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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO

JUIZADO CIVEL E CRIMINAL DA COMARCA DE TERESINA


XXX.,

LUIZA MENDONÇA SOUSA, solteira, aposentada, inscrita


com CPF n- 013059640, residente e domiciliado a Rua Eugênio
Fortes, Bairro São Cristovão, n- 140, CEP 64045375, por seu
advogado infra-assinado, com escritório situado nesta cidade,
na Rua Teimoso Danado, (tapiocaoca72@gmail.com), onde
recebe intimações, vem, mui respeitosamente, perante Vossa
Excelência, propor a presente

AÇÃO DE PRECEITO COMINATÓRIO DE OBRIGAÇÃO


DE NÃO FAZER PELO RITO ESPECIAL

em face de PEDRO RAIMUNDO NONATO PEREIRA,


solteiro, desempregado, inscrito com CPF n- 140176894,
residente e domiciliado a Rua Eugênio Fortes, Bairro São
Cristovão, n-141, CEP 64045378,

na pessoa de seu representante legal pelos motivos de fato e de


direito a seguir aduzidos:

I – DOS FATOS
A autora não tem conseguido dormir por conta do som alto que
provém da residência de seu vizinho, ora citado como parte ré,
PEDRO RAIMUNDO, que o utiliza inclusive aos finais de
semana, fazendo mau uso da propriedade e incomodando sua
vizinha LUIZA que é afligida pela depressão e aposentada por
invalidez.

Com o intuito de fazer cessar o constrangimento, LUIZA tentou


dissuadir PEDRO RAIMUNDO de não mais colocar o som alto,
porém não obteve êxito. Chegou até mesmo ligar para a
Delegacia do Silêncio, no entanto, não teve qualquer resposta
por parte do Poder Público.

Em face todo exposto e baldados os esforços com a parte Ré para


corrigir e até desculpar-se pelo ocorrido, ao contrário,
continuou com o som em alto volume, outra alternativa não
restou senão ingressar em Juízo, sabidamente tão assoberbado,
para obter a tutela jurisdicional devida ao caso.

II - O DIREITO

Entende a Autora que trata-se de uma obrigação de não fazer em


virtude dos fatos adrede acima articulados, como que uma
prestação negativa estabelecida pelo vínculo jurídico entre a
Autora e a parte Ré, que deve se comprometer a não fazer,
abster-se de fazer mau uso de sua propriedade, respeitando os
vizinhos, não opondo som com volume alto, ficando, pois,
obrigado a não fazer.

Em outras palavras, consiste em uma não-ação, abstenção,


omissão. O Réu tem que ficar inerte e abster-se do que outrora
fazia, ou seja, não colocar som alto em sua residência.

Ipso facto, as obrigações de fazer e de não fazer claramente se


mostram abstratas e fazem parte da autonomia e vontade
humana. A doutrina, em geral, preleciona que:
"O objeto dessas obrigações pode ser
específico ou não e o adimplemento ou
inadimplemento dessas obrigações trazem
consequências que variam de acordo com a
existência ou ausência de culpa do devedor.
As obrigações devem ser cumpridas da
melhor maneira possível, de acordo com o
que foi acordado, como preceitua o
princípio contratual pacta sunt servanda.
Diz que a Obrigação de não fazer: trata-se
de uma obrigação negativa cujo objeto da
prestação é uma omissão ou abstenção. Os
romanos chamavam de obrigação ad non
faciendum. Conceito: vínculo jurídico pelo
qual o devedor se compromete a se abster de
fazer certo ato, que poderia livremente
praticar, se não tivesse se obrigado em
benefício do credor. O devedor vai ter que
sofrer, tolerar ou se abster de algum ato em
benefício do credor. Exemplos: o engenheiro
químico que se obriga a não revelar a
fórmula do perfume da fábrica onde
trabalha; o condômino que se obriga a não
criar cachorro no apartamento onde reside;
o professor que se obriga a não dar aula em
outra faculdade; o comerciante que se
obriga a não fazer concorrência a outro,
etc..."(vide Direito das Obrigações, 1ª parte,
Ed. Saraiva, 32ª edição, pág. 215).

O legislador pátrio abarcou amplamente o direito de


propriedade, tendo este recebido especial previsão
constitucional.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem


distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:

XXIII - a propriedade atenderá a sua função


social;

A propriedade, como bem propõe o ordenamento jurídico


pátrio, deve atender princípios como a função social, da
utilidade e o princípio do não prejuízo a terceiro.

Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de


usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de
reavê-la do poder de quem quer que
injustamente a possua ou detenha.

§ 1o O direito de propriedade deve ser


exercido em consonância com as suas
finalidades econômicas e sociais e de modo
que sejam preservados, de conformidade
com o estabelecido em lei especial, a flora, a
fauna, as belezas naturais, o equilíbrio
ecológico e o patrimônio histórico e artístico,
bem como evitada a poluição do ar e das
águas.

§ 2o São defesos os atos que não trazem ao


proprietário qualquer comodidade, ou
utilidade, e sejam animados pela intenção de
prejudicar outrem.

III- DO DIREITO DE VIZINHANÇA

Ainda visando caracterizar a demanda, prevê o art. 1.277 do


Código Civil que:

"o proprietário ou o possuidor de um prédio


tem o direito de fazer cessar as
interferências prejudiciais à segurança, ao
sossego e à saúde dos que o habitam,
provocadas pela utilização de propriedade
vizinha".

Estabelece o ordenamento jurídico pátrio que os atos prejudiciais


à propriedade podem ser ilegais, quando configurar ato
ilícito; abusivos, aqueles que causam incômodo ao vizinho, mas
estão nos limites da propriedade (barulho excessivo, por
exemplo); lesivos, que causam dano ao vizinho, porém não
decorre de uso anormal da propriedade (indústria cuja fuligem
polui o ambiente, por exemplo).

Os atos ilegais e abusivos decorrem do uso anormal de


propriedade, posto que ultrapassam os limites toleráveis da
propriedade.

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão


voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda
que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

O caso em baila enquadra-se em um ato abusivo da propriedade


praticado pela parte Ré da demanda em questão em prejuízo do
sossego da autora, tendo em vista que o ato ultrapassou os
limites que são toleráveis ao homem médio e levando a referida
autora a requisitar a tutela jurisdicional.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular


de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu
fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos
bons costumes.

Em conformidade com o Código Civil Brasileiro, o vizinho poderá


requisitar a autoridade judiciária no sentido de que seja
determinada a cessação, ou no mínimo, a redução dos atos que
prejudicam a convivência harmônica. É o que preleciona o art.
1.279 do CC:

"ainda que por decisão judicial devam ser


toleradas as interferências, poderá o vizinho
exigir a sua redução, ou eliminação, quando
estas, se tornarem possíveis".

Existe entendimento dos Tribunais, nesse sentido:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO


DE NÃO FAZER. POLUIÇÃO SONORA.
SENTENÇA QUE EXTINGUIU O FEITO,
SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, NOS
TERMOS DO ART. 267, VI, DO CPC/73,
ANTE A AUSÊNCIA DE INTERESSE DE
AGIR E A ILEGITIMIDADE ATIVA,
RECONHECENDO QUE A HIPÓTESE
SOMENTE ADMITIRIA O AJUIZAMENTO
DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA. INSURGÊNCIA
DA DEMANDANTE. JUSTIÇA GRATUITA.
COMPROVAÇÃO DA SITUAÇÃO DE
HIPOSSUFICIÊNCIA. DEFERIMENTO.
INTERESSE DE AGIR E LEGITIMIDADE
ATIVA CONFIGURADOS. PERTURBAÇÃO
DO SOSSEGO EM VIRTUDE DE RUÍDOS
SUPOSTAMENTE EXCESSIVOS
PRODUZIDOS PELO ESTABELECIMENTO
VIZINHO À RESIDÊNCIA DA AUTORA.
POLUIÇÃO SONORA QUE, EMBORA
POSSA REPERCUTIR NA ESFERA DOS
DIREITOS DIFUSOS, AMPARADOS
ATRAVÉS DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA,
TAMBÉM GERA EFEITOS NO CAMPO DO
DIREITO DE VIZINHANÇA. USO
ANORMAL DO DIREITO DE
PROPRIEDADE TUTELADO PELO ART.
1.277 DO CÓDIGO CIVIL. CASSAÇÃO DA
SENTENÇA EXTINTIVA QUE SE IMPÕE.
NECESSIDADE DE RETORNO DOS AUTOS
AO JUÍZO DE ORIGEM PARA O REGULAR
PROSSEGUIMENTO DO FEITO. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO. A ação
inibitória, visando o exercício do direito
previsto pelo art. 1.277 do Código Civil, é
meio processual adequado e eficaz para
fazer cessar práticas que importam no uso
nocivo da propriedade, como sói acontecer
nas hipóteses de emanações ruidosas, com
carga suficiente para gerar desassossegos e
incômodos, ensejando prejuízos à qualidade
de vida, à paz e ao sossego daqueles que
residem nas cercanias, justo não estarem
obrigados a tolerar com paciência
beneditina o abuso e o desrespeito de quem
lhes perturba e molesta a tranquilidade.

(TJ-SC - AC: 03002558420158240010


Braco do Norte 0300255-
84.2015.8.24.0010, Relator: Jorge Luis
Costa Beber, Data de Julgamento:
22/06/2017, Primeira Câmara de Direito
Civil)

IV – PEDIDOS

Ante ao exposto, com base em prova documental acostada aos


autos, a Autora requer sucessivamente:

i) A Autora aceita a realização de audiência conciliatória,


conforme determina o novel Código, no artigo 319, inc.
VII.

ii) Seja o Réu citado no endereço supramencionado para


querendo contestar a presente demanda no prazo legal,
sob as penas do art. 344 do CPC;
iii) Seja o Réu condenado a realizar obrigação de não fazer,
fazendo bom uso da propriedade.

Por derradeiro, a Autora protesta provar o alegado por todos os


meios de prova em direito admitidos, inclusive novos
documentos.

Dá-se a causa o valor de R$ 954,00 reais.

Nestes termos,

pede deferimento.

Teresina, 04 de junho de 2018.

AMANDA DO CARMO SILVA LIMA


Advogada OAB/PI XX.XXX

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