Em 26 de novembro de 2016, o autor passou a realizar tratamento médico, não tendo, contudo,
readquirido sua capacidade laborativa, em que pesem seus esforços e dedicação para se recuperar.
Assim, o autor necessita da proteção previdenciária, uma vez que continua sofrendo das limitações
impostas pelo Osteosarcoma, que o tornam incapaz para o trabalho.
Como conseqüência da manutenção do quadro médico do autor, afigura-se este como detentor do
direito ao benefício de auxílio-doença, já que não possui condições de desempenhar atividades
laborativas e consequentemente não possui outros meios de manter sua própria subsistência.
Ocorre que, o caso em apreço não se enquadra nessa exigência, visto que a própria lei ampara o
requerente, vez que o mesmo sofre de Neoplasia Maligna o qual independe de tal carência, vejamos,
portanto o que diz o artigo 59, in verbis:
“Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o
período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade
habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.” (grifo nosso).
O próprio artigo em comento nos leva a entender que em alguns casos o período de carência exigido
nesta mesma lei não será um requisito a ser levado em consideração para a concessão do benefício.
Fica ainda mais cristalina esta afirmação após a leitura do artigo 26 do mesmo dispositivo legal,
vejamos:
Não restando mais dúvidas quanto à exceção que o próprio diploma legal nos traz em relação à
carência, nos resta provar que o autor se encaixa no que até aqui foi afirmado, e para isso basta a
leitura do artigo 151 da lei 8.213/91, analisemos:
“Até que seja elaborada a lista de doenças mencionadas no inciso II do artigo 26, independe de
carência a concessão de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez ao segurado que,
após filiar-se ao RGPS, for acometido das seguintes doenças: tuberculose ativa, hanseníase,
alienação mental, esclerose múltipla, hepatopatia grave, neoplasia maligna, cegueira, paralisia
irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante,
nefropatia grave, estado avançado da doença de Paget (osteíte demorfante), síndrome da deficiência
imunológica adquirida (aids) ou contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina
especializada."{artigo com redação determinada pela lei 13.135/2015} (grifo nosso).
A fim de salientar o direito do autor em ter seu pleito deferido, passamos a demonstrar que a
questão já foi passível de discussão tendo sido desfavorável ao INSS;
Assim, restou amplamente comprovado o direito que se funda o pedido do autor, tendo o INSS o
dever de deferir o benefício pleiteado como medida de inteira justiça, ressaltando que a data do
benefício deverá ser fixada nos termos do artigo 60 da lei 8.213/91, sendo no caso do autor a data de
24 de novembro de 2016.
IV – DA TUTELA DE EVIDÊNCIA
Desde logo, registre-se cuidar-se a pretensão autoral de requerimento com natureza alimentar, a
qual, com base na comprovação dos pressupostos dos artigos 294 a 311 do NCPC, entende ser
possível a obtenção de provimento favorável já em primeira instância, por meio de pedido de tutela
de evidência.
O Código de Processo Civil em vigência trouxe a possibilidade do pedido de tutela de evidência
como espécie de “antecipação dos efeitos da tutela” ligada a pedido incontroverso:
(...).
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada
em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante;
(...)
IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito
do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável. Parágrafo único. Nas
hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente. (Grifo nosso).
Na presente situação, além da evidente existência de teses jurisprudenciais e dispositivos legais que
corroboram com o pleito autoral, conforme fundamentação exposta nesta Inicial, cumprida também
está a exigência de que tudo o quanto relatado deva estar devidamente comprovado por robusta
documentação.
Como pode ser observado, o requerente acostou: (a) Cópias de laudos médicos atestando o quadro
clínico grave do autor; (b) Cópia da comunicação da decisão negativa do INSS; (c) Declaração de
hipossuficiência constatando o seu estado de miserabilidade.
a) Concedido o benefício da justiça gratuita, para fins de eventual interposição de recurso perante a
Turma Recursal, por ser pobre nos termos da lei;
b) Deferida a tutela de evidência em caráter de medida liminar inaudita altera pars,
pela condenação da Ré a conceder-lhe o benefício previdenciário pretendido, no prazo máximo
de 30 dias;
c) Determinada a citação/notificação do INSS, na pessoa do seu representante legal, para que
responda a presente demanda, no prazo legal, sob pena de revelia;
d) RECEBIDA E PROCESSADA A PRESENTE AÇÃO, CONFIRMANDO-SE AO FINAL
DESTA A TUTELA DE EVIDÊNCIA EM FAVOR DO AUTOR E CONDENANDO O INSS A
CONCEDER-LHE O AUXÍLIO-DOENÇA REQUERIDO, bem como a pagar as parcelas
vencidas desde a data do requerimento administrativo, monetariamente corrigidas desde o
respectivo vencimento e acrescidas de juros legais moratórios, ambos incidentes até a data do
efetivo pagamento;
e) Requer, ainda, provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito, notadamente
a documental.
- O autor ainda declara estar ciente de que: (1) os valores postulados perante o Juizado Especial
Federal não poderão exceder 60 (sessenta) salários mínimos; (2) deverá comparecer na data e
horário indicados para realização de perícia médica e audiências, se for o caso, sendo que o não
comparecimento acarretará a extinção do processo; (3) deverá comunicar qualquer alteração de
endereço, telefone ou e-mail no curso do processo.
Termos em que,
Pede deferimento.
Cidade, 22 de novembro de 2017.
__________________________________
Advogado
OAB/XXXXXXX