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ADMIRÁVEL

PEQUENO MUNDO

Um breve relato
sobre uma experiência inesquecível
Introdução

Esta é uma pequena história sobre elfos e fadas.


Sim, história com “h”. Há quem não acredite neles, mas o
que importa se não acreditam? Contarei minha história
assim mesmo...
Existe um mundo, a parte do nosso e bem
diferente. Um mundo cheio de magia, aventuras e
diversão, cheio de cores e de energia, mas que
infelizmente fica fora da visão humana. Só os puros de
coração podem acessar esse mundo tão peculiar.
Entidades da natureza o habitam, enchendo-o de vida. As
fadas pertencem a esse mundo diminuto, e se dividem
em várias espécies. Ninguém pode entrar nesse mundo
apenas querendo. Deve merecer, porque as fadas não
saem por aí, se apresentando a qualquer pessoa, não!
Elas são tímidas e fazem de tudo para se esconder,
aparecendo só em casos muito, muito urgentes.
Nosso mundo é muito diferente porque estamos
acostumados apenas com o que vemos, mas deixamos
a sensibilidade de lado. Ser sensível hoje é como ter uma
doença em progresso. Não parece normal a pessoa que
se abre para o lado sensível da vida. Soa a fraqueza.
Cada um deve ter sua experiência pessoal com o
mundo das fadas, como eu tive a minha e agora, vou
relatar um pouco do que vivi.
1

Era verão. A primavera se fora, deixando em mim


uma doce sensação de que coisas novas aconteceriam
em pouco tempo em minha vida. Fui passar as férias na
casa de uma tia, que morava no interior. Pensei que
ficaria pouco tempo, afinal não estava acostumada com o
campo. Minha vida era toda na cidade. Contas a pagar,
trabalho e mais trabalho para fazer, sempre com prazo
apertadíssimo de entrega. Minha vida realmente era
muito, muito agitada. Quando me deitava à noite, sabia
que acordaria sem sonhar. Estava cansada demais para
isso. Achei a casa de meus tios bem simples. E adorei. A
simplicidade da casa combinava com a simplicidade do
local. Era tudo o que eu queria. Paz e sossego. Acabei
ficando por lá mais tempo do que esperava, mas eu tinha
um bom motivo. Bons motivos sempre surgem, e não por
acaso.
Uma tarde, resolvi andar pelas redondezas.
Queria pensar na minha vida; havia tanta coisa que eu
queria mudar nela, mas achava que não teria tempo
suficiente. Andei tanto que me cansei e resolvi parar para
descansar à sombra de uma grande árvore. Foi ali,
naquele dia, que eu vivi minha experiência pessoal com
um mundo novo. Jamais imaginei que essas criaturinhas
realmente existissem. Sei, sei... você deve estar me
chamando de louca ou coisa pior. Não me importo. Seria
estranho se você não o fizesse... estou preparada para
as controvérsias.
Para alguns, o mundo das fadas não passa de
folclore, algo imaginário, pueril, mas me acredite, é um
mundo onde reina a ordem, bem melhor e mais
organizado do que o nosso. É um mundo onde o ar é
sempre fresco e doce. Não pretendo mudar a opinião da
massa, mas se conseguir convencer alguns de vocês que
existe algo mais, me sinto realizada em minha missão.
Então, vamos continuar...
Os contos de fada sempre começam com “Era
uma vez...”, não é mesmo? Mas esse mundo não é –
definitivamente – o mundo que eu conheci. Lá não “era”,
porque sempre é. As fadas obedecem rigorosamente a
uma hierarquia; há ordem e nenhum caos. É um mundo
mágico, que os humanos não compreendem e nem
podem compreender, ainda, pois sua veracidade não
depende da existência do nosso, que vem se
corrompendo através da História em seus sentimentos
mais valorosos. Entretanto, o nosso mundo é diretamente
afetado pelo mundo delas. Apaixonados são inspirados
por ele, assim como todas as pessoas sensíveis que
lidam com os mais diversos tipos de Arte (os escritores,
escultores, os compositores, músicos, etc.). A influência
delas pode ser invisível mas palpável. A beleza existente
nesse mundo novo que conheci é incomparável. Depois
dessa experiência me sinto feliz como nunca estive
antes, e meu interior se amorna cada vez que me lembro
do que vivenciei. É um mundo rico, sem dúvidas, que
enriquece seus habitantes da forma mais doce que se
possa imaginar.
Só uma coisa. Apesar de ainda extasiada, eu
afirmo que para entrar esse mundo deve-se ter cautela.
Não é para qualquer um. Um humano curioso e cheio de
ambição jamais terá sua entrada autorizada por lá. O
contato de fadas com humanos é restrito, tanto que há
muito pouco a respeito registrado. E o pouco que tem
sido dito, não é levado em consideração. Por um lado, é
bom. São verdades nas quais ninguém acredita, o que
continua assegurando a esse pequeno mundo quase
invisível, uma certeza: continuarão em paz, por longos
milênios, como tem sido desde os primórdios na
civilização.
Mito, produtos da imaginação, lendas... o que
importa? Elas existem. O que realmente importa é que
tudo é possível por lá. Desvendar seus mistérios não é o
principal, nem nunca deve ser. Há mistérios que devem
continuar do jeito que são, encobertos. Debaixo daquela
árvore eu adormeci e dormindo pensei que estava
quando entrei naquele mundo diferente, que não ocupa
área geográfica no nosso. Olhei ao redor e o sol estava
se pondo, deixando no céu uma imagem belíssima. As
nuvens me pareciam douradas e mais fofas do que o
normal. Abri meus olhos lentamente e vi, diante de mim,
pequenas criaturas que bailavam no ar, agitadas, de um
lado para o outro. Achei que fossem beija-flores, mas em
uma segunda vista, percebi que não eram.
Ainda não entendo porque as fadas resolveram se
revelar a mim. O que haveria em mim de tão especial?
2

Um movimento brusco do meu braço esquerdo (o


primeiro a se mexer, afinal, sou canhota) fez com que
elas sumissem em segundos (eram umas três). Como
me arrependi de ter feito aquilo! Mas lentamente elas
voltaram, e ficaram assim, soltas no ar, olhando para
mim. Suspeitei que elas estavam ligadas à árvore que eu
escolhera para descansar. Mais tarde vim a saber que
aquela não era uma árvore qualquer, mas sim o lar
daquelas três peraltas.
Árvores, montanhas, colinas e cavernas podem
ser usadas como lar pelas fadas. Elas adotam o território
e ali permanecem por milênios. Cada grupo tem seu Rei
e Rainha, e geralmente são chamados de “Sua Alteza
Real”. Ao nascerem, as fadas são batizadas em néctar,
por isso todas elas são portadoras de um aroma
inconfundível. Sentiu um perfume no ar, ao sabor da
brisa? Elas estão por perto.
Existem dois horários preferidos pelas fadas:
meio-dia, quando o sol está no seu zênite, e meia noite,
quando a lua brilha intensamente no céu. À noite,
pequenas luzes enchem o lugar, agitando-se
freneticamente ao sabor do vento, e em seus corações
há sempre felicidade e o desejo de sempre fazer o bem,
sem ver a quem. Por séculos elas são confundidas com
vagalumes, por isso podem circular à noite a vontade,
sem serem incomodadas. Entende-las não é tão simples
como parece. Elas não falam. Emitem sons interessantes
que nossos ouvidos passam a traduzir depois de algum
tempo, e isso após uma dose generosa de um néctar
específico, o tradutor.
Ao humano a quem esse mundo é revelado, é
exigido segredo perpétuo. Faz-se um pacto, um acordo,
firma-se um compromisso indissolúvel, ao qual as costas
jamais se deve dar. Por exemplo, é conhecida entre as
fadas o caso do Rei Fahare. Após conhecer o mundo
delas e ser muito ajudado através de inspiração, um dia
revelou ao seu conselheiro particular onde era a entrada
para o mundo que era invisível aos olhos humanos, fato
que causou enorme agitação e irritação em suas
majestades faéricas.. A entrada de milênios teve que ser
alterada e todo o contato com o Rei foi cortado. Nunca
mais houve interação entre ele e as fadas. Soube-se que
morreu só e louco, chamando por elas sem ser atendido.
As fadas são capazes de tudo na finalidade de proteger
seu lar. O maior perigo para elas é quando seu reino é
invadido por bruxas que as usam, eventualmente, em
poções mágicas. Nem sempre conseguem escapar,
infelizmente.
Fiquei sabendo que para entrar nesse mundo
mágico é preciso ser convidado. Não me lembro quando
nem como fui convidada, mas percebi que a atitude
sempre parte delas, não sendo – absolutamente -
escolha nossa ( nem poderia, afinal, não poderíamos
sequer cogitar algo que acreditamos não existir, não é
mesmo?). Por exemplo, as fadas de Avalon sempre
ajudaram o Rei Arthur, inspirando-o em suas decisões
mais importantes na Távola Redonda. Os celtas as
conheciam bem e elas sempre eram bem vindas a
participar das comemorações do Solstício de Verão.
Crianças e adolescentes sempre foram mais propícios a
verem esses seres do que adultos, ainda não se sabe
exatamente por que (talvez elas sejam mais abertas ao
desconhecido do que a mente já cauterizada dos
humanos, sempre envolvidos em afazeres e deveres).
Voltando ao meu relato, observei que um som
saía da árvore, a mesma na qual eu estava encostada,
descansando. Ainda atordoada pela visão que estava
tendo, mas disposta a não faze-las sumirem novamente,
me virei lentamente e verifiquei que havia agora uma
pequena entrada no tronco. As criaturinhas riram (eu
sabia que estavam rindo) com a minha perplexidade, que
ficou bem expressa em meu rosto. Como eu, humana,
entraria ali? Era algo surreal, com certeza.
Fui agraciada com uma chuva de pólen. As três
me fizeram esse imenso favor e me vi diminuindo de
tamanho até que me fosse possível encara-las, olhos nos
olhos (isso se parassem à minha frente, o que parecia
impossível; eram agitadas demais).
A essa altura, o que você achava agora parece ter
certeza, não é mesmo? Enlouqueci... é, eu também
pensei que isso tivesse acontecido, mas se estava
sonhando, era o sonho mais lindo de toda a minha vida e
dele não queria acordar tão cedo. De algum modo, de
alguma forma, eu encontraria um modo de provar a mim
mesma que aquilo tudo era real. Eu precisava provar isso
apenas para mim. Agora você me pergunta: não é uma
quebra do compromisso falar desse mundo inacessível a
99% dos humanos? Não, não é. Vocês não sabem quem
sou, nem conhecem minha tia, muito menos a localização
da sua fazenda. Tudo permanece como antes, em
profundo segredo, o qual pretendo continuar mantendo, a
todo custo.
3

Assim que segui as fadas pela pequena entrada,


fui recebida com música. Fadas musicais entoavam
cânticos tão lindos que me emocionaram profundamente.
Chorei. Uma delas, voando, se aproximou e me enxugou
as lágrimas com tal candura que me enterneci por ela.
Fiquei sabendo que existem fadas cujo dom é esse
mesmo: música. Elas podem transformar em música
qualquer sentimento e qualquer emoção. São
simplesmente apaixonadas por todo tipo de sons e
extremamente talentosas. Agora sei quem inspirou os
gênios da música em nosso mundo, através dos tempos.
As melodias faéricas são tão carregadas de paixão que o
coração dói ao ouvi-las, mas de forma terna. Não é a dor
que se sente quando se perde um grande amor. É como
se fosse a descoberta dele.
As fadas musicais são caprichosas e se esmeram
na composição das melodias. Quando estão tristes por
algum motivo, as melodias se tornam melancólicas,
podendo produzir em um ser humano uma perigosa
tristeza, beirando a depressão. Por isso, é necessário
manter cada fada musical sempre feliz e irradiando
alegria (para o bem delas e o nosso).
Os sílfedes (representantes das fadas, do sexo
masculino) adoram acompanhar as melodias com os
mais diversos tipos de instrumentos feitos por eles
mesmos. A união de uma música perfeita, acompanhada
por instrumentos perfeitos resulta em uma dança perfeita.
Sim, elas também adoram dançar e geralmente, em
círculos.
Um ser humano que porventura venha a ouvir a
música das fadas e não dance, certamente acabará
doente.
“Música perfeita, entoada com paixão,
envolve sentimentos humanos,
de forma perfeita.
A paixão humana torna-se amor,
e o amor torna-se perfeito.”

Me contaram que uma vez, uma das fadas


musicais foi raptada por uma bruxa muito má. Prestes a
se tornar parte dos ingredientes de uma poção mágica,
ela começou a cantar e o seu canto foi mágico. A bruxa
gostou tanto que desistiu de usá-la na poção, mas exigiu
um preço muito alto. A fada jamais poderia deixar de
cantar e tem sido assim, desde então. Chegado em uma
determinada área daquela floresta, pode-se ouvir seu
canto, tão perfeito e tão doce... não se sabe de onde ele
vem, nem para onde ele vai. Tornou-se uma lenda urbana
local (é permitido compartilhar tais informações com
humanos nos quais as fadas confiem plenamente).
Me foi dada uma vestimenta nova, que cheirava a
jasmim. Ao me trocar, senti que dentro de mim também
me vesti com trajes novos. Tudo ficou mais leve.
Arrumaram meus cabelos e o ornaram com flores de
todas as cores. Uma pequena taça foi posta em minhas
mãos, com um líquido transparente e viscoso. Provei e
ele era doce como o mel, mas não era enjoativo. Poderia
beber dele sem parar, por dias.
Tudo isso era autorizado por suas Altezas Reais,
que observavam a festa preparada para mim, sentados
em seus tronos dourados. Ainda dançando em círculos,
algumas fadas e sílfedes transbordavam alegria e
energia. Descalços, agora seus pés podiam tocar o chão.
Havia um encantamento no ar. Colocaram um anel em
meu dedo, o qual ainda guardo em meu porta-jóias. A
ninguém o mostrei, nem mostrarei. Ele era a prova que
eu precisava. Foi feito por sílfedes artesãos,
especialmente para mim. Ao colocarem o anel em meu
dedo, recebi um beijo no rosto, bem rápido e suave.
Senti-me abençoada.
Seria praticamente impossível a um ser humano
não se contagiar pela alegria daquele momento. Todos os
problemas esqueci (não que houvessem desaparecido;
não... apenas os esqueci como se deles já tivesse dado
conta e tudo estivesse na mais perfeita ordem em minha
vida; senti que ao sair daquele lugar mágico, eu poderia
dar conta de qualquer coisa) e com eles comecei a
dançar. Me deixei envolver pela música e entrei no
círculo. Eu era a convidada especial naquela noite.
Ficamos ali por horas... me contaram que uma das festas
foi tão boa, tão boa, que durou aproximadamente sete
anos. Fiquei até enciumada... a minha terminou em
horas... será que não tinha sido boa o suficiente??
Me contaram também sobre um homem que
caminhava pela floresta quando ouviu o som de uma
festa de fadas. Ele seguiu o som até que chegou perto de
uma grande árvore. Encostou seu ouvido no tronco para
ouvir melhor. Ele tinha certeza que o som saía dela, mas
não entendia como. Ele ficou sentado ali, ouvindo a
música, encantado. Como a festa durou dias e dias, o
homem não conseguiu voltar para casa e infelizmente,
acabou morrendo, totalmente incapaz de mover-se seja
para comer ou beber. Foi encontrado por amigos que
saíram a sua procura, pela floresta, por causa do seu
sumiço repentino. Como tudo na vida tem dois lados,
descobri que naquele mundo também havia uma feiúra
que contrastava com a beleza faérica. Havia algo sinistro
que permeava a floresta, contra o qual não se pode lutar,
apenas aceitar e conviver; era algo infame, grotesco e
perigoso. Agora eu conhecia o destino de tantas pessoas
que desaparecem sem motivo, principalmente crianças.
Existem lugares que nem mesmo as fadas ousam
entrar, por isso, quando visitantes incautos entram na
área que lhes pertence e acabam em perigo, elas os
ajudam sem que saibam, para que nada de mal aconteça
a eles, mas nem sempre são bem sucedidas em impedir
que o pior venha à tona. Ficam tristes por semanas
inteiras, o que as afeta diretamente no cumprimento de
sus funções. Embora nada aconteça na corte sem que o
Rei e a Rainha sejam consultados, fazer qualquer tipo de
coisa sem o consentimento da realeza é ato tomado
como insubordinação, sendo tratado com
condescendência. Como todo reino, este também possui
guardiões. Ao mínimo sinal de perigo o aviso soa,
permitindo que fadas e sílfedes tomem posição e se
resguardem sem problemas. Quem são os guardiões?
Não posso revelar tal informação. Apenas posso dizer
que não pertencem nem ao nosso mundo, nem ao delas.
Minha festa foi então interrompida por um desses
avisos. A música cessou e criaturinhas mais agitadas do
que o normal cortavam o céu, procurando abrigo. Fui
levada por duas fadinhas, que me seguravam pelos
braços. Um buraco me aguardava e antes que eu
pudesse me dar conta, estava em um esconderijo
cuidadosamente planejado para tais situações de
emergência. Perguntei qual era o perigo e fui informada
que um grupo de ogros se aproximava. Esses adoravam
se deliciar de fadas, pois em poucos minutos
recuperavam-se de ferimentos fatais e a força era
restaurada em cem por cento. Para tais investidas, havia
o plano de dispersão. Vários portais eram preparados
unicamente para esta finalidade: fuga. A prioridade era
proteção da Realeza, sempre.
Me foi permitido visitar os aposentos reais apenas
uma vez. Nele haviam tantas pedras preciosas que fiquei
totalmente encantada. Ao perceber meu total
embevecimento, a Rainha das Fadas achegou-se
delicadamente e pôs uma pequena pedra em minhas
mãos e a fechou. Me deu de presente uma pedra
preciosíssima a qual guardo com todo o carinho em meu
porta-jóias. Se tenho medo? Não, nenhum... ninguém se
atreveria a roubar-me tendo em vista que a própria pedra
se protege de forma para mim ainda desconhecida, mas
sei ser eficaz. Finalmente, os ogros nada encontram e
resolvem procurar em outro lugar a fonte para suprir suas
necessidades. O alívio é geral e aos poucos, todos
podem sair de seus esconderijos em segurança. Muito eu
tenho para contar, mas nem tudo me é permitido. Essas
pequenas criaturas ganharam minha admiração e meu
respeito. Me apaixonei por elas, perdidamente. Me tornei
parte delas, sem que ao menos tivesse conhecimento de
sua existência. Comecei a observar melhor aqueles
pequenos seres que irradiavam tamanha energia. Tudo
ainda me parecia surreal. A hierarquia existente naquele
mundo era perfeita. Entre eles há um código de ética que
é respeitado e isso faz toda a diferença.
Todos ali amavam muito ao Rei Kyn e a Rainha
Elizandra. A eles aquele povo devotava verdadeira paixão
e obediência incondicional. Algo que vi e que nunca li em
livro nenhum que falasse sobre fadas foi o seguinte:
sendo pequeninos, e dotados de asas, supõe-se que não
precisem de transporte, mas sim, haviam pequenos
cavalos, diminutos, que eram tratados com muito carinho
pelas fadas. Eles serviam de transporte apenas para a
realeza. Eram os cavalos reais. Sobre suas cabeças,
ornamentos lindíssimos feitos com pedras preciosas os
tornavam ainda mais fantásticos. Um deles se destacava
mais do que os outros. Ele tinha um sinal na testa, em
forma de losango. Seus olhos eram doces e parecia
entender tudo o que lhe falavam. Me disseram que esses
cavalinhos podem ter uma vida que dura, no mínimo, de
cem a duzentos anos. Imaginem só.
Fiquei imaginando que tipo de pessoa eu seria
para merecer tamanha confiança por parte deles. Eu
apenas queria descansar, viajei com essa intenção.
Jamais imaginei que fosse viver tal experiência, mas
confesso que adorei.
Agora faço parte da grande minoria que
compreende e respeita esses seres porque
simplesmente, acredito neles.
4

“Com extrema beleza fostes dotada,


ó Rainha Elizandra,
e entre todas és, de fato,
a mais encantada.

Percorremos o imenso mar bravio,


em uma carruagem mágica e única,
apenas para confirmar tua beleza,
ó Elizandra.

Subimos as mais altas montanhas,


atravessamos pontes e enfrentamos desafios,
apenas para confirmar tua excelência,
ó Elizandra.

Nem as flores, em total profusão de cores,


ofuscam o teu esplendor.
Nem as frutas mais doces,
possuem o teu sabor.

Vos amo, ó Elizandra,


para sempre, fahüre!

(Ode à Elizandra – composto pelo Rei)

Fiquei sabendo também que algumas fadas


podem habitar em grandes lagos. São lindas e possuem
cabelos dourados, que brilham debaixo da água,
atingidos pelos raios do sol. Já outras fadas habitam
lugares ermos, não menos bonitos. Algumas chegam a
tomar homens como maridos, abrindo mão dos da sua
espécie. Dotadas de grande beleza, não lhes é difícil
conquistar um amor entre os humanos. Elas apenas
devem manter em dia sua dose de pólen, para que
conservem o tamanho que não lhes é natural.
Fadas possuem capacidades específicas,
entretanto, mesmo sendo diferentes em diversos
aspectos concernentes às aptidões, todas vivem felizes e
unidas. Não há divergências nem disputas. Não existem
competições entre as fadas. Todos se respeitam e vivem
de forma harmoniosa, como deve ser. Fiquei
impressionada ao saber que muitas fadas escolheram
viver entre os humanos, abdicando de seus poderes,
podendo retornar à vontade, apenas acessando um
portal, o qual podem abrir em suas próprias casas,
quando bem quiserem. Isso me soou fantástico! Não
seria eu uma fada que sofre de amnésia?
As fadas adoram jardins, principalmente os que
possuem flores das mais diversas cores e são cheios de
borboletas. Aliás, as borboletas possuem um papel de
destaque no reino faérico. Elas representam o início de
vários ciclos e o fechamento de outros. São símbolo de
mudança, de transformação. Dizem que encontrar uma
fada em um jardim florido é sinal de sorte e você tem
mais sorte ainda se a encontrar sobre alguma flor,
observando borboletas.
Eu não tinha comentado, mas os sílfedes também
podem escolher viver entre os humanos. É claro que
tanto eles quanto as fadas são expressamente proibidos
de contar sua verdadeira natureza aos objetos do seu
amor. Como nós, as fadas possuem características
próprias quanto ao temperamento. Existem as mais
extrovertidas e as mais tímidas. Embora possam ser
diferentes por fora, todas possuem poderes mágicos.
Mas há uma advertência aqui e preciso pontuá-la: uma
fada aborrecida pode ser muito, muito perigosa. Pode ser
extremamente perigoso tentar acalmar uma fada que
esteja fora de controle, por não saber controlar seu
próprio temperamento. Isso requer um alto nível de auto-
controle, nem sempre conquistado de forma fácil. Em
cada dez anos, uma fada malévola nasce. Não se sabe
ainda porque isso acontece, mas é fato. Escondem sua
maldade por trás de uma máscara de bondade e beleza.
Podem ser extremamente vingativas e rancorosas. Essas
não conseguem viver debaixo da hierarquia faérica. Não
aceitam ordens e não se submetem a ninguém, pelo bem
comum. Certa vez, animais começaram a aparecer
mortos em uma floresta. Ninguém sabia ao certo o que
estava causando as mortes, mas as fadas sabiam. Um
sílfede malvado os estava matando, apenas por prazer.
Acabou banido do grupo, após várias tentativas de que
se regenerasse. Há suspeitas que tenha se juntado a um
grupo de elfos negros, malvados, infelizmente.
Acredito que o reino das fadas e o nosso mundo
vivem muito bem assim como são – separados. O
homem, provavelmente, arruinaria a paz naquele mundo
e isso seria horrível e irreparável. O contato com as fadas
pode mudar a vida de um ser humano para sempre, de
forma positiva ou negativa. No caso de um contato
negativo, a ponta dos dedos de uma fada pode causar
dores aos humanos por tempo suficiente até que ela
possa fugir. Em caso positivo, o toque de uma fada pode
proporcionar grande alívio às dores. Já ouviu em falar em
“toque de fada”? Ou “você tem dedos de fada”?
Dificilmente as fadas ficam doentes, porque vivem
muito próximas da natureza, obtendo dela todo
medicamento necessário para que doenças sejam raras
entre os seus. A propósito, quanto mais o homem devasta
a natureza, mais adoece. Por que será?
Entre as fadas não existe morosidade nem
preguiça. Todos executam seu trabalho com alegria e
prazer. Assim sempre foi e assim sempre será.
O encontro com fadas produz sorte e bons
sentimentos.
Caso uma fada seja feita prisioneira por um
humano, na impossibilidade de escapar, ela pode morrer
de tristeza. Não há meios de mante-la em cativeiro por
muito tempo, mas isso raramente acontece porque as
fadas podem se tornar invisíveis aos olhos humanos. Na
verdade, ela pode estar visível a uma pessoa e ao
mesmo tempo não, para outra. A olho nu, um humano
não pode vê-las a não ser que seus olhos sejam abertos
(no caso de estarem carregando consigo um trevo de
quatro folhas). O trevo de quatro folhas também serve
para quebrar encantos lançados por elas. O estado
visível, as fadas tornam-se etéreas.
As fadas são charmosas e muito atraentes.
Algumas não precisam do pólen para mudar de tamanho.
Elas possuem em si a capacidade de mudar de forma,
como queiram. A esse dom chamam de transmorfo.
Podem ficar do tamanho de humanos ou encolherem ao
tamanho de formigas. Já outras podem até adquirir a
forma de seres humanos, divertindo-se bastante com
esse tipo de peraltice.
Finalmente, me deram a explicação de porque as
fadas brilham. É que o corpo delas é feito de luz. A
essência, o fluido corporal, dissolve-se em pura luz.
Quanto a vestimenta, pode ser extremamente variada.
Algumas fadas usam longos vestidos e sobre eles, uma
capa vermelha. Geralmente, os vestidos são de seda, ou
feitos de um material bem leve, que esvoaça fácil ao
sabor dos ventos. Todas possuem cabelos longos, sem
exceção. Alimentam-se do néctar das flores, mas também
fazem seu próprio pão e bolinhos. Às vezes, esses
bolinhos são deixados no batente das janelas dos
humanos pelos quais as fadas sentem carinho, como
presente. Adoram leite, entretanto vivem controladas por
uma certa dieta alimentar, afinal de contas, ficaria difícil
para uma fada executar suas tarefas rotineiras se estiver
acima do peso.
Na Irlanda, as fadas são conhecidas como
Leprechauns. Não me foi dito muito a respeito delas, e
não perguntei. Aliás, minhas perguntas foram mínimas.
Aceitei o fato de estar vivendo uma experiência única e
me conformei de saber apenas o que elas quisessem que
eu soubesse, nada mais, nada menos.
No reino faérico, existem os Goblins. São
criaturinhas sem formosura, que geralmente assumem a
forma de animais. Vivem vagando pelas florestas,
sempre prontos a roubarem de viajantes alguma coisa.
São ladrões e vilões nesse mundo peculiar, sendo bem
temperamentais, mas nem todos são maus.
Muito ainda tenho a descobrir, pois agora meu
acesso ao mundo das fadas é permitido. Sempre que
puder, voltarei lá. Sinto saudades de todo aquele
encantamento e jamais trairei a confiança delas. Meu
compromisso será honrado, sempre. Não me incomodo
mais com os problemas que enfrento no meu dia-a-dia
humano. Sei que nosso mundo é hostil, apesar de ter
tantas coisas belas para se ver. O ser humano é
complicado, pois se prende muito ao material. A
capacidade de abrir-se ao novo foi praticamente
erradicada de nosso meio. Tudo acontece muito rápido,
pois o tempo exige rapidez. Comemos em fast-foods,
mandamos mensagens via e-mail, conversamos em
tempo real com pessoas que se encontram do outro lado
do mundo... tudo exige rapidez. Já não temos tempo para
provar das delícias da natureza e apenas ficar ali, em
franca admiração, observando suas nuances.
Se você abrir sua mente e seu coração, quem
sabe, talvez você possa ser convidado também a
conhecer esse mundo tão maravilhoso....
EPÍLOGO

O não ver não significa não existir. Muitas coisas


não vemos, mas sabemos que existem. Mas existem
outras coisas que não vemos, por não sabermos que
existem e por isso não acreditamos nelas. Uma vez o véu
sendo rasgado e o mundo faérico nos sendo descoberto,
há tanto a saber... tanto a aproveitar... o tempo se torna
curto. Contaram-me a história de um homem, um poeta
do século 18, que conheceu o mundo das fadas. Ficou
nele por sete anos antes de retornar ao nosso mundo.
Quando retornou, suas poesias sempre eram
inspiradíssimas e ele se tornou conhecido
internacionalmente, mas guardou muito bem o seu
segredo.. Eu sou escritora, sou poeta. Espero que a
minha experiência me traga mais inspiração e que eu
possa passar através das palavras, toda a ternura, a
meiguice e a mágica existente nesse admirável pequeno
mundo. Uma curiosidade para você:

Proteção contra Fadas Malvadas:

− Mirra
− Vinho Tinto
− Incenso

Jogue um pouco da mirra em uma taça cheia de


vinho tinto. Jogue a mesma quantidade de incenso dentro
da taça. Adicione uma pedra (ágata) à taça. Derrame um
pouco do conteúdo da taça em seu quintal, por 3 manhãs
seguidas. A mistura irá fertilizar o solo do seu quintal, ao
mesmo tempo protegendo-o.
“Não escolhemos quando vamos morrer,
mas podemos escolher como vamos viver.”

ྨྨྨ
ྨྨ

Por favor, escolha viver bem.


ྨྨ
ྨྨྨ

Almarë

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