Anda di halaman 1dari 16

XEROY ~di. !

s~Q
rEDSR.-\L DO P.H•.\
-- ~ ...... ...--<,-"..,::
Reitor Carlos Edi!son de Almetda Martéschy or:f (');:-n

Vic~·reitor Horacio

f~,,~~

ed.ufpa ED[TORADA
PSICOLOGIA
UNIVERSlDADE FEDERAL PAÚ
,
Diretora Simone Neno
'--, ----\ E POLITICAS SOCIAIS:
CONSELi-IO EDITORJAL ~

Presidente
Vice-presideme
fosé Carlos Chaves da Cunha
Antonio Gomes Moreira Maués
temas em debate
Titulares Maria EmUla de Lima Tost~s

Maria das Graças da Silva PeClJ.

Maria Syhia Nunes

Samia Deml.::hki
Organizadores
Simone Neno
y'falkyría ;\lydia Grahl P-asso, Magno e Silva Isabel Fernandes Oliveira
Oswaldo Hajime Yamamoto
Suplentes André Luiz :\.marante Mesquita

Maria Ataide Malcher

Raf:!.el Charnbouleyron

Rommd (>.[ario Rodríguez Burbano

Assessora Edicorial Márcia Brito


Editora-assistente Ki'lra Matos
Coordertadora Administrativa
e Financeira Benedita Gai'lão Tavares
C.)Qrdenador de Livraria y\lilson da Rocha Nascunento

.'>t ed:ufpa
2014
Copyright·g) ~o l.j. by amores
Sumário

Dados [nternacionais de Catalogação-na-Publicação (C!P)

Biblioteca Central da UF?A Belém, P,>.

Psicologia e
Oliveira, Oswaldo '(amamoto (organizadores). Belém: e·i.ufpa,
:::.oq.

243 p.

ISBN 978-85-2.47-05:n-2

L. Psicologia. 2. Política pública. r. OHveira, Isabel Fernandes de lI.


Yamamoco, Osvaldo Hajime.

CDO • 23. ed. tjO

Psicologia e Políticas: entre Preterições,


De açordo com a política ~ditorial da ed.ufpa. este livro foi submetido à avaliação
de mJrito por esp~cialista da área e à apreciação do Conselho Editorial. Críticas e Resistências 09
D-:!pósito legal realizado na Biblioteca Nacional, em conformidade com a Lei j'VIarco Aurélio J\láximo Prado
n. 10.994. de 14 de deumbro de 2004.

Apresentação 17
Isabel Fernandes de Oliveira
Oswaldo Hajime Yamamoto
Dtreitos reservados
~d.ufpa - Editora da Universidade F~d<!ral do Pará
Definindo o Campo de Estudo:
Rua Corrêa. <) 1 21
Cidade Professor Jose da Silveira Netto
as Políticas Sociais Brasileiras
S~tOr Básico, Guamá
óóon-uo, Bdém-Pará-Brasil
Oswaldo HaJime Yamamoto
Sec,~taria: 35 91 32.01'7994 Isabel Fernandes de Oliveira
www.:.lfpa.beieditora
editora'Jilufpa. br
Psicólogos(as) no sus: a Convivência
Impresso no Brasil .....................·47

Necessária com as Políticas de Saúde


Jane 50ink
J,

Jacqueline Isaac Afachado Brigagão


fJ MISTO
i/anda Lúcia "Vitoriano do Nascimento


"'OptM IItO<lUZldO • iMrtIr
d.Iv........_ .......

FSC
FS~C005648 .~
r 2

~~

-
Psicólogos(as) no sUS: a Convivência
cessária com as Políticas de Saúde

Isaac Brigagão

do Nascimento

INTRODUÇÃO

Escrever sobre as interfaces entre e políticas da


área da saúde é uma tarefa complexa que ser abor­
dada com base em diferentes perspectívas. Trata-se de um
campo dinâmico, em contínuo processo de já
que está pautado pela interlocução constante com as ações
cotidianas desenvolvidas nas diversas arenas de atuação
k-
dentro do sistema de saúde, isto é, nas atividades de
nos conselhos de saúde, na na implememacao
e das nas pesquisas e nas práticas de
cuidado desenvolvidas nos serviços de em todos os
níveis de complexidade. Diante da multiplicidade de
bilidades para pensar este campo, faz-se necessário circuns­
crever essa assim, neste texto, temos por objetivo

\li
.,~

.~
di5Cti-tiía-fetaçWÍ:B.tf'ÍflsecaentTe- <t crtUâ~-ãO ~1pstc6to-gOS{â$7-no~e-onco ínfe-c~ci:Dsas.-DcDutro lado, novas formulações quanto i atenção à saúde foram
texto das políticas públicas de saúde e um conjunto articulado de princípios pro\'ocadas pelas demandas oriundas das classes trabalhadoras no que diz res·
que orientam as ações de saúde no Brasil. O texto está organizado do seguinte peito à seguridade social e à melhoria das condições de trabalho.
modo: iniciamos com um breve apanhado sobre o processo histórico de cons­ No Brasil, as questões de saúde pública também estiveram associadas à
trução do Sistema Único de Saúde (sus) e as principais características des­ organiza,~ão de serviços sanitários e de medidas n.em sempre bem aceitas pela
se sistema. A seguir, discutimos os princípios que pautam a atenção à saúde, população, como a '\/acinação compulsóna contra a varíola no início do sé·
pontuando a articulação entre estes e o trabalho interdisciplinar. A partir dessa culo xx (Fernandes, 1999). A .0iledicin.J. curativa, por sua vez; pdf8. além dos
discussão, apresentamos alguns dados sobre a inserção dos(as) psicólogos(as) ~erviços presta.dos pelas Santas Casas e por médicos privados, foi sendo vaga­
no campo da saúde e os desafios que precisam ser enfrentados no processo rosamente estruturada, priorizando-se as classes trabalhadoras mais organizJ.­
de formação desses profissionais, para que seja possível ampliar as interfaces das. Foi esse o modelo instituído pela Lei Eloy Chaves, de 1913, com foco na
entre as políticas públicas de saúde e a Psicologia. seguridade social e, marginalmente, no cuidado à saúde. Trata-se das famosas
"caL'Cas", instituídas para categorias profissionais.
Após a Segunda Guerra Nlundial, pelo exemplo de outros países, assim
À REORIENTAÇÃO DA ATENÇ •.\O A SAÚDE COM BASE NOS PRINCÍPIOS como por pressões de órgãos internacionais, como a Organização Pan-Ame­
E DIRETRIZES DO SUS ricana de Saúde e a Organização .!\lundial da Saúde (criadas, respectivamen­
te, em 1943 e 1948), foram feitos esforços de unificação desses serviços. Não
Desde 1990,com a aprovação da Lei n. 8.080 que instituiu o SUS, temos o privi­ cabe aqui discorrer sobre o histórico das diversas reorientações da estrutura de
légio de contar com um sistema de atenção à saúde de acesso universal. Porém] oferta de serviços de saúde e nem das heranças malditas desse passado - por
o acesso a esses serviços nem sempre foi fácil e a plena instalação do sus ainda exemplo, a concomitància de serviços privados e estatais; a compra de leitos
nào está assegurada, sobretudo no que diz respeito ao seu financiamento e hospitalares privados e a desconfiança pública a respeito da efetividade dos
gerenciamento. serviços estatais. Há uma bibliografia específica sobre o tema (por exemplo,
O tempo longo da atenção à saúde em nosso país, tal como aconteceu em Cohn, 100Ó). Porém, listamos na Tabela 1, alguns dos marcos dessa trajetóri.a
outros países, esteve profundamente imbricado com o tipo de serviços estru­ de unificação paulatina dos serviços de saúde que resultou na proposta do sus.
turados e oferecidos por instituições religiosas: as enfermarias de conventos
medievais e, mais tarde, as Santas Casas da modernidade clássica] modelos Tabela 1 - Cronologia da atencio à saúde no Brasil
hoje ainda tão presentes. A Revolução Industrial, no fim do século XVIII e em
D.U_-\. LEGISLAÇ.-\O
meados do século XIX, trouxe muitas transformações. De um lado, essas mu­
danças derivam dos avanços da :tY'1edicina, seja na vertente do tratamento das Lei Eloy Chaves: Cacos de Apcl 5entadoria e Pensões. Eram orglnizadas por
19 2 3 empresas, de natureza civil e privada, responsáveis ~eios beneficios pecuniá­
doenças - o que propiciou, entre outras inovações, a reestruturação da insti­ rios e serviços de saúde para os empregados de erupresas específicas
tuição hospitalar (Foucault, 1995) -] seja pelo enfrentamento necessário de
Institutos de Aposentadoria e Pensôes ([.-\ps): institutos de seguridade social
questões prementes de saúde pública, como saneamento e controle de doenças 1930
organizados por categorias profissionais
'!;

48 PSICOLOGIA E POLÍTICAS SOCIAIS ... PSICÓLOGOS(AS) NO SUS... 49

'__'_'_"_'__ ..
'-._._"'-'--~ --'---"-~'-'-'---------'~=-="""""~~~~"""'''''''''''''''''~-
"r:~.·

:J_'
~'l

D.UA LEGrSLAçAo u..,.'YlniJUJ.:> e Diretrizes que Norteiam sus


194:? '.~IH·:\ ''''' de Saúde Pública
São três os princípios que norteiam o sUS: umversalzetaLie,

1960 Lei da Previdência Social

A universalidade assegura o direito de acesso aos ofertados pelo


19 6 4 Fusão dos IAPS no Instituto Nacional de Previdência Social
sistema a todos os ;:m todos os níveis de complexidade: bá­
tn::.ímUll,:ao de um modelo de Sistema Nacional de Saúde que a du­ sica, ambulatorial e de alta complexidade fornecida por hospítais
alidade do setor, dando ao Ministério da Saúde caráter apenas normativo,
1975
com o poder de agir na área de interesse coletivo, e atribuindo ao Ministério
,-laUL.;I.UV-J. A é uma noção polissêmica e de dífíCÜl..um. c;uudl..dU,
da Previdência a resDonsabílidade DelO atendimento individualizado como verificaremos a mas tem por sustentáculo o pressuposto de que a

Sistema Nacional de Prevídencia Social e Assist~ncia Social tentativa deve contemplar as diferentes dimensões do processo saúde-doença e
1977
de racionalizacão da atenção à saúde) fornecimento de ações e serviços que possam garantir a promoção da saúde,
1978 Conferência Mundial de Saúde de Alma-Ata c a proteção, cura e reabilitação diante dos agravos à saúde. E a equidade visa

do Conselho Consultivo da ~dministração da Saúde Previdenciá­ a oferta de ações promotoras de saúde, de modo a considerar necessidades
1981 ria (Conasp), que eiaborou um novo plano de reorientação da Assistência específicas de cada segmento da população, ou seja, por esse princípio a
Médica
dade é reinterpretada tomando por base a "discriminação positiva". Em outras
1986 VIII Conferência Nacional de Saúde trata-se de balizar a oferta de serviços segundo o princípio de dar
1988 Aprovação da nova Constituicão Brasileira mais a quem mais necessita.

1990 Sistema de Saúde, Lei n. 8.080


São quatro as diretrizes descentralização, regionalização,
hierarquização e participação comunitária. A descentralização inverte a pirâ­
o sus resultou de um longo processo de mobilização por parte da po- mide tradicional de nossa Federação, que tende a priorizar o ápice do
puIação. Entende-se por UUlJUld.Ld.\J, neste contexto, a soma de esforços de lo: o nivel federal. A enfase passa a incidir na responsabilidade dos 111U.I.lll..l.b'
segmentos variados: médícos sanitaristas; ideólogos da Academia; gestores; na prestação direta dos Mas não bastaria municipalizar os serviços,
movimentos populares de saúde que, por meio de conferências tendo em vista as regionais quanto aos recursos assistenciais e as
estaduais e nacíonais definiram os princípios básicos do sistema nacíonal de necessidades de portanto o desenho organizacional é complementado
saúde almejado. peia dIretriz da regionalização dos serviços, visando à integração das ações e
Foi fundamental nesse processo a VIII Conferência Nacional de Saúde, das redes assistenciais e à hierarquização, a fim de estabelecer t1LL\:OS assisten­
realizada em 1986, que pautou a inclusão da saúde como direito no novo texto ciais entre níveis de aIe:ncao.
constitucional. Dessa maneira, constam na Constituição de 1988 os princípios llià.llUCULC, a diretriz é a participação comunitária comrole
básicos do sus, reiterados na Lei Orgânica da Saúde, de 1990, e operaciona­ social) considerando a atuação de psicólogos no sus, talvez seja o quesito
lizados por meio de Normas Complementares NOBS) e de elaboração de organizacional de maior relevància. Essa participação se concretiza por meio
politicas específicas que norteiam as ações desenvolvidas no sus. das conferências de saúde e dos conselhos de saúde ou seja, pela interven­
ção diretamente na gestão de sistemas e serviços de saúde. Mas pode ocorrer,

"

:;0 PSICOLOGL\ E POL!T!CAS SOCL-\lS ... n<;TrnT nr,n.<;( ~,,) /\in ~lr.".
f
~
:.,~

e LL:l.-DillJ..5-t::xt=n1pJ.íJS desse formato4e-DarticiDacáCT, além4sin&€lfi4.a&-Em4et~Tffi±Rados€Ofite:x;tos de


cuidados clínicos na modalidade de clínica Q.1.UI..IUa.U.Q., em cont:a. tal a integralidade requer de
ampliadas, que visam à da saúde e extrapolam dire­
lHl.. lLJlU'::' constitucionais que orientam o sus, privilegiamos a apenas para a eliminação de sintomas e queixas.
discussão da d.UUd.UC, por considerarmos que esse princípio está articula­ Situação 1
do às práticas psicólogos( as) nos diversos níveis de atenção. No cotidiano de um ambulatório C;:;jJCi..ld.UL.d.U.V, ,

muitas vezes solicitados a atender usuários apresentam dificuldades de


nr,-"",--,..íl-r\,~" médicas de dieta e de mE:al,cac:oe:s.

atenUt::-1V::>, sob a perspectiva buscará compreender


o Princípio da /nn~<;maLlC1ac.[e também outras demandas que os usuários levam para o serviço de saúde: suas histó­
vida, o contexto onde vivem, as atuais no trabalho, assuntos familiares
Ruben rv1attos ressalta que o termo tem sido usado em três e de outros grupos de que participam, as com a equipe de saúde, as razões
estão com dificuldades de adesão ao tratamento, os deitas da e
dimensões: a) como característica íntrinseca das T'"II'".jI'l·1f"·:l~ da dieta nos corpos. Ou seja, o(a) descola da quei..xa inicial e busca com­
da saúde; b) como dos processos de trabalho e dos serviços de saú­ _"",,,,nr1"'''' essa pessoa como um todo e será por essa compreensão que as de
cuidado serão realizadas. Assim, a dificuldade que trouxe o usuário à Psicologia é uma
de; e c) como um dos elementos fundamentais das de saúde. Funda­
relevante para o atendimento, mas não é a única. Busca-se entender essa ques­
mentando-nos na análise desse autor, vamos discutir cada uma das dimensões, tão dentro do contexto de vida, bem como identificar as outras demandas de cuidado
o modo como se nas práticas dos(as) psicólogos(as) no campo da que essas pessoas tenham no momento. A da integralidade
trabalhar com a leitura de que não há universais para lidar com a dificuldade
saúde e usar algumas para pensar como a se concretiza de adesão ao tratamento.
nas intervenções dos(as) psicólogos(as).
a) A integralidade como característica das i""+"'''''''rllú1nrL~ coma organizadora do modo 'undonamento das
da saúde. A sobre esteve muito oresente nos debates pes No segundo sentido por Ruben Nlattos (2001, p.
travados nos anos de da crítica constante dessa a emerge como um princípio de organização condnua do proces­
discussão era a atitude e reducionista dos médicos e o modo he­ so de trabalho nos serviços de saúde, que se caracterizaría pela busca, também
gemônico como os processos de saúde e doença eram isto é, um '-Vl.l_Ul.<..I.Cl., de ampliar as possibilidades de das necessidades de saúde
modo essencialmente sem incluir as dimensões e sociais de um grupo populacional". Nessa dimensão, envolve necessariamente o
das pessoas. Esse debate o campo da Níedicina e se ampliou para
entre e usuários.
as práticas em saúde em e colocou no cenário a necessidade de huma­ Essa tarefa nem sempre é fácil, porque, os Serviços tem
nização dos cuidados à questão que será retomada ao abordarmos o sido de modo vertical e, muitas vezes, não há abertura para ou­
conceito de humanização. assim, um dos sentidos de
tras demandas que surgem durante o de cuidar. Além disso, para
lidade que está diretamente associado à postura orofissíonal e à relacão dos os dif:::-entes serviços precisam
que a escuta possa se
profissionais com os usuários. Nessa a l.U.q./U\..<1 compreen­ estar ordenados em urna rede llUild.Ua. de na qual as demandas que
os usuários dos serviços de saúde como pessoas com corpos, sen­ não ser atendidas no contexto de um possam ser encamínha­

....

52 PSICOLOGL'\ E POLÍTICAS SOCIAIS... PSICÓLOGOS(AS) NO SUS... 53


das para outros. Contudo é preciso
rede para que todos os
que constante nessa
que cuidam desse usuário saibam o que
r

1~ c)A
de. Para o reconhecimento
como ttrn dos i'!i'rn!"l'lil

da diversidade da
das Doliticas de saú­
emen­
está acontecendo com ele. No contexto da básica, tem-se discutido a que há essenciais na necessidade de saúde de seus grupos} é
da chamada "responsabilização" dos(as) profissionais pelos casos. que os governos críem Ruben lvIattos afirma que
Isso dizer que estes devem assumir a responsabilidade pelo caso e
os acompanhar, mesmo quando há o encaminhamento para serviços de refe­
n~(')hl",rn~ de saúde, Oll
rências. Preceitua-se, assim, que tenha todas as informacões
um certo grupo }-'V}Jllid'_iV!ld.l 2001, p.
sobre os casos que o que será um de referência para
dentro do sistema de saúde
o da tamb~m procura que as
Vale ressaltar que os(as) psicólogos(as) também atuam como gestores e
de saúde tenham um foco ampliado e diretrizes que respondam
como profissionais de recursos humanos. Essa atuação também se pauta pelo
às demandas de diferentes grupos específicos no campo da saúde. Essas po­
princípio da integralídade e, de fato, a é um dos maiores entraves do
líticas atuam tanto na assistência à saúde medidas curativas) como na
sus. Porém, se pensarmos a gestão de maneira ampliada, todos(as) os(as) pro­
promoção da saúde com medidas que, além de serem preventivas, possibilitem
fissionais que compõem as equipes de saúde também podem propor novos
à população ativamente dos processos de melhoria da qualidade de
modos de organizar os serviços.
vida para todos. Os(as) profissionais da incluindo DsícóIO(lQs( po­
Situação 2 clem colaborar, de diversos modos, nesse processo de formulação de }iVUL1i..á:'
Uma pequena reestruturação ocorreu no contexto de uma maternidade que não
a permanência de acompanhante no alojamento que é coletivo, ou específicas: atuando nos canais oficiais de (conselhos de saúde e
é um espaço com vários leitos. Apesar de a legislação esse direito, conferências de saúde); identificando necessidades de saúde de grupos
a da maternidade afirmava que. quando o acompanhante era do sexo mascu­
ficas; participando do processo coletivo de de uma pauta polítlca
lino, tinva a privacidade das outras mulheres. Um dos membros da equipe
à Direção que dividisse o espaço com divisórias de um metro e meio. Essa foi uma para a busca de soluções para esses problemas; realizando pesquisas e pro­
e barata que permitiu a de um espaço privativo para que mães duzindo conhecimentos que possam subsidiar a criação de políticas públicas.
e pals pudessem cuidar do bebê nos primeiros dias de vida. As responsáveis pelo setor
Vale frisar ainda qUe o sus e muitas das de saúde que temos são
garantem que houve uma mudança significativa no clima do lugar: as mães e os bebes
tornaram-se mais calmos e felizes, o que, para a eqUipe, também foi satisfatório, pois resultado da ativa de profissionais da saúde, de militantes de mo­
houve diminuido de demandas a ela encaminhadas. vimentos sociais, de usuários e de seus familiares.

Em suma, podemos asseverar que a integralidade somente vai se realizar


plenamente se, no contexto da organização e administração dos serviços, for­ A E A INTERDISCIPLINARIDADE COMO PRESSUPOSTOS
mos capazes de compreender o conjunto das necessidades dos(as) ,,~,,~~;~, PARA AS DE SAÚDE
e fazer dessas a prioridade do serviço. Ou criar meios para que o cuidado
integral em saúde ocorra plenamente no cotidiano da atenção à saúde. o debate sobre a necessidade de humanizar as práticas de saúde não é
recente. Sueli Deslandes (2006) afirma3ue, desde a década de 1970, nos Esta­
"J

.- ri
)-r PS[COLOGIA E POLÍTtCAS SOCV.. IS ... PSICÓLOGOS( AS) NO SUS... )
f
11
11,
dos }á haV'ia um de Ofgttfil:ZaçaO-f.:l:e
pre de que modo as em saúde podem ser desumanizado­ entre humanos e não humanos que se estabelecem no processo dê
ras, uma vez que o Ob)etlvo principal delas é, ou deveria ser, o tratamento e a
cura dos sofrimentos humanos. O que ocorre é que muitas no campo da Embora a L.l.llHJ.lHLal;-av das de saúde possa ser considerada um
saúde estão orientadas nceD'::Ot~S do modelO biomédico e pela busca de do da foi formulada e em
ÇU.llllll<l.I.,-ClU dos sintomas e UV'-'H'-<:l':>. 2003, a Política Nacional de da e da Gestão na Saúde.
A biomédiCl como um desvio de variáveis Como anrmam Benevides e Eduardo Passos,
biológicas em à norma. Este modelo, fundamentado em uma me·
não se confundir com um pnnClptO e a llU1UCl.l11<"Cl.';C<V
canicista, considera os fenômenos complexos como constituídos por princípios sim-
de saúde deve estar efetivando, no concreto das
de causa-efeito, cartesiana entre mente e corpo, análise do
do SllS. Uma política se orienta por princíptOs,
a.l,~,-!c"U'C.lJ minimizando os aspectos sociais, e comport3men­
_•.~,.,.,",r'.cta também com modos de fazer, com processos efetivos de
& Franco, 1999, pp. ó50-5
de realidade (Benevides & Passos, 2005, p.

As práticas de saúde, principalmente as que priorizam o biológico e bus­


A Política Nacional de Humanização da Atenção e da Gestão na Saúde
cam adequar os corpos aos padrões de normalídade, podem ter efeitos desu­
tem caráter transversal, perpassa todas as políticas e programas de saúde,
manizadores. Um bom exemplo é a sensação de despersonalização vivenciada
a fim de efetivar os princípios do sus no cotidiano das de atenção e de
por pessoas que ficam internadas em instituições de saúde. Geralmente, elas
e contribuir para a transformação dos modelos tradicionais de gestão e
relatam muitas angústias e dificuldades em seguir o tratamento, por estarem
atenção à saúde, estimulando o diálogo entre gestores, trabalhadores e usuá­
distante das rotinas de seu cotidiano, não poderem escolher a própria comida
rios nos diversos contextos de produção de saúde.
e terem de seguir horários pré-estabelecidos para acordar e caminhar.
A despersonalização também ser decorrencia das rdações de poder pre­
sentes nas interações entre profissional de saúde e usuários, assim como da
Integralidade, e Complexidade
priorização do uso de tecnologias de exames diagnósticos em detrimento da
escuta das e demandas. A de reorganização da atenção à com base no da
À medida que a análise critica dos efeitos das práticas de saúde avança, integralIdade, da premissa de que a saúde é um fenômeno complexo que
muitos autores discutem as conceDcões filosóficas e teóricas da w ..l.WO-UJ.La.I.,--:!U demanda revisão nos modos de trabalho para promover ações que atendam às
e seus desdobramentos para o campo da o que nos !-,V':>':>J.Vl.U dizer necessidades dos usuários do sus.
que se trata de um conceito políssêmico. Nesse contexto, quando falamos em A organização em equipes pode ocorrer em diferentes modalidades: mul­
humanização em saúde, estamos nos referindo à centralidade do humano em tídisciplinaridade, pluridisciplinaridade, e
todas as de saúde, incluindo também as políticas públicas. EX:Diicand.o naridade. Por conse2:uinte, a composição das equipes de trabalho na atenção
melhor: as pessoas constituem o foco central das e o objetivo é realizar em serviços de média e alta complexidade e na vigilância em saúde,
um "cuidado" que envolve os usuários e suas famílias, as equipes de os é feita de forma a agrupar profissionais com diferentes saberes, tais como:

:!Ji

56 PSICOLOGIA E POLÍTICAS SOCIAIS ...


PSICÓLOGOS(AS) NO SUS... 57
r

~
assistente odontólo:;w, nutri­
Para e demais que compõem as
cionista. educador físico, de saúde e fisioterapeuta.
de a interdisciplinaridade requisita uma abertura para dialogar com ou·
Assim, no cotidiano orofissional. um;:) eGuioe multidisciolinar realiza ati­
troS campos do saber e atuar de forma a ampliar as possibilidades de interven­
vidades diretamente relacionadas à sua formacão disciplinar, sem interferir na
com recursos teóricos e metodOlO!llCOS que possam ser
um do outro, e realizar reuniões para discutir um caso que todos es- com a na construção de Nesse contexto, um '-"-'-U.l.I./JlV

lJ.l}'dlllldllUU, cada Llm o apresentará sob a teórica e téc­


éa !;!.dillzacao da aos usuários com a de de refe­
nica com que avalia e intervém, sem estabelecer condutas comuns. Como defi­ rêncía e de matricial.
ne Naomar Almeida Filho: um sistema que funciona através
de disciplinas em um único estando ausente uma cooperação sistemática
Em Lima Unidade Básica de Saúde, urna usuária de 71 anos de idade estava em
entre os diversos campos disciplinares" (Almeida Filho, 1997, p. 18). A equipe tratamento de hipertensão arterial e diabetes havia um ano e, recentemente, recebeu o
lU!"UpUIlar tem um modo de funcionamento semelhante à multidiscipli­ exarne anti-HIV com resultado positivo. Durante todo o acompanhamento de seu esta­
do clínico, costumava comparecer sozinha ao serviço de saúde, demonstrava interesse
nar, no entanto é possível perceber algum grau de colaboração entre os(as) nas consultas e tinha boa adesão ao tratamento das duas crônicas. A psicóloga
profissionais na execução das ações nos serviços. Nos dois paradigmas, predo­ da Unidade, profissional responsável por esta usuária, resolveu discutir o caso com a
equipe de referência e o apoiador matricial, pois gostaria de ouvir a opinião de todos
mina o modo de trabalho individual e, na maioria dos serviços, ainda prevale­
quanto à possibilidade de uma visita domiciliar com o consentimento da usuária
ce o tipo de equipe multidisciplinar. para inclusão de um membro familiarlcuidador no tratamento, visto que a usuária
Em alguns as equipes organizam suas ações de modo interdíscipli­ apresentava muitas dificuldades em lidar com a nova situação e falava em abandonar
todo o tratamento.
nar, ou de forma a realizar o trabalho integrado, com mais articulação entre
os diversos saberes, com trocas contínuas, mais horizontalidade e menos hierar­
Nessa situacão. apesar de a usuária estar sendo acomDanhac1a
quização entre os diferentes profissionais e disciplinas (Almeida Filho, 2007)·
que está para os enca..'11inhamentos e resolutividade ne­
Por exemplo, nas reuniões de equipe, a comunicação é mais t1uida, com compar­
cessárias acerca do caso, o plano de cuidado à saúde da usuária foi discutido
tilhamento dos referenciais teóricos e técnicos de cada disciplina para constru­
com a equipe de referencia e de apoio matri.cial. Na perspectiva do trabalho
de intervenções comuns. O modelo de equipe transdisciplinar é semelhante
em interdisciplinar, matriciar é compartilhar atuar em rede
ao interdisciplinar no que se refere à possibilidade de trabalho conjunto, mas
e intersetorialmente. Trata-se de um procedimento que é fundamentado na
com a diferença de permitir maior trânsito e circularidade entre as disciplinas,
concepção de clínica ampliada, que se considera que nenhum
pois não há fronteira entre elas (Saupe, Cutolo, vVendhausen & Benito, 2005)·
ta, de modo isolado, poderá assegurar uma abordagem integral" (Campos &
A à saúde, pensada a partir da noção ampliada de saúde, necessüa
Domittí, 2007, p. 400). Busca-se, assim, construir um "projeto ..... ,,~ . . "~~ ...... v
de equipes interdisciplinares. Desse modo, o trabalho interdisciplinar e o trans­
que viabilizará a integralidade.
disciplinar constituem considerável desafio para as equipes, pois requerem re­
ver o modelo oriundo da formação profissional tradicional e da organização e
gestão de que levam a ações mais verticalizadas, distanciando-se do
que é preconizado pelo princípio da integralidade.

sS PS1COLOGL~ E POLÍTICAS SOC[AIS ...


A PSICO~~-COMO PR-OFISSÃODA-MÚDE EITn997 ,
,'YY1PYLL~'y'W das de reconhecia como profissionais de saúde de
Desde 1948, a saúde vem sendo definida Organização Mundial da Saú­ superior treze categorias
de como "o estado do mais completo bem-estar mental e social e não ficava esse reconhecimento pela relevância da
apenas a ausência de enfermidade" ("\Norld Health Organization, 194Cl, p. da saúde c por considerar que assim se na de uma '-VH'-'-\.I'-"'V
Nessa certamente a teria contribuir, como saúde pautada na
mente reconhecido atualmente. Por exemvlo, em texto recente, endereçado às Nessa mesma direcão, a Câmara de Re8:ulação do Trabalho em Saúde
"senhoras e senhores da Saúde", como contribuição para o XXVII Con­ (CRTS), criada em 2003 no âmbito da Secretaria de Gestão do Trabalho e da
gresso Nacional de Secretarias lVíunicipais de Saúde, o Conselho Federal de em do Ministério da deu aval ao reconhecimento da
Psicologia (cPP) procurou assinalar o que psicólogos(as) podem desem­ de serviços do sus. Desse
penhar no campo da atenção à saúde e na consolidação das políticas públicas modo, a Câmara dos conselhos profissionais dessas
nesse setor. Capacitados para abordar questões treze profissões, acrescidas agora da Kad.lOlogla.
eles identificam como ideias, crenças, sentimentos e pensamentos são parte dos
processos de prevenção e tratamento que precisam ser trabalhados nas Políticas de
Saúde. Atuam também na humanização do atendimento e na qualificação da
A da Psicologia nos Serviços de à Saúde
entre as equipes, os usuários da saúde ou nas comunidades inseridas em cada territó­
rio
Vários fatores confluíram para que os serviços de saúde se tornassem
viáveis de trabalho para psicólogos(as). A própria reconfiguração do concei­
Porém, não foi sempre assim. Vários fatores concorreram para fortale­
to de saúde, incorporando determinantes sociais do adoecimento e aspectos
cer a ocupação de seu papel como profissionais da área da saúde. Houve, por
subjetivos relacionados à experiência de bem-estar. abriu espaço para a atu­
exemplo, pressões decorrentes do aumento no contingente de profissionais
de cunho psi. Embora a presença da Psicologia em hospitais já estivesse
formados em novos cursos, criados na expansão do ensino superior ocorrida
bastante consolidada quando o sus foi criado, a vriorizacão da Atencão Básica
nas décadas de 1980 e 1990. E novas oportunidades de inserção em de
e, a seguir, a definição da Estratégia de Saúde da Família como eLXO central da
saúde foram geradas em virtude da reorganização paulatina do sistema de saú­
à saúde parecem ter tido especial impacto na abertura ao olhar psi.
de que culminou na do sus, em 1990. Vale apontar o papel central dos
Com a finalidade de entender a especificidade da inserção da PSÍcolo­
à atenção primária nessa nova organização, com ênfase na promoção
no sus, por da Associação Brasileira de Ensino da Psicologia
da saúde e prevenção do adoecimento. Assim, para além das capacidades tra­
foi realizada, em 2006, uma pesquisa com dupla entrada. Em um pri­
dicionais de atuar como psicoterapeuta e no psicodiagnóstico, outras habili­
meiro momento, foi feita uma análise do Banco de Dados do Ministério da
dades vinculadas à noção de clínica ampliada, proposta por Gastão Campos
Saúde o Cadastro Nacional de Estabdecimentos de Saúde (CNES) -, com­
(1999), puderam ser postas em prática.
plementada pela realização de entrevistas com uma amostra estratificada por
das querelas corporativas mencionadas na roda de discussão
estado e por de estabelecimento de saúde em que estavam inseridos esses
Ato Médico, a Psicologia tem lugar reconhecido entre as profissões da saúde.
"-'"

60 PSICOLOGIA E POLÍTICAS SOCIAIS ... PSrCÓLOGOS(AS) ~o sus... 61


-
r

i, .
o Banco de dados do Cl'iES é a base de in­ na Tabela 2, qUe DS ues estabeleclmentos que congre­
formações para o de eSlaDeleClmentos e "~;,~~.,;,, a eles vinculados U~lI.UIU~U') nessa eram os Centros de Saúde/
e é também usado para orientar a remuneração dos procedimentos aos estabe­ Básicas de Saúde os Ambulatórios .... vI_"_'-_1'""1 ........

lecimentos e aos orofissionais. A despeito dos oroblemas encontrados quanto dos, com 12,37'10, e os Centros de Psicossocial com 11,3
as do essa análise UlJ,">.'I1I l i II uma visão de uma que atuavam em con­
da e de dos 144°7 L.!;JlI...UlUl:: trabalhadores na rede de mas também atendiam a clientela encaminhada sus.
Saúde vinculados ao sus na em que foi realizada a pesquisa. Os dados das entrevistas telefànicas realizadas com uma amostra de 342
A Tabela :2 apresenta o número e o percentual de estabelecimentos com pSlCiJlUlSu.) versaram sobre: local de trabalho, tipo de vinculo com o sus, ativi­
jJ~ll.-UlUOU;:', considerando, o tipo e nível de do dades desenvolvidas. forma principais demandas de atendimento,
saúde saúde mental, programas especiais e demais serviços. Ull.-ljJCl.l;:' fundamentos teóricos e metodológicos do tra­
realizado, reconhecimento do trabalho por outros profissionais e pela
Tabela 2 Percentual de estabelecimentos com U~lI.UIU\!U~
população atendida. Essas informações trouxeram subsídios valiosos para
por tipo de serviço

pensar a formação nos cursos de em Psicologia, pretendendo maior


N. DE ESTABE­ % DE efetividade na inserção no sus e, sobretudo, maior afinidade com os princípios
TIPO DE TIPO DE LECIMENTOS ESTABELECIMENTOS
e diretrizes desse Sistema.
SERVIÇO ESTABELECIMENTO COM COM PSICÓLOGOS
PSICÓLOGOS .. POR TIPO DE Esses dados vêm sendo complementados por pesquisas realizadas
Centro de Saúde! Centro de Referência Técnica em PSlcologia e Polítlcas Públicas do Conse­
36:.:.6 39,35
Unidade Básica de Saúdo;:: lho Federal de Psicologia (CrcOoo/cpp), as quais contam com participação
Saúde Geral Ambulatório Especializado 1140 1 :!,37
voluntária de DSlcólo!ws ( que acessam os questIOnanos online disponíveis
Geral 911 9,89
no site do Creooo. Embora essas pesquisas não sejam representativas da tota­
!idade de L.!.)1l.-U1U::::'U.)\ que atuam na área da fornecem
CAPS 10++ 11,33
Saúde .Mental relevantes para a compreensão das formas de inserção e atuação nesses ser-
0,90
Destacaremos, assim, três delas que foram realizadas de 2008 a 2010:
PSF 449 4,87
uma com 240 que atuavam na básica
88
Escolas/ Apae 512 5,56 lembrando que na de 2006 era esse nível de atenção que absorvia a

Procedimentos! Consultório 531 5,76 maior percentagem de profissionais psi; a segunda com 34ó profissionais de
Outros Procedimentos/Clínicas 30 7 3,33 voltados ao uso de álcool e drogas (CFP, e a terceira com 472
Regulação!Gestão 75 0,81 psicólogos(as) que atuavam em
Penitenciárias llÓ 1,26 A maioria desses profissionais, nas três pesquisas, atuava em organiza­
TOTAL 9215 100,00 ções públicas ou filantrópicas (e sem fins lucrativos) e, em grande medida.
"Fonte: Banco de Dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, 2006 (Spink. 2007). havia feito especialização ou outro tipo de formação pós-graduada, a fim de se

',""

n ..... "fr"Al' r"'\,,-r'\~"'" ,0::;,


IÍ'J P"Tc:()r.i')r.i~:: 1:>()f iTTr.\~ <:lIrr"r"
'-'
,~
,.;;.
..
:';­
instrumentalizar para áreas. Mas, sllrpreettt!:entemente poucos suas diretrLb@-&a-tormaçav-p-f+..+nssiBna::l:-em duasverter1:itS principais: a Íorma­
conheciam as principais políticas da área da saúde. Por exemDlo qUê atuam no sistêma, e os programas
a.U\.lá.HUV0 e A fim de viabilizar esse pro­
Cerca de psicólogos(as) que atuavam na básica co­
cesso, I) da Saúde, por meio da Secretaria de Gestão do Trabalho
nheciam a Lei n. 8.080 (que criou o a Lei da Reforma
,j;1 CUULdl,-él.V em estabeleceu a Política Nacional de Educado Perma­
rll1;~t-;,...,., lYfas apenas 15 % afirmaram conhecer plenamente a Política
nente em Saúde, que busca articular o sistema de saúde e t::'LllUl\..ue::, forma­
Nacional de Básica.
doras, bem como formular educativas que a[êndam às necessidades
psicólogos( as) que atuavam na área de álcool e outras drogas esta­
do nas diferentes do país da 2009)·
vam mais familiarizados com as políticas setoriais:
Sob essa pêrspectiva, diversos programas têm sido desenvolvidos na par­
mente a Política Nacional sobre Drogas; a Política de Atenção
ceria entre formadoras e de saúde municipais e estaduais.
a Usuários de Álcool e outras Drogas; e 34%, a Política Nacional de Saúde
Os programas que envolvem alunos de graduação são principalmente o Pró-
Mental. Porém, apenas 24% conheciam plenamente a Declaração Universal
e o PET-Saúde. O primeiro é o Programa Nacional de Reorientação
dos Direitos Humanos.
da Profissional, que tem por objetivo principal investir recursos na
Aproximadamente metade dos que atuavam em llV.:ll.lllCUa.l do
l{L!>:1UH\..a.,;-a.V dê profissionais para a atuação na Básica à Saúde. Na prá­
sus conhecia plenamente a Lei n. 8.080 (47%) e a Política "Humaniza sus"
tica, esse Programa configura-se como uma parceria entre as Instituições de
(45%). Nlas poucos conheciam o Plano Nacional de Saúde e o Pacto em
Ensino Superior e a Estratégia de Saúde da Família para realizar cursos de ca­
Defesa do sus.
DacitaC3.o e criar espaços de diálogo para trabalhadores, usuários e estudantes
de diversas áreas que atuam na saúdê. O segundo ~ o Programa de .l.Ju,u.'-';>''r''.V
Em suma, fica evidente que os(as) psícólogos(as) ainda não estão comple­
que, a partir do estímulo da integração enSInO - co­
tamente familiarizados com as políticas da saúde, constatação que nos leva a
busca formar grupos de aprendizagem a fim de possibilitar
ret1etir sobre a formação dos(as) profissionais que compõem as equipes do sus.
a quallncacao dos Vll.:l.:llVU<1L) e vivências nos serviços para estudantes das
graduações em saúde. O está com três focos distintos:

PET-Saúde/Saúde da PET-Saúde/Saúde Mental;

Os Desafios para a
em Saude. Esses programas contribuem para que se dêsenvolvam novas

A leitura ampliada de saúde teve múltiplas nos diferentes níveis cas de e para qUê os cursos de d.UUd,\..dlJ efetivamente possam formar

do sistema, o que favoreceu a abertura para que diferentes profissionais pudes" profissionais para atuar no sus.

sem atuar neste campo e para que se implementasse um modelo interdiscipli~ Outro Programa é o das Residências ~lultiprofissionais em Área Profis­
nar de atenção à saúde. sional dê Saúde, criado peta Lei n. 11.1:!9, de 30 dê junho de 2005, que se
Nesse contexto, é fundamental formar profissionais capazes de compreen­ destina a profissionais nas diversas profiss,jcs de saúde que querem
der a comolexidade do campo da saúde e de desenvolver de atuação aprofundar seus conhecimentos sobre o sus e aprimorar a atuação em sua área
em consonância com os princípios do sus. Assím, o DróDrio sus incluiu em nesse campo. Nesses programas profissionais, recém-formados re­

'.~

64 PSICOLOGIA E POLÍTICAS SOCIAIS ... PSICÓLOGOS(AS) NO SUS,.. 65


r
.
·.·~.·.:· ·
'"
!
cebem uma bolsa e têm a possibilidade de não só atuar DronsslOnalme mas Neste mOQelO, as de cuidado à saúde oreS$uoõem ea
também ref1etir teoricamente sobre as com os tutores. íTlalHL.Q."''''V como
Há muitos cursos de Psicologia que fizeram com o Pró-Saúde abrir-se para um diálogo interdisciplinar que uma leitura
e com o além de haver diversas residências multiprofrssionais que dos determinantes sociais da saúde, dos saberes e locais e dos diver­
oferecem vagas para psicólogos. Esses programas têm propiciado uma abertura soS outros com os quais nos defrontamos no trabalho em de ou
para reflexão sobre as demandas do sus e sobre as possibilidades de; nb"F""r,,~;;~~ etc.
dos profissionais da Psicologia nos de Saúde. [vIas é preciso empreen­ A IU21Ç,J.I...GlV no 5US possibilita um olhar i-I211I...V21"VLld.l

der outros esforços nos cursos de em Psicologia para, as relacionadas ao processo saúde e doença e coloca a Psicolo­
garantir uma formação articulada com os princípios do sus e as necessidades diante de desafios como, por exemplo, a necessidade de
de saúde da população. As Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de de práticas tradicionais de atuação pautadas por discursos psicologizantes e
Psicologia (aprovadas em 2004) são generalistas e, apesar de se referirem à for­ reducionistas, a ampliação do diálogo com outras disciplinas, entre outros.
mação para atuação no campo da não incluem as habilidades necessárias Para enfrentar esses desafios, muitos(as) psicólogos(as) têm buscado especia­
para agir no enquadre da saúde coletiva e do Sistema Único de Saúde lizações e pós-graduações. No entanto, parece-nos fundamental que os cursos
& Luzio, 2008). de graduação em Psicologia assumam o compromisso de formar profissionais
Diante desse cenário e da importância de princípios como a para atuar no sus, razão pela qual é necessário que invistam na reflexão sobre
dade e a humanização para a organização dos serviços e das ações de saúde, as políticas de saúde e nas parcerias com os serviços públicos de saúde. Ou
faz-se necessário mobilizar os agentes formadores para que esses princípios que atravessem as fronteiras de um modelo de formação centrado em
incluídos na formação em Psicologia e nas desenvolvidas por clínicas-escola e aceitem o desafio de incluir a realidade dos serviços de saúde
psicólogos(as) no cotidiano dos "",,,·,,,,-r.c !lO processo de em Psicologia.
Defendemos que os princípios do 5US, assim como suas diretrizes opera­
cionais, não se apliquem apenas aos públicos de saúde. Integralida­
"-HJJ~"."""'-'\.JJ..,"" FINAIS humanização, interdisciplinaridade, rnatriciamento, clínica ampllaaa, por
C.\,:::ll1IJIV, são modos de atuação que extrapolar a atenção à saúde
o SUS, modelo reconhecido internacionalmente, é resultado de um processo
de usuários do sus e, no caso da Psicologia, podem servir de parâ­
democrático de discussão das necessidades da brasileira, envol­
metros para repensar criticamente a a.LL.I.<l.\".<l.V nesse e em outros campos de
vendo diversos atores sociais. Os vrincíDios e as diretrizes buscam viabilizar a
profissionais.
atenção integral à saúde, possibilítar o acesso universal e garantir a C:y'UIUd.U<:

por meio da formulação de políticas setoriais nesse campo. Conquanto tenha


sido estabelecido em 1990, o Sistema está em permanente processo de cons­
formulando novas políticas e fomentando a participação comunitária
nos conselhos de saúde e de formação

. "..1

66 PSICOLOGIA E pOLÍTrcAs SOCIAIS ... PSICÓLOGOS(..l"S) NO SUS... 67


J

. ..

if
J.l.>J.-'Jc'--.n.';,""'..., DE LE:kTURA :'1 ctad-e-na Saúde COletiva. paraleitu­
ra por sua relevante contribuição no debate de temas como a
construção do campo da Psicologia da Saúde, práticas dos(as)
CAMPOS, G. VV, MINAYO, M. C. S., AKER,),IAN, M., DRUMOND JÚ­
psicólogo(as) e a formação profissional, a regulamentação das
NIOR, M. & CARVALHO, Y. M. Tratado de Saúde Coletiva. DrClhs:50e:s, o trabalho em multiprofissional e exemplos
São Paulo/Rio de Janeiro: HuciteclFiocruz. de pesquisas cientIficas produzidas
Esta coletànea conta com em vários temas re­ Social e a saúde.
lacionados à perspectiva da Saúde Coletiva. Está organizada
em quatro partes. A primeira, intitulada "Abrindo o
situa o ponto de vista dos organizadores da coletânea, abor­
dando questões históricas, relações com o ambiente e o de­
senvolvimento e a problemática da formação e em
n
saúde. A segunda parte, "Ciências Sociais e Saúde , voltada
à interdisciplinaridade própria da Saúde Coletiva, assinala
as contribuições de várias disciplinas que concorrem para
a formatação do campo da Saúde Coletiva. A terceira par­
te, "Epidemiologia e Saúde Coletíva~ problematiza questões
relacionadas ao risco e à vulnerabilidade, desigualdades so­
ciais e vigilância. Finalmente, a quarta parte, "Política,
e atenção em saúde", volta-se a questões de gestão e
zação dos serviços. Essa abrangência de temas e a presença
de autores especialistas de várías áreas fazem desse tratado
referência essencial para que estão se iniciando nesse
campo de e buscam fazê-lo na perspectiva interdisci­
da Saúde Coletiva.

rvln'.f!sTÉRlO DA SAÚDE. (2009). O sus de A a Z: garantindo a saúde


nos municípios (y ed.). Brasília: Ministério da Saúde. Recuperado em
19 de março de 2014, de http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoesl
sus_ az~arantindo_saude _municipios_3ed_P 1. pdf
Trata-se de uma publicação que foi elaborada para auxiliar os
gestores de saúde e, por apresentar de mouo simples os
país conceitos do sus, é muito útil a todos que tenham dúvidas
e/ou queiram entender melhor o funcionamento do Sistema.
Está organizada em tópicos, o que facilita as buscas.

SPINK, M. J. P. Psicologia social e saúde: práticas, saberes e


sentidos. Petrópolis: Vozes.
Este livro é uma de textos resultantes da inserção e
prática da autora, psicóloga e pesquisadora, na PskoloQ;ia So­

:'<t,

68 PSICOLOGIA E POLÍTICAS SOCL~IS ... PSICÓLOGOS(AS) NO sus... 69


~
f

DE FILMES

MOORE, M. Sicko. Estados Unidos da A.mérica: The ALMEIDA FILHO, N. ransdisciDiínaridade e saúde coletiva. Ciência e Saúde
Coletiva, 5-20.
vVeinstein Company.
AUvlEIDA FILHO, N. (2007)·
Este documentário tem como foco o sistema de saúde dos Es·
[égias ou velhos impasses do paradigma da complexidade
tados Unidos, mas também uma leitura sobre a saúde
M. D. Rocha (Orgs.), Psicologia: novas direções no diálogo com outros campos de
em outros países, como Canadá, e Cuba. O filme
saber 27-/2). São Paulo: Casa do Psicólogo.
possibilita ampliar a reflexão acerca das nas
cas de saúde e das questões do direito à saúde. BENEVIDES, R. & PASSOS, E. Humanização na saúde: um novo modismo? In­
389-394·
BRASIL. (19~15). Constituição da República Federativa do Brasil. Diário Oficial da
MINISTÉRIO DA SAÚDE, ORGANIZAÇAo PAN-AMERICANA. DA SA.ú·
União, anexo, 5 out. 1988.
DE, UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE, FUNDAÇÃO EUCLIDES
BRASIL. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a
DA CUNH-~, & TAPAJÓS, R. (Diretor). (2006). Políticas de Saúde no promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
Brasil: um século de luta pelo direito asaúde. Brasília: Tapíri Cine­ serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União, seção
matográfica. Recuperado em 19 de março de 2014, de http://W''t.I1v. I, 20 set. 1990.

youtube.com/watch ?v=cSwIL.JW8X8 BRASIL. Lei n. 11.129, de 30 de junho de 2005. Instituí o Programa Nacional de In­
clusão de Jovens - ProJovem; cria o Conselho Nacional da Juventude CNJ e a
Este documentário conta a história das políticas de saúde no
Secretaria Nadonal de Juventude; altera as Leis n. 10.683, de 28 de maio de 2003,
Brasil até a implementação do sus. O filme permite uma leitu­
e 10-4::!.9, de 24 de abril de 2002; e dá outras providências. Diário Oficial da União,
ra da saúde no pais, ao longo do século xx, e da importância
I,1 )U1. 200 5·
Q

da criação de um sistema de acesso universal.


CAMPOS, G. 'vv. S. (1999). Equipes de referência e apoio especializado matricial: uma pro­
posta de reorganização do trabalho em saúde. Ciência e Saúde ColetIva, 4, 393-·W4.
CAMPOS, G. W S. & DOMITTI, A. C. (2007). Apoio matricial e equipe de referência:
urna metodologia para do trabalho interdiscíDlinar em saúde. Cadernos de
Saú.de Pública, 23(2), 399-407.
C.-\PRARA, A. & FRANCO, A. L. S. (1999). A rdação paciente-médico: para uma huma·
nização da médica. Cadernos de Saúde Pública, 15(3),647-654.
O estudo das polítÍcas saúde: implicações e fatos. In G. 'vV S.
f'iL C. S. rv'1inayo, J\L Arkerman, M. Drumond Junior, Y. M. de CarvaL"lo
\...;dlllPU::',

(Orgs.), Tratado de saúde coletiva (pp. 231-258). São Paulo: Hucitec; PJo de
Fiocruz.
CONSELHO FEDER.A..L DE PSICOLOGU. (2008, novembro). Atuação dos psicólogos em ser­
viços de atenção básica asaúde: relatório de pesquisa. Recuperado em 12 de feverei­
ro de 2012, de http://crepop.pol.org.br/novo/wp-content/uploads/:2010111/abs.pdf
CONSELHO FEDER.<U DE PSICOLOGL'-\. (2009, julho). Atuação dos psicólogos em
sobre álcool e outras drogas: relatório descritivo preliminar de pesquisa. Re­
cuperado em 12 de fevereiro de 2012, de http://crepop.poLorg.br/novo/wp-con­
tent/uploads/ 2010/11/Rel_descri_AD. pdf

~ -::.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGL<. dOSPS;Cólogos"o-,_sen;fosl SPINK,M. Ap$-1.COlogza em dzálogo com o SUS:Dmtlca Oroi1ss1onat e
de Saúde relatório descritivo preliminar de pes.p produção acadêmica. São Paulo: Casa do Psicólogo.
quisa. Recuperado em 12 de fevereiro de 201:~ de http:~/crepop ..poLorg.br/novo/ :':J 'NORLD HEALTH ORGANIZATlON. Constitution of' ihe

;,vp-content/uploadsl2o lO/ll/Relatono_descntIvo _hospttalar. pdt ~.~.


zation. Recuperado em 19 de março de 2014, de
:d
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGL~. (2011). Senhoras e senhores gestores da Saúde, como~f bd47/ en/ constitution -en. pdf
a Psicologia pode contribuír para o avanço do sus. Brasílla: Centro de Referências Técni- II
cas em Psicologia e Políticas Públicas. Recuperado em 19 de março de 2014, de . ;
crepop.poLorg.br/novo/wp-content/uploads/2012/12/conasems-crepop_grafica_em­
-alta!. pdf
CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. (1997, 6 de março). Resolução n. 218. Reconhece
como profissionais de saúde de nível superior as seguintes categorias: Assistentes
Sociais, Biólogos, Profissionais de Educação Física, Enfermeiros, Farmacêuticos,
Fisioterapeutas, Fonoaudiólogos, Médicos, Médicos Veterinários, Nutricionistas,
Odontólogos, Psicólogos e Terapeutas Ocupacionais. Brasília: Ministério da Saú­
de. Recuperado em 19 de março de 2014, de http://conselho.saude.gov.brlresoluco­
esI1997/Reso218.doc
DESLANDES, S. (2006). Humanização: revisitando o conceito a partir das contribuições
da sociologia médica. In S. Deslandes (Org.), Humaniza.ção dos Cuidados em Saú~
de: conceitos, dilemas e pra.ticas (pp. 33-47). Rio de Janeiro: Fiocruz.
FERNANDES, T. M. (1999). Vacina antivariólica: ciência, técnica e poder dos homens. Rio
de Jarleiro: Fiocruz.
FOUCAULT, M. (1995). Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal.
MATTOS, R. A. (2001). Os sentidos da integralidade: algumas reflexões acerca de valo­
res que merecem ser defendidos. In R. Pinheiro & R. A. Mattos (Orgs.), Os sentidos
da integralidade na atenção e no cuidado à saúde (4' ed., pp. 39-64). Rio de
Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
lVIERHY, E. E. (2006). Integralidade: implicações em xeque. In R. Pinheiros & R. A.
Mattos (Orgs.), Gestão em redes: práticas de avaliação, formação e participa.ção n.a
saúde (pp. 97~101). Rio de Janeiro: Cepesc .
.MINISTÉRIO DA SAÚDE. (2009). Política nacional de educação pl!rmanente em saúde
(Série B: Textos Básicos de Saúde; Série Pactos pda Saúde 2006, v. 9). Recuperado
em 19 de março de 2014, de http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/poUtica_
nacional_educacao_permanente_saude.pdf
RIBEIRO, S. L. & LUZIO, C. A. (2008). As diretrizes curriculares e a formação do psicó­
logo para a saúde mentaL Psicologia em Revista, 14(2),203-220.
SAUPE, R., CUTOLO, L R., 'VVENDHAUSEN, Á. L P. & BENITO, G. A. v. (2005). Compe­
tências dos profissionais da saúde para o trabalho interdisciplinar. interface, 9(18),
521 -53 6.

..
.:

"H:''',,",,",'' I""'\,...y \ 'C r-.r"\'r ;..,...""... A e ('1""\ ror" 'f'CO .,.,.,C'Tr"'Af r<.t""'t"\<:'f \ ~\ Mt"\ t:::,.i'~ ""'2

Anda mungkin juga menyukai