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Fractal: Revista de Psicologia, v. 29, n. 1, p. 81-86, jan.-abr. 2017. doi: https://doi.org/10.

22409/1984-0292/v29i1/1552
Artigo

As artes adivinhatórias e a psiquiatria do futuro


Rogério da Silva Paes Henriques,H André Filipe dos Santos Leite
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE, Brasil
Resumo
Estuda-se a psiquiatria como “arte adivinhatória ou divinatória” engajada na previsão do futuro. Pretende-se assinalar o
projeto biopolítico de gerenciamento da vida atrelado à psiquiatria contemporânea. Para tanto, analisa-se a quinta edição
do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), da Associação Americana de Psiquiatria (APA), em
sua introdução da discussão da noção de risco, que estabelece ao campo psiquiátrico a prevenção primária como uma de
suas metas principais. Isso reflete a reintrodução do eixo dimensional ao modelo categorial adotado pelo DSM, produzindo
uma inflação diagnóstica, e denota o mal-estar da psiquiatria contemporânea frente aos seus alcances e limites.
Palavras-chave: DSM-5; risco; prevenção primária; biopolítica.

The divinatory arts and the psychiatry of the future


Abstract
Psychiatry is studied as “divinatory art” engaged in predicting the future. It is intended to mark the management of life
as a biopolitical enterprise linked to contemporary psychiatry. Therefore, the Diagnostic and Statistical Manual of Mental
Disorders – Fifht Edition (DSM-5), edited by American Psychiatric Association (APA), is analyzed focusing the discussion
about the notion of risk, establishing primary prevention a major goal of the psychiatric field. This reflects the reintroduction
of dimensional axis into the categorical model adopted by DSM that produces a diagnostic inflation, and denotes the discon-
tents of contemporary psychiatry front of their scope and limits.
Keywords: DSM-5; risk; primary prevention; biopolitics.

Notas preliminares sobre os presságios, prenúncios e – sobretudo aquelas ligadas às artes adivinhatórias –, e
predições foram ganhando propriedades materiais e imanentes, ar-
O futuro sempre foi alvo de visionariedade e curiosi- ticuladas aos mecanismos psíquicos e cerebrais. Contu-
dade dos povos, e não é de agora que os sujeitos tentam do, a antecipação do porvir sempre foi um tema insistente
prevê-lo. Se atualmente se sói conceber os sonhos pela que afetou as culturas, incluindo a cultura ocidental con-
psicanálise, via circuitos psíquicos – seja como formação temporânea. Buscamos examinar o que insiste das artes
do inconsciente substitutiva à realização de um desejo re- adivinhatórias na ciência psiquiátrica contemporânea, a
calcado (FREUD, 1900/2013), seja como satisfação pul- partir da análise das suas noções intrínsecas de “risco”
sional vinculada ao automatismo de repetição, para além e “suscetibilidade”. Pressupomos que a ciência moderna
do princípio do prazer (FREUD, 1920/2006) – ou, ain- não superou o chamado “esoterismo” (FAIVRE, 1994),
da, se sói concebê-los pelas neurociências, via circuitos mas antes se lhe sobrepôs; trata-se menos de uma “rup-
cerebrais – como uma reação fisiológica típica do sono tura”, no sentido que a escola francesa de epistemologia
REM mediada pela diminuição da atividade aminérgica confere a essa expressão, e mais de uma sobreposição
com persistência da atividade colinérgica, originando na de ao menos duas camadas epistemológicas (esotérica e
região da ponte cerebral ondas elétricas que se propagam científica) que se interpenetram.
pelo corpo geniculado lateral do tálamo e ativam o córtex Freud (1930/2010, p. 31) assinala três fontes princi-
visual, produzindo assim, com base nos traços da memó- pais de mal-estar em nossa cultura: fragilidade de nosso
ria visual armazenados, as imagens do sonho (HOBSON; corpo: dor e medo como sinais do perigo; mundo ex-
MCCARLEY, 1977); outrora, os sonhos já foram predo- terno: prepotência da natureza; relações com outros se-
minantemente concebidos como crônicas de um futuro res humanos: insuficiência das normas de regulação dos
antecipado. Nesse sentido, é bem conhecida a narrativa vínculos humanos na família, no Estado e na sociedade.
bíblica acerca do faraó José que, no antigo Egito, salvou As tecnociências vêm obtendo certa eficácia instrumen-
os egípcios de sete anos de fome e penúria, por intermé- tal na gestão do mal-estar atrelado aos corpos individuais
dio da arte adivinhatória aplicada a seus próprios sonhos, e às forças destrutivas da natureza,1 enquanto isso, suas
tornados então premonitórios. tentativas de regulação dos laços sociais e dos “bons en-
Com o advento da racionalidade científica moderna contros” entre as pessoas vêm fracassando de modo re-
(aqui ilustrada pela ascensão da psicanálise e das neuro- tumbante. Isso possui ressonância com o famoso aforismo
ciências contemporâneas), ocorreu uma espécie de “de- do psicanalista Jacques Lacan, segundo o qual “não há re-
sencantamento dos sonhos”, que foram paulatinamente lação sexual” (LACAN, 1971-1972/1997, p. 21); ou seja,
perdendo suas propriedades místicas e transcendentes 1
 Na gestão dos corpos individuais, entra em jogo um procedimento disciplinar
conhecido como “medicalização” (CONRAD, 2007) que incide sobre a “anato-
H
 Endereço para correspondência: Universidade Federal de Sergipe, Centro de mopolítica do corpo humano” (FOUCAULT, 2001), esquadrinhando-o, domes-
Educação e Ciências Humanas, Departamento de Psicologia. Cidade Universi- ticando-o e o docilizando por intermédio do dispositivo médico-industrial. Já
tária Prof. Aloísio de Campos, Av. Marechal Rondon, S/N - Jardim Rosa Elze. as forças destrutivas da natureza e as populações a elas adstritas entram em um
São Cristóvão, SE – Brasil. CEP: 49100000. E-mail: ruggerosph@gmail.com, cálculo do risco e de suas correlatas medidas de segurança “em defesa da socie-
andrefsleite@yahoo.com.br dade”, atreladas a uma gestão tecnocrática das catástrofes naturais.
Rogério da Silva Paes Henriques; André Filipe dos Santos Leite

por mais que a biologia possa escrever a fórmula cientí- O DSM é um manual classificatório psiquiátrico, edi-
fica do encontro entre os gametas, não se pode escrever tado pela “Associação Americana de Psiquiatria” (APA)
a fórmula da atração entre duas pessoas (muito embora, desde 1952, que lista em suas páginas diferentes categorias
alguns cientistas atuais insistam que o hormônio ocitocina de transtornos mentais e os critérios necessários e suficien-
tenha aí uma função primordial, senão causal), até porque tes para diagnosticá-los.3 Atualmente, o manual está em
não há proporção entre os sexos que garanta a pretensa sua quinta edição, o DSM-5, que foi lançada em 2013, sob
complementaridade entre eles – ao contrário do que acre- uma forte onda de críticas. A novidade trazida à tona foi
ditava Aristófanes com seu mito do amor, representado que se somaram aos críticos tanto aqueles que até pouco
pelas duas metades complementares da esfera cindida. tempo participavam ativa e triunfantemente da sua edição
Como “não há relação sexual”, a clarividência vem tam- – como o professor emérito da Universidade de Duke, o
ponar essa impossibilidade (estrutural) de uma regulação psiquiatra Allen Frances (2010, 2013) – quanto àqueles
tecnocientífica dos vínculos entre as pessoas; nesse sen- que financiavam as pesquisas que originavam as atualiza-
tido, recorre-se às artes adivinhatórias – cuja taxonomia ções do manual – como Thomas Insel (2013), chefe do
varia desde as mais usuais às mais exóticas (SCOUÉZEC, “Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos”
1984), a depender das culturas a partir das quais emergem (NIMH). Dessa forma, mesmo os seus criadores voltaram-
– com vistas à projeção de um futuro no plano relacional. -se contra a criatura, denunciando sua falta de fundamento
Esse afã clarividente reflete o mal-estar da ciência atual científico: enquanto projeto positivista, o DSM teria fra-
ante a impossibilidade de regulação dos laços sociais.2 cassado. E é tal projeto que eles visam retomar.
É nessa seara de projeções futurísticas que os investi- Em sua trindade crítica, Frances (2013) protesta
mentos psiquiátricos contemporâneos, tendendo ao eso- contra: o descontrole do diagnóstico psiquiátrico, que
terismo, encenam um projeto de classificação de estados expande os limites da psiquiatria para além de sua ju-
que teriam a potencialidade de vir a ser patológicos. O risdição; as relações mercantilistas estabelecidas entre a
“risco” é o significante que nomeia tais estados poten- corporação psiquiátrica e o complexo médico-industrial;
ciais. A psiquiatria contemporânea adentra assim o eixo a hipermedicalização da vida cotidiana advinda da “in-
sintagmático cujo deslocamento metonímico estabelece a flação diagnóstica” e da assimilação de novos hábitos de
contiguidade entre ela e seus congêneres esotéricos liga- consumo de psicotrópicos pela população. Em nome da
dos às artes adivinhatórias, como por exemplo, as runas, razão científica, esse autor denuncia a dimensão política
os búzios, o tarô e a borra de café. As runas, caracteres do do DSM, que conspurca seu ideal positivista. O que sub-
antigo alfabeto nórdico inscritos em pedras, que ao serem jaz ao enunciado de Frances é a crença de que o mal da
escolhidas aleatoriamente discorreriam sobre aspectos da psiquiatria contemporânea reside somente nos excessos
vida porvir dos sujeitos. Os búzios, conjunto de conchas por ela cometidos, decorrentes do fato dela ter se deixado
utilizadas nas religiões tradicionais africanas que quando macular por interesses escusos, e que uma assepsia cien-
arremessadas sobre uma mesa, assumem uma determina- tífica seria capaz de redimi-la. Ao protesto de Frances
da configuração específica que é então analisada. O tarô, contra o DSM, seguiu-se outro, mais radical, personifica-
jogo de cartas de origem francesa, que dependendo da do no projeto alternativo do NIMH, “Pesquisa em Domí-
configuração quando as cartas são retiradas aleatoriamen- nio de Critérios” (RDoC), que pretende desenvolver uma
te também representariam aspectos do futuro dos sujeitos. nosografia psiquiátrica baseada em “evidências” (dimen-
E a cafeomancia, de origem árabe, que pretende prever o sões do comportamento observável e medidas neurobio-
futuro de quem tomou o café por meio das figuras feitas lógicas), vindo desposar enfim o naturalismo com o qual
na borra de café deixada na xícara (SCOUÉZEC, 1984). o DSM apenas flertava.
São práticas que, a despeito de suas particularidades,
De fato, essas críticas ao DSM-5 nascem do fato des-
apresentam como elemento em comum esse exercício
se manual desvelar aquilo que deveria ter sido mantido
adivinhatório. Desse modo, como as runas se utilizam
velado: sua lógica classificatória baseada no efeito per-
das pedras, os búzios das conchas, o tarô das cartas, a
formativo da linguagem, que cria categorias de doenças
borra do pó, esse esforço clarividente encenado pela psi-
a partir do ato de nomeação (IANNINI; TEIXEIRA,
quiatria não poderia deixar de ter, destarte, um ponto de
2014). À sua revelia, o DSM revelou a “impostura” (ao
materialização, representado pelo Manual Diagnóstico e
menos, segundo os parâmetros positivistas) que o susten-
Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) (AMERICAN
ta: seus catálogos classificatórios são sempre provisórios,
PSYCHIATRY ASSOCIATION [APA], 2014). É ele que
estando abertos à negociação pública e sujeitos às me-
tomaremos como objeto de estudo neste trabalho.
tamorfoses ditadas pelas políticas sociais.4 O programa
3
 Cabe ressaltar que a psiquiatra não se reduz ao DSM, porém, esse manual é o
carro-chefe da reformulação hegemônica do campo psiquiátrico ocidental em
 Há um filme recente, Confissões de uma garota de programa (The girlfriend ex-
2 torno de um naturalismo, inspirado no realismo científico das práticas médicas
perience; direção de Steven Soderbergh, EUA, 2009, DVD, Cor/1h25min.), que baseadas em evidências. A “Classificação Internacional de Doenças” (CID), ela-
simula um documentário, no qual a estrela do pornô Sasha Grey, representando borada pela “Organização Mundial de Saúde” (OMS) segue essa mesma tendên-
a si mesma no papel de protagonista, seleciona seus clientes por meio de perfis cia do DSM, havendo inclusive um esforço conjunto entre a APA e a OMS para
traçados a partir de suas datas de nascimento (o que ela designa por “personolo- a formulação de categorias nosológicas em comum acordo.
gia”), chegando no limite a tentar substituir seu cônjuge por um desses clientes, 4
 Talvez o exemplo mais cabal disso tenha sido o plebiscito interno à APA, na
que ela julgava ser relacionalmente mais promissor e com quem ela havia se década de 1970, realizado devido às pressões que essa associação sofria dos gru-
“conectado”. Esse é, a nosso ver, um bom exemplo ilustrativo da tentativa (sem- pos gays organizados, que aprovou a exclusão da homossexualidade do DSM-
pre frustrada, como o desenrolar do roteiro atesta) de escrever a relação sexual 3, publicado em 1980. A maioria dos psiquiatras americanos decidiu naquela
impossível, da qual nos fala Lacan. ocasião que a homossexualidade deveria sair do DSM, tal como recentemente a

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As artes adivinhatórias e a psiquiatria do futuro

do NIHM em torno do RDoC invoca a ficção utópica de a prévia detecção de fatores de risco poderia antecipar e
uma cartografia do mental que não se reduza à nomea- evitar o desencadeamento de transtornos mentais – pas-
ção, calcando-se no realismo científico. Curiosamente, o sando assim do nível secundário ao primário da preven-
DSM parece dotado da capacidade de incorporar as críti- ção, ou seja, antes de se detectar um transtorno nas suas
cas que lhe são dirigidas, repaginando-se ao gosto do fre- fases iniciais, detectar-se-ia os desvios (comportamentais,
guês – eis um dos segredos de sua longevidade. A atual situacionais, afetivos etc.) que se crê conduzirem a ele.
cooperação entre a APA e o NIHM prevê a assimilação Aquilo que foi expulso pela porta da frente por seus
pelo DSM dos “achados científicos” do RDoC, o que im- artífices retorna então pela janela dos fundos: o tão criti-
plica nova reconfiguração, delimitada agora pelo efeito cado modelo dimensional invade as categorias do DSM-
performativo da linguagem positivista.5 E, assim, a APA 5, como atesta sua atual preocupação com os estados de
vai dançando conforme a música e o DSM, tal qual uma risco que antecipariam transtornos mentais. O modelo di-
Fênix, renasce das suas próprias cinzas. mensional em nosografia psiquiátrica é dinâmico, sendo
De acordo com sua remodelagem, o DSM-5 inau- o normal e o patológico os dois extremos de um espectro
gurou uma preocupação com a prevenção primária, isto (continuum) no qual se distribui quantitativamente o real
é, com a possibilidade de se intervir sobre os estados de da condição humana. Já o modelo categorial, que embasa
risco e se evitar a eclosão de doenças, inexistente nas o DSM, é estático, sendo o normal e o patológico aris-
edições anteriores, que talvez represente o corolário da totelicamente determinados por critérios qualitativos de
biomedicalização da psiquiatria contemporânea, em seu inclusão e exclusão a categorias nosológicas predetermi-
funcionamento analógico à clínica médica. Assim como o nadas. A incorporação inconfessa e parasitária do mode-
preventivismo médico vigia e controla as taxas corporais lo dimensional ao DSM-5 veio legitimar a discussão no
sinalizadoras de doenças orgânicas, o DSM-5 cria uma ta- campo psiquiátrico sobre os “estados de risco” – híbridos
xonomia e um gerenciamento de condições que poderiam, entre o normal e o patológico. O resultado foi que tais
no futuro, vir a ser patológicas e que, portanto, desde já estados de risco foram sendo assimilados em surdina às
mereceriam uma atenção médica. E é justamente essa categorias já existentes no manual, culminando na am-
preocupação particular com o “vir a ser” algo indesejável, pliação irrestrita destas.
com a futuridade, com o porvir inextrincável, com o risco Assim é que as “disfunções sexuais”, caracterizadas
de que algo ruim venha a acontecer no futuro, que expli- por “uma perturbação clinicamente significativa na ca-
cita de maneira particular esse exercício premonitório da pacidade de uma pessoa responder sexualmente ou de
psiquiatria, sobre o qual pretendemos nos debruçar. experimentar prazer sexual” (APA, 2014, p. 423), são
Assim, visamos a problematizar essas incursões da consideradas, mesmo que implicitamente, estados de
psiquiatria na premonição do futuro, ou seja, analisar risco potenciais para transtornos mais graves no futuro,
o quanto, a partir de um projeto de gerenciamento dos como as parafilias: “qualquer interesse sexual intenso e
estados de risco – representado pela atual expansão de persistente que não aquele voltado para a estimulação
diagnósticos psiquiátricos referidos a situações limite e genital ou para carícias preliminares com parceiros hu-
experiências cotidianas consideradas catalisadoras de manos que consentem e apresentam fenótipo normal e
condições psicopatológicas futuras –, a psiquiatria fun- maturidade física” (APA, 2014, p. 685). Para além das se-
ciona como um bom exemplo daquilo que Gwen le Scou- xualidades parafílicas aberrantes, que remontam à sexo-
ézec (1984) chamou de “artes adivinhatórias”. logia oitocentista, o DSM-5 também prescreve a norma
da própria sexualidade reprodutiva (ROHDEN, 2009),
Ao modo da Pitonisa de Delfos: prevendo riscos,
criando um espectro projetado em suas categorias: as dis-
pressagiando perigos e antevendo possibilidades com
funções sexuais como estados de risco para as parafilias.
o DSM-5
Ainda no campo da sexualidade, os gêneros são ge-
Ao modo da pitonisa do oráculo de Delfos, que em renciados a partir de suas conformidades aos padrões cul-
meio a transes e rituais místicos enunciava profecias to- turais vigentes (BENTO, 2006), daí observamos não só a
madas como verdades por aqueles que a ela recorriam, o definição de “disforia de gênero”, como “uma incongru-
DSM-5, ocupado com a detecção dos estados de risco, ência acentuada entre o gênero experimentado/expresso
projeta um saber premonitório pretensamente científico e o gênero designado de uma pessoa” (APA, 2014, p.
que passa a ser tomado como verdade pela coletividade. 452), mas também notamos a preocupação do manual em
As edições anteriores do DSM já vinham desenvolvendo identificar essa condição durante a infância – ao ponto de
a ideia de que o diagnóstico precoce de transtornos já de- criar marcadores diagnósticos específicos, caso o trans-
sencadeados e seu correlato tratamento poderia protelá-los torno se dê nessa fase – para que estratégias interventivas
ou minimizar os danos a eles associados; o que o DSM-5 visando à sua reversibilidade sejam desde já iniciadas.
estabeleceu de inédito foi, além disso, a promessa de que
A infância parece funcionar como um espaço pri-
população britânica decidiu pela saída do Reino Unido da União Europeia, com vilegiado de controle nessa nova ordem psiquiátrica.
a vitória do Brexit no plebiscito interno. Os comportamentos infantis são tomados pelo DSM-
5
 Como já dissemos, a OMS, editora da CID, nosografia oficialmente utilizada
no Brasil, segue essa mesma tendência da APA, havendo inclusive um esforço
5 como indicadores de risco para o desenvolvimento
conjunto entre ambas as instituições para a formulação de uma linguagem em de transtornos mentais “mais graves” na fase adulta e,
comum acordo. O intervalo de vinte anos que separa as últimas edições da CID
(OMS, 1993) e do DSM permitir-nos-ia apenas especular que os anseios futurís-
portanto, desde então, se tornam alvos potenciais de in-
ticos aqui examinados provavelmente serão incorporados à nova edição da CID. tervenções de viés preventivo. Dessa forma, a infância

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Rogério da Silva Paes Henriques; André Filipe dos Santos Leite

torna-se uma fase do desenvolvimento potencialmente Nessa mesma linha, o que antes era considerado um
fomentadora de graves morbidades futuras e que deve esquecimento fisiológico e comum intrínseco ao proces-
ser absolutamente vigiada, tendo seus desvios geridos so natural de envelhecimento, com o DSM-5 se transfor-
para que o “pior” não venha a acontecer. ma em “transtorno neurocognitivo leve”, sob a alegação
Essa preocupação psiquiátrica com os endereçamen- de que a intervenção precoce sobre os casos de “declí-
tos futuros dos comportamentos infantis tende a produzir nio cognitivo pequeno” (APA, 2014, p. 605) impactaria
no imaginário coletivo uma sensação generalizada de in- de modo positivo na redução dos casos de demência no
segurança e de medo, cuja contrapartida é a pressão social futuro. Entretanto, o próprio manual aponta que os dé-
por mais vigilância sobre as crianças: rastrear e apreender ficits cognitivos característicos desse estado “não inter-
o quão mais cedo possível toda a sorte de possibilidades ferem na capacidade de ser independente nas atividades
de desvio, preservando assim a norma saudável no futuro cotidianas, estando preservadas atividades instrumentais
– eis a promessa. Assim é que, por exemplo, o “transtor- complexas da vida diária, como pagar contas ou controlar
no de déficit de atenção e hiperatividade” teve, a partir medicamentos” (APA, 2014, p. 605), o que nos faz ques-
do DSM-5, seu espectro de início de sintomas abaixado tionar a utilidade clínica desse diagnóstico, ou se quiser-
para os sete anos de idade, diferente da versão anterior, mos ser mais radicais, nos faz lançar luz sobre o “caráter
que era aos doze (APA, 2014, p. 59), contribuindo para a mítico” (SZASZ, 1979) da própria doença mental.
produção de mais diagnósticos. Por sua vez, o “transtor- O projeto premonitório da psiquiatria atinge seu
no disruptivo de desregulação do humor” atinge crianças apogeu quando a força-tarefa de elaboração do DSM-5
e adolescentes que apresentam episódios frequentes de cogitou construir uma nova categoria diagnóstica deno-
“explosões de raiva recorrentes e graves manifestadas minada “síndrome do risco psicótico”, definida como
pela linguagem e/ou pelo comportamento” (APA, 2014, “um estado prodrômico da esquizofrenia”, ou seja, um
p. 156). Já o “transtorno de oposição desafiante” carac- conjunto de sinais e sintomas que prenunciariam o sur-
teriza-se por um “comportamento questionador/desafian- gimento futuro da “esquizofrenia”. Assim que foi anun-
te”, em que os adolescentes “frequentemente questionam ciada a versão preliminar do manual, disponibilizada na
figuras de autoridade” e “frequentemente desafiam acin- Internet em 2010, inúmeros debates polarizados, favorá-
tosamente ou se recusam a obedecer regras de adultos” veis e contrários, atravessaram a construção de tal cate-
(APA, 2014, p. 462). Essas categorias, cujo estatuto pa- goria. O que se questionava era “até que ponto vale[ria] a
tológico é deveras duvidoso, são concebidas como esta- pena lançar mão de uma nova categoria nosológica que,
dos de risco para o desenvolvimento de condições mais na verdade, representa um risco de evolução para um de-
graves no futuro (respectivamente, “transtorno afetivo terminado transtorno, e não o transtorno em si?” (OLI-
bipolar” e “transtorno da personalidade antissocial”) e, VEIRA, 2012, p. 294).
portanto, tornam-se alvos potenciais de intervenções de Alguns autores, como McGorry et al. (2002), Louzã
viés preventivo (GUARIDO, 2007). Esses são exemplos (2007) e Woods, Walsh e McGlashan (2010) defendiam
que sugerem o quanto a invasão preventivista no campo a validade da categoria, argumentando que uma interven-
psiquiátrico descamba para uma indefinida ampliação e ção precoce sobre os sujeitos que supostamente teriam um
proliferação de diagnósticos. risco psicótico aumentado poderia melhorar a evolução
Os investimentos psiquiátricos não param nas já cita- e o prognóstico de uma “esquizofrenia” futura, poden-
das adstrições sobre a sexualidade, o gênero e a infância. do até mesmo impedir seu surgimento. Outros autores,
Afetos cotidianos também caem no limbo de tal regula- como Frances (2010), apontam para a produção de um
ção. O luto, por exemplo, antes considerado critério de elevado número de “falsos positivos”, ou seja, indivíduos
exclusão para o “transtorno depressivo maior”, com o que seriam incluídos nessa categoria, mas que nunca de-
DSM-5 se transforma, contraditoriamente, em um estado senvolveriam qualquer transtorno psicótico, sendo des-
potencialmente indutor do próprio “transtorno depressi- necessariamente submetidos aos efeitos colaterais dos
vo”. Para a nova edição do manual, se a tristeza e outros psicotrópicos utilizados no tratamento do caso, bem como
sentimentos de angústia e pesar referentes à perda per- ao estigma decorrente da pecha de “doente mental”.
sistirem por mais de duas semanas, abrem-se as portas Os defensores da validade, contudo, argumentaram
para um processo interventivo, sob o argumento de que se na época de elaboração do manual que as elevadas taxas,
tenta evitar no futuro o surgimento de um quadro depres- entre 70 e 75 % segundo Frances (2010), de sujeitos que
sivo mais grave. Assim, aquilo que antes era considerado não desenvolveram a doença, se deram justamente pelo
distinto do processo depressivo, agora se torna um de seus tratamento que teria se mostrado eficaz. Já os detratores
elementos constitutivos. Essa mudança paradigmática do vão se utilizar dos mesmos dados oriundos das pesquisas
lugar do luto na produção dos “transtornos depressivos” daqueles defensores da categoria. Exemplo disso são
reitera aquilo que já se dizia sobre a produção social da os estudos de McGlashan et al. (2006) que, ao tentarem
doença mental (WOOTTON, 1956), isto é, essa nova tem- mostrar a legitimidade da “síndrome do risco psicótico”,
poralidade do luto advinda com o DSM-5 impregna-se observaram que não havia uma diferença significativa no
com o tempo da economia política em vigor reproduzindo
o ritmo acelerado da produção no capitalismo avançado.6 afastamento será feito pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), passando
o trabalhador a ser um peso não somente ao seu empregador (caso seja da inicia-
 Cabe ressaltar que os afastamentos de trabalho por atestados médicos no Brasil
6
tiva privada), mas também ao Estado. O quão antes se intervir para resgatar sua
são limitados e o trabalhador só pode se afastar durante catorze dias (mesmo que capacidade laborativa melhor, ao menos da perspectiva do tempo da produção
alternados) num intervalo de 60 dias; dentro desse intervalo, a partir do 15º dia, o medido pela lógica da eficácia.

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As artes adivinhatórias e a psiquiatria do futuro

que se refere à taxa de transição para a psicose entre aqueles da futuridade orquestrada pelas profecias pretensamen-
indivíduos submetidos a uma intervenção (farmacológica te científicas que prenunciam patologias, toda vez que o
ou psicoterápica) e aqueles não submetidos.7 dispositivo psiquiátrico instala para cada risco ou perigo
A “síndrome do risco psicótico” acabou não entrando vindouros mecanismos de segurança, representados por
na versão final do DSM-5, mas esse campo de disputas processos contínuos de vigilância e controle. Se os seus
sobre a legitimidade da referida categoria parece revisitar congêneres esotéricos (runas, búzios, tarô, borra de café
aquilo que Ivan Illich (1975) afirmava sobre como o con- etc.) eram relativamente inócuos, haja vista sua circuns-
ceito de morbidade em medicina tornou-se uma ameaça à crição à esfera individual das crenças e expectativas pes-
própria saúde, pois ao alargar seus limites incluía a própria soais, a psiquiatria contemporânea promove uma máquina
ideia de risco como doença. Dito isso, uma pergunta que de guerra coletiva, embasada em seu cálculo futurístico
nos instiga é: ao circunscrever fatores de risco e ao procu- pretensamente científico sobre os “doentes em potencial”.
rar intervir sobre a possibilidade de emergência da esqui- A ambição da psiquiatria do DSM em identificar
zofrenia, não estaríamos, em um movimento paradoxal, comportamentos de risco cada vez mais sutis, com a fi-
produzindo a própria doença? Ou, dito de outro modo, não nalidade de se firmar como prática preventiva, é central
estaríamos, ao tentar evitá-la, antecipando o próprio futuro para compreender a maneira pela qual os modos de exis-
produzindo-a artificialmente no presente, ao expandir suas tência vêm ingressando no campo das intervenções psi-
fronteiras a fases prodrômicas cada vez mais precoces? 8 quiátricas, compondo um intenso processo de gestão da
Os breves exemplos trazidos aqui funcionam como vida da população. Ao buscar antecipar o futuro e intervir
uma alegoria patente dessa inclinação da psiquiatria con- no presente para evitar a eclosão de transtornos mentais,
temporânea às artes adivinhatórias, cuja preocupação ma- essa taxonomia dos estados de risco acaba na realidade
terializada no DSM-5 com a prevenção de males nocivos gerando uma cultura do medo e da insegurança, em vez
ao plano relacional denota o próprio mal-estar psiquiátri- de alcançar seus pretendidos fins apaziguadores.
co frente à impossibilidade de regulação dos laços sociais. Canguilhem (2005, p. 56) assinala que “foi o su-
Profecias já realizadas de um epílogo inacabado cesso dos primeiros médicos curativos fundamentados
na microbiologia [de Koch e Pasteur] que provocou a
Se é para o futuro que a psiquiatria quer apontar, proje- substituição progressiva no pensamento médico de um
tando profecias que se concretizam a todo o momento nos ideal pessoal de cura das doenças por um ideal social de
modos de fazer psiquiátricos, a noção de risco, na medida prevenção das doenças”; assim, a postura clínico-inves-
em que aparece como uma maneira de antecipar um perigo tigativa do médico, inclusive diante da morte – como no
possível, constitui um projeto biopolítico de gerenciamen- quadro The doctor, pintado por Sir Luke Fields no fim do
to da vida (FOUCAULT, 2001, 2005, 2008); ou seja, uma século XIX –, foi gradativamente recoberta pela postu-
espécie de regulamentação que tende a governar não mais ra protocolar associada à mera execução das instruções
somente os indivíduos por meio de um certo número de de um aparelho de Estado (com isso, o logos se antepôs
procedimentos disciplinares, mas o conjunto dos viventes ao pathos). Com o DSM-5, a psiquiatria assume efetiva-
constituídos em população. Uma verdadeira tecnologia mente os dispositivos de controle da microbiologia, mas
política “que se exerce sobre as populações entendidas não reproduz os seus êxitos. A varíola foi praticamente
como uma multiplicidade biológica, referida especifica- extinta, enquanto a “depressão” (ao menos aquilo que
mente aos processos vitais, e que tem como preocupação o DSM presume sê-la) se multiplica exponencialmente.
imediata antecipar os riscos” (CAPONI, 2012, p. 107). Resta-nos ficar atentos no presente aos efeitos colaterais
Essa gestão dos riscos envolvendo a salubridade men- do preventivismo aplicado à psiquiatria. De preferência,
tal e a utilização de uma força-tarefa científica para se evi- sem antecipações visionárias.
tar a eclosão das “desordens” (disorders) encena, a nosso Referências
ver, uma das estratégias constitutivas desse gerenciamento
biopolítico: o dispositivo “risco-segurança”, cujo objetivo AMERICAN PSYCHIATRY ASSOCIATION. Manual
é “instalar para cada risco ou perigo que possa vir a ocor- diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. Porto
Alegre: Artmed, 2014.
rer, mecanismos específicos de segurança” (FOUCAULT,
2008, p. 32). Assim, emerge uma gestão ético-política BENTO, B. A reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na
experiência transexual. Rio de Janeiro: Garamond, 2006.
7
 Isso remete aos chamados “recursos escondidos da comunidade” (SARACENO,
1999), isto é, às variáveis não controláveis que acabam incidindo mais sobre CANGUILHEM, G. Escritos sobre a medicina. Rio de Janeiro:
as psicoses do que as próprias variáveis controláveis – como os tratamentos Forense Universitária, 2005.
médicos e psicológicos; daí as possibilidades de restabelecimento de um esqui-
zofrênico habitante de um país em desenvolvimento, tendo em vista talvez os CAPONI, S. Classificar e medicar: a gestão biopolítica dos
laços comunitários de sociabilidade que aí ainda resistem, serem maiores do que
as de um esquizofrênico habitante de um país desenvolvido, apesar de toda a sofrimentos psíquicos. R. Inter. Interdisc. INTERthesis,
tecnologia médica ao seu dispor. Que esse dado epidemiológico não sirva de Florianópolis, v. 9, n. 2, p. 101-122, 2012. CrossRef.
justificativa, todavia, à precarização dos serviços de saúde mental brasileiros.
8
 Enxergamos uma positividade nas discussões acaloradas em torno da categoria CONFISSÕES de uma Garota de Programa. Direção: Steven
“risco psicótico”, a qual a nosso ver encobre uma tentativa desajeitada de rein- Soderbergh. USA: Magnolia Pictures / 2929 Productions /
troduzir a clássica noção de estruturas clínicas (neurose e psicose), suprimidas Extension 765 / HDNet Films, 2009. 1 DVD.
pelo DSM. Contudo, essa reintrodução da dimensão estrutural do diagnóstico
psiquiátrico requer constructos teóricos – “esquizofrenia incipiente” (CONRAD,
1963) – e posicionamentos éticos – “psicose ordinária” (MILLER et. al., 2009)
CONRAD, K. La esquizofrenia incipiente: intento de un
– que a sustentem; caso contrário, torna-se uma estratégia de captura das diferen- análisis de la forma del delirio. Madrid: Alhambra, 1963.
ças pelo dispositivo médico-psiquiátrico.

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