Palhoça (SC)
2006.
FERNANDA FRANCISCONI PEREIRA
Palhoça (SC)
2006.
A INTERVENÇÃO DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL EM CASOS
por
Fernanda Francisconi Pereira
ORIENTADORA: _________________________________________________________
Prof.ª Mestre Zuleica Pretto
MEMBRO: _______________________________________________________________
Prof.ª Mestre Alessandra Scherer
MEMBRO: _______________________________________________________________
Prof.ª Mestre Simone Vieira de Souza
Palhoça (SC)
2006.
DEDICATÓRIA
Deus, é a você que primeiramente faço meu agradecimento. Obrigado por minha
vida, saúde e família.
Depois de Deus, não posso deixar de agradecer a meus pais, que com certeza
contribuíram e muito para tudo isso. Pai, você já não está mais aqui em sua presença física,
não poderei vê-lo na primeira fila quando for receber meu diploma como havíamos
combinado, mas tenho certeza que te sentirei muito próximo, pois não deixei de te amar. E a
você mãe, por ter sido tão guerreira, companheira, amiga e uma super-mãe, que junto com o
pai me ensinou que devemos respeitar as pessoas, lutar por tudo que temos vontade, mas
lembrando que nem tudo é válido para conseguir o que desejamos. Aos meus pais, todo meu
amor, respeito e admiração. Amo vocês.
Aos meus irmãos “Dido” (Antonio), “Nene” (Marlene), “Sici” (Sirlene), por
terem sido maravilhosos comigo, me ensinado o valor de ter irmãos, me respeitado sempre,
por serem honestos comigo e, principalmente, por nunca terem me abandonado em nenhum
momento da minha vida, fosse ele maravilhoso ou péssimo. Só eu e vocês sabemos o que já
passamos juntos, não é mesmo? Com cada um de vocês uma história diferente, porém de
muito amor, amizade e respeito. Amo vocês profundamente, e se eu precisasse nascer de
novo, pediria a Deus que fosse na mesma família, pois amo tê-los como irmãos. Obrigado por
existirem na minha vida.
Não posso deixar de agradecer ao meu irmão Mário César, que mesmo não
estando mais aqui entre nós, e apesar de eu ter convivido por pouco tempo com ele, não tenho
dúvidas do amor que sentia por mim, eu sei como você me “carregava” quando ia trabalhar,
meu irmão, e de uma coisa você pode ter certeza: você está em meu coração. Amo-te.
À minha cunhada “cobra” (Irma), por todas as conversas, risadas, lágrimas, por
todo o carinho, atenção e fidelidade dedicada a mim e a minha família. A você, meu eterno
respeito e carinho.
Ao meu cunhado “Paulinho” (Paulo), por tamanha coragem de falar algumas
coisas certas na hora certa, tudo bem, às vezes na hora errada, mas que me foram de grande
valia. Com certeza você terá para sempre meu carinho.
Então, a vocês, meus cunhados, que para mim são também irmãos, o meu muito
obrigado por fazerem da minha família uma família ainda mais linda.
Aos meus sobrinhos, Maicon, Mário César, Marcelo e Paulo Roberto, por
simplesmente me chamarem de “Nanda”. Amo vocês com todas as minhas forças.
Ivo e Maria, não poderia deixar de falar de vocês, até porque vocês me deram a
chance de conhecer o seu filho, certo? Mas também quero agradecer por vocês terem sido
muito companheiros nos momentos mais difíceis e complicados da minha vida. Fizeram parte
dos momentos felizes também, mas quando passei horas, dias, semanas e meses junto com
minha família lutando pela saúde e bem-estar do meu pai, vocês não desistiram, e muitas idas
e vindas diárias ao hospital só não foram piores por ter tido pessoas tão especiais como vocês
ao meu lado. A vocês, meu respeito e sincero agradecimento.
Aos meus amigos verdadeiros que não ocupam os dedos de uma mão, mas que
são realmente sinceros, amigos, irmãos e parceiros, meu muito obrigado por tudo. Janet,
Simara, Marisa e Márcio, vocês são como jóias raras, e eu me sinto privilegiada por ter ao
meu lado pessoas como vocês e podê-los chamar de amigos. Márcio, você é uma “praga”,
mas eu amo você, viu? Obrigado por existirem.
À minha professora e orientadora Zuleica Pretto, por toda paciência e
competência, por não ter desistido de mim quando até eu achei que iria desistir. “Zú”, muito
obrigado.
Quero agradecer também às professoras Alessandra Scherer e Simone Vieira de
Souza, que aceitaram prontamente o convite para fazerem parte da banca examinadora. Meu
muito obrigado.
Dani, mais uma vez, muito obrigado por tudo, mas principalmente por você fazer
parte da minha vida, sei que já passamos por muitas coisas juntos, mas sempre me surpreendo
com você, e dessa vez não foi diferente. A você, esposo querido, meu amor.
Termino meus agradecimentos pedindo desculpas a todos vocês pelos momentos
em que estive ausente para poder concretizar esse trabalho.
O AUTO-RETRATO
(Mário Quintana)
RESUMO
O trabalho teve o objetivo de analisar, a partir de uma pesquisa bibliográfica, como ocorre a
intervenção da Terapia Cognitivo-Comportamental em casos de Transtorno Obsessivo-
Compulsivo (TOC), e qual a sua aplicabilidade na Atenção Básica à Saúde. O estudo desta
abordagem (TCC), entre todas as outras disponíveis no âmbito da Psicologia, se justificou
pelos seus resultados positivos no tratamento do TOC. Dessa forma, em um primeiro
momento foi definido o Transtorno Obsessivo-Compulsivo e seus sintomas a partir da Terapia
Cognitivo-Comportamental retratados pela literatura. Após, foram identificadas e definidas as
técnicas trabalhadas pela Terapia Cognitivo-Comportamental no tratamento do Transtorno
Obsessivo-Compulsivo, bem como os resultados descritos na literatura, a partir de
procedimentos da Terapia Cognitivo-Comportamental em casos de Transtorno Obsessivo-
Compulsivo. Por fim, foi discutida a aplicabilidade do atendimento psicológico em casos de
Transtorno Obsessivo-Compulsivo na atenção básica à saúde, com a utilização da Terapia
Cognitivo-Comportamental. Apesar de não ter sido encontrado nenhum material bibliográfico
que tratasse especificamente do tema proposto, chegou-se à conclusão de que a TCC pode ser
aplicável na Atenção Básica, em virtude de suas características próprias, como a brevidade de
sessões, foco nos sintomas e dessensibilização automática ao vivo ou por imagens, o que
reforça ainda mais a presença do profissional de Psicologia neste contexto.
The work had the objective to analyze, from a bibliographical research, as the intervention of
the Cognitive-Behavioral Therapy occurs in cases of Obsessive-Compulsive Disorder, and
which is its applicability in the Basic Attention to the Health. The study of this boarding,
between all the other available ones in the scope of Psychology, it was justified for its positive
results in the treatment of the Obsessive-Compulsive Disorder. Of this form, at a first moment
it was defined the Obsessive-Compulsive Disorder and its symptoms from the Cognitive-
Behavioral Therapy portraied by literature. After, the techniques worked for the Cognitive-
Behavioral Therapy in the treatment of the Obsessive-Compulsive Disorder, as well as the
described results in literature, from procedures of the Cognitive-Behavioral Therapy in cases
of Obsessive-Compulsive Disorder, had been identified and defined. Finally, the applicability
of the psychological attendance in cases of Obsessive-Compulsive Disorder in the Basic
Attention to the Health was argued, with the use of the Cognitive-Behavioral Therapy.
Although not to have been found no bibliographical material that specifically dealt with the
considered subject, it was arrived the conclusion of that the Cognitive-Behavioral Therapy
can be applicable in the Basic Attention, in virtue of its proper characteristics, as the brevity
of sessions, focus on the symptom and live automatic desensitization or for images, what it
still more strengthens the presence of the professional of Psychology in this context.
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 12
1.1 Problemática.............................................................................................................. 12
1.2 Justificativa................................................................................................................ 15
1.3 Objetivos.................................................................................................................... 18
2 MARCO TEÓRICO.................................................................................................... 19
2.1.2 Tratamentos........................................................................................................... 25
2.2.2 Características...................................................................................................... 29
3 METODOLOGIA...................................................................................................... 51
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 53
REFERÊNCIAS............................................................................................................ 56
12
1 INTRODUÇÃO
1.1 Problemática
Ultimamente, tal transtorno vem captando a atenção das pessoas, seja por meio de
reportagens em periódicos, descrevendo as dificuldades de personalidades famosas, seja pelo
cinema, com a exibição de filmes como “Melhor é Impossível” (1997) e “O Aviador” (2004).
O TOC é um transtorno mental1 que se manifesta sob a forma de alterações do
comportamento (repetições, evitações, rituais), das emoções (culpa, medo, desconforto,
depressão) e dos pensamentos (preocupações excessivas, dúvidas).
No século XIX iniciaram-se as tentativas de explicar as causas e características do
TOC, sendo ele classificado de diversas maneiras, como por exemplo: a) variação do conceito
de insanidade; b) psicose degenerativa2; c) distúrbio da vontade ou da cognição; e d)
associação com a depressão e a religião.
Conforme Gentil (1997), Schneider, em 1925, definiu três características
fundamentais do TOC: experiência subjetiva da compulsão, caráter intrusivo das obsessões e
manutenção da crítica; Freud, em 1909, por sua vez, classificou o TOC entre os quadros
neuróticos, e associava seus sintomas à formação de mecanismos de defesa e fixação em fases
primitivas da evolução da personalidade.
Ao longo do tempo, diversas formas de tratamento do TOC foram testadas, mas a
grande maioria não obteve sucesso, ou obteve de forma parcial. Todavia, nas últimas décadas,
diversos fatores influenciaram o direcionamento do estudo do TOC para sua base biológica,
entre eles o acometimento precoce dos indivíduos, evidências de implicação genética da
doença, homogeneidade transcultural, má resposta dos sintomas aos procedimentos
psicoterápicos e boa resposta à terapêutica farmacológica e cognitivo-comportamental. Estas
duas terapias citadas são as mais utilizadas hoje em dia, conseguindo reduzir os sintomas na
maioria dos casos (GENTIL, 1997).
O TOC, considerado raro até pouco tempo, é bastante comum (sendo que o
aumento da prevalência se deu devido à evolução no conhecimento sobre o transtorno), e
afeta milhões de pessoas, de ambos os sexos, com uma prevalência em torno de 2,5% na
população ao longo da vida. Calcula-se que no Brasil existam entre 3 e 4 milhões de pessoas
com o TOC. Esses números colocariam o TOC como o quarto distúrbio psiquiátrico mais
1
Na obra DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Psiquiátrica
Americana) os transtornos mentais são concebidos como síndromes, padrões comportamentais ou psicológicos
clinicamente importantes que ocorrem num indivíduo e estão associados a sofrimento ou incapacitação, ou com
um risco significativamente aumentado de sofrimento, morte, dor, deficiência ou perda importante da liberdade.
(American Psychiatric Association (1994) Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4th edn,
American Psychiatric Association, Washington, DC).
2
Perturbação grave da personalidade caracterizada por alterações acentuadas dos processos de pensamento,
nomeadamente, idéias delirantes e discurso desorganizado, forte perturbação da afetividade, relação e
comunicação, comportamentos estranhos, bizarros e incapacidade de avaliação da realidade. (ibidem)
14
3
Polarização do humor e dos afetos no pólo da tristeza, com baixa auto-estima e sentimentos de desvalorização
pessoal. (Pestana e Páscoa, 1998)
4
Medo injustificado, sem razão objetiva ou exagerado, face um objeto ou situação. (idem)
15
diagnóstico e tratamento prestado aos portadores de transtornos mentais, raros são os estudos
que abordam este tema.
Dessa forma, e considerando as características peculiares da TCC, como a
brevidade do tratamento e o caráter educativo da relação profissional/paciente, é relevante
neste trabalho identificar: Como ocorre a intervenção da Terapia Cognitivo-
Comportamental em casos de Transtorno Obsessivo-Compulsivo e qual a sua
aplicabilidade na Atenção Primária à Saúde?
1.2 Justificativa
5
Fonte: “http://www.ibge.gov.br”
17
1.3 Objetivos
2 MARCO TEÓRICO
2. 1 Transtorno Obsessivo-Compulsivo
2. Grau de Interferência
As obsessões ou compulsões acarretam grande estresse, consomem tempo (mais de
uma hora por dia) ou interferem significativamente na rotina normal, na função
profissional ou nas atividades sociais e relacionamentos interpessoais.
1. Transtorno Obsessivo-Compulsivo
Obsessões são idéias, imagens ou impulsos que se impõem à consciência de forma
repetitiva, incontrolável e estereotipada. São aflitivas (porque violentas,
repugnantes, obscenas ou sem sentido) e o indivíduo, infrutiferamente, tenta resistir-
lhes. São reconhecidos pelos pacientes como pensamentos seus, embora
involuntários. Atos ou rituais compulsivos são condutas estereotipadas repetidas
constantemente; não são agradáveis ou úteis. O paciente tenta constantemente
21
2. Critérios diagnósticos
Presentes obsessões e ou compulsões, a maior parte dos dias, pelo menos por duas
semanas, provocando sofrimento ou interferindo com a atividade.
6
Perturbações graves da personalidade cujo sintoma mais característico é a dissociação (divisão, desintegração)
do funcionamento mental. (ibidem)
23
Assim, deve ser utilizado apenas para descrever a coexistência de transtornos ou doenças, e
não de sintomas. (PETRIBÚ, 2001).
Outros transtornos, por também apresentarem comportamentos repetitivos, são
assemelhados ao TOC, como a síndrome de Tourette7 e a tricotilomania8.
Del-Porto (2001) observa que Esquirol, em 1838, no primeiro caso de TOC
descrito na literatura psiquiátrica (com o nome de “monomanie raisonnante”), o de Mme. F.,
permite identificar quase todos os principais sintomas da doença, hoje tidos como universais:
obsessões de agressão (medo de furtar e de prejudicar os outros); obsessões de contaminação
(preocupação de não encostar as mãos ou as vestes em nada que possa “sujá-las”); escrúpulos
(preocupação excessiva em jamais se enganar nos cálculos para não prejudicar seus fregueses
e não reter nada que pertença aos outros); dúvidas patológicas (tem que perguntar à criada
repetidamente se de fato fez o que devia). As compulsões são também as mesmas encontradas
atualmente e em todas as culturas estudadas: compulsões de limpeza e lavagem (lava suas
mãos “a grande eau”, cria rituais para o ato de banhar-se, sacode as vestes para se limpar da
“sujeira”); rituais de verificação (checa repetidamente se as vestes estão limpas, se nada ficou
retido nas dobras); compulsões de contar (conta, em voz alta, o número de vezes em que
repete certos gestos, até que atinja o “suficiente”); compulsões de ordenação/simetria (“antes
de escrever, sacode o papel, alinha as penas de escrever, ordena a escrivaninha”). Nesse
primeiro caso da literatura, Esquirol já descreve duas características marcantes da doença –
embora nem sempre presentes em todos os casos –, a crítica e a resistência:
7
As características essenciais do Transtorno de Tourette são múltiplos tiques motores e um ou mais tiques vocais
(Critério A). Esses podem aparecer simultaneamente ou em diferentes períodos, durante a doença. Os tiques
ocorrem muitas vezes ao dia, de forma recorrente, ao longo de um período superior a 1 ano (Critério B). Durante
este período, jamais houve uma fase livre de tiques superior a 3 meses consecutivos. A perturbação causa
acentuado sofrimento ou prejuízo significativo no funcionamento social, ocupacional ou outras áreas importantes
da vida do indivíduo (Critério C). O início do transtorno ocorre antes dos 18 anos de idade (Critério D) (DSM
IV, op. cit.)
8
A característica essencial da Tricotilomania consiste em arrancar os próprios cabelos de maneira recorrente,
resultando em perda capilar perceptível (Critério A). Os locais de onde os cabelos são arrancados podem
compreender qualquer região do corpo (inclusive as regiões axilar, púbica e peri-retal), sendo os pontos mais
comuns o couro cabeludo, sobrancelhas e cílios. O ato de arrancar cabelos pode ocorrer em breves episódios ao
longo do dia, ou em períodos menos freqüentes, porém mais prolongados, que podem continuar por horas.
(idem)
24
portadores de TOC muitas vezes ficam parcial ou totalmente incapacitados para o trabalho,
dependendo do nível de comprometimento de sua saúde.
2.1.2 Tratamentos
resistência em realizá-los deve ser examinada nas sessões, de modo a detectar possíveis
fatores que estimulem a evitação.
verificação quando sua mente fosse invadida por uma dúvida (prevenção de ritual), ocorria
aumento súbito da ansiedade e do impulso de realizar o ritual, seguido da diminuição gradual
até o desaparecimento completo tanto pela aflição como da necessidade de executar os rituais
(CORDIOLI, 2006).
Cordioli (2006) sustenta que a TCC é uma terapia de curta duração focalizada nos
sintomas do TOC. Em geral, cada encontro tem uma seqüência de tópicos previamente
definidos, e as sessões apresentam ordem de abordagem dos assuntos. Para cada sessão existe
uma agenda, da qual sempre fazem parte a revisão do humor ou dos sintomas, a revisão das
tarefas da casa, a discussão das dificuldades encontradas e a combinação de novas tarefas para
serem feitas em casa até a próxima sessão. O autor afirma que uma sessão de TCC inicia
geralmente com uma revisão do humor e dos sintomas, sendo usual que o terapeuta comece a
sessão com perguntas do tipo: (a) como você está se sentindo hoje em relação ao bem-estar?
(b) como está seu humor e sua ansiedade hoje e como estiveram durante a semana? (c) que
nota você daria para cada um desses sintomas? (d) como estão seus sintomas do TOC
(lavagem das mãos, verificações, etc.,)? (e) aumentaram, diminuíram ou estão na mesma
intensidade da semana passada? (f) que nota você daria para a intensidade das suas obsessões
hoje? (g) quantas vezes você lavou as mãos no dia de hoje? (h) o número aumentou, diminuiu
ou é o mesmo da semana passada?
São também revisadas as tarefas de casa combinadas na sessão anterior. Essa é a
oportunidade de o paciente clarificar pontos obscuros ou dúvidas surgidas nas leituras,
comentar com o terapeuta as dificuldades encontradas na realização dos exercícios e, de certa
forma, preparar a lista de tarefas para a semana seguinte.
Rangé (2001) segue essa linha, afirmando que o cerne do tratamento
comportamental é a “exposição prolongada e a prevenção de respostas”. Se as compulsões são
respostas de esquiva, e se são esquivas efetivas, no sentido de conseguirem adiar ou eliminar
sistematicamente as conseqüências aversivas antecipadas, a única maneira de eliminá-las seria
por meio de um “teste da realidade”. É pela constatação real de que as conseqüências
catastróficas não ocorrem que um indivíduo deixa de emitir as respostas compulsivas ou de
esquiva que, para ele, foram efetivas em alcançar sua não-ocorrência no passado. Para testar a
realidade, ele deve ser exposto à situação que indica a futura ocorrência do perigo e, ao
mesmo tempo, “ficar impedindo” de emitir o comportamento que, para ele, eliminava a
possibilidade daquela ocorrência. A exposição pode ser feita de forma “imaginária”, seja
como uma aproximação gradual, seja como alternativa para situações em que a exposição ao
vivo é problemática, como quando as catástrofes temidas são realistas. Para isso, orienta-se o
37
paciente a manter na consciência a imagem ou a idéia temida de maneira vívida até que o
desconforto provocado diminua. Esse exercício deve ser realizado até que a idéia, pela
repetição, não traga mais ansiedade ou se torne banal.
De acordo com Salkovskis (apud CORDIOLI, 2006), a terapia de EPR é bastante
eficaz quando os pacientes realizam os exercícios. Entretanto, muitos não aderem ao
tratamento, fazendo com que o índice de abandono seja elevado. A eficácia é menor quando
os sintomas são obsessões puras, predominam compulsões mentais, ou há depressão ou
ansiedade elevada associadas. Se forem considerados esses fatores, a eficácia da EPR cai para
50%, aproximadamente.
Percebe-se, a partir do relatado acima, que a TCC teve um desenvolvimento
recente, e englobou características e técnicas desenvolvidas por diversos autores. É uma
terapia com muitos recursos, mas ao mesmo tempo relativamente simples de ser aplicada,
inclusive no âmbito da Atenção Básica, como será visto a seguir. A TCC busca identificar e
enfrentar os sintomas, e depende de uma relação de confiança entre o terapeuta e o paciente.
Prosseguindo, no próximo capítulo apresentaremos a Atenção Básica à Saúde e
suas peculiaridades, e como pode se dar a utilização da TCC para o tratamento do TOC nessa
área.
Antes de se falar sobre a Atenção Básica à Saúde, é necessário que se tenha uma
breve noção do que significa qualidade de vida.
De acordo com Minayo (2000), qualidade de vida é uma noção eminentemente
humana, que tem sido aproximada ao grau de satisfação encontrado na vida familiar, amorosa,
social e ambiental e à própria estética existencial. Pressupõe a capacidade de efetuar uma
síntese cultural de todos os elementos que determinada sociedade considera seu padrão de
conforto e bem-estar. Possui muitos significados, que refletem conhecimentos, experiências e
valores de indivíduos e coletividades que a ele se reportam em variadas épocas, espaços e
histórias diferentes, sendo uma construção social com a marca da relatividade cultural.
38
Villermé, ambas citadas por Rosen (1980), são exemplos de tal preocupação. Na verdade, a
idéia dessa relação atravessa toda a história da medicina social ocidental e também latino-
americana, como mostram os trabalhos de Mckeown (1982), Breilh et al. (1990), Nuñez
(1994) e Paim (1994). De fato, na maioria dos estudos, o termo de referência não é “qualidade
de vida”, mas “condições de vida”. Como mencionado em Witier (1997), “estilo de vida” e
“situação de vida” são termos que compõem parte do campo semântico em que o tema é
debatido.
Souza (2003) sustenta que desde os anos 60 a expressão “qualidade de vida” tem
sido referência de inúmeros discursos acadêmicos, políticos, ideológicos e outros, movidos
pelo interesse das Nações Unidas de mensurar os níveis de vida de diversas comunidades
mundiais. Ainda hoje esse conceito tem uma definição imprecisa, não existindo um consenso
teórico a seu respeito. Uma boa parte dessas investigações, inicialmente, associava a
qualidade de vida a um conceito quantitativo, relativo a recursos materiais disponíveis para
determinado indivíduo ou sociedade. Todavia, observa-se que as definições atuais tendem
para uma abordagem mais ampla e integradora.
A Organização Mundial da Saúde propõe uma natureza multifatorial da qualidade
de vida, referindo-se a esse conceito a partir de cinco dimensões: (1) saúde física, (2) saúde
psicológica, (3) nível de independência (em aspectos de mobilidade, atividades diárias,
dependência de medicamentos e cuidados médicos e capacidade laboral), (4) relações sociais
e (5) meio ambiente. Trata-se de visão global, que considera as várias dimensões do ser
humano na determinação dos níveis de qualidade de vida de cada indivíduo, fatores objetivos
e subjetivos da experiência humana (SOUZA, 2003).
Segundo a OMS (1974), qualidade de vida é a “percepção, por parte de indivíduos
ou grupos, da satisfação das suas necessidades e daquilo que não lhes é recusado nas ocasiões
propícias à sua realização e à sua felicidade”.
A complexidade em se quantificar os fatores subjetivos não pode, portanto,
excluí-los das considerações acerca da qualidade de vida. Mesmo que critérios materiais
específicos da experiência cotidiana sejam usados como indicadores, a dimensão subjetiva
deve ser observada a fim de que se tenha uma percepção integral desse conceito. Dessa forma,
Rueda (apud SOUZA, 2003) considera a qualidade de vida como uma condição complexa e
multifatorial sobre a qual é possível desenvolver algumas formas de medidas objetivas,
através de uma série de indicadores, porém a vivência que o sujeito - ou grupo social - pode
ter de si mesmo, tem um importante peso específico.
40
Assim, a qualidade de vida não pode ser tomada como um conceito geral, mas
entendida dentro da experiência cotidiana e pessoal de cada um dos envolvidos. Prover ótimas
condições de sobrevivência não garante a elevação dos níveis de qualidade de vida, visto que
o que determina é a forma e a capacidade do indivíduo em perceber e se apropriar dessas
condições. De nada adiantam os recursos se o beneficiário não pode se favorecer deles. Além
disso, viver com qualidade é uma condição que satisfaz as exigências e demandas que
determinada situação inflige aos indivíduos, dentro de um dado contexto particular. Qualquer
fenômeno social deve ser considerado no âmbito de seu contexto histórico e entendido dentro
da conjuntura política, econômica e cultural na qual se processa, inclusive a condição de
qualidade de vida (Sliwiany, apud SOUZA, 2003).
Intervenções que visam a elevação da qualidade de vida são palco para que
diversos atores sociais atuem na promoção do bem-estar humano e na organização de uma
sociedade cada vez melhor, considerando o caráter multidimensional desse conceito. Uma
proposta que se implica na elevação da qualidade de vida deve envolver-se de políticas
intersetoriais que incentivem e proporcionem condições de bem-estar e desenvolvimento
individual e coletivo. Nesse contexto, as ações dirigidas à saúde, em particular, adquirem
grande relevância.
A Atenção Básica à Saúde requer uma postura diferente do psicólogo, pois ela é o
primeiro contato do indivíduo com o sistema de saúde, e busca prevenir a necessidade de
atendimentos ambulatoriais e hospitalares. Em centros de saúde, é comum a ocorrência de
atividades com menor grau de complexidade, como intervenções (psicoterapia, triagem, etc.)
e prevenções (orientações sobre sexualidade e planejamento familiar, etc.).
De acordo com Teixeira & Mendonça (apud CAMARGO-BORGES, 2005), nas
décadas de 70 e 80, acontecimentos nos âmbitos social, político e econômico acarretaram
profundas transformações na sociedade brasileira. No campo da saúde, ocorreu uma grande
mobilização social que ficou conhecida como movimento sanitário. Esse movimento trouxe
propostas de novas concepções do pensar e fazer saúde - mais humana e universal - que só
poderia ser alcançada através de uma ampla reforma sanitária. Seu caráter ideológico inicial
converteu-se em outro mais pragmático, construiu alternativas concretas para reformulação do
sistema de saúde e contribuiu para o processo de democratização do país.
A VIII Conferência Nacional de Saúde, em 1986, foi o espaço da problematização
do conceito de saúde visto como ausência de doenças e questionou o foco nos aspectos
biológicos, num esforço de redefinição para uma concepção mais ampliada e dinâmica - a
45
saúde como produto social resultante da ação de diversos determinantes: acesso a lazer,
escola, saneamento básico, trabalho, serviços de saúde, entre outros. (CAMARGO-BORGES,
2005).
A partir das propostas da VIII Conferência, a saúde foi incluída na Constituição
Federal (1988) no capítulo da Seguridade Social, como um direito de todos e dever do Estado,
o que representou um avanço em relação à Constituição anterior. Em um segundo momento,
foi regulamentada em setembro de 1990 a reforma sanitária, com a proposição do Sistema
Único de Saúde (SUS), através da homologação da Lei Orgânica da Saúde, com os seguintes
princípios: universalidade no atendimento; eqüidade; integralidade nas ações em saúde;
regionalização e hierarquização das unidades prestadoras de serviços; fortalecimento dos
municípios; descentralização da gestão administrativa; resolutividade e participação popular.
De acordo com Camargo-Borges (2005), nesse contexto de mudanças oficializou-
se, em 1994, o Programa de Saúde da Família (PSF). Suas ações foram, inicialmente,
implantadas em regiões de escassa assistência à população, com os objetivos de atender às
minorias sem acesso a serviços de saúde e de responder a uma tendência mundial de redução
de custos, de desmedicalização da medicina e humanização dos serviços. Como esse
programa inicial foi considerado potente para a universalização do atendimento a saúde e para
implementar os preceitos da reforma sanitária brasileira, passou-se a incentivar sua
transformação em Estratégia (ESF) de um projeto único do sistema da saúde e responsável
pela Atenção Básica, visando o estabelecimento de vínculos e a criação de laços de
compromisso e de co-responsabilidade entre os profissionais da saúde e a população.
De um enfoque biomédico e disciplinar tradicional, a mudança na saúde trouxe
alguns ruídos sobre outras formas de atuação no sistema, principalmente na ESF, que tem seu
objeto de trabalho diferenciado pela atuação direta com a comunidade, em seu cotidiano. A
conduta profissional, nessa forma de trabalho, passa a ser mais coletiva. Enfoca a família e
suas relações e não mais somente o indivíduo com seus problemas e resgata as múltiplas
dimensões da saúde, o que exige o reformular da postura de intervenção do profissional,
assim como a incorporação de outros saberes para compor a produção do cuidado com a
saúde (CAMARGO-BORGES, 2005).
Nesse contexto, a Psicologia dispõe de ferramentas úteis para a inserção e
participação no modelo apresentado de Atenção Básica.
Até a década de 70, a participação da Psicologia no âmbito da saúde pública era
quase irrelevante. Enquanto profissão, a Psicologia tem uma história recente no Brasil. Com
base na regulamentação de 1962, através da Lei Federal 4.119, tradicionalmente foram
46
De início, deve ser registrado que não foram encontradas produções bibliográficas
específicas sobre o tema aqui proposto. Todavia, a partir da pesquisa efetuada sobre o TOC e
a TCC, entendemos que alguns tópicos sobre o tratamento do TOC na Atenção Básica podem
ser discutidos.
A Atenção Básica, contato imediato do indivíduo com o sistema de saúde, é o
mais acessível às pessoas mais carentes. Com ações preventivas ou remediativas de baixa
47
complexidade, tende a produzir bons resultados, seja abrangendo camadas da população que
anteriormente não tinham acesso ao atendimento hospitalar, seja amenizando o fluxo de
atividades nas atenções secundária (rede de ambulatórios) e terciária (rede de hospitais).
Mendes (1996) se refere à estratégia de saúde da família como parte das propostas
inovadoras com vistas à formulação de novas práticas de saúde. Segundo ele, essa estratégia
consiste num paradigma da produção social da saúde, por intermédio do desenvolvimento de
ações direcionadas às famílias e à comunidade, de forma contínua, personalizada e ativa. Esta
tática enfatiza a promoção e a prevenção, não se descuida do aspecto curativo reabilitador,
com alta resolubilidade, baixos custos diretos e indiretos, sejam econômicos e sociais,
privilegiando a intersetorialidade.
Dessa forma, busca-se obter uma Atenção Básica de boa qualidade, incorporando-
se práticas preventivas, educativas e curativas mais próximas da vida cotidiana da população
e, em especial de seus grupos mais necessitados.
O trabalho em equipe é algo enfatizado pelas políticas públicas de saúde,
principalmente no que se refere à saúde mental. Esse fato não deixa de ser um desafio para o
psicólogo, preparado para atuar como profissional liberal.
Outro fator importante relaciona-se com a formação do profissional de Psicologia,
voltada para o modelo clínico tradicional e para determinados setores da população (classes
média e média-alta). Tal realidade, felizmente, vem mudando nos últimos anos, com a
inserção de um número cada vez maior de psicólogos e estudantes de psicologia na Atenção
Básica.
Nesse contexto, o psicólogo, inserido na Atenção Básica, com um mínimo de
infra-estrutura, e atento à realidade sócio-econômica dos indivíduos, pode realizar várias
atividades de prevenção e intervenção, muitas vezes com resultados satisfatórios, ao contrário
do que muita vezes nos vem à mente sobre a Atenção Básica como um espaço restrito, sem
muitos recursos e materiais.
No âmbito de intervenções da Psicologia, deve ser ressaltado que nem todos os
transtornos psicológicos são tratáveis na Atenção Básica, da forma como está organizada
atualmente. Como exemplo, temos alguns transtornos de personalidade, como psicose e
esquizofrenia. Por outro lado, transtornos de ansiedade em geral, como o TOC, transtorno de
pânico, entre outros, desde que não estejam em estágios excessivamente avançados, são
passíveis de tratamento, como se verá a seguir.
A TCC oferece técnicas e recursos para o tratamento de diversos transtornos
psicológicos, os quais podem ter larga utilização no âmbito da Atenção Básica. Como já
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mencionado anteriormente, a TCC entre outras peculiaridades, caracteriza-se por ser uma
técnica de curta duração, com poucas sessões, e focalizada nos sintomas, visando resolver
problemas específicos. Isso permite ao terapeuta selecionar a terapia mais eficaz para o
tratamento de seu paciente. Mesmo com o TOC apresentando, eventualmente, tendência para
ser uma doença crônica, o paciente possui grande chance de eliminar todos os sintomas desse
transtorno, se o tratamento for bem observado. O contato entre o terapeuta e o paciente, por
sua vez, deve ser pautado pela empatia e bom relacionamento, sendo que o tratamento baseia-
se no relacionamento cooperativo e na participação ativa do paciente nele.
Na primeira consulta, deve ser feita uma entrevista detalhada com o paciente, para
que ele relate todos os problemas que o afligem, e para que o terapeuta possa fazer uma
avaliação.
Segundo Hawton (1997), os objetivos principais de uma avaliação são: a) chegar a
uma lista de problemas; b) alcançar uma formulação psicológica de cada problema, inclusive
dos fatores predisponentes, dos precipitantes e dos fatores mantenedores presentes; c) avaliar
a adequação do tratamento psicológico; d) proporcionar um meio de avaliar os progressos. O
mesmo autor prossegue afirmando que o tratamento, baseado nos dois princípios de exposição
e prevenção da resposta, é relativamente fácil de ser aplicado se a avaliação detalhada estiver
completa.
Podem ser aplicados questionários, para uma boa ilustração das situações. Além
disso, é importante a formulação de tarefas para o paciente (adaptadas às suas características),
colocando-o frente a frente com seu problema, seja durante o período de atendimento, seja
para que ele as realize em sua casa.
Dependendo do tipo de TOC, alguns testes comportamentais podem ser realizados
no próprio atendimento. Por exemplo, uma obsessão por contaminação por sujeira pode ser
comprovada ao se pedir que o paciente encoste a mão no chão. Outros distúrbios podem
exigir, eventualmente, uma visita à casa do paciente, ou mesmo uma entrevista com sua
família.
Cabe ao terapeuta conquistar a confiança do paciente, fazendo-o acreditar
sinceramente que o tratamento será eficaz. Com isso, o paciente terá mais ânimo para realizar
os exercícios de casa e do consultório, e será mais tolerante aos níveis de perturbação
decorrentes desses exercícios, tanto cognitivos como comportamentais.
Eventualmente, o terapeuta poderá deparar-se com pacientes resistentes ao
tratamento, pelas mais diversas razões. Nesses casos, deverá ter sensibilidade e paciência para
identificar o nível de resistência e a melhor técnica aplicável ao caso.
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3 METODOLOGIA
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Básica, e como a TCC trabalha em casos de TOC na Atenção Básica, trazendo assuntos como
qualidade de vida, promoção da saúde, Atenção Básica (um breve histórico) e a atuação do
psicólogo na Atenção Básica à Saúde.
Todos os capítulos foram descritos com base na literatura, e com isso procurou-se
sanar possíveis dúvidas de cada tema separadamente.
Os objetivos foram alcançados, sendo que o principal, apenas em parte. Deve ser
ressaltado, novamente, que a questão da aplicabilidade da TCC na Atenção Básica para o
tratamento do TOC não foi encontrada em nenhuma obra bibliográfica, em que pese a extensa
pesquisa.
Todavia, tal fato não inviabilizou o andamento do presente trabalho, eis que se
pôde concluir que, por todas as características da TCC, ela é perfeitamente aplicável no
tratamento do TOC na Atenção Básica, com a possibilidade de resultados bastante
satisfatórios, que dependerão, principalmente, dos sujeitos principais: terapeuta e paciente.
Sobre o tema trabalhado, percebe-se um grande desconhecimento das pessoas,
inclusive dos familiares, os quais pensam que o indivíduo que sofre de TOC se transformou,
com o tempo, em uma pessoa “chata” e cheia de “manias”.
O TOC, como foi dito na introdução deste trabalho, é considerado o quarto
distúrbio psiquiátrico mais freqüente, atrás apenas da depressão, dependência de drogas e
fobias específicas (MAJ & OKASHA, 2005).
A impossibilidade do indivíduo com TOC de ter uma vida normal se impõe como
um grande desafio ao profissional, que se lança na tentativa do resgate à vida saudável do
indivíduo. Todavia, quando o TOC está num estágio muito crítico, dificilmente o indivíduo
consegue melhorar só com ajuda clínica não medicamentosa.
É importante que outros profissionais da área reflitam e pesquisem mais a respeito
sobre o crescente número de pessoas com TOC, e como elas podem ser atendidas em
unidades básicas de saúde, de forma a possibilitar a atuação da TCC de maneira preventiva,
reduzindo o número de pessoas que têm ou tiveram suas vidas inviabilizadas pelo TOC.
Por fim, é importante ressaltar, novamente, a importância da conscientização e
participação dos profissionais de Psicologia na Atenção Básica, pois ela é o único meio de
acesso das classes menos favorecidas a um tratamento psicológico, cujo custo normal está
acima de suas possibilidades financeiras.
O presente trabalho tem aqui seu ponto de interrupção. Fica explicitado que um
ponto permanece em aberto, o que resulta na necessidade de mais pesquisas serem realizadas
sobre esse tema.
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Embora esta pesquisa não tenha podido responder de modo definitivo à questão a
que havia se proposto, ela se mantém relevante, pois demonstrou um percurso delineado a
partir do campo cognitivo-comportamental, como um caminho a ser trabalhado mesmo depois
deste ponto de interrupção.
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REFERÊNCIAS
BARLOW, D. (org.). Manual clínico dos transtornos psicológicos. 2. ed. Porto Alegre:
Artmed, 1999.
GIL, A. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991.