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Boletim 약

Manual de Procedimentos
Legislação Trabalhista e Previdenciária

쑲 Trabalhismo
Formas de concessão do aviso prévio Por outro lado, se o empregado pede demissão, a
finalidade é dar ao empregador a oportunidade de
contratar outro empregado para o cargo.
SUMÁRIO
1. Introdução
2. Finalidade
3. PRAZO
3. Prazo A parte que, sem justo motivo, quiser rescindir o
4. Formas
contrato de trabalho poderá fazê-lo, desde que dê
5. Pagamento das verbas rescisórias - Prazo
6. Redução da jornada - Dispensa sem justa causa ciência à outra parte de sua intenção com antecedên-
7. Integração ao tempo de serviço cia mínima de 30 dias. A contagem do prazo de 30 dias
8. Reconsideração inicia-se a partir do dia seguinte ao da comunicação.
9. Recusa do empregado
10. Falta de aviso
Observar que o referido prazo pode ser dilatado
11. Liberação do cumprimento
por força de documento coletivo de trabalho (acor-
do, convenção ou sentença normativa) da
1. INTRODUÇÃO respectiva categoria profissional, re-
gulamento interno da empresa ou
A Constituição Federal de O aviso prévio é a
o liberalidade do empregador.
1988, art. 7 , inciso XXI, prevê comunicação dada pela parte
que é direito dos trabalhado- que pretende romper o contrato de
res urbanos e rurais, além de trabalho, observada a antecedência 4. FORMAS
outros que visem a melhoria mínima fixada por lei, à outra parte, para
de sua condição social, o que esta última possa se precaver 4.1 Aviso prévio trabalhado
aviso prévio proporcional ao relativamente às conseqüências que Ocorre quando o empre-
tempo de serviço, o qual deve- a ruptura contratual irá causar gado trabalha normalmente du-
rá ser, no mínimo, de 30 dias nos rante o prazo do aviso prévio (seja
termos da lei. Até que referido dispo- o aviso prévio recebido do emprega-
sitivo seja regulamentado, o aviso prévio dor ou concedido pelo empregado).
(AP) é de 30 dias, salvo disposição mais benéfica
prevista em documento coletivo de trabalho da res- 쎱' Exemplo
pectiva categoria profissional.
Empregado recebe ou concede aviso prévio (comunicação) no
dia 02.05.2007 e trabalha até o dia 1o.06.2007 (data da baixa na
2. FINALIDADE Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS).

O aviso prévio é concedido nos contratos a pra-


zo indeterminado e a prazo determinado, desde que, 4.2 Aviso prévio indenizado
neste último, haja expressa cláusula assecuratória de
direito recíproco de rescisão antecipada e tal direito 4.2.1 Rescisão por iniciativa do empregador
seja exercido por qualquer das partes. (dispensa sem justa causa)
Nesse caso, o empregador dispensa o emprega-
Concedido pelo empregador, o aviso prévio pos- do sem justa causa e não concede o aviso prévio,
sibilita ao empregado a procura de novo emprego. indenizando-lhe, portanto, o valor correspondente.

IOB - Manual de Procedimentos - Jun/2007 - Fascículo 24 CT 1


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A Secretária de Relações do Trabalho do Mi-


쎱'
Exemplo nistério do Trabalho e Emprego (MTE), por meio da
Empregador dispensa sem justa causa o empregado no dia Instrução Normativa no 3/2002, a qual estabelece os
02.05.2007 sem conceder o aviso prévio: procedimentos para a assistência ao empregado na
- data da baixa na CTPS: 02.05.2007 (último dia trabalhado); rescisão contratual, no âmbito do MTE, equiparou o
- indenização: valor que o empregado receberia caso trabalhasse “aviso prévio cumprido em casa” ao aviso prévio in-
até o final do aviso prévio (1o.06.2007) mais o valor das médias denizado (art. 21).
da parte variável da remuneração, quando for o caso.

Vale ainda ressaltar que, por meio da Portaria


4.2.2 Rescisão por iniciativa do empregado (pedido SRT/MTE no 1/2006, que aprova Ementas Normativas
de demissão) da Secretaria de Relações do Trabalho, ficou estabe-
lecido na Ementa de no 20 que:
Hipótese em que o empregado pede demissão
e não quer cumprir o aviso prévio, o que lhe acarreta “Homologação. Aviso prévio cumprido em casa. Falta de
o desconto do valor correspondente nas verbas res- previsão legal. Efeitos
cisórias, ou seja, o empregado indeniza o emprega-
Inexiste a figura jurídica do ‘aviso prévio cumprido em
dor da falta de cumprimento do aviso prévio a que se casa’. O aviso prévio ou é trabalhado ou indenizado. A dispen-
obrigou. sa do empregado de trabalhar no período de aviso prévio im-
plica a necessidade de quitação das verbas rescisórias até o
décimo dia, contado da data da notificação da dispensa, nos
쎱'
Exemplos termos do § 6o, alínea ‘b’, do art. 477, da CLT.”
a) empregado pede demissão no dia 02.05.2007 e declara a
intenção de não cumprir o aviso prévio, autorizando expres- 5. PAGAMENTO DAS VERBAS RESCISÓRIAS -
samente (por escrito) a empresa a deduzi-lo das verbas res-
cisórias, posto que pretende desvincular-se imediatamente da PRAZO
empresa. Nesse caso, temos:
Nos termos do art. 477, § 6o, da CLT, as verbas
- data da baixa na CTPS: 02.05.2007 (último dia trabalhado);
rescisórias devem ser pagas:
- indenização: valor dos salários correspondente ao prazo res-
pectivo (03.05 a 1o.06.2007). a) até o 1o dia útil após o término do contrato,
b) empregado pede demissão no dia 02.05.2007 e não faz qual- no caso de aviso prévio trabalhado, por exem-
quer declaração expressa de sua intenção de não cumprir o plo;
aviso prévio, tampouco autoriza a dedução do valor corres-
pondente nas verbas rescisórias, mas falta injustificadamente b) até o 10o dia contado da data da notificação
os 30 dias do prazo do aviso.
da demissão, quando da ausência do aviso
Nesse caso, a data da baixa na CTPS é 1o.06.2007, a qual cor- prévio, indenização do mesmo ou dispensa
responde ao último dia do aviso em que o empregado deveria
trabalhar. de seu cumprimento.
Conseqüentemente, a empresa não paga aviso prévio não cum-
prido e as faltas injustificadas no curso do aviso poderão ser com- A Instrução Normativa SRT/MTE no 3/2002 dispõe
putadas pela empresa para fins de redução das férias proporcio- que, na hipótese de o dia do vencimento mencionado
nais e, conforme o caso, perda do avo proporcional de 13o salário
do mês em que não haja pelo menos 15 dias trabalhados. na alínea “b” recair em sábado, domingo ou feriado,
o prazo final será antecipado para o dia útil imediata-
mente anterior.
4.3 Aviso prévio “cumprido em casa”
5.1 Aviso prévio trabalhado
Quanto a essa modalidade de aviso prévio, não
há previsão legal, pois o aviso prévio ou é cumprido Na hipótese de rescisão contratual com aviso pré-
pelo empregado (trabalhando normalmente) ou é in- vio trabalhado, o prazo para o pagamento das verbas
denizado. Não obstante a falta de previsão legal, essa rescisórias e, se for o caso, a assistência do sindicato
forma de aviso prévio (cumprido em casa) tornou-se ou da autoridade competente é até o 1o dia útil ime-
prática comum. diatamente posterior à data do término do aviso.

A jurisprudência trabalhista, diante da realidade Havendo redução facultativa de 7 dias corridos


dessa forma de aviso, tem se manifestado, em sua do prazo do aviso (subitem 6.2 deste trabalho), o pra-
maioria, no sentido de considerar válida a adoção do zo para pagamento das verbas rescisórias é contado
aviso prévio “cumprido em casa”. a partir do 30o dia do aviso.

2 CT Manual de Procedimentos - Jun/2007 - Fascículo 24 - IOB


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5.2 Aviso prévio indenizado ou dispensa do seu Conforme já mencionado no subitem 4.3, a
cumprimento SRT/MTE, por meio da Instrução Normativa no 3/2002,
equiparou o aviso prévio cumprido em casa ao aviso
Nesses casos, o prazo para pagamento e assis- prévio indenizado e a Ementa no 20 da mesma Secre-
tência, se for o caso, é de 10 dias corridos contados taria esclareceu que essa espécie de aviso implica a
da data da notificação da demissão. necessidade de quitação das verbas rescisórias até o
10o dia contado da data da notificação da dispensa,
nos termos do § 6o, alínea “b”, do art. 477 da CLT.
5.3 Aviso prévio “cumprido em casa”
A discussão em torno da validade da concessão Diante do exposto e levando-se em consideração
do aviso prévio na modalidade “cumprido em casa” eventual discussão existente sobre o assunto, enten-
ganhou notoriedade jurisprudencial ao causar polê- demos que, em caso de dispensa sem justa causa
mica no que diz respeito ao prazo para quitação das por parte do empregador com a concessão de aviso
verbas rescisórias quando o empregador despede prévio ao trabalhador na modalidade “cumprido em
sem justa causa seu empregado e concede tal figura casa”, o prazo para quitação das verbas rescisórias
de aviso prévio. deverá ocorrer até o 10o dia contado da data da notifi-
cação da demissão, nos termos da alínea “b” do § 6o
do art. 477 da CLT.
Há quem interprete que o aviso prévio “cumprido
em casa” é o próprio aviso prévio trabalhado que o
empregador concede na dispensa sem justa causa, Não obstante nosso entendimento, levando-se em
o qual, em vez de acarretar a redução diária de 2 ho- consideração a discussão em torno da modalidade
ras ou de 7 dias corridos, permite que o dispensado do aviso prévio para cumprimento em casa, recomen-
tenha tempo integral para procura de novo emprego. damos, por medida preventiva, que o empregador
Os defensores dessa linha de entendimento afirmam consulte antecipadamente o Ministério do Trabalho e
que o trabalhador é beneficiado, pois não terá de Emprego e a entidade sindical da respectiva catego-
continuar trabalhando para o seu empregador duran- ria profissional sobre o assunto, lembrando-se de que
te o período do aviso e, por tal razão, somente após o a decisão final da controvérsia caberá ao Poder Judi-
transcurso dos 30 dias do aviso é que a empresa efe- ciário, caso seja proposta ação nesse sentido.
tuará o pagamento das verbas rescisórias no primeiro
dia útil imediato ao término do contrato. Essa situação, 5.4 Contagem do prazo
portanto, equivale ao prazo descrito na alínea “a” do §
6o do art. 477 da CLT, anteriormente mencionada. O prazo de 30 dias correspondente ao aviso pré-
vio conta-se a partir do dia seguinte ao da comuni-
cação, que será formalizada por escrito (art. 18 da
Todavia, a maioria dos doutrinadores defende o Instrução Normativa SRT/MTE no 3/2002 na redação
entendimento de que o aviso prévio “cumprido em da Instrução Normativa SRT/MTE no 4/2002).
casa”, embora não esteja expressamente previsto na
CLT, acarreta o pagamento das parcelas rescisórias
até o 10o dia contado da data da notificação da dis- 5.4.1 Pedido de demissão com cumprimento
pensa, ou seja, no prazo descrito na alínea “b” do § 6o parcial do aviso prévio - Prazo para quitação
do art. 477 da CLT. Os que defendem esse posicio- das verbas rescisórias
namento afirmam que essa modalidade corresponde Caso o empregado, no curso do aviso prévio tra-
ao aviso prévio indenizado ou mesmo ao aviso com balhado, comunique ao empregador que não cumpri-
dispensa de seu cumprimento. rá o restante do aviso, a empresa poderá efetuar o
desconto relativo a esse prazo restante, salvo quando
O Tribunal Superior do Trabalho (TST), por meio o empregado, apesar da comunicação, efetivamen-
da Orientação Jurisprudencial no 14 da Seção de Dis- te trabalhar durante todo o período. Nessa situação,
sídios Individuais (SDI), Subseção I, determina: será devido o pagamento dos dias trabalhados a títu-
lo de aviso prévio. Pode ocorrer, ainda, de a empresa,
“14. Aviso prévio cumprido em casa. Verbas rescisórias. a pedido do empregado, o dispensar do cumprimento
Prazo para pagamento. (art. 477, § 6o, ‘b’, da CLT) do citado aviso prévio.
Em caso de aviso prévio cumprido em casa, o prazo para
pagamento das verbas rescisórias é até o décimo dia da notifi- A aceitação, por parte da empresa, do pedido de
cação de despedida.” dispensa do cumprimento do aviso prévio efetuado

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pelo empregado não a obriga ao pagamento do res- galmente autorizado a faltar ao serviço, sem prejuízo
pectivo período, na medida em que, nesse caso, o do salário integral, por 7 dias corridos.
aviso prévio figura como dever do empregado e não
como direito. A redução da jornada de trabalho tem por fina-
lidade permitir que o empregado, durante o horário
O pagamento das verbas rescisórias, nesses ca- comercial, tenha tempo hábil para procurar nova co-
sos, deverá ser feito até o 10o dia contado a partir locação no mercado de trabalho sem sofrer qualquer
da data da dispensa do cumprimento, desde que não redução em seus vencimentos.
ocorra primeiro o termo final do aviso prévio.
O legislador, ao tratar da redução horária, não fez
6. REDUÇÃO DA JORNADA - DISPENSA SEM qualquer distinção aos empregados com jornada re-
JUSTA CAUSA duzida por força de lei ou disposição contratual, as-
segurando-se, em qualquer hipótese, o direito à redu-
6.1 Diária (2 horas) ção de 2 horas diárias ou 7 dias corridos.
A duração normal da jornada de trabalho do em-
pregado durante o aviso prévio, quando a rescisão 6.3 Momento da redução
tiver sido promovida pelo empregador, é reduzida em A critério das partes, as reduções temporais (su-
2 horas, diariamente, sem prejuízo do salário integral. bitens 6.1, 6.1.1 e 6.2) podem ser acordadas para
ocorrerem no início, no meio ou no fim da respectiva
O objetivo principal dessa redução é propiciar jornada diária de trabalho ou no período do aviso pré-
ao empregado tempo para que possa encontrar uma vio, conforme o caso.
nova colocação no mercado de trabalho.
Vale ressaltar que, embora possa haver polêmica
쎱' quanto a legalidade ou não da redução de 7 dias no
Exemplo
início, no meio ou no final, mediante opção do empre-
Empregado com jornada normal diária de 7h e 20min, durante gado, a maioria dos doutrinadores é omissa a respei-
o curso do aviso trabalhará apenas 5h e 20min, ou seja, há uma
redução diária de 2 horas. to, simplesmente determina que essa redução é uma
substituição da redução de 2 horas, sendo que esta
redução de 2 horas, de acordo com alguns doutri-
6.1.1 Jornada diária inferior a 8 horas ou 7h20min nadores que abordaram o assunto, somente poderia
Ao tratar da redução horária, o legislador não fez ocorrer no início ou no final, vez que a redução (de 2
distinção aos empregados com jornada reduzida por horas) durante a jornada (no meio) poderá acarretar
força de lei ou de cláusula de documento coletivo de 2 problemas:
trabalho ou, ainda, de disposição contratual, aplican- 1o) intervalo para repouso superior a 2 horas (CLT,
do-se, em qualquer hipótese, o disposto no art. 488, art. 71);
caput, da CLT, ou seja, a redução integral de 2 horas
diárias. 2o) oneraria o empregado que teria que voltar
para a empresa novamente.
Assim, ocorrendo a dispensa sem justa causa
mediante concessão de aviso prévio por parte do em- Há na doutrina uma posição minoritária que men-
pregador, o horário normal de trabalho do empregado ciona que a redução de 7 dias corridos deva ocorrer
durante o respectivo prazo será reduzido de 2 horas no final do prazo do aviso.
diárias.
Ante o exposto e considerando que o legislador
não determinou em qual momento da jornada diária
쎱'
Exemplo ou do curso do aviso prévio as reduções temporais
Empregado com jornada diária normal de 5 horas, durante o cur- deveriam ser concedidas, entendemos, s.m.j., que,
so do aviso trabalhará apenas 3 horas por dia. uma vez atendidas as determinações do menciona-
do art. 488 da CLT, com a concessão da redução da
jornada diária em 2 horas ou dos 7 dias corridos de
6.2 Redução facultativa (7 dias)
faltas (este último dependendo da opção do empre-
O empregado poderá optar por trabalhar sem a gado), estará cumprida a obrigação legal do empre-
redução das 2 horas diárias, caso em que ficará le- gador.

4 CT Manual de Procedimentos - Jun/2007 - Fascículo 24 - IOB


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Importa salientar que a concessão das reduções da de trabalho prevista no art. 488 da CLT, ele traba-
temporais no início, no meio ou no final da jornada ou lhará o equivalente a 8 horas diárias, compreendendo
do período, conforme o caso, não prejudica a finali- 6 horas normais de trabalho e 2 horas extraordinárias,
dade do instituto do aviso prévio, que é permitir que o anteriormente pactuadas com a empresa.
trabalhador dispensado procure nova colocação.
Por outro lado, grande parte dos doutrinadores e
Dessa forma, salvo previsão expressa em do-
da jurisprudência dos Tribunais Trabalhistas posicio-
cumento coletivo de trabalho da respectiva categoria
na-se no sentido de que a realização de horas extras
profissional que discipline o assunto, a opção pela
redução temporal no início, no meio ou no curso da durante o período de cumprimento do aviso prévio,
jornada ou do período do aviso, conforme o caso, po- ainda que haja um acordo de prorrogação de horas
derá ser formalizada (por escrito) entre as partes para precedente, descaracteriza a finalidade desse insti-
evitar questionamentos futuros. tuto, desvirtuando a intenção com a qual o legislador
instituiu a obrigatoriedade de redução da jornada de
Observe-se que, apesar do posicionamento ado- trabalho.
tado por nossa redação, tendo em vista a inexistência
de dispositivo legal expresso que discipline a questão O nosso entendimento acerca do tema coaduna-
e, ainda, a escassez de decisões judiciais acerca do se com a segunda corrente, visto que o aviso prévio
assunto, o empregador deverá acautelar-se diante da concedido pelo empregador tem 2 objetivos básicos:
ocorrência concreta da situação ora retratada, poden-
do, por medida preventiva, consultar o Ministério do a) comunicação de que o contrato de trabalho irá
Trabalho e Emprego, bem como o sindicato da res- terminar;
pectiva categoria profissional, e lembrar que caberá
à Justiça do Trabalho a decisão final da controvérsia, b) concessão de tempo para que o empregado
caso seja proposta ação nesse sentido. procure novo emprego.

6.4 Descumprimento pelo empregador


Assim, fica evidente que a execução de horas ex-
Os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, tras (as quais, em geral, só podem ser realizadas me-
impedir ou fraudar a aplicação de preceitos contidos diante acordo de prorrogação de horas previamente
na CLT são nulos de pleno direito (CLT, art. 9o). firmado com o empregador) durante o cumprimento
do aviso prévio pode comprometer sobremaneira
Assim, é ilegal substituir o período de redução do uma das principais funções do aviso prévio trabalha-
aviso prévio por horas extras, compensações ou mes- do, na medida em que retira do trabalhador a pos-
mo pelo pagamento do respectivo período em dinhei- sibilidade de, durante o horário comercial, ter tempo
ro (Súmula TST no 230). hábil para procurar uma nova colocação no mercado
de trabalho. Assim, frustrado o objetivo de possibilitar
Nesse aspecto, vale ressaltar que a possibilidade ao empregado pré-avisado a procura de novo empre-
de o empregado realizar horas extras durante o cum- go, fica, no nosso entender, descaracterizado o aviso
primento do aviso prévio constitui assunto polêmico, prévio concedido.
existindo correntes divergentes de entendimentos na
doutrina e jurisprudência trabalhistas.
6.5 Rescisão por iniciativa do empregado (pedido
A primeira linha de pensamento sustenta o po- de demissão)
sicionamento de que se o empregado, por força da
existência de um acordo de prorrogação de horas Conforme mencionado, a redução da jornada
regularmente mantido com a empresa, já estava obri- tem por finalidade proporcionar ao empregado tempo
gado a realizar horas extras, manterá a mesma obri- para procurar outro emprego. Logo, se o empregado
gação durante o cumprimento do aviso prévio. pede demissão do emprego, não há de se falar em re-
dução de jornada (situação típica no caso de dispen-
Assim, se a jornada de trabalho desse empregado sa do empregado sem justa causa) por se entender já
for, por exemplo, de 10 horas diárias, ou seja, 8 horas ter obtido nova colocação, ou seja, presume-se que
normais e 2 horas extras, no decorrer do cumprimento já tenha conseguido novo emprego, ou por qualquer
do aviso prévio, em decorrência da redução da jorna- outro motivo, pois é ato de vontade.

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7. INTEGRAÇÃO AO TEMPO DE SERVIÇO qualquer outro ato impedir ou dificultar essa demons-
tração de vontade.
O prazo do aviso prévio concedido pelo empre-
gador, ainda que não trabalhado (indenizado), integra
Levando-se em conta que os efeitos do contra-
o tempo de serviço do empregado para todos os efei-
to de trabalho terminam somente após o termo final
tos legais.
do aviso prévio, é lícita a reconsideração do ato pela
parte notificante, sendo facultado à parte notificada
Se o aviso prévio é concedido pelo emprega-
aceitá-la ou não.
do (pedido de demissão), também será computado
como tempo de serviço o respectivo período que for
trabalhado. A reconsideração pode ocorrer por:

a) manifestação expressa da parte notificante,


Somente não se computará a integração ao antes do término do prazo do aviso; e
tempo de serviço quando o empregado indenizar o
período do aviso prévio ao empregador (pedido de b) manifestação tácita, quando há continuidade
demissão com desconto do aviso prévio das verbas do trabalho além do prazo do aviso.
rescisórias).
쎱'
Exemplos
7.1 Assistência ao empregado na rescisão do a) empregador dispensa o empregado, porém, durante o pra-
contrato de trabalho zo do aviso prévio, encaminha ao empregado solicitação, por
escrito, para desconsiderar o pré-aviso. O empregado, a seu
Se a soma do efetivo tempo de serviço do em- critério, pode aceitar ou não o pedido de reconsideração do
pregado na empresa e do período projetado do aviso empregador.
prévio indenizado ultrapassar 12 meses, é necessário b) empregado pede demissão do emprego e, no curso do aviso
que a rescisão contratual seja assistida pelo respec- prévio que está cumprindo, pede, por escrito, ao empregador
a desconsideração do aviso. Nesse caso, competirá ao em-
tivo sindicato ou pela autoridade do Ministério do Tra- pregador aceitar ou não o pedido de reconsideração formula-
balho e Emprego e, na falta destes na localidade, por do pelo empregado.
outras pessoas especificadas na CLT, art. 477, § 1o c) empregador dispensa o empregado com o término do aviso
combinado com o § 3o. prévio previsto para 14.05. Entretanto, este continua a traba-
lhar após essa data. Nesse caso, se o empregador quiser fazer
valer a dispensa, terá de conceder novo aviso ao empregado.
As atuais normas relativas à assistência ao em-
d) empregado pede demissão do emprego, cujo término do aviso
pregado na rescisão do contrato de trabalho no âm- prévio que está cumprindo está previsto para 08.05. Contudo,
bito do MTE estão previstas na Instrução Normativa o empregado permanece trabalhando após aquela data nor-
SRT/MTE no 3/2002, a qual, inclusive, estabelece que malmente, como se não houvesse pedido demissão.
a assistência será prestada preferencialmente pela Em todas as situações mencionadas, desde que haja a reconsi-
entidade sindical, reservando-se ao MTE o atendi- deração expressa (com aceitação da parte notificada) ou tácita
(continuidade normal da prestação dos serviços após o prazo
mento aos trabalhadores nos casos em que: previsto para o término do aviso prévio), o contrato continua a vi-
gorar como se o aviso prévio não tivesse sido comunicado, tam-
a) a categoria não tiver representação sindical na pouco cumprido, restabelecendo-se, automaticamente, a plena
localidade; vigência do contrato laboral entre as partes.

b) houver recusa do sindicato na prestação da


assistência; 8.1 Compensações de horário de trabalho

c) houver cobrança indevida pelo sindicato para Convém ao empregador impedir a compensação
a prestação da assistência. de horas de trabalho relativas a dias que recaiam após
o término do aviso prévio trabalhado. Dessa maneira,
evita-se a alegação de que houve continuidade de
8. RECONSIDERAÇÃO trabalho e a conseqüente desconsideração do aviso.
O legislador inseriu no texto legal a possibilidade
de qualquer das partes propor a reconsideração do Assim, por exemplo, se o empregado tem acor-
aviso prévio concedido, respeitando o princípio da do de compensação de horas para não trabalhar aos
continuidade do vínculo empregatício, que tem como sábados, não deve compensar durante a semana as
fundamento a preservação da relação empregatícia, horas que recairão em data posterior ao término do
sendo sua manutenção protegida sempre que as par- aviso prévio trabalhado, pois sua inobservância acar-
tes assim o desejarem, não podendo a norma legal ou retará a presunção do prolongamento indevido do pe-

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ríodo de aviso a que o empregado estava legalmente trabalhar, sofrerá o desconto do valor relativo ao pre-
obrigado a cumprir. citado período.

9. RECUSA DO EMPREGADO A análise da bilateralidade do contrato, ou seja,


da reciprocidade das obrigações, leva-nos prelimi-
Conforme vimos, o aviso prévio é o instrumento narmente a entender que o mesmo dever que o em-
pelo qual uma parte dá ciência à outra de sua inten- pregador tem de indenizar o aviso prévio, quando
ção de rescindir o contrato de trabalho, em geral por
demite seu empregado sem cumprimento do prazo
prazo indeterminado, até então existente entre am-
respectivo, o empregado também tem quando que-
bas, sendo caracterizado como um direito potestati-
bra abruptamente o vínculo laboral, cabendo-lhe, da
vo, a que a outra parte não pode se opor.
mesma forma, indenizar o período com os haveres
(verbas rescisórias) adquiridos no curso da sua rela-
Considerando o acima exposto, o aviso prévio deve ção empregatícia.
sempre ser concedido de forma escrita, a fim de permi-
tir a aposição da assinatura da parte contrária, eviden-
ciando, assim, o respectivo ciente (art. 18 da IN/SRT Entretanto, a questão é polêmica, comportando
no 3/2002 na redação de IN/SRT/MTE no 4/2002). diferentes entendimentos jurisprudenciais e doutriná-
rios.
Ocorrendo a hipótese de o empregado não as-
sinar o aviso prévio, tendo em vista a inexistência A nosso ver, a norma jurídica (art. 487, § 2o, da
de dispositivo expresso disciplinando a questão, re- CLT) indica o que descontar, contudo não demonstra
comenda-se que a empresa solicite a assinatura de, do que descontar.
pelo menos, 2 testemunhas, com a finalidade de ates-
tar a veracidade da comunicação feita. Uma corrente abraça a tese do desconto sobre o
salário devido (saldo ou salário integral), não caben-
Colhida a assinatura das testemunhas, a empresa do ao empregador efetuar o citado desconto sobre
deve dar andamento às formalidades exigidas para outras verbas rescisórias, tais como férias, 13o salário
a rescisão contratual, marcando nos órgãos compe- etc., visto que esses são direitos já adquiridos, ainda
tentes (sindicato de classe ou DRT), se for o caso, que proporcionalmente, não sendo lícito que sirvam
a respectiva homologação, dando ciência formal ao de compensação pela falta de cumprimento de outra
empregado da data aprazada. obrigação pelo empregado (aviso prévio). Além do
que, esse entendimento observa o brocardo jurídico
10. FALTA DE AVISO in dubio pro misero, ou seja, na dúvida decida-se pela
parte mais fraca.
10.1 Pelo empregador
A falta da concessão do aviso prévio pelo empre- Outros entendem que, como o desconto do aviso
gador dá ao empregado o direito ao salário corres- prévio, no caso de pedido de demissão sem o devido
pondente ao prazo do aviso não concedido, garantida cumprimento, tem a natureza de penalidade ao em-
sempre a integração do período ao tempo de serviço pregado, ou seja, indenizatória, cabe a ele (emprega-
para todos os efeitos legais. do) pagar à empresa o valor correspondente ao prazo
do aviso, utilizando todo o seu saldo credor, que é
composto por todas as verbas a que fizer jus em vir-
10.2 Pelo empregado tude do rompimento do contrato (férias, 13o salário,
Havendo pedido de demissão, o empregado tem saldo de salário etc.).
a obrigação de cumprir o aviso prévio ou de indenizar
o empregador pelo não-cumprimento. O nosso entendimento é no sentido de que a em-
presa pode efetuar o desconto do valor correspon-
Quanto ao empregador, resta, em caso de não- dente ao aviso prévio não cumprido pelo emprega-
cumprimento do referido período, o direito de descon- do demissionário do saldo de salário e do 13o salário
tar os salários correspondentes ao prazo respectivo. (verbas de natureza salarial). Caso essas verbas não
sejam suficientes para a satisfação do crédito da em-
Caso o empregado queira garantir o salário re- presa, esta poderá efetuar a complementação, utili-
lativo à duração do aviso prévio, terá de trabalhar o zando as demais verbas rescisórias que estejam sen-
respectivo período. Por outro lado, caso opte por não do pagas ao trabalhador.

IOB - Manual de Procedimentos - Jun/2007 - Fascículo 24 CT 7


Manual de Procedimentos
Legislação Trabalhista e Previdenciária

Não obstante a posição por nós adotada, consi- 10.3 Recusa do empregador - Impedimento do
derando que não há predominância de entendimento cumprimento do aviso prévio concedido pelo
no âmbito doutrinário e jurisprudencial, o procedimen- empregado
to da empresa deve ser decidido após uma reflexão
Na hipótese de pedido de demissão, em que o
cuidadosa da questão, tendo por base as razões aqui
empregador impede o empregado de cumprir o aviso
expostas relativas a cada tendência da doutrina e da
prévio, a este é devido o aviso prévio indenizado pelo
jurisprudência.
empregador, integrando o tempo de serviço para to-
dos os efeitos legais.
Assim, recomendamos que a empresa, por medi-
da preventiva, verifique previamente a orientação do Observar que na hipótese em que o empregado
sindicato da categoria profissional respectiva, inclusi- é dispensado com aviso prévio trabalhado, e após
ve do Ministério do Trabalho e Emprego. Lembramos, 10 dias, por exemplo, de trabalho, o empregador não
ainda, que a decisão final sobre a questão caberá ao quer mais que o mesmo trabalhe, deverá, então, inde-
Poder Judiciário, caso a parte que se sinta prejudica- nizar o restante do aviso (20 dias), com a projeção do
da promova a competente ação. mesmo para todos os efeitos legais.

10.4 Hipóteses de não-cumprimento do aviso e conseqüências legais - Exemplos

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Exemplos
a) dispensa sem justa causa
Empregado dispensado sem justa causa, com aviso prévio trabalhado, comunica ao empregador que não vai cumprir o aviso prévio.
Nesse caso, a empresa aguarda o transcurso dos 30 dias do aviso prévio para, então, proceder à rescisão contratual.
O período não trabalhado é considerado como faltas injustificadas, as quais serão computadas para a apuração das férias e do 13o
salário devidos.
O mesmo procedimento é observado quando o empregado pede ao empregador a dispensa do cumprimento do aviso prévio e o
empregador não concorda com o pedido.
Lembre-se de que nessa situação não há o desconto do aviso prévio não cumprido das verbas rescisórias, posto que o aviso, nesse
caso, é direito do empregado. No termo de rescisão, o empregador lançará o aviso prévio trabalhado (saldo de salário) como crédito
e descontará as faltas injustificadas ocorridas no período.
Observar o disposto no subitem 11.3.
b) pedido de demissão
b.1) empregado concede aviso prévio e deixa de comparecer à empresa durante os 30 dias do aviso. Nesse caso, a empresa deverá
lançar os 30 dias como saldo de salário e descontar os 30 dias relativos às faltas injustificadas, não procedendo, portanto, este
desconto sobre as demais verbas rescisórias, ou seja, férias, se for o caso, e 13o salário. A rescisão é feita no 30o dia do aviso
prévio trabalhado. Assim, temos:
salário do empregado R$ 1.200,00
saldo de salário - aviso prévio de 30 dias (lançamento a crédito) + R$ 1.200,00
faltas injustificadas relativas ao aviso prévio - 30 dias (lançamento a débito) - R$ 1.200,00
total R$ 0,00
b.2) empregado concede aviso prévio e cumpre somente 10 dias, deixando de comparecer à empresa nos 20 dias restantes. Nesse
caso, tem direito apenas ao valor correspondente ao período trabalhado (10 dias). Os 20 dias restantes de faltas não justificadas
poderão ser abatidos do saldo de salário que o empregado teria direito a receber. A rescisão é feita no 30o dia do aviso prévio tra-
balhado. Assim, temos:
salário do empregado R$ 1.200,00
aviso prévio - 30 dias (lançamento a crédito) + R$ 1.200,00
faltas no aviso prévio 20 dias (lançamento a débito) - R$ 800,00
total (relativo aos 10 dias trabalhados) R$ 400,00
Nesse caso, a empresa efetuará o pagamento dos R$ 400,00 relativos ao saldo de salário que o empregado faz jus por ter trabalhado.

8 CT Manual de Procedimentos - Jun/2007 - Fascículo 24 - IOB


Manual de Procedimentos
Legislação Trabalhista e Previdenciária

b.3) empregado concede aviso prévio, porém cumpre somente 10 dias ou não cumpre os 30 dias e comunica à empresa que não
irá comparecer nos dias restantes ou que não irá cumprir o aviso de 30 dias, autorizando a empresa a descontar o período
respectivo das verbas rescisórias.

Nesse caso, a empresa procederá à rescisão contratual de imediato e descontará os dias restantes ou, conforme o caso, os 30 dias do
aviso prévio não só do saldo de salário que o empregado irá receber mas também do 13o salário a que fizer jus na rescisão. Observar o
disposto no subitem 10.2 quanto à divergência de entendimentos relativos aos descontos sobre todas as verbas rescisórias.

c) dispensa sem justa causa - aviso prévio trabalhado - redução da jornada - desconto de dias/horas não trabalhadas

Redução de 2 horas

Quando o empregado faltar o dia todo, a empresa poderá descontar a jornada de trabalho integral, por exemplo, 8 horas. No caso
de atraso, a empresa deverá remunerar as horas efetivamente trabalhadas, além das 2 horas de redução, portanto, não há previsão
de proporcionalidade dessas horas.

Faltando injustificadamente os 30 dias não deverá pagar as 2 horas nem as horas não trabalhadas.

Redução de 7 dias

Quando o empregado injustificadamente faltar um ou alguns dias ou atrasar, não há alteração nos 7 dias que continuam sendo
devidos.
Entretanto, caso o empregado falte os 23 dias em que deveria trabalhar, entende-se que a empresa poderá descontar os 7 dias de
redução. Observe-se que a empresa deverá consultar o documento coletivo de trabalho da categoria profissional respectiva, o qual
poderá dispor de forma diversa do aqui exposto.

Ressaltamos que a parte que se sentir prejudicada poderá provocar a manifestação do Poder Judiciário, a quem caberá a decisão
final sobre o assunto.

11. LIBERAÇÃO DO CUMPRIMENTO presa, esta deve decidir, no ato da notificação


do empregado, se o precitado período será
11.1 Rescisão por iniciativa do empregador trabalhado ou indenizado;
O empregado entra em acordo com o emprega-
dor pelo não-cumprimento do aviso prévio oriundo b) o empregado pede demissão, formalizan-
da despedida sem justa causa. Neste caso, o em- do a sua intenção por meio do aviso prévio,
pregador, obrigatoriamente, indeniza o respectivo devendo no ato da notificação comunicar se
período do aviso prévio ao empregado, salvo prova trabalhará durante o prazo fixado ou se inde-
inequívoca por parte deste último quanto à obtenção nizará a empresa em quantia equivalente ao
de novo emprego no curso do cumprimento normal período do aviso. Nesse caso o aviso prévio
do aviso prévio trabalhado (veja subitem 11.3 adian- não é um direito do trabalhador, mas, sim,
te). uma obrigação.

11.1.1 Liberação do cumprimento do aviso prévio


- Reajuste salarial coletivo e indenização Pode-se perceber da distinção apresentada acima,
adicional - Implicações - Comentários que a decisão de trabalhar ou não, em se tratando
de despedida por parte da empresa, é desta última.
A falta de aviso prévio por parte do empregado Entretanto, caso o aviso prévio tenha sido concedido
dá ao empregador o direito de descontar os salários com a determinação de que o prazo deve ser traba-
correspondentes ao prazo respectivo. lhado e o empregado declare a sua intenção de não
trabalhar, algumas situações podem ocorrer, como a
Na concessão do aviso prévio podem ocorrer seguir disposto:
duas situações:
a) a empresa demite um trabalhador conceden- a) o empregado não cumpre o aviso prévio e,
do-lhe um aviso prévio de, no mínimo, 30 dias, conseqüentemente, perde o direito à respecti-
que representa um direito desse empregado. va remuneração, havendo a contagem normal
Como a iniciativa da demissão partiu da em- do prazo;

IOB - Manual de Procedimentos - Jun/2007 - Fascículo 24 CT 9


Manual de Procedimentos
Legislação Trabalhista e Previdenciária

b) a empresa libera o empregado do cumprimen- fins de pagamento das verbas rescisórias, não sendo
to do restante do aviso e indeniza o referido assegurada a esses a indenização correspondente
período; ao salário mensal.
c) o empregado apresenta ao empregador um
comprovante idôneo de que conseguiu uma 11.2 Rescisão por iniciativa do empregado
nova colocação no mercado de trabalho. Nes-
sa situação a empresa o liberará do cumpri- O empregado pactua com o empregador o não-
mento do restante do aviso prévio, mas, nesse cumprimento do aviso prévio a que se obrigou em
caso específico, a empresa estará desobriga- virtude de seu pedido de demissão. Nessa hipótese,
da de indenizar a fração de prazo faltante. nada é devido ao empregado a título de aviso prévio
e tampouco lhe será descontado o período respectivo
Indenização adicional das verbas rescisórias. Por outro lado, caso o empre-
gador não concorde com a dispensa do aviso prévio,
O empregado dispensado sem justa causa no pe- o trabalhador se obriga a cumpri-lo integralmente,
ríodo de 30 dias que antecede a data-base terá direito sob pena de indenizá-lo ao empregador na forma do
ao pagamento de uma indenização adicional equiva- subitem 10.2 deste texto.
lente a um salário mensal, no valor deste à data da
comunicação do despedimento, conforme previsto no
11.3 Rescisão por iniciativa do empregador -
art. 9o da Lei no 7.238/1984.
Obtenção de novo emprego pelo empregado
Observe-se que, ocorrendo a rescisão contratual O empregado que é dispensado sem justa causa
no período de 30 dias que antecede a data-base, e durante o período de aviso prévio consegue nova
computado o tempo do aviso prévio, ainda que inde- colocação (emprego) deve apresentar ao seu antigo
nizado, o pagamento das verbas rescisórias com o empregador a declaração do atual empregador, na
salário já corrigido não afasta o direito à referida inde- qual este confirme o interesse na contratação. Nesse
nização adicional (Súmula TST no 314). caso, a baixa na CTPS é no último dia efetivamente
trabalhado e não é devida a indenização do período
Nos termos da Súmula no 182 do TST, o tempo de restante do aviso prévio ao empregado.
aviso prévio, mesmo que indenizado, é contado para
efeito da indenização adicional prevista no art. 9o da
Lei no 6.708/1979. Observar que esse procedimento (apresentação
de declaração de novo emprego) visa resguardar di-
Assim, ocorrendo a dispensa do empregado, sem reitos das partes, a fim de que a ausência do empre-
justa causa, cujo término do aviso prévio trabalhado gado nos dias que faltam para terminar o prazo do
ou indenizado (projetado no tempo) recaia no período aviso não seja considerada como faltas injustificadas
de 30 dias que antecede a data de sua correção sala- para fins da contagem de férias e 13o salário propor-
rial (data-base), ele terá direito à indenização adicio- cional.
nal equivalente a um salário mensal.
(Constituição Federal de 1988, art. 7o, inciso XXI; Consoli-
dação das Leis do Trabalho (CLT), arts. 477, 487 a 489; e Instru-
Por outro lado, caso o término do aviso prévio ção Normativa SRT/MTE no 3/2002, alterada pela de no 4/2002)
ocorra no próprio mês da correção salarial, os empre-
gados pré-avisados farão jus ao referido reajuste para ◙

10 CT Manual de Procedimentos - Jun/2007 - Fascículo 24 - IOB


Boletim 약

Informativo
Legislação Trabalhista e Previdenciária

IOB Atualiza
PREVIDÊNCIA SOCIAL a) que compete às Câmaras de Julgamento julgar
os recursos de ofício e voluntários interpostos
contra decisões de primeira instância adminis-
Interposição de recurso de ofício - trativa, nos processos de interesse dos contri-
buintes, inclusive a que indefere o pedido de
Disposições isenção de contribuições, bem como, com efeito
suspensivo, a decisão cancelatória da isenção já
concedida;
A Portaria no 158/2007, em vigor desde 13.04.2007,
do Ministro de Estado da Previdência Social, estabele- b) os processos com recurso de ofício terão priori-
ceu que deverá ser interposto recurso de ofício dirigido dade sobre os demais para inclusão em pauta
ao Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS), de julgamento.
das decisões e despachos-decisórios que:
(Portaria no 158, de 11.04.2007, do Ministro de Estado da
a) declararem indevida, em valor total (principal, Previdência Social - DOU 1 de 13.04.2007, íntegra na Edição no
multa e juros) superior a R$ 200.000,00, contri- 17/2007, pág. 8, Caderno de Textos Legais)
buição ou outra importância apurada pela fisca-
lização; 폷
b) relevarem ou atenuarem, em valor superior a R$
200.000,00, multa aplicada por infração a dispo-
sitivos da Lei no 8.212/1991; e

c) declararem nulidade de Notificação Fiscal de


Lançamento de Débito (NFLD) ou de Auto-de-
Infração (AI) com valor total originário (principal,
PREVIDÊNCIA SOCIAL
multa e juros) superior a R$ 500.000,00.
Tempo de anistia política reconhecido
Observa-se que os recursos de ofício somente de-
verão ser interpostos ao CRPS das decisões e despa- pelo Ministério da Justiça - Contagem
chos-decisórios proferidos em processos de NFLD e AI do tempo perante o Regime Geral
nos quais tenha sido instaurado o contencioso adminis-
trativo-fiscal. de Previdência Social - Parecer da
Consultoria Jurídica do Ministério da
Nos processos de NFLD e AI em que não tenha Previdência Social
sido instaurado o contencioso administrativo-fiscal, bem
como nas situações de lançamentos procedidos por
meio de Lançamento de Débito Confessado (LDC), Dé- O Ministro de Estado da Previdência Social apro-
bito Confessado em GFIP (DCG) e Lançamento de Dé- vou o Parecer no 63/2007, de sua Consultoria Jurídica,
bito Confessado em GFIP (LDCG), o recurso de ofício o qual, entre outros, dispõe que o reconhecimento da
deverá ser dirigido à autoridade hierarquicamente supe- condição de anistiado político tem o propósito de recom-
rior, desde que o valor total exonerado seja superior a R$ por a situação passada na sua integralidade; portanto, a
20.000,00. contagem do tempo relativo ao período de afastamento
das atividades por atos de exceção de natureza política
A Portaria no 158/2007, objeto deste trabalho, alterou reconhecida pelo Ministério da Justiça deve ser realiza-
os arts 15 e 41 da Portaria MPS no 88/2004, para esta- da junto ao regime previdenciário ao qual o trabalhador
belecer: anistiado estava vinculado à época.

IOB - Informativo - Jun/2007 - No 24 CT 1


Informativo
Legislação Trabalhista e Previdenciária

A ementa e a conclusão do referido Parecer têm o bate ao trabalho infantil e proteção ao trabalhador ado-
seguinte teor: lescente, conforme itens adiante.
“Ementa: Direito Previdenciário. Anistiado Político. Conta-
gem de tempo perante o Regime Geral de Previdência Social. 1. AÇÕES FISCAIS - ATENDIMENTO-PRIORIDADE
Parecer/MPS/CJ No 001/2007. Contagem recíproca. Isonomia
com os demais segurados. Averbação do tempo no regime pre- As ações fiscais planejadas e executadas pelas De-
videnciário da época do ato de exceção e necessidade de inde- legacias Regionais do Trabalho (DRT) e suas unidades,
nização.
em especial as de atendimento às denúncias recebidas,
...............................................................................................................
voltadas para o combate ao trabalho infantil e para a pro-
teção do trabalhador adolescente, deverão ter priorida-
Ante o exposto, conclui-se que: de absoluta em seu atendimento.

3. Para fins de contagem recíproca, nos termos do art. 96, inciso As Delegacias Regionais do Trabalho (DRT), por
IV, da Lei no 8.213, de 1991, não havendo a comprovação do recolhi- meio das chefias de fiscalização, deverão buscar a arti-
mento das contribuições previdenciárias correspondentes ao tempo
que se pretende contar, há a necessidade de indenizar o período res-
culação e a integração com todas as entidades da rede
pectivo. de proteção a crianças e adolescentes, no âmbito de
cada estado, visando à elaboração de diagnóstico e à
Por conseguinte, se até mesmo aqueles segurados que poderiam eleição de prioridades relativas ao combate ao trabalho
ter contribuído e não recolheram as contribuições devidas podem infantil e à proteção ao trabalhador adolescente, com in-
indenizar o respectivo período e utilizá-los para fins de contagem re- dicação dos setores de atividade econômica, nas quais
cíproca, com muito mais razão deve se permitir o mesmo direito ao serão executadas as ações em conjunto com outros ór-
trabalhador anistiado político, haja vista que se encontrava material-
mente impossibilitado de efetuar as contribuições respectivas.
gãos, além das ações rotineiras e peculiares à própria
fiscalização do trabalho.
Ante o exposto, tendo em vista o disposto no PARECER/MPS/CJ
no 001/2007, esta Consultoria Jurídica adota o seguinte entendimento: O plano de combate ao trabalho infantil e proteção
ao trabalhador adolescente de cada regional integrará o
a) o reconhecimento da condição de anistiado político tem o planejamento anual da fiscalização.
propósito de recompor a situação passada na sua integralidade; por-
tanto, a contagem do tempo relativo ao período de afastamento das
atividades por atos de exceção de natureza política reconhecida pelo O Auditor-Fiscal do Trabalho (AFT), ao proceder à
Ministério da Justiça deve ser realizada junto ao regime previdenciá- verificação física e constatar o trabalho de criança e o
rio ao qual o trabalhador anistiado estava vinculado à época; trabalho ilegal de adolescente, deverá preencher o for-
mulário constante do Anexo I da Instrução Normativa no
b) o período averbado pelo regime previdenciário ao qual estava 66/2006, objeto deste trabalho, com os dados que con-
vinculado à época do ato de exceção poderá ser utilizado para fins de
contagem recíproca, desde que devidamente indenizado pelo traba-
seguir apurar no curso da ação fiscal.
lhador anistiado político nos termos da legislação previdenciária.”
2. TERMO DE AFASTAMENTO
(Parecer no 63, de 19.03.2007, da Consultoria Jurídica
do Ministério da Previdência Social – DOU 1 de 20.03.2007, O afastamento de crianças e de adolescentes do tra-
notificado na Edição no 14/2007, pág. 8, Caderno de Textos balho ilegal será formalizado por notificação ao infrator,
Legais) através de “Termo de Afastamento” a ser entregue me-
폷 diante recibo, ou informação de sua recusa, conforme
modelo constante do Anexo II da Instrução Normativa no
66/2006, objeto deste trabalho, sem prejuízo da lavratura
dos autos de infração cabíveis e dos demais encaminha-
mentos previstos na referida Instrução Normativa.

Ao constatar o trabalho de criança e de adolescen-


TRABALHISMO te com idade inferior a 16 anos, exceto na condição de
aprendiz, o AFT deverá lavrar o auto de infração, preen-
cher formulário com os dados da criança e/ou do ado-
Combate ao trabalho infantil e proteção lescente, notificar o empregador para afastar imediata-
ao trabalhador adolescente - Inspeção mente a criança e/ou o adolescente do trabalho por meio
de “Termo de Afastamento”, e a pagar-lhe todos os direi-
do Trabalho - Disposições - Instrução tos decorrentes do tempo trabalhado, sem prejuízo dos
demais encaminhamentos previstos neste trabalho.
Normativa SIT no 54/2004 - Revogação
2.1 Relatório circunstanciado
A Instrução Normativa no 66/2006, em vigor desde
19.10.2006, da Secretária de Inspeção do Trabalho, dis- O AFT deverá elaborar relatório circunstanciado à
pôs sobre a atuação da Inspeção do Trabalho no com- sua Chefia de Fiscalização, com cópias dos autos de

2 CT Informativo - Jun/2007 - No 24 - IOB


Informativo
Legislação Trabalhista e Previdenciária

infração lavrados e dos formulários preenchidos, para lavrar os autos de infração cabíveis e elaborar relatório
remessa ao Ministério Público Estadual, ao Ministério Pú- circunstanciado à chefia imediata.
blico do Trabalho e ao Conselho Tutelar dos Direitos da
Criança e do Adolescente, para providências cabíveis,
conforme modelo constante no Anexo III da Instrução 5. ENTES DA REDE DE PROTEÇÃO AO COMBATE
Normativa no 66/2006, objeto deste trabalho. AO TRABALHO INFANTIL - DENÚNCIA,
ARTICULAÇÃO E INTEGRAÇÃO
3. PROGRAMA DE ERRADICAÇÃO DO TRABALHO A atuação da Inspeção do Trabalho no comba-
INFANTIL te ao trabalho infantil doméstico e ao trabalho infan-
til em regime de economia familiar se dará por meio
A competência administrativa da Inspeção do Traba- de orientação ao público, seja por meio de plantões
lho exaure-se com a adoção dos procedimentos legais e fiscais ou de ações de sensibilização, e do encami-
com o acionamento das entidades da rede de proteção, nhamento das denúncias aos órgãos competentes,
para que cumpram suas atribuições, principalmente a em vista das limitações legais para intervenção direta
de garantir o efetivo afastamento do trabalho e incluir a nessas situações.
criança e/ou o adolescente e sua família no Programa
de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), ou similar, em A atuação eventual da Inspeção do Trabalho no
programas sociais federal, estaduais ou municipais. combate à exploração sexual ou à utilização de criança
e de adolescente pelo narcotráfico se dará por meio de
Caso o município não seja atendido pelo PETI, ou articulação e integração com os demais entes da rede
por programa similar, ou não possua vaga (meta) dispo- de proteção, em ações específicas, quando couber.
nível para a inclusão da criança e/ou do adolescente, a
Chefia de Fiscalização deverá oficiar ao Órgão Gestor As denúncias recebidas no plantão fiscal ou por
Estadual e à Coordenação Nacional do PETI para as pro- qualquer outro meio de comunicação deverão ser enca-
vidências cabíveis, visto que as crianças e os adoles- minhadas, por meio de ofício da Chefia de Fiscalização,
centes encontrados em atividade laboral pela Inspeção ao Conselho Tutelar do Município, ao representante do
do Trabalho possuem prioridade de inclusão e reserva Ministério Público Estadual na Comarca e à Procuradoria
técnica de vagas. Regional do Ministério Público do Trabalho.

4. DESVIRTUAMENTO DO TRABALHO EDUCATIVO Nota


OU SIMILIAR Nos municípios que ainda não constituíram o Conselho Tutelar, os en-
caminhamentos deverão ser feitos à autoridade judiciária em matéria de In-
fância e Juventude.
Ao constatar desvirtuamento do Trabalho Educativo
ou similar, previsto no artigo 68 do Estatuto da Criança e
do Adolescente (ECA), em especial sua utilização como 6. RELATÓRIO DAS AÇÕES FISCAIS
terceirização ilegal de mão-de-obra de crianças e/ou de
adolescentes, o AFT deverá lavrar os autos de infração Visando dar transparência e publicidade aos resul-
cabíveis e elaborar relatório circunstanciado à chefia tados obtidos pela atuação da Inspeção do Trabalho no
imediata. combate ao trabalho infantil e proteção ao trabalhador
adolescente, serão publicadas no site do MTE, na Inter-
net, trimestralmente, súmulas dos relatórios das ações
Nota
fiscais, dos encaminhamentos e providências adotados,
O art. 68 do Estatuto da Criação e do Adolescente (ECA), aprovado para conhecimento público.
pela Lei no 8.069/1990, dispõe:

“Art. 68 - O programa social que tenha por base o trabalho educati- As Chefias de Fiscalização deverão enviar trimes-
vo, sob responsabilidade de entidade governamental ou não-governamental tralmente à Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT),
sem fins lucrativos, deverá assegurar ao adolescente que dele participe con-
dições de capacitação para o exercício de atividade regular remunerada. relatório contendo súmulas das ações, dos encaminha-
mentos feitos e dos resultados obtidos, conforme mode-
§ 1o Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em que as lo definido pela SIT.
exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pessoal e social do
educando prevalecem sobre o aspecto produtivo.

§ 2o A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho efetuado


7. REVOGAÇÃO
ou a participação na venda dos produtos de seu trabalho não desfigura o
caráter educativo.”
A Instrução Normativa no 66/2006, objeto deste tra-
balho, revogou expressamente a Instrução Normativa no
Ao promover ação fiscal em estabelecimentos que 54/2004, que dispunha sobre o mesmo assunto.
possuam estagiários adolescentes ou em estabelecimen- (Instrução Normativa no 66, de 13.10.2006, da Secretária
tos que possuam aprendizes contratados diretamente ou de Inspeção do Trabalho - DOU 1 de 19.10.2006, íntegra na
através de entidades sem fins lucrativos, o AFT deverá Edição no 44/2006, pág. 2, Caderno de Textos Legais)
observar os requisitos formais e materiais dos respectivos
institutos jurídicos e, constatando irregularidades, deverá 폷
IOB - Informativo - Jun/2007 - No 24 CT 3
Informativo
Legislação Trabalhista e Previdenciária

IOB Entende
TRABALHISMO entrada e saída no trabalho, não fazem jus a horas extra-
ordinárias, não se submetem a acordos de prorrogação,
compensação e banco de horas, não auferem adicional
Obrigatoriedade ou não da anotação de noturno e não observam intervalos durante e entre jorna-
das de trabalho.
jornada de empregados que exercem
cargos, entre outros, de supervisão, Todavia, o próprio legislador, visando instituir um
coordenação e gerência mecanismo de proteção ao trabalhador, estabeleceu
que não estão compreendidos na exceção constante
da letra “b” os empregados cujo salário do cargo de
Dúvida muito comum verificada no departamento de confiança, compreendendo a gratificação de função, se
pessoal das empresas diz respeito à possibilidade legal de houver, seja inferior ao valor do respectivo salário efetivo
dispensar supervisores, coordenadores e demais empre- acrescido de 40%.
gados que detêm cargo de chefia da marcação de ponto.
A dúvida acerca de ser ou não obrigatória a marca-
Para a solução da questão é necessária a análise da ção de jornada por partes dos empregados que exercem
legislação atinente ao assunto. cargo de chefia reside no fato de a Lei no 8.966/1994 não
ter conceituado expressamente a figura do gerente exer-
O § 2o do art. 74 da Consolidação das Leis do Traba- cente de cargo de gestão.
lho (CLT) determina que, para os estabelecimentos com
mais de 10 trabalhadores, será obrigatória a anotação
da hora de entrada e de saída, em registro manual, me- Dada a inexistência da definição legal, a concep-
cânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expe- ção de gerente e chefe de departamento ou filial vem
didas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, devendo provocando intensa discussão no âmbito do direito do
haver pré-assinalação do período de repouso. trabalho.

A pré-assinalação consiste na anotação prévia do ho- A maioria dos doutrinadores e juízes trabalhistas defen-
rário destinado a alimentação ou repouso, efetuada pelo de o entendimento de que o exercício do cargo de gestão
empregador no documento de marcação da jornada. ou cargo de confiança retratado no art. 62 da CLT, e que
dispensa o empregado da marcação da jornada, não é a
Dessa forma, constata-se que a marcação do ho- fidúcia normal sem a qual a relação empregatícia não pode
rário de trabalho constitui procedimento obrigatório em subsistir, posto que todo empregador deve confiar no seu
todos os estabelecimentos que possuem mais de 10 em- empregado e vice-versa, sob pena de tornar impossível a
pregados, não podendo a empresa, ainda que o queira, existência do próprio contrato de trabalho. Portanto, essa
dispensar seus empregados da adoção dessa prática. confiança é inerente a qualquer contrato e não se confun-
de com a fidúcia que deve existir entre o empregador e o
empregado exercente de cargo de confiança ou cargo de
Não obstante o anteriormente exposto, o art. 62
gestão, uma vez que esta última é especialíssima, sendo
da CLT, com as alterações introduzidas pela Lei no
retratada pelo poder de autonomia nas decisões impor-
8.966/1994, estabeleceu exceções a essa regra ao de-
tantes a serem tomadas, poder este em que o empregado
terminar que não são abrangidos pelo capítulo da “Dura-
substitui o empregador, independentemente da esfera de
ção do Trabalho” (arts. 57 a 75 da CLT):
sua atuação (administrativa ou técnica).
a) os empregados que exercem atividade externa
incompatível com a fixação de horário de traba- Ante o exposto e considerando que o termo “gestão”
lho, devendo tal condição ser anotada na ficha tem por significado a administração, a gerência, entende-
ou folha do livro de registro de empregados (par- mos que exercem cargo de gestão aqueles que podem ge-
te de “Observações”), bem como na Carteira de rir, ou seja, aqueles que comandam, administram, guiam,
Trabalho e Previdência Social (CTPS) (parte de interferem e participam das decisões relativas ao destino
“Anotações Gerais”); e da empresa. A gestão ou confiança mencionada no art. 62
b) os gerentes, assim considerados os exercentes da CLT exige o exercício do amplo poder de mando.
de cargos de gestão, aos quais se equiparam,
para efeito do disposto no mencionado artigo, os Dessa forma, tais trabalhadores não só devem ter em-
diretores e chefes de departamento ou filial. pregados sob seu comando, como precisam ter autonomia
para contratar, demitir, disciplinar, assalariar etc. Essa si-
Portanto, os trabalhadores mencionados nas letras tuação os distingue sobremaneira dos simples chefes de
“a” e “b” não se encontram obrigados a anotar a hora de departamento ou de filial, bem como dos gerentes, que,

4 CT Informativo - Jun/2007 - No 24 - IOB


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Legislação Trabalhista e Previdenciária

apesar da denominação, não gozam de tais poderes, sen- Reproduzimos a seguir algumas decisões judiciais
do, na maioria das vezes, subordinados a outros gerentes. sobre o assunto.

Assim, entendemos que se o empregado no exer- “Gerente - Enquadramento no artigo 62, II, da Consolidação
cício do cargo de confiança (gestão) substitui o próprio das Leis do Trabalho - Gerente de loja, com autonomia no exercício
de suas funções, investido em poderes de mando e gestão, sem
empregador, isto é, embora não sendo o dono da em- subordinação a superior hierárquico nem controle de jornada e que
presa ou do negócio, detém poderes de tal monta que o aufere salário em padrão muito superior ao dos demais emprega-
diferencia dos demais trabalhadores, pois age como se dos da empresa, está subsumido na norma do artigo 62, II, da CLT.
empregador fosse (contrata, disciplina, assalaria etc), e Decisão do Tribunal Regional nesse sentido não fere a norma legal
desde que aufira remuneração no mínimo superior em em foco, tampouco diverge da tese esposada em aresto que não
40% à remuneração do cargo efetivo, estará dispensado rebate o fundamento do acórdão revisando, atraindo a incidência
da Súmula no 296, I, do TST...” (TST - RR 603.508/1999.3 - 1a Turma
da marcação da jornada de trabalho por enquadrar-se na - Rel. Min. Lelio Bentes Corrêa - DJU 03.02.2006)
situação prevista no art. 62 da CLT.
“Horas extras - gerente bancário art. 62, II, da CLT não-aplicação
Caso contrário, ou seja, se mesmo tendo a denomi- - Quando o Regional consigna que o reclamante, no desempenho da
nação de gerente, chefe, supervisor etc. não goza dos po- função de gerente de produção, só podia assinar contratos de em-
deres mencionados, não estará abrangido pela situação préstimos ou cheques em conjunto com outro colega; que ele não ti-
nha poderes para liberar créditos, e, ainda, que existia empregado em
descrita no mencionado art. 62 da CLT, hipótese em que posição hierárquica superior, não há dúvida de que ele não exercia o
estará sujeito ao controle de horário, nos termos legais, cargo de gestão a que alude o art. 62, II, da CLT e, por essa razão, não
devendo por conseqüência efetuar a marcação do horário tem pertinência o seu enquadramento nesse dispositivo. Recurso de
de entrada e saída. revista não conhecido.” (TST - RR 100193/2003-900-04-00.7 - 4a Turma
- Rel. Juiz Conv. José Antonio Pancotti - DJU 11.11.2005)
À mesma sujeição (marcação da jornada) estará
“Horas extras - Cargo de confiança - Gerente responsável pela
também aquele empregado que apesar de deter poder
decoração das lojas tem trabalho limitado à sua área específica.
de mando aufere remuneração inferior à remuneração do Poderes incapazes de colocar em risco um empreendimento, mor-
cargo efetivo acrescida de 40%. mente em se tratando de rede internacional de hipermercados com
inúmeras sedes espalhadas em todas as principais cidades do
Para maior compreensão do tema, seguem exem- país. Inaplicável a exceção do artigo 62, II, da CLT.” (TRT 2a Região
plos de empregado ocupante de cargo de chefia. - RO 01825-2005-007-02-00 - (20060386759) - 6a Turma - Rel. p/o
Ac. Juiz Rafael E. Pugliese Ribeiro - DOE SP 14.06.2006)
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Exemplos “Do cargo de confiança - Gerente de varejo e de atendimento
1) Gerente ou ocupante de cargo de chefia com poder de man- - Art. 62, inciso II, da CLT - O gerente de agência bancária tem nor-
do na empresa (contrata, assalaria, demite etc.) na seguinte matividade especial quanto à jornada de trabalho, estando a fun-
situação: ção de gerência expressamente referida na exceção do parágrafo
segundo do artigo 224 da CLT, dentre outras. Assim, ao gerente
Salário efetivo = R$ 4.000,00 de banco não se aplica a norma geral inserta no artigo 62, II, da
CLT. Tal se justifica plenamente, na medida em que o gerente de
Acréscimo pelo exercício do cargo de confiança = R$ 2.500,00 agência bancária não exerce verdadeiros encargos de gestão da
Total = R$ 6.500,00 instituição financeira, o que compete à diretoria do Banco. Recurso
negado.” (TRT 4a Região - RO 00097-2000-801-04-00-9 - Rela Juíza
Nesse caso, o total da remuneração é superior ao salário efetivo Ione Salin Gonçalves - J. 11.05.2006)
do cargo, acrescido de 40% (R$ 4.000,00 + 40% = R$ 5.600,00).
Portanto, esse empregado atende aos requisitos do art. 62 da “Recurso ordinário do reclamado - Horas extras - Cargo de
CLT, estando assim dispensado da marcação de jornada. confiança - Espécie em que o reclamante não exercia função de
confiança passível de enquadramento no art. 62, inciso II, da CLT.
2) Gerente ou ocupante de cargo de chefia com poder de man- O fato de ser Subgerente e Gerente de Farmácia não o exclui da
do na empresa (contrata, assalaria, demite etc) na seguinte regra geral acerca da duração do trabalho, frisando-se que a prova
situação: produzida não indica detivesse poderes de gestão, embora a per-
Salário efetivo = R$ 4.000,00 cepção de gratificação pelo exercício de função de maior respon-
sabilidade. Provimento negado...” ( TRT 4a Região - RO 00192-2003-
Acréscimo pelo exercício do cargo de confiança = R$ 1.000,00 005-04-00-5 - Rela Juiza Vanda Krindges Marques - J. 17.05.2006)
Total = R$ 5.000,00
“Das horas extras - Cargo de confiança - A simples denomina-
Nesse caso, o total da remuneração (R$ 5.000,00) é inferior ao ção do cargo como sendo gerente, por si só, não faz incidir a regra
salário efetivo do cargo, acrescido de 40% (R$ 4.000,00 + 40% de exceção do artigo 62, inciso II, da CLT, devendo ser verificada a
= R$ 5.600,00). Portanto, esse empregado, apesar de exercer efetiva existência de poderes de mando e gestão, bem como fidú-
função de chefia, não se enquadra nas disposições do inciso II cia especial.” (TRT 4a Região - RO 00656-2004-001-04-00-9 - Rela
do art. 62 da CLT, ou seja, está sujeito às normas de duração do Juíza Ana Rosa Pereira Zago Sagrilo - J. 10.05.2006)
trabalho, devendo, ser submetido à anotação da jornada.
“Gerente - Horas extras - Artigo 62, inciso II, da CLT - Confi-
3) Gerente ou ocupante de cargo de chefia sem poder de man- guração - Hipótese em que o reclamante exerceu, de fato, cargo
do na empresa (não contrata, assalaria, demite etc.). de gestão, mas sem percepção de salário/gratificação de função
Nessa situação, independentemente da remuneração auferida e superior a 40% do salário do cargo efetivo, de forma destacada.
da denominação do cargo, o empregado está obrigado à mar- Conclusão, todavia, de inserção do demandante na exceção do
cação da jornada por não exercer encargo de gestão. art. 62, II, da CLT, visto que exerceu a função de gerente desde
a admissão e porque o salário percebido era mais de 40% supe-

IOB - Informativo - Jun/2007 - No 24 CT 5


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Legislação Trabalhista e Previdenciária

rior ao piso salarial da categoria, indicando que englobava esses Apesar do posicionamento adotado pelo Conselho
40%.” (TRT 4a Região - RO 00583-2004-121-04-00-8 - Rela Juíza Técnico IOB, o empregador deverá acautelar-se diante da
Maria Inês Cunha Dornelles - J. 22.02.2006)
ocorrência concreta da situação ora retratada, caso em
que é aconselhável, por medida preventiva, consultar an-
“Horas extras - Gerente de loja - Art. 62, II, da CLT - Pela simples tecipadamente o Ministério do Trabalho e Emprego, bem
leitura do art. 62 da CLT, verifica-se que as regras inerentes à dura- como o sindicato da respectiva categoria profissional, e
ção da jornada de trabalho não são aplicáveis a todos empregados,
especialmente àqueles que exercem as funções apontadas no inciso lembrar que caberá ao Poder Judiciário a decisão final da
II. Entretanto, para que fique configurada quaisquer uma das referi- controvérsia, caso seja proposta ação nesse sentido.
das funções, é necessário que a atividade exercida confira amplos
poderes de mando e gestão ao trabalhador e que este perceba salá- Nota
rio diferenciado dos demais empregados da empresa. Logo, restan-
do comprovado que os poderes do reclamante, enquanto gerente de As informações publicadas nesta Seção trazem o entendimento do
Conselho Técnico IOB, que leva em consideração os posicionamentos ado-
loja, não atingiam o status que a Lei exige como requisito essencial à tados pela doutrina e pela jurisprudência, quando for o caso.
isenção do controle de jornada, o labor extraordinário deve ser remu-
nerado...” (TRT 10a Região - RO 00196-2006-016-10-00-7 - 1a Turma Entretanto, para adotar o entendimento exposto, recomendamos que
- Rel. Juiz Pedro Luis Vicentin Foltran - J. 13.09.2006) os Clientes procurem orientação de profissional especializado, para que se-
jam analisadas todas as peculiaridades de cada situação e o contexto geral
em que se apresentam.
“Horas extras - Gerente operacional - Poder de mando e ges-
tão - Embora a simples denominação do cargo não seja excluden-
te definitivo das horas extras postuladas, se o reclamante exercia
cargos de gestão, em função de gerência, investido de poder de Gostou do texto deste IOB Entende?
representação, com instrumento de mandato legalmente formaliza-
do e participação com poder de decisão, além de perceber gratifi-
cação superior a 40% do salário do cargo efetivo, é de se concluir
Envie seus comentários para:
que enquadrado se encontra na exceção do art. 62, II, da CLT, ra-
zão por que impõe-se a improcedência do pleito de horas extras e boletimiob@iob.com.br
reflexos.” (TRT 10a Região - RO 01455-2005-103-10-00-8 - 3a Turma
- Rel. Juiz Bertholdo Satyro - J. 13.09.2006) 폷

IOB Setorial
SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO execução e manutenção, apresentamos as normas es-
pecíficas contantes da Norma Regulamentadora (NR)
18, aprovada pela Portaria Mtb no 3.214/1978.
Trabalho em escavações, fundações e
desmonte de rochas A área onde serão desenvolvidos os trabalhos em
escavações, fundações ou desmonte de rochas deve
ser previamente limpa, devendo ser retirados ou esco-
As construções em geral, para que tenham estabi- rados solidamente árvores, rochas, equipamentos, ma-
lidade e ofereçam segurança e conforto aos seus usuá- teriais e objetos de qualquer natureza, quando houver
rios, devem possuir um suporte eficiente, mais conhecido risco de comprometimento de sua estabilidade durante
como “fundação”, considerando o terreno e a edificação a execução de serviços.
que nele será construída.
Muros e edificações vizinhas, além de todas as es-
Uma construção instável representa perigo iminente truturas que possam ser afetadas pela escavação, de-
não só àqueles que estão nos seus limites, mas também vem ser escorados.
à sua circunvizinhança, visto que um alicerce que não
obedeça às especificações técnicas recomendadas
Os serviços de escavação, fundação e desmonte de
pode causar o surgimento de trincas, fissuras, rachadu-
rochas devem ter responsável técnico legalmente habi-
ras, unidade, afundamento do terreno e outros inconve-
litado.
nientes que podem culminar com o desmoronamento da
própria edificação e/ou das existentes nos seus limites,
com as conseqüências decorrentes do infortúnio que Caso exista cabo subterrâneo de energia elétrica
podem ser leves ou até desastrosas. nas proximidades do local onde serão feitas as esca-
vações, estas só poderão ser iniciadas quando o cabo
Objetivando a segurança dos trabalhadores envol- estiver desligado. Na impossibilidade de desligá-lo de-
vidos nas referidas atividades e de todos aqueles que vem ser tomadas medidas especiais junto à empresa
possam ser atingidos de alguma forma pela respectiva concessionária (agente titular de concessão federal para

6 CT Informativo - Jun/2007 - No 24 - IOB


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Legislação Trabalhista e Previdenciária

prestar o serviço público de distribuição ou transmissão e fornecem a energia necessária à instalação da estaca.
ou geração de energia elétrica). Constituem-se de uma massa que cai, sobre a estaca,
em queda livre ou de modo automático.
Os taludes (inclinação ou declive nas paredes de uma
escavação) instáveis das escavações com profundidade Na execução de escavações e fundações sob ar
superior a 1,25 m devem ter sua estabilidade garantida comprimido, deve ser obedecido o disposto no Anexo
por meio de estruturas dimensionadas para este fim. 6 (Trabalho sob condições hiperbáricas) da Norma Re-
gulamentadora (NR) 15 (Atividades e operações insalu-
Nota bres), aprovada pela Portaria MTb no 3.214/1978.
Entende-se como estabilidade garantida a característica relativa a es-
truturas, taludes, valas e escoramentos ou outros elementos que não ofe-
Na operação de desmonte de rocha a fogo, fogacho
reçam risco de colapso ou desabamento, seja por estarem garantidos por ou mista, deve haver um blaster (profissional habilitado
meio de estruturas dimensionadas para tal fim ou porque apresentem rigidez para a atividade e operação com explosivos), respon-
decorrente da própria formação (rochas). A estabilidade garantida de uma
estrutura será sempre objeto de responsabilidade técnica de profissional le-
sável pelo armazenamento, preparação das cargas,
galmente habilitado. carregamento das minas, ordem de fogo, detonação e
retirada das que não explodiram, destinação adequada
Para elaboração do projeto e execução das esca- das sobras de explosivos e pelos dispositivos elétricos
vações a céu aberto, serão observadas as condições necessários às detonações.
exigidas na Norma Brasileira NBR 9061, de 01.09.1985
(Segurança de escavação a céu aberto) da Associação Nota
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Entende-se por desmonte de rocha a fogo a retirada de rochas com
explosivos, considerando como fogo a detonação de explosivo para efetuar
o desmonte e fogacho a detonação complementar ao fogo principal.
As escavações com mais de 1,25 m profundidade
devem dispor de escadas ou rampas, colocadas próxi-
mas aos postos de trabalho, a fim de permitir, em caso A área de fogo deve ser protegida contra projeção
de emergência, a saída rápida dos trabalhadores, ainda de partículas, quando expuser a risco trabalhadores e
que possuam sua estabilidade garantida por meio de es- terceiros, sendo obrigatória, quando das detonações, a
truturas dimensionadas para este fim. existência de alarme sonoro.

Os materiais retirados da escavação devem ser de- Na execução de tubulões a céu aberto, aplicam-se
positados a uma distância superior à metade da profun- as disposições constantes no item 18.20 (Locais confi-
didade, medida a partir da borda do talude. nados), da NR 18.

Os taludes com altura superior a 1,75 m devem ter Nota


estabilidade garantida. O tubulão é uma espécie de fundação empregada em locais de solo
que apresentam pouca resistência ou que apresentam abundância de água.
Referida obra também pode ser realizada para fundações dentro d’água
Quando houver possibilidade de infiltração ou vaza- como, por exemplo, na sustentação de pontes. A construção de um tubulão
mento de gás, o local deve ser devidamente ventilado e pode ser feita pelo método “a céu aberto” ou pelo método “ar comprimido”.
o monitoramento deve ser efetivado enquanto o trabalho
estiver sendo realizado para, em caso de vazamento, ser Na execução de tubulões a céu aberto, a exigência
acionado o sistema de alarme sonoro e visual. de escoramento (encamisamento) fica a critério do en-
genheiro especializado em fundações ou solo, conside-
As escavações realizadas em vias públicas ou can- rados os requisitos de segurança.
teiros de obras devem ter sinalização de advertência, in-
clusive noturna, e barreira de isolamento em todo o seu O equipamento de descida e içamento de trabalha-
perímetro. Os acessos de trabalhadores, veículos e equi- dores e materiais utilizado na execução de tubulões a
pamentos devem ter sinalização de advertência perma- céu aberto deve ser dotado de sistema de segurança
nente, sendo proibido o acesso de pessoas não-autoriza- com travamento.
das, inclusive nos trabalhos de cravação de estacas.
A escavação de tubulões a céu aberto, alargamen-
O operador de bate-estacas deve ser qualificado e to ou abertura manual de base e execução de taludes,
ter sua equipe treinada. deve ser precedida de sondagem ou de estudo geotéc-
nico local.
Na operação com bate-estacas, os cabos de susten-
tação do pilão (peça utilizada para imprimir golpes, por
gravidade, força hidráulica, pneumática ou explosão) Em caso específico de tubulões a céu aberto e aber-
devem ter comprimento para que haja, em qualquer po- tura de base, o estudo geotécnico será obrigatório para
sição de trabalho, um mínimo de 6 voltas sobre o tambor profundidade superior a 3 m.
(dispositivo utilizado para enrolar e desenrolar o cabo (Norma Regulamentadora (NR) 18, aprovada pela Portaria
de aço de sustentação do elevador do martelo). Cabe Mtb no 3.214/1978, item 18.6)
ressaltar que pilão e martelo significam a mesma coisa,
ambos são componentes do equipamento de cravação 폷
IOB - Informativo - Jun/2007 - No 24 CT 7
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IOB Perguntas e Respostas


Aviso prévio trabalhado - Dispensa do cumprimento em Aviso prévio trabalhado - Dispensa sem justa causa -
seu curso - Prazo de pagamento Reconsideração
1) Qual prazo tem a empresa para efetuar o paga- 3) No curso do aviso prévio trabalhado concedido ao
mento da rescisão contratual no caso de pedido de de- empregado, o empregador poderá se arrepender da dis-
missão de empregado com aviso prévio trabalhado e que, pensa e suspender o cumprimento do aviso?
no decorrer do período, desiste de cumpri-lo?
R.: Dado o aviso prévio, a rescisão torna-se efetiva
R.: Caso o empregado, no curso do aviso prévio no momento do término deste, mas se o empregador re-
trabalhado, comunique ao empregador que não cum- considerar o ato antes do término do cumprimento do
prirá o restante do aviso poderá a empresa efetuar o aviso, ao empregado é facultado aceitar ou não a recon-
desconto relativo a esse prazo restante, salvo quando sideração.
o empregado, apesar da comunicação, efetivamente
trabalhar durante todo o período. Nessa situação, será Caso seja aceita a reconsideração ou continuando
devido o pagamento dos dias trabalhados a título de a prestação de serviço depois de expirado o prazo, o
aviso prévio. contrato continuará a vigorar como se o aviso não tives-
se sido dado.
A aceitação, por parte da empresa, do pedido de
dispensa do cumprimento do aviso prévio efetuado (Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, art. 489)
pelo empregado não a obriga ao pagamento do res-
pectivo período, na medida em que, nesse caso, o Assinatura do aviso prévio - Recusa do empregado
aviso prévio figura como dever do empregado e não
como direito. 4) Como a empresa deve proceder ante a recusa do
empregado em assinar o aviso prévio?
O pagamento das verbas rescisórias, nesses casos, R.: Ocorrendo a hipótese de o empregado não assi-
deverá ser feito até o 10o dia, contado a partir da data nar o aviso prévio, tendo em vista a inexistência de dis-
da dispensa do cumprimento, desde que não ocorra pri- positivo expresso que discipline a questão, recomenda-
meiro o termo final do aviso prévio. se que a empresa solicite a assinatura de, pelo menos,
2 testemunhas, com a finalidade de atestar a veracidade
(Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, art. 487) da comunicação feita.

Aviso prévio - Direito Colhidas as assinaturas das testemunhas, a empre-


sa deve dar andamento às formalidades exigidas para a
2) Empregado admitido com contrato a prazo indeter- rescisão contratual, marcando nos órgãos competentes
minado e, no entanto, com 20 dias de trabalho o empre- (sindicato de classe ou DRT), se for o caso, a respectiva
gador resolve dispensá-lo sem justa causa. Será devido homologação, e dando ciência formal ao empregado da
o aviso prévio? data aprazada.
R.: Sim. É assegurado direito ao aviso prévio aos tra- (Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, art. 487)
balhadores urbanos e rurais proporcional ao tempo de
serviço, sendo, no mínimo, de 30 dias nos termos da lei ◙
(art. 7o, XXI, da CF). Até que o referido dispositivo seja
regulamentado o aviso prévio é de 30 dias, salvo dispo-
sição mais benéfica em documento coletivo de trabalho
da respectiva categoria profissional.

Assim, a parte que, sem motivo justo, quiser rescin-


Boletim 약

dir o contrato de trabalho poderá fazê-lo, desde que dê


ciência à outra parte de sua intenção com antecedência Se você tem sugestões ou
mínima de 30 dias.
comentários sobre as matérias publicadas
No caso concreto, como o empregado foi contrata- no Boletim IOB, envie e-mail para
do por prazo indeterminado, mesmo que tenha 20 dias
de trabalho na empresa será devido o pagamento do boletimiob@iob.com.br.
aviso prévio de 30 dias, no caso de dispensa sem justa
causa. A equipe Editorial IOB quer saber sua opinião sobre o
produto mais tradicional do mercado regulatório.
(Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, art. 487)

8 CT Informativo - Jun/2007 - No 24 - IOB

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