Exceto em lactentes e idosos, a ITU ocorre muito mais frequentemente nas mulheres do que nos homens.
Até 50-80% das mulheres na população geral apresentam pelo menos uma ITU durante a sua vida – na maioria dos
casos, cistite não complicada.
O uso recente de um diafragma com espermicida, as relações sexuais frequentes e uma história de ITU constituem
fatores de risco independentes para a cistite aguda.
Em mulheres saudáveis na pós menopausa, a atividade sexual, o diabetes melito e a incontinência constituem fatores de
risco para ITU.
Muitos fatores que predispõem as mulheres à cistite também aumentam o risco de pielonefrite.
Em mulheres sadias jovens, os fatores independentemente associados à pielonefrite incluem relações sexuais frequentes,
novo parceiro sexual, ITU nos 12 meses precedentes, história materna de ITU, diabetes e incontinência.
Cerca de 20-30% das mulheres que já tiveram um episódio de ITU terão episódios recorrentes. A recorrência precoce
(dentro de 2 semanas) é habitualmente considerada como recidiva, e não como reinfecção, e pode indicar a necessidade
de avaliar a paciente quanto a um foco sequestrado.
Não é raro que a infecção inicial seja seguida de múltiplas recidivas, resultando em agrupamento de episódios. O
agrupamento de episódios pode estar relacionado temporalmente à presença de um novo fator de risco ou à descamação
da camada epitelial externa protetora da bexiga em resposta à fixação das bactérias durante a cistite aguda.
Um estudo de caso-controle com predominância de mulheres brancas na pré-menopausa com ITU recorrente identificou
as relações sexuais frequentes, o uso de espermicida, um novo parceiro sexual, uma primeira ITU antes dos 15 anos de
idade e uma história materna de ITU como fatores de risco independentes para ITU recorrente.
Em mulheres na pós-menopausa, os principais fatores de risco para ITU recorrente incluem história de ITU na pré-
menopausa e fatores anatômicos que afetam o esvaziamento da bexiga, como cistocele, incontinência urinária e urina
residual.
Os homens com ITU apresentam, em sua maioria, uma anormalidade anatômica ou funcional do trato urinário, mais
comumente obstrução urinária secundária à hipertrofia prostática. A falta de circuncisão também está associada a um
risco aumentado de ITU, visto que a E. coli tem mais tendência a colonizar a glande e o prepúcio e a migrar
subsequentemente para o trato urinário.
Definições
Pode ser assintomática (infecção subclínica) ou sintomática (doença). Abrange uma variedade de entidades clínicas,
incluindo bacteriúria assintomática (BAS), cistite, prostatite e pielonefrite. A distinção entre ITU sintomática e BAS
tem implicações clínicas importantes. Tanto a ITU quanto a BAS indicam a presença de bactérias no trato urinário,
habitualmente acompanhadas de leucócitos e citocinas inflamatórias na urina.
ITU denota a presença de doença sintomática; a cistite refere-se a uma infecção sintomática da bexiga (baixa); e a
pielonefrite indica uma infecção sintomática dos rins (alta).
ITU não complicada refere-se a cistite ou pielonefrite aguda em mulheres não grávidas em condições ambulatoriais,
sem anormalidades anatômicas, nem instrumentação do trato urinário.
ITU complicada é um termo que abrange todos os outros tipos de ITU.
ITU recorrente não é necessariamente complicada; episódios individuais podem não ser complicados e tratados desse
modo.
A ITU associada ao uso de cateter (ITUAC) pode ser sintomática ou assintomática.
Etiologia
Habitualmente em bacilos Gram-negativos entéricos que migraram para o trato urinário.
+Cuidar Clamydia pois não aparece na urocultura.
Na cistite aguda os agentes etiológicos são altamente previsíveis: E. coli representa 75-90%; Staphylococcus
saprophyticus 5-15% (com isolamento particularmente frequente em mulheres mais jovens); e Klebsiella, Proteus,
Enterococcus e Citrobacter, juntamente com outros microrganismos, por 5-10%.
Na pielonefrite não complicada é semelhante, com predomínio da E. coli.
Na ITU complicada (p. ex., ITUAC), a E. coli é predominante, porém outros bacilos Gram-negativos aeróbios, como
Pseudomonas aeruginosa e espécies de Klebsiella, Proteus, Citrobacter, Acinetobacter e Morganella, também são
isolados com frequência. As bactérias Gram-positivas (p. ex., enterococos e Staphylococcus aureus) e as leveduras
também constituem patógenos importantes.
Patogênese
Na maioria dos casos de ITU, as bactérias estabelecem uma
infecção por meio de sua ascensão até a bexiga através da
uretra. A ascensão contínua pelo ureter até o rim constitui o
trajeto para a maioria das infecções do parênquima renal.
A interação entre fatores do hospedeiro, do patógeno e
ambientais determina se haverá invasão tecidual e infecção
sintomática.
A micção anormal e/ou um volume de urina residual
significativo promovem uma infecção verdadeira. Qualquer
coisa capaz de aumentar a probabilidade de entrada das
bactérias na bexiga e a sua permanência aumenta o risco de
ITU.
As bactérias também podem ter acesso ao trato urinário através da corrente sanguínea. A disseminação hematogênica
responde por < 2% das ITUs, causada por microrganismos relativamente virulentos, como Salmonella e S. aureus. O
isolamento de um desses patógenos de um paciente sem cateter ou outra instrumentação justifica a pesquisa de uma
fonte hematogênica. Podem produzir abscessos focais ou áreas de pielonefrite dentro de um rim e resultam em culturas
de urina positivas.
A patogênese da candidúria é distinta, visto que a via hematogênica é, neste caso, comum. A presença de Candida na
urina de um paciente imunocompetente sem instrumentação implica uma contaminação genital ou disseminação visceral
potencial.
Anormalidades Anatômicas E Funcionais
Qualquer condição capaz de permitir a estase ou a obstrução urinária predispõe o indivíduo à ITU. Os corpos estranhos,
como cálculos ou cateteres urinários, proporcionam uma superfície inerte para a colonização das bactérias e a
formação de um biofilme persistente. Por conseguinte, o refluxo vesicoureteral, a obstrução ureteral secundária à
hipertrofia prostática, a bexiga neurogênica e a cirurgia de derivação urinária criam um ambiente favorável para a ITU.
Em indivíduos com essas condições, as cepas de E. coli que carecem de fatores de virulência urinária típicos
frequentemente constituem a causa da infecção.
A inibição da peristalse ureteral e a diminuição do tônus ureteral, levando ao refluxo vesicoureteral, são
importantes na patogênese da pielonefrite em mulheres grávidas. Os fatores anatômicos são considerados como o
principal motivo pelo qual a ITU é predominantemente uma doença de mulheres jovens.
Fatores do hospedeiro
Um componente da patogênese subjacente dessa predisposição familiar à ITU recorrente pode consistir na colonização
vaginal persistente por E. coli, mesmo durante os períodos assintomáticos. As células da mucosa vaginal e periuretral
de mulheres com ITU recorrente ligam-se três vezes mais a bactérias uropatogênicas do que as células da mucosa de
mulheres sem infecção recorrente.
Fatores microbianos
Um trato urinário anatomicamente normal proporciona uma poderosa barreira contra a infecção ao contrário de um trato
urinário comprometido.
Anamnese: na ausência de secreção vaginal e fatores
complicantes, porém na presença de fatores de risco para
ITU, a probabilidade de ITU é de quase de 90%, e não
há necessidade de nenhuma avaliação laboratorial. De
modo semelhante, uma combinação de disúria e
polaciúria na ausência de secreção vaginal aumenta a
probabilidade de ITU para 96%. Não há necessidade de
avaliação laboratorial adicional com tiras reagentes ou
cultura de urina nessas pacientes antes da instituição do
tratamento definitivo.
Tratamento
Refluxo Vesico-ureteral
“Injeta” bactérias para a pelve renal, pois manda a urina de volta ao chegar na
bexiga, o que favorece um meio de cultura para m.o.
Se a perda de tecido renal é muito grande pode ocorrer hipertensão e perda da função
renal.
Tratamento
Cirúrgico apenas quando não responder a profilaxia com antibióticos.
Usar profilaxia para Pielonefrite, geralmente o Refluxo se resolve por volta dos 6/7 anos de idade.
Obs: Cefalexina e cefalosporina 1ª geração age contra gram +, as ITU são geralmente gram -, mas ainda assim funcionam
bem (exceção).
Diagnóstico: história (ITU recorrentes), ex. físico, EQU+urocultura, antibiograma, hemocultura, US (dilatação pelve),
radiológicos: uretrocistografia miccional (padrão ouro; só pode ser feita sem infecção ou 1 mês pós), cintilografia
(DMSA; visualizar cicatrizes renais).