as iniciativas individualizadas ou autônomas.
eventos são promovidos, muitos destes com Este modelo opera ainda seletivamente sob
uma finalidade social, ou de proteção social quais ações culturais devem estar atreladas
(Castel, 2004), em entidades assistenciais ou eventos turísticos produzidos localmente, ou
escolas. Assim, a entidade operacionaliza seja, mobiliza técnicas que arranjam e
agenciamentos de coletivos de atores culturais, rearranjam a pluralidade de forças (Simmel,
com duas finalidades específicas: agenciar para
247

1946), potencializando usos convenientes objetivo deste planejamento, na maioria das


destas manifestações socioculturais. vezes, reside em demonstrar a justificativa para
a ação, suas condições de exequibilidade e
Os referidos agenciamentos de Estado são esclarecimentos sobre sua viabilização
produzidos em processos formalizados, de ações econômica e social, portanto demonstrar sua
racionalizadas e burocratizadas (Weber, 1999), "aproximação à realidade", o que repercutirá no
de planejamento estratégico de sentido entendimento de sua praticabilidade (Schutz,
empresarial e voltados à disputa (por) e 1974).
obtenção de recursos à efetuação de seus
projetos. Demonstram, talvez pela proximidade Em seus agenciamentos estatais, a organização
às ações estatais, potenciais de mobilização de negocia com o poder público e com proponentes
agentes e recursos, constituindo-se como única privados do evento. De certo modo, sua
instância mediadora de projetos e programas, capacidade de agência é tensionada por
na qual os agentes individuais devem integrar- determinantes advindos de interesses
se ao modelo, uma vez que supõe que as econômicos, sociais e políticos que pesam e
lógicas concorrenciais são exógenas ao influenciam suas próprias proposições políticas.
município. No caso de Gramado, esse modelo Outros dois desafios a este modelo de
de agenciamento corporificou-se na criação de agenciamento foram explicitados no âmbito da
uma entidade pública - embora efetivada em ACTG, quais sejam: a capacidade autônoma de
parcerias com a iniciativa privada - cuja missão produção de projetos, sem a necessidade de
fundamental tornou-se gerenciar projetos contratação de especialistas para sua
culturais, a Associação de Cultura e Turismo de formulação - prática recorrente no meio cultural
Gramado (ACTG). - , sobretudo nas lógicas de editais seletivos; e
a convivência com o risco de indeferimento dos
Criada em 2004, a ACTG é uma instituição civil recursos financeiros aos projetos, os quais
de direito privado, sem fins lucrativos, cujo assumem estatuto de exercício permanente,
objetivo é "organizar, trabalhar e viabilizar pois processos de submissão de projetos em
novos e conceituados eventos", além do editais públicos tornam-se sistemáticos e
interesse em "promover palestras para divulgar regulares, como vimos na seção anterior.
os modos pelos quais Gramado cria e administra
seus eventos" e como trazer "retorno" ao Então, o planejamento ou as projeções tornam-
município. se exercícios constantes, procedimento típico
destes modelos de agenciamentos de recursos
Na atual estrutura, atuam no desenvolvimento e para projetos culturais. Planejar eventos e sua
na gestão dos eventos do município: o Festival necessária obtenção de recursos financeiros
de Cinema, a Festa da Colônia, o Festival de torna-se um imperativo permanente dos
Gastronomia, o Natal Luz, além de alguns agenciamentos estatais, porque sem estes
outros eventos de menor repercussão regional, recursos, provavelmente, as políticas culturais e
como a Feira do Livro, a Feira do Artesanato, o turísticas não se desenvolveriam,
Festival de Turismo. Deste modo, a ACTG faz-se independentemente de sua forma, de seu
parceira na gestão dos recursos públicos que os conteúdo ou uso específico. No contexto, cultura
eventos obtêm. Segundo informações oficiais, a e turismo tornam-se indissociáveis.
gestão desses recursos públicos investidos deve
ser operacionalizada através de uma entidade Não obstante outras situações e conflitos não
sem fins lucrativos, função exercida por esta mencionados aqui, reafirmamos a identificação
organização. Portanto, possui a função de um modelo específico de agenciamento
prioritária de elaborar e redigir projetos a serem cultural, suas características e dimensões
submetidos a entidades governamentais, praticadas. Os agenciamentos culturais de
gerenciar os recursos agenciados e cumprir as Estado configuram tipicidades de um modelo de
obrigações legais de prestação de contas. O agência que estabelece determinantes que
248

condicionam a ação dos atores no campo ter 15 mil habitantes nos anos de 1930, quando
cultural. Entendemos que podem ser vários a produção de rapadura e derivados de cana-
estes modelos, mesmo coexistirem, porém, no de-açúcar tiveram seu apogeu nos circuitos
contexto situacional descrito, há predominância econômicos regionais. No século XIX, sua
de um tipo estatal cujas características economia assentava-se no setor cafeeiro, o qual
evidenciamos acima, mas poderiam ser promoveu o desenvolvimento de toda a região,
sintetizadas na institucionalização, desde desencadeando a produção de uma variedade
controle racional e burocratizado de Estado, de de gêneros agrícolas e tornando-se lugar de
mecanismos de objetivação das subjetividades abastecimento das tropas que transportavam
dos indivíduos, ou, algo semelhante ao que café do vale do Paraíba para o litoral paulista. O
Simmel (1946; 1979) definiu como a entorno da cidade é marcado por belas
objetivação da dimensão humana subjetiva paisagens naturais, especialmente a floresta
(cultura). remanescente da Mata Atlântica, hoje protegida
pela Floresta Nacional da Serra do Mar, criada
Neste cenário, mecanismos institucionais de em 1977 (Lopes, Silva e Silva, 2011).
Estado tornam-se agências mobilizadoras de
recursos para projetos diversificados, mas com O desenvolvimento urbano acompanhou um
unicidade de planejamentos e concentração de conjunto de transformações sociais, políticas e
interesses em alguns grupos com potencial de econômicas ocorridas em âmbito regional, caso
negociação com instâncias intermediárias da inauguração, em 1927, da rodovia Rio de
criadas para a formulação de projetos. O campo Janeiro-São Paulo, a qual passava pela
concorrencial visibiliza-se discursivamente como nucleação urbana de Taubaté, uma das
exógeno ao município e, neste modelo, os principais cidades do vale do Paraíba; ou, ainda,
projetos individuais dos atores culturais não o declínio da produção cafeeira na região e a
encontram autonomia ou apoios institucionais, crescente potencialização da indústria como
pois a dinâmica do desenvolvimento principal estratégia econômica (Lopes, 2006).
socioeconômico da cidade depende da efetuação No entanto, a localização geográfica de São Luiz
(Schutz, 1974) de projetos com potencial de do Paraitinga a tornou relativamente isolada dos
mercado, para usos turísticos, sendo que estes fluxos de modernização desenvolvidos às
são predominantes. margens da rodovia Presidente Dutra, o que
permitiu a manutenção de certos traços
tradicionais de formação da cultura caipira
(Lopes, Silva e Silva, 2011).
Agenciamentos individuais: disputas por
projetos culturais em São Luiz do Paraitinga Muitas de suas edificações históricas tornaram-
(SP) se patrimônio histórico e cultural mediante
processo de tombamento, em 1982, pelo
São Luiz do Paraitinga é um município localizado
Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico,
no interior do estado de São Paulo, no vale do
Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat),
Paraíba Paulista, distante 170 quilômetros da
entidade vinculada à Secretaria Estadual da
capital. Do ponto de vista histórico, uma
Cultura. A partir de então, São Luiz do
pequena povoação começou a constituir-se no
Paraitinga passou a ser a cidade paulista com o
lugar em fins da década de 1760, vindo a
maior número de imóveis tombados como
constituir-se em vila no ano de 1773, quando
patrimônio histórico e cultural, com mais de 400
seu padroeiro passou a ser São Luís, bispo de
unidades. Porém, o caso deste município difere
Tolosa. No ano de 1857, elevou-se a cidade e,
de outros que também abrigam imóveis em
em 1873, elevou-se à denominação "Imperial
semelhantes situações, o fato de a maioria
Cidade de São Luiz do Paraitinga". Data deste
destes serem ainda utilizados como residência.
período um conjunto de edificações que
Esse patrimônio arquitetônico tombado,
urbanizaram a pequena cidade, a qual chegou a
249

associado à diversidade das práticas culturais, carnaval da cidade ou da festa do Divino


festivas ou religiosas fizeram de São Luiz Espírito Santo (Silva, 2012a; 2012b).
interessante lugar de visitações turísticas (Silva,
2012b). Então, desde 2002, a cidade tornou-se No entanto, algumas modificações significativas
uma das estâncias turísticas do estado de São em São Luiz ainda estavam por acontecer, estas
Paulo (aprovado pela Lei estadual n.o 11.197, por fatores inesperados. No primeiro dia do ano
de 5 de julho de 2002). de 2010, parte da cidade foi destruída por uma
enchente, quando o rio Paraitinga transbordou.
Como observou João Rafael dos Santos (2008), Grande contingente da população urbana e rural
embora indicadores apontem para a existência foi atingida, com perdas e avarias em suas
de êxodo e empobrecimento da população, residências, bens móveis, dentre muitas outras
tornar-se estância turística estadual ampliou perdas sentimentais e simbólicas. O fato foi
com intensidade a arrecadação municipal, pois veiculado pela imprensa brasileira em todos os
de R$ 6,3 milhões, em 2001, passou para perto dias da primeira semana daquele ano e causou
de R$ 16 milhões, em 2007 (Santos, 2008). A comoção geral. Muitos prédios de valor histórico
ampliação da arrecadação expressa a relevância foram danificados (18 foram destruídos e 65
do turismo na economia municipal, graças às tiveram algum tipo de avaria).
atividades de pousadas, hotéis, restaurantes e
lojas de artesanato. Tornar-se estância turística Um caso específico das dinâmicas de
trouxe ainda desafios aos modos de organização "reconstrução social" da cidade que se iniciaram
das políticas culturais na cidade. A política de em São Luiz do Paraitinga (Silva, 2012b)
cultura em São Luiz foi , tradicionalmente, parece-nos sinalizar a conformação de outro
pautada por três traços fundamentais: a política modelo de agenciamento de recursos às
patrimonialista por meio dos processos de políticas culturais contemporâneas, o qual
tombamento (caso do Condephaat, em 1982, e passaremos a delinear na sequência do texto.
do Iphan, em 2010); a conformação de
A gestão Gilberto Gil, no Ministério da Cultura,
calendários regionais festivo-religiosos (festa do
potencializou novos projetos e propósitos para
Divino Espírito Santo, por exemplo); o
as políticas de cultura nacionais, muito embora
tangenciamento das ações sociais às condições
suas lógicas fundamentais não trouxessem
instituídas, como a Prefeitura e a Igreja
ruptura substancial com a gestão que lhe
Católica, como sinaliza Santos (2008).
antecedeu. Uma destas novas políticas foi o
A priori, os traços acima apontados permitem Programa Cultura Viva.
uma interpretação destas políticas como
Como observamos anteriormente, o Programa
incrementalistas, porém, as condições turísticas
Cultura Viva e outras políticas culturais
recentes trouxeram novas situações à cidade,
produzidas no período administrativo de Lula
novos eventos foram promovidos e outros
incorporaram uma mudança importante em
atores passaram agenciar projetos, dentre
suas lógicas organizacionais, qual seja: a
estes, os eventos contemporâneos de carnaval,
pluralização da questão identitária. Essa
a Sociedade de Observadores de Sacis (Santos,
dimensão do programa parece ter sido usada
2008) e o Festival da Música Brasileira. Essas
convenientemente (Yúdice, 2004) no auxílio do
ações, além de uma ênfase nos objetivos
município de São Luiz do Paraitinga, após a
econômicos próprios de atrativos turísticos,
enchente. Segundo nossos informantes na
posicionaram elementos tradicionais da cultura
cidade, havia um edital do programa aberto em
luizense, redimensionando os interesses em
2009, no qual projetos do município foram
jogo diante da atualização midiática observada,
submetidos, mas nenhum ficou entre os
por exemplo, a repercussão na mídia regional
selecionados. Porém, dias depois da enchente,
dos recentes festivais de marchinhas, do
quando se normalizou o acesso ao lugar, a
presença de Célio Turino, então coordenador do
250

programa, em São Luiz, consubstanciada ao Aí, quando apareceu essa ideia do Ponto de
processo de tombamento das edificações de seu Cultura, a gente já tinha um grupo, já
núcleo urbano pelo Iphan, produziu desenvolvia esse trabalho há uns quatro ou
expectativas em torno da seleção emergencial cinco anos na escola, a gente fazia por conta da
de pontos de cultura dirigidos à contribuição nas gente mesmo, com o dinheiro da gente,
dinâmicas de reconstrução urbana, o que na gasolina para baixo e para cima, a gente
sequência veio a ocorrer. sempre fazia com o que a gente podia, pedindo
aqui, com os comerciantes ali, com a escola,
Essa situação promoveu um campo de que liberava o mestre para a gente ensaiar.
agenciamentos (de recursos) individuais dos Com o Ponto de Cultura, a gente pôde crescer
atores voltados à produção de projetos um pouquinho mais, começou a estar unindo o
qualificados e à consolidação de parcerias para pessoal do Ponto de Cultura, o Moçambique, aí
sua efetuação, num cenário marcado por a gente teve até incentivo para estar criando
processos concorrenciais individualizados, esse outro grupo que você teve oportunidade de
embora a prerrogativa da seleção fosse ver aqui, que a gente está chamando de
institucional. Porém, além das concorrências, Moçambique das Professoras ou Moçambique de
estas disputas revelam-nos outras São Luiz do Paraitinga (Cláudia, professora).
características de um modelo específico de
agenciamento. Para ilustrar tais tendências, Como Cláudia possuía experiências prévias em
relataremos uma experiência de Ponto de promoção cultural e vinha desenvolvendo ações
Cultura no município: o Ponto de Cultura voluntariamente, o Ponto de Cultura despertou
Fazenda São Luiz. interesses de institucionalizar sua atividade com
a finalidade de adquirir recursos financeiros.
Então, ao tomar conhecimento do edital em
seus círculos pessoais de relacionamento, foi
O Moçambique das Professoras
também informada do agendamento de uma
Cláudia, 45 anos, professora, natural de São reunião para apresentar a proposta e organizar
Luiz do Paraitinga, tendo vivido muitos anos em os interessados para a submissão de um único
outros municípios do estado, por motivos projeto para o município. Segundo nossa
profissionais. Em 2003, retorna para o informante:
município e, na ausência de outras opções
Aconteceram algumas reuniões aqui, até com o
profissionais, decide iniciar atividades como
pessoal do Ministério, acho que eles iam ajudar
professora em uma escola municipal rural
aqui a organizar o trabalho, mas aí eu me senti
próxima de sua residência. Na escola, começa a
um pouco meio de fora, porque as pessoas
envolver-se com grupos de Moçambique,
falavam, mas todo mundo na hora de ir para a
conhece um mestre nesta prática cultural, Raul,
reunião ninguém falava direito para onde ia,
que é funcionário da escola e, juntos, iniciam a
todo mundo escondia um do outro, todo mundo
criação de um grupo de Moçambique, com a
começou a querer fazer o seu (Cláudia).
participação dos alunos e da comunidade
escolar. O depoimento da professora evidencia-nos a
conformação de um modelo de agenciamento
Após desenvolverem, voluntariamente, este
individualizado, pautado nos mecanismos
trabalho por cinco anos - desde 2004 - , a
concorrenciais entre agentes no campo, no qual
possibilidade de obtenção de recursos para o
identificamos disputas e conflitos endógenos por
provimento da iniciativa cultural, através do
interesses e recursos. Mesmo que conforme um
Ponto de Cultura, trouxe motivações e projetou
campo individual de concorrência, endógeno ao
expectativas de continuidade e ampliação do
campo cultural, foi necessária a instituição de
projeto:
alianças, sobretudo porque os agentes
precisavam de uma entidade proponente, com
251

regularidade de cadastro nacional de pessoa Ponto de Cultura, eu poderia apresentar para


jurídica. O que nos exige recuperar o uso outra entidade, buscar outros meios, pois a
analítico que Georg Simmel (1983) empregou gente realmente estava precisando.
ao conflito, não tomando-o como fator de
desagregação social, mas por seus interesses de Cláudia posiciona o projeto como instância de
associação e aliança, isto é, em circunstâncias mediação para ações futuras (Schutz, 1974),
de competitividade individual, o apoio e a sob determinantes de seu campo de ação na
formação de alianças torna-se condição cultura, sendo um destes a necessidade de
imprescindível. A sequência do depoimento recursos financeiros. Conforme seu relato, em
explicita esta conotação: entrevista, estavam passando por dificuldades
financeiras intensas, de modo que os
Quando todo mundo ficou sabendo que participantes da atividade colocavam dúvidas
precisava ter uma entidade, todos ficaram meio sobre a continuidade ou não do projeto.
assim... e o grupo todo que estava estudando,
se reunindo junto para tentar montar um Neste contexto de dificuldades financeiras, além
projeto de Ponto de Cultura para São Luiz, de recursos que subsidiassem as despesas de
acabou dispersando, acabou indo um para cada outros atores associados à ação, outras
lado e as pessoas ficaram assim [...] todo despesas igualmente eram imediatas:
mundo competindo, um grupo com o outro ou passagens de ônibus para os participantes,
cada dupla, um amigo aqui, outro ali, e eu combustível para o deslocamento do veículo
quase desisti de fazer esse projeto, não tinha pessoal da professora, especialmente se
muito apoio, todo mundo ficava só criticando considerarmos que as apresentações do grupo
aquelas coisas, mas daí "deu uns cinco minutos muitas vezes exigiam deslocamentos de 70km.
em mim", e um dia eu falei: Embora Cláudia, em muitas situações,
desembolsasse recursos próprios para tais
"Quer saber de uma coisa, eu vou fazer demandas, identificava o auxílio financeiro aos
também, porque assim vou aprender a fazer participantes como um dos desafios prioritários.
projetos, se eu não fizer a gente não começa Em face da restrição de recursos, traço histórico
nunca!" (Cláudia). das políticas culturais no país, decidiu escrever
o projeto. Da decisão de escrever e os desafios
Sendo assim, desde a formalização de parcerias pessoais da escrita, descreve:
com a Associação Mato Dentro, a Fazenda São
Luiz e a Escola Municipal do Ensino Fundamental Fiz o projeto, sentei, fiquei um mês sentada
Cassiana dos Santos Moreira, onde a fazendo projeto, remoendo daqui, dali.
idealizadora do Ponto de Cultura leciona, teve Apagava, escrevia de novo, apagava, escrevia,
início a redação do projeto. Os argumentos de apagava até a gente pensar realmente,
Cláudia explicitam uma desconfiança prévia à amadurecer. Acho que foi amadurecendo a ideia
seleção, porque inúmeras eram as insinuações na cabeça também para a gente ver o que
que a desmotivavam à propositura do projeto, realmente tinha que sair. Acabou saindo um
deste modo sentia que: projeto amplo, com várias coisas que eu estou
testando dentro desse projeto (Cláudia).
Estava aquele clima, uns dizendo que não sairia
já, outros falavam que já tinham saído os O projeto era amplo e previa diversas atividades
pontos de algumas pessoas, que já sabiam de durante seus três anos de operacionalização. Da
quem ia ser e aquelas coisas todas (Cláudia). perspectiva das ações folclóricas previstas,
inseriu: ensaios e apresentações de jongo ao
Em meio a receios e a desânimo, decidiu longo do ano; ensaios e apresentações de
submeter o projeto: Moçambique; formação de um grupo de Folia de
Reis no bairro. Da perspectiva do
Mas pensando que pelo menos eu ficaria com o
financiamento, foram previstos recursos para:
projeto pronto, se eu não apresentasse para o
252

gasolina para os deslocamentos dos envolvidos; se na razão dos agenciamentos dos atores que
lanche para os estudantes nos dias de ensaio e os promovem, na perspectiva em que Pedro
apresentação; aquisição de equipamentos Martins definiu a reconstrução das
(computadores, um para edição de vídeo e manifestações expressivas, onde menciona que
outro para edição de música); produção de se referem à
audiovisual. Uma perspectiva relevante deste
projeto foi a política patrimonial das categoria de análise que deve englobar todas as
experiências desenvolvidas, a destacar a manifestações capazes de exprimir uma forma
fotografia e a produção de vídeos ou um conteúdo estético aliado a qualquer
documentários. conteúdo identitário (Martins, 2009: 243).

Outra das dimensões importantes do projeto de Na situação definida, distribuíram um panfleto


Cláudia é o "Moçambique das Professoras", (Imagem 1) anunciando suas ações, com o selo
através do qual as mulheres são mobilizadas e de algumas entidades públicas (o que parece
convidadas a participar das atividades legitimar sua produção narrativa), quer seja por
promovidas pelo Ponto de Cultura, com forte apoio financeiro através de editais públicos, ou
conteúdo de gênero. Novos agenciamentos, em através de associação a sua imagem, a saber:
forma e conteúdo, explicitam-se na narrativa de Governo do Estado de São Paulo, Ministério da
nossa informante, a saber: Cultura (Ponto de Cultura, Mais Cultura) e
Governo Federal. Além disso, explicita a
Então, o que a gente tem divulgado é também configuração de mecanismos de reconstrução
assim: o popular é nosso, é a cara do Brasil. Até expositiva de manifestações culturais,
tenho divulgado muito isso, eu acho que o Brasil pressupondo em seu discurso que a cultura
tem muito da cultura popular. O Brasil se popular está associada à prática de atividades
organizou de uma maneira que a nossa cultura físicas para mulheres, o que implica pensarmos
popular é muito rica, que a gente acrescentou, que as políticas culturais, em circunstâncias
eu acho que misturou com as culturas regionais, como estas, operam dispositivos de seleção e
com as culturas locais, a gente conseguiu adequação dos sentidos de seus objetos,
traduzir isso em um povo que tem uma cultura ajustando-os a interesses objetivamente
muito própria, a gente tem os regionalismos situados, através de técnicas específicas. Ou
que são muito fortes em cada região [...]. O seja: na situação mencionada, fez-se produtiva
Moçambique, a congada, as nossas danças da a associação entre cultura popular e
cultura popular também podem estar dentro de emagrecimento, a qual forja a emergência de
algumas academias, dentro de algumas um campo de problematizações essencialistas à
universidades, não se modificando, se tornando cultura ("É para isso mesmo que serve a cultura
cultura erudita eu acho, mas de maneira popular?"), por um lado, mas, por outro,
espontânea, divertindo, formando, agrupando potencialmente engendra novas relações,
pessoas, estar trabalhando e a gente continuar sentidos, públicos e praticantes da mesma
mostrando o que é nosso (Cláudia). cultura, atualizando-a.

A narrativa cultural acima revela-nos que os


sentidos atribuídos à cultura popular não são
construídos como a priori, mesmo constatando
que suas ancestralidades ou dimensões
tradicionais estão na abertura do discurso. O
significado das práticas é negociado entre os
diferentes atores envolvidos, diante de seus
agenciamentos socioculturais (Yúdice, 2004), o
que produz novos fluxos de sentido à cultura.
De certo modo, alguns ritos culturais atualizam-
253

proponente, como lócus privilegiado às ações do


Ponto de Cultura. Aproveitam a presença dos
estudantes na instituição de ensino, que passam
a participar dos ensaios, principalmente por
considerarem a distância onde muitos dos
envolvidos moram. Utilizam espaços próximos
na própria comunidade para a realização dos
ensaios, como a capela do bairro, baseados nas
relações pessoais da agente, ao mesmo tempo
essa circunstância demonstra-nos não só a
possibilidade de interiorização das políticas
culturais brasileiras, como sua territorialização.
Tais políticas articulam-se com as experiências
vividas no lugar onde são implantadas.

Por fim, nossa interlocutora destaca a


capacidade de financiar ações que antes não
eram viabilizadas, em particular aquelas que
garantem benefícios e incentivos às crianças
que permanecerem no projeto. Quando analisa
sua experiência, menciona ter dito inúmeras
vezes:

Um dia, eu preciso fazer um projeto para a


gente ter uma grana para poder atender melhor
mesmo as crianças e para a gente poder
desenvolver melhor esses mesmos projetos
(Cláudia).

Com isso, ressalta a importância do Programa


Outra característica deste modelo de Cultura Viva para a efetuação qualificada de
agenciamento individual é o poder de experiências prévias no campo cultural e, de
mobilização. Em circunstâncias onde esta certo modo, do quanto este projeto potencializa
individualização dos agenciamentos se conforma estratégias futuras, incorporado-se à gramática
e constitui um modelo, a agência situa-se em das políticas culturais, em especial em São Luiz
um campo de disputas individuais e reorganiza do Paraitinga.
a pluralidade de forças (Simmel, 1946) no
âmbito local, em boa medida, em correlação
com a capacidade de mobilização e articulação
de seus agentes. Cláudia explicita semelhante Considerações finais
situação: Os modelos de agenciamento cultural
Assim, devagar, estou "tacando lenha na analisados neste artigo configuram técnicas de
fogueira" lá no bairro, falta a gente ver o que a vida (Simmel, 1979) ao se constituírem em
gente consegue fazer, como isso poderá determinantes que estabelecem limites
acontecer e estou vendo que está dando fruto específicos que condicionam a ação dos
(Cláudia). indivíduos nas políticas culturais
contemporâneas. Desde a análise que
No caso do Moçambique das Professoras, realizamos, identificamos pesos e influências
tomam a escola, local de trabalho da distintas entre fatores econômicos, políticos e
sociais que tangenciam os projetos culturais,
254

algumas vezes mais próximos de políticas O segundo modelo, por sua vez, identificado nas
nacionais de cultura, como o imperativo da disputas por Pontos de Cultura em São Luiz do
lógica de editais na seleção de programas ou as Paraitinga (SP), é o de agenciamentos
leis de incentivo em suas faces específicas, individuais. A institucionalização dos projetos
outras vezes mais aproximados das práticas dá-se por meio de dispositivos de racionalização
sociais dos atores participantes deste campo, das ações (planos, estratégias, objetivos
como os agenciamentos pessoais ou os político-organizacionais) - como no modelo
interesses locais em jogo. Porém, duas anterior. Porém, estes projetos exigem
características são recorrentes nesta agenciamentos em um campo de disputas
interpretação dos modelos: o interesse na individuais e forças postas no âmbito local, os
institucionalização do projeto cultural e a quais são realizados desde relações pessoais,
conformação de um novo arranjo das forças familiares, profissionais e políticas de seus
plurais (Simmel, 1946) em dinâmicas proponentes. Estas disputas e concorrências
competitivas ou concorrenciais. Variações reorganizam as "forças plurais" na cidade,
dessas características permitem a análise da personalizando a identificação entre o projeto e
emergência de dois modelos de agenciamento seu idealizador. Desta maneira, forma campos
cultural, não dicotômicos, mas com observável concorrenciais endógenos ao município, entre
predominância de umas ou outras ênfases em projetos e agentes portadores de experiências
perspectiva, as quais, obviamente, são prévias (Schutz, 1974) voltados à efetuação de
construídas desde tipificações ilustrativas, não iniciativas que reformulem ou ampliem ações
podendo ser encontradas em "estado puro" na em curso. Se, no primeiro modelo, as
realidade social. Deste modo, reconhecemos a experiências oportunas referem-se àquelas já
possibilidade de existência de outros modelos, instituídas na municipalidade (edições
ou mesmo modelos em transição ou interseção. anteriores de eventos, feiras, roteiros de
planejamento de custos e ações), no modelo
O primeiro modelo, descrito desde experiências dos agenciamentos individuais os projetos são
em políticas culturais em Gramado (RS), é o desenvolvidos segundo as experiências e
agenciamento cultural de Estado. A "conhecimentos que seus atores dispõem à
institucionalização dos projetos dá-se na criação mão" (Schutz, 1974) no momento, o que
de organizações burocráticas intermediárias e correlaciona projeto cultural e suas experiências
na potencialidade de o próprio Estado atuar sociais, com maior autonomia dos atores à
como agente cultural, cujas manifestações são: formulação de projeções.
dispositivos de racionalização das ações
(manipulação de planos, estratégias, objetivos Esses novos cenários de mudanças político-
político-organizacionais); seletividade de atores institucionais desafiam as políticas culturais de
e iniciativas adequadas ou desejáveis ao projeto nosso tempo, uma vez que proporcionam a
municipal de turismo/cultura e consequente irradiação de múltiplos agenciamentos culturais.
modulação de campos não-autônomos de Os agenciamentos analisados explicitam uma
produção cultural; criação de setores ambivalência entre a construção de um campo
especializados em formulação de projetos e concorrencial entre projetos e os atores
acompanhamento de editais, tornando a culturais em busca de diversos recursos
formulação de projetos um exercício (Yúdice, 2004) e a reconfiguração de modelos
permanente. Assim, forma-se um campo valorativos voltados para a reconstrução dos
concorrencial exógeno ao município, o que sentidos sociais (Dewey, 1970), nas mesmas
muda a escala de competitividade de projetos e políticas.
iniciativas, reconhecendo que a dinâmica
socioeconômica da cidade depende dos projetos Portanto, implica pensarmos que a
culturais - turísticos, sobretudo. racionalização dos agenciamentos culturais,
através de editais de concorrência, como técnica
255

de vida contemporânea (Silva, 2012a), cearense, sendo uma arte tradicional no Ceará
consolida um campo identificável de desde, pelo menos, o século XVIII. As rendas e
experiências competitivas entre atores, mesmo os labirintos possuem maior destaque nas
que, ao mesmo tempo, apresente contribuições imediações do litoral, enquanto o interior se
para a formação de um modelo valorativo de destaca mais pelos bordados.
democratização destas políticas, uma vez que
atua na produção de disputas mais claras e Ademais, o artesanato feito em madeira e barro
potencialmente justas por recursos públicos, o se destaca bastante, com produção de
que busca evitar o clientelismo e o esculturas humanas, representando tipos da
patrimonialismo típico das relações entre os região; quadros talhados em madeira - muitos
atores e o Estado, no Brasil. com temática religiosa, vasos adornados, etc.
Outro importante item do artesanato cearense
A cultura do Ceará é diversificada e com são as garrafas de areias coloridas, onde são
muitas características marcantes. A cultura reproduzidas, manualmente, paisagens e
cearense, assim como em todo o sertão temáticas diversas. São ainda encontrados, em
nordestino, é de base essencialmente ibérica diversas cidades - em
com influências indígenas e africanas. especial Massapê, Russas, Aracati, Sobral e Ca
mocim, dentre outras, cestarias, chapéus e
Arte popular trançados com variadas formas e desenhos
feitos da palha da carnaúba, do bambu e
Quando da introdução da cultura portuguesa no
do cipó. Por fim, como conseqüência natural de
Ceará, ao longo do século XVII, os índios já
uma economia que, durante séculos, foi
produziam um diversificado artesanato a partir
essencialmente pecuarista, o couro é trabalhado
de vegetais como o cipó e a carnaúba, bem
artesanalmente, em especial, para a produção
como dominavam técnicas primitivas de
de chapéus e outras peças da roupa de
tecelagem do algodão, inclusive tingindo os
vaqueiros, assim como de móveis e esculturas.
tecidos de vermelho com a casca
As principais cidade em destaque no artesanato
da aroeira. Com a colonização, diversas técnicas
coureiro são Morada Nova, Juazeiro do
européias se somaram a essa base cultural,
Norte, Crato, Jaguaribe, Assaré e Nova Olinda.
formando uma arte popular que viria a ser
renomada nacional e internacionalmente. Em diversas áreas do interior cearense, os
cordéis, assim como os repentistas e poetas
populares, especialistas no improviso de rimas,
ainda estão presentes e ativos, seguindo uma
tradição que remonta aos trovadores e poetas
populares da Idade Média lusitana. Outra forte
influência portuguesa se encontra na grande
importância das festas religiosas nas cidades de
todo o interior, particularmente as festas de
padroeiro, que estão entre as principais
festividades da cultura cearense, abarcando não
só cerimônias religiosas, mas também danças,
Rendeira cearense trabalhando com bilros. músicas e outras formas de entretenimento,
numa complexa mistura de aspectos sagrados e
Com origens portuguesas e relevante influência profanos. Destaca-se a Festa de Santo Antônio
indígena, têm destaque a produção de redes em Barbalha, famosa pelo pau da bandeira e
com os mais diversos bordados e formas e comemorada nessa forma há 78 anos.
intrincadas rendas feitas em bilros, talvez o
maior destaque da produção artesanal Artes plásticas
256

O movimento de maior destaque na história da reunindo em alguns dias várias bandas


pintura cearense foi o modernismo com o nacionais.
surgimento da Sociedade Cearense de Artes
Plásticas em 1944 que reuniu vários pintores Também são populares no estado, as festas de
como Antônio Bandeira, Otacílio de emancipação política, que é o aniversario dos
Azevedo, Aldemir Martins, Camelo Ponte, Inimá municípios, as mais tradicionais são as
de Paula, Zenon Barreto e outros. Bandeira é de: Fortaleza, Sobral, Aracati, Pires
considerado um dos maiores Ferreira, Reriutaba e Ipu.
pintores abstracionistas do Brasil. Antes desse
A maior festa no Ceará ocorre em junho com
movimento alguns importante pintores
as festas juninas. Durante este mês, o forró é o
cearenses foram Raimundo Cela e Vicente
ritmo mais ouvido e tocado em todo o estado e
Leite que no começo do século XX retrataram
comidas e vestimentas típicas são comuns nas
várias paisagens do sertão e litoral do estado.
ruas e praças de quase todas as cidades,
Na segunda metade do século XX o suíço Jean- destacando-se Juazeiro do Norte com
Pierre Chabloz em passagem pelo Ceará o Juaforró. O Carnaval também é outra grande
descobriu a arte do acreano de origem festa, com destaque para as festas organizadas
cearense Chico da Silva no Pirambu retratando nas cidades litorâneas.
figuras primitivas de dragões e outros animais
Também há importantes festas religiosas como
com carvão e tinta guache. Seu estilo foi
o Halleluya que acontece em Fortaleza e é
classificado como arte naïf e teve grande
aberto gratuitamente ao público, anualmente
destaque até a década de 1980. No final do
desde 1995.E a Caminhada com Maria (15 de
Século XX o pintor Leonilson foi o maior
Agosto), é uma caminhada de 16 km que parte
destaque cearense na pintura.
do Santuário de Nossa Senhora da Assunção em
Festas e eventos direção a Catedral Metropolitana de Fortaleza. A
procissão homenagea a padroeira de Fortaleza
O Miss Ceará é um dos eventos de maior (Nossa Senhora da Assunção) e tem um público
tradição do estado. Sua primeira edição ocorreu aproximado de um milhão e trezentas mil
em 1955 e logo com a eleição de Emília Barreto pessoas.
Correia Lima como Miss Brasil. A outra Miss
Brasil do Ceará foi Flávia Cavalcanti Rebelo, Os dois principais espaços para realização de
apesar de ser natural de Salvador, representava feiras, eventos e convenções do Ceará são
o Ceará na competição nacional. Vanessa Vidal, o Pavilhão de Feiras e Eventos de Fortaleza e
Miss Ceará de 2008 ficou em segundo lugar, o Centro de Convenções Edson Queiroz. O Siará
sendo a primeira concorrente a Miss Brasil com Hall é outro importante espaço de eventos do
deficiência auditiva. Ceará.

O Cine Ceará é um dos mais importantes Humor cearense


festivais de cinema do Brasil. Acontece em
O Ceará se tornou conhecido nacionalmente
Fortaleza, anualmente desde 1991 e a partir
como berço de talentos humorísticos
de 2006 o festival também aceita inscrições de
como Chico Anysio, Renato Aragão e Tom
produções internacionais.
Cavalcante, dentre vários outros. Embora a
O Fortal é uma micareta que acontece percepção de que há um Ceará moleque, como
anualmente desde 1991 sempre no final de verdadeira identidade do povo cearense, seja
julho. Várias outras micaretas menores ocorrem controversa, a história do estado é repleta de
em cidades do interior. Um dos maiores casos verídicos e curiosos que parecem
festivais de música pop do Brasil é o Ceará corroborar com essa idéia, destacando-se,
Music que acontece anualmente desde 2001 sobretudo, figuras populares como o Bode Ioiô,
que era famoso em Fortaleza e inclusive foi
257

eleito vereador da cidade, e o Seu Lunga, Cearense de Letras foi fundada em 1894 e
de Juazeiro do Norte, famoso pela sua durante muito tempo foi a principal instituição
intolerância com perguntas óbvias, assim como literária do estado, congregando alguns dos
eventos como a vaia ao sol também nomes mais ilustres da literatura estadual.
em Fortaleza, depois de quase um dia inteiro de Hoje, existem diversas instituições similares em
céu nublado na cidade. A novela humorística todo o Estado do Ceará. A sua criação inspirou,
da Record Ceará contra 007 de 1965 ajudou a porém, alguns anos mais tarde, a formação
formar esse imaginário de um Ceará Moleque. da Academia Brasileira de Letras.

Literatura cearense O Modernismo se consolidou no Ceará por meio


do movimento Clã, fundado nos anos 40, que
O Ceará é terra de muitos escritores e poetas congregou diversos escritores renomados
importantes, podendo-se citar, dentre muitos cearenses: Moreira Campos, João Clímaco
outros: José de Alencar, Domingos Bezerra, Antônio Girão Barroso, Aluísio
Olímpio, Rachel de Queiroz, Adolfo Medeiros, Otacílio Collares, Artur Eduardo
Caminha, Antônio Sales, Jáder Carvalho, Benevides, Antônio Martins Filho, Braga
Moreira Campos, Gustavo Barroso, Patativa do Montenegro, Manuel Eduardo Pinheiro Campos,
Assaré, João Clímaco Bezerra, Ana Miranda etc. Fran Martins, José Camelo Ponte, José Stênio
Lopes, Milton Dias, Lúcia Fernandes Martins e
A literatura cearense foi sempre caracterizada
Mozart Soriano Aderaldo.
por florescer em torno de grupos literários. O
primeiro desses grupos de desenvolvimento Na década de 70, surgiram outros dois
literário foi Os Oiteiros, que, embora mantendo importantes grupos literários no Ceará: O Saco,
os padrões típicos do Arcadismo, soube uma revista artística inusitada, pois era
encontrar uma cor local para descrever o fugere distribuída com folhas soltas guardadas dentro
urbem e o carpe diem típicos daquela escola. de um saco; e o Grupo Siriará, que reuniu
diversos jovens escritores, propondo uma
José de Alencar, nascido em Messejana (hoje
literatura cearense autêntica e desvinculada dos
anexada como bairro a Fortaleza), é
estereótipos que se estabeleceram na
considerado o principal romancista
retratação literária do ambiente cearense.
do Romantismo brasileiro. Suas obras
tornaram-se bastante famosas, especialmente O O Ceará também possui escritores pós-
Guarani, Iracema e Senhora. modernistas renomados, embora, em sua maior
parte, pouco conhecidos. Podem-se citar, dentre
No final do século XIX, surgiu a Padaria
eles, Pedro Salgueiro, Natércia Campos, Airton
Espiritual, uma agremiação cultural formada por
Monte, Tércia Montenegro, Raymundo Netto
jovens escritores, pintores e músicos. Marcada
dentre outros. A escritora Socorro Acioli ganhou
pela ironia, irreverência e espírito crítico, bem
o Prêmio Jabuti de Literatura Infantil em 2013.
como por um "sincretismo" literário, a Padaria
Seu romance "A cabeça do santo" foi publicado
Espiritual se expressava por meio do jornal O
na Inglaterra, França e Estados Unidos, onde foi
Pão. Muitos autores criticavam as instituições e
escolhido como um dos 50 melhores livros do
valores então vigentes. Para alguns críticos
ano pela New York Public Library.
literários e historiadores, a Padaria Espiritual
pode ser considerada um movimento pré- Literatura popular cearense
modernista que já apresentava alguns aspectos
do Modernismo, que só surgiria com força No Ceará, a literatura de cordel desenvolveu-se
em São Paulo quase trinta anos depois. Assim, expressivamente em Juazeiro do Norte, desde
de certa forma, o Ceará foi pioneiro em as primeiras décadas do século passado.
desenvolver uma literatura irreverente, Em Fortaleza, a Literatura de Cordel surgiu no
relativamente informal e sincrética. A Academia período da Oligarquia de Nogueira Accioly,
258

período esse, em que circularam alguns folhetos brasileiros foi o cearense Alberto Nepomuceno,
destratando a figura do governador cearense. considerado o "pai" do nacionalismo na música
Nesta mesma época, atuava também em erudita do Brasil. Outro representante da
Fortaleza o poeta-editor potiguar Luiz da Costa música clássica foi o renomado regente Eleazar
Pinheiro, autor do clássico “O Boi Mandingueiro de Carvalho, um dos fundadores da Orquestra
e o Cavalo Misterioso”. Sinfônica Brasileira e professor de maestros
célebres, como Claudio Abbado e Zubin
Música cearense Mehta. Em sua homenagem foi criada a
Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho.
O gênero musical mais identificado com o Ceará
Nessa seara, há também iniciativas que unem a
é o forró, em suas variadas formas, inicialmente
música à filantropia como a Orquestra
caracterizado especialmente pelo tradicional
Filarmônica da Chapada do Araripe, em Araripe
forró pé-de-serra, contando apenas com alguns
e a Sociedade Lírica do Belmonte, no Crato.
poucos instrumentos como sanfona e triângulo.
Nos anos 40, o cearense Humberto Patrimônio arquitetônico
Teixeira formou uma famosa parceria com o
pernambucano Luiz Gonzaga, criando o baião, O Ceará abriga quatro conjuntos arquitetônicos
que se tornou muito apreciado. Uma das tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico
principais tradições da música cearense - e, e Artístico Nacional como patrimônio nacional,
principalmente, do Cariri - são também as nomeadamente os núcleos históricos das
bandas cabaçais, que utilizam pífanos, cidades de Icó, Aracati, Sobral e Viçosa do
zabumbas e pratos e freqüentemente fazem Ceará. A cidade com maior número de prédios
acompanhar sua música com movimentos e tombados é Fortaleza.
acrobacias com facões, com destaque para
a Banda Cabaçal dos Irmãos Aniceto. Outros Atuação governamental
representantes tradicionais da música cearense
O governo estadual criou a Secretaria da
são os seresteiros e repentistas.
Cultura do Ceará, a primeira do Brasil,
Dos anos 80 em diante, cresceu bastante o em 1966. A instituição organiza e fomenta a
chamado forró eletrônico, que adotou novos cultura cearense e auxilia outras instituições
instrumentos e absorveu muitas influências de particulares na manutenção das tradições da
diversos estilos populares, afastando-se um população do estado. Vinculado a ela
pouco da tradição do "pé-de-serra" e ganhando estão: Centro Dragão do Mar de Arte e
grande popularidade no estado. Cultura, Escola de Artes e Ofícios Thomaz
Pompeu Sobrinho, Museu Sacro São José de
No entanto, o papel do Ceará na música se Ribamar, Museu do Ceará, Museu da Imagem e
estende para muito além do forró. O importante do Som do Ceará e Theatro José de Alencar são
momento musical dos anos 60, no qual algumas das principais instituições
floresceram a MPB e o tropicalismo no Brasil, governamentais de fomento da cultura
também teve grande influência no Ceará, cearense.
através de artistas
como Ednardo, Belchior, Fagner, Amelinha, J. Outras instituições culturais importantes
Camelo Ponte e outros, alguns dos quais são: Academia Cearense de
conseguiram projeção nacional, recebendo da Letras, Conservatório de Música Alberto
crítica musical o apelido de "pessoal do Ceará". Nepomuceno, Instituto do Ceará, Instituto
Cultural do Cariri, Museu dos
Inusitadamente, o Ceará tem também tido certo Inhamuns, Academia Sobralense de Estudos e
destaque na música clássica brasileira, embora Letras, EDISCA dentre outras.
aí não encontre grandes incentivos. Um dos
mais destacados compositores clássicos Atuando em conjunto com o governo, outras
instituições ou sozinho, várias pessoas, do
259

estado ou de fora, fazem ou fizeram a cultura pretendem tutelar. Isso se dá, sobretudo, pela
do Ceará notadamente: José de própria fluidez do conceito de cultura.
Alencar, Antônio Bandeira, Lino
Villaventura, Chico da Silva, Raimundo Assim, para tentar trazer um pouco de clareza
Cela, Rachel de Queiroz, Chico Anysio, Renato ao tema, citamos uma série de conceituações
Aragão, Jean-Pierre Chabloz, Emília Barreto de diversos autores:
Correia Lima, Humberto Teixeira, Alberto
José Ricardo Oriá Fernandes: Direitos
Nepomuceno, Patativa do Assaré , Socorro
culturais são aqueles em que “o indivíduo tem
Acioli, dentre outros.
em relação à cultura da sociedade da qual faz
parte, que vão desde o direito à produção
DIREITOS CULTURAIS.
cultural, passando pelo direito de acesso à
Os direitos culturais foram previstos pela cultura até o direito à memória histórica”
primeira vez, no plano internacional, na
Humberto Cunha Filho: “… os direitos
Declaração Universal dos Direitos do Homem e
culturais são aqueles afetos às artes, à memória
do Cidadão, que os qualificou como
coletiva e ao repasse de saberes, que
indispensáveis à dignidade e ao livre
asseguram aos seus titulares o conhecimento e
desenvolvimento da personalidade. Desde
uso do passado, interferência ativa no presente
então, foram diversos tratados, declarações e
e possibilidade de previsão e decisão de opções
convenções versando diretamente sobre os
referentes ao futuro, visando sempre a
direitos culturais.
dignidade da pessoa humana”
A Constituição Federal brasileira, em seu artigo
Alessane N`Daw: “… direitos culturais para
215, prevê que o Estado garantirá a todos o
cada povo consistem essencialmente no poder
pleno exercício dos direitos culturais e acesso às
de manter, de fazer renascer, desenvolver e
fontes da cultura nacional, e apoiará e
difundir os seus valores próprios. Para os
incentivará a valorização e a difusão das
indivíduos, estão ligados à exigência de
manifestações culturais.
condições econômicas e sociais capazes de
No texto constitucional, é possível encontrar assegurar a cada homem a possibilidade de
alguns exemplos do que a doutrina desenvolver, ao máximo grau, o seu potencial
especializada usualmente considera como criador, que está ligado à formação de
espécies de direitos culturais. São eles: sentimentos estéticos e à aquisição de
o direito autoral (artigo 5º, XXVII e XXVIII), conhecimento que permitam ao espírito exercer
o direito à liberdade de expressão da o seu direito de crítica.”
atividade intelectual, artística, científica e de
Farida Saheed: “… os direitos culturais
comunicação (artigos 5º, IX, e 215, §3º, II),
protegem os direitos de cada pessoa –
o direito à preservação do
individualmente, em comunidade com outros e
patrimônio histórico e cultural (artigos 5º,
como grupo de pessoas – para desenvolver e
LXXIII, e 215, §3º, inciso I); o direito à
expressar sua humanidade e visão de mundo,
diversidade e identidade cultural (artigo
os significados que atribuem a sua experiência e
215, caput, § 1º, 2º, 3º, V, 242, § 1º); e
a maneira como o fazem. Os direitos culturais
o direito de acesso à cultura (artigo 215,
também podem ser considerados como algo que
§3º, II e IV).
protege o acesso ao patrimônio e aos recursos
Entretanto, passados quase sessenta e cinco culturais que permitem a ocorrência desses
anos de sua proclamação, ainda não existe um processos de identificação e desenvolvimento.”
consenso sobre quais são esses direitos
culturais, qual o seu conteúdo e o que
260

Patrice Meyer-Bisch: “Os direitos culturais pessoa tem direito à proteção dos interesses
podem ser definidos como os direitos de uma morais e materiais decorrentes de qualquer
pessoa, sozinha ou coletivamente, de exercer produção científica, literária ou artística da qual
livremente atividades culturais para vivenciar seja autor.
seu processo nunca acabado de identificação, o
que implica o direito de acender aos recursos FERNANDES, José Ricardo Oriá. A cultura no
necessários para isso. São os direitos que ordenamento constitucional brasileiro: impactos
autorizam cada pessoa, sozinha ou e perspectivas. In: ARAÚJO, José Cordeiro de;
coletivamente, a desenvolver a criação de suas PEREIRA JÚNIOR, José de Sena; PEREIRA, Lúcio
capacidades. Eles permitem a cada um Soares; RODRIGUES, Ricardo José Pereira.
alimentar-se da cultura como a primeira riqueza Ensaios sobre impactos da Constituição Federal
social; eles constituem a substância da de 1988 na sociedade brasileira. Brasília: Centro
comunicação, seja com o outro ou consigo de Documentação e Informação, 2008, p. 207
mesmo, por meio das obras.”
CUNHA FILHO, Francisco Humberto. Os direitos
Particularmente, já defendi em artigos culturais como direitos fundamentais no
acadêmicos que os direitos culturais são aqueles ordenamento jurídico brasileiro. Brasília:
que tutelam a criação, transmissão, preservação Brasília Jurídica, 2000, p. 34.
e distribuição do patrimônio e do capital
N´DAW, Alessane. Cultura universal e culturas
cultural, atividades essas basilares ao
nacionais. In: UNESCO. Os direitos culturais
desenvolvimento da identidade e das
como direitos do homem. Tradução de Mário
capacidades do ser humano. Deixemos o
Salgueirinho. Porto: Telos, 1970, p. 46-47.
aprofundamento dessa proposta teórica para
outra oportunidade. COELHO, Teixeira. O novo papel dos direitos
culturais: Entrevista com Farida Shaheed, da
Por fim, vale dizer que o tema dos direitos
ONU. In: REVISTA OBSERVATÓRIO ITAÚ
culturais, apesar de oferecer um campo muito
CULTURAL. Direitos Culturais: um novo papel.
fértil de estudos, ainda tem uma agenda de
Número 11, Jan./abr, 2011. São Paulo: Itaú
pesquisa incipiente ao nosso ver – não apenas
Cultural, 2011. Pp. 19-20.
no Brasil, não apenas no campo do direito.
Deixamos, portanto, o convite para que novos BISCH, Patrice-Meyer. A centralidade dos
estudos a esse respeito. direitos culturais, pontos de contato entre
diversidade e direitos humanos. In: REVISTA
Abraços e boas ideias!
OBSERVATÓRIO ITAÚ CULTURAL. Op. Cit. p. 28.
Declaração Universal dos Direitos do Homem e
do Cidadão.
SISTEMA NACIONAL DE CULTURA
(SNC) E PLANO NACIONAL DE
Artigo XXII – Toda pessoa, como membro da CULTURA (PNC).
sociedade, tem direito à segurança social e à
realização, pelo esforço nacional, pela SISTEMA NACIONAL DE CULTURA (SNC)
cooperação internacional e de acordo com
a organização e recursos de cada Estado, Sistema Nacional de Cultura é um modelo de
dos direitos econômicos, sociais e culturais gestão e promoção de políticas
indispensáveis à sua dignidade e ao livre públicas de cultura que pressupõe a ação
desenvolvimento da sua personalidade. conjunta dos entes da federação (governos
federal, estadual e municipal) para
Artigo XXVII – 1. Toda pessoa tem o direito de democratização do setor.
participar livremente da vida cultural da
comunidade, de fruir as artes e de participar do A implementação do Sistema Nacional de
processo científico e de seus benefícios. 2. Toda Cultura faz parte das metas e ações do Plano
261

Nacional de Cultura (PNC), que estabelece institui o Programa Nacional de Fomento e


diretrizes e ações de incentivo à cultura. Seu Incentivo à Cultura – PROCULTURA
objetivo é organizar as políticas culturais de
forma descentralizada, dando continuidade a O Ministério da Cultura (MinC) instituiu grupos
elas independentemente de mudanças de de trabalho para atuarem na elaboração da
governantes. Também visa a possibilitar proposta de estruturação do sistema e na
mecanismos de gestão e de investimento na formulação de propostas relativas à formação
cultura mais transparentes, por meio do na área da cultura.
controle social dos recursos e das políticas
No dia 30 de maio de 2012 a Câmara dos
implementadas e promover a universalização do
Deputados aprovou o Projeto de Emenda
acesso a bens e serviços culturais e o fomento à
Constitucional a PEC 416/2005, conhecido como
produção.
PEC da Cultura. Ela acrescenta o art. 216-A à
Histórico Constituição para regulamentar o SNC. A
proposta tramitou na Câmara desde 2005 e
O Sistema Nacional de Cultura (SNC) é baseado depende de legislação específica também nos
nas experiências de outros sistemas nacionais estados e municípios.
de articulação de políticas públicas, em especial
o Sistema Único de Saúde (SUS). Dentre as Adesão
semelhanças dos sistemas, estão os princípios e
A adesão dos estados, municípios e Distrito
as diretrizes, a divisão de atribuições e
Federal é voluntária e realizada através de
responsabilidades entre os entes da federação
assinatura de protocolos de intenção que
(governos federal, estadual e municipal), o
contêm compromissos e obrigações entre as
repasse de recursos e a criação de instâncias
partes signatárias. Para isso, os entes
de controle social.
federativos devem instituir os elementos
A construção do SNC envolveu as seguintes constituem o sistema. São eles:
etapas:
I - Órgãos Gestores da Cultura.
• Assinatura pela União, Estados e Municípios do II - Conselhos de Política Cultural.
Protocolo de Intenções, que visou criar III - Conferências de Cultura.
condições institucionais para a implementação IV - Planos de Cultura.
do SNC; V - Sistemas de Financiamento à Cultura.
• Realização de Conferências de Cultura VI - Sistemas Setoriais de Cultura (quando
(municipais, intermunicipais, estaduais e pertinente).
nacional), visando a mobilização do setor em VII - Comissões Intergestores Tripartite e
todas as áreas do país; Bipartites (apenas para Estados e União).
• Criação do Sistema Federal de Cultura; VIII - Sistemas de Informações e Indicadores
• Reorganização do conselho Nacional de Culturais (implantação de forma progressiva).
Política Cultural e ciclo das Oficinas do Sistema IX - Programa Nacional de Formação na Área da
Nacional de Cultura; Cultura (implantação de forma progressiva).
• Elaboração do Plano Nacional de Cultura e o
A adesão ao sistema se dá por meio da
seu debate público, com Seminários realizados
assinatura de um acordo de cooperação
em todos os estados e no Distrito Federal;
federativa, uma convenção junto ao Governo
• Implementação de programas e projetos do
Federal, onde os estados e municípios se
Governo Federal, em especial o Programa Mais
comprometem a trabalhar conjuntamente para
Cultura, em parceria com estados e municípios;
desenvolver os componentes estruturantes do
• Redefinição, no plano nacional, da política de
SNC. Ela expressa o compromisso dos
financiamento público da cultura com a
signatários com a continuidade das políticas
apresentação e debate da nova legislação que
públicas nas três esferas do governo e a
262

participação e responsabilização dos entes no estrutura básica do Ministério da Cultura


desenvolvimento das atividades e da (MinC). O CNPC foi instituído pela Constituição
diversidade cultural brasileira. Federal, art. 216-A, § 2º, inciso II, pelo Decreto
nº 5.520/2005 e pela Portaria nº 28/2016.
Até agosto de 2012, 22 das 27 unidades da
Federação brasileira haviam aderido ao Sistema Ele tem por finalidade propor a formulação de
Nacional de Cultura, e, dentre os 5565 políticas públicas, com vistas a promover a
municípios de todo o território nacional, 1175 articulação e o debate dos diferentes níveis de
haviam aderido. governo e a sociedade civil organizada, para o
desenvolvimento e o fomento das atividades
A meta de adesões ao SNC, até 2020, é atingir culturais no território nacional. Para saber mais
60% dos municípios do país, das cinco regiões sobre o CNPC, clique aqui.
brasileiras, e 100% dos estados.
3. Qual o prazo de vigência do Plano
Na região Sudeste do país ainda há certa Nacional de Cultura?
resistência á adesão ao Sistema Nacional de
Cultura. O estado de São Paulo não aderiu aos O artigo 1º da Lei nº 12.343/2010 define que o
compromissos do SNC. Já no Rio de Janeiro, PNC tem uma duração de 10 (dez) anos. Como
40% de seus municípios assinaram o acordo. ele foi aprovado no dia 2 de dezembro de 2010,
então sua validade se dará até o dia 2 de
PLANO NACIONAL DE CULTURA (PNC) dezembro de 2020.
1. O que é o Plano Nacional de Cultura Para saber mais sobre a lei do Plano, clique
(PNC)? aqui.
O Plano Nacional de Cultura (PNC) é um 4. Quais os eixos norteadores do Plano
conjunto de princípios, objetivos, diretrizes, Nacional de Cultura?
estratégias, ações e metas que orientam o
poder público na formulação de políticas O Plano baseia-se em três dimensões de cultura
culturais. Previsto no artigo 215 da Constituição que se complementam:
Federal, o Plano foi criado pela Lei n° 12.343,
de 2 de dezembro de 2010. Seu objetivo é a cultura como expressão simbólica;
orientar o desenvolvimento de programas,
a cultura como direito de cidadania;
projetos e ações culturais que garantam a
valorização, o reconhecimento, a promoção e a a cultura como potencial para o
preservação da diversidade cultural existente no desenvolvimento econômico.
Brasil.
Além dessas dimensões, ressalta-se no PNC a
2. Como o PNC foi elaborado? necessidade de fortalecer os processos de
gestão e participação social. Esses tópicos estão
O Plano Nacional de Cultura (PNC) foi elaborado
presentes nos seguintes capítulos do Plano:
após a realização de fóruns, seminários e
consultas públicas com a sociedade civil e, a (i) Do Estado,
partir de 2005, sob a supervisão do Conselho
Nacional de Política Cultural (CNPC). Um marco (ii) Da Diversidade,
importante nesse processo foi a 1ª Conferência
(iii) Do Acesso,
Nacional de Cultura, realizada em 2005, após as
conferências municipais e estaduais. (iv) Do Desenvolvimento Sustentável, e
O CNPC é um órgão colegiado que compõe o (v) Da Participação Social.
Sistema Nacional de Cultura (SNC) e integra a
263

Além disso, o Plano é composto por 36 as políticas culturais que integram o


estratégias, 274 ações e 53 metas. Contudo, monitoramento do plano, como o “Mapa da
destaca-se que as metas foram publicadas por Cultura”. Para saber mais sobre o SNIIC, clique
meio da Portaria nº 123, de 13 de dezembro de aqui.
2011. Nesta plataforma é possível conhecer
cada uma dessas metas e seus respectivos 6. Como o Plano Nacional de Cultura (PNC)
resultados. será monitorado e avaliado?

Para visualizar a portaria que cria as O Ministério da Cultura (MinC) monitora e avalia
metas, clique aqui. as metas do Plano Nacional de Cultura (PNC),
conforme define o inciso II, do artigo 3º, da Lei
5. Quem é responsável pela execução do nº 12.343/2010. Sendo assim, o MinC afere
Plano Nacional de Cultura? periodicamente o cumprimento do Plano de
forma eficaz e de acordo com suas metas.
O Ministério da Cultura (MinC) é o coordenador Ressalta-se que o processo de monitoramento e
executivo do Plano Nacional de Cultura (PNC). avaliação do PNC conta com a participação do
Por isso, é o responsável pelo monitoramento Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC).
das ações necessárias para sua realização,
conforme define o parágrafo 6º do artigo 3º da Além disso, o Sistema Nacional de Informações
Lei nº 12.343/2010. e Indicadores Culturais (SNIIC), gerenciado pelo
MinC, por meio do Mapa da Cultura, é
A aprovação do PNC, sob a forma de lei, situa a fundamental nesse processo de monitoramento,
cultura na agenda de cidades, estados, e de pois tem o intuito de coletar, armazenar e
outros organismos do Governo Federal e da difundir os dados e informações sobre agentes,
sociedade. Diante disso, sua execução depende espaços e eventos culturais em âmbito nacional.
da cooperação de todos, e não apenas do
Governo Federal, para a realização das ações e Destaca-se que o mapa se baseia em três
o alcance das metas. conceitos básicos: agente cultural, espaço
cultural e evento cultural. O campo agente
Neste sentido, a adesão ao Sistema Nacional de cultural é para qualquer profissional ou
Cultura traz a prerrogativa dos estados e dos instituição que mantenha relação com o mundo
municípios elaborarem planos de cultura que da cultura, exemplo disso são as fundações, os
dialoguem com PNC sem perder as institutos, as empresas, os artistas, entre
especificidades locais. outros. O campo espaço cultural se refere aos
espaços físicos onde acontecem atividades
Outro fator importante é que a Lei nº
culturais. Pode ser um equipamento clássico,
12.343/2010 também permite que outros entes,
como um teatro, ou espaços que não são
públicos e privados, tais como empresas,
exclusivamente culturais, como uma praça ou
organizações corporativas e sindicais,
um bar. Ressaltamos que eventos culturais são
organizações da sociedade civil, fundações,
ações culturais realizadas por agentes em
pessoas físicas e jurídicas, colaborem, em
algum espaço. Para saber mais sobre o Mapa da
caráter voluntário, para a garantia dos
Cultura, clique aqui.
princípios, objetivos, diretrizes e metas do PNC.
Essa contribuição poderá ser feita por meio de Além do SNIIC, várias outras fontes compõem o
termo de adesão específico, que ainda será monitoramento do plano, como o caso de
regulamentado. pesquisas ou sítios governamentais, exemplo
disso são as seguintes fontes:
Destaca-se que o Sistema Nacional de
Informações e Indicadores Culturais (SNIIC) SIAFI – Sistema Integrado de Administração
também tem um papel fundamental na Financeira do Governo Federal;
realização do PNC, pois ele reúne dados sobre
264

Siconv – Sistema de Convênios; 8. Como minha cidade ou meu estado pode


aderir ao Plano Nacional de Cultura?
GEOCaps – Sistema de Georreferenciamento;
O Sistema Nacional de Cultura (SNC) é a ponte
Salic – Sistema de Apoio às Leis de Incentivo à entre o Plano Nacional de Cultura (PNC),
Cultura; estados, cidades e o Governo Federal. O
Sistema estabelece mecanismos de gestão
INEP – Instituto Nacional de Estudos e
compartilhada entre estados, cidades, Governo
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira;
Federal e a sociedade civil para a construção de
Pesquisa Frequência de Práticas Culturais do políticas públicas de cultura.
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica
A adesão ao SNC é voluntária e pode ser
Aplicada;
realizada por meio de um Acordo de Cooperação
Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil do IPL – Federativa. Ao aderir ao SNC, o estado ou a
Instituto Pró-livro; cidade elabora um plano de cultura, ou seja, um
documento que reúne diretrizes, estratégias e
Pesquisa de Informações Básicas Municipais e metas para as políticas de cultura naquele
Estaduais do IBGE – Instituto Brasileiro de território por um período de dez anos. Sendo
Geografia e Estatística; assim, pode receber recursos federais para o
setor cultural e assistência técnica para a
Pesquisa do Índice de Competitividade do
elaboração de planos, bem como sua inclusão
Turismo Nacional – Mtur – Ministério do Turismo
no Sistema Nacional de Informações e
7. Como será a revisão do Plano Nacional Indicadores Culturais (SNIIC). Se o seu estado
de Cultura (PNC)? ou sua cidade não aderiu ao PNC, é preciso
entrar em contato com o responsável pela
A Lei n° 12.343/2010 estabelece que o plano Cultura na prefeitura ou no governo do estado.
deve ser revisto periodicamente, tendo como O órgão do Ministério da Cultura (MinC)
objetivo a atualização e o aperfeiçoamento de responsável pela adesão é a Coordenação-Geral
suas diretrizes e metas. do Sistema Nacional de Cultura (CGSNC), no
âmbito da Secretaria de Articulação e
Para isso, é importante que a primeira revisão Desenvolvimento Institucional (SADI).
do Plano, que poderá ser realizada após 4
(quatro) anos da promulgação da Lei, assegure 9. Quais as funções dos cinco componentes
a participação do Conselho Nacional de Política obrigatórios do Sistema Estadual e
Cultural – CNPC e de ampla representação do Municipal de Cultura
poder público e da sociedade civil.
O Sistema Nacional de Cultura é um processo
Sendo assim, o processo de revisão deverá ser de gestão e promoção das políticas públicas de
desenvolvido pelo Comitê Executivo do Plano cultura, em regime de colaboração de forma
Nacional de Cultura, composto por democrática e participativa entre os três entes
representantes: do poder Legislativo; dos federados (União, estados e municípios) e a
estados e dos municípios, que tiverem aderido sociedade civil, tendo por objetivo promover o
ao Sistema Nacional de Cultura (SNC); do desenvolvimento humano, social e econômico
Conselho Nacional de Políticas Culturais (CNPC); com pleno exercício dos direitos culturais.
e do Ministério da Cultura (MinC).
Desta forma, constitui a estrutura do Sistema
A criação desse comitê depende da Nacional de Cultura, os seguintes componentes:
regulamentação, por meio de decreto, conforme
prevê o parágrafo único do artigo 11 da Lei do Órgãos gestores da cultura: executa as ações
PNC. previstas no plano. Pode ser secretaria,
265

fundação ou uma unidade gestora ligada a uma Programas de formação na área da


secretaria; cultura: conjunto de iniciativas de qualificação
técnico-administrativa – cursos, seminários e
Conselhos de política cultural: contribui com a oficinas – de agentes públicos e privados
formulação e o acompanhamento das políticas envolvidos com a gestão cultural, a formulação
culturais, colabora com a organização do plano e a execução de programas e projetos culturais.
– orientado pelas diretrizes estabelecidas na
conferência de cultura – e aprova sua forma 10. Quais são as siglas utilizadas na
final; plataforma do PNC?

Conferências de cultura: encarregada de avaliar Para saber o significado das siglas utilizadas na
as políticas culturais, analisar a conjuntura plataforma do PNC,
cultural e propor diretrizes para o Plano de
Cultura; SISTEMA ESTADUAL DE CULTURA E
PLANO ESTADUAL DE CULTURA.
Sistemas de financiamento à cultura: conjunto
dos instrumentos de financiamento público da SISTEMA ESTADUAL DE CULTURA
cultura, tanto para as atividades desenvolvidas
pelo Estado, como para apoio e incentivo a Institui, no âmbito da Administração
programas, projetos e ações culturais realizadas Pública Estadual, o Sistema Estadual da
Cultura - SIEC, indica suas fontes de
pela Sociedade
financiamento, regula o Fundo Estadual da
Cultura e dá outras providências.
Planos de cultura: documento de planejamento
para orientar a execução da política cultural da O GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ
cidade. Ele estabelece estratégias e metas, FAÇO SABER QUE A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA
define prazos e recursos necessários à sua DECRETOU E EU SANCIONO A SEGUINTE LEI:
implementação a partir das diretrizes definidas CAPÍTULO I
pela Conferência de Cultura. O Plano é
Da Caracterização do Sistema Estadual da
elaborado pelo órgão gestor da cultura com a Cultura - SIEC
colaboração do Conselho de Política Cultural, a
Art. 1º Fica instituído, no Estado do Ceará, o
quem cabe aprová-lo;
Sistema Estadual da Cultura - SIEC.
Sistemas setoriais de cultura: são subsistemas Parágrafo único. O SIEC tem como finalidade
do SNC que se estruturam para responder com conjugar esforços, recursos e estratégias dos
maior eficácia à complexidade da área cultural, poderes públicos das diferentes esferas da
federação brasileira, de empresas e
que se divide em muitos setores, com
organizações privadas, de organismos
características distintas, exemplo disso são o internacionais e da sociedade em geral para o
Sistema Brasileiro de Museus e o Sistema fomento efetivo, sistemático, democrático e
Nacional de Bibliotecas Públicas; continuado de atividades culturais, nos termos
desta Lei.
Comissões intergestores: são instâncias de
Art. 2º São princípios do Sistema Estadual da
negociação e operacionalização do Sistema
Cultura - SIEC:
Nacional de Cultura;
I - respeito à diversidade e ao pluralismo
Sistemas de informações e indicadores cultural;
culturais: conjunto de instrumentos de coleta, II - resguardo à memória coletiva;
organização, análise e armazenamento de
III - promoção da dignidade da pessoa
dados – cadastros, diagnósticos, mapeamentos, humana;
censos e amostras – a respeito da realidade
IV - promoção da cidadania cultural;
cultural sobre a qual se pretende atuar; e
V - promoção da inclusão social;
266

VI - universalidade no acesso aos bens XVI - criar indicadores e parâmetros


culturais; quantitativos e qualitativos para a
descentralização dos bens e serviços culturais
VII - autonomia das entidades culturais;
promovidos ou apoiados, direta ou
VIII - liberdade de criação cultural; indiretamente, com recursos do Estado;
IX - estímulo à criatividade; XVII - subsidiar as políticas, ações e programas
transversais da cultura nos planos e ações
X - participação da sociedade.
estratégicas dos demais órgãos integrantes da
Art. 3º São objetivos do Sistema Estadual da Administração Pública Estadual;
Cultura - SIEC:
XVIII - articular e implementar políticas
I - propiciar a efetivação dos direitos e deveres públicas que promovam a interação da cultura
culturais, em especial os previstos nas normas com as demais áreas sociais, destacando seu
de hierarquia constitucional; papel estratégico no processo de
desenvolvimento econômico e social;
II - facilitar a toda população residente no
Estado o acesso a bens e serviços culturais; XIX - desenvolver atividades que fortaleçam e
articulem as cadeias produtivas que formam a
III - estimular a produção e a difusão das
economia da cultura;
manifestações culturais e artísticas;
XX - promover a difusão e a valorização das
IV - estimular ações com vistas a valorizar expressões culturais cearenses no exterior,
artistas, gestores, produtores, pesquisadores e assim como o intercâmbio cultural com outros
outros profissionais das artes e da cultura; estados e países.
V - apoiar os criadores e suas obras; Parágrafo único. Adotar-se-ão indicadores de
resultados, como o Índice de Desenvolvimento
VI - proteger as diferentes expressões
Humano ou outros índices oficiais que venham a
culturais;
ser adotados pela Administração Pública, para
VII - proteger os diferentes modos de criar, avaliação dos resultados sociais obtidos através
fazer; da aplicação dos recursos do SIEC.
VIII - promover a preservação e o uso Art. 4º São órgãos e entidades que integram o
sustentável do patrimônio cearense em sua Sistema Estadual da Cultura -SIEC:
dimensão material e imaterial;
I - compulsoriamente:
IX - sistematizar e promover a compatibilização
e interação de normas, procedimentos técnicos a) a Secretaria da Cultura do Estado do Ceará -
e sistemas de gestão relativos à preservação e SECULT;
disseminação do patrimônio material e imaterial
b) as entidades vinculadas à Secretaria da
sob a guarda do Estado;
Cultura do Estado do Ceará;
X - desenvolver a consciência e o efetivo
c) o Conselho Estadual da Cultura – CEC;
respeito aos valores culturais cearenses;
d) o Conselho Estadual de Preservação do
XI - integrar a atuação de órgãos e pessoas que
Patrimônio Cultural do Estado do Ceará –
promovem a cultura;
COEPA;
XII - implementar políticas públicas que
e) todos os demais órgãos e programas
viabilizem a cooperação técnica entre os entes
estaduais que desempenhem ou venham a
federados na área cultural;
desempenhar programas e ações de
XIII - incentivar a formação de redes e abrangência cultural;
sistemas setoriais nas diversas áreas do fazer
f) os sistemas setoriais, existentes ou a serem
cultural;
criados, coordenados pela Secretaria da Cultura
XIV - promover a participação democrática na do Estado do Ceará, e respectivos órgãos
gestão das políticas e dos investimentos colegiados;
públicos na área cultural;
g) as pessoas jurídicas beneficiárias de contrato
XV - promover a transparência dos de gestão firmado com o Estado do Ceará, por
investimentos na área cultural; meio ou com a interveniência da Secretaria
Estadual da Cultura;
267

II - facultativamente, mediante avença: 1) legislação de proteção do patrimônio


cultural;
a) órgãos e entidades estrangeiras ou
internacionais, respeitadas as competências 2) legislação de fomento à cultura, compatível
normativas, administrativas e tributárias da com as legislações Federal e Estadual;
União;
3) existência de Secretaria ou órgão específico
b) órgãos e entidades da União; de gestão da política cultural no âmbito do
Município;
c) órgãos e entidades municipais de cultura;
4) existência de instituição de órgão colegiado
d) entidades privadas, sem fins econômicos,
para contribuir na elaboração, fiscalização e
devidamente conveniadas.
redefinição da política pública de cultura, no
Art. 5º Sem prejuízo do disposto em lei qual se pratique a democracia direta ou a
específica, considerando o que dispõem os democracia representativa e, neste caso, a
respectivos atos constitutivos, compete: sociedade tenha representação pelo menos
paritária e as diversas áreas culturais e
I - à Secretaria da Cultura do Estado do Ceará,
artísticas estejam representadas;
a coordenação geral do Sistema Estadual da
Cultura – SIEC, e o exercício de funções 5) criação, manutenção e atualização periódica
normativas e fiscalizatórias; de um sistema municipal de informações
culturais integrado ao Sistema de Informações
II - aos órgãos e entidades vinculados à
Culturais do Estado do Ceará.
Secretaria da Cultura – SECULT, ou com a qual
III - relativamente às entidades privadas
mantenham contrato de gestão, atribuições
conveniadas, atender simultaneamente às
executivas;
seguintes condições:
III - ao Conselho Estadual da Cultura – CEC, e
a) sede no Estado do Ceará;
ao Conselho Estadual de Preservação do
Patrimônio Cultural do Estado do Ceará - b) efetivo funcionamento;
COEPA, o exercício de funções consultivas e de
c) plena normalidade, segundo a legislação
avaliação das políticas e ações culturais no
vigente.
Estado do Ceará;
Art. 7º No desempenho de suas competências,
IV - aos órgãos e entidades referidos no inciso
os integrantes do Sistema Estadual da Cultura –
II do art. 4.º, desta Lei, o que ficar definido na
SIEC, poderão:
respectiva avença.
I - celebrar avenças para otimização e
Art. 6º São critérios para admissão dos órgãos
transferências de recursos;
e entidades que facultativamente podem
integrar o Sistema Estadual da Cultura - SIEC: II - compartilhar sistemas de informações;
I - relativamente aos órgãos e entidades III - receber e transferir recursos financeiros
estrangeiras ou internacionais e os órgãos e entre fundos de fomento à cultura;
entidades da União, a existência de tratados
IV - instituir sistemas setoriais por atividades
internacionais e atos constitutivos,
culturais específicas;
respectivamente, respeitada a legislação
brasileira; V - realizar outras atividades definidas pelo
Conselho Estadual da Cultura.
II - relativamente aos órgãos e entidades
municipais de cultura, atender às seguintes Art. 8º Com o objetivo de integrar o Sistema
condições: Estadual da Cultura – SIEC, ao Sistema
Nacional de Cultura, são fomentadas as mesmas
a) gastos públicos anuais em atividades
áreas culturais, bem adotadas as definições
culturais em percentual mínimo do orçamento
operacionais deste e da legislação federal de
anual, conforme definição do Conselho Estadual
incentivo à cultura, as quais deverão constar,
da Cultura - CEC;
com as adaptações que se fizerem necessárias,
b) efetiva proteção do patrimônio cultural, no Regulamento desta Lei:
segundo critérios definidos pelo COEPA;
I - artes visuais;
c) estrutura normativa e administrativa
II - audiovisual;
mínimas, compreendendo:
268

III - teatro; a) permitam a formação de multiplicadores


através de oficinas, cursos eworkshops;
IV - dança;
b) contemplem um plano de circulação, no caso
V - circo;
de evento sediado na capital do Estado, por
VI - música; bairros da periferia fortalezense; em se tratando
de eventos realizados em qualquer outro
VII - arte digital;
município estadual, incluírem um plano de
VIII - literatura, livro e leitura; circulação do evento que atinja municípios da
macrorregião administrativa em que o município
IX - patrimônio material e imaterial;
se encontre inserido;
X - artes integradas;
c) prevejam a circulação do evento na Capital
XI - outras, definidas pelo Conselho Estadual da Cultural do Estado do Ceará ou promoção dos
Cultura. artistas do município capital cultural, através de
sua inclusão na programação do evento.
Parágrafo único. O Sistema Estadual da
Cultura – SIEC, fomentará programas, projetos IV - aspectos relativos ao PIB da cultura – com
e ações culturais e segmentos específicos apresentação de pesquisa para a mensuração e
definidos no Regulamento desta Lei. avaliação do impacto econômico do projeto;
CAPÍTULO II V - contrapartida dos fundos municipais de
cultura.
DO FINANCIAMENTO DO SISTEMA
Seção II
ESTADUAL DA
Do Orçamento Estadual
CULTURA – SIEC
Art. 11. Poderão ser financiados com recursos
Seção I do orçamento estadual, quaisquer que sejam
Disposições Gerais suas fontes, os projetos e atividades culturais
submetidos ao orçamento da Secretaria da
Art. 9º No âmbito do Estado do Ceará, as Cultura - SECULT, ao Fundo Estadual da Cultura
atividades do Sistema Estadual da Cultura – – FEC, e ao Mecenato Estadual, observado o
SIEC, poderão ser custeadas com recursos das Regulamento desta Lei.
seguintes fontes: Seção III
I - Tesouro Estadual; Do Fundo Estadual da Cultura - FEC
II - Fundo Estadual da Cultura – FEC; Art. 12. O Fundo Estadual da Cultura - FEC,
criado pelo art. 233 da Constituição Estadual,
III - Mecenato Estadual; passa a ser regido pela presente Lei.
IV - outras fontes. Seção IV
§ 1º O Fundo Estadual da Cultura – FEC, e o Dos Incentivos Fiscais em Favor do Fundo
Mecenato Estadual poderão ser fomentados, Estadual da
dentre outras fontes, com recursos oriundos de
incentivos fiscais, nos termos desta Lei. Cultura –FEC, e do Mecenato Estadual
§ 2º Compreende-se por outras fontes aquelas Art. 13. Com o objetivo de incentivar as
que, sendo lícitas, diferem das elencadas nos atividades culturais, fica permitido aos
incisos I a III deste artigo. contribuintes do Imposto sobre Operações
Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre a
Art. 10. A avaliação dos projetos submetidos Prestação de Serviços de Transporte
aos auspícios desta Lei observará os seguintes Interestadual e Intermunicipal e de
critérios: Comunicação – ICMS, depositar recursos
I - qualidade técnica do projeto; financeiros em favor do Fundo Estadual da
Cultura e apoiar financeiramente projetos
II - plano de mídia e divulgação, coerente com culturais encaminhados ao Mecenato Estadual,
o porte do projeto e com o público que se podendo deduzir o valor em até 2% (dois por
pretende atingir; cento) do ICMS a ser recolhido mensalmente,
III - compatibilidade com a política estadual de na forma e nos limites estabelecidos nesta Lei e
cultura, priorizando-se os projetos que: no Regulamento.
269

Art. 14. São recursos do Fundo Estadual da Art. 16. A Secretaria da Cultura poderá
Cultura - FEC: escolher, mediante processo público de seleção,
os programas, projetos e ações culturais a
I - os oriundos de incentivo fiscal, nos termos
serem financiados conforme o disposto no art.
desta Lei;
9.º desta Lei, podendo designar comissões
II - as subvenções, auxílios, contribuições, técnicas para este fim.
doações e legados de qualquer fonte lícita;
Parágrafo único. O montante de recursos
III - as transferências decorrentes de destinados aos processos públicos de seleção, a
convênios, acordos e congêneres; sua respectiva distribuição e os ajustes que se
fizerem necessários serão definidos em Portaria
IV - as devoluções relativas aos mecanismos de
do Secretário da Cultura, que será publicada no
fomento desta Lei, quaisquer que sejam os
Diário Oficial do Estado, observado os limites
motivos;
orçamentários da Secretaria.
V - as multas decorrentes desta Lei, quaisquer
Art. 17. O Fundo Estadual da Cultura - FEC,
que sejam os motivos;
será administrado por um Comitê Gestor, o qual
VI - o resultado de eventos e promoções será presidido pelo Secretário da Cultura, a
realizados com o objetivo de angariar recursos, quem compete gestão, execução orçamentária,
incluindo loteria específica; financeira e patrimonial, com o apoio
administrativo da SECULT, e será composto
VII - as receitas próprias da Secretaria da
conforme disposição em Regulamento.
Cultura - SECULT, incluindo as oriundas dos
equipamentos culturais; § 1º Aplica-se, no que couber, à administração
financeira do FEC, o disposto na Lei Federal n.º
VIII - o rendimento de aplicações financeiras,
4.320, de 17 de março de 1964, no Código de
realizadas na forma da Lei;
Contabilidade do Estado e as prestações de
IX - os saldos de exercícios anteriores. contas devidas ao Tribunal de Contas do Estado.
§ 1º Aos recursos do Fundo Estadual da Cultura § 2º Todos os procedimentos do Comitê Gestor
- FEC, aplicam-se as seguintes disciplinas: pautar-se-ão pelos princípios constitucionais
regentes da Administração Pública,
I - os existentes na data da vigência da
principalmente os constantes do art. 37 da
presente Lei nele permanecerão;
Constituição Federal.
II - os remanescentes de um exercício serão
§ 3º A gestão financeira do Fundo Estadual da
transferidos para o exercício financeiro
Cultura compete à Secretária da Fazenda.
subseqüente.
Art. 18. O Fundo Estadual da Cultura – FEC,
§ 2º Os recursos do FEC serão recolhidos em
financiará, no máximo, 80% (oitenta por cento)
conta específica aberta em Banco Oficial.
do custo total de cada projeto, devendo o
§ 3º É vedada a aplicação dos recursos do FEC proponente oferecer contrapartida que
no pagamento de: integralize o orçamento respectivo.
a) despesa com pessoal e encargos sociais; § 1º Excepcionalmente o FEC, por deliberação
do Comitê Gestor, poderá financiar 100% (cem
b) serviço da dívida;
por cento) do custo dos projetos culturais.
c) qualquer outra despesa corrente não
§ 2º A contrapartida a ser obrigatoriamente
vinculada diretamente aos investimentos ou
oferecida pelo proponente, para fins de
ações apoiados.
complementação do custo total dos programas,
Art. 15. A Secretaria da Cultura - SECULT, projetos ou ações culturais, deverá ser feita
lançará, anualmente, pelo menos 01 (um) mediante alocação de recursos financeiros, bens
processo público de seleção, financiado com ou serviços próprios ou de terceiros, ou estar
recursos do Fundo Estadual da Cultura - FEC, habilitado à obtenção do respectivo
sendo que 50% (cinqüenta por cento) dos financiamento através de outra fonte
recursos previstos no Edital devem ser devidamente identificada, vedada a utilização
destinados a projetos advindos do interior do do mecanismo de Incentivos Fiscais previstos
Estado. como contrapartida.
270

§ 3º Para os proponentes de projetos conjugação de recursos do poder público


submetidos aos Editais de incentivo à produção estadual com os de particulares, no qual ocorra
artística e cultural lançados pela Secretaria da renúncia fiscal nos termos da presente Lei.
Cultura, considera-se a contrapartida a que se
Art. 21. Os valores transferidos por pessoa
refere o caput deste artigo, as exigências
jurídica, a título de doação, patrocínio ou
constantes do Edital respectivo.
investimento, em favor de programas e projetos
§ 4º A contrapartida será dispensada sempre culturais enquadrados no art. 8.º desta Lei,
que os recursos tenham sido destinados a poderão ser deduzidos do imposto devido
apoiar programas, projetos e ações culturais mensalmente, obedecidos os seguintes
desenvolvidos por entidades vinculadas à percentuais:
Secretaria da Cultura, ou por aquelas criadas
I - 100% (cem por cento), no caso de doação;
para dar suporte aos equipamentos culturais do
II - 80% (oitenta por cento), no caso de
Estado.
patrocínio;
Art. 19. Podem ser financiados pelo Fundo
III - 50% (cinqüenta por cento), no caso de
Estadual da Cultura – FEC, os projetos culturais
investimento.
apresentados por:
§ 1º O limite máximo de deduções de que
I - município cearense ou entidade de município
tratam os incisos I, II e III deste artigo, é de
cearense responsável pelas atividades culturais;
2% (dois por cento) do ICMS a recolher
II - entidade civil, sem fins econômicos, com mensalmente.
sede, foro e efetiva atuação no Estado do
§ 2º Para efeito do disposto neste artigo,
Ceará, registrada há pelo menos 1(um) ano, em
considera-se:
cujos atos constitutivos conste a previsão de
realização de atividades culturais; I - doação - a transferência definitiva e
irreversível de numerário, bens ou serviços em
III - entidades públicas do Estado do Ceará,
favor de proponente, pessoa física ou jurídica,
responsáveis por atividades culturais;
com ou sem fins econômicos, cujo projeto
IV - entidades civis, sem fins econômicos, cultural tenha sido objeto de aprovação pela
criadas para dar suporte a órgãos, entidades ou Comissão Estadual de Incentivo à Cultura –
equipamentos públicos de cultura pertencentes CEIC, de que trata o art. 25 desta Lei, vedada a
ao Estado do Ceará. obtenção pelo doador de qualquer proveito
direto ou indireto, inclusive de imagem em
§ 1º Para efeitos da contabilidade do percentual
qualquer veículo de mídia impressa ou
a que se refere o art. 13 desta Lei, considerar-
eletrônica, sendo permitida a citação, em
se-ão os períodos de 1º de janeiro a 31 de
agradecimento, do nome do doador;
dezembro de cada ano.
II - patrocínio - a transferência definitiva e
§ 2º Não será admitida a obtenção de
irreversível de numerário, bens ou serviços em
incentivos do FEC e do Mecenato Estadual,
favor de proponente, pessoa física ou jurídica,
concomitantemente, para um mesmo projeto.
com ou sem fins econômicos, cujo projeto
§ 3º A deliberação sobre os projetos cultural tenha sido objeto de aprovação pela
apresentados ao FEC obedecerá aos critérios Comissão Estadual de Incentivo à Cultura -
estabelecidos no Regulamento desta Lei. CEIC, sem proveito patrimonial ou pecuniário,
direto ou indireto para o patrocinador,
§ 4º As pessoas físicas e entidades civis com
ressalvada a veiculação do seu nome ou marca
fins econômicos poderão ter seus projetos
nas peças de publicidade e nos produtos
apoiados com recursos do FEC, desde que
gerados;
tenham sido contemplados por meio de
processos públicos de seleção, lançados para III - investimento - a transferência definitiva e
este fim, e que observem ainda a contrapartida irreversível de numerário, bens ou serviços em
sociocultural de que trata o §8º do art. 21 desta favor de proponente, pessoa física ou jurídica,
Lei. com ou sem fins econômicos, cujo projeto
Seção V cultural tenha sido objeto de aprovação pela
Do Mecenato Estadual Comissão Estadual de Incentivo à Cultura -
CEIC, com proveito pecuniário ou patrimonial
Art. 20. Entende-se por Mecenato Estadual o
para o investidor.
fomento a atividades culturais por meio da
271

§ 3º Um mesmo projeto cultural pode captar I - pessoas físicas que desenvolvam atividades
recursos junto a mais de um contribuinte, bem relativas às áreas artísticas e culturais de que
como um único contribuinte pode incentivar a trata o art. 8.º desta Lei;
mais de um projeto, respeitados os limites da
II - pessoas jurídicas de direito privado, com ou
presente Lei.
sem fins econômicos, em cujos atos
§ 4º O contribuinte que incentivar projeto constitutivos figure:
cultural de que trata esta Lei, deduzirá do ICMS
a) atuação nas áreas de que trata o art. 8.º
a recolher o incentivo em tantas parcelas
desta Lei;
quanto necessárias, respeitado o limite mensal
de que trata o art. 13 desta Lei. b) sede e foro no Estado do Ceará;
§ 5º A Contrapartida de responsabilidade do c) efetiva constituição e atuação há pelo menos
incentivador somente poderá ser efetuada 1 (um) ano no Estado do Ceará;
mediante a integralização dos recursos
Parágrafo único. As pessoas jurídicas de
restantes e necessários à concretização do
direito privado, com fins econômicos, somente
projeto incentivado.
podem captar nas modalidades patrocínio e
§ 6º A doação ou patrocínio não poderá ser
investimento.
efetuada pelo contribuinte à pessoa ou
instituição a ele vinculada. Art. 23. Os projetos financiados através do
Mecenato Estadual serão apoiados segundo
§ 7º Os programas, projetos e ações culturais critérios de dimensão e valores previstos no
apresentados por órgãos integrantes da Regulamento desta Lei.
Administração Pública Direta, somente poderão Subseção Única
receber doação ou patrocínio. Da Tramitação dos Projetos
§ 8º O proponente que tiver seu projeto Art. 24. A Secretaria da Cultura, ouvido o
apoiado na modalidade doação deverá destinar Conselho Estadual da Cultura, lançará pelo
pelo menos 10% (dez por cento) do produto menos um processo público de seleção por ano,
resultante de seu projeto em benefício de abrindo concurso aos projetos culturais que
comunidades carentes, escolas públicas, desejem concorrer aos recursos do Mecenato
entidades civis sem fins econômicos e de Estadual.
caráter sociocultural, devidamente cadastradas
na SECULT para este fim. Parágrafo único. Do edital previsto no caput
deverá constar:
§ 9º No caso de doação de pessoas jurídicas
em favor de programas e projetos culturais o I - o montante de recursos destinados a
percentual de abatimento será de 100% (cem incentivar os projetos culturais para aquele
por cento) do valor do incentivo, respeitados os período, ficando a SECULT condicionada a
limites desta Lei. aprovar, no máximo, projetos que atinjam os
valores disponíveis;
§ 10. Os valores transferidos por pessoa
jurídica, a título de patrocínio, em favor de II - os critérios aos quais serão submetidos os
programas e projetos culturais terão percentual projetos inscritos, vedada a apreciação
de abatimento de 80% (oitenta por cento) do subjetiva quanto ao mérito estético ou
valor do incentivo, respeitados os limites desta ideológico dos mesmos;
Lei. III - a possibilidade de impugnação, por parte
§ 11. Os valores transferidos por pessoa dos interessados, dos critérios e demais normas
jurídica, a título de investimento, em favor de editalícias.
programas e projetos culturais terão percentual Art. 25. Os projetos culturais submetidos ao
de abatimento de 50% (cinqüenta por cento) do Mecenato Estadual obedecerão a padrão e
valor do incentivo, respeitados os limites desta critérios definidos em atos normativos
Lei. específicos, e serão apreciados pelo Secretário
Art. 22. Podem apresentar projetos culturais ao da Cultura que terá no máximo 30 (trinta) dias,
Mecenato Estadual: para expedir a autorização de captação dos
recursos junto à iniciativa privada, após
apreciação técnica da Comissão Estadual de
Incentivo à Cultura - CEIC, que por sua vez
272

disporá de no máximo 60 (sessenta) dias para CAPÍTULO III


aprovar ou não os projetos culturais. Da Prestação de Contas
§ 1º O parecer técnico de que trata o caput Art. 28. Aquele que for financiado pelo Fundo
deste artigo será submetido ao Secretário da Estadual da Cultura ou pelo Mecenato Estadual
Cultura, com recomendação de aprovação total, fica obrigado a prestar contas dos recursos
parcial ou não aprovação do programa, projeto recebidos e do trabalho realizado, nos termos e
ou ação em questão, como subsídio para sua prazos definidos no Regulamento desta Lei.
decisão final.
Parágrafo único. A prestação de contas de que
§ 2º Da recomendação da CEIC caberá pedido trata o caput ficará sujeita a auditoria do órgão
de reconsideração dirigido ao Secretário da estadual competente.
Cultura, no prazo de 10 (dez) dias contados da
comunicação oficial ao proponente. CAPÍTULO IV
Das Sanções
§ 3º O pedido de reconsideração previsto no
parágrafo anterior será apreciado pelo Art. 29. A utilização indevida de benefícios
Secretário da Cultura, no prazo de até 60 decorrentes desta Lei, por dolo ou culpa,
(sessenta) dias contados da data de sua sujeitará os responsáveis às sanções previstas
interposição, após prévio parecer da CEIC. na legislação vigente.

§ 4º Da decisão denegatória cabe recurso ao Art. 30. São condutas que ensejam sanção
Conselho Estadual da Cultura. administrativa:

§ 5º A composição da CEIC, sua competência e I - agir ou omitir-se, em qualquer fase das


funcionamento, serão estabelecidas no tramitações processuais de que trata a presente
Regulamento desta Lei, obedecidos quanto à Lei, com dolo, culpa, simulação ou conluio, de
sua composição os preceitos do art. 6º, inciso maneira a fraudar seus objetivos;
II, alínea c, ítem 4, desta Lei II - alterar o objeto do projeto incentivado;
Art. 26. A lista dos projetos aprovados será III - praticar qualquer discriminação de
levada à publicação pela Secretaria da Cultura- natureza política que atente contra a liberdade
SECULT, no Diário Oficial do Estado. de expressão, de atividade intelectual e
§ 1º Da decisão denegatória relativa à artística, de consciência ou crença, no
aprovação de projeto, caberá recurso ao andamento dos projetos a que se refere esta
Conselho Estadual da Cultura, no prazo de 15 Lei;
(quinze) dias, contados da publicação de que IV - praticar a violação de direitos intelectuais;
trata o caput deste artigo.
V - obter redução de ICMS utilizando-se
§ 2º É facultado ao proponente que tiver fraudulentamente de qualquer benefício desta
projeto cultural indeferido em virtude de defeito Lei;
formal, reapresentá-lo à SECULT, devidamente
saneado, respeitado o prazo disposto no VI - deixar de veicular em todo o material
parágrafo anterior. promocional que envolve o projeto cultural o
apoio financeiro prestado pelo Estado do Ceará,
§ 3º O Conselho Estadual da Cultura decidirá através da Secretaria da Cultura, sob os
sobre o recurso de que trata o § 1.º deste auspícios desta Lei;
artigo, no prazo de 30 (trinta) dias.
VII - obstar, por ação ou omissão, o regular
§ 4º Exaurido o prazo para exame dos andamento dos projetos de que trata esta Lei;
recursos, o Conselho Estadual da Cultura
encaminhará a lista dos projetos aprovados VIII - não apresentar ou não ter aprovada a
para posterior homologação e publicação pelo devida prestação de contas.
Secretário da Cultura no Diário Oficial do § 1º As condutas descritas neste artigo serão
Estado. apuradas pela Secretaria da Cultura em
Art. 27. O Regulamento da presente Lei processo administrativo, no qual serão
definirá as condições de natureza formal e assegurados o contraditório e a ampla defesa.
material para a aprovação de projetos culturais § 2º Aos que forem considerados responsáveis
e para a sua validade. pela prática de qualquer das condutas descritas
273

neste artigo serão aplicadas, cumulativamente a) respeitarão o direito à meia entrada para
ou não, as seguintes sanções: estudantes, servidores públicos, idosos com 60
(sessenta) anos ou mais, e demais pessoas
I - suspensão da liberação de recursos via
nesse sentido beneficiadas por Lei;
Fundo Estadual da Cultura – FEC, ou
cancelamento do Certificado Fiscal de Incentivo b) proporcionarão condições de acessibilidade a
à Cultura - CEFIC; pessoas portadoras de deficiência física,
conforme o disposto no art. 46 do Decreto n.º
II - inscrição do proponente no Cadastro de
3.298, de 20 de dezembro de 1999;
Inadimplentes do Estado do Ceará – CADINE;
c) tornarão o preço de comercialização de obras
III - devolução integral e monetariamente
ou de ingressos mais acessíveis a população
corrigidos, dos valores indevidamente recebidos
geral;
ou captados;
d) distribuirão gratuitamente percentual das
IV - multa mínima de 20% (vinte por cento) e
obras e ingressos a beneficiários previamente
máxima de 100% (cem por cento) do valor de
identificados;
cada projeto cultural apoiado, conforme a
gravidade da conduta; e) observarão contrapartida social a ser
definida no Regulamento desta Lei.
V - inabilitação por 5 (cinco) anos para receber
qualquer incentivo do Sistema Estadual da Art. 34. As despesas para pagamento de
Cultura - SIEC, contados da data da aplicação pareceres técnicos requeridos para aprovação
da sanção. ou seleção de projetos, emitidos por pessoas
físicas ou jurídicas, poderão ser custeadas com
§ 3º O servidor público estadual responsável
recursos do Fundo Estadual da Cultura - FEC.
pela prática de conduta descrita neste artigo,
incorre, também, nas penalidades previstas na Art. 35. O Secretário da Cultura poderá delegar
legislação de regência de sua atividade laboral as atividades de aprovação, acompanhamento e
perante o Estado do Ceará. avaliação técnica de programas, projetos e
CAPÍTULO V ações culturais aos municípios ou entidades da
Das Disposições Finais e Transitórias Administração Pública Estadual, mediante
instrumento jurídico que defina direitos e
Art. 31. Para qualificar-se aos mecanismos de deveres mútuos.
financiamento de que trata esta Lei, a pessoa
física ou jurídica deve estar registrada no Parágrafo único. A delegação prevista no
Cadastro de Profissionais e Instituições da caput deste artigo, relativamente aos
Cultura da SECULT. municípios, dependerá da existência, no
respectivo município, de lei de incentivos fiscais
Art. 32. Na divulgação das atividades ou fundo específico para a cultura, bem como,
financiadas nos termos desta Lei constará de órgão colegiado com atribuição de análise de
obrigatoriamente o apoio do Estado do Ceará, programas e projetos culturais em que a
na forma definida no respectivo Regulamento, sociedade tenha representação ao menos
respeitado o disposto no § 1.º do art. 37 da paritária em relação ao Poder Público e no qual
Constituição Federal. as diversas áreas culturais e artísticas estejam
Art. 33. Os programas, projetos e ações representadas.
culturais realizados com recursos desta Lei, Art. 36. Os casos de prescrição e decadência
total ou parcialmente, deverão prever formas de serão definidos no Regulamento da presente
democratização do acesso aos bens e serviços Lei.
resultantes, nos seguintes termos: Art. 37. Aos programas, projetos e ações
I - a movimentação dos recursos financeiros culturais apreciados pela Secretaria da Cultura –
dar-se-á a partir de conta bancária específica, SECULT, sob as regras da Lei n.º 12.464, de 29
conforme definido no Regulamento; de junho de 1995, aplicam-se regras de
transição definidas no Regulamento desta Lei.
II - a permissão de acesso público aos bens e
serviços decorrentes dos projetos apoiados; Art. 39. Fica criado o Sistema de Informações
Culturais do Estado do Ceará, a ser
III - no caso de comercialização: regulamentado por Decreto do Chefe do Poder
Executivo.
274

Art. 39. Esta Lei entra em vigor após


decorridos 200 (duzentos) dias da sua II - diversidade cultural;
publicação.
Art. 40. Fica revogada a Lei n.º 12.464, de 29 III - respeito aos direitos humanos;
de junho de 1995.
IV - direito de todos à arte e à cultura;
PALÁCIO IRACEMA ESTADO DO CEARÁ, em
Fortaleza, 16 de agosto de 2006. V - direito à informação, à comunicação e à
Lúcio Gonçalo de Alcântara crítica cultural; VI - direito à memória e às
GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ tradições;

VII - responsabilidade socioambiental;


PLANO ESTADUAL DE CULTURA
VIII - valorização da cultura e de seus agentes e
LEI Nº 16.026 , 01 de junho de 2016. profissionais, como vetor do desenvolvimento

INSTITUI O PLANO ESTADUAL DE CULTURA DO sustentável;

CEARÁ. IX - democratização das instâncias de

O GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ. Faço formulação das políticas culturais;

saber que a Assembleia Legislativa decretou e X - responsabilidade dos agentes públicos pela
eu sanciono a seguinte Lei: implementação das políticas culturais;

CAPÍTULO I XI - colaboração entre agentes públicos e

DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES E DOS privados para o desenvolvimento da economia

PRINCÍPIOS da cultura;

Art. 1º Esta Lei institui o Plano Estadual de XII - participação e controle social na

Cultura do Ceará, ferramenta de planejamento formulação e acompanhamento das políticas

estratégico, de duração decenal, que define os culturais;

rumos da política cultural, organiza, regula e XIII – Estado Laico.


norteia a execução da política estadual de
Art. 2º São objetivos do Plano Estadual de
cultura, estabelece estratégias e metas, define
Cultura:
prazos e recursos necessários à sua
I - garantir a diversidade étnica, artística e
implementação.
cultural do Estado, com base no pluralismo, nas
Parágrafo único. O Poder Público assume a
vocações e no potencial de cada região;
responsabilidade de implantar políticas culturais
II – incentivar a participação popular nos
de Estado, com base nos programas, metas e
processos de gestão e institucionalidade da
ações definidos nesta Lei, observados os
cultura do Estado;
seguintes princípios, em consonância com o
Plano Nacional de Cultura: III – democratizar o acesso à produção e à
fruição da cultura; IV – fortalecer o Sistema
I - liberdade de expressão, criação e fruição;
275

Estadual de Cultura, com a participação efetiva XIII – incentivar a participação popular nos
dos municípios, objetivando a adesão ao processos de reconhecimento do patrimônio
Sistema Nacional de Cultura; cultural cearense;

V - reconhecer e valorizar o patrimônio cultural XIV – garantir o planejamento e a execução de


do Estado, englobando os bens materiais, políticas públicas, visando à consolidação e a
imateriais e os naturais; descentralização dos equipamentos e das

VI – garantir o direito à memória e ao práticas culturais no Estado;

conhecimento do passado, com vistas ao XV – estimular o protagonismo na arte e na


exercício da cidadania; cultura, a partir do fomento a ideias e práticas

VII – estimular o diálogo entre os setores inovadoras, desde que em consonância com as

públicos, privados, os agentes e os produtores diretrizes deste Plano.

da cultura, com ênfase no planejamento e na Parágrafo único. As manifestações culturais de


execução, visando à descentralização e à ampla que trata o inciso XII deverão ser apresentadas
participação da sociedade civil nas políticas sem qualquer imposição de pensamento, sob
públicas para a cultura; pena de ofender o direito à livre expressão e à

VIII - estruturar a organização produtiva da livre convicção.

cultura, valorizando a promoção da diversidade Art. 3º O Governo do Estado do Ceará, através


cultural, da inclusão e o respeito às diferenças, da Secretaria da Cultura - SECULT, exercerá a
na perspectiva da produção cultural como vetor função de coordenação executiva do Plano
de desenvolvimento; Estadual de Cultura, conforme esta Lei, ficando

IX – garantir políticas públicas com o objetivo responsável pela organização de suas

de promover o desenvolvimento sustentável na instâncias, termos de adesão, regimentos e

área cultural, e a valorização dos agentes e demais especificações necessárias à sua

profissionais do campo das artes e da cultura; implantação.

X – articular e estimular o fomento de Art. 4º A implementação do Plano Estadual de

empreendimentos criativos no Ceará; Cultura será feita em regime de cooperação


entre o Governo do Estado e os municípios do
XI – incentivar a formação de profissionais
Estado do Ceará, e em parceria com a União,
ligados à arte e à cultura;
haja vista o Plano Nacional de Cultura, instituído
XII – garantir a inclusão de manifestações
pela Lei nº 12.343, de 2 de dezembro de 2010.
culturais do Estado nos espaços de educação
Parágrafo único. A implementação dos
formal e informal, em consonância com as
programas, projetos e ações instituídos no
diretrizes do Plano Estadual de Educação e a
âmbito do Plano Estadual de Cultura poderá ser
Liberdade de Expressão;
276

realizada com a participação de instituições intercâmbio de bens, serviços e conteúdos


públicas ou privadas, mediante a celebração de culturais e o contato e a fruição do público com
instrumentos previstos em lei. a arte e a cultura, de forma universal;

CAPÍTULO II VI - garantir a preservação do patrimônio

DAS ATRIBUIÇÕES DO PODER PÚBLICO cultural cearense, resguardando os bens de


natureza material e imaterial, os documentos
Art. 5º Compete ao Poder Público, nos termos
históricos, acervos e coleções, formações
desta Lei:
urbanas e rurais, línguas e cosmologias
I - formular políticas públicas e programas que
indígenas, os sítios arqueológicos pré-históricos
conduzam à efetivação dos objetivos, diretrizes
e as obras de arte, tomados individualmente ou
e metas do Plano Estadual de Cultura;
em conjunto, portadores de referência aos
II - garantir a avaliação e a mensuração do valores, identidades, ações e memórias dos
desempenho do Plano Estadual de Cultura e diferentes grupos formadores da sociedade
assegurar sua efetivação pelos órgãos cearense;
responsáveis;
VII - articular as políticas públicas de cultura e
III - fomentar a cultura, de forma ampla, por promover a organização de redes e consórcios
meio de sua promoção e difusão, da realização para a sua implantação, de forma integrada
de editais e seleções públicas para o estímulo a com as políticas públicas de educação,
projetos e processos culturais, da concessão de comunicação, ciência e tecnologia, direitos
apoio financeiro e fiscal aos agentes culturais, humanos, segurança pública, meio ambiente,
da adoção de subsídios econômicos, da saúde, turismo, planejamento urbano e cidades,
implantação regulada de fundos públicos e desenvolvimento econômico e social, indústria e
privados, entre outros incentivos, nos termos da comércio, relações exteriores, dentre outras;
lei;
VIII - dinamizar as políticas de intercâmbio e a
IV - proteger e promover a diversidade cultural, difusão da cultura cearense no exterior,
a criação artística e suas manifestações e as promovendo bens culturais e criações artísticas
expressões culturais, individuais ou coletivas, de cearenses no ambiente internacional e dar
todos os grupos étnicos e suas derivações suporte à presença desses produtos nos
sociais, reconhecendo a abrangência da noção mercados de interesse econômico e geopolítico
de cultura em todo o território nacional e do país;
garantindo a multiplicidade de seus valores e
IX - organizar instâncias consultivas e de
formações;
participação da sociedade para contribuir na
V - promover e estimular o acesso à produção e formulação das políticas públicas de cultura,
ao empreendimento cultural, a circulação e o
277

bem como debater suas estratégias de gratuita, a fim de incentivar a formação de


execução; público;

X - estimular os produtos culturais cearenses XV - garantir a realização de amplo calendário


com o objetivo de reduzir desigualdades sociais cultural, com exposições, cursos, bienais,
e regionais, profissionalizando os agentes simpósios, feiras, mostras, debates,
culturais, formalizando o mercado e qualificando possibilitando formação, circulação, difusão e
as relações de trabalho na cultura, consolidando troca de experiências entre a comunidade
e ampliando os níveis de emprego e renda, artística e o público em geral;
fortalecendo redes de colaboração, valorizando XVI - coordenar o processo de elaboração de
empreendimentos de economia solidária e planos setoriais para as diferentes áreas
controlando abusos de poder econômico; artísticas, respeitando seus desdobramentos e
XI - valorizar grupos culturais que trabalhem segmentações, englobando os campos de
com os conceitos de criação colaborativa, manifestação simbólica;
direitos autorais não restritivos ou direitos XVII - incentivar a adesão de organizações e
livres, novos processos de produção e instituições do setor privado e entidades da
distribuição, entre outros, que colaborem com a sociedade civil às diretrizes e metas do Plano
maior acessibilidade do público a bens e Estadual de Cultura, por meio de ações
serviços culturais; próprias, parcerias e participação em
XII - viabilizar meios de comunicação que programas;
divulguem, ampla e democraticamente, as XVIII – intensificar a difusão da cultura
ações culturais no Estado, inclusive oferecendo cearense para outros Estados, de modo a
patrocínio financeiro para criação de meios de promover a sua integração com a dos demais e
expressão e difusão da literatura e das artes; o respeito à cultura nordestina, com foco na
XIII - estimular e fomentar a comunicação cultura cearense.
alternativa, livre e popular, que viabilize um § 1º O Sistema Estadual de Cultura, criado por
programa continuado de formação de jovens e lei específica, será o principal mecanismo de
adultos, incentivando a criação de veículos de articulação do Plano Estadual de Cultura,
comunicação independentes; estabelecendo estratégias de gestão
XIV - criar, reestruturar e manter equipamentos compartilhada entre os municípios do Estado e a
culturais, com efetiva política de acessibilidade, sociedade civil.
com as devidas normas de segurança e § 2º A vinculação dos municípios às diretrizes e
profissionais técnicos qualificados, oferecendo metas do Plano Estadual de Cultura far-se-á por
aos seus visitantes uma variada programação
278

meio de termo de adesão voluntária, na forma destinados obrigatoriamente a projeto advindo


de regulamento específico. dos municípios do interior do Estado.

§ 3º Os municípios que aderirem ao Plano Art. 8º A Secretaria da Cultura - SECULT, no


Estadual de Cultura deverão elaborar os seus exercício da coordenação executiva do Plano
planos decenais até 1 (um) ano após a Estadual de Cultura, deverá estimular a
assinatura do termo de adesão voluntária. diversificação dos mecanismos de financiamento

§ 4º O Poder Executivo Estadual, observados os para a cultura, de forma a atender os objetivos

limites orçamentários e operacionais, poderá desta Lei e elevar o total de recursos destinados

oferecer assistência técnica e financeira aos ao setor.

municípios que desenvolvam seus planos CAPÍTULO IV


municipais de cultura em consonância ao DOS PLANOS SETORIAIS
Sistema Estadual.
Art. 9º O Plano Setorial de Cultura é um
CAPÍTULO III planejamento estratégico específico que deverá
DO FINANCIAMENTO orientar a elaboração e implementação de

Art. 6º Os planos plurianuais, as leis de políticas públicas de cultura para os segmentos

diretrizes orçamentárias e as leis orçamentárias culturais e as Microrregiões de Cultura e

do Estado disporão sobre os recursos a serem Turismo do Estado.

destinados à execução das ações constantes Parágrafo único. No processo de elaboração do


desta Lei. Plano Setorial de Cultura previsto no caput

Art. 7º O Fundo Estadual de Cultura será o deste artigo e na fiscalização de sua

principal mecanismo de fomento às políticas implementação, os Poderes Legislativo e

culturais, no qual serão alocados os recursos Executivo garantirão:

públicos estaduais e federais destinados às I – promoção de audiências públicas e debates


ações culturais no Estado, prioritariamente para com a participação da população e de
execução das diretrizes e metas estabelecidas associações representativas dos vários
nesta Lei. segmentos da comunidade;

Parágrafo único. A Secretaria da Cultura – II – a publicidade quanto aos documentos e


SECULT, lançará, anualmente, pelo menos, 1 informações produzidos;
(um) processo público de seleção, financiado III – o acesso de qualquer interessado aos
com recursos do Fundo Estadual de Cultura, documentos e informações produzidos.
sendo que 50% (cinquenta por cento) dos
Art. 10. Os Planos Setoriais serão incorporados
recursos previstos no Edital devem ser
às políticas públicas para a cultura, no prazo
279

máximo de 36 (trinta e seis) meses após a I – fortalecer a função do Estado na


publicação do Plano Estadual de Cultura. institucionalização das políticas culturais,

CAPÍTULO V visando à execução de políticas públicas para a


cultura, e na organização de instâncias
DO SISTEMA DE MONITORAMENTO E
consultivas e deliberativas, construindo
AVALIAÇÃO
mecanismos de participação da sociedade civil e
Art. 11. Compete ao Conselho Estadual de
diálogo com os agentes culturais e criadores,
Política Cultural do Ceará monitorar e avaliar
para o planejamento de programas e ações
periodicamente o alcance das diretrizes, eficácia
voltadas ao campo cultural;
das metas e impactos das ações do Plano
II – reconhecer e valorizar a diversidade étnica,
Estadual de Cultura, com base em indicadores
artística e cultural do Estado, protegendo e
nacionais, regionais, estaduais e locais que
promovendo as artes e expressões culturais,
quantifiquem a oferta e a demanda por bens,
com base no pluralismo, nas vocações e no
serviços e conteúdos; os níveis de trabalho,
potencial de cada região;
renda e acesso da cultura; a institucionalização
e gestão cultural; o desenvolvimento III – universalizar o acesso dos cearenses à arte

econômico-cultural e a implantação sustentável e à cultura, qualificar ambientes e

de equipamentos culturais. equipamentos culturais para formação e fruição


do público e permitir aos criadores o acesso às
Parágrafo único. O processo de monitoramento
condições e meios de produção cultural;
e avaliação do Plano Estadual de Cultura poderá
contar com o apoio de especialistas, técnicos e IV – ampliar a participação da cultura no

agentes culturais; de institutos de pesquisa, desenvolvimento socioeconômico, promover as

universidades, instituições culturais, condições necessárias para a consolidação da

organizações e redes socioculturais, além do economia da cultura e induzir estratégias de

apoio de outros órgãos colegiados de caráter sustentabilidade nos processos culturais.

consultivo, na forma do regulamento. CAPÍTULO VII

CAPÍTULO VI DA INSTITUCIONALIZAÇÃO DAS POLÍTICAS

DAS DIRETRIZES, METAS E AÇÕES CULTURAIS E

Art. 12. O Plano Estadual de Cultura está DA PARTICIPAÇÃO POPULAR

estruturado em 4 (quatro) diretrizes, 24 (vinte e Art. 14. O Plano Estadual de Cultura deverá
quatro) metas e 101 (cento e uma) ações. voltar-se para o fortalecimento da função do

Art. 13. São diretrizes do Plano Estadual de Estado na institucionalização das políticas

Cultura: culturais, visando à execução de políticas


públicas para a cultura e na organização de
280

instâncias consultivas, construindo mecanismos Estadual de Política Cultural do Ceará,


de participação da sociedade civil e diálogo com readequando-o aos preceitos do Sistema
os agentes culturais e criadores, para o Nacional de Cultura;
planejamento de programas e ações voltadas ao V – instalar os fóruns do Conselho Estadual de
campo cultural, baseados nas metas e ações a Política Cultural e elaborar e implementar os
seguir: planos setoriais e de linguagens, em um prazo
§ 1º Meta 1 – Fomentar a implementação, até de até 4 (quatro) anos;
2018, de sistemas municipais de cultura em, no VI - realizar reuniões do Conselho Estadual de
mínimo, 80% (oitenta por cento) dos municípios Política Cultural em todo o território cearense.
cearenses de forma a integrarem o Sistema
§ 2º Meta 2 – Realização de Concurso Público
Estadual de Cultura, a ser fortalecido pela
para Secretaria da Cultura do Estado do Ceará,
implementação das seguintes ações:
com elaboração de plano de cargos e carreiras e
I – até 2018, o Poder Executivo Estadual reestruturação do organograma do referido
assegurará para a Cultura do Estado 1,5% (um órgão, no prazo de até 12 (doze) meses após a
vírgula cinco por cento) do orçamento fiscal e aprovação do Plano Estadual de Cultura, através
da seguridade do Poder Executivo, das Fontes das seguintes ações:
Ordinárias (00), Fundo de Participação Estadual
I – elaborar e implantar plano de cargos e
– FPE, (01) e Fundo Estadual de Combate à
carreiras e organizar a composição do quadro
Pobreza – FECOP (10), deduzidas as
técnico e organograma da SECULT, prevendo a
transferências constitucionais;
criação de estrutura organizacional adequada,
II – aprovar e implementar a nova Lei do contemplando todas as linguagens, setores e
Sistema Estadual da Cultura – SIEC – microrregiões de Cultura e Turismo;
objetivando uma adequação aos preceitos do
II – promover concurso público para ampliação
Sistema Nacional de Cultura;
do corpo técnico da SECULT, garantindo a
III - criar uma assessoria, na Secretaria contratação de profissionais especializados;
Estadual da Cultura, para acompanhar a
III – realizar a reestruturação organizacional da
implantação e implementação dos Sistemas
Secretaria da Cultura – SECULT, por meio de lei
Municipais de Cultura em todo o Estado, visando
específica, objetivando a qualificação de gestão
colaborar na elaboração dos elementos
e da execução das políticas públicas de cultura
constitutivos do Sistema: Conselhos, Planos,
no Ceará.
Fundos Municipais, entre outros;
CAPÍTULO VIII
IV – regulamentar a Lei nº 15.552 de 1º de
DA DIVERSIDADE ÉTNICA, ARTÍSTICA E
março de 2014, que disciplina o Conselho
CULTURAL
281

Art. 15. O Plano Estadual de Cultura deve visando à divulgação através de publicações
voltar-se para a valorização da diversidade impressas, meios digitais, assim como, em
étnica, artística e cultural do Estado e para a seminários, cursos, oficinas, palestras, entre
proteção e promoção das artes e expressões outros, em todas as regiões do Estado;
culturais, com base no pluralismo, nas vocações VI – realizar diagnóstico que identifique os
e no potencial de cada região, baseadas nas artistas e as cadeias produtivas locais,
metas e ações a seguir: objetivando a institucionalização de políticas
§ 1º – Meta 3 – Mapear, cadastrar e atualizar, públicas;
até 2017, 100% (cem por cento) das VII – realizar parcerias com instituições de
informações culturais do Estado do Ceará no ensino e pesquisa para o fomento à produção de
Sistema de Informações e Indicadores Culturais conhecimento sobre os produtos da cultura que
da Secretaria da Cultura do Estado, através das visem ao desenvolvimento socioeconômico do
seguintes ações: Estado;
I – reformular e atualizar o Sistema de VIII – criar programas que promovam ações
Informações da Secretaria da Cultura do Estado culturais, atendimento social e intercâmbio
– SINF, objetivando a democratização do acesso entre as comunidades tradicionais,
às informações culturais do Estado e o futuro afrodescendentes e indígenas em todas as
alinhamento com o Sistema Nacional de regiões do Estado, por meio de parcerias entre
Informações e Indicadores Culturais – SNIIC; as Secretarias da Cultura, do Desenvolvimento
II – criar um programa de aperfeiçoamento das Agrário e do Trabalho e Desenvolvimento Social
mídias digitais, facilitando a inscrição, o do Estado e os municípios;
preenchimento e o acompanhamento dos IX – integrar as ações da Secretaria da Cultura
processos protocolados na Secretaria da Cultura do Estado com as Coordenadorias Especiais de
do Estado; Políticas Públicas do gabinete do Governador;
III – desenvolver ações de divulgação do SINF, X – incluir, na estrutura da Secretaria da
objetivando novos cadastros; Cultura do Estado, uma instância de gestão de
IV – mapear o patrimônio cultural e a políticas para a diversidade cultural, com corpo
diversidade das expressões artísticas realizadas técnico qualificado;
em todo território cearense; § 2º Meta 4 – Criar e implementar um Sistema
V – estabelecer parcerias entre a Secretaria da Estadual de Patrimônio Cultural, visando atingir
Cultura do Estado e instituições de ensino pelo menos 50% (cinquenta por cento) dos
superior para a realização da pesquisa sobre os municípios cearenses, no primeiro quadriênio
grupos tradicionais, quilombolas e indígenas, (2015 a 2018), avançando para a totalidade
282

destes até o final da vigência do Plano, através VI – criar programas que viabilizem o
das seguintes ações: financiamento para a conservação, promoção e

I – criar o Sistema Estadual de Patrimônio, preservação do patrimônio material, imaterial,

objetivando articulação com todo o Estado e a natural, documental e museológico do Estado;

discussão, formulação e execução de projetos e VII – criar um Selo de Responsabilidade


programas voltados para a preservação, o Ambiental, objetivando o reconhecimento,
restauro, o registro e a promoção do patrimônio valorização e preservação do patrimônio natural
cultural; do Estado;

II – criar um projeto para o incentivo à VIII – criar e implementar projetos que


elaboração de leis municipais de registro e promovam a preservação do patrimônio natural,
tombamento dos patrimônios culturais e criação valorizando a relação homem-natureza;
dos Conselhos Municipais de Patrimônio IX – criar programas de financiamento para o
Cultural; restauro e a conservação dos bens materiais
III – implementar projeto de preservação do móveis e imóveis tombados do Estado,
patrimônio cultural das áreas rurais do Estado, tornando-os aptos à ocupação;
por meio da pesquisa, tombamento e registro X – revisar o edital de patrimônio da Secretaria
de propriedades rurais, engenhos, casas de da Cultura do Estado, ampliando o valor
farinha, casas de taipa, senzalas, entre outros; destinado à categoria “Projetos na área de
IV – promover iniciativas conjuntas entre a Educação Patrimonial”;
Secretaria da Cultura do Estado, o Ministério XI – reelaborar o guia dos bens tombados do
Público, e órgãos de proteção do patrimônio Ceará, transformando-o em Guia do Patrimônio
histórico e arquitetônico, e do meio ambiente, Cultural do Estado, contemplando todos os tipos
instituições de ensino superior e técnico, de bens: material, imaterial e natural, de todas
visando à sensibilização e ao esclarecimento as regiões do Estado, garantindo sua
sobre a legislação de preservação do patrimônio atualização periódica a cada 5 (cinco) anos;
cultural;
XII – criar, no âmbito da SECULT, uma instância
V - incentivar parcerias entre a Secretaria da de gestão das políticas de preservação dos sítios
Cultura do Estado, o Instituto do Patrimônio arqueológicos, garantindo a contratação de
Histórico e Arquitetônico Nacional, os pessoal habilitado e a organização de um
municípios, o Ministério Público, o terceiro setor cadastro estadual;
e a iniciativa privada para a ocupação e
XIII – propor a reformulação da Lei Estadual de
salvaguarda de bens públicos em situação de
Registro do Patrimônio Imaterial;
desuso e/ ou abandono;
283

XIV – criar mecanismos que garantam a plena tradições, saberes e fazeres para as novas
execução da legislação estadual de preservação gerações, de modo a assegurar a continuidade
do patrimônio cultural; de manifestações culturais de caráter imaterial

XV – propor revisão na Lei de Proteção ao em cada município do Estado;

Patrimônio Histórico e Artístico do Ceará, XX – criação e implantação de sistema de


estabelecendo ferramentas para ampla difusão permanente de informações sobre o
participação popular nos processos decisórios de patrimônio cultural cearense, através de
tombamento; programação do canal televisivo estatal, de

XVI – realização de ações voltadas para a Educação para o Patrimônio, bem como por

identificação, proteção e promoção do meio de parcerias com instituições e órgãos

patrimônio arqueológico, em parceria com o públicos interessados no tema;

Iphan, e com a participação da comunidade, a) produção e difusão permanente de


com vistas a tornar sítios arqueológicos documentários etnográficos sobre o patrimônio
atrativos turístico-culturais, de acordo com a cultural cearense pela televisão estatal, com
legislação específica; ênfase na sua vertente imaterial;

XVII – proceder ao inventário do patrimônio b) criação e implantação de programa de


natural e paisagístico, em conjunto com Educação para o Patrimônio nas redes de ensino
instituições, órgãos públicos e afins, com vistas público e privado;
à sua promoção e proteção legal através de XXI – revisão e reformulação da Lei de Proteção
tombamento, atribuição de chancela, de modo a ao Patrimônio Histórico e Artístico do Ceará,
garantir a fruição de sua beleza cênica, bem para que a mesma se estabeleça em
como sua importância para a comunidade; consonância com o conceito de patrimônio
XVIII – proceder ao inventário do patrimônio cultural contido no art. 216 da Constituição
cultural, nas suas vertentes material e imaterial, Federal de 1988;
de comunidades tradicionais em situação de XXII – estimular a produção e valorização dos
risco ou impactadas pela implantação de autores e editores radicados no Estado do
grandes empreendimentos; Ceará, sem prejuízo dos demais, e promover a
XIX – elaboração e implantação de política de circulação do livro;
salvaguarda, de forma participativa, voltada XXIII – a atividade editorial e toda sua cadeia
para bens culturais de natureza imaterial; produtiva, como integrante do processo de
a) criação de programa destinado aos mestres desenvolvimento cultural, passam a ser
da cultura com vistas a assegurar a consideradas de importância estratégica,
transmissão, em seus locais de trabalho, de essencial para o desenvolvimento do Estado;
284

XXIV – apoiar iniciativas de entidades materiais e equipamentos para grupos e


associativas, culturais e do Poder Público que coletivos artísticos;
tenham por objetivo a divulgação do livro e a V – criar um programa de circulação,
criação de uma sociedade leitora. intercâmbio e residência integrado às ações de
§ 3º Meta 5 – Constituir, aprovar e fomento para criação e produção artística no
implementar, no prazo de 4 (quatro) anos, âmbito dos sistemas e planos setoriais;
100% (cem por cento) dos Sistemas Setoriais VI – propor a criação de projetos/programas em
de Cultura e aprovar seus respectivos Planos cooperação com o Sistema S – SEBRAE, SENAC,
Setoriais, através das seguintes ações: SESI, SESC, SENAI – associações, cooperativas
I – garantir a continuidade do projeto de e redes de economia solidária, para viabilizar
implantação do Sistema Estadual de pesquisas e outras iniciativas no sentido de
Documentação e Arquivos do Estado do Ceará – valorizar, preservar, divulgar e agregar valor
SEDARQ, conforme previsto na Lei nº 13.087, aos produtos artesanais do Estado;
de 29 de dezembro de 2000, que prevê a VII – realizar estudos para o registro e
capacitação de pessoal, a preservação, indicação de procedência de produtos artesanais
catalogação e higienização dos arquivos, bem do Estado, em parceria com instituições de
como incentivar a criação de arquivos pesquisa.
municipais;
§ 4º Meta 6 - Reformular a Lei dos Mestres de
II – desenvolver programas que promovam o Cultura, aumentando em um terço o número de
fortalecimento e/ ou a reativação das ações dos mestres contemplados, atingindo 80 (oitenta)
Sistemas Estaduais, tais como teatros, museus, mestres até 2018, e promovendo interação,
centros culturais, bandas de música, bibliotecas com maior periodicidade, entre os mestres
e arquivos, entre outros; diplomados e as escolas e espaços informais de
III – implementar um projeto contínuo de educação, através das seguintes ações:
aquisição de livros, revistas, jogos e outros I – implantar um programa de intercâmbio
meios de comunicação e informação acessíveis, entre gerações e artistas tradicionais, em todas
para serem distribuídos nas bibliotecas do as regiões do Estado, que promova rodas de
Sistema Estadual de Bibliotecas, de maneira memória e de saberes, aulas-espetáculos e
integrada às ações de fomento à leitura e de contação de histórias;
formação de leitores;
II – reformular a Lei dos Tesouros Vivos,
IV – criar um programa de fomento à ampliando a política de Mestres da Cultura,
instrumentalização, objetivando a aquisição de contemplando maior número de mestres,
promovendo a troca de experiências com maior
285

periodicidade e construindo uma melhor II – fomentar e fortalecer as redes do Programa


interação entre os mestres diplomados e a Cultura Viva, por meio de mecanismos de
difusão das suas artes e ofícios nas escolas e premiação;
em espaços informais de educação; III - criar e estruturar no organograma da
III – propor à Universidade Estadual do Ceará a Secretaria da Cultura do Ceará – SECULT, uma
outorga aos Mestres da Cultura o Título de instância de gestão responsável pelo programa
Notório Saber em artes e cultura populares, dos Pontos de Cultura, com vistas à qualificação
objetivando o reconhecimento de seus saberes da gestão compartilhada, acompanhamento,
e ofícios na prática de transmissão de seus monitoramento e fortalecimento da rede dos
conhecimentos; Pontos de Cultura no Estado;

IV – ampliar o financiamento do encontro de IV – descentralizar o programa Cultura Viva,


Mestres do Mundo, objetivando maior priorizando as regiões menos atendidas com a
participação e valorização dos mestres do ampliação de Pontos de Cultura, com ênfase nos
Estado; municípios que não tenham sidos atendidos pelo

V– promover a circulação do Encontro Mestres programa;

do Mundo. V - ampliar a rede com Pontos de Cultura

CAPÍTULO IX temáticos;

DO ACESSO VI – fortalecer a Rede de Pontos de Cultura por


meio de ações de formação, residências,
Art. 16. O Plano Estadual de Cultura deve
intercâmbio e trocas de tecnologias
voltar-se para a universalização do acesso à
socioculturais e educativas, bem como da
arte e à cultura, à formação e fruição do público
promoção de produtos desenvolvidos pelos
e ao acesso dos criadores às condições e meios
Pontos de Cultura;
de produção cultural, através das metas e ações
a seguir: VII - captar através do Ministério da Cultura, de
outros órgãos federais e estaduais recursos para
§ 1º Meta 7 – Aumentar, até 2024, o número de
a ampliação e manutenção da rede de Pontos de
Pontos de Cultura em funcionamento no Ceará,
Cultura do Ceará;
atingindo 600 (seiscentos) Pontos de Cultura,
compartilhados entre o Governo Federal, o VIII – criar os Pontões de Cultura;

Estado do Ceará e os municípios integrantes do IX – fiscalizar as atuações dos Pontos de


Sistema de Cultura, através das seguintes Cultura, de forma a garantir a lisura de todo o
ações; processo seletivo, de execução e de prestação

I – ampliar o programa Cultura Viva no Ceará; de contas;


286

X – normatizar na esfera estadual o programa I – criar, em parceria com a Secretaria da


Cultura Viva no Ceará em consonância com a Educação do Estado, um programa para
legislação federal. formação de professores da rede pública que

§ 2º Meta 8 – Ampliar o Projeto Agentes de contemple as áreas de arte e cultura, com

Leitura, veiculandoo obrigatoriamente à cada vistas à ampliação de seus repertórios culturais

Biblioteca Pública Municipal, para 50% e à inserção da cultura no ambiente escolar e

(cinquenta por cento) dos municípios cearenses, nos processos de ensino-aprendizagem;

até 2025, através das seguintes ações: II – incentivar a participação dos professores

I - ampliar o número de agentes de leitura; em ações artísticas e culturais;

II - ampliar o número de beneficiários, III – estimular a criação de programas

priorizando o atendimento em localidades e permanentes de visitação de professores e

famílias de extrema pobreza e com baixo perfil estudantes a equipamentos culturais, tais como

escolar; bibliotecas, cineclubes, museus, teatros,


arquivo, pontos de cultura, entre outros;
III - estabelecer parcerias com Prefeituras,
Associações Comunitárias, Organizações IV – criar, em parceria com a Secretaria da

Governamentais e Organizações Não Educação do Estado, mecanismos para a

Governamentais para o desenvolvimento do inclusão, nos parâmetros e diretrizes

projeto; curriculares, de conteúdos voltados para a


valorização da história, da diversidade étnica e
IV - criar a Rede de Agentes de Leitura e de
das manifestações culturais cearenses;
Famílias Leitoras, integradas ao Sistema
Estadual de Bibliotecas Públicas; V – estabelecer parceria com o Ministério da
Educação e as instituições de ensino superior,
V – integrar, de forma intersetorial, as ações de
visando estimular a participação de estudantes
Agentes de Leitura com políticas públicas de
e professores em ações culturais;
inclusão social;
VI – criar um programa de estímulo à
VI - aperfeiçoar indicadores de avaliação,
elaboração e à publicação de material didático e
resultados e de impactos sociais do projeto.
paradidático, tais como documentários, filmes,
§ 3º Meta 9 – Propiciar, até 2025, formação
livros, entre outros, sobre História, Geografia e
continuada para os professores da rede pública
Patrimônio Cultural, visando à inclusão da
estadual, objetivando levar atividades e
produção local no Plano Nacional do Livro
profissionais na área de Arte-Educação e
Didático – PNLD;
Cultura a 100% (cem por cento) das escolas
VII – efetivar a aplicação da Lei de Diretrizes e
públicas estaduais, através das seguintes ações:
Bases da Educação – LDB – que institui a
287

disciplina de Arte nos currículos das escolas de § 5º Meta 11– Ampliar em 100% (cem por
educação básica; cento) até 2018, o intercâmbio nacional e

VIII – propor inserção da literatura popular internacional de atividades que promovam as

tradicional cearense nos currículos escolares; manifestações culturais cearenses e as trocas


de saberes, contemplando as mais diversas
IX – promover ações e programas que
linguagens artísticas, através das seguintes
estimulem a cultura de Direitos Humanos,
ações:
favorecendo ambientes de formação e fruição
cultural em práticas de educação em direitos I – criar um programa de intercâmbio e de

humanos; residência cultural que contemple diversas


linguagens artísticas, proporcionando formação
X - estimular os estabelecimentos da rede
e troca de experiências entre artistas nacionais
pública de ensino médio a criarem, com o apoio
e internacionais;
técnico do Conselho Regional de
Biblioteconomia do Estado do Ceará e demais II – firmar parcerias com instituições culturais

entidades de formação e representação do públicas e\ou de natureza privada, sem fins

setor, curso Técnico em Biblioteconomia, nos lucrativos, de reconhecimento nacional e\ou

termos da legislação em vigor. internacional, com o objetivo de intercâmbio


e\ou cooperação técnica.
§ 4º Meta 10 – Ampliar em 50% (cinquenta por
cento) o número de cursos, fóruns, oficinas e § 6º Meta 12 – Garantir o acesso das pessoas

seminários, na área de Gestão Cultural e Arte e com deficiência a 100% (cem por cento) dos

Cultura, em todo território cearense, equipamentos culturais estaduais, seus acervos

objetivando a formação artística, a qualificação e atividades, atendendo aos requisitos legais de

dos gestores e profissionais da cultura, através acessibilidade, através das seguintes ações:

das seguintes ações: I – adequar o espaço físico dos equipamentos e

I – criar cursos continuados de formação de espaços culturais para pessoas com deficiência,

multiplicadores e facilitadores culturais, de cumprindo a Lei Federal nº 10.098, de 19 de

forma periódica e itinerante, sobre temas e dezembro de 2000;

linguagens da área cultural; II – realizar atividades culturais em formatos

II – criar um programa de aperfeiçoamento acessíveis para pessoas com deficiência;

profissional para os profissionais de arte e III – ampliar e atualizar os acervos das


cultura, com cursos presenciais e/ou à bibliotecas públicas e demais equipamentos
distância, na educação formal e/ou informal, em culturais públicos com títulos, em vários
parceria com instituições públicas e privadas. suportes, produzidos especialmente para
pessoas com deficiência visual e auditiva.
288

§ 7º Meta 13 – Promover a formação e o apoio I – criar equipamentos culturais, geridos pelos


à produção cultural de artistas com deficiência, municípios, em parceria com o Estado, nas
estabelecendo critérios nos editais da Secretaria Microrregiões de Cultura e Turismo ainda não
da Cultura do Estado para tal fim, através da contempladas;
seguinte ação: II – garantir corpo técnico qualificado e
I – criar um programa de fomento que viabilize programação contínua para os equipamentos
a produção cultural de artistas com deficiência. culturais geridos pelo Estado;

§ 8º Meta 14 – Ampliar, nos veículos de III – valorizar as vocações e atores culturais


comunicação vinculados ao setor público, a locais nos espaços geridos pelo Estado;
programação voltada à difusão da cultura, IV – criar centros regionais de cultura, com
priorizando a produção cultural cearense, de espaços que abriguem múltiplas linguagens e
forma que, após 5 (cinco) anos, datados da comercialização de produtos culturais,
aprovação deste plano, essa programação atinja contemplando as Macrorregiões de
o tempo de 50% (cinquenta por cento) na grade Planejamento do Estado;
desses veículos, através da seguinte ação:
V – promover a revitalização e manutenção da
I – fomentar a exibição, nos meios de infraestrutura e a ampliação e qualificação do
comunicação vinculados ao setor público, de corpo técnico dos equipamentos culturais já
programas, apresentações artísticas e outros existentes, objetivando a produção e fruição da
conteúdos de cultura, principalmente os que cultura, em parceria com os municípios;
representem as manifestações culturais do
VI – dotar de orçamento anual os equipamentos
Ceará.
culturais, para o desenvolvimento de suas
§ 9º Meta 15 – Promover, até 2022, através de programações culturais, manutenção da
editais de bolsas de graduação e pós-graduação infraestrutura, ampliação e qualificação do
da FUNCAP, a garantia de pesquisas anuais na corpo técnico;
área de Arte e Cultura.
VII – dotar de seguro total contra sinistros os
§ 10. Meta 16 – Criar, no prazo de 5 (cinco) equipamentos culturais tombados assim como
anos, 4 (quatro) novos equipamentos e/ou suas obras.
centros culturais, nas microrregiões de Cultura
§ 11. Meta 17 - Ampliar, em pelo menos 5%
e Turismo ainda não contempladas, atingindo o
(cinco por cento) a cada ano, os recursos
percentual de 50% (cinquenta por cento)
nominais destinados aos editais públicos da
dessas microrregiões, além da manutenção e
Secretaria da Cultura do Estado, contemplando
ampliação dos equipamentos já existentes,
todas as linguagens, setores e grupos culturais
através das seguintes ações:
do Estado, através das seguintes ações:
289

I – revisar a política de editais da Secretaria da convicção política ou filosófica, deficiência física


Cultura do Estado, garantindo a regionalização, ou mental, doença, idade, atividade profissional,
a ampliação de recursos, a desburocratização, a estado civil, classe social, sexo, orientação
transparência e a criação de novas temáticas sexual, artista rurais, maracatu, bloco de
que contemplem as demandas regionais e as carnaval, entre outros;
várias linguagens, estabelecendo um calendário VIII – criar editais específicos para projetos
de prazos para repasse dos recursos; desenvolvidos em comunidades tradicionais,
II – criar, no edital do audiovisual da Secretaria quilombolas e indígenas.
da Cultura do Estado, a categoria “produção de § 12. Meta 18 – Ampliar o número de eventos
documentários com ênfase na preservação do do Calendário Cultural do Estado, com todas as
patrimônio cultural e na memória e história do linguagens e setores representados, garantindo
Estado”, disponibilizando o material produzido sua itinerância pelas microrregiões de Cultura e
nas escolas públicas municipais e estaduais, Turismo do Estado, através das seguintes
para uso como material didático; ações:
III – revisar o edital de patrimônio da Secretaria I – organizar feiras itinerantes de Arte e
da Cultura do Estado, ampliando o valor Patrimônio, que promovam a divulgação da
destinado à categoria “projetos na área de produção artística e do patrimônio cultural de
educação patrimonial”; todas as regiões do Estado;
IV – ampliar recursos e o número de projetos II – criar parcerias com o Ministério da Cultura e
contemplados pelo edital de patrimônio; com os municípios para o fomento e a
V – criar um programa de distribuição do circulação de grupos, produtos e artistas que
material advindo das contrapartidas dos editais realizem arranjos criativos, promovendo feiras
da Secretaria da Cultura do Estado; itinerantes e ampliando centros regionais para a

VI – criar programas que ampliem a produção e divulgação e comercialização de produtos

distribuição de livros resultantes de trabalhos culturais do Estado;

acadêmicos referentes à área cultural; § 13. Meta 19. – Os municípios do Estado do

VII – elaborar programa que desenvolva, amplie Ceará com sistemas municipais de cultura

e divulgue, em todas as regiões do Estado, instituídos terão pontuação adicional na

ações culturais realizadas pelos demais destinação de recursos no apoio aos seus

segmentos populacionais que sofrem eventos artístico-culturais.

preconceitos e opressões em razão de sua CAPÍTULO X


nacionalidade, condição social e local de DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E
nascimento, raça, cor, religião, origem étnica, ECONOMIA DA
290

CULTURA § 2º Meta 21 – Estabelecer em 5 (cinco) anos

Art. 17. O Plano Estadual de Cultura deve um indicador específico que permita avaliar a

voltar-se para o desenvolvimento participação do setor cultural no PIB do Estado

socioeconômico do Estado na área cultural, a do Ceará, através das seguintes ações:

consolidação da economia da cultura e a I – sistematizar dados sobre a participação da


construção de estratégias de sustentabilidade economia da cultura no PIB do Estado, para a
nos processos culturais, através das seguintes criação de indicadores do setor, em parceria
metas e ações: com instituições de pesquisa;

§ 1º Meta 20 – Elaborar, implementar e inserir II – construir indicadores que informem sobre


na economia da cultura das microrregiões do os impactos das ações culturais na economia
Estado, até 2018, Roteiros Turísticos Culturais cearense.
Sustentáveis e Populares, através das seguintes § 3º Meta 22 – Incentivar a ampliação do
ações: emprego formal de profissionais através das
I – criar um programa de incentivo e fomento seguintes ações:
ao uso sustentável dos bens tombados por meio I – estabelecer uma tabela de valores,
de ações vinculadas ao turismo cultural; elaborada pelo Sistema Estadual da Cultura –
II – estabelecer parcerias com a Secretaria de SIEC, em parceria com os sindicatos,
Turismo do Estado, municípios, Fóruns associações e representações de grupos
Regionais de Cultura e Turismo, setor privado, culturais, atualizada periodicamente, que
redes de economia solidária e associações, na referencie produtos, serviços e cachês dos
perspectiva de realizar ações que integrem: profissionais atuantes no setor cultural;
meio ambiente, turismo comunitário e II – promover a valorização dos artistas locais,
ecoturismo e cultura, visando à promoção do almejando a diminuição da discrepância nos
turismo local; cachês nos eventos promovidos pelo Governo
III – elaborar roteiros turísticos culturais, do Estado do Ceará;
contemplando todo o território cearense, III – ampliar a formalização do trabalhador do
incluindo e valorizando as comunidades setor cultural, através de parceria com a
tradicionais (pesqueiras, quilombolas, Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento
indígenas, dentre outras), através do Social;
fortalecimento de redes de economia solidária e
IV – promover a valorização do Bibliotecário
turismo comunitário;
profissional e do Técnico em Biblioteconomia,
IV – criar um plano de mídias que divulgue o estimulando os órgãos públicos estaduais,
turismo cultural do Ceará. estabelecimentos de ensino e as Prefeituras no
291

comprimento da legislação que regulamenta a Educação, com o intuito de incentivar a oferta


atividade profissional do setor. de alimentos regionais e provenientes da

§ 4º Meta 23 – Elaborar e implementar, em 2 agricultura familiar e de práticas agroecológicas

(dois) anos, o plano setorial da economia da nos espaços de educação formal;

cultura, através das seguintes ações: II – fortalecer a intersetorialidade, através do

I – criar um programa de fomento à diálogo entre Secretaria da Cultura e as demais

instrumentalização, objetivando a aquisição de secretarias do Estado, almejando uma

materiais e equipamentos para grupos e integração de programas e projetos correlatos,

coletivos artísticos; voltados para o setor cultural;

II – propor a criação de programas em III – firmar parceria com a SECITECE e a

cooperação com o Sistema S – SEBRAE, SENAC, Universidade Digital para criação da Pinacoteca

SESI, SESC, SENAI – associações, cooperativas Virtual, e da Biblioteca Virtual do Estado do

de artesão e redes de economia solidária, que Ceará;

realizem pesquisas e outras iniciativas no IV – propor parcerias com a Secretaria do


sentido de valorizar, preservar, melhor divulgar Trabalho e Desenvolvimento Social – STDS, e
e agregar valor aos produtos artesanais do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, por
Estado; meio da Relação Anual de Informações Sociais,

III – estabelecer parcerias com entidades de visando maior formalização dos trabalhadores

crédito, visando ao aumento de financiamentos do setor cultural, criando uma campanha de

a pequenos produtores: artesãos, grupos em incentivo ao registro dos profissionais do setor

processo de profissionalização, empreendedores cultural e promovendo a contratação de

individuais, dentre outros; profissionais com carteira assinada;

IV – realizar estudos para o registro e indicação V – estabelecer parcerias com entidades de

de procedência de produtos artesanais do crédito, visando o aumento de financiamentos a

Estado, em parceria com instituições de pequenos produtores: artesãos, grupos em

pesquisa. processo de profissionalização, empreendedores


individuais, dentre outros;
§ 5º Meta 24 - Criar, manter e revitalizar
projetos e/ou programas contínuos voltados VI – criar cursos voltados para a organização e

para a área cultural, desenvolvidos através de gestão de empreendimentos culturais

parcerias entre as secretarias do Estado, individuais e/ou coletivos, em parceria com o

através das seguintes ações: Sistema S – SEBRAE, SENAC, SESI, SESC,


SENAI – e o Ministério da Cultura;
I – criar parcerias com a Secretaria de
Desenvolvimento Agrário e a Secretaria da
292

VII – promover o desenvolvimento e a estimulando a transparência e o controle social


articulação de ações intersetoriais que em sua implementação.
fortalecem as políticas públicas para a Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua
juventude, contribuindo para o enfrentamento publicação.
da violência.
Art. 22. Revogam-se as disposições em
CAPÍTULO XI contrário.
DISPOSIÇÕES FINAIS PALÁCIO DA ABOLIÇÃO, DO GOVERNO DO
Art. 18. O Plano Estadual de Cultura será revisto ESTADO DO CEARÁ,
periodicamente, tendo como objetivo a em Fortaleza, 01 de junho de 2016.
atualização e o aperfeiçoamento de suas
Camilo Sobreira de Santana
diretrizes, metas e ações.
GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ
Parágrafo único. A primeira revisão do Plano
será realizada após 4 (quatro) anos da
GESTÃO E PRODUÇÃO CULTURAL.
promulgação desta Lei, assegurada a
participação do Conselho Estadual de Política GESTÃO CULTURAL é um termo relativamente
recente no cenário cultural brasileiro.
Cultural do Ceará e de ampla representação do Pressupõe procedimentos administrativos e
Poder Público e da sociedade civil, na forma do operacionais, mas não se resume a estes.
Pressupõe a gerência de processos no campo da
regulamento.
Cultura e da Arte, mas lhes vai além.
Art. 19. O processo de revisão das diretrizes,
Para melhor conceituarmos o campo da Gestão
metas e ações do Plano Estadual de Cultura
Cultural, podemos articulá-lo à idéia de
será desenvolvido pelo Comitê Executivo do mediação de processos de produção material e
Plano Estadual de Cultura. imaterial de bens culturais e de mediação de
agentes sociais os mais diversos. Mediação que
Parágrafo único. O Comitê Executivo será busca estimular os processos de criação e de
fruição de bens culturais, assim como estimular
composto por membros indicados pela
as práticas de coesão social e de sociabilidade.
Secretaria Estadual da Cultura, tendo a
participação de representantes do Conselho A GESTÃO CULTURAL articula ao menos três
campos conceituais: Cultura, Economia e
Estadual de Política Cultural do Ceará e do setor Urbanismo. Cultura entendida como expressões
cultural. humanas das nossas necessidades simbólicas
(materiais e imateriais) e de nossos desejos.
Art. 20. O Estado e os Municípios que aderirem Economia no seu sentido clássico: sistema de
ao Plano deverão dar ampla publicidade e produção e troca de bens, de maneira a que
todos tenham acesso à produção e usufruto do
transparência ao seu conteúdo, bem como à
que é produzido pelo trabalho humano.
realização de suas diretrizes e metas, Urbanismo enquanto ciência afeta às relações
do homem com seus locais de práticas culturais,
e –portanto- um campo de estudo articulado à
293

História, à Sociologia e à Antropologia. Produção cultural é uma atividade profissional


Produção, recepção e percepção dos espaços e que consiste em gerenciar a organização de
das relações que neles se dão; ou seja, eventos culturais ou a confecção de bens
enquanto estudos capazes de reforçar a culturais. Produtores culturais podem organizar
sociabilidade e os elos de coesão humana. shows, exposições de arte, espetáculos
Entendendo a produção dos lugares tanto em de música, dança, teatro, ou coordenar a
sua dimensão física quanto simbólica. gravação de discos, vídeos, programas
de TV, rádio e inúmeras outras atividades de
O propósito é, de fato, conceituar o campo da expressão cultural
gestão cultural com todos esses contornos
amplos ou mesmo sem contornos precisos, pois Histórico no Brasil
é um campo de ação que envolve fatos
Em 1995, foram criados na Universidade
humanos conscientes e inconscientes. O gestor
Federal Fluminense (UFF) e na Universidade
da cultura é alguém que estabelece com seu
Federal da Bahia (UFBA) os primeiros cursos de
objeto e com os sujeitos nele envolvidos
graduação em Produção Cultural. No ano de
relações de compartilhamento de gestão e de
2003, foi criado o Curso superior de Tecnologia
responsabilidades, e os entende como processos
em Produção Cultural no Centro Federal
–dinâmicos, ambíguos e sujeitos a significações
Tecnológico de Química de Nilópolis - Cefet
diversas.
Química/CEFETEQ (atual IFRJ), e que mais
tarde, em 2012, passou a ofertar o curso como
Como operar neste campo de modo sistêmico?
Bacharelado e não mais CST. Em 2004, foi
Simples... Entendendo que as realidades
criado o curso superior tecnológico de Produção
culturais –e todas são- precisam ser
Cultural e de Eventos da Universidade
diagnosticadas segundo “escutas” precisas e
Uniandrade de Curitiba-Paraná. Dois anos mais
desprendidas de idéias pré-concebidas.
tarde, foi criado o bacharelado em Produção e
Entendendo que a realidade nos fornece a
Política Cultural no Instituto de Humanidades da
possibilidade que precisamos para ver e
Universidade Cândido Mendes (IH-UCAM),
aprender com ela, sendo justamente este
ligado ao curso de Ciências Sociais desta
espaço de mediação que a torna concreta,
instituição. Em 2008, com a estruturação da
conquanto possamos abrir devidamente olhos e
Universidade Federal do Pampa (Unipampa),
ouvidos. Sentir potenciais, responder anseios e
passou a ser oferecido o curso de Produção e
mesmo ampliá-los, reconhecer diferentes e
Política Cultural no extremo sul do país, na
particularizados modos de agir e de sentir.
cidade de Jaguarão.
Planejar segundo os fazeres e os quereres que
os diversos indivíduos e grupos deixam aflorar No Nível técnico existe a Escola Técnica
de seus cotidianos. Estadual Adolpho Bloch , no Rio de Janeiro, que
foi a primeira escola pública a oferecer curso
Buscando ser mais objetivo, pode-se dizer que a técnico de comunicação na América Latina, que
GESTÃO CULTURAL articula planejamento, fornece o Curso de Produção Cultural e de
operacionalização e mediação. Planejamento de Eventos, desde 1999.
eventos, de programas, de ações, de processos
e de políticas em cultura. Operacionalização Áreas de atuação
técnica, financeira, física e humana. Mediação
Atuar na área de planejamento e gestão
de agentes diversos: governamentais, não-
cultural, estabelecendo metas e estratégias para
governamentais e comunitários; empresariais,
o fomento e a promoção da cultura, em nível
cooperativados ou informais; produtores,
público e/ou privado;
viabilizadores e fruidores. E segundo
perspectivas temporais que vão do curto ao Planejar, organizar e divulgar projetos e
longo prazo. produtos culturais de toda natureza;
294

Promover a integração entre a criação artística apresentamos brevemente 10 possíveis


e a gerência administrativa na produção de relações entre cultura e desenvolvimento:
espetáculos (teatro, dança, música, circo, etc.),
produtos audiovisuais (filmes, telenovelas, Identidade e diversidade cultural: uma das
discos, CDs, DVDs), obras literárias, entre mais valiosas contribuições dos estudos
outros setores da indústria cultural; culturais nos ensina a perceber e valorizar as
diversos modos de fazer, pensar, se expressar e
Atuar na curadoria e organização de mostras, viver o mundo. O desenvolvimento é um
exposições e festivais em diversas áreas fenômeno e uma escolha cultural. Logo, cada
artísticas; sociedade precisa construir seu projeto de
desenvolvimento a partir de seus próprios
Trabalhar em setores de marketing cultural, sonhos, objetivos e meios, ou seja, respeitando
desenvolvendo estratégias de investimento em sua própria identidade.
projetos culturais;
Eixo de crescimento econômico: os setores
Exercer a gerência cultural e operacional em culturais e criativos têm demonstrado um
instituições públicas e privadas, atuando em excelente desempenho econômico, por vezes,
centros culturais, galerias de arte museus, superior às atividades tradicionais da economia.
bibliotecas, teatros, cinemas; Também são responsáveis por significativo
impacto na arrecadação tributária, geração de
Compor equipes governamentais de gestão
emprego e renda (com salários superiores à
cultural em níveis municipal, estadual e federal,
média nacional no Brasil), alto efeito
auxiliando na definição de políticas públicas
multiplicador (capacidade de gerar
para a cultura;
reinvestimentos) e fortalecimento de cadeias
Contribuir nas ações de preservação e ligadas ao turismo.
revitalização do patrimônio cultural;
Matriz de valores: para alguns autores, o
Atuar em ensino, pesquisa e extensão no processo de desenvolvimento depende do
magistério superior na área de Produção conjunto de valores estabelecidos na sociedade.
Cultural e áreas afins. Tais valores orientariam aspecto básicos e
estruturantes de uma comunidade, que vão
Dentre outras desde o funcionamento das burocracias até o
comportamento consumidor ou poupador dos
CULTURA E DESENVOLVIMENTO. indivíduos. Além disso, os valores acabam
definindo também os próprios objetivos do
Durante muitos anos, a ideia de
desenvolvimento. A cultura, nesse contexto, é
desenvolvimento foi sinônimo crescimento
uma importante fonte de manutenção,
econômico. Todavia, percebeu-se que o
transmissão e transformação de valores da
mero crescimento não gerava necessariamente
sociedade.
uma melhoria na qualidade de vida das pessoas.
Por isso, os estudos sobre o desenvolvimento A formação intelectual dos indivíduos: no
começaram a incorporar outros fatores e contexto da economia do
questões em suas análises. Sobretudo a partir conhecimento/sociedade da informação, é
da década de 1960, a cultura passa a ser um comum afirmar que a competitividade de
tema recorrente no debate acadêmico e político empresas e de países está centrada na
sobre o desenvolvimento. formação intelectual dos indivíduos. Nesse
sentido, o consumo e a fruição cultural são
Não obstante, são poucos os trabalhos que se
fundamentais no desenvolvimento de suas
propõem a sistematizar quais os pontos de
capacidades cognitivas, da criatividade, do
intersecção entre esses dois assuntos. A seguir,
pensamento crítico e assim por diante.
295

Os arranjos institucionais: sobretudo a partir política, social e cultural. Nesse contexto, a


da década de 1990, ganharam força correntes cultura desempenha um importante papel de
teóricas que destacam ao papel dos arranjos emancipação e construção de um projeto
institucionais na promoção do desenvolvimento. nacional.
Nessa abordagem, o funcionamento de
determinadas instituições pode gerar, por Cultura como objetivo do
exemplo, um mercado mais ou menos eficiente. desenvolvimento: todos os pontos anteriores
A cultura é um elemento estruturante e têm em comum o tratamento da cultura como
conformador das instituições, sejam elas um meio, um instrumento para a promoção do
formais ou informais. desenvolvimento. Porém, se o desenvolvimento
pretende uma melhora nas condições de vida da
Eixo de desenvolvimento sustentável: os população, a cultura pode ser um dos fins dessa
setores culturais e criativos também são ação, por exemplo, garantindo-se o pleno
conhecidos pelo baixíssimo impacto ambiental. exercício dos direitos culturais.
Fazer um filme, escrever um livro ou compor
uma música não demanda grande consumo de Essas abordagens oferecem um amplo terreno
insumos naturais, nem grandes estruturas de debate e pesquisa para diversos campos do
físicas e tampouco gera quantidades volumosas conhecimento. No direito, são poucos os
de resíduos. Pelo contrário, muitas vezes trabalhos que se debruçaram sobre a
a sustentabilidade é o fator de geração de valor convergência entre cultura e desenvolvimento.
de produtos e serviços (caso da moda, Esperemos que essa singela reflexão possa
artesanato, design etc.). instigar novos caminhos de estudo.

Os laços de confiança: para algumas PLANEJAMENTO, GESTÃO E


correntes os laços de confiança, tolerância e AVALIAÇÃO DE PROJETOS E
empatia entre os membros de uma determinada PROGRAMAS CULTURAIS.
sociedade pode favorecer o bom funcionamento
das instituições e do mercado em geral. Esse A elaboração de um projeto cultural precisa
conjunto de elementos também é chamado sempre responder a estas perguntas:
de capital social. A cultura, enquanto complexo
de fatores que ajuda a moldar os hábitos os O que?
indivíduos e comunidades, tem direta influencia
Quanto?
no capital social.
Quando?
Transversalidade com demais políticas: a
cultura também se tornou um eixo estratégico Onde?
de desenvolvimento dada a sua
transversalidade e intercambialidade com Por quanto tempo?
diversas políticas públicas (de saúde, urbanas,
Com quem?
educacionais etc.). São conhecidos os casos de
instrumentalização da cultura para programas Quanto custa?
de transformação social de comunidades em
estado de vulnerabilidade, por exemplo. De Falando assim parece simples, e hoje vamos
fato, políticas culturais são reconhecidas pelo mostrar pra você que realmente é.
seu alto grau de externalidades positivas.
Confira aqui as 7 dicas que vão facilitar seu
Dominação e dependência cultural: outras trabalho no momento de elaborar um projeto
teorias ponderam que o processo de cultural (e ainda receba uma super dica no fim
desenvolvimento só é possível com a superação do artigo):
de certas estruturas de dominação econômica,
296

Agora redigindo o objetivo:

Este projeto visa a criação e apresentação de


um espetáculo de teatro a ser realizado no 2o
semestre de 2016 na cidade do Rio de Janeiro
por uma temporada mínima de 3 meses.

Simples, não é? É claro que depois deste


parágrafo você pode incluir mais informações
em seu objetivo, particularidades de seu
projeto, referências artísticas, informações
adicionais e o que mais achar importante. Ma
lembre-se que menos é mais e que isso é
fundamental e não pode faltar NUNCA!
1. Conheça a fórmula que vai simplificar o
objetivo do seu projeto

O objetivo de um projeto é o fim que se deseja


atingir. É a meta que se pretende alcançar. Um
objetivo é o que move uma pessoa a tomar
alguma decisão ou buscar suas aspirações.

Quando falamos de objetivo de um projeto, a


maneira mais sintética, objetiva e clara de
escrevê-lo é usando a formula:

OB = OQ + QT + QD + OD + PQT

Ou seja, objetivo é igual a soma de:

o que + quanto + quando + onde + por quanto


tempo. 2.Conheça as palavras-chave para escrever uma
justificativa de um projeto
Vamos a um exemplo:
Afinal, o que vem a ser a justificativa de um
OQ = Espetáculo de teatro projeto? A justificativa é o « por quê » de sua
realização. Em outras palavras, quais os
QT = Um espetáculo (1)
motivos que fazem você, como proponente,
QD = No 2o semestre de 2016 acreditar que ele deva ser feito. É importante
pensar, neste momento, em questões inerentes
OD = No Rio de Janeiro ao projeto, às reflexões que ele poderá
proporcionar ou mesmo ao aprendizado que se
PQT = Por uma temporada mínima de 3 meses.
pode obter a partir de seu consumo.
Para ficar ainda mais fácil :
Veja abaixo algumas palavras-chave que
Este projeto visa a realização de (QD) (OQ) a poderão ajudá-lo na elaboração da justificativa
ser realizado (QD) em/no (OD) por (PQT). do seu projeto, mas lembre-se sempre que a
resposta para sua justificativa está na pergunta
« por que eu desejo realizar este
projeto? ».
297

Apresentar ao público… surpresas. Lembre-se que ainda estamos


trabalhando com o cenário ideal e hipotético, e
Estudar o impacto de… que nem sempre todas as nossas demandas
para o projeto serão atendidas. Esteja
Criar uma relação entre…
preparado para estas mudanças.
Criar uma oportunidade de/para…

Compartilhar conhecimento sobre…

Estimular…

Promover a arte…

Integrar disciplinas…

Dar oportunidade a novos talentos…

Pronto para escrever sua justificativa?

4. Veja como fazer um cronograma mesmo sem


ter a menor ideia de quando o projeto vai
acontecer

Pode parecer um grande desafio definir quando


seu projeto será realizado se você está, neste
momento, apenas o colocando no papel.
Realmente não é fácil. Mas alguns truques
podem ajudá-lo a superar este desafio e ter um
cronograma perfeito.
3. Descubra como definir o local do meu projeto Para desenvolver o cronograma de seu projeto a
mesmo sem ter os recursos para viabilizá-lo primeira tarefa que você deve fazer é listar –
sem uma ordem definida – tudo o que terá que
Pode parecer difícil definir este local quando o
realizar para que ele aconteça, desde inscrevê-
projeto ainda está no papel e quando há uma
lo em uma determinada lei até entregar a
forte concorrência pelos espaços mais atraentes
prestação de contas para o patrocinador. Seja o
das grandes cidades, mas definindo ao menos o
mais detalhado que puder. Quanto mais
que seria este local ideal, você garante a
informações o projeto tiver, melhor para sua
definição da envergadura do seu projeto e
realização.
poderá planejar da melhor forma seu plano de
distribuição. Com a lista pronta em mãos, o segundo passo é
colocá-la na melhor ordem que poderá executá-
Mesmo que o local onde você planejou
las. Depois que as atividades estiverem em
apresentar seu projeto mude, o ideal é que
ordem, agora é hora de colocar ao lado de cada
busque sempre espaços similares em termos de
uma delas o tempo estimado que irá precisar
alcance, localização e público para não ter
para realizá-las. Pense em meses ou semanas
298

porque isso irá facilitar o desenvolvimento do Todas as pessoas que você colocar em sua ficha
cronograma, que idealmente é calculado em técnica devem ter ciência (e estar de acordo,
meses. naturalmente) de que seus nomes estão sendo
citados no projeto.
Quanto mais realista você for durante o
desenvolvimento do seu cronograma, menos
surpresas terá futuramente.

6. Entenda como fazer um plano de divulgação

O plano de divulgação é o conjunto de ações


destinadas à divulgação de seu projeto cultural
e compreende materiais como: anúncios em
5. Saiba por onde você deve começar sua ficha jornais, cartazes, folders, outdoors, panfletos,
técnica inserções em rádio, televisão e em novas mídias
(como portais e sites), entre outras.
A ficha técnica é uma lista que determina os
principais profissionais envolvidos em seu Confira aqui os veículos mais comuns que
projeto e as atividades que cada um podem fazer parte de seu plano de divulgação:
desempenha durante sua execução.
Mídia televisiva
Para começar, faça uma lista das pessoas com
Mídia radiofônica
quem gostaria de trabalhar ou avalie projetos
similares ao seu para conhecer quem fez parte Mídia na internet
de suas equipes.
Anúncios em jornais e revistas
Com a lista em mãos, a segunda etapa é fazer
os convites. Mesmo que não tenha os contatos Cartazes
deste profissional, hoje em dia, com as redes
sociais, você não apenas consegue uma Filipetas (distribuição nas ruas proibida em
conexão direta mais rápido como ainda algumas cidades)
descobre amigos em comum que podem indicá-
Busdoor
lo ou dar um parecer sobre os profissionais que
selecionou. Outdoor (também proibido em algumas cidades)

Taxidoor

Marcador de Livro
299

Brindes em dias ou apresentações), a capacidade do


local e os preços aplicados (ou a gratuidade,
Faixa em avião caso não haja cobrança de ingressos). Com
estes números em mente, você poderá fazer
Email marketing
uma projeção de quanto pode receber de
Redes Sociais receita pelo projeto.

Videos virais Mesmo que seja uma estimativa hipotética, o


plano de distribuição é obrigatório não apenas
Ao criar seu plano de divulgação, lembre-se de para que seu projeto seja inscrito em leis e
não se limitar à esta lista. Quanto mais editais como também para que seu futuro
autêntica e inovadora for sua comunicação, patrocinador e você sabiam quantas pessoas
mais chances você tem de atrair novos poderão ser atingidas por ele.
espectadores para seu projeto.
EXPRESSÕES ARTÍSTICAS E
CULTURAIS CONTEMPORÂNEAS.

A Arte Contemporânea ou Arte Pós-


Moderna é uma tendência artística que surgiu
na segunda metade do século XX, mais
precisamente após a Segunda Guerra Mundial,
por isso é denominada de arte do pós-guerra.

A Arte Contemporânea se prolonga até aos dias


atuais, período esse denominado de pós-
modernismo, propondo expressões artísticas
originais a partir de técnicas inovadoras.

Do latim, o vocábulo “contemporanĕu”


corresponde a união dos termos “com” (junto) e
“tempus” (tempo), ou seja, significa que ou
quem do mesmo tempo ou época. Utilizamos
essa palavra como adjetivo para indicar o
tempo presente, atual.

7. Saiba o que é o plano de distribuição

O plano de distribuição é a forma como seu


produto cultural irá chegar às mãos do seu
público-alvo. Trata-se de uma etapa
fundamental no desenvolvimento de um
projeto, mas que muitas vezes é deixada de
lado pelo proponente porque ele não consegue
visualizar de que forma seu produto será
distribuído.

Para desenvolver um plano de distribuição, você


précisa saber (ou estimar) o local onde irá
realizar seu projeto, o tempo em que ele estará
acessível para o público (normalmente contado
300

Escultura da Artista Alemã Rebecca Horn, Elas buscaram romper com a Arte Moderna,
Barcelona, Espanha ligada ao consumo, para dar lugar à arte
contemporânea, relacionada com a
Resumo comunicação:

Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o Arte Conceitual


novo panorama é caracterizado pelo avanço da
globalização, cultura de massa e o Arte Povera
desenvolvimento das novas tecnologias e
mídias. Arte Cinética

Nesse panorama, a arte oferece novas Pop Art


experiências pautadas principalmente, nos
Op Art
processos artísticos em detrimento do objeto,
ou seja, na ideia em detrimento da imagem. Expressionismo Abstrato

Nesse sentido, a arte contemporânea prioriza Minimalismo


principalmente, a ideia, o conceito, a atitude,
acima do objeto artístico final. O objetivo aqui é Hiper-realismo
produzir arte, ao mesmo tempo que reflete
Action Painting
sobre ela.
Land Art
Foi dessa maneira que a Arte Contemporânea
rompeu com alguns aspectos da Arte Moderna. Street Art
Ela abandonou diversos paradigmas e trouxe
valores para a constituição de uma nova Body Art
mentalidade.
Principais Características
Ao mesmo tempo ela abriu espaço para
diversidade de estilos, perspectivas, técnicas e As principais características da arte
abrangência de linguagens artísticas (dança, contemporânea são:
música, moda, fotografia, pintura, teatro,
Sociedade da informação, tecnologia e novas
escultura, literatura, performances, happenings,
mídias
instalações, videoarte, etc.).
Subjetividade e liberdade artística
Em outras palavras, a mudança da era industrial
(moderna) para a era tecnológica da Efemeridade da arte
Informação e Comunicação (contemporânea),
proporcionou mudanças significativas no campo Abandono dos suportes tradicionais
da cultura e das artes.
Mescla de estilos artísticos
Note que a arte contemporânea abriga diversos
Utilização de diferentes materiais
valores da arte moderna. Destacam-se as
inovações e experimentações artísticas bem Fusão entre a arte e a vida
como a diluição de fronteiras entre as formas
artísticas. Aproximação com a cultura popular

Movimentos Artísticos Contemporâneos Questionamento sobre a definição de arte

Imbuídos dos ideais que alicerçam a arte Interação do espectador com a obra
contemporânea, surgem diversos movimentos
ou escolas artísticas vanguardistas. Arte Contemporânea no Brasil
301

A partir da década de 50, no Brasil, movimentos Criada há quase duas décadas, a Lei Rouanet
vanguardistas se desenvolveram, do qual se passa por reformulação. Ruidoso, o debate joga
destaca o Neoconcretismo. de lados opostos parte da iniciativa privada e o
governo
Muitos foram os artistas que fomentaram a arte
contemporânea no país, dos quais merecem De um lado, o aparato burocrático, os riscos de
destaque: dirigismo, mesmo bem-intencionado. De outro,
os departamentos de propaganda e marketing
Hélio Oiticica (1937-1980) dos grandes investidores em cultura no Brasil -
Petrobras, Companhia Vale do Rio Doce, Banco
Lygia Clark (1920-1988)
do Brasil, Bradesco, Gerdau, Bndes, Itaú, Sousa
Lygia Pape (1927-2004) Cruz. Entre as duas partes, a cultura. Dentro da
cultura, variadas nuances: a cultura de massas,
Almícar Castro (1920-2002) industrial; e outra, menos vendável mas
igualmente importante. Uma gera lucros, enche
Aluísio Carvão (1920-2001)
salas de teatro com nomes cujas letras fazem
Franz Weissmann (1911-2005) as bilheterias saltar. E, mesmo quando é
fracasso, não causa falências nem estressa
Hércules Barsotti (1914-2010) realizadores. Afinal, está tudo pago. O cinema
não lotou, o teatro esvaziou, o disco não tocou,
Willys de Castro (1926 - 1988) o livro não vendeu, a dança não vingou - não
importa. Antes de qualquer um, o contribuinte
Cildo Meireles (1948-)
brasileiro pagou cada uma das peças
Ferreira Gullar (1930-2016) financiadas via Lei Rouanet. Mesmo sem
concordar, seu dinheiro está lá. O mais curioso:
Romero Britto (1963-) se calhar de ir ao cinema ver um longa-
metragem ou ao teatro assistir a alguma peça
Principais Artistas
financiados com o próprio dinheiro - vejam só! -
No cenário mundial, alguns artistas merecem , vai pagar duas vezes.
destaque na composição de obras
contemporâneas: Ao contrário da industrial, a outra cultura é
miúda, local, arraigada e capilar. Não tem
Robert Smithson (1938-1973): artista público garantido, não tem estrelas. Para ambas
estadunidense as esferas, porém, há a mesma lei: a Rouanet.
É a língua falada por Estado e iniciativa privada.
Jackson Pollock (1912-1956): pintor Um regramento legal conhecido formalmente
estadunidense como lei 8.313, instituída em 1991.
Informalmente, é apenas Rouanet, nome do
Marina Abramovic (1946-): artista performática
ministro da cultura que a endossou. A lei foi
sérvia
criada ainda sob o governo de Fernando Collor
Rebecca Horn (1944-): artista alemã de Melo, o mesmo que desbaratou a
Embrafilmes e reduziu a dois o número de
Richard Serra (1939-): escultor estadunidense longas-metragens produzidos no Brasil em um
ano. Hoje, a Lei Rouanet tem espaço cativo nos
PRINCIPAIS MECANISMOS DE jornais de todo o Brasil. Segundo
FINANCIAMENTO CULTURAL NO pesquisadores, tem gerado mais falsas
BRASIL E NO CEARÁ. polêmicas que qualquer outra coisa.

Sua reformulação, prometida desde a chegada


302

de Juca Ferreira ao Ministério da Cultura e 100% de renúncia."


agora concretizada - a proposta de lei recebe
sugestões de alteração até o dia seis de maio -, Para Miranda, porém, talvez o nó-górdio da Lei
tem mobilizado humores diversos. Novamente, Rouanet resida menos nela do que na
as polarizações. Simplificadas, elas se resumem ineficiência em gerir a própria lei. "Eu não sei se
a: de um lado, mercado. Do outro, interesse o problema é realmente que a lei é ruim. Acho
público. Entre um e outro, o Estado, que deve que a lei é mal aplicada e mal fiscalizada. Me
saber gerir tanto as demandas de mercado parece que a lei poderia ser mais útil para a
quanto as de interesse público. Diretor-geral do população. E ela acaba sendo mais útil às
SESC - SP, Danilo Miranda interroga-se: "Que empresas que a sociedade." (Henrique Araújo,
interesse preside a mudança na Lei Rouanet?" Especial para O POVO).
Ele mesmo aventa hipóteses. "É o interesse
público? Eu estou a favor. É o interesse de
orientar o uso? Não estou muito a favor. É o Lei Rouanet
interesse privado? Não estou nem um pouco a
O Congresso Nacional aprovou, no final de
favor." Para o sociólogo, as alterações propostas
1991, a Lei nº 8.313/1991 para fomentar a
pelo Ministério da Cultura buscam resolver
atividade cultural no país. A Lei Rouanet, como
alguns dos principais impasses da antiga lei. O
ficou popularmente conhecida, instituiu o
principal deles: fazer propaganda ou fazer
Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac)
circular em circuito privado uma obra financiada
para financiar a produção, distribuição e
com dinheiro público. "Isso é marketing, isso é
consumo de bens culturais, proteger o
publicidade. Isso tem que ser feito com outros
patrimônio cultural e promover a diversidade
recursos, de outra forma. E quando você
regional do país.
mistura as duas coisas, nós começamos a ter
problemas graves." O Pronac é composto por mecanismos de
incentivos fiscais, pelo Fundo Nacional de
Historiadora e chefe do Setor de Estudos de Cultura (FNC) e pelo Fundo de Investimento
Políticas Culturais da Fundação Casa de Rui Cultural e Artístico (Ficart), que ainda não foi
Barbosa, no Rio de Janeiro, Lia Calabre tem regulamentado. A Lei Rouanet possibilita às
opinião parecida. Para ela, até agora, os empresas e aos cidadãos contribuintes
recursos oriundos da Lei Rouanet foram aplicarem uma parte do imposto de renda
majoritariamente utilizados sob a ótica do (IRPF/IRPJ) devido em ações culturais.
privado. "A pauta do mundo artístico no cenário
nacional era definida pelo mercado. Todo esse As pessoas físicas podem aplicar um percentual
processo da lei acabou gerando distorções. Por máximo de 6% do IRPF. O limite estabelecido
mais que as pessoas esperneiem, os princípios para as pessoas jurídicas é de 4% do IRPJ. No
da lei foram sendo deturpados. O princípio era caso das empresas, somente as empresas
estabelecer parcerias." tributadas com base no lucro real podem
participar do Pronac.
Segundo Lia, a Lei Rouanet precisa
Os projetos culturais podem ser apresentados
urgentemente ter seus rumos corrigidos.
tanto por pessoas físicas que atuam na área
Primeiro: a má-aplicação da lei gerou anomalias
cultural quanto por pessoas jurídicas públicas e
como o financiamento total de obras que,
privadas de natureza cultural, com ou sem fins
quando chegam ao circuito, cobram nova taxa
lucrativos. As propostas aprovadas pelo
para serem apreciadas. Outra anomalia: a
Ministério da Cultura (MinC) são enquadradas
seleção do que financiar. "O que a gente passou
no artigo 18 ou artigo 26 da Lei Rouanet. O
a ter foi uma autonomia do Estado muito
primeiro garante 100% de dedução do valor
pequena na decisão final na maior parte do
investido, enquanto o segundo assegura às
recurso que era dinheiro público. Era quase tudo
303

pessoas jurídicas dedução de 30% para civilizatório nacional. § 2.º A lei disporá sobre a
patrocínio e 40% para doação. No caso de fixação de datas comemorativas de alta
pessoa física, os limites de dedução aumentam, significação para os diferentes segmentos
respectivamente, para 60% e 80%. étnicos nacionais. (BRASIL. Constituição 1988).
É INCOERENTE afirmar que:
Apesar de ser o principal mecanismo de
financiamento da cultura brasileira, a Lei
Rouanet tem sofrido críticas, sobretudo quanto
à distribuição desproporcional dos recursos a) a Constituição, certamente, trouxe uma
entre as regiões do país. Segundo dados do definição clara do que é Cultura assim como
Ministério da Cultura (MinC), a Região Sudeste quais são os direitos culturais, deixando tais
recebeu quase 81% dos R$ 1,25 bilhões informações de maneira explícita.
destinados ao financiamento de projetos
culturais por meio de incentivos fiscais.
b) a concepção de pluralismo cultural e a
Em 2010, o governo federal enviou ao
participação popular na gestão das políticas
Congresso Nacional uma proposta para corrigir
culturais não estão claras neste artigo da Lei.
as distorções da Lei Rouanet e para instituir um
novo modelo de financiamento da cultura. O
Projeto de Lei nº 6.722/2010 propõe a criação
do Programa Nacional de Fomento e Incentivo à c) não fica claro qual deveria ser o suporte
Cultura (Procultura), que visa fortalecer o Fundo logístico do Estado Brasileiro na atuação no
Nacional de Cultura (FNC) e aumentar a setor cultural, o do respeito à memória coletiva
distribuição dos recursos da Lei Rouanet. e o da universalidade.

Depois de muitas discussões, a Câmara dos


Deputados aprovou, em agosto de 2014, o
d) a Constituição não explicita como todo e
substitutivo do deputado Pedro Eugênio (PT-
qualquer cidadão poderá fazer valer o seu
PE). O texto aprovado assegura que pelo menos
direito de exprimir, criar e difundir seus
30% dos recursos do FNC será destinado aos
trabalhos, crenças e artes.
estados e municípios. O projeto que cria o
Procultura será, agora, apreciado pelo Senado
Federal.
e) todos os povos deveriam ter o direito de
O site “Mapa de financiamento de projetos preservar sua identidade cultural assim como o
culturais” fornece para os empreendedores direito/dever de cooperação cultural
criativos e demais usuários aproximadamente internacional.
45 mil projetos culturais que foram financiados
por meio do Pronac no período de 2008 a 2014.

EXERCICIOS 02 São princípios do Sistema Nacional da


Cultura, EXCETO:
01 Observe: Art. 215. O Estado garantirá a
todos o pleno exercício dos direitos culturais e a) fomento à produção, difusão e circulação de
conhecimento e bens culturais.
acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e
incentivará a valorização e a difusão das b) descentralização articulada e pactuada da
manifestações culturais. § 1.º O Estado gestão, dos recursos e das ações.
protegerá as manifestações das culturas
populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de c) burocratização dos processos decisórios com
outros grupos participantes do processo participação e controle social.
304

d) interdependência dos entes federados e das ou imposto, alterando-lhe os rumos e os


instituições da sociedade civil nas esferas significados, como também as próprias
pública e privada. incertezas e oscilações do poder de onde emana
essa eventual política. (COELHO, Teixeira.
e) integração e interação na execução das Dicionário crítico de política cultural. São Paulo:
políticas, programas, projetos e ações Fapesp/ Ed. Iluminuras, 1997, p.112) Trata-se
desenvolvidas. de um conceito de cultura:
03 O agente cultural é aquele que: a) dominada.
I) atua, muitas vezes como produtor cultural, b) dominante.
sem envolver-se com a administração das artes
e da cultura, criando as condições para que c) emergente.
outros criem ou inventem seus próprios fins
culturais. d) hegemônica.

II) atua, mais frequentemente embora não e) latente.


exclusivamente, na área da difusão, portanto
05 Toda ação cultural está inevitavelmente
mais junto ao público do que do produtor
ligada a uma questão ética que circunscreve
cultural.
uma intenção do agente, artista ou mediador
III) prepara catálogos e folhetos e realiza cultural. Sobre este campo, um dos debates é a
atividades artísticas de autoexpressão ou questão do lucro, o quanto este deve pautar as
coletivas. ações culturais. Sobre ética em política cultural
pode-se dizer que:
IV) realiza pesquisas de tendências, estimula
indivíduos e grupos para a autoexpressão, faz I) A ética central do agente cultural é criar
enfim a ponte entre a produção cultural e seus condições para que as pessoas e grupos,
possíveis públicos. Estão CORRETAS as produtores ou usuários, inventem seus próprios
afirmativas fins no interior de uma finalidade coletiva maior.

a) I, II e III II) O que o artista põe em sua obra não é


necessariamente aquilo que o usuário dela
b) I, III e IV retira, assim como aquilo que o artista faz com
sua obra não é bem aquilo que com ela realiza o
c) II, III e IV mediador cultural.

d) II e IV III) A ética do lucro não é incompatível com a


ética da cultura, mas quando nada existe que
e) I, II, III e IV
chame a atenção para o que está em jogo neste
04 Leia atentamente a afirmativa abaixo: Numa campo, a tendência é cada uma dessas éticas
época de globalização e de reconversão cultural apontar para uma direção, e a do lucro sufocar
continuada, o seu conceito encontra grande a da cultura.
dificuldade para manter-se. Tanto no domínio
IV) O produtor cultural não deve se preocupar
da produção, quanto no do consumo cultural,
com a ética da cultura, apenas com a ética do
verifica-se que a política cultural oficial, quando
lucro. Assinale a alternativa que apresenta
há alguma, não se manifesta diretamente sob
somente as afirmativas CORRETAS:
uma forma única mas, antes, apresenta-se
como uma encruzilhada de tendências que a) I, II, IV
representa não apenas os modos pelos quais os
indivíduos lidam com aquilo que lhes é oferecido b) I, II, III
305

c) III, IV I) A globalização cultural tende à uniformização


da sensibilidade através da distribuição de
d) II, IV produtos gerados por um número cada vez
menor de fábricas culturais colocadas sob a
e) I, II
égide econômica dos padrões administrados por
06 Considera as afirmações abaixo sobre o empresas globais veiculadas à televisão.
“Folclore” e suas relações com a tradição, a
II) Em plena era da globalização observa-se o
cultura popular e a produção cultural.
ressurgimento das diferenças identitárias
I) O folclore entrou, em várias sociedades e de manifestando-se de modo extremamente
maneira definitiva, para o Mercado de bens violento ou procurando emergir mais
culturais criado e exigido em particular pelo pacificamente sob a aparência do
turismo nacional e internacional – e esta multiculturalismo.
passagem é carregada de consequências
III) A globalização cultural enquanto fenômeno
relativas a seu modo de produção, suas fontes
mundial, fez com que as culturas locais
de inspiração e sua função na coletividade.
perdessem espaço de tal forma, que tendem a
II) Para a política cultural contemporânea, não desaparecer.
se trata mais apenas de formular programas de
IV) As culturas e os imaginários nacionais
preservação de tradições arcaicas,
tendem relativamente a desmoronar, sem que
supostamente inalteradas, mas de examinar as
desapareça, no entanto, o localismo como
interações entre o folclore e os demais modos
âncora cultural, quer isto signifique um valor
culturais modernos e determinar suas atuais
positivo (de afirmação identitária) ou negativo
funções na dinâmica cultural contemporânea.
(uma reafirmação de provincianismos não de
III) O produtor cultural tem a função de todo distantes do racismo e da xenofobia).
produzir os meios necessários para que o Assinale a alternativa que apresenta somente as
Folclore, como representante da cultura popular afirmativas CORRETAS:
de um país, seja preservado.
a) I, II, IV
IV) O “tradicional” não é traço distintivo dos
b) I, II, III
segmentos populares, mas encontra-se em
estado difuso em todas as camadas sociais sob c) III, IV
diversas formas, o que não permite mais que
seja identificado como núcleo molar da d) II, IV
identidade. Assinale a alternativa que apresenta
somente as afirmativas CORRETAS: e) I, II

a) I, II, IV 08 Leia atentamente as proposições abaixo


sobre “Identidade Cultural”.
b) I, II, III
I) Aponta para um sistema de representação
c) III, IV (elementos de simbolização e procedimentos de
encenação desses elementos) das relações
d) II, IV entre os indivíduos e os grupos e entre esses e
seu território de reprodução e produção, seu
e) I, II
meio, seu espaço e seu tempo.
07 Leia atentamente as proposições sobre a
II) Hoje o conceito de identidade (como um
“Globalização Cultural”.
conceito duro, fechado, igual a si mesmo ao
longo do tempo) está sendo substituído pelo de
306

“identificação: mais do que um sistema, armado definitiva, estática e autônoma da necessidade


por unidades significantes estáveis a que de parcerias são aspectos fundamentais.
correspondem unidades de significado perenes,
o que se teria hoje seria um processo de d) No planejamento de um projeto deve-se
unidades cambiantes, como significantes e levar em consideração as políticas e diretrizes
significados, no qual os indivíduos e grupos específicas dos planos e programas em que
entram e do qual saem intermitentemente, ao estão inseridos.
sabor de motivações de diversificada origem.
e) Há casos em que determinado projeto foi
III) Na dinâmica cultural contemporânea a elaborado para um objetivo independente
identidade cultural transforma-se em processo (projeto isolado) e pode ser ajustado ou inscrito
de construção continuada (montagem e em um determinado programa ou edital, na
desmontagem, formação e reformulação), medida que possui afinidades com suas
deixando de apresentar-se como entidade diretrizes e linhas de atuação.
estável.

IV) A identidade cultural de um pequeno grupo


tente a se estabilizar quando este amadurece,
GABARITO
passando a ser um núcleo estável e imutável de 01 A
reconhecimento dos indivíduos enquanto
pertencentes àquele grupo. Assinale a 02 C
alternativa que apresenta somente as
afirmativas CORRETAS: 03 D

a) I, II, IV 04 B

b) I, II, III 05 B

c) III, IV 06 A

d) II, IV 07 A

e) I, II 08 B

09 Considerando-se a concepção e elaboração 09 C


de uma projeto cultural, assinale a alternativa
INADEQUADA. CONHECIMENTOS
a) Os resultados esperados de um projeto
ESPECÍFICOS
refletem os recursos financeiros necessários
para sua viabilização e nos recursos humanos
TRANSVERSALIDADE DA CULTURA.
capazes de transformar as ideias em ações
culturais e artísticas efetivas. Esta Linha Temática pretende dar um contributo
transdisciplinar para a promoção de uma
b) Um percurso lógico deve ser traçado na
economia do conhecimento que irá tanto
elaboração de um projeto. Assim, as atividades
valorizar a diversidade cultural e
precisam estar conectadas e manter coerência
transversalidade, mas também levar a uma
no conjunto da proposta.
melhor compreensão da maneira pela qual
c) Quantificação de públicos, resultados dadas ocorrências culturais funcionam como
esperados, alcance das ações e percepção vetores dinâmicos dentro da sociedade - tanto
de uma forma inclusiva como exclusiva.
307

Usando como ponto de partida as considerações Discutir o modo como a noção de coesão
de Samuel P. Huntingdon (agora clássicas) territorial contribuiu para a construção de uma
sobre o "choque de civilizações", esta TL analisa memória/identidade literária concorrendo para a
algumas das principais fraturas e pontes entre construção da poética portuguesa Parnasus
diferentes grupos culturais nos diversos níveis (canone), através da recepção os séculos XVI e
locais, regionais, nacionais e supranacionais XVII dos poetas quinhentistas, analisando
numa perspectiva trans-disciplinar: o objectivo comparativamente as formas como a identidade
global é avaliar até que ponto as manifestações nacional foi culturalmente modelada,
de diversidade cultural e transversalidade nomeadamente através da construção de uma
podem ser vistas de forma cronológica, memória literária em Portugal e na Alemanha
sobrepondo conflitos entre diferentes grupos (tendo como base os romances históricos dos
culturais que procuram fatores comuns de séculos XIX e XX e literatura juvenil dos séculos
referência, tais como lieux de mémoires, XX e XXI, que utilizam temas medievais).
história partilhada ou valores estéticos, Estudam-se, deste modo, lieux de mémoires e a
educativos, literários, religiosos e sociais memória cultural do passado alemão, assim
comuns. Procura-se, assim, explicar como esses como personagens históricos portugueses, a fim
fatores comuns enformam a relação de grupos de discutir a percepção de si mesmo através do
culturais com "o outro". Esta abordagem será outro.
levada a cabo através de uma série de estudos
de caso de perfis religiosos, estético-literárias e Investigar o discurso historiográfico e de
socio-religiosos e de educação, a partir de educação histórica no que respeita ao passado
perspectivas locais, regionais, nacionais e dolorosos de grupos nacionais, particularmente
transnacionais. na forma como o passado colonial português é
entendido no imaginário nacional como fazendo
Respondendo aos desafios de uma Europa parte da construção da identidade nacional.
inclusiva, importa adoptar estratégias que Reflectir-se-á no impacto da Guerra colonial
contribuam para a coesão cultural, promovendo através da análise do modo com os estudantes
uma economia baseada no conhecimento que compreendem o passado doloroso e da
dilua os desequilíbrios regionais. Consolidando discussão de representações públicas e privadas
experiências anteriores e programas de da guerra. A forma como os realizadores de
formação pós-avançada, pretende-se, no cinema estrangeiros viram Portugal será
âmbito desta LT: igualmente objecto de análise. Além disso,
serão feitas comparações com experiências
Elaborar uma base de dados que disponibilize o semelhantes na construção de topo culturais em
mapa das bibliotecas religiosas e aristocráticas outros contextos regionais / nacionais.
do norte e do noroeste de Portugal,
inventariando autores, títulos, dedicatários e Analisar a dinâmica do processo de criação
censores, definindo a região em termos de literária como uma atividade de
geografia cultural, O inventário a realizar será transversalidade culturais a partir das
cruzado com a existência de programas perspectivas de edições genéticas/críticas e de
educativos (masculinos e femininos), investindo teoria literária, dentro do contexto mais amplo
no conhecimento das redes pedagógicas das das Humanidades e da Didática, juntamente
instituições monásticas e conventuais que com outros elementos de esferas culturais e
devolvam a imagem da educação entre os artístico, por uma análise de casos específicos
séculos XIX-XX, no sentido da projecção de de i) teoria da Literatura; ii) hermenêutica de
modelos de longa duração ainda visíveis no inteligibilidade geral (a relação da literatura com
norte e no noroeste do país, procurando, numa outras áreas do saber, em particular com a
fase posterior a comparação com outras regiões comunicação e os estudos culturais); iii) autores
da Europa.
308

de expressão portuguesa no séculos XVI e XVII Pasmem. Mas é justamente um embate dessa
no Brasil, e nos séculos XIX e XX em Africa. natureza que se delineia a partir daqueles que
defendem o marketing cultural como ferramenta
MARKETING E MERCADO CULTURAL primeva e auto-suficiente de gerir a máquina
cultural de um país. O capitalismo apôs sobre
Paira uma questão no ar: marketing cultural é
todas as coisas um preço, um valor monetário,
ou não uma participação efetiva e importante mas está esquecendo aos poucos os
no cenário cultural de um país? A resposta significados!!
demanda outra pergunta: até que ponto uma
nação carece de “injeções” esporádicas, Aqueles que estão em posição de apoiar a
aleatórias e desarticuladas de eventos culturais cultura, preferem corroborar o que já está
para ter sua “cota” de reconhecimento atendida posto. É mais fácil concordar e baixar a cabeça,
para o setor? E ainda: será que a cultura e no caso da cultura, abrir o tapete vermelho
proveniente de uma idéia de venda de imagem para as grandes celebridades, os mega-eventos
em primeiro plano pode ser assim entendida, e os enormes circos de ilusões. Além disso, dá
como cultura ou simplesmente como marketing? mais ibope pautar a cultura a partir daquilo que
já está estabelecido via show-business (que por
O marketing cultural, sem dúvida alguma,
sua vez se consolida a partir de incentivos dessa
possui seus méritos. Não. Cultura não tem que
natureza).
necessariamente ser algo perene e que dê
frutos a curto, médio e longo prazos. E a experimentação, os novos talentos, as
novas maneiras de ver e comungar o mundo??
A população quer pão, e o marketing cultural
oferece postos de trabalho diretos e indiretos A veia experimental da cultura atual não diz
durante toda a sua sobrevida. Além disso, respeito a um culto à transgressão e à polêmica
coitados de nós se não fossem os arrojados tão-somente. Ela traduz a própria necessidade
empresários capitalistas e suas tendas de que essa cultura tem de rever seus conceitos,
cultura ambulantes. Um dia aqui outro dia se reciclar, de se re-estruturar.
acolá, mas sempre provendo as necessidades
mais prementes dos populares, sempre Estamos tratando, então, de uma significativa
agitando o nosso portfólio de acontecimentos prerrogativa cultural, sem a qual cultura alguma
culturais, a nossa pauta de cada dia de faz sentido, a Educação. Um significado muitas
manchetes jornalísticas nos cadernos de vezes, e não raro, esquecido no fundo das
cultura. gavetas dos nossos empresários.

O pensamento de muitos segue por aí. Aquilo Ofertar cultura para uma população carente
que proporciona pão e circo, isto é, aquilo que sem o necessário viés educacional, sem lhe dar
produz trabalho e espetáculos memoráveis, isso a chance de se defender, pois tudo é muito
seria cultura no melhor sentido da palavra. rápido e o apelo sensorial imediato é mais
Aquilo que tem apenas alcance regional, não premente e fácil de se satisfazer, sem lhe dar
ganha a cobertura dos grandes conglomerados sequer o direito de escolha, pois o bolso indica
de mídia, não chega a ser cultura mas apenas sempre para uma direção pré-estabelecida. Isso
um ”folclorizinho” um pouco bem ajambrado, seria distribuir cultura? Seria essa a função do
mas sem muita perspectiva enquanto cultura. marketing cultural??

Há, ao que nos parece, uma inversão: os Pensamos que não. Se queremos mais
fenômenos de mídia pontuais e efêmeros se segurança, mais mesas fartas, mais seres
impõem à cultura de raiz e a fazem coisa à toa, saciados não só organicamente mas, e
quando esta é (ou deveria ser) a verdadeira principalmente, na alma, não podemos abrir
razão de ser de um povo. mão da tendência natural de toda formulação
cultural: produzir reflexão e conteúdo de
309

qualidade. Entendemos como qualidade aquilo Se adicionarmos a esses desequilíbrios e


que permeia o tecido social e distribui não só tensões nas sociedades latino-americanas as
sorrisos mas principalmente distribui ameaças pela pressão e dinâmica
transformação. O ponto de mutação de uma homogeneizadora da globalização, do sistema
sociedade está nas mãos de poucos e esses econômico internacional e de projetos de
poucos têm muito a prestar contas perante a desenvolvimento agressivos com as
nação. comunidades e suas expressões, o resultado é
um contexto complexo e desafiador para as
Não estamos pedindo cultura gratuita , nem políticas públicas e de cooperação da região,
mendigando uma entrada grátis ou um atentas à diversidade cultural.
camarote vip, estamos exigindo o mínimo de
responsabilidade social, um pouco de respeito Como é sabido, o marco normativo da
aos significados “marginais” implícitos no modo Convenção sobre a Proteção e a Promoção da
de perceber e sentir o mundo pelos mais Diversidade das Expressões Culturais (2005)
necessitados e pelos artistas. Estamos, como surge como resposta a essa pressão do
um país, exigindo a soberania cultural, exigindo mercado internacional sobre as expressões
uma cidadania há muito roubada. locais. A Unesco se esforça para dirigir a sua
interpretação ao cenário do mercado, tratando
Através de jogos de azar, lava-se dinheiro. de evitar interferências com outros
Através da cultura, muitas vezes procura-se instrumentos normativos de âmbito
lavar consciências. internacional – entenda-se ocidental, mas esta
é uma discussão mais extensa, que remete a
INSTITUCIONALIDADE DA Boaventura Santos (2014), entre outros
CULTURA. autores. Na América Latina, porém, não se pode
evitar uma compreensão mais ampla, múltipla e
Quando nos referimos ao âmbito latino-
simbólica dos princípios da Convenção. Desde a
americano, costumamos fazê-lo como um
ratificação da Convenção pelos países latino-
espaço de diversidade cultural. Seja no âmbito
americanos, o cenário das políticas públicas
interno dos países, da região como um todo ou
para o âmbito cultural tem mudado bastante,
das microrregiões culturais que se tende a
com uma tendência para políticas que
identificar (caribenha, andina, gaúcha..), o
contemplem e fortaleçam os direitos culturais e
“crisol de culturas” é uma recorrência e uma
a diversidade de grupos e organizações sociais.
evidência quando se trata da região latino-
americana. Este contexto diverso, que as Institucionalidade e cultura(s)
estruturas nacionais e internacionais da América
Latina reconhecem orgulhosas, guarda Na tentativa de compensar as ameaças à
profundas desigualdades e omissões arrastadas diversidade cultural, de dar resposta às
por dinâmicas históricas de submissão e demandas dos diferentes grupos e movimentos
violência, que impactam a vida e as expressões sociais, e de promover a cultura nos projetos de
de grupos culturais e povos. desenvolvimento nos países latino-americanos,
observamos que, na última década, houve uma
Mesmo sendo audacioso generalizar e dinâmica de institucionalização dos órgãos de
estabelecer conceitos gerais para um conjunto cultura, favorecida por um contexto de
de países, com características territoriais, governos progressistas e projetos estruturais de
culturais e institucionais diversas, existe um mudança social (CALABRE, 2013, 323). Basta
cenário comum aos países latino-americanos: observar a criação e o fortalecimento dos
sociedades multiculturais onde os diferentes órgãos de cultura nesse período: o Ministério da
grupos disputam espaços de representação e Cultura peruano foi criado em 22 de julho de
participação nas políticas públicas e projetos de 2010, e, o argentino, em 7 de maio de 2014.
desenvolvimento nacionais ou supranacionais. Em 18 de dezembro de 2015, o Conselho
310

Nacional para a Cultura e as Artes do México se aglutina, em âmbito ibero-americano, aqueles


transformou em Secretaria de Cultura. O Chile, países com políticas dirigidas a fortalecer a
por sua vez, encontra-se, desde o fim de 2015, autonomia e o protagonismo dos diferentes
em processo de transformação do Conselho da grupos que compõem a diversidade ibero-
Cultura e das Artes em Ministério das Culturas, americana. Países como Argentina, Peru, Costa
das Artes e do Patrimônio. Reconhecendo Rica e El Salvador têm hoje programas
simbolicamente a pluralidade das suas de Puntos de Cultura.
sociedades, alguns governos têm optado pelo
uso do termo culturas (não mais no singular) na Estas iniciativas continuam sendo escassas e
sua denominação. Na Bolívia, chama-se muitas vezes esporádicas no contexto dos
Ministério das Culturas e Turismo; e o Chile, projetos da maior parte dos países e são
como citado, apresentou o Projeto de Lei constantemente ameaçadas pela instabilidade
Ministério das Culturas, das Artes e do dos governos e inseguranças econômicas. Mas
Patrimônio. O Equador e a Bolívia, por sua vez, são gestos simbólicos que denotam uma
adotam o conceito indígena do Bem Viver mudança e que abrem alguns caminhos,
(Sumak Kawsay, em quechua), aplicando algumas vezes irreversíveis. No Brasil, em
valores na Constituição que têm origem nas 2016, o setor cultural articulado conseguiu –
culturas originárias e que se baseiam, em seus com suas mobilizações e ocupações dos órgãos
princípios, em uma crítica a modelos de públicos da cultura – recuperar o ministério,
desenvolvimento meramente econômicos. extinto com a mudança de governo. Esta
articulação era um processo de anos de
Este contexto institucional favorável para a reconhecimento.
cultura, fortalecido pelo desenvolvimento da
cooperação regional, desdobra-se em iniciativas Cooperação e diversidade, um espaço para
e políticas interessantes para o debate sobre pensar políticas e práticas
processos identitários e a diversidade cultural
O contexto da cooperação tem sido, na última
como um direito da humanidade. As próprias
década, um espaço favorável para o
estruturas institucionais surgidas neste período
desenvolvimento das políticas culturais que
demonstram a preocupação por uma
promovam e protejam a diversidade. A Carta
representação social mais plural. A Secretaria
Cultural Ibero-americana (Montevidéu, 2006), o
Nacional de Cultura do Paraguai tem uma
primeiro documento regional que se diz
Direção Geral de Diversidade e Processos
inspirado na Convenção de 2015 da Unesco,
Culturais. A Argentina criou uma Direção
assinado pelos ministros de Cultura dos países
Nacional de Diversidade e Cultura Comunitária
ibero-americanos, busca “promover e proteger
dependente da Subsecretaria de Cultura Cidadã.
a diversidade cultural que é origem e
E o Brasil, desde a Secretaria da Cidadania e da
fundamento da cultura ibero-americana, assim
Diversidade Cultural do Ministério da Cultura,
como a multiplicidade de identidades, línguas e
desenvolveu um programa para fomentar as
tradições que a conformam e enriquecem”. Este
culturas de base comunitária e alguns grupos
documento, somado ao contexto crescente de
com direitos específicos, como os povos
intercâmbio entre os governos, e do
tradicionais, indígenas, comunidades rurais,
protagonismo das demandas sociais, inspirou
periféricas, migrantes ou LGBT. Em 2014, o
nesses últimos dez anos a incorporação decisiva
Brasil converteu em política de Estado o
da dimensão cidadã nas políticas culturais dos
programa Cultura Viva, para o fomento aos
países latino-americanos, que relatamos
Pontos de Cultura, uma política de apoio às
anteriormente.
organizações culturais de forte cunho
descentralizador e participativa e que influencia A Conferência Ibero-americana[1] tem, junto a
outros países vizinhos. De fato, o programa outros foros de cooperação regionais (quanto
IberCultura Viva, criado por iniciativa do Brasil, mais, melhor), um papel relevante no âmbito
311

latino-americano. Os governos ibero-americanos em direção a caminhos críticos e


apoiam, por meio da Secretaria Geral Ibero- transformadores, que – citando a García
americana, programas estratégicos que Márquez – mitiguem séculos de solidão.
atendam direitos globalmente vulnerados e que América Latina e Ibero-américa não devem
fortaleçam as diferentes culturas, sejam as de deixar de contribuir na busca urgente por
base comunitária (IberCultura Viva), as modelos de desenvolvimento não mais
populares (Iberartesanias) ou as populações agressivos com a diversidade, porém, mais
migrantes (Iber-rutas). Nestes programas, dá- favoráveis a ela.
se o desenvolvimento de documentos que põem
em valor as convenções da Unesco (2003 e POLÍTICAS INCLUSIVAS EM
2005) e constroem discursos favoráveis para a CULTURA.
diversidade. Além disso, promove-se o
intercâmbio de experiências Conceituar “Cultura Inclusiva” é abrir mão de
intergovernamentais, a capacitação de gestores muitas regras e paradigmas normativos, é
públicos, o levantamento e o diagnóstico do conceder ao outro a experiência da diversidade,
panorama das diferentes expressões e a diferença humana na sua essência, é
memórias. Os programas vinculados ao estabelecer para si próprio que o ser humano
patrimônio – Ibermuseus, Iberarquivos, difere em gênero, número e grau.
Iberbibliotecas e Ibermemória Sonora e
Quando se quer uma cultura inclusiva,
Audiovisual -, por sua parte, enfatizam o direito
passamos a interiorizar que o ser humano é
às diferentes memórias. Uma análise detalhada
importante desde o seu nascimento e que por
desse cenário está ainda pendente de ser
isso precisa se desenvolver em um ambiente
realizada.
rico de estímulos para sua formação.
No momento em que acontecem ou se
Nunca havemos de ter negros, pobres, chefes,
aproximam mudanças políticas nos países
empregados, políticos bons, políticos
latino-americanos, em que existem incertezas
mercenários, nunca havemos de ter gente
econômicas e dúvidas sobre a própria
humilde ou gente presunçosa, nunca havemos
sustentabilidade dos programas, os órgãos de
de ter o poder, a humilhação.
cooperação regionais repensam as suas
prioridades[2]. Uma coisa é clara: estes espaços Cultura Inclusiva quando em prática, modifica
de intercâmbio têm sido, com suas contradições ações intrínsecas, é a bússola que orienta a
e muitas vezes evidentes omissões, um espaço nossa vida social em meio a turbilhoes de
fértil para a continuidade e o desenvolvimento propagandas enganosas.
da institucionalidade da cultura e do
fortalecimento democrático. Os princípios e as Na verdade Cultura Inclusiva concede ao outro
políticas que promovem a diversidade são a sua permanência no meio ambiente como o ar
também uma oportunidade de se repensar de que respiramos, poluído sim, mas com gotículas
que forma as instituições, nas urgências do de natureza não poluída, que faz brotar e
mundo atual, apontam um caminho propício florescer a esperança de humanidade.
para refletir sobre as próprias práticas da
cooperação, necessitadas de diferentes vozes e LEGISLAÇÃO
exercícios participativos.

É preciso que todos os atores continuem


pensando nas formas de ampliar os direitos dos
grupos étnicos, sociais, culturais, linguísticos,
de gênero ou orientação sexual. Não de forma
excepcional e discursiva, mas, sim, definitiva
312

O OLHAR DO LEIGO, ANÁLISE E acessibilidade através de recursos financeiros,


INTERPRETAÇÃO.
aprovou resoluções, criou pactos, inseriu cada
Para falar sobre legislação seria cômodo
apresentar apenas as leis e artigos sobre a segmento na proposta, incluindo o Ministério
educação inclusiva e faze-los clicar sobre os
Público para a observância e cumprimento das
tópicos e simplesmente lê-los sem a
leis.
interpretação necessária.
Está a cada dia proporcionando a sociedade
Depois de anos de abnegação e estudos à causa
em
tenho a pretensão de apresentar a minha
versão sobre o assunto e como ajudar aos pais, geral tempo para assimilação e prática do novo
amigos e deficientes.
paradigma .A inclusão ela traz para todos nós a

possibilidade do sujeito único com suas

especificidades, com potencialidades não


conhecidas

ou não desenvolvidas. Perde-se muito tempo


em

discutir ou conhecer a deficiência quando ela


não é
De acordo com a nova Política Nacional de
Educação Especial na Perspectiva da Educação visível. Quando visível a postura é de alienar-
Inclusiva (MEC -2008), os avanços para os se,
direitos da pessoa com deficiência no Brasil
favorece a inclusão autêntica, sem prejuízo para quando não visível, busca-se primeiro o
os que de forma indireta ou direta se diagnóstico,
apropriam, no entanto é necessário interpretá-
ao invés de se pesquisar o canal condutor da
las e também normatiza-las de acordo com
cada realidade local. aprendizagem deste sujeito. O que eu pai,
mãe,
O MEC traçou mecanismos de abordagens muito
responsável posso ensinar? Como ensinar? Ele
amplas para que cada estado e município se
adeque aprende, mas como aprende? O que eu
professor
as características do seu público com
deficiência, posso utilizar de estratégia ou de técnica para

suas famílias e os profissionais que dia a dia se alcançar o meu aluno que apresenta uma
deficiência?
dedicam a trabalhar com as questões ímpares
de Se ainda não me apresentaram o diagnóstico?
São
cada criança, adolescente ou adulto com
deficiência tantos os questionamentos que envolvem o
meu
. Ofertou materiais, SRM, cursos,
especializações,
313

interior como família, acadêmico e Os custos de projetos na maioria das vezes são
profissional, que controlados através de planilhas dispersas,
aproximações inexatas e sistemas não
não consigo visualizar o sujeito na sua adequados à realidade brasileira, gerando
especificidade prejuízos, atrasos e fracassos às empresas
gestoras.
única de aprendiz. Confundo-me como pai e
mãe,
O Project Control pode administrar todos os
tia, avó e vizinho que materializa a “piedade”
insumos necessários para a execução de um
em
projeto, tais como recursos humanos,
detrimento da causa física, sensorial ou equipamentos, contratos e outros custos.
sindromática. Gerentes de Projetos podem usar estes insumos
para compor suas equipes, planejar
A análise é afetiva, não é racional ou se contratações ou aquisições, criar orçamentos e
racional, decidir pela viabilidade dos projetos. Através do
recurso de salvar versões confirmadas
fragmenta-se no que não pode ser realizado
(baselines), o Project Control dá aos gestores
pelo
subsídios para que possam acompanhar a
sujeito em questão. evolução dos custos desde a fase de orçamento
até a finalização do projeto.

RECURSOS HUMANOS

Assim como na produção industrial a matéria-


prima é considerada um dos grandes insumos e
componente essencial de custos, em projetos a
mão de obra na maioria dos casos é o insumo
mais importante. No entanto, para podermos
alocá-la corretamente projeto a projeto, faz-se
necessário a sua apropriação ou lançamento de
horas. O sistema permite que criemos uma
estrutura onde parametrizamos os tipos de
Sendo assim, legislação é um horas e os índices para que possamos valorizá-
las adequadamente.
recurso administrativo de se desenvolver a
prática. O

que só irá acontecer se nós sociedade PREÇO DE VENDA INTERNO (PVI)


desenvolver
Esta funcionalidade possibilita obter visões
CULTURA INCLUSIVA.INCLUSIVE diferentes do custo normal da hora dos
colaboradores de maneira a atender as várias
PLANILHA DE ORÇAMENTOS, necessidades do mercado no tocante ao
FERRAMENTA DE SISTEMAS E Gerenciamento de Custos com Serviços.
GESTÃO DE PROJETOS E RECURSOS FÍSICOS
CONVÊNIOS.
314

Equipamentos são lembrados no orçamento de Controle das obrigações de P&D por


um projeto apenas quando são necessárias faturamento de empresa contratante, por
aquisições. Os gestores esquecem que um rubrica e por valor (gastos efetivos,
recurso físico poderia ser compartilhado por empenhados e planejados)
vários projetos durante toda sua vida útil, sendo
que seu custo poderia ser diluído no decorrer Controle técnico e financeiro dos projetos em
dos anos através da depreciação. Project convênio
Control utiliza este conceito para cálculo do
Possibilidade de classificação dos projetos por
custo de RFs em projetos.
rubrica, ou seja, projetos internos, projetos N,
CONTRATOS NE e CO, projetos S,SE. Com isso a empresa
terá, em tempo real, o exato valor de suas
Além de equipamentos da empresa, os projetos contribuições de P&D, por rubrica.
também podem utilizar equipamentos e serviços
contratados externamente, tais como contratos Possibilidade de acesso ao sistema via web para
de manutenção de computadores, serviços de contratantes e contratados
telefonia e recursos adquiridos por leasing. Em
Nos casos de produção terceirizada (CM’s –
comum, todos estes recursos tem uma parcela
Contract Manufactoring), o Project Control
mensal que pode ser fixa ou variável, e se eles
possibilita que a empresa contratada controle a
são utilizados em projetos, seus custos devem
“verba” de P&D de cada empresa Contratante.
também ser apropriados a eles.

CUSTOS DIRETOS
ELABORAÇÃO, ACOMPANHAMENTO
E PRESTAÇÃO DE CONTAS DE
São considerados Custos Diretos aqueles custos PROJETOS CULTURAIS,
de natureza pontual, como viagens,
CONVÊNIOS, CONTRATOS E TERMOS
treinamentos, consultorias, serviços de terceiros
e aquisição de materiais. Project Control DE PARCERIA.
permite que os custos sejam direcionados a
Ao realizar um projeto cultural com apoio do
projetos, setores (centros de custo) e
mecanismo de incentivo fiscal da Lei Rouanet, é
empresas.
imprescindível que o produtor apresente, ao
PROJETOS INCENTIVADOS PELA LEI DE Ministério da Cultura, uma prestação de contas.
INFORMÁTICA/ MCT As comprovações documentais da realização do
projeto são apresentadas à pasta em até 30
O sistema pode administrar as principais dias após o fim da execução da iniciativa. A
informações necessárias ao preenchimento dos análise da prestação de contas é considerada a
Relatórios Demonstrativos definidos pelo etapa final do processo da Lei Rouanet, com
MCT/SEPIN para cumprimento das exigências resultado publicado no Diário Oficial da União.
da Lei de Informática (8.248/91). Em janeiro de 2017, seis portarias foram
publicadas com a lista de 35 projetos e seus
Com o Project Control a empresa poderá resultados (aprovação, aprovação com ressalvas
controlar seus projetos internos (Extra ou reprovação das contas).
Convênios) como também os projetos
desenvolvidos por instituições conveniadas Os resultados do primeiro mês do ano somam
(Convênio), obtendo: 12 projetos aprovados, 11 aprovados com
ressalva e 12 reprovados. Os valores
Rastreabilidade das Informações (técnicas e reprovados devem ser recolhidos ao Fundo
financeiras) Nacional da Cultura (FNC), acrescidos da
atualização pelos índices da caderneta de
Interface com sistemas contábeis
poupança em até 30 dias. O total a ser
315

restituído pode ser parcelado em até 12 vezes, foi observado que a maioria dos projetos não
sendo o valor mínimo da parcela de R$ 1 mil. executou o produto (23%) ou não realizou as
Quando há a reprovação, o proponente pode ações de democratização de acesso (21%). A
apresentar recurso no prazo de 10 dias a partir medida é prevista pela Lei Rouanet para tornar
da publicação no DOU. Caso o recurso seja os projetos acessíveis às pessoas de baixa
aceito, o proponente pode ter a reprovação de renda. Dessa forma, o proponente pode tanto
suas contas reconsiderada e o seu projeto reservar um percentual de gratuidade de
habilitado. Caso não apresente recuso, o ingressos, como uma parte de produtos físicos
proponente pode reverter a reprovação pelo para distribuição (no caso específico de um
pagamento do valor devido ao FNC. O livro, CD ou DVD) ou ainda alugar um ônibus
pagamento é feito via Guia de Recolhimento da para levar um grupo de pessoas para assistir a
União. um espetáculo ou ir a uma exposição, por
exemplo.
Etapas de análise
Já na segunda etapa (análise financeira), o
Durante a análise da prestação de contas, os levantamento apontou a extrapolação do valor
técnicos do MinC verificam se o proponente, ou dos itens orçamentários como o maior impasse
seja, quem propôs o projeto, cumpriu com o para a aprovação dos projetos. O item é
que foi pactuado – se as regras impostas pela referente a 33% de todas as irregularidades na
Lei Rouanet foram seguidas e se o evento ou etapa de análise financeira. A apresentação de
produto cultural foi executado. São dois itens não previstos na planilha fica em segundo
momentos de análise: na verificação do objeto, lugar (19%).
são analisados o plano de distribuição de
ingresso, o plano de divulgação do projeto, a Sanções da reprovação
democratização do acesso e a acessibilidade
para pessoas com necessidades especiais. Caso Os proponentes que tiverem a prestação de
seja reprovado na análise do objeto, o projeto contas reprovada em definitivo (com rejeição do
não segue para a próxima etapa e não terá suas recurso ou sem o pagamento da GRU) recebem
finanças analisadas, resultando na reprovação a sanção administrativa de inabilitação por três
do projeto. anos. A inabilitação será registrada na base de
dados do Salic e servirá de parâmetro de
Se aprovados, os projetos seguem para análise consulta da regularidade do proponente junto
financeira. Nesse momento, o MinC verifica, a ao Programa Nacional de Incentivo à Cultura
partir da comprovação fiscal dos gastos pelo (Pronac), conhecido como Lei Rouanet.
proponente, se a planilha orçamentária foi
seguida durante a execução do projeto. A Além da aplicação de restrições ou sanções
planilha com os gastos previstos compõe o administrativas, a inabilitação do proponente
projeto desde a sua inscrição enquanto resultará na impossibilidade de autorização para
proposta. Os itens orçamentários são aprovados captação de recursos, devendo suas propostas
pelos pareceristas e pela Comissão Nacional de ou projetos culturais serem cancelados e
Incentivo à Cultura (CNIC), que podem arquivados na fase em que se encontrarem,
questionar os valores apresentados e solicitar a caso ainda pendentes de autorização. Os
reestimativa dos gastos. projetos que estiverem em execução não
poderão ter os prazos de captação prorrogados
Motivos da reprovação e nem poderão captar novos patrocínios ou
doações. O proponente ainda fica
A Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura impossibilitado de receber recursos decorrentes
(Sefic) reuniu as principais irregularidades que de outros mecanismos do Pronac, conforme a
geraram a reprovação das contas dos projetos Instrução Normativa nº 1, de 2013.
em 2016. Ao analisar o objeto (primeira etapa),
316

GESTÃO COMPARTILHADA E deliberação, gestão e controle social das


PROCESSOS SOCIAIS políticas públicas, nas diversas áreas sociais.

PARTICIPATIVOS. Convém, então, levantar os seguintes


questionamentos: Como consolidar um novo
1 INTRODUÇÃO
formato na gestão pública que tenha como eixo
O contexto político e social brasileiro, desde as basilar a democratização e a participação social
últimas décadas do século passado, tem sido na implementação das políticas públicas? Em
marcado pelo processo de redefinição do papel que medida o cenário atual possibilita de fato a
do Estado, a partir da universalização dos consolidação da gestão pública descentralizada
direitos de cidadania, descentralização e gestão e participativa? A participação da sociedade civil
democrática das políticas públicas. Trata-se, está mesmo delineando novas tendências na
assim, de um novo formato institucional, gestão das políticas públicas? Tais
legitimado pela Constituição Federal de 1988, questões indicam a necessidade da discussão
integrante do processo de implementação da sobre a gestão participativa na sociedade
gestão descentralizada e participativa, que brasileira, o que significa compreender até onde
ocorreu no Brasil nos anos de 1990, nas esferas se pode falar em constituição de novas formas
municipal, estadual e federal. de gestão das políticas públicas no Brasil, como
resultados dos encontros e desencontros na
A Constituição Federal, ao assegurar, dentre os relação entre Estado e Sociedade Civil.
seus princípios e diretrizes, “a participação da
população por meio de organizações 2 O PROCESSO DE REDEFINIÇÃO
representativas, na formulação das políticas e INSTITUCIONAL DA GESTÃO PÚBLICA
no controle das ações em todos os níveis” (Art. BRASILEIRA
204), institui, no âmbito das políticas públicas, a
A década de 1980 foi marcada, no Brasil, por
participação social como eixo fundamental na
profundas mudanças sociais, políticas e
gestão e no controle das ações do governo.
institucionais, reflexos do intenso processo de
Após a sua promulgação, o grande desafio
busca pela democratização da gestão pública
passou a ser a regulamentação dos preceitos
brasileira. Nesse cenário, começam a ser
constitucionais a fim de se efetivar a “tão
travados fortes embates entre o poder estatal,
sonhada” participação popular. Iniciou-se,
movimentos sociais e organizações da
desde então, uma intensa mobilização e
sociedade civil, desencadeando-se uma
articulação dos diversos segmentos sociais
trajetória de lutas pela ampliação democrática,
organizados, no sentido de se estabelecerem os
que visava assegurar a participação da
mecanismos jurídicos legais necessários à
sociedade nos processos decisórios da gestão e
gestão descentralizada das políticas públicas.
controle dos recursos públicos.
Nesse novo formato institucional, surgem os
Esse processo de mudanças é fruto do
Conselhos Gestores1 como um novo padrão de
contexto de luta e mobilização dos mais
interação entre governo e sociedade, exigindo-
diversos segmentos sociais e entidades da
se dos cidadãos uma atuação efetiva, por meio
sociedade civil, organizados, a partir da década
de processos interativos, no âmbito da gestão
de 1970, em prol da conquista de melhores
pública. Esse modelo de gestão absorve em sua
condições de vida e da necessidade de
estrutura vários segmentos da sociedade, passa
democratização do Estado. Com a abertura
a se constituir o novo locus de articulação
política brasileira, ocorrida nos anos de 1980,
política na defesa pela democratização da
que inicia o processo de ruptura com o poder
gestão das políticas públicas, através dos quais
autoritário e centralizado do regime militar
sujeitos diversos interagem no processo de
(vigente até então), intensifica-se esse ideário
participacionista, em que os mais diversos
317

setores organizados da sociedade buscavam entre governo e sociedade na gestão de


construir formas e encontrar instrumentos políticas públicas (SANTOS JÚNIOR, 2001).
capazes de influenciar as administrações
públicas no país. Os Conselhos Gestores se constituem, assim, o
novo formato institucional previsto nos artigos
Na Constituição Federal de 1988 encontram-se da Constituição Federal de 1988, que
claros sinais da luta pela democratização da estabelecem a participação em diversas áreas
gestão pública, quando nela se garantiu, por sociais: na saúde, como “participação da
exemplo, o princípio da gestão descentralizada comunidade” (art. 198, inciso II); na assistência
e participativa. Nos artigos 204 e 227, a Carta social, como “participação da população”, por
Constitucional assegura a participação da meio de organizações representativas, na
população, por meio de organizações formulação das políticas sociais e controle em
representativas, no processo de formulação e todos os níveis de governo (art. 204, inciso II);
controle das políticas públicas em todos os e na educação, como “gestão democrática do
níveis da gestão administrativa (municipal, ensino público” (art. 206, inciso VI).
estadual e federal).
Assiste-se, então, ao surgimento de novas
A Constituição de 1988 apresenta, com efeito, iniciativas de gestão democrática das políticas
uma nova configuração da gestão das políticas públicas, com a introdução de reformas
públicas, instituindo novos mecanismos nos institucionais que visam ao fortalecimento da
processos de tomada de decisões, o que faz autonomia dos municípios e ao estabelecimento
emergir um regime de ação pública de novos formatos de organização do poder
descentralizada, no qual são criadas formas local, vinculados à criação de parcerias entre o
inovadoras de interação entre governo e poder público e setores organizados da
sociedade, através de canais e estratégias de sociedade civil. Convém, por isso, analisar esse
participação social, como se dá com os processo de redefinição da gestão pública
Conselhos Gestores. É, aliás, a instituição brasileira, com a institucionalização dos
dessas novas formas de interação que sinaliza a Conselhos Gestores, associados a dois
emergência de novos padrões de governo, mecanismos que lhes constituem condição sine
baseados na gestão democrática, centrada em qua non: a descentralização e a participação,
três eixos fundamentais, como “a maior tendo em vista os impactos que incidirem
responsabilidade dos governos em relação às diretamente na configuração desse novo
políticas sociais e às demandas dos seus formato da gestão das políticas públicas.
cidadãos; o reconhecimento dos direitos sociais;
e a abertura de espaços públicos para a ampla A agenda da reforma institucional, que então se
participação cívica da sociedade” (SANTOS definiu, teve como eixos centrais a
JÚNIOR, 2001, p. 228). democratização dos processos decisórios e a
eqüidade dos resultados na gestão das políticas
Na década de 1990, assiste-se a um processo públicas. Tratava-se, nesse momento, de
de regulamentação da gestão descentralizada implementar mudanças não apenas no regime
das políticas públicas em diversas áreas sociais político, mas também na gestão das políticas
(saúde, educação, assistência social, etc), com públicas, procurando-se superar as
a inserção da participação da sociedade civil, via características autoritárias e paternalistas do
Conselhos Gestores, na sua formulação e padrão brasileiro de intervenção estatal na área
controle. Nesse sentido, tais Conselhos passam social.
a ser considerados canais de participação mais
expressivos da emergência de um outro regime Vale ressaltar que a gestão pública, no contexto
de ação pública na esfera local2, caracterizados brasileiro, até o início dos anos de 1980,
pela abertura de novos padrões de interação caracterizava-se pela centralização decisória e
financeira na esfera federal, cabendo aos
318

estados e municípios, quando envolvidos em locais, incorporadas de forma diferenciada


uma política específica, o papel de executores segundo as diretrizes adotadas e o grau de
das políticas formuladas centralmente. Por outro institucionalização dos canais de gestão
lado, à medida que os recursos eram democrática e dos instrumentos redistributivos
centralmente controlados e as esferas locais de da renda e riqueza produzidas nas cidades
poder se expunham diretamente às brasileiras (ARRETCHE, 2000). Assim, do final
necessidades e demandas dos cidadãos, tendia dos anos de 1980 aos anos de 1990 as
a estabelecer-se uma articulação clientelista propostas de mudanças políticas se foram
entre governos estaduais e municipais e o redefinindo, sendo enfatizada a necessidade de
federal, baseada na troca de favores em que, estabelecimento de prioridades de ação, a busca
muitas vezes, as instâncias locais se de novas formas de articulação com a sociedade
transformavam em agenciadores de recursos civil e com o mercado, envolvendo a
federais para o município ou estado, procurando participação de ONG's, comunidade organizada
garantir a implementação de determinada e setor privado na provisão de serviços públicos
política pública para sua clientela. Embora estes e a introdução de novas formas de gestão nas
mecanismos se tenham intensificado durante a organizações estatais, de forma a dotá-las de
Nova República, já se faziam sentir nos anos de maior agilidade e efetividade, superando a
1970 na vigência do regime autoritário rigidez derivada da burocratização estatal e da
(DRAIBE, 1992). hierarquização excessiva dos processos
decisórios.
Nesse contexto, era característica central da
gestão pública a exclusão da sociedade civil do As propostas enfatizadas, nesse momento,
processo de formulação das políticas públicas, foram a descentralização e a participação dos
da implementação dos programas e do controle cidadãos na formulação e implementação das
da ação governamental. O processo decisório políticas públicas. Como mostra Draibe (1992),
relativo a políticas e programas envolvia a procurava-se, do ponto de vista da orientação
presença significativa de três elementos que substantiva das políticas sociais, caminhar sob o
sedimentavam, no país, a relação entre Estado impulso das forças democratizantes, para um
e Sociedade, sobretudo a partir da década de Estado do Bem-Estar do tipo institucional-
1980: o clientelismo, o corporativismo e o redistributivista, caracterizado pela concepção
burocratismo (DINIZ, 1996). universalista de direitos sociais, uma vez que o
sistema de proteção social implantado no país
Dessa forma, as políticas públicas eram caracterizava-se pelos traços corporativistas –
marcadas pela fragmentação institucional, aos quais se agregavam outras formas de
desarticulação que ocorria num mesmo nível de segmentação da população – e pela exclusão de
governo e entre diferentes esferas. Tal desenho amplos contingentes populacionais do acesso à
institucional dificultava a tarefa de coordenação, cidadania. Nesta perspectiva, a descentralização
com implicações para a eficiência e a e a participação eram vistas como ingredientes
efetividade das políticas públicas na sociedade. fundamentais desta reorientação das políticas
Sem mencionar que o crescimento do aparato sociais, voltada para a garantia da eqüidade e
estatal se deu desordenadamente, sem o visgo para a inclusão de novos segmentos da
de uma coordenação efetiva. população na esfera do atendimento estatal.
Nos anos de 1990, impulsiona-se o processo de Draibe (1992), analisando a emergência dessa
descentralização político-administrativa e a nova agenda política, mostra que, embora se
municipalização das políticas públicas, o que mantenha a meta da garantia de direitos sociais
levou à transformação e ao fortalecimento das para todos, há uma redefinição da forma de os
instituições democráticas no país. Trata-se de assegurar, assumindo lugar central o
um processo que tem ensejado mudanças na
organização e funcionamento dos governos
319

envolvimento de novos atores na própria reordenamento institucional seriam recorrentes


prestação dos serviços. Para a autora, e vitais para a revalorização da participação
política e do poder local.
a questão é como ampliar a responsabilidade
estatal na área social sem necessariamente Por esse enfoque, neste estudo analisado, o
arcarmos com os recorrentes problemas de pressuposto é o de que a gestão pública
gigantismo, burocratismo, autonomizações democrática possibilita o acesso dos cidadãos
indevidas, ausências de controles. E isso numa aos processos decisórios no âmbito da
época em que a sensibilidade social e da opinião sociedade política. Isso, expressa Raichelis
pública para tais questões aumentou (2000, p. 42), “permite a participação da
enormemente; em que, por outro lado, os sociedade civil organizada na formulação e na
discursos e as posturas liberais privatizantes revisão das regras que conduzem as
vêm ganhando amplo espaço e em que, negociações e arbitragem sobre os interesses
finalmente, foram alteradas e ampliadas as em jogo, além do acompanhamento da
possibilidades de envolvimento de formas implementação das decisões”.
organizadas da sociedade na própria operação
dos serviços sociais, apontando para modos 3 A PARTICIPAÇÃO SOCIAL COMO PROCESSO
distintos de organização e equilíbrio entre o DE DEMOCRATIZAÇÃO DA GESTÃO PÚBLICA
Estado, o setor privado lucrativo e o setor
Com a nova institucionalidade, os anos de 1990
privado não-lucrativo na produção e distribuição
serão marcados, no Brasil, por uma
de bens e serviços sociais (DRAIBE, 1992, p.
generalização do discurso da participação. Os
68).
mais diversos atores sociais, tanto no âmbito da
No estilo de gestão pública implementada no sociedade quanto do Estado, reivindicam a
Brasil, a partir dos anos de 1990, em que se participação social, a democracia participativa, o
destacam as experiências de gestão controle social sobre o Estado e a realização de
participativa em inúmeras cidades brasileiras, parcerias entre o Estado e a sociedade
evidencia-se a participação da sociedade como civil. Trata-se de um cenário de mudanças,
uma dimensão vital no processo de construção característico da própria conjuntura política
da cidadania. Para Dagnino (1994), está brasileira, que possibilitou requalificar a
implícita, nessa concepção, a idéia de “cidadania temática da participação no que diz respeito ao
ampliada”, que possibilita o acesso dos cidadãos aprofundamento da democracia, à construção
ao processo de gestão das políticas públicas em de um novo paradigma às ações coletivas,
nossa sociedade. Certamente é nesse contexto baseado na categoria da cidadania e ao
de mudanças que surgem sinais da emergência estabelecimento de novos espaços de discussão,
de uma nova cultura política, vinculada à formulação e decisão. No entanto, temas como
dimensão dos direitos sociais inscritos na participação, democracia, controle social e
Constituição Federal de 1988 e à pluralidade de parceria não são conceitos com igual significado
atores sociais com presença na cena pública para todos os atores sociais, de sorte que essa
brasileira nas três esferas de governo. generalização e disputa de significados colocam
a necessidade de refazer inicialmente alguns
Nesse sentido, a participação da sociedade civil percursos históricos que construíram conceitos e
na gestão da coisa pública ganha novos práticas de participação política no Brasil.
contornos e dimensões, com a inclusão de
vários atores sociais no processo de deliberação Pode-se, inicialmente, dizer que a participação
pública. Trata-se de uma tendência que se democrática nas decisões e ações públicas tem
contrapõe à forma centralizada e autoritária sido duramente conquistada pela sociedade civil
que, por mais de duas décadas, prevalecera na por lidar com um Estado tradicionalmente
estrutura política brasileira. A partir desse privatista, que sempre manteve relações
marco, temas como descentralização e simbióticas e corporativas com grupos
320

privilegiados. Trata-se, no Brasil, de um Estado direitos”, e do direito de participar da sua


com uma história de mistura promíscua entre redefinição e da gestão da sociedade, culminou
o público e o privado3, marcada pela exclusão com o próprio reconhecimento, na Constituição
de conquistas sociais e democráticas Federal de 1988, denominada de Constituição
coletivamente construídas, apesar de os Cidadã.
segmentos sociais definirem persistentemente
seu lugar como atores nessa história, bem como Na década de 1990, merecem destaque, devido
de suas possibilidades de participar da fixação à pressão e construção coletiva de espaços de
de seus rumos. Nesta perspectiva, as gestão, as áreas que envolvem políticas de
mobilizações e movimentos sociais que se defesa dos direitos da criança e de assistência
construíram no contexto sócio-político brasileiro social. Através das novas leis criadas, como o
o fizeram como formas de participação política, Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a
que se diferenciam segundo as questões Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), essas
reivindicadas, definidas pelas condições políticas, marcadas tradicionalmente pelo
concretas de cada época, pela experiência paternalismo e clientelismo, são redefinidas e
histórica e política dos atores protagonistas e alcançam formalmente um caráter universal e
pela maior ou menor abertura dos governantes democrático, submetidas ao controle social,
ao diálogo e à negociação. exercido por movimentos, entidades
profissionais e outros representantes da
Nos anos de 1980, o processo de mobilização sociedade civil. Ademais, intensifica-se a
social se intensifica e ganha visibilidade ao discussão da relação entre Estado e Sociedade
tentar aglutinar esforços para o estabelecimento Civil, com o enfoque, num regime democrático,
da nova ordem democrática no país. Elegem centrando-se nas questões dos novos direitos
como tema central a ampliação da participação sociais e seus instrumentos constitucionais. Em
política para os diferentes segmentos sociais outros termos, a participação da sociedade civil
organizados em torno de demandas pontuais, na gestão das políticas públicas ganhou grande
mas acenando para o conjunto da sociedade. No relevância com a criação e ampliação de canais
campo popular, proliferaram movimentos, propositivos e deliberativos, como os fóruns e
associações e federações de moradores, os conselhos gestores, de modo que temas
conselhos populares, fóruns e plenárias que como “participação comunitária e participação
punham como utopia a participação na gestão popular cedem lugar a duas novas
pública (SILVA, 1997). denominações: participação cidadã e
participação social” (GOHN, 2001, p. 56).
Há, assim, na década de 1980, uma fase de
emergência dos “novos movimentos sociais”, Na participação cidadã, segundo Gohn (idem, p.
que se organizam como espaços de ação 57), a categoria central deixa de ser a
reivindicativa e recusam relações subordinadas, comunidade ou o povo e passa a ser a
de tutela ou de cooptação, com o Estado, sociedade. O conceito de participação cidadã
partidos ou outras instituições. Esses novos está baseado na universalização dos direitos
sujeitos buscam construir uma cultura sociais, na ampliação da cidadania e numa nova
participativa e autônoma, multiplicando-se por compreensão sobre o papel e o caráter do
todo o país e constituindo uma vasta teia de Estado, remetendo à definição das prioridades
organizações populares que se mobilizam em nas políticas públicas, a partir de um debate
torno da conquista, garantia e ampliação de também público. Assim, a participação passa a
direitos, alcançando a agenda para a luta contra ser concebida como intervenção social periódica
as mais diversas discriminações (DAGNINO, e planejada, posto que se dá ao longo de todo o
1994). A emergência dos chamados novos processo de formulação e implementação de
movimentos sociais, que se pautou pela luta, políticas públicas. A característica principal
segundo Arendt (1991), do “direito a ter deste tipo de participação é a tendência à
321

institucionalização, entendida como inclusão no a vontade dos diversos segmentos políticos para
arcabouço jurídico-institucional do Estado, a que se avançasse na criação de novos espaços
partir da criação e implementação de novas públicos, os quais, consoante Teixeira (2001, p.
estruturas de representações, compostas por 46), “são uma dimensão aberta, plural,
pessoas eleitas diretamente pela sociedade civil permeável e autônoma, composta de arenas de
e por representantes do poder público. interação social e baixa institucionalização”.

O sentido da participação social está, por sua Nesse contexto, a participação da gestão dos
vez, fundado na idéia do desenvolvimento de interesses coletivos passa a significar também
uma “cultura cívica”4, que participar do governo da sociedade,
pressupõe comunidades atuantes, compostas de disputar espaços de definição e gestão das
organizações autônomas da sociedade civil, políticas públicas, questionar o monopólio do
imbuídas de espírito público, com relações Estado como gestor da coisa pública,
sociais igualitárias e estruturas fincadas na construir espaços públicos, afirmando a
confiança e na colaboração, articuladas em importância do controle social sobre o Estado,
redes horizontais. pela gestão participativa, a co-gestão, e a
interface entre o Estado e a sociedade
Ora, à medida que organismos da sociedade (DAGNINO, 1994). Por isso que participação
civil ganham visibilidade e legitimidade a partir significa, segundo Teixeira (2001, p. 27),
da definição de instrumentos democráticos de
participação política que, ao se efetivarem, ‘fazer parte’, ‘tomar parte’, ‘ser parte’ de um ato
apontam simultaneamente os limites da ou processo, de uma atividade pública, de ações
democracia representativa e a necessidade de coletivas. Referir ‘a parte’ implica pensar o todo,
se aprofundar os processos de participação a sociedade, o Estado, a relação das partes
social e política, tal dinâmica introduz novas entre si e destas com o todo e, como este não é
mudanças, como expressa Gohn (2002, p. 7), homogêneo, diferenciam-se os interesses,
aspirações, valores e recursos de poder.
a dimensão e o significado desta mudança são
enormes porque não se trata apenas de A participação na esfera pública é importante
‘introduzir o povo’ em práticas de gestão pelo conteúdo pedagógico, principalmente para
pública, como preconizava as propostas da a construção de uma ética social que
democracia com participação comunitária nos contribua significantemente para o
anos 80, quando a idéia da participação reordenamento da gestão pública e propicie a
vinculava-se à apropriação simples de espaços passagem de uma cultura de favores a uma
físicos. Trata-se agora de mudar a ótica do cultura de direitos. Nesta perspectiva, é
olhar, do pensar e do fazer; alterar os valores e pressuposto do presente estudo que a
os referenciais que balizam o planejamento e o participação é o processo mediante o qual os
exercício das práticas democráticas. membros de uma sociedade têm parte na
produção, na gestão e no usufruto dos bens
Como se vê, esse processo de mudança no públicos. Trata-se, então, de compreender a
cenário político brasileiro, que resultou na participação como um processo de conquista,
criação do modelo de gestão pública como um caminho para a construção da
descentralizada e participativa, não foi cidadania5, pois, na verdade, a participação dos
construído nem espontânea e nem cidadãos no processo de gestão dos bens
pacificamente. É que já havia uma herança públicos de uma sociedade rompe com o modelo
anterior, feita de experiências acumuladas de de centralização do poder, característico dos
participação (nos anos de 1980), advindas do regimes autoritários.
campo democrático, em particular as
desenvolvidas pelos movimentos sociais e suas A participação promove e desenvolve as
organizações. Em segundo lugar, foi necessária próprias qualidades que lhes são necessárias, já
322

que, conforme Pateman (1992, p. 61), “quanto transformação do cidadão num ator político e
mais os cidadãos participam melhor capacitados consciente, que supera o papel de mero
eles se tornam para fazê-lo”. Ou seja, a expectador e pensa comunitariamente pela
participação dos cidadãos na vida pública torna- constituição de espaços públicos, como fóruns,
lhes aptos para intervir nos processos de conselhos, orçamento participativo, etc.
discussão e deliberação de seus interesses,
sendo, então, uma condição necessária à Esses autores vêem o sistema político
democratização da gestão pública. Como, representativo, vigente hoje na grande maioria
porém, se explica o fato de apenas um limitado das sociedades contemporâneas, como inibidor
número de pessoas participarem das decisões da participação dos cidadãos na esfera da
importantes na sociedade? Que fatores administração pública. Por isso, propõem a
condicionam o exercício da participação? E o criação e implementação de mecanismos
que fazer para sanar as restrições à participação institucionais que lhes garantam o acesso aos
dos cidadãos na gestão da coisa pública? processos de decisão, uma vez que o modelo
democrático vigente se mostra deficiente para
Tais questionamentos estão relacionados à atingir um nível satisfatório de participação na
própria estrutura de poder, característica da relação entre Estado e sociedade civil.
sociedade brasileira, que concentra as decisões
nas mãos de uma elite minoritária, dificultando Assim, a experiência da gestão participativa
o acesso da população ao processo de tomada sugere novos temas na agenda pública, imprime
de decisões. Um outro fator, que afeta a a conquista de novos direitos e o
participação social e política, é a divisão reconhecimento de novos sujeitos, sinalizando a
existente entre a esfera estatal e a civil, pois construção de uma nova cidadania e de uma
tradicionalmente supõe-se que o poder estatal é outra cultura política. Como expressa Dagnino
o promotor do desenvolvimento social, e a (2002, p. 10),
sociedade civil meramente a beneficiária. Esta
a redefinição da noção de cidadania,
dicotomia tem, no modelo de democracia
empreendida pelos movimentos sociais e por
vigente no Brasil, marcado os encontros e
outros setores na década de 1980, aponta na
desencontros nas relações entre Estado e
direção de uma sociedade mais igualitária em
Sociedade (BENEVIDES, 1991).
todos os seus níveis, baseada no
Dessa forma, numa sociedade marcada pela reconhecimento dos seus membros como
experiência da relação de mando e obediência, sujeitos portadores de direitos, inclusive aquele
exclusão e privilégio, mais do que nunca se de participar efetivamente na gestão da
torna indispensável a luta pela participação sociedade.
política, em todos os níveis e esferas, como
Está implícita nesta concepção a idéia de
condição sine qua non para a construção da
uma cidadania ampliada, que transcenda,
cidadania no país. Aliás, autores como
segundo a autora, a reivindicação do acesso,
Benevides (1991), Hirst (1992) e Habermas
inclusão e pertencimento ao sistema político e
(1997) têm reavaliado o conceito e a prática da
alcance o direito de participação na definição
democracia representativa e proposto que seja
desse sistema. Cidadania que, consoante Silva
analisada considerando os critérios de igualdade
(1997), institua cidadãos com direitos e deveres
social e participação política dos cidadãos. É que
e, sobretudo, co-partícipes da gestão pública e
o surgimento de novos atores sociais, a
co-gestores de responsabilidades sociais,
limitação da representação política ao processo
principalmente no âmbito da esfera local.
eleitoral e a importância de uma participação
mais direta deram origem, por exemplo, às Na construção desse processo de
reflexões sobre a democracia participativa e democratização da esfera pública local parece
deliberativa, assentada na idéia da fundamental a participação ativa dos cidadãos,
323

uma cooperação social intensa e a integração As novas experiências de gestão pública


das políticas públicas. É o que constatam os democrática na realidade brasileira, como os
resultados de algumas pesquisas, que têm Conselhos Gestores, tentam, assim, absorver a
analisado as experiências exitosas nesse campo noção da esfera local como espaço de mediação
em algumas cidades brasileiras como Porto de interesses e de gestão político-administrativa
Alegre, Santos, Recife e Fortaleza. Para descentralizada e participativa das políticas
Guimarães Neto e Araújo (998, p. 56), públicas. Mas estarão mesmo tais Conselhos se
constituindo como arranjos institucionais que
os espaços locais têm, assim, ganhado possibilitam a participação social no campo da
crescente relevância. As cidades passam a ser gestão das políticas públicas?
concebidas como atores políticos relevantes,
capazes de assumir a centralidade das ações de 4 OS CONSELHOS GESTORES DE POLÍTICAS
intervenções nas diferentes esferas da vida PÚBLICAS NO CONTEXTO BRASILEIRO E
social e de atuar como elo [...] entre a PIAUIENSE
sociedade civil, a iniciativa privada e as
diferentes instâncias do Estado. O novo desenho institucional que estabelece a
descentralização e a participação como eixos
A presença desses novos agentes na esfera centrais do processo de democratização da
local, que aos poucos emergiram do seu gestão pública brasileira forjou os Conselhos
“casulo” nos movimentos sociais, é uma marca Gestores como instâncias de mediação entre
da cena política brasileira contemporânea, governo e sociedade civil nos processos
constituindo-se um contraponto à retração do decisórios das políticas públicas, nas três
Estado, motivada pela incapacidade fiscal de esferas administrativas. A Constituição de 1988
responder às demandas da população. Essa inaugura essa nova institucionalidade na relação
revitalização do espaço local, permeado por entre Estado e Sociedade Civil, ao abrir
experiências de gestão democrática, possibilitou precedentes para a criação dos Conselhos
que novos atores passassem a ter condições de Gestores como mecanismos formais de
competir e testar modelos alternativos de participação, deliberação e controle social6 das
poder, em situações que dificilmente existiriam políticas públicas. Preconiza, aliás, a
nos níveis centralizados da política nacional. Constituição, o caráter deliberativo7 e
paritário8 dos Conselhos Gestores, formados
Santos Júnior (2001, p. 94) analisa a maneira por representantes da sociedade civil e do poder
como as mudanças nas instituições público, tomando-os como novos atores da cena
governativas locais interferem na afirmação do pública brasileira.
sistema de governança democrática das cidades
brasileiras, entendendo-se por governança A Constituição de 1998 avançou ao criar
“novos padrões de interação entre governo e mecanismos de participação nas três esferas de
sociedade, baseada em arranjos institucionais poder, de modo a dar ao Estado brasileiro um
que coordenam e regulam a relação entre caráter democrático, oferecendo possibilidades
governo e os atores sociais em um sistema para que ele, uma vez permeado por espaços
político democrático”. Parece pertinente que o públicos e coletivos de gestão, deliberação e
envolvimento dos cidadãos na gestão pública controle, possa tornar pública a gestão do que é
incide diretamente sobre as possibilidades e os público. Na verdade, o Estado de Direito
padrões de interação entre o governo e a moderno reconhece a necessidade de se
sociedade, de forma que a participação social é defender a sociedade contra os eventuais
condição indispensável tanto para a formulação excessos de funcionamento da máquina estatal,
de demandas quanto para a própria interação através da divisão de funções entre os poderes
política entre a sociedade e as instituições e de mecanismos recíprocos de controle, sendo
governamentais. a grande novidade, nos anos de 1990, a idéia
de ampliação da participação da sociedade
324

como agente de controle. Nesse caso, o forma efetiva e contribuindo para a


processo de participação deixa de ser restrito consolidação do novo formato da gestão
aos setores sociais excluídos pelo sistema e descentralizada e participativa das políticas
espraia-se pelas relações entre o Estado e o públicas. Com efeito, a análise das experiências
conjunto de indivíduos e grupos sociais, cuja dos Conselhos Gestores na realidade brasileira
diversidade de interesses e projetos integra a vem sendo desenvolvida por alguns estudiosos
cidadania, devendo ocorrer, com igual (ANDRADE, 2002; DAGNINO, 2002, GOHN,
legitimidade, a disputa por espaços e 2002, et al), sob a ótica do processo de
atendimentos do poder estatal (GOHN, 2001). democratização da gestão pública no país,
tentando-se compreender como se tem
Instituídos em âmbito federal, os Conselhos configurado essas esferas institucionais como
Gestores passaram a ser obrigatórios em todos possibilidades de ampliação da gestão das
os níveis de governo, a par da exigência do políticas públicas e a democratização dos
repasse de recursos da esfera federal para os processos decisórios.
estados e municípios. Proliferaram-se, então, no
país, na forma de arranjos institucionais, Dagnino (2002) reconhece os mecanismos
podendo ser temáticos, porque ligados a institucionais de participação como esforços de
políticas sociais específicas (saúde, assistência controle social do Estado, visando à maior
social, criança e adolescente, etc) transparência e publicização das políticas
ou deliberativos, porque suas atribuições não se públicas, e vê uma atuação efetiva, na sua
restringem à formulação de sugestões ou formulação, de setores da sociedade civil
encaminhamento de demandas, mas abrangem, desprovidos de outras formas de acesso a
sobretudo, a decisão das políticas públicas. Em espaços de decisão. Ademais, estudos analisam
comum têm a composição paritária entre os pressupostos da relação entre Estado e
governo e sociedade, pois se constituem por sociedade, na medida em que apresentam os
representantes da sociedade civil e da esfera diferentes níveis ou padrões democratizantes da
governamental, e a autonomia em relação ao sociedade brasileira, ressaltando as
governo, apesar da vinculação a órgãos públicos contradições e os diferentes resultados, de
(GOHN, 2001; TATAGIBA, 2002). acordo com as variadas esferas de poder e a
correlação das forças políticas, econômicas ou
Estudos, como os de Raichelis (1998, 2000), sociais.
por exemplo, constataram a existência desses
novos arranjos institucionais nos 27 estados da Nos Conselhos Gestores, Estado e sociedade
federação, sendo que, em 1998 já havia cerca estão representados paritariamente, mas não
de 2.908 Conselhos (53,7%), num total de estão livres de manipulações e divergências,
5.417 municípios brasileiros, enquanto que, no caracterizados que são pela lógica da defesa dos
ano 2000, estimava-se em aproximadamente interesses particularistas. Esse clima de tensão
4.000 na área da saúde, 3.146 na assistência é mais perceptível no plano local, onde os
social e 3.081 na infância e adolescência. atores sociais se relacionam mais diretamente e
Sublinhe-se que esse processo de criação dos reconfiguram as formas e culturas políticas
Conselhos Gestores foi marcado por fortes tradicionais, carregadas de práticas
conflitos entre a expectativa da implementação clientelísticas e patrimonialistas (GOHN, 2002).
de políticas públicas que concretizassem os
direitos sociais conquistados e assegurados em Ocorre que a dinâmica de funcionamento dos
lei e as restrições políticas, econômicas e Conselhos Gestores, a sua organização interna e
culturais postas no caminho. a instituição de suas relações dependem, além
das condições sócio-históricas, da ação
É claro que a simples existência desses interativa entre os sujeitos que o compõem,
mecanismos institucionais não significa que os estando a efetividade de seu desempenho
mesmos estejam exercendo o seu papel de vinculada à correlação de forças presentes no
325

processo de ação e interação entre os sujeitos com a reprodução de modelos que inibem os
representantes dos diversos segmentos da avanços na construção do novo, mas essa nova
sociedade. Segundo Tatagiba (2002), a cultura política se contrapõe à tradição
dinâmica interna desses fóruns de deliberação é autoritária, que desconhece as esferas públicas,
marcada por relações verticalizadas, com forte e as práticas clientelistas ou corporativas de
viés autoritário, uma vez que há resistências grupos patrimonialistas, oligárquicos ou
das estruturas governamentais em aceitar o modernos/privatistas, que defendem interesses
padrão partilhado de gestão, fazendo-o pouco coletivos. Essa nova cultura política é
aparecer como um mecanismo dificultador do gerada por processos nos quais os diferentes
processo decisório. Como bem salienta a autora, interesses são reconhecidos, representados e
em estudo acerca das experiências dos negociados, via mediações sociais, políticas e
Conselhos Gestores no Brasil, culturais. Aliás, no estudo de Andrade (2002, p.
22) acerca das experiências de Conselhos
os encontros entre Estado/sociedade nos Gestores no Estado do Rio Grande do Norte, são
Conselhos têm sido afetados negativamente por apontados alguns elementos que dificultaram a
uma grande recusa do Estado em partilhar o efetivação desse modelo de gestão democrática,
poder de decisão. Os governos têm resistido – participativa e deliberativa no país.
de forma mais ou menos acentuada,
dependendo da natureza do governo e do seu Na dinâmica atual do modelo de gestão
projeto político – às novas formas de compartilhada está comprometida a dimensão
fiscalização, controle e participação da democrática dos processos participativos. A
sociedade civil no processo de produção das deliberação, apesar de ser mais democrática do
políticas públicas (TATAGIBA, 2002, p. 79). que nos formatos anteriores, porque submetida
a um maior número de pessoas, é uma
Essa realidade leva a compreender que o deliberação democrática do ponto de vista da
processo de conquista dos direitos deve ir além democracia formal.
dos mecanismos formais constituídos e
definidos como fundamento do processo de Percebe-se, assim, que esse modelo de gestão
materialização dos direitos regulamentados nas participativa e descentralizada no Brasil tem
leis orgânicas de políticas públicas. Num estudo enfrentado grandes dificuldades, uma vez que a
acerca da experiência do Conselho Estadual da tradição centralizadora e autoritária que sempre
Criança e do Adolescente no Piauí, Ferreira marcou o Estado brasileiro impingiu, nas
(1997, p. 172), por exemplo, enfatiza que agências governamentais, um padrão de gestão
completamente independente da sociedade e
é preciso que essa luta pela participação, como atrelado ora aos ditames da burocracia, ora aos
um mecanismo de controle de ações que interesses dos detentores do poder. Em face
proporcionem a materialidade do direito, não se disso, é fundamental reafirmar a importância
esgote com a criação de documentos jurídicos dos Conselhos Gestores como um espaço
ou de institutos democráticos que não essencialmente político de surgimento,
conseguem alterar práticas conservadoras. clarificação e visibilidade dos cidadãos
organizados, interagindo com representantes
Essas dificuldades chamam a atenção para a
dos poderes constituídos.
insuficiência da lei na condução de processos de
mudança, principalmente quando as práticas a Esse processo de criação dos Conselhos
serem transformadas são ditadas por interesses Gestores não se efetivou facilmente, também,
localizados no interior das estruturas de no contexto piauiense, pois, conforme registros
dominação da sociedade. É certo que a documentais e estudos realizados, foram
convivência entre novas e velhas práticas necessários diversos encontros, marcados por
políticas compromete a implementação do embates e conflitos, envolvendo segmentos
projeto de democratização da gestão pública, representativos da sociedade civil, gestores
326

estaduais e municipais, Ministério Público, Embora instituídos através de projetos de lei de


Câmara de Vereadores, entre outros. Destaque- iniciativa do poder público, a criação desses
se que os diversos embates ocorridos estão Conselhos deu-se, fundamentalmente, em
associados diretamente à dificuldade em se decorrência de um intenso processo de
romper com o modelo político-administrativo mobilização social, que contou com a
centralizado, até então em vigor no país, que participação direta de diversos segmentos
concentra nas esferas federal (principalmente) e sociais organizados, ligados às diversas áreas
estadual as decisões e os recursos na gestão sociais, reunidos em vários momentos para
das políticas públicas. Essa realidade é fruto de discutir a sua necessidade e importância na
uma forte cultura política praticada pelos gestão pública municipal.
governantes, que impõe resistências ao
compartilhamento dos processos decisórios de A institucionalização dos Conselhos Gestores na
gestão. realidade piauiense garante a participação da
sociedade civil, através de seus segmentos
Em Teresina, o processo de implantação desse organizados, no processo de formulação,
novo formato institucional da gestão deliberação e controle de políticas públicas.
descentralizada e participativa deu-se também Contudo, apesar de assegurada legalmente,
na década de 1990, atendendo à exigência das essa participação não se reflete apenas em uma
legislações específicas das diversas políticas simples incorporação dos atores no espaço do
sociais (criança e adolescência, saúde e Conselho. Na verdade, o papel atribuído aos
assistência social), que prevê a participação dos Conselhos Gestores é o de ser um espaço de
segmentos representativos da sociedade e da diálogo, negociação e entendimento que
esfera de governo na gestão pública municipal qualifica as políticas públicas como atribuição do
através dos Conselhos Gestores. Assim, os poder público e da sociedade.
Conselhos Gestores no contexto teresinense
surgem marcados por uma duplicidade de Dessa forma, é imprescindível que os
interesses, ou seja, tanto estimulado por uma representantes da sociedade civil tenham
necessidade legal como pela mobilização e luta clareza de que representam no Conselho o
da sociedade em busca de responder aos seus interesse coletivo e não propostas pessoais ou
anseios. das próprias entidades. Para tanto, é preciso
conhecer a realidade local, as prioridades da
Esse processo de implementação dos Conselhos população, o arcabouço jurídico-institucional, a
Gestores em Teresina contou com a participação rede de serviços do município e ter capacidade
significativa de segmentos representativos da de mobilização e articulação política. Tudo isso
sociedade civil e do poder público municipal qualifica a participação e as possibilidades de se
que, de forma conjunta, buscavam a intervir eficazmente no processo de tomada de
concretização desse novo reordenamento decisões.
institucional para as políticas públicas na
realidade local. Segundo fontes documentais, 5 CONCLUSÃO
principalmente atas e relatórios, o primeiro
Conforme exposto neste estudo, a Constituição
Conselho a ser instituído em Teresina foi o
Federal de 1988 regulamentou a participação da
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
sociedade civil como um elemento dos
Adolescente (CMDCAT), criado em 1991,
processos decisórios nas três esferas de
seguido pelo Conselho Municipal de Saúde
governo (municipal, estadual e federal) e
(CMS), criado em 1992, e, posteriormente, o
introduziu-se uma série de mecanismos
Conselho Municipal de Assistência Social de
permitindo que representações de segmentos
Teresina (CMAS/TE), legalmente instituído pela
sociais tivessem acesso à gestão pública e
Lei 2.456, de 18 de janeiro de 1996.
tomassem parte nos referidos processos,
sinalizando o fato de que a participação social
327

deve exercer uma influência significativa na direitos, que não “se vinculam a uma estratégia
formulação e implementação de políticas das classes dominantes e do Estado para a
públicas. incorporação política progressiva dos setores
excluídos, com vista a uma maior integração
Nesta perspectiva, a gestão participativa social, ou como condição jurídica e política,
pressupõe um Estado democrático, que tem indispensável à instalação do capitalismo”
seus eixos fundamentais nos direitos de (DAGNINO, 1994, p. 109).
cidadania, sintetizados na igualdade dos
cidadãos e na soberania popular. Daí que a 4 A cultura cívica articula-se à idéia de deveres
construção de uma gestão democrática seja a e responsabilidades, à propensão ao
busca de um modelo em que Estado e comportamento solidário, principalmente para
Sociedade se confirmem como partes com aqueles que se encontram excluídos do
constitutivas do processo de definição de exercício dos direitos, e do direito a ter direitos
políticas públicas. Em se tratando da (PUTNAM, 1996).
experiência de novas formas de participação no
contexto brasileiro, os Conselhos Gestores 5 Alguns autores, como Teles (1994), Dagnino
constitui em exemplo nesse sentido. (1994), Benevides (1991) e Bobbio (1992),
procuram demonstrar que a cidadania é um
Contudo, o simples fato de existir, na processo de construção, conquista e
Constituição Federal e nas diversas legislações, reconstrução de direitos, que não “se vincula a
a exigência da implementação da uma estratégia das classes dominantes e do
descentralização e municipalização das políticas Estado para a incorporação política progressiva
públicas e a institucionalização dos Conselhos dos setores excluídos, com vista a uma maior
Gestores no processo de deliberação e controle integração social, ou como condição jurídica e
social, não é condição suficiente para a garantia política, indispensável à instalação do
da democratização da gestão pública. É capitalismo” (DAGNINO, 1994, p. 109).
necessário que esse mecanismo constitucional
seja acompanhado de uma mudança na cultura 6 Em seu sentido etimológico, controle significa
política brasileira, capaz de redefinir e alterar as ato ou poder de controlar; fiscalização exercida
relações entre Estado e sociedade. sobre atividades de pessoas, órgãos, para que
não se desviem das normas preestabelescidas
NOTAS (FERREIRA, 2000). O controle pode ser exercido
e materializado pelos membros da sociedade, o
1 Deve-se compreendê-los como “canais de que implica o controle social não só do ponto de
participação que estimulam representantes da vista do Estado sobre a sociedade, mas também
população e membros do poder público estatal da sociedade sobre o Estado.
em práticas que dizem respeito à gestão de
bens públicos” (GOHN, 2001, p. 7). 7 O caráter deliberativo dos Conselhos
compreende a participação da sociedade civil na
2 Martins (1999), em Sociologia da história definição de agendas públicas que representam
lenta, examinando o processo de estruturação interesses coletivos, a formação de políticas, o
da sociedade brasileira, refere-se à permanente controle público sobre as ações e decisões
interpenetração do público e do privado na governamentais, a discussão de projetos
trama do tecido social e revela como são relacionados ao interesse público, em que se
erigidas as relações de poderes que vão estabelecem alianças, explicitam conflitos,
constituindo as bases do Estado patrimonialista. atuam como espaços que permitem a
negociação, a pactuação e a construção de
3 Alguns autores, como Benevides (1991),
consensos (CUNHA, 2002).
Dagnino (1994) e Teles (1994), procuram
demonstrar que a cidadania é um processo de
construção, conquista e reconstrução de
328

8 A paridade nos conselhos gestores deve ser AI-1 => Suspendeu as imunidades
entendida não apenas do ponto de vista parlamentares, e autorizou o comando supremo
quantitativo, mas, principalmente, quanto ao da revolução a cassar mandatos em qualquer
aspecto qualitativo. nível (Municipal, Estadual e Federal).

NOÇÕES SOBRE HISTÓRIA A partir desses poderes excepcionais,


POLÍTICA, ECONÔMICA E SOCIAL desenvolveram-se perseguições aos adversários
DO BRASIL. do regime, envolvendo prisões e torturas. Mas o
sistema ainda não era inteiramente fechado.
O REGIME MILITAR 1964 - 1985 Existia a possibilidade de se utilizar do recurso
O movimento de 31 de Março de 1964 tinha de Habeas Corpus perante os tribunais, e a
sido lançado aparentemente para livrar o país imprensa se mantinha relativamente livre.
da corrupção e do comunismo e para restaurar
a democracia, mas o novo regime começou a Inicialmente as instituições fechadas, ou sobre
mudar as instituições do país através de intervenções, foram a UNE e a Universidade de
decretos, chamados Atos Institucionais (AI). Brasília.
Eles eram justificados como decorrência “do
exercício do Poder Constituinte”, inerente a Muitos funcionários foram mandados embora.
todas as revoluções. Principalmente aqueles que tinham
envolvimento com as esquerdas.

O ATO INSTITUCIONAL N.º 1 E A Houve intervenção em Pernambuco, Sergipe e


REPRESSÃO em Goiás (Mauro Borges).
O AI-1 foi baixado a 9 de Abril de 1964, pelos
comandantes do Exército, da Marinha e da Vários políticos foram exilados, outros perdidos
Aeronáutica. seus cargos.

Formalmente manteve a constituição de 1946 Um dos órgãos, criado para controlar o cidadão
com várias modificações, assim como o foi o SNI.
funcionamento do Congresso. Este último
aspecto seria uma das características dos
Governos Militares. Embora o poder real se O GOVERNO CASTELO BRANCO
deslocasse para outras esferas e os princípios O AI-1 => estabeleceu a eleição de um novo
básicos da democracia foram violados, o regime Presidente da República, por votação indireta do
quase nunca assumiu expressamente sua feição Congresso Nacional. A 15 de Abril de 1964, o
autoritária. Exceto por pequenos períodos de general Humberto Castelo Branco foi eleito
tempo o Congresso foi fechado. Na maior parte Presidente, com mandato até 31 de Janeiro de
do tempo esteve aberto. 1966.

Os homens que assumiram o Governo


O Ato Institucional limitou sua vigência até formavam em sua maioria um grupo com fortes
31 de Janeiro de 1966. ligações com ESG. O Presidente fora do
Com o AI, o Presidente da República ficava Departamento de Estudos de ESG entre Abril de
autorizado a enviar ao congresso projetos de lei 1956 - 1958.
que deveriam ser apreciados no prazo de 30
dias na Câmara, e igual data no Senado; caso Entre os civis, o Ministro do Planejamento
contrário seriam considerados aprovados. Como Roberto Campos não freqüentou a ESG, nem
era fácil destruir, quase tudo era aprovado. fazia parte de seu corpo permanente.
Entretanto desde a década de 50 realizava pelo
329

menos duas palestras por ano naquela OS AI-2 E AI-3


instituição. Sob pressão desses setores, Castelo baixou o
AI-2, a 17 de Outubro de 1965. O AI-2
No plano da economia, visava reformar o estabeleceu em definitivo que a eleição para
sistema econômico capitalista, modernizando-o Presidente e Vice-presidente da República seria
como um em si mesmo e como forma de conter realizada pela maioria absoluta no Congresso
a ameaça comunista. Nacional, em seção pública e votação nominal.

O AI-2 reforçou ainda mais os poderes do


O PAEG Presidente da república ao estabelecer que ele
O plano econômico lançado foi o Programa de poderia baixar atos complementares ao ato,
Ação Econômica do Governo (PAEG), sob bem como decretos leis em matéria de
responsabilidade do ministro do planejamento, Segurança Nacional.
Roberto Campos; e da Fazenda, Otávio Gouveia
de Bulhões. O PAEG tratou de reduzir o déficit Mas a medida mais importante do AI-2 foi a
do setor público, contrair o crédito privado e extinção dos partidos políticos existentes. Os
comprimir salários. Buscou controlar os gastos militares consideravam que o sistema
dos Estados. multipartidário era um dos fatores responsáveis
pelas crises políticas. Desse modo deixaram de
O reequilíbrio da União foi obtido através da existir os partidos criados no fim do Estado
melhora da situação das empresas públicas, do Novo que, bem ou mal, exprimiam diferentes
corte de subsídios de produtos básicos como o correntes de opinião pública. A legislação
trigo e o petróleo, que era importado a uma partidária forçou na prática a organização de
taxa de câmbio baixa. As duas primeiras apenas dois partidos: a Aliança Renovadora
medidas produziram um grande impacto no Nacional (ARENA), que agrupava os partidos do
custo de vida, pois foi necessário aumentar o Governo, e o Movimento Democrático Brasileiro
preço das tarifas públicas e elevar os preços da (MDB), que reunia a oposição.
gasolina e do pão.
A maior parte da ARENA tinha vindo da UDN e
A Política queria sair perdendo com uma parte do PSD; o MDB foi formado por figuras do
economia dos Estados. A esta altura, grande PTB, vindo a seguir do PSD.
parte do entusiasmo pela revolução, entre seus
adeptos, declinado.
O AI-1 E A CONSTITUIÇÃO DE 1967
Apesar do veto a determinados candidatos por Nas eleições legislativas de 1966, a ARENA
parte da chamada linha dura das Forças obteve 63,9% dos votos válidos para a Câmara
Armadas, a oposição triunfou em determinados dos Deputados e o MDB, 36%. Lembremos
Estados importantes; Venceu na Guanabara, em porem que a oposição fez campanha pelo voto
Minas, o primeiro prefeito de Brasília, Santa nulo.
Catarina e Mato Grosso.
O Governo Castelo Branco completou as
O resultado das urnas alarmou os meios mudanças nas instituições do país, fazendo
militares. Os grupos de linha dura, adversários aprovar pelo congresso uma nova constituição
dos castelistas, viram nela a prova de que o em janeiro de 1967. A expressão “fez aprovar”
governo era muito complacente com seus deve ser tomada literalmente.
inimigos. Eles pregavam a implantação de um
regime autoritário com controle militar estrito A Constituição de 1967, incorporou a legislação
do sistema de decisões para levar mais longe a que ampliava os poderes conferidos ao
luta contra o comunismo e a corrupção. executivo, especialmente em matéria de
330

Segurança Nacional, mas não manteve o livro escrito pelo intelectual Régis Debray
dispositivo que permitia a Cassação de (Revolução na Revolução, influência). Esse tipo
Deputados e políticos. de movimento só poderia ter alguma espécie de
êxito, a partir de um grupo armado se
Uma das características do regime implantado instalasse em um determinado ponto do país, e
em 1964 foi o de não ser uma ditadura pessoal depois se expandisse.
- Um general era escolhido para governar por
um determinado tempo. A sucessão de fato era O PCB era contra a luta armada. Sendo assim,
realizada no interior das forças armadas, e o surge vários grupos armados; como ALN, MR-8
Congresso, descontando os votos da oposição, e VPR. Esta última com forte presença de
apenas sacramentava a ordem vinda de cima. militares de esquerda.

Os grupos de luta armada começaram suas


O GRUPO CASTELISTA primeiras ações em 1968. Uma bomba explodiu
O GOVERNO COSTA E SILVA no Conselho Americano. A ALN assaltou um
O grupo castelista não conseguiu fazer seu trem pagador. Os assaltos tinham como
sucessor. Foi eleito Artur Costa e Silva. Tomou objetivo de reunir fundos para o movimento
posse em março de 1967. armado.

Em Costa e Silva depositava-se as esperanças Todos esses fatos foram suficientes para
da linha dura e dos nacionalistas autoritários reforçar a linha dura na sua certeza de que a
das forças armadas. Estes estavam revolução estava se perdendo e era preciso criar
descontentes com a política castelista de novos instrumentos para acabar com os
aproximação com os Estados Unidos e de movimentos subversivos. Dessa forma, em 13
facilidades concedidas aos capitais estrangeiros. de Dezembro de 1968, Costa Silva baixou o AI-
Não havia, aliás, incompatibilidade entre ser 5, fechando o Congresso.
“linha dura” e nacionalista. Existia até uma
tendência à junção dessas orientações.
O AI-5
O AI-5 foi um instrumento de uma revolução
dentro da revolução ou, se quiserem, de uma
A OPOSIÇÃO DE ARTICULA contra-revolução dentro da contra-revolução.
Desde de 1966, passado o primeiro impacto da Ao contrário das anteriores, não tinha prazo de
repressão, a oposição vinha se articulando. vigência e não era, pois, uma medida
Muitos membros da hierarquia da Igreja se excepcional transitória. Ele durou até o início de
defrontaram com o Congresso, destacando-se 1979.
no Nordeste a atuação do Arcebispo de Olinda e
Recife, Dom Hélder Câmara. Os estudantes O Presidente da República passou a ter poderes
começaram também a se mobilizar em torno da para fechar provisoriamente o Congresso.
UNE. Em 1968 as mobilizações ganham ímpeto. Podia, além disso, intervir nos Estados e
Foi o ano das agitações na França, EUA. No Municípios, nomeando interventores.
Brasil, houve repercussões entre os estudantes Restabeleciam os poderes presidenciais para
e suas ações. cassar mandatos e suspender direitos políticos,
assim como demitir ou aposentar servidores
públicos.
INÍCIO DA LUTA ARMADA
O início da luta armada, teve como influência a Desde o AI-2, tribunais militares vinham
Revolução Cubana, vários grupos de julgando civis acusados da prática de crimes
guerrilheiros na América Latina, e também um contra a segurança nacional. Pelo AI-5 ficou
331

suspensa a garantia de habeas corpus ao Costa e Silva ainda vivia, mas sem
acusador desses crimes e das infrações contra a possibilidades de recuperação. Diante disso a
ordem econômica popular. junta militar declarou vago o cargo.

Um dos muito trágicos aspectos do AI-5 Vários nomes concorriam, mas foi escolhido
consistiu ao fato de que reforçou a tese dos Imilio Garrastazu Médice, um militar Gaúcho.
grupos de luta armada.
Médice dividiu seu governo em três áreas: a
O regime parecia incapaz de ceder a pressões militar, a econômica e a política. Resultando em
sociais e de se reformar. Pelo contrário, seguia um paradoxo, já que o país viva num período de
cada vez mais o curso da ditadura brutal. grande repressão, e o poder supremo ficou
dividido.

A JUNTA MILITAR O DECLÍNIO DA LUTA ARMADA


Em Agosto de 1969, Costa e Silva foi vítima de Os grupos armados urbanos, que a princípio
um derrame que deixou paralisado. Os militares deram a impressão de desestabilizar o regime
decidiram substituí-lo, violando a regra com suas ações espetaculares, declinaram e
constitucional que apontava como substituto praticamente desapareceram. Isso devido a
Pedro Aleixo. Além de civil, não concordava com eficácia da repressão.
o AI-5.
Restou um foco de guerrilha rural que o PC do B
Desse modo, através de um ato institucional AI- começou a instalar em uma região banhada
12, os ministros do Exército, Marinha e pelo Rio Araguaia, mas que em 1975 foi
Aeronáutica assumiram temporariamente o derrotada.
poder.
Por outro lado a oposição legal chegou no seu
A junta militar com várias medidas formais de nível mais baixo no Governo Médice, como
repressão, além de tortura, à escalada da resultado das condições econômicas favoráveis
esquerda radical. Este começou a seqüestrar à ditadura.
membros do corpo da embaixada estrangeira.

Através do AI-13, a junta criou a pena de A ARMA DA PROPAGANDA


banimento do território nacional, aplicável a O Governo Médice não se limitou a
todo brasileiro que “se tornar inconveniente, repressão.
nocivo, perigoso à segurança nacional”.
Estabeleceu com AI-14 a pena de morte (mas Distinguiu-se claramente entre um setor
nunca foi utilizada), porém foi muitos os significativo, mas minoritário da sociedade,
desaparecidos misteriosamente. adversário do regime, e a massa da população
que vivia um dia-dia de alguma esperança
Enquanto o país vivia um dos períodos políticos nesses anos de prosperidade econômica. A
mais tenebrosos, o governo alcançava êxitos na repressão acabou com o primeiro, e a
política econômica. Reequilibrando as finanças. propaganda neutralizou o segundo. Com a
expansão do crédito a televisão se massificou. A
De 1968 a 1998 o PIB variou em torno de TV Globo expandiu até tornar-se rede nacional,
11,2% e 10,0%. tornando-se porta-voz oficial da ditadura. Tudo
foi explorado como meio de propaganda, o
Brasil potência, Campeão da Copa de 70. Foi
O GOVERNO MÉDICE uma época de grande entusiasmo da população.
332

PATRIMÔNIO CULTURAL NO BRASIL


O “MILAGRE BRASILEIRO” E NO MUNDO.
O período do chamado “Milagre” estendeu-se de
1969 a 1973, combinando o extraordinário Património ou patrimônio cultural é o
crescimento econômico com taxas conjunto de todos os bens,
relativamente baixas de inflação. O PSB cresceu manifestações populares, cultos, tradições tanto
em média 11,2% ao ano. materiais quanto imateriais (intangíveis), que
reconhecidos de acordo com sua ancestralidade,
Os técnicos planejadores do “Milagre”, com importância histórica e culturalde uma região
Delfim à frente beneficiaram-se, em primeiro (país, localidade ou comunidade) adquirem
lugar, de uma situação econômica mundial um valor único e de durabilidade representativa
favorável a empréstimos. simbólica/material. Assim, de acordo com sua
particularidade e significativa forma
Os países em desenvolvimento aproveitaram e de expressão cultural, é classificada como
tomaram empréstimos, entre eles, o Brasil. patrimônio cultural, determinando-se sua salva-
guarda (proteção), para garantir a continuidade
O Brasil cresceu no setor Industrial, Agricultura e preservação. Com a intenção de assegurar,
para exportação (diversificação). para as gerações futuras conhecer seu passado,
suas tradições, sua história, os costumes,
Outro fator a ser destacado é o aumento da a cultura, a identidade de seu povo.
capacidade de arrecadar tributos, por parte do
Governo. Patrimônio é tudo aquilo que pertence a uma
região. É a herança do passado e o que o povo
cria hoje. É obrigação de todas as pessoas,
preservar, transmitir e deixar todo esse legado
OS PONTOS FRACOS DO MILAGRE às gerações vindouras.

Do patrimônio cultural fazem parte bens


imóveis tais
Pontos Fracos:
como castelos, igrejas, casas, praças, conjuntos
- Excessiva dependência dos sistema financeiro
urbanos, e ainda locais dotados de expressivo
e do comércio internacional;
valor para a história, a arqueologia,
a paleontologia e a ciência em geral. Nos bens
- A necessidade cada vez maior de contar com
móveis incluem-se, por
determinados produtos importados, dos quais o
exemplo, pinturas, esculturas e artesanato. Nos
mais importante era o petróleo;
bens imateriais considera-se a literatura,
a música, o folclore, a linguagem e
Aspectos Negativos
os costumes.
- Por mais que o PIB crescia, mas isso não
significava que estava havendo distribuição Um local denominado patrimônio mundial é
econômica. Alias, nesse período houve uma reconhecido pela Organização das Nações
grande concentração de renda. Unidas para a Educação, Ciência e
Cultura (UNESCO) como tendo importância
- Abandono de políticas sociais, preconizando mundial para a preservação dos patrimônios
grandes investimentos estruturais. históricos e naturais de diversos países. Até à
30.ª sessão do Comité do Patrimônio Mundial,
NOÇÕES SOBRE HISTÓRIA E em julho de 2006, eram 13 os sítios ou
INSTITUCIONALIZAÇÃO DO conjuntos de sítios considerados patrimônio
mundial em Portugal e 19 no Brasil.
333

Portugal é um dos países com maior número de Na Europa


monumentos no mundo classificados como
patrimônio da humanidade, o que demonstra a O Conselho da Europa, organização que engloba
amplitude da sua atuação mundial. Os 46 países num total de 800 milhões de
monumentos portugueses podem ser habitantes, considerando que o patrimônio
encontrados por todo o mundo, o que mostra constitui também um elemento de identidade e
bem a dimensão e influência da presença diferenciação dos povos europeus no contexto
portuguesa a uma escala global. mundial, desenvolveu um programa de
cooperação no domínio do patrimônio cultural e
Do Brasil à Tanzânia, do Paraguai ao Sri Lanka, natural que visa essencialmente a definição de
os portugueses deixaram marcas culturais e de políticas e nomenclaturas comuns, bem como o
enorme valor, classificadas oficialmente pela desenvolvimento de redes de cooperação
UNESCO em três continentes diferentes. transnacionais, apoio técnico aos países
membros e iniciativas de sensibilização dos
A proteção do património cultural valores e do patrimônio.
As entidades que procedem à identificação e Portugal
classificação de certos bens como relevantes
para a cultura de um povo, de uma região ou História
mesmo de toda a humanidade, visam também a
salvaguarda e a protecção desses bens, de Citação
forma a que cheguem devidamente preservados (...)«Hey por bem que daqui em diante
às gerações vindouras, e que possam ser nenhuma pessoa de qualquer estado,
objecto de estudo e fonte de experiências qualidade e condição que seja, desfaça ou
emocionais para todos aqueles que os visitem destrua em todo, nem em parte, qualquer
ou deles usufruam. edifício que mostre ser daqueles
tempos,[antigos] ainda que em parte
No mundo
esteja arruinado, e da mesma sorte as
estátuas, mármores e cipos» (...)«lâminas
ou chapas»(...)«medalhas ou moedas»
Decreto Régio de D. João V (1721)

O sistema português de proteção do patrimônio


Bandeira da UNESCO remonta a D. João V quando este determinou,
em alvará régio de Agosto de 1721, atribuir
A Organização das Nações Unidas para a
"à Academia Real da História Portuguesa
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO)
Eclesiástica, e Secular a providência para se
promoveu em 1972 um tratado internacional
conservarem os monumentos antigos, que
denominado Convenção sobre a proteção do
podem servir para ilustrar, e certificar a verdade
patrimônio mundial, cultural e natural visando
da mesma história."
promover a identificação, a proteção e a
preservação do patrimônio cultural e natural de Atualidade
todo o mundo, considerado especialmente
valioso para a humanidade. A Constituição de 1976 determina no seu Artº
78 que "incumbe ao Estado, em colaboração
Como complemento desse tratado foi aprovada com todos os agentes culturais promover a
em 2003 uma nova convenção, desta vez salva-guarda e a valorização do patrimônio
especificamente sobre o patrimônio cultural
imaterial.
334

cultural, tornando-o elemento vivificador da Móvel que guarda a Constituição de 1988-STF


identidade cultural comum."

Compete ao IPPAR-Instituto Português do


Patrimônio Arquitetônico e ao IPA-Instituto
Português de Arquelogia - atribuições que serão
assumidas pelo IGESPAR-Instituto de Gestão do
Patrimônio Arquitetônico e Arqueológico, no
âmbito da nova lei orgânica do Ministério da
Cultura - proceder à inventariação e
classificação dos bens culturais portugueses.

De acordo com a lei, os organismos


competentes definem os critérios de seleção dos
locais, quer numa óptica histórico-cultural,
estético-social ou técnico-científica, quer ainda
na perspectiva da integridade, autenticidade e
exemplaridade do bem.

A evolução destes critérios ao longo dos anos


leva a que, por exemplo, se incluam hoje em A Lei brasileira de preservação do patrimônio
dia no patrimônio cultural obras histórico e cultural Instituiu a proteção e
de arquitetura modernista ou de arquitetura preservação do patrimônio histórico e artístico e
industria que antes não eram sequer normatização nacional que rege as relações
consideradas. jurídicas de preservação cultural no Brasil.

A inventariação e classificação dos bens A Constituição de 1988 estabelece no seu Artº


culturais leva a que sejam desencadeados 216 que "Constituem patrimônio cultural
mecanismos de proteção a esses mesmos bens, brasileiro os bens de natureza material e
quer no que diz respeito à sua manutenção e imaterial, tomados individualmente ou em
conservação, quer à sua eventual alienação ou conjunto, portadores de referência à identidade,
alteração. à ação, à memória dos diferentes grupos
formadores da sociedade brasileira, nos quais se
A Constituição de 1946 contempla no seu texto incluem: I - as formas de expressão; II - os
a proteção do patrimônio dizendo no seu artigo modos de criar, fazer e viver; III - as criações
175: "As obras, monumentos e documentos de científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as
valor histórico e artístico, bem como os obras, objetos, documentos, edificações e
monumentos naturais, as paisagens e os locais demais espaços destinados às manifestações
dotados de particular beleza ficam sob a artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e
proteção do Poder Público." sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,
arqueológico, paleontológico, ecológico e
Brasil científico.

Para além de signatário da Convenção sobre a


proteção do patrimônio mundial, cultural e
natural e da Convenção sobre o patrimônio
cultural imaterial, a proteção dos bens culturais
em território brasileiro está garantida pela Lei
Federal nº 25, de 30 de Novembro de 1937 a
qual define as regras do "tombamento"
335

(inventariação) dos bens pertencentes ao (A) Sul. (B) Norte. (C) Sudeste. (D) Nordeste.
"Patrimônio Histórico e Artístico Nacional", bem (E) Centro-Oeste.
como a protecção a que esses bens ficam
sujeitos no sentido da sua preservação e
conservação.
2) Quatro olhos, quatro mãos e duas cabeças
No sentido do apoio ao patrimônio cultural é formam a dupla de grafiteiros "Osgemeos". Eles
ainda "facultado aos Estados e ao Distrito cresceram pintando muros do bairro Cambuci,
Federal vincular a fundo estadual de fomento à em São Paulo, e agora têm suas obras expostas
cultura até cinco décimos por cento de sua na conceituada Deitch Gallery em Nova lorque,
receita tributária líquida, para o financiamento prova de que o grafite feito no Brasil é
de programas e projetos culturais"(artº 216-V- apreciado por outras culturas. Muitos lugares
§6) abandonados e sem manutenção pelas
prefeituras das cidades tornam-se mais
O órgão nacional encarregado de promover a agradáveis e humanos com os grafites pintados
proteção patrimonial é o IPHAN - Instituto do nos muros. Atualmente, instituições públicas
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, criado educativas recorrem ao grafite como forma de
em 1937 (tendo, ao longo da história, recebido expressão artística, o que propicia a inclusão
outras denominações e sofrido diversas social de adolescentes carentes, demonstrando
alterações em seu status administrativo), que o grafite é considerado uma categoria de
contando em sua origem com a participação arte aceita e reconhecida pelo campo da cultura
direta do escritor Mário de Andrade. e pela sociedade local e internacional.

Segundo estudo da Universidade Federal de No processo social de reconhecimento de


Viçosa, 100% das edificações brasileiras de valores culturais, considera-se que
relevância histórica, principalmente igrejas e
casarões, estão ameaçadas (A) grafite é o mesmo que pichação e suja a
pelos cupins, carunchos, traças, brocas e cidade, sendo diferente da obra dos artistas.
outros insetos xilófagos. Segundo o professor e
(B) a população das grandes metrópoles
engenheiro florestal Norivaldo dos Anjos, "se
depara-se com muitos problemas sociais, como
não forem tomadas medidas urgentes e
os grafites e as pichações.
eficazes, o país perderá, no máximo em 50
anos, os acervos dos séculos 17, 18 e 19, que (C) atualmente, a arte não pode ser usada para
guardam a memória e atraem turismo". inclusão social, ao contrário do grafite.

EXERCICIOS (D) os grafiteiros podem conseguir projeção


internacional, demonstrando que a arte do
1) O artesanato traz as marcas de cada cultura grafite não tem fronteiras culturais.
e, desse modo, atesta a ligação do homem com
o meio social em que vive. Os artefatos são (E) lugares abandonados e sem manutenção
produzidos manualmente e costumam revelar tornam-se ainda mais desagradáveis com a
uma integração entre homem e meio ambiente, aplicação do grafite.
identificável no tipo de matéria-prima utilizada.

Pela matéria-prima (o barro) utilizada e pelos


tipos humanos representados, em qual região 3) O índio do Xingu, que ainda acredita em
do Brasil o artefato acima foi produzido? Tupã, assiste pela televisão a uma partida de
futebol que acontece em Barcelona ou a um
show dos Rolling Stones na praia de
Copacabana. Não obstante, não há que se
iludir: o índio não vive na mesma realidade em
336

que um morador do Harlem ou de Hong Kong, O autor lamenta o desaparecimento dos antigos
uma vez que são distintas as relações dessas cafés pelo fato de estarem relacionados com
diferentes pessoas com a realidade do mundo
moderno; isso porque o homem é um ser
cultural, que se apoia nos valores da sua
(A) a economia da República Velha, baseada
comunidade, que, de fato, são os seus. GULLAR,
essencialmente no cultivo do café.
F. Folha de S. Paulo. São Paulo: 19 out. 2008
(adaptado). (B) o ócio ("pausa revigorante") associado ao
escravismo que mantinha a lavoura cafeeira.
Ao comparar essas diferentes sociedades em
seu contexto histórico, verifica-se que (C) a especulação imobiliária, que diminuiu o
espaço disponível para esse tipo de
(A) pessoas de diferentes lugares, por fazerem
estabelecimento.
uso de tecnologias de vanguarda, desfrutam da
mesma realidade cultural. (D) a aceleração da vida moderna, que tornou
incompatíveis com o cotidiano tanto o hábito de
(B) o índio assiste ao futebol e ao show, mas
"jogar conversa fora" quanto as brigas.
não é capaz de entendê-Ios, porque não
pertencem à sua cultura. (E) o aumento da violência urbana, já que as
brigas, cada vez mais frequentes, levaram os
(C) pessoas com culturas, valores e relações
cidadãos a abandonarem os cafés do Rio de
diversas têm, hoje em dia, acesso às mesmas
Janeiro.
informações.

(D) os moradores do Harlem e de Hong Kong,


devido à riqueza de sua História, têm uma visão 5) O Cafundó é um bairro rural situado no
mais aprimorada da realidade. município de Salto de Pirapora, a 150 km de
São Paulo. Sua população, predominantemente
(E) a crença em Tupã revela um povo atrasado,
negra, divide-se em duas parentelas: a dos
enquanto os moradores do Harlem e de Hong
Almeida Caetano e a dos Pires Pedroso. Cerca
Kong, mais ricos, vivem de acordo com o
de oitenta pessoas vivem no bairro. Dessas,
presente.
apenas nove detêm o título de proprietários
legais dos 7,75 alqueires de terra que
constituem a extensão do Cafundó, que foram
4) Desgraçado progresso que escamoteia as doados a dois escravos, ancestrais de seus
tradições saudáveis e repousantes. O 'café' de habitantes atuais, pelo antigo senhor e
antigamente era uma pausa revigorante na fazendeiro, pouco antes da Abolição, em 1888.
alucinação da vida cotidiana. Alguém dirá que Nessas terras, seus moradores plantam milho,
nem tudo era paz nos cafés de antanho, que feijão e mandioca e criam galinhas e porcos.
havia muita briga e confusão neles. E daí? Não Tudo em pequena escala. Sua língua materna é
será por isso que lamento seu desaparecimento o português, uma variação regional que, sob
do Rio de Janeiro. Hoje, se houver desaforo, a muitos aspectos, poderia ser identificada como
gente o engole calado e humilhado. Já não se dialeto caipira. Usam um léxico de origem
pode nem brigar. Não há clima nem espaço. banto, quimbundo principalmente, cujo papel
social é, sobretudo, de representá-Ios como
ALENCAR, E. Os cafés do Rio. In: GOMES, D. africanos no Brasil.
Antigos cafés do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro:
Kosmos, 1989 (adaptado). Disponível em: . Acesso em: 6 abr. 2009
(adaptado).
337

O bairro de Cafundó integra o patrimônio E no período posterior à Revolução Francesa,


cutural do Brasil porque devido às grandes perturbações sociais,
abandona-se a prática do luto.

(A) possui terras herdadas de famílias antigas


da região. 7) A Superintendência Regional do Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)
(B) preservou o modo de falar de origem banto desenvolveu o projeto “Comunidades Negras de
e quimbundo. Santa Catarina”, que tem como objetivo
preservar a memória do povo afrodescendente
(C) tem origem no período anterior à abolição
no sul do País. A ancestralidade negra é
da escravatura.
abordada em suas diversas dimensões:
(D) pertence a uma comunidade rural do arqueológica, arquitetônica, paisagística e
interior do estado de São Paulo. imaterial. Em regiões como a do Sertão de
Valongo, na cidade de Porto Belo, a fixação dos
(E) possui moradores que são africanos do primeiros habitantes ocorreu imediatamente
Brasil e perderam o laço com sua origem. após a abolição da escravidão no Brasil. O Iphan
identificou nessa região um total de 19
referências culturais, como os conhecimentos
6) Hoje em dia, nas grandes cidades, enterrar tradicionais de ervas de chá, o plantio
os mortos é uma prática quase íntima, que diz agroecológico de bananas e os cultos
respeito apenas à família. A menos, é claro, que adventistas de adoração. Disponível em:
se trate de uma personalidade conhecida. http://portal.iphan.gov.br/portal/montarDetalhe
Entretanto, isso nem sempre foi assim. Para um Conteudo.do?id=14256&sigla=Noticia&retorno=
historiador, os sepultamentos são uma fonte de detalheNoticia.
informações importantes para que se
Acesso em: 1 jun. 2009. (com adaptações).
compreenda, por exemplo, a vida política das
sociedades. O texto permite analisar a relação entre cultura
e memória, demonstrando que
No que se refere às práticas sociais ligadas aos
sepultamentos, (A) as referências culturais da população
afrodescendente estiveram ausentes no sul do
A na Grécia Antiga, as cerimônias fúnebres
País, cuja composição étnica se restringe aos
eram desvalorizadas, porque o mais importante
brancos.
era a democracia experimentada pelos vivos.
(B) a preservação dos saberes das comunidades
B na Idade Média, a Igreja tinha pouca
afrodescendentes constitui importante elemento
influência sobre os rituais fúnebres,
na construção da identidade e da diversidade
preocupando-se mais com a salvação da alma.
cultural do País.
C no Brasil colônia, o sepultamento dos mortos
(C) a sobrevivência da cultura negra está
nas igrejas era regido pela observância da
baseada no isolamento das comunidades
hierarquia social.
tradicionais, com proibição de alterações em
D na época da Reforma, o catolicismo condenou seus costumes.
os excessos de gastos que a burguesia fazia
(D) os contatos com a sociedade nacional têm
para sepultar seus mortos.
impedido a conservação da memória e dos
costumes dos quilombolas em regiões como a
do Sertão de Valongo.
338

(E) a permanência de referenciais culturais que d) atividade agropecuária exercida pelos


expressam a ancestralidade negra compromete tropeiros que necessitavam dispor de alimentos.
o desenvolvimento econômico da região.
e) atividade mineradora exercida pelos tropeiros
no auge da exploração do ouro.

8) Os tropeiros foram figuras decisivas na


formação de vilarejos e cidades do Brasil
colonial. A palavra tropeiro vem de "tropa" que, 9) As ruínas do povoado de Canudos, no sertão
no passado, se referia ao conjunto de homens norte da Bahia, além de significativas para a
que transportava gado e mercadoria. Por volta identidade cultural dessa região, são úteis às
do século XVIII, muita coisa era levada de um investigações sobre a Guerra de Canudos e o
lugar a outro no lombo de mulas. O tropeirismo modo de vida dos antigos revoltosos.
acabou associado à atividade mineradora, cujo
Essas ruínas foram reconhecidas como
auge foi a exploração de ouro em Minas Gerais
patrimônio cultural material pelo Iphan
e, mais tarde, em Goiás. A extração de pedras
(Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
preciosas também atraiu grandes contingentes
Nacional) porque reúnem um conjunto de
populacionais para as novas áreas e, por isso,
era cada vez mais necessário dispor de
alimentos e produtos básicos. A alimentação
dos tropeiros era constituída por toucinho, feijão a) objetos arqueológicos e paisagísticos.
preto, farinha, pimenta-do-reino, café, fubá e
b) acervos museológicos e bibliográficos.
coité (um molho de vinagre com fruto cáustico
espremido). c) núcleos urbanos e etnográficos.
Nos pousos, os tropeiros comiam feijão quase d) práticas e representações de uma sociedade.
sem molho com pedaços de carne de sol e
toucinho, que era servido com farofa e couve e) expressões e técnicas de uma sociedade
picada. O feijão tropeiro é um dos pratos típicos extinta.
da cozinha mineira e recebe esse nome porque
era preparado pelos cozinheiros das tropas que
conduziam o gado.
10) O artigo 402 do Código Penal Brasileiro de
Disponível em 1890 dizia: Fazer nas ruas e praças públicas
http://www.tribunadoplanalto.com.br. Acesso exercícios de agilidade e destreza corporal,
em: 27 nov. 2008. conhecidos pela denominação de capoeiragem:
andar em correrias, com armas ou instrumentos
A criação do feijão tropeiro na culinária capazes de produzir uma lesão corporal,
brasileira está relacionada à provocando tumulto ou desordens. Pena: Prisão
de dois a seis meses.

SOARES, C. E. L. A Negregada instituição: os


a) atividade comercial exercida pelos homens capoeiras no Rio de Janeiro: 1850-1890. Rio de
que trabalhavam nas minas. Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, 1994
(adaptado).
b) atividade culinária exercida pelos moradores
cozinheiros que viviam nas regiões das minas. O artigo do primeiro Código Penal Republicano
naturaliza medidas socialmente excludentes.
c) atividade mercantil exercida pelos homens
Nesse contexto, tal regulamento expressava
que transportavam gado e mercadoria.
339

a) a manutenção de parte da legislação do uma indumentária que compõe e identifica a


Império com vistas ao controle da criminalidade imagem típica do nordestino.
urbana.

b) a defesa do retorno do cativeiro e escravidão


pelos primeiros governos do período
republicano.

c) o caráter disciplinador de uma sociedade


Questão 2
industrializada, desejosa de um equilíbrio entre
progresso e civilização. » Gabarito:

d) a criminalização de práticas culturais e a D


persistência de valores que vinculavam certos
grupos ao passado de escravidão. » Resolução:

e) o poder do regime escravista, que mantinha


os negros como categoria social inferior,
Grafite é o nome dado às inscrições feitas em
discriminada e segregada.
paredes, em geral uma inscrição ou um desenho
GABARITO COMENTADO pintado ou gravado sobre um suporte,
sobretudo em espaços públicos.
Questão 1

» Gabarito:

D
De caráter contestador e irreverente, surgiu no
» Resolução: final da década de 1970, em Nova Iorque, como
decorrência de movimentos culturais das
minorias excluídas.
Uma das importantes atrações turísticas na
região Nordeste é o artesanato. Para elaborar
suas peças, os artesãos nordestinos utilizam
vários materiais oriundos da flora e da fauna
nativas, tais como palha (de bananeira, de No grafite, a manifestação artística pode existir
milho); juta; bambu; vime (vara tenra e flexível ou não. Seus preceitos baseiam-se em
do vimeiro); areia colorida; tinta de casca de desenhos e formas coloridos e elaborados, não
árvore (como o urucum); pedras; conchas; raro feitos com intenções críticas.
barro; casca de coco; chifre; couro; tecido;
penas; linha; madeira (cedro, vinhático, aroeira,
peroba, jequitibá, canela); osso, entre outros.

Não se trata de pichação, embora muitos assim


o considerem. Mas um e outro refletem a
realidade das ruas, onde se encontra sua
No artefato retratado na questão, veem-se o essência. É um movimento organizado nas artes
chapéu característico de couro, à semelhança plásticas, em que o artista intervém em espaços
dos usados pelos cangaceiros, com enfeites públicos por meio de uma linguagem própria,
variados, adornos como lenços, colares, anéis e demonstrando sua forma de ver o mundo e
acessórios de couro, como botas e coletes – criando uma nova identidade visual em
340

territórios urbanos. » Gabarito:

» Resolução:

O texto utilizado na questão pretende informar


que o grafite é uma arte inclusiva e sem
fronteiras culturais. A partir do século XIX a vida social do Rio de
Janeiro se desenvolvia nos antigos cafés, a
exemplo do que acontecia em outras
metrópoles como Paris. Eram ponto de encontro
de intelectuais, de boêmios, dos contadores de
anedotas e também de quem desejava manter
uma conversa descompromissada.
Questão 3

» Gabarito:

C
Em resumo, o café era uma pausa. Hoje, as
» Resolução: exigências da vida moderna acabaram com essa
possibilidade.

Na atualidade, as sociedades humanas se


intercambiam e buscam promover a inclusão, o
que não quer dizer que a desigualdade não
exista, tanto no aspecto cultural como no
econômico. Questão 5

» Gabarito:

B
Os povos se encontram em estágios culturais e » Resolução:
econômicos diferentes. Forma-se assim um
quadro complexo: como produto de sua cultura,
o homem vê a realidade fazendo uso dos
instrumentos que esta lhe confere, portanto, Certos traços culturais encontrados no Brasil
existem conceitos diferentes para o mesmo contemporâneo, em bairros como o Cafundó,
fenômeno observado, o que de certo modo por exemplo, de fato existem ou existiram na
traduz o mundo em sua complexidade e África. Com essa prática, restabelecem-se as
diversidade. genealogias culturais e se mapeia a
maternidade dos “africanismos” encontrados no
Brasil.

Questão 4 Em uma abordagem mais histórica, o papel


social da língua africana do Cafundó está
341

relacionado com outras manifestações culturais


– como o candomblé, o congo, a capoeira – que
continuaram a ser praticadas no Brasil em Questão 8
várias comunidades negras.
» Gabarito:

» Resolução:

Questão 6
Essa questão privilegia a habilidade de leitura
» Gabarito: do candidato, pois sua resposta está no texto. A
criação do feijão tropeiro não está relacionada à
C atividade mineradora, o que elimina A, mas à
atividade comercial e pecuária desenvolvida a
» Resolução: partir dessa economia, o que exclui B e E.
Apesar de a agropecuária ser um dos
componentes, o objetivo da tropa era o
A hierarquia da sociedade colonial brasileira comércio, ou seja, a atividade mercantil, o que
permeava todos os âmbitos da vida política, elimina D.
econômica e social da colônia. Assim, as
famílias de maior poder sentavam-se, nas
igrejas, mais próximas ao altar, e enterravam
seus mortos no interior delas, enquanto aqueles
com menor prestígio eram sepultados nos
terrenos vizinhos.
Questão 9

» Gabarito:

» Resolução:
Questão 7

» Gabarito:
As ruínas de Canudos foram reconhecidas como
B patrimônio cultural material pelo Iphan por
reunirem um conjunto objetos arqueológicos na
» Resolução: área. Não há ali um acervo bibliográfico (livros)
ou museológico (esculturas, quadros,
O Estado brasileiro, nos últimos anos, tem
documentos etc.), o que exclui B. Também não
procurado desenvolver políticas de
há um núcleo etnográfico diretamente ligado à
reconhecimento dos direitos territoriais das
região ou ao movimento de Canudos, o que
comunidades quilombolas, além disso, é patente
elimina C. Por fim, não há registros de técnicas
o trabalho de ONGs e de órgãos do Estado para
de uma sociedade extinta — ela tinha técnicas e
preservar a memória dessas comunidades.
modos das sociedades agrárias de sua época, os
quais modificaram-se ao longo do tempo até os
nossos dias —, o que exclui E.
342

Questão 10

» Gabarito:

» Resolução:

O artigo transcrito no enunciado da questão


demonstra a vontade dos primeiros governos
republicanos brasileiros em criminalizar práticas
culturais e valores considerados inferiores pelos
grupos dominantes — no caso, a capoeira.
Assim, a intenção não visava simplesmente o
controle da criminalidade urbana, o que exclui
A. O artigo, no entanto, não defendia a volta da
escravidão ou do regime escravista, o que
elimina B e E. A sociedade brasileira dos
primeiros anos da república ainda não era
considerada industrializada, e sim
agroexportadora, o que exclui C.

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