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net/publication/279513221

Concreto permeável: otimização do traço para pavimentação de fluxo leve

Conference Paper · September 2015


DOI: 10.13140/RG.2.1.4575.1528

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6 authors, including:

P. F. Schwetz Alexandre Lorenzi


Universidade Federal do Rio Grande do Sul Universidade Federal do Rio Grande do Sul
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Luiz Carlos Pinto da Silva Filho Lívia Zoppas Ferreira


Universidade Federal do Rio Grande do Sul Universidade Federal do Rio Grande do Sul
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CONCRETO PERMEÁVEL: OTIMIZAÇÃO DO TRAÇO PARA PAVIMENTAÇÃO DE
FLUXO LEVE
P.F. SCHWETZ A. LORENZI
Prof. Arquitetura Pesq. Eng.° Civil
UFRGS LEME/UFRGS
Porto Alegre; Brasil Porto Alegre; Brasil
pauletefs@gmail.com alexandre.lorenzi@ufrgs.br

L.C.P. SILVA FILHO LIVIA ZOPPAS FERREIRA


Prof. Eng.º Civil Grad. Eng.ª Civil
LEME/UFRGS LEME/UFRGS
Porto Alegre; Brasil Porto Alegre; Brasil
lcarlos66@gmail.com alexandre.lorenzi@ufrgs.br

VITOR LINHARES MICHAEL PARISOTO


Grad. Eng.º Civil Grad. Eng.ª Civil
LEME/UFRGS LEME/UFRGS
Porto Alegre; Brasil Porto Alegre; Brasil
alexandre.lorenzi@ufrgs.br alexandre.lorenzi@ufrgs.br

RESUMO

A drenagem da água superficial em excesso em pavimentos de trafego leve é uma questão que vem preocupando a
comunidade cientifica. Dentro deste contexto, o pavimento desenvolvido em concreto permeável vem surgindo como
uma ótima alternativa. Entretanto, a falta de normas técnicas específicas e de estudos mais aprofundados neste tipo de
concreto tem dificultado suas aplicações em larga escala. Este trabalho tem como objetivo principal buscar uma
otimização para o traço do concreto permeável, proporcionando uma boa permeabilidade agregada a um bom
desempenho em relação ao desgaste mecânico. Para tanto, foram moldados blocos de concreto permeável com
dimensões de 60x30x20cm nos traços 1:3, 1:4 e 1:5, cuja compactação foi feita com a utilização de um rolo
compactador manual. Foram extraídos corpos de prova cilíndricos de 10 cm de diâmetro, submetidos a ensaios de
permeabilidade e resistência mecânica, cujos ensaios foram baseados nas recomendações das Normas Internacionais
desenvolvidas pela ASTM. Como os resultados não foram conclusivos em relação ao traço a ser adotado, foram
concretadas e ensaiadas à flexão 6 vigas de 12x15x45cm, nos traços 1:4 e 1:5. Os resultados destes ensaios indicaram a
utilização do traço de 1:4 como mistura básica, sendo que esta composição associou um bom coeficiente de
permeabilidade com uma boa resistência mecânica.

1. INTRODUÇÃO

Os episódios de inundações nas cidades vêm aumentando exponencialmente, reduzindo a qualidade de vida da
população e trazendo prejuízos para o valor das propriedades. Este fato é atribuído ao processo acelerado de
desenvolvimento urbano e à consequente impermeabilização do solo junto com a canalização do escoamento pluvial.
Os efeitos da urbanização sobre o escoamento das águas pluviais têm sido verificados em diferentes localidades, sendo
que os aspectos normalmente destacados são o aumento da magnitude das vazões críticas, dos volumes escoados, bem
como a redução do tempo para a ocorrência das vazões máximas. As consequências desses impactos se manifestam sob
a forma de inundações urbanas, através de frequentes alagamentos e enxurradas causados pela água da chuva [1].
Uma alternativa para reverter o grande impacto ambiental que a impermeabilização urbana acarreta ao meio ambiente,
tanto direta como indiretamente, seria a adoção de tecnologias mais limpas, que permitissem uma maior infiltração da
água pluvial, tal como o uso de pavimentos de concreto permeável. Embora o uso de concretos com pouco ou nenhum
agregado miúdo já tenha sido registrado desde o pós-guerra, somente nos últimos anos, com o aumento das áreas
urbanizadas e o incremento dos problemas de drenagem urbana (que resultam em inundações e outros problemas), esse
material começou a ser estudado de forma sistemática, constituindo-se em um tipo especial de concreto denominado
Concreto Permeável. Os primeiros estudos mais amplos evidenciaram as características atraentes do concreto permeável
como alternativa à realização de custosas obras para gerar a infraestrutura de drenagem com o objetivo de sustentar
cidades cada vez mais impermeáveis.
Paulete Schwetz, Alexandre Lorenzi, Luiz Carlos P. Silva Filho, Livia Zoppas Ferreira, Vitor Linhares, Michael
Parisoto, Otimização do traço do concreto permeável para pavimentação de fluxo leve

A alta permeabilidade é, portanto, a principal razão porque esse material está sendo investigado e produzido nos dias
atuais. Quando o concreto permeável é utilizado em pavimentação externa, a água da chuva pode infiltrar diretamente
no solo, diminuindo a vazão que segue para o sistema de drenagem urbano. Além disso, sua adoção também contribui
para a manutenção dos aquíferos subterrâneos e à redução da velocidade e da quantidade do escoamento superficial
dessas águas. E, ao permitir a infiltração natural das águas pluviais, o material acaba contribuindo para um uso mais
eficiente do solo, pois não são mais necessárias obras de drenagem extensas e dispendiosas, como pontos de retenção,
valas, tubulações e outros mais. Além disso, evidências coletadas indicam que o uso desse material pode colaborar para
reduzir os efeitos de ilha de calor, favorecer a vegetação, evitar acidentes por escorregamento em superfícies lisas com
acúmulo de água, colaborar para a captura de gás carbônico e reduzir o consumo de agregados e cimento.
Para garantir a permeabilidade do concreto o mesmo deve possuir um alto índice de vazios interligados, com pouca ou
nenhuma porção de areia na sua composição, para permitir a percolação de grande quantidade de águas pluviais.
Quando o material é dimensionado adequadamente, o seu grau de permeabilidade é suficiente para permitir a passagem
de todo o fluxo precipitado na maioria dos eventos de chuva, praticamente anulando o escoamento superficial [2].
Para a produção do concreto permeável é muito importante que se formem vazios interligados, fato fundamental para
garantir a permeabilidade das águas pluviais. Por essa razão, na maioria das misturas, não se utiliza de agregado miúdo
(areia), sendo o concreto confeccionado apenas com água, cimento e agregado graúdo. Dessa forma se obtem um
material conglomerado, formado por partículas de agregado graúdo recobertas com uma camada razoavelmente espessa
de cimento e água. Devido à sua alta porosidade, a resistência desse concreto pode ser mais reduzida, quando
comparada ao concreto convencional. Por essa razão, seu uso é muitas vezes limitado a áreas de tráfego leve ou pouco
intenso. Segundo a norma do American Concrete Institute [3], as misturas de concreto permeável normalmente tendem
a desenvolver resistências de compressão na escala de 3,5 MPa a 28 MPa. Ou seja, apesar do elevado índice de vazios,
o contato entre os agregados graúdos que compõem o esqueleto do concreto permeável garante uma resistência
razoável. A pasta ou argamassa de cimento, usada em pequenas quantidades, garante que os agregados permaneçam
unidos, evitando o desmoronamento e dificultando a perda de material por abrasão.
Por todas essas razões, foi estabelecido um estudo sobre o mesmo, no âmbito da linha de pesquisa em Concretos
Especiais do Laboratório de Ensaios e Modelos Estruturais (LEME) da Escola de Engenharia da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (UFRGS) com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (FAPERGS)
em conjunto com Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) para o desenvolvimento de
um estudo como objetivo de otimizar o traço do Concreto Permeável com materiais locais.

2. CONCRETO PERMEÁVEL

Por definição, o concreto permeável é um material que possui um índice de vazios de 15 a 25% do seu total, usando
pouca ou nenhuma quantidade de agregado fino na sua pasta, apenas o necessário para manter uma coesão entre os
agregados graúdos e a porosidade. Em virtude desta baixa quantidade de agregado miúdo, em função da porosidade, o
mesmo apresenta uma baixa resistência à compressão, algo em torno a 3,5 a 28 MPa [3]. Desta forma, o mesmo vem
sendo usado para locais de tráfego leve, tais como: estacionamentos, entradas de garagens, calçadas e outros mais.
Ao se optar pela utilização do concreto permeável, existe a possibilidade de uma diminuição da construção de grandes
obras de drenagem, permitindo um melhor uso do solo e evitando grandes alterações no meio ambiente [4]. Quando se
trabalha com este tipo de concreto, a relação a/c aplicada deve ser na faixa de 0,26 a 0,45. O material deverá
apresentar, também, uma capacidade de percolação das águas pluviais variando entre 120 l/min./m2 e 320 l/min./m2,
com uma média de 200 l/min./m2 e picos de até 700 l/min./m2. Contudo, na sua produção, e conseqüente
funcionamento, é preciso levar em conta dois fatores importantes: a capacidade de percolação do solo abaixo do
pavimento permeável e o índice pluviométrico característico da região.
Dentre os pontos positivos para a utilização deste concreto, pode-se ressaltar:
• eliminação dos problemas das enxurradas urbanas
• recarga dos lençóis freáticos
• redução da poluição dos corpos hídricos pelo carreamento de poluentes
• minimização dos efeitos do aquecimento global
• aumento da arborização em centros urbanos
• redução dos custos com obras de drenagem
• favorecimento de economias regionais
• melhora na tração dos carros por conta da sua rugosidade.
Existem, porém, alguns pontos negativos a serem considerados na utilização deste material. Como este concreto possui
um processo único de implantação, o mesmo necessita ser produzido por empresa especializada. Existe também, a
questão do entupimento dos poros, que exige uma manutenção anual. Além disso, por ser um material relativamente
novo, constata-se uma resistência por parte da população em sua adoção [2].
O transporte do local da produção do concreto permeável até o local da pavimentação não deve exceder em uma hora.
Isto se dá pelo fato de que este concreto reage muito mais depressa do que o convencional pela pouca quantidade de
água na sua mistura. A concretagem deve ser feita com cuidado, com a checagem da consistência visualmente. A
mesma deverá ser contínua em todo o pavimento, devendo-se utilizar uma vibroacabadora para permitir uma melhor
acomodação dos agregados. Contudo, em virtude do rápido tempo de pega, este processo deverá ser concluído em, no
máximo, 15 minutos. Tão logo é finalizada esta etapa, utiliza-se um rolo compressor da largura do pavimento, para
evitar danos como abertura de fissuras. Através da utilização do rolo, tem-se a garantia de uma maior compactação do
pavimento, sem o comprometimento da permeabilidade. Como o concreto permeável possui um alto índice de
porosidade, o processo de cura torna-se muito importante, de forma a evitar-se ao máximo uma perda excessiva de
água. O processo de cura também deve iniciar logo no término da pavimentação, cobrindo-se a região concretada com
um plástico sobre o pavimento durante sete dias [4]. A Figura 1 mostra um pavimento de concreto permeável sendo
executado.
A utilização deste tipo de concreto data do século XVIII, sendo que sua grande difusão se deu durante a Segunda
Guerra Mundial, quando a Alemanha, com uma grande quantidade de entulhos para dispor e carência de matéria-prima,
fez uso dos mesmos para produzir este tipo de concreto. Após isto, se seguiram outros exemplos, onde o concreto
permeável foi utilizado como uma alternativa economicamente viável e ambientalmente correta. Nos dias atuais,
existem empresas especializadas no desenvolvimento deste tipo de material nos EUA, Europa e Japão. Foram, também,
desenvolvidas normas internacionais com recomendações para seu preparo, podendo ser citadas a ACI-522R-06
“Pervious Concrete” e a ACI-211.3R-02 “Guide for selecting proportions for no-slump concrete” do American
Concrete Institute.

Figura 1: Execução de Pavimento em Concreto Permeável [5].

Os sistemas de drenagem urbana pluvial têm a função de direcionar e auxiliar o escoamento do volume de água não
absorvido pelo solo após a ocorrência de precipitações atmosféricas, prevenindo desta forma a formação de inundações.
Estes sistemas tradicionais de drenagem são constituídos, tipicamente, pela rede de transporte de escoamento e as
soluções normalmente empregadas consistem em galerias e condutores subterrâneos, responsáveis por transportar
rapidamente os excessos de água para jusante. Atualmente, tem-se observado uma grande ineficiência das redes
pluviais, visto que a grande maioria dos sistemas existentes encontra-se ultrapassado, não atendendo mais as
necessidades dos atuais centros urbanos, que naturalmente cresceram e estenderam-se para além dos seus limites,
comprometendo todo o fluxo das águas na bacia [6].
A concepção clássica de sistemas de drenagem objetiva principalmente o rápido escoamento das águas pluviais,
transportando-a de montante a jusante no menor tempo possível. Como consequência, pode-se observar o aumento das
vazões de pico, aumento do volume escoado, redução do tempo de escoamento e principalmente a ocorrência de
alagamentos, enchentes e enxurradas. Este princípio, porém, foi abandonado nos países desenvolvidos já no início da
década de 1970 [7]. Entretanto algumas cidades brasileiras ainda adotam esta concepção de projeto.
Princípios modernos da drenagem urbana pluvial defendem que novos projetos não contribuam para o aumento da
vazão de pico das condições naturais. Para isso o planejamento da bacia deve incluir controle do volume de saída,
Paulete Schwetz, Alexandre Lorenzi, Luiz Carlos P. Silva Filho, Livia Zoppas Ferreira, Vitor Linhares, Michael
Parisoto, Otimização do traço do concreto permeável para pavimentação de fluxo leve

evitando-se a transferência dos impactos para jusante. O controle da drenagem na fonte pode ser executado através de
áreas de infiltração e trincheiras, pavimentos permeáveis ou sistemas de retenção. O princípio é manter a vazão
preexistente, não permitindo a transferência do problema para localidades a montante da bacia.
A utilização dos concretos permeáveis na drenagem urbana é uma alternativa para reverter o grande impacto que a
impermeabilização urbana acarreta ao meio ambiente. A contribuição da utilização do concreto permeável pode se dar
tanto de forma direta como indireta, visto que além de permitir uma maior infiltração da água pluvial, esta tecnologia
favorece a redução da necessidade de custosas obras de infraestrutura de drenagem urbana.
O concreto permeável, quando utilizado em áreas externas, permite que a água da chuva infiltre diretamente no solo,
diminuindo a vazão que segue para o sistema de drenagem urbano. Além disso, a sua adoção também contribui para a
manutenção dos aquíferos subterrâneos e à redução da velocidade e da quantidade do escoamento superficial dessas
águas. Ao permitir a infiltração natural das águas pluviais, o material acaba contribuindo também para um
desenvolvimento mais sustentável.
3.PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL
Em virtude de que o concreto permeável ainda não possui uma grande difusão no Brasil como em outros países, pouco
se sabe sobre os seus métodos de produção e instalação em pavimentação. Desta forma, fez-se necessário uma
investigação quanto ao melhor traço utilizado, vislumbrando-se os melhores resultados de permeabilidade deste
concreto de maneira a permitir uma rápida percolação da água das chuvas para o lençol freático, associado a bons
resultados de abrasão,
A pesquisa teve início com a busca pela otimização do traço do concreto permeável, que proporcionasse uma boa
permeabilidade associada a um bom desempenho em relação ao desgaste mecânico. Para tanto, foram moldados blocos
de concreto permeável com dimensões de 60x30x20cm nos traços 1:3, 1:4 e 1:5. A relação água/cimento foi fixada em
0,3. A dosagem final para cada traço, em peso, pode ser visualizada no Quadro 1, sendo que para cada traço foram
utilizadas 6 formas.
A concretagem foi feita individualmente para cada bloco (Figura 2a). Primeiro foi colocado o agregado (pedrisco) e
deixou-se rodar por 1 min. Após foi inserido o cimento, deixando rodar por mais um minuto e por último foi adicionada
a água, rodando a mistura por 2 minutos. A seguir, a mistura final foi colocada na forma (Figura2b), previamente
preparada com desmoldante, e compactada com um rolo (Figura 3). Após a moldagem dos 6 blocos, os mesmos foram
envoltos em plástico para iniciar o processo de cura.

Quadro 1: Dosagem Final do Concreto Permeável.


Traço 1:3 1:4 1:5
Volume de cada forma 0,0315 0,0315 0,0315
Porcentagem de vazios 15% 15% 15%
Massa de pedrisco por forma (kg) 45,06 49,62 52,83
Massa de cimento por forma (kg) 15,02 12,41 10,47
Massa de agua por forma (kg) 4,51 3,72 3,17

(a) (b)
Figura 2: Concretagem das formas.
Figura 3: Compactação dos blocos de Concreto Permeável.

Após 24 horas os blocos foram desmoldados e identificados. Dois blocos foram imersos em um tanque com água para
que tivessem uma cura saturada por 28 dias. Outros dois blocos foram envolvidos em uma manta geotêxtil denominada
BIDIM. Estes blocos foram mantidos encharcados com água para simular uma cura úmida. Os dois blocos restantes
foram deixados no laboratório na temperatura ambiente.
O processo de extração dos corpos de prova teve início 28 dias após a concretagem. Foram extraídos 8 corpos de prova
cilíndricos de cada bloco. A Figura 4 mostra a extração dos corpos de prova.
Após a extração dos corpos de prova, foram realizados os ensaios de permeabilidade, abrasão e resistência à
compressão, bem como a e dos resultados obtidos.

Figura 4: Extração dos corpos de prova

1.1. Ensaio de Permeabilidade

Para o concreto permeável é necessário caracterizar o coeficiente de permeabilidade previamente à execução do


pavimento.
Em função de não existirem normas brasileiras para a realização deste ensaio, o procedimento foi realizado segundo as
recomendações do American Concrete Institute [3]. Esta norma propõe a utilização um permeâmetro de carga variável
(Figura 5), onde a amostra de concreto poroso é posicionada. Após a instalação, o circuito é aberto permitindo-se a
passagem de água através da amostra de concreto permeável até o dreno, saturando-a e garantindo a retirada do ar. Em
seguida, o circuito é fechado através de uma válvula, mantendo-se o nível entre a superfície da amostra e o dreno do
permeâmetro.
Para o ensaio de permeabilidade do concreto tomou-se como base o ensaio descrito por Neithalath [8]. Basicamente o
corpo-de-prova cilíndrico foi envolto em uma membrana de látex e inserido no interior do equipamento. Após a
instalação, o circuito é aberto permitindo-se a passagem de água através da amostra de concreto permeável até o dreno,
Paulete Schwetz, Alexandre Lorenzi, Luiz Carlos P. Silva Filho, Livia Zoppas Ferreira, Vitor Linhares, Michael
Parisoto, Otimização do traço do concreto permeável para pavimentação de fluxo leve

saturando-a e garantindo a retirada do ar. Em seguida, o circuito é fechado através de uma válvula, mantendo-se o nível
entre a superfície da amostra e o dreno do permeâmetro. Aplica-se uma coluna d’água de 290 mm e a válvula é
novamente aberta, registrando-se o tempo para a coluna d’água descer até 70 mm da superfície da amostra. O
procedimento é repetido três vezes para cada corpo de prova e considera-se o tempo médio. O coeficiente de
permeabilidade é determinado de acordo com a Lei de Darcy.

Figura 5: Permeâmetro de carga variável.

2.2. Ensaio de Abrasão

O ensaio de abrasão foi realizado segundo especificações da norma Standard Test Method for Determining Potencial
Resistence to Degradation of Pervious Concrete by Impact and Abrasion [9]. Este ensaio tem início com a pesagem de
três corpos de prova simultaneamente. Após a pesagem, os corpos de prova são colocados em uma máquina
denominada Los Angeles Machine, que consiste em um tambor de aço que pode ser rotacionado a uma velocidade
controlada.
Neste ensaio, a norma recomenda que a máquina deve ser rotacionada a uma velocidade de 30 a 33 rotações por minuto.
Após 500 rotações, o material é retirado e peneirado. A peneira deve ter um diâmetro de 25 mm. O material retido na
peneira é novamente pesado. A partir dos resultados obtidos na pesagem inicial e final do material, é calculada a perda
de massa em porcentagem.

2.3. Ensaio de Resistência à Compressão Simples

Os ensaios de resistência à compressão foram realizados em uma prensa hidráulica servo-controlada, marca
SHIMADZU, com capacidade para 2.000 kN. O ensaio de resistência à compressão foi realizado segundo as
especificações da NBR 5739 [10]. Foram rompidos os corpos-de-prova resultantes da extração dos blocos concretados.
Durante o ensaio, foram utilizados discos de neoprene contidos em cápsulas metálicas para melhorar a distribuição das
cargas, uma vez que a superfície do concreto permeável é bastante irregular. Os resultados obtidos podem ser
visualizados no Quadro 2.
Quadro 2 – Resultados de resistência à compressão

TRAÇO CURA BLOCO N° CPs Mpa kN Media Mpa Media KN


5,13 36,4
bloco 1
2 4,28 30,4
BIDIM 5,11 36,3
5,99 42,6
bloco 2
2 5,04 35,8
10,06 71,4
bloco 1
2 7,74 55
1:3 AMBIENTE 8,98 63,7
8,75 62
bloco 2
2 9,36 66,4
7,05 50
bloco 1
2 8,05 57
IMERSA 6,78 48,05
4,74 33,6
bloco 2
2 7,26 51,6
6,69 47,4
bloco 1
2 5,73 40,6
BIDIM 6,19 43,90
6,30 44,6
bloco 2
2 6,05 43
3,22 22,8
bloco 1
2 3,82 27,2
1:4 AMBIENTE 4,21 29,90
5,18 36,8
bloco 2
2 4,62 32,8
4,29 30,4
bloco 1
2 4,03 28,6
IMERSA 4,93 35,00
5,73 40,6
bloco 2
2 5,68 40,4
4,01 28,4
bloco 1
2 3,98 28,2
BIDIM 3,90 27,60
4,17 29,6
bloco 2
2 3,42 24,2
6,09 43,3
bloco 1
2 4,60 32,6
1:5 AMBIENTE 4,92 34,92
4,67 33,2
bloco 2
2 4,31 30,6
2,93 20,8
bloco 1
2 3,90 27,8
IMERSA 3,60 25,55
3,50 24,8
bloco 2
2 4,06 28,8

3. ANÁLISE DE RESULTADOS

Os resultados obtidos nos ensaios realizados com os corpos de prova extraídos de blocos concretados nos traços 1:3, 1:4
e 1:5, cada um exposto a três diferentes tipos de cura, são apresentados a seguir.

3.1 Ensaio de Permeabilidade

A Figura 6 apresenta os resultados obtidos no ensaio de permeabilidade para cada um dos traços, relacionando os três
tipos de cura utilizados. Analisando a figura, observa-se que quanto menor o traço, maior a quantidade de pasta e maior
a influência da cura. Verifica-se, ainda, que com o traço 1:3 foram obtidos coeficientes de permeabilidade muito baixos
em comparação com os demais traços.
Paulete Schwetz, Alexandre Lorenzi, Luiz Carlos P. Silva Filho, Livia Zoppas Ferreira, Vitor Linhares, Michael
Parisoto, Otimização do traço do concreto permeável para pavimentação de fluxo leve

0,6

0,5

0,4

K (cm/s)
0,3 IMERSA
BIDIM
0,2
AMBIENTE
0,1

0
1:3 1:4 1:5
Traço

Figura 6: Resultados do ensaio de permeabilidade, considerando os diferentes tipos de cura

3.2 Ensaio de Abrasão

A Figura 7 apresenta os resultados obtidos no ensaio de abrasão para cada um dos traços, relacionando os três tipos de
cura utilizados. A análise do gráfico indica que, no traço 1:3, a cura com a manta geotextil (BIDIM) apresentou os
melhores resultados. Observa-se, ainda, que as curas imersa e ambiente não tiveram influência significativa na abrasão.
Outra constatação que pode ser feita é que no traço 1:4, a cura ambiente foi a melhor e no traço 1:5 a cura imersa foi a
melhor. Mas observa-se que a variação dos resultados entre os tipos de cura não é significativa.

80

70

60
Perda de massa (%)

50

40 IMERSO

30 BIDIM

20 AMBIENTE

10

0
1:3 1:4 1:5
Traço

Figura 7: Resultados do ensaio de abrasão, considerando os diferente tipos de cura.

3.3 Ensaio de resistência à compressão

A figura 8 ilustra os resultados obtidos no ensaio de abrasão para cada um dos traços, relacionando os três tipos de cura
utilizados. Analisando as mesmas observa-se que o tipo de cura interferiu significativamente na resistência à
compressão dentro do mesmo traço. Não foi encontrado um padrão de comportamento nesta variação. Uma das razões
para isto pode ser a dificuldade encontrada em manter um paralelismo entre as superfícies superior e inferior do corpo
de prova. Além disso, durante a extração, as superfícies superior e inferior sofrem danos, impedindo uma adequada
distribuição das tensões de compressão.
10
9
8
7
6

fc (MPa)
5 IMERSO
4 BIDIM
3 AMBIENTE
2
1
0
1:3 1:4 1:5
Traço

Figura 8: Resultados do ensaio de resistência à compressão, considerando os diferentes tipos de cura.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa procurou mostrar a eficácia do concreto permeável, tendo com o objetivo principal a otimização do traço
para encontrar o equilíbrio entre uma boa permeabilidade associada a um bom desempenho em relação ao desgaste
mecânico. Foram, também, realizados ensaios de resistência à compressão em corpos de prova extraídos.
A partir da análise dos resultados obtidos com os ensaios realizados foram elencadas as algumas considerações:
• O traço 1:3 não apresentou bons resultados no ensaio de permeabilidade e deve, portanto, ser descartado;
• A cura imersa e a cura utilizando manta geotextil (BIDIM) não agregaram valor do ponto de vista de
permeabilidade e abrasão, além de demandarem custo e complexidade de execução. Desta forma, sugere-se a
adoção da cura ambiente para o concreto permeável.

Em face aos resultados obtidos, conclui-se que o Concreto Permeável deve possuir as seguintes características para
apresentar um bom desempenho:
• Equilíbrio entre a permeabilidade, a abrasão e a resistência mínima para tráfego leve;
• O custo do material não pode exceder ao do concreto convencional;
• O concreto permeável precisa ter uma boa resistência à flexão.

Os resultados encontrados ainda precisam ser mais trabalhados, sobretudo os de resistência à compressão, para que este
concreto tenha uso numa pavimentação como calçada e estacionamentos. Os resultados de permeabilidade obtidos,
apesar de serem muito bons, ainda precisam estar de acordo com a capacidade de permeabilidade do solo onde vai ser
instalada a pavimentação. Torna-se necessário, ainda, o estudo da capacidade pluviométrica da região.
Existem, ainda, outros fatores a serem levados em consideração na produção desse concreto, condizentes com a
realidade brasileira, como: a resistência da população; o descaso desta com os seus resíduos sólidos, o que poderá
entupir os poros, comprometendo a permeabilidade; e a necessidade de mão-de-obra especializada na construção de um
pavimento permeável, sobretudo por conta das etapas a seguir na sua construção.
Em vista de todo esse processo de urbanização e expansão dos grandes centros urbanos é preciso observar a questão da
gestão das águas pluviais. Nos dias atuais, em função de uma má gestão das mesmas, inúmeros transtornos são causados
à população, tanto em relação aos danos estruturais quanto à proliferação de doenças. Deve-se levar em conta o impacto
causado no meio ambiente pela poluição carreada nos centros urbanos para os corpos hídricos, a modificação do
ambiente pela construção de tubulações de drenagem e os custos necessários para estes empreendimentos. Nesse
cenário se insere o concreto permeável, como uma alternativa ecologicamente correta e viável, aproximando o ambiente
urbano das condições de urbanização.

6. REFERÊNCIAS

[1] Lamb, G.S., “Desenvolvimento e Análise do Desempenho de Elementos de Drenagem Fabricados em Concreto
Permeável”. Dissertação de Mestrado. Porto Alegre, 2014, 145p.
Paulete Schwetz, Alexandre Lorenzi, Luiz Carlos P. Silva Filho, Livia Zoppas Ferreira, Vitor Linhares, Michael
Parisoto, Otimização do traço do concreto permeável para pavimentação de fluxo leve

[2] Polastre, B.; Santos, L.D., “Concreto Permeável”. Disponível em: http://www.usp.br, 2006.
[3] ACI COMMITTEE 522. Pervious Concrete (ACI 522R-06). Farmington Hills: American Concrete Institute, 2006.
[4] Tennis, P.D.; Leming, M.L.; Akers, D. J., “Pervious Concrete Pavements”. EB302.02, Portland Cement Association,
Skokie, Illinois, e National Ready Mixed Concrete Association, Silver Spring, Maryland, USA, 2004. 36p.
[5] Huffman, D., “Understanding Pervious Concrete”. In: The Construction Specifier. Buffalo: CSI, Dezembro/2005.
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[10] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - NBR 05739:1994 - Ensaio de Compressão de Corpos
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