1. Introdução ............................................................................................................................................. 1
1.1. Objectivo Geral ............................................................................................................................. 1
1.1.1. Objectivos Específicos .......................................................................................................... 1
1.2. Metodologia .................................................................................................................................. 1
2. Conceito de Software ............................................................................................................................ 2
2.1. Software e Programa de Computador ........................................................................................... 2
2.2. A História do Software ................................................................................................................. 5
3. Natureza Jurídica do Software .............................................................................................................. 6
3.1. Software e o Direito Intelectual .................................................................................................... 8
3.3. Softwares e Patentes.................................................................................................................... 13
3.4. Softwares e Licenças ................................................................................................................... 15
3.5. Utilização Ilegal de software....................................................................................................... 17
3.6. Software e Regras Gerais do Contrato ........................................................................................ 18
4. Conclusão ............................................................................................................................................ 20
5. Glossário ............................................................................................................................................. 21
6. Bibliografia ......................................................................................................................................... 23
Informática e Sociedade 4o ano Curso de Informática
1. Introdução
De tal modo, o tema a ser tratado neste trabalho diz respeito aos aspectos jurídico-legais
conferidos ao software, especificamente no que se refere aos direitos intelectuais, autorais
conferidos a ele, usado como base para tutela-lo.
Abordar aspectos jurídicos relacionados com software no diz respeito a sua tutela âmbito do
crescimento de industrias de deste ramo.
- Conhecer os diferentes tipos de licenças de uso de software, sendo o software objecto de uma
relação jurídica.
1.2. Metodologia
2. Conceito de Software
Na técnica de processamento de dados, é a sequência de etapas que devem ser executadas pelo
computador para resolver determinado problema”.
Determinados.
O Dicionário Aurélio, por sua vez, o define como a “sequência completa de instruções a serem
executadas por computador. Tanto a versão em código-fonte (escrita em linguagem simbólica)
quanto o código executável (já convertido em linguagem de máquina) são chamados de
programa”.
Na língua inglesa também existe a palavra program relacionada à computação, que significa “um
conjunto de instruções em código que controla as operações de um computador”2.
Software, sendo palavra originalmente inglesa, traduz “os programas etc., usados para operar um
computador”.
1
AURÉLIO, 2004.
2
OXFORD. Oxford advanced learner’s compass. Oxford: Oxford University Press, 2005. ((…) a set of
instructions in code that control the operations or functions of a computer).
2
Morais Manuel Cardoso da Cunha Maputo, Abril de 2010
Informática e Sociedade 4o ano Curso de Informática
Vale a pena lembrar que ainda que para muitos o conceito software seja simples, ainda há muitas
versões para tal conceituação como podemos ver abaixo:
Segundo Sawaya (1999, p. 436), Software é suporte lógico, suporte de programação. Conjunto
de programas, métodos e procedimentos, regras e documentação relacionados com o
funcionamento e manejo de um sistema de dados.
[Ing. Soft = suave ware = utensílio]. Termo cunhado por analogia a hardware. Conjunto de
instruções, programas e dados a eles associados, empregues durante a utilização do computador.
(DicWeb-Dicionário de Informática).
Software é: "1. Em um sistema computacional, o conjunto dos componentes que não fazem parte
do equipamento físico propriamente dito e que incluem as instruções e programas (e os dados a
eles associados) empregados durante a utilização do sistema. 2. Qualquer programa ou conjunto
de programas de computador. 3. P. ext. Produto que oferece um conjunto de programas e dados
para uso em computador". (Dicionário Aurélio).
Assim, apesar de muitas vezes os termos software e programa de computador serem utilizados
como sinónimos, eles são diferentes: software é mais abrangente que programa de computador.
O software é um termo colectivo que abrange várias categorias, programas que podem ser
subdivididos de acordo com o tipo de trabalho a ser efectuado. As duas categorias principais são:
Os sistemas operativos - também conhecidos como software básicos, são aqueles que controlam
o funcionamento do computador e seus periféricos. Portanto os softwares básicos cuidam de
actividades essenciais ao funcionamento do Hardware.
Os softwares aplicativos – são aqueles que fornecem informações necessárias ao computador que
após serem processadas, servirão para executar tarefas específicas, que suportarão os
requerimentos de interessados, isto é, os usuários.
Duas outras categorias que não se encaixam entre os softwares básicos nem entre os softwares
aplicativos embora contenham elementos de ambos, são:
3
Morais Manuel Cardoso da Cunha Maputo, Abril de 2010
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As linguagens - que fornecem aos programadores as ferramentas que necessitam para escrever
programas.
Programas - uma sequência de instruções que orientam o computador para a execução de uma
tarefa determinada. Podemos dividir os programas em duas grandes categorias:
Utilitários - são programas para uso de técnicos de computador e programadores pois sua
finalidade é a de auxiliar estes na manutenção do próprio equipamento e softwares.
Liliana Paesani (2001, p.26), ao tratar da natureza jurídica do software, atribui-lhe dois sentidos:
no sentido estrito [stricto sensu] software coincidiria com programa de computador e no sentido
amplo [lato sensu] software abrangeria, além do programa de computador, o suporte magnético,
o manual de instruções e a documentação acessória.
Marcos Wachowicz (2004) descreve o conceito de software aprovado pela Organização Mundial
da Propriedade Intelectual (OMPI)3 em 3 de Junho de 1977. O software é o conjunto de três
categorias:
"a) Programa de computador enquanto conjunto de instruções capaz de fazer com que uma
máquina disponha de capacidade para processar informações, indique, desempenhe ou execute
uma particular função, tarefa ou resultado;
c) Um material de apoio considerando assim qualquer material, para além do software e sua
descrição, preparado para ajudar na compreensão ou aplicação de um programa de computador,
como, por exemplo, as descrições de programas e as instruções para usuários".
3
A OMPI foi criada em 14 de Julho de 1967, actualmente com 184 países membros e tem a função de administrar a
Convenção de Berna (CUB) e a Convenção de Paris (CUP), que regulam os temas concernentes à propriedade
intelectual. Será referida no decorrer desta trabalho apenas como OMPI.
4
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Dos elementos que constituem a definição jurídica do software o termo “ fazer com que uma
máquina (…) execute uma particular função, tarefa ou resultado” constitui a característica
singular do programa de computador, tendo em vista que esta característica não está contida em
nenhum outro bem intelectual tutelado pelo direito como é sustentado por WACHOWICZ (2005,
p. 77). Desta expressão depreende-se o próprio conceito de programa de computador, tendo em
vista que, através desta expressão, é imprescindível perceber que o software, como um meio para
uma acção, é um instrumento pelo qual será processada a informação previamente determinada
pelos dados fornecidos e cujo resultado é previsível” (idem).
Dos conceitos técnicos e legais supra apresentados, pode-se afirmar que o software é um
processo, que faz com que o hardware execute alguma funcionalidade.
Quando falamos na história do software, faz-se necessário voltarmos ao tempo, aos primórdios
da informática. Neste período os softwares eram desenvolvidos e comercializados com os seus
códigos fontes, pois, devido a pequena quantidade computadores existentes no mercado, o valor
agregado estava no próprio Hardware e não propriamente dito no software que já vinha pré-
instalado neste. Sendo assim, a venda do Software era inimaginável.
Esta prática fez com que se chamasse o software de “Software Livre”, livre não no sentido de
gratuito, mas sim pela liberdade de uso, ou seja, a disponibilização dos seus códigos fontes na
venda do mesmo.
A busca incessante por tecnologias, no final dos anos 70, levou ao crescimento das indústrias de
Hardwares e Softwares, fazendo assim surgir um novo conceito de softwares chamado
“Softwares Proprietários”.
5
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A informática dispõe de técnicas que podem ser vistas como mundiais. Da mesma forma, o
Direito de Informática apresenta um desenvolvimento homogéneo no conjunto dos grandes
países industrializados e respeitadas as diversidades jurídicas nacionais, os problemas iguais
merecem soluções análogas.
O Direito de Informática atinge simultaneamente diversos campos do direito, ele pode ser
estudado sob diversos aspectos, como por exemplo, sob o aspecto do Direito Público Geral,
Direito Privado ou Direito internacional Privado que cuida dos contratos internacionais.
6
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Segundo Paesani (1999), a concessão da protecção jurídica a este novo tipo de criação
intelectual, vista pelo lado do direito autoral, é o que assegura a percepção de uma remuneração
ao seu criador, além de permitir em algumas legislações o desfrute dos direitos morais.
O Direito Intelectual pode ser conceituado como “o poder jurídico, directo e imediato, que
possui o titular sobre determinada coisa, bem como o direito de opor sua exclusividade contra
qualquer um” (WACHOWICZ, 2005, p. 96).
Conforme Pimentel (2005, p. 18), o objecto do Direito Intelectual é a protecção aos elementos
que diferenciam uma criação da outra. Portanto, são tutelados os resultados criativos e
inventivos, sendo a essência do Direito Intelectual, a novidade, a originalidade e a
distinguibilidade.4
O Direito Intelectual, segundo a doutrina, divide-se em dois grandes ramos, o do direito autoral e
o da propriedade industrial (PIMENTEL, 2005, p.19). O ramo da propriedade industrial, tem
como objecto a protecção às marcas, patentes, segredos de fábrica, concorrência desleal (POLI,
2003, p. 33). O ramo autoral, regulamentado por sua vez, tutela as criações literárias, científicas,
artísticas e musicais (WACHOWICZ, p. 130).
Segundo Ascensão (1997, p. 21), esses dois ramos possuem profunda proximidade que levam à
confusão na aplicação de um ou de outro ramo. Esta confusão pode ser verificada no caso do
software, tendo em vista a divergência na possibilidade de tutela deste bem por meio do Direito
Autoral ou pelo Industrial, ou seja, do enquadramento como uma obra literária ou como um bem
protegido pela propriedade industrial.
O regime de protecção através do Direito Industrial foi uma das primeiras formas de protecção
auferida ao software em alguns países. Porém, tal regime foi rejeitado, unanimemente, a partir do
ano de 1980 (POLI, 2003, p. 41).
4
Os termos novidade, originalidade e distinguibilidade também são referenciados no código da
propriedade industrial de Moçambique, na secção sobre patenteabilidade.
7
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Na maior parte de países, o regime jurídico adoptado para a tutela do programa de computador é
o autoral, sendo conferido ao software o mesmo tratamento jurídico de uma obra literária.
8
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O acordo TRIPS -Trade Related Intellectual Property Rights (Tratado Sobre Direitos de
Propriedade Intelectual Relacionado ao Comércio Internacional), acordo da Organização
Mundial do Comércio (OMC) de 1995 visa a harmonização das diversas legislações nacionais
existentes sobre propriedade intelectual. Ele praticamente assegura às empresas o direito de
protecção a suas patentes, perante todos os membros da OMC (que até 21 de Agosto de 2009
tinha 153 países membros).
Faz-se necessário entender que, a Convenção de Berna5 e o acordo TRIPS visam a proteger os
direitos sobre propriedade intelectual, de criadores ou proprietários do invento quer onde eles
estejam, conforme:
“Art.5º (1) - Os autores gozam, no que concerne às obras quanto as quais são protegidos por
força da presente Convenção, nos países da União, excepto o de origem da obra, dos direitos que
as respectivas leis concedem actualmente ou venham a conceder no futuro aos nacionais, assim
como dos direitos especialmente concedidos pela presente Convenção”. (Convenção de Berna)
“Art.5º (2) - O gozo e o exercício desses direitos não estão subordinados a qualquer formalidade;
esse gozo e esse exercício independem da existência da protecção no país de origem das obras.
Por conseguinte, afora as estipulações da presente Convenção, a extensão da protecção e os
meios processuais garantidos ao autor para salvaguardar os seus direitos regulam-se
exclusivamente pela legislação do País onde a protecção é reclamada”. (Convenção de Berna)
“Art.5º (3) A protecção no país de origem é regulada pela legislação nacional. Entretanto,
quando o autor não pertence ao país de origem da obra quanto a qual é protegido pela presente
Convenção, ele terá nesse país, os mesmos direitos que os autores nacionais”. (Convenção de
Berna)
Para entendermos se o Software é aderente ou não na categoria de obras literárias e/ou artísticas,
faz-se necessário entendermos as divisões do Direito de Propriedade Intelectual. Como vimos
anteriormente, o Direito de Propriedade Intelectual divide-se em dois ramos: Direito Autoral e
Direito da Propriedade Industrial.
5
http://www.fd.uc.pt/CI/CEE/OI/OMPI/convencao_berna_obras_literarias-PT.htm
9
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O Direito Autoral caracteriza-se pela protecção autoral ao acto criativo, não sendo destinado a
execução, obra pela qual não é destinada à execução de actividades que supostamente poderiam
substituir ou auxiliar o homem, a minimizar seus esforços.
Dos actos inventivos podem resultar produtos que podemos classificar como: Tangíveis e
Intangíveis. Fazendo uma analogia com o processo de criação do software ou do programa de
computador, desta forma podemos concluir que o software deveria ter a sua tutela na propriedade
industrial.
A característica de uma obra literária ou artística é o facto destas serem unas, ou seja, serem
inéditas. Ao passo que o software, ainda que construído de uma maneira diferenciada de outro,
não é inédito, não passa de uma mera adaptação, sempre haverá um outro software executando a
mesma tarefa. A criatividade na construção do software, bem como, sua originalidade, são
transparentes aos olhos dos usuários. Ainda que um software possa ser inédito em
Moçambique, este poderá estar em uso há um tempo maior em outro país.
Uma invenção é patenteável se for nova, se implicar uma actividade inventiva e se for susceptível de
aplicação industrial.” (Regime dos direitos da propriedade industrial - Patenteabilidade).
Uma invenção é considerada nova se não houver anterioridade no estado da técnica.” (Regime dos
direitos da propriedade industrial - Patenteabilidade).
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O artigo acima descreve o que é possível ser patenteado, se observarmos o termo “aplicação
industrial”, diz respeito ao sector produtivo, fazendo uma analogia com a aplicabilidade dos
softwares, não teremos dúvida da tutela na Propriedade Industrial.
Os direitos autorais são uma forma de protecção jurídica que concede às pessoas que criam e
produzem o conteúdo os direitos exclusivos de controlo de determinados usos desse conteúdo.
Exemplos de tipos de conteúdo protegidos por direitos autorais incluem músicas, obras artísticas,
vídeos, vídeo games, livros e filmes. A protecção por direitos autorais significa que o
proprietário dos direitos autorais pode controlar determinados usos de sua obra. O mais
importante é que essa protecção dá ao proprietário dos direitos autorais o direito de controlar a
cópia, a adaptação e a transmissão de seu conteúdo. A natureza exclusiva dos direitos autorais
significa que apenas o proprietário pode decidir quem participa dessas actividades relacionadas
ao seu conteúdo.
Como se pode depreender dos conceitos tratados no ponto 2.1., o software é uma linguagem e,
com base nisto, é regulado pelo direito autoral – o que se protege é a notação, a linguagem, o
conjunto de instruções que formam o software, e não o resultado, a funcionalidade do mesmo.
Como foi dito o Direito Autoral objectiva a tutela dos direitos do criador, destacando os seus
direitos morais, dai não se pode confundir com o copyright pois este tutela a obra em si, ou mais
objectivamente o direito de cópia ou reprodução, com foco no aspecto económico de circulação e
distribuição.
José de Oliveira Ascensão discorda deste viés legal e doutrinário, afirmando que o programa de
computador não pode ser considerado uma obra literária ou artística, mas um processo (em que
pese tratar-se de uma linguagem destinada à máquina) que não deveria regulamentar-se no
âmbito do direito de autor, justificando a inclusão dos programas de computador no direito
autoral como serem objecto de pressão internacional:
11
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1) O direito de autor dá a protecção mais extensa entre os direitos intelectuais, o que convinha ao
país líder na produção de programas de computador;
4) A qualificação como direito de autor permitiria sustentar que o programa de computador seria
já tutelado pelas leis nacionais sobre o direito de autor, independentemente da aprovação de leis
específicas sobre programa de computador.
No cenário internacional o primeiro e o principal acordo sobre o direito autoral foi a Convenção
para a Protecção das Obras Literárias e Artísticas, assinada em Berna6, em 9 de Setembro de
1886, conhecida como Convenção de Berna. Várias revisões do acordo foram realizadas, entre
elas a de Berlim, em 1908, a de Roma, em 1928, a de Estocolmo, em 1967, e a última, a de Paris,
em 1971.
A Convenção de Berna, revista em Paris, não fez nenhuma menção específica ao programa de
computador. No entanto, o artigo 2 (1) considerou que: "Os termos „obras literárias e artísticas‟
abrangem todas as produções do domínio literário, científico e artístico, qualquer que seja o
modo ou a forma de expressão (...) ".
Muitos autores consideram que os termos „obras literárias e artísticas‟ abrangem todas as
produções do domínio literário, científico e artístico, qualquer que seja o modo ou a forma de
expressão. Nesse sentido, muitos entenderam que o programa de computador também estaria
protegido como obra literária.
6
Seu objectivo é regular a protecção internacional do direito autoral, estabelecendo limites e princípios para que
cada país signatário, dentro de sua legislação local, proteja os direitos oriundos de outros países membros desta
Convenção.
12
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Posteriormente, outros países aderiram ao sistema. De acordo com Liliana Paesani (1997),
diversos países adoptaram, até 1992, o sistema de protecção do software como direito autoral.
“Article 4
Programmes d'ordinateur
Les programmes d'ordinateur sont protégés en tant qu'oeuvres littéraires au sens de l'article 2 de
la Convention de Berne. La protection prévue s'applique aux programmes d'ordinateur quel qu'en
soit le mode ou la forme d'expression. ”
Em tradução livre:
“Artigo 4º
Programas de computador
Definir o conceito de ``patente de software'' não é tão claro como se podia supor porque a própria
definição de software pode ser entendida de diferentes formas. Mesmo assim, existem pontos de
vista que são partilhados por ambas as partes.
Por exemplo, ideias matemáticas e formas de cálculo são pacificamente aceites como não
patenteáveis.
Simultaneamente, também é aceite pelos opositores às patentes de software que uma inovação de
carácter técnico (carácter técnico com um sentido físico, material e empírico adjacente), que
7
Conselho de Ministros Resolução 12/96 de 18 de Junho
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interaja com as forças da natureza e tenha um efeito directo explicável pelas leis da física, pode
ser patenteável.
Tradicionalmente como foi dito o software sempre foi protegido pelo instituto do Direito
Autoral, aplicando-se o mesmo, especificamente, ao código fonte. A partir de 1981, no entanto,
iniciou-se uma tendência nos Estados Unidos que culminou com o entendimento que uma
patente de software é algo que governa o processo ou aplicação de uma ideia única que somente
é manifestada pelo código – mas não o código em si. Esta noção contrasta com o copyright que
se aplica somente ao código. A patente de software transcende o código.
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É um facto que mais recentemente, a mudança de paradigma tecnológico são lideradas pelas
Tecnologias de Informação e Comunicação - TIC, as quais tornaram-se a base do rápido
desenvolvimento tecnológico, da produção e do comércio internacional.
Dentro deste contexto de novo paradigma, o software constitui um factor importante na TIC e,
em consequência disso é de fundamental importância para os países mais desenvolvidos
desejarem a sua protecção como patente para ter a garantia do monopólio, tanto como programa
de computador assim como modelo de negócio, que também justifica que as patentes de software
são a área de maior crescimento de todas.
As discussões sobre patentes de software ainda continuam abertas até hoje e varias teses são
sustentadas se deve-se ou não patentear softwares, sendo que pode-se dizer as patentes podem
até certo ponto atrasar o desenvolvimento um vez que a ideia ou invento só pode ser explorado
assim que vencer o tempo concedido de monopólio ao inventor.
O ex-estadista norte-americano Thomas Jefferson (3º Presidente) defendia que "O benefício de
monopólios, mesmo que limitados, é demasiado duvidoso para se opor à sua supressão geral.".
É de recordar que não se criam patentes de Música ou Literatura porque são obra da criatividade
humana, então não faz sentido dar a um ser humano o poder de impedir outro de criar
livremente, aliás, o copyright protege já os direitos do autor.
Em uma relação jurídica onde o objecto é o software, tutela-se através do contrato de licença de
uso.
O licenciado, aquele que adquire a licença de uso do software, possui somente o direito de uso e
não de propriedade, não podendo este transferir a outrem, comercializar, doar a outrem, arrendar,
alienar, sublicenciar e tampouco dar o objecto em garantia.
Há, contudo, uma distinção essencial sobre as espécies de software em softwares proprietários e
softwares livres.
15
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Dependendo da forma como for concebido determinado software, sobre ele recairão ou não as
protecções mencionadas nos pontos anteriores.
Nessa linha, o software proprietário é aquele cuja cópia, redistribuição ou modificação são em
alguma medida proibidos pelo seu proprietário. Para usar, copiar ou redistribuir, deve-se solicitar
permissão ao proprietário, ou pagar para poder fazê-lo. Cite-se, a exemplo, os sistemas
operativos Windows e os pacotes do aplicativo Office (Word, Excel, PowerPoint, etc.), todos
desenvolvidos e comercializados pela Microsoft.
De outro modo, o software livre é disponível com a permissão automática para qualquer um usá-
lo, copiá-lo, e distribuí-lo, seja na sua forma original ou com modificações, seja gratuitamente ou
com custo. Em especial, a possibilidade de modificações implica em que o código fonte esteja
disponível. Cite-se, como exemplo, o sistema operativo Linux, e o pacote de aplicativos
OpenOffice.
A principal diferença é que o software livre não possui vedação à cópia e modificação de seu
código fonte originário. A maioria das licenças usadas na publicação de software livre permite
que os programas sejam modificados e redistribuídos. Estas práticas são geralmente proibidas
pela legislação internacional de copyright, que tenta justamente impedir que alterações e cópias
sejam efectuadas sem a autorização dos autores.
As licenças que acompanham o software livre fazem uso da legislação de copyright para impedir
utilização não autorizada. Todavia, estas licenças definem clara e explicitamente as condições
sob as quais cópias, modificações e redistribuições podem ser efectuadas, para garantir as
liberdades de modificar e redistribuir o software assim licenciado. A esta versão de copyright,
dá-se o nome de copyleft.
Neste contexto há, assim, o software em domínio público, que é software sem copyright. Alguns
tipos de cópia, ou versões modificadas, podem não ser livres porque o autor permite que
restrições adicionais sejam impostas na redistribuição do original ou de trabalhos derivados.
Já o software semi-livre é aquele em que se concede permissão para que indivíduos o usem,
copiem, distribuam e modifiquem, incluindo a distribuição de versões modificadas, desde que o
façam sem o propósito de auferir lucros. Exemplos de software semi-livre são as primeiras
versões do navegador Internet Explorer da Microsoft.
16
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Por outro lado, o shareware é o software disponibilizado com a permissão para que seja
redistribuído, mas a sua utilização implica no pagamento pela sua licença. Geralmente, o código
fonte não é disponibilizado e, portanto, modificações são impossíveis. É muito utilizado para a
distribuição de versões de testes dos softwares, geralmente com prazo de expiração que, ao ser
atingido, obsta a continuidade de seu uso.
Por fim, software comercial é o software desenvolvido por uma empresa com o objectivo de
lucrar com sua utilização. Note-se que “software comercial” e software proprietário” não são
sinónimos. A maioria do software comercial é proprietário, mas existe software livre que é
comercial, e existe software proprietário não comercial.
O produtor representa a parte frágil do mercado de software, o qual, muitas vezes tem os seus
gastos realizados com a concepção e produção de um programa reduzidos a nada em virtude da
pirataria que impera hoje em dia, orquestrada sobretudo por comerciantes e consumidores. Sem
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terem gasto dinheiro algum para desenvolver um programa específico, os piratas podem por uma
quantia irrelevante copiar este software e passar a distribuí-lo ilegalmente, prejudicando bastante
lucro dos investimentos empenhados pelo criador deste bem intelectual.
O baixo custo do hardware, em função da abertura de mercado, criou um mercado muito grande
para o software. Os preços dos computadores, principalmente os pessoais, caíram muito,
aumentando bastante o consumo.
No entanto, muitas vezes para os grandes produtores de software, a cópia pirata pode trazer
benefícios bastante significativos, pois com a pirataria, alguns programas são disseminados
muito mais rapidamente. Os usuários passam a utilizá-los de início em aplicações simples, mas
depois, no estágio seguinte, em aplicações mais sofisticadas, podem sentir a necessidade do
respaldo jurídico de uma cópia original. Ao praticar a pirataria o indivíduo está sujeito a
punições legais que podem consistir no pagamento de altas indemnizações, comprometimento da
imagem e falência da empresa e na pior das hipóteses, prisão, pois além do crime de violação da
propriedade intelectual, estará também praticando o crime de sonegação fiscal devido à perda de
arrecadação tributária. Podem além disso, obter danos incalculáveis ao computador.
Actualmente, um usuário de computador gasta até três vezes o valor da máquina em programas
durante toda a vida útil de seu equipamento. No futuro, espera-se que sejam gastos de quatro a
cinco vezes este valor: ou seja, cada dólar gasto em equipamento deverá gerar outros quatro ou
cinco programas de computador.
A escassez de normas referentes aos contratos de software não obsta a existência e os efeitos
jurídicos dos mesmos, haja vista que tais contratos são, formalmente, obrigações geradas por
18
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Para os contratos internacionais que são matéria de Direito Internacional Privado, em sua parte
especial, são feitos tendo em conta a concorrência de dois ou mais ordenamentos jurídicos
diferentes – ou seja, envolvem a legislação de dois ou mais países.
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4. Conclusão
A conclusão de que se deva existir protecção jurídica para o software baseia-se em primeiro
lugar nos factores investimento e tempo exigidos para o desenvolvimento do mesmo. É
impossível o desenvolvimento de um software sem o emprego de mão-de-obra qualificada,
material adequado e tempo disponível para o seu planeamento e preparo.
Esta necessidade de protecção jurídica atinge desde a grande empresa até o autor individual do
software, encorajando assim, os titulares dos programas a torná-los públicos, auxiliando assim,
muitas vezes no desenvolvimento social.
O sistema informático visto pelo lado económico e jurídico, pode ser considerado um bem com
interesses sociais e intelectuais. Talvez não exista hoje um único sector da economia que não
tenha envolvido em alguma de suas áreas algum processo automatizado. O programa, quando
finalizado e pronto para ser utilizado torna-se um produto negociável, merecendo protecção
jurídica alcançada pelo direito autoral.
Para o nosso país não existindo legislação específica este e feito segundo o artigo 4º do tratado
da OMPI sobre os direitos autorais (TODA), adoptado em Genebra em 20/12/1996.
A conclusão deste trabalho, não se fecha em sí mesma, mas almeja-se que a leitura deste
possibilite perceber este novo bem (o software) da Sociedade da Informação, no desiderato de
contribuir para uma análise crítica por parte dos estudantes no que diz respeito ao entendimento
de normas adequadas para protecção do software adequadas à nova realidade.
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5. Glossário
Licença de Software é uma definição de acções autorizadas (ou proibidas) no âmbito do direito
de autor de um programador de software de computador concedidas (ou impostas) ao usuário
deste software. Entende-se por usuário qualquer entidade legal, empresas ou um "usuário final
(doméstico)", origem da expressão End User License Agreement (EULA).
Quando uma licença acrescenta restrições para além das existentes no direito de autor, o usuário
tem normalmente de aceitar que lhe sejam impostas estas restrições para poder sequer utilizar o
software. Aqui reside a principal diferença entre uma Licença de software livre e uma licença de
software não-livre: as licenças de Software Livre acrescentam direitos face aos já concedidos
pelo direito de autor, deixando apenas para o acto de redistribuição as únicas regras que impõem.
Contrato: é um vínculo jurídico entre dois ou mais sujeitos de direito correspondido pela
vontade, da responsabilidade do acto firmado, resguardado pela segurança jurídica em seu
equilíbrio social, ou seja, é um negócio jurídico bilateral ou plurilateral. É o acordo de vontades,
capaz de criar, modificar ou extinguir direitos.
A pirataria moderna: refere à cópia, venda ou distribuição de material sem o pagamento dos
direitos autorais, de marca e ainda de propriedade intelectual e de indústria - portanto, quer pela
cópia de uma obra anterior (falsificação), quer pelo uso indevido de marca ou imagem, com
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infracção deliberada à legislação que protege a propriedade artística, intelectual, comercial e/ou
industrial.
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Informática e Sociedade 4o ano Curso de Informática
6. Bibliografia
1. ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito Autoral. 2. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 1997.
3. AURÉLIO. Novo Dicionário Electrónico Aurélio versão 5.11. 3. Ed. Positivo, 2004.
5. CHAVES, António. Direitos Autorais na Computação de Dados. São Paulo : LTr. Editora,
1996
6. DE PLÁCIDO E SILVA. Vocabulário jurídico, 21. ed. Actualização de Nagib Slaibi Filho e
Gláucia Carvalho. Rio de Janeiro: Forense, 2003. p. 647.
7. HAMMES, Bruno Jorge. “Software” e sua protecção jurídica. São Leopoldo-RS: Unisinos,
1992. p. 47 et.
8. PAESANI, Liliana Minardi. Direito de informática. 2.a ed. São Paulo : Atlas, 1999.
12. POLI, Leonardo Macedo. Direito de Autor e Software. Belo Horizonte: Del Rey, 2003.
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Morais Manuel Cardoso da Cunha Maputo, Abril de 2010
Informática e Sociedade 4o ano Curso de Informática
16. Código da Propriedade Intelectual de Moçambique Disponível na Internet via WWW. URL:
http://www.ipi.gov.mz/IMG/pdf/Codigo_da_Propriedade_Industrial_de_Mocambique.pdf.
Arquivo capturado em 29 de Abril 2010.
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Morais Manuel Cardoso da Cunha Maputo, Abril de 2010