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Expressões faciais das emoções e micro-expressões: evidências e


potencialidades Psicologia moderna

Article · April 2015

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Hélio Clemente José Cuve


City University of New York - Brooklyn College
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Expressões faciais das emoções e micro-expressões: evidências e potencialidades
Psicologia moderna

Hélio Clemente José Cuve1


Centro de Estudos e Apoio Psicológico – Universidade Eduardo Mondlane (CEAP-UEM)
helio.cuve@uem.mz

Resumo

O presente artigo de revisão discute sobre a área de estudo do comportamento não-verbal


focalizando o comportamento da face humana. O objectivo é explorar e motivar a aplicação da
produção científica nesta área, como um contributo técnico actual que se adapta a promoção da
saúde mental e diversos fins. Pesquisas sobre o comportamento facial são aplicadas desde o
âmbito mais interno da Psicologia para a avaliação psicológica, monitoramento da depressão,
processos de recrutamento de recursos humanos até em campos multidisciplinares na esfera de
negócios, publicidade e marketing, treinamento de agentes de segurança, combate e prevenção
do terrorismo, treinamento de delegados e inquiridores de polícia e ainda para melhorar a
capacidade de gerir relações interpessoais.

Palavras-chave: Expressões faciais, Micro-expressões, Psicologia moderna, emoção.

Abstract

The present paper discusses about the topic of nonverbal communication focusing on facial
behavior. The aim is to explore and motivate the application of this knowledge by Mozambican
Psychologists as a modern contribute for the country needs. Facial expression research can be
applied from the inside scope of Psychology for psychological assessment, monitoring of
Depression disorder, recruiting human resources, to multi-disciplinary fields such as business
sphere, publicity, marketing, security agents training, anti-terrorism, training police inquiries
and also to train emotion management for interpersonal relations.

Key words: Facial expressions, micro-expressions, Modern Psychology, emotion.

1Hélio Clemente José Cuve – É investigador-docente associado ao Centro de Estudos e Apoio Psicológico (CEAP) e ao
Departamento de Psicologia da Universidade Eduardo Mondlane (UEM). É Licenciado em Psicologia, vertente de Psicologia
Escolar Necessidades Educativas Especiais. Exerce prática clínica no centro e dedica-se a pesquisas de temas e métodos de
aplicação transversal em Psicologia em particular de avaliação comportamental.

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1. Introdução

O estudo científico do comportamento humano é uma tarefa complexa, as técnicas para aceder
o outro desdobram-se para abarcar as mais diversas formas de expressão do ser humano,
contudo, nenhuma técnica é cabal em si para captar a complexidade da comunicação humana e
das diferenças comportamentais subjacentes aos indivíduos que tomam parte desta interacção.

Em Psicologia é incontestavelmente importante reconhecer e compreender os significados das


mensagens comportamentais manifestados verbalmente ou de outra forma. É com base nestas
mensagens, implícitas ou explícitas, que se pode intervir, orientar e decidir sobre o indivíduo.

A comunicação verbal perfaz apenas 7% da comunicação humana, na realidade, 93% da


comunicação humana ocorre de forma não-verbal, através das posturas corporais, expressões
faciais, micro-expressões (SBLDD, 2012). Por isso, é pertinente questionar se os profissionais
que procuram compreender o outro, estarão a captar toda informação necessária para esse fim?
Até que ponto as diversas barreiras que afectam o comportamento verbal expressivo interferem
nas mensagens que circulam? Este trabalho focaliza nos quase 23% de sinais da comunicação
humana que nos chegam através das expressões da face humana.

Resultados de mais de 40 anos de pesquisa mostram evidências que tornam mais objectivas as
interpretações a respeito do comportamento não-verbal, ajudando os Psicólogos, médicos,
líderes e outros profissionais a melhorarem os seus skills na busca de compreensão do outro no
seu trabalho. Busca-se discutir neste artigo fundamentos de pesquisa derivados de trabalhos de
Paul Ekmani, considerado o maior psicólogo estudioso do comportamento facial, com mais de
40 anos de pesquisa documentada em mais de 14 publicações de livros e centenas de artigos
(Paul Ekman Group [PEG], 2014a; Paul Ekman International [PEI], 2014).

Pretende-se que este artigo de revisão seja um ponto de partida para motivar pesquisa e
aplicação do conhecimento sobre a linguagem corporal em particular das expressões faciais das
emoções, na comunidade moçambicana. Considerando um contributo actual da Psicologia para
a promoção de saúde mental e emocional e uma ferramenta comportamental que pode contribuir
para diversas áreas e necessidades do país como a educação, no direito, segurança pública e
gestão organizacional. Os objectivos que nortearam a pesquisa de revisão para este artigo são:
(a) Discutir às evidências da cientificidade das pesquisas sobre as expressões faciais das
emoções como um campo de estudo; (b) explicar o conceito de micro-expressões; (c) elucidar

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a importância do conhecimento sobre as expressões faciais; (d) apresentar as potencialidades
de aplicação deste conhecimento em Moçambique.

1. Materiais e métodos

Para a elaboração deste artigo foi usada a metodologia de pesquisa bibliográfica nos moldes
concebidos pela APA (2010) de forma a recolher documentos e informações relevantes
publicadas ou não sobre o assunto. Foram descarregados artigos, livros, vídeos, jornais,
relatórios de pesquisa, dissertações, fotos e entrevistas a partir da biblioteca de base de dados
de Paul Ekman Group (PEG) e Paul Ekman International (PEI) reconhecidos como os
distribuidores oficiais e creditados dos trabalhos de Ekman. Foram igualmente considerados
trabalhos científicos julgados importantes redirecionados a partir destas bases de dados.

Procura-se nos tópicos a seguir, apresentar os resultados da revisão feita, o panorama geral
teórico em que se insere o discurso sobre as expressões faciais e os contornos multidisciplinares
da sua prática.

2. Expressões faciais Vs. Emoções: Da teoria de Darwin a evidência de pesquisa.

Uma das formas de compreender o comportamento humano é através da linguagem corporal


associada a comunicação verbal, e mais especificamente o comportamento da face humana. As
pesquisas evidenciam propriedades particulares e uma simetria própria da face humana
(Bettadapura, SD; New York Times, 2003), que permitem através veicular várias informações
e afectos (Pfister, Li, Zhao & Pietik¨ainen, 2014; PEG, 2014a; Matsumoto & Hwang, 2011).
Os escritos nesta temática são concordantes sobre a importância das expressões faciais que
permitem efectuar trocas relacionais, sinalizar emoções, emitir sinais sexuais, em suma,
formam um componente fortemente identitário de uma pessoa (MHIWGE, SD; PEG, 2014a;
Ekman, Friesen & Ancoli, 1980.p.1125).

Charles Darwin propôs o que quase um século depois veio a ser confirmado pelas pesquisas de
Ekman, sugerindo que as emoções humanas tinham expressões faciais universais, não apenas
transculturais, como também partilhadas com outras espécies animais (Ekman, 1992:169;
1999:2; 1998, 2014). Testando empiricamente estas hipóteses pesquisas Ekman mostrou a
evidência da intrínseca relação existente entre o comportamento da face humana e as emoções
(Matsumoto & Hwang: 2011; PEG, 2014a; Bettadapura, SD; Pfister, et al, 2014; (Ekman, 1999;
PEG, 2014a; Ekman, Sda; Matsumoto & Hwang, 2011; IIS, 2004).

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Estudos transculturais incluindo culturas pré-literadas de África (como Nova Guiné)ii realizados
por Ekman e colaboradores avaliaram o reconhecimento de expressões faciais pousadas, e deste
modo foi produzida a evidência da universalidade de sete emoções, consideradas por isso
básicas: raiva, medo, tristeza, desgosto, desprezo, surpresa e alegria (PEG, 2014; Ekman, SDa;
Ekman, 1999; TSBLDD, 2008; NYT, 2003). Estes estudos foram replicados em mais de 22
países e viriam a contradizer a concepção corrente dominante da Antropologia, defendida por
Margaret Meadiii (Ekman, 1999; PEG, 2014; BBC, 2011; Ekman, 1999; PEG, 2014; Matsumoto
& Hwang: 2011).

As descobertas sobre a face humana abrem um horizonte vasto de novas possibilidades para a
investigação do comportamento humano, para exploração e compreensão dos significados
emocionais do comportamento facial. A maioria dos autores segundo Barlow e Durand
(2008:61) concorda que a emoção é uma tendência de acção impulsionada por um
acontecimento externo (Pe. ameaça), ou por um estado de sentimento (Pe. terror) acompanhada
por uma possível resposta psicológica (Pe. medo).
Numa perspectiva evolutiva defende-se que as mesmas são benéficas para vida do homem e
estão directamente ligadas sobrevivência humana como propunha Darwin (Darwin, 1872;
Ekman, 1997). É nesta neste prisma que se percebe que as pessoas podem nunca fazer sexo
devido ao medo, podem morrer de fome se não tiverem um fornecedor alimentar e não sentirem
a necessidade e a força de arranjar uma forma de sobreviver (Ekman, 2005), portanto, as
emoções tanto podem ser desastrosas como benéficas para o homem (Ekman, 1997, 1998,
1999a, 1999b).
As expressões faciais das emoções básicas, consideradas universais são provavelmente inatas,
diferente dos gestos que são parte da linguagem corporal e culturalmente determinados. No
entanto, percebe-se que cada cultura tem sua influência na forma como as pessoas irão
expressa-las e gerir. Os estudos transculturais de Ekman apontaram por exemplo que
estudantes Japoneses mostram maior inibição para expressar certas emoções “desagradáveis”
quando estão em presença de uma figura de autoridade, diferente dos estudantes americanos.
É preciso ainda ressalvar que existem emoções que não têm sinais faciais específicos (Ekman,
Sda; 1980, 1999).

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Figura 1: Evidências da universalidade das expressões faciais das emoções básicas. Retirado
de Ekman (1999) e PEG (2014)

3. A luta por um método objectivo: O sistema de codificação das unidades de acção da


face (FACS)
As evidências da universalidade das expressões faciais das emoções abriram um novo campo
de possibilidades para a pesquisa sobre o comportamento não-verbal, no entanto, precisava-se
de uma forma objectiva de explorar e comunicar esse conhecimento, era necessário ter-se um
método que oferecesse aos cientistas comportamentais uma linguagem comum e um padrão
objectivo de medição do comportamento em causa. Foi desta forma que Ekman e Friesen
iniciaram uma das maiores empreitadas da pesquisa sobre o comportamento facial e
construíram o primeiro instrumento que permite a análise e descrição objectiva dos movimentos
dos músculos da face humana (Donato, Bartlett, Hager, Ekman, Sejnowski, 1999).

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Figura 2: Mapeamento dos músculos da face (retirado de Cohn & Ekman, 2005:37).

O Facial Action Coding System (FACS) permite medir toda expressão facial ou comportamento
facial visível, e não apenas acções que presumivelmente podem estar relacionadas a uma
emoção. O instrumento distingue 44 unidades de acção, estas que são as unidades mínimas
anatomicamente identificadas nos movimentos faciais (Donato, Bartlett, Hager, Ekman,
Sejnowski, 1999; Cohn & Ekman, 2005:37). Este facto por si serve de recurso á avaliação da
“espontaneidade” de uma expressão facial, analisando o tempo de reacção, duração e os
músculos envolvidos na expressão, pode-se obter pistas para a sua interpretação. Obviamente,
é preciso considerar outros factores que possam justificar as alterações do comportamento da
face humana.

Existem, duas descobertas importantes ligadas a construção do FACS, a primeira, e que


contribui para a interpretação do comportamento facial e detecção de fraudes (mentiras) é que
existem músculos da face que não podem ser voluntariamente manipulados (Lansley, 2014;
Ekman, Friesen, & Ancoli, 1980). A segunda descoberta, é que o acto de mimetizar uma
expressão facial de uma emoção activa um processo fisiológico correspondente a tal emoção
(Ekman, SDb; PEG, 2014a; Hall et al, 2005; NYTIMES, 2003). A validação desta hipótese,
pode abrir um novo campo de intervenções e técnicas de treinamento de gestão emocional, e
numa larga escala pode ser aplicado não apenas em setings terapêuticos mas também para a
criação de programas de promoção de bem-estar emocional das pessoas no geral.

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Figura 3: Algumas das unidades de acção facial superiores e inferiores (extraído de Vinay
Bettadapura)

4. Micro-expressões: revelando fraudes e emoções escondidas


“A mentira é uma característica tão central na vida, que um melhor conhecimento desta
será relevante para a compreensão de quase todos os comportamentos humanos”
(Ekman, 1985.p.85).

Ao contrário das macro-expressões como as pousadas e reconhecidas nos estudos


transculturais, as micro-expressões são expressões faciais muito rápidas que duram apenas uma
fracção de segundo. Estas últimas foram inicialmente descritas em psicoterapia com pacientes
depressivos, onde propôs-se que as mesmas ocorrem quando as pessoas têm sentimentos
reprimidos (escondidos de si) ou quando de forma deliberada tentam esconder seus sentimentos
dos outros (supressão), contudo, não se pode dizer pela expressão em si, quando se trata de
repressão ou supressão (PEG, 2014; Ekman, 1992; Ekman, 1999).

Pesquisas realizadas testando a capacidade de reconhecer estes sinais, mostraram que quase
99% da população não consegue identificar estes sinais, incluindo grupos de profissionais que
se podia esperar terem alguma habilidade neste sentido, como psicólogos, psiquiatras, polícias,
uma excepção é geralmente feita a agentes de segurança secreta, que apresentaram melhores
resultados. No entanto, Ekman e Friesen mostraram que com um treinamento é possível
reconhecê-las em tempo real (PEG, 2014a; Lansley, 2014b).

Fisiologicamente, micro-expressões representam sinais de stress, isto é, quando o sistema


cognitivo e emocional entram em um conflito neural, dando lugar a evasão de manifestações
físicas breves. Isto acontece, por exemplo, quando a pessoa não acredita no que diz, ou sente
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algo diferente do que mostra (Ekman, SDc, Ekman, 1999; Ekman, 2014a). Uma experiência
realizada com estudantes universitários nos EUA mostrou evidências de evasão de micro-
expressões na tentativa de esconder emoções desagradáveis ligadas a experiência (Ekman, Sdc;
Ekman, Sdd; Lansley, 2014, PEG, 2014c).

A forma tradicional para a detecção de fraudes e ou mentirasiv, baseia-se na tortura e


intimidação, que em contrapartida gera respostas fisiológicas de stress, e existe sempre um risco
de errar e provocar danos ao sujeito avaliado (Lansley, 2014a).

A produção científica mostra que a preocupação com a detecção de fraudes não é nova. O
polígrafo é um instrumento concebido para a “detecção de mentiras”, através da avaliação da
tensão e pulsação dos dedos que se mostram ser bons indicadores para a medição do stress
fisiológico. Deste modo, alterações no ritmo desta tensão e pulsação tomadas como linha de
base significariam sinais de elevação de stress (associado a mentira), activando-se deste modo
uma pequena descarga como um estímulo desagradável (punição). Contudo, as reacções
fisiológicas ao teste em si são consideradas problemáticas, pelo que a sua validade é
questionável (Lansley, 2014; Ekman, 1992; Ekman, 1997).

Os humanos por sua vez são considerados a melhor ferramenta para a detecção da fraude
(mentira). Estudos e estatísticas mostram que quando treinados, alcançam até 90% de acurácia
para detectar sinais de fraude observando respostas fisiológicas que se presumem estar
associadas a manifestação de emoções (Ekman, 2014a; Lansley, 2014; Matsumoto & Hwang,
2011). A falta de espontaneidade nas expressões, hesitação de voz, resistência da pele, e outros
indícios, representam sinais fisiológicos mensuráveis que estão associados ao contraste
cognição e emoção (Lansley, 2014; Cohn & Ekman, 2005; Ekman, 1992).

2. Importância do conhecimento das expressões faciais das emoções

Reconhecer expressões faciais das emoções e micro-expressões, reveste-se de grande


importância para a compreensão das relações interpessoais, gestão intrapessoal e para o
desenvolvimento de inteligência emocional e empatia (Ekman, SDc; PEG, 2014a).Uma
pesquisa de Helen Reiss e cols. mostrou que a habilidade de reconhecimento das emoções
através de breves expressões faciais resulta em melhores índices de classificação de empatia
reportada pelos pacientes do grupo de estudo em relação ao grupo de controlo (PEG, 2014a;
RIESS et al, 2012).

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O treinamento em expressões faciais aumenta também a consciência interna das emoções,
permitindo reconhecer quando nos tornamos emocionalmente vulneráveis, e este modo uma
melhor gestão da expressão das emoções (PEG, 2014a; HALL et al, 2005).

3. Expressões faciais e micro-expressões aplicação no mundo real

O conhecimento sobre expressões faciais têm aplicação prática multidisciplinar, todo o grupo
de esferas profissionais onde se faz importante ter a capacidade de ler os estados emocionais
dos outros pode se beneficiar destes conhecimentos para avaliação psicológica, rastreamento
de criminosos tanto em comunidades como em aeroportos, prevenção de terrorismo, detecção
de fraudes em entrevistas e ou inquéritos policiais, apoio e avaliação clínica, terapia de
casal, marketing e vendas, pesquisa e indústria televisiva (PEG, 2014a; Matsumoto & Hwang,
2011; Alexa et al, 2013).

Discute-se a seguir com algum detalhe algumas das aplicações que podem ser implementadas
no contexto moçambicano:

A) Treinamento de polícia, inquiridores e questões criminais: fraudes carregam muitas


vezes expressões emocionais acrescidas em comparação a situações normais (micro-
expressões). Contudo, as micro-expressões não dizem em si se o sujeito está a mentir,
mas podem apontar incongruências entre aquilo que é dito e aquilo que é experienciado
emocionalmente pelo indivíduo. Agentes de segurança e oficiais de polícia dos EUA,
Portugal, Brasil, UK, e vários outros países, têm nos seus módulos de treinamento,
capacitação em reconhecimento de micro- expressões e linguagem corporal (PEG,
2014; Frank, 2005).
Este conhecimento pode ser de grande valia treinamento de agentes de garante da ordem
e segurança pública, considerando a explosão de acções criminosas de sequestros contra
civis no país, estas técnicas podem auxiliar o trabalho de avaliação e monitoramento
comportamental (Pe. em patrulhas, inquéritos).
B) Profiling nos aeroportos: várias universidades de tecnologias desenvolveram com base
nos estudos de Ekman, sistemas de tracking e controle de expressões faciais que
permitem monitorar suspeitos de terrorismo, narcotráfico e outros. Agentes de
segurança de aeroportos são também treinados a identificar esses indícios através de
observação directa da linguagem corporal e das expressões faciais em particular
(Fonseca, 2013; PEG, 2014; Frank, 2005). O que pode ser tomado como uma norma de

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prevenção de crimes organizados e reforço de segurança, principalmente considerando
as precauções internacionais recomendadas após os atentados de 11 de Setembro.
C) Profissionais de saúde: podem desenvolver melhores rapports com pacientes,
interagindo de forma mais humana, empática e com compaixão, o que contribui para
realização de diagnósticos mais acertados, através da obtenção de informações mais
completas (PEG, 2014; 2005; Riess et al, 2012).
D) Linguagem não-verbal na educação: os aspectos cruciais da interacção estudante-
professor são não-verbais (BABAD, 2005:283). Professores podem ler as expressões
faciais de seus estudantes para obter sugestões sobre o progresso da lição e planejar um
processo mais efectivo. Do mesmo modo, gestores escolares que lêem emoções dos seus
professores estão mais aptos a reduzir o burnout destes e incrementar a efectividade dos
mesmos (PEG, 2014a; Matstumoto & Hwang, 2011).
E) Desenvolvimento de social skills (aptidões sociais) para populações especiais:
indivíduos do espectro autista se têm beneficiado enormemente com o treino de micro-
expressões através do SEET (subtl expression trainning tool). Assim como indivíduos
com esquizofrenia tendem a aumentar a capacidade de reconhecer emoções nos pares
normais (Riess, et al, 2012; Marsh et al, 2012).
F) Avaliação psicológica e médica: estudos de Ekman evidenciaram a presença de micro-
expressões em gravações de entrevistas terapêuticas de pacientes depressivos que
intentaram o suicídio após receberem alta (PEG, 2014a; Alexa et al, 2013). Stuart (2005:
313) lembra que a maior parte das psicopatologias do DSM IV (Manual for Diagnostic
and Statist of Mental Disorders) estão ligadas a algum tipo de alteração emocional
(APA, 1994).

4. Considerações finais

Faz-se necessário que o conhecimento sobre o comportamento não-verbal e as expressões


faciais em particular seja tratado de forma mais objectiva pela comunidade científica, em
particular pelos currículos de Psicologia em Moçambique. Pois, estudar o comportamento não-
verbal não é nenhuma tendência sensacionalista em Psicologia, é sim, uma tendência de pensar
numa Psicologia para “aplicação real no mundo real” na busca de compreensão do outro. As
expressões faciais não podem mais ser tratadas no plano do senso comum, ignorando os sinais
objectivos que a relação complexa entre a cognição e a emoção permite evidenciar através da
face.
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Actualmente existem cursos, módulos, softwares de treinamento e outros instrumentos (PEG,
2014a) que permitem que psicólogo ou (outro profissional) desenvolva a capacidade de
objectivamente analisar sinais emocionais presentes na face. Julgamos ser pertinente incorporar
estes conhecimentos de mais de quatro décadas de pesquisa nos currículos nacionais de
Psicologia em disciplinas como Técnicas de observação e entrevista psicológica, Psicoterapia,
Psicopatologia e avaliação psicológica. Isto não só permitirá incrementar o perfil de habilidades
do graduando em Psicologia (que deve ser interventivo na realidade do país) como também
aliado a pesquisa e reflexão, permitirá a projecção de novas oportunidades de actuação do
psicólogo moçambicano, acrescendo o valor do contributo da Psicologia para as necessidades
da sociedade.

Por último, é preciso acautelar-se que o interesse pelas expressões faciais em Psicologia não
seja movido em si pelo desejo de desvendar fraudes, ou intenções similares que podem chocar
com a ética da profissão, mas sim, pelo objectivo máximo que se acredita que a Psicologia deve
prover, o balanço emocional. Portanto é importante perceber porquê temos emoções, que
exercícios podem melhorar a vida emocional das pessoas e como podemos reconhecer emoções
nos outros (PEG, 2014a).

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https://www.youtube.com/watch?v=RnwdndsspTIMatsumoto, David., e Hwang, Hyi. (2011).
Science Brief: Reading facial expressions of emotion: Basic research leads to training programs that
improve people’s ability to detect emotions. Psychological Science Agenda
Mind and Hearth. 3 of 5 useful things to know about emotions: interview with Dr Paul Ekman By Lili
Shimamoto and Alex Avery (Video) disponível em
https://www.youtube.com/watch?v=vdUZQmZfMzY
PAUL EKMAN GROUP. (2014a). Micro Expressions. Disponível á 14 de Julho de 2014 em
http://www.paulekman.com/micro-expressions/
PAUL EKMAN GROUP. (2014b). Universality of facial expressions. Disponível á 14 de Julho de 2014
em http://www.paulekman.com/
PAUL EKMAN GROUP. (2014c). Research and materials Disponível á 14 de Julho de 2014 em
http://www.paulekman.com/
PFISTER, Tomas.,LI, Xiaobai., ZHAO, Guoying.,EAINEN, MattiPietik (SD).Recognising
Spontaneous Facial Micro-expressions.Machine Vision Group, Department of Computer Science
and Engineering,.University of Oulu, Finland. Disponível à 16 de Julho de 2014 em:
http://tomas.pfister.fi/files/pfister11microexpressions.pdf

Notas de Fim

i
Paul Ekman é professor emérito do Instituto de Psiquiatria da Escola Médica da Universidade de São Francisco, recebeu seu
PHD em Psicologia Clínica. Foi também eleito um dos 100 psicólogos mais importantes do século XX pela American
Psychological Association (APA) e é considerado pela NY Times uma das 100 figuras mais influentes no mundo e com vários
prémios de distinção científica (PEG, 2014; Matsumoto & Hwang, 2011; TSBL, 2008; Jütten, 2012; Lansley, 2014; APA,
2003; Bettadapura, SD).

ii
Assumia-se que estas culturas que não poderiam ter apreendido as expressões faciais da televisão nem do contacto massivo
com estrangeiros, sendo naquela altura, ainda uma cultura da “idade da pedra”.

13
iiiMead defendia que as expressões faciais eram culturalmente determinadas e que diferiam de cultura para cultura. Esta
concepção era consensulamente aceite pela comunidade científica que rejeitava a visão de Darwin até as evidências dos estudos
transculturais de Ekman.
iv
Ekman define mentira ou fraude como uma pretensão de mal informar outrem, fazendo-o deliberadamente, sem uma
notificação a prior deste fim e sem ter pedido explicitamente para faze-lo. Os tipos de mentira podem ser Segundo Ekman
(1992): esconder e falsificar. A pessoa esconde quando mantém uma informação omissa sem necessariamente dizer algo falso.
Na falsificação acrescenta-se uma informação não verdadeira.

14

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