Anda di halaman 1dari 3

MESTRADO EM DIREITOS HUMANOS – UNIRITTER

DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS


25/07/2017

CASO FERMÍN RAMÍREZ VS. GUATEMALA


Anna Carolina Meira Ramos

Introdução – o caso

Fermín Ramírez, cidadão guatemalteco, foi denunciado perante a justiça criminal de


seu país em 1997 por delito de estupro contra uma criança de 12 anos, qualificado pelo
resultado morte. Durante a sessão de julgamento, que ocorreu em 1998, foi agregada ao
processo nova perícia que demonstrava que o acusado teria primeiro assassinada a vítima por
estrangulamento, e depois realizado atos de necrofilia. Nos debates orais finais, o Ministério
Público mudou a imputação para delito de homicídio cometido com “ensañamiento” e
“impulso brutal”, e pediu a imposição de pena de morte. Não foi oportunizada ao réu nova
oportunidade para se manifestar ou produzir provas. A defesa requereu a absolvição, diante da
dúvida quanto à autoria delitiva. Ele foi condenado à pena de morte.
A defesa interpôs diversos recursos, até a Corte Suprema do país, mas foram todos
negados. Um dos recursos defensivos alegava que a pena de morte havia sido imposta ao réu
com base na sua periculosidade, sem que tivesse sido realizado qualquer exame psiquiátrico.
Por fim, a defesa interpôs recurso de “indulto” contra a pena de morte em maio de 2004, que
não a chegou a ser julgado até a data em que a CIDH julgou o caso. Fermín Ramírez
permanecia preso desde 1997.

Violações à CADH

O caso foi levado à Corte Interamericana pela Comissão, alegando-se violação aos
seguintes artigos da CADH:

Artigo 8. Garantias judiciais


1. Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um
prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial,
estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal
formulada contra ela, ou para que se determinem seus direitos ou obrigações de
natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.
2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência
enquanto não se comprove legalmente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa
tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas:
a. direito do acusado de ser assistido gratuitamente por tradutor ou intérprete, se
não compreender ou não falar o idioma do juízo ou tribunal;
b. comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da acusação formulada;
c. concessão ao acusado do tempo e dos meios adequados para a preparação de sua
defesa;
d. direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de ser assistido por um
defensor de sua escolha e de comunicar-se, livremente e em particular, com seu
defensor;
e. direito irrenunciável de ser assistido por um defensor proporcionado pelo Estado,
remunerado ou não, segundo a legislação interna, se o acusado não se defender ele
próprio nem nomear defensor dentro do prazo estabelecido pela lei;
f. direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes no tribunal e de obter o
comparecimento, como testemunhas ou peritos, de outras pessoas que possam
lançar luz sobre os fatos;
g. direito de não ser obrigado a depor contra si mesma, nem a declarar-se culpada; e
h. direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior.
Artigo 25.Proteção judicial
1. Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápido ou a qualquer outro
recurso efetivo, perante os juízes ou tribunais competentes, que a proteja contra atos
que violem seus direitos fundamentais reconhecidos pela constituição, pela lei ou
pela presente Convenção, mesmo quando tal violação seja cometida por pessoas que
estejam atuando no exercício de suas funções oficiais.

Sentença da CIDH

A CIDH reconheceu a violação aos artigos 8 e 25 da CADH, conforme alegado. A


sentença discorreu, em especial, acerca do desrespeito ao princípio da congruência, pois o fato
pelo qual foi acusado Fermín Ramírez foi modificado no decorrer do processo, não havendo
correlação entre acusação e sentença. Violados, em específico, os itens b e c do artigo 8.2.
Considerou a CIDH que o direito de acesso a recursos previsto no artigo 25 não foi
violado pelo Estado, pois mesmo que os recursos tenham sido malsucedidos, foram admitidos
e examinados de forma regular.
A Corte também decidiu que houve violação a outros artigos da CADH não levados
para análise pela Comissão, a saber, artigos 9, 4.6, 5.1 e 5.2.

O artigo 9 da CADH dispõe que:

Artigo 9. Princípio da legalidade e da retroatividade


Ninguém pode ser condenado por ações ou omissões que, no momento em que
forem cometidas, não sejam delituosas, de acordo com o direito aplicável. Tampouco
se pode impor pena mais grave que a aplicável no momento da perpetração do
delito. Se depois da perpetração do delito a lei dispuser a imposição de pena mais
leve, o delinquente será por isso beneficiado.

Nesse contexto, a violação ao princípio da legalidade teria ocorrido porque foi


determinada a aplicação da pena de morte com base no conceito de periculosidade do
agente. Ocorre que o princípio da legalidade exige que os conceitos penais sejam
certos e determinados, pelo que a periculosidade deve ser entendida como algo que se
possa estabelecer cientificamente, sob pena de resvalar em um Direito Penal do autor,
e não do fato:

En concepto de esta Corte, el problema que plantea la invocación de la peligrosidad


no sólo puede ser analizado a la luz de las garantías del debido proceso, dentro del
artículo 8 de la Convención. Esa invocación tiene mayor alcance y gravedad. En
efecto, constituye claramente una expresión del ejercicio del ius puniendi estatal
sobre la base de las características personales del agente y no del hecho cometido, es
decir, sustituye el Derecho Penal de acto o de hecho, propio del sistema penal de una
sociedad democrática, por el Derecho Penal de autor, que abre la puerta al
autoritarismo precisamente en una materia en la que se hallan en juego los bienes
jurídicos de mayor jerarquía.
La valoración de la peligrosidad del agente implica la apreciación del juzgador acerca
de las probabilidades de que el imputado cometa hechos delictuosos en el futuro, es
decir, agrega a la imputación por los hechos realizados, la previsión de hechos
futuros que probablemente ocurrirán. Con esta base se despliega la función penal del
Estado. En fin de cuentas, se sancionaría al individuo – con pena de muerte inclusive
– no con apoyo en lo que ha hecho, sino en lo que es. Sobra ponderar las
implicaciones, que son evidentes, de este retorno al pasado, absolutamente
inaceptable desde la perspectiva de los derechos humanos. El pronóstico será
efectuado, en el mejor de los casos, a partir del diagnóstico ofrecido por una pericia
psicológica o psiquiátrica del imputado.
En consecuencia, la introducción en el texto penal de la peligrosidad del agente como
criterio para la calificación típica de los hechos y la aplicación de ciertas sanciones, es
incompatible con el principio de legalidad criminal y, por ende, contrario a la
Convención.

Ao final, a CIDH fez diversas determinações ao Estado julgador, incluindo, a


submissão de Fermín Ramírez a novo julgamento que respeite o devido processo legal
e a proibição em geral de se aplicar o conceito de periculosidade do Código Penal:

Y DECIDE:
por unanimidad, que:
7. El Estado debe llevar a cabo, en un plazo razonable, un nuevo enjuiciamiento en
contra del señor Fermín Ramírez, que satisfaga las exigencias del debido proceso
legal, con plenas garantías de audiencia y defensa para el inculpado. En caso de que
se le impute la comisión del delito de asesinato, cuya tipificación estaba en vigor al
momento de los hechos que se le imputaron, deberáá aplicarse la legislación penal
vigente entonces con exclusión de la referencia a la peligrosidad, en los términos del
punto resolutivo siguiente.
8. El Estado debe abstenerse de aplicar la parte del artículo 132 del Código Penal de
Guatemala que se refiere a la peligrosidad del agente, y modificar dicha disposición
dentro de un plazo razonable, adecuándola a la Convención Americana, conforme a
lo estipulado en su artículo 2, de manera que se garantice el respeto al principio de
legalidad, consagrado en el artículo 9 del mismo instrumento internacional. Se debe
suprimir la referencia a la peligrosidad del agente contemplado en ese precepto.
9. El Estado debe abstenerse de ejecutar al señor Fermín Ramírez, cualquiera que sea
el resultado del juicio al que se refiere el Punto Resolutivo séptimo.
10. El Estado debe adoptar, en un plazo razonable, las medidas legislativas y
administrativas necesarias para establecer un procedimiento que garantice que toda
persona condenada a muerte tenga derecho a solicitar indulto o conmutación de la
pena, conforme a una regulación que establezca la autoridad facultada para
concederlo, los supuestos de procedencia y el trámite respectivo; en estos casos no
debe ejecutarse la sentencia mientras se encuentre pendiente la decisión sobre el
indulto o la conmutación solicitados.
11. El Estado debe proveer al señor Fermín Ramírez, previa manifestación de su
consentimiento para estos efectos, a partir de la notificación de la presente Sentencia
y por el tiempo que sea necesario, sin cargo alguno y por medio de los servicios
nacionales de salud, un tratamiento adecuado, incluida la provisión de
medicamentos.
12. El Estado debe adoptar, dentro de un plazo razonable, las medidas necesarias
para que las condiciones de las cárceles se adecuen a las normas internacionales de
derechos humanos.
13. El Estado debe efectuar el pago por concepto de reintegro de gastos dentro del
plazo de un año, contado a partir de la notificación del presente fallo, en los términos
de los párrafos 131 a 137 de esta Sentencia.

Repercussão do caso

O caso ficou conhecido em especial pela discussão sobre o uso do conceito de


periculosidade no Direito Penal. Eugenio Raúl Zaffaroni participou como amicus curiae do
julgamento. O Ministro da Corte Suprema argentina depois veio a fazer uso do precedente da
CIDH para declarar a inconstitucionalidade da reincidência no caso Taboada Ortiz, que tramitou
perante aquela corte.
No Brasil, o STF ignorou a argumentação adotada pela CIDH neste caso e declarou a
constitucionalidade da reincidência, no RE 453000, entendendo que esta permite a melhor
individualização da pena.

Anda mungkin juga menyukai